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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS


PATOLOGIA GERAL
2016

Autor: Tainã Rafael Anschau Zan


“Tratai todos os homens como
quereis que eles vos tratem”
PATHOLOGY | Tainã Zan

SUMÁRIO
DEGENERAÇÕES (Deposições Intracelulares) ......................................................................................... 7
Categorias .................................................................................................................................................... 7
Acúmulos de origem LIPÍDICA ..................................................................................................................... 7
Acúmulos de origem PROTEÍCA ................................................................................................................. 10
HIALINIZAÇÃO ............................................................................................................................................ 12
MUCINOSES ............................................................................................................................................... 12
MIXOMATÓIDES ........................................................................................................................................ 12
QUERATINOSES.......................................................................................................................................... 13
HIPERCERATOSE ........................................................................................................................................ 13
PARACERATOSE ......................................................................................................................................... 13
DISCERATOSE ............................................................................................................................................. 13
Acúmulos de origem GLICÍDICA ................................................................................................................. 13
LESÃO CELULAR .................................................................................................................................. 14
Causas de Lesões Celulares ....................................................................................................................... 14
Mecanismos das Lesões Celulares ............................................................................................................. 16
CALCIFICAÇÕES .................................................................................................................................. 20
CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA ....................................................................................................................... 20
CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA.................................................................................................................... 21
PIGMENTAÇÃO PATOLÓGICA .............................................................................................................. 22
HEMOGLOBÍNICOS (Originados da lise do sangue) ................................................................................... 23
MORTE CELULAR ................................................................................................................................ 28
NECROSE .................................................................................................................................................... 28
APOPTOSE.................................................................................................................................................. 30
INFARTO E ENFARTAMENTO ............................................................................................................... 33
Causas: ....................................................................................................................................................... 33
Classificação do Infarto.............................................................................................................................. 34
CONGESTÃO ....................................................................................................................................... 44
EDEMA............................................................................................................................................... 45
HEMORRAGIA .................................................................................................................................... 49
CLASSIFICAÇÃO TOPOGRÁFICA.................................................................................................................. 49
CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA ..................................................................................................................... 49
CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA ................................................................................................................ 50
DIÁTESE HEMORRÁGICA............................................................................................................................ 51
CHOQUE ............................................................................................................................................ 52
TIPOS DE CHOQUE ..................................................................................................................................... 52
ESTÁGIOS DO CHOQUE .............................................................................................................................. 53
REAÇÃO DO CHOQUE NOS ÓRGÃOS ......................................................................................................... 54

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TROMBOSE ........................................................................................................................................ 55
1. Lesão endotelial:................................................................................................................................ 55
2. Alteração do fluxo: ............................................................................................................................ 55
3. Estado de hipercoagulabilidade: ....................................................................................................... 56
EVOLUÇÃO DOS TROMBOS ....................................................................................................................... 59
EMBOLIA............................................................................................................................................ 60
Divisão: ...................................................................................................................................................... 60
INFLAMAÇÃO ..................................................................................................................................... 63
1. Sinais Cardinais .................................................................................................................................. 63
2. Fenômenos Irritativos........................................................................................................................ 64
3. Forma de cura da inflamação ............................................................................................................ 65
INFLAMAÇÃO AGUDA......................................................................................................................... 66
1. FENÔMENOS ou ESTÍMULOS IRRITATIVOS........................................................................................ 66
2. ALTERAÇÕES VASCULARES ................................................................................................................ 67
3. FENÔMENOS EXSUDATIVOS Aumento da Permeabilidade Vascular ................................................ 68
4. Eventos Celulares .............................................................................................................................. 68
5. RESULTADO DA INFLAMAÇÃO ........................................................................................................... 70
MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO .............................................................................................. 71
RESUMO DOS MEDIADORES DA INFLAMAÇÃO ......................................................................................... 75
INFLAMAÇÃO CRÔNICA ...................................................................................................................... 76
ALTERAÇÕES DO CRESCIMENTO .......................................................................................................... 81
(Adaptações Celulares) ....................................................................................................................... 81
CICLO CELULAR .......................................................................................................................................... 81
REPARO ............................................................................................................................................. 87
REGENERAÇÃO .......................................................................................................................................... 87
CICATRIZAÇÃO ........................................................................................................................................... 87
REGENERAÇÃO .......................................................................................................................................... 87
CICATRIZAÇÃO OU FIBROSE....................................................................................................................... 89
CICATRIZAÇÃO DE PRIMEIRA INTENÇÃO: .................................................................................................. 90
Lesão linear, pouco tecido lesado. ............................................................................................................ 90
CICATRIZAÇÃO DE SEGUNDA INTENÇÃO: .................................................................................................. 90
Maior reação inflamatória. ........................................................................................................................ 90
TUBERCULOSE .................................................................................................................................... 92
PATOGENIA E ASPECTOS CLÍNICOS ...................................................................................................... 93
Os sinais e sintomas que vemos da doença são as reações que o nosso organismo desencadeia para
combater a doença. É a reação que forma nódulos e destrói os tecidos. .............................................. 93
1. TUBERCULOSE PRIMÁRIA .................................................................................................................. 93
2. TUBERCULOSE SECUNDÁRIA ............................................................................................................. 95

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3. TUBERCULOSE PULMONAR ............................................................................................................... 96


4. TUBERCULOSE PULMONAR PROGRESSIVA........................................................................................ 96
5. TUBERCULOSE PULMONAR MILIAR ................................................................................................... 96
6. TUBERCULOSE ENDOBRÔNQUICA, ENDOTRAQUEAL E LARÍNGEA ................................................... 96
7. TUBERCULOSE MILIAR SISTÊMICA ..................................................................................................... 96
8. TUBERCULOSE EM ÓRGÃO ISOLADO................................................................................................. 96
9. LINFADENITE ...................................................................................................................................... 96
NEOPLASIAS ....................................................................................................................................... 97
NEOPLASIAS BENIGNAS ............................................................................................................................. 97
NEOPLASIAS MALIGNAS ............................................................................................................................ 97
NOMENCLATURA DAS NEOPLASIAS .................................................................................................................. 98
1. TUMORES BENIGNOS: Sufixo “OMA” ................................................................................................ 98
2. TUMORES MALIGNOS: Sufixo “SARCOMA” ....................................................................................... 99
3. TUMOR MISTO (ADENOMAPLEIMÓRFICO) ....................................................................................... 99
4. TERATOMA ...................................................................................................................................... 100
5. LESÕES NÃO NEOPLÁSICAS (TUMORAÇÃO) .................................................................................... 100
6. EXCEÇÕES DE NEOPLASIAS .............................................................................................................. 100
7. CATEGORIZAÇÃO DAS NEOPLASIAS................................................................................................. 100
EPIDEMIOLOGIA DAS NEOPLASIAS .......................................................................................................... 103
SARCOIDOSE .................................................................................................................................... 107
SÍFILIS .............................................................................................................................................. 109
CITOPATOLÓGICO ............................................................................................................................ 113
MICOSES PROFUNDAS ...................................................................................................................... 119

PARACOCCIDIOIDOMICOSE  PARACOCO.......................................................................................... 119


ESPOROTRICOSE ...................................................................................................................................... 123
CROMOMICOSE ....................................................................................................................................... 123
ACTINOMICOSE ....................................................................................................................................... 124
HISTOPLASMOSE ..................................................................................................................................... 125
ASPERGILOSE ........................................................................................................................................... 125
NEOPLASIAS EPITELIAIS .................................................................................................................... 126
NEOPLASIAS MESENQUIMAIS ........................................................................................................... 134
Neoplasias Mesenquimais Benignas ....................................................................................................... 135
A. Lipoma ............................................................................................................................................. 135
Angiomiolipomas: .................................................................................................................................... 135
B. Leiomioma ....................................................................................................................................... 136
C. Mixoma ............................................................................................................................................ 137
D. Condroma ........................................................................................................................................ 138

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E. Osteoma .......................................................................................................................................... 139


F. Fibroma............................................................................................................................................ 140
Neoplasias Mesenquimais Malignas (SARCOMAS).................................................................................. 141
A. Fibrossarcoma ................................................................................................................................. 142
B. Lipossarcoma ................................................................................................................................... 143
C. Leiomiosarcoma .............................................................................................................................. 143
D. Rabdomiosarcoma ........................................................................................................................... 144
E. Condrossarcoma .............................................................................................................................. 144
F. Osteossarcoma ................................................................................................................................ 145
NEOPLASIAS MELÂNICAS .................................................................................................................. 146
PATOLOGIA BENIGNA DA MAMA ...................................................................................................... 154
NEOPLASIAS VASCULARES ................................................................................................................ 165
OUTRAS ALTERAÇÕES DE VASOS ............................................................................................................. 166
NEOPLASIAS VASCULARES ....................................................................................................................... 167
1. BENIGNAS ........................................................................................................................................ 167
2. DE INVASIVIDADE LOCAL ................................................................................................................. 170
3. MALIGNAS ....................................................................................................................................... 172
NEOPLASIAS TROFOBLÁSTICAS ......................................................................................................... 174
PATOLOGIA TUMORAL DA MAMA .................................................................................................... 179
TUMORES ESTROMAIS............................................................................................................................. 181
1. Fibroadenoma (neoplasia epitelial benigna) ....................................................................................... 181
2. Tumor Filodes ...................................................................................................................................... 182
CÂNCER DE MAMA .................................................................................................................................. 184
Carcinoma in situ Ductal .......................................................................................................................... 190
DOENÇA DE PAGET: ................................................................................................................................. 191
Carcinoma in situ Ductal /Carcinoma Microinvasor ................................................................................ 192
Carcinoma in situ Lobular ........................................................................................................................ 193
Carcinoma Invasor Ductal ........................................................................................................................ 194
Carcinoma Invasor Lobular ...................................................................................................................... 197
Fatores prognósticos: .............................................................................................................................. 198
AIDS/SIDA ........................................................................................................................................ 199
AGENTE: HIV (reservatório humano)....................................................................................................... 199
Epidemiologia .......................................................................................................................................... 199
Histórico................................................................................................................................................... 199
Pode ser de dois tipos: ............................................................................................................................ 200
Fatores de risco ....................................................................................................................................... 200
Transmissão ............................................................................................................................................. 201
Partícula viral ........................................................................................................................................... 201

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Tecidos Alvos ........................................................................................................................................... 202


Ciclo de vida do vírus ............................................................................................................................... 202
Mecanismos que causam imunossupressão: efeitos sobre as células hospedeiras ............................... 204
História natural da doença ...................................................................................................................... 204
Sintomatologia da AIDS ........................................................................................................................... 206
MARCADORES DAS NEOPLASIAS ....................................................................................................... 207
PATOLOGIA DOS ANEXOS UTERINOS ................................................................................................ 210
LESÕES NÃO NEOPLÁSICAS ............................................................................................................... 211
1. CISTOS FOLICULARES ....................................................................................................................... 211
2. CISTOS LUTEÍNICOS ......................................................................................................................... 211
2.1. Cisto de corpo lúteo: ................................................................................................................... 211
2.2. Cistos teca-luteínicos: .................................................................................................................. 211
3. OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SÍNDROME DE STEIN-LEVENTHAL)........................................................... 212
TUMORES PRIMITIVOS DO OVÁRIO .................................................................................................. 214
1. CÉLULAS EPITELIAIS SUPERFICIAIS (CELÔMICOS) 65 - 70% ............................................................. 215
2. CÉLULAS GERMINATIVAS 15 - 20% .................................................................................................. 218
3. CORDÕES SEXUAIS (ESTROMA) 5 - 10% .......................................................................................... 220
4. METÁSTASES PARA OS OVÁRIOS (Tumor Secundário) 5% .............................................................. 221

Lembrar que isso é apenas um resumo!


O estudo no livro é de fundamental importância para o aprendizado do acadêmico.
Ir bem na prova ou ir mal na prova não diz nada sobre a sabedoria!
Sabedoria é ter o dom de saber aplicar o conhecimento.

Este resumo foi escrito e organizado por Tainã Zan (ATM202); alguns capítulos e
assuntos foram anexados prontos ao PATHOLOGY a partir de resumos de Laura Bottega
(ATM201), Letícia Dal Ri (ATM201), Martina Flach Dietrich (ATM201). Conteúdos e ideias
também foram extraídos de materiais pertencentes a Pablo Bastos Rodrigues (ATM162) e a
Ana Luiza Ceollin Polo (ATM202).

ESTA NÃO É A VERSÃO FINAL!


A patologia de anexos uterinos não consta nessa versão; e além disso, há assuntos
pouco ilustrados (outros incompletos), e algumas informações estão mal organizadas.
Se você perceber algum erro, peço que me envie uma mensagem a fim de eu poder arrumá-lo.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

DEGENERAÇÕES
(Deposições Intracelulares)
São perturbações qualitativas do metabolismo celular, em geral reversíveis, cursando
com acúmulos de substâncias no núcleo, no citoplasma ou no interstício. São, portanto,
acumulações metabólicas onde há acumulo intracelular, transitório ou permanente, de
substâncias (endógenas ou exógenas) em quantidades anormais, que podem ser inócuos
ou causar dano.

Os processos mais frequentes nos acúmulos celulares são:


1. Velocidade de seu metabolismo diminuído (produz muito e elimina pouco);
2. Defeitos genéticos, enzimas que faltam ou produzem demais;
3. Fagocitose de substância exógena, sem enzima para metabolizar há acúmulo.

Categorias das substâncias:


1. Componentes celulares normais: Água, lipídeos, proteínas, carboidratos.
2. Substâncias anormais: exógenas (minerais, agentes infecciosos) ou
endógenas (produto de síntese anormal ou do metabolismo).
3. Pigmentos: Bilirrubina, hemossiderina.

Acúmulos de origem LIPÍDICA

Tipos de acúmulos: triglicerídeos, colesterol/ésteres de colesterol e fosfolipídios. Os


fosfolipídios são componentes das figuras de mielina encontradas nas células necróticas.

Coloração: Sudam III (vermelho) e IV (preto) ou Red Oil, evitar processo normal de
parafinização, utilizar corte por congelamento. Utiliza-se o xilol sobre a faixa de tecido e
observa-se uma enorme quantidade de vacúolos vazios, que eram antes do solvente,
preenchidos com lipídeos. Para comprovar que há lipídeos, se pega o tecido fresco ou fixado
em formalina aquosa e faz-se congelação, corando-se depois com Sudam III ou IV, que dará
uma coloração alaranjada aos vacúolos.

ESTEATOSE (Degeneração Gordurosa)


É a deposição anormal de triglicerídeos nas células parenquimatosas. Ou no citoplasma
de células que normalmente não as armazenam. Ocorre principalmente no fígado, pois ele é
o principal órgão envolvido na metabolização de gorduras, mas podem ocorrer nos rins,
coração e músculos.
As causas da esteatose incluem toxinas, desnutrição proteica, diabetes melito,
obesidade e anóxia.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

ESTEATOSE HEPÁTICA
Deposição anormal de triglicerídeos no
citoplasma de células parenquimatosas.
Causas principais:
✓ Toxinas (o álcool é a principal delas);
✓ Obesidade;
✓ Anorexia;
✓ Corticoterapia;
✓ Infecções;
✓ Congestão hepática;
✓ Anóxia ou hipóxia (provoca porque
não consegue oxidar a gordura pelo
pouco aporte de oxigênio);
✓ Diabetes melito (realização de gliconeogênese a partir dos triglicerídeos);
✓ Desnutrição proteica (produção de proteínas a partir de lipídeos, com isso provoca o
deslocamento da gordura periférica para o fígado).

A degeneração gordurosa leve do fígado pode não alterar muito a sua aparência macroscópica.
Com o acúmulo progressivo, o órgão aumenta de tamanho e se torna cada vez mais amarelo até que,
em casos extremos, chega a pesar de 3-6kg e se transforma em um órgão amarelo, mole e gorduroso.

A degeneração gordurosa se inicia com o


desenvolvimento de pequenas inclusões ligadas à
membrana (lipossomos), bem próximos ao retículo
endoplasmático. Inicialmente, a degeneração
gordurosa é vista pela microscopia ótica como
pequenos vacúolos no citoplasma em torno do núcleo.
Com sua progressão, os vacúolos coalescem,
criando espaços claros que deslocam o núcleo para a
periferia da célula. Ocasionalmente, células contíguas
se rompem e seus glóbulos de gordura coalescem,
formando os conhecidos cistos gordurosos.

A doença provoca alterações quando o acumulo for insuportável, alguns casos de esteatose
podem progredir para hepatite (esteatohepatite). Também pode ocorrer na nutrição parenteral,
ressecção intestinal. No alcoolismo, a persistência do consumo pode progredir a esteatose, e em 10%
dos casos à fibrose hepática e mais tarde a cirrose hepática.
- Síndrome de Reye: Esteatose microvesicular na gravidez, através de um defeito mitocondrial
na oxidação dos lipídeos no fígado.

ESTEATOSE CARDÍACA
Os lipídeos se encontram no músculo cardíaco sob a forma de gotículas, que
apresentam dois padrões.
No primeiro, a hipóxia moderada prolongada, como a que é produzida por anemia
profunda, causa a deposição intracelular de gordura que forma fitas bem visíveis de miocárdio
amarelo alternado com fitas de miocárdio não comprometido, mais escuro, marrom-
avermelhado (tipo coração tigrado).
O outro padrão de hipóxia é produzido pela hipóxia mais profunda ou por algumas
formas de miocardite (por exemplo na Difteria) e apresenta miócitos afetados de maneira
uniforme.

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ESTEATOSE RENAL
Coloração amarelada dos rins por acumulo de triglicerídeos em vacúolos nos túbulos
proximais. Ocorre lipidúria (por hiperlipidemia, glomerulonefrites e glomerulopatias), através
de captação por pinocitose nas células tubulares renais do túbulo proximal.

Colesterol e Ésteres de Colesterol


LIPIDOSES é o acúmulo de colesterol e ésteres de colesterol em alguma região corporal.
O metabolismo do colesterol é regulado de tal forma que a maioria das células usa
essa substância para a síntese de membranas celulares, sem que haja acúmulo intracelular
de colesterol ou dos ésteres de colesterol. Entretanto, os depósitos, que se manifestam
histologicamente através de vacúolos intracelulares, são vistos em vários processos
patológicos.

ATEROSCLEROSE
Nas placas ateroscleróticas, as células musculares lisas e os
macrófagos da camada íntima da aorta e das artérias de grosso
calibre estão repletas de vacúolos lipídicos, a maioria dos quais
contendo colesterol e ésteres de colesterol. Essas células têm uma
aparência espumosa (células espumosas) e a sua agregação na
camada íntima produz os ateromas amarelos repletos de colesterol
característicos dessa grave desordem.
Algumas dessas células repletas de gorduras se
rompem, liberando lipídios no espaço extracelular. Os
ésteres de colesterol podem se cristalizar na forma de
agulha comprimidas, produzindo fendas características
nas seções dos tecidos.
Acúmulo de vacúolos lipídicos contendo ésteres
de colesterol no interior de macrófagos e músculo liso
na camada íntima das paredes das artérias formando
as PLACAS DE ATEROMA, que pode resultar em infartos e AVC. Ainda há calcificação da artéria no
local do ateroma, com o aumento da camada média.

Acúmulo de colesterol e ésteres de colesterol em células


espumosas e fenda única formada por ésteres de colesterol
extracelulares cristalizados. O estímulo de citocinas inflamatórias
a partir da lesão endotelial e outros fatores como a hiperlipidemia
e a oxidação de lipoproteínas levam à absorção dessas
substâncias por essas células.

XANTOMAS
O acúmulo intracelular de colesterol nos
macrófagos também é característico dos estados de
hiperlipidemia adquirida ou hereditária. Encontramos
grupos de células esponjosas no tecido conjuntivo
subepitelial da pele (1) e nos tendões (2), produzindo
massas tumorais conhecidas como xantomas.

XANTELASMAS: São xantomas 2Xantoma tendíneo 1Xantoma


subepitelial da pele
na região
periorbital.

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INFLAMAÇÃO E NECROSE
Macrófagos espumosos são frequentemente encontrados em locais de lesão celular e de
inflamação, devido à fagocitose de colesterol das membranas das células destruídas, incluindo células
parenquimatosas, leucócitos e eritrócitos. Fosfolipídios e figuras de mielina também são encontrados
em focos inflamatórios. Quando presentes em grande quantidade, os macrófagos repletos colesterol
conferem uma coloração amarelada a tais focos de inflamação.

COLESTEROLOSE
Acúmulo de macrófagos repletos de colesterol na lâmina própria da vesícula biliar (vesícula em
morango); não é patológico e os níveis de colesterol podem estar normais. Mecanismo ainda é desconhecido .

ESFINGOLIPIDOSES são armazenamentos de esfingomielina decorrente da falta de


enzimas lisossomais.

DOENÇA DE NIEMAN-PICK
Doença de armazenamento lisossomal de esfingomielina, resultado de uma mutação na
enzima de transporte e produção, e que ao se acumular no intestino, fígado, rim e músculo estriado,
principalmente, causa a doença. É uma doença autossômica recessiva que causa morte geralmente
na infância, mas são extremamente raras.

Acúmulos de origem PROTEÍCA


A deposição intracelular de proteínas no citoplasma geralmente apresenta-se como
gotículas, vacúolos ou agregados arredondados eosinofílicos no citoplasma. À microscopia
eletrônica, ela pode ter uma aparência amorfa, fibrilar ou cristalina. Em algumas doenças, tal
como em determinadas formas de amiloidose, ocorrem depósitos anormais de proteínas,
especialmente no espaço extracelular.
O excesso de proteína dentro das células em quantidade suficiente para causar
acúmulo morfologicamente visível tem diversas causas.

As gotículas de reabsorção nos túbulos renais proximais são vistas em doenças


renais associadas com perda de proteínas pela urina (proteinúria). Nos rins, a pequena
quantidade de proteína filtrada pelos glomérulos é normalmente reabsorvida por pinocitose
nos túbulos proximais. Nas doenças em que há um grande extravasamento de proteína
através do glomérulo, ocorre um aumento na reabsorção da proteína em
vesículas. Essas vesículas se fundem com lisossomos e formam fagolisossomos, que
parecem gotículas hialinas cor-de-rosa no citoplasma da célula tubular; o processo é
reversível; se a proteinúria diminui, as gotículas de proteína são metabolizadas e
desaparecem.

Aumento da síntese de proteínas secretoras normais, que ocorre em


determinados plasmócitos encarregados da síntese de imunoglobulinas. O reticulo
endoplasmático se distende, produzindo grandes inclusões eosinofílicas arredondadas,
chamadas de corpúsculos de Russell.

Defeitos no processo de dobra das proteínas pode ser a causa de algumas dessas
deposições em várias doenças não-relacionadas.
Transporte intracelular e secreção de proteínas críticas defeituosos. Na deficiência
de 1-antitripsina, mutações na proteína tornam sua dobra extremamente vagarosa, resultando

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PATHOLOGY | Tainã Zan

em um acúmulo de intermediários parcialmente dobrados que se concentram no retículo


endoplasmático do fígado e não são secretados. A deficiência da enzima circulante causa enfisema.
Estresse do retículo endoplasmático induzido por proteínas não dobradas ou
dobradas incorretamente. Geralmente por falta de uma enzima ou erro de uma enzima. Há uma
série de respostas celulares decorrentes desse fenômeno. Há produção de enzimas (caspases) para
metabolizar essas proteínas, mas a metabolização ocorre nas proteínas normais também, levando a
morte celular. Se essas proteínas ficarem dentro da célula, o metabolismo reconhece a célula como
uma célula envelhecida. Atualmente, sabemos que o acumulo de proteínas dobradas incorretamente
(causado por mutações genéticas, envelhecimento, fatores ambientais desconhecidos) faz parte de
várias doenças neurodegenerativas, incluindo as doenças de Alzheimer, Huntington e Parkinson, e
possivelmente a DM2. Esse estresse pode ocorrer também por privação de glicose e de oxigênio, ou
exposição ao calor.

AMILOIDOSES
É uma doença resultante do processo de depósito da substância amiloide fora das
células em vários grupos de doença (infiltração), sendo a mais comum na parede de vasos. O
amiloide é uma junção de proteína + glicoproteína (substância P), ele é uma substância
homogênea, eosinofílica, extracelular, PAS+. Corado com vermelho congo tem a biorrefringência
verde na luz polarizada como patognomônico da presença de amiloide.
O princípio de depósito é a produção aumentada da fração proteica, base do amiloide,
combinada com o erro da proteólise local.

Morfologia dos depósitos amiloides


Rim: No mesângio glomerular, vasos peritubulares. Causas: Síndrome Nefrótica,
Insuficiência Renal.
Baço: Nos folículos e arteríola centro folicular, observa-se um baço com aspecto de sagu.
Causa: Esplenomegalia.
Fígado: Nos vasos, no espaço de Disse. Causas: Hepatomegalia, Insuficiência Hepática.
Coração: Vasos, interfibras musculares. Causas: ICC, arritmias.
Adrenal: No córtex (inicia na camada glomerular). Causas: Síndrome de Addison,
Insuficiência Cortical.
Intestinos: Vasos, lâmina própria, intermuscular. Causas: Diarréia, Síndrome da Má
Absorção.
Pâncreas: Vasos, Ilhotas de Langerhans.
Demais órgãos: Sempre extracelular.

Classificação das amiloidoses


Sistêmica
Primária: Compromete vasos, coração, tubo digestivo, pele e nervos. Sua origem é das
imunoglobulinas de cadeia leve fabricadas pelos plasmócitos. No mieloma múltiplo
(plasmocitoma) em 10-15% dos casos ocorre amiloidose. Tipo de amilóide “AL”.
Secundária: Qualquer processo inflamatório crônico ou sistêmico pode causar amiloidose.
Causas: Tuberculose, doença de Crohn, sífilis, abscessos crônicos. Sua distribuição é em vasos,
rins, fígado, baço, tubo digestivo e adrenal. Tipo de amilóide “AA”, amilóide associado ao soro,
produzido pelo fígado.
Hemodiálise crônica: Distribuição pelas membranas sinoviais, articulações, bainhas de
tendões. Sua origem é a partir da B2-microglobulina (não filtrada, retida e formadora de amilóide).

Familiar

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PATHOLOGY | Tainã Zan

Localizada
Endócrina: Nas ilhotas de Langerhans em diabéticos, com origem a partir de um
peptídeo da ilhota. Pode ocorrer também no estroma de carcinoma medular de
tireóide.
Senil: Na doença de Alzheimer, através de depósito de B2-globulina em vasos e
placas “senis”. A forma cardíaca é por depósito de transtiretina (da globulina
transportadora), de tiroxina e retinol.
Tumoral: Depósito de amilóide “AL” na forma de tumores, distribuição pela pele,
pulmão, trato urinário, pâncreas, língua e laringe.

HIALINIZAÇÃO
Alterações nas células ou espaço extracelular de aparência homogênea, vítrea e rósea
quando corado com hematoxilina e eosina - HE (acidófilo). Fazem parte do processo de
hialinização acúmulos de proteínas intracelulares (Corpúsculo de Russel -> acúmulo em
plasmócitos na inflamação, Corpúsculos de Mallory -> acumulo em hepatócitos de
alcoólatras, Corpúsculos de Councilman -> acúmulo nos hepatócitos em apoptose na
hepatite).
Na hipertensão de longa duração e no diabetes melito, as paredes das arteríolas,
especialmente nos rins, se tornam hialinizadas devido ao extravasamento de proteínas
plasmáticas e de deposição de material na membrana basal.

MUCINOSES
Refere-se ao acúmulo de mucina
citoplasmática, tratando-se de mucina epitelial
(mucopolissacarídeos neutros, PAS +).

Células típicas: São as células em “sinete” =


“anel de grau”, possui citoplasma amplo com
mucina basofílica, núcleo atípico e marginal.

Causas: Hiperprodução  estímulo inflamatório


sobre as mucosas mucosecretantes (brônquica, gástrica,
colônica, endocervical); Produção de mucina por
carcinomas mucinosas (gástrica, colônica, outras).

MIXOMATÓIDES
Refere-se ao acúmulo de mucina no interstício
(tecido conjuntivo).
Causas: Doenças reumáticas (artrite reumatoide);
colagenoses (esclerodermia, lúpus); cisto sinovial;
mixedema (hipotireoidismo); média “necrose”
idiopática da aorta (degeneração mucoide da aorta
ligada ao aneurisma dissecante); tumores no estroma
(miomas, condromas, fibromas, osteomas, lipomas,
mixomas).
3Válvula cardíaca mixomatosa

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QUERATINOSES
Tem sua ocorrência normal na pele, líquido amniótico (lamelas córneas em número
crescente com o avanço da gravidez).

HIPERCERATOSE
Produção excessiva de queratina pura,
com hipergranulose e com ocorrência
exclusiva na pele.
Causas: Calosidade, doenças
congênitas (ictiose), papilomas cutâneos,
algumas dermatites e dermatoses. Pode
ser fisiológica (calosidades) ou patológica.

PARACERATOSE
Produção excessiva de queratina com
restos de núcleos no seu interior; é uma
queratinização imperfeita. Ex: Psoríase.

DISCERATOSE
Produção excessiva e anômala de
queratina no interior da célula; queratinização
citoplasmática abortiva (eosinofílica), pérolas
córneas (forma de cebola).
Original: Pele, lábio, esôfago, ânus.
Adquirida (por metaplasia escamosa):
brônquios, colo uterino, vesícula biliar.

Acúmulos de origem GLICÍDICA


GLICOGENOSES são depósitos intracelulares de glicogênio que parecem vacúolos
citoplasmáticos claros. São doenças genéticas e raras que matam o individuo ainda jovem.
As causas principais são deficiência enzimática e diabetes melito (crise hiperglicêmica).
DOENÇA DE VON GIERKE
É a glicogênese mais comum, afeta os hepatócitos deixando seus citoplasmas
mais claros e vacuolados.

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LESÃO CELULAR
A lesão celular ocorre quando as células são submetidas a um estresse tão severo que não
são mais capazes de se adaptar ou quando são expostas a agentes perniciosos. A lesão pode progredir
por um estágio reversível e culminar na morte celular.
Qualquer estímulo da natureza, dependendo de sua intensidade, do tempo de ação e da
constituição do organismo (capacidade de reagir) pode produzir uma lesão. As lesões celulares, em
geral, resultam da interação do agente lesivo com os mecanismos de defesa (resposta do organismo).
Essas lesões podem ser divididas nos seguintes estágios:

Lesão celular reversível


Inicialmente, a lesão se manifesta por meio de alterações funcionais e morfológicas que são
reversíveis se o estímulo nocivo for retirado. As características da lesão reversível incluem:
✓ Redução da fosforilação oxidativa;
✓ Redução na quantidade de adenosina trifosfato (ATP);
✓ Edema celular, causado por alterações na concentração de íons e influxo de água.

Lesão irreversível e morte celular


Com a progressão do dano, a lesão se torna irreversível e a célula, então, não tem mais como
se recuperar.
Existe um evento bioquímico crítico (o “ataque letal”) responsável pelo ponto irreversível?
Não existe uma resposta para esta pergunta. Entretanto, nos tecidos isquêmicos, tais como o
miocárdio, certas alterações estruturais (por exemplo, densidade amorfas nas mitocôndrias,
indicativas de dano mitocondrial severo) e funcionais (perda de permeabilidade da membrana) são
indicativos de que células sofreram danos irreversível.

Células que sofreram lesões irreversíveis, invariavelmente, sofrem alterações morfológicas que
são reconhecidas como morte celular. Existem dois tipos de morte celular, necrose e apoptose, que
diferem quanto a sua morfologia, mecanismos, e papéis que desempenham nas doenças e
fisiologia.
Quando o dano às membranas é severo, as enzimas lisossômicas entram no citoplasma e
digerem a célula e os componentes celulares vazam, resultando em necrose.
Alguns estímulos nocivos, especialmente aqueles que danificam o DNA, induzem outro tipo de
morte celular, a apoptose, que se caracteriza pela dissolução nuclear sem perda total da integridade
das membranas. Enquanto que a necrose é sempre um processo patológico, a apoptose ocorre em
várias funções normais e não está necessariamente associada à lesão celular.

Obs1: pode haver alguma sobreposição e mecanismos comuns a essas duas vias.
Obs2: pelo menos alguns tipos de estímulos podem induzir tanto a apoptose quanto a necrose; isso depende
da intensidade e da duração do estímulo, da rapidez do processo de morte celular e das alterações bioquímicas
induzidas na célula danificada.

Causas de Lesões Celulares


Variam de grande violência física externa de um acidente de automóvel a causas endógenas,
tais como mudanças genéticas sutis causando a ausência de uma enzima vital que altera a função
metabólica normal. A maioria dos estímulos nocivos pode ser agrupada nas seguintes categorias:

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Ausência de Oxigênio
Hipóxia: deficiência de oxigênio, causando lesão celular pela redução da respiração aeróbica
oxidativa. É uma causa extremamente importante e comum a lesão e morte celular. Uma causa
comum é a oxigenação inadequada do sangue devido a insuficiência cardiorrespiratória. A perda
da capacidade carreadora, como ocorre na anemia ou na intoxicação por CO (produzindo uma
caboxiemoglobina estável que bloqueia o transporte de oxigênio) é uma causa menos frequente de
deficiência de oxigênio que resulta em uma lesão importante.
Isquemia: perda de suprimento sanguíneo devido à obstrução do fluxo arterial ou redução
da drenagem venosa de um tecido. Compromete não apenas o suprimento de oxigênio, mas também
de substratos metabólicos, incluindo glicose (normalmente fornecida pelo sangue circulante).

Consequentemente, os tecidos isquêmicos são danificados mais rapidamente e severamente


do que os tecidos hipóxicos.
Assim, dependendo da gravidade da hipoxemia, as células podem se adaptar, sofrer alguma
lesão ou morrer.
Por exemplo, se o diâmetro da artéria femoral é diminuído, as células dos músculos esqueléticos da perna
podem diminuir de tamanho (atrofia). Essa redução de massa celular atende um equilíbrio entre as necessidades
metabólicas e o suprimento de oxigênio disponível. A hipóxia mais grave acarreta dano e morte celular.

Agentes Físicos
✓ Trauma mecânico;
✓ Temperaturas extremas (queimaduras ou frio intenso);
✓ Mudanças bruscas na pressão atmosférica;
✓ Radiação;
✓ Choque elétrico.

Agentes Químicos e Drogas


Há uma lista imensurável de agentes nessa categoria. Substâncias químicas simples como a
glicose ou o sal em concentrações hipertônicas podem causar lesão celular diretamente ou pela
alteração da homeostasia eletrolítica das células.
Até mesmo o oxigênio em altas concentrações é altamente tóxico. Quantidades mínimas como
o arsênico, o cianeto ou os sais de mercúrio, podem destruir um grande número de células em pouco
tempo, e causar morte.
Outras substâncias, entretanto, acompanham-nos diariamente: poluentes do meio ambiente
ou do ar, inseticidas, herbicidas; ameaças industriais e ocupacionais, tais como monóxido de carbono
e asbestos; estímulos sociais, como o álcool e narcóticos; e a sempre crescente variedade de drogas
terapêuticas.

Agentes Infecciosos
✓ Vírus;
✓ Riquétsias;
✓ Bactérias;
✓ Fungos;
✓ Várias formas de parasitos.

Reações Imunológicas
Apesar do sistema imune desempenhar uma função essencial para o organismo na defesa
contra agentes infecciosos, as reações imunológicas podem, de fato, causar lesões celulares.
A reação anafilática a uma proteína estranha ou a uma droga é um exemplo importante, e
as reações auto-antígenos são responsáveis por várias doenças autoimunes.

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Distúrbios Genéticos
✓ Malformação congênita (por exemplo, Síndrome de Down e Anemia Falciforme);
✓ Erros inatos do metabolismo decorrentes de anormalidade enzimáticas, geralmente associados
a falta de uma enzima;
✓ Alterações sutis em nível de DNA pode também influenciar a suscetibilidade das células a
lesões por substâncias químicas e outros ataques ambientais.

Desequilíbrios Nutricionais
✓ Deficiência proteico-calóricas;
✓ Deficiência de vitaminas específicas;
✓ Anorexia nervosa e desnutrição auto-induzida;
✓ Excessos nutricionais;
o Excesso de lipídios predispõe à aterosclerose, e a obesidade é a manifestação de saturação de
algumas células do corpo com gordura.
✓ Doenças metabólicas, como diabetes, também causa lesão celular grave.

Mecanismos das Lesões Celulares


✓ A resposta celular a estímulos nocivos depende do tipo de lesão,
sua duração e sua gravidade. Nesse sentido, pequenas doses de uma toxina ou breves
períodos de isquemia podem causar uma lesão reversível; enquanto que altas doses de toxina ou muito
tempo de isquemia podem levar a morte celular imediata ou lenta.
✓ As consequências da lesão celular dependem do tipo, estado e
grau de adaptação da célula danificada. Assim, o estado nutricional e hormonal
da célula e suas necessidades metabólicas são importantes na resposta às lesões. Por exemplo, qual o
grau de vulnerabilidade de uma célula à perda do suprimento sanguíneo e à hipóxia? A célula muscular
estriada da perna pode ser colocada em repouso absoluto quando é privada de seu suprimento
sanguíneo; mas o mesmo não acontece com o músculo estriado cardíaco.
✓ A lesão celular resulta de anormalidades funcionais e bioquímicas
em um ou mais componentes celulares essenciais. Os alvos mais
importantes dos estímulos nocivos são:
1. A respiração aeróbica envolvendo a fosforilação mitocondrial oxidativa e a
produção de ATP;
2. A integridade das membranas celulares, da qual depende a homeostasia
iônica e osmótica da célula e de suas organelas;
3. A síntese proteica;
4. O citoesqueleto; e
5. A integridade do componente genético.

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Diminuição do ATP
✓ ATP é produzido principalmente pela
fosforilação oxidativa de ADP durante a
redução de oxigênio;
✓ Via glicolítica pode gerar ATP na ausência de
oxigênio utilizando a glicose derivada tanto da
circulação sanguínea quanto da hidrolise do
glicogênio intracelular.
✓ É preciso de ATP para qualquer processo de
síntese ou de degradação dentro da célula,
incluindo transporte de membrana, síntese
proteica, lipogênese.

Dano e Disfunção Mitocondrial


✓ Muito sensível à hipóxia, toxinas químicas, e radiação
✓ Falha de fosforilação oxidativa leva a uma depleção de ATP
✓ Fosforilação oxidativa anormal leva à formação de espécies reativas de oxigênio (ROS)
✓ Danos para a mitocôndria está associada com a formação de um canal na membrana
mitocondrial que conduz à perda de potencial de membrana e a interrupção da fosforilação
oxidativa
✓ Proteínas de libertação para o citoplasma, que ativa a via de apoptose

Influxo de Ca++
✓ Normalmente, transportadores de cálcio dependentes de ATP mantém a concentração celular
10’000 vezes menor do que a [cálcio] extracelular.
✓ A falha destas bombas leva a um influxo rápido de cálcio para dentro da célula a ativação de
um certo número de enzimas que provoca danos na membrana, proteínas de destruição do
citoesqueleto, e endonucleases que causam a fragmentação do DNA

Acúmulos de Radicais Livres derivados de oxigênio (ESTRESSE OXIDATIVO)


✓ Os radicais livres são espécies químicas com um único elétron desemparelhado em uma órbita
exterior - prontamente reagem com produtos químicos orgânicos e inorgânicos -> ativamente
atacam ácidos nucleicos
✓ Pode criar uma reação em cadeia ao reagir com outras moléculas que geram mais radicais
livres
✓ Normalmente ROS são produzidos em pequenas quantidades durante a reações redox e são
eliminados para minimizar os danos ROS; superóxido dismutase (SOD), glutatião reduzido
(GSH), a catalase, antioxidantes.
Os efeitos dessas espécies reativas são amplos, mas três reações são particularmente
relevantes para a lesão celular:
✓ Peroxidação lipídica das membranas - ligações duplas na membrana lipídios poli-insaturados são
vulneráveis a ataques de ROS -> reação em cadeia auto catalíticas
✓ Modificação oxidativa das proteínas. A ligação cruzada e outras modificações nas proteínas - que
leva à degradação ou perda de atividade enzimática melhorada
✓ Lesões no DNA. ROS reage com timina no DNA nuclear e mitocondrial causando rupturas em um dos
filamentos. (Fato está relacionado ao envelhecimento celular e à transformação maligna das células).

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Defeitos na Permeabilidade da Membrana


✓ Disfunção mitocondrial. Diminuição da síntese de ATP por deficiente síntese de fosfolipídios;
✓ Perda de fosfolipídios. Aumento da repartição fosfolipídios através da ativação de fosfolipases;
✓ ROS;
✓ Anormalidades do citoesqueleto;
✓ Produtos de degradação lipídios;

Damage to DNA and Proteins


• If damage too severe to be corrected cell initiates its suicide program via apoptosis

Para que ocorra uma lesão a célula passa por etapas, são elas:
Homeostasia
Adaptação
Lesão Reversível: Tumefação celular (falha na bomba de íons da membrana plasmática) e
degeneração gordurosa (formação de vacúolos lipídicos no citoplasma) são as características para
reconhecer a lesão reversível.
Lesão Irreversível

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Morte Celular
Ainda não se sabe ao certo a transição da lesão reversível para a lesão irreversível. Geralmente, a
perda da integridade da membrana associada com a entrada de muito cálcio na célula ativa enzimas
que tornam a lesão irreversível.
Princípios da Lesão Celular
• Tipo de Estímulo: Mecânicos, químicos, isquêmicos.
• Tipo de Célula: Por exemplo, as células mesenquimais possuem uma maior resistência a
lesão isquêmica quando comparada aos neurônios.
• Sistemas Bioquímicos: Deficiência no suprimento de O2, queda na produção de ATP, fluxo
de cálcio, rompimento da membrana celular e mau funcionamento da mitocôndria são os
principais causadores de lesões celulares.
• Efeitos Secundários
• Alterações Morfológicas
Os estímulos lesivos podem ser:
➢ Exógenos: Agentes físicos (trauma mecânico, radiações, corrente elétrica, variação
de pressão, variação de temperatura), agentes químicos (depende da dose, da via, da
absorção, do transporte, do armazenamento, da metabolização e da excreção), agentes
biológicos (protozoários, fungos, vírus, bactérias) e desvios nutricionais.
➢ Endógenos: Patrimônio genético, resposta imunológica, fatores emocionais.
Criptogenético ou idiopático: Causa desconhecida.
Os tipos mais comuns de lesão celular são causados por isquemia ou hipóxia.
Isquemia é a falta de suprimento sanguíneo, é mais grave. Hipóxia é a diminuição
do fornecimento de O2 às células. Anóxia é a parada total do suprimento de O2.

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CALCIFICAÇÕES
É o processo de saturação tecidual com sais de carbonato de cálcio e hidroxiapatita por alteração no
metabolismo do cálcio. Nosso corpo possui em torno de 1-2 kg de Ca++, sendo 90% na forma de hidroxiapatita.
A absorção de cálcio ocorre no duodeno por transporte ativo com papel fundamental da vitamina D.
Nas calcificações ou mineralizações patológicas os sais de cálcio são depositados em tecidos frouxos
não osteóides, enrijecendo-os. Usualmente isso ocorre em áreas de necrose e degenerações, pois os sais de
cálcio são tampões, portanto eles vão tentar tamponar a lesão.
A calcificação patológica é a deposição anormal de sais de cálcio, juntamente com pequenas
quantidades de ferro, magnésio e outros sais minerais nos tecidos. É um processo comum em várias condições
patológicas. Existem duas formas de calcificação patológica.

TIPOS

CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA
A deposição é local, em tecidos que estão morrendo. Ela ocorre apesar de os níveis séricos de cálcio
serem normais e também na ausência de alterações no metabolismo do cálcio.
Assim, afeta tecidos previamente lesados. A
calcificação distrófica é encontrada em áreas de necrose,
seja ela de coagulação, caseosa ou liquefação, e em focos de
necrose gordurosa enzimática. A calcificação é praticamente
inevitável nos ateromas da aterosclerose avançada. Ela
também ocorre normalmente em valvas cardíacas dos
idosos ou danificadas, dificultando ainda mais a sua função.
Independentemente do local da deposição,
microscopicamente os sais de cálcio se apresentam como
grânulos finos ou nódulos brancos, que geralmente dão a
sensação de depósitos arenosos. Às vezes, um linfonodo
4 Estenose de válvula aórtica
tuberculoso é virtualmente transformado em pedra.
É o tipo mais focal e mais frequente. Podem ser intracelulares, extracelulares ou estar em ambos locais.
A lesão tecidual é necessária, que com o tempo forma osso heterotópico no foco de calcificação.
Ocasionalmente, células necróticas podem iniciar a formação de cristais e se tornar incrustadas pelo depósito
do mineral. A deposição progressiva de camadas externas pode criar configurações lamelares chamadas de
corpos de psamoma, pois lembram grão de areia.

Os sítios mais usuais desse tipo de calcificação são:


✓ Tecido conjuntivo hialinizado de lesões antigas
(cicatrizações);
✓ Paredes de vasos, como na aterosclerose;
✓ Tendões;
✓ Válvulas cardíacas envelhecidas ou danificadas;
✓ Tumores, como nos leiomiomas uterinos, câncer de
mama, câncer papilar de tireóide, câncer de ovário,
meningiomas.
✓ Infartos antigos;
✓ Ao redor de parasitas, como na cisticercose cerebral;
✓ Na necrose enzimática, principalmente do pâncreas;
✓ Trombos venosos crônicos;
✓ Órgãos tubulares;
✓ Tecidos necrosados.

Obs1: O cálcio tende a induzir crise epiléptica por conduzir


corrente elétrica.
5 Calcificação distrófica de rim

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Patogenia
Na patogenia da calcificação distrófica, a via final comum é a formação de cristais de fosfato de cálcio
na forma de apatita, semelhante à hidroxiapatita dos ossos. O processo tem duas fases principais: o início (ou
nucleação) e a proliferação; ambas podem ocorrer tanto quanto intracelular quanto extracelularmente. O início
da calcificação intracelular ocorre nas mitocôndrias de células, mortas ou moribundas que acumulam cálcio. Os
fatores que podem iniciar a calcificação distrófica extracelular incluem os fosfolipídios encontrados em
vesículas de aproximadamente 200nm de diâmetro ligadas às membranas; na cartilagem e nos ossos elas são
conhecidas como vesículas matriz, mas na calcificação patológica são derivadas de células em degeneração ou
envelhecidas.
Imagina-se que o cálcio é concentrado nessas vesículas através de um processo de calcificação facilitado
pela membrana, que apresenta várias etapas:
1. Íons de cálcio se ligam aos fosfolipídios presentes na membrana da vesícula;
2. Fosfatases associadas com as membranas geram grupos fosfatos que se ligam ao cálcio;
3. O ciclo de ligação cálcio-fosfato se repete, aumentando a concentração local e produzindo um
depósito próximo à membrana;
4. Ocorre uma alteração estrutural na disposição dos grupos de cálcio e fosfato gerando um
microcristal que pode se propagar e perfurar a membrana.
A propagação da formação de cristais depende das concentrações de Ca2+ e PO4, assim como da
presença de inibidores e de outras proteínas no espaço extracelular como as proteínas da matriz
do tecido conjuntivo.
Apesar de a calcificação distrófica poder ser simplesmente um sinal de uma lesão celular prévia, ela
geralmente causa disfunção do órgão. Como no caso da doença valvar calcificada e da aterosclerose.

CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA
A calcificação metastática pode ocorrer em tecidos normais sempre que houver hipercalcemia. A
hipercalcemia, por sua vez, exacerba a calcificação distrófica.

Existem quatro principais causas de hipercalcemia:


1. Aumento da secreção do hormônio da paratireoide (PTH) como a consequente reabsorção óssea,
como a que ocorre no hiperparatireoidismo devido a tumores da paratireoide e na secreção
ectópica de proteínas relacionadas ao PTH por tumores malignos;
2. A destruição do tecido ósseo que ocorre nos tumores primários da medula óssea (por exemplo,
no mieloma múltiplo, leucemia) ou metástases ósseas difusas (por exemplo, no carcinoma de
mama), na aceleração da reposição óssea (por exemplo, na doença de Paget) ou na imobilização;
3. Desordens relacionadas a vitamina D, incluindo a intoxicação pela vitamina D, sarcoidose (na
qual os macrófagos ativam um precursor da vitamina D) e na hipercalcemia idiopática na infância
(síndrome de Williams) caracterizada pela sensibilidade anormal à vitamina D;
4. Insuficiência Renal, que causa retenção de PO4, levando ao hiperparatireoidismo secundário.

Afeta os tecidos por precipitação resultante da hipercalcemia, sendo o tecido conjuntivo o mais
frequente. É uma calcificação generalizada e menos frequente, mas acometem principalmente tecidos
intersticiais da mucosa gástrica, rins, pulmões artérias sistêmicas e veias pulmonares. Chama-se CALCINOSE
a calcificação metastática extensa.

Causas menos frequentes:


5. Intoxicação por alumínio, que ocorrem em paciente em diálise renal crônica;
6. Síndrome de leite-álcali, secundária a ingestão exagerada de cálcio e antiácidos absorvíveis, como o leite ou o
carbonato de cálcio.

Obs: O ASPECTO DO DEPÓSITO DE CÁLCIO É SIMILAR NAS DUAS FORMAS DE CALCIFICAÇÃO.

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PIGMENTAÇÃO PATOLÓGICA
PIGMENTO designa qualquer substância de origem, composição química e significados biológicos
diversos que tem cor própria. São encontradas amplamente na natureza, nas células animais e
vegetais. Os pigmentos são substâncias coloridas, sendo que algumas são constituintes normais das
células (por exemplo, a melanina), enquanto outros são anormais e só se acumulam nas células em
determinadas circunstâncias.
PIGMENTAÇÃO é o processo de formação ou acúmulo, normal ou patológico, desses pigmentos.
PIGMENTAÇÃO PATOLÓGICA pode ser o resultado de alterações bioquímicas pronunciadas,
representando o acúmulo ou a redução de determinados pigmentos, sendo um dos aspectos mais
marcantes em várias doenças.

PIGMENTOS EXÓGENOS
ANTRACOSE
Acúmulo de carbono ou de poeira do carvão principalmente nos pulmões (alvéolos e
linfáticos), deixando-os pétreos. Ao ser inalado, ele é capturado pelos macrófagos dos alvélos e
transportado através dos vasos linfáticos para os linfonodos regionais das regiões traqueobrônquicas.
O acúmulo desse pigmento escurece o tecido pulmonar (antracnose) e os linfonodos envolvidos. Em
trabalhadores de minas de carvão, os agregados de poeira de carvão podem causar uma reação
fibloblástica e até mesmo enfisema, causando uma grave doença pulmonar conhecida como
pneumoconiose dos carvoeiros. Causas: fumo; poluição ambiental; minas de carvão.
ARGIRIA
Acúmulo de sais de prata (normal 1mg / Argiria 40mg) por terapêutica inadequada. O paciente fica
com aspecto de “SMURF”, mas é parcialmente reversível.
CRISÍASE
Acúmulo de sais de ouro por medicamentos como os da artrite reumatoide. A pigmentação
atinge as extremidades na pele, deixando em tom dourado. Não tem grande repercussão sistêmica,
apenas dano estético.
SATURNISMO
Intoxicação por sais de chumbo, e é reversível.
CAROTENODERMIA
Não é uma pigmentação patológica, é caracterizada por quantidades supranormais de
caroteno que se deposita na pele.
TATUAGEM
É uma forma localizada de pigmentação exógena da pele. Os pigmentos inoculados são
fagocitados pelos macrófagos na derme, nos quais permanecem pelo resto da vida (algumas
vezes com consequências desagradáveis para os portadores da tatuagem!). Os pigmentos,
normalmente, não causam nenhuma resposta inflamatória.

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PIGMENTOS ENDÓGENOS
HEMOGLOBÍNICOS (Originados da lise do sangue)
BILIRRUBINA
Formada a partir da fração heme da hemoglobina, fração que contém o ferro.
As causas do acúmulo de bilirrubina podem ter três vertentes:
✓ Pré-Hepática: Devido à alta taxa de hemólise (bilirrubinemia indireta).
✓ Hepática: Não consegue se conjugar. (Ocorre na cirrose e na hepatite).
✓ Pós-Hepática: Em doenças obstrutivas que não conseguem transformar a
bilirrubina (bilirrubinemia direta).
Se o paciente tiver uma hiperbilirrubinemia direta,
indiretamente também terá uma hiperbilirrubinemia indireta.
Sinal de Acúmulo: ICTERÍCIA, deposição de bilirrubina sob a pele, mucosas, fígado, rins, etc.
O metabolismo da bilirrubina segue os seguintes passos:

Hiperbilirrubinemias indiretas em recém-nascidos podem implicar em KERNICTERUS, que é o


acúmulo de bilirrubina nos núcleos da base causando deficiência motora.
Hiperbilirrubinemia elevada, tanto conjugada ou não conjugada, resulta em icterícia, com prurido.
Excesso de eliminação de bilirrubina pelo sistema canalicular biliar pode resultar em cálculos
biliares (bilirrubinato de cálcio).

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LIPOFUCSINA
(fuscus = marrom)
Pigmento insolúvel, também
conhecido como lipocromo e pigmento
de desgaste, de envelhecimento
ou de senescência. Ela é composta
de polímeros lipídicos poli-insaturados
das membranas subcelulares. A
lipofucsina não é nociva para a célula
ou para as suas funções. Sua
importância está no fato de ser um
sinal indicativo de lesão por radicais
livres e peroxidação lipídica.
Em secções de tecidos, ela aparece como um pigmento intracitoplasmático marrom-
amarelado, finalmente glandular, geralmente perinuclear. É vista em células que estão sofrendo
lentas alterações regressivas, sendo particularmente proeminente no fígado e no coração de paciente
idosos ou com desnutrição severa e caquexia neoplásica. À microscopia eletrônica, os grânulos são
muito densos, geralmente apresentam estruturas membranosas em seu interior e normalmente são
perinucleadas.
Deposita-se em neurônios, miocárdio e fígado, e por si só não indica patologia. A lipofucsina
é um fosfolipídio derivado das membranas celulares que se acumulam na deficiência de antioxidantes,
como na deficiência de vitamina E, ou em uma atrofia celular por desnutrição.
✓ Pigmento insolúvel, pseudo-amarelado, fluorescente, PAS+, constituído por grânulos
delicados intracitoplasmáticos por processos de destruição e envelhecimento celular.
✓ Cora-se com Sudam e Azul do Nilo.
✓ Sinônimos: Lipocromo, cromolípideo, ceróide.

HEMOSSIDERINA
Resulta da degradação da hemoglobina, na presença de O2. O ferro é normalmente
transportado por proteínas específicas, as transferinas. Nas células, ele é armazenado em associação
com uma proteína, a apoferritina, para formar micelas de ferritina. A ferritina é constituinte da maioria
dos tipos celulares. Quando ocorre um excesso de local ou sistêmico de ferro, a ferritina forma
grânulos de hemossiderina, que são facilmente visualizados em microscopia ótica. Assim, a
hemossiderina representa um agregado de micelas de ferritina. Em condições normais, pequenas
quantidades de hemossiderina podem ser vistas nas células fagocitárias mononucleares da medula
óssea, baço e fígado, que são órgão envolvidos ativamente na degradação de hemácias. Portanto,
HEMOSSIDEROSE é o acúmulo de hemossiderina nos tecidos.
Hemossiderose difusa de hepatócitos em uma paciente com anemia aplásica que recebeu múltiplas transfusões sanguíneas.

7 A hemossiderina aparece com grânulos de pigmento 7 A hemossiderina destaca-se em cor azul escura
marrom no corte corado por HE após a reação de Perls ou do ferrocianeto férrico,
que demonstra ferro com valência 3
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A hemossiderose pode ser de dois tipos:


Local: o excesso local de hemossiderina é causado por uma grande hemorragia
ou várias pequenas hemorragias que acompanham a congestão vascular grave. O
melhor exemplo de hemossiderose localizada é o hematoma. A área fica
inicialmente vermelho-azulada. Com a lise dos eritrócitos, a hemoglobina é
transformada em hemossiderina. Os macrófagos participam desse processo
através da fagocitose dos fragmentos dos eritrócitos e as enzimas lisossomais
finalmente convertem a hemoglobina, através de uma séria de pigmentos, em
hemossiderina. A variação de cores do hematoma reflete essas transformações. A
cor vermelho-azulada original do hematoma é transformada em vários tons de
azul-esverdeado, refletindo a formação local de biliverdina (bile verde), seguida de
bilirrubina (bile vermelha) e, a partir disso, a molécula de hemoglobina é
depositada na forma de hemossiderina amarelo-ouro.

Sistêmica: Quando existem razões para sobrecargas sistêmicas de ferro, a hemossiderina é


depositada em diversos órgãos e tecidos, uma condição conhecida como hemossiderose. Ocorre por:
1. Absorção aumentada de ferro alimentar;
2. Diminuição da utilização de ferro;
3. Anemias hemolíticas, em que quantidades anormais de ferro são liberadas dos eritrócitos;
4. Transfusões repetidas, pois os eritrócitos transfundidos constituem carga externa de Fe.
Principais locais de acúmulo: macrófagos, fígado, baço, medula óssea, linfonodos, derme, pâncreas e rim.

HEMOCROMATOSE (Tríade: Diabetes, Cirrose e coloração brônzea da pele)


Acúmulo extremo de ferro. Está associado a lesões no fígado, coração e pâncreas,
causando fibrose hepática, insuficiência cardíaca e diabetes melito. Doença genética rara,
autossômica recessiva, com característica de ter a capacidade maior de absorver o ferro dietético.
Aparece por volta dos 40/50 anos e o tratamento é com sangria periódica.
Os principais locais de acúmulo são o
✓ Fígado (causando fibrose -> cirrose);
✓ Pâncreas (fibrose -> diabetes);
✓ Coração (arritmias).
Para verificação dessa impregnação de ferro, realiza-se a coloração de Perls (ferro numa
coloração azulada corada com Azul da Prússia), imagem 5.
Sintomas: Perda de cabelo, vertigem, diabetes, artrite, pele escura, cirrose hepática,
cardiopatia, atrofia testicular.

HEMOZOÍNA
É um pigmento malárico, inerte e não tóxico. Resulta da degradação da hemoglobina
pelos parasitas da malária (Plasmodium falciparum), com lise das hemácias afetadas. Esse pigmento
induz a liberação de monócitos (macrófagos e pirógenos), o que pode ser a causa das crises de febre
da malária.

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ÁCIDO HOMOGENTÍSICO
Pigmento granular vermelho-enegrecido formado pela conversão da TIROSINA em ÁCIDO
HOMOGENTÍSICO, e que aparece na vigência de ocronose.

OCRONOSE
Doença genética rara, autossômica recessiva. Ocorrem por depósito de ácido homogentísico
dando uma coloração azulada nas cartilagens, extremidades dos dedos, na pele do dorso da mão.
Pode causar ALCEPTONÚRIA -> urina baseidificada e negra por causa do acúmulo desse pigmento.
Pode levar a artrites graves.

MELANINA (melas = preto)


Pigmento castanho enegrecido sintetizado pelos melanócitos (células derivadas da
crista neural) e localizados sob a derme, base dos pelos, íris, na substância negra do mesencéfalo,
meninges e na mucosa intestinal. Não é derivado da hemoglobina.
Pigmento endógeno formado quando a enzima tirosinase catalisa a oxidação da tirosina em
diidrofelilalanina (DOPA) nos melanócitos. Na prática, a melanina é o único pigmento marrom-escuro
endógeno. O outro pigmento que poderia ser considerado um componente dessa classe é o ácido
homogentísico, que é um pigmento preto que aparece em pacientes com alcaptonúria, uma doença
metabólica rara.
Ela tem dois tipos:
EUMELANINS de coloração mais escura sendo encontrada mais frequente, e
PHAEOMELANINS de coloração alaranjada, presente em ruivos e loiros.

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Hiperpigmentação de Melanina
✓ Aumento da quantidade de melanócitos por ação hormonal (principalmente estrogênio);
o Ex: Cloasma gravídico é reversível e acontece na região malar e buço.
✓ Neoplasma dos melanócitos;
o Ex: Nevos, melanomas (irreversíveis).
✓ Aumento da melanogênese por não produção hormonal da adrenal OU por aumento
de ACTH (estimulador dos melanócitos) pela hipófise;
o Ex: Doença de Addison.

Hipopigmentação de Melanina
✓ Migração errátil dos melanócitos causando manchas hipopigmentadas.
✓ Diminuição da enzima tirosinase.
o Ex: Albinismo, eles têm melanócitos, mas não consegue produzir a melanina.
✓ Diminuição da transferência para os queratinócitos.
o Ex: Lesão Cicatricial.
✓ Destruição dos melanócitos.
o Ex: Parkinson (destruição dos melanócitos da substância negra do mesencéfalo) e Vitiligo
(destruição definitiva dos melanócitos pelo sistema imune).

Obs1: HALO NEVO: Ataque do sistema imune a um nevo com destruição provisória dos
melanócitos da região. Pode evoluir ou involuir.

À saber
Metabolismo do Ferro
Quase todo o ferro da hemoglobina é reaproveitado, assim as necessidades diárias de ferro novo são pequenas.
ABSORÇÃO
A absorção intestinal (duodeno e jejuno) é da ordem de 1 mg/dia, embora a quantidade ingerida seja
pelo menos 10 vezes maior. O ferro absorvido repõe o que é perdido em células descamadas (que sempre
contêm algum ferro, p. ex. em citocromos) e no sangue menstrual. Nas mulheres, a necessidade diária é cerca
do dobro da dos homens.
FERRITINA
Nas células da mucosa intestinal, o ferro absorvido fica armazenado como Fe+++ em uma proteína
chamada ferritina. Para tal, o ferro forma micelas de hidroxifosfato férrico e se liga a uma proteína,
a apoferritina, cuja molécula é constituida de várias subunidades que circundam a micela. O complexo de
subunidades proteicas de apoferritina e da micela de Fe+++ é que constitui a ferritina. Até cerca de 4.300
átomos de Fe+++ podem ser estocados desta forma por uma partícula de ferritina.
A ferritina é visível só ao microscópio eletrônico como uma partícula eletrodensa que pode ser usada
como marcador.
TRANSFERRINA
Para transporte no plasma, o Fe+++ é removido da ferritina (que fica sempre no interior de células) e
transferido a uma proteína do plasma, a transferrina, que transporta 2 átomos de Fe+++ por molécula.
DESTINO DO FERRO
Este ferro é distribuído às células do organismo, onde é necessário para síntese de citocromos e,
principalmente, às células da série vermelha da medula óssea, no estágio de normoblasto, onde será usado na
síntese de hemoglobina.
O restante é depositado em células do SRE, principalmente nas células reticulares do baço e da medula
óssea, e nas células de Kupffer do fígado, onde fica armazenado também na forma de ferritina (como nas
células da mucosa intestinal). A ferritina é uma forma de armazenamento que permite fácil mobilização do ferro
para síntese de hemoglobina.

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MORTE CELULAR
Proveniente de uma lesão irreversível. Na morte celular, permanece por algum tempo os
vestígios do acontecimento; sucessivamente, são dissolvidos. Durante uma morte celular ocorrem:

I. Alterações Bioquímicas: Alterações das funções biológicas.

II. Alterações Morfológicas: Ultraestrutural (microscopia eletrônica), microscopia óptica e macroscopia.

Ex: Lesão Isquêmica do Miocárdio


• Lesão Reversível: 0 a 30 minutos
• Lesão Irreversível: 20 a 60 minutos
• Microscopia Eletrônica: 30 minutos
• Aumento de enzimas séricas: 2 horas
• Microscopia Óptica: 4 a 12 horas
• Macroscopia: 12 a 24 horas
Obs1:
No fígado são necessárias 7 horas para as alterações celulares começarem a se desenvolver.

HETERÓLISE: Enzimas provenientes de outros lugares matam uma célula.


Ex: Células Inflamatórias.

AUTÓLISE: Morte celular por enzimas próprias do organismo.


Ex: Dissociação Enzimática.

NECROSE
É a morte celular seguida de autólise.
São alterações morfológicas de morte celular no organismo vivo.

FISIOPATOGENIA:
Desnaturação proteica e digestão enzimática.
MORFOLOGIA:
1. Alterações citoplasmáticas perdendo a basofilia (porque perde o RNA) e
aumenta a eosinofilia;
2. Aumento da ligação da eosina com proteínas desnaturadas;
3. Alterações nucleares que podem ser:
a. PICNOSE que é a condensação da cromatina, ficando basofílica, puntiforme e contraída.
b. CARIÓLISE que é a ativação de DNA lises que acabam por dissolver o DNA celular.
c. CARIORRÉXIS que é o núcleo com restos nucleares fragmentados no citoplasma.

CAUSAS:
1. Isquemias; 5. Imunitárias;
2. Físicas; 6. Genéticas;
3. Químicas; 7. Deficiências nutricionais.
4. Biológicas;
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EVOLUÇÃO DA NECROSE
1. Regeneração: Tecido morto sofre um processo de mitose, sendo, então, substituído.
2. Cicatrização: Deposição do tecido conjuntivo a fim de melhorar a área de necrose.
3. Encistamento: Quando o material necrótico não é absorvido.
4. Eliminação: Origina uma cavidade no lugar da necrose.
5. Calcificação: O local da necrose sofre uma calcificação distrófica.

TIPOS DE NECROSE
1. NECROSE ISQUÊMICA DESNATURAÇÃO PROTEÍCA > PROTEÓLISE
Também chamada de NECROSE DE COAGULAÇÃO. Citoplasma com aspecto de
substância coagulada com coloração esbranquiçada. Célula com aspecto de sombra que
caracteriza a região necrótica circundada por um halo vermelho, porque a hiperemia
tenta compensar a isquemia. O arcabouço celular mantém-se preservado, granuloso e
homogêneo.
Ex: Infarto Agudo do Miocárdio (Isquemia).
2. NECROSE LIQUEFATIVA PROTEÓLISE > DESNATURAÇÃO PROTEÍCA
Possui consistência mole, semifluida ou liquefeita. No local de necrose
encontram-se neutrófilos e piócitos (neutrófilos degenerados). É comum quando ocorrem
infecções com bactérias pirogênicas (Staphylococos e Streptococos) que recrutam
muitas células inflamatórias formando uma substância purulenta (ação das enzimas
lisossômicas liberados pelos leucócitos exsudados).
Ex: Furúnculo; AVC (Tecido Vascular Cerebral).
3. NECROSE CASEOSA DESNATURAÇÃO PROTEÍCA = PROTEÓLISE
Padrão de inflamação crônica granulomatosa com apoptose de
células inflamatórias. Alguns fungos com a blastomicose também causam
esse tipo de necrose. Aparência semelhante ao queijo e ao requeijão.
MACROscopicamente: material fosco, branco e seco.
Microscopicamente: granuloso, acidofílico, núcleos fragmentados.
Ex: Tuberculose.
4. ESTEATONECROSE
É a necrose do tecido adiposo. A célula adiposa morta libera uma substância
que se liga ao cálcio (essa ligação pode simular malignidade, como os microtraumas
com cápsula fibrosa nas mamas). É típica de lesão pancreática.
Características: Lesão em pingo de vela e contorno basofílico.
Ex: Trauma do tecido adiposo, principalmente mamas.
5. NECROSE GOMOSA
Clássica da fase terciária da sífilis, e é classificada com uma variedade da necrose
isquêmica.

6. NECROSE FIBRINÓIDE
Clássica de doenças autoimune que envolve os vasos sanguíneos, e que tem a
desnaturação proteica como principal fator desencadeante da morte celular.
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GANGRENA
É uma forma de evolução da necrose resultante da ação de agente externos sobre
o tecido necrosado (isquemia acompanhada de putrefação e cheiro característico).
✓ Gangrena Seca: Ocorre desidratação, mumificação. Ex: pacientes diabéticos (gradual).
✓ Gangrena Úmida: Ocorre por ação de bactérias piogênicas com formação de pus.
o Liquefação do “tecido isquemiado” por bactérias piogênicas – digestão de tecidos.
✓ Gangrena Gasosa: Ocorre por ação de bactérias produtoras de gás fétido
(Clostridium) com presença de bolhas ao corte.

NECROSE ISQUEMICA ou
DE COAGULAÇÃO NECROSE LIQUEFATIVA NECROSE CASEOSA
(Infarto Esplênico) (Abscesso Cerebral) (Tuberculose - Pulmão)

APOPTOSE
É a morte celular programada, é um fenômeno em
que a célula é estimulada a acionar os mecanismos que
culminam com a sua morte. Pode ser causada por irradiação.
NÃO DESENCADEIA RESPOSTA INFLAMATÓRIA!

APOPTOSE COMO PROCESSO FISIOLÓGICO


1. Embriogênese: Órgãos involuídos durante a organogênese, como a cauda.
2. Involução Hormônio Dependente: Como a queda da concentração hormonal pós menopausa o
que leva uma redução do ovário e endométrio.
3. Deleção em populações celulares proliferantes: Destruição de células sanguíneas, como
hemácias e glóbulos brancos.
4. Resposta Inflamatória: Como a morte de neutrófilos após o cumprimento de seu papel.
5. Resposta Imune: Eliminando linfócitos potencialmente nocivos antes ou depois da sua maturação.

APOPTOSE COMO PROCESSO PATOLÓGICO


1. Estímulos lesivos variados: Como a lesão ao DNA (por radiações, drogas citotóxicas anticâncer
e a hipóxia) ou acúmulo de proteínas anormalmente dobradas.
2. Vírus.
3. Atrofia patológica.
4. Morte celular em tumores.
5. Quando acompanha a necrose celular.
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MORFOLOGIA:
1. Encolhimento celular, deixando o citoplasma mais denso.
2. Cromatina se condensa, e é disposta em grumos acoplados à carioteca.
3. Formação de corpos apoptóicos e de bolhas citoplasmáticas.
✓ Contendo restos citoplasmáticos e nucleares.
4. Fagocitose ou endocitose da célula em apoptose.
✓ Pelas células parenquimatosas circundantes (geralmente macrófagos).

Apoptose desregulada
REDUZIDA: câncer; doenças autoimunes.
DANO AO DNA: radiação ou quimioterápicos induzem apoptose por estímulo genotóxico que envolve o
gene TP53 (gene supressor do tumor). A proteína p53 acumula-se quando o DNA é lesado, interrompendo
o ciclo celular. Se o dano ao DNA não for reparado, a p53 desencadeia a apoptose em condições normais.
AUMENTADA: doenças neurodegenerativas; doença isquêmica.
PRIVAÇÃO DE FATORES DE CRESCIMENTO: células hormônios-sensíveis; linfócitos; neurônios.
PROTEÍNAS MAL DOBRADAS: quando há incapacidade da célula em eliminar as proteínas mal
dobradas, a célula ativa as caspases e induz a apoptose (estresse RE). Acredita-se que esse processo
ocorra em doenças como Alzheimer; como Parkinson; ou pela privação de O2, de glicose e de calor.

VIA MITOCONDRIAL VIA RECEPTOR DE MORTE


VIA INTRÍNSECA VIA EXTRÍNSECA

são ativados
enzimas
os fatores de
liberadas
necrose
pela
(moléculas de
mitocôndria
superfície)

VIA MITOCONDRIAL:
1. Iniciada pela perda de sinais
de sobrevivência da célula;
ATIVAÇÃO DAS
2. Extravasamento de proteínas
pró-apoptóticas para o CASPASES
citoplasma, que culminam na Enzimas que degradam o
ativação das caspases. DNA e destroem as
proteínas do citoesqueleto.

NECROPOPTOSES: morte celular programada independente das caspases.


✓ Evolução semelhante a necrose:
1. Regeneração;
2. Cicatrização;
3. Encistamento;
4. Eliminação;
5. Calcificação.
✓ Desencadeada por eventos de transdução do sinal geneticamente programado.
✓ Ligam-se ao receptor de superfície FNTR1.
✓ Pode ser fisiológico ou patológico. Ex: esteatoses; Parkinson.

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REMOÇÃO DAS CÉLULAS APOPTÓTICAS:


Fosfatidilserina
(passa a ser expressa no folheto externo da membrana)
+
Corpos Apoptóticos
(expressam glicoproteínas adesivas)

Reconhecimento Macrofagocitário

FAGOCITOSE CELULAR

ACHADOS NECROSE APOPTOSE

AUMENTADO reduzido
Tamanho Celular
(tumefação) (retração)

Núcleo Picnose, Cariorrexis, Cariólise Fragmentação

Membrana Citoplasmática Ruptura Intacta

Conteúdo Celular Digestão Enzimática Intacto

Inflamação Frequente Ausente

Ocorrência Patológica Fisiológica ou Patológica

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Isquemia: ocorre quando há uma disfunção ou sofrimento celular devido à


hipóxia; não chega oxigênio à determinada célula, que é um dos elementos necessários
para produção de energia, e essa fica disfuncional. O oxigênio não chega a célula por alguma
alteração vascular, podendo ser arterial ou venosa. Célula isquêmica não é uma célula
morta, pode vir a ser caso a isquemia se intensifique ou sobreviver se a isquemia for
revertida ou pode se adaptar a hipóxia.

Fisiopatogenia da isquemia:
Déficit circulatório (trombo, êmbolo, compressão externa) do vaso; o O2 não
chega a célula; hipóxia; a célula gera energia a partir glicólise anaeróbica que gera como
metabólito ácido lático (o sistema se esgota rapidamente) e outros catabólitos; esses em
excesso são lesivos para a célula; ocorre baixa de pH, que faz com que a célula não consiga
manter seu metabolismo.

É o extremo da isquemia, é uma área localizada de necrose isquêmica em


um órgão ou tecido vivo. Pode ter necrose isquêmica generalizada pelo corpo (choque
importante), mas isso não será infarto.

INFARTO E
ENFARTAMENTO
Causas: oclusão no sistema venoso ou arterial.
- Insuficiência Venosa: ocorrerá estase venosa que fará com que por um tempo ocorra
passagem de sangue, porém após um tempo haverá congestionamento e não ocorrerá mais
passagem de sangue, e ocorrerá isquemia. No caso de estase venosa, o processo é lento,
enquanto o arterial é praticamente imediato a necrose isquêmica ou infarto.

A mais frequente é oclusão intravascular que é o fenômeno vital de tromboses.


Pode acometer o sistema arterial ou venoso. Ocorre a formação de uma precipitação
celular (trombo) a partir de fibrina, plaquetas e hemácias. Pode ser um êmbolo que
é um corpo estranho no sistema vascular em movimento, pode ser um trombo que se soltou,
mas pode ser outro elemento como um conteúdo gasoso que entrou no vaso graças a uma
injeção ou conteúdo lipídico gorduroso por uma fratura generalizada nos ossos.
Pode ser extravascular como um torniquete que provoca um infarto a jusante.

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Classificação do Infarto
• Aspecto: mais ou menos sangue na área infartada
- Branco (anêmico): sem sangue ou com pouco sangue;
- Vermelho (hemorrágico): presença de sangue com baixo teor de oxigênio;
• Presença de microrganismos patogênicos:
- Asséptico: sem microrganismos;
- Séptico: com microrganismos; é o pior;
• Consistência:
- Sólido: denso, alta consistência;
- Liquefeito: baixa consistência; está virando “líquido”;
RIM

ASPECTO
INFARTO BRANCO ou ANÊMICO BAÇO
OCLUSÃO ARTERIAL DE TECIDOS SÓLIDOS!
Área infartada ENXANGUE (sem sangue ou esvaída de sangue).

CORAÇÃO
Princípios para que isso ocorra:
1. Sangue não chega ao local
✓ Condição sine qua non para infarto;

2. A vascularização é término-terminal;
✓ Pois não há anastomose significante com outros vasos;

3. Tecido têm alta consistência, estroma mais denso quando comparado com outros tecidos;
✓ Mesmo que a área se dissolva, não há como pequenos vasos derramarem seu conteúdo
sanguíneo para uma área.

RIM
No rim, uma artéria renal se divide em artéria lobular e depois em artéria arqueada. Se houver
um trombo que impede que o sangue passe, como não há comunicação anastomótica, a área
infartada morre sem a presença de sangue, formando uma área pálida e bem demarcada.
Infarto anêmico do rim (exemplo de necrose coagulativa). O rim, sendo órgão sólido e de
consistência firme, tende a ter necrose do tipo coagulativo. Os infartos são necrose de origem vascular, e neste
caso, houve obstrução de um ramo da artéria renal. O infarto corresponde à área deprimida e esbranquiçada
na superfície externa.
Na superfície de corte,
notar que o infarto acomete
praticamente só a camada
cortical do rim. Este infarto é
antigo, não se notando mais a
necrose coagulativa original,
que foi substituída por uma
cicatriz fibrosa. Um infarto
como este não tem maior
importância para a função renal
como um todo, devido à grande
reserva funcional do rim.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

Isquemia difusa do rim por trombose oclusiva da artéria renal, causando infarto anêmico global.
Isquemia caracteriza-se macroscopicamente por palidez do tecido devida a falta de sangue nos capilares. A causa
mais comum de isquemia de importância clínica é trombose de uma artéria ou ramo arterial irrigando um órgão.
No caso, houve trombose completa (oclusiva) da artéria renal, levando a isquemia de todo o rim.
Se a isquemia for prolongada leva a infarto (necrose de causa vascular), como aqui. As áreas mais escuras
também fazem parte do infarto (provavelmente contêm mais sangue, daí a cor).

BAÇO
Infartos anêmicos do baço!
Aqui, outros exemplos de
isquemia por obstrução de
um ramo arterial levando a
infartos. Como o território de
distribuição das artérias é em
forma de cunha, com o ápice
voltado para o interior do
órgão, os infartos também
tendem a ter forma de cunha,
com o ápice voltado para o
ramo obstruído. Isto fica mais
evidente na peça OH-35, onde
o infarto é menor.

Notar também nesta peça a cor pálida esbranquiçada do infarto, devida à falta de sangue no território
isquêmico. Na peça de cima (OH-8) o infarto atinge quase todo o baço.

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|

CORAÇÃO
No coração, os infartos afetam mais a porção interna do
miocárdio que a externa porque as artérias coronárias correm no
epicárdio e vão dando ramos perfurantes ao longo de seu curso.
Assim, como o endocárdio é a porção mais distal do território, é mais
vulnerável.
Aqui há um infarto anêmico envolvendo o MÚSCULO
PAPILAR (cor mais pálida, devida à isquemia). Externamente a
este, há uma área mais escura, de HIPEREMIA REATIVA ao
infarto. Isto ocorre porque a área necrótica funciona como estímulo
inflamatório, causando vasodilatação nos tecidos vizinhos. Uma
consequência benéfica é que isto facilita a chegada de células
fagocitárias, que participam na eliminação do produto necrótico.
Em um coração infartado vê-se uma área bem delimitada,
porém irregular, de cor branca (brancacento) e com presença de
orla hemorrágica. A orla hemorrágica é um tecido de granulação
que se forma ao redor da área infartada com o objetivo de tentar
revascularizar a região (ocorrer neovascularização). É um infarto branco típico, pois o coração tem
uma anastomose pobre das coronárias (funcionando como término-terminal) e possui um estroma denso.
A lesão começa a ficar visível (olho nu) após 6 horas de vida após evento do infarto. Quanto
mais visível, mais tempo sobreviveu. Se o indivíduo sobreviveu haverá uma cicatriz menor que do que a
área infartada (2 meses para desenvolvimento completo).
Infarto agudo do miocárdio (exemplo de infarto
anêmico). É uma necrose coagulativa do miocárdio de
origem isquêmica (obstrução de uma artéria coronária),
e recente (algumas horas a poucos dias). As fibras do
miocárdio necróticas (figuras à D.) caracterizam-se por
ausência de núcleos. Em algumas fibras há bandas de
hipercontração. Estas ocorrem por entrada abundante
de cálcio no interior da célula quando há ruptura da
membrana plasmática. O cálcio causa contraturas
localizadas das miofibrilas, que são evidência adicional
de necrose. Além disso, notam-se vários neutrófilos no
interstício, além de alguns macrófagos. Ambos tipos de
células inflamatórias são responsáveis pela fagocitose
das fibras necróticas. Os neutrófilos têm núcleo
polilobado e citoplasma rosa pálido. Comparar com
miocárdio normal da mesma lâmina (figuras à E.).
Embaixo, área de infarto antigo do miocárdio, na
mesma lâmina do infarto recente. As fibras necróticas
desapareceram e foram substituídas por tecido fibroso
(processo de reparo, pois no miocárdio não há
regeneração).

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INFARTO VERMELHO ou HEMORRÁGICO


OCLUSÃO VENOSA DE TECIDOS FROUXOS
OU DE DUPLA CIRCULAÇÃO!

PULMÃO

INFARTO INTESTINO
ARTERIAL DELGADO

CÉREBRO
Infarto Arterial é branco, porém,
em algumas vezes, pode ser
vermelho ou hemorrágico.

VOLVULO INTESTINAL

HÉRNIA INGUINAL ENCARCERADA


INFARTO
VENOSO
HÉRNIA INGUINAL ESTRANGULADA

ÚLCERAS DE ESTASE  VARICOSA


Infarto Venoso será SEMPRE
vermelho ou hemorrágico.

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Infarto Arterial:
Princípios para que isso ocorra:
1. Vascularização amplamente anastomótica - ARCADAS ANASTOMÓTICAS
✓ Ocorre um infarto em artéria que impede a passagem de sangue para aquele local, porém a
área vizinha tem comunicação com ela, podendo enviar sangue para vascularizar o local.
✓ No entanto, as áreas de grandes oclusões não serão supridas.

Embora irá ocorrer uma isquemia e posterior infarto da região, há algum sangue sendo
enviado para o local que ficará banhado em sangue (hemorrágico). As áreas com estroma menos
denso (frouxo) conseguem uma melhor vascularização.

PULMÃO
O pulmão é particularmente sujeito a este infarto
por ter tecido frouxo e possuir dupla circulação,
resultando em área infartada congesta de sangue.

Infarto pulmonar
A artéria pulmonar (sangue venoso) é obstruída
por um trombo de membro inferior, mas as veias
pulmonares continuam a enviar sangue. Como o pulmão
é esponjoso, permite que o sangue das veias
pulmonares ainda chegue, e a área irá enfartar
banhada em sangue (hemorrágico).
Devido a dicotomização dos vasos, a área de
infarto é uma área triangular ou em forma de
cunha. O vértice do triângulo é o local de obstrução e
a base fica voltada para a cápsula.

Obs: As artérias pulmonares suprem o pulmão do ponto


Mostra uma área de cor mais escura e consistência mais firme,
de vista funcional. As artérias brônquicas (2 esquerdas caracterizando um infarto hemorrágico recente. Os infartos
e 1 direita), ramos da aorta, suprem de forma nutritiva. pulmonares são sempre hemorrágicos e devidos à obstrução de um
ramo da artéria pulmonar. Há inundação da área necrótica por
sangue proveniente das veias pulmonares. Por ser o tecido pulmonar
muito frouxo não opõe resistência, mesmo sendo a pressão das veias
pulmonares baixa.

Mostra uma pequena área de cor mais clara na ponta. Trata-se de


uma área de infarto pulmonar antigo em que o sangue extravasado
para os alvéolos já foi absorvido ou organizado, resultando em
fibrose, responsável pela cor mais pálida em relação ao restante do
parênquima.
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PATHOLOGY | Tainã Zan

PULMÃO NORMAL

INFARTO PULMONAR RECENTE (HEMORRÁGICO)

Os infartos no pulmão são devidos a oclusão (quase sempre embólica) de ramos da artéria
pulmonar, e são sempre hemorrágicos por causa da textura frouxa do órgão. Com a necrose, a
pressão no lado venoso dos capilares leva à inundação hemorrágica dos alvéolos.
No corte de infarto recente predomina a hemorragia interalveolar. Há áreas onde os septos
interalveolares ainda apresentam núcleos (já picnóticos) e outra onde os núcleos já desapareceram.
As hemácias estão ainda íntegras porque o infarto é recente. Macroscopicamente, a área de infarto
é em forma de cunha, com o ápice voltado para o vaso ocluído. A cor é vermelha escura ou negra,
lembrando um coágulo, e a consistência é firme.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

Infarto Venoso - INFARTAMENTO:


É sempre hemorrágico!
Sangue não irá passar pela área obstruída, e ao longo do tempo ficará
congestionado. Dessa forma, o sistema arterial não conseguirá enviar sangue.
Um segmento venoso obstruído impede que o sangue passe ou se passar, passa de
forma insuficiente. A montante da obstrução o sistema capilar congestiona e, por mais
sístole que seja feita, não há vascularização arterial. Isso resultará numa sequência de
eventos:
1. Edema
2. Congestão  Vasos Túrgidos
3. Hemorragia
4. Pressão Tissular  Diapedese
5. Obstrução Vascular
Assim, não há oxigenação das células, ocorre isquemia e depois...

6. INFARTO
Há duas formas especiais de infarto venoso:
1. Estrangulamento devido à pressão externa;
2. Torção de Pedículo;
Ocorre em qualquer órgão que possua pedículo (ovário, testículo, rim e vísceras
intestinais) devido a movimentos peristáltico das vísceras adjacentes. No pedículo, há
sempre artéria e veia.
Na 1ª fase da torção, como a veia tem baixa pressão e artéria alta, o sangue
arterial ainda consegue passar através do pedículo. Após isso, como o sangue não
retorna através do sistema venoso, o órgão fica túrgido (cheio de sangue) e impede
que o sangue arterial consiga passar.

Vólvulo Intestinal
Nas vísceras intestinais a torção de pedículo pode ser chamada
de vólvulo intestinal. Ocorre quando um segmento do intestino gira
em torno de seu próprio meso (mesentério ou mesocólon).

Tem maior prevalência em descendentes da Etiópia, os quais possuem meso maiores


ou mais longos devido a dieta vegetariana (rica em fibras). Quando isso ocorre, tem risco de
infectar (bactérias do próprio intestino) e morrer.

É o chamado nó nas tripas. É preciso diagnóstico precoce e o tratamento pode ser


realizado pela injeção de gás com alta pressão através do reto que irá desfazer a torção.

✓ No intestino, tanto faz se a obstrução é arterial ou venosa, as duas geram


infarto hemorrágico (rica anastomose).
o A arterial tem margens bem delimitadas.
o A venosa tem margens lavadas/apagadas/não nítidas.

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Hérnia Inguinal Encarcerada


Pode ocorrer torção de hérnia inguinal encarcerada
(segmento do intestino que entra direta ou indiretamente no
canal inguinal e pode protuir para dentro do saco escrotal
homolateral e que não saiu mais do canal).

Em algum momento, essa hérnia pode ser estrangulada,


causando isquemia do tecido intestinal que está preso no saco
herniário. Como é tecido intestinal, ocorre morte do tecido com a
presença de bactérias patogênicas que poderão levar a sepse,
choque e morte.

Úlceras de Estase – Varicosas


A úlcera venosa é uma ferida que surge nas pernas e/ou
pés em consequência da dificuldade do sangue voltar para o
coração. Tal dificuldade surge por uma incompetência das veias
das pernas em levar o sangue para cima. A doença está
relacionada, principalmente, a uma tendência genética.
Entretanto, esta dificuldade irá se manifestar mais
precocemente em indivíduos sedentários, obesos ou que
permanecem longos períodos em pé ou sentados. É também muito
frequente em trabalhadores da aviação.
As úlceras são feridas abertas e fundas nos membros
inferiores, em geral pouco dolorosas, que demoram muito para
cicatrizar. Localizam-se preferencialmente sobre os ossos dos
tornozelos e costumam surgir após leves traumatismos. Forma-se
uma pequena ferida que não cicatriza e vai gradativamente
aumentando de tamanho.
Comumente estão acompanhadas de varizes, inchaço e manchas marrons nas pernas. Pode
haver inflamação, com vermelhidão e presença de secreção purulenta (pus).
Também é comum existirem áreas de alergia ao redor das feridas. É o eczema de estase, que
forma placas avermelhadas, descamativas e com coceira.
As úlceras de estase ou varicosas ocorrem 3 vezes mais no terço distal da perna
esquerda medialmente. Isso ocorre devido a veia ilíaca comum esquerda passar embaixo da artéria
ilíaca comum direita gerando uma pequena estase venosa.

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PRESENÇA DE MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS

INFARTO ASSÉPTICO
Não há infecção.

INFARTO SÉPTICO
Há infecção pela presença de bactérias patogênicas. O “natural” é que em um
infarto ocorra infecção, pois o meio de cultura é propicio para nutrição de bactérias
patogênicas.
A bactéria pode estar presente devido à:
• Estar presente na área (intestino)
• Área estéril, porém, chega através:
▪ Contiguidade: estar próxima, área vizinha;
▪ Circulação: eventualmente temos bactérias na circulação, mas
normalmente não causam danos;
▪ Trombo: chama-se de trombo séptico, o trombo que em seu conteúdo
possui colônias de bactérias (comum em casos de fibrilação atrial).
Quando um trombo impacta uma área e no seu interior há bactérias,
chama-se de trombo micótico (comum em indivíduos com muitas cáries).

Quando ocorre necrose isquêmica associada a infecção em membros inferiores


chama-se de gangrena úmida. O pé fica inchado, com mal cheiro e brilhoso. Quando
há processo isquêmico sem infecção o pé fica preto, ausência de inchaço e aparência
mumificada. Principal causa: diabetes mellitus descompensado.
Pode haver gangrena intestinal.

MORFOLOGIA DA ÁREA INFARTADA


É determinada pela vascularização do tecido que sofreu infarto.
Pode ser em cunha ou irregular.

Vascularização Término-terminal: infarto em cunha, cônico.


Rim tem vascularização término-terminal. A vascularização parte do
vértice do triângulo em direção a base.
No vértice, os túbulos estão bem formados com células.
Na área isquêmica, os túbulos se replicam, mas estão sem células – chamadas
de células fantasmas, pois essas células mantem o arcabouço original, mas
estão desaparecendo. A coloração é nubécula (não corada), desvitalizada. É
chamada de necrose de coagulação (as células fantasmas são marcadoras).
Poderá haver dissolução ou cicatrização (reparação) da área infartada. No
rim, ocorre reparação.

Vascularização Anastomótica: irregular; suprem irregularmente.

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3 fases na evolução de um infarto:


1. Infarto recente com área de palidez; algumas horas de evolução;
2. Área mais extensa com orla hiperêmica (tecido de granulação); alguns dias de
evolução;
3. 8 a 12 semanas de evolução; área substituída por tecido conjuntivo cicatricial; a
área se retrai, dessa forma é sempre menor que a área infartada.

Evolução de infarto:
✓ Em geral de 6 a 12 semanas
✓ Transformação da área infartada em cicatricial.
✓ Se é visto uma área cicatricial, não há como datar o infarto a não ser que ele tenha
no mínimo 2 meses.
✓ Se o indivíduo infartou é preciso cuidados vigis, por exemplo evitar atividades
extenuantes e até mesmo dirigir. Caso esses cuidados não sejam tomados, e o infarto
estiver em fase plástica, a área infartada pode se romper.

O encéfalo tem suas particularidades. Como há muito lipídios nas bainhas e


poucas proteínas, o processo de dissolução não mantém um arcabouço. Ocorre liquefação,
formando uma área cavitária (não é cística porque não tem epitélio). Em volta da área
cavitária, ocorre proliferação de astrócitos em uma espécie de camada isolante de tecido
chamada de GLIOSE.

Condicionantes do grau de infarto


1. Estado geral do sangue e sistema vascular (anêmico, DPOC)
2. Padrão anatômico do sistema vascular (anastomoses)
3. Velocidade no desenvolvimento da oclusão
Tem melhor prognóstico quando é lento, pois há tempo de revascularizar o tecido.
Em idosos é comum que seja lento, pois já há uma rede anastomótica desenvolvida.
4. Características do tecido
Exemplo: a córnea é um tecido altamente resistente a hipóxia, por isso pode mesmo
após 3 horas depois da morte, pode ser transplantada.

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CONGESTÃO
Aumento do volume de sangue em um tecido.
A hiperemia ativa é chamada de hiperemia
ea
hiperemia passiva é chamada de congestão.

Hiperemia Ativa
Relacionada com dilatação arteriolar (vasodilatação)
Maior aporte sanguíneo que fica acumulado no sistema vascular. Esse conteúdo
sanguíneo tem alto teor de O2 e tonalidade avermelhada.

Hiperemia Passiva ou Congestão


Resultada da diminuição do retorno venoso, ocorre represamento de sangue
no sistema venoso. Esse sangue tem baixo de teor de O2, tendo tonalidade escurecida
(arroxado).
 Como o represamento de sangue culmina com aumento da pressão
hidrostática, normalmente congestão e edema ocorrem juntos.

Classificação quanto à morfologia


Pode ser agudo ou crônico.

- Congestão Pulmonar Aguda


Pulmão com maior quantidade de sangue e edema.
Ao corte, apresenta peso maior e porejamento de sangue.

- Congestão Pulmonar Crônica


O sangue acumulado não fica restrito aos vasos, pois podem deixar o espaço
intravascular e ganhar interstício e espaço alveolar. As hemácias são fagocitadas por
macrófagos, a hemoglobina é convertida em hemossiderina. O encontro de macrófagos
com hemossiderina em seu interior são chamadas células da insuficiência cardíaca.

- Congestão Hepática Aguda


ICC direita.
Aumento em tamanho do fígado com porejamento de sangue de tonalidade
escurecida.

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- Congestão Hepática Crônica


Comprometimento da perfusão tecidual.
O sangue acumulado naquele sistema vascular tem baixo teor de O2, e dessa
forma não ocorre trocas adequadamente. Ocorre comprometimento isquêmico dos
tecidos circundantes aos vasos.
Pode causar adaptação das células a essa perfusão tecidual diminuída, sofrendo
atrofia. Se for duradouro e grave, ocorrera necrose/morte de células.
No fígado, chega sangue arterial pelo espaço porta que vai em direção a veia centro
lobular que irá para o coração. Como o coração está insuficiente, ocorre acumulo no
sistema venoso, e na região central do lóbulo hepático. Ocorre congestão na região
central com alterações adaptativas. A periferia está em geral preservada.
Com a atrofia adaptativa ou morte celular, a região central tem diminuição do
tecido que fica deprimido e escuro. A periferia está normal ou aumentada de tamanho
com tonalidade amarela (acúmulo de lipídios) – Noz Moscada (macroscópica).

EDEMA
Existe um equilíbrio hídrico entre as pressões dentro dos vasos sanguíneos. Quase
60% do peso corporal é composto de água, sendo que 2/3 é intracelular e 1/3 é
extracelular.
Quando ocorre expansão do líquido ou acúmulo do líquido no espaço
intersticial, chama-se EDEMA.
O espaço intersticial é o espaço entre as células e o espaço dentro das cavidades
corpóreas. Dependendo da cavidade corpórea, recebe nome específico:
- Hidrotórax ou derrame pleural: líquido na cavidade pleural;
- Hidroperitônio ou ascite: líquido na cavidade peritoneal;
- Hidropericárdio: líquido na cavidade pericárdica;
- Anasarca: edema generalizado ou sistêmico e grave;

O líquido que se acumula no espaço intersticial pode ser classificado de acordo com
sua densidade:
• Exsudato
Saída de grandes moléculas e células conferindo a esse líquido densidade maior.
Aspecto turvo devido à presença de fibrinogênio e células.
Densidade superior a 20µ.
É causado por alteração da permeabilidade vascular ou endotelial. É o típico
processo observado em processos inflamatórios.
• Transudato
Saída apenas de líquido conferindo uma baixa densidade.
Aspecto límpido, ceroso e citrino.
Densidade inferior a 20µ.
A barreira endotelial está preservada.

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Microcirculação fisiológica
Na extremidade arterial, a arteríola tem pressão hidrostática aumentada que
promove a saída de líquido do interior do vaso para interstício. Devido a isso, ocorre
concentração das proteínas plasmáticas promovendo um aumento da pressão
oncótica. O aumento da pressão oncótica (coloidosmótica) faz com que o líquido retorne
para dentro do vaso pela extremidade da vênula.
Logo:
 Pressão hidrostática responsável pela saída de líquido.
 Pressa oncótica responsável pelo retorno do líquido.
85% do liquido que sai da extremidade arteriolar retorna pela extremidade da
vênula, os 15% restantes é drenado pelos linfáticos. Ocorre equilíbrio entre essas trocas de
líquidos sem desenvolvimento de edema.

Fisiopatologia do Edema
Ocorre quando há desequilíbrio entre essas pressões que pode ser causado por
aumento da pressão hidrostática, diminuição da pressão oncótica, alteração da barreira
capilar (processo inflamatório causa alteração da permeabilidade vascular),
obstrução/lesão de drenagem linfática e retenção de sódio e água.
Dependendo da causa o processo poderá ser sistêmico ou localizado.
• Pressão Hidrostática Aumentada: parte do líquido irá para o espaço intersticial
sem que retorne para dentro do vaso, ou seja, reabsorvido pelos linfáticos, embora
aumentem de quantidade.
- Gestação no final do 3ºT: compressão dos vasos pélvicos que diminui o retorno
venoso, acumula sangue no sistema vascular venoso e aumenta a pressão
hidrostática.
- Tumores que comprimam vasos: diminuição do retorno venoso, acumula
sangue no sistema vascular venoso e aumenta pressão hidrostática.
- Veias varicosas: são veias dilatadas e tortuosas que fazem com que o sistema
válvulas seja insuficiente e aumente a pressão hidrostática.
- Cirrose Hepática: aumento da resistência hepática, causando hipertensão
porta que aumenta pressão hidrostática causando edema, principalmente na
cavidade peritoneal (ascite).
- Imobilização.
- Força da gravidade pela posição ortostática.
** Todos acima desencadeiam edema localizado.

- Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC): coração está falhando e não consegue


manter seu volume de ejeção. Logo, há acúmulo de sangue no ventrículo, depois no
átrio e depois em todo o sistema venoso, desencadeando um edema sistêmico e
generalizado. O edema da ICC pode ser potencializado pela posição ortostática –
edema em membros inferiores (é umas das 1ª manifestações clínicas).

• Pressão Oncótica Diminuída: pressão das proteínas do plasma diminuída, o


retorno de líquido na extremidade da vênula é diminuído e ocorre edema. Causado
pela diminuição de proteínas.
- Desnutrição proteica ou calórica.
- Doenças renais glomerulares que promovam alteração da filtração e causam
proteinúria (síndrome nefrótica).
- Doenças inflamatórias intestinais: não absorve adequadamente

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- Síntese proteica diminuída: ocorre em doenças hepáticas, como na cirrose


hepática.
** Cirrose Hepática edema é causado não só por aumento da pressão hidrostática,
mas também por uma síntese diminuída de proteínas.
** Todos acima são circunstâncias sistêmicas que causam edema generalizado. Tende
a se manifestar preferencialmente onde os tecidos são frouxos, por exemplo, na região
periorbitária (associado a glomerulopatias).

• Aumento da Permeabilidade Vascular


Alteração da barreira, contração da célula endotelial, formação de poros e lesão
das células endoteliais. Saída de grandes moléculas de células (EXSUDATO).
Relacionado a processo inflamatório (será falado na aula de inflamação).

• Obstrução Linfática
Normalmente relacionado a doenças malignas.
- Metástases que obstruem linfonodos, impedindo a drenagem.
- Retirada de cadeia ganglionar (tratamento).
- Lesão dos vasos causada por radioterapia que causa fibrose distorção dos vasos
linfáticos (tratamento).
- Doenças inflamatórias como a filaríose que causa um edema importante e
irreversível devido a fibrose dos vasos. Edema principalmente em membros
inferiores, semelhante a patas de elefante por isso o nome elefantíase. Pode
comprometer as genitálias.
- Retirada cirúrgica dos linfonodos. Por exemplo, antigamente no câncer de
mama a pessoa era tratada com retirada de toda a cadeia de linfonodos axilares.
Porém, cursava com um edema muito importante de membros superiores.
Atualmente, se faz a pesquisa do linfonodo sentinela (1º linfonodo de drenagem
daquela área onde o tumor está se desenvolvendo). Em geral, as metástases se dão
por contiguidade: primeiro linfonodo da drenagem é acometido, depois segundo,
terceiro,...

• Retenção de Sódio e Água


O volume intravascular de sangue está diminuído devido à causa anterior de edema
(líquido no interstício). Assim, como a resistência arterial periférica, o débito cardíaco
e a perfusão renal estão diminuídos ocorre ativação do sistema renina-
angiotensina-aldosterona com retenção de sódio e água e expansão do
volume circulante. Isto pode agravar a causa do edema anterior.
Por exemplo, na ICC o coração não conseguia manter o volume de ejeção e por isso
ocorreu o edema. Quando ocorre ativação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona, ocorre expansão do volume circulante e agrava a ICC.

Classificação Quanto a Morfologia do Edema


Avaliação macroscópica
Pode ter significação clínica desprezível ou pode ter significação clinica
importante, podendo desencadear a morte do paciente.
Aumento de líquido no tecido que irá aumentar de tamanho e aumentar de peso.
“Aonde pode medir, se mede; aonde se pode pesar, se pesa”. Por exemplo, medir o perímetro
da perna pela manhã e à noite medir novamente.

• Subcutâneo

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Mais frequente;
Pressão sobre a superfície óssea e o líquido irá “fugir” onde a área pressionada é
maior. Formação de escavação ou cacife.
Principalmente em membros inferiores e região sacral (denuncia outra causa, mas não
tem uma significação).
Pode ser difuso ou localizado depende da causa.

• Pulmonar
Sangue se acumula a nível dos capilares pulmonares, que ficam ingurgitados de
sangue. Esse volume maior faz com que haja aumento da pressão hidrostática; como
o tecido do septo pulmonar é frouxo, rapidamente há extravasamento de líquido
do septo pulmonar para dentro dos alvéolos.
Pode ser sistêmico ou localizado. Pode ser agudo ou crônico. Por exemplo,
trombose de membros inferiores é agudo e ICC é crônico.

- Edema Agudo de Pulmão


Acúmulo de sangue, aumento da pressão hidrostática, drenagem para septo
pulmonar e imediatamente para dentro do saco alveolar.
Como a pressão hidrostática está (muito) aumentada, há passagem de líquido e
células (hemácias). Ocorre mistura de líquido com hemácias e ar devido ao
movimento respiratório. A respiração pode estar ruidosa e liberação de material
pelas vias aéreas.
Ao corte do tecido, nota-se liberação tanto no parênquima, quanto nas vias áreas, de
material bolhoso (líquido e ar) e rosado (hemácias).
Pode desencadear a morte.

- Edema Crônico de Pulmão


Lentamente ao longo de meses ou anos.
Edema incialmente fica no espaço intersticial, ocorre também saída de hemácias
para o septo e para dentro do saco alveolar. Como é lento, as hemácias são
fagocitadas por macrófagos e a hemoglobina é transformada em pigmento de
hemossiderina.
Células da insuficiência cardíaca (marcadores): macrófagos com
hemossiderina encontrados no espaço intersticial ou no espaço alveolar.
Causas: ICC esquerda, síndrome da angustia respiratória do adulto, processo
infecioso e reações de hipersensibilidade.

• Cerebral
Limitação da expansão do edema devido à calota óssea.
Alargamento dos giros (aplanados) e estreitamento dos sucos.
Ao corte, brilho aumentado (líquido) e borramento das estruturas
anatômicas, como o limite entre substância banca e cinzenta.
Devido à pressão elevada, pode fazer herniação do cérebro para dentro do forame
magno comprimindo estruturas vitais.
Pode ser localizado ou difuso.
Causas: abscesso, tumor, crise hipertensiva e encefalite.

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HEMORRAGIA
É a saída de sangue do espaço vascular
para o compartimento extravascular (cavidades
ou interstício) ou para fora do organismo. Sempre
que as hemácias chegam ao interstício causam
irritação aos tecidos promovendo uma resposta
inflamatória.

CLASSIFICAÇÃO TOPOGRÁFICA
Hemorragia Externa: Saída de sangue para o meio externo, independente de
este ser visualizado ou não.
Hemorragia Interna: Sangramento para órgãos ou cavidades fechadas.

CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA
HEMORRAGIA POR REXE (Ruptura):
Sangramento consecutivo à ruptura da parede vascular
ou do coração que pode ser identificado.
Causas:
✓ Traumatismos
✓ Enfraquecimento da parede vascular.

Fisiopatogenia: (1) por lesão do próprio vaso


(como nas vasculites ou nos processos
inflamatórios); (2) por lesão de estruturas
adjacentes (como na tuberculose, úlcera péptica e
neoplasias malignas), e (3) por aumento da
pressão sanguínea (como na HAS).
8Hemorragia externa por rexe

HEMORRAGIA POR DIAPEDESE: Sangramento sem ou com diminuta solução de


continuidade vascular resultante da diapedese das hemácias entre as células endoteliais
(microlesões, afastamento do endotélio).
Causas:
✓ Anóxia (aumento da concentração de CO2 que é um vasodilatador);
✓ Embolia gordurosa (os êmbolos de gordura consomem os agregantes do sangue,
com isso as hemácias conseguem sair do vaso);
✓ Septicemia por meningococos;
✓ Alergia a drogas.

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Evolução: Hemácias extravasadas -> Lise ou


fagocitose (20 dias) -> Hemoglobina -> Biliverdina -
> Bilirrubina -> Hemossiderina = Estas modificações
contemplam o Espectro Equimótico de Grand Du Sale.

CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA
EQUIMOSES: Hemorragia intersticial infiltrada entre os
tecidos maior que 2 cm, a qual pode passar por diferentes fases
(colorações -> Espectro Equimótico).
✓ Vibices: equimoses longitudinais;
✓ Sugilação: equimoses em forma pontilhada;
✓ Sufusão: equimoses em mucosa.
Vibices

PETÉQUIA: Hemorragia intersticial PUNTIFORME


infiltrada entre os tecidos, com até 4 mm no maior eixo, é
vista por transparência da pele, da mucosa ou da serosa. São
provocadas por diapedese. Estão associadas à aumento da
pressão intravascular, plaquetopenia (trombocitopenia) ou
defeitos nas funções plaquetárias.

PÚRPURA: Hemorragia intersticial INFILTRADA


entre os tecidos maior que a petéquia (de 5 mm à 2 cm),
é um conjunto de várias lesões petequiais. Pode ocorrer
pelas mesmas causas que a petéquia, e ainda podem ser
secundárias como em traumas, vasculite e aumento da
fragilidade vascular (amiloidose).

HEMATOMA: Acúmulo de sangue em uma cavidade, o sangue


acaba por exercer uma pressão suficiente para afastar os tecidos
e formar uma cavidade. MAIOR volume de sangue, logo, se eleva
na superfície.

SÍNDROME DE WATERHOUSE-FREDERIHKSEN
É caracterizado por uma hemorragia de diapedese por sepse de meningococos (muita toxina), o que
faz o consumo dos elementos de coagulação sanguínea. Observam-se púrpuras tegumentares e hemorragia de
suprarrenais.

Obs1: Hemorragia Intracavitária = Derrame hemorrágico = hemotórax, hemopericárdio, hemoperitônio, hemartrose (em articulações).
Obs2: Hiposfagma = Hemorragia subconjuntival.
Obs3: Pacientes com hemorragia excessiva podem desenvolver icterícia pela destruição intensa das hemácias e da hemoglobina.

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COMPLICAÇÕES DA HEMORRAGIA
1. Choque hipovolêmico quando abaixo de 20% do volume total de sangue.
2. Anemia ferropriva quando ocorre sangramento crônico repetitivo. Ex: H do TGI.
3. Asfixia por um sangramento pulmonar intra-alveolar. Hemorragias pulmonares.
4. Tamponamento cardíaco por uma quantidade exagerada de fluído dentro da
cavidade pericárdico, com isso o coração não consegue realizar a diástole (porque não
consegue se expandir devido à falta de pressão), entra em choque cardiogênico e possível morte.

5. Hemorragia intracraniana causando um choque neurogênico.

DIÁTESE HEMORRÁGICA
É um sangramento desproporcional à causa, é um grupo de doenças que geram hemorragias.

Causas:
1. Por alterações vasculares
Doença de Osler: Telangectasia hereditária hemorrágica -> mecanismos de
telangectasias múltiplas, manifestações de epixtase, sangramento por rexe na pele e
mucosas (principalmente gengiva).
Escorbuto: O mecanismo é um defeito na membrana basal dos vasos, com
manifestações de petéquias e/ou sangramento por rexe. Hipovitaminose C (colágeno)
Púrpura Senil: O mecanismo é um defeito na síntese do colágeno e elastina em idosos.
Geram manifestações purpúricas e equimóticas.

2. Por alterações plaquetárias


Aplasia de Medula Óssea: Ocorre hemorragia por redução da produção de plaquetas,
e manifesta-se por petéquias, epixtase, sangramento gengival e menorragia.
Choque: Ocorre hemorragia por consumo de plaquetas nos microtrombos.
Manifestações: Petéquias, epixtase, sangramento gengival e menorragia.

3. Por alterações dos fatores de coagulação


Hemofilia A: Ocorre hemorragia por diminuição do fator VIII da cascata de coagulação.
Aparecem equimoses, hematomas espontâneos em tecidos moles e articulações.
Doença de Von Willebrand: Ocorre hemorragia por diminuição do fator Von
Willebrand e da atividade do fator VIII. Manifesta-se com epixtase.
Hipoavitaminose K: Ocorre hemorragia por redução da síntese dos fatores II, VII, IX
e X, e também se manifesta com a epixtase.

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CHOQUE
É a hipoperfusão sistêmica secundária a redução do volume sanguíneo ou do
débito cardíaco, resultando em hipotensão, hipoperfusão de células e tecidos e hipóxia
celular. Sangue não consegue chegar nos tecidos e perfundir, pois a pressão sanguínea é
baixa.
Fatores importantes:
✓ Volume de sangue mínimo dentro dos vasos
✓ Débito cardíaco com boa força de contração
✓ Resistência periférica dos vasos
É OBRIGADO OCORRER HIPOTENSÃO
PA < 100/60 mmHg
ou
PAM < 800mmHg

Rim é um ótimo sinalizador de choque, pois se não conseguir oxigenar as células


tubulares renais, a função renal fica comprometida (baixa filtração).

TIPOS DE CHOQUE
1. CARDIOGÊNICO
Mecanismo:
✓ Falha da bomba miocárdica por motivo “intrínseco” (infarto);
✓ Compressão extrínseca (tamponamento cardíaco);
✓ Obstrução do fluxo (embolia pulmonar), com perda pequena e brusca de sangue na
circulação sanguínea.

Causas:
✓ IAM (infarto tem que ser extenso);
✓ Ruptura cardíaca, arritmias (fibrilação ventricular);
✓ Tamponamento cardíaco (acumulo rápido de sangue no pericárdio impedindo a diástole);
✓ Embolia pulmonar.

2. HIPOVOLÊMICO
Mecanismo:
✓ Volume inadequado de sangue ou de plasma, geralmente com perda acentuada do volume
sanguíneo total. Ou com perda de plasma por desidratações.

Causas:
✓ Hemorragias severas e desidratação (vômitos, diarreia, queimaduras).

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3. SÉPTICO
Mecanismo:
✓ Proliferação de germes na corrente sanguínea as quais formam microembolias. Ocorre
vasodilatação periférica e coagulação intravascular disseminada com ativação das cascatas de
citocinas e da lesão endotelial, e inicialmente a pele não apresenta palidez e sudorese pegajosa.
Patogenia (fatores):
1. Mediadores inflamatórios;
2. Ativação de células endoteliais e lesão;
3. Anormalidades metabólicas;
4. Supressão imune;
5. Disfunção do órgão.

Causas:
✓ Infecções bacterianas disseminadas (septicemia).
Choque séptico: tratar com Dobutamina ou outros Agonistas Adrenérgicos!

4. NEUROGÊNICO
Mecanismo:
✓ Vasodilatação periférica por
o Perda dos tônus musculares
o Estimulação parassimpática
o Desestimulação simpática

Causas:
✓ TCE
✓ Aumento da pressão intracraniana
✓ Anestesia geral
✓ Lesão de medula espinhal.

Obs: O CHOQUE ANAFILÁTICO significa uma vasodilatação sistêmica e um aumento da


permeabilidade vascular causados por uma reação de hipersensibilidade mediada por IgE.

ESTÁGIOS DO CHOQUE

1º PRECOCE
Estágio COMPENSADO
Sinal do mergulho (indivíduo fica molhado
2º PROGRESSIVO
por conta da sudorese) Estágio DESCOMPENSADO
O organismo, através do SNC, tenta Os mecanismos do estágio 1 já não
conter a hipotensão já instalada. conseguem realizar mais suas
funções. É a fase crítica pois ainda
Características: em tentativa de há chance de reversão de quadro.
defesa, há descarga adrenérgica Características: síncopes (não
do sistema simpático; e palidez, vai sangue para o encefalo, assim,
tremores, taquicardia, sudoreses, síncope é uma defesa para levar
extremidades frias, alteração sangue para a cabeça), falha de 3º IRREVERSÍVEL
psicomotora, queda da pressão bomba cardíaca, falha de intestino, Estágio FINAL
arterial, pulsação forte, diminuição da falha renal, hipoperfusão tecidual, Com lesões teciduais francas que
temperatura da pele, sede e sudorese agravamento circulatório e acabam em necrose.
pegajosa. desequilíbrio metabólico (acidose).
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REAÇÃO DO CHOQUE NOS ÓRGÃOS


INTESTINO: Apesar das arcadas vasculares, o intestino
é também sensível aos choques. Necroses da mucosa,
podendo atingir a muscular (enterocolopatia hemorrágica por
hipoperfusão esplâncnica). O local mais comum de acontecer
é no cólon esquerdo e ângulo esplênico (1) – cólon
transverso com o cólon esquerdo – pois é a área de
suprimento vascular pobre (anastomose de vasos: artéria
cólica esquerda e artéria cólica média). A necrose da mucosa
intestinal é um sinal negativo para o choque, pois deveria
estar absorvendo mais nutrientes e mais água para o
organismo se recuperar do fenômeno, porém não é isso que
acontece.

RINS: Pode resultar em necrose tubular aguda. É


dividido em duas fases:
(1) fase de oligúria por causa da necrose e
provavelmente terá edema junto;
(2) fase diurética por causa da regeneração do
epitélio tubular, recuperando-se do choque.
Obs: o rim possui um baixo hematócrito, por isso sente
qualquer alteração na pressão sanguínea sistêmica.
Para avaliar o choque do paciente, colocar sonda do paciente para controlar/avaliar a função renal.

FÍGADO: Pode ter áreas “geográficas” de necrose isquêmica, porém é difícil de acontecer
por causa da circulação dupla. O sítio mais afetado é a região pericentrolobular, onde a
concentração de oxigênio é mais baixa, portanto, mais afastados do suprimento arterial.

ADRENAIS: Ocorre por esgotamento lipídico (depleção) e necrose cortical. Problemas:


Doença de Addison e hiperpigmentação.

HIPÓFISE: Necrose isquêmica da adenohipófise. Consequência: Insuficiência


Hipofisiária (Síndrome de Sheehan).

PULMÕES: É mais resistente a isquemia por causa da circulação dupla. Um choque pode
causar a Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto com membranas hialinas e
edema septal/alveolar.

CORAÇÃO: Causada por hemorragias subendocárdicas, subepicárdicas (os miócitos


subendocárdicos são os primeiros a sentir a hipotensão). Podem ocorrer também necroses
focais de fibras como na endocardite verrucosa.

CÉREBRO: É a lesão mais rápida de se instalar. Causa encefalopatia isquêmica por


causa da hipóxia.

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TROMBOSE
Pode ser conceituada como processo patológico de solidificação do sangue
dentro do sistema cardiovascular no indivíduo vivo. Importante diferenciar do quadro
pós mortem e da solidificação do sangue fora do sistema cardiocirculatório (coágulo).
A coagulação é uma massa não estruturada de sangue, localizada fora dos vasos
e do coração. Logo um coágulo é uma solidificação não estruturada do sangue e o
trombo uma solidificação estruturada.
A etiopatogênia se desencadeia em circunstâncias onde o fluxo sanguíneo sofre
alterações. Então a tríade etiopatogênese (de Virchow) se baseia em:

1. Lesão endotelial: É o fator mais importante. A célula endotelial sintetiza tanto


fatores anticoagulantes como fatores coagulantes de forma equilibrada. Toda vez que houver
lesão da célula endotelial (não só o desnudamento- perda da célula endotelial que expõem
estruturas subendoteliais que produzem substancias trombogênicas, mas também
disfunção celular endotelilal ou ainda necrose, ou seja pode ser qualquer disfunção/
alteração endotelial) esse equilíbrio se rompe e desencadeia a cascata de coagulação.

Ex.: HAS, placa ateromatosa, hipercolesteremia, diabetes, tabagismo, infecções agudas,


inflamações generalizadas, reperfusão, pré-eclâmpsia, inibidores da síntese de óxido nítrico.
Alguns desses fatores sofrem sinergismo com a alteração do fluxo laminar.

2. Alteração do fluxo: Essa alteração do fluxo laminar (normal) está interligada


com a lesão endotelial e a hipercoagulabilidade do sangue.
2.1. Fluxo laminar: os elementos celulares ficam numa coluna central e
camadas de plasma fica em contato com as células endoteliais.

Logo o fluxo dos elementos figurados é mais lento, e do plasma um pouco mais rápido.

Plasma

Elementos figurados do sangue

Células endoteliais

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Quando as alterações no fluxo laminar fazem com que as células sanguíneas


entrem em contato com as células endoteliais (especialmente plaquetas) e o fluxo
corra com uma velocidade diferente haverá favorecimento do desenvolvimento do
trombo. Ocorre por:

2.2. Estase: fluxo lento

Ex.: quando fluxo venoso esta diminuído, seja por insuficiência cardíaca ou
veias varicosas; aumento da pressão hidrostática, edema onde sangue fica represado.
Esse fluxo lento pode causar isquemia, uma vez que esse sangue fica com
baixas taxas de oxigênio.
Exemplo disso é a fibrilação atrial, fator de risco mais importante para
AVE e isquemia mesentérica e de extremidades distais, exatamente pela estase.

2.3. Turbulência: promove impacto dos elementos celulares nas células


endoteliais, promovendo disfunção e favorecendo desenvolvimento do trombo.

Ex.: compressões vasculares, placa aterosclerótica, saliências dentro da


parede vascular, bifurcações, abaulamentos e retrações

3. Estado de hipercoagulabilidade: Observada em algumas

circunstancias clinicas, alterações genéticas e em outras doenças que fazem com que
haja maior quantidade de fatores coagulantes sendo sintetizados.

Quando não há fatores de risco:


é apontado o estado de hipercoagulabilidade primária, genética, do sangue.
Ex.: mutação no gene do fator V, a mutação no gene da protrombina e deficiências
hereditárias de anticoagulantes. Geralmente é detectado pela anamnesee histórico familiar.
Também acontece a hipercoagulabilidade secundária, adquirida, que é uma
patogenia multifatorial e complexa, pouco definida.

A gestante tem risco maior do que as mulheres em geral, de sofrer trombose, assim
como as usuárias de anticoncepcional oral. Acontece, por causas complexas, quebra da
homeostasia entre os fatores de coagulação e fibrinólise.

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MORFOLOGIA
O trombo se forma e fica aderido à parede vascular:

Quanto à localidade:
1) Mural: nas cavidades cardíacas e aorta, fica incorporado à parede vascular.
2) Oclusivo: artérias menores e veias, fluxo mais lento, ocluindo totalmente a luz,
sobretudo na circulação venosa e em vasos menores.

Quanto à cor:
Nos indica os constituintes aprisionados no trombo
1) Vermelho: quando o retorno venoso esta diminuído ocorre aprisionamento de
muitas hemácias.
2) Branco: arterial, que também tem muitas hemácias, porém tem plaquetas e fibrina
também. Não é branco de fato, mas sim relativamente mais pálido do que o venoso. Se
desenvolve em fluxos mais rápidos e por isso tem menor aprisionamento de hemácias.
3) Misto: é o mais comum, ocorre o equilíbrio entre hemácias, fibrinas, e plaquetas. Pode
ocorrer tanto em artérias quanto em veias.
4) Hialino: arteríolas e vênulas, sendo o principal constituinte a fibrina. As hemácias são
escassas. É claro, translúcido e brilhante.

Quanto aos aspectos morfológicos, macroscópicos e microscópicos:


O trombo se desenvolve a partir da área de aderência que também é a área de lesão endotelial.
1) São compostos por cabeça, que é a primeira zona de coagulação, o corpo, que
corresponde área à que está diretamente aderida à parede, e pela cauda, que consiste na
direção para onde ele vai crescer, que está em contato com o sangue ainda não coagulado.
2) São secos, opacos, friáveis e quebradiços. Já o Coágulo é brilhante, elástico e
gelatinoso. É bifásico, de área vinhosa e área amarelada, pois os elementos figurados
precipitam e se sedimentam na base e acima o plasma, também chamado de
gordura de galinha ou geléia de groselha.
3) Aderem à parede. O coágulo post mortem não tem aderência. Logo, quando pinçado o
trombo se fragmenta (seco, opaco e quebradiço), já o coágulo quando puxado se
estica (“gelatina”).

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4) O coagulo pos-mortem é uma massa não estruturada, já o trombo possui


estrutura através das linhas de Zahn. Ocorre sobretudo onde há fluxo rápido como na
circulação arterial que também tem grande quantidade de hemácias, plaquetas e fibrina. É
um aspecto casca de cebola, ou seja, uma laminação lamelar concêntrica, em que
se tem nas partes mais claras, formada de fibrina e plaquetas, alternada com parte mais
escura formada por hemácias. Essas linhas podem ser vistas microscópica e
macroscopicamente. A fibrina no HE tem um aspecto hialino, rosado e homogêneo,
afinidade com eosina. E as hemácias mais avermelhadas.

Obs.: No IAM a placa aterosclerótica (acumulo de lipídios na camada intima) vai


se acumulando e se formando lentamente, deformando a parede vascular (lesão
endotelial), até que num determinado momento ocorre ruptura dentro da placa, com
exposição da matriz endotelial, com formação de trombose, que aí sim oclui o vaso
e o infarto ocorre decorrente disso. Lembrando que se a obstrução é extensa não é nem
macroscopica e nem microscopicamente visível.

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EVOLUÇÃO DOS TROMBOS


1. Crescimento: O trombo tende a crescer e se desenvolver em direção ao
coração. Ativa fatores de coagulação. Quando ocorre oclusão, esses fatores ficam
represados. Se o trombo for mural, esses fatores são diluídos, no entanto, quando
oclusivos, esses fatores fazem com que o trombo cresça.

2. Lise: toda vez que houver fibrinólise. É mais provável de acontecer quanto mais

recente for o desenvolvimento do trombo. Com o passar das horas a fibrina vai
ficando estável e menos suscetível a lise, ou seja, quanto mais tempo passa, menos ele
estará suscetível à fibrinólise, e mais tenderá a se organizar. As drogas fibrinolíticas
são usadas em pacientes infartados nas primeiras horas. Quando a integridade
da parede vascular é obtida, talvez nem se identifique onde ele se desenvolveu.

3. Organização. Ocorre quando elementos sanguíneos e inflamatórios ficam

aprisionados nesse trombo, desencadeando uma reação inflamatória. Células


inflamatórias migram para dentro do trombo, posteriormente haverá fagocitose,
especialmente de hemácias, que vão sofrer necrose, e vão liberar fatores de
crescimento para fibroblastos e vasos. Transformando essa massa em um tecido
conjuntivo organizado e vascularizado, aderido a parede endotelial,
possibilitando, pelo menos parcialmente o fluxo através da canalização de vasos.

Na realidade é um processo, sequência de eventos, que tende a eliminar o agente


que desencadeou o processo, as células lesadas e restaurar a integridade das células
lesadas através de um tecido cicatricial.

4. Calcificação.

5. Infecção.

6. Embolização, caso o trombo se desprenda.

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EMBOLIA
Anda de mãos dadas com trombose.
Qualquer partícula que ganha a circulação e impacta a distância do seu
local de origem, sendo capaz de obstruir um vaso.
Essa partícula, também chamada de embolo pode ser um corpo sólido, líquido
ou gasoso.

Divisão:
1. Venosa: Na grande maioria das vezes se originam de veias profundas dos
membros inferiores, sobretudo acima do joelho, à nível de vasos femorais, ilíacos
e poplíteos.

Desprendem-se →
Cava Inferior →
AD → VD →
Artéria pulmonar ou seus ramos → PULMÃO.

São assintomáticas.
O êmbolo venoso é menos propenso a desenvolver isquemia do que
o arterial, pois o sistema venoso tem muitas vias colaterais que podem retardar,
parcialmente, o desenvolvimento da necrose.

* Tromboses periféricas: não formam tromboembolos.

2. Sistêmica ou Arterial: tem origem nas camaras cardíacas ou nos


grandes vasos. Normalmente secundários a infartos (alteração do fluxo laminar
devido à perda de massa contrátil, que resulta em estase, ou lesão do endotélio) e
arritmias cardíacas, ou a placas ateroscleróticas (lesão endotelial e alteração do fluxo)
ou aneurismas. Vai impactar na maioria das vezes membros inferiores, podendo
acometer cérebro, mesentério, rim, baço. Incomumente acomete membros superiores.

A consequência mais prevalente de embolismo arterial é isquemia de


membro inferior ou AVC.

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Tromboembolismo pulmonar: principal causa de morte por


doença pulmonar em pacientes hospitalizados. Pode ser assintomático!
Mais de 60% de comprometimento da circulação sanguínea pulmonar – morte súbita;
Obstrução de artérias de médio calibre – hemorragia pulmonar, geralmente triangular;
Obstrução de pequenas artérias – infarto;
Múltiplos êmbolos que se depositam na periferia da circulação e ficam
incorporados a parede vascular, aumentando assim a resistência periférica –
hipertensão pulmonar com insuficiência cardíaca direita
Caso sejam múltiplos pequenos trombos, denominado de pulverização do
pulmão, pode cursar com insuficiência cardíaca direita. Isso ocorre porque os êmbolos
aumentam a pressão em inúmeros ramos da artéria pulmonar, culminando com um grande
aumento pressórico geral nesse vaso, de forma que a força que o ventrículo direito fazia
antes não mais será suficiente para pulsionar o sangue para a artéria pulmonar

Tromboembolismo sistêmico: Maioria das vezes surgem dentro


das câmaras cardíacas, secundário a infartos e arritmias. Mas podem ter
origem devido a aneurisma aórtico, placas ateroscleróticas, doença de chagas, vegetações
valvulares, como na endocardite infecciosa, ou endocardite marântica (não-infecciosa,
causada por tumores, lúpus, ou doenças inflamatórias) com exsudação inflamatória fibrinosa
que forma um trombo.
Desenvolvem-se sobretudo em válvulas cardíacas e podem se fragmentar,
embolo paradoxal, ocorre quando se tem defeitos nos septos interatrial ou
interventricular em que o trombo venoso acaba ganhando a circulação arterial (é
assim que o trombo originário de membro inferior pode cursar com AVC), ou ainda pode ser
de origem desconhecida.

Embolia Gordurosa: Exemplo de embolia liquida. É comum em


pacientes que sofrem grandes traumas no tecido adiposo, por exemplo,
politraumatismo, queimaduras de terceiro grau, cirurgias estéticas (na
lipoaspiração com grande lesão do tecido adiposo e vascular, parte da gordura entra, por
pressão negativa, para dentro do sistema vascular). Quando essa gordura ganha a
circulação promove uma agregação plaquetária, na verdade ela altera a fluidez
do sangue, funcionando como corpo estranho e ativando a cascata de coagulação, a
partícula de gordura vai crescer e junto com os fatores e promover lesão endotelial. Ela
impacta na microcirculação cerebral ou vascular, causando microisquemia. Logo
paciente apresenta quadro respiratório e neurológico. Além de estar associada a
insuficiência pulmonar e sintomas neurológicos, a embolia gordurosa ainda
provoca anemia e trombocitopenia (1 a 3 dias depois).
Diagnóstico: gordura dissolvida durante processamento histológico, tem que ter
suspeita clínica. Importante não usar formol, sempre congelar as lâminas para
visualização de gordura.

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Embolia Gasosa: É quando bolhas de gás/ ar se desenvolvem dentro


do sistema circulatório. O ar também impacta à distância, lesa o endotélio e
desencadeia a ativação da cascata de coagulação. Pode haver quando há lesão de
parede toracica ou ainda em procedimentos obstétricos. Uma vez que ocorrem rupturas de
grandes vasos, acompanhadas de movimentos respiratórios e contrações uterinas que
formam pressões negativas favorecendo a entrada de grande quantidade de ar para a
circulação.
O reconhecimento desse ar aprisionado na circulação é difícil, requer suspeita clínica
importante em que esse tecido tem que ser aberto sobre a água.

*Doença da descompressão/mal dos caixões:


Ocorre majoritariamente com pessoas que trabalham em grandes pressões
como mergulhadores e mineiros. Quando há descida tem –se uma pATM elevada e
consequente dissolução dos gases de forma mais intensa nos tecidos. Já
quando sobem rapidamente (descompressão rápida), esse gás é liberado
dos tecidos sobre forma de bolhas, sobretudo de nitrogênio, dos líquidos
dissolvidos. Ocorrendo impactação dessas bolhas na circulação.
Essa doença gera alterações isquêmicas muito características, como
disfunção respiratória importante e na microcirculação da musculatura
estriada vários pequenos focos de necrose, de forma que o paciente assume
posição de encolhimento.
O tratamento é colocar ele sob altas pressões novamente.

*Embolia amniótica:
Na hora do parto os vasos se rompem, também relacionado aos
movimentos de relaxamento/contração uterina, e isso, por pressão
negativa, bombeia gases e liquido amniótico que são altamente
trombogênicos, para a circulação, ativando a cascata de coagulação, lesando
quimicamente o endotélio sobretudo no pulmão.
Quadro de insuficiência respiratória: dispneia, cianose e choque
→ 1~50.000 partos.→ Mortalidade 20% a 40%.

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INFLAMAÇÃO
É uma resposta de tecidos vasculares a um estímulo nocivo e
que visa a homeostase.
SINAIS DE Aulus Cornelius CELSUS:

DOR, CALOR, RUBOR E TUMOR.

1.Sinais Cardinais
1. Calor (em função do aumento de fluxo no local)
2. Rubor (vermelhidão)
3. Tumor/Edema (inchaço local)
4. Dor (em função de edema e de substâncias algésicas)
5. Perda de função (Virchow)

Fenômenos VASCULARES

Fenômenos EXSUDATIVOS

ESTÍMULO LESIVO ou
Mediadores Fenômenos ALTERATIVOS
FENÔMENO IRRITATIVO

Fenômenos RESOLUTIVOS
Bactéria, farpa, caco
de vidro ou qualquer
outro corpo estranho
Fenômenos REPARATIVOS

Mediadores
da permeabilidade capilar com importante vasodilatação

Aminas vasoativas
1. Serotonina
2. Histamina

Metabólitos do Ácido Araquidônico


1. Prostaglandinas (PGE2 – dor)
2. Leucotrienos (vasonstritor)
3. Tromboxanos (vasonstritor)

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Complemento
1. C3a, C5a (ativação/atração de células de defesa)
2. C3b (majoritariamente intermediando a fagocitose)

Citocinas sinalização
1. Interleucinas
2. TNF
3. IFN

PAF (Fator de Ativação Plaquetária)


NO

2. Fenômenos Irritativos
1. Estimulo lesivo
2. Células da defesa local (Padrões Moleculares Associados a Patógenos – PAMP’s)

Fenômenos Vasculares
1. Liberação de mediadores (serotonina, histamina, bradicinina)
2. Vasodilatação e aumento da permeabilidade (contribuindo para o rubor)
3. O aumento permeabilidade permite os fenômenos exsudativos

Fenômenos Exsudativos
1. Exsudato Plasmático: substâncias plasmáticas do leito vascular para o leito
intersticial (edema)
a. de claudinas (claudina é uma proteína de junção celular)
b. da síntese de ácido hialurônico
c. Quebra de proteoglicanos no interstício ( da hidrofilia) por ação de proteases
2. Exsudato Celular: células do leito vascular para o leito intersticial
a. Marginação leucocitária: leucócitos se direcionam para as bordas do vaso (por
conta da congestão do fluxo). ICAM e VCAM (proteínas expressadas pele
endotélio do vaso) se ligam a proteínas dos leucócitos. Assim, ocorre a
diapedese.
b. 1º Leucócitos polimorfonucleares (PMN): neutrófilos, eosinófilos
2º Leucócitos mononucleados: macrófagos
Linfócitos e plasmócitos

Fenômenos Alterativos
Lesão reversível ou irreversível
1. Degeneração/necrose
a. Toxinas do agente lesivo
b. Própria ação da inflamação
i. Macrófagos (radicais livres, metaloproteases)

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Fenômenos Resolutivos
Locais
1. Modificação de receptores celulares
2. Modificação na secreção de citocinas (citocinas anti-inflamatórias)
3. M2 (mudança de comportamento)
a. Macrófago M1: pró-inflamatório
b. Macrófago M2: anti-inflamatório
4. Apoptose
Sistêmicos
1. SN Autônomo (regulado por citocinas)
2. Hipófise  ACTH  Glicocorticoides
a. Efeito antiinflamatório

Fenômenos Reparativos
Regeneração
Processo em que há uma recuperação quase completa do tecido lesado previamente,
acontece por que o tecido não tinha sido muito lesado. Pode haver perda de função.
Cicatrização
Lesão muito mais ampla. Substituição do tecido que estava ali antes por um tecido mais
fibroso, havendo uma importante perda de função.

3. Forma de cura da inflamação


1. Restituição Integral: regeneração tecidual
2. Cicatrização: forma tecido fibroso
3. Encistamento: delineamento do local inflamado (comum em abcessos)
4. Calcificação: depósito de Ca++ no tecido

A inflamação é um mecanismo de defesa (efeito benéfico) que tenta neutralizar,


diminuir ou excluir qualquer organismo ou lesão alheia do organismo. É desencadeada pelos
mesmos eventos que desencadeiam uma lesão celular. A inflamação é uma reação complexa
em tecidos que consiste principalmente nas respostas dos vasos sanguíneos (proteínas
plasmáticas) e leucócitos.
A inflamação é uma reação local na área lesada na forma de fenômenos irritativos,
vasculares e exsudativos, podendo acompanhar-se de manifestações regionais ou sistêmicas.
A inflamação é, portanto, uma reação dos tecidos vascularizados à lesão, e esta
reação se desenvolve na microcirculação, com diferenciação dessa vascularização sanguínea
da região. Os tecidos não vascularizados agem de uma forma secundária a inflamação.
A inflamação está intimamente ligada ao reparo tecidual, que começa com a
destruição do agente lesivo e começa na fase aguda (fase ativa).

Obs.: Os leucócitos (um dos principais mediadores da inflamação) agem sobre diferentes
agentes flogísticos. E muitas vezes a reação inflamatória se dá de maneira exagerada, por
isso usa-se tratamento com antiflamatório.

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São os quatro sinais cardinais do maior afluxo de sangue decorrente do processo de


inflamação, mais encontrado na forma aguda do que na forma crônica. Tumor é qualquer
aumento localizado de volume.
Mais adiante, Virchow nomeia o 5º sinal cardinal da inflamação: PERDA DA
FUNÇÃO. E Lewis descobre sobre os mediadores químicos da inflamação, que são
aqueles que modulam a reação inflamatória. Hunter viu que a inflamação não é doença,
mas uma resposta inespecífica do organismo. Metchinokoff verificou o processo de
fagocitose na inflamação.
✓ EXSUDATO: É característico da inflamação. Tem densidade alta devido as proteínas.
É resultado da luta entre os fatores agressivos e os fatores de defesa do organismo.
✓ TRANSUDATO: Pouco comum, tem baixa densidade, pois a parede vascular esta
íntegra.
✓ EDEMA: Pode ser causada por exsudato ou transudato.
✓ PUS: Exsudato rico em neutrófilos e piócitos, por causa de restos celulares
parenquimatosos.

INFLAMAÇÃO AGUDA
A inflamação aguda é de curta duração (24-48h) e de rápida instalação, ela
geralmente segue os cinco sinais cardinais. É estereotipada, pois os eventos iniciais da
inflamação se desenvolvem geralmente da mesma forma, têm edema por fenômenos
vasculares exsudativos devido à vasodilatação realizada após a lesão.
Os neutrófilos (polimorfonucleados) são as primeiras células a chegar ao local da
lesão celular para iniciar o processo de formação da inflamação.
O objetivo da inflamação é colocar proteínas plasmáticas e células circulantes para
fora da circulação com dever de combater a inflamação, formando um exsudato.

1. FENÔMENOS ou ESTÍMULOS IRRITATIVOS


As reações inflamatórias agudas podem ser disparadas por uma variedade de estímulos:
a) Infecções: Bacteriana, viral, fúngica, parasítica e toxinas microbianas. Os principais
receptores de microrganismos são os do tipo Toll (TLRs).
b) Necrose Tecidual: Isquemia, trauma, injúria física ou química.
c) Corpos Estranhos: Começam a inflamação porque causam injúria tecidual traumática
ou transportam micróbios. Exemplos: farpa, vidro.
d) Reações Imunes: Pode ser uma doença autoimune ou uma reação excessiva contra
uma substância agressora. Exemplos: pólens, alimentos.

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2. ALTERAÇÕES VASCULARES
Aumenta o calibre dos vasos e o fluxo sanguíneo. As alterações vasculares
seguem, geralmente, uma sequência:

VASOCONSTRIÇÃO DAS ARTERÍOLAS
pela ação da endotelina


VASODILATAÇÃO
sinal característico da inflamação, por ação da histamina e do óxido nítrico


DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA
FLUXO SANGUÍNEO (causa do calor e vermelhidão)
CONTRAÇÃO DO CITOESQUELETO ENDOTELIAL
DOS POROS DO ENDOTÉLIO
EXSUDAÇÃO
 [ ] proteínas


TRANSUDAÇÃO RÁPIDA,
saída para o plasma, o que diminui a concentração dos elementos celulares, de Na+ e de
proteínas. Porém, logo, dá origem a EXSUDAÇÃO por conta do espaçamento endotelial


ESTASE DO FLUXO SANGUÍNEO
fluxo lento  pequenos vasos repletos de hemáceas 
 empilhamento de hemáceas  viscosidade aumentada


MARGINAÇÃO LEUCOCITÁRIA
periferização dos leucócitos, permitindo as hemáceas menores se deslocarem
mais rápido no centro do vaso

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Sistemas envolvidos
1. Sistema complemento (C3a, C5a) – estimula liberação de histamina
2. Sistema das Cininas (ex: bradicinina – atua no aumento da permeabilidade)
3. Sistema de Coagulação-Fibrinólise (trombina, plasmina)

3. FENÔMENOS EXSUDATIVOS
Aumento da Permeabilidade Vascular
O principal fator para aumento da permeabilidade vascular é a contração da célula
endotelial resultando em espaços interendoteliais aumentados, realizado pela histamina,
bradicinina, óxido nítrico, leucotrienos, substância P e outros mediadores químicos na
chamada resposta transitória imediata. A contração das células endoteliais ocorrer mais
nas vênulas. Além disso, ocorre uma reorganização do citoesqueleto (a célula permanece
inalterada, só muda a sua forma).
1. Lesão Endotelial Direta: Encontrado em injúrias graves (queimaduras e algumas
toxinas microbianas), permite a saída de líquido rico em proteínas -> EXSUDATO.
2. Injúria Vascular: É a lesão endotelial mediada por leucócitos (marginação
leucocitária). Associada com estágios tardios da inflamação.
3. Transcitose: É o transporte aumentado de fluídos e proteínas. Dá um arranjo
ordenado das vesículas leucocitárias no citoplasma, formando vacúolos e,
posteriormente, formando canais (VEFG). São fenômenos celulares que ajudam na
instalação do EDEMA por EXSUDATO.

4. Eventos Celulares

1. Marginação Leucocitária: Configuração periférica que os leucócitos assumem


durante o processo inflamatório.

2. Aderência: Os leucócitos após chegarem na periferia do vaso aderem-se as células


endoteliais, após realizarem o rolamento por ação das selectinas. A firme adesão é
realizada pelas integrinas.

3. Migração: As células endoteliais biologicamente mais ativas passam a apresentar


receptores na superfície, e com isso os leucócitos atravessam realizando a diapedese.

4. Quimiotaxia: Migração ordenada das células por um fator de atração que podem ser
exógenos (produtos bacterianos) ou endógenos (C5a, leucotrieno B4, citocinas 
quimiocinas).

5. Fagocitose: Reconhecimento e adesão de partícula estranha (opsonização,


opsoninas, IgG, C3b). Ocorrem naturalmente e tem a capacidade de reconhecer e
fazer o englobamento da partícula estranha (regurgitação e lançamento de muitas
enzimas lisossomais). Após isso ocorre degradação da partícula estranha.

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Obs: Macrófagos clássicos: disparam o processo de inflamação. Macrófagos


alternativamente ativados: funcionam para limitar as reações inflamatórias.
Obs: Reconhecimento dos microrganismos e tecidos mortos pelos leucócitos:
receptores do tipo Toll, receptores acoplados a proteínas G, receptores para opsoninas e
receptores para citocinas.
Obs: Lesão Celular Induzida por Leucócitos: Produtos leucocitários agem não somente
no fagolisossomo, mas também no espaço extracelular, promovendo dano celular.

Defeitos nas funções dos leucócitos


1. Defeitos herdados na adesão dos leucócitos: Deficiência na adesão de leucócitos tipo
2. I têm um defeito na biossíntese da cadeia β2 compartilhada pelas integrinas LFA-1 e Mac-1.
Deficiência na adesão de leucócitos tipo II consequente a mutações na fucosiltransferase
requerida para a síntese de oligossacarídeos sialilados (ligante para as selectinas). Principal
problema: Infecções microbianas recorrentes.
3. Defeitos herdados na função do fagolisossoma: Síndrome de Chédiak-Higashi, condição
autossômica recessiva caracterizada pela fusão defeituosa do fagossomo com o lisossomo.
4. Defeitos herdados na atividade microbicida: Doença Granulomatosa Crônica que é
caracterizada por defeitos na morte microbiana, tornando suscetíveis a infecções recorrentes.
Problema no gene fagócito-oxidase.
5. Deficiências adquiridas: Supressão da Medula Óssea que leva a redução na produção de
leucócitos.

5. RESULTADO DA INFLAMAÇÃO

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MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO


Os mediadores químicos são gerados a partir de células (sequestrados em grânulos
intracelulares e secretados por exocitose) ou de proteínas plasmáticas (produzidas
principalmente no fígado e presentes na circulação na forma inativa). Esses mediadores
químicos são produzidos em resposta a vários estímulos, e um mediador pode estimular a
liberação de outros mediadores da inflamação.
Os mediadores químicos variam os seus alcances de alvos celulares (seletividade
celular) e uma vez ativados e liberados da célula, a maioria desses mediadores tem curta
meia-vida.

DERIVADOS DE CÉLULAS
1. AMINAS VASOATIVAS: HISTAMINA E SEROTONINA
Estão entre os primeiros mediadores a serem liberados na inflamação. As fontes mais
ricas de histamina são os mastócitos (liberada através da desgranulação dos mastócitos),
também sendo encontrada nos basófilos e plaquetas. A serotonina está presente nas
plaquetas e em certas células neuroendócrinas.
A HISTAMINA causa dilatação arteriolar e aumenta a permeabilidade das vênulas, é
considerado o principal mediador da fase transitória imediata.
A SEROTONINA é liberada quando as plaquetas se agregam após o contato com
colágeno, trombina, ADP, e complexos anticorpo-antígeno. Ela aumenta a permeabilidade
vascular.

2. METABÓLITOS DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO (AA):


PROSTAGLANDINAS, LEUCOTRIENOS E LIPOXINAS.
O ÁCIDO ARAQUIDÔNICO é um ácido graxo poli-insaturado com 20 carbonos.
Estímulos liberam o AA da membrana fosfolipídica através da ação de fosfolipases celulares,
principalmente a A2, que aumentam o cálcio citoplasmático e ativam várias cinases. As
ciclooxigenases dão origem às prostaglandinas e as lipoxigenases dão origem aos
leucotrienos e lipoxinas.
As PROSTAGLANDINAS são produzidas por mastócitos, macrófagos, células
endoteliais, entre outros, através da ação da COX1 (responsável pela produção de
prostaglandinas de função inflamatória e hemostática) e da COX2 (responsável pela produção
de prostaglandinas com função apenas inflamatória, sua inibição inclina para a produção de
tromboxano -> trombose vascular). O tromboxano, um tipo de prostaglandina, é um
importante agente agregante plaquetário e vasoconstritor é um mediador instável que logo
retorna a sua forma inativa. Já a prostaciclina é formada no endotélio vascular, é
vasodilatadora, potente inibidor plaquetário, e potencializa o aumento na permeabilidade
vascular e os efeitos quimiotáticos de outros mediadores. A PGD2 é a principal
prostaglandina produzida pelos mastócitos, causa vasodilatação e aumenta a permeabilidade
vascular, ajudando na formação do edema. Além disso, as prostaglandinas estão envolvidas
na patogenia da dor e da febre durante a inflamação.

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Os LEUCOTRIENOS são secretados principalmente pelos leucócitos, sendo


quimioatraentes para estas células. O leucotrieno B4 é um potente agente quimiotático,
causa agregação e adesão das células ao endotélio vascular, geração de ERO (espécie reativa
de oxigênio) e liberação de enzimas lisossômicas. O leucotrienos C4, D4 e E4 são
vasoconstritores, broncoespasmáticos e aumenta a permeabilidade vascular (restrito às
vênulas, e são muito mais potentes que a histamina).
As LIPOXINAS são inibidoras da inflamação, inibindo o recrutamento de leucócitos e
os componentes celulares da inflamação (inibindo a quimiotaxia e a adesão dos neutrófilos
ao endotélio). É produzida pela ação conjunta entre leucócitos e plaquetas.

3. FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS (PAF)


Derivado de fosfolipídeo, o PAF é produzido por plaquetas, basófilos, mastócitos, entre
outros. O PAF realiza agregação plaquetária, vasoconstrição e broncoconstrição, entretanto
em concentrações baixas realiza vasodilatação e aumento na permeabilidade venular com
uma potência muito maior que da histamina.
O PAF também causa aumento na adesão de leucócitos ao endotélio (através da
integrina), quimiotaxia, desgranulação (para liberação de prostaglandinas) e explosão
oxidativa.

4. ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO


A produção é dependente do NADPH oxidase. O ânion superóxido (O2-), o peróxido
de hidrogênio (H2O2) e a radical hidroxila (OH-) são as principais espécies produzidas dentro
da célula. E o O2- se combina com o NO para formar as espécies reativas de nitrogênio.
A liberação desses potentes mediadores aumenta a expressão de quimiocinas,
citocinas e moléculas de adesão de leucócito endotelial, amplificando a resposta inflamatória.
A função desses ERO nos leucócitos e de destruir os micróbios fagocitados.
A liberação desses mediadores pode causar dano ao organismo: (1) dano celular
endotelial com resultante aumento na permeabilidade vascular; (2) injúria a outros tipos
celulares, como células parenquimatosas e hemácias; e (3) inativação de antiproteases, como
a α1antitripsina.

5. ÓXIDO NÍTRICO (NO)


É produzido por células endoteliais, macrófagos e alguns neurônios no cérebro, com
ação microbicida. Tem ação parácrina e é sintetizado a partir do L-arginina pela enzima óxido
nítrico sintase (NOS).
O ÓXIDO NÍTRICO tem ação dupla na inflamação: ele relaxa o músculo vascular liso
e promove a vasodilatação, mas ele também pode ser um inibidor do componente celular
das respostas inflamatórias. O NO reduz a agregação e adesão plaquetária, inibe várias
características da inflamação induzida pelos mastócitos e inibe o recrutamento de leucócitos.
Acredita-se, então, que o NO é um produto endógeno de controle da reação inflamatória.

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6. CITOCINAS E QUIMIOCINAS
CITOCINAS são proteínas produzidas por vários tipos celulares que modulam as
funções de outros tipos celulares.
O FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF) e a INTERLEUCINA-1 (IL-1) são duas
das principais citocinas que medeiam à inflamação. Produzidas principalmente por
macrófagos ativados. Eles induzem a expressão de moléculas de adesão endotelial, síntese
de mediadores químicos, produção de enzimas associada com o remodelamento da matriz,
aumento da trombogenicidade. A produção de TNF está associada com a caquexia e a
produção de IL-1 está associada ao mecanismo da febre.
As QUIMIOCINAS agem primeiramente como quimioatraentes de determinados
leucócitos. Elas estimulam o recrutamento dos leucócitos na inflamação e controlam a
migração normal das células através dos vários tecidos. As quimiocinas são divididas em
quatro grandes grupos: (1) quimiocinas α -> atraem neutrófilos; (2) quimiocinas β -> não
tem seletividade, mas não atraem neutrófilos; (3) quimiocinas γ -> atrai linfócitos; (4)
quimiocinas CX3C -> atrai monócitos e linfócitos T.

7. CONSTITUINTES LISOSSÔMICOS DOS LEUCÓCITOS


Neutrófilos e monócitos contém grânulos lisossômicos que contribuem para o processo
de inflamação. Os neutrófilos possuem os grânulos menores específicos (ou secundários,
que contem lisozima, colagenase, lactoferrina, ferritina, histamina, entre outros), e os
grânulos maiores azurofílicos (ou primários, que contém mieloperoxidase, fatores
bactericidas, hidrolases, entre outros).
Essas proteases nocivas, se em excesso, são mantidas sobre controle através do
sistema de antiproteases do soro e fluidos teciduais, sendo a principal delas a α1-antitripsina
inibidora da elastase dos neutrófilos.

8. NEUROPEPTÍDEOS
Secretados por nervos sensoriais e vários leucócitos, tem uma ação na iniciação e
propagação de uma resposta inflamatória.
SUBSTÂNCIA P é um neuropeptídio produzido no sistema nervoso central e
periférico. Ela regula a transmissão de sinais de dor, regulação da pressão sanguínea,
estimulação da secreção em células endócrinas e aumento da permeabilidade vascular.

DERIVADOS DE PROTEÍNAS PLASMÁTICAS


1. SISTEMA COMPLEMENTO
As reações do complemento causam aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia
e opsonização. As proteínas do complemento estão presentes na forma inativa no plasma, e
através de uma cascata enzimática produzem a sua ação no organismo. O passo crítico na
ativação do sistema complemento é a proteólise de C3 (mais abundante), que pode ocorrer
por três vias: via clássica (pela fixação de C1 no anticorpo), via alternativa (disparada por
moléculas da superfície microbiana), e pela via da lectina (quando a lectina se liga a C1 e
dispara a cascata). As funções do sistema complemento se dividem em três categorias gerais:

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a) Inflamação: Através da C3a e C5a, principalmente, que estimulam a liberação de


histamina dos mastócitos, aumentando a permeabilidade vascular e causando
vasodilatação, e são chamados de anafilotoxinas. O C5a ainda ativa a via da
lipoxigenase do metabolismo do AA em neutrófilos e monócitos e é um potente agente
quimiotático para os leucócitos.
b) Fagocitose: Através da C3b promove fagocitose pelos neutrófilos e macrófagos.
c) Lise Celular: Através de deposição de MAC (Complexo de Ataque à Membrana,
composto por múltiplas moléculas de C9) nas células.

2. SISTEMA DE COAGULAÇÃO E DAS CININAS


A inflamação e a COAGULAÇÃO sanguínea frequentemente estão interlaçadas. A
coagulação é dividida em duas vias que convergem culminando na ativação da trombina e
na formação de fibrina. A via intrínseca da coagulação pode ser ativada pela presença do
fator XII, a inflamação aumenta a produção de vários fatores de coagulação, torna a
superfície endotelial trombogênica e inibe os mecanismos de anticoagulação, promovendo
então a coagulação. A trombina dispara várias respostas que induzem a inflamação.
O fator XIIa induz a formação do coágulo de fibrina e ativa o sistema fibrinolítico.
Esse sistema contrabalança a coagulação pela quebra da fibrina, através da plasmina.
Portanto, o fator XIIa inicia quatro sistemas: (1) o sistema de cininas que produz cininas
vasoativas; (2) o sistema de coagulação; (3) o sistema fibrinolítico; e (4) o sistema
complemento.
As CININAS são peptídeos vasoativos derivados de proteínas plasmáticas chamadas
de cininogênio pela ação de proteases especificas chamadas de calicreínas (potente ativador
do fator XII tem atividade quimioatraente e converte o C5 em C5a). A bradicinina aumenta
a permeabilidade vascular e causa contração do músculo liso, dilatação dos vasos sanguíneos
e dor.

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RESUMO DOS MEDIADORES DA INFLAMAÇÃO

Vasodilatação Aumento da Permeabilidade


•Prostaglandinas Vascular
•Óxido Nítrico •Histamina e serotonina
•Histamina •C3a e C5a
•Bradicinina
•Leucotrienos C4, D4 e E4
•PAF
•Substância P

Quimiotaxia, recrutamento e Febre


ativação de leucócitos •IL-1 e TNF
•TNF, IL-1 •Prostaglandinas
•Quimiocinas
•C3a e C5a
•Leucotrieno B4

Dor Dano Tecidual


•Prostaglandinas •Ezimas lisossômicas dos
•Bradicinina leucócitos
•Espécies reativas do oxigênio
•Óxido Nítrico

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INFLAMAÇÃO CRÔNICA
É um processo em que existe exsudação de células leucocitárias e células
plasmáticas em uma área agredida.
Processo que se caracteriza por se estender por semanas, meses e anos.
O processo de cronicidade tem relação com o tempo e não é exato.
O que vai definir se uma inflamação é crônica ou aguda é o seu exsudato.
Qual o grande diferencial do processo agudo? Exsudato e intensidade do processo são
diferentes; o processo agudo se caracteriza por ter um caráter destrutivo tecidual; na crônica
existe destruição parcial, mas existe uma predominância de fenômenos proliferativos (vasos
tende a se desenvolver e deposição de colágeno).
Inflamação crônica é uma mudança de estratégia do nosso organismo. Se a
inflamação aguda não consegue resolver é substituída por inflamação crônica que tende a
eliminar o foco inflamatório. Se mantivesse inflamação aguda constante haveria muita destruição
tecidual.
A crônica pode ser dividida em dois grandes grupos:
-Inflamação crônica inespecífica: muitos fatores de etiologias diferentes vão
causar uma mesma resposta sem especificidade nenhuma. Resposta genérica. Mais comum.
-Inflamação crônica específica ou granulomatosa: formação de granuloma. Tem um
determinado número de fatores que levam a esse tipo de reação. Delimita mais facilmente quais os
fatores causais que estão levando a esse tipo de inflamação. Facilita o diagnóstico.

1. INFLAMAÇÃO CRÔNICA INESPECÍFICA


É a mais comum. Responde de forma igual a diferentes fatores etiológicos.
Qual a resposta? Tempo.
Inflamação com um tempo de no mínimo algumas semanas de desenvolvimento.
O que se encontra nessa área inflamatória?
Exsudato com linfócitos, plasmócitos e mais caracteristicamente macrófagos.
Esse conjunto de células é chamado de um infiltrado mononuclear (células de defesa com apenas um núcleo).
Se tem macrófago, tem processo crônico.
Plasmócito e linfócito muito provavelmente, mas não é obrigatório.
Processo proliferativo com angioblastos e fibroblastos. Angioblastos se proliferam
para levar mais sangue para área afetada. Fibroblastos tentam fazer reparação do tecido perdido,
jogando colágeno na região atingida para que organize na forma de cicatriz.
Destruição tecidual – processos proliferativos
Fibrose – multiplicação dos fibroblastos
Nada disso consegue definir qual a causa inflamatória.

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2. INFLAMAÇÃO CRÔNICA ESPECÍFICA ou GRANULOMATOSA


Presença do granuloma, oma significa tumor. Tumor não no sentido de neoplasia, mas de
aumento tecidual.
Forma pequenos grânulos.
Nesse tipo de inflamação é comum, principalmente em serosas ou parênquima dos órgãos,
a formação de pequenos grânulos que podem ser visíveis macroscopicamente (0,1 a 0,2mm).
Cada grânulo representa uma reação inflamatória organizada, circunscrita (conjunto
células que vai tentar envolver o fator agressor), basicamente formada por macrófagos, pode ou não
ter necrose no centro dessa formação. Quando fala em necrose, o protótipo das inflamações
granulomatosas é a tuberculose. A tuberculose caracteristicamente vai formar necrose central,
embora existam outras causas possíveis como fúngicas.
Quando há necrose caseosa (aspecto de queijo) sempre pensar em tuberculose. Há
uma área central sem células com estrutura amorfa que é a necrose. Em geral é tuberculose, mas
pode ser lesão causada por fungos. Colorações para hipóteses diagnósticas: Ziehl-Neelsen
presença de bacilo da tuberculose; Coloração de grocott para detectar presença de hifas ou esporos
de fungos (prata).
Exemplo: Em um pulmão há grânulos brancentos (granuloma), mas é preciso fazer
microscopia. Esses pequenos granulomas podem coalescer e formar massas maiores
(cavernas). Caracteristicamente tuberculose secundária tem tropismo pelos ápices pulmonares,
devido a maior concentração de oxigênio.

Formação de Granuloma
Macrófago (protótipo) é a célula mais importante e mais abundante.
Devido a um agente flogístico desencadeador da inflamação, macrófagos são atraídos para
o local da inflamação para cercar o inimigo e tentar manter ele isolado.
Macrófago sofre transmutação, fica semelhante a tecido epitelial em microscopia óptica, e
passa a ser chamado de epitelioides (parece epitélio, mas não é; é macrófago!).
Há células gigantes na periferia, que também são transmutações de macrófagos.
Essas células gigantes são vários macrófagos (cerca de 100 macrófagos) que se unem em uma só
célula, geralmente englobando um microrganismo ou um agente agressor. Essa célula gigante é
multinucleada (núcleo de vários macrófagos).
Ao redor dos macrófagos há linfócitos formando um colar de linfócitos fazendo uma
segunda barreira de proteção.
Há fibroblastos, é comum estarem no centro do granuloma (lembrar que é
granulomatosa, mas antes de tudo é crônica então há fibroblastos querendo fazer reparo).
Há elementos alternativos, isto é, podem estar presentes ou não: necrose, fibrose,
neutrófilo (se houver processo de agudização), plasmócito e eosinófilo.

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A inflamação crônica específica ou granulomatosa divide-se em dois tipos: epitelioides e


corpo estranho. Essa subdivisão ocorre devido a estruturas e componentes de antigenicidade
diferentes.

A. Epitelioides
Células epitelioides: células claras, alongadas; não se fundem, porém, ficam próximas umas
às outras; aspecto microscópico de epitélio.
Célula gigante: coalização de macrófagos, na qual há núcleos na periferia; mais comum é
ocorrer em forma de ferradura.
Linfócitos: células pequenas mononucleares, difícil de ver o citoplasma; ficam em forma de
coroa/colar.

B. Corpo Estranho
Célula gigante fagocita um agente estranho (ovos de parasitas) e por fora dela, fibroblastos
se proliferam e depositam lamelas de colágeno afim de tentar isolar elemento antigênico.
Não forma um colar “bem formado” de núcleos na periferia (é desorganizado).
Não reage a todos os corpos estranho, por exemplo não reage a vidro. O vidro não estimula
reação inflamatória. Antigamente lentes para catarata eram sintetizadas a partir de vidro.
A reação pode ocorrer devido a corpo estranhos externos ao organismo como pedaços fios
cirúrgicos, fragmentos de madeira e espinhos.
Pode ocorrer devido a corpo estranho do próprio corpo como elemento natural do nosso
corpo está aonde não deveria estar, parasitas (neurocisticercose), cálculos de vesícula renal,
colesterol no espaço subcutâneo ou muco no meio intersticial.
Há dois “critérios” para ser considerado corpo estranho (não entendi bem)
1. Célula que tem parede celular – celulose
2. Células gigantes de corpo estranho
Exemplo: fragmentos balísticos ou projetis interiores ficam oxidados (esverdeados). Quando há capa
fibrótica em sua volta significa que é uma lesão antiga.

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Células que participam do processo inflamatório crônico:


• Células do próprio tecido que está sendo lesado
• Células atraídas via quimiotaxia que chegam através do sangue
- Neutrófilos, linfócitos, eosinófilos, monócitos (macrófagos em nível circulatório) e basófilos.
• Células presentes no tecido
- Fibroblastos, angioblastos, linfócitos tecidual, macrófago, plasmócitos e
mastócitos;
- Células gigantes. As células gigantes quando participam de processo antigênico são
chamadas de células de Langerhans e quando de corpo estranho são chamadas de células
de corpo estranho.

Identificação na lâmina histológica


• Macrófagos: células grandes, 20 a 30 micrometros, citoplasma pouco denso e claro, núcleo
em forma de rim – riniforme;
• Hemácias: 5 a 7 micrometros; quando há células hemáticas muito abundantes dentro de
vasos indica um processo angioblastico;
• Spindle cells ou fibroblastos: entre os angioblastos;
Pode se usar HE, mas ficam mais visíveis se usar uma coloração para fibra colágena como
tricromo de Masson e Picrosirius red;
• Neutrófilo: célula bem menor que um macrófago, mas maior que uma hemácia; 10
micrometros; núcleo trilobado (1 núcleo com 3 lobos); aspecto de marca de pisada de
cachorro na areia; em geral ocorre quando o processo está mais agudizado.
• Tecido de granulação: típico de processo inflamatório crônico.
OBS.: Tecido de granulação é diferente de granuloma. Granuloma são as células
inflamatórias. Tecido de granulação são células reparativas.

CLASSIFICAÇÂO DO EXSUDATO
Independente do processo agudo ou crônico o tipo de exsudato pode ser classificado em 3
classes: serosos, fibrinosos e purulentos.
É importante classificar para diagnostico e para prognostico. A forma mais lesiva é o seroso.
1. Seroso
Exsudato mais fluido/líquido/aquoso;
É um liquido turvo, mas é translucido;
Cor amarelo citrino;
Pode ser em inflamação aguda ou crônica;
A microscopia há células inflamatórias;

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Exemplo: herpes genital e oral há presença de flictenas (bolhas cutâneas) altamente


contaminantes. Há flictenas em queimaduras de segundo grau também. Laringites edematosas.

2. Fibrinoso
Também é fluido, mas é menos translúcido;
Tem bastante proteína (fibrina);
É denso, não é “muito” líquido;
Provoca aderências, formando placas brancacentes ou traves de fibrina (órgão-órgão
ou órgão-parede);
Exemplo: placa de amigdalite

3. Purulento ou supuração
Há pus (piócitos) que são células inflamatórias morrendo e necrosando;
Processo infeccioso ou traumático;
Pode se distribuir nos tecidos ganhando nomes diferentes;
Pus em grande quantidade formando nova cavidade – abscesso
Pus que se acumula em cavidade já existente (articular, peritoneal, pleural, pericárdica, seios
da face) – empiema
Pus se infiltra entre tecidos ou entre células – celulite
Pus se infiltra entre tecidos, mas não faz coleção – flegmão
O que é ulcera?
Forma de apresentação de processo inflamatório agudo ou crônico.
Para ser considerada úlcera precisa ultrapassar muscular mucosa em mucosas ou
lâmina basal em epitélios de revestimento.
Se for uma lesão superficial é chamada erosão em mucosas (não ultrapassou muscular da
mucosa) e escoriação em epitélios (não ultrapassou lâmina basal).
É uma escavação profunda aonde na base/fundo há tecido necrótico com células
inflamatórias e áreas claras na superfície formação de fibrina. Para ser consequente a processo
inflamatório crônica é preciso ter fibrina e célula inflamatória mononuclear na base.
A escavação deve ser profunda e macroscopicamente visível.
Exemplos: úlceras de pressão (superfície externa), úlceras gástricas, duodenal, oral, varicosas (não
importa o local).
Mais frequentes na presença de ácido – ulcera péptica que pode ser gástrica ou duodenal.

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ALTERAÇÕES DO CRESCIMENTO
(Adaptações Celulares)
É um dos mecanismos de homeostasia que são mediados por alterações que
influenciam a nossa adaptação normal ou patológica. São modificações tróficas das células,
um fino ajuste para se preservar viva.

CICLO CELULAR
o Células Lábeis o Células Troncos o Células de Reserva: São células tronco unipotentes.
Quando estas células entram em mitose elas dão origem a uma célula de reserva e uma
célula especializada. Esse processo mitótico é estimulado por fatores de crescimento: ciclinas
e CDK4.

TIPOS DE ADAPTAÇÕES CELULARES


1. De VOLUME: Ocorre com o aumento do tamanho celular. Ex: Hipertrofia e
Hipotrofia (Atrofia).
2. De TAXA DE DIVISÃO: Ocorre com o aumento da divisão mitótico, que culmina com
o aumento do número de células. Ex: Hiperplasia e Hipoplasia (a hipoplasia sempre
ocorre por problemas embriogênicos ou por problemas de morte celular, morte >
divisão mitótica).
3. De DIFERENCIAÇÃO: Quando as células em divisão se diferenciam em outras
células, entretanto são células da mesma linhagem embriológica. Ex: Metaplasia.
4. De PROLIFERAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO: Quando ocorre um aumento do número
de células, além de uma disfunção das mesmas. Ex: Displasia (É sempre patológico).
TERMOS IMPORTANTES
a) PLASIA: Sufixo de multiplicação celular.
b) AGENESIA: O tecido ou órgão não se desenvolveu.
c) ATRESIA: É uma agenesia em órgãos tubulares.
d) DISTROFIA: É uma desorganização tecidual, que resulta de processos degenerativos.
e) ECTOPIAS OU HETEROTOPIA: Tecido normal em outra topografia do organismo.
f) HEMARTIAS (HEMARTOMAS): Tecidos que focalmente se desenvolvem, mas não
apresentam formato organizado.
g) CORISTIAS (CORISTOMAS): Presença de um tecido onde não deveria estar, porém
pertence ao mesmo órgão.

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ATROFIA
É uma redução volumétrica adquirida de um órgão ou tecido à custa da redução do
volume celular. Não retrai por ausência de células. Diferencia-se da hipoplasia, pois esta o
órgão menor nunca cresceu, nunca se desenvolveu mais. A atrofia pode ter causas
patológicas ou fisiológicas (envelhecimento, retração do útero após o parto).
CAUSAS DA ATROFIA
1. Diminuição da carga de trabalho (Atrofia de Desuso)
Ex: Membro gessado ou com tala: Atrofia Muscular, pois diminui o gasto energético, diminui
o número de proteínas, RER e mitocôndrias na musculatura lisa.
Ex: Idosos: Ocorre atrofia testicular por diminuição da espermatogênese, e atrofia cerebral
verificado pelo aumento do ventrículo lateral e espaçamento dos sulcos do crânio.

2. Perda da inervação (Atrofia por Desnervação)


Ex: Na poliomielite: Falta de tônus, que gera atrofia muscular e lipomatose (tecido adiposo
se deposita nos espaços formados pela atrofia).
Ex: Na neuropatia diabética e vasculopatia diabética: Atrofia muscular + lipomatose pélvica
e de membros inferiores.

3. Diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia) Ex: Aterosclerose da


Carótida: Atrofia cerebral.
Ex: Aterosclerose de Art. Renais: Atrofia Renal.

4. Nutrição Inadequada
Ex: Menor oferta alimentar: Atrofiam-se por inanição (falta de substrato proteícocalórico
profundo = MARASMO), primeiramente o tecido adiposo, seguido pelo tecido muscular,
tecido linfóide, pele, tecido glandular, tecido ósseo, tecido pulmonar, tecido cardíaco e tecido
cerebral -> CAQUEXIA.

5. Perda da estimulação endócrina.


Ex: Hipofisiária (central): Atrofia de órgãos alvo (tireóide, adrenais, gônadas), como na
Doença de Sheehan.
Ex: Ovariana: Após a menopausa ocorre diminuição da liberação de estrogênios, com isso
culmina em atrofia de mamas, útero e genitália externa.

6. Envelhecimento
Ex: Atrofia Senil: Por redução volumétrica orgânica e sanguínea, no cérebro, ossos, coração
e mucosas.
Ex: Atrofia Parda: Acúmulo do pigmento lipofucsina atingindo principalmente coração e
fígado.

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7. Compressão mecânica ou vascular sobre um tecido ou órgão.


Ex: Hidrocefalia: Atrofia cerebral pelo aumento da pressão intracraniana.
Ex: Cálculos na vesícula: Atrofia da parede da vesícula biliar.
Ex: Fecaloma no cólon: Atrofia a parede do cólon por dilatação causada pelo fecaloma.
Ex: Pé de Gueixa: Atrofia do pé por compressão mecânica, através do uso dos mini sapatos.
A atrofia resulta da diminuição da síntese proteíca e do aumento da degradação das proteínas
das células, principalmente pela via ubiquitina-proteossoma. A síntese diminui pela atividade
metabólica celular estar reduzida. Em muitos casos, a atrofia também é acompanhada por
autofagia, com aumento do número de vacúolos autofágicos.

HIPERTROFIA
Aumento do volume de um tecido ou órgão à custa do aumento do volume celular, e não do
aumento do número de células. Para que isso ocorra é necessário um aumento do suprimento
sanguíneo, de saturação de oxigênio e do nível de glicose, ou também pelo aumento da
estimulação de hormônios e fatores de crescimento. As células hipertróficas sintetizam mais
proteínas e o número de miofilamentos. Pode ser fisiológica ou patológica. A hipertrofia
comumente cursa com hiperplasia.
Ex1) Braço de Ferreiro: Hipertrofia unilateral do músculo trabalhado. É uma hipertrofia
fisiológica.
Ex2) Hipertrofia Cardíaca Ventricular Esquerda: Uma hipertensão gera uma sobrecarga
ventricular esquerda de até 500g, sendo que o normal é de 350g, o que diminui a cavidade
ventricular, e gera uma insuficiência cardíaca. É uma hipertrofia patológica.
Ex3) Hipertrofia Compensadora (Vicariante): Com a perda de um órgão o outro análogo
hipertrofia-se para tentar compensar, característico do rim. Não acontece em todos os órgãos
pares. É uma hipertrofia fisiológica, que ocorre após um processo patológico de perda de um
órgão.
As duas principais vias que estão envolvidas no mecanismo da hipertrofia são: fosfoinositídio
3-cinase/Akt (mais importante na hipertrofia fisiológica do exercício) e a de sinalização em
cascata da proteína G ligada a receptores (induzida por fatores de crescimento e substâncias
vasoativos, mais importantes na hipertrofia patológica).
Uso de barbitúricos: Geram hipertrofia REL dos hepatócitos, e aumenta a quantidade de
enzimas disponíveis para desintoxicar as drogas. E com o decorrer do tempo os pacientes
respondem menos às drogas por causa dessa adaptação.

HIPERPLASIA
É o aumento do volume de um órgão ou tecido à custa do aumento do número de células.
O tecido muscular pode sofrer hiperplasia.
a) Hiperplasia Fisiológica
1. Hiperplasia Hormonal: Aumenta a capacidade funcional de um tecido quando
necessário. Ex: Ocorre no útero e nas mamas durante a gravidez.
2. Hiperplasia Compensatória: Aumenta a massa do tecido após lesão ou
ressecção parcial. Ex: Regeneração hepática após um transplante.

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b) Hiperplasia Patológica
A maioria das formas é causada por excesso de hormônios ou fatores de crescimento atuando
em células-alvos.
Pode ocorrer na endometriose (pólipos no útero, causada por indução hormonal, que causam
sangramento menstrual anormal), uma hiperplasia de próstata benigna
(multiplicação de glândulas e estroma), hiperplasia de gânglios linfáticos aumentados nas
zonas de drenagem das inflamações (“íngua”).
A hiperplasia patológica também pode ser resposta a certas infecções virais, como o
papilomavírus que causam verrugas cutâneas e várias lesões de mucosa compostas por
massas de epitélio hiperplásico, é estimulado por fatores de crescimento.

METAPLASIA
É a transformação de um tipo celular maduro (mais especializado e menos resistente) em
outro tecido, também maduro, e de mesma linhagem embriológica, ou seja, é um tecido
normal causado por uma anormalidade no tecido verdadeiro.
A metaplasia pode ser reversível quando o estimulo para a formação do novo tecido cessa.
Se a metaplasia vier de uma agressão celular ela é patológica.
A agressão mecânica pode ser um desencadeante da metaplasia, como por exemplo, irritação
pelo calor (como chimarrão e chá quente), irritação química ou inflamação crônica.
LEUCOPLASIA: É uma metaplasia em mucosas.
São exemplos de metaplasia:
a) Transformação do epitélio pseudo-estratificado ciliado brônquico em epitélio
escamoso devido ao fumo excessivo. A deficiência de vitamina A (ácido retinóico)
também estimula a metaplasia escamosa no epitélio respiratório.
b) Transformação do epitélio colunar do colo do útero para epitélio escamoso em
inflamações como vaginites ou vaginoses.
c) Transformação do epitélio escamoso do esôfago em epitélio glandular na
doença do refluxo gastroesofágico. Formação do EPITÉLIO DE BARRET, um
epitélio precursor de um carcinoma (adenocarcinoma), que está no terço distal do
esôfago e tem uma alta probabilidade de transformar-se em uma neoplasia, ou se
tornar uma região ulcerosa.
d) Formação de tecido conjuntivo (cartilagem, ossos ou tecido adiposo) em tecidos
que normalmente não contem esses elementos, como na miosite ossificante que é
a formação de osso no tecido muscular, que pode ocorrer depois de uma hemorragia
intramuscular.

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DISPLASIA
É um crescimento desordenado do tecido. A displasia é uma lesão pré-cancerosa (maior
potencial agressivo), porém nem sempre ela é progressiva (geralmente é), e o que determina
essa progressão é o ERRO CELULAR. Elas podem ser reversíveis (com ou sem tratamento)
e costumam preceder certas neoplasias malignas.
a) Displasia de Baixo Grau: Células displásicas na base. Pode demorar cinco anos para
tornar-se uma neoplasia.
b) Displasia de Alto Grau: Células displásicas em todas as camadas do epitélio,
próximo da evolução em carcinoma in situ (câncer sem capacidade de metástase
porque não têm vasos, 100% curável quando se retira toda a lesão, entretanto pode
ser maligno).
Caracteriza-se por uma constelação de transformações celulares, que incluem:
1. Perda da uniformidade celular individual;
2. Perda da sua orientação arquitetural;
3. Pleomorfismo considerável;
4. Sem uniformidade normal do tecido.
a) Núcleos hipercromáticos, com concentração de cromatina.
b) Núcleos com aumento do volume -> Cariomegalia (aumento da carioteca).
c) Mitoses mais frequentes e anormais (patológicas).
Características das Células Displásicas
• Aumento conspícuo da razão núcleo/citoplasma;
• Anisocoriose: Células com diferentes formas e diferentes tamanhos dos núcleos;
• Hipercromasia Nuclear: Por aumento do material genético.
• Espessamento da membrana nuclear: Visto opticamente.
• Concentração da cromatina: Tendem a formar grumos, não deixando um aspecto
uniforme.
• Presença eventual de binucleação, e nucléolos visíveis.

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REPARO
O reparo tecidual consiste, mais frequentemente, em uma combinação de regeneração e
cicatrização pela deposição de colágeno.

REGENERAÇÃO CICATRIZAÇÃO
Proliferação de células/tecidos para Processo pelo qual um tecido lesado
substituis estruturas perdidas quando há é substituído por um tecido conjuntivo
pouca lesão do estroma. Depende do vascularizado, numa tentativa de remendar
tamanho da lesão e do tipo de célula foi e não efetivamente recuperar sua função.
lesionada. Parte da função pode ser Lesão extensa, ou células que não
recuperada. conseguem se regenerar. Há prejuízos
mais graves na função.

REGENERAÇÃO
Ocorre quando as células próprias do tecido lesado vão proliferar e restituir a
integridade do tecido. Esse processo não costuma deixar marcas no organismo.
Necessita de duas condições para acontecer:
1. Células com potencial proliferativo e
2. Arcabouço de sustentação do tecido não tenha sido lesado, pois quando este
está lesado além de regeneração ocorre cicatrização ou fibrose
Fibrose é semelhante à cicatrização, a fibrose ocorre nos processos crônicos onde há grande deposição de colágeno.

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1. Células Lábeis (divisão contínua): São células que se multiplicam, tem um


potencial proliferativo intenso.
Ex: Células da epiderme, do sangue, do colo do útero, do trato gastrointestinal, da
medula óssea, da vagina, do útero e de mucosas.
2. Células Estáveis (quiescentes): Em determinadas situações apresentam
potencial proliferativo.
Ex: Células ósseas, hepáticas, cartilaginosas, renais, músculo liso e endotélio vascular.
3. Células Permanentes (não divisores): Não replicam na prática, podem se
multiplicar, mas não retomam a função perdida, não tem potencial proliferativo.
Ex: músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco, neurônios. Assim,
Necrose do Miocárdio: As células cardíacas vão ser perdidas não retomando a sua
função básica, uma ou outra célula pode regenerar-se, mas sem importância funcional.
REGENERAÇÃO CICATRIZAÇÃO
TECIDOS Lábeis e Estáveis Permanentes
LESÃO lesão tecidual lesão tecidual
TECIDUAL

FUNÇÃO
Alterações pouco significativas Prejuízo importante
TECIDUAL

TECIDO DE
Discreto Evidente
GRANULAÇÃO

[ ] DE
MIOFIBROBLASTOS menor maior

Tecido de granulação: vasos recém formados + células de defesa + linfócitos + fibroblastos


ETAPAS NO PROCESSO DE REPARO
1. Formação do coágulo + Inflamação
▪ Liberação de substâncias sinalizadoras
▪ Ocorre as etapas da inflamação
▪ Leucócitos PMN chegam no local
▪ Liberação de fatores de crescimento (VEGF, TGF, PDGF)
2. Proliferação e formação de tecido granuloso
▪ Liberação de ácido hialurônico e de colágeno III por fibroblastos
▪ Mas é necessário degradar as substâncias que anteriormente estavam
ali, utilizando as metaloproteases.
▪ Com o tempo, Colágeno III é substituído por Colágeno I (+ resistente)
3. Remodelamento + Retração
▪ Desfazer o tecido de granulação
▪ Formação de redes de tração por miofibroblastos

Se for epitélio, ocorrerá 4. Reepitelização.

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CICATRIZAÇÃO OU FIBROSE
Deposição de tecido conjuntivo para tentar restituir a integridade do tecido lesado.
O marco da cicatrização é a deposição do tecido de granulação que vai
amadurecendo numa cicatriz ou fibrose. O tecido de granulação, portanto, indica que está
ocorrendo cicatrização, e é formado por angiogênese e proliferação de fibroblasto.
O processo de cicatrização se dá através dos seguintes passos:
1. Angiogênese (neovascularização);
2. Proliferação de fibroblastos;
3. Deposição de MEC (matriz extracelular  colágeno);
4. Remodelação (culmina com uma maior resistência  tecido fibrosado).

1. Angiogênese (neovascularização)
A angiogênese na superfície dá um aspecto granular (células endoteliais formando
novos vasos), tecido com aspecto brilhoso (tecido edematoso) e de tonalidade
avermelhada (células imaturas, frouxas que deixam passar algumas hemácias dando
aspecto avermelhado). No processo da angiogênese tem um excesso de células
inflamatórias, e o reparo vai persistir mesmo após o processo inflamatório ter cessado.

CORANTE DE TRICÔMIO: Cora de azul o colágeno no tecido de granulação.


Na formação da angiogênese inicia-se com as células precursoras endoteliais (EPC
 células da medula óssea, são pluripotentes), logo após os vasos pré-existentes
(degradação da membrana basal, migração da célula endotelial, proliferação da célula
endotelial, maturação da célula endotelial e recrutamento da célula peri-endotelial). Após
esse processo ocorre proliferação de angioblastos e migração dos mesmos. Ao
chegarem no local eles se diferenciam.
As células endoteliais proliferam-se e direcionam-se em direção a lesão, os estímulos
vão promover a multiplicação destas células e a migração. Começa com o brotamento sólido
que sofre vascularização, se fundem e formam a túnica dos vasos (são célula imaturas
permitindo a saída do líquido para o interstício, gerando o edema).

2. Proliferação de fibroblastos

3. Deposição de Matriz Extracelular (matriz extracelular  colágeno)


O colágeno dá a resistência tensil à cicatriz (10% da resistência na primeira
semana, de 7080% da resistência até o terceiro mês). A elastina, fibrilina e fibras
elásticas dão a capacidade de recuo do tecido após a expansão. As glicoproteínas
adesivas (fibronectina, laminina, integrinas) ligam uma estrutura a outra, torna o tecido
único através de ligação célula/célula e matriz/matriz. Já o hialuronam e as
proteoglicanas dão turgor tecidual e capacidade de aderência à água.

4. Remodelação (culmina com uma maior resistência  tecido fibrosado)


O colágeno entra e outras estruturas vão sofrendo síntese e degradação e vão se
transformando para o tecido lesado ter o máximo de resistência (modificação para ganhar
maior resistência).

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CICATRIZAÇÃO DE PRIMEIRA INTENÇÃO:


Lesão linear, pouco tecido lesado.
Pequena perda de tecido com justaposição das bordas, por exemplo, em suturas ou
lesões causadas por cirurgião.
Nas primeiras 24 horas da lesão ocorrem o preenchimento por coágulo
sanguíneo, liberando fatores para recrutar as células inflamatórias com intenção de
fagocitar o coágulo e promover o reparo e a cicatrização do local. A parte superficial da lesão
vai ter uma desidratação formando uma crosta. A primeira célula a chegar ao local de
inflamação são os neutrófilos (mobilidade grande), estas células quando se movem liberam
estímulos para que outras células cheguem. Os macrófagos que predominam a partir do
terceiro dia de lesão, e recrutam células endoteliais, fibroblastos, transformando em tecido
de granulação no quinto dia (granulação máxima). O colágeno começa a ligar as bordas
da ferida reestabelecendo à textura tecidual.
Com o passar do tempo, a deposição de matriz extracelular na lesão faz com que os
vasos neoformados vão regredindo e as células inflamatórias que migraram para o local ou
sofrem apoptose ou migram novamente para seus locais de origem. No final do primeiro mês
de reparo o tecido já está praticamente cicatrizado e quase avascular.
CICATRIZAÇÃO DE SEGUNDA INTENÇÃO:
Maior reação inflamatória.
Maior reação inflamatória, formando um maior tecido de granulação, grande defeito a
serem corrigidas e grandes bordas atingidas. A contração é maior, e pode diminuir até
10% da lesão através do miofibroblastos (fibroblasto com filamentos de actina e miosina).

FATORES CONDICIONANTES DA CICATRIZAÇÃO


1. Nutrição: Vitamina C é fundamental na síntese do colágeno, sem ela a cicatriz não
evolui corretamente.
2. Metabolismo: Quando mais acelerado for o metabolismo do indivíduo, mais rápido
será o processo de cicatrização.
3. Circulação: Varizes, diminuição do retorno venoso e diminuição da oxigenação
dificultam a cicatrização.
4. Hormônios: Os glicocorticoides possuem efeitos anti-inflamatórios que inibem a
síntese do colágeno.
5. Infecções: Lesões sem infecções são cicatrizadas mais rapidamente.
6. Fatores Mecânicos: Corpos estranhos instalados na ferida, como pontos cirúrgicos,
espículas ósseas, areia.
7. Tamanho da Lesão: Quanto maior o tamanho da lesão maior a dificuldade de
cicatrização.
8. Localização da Lesão: Relacionado com a riqueza da vascularização local, quanto
maior a vascularização, mais rápido o processo de reparo.

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ASPECTOS PATOLÓGICOS NO REPARO


1. Cicatrização Deficiente:
i. Deiscência (ruptura).
ii. Ulceração (devido a uma vascularização inadequada).
2. Cicatrização Excessiva:
i. Queloide: uma cicatrização além da lesão, tem fatores predisponentes.
ii. Cicatriz hipertrófica: uma cicatriz exuberante e exagerada restrita aos limites da lesão.
3. Contraturas: Impossibilita a movimentação de determinadas articulações, por deposição
exagerada.
Obs: Diagnóstico de apendicite é feito por neutrófilos na camada muscular.
Obs: Úlcera Gástrica:
1ª Camada  necrose com restos celulares e fibrina;
2ª Camada  inflamação ativa com presença de linfócitos e neutrófilos;
3ª Camada  tecido de granulação; e
4ª Camada  tecido fibroso.

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TUBERCULOSE
Doença infecciosa que cursa com reação inflamatória crônica e
granulomatosa podendo atingir todos os tecidos e órgãos, principalmente os
pulmões (> 75% dos casos). O principal agente infeccioso da doença é o
Mycobacterium tuberculosis, um bacilo (Bacilo de Koch) aeróbico Gram +,
imóvel, ácido-álcool resistente (BAAR, devido à parede de ácido micólico) e
também resistente a dessecação. O ser humano com tuberculose ativa é o seu
reservatório natural.

Principais espécies:
1. Mycobacterium tuberculosis
2. Mycobacterium bovis
3. Mycobacterium avis

O Mycobacterium tuberculosis é corado com a coloração


de Ziel-Nielsen no grande aumento em imersão ao óleo.
A principal transmissão é por via inalatória, mas também é comum ocorrer pela via
digestiva (como deglutição de escarro). Ou ainda, por ingestão de leite não-pasteurizado.
Diferenciar a doença da infecção! A infecção é a presença dos organismos, os quais podem
ou não causar a doença clinicamente. Na maioria das pessoas a tuberculose primária é assintomática.
A doença é quando o microrganismo resistente ao sistema imune e consegue se desenvolver.
A infecção tipicamente leva ao desenvolvimento de
hipersensibilidade tardia aos antígenos da bactéria, a qual pode ser
detectada através do teste dérmico da TUBERCULINA
(Mantoux), que é um extrato proteico aplicado no tecido
subcutâneo do antebraço. Um resultado positivo no teste da
tuberculina (formação de pápula dois dias após a aplicação  reação celular
maior que 1,5cm é +) significa que existe imunidade mediada por
células T aos antígenos micobacterianos, porém ela não diferencia
entre infecção e doença. É comum ter falsos negativos (sarcoidose,
desnutrição, imunossupressão) e falsos positivos (infecção atípica ou vacinação prévia da BCG).
A vacina BCG (Bacilo Calmette-Guerin) tem sua importância no primeiro contato com a
micobactéria. Ela é feita com o bacilo de Mycobacterium bovis atenuado, que gera memória celular e
resposta granulomatosa. PAUSTEUR

EPIDEMIOLOGIA
1. Estima-se que 1,7 bilhões de pessoas no mundo são afetadas
por tuberculose, e tem-se de 8 a 10 milhões de casos novos.
2. É a 2ª causa de morte por doença infecciosa, só perdendo para a
AIDS (torna as pessoas mais suscetíveis a ativação da tuberculose).
3. Riscos: Pobreza, aglomerações e doenças crônicas debilitantes.
4. Outros fatores: Diabetes melito, doenças hematológicas (neoplasias), linfoma de Hodgkin, DPOC
(principalmente silicose), IRC, má nutrição, alcoolismo e imunossupressão.

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HISTÓRIA
É chamada de tuberculose por que formava nódulos palpáveis – muitas vezes visíveis
(tubérculos). No final do século XIX, não se sabia que a etiologia das doenças, sobretudo da
tuberculose. É um fato, não se sabia que microrganismos causavam doenças.
Heinrich Koch: Médico rural e histologista que realizou a
descoberta do bacilo da tuberculose em 1882, o que fez ganhar
o prêmio Nobel em 1905. Para ter tuberculose,
obrigatoriamente, o bacilo precisa estar presente. REVOLUÇÃO
NA MEDICINA: comprova germes como etiologia das doenças.
Ele também foi responsável pela descoberta do teste da
tuberculina. Afirma que não são miasmas/emanações que
causam as doenças, mas sim agentes infecciosos. Cria
postulados que doença infecciosa causa doença, microrganismo
isolado deveria ser único responsável pela doença.

E em 1902 Gilbert sugeriu a configuração de uma bandeira com a Cruz de Lorena


(identificação de quem faz tratamento para a doença, ou seja, era o logotipo dos doentes).

Mesmo antes de se descobrir os antibióticos, a prevalência da tuberculose estava caindo, pois


estava havendo uma melhoria das habitações, de hábitos de vida, de alimentação. Mas infelizmente
a incidência mundial ainda é alta, e há um agravante significativo (resistência aos antibióticos – mal-
uso – seleção de cepas mais resistentes).
Até o início dos anos 80, o mundo pensava que tuberculose ia desaparecer. No entanto,
ocorreu uma segunda epidemia concomitante – a AIDS. E a imunossupressão facilitava o
desenvolvimento de tuberculose.

PATOGENIA E ASPECTOS CLÍNICOS


Os sinais e sintomas que vemos da doença são as reações que o nosso organismo
desencadeia para combater a doença. É a reação que forma nódulos e destrói os tecidos.

1. TUBERCULOSE PRIMÁRIA
COMPLEXO PRIMÁRIO, COMPLEXO DE GHON
FOCO DE GHON
Nesse primeiro contato a bactéria vai instalar em
ápice pulmonar esquerdo pelo maior aporte de
oxigênio. As bactérias penetram no organismo e entram
por endocitose nos macrófagos e se replicam em seu
interior por bloqueio da fusão fagossomolisossomo
através da inibição de sinais de cálcio e do recrutamento
e montagem de proteínas. Isso ocorre em um período de
três semanas, é o sistema imune realiza uma resposta
humoral. Os macrófagos fazem granuloma para tentar
conter a infecção que não conseguiram eliminar, quando
o granuloma não é formado ocorre uma reação
exsudativa e a tuberculose evolui. Apesar da bacterimia,
essa fase inicial é assintomática ou se assemelha a uma
crise gripal branda.

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COMPLEXO DE GHON:
É a segunda resposta do sistema imune à infecção, realizada através da resposta
celular do linfócito T, que ocorre após três semanas da infecção. Caracteriza-se pela
presença de lesões no parênquima pulmonar e nos linfonodos traqueobrônquicos. Ocorre
uma lesão cicatricial com áreas de cicatrização que são nódulos fibróticos que podem
calcificar formando um tumor (área maciça compacta) denominado TUBERCULOMA
(necrose caseosa circundada por pequenas fibroses), este é uma das lesões mais
importantes da tuberculose em via de cura. O complexo de Gohn, quando controlado pelo
sistema imune, sofre calcificação radiologicamente detectável (Complexo de Ranke).
Pacientes com defeito no gene NRAMP1 podem progredir diretamente para a doença,
por uma ausência na resposta imune contra o microrganismo. O interferon γ é o mediador
crítico que permite que os macrófagos contenham a infecção pelo Mycobacterium
tuberculosis. Pessoas imunocomprometidas não formam os granulomas característicos da
tuberculose.
Na maioria das pessoas a tuberculose primária é contida, mas ela pode se tornar uma
tuberculose primária progressiva (pode gerar uma tuberculose miliar, pois não tem lesão
primária e é geralmente fatal).

Na fase em que o linfócito T conseguiu identificar Tuberculous granuloma has the following criteria:
a presença do bacilo, ele vai formar a pápula e as 1. Rounded outlines
2. Central caseous necrosis
outras reações de defesa.
3. Transformed macrophages called epithelioid cells
4. Lymphocytes, plasma cells, and fibroblasts

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2. TUBERCULOSE SECUNDÁRIA
A lesão inicial é normalmente um pequeno foco de consolidação, com menos de 2cm
de diâmetro, dentro de 1 a 2cm da pleura apical.
Depois de ter tido o primeiro contato com a bactéria com uma resposta imune
eficiente, o microrganismo fica na forma latente. Após um tempo o bacilo pode reativar-se
causando a tuberculose secundária.
Ocorre uma lesão caseosa localmente destrutiva com fibrose nas bordas da lesão,
que pode invadir as paredes dos brônquios ou necrose caseosa dentro da árvore brônquica,
originando uma caverna no parênquima pulmonar.
Os sintomas associados são mal-estar, perda de peso, anorexia e febre (baixa e
remitente, com suores noturnos). Com a evolução da patologia aparecem escarro purulento
(com hemoptise em alguns casos) e dor pleurítica.
Para diagnosticar a tuberculose o padrão-ouro é a cultura de escarro,
porque também permite verificar a suscetibilidade às drogas.
Obs: Se não tem necrose caseosa não tira a possibilidade de ter tuberculose, porque pode
ser um problema do sistema imune que não está respondendo a infecção.

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3. TUBERCULOSE PULMONAR
Localizam-se principalmente em segmentos lobulares apicais dos lobos superiores
posteriores devido ao suporte aumentado de oxigênio.
TBC Primária: Complexo de Gohn: Lesão + tecido linfático fazendo a drenagem da lesão.
TBC Secundária: Cavitação  Chance de disseminar pelas vias aéreas.
As manifestações sistêmicas são causadas pelo TNF e IL-1, que geram indisposição, anorexia,
perda de peso, febre (ao entardecer, com queda de cortisona e transpiração noturna).
Diagnóstico: Clinicamente é realizado pelos achados físicos e históricos, tendo que aparecer tosse
produtiva há três semanas sem causa aparente. Pode ser feito radiologia, cultura de escarro, PCR
(mais rápido e sensível, porém a especificidade não é muito alta, o exame é realizado por análise do
DNA do paciente) e teste da Tuberculina.

4. TUBERCULOSE PULMONAR PROGRESSIVA


Pode ocorrer em idosos e imunossuprimidos. A lesão apical se expande para porções
adjacentes do pulmão e eventualmente erode para os brônquios e vasos. A erosão de vasos
gera hemoptise. Ocorre expansão da área de caseificação.

5. TUBERCULOSE PULMONAR MILIAR


Ocorre disseminação linfática que penetram no sangue venoso e circulam de
volta aos pulmões. Formam lesões individuais com focos de consolidação pequenos, visíveis,
branco amarelados dispersos pelo parênquima pulmonar (semelhante a grãos de milho).

6. TUBERCULOSE ENDOBRÔNQUICA, ENDOTRAQUEAL E LARÍNGEA


Pode se desenvolver pela dispersão através dos canais linfáticos ou pelo
material infeccioso expectorado. O revestimento mucoso fica salpicado de pequenas
lesões granulomatosas.

7. TUBERCULOSE MILIAR SISTÊMICA


Disseminação PELAS VEIAS PULMONARES, isso
é, pelo sistema arterial. Ocorrem no fígado, medula
óssea, baço (imagem), suprarrenais, meninges, rins, tubas
uterinas e epidídimo, mas pode ter em qualquer órgão.

8. TUBERCULOSE EM ÓRGÃO ISOLADO


Ocorre em qualquer órgão. São comumente envolvidos as meninges (meningite
tuberculosa), rins (tuberculose renal), suprarrenais (pode causar Doença de Addison), ossos
(osteomielite) e tubas uterinas (salpingite).
Quando as vértebras são atingidas pelo Bacilo de Koch ela gera uma doença conhecida
como Doença de Pott.
9. LINFADENITE
É a apresentação mais frequente de tuberculose extrapulmonar, usualmente
ocorrendo na região cervical.
Escrófula: Quando a tuberculose faz uma fístula com secreção caseosa na pele.

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NEOPLASIAS
É uma massa anormal do tecido no qual o crescimento é excessivo e descontrolado
e que persiste após o estímulo que o determinou ter cessado. A neoplasia é um distúrbio
do crescimento celular que é desencadeada por uma série de mutações adquiridas que
afetam uma única célula e sua progênie clonal. São vários os sinônimos para neoplasias, mas
nenhum é realmente adequado:
1. TUMOR: Termo mais amplo e corresponde ao aumento do tamanho/volume de
um local do organismo.
2. CÂNCER: Sinônimo de todos os tipos de neoplasias malignas.
3. BLASTOMA: Tumor de células jovens ou de tecido embrionário.

NEOPLASIAS BENIGNAS NEOPLASIAS MALIGNAS


É sempre primário e o paciente pode Tem um aspecto mais agressivo.
conviver muito bem com este tipo de Geralmente não apresentam capsula, tem
neoplasia. Costuma apresentar cápsulas, crescimento rápido e infiltrativo. As
crescimento lento e expansivo. Não neoplasias malignas têm mitoses mais
costuma apresentar alta taxa de mitose. incrementadas e suas margens são
mal delimitadas.

NEOPLASIA SECUNDÁRIA
NEOPLASIA PRIMÁRIA: É o câncer metastático (proliferação
O câncer é esperado no local de células tumorais malignas fora do seu
adequado, não se espalha e é bem sitio inicial), tem proliferação tumoral
delimitado. oriunda de outra neoplasia maligna já
existente.

OBS: Todo o tumor maligno que a olho nu tiver uma apresentação semelhante ao do tumor
benigno tende a ser uma neoplasia secundária.

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NOMENCLATURA DAS NEOPLASIAS


Depende se ocorre no ESTROMA (tecido de sustentação) que dá
suporte as células parenquimatosas ou no PARÊNQUIMA (tecido funcional)
que é o tecido especializado e que determina o comportamento da lesão.

1. TUMORES BENIGNOS: Sufixo “OMA”

1.1. TUMORES BENIGNOS MESENQUIMAIS:


Segue um critério histogênico:
✓ Diferenciados (presença de cartilagem)
✓ Indiferenciados (sem cartilagem)

NEOPLASIA BENIGNA

LIPOMA Tecido adiposo

CONDROMA Tecido cartilaginoso

OSTEOMA Tecido ósseo

LEIOMIOMA Tecido muscular liso (desprende com facilidade do tecido adjacente)

RABDOMIOMA Tecido muscular estriado

HEMANGIOMA Vaso sanguíneo

LINFAGIOMA Vaso linfático

1.2. TUMORES BENIGNOS EPITELIAIS:


Segue um critério histogênico e morfológico:
✓ Diferenciados (presença de queratinização)
✓ Indiferenciados (sem queratina)
NEOPLASIA BENIGNA

ADENOMA Epitélio glandular

Tecido glandular com formação de cistos (possui cavidade cística com epitélio
CISTADENOMA
e líquido no seu interior)

CISTADENOMA
Epitélio glandular com formação de cistos e papilas
PAPILAR

PAPILOMA
Epitélio de revestimento (com projeções em forma de dedos)
ESCAMOSO

Crescimento em uma superfície com sustentação que pode ser de várias


PÓLIPO
naturezas. É inespecífico. Podem ser pólipo pedicular e pólipo séssil.

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2. TUMORES MALIGNOS: Sufixo “SARCOMA”


Tem escassez de estroma, sendo assim o tumor tem pouca sustentação.

2.1. TUMORES MALIGNOS MESENQUIMAIS:


Critério histogênico.
NEOPLASIA MALIGNA

LIPOSSARCOMA Tecido adiposo

CONDROSSARCOMA Tecido cartilaginoso

OSTEOSSARCOMA Tecido ósseo

LEIOMIOMASSARCOMA Tecido muscular liso

RABDOMIOSSARCOMA Tecido muscular estriado

HEMANGIOSSARCOMA Vaso sanguíneo

LINFAGIOSSARCOMA Vaso linfático

2.2. TUMORES MALIGNOS EPITELIAIS: Sufixo “CARCINOMA”


Critério histogênico e morfológico
É o mais comum das neoplasias. O tecido é formado por células lábeis
com grande capacidade de multiplicação e alto metabolismo.
NEOPLASIA MALIGNA

ADENOCARCINOMA Epitélio glandular

CISTADENOCARCINOMA Tecido glandular com formação de cistos

CISTADENOCARNINOMA
Epitélio glandular com formação de cistos e papilas
PAPILAR

CARCINOMA Locais de epitélio escamoso normal


EPIDERMÓIDE

Obs: Uma lâmina corada com HE e citoqueratina caracteriza o carcinoma.


Uma lâmina corada com vimentina caracteriza o sarcoma.

3. TUMOR MISTO (ADENOMAPLEIMÓRFICO)


É uma neoplasia benigna em órgão glandular.
Típico de glândula salivar (parótida) que se origina em células epiteliais, mas se diferencia
em células mesenquimais.

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4. TERATOMA
É um tumor monstruoso. Os teratomas benignos são maduros, enquanto que os
teratomas malignos são imaturos formados por células indiferenciadas. Ele nasce a partir
de uma célula totipotente formando vários tecidos em um mesmo lugar. É comum em ovários
e testículos. Pode ocorrer um cistodermóide que é o desenvolvimento de pele.

5. LESÕES NÃO NEOPLÁSICAS (TUMORAÇÃO)


5.1. CORISTOMA: Resto ectópico de tecido normal durante o desenvolvimento
embrionário.
5.2. HAMARTOMA: Proliferação anormal exagerada de tecido normal, idênticas ao tecido
que constitui o órgão formando uma massa, que pode ocorrer por uma má
distribuição celular durante a embriogênese. Os mais comuns são os vasculares que
podem levar a vários processos como a trombose.

6. EXCEÇÕES DE NEOPLASIAS
6.1. TUMOR DE WARTON: Cistoadenoma papilar linfomatoso.
6.2. LINFOMA: Neoplasia maligna de tecido linfoide.
6.3. SEMINOMA: Neoplasia maligna do testículo (ocorre principalmente nas células
germinativas).
6.4. HEPATOMA: Neoplasia maligna dos hepatócitos (também chamado de
hepatocarcinoma).
6.5. MELANOMA: Neoplasia maligna dos melanócitos.
6.6. LEIOMIOMA UTERINO: Neoplasia benigna no miométrio.
6.7. ADENOACANTOMA: Neoplasia maligna do tecido glandular que sofreu metástase
escamosa.

7. CATEGORIZAÇÃO DAS NEOPLASIAS


As neoplasias geralmente são categorizadas em quatro critérios:
1. Diferenciação e anaplasia
2. Taxa de crescimento
3. Invasão local
4. Metástase
Entretanto, algumas neoplasias desafiam essa categorização, ou seja, é difícil
dizer se certas neoplasias são benignas ou malignas. Essas discrepâncias ocorrem entre
a morfologia e o comportamento da neoplasia. O comportamento geral das neoplasias
é o descrito abaixo no gráfico:

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DIFERENCIAÇÃO
É o grau de semelhança entre a célula neoplásica e a célula normal
comparável, morfologicamente e funcionalmente. Quando estas células não guardam
semelhança são chamadas INDIFERENCIADAS (aspecto primitivo), ou seja, não lembram
nenhum tipo celular.
Nas neoplasias benignas as células são bem diferenciadas, ou seja, semelhantes ao
tecido que sofreu essa modificação. Nas neoplasias malignas elas podem ser bem
diferenciadas ou indiferenciadas, normalmente não lembram o tecido na qual estão inseridas.
ANAPLASIA:
É a falta de diferenciação  NEOPLASIA MALIGNA INDIFERENCIADA. Na célula a
cromatina se torna homogênea, ficando agrupada em grumos (hipercromasia). As células
possuem um maior índice mitótico, com figuras mitóticas atípicas (que indica malignidade).
O núcleo torna-se maior que o citoplasma e têm se polimorfismo celular (células gigantes
tumorais -> alterações na forma e no tamanho celular, tendo na anaplasia várias formas e
dimensões). As células anaplásicas ainda perdem a sua polaridade (células da camada basal
estão no ápice da célula com desorganização do epitélio e perda da maturação do tecido).
Obs: Mitose acelerada não é sinal de malignidade.
DISPLASIA:
É literalmente uma desordem de crescimento com perda na uniformidade e orientação
celular. O termo displasia pode ser utilizado para células epiteliais e mesenquimais, sendo
mais utilizado para alterações epiteliais. NÃO é sinônimo de malignidade, porém normalmente
evolui para câncer.
As displasias podem sofrer regressão, sobretudo displasia leve (terço inferior do
epitélio) e displasia moderada (dois terços inferiores do epitélio). A displasia acentuada
(atinge todas as camadas do epitélio) tem maior chance de progressão com infiltração
estromal (ruptura da membrana basal e invasão de estruturas adjacentes, essa infiltração
indica malignidade).
CARCINOMA “IN SITU”:
Alterações displásicas acentuadas e confinadas ao epitélio, são atipias intra-epiteliais
em toda a espessura do tecido epitelial. É considerada uma lesão préinvasiva em alta fração
celular no pool replicativo. O carcinoma “in situ” tem mais atipias que a displasia acentuada.
TAXA DE CRESCIMENTO
Leva em conta o tempo de duplicação celular, a fração celular em pool replicativo e a
taxa de perda celular (celularidade normal perdida -> potencial proliferativo celular, perda
da célula por diferenciação e apoptose). A taxa de crescimento tem relação com o grau de
diferenciação.

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No momento de detecção de um tumor sólido, já foi completado a maioria de seu ciclo


vital, que surge a partir de uma célula transformada. A menor massa de uma neoplasia
detectável é na faixa de 1g (109), sendo este seu maior tempo de “vida” com menor número
de células se multiplicando. A maior massa de uma neoplasia compatível com a vida é de 1kg
(1012) com menor tempo para crescimento e mais células no pool replicativo.
Os tumores de crescimento rápido têm uma fração de 20% no pool replicativo, ou
seja, estas são as células que estão em mitose, as outras células estão estacionadas em G0
ou G1.
A maioria das neoplasias malignas cresce mais rápido que as neoplasias benignas,
entretanto existem exceções. Estímulos diversos facilitam o aumento da taxa de crescimento:
suprimento sanguíneo, ativação hormonal, metabolismo acelerado, entre outros.
INVASÃO LOCAL

1. NEOPLASIAS BENIGNAS: Tem crescimento coeso (bem delimitado), localizado


(epitélios não têm vasos, pois se nutrem por difusão, com isso não há disseminação). É não
infiltrativo (a lesão é móvel) e capsulado (a cápsula é formada por tecido normal e tecido
tumoral). Essas neoplasias crescem empurrando e comprimindo o tecido adjacente. Exceção:
Leiomioma não tem cápsula, mas é bem delimitado.

2. NEOPLASIAS MALIGNAS: É infiltrativo, não capsulado, mal delimitado (não respeita


limites anatômicos) e causa destruição de tecidos adjacentes.

3. CARCINOMA “IN SITU”: Lesão restrita ao epitélio (neoplasia intra-epitelial). Exibem


alterações citológicas de malignidade sem invasão na membrana basal, o problema é que as
atipias comprometem toda a estrutura da parede epitelial.
METÁSTASE

É uma proliferação de células tumorais malignas fora do seu sítio inicial. São implantes
tumorais descontínuos com a tumoração primária. MARCA INEQUÍVOCA DE MALIGNIDADE.
VIAS DE METÁSTASE
Diretamente nas cavidades corporais
Por via linfática
Por via hematogênica
•Por continuidade: ocorre entre órgãos contínuos.
•Por contiguidade: ocorre entre dois órgãos vizinhos.
•Por decantação: o tumor invade a parede do órgão, perfura e decanta, contamindo assim
as outras estruturas.
•Ex: Tumor ovariano e tumor gástrico.

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•É a principal via de disseminação de carcinomas (tumores epiteliais malignos). Segue a rota


de drenagem linfática da região.
•Linfonodo Sentinela é o primeiro da via de disseminação por continuidade.
•Obs: Linfonodo aumentado não necessariamente significa metástase.
•Ex: Câncer de mama e melanoma.
•É a via típica de sarcomas (tumores mesenquimais malignos).
•Ex: Câncer de fígado e câncer de pulmão.
•Excessão: Predileção por infiltração de veia -> Câncer de células renais, com formação de
êmbolo tumoral sólido infiltrativo.
•Obs: Sarcoma de mama não tem acometimento de linfonodos.

EPIDEMIOLOGIA DAS NEOPLASIAS

Ocorre potencialização de risco se somarem as morbidades e os fatores de risco.


1. Aspectos Geográficos: Diferenças regionais são muito importantes como EUA e Japão,
sendo mais prevalente um tipo de câncer em cada país. Os japoneses têm uma baixa
prevalência para o câncer de pulmão, já os imigrantes japoneses nos EUA têm risco
intermediário por adquirir a cultura nova e os hábitos do local, pois os EUA tem uma alta taxa
desse tipo de câncer.

2. Aspectos Ambientais: O uso de fumo e álcool aumenta o risco de uma pessoa ter
câncer. O fumo é responsável pelo câncer de boca, de laringe, de orofaringe, de pâncreas,
de bexiga, de rim e de pulmão. Porém, estes aspectos ambientais não excluem as influências
genéticas.

3. Idade: A maioria dos cânceres surge após os 55 anos. Entretanto, em crianças ocorrem
uma variedade de câncer típicos mais dessa idade (maior causa genética do que ambiental):
leucemias e linfomas, tumores do SNC (células pequenas e azuis, escasso citoplasma e
grande núcleo), neuroblastoma, tumor de Wilms e rabdomiosarcoma.

4. Sexo: A diferença de sexo interfere também na prevalência de câncer. Nos homens


ocorrem mais câncer de próstata, de pulmão (+ letal) e de cólon e reto. Nas mulheres, os
mais prevalentes, são câncer de mama, pulmão (+ letal) e cólon e reto. No Brasil a maior
prevalência é de câncer de colo de útero.

5. Predisposição Genética: Encontra-se associação em 5 a 10% dos cânceres.

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a) Síndromes Neoplásicas Hereditárias: São síndromes autossômicas recessivas, como o


retinoblastoma, a polipose colônica familiar e as neoplasias endócrinas múltiplas.
b) Cânceres Familiares: Idade precoce, dois ou mais parentes já tiveram esse câncer,
tumores múltiplos e bilaterais, com padrão de transmissão indeterminada. Ex: Cólon, mama
e ovário.
c) Condições Predisponentes e Não Hereditárias: Inflamações crônicas: colite ulcerativa,
doença de Crohn, gastrite por Helicobacter pylori, hepatite e pancreatite. Lesões Pré-
Cancerosas: ceratose solar, leucoplasia, adenoma pleomórfico.

CARCINOGÊNESE

Os tumores são entendidos como agressões ambientais em um individuo geneticamente


suscetível. É o produto final de um processo complexo que se desenvolve em múltiplos
estágios. Portanto, câncer é fator externo + predisposição genética.
CARCINOGÊNESE: É um processo de múltiplos passos, fenótipos e genótipos, ou seja, são
alterações acumulativas.
BASE MOLECULAR DO CÂNCER

O câncer pode ocorrer:


Dano genético não letal (mutação): agentes ambientais, químicos, vírus, radiações ou
hereditários.
Mutações: ambientais ou espontâneas.
Expansão clonal de uma célula transformada mutacional (monoclonalidade).
São quatro as classes de gene regulatórias, sendo que alterações em qualquer uma delas
pode causar câncer.
1. PROTOONCOGENES: São genes normais que afetam o crescimento e a diferenciação.
Os ONCOGENES promovem o crescimento autônomo em células cancerosas e seus produtos
estão associados a transformação neoplásica. Os protooncogenes podem ser convertidos em
oncogenes por mutação:
a) Alteração na estrutura do gene (mutação) resultando em processo anormal
(oncoproteína), que faz o crescimento tumoral desordenado.
b) Aumento da expressão gênica com maior quantidade de proteínas estruturalmente
normal que estimula o crescimento normal.

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2. GENES SUPRESSORES DO CÂNCER: São freios contra a proliferação celular e


crescimento celular, mas não impedem o crescimento do tumor (hipertrofia). O câncer pode
surgir não apenas em decorrência da ativação de oncogenes, mas também pela inativação
de genes que suprimem a proliferação celular (antioncogenes).

3. GENES QUE REGULAM A APOPTOSE: Eles podem sofrer mutação que os inativem com
isso eles não destroem as células cancerosas e o tumor se prolifera.

4. GENES DO REPARO DO DNA: Quando estes genes estão inativados a taxa de mutação
passa a ser muito maior e, portanto, a probabilidade de haver problemas mutacionais nos
outros genes e nas células cancerígenas é ainda maior.
PROGRESSÃO TUMORAL: Maior potencial maligno que resulta de múltiplas mutações
adicionais gerando subclones. Capacidade de crescimento, invasão, metástase e respostas
terapêuticas variadas.
ALTERAÇÕES ESSENCIAS PARA TRANSFORMAÇÃO MALIGNA
Autossuficiência em sinais de crescimento (sinais hormonais).
Insensibilidade aos sinais de inibição do crescimento, perdendo o fator de inibição de
crescimento.
Evasão da apoptose por inativação da p53.
Defeitos no reparo do DNA.
Potencial replicativo irrestrito, ou seja, perde a capacidade de envelhecimento.
Angiogênese mantida através do VEFG.
Capacidade de invasão e metástase.
ACHADOS CLÍNICOS DOS TUMORES
Efeitos locais como rupturas, necroses e hemorragias.
Atividade funcional aumentada dependendo do local de instalação (glândulas ->
aumento hormonal).
Infartos ou rupturas: Destruição de glândulas endócrinas, obstrução do trato
gastrointestinal.
Infecções secundárias.
Sangramentos: Algumas vezes desproporcionais ao tamanho da lesão -> diátese
hemorrágica.
Caquexia: Perda de peso, fraqueza, anorexia e anemia de origem “desconhecida”. Não
relacionada com a demanda nutricional do tumor, e sim porque tem uma alta taxa metabólica
do organismo apesar da pequena ingestão de alimentos.
SÍNDROME PARANEOPLÁSICA

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Sintomas complexos relacionados ao câncer que não podem ser explicados pelo crescimento
local, nem à distância ou pela elaboração hormonal do próprio tumor. Ocorre em 10% dos
casos de tumor e pode ser a primeira manifestação de um câncer oculto. Pode provocar
manifestações clínicas importantes e mesmo a morte, além de poder simular metástases.
Tem produção hormonal ectópica, hipercalcemia, síndrome paraneoplásica neuromiopática,
acantose nigra (múltiplas placas amarronzadas na pele), osteoartropatia hipertrófica e
tromboflebite migratória (sinal de Trousseau -> Câncer de Pâncreas).
GRADAÇÃO
É baseado no grau de diferenciação do câncer e o número de mitoses para presumir a
agressividade tumoral. Pode ser classificado de graus I ao IV, ou bem diferenciado (menor
agressividade), moderadamente diferenciada ou pouco diferenciado (maior agressividade).

ESTADIAMENTO
É a caracterização do tumor. É baseado no tamanho do tumor e no grau de disseminação. O
TNM varia conforme cada câncer:
a) T: Tumor (0, 1, 2, 3, ...) sendo o 0 para carcinoma in situ.
b) N: Número de gânglios acometidos (0, 1, 2, 3, ...)
c) M: Metástases a distância (0, 1, 2, 3, ...)

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SARCOIDOSE
Sarco = carne, ose= patologia, analogia ao aspecto carnoso que adquirem os órgãos
atingidos às custas de um processo inflamatório granulomatoso.
Sarcoidose é uma doença inflamatória crônica sistêmica difusa e
granulomatosa de causa desconhecida que pode gerar destruição tecidual que pode
resultar em fibrose. Atinge os pulmões (90%) e alguns outros tecidos, como linfonodos
(70%), em especial os linfonodos hilares, tecido hepático (50-60%), pele, ossos, úvea
(estrato vascular do olho), medula óssea, pele, baço.
No caso do olho, cerca de 1:5 pode apresentar Síndrome de mikulicz, uma
inflamação granulomatosa da glândula lacrimal em que há aumento da glândula e
diminuição da secreção lacrimal.
A sarcoidose pode ter manifestação esquelética, especialmente nas falanges e
metatarso que pode gerar um processo inflamatório a nível da articulação e ossos e pode se
apresentar como uma poliartrite.
É poliformica, ou seja, tem acometimento predominantemente pulmonar, mas
também pode acometer tecido cutâneo na forma de placas, de eritema ou ainda causar uma
linfogranulomatose. Pode também acometer vários órgãos ao mesmo tempo.
Geralmente acomete mulheres. As chances de ter a doença aumentam na terceira
década de vida. É mais freqüente em sociedades urbanas e industrializadas. Existe uma
prevalência nas raças negras na América, porém na Europa, os mais acometidos são os
nórticos. Os asiáticos são o grupo étnico menos acometido.
Um paciente infectado normalmente tem um aumento de linfócitos T de forma
heterogênea, pois quando feita contagem de TCD4 E TCD8 há uma disparidade sendo
maior o número de CD4, uma relação 5 para 1 até 15 para 1. Além disso, algumas
citosinas estão elevadas, especialmente do tipo Th1, e elas que geram um processo
inflamatório.
Fatores genéticos e ambientais também estão associados. Pessoas que entraram em
contato com mycobacterias também apresentam maior prevalência em relação à população
geral.
A doença tende a acometer o individuo num período da vida que tratado ou não
tende a entrar em remissão (70%). No entanto, podem ocorrer outros desfechos, como

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por exemplo, o individuo pode ser acometido, ter uma destruição tecidual importante e ficar
com seqüelas (1/5) ou até a doença não remir e levar o individuo a morte (1/10).
O tecido pulmonar ao invés de ter o aspecto esponjoso normal, fica totalmente
compacto, ou seja, ele está com o tecido condensado resultado do processo inflamatório
granulomatoso.
Existem 4 grandes doenças que costumam cursam com esse aspecto:
tuberculose, câncer de pulmão, paracoccidioidomicose e sarcoidose. Claro que o
paciente apresenta comprometimento da função pulmonar, raio x com linfoadenomegalia
hilar.
Histologicamente há presença de granuloma duro, pois ele não necrosa não
caseoso. Esses granulomas apresentam células epitelioides, alguns macrófagos do
tipo células de langerhans, células gigantes ou do tipo corpo estranho. Além disso,
os granulomas não são fusionados. Ainda há presença de Corpúsculo asteróide
(conjunto de precipitado protéico que se encontra dentro das células gigantes) na maioria
das vezes, presença de Corpúsculo de schaumann (precipitado protéico de varias
camadas concêntrico que podem calcificar dentro das células gigantes).
Logo, para diagnóstico da sarcoidose, leva-se em consideração o conjunto de
achados clínicos e histológicos. Além disso, pode ser realizado teste terapêutico no qual
será usado imunossupressor (corticóide). É importante ter firmeza no diagnóstico
terapêutico, pois se for uma tuberculose, por exemplo, com o corticóide esse paciente pode
ir a óbito.
Pacientes com doença restrita ao linfonodos hílares estão no estádio 1 da
doença, sendo menos grave. Quando há linfoadenopatia mais acometimento
pulmonar, é um grau mais elevado da doença, sendo grau 2. E o pior grau é
quando há doença pulmonar não acompanhada da lesão dos linfonodos.

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SÍFILIS
Doença granulomatosa que ganhou destaque nos últimos anos, devido ao aumento
de casos, sendo uma epidemia no Brasil.
Doença granulomatosa determinada por um agente etiológico, ou seja doença
infecciosa crônica que cursa com a formação de granuloma.
Esse agente, o treponema pallidum, é adquirido por via sexual, preferencialmente,
ou ainda por contato de lesões, contaminação com hemoderivado, ou ainda via vertical.
Treponema é uma bactéria, espiroqueta microaerófica, ou seja, sobrevive em
ambientes teciduais com baixo teor de oxigênio. Talvez um dos motivos que a faça
resistente ao próprio sistema imunológico do organismo.
Para visualizar o agente é necessária uma biopsia de qualidade, depois coloração
de prata e depois visualizar no microscópio em campo escuro. Entretanto a técnica
de imunoflorescencia é uma técnica boa.

Epidemiologia:
Epidemia de grande importância no pais, pois nas ultimas estatísticas (2013 – 2014)
em cerca de metade dos estados do pais houve aumento significativo no numero de casos.
Motivos para esse aumento: as pessoas não têm feito prevenção, diminuição no uso
de preservativo. Além disso, apesar de ser uma doença facilmente tratada com uma dose de
benzetacil, há um problema, pois a medicação esta faltando na rede publica. E ainda, a
qualidade dos pré natais tem piorado e conseqüentemente há crianças nascendo com sífilis
congênita.

A sífilis se concentra no hemisfério sul do mundo e no leste da Ásia, locais de pobreza mundial.

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Apresentação:
No momento em que o individuo se infecta com a sífilis não apresenta a doença
de imediato. Ou seja, teve intercurso sexual com alguém contaminado, se infectou, depois
dessa infecção haverá um período de latência de 3 semanas para ai começar apresentar
as primeiras manifestações, chamada de sífilis primária. A marca desse estágio é o
aparecimento de úlcera (escavação profunda) normalmente cutânea, podendo ser
oral, que tende a ser única, há uma escavação e destruição tecidual, essa úlcera tem
a base limpa, bordas elevadas e relativamente endurecidas e indolor (pouca
necrose), normalmente acompanhada de linfoadenopatia, também indolor,
normalmente os inguinais superficiais da virilha. Esse período dura cerca de 3 semanas, até
o ponto que a lesão e a linfoadenopatia somem, isso porque o sistema imunológico
desenvolve uma maneira de combater a sífilis, diminuindo em quantidade ou ate eliminando
por completo as espiroquetas.
Durante o período desse cancro, o individuo é altamente contaminante, ao
mesmo tempo já há espiroquetemia, ou seja, as espiroquetas já estão na circulação.
Na maior parte das pessoas, a doença some, é eliminada sem tratamento, em outras,
não tratadas, a doença vai remir, tendendo há passar dois meses e volta a se manifestar.
Dessa vez, a bactéria já esta disseminada por todo corpo, no entanto, tanto
na fase primária quanto na secundária, quando biopsiadas as lesões, haverá presença de
granuloma.
Na fase secundária há um polimorfismo das lesões, especialmente cutâneas,
então há lesões exantematicas papulares, ou seja, deixam a base avermelhada e formam
uma papula (elevação) nos locais atingidos, às vezes com presença de pus, podem ocorrer
em qualquer lugar da pele, mas tem preferência pelas palmas das mãos e planta dos
pés, ou seja, lesões maculopapulares pustulosas. Pode ainda, formar em qualquer lugar do
corpo uma lesão chamada roseola sifilítica, e uma base eritematosa, anelar, elevada, a
periferia é pálida e no centro uma nova papula, ou seja, uma papula, uma orla pálida e
novamente uma estrutura elevada no interior. Outra característica exantema, ou seja,
grandes áreas do corpo avermelhadas, ou ainda condiloma plano, lesão sifilítica exclusiva de
mucosa, geralmente genital, e uma lesão elevada na forma de placa e meio
brancacenta, sendo um grande marcador de sífilis, e diferenciando do condiloma do
HPV, que e culminado. Ainda pode haver alopecia localizada.
Esse indivíduo, mesmo na fase de latência continua contaminante. Esse período dura
cerca de 2 meses.

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Um percentual das pessoas a sífilis desaparece, no entanto, algumas pessoas sem


tratamento seguem a diante, mantém a espiroqueta no corpo, no entanto o sistema imune
da resposta, e os sinais somem e o individuo entra na segunda latência, que dura em
média 5 anos, mas pode durar anos, até décadas, evoluindo para sífilis terciária ou
terminal, pois as lesões dessa fase são graves e se estendem além dos tegumentos.
Há três grandes sistemas afetados. O tegumentar, o vascular e o nervoso.
A neurossifilis é a manifestação da sífilis terciária no sistema nervoso, causando uma
meningite grave, podendo ser fatal, podem causar paralisias ou ainda causar uma
alteração do sistema proprioceptivo e consciente do paciente, afetando diretamente
a medula, isso é chamado de tabes dorsalis, ou seja, os cornos posteriores da medula,
as vias proprioceptivas inconscientes ficam diminuídas, e paciente apresenta alterações de
equilíbrio e de marcha. É irreversível, paciente começa a andar com as pernas mais abertas,
olhando para o lugar em que anda porque perdeu a propriocepção inconsciente, e portanto
no momento em que fecha os olhos, perde o equilíbrio e cai.
Já vascularmente, a sífilis pode atingir a vasa vasorum, dos vasos de maior
calibre, causando uma vasculite localizada, que causa regeneração do vaso,
especialmente aorta, então aortites são freqüentes com formação de insuficiência aórtica
e aneurisma.
E por fim, pode causar lesões destrutivas no tegumento e vísceras que são chamadas
gomas, que se tratam de um processo granulomatoso destrutivo, que forma um resíduo
de aspecto gomoso, então destrói articulações, pele, parte do fígado, formando
as famosas gomas sifilíticas.
Outra forma é a sífilis congênita. É causa freqüente de abortos tardios se sabe que
ai o processo imunológico do feto interage com a bactéria e isso gera as lesões
granulomatosas, mas quando o feto nasce vivo, pode ter a sífilis congênita do lactente ou
precoce (manifestações aparecem dos 0 aos 2 anos de vida), ou a sífilis da infância ou
tardia (manifestações da doença a partir dos 2 anos). Isso depende da interação
imunológica e da agressividade da bactéria.
A sífilis do lactente pode acometer já ao nascimento ou se desenvolver até os dois
anos. Normalmente apresenta muitos exantemas, papulas na pele, problemas
osteoesqueléticos, como osteoartrite, periostite, osteocondrite, ou seja, processos
inflamatórias nas articulações e ossos dessa criança, fibrose hepática e pulmonar,
hepatoesplenomegalia e, quando nasce já com a manifestação, uma descarga nasal
mucossanguinolenta.

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A sífilis congênita tardia caracteriza-se por problemas oftalmológicos inclusive


levando a cegueira, seja uma ceratite, inflamação da córnea. Além da formação anormal
da dentição dessa criança (dentição de Hutchinson), os dentes, especialmente,
anteriores, incisivos e caninos se tornam bifurcados, pode apresentar também paralisia
do oitavo par (surdez), ainda apresenta distúrbios osteoesqueléticos, com as tíbias
em sabre, ou seja, um genovario importante nos níveis dos joelhos, e também uma fronte
olímpica ou deficiência mental.
Na infância existem doenças TOSH exantematicas que costumam causam alterações
neurológicas, uma dessas doenças e a sífilis, outros exemplos e a rubéola, e provavelmente
a zika.

Imunossuprimidos tendem a ter um encurtamento dos processos.


Testes rápidos para sífilis podem ser usados como triagem, mas não são especifico.
Um exame complementar deve ser pedido, mesmo se tratamento for iniciado empiricamente.
Há duas maneiras SUAB do fundo dessa lesão e pedir microscopia em campo escuro
com coloração de prata, na presença de espiroqueta, padrão- ouro, esta confirmado
diagnóstico. Ainda pode se pedir sorologias, como VDRL, anticorpo anticardiolipina,
que esta quase 100% presente na sífilis, mas não e especifico, ou seja, e um exame de alta
sensibilidade, mas pouca especificidade, na seqüência pedir um FTABS que é um anticorpo
especifico pro treponema.
Todo trimestre de gestação deve ser pedido VDRL.
Ao realizar biopsia da lesão se encontrara um processo inflamatório exsudativo,
com bastante infiltrado mononuclear, a célula característica e o macrófagos mas
pode haver linfócitos e plasmocitos também.
Ao biopsiar pequenos vasos será encontrado endoarterite proliferativa, ou
seja, um processo inflamatório na periferia dos vasos, inclusive na aorta deve haver
inflamação na vasa vasorum, que propicia a formação de aneurisma.
Na biopsia de um linfonodo aumentado, alem de encontrar um infiltrado inflamatório
mononuclear será encontrado granulomas.

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CITOPATOLÓGICO
CITOLOGIA DO COLO DO ÚTERO
Sistema Brasileiro para Laudos Citopatológico: baseado no sistema bethesda
que tem ampla abrangência no mundo. Uniformizou os termos, o que possibilitou uma melhor
comunicação entre clínicos e citopatologistas. A base da nomenclatura serviu, também, para
caracterizar laudos de biópsias em outras localizações.

Revestimento epitelial do colo do útero:


Vagina e ectocervix: epitélio escamoso estratificado pavimentoso – resistência.
Orifício externo do colo: transição – JEC.
Endocervix: epitélio colunar mucoprotetor – especialização: produtor de muco,
mais sensível a lesões.
A JEC pode estar fora do orifício, expondo esse epitélio ao pH ácido, ou dentro do
canal. Quando localizado exteriormente ao orifício, encontra-se exposta e cronicamente
agredida, tendendo a sofrer metaplasia – processo de adaptação: o epitélio glandular (mais
especializado) é substituído por um tecido mais resistente – metaplasia escamosa. Esse
processo obstrui o orifício glandular e produz uma saliência. Por conseguinte, forma
uma zona que é chamada de zona de transformação, que compreende do último orifício
glandular até a nova JEC. Essa zona é mais propensa ao desenvolvimento de lesões
malignas, logo, deve-se colher material dela.
A JEC é de importância fundamentação para o CP, define se a amostra é
representativa ou não, visto que é o local onde mais se desenvolvem as lesões pré-malignas.

Nomenclatura Papanicolau
I – normal
II – atípico, não neoplásico.
III atípico, sugestivo, mas não conclusiva de malignidade
IV atípico, muito sugestivo, mas não conclusivo de malignidade.
V – atípico, conclusivo de malignidade

Problema: para as categorias III e IV, não havia orientação sobre qual a conduta
mais apropriada.

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Nomenclatura de displasia:
Displasia: alteração de crescimento, que pode ser devido a características na
forma, tamanho e localização de um determinado tecido. O tecido não está se
desenvolvendo de forma normal, está desorganizado.
Classificada em:
• Leve: atipia no terço inferior do epitélio.
• Moderada: atipia nos dois terços inferiores do epitélio.
• Acentuada: atipia em toda a espessura do epitélio.
• “In situ”: toda a espessura e a atipias mais importantes.
Problema: nas displasias acentuada e in situ não havia diferença de conduta. Logo,
a nova classificação aglutinou as categorias displasia acentuada e carcinoma in situ em uma
única categoria, que é chamada III.

Nomenclatura Brasileira (2006) – INCA


Uniformizou os temas e o tratamento.
Compreende: tipo de amostra, avaliação pré-analítica, adequabilidade da amostra,
epitélios representados, diagnóstico descritivo e microbiologia.
As atipias passaram a se chamar lesão intraepitelial escamosa ou glandular de baixo
ou alto grau.
Permite o reconhecimento da adequação do material examinado, visto que o
patologista deve comentar no laudo:
• Se o tipo de material recebido é satisfatório ou não.
• Se ele tem epitélios representados que garantem a sensibilidade do método.
• Se as células dos locais onde a lesão costuma se desenvolver são
representativas.
Amostra representativa: mínimo de 300 células ou 10% da superfície da lâmina
representada por células em boas condições de exame.
O patologista pode rejeitar o material antes de realizar o exame em casos de: lâmina
quebrada, danificada, ausência de nome, identificação discordante.
A leitura é prejudicada por lesão com sangue, dessecamento – fixação ineficiente,
mucosa atrófica –, supurativas – inflamação –, camada muito espessa. Mais de 75% das
células com essas características torna a amostra é insatisfatória.

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É comum nas mulheres pós menopausa que o epitélio seja fino, seco,
descamativo, e o material chega com escassez de células.
Coleta deve conter: epitélio escamoso, metaplásico, epitélio glandular.
JEC: a presença de células glandulares e metaplásicas indicam que a amostra é
representativa.
Pode constar, também, a presença de lesões benignas, não indicativas de
malignidade: alterações inflamatórias, reparo, metaplasia escamosa imatura, atrofia com
inflamação, alterações pela radioterapia. Além disso, a metaplasia escamosa imatura pode
ser confundida com atipias celulares.
Obs.: no exame citopatológico, estuda-se as células descamadas e isoladas; não se tem o
arcabouço e arquitetura tecidual.

Laudos – atipias celulares


1. Atipias celulares de significado indeterminado:
• Células atípicas de significado indeterminado escamosa (ASCOS): “em
cima do muro” – não tem critérios de segurança para definir se é uma atipia
maligna ou reativa.
Não ultrapassa 5% dos laudos.
Descrição adicional: possivelmente não neolplásica ou não podendo se afastar
lesão de alto grau.

• Células atípicas de significados indeterminado glandular (AGOS).


Descrição adicional: possivelmente não neolplásica ou não podendo se afastar
lesão de alto grau.
• Células atípicas de origem celular indefinida
Não é possível definir se é célula escamosa ou glandular.
Descrição adicional: possivelmente não neolplásica ou não podendo se afastar
lesão epitelial de alto grau

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PATHOLOGY | Tainã Zan

2. Atipias de células escamosas:


• Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau
Tendem a sofrer regressão espontânea; apenas pequeno percentual
progride.
Conduta expectante: voltar em 6 meses para avaliação.
São eles: NIC I e HPV

• Lesão intraepitelial escamosa de alto grau


Maior possibilidade de progressão, mais eventualmente sofre regressão.
Compreendem: NIC II (displasia moderada) e NIC III (displasia acentuada e
carcinoma in situ).
Descrição adicional: não podendo excluir microinvasão - significa que há
desconfiança de que a lesão já deixou de ser intraepitelial e iniciou invasão nos
tecidos circunvizinhos. Compreende o carcinoma invasor ou classe IV de
Papanicolau.
Obs.: invasão significa invasão do estroma. O epitélio displásico pode penetrar as criptas,
mas ainda é considerado lesão de alto grau não invasora. É necessário que haja
rompimento da MB.
3. Atipias de células glandulares
• Adenocarcinoma “in situ”
• Adenocarcinoma invasor: cervical ou endometrial
Sem outras especificações.
Menos frequentes do que os escamosos.

Microbiologia: é possível ver os agentes, a flora lactobacilar normal; então é feita a


descrição da microbiologia no laudo.
• Bacilos supraplasmáticos sugestivos de Gardnerella
• Cocos
• Tricomas
• Cândida
• Sugestivo de clamídia
• Efeito citopático com vírus do grupo herpes.

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Periodicidade do exame: mulheres de 25 a 60 anos, uma vez por ano; após dois
exames anuais consecutivos negativos, novo exame em 3 anos.
20-40% falso negativos: falha da interpretação e, a maioria, por falha na colheita.

Falha no diagnóstico
• Natureza assintomática: mulher não procura o médico até ter queixas.
• Falso negativo na citologia é maior na lesão mais avançada (hemorragia, pus), o que
dificulta à avaliação.
• Origem endocervical da lesão – não visualizada.
A captura hibrida possibilita observar as cepas de HPV com o objetivo de identificar as
lesões com risco de progressão. A OMS recomenda, principalmente, a pesquisa das cepas de
alto risco (grupo B).
• Grupo A – menos perigosos, evoluem menos.
• Grupo B – maior risco: 16,18.

Análise da lâmina – observações que podem ser feitas pelo patologista:


Pelas características do núcleo e pela afinidade com os corantes é possível
identificar se a célula que está sendo analisada é profunda, parabasal, intermediária ou
superficial.
Basal: núcleo maior em relação ao citoplasma; célula pequena.
Superficial: núcleo picnótico ou ausente; célula maior.
Costuma-se observar: células profundas em pacientes com atrofia (mulheres pós-
menopausas) e células intermediárias e superficiais em mulher em atividade menstrual.
A identificação dos tamanhos das células, bem como se a coração adequada é feita
por comparação com os leucócitos, os quais estão sempre presentes.
A busca por malignidade é feita pela analise do padrão da cromatina e do
nucléolo, ou seja, suas características: procura-se hipercromasia, cromatina grumosa,
nucléolo evidente, anisocariose. A relação núcleo-citoplasma tem menor importância.
A célula metaplásica (vem da zona de transformação) é idêntica à
espinhosa: citoplasma com ramificações de forma aracnoide.
Citólise é a ruptura do citoplasma: comum na segunda fase do ciclo menstrual; ocorre
em decorrência da grande quantidade de lactobacilos, que reagem com o glicogênio,
“explodindo” o citoplasma. Importância: muitos lactobacilos = pH muito baixo –
favorece candidíase e o patologista deve procurar.

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Célula bacteriana sobreposta à célula epitelial - “aspecto empoeirado”: “Clue cells”


– Gardnerella.
Tricomonas é maior que leucócitos e menor do que célula escamosa.
Candida: pseudohifas com esporos, coloração mais avermelhada.
Actinomices israeli é comum em pacientes com DIU, configuração algodonosa, com
filamentos na periferia e um núcleo central granuloso.
Herpes vírus: causa multinucleação amoldada – um núcleo colado no outro. Pode
se apresentar como condiloma plano ou verrucoso. Vê-se uma retração do
citoplasma, que deixa o núcleo solto, alo perinuclear com reforço de bordos e um núcleo
necessariamente com atipia, eventualmente binucleado.
Quando a célula começa a invadir ela tende a diferenciar e lembrar uma célula escamosa.

Características das células com alterações inflamatórias:


• Não é possível fazer a identificação pelos leucócitos, pois eles estão sempre presentes
em grande quantidade.
• Nesse caso, observa-se alterações na coloração.
o Ex.: Citoplasma acidófilo; o normal é coloração “azulada”.
o Áreas mais claras – presença de vacúolos.
o Afinidade com corante Orange – cora queratina. O epitélio do local não é
queratinizado, mas no processo inflamatório, ele matura exageradamente e
sofre cornificação.
• Contorno citolasmático borrado
• Disceratose.
• Núcleo vermelho.
• Alo perinuclear.
• Cariorrexis, picnose, cariolise.
• Núcleo sombreado – necrose celular.

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MICOSES PROFUNDAS
São micoses endêmicas, as quais são causadas por fungos dismórficos que podem produzir
doenças sistêmicas sérias em indivíduos saudáveis. Do ponto de vista médico, as infecções fúngicas
são classicamente associadas ao estado de imunossupressão de uma forma geral. Imunossupressão
adquirida (SIDA), desnutrição, uso de corticoides, uso de quimioterápicos. Em uma “antibiótico
terapia”, que frequentemente cursa com queda de imunidade, há infecção fúngica. Praticamente há
uma lei da natureza que diz que, no momento que se usa três ou mais antibióticos, diferentes é quase
certo que haverá uma infecção fúngica.

FOCAIS (+ frequentes) SISTÊMICAS


Micoses superficiais/cutâneas (dermatófitos) Micoses endêmicas (dimorfismo)
Micoses subcutâneas* Micoses oportunistas
*Subcutânea pode entrar na circulação linfática e tornarem-se sistêmicas.

PARACOCCIDIOIDOMICOSE  PARACOCO
A paracoccidioidomicose ou “Blastomicose Sul-Americana”, também conhecida por “Doença de
Lutz-Splendore-Almeida” é uma doença causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis. Pode afetar
pulmões, pele, ossos, meninges ou baço.
É uma infecção sistêmica que pode apresentar-se na forma aguda ou subaguda, com alta
prevalência no Brasil, e tem costume de acometer homens entre 30 e 50 anos.
Micélios: temperatura ambiente
Leveduras: cultivo a 37o C ou parasitismo
CAUSA
O Paracoccidioides brasiliensis é um fungo ascomiceto dimórfico muito semelhante ao
Histoplasma capsulatum que causa a doença Histoplasmose. A espécie foi descoberta por Adolfo Lutz
em 1908 no Brasil, que, apesar de não o nomear, descreveu estruturas como "pseudococcídeos"
junto aos micélios em cultura. A sua forma sexual multicelular é um bolor com micélios constituídos
por hifas, mas no homem adapta a forma unicelular levedura com multiplicação assexuada por
germinação. Pode entrar ao ser inalado ou por alguma ferida com terra e vegetais (inoculação
traumática).
EPIDEMIOLOGIA / HÁBITAT
A paracoccidiomicose existe nas zonas rurais do Brasil e de outros países da América do Sul.
Afeta principalmente os agricultores que trabalham a terra que contém os seus esporos (produzidos
pela forma sexual livre). A infecção é pela inalação desses esporos infecciosos. Ao contrário de outras
micoses sistêmicas, a paracoccidiomicose é comum em pacientes imunocompetentes.
A infecção ocorre na América Latina, desde o México até a Argentina, excetuando-se países
como Chile, Guianas, Nicarágua, Belize e várias ilhas do Caribe que não possuem registros de casos
nativos da doença. No Brasil, a maior incidência ocorre no Sudeste e
Sul do país, pois é um fungo subtropical. A infecção pelo
Paracoccidioides brasiliensis é mais comum entre 10 e 20 anos de idade,
mas os sintomas só aparecem entre os 30 e 60 anos, como reativação
de foco endógeno latente quando a imunidade diminui. É 13 a 100 vezes
mais comum em homens, fumantes e/ou alcoolistas, cujas condições de
higiene, nutricionais e socioeconômicas são precárias. Esses indivíduos
costumam ser trabalhadores rurais que, por sua atividade, permanecem
com mais frequência diretamente em contato com a terra e vegetais.

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VIAS DE ENTRADA
1. Inalatória (comum);
2. Inoculação via cutânea (rara);
3. Via oral (improvável), através de vegetais contaminados.
Tatu, gambás são contaminados com o fungo, porém não são reservatórios;

Argumentos a favor da teoria inalatória


1. Pulmão – órgão frequentemente comprometido
2. O achado de lesões cicatriciais de peças de pneumectomia (complexo primário cicatrizado)

AGENTE Paracoccidioides brasiliensis


Tamanho: 5-30 micrômetros
Localização:
Solto nos tecidos;
Em macrófagos;
Ou nas células gigantes.
Reprodução:
Esporulações simples;
Esporulações múltiplas, formando a “RODA
DE LEME” (sinal quase patognomônico da
sua presença); e brotamentos duplos,
formando a “CABEÇA DE MICKEY”.
É corado com prata (Grocot) ou HE.
Ele tem forma esférica com dupla
membrana birrefringente com núcleos excêntricos ou centralizados.

INVASÃO
Através de gânglios linfáticos (complexo primário). O complexo primário é uma lesão
parenquimatosa periférica e posterior à lesão do gânglio hilar. Tem-se a evolução do complexo com
cura e cicatrização do local (fibrose).

DISSEMINAÇÃO: Via hematogênica.

LESÕES MACROSCÓPICAS
Pele: Úlceras, verrugas em geral na face e regiões periorais.
Boca: Produz a estomatite moriforme (forma de amora) de Aguiar Pupo (língua, gengiva, assoalho, bochecha). Lesão
granulosa, vermelha na zona comprometida.
Gânglios: Aumentados(linfonodomegalias) e endurecidos, podendo fistulizar.
Pulmões: Lesões nodulares, miliares, cavernizadas, pneumônicas (fibrose, enfisema, ápice livre). Pode causar
fibrose ou enfisema, com o ápice pulmonar livre. Na radiografia de tórax aparece imagem pulmonar em “ASA
DE BORBOLETA”, uma condensação pneumonia bilateral em andar médio do pulmão, com base maior
em hilo.
Laringe: frequentes lesões vegetantes; simula um tumor laríngeo;
Envolvimento teciduais raros:
Ossos: determina osteomielites e fístulas, costela, cintura escapular, extremidades;
Gênito-urinário: compromete epidídimo (ITE) podendo formar abscessos e fístulas, raramente rim e ureter;
Intestinos: úlceras irregulares, granulomas murais, peritonite crônica;
Sistema nervoso central: forma abscessos crônicos, imitando tumor;

Obs: Todas as lesões extrapulmonares são metastáticas, disseminam-se por via linfática.

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LESÕES MICROSCÓPICAS
Trata-se de uma doença granulomatosa com dois polos e formas de transição:

a) GRANULOMA TUBERCULÓIDE (produtivo) polo hiperérgico


Forma efetiva de defesa celular
Composição
Macrófagos
Conglomerados de células gigantes (de Langhans);
Linfócitos;
Poucos fungos;
Rara necrose;
Orla fibroblástica;

b) REAÇÃO EXSUDATIVA (necrótico) polo anérgico


Forma ineficaz de defesa celular
Composição:
Necrose isquêmica (caseosa);
Supuração;
Numerosos fungos;
Poucas células gigantes;
Raro esboço de granulomas (que se torna difícil visualizar);

c) REAÇÕES TECIDUAIS INTERMEDIÁRIAS: características mistas;

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FORMAS CLÍNICAS
AGUDA ou SUBAGUDA JUVENIL - FORMA ANÉRGICA ruim resposta celular ao fungo
✓ É uma forma rara e acomete jovens de ambos os sexos.
✓ Forma septicemia grave com fungemia;
✓ Linfonodos cervicais volumosos;
✓ Hepatoesplenomegalia;
✓ Depressão medular com queda da hematopoese;
✓ O fungo pode ser isolado do sangue circulante.
✓ Fazer diagnóstico diferencial com linfoma.
✓ Polo anérgico; tem reação exsudativa necrótica; com imunidade humoral ótima (aumento
de IgE, IgA e IgG) e imunidade celular deficiente.

CRÔNICA ADULTA - FORMA HIPERÉGICA boa resposta celular ao fungo


✓ É mais comum ocorrer em homens do meio rural, pois o fungo possui receptores para estrogênio os
quais impedem a sua reprodução.
✓ Pessoas que têm lesões ulcero-vegetantes orais e periorais e lesões pulmonares frequentes.
✓ Órgãos visados: boca, peritônio, pele, pulmões, gânglios, adrenais, laringe.
✓ Polo hiperérgico; tem o granuloma tuberculóide produtivo; com imunidade humoral
normal (mediamente aumentada); e imunidade celular efetiva.

FORMA AGUDA FORMA CRÔNICA


Jovens Adultos, acima dos 30 anos
Ambos os sexos Homens (17:1)
Alta quantidade de anticorpos Menor quantidade de anticorpos
Depressão da imunidade celular Resposta inunocelular mais preservada
Granuloma exsudativo com grande Granulomas mais compactos com menor
número de fungos número de fungos.

DIAGNÓSTICO
✓ Achados clínicos de lesões + áreas endêmicas.
✓ Exame direto de secreções (fístulas ou úlceras).
✓ Biópsia pode ser realizada com coloração de Grocot (e deve ser profunda para diferenciar com a
hiperplasia).
✓ Através de uma cultura para bactérias e fungos do escarro (Agar Sabourand ou Agar sangue).
✓ Por reação antigênica (paracoccidiodoidina).
✓ Um raio-X de pulmão também pode ser feito para verificar a presença de lesão em “Asa de Borboleta”.

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ESPOROTRICOSE
AGENTE: Sporotrix schencki, um fungo do tipo cosmopolita.

INOCULAÇÃO:
Espinhos e fragmentos vegetais;
Arranhaduras de animais domésticos (gatos);

ASPECTO MACROSCÓPICO: Cancro esporotricótico correspondente à lesão de inoculação, com


formação de nódulo ou ulcera cutânea (reação granulomatosa).

ORGÃOS COMPROMETIDOS:
A doença é essencialmente cutânea ou subcutânea, formando o clássico Rosário de Lesões (em
cadeia; são nódulos que evoluem para úlceras, em caráter ascendente, interligados por linfáticos
salientes – “Linfangite ascendente”);
Mas pode atingir gânglios, ossos, rins testículos e pulmões.
Na pele: membros superiores, inferiores e face.

HÁ AUTORES QUE RECONHECEM (L.FARIA, 2003) VÁRIAS FORMAS CLÍNICAS:


A) LINFANGÍTICA = LINFÁTICOS + ÚLCERAS
B) EPIDÉRMICA (CUTÂNEA) = PLACAS CUTÂNEAS
C) DISSEMINADA = C/FUNGEMIA (NÓDULOS SUBCUTÂNEOSDISSEMINADOS)
D) MUCOSA (BOCA, FARINGE)
E) ESQUELÉTICA E VISCERAL (RINS, TESTÍCULOS, PULMÕES)

ASPECTO MICROSCÓPICO: Formação do nódulo esporotricótico com centro supurativo (neutrófilos


e piócitos com necrose do tipo coagulativa), orla tuberculóide (macrófagos e células de Langhans) e
orla sifilóide (linfócitos, plasmócitos e fibroblastos). O fungo tem forma astróide. Corpúsculo asteroide.

MICROSCOPIA:
DO NÓDULO ESPOROTRICÓTICO:
- CENTRO SUPURATIVO = NEUTRÓFILOS E PIÓCITOS

- ORLA TUBERCULÓIDE = MACRÓFAGOS E CÉLULAS DE LANGHANS

- ORLA SILIFÓIDE = LINFÓCITOS, PLASMÓCITOS E FIBROBLASTOS

O AGENTE (S.SHENKI) QUANDO ACHADO TEM FORMA DE CORPÚSCULO ASTERÓIDE.

DIAGNÓSTICO: Anatomopatológico. Raramente é feito outro teste porque o fungo é raro nos
tecidos, em geral, a cultura de úlceras é mais possível e positiva.

CROMOMICOSE
Considerada uma doença crônica, pruriginosa, progressiva, indolor e resistente ao tratamento.

SINÔNIMO: Dermatite Verrucosa ou Cromoblastomicose.

AGENTE: Phialiphora verrucosa. Fungo cilíndrico que realiza divisão binária ou cissiparidade como
método de reprodução, pode ser encontrado solto no meio supurativo dos tecidos ou dentro de
macrófagos ou células gigantes. Fungo cora-se em marrom por H.E.!

INOCULAÇÃO: Cutânea em habitantes do meio rural.


Sítios das lesões iniciais principalmente nos membros inferiores; raramente face, tronco, vísceras.

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MICROSCOPIA: Lesão atingindo epiderme, derme e subcutâneo.

As lesões podem ser de três tipos: úlceras, verrugas e nódulos.

Na epiderme 1. Verrugas podem conter uma alta taxa de queratina (hiper/paraceratose), acantose,
(hiperplasia epidérmica); 2. Microabscessos intraepiteliais.

Nos tecidos profundos: 1. Microabscessos; 2. Granulomas incompletos “torpes” e mal formados


(macrófagos, células epitelióides e células gigantes de Langhans, fibrose); 3. Fungos: agregados,
marrons, forma elíptica, semelhante a lua crescente; Os fungos dividem-se por cissiparidade, divisão
binária (em 2 elementos); São encontrados soltos, no meio da supuração, ou no interior das células
gigantes;

ACTINOMICOSE
AGENTE: Actinomyces israelli, uma bactéria que por muito tempo foi considerada um
fungo, e por esse motivo ainda tem classificação como micose profunda.

HÁBITAT: Agente saprófito de criptas de amígdalas, dentes cariados e canal vaginal. E na


região cervico-vaginal, especialmente, nas mulheres que utilizam DIU.

INVASÃO: Infecção ocorre por lesão tecidual local como, por exemplo, uma extração
dentária (combinada a anaterobiose); ou uma infecção com lesão pelo uso de DIU.

FORMAS CLÍNICAS
BUCO-CÉRVICO-FACIAL
Ocorre, por exemplo, a partir de um dente extraído.
Propaga-se até a faringe e tecidos moles da face e pescoço.
Desenvolvimento de abscessos (reação fibrótica periférica com aspecto lenhoso),
que pelas fibroses e fístulas cutâneas, podem drenar colônias bacterianas (grânulos
sulfurosos com secreção amarelada ouro).
Complicações: Pode ser fatal. Fístulas cutâneas, orais e microabscessos, além de
osteomielite de mandíbula e vértebras, que tem um difícil tratamento. Ainda pode evoluir
para uma meningite ou um abscesso cerebral.

PULMONAR
Ocorre por aspiração do material oral contaminado.
Morfologia: formação de abscessos pulmonares crônicos com marcada fibrose.
Na microscopia verifica-se os fungos em forma de raios de sol.
Complicações: Fístulas cutâneas, empiema pulmonar, preenchimento fúngico de
bronquiectasias e cavidades residuais.

ABDOMINAL
Ocorre por deglutição do fungo através de material oral infectado.
Sítio do fungo é o íleo terminal, ceco e apêndice.
Morfologia: úlceras intestinais; abscessos submucosos, retrocecais, fibrosantes. Formação de
grânulos amarelos sulfurosos.
Complicações da lesão ulcerada com fibrose perilesional: Fístulas (na região dos
flancos e inguinais), abscesso hepático por extensão através da veia porta.

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Microscopia básica das 3 formas e actinomicose:


✓ Reação inflamatória crônica supurativa abscedante;
✓ Fungos em meio a supuração compostos por finos fios trancados, com pontas semelhantes
a estrelas;
✓ Tecido de granulação e fibrose;

HISTOPLASMOSE
AGENTE: Histoplasma capsulatum, necessita de nitrogênio para sua sobrevivência.

HÁBITAT: Solos ou criatórios com aves, pombos ou morcegos (alto teor de nitrogênio).

INOCULAÇÃO: Inalação de microconídeos.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Usualmente é assintomática, entretanto em imunodeprimidos pode


ocorrer uma histoplasmose 1. Pulmonar aguda; 2. Pulmonar crônica (mimetiza TBC) ou 3. Sistêmica.
É muito parecida com a tuberculose, pois tem lesão apical, escarro com sangue, febre
vespertina, cavitações e necrose caseosa.

MICROSCOPIA: Infiltrado pulmonar, lesões típicas ou miliares, com núcleos centralizados. É


utilizada a coloração de Bioget. Estruturas “leveduriformes”.

ASPERGILOSE
AGENTE: Aspergillus flavus, Aspergillus niger e
Aspergillus fumigatus (mais comum).

HÁBITAT: Saprófito no ar atmosférico e vias aéreas


humanas, quando infecta e coloniza produz os
aspergilomas (bolas fúngicas).

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Geralmente em


imunodeprimidos, a aspergilose pulmonar é a mais
comum, que é caracterizada por um quadro pneumônico crônico, com destruição tecidual e invasão
vascular, além de formações de abscessos e cavitações. Causa também febre e emagrecimento.

MICROSCOPIA: Coloração de Grocot, que evidencia o fungo no interior do granuloma em formato


de Y com ângulo fechado. Forma uma reação granulomatosa e forma brotamentos em ângulo agudo.

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NEOPLASIAS EPITELIAIS
As neoplasias epiteliais apresentam um tecido parenquimatoso, no caso epitelial,e,
tecido conjuntivo e vasos que formam o componente estromal, que dá suporte para a
proliferação neoplásica, e é entendido por esse epitélio os tecidos de revestimento e
aqueles de natureza glandular.
Epitélio de revestimento
Essas neoplasias no tecido de revestimento podem ter uma configuração
papilomatosa principalmente observados na bexiga, na boca, ductos glandulares e mamas.
Uma lesão papilomatosa tem como sinônimo ser uma neoplasia vilosa e
corresponde a projeções em forma de dedo que tem um eixo conjuntivo vascular recoberto
por um epitélio.
Dependendo da localização e o tipo de epitélio, ela vai receber nomes específicos.
Ex.: papiloma escamoso, papiloma urotelial ou de células transicionais, papiloma
ductal mamário.
O estroma de um papiloma pode ser mais delgado ou mais espesso/ proeminente,
dando consistências diferentes ao papiloma. Logo, papiloma duro é composto por um
epitélio estratificado, cornificado. Já outros são mais delgados, pois tem uma
estrutura mais delicada, menos estroma conjuntivo, um epitélio menos
proeminente, que é o caso dos papilomas urinários e de vias respiratórias.
As lesões papilomatosas são descritas com aspecto vegetante, papilomatoso,
tipo couve- flor.

Ex.: papilomas de ductos lactíferos tem epitélio delgado, mas o que dá a ele
consistência mais firme é o estroma conjuntivo que esta aumentado.
*Neoplasias uroendoteliais benignas são incomuns. É mais comum
papilomatosas malignas.
*Papiloma escamoso pode se desenvolver na pele, no esôfago, na laringe. Essa
papilomatosa da laringe embora seja histologicamente benigna, ela tem um comportamento
reiscidivante o que confere uma agressividade a lesão.
*Papiloma intracistico: papiloma mamário, que dilata significativamente o ducto
mamário. Tem uma variante maligna.
Histogenese e nomenclatura dos papilomas esta relacionado ao epitélio local ou
metaplásico.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

Existem algumas lesões hamartomatosas que tem uma configuração papilomatosa,


é o caso de alguns pólipos intestinais (lesões papilomatosas de caráter mal formativo).

Epitélio Glandular
Adenomas são neoplasias epiteliais glandulares que podem formar uma estrutura
que se assemelha ao tecido glandular original ou não, podendo formar cistos.
Os adenomas quando surgem na intimidade (dentro) de determinados órgãos, eles
formam nódulos que podem ser aveludados ou ovóides, costumam ser lesões
capsuladas, mas eventualmente podem ter um arranjo cístico, e uma cavidade que
contem liquido em seu interior. Então toda vez que houver uma cavidade recoberta por
um epitélio há uma lesão cística.
Outras vezes há pseudocistos, são espaços com liquido no interior mas sem
revestimento epitelial.
Os cistos são classificados de acordo com o tipo de tecido que o recobre.
Quando eles se apresentam na superfície eles costumam ter uma configuração
polipóide (lesão elevada que pode ser pediculada ou céssil) tem um estroma e também
uma proliferação epitelial. Logo, os pólipos podem ser uma neoplasias verdadeiras, nem
todos são. E eles podem ser lisos ou vilosos.
Os adenomas podem recapitular estruturas normais, como e a característica das
neoplasias benignas bem diferenciadas, podem reproduzir acinos, túbulos, alvéolos, são
freqüentes em mamas, ovários e outras glândulas endócrinas.
*Adenoma tireoidiano: costuma ser verdadeiramente capsulada, a cápsula em
parte e formada pelo tecido adjacente não neoplásico que e comprimido, e em parte pelo
estroma tumoral que vai formando um envoltório conjuntivo vascular que delimita
completamente a lesão.
Há áreas de hemorragias nesses adenomas. De forma genérica as áreas de
hemorragia geralmente são acompanhadas de necrose, favorecendo a malignidade, no caso
da tireóide essa hemorragia não significa malignização.

Cistoadenomas são neoplasias epiteliais glandulares que formam


cavidades, são bastante comuns nos ovários, pâncreas. E a classificação também se
baseia no tipo de epitélio.
Ex.: se o epitélio for mucoso, é um cistoadenoma mucoso, se é um epitélio
seroso que se assemelha ao epitélio tubário, chamado de cistoadenoma tubário, etc.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

Como característica, essas lesões císticas tem crescimento lento, e alcançam


grandes tamanhos, maior descrita 40 kgs.
Tem ausência de ductos secretores, com retenção de secreção. Podem ser
microcistos ou cistos volumosos. Podem ser unilocular, quando é só uma cavidade, ou
uma lesão cística com varias cavidades, ou seja, cistos multiloculares. São mais
volumosos que outras neoplasias. Existe a variante papilífera.
Quanto mais simples for a estrutura desse cisto, mas provável e a benignidade, e
quanto mais complexa, multilocular com áreas vegetantes papilíferas, eventualmente com
áreas sólidas, mais provável de ser maligno.
Dependendo do tipo de epitélio (cúbico, cilíndrico, caliciforme, endometrióide) ele vai
recebendo nomes específicos.

Cistoadenomas
Ex.: no ovário se tem epitélio metaplásico semelhante a tuba uterina (epitélio ciliado),
ele é classificado como cistoadenoma seroso, se tem um epitélio muco produtor semelhante
ao da cérvice uterina, fala-se em cistoadenoma mucoso, se te um epitélio semelhante ao
endométrio, é um cistoadenoma endometrial.
Ex.: Cistoadenoma de pâncreas é um cistoadenoma mucoso, que se
caracteriza por uma cavidade única com material de aspecto pegajoso no interior recoberto
por epitélio colunar alto, com núcleos no pólo basal das células. Cistoadenoma mucoso de
ovário se assemelha a esse padrão.
Tumores císticos podem ser multiloculado (várias cavidades), sem áreas sólidas,
favorecendo a benignidade, e o epitélio é aplanado em decorrência da pressão que esse
conteúdo exerce sobre o epitélio.
As lesões podem ser benignas, malignas ou de malignidade intermediária que
são chamadas normalmente de border line (carcinoma de baixo grau).
Há mais chance de malignizar quanto mais áreas sólidas houver, mais
verrucosidades, mais complexidade.
Adenofibroma papilar pode ser também um cistoadenofibroma ou sólido, então
ele tem as configurações papilomatosas recobertos por epitélio e tem um estroma conjuntivo
proeminente. Tem um componente fibroblástico.
Adenoma polipóide: adeno= glândula, Omã= tumor, polipóide= caráter elevado
da lesão, e esse é um pólipo neoplásico. A neoplasia é constituída basicamente pela cabeça

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do pólipo, enquanto o pedículo é uma mucosa normal. Quando no intestino é chamado de


adenoma viloso colônia.
Microscopicamente a configuração vilosa de um adenoma tubular é constituída por
um delgado eixo de sustentação conjuntiva vascular e um epitélio proliferado.
Nas lesões intestinais o adenoma intestinal tem necessariamente displasia e a maioria
dos cânceres colônicos surgem desses adenomas, apesar da maioria dos adenomas não
evoluirem para câncer. Ou seja, pólipos tem alta tendência a malignizar. Ou seja,
adenoma viloso é mais provável de sofrer transformação maligna que o tipo tubular.

CARCINOMAS
Toda neoplasia epitelial maligna, pode ser ou em epitélio de revestimento (escamoso,
simples, de tecido glandular) ou tubular.
O epitélio de revestimento tem proliferação parenquimal maior que a estromal, sendo
que quanto mais estroma, maior consistência do tumor (aspecto firme). A proliferação
estromal é chamada de desmoplasia. Sendo assim, tumores desmoplásicos apresentam
bastante estroma conjuntivo.
As neoplasias tem um pico etário característico, os carcinomas são esperados em
pacientes com idade avançada após os 50 anos.
Podem surgir em superfície, sendo portanto lesões exofiticas (crescem em direção
externa, em direção a luz ou superfície, endofiticas que crescem em dieração a parede, ou
ainda sofrer ulceração.
Quando crescem para superfície externa podem assumir configuração
polipóide, papilomatosa ou ainda nodular ou atelectação. Endofiticas são planas
que infiltram profundamente. E as úlceras são formação de uma escavação em
decorrência da perda de tecido necrosado, que e comum em tumores malignos. A
necrose característica das neoplasias malignas correspondem a um desequilíbrio entre a
proliferação do estroma e a parte especializada do tecido que é o parênquima. Ou seja, o
parenquimal cresce mais que conjuntivo e a nutrição não se faz adequadamente, havendo
áreas de necrose.
Nos interior dos órgãos adquire configuração nodular.
As metástases ocorrem preferencialmente pela via linfática. A hematogênica
sobretudo tecido pulmonar, hepática, ossos, tecido nervoso central.

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Metastase óssea tem dois padrões: 1) metástase ostolítica (destruição óssea) ou 2)


metástase osteoblástica (induz formação de tecido ósseo reacional-denso e compacto), um
exemplo câncer de prostata.
Quando a disseminação se da em cavidades serosas, é característico do trato
gastrointestinal, ovários e pulmão.

Carcinoma de epitélio de revestimento- cutâneo


Apresenta dois tipos principais: o carcinoma epidermóide e o carcinoma
basocelular. Geralmente no índice de incidência, essas duas neoplasias são excluídas,
portanto câncer de mama, pulmão e cólon são os que mais acometem as mulheres, e nos
homens, próstata, pulmão e cólon.
São muito comuns e não são incluídas pois são lesões de baixa agressividade e
a maioria curadas por simples excisão.
Preferencialmente se desenvolvem devido a exposição a radiação solar em pessoas
de pele clara, com baixa proteção melânica.
O carcinoma epidermoide raramente se desenvolve em pele normal,
geralmente se desenvolve em áreas com dano solar, ou ainda em pele cronicamente lesada,
e ainda em pacientes imunodeprimidos, onde eles teram uma intensidade maior. Portanto,
tende a se desenvolver em mãos, antebraços, no dorso. Além disso a patogenia esta
associada a carcinogenos industriais como alcatrão, hidrocarbonetos, ingestão de
arsênicos, ulceras crônicas e osteomielite (seios de drenagem). Esses dois últimos
possuem lesão inflamatória crônica, portanto, eles apresentam maior risco de malignização.
Apesar disso, a chance de metástase é muito pequena (0,5% em áreas de
exposição solar), pois por ser em áreas expostas, paciente observa e rapidamente reconhece.
Em lábio inferior a incidência de metástase e de 16%, em pele de cicatriz de
queimadura é de 18% e em pele com dano por radiação que não a solar 20%, seios de
osteomielite 31% com maior taxa metastática em glande, vulva e cavidade oral.
Esse carcinoma epidermoide tem mesmo padrão histológico nas lesões de baixa
e alta agressividade.
Um exemplo de cacinoma epidermoide agressivo é o que ocorre no pulmão,
assim como o esofágico.
Isso mostra que apesar de semelhantes, as lesões apresentam comportamentos
biológicos distintos. Logo, para estimar se a lesão é simples, deve-se ter conhecimento, de
local e tamanho.

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O carcinoma epidermoide in situ é aquele que ocupa toda espessura do


epitélio e tem acentuadas atipias, porem restrita ao epitélio através de uma membrana
basal integra. O da pele é chamada de doença de Bauer, e se apresenta como placas
eritematosas descamativas e bem delimitadas. Enquanto as lesões de superfície
cutânea pode se apresentar de maneira invasiva, nodulares, ulcerados, com produção
variável de queratina. Quanto mais queratina, mais semelhança com tecido original, portanto
lesões melhor diferenciadas.
Para estimar agressividade dessas lesões a classificação de brodder tenta estimar o
grau de semelhança com tecido original através da quantidade de células
diferenciadas e atípicas. As células diferenciadas são aquelas que produzem
queratina ou aquelas que possuem junções intercelulares com aspecto espinhoso
(desmossoma).
Então:
Grau 1: tem 0 a 25 % de células indiferenciadas, e de 100 a 75% de células com
produção de queratina e com desmossomos.
Grau 2: 25 a 50% de células bem diferenciadas.
Grau 4: Há poucas células bem diferenciadas, pouca queratinização, e o que
predomina são as células indiferenciadas, que não lembram a proliferação escamosa.
20-30% pode desenvolver metástase. O que não é agressivo verdadeiramente é a
lesão exposta ao sol. No entanto isso depende também do tamanho e duração da lesão.

Ceratoacantoma (carcinoma epidermoide auto cicatrizado) e muito semelhante


a um carcinoma epidermoide, tem uma evolução muito rápida, e grande chance de
involução espontânea.
No cacinoma epidermoide que surge em decorrência de lesão solar há lesões pré-
infiltrativas, atípicas, chamadas de ceratose solar. Ou seja, há histórico de doença de longa
evolução. Já no ceratoacantoma não há lesão, e uma historia de 45-60 dias de crescimento
rápido e uma chance de regressão espontânea significativa.
Além da história clínica, eles são diferenciados pelo seu formato. O
ceratoacantoma tende a ter uma forma de taça (vulcão) em que os bordos da
lesão, são constituídos por epitélio normal e depois há formação de uma cratera
central cheia de queratina (material córneo). Se não tiver formato de taça é classificado
como carcinoma epidermoide.

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Carcinoma basocelular tambem mais comum em áreas expostas ao sol, sobretudo


em região central da face, os 2/3 superior face e terço médio, onde há maior riqueza de
folículos pilosebáceos, onde há maior incidência de radiação solar.
É chamado de ulcera roedora, pois infiltra muito, todos os tecidos.
A chance de potencial metastático é desprezível.
Tumor de crescimento lento.
40% das pessoas que teve um basocelular em 10 anos terá novo basocelular.
Macroscopicamente: se apresenta de diversas maneiras, podendo ser em formato
de placa, como lesão deprimida, lesão mal delimitada. Na regra são lesões elevadas e
opacas que se apresentam com brilho característico de tonalidade
perolada/macarada e vasos ectasicos (telangectasias).
Microscopicamente: proliferação celular semelhante a camada basal, pois surgem
do infundíbulo do epitélio folicular. Na periferia dos ninhos celulares há um paralelismo celular
empaliçada (núcleo paralelo a outro).
Existem variantes, a mais significativa é a pigmentada que pode ser confundida
com melanoma ou nevo pigmentado.
Os mais importantes, o esclerosado e superficial, pois te limites menos precisos,
portanto é mais difícil incisar a lesão total, tendendo a reicindivar.
A maioria das enucleações de globo ocular são originadas de carcinomas basocelular.
Existe ainda a síndrome do carcinoma basocelular devoide que é hereditária
(autossômica dominante) na qual há múltiplos carcinomas basocelular que vão se
desenvolver numa faixa etária mais precoce, em torno dos 20 anos.. Tem outras condições
neoplásicas associadas, como medula blastoma, fibroma ovariano e queratocistos
odontogênicos.

Carcinoma epidermoide em mucosas


São observados em lábios, boca, faringe, esôfago, colo uterino. A partir da
metaplasia do epitélio, também em brônquio e laringe.
O epitélio escamoso normalmente não esta presente na arvore respiratória, sendo
esse um epitélio estratificado ciliado com células caliciformes.
Não é possível ver maturação das células, o núcleo fica menor e o citplasma maior,
são células indiferenciadas, se referindo a um carcinoma in situ. O termo doença de baullen
é usado apenas para o epitélio da pele.

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O carcinoma invasor é aquele que rompe a membrana basal e tem uma infiltração
incipiente do estroma, formando perolas córneas.

Carcinoma de epitélio de revestimento em mucosa


Eles tem um pior prognóstico, sofre ulceração, podem ter crescimento exofítico ou
endofitico, e dependendo da localização pode promover estenose da luz.
As lesões epiteliais uroteliais costumam ser papilares (exofiticas), mas podem
ser planos ou infiltrativos.
Microscopicamente: delgado eixo conjuntivo vascular de sustentação e um urotélio
que acumula atipias. Há células em guarda chuva, mostrando um grau de diferenciação do
epitélio.
Carcinoma urotelial plano invasor que não é o padrão mais característico, mas é o
mais agressivo.
O carcinoma que surge a partir de epitélio de revestimento cilíndrico simples são os
adenocarcinomas tendem a se desenvolver no trato gastrointestinal, vias biliares extra-
hepaticas e endométrio.
Quando surge de epitélio glandular são característicos da mama, próstata, fígado,
pâncreas, tireóide e outros.
Carcinoma de caráter cirroso apresenta muita desmoplasia e uma
consistência semelhante a um fígado cirrótico. Já o carcinoma medular e aquele
pobre em estroma e uma consistência mais macia.
Pode reproduzir estruturas tubulares e acinares, o indiferenciado apresenta
proliferação solida de células no sentido de não reproduzir estruturas. Ainda podem ser
císticos, com ou sem papila, pode ser funcionalmente semelhantes, sintetizando substancias.
A graduação varia conforme diferenciação. Sendo 1, o bem diferenciado e o 4
indiferenciado.
Quando produz muco, pode entumecer citoplasma, rechaçando núcleo para periferia,
chamado de célula em anel de sinete.

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NEOPLASIAS MESENQUIMAIS
NEOPLASIAS MESENQUIMAIS
Todo processo neoplásico que tem origem no mesênquima. São neoplasias que irão ocorrer nos
tecidos que formam a maior parte do nosso corpo, como tecido. subcutâneo, fibroso, mixóide,
ósseo, muscular liso e estriado
Neoplasia ocorre devido a uma alteração celular anormal que tem origem em tecido, em princípio,
normal. Essa alteração ocorre, pois, há uma modificação irreversível do genoma (alteração dos
genes).
Características gerais: perda do controle do processo reprodutivo, reproduzindo-se em uma taxa
mais elevada que o tecido que deu origem e perda da inibição dos processos de autodestruição
celular (inibição da apoptose). Isso propicia um crescimento celular em volume a custas de
células normais.
Neoplasias benignas: crescimento em volume de células e apoptose ineficaz, mas crescem como
uma massa de célula delimitada, homogênea e que causam danos por compressão de volume.
Neoplasias boderline, localmente agressiva ou agressividade local: além do crescimento
em volume e apoptose ineficaz, ocorre capacidade de invadir tecidos vizinhos, devido a outras
modificações no genoma. Ocorre destruição dos tecidos, misturam-se causando danos aos tecidos
normais. Pode ser chamada também de comportamento intermediário.
Neoplasia malignas: além do crescimento em volume e apoptose ineficaz, há clones diferentes
e novos tipos celulares dentro da mesma massa tumoral. Assim, é um tecido policlonal. Não
respeita células circunvizinhas, são viáveis a distância quando entram dentro da circulação hemática
ou linfática, isto é, metastatizam.

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Neoplasias Mesenquimais Benignas


Adiposo, cartilaginoso, ósseo, vascular, fibroso, muscular liso e esquelético.
O único que não será visto nessa aula é vascular.
Regra geral: tecido de origem do tumor + oma (tumor).

A. Lipoma
Neoplasia benigna do tecido adiposo.
Pode ocorrer em qualquer lugar do corpo que tenha tecido adiposo, mas ocorre frequentemente em
tecido subcutâneo (maior prevalência), intermuscular (nas fáscias musculares), retroperitônio
e tubo digestivo (submucosa).
Aspecto macroscópico: forma esférica ou nodular (sólido), bem delimitado, apresenta cápsula
externa, consistência macia, móvel e coloração acinzentada.
Ao corte, apresenta-se amarelado e brilhante. Quando é fosco em geral é maligno.
Aspecto microscópico: apresenta-se como tecido normal (adipócitos) circundados por uma cápsula.
Quando há tecido fibroso junto com tecido adiposo é chamado de fibrolipoma.
Quando há vasos é chamado de angiolipoma.
Prevalência dos lipomas é maior quanto mais velho o indivíduo fica, devido ao aumento dos erros
genéticos.
Em geral, localizado no subcutâneo de nádegas, membros superiores e inferiores e região cervical
dorsal.
Em geral, quando o tumor é retirado o indivíduo está curado.
Podem ser múltiplos até centenas, sendo esse quadro chamado lipomatose.
As vezes se desenvolvem no espaço submucoso do intestino e ao crescer podem erodir e ulcerar, até
sangrar. Podem ser confundidos com neoplasias malignas, principalmente com carcinomas.

Angiomiolipomas: lipoma com componente vascular e componente muscular importante


no meio das células. É bem mais frequente na periferia renal. São tumores de crescimento lento,
vigorosos e quando dão sinal já são muito grandes. Tem efeito negativo por compressão podendo
deslocar o rim gerando síndrome obstrutiva. É comum fazer o diagnóstico por exame de imagem de
rotina. Raramente malignizam.

OBS.: Os tumores benignos na lâmina histológica não possuem atipia celular e nem
pleomorfismo celular. São células monótonas, uma igual a outra.

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B. Leiomioma
Neoplasia benigna de músculo liso.
Podem ser encontrados onde há musculo liso e às vezes onde ocorreu processo de metaplasia. Mais
frequente no útero (miométrio), tubo digestivo e pele (músculo piloeretor).
Quando há vários leiomiomas, chama-se de leiomiomatose.
Podem se localizar abaixo da serosa (subserosos), no interior do miométrio (intramurais) e ocorrer
prolapso para dentro da cavidade uterina (submucosos).
Os tumores podem crescer muito (até quilos) e comprimir estruturas vizinhas por causa do
volume, mas a forma sintomática é quando há prolapso para dentro da cavidade endometrial
e isso provoca disfunção hemorrágica (metrorragias).
Há risco baixo de malignizar. O risco por si só não justifica fazer a excisão cirúrgica. Em geral se faz
para excluir malignidade.
São frequentes e em geral na forma leiomiomatose. Cerca de 40% das mulheres o terão em algum
momento da vida.
Aspecto macroscópico: pseudocápsula (desenvolve-se por reação desmoplásica dos tecidos
circunvizinhos em reação ao crescimento tumoral); nodulares; irregulares; firmes; ao corte são
cinzentos e brilhosos; fasciculação devido a vários feixes de fibras que crescem desordenamente
dando um padrão turbilhonado de fibras.
Aspecto microscópico: tecido muscular liso sem nenhuma outra especificidade, além da possível
visualização da pseudocápsula.
Alterações regressivas (características “normais” que podem surgir no leiomioma, mas nem
sempre estão presentes): calcificação podendo chegar a serem pétreos (serrar para cortar);
degeneração hialina (presença de massa proteica entre as fibras de musculo liso); degeneração
cárnea (pequenas áreas de sangramento dentro do tumor); áreas mixomatoides que geram
alguns cistos mixodematoides dentro do tumor (lembram tecido mixomatoide).

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C. Mixoma
Neoplasia benigna de tecido mixoide.
O tecido mixoide é encontrado entre os corpos vertebrais (substância que constitui o interior do
disco intervertebral) e no cordão umbilical (gelatina de Wharton).
É um tecido mesenquimal muito frouxo, pouco consistente e translúcido.
Os mixomas são mais frequentes no subcutâneo, interior dos ossos e interior do átrio
esquerdo do coração.
Aspecto macroscópico: assemelha-se a tecido mixoide, bem delimitado, translúcido, brilhante, muito
pouco consistente e passível de ser destruído com simples pressão.
Não são comuns. Em tecido cardíaco, o tumor mais frequente é o mixoma em átrio esquerdo.
Como é uma massa dentro de um órgão que tem fluxo de sangue, pode gerar turbilhonamento
sanguíneo predispondo a formação de trombos e posterior trombo êmbolos, quando livres na
circulação.
O fluxo de sangue, que entra pelas veias pulmonares e sai pela aorta, presente no átrio esquerdo
molda o tumor a ponto de ficar pediculado. Isso pode pressionar a valva atrioventricular
esquerda, causar colapso da circulação e gerar morte súbita.
Mixomas atriais devem ser acompanhados e se tiverem crescimento exacerbado devem ser retirados
cirurgicamente.

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D. Condroma
Neoplasia benigna de tecido cartilaginoso.
Frequentes em ossos, porque a formação da maior parte dos ossos é por ossificação cartilagínea.
Ocorre em ossos das mãos, pés e eventualmente em ossos longos.
Na radiologia tem aspecto lítico em extremidades. “Some” ao raio-X, pois cartilagem não tem
densidade suficiente para parar o raio-X.
Quando cresce, erode os ossos e pode fazer fraturas patológicas.
Aspecto macroscópico: elásticos, branco acinzentado, brilhantes, boceladas (pequenos nódulos
confluindo para uma massa) e calcificados ao corte (pontos amarelados).
Aspecto microscópico: lembra cartilagem hialina, mas há discretamente maior quantidade de matriz
do que condrócito.
A maior parte cresce dentro dos ossos, sendo chamado de encondroma.
Quando se localiza na superfície externa do osso é chamado de paraosteal.
O condroma pode estar distante do esqueleto, em meio a tecido parenquimal por exemplo do pulmão,
sendo chamado de condroma extra esquelético.
Condromas podem estar presentes em duas síndromes raras autossômicas conhecidas, nas
quais há encondromatose (vários encondromas), causando deformidades nas extremidades de
membros superiores e inferiores.
-Síndrome de Ollier: encondromatose.
-Síndrome de Muffucci: associado a encondromatose há também hemangiomas (tumores
benignos vasculares).
Em ambas as síndromes há prevalência do indivíduo transformar um destes encondromas em
condrossarcoma é muito elevada.

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E. Osteoma
Neoplasia benigna de tecido ósseo.
Não são raros, mas nem tão comuns.
Encontrados mais frequentemente em ossos planos do crânio na calvária. O segundo local mais
frequente é em ossos irregulares do viscerocrânio no interior dos seios paranasais. Mais raramente
em outras topografias.
Aspecto macroscópico: crescimento lento, indolores, crescem externamente, bem delimitados,
circunferência, sem cápsula, muito endurecido e formados por osso compacto,
Aspecto microscópico: há apenas osso compacto. A lamina histológica é feita por descalcificação com
ácido chamado de desbaste.
Os dados são estéticos e quando há compressão de estruturas vitais, principalmente dentro de seios
paranasais, tendo risco de obstruir seios paranasais e causar sinusite crônica.
Não malignizam em regra.
Quando há vários osteomas pelo corpo, investiga-se com colonoscopia digestiva baixa. Normalmente
há concomitante adenomas de intestino, normalmente displásicos e em regra malignizam.
Síndrome de Gardner há vários osteomas e adenomas.

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F. Fibroma
Neoplasia benigna de fibroblastos.
Pode ocorrer em qualquer local, mas é mais frequente em subcutâneo, ovário, fáscias articulares e
vísceras.
Aspecto macroscópico: massa tecidual bem delimitada, elástica, fibrosa, brilhante, encapsulada e
brancacento.
Aspecto microscópico: fibroblastos (células fusiformes e alongadas) com presença de colágeno.
É tão mais firme ou tão mais macio de acordo com quantidade de colágeno presente.
- Endurecido ou Firme: bastante colágeno e pouco fibroblasto.
- Macio: muito fibroblasto, mas pouco colágeno.
No subcutâneo podem fazer protrusão externa formando um pedículo, chamado de Moluscum
pendiculam.
Há um tipo de tumor mesenquimal benigno chamado de fibromatoses. É um tumor de
comportamento agressivo local, crescimento irregular, recidivantes, em geral não
metastizam e costumam se infiltrar no tecido vizinho. É um tumor intermediário entre benigno
e maligno. Diferem dos fibromas convencionais, pois pode-se achar algumas atipias citológicas
(núcleos mais aumentados, hipercorados, cromatina esparsa grumosa e nucléolo visível).
Entre os fibromatoses há o tumor desmoide. É um tumor quase sempre associado ao
músculo esquelético, mais frequente no músculo reto abdominal de puérperas. São recidivantes,
agressividade local. Macroscopicamente há tecido fibroide infiltrado sem retração.
Microscopicamente há fibroblastos com algumas atipias. Não é capsulado e invade os tecidos
circunvizinhos. Não metastiza, mas tem malignidade local.

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Neoplasias Mesenquimais Malignas


(SARCOMAS)
Aspecto de carne de peixe crua (cinzenta e brilhante).
Relativamente pouco densos com algum grau de translucidez.
Regra geral: tecido de origem do tumor + sarcoma

Grau de Diferenciação
Processo em que um grupo de células neoplásicas tem maior ou menor diferenciação do tecido
original. Quanto mais diferenciado o tumor é mais semelhante ao tecido original. Quanto menos
diferenciado o tumor mais diferenças ele vai ter com o tumor que originou.
Segundo OMS:
Grau I bem diferenciados; assemelha-se aos tecidos normais que o originaram.
Grau II intermediário ou moderadamente diferenciado; ainda há semelhanças com tecido
original, embora tenha há algumas alterações.
Grau III pouco diferenciado ou indiferenciado; poucas características que lembram o
tecido original. Quanto mais indiferenciado, mais agressivo é o tumor, isto é, cresce mais rápido e
metastatiza mais rápido.
De acordo com a diferenciação pode haver diferenças na macroscopia. Quanto mais indiferenciado,
mais necrose e hemorragia haverá no tumor.

Os sarcomas representam menos de 10% de todas as neoplasias malignas. A maioria é carcinoma


(tecidos epiteliais), isso ocorre, pois, os tecidos epiteliais são os que mais tem contato com
carcinógenos e tem maior turnover celular (maior replicação), e assim maior chance de
transformar o genoma.

A disseminação ocorre preferencialmente e precocemente por via venosa (hemática) para fígado
e pulmão.

Incidem diferentemente de acordo com a idade.


- Osteosarcoma e rabdomiosarcoma predominam nos jovens e infância.
- Condrosarcoma, fibrosarcoma, liposarcoma e leiomiosarcoma predominam em adultos.

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A. Fibrossarcoma
Neoplasia maligna dos fibroblastos.
Maior incidência em adultos jovem (20 a 30 anos).
Acomete principalmente subcutâneo, fáscias articulares e retroperitônio.
Cresce desordenadamente (sem cápsula), invade tecidos, causando dor e disfunção por compressão
de estruturas nervosas e vasculares.
Gera volume.
Maior chance de metastatizar.
Aspecto macroscópico: o aspecto geral depende do grau de diferenciação; características fibrosas,
irregular, cinzento e pode ser brilhoso.
São infiltrantes em tecidos adjacentes.
São recidivantes.

Há dois tipos especiais:


- Fibrohistiocitoma maligno:
Há duas populações celulares tumorais no mesmo tumor (bifásico):
-Componente celular fibroblástico maligno (células alongadas de padrão estoriforme – fibras em
vários sentidos); múltiplos e densos;
-Componente celular de histiocitos de aspecto maligno uni ou multinucleados.

- Dermatofibrossarcoma protuberans
Variante cutânea que lembra uma pápula.
Ocorre protuberância para superfície.
Cresce lento e bem delimitado.
Não metastatiza com frequência.

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B. Lipossarcoma
Neoplasia maligna de tecido adiposo.
Incomuns.
Subcutâneo de áreas mais extensas (coxa e região glútea), retroperitônio e mesentério.
Lesões mais profundas em geral são grandes massas tumorais.
Ao corte é capsulado e tem coloração amarelo brilhante. É essencial fazer vários cortes do
tumor principalmente em áreas macroscopicamente heterogêneas.
Aspecto microscópico: Células com atipias com diferentes padrões morfológicos celulares
(pleomorfismos).
Grau I (bem diferenciado): avaliar adipócitos em várias áreas; lipoma like; invade localmente,
metastatiza raramente e recidiva. Possui pseudocápsula.

Grau III: lesão macroscópica já há necrose e hemorragia; células multinucleadas, bastante


densas, com algumas atipias (volume do núcleo, desproporção núcleo/citoplasma, cromatina mais
densa e grumosa, carioteca mais espessa, anisocariose).
Quando há mitoses atípicas é sinal de malignidade.
Quanto mais severa atipia, mais indiferenciado é o tumor.
Invade localmente, recidiva e altamente metastático (chance de cura é quase zero).

C. Leiomiosarcoma
Neoplasia maligna de tecido muscular liso.
Não são frequentes.
Ocorre mais comumente em útero, tubo digestivo e subcutâneo.
Não é bem delimitado, não tem falsa capsula e apresenta heterogeneidade na superfície.
Muitas vezes a aspecto macroscópico parece benigno, mas quando visto pela imunocitoquímica é
maligno.
Quando é maligno há maior desorganização, maior densidade de células e maior número de atipias
celulares (há mais atipias em grau III).

Critério para diferenciar leiomiosarcoma bem diferenciado de leiomioma:


Algumas atipias celulares apenas.
Para ser sarcoma tem que ter necrose (macroscopia) e contar número de mitoses (microscopia).
Se tiver 5 ou mais mitoses por campo é maligno ou analisar 10 campos em grande aumento, se
houver mais que 5 mitoses em todos os campos juntos é maligno.

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D. Rabdomiosarcoma
Neoplasia maligna de músculo esquelético.
Mais frequente em jovens.
Em jovens acomete o trato geniturinário, cabeça e pescoço.
Em adultos acomete músculo esquelético em geral e útero (metaplasia).
Possui crescimento rápido e é agressivo.
O tecido muscular esquelético normal é multinucleado, células alongadas, fusiformes e
caracteristicamente há estrias.
Quando há atipias citológicas associada há estrias é neoplasia maligna de tecido muscular
esquelético. Além da semelhança com carne de peixe crua. Quando tiver associado a isso, necrose
e hemorragia o rabdomiosarcoma é grau III.

Sarcoma botrioide: típica de jovem. Acomete o aparelho geniturinário. Cresce no interior da bexiga
e “sai” pela uretra, inclusive aparecendo na região perianal, principalmente em meninas. Semelhante
a cacho de uva. Há também algumas células com tecido mixoide (translucidez). É um tumor de
crescimento rápido, prognóstico ruim devido à alta mortalidade. É raro.

OBS: Imunocitoquímica seleciona-se anticorpos marcados para determinado grupo histológico.


Quando não há certeza do tecido, usa-se várias combinações de anticorpos para diferentes tecidos
naquela lamina e se vê o que irá corar (cor de ferrugem). Mudou a classificação de diversos tumores
que morfologicamente seria um tipo, porém o genoma é de outro. É usado sempre em lesões
indiferenciadas ou pouco diferenciadas, mesmo que tenha convicção diagnostica para
determinar com muita precisão.

E. Condrossarcoma
Neoplasia maligna de cartilagem.
Tem duas origens: a maior parte deles são primários (a partir de um tecido cartilaginoso ou ósseo
vai dar origem a um tumor maligno) ou secundários (lesão preexistente, isto é, condromas).
Diferentemente dos condromas, são frequentes em grandes ossos como ilíaco, fêmur e úmero.
Aspecto macroscópico: calcificações no interior de aspecto algodonoso.
Quando grau I é muito semelhante a condromas (bocelado, elástico, cinzento e com pontos de
calcificação); nunca metastatiza, mas destrói os tecidos localmente (infiltra).
Quando grau III é altamente metastático e insensível a radioterapia. No momento do diagnostico
1/3 dos casos já metastizou.

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F. Osteossarcoma
Neoplasia maligna de tecido ósseo.
Células de aspecto maligno produzem osteoide além da produção de matriz. A matriz produzida
mineraliza, mas não ossifica.
Metástase para pulmão precocemente.
Ossos ficam destrutivos e quebradiços (o diagnóstico é feito por fratura patológica). São grandes
tumores com crescimento rápido.
Característico de jovens, entre 5 a 25 anos com pico 12/13 anos e predominantemente no sexo
masculino.
Muito mais frequente no joelho, em primeiro lugar no fêmur distal e depois tíbia proximal. Em geral
acomete a metáfise dos ossos, pois são células que se replicam muito.
Pode acometer também ilíaco, úmero e mandíbula em prevalência muito menor.
Quando acomete a superfície externa tem melhor prognostico, do que quando acomete a medula
(mais agressivo). Invade tecidos adjacentes.
Em geral a clínica é um jovem com quadro súbito de dor, crescimento rápido e fratura patológica
sem grande trauma.
O tumor não consegue ultrapassar a cartilagem do crescimento, apenas a circunda, devido à ausência
ou baixa vascularização da cartilagem.

Bioquimicamente o indivíduo apresenta fosfatase alcalina em níveis elevados devido à grande


destruição óssea. É importante para diagnóstico e acompanhamento para avaliar a recidiva
tumoral.

Radiologicamente pode formar triângulo de Codman. O tumor cresce e levanta, fibrosa e espessa
o periósteo. Quando se vê o triângulo pensa em tumor como primeira hipótese e depois em
osteossarcoma, pois é o mais comum dos tumores.
Aspecto macroscópico: grandes áreas sólidas, não tende a formar cistos, área com necrose e
hemorragia. Não é uniforme ao corte.
Aspecto microscópico: osteócitos malignos e osteoide (obrigatoriamente os dois).
A taxa de sobrevivência é de 60% nos primeiros 5 anos.

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NEOPLASIAS MELÂNICAS
LESÕES MELANOCÍTICAS
No epitélio normal (epiderme) há queratinócitos basais; e, a cada 10 queratinócitos tem-se
1 melanócito. Esse melanócito é uma célula dendrítica com projeções citoplasmáticas.

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1. Lentigo
Hiperplasia localizada benigna comum dos melanócitos.
Não é neoplasia!
Ocorrem em qualquer idade, sendo mais frequente
na infância. Não há predileção quando ao sexo ou a raça, e a
causa e patogênese são desconhecidas.
As lesões podem envolve membranas mucosas,
assim como a pele. Ao contrário das efélides (sardas) – que também são hiperplasias localizadas –, os
lentigos não escurecem quando expostos à luz solar. Portanto, é indistinguível de alguns tipos nevos.

Morfologia:
Microscópica:
Hiperplasia lentiginosa é uma hiperplasia melanocítica linear (sem formar ninhos e restrita à
camada de células imediatamente acima da membrana basal) que produz uma camada de células
basais hiperpigmentadas.
Alongamento e estreitamento de cristas epiteliais são também comumente vistos no lentigo.

MACROscopia:
São lesões pequenas (devido à maior número de melanócitos na camada basal) que aparecem
como máculas pequenas (5 a 10mm de diâmetro), ovais, marrom-acastanhadas (escuro ou claro).
Em toda a lesão, o marrom é o mesmo, definindo como uma lesão homogênea.
Circunscrita.

Obs1: Podem ser confundidas com nevo de junção dermepidérmica ou juncional.


Obs2: Hiperplasia lentiginosa é utilizado toda vez que se tem uma proliferação de melanócitos nesse
padrão lentiginoso, que se depositam na camada basal da epiderme.

Ao contrário do lentigo comum (lentigo simples), uma variante definida como lentigo actínico ou solar ocorre
na pele fotolesada em indivíduos idosos e está associada a alterações sutis de maturação de queratinócitos.

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2. Nevo Melanocítico (Nevo Pigmentado, Sinal)


Neoplasia benigna dos melanócitos.
Congênita ou adquirida.
Os adultos geralmente têm um número variado de nevos.
O termo pode ser empregado numa forma mais abrangente que se refere a qualquer lesão cutânea
congênita ou nevo melanocítico se referindo a neoplasia benigna dos melanócitos. Geralmente, fala-se
nevo referindo a neoplasia benigna dos melanócitos.
As crianças podem nascer com nevos (nevos congênitos), mas a maioria das vezes eles
aparecem ao longo da infância.
Número variável.
O melanócito que é uma célula dendrítica, quando há neoplasia dos melanócitos, perde a
característica dendrítica (citoplasma com ramificações) e passa a ser uma célula poliédrica que se
agrupa formando alguns ninhos.
Os nevos vão amadurecendo, e essas células vão deixando a junção derme-epidérmica e
começam a se dispor na derme superficial, infiltrando a derme.

Recebem nomes distintos de acordo com a localização:


A. Nevos juncionais ou na junção
derme-epidérmica: nevos com células
névicas a nível da junção. Tendem a ser
lesões planas, lisas. É parecido com o
lentigo. Tem características tranquilas com
mancha regular, pequena, não maior que
0,5mm, marrom homogêneo, bordos
regulares. São lesões mais jovens e mais
ativas.

B. Nevos compostos: quando tem


componente dérmico e componente
juncional.

C. Nevos dérmicos ou intradérmicos:


células névicas inteiramente na derme.

A medida que infiltram a derme passam a ter alteração de relevo.

Alguns dos melanomas (neoplasia maligna) surgem sem relação com lesão pigmentada pré-
existente, mas pode surgir de nevos pré-existentes. Nevos que tem atividade juncional (nevos
compostos ou juncionais) tem risco de sofrer transformação maligna.
As lesões mais jovens são mais ativas e tem atividade juncional (nevos juncionais ou
compostos).

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As lesões mais antigas (nevos dérmicos) são biologicamente estáveis e não tem atividade
juncional, e em geral, não tem risco de transformação maligna.

Características:
Diversos tamanhos e tonalidades (em geral marrom).
Podem ser máculas (manchas), pápulas (lesões elevadas até 0,5cm), verrucosas e
pediculadas.
Pigmentação homogênea ou uniforme. Não há variações no tom do marrom na mesma lesão.
Menores que 6mm, frequentemente.
Bordos bem delimitados, lisos, sem reentrâncias e sem configuração geográfica.
É simétrica, isto é, se dividir a lesão ao meio uma metade se parece com a outra.

Histologicamente maturação:
Na derme superficial são células mais poliédricas e com maior pigmentação e tendem a se
dispor em forma de ninhos. A medida que vai se aprofundando na derme, essas células ficam
menos poliédricas, mais fusiformes, mais alongadas, com menor quantidade de pigmento. Essa
transformação na derme superficial de uma célula poliédrica e agrupada para uma célula mais
profunda, alongada e com pobre pigmentação na derme profunda grosseiramente lembrando
célula de Schwann é entendido como maturação.
Os nevos juncionais são máculas ou planos, poliédrico e agrupados. Os compostos ou
dérmicos a medida que adentram na derme, alteram o relevo.
A importância dessa classificação é tentar reconhecer qual destes nevos teria maior risco de
transformação maligna.
Lembrar: nevos de risco são nevos com atividade juncional.
Deve-se excisão apenas por questões estéticas ou por traumas localização (barba, sutiã,
calça).

3. Nevos Displásicos
Nevos com característica de progressão tumoral.
A maioria dos nevos displásicos não progride para melanoma.
Há dois tipos: esporádicos (características displásicas “feias”) ou síndrome do nevo
displásico (maior incidência familiar, diversos nevos com essas características).
Lesão esporádica: isolados, baixa chance de progressão maligna.
Síndrome do nevo displásico: a medida que a idade avança, em torno da sexta década de
vida tem 50% de chance de desenvolver melanoma. É herdada, autossômico dominante.

OBS.: Melanoma é uma neoplasia maligna dos melanócitos que aumenta em incidência. Nos EUA é a 6ª
malignidade mais frequente. É muito agressivo. Há a chance de reconhecer essa lesão ainda no estágio

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curável que é a lesão em fases iniciais ou displásicas. Pode-se excisar as lesões “mais feias”, diminuindo
o risco. Se é isolado tira-se uma só. Há chance de ser curado quando o diagnóstico é precoce. Em estágios
avançados é quase certeza de morte, responde mal a radioterapia, quimioterapia e imunoterapia.

Características:
É muito importante reconhecer as lesões com risco que são os nevos displásicos.
Maior que nevo benigno, maior que 5mm até 1cm. Exceto o congênito que, em geral surge na
primeira infância, é maior.
Numerosos quando o paciente é sindrômico, mas pode se apresentar isoladamente.
Pigmentação variada, marrom claro e escuro dentro da mesma lesão. Algumas vezes é
escuro no centro e mais claro na volta dando um aspecto de alvo. Não é homogêneo.
Bordos irregulares e padrão geográfico.
Planos ou elevados.
Geralmente é composto, mas pode ser apenas juncional (tem que ter atividade juncional!!).
Não é simétrico, uma metade não é igual a outra.
Atipia histológica: ninhos da atividade juncional tendem a sofrer fusionamento e as células
tendem a estar com menor coesão, mais soltas. Há atipias citológicas como nucléolo evidente. Pode
haver padrão de fibrose na derme superficial que circunda a lesão, é chamada de fibroplasia
lamelar.
Pode acumular mutações a ponto de progredir para melanoma (invasor).
É difícil distinguir nevo com atipia de alto grau de um melanoma in situ. Existe uma terminologia
que é lesão melanocítica de significado indeterminado, isto é, não é possível fazer diferenciação.
A maioria das vezes, clinicamente, essa diferenciação não é importante desde que se faça a excisão, pois
lesões in situ não tem potencial metastático.

OBS.: Melanoma é um grande impostor pode simular muitas coisas. Pode regredir
espontaneamente. O nevo mais atípico pode não ser o metastático.

4. Melanoma Cutâneo
Não é exclusivamente uma lesão cutânea, pode surgir em mucosas (boca, vulva, vagina),
vísceras, esôfago e olho.

Fatores predisponentes
- Exposição solar: surgem no dorso ou nos membros que são áreas expostas ao sol;
queimaduras solares graves em crianças dão uma instabilidade genética que favorecem a transformação
maligna. Lembrar que não é único fator.
- Nevo displásico pré-existente.
- Fatores hereditários, como a síndrome do nevo displásico.

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A assimetria, se dividir a lesão ao meio uma metade não se parece com a outra.
B bordos geográficos, irregulares, reentrâncias, saliências.
C cor não é homogênea, vários matizes do marrom; tonalidade azuladas, avermelhadas.
D diâmetro maior que 1cm.

Melanoma pode surgir sem lesão prévia. A chance de fazer diagnóstico precoce é quando há
lesão pigmentada prévia, por isso é importante saber reconhecer.
Lesão pigmentada prévia (desde infância, juventude) começou a transformar as suas
características crescer, coçar, escureceu, clareou, avermelhada, azulou, doendo, sangrando é um risco de
transformação maligna.
Aumento de tamanho, prurido, ou dor, nova lesão pigmentada, irregularidade dos bordos,
variação com pigmentação são riscos de transformação maligna.

Padrões de Crescimento
- Radial: crescimento superficial ou horizontal. É uma lesão pigmentada prévia ou nova lesão
que acumula atipias até transformar em um melanona. Acumula atipias a nível de epitélio ou epiderme
como uma lesão in situ ou se infiltrar a derme como um micro invasão muito superficial.
Potencial de disseminação desprezível. Se excisada com bordas de segurança o paciente está curado.
- Vertical: muda característica por progressão tumoral, relacionada a novas mutações. A
célula deixou de crescer superficialmente e passa a aprofundar na derme. Quando ela começa a
aprofundar, infiltra e encontra novos vasos; quando é micro invasor a chance é mínima; quando começa
a ter padrão de crescimento vertical é que a lesão passa a ser agressiva com características agressivas.

Tipos de Melanoma
Baseado nos padrões de crescimento
- espalhamento superficial: mais comum 70%;
- nodular: 15 a 30%; apenas um padrão de crescimento, não se espalha superficialmente, à
medida que sofre transformação maligna se infiltra; padrão de crescimento vertical. Lesão de pior
prognostico. Não tem a fase radial/superficial.
- lentiginoso acral: células se proliferam num padrão que lembra lentilha.
- lentigo maligno: proliferam a nível de camada basal com atipias lembrando lentigo.
Espalhamento superficial, lentigo maligno e lentiginoso acral tem dois padrões de crescimento
(radial e vertical). Espalham-se para poder infiltrar.

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Nodular tem apenas crescimento verticial.


Padrão pagetóide de disseminação: faz referência a uma doença mamaria que é chamada
de pager mamário. É um tipo de câncer de mama em que temos a disseminação intraepitelial
das células.
Quando há células malignas dentro do epitélio é chamado de melanoma in situ.

Melanoma amelanótico: pode se apresentar com células grandes simulando um carcinoma ou


com células pequenas simulando carcinoma de pequenas células ou lembrando sarcoma. Não há
pigmento e por isso reconhecimento é desafiado e feito com base em imunocitoquímica.
Pode dar metástases ou surgir em vísceras (há alguns melanócitos ou a partir de células
tronco tumorais).
Quando muda a característica da lesão é sinal de atenção!
Diagnostico é difícil, comportamento progressivo.
Diagnóstico com base na Histogênese: tem melanina, é melanoma; não tem melanina, pode
ser um carcinoma de grandes células de pulmão, e outros.
Histologicamente são células atípicas com pigmento amarronzado (melanina).

Fatores prognósticos
- Quanto a lesão infiltrou. Lesão in situ ou micro invasora é curável quase a totalidade das vezes.
- Número de mitoses: mais mitoses, pior prognóstico.
- Regressão tumoral: resposta imunológica contra o tumor com destruição e fibrose na
derme. Dá a falsa ideia bom prognostico, mas quando há regressão tumoral é um indicador de mal
prognóstico. Essa célula é muito estimuladora de resposta imune, mas ao mesmo tempo é
muito agressiva e já deve ter enviado metástases.
- Linfócitos intratumorais: infiltrantes no tumor. Além da banda de linfócitos, eles entram
no meio do tumor, sendo fator de bom prognóstico.
- Sexo: homens costumam ter melanomas mais agressivos que mulheres.
- Localização periférica tem melhor prognóstico que a localização central.
- Ulceração tem pior prognóstico.

Classificações
1. Breslow
Mede em milímetros a profundida ou infiltração.
Mede-se a partir da granulosa até a última célula tumoral mais profunda/invasora.
Até 1,6 milímetros é bom prognóstico.
A medida que infiltra se torna mais agressiva.
É a mais fiel.

2. Clarck

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Leva em consideração a infiltração e histologia.


Nível I in situ: intraepidérmico
Nível II: microinvasão da derme papilar
Nível III: infiltra quase toda a papilar sem chegar na reticular
Nível IV: derme reticular
Nível V: hipoderme

Há dificuldade em diferenciar a derme papilar da reticular, devido a orientação das fibras.

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PATOLOGIA BENIGNA DA MAMA


O entendimento dessas patologias é de extrema importância, pois, algumas dessas
doenças têm risco maior de desenvolver câncer. Além disso, muitas vezes simulam a
malignidade.
Câncer de mama é a principal malignidade que acomete a mulher. Entre 80 e 90
anos a incidência é muito grande e 1 em cada 8 mulheres irá desenvolver o câncer.

Histologia da mama
Pele da mama é composta por epitélio escamoso estratificado que recobre a
aréola e a papila mamária (mamilo).
Há 6 a 10 ductos que se abrem na papila mamária.
O epitélio escamoso da pele adentra em alguns milímetros no ducto e imediatamente
sofre uma transformação para um epitélio de dupla camada que vai se apresentar em
todo sistema ductal ramificado e unidade distal (ácino ou lóbulo mamário).
O epitélio de dupla camada é formado por uma parte de epitélio luminal e uma
parte basal chamado de mioepitélio (células cúbicas achatadas que tem possiblidade de
contração, auxiliando na ejeção do leite durante o período lactacional).
Estroma interlobular (frouxo) que é responsivo aos estímulos hormonais e
sofre alterações, da mesma forma que o epitélio durante a fase cíclica.
Estroma intraductal (denso, colagênico) não responsivo aos estímulos
hormonais.
A maioria das massas palpáveis (70-80%) corresponde a processos benignos.
As manifestações das doenças da mama como dor, nódulo, descarga papilar ou
adensamento na grande maioria das vezes corresponde a processos benignos. De todos
esses o nódulo é o que tem maior concordância com a malignidade.
Acomete as mulheres sobretudo acima dos 50 anos. Quanto mais tarde for
detectado uma dessas manifestações, mais provável que seja maligno.
Dor na mama (mastalgia ou mastodinia) é uma queixa frequente e somente em
10% das vezes corresponde a malignidade. Mais de 95% das massas dolorosas
correspondem a alterações benignas. Pode ser uma dor cíclica difusa que não tem
patologia relacionada. Pode ser uma dor não cíclica que tende a ser mais localizada e
relacionada a cistos rotos, trauma e infecção.

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DOR CÍCLICA DIFUSA Não há patologia relacionada.

MASTALGIA / MASTODINIA
Tende a ser mais localizada e relacionada a
• Queixa frequente. DOR NÃO CÍCLICA cistos rotos, trauma e infecção.
• 10% das vezes corresponde a malignidade.

CISTOS (BENIGNOS) MASSAS

NÓDULOS
MASSAS PALPÁVEIS FIBROADENOMAS MAMOGRAFIA
• NÃO s ão exclu sivas d e d oenças malignas ;
ADENSAMENTOS • Quando ocorrem em benignas, geralmente são:
Agrupadas
• A chance da massa ser maligna é diretamente Irregulares, seguindo o sistema ductal da mama
proporcional a idade. CARCINOMAS MICROCALCIFICAÇÕES Podendo estar relacionada ao carcinoma in situ
< 40 anos = 10% • Quando há necrose tumoral associada a
> 50 anos (menopausa) = 60%
INVASIVOS microcalcificação por calcificação dist rófica,
em geral, são pro cessos malign os.
• Palpáveis quando maior que 2cm.

MACROMASTIA
• É um conceito controverso, pois depende de
fatores estéticos e culturais.
• Normalmente se desenvolvem na puberdade.
• Rápido crescimento:
Geralmente, associada a estroma abundante
(fibroso ou adiposo), e não a tecido epitelial
proliferado.

POLIMASTIA Mama supranumerária


ALTERAÇÕES DO
DESENVOLVIMENTO Complexo aréolo mamilar
POLITELIA supranumerário.
• Essas alterações tendem a se desenvolver na
linha do leite.

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MASTITE

MASTITE PERIDUCTAL
ABSCESSO SUBAREOLAR CRÔNICO RECIDIANTE
Metaplasia Escamosa da Mama

ECTASIA DUCTAL
COMEDOCOMASTITE
PATOLOGIA BENIGNA DA MAMA

ESTEATONECROSE

GRANULOMA POR SILICONE


Reação Inflamatória Granulomatosa
tipo Corpo Estranho
CISTOS

ALTERAÇÕES FIBROCÍSTICAS

NÃO PROLIFERATIVAS FIBROSE


DA MAMA

METAPLASIA APÓCRINA

Hiperplasia Epitelial
DISPLASIAS MAMÁRIAS
ALTERAÇÕES FIBROCÍSTICAS DA MAMA
Papiloma da Mama

SEM ATIPIAS
Adenose Esclerosante

ALTERAÇÕES
Lesão Esclerosante Complexa
PROLIFERATIVAS Cicatriz Radiada
DA MAMA

Hiperplasia Ductal

COM ATIPIAS
Hiperplasia Lobular

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Massas palpáveis
A chance de ser maligno está diretamente relacionada com a idade. Se a
mulher tem menos de 40 anos, só em 10% de chance de ser maligno. Se a mulher pós
menopausa (50 anos) tem 60% de chance de ser maligno.
Independente de particularidades como tamanho da mama e densidade, a massas
podem começar a ser palpáveis quando tem cerca de 2cm. A mama da mulher pós
menopausa é menos densa quando comparada a mulheres mais jovens, facilitando a
palpação.
As massas palpáveis podem corresponder a cistos (benignos), fibroadenomas e
carcinomas invasivos.
Mamografia
Pós década de 80 foi muito utilizada e aumentou muito o diagnóstico de câncer.
A sensibilidade e especificidade aumentam com a idade diretamente
relacionada com a diminuição da densidade da mama.
A partir dos 30 anos de idade, o estroma colagênico vai sendo substituído por
estroma adiposo (lipossubstituição fisiológica). A gordura tem densidade menor que
o estroma possibilitando o diagnóstico através da palpação (mama fica mais frouxa) e através
do raio-x.
Mamografia detecta aumento de densidade seja por massas, nódulos, adensamentos
mamários ou microcalcificações.
As microcalcificações não são exclusivas da doença maligna, quando ocorrem em
benignas são microcalcificações agrupadas, irregulares seguindo o sistema ductal da mama,
podendo estar relacionada ao carcinoma in situ. Quando há necrose tumoral associada a
microcalcificação por calcificação distrófica em geral são processos malignos. Cistos
mamários associados a metaplasia, fibroadenoma e estroma denso também podem ter
calcificações e são alterações benignas.
Quando menor a densidade mamária, mais evidente são as alterações.
A sensibilidade é menor em mulheres jovens e a mamografia tem achados menos
reveladores.
As alterações do desenvolvimento estão relacionadas a tecido mamário ectópico
(fora da mama) e complexo aréolo mamilar fora da mama. Essas alterações tendem
a se desenvolver na linha do leite que é um espessamento epidérmico bem evidenciado

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durante a fase de desenvolvimento embriológico. A linha vai do cavo axilar até a região
inguinal.
Polimastia ocorre quando há uma mama supranumerária.
Politelia ocorre quando há complexo aréolo mamilar supranumerário.
Algumas doenças que se desenvolvem na vulva tem uma contrapartida idêntica na
mama, levantando a possiblidade dessa doença vulvar se desenvolver em tecido mamário
ectópico.
Mama supra numeraria e complexo aréolo mamilar supranumerário podem
desenvolver as mesmas doenças que ocorrem na mama, porém com menor frequência.
Macromastia é um conceito controverso, pois depende de fatores estéticos e
culturais. Normalmente se desenvolvem na puberdade e tem crescimento rápido,
geralmente associada a estroma abundante (fibroso ou adiposo), e não a tecido
epitelial proliferado.

1. Mastite
É um processo inflamatório que tende a se desenvolver durante o período
lactacional. Com a amamentação, ocorrem lesões na pele do mamilo que seriam portas de
entrada para inoculação bacteriana, sobretudo Staphylococcus e eventualmente
Streptococcus que chegam ao sistema ductal.
Tem características de processo inflamatório (vermelhidão, aquecimento da pele,
dor, edema) e comumente com manifestações sistêmicas tipo febre.
O diagnóstico é fácil e o tratamento com antibiótico é efetivo.
A evolução com abscesso não é comum, mas pode ocorrer se o tratamento não for
bem indicado no tempo apropriado, se a bactéria tiver muita virulência e se o paciente
tiver baixa imunidade.
Pode simular malignidade, pois é semelhante com apresentação do carcinoma
inflamatório. Ocorre com qualquer tipo de câncer de mama agressivo em que haja
embolização tumoral importante, comprometendo os linfáticos superficiais da pele, e a
mama fica edemaciada (edema semelhante a casca de laranja) e avermelhada. Não ocorre
por infecção, mas sim por comprometimento dos vasos linfáticos cutâneos.
Sempre que for fazer diagnóstico de mastite é importante descartar carcinoma
inflamatório. No carcinoma inflamatório não há manifestações sistêmicas e o paciente está
fora do período puerperal e de amamentação.

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2. Abscesso subareolar crônico recidivante ou mastite periductal


Metaplasia escamosa da mama.
O epitélio escamoso da papila mamária adentra poucos milímetros no sistema ductal.
A entrada de alguns centímetros de epitélio escamoso aonde seria epitélio de dupla camada
promove acúmulo de queratina dentro do sistema ductal. Eventualmente ocorre
obstrução de um ducto que pode romper e expor o tecido conjuntivo subepitelial a esse
material córneo, desencadeando uma reação inflamatória importante. O material inflamatório
pode ser drenado para área aréolo mamilar.
Esse processo ocorre quase exclusivamente em pacientes fumantes, mais de 90%
dos casos em decorrência da deficiência de vitamina A ou alguma substância tóxica na
fumaça que comprometa a diferenciação epitelial.
Pode ocorrer contaminação bacteriana secundária.
O tratamento com antibiótico reduz ou elimina a infecção caso tenha, mas deve ser
tratado cirurgicamente com a retirada do segmento ductal alterado.
É relativamente frequente.
A reação inflamatória pode cursar com fibrose importante. A fibrose retrai tecidos
devido a sua alta densidade, podendo ocorrer retração mamilar ou pele, inversão de mamilo
e adensamento. Essas alterações simulam malignidade, mas são apenas relacionadas
ao tecido cicatricial.
 A importância dessas doenças benignas mamárias é que podem simular
malignidade e são diagnósticos diferenciais.

3. Ectasia ductal ou comedomastite


Processo inflamatório periductal levando a uma dilatação anormal dos sistemas
ductais que promove acúmulo de secreção mamaria densa dentro da luz. Tende a se
desenvolver depois da sexta década de vida e em mulheres multíparas. É como se o leite
ficasse acumulado, irritando a parede e levando a um processo inflamatório.
São liberadas enzimas que destroem o arcabouço de sustentação possibilitando
uma dilatação importante.
Não tem relação com risco de desenvolver malignidade, só que pode simular
malignidade.
“Comedo” relação aos comedores de pele - cravos – que são folículos pilosos
dilatados com secreção de material córneo.

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Quando se corta esse tecido o material está espesso, contido na luz desses ductos,
“semelhante a cravos’”.
O carcinoma cursa com liberação de material ductal, só que o material não é secreção
córnea, mas necrose tumoral (material pastoso amarelado).
Não existe alteração epitelial.
Pode cursar com fibrose e pode sofrer microcalcificação.

4. Esteatonecrose
Necrose do tecido adiposo.
Tende a se desenvolver sobretudo por trauma e eventualmente por ruptura de
um cisto. O trauma pode ser mecânico ou cirúrgico, seja cirurgia previa, seja cirurgia para
avaliar doença mamária, seja cirurgia estética com colocação de próteses ou redução do
volume mamário, mas todos cursam com dano ao tecido adiposo estromal.
O dano ao tecido promove lesão do tecido adiposo, que cursa com reação
inflamatória e fibrose cicatricial que pode determinar retração de pele (que é uma das
manifestações clinicas do câncer).
A fibrose pode estar associada com microcalcificações de configuração irregular
estrelada.
É visto com frequência em pacientes que tiveram câncer de mama e fizeram cirurgia,
ficando a dúvida se é retração por esteatonecrose ou recidiva.
Pode simular muito malignidade.
Microscopicamente é visto células inflamatórias com padrão xantomatoso
(macrófagos que fagocitaram grande quantidade de lipídios), células inflamatórias e fibrose
acidófila.

5. Granuloma por silicone


As próteses de silicone têm uma capsula espessa e um gel de silicone no interior.
Essa capsula pode sofrer ruptura e extravasar o material. Quando isso ocorre, promove
reação inflamatória importante no padrão granulomatosa tipo corpo estranho.
Microscopicamente, há estruturas claras correspondentes ao silicone gel que foi
dissolvido durante o processo de fagocitose por células gigantes. Pode ser achado (essas
estruturas claras) em linfonodos quando o silicone é drenado para dentro dos linfáticos,
causando aumento dos linfonodos regionais.
Pode evoluir para uma fibrose e até formar contraturas quando mais importante.

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6. Alteração fibrocística da mama ou displasia mamaria


Muito comum.
É um termo que atualmente não é mais empregado, pois corresponde a inúmeras
alterações, em que algumas possuem atipias e risco de desenvolvimento de malignidade,
enquanto outras são totalmente benignas.
A maioria das alterações englobadas não tem risco de se tornarem malignas.
Nova terminologia a afim de agrupar as lesões com sua importância clínica.
Tem elevada frequência, pois estão relacionadas a influencias hormonais
cíclicas, pois ocorre proliferamento da mama assim como do endométrio, e após
involuem. Os tecidos mamários podem responder de forma diferente a essas alterações
cíclicas (involuem menos ou mais, prolifera mais ou menos).
É quase considerado fisiológico.
São divididas em:
- Alterações não proliferativas da mama: não tem risco de transformação
maligna.
- Alterações proliferativas da mama sem atipias (risco discreto) ou com atipias
(risco moderado).

A. Alterações não proliferativas da mama ou alteração fibrocística


Acomete principalmente a faixa etária perimenopausa. Ocorre devido a
desequilíbrio hormonal e respostas diferentes do tecido mamário.
ACO diminui o risco, pois elimina as alterações cíclicas.
É a alteração mais comum da mama.

a) Cistos
Dilatação da unidade terminal da mama formando cavidades cheias de líquido
turvo amarronado. São visualizados externamente, em geral de 0,5 a 1 cm. Podem ser
muitos ou podem estar agrupados.
Esses cistos algumas vezes sofrem rupturas desencadeando uma reação inflamatória,
que pode cursar com fibrose do estroma aumentando a densidade mamária.
Cistos associado a fibrose algumas vezes dão aspecto de nódulo ou aumento de
densidade da mama. Podem simular malignidade, porém não determina risco nenhum.
Podem ser notados pela palpação e mamografia.

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Pode ocorrer calcificações no estroma mamário.

b) Fibrose

c) Metaplasia apócrina
O epitélio mamário é dupla camada (uma camada epitelial e outra mioepitelial). A
camada mioepitelial fica inalterada, mas a camada epitelial sofre uma metaplasia, o epitélio
se torna colunar alto, citoplasma granular e acidófilo lembrando as glândulas
sudoríparas apócrinas.
É comum.
Os cistos com metaplasia apócrina tendem a sofrer calcificações.

B. Alterações proliferativas da mama

a) Sem Atipias
Tem risco leve, 1 a 2 vezes mais risco de desenvolver malignidade na mama. Pode
acometer a mama contralateral ou a mama ipsilateral (maior chance).

Hiperplasia epitelial
Na mama normal há uma dupla camada, eventualmente ocorre hiperplasia
transformando em múltiplas camadas. Quando é uma alteração leve que aumenta em 2
camadas de células não precisa nem ser descrita em laudos. Quando há mais de 3 camadas
de células, esse epitélio sofreu uma alteração e deve ser descrito/relatado.

Papiloma da mama
A proliferação epitelial pode formar uma projeção em forma de dedo com um
eixo conjuntivo vascular sofrendo ramificações. Quando nos ductos principais, mais
próximos da papila mamária, pode se manifestar com descarga papilar serosa ou
hemorrágica.
Há a contrapartida maligna do papiloma da mama, o carcinoma papilar.

Adenose esclerosante
Desenvolve-se na unidade terminal da mama. Ocorre fibrose do estroma frouxo
responsivo a hormônios que distorce a arquitetura do lóbulo mamário. Ocorre proliferação,

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isto é, aumento do número de ácinos por lóbulos mamários, isso ocorre


fisiologicamente na mama lactante.
Pode ser patológico quando a proliferação do componente lobular está associada a
fibrose que distorce e colaba a luz, dando a ideia de cordões sólidos de células que simulam
lesão infiltrativa (malignidade). Na mamografia ocorre densidade aumentada e
localizada. Tanto mamograficamente, quando histologicamente ocorrem muito erros
diagnósticos dessas lesões.

 Adenose esclerosante e lesão esclerosante complexa simulam MUITO


malignidade e causam erro diagnostico, pois são lesões pseudoinfiltrativas.

Lesão esclerosante complexa ou cicatriz radiada


O estroma denso fibrótico ou hialinizado promove um núcleo central bem
colagênico e um aspecto estrelado que simula uma lesão infiltrativa maligna. O termo
cicatriz é mal empregado, pois não é uma cicatriz.

Grau de Hiperplasia: Hiperplasia leve, hiperplasia acentuada (hiperplasia florida),


hiperplasia com atipia, carcionoma in situ e carcinoma invasor.
Quando há hiperplasia a mulher tem risco de desenvolver câncer.
Quando a hiperplasia é com atipia o risco é ainda maior.
Nem os cânceres de mama seguem essa ordem de evolução de hiperplasia, mas os
mais comuns em geral seguem.

b) Com atipias
Pode ter algum grau de atipias celular, mas o que mais chama atenção é uma atipia
de desorganização do epitélio de apresentação. São alterações que possuem alguns
aspectos do carcinoma in situ, porém não todos.
É intermediaria entre carcinoma in situ e hiperplasia florida.

Hiperplasia ductal
Espaços que se formam são mais regulares, ocorrendo desorganização de
apresentação do epitélio, normalmente com atipia celular (nucléolo evidente, cromatina
grumosa).
Várias camadas de células, formando ácinos.

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Núcleos estão dispostos perpendicularmente aos espaços.


Pode formar um padrão micropapilar. Papila tem eixo conjuntivo vascular de
sustentação e epitélio, micropapila tem apenas brotamento de epitélio proliferado para
dentro do sistema ductal.
Quando acomete até dois ductos se caracteriza como hiperplasia ductal, quando
mais extenso classifica-se como carcinoma in situ.
Pode cursar com adensamento mamário e microcalcificação.
Não costuma formar nódulos.

Hiperplasia lobular
Alterações lobulares se caracterizam por ocupar o lóbulo mamário.
50% desse lóbulo ou ácino vai estar distendido pela proliferação de células pequenas
que o compõe.
Não há atipias.
É um achado ocasional não tem manifestação clínica, não tem associação com
aumento de densidade, nem com microcalcificações.

Risco de malignizar: lesões não proliferativas não tem risco; lesões proliferativas
sem atipias 1 a 2 vezes mais risco; lesões proliferativas com atipias 4 vezes mais
risco; carcinoma in situ (intraepitelial) 8 a 10 vezes mais risco, porém não tem risco de
disseminação.

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NEOPLASIAS VASCULARES
Tipo especial de neoplasia mesenquimal. Assim como as demais, elas tem
aspecto muito amplo, que vão desde lesões benignas, passando pelas de risco
intermediário (invasão local) até as francamente malignas com capacidade de
metastatizar.

Neoplasias
mesenquimais
vasculares

Malignidade
Benignas Malignas
intermediária

Hemangiomas Sarcoma de Kaposi Angiossarcoma

Linfangiomas Hemangioendotelioma Linfangiossarcoma

Tumores glômicos Angiopericitoma

Hemangiomas são neoplasias bastante frequentes.


Já linfangiomas e tumores glômicos não são comuns.
Sarcoma de kaposi é mais comum, já hemangioendotelioma (mesma origem
genomica, mas outra célula que se prolifera) é mais incomum.
As malignas (destroem tecidos e metastatizam) são incomuns, no entanto letais.
Desses três representantes o angiossarcoma é o mais comum, seguido do
angiopericítoma. No entanto angiossarcomas, não chegam a 1% dos sarcomas.

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OUTRAS ALTERAÇÕES DE VASOS


Nem tudo que altera vaso e forma volume é necessariamente uma neoplasia. Há
alterações patogênicas, nas quais o vaso aumenta apenas seu volume.
1) Ectasias vasculares ou telangectasias: são comuns, associadas a síndromes
bioquímicas, por exemplo, na cirrose. As vezes com alterações congênitas e as vezes
associado a algumas síndromes mais raras, como a síndrome de Sturge-Webber, na qual
individuo apresenta varias telangectasias. Também são chamadas de aranhas vasculares
ou spiders. São diferenciadas dos tumores benignos apertando o centro da
telangectasia e fazendo ela desaparecer.

2) Por vezes essa lesão pode ser de grande extensão e volume devido a grande
dilatação, chamados nevus flammeus. Também chamadas de lesões de vinho do
porto. São mais comuns. Acometem com maior freqüência a face, ate órgãos internos.
Podem ser tratados via ressecção cirúrgica ou por aplicação de glicose localizada na
tentativa de diminuir a luz do vaso. Único efeito é o estético. No processo neoplásico
podem haver muitas lesões parecidas com nevus flammeus, no entanto, nas neoplasias há
uma formação celular nova devido a alteração do genoma celular e sua multiplicação.

3) Síndrome de sturge Webber é uma facomatose (alteração no desenvolvimento


que acontece na ecto e na mesoderme) que gera alterações vasculares da superfície
externa, portanto, dos folhetos ectodérmicos, mas também dos folhetos meníngeos
correspondentes. Causando uma vasodilatação localizada, numa região da hemiface
e do pescoço e que corresponde internamente a mesma alteração no nível da
meninge. Associada a isso, esse paciente também vai apresentar retardo mental,
alterações neurológicas, e muitas vezes, síndromes convulsivas.

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NEOPLASIAS VASCULARES
1. BENIGNAS
1) Hemangiomas
De todas neoplasias benignas, os hemangiomas correspondem a 7%.
É a neoplasia benigna mais comum em crianças. Normalmente está presente
no momento do nascimento.
Acomete com maior freqüencia pescoço e face tegumentar, podendo se localizar
em órgãos internos, especialmente o fígado por ser bem vascularizado.
Relevância apenas estética. Porém quando se encontra em órgãos viscerais
(partes moles) essas estruturas podem formar grandes massas e são mais
suscetíveis a rompimento e sangramento importante, especialmente quando
realizados procedimentos cirúrgicos ou de biopsia/ punção.
Acomete qualquer tipo de vaso.
Só se realiza biopsia caso haja dúvida, pois normalmente esses tumores,
especialmente até a segunda infância tendem a remir, ao ponto de se dizer que talvez
hemangiomas não sejam neoplasias verdadeiras, apesar de ter todos aspectos
celulares e proliferativos.
São divididos em:
a. Hemangiomas capilares, ou seja, grupo de células neoplásicas formando
múltiplos e pequenos vasos sanguineos (dimensão de capilar). Formam maculas. É
mais freqüente em crianças, podendo evoluir, mas em algum momento ele tende a regredir.
Muito comum na nuca, face.
Macroscopia: lesão cutânea bem delimitada, de coloração avermelhada e
absolutamente macular.
Biopsia: varias células de padrão endotelial, homogêneas (sem
atípia/monotonia celular), presença de luzes vasculares pequenas de vasos sanguineos
capilares (presença de hemácias).
b. Hemangioma cavernoso, no qual há formação de vasos sanguineos maiores
que podem ser até arteriolares ou venulares. Provocam aumento localizado de
volume. Não regridem. Devem ser ressecados.
Macroscopia: lesão avermelhada, bem delimitada, que forma volume notório.
Biopsia: células vasculares formando grandes lagos vasculares, hemático
(hemácias no interior).

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c. Granuloma piogênico: apesar do nome sugerir processo inflamatório, ele é de


fato neoplásico. É um hemangioma do tipo capilar. Acontece em qualquer área do
corpo que tenha capilar após trauma. Muito comum no leito ungueal, em áreas que o
individuo traumatiza e por fatores inflamatórios essa neoplasia se desenvolve. É comum
também em gestantes, especialmente na mucosa gengival devido ao desequilíbrio
hormonal. Encerrada a gestação ele involui.
Ressecando todos tumores são curáveis.

2) Linfangiomas
São tumores benignos de vasos linfáticos, especialmente capilares, muito
incomuns.
Se dividem em:
a. Capilares (linfangiomas simples): normalmente sem grande repercussão, na
maioria das vezes são achados casuais, pois sendo linfa não colora lesão.
b. Cavernosos (Higromas císticos): esses fazem volume a ponto de deformar
a face, e dificultar movimentação do pescoço. São facilmente notados. Higroma=
tumor liquido, cístico pois tende a formar cavidades. São associados a região do pescoço,
especialmente em crianças. Apesar de benignos, mesmo ressecando eles tendem a
reicidivar. Embora bastante incomum, tem uma prevalência aumentada nas aneuploidia,
desequilíbrio cromossomal, especialmente na síndrome de Turner (X0) e na síndrome
alcoólica fetal (mãe abusiva de álcool durante gravidez).
Histologia: células endoteliais, que compõe a massa tumoral, sendo que no interior
haverá vasos de aspecto cavernoso, sem hemácias.
Macroscopia: lesões moles, indolores, móveis e depressiveis. (Tumores
neoplásicos não doem).

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3) Tumores Glômicos:
Glomos: nas extremidades, especialmente de dedos, nariz e orelha, existe
comunicações anastomóticas arteriolares-venosas, que não passam pelo sistema capilar,
para conservar calor.
Sendo uma estrutura vascular, pode sofrer neoplasia, chamado de glômangioma.
Não são comuns, mas podem ser benignos (geralmente), ou malignos ou de expressividade
local ate formação de metástase.
São mais freqüentes em adultos. Localizado nos tecidos de revestimento: derme,
subcutâneo, especialmente ao nível das falanges distais, mas pode haver em qualquer lugar
do corpo.
Clínica: tumor doloroso de caráter lancinante, intermitente e paroxístico
(ao anoitecer) devido aos níveis mais baixos de cortisona.
Macroscopia: lesão nodular, normalmente na superfície das extremidades.
Coloração vermelho-azulada
Histologia: quando tem 1 cm no maior diâmetro normalmente é retirado, não significa
que é o limite de crescimento. No meio da musculatura lisa, que também é muito comum
nesse tumor, há celulas endoteliais formando vasos capilares, e varias celulas poligonais que
são as células gômicas tumorais. No momento que houver células atípicas, com muitas
mitoses e mitoses bizarras, significa neoplasia maligna.
Ao contrario do hemangioma que e constituído principalmente por endotélio. Já o
tumor glomico, apesar de ter células endoteliais, mantem mais células glomicas,
que são as que regulam a abertura dos vasos de comunicação arteriolar-venula.
Portanto, apresenta dois tipos celulares.
Taxa de reicindiva de 10%.

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2. DE INVASIVIDADE LOCAL
Não são bem delimitadas, se infiltram nos tecidos adjacentes, adquirindo espaço e
volume tumoral, invadindo tecidos circunjascente, podendo eventualmente malignizar e
produzir metástase.

2.1. Sarcoma de Kaposi


Esta muito associada a AIDS. Era um tumor comum, que acometia principalmente
idosos do sexo masculino, no entanto, hoje é incomum, exceto em aidéticos e
imunossuprimidos.
Se parece muito com hemangioma, no entanto não se limita a um plano.
Se localiza em pele, especialmente membros, e as vezes em alguns órgão
parenquimatosos, ou seja, órgãos que tem vasos (fígado, pulmão).
Evolui de forma lenta e raramente fatal, tratável facilmente.
Fisiopatologia: possivelmente associada a uma infecção viral, do tipo herpes
vírus humano do grupo 8. Vírus para se reproduzir necessitam utilizar genoma do
hospedeiro, eventualmente esses vírus alteram esse genoma, propiciando formação de
células anormais. Outro fator muito associado é a predisposição genética, especialmente em
israelitas, especialmente os ashkenazis (judeus do norte europeu).
Lesão macular, múltiplas lesões. Lembra tecido de granulação (bastante
angiogenese com fibroblastos). Com tempo lesões ficam maiores e mais visíveis, aparecendo
resíduos lobulares que lembram aspecto vítreo, chamados de glóbulos hialinos, no meio dos
vasos. A lesão cresce tanto, que aparece na superfície adquirindo caráter tumoral franco. Ou
seja, as lesões maculares evoluem para lesões que fazem volume na superfície de coloração
vermelha intensa (papulas), tendo maior risco de malignizar.
Há vários subtipos de kaposi: o clássico, encontrado em idosos e judeus; o
encontrado no terço médio da África em algumas crianças que também são
afetadas por linfoma de burkitt, devido a infecção pelo vírus da mononucleose (vírus de
Epstein barr) que é um herpes vírus; e o tipo que ocorre em transplantados devido a
imunossupressão; tipo associado a AIDS.
Biopsia: células alongadas, muito densas e apresentando atipias, no entanto ainda
há canais vasculares.
Tem uma boa resposta aos tratamentos.

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2.2. Hemangioendotelioma
Se difere do sarcoma de kaposi pela clínica, ele não esta associado a queda de
imunidade, e não se identificou um fato viral, não é que não exista, apenas não se
tem conhecimento.
Enquanto o sarcoma de kaposi é mais cutâneo, o hemangioendotelioma
predomina mais em vasos viscerais, embora sendo bastante raro.
No hemangioendotelioma as células são semelhantes ao sarcoma de kaposi, no
entanto existem fatores que são diferentes, pois tem genes diferentes, ou seja, algumas
células respondem muito bem ao fator 8 e as lecitinas através da imunohistoquimica. É
importante diferenciar, pois para cada um tem um tratamento distinto. O prognostico do
hemangioendotelioma é pior, pois cerca de 70% reicindira após ressecção. Ainda
tem um caráter de malignização mais intenso, pois em 30% das vezes existe metástase.

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3. MALIGNAS
Tem potencial de metastatizar, são muito agressivas e invasivas pois crescem
rapidamente e tem alta morbidade e letalidade.

3.1. Hemangiossarcoma
Sarcomas não são tão comuns quanto os carcinomas, mas dos sarcomas 1% só são
hemangiossarcomas.
Fatores de risco: idade (quanto mais velho, maior tendência, pois acumula erros
genéticos ao longo da vida), linfedema crônico, especialmente de membros (fatores
inflamatórios locais), corpos estranhos (ex.: fio de sutura), e exposições a químicos como
thorioestat (contraste de vias biliares) e cloreto de vinil (PVC).
Localização: pele e partes superficiais de tecidos moles, incluindo vísceras (superfície
de vísceras).
Histologia: células em pincel, bem alongadas, de caráter fusiforme,
contendo índice mitótico elevado.
Prognóstico: reservado. Poucas pessoas estarão vivas após decorridos cinco anos
do diagnostico inicial.
Histologia: células densas, alongadas, mitoses pontuais. No meio da massa celular
há vasos.
*Cinco anos é usado como padrão para se referir a “cura”.

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3.2. Hemangioperícitoma
Muito raro.
Enquanto hemangiossarcoma envolve essencialmente células endoteliais
(parênquima do tumor), o hemangiopericitoma é um tumor dos pericítos (células
que apóiam o endotélio).
Localização: em grandes massas corporais como membros inferiores, pelve,
retroperitônio.
Macroscopia: massas tumorais, bem delimitadas, com vários centímetros de
diâmetro. São ricamente avermelhadas. Pode haver presença de hemossiderína, uma
vez que muitas células hemáticas acabam lisando.
Microscopia: grande número de células na periferia com capilares
centralizados, há um tecido de aspecto fibroso na volta dos vasos capilares até mesmo há
técnica HE. Para identificação pode ser realizada coloração para fibroreticulina
(coloração tricomico de masson). Para diagnostico diferencial, pode ser realizada
imunohistoquimica, pois vai ser sensível a queratina CD34 e negativa para fator 8
(fator 8 se encontra no endotélio).
Prognóstico: ruim.

3.3. Linfangiossarcoma
Raríssimo. Tem prognóstico ruim. Fator de risco conhecido é o linfedema crônico.
Macroscopia: lesão de volume aumentado, com dermatite localizada (quando
próximos a superfície).
Histologia: massa tumoral, com orifícios de luzes capilares, sem presença de
hemácias, com células ricamente carregadas de corante devido ao exacerbado material
genético (hipercromasia), formando varias camadas de células. Em grande aumento há
mitoses, atipias nucleares, alterações de malignidade.

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NEOPLASIAS TROFOBLÁSTICAS
São neoplasias epiteliais, que a versão maligna é chamada de carcinomas.
É um grupo amplo, espectro extenso, de tumores que tem origem no tecido
trofoblástico, que tem origem na formação do embrião ou na tentativa de formação do
embrião.
Quando uma célula gamética tenta se nidar uma série de tecidos diferenciados a partir do
blastocisto vão tentar fazer o papel de nidação, e um destes tecido é o trofoblasto.
Há lesões benignas (mais frequentes), lesões boderline ou intermediária
(comportamento biológico agressivo, multiplicam-se e invadem tecido) e lesões malignas
(metastatizam a distância).
São lesões que derivam do trofoblasto associado a “gravidez” (não é uma gravidez
plena ou verdadeira).
Não são frequentes, são raras cerca 1:1.000 até 1:2.000.
Como deriva de tecido trofoblástico que se multiplica/prolifera, e ele produz a gonadotrofina
coriônica humana, no sangue materno o nível de β-HCG está bem aumentado quando a neoplasia
está presente.
Prognostico relativamente bom, pois são muito sensíveis a quimioterapia já que
se multiplicam rápido. Chance de cura é elevada.
Tumores que tem alta taxa de replicação são bem responsivos a quimioterapia, por exemplo,
tumores hematológicos.
Blastocisto se implantando no endométrio: uma camada é o citotrofoblasto e na extremidade
oposta há o sinciciiotrofoblasto. O sinciciotrofoblasto se implanta pois libera algumas enzimas
digestivas que permeiam o tecido endometrial e, ao mesmo tempo, libera uma quantidade grande
de β-HCG que vai se misturar ao sangue materno.
Quando o blastocisto já está no interior do endométrio entre as células trofoblásticas haverá
a vesícula coriônica, que é a superfície que vai fazer a troca de sangue venoso e arterial ao nível
da placenta e a partir disso o sangue flui no cordão umbilical.

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Mola Hidatiforme ou Gestação Molar (neoplasia benigna)


São chamadas de hidatiforme, porque as vesículas coriônicas costumam estar
bastante edemaciadas, macroscopicamente é o tecido é vesiculoso (hidatidas) e translúcido.
É subdividida em parcial e completa. Possuem diferente origem genômica e prognóstico.
A completa tem prognóstico pior que parciais, pois tende a progredir para malignidade.

Mola invasora
Pode ser derivado de uma mola, geralmente completa ou pode ter uma origem primária
(desde o início é neoplásica invasora).
Invade tecido uterino, não metastatiza, porém emboliza.
Risco de destruir o útero, invadir e chegar a cavidade pélvica.

Coriocarcinoma (neoplasia maligna)


Pode derivar de molas parciais ou ser primária.
Tem potencial metastático.
Derivam de células que tem capacidade intrínseca de invadir.

1. Mola Hidatiforme (neoplasia benigna)


Proliferação de células trofoblásticas tanto do
citotrofoblasto quanto do sinciciotrofoblasto.
Macroscopicamente as vilosidades coriônicas edemaciadas e císticas.
Clinicamente: Paciente acha que está grávida, sem ter feito algum exame de imagem, pois
se tivesse feito não teria sido visualizado o embrião. Em torno do 4º ou 5º mês o volume
abdominal está muito mais aumentado do que deveria estar. Há escapes, sangramentos
abundantes.
Tecido placentário sem feto presente.
Elevação dos níveis do β-HCG (mais elevado que gestação normal)
É necessário fazer a curetagem e enviar material para patologia.
Risco: mulheres no início e no fim da idade reprodutiva. Gestantes adolescentes e
mulheres velhas (40, 50 anos). A faixa intermediaria é protegida, mas não sabe o porquê.
Incidência: 1:1000 (EUA); 10:1000 (Indonésia). Não se sabe o motivo da diferença de
incidência, pode ser por ingesta pobre em proteínas e alguns tipos de antioxidantes ou componente
genético (?).

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Dependendo do componente

paterno (espermatozoide) e materno (ovócito)


haverá duas classificações:

A. MOLA COMPLETA
Existe fecundação do ovócito desprovido de cromossomo por espermatozoide normal.
A estrutura cromossomal do “embrião” será diploide. Isso pode ocorrer se:
- Espermatozoide se duplica no interior gera uma neoplasia trofoblástica molar.
- Espermatozoide já diploide fecunda o ovócito sem cromossomo.
- Dois espermatozoides fecundam o ovócito sem cromossomo.

B. MOLA PARCIAL
Ovócito normal, os espermatozoides que tem diferença em cromossomos.
A fecundação resultará em estrutura com 69 cromossomos (triploide). Isso pode ocorrer se:
- Dois espermatozoides fecundam o ovócito normal.
- Um espermatozoide diploide fecunda o ovócito normal.
Pode haver segmentos fetais, mas não feto viável.

 Tanto molas completas ou parciais NÃO irão gerar fetos.


 Nas duas molas o tumor será bifásico, componente citotrofoblasto com células uni
nucleares e componente sinciciotrofoblasto com células multinucleadas.

MOLA COMPLETA MOLA PARCIAL

CARIÓTIPO Diploide Triploide

EDEMA DE Todas – totalmente vesicular; aspecto de


Algumas vilosidades
VILOSIDADES sagu

PROLIFERAÇÃO Difusa Focal e pequena


TROFOBLÁSTICA (tecido trofoblástico abundante) (tecido trofoblástico escasso)

B-HCG Elevado Elevado, mas mais baixo que completa

HCF SÉRICO Elevado Elevado, mas mais baixo que completa

ATIPIAS
Podem existir em vários graus. Não há
CELULARES

COMPORTAMENTO Pode malignizar em 2% dos casos Não evolui para malignidade

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2. Mola Invasora
Comportamento biológico distinto – capacidade de invadir útero levando a destruição.
É uma invasão focal. Não invade por metástases a distância.
A neoplasia produz enzimas digestivas, invadindo mais profundamente o miométrio.
Pode perfurar a parede do útero e pode trazer risco para a paciente, fazendo um processo infeccioso
na cavidade abdominal.
Algumas células podem embolizar, células caem na circulação e são encontrados em
órgãos a distância, porém não tem capacidade de multiplicar a distância (não é metástase).
Clínica: sangramento vaginal sustentado, útero aumentado irregular (é focalmente
invasora, produzindo assimetria) e β-HCG elevado.
Tratamento: curetar, mas pode evoluir para histerectomia. Quimioterapia sempre está
indicada.
Origem: primária na maioria das vezes – gestação molar já inicia com erros genômicas e
será invasora; em 20% dos casos existia uma gravidez molar completa anterior documentada
Aspecto: tumor grande, consistência diminuída, bastante carnoso, tem bastante sangue em
sua estrutura e invade miométrio.
Diagnóstico final: fazer citopatológico e identificar tecido trofoblástico com atipias.

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3. Coriocarcinoma
Risco de vida iminente caso não seja tratada. Muito agressiva.
Invade localmente e metastatiza.
Índice de cura muito elevado por ser altamente replicativo responde muito bem a
quimioterapia. Dessa forma, o diagnóstico precoce é muito importante.
É secundário a um processo gestacional anterior, pode ser mola hidatiforme completa
50% dos casos, abortamento 25% dos casos e 22% gravidez normal.
Incidência: raríssimo 1:20.000 (EUA); 1:2.500 (Nigéria). Possível fator etiológico: idade
materna (extremos da vida reprodutiva), abortos incompletos, condição socioeconômica baixa, baixo
consumo de proteínas, ácido fólico e carotenoides.
Aspecto macroscópico: lembra mola invasora, amolecido, muita área necrótica,
áreas com infiltrado hemorrágico, amarelo esbranquiçado, aspecto fosco (carcinomas
classicamente tem esse aspecto). Altamente invasivo. Pouca reação desmoplásica, e assim pouco
estroma.
Aspecto histológico: células trofoblásticas (sincício ou/e cito) – bifásico; células
anaplásicas (atipias, anisocoria, núcleos muito grandes, carioteca espessa, cromatina grumos);
células pleomórficas (uma é diferente da outra). Se houver muitas mitoses e anormais (fuso
tripolar) é um grande marcador de malignidade. Se for muito indiferenciado, é preciso fazer
imunocitoquímica para chegar no diagnóstico.
Crescimento moderado. Costuma metastatizar precocemente, principalmente para
pulmão, mas pode ser para cérebro, fígado, rim e vagina.
Clínica: paciente com escape hemorrágico paroxístico em uma mulher que teve
gestação anterior.
Respondem bem ao tratamento. Quimioterapia com excelentes resultados, cerca de 80%
dos casos em 5 anos estão curadas. Sempre fazer histerectomia e posterior quimioterapia.

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PATOLOGIA TUMORAL DA MAMA

O estudo das neoplasias malignas de mama é fundamental para a formação acadêmica


de um médico, visto que é o segundo câncer que mais mata mulheres no mundo, perdendo
apenas para o câncer de pulmão. Logo, tumores de mama apresentam uma alta incidência
no sul do Brasil, similar aos países desenvolvidos como América do Norte e Europa, regiões
tidas como de alta incidência.
Apesar da terminologia sugerir apenas uma doença, se sabe que, no entanto, não é,
pois, dependendo do tipo histológico apresentam comportamentos muito diferentes.
Quanto mais idosa for a paciente, mais provável que o nódulo seja maligno. No entanto,
nas pacientes em geral, a maioria das massas palpáveis correspondem a processos benignos
(cistos, adenomas). Assim como o restante das manifestações.

Carcinoma Ductal x Carcinoma Lobular

Unidade Ducto-Lobular terminal

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Unidade Ducto-Lobular terminal

Apresentações Clínicas
1900ral Benigno
Maligno
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
Dor Nódulo DP Adensam.

Biópsias em Massas Palpáveis correspondem de 70-80% de lesões benignas

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TUMORES ESTROMAIS
Há vários tumores estromais intralobular, como lipoma, angiomas, no entanto não
são específicos da mama. Os específicos do tecido mamário são dois, Fibroadenoma e

Tumor Filodes, que surgem a partir do estroma intralobular. Esse estroma é


altamente responsivo a estímulos hormonais, então ele se prolifera e as células estromais
liberam fatores de crescimento para o componente epitelial, que também vai se proliferar.

1. Fibroadenoma (neoplasia epitelial benigna)


Fibro faz referência ao tecido conjuntivo.
São os principais tumores benignos de mama.
Mais frequente em menores de 30 anos
Bifásico: proliferação de
T. Conjuntivo (estroma)
+ T. Epitelial (glandular)
Único
Bem delimitado
1 – 3cm geralmente
Lobulado
Fendas ao corte

São nódulos de fácil detecção clínica, no entanto, vale lembrar que há um tipo de
tumor maligno que apresenta nódulos bem definidos assim como o fibroadenoma.
Por ser benigno, as lesões são bem delimitadas, elásticas, móveis (pele
subjacente livre, deslizante - as malignas são infiltrativas). Podem ser múltiplos tumores,
bilaterais, mas geralmente são únicos. Geralmente 1 a 3 cm. Tem um aspecto externo
de contorno lobulado, por isso histologicamente os ductos mamários apresentam
fendas ao corte devido a proliferação epitelial glandular, que produz estruturas
ductais. E a luz do ducto confere a superfície de corte o aspecto de fendas.
É o tumor mais frequente em mulheres jovens menores de 30 anos, e é a
principal neoplasia de mama. Esse tumor é altamente responsivo as influencias
hormonais, portanto, cresce significativamente durante a gestação.

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FIBROADENOMA COMPLEXO
Alguns fibroadenomas apresentam alterações que os tornam de maior risco para desenvolver
malignidade. Há alterações proliferativas dentro desse tumor, podendo desenvolver carcinoma.
Proliferação de tecido conjuntivo e de componente glandular dentro daquela massa tumoral. As
estruturas epiteliais, na microscopia, algumas vezes são vistas como fendas. Algumas vezes, os
ácinos lembram a estrutura glandular normal e outras vezes ficam mais comprimidos, apresentando
padrões distintos chamados de pericanalicular (quando estroma circunda essas proliferações
epiteliais) ou intracanalicular (quando estroma comprime formando fendas). São elas: cistos
maiores que 0,3 cm, adenose esclerosante e metaplásia apócrina papilar (proliferação de
células metaplasicas com tecido conjuntivo vascular). Quando essas alterações estão presentes
chama-se FIBROADENOMA COMPLEXO.
Microscopicamente: proliferação fibrosa e uma proliferação epitelial formando nódulo bem
delimitado. Não tem uma cápsula verdadeira, no entanto por ser bem delimitado
possibilita excisão cirúrgica facilmente.

FIBROADENOMA JUVENIL
Pode atingir até 10cm ou mais. Muito raro.

2. Tumor Filodes
Também chamado de cistosarcoma filodes. O nome sugere uma neoplasia mesenquimal
maligna com formação de cistos. No entanto, isso é verdadeiro para apenas um pequeno percentual
(20-25% dos tumores filodes são malignos). Na maioria dos tumores filodes não há cistos e
nem componentes malignos. Então, o nome “cistosarcoma filodes” foi abandonado.
Na verdade, são tumores
semelhantes ao fibroadenoma, no que se
refere a proliferação estromal e epitelial -
BIFÁSICOS. Porém, são caracterizados
por proliferação mais abundante do
ESTROMA quando comparado ao
componente glandular, portanto
apresentam um estroma muito mais
proeminente.

Apresenta crescimento mais rápido, e adquire grandes tamanhos - promovendo


uma deformidade importante!

Proliferação de elementos estromais e glandulares!

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Podendo ser
Benigno: < 4cm, margens expansivas, discretas atipias, - de 3mitoses/10 campos
Borderline: (malignidade intermediária) ou
Maligno: dependendo da proliferação e atipia estromal que apresenta.

A faixa etária deste tumor tende a ser mais tardia que o fibroadenoma,
apresentando-se comumente a partir da 5ª década de vida
Os tumores benignos têm tamanhos menores, margens e bordos expansivos e bem
delimitados (semelhante ao fibroadenoma), atipias mínimas e discretas em menos de 3
micrômeros. Poucas mitoses. Não costuma recidivar.
Os tumores borderline pode ter margens expansivas, mas não apresenta tantas atipias
e nem mitoses. Costumam recidivar. É um tumor de crescimento rápido que atinge grandes
tamanhos deformando a mama significativamente. Não tende a comprometer os linfonodos
regionais uma vez que sarcomas tem como via principal de disseminação a hematogênica. O
tratamento consiste em extirpação do tecido peritumoral ou mastectomia. Tumores malignos
tendem a recidivar e a metastizar.
Os Tumores Filodes Malignos, em contrapartida, afetem especialmente o componente
mesenquimal – cistosarcoma. Apresenta atipias estromais. A medida que se torna maligno, o
componente epitelial diminui, e o estroma aumenta, com atividade proliferativa e com atipias do
tipo sarcoma (células fusiformes, alongadas, com atipias, com atividade mitótica, fusos celulares
com atividade proliferativa, padrão infiltrativo). Como é mesenquimal, a via de disseminação
preferencial é a hematogênica.
O estroma prolifera para dentro do
epitélio, formando uma cavidade, dando
um aspecto de cacho de uva ou bolhas.
Muitas vezes diferenciar um
Fibroadenoma de um Tumor Filodes
Benigno é difícil. O diagnóstico diferencial é
baseado na atividade proliferativa
estromal do fibroadenoma que raramente
apresenta mitose, e o tumor filodes apresenta
até 3 mitoses por 10 campos de grande aumento.

183
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CÂNCER DE MAMA
As manifestações são encontradas, através de
✓ Manifestações clínicas (adensamentos, nódulos palpáveis);
✓ Alterações mamográficas;
✓ Achados histológicos incidentais; achados durante cirurgias estéticas e entre
outros procedimentos;
✓ Investigação de derrame papilar (na maioria das vezes corresponde a
processos benignos, mas algumas vezes, a descarga papilar hemorrágica favorece
processos malignos);
✓ Metástases;
Fatores de risco:
✓ Idade tardia ✓ Radiação

✓ Menarca precoce / ✓ Carcinoma de mama contralateral ou


de endométrio
menopausa tardia
✓ Influências Geográficas
✓ Primeiro filho tardio /
✓ Dieta
poucos filhos
✓ Obesidade
✓ História familiar
✓ Exercício (proteção)
✓ Biópsias mamárias
✓ Amamentação (proteção)
✓ Estrogênio ✓ Fumo
Estão relacionados a estimulação estrogênica prolongada. Mulheres
de países desenvolvidos tendem a ter filhos em idade mais avançada e em menor
quantidade e isso faz com que sejam alvo de maior influência cíclica no tecido
mamaria, que justifica maior ocorrência de câncer de mama nessa população.
Além disso, a terapia de reposição hormonal, parece estimular esse tipo de
câncer, radioterapia e demais radiações.
O câncer hereditário é aquele que conseguimos detectar a herança de
um determinado gene, que no caso do câncer de mama de 80-90% são BRCA1
e BRCA2. E câncer familiar é aquele que há vários parentes de primeiro grau
(mãe, irmã, tia) com câncer de mama, mas que não se consegue detectar um
gene herdado – assim, acredita-se que há uma associação de várias alterações
que em conjunto favorecem aquela família a ter uma maior incidência de câncer,
isso associado aos fatores ambientais também.

184
PATHOLOGY | Tainã Zan

12% ocorrem devido a hereditariedade de um ou mais gene de


suscetibilidade (BRCA1 e BRCA2 80-90%), 3% de todos os cânceres de mama são
por herança desses genes, e geralmente há fatores importantes associados como
história familiar, idade precoce, múltiplos tumores e outros cânceres relacionados
(como endométrio, ovário).
A história familiar, no entanto, esses representam uma pequena
porcentagem de todos cânceres de mama, ou seja, a maioria é

esporádico (e o número de casos segue aumentando em relação aos outros).


Dentre os que tem histórico familiar, só 3% tem realmente a herança de um gene
conhecido, enquanto que nos 10-15% dos cânceres que se tem história familiar,
uma herança desconhecida de múltiplos genes que favorece o aparecimento de
câncer de mama.
A amamentação é compreendida como uma diferenciação da unidade
terminal da mama, portanto quanto mais tempo durar a amamentação, além da
mulher ficar fora da estimulação estrogênica, ela diferencia melhor o tecido, e
dessa forma previne o desenvolvimento do câncer. No entanto, essa
amamentação deve ser em idade precoce, antes dos 30 anos. Caso
contrário, essa prevenção não é alcançada.
Influências geográficas, estilo de vida, alimentação, dieta (quanto mais
gordura, maior conversão periférica de estrogênio), exercício físico, álcool parece
que são fatores que determinam maior ou menor risco, no entanto ainda não se
tem dados conclusivos.

185
PATHOLOGY | Tainã Zan

Dentro do termo câncer de mama, existem vários tipos de lesões,


classificadas através do aspecto histológico e molecular (se baseia no
status hormonal, ou seja, se o tumor apresenta receptores hormonais).
Esse tipo de carcinoma molecular dependente de estrogênio tem como
características ser um carcinoma in situ:
O tecido normal mamário com a dupla camada (mioepitelial ou
basais e luminal ou epiteliais) prolifera com atipias e desencadeia um
carcinoma dentro do ducto/lóbulo, restrito ao epitélio com a membrana
basal integra. Isso significa, que os epitélios não têm suprimento sanguíneo e
se nutrem por difusão, portanto, não tem capacidade de metastizar, sendo
passível de remoção cirúrgica.
Não tem como característica a formação de nódulos, raramente
palpável. Formam adensamento (ductos dilatados) e na mamografia pode se
detectar microcalcificações.
Os carcinomas são subdivididos em ductal e lobular. Por um tempo
se pensou que as células do lóbulo desenvolviam um determinado tipo de lesão
e as células do ducto um outro tipo de lesão. Hoje sabe-se que o câncer de mama
surge a partir de células tronco do adulto (somáticas) presentes na
unidade terminal (ácino), e que elas se diferenciam comprometendo
predominantemente lóbulos, ou predominantemente ductos.
Resumindo, o carcinoma surge de uma célula tronco que se diferencia
em ductal ou lobular. Inicialmente é um carcinoma restrito/ in situ que se
subclassifica em intralobular ou intraductal. Quando rompe a membrana
basal e infiltra, é quando se torna clinicamente detectável com aspecto de
nódulos palpáveis ou identificados pela mamografia. Dessa forma, um
carcinoma intraductal ou intralobular, nunca é invasor.

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Germline mutations

1. Loss of apoptosis
2. Genome instability

3. Loss of growth
inhibition

4. Self-sufficient
growth

5. Angiogenesis

6. Limitless
replication

7. Tissue invasion

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FIBROADENOMA
TUMORES (NEOPLASIA BENIGNA)
ESTROMAIS

TUMOR FILODES
Comedocarcinoma

NEOPLASIA Sólido
MALIGNA
DE MAMA Ductal Cribiforme
"in situ"
Papilar

Micropapilar
Lobular
CARCINOMA
DE MAMA Sem especificação

Tubular

Ductal Cribiforme invasor

Colóide/Mucinoso
INVASOR
Medular
Lobular 188
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Classificação Histológica - Nottingham

ASPECTO NÚCLEOS PROLIFERAÇÃO

Grau I padrão tubular pequenos baixo

formação tubular e
Grau II grau nuclear maior + proliferação
áreas sólidas

Grau III ninhos sólidos atípicos alto índice mitótico

Classificação Molecular – Imuno-histoquímica

RE e/ou RP HER2

+ -
Menos agressivo
LUMINAL A 40 a 50% dos
carcinomas ductais

+ +
Mais agressivo
LUMINAL B 10 a 15% dos
carcinomas ductais
Agressivo

HER2
RE - + 7 a 12 % dos CD
Mulheres + jovens
Mais redicivante
Difícil tratamento

BASAL SIMILE
- - Semelhante às células
basais ou mioepiteliais
Triplo negativo

As neoplasias com HER2 + podem ser


tratadas com Traztuzumab (anticorpo
monoclonal específico HER2)

Cerb2 = Her2
HER2 é a abreviatura de "Human Epidermal growth factor
Receptor-type 2", ou seja, receptor tipo 2 do factor de
crescimento epidérmico humano. Em quantidades
normais, esta proteína tem um papel importante no
crescimento e desenvolvimento de uma vasta categoria de
células, designadas por células epiteliais.

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Carcinoma in situ de qualquer natureza não apresenta nódulos palpáveis!


Carcinoma in situ Ductal
Ao invés da dupla camada típica, as células proliferam em múltiplas camadas,
e apresentam atipias tanto na organização do epitélio quanto na característica
histologia. Dessa forma, a difusão não se faz adequadamente e as células mais internas
sofrem isquemia, necrose e morrem. Essa necrose favorece a deposição de cálcio que
é detectada pela mamografia.
Esse epitélio proliferado tem vários arranjos arquiteturais:
1. Comedocarcinoma: dilatação dos ductos por uma
proliferação de células. Ao invés de dupla camada,
vou ter numerosas camadas. Essa proliferação é
muito rápida, não dando tempo para formação de
aporte nutricional para células centrais, as quais
necrosam. Lembrar que dentro do epitélio não há
vasos, a nutrição é feita por difusão.
Na região de necrose, no núcleo central
necrótico, há calcificação!
É possível detectar já na fase inicial “in situ”
em uma MAMOGRAFIA.
Sem nódulo! É localizada! Bom prognóstico! Há apenas ductos aumentados, dando
ADENSAMENTO! A calcificação vai se dar dentro da secreção ou dentro do material necrótico.
Como referência aos comedores de pele (liberação de queratina de dentro dos folículos pilosos),
nesse caso há liberação é de material necrosado.

2. Sólido: crescimento celular sem formar estrutura


nenhuma ocluindo completamente a luz do ducto; a
estrutura é ocupada por uma proliferação sólida de
células! Membrana basal restrita ao ducto, células
atípicas.

3. Cribiforme: crescimento epitelial em um arranjo


semelhante há uma peneira, forma diversos
espaços glandulares! Microcalcificação, não é
necrose, e sim produtos de secreção mamária.

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4. Papilar: arranjo arboriforme ou digitiforme; com epitélio proliferado, porém com epitélio atípico
maligno. Quando tem um eixo conjuntivo de sustentação e epitélio proliferado!

5. Micropapilar: brotamentos epiteliais, que lembram


papilas, porém não há estroma / eixo conjuntivo
vascular de sustentação. Está mais frequentemente
associado a multifocalidade!

O carcinoma do tipo comedocarcinoma é o principal quando se fala em


diagnóstico precoce, em decorrência da microcalcificação se mais frequente. Apresenta
uma extensão maior, dificultando a delimitação da lesão pelo cirurgião. Está mais
frequentemente associado a microinvasão (infiltram estroma e assumem padrão de
possível disseminação metastática). Apresenta grau nuclear maior, núcleos são feios e,
quando infiltra, tende a ser mais agressivo.
Avaliação de recidiva de carcinoma intraductal:
TAMANHO, NÍVEL DOS LIMITES (se houver), GRAU NUCLEAR

DOENÇA DE PAGET: está relacionado a um


câncer de mama com comprometimento do epitélio da
papila mamária, que fica com aspecto eczematoso!
Caracteriza-se por infiltrar o sistema ductal e se
estender a nível do epitélio da pele (aréola mamilar).
As células dentro do ducto
mamário, vão proliferando
malignamente e distendendo
essa estrutura até atingirem o
epitélio da pele, fazendo com
que esse ducto se abra na
superfície cutânea e se
transforme de um epitélio de
dupla camada em um epitélio
estratificado pavimentoso.

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Esse tumor in situ na pele


(restrito ao epitélio) se apresenta
clinicamente como uma doença de aspecto
eczematoso (descamativa, hiperemiada),
como se fosse uma doença inflamatória
de pele, processo alérgico. No entanto o
carcinoma subjacente pode ser tanto in situ,
quanto invasor. Geralmente unilateral.
100% associado com Carcinoma
Subjacente ou Invasor ou “in situ”. Em
metade das vezes (50-60%) uma massa
palpável retroareolar pode ser encontrada, quando isso acontece é provável que seja um
carcinoma invasor.
Esse tipo de tumor costuma afetar um gene que promove a coesão celular,
fazendo com que as células se soltem com maior facilidade e migrem como células
isoladamente indo a comprometer a epiderme.

Carcinoma in situ Ductal /Carcinoma Microinvasor


Microinvasões que podem ocorrer sobretudo do carcinoma ductal in situ,
predominantemente pelo tipo comedocarcinoma. Isso está relacionado ao baixo
risco de disseminação metastática: foco de células tumorais rompem a membrana
basal e, por convenção, infiltram menos de 0,1cm do estroma.
Quando se trata de um carcinoma invasor, é subclassificado em ductal e lobular,
sendo o ductal mais frequente.
Esse se caracteriza por apresentar células maiores e menos provável de
bilateralidade e multifocalidade. Já o carcinoma lobular é constituído por células
menores com maior chance de bilateralidade, multifocalidade, metástases a distância tardias.
Importância: se houver um carcinoma in situ ductal tipo comedocarcinoma
apresentando uma lesão extensa, pode haver, por acaso, comprometimento das glândulas
mamarias. Sobretudo se não for feito um diagnóstico de microinvasão. Ou até mesmo de
metástase em linfonodos regionais. Provavelmente, se bem estudada, a neoplasia será
curada; porém há risco de novos canceres.

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Carcinoma in situ Lobular


Menos frequente do que o CDIS;
Distende unidade terminal da mama, lóbulo fica contorcido!
Tem maior chance de bilateralidade (50-70%). Biópsia em espelho!
Não tem associação com microcalcificação, nem com adensamento mamário,
logo não tem apresentação clínica característica e, portanto, achada da lesão costuma ser
um achado ocasional.
Importância do reconhecimento: imprime na mulher um maior risco de infiltrar o
estroma, podendo transformar-se tanto em um carcinoma invasor lobular, como
também em outro carcinoma invasor. Assim, oode evoluir para malignidade e se tornar
invasor, ou ainda evoluir para um carcinoma ductal de mama. Importante para prever que a
mulher afetada tem chance alta de desenvolver um outro carcinoma de mama em qualquer
localização.
Não estando relacionado ao espessamento do estroma circundante, nem às
secreções, não haverá microcalcificações que permitem fazer o diagnóstico precoce. Portanto
o diagnóstico é incidental.

Na imagem à esquerda, observa-se o ducto e, na unidade terminal, o tumor cresce ocupando


e distorcendo todos os lóbulos.
Essas células tumorais se diferem do carcinoma ductal! As células são pequenas,
de baixo grau nuclear, pouca atividade mitótica, monomórficas (e não pleomorficas
como no CDIS), sem atipias significativas, distendem a unidade lobular/ distal da mama.

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Carcinoma Invasor Ductal


É o tipo mais comum de câncer de mama.
Carcinoma In Situ é intraepitelial! Carcinoma Invasor é invasão do estroma
circundante! E não do lóbulo, do ducto. Quando infiltra o estroma, há uma reação de
estroma chamada de reação desmoplásica, que forma nódulos, os quais a mamografia
descreve. Muito frequentemente, esses nódulos apresentam característica infiltrativa,
estrelada, mal delimitada. Porém, às vezes, pode ser bem delimitada, lobulada, lembrando
fibroadenoma.
Apresenta células maiores, mais pleomorficas, com padrão de infiltração
distintos, podendo ser subclassificados. No entanto, a maioria se prolifera sem adquirir um
padrão subtípico, sendo chamados de sem especificação, ou ainda, carcinoma ductal
de mama do tipo comum.
Ex: Um carcinoma ductal invasor com 1 cm sem outra especificação e axila negativa pode
atingir diferentes comportamentos, ou seja, responde de forma distinta aos tratamentos. Funciona
assim por que cada mulher expressa diferentes moléculas, como exemplo, a expressão de receptores
hormonais no epitélio.
No tecido mamário normal, as células apresentam receptores de estrogênio
(RE) e receptores de progesterona (RP), a célula basal não expressa esses
receptores.
Baseado na classificação molecular, não adianta dar um bloqueador de
estrogênio se a célula tumoral não exibe receptores. Não adianta dar uma medicação
para supressão do gene HER2 que está superexpressado, se o tumor não apresenta essa
expressão. Esses tumores tendem a sofrer progressão e mutações adicionais até deixarem
de responderem ao herceptin, tornando-se agressivos e potencialmente letais.
Macroscopicamente, essas neoplasias têm aspecto enraizado, de pata de caranguejo.
Portanto é um tumor, estrelado, infiltrativo, invasor, firme, fosco e retrai os tecidos
adjacentes, inclusive a pele, devido a presença de estroma conjuntivo (tipo cicatriz).

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SUBTIPOS DO CARCINOMA INVASOR DUCTAL

1. Sem Outra Especificação / Tipo Comum / Tipo Usual


Não forma o tipo especial.
Sem características comportamentais importantes.
É o mais comum e o mais agressivo.
Enraizado, mal delimitado, retraído (e retraindo
tecidos), firme, com consistência de pera verde,
brancacento, fosco.
Nas doenças avançadas, ele infiltra pele, músculo
peitoral, determinando prognostico desfavorável.

Carcinoma Intracístico
Outras vezes, o carcinoma cresce dentro
de ductos cisticamente dilatados, formando o
Carcinoma Intracístico, que geralmente assume
padrão pilífero (cresce formando eixos conjuntivos
vasculares e um epitélio proliferado atípico).
Aspecto verrucoso para dentro de uma
cavidade, que é o ducto glandular.

Carcinoma Inflamatório
Carcinoma agressivo de qualquer tipo
histológico, que as células tumorais infiltram
pequenos capilares e, também, infiltram e
embolizam linfáticos de pele, causando
linfedema. Embolização sólida tumoral (imagem)!
A pele fica avermelhada, edemaciada, com
pontos de retração (correspondem aos folículos
pilosos) dando um aspecto de casca de laranja.
Importância: significa geralmente doença
agressiva com metástases a distância.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

Com a evolução do tempo, não se compreende bem em que momento, esses tumores
podem romper a membrana basal e infiltrar o estroma. E, quando isso acontece, essas
células tumorais podem formar configurações distintas, permitindo que se classifique em
tumores tipos especiais ou tumores sem outras especificações.
Os especiais são classificados conforme o padrão de infiltração e apresentam
melhor prognostico quando comparados aos tumores sem outra especificação.

2. Carcinoma Tubular Invasor (2% dos carcinomas)


Infiltra o estroma formando estruturas
semelhantes a ductos/túbulos, portanto é uma
variante bem diferenciada.
Frequentemente associado ao padrão Luminal A.
Excelente prognostico, pois há receptores
hormonais expressos.
Pode ser confundido com adenose esclerosante,
no entanto não apresenta dupla camada.

3. Carcinoma Cribiforme Invasor


Infiltra o estroma, proliferando e formando
estruturas cribiformes, ou seja, vários ácinos dentro
dos lençóis de células infiltrantes.
Imagem: estroma com aspecto colagênico, com
ninhos tumorais “furadinhos” infiltrando o estroma.
Variante bem diferenciada! Pouco agressiva!

4. Carcinoma Coloide / Mucinoso (1-6% dos cânceres de mama)


Há produção de grande quantidade de muco;
Bordos expansivos;
Células tumorais boiam nos lagos de muco!
Ocorre em mulheres de idade avançada, geralmente
após os 60 anos.
Caracterizado por crescimento lento, por dar
metástases em linfonodos regionais tardiamente.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

5. Carcinoma Medular (1-5% dos carcinomas)


Mais frequentemente associado com carcinoma
hereditário (mutações do gene BRCA1).
Padrão com achados medulares: não é completamente
preenchido dentro dessa característica de tumores medular,
mas há áreas que lembram o carcinoma medular.
Apresenta lóbulos com bordos lobulados
expansivos e não infiltrativos, ou seja, são bem definidos,
podendo simular fibroadenoma em exames feitos por métodos
de imagem.
As células são bem indiferenciadas, de alto grau
nuclear, no meio das quais há um infiltrado de
células inflamatórias plasmocitárias
(linfoplasmocitárias). Há ninhos, lençóis sólidos
de células.
Esse infiltrado linfoplasmocitário é
que confere bom prognostico. Metástase são
tardias!
Sim, apesar de seu grau nuclear alto, das
células pleomorficas, com alto índice mitótico, não
formando estruturas tubulares, tem um bom
prognóstico!
Importância: é o tipo que mais frequentemente que, pelos métodos de imagens, é
associado a lesão benigna. É associado a câncer hereditário. E embora um tumor feio, há
bom prognostico.

Carcinoma Invasor Lobular


Bilateralidade mais frequente;
Multicêntrico; multifocalidade;
Padrão invasivo difuso (fila indiana de
células- uma atrás da outra);
Metástase tardia sobretudo para
superfície seroso, ovários, útero, medula óssea.
Células pequenas, com coesão diminuída,
infiltram e circundam estruturas ductais dando
aspecto em alvo;
Dão adensamentos na mama, sem formar um nódulo característicos, com limites
imprecisos.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

Fatores prognósticos:
✓ “In situ” x Invasor
✓ Metástases a distância
✓ Linfonodos
o Número
o Distância
✓ Tamanho do tumor
✓ Grau de infiltração – doença localmente avançada
✓ Carcinoma inflamatório
✓ Classificação de Nottingham (baseado na quantidade e no arranjo de estruturas ductais)
o Tipo histológico
o Grau histológico
✓ Subclassificação molecular
o Quando expressam receptores hormonais são menos agressivos e mais controláveis;
o Quando expressam HER2 são mais agressivos
✓ Invasão vascular
✓ Taxa proliferativa
✓ Células pleomorficas

Mama Masculina
Ginecomastia
Carcinoma de Mama
Todas doenças tanto malignas quanto benignas podem se desenvolver em homens
(1% das doenças de mama). São localmente mais avançados, infiltram pele e músculo mais
precocemente que na mulher, devido a glândula mamária rudimentar.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

AIDS/SIDA
Doença infeciosa causada pelo vírus da imunodeficiência humana
(HIV) que cursa com profunda imunossupressão, levando a infecções
oportunistas, a tumores secundários e a manifestações neurológicas.
AGENTE: HIV (reservatório humano)
✓ Retrovírus transmitido por via sexual, a partir de hemoderivados e verticalmente (mãe para o feto);
✓ Grupos: HIV-1 e HIV-2

Epidemiologia
✓ 1.000.000 casos novos ano 2006 (USA);
✓ 60.105 adultos infectados e 20.105 mortos no mundo (2006);
✓ 65% dos casos mundiais estão na África; 20% na Ásia.
✓ É a 2° causa de morte em homens jovens entre 25 e 44 anos (USA);
✓ É a 3° causa de morte em mulheres jovens 25 e 44 anos, nos EUA.
A doença possui distribuição maior em países pobres: prevalência elevada na África subsaariana, principalmente,
na África do Sul, por motivos socioeconômicos e culturais: alguns grupos acreditam que os indivíduos doentes que
tiverem relação com indivíduos puros (crianças), terão cura, criando um ciclo de perpetuação desse vírus no pais.
Histórico
Acredita-se que o vírus tenha derivado e evoluído do SIV, isto é, de uma
versão que infecta os símios, especialmente o macaco verde africano e que esse
vírus se tornou capaz de vencer as barreiras interespecíficas devido ao contato
muito próximo entre homens e macacos.
A mais provável teoria relata que o SIV foi transmitido ao homem no Congo, na década de 50.
Posteriormente, migrou da África para o Haiti, e, logo depois, disseminou-se para os EUA no final da
década de 60. A partir do EUA, expandiu-se para o mundo, tornando-se pandemia nos anos 80.

199
PATHOLOGY | Tainã Zan

Era conhecido como “câncer gay”, devido a alta prevalência de Sarcoma de Kaposy
em gays norte-americanos.
Entre o ano de 1982 e 1983, houve uma corrida mundial para descobrir a etiologia da
doença. O instituto californiano, liderado por Galo, e o Instituto Pasteur, na França, em
colaboração, identificaram que a doença era causada por um retrovírus.

Pode ser de dois tipos:


HIV 1 – possui 3 subtipos.
Acredita-se que tenha surgido antes do HIV 2;
Surgiu no centro-sul da África;
É o tipo mais comum no Brasil, Europa e EUA;
Mais rápido, mais agressivo;
HIV 2 – possui 2 subtipos.
Surgiu no norte da África;
É o tipo mais comum na África;
No Brasil desde 2010;
Também, é o tipo mais comum no RS, que atualmente, é o estado que mais notifica
infecções no país. Acredita-se que a prevalência de HIV 2 no RS, a despeito de ser o HIV 1
a forma mais prevalente no Brasil, ocorra devido à proximidade do porto de Rio Grande
(cidade com os maiores registros de incidência), com a Costa da África.
É importante conhecer os dois subtipos e suas distribuições para identificar de onde
vêm a infecção, quando relatados novos casos. Além disso, os dois tipos diferentes
parecem ter comportamento, agressividade e resposta a tratamentos diferentes.

Fatores de risco associados mais frequentes encontrados em pacientes com HIV:


✓ Homossexualidade e bissexualidade ♂ (50% EUA).
✓ Usuários de drogas intravenosas (20%), devido ao compartilhamento das seringas.
✓ Antes de 1985 (pois não eram realizadas triagens e rastreios)
o Hemofílicos (0,5%);
o Receptores de transfusões sanguíneas (1%)
✓ Transmissão vertical mãe/feto:
o Hoje já reduziu muito, pois há evidencias de bom prognóstico nas gestantes que fazem tratamento
antirretroviral e uso de xarope AZT, somado, ao tratamento de recém-nascidos até os 2 anos de vida.
✓ Contactantes heterossexuais (10-35% ♀).
✓ Indivíduos com outras DSTs: indicam comportamento de risco.
o Sífilis; Herpes; Cancroide; Gonorreia; Clamídia;

Obs: promiscuidade significa mais de 3 parceiros diferentes em um ano.

200
PATHOLOGY | Tainã Zan

Transmissão
Uma vez que o vírus consiga entrar no hospedeiro, ele basicamente pode sofrer:
✓ Inoculação direta na corrente sanguínea, migrando para células dendríticas;
✓ Via Sexual onde uma microlesão/microerosão de mucosas faz com que o vírus
penetre no organismo e, basicamente, infecte células dendríticas da mucosa (é
onde ele tem o tropismo para conseguir entrar na célula e se replicar – células
dendríticas possuem receptores dos quais o vírus necessita para fazer essa inclusão);
✓ Assim, pode haver infecção de linfócitos e de células dendríticas da submucosa;

♂ ♀
É mais fácil a contaminação do homem para a mulher do que da mulher para o homem. A mucosa feminina
favorece mais a coleta do resíduo da secreção sexual, aumentando as chances de infecção.

AIDS/SIDA é uma doença infecciosa oportunista causada pelo HIV, que leva
o individuo a imunossupressão severa, facilitando desfechos causados por infecções
oportunistas, tumores secundários e manifestações neurológicas. As afecções neurológicas
ocorrem, principalmente, devido ao tropismo do vírus com as células dendríticas do
SNC.
O agente etiológico é um retrovírus, um vírus portador de RNA, o qual forma um
DNA e o insere no genoma da célula hospedeira, a fim de realizar o processo de replicação.
As principais formas de transmissão do vírus são: via sexual, hemoderivados, vertical (mãe-
feto).

Partícula viral
O virium é forma livre do vírus
fora da célula hospedeira, porém dentro
do organismo. Ou seja, é a forma
encontrada no meio extracelular.

Componentes virais (ordem de dentro para fora):


Núcleo do HIV
Fitas de RNA
Transcriptase reversa (duplicação na célula hospedeira)
Protease (abertura de caminho para a progressão)
Integrase (integração do vírus ao genoma)
Cápside p24
Matriz p17: camada proteica produzida pelo próprio vírus;
Bicamada lipídica que lembra muito a MP da célula hospedeira, e na verdade, é formada por ela.
Contém duas glicoproteínas, a 120 e a 41, que serão responsáveis pela adesão do vírus à célula.

201
PATHOLOGY | Tainã Zan

Tecidos Alvos
São células que possuem receptores, basicamente dendríticas! São os locais onde o
vírus irá parasitar, a fim de se replicar, e cujas células serão lesadas por esse processo.
✓ Sistema imunológico: células que expressam CD4+ e monócitos de uma forma geral.
✓ Células do SNC.

Ciclo de vida do vírus


✓ Entrada do vírus na célula hospedeira
✓ Replicação viral
✓ Liberação do vírus e reinfecção

1 Free Virus: O vírium livre no meio extracelular, tendo as glicoproteínas na sua superfície,
2 Bindindg and Fusion: faz uma ligação com células que expressam CD4+ .
3 Infection: Essa ligação forma um complexo que faz com que o vírium se aproxime da célula
e “jogue” o material genético, ou seja, o RNA para o seu interior.
4 Reverse Transcription: o RNA, sob a
ação da enzima transcriptase reversa,
forma DNA. Ou seja, por meio de uma fita
de material genético, formam-se duas.
5 Integration: uma vez formado, o DNA
migra para dentro da célula e, através
da enzima integrasse, se integra ao
genoma da célula hospedeira. Esse
processo de ligação ao DNA da célula
hospedeira é importante, pois o vírus
necessita da sua maquinaria celular para formar novas partículas virais.
6 Transcription: por fim, milhares de copias de RNA saem do núcleo e começam a sintetizar
proteínas no citoplasma para formar novos vírus.
7 Assembly: conjuntos de cadeias de proteínas virais se juntam próximo a membrana.
8 Budding: o vírus imaturo começa a abandonar a célula hospedeira, levando consigo parte
da bicamada lipídica da MP dessa célula. A enzima protease inicia o processamento
das proteínas no novo vírus em formação.
9 O vírus imaturo se liberta da célula infectada.
10 Maturation: protease finaliza o processamento de cadeias de proteínas virais do HIV,
formando proteínas individuais que combinam para formar um novo vírus funcionante.

A primeira medicação eficaz contra HIV, e que é utilizada até hoje, é um bloqueador
de transcriptase reversa. As medicações diminuíram imensamente as taxas de
conversão do HIV para AIDS, ou seja, da fase de latência da doença para o
desenvolvimento dos sintomas.

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Mecanismos que causam imunossupressão: efeitos sobre as células hospedeiras


✓ Efeito citopático viral – efeito citotóxico – (PRINCIPAL)
o Lise, arredondamento, vacuolização, formação de sincícios, inclusões, picnose, apoptose.
✓ Morte celular induzida pela ativação (apoptose)
o Via da Morte: indução da apoptose em células infectadas por células não infectadas: “já
que não é possível salvar aquela célula, o caminho é eliminá-la”.
✓ Morte de células infectadas por Linfócitos T Citotóxicos - LCT (Específicas)

História natural da doença


Considerando a transmissão por contato de mucosas, na infecção primária, ocorre infecção primária
dos tecidos linfoides do espaço submucoso, principalmente, das células dendríticas e células T. Essa infecção
começa a se disseminar e acomete os vasos linfáticos e linfonodos e irá se estabilizar nesses locais.

Síndrome Retroviral Aguda


Posteriormente, o indivíduo, que é “virgem” ao contato com o vírus HIV, aproximadamente 3 a 6
semanas após a infecção primária, desenvolve a síndrome retroviral aguda (viremia = sistêmica), que
consiste no aumento de linfonodos, febre, dor no corpo, mal-estar, simulando um quadro gripal.
Esse fato ocorre devido a um aumento abrupto de partículas virais no organismo e queda de linfócitos.
Essa síndrome irá desencadear uma resposta imune, visando a aumentar a quantidade de linfócitos no
organismo, a fim de controlar a replicação viral. O controle ocorre parcialmente; não se tem mais a quantidade
de linfócitos que se tinha anteriormente à lesão (linfócitos em torno de 700 células/m³) e o vírus não é
eliminado, embora diminua consideravelmente (podendo chegar a carga viral indetectável).

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Fase Intermediária / Crônica


O paciente, então, entra na fase da latência clínica. Lentamente, ao longo dos anos, vai ocorrendo
uma desproporção do número de linfócitos em relação à carga viral. Aparentemente, o indivíduo está
assintomático, mas está “perdendo a guerra para os vírus”. Tempo médio de 7 a 10 anos.

SIDA/AIDS franca
Quando a quantidade e Linfócitos T torna-se <500 células/m³ (nível crítico) e as taxas de
vírus estão altas, o paciente desenvolve a imunossupressão característica da AIDS: destruição do tecido
linfático e depleção de linfócitos T CD4+. A doença passa a ser sintomática: linfonodos aumentados,
emagrecimento, inapetência, febrículas. A AIDS facilita o desfecho de doenças oportunistas e tumores
secundários, por exemplo, até o momento em que o paciente irá padecer de uma dessas causas.

Inicialmente, os pacientes eram agrupados em categorias de acordo com os sintomas


e a contagem de linfócitos T, a fim de avaliar quais receberiam as terapias anti-virais.
Atualmente, no Brasil, não se usam mais essas classificações, visto que os coquetéis são
ofertados a todos os pacientes para aumentar a fase da latência.

≥ 500 200-499 ≤200


cél/m3 cél/m³ cél/m³

HIV agudo (primário), assintomático,


A1 A2 A3
linfadenopatia generalizada persistente

Sintomático, diferente das condições A e C B1 B2 B3

Condições indicadoras de AIDS: doença constitucional,


C1 C2 C3
doença neurológica, ou infecção secundária ou neoplasias

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Sintomatologia da AIDS
Infecções por protozoários e helmintos
Criptosporidose, isosporidose  enterites crônicas
Toxoplasmose (peunomia, corioenterite, infecções SNC).

Infecções fúngicas
Pneumocistoses (PNM, infecções disseminadas).
Agente: Pneumocystis jiroveci
(forma letal mais letal do paciente aidético – pneumonia ou pneumocistose) – tratado com Bactrin
Candidíase: boca, esôfago, traqueia e pulmão. Indício forte de imunodeficiência!
Criptococose: grave encefalite.
Coccidioidomicose (disseminada).
Histoplasmose (disseminada).

Infecções bacterianas
Micobacterioses (atípicas ou típicas).
Tuberculose (secundária) frequente, pois geralmente o indivíduo já possui a bactéria
Nocardiose: pneumonia, meningite, disseminada.
Infecções por Salmonella: disseminada; septicemia.

Infecções virais
Citomegalovírus (pulmonar, intestinal, rinite, SNC).
Herpes simples (localizada ou disseminada): caso de infecção constante, que nunca melhora.
Varicela – zoster (localizada ou disseminada): investigar tumor e AIDS.
Papolavírus: leucoencefalopatia multifocal progressiva.

Neoplasias
Sarcoma de Kaposi: acredita-se que a liberação de muitas citocinas estimulem as células
mesenquimais a se reproduzir e gerar um tumor. “O câncer gay!”
Linfomas de células B não-Hodgkin (EBV): linfoma de Burkitt com gigantes de células B - no meio
das células normais encontram-se células claras tumorais, causando aspecto de linfonodos em céu estrelado.
Linfoma primário do cérebro
Câncer invasivo cérvico-uterino e anal (HPV)
SNC, sistema nervoso central

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MARCADORES DAS
NEOPLASIAS
O processamento da peça é o mesmo: prepara-se uma lâmina histológica e, no final,
é feito um bloco de parafina, no qual se realiza as colorações histoquímica de rotina e
algumas especiais.
A imuno-histoquímica, por sua vez, é feita na mesma lâmina, por meio de uma reação
antígeno-anticorpo. Adiciona-se um anticorpo conhecido para se verificar se naquele
tecido existe o antígeno especifico. O anticorpo, além disso, é adicionado acoplado
a um corante, que colora sempre em marrom as células alteradas. Portando, como não é
possível diferenciar uma neoplasia de outra, uma vez que todas colorem de marrom, deve-
se saber de antemão o que se está procurando.
É uma técnica qualitativa.
Utilizam-se antígenos de membrana, nucleares e de citoplasma.
Na técnica, utilizam-se controles comparativos positivos, os quais são feitos ou
em uma lamina paralela, ou na mesma lâmina, aumentando a confiabilidade do
teste.
É principalmente utilizada quando se tem certeza de uma neoplasia maligna, mas
que se encontra indiferenciada; portando, não se sabe se é de origem epitelial,
mesenquimal ou linfoide. Parte-se do princípio de que esse tipo de tumor guarda, no seu
citoplasma e nas suas organelas, algum resquício de diferenciação.
Ex.: nos filamentos intermediários da célula, encontram-se antígenos que
podem ser pesquisados, podendo-se identificar a linhagem.
Pesquisam-se constituintes celulares normais ou elementos estranhos à célula.
Em pacientes acima de 50 anos, tem-se um aumento da sensibilidade e
especificidade do exame.
É uma técnica que pode ser utilizada nos processamentos de rotina.
Pode-se pesquisar os antígenos mesmo após longos períodos de arquivamento do
tecido, diferentemente, da imunoflorescência, por exemplo.
Vê-se a positividade ou negatividade do exame no próprio material, no
próprio tecido ou na própria célula que está se analisando, o que aumenta a
segurança do diagnóstico.
Permite a identificação da subtipagem das neoplasias.
Ex. sabe-se que é um linfoma, mas qual tipo? Células B?
Permite a identificação se a célula é metastática ou original do local e a
caracterização da origem dos carcinomas. Por exemplo, no exame de um nódulo
metastático, pode-se descobrir de onde veio o tumor primário; essa análise é útil quando
há comprometimento de dois órgãos contínuos e não se sabe em qual dos dois
está a origem da massa tumoral.

207
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Ex.: adenocarcinoma mucinoso de ovário ou cólon; exame de um gânglio


metastico; exame de CA de pulmão para saber se é primário ou se é metástase.
Permite a expressão de receptores como estrógeno e progesterona.
Permite a caracterização de produtos de secreção das células: PSA,
estrógeno, progesterona, tireoglobulina. Alguns produtos são típicos de determinadas
células e auxiliam no diagnóstico; porém, não se tem 100% de segurança com a
identificação de apenas um produto. Logo, faz-se um painel de marcadores, no qual
testa-se vários marcadores diferentes e, em conjunto, eles apontarão o diagnóstico com
maior especificidade.
Permite a avaliação da atividade mitótica e a expressão de oncogenes:
características determinantes de um comportamento mais agressivo.
Permite a orientação terapêutica adequada - a expressão de determinados
antígenos norteia para a escolha de tratamentos específicos. É importante, portanto, para
selecionar a droga que terá a melhor resposta aos tumores e quais as chances de
sucesso – sobrevida do paciente.
Permite a pesquisa de agentes infecciosos.
Ex.: anticorpos contra HPV no rastreio de câncer de colo de útero.
Permite a diferenciação entre benignos e malignos, por meio da identificação
da dupla camada, a qual indica benignidade.
Ex.: nas doenças benignas da mama, há sempre a presença das duas camadas
celulares: uma mioepitelial e outra epitelial. Na cicatriz radiada e na adenose esclerosante,
por exemplo, ocorre um processo fibrótico que infiltra e distorce o arcabouço e as células,
podendo simular uma lesão maligna infiltrativa. Realiza-se, portanto, imunoistoquimica para
diagnóstico diferencial, por meio da identificação das duas camadas e da camada basal
integra. Portanto, sempre que a camada epitelial estiver presente, a lesão é benigna, não
invasiva.
Ex.: em alguns casos, porém não é possível diferenciar lesões benignas de malignas.
Por exemplo, não é possível diferenciar nevos displásicos de melanomas iniciais com base
na histoquímica. Apenas se identifica que as células são de origem melanocíticas.
Além disso, às vezes, a camada basal é descontinua. Portanto, deve-se ter
uma amostra grande para ter certeza da ausência.

Falsos negativos:
• Anticorpo inadequado, desnaturado ou em concentração inadequada.
• Preservação do anticorpo em temperatura inadequada.
• Presença de antigenos em baixa quantidade
• Reatividade cruzada
• Presença de peroxidade endógena
• Tecidos normais no meio do tumor
• Perda de antígenos por fixação inadequada: falta ou excesso de fixador
o formalina 10% tamponada – entre 24h e 48h.

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Obs.: Exame de próstata  a região periférica da próstata é o local mais comum


de ocorrência de neoplasias. Porém, elas tendem a ser mais difusas, muitas vezes não
percebidas pelo toque ou por métodos de imagem, diferentemente das neoplasias de
mama. Faz-se, portanto, dosagem de soro PSA. Quando ele estiver aumentando muito
rapidamente, admite-se que o paciente é um forte candidato. É feito, então o exame
sextante: retirada de fragmento de seis locais diferentes: ápice, médio e base,
direitos e esquerdos, aleatoriamente. A retirada é feita com agulha, de pouco material;
logo, na análise patológica, podem aparecer pequenos grupos de ácinos diferentes. Esse
exame evita diagnósticos tardios. Deve-se ter o máximo de segurança diagnóstica possível,
pois a cirurgia de próstata tem alta morbidade: pode causar incontinência e impotência.

Exemplos de alguns anticorpos:


Actina – células de músculo liso, mioepiteliais, de glândulas sebáceas e sudoríparas.
Cromogranina – células endócrinas.
Citoqueratina – células epiteliais.
Desninas – células do músculo liso e estriado e miofibroblastos.
LCA – antígeno comum leucocitário.
PSA – células prostáticas.
SC – células gliais, melanócitos, condrócitos, adipócitos, células de schwan, mioepiteliais.
Neurofilamentos – diferenciação neuronal.
NSE – células neuroendócrinas.
Tireoglubilina – células tireoidianas.
Carina – atividade proliferativa. – identifica-se quantas células estão no pool replicativo.

Obs.:
CK7 CK20 – dois tipos de citoqueratina.
RER B2 – marcador de membrana citoplasmática, contorna a célula.
Receptores de estrógenos – são nucleares e encontram-se presentes tanto em
tumores benignos quanto em malignos bem diferenciados e em alguns não diferenciados.
ASAB – nomenclatura não recomendada, mas muito utilizada quando encontra-se
ácinos pequenos atípicos na próstata, em que se vê um grupo de ácidos malignos, mas a
quantidade é pequena para se fazer um diagnóstico com segurança. Na próstata, utiliza-
se no mínimo 2 marcados; costuma-se utilizar 3.

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PATOLOGIA DOS
ANEXOS UTERINOS
É o órgão que mais apresenta diagnósticos diferenciais quanto a tumores. Não
existe outro local com tamanho potencial para tumorificação, pois no ovário residem tecidos
com capacidade totipotencial que são exclusivos, sendo que o mais próximo dele é o
testículo. Não somente de neoplasias, o ovário apresenta grande quantidade de elementos
não neoplásicos.
Os tumores de ovário são incomuns, mas boa parte deles é maligna. No trato
genital feminino é o de maior mortalidade, mas mais que a agressividade, eles são mais
tardiamente 108 diagnosticados, pela profundidade dos órgãos. O principal problema é a
falta de diagnóstico precoce. Cerca de ¾ dos tumores, quando diagnosticados, já estão
metastatizados à distância. O tratamento por quimioterapia tem sido muito efetivo. A
ultrassonografia abdominal total para mulheres acima de 50 anos para rastreamento é
aconselhada anual ou bianualmente.
A maior prevalência é de tumores malignos e de comportamento borderline (que
podem evoluir para malignidade). A expressa maioria se concentra da 5ª à 7ª década de
vida, mas é importante para adolescentes e jovens, pelos números absolutos desses grupos.
Pode haver aumento de volume abdominal, por induzirem ascite. Normalmente são
tumores volumosos, pelo crescimento silencioso. O volume é um dos critérios de malignidade.
Os tumores de ovário pertencem a uma classe muito extensa. O ovário não tem
revestimento seroso, mas tem epitélio celômico em sua superfície, o local mais prevalente
de tumores. 5% são, na verdade, metástases de outros locais.

CISTOS FOLICULARES

LESÕES CISTO DE CORPO LÚTEO


NÃO CISTOS LUTEÍNICOS
CISTOS TECA-LUTEÍNICOS
NEOPLÁSICAS

OVÁRIOS POLICÍSTICOS
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LESÕES NÃO NEOPLÁSICAS


Elementos não neoplásicos: consistirão de massa tumoral, cavitário e que
obrigatoriamente tem no seu interior epitélio.

1. CISTOS FOLICULARES
Cerca de metade das mulheres têm este tumor não neoplásico. São extremamente
comuns, correspondem a folículos atrésicos cistificados. Costumam ser múltiplos,
uniloculados, contendo líquido seroso claro, sub-capsulares, com tamanho, em
geral, de 0,5 a 1,0 cm. O aspecto é delgado, podem ser facilmente vistos na superfície. Seu
conhecimento é importante para diferenciação das neoplasias, que também tem grupo que
é cístico, porém multicavitário, mais complexo. É um cisto que não apresenta implicação
patológica maior, sem necessidade de cirurgia.
Obs.: podem ocorrer cistos foliculares bilaterais.

2. CISTOS LUTEÍNICOS
2.1. Cisto de corpo lúteo:
Tem centro hemático com bordas espessas amareladas, em geral único – raros
casos, pode ser bilateral. Há cistificação do corpo lúteo. É fisiológico e comum em cada
ovulação. A história natural, aparecendo ou não por exame de imagem, é a tendência a
involução e posterior transformação em corpo albicans.
2.2. Cistos teca-luteínicos:
São grandes cistos com conteúdo hemático, espessas orlas amareladas.
Costumam se transformar em corpo albicante, assim como o cisto de corpo lúteo.
Causas:
Gravidez, doença trofoblástica, gravidez molar, coriocarcinomas e uso de
clomifene (um estimulante de ovulação para induzir fertilização).
Evolução:
Cessada a causa determinante, os cistos tendem a diminuir  involuir!

Imagem de superfície de ovário com duas elevações boceladas e borda delgada, cisto
folicular típico. Caso seccionado, esvaziará o conteúdo fluído e claro, e apresentará
caráter liso por dentro. Na lâmina se vê epitélio delgado de revestimento.
Imagem de cisto teca-luteínico, muito maior e assim como no cisto de corpo lúteo, tem
interior hemorrágico e as bordas são espessas e amareladas. É produtor de

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estrogênio. Ambos tendem a involuir, a diferença é que para que isso aconteça no teca-
luteínico, deve-se cessar o estímulo causardor.

3. OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SÍNDROME DE STEIN-LEVENTHAL)


Os ovários apresentam simultaneamente vários cistos aumentados, fibróticos,
cisto do tipo folicular, ficam na superfície do ovário, bem subcortical, e não existirá
processo de ovulação normal, pois os óvulos ficam atrésicos antes de amadurecer.
Morfologia:
Ovários aumentados, fibrose estromal cortical, cistos do tipo foliculares
subcorticais e ausência de corpos lúteos.
O aspecto da lesão do ovário policístico, ao corte, apresenta vários cistos
uniloculados, com massa interna; quando se corta, há serosidade (líquido
claro, cor de palha, citrino).
Sinais e Sintomas / Fatores Associados:
Oligomenorreia ( fluxo menstrual), infertilidade, hirsutismo, obesidade e acne.
Etiologia:
Não há explicação clara. Pensa-se que é distúrbio hormonal decorrente de excesso
de hormônio masculino por alteração na suprarrenal, que determina uma
hiperprodução de androstenidiona e deshidroepiadrosterona em excesso,
que acaba virando testosterona. A hiperprodução hormonal resulta nos sinais e
sintomas
Histologia:
Se vê vários cistos, e ovário fibrosado sem corpo lúteo porque a presença
desse processo fibrosa o ovário.
Tratamento:
Ablação química do ponto de vista farmacológico ministrando anti-androgênicos.
Hoje não muito utilizado, pode-se realizar cirurgia cunha do ovário, com corte e
retirada de parte da massa do ovário – retirar cistos -, e quando regenerava, algum
processo inflamatório gerava ciclos normais.
Imagens de ovário policístico: é aumentado, apenas com esbossos de cisto visto pela
superfície externa, uma vez que são subcorticais. Se seccionado no sentido caudal-
cranial anatômico, será possível verificar os cistos.

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PATHOLOGY | Tainã Zan
Cistoadenoma SEROSO /
Seroso Papilífero (60%)

Cistoadenoma "BORDERLINE" /
TUMORES SEROSOS
Seroso Papilífero Border (15%)

CistoadenoCARCINOMA Seroso Papilífero


(25%)
CÉLULAS EPITELIAIS
SUPERFICIAIS Cistoadenoma MUCINOSO (80%)

(CELÔMICOS)
TUMORES MUCINOSOS Cistoadenoma "BORDERLINE" (15 - 10%)
65 - 70%
PESEUDOMIXOMA DE PERITÔNIO CistoadenoCARCINOMA (5 - 10%)

TUMOR DE BRENNER
(Fibroendotelioma)

TUMORES BENIGNOS (MADUROS) Teratoma Cístico Maduro (Cisto Dermóide)


TUMORES
PRIMITIVOS
CÉLULAS Disgerminoma
GERMINATIVAS
OVARIANOS
15 - 20% Tumores dos Seios Endodérmicos
TUMORES MALIGNOS (Saco Vitelínico) "Yolk-sac Tumor"
(TERATOMAS IMATUROS)
Carcinoma Embrionário
FIBROMAS
CORDÕES SEXUAIS Coriocarcinomas
(ESTROMA) TECOMAS
5 - 10%
OUTROS (SERTOLI-LEYDIG)

METÁSTASES PARA OS OVÁRIOS (Tumor Secundário) 5% TUMOR DE KRÜKENBERG


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TUMORES PRIMITIVOS DO OVÁRIO


BENIGNOS MALIGNOS
Unilaterais 90% Bilaterais 50%

Cápsula intacta Cápsula pode estar rota

Geralmente, móvel Aderente, fixo

Superfície lisa Superfície nodosa, irregular

Geralmente, Geralmente,
sem ascite, se apresentar, será com citrina com ascite hemorrágica e turva

Peritônio com implantes, áreas


Peritônio livre
císticas, necroses e excrescências
Quando sólido apresenta consistência firme Zonas de amolecimento pela necrose

Superfície de corte é uniforme Superfície de corte é variegada

Nos tumores malignos, a relação com bilateralidade não é tão pontual. Assim, se tiver
tumor bilateral de ovário, eu tenho uma chance de quase 50% de que essa lesão seja
maligna, principalmente se for uma lesão grande. Se for unilateral, não exclui, obviamente,
mas a chance de malignidade é bem menor.
A cápsula da lesão benigna, via de regra está intacta, seja na hora do exame por
imagem, seja na hora que se faz a retirada cirúrgica e se manda para a anatomopatologia.
Agora, não é tão infrequente a presença de cápsula rota na lesão maligna. Isso porque a
cápsula dos tumores, via de regra, é uma reação desmoplásica dos tecidos vizinhos, ela se
rompe porque as células malignas acabam por invadi-la e rompê-la, por isso que a lesão
maligna cursa com percentual expressivo de ruptura da capsula do tumor.
Nas lesões malignas em peritônio, as áreas de implantes representam metástases dos
tumores ovarianos. As áreas de retração ocorrem pela existência do processo
inflamatório, e as áreas de necrose ocorrem porque a célula tumoral, além de morrer
com mais frequência, mata os tecidos vizinhos com maior extensão. Monoclonal ou
policlonal se refere à origem do tumor, se é de uma ou de várias células que sofreram
mutação.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

Diagnóstico de certeza é a histologia


Imagem de ovário: grande espectro de neoplasias se dá porque os tecidos têm
capacidade totipotencial muito maior. Na superfície do órgão não há mesotélio, e sim
epitélio superficial simples. É exatamente nele que a maior parte dos tumores de
ovário tem origem, tanto os benignos quanto malignos. A incidência global dos tumores
nas superfícies é de 65-70%, sendo que o maligno pode chegar a 90%.

1. CÉLULAS EPITELIAIS SUPERFICIAIS (CELÔMICOS) 65 - 70%


Os tumores das células celômicas são os mais frequentes do ovário, e entre os
tumores das células celômicas, os mais representativos são os cistoadenomas serosos.
A quantidade de tecido sólido é o fator mais importante
para a diferenciação entre os tipos de tumor.
No cistoadenoma seroso, ao se cortar só se vê cavidade cistóide lisa, sem papila. Um
tumor, com áreas císticas, mas com papilas até macroscópicas, tecidos fazendo
excrescências, com hemorragia e necrose, provavelmente já é um carcinoma bem avançado.
1.1. TUMORES SEROSOS
1.1.1. Cistoadenoma SEROSO / Seroso Papilífero (60%)
Cistos porque formam cavitações;
Adenomas porque são formados de epitélio do tipo secretor;
Seroso porque qualitativamente esse líquido é mais fluido, citrino e muito claro.
É um tumor benigno, em princípio. Podem ter vários tamanhos, mas
geralmente, no momento do diagnóstico, são grandes. Lisos internamente,
e externamente são brilhantes e cheios de líquido, tanto que, para fazer
o corte da peça tem que se cuidar, porque fica sob pressão, é difícil perfurá-lo
sem jorrar esse líquido com profusão. Os vasos ficam bem evidentes na
superfície.
1.1.2. Cistoadenoma "BORDERLINE" / Seroso Papilífero Border (15%)
Atipias e desorganização no mesmo tipo de epitélio, ou seja, nas
papilas desse epitélio há mais atipias que o usual e há presença de
estratificação, com poder destrutivo local, podendo ficar francamente
maligna ao longo do tempo, com a capacidade de emitir metástase à distância.
Tem características pré-malignas. Presença de várias papilas e
excrescências teciduais, amareladas, que tendem a serem firmes,
parcialmente sólidas, características que se correlacionam a desorganização
de presença de mitoses à microscopia.

215
PATHOLOGY | Tainã Zan

1.1.3. CistoadenoCARCINOMA Seroso Papilífero (25%)


Forma papilas microscópicas e, às vezes, macroscópicas. Faz invasão
do estroma. Lesões absolutamente sólidas, com hemorragia, necrose
e aspecto variado. Tem em média de 15 a 25 cm de diâmetro na ocasião do
diagnóstico.
Macroscopia:
Tumores benignos: cistos, em geral, são uniloculados (por vezes, multiloculados), lisos,
conteúdo seroso translúcido, raras papilas macroscópicas, tensos.
Tumores malignos: cistos com papilas na superfície externa (invasão da cápsula),
internamente há massas brancas, papilares, projetadas para as cavidades vizinhas.

Microscopia:
✓ Revestimento epitelial seroso; Obs: Benignidade x Malignidade é
✓ Papilas; avaliada pela análise das papilas
✓ Calcificações (“psamomma-Bodier”); (atipias e arquitetura histológica).

Em lesões benignas, estroma e papila, com epitélio glandular - Cistadenoma Papilífero.


Em lesões intermediárias, maior espessura e células muito mais coradas, a gente aproxima e vê se
tem atipias e desorganização, se houver, é um cistoadenoma borderline.
Em lesões malignas, a histologia apresentará papilas muito espessas, absolutamente hipercromáticas
e desorganizadas, e com o mesmo epitélio da superfície encontrado no estroma. Condiz com um tumor que
está invadindo e, portanto, se trata de um cistoadenocarcinoma papilífero.

1.2. TUMORES MUCINOSOS


Segundo tipo de tumor mais frequente. Em vez de produzir líquido seroso,
produz MUCO, por vários cistos. Comporta-se da mesma forma:

Macroscopia:
Tumores benignos: cistos lisos¹, multiloculados², com muco viscoso, cavidades
com paredes lisas.
Tumores malignos: cistos lisos¹, multiloculados², com muco e presença de áreas
brancas, sólidas.
1.2.1. Cistoadenoma MUCINOSO (80%)
Neoplasia benigna, cistos lisos com muito muco no interior,
epitélio regular de células únicas. Tudo mais uniforme e regular.
MACROscopicamente: Forma cistos lisos, com raras papilas e com muco no interior.
Microscopicamente: Epitélio regular, células únicas, sem alteração quanto à
heterogeneidade, são células monótonas.

1.2.2. Cistoadenoma "BORDERLINE" (15 - 10%)


Com algum grau de atipia, sempre precisando ser tratados.

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PATHOLOGY | Tainã Zan

1.2.3. CistoadenoCARCINOMA (5 - 10%)


Lesões multiloculadas, áreas brancas, sólidas, presença de células
tumorais no meio do estroma.
MACROscopicamente: vários locos, ou seja, lesão multiloculada, com componente
sólido muito mais expressivo, presença de áreas
brancas, por vezes necróticas, hemorrágicas.
Microscopicamente: muito mais sólida, apesar do componente cístico, lesão
sólida com área de necrose. No meio do estroma, há
células tumorais, invadindo o estroma.

1.3. PESEUDOMIXOMA DE PERITÔNIO


Relativamente raro, pode ou não ser induzido por tumor benigno ou maligno,
por rompimento de cisto ovariano mucinoso, com reação tipo corpo estranho.
Podemos ter uma lesão sistêmica no peritônio formando várias áreas de
tecido granulomatoso, formando áreas de aderência peritoneal. O muco é
interpretado como corpo estranho.
Ainda bem que ela é rara, pois causa lesão extensa, com amplas áreas, e obstrução
intestinal, progressivas, cada vez mais graves, com difícil tratamento cirúrgico.
Aspecto: Tecido com características fibróticas. Várias células gigantes
circundando estes “lagos” de muco, então é uma situação cirúrgica difícil. A
serosidade é absorvida, ou seja, o líquido seroso não é um agente indutor de reação
granulomatosa, diferentemente do líquido mucinoso. O muco pode induzir essa
reação granulomatosa, depende do organismo do hospedeiro. Na maioria das
mulheres em que os cistos mucinosos se rompem, não haverá uma respectiva reação
granulomatosa.
1.4. TUMOR DE BRENNER (Fibroendotelioma) - correspondente ao fibroadenoma de ovário!
Comportamento benigno é mais comum. Tumor firme, agregado ao
ovário. Amarelado, uniforme, mostrando benignidade, muitas células epiteliais
monofásicas cercadas por tecido fibroso – encapsulado. Tecido de transição é
produtor de muco. Exige apenas excisão cirúrgica.
Um percentual pequeno tem diferenciação maligna. É incomum. O tratamento
é diferente. O maligno exige excisão cirúrgica e complementação com quimioterapia
ou radioterapia.

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2. CÉLULAS GERMINATIVAS 15 - 20%


Se considerar os tipos tumorais, esta é a mais extensa família. São células totipotentes!
2.1. TUMORES BENIGNOS (MADUROS)
2.1.1. Teratoma Cístico Maduro (Cisto Dermóide)
Quase sempre são tumores benignos. Mais conhecido pelos
ginecologistas como cisto dermóide, pois é um cisto verdadeiro e com
algum componente cutâneo no tecido, ou pele, ou pelo ou sebo.
Formado por células germinativas das três camadas
embriológicas, são chamadas de maduras porque são lesões que vão
formar tecidos com características maduras e, obrigatoriamente, tem que
ter representantes dessas três origens embriológicas distintas.
São tumores císticos com pele, cabelo, dente, tireoide, osso,
tecido adiposo, ou seja, tecido epitelial e mesenquimal.

MACROscopia: lisos; branco-acinzentados; normalmente, se houver


pressão no local, forma “cacifo”, pois normalmente está cheio
de sebo e tecidos de várias origens; conteúdo de material
sebáceo/adiposo, pelos, pele, dentes. Extensamente
císticos, com pequena área sólida localizada.

Microscopia: pele, adiposo, glândulas sebáceas, tireoide, respiratório,


digestivo, cartilagem, osso, dentes.

Dificilmente maligniza, mas quando há malignização, normalmente as


lesões derivadas são relacionadas à componente epitelial. Então, normalmente,
um melanoma ou um carcinoma de células epidermoides podem ter se
desenvolvido nesses tecidos a partir do cisto dermóide.

Struma-Ovarii: presença de tecido tireoidiano. As células são


produtoras de hormônios, com potencial de desenvolver síndromes
endocrinológicas. Quando funcionais, podem ser funcionais podendo causar
hipertireoidismo na paciente.
Aspectos Especiais (em relação aos Teratomas Maduros – Cistos Dermóides)
✓ Geralmente, têm evolução benigna.
✓ Struma-Ovarii
✓ Malignização ocorre formando Carcinomas Epidermoides ou Melanomas a partir da pele do tumor.

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2.2. TUMORES MALIGNOS (TERATOMAS IMATUROS)


São graduados pela diferenciação dos tecidos presentes (I, II, III).
Proporção de Tecido Neuroepitelial Embrionário.
São raros, comparecendo elementos embrionários na composição.
MACROscopia:
✓ Volumosos; ✓ Presença eventual de pelos, cartilagem,
✓ Lisos; osso, calcificação, necrose, hemorragia.
✓ Sólidos ou com cavidades (poucas);
2.2.1. Disgerminoma
Análogo ao Seminoma Testicular, difere-se
deste por alcançar grande volume.
Tumor indiferenciado. Como advém de células germinativas, tem um
comportamento muito semelhante ao seminoma, o diferencial é que o
disgerminoma apresenta células neoplásicas grandes e claras,
permeadas por leucócitos, o que é bem característico. São células
tumorais de diferentes tamanhos, pleomorficas, bem claras.
Outro aspecto diferente do Seminoma Testicular é que o
Disgerminoma é um tumor muito grande, com 20 a 30cm no maior eixo
à época do diagnóstico, enquanto o Seminoma é relativamente pequeno.
Monofásico à macroscopia, sem muito aquele aspecto de
malignidade. No entanto, à microscopia, há células claras, que são
extremamente agressivas e, no permeio, há infiltrado leucocitário
(aspecto bifásico).
2.2.2. Tumores dos Seios Endodérmicos (Saco Vitelínico) "Yolk-sac Tumor"
Tumor com diferenciação em Tecidos Extraembrionários, tal como a
placenta. Diferencia-se exatamente em células do saco vitelino,
sempre é um tumor maligno.
Tumor que mais precocemente acontece, geralmente em
meninas bem pequenas. Altamente agressivo, com taxa de sobrevida baixa.
Com característica histológica bem típica: ao cortar o tumor, observam-
se corpos de Schiller-Duval (células tumorais dispostas ao redor dos vasos),
o que marca a lesão histológica como tumor de saco vitelínico, que é
relativamente raro.
2.2.3. Carcinoma Embrionário

2.2.4. Coriocarcinomas

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3. CORDÕES SEXUAIS (ESTROMA) 5 - 10%


3.1. FIBROMAS
Tumor benigno do ovário que contém fibroblastos e colágeno em sua
constituição. Tumor firme, elástico e, às vezes, possui uma área mais fasciculada,
exatamente formada por essas estruturas fibroides.
Os tumores não são produtores de hormônios, mas têm aspecto
brancacento, elástico, uniforme. São unilaterais em 90% dos casos.
MACROscopia: redondos, ovoides, BRANCOS, lisos, firmes,
fasciculados ao corte, com cápsula.
Microscopia: células uniformes, com fibroblastos e COLÁGENO.

Síndrome de Meigs: pode resultar nessa síndrome que consiste na


presença de fibroma associado com ascite e derrame pleural D. Não se sabe
por que os fibromas podem induzir ascite no paciente, nem como ela apresenta caráter
tão expressivo. Mas devido a essa expressividade da ascite, o líquido acaba
transmitindo-se para a cavidade pleural direita (hidrotórax à direita), que é mais
suscetível à passagem de líquido que a esquerda. A Síndrome de Meigs pode causar
confusão com lesão maligna, porém o fibroma, ao ser removido, leva à remissão da
ascite e do derrame pleural.
3.2. TECOMAS
Tumores fibroides, tumor de células estromais, mas de células da
granulosa, PRODUTORAS DE ESTRÓGENO. É um tumor bem capsulado,
elástico, com áreas amareladas, pois utiliza lipídios para sintetizar o estrógeno.
MACROscopia: redondos, ovoides, AMARELOS, firmes, fasciculados
ao corte, com cápsula.
Microscopia: células FUSIFORMES, semelhantes a fibroblastos e
com gotículas LIPÍDICAS.
Redunda em Síndromes de Estrogenização. Qual o problema? Pode
induzir hiperplasia do endométrio que pode dar origem a um câncer, pode fazer
estímulos das células das glândulas mamárias e induzir um câncer de mama.
Tanto que em 20% dos carcinomas do endométrio, há um tecoma associado.
Possui aspecto que pode ficar cístico e cavitar, mas esse aspecto fasciculado
com fibras e áreas amareladas é típico desse tumor.
3.3. OUTROS (SERTOLI-LEYDIG)

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4. METÁSTASES PARA OS OVÁRIOS (Tumor Secundário) 5%


Locais de origem mais frequentes desses 5% dos tumores malignos de ovário que são
causados por metástases: estômago, vias biliares, pâncreas e mamas.

4.1. TUMOR DE KRÜKENBERG


Metástase ovariana bilateral, ovários grandes, tumorais, mais ou
menos simétricos.
Tumor especial, relativamente raro, grandes, metastático bilateral,
provém a partir de Adenocarcinoma Gástrico Mucoprodutor.
Ao corte, há células malignas cheias de muco. Mas como fazer Diagnóstico
Diferencial se é um Tumor de Krükenberg ou se é um Tumor Mucinoso? Há formação
de células em anel de sinete, o núcleo está rechaçado para a periferia. Mas, a
confirmação é feita usando coloração especial para muco: PAS, ficando a célula corada
em vermelho. A grande vantagem do diagnóstico é a identificação de outro tumor que
pode não estar evidente.

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