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CURSO DE FORMAÇÃO EM FITOTERAPIA

“Com Ênfase no Uso de Ervas Chinesas e Brasileiras”

FITOTERAPIA
CIÊNCIA NATURAL A FAVOR DA VIDA

Facilitador: Professor Fernando Braga

Apostila I:

 Yin e Yang;
 As Substâncias;
 O Relógio Biológico;
 Introdução à Fitoterapia;
 Os 5 Elementos;
 Os Zang-Fu (Órgãos e Vísceras);
 Etiologia;
 Meridianos;
 As Ervas Pelo Mundo;
 Bibliografia.

Instituto Brasileiro de Terapias Integrativas e Complementares: Alameda do Ipê Amarelo,


225, sala 10, Região do Ipê Amarelo, Quintas de São José – Esmeraldas – MG
Acesse: www.ibratecsaude.com.br e www.professorfernandobraga.com.br
Apostila elaborada pelo Prof. Fernando Braga

SUMÁRIO
Página
YIN e YANG .................................................................................................................................................... 02
Teoria da Atração (Yin) e Repulsa (Yang) ...................................................................................................... 03
Teoria da Oposição e Interdependência entre Yin e Yang ............................................................................. 03
Teoria da Forma, Função, Qualidade e Quantidade de Yin e Yang ................................................................ 04
Teoria do Consumo e Suporte de Yin e Yang ................................................................................................. 05
Teoria do Equilíbrio, Plenitude, Vazio,
Enfraquecimento e Transmutação de Yin e Yang ........................................................................................... 06
AS SUBSTÂNCIAS ........................................................................................................................................ 07
Funções das Substâncias, Yin e Yang e as Substâncias .................................................................................. 08
Formação das Substâncias ............................................................................................................................... 09
Resumo da Formação das Substâncias ............................................................................................................ 13
Comparações Entre as Substâncias ................................................................................................................. 14
O RELÓGIO BIOLÓGICO ............................................................................................................................ 16
INTRODUÇÃO À FITOTERAPIA................................................................................................................ 17
As Partes de uma Planta e suas Implicações Energéticas................................................................................. 20
Os Nomes das Plantas......................................................................................................... ............................. 22
Princípios Ativos e Fotossíntese....................................................................................................................... 24
Dicionário de Termos Técnicos........................................................................................................................ 34
Propriedades Energéticas dos Medicamentos.................................................................................................. 44
OS 5 ELEMENTOS ........................................................................................................................................ 54
Teorias dos 5 Elementos e Função dos Zang-Fu do Corpo Humano .............................................................. 59
ZANG-FU – SISTEMA DE ÓRGÃOS E VÍSCERAS .................................................................................. 63
Coração – Xin .................................................................................................................................................. 63
Fígado – Gan ................................................................................................................................................... 65
Baço-Pâncreas – Pi .......................................................................................................................................... 68
Pulmão – Fei .................................................................................................................................................... 70
Rins – Shen ...................................................................................................................................................... 73
Intestino Delgado – Xiao Chang ..................................................................................................................... 78
Vesícula Biliar – Dan ...................................................................................................................................... 78
Estômago – Wei .............................................................................................................................................. 79
Bexiga – Pang Guang ...................................................................................................................................... 80
Intestino Grosso – Da Chang ........................................................................................................................... 81
ETIOLOGIA ................................................................................................................................................... 81
Vento ............................................................................................................................................................... 82
Frio .................................................................................................................................................................. 83
Calor de Verão ................................................................................................................................................. 84
Umidade .......................................................................................................................................................... 85
Secura .............................................................................................................................................................. 86
Fogo, Calor e Calor Suave ............................................................................................................................... 86
Fatores Epidêmicos, 7 Fatores Emocionais, Outros Fatores Patogênicos ....................................................... 87
MERIDIANOS ................................................................................................................................................ 90
Pulmão .................................................................................................................... ......................................... 91
Intestino Grosso e Estômago ........................................................................................................................... 92
Baço-Pâncreas e Coração ................................................................................................................................ 93
Intestino Delgado e Bexiga ............................................................................................................................ 94
Rins e Pericárdio .............................................................................................................................................. 95
Triplo Aquecedor e Vesícula Biliar ................................................................................................................. 96
Fígado .............................................................................................................................................................. 97
Vaso Concepção .............................................................................................................................................. 98
Vaso Governador ............................................................................................................................................. 99
AS ERVAS PELO MUNDO............................................................................................................................ 100
A Teoria dos Sinais.......................................................................................................................................... 102
Principais Médicos Herboristas Chineses........................................................................................................ 103
Classificação das Substâncias Naturais de Acordo com sua Ação Terapêutica............................................... 106
Bibliografia ................................................................................................................ ...................................... 113

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“Com Ênfase no Uso de Ervas Chinesas e Brasileiras”
Apostila elaborada pelo Prof. Fernando Braga

TEORIAS DE BASE DA M.T.C

I. YIN E YANG - INTRODUÇÃO:

Oficialmente, os princípios da teoria da medicina chinesa foram apresentados na obra Huang Qi


Nei Jing, escrita há cerca de 500 anos a.C.
De acordo com esta obra, o Universo, desde que existe, sempre foi Influenciado e Comandado
pelas Ordens e Leis da Natureza.
O corpo humano é regido pelo mesmo princípio e está inclinado a adaptar-se a tais forças. Basta
observar que, pelos eventos cósmicos, continuamente tudo se transforma.
Pelas teorias da medicina chinesa, entre o Macrocosmo (natureza ou universo como um todo) e
Microcosmo (corpo humano), deve sempre existir Equilíbrio e Ordem para se manter Saudável.
O desequilíbrio provoca doença. Esta observação também foi feita por Platão (482-348 a.C).
Pode-se dizer, de outra forma, que nas leis e regras da natureza há duas forças, isto é, YIN
(negativo) e YANG (positivo), formando o TAO (Caminho). O TAO é a fonte das coisas, da
vida, dando origem a estes 2 princípios opostos e complementares (o YIN e YANG). São YIN e
YANG partes integrantes de um todo indivisível. Se as energias de Yin e Yang estiverem em
Harmonia (equilibradas), o organismo estará saudável. Do contrário, se houver desequilíbrio,
gerará a doença. Este Raciocínio baseia-se na Filosofia Oriental, que estabelece idêntica relação
entre a natureza e o homem. Para ela, o homem é parte integrante do Universo, sujeito a todas
as influências deste. O livro Huang Qi Nei Jing, faz a seguinte citação a respeito do Yin e Yang:

"Todo objeto ou fenômeno no universo consiste de dois aspectos opostos chamados de YIN e
YANG, que acham-se em conflito(Lutando para se manterem equilibrados) e interdependência
(sempre trabalhando interangido um com o outro). Essa relação entre Yin e Yang é a lei
universal do mundo material, o princípio e fonte de existência de milhares de coisas. É a
origem e causa para o florescimento e perecimento das coisas.
O céu se forma por acúmulo de YANG (nuvens, leveza, raios solares, oxigênio, descargas
elétricas, etc). A terra por acúmulo de YIN (nutrientes,água, terra, magnetismo, etc). O YANG
cria, movimenta. O YIN retém e acrescenta.
Ao YANG pertence o sol, as estrelas, o calor, o fogo, o movimento, a luz, o dia, o verão, a
primavera.
Ao YIN pertencem a lua, os planetas, o frio, a água, o repouso, a obscuridade, a noite, o inverno
e o outono”.

A Harmonia sempre foi considerada o Princípio Básico da Ordem Universal. Ela é o campo da
força cósmica, onde Yin e Yang se complementam e transformam.
A medicina chinesa serve-se de tais princípios: Yin e Yang, da Teoria dos Cinco Elementos (ou
5 Movimentos, ou 5 Fases) e da teoria dos Zang-Fu (Órgãos e Vísceras); para estudar todo o
funcionamento do corpo frente ao universo.

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CARACTERÍSTICAS DO YIN E DO YANG:

a) Teoria da Atração (YIN) e Repulsa (YANG):

Na natureza, tudo se apresenta marcado por dois caracteres diversos: um elemento básico de
atração (unir-Yin) e outro de repulsão (afastar-Yang). Estas duas forças trabalham influenciando-
se mútua e constantemente. Dos dois movimentos, atração (Yin) e repulsa (Yang), unir e opor,
depende qualquer fenômeno natural; em outras palavras, tudo o que é animado ou inanimado só
existe em virtude da constante e mútua influência das forças Yang e Yin.
Os fenômenos da natureza são causados pelos dois movimentos de atração e repulsa, Yin e
Yang. Os astros, o sol e a lua, e por seu movimento, as quatro estações, tudo contribui para que
os seres vivos estejam em constante movimento e mudança.
A indução, ou seja, o subir e o descer, o entrar e o sair são relações dos movimentos internos e
conseqüente relação externa. Tudo é relacionado com tais movimentos, que não podem ser
isolados nem afastados.
As funções básicas de todos os seres são movimentos de entrada e saída, subida e descida. É este
o caráter básico de Yin e Yang. As coisas não podem permanecer sempre em iguais condições.
Há áreas maiores ou menores, tempos curtos ou longos, só os elementos básicos são
permanentes. Eis a razão pela qual seres vivos se transformam mais continuam constantemente
em movimento. Tal movimento tem regras definidas e pressupõe um determinado processo, ou
seja: nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer. Atingindo o limite certo,
necessariamente, um elemento se transforma e passa a fazer parte de outro elemento. Em outras
palavras, quando Yang atingir seu auge, inicia o Yin; quando Yin estiver no ponto máximo,
começa o Yang. É real o pensamento do velho ditado chinês: "Tendo-se atingido o limite certo,
a mudança para o lado oposto é inevitável". Como exemplo, observando a natureza,
percebemos que o calor da primavera chega quando o inverno alcançou o seu clímax. O frio do
outono chega quando o calor do verão atingiu o seu máximo.
Outro exemplo, desta vez com o ser humano, é observado num caso de febre alta contínua, em
doença febril aguda, onde o paciente sofre uma baixa súbita de temperatura corporal, com
palidez e extremidades frias, pulso fraco e fino, indicando que a natureza da doença mudou de
Yang (quente) para Yin (fria).
A transformação do Yin e do Yang é uma lei do universo. Ela governa o processo de
desenvolvimento e as mudanças das substâncias em geral. As coisas novas, ao crescerem (Yang -
desenvolvimento), levam consigo a morte (Yin - frio definitivo) e estão fadadas a
desaparecerem. Ao desaparecerem (se tornando matéria orgânica (Yin) na terra), propiciam a
oportunidade de um novo nascimento. É um fenômeno constante da criança ao velho, sem
exceção.
As duas forças "opor” e "unir" em oposição e interdependência, são regra geral e abrangem
todos os fenômenos da natureza: movimento e inércia, entrada e saída, subida e descida,
forma e desforma, dia e noite, frio e calor, água e fogo, céu e terra, esquerda e direita, em
cima e embaixo, etc.

b) Teoria da Oposição e Interdependência Entre YIN e YANG:

Os antigos utilizavam o fogo e a água como o exemplo mais claro para explicar a Oposição do
Yin e do Yang, através de suas propriedades:
 Água: Fria, direção de profundidade, escuridão, passividade;
 Fogo: Quente, direção ascendente, luminosidade, atividade, movimento.

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Podemos deste modo dizer que tudo que possui características de quietude, frio, posição
interior, inibição, morosidade, pertence ao Yin. E aquilo que se move, se expande, é quente, tem
posição exterior, excitante, rápido, pertence ao Yang. Esta aqui definida a oposição de Yin e
Yang.
Já a Interdependência significa que cada um dos dois aspectos (Yin e Yang) é condição para a
existência do outro e que nenhum deles pode existir isoladamente. É a presença do outro ou a
alternância das polaridades que possibilita a vida. O princípio criador que faz acontecer (Yang) e
o princípio receptivo, acolhedor, nutritivo (Yin). Assim é que, após o dia vem a noite, após a
atividade vem o descanso, após a tempestade vem a calmaria, o masculino precisa do feminino, o
fogo se apaga pela água, a guerra se desfaz pela paz, o sujo é transformado pelo limpo. . .
Portanto, pode-se dizer que a natureza é a materialização Yin-Yang. Sob o ponto de vista de
mudanças de estação, por exemplo, primavera e verão são crescimento de Yang (calor) e, ao
mesmo tempo diminuição de Yin (frio); o outono e o inverno são o crescimento de Yin (frio) e,
ao mesmo tempo, decréscimo de Yang (calor).
Assim, as relações entre Yin e Yang não são apenas mutuamente opostas. Mas também
complementares, interdependentes. Há controle (uma vez que Yin nunca deve ficar mais
exaltado que Yang e vice-versa), dependência (Yin inexiste sem a presença de Yang e vice-
versa), aplicação (Yang está sempre junto de Yin em qualquer processo na natureza e no ser
humano e vice-versa) e transformação mútuas (quando o Yin muda, Yang posteriormente
mudará e vice-versa). Na natureza não há nem existência nem isolamento supremo. Pelos
movimentos Yin e Yang, nada é absolutamente superior, nem absolutamente inferior.

c) Teoria da Forma e Função, Qualidade e Quantidade de YIN e YANG:

Os dois princípios Yin e Yang possuem Forma, Função, Qualidade e Quantidade:

 Forma é Yin;
 Função é Yang;
 Qualidade é Yin;
 Quantidade é Yang.

Portanto, Yin e Yang são bases da matéria. Yang representa função e capacidade de Yin (quanto
mais Yang existe mais o Yin se mostra; de outro modo, quanto mais vitalidade, energia (Yang)
uma pessoa tem, melhor qualidade na pele (Yin), mais brilho nos olhos (Yin), melhor textura nos
cabelos (Yin) ela terá, uma vez que a energia (Yang) se movimenta levando a nutrição (Yin)
consigo). Isto significa que matérias (Yin) e funções (Yang) podem ser classificadas em Yin e
Yang, e estão sempre juntas.
Tratando-se de matéria, por exemplo, há nutrição (Yin), tratando-se de funções, existe a força
para movimentar (Yang) essa nutrição.
Com isto queremos dizer que o equilíbrio depende de duas forças: Yin e Yang. Nessas forças há
mútua dependência e, ao mesmo tempo, mútuo aproveitamento. Se houver somente Yin, sem
Yang, O Yin (nutrição) fica estagnado, sem movimento. É preciso o Yang (energia, movimento)
para fazer o Yin (nutrição) circular. De outro modo, se houver somente Yang (energia,
movimento) e não houver Yin (nutrição), ocorre o desgaste, a fadiga, a queima.
Os antigos chineses chegaram à seguinte conclusão: "A raiz de Yin nasce de Yang e, do Yang
começa o Yin. Portanto, sem haver Yang, não há Yin; sem Yin, não se pode mudar Yang. Yin não
pode viver só ou inexistir, pois Yang pode crescer por si mesmo e queimar".

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d) Teoria do Consumo e Suporte de YIN e de YANG:

Consumo significando perda, enfraquecimento. Suporte significando ganho, fortalecimento. O


consumo de Yin leva a um ganho de Yang, enquanto que um consumo de Yang leva a um ganho
de Yin. Tomemos o ser humano como exemplo, e particularmente o processo da digestão,
absorção e utilização dos alimentos como exemplo prático:
No organismo vivo, sua estrutura material é Yin (substância) enquanto que a atividade
funcional exercida por essa base orgânica é o Yang (função).
O indivíduo ao alimentar-se, requer que seu organismo trabalhe o alimento para que esse possa
ser digerido e absorvido (Yang). A energia desprendida nessa função implica em seu desgaste ou
consumo (queda temporária do Yang). Na fase seguinte o alimento trabalhado já foi absorvido, e
encontra-se no interior, na circulação sanguínea sob a forma de nutrientes (Yin). O alimento
(nutrientes) será então distribuído pelas diversas partes do organismo, onde será acumulado
como glicogênio (Yin) no Fígado e músculos, gordura (Yin) no tecido adiposo, como exemplo,
significando ganho de substância (Yin), armazenada para a sua utilização gradativa de acordo
com a demanda, por parte das atividades orgânicas (Yang).
Voltando novamente ao ponto de partida, a atividade funcional (Yang), que visa entre suas
múltiplas finalidades, manter o organismo vivo e operante, em estado de equilíbrio com o meio
ambiente, capaz de adaptar-se e de suprir-se em suas necessidades básicas. Essa atividade
funcional (Yang) só é possível através da utilização da substância armazenada, isto é, com o
gasto ou consumo dessa substância (Yin).
Essa lei é responsável pelo equilíbrio dinâmico entre os dois aspectos - Yin e Yang. A quebra
desse estado de equilíbrio é fator de enfraquecimento do organismo e fator que irá predispor à
doença.

1 Alimentos Atividade Física e


5
Mental

Circulação nos
4
2 Digestão e absorção Órgãos e Vísceras

Acúmulo de
3 Substâncias
3 Dejetos

Uma outra forma de visualizar o equilíbrio de YIN e YANG é através do gráfico abaixo. Ele
mostra a linha de equilíbrio ideal para YIN e YANG, e suas variantes para o excesso e para a
deficiência.

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e) Teoria do Equilíbrio, Plenitude, Vazio, Enfraquecimento e Transmutação de


YIN e YANG:

Yin Yang
1)

Fator
Fator Patogênico Yin
Patogênico Yang depreciando o Yang
depreciando o Yin
2)

3)

Deficiência Yin Deficiência Yang

4)

5)

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DESCRIÇÃO DOS ÓRGÃOS E TERMOS IMPORTANTES (CONCEITOS BÁSICOS):

ÓRGÃOS (ZANG) NOME EM CHINÊS


Rins Shen;
Baço-Pâncreas Pi;
Fígado Gan;
Coração Shen;
Pulmões Fei;
Pericárdio Xin Bao.

VÍSCERAS (FU) NOME EM CHINÊS


Bexiga Pang Guang;
Estômago Wei;
Vesícula Biliar Dan;
Intestino Delgado Xiao Chang;
Intestino Grosso Da Chang;
Triplo Aquecedor San Jiao.

TIPOS DE ENERGIA:
Wei Qi: Energia Defensiva;
Yong Qi = Xue: Energia Nutritiva (ou Sangue);
Xie Qi: Energia Patogênica;
Gu Qi: Energia/Essência Nutritiva dos Alimentos;
Zhong Qi Energia do Tórax;
Zheng Qi: Energia Verdadeira ou Geral.

II. AS SUBSTÂNCIAS:

"O céu tem 3 tesouros: o sol, a lua e as estrelas;


A terra possui 3 tesouros: água, fogo e terra;
A existência humana é iluminada por 3 tesouros: Jing. Qi e Shen;
A aplicação correta dos 3 tesouros liberta - nos para a Eternidade.

Na M.T.C referimos aos estágios de condensação do Qi como substâncias essenciais a vida, pois
sem elas não podemos manter-nos vivos. É necessário que as conheçamos primeiramente
definindo e posteriormente as relacionando, pois todos os estudos subseqüentes dependem de seu
total conhecimento. As 5 Substâncias são:

1. Qi: Ou Energia, concepção oposta à matéria;

2. Shen: Ou Espírito, a Mente, algo oposto ao corpo ou o espiritual em oposição ao material;

3. Xue: Ou o Sangue, mas algo que extrapola o conceito ocidental em seus parâmetros
preciosos de bioquímica. Substância que vitaliza e mantêm coesa todas as partes do corpo;

4. Jing: Ou a Essência, conceito puramente chinês que se aproxima ao conceito moderno de


código genético, mas dentro de uma aplicabilidade funcional energética;

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5. Jin Ye: Ou Líquidos Corporais.


A medicina ocidental procura enfatizar a estrutura anatômico-fisiológica, o estudo detalhado das
estruturas, e a bioquímica das substâncias como sangue, linfa e etc. Enquanto a M.T.C pouco se
preocupa com a estrutura ou com a composição química do Qi, preocupando-se sim com as
funções e com a relação entre as substâncias e, principalmente com suas relações na patologia.
Os inter-relacionamentos das substâncias são complexos, não há como separarmos um
componente do outro de maneira definida. Muitas vezes o significado das palavras se tornam
ambíguos e circunstancial.

a) Funções das Substâncias:

Substâncias Principal Órgão (Zang) Funções Distribuição


associado
Energia (Qi) Pulmão (Fei), Rins Move, aquece, Dentro e fora de
(Shen) e Baço-Pâncreas transforma, protege, Meridianos (Jing Luo)
(Pi) retém e nutre. e Vasos (Xue Mai).
Sangue (Xue) Coração (Xin), Fígado Nutre e umedece. Nos Vasos (Xue Mai)
(Gan) e Baço-Pâncreas e Meridianos (Jing
(Pi) Luo).
Líquidos Rins (Shen),Pulmão (Fei) Nutre e umedece. Pelo corpo todo.
Orgânicos (Jin Ye) e Baço-Pâncreas (Pi)
Essência (Jing) Rins (Shen) Ativa transformações Nos Oito Extra e nos
e controla o Meridianos;
crescimento, armazenada nos Rins
desenvolvimento e (Shen).
reprodução
Espírito (Shen) Coração (Xin) Vitaliza o corpo e a Reside no Coração
consciência (Xin).

b) Yin e Yang e as Substâncias:

Sabemos da relatividade do Yin e Yang em termos de conceituação. Da mesma forma ao


conceituarmos as substâncias devemos tomar como base a relatividade do Yin e Yang. Por
exemplo, Jing é Yin em relação ao Qi, porém é Yang em relação ao Xue. Sabemos também que
tudo entre o céu e a terra possui um aspecto Yin assim como o Yang. Por exemplo, embora o Qi
seja Yang por possuir características energéticas, não material, ele pode ter aspectos Yin ou
Yang, dependendo da situação, o que ocorre nas subdivisões do Qi.

Substância Aspecto Yang Aspecto Yin


Energia (Qi) Wei Qi aquece e protege a pele, Yong Qi nutre os Zang-Fu, e
músculos e superfície do corpo. os tecidos.
Líquidos Orgânicos Jin umedece, aquece e nutre pele e Ye umedece e nutre Zang-Fu,
(Jin Ye) músculos; articulações, ossos, cérebro e
"orifícios".
Essência (Jing) Aspecto aquecedor, energizante; ativa Aspecto de fluído, nutrição;
transformações, crescimento, base material para formação
desenvolvimento e reprodução. da medula óssea, cérebro e
Xue.

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O Qi (Energia) e o Jin Ye (Líquidos Orgânicos) possuem os aspectos gerais de Yin e Yang,


enquanto o Jing (Essência) está associado com os aspectos Yin e Yang dos Rins.
O Xue (Sangue) está ligado ao Yin, e o Shen (Espírito) ao Yang, apesar que ambos apresentem
os aspectos tanto Yin como de Yang, mas a separação é menos evidente do que com Qi, Jin Ye e
Jing.
Sabemos da interdependência de Yin e Yang: o Yin é base material da existência do Yang; o Yin
nutre o Yang, o Yang protege o Yin. Desta forma chegamos à máxima chinesa de que o Qi
(Energia) é o Comandante do Sangue (Xue), Xue é a Mãe do Qi. Ou seja, o Qi Movimenta o
Xue e o Xue Nutre o Qi.

c) Formação das Substâncias:

Para compreendermos a formação das substâncias devemos conhecer o metabolismo das mesmas
pelos órgãos (Zang-Fu). Isto implica o conhecimento da fisiologia e inter-relacionamento dos
Zang-Fu (Órgãos e Vísceras), conhecimento este, extremamente particular à Medicina
Tradicional Chinesa (M.T.C).
Antes de iniciarmos o detalhamento da formação das substâncias é primordial que entendamos,
que na medicina ocidental dá-se ênfase a estrutura relacionada à função: ossos, músculos e
tecidos, formados pelos órgãos, permeados pelo sangue e integrados pelos sistemas endócrino,
linfático e nervoso. Na M.T.C, a importância se dá na teia complexa das inter-relações
funcionais dos órgãos e vísceras e suas funções na formação das substâncias essenciais à
vida, não na importância estrutural do todo orgânico.
Existe um arranjo funcional constituído por quatro categorias que se inter-relacionam:

1. Substâncias;
2. Meridianos ou Canais e Colaterais (Jing Luo);
3. Órgãos e Vísceras (Zang-Fu);
4. Tecidos.

Ou seja, os Órgãos e Vísceras (Zang-Fu) participam na formação e transporte das


substâncias, estas circulam no todo orgânico pelos Meridianos (Canais e Colaterais),
nutrindo, umidificando, protegendo e aquecendo os tecidos de todo o corpo.

 A Formação da Energia (Qi):

A essência dos alimentos (Gu Qi), derivado do metabolismo dos alimentos e bebidas pela ação
do Baço-Pâncreas (Pi) e do Estômago (Wei), combina-se com o ar do Pulmão (Fei) para formar
o Zhong Qi (ou Qi do Tórax), que está intimamente relacionado com as funções do Coração
(Xin) e do Pulmão (Fei) e com a circulação do Sangue (Xue) e do Qi pelo corpo.
O Zhong Qi combina-se com a emanação renal de Yang (aspecto Yang da Essência) e formam o
Zheng Qi (o Qi Verdadeiro).
O Wei Qi (Qi de Defesa) e o Yong Qi (Qi da Nutrição) são dois aspectos de Zheng Qi (o Qi
Verdadeiro). O Wei Qi circula principalmente na pele e nos músculos, enquanto o Yong Qi
circula nos Canais e Colaterais (Jing Luo) e nos Vasos (Xue Mai). A natureza e as funções de
Yong Qi e de Xue são tão íntimos que em alguns textos e em algumas situações, os dois termos
são considerados como sinônimos.

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 A Formação do Sangue (Xue):

A essência dos alimentos (Gu Qi), derivada dos alimentos e das bebidas, é transformada em Xue
no tórax, pela ação do Coração (Xin) e Pulmão (Fei). O aspecto Yin do Jing, armazenado nos
Rins (Shen) produz a medula óssea que colabora na produção de sangue (Xue). Também o
aspecto Yang do Jing ou o Qi Original-Fonte, ativa as transformações executadas pelo Coração e
pelo Pulmão no Aq. Superior e pelo Baço-Pâncreas e Estômago (Pi/ Wei) no Aq. Médio.

 A Formação dos Líquidos Orgânicos (Jin Ye):

Os alimentos e as bebidas são transformadas pelo Baço-Pâncreas (Pi) e Estômago (Wei) em


várias frações mais densas e mais leves do Jin Ye (Líquidos Corporais). O Jin, a fração mais
pura, mais leve, mais Yang e dinâmica, vai pela via Pulmão (Fei) aquecedor, umedecer e nutrir
a pele e os músculos, tendo a função e distribuição semelhantes a do Wei Qi (Qi Defensivo).
O Ye é menos puro, mais denso, mais Yin e, portanto mais material e têm uma distribuição
semelhante do Yong Qi (Qi da nutrição) com a finalidade de umedecer e nutrir os Zang-Fu
(Órgãos e Vísceras), ossos, cérebro e os "orifícios". Desta maneira, os Jin Ye circulam por todo o
corpo dentro dos Meridianos (Canais e Colaterais ou Jin Luo) e dos Vasos (Xue Mai), nutrindo e
umedecendo os tecidos e os Zang-Fu (Órgãos e Vísceras).
A fração mais densa, subproduto do metabolismo do Baço-Pâncreas e Estômago é absorvida
pelo Intestino Delgado e vai para a Bexiga (Pang Guang) e para o Intestino Grosso (Da Chang),
onde, depois da reabsorção, as frações mais fluidas e mais sólidas são eliminadas do corpo com
a urina e fezes. Algumas considerações para diferenciar o conceito de líquido orgânico da
Medicina Tradicional Chinesa da ocidental devem ser aqui traçadas:
Usamos geralmente o termo fluído ou líquido corporal como tradução para Jin Ye, mas é
importante ressaltar a diferença que existe deste conceito para o de fluído do corpo da fisiologia
ocidental.
O Ye pode referir-se a qualquer tipo de fluído, mas o Jin Ye refere-se especialmente aos fluídos
secretados pelas células vivas, embora os dois termos possam ser usados com o mesmo sentido.
Incluímos na definição de Jin Ye as secreções do corpo: lágrima, suor, leite, secreção nasal,
gástrica e genital. Entretanto, o fluído turvo, a urina, por exemplo, que é uma secreção, é
considerada Ye, não Jin Ye.
O termo água e Jin Ye podem ser usados sem distinção quando se refere de modo indeterminado
ao componente fluído do corpo. Mas o termo Jin Ye refere-se especialmente às secreções do
corpo, ao passo que a água é termo mais geral referindo-se a todos os fluídos corporais, sejam
puros ou impuros. O termo Água é usado muitas vezes para referir-se ao princípio da Água em
oposição à do Fogo.

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 A Formação da Essência (Jing):

A Essência (Jing) pré-natal é derivada do Jing (Essência) dos pais, enquanto o Jing (Essência)
pós-natal é formado da fração purificada da transformação de produtos dos alimentos e das
bebidas.

O aspecto Yang do Jing está relacionado com o Yang dos Rins (Shen) ou ao Yuan Qi, sendo
responsável pelas funções Yang de aquecimento, transformação, ativação e movimentação,
ocorrendo nas transformações envolvidas na formação do Qi, Xue e Jin Ye, bem como nas
transformações que ocorrem no crescimento, desenvolvimento e reprodução.
O termo Yuan Qi (Qi Original, da Fonte) é muitas vezes, sinônimo do aspecto Yang do Shen
Jing (Essência dos Rins), do Shen Yang Qi (Yang dos Rins) ou como Fogo do Ming Men
(Portão da Vida).
A fração Yin do Jing fornece a base material para as atividades dinâmicas do Yang. Vindo a
formar a medula, possuindo papel na formação do sangue.

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 A Formação do Espírito, da Consciência (Shen):

Podemos dividi-lo em Shen Pré-Natal e Pós-Natal. O Pré-Natal é derivado dos pais e o Pós-Natal
é derivado ou manifestado pela interação do Jing e do Qi. O Sangue do Coração (Xin Xue) e o
Yin do Coração (Xin Yin) fornecem a Moradia do Espírito, da Consciência, conceito puramente
chinês que afirma que Consciência não reside no cérebro mas sim no Coração.
De maneira geral o Shen vitaliza o corpo, dá brilho, mantém vida plena, mantendo a consciência,
fornecendo força à personalidade.

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Resumo da Formação das Substãncias:

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d) Comparações Entre as Substâncias:

 Comparações entre Energia (Qi) e Sangue (Xue):

O Qi é o Comandante do Sangue, o Xue é a Mãe do Qi. O Qi é Yang, ativa a formação do Xue,


move e o retém dentro dos vasos, enquanto o Xue é Yin, nutre e umedece os Zang-Fu (Órgãos e
Vísceras) os quais formam e governam o Qi.
O relacionamento entre o Xue e o Yong Qi (Energia da Nutrição), fração Yin do Zhen Qi
(Energia Verdadeira) é tão íntimo que os termos Xue (Sangue) e Yong Qi (Energia da
Nutrição) são muitas vezes usados indiferentemente. Isso porque ambos são usados
relacionados à nutrição e circulam juntos pelos Xue Mai (Vasos sangüíneos).
Contudo, o Sangue (Xue) possui características Yin, é mais material, o Yong Qi (Energia da
Nutrição) possui características mais Yang, não material e mais dinâmico.

 Comparações entre Energia (Qi) e Líquidos Orgânicos (Jin Ye):

O Qi (Energia) é menos material e mais Yang do que o Jin Ye (Líquidos Orgânicos). Ativa a
formação e circulação do Jin Ye (Líquidos Orgânicos) dentro do corpo; por outro lado, o Jin Ye
(Líquidos Orgânicos) umedece e nutre os Zang-Fu (Órgãos e Vísceras).
O Jin e o Wei Qi (Energia de Defesa) circulam fora dos Meridianos (Canais e Colaterais - Jing
Luo) e aquecem, umedecem e nutrem a pele e os músculos. A função principal do Wei Qi
(Energia de Defesa) é a Proteção do corpo contra as agressões externas; a do Jin é de
Umidificar as estruturas.
O Ye e o Yong Qi (Energia da Nutrição) são mais Yin e fluem juntos para umedecer e nutrir os
Zang-Fu e os tecidos. A função principal do Ye é de Umidificar e a do Yong Qi é de Nutrir,
embora o Ye possua um relacionamento especial com o cérebro, os ossos e os orifícios.

 Comparações entre a Energia (Qi) e a Essência (Jing):

O Jing é mais material e apresenta características mais Yin do que o Qi. Os Jing Pré e Pós-Natal
ativam a formação do Qi e este ativa a formação do Jing Pós-Natal proveniente do
metabolismo dos alimentos sólidos e líquidos. Existe um relacionamento íntimo entre o Qi dos
Rins (Shen Qi) e a Essência dos Rins (Shen Jing), que discutiremos na diferenciação de
Síndromes dos Rins.
O Wei Qi e a fração Yang do Jing movem, aquecem e ativam; o Yong Qi e a fração Yin do
Jing possuem a função de nutrir. O Jing possui relação direta com os Rins (Shen),
relacionando-se como crescimento, desenvolvimento, reprodução e herança genética. Desta
forma podemos concluir que o Yin do Jing fornece a base material para que possam ocorrer
estes processos, enquanto o Yang os ativa.
O Qi é o responsável pela função orgânica, pela manutenção da vida, mas os Jing é também
responsável pelo ciclo de desenvolvimento da mulher e do homem, com os ciclos de 7 e 8 anos
respectivamente.

 Comparações entre a Energia (Qi) e a Consciência (Shen):

São todos Yang; entretanto a Consciência (Shen), possui características mais Yang, sendo não
material, oriundo da interação entre o Qi (Energia) e o Jing (Essência), possuindo o Shen
(Consciência) as qualidades da percepção, de consciência e de vitalidade.

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 Comparações entre Sangue (Xue) e Líquidos Orgânicos (Jin Ye):

São de natureza Yin e formam os fluídos corporais, possuindo dependência mútua. Por isto, a
perda de Sangue (Xue) afeta os Líquidos Orgânicos (Jin Ye).
A deficiência de Yin e o Calor que freqüentemente afetam o Líquido Orgânico (Jin Ye), lesam o
Sangue (Xue) a nível qualitativo e quantitativo.
O Sangue (Xue) e o Líquido Orgânico (Jin Ye) nutrem e umedecem as estruturas, mas o
Sangue (Xue) é mais refinado, relacionando-se mais com a nutrição, enquanto o Líquido
Orgânico (Jin Ye) relaciona-se mais com a umidificação dos tecidos orgânicos.

 Comparações entre Sangue (Xue) e Essência (Jing):

Em relação ao Qi (Energia) possuem maior característica Yin, entretanto relacionando-se entre


eles, o Jing (Essência) possui mais características Yang do que o Xue (Sangue). A fração Yin do
Jing (Essência) fornece a base material para formação do Xue (Sangue) e o aspecto Yang ativa
este processo. O Xue (Sangue) nutre e umedece os Zang-Fu (Órgãos e Vísceras) que se
relacionam coma formação do Jing (Essência) Pós-Natal (Jing Qi adquirido, incluindo-se os Rins
(Shen) onde o Jing Inato e o Jing Adquirido são armazenados (Pré e Pós-Natal)).

 Comparações entre Sangue (Xue) e Consciência (Shen):

Comparativamente, o Shen (Espírito) é mais Yang que o Xue (Sangue). O Coração (Xin)
governa tanto o Shen (Consciência) quanto o Xue (Sangue). O Xin Xue (Sangue do Coração) e o
Xin Yin (Yin do coração) fornecem a moradia para o Shen (Espírito), por isso, se eles estiverem
deficientes, o Shen ficará agitado, sem moradia. De outra forma, se o Shen (Espírito,
Consciência) estiver agitado, a função do Xin (Coração) pode ser interrompida, levando a
deficiências do Xin Xue (Sangue do Coração) e de Xin Yin (Yin do Coração).

 Comparações entre Líquido Orgânico (Jin Ye) e Essência (Jing):

Ambos possuem características Yin, apesar de terem os aspectos Yin e Yang governados pelo
Shen (Rins). O Jing (Essência) ativa as formações e as transformações do Jin Ye, e o Ye
umedece e nutre os Zang-Fu que abastecem o Jing (Essência), principalmente o Shen (Rins) que
os armazena.
Entre o Jing (Essência) e o Ye existem uma relação estreita, pois ambos se relacionam com o
cérebro a medula óssea em que o Jing (Essência) participa na formação e o Ye na umidificação.
Desta forma, ambos possuem atributos de serem fluidos, umedecer e nutrir. Mas o Jing
(Essência) possui componente hereditário insubstituível e o Jing (Essência) Pós-Natal é mais
refinado que o Jin Ye (Líquidos Orgânicos). O Jin Ye (Líquidos Orgânicos) está mais
relacionado como metabolismo dos líquidos orgânicos, o Jing (Essência) está mais relacionado
com os ritmos mais profundos e mais fundamentais do corpo.

 Comparações entre Jin Ye (Líquidos Orgânicos) e Shen (Consciência, Espírito):

O Shen (Consciência, Espírito) é uma substância mais refinada, enquanto que o Jin Ye (Líquidos
Orgânicos) é a menos refinada.
Já sabemos que o Jin Ye (Líquidos Orgânicos) em desequilíbrio afeta o Xin Xue (Sangue do
Coração) e o Xin Yin (Yin do Coração), conseqüentemente o Shen (Espírito) que reside no
Coração. Desta forma, os distúrbios do Shen (Espírito) podem afetar o Jin Ye (Líquidos
Orgânicos) através do Yin e do Xue (Sangue).

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 Comparações entre Jing (Essência) e Shen (Espírito, Consciência):

O Shen (Consciência, Espírito) apresenta características mais refinadas e mais Yang e constitui a
manifestação do Jing (Essência) e do Qi (Energia).
Podemos resumir as substâncias em dois grupos principais:
Grupo Yang: Wei Qi (Energia de Defesa), Jing (Essência), Shen (Espírito) e o aspecto Yang do
Jing (Essência);
Grupo Yin: Yong Qi (Energia da Nutrição), Xue (Sangue) e aspecto Yin do Jing (Essência).

III. A TEORIA DO RELÓGIO BIOLÓGICO:

Para os chineses, uma outra forma de perceber e entender o corpo nos mais diversos momentos
do dia seria através do Relógio Biológico que cada ser vivo possui, e que através do seu
entendimento, muito contribui no diagnóstico de enfermidades e na manutenção da saúde. A
Energia (Qi) que circula no organismo segue uma direção e sentido determinado,
ininterruptamente, estando mais concentrada num Órgão e num Meridiano, num determinado
momento do dia.
A ordem de circulação da Energia (Qi) durante o dia varia em ciclos que correspondem a duas de
nossas horas, ou seja, a cada duas horas o Qi (Energia) do corpo, embora presente em todos os
outros Meridianos e Órgãos do corpo, fica mais concentrado num Órgão e Meridiano, passando a
seguir para outro Meridiano ou Órgão para nestes permanecer por mais duas horas.
Por se tratar de um ciclo, podemos começar a estudar a circulação de energia nas 24 horas à
partir de qualquer Órgão ou Meridiano. Ou ainda observando a própria fisiologia no decorrer do
dia:
Após o momento de respiração lenta, profunda e harmoniosa que permite sonhar, planejar e
descansar o corpo físico, mental e espiritual, horário este regido pelo Pulmão (3 às 5 horas), vem
o melhor momento para despertar e evacuar, dentro do horário do Intestino Grosso (5 às 7
horas), eliminando os resíduos do dia anterior. A seguir, é necessário se alimentar para começar
o dia, no horário do Estômago (7 às 9 horas); e digeri-lo adiante no horário de Baço-Pâncreas (9
às 11 horas).

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No meio do dia, é necessário uma boa distribuição sanguínea e uma mente atenta para romper
com o restante da jornada cotidiana, entrando em atividade mais intensa a energia no Coração
(11 às 13 horas). A Seguir, nova refeição, no horário do Intestino Delgado (13 às 15 horas) e a
depuração do sangue à tarde, nos horários da Bexiga (15 às 17 horas) e Rins (17 às 19 horas)
com eliminação de urina e mais resíduos. Á noite, com o repouso, entram em função os órgãos
relacionados com a atividade organizadora e reparadora, sendo eles Pericárdio (19 às 21 horas),
Triplo Aquecedor (21 às 23 horas), Vesícula Biliar (23 às 1 hora) e finalmente o Fígado (1 às 3
horas), preparando, desintoxicando, tratando o sangue para um novo dia.

IV. INTRODUÇÃO Á FITOTERAPIA:

As plantas sempre acompanharam a humanidade desde o início dos tempos, fornecendo


alimentos, tratamentos para seus males, embelezando seus caminhos, enriquecendo e motivando
a vida. Os homens sempre enxergaram nestes seres a possibilidade de crescimento total, material
e espiritual. Inseridos na natureza, estes homens ao longo dos tempos aprenderam a observá-la e
a se observar, percebendo gradativamente a interação existente em tudo, tanto no plano invisível,
como no plano astrológico e ainda na própria vida material que florescia sob todos os aspectos.
Assim a observação e as descobertas, a evolução, sempre foi um imperativo que os seres
buscavam e buscam até hoje.
Adentrando cada vez mais neste progresso natural, os viventes observavam, experimentavam e
classificavam minerais, animais e vegetais. Tomados por uma sensibilidade e pureza incomum,
relacionavam as interações que as manifestações provenientes dos astros, das variações sazonais
(estações), das forças nutritivas da terra, das correntes e tipos de água que por esta terra fluía,
com os vegetais que floresciam em abundância. Jamais desprezavam a observação, a
experimentação, a sensibilidade. Sentiam-se como parte da natureza.
Com este nível de consciência, o trabalho com as ervas medicinais (um dos componentes do
Todo chamado Natureza), era permeado de um respeito muito grande, de uma visão holística (do
Todo) sempre presente, tudo isto gerando uma análise do homem muito abrangente, e
enxergando sua saúde e doença como um equilíbrio ou desequilíbrio em relação ao seu meio
ambiente ou habitat natural. Essa visão holística e global sobre a saúde e a doença do homem
certamente permeou todas as culturas e povos do planeta. Em todas as culturas percebemos a
tentativa do homem de se sentir e se enxergar como parte integrante da natureza.
Porém o progresso humano precisava avançar, e a vida natural gradativamente foi dando lugar ao
progresso artificial. As cidades foram sendo erguidas, exigindo que o verde recuasse, o homem
desejoso de mais respostas empreendeu cada vez mais a ciência artificial, o culto as suas criações
tecnológicas se expandiu, e pouco a pouco fomos nos desligando da natureza.
Mas algumas regiões do planeta mantiveram sua linha natural. O Oriente resistiu bravamente a
estas exigências de desenvolvimento do progresso artificial. E tudo tinha um porque. Enquanto
no Ocidente, a vida material rapidamente se solidificava, e os homens se embriagavam em suas
descobertas tecnológicas, científicas, lineares (vale lembrar que tudo isso foi e é necessário), o
Oriente continuou com o seu curso natural, pesquisando a natureza e o homem como um todo. A
Consciência Suprema que sempre acompanhou os passos da humanidade já sabia que um dia,
após um longo caminho artificial, o Ocidente sentiria o chamado interno para retornar e se
religar à natureza e teria que recordar, relembrar, reaprender, como é viver naturalmente. E o
Oriente (Um Ponto Orientador) estaria lá para nos orientar com seus conhecimentos autênticos.
Hoje um número cada vez mais crescente de pessoas se voltam para o Oriente em busca dessa
sabedoria autêntica, original, adaptando-se às exigências da vida moderna, mas se lançando à
Natureza, aos Ciclos da Vida, às Energias do Céu e da Terra, ao Micro e ao Macrocosmo.

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Impulsionados pela Energia de um Novo Tempo que chega, esses Seres plenamente amparados
pelo Alto, se multiplicam pelo planeta e espalham não só Ciência e Medicina Natural, mas
também Cultura Natural, Humanidade, Solidariedade, Concórdia. Cada um Fornece de Si o Que
Pode, mas nesse Novo Tempo, todo Pouco é Muito.
O material a seguir, visa chamar a atenção para o imenso Universo chamado Medicina Natural,
Oriental; ele pretende despertar o interesse de outros colegas, para o Tema "Fitoterapia Chinesa e
Brasileira", em sua Complexidade, sua Beleza e Eficácia.
Somar mais um Recurso aos Muitos que serão Necessários no Trabalho Árduo de Recuperação
de Nós Mesmos e de Toda a Humanidade. Venha, vamos iniciar uma viagem! Temos muito
trabalho pela frente!

ANTES, ALGUMAS REFLEXÕES!

Aqueles que em tempos remotos eram mestres


eficientes, estavam secretamente unidos, com as
Forças Invisíveis.
Eram tão profundos, que não se podia conhecê-los.
Por não poderem serem conhecidos, só a muito custo
era possível descrever seu aspecto exterior.
Capazes eram eles, como quem cruza um rio em
pleno inverno;
Cautelosos eram eles, como se fossem homens
circundados de inimigos;
Reservados eram eles, como se hóspedes fossem;
Amoldáveis eram eles, como o gelo que se derrete;
Simples eram eles, como a matéria não trabalhada.
Primeiro a palavra,
Eles eram amplos como o vale; impenetráveis ao
depois a planta;
olhar como aquilo que é opaco;
Em último e
Quem pode (como eles), no silêncio, iluminar pouco
irremediável caso,
a pouco as trevas?
a faca!
Quem (como eles) pode produzir pouco a pouco a
serenidade? Aforismo Médico Grego
Só quem não busca o seu Próprio Ego!
Só quem busca se sintonizar com a Alma do
Universo!
Apenas aquele que busca o seu Eu Real, Verdadeiro;
Mesmo quando tudo lhe falta!
Lao Tsé
Tao Te King

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“Com Ênfase no Uso de Ervas Chinesas e Brasileiras”
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"Se não houver frutos


Valeu pela beleza das flores;
Se não houver flores
Valeu pela sombra das folhas;
Se não houver folhas
Valeu pela intenção das sementes. . ."
Henfil

A águia é uma ave que chega a viver até 70 anos. Mas, para alcançar essa idade, ela tem de
tomar uma séria decisão por volta dos 40 anos. É uma fase em que está com a unhas compridas e
flexíveis e já não consegue caçar, em que seu bico alongado e pontiagudo está curvo, em que
suas asas estão apontando contra o peito, envelhecidas e pesadas por causa da grossura das
penas, e em que voar está se tornando tarefa difícil. Então, a águia tem apenas duas alternativas:
morrer ou enfrentar um dolorido processo de renovação que durará l50 dias.
Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e recolher-se a um ninho próximo a
um paredão rochoso, onde ela não necessite voar. Tendo encontrado esse lugar, a águia começa a
bater com o bico contra a rocha até conseguir arrancá-lo. Após arrancá-lo, espera nascer um
novo bico com o qual vai depois arrancar as unhas. E, quando as unhas novas começam a nascer,
ela se põe a arrancar as velhas penas. Somente depois de cinco meses, sai para seu renovado vôo
de vitória. E poderá, então viver mais 30 anos.
Em nossa vida, muitas vezes temos de resguardar-nos por algum tempo e começar um processo
semelhante. Para o nosso vôo de vitória, devemos desprender-nos de lembranças, costumes e
tradições que nos causaram dor ou que na vida prática pouco benefício e crescimento nos
trouxeram. Apenas quando nos livramos do peso do passado, nos abrimos para o novo,
flexibilizamos nossos conceitos, rompemos com dogmas, é que podemos aproveitar o valioso
resultado que a auto-renovação e o contínuo aprendizado sempre nos trazem.
Fonte: Jornal Sinais de Figueira

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1. AS PARTES DE UMA PLANTA:

Os Princípios Ativos distribuem-se pelas diferentes partes ou órgãos da planta de forma desigual,
devido à especialização de suas células. Não basta saber que a Valeriana é um bom sedativo; é
necessário saber qual parte da planta deve ser utilizada. Em alguns casos, todas as partes da
planta contêm os mesmos princípios ativos, sendo indiferente utilizar uma ou outra. Porém
também pode ocorrer:

 Que os princípios ativos medicinais se concentrem em uma única parte da planta. Por
exemplo, só a raiz do Ginseng contém substâncias tonificantes;
 Que cada parte da planta produza substâncias diferentes e tenha, portanto, propriedades
diferentes. As flores da laranjeira são sedativas; os seus frutos, as Laranjas, tonificantes; e
as cascas das mesmas são digestivas e aperitivas;
 Que, na mesma planta, algumas partes produzam princípios medicinais e outras partes
elaborem substâncias tóxicas. É este o caso da raiz do Confrei que, graças à alantoína que
contém, é um grande cicatrizante; enquanto que no seu caule e folhas encontra-se um
alcalóide muito tóxico.

Devido a estas observações e ao fato de que no trabalho com plantas, diferentes partes estarão
sendo usadas freqüentemente, convém conhecer e saber identificar cada uma das partes ou
órgãos constituintes de uma planta:

Raiz (Radix):

A raiz é o órgão encarregado de extrair do solo os sais minerais e a água, e de bombeá-los para
as folhas, com a finalidade de alimentar toda a planta. Em geral, todas as plantas produzem e
armazenam em sua raiz amido, inulina e outros glicídeos (a que geralmente se dá o nome de
hidratos de carbono) como por exemplo a Alcachofra, Bardana, Chicória, Dente de Leão, a
Equinácea. No entanto, na raiz de outras plantas também se produzem alcalóides (Ipecacuanha);
glicosídeos (Acônito, Equinácea), ou vitaminas (Cenoura, Angélica, Ginseng).
Em alguns casos, aproveita-se apenas a casca da raiz, por acumularem-se nela os princípios
ativos (Bérberis, Goiabeira).

Rizoma (Rhizoma):

O rizoma é um caule subterrâneo, com aparência de raiz, que na realidade não cresce para baixo,
mas sim horizontalmente. Também acumula glicídeos (hidratos de carbono), substâncias de
reserva e outros princípios ativos. Em muitos casos prefere-se o rizoma em substituição à raiz
(Cálamo-Aromático, Curcuma, Ruibarbo).

Bulbo (Bulbus):

Chama-se bulbo a uma dilatação subterrânea do caule, formado por numerosas camadas
superpostas. No bulbo encontram-se essências sulfuradas (Alho, Cebola), substâncias aromáticas
ou alcalóides (Açucena).

Tubérculo (Tuber):

Um tubérculo é um caule subterrâneo especializado em armazenar substâncias de reserva


(Batata, Inhame).

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Casca (Córtex):

A casca é a camada que cobre o caule e a raiz. Nela se acumulam grande quantidade de
princípios ativos (Canela, Cáscara-Sagrada, Quina, Mulungu).

Caule (Caulis):

O caule serve de comunicação entre a raiz e o resto da planta e em alguns casos, contém
princípios ativos (Alcachofra, Cavalinha, Éfedra). O caule pode ser herbáceo (é o caso de plantas
chamadas herbáceas) ou lenhoso (com madeira), como nas árvores e arbustos. Usa-se a madeira
por sua essência (Canforeira, Cipestre) ou para queimar e preparar carvão vegetal (Faia,
Eucalipto).

Broto:

Cada broto ou gema é o esboço de um futuro ramo. Contém resinas e essências. Em fitoterapia
usam-se, por exemplo, os brotos de Bambu e Pinheiro.

Folhas (Folium):

Podemos dizer que as folhas são, por excelência, o laboratório químico da planta. Nelas se
realizam a Fotossíntese, isto é, o conjunto de reações químicas mediante as quais a planta
produz substâncias complexas a partir das substâncias inorgânicas da terra e do ar. As células das
folhas contêm clorofila, substâncias que capta a energia da luz solar e a transforma em energia
química. As folhas produzem a maior parte dos princípios ativos das plantas, especialmente
os alcalóides, essências, glicosídeos e taninos. Por isso, são a parte mais usada das plantas
medicinais. Algumas das folhas mais úteis em fitoterapia são as de: Aloés, Boldo, Damiana,
Dedaleira, Uva-Ursina, Hamamélis, Loureiro, Nogueira, Amora, Guaco, Videira e Visco.

Flores (Flos):

As flores são o órgão reprodutor da planta. Contêm numerosos princípios ativos: óleos
essenciais (Açucena, Chagas, Tanaceto, Tília), alcalóides (Papoula, Maracujá), pigmentos
(Escovinha, Roseira), glicosídeos (Cacto, Calêndula, Laranjeira, Lúpulo, Sabugueiro) e muitos
outros.
Estigmas (Stygma): De algumas flores, como as do Açafrão ou do Milho, usam-se apenas os
estigmas (parte superior do pistilo ou órgão feminino da flor).

Fruto (Fructus):

O fruto é o órgão vegetal que procede da flor e que envolve as sementes.


Os frutos carnosos contêm muitos ácido orgânicos, açúcares e vitaminas (Arando, Bérberis,
Pilriteiro, Silva, Sabugueiro); outros são secos, como os da família Umbelíferas e contêm óleos
essenciais (Anis, Cominho, Salsa); há alguns que são utilizados pelo látex que produzem
(Dormideira). Já a Baga é um fruto carnoso, mas sem caroço.

Pedúnculos (Calyx):

O pedúnculo é a ramificação do caule que segura a flor, o fruto, ou a folha (neste caso chama-se
pecíolo). Por exemplo, usam-se os pedúnculos da Cereja, da Avenca, do Caqui. . .

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Sumidade:

Chama-se sumidade à parte superior de uma planta, em que se encontram pequenas folhas e
flores que se usam em conjunto (Absinto, Alecrim, Orégano, Tomilho, e, em geral, todas as
plantas da família das Labiadas). Quando contém muitas flores, são conhecidas como sumidade
florida.

Semente (Semen):

Em cada semente encontram-se o gérmen da futura planta e um ou dois cotilédones(a primeira


folha que surgirá quando a semente germinar) com substâncias de reserva. As sementes
proporcionam glicídeos e lipídeos (Aveia, Avelã, Cacau, Milho, Noz), mucilagens (Alforfa,
Linho) e óleo (Dormideira, Linho, Gergelim, Videira).
Chamam-se às sementes dos cereais de grãos.

Secreções (Resina):

As secreções não podem ser consideradas propriamente como partes de uma planta, já que se
tratam de substâncias líquidas mais ou menos viscosas produzidas pelo vegetal:
Látex: Esbranquiçado e diferente da seiva (Dormideira, Figueira, Mamoeiro);
Resina: Rica em essências balsâmicas (Assa-Fétida, Copaíba, Mirra, Pinheiro, Cânfora).
Seiva: Líquido nutritivo da planta (Bétula, Piteira, Videira).

2. OS NOMES DAS PLANTAS:

Na Grécia antiga, Aristóteles, Teofrasto e Dioscórides já idealizavam sistemas para dar nomes às
plantas e classificá-las. Desde então, outros pesquisadores e cientistas também tentaram
estabelecer um sistema universal, mas nenhum teve êxito. Deste modo, o crescente número de
nomes e de classificações para as plantas, que se usavam, dificultava o intercâmbio de
conhecimentos e experiências entre os botânicos, farmacêuticos e médicos de diversas regiões ou
países.
Para fazer frente a esta diversidade, o grande naturalista e botânico sueco Carl von Linné
(latinizado: Linnaeus; aportuguesado: Lineu) introduziu em 1753 um método de nomenclatura e
classificação de plantas que obteve aceitação universal. Denomina-se sistema binominal, pois
atribui dois nomes a cada espécie: o primeiro corresponde ao gênero e o segundo à espécie
propriamente dita. Como Adão no jardim do Éden, Lineu teve o privilégio de batizar todas as
plantas conhecidas. Utilizou o latim que, por ser uma língua morta, não permitia que se
produzissem deformações nos nomes. Os nomes vulgares das plantas variam muito entre os
diferentes idiomas do mundo. Até em uma mesma região ou área lingüística, as mesmas plantas
recebem nomes diferentes, Porém os nomes latinos que Lineu atribuiu-lhes continuam fixos e
são de uso universal.

 NOMENCLATURA CIENTÍFICA DAS PLANTAS:

Lineu classificou as plantas segundo as particularidades dos seus respectivos órgãos


reprodutores. No entanto, à medida que a botânica foi progredindo, especialmente graças ao
microscópio, o sistema original de Lineu foi sendo modificado e aperfeiçoado, até chegar ao
esquema atual.

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Espécie e Suas Variedades:

A unidade de classificação é a espécie: agrupa todos os indivíduos que têm a maior parte das
suas características em comum. Assim, por exemplo, a Papoula (Papaver rhoeas L.) é uma
espécie. Todas as Papoulas de um campo de trigo assemelham-se muito. Mas quando
comparamos as que crescem no Brasil, por exemplo, com as que crescem em Portugal,
notaremos algumas diferenças. Todas são Papoulas, e pertencem à mesma espécie, mas
constituem variedades diferentes. As variedades que uma mesma espécie pode apresentar são
conseqüência do tipo de terreno onde cresce, do clima e das possíveis hibridações ou
cruzamentos que tenham sofrido. A sua composição química é a mesma para todas as
variedades, mas podem existir diferenças na concentração dos princípios ativos. Assim, por
exemplo, a Dormideira que se cria nos países do Oriente Médio e da Ásia produz mais morfina
que a européia.

O Gênero:

As espécies parecidas entre si agrupam-se em gêneros. Por exemplo, a Papoula (Papaver rhoeas
L.) e a Dormideira (Papaver somniferum L.) pertencem ao mesmo gênero Papaver. Ambas
espécies produzem alcalóides similares, embora os da Dormideira sejam mais ativos. Outro
exemplo, o Dente de Leão Asiático (Taraxacum mongolicum Hand.-Mazz.) e o Dente de Leão
(Taraxacum officinale Web.) pertence ao mesmo gênero Taraxacum. Ambos produzem um
princípio amargo, a taraxacina, com diferença apenas na variação da concentração.

A Família:

Vários Gêneros similares agrupam-se em uma Família. Por exemplo, a Papoula e a Dormideira,
juntamente com a Celidônia-Maior (Chelidonium majus L.), formam a família das
Papaveráceas. Todas elas produzem um látex rico em alcalóides mais ou menos narcóticos.

A Ordem e a Divisão:

As Famílias similares agrupam-se em Ordens, estas em Classes, e esta, por sua vez, em Filos.

Exemplo de Classificação de Uma Planta:

Nome Popular: Mastruço do Brejo ou Morrião dos Passarinhos.


Nome Científico: Stellaria media Villars.

Classe: Angiosperma
Ordem: Dicotiledônea
Subordem: Dialipétala

Família: Cariofilácea
Gênero: Stellaria
Espécie: Stellaria media Villars.

Botânico que a classificou: Villars.

Em geral, os textos referentes às plantas medicinais citam apenas as categorias Família, Gênero
e Espécie.

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Por fim, é importante lembrar que espécies diferentes podem ter o mesmo nome vulgar, assim
como a mesma espécie pode ter nomes vulgares diferentes, o que mostra a necessidade de se
conhecer os nomes científicos das plantas.

3. O LABORATÓRIO VEGETAL - A FOTOSSÍNTESE:

As plantas são laboratórios bioquímicos extraordinários. A partir de substâncias tão simples


quanto a água (H2O), da terra e o dióxido de carbono no ar (CO2), são capazes de produzir amido
(hidrato de carbono ou glicídeo), devolvendo, além disso, oxigênio (O2) ao ar.
Esta reação química, conhecida como Fotossíntese, ocorre graças à Clorofila contida nas folhas
das plantas, que capta a energia do Sol e a transforma em energia química.
Para sermos mais exatos, esta reação química nos indica que, com seis moléculas de água e
algumas outras de dióxido de carbono, produz-se uma molécula de glicose e seis de oxigênio.
Em uma Segunda fase, as moléculas de glicose polimerizam-se (unem-se entre si) para formar
amido e celulose, que são as substâncias mais abundantes no reino vegetal. Ambas têm a
mesma fórmula química, diferindo apenas pela forma como estão unidas as moléculas de glicose
que as constituem. E sendo mais simples, graças à Fotossíntese, o simples torna-se complexo; a
matéria inorgânica transforma-se em orgânica. Dito de outro modo: A matéria morta (do solo e
do ar) transforma-se em matéria viva (o vegetal).
Combinando a glicose e o amido produzido nas folhas, com os sais minerais absorvidos pela
raiz, as plantas sintetizam lipídeos (gorduras), essências, glicosídeos, taninos, vitaminas e outros
princípios ativos. As proteínas e os alcalóides são produzidos na raiz, a partir dos nitratos do
solo, de onde são transportados para o resto da planta por meio dos vasos condutores do caule e
das suas ramificações.
Desta forma, as plantas sintetizam uma grande variedade de substâncias químicas. Até agora já
se identificaram cerca de 12.000 substâncias diferentes e, com toda a certeza, ainda restam
muitas por descobrir e analisar. Dentre todas estas substâncias, dá-se o nome de Princípios
Ativos àquelas que Apresentam uma Ação Específica Sobre o Organismo. Segundo a sua
natureza química, classificam-se em vários grupos, os quais convêm conhecer: Glicídeos,
lipídios, Proteínas, Vitaminas, Minerais, Alcalóides, Glicosídeos, Essências e Resinas, Ácido
Orgânicos, Taninos. Vamos então, deter-nos um pouco a estudá-los.

4. PRINCIPIOS ATIVOS:

Os vegetais são seres que realizam Fotossíntese pois possuem Clorofila que permitem
transformar a Energia Luminosa em Energia Química e, com isto, podem biossintetizar muitas
substâncias. Os vegetais costumam ter aspectos em comum no seu metabolismo, sintetizando
substâncias que são vitais a todos vegetais, como a celulose, o amido, os lipídeos e
aminoácidos. Este pode ser chamado de metabolismo primário dos vegetais. Além do
metabolismo primário, existe uma outra atividade de síntese biológica que varia de espécie para
espécie e que produz substâncias particulares, cuja função ainda não foi totalmente definida na
maioria dos casos. Este é chamado metabolismo secundário dos vegetais e que produz os
chamados Princípios Ativos.
Apesar de não estar ainda bem definido o papel destas substâncias na fisiologia dos vegetais,
várias conclusões podem ser tiradas de observações simples. Algumas substâncias produzidas
pelos vegetais têm funções de adaptação ao meio e são armas de competição biológica. Sabe-se
que, de uma forma geral, um vegetal cultivado numa situação ótima, com adubo e temperatura
artificial e sem exposição à competição de espaço com outros vegetais, produzem uma
quantidade mínima de princípios ativos.

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Já vegetais sujeitos às adversidades do meio e à competição com outras plantas produzem


muito princípio ativo. Isto sugere que estas substâncias têm importância vital na competição do
vegetal em seu nicho ecológico.
Outra alteração no nível de princípios ativos encontrada com muita freqüência é a variação
sazonal destas substâncias, determinando uma época ideal para a colheita dos vegetais para que
apresentem boa atividade terapêutica. As variações sazonais sugerem que estas substâncias
possam ter importância em ciclos do vegetal, atuando na regulação da floração e frutificação,
e auxiliando na adaptação climática. Por isto, certos vegetais suportam climas frios enquanto
outros se desenvolvem em climas quentes, e existem os vegetais que sobrevivem apenas em
climas secos enquanto outros estão adaptados a climas úmidos. Isto é plenamente justificável
visto que o vegetal é um ser destituído de movimento próprio; enquanto nós, animais, nos
protegemos das variações climáticas buscando abrigo, os vegetais são obrigados a lançar mão de
substâncias adptogêneas para se defender.
Outro possível papel dos princípios ativos sintetizados por vegetais é uma função de defesa
contra agressões de parasitas biológicos. Os vegetais também podem ser agredidos por fungos,
bactérias, protozoários e vírus e não possuem sistema imunológico para defender-se desta
agressão. A utilização de substâncias com atividade antibiótica é uma possibilidade bastante
plausível para explicar a presença de princípios ativos. Alguns princípios ativos com
propriedades de largo espectro são comuns a diversas espécies (como o mentol e o borneol),
sugerindo que sejam moléculas importantes para o equilíbrio biológico das plantas. Outro achado
curioso é que raízes costumam ter princípios ativos diferentes das folhas e caule, o que pode
ser explicado pelo fato das partes aéreas das plantas serem agredidas por agentes diferentes
daqueles que agridem as raízes. É interessante notar que um caule sadio não suporta ficar
enterrado, sendo transformado em raiz ou apodrecendo, o que significa ser invadido e destruído
por bactérias. Então, fica a pergunta: "Por que a raiz suporta ficar enterrada sem se agredida ?"
Outra questão interessante ao se tecer considerações sobre os princípios ativos é a simbiose que
existe entre a espécie humana e o mundo animal, em geral, com os vegetais. Esta relação
simbiótica é tão antiga quanto a existência da vida sobre a Terra e mesmo que não nos
apercebamos, está incutida no dia-a-dia de nossa vidas. Em termos de conhecimento científico, a
maior prova desta relação simbiótica são as vitaminas, substâncias produzidas por vegetais, mas
indispensáveis às espécies animais por atuarem como co-fatores em processos enzimáticos
essenciais à vida. Já algumas espécies animais, quando ficam doentes, instintivamente ingerem
determinadas espécies de vegetais, sugerindo que esta relação simbiótica foi geneticamente
incorporada. Os vegetais que usamos tradicionalmente a milhares de anos em nossa alimentação
são uma outra face desta relação simbiótica. Por isto, não se pode descartar que algumas plantas
utilizadas terapeuticamente, desde tempos incontáveis, não façam parte desta relação.
Os princípios ativos têm uma importância na Botânica no que é conhecido por estudo
químiotaxionômico. Ou seja, algumas espécies que produzem a mesma substância ou substâncias
correlatas significando que estas espécies possuem sistemas enzimáticos semelhantes ou que
estão relacionadas à mesma família ou gênero. Isto pode auxiliar, por exemplo, a classificar uma
planta cuja classificação está difícil baseando-se em caracteres morfológicos. Com os avanços
recentes da Fitoquímica, alguns vegetais tiveram sua classificação modificada, pois os estudos
quimiotaxonômicos sugeriram uma classificação diferente. Os conhecimentos de
quimiotaxonomia podem também auxiliar a classificar um fitoterápico já preparado e seco,
auxiliando diligências de fiscalização para coibir a venda de falsos medicamentos vegetais.
As plantas, em geral, possuem uma gama variada e rica de princípios ativos. Algumas plantas
podem possuir 30 ou até 100 substâncias farmacologicamente ativas no seu interior. Os
princípios ativos podem ser divididos em grupos que têm semelhanças químicas e estruturais. Os
principais grupos de princípios ativos estão descritos, a seguir:

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1. Taninos ou Substâncias Tânicas:

Compostos que possuem funções fenólicas em sua molécula, responsáveis por suas propriedades.
São princípios amorfos, de sabor adstringente e estrutura química variada. Ocorrem em plantas
Superiores, mais em Dicotiledôneas do que em Monocotiledôneas, como por exemplo nas
famílias Rasaceae, Myrtaceae, Rubiaceae; raros em algas e fungos.
É provável que ocorram mais em células jovens, uma vez que os frutos verdes ricos em taninos,
quando atingem a maturidade, perdem seu teor; nos frutos verdes, os taninos são responsáveis
pela sensação de cica. Podem formar complexos com heterosídeos, mucilagens ou alcalóides.
No vegetal, desempenham uma função de proteção, sendo que alguns pesquisadores relacionam
taninos com o açúcar, já que desaparecem nos frutos maduros.
Os taninos atuam como anti-sépticos e, devido à sua ação adstringente, atuam também como
anti-hemorrágicos, antidiarréicos e cicatrizantes (formam uma camada protetora).
Exemplos: pó de banana verde e broto de goiaba, contra diarréia; mamão verde, como
cicatrizante; Hamamélis (folhas),utilizada para hemorróidas, flebites e varizes, inclusive na
homeopatia, porém aproveita-se melhor suas propriedades em extratos de laboratório.
Na indústria, os taninos são utilizados para curtir o couro pois reagem com a proteínas da pele.
Dividem-se em:
Condensados: derivados de Flavonóides condensados (principalmente catequina).
Exemplo: folha de Hamamelis virginiana L.
Hidrolisáveis: o núcleo é um açúcar ou similar, esterificado com ácidos carboxílicos fenólicos.
Segundo o produto da hidrólise podem ser: gálicos ou galataninos (liberam ácido gálico) e
elágicos ou elagitaninos (liberam ácido elágico).
Os taninos condensados não são absorvidos, porém com uma dieta longa, com mais de 1%,
podem causar irritação intestinal, sendo então absorvidos e provocando lesões no fígado e rins.
Uma última observação quanto ao cuidado com o uso indiscriminado de plantas ricas em taninos,
diz respeito à Romã (Punica granatum L. - Punicaceae), cuja casca utilizada para gargarejos
deve ser usada internamente com cautela pois é tóxica.

2. Óleos Essenciais, Óleos Aromáticos, Óleos Voláteis ou Essências:

Produtos aromáticos, voláteis, muito comuns no Reino Vegetal. Em geral, são à base de terpenos
e seus derivados (um aldeído, uma cetona, etc.). Os terpenos podem ser monoterpenos, com 10
átomos de carbono: sesquiterpenos, com 15 átomos de carbono e diterpenos, com 20 átomos de
carbono. As essências são substâncias líquidas e misturas complexas, podendo chegar a mais de
10 componentes; sendo assim, na essência de menta, o mentol é um álcool que ocorre na
proporção de 80%. Ocorrem principalmente nas Plantas Superiores, como nas famílias Labiatae,
Rubbiaceae, Rosaceae, Lauraceae, Umbelliferae e Compositae.
São encontradas essências nas flores (Camomila - Matricaria chamomilla L. - Compositae),
folhas (Erva-cidreira, nas diferentes espécies), frutos (Erva-doce - Foeniculum vulgare Miller -
Umbeliferae), caules e raízes (Canela - Cinnamomum zeylanicum Nees - Lauraceae).
Um mesmo vegetal pode apresentar essências diferentes, como é o caso da Laranja (Citrus sp. -
Rutaceae), que apresenta óleo essencial na flor, casca do fruto e na folha.
Os óleos essenciais podem se localizar em células de tecido normal, não diferenciado, em
diferentes profundidades, como na Canela, ou então em pêlos glandulares, células epidérmicas
ou glândulas internas (canais ou bolsas).
Os óleos essenciais estão em maior concentração antes da floração: a insolação e a temperatura
são fatores importantes no momento da coleta.

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No próprio vegetal, as essências têm uma função relativa à polinização, isto é pelo aroma atraem
os polinizadores: podem atuar na proteção contra predadores e microorganismos, além de
participarem dos processos celulares, segundo alguns autores.
No homem, foram constatadas ação anestésica (a base de mono e sesquiterpenos), analgésica
(sesquiterpenos), anti-helmíntica (mono e sesquiterpenos), anti-histamínica (mono
sesquiterpenos), antiinflamatória (mono e sesquiterpenos), expectorante (monoterpenos) e
sedativa (mono e sesquiterpenos).
Exemplos de plantas com óleos essenciais:
Erva-cidreira - Melissa officinalis L. - Labiatae - essência rica em citral, de ação tranqüilizante e
digestiva;
Erva-doce - Foeniculum vulgare Miller - Umbelliferae - essência rica em anetol, de ação
digestiva e carminativa;
Camomila - Maricaria chamomilla L. - Compositae - essência rica em azuleno, de ação
cicatrizante e antiinflamatória;
Eucalípto - Eucalyptus globulus Labill. - Myrtaceae - essência nas folhas, rica em eucaliptol, de
ação anti-séptica e expectorante;
Canela - Cinnamomum zeylanicum Nees. - Lauraceae - essência rica em aldeído cinâmico, de
ação digestiva e anti-séptica.
Como última observação, devemos lembrar de outro tipo de óleo vegetal, os óleos fixos, que são
matérias graxas de valor nutricional e que ocorrem nos frutos e sementes.
Exemplos: óleo de Soja (Glycine max Merril - Leguminosae), óleo de Milho (Zea mays L. -
Gramineae), óleo de Coco (Cocos nucifera L. - Palmae), óleo de Girassol (Helianthus anuus L. -
Compositae) e óleo de Amendoim (Arachis hypogaea L. - Leg.Pap.).

3. Alcalóides:

São bases orgânicas nitrogenadas. Dão sabor amargo à planta, mas nem todo sabor amargo
provém de um alcalóide. Surgem na formação ou transformação de matérias protéicas.
Parece que não ocorrem nas algas; nos fungos são pouco freqüentes; nas Dicotiledôneas mais do
que nas Monocotiledôneas. Exemplos de famílias: Apocynaceae, Leguminosae, Papaveraceae,
Rubiaceae e Solanaceae (7 gêneros contêm o alcalóide hiosciamina).
Ocorrem em: sementes (Café - Coffea arabica L.- Rubiaceae), casca do caule (Quina - Cinchona
sp. - Rubiaceae), raízes (Ipeca - Psychotria ipecacuanha Stokes - Rubiaceae) e folhas (Coca -
Erythroxylum coca Lam. - Erytroxylaceae), Beladona (Atropa belladona L. - Solanaceae) e
Jaborandi (Pilocarpus jaborandi Holmes, P.micorphullus Stapf. - Rutaceae).
Freqüentes em partes da planta em vias de crescimento ou formação (pontos vegetativos). Mais
tarde localizam-se em regiões externas, como o tegumento das sementes, e mais raramente no
interior (medula). No próprio vegetal, é possível que exerça uma função protetora. A
classificação dos alcalóides é complexa, por isso daremos alguns exemplos de plantas ricas em
alcalóides.
A Beladona - Atropa belladonna L. e o Meimendro - Hyoscyamus niger L. - são duas
Solanáceas que possuem três alcalóides tropânicos, que atuam no Sistema Nervoso Autônomo e
mesmo no Central: a hiosciamina, a escopolamina e a atropina, sendo que esta não ocorre nas
plantas frescas, que portanto devem ser secas para que se faça a extração.
A ação farmacológica dos três é dilatação da pupila, relaxamento dos músculos ciliares, redução
das secreções, dilatação dos brônquios, além de impedir a contração da musculatura lisa: a ação
tóxica dos três provoca distúrbios mentais, náuseas e vômitos, secura da pele e da boca, sede e
agitação.

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Na medicina popular, são feitos cigarros com folhas secas de Beladona e de outra Solanácea, o
Estramônio - Datura Stramonium L. para combater asma, porém não só essa preparação como
qualquer outra com plantas que contenham alcalóides dessa natureza não devem ser feitas em
casa, devido a alta toxicidade mais adiante.
A Papoula - Papaver somniferum L. - Papaveraceae é fornecedora de ópio, rico em alcalóides,
que será tratado mais adiante.
A Noz Vômica - Strychnos nux-vomica L. - Loganiaceae produz dois alcalóides extremamente
tóxicos, a estricnina e a brucina, encontrados na semente. Como medicamento é tônico
cardíaco, circulatório, digestivo e estimulante do sistema nervoso, que no entanto é afetado se os
alcalóides não forem ministrados na dose correta: mais um exemplo de planta que não deve ser
manipulada em preparações caseiras.
A Batata Inglesa - Solanum tubderosum L. é uma Solanácea comestível, porém deve-se evitar
tubérculos verde e os brotos, pois contêm o alcalóide solanina.
Outras Solanáceas comestíveis são o Tomate - Lycopersicum esculentum Miller, a Berinjela -
Solanum melongena L. e o Jiló - Solanum gilo Raddi.
Ação terapêutica dos alcalóides no homem: como analgésico (morfina - Dormideira ou Papoula
- Papaver somniferum L.), broncodilatadora (efedrina - Éfedra - Ephedra sp. - Ephedraceae),
antitussígeno (codeína), emético (emetina - Ipeca).
Devido à sua ação farmacológica, vários alcalóides possuem ação tóxica. A cocaína pode causar
palpitações, ansiedade, psicose e convulsões por hiperestimulação simpática: a morfina deprime
o sistema nervoso, levando ao coma e parada respiratória, além de produzir altos graus de
dependência nos usuários.

4. Glicosídeos:

São compostos por uma fração de açúcar ligada a uma substância chamada genina ou aglicona,
responsável pela ação terapêutica: têm gosto muito amargo.

 Glicosídeos Alcoólicos:

A genina ou alicona é um álcool: como exemplo, a salicina do Salgueiro. O infuso das folhas
pode ser usado contra reumatismo, porém a maior concentração de salicina é na casca, podendo-
se fazer então a decocção dos ramos jovens. O estudo das ações antiinflamatórias do Salgueiro
levou à descoberta dos salicilatos e à síntese do ácido acetilsalicílico, a Aspirina.

 Glicosídeos Cianogenéticos:

Por hidrólise, liberam Ácido Cianídrico ou Prússico (HCN).


Como exemplo temos a amigdalina, presente na casca do tronco , ramos e raiz do Abrunheiro
Prunus spinosa L. - Rosaceae e nas folhas do Pessegueiro - Prunus persica Stokes.
Também há a linimarina, presente na Mandioca - Manihot esculenta Grantz - Euphorbiaceae,
que encontra-se na parte mais externa da raiz, daí a necessidade de se retirar a película. É comum
as raízes moídas da mandioca serem secas ao sol, antes de serem ingeridas, pela facilidade com
que o Ácido Cianídrico é liberado quando submetido ao calor. As raízes também podem ser
cozidas, quando então a primeira escaldada deve ser desprezada.

 Glicosídeos Cardioativos:

Ação cardiotônica, atuando na contração do músculo cardíaco. Como exemplo temos a


digitalina, proveniente da Dedaleira - Digitalis purpurea L. - Scrophulariaceae e a asclepiadina,

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proveniente do Oficial de Sala - Asclepias curassavica L. - Asclepiadaceae, ambas muito tóxicas


e que também não devem ser manipuladas em casa.

 Glicosídeos Antraquinônicos:

Relacionados com a antraquinonas, que são substâncias cristalinas, amarelo-pálidas, que


resultam da oxidação do antraceno.
São muito amargos e estimulam a defecação, pois ao evitar a absorção de água pelas vilosidades
intestinais, amolecem as fezes. Como exemplo temos a aloína, extraída do gênero Aloe, que
possui diversas espécies com o nome vulgar Babosa (família Liliaceae). O glicosídeo está
presente nas folhas, sendo usado para o fígado, estômago e para combater a prisão de ventre.
Espécies do gênero Rhamnus - família Rhamnaceae, de nome popular Cáscara Sagrada, contém,
rheína, glicosídeo de ação purgativa. Sene é o nome vulgar de duas leguminosas, Cassia
lanceolata e C.uniflora Spreng., cujas folhas contêm um glicosídeo de ação purgativa.

 Glicosídeos Flavonóides:

Flavanonas: ocorrem principalmente no gênero Citrus (família Rutaceae), em Compositae,


Pinaceae, Polypodiaceae e Leguminosae. Como exemplo, temos a hesperidina, que ocorre na
casca da Laranja: junto com a vitamina C, a hesperidina aumenta a vitalidade dos capilares.
Flavonas: pigmentos amarelos de pétalas de flores, folhas, sementes e frutos. No próprio vegetal,
atua na diferenciação celular e no desenvolvimento de cotilédones e folhas. Ocorre nas famílias
Gramineae, Leguminosae e Scrophularaiaceae.
Flavonóis: pigmento amarelo claro das folhas e flores de 80% das Angiospermas. Como
exemplo, a rutina, presente nas folhas secas da Arruda - Ruta fraveolens L. - Rutaceae, que
combate a arterioesclerose e atua como anti-hemorrágico capilar.

 Glicosídeos Saponínicos ou Saponinas:

Substâncias em geral amorfas, podendo também ser cristalizadas, com sabor variado e que
possuem estruturas esteroidais nas Monocotiledôneas e estrutura de um triterpeno nas
Dicotiledôneas. As saponinas podem ser um pouco tóxicas ou então possuírem ação necrosante e
hemolítica. Suas propriedades dependem da origem, mas em geral formam espuma. Algumas são
ictiotóxicas, ou seja, envenenam os peixes e são conhecidas popularmente pelos nomes timbó ou
tingui (várias espécies): podem exercer ação antimicrobiana e fungicida, como o suco de Sisal -
Agave sisalana Perr. - Agravacea; a solução diluída do extrato de Buchinha do Norte - Luffa
operculata Coign. - Cucurbitaceae é utilizada no tratamento da sinusite, auxiliando na
eliminação da coriza.
Ocorrem na raiz, como glicirizina da leguminosa Glycyrriza glabra L., o Alcaçuz da Europa; no
caule, como entrecasca do Juazeiro - Ziziphus joazeiro Mart. Rhamnaceae: nos frutos, como a
Buchinha do Norte - L. operculata Coign. E nas sementes, como na Castanha da Índia - Aesculus
hippocastanum L. - Hippocastaneaceae.
As sementes tendem a concentrar mais saponinas quando se dá germinação; nos órgãos
vegetativos provavelmente diminuem a concentração após a floração.

 Glicosídeos Antocianínicos:

São também conhecidos como antocianinas. São os pigmentos que conferem a cor azul, violeta
ou vermelha a certas flores, frutos e raízes. Um mesmo pigmento é capaz de apresentar diversas
cores, dependendo da reação do meio em que se encontra.

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As antocianinas atuam como anti-sépticas, antiinflamatórias e protetoras capilares. Encontram-se


nos Arandos, Escovinha, Malva, Roseira, Videira e Violeta.

 Glicosídeos Cumarínicos:

A genina dos glicosídeos cumarínicos, também denominados lactônicos, da mesma forma que os
seus derivados, são as substâncias responsáveis pelo típico cheiro de feno que exalam certas
plantas herbáceas.
Estes glicosídeos possuem propriedades anticoagulantes (a vitamina K ou dicumarol é um
derivado da cumarina), antiespasmódicas (por exemplo a Visnaga, útil na angina do peito),
antibióticas (Bardana, Pilosela) e sobretudo venotônicas (Castanha-da-Índia).
A esculina é o derivado cumarínico mais ativo sobre o sistema nervoso. Encontra-se sobretudo
na Castanha-da-Índia e faz parte de vários medicamentos contra varizes, hemorróidas e edemas.

 Glicosídeos Sulfurados:

A genina dos glicosídeos sulfurados é formada por substâncias sulfuradas, que se liberam do seu
açúcar correspondente por meio de uma enzima, contida nas células da mesma planta. Quando se
rompem estas células através da trituração ou da mastigação, permite-se que a enzima atue sobre
o glicosídeo, liberando a sua parte ativa ou genina. Estas geninas sulfuradas são voláteis
(evaporam facilmente) e formam essências. As famílias botânicas das Crucíferas e das Liliáceas
são as maiores produtoras de glicosídeos sulfurados, especialmente estas plantas: Agrião, Alho,
Chagas (Capuchinha), Cebola, Couve, Mostarda, Rábano. . .
Os glicosídeos sulfurados são substâncias muito ativas, de grande aplicação em Fitoterapia,
tendo propriedades antibióticas (Alho e Capuchinha), coleréticas e colagogas (muito úteis em
afecções hepáticas, especialmente o Rábano), rubefaciantes (em especial a Mostarda),
balsâmicas (Cebola), e anti-reumáticas (Mostarda, Alho).

5. Mucilagens, Gomas e Substâncias Pécticas:

Os três são polissacarídeos. As mucilagens ocorrem em algas e certos fungos e nas famílias
Rosaceae, Liliaceae, Malvaceae, Tiliaceae; encontram-se nas flores (Malva sp. e Althaea sp. -
Malvaceae), nas folhas (Confrei - Symphytum officinale L. - Boraginaceae) e sementes (Linum
usitatissimum L. - Linaceae - Linho). Em contato com a água, as mucilagens tornam-se
gelatinosas: em geral participam de medicamentos indicados para combater prisão de ventre e no
próprio vegetal têm importância na tanslocação de água por ocasião da germinação.
Outras plantas que contêm mucilagem são o Quiabo - Hibiscus esculentus L. - Malvaceae; a
Tanchagem - Plantago sp. - Plantaginaceae e o Confrei, que possui mucilagens na planta toda e
também uma substância cicatrizante, a alantoína.
As gomas ocorrem nas leguminosas, entre outras famílias, destacando-se o gênero Acacia,
produtoras da goma arábica, de largo emprego industrial: podem exsudar naturalmente ou surgir
por meio de incisões no caule.
As substâncias pécticas ou pectinas ocorrem em toda a planta, mas principalmente nos frutos
maduros, como a Maçã - Pyrus malus L. - Rosaceae; a Carambola - Averrhoa carambola L. -
Oxilidaceae; Maracujá - Passiflora sp - Passifloraceae e cítricos - Citrus sp - Rutaceae. Ajudam
a regularizar os intestinos e na indústria são utilizadas na fabricação de geléias.

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6. Substâncias Resinosas:

Complexo de substâncias heterogêneas, em partes dissolvidas em óleos essenciais; situam-se em


canais ou bolsas e podem exsudar naturalmente (mais raro) ou após incisão.
Ocorrem nas famílias Anacardiaceae, Leguminosae, Compositae, Euphorbiaceae e na ordem
Coniferae, da Gimnospermas. São substâncias com um certo odor, líquidas, semifluídas, massas
consistentes, produtos xaroposos fluídos ou semifluídos; ocorrem principalmente no caule,
podendo no entanto, aparecer em outros órgãos.
As gomo-resinas são uma emulsão de uma goma e uma resina, podendo ser acompanhada ou não
de um traço de essência, que lhes dá aroma. Como exemplo temos a Mirra - Commiphora
myrrha Engler - Burseraceae.
O látex ou lacto-resina é uma emulsão leitosa, mais ou menos opaca, de constituição complexa,
localizados em canais chamados laticíferos. Pode conter alcalóides, carboidratos, matérias
minerais, etc. Obtido por incisão de representantes das seguintes famílias: Asclepiadaceae,
Apocynaceae, Compositae, Euphorbiaceae, Moraceae, Papaveraceae e Sapotaceae.
Borracha ou Cautchu é o termo para a substância elástica e resistente proveniente da coagulação
do látex de diversas plantas; a Seringueira é uma Euforbiácea - Hevea brasiliensis Mel. Ar. -
fornecedora de látex que entra na produção da borracha natural.
O ópio é o látex obtido pela incisão das cápsulas (frutos) da Papoula - Papaver somniferum L.
Papaveraceae; é muito rico em alcalóides, porém seu conteúdo varia em função do estágio de
maturação dos frutos; sendo assim, o alcalóide morfina ocorre nas cápsulas jovens e desaparece
com a sua maturação.
Os alcalóides do ópio de dividem em dois grupos importantes: ao primeiro pertencem a morfina,
a codeína e a tebaína; ao segundo pertencem a papaverina, a codamina, a laudanina, a
narceína, a laudonosina e a narcotina.
As óleos-resinas provêm da polimerização e oxidação incompleta de uma essência. A parte
transformada se dissolve na essência na alterada. São substâncias espessas, de odor variável, que
ocorrem em canais de profundidades variáveis.
Ocorrem em Coníferas, como a terebintina de Pinheiro e Pinheiro Marítimo (Pinus pinaster
Solaned. e P maritimus Solander - Pinaceae), em alguns representantes das famílias
Anacardiaceae e Leguminosae, como a Copaíba (Copaifera sp.).
As resinas propriamente ditas correspondem ao último estágio de transformação da essência, da
qual podem restar ainda alguns traços. São substâncias quimicamente complexas, em geral
sólidas, obtidas naturalmente ou por incisão. Como exemplo temos Aroeira da Praia - Pistacia
lentiscus L. - Anacardiaceae, cuja resina tem os nomes pouco usados de Mástique ou Almecega.
Os Bálsamos são produtos resinosos líquidos ou semilíquidos, quebradiços, onde predominam os
éteres formados de ácidos aromáticos e da resina-tanóis; têm sabor acre e aromático e odor
agradável. Ocorrem em Leguminosae, como Myroxylon pereirae Klotzch. (Bálsamo do Peru), M
toluifera HBK. (Bálsamo de Tolu); em Hamamelidaceae, como Liquidambar Orientalis Mill.
(Liquidâmbar) e Styrax sp. (Estoraque) Styracaceae.

7. Pigmentos:

Encontramos nos vegetais os pigmentos clorofilianos (verdes), carotenóides (vermelho),


flavônicos (amarelos), antociânicos (vermelho, violeta e azul), xantônicos (amarelos) e
antracênicos (amarelos e vermelhos).
Nas folhas, habitualmente, ocorrem a clorofila e os carotenóides caroteno (vermelho) e xantofila
(amarelo); nas flores e frutos encontramos pigmentos vermelhos, azuis, violetas ou amarelos; as
cascas do caule podem ter pigmentos amarelos ou vermelhos.

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Os carotenóides ocorrem em folhas, flores, frutos e órgãos subterrâneos. O Caroteno é


considerado precursor da vitamina A e encontrado na Cenoura - Daucus carota L. - Umbelliferae
e a bixina, proveniente das sementes do Urucum - Bixa orellana L. - Bixaceae é utilizada como
corante e como filtro solar. No próprio vegetal os carotenóides participam de seu metabolismo.
Os pigmentos flavônicos são amarelos e já foram vistos alguns deles anteriormente; os
pigmentos xantônicos e xantonosídeos também são amarelos e vizinhos dos anteriores
(flavônicos). Os pigmentos antociânicos e antocianosídeos dão coloração vermelha, violeta, azul
de flores, muitos frutos, algumas folhas, cascas e raízes. Ocorrem principalmente nas plantas
árticas e alpinas. Os pigmentos antracênicos e seus heterosídeos correspondentes são também
amarelos e vermelhos. Ocorrem principalmente nas folhas, raízes, cascas de representantes das
famílias Tiliaceae, Polygonaceae, Leguminosae, Rhamnaceae e Rubiaceae.

8. Princípios Amargos:

Substâncias quimicamente mal definidas, inodoras, amargas geralmente amorfas, às vezes


cristalinas e de ação tóxica. Ocorrem em muitas famílias, mas são abundantes nas Compositae e
Gentianaceae. Como exemplo temos Arnica montana L. (Arnica) e Artemisia vulgaris L.
(Artemísia), além de outras espécies deste gênero; os dois gêneros sãos Compostas. Também há
a quassina, princípio da Quássia - Quassia amara L. - Simaroubaceae, indicada em afecções
gastrintestinais.

9. Vitaminas, Proteínas e Minerais:

É importante lembrar também das vitaminas, substâncias que fazem parte do metabolismo
vegetal e que são benéficas ao homem. A vitamina A pode ser encontrada na Cenoura, Alface -
Lactuca sp. - Compositae e Tomate; as vitaminas do complexo B na Levedura de Cerveja, sendo
que a B também no Germe de Trigo - Triticum vulgare Vill. - Gramineae; o óleo de Trigo
também apresenta vitamina E e vitamina PP. E por fim a vitamina C, presente em frutos como os
cítricos, Caju - Anacardium occidentale L. - Anacardiaceae e na Goiaba - Psidium guayava L. -
Myrtaceae.
Já as proteínas são encontradas na Alfafa - Medicago sativa L. - Leguminoseae, Feno Grego -
Trigonella foenum-graecum L. - Leguminoseae, Nozes - Juglans regia L. - Juglandaceae. Boas
fontes de minerais se encontram na Alfafa, Aveia - Avena sativa L. - Gramineae , Cavalinha -
Equisetum arvense L. - Equisetaceae, etc.

10. Ácidos Orgânicos:

Encontra-se nas plantas uma grande variedade de ácidos orgânicos, que se concentram
principalmente nos frutos. São os seguintes: Ácido Cítrico, Málico, Tartárico, Salicílico,
Oxálico e Ácidos Graxos.

 Ácido Cítrico, Málico e Tartárico:

São muito abundantes nos frutos e bagas, embora sua concentração vá diminuindo à medida que
amadurecem. Eles aumentam a produção de saliva e limpam a cavidade bucal, produzindo
sensação de frescor (efeito refrescante), diminuindo o número de bactérias causadoras de cáries
e das infecções da boca. Aumentam também a produção de sucos gástricos, razão pela qual têm
efeito aperitivo. Além disso, são ligeiramente laxantes e diuréticos.

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 Ácido Salicílico:

É um ácido de tipo fenólico que exerce 3 ações principais: antiinflamatória, analgésica (acalma
a dor), e antipirética (faz baixar a febre). É utilizado com notável sucesso em diversos
problemas reumáticos.
Encontra-se o ácido salicílico em estado natural em várias plantas (Calêndula, Maça, Morango,
Primavera, Amora). A partir dele obtêm-se um derivado, o ácido acetilsalicílico (a popular
Aspirina), que a indústria farmacêutica conseguiu produzir por processos de síntese química,
sem necessitar do ácido salicílico natural. A Aspirina tem as mesmas propriedades do ácido
salicílico natural, porém mais intensas; portanto podem produzir efeitos colaterais indesejáveis
com maior facilidade.

 Ácido Oxálico:

É um dos mais abundantes no mundo vegetal, principalmente nas folhas verdes. Normalmente
está associado ao Potássio e ao Cálcio, com os quais forma sais minerais. Nas pessoas
propensas, estes sais, que normalmente se eliminam pela urina, tendem a precipitar-se formando
cálculos urinários. Por este motivo desaconselha-se o uso de plantas ricas em ácido oxálico
(Ruibarbo, Azedinha da Horta) a quem sofre de litíase urinária.

 Ácidos Graxos:

Os ácidos graxos são juntamente com a glicerina, o principal componente das gorduras. Dentre
os mais importantes temos:

Ácido Linoléico e Linolênico:

São ácidos graxos poliinsaturados, chamados essenciais porque o nosso organismo os necessita,
mas não os produz. Cumprem importante função em nosso organismo, em especial no tecido
nervoso. Dentre as plantas ricas em ácidos graxos temos o Abacate, o Girassol (semente),
Espirulina, Noz.

Ácido Oléico:

É um ácido monoinsaturado, o principal componente do azeite de Oliva, também encontrado no


Abacate. Contribui para regular o nível de colesterol.

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5. DICIONÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS:

Absorvente: Que produz absorção, que atrai e retém líquidos, fixando-os entre as suas
próprias moléculas.
Acidose: Aumento patológico dos ácidos no organismo.
Adenite: Inflamação de um gânglio linfático.
Adsorvente: Que produz adsorção, isto é, que retém líquidos, substâncias em solução
ou gases, de um modo que estes se fixam sobre a sua superfície.
Adstringente: É a propriedade de evitar as perdas corporais, reduzindo a quantidade de
secreções, de suor ou ritmo intestinal.
Afrodisíaco: Que aumenta o desejo e a capacidade sexual. O contrário é anafrodisíaco.
Albumina: A mais importante classe de proteínas animais ou vegetais caracterizada
por sua solubilidade na água e coagulabilidade pelo calor.
Albuminúria: Eliminação de albumina através da urina.
Alcalinizante: Que provoca uma alcalinização dos fluídos orgânicos, especialmente do
sangue e da urina.
Alopécia: Calvície ou rarefação progressiva dos pêlos, reversíveis ou não.
Amenorréia: É a parada dos ciclos menstruais regulares sem que haja chegado a
menopausa.
Anabolizante Que estimula a regeneração do organismo.
Analéptico: Que estimula a função do coração e do aparelho respiratório.
Analgésica: É a propriedade de reduzir a dor.
Anasarca: Retenção generalizada de água no organismo, principalmente sob a pele.
Anemia: É a redução do número de glóbulos vermelhos no sangue e,
consequentemente, da quantidade de hemoglobina.
A hemoglobina é uma substância que tem cor vermelha e é quem
transporta o oxigênio até as células.
Angina de peito: É uma dor forte, mas de curta duração, que as pessoas com problema
cardíaco sentem no peito. É causada por falta de sangue devido ao
entupimento das artérias do coração.
Anorexia nervosa: Doença psicossomática grave, na qual a pessoa afetada perde o apetite ao
ponto de pôr em perigo a sua própria vida.
Anorexia: Redução ou perda total do apetite.
Anorexígeno: Que produz anorexia, isto é, que reduz o apetite. Oposto a "aperitivo".
Ansiolítico: Que acalma a ansiedade.
Antiácido: Que combate a acidez gástrica.
Antibiótico: Substância microbicida (destrói os micróbios) que é produzido por outros
seres vivos, geralmente vegetais inferiores (bactérias ou fungos).
Anticoagulante: É a propriedade de reduzir a capacidade do sangue de coagular.
Anticolinérgica: É a propriedade de bloquear os efeitos da acetilcolina. A acetilcolina é a
principal substância liberada quando o sistema nervoso parassimpático
funciona.
Anticonvulsivante: É a propriedade de impedir o desencadeamento de convulsões, que são
espasmos involuntários dos músculos gerados por problemas no cérebro,
como os que ocorrem na epilepsia.
Antidiarréico: Que detém as diarréias.
Antiedematoso: É a propriedade de diminuir os edemas. Edemas são inchações causados
por retenção de água.
Antiemético: Que detém os vômitos.

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Antiescorbútico: Que combate o escorbuto pelo seu conteúdo em vitaminas, especialmente


a vitamina C.
Antiespasmódico: Que impede os espasmos dos órgãos ocos, como o estômago, a vesícula
biliar, a bexiga, evitando assim as cólicas.
Antiflogística: É a propriedade de combater e diminuir as inflamações.
Anti-histamínico: É a propriedade de bloquear os efeitos da histamina. A histamina é a
substância liberada no corpo durante os processos alérgicos.
Antiinflamatório: É a propriedade de reduzir as inflamações.
Antimitótico: Que impede a mitose, isto é, a divisão (reprodução) das células. As
plantas com propriedades antimitóticas impedem a reprodução das
células cancerosas.
Antiparasitário: É a propriedade de combater vermes e parasitas.
Antipruriginoso: É a propriedade de reduzir coceira.
Anti-reumático: É a propriedade de combater o reumatismo.
Antirrítmico: É a propriedade de impedir as alterações anormais do ritmo do coração.
Anti-séptico: É a propriedade de evitar que as lesões sejam atacadas por germes e
infeccionem. O termo é utilizado ainda para designar as substâncias que
são aplicadas sobre a pele.
Anti-sudorífico: Que diminui a secreção de suor.
Antitrombótico: É a propriedade de reduzir a formação de trombos, que são a agregação de
plaquetas e fatores de coagulação que grudam na parede dos vasos,
podendo interromper o fluxo de sangue e causar um infarto.
Antitumoral: É a propriedade de combater tumores.
Antiviral: É a propriedade de combater doenças causadas por vírus.
Anúria: Supressão da urina.
Aperiente: É a propriedade de desobstruir. Em geral, empregada para medicamentos
usados para desobstruir o intestino, provocando a evacuação de fezes
impactadas.
Aromático: Que contém óleos essenciais (essências) de grande intensidade odorífica.
Os componentes aromáticos das plantas costumam ser tonificantes, e
costumam apresentar propriedades digestivas.
Arritmias: São alterações do ritmo normal do batimento do coração.
Artrite: É a inflamação das juntas. Segundo a medicina, para ser considerado
artrite é preciso que haja dor, vermelhidão, calor e inchaço nas juntas
acometidas.
Artrose: É uma doença causada por uma degeneração da cartilagem articular, ou
seja aquela superfície onde um osso se articula no outro. A cartilagem vai
envelhecendo e começa a ficar mais fina e irregular. Com isto, aumenta o
atrito, e o osso subcondral (que está logo em baixo) fica sobrecarregado.
A sobrecarga causa inflamação e dor. Com o tempo, a articulação pode
também ir se deformando.
Ascite: Significa o acúmulo de líquidos dento do abdome, popularmente chamada
de "barriga d'água", que em geral acontece em doenças crônicas do
fígado.
Astenia: Falta ou perda da força e da energia.
Aterosclerose: É uma doença dos vasos sangüíneos, em particular as artérias. Nesta
doença vão se formando placas de gordura (colesterol) nas artérias, que
acabam calcificando. As placas calcificadas vão diminuindo o calibre das
artérias e dificultando a passagem do sangue, e fazem as plaquetas
grudar, obstruindo totalmente a passagem.

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O processo acaba obstruindo totalmente a passagem do sangue, levando a


um infarto (morte de um tecido qualquer por falta de sangue). É assim
que as pessoas ficam com angina de peito, infarto do coração e derrame
cerebral.
Balsâmica: É a propriedade de curar aliviando dor ou outro tipo de sentimento
incômodo simultaneamente. Em geral, é empregada para substâncias
como resinas, essências e óleos de ação suavizante sobre o aparelho
respiratório e sobre a pele.
Béquico: Que acalma a tosse devida a ardor ou irritação da garganta.
Blenorragia: Infecção da uretra e vagina ( o mesmo que gonorréia).
Bócio: É o aumento da tireóide, causando aparecimento de um nódulo no
pescoço.
Bradpnéia: Respiração lenta.
Broncodilatadora: É a propriedade de aumentar o diâmetro dos brônquios, quando eles estão
contraídos, impedindo a passagem do ar, como na asma.
Cálculo urinário: É um cálculo que se forma nas vias urinárias, ou seja, rim, ureteres e
bexiga.
Cálculo: É uma deposição sólida, como uma pedra, que se forma no corpo, por
precipitação de cristais.
Calyx: Significa cálice, em latim. Cálice é a parte do vegetal que une a fruta ao
galho.
Cardiotônico: Que aumenta a força de contração do coração e melhora o seu
rendimento.
Carminativo: É a propriedade de dissolver e neutralizar os gases intestinais, facilitando
o fluxo do bolo fecal e reduzindo cólicas ou desconforto abdominal.
Caulis: Significa caule, em latim.
Ceratolítica: É a propriedade de retirar a camada superficial da pele, estimulando sua
renovação.
Choque cardiogênico: É a insuficiência de pressão arterial causada por um problema no
coração, que não bombeia suficiente sangue para a frente.
Choque hipovolêmico: É a insuficiência de pressão arterial causada por um problema de falta
de sangue dentro dos vasos.
Choque neurogênico: É a insuficiência da pressão arterial causada por uma parada dos
mecanismos nervosos de manutenção do tônus das artérias, e cuja função
é a regulação.

Choque: É o termo médico para uma queda excessiva da pressão arterial, que não
se recupera.
Cianose: Coloração azulada da pele, geralmente devido a problema cardíacos ou
deficiência circulatória.
Cirrose hepática: Doença degenerativa do fígado, por endurecimento do tecido hepático.
Cisto: É um acúmulo de líquido ou gordura contido numa cavidade ou
membrana, que forma um nódulo ou uma massa, e que tem consistência
mole ou compacta à palpação.
Clorose: Anemia, comum em adolescentes do sexo feminino.
Colagoga: É a propriedade de aumentar o fluxo de bílis para o intestino, auxiliando
assim a digestão das gorduras.
Colédoco: É o canal que conecta a vesícula biliar ao duodeno, para excreção da bílis.

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Colerético: É a propriedade de estimular a contração da vesícula biliar,


impulsionando a bile para o colédoco e causando sua excreção no tubo
digestivo.
Cólica nefrética: É a cólica causada pela passagem de pedras do rim até a uretra, para
serem expulsas do corpo.
Colite: Inflamação do intestino grosso.
Colo do útero: É a parte baixa do útero, onde o órgão afunila e se conecta com a vagina.
Conjuntiva: É a membrana que recobre o globo ocular, e que pode ser identificada ao
redor da íris por seus aspecto branco.
Coréia: Doença neurológica, mais comum na infância, caracterizada por acesso
convulsivos de tosse (tosse comprida).
Córtex: Córtice, cortiça ou casca. Camada externa de um órgão.
Cortisona: Hormônio do córtex supra renal.
Deficiências enzimáticas digestivas: Para que a digestão possa ser feita, é preciso que o
estômago, o pâncreas e o intestino secretem enzimas. Essa enzimas vão
reduzir as substâncias da comida em pequenas moléculas , que podem ser
absorvidas. Quando a pessoa não tem enzimas em quantidade suficiente,
a absorção do alimento fica prejudicada, e surge a diarréia. A enzima que
falta nas pessoas com maior freqüência é a lactase, que digere o açúcar
do leite.
Demulcente: É a propriedade de tornar a pele suave ao toque. Em geral associa-se a
uma ação hidratante da pele.
Depurativo: Que favorece a eliminação das substâncias tóxicas que circulam pelo
sangue, sejam elas de origem externa (contaminação química) ou
produzidas pelo próprio organismo, como os resíduos do metabolismo das
proteínas (por exemplo, ácido úrico e uréia). A eliminação destas toxinas é
feita através da urina, do suor e do fígado. Os produtos depurativos são
geralmente diuréticos e sudoríficos.
Dermatite de contato: É uma inflamação da pele que surge quando ela entra em contato direto
com algumas substâncias específicas. É comum ocorrer com plásticos,
metais e produtos vegetais. Essa inflamação é causada por um mecanismo
alérgico, por isso a pele coça muito e pode deixar brotar uma secreção
fluida.
Diaforético: É a propriedade de provocar a diaforese, ou seja, produzir sudorificação.
São substâncias usadas para reduzir a febre e tratar gripes e resfriados.
Difteria: Doença infecto-contagiosa e tóxica, que se localiza, habitualmente na
mucosa da garganta e do nariz (mesmo que crupe).
Digestivo: É a propriedade de tornar a digestão melhor e mais rápida.
Disenteria: Presença de sangue e muco nas evacuações diarreicas.
Diurética: É a propriedade de aumentar a quantidade de urina.
Doenças exantemáticas: São doenças que causam o aparecimento de uma erupção avermelhada
na pele chamada de rash ou exantema. Entre estas doenças temos o
sarampo, a catapora, a rubéola e a escarlatina.
Doenças reumáticas: Reumatismo significa acometimento das juntas. Doenças reumáticas são
as que acometem as juntas ou articulações.
Duodeno: É a parte inicial do intestino delgado, e que tem uma grande importância
funcional. Chama-se duodeno porque esta parte do intestino tem apenas
doze dedos de extensão.

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Eczemas: São lesões de pele vermelhas, úmidas, um pouco inchadas e que coçam
muito, e em geral ocorrem em dobras. De uma forma geral os eczemas
são causados por reações alérgicas.
Elefantíase: Edema irregular de partes do corpo, principalmente das extremidades,
causado pela estagnação crônica da linfa, criando um aspecto de perna de
elefante.
Emenagogo: É a propriedade de promover ou restaurar a regularidade dos ciclos
menstruais.
Emético: Que provoca o vômito com uma finalidade terapêutica (curativa). É o
contrário de antiemético.
Emoliente: É a propriedade de hidratar os tecidos. Plantas emolientes são usadas para
pele seca ou fezes ressecadas.
Endócrino: Refere-se às glândulas que tem canais excretores, que derramam seus
produtos na circulação sanguínea ou linfática.
Endométrio: É a camada de células que reveste internamente o útero. O endométrio é
muito sensível aos hormônios femininos. Na época da menstruação, a
baixa destes hormônios faz com que o endométrio se descole e saia,
promovendo o fluxo menstrual.
Endometriose: É uma doença que acontece quando uma parte do endométrio implanta-se
num local indevido. Os locais mais comuns são a parede do útero e os
ovários.
Epigástrio: É a região superior do abdome, popularmente conhecida como "boca do
estômago".
Epistaxe: É um tipo de hemorragia (ou sangramento) que sai pelo nariz.
Erisipela: É uma doença causada por uma infecção que atinge os tecidos da pele e os
vasos linfáticos, causando dor , vermelhidão e bolhas. É mais comum na
perna.
Eructações: É a saída de gases do estômago pela boca, às vezes produzindo um ruído
característico conhecido popularmente por arroto.
Escabiose: É a infecção por um ácaro que cava túneis e vive embaixo da pele. É
conhecida popularmente por sarna.
Escorbuto: Doença produzida pela falta de vitamina C. O escorbuto era a doença
típica dos marinheiros de antigamente, cuja dieta era deficiente pelo
escasso ou nenhum consumo de fruta e verdura. O escorbuto manifesta-
se principalmente com anemia, cansaço, endurecimento dos músculos
das pernas e hemorragias das gengivas.
Esfíncter: É uma região de uma víscera que funciona como uma porta, ora se
abrindo, ora se fechando, de acordo com as necessidades fisiológicas,
para a passagem do bolo alimentar, urina ou secreções glandulares.
Espasmo: É quando uma musculatura qualquer se contrai de forma intensa e
mantida, sem relaxar em seguida.
Estado de Coma: É quando a pessoa perde a consciência e não consegue ser acordada.
Estomacal: É a propriedade de resolver os problemas dos estômago.
Estomáquico: É a propriedade de auxiliar o estômago a digerir os alimentos, aliviando
sintomas como sensação de estômago cheio e náuseas logo após as
refeições.
Estupefaciente: Que produz um estado de estupor (indiferença) por alteração das
faculdades mentais.
Eupéptico: É a propriedade de melhorar a digestão, reduzindo sintomas como peso e
plenitude.

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Expectorante: É a propriedade de eliminar o catarro.


Farmacologia: Ciência que estuda os fármacos e suas ações sobre o organismo.
Farmacopéia: Repertório de medicamentos que se aceitam como eficazes para a sua
prescrição e uso.
Fasciculus vascularis: Significa trama de fios, em latim. Isto é devido ao aspecto interno dos
frutos de algumas plantas parecerem um emaranhado de fibras, sendo
popularmente chamados de "buchas".
Febrífugo: É a propriedade de reduzir a febre.
Fibra muscular: É a unidade contrátil do músculo. Um músculo é composto por fibras
musculares, que atuam em conjunto. Cada fibra muscular é uma célula,
sendo que as células dos músculos estriados (músculos do aparelho
locomotor) são muito grande, podendo ser vistas a olho nu.
Fisiológico: É qualquer acontecimento que ocorre no corpo considerado normal, ou
seja, faz parte do seu funcionamento.
Flos: Significa flor, em latim.
Fobia: Significa aversão a alguma coisa. Por exemplo, claustrofobia significa
aquela pessoa que não suporta ficar fechada num local pequeno.
Folium: Significa folha, em latim.
Fossas ilíacas: É a área do abdome que fica na parte baixa, nas laterais, em cima das
bordas do ilíaco.
Fotodermatite: É um tipo de inflamação de pele que acontece quando, após a colocação
de uma substância qualquer sobre a pele, esta é exposta à luz do sol. É
muito comum com limão e outras frutas cítricas. Nestes casos deve-se
evitar a luz do sol, após contato com as substâncias causadoras desse
problema.
Fructus imaturus: Significa fruto verde, em latim.
Fructus: Significa fruto, em latim.
Fungos: São pequenos cogumelos que só podem ser vistos ao microscópio. Alguns
fungos podem desenvolver-se em cima de alimentos e são conhecidos
como "mofo". Existem também fungos chamados patogênicos, e que
podem causar doenças no homem. Entre estes o mais comum é a
Candida Albicans, conhecida popularmente por "monília".
Galênica: Diz-se das preparações farmacêuticas que contêm um ou vários
compostos orgânicos, geralmente de origem vegetal, em oposição às
preparações de substâncias químicas puras.
Gânglio linfáticos: Gânglios linfáticos são nódulos que funcionam como filtros, barrando as
substâncias estranhas ao corpo que circulam nos vasos linfáticos.
Gânglios fistulizados: Quando os gânglios linfáticos ficam inflamados eles aumentam de
tamanho e formam nódulos do tamanho de um caroço de feijão, que são
chamados de íngua pela população. Se a inflamação é muito forte e se
forma pus, este sai, formando um pequeno buraco chamado de fístula.
Então se forma um gânglio fistulizado.
Giardicida: É a propriedade de matar a giárdia, que é um protozoário (animal
unicelular) que parasita o intestino delgado, principalmente de crianças.
Glóbulos brancos: São as células de defesa do organismo. Elas são produzidas na medula
óssea e circulam no sangue, passando então para os tecidos onde vão
defender o corpo de qualquer agressão. Os glóbulos brancos, chamados
de leucócitos pela medicina, defendem o organismo, engolindo as
substâncias estranhas que então são destruídas. Este processo de engolir
chama-se fagocitose.

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Gota: Artrite decorrente do aumento de ácido úrico no sangue e da deposição


de seus sais nas articulações.
Helmintos: São vermes que parasitam o ser humano.
Hematoma: É o acúmulo de sangue nos tecidos. Os hematomas formam-se quando os
vasos se rompem e o sangue extravasa. Os hematomas costumam ser
causados por trauma.
Hematopoese Formação e desenvolvimento do sangue.
Hematúria: Presença de sangue na urina.
Hemofilia: Doença caracterizada pela dificuldade na coagulação do sangue,
provocando hemorragias espontâneas ou traumáticas.
Hemolítico: Que provoca hemólise, isto é, destruição das hemácias (glóbulos
vermelhos do sangue).
Hemoptise: Significa a saída de sangue junto com o catarro, quando a pessoa tosse.
Hemostático: É a propriedade de auxiliar o sangue a se coagular, evitando as
hemorragias.
Hepático: É a propriedade de tratar as doenças do fígado.
Hepatoprotetor: É a propriedade de proteger o fígado contra agressões, tais como
substâncias que costumam causar hepatite tóxica.
Herba: Significa erva, em latim.
Herpes-zoster: Virose que provoca erupções na pele no trajeto de um nervo, com
manifestação de dores intensas.
Hipercloridria: Excesso de ácido clorídrico no estômago (azia).
Hipercolesterolemia: É o aumento dos níveis de colesterol no sangue.
Hiperlipemia: É o aumento de gorduras no sangue.
Hipersônia: É o excesso de sono, quando se dorme mais de 10 horas por dia.
Hipertensor: Que eleva a pressão arterial. É o contrário de hipotensor.
Hipertireoidismo: É quando a tireóide funciona demais, causando sintomas como agitação,
emagrecimento, nervosismo e sensação de calor.
Hipertrofia: Desenvolvimento exagerado de um órgão ou de parte do organismo.
Hipertrofia da próstata: É o aumento do tamanho da próstata. Pode ocorrer por duas causas:
por uma adenoma, ou seja, um tumor benigno; ou pode ser devido a um
câncer, chamado adenocarcinoma.
Hipnótico: É a propriedade de induzir o sono.
Hipocloridria: Diminuição da produção de ácidos no Estômago.
Hipocôndrio: É a parte do abdome que fica embaixo das costelas.
Hipoglicemiante: É a propriedade de reduzir a glicose (ou açúcar) no sangue.
Hipotensão arterial: É quando a pressão fica abaixo dos valores normais.
Hipotensora: É a propriedade de baixar a pressão sangüínea.
Hipotermia: É quando a temperatura corporal fica abaixo do normal, ou seja, inferior
a 35,8º C.
Hipotireoidismo: É quando a tireóide funciona menos que o normal, causando sintomas
como aumento de peso, sonolência e sensação de frio.
Hipotrofia: Desenvolvimento diminuído de um órgão ou de parte do organismo,
geralmente causado por desnutrição.
Histeria: Alteração com variados números de sintomas de origem psíquica,
relacionados ao sistema motor, sensorial, visceral ou mental.
Icterícia: Disfunção caracterizado pelo aumento de bilirrubina no sangue e sua
conseqüente deposição na pele, mucosas, provocando uma cor verde-
amarelada no indivíduo.

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Imunoestimulante: É a propriedade de estimular o sistema imunológico e aumentar as


defesas.
In pulvis: Significa em pó, em latim.
Incontinência urinária: Emissão involuntária de urina.
Inflamação: É a reação de defesa do corpo, caracterizada por dor, vermelhidão e
edema. Na inflamação os vasos sangüíneos da região inflamada ficam
dilatados, ocasionando um maior fluxo sangüíneo. Por isso a região fica
mais quente. A parede dos vasos sangüíneos também fica mais permeável
e passam água, células e proteínas para os tecidos. Isso é responsável
pela inchação que aparece no local.
Insuficiência digestiva: É quando a digestão não é completa. Isto ocorre, em geral, porque
existe falta de enzimas digestivas para digerir os alimentos.
Insulina: Hormônio produzido pelo pâncreas e que é indispensável para a
metabolização da glicose (açúcar). Quando, por um mau funcionamento
pancreático, sua produção é nula ou insuficiente, aumenta o índice de
glicose no sangue (hiperglicemia). Os diabéticos, isto é, pessoas cujo
pâncreas não produz suficiente insulina, devem vigiar rigorosamente a
sua dieta e, em muitos casos, têm de injetar este hormônio em si mesmo.
Isquemia: Redução ou deficiência de sangue pela contração dos vasos.
Lenitivo: É a propriedade de sedar a pele, uma ação calmante para diminuir a
inflamação e a secreção glandular.
Linfatismo: Tendência a infecções repetidas do tecido linfático e seu crescimento
anormal.
Linfócitos: São um tipo de glóbulo branco que tem papel de comandar as outras
células de defesa. Alguns linfócitos são conhecidos como célula de
memória, pois são capazes de reconhecer os agentes agressores e
comandar a reação do corpo.
Lipolítico: É a propriedade de aumentar a queima das gorduras.
Lipoma: Tumor de tecido gorduroso.
Malária: Doença infecciosa transmitida pela picada de um mosquito e
caracterizada por acessos periódicos de calafrio e febre.
Mastite: É a inflamação das mamas. É comum ocorrer durante a amamentação, se
o leite empedra e fica retido dentro dos dutos glandulares.
Meningite: É a infecção das meninges, que são as membranas que envolvem o
cérebro. As meningites podem ser causadas por bactérias, vírus, fungos
ou pelo bacilo da tuberculose.
Metabolismo: Significa os processos de transformação de substâncias do corpo. O
corpo funciona transformando moléculas, umas nas outras, através das
enzimas. Assim funcionam as células dos tecidos.
Micoses: São as doenças causadas pelos fungos.
Midríase: É a dilatação da pupilas.
Mioma uterino: É um tumor benigno de células musculares do útero. O mioma é um
tumor muito comum e não costuma oferecer maiores riscos. Na
menopausa eles param de crescer, por isso, em geral, nem precisam ser
operados.
Miótico: É a propriedade de produzir a contração das pupilas.
Movimentos peristálticos: São os movimentos feitos pelo intestino para empurrar o bolo
alimentar para frente.
Mucolítico: Que dissolve ou desfaz o muco, tornando-o o mais fluido e portanto mais
fácil de expulsar.

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Mucosa: É a camada epitelial (tecido de revestimento) que recobre as cavidades


naturais do corpo (como a boca, fossas nasais, vagina, ânus etc.) .
Musculatura lisa: São os músculos que movimentam as vísceras e vasos sangüíneos do
corpo. Eles não se prendem a ossos, são involuntários e têm um aspecto
liso ao microscópio, daí seu nome.
Músculos intercostais: São músculos que se prendem às costelas. Estes músculos são
responsáveis por parte dos movimentos respiratórios.
Neoplasia: Produção de tecido diferente do normal em algum órgão ou víscera.
Neurológico: É tudo que se refere ao sistema nervoso.
Neurônio: É a célula característica dos sistema nervoso. Os neurônios possuem
prolongamentos que se conectam com outros neurônios e podem
transmitir estímulos elétricos. Com a transmissão de estímulos, o sistema
nervoso processa as informações.
Neurotransmissores: São as substâncias liberadas nas sinapses (locais de ligação entre um
neurônio e outro) e que permitem que o estímulo passe de uma célula à
outra.
Nódulos: São tecidos com consistência aumentada, que podem ser palpados
embaixo da pele, e têm menos de 5 cm de diâmetro.
Ocitócico: Que provoca contrações no útero de modo semelhante à ação da
ocitocina (hormônio gerado pela hipófise que desencadeia o parto).
Oligoelementos: São minerais que existem em pequenas quantidades no corpo mas que
têm funções muito importantes. Os principais são o selênio, o cromo, o
zinco, o vanádio, o silício, e o molibdênio.
Oligomenorréia: É a redução da freqüência e do volume do fluxo da menstruação.
Oligúria: É a redução do volume de urina. A medicina considera anormal menos
que meio litro de urina ao dia.
Orquite: Inflamação dos testículos.
Os: Significa osso, em latim.
Osteomalácia: Doença caracterizada por descalcificação óssea.
Osteoporose: Rarefação dos ossos.
Otite: Infecção de ouvido.
Palpitação: É uma sensação subjetiva que o coração está batendo irrequieto no peito.
Parasiticida: É a propriedade de matar parasitas.
Patogênico: É tudo aquilo que resulta em doença.
Pavilhão auricular: É o nome médico para a orelha.
Pelve : É a região inferior da cavidade abdominal, onde fica a bexiga e o útero.
Pilogênico: É a propriedade de estimular o crescimento de pêlos e cabelo.
Polaciúria: É o termo médico usado quando a pessoa urina a toda hora, mas a
quantidade de urina é pequena.
Polem: Significa pólen, em latim.
Radix: Significa raiz, em latim.
Ramulus: Significa ramos, em latim.
Rash cutâneo: É o aparecimento de uma erupção avermelhada na pele.
Recidiva: Reaparição de uma doença pouco depois da convalescença.
Refluxo esofagiano: É quando o conteúdo do estômago reflui para dentro do esôfago.
Reparação tissular: É o processo de reconstrução da estrutura de um tecido, regeneração das
células, após uma lesão qualquer.
Resina: Significa resina, em latim.
Resolutivo: É a propriedade de desinflamar, evitando a formação de pus, secreção ou
a cronificação das lesões.

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Revulsivo: É a propriedade de provocar vasodilatação e o aparecimento de


vermelhidão na pele.
Rhizoma recens: Significa rizoma fresco, em latim.
Rhizoma: Significa rizoma, em latim. Rizoma é um caule que fica dentro da terra,
como se fosse uma raiz.
Sclerotium: Significa esclerótica, em latim. Esclerótica é a camada externa de um
cogumelo qualquer.
Secreção: É um produto líquido de um glândula.
Sedativo: Que acalma a excitação do sistema nervoso. É o oposto a excitante.
Semem: Significa semente, em latim.
Sialagoga: É a propriedade de estimular a secreção da saliva.
Síndrome pós-hepatite: É um conjunto de sintomas como intolerância a gordura, digestão lenta,
fezes amolecidas e desconforto na barriga que podem surgir após um
episódio de hepatite aguda.
Sonífero Que induz um sono natural ou semelhante a ele.
Sp.: É a abreviação para espécie, em latim.
Stygma: Significa estigma, em latim. Estigma é uma parte do órgão de reprodução
das plantas, e sua forma é um cilindro comprido, em cuja ponta ficam os
grãos pólen.
Sudorífico: É a propriedade de produzir suores, reduzindo a temperatura do corpo.
Surto psicótico: É quando uma pessoa perde totalmente a noção de realidade. Quando há
um surto, a pessoa tem delírios ou seja, acredita em fatos completamente
absurdos. Além disso, é comum Ter alucinações auditivas e visuais. Um
surto psicótico é uma situação muito grave, necessitando atendimento
psiquiátrico imediato.
Tallus: Significa talo, em latim.
Tendinite: É a inflamação de um tendão.
Tônico estomacal: Que aumenta a secreção de sucos digestivos no estômago e favorece o
esvaziamento deste órgão.
Tonificante: Que fortalece e incrementa as funções do organismo, especialmente do
sistema nervoso. Ao contrário dos excitantes, os tonificantes não esgotam
nem sobrecarregam o sistema nervoso, mas o fortalecem.
Toxina: Substância produzida por bactérias, que pertubam as funções orgânicas.
Tratamento sistêmico: É quando um tratamento é administrado pela boca e vai influenciar todo
o corpo.
Trombose: Coagulação de sangue no interior dos vasos sangüíneos.
Tropismo: É a melhor ação de uma planta.
Tuber: Significa tubérculo, em latim. Tubérculo é um parte da raiz que é mais
grossa, como uma batata.
Uremia: Intoxicação causado por depuração insuficiente do rim.
Uretra:: É o conduto que liga a bexiga ao exterior. Nos homens a uretra
desemboca no pênis, enquanto nas mulheres aflora abaixo do clitóris.
Uricosúrico: Que favorece a eliminação, pela urina, do ácido úrico do sangue,
causador da gota.
Uricosúrico: É a propriedade de aumentar a eliminação de ácido úrico pela urina. O
ácido úrico é uma substância que resulta do metabolismo do DNA das
células que morrem no corpo, e costuma ficar mais alto em homens que
em mulheres.
Urticária: Erupção cutânea que apresenta prurido intenso.

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Vasoconstritora: É a propriedade que provoca contração dos vasos sangüíneos, ajudando a


subir a pressão quando esta está muito baixa.
Vasodilatadora: É a propriedade que causa dilatação dos vasos sangüíneos, aumentando
o fluxo de sangue.
Venotrópica: É a propriedade de reforçar a parede das veias, evitando que se dilatem e
fiquem varicosas.
Vermicida: É a propriedade de eliminar vermes.
Vírus: São os organismos vivos mais simples e de menor tamanho que se
conhece. Não são considerados nem animais ou vegetais. Os vírus não
possuem metabolismo próprio como outros seres vivos. Eles utilizam os
sistemas metabólicos dos organismos parasitados para se reproduzir,
podendo infectar células de animais, vegetais, bactérias e até fungos. Por
isso são parasitas obrigatórios.
Vômito em jato: É quando os vômitos são expulsos de forma tão violenta que parecem um
jato de água. Vômitos em jato podem significar excesso de pressão
dentro da cabeça.
Vulnerário: É a propriedade de curar feridas.

6. PROPRIEDADES ENERGÉTICAS, FORMA E LOCAL DE AÇÃO DOS


MEDICAMENTOS:

1. Introdução:

As propriedades energéticas dos medicamentos são a base para a compreensão do seu uso e para
o estabelecimento dos locais de ação, baseadas no sistema de relações dos 5 Movimentos e dos
órgãos ZANG-FU. As propriedades energéticas são determinadas por dois parâmetros básicos: a
Forma e a Essência, conforme a dialética no ciclo de transformação do TAO.
A Forma refere-se ao Tipo do Medicamento (vegetal, animal ou mineral), Parte (semente, raiz,
fruto, etc.), Função (agir no Baço, transformar o muco, drenar a umidade) e Cor (verde,
amarelo, vermelho, etc.) e relaciona-se à Expressão do mesmo.
A Essência refere-se à real natureza dos medicamentos que está ligada aos 5 Sabores (se é
Doce, Salgado, Picante, etc.) e à Natureza Energética ou 5 Energias (se é Quente, Morno, Frio,
etc.) e ainda as 4 Direções (se Sobe, Desce, Flutua ou Afunda).

2. Forma:

a) Tipos de Medicamentos:

Basicamente, os medicamentos podem ser classificados em produtos animais, vegetais e


minerais. De uma forma geral, os produtos animais são mais YANG que os produtos vegetais,
que por sua vez são mais YANG que os minerais. Mas o local de procedência e a parte usada
vão determinar a propriedade do mesmo no tocante à Forma.

Produtos Vegetais:

São a maioria dos medicamentos naturais da Medicina Chinesa. Em geral, apenas uma parte do
vegetal é usada na preparação de medicamento e a função desta parte influencia nas
características e forma do medicamento. As principais partes dos vegetais são:

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Raiz: A raiz funciona absorvendo nutrientes e água do meio, e servindo como base para a
fixação dos vegetais. É parte fundamental dos vegetais (é a única insubstituível; a maioria dos
vegetais não sobrevive sem raiz). Portanto, ela simboliza o Rim, o Baço e a Essência . A maioria
dos fitoterápicos chineses são raízes, e em geral as raízes têm uma função tônica, agindo sobre o
Rim e o Baço. Exemplo: o Ginseng é uma raiz tônica da Energia e do Baço.

Caule: O caule serve para ascender a seiva e sustentar o vegetal. Em geral, apenas a casca do
caule, onde circula a maior parte da seiva ou a própria seiva, é utilizada na Medicina Chinesa. O
caule está simbolicamente relacionado com o Fígado por suas funções Ascendentes e
Carminativas. Portanto, de forma geral, estas são suas ações como fitoterápico. Exemplo: Mirra
(resina da Commiphora myrra) que age Estimulado a Circulação de QI e Sangue nos Canais ou
Casca da Canela (Cinnamomum zeilanicum) que Amorna e Ascende o QI do Baço, além de
Ativar a Circulação do QI e Sangue nos Canais.

Folhas: As folhas respiram, por isso estão relacionadas ao Pulmão. Por este motivo elas
influenciam tanto este órgão como exterior do corpo (pele). Por exemplo, as folhas da Nespereira
(Eriobotrya japonica) são usadas para Tonificar o Pulmão e Eliminar Condições Externas; ou
folhas da Menta (Menta arvensis) e do Capim-Limão (Cymbopogon citratus) são usadas como
Sudoríficos para Retirar Fator Patogênico do Exterior e/ou Pulmão.

Flores: Estas se abrem na parte superior do vegetal. Abrir-se é o movimento de expansão,


enquanto a parte mais alta relaciona-se com o YANG; por isto as flores estão associadas com
o Coração (principalmente a floração do Final da Primavera). Por outro lado, as flores são
reprodutores das plantas e para a floração do Início da Primavera o órgão é associado ao Fígado.
Como exemplo, temos a flor do Crisântemo (Crysantemum morifolium) que age Eliminando o
Excesso de Calor no Fígado. A flor de Albizia (Albizzia julibrissin) pode ser usada para Acalmar
o Espírito, e na fitoterapia nacional, temos a flor de Camomila (Matricaria chamomilla) com
efeitos similares.

Fruto: O fruto é o invólucro da semente que visa nutri-la. Os frutos também tendem a cair no
solo, o que lhes dá um movimento descendente. Por estes motivos, a fruta (assim como a raiz)
relaciona-se com o Baço e com o Rim. Por exemplo, a Tâmara Chinesa ou Jujuba (Zizyphus
jujuba) é um dos principais tônicos do Baço, enquanto entre os principais tônicos do Rim temos
a Cereja (Cornus officinalis) e o Gou Qi Zi (Lycium barbarum).

Semente: As sementes contêm a Energia Ancestral e têm capacidade de germinar, crescer e


ascender. Por estas qualidades as sementes simbolizam os Rins, a Essência e particularmente a
energia YANG dos Rins. Várias sementes são usadas para tonificar os Rins, entre elas o
Gergelim Preto (Sesamum indicum) que Tonifica o QI do Rim, a semente do Feno Grego
(Trigonella foenum-graecum) que Tonifica o YANG do Rim e a semente da Nogueira (Juglans
regia) que também tonifica o YANG do Rim.
Em alguns casos, partes de uma mesma planta têm funções diferentes, mostrando a influência da
parte da planta no efeito do medicamento. É o caso da Éfedra (Ephedra sinica) por exemplo (a
Ephedra sinica é fonte do alcalóide efedrina); as partes aéreas da planta são Sudoríficas e
Eliminam as Condições Externas, enquanto a raiz da mesma Éfedra (Ephedra sinica) Tonifica o
QI Defensivo, Fecha os Poros e é Anti-Sudorífica. No caso da Canela (Cinamomum cassia), a
casca age Aquecendo os órgãos ZANG-FU e os Canais enquanto os galhos e folhas Atuam no
Exterior Expulsando o Frio, como Sudorífico.
O local onde cresce a planta, tipo de solo e clima, também influenciam a função do
medicamento.

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Por exemplo, as plantas que crescem em solos úmidos são freqüentemente usadas para Drenar a
Umidade ou Transformar a Fleugma. É o caso, por exemplo do Chapéu de Couro (Echinodorus
macrophyllus), cuja folha (Folium Echinodorus) é usado para Eliminar Umidade. Cogumelos
que crescem em locais úmidos como o Orelha de Pau (Polyporos sanguineus) ou o Fu Ling
(Poria cocos) também Eliminam a Umidade; já plantas que crescem em solos semidesérticos (e
logicamente secos) são utilizadas no tratamento de Deficiência de Líquidos. É o caso da raiz do
Ginseng Americano (radix Panax quinquefolium); plantas que crescem em regiões altas são mais
utilizadas como sudoríficos ou para aliviar condições pulmonares enquanto as que crescem em
vales férteis são mais utilizadas como tônicos como é o caso da Fáfia (Pfaffia paniculata) e o
Feno Grego (Trigonella foenum-graecum), por exemplo.

Produtos Animais:

Os produtos animais, por serem morfológica e estruturalmente diversos, são analisados em


separado. Por exemplo, Casco de Tartaruga, animal longevo e simbolicamente ligado ao Rim, é
utilizado para Tonificar a Essência e o Rim; Placenta Humana também é um Tônico da
Essência. Cálculos Biliares são considerados acúmulo de frio; por este motivo são empregados
para "Eliminar o Calor".
Ovos de Louva-a-Deus relacionam-se com os Rins e são usados com função Adstringente para
consolidar a Essência e Tratar Espermatorréia. Conchas são consideradas igualmente Frias por
serem sólidas e habitarem o fundo do mar, sendo utilizadas, para Combater o Fogo do Estômago
(antiácidas), Acalmar o Vento do Fígado ou Acalmar a Mente. Escorpiões e Lacraias são
considerados altamente Antitóxicos e Frios para conviver com o veneno que carregam, e são
utilizados no tratamento de Convulsões Febris (quando há Toxina no Sangue, segundo a
M.T.C.).

Produtos Minerais:

Os minerais são os medicamentos mais simples sob o ponto de vista energético, segundo a
M.T.C.; portanto, suas aplicações são mais limitadas. Por sua característica YIN, a maioria dos
metais é de natureza Fria ou Refrescante. Eles também agem sobre o Rim. Gypsum (sulfato de
cálcio) é usado para Reduzir o Calor, Expelindo-o do Interior. Dois minerais são usados para o
excesso de YANG (Calor Causando Pertubação na Mente): são o Sulfito de Mercúrio
(Cinabaris) por suas Características Voláteis e a Magnetita (minério de ferro) com propriedades
de ímã. Estas propriedades são consideradas, na Medicina Chinesa, relacionadas à forma mais
Sutil de Energia, o Espírito (Shen).

b) A Cor do Medicamento:

Por fim, a cor vai ser outra variável que influencia a ação do medicamento, através da forma. De
acordo com a teoria dos 5 Movimentos, as 5 cores se relacionam com os órgãos ZANG-FU.
Conforme a seguinte tabela temos:
Fígado - Madeira - Verde;
Coração - Fogo - Vermelho;
Baço - Terra - Amarelo;
Pulmão - Metal - Branco;
Rim - Água - Preto.

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Verde:
A Alcachofra, que é uma flor, e ao mesmo tempo verde, age Aliviando a Estagnação de Energia
no Fígado; a Olphicalcita é um mármore verde; age Suavizando o Fígado e Regulando a
Circulação de QI e Sangue.

Vermelho:
Muitos medicamentos que são vermelhos Agem Sobre o Sangue, que é dominado pelo Coração,
e tem coloração vermelha; é o caso da raiz da Sálvia (de coloração avermelhada). Já o Sulfito de
Mercúrio (Cinnabaris) citado acima, e de coloração vermelha, Age no Espírito, que segundo
M.T.C., também está relacionado ao Coração.

Amarelo:
Várias raízes utilizadas como Tônicos do Baço são amarelas; é o caso da raiz de Alcaçuz, do
Açafrão, por exemplo.

Branco:
A semente da Mostarda Branca age Aumentando a Energia do Pulmão e Resolvendo o
Espessamento dos Fluidos Orgânicos (Fleugma).

Preto:
Além do Gergelim Preto, há por exemplo, a Radix Scrophulariae, a Radix Rehmanniae que são
pretas e Agem como Tônicos do Rim.
A mudança de cor pode mudar também o efeito do medicamento: por exemplo, é o caso da
Paeonia lactiflora (Peônia Branca) que Age Basicamente Tonificando o Sangue enquanto a
Paeonia rubra (Peônia Vermelha) Age Eliminando a Estase de Sangue.
A Mostarda Branca Age no Pulmão (como dito anteriormente), enquanto a Mostarda Preta é um
Tônico do Rim e Antiestagnante, Digestivo.

c) Essência dos Medicamentos:

 Os 5 Sabores:

Os 5 sabores relacionam-se com o movimento Terra através da boca e provém da terra sendo,
portanto, a essência mais pura dos medicamentos. Eles são:

Ácido: ação de Transformação, Harmonização - Fígado.


Amargo: ação Reagrupante, Centrípeto - Coração.
Doce: ação Suavizante, Tonificante - Baço.
Picante: ação Dispersante - Pulmão.
Salgado: ação Mobilizante, Ascendente - Rim.

Os 5 Sabores têm uma ação que pode ser considerada inversa ao movimento relacionado a cada
órgão ZANG, e por isso atuam modulando a ação desses órgãos: Controlam o desgaste do QI do
órgão, ao mesmo tempo que Nutrem a sua Essência (que neste caso poderia ser definida como
"capacidade de produzir QI " ou Fortalecimento) . Um medicamento usado em excesso vai
causar lesão no QI e na Essência do órgão ao qual está relacionado através do Sabor (Excesso
de Alcaçuz que é Doce, irá causar Retenção de Umidade, por exemplo), e eventualmente a
outros órgãos. Abaixo, exemplos simples que demonstram as ações dos 5 Sabores.

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1. Ácido:

Este sabor relaciona-se com o Fígado e a Vesícula Biliar. Possui como movimento
"Transformar a Energia". Tais medicamentos Ácidos possuem as seguintes ações:

 Transformação: É quando a energia modifica sua essência após a atuação da planta (algo
que tendia a descarregar e foi contido, algo que estava estagnando e passou a circular, etc.).
A Laranja da Terra Imatura (Fructus Citrus aurantium Imaturus) e a Casca da Mexerica
(Pericarpium Citrus reticulata), por terem sabor Ácido, atuam como carminativos, ou seja,
Promovendo o Fluxo de QI nas Vísceras e com isto modulando a função do Fígado, e
prevenindo a estagnação (transformando e promovendo movimento);
 Harmonização: é a ação de auxiliar numa fórmula, para que a combinação de outras
plantas sejam bem aceitas pelo organismo. Os principais harmonizadores de fórmulas da
MTC têm também sabor Ácido Sutil como o Gengibre (Rizoma Zingiber officinale) e o
Alcaçuz (Radix Glycyrrhiza glabra). Eles eliminam a toxicidade (ação harmonizante).

2. Amargo:

Este sabor relaciona-se com o Coração e o Intestino Delgado. Seu movimento é "Para Baixo", e
tais plantas possuem as seguintes indicações:

 Concentração (Reagrupamento) e Eliminação: É quando a energia é reagrupada no meio


do corpo. O sentido centrípeto gerado por esse sabor leva o QI e os Fluídos a se
acumularem mais no tubo digestivo (ação Reagrupante) sendo posteriormente eliminados
nas fezes. Os principais catárticos (purgativos) são Amargos; através deste processo se
elimina também calor do corpo.
 Tonificação e Regularização: É o fortalecimento e a regularização de um órgão ou função.
A semente da Tâmara Chinesa (Semen Ziziphus spinosa) por exemplo tem sabor Amargo
sutil, e por isto age Acalmando e Nutrindo o Coração e Tranqüilizando o Shen, o Espírito.

As ervas de sabor Amargo influenciam, por fim as funções do Fígado. O Amargo Estabiliza o
Sangue e o Fluxo Menstrual e não deixa o QI se Rebelar, pelo seu efeito Reagrupante; é o caso
da Angélica Chinesa (Radix Angelica sinensis).

3. Doce:

Este sabor é ligado ao Baço-Pâncreas e ao Estômago. Seu movimento energético é "Para


Cima", mas também Fixa a Acalma. Estas plantas possuem as seguintes indicações:

 Tonificação: É o Aumento da energia de um órgão ou função. Vários tônicos são


adocicados como é o caso da Alcaçuz (Radix Glycyrhiza glabra);
 Fixação: É quando o corpo tende a reter a Energia sob a forma de matéria, gerando um
ganho de peso corporal e maior fortalecimento;
 Suavização: É quando a erva reduz e acalma alguma doença aguda que está atuando sobre
o corpo. Quando uma pessoa fica nervosa, recomenda-se "água com açúcar"; o sabor doce
vai Suavizar o Fluxo de QI, acalmando a pessoa (ação Suavizante). Por isto, alguns
harmonizadores são também de sabor Doce (este sabor pode evitar ainda os efeitos
colaterais de outras plantas usadas numa prescrição);
 Harmonização: É o efeito de auxiliar numa fórmula para que a combinação de outras
plantas sejam bem recebidas pelo organismo.

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4. Picante:

O sabor Picante está relacionado com o Pulmão e o Intestino Grosso. Seu movimento energético
é do "Centro para a Periferia e de Baixo para Cima". As plantas de sabor Picante possuem as
seguintes ações:

 Sudorificação: Os princípios sudoríficos são Picantes, porque através da ação centrífuga


direcionam o fluxo de QI para a pele, levando a mobilização do QI Defensivo, abertura dos
poros e então sudorese (ação Dispersante dos Fatores Patogênicos do Exterior do
Organismo). Como exemplo, temos o Gengibre.
 Mobilização: É quando o fitoterápico faz uma energia que estava parada se movimentar.
Esta ação é usada para ajudar o Baço a transportar os alimentos, e melhorar a absorção
(Transformação). Por isto vários temperos são Picantes (o próprio Gengibre, Canela,
Hortelã, etc.). Ésta movimentação promove o Fluxo Normal de Qi e Estimula a Circulação
Sanguínea.

5. Salgado:

Este sabor relaciona-se com os Rins e a Bexiga. Seu movimento energético é "Para Cima" além
de Reforçar a Energia Vital. As plantas com este sabor possuem as seguintes ações:

 Ascensão e Mobilização: É o aumento e a mobilização da energia do corpo da Base para a


Cabeça. Isso pode corresponder entre outras coisas com o aumento da pressão arterial. Por
exemplo, um caso de hipotensão (na MTC considerado Deficiência de Ascensão do QI),
pode ser corrigido com uma pitada de sal sublingual (ação Mobilizante do QI);
 Tonificação e Consolidação: O Salgado exerce também efeito tônico. Por isto, tônicos
podem ter sabor Salgado como o Casco da Tartaruga (principalmente quando se trata de
tônicos da Essência ou do QI do Rim, como neste caso).

d) As Propriedades Adicionais:

São outras atividades que influenciam nas atividades farmacológicas das plantas, segundo a
Medicina Tradicional Chinesa. São Elas:

1. Sabor Evidente:

É aquele que o provador sente imediatamente ao provar o medicamento. O sabor evidente pode
ser composto, ou seja, formado por mais de um sabor. Por exemplo, a Canela é Doce e Picante
em seus sabores Evidentes. O sabor evidente também se relaciona com o direcionamento da
erva, ou seja, ela vai agir, assim como o tipo de medicamento, ou parte do vegetal utilizada. Por
exemplo, as frutas em geral têm sabor evidente Doce e agem sobre o Baço-Pâncreas.

2. Sabor Sutil:

É o que se esconde atrás do(s) sabor(es) evidente(s), e o que só pode ser sentido por um provador
com grande aguçamento do paladar. O sabor sutil é o que dá a verdadeira essência ao
medicamento, ou seja, qual a ação que ele vai exercer no corpo. Por exemplo, o sabor sutil da
semente de Pêssego é Doce, e isto faz com que sua ação seja Suavizante, no caso desfazendo
nódulos endurecidos gerados pela Estagnação de Sangue.

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3. Propriedade Aromática:

Além dos 5 Sabores descritos, existe um 6º sabor, se assim denominado, pois não é apenas um
Sabor. É o Sabor ou Propriedade Aromática, que envolve o paladar e o olfato ao mesmo tempo,
ou seja, é muito etéreo, imaterial, por isto vai atuar a nível bem imaterial. Ele é sempre
encontrado como sabor Sutil, e as suas propriedades são Transformar a Umidade (melhorar a
retenção de líquidos) e Abrir os Orifícios Superiores (melhorando a consciência, a lucidez). Sua
atuação na Umidade é devido a sua atuação imaterial, etérea, que lhe dá capacidade de
penetração, vencendo o peso e a turbidez deste agente patogênico. A Abertura dos Orifícios é
proporcionada pela capacidade de Ascender a Ação dos Medicamentos para a Cabeça onde o
aromático consegue penetrar na viscosidade da Fleugma que turva os orifícios. Os chineses
descrevem também um Sabor chamado de "Indeterminado", quando o medicamento não é
classificado entre os 5 Sabores.

4. Propriedade Adstringente:

É quando a planta causa uma sensação de aperto e desconforto na mucosa da boca ao ser
provada. Corresponde à presença de Taninos nas plantas. As plantas adstringentes possuem
como ação no corpo:

 Contenção: Tais plantas concentram a energia, evitando perdas através de diarréia,


emissão seminal, sudorese excessiva;
 Proteção: As plantas Adstringentes protegem a pele e as mucosas.

5. Propriedade Suave:

É quando a planta modera a ação de outras plantas mais drásticas, reduzindo a incidência de
efeitos colaterais e ainda produzindo um bloqueio de substâncias com atividades tóxicas. O livro
Su Wen ("Questões Simples"), no capítulo 74, afirma que "Substâncias Suaves Sugam a
Umidade e Promove a Micção" e ainda que o sabor Suave "Infiltra-se e Drena e é Yang".

6. Propriedade Tóxica:

Significa que a planta pode ter efeito tóxico sobre o organismo. Tais plantas requerem muito
cuidado no uso, devendo utilizá-las em dosagem bastante moderada e por curtos períodos.

OBS.: Toda planta, na visão da MTC possui mais de um Sabor, e quando combinadas em
fórmulas é preciso estar atento ao sabor Evidente (principal) - que será aquele que determinará
para qual órgão estaremos direcionando nosso trabalho, e ainda para que na fórmula contenha os
5 Sabores com um reforço no Sabor que corresponde à função principal da fórmula.

 As 5 Energias:

Enquanto os Sabores se relacionam ao tipo de ação que o medicamento exerce nos órgãos, a
Natureza Energética (as 5 Energias) refere-se a capacidade de gerar Calor ou Frio dos
medicamentos. O Su Wen ("Questões Simples"), no capítulo 74, afirma que "doenças quentes
precisam ser resfriadas e doenças frias precisam ser aquecidas". Claro que esta afirmação na
prática clínica nem sempre pode ser seguida com objetividade, pois o doente traz sempre consigo
um emaranhado de doenças. É preciso definir o Princípio Terapêutico (Tratamento) com
algumas variantes. Os medicamentos podem se dividir em 5 grupos. São eles:

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1. Frios:

São aqueles medicamentos de natureza muito YIN, portanto, fortemente refrigerantes. São
indicados em doenças de Calor intenso (febre, delírio, calor interno por deficiência de Yin, etc.)
e não devem ser usados por longos períodos. O uso contínuo desses medicamentos, poderá
causar acúmulo de Umidade e ainda reduzir a força do Qi do Baço, gerando diarréias ou fezes
pastosas, dentre outras coisas.

2. Quentes:

São aqueles medicamentos de natureza muito YANG, portanto, fortemente calorificantes. São
indicados em doenças de Frio intenso (diarréia por deficiência do Yang do Baço, frio nas
extremidades, dores lombares, impotência, fadiga intensa, etc.) e não devem ser usados por
longos períodos. O uso excessivo destas plantas poderá causar Secura interna (com
manifestações na pele, prisão de ventre, sangramento nasal, etc.), e ainda aumento excessivo do
Yang do corpo (gerando agitação, nervosismo, insônia, etc.).

OBS.: Em relação aos medicamentos Frios e Quentes, o ideal é que todo praticante de
Fitoterapia Chinesa, tenha bom senso e boa percepção para acompanhar o caso em tratamento e
assim que o paciente demonstre um progresso, se trabalhe para reduzir as doses, e/ou substituir
os medicamentos mais Quentes e Frios, por Amornantes e Refrigerantes.

3. Refrescantes:

São os de natureza moderadamente YIN, portanto, pouco refrigerantes. São indicados em


doenças de calor moderado (uma ansiedade aumentada, representando algum Calor no Shen, ou
algum incômodo urinário, representando algum Calor na Bexiga, etc.), e podem ser usados de
forma crônica.

4. Amornantes:

São os de natureza moderadamente YANG, portanto, pouco calorificantes. São indicados em


doenças de calor moderado (uma fadiga com sinais de Calor e Frio, sistema digestivo fraco, etc.)
podendo também serem usados de forma crônica.

5. Neutros:

São aqueles nos quais as energias YIN e YANG estão em equilíbrio, portanto, não tendo
tendências Calorificantes ou Refrigerantes evidentes, podendo ser usados em doenças de Calor
ou de Frio.

OBS.: Eventualmente os medicamentos são classificados como Levemente Refrescantes ou


Amornantes.
 As 4 Direções:

Subir, Descer, Flutuar e Afundar representam quatro qualidades adicionais usadas para
classificar as ervas. Subir e Flutuar referem-se a substâncias que têm um efeito Para Cima e
Para Fora, usadas para Ativar o Yang, Induzir a Sudorese e Dispersar o Frio e o Vento.

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Em oposição, Descer e Afundar referem-se a substâncias que possuem um efeito Para Baixo e
Para Dentro (elas tranqüilizam, aliviam a tosse, interrompem o vômito, promovem diurese e
purgação).
A doença na parte superior do corpo, que se manifesta externamente, com sinais de calafrios,
cefaléia, expectoração clara, pede medicamentos que Subam e Flutuem tais como Ma Huang
(Herba Ephedra) e Ramos de Canela (Ramulus Cinamomum) que tratam a doença do Vento
Externo e Frio. A doença na parte inferior do organismo, que se manifesta internamente, pede
medicamentos que Desçam e Afundem, tais como Ruibarbo (Rhizoma Rheum) e Babosa (Herba
Aloe) que tratará patologias de Excessos Interiores, como prisão de ventre devido a intestinos
secos. Da mesma maneira, se a doença se desenvolve, causando um movimento para cima no
organismo, medicamentos que Afundem são prescritos. Caso a doença se mova para baixo,
medicamentos que Sobem serão administrados. Por exemplo, quando se trata a Exuberância do
Yang do Fígado e o Ardor do Calor Excessivo no Fígado caracterizado por dor de cabeça,
tontura e olhos ardentes, substâncias que Descem e Afundam como Concha de Ostra (Concha
Ostrea), Huang Lian (Rhizoma Coptis) e Pu Gong Ying (Herba Taraxacum) Dominam o Yang
do Fígado e Removem o Calor. No caso de um prolapso (queda) uterino ou prolapso retal,
substâncias que Sobem e Flutuam tais como Sheng Ma (Rhizoma Cimicifuga), Zhi Shi (Fructus
Citrus Aurantium Imaturus), Dang Shen (Radix Codonopsis), Huang Qi (Radix Astragalus)
Estimulam o Yang a Ascender e Regulam o Qi.
As substâncias Amornantes, Quentes, Picantes e Doces Sobem e Flutuam por natureza,
enquanto que as Refrescantes, Frias, Azedas, Amargas e Salgadas Descem e Afundam. As
substâncias suaves e leves como flores e folhas, em geral Sobem e Flutuam, enquanto
substâncias pesadas como minerais, alguns animais, sementes e frutos Descem e Afundam.
Pode-se mudar a direção de substâncias através de seu processamento: substâncias cozidas em
sal ou vinagre passam a Descer e Afundar; substâncias cozidas em vinho, álcool ou gengibre
passam a Subir e Flutuar.

3. Locais de Ação dos Medicamentos:

Foram discutidos, os fatores que determinam a Forma e a Essência dos medicamentos. A


Forma, ou seja, as características de Origem, Parte, Função, Cor, influencia o direcionamento
do medicamento. São, portanto, os fatores ligados à Forma que determinam o Local de Ação dos
medicamentos. A Essência dos medicamentos, especialmente o Sabor, a Natureza Energética e
as 4 Direções agem determinando o tipo de ação nos locais alvos.
Baseados em sua experiência milenar, os chineses estabeleceram os Locais de Ação de cada
medicamento. Em alguns casos esta afinidade é tão intensa que pode direcionar a ação das outras
ervas para aquele sítio de ação. Abaixo, as principais relações quanto ao local de ação das ervas.

a) Segundo os Órgãos ZANG-FU:

A ação de um determinado medicamento pode ser dirigida para um ou mais órgãos ou vísceras.
Por exemplo:

 A semente da Mostarda Branca (Semen Sinapsis alba) age no Pulmão;


 A semente da Maconha (Semen Cannabis) age sobre o Intestino Grosso;
 A Laranja da Terra Imatura (Fructus Aurantium Imaturus) age sobre o Baço;
 O Crataego (Fructus Crataegus) sobre o Estômago.
 A semente da Tâmara Chinesa (Semen Ziziphus Spinosa) age sobre o Coração;
 O Escorpião (Buthus Martensi) age sobre o Fígado;
 Orelha de Pau (Polyporos Umbellatus), um fungo, age sobre a Bexiga.

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OBS.: Muitos medicamentos agem sobre mais de um órgão.

b) Segundo os Canais:

Canais representam não apenas o órgão interno, mas também o sistema de relação feito pelo
canal com partes do corpo. Uma vez que a ação das ervas pode se estender até a fisiologia de
diferentes órgãos internos, uma erva pode afetar vários canais de uma vez. Por exemplo, a
atribuição de Lu Gen (Rhizoma Phragmitis) para os canais do Pulmão e do Estômago, indica as
ações múltiplas da erva na eliminação do Calor do Pulmão, aliviando assim a tosse com catarro,
assim como removendo o Fogo do Estômago, parando desta maneira o vômito. Os órgãos,
vísceras e meridianos estão intimamente relacionados no organismo e o profissional deve
considerar esses fatores quando seleciona uma substância. Se uma doença pulmonar acompanha
a deficiência do baço, as ervas selecionadas devem possuir a capacidade de tonificar o Baço e
fortalecer o Pulmão. Pensando em órgãos, vísceras e meridianos uma planta pode além de agir
em mais de um órgão, influenciar e tratar diferentes regiões do corpo (pele, músculos, membros)
afetados. Os experimentos científicos atuais com a Teoria dos Meridianos (ou Canais) são raros
e difíceis porque muitas das ações farmacológicas das ervas permanecem desconhecidas para nós
e são difíceis de analisar. Assim como determinar ou monitorar a ação farmacológica de
remédios alopáticos sobre o organismo apresenta problemas, também ocorre o mesmo na
medicina herbal chinesa. Mas é importante o praticante de Fitoterapia estar atento as diferentes
possibilidades que a observação clínica chinesa do passado deixou chegar até os dias de hoje.
Assim temos alguns exemplos:

 Huang Lian (Rhizoma Coptis) penetra no canal do Coração; Huang Bo (Cortex


Phellodendron) no canal do Intestino Delgado; casca de Canela (Cortex Cinnamomum) no
canal do Rim; Qiang Huo (Rhizoma Notopterygium) no canal da Bexiga; Alho Poró (Alium
fistulosum) no canal do Pulmão; Shi Gao (Gypsum) no canal do Intestino Grosso; Bai Shao
(Radix Paeonia Alba) no canal do Baço; raiz do Ruibarbo (Radix et Rhizoma Rheum) no
canal do Estômago; Chai Hu (Radix Bupleurum) no canal da Vesícula Biliar e semente de
Tangerina (Semen Citrus reticulata) no canal do Fígado.

c) Segundo os Três Aquecedores:

 Aquecedor Superior: Di Gu Pi (Cortex Lycium radicis);


 Aquecedor Médio: Casca de Tangerina (Pericarpium Citrus reticulata);
 Aquecedor Inferior: Raiz do Acônito (Radix Aconitum praeparata).

d) Segundo as Partes do Corpo:

 Alto e Baixo: Angélica (Radix Angelica sinensis ou archangelica) descende o efeito das
outras ervas; Qiang Huo (Rhizoma Notopterygium incisun) ascende o efeito das outras
ervas.
 Interior e exterior: Casca de Canela (Cortex Cinnamomum) direciona o efeito para o
interior; Ramos de Canela (Ramulus Cinnamomum) direciona o efeito para o exterior.

e) Segundo os Orifícios do Corpo:

 Medicamentos Aromáticos direcionam-se para os Orifícios Superiores. Como exemplo


temos o Almíscar (Moschus moschiferus) e o Cálamo-Aromático (Rhizoma Acorus).

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 Medicamentos Adstringentes direcionam-se para os Orifícios Inferiores. Como exemplo


podemos citar a Noz-Moscada (Semen Myristica), a semente da Nogueira (Semen Juglans)
e a Framboesa (Fructus Rubus).

7. Conclusão:

O conhecimento das propriedades dos medicamentos e a sua análise ajuda a compreender muitas
das suas indicações, assim como a encontrar ou analisar o papel potencial de Fitoterápicos
Nacionais em associação aos chineses.
Contudo, a ação dos medicamentos depende da interação de tantos fatores que a observação
clínica e o conhecimento popular são fundamentais para estabelecimento completo do seu
emprego terapêutico, riscos, cuidados e potencial tóxico. Neste particular, a Fitoterapia Chinesa
apresenta a mais vasta e mais antiga experiência documentada no campo do tratamento com
medicamentos naturais, e o seu modelo é básico para qualquer interessado em se aprofundar
neste campo de estudos.

V. A TEORIA DOS 5 ELEMENTOS:

Coração
Baço-Pâncreas

Pulmão
Fígado

Rins

A filosofia oriental está intimamente ligada à teoria Yin-Yang. Os Cinco Elementos são os
componentes mais tangíveis dessa teoria. Sua finalidade primeira é:
"Estabelecer a relação entre tudo aquilo que se encontra presente no universo: os fatos, as
coisas, as matérias, os seres. . ."
A filosofia oriental serve-se dos Cinco Elementos para explicar as substâncias e os fenômenos da
natureza a nível de metafísica (podendo criar uma linha de Raciocínio). Pode-se também dizer
que a teoria dos Cinco Elementos (Madeira, Fogo, Terra, Metal, e Água) são os elementos
essenciais (básicos) da natureza.

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Eles foram esquematizados para facilitar a compreensão do complexo processo de transmutação


e inter-relação entre os órgãos internos, meridianos, natureza. Os Cinco Elementos têm
interdependência e inter-restrições que comandam seus estados de movimento e mutação
constantes. Com abrangência cosmológica (micro e macrocósmica) a teoria procura, respeitando
diferentes princípios, "reconstituir" um universo em escala humana. Nesse universo, tudo se
relaciona e se intervincula através da mutação dos 5 Elementos.
Para relacionar os elementos encontrados no universo, a teoria dos Cinco Elementos os agrupa
segundo sua natureza, função e forma distribuindo-os dentro dos cinco princípios, através do
processo da analogia. Assim, o caráter da Madeira é crescer e florescer, o caráter do Fogo é ser
quente e brilhar, o caráter da Terra é dar origem a todas as coisas, o caráter do Metal é
conduzir e ser puro, o caráter da Água é ser fria e fluir para baixo.
Os livros antigos da medicina chinesa registraram como era aplicada essa teoria para explicar a
complicada relação fisiológica e patológica do corpo humano entre si e o meio ambiente. Os
fatores naturais externos e as partes do corpo humano foram classificados segundo os Cinco
Elementos.
As estações são tomadas como base de referência para se estabelecer as relações com os
fenômenos externos, e os órgãos (ZANG) para as relações com as demais partes do corpo.

Tomemos o seguinte exemplo:

Na Primavera a vegetação nasce e inicia seu crescimento, nas árvores brotam as flores,
predomina a cor verde na natureza. Árvore também significa Madeira, portanto Madeira é o
princípio da Primavera. O organismo também segue o movimento de evolução da natureza. No
corpo humano o Fígado é, entre os cinco órgãos aquele que corresponde a essas transformações,
devido às suas funções de regulação. Pelo princípio YIN-YANG o Fígado faz relação interior-
exterior com a víscera Vesícula Biliar. Através da circulação profunda de energia, o Fígado se
comunica com o exterior ao nível dos olhos, e pela circulação superficial seu canal principal se
ramifica nos músculos e tendões.
Portanto através dos Cinco Elementos pode-se estabelecer a relação entre os fenômenos externos
e as diferentes partes do corpo: Fígado - Vesícula Biliar - Primavera - Madeira - Olhos -
Tendões.

E ainda, clinicamente, podemos observar as manifestações patológicas do Fígado:

 No Interior:

Transtornos do Qi (Energia) do Fígado pode provocar a ira;


Transtornos emocionais, isto é, a ira, pode prejudicar o Fígado.

 No Exterior:

Transtornos do Fígado podem produzir cor esverdeada na pele.

Portanto:

Primavera - Madeira - Fígado - Vesícula Biliar - Olhos - Tendões - Ira - Verde.

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Resumo da Relação dos Órgãos e Vísceras (Zang-Fu) com os Cinco Elementos:

5 Órgãos Fígado Coração Pâncreas Pulmões Rins


5 Vísceras V. Biliar I. Delgado Estômago I. Grosso Bexiga
5 Elementos Madeira Fogo Terra Metal Água
5 Relações Filho da Filho da Madeira Filho do Filho da Filho do Metal
Água Fogo Terra
5 Órgãos Sensoriais Olhos Língua Boca e Lábios Nariz Ouvidos
5 Ligações Nervos e Pulsos e Veias Membranas e Pele Ossos
Ligamentos Músculos
5 Extremidades Unhas Face Seios Vias Cabelo
Respiratórias
5 Estações Primavera Verão Início e Fim do Outono Inverno
Verão
5 Cores Verde Vermelho Amarelo Branco Preto
5 Desgostos Vento Calor Umidade Secura Frio
5 Emoções Raiva Euforia Pensamento Tristeza Medo
5 Secreções Lágrima Suor Saliva Coriza Nasal Muco
5 Fenômenos Aperto Depressão Soluço Tosse Arrepio
5 Cereais Aveia Sorgo Painço Arroz Feijão

1. Os Ciclos Fisiológicos e Patológicos dos 5 Elementos:

A teoria dos 5 Elementos é impulsionada por duas propriedades ou processos incessantes


considerados normais: o ciclo da Promoção e o ciclo da Restrição, os quais dentro da M.T.C são
reunidos sob a denominação de ciclos fisiológicos (sadio).
Na ocorrência de distúrbios, podem ocorrer processos considerados anormais, chamados de ciclo
de Agressão e ciclos de Contra-Dominação, ou ciclo "Mãe afeta o Filho" e o ciclo "Filho afeta
Mãe". Esses quatro últimos, na M.T.C, foram agrupados sob a denominação de ciclos
patológicos (doentios).

a) Os Ciclos Fisiológicos:

 O Ciclo da Promoção (Geração):

No contexto dos Cinco Elementos, significa: produzir, gerar, surgir, promover, favorecer, ajudar,
incentivar, propiciar, estimular, nutrir, fazer crescer, desenvolver, manter, conservar.

Características:

Interpromoção ou Interprodução é o processo natural no ciclo de Promoção. Assim Madeira


(Fígado) produz Fogo (Coração); Fogo (Coração) produz Terra (Baço);

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Terra (Baço) produz Metal (Pulmão); Metal (Pulmão) produz Água (Rins) e Água (Rins) produz
Madeira (Fígado). Aquele que produz é chamado de "Mãe" e aquele que é produzido é
denominado "Filho".
Por exemplo: Água (Rins) produz Madeira (Fígado) e Madeira (Fígado) produz Fogo (Coração).
Madeira (Fígado) é Filho da Água (Rins) e Mãe do Fogo (Coração). A Promoção (Produção)é
recíproca, possui portanto duplo aspecto: Promover e ser Promovido.

 O Ciclo de Restrição (Dominação):

Na teoria dos Cinco Elementos significa ação recíproca com a conotação de destruir, aniquilar,
extinguir, restringir, inibir, condicionar, ponderar, impedir, frear, dominar, atacar, oprimir,
controlar.

Características:

No ciclo de Restrição o processo natural é a Interrestrição ou Interdominação. Dessa forma,


Madeira (Fígado) restringe Terra (Baço), Terra (Baço) restringe Água (Rins), Água (Rins)
restringe Fogo (Coração), Fogo (Coração) restringe Metal (Pulmão), Metal (Pulmão) restringe
Madeira (Fígado). Ilustrando, Metal (Pulmão) domina Madeira (Fígado) e Madeira (Fígado)
domina a Terra (Baço). Madeira (Fígado) é o dominador da Terra (Baço) e é dominada pelo
Metal (Pulmão). A restrição é recíproca, tem assim dois aspectos: Restringir e ser Restringido.

b) Os Ciclos Patológicos:

O equilíbrio relativo entre a Promoção e a Restrição asseguram a evolução do ciclo normal de


tudo no universo, isto é, nascimento, crescimento, transformação, declínio e finalização. Quando
ocorrem desordens - por Excesso ou Deficiência - em uma ou mais das Cinco Fases (Madeira,
Fogo, Terra, Metal, Água), há tendência anormal da Restrição (chamados de Agressão e Contra-
Dominação) e da Promoção ("Mãe afeta Filho" e "Filho afeta Mãe"), o que pode provocar a
ruptura do equilíbrio das relações.
Conforme diz o Apêndice Ilustrado do Clássico das Categorias (LEI JING TU YI, 1624), "Na
natureza, a existência e as mudanças não podem realizar sem Produção e sem Restrição. Sem
criação, nada há que possa crescer e dar frutos, sem restrição, há desenvolvimento excessivo o
que é nocivo".

 O Ciclo da Agressão:

Quando a exacerbação do ciclo normal de Restrição faz o elemento dominador prejudicar o


elemento dominado, forma o ciclo de Agressão, também chamado de processo de Usurpação.
Por exemplo: Madeira (Fígado) em excesso agride a Terra (Baço) ou Madeira (Fígado)
insuficiente é agredida pelo Metal (Pulmão).

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 O Ciclo de Contra-Dominação:

Se o fenômeno da Restrição (Dominação) manifesta-se no sentido contrário ao do ciclo normal


da Restrição (Dominação) forma o ciclo de Contra-Dominação, também chamado de processo de
Ultraje. Ilustração: Madeira (Fígado) em insuficiência é atacada pela Terra (Baço), ou Madeira
(Fígado) em excesso ataca o Metal (Pulmão).

 O "Ciclo Mãe Afeta o Filho":

Os antigos chamaram de "Mãe afeta o Filho" quando a evolução da desordem segue o mesmo
sentido do ciclo da Promoção. Por exemplo: os distúrbios da Água (Rins) prejudicando a
Madeira (Fígado). Na medicina, freqüentemente esses distúrbios se devem ao estado de
insuficiência, por isso os chineses dizem "as enfermidades de deficiências vem da Mãe pois ela
não alimentou o Filho".

 O Ciclo "Filho Afeta a Mãe":

Em condições normais o elemento Mãe promove o Filho, porém em certas anomalias pode
acontecer que a desordem do Filho alcance a Mãe. Nesse caso, o distúrbio evolui em sentido
contrário ao ciclo da Promoção.

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Por exemplo: problemas do Fogo (Coração) prejudicando a Madeira (Fígado). Clinicamente


falando, são geralmente Síndromes de Plenitude, por isso observam os chineses: "as
enfermidades do excesso vem do Filho".

2. Aplicação da Teoria dos 5 Movimentos na Medicina Tradicional Chinesa:

Diversos livros clássicos da M.T.C esclarece o seguinte: "O homem vive na natureza. O meio
ambiente natural - as variações climáticas e as condições geográficas - influem
consideravelmente em suas atividades fisiológicas. Esse fato é a manifestação da dependência
do homem do meio ambiente em que vive, assim como sua adaptabilidade a ele. Em outras
palavras, existe uma interdependência entre o homem e a natureza. Partindo dessa
consideração, a M.T.C relaciona logicamente à fisiologia e patologia dos órgãos ZANG-FU e
os tecidos com os fatores do meio ambiente. Similitudes e alegorias são usadas para explicar
as complicadas relações entre a patologia e a fisiologia e a correlação entre o homem e o meio
ambiente natural".
A teoria dos Cinco Elementos subsidia concretamente a M.T.C, fornecendo elementos de base,
que devem ser entendidos dentro de sua significação prática, nas áreas de classificação e
interpretação das influências patogênicas dos fenômenos naturais (Vento, Frio, Calor, Umidade e
Secura) na maioria dos órgãos, tecidos, emoções e meridianos; na patogenia e patologia,
contribuindo ainda na explicação da evolução das enfermidades, tratamentos, etc.

Na natureza, nada é absoluto, conforme somo inclinados a pensar. Assim como não existem
estratégias de guerra absolutas, também nada há de absolutamente definitivo na Medicina.
No Oriente, os diagnósticos e tratamentos com base na Teoria dos Cinco Elementos e funções
dos órgãos internos não apresentam certeza absoluta. Isso ocorre porque os homens
desconhecem a natureza em sua plenitude. A Teoria dos Cinco Elementos é respeitada porque
ela representa a soma de experiências feitas por médicos durante mais de três mil anos.

a) Teoria dos 5 Elementos e Função dos Órgãos e Vísceras (Zang-Fu) do Corpo


Humano:

 Funções do Fígado (Gan) e da Vesícula Biliar (Dan):

Na teoria dos Cinco Elementos, o Fígado e a Vesícula Biliar são considerados Madeira. Pelo
Sinergismo, a Água (Rins) é "Mãe" e é controlado pelo Antagonismo do Metal (Pulmão).
O Fígado e a Vesícula controlam os olhos e comandam os nervos e os ligamentos. Por isso,
doenças nos olhos e problemas de nervos, tais como, afrouxamento ou atrofiamento, cãibras, e,
ainda, hipermetropia, miopia, conjuntivite e outras perturbações de ordem visual, advêm das más
funções do Fígado e da Vesícula Biliar.
Na Primavera, o Fígado e a Vesícula enfraquecem. Sua cor preferida é o verde. Quando suas
atividades são atingidas, o rosto mostra um leve halo esverdeado, assim como o corpo. Mas
comendo produtos de cor verde, as funções melhoram e a cor desaparece.
Entre o cinco sabores, o Azedo é-lhes preferido. No entanto, o excesso ou a falta lhe são
igualmente prejudiciais. Se o Fígado e a Vesícula estiverem em desequilíbrio funcional a pessoa
não suporta o Vento e, ainda, mostra-se facilmente zangada, raivosa ou irritada (emoções).
Dentre as cinco secreções, a lágrima é denotativa das disfunções dos órgãos em menção. As
lágrimas podem surgir em várias circunstâncias, tais como sob o efeito do Vento, do Calor, de
episódios tristes ou outros. Ainda, em conseqüência das disfunções dos órgãos aqui
mencionados, o indivíduo gosta de fazer provocações e chamamentos com voz gritada.

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Para tratar o Fígado e a Vesícula, devem-se estimular as relações de Sinergismo e Antagonismo


e evitar a Subjugação de outros quaisquer órgãos.

 Funções do Coração (Xin) e do Intestino Delgado (Xiao Chang):

O Coração e o Intestino Delgado, na Teoria dos Cinco Elementos, são considerados Fogo. A
relação existente entre Fogo e Madeira (Fígado) é relação "Filho-Mãe" e é controlada pela Água
(Rins) que apaga o Fogo. Tem como característica e função própria controlar o Antagonismo do
Metal (Pulmão).
Madeira (Fígado) criar Fogo (Coração) e Fogo (Coração) gerar Terra (Baço) é normal. São
relações Sinérgicas normais, tal como a relação fisiológica (saúde); mas Fogo (Coração) queimar
Madeira (Fígado), Terra (baço) cobrir Fogo (Coração) e Fogo (Coração) esquentar Água (Rins) é
Subjugação, ou seja, Destruição. O fato provoca um fenômeno patológico (doença).
O Coração e o Intestino Delgado controlam a língua. Conseqüentemente, qualquer tipo de
doença na língua (aftas, ardência, cãibra) demonstra funções anormais do Coração e do Intestino
Delgado.
Sob o efeito da emoção (alegria) o Coração se manifesta. O sabor (amargo) é o da sua
característica.
Entre as cinco vozes (sons), a fala relaciona-se com a língua. Tagarelice, afonia, gagueira, pouca
eloqüência, podem estar relacionadas com disfunções do Coração e Intestino Delgado.
É congênita a causa que leva uma criança a retardar a fala. Certamente, a mãe, durante a
gravidez, sofreu prisão de ventre grave, ocasionando fenômenos patológicos. O Metal (Pulmão e
Intestino Grosso) Subjugou o Fogo (Coração e Intestino Delgado).
Quem tem o Intestino Delgado fraco não gosta de falar. A maioria das pessoas que apresentam
esse fenômeno são magras e sofrem de desnutrição.
Veias e pulsos relacionam-se com o Intestino Delgado e o Coração. As más funções desses
órgãos atribuem-se a causas da hipotensão e hipertensão arterial, da arteriosclerose, etc.
No Verão, tais órgãos enfraquecem. Eles não toleram o Calor (comida e banhos quentes, excesso
de exposição ao sol), mas suportam bem o Frio.
Rubor nas faces demonstra más funções do Coração e do Intestino Delgado. Contudo, ingerindo
alimentos de cor vermelha e melhorando suas funções, o rubor desaparece.
O sabor Amargo é-lhes preferido. O Amargo é um sabor que auxilia a absorção. Abusar do
sabor Doce é provocar doenças cardíacas e hipertensão arterial. Para o caso, uma boa dieta
consistirá em diminuir o consumo do sabor Doce e a aumentar o uso de sabor Amargo.
Na Teoria dos Cinco Elementos, Fogo (Coração e Intestino Delgado) deve colaborar com Terra
(Baço-Pâncreas e Estômago). É relação natural Sinérgica (fisiológica). Porém, pelo Doce, Terra
(Baço-Pâncreas e Estômago) fortalece, mas Subjuga sua "mãe", o Fogo (Coração e Intestino
Delgado). Quer dizer a Terra (Baço-Pâncreas e Estômago) domina o Fogo (Coração e Intestino
Delgado) e provoca relação patológica.
Dentre as cinco secreções, o suor relaciona-se com o Coração e o Intestino Delgado. A
peculiaridade de quem sofre de tais órgãos é a transpiração exagerada nos pés, nas mãos, nas
axilas e na testa.
Para tratar as várias doenças do Coração e do Intestino Delgado, recomenda-se observar o
quadro da Teoria dos Cinco Elementos, estimular o Sinergismo e o Antagonismo e evitar a
Subjugação de outros órgãos.

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 Funções do Baço-Pâncreas (Pi) e do Estômago (Wei):

Na teoria dos Cinco Elementos, o Baço-Pâncreas e o Estômago são considerados Terra. A


relação entre Terra e Fogo (Coração e I. Delgado) é de "Filho" e "Mãe" sob o controle da
Madeira (Fígado e V. Biliar). A Terra tem como característica e função controlar o Antagonismo
da Água (Rins e Bexiga).
Terra (Baço-Pâncreas e Estômago) criar Metal (Pulmão e I. Grosso) e Metal (Pulmão e I.
Grosso) gerar Água (Rins e Bexiga) é normal e tem relação de Sinergismo.
É também relação fisiológica normal (saúde). Mas Terra (Baço-Pâncreas e Estômago) dominar
Fogo (Coração e I. Delgado) e Água (Rins e Bexiga) dominar Terra (Baço-Pâncreas e Estômago)
é Subjugação (dar-se-ia enchente) e provoca fenômeno patológico (doença).
Entre os cinco órgãos sensoriais, a boca e os lábios são controlados pelo Baço-Pâncreas e
Estômago. Portanto, herpes, aftas, palidez dos lábios, lábios secos, halitose, entre outros
problemas provêm das más funções do Baço-Pâncreas e do Estômago.
Entre as cinco ligações, as membranas e músculos são dominadas pelo Baço-Pâncreas e pelo
Estômago. Por tal razão, problemas com membranas tais como, inflamações na boca, amigdalite,
bronquite, gastrite, estão intimamente ligados às más funções daqueles órgãos. Ainda fraqueza
muscular, cansaço físico.
O Baço-Pâncreas e o Estômago são os maiores órgãos constituídos por membranas. Se
considerarmos bem isso, entenderemos a razão de a comida ser tão importante para o corpo
humano.
Entre as cinco emoções e as cinco fontes espirituais, o Baço-Pâncreas e o Estômago controlam o
pensamento e as idéias. Por isso, de acordo com as emoções, aumenta ou diminui o apetite. A cor
amarela é preferida por tais órgãos e o sabor Doce com eles se relaciona. O excesso de Doce
enfraquece o Baço-Pâncreas e o Estômago. Diabetes e úlcera são demonstrações conseqüentes.
Na mulher, o doce excessivo impede o desenvolvimento dos seios. Caso se desenvolverem,
tornam-se flácidos. A mãe que abusa do doce, terá menos leite e de qualidade inferior. Deve-se
observar que os meridianos do Baço-Pâncreas e Estômago circulam nos seios.
Entre os cinco "desgostos" e as cinco secreções, a umidade e a salivação, o enjôo ou o soluço são
demonstrações do estado funcional anormal do Estômago e do Baço-Pâncreas.
Para o tratamento das várias doenças do Baço-Pâncreas e Estômago, estimular também o
Sinergismo e o Antagonismo e evitar a Subjugação dos demais órgãos.

 Funções dos Pulmões (Fei) e do Intestino Grosso (Da Chang):

Na Teoria dos Cinco Elementos, os Pulmões e o Intestino Grosso são considerados Metal. A
relação entre Metal (Pulmão e I. Grosso) e Terra (Baço-Pâncreas e Estômago) é de "Filho" e
"Mãe", controlada pelo Fogo (Coração e I. Delgado). Tem característica e função de controlar o
Antagonismo da Madeira (Fígado e Vesícula Biliar).
Metal (Pulmão e I. Grosso) criar Água (Rins e Bexiga) e Água (Rins e Bexiga) criar Madeira
(Fígado e V. Biliar) é normal em sua relação de Sinergismo. É normal também como relação
fisiológica (saúde); mas Metal (Pulmão e I. Grosso) dominar Terra (Baço-Pâncreas e Estômago)
e Madeira (Fígado e V. Biliar) dominar Metal (Pulmão e I. Grosso) é Subjugação, ou seja, um
desastre, e provoca fenômeno patológico (doença).
Por outras palavras, a função satisfatória ou insatisfatória que o Metal (Pulmão e I. Grosso)
apresenta depende da função da Terra (Baço-Pâncreas e Estômago).
Se o Metal (Pulmão e I. Grosso) enfraquecer, sua função será totalmente controlada pelo Fogo
(Coração e I. Delgado); e se for provocado o desgaste através do Fogo (Coração e I. Delgado),
não poderá colaborar com Água (Rins e Bexiga) e dificilmente controlará a Madeira (Fígado e
V. Biliar). Se o Metal tiver função excessiva (Intestino Grosso e Pulmão), para manter sua

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autodefesa, Subjuga a "mãe" Terra (Baço-Pâncreas e Estômago). Assim, cada um dos Cinco
Elementos possui relação própria e triangular.
Entre os cinco órgãos o nariz, entre as cinco ligações, a pele, entre as cinco secreções, a coriza
nasal e entre os cinco fenômenos, a tosse, todos sofrem a influência da boa ou má função dos
Pulmões e do Intestino Grosso. Deles também depende, fisiologicamente falando, a secreção de
impurezas.
As impurezas do corpo humano apresentam-se sob estado sólido, líquido e gasoso. As impurezas
sólidas são eliminadas pelas fezes; as líquidas pela urina (bexiga), pela pele (suor) ou pelo nariz
(coriza nasal), as gasosas, pelo nariz, pela troca de gases e pela respiração da pele.
Observando-se a pele, o nariz e o fenômeno da tosse poder-se-á estabelecer a relação que há
entre eles e os Pulmões ou o Intestino Grosso.
A pele espelha os órgãos internos. As anormalidades dos órgãos internos, especialmente dos
Pulmões e Intestino Grosso, manifestam-se através da pele e sobre vários sintomas. As doenças
da pele são inúmeras, mas têm uma causa só: a anormalidade das funções dos Pulmões e do
Intestino Grosso.
O Outono é uma estação pouco favorável aos Pulmões e Intestino Grosso. A cor Branca e os
sabores Picante ou ardente lhes são preferidos. Os sabores mencionados são excitantes e
apresentam efeito antibiótico, e estimulam os movimentos peristálticos dos intestinos. Evitam a
proliferação de vírus e bactérias no Intestino e Pulmões.
Os Pulmões são os órgãos mais limpos do corpo. Para que os Pulmões mantenham tal estado de
limpeza e possam distribuir oxigênio ao corpo inteiro, é necessário fazer uso dos sabores
picantes e ardentes. Para manter a saúde e para prevenir ou tratar doenças, a função do Intestino
é importantíssima. Diz um provérbio: "Fezes ressequidas provocam mil doenças", outros diz:
"não há doenças com intestino limpo".
Estimular também as relações Sinérgicas e Antagônicas e evitar a Subjugação dos demais
órgãos.

 Funções dos Rins (Shen) e da Bexiga (Pang Guang):

Na Teoria dos Cinco Elementos, os Rins e a Bexiga são considerados Água. A relação existente
entre Água (Rins e Bexiga) e Metal (Pulmão e I. Grosso) é de "Filho" e "Mãe", sendo controlada
pela Terra (Baço-Pâncreas e Estômago). Tem a característica e função própria de controlar o
Antagonismo do Fogo (Coração e I. Delgado).
Água (Rins e Bexiga) gerar Madeira (Fígado e V. Biliar) e Madeira (Fígado e V. Biliar) gerar
Fogo (Coração e I. Delgado) é relação Sinérgica e normal, e considerada como relação
fisiológica (saúde). Mas, se Água (Rins e Bexiga) conseguir dominar Metal (Pulmão e I. Grosso)
e se Fogo (Coração e I. Delgado) conseguir ferver Água (Rins e Bexiga), essa relação perderá
seu valor. Assim, a vida desapareceria. É exemplo de fenômeno patológico (doença).
Portanto, a função dos Rins e da Bexiga (Água) depende dos Pulmões e do Intestino Grosso
(Metal). Sem Água (Rins e Bexiga), é difícil também que Madeira cresça (Fígado e Vesícula
Biliar).
O Fígado é a fábrica química do corpo humano e Água é-lhe essencial. É necessário evitar a
contaminação de impurezas oriundas do Metal (Pulmão e Intestino Grosso).
Entre os cinco órgãos sensoriais, o ouvido sofre as boas ou más influências dos Rins e da Bexiga.
Portanto, além de outras causas externas, as más funções dos Rins e da Bexiga provocam
deficiência de audição, zumbido. Em pessoas idosas, a dificuldade de audição, por exemplo, é
devida ao enfraquecimento dos Rins e da Bexiga.
Sexo praticado excessivamente origina zumbidos nos ouvidos. Impotência sexual e doenças
ginecológicas também partem de disfunções e enfraquecimentos dos Rins ou da Bexiga.

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Entre as cinco ligações, os ossos sofrem a boa ou má influência dos Rins e da Bexiga (Água).
Doenças de ossos, tais como mieloma (tumor formado por células da medula óssea), mielite,
periosteíte (inflamação do periósteo) e osteoporose (aumento anormal da porosidade dos ossos),
relacionam-se com as funções dos Rins e da Bexiga (Água).
Entre as cinco cores e sabores, a cor Preta e o sabor Salgado são preferidos pelos órgãos em
questão. Os Rins e a Bexiga filtram e excretam impurezas.
Sob o ponto de vista da Medicina Oriental, os Rins são importantes, porque armazenam a
Essência, a Energia Ancestral que, no dizer de Ted Kaptchuk, é a "substância mais diretamente
associada à vida em si; é a fonte da vida e do desenvolvimento individual". Por isso, os órgãos
genitais e urinários são compreendidos junto com os Rins e a Bexiga (Água).
Alimentos de cor preta, tais como feijão e gergelim preto (a maior parte das sementes de cor
preta) são, de modo especial, indicados para os órgãos genitais.
Os cinco sabores e as cinco cores são muito importantes para a fisiologia (saúde). Infelizmente,
no preparo dos alimentos, não raro, são esquecidos. Na nutrição não se deve observar somente o
uso adequado de calorias ou proteínas. Os cinco sabores, as cinco cores, são princípios de
nutrição que, bem observados, contribuem para o fortalecimento dos órgãos do corpo e para a
lucidez da mente.
Entre as cinco emoções, o Medo excessivo denota o mau estado dos Rins e da Bexiga (Água). O
cachorro, quando assustado, urina. No homem, o fato se repete.
Disfunções da bexiga ou disfunções renais provocam medo e pouca capacidade de empreender.
Tais emoções, por sua vez, prejudicam os órgãos mencionados.
Entre as cinco secreções, entre os cinco fenômenos e cinco vozes, respectivamente, o muco, o
arrepio e o gemido são relacionados com os Rins e a Bexiga (Água).
Estimular também as relações de Sinergismo e Antagonismo e evitar a Subjugação de outros
órgãos.

VI. ZANG FU – SISTEMA DE ÓRGÃOS E VÍSCERAS:

a) Xin - Coração:

 Generalidades:

O Coração está no tórax e é protegido pelo Pericárdio. Pertence à fase Fogo e seu canal faz
relação interior-exterior com o meridiano do Intestino Delgado.

 Funções:

1. Comanda o Sangue e os Vasos Sangüíneos;


2. Armazena o Shen (Consciência);
3. Abre-se na Língua e manifesta-se na Face.

1. Coração Comanda o Sangue e os Vasos Sangüíneos:

A energia do ar (Qing Qi) entra nos Pulmões e associa-se com a energia dos alimentos sólidos e
líquidos (Gu Qi) proveniente do Baço e Estômago para formar a energia do peito (Zhong Qi) o
qual juntamente com o Coração e o Pulmão produz Sangue.
Por outro lado, o aspecto Yin do Jing, armazenado nos Rins, gera medula óssea, a qual também
produz o Sangue. O Zhong Qi auxilia os batimentos cardíacos. Além disso, ele ajuda o Pulmão
no movimento do Qi e o Coração na propulsão do sangue por todo o corpo.

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O Zhong Qi juntamente com Xin Qi (Qi do Coração), produzem os batimentos cardíacos e estes
enchem os vasos do sangue e colocam o sangue em movimentos e o sangue circula e nutre todo
o corpo.
Em síntese, o Qi movimenta o Sangue e o Pulmão governa o Qi. O Sangue nutre o Qi e o
Coração regula o movimento do Sangue. Portanto há uma promoção mútua entre o Qi, Sangue,
Coração, Pulmão e Zhong Qi.
Os batimentos cardíacos produzem o pulso, isto é, o movimento rítmico e pulsátil das
substâncias nos vasos sangüíneos (Xue Mai). O pulso reflete o estado do Qi e do Sangue em
circulação nos vasos sangüíneos.
Quando o Qi do Coração produz emanação abundante e harmoniosa de sangue, o batimento
cardíaco e o pulso são regulares e tranqüilos.
O Qi do Coração (Xin Qi) e Sangue (Xin Xue) são componentes de Qi e do Xue de todo o corpo
e formam a base material das atividades do Coração.
O Yin do coração (Xin Yin) e o Yang do Coração (Xin Yang) denotam aspectos da unidade
fisiológica do Coração. Quando o Qi do Coração é quente e próspero e o Xue do Coração é
pleno, os batimentos cardíacos apresentam forma regular e rítmica, o pulso é suave e forte e as
faces são adequadamente irrigadas e umedecidas pelo sangue e são coradas, e também possuem
brilhos. Se o Coração Yang está saudável haverá força nos batimentos cardíacos, suave fluxo do
Qi e Xue e dinamismo nas atividades mentais. Batimentos relativamente uniforme do Coração,
calma e estabilidade mental denotam boa condição do Yin do Coração.
Entretanto se há deficiência do Qi do coração (Xin Qi), aparecerão sinais de esgotamento e dano
no Yin do Coração, como rosto fosco, palpitações, pulso irregular e ainda êxtase sanguínea,
descoloração roxo-azulada, equimose, inatividade do sangue impedindo o fluxo do mesmo, que
poderá se manifestar como cianose facial e falta de calor nas extremidades. Ocorrendo a
deficiência do Sangue do Coração (Xin Xue), este não poderá nutrir e umedecer adequadamente,
e sinais de separação do Qi do Coração e do Xue (Sangue) do Coração aparecerão: vertigens,
fadiga mental, respiração curta e excessiva diaforese ou transpiração. Deficiência do Qi do
Coração poderão prejudicar a coordenação (Interpromoção e Interrestrição) entre o Yang do
Coração e o Yin do Coração, fazendo a doença evoluir de estágio de agravamento.

2. Coração Armazena o Shen:

O Eixo Milagroso (Ling Shu), cap. 71, diz: "O Coração é a Casa do Espírito", e no cap. 8 está
escrito: "A Mente é a Responsável pelo Desempenho das Atividades".
O termo Shen na M.T.C., numa acepção ampla significa o aspecto externo das atividades vitais
do corpo e em termos restritos significa o Espírito, a Consciência, englobando a Mente e o
Intelecto.
O Shen Pré-Natal (dos pais) juntamente com o Shen Pós-Natal (interação do Jing e do Qi)
formam o Shen. Por um lado o Shen mostra a emanação da Vitalidade do corpo e da Consciência
e por outro lado ele é armazenado, reunido no Coração (Coração - Sangue e Coração Yin). O
Shen Vitaliza o Corpo e a Consciência e Promove a Força Motriz por Detrás da Personalidade.
Quanto mais vigoroso e harmonioso for o Shen, maior será o brilho espiritual, resultando em
atividades mentais claras, calmas e pacíficas e atividades intelectuais claras e conscientes e
conduta adequada aos estímulos do meio ambiente. As principais desarmonias do Shen são:
Perturbações do Shen e Deficiência do Shen. Havendo Perturbações do Shen ocorrerá agitação,
insônia, memória fraca, ansiedade e pânico. Em condições mais severas produzir-se-á distúrbios
da conduta, como comportamento confuso, irracional, mania ou histeria. Nos casos extremos,
complicações como insanidade mental, delírio e perda da consciência. A Deficiência do Shen é
caracterizada por manifestações do indivíduo de desânimo, apatia e melancolia.

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Ambas alterações do Shen, principalmente a primeira poderão produzir desarmonia entre o


indivíduo e o meio ambiente, caso as emoções individuais e as respostas comportamentais não
sejam apresentadas no momento adequado.
O Eixo Milagroso (Ling Shu), cap. 8, declara: "O Coração Domina os Vasos (Mai) e Habita o
Shen". Considerando que o Coração comanda o Sangue e os Vasos e que o Sangue é a principal
base material das atividades mentais, o Shen e o Coração têm funções interrelacionadas. Quando
o Coração está vagaroso e harmonioso o Qi do Coração e Xue do Coração estão normais, o Xue
e o Yin do Coração podem abrigar o Shen adequadamente e há clareza e é possível refletir sobre
as circunstâncias. Se o Coração adoece, ele poderá fracassar em sua função de abrigar o Shen, o
que produzirá Perturbações ou Deficiência do Shen. O inverso também poderá ocorrer: se o Shen
perde sua harmonia poderá ficar Perturbado ou Deficiente e em seguida prejudicar o Xue do
Coração e o Yin do Coração que o abriga.

3. Coração Abre-se na Língua e Manifesta-se na Face:

O Meridiano do Coração emite uma ramificação que se conecta à língua, por isso o Coração
domina a Gustação e a Fala. Há uma próxima relação entre as funções do Coração (comandar o
sangue e vasos e abrigar o Shen) e a cor, forma, mobilidade e sentido da gustação, da língua, daí
a expressão: "A Língua é o Espelho do Coração". Quando há prosperidade e harmonia do Qi do
Coração, a língua será de cor rosada, úmida, com brilho, gustação normal e livre mobilidade. Se
o Coração adoece, suas desarmonias logo se refletem na língua. Apesar dessa íntima relação,
todos os demais Zang Fu estão relacionados com a língua, cuja observação faz parte do método
clássico de exame através da inspeção. Portanto a língua pode revelar distúrbios de todos os
Zang Fu.
As funções do Coração de Comandar o Sangue e os Vasos e Abrigar o Shen também se refletem
na compleição, tornando-a rósea e com brilho. O Coração é servido por numerosos vasos, a
condição do Shen, do Qi do Coração e à quantidade do Sangue em circulação se refletirá no
rosto. Por isto é dito no Questões Simples (Su Wen), cap. 9: "A Glória do Coração se Manifesta
no Rosto".

 Principais Padrões de Desarmonia:

1. Deficiência do Qi do Coração;
2. Deficiência do Yang do Coração;
3. Estagnação do Sangue do Coração;
4. Deficiência do Yin do Coração;
5. Flamejamento do Fogo do Coração;
6. Fleugma - Fogo Agitando o Coração.

b) Gan - Fígado:

 Generalidades:

O Fígado está situado no lado direito do hipocôndrio. Pertence à fase Madeira e seu canal está
conectado com o Canal da Vesícula Biliar, com o qual faz relação interior-exterior.
 Funções:

1. Comanda o Livre Fluxo do Qi;


2. Harmoniza as Emoções;
3. Harmoniza a Digestão;

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4. Harmoniza a Menstruação;
5. Armazena o Sangue;
6. Comanda os Tendões;
7. Abre-se nos Olhos e Manifesta-se nas Unhas.

1. Fígado Comanda o Livre Fluxo do Qi:

O Fígado tem a responsabilidade de fisiologia de assegurar a realidade do Fluxo do Qi no corpo


e o suave, livre e desobstruído movimento das substâncias através do corpo.
Tem o caráter de "desabrochar" (liberdade, facilidade de movimento), "gosta de moderação e
segurança" e possui aversão à obstáculos e estados depressivos. Quando a função do Fígado em
Promover o Livre Fluxo do Qi é harmoniosa poderá também haver harmonia das emoções, da
digestão, da menstruação e da secreção da bile.
Portanto o Fígado é responsável pela harmonia e regularidade das funções de todos os Zang Fu
e do comportamento. Por isso, Assegurar o Livre Fluxo do Qi é a Principal Função do Fígado.
Após o nascimento, o Baço comanda a Formação e a Quantidade de Qi no corpo; o Pulmão e o
Coração Distribuem seu Movimento e o Fígado regula o seu Movimento (Torna-o uniforme).

2. Harmoniza as Emoções:

Depois do Coração, considerando o Armazém do Shen o Fígado é o Zang-Fu mais


proximamente relacionado com a manutenção da harmonia da atividade emocional. Além de
promover o suave funcionamento do corpo, o Fígado também proporciona o equilíbrio
emocional do indivíduo e a harmoniosa interação entre o indivíduo e o meio ambiente externo.
Quando a função do Fígado de manter o livre fluxo do Qi está normal, o Qi e o Sangue se
encontram em harmonia e a Mente (Shen) à vontade, a qual estará em condições de responder
com equilíbrio aos estímulos emocionais internos e externos. Classicamente, tanto o Fígado
como a Vesícula Biliar estão também relacionados com o intelecto, sendo que o primeiro (o
Fígado) Influi no Planejamento das Ações e a Segunda (a Vesícula Biliar) na Tomada de
Decisões.
Quando o Fígado fracassa na incumbência de assegurar o Livre Fluxo do Qi, o fluxo das
emoções perderá sua uniformidade ou então será obstruído, provocando no indivíduo reações
inadequadas, desapropriadas ou exacerbadas em resposta aos estímulos do meio ambiente,
levando a comportamento individual desarmonioso e desequilíbrio entre o indivíduo e o meio
ambiente. Por outro lado, se o indivíduo é submetido a estímulos severos e prolongados do meio
ambiente, poderá gerar distúrbios no fluxo das emoções e afetar o Livre Fluxo do Qi.
Os distúrbios emocionais resultantes ou desencadeantes nas alterações hepáticas são geralmente
depressão, frustração, angústia, irritação e irritabilidade.

3. Harmoniza a Digestão:

A digestão é harmonizada pela próxima relação existente entre o Fígado e a Vesícula Biliar o
Baço-Pâncreas e o Estômago. Por um lado a função do Fígado de manter o Livre Fluxo do Qi
está relacionada com as funções de Ascensão e Descensão do Baço-Pâncreas e Estômago. Por
outro lado o excedente do Qi do Fígado secreta a Bile, a qual é armazenada pela Vesícula
Biliar que excreta nos intestinos para ajudar a digestão.
Se o Qi não flui adequadamente, poderão aparecer sintomas de Depressão do Qi do Fígado, tais
como sensação de distensão e dor no peito e hipocôndrio, depressão mental e irritação. Caso a
secreção da bile seja prejudicada, ocorrerá além dos sintomas digestivos; icterícia, gosto amargo
e vômito de líquido amarelo.

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Havendo eructos, náuseas e vômitos é sinal de invasão ao Estômago pelo Qi do Fígado e se este
estiver em desarmonia com o Baço-Pâncreas ocorrerá sinais de distensão abdominal e diarréia
também.

4. Harmoniza a Menstruação:

A função do Fígado de assegurar o Livre Fluxo do Qi, Promove a Harmonia da Menstruação.


Estando o Fígado em boas condições, o Qi circula livremente proporcionando regularidade no
Fluxo do Sangue, particularmente nas menstruações. Está também relacionada com a função do
Fígado de estocar o Sangue com os Rins e o Baço.

5. Fígado Armazena o Sangue:

O Fígado tem a Função de Armazenar o Sangue e Regular sua Quantidade em Circulação. O


capítulo 10, do Questões Simples (Su Wen) diz: "O Fígado Armazena o Sangue. O Sangue
Circula nos Vasos durante o Esforço e Permanece no Fígado durante o Descanso. . ."
O Fígado Regula o Volume de Sangue em Circulação nas diversas partes do corpo de acordo
com suas necessidades fisiológicas. Nos momentos de atividade do corpo, o sangue é liberado
do Fígado e entra nos Vasos, Aumentando seu Volume em Circulação. Durante o repouso, há
menos necessidade de nutrição então o volume de sangue em circulação diminui, pois parte dele
retorna ao Fígado, onde permanece armazenado.
Através dessa função, o Fígado poderá se prejudicar tanto no armazenar quanto na flutuação
irregular do volume de sangue em circulação. Estando o sangue afetado, outras funções do corpo
poderão apresentar alterações patológicas em função disso.

6. O Fígado Comanda os Tendões:

O termo tendões, enquanto associado a função do Fígado, refere-se mais ao aspecto contrátil dos
tendões, ligamentos e nervos. O Fígado, através de sua influência sobre o sangue, mantém as
atividades fisiológicas dos tendões, nutrindo-os e umedecendo-os. Quando o Sangue do Fígado é
consumido, ou seja, se há Deficiência do Sangue do Fígado, os tendões não serão
adequadamente supridos e haverá fraqueza dos músculos, alterações das articulações na
contração e estiramento (rigidez, espasmo, tremor). Quando o Calor Patogênico do Fígado
invade os tendões ocorrerá convulsão nas quatro extremidades, espasmo no pescoço, repuxão,
trismo (ranger dos dentes). Se a turbulência do Yang e do Fogo do Fígado (Hiperatividade do
Yang do Fígado), invade os Meridianos (Canais e Colaterais) da parte superior do corpo, poderá
romper o Fluxo do Qi e Xue com sinais de hemiplegia e paralisia facial. Segundo o Questões
Simples (Su Wen), cap. 74, diz: "Todas as situações em que se cai com visão embaraçada,
pertencem ao Fígado, todas as situações com espasmos no corpo, pertencem ao Vento. . ."

7. Fígado Abre-se nos Olhos e Manifesta-se nas Unhas:

Conforme diz o Eixo Milagroso (Ling Shu), cap. 8: "O Jing Qi dos Zang-Fu, fluem para
penetrar nos olhos, na visão". No cap. 17 do mesmo livro, está: "o Qi do Fígado está em
comunicação com os olhos, então podemos enxergar as 5 cores". Todos os Zang-Fu estão
envolvidos nas funções oculares e diversas desarmonias dos órgãos internos afetam os olhos.
Classicamente, dos Zang-Fu, o Fígado é o que mais proximamente está relacionado com os
olhos. O Sangue do Fígado está relacionado com a boa visão e o Qi do Fígado com o
discernimento das cores. Se há Deficiência do Sangue do Fígado, haverá presença de visão
embaçada ou confusa, olhos secos e pontos no campo da visão.

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Olhos vermelhos, doloridos e irritados são sinais de Flamejamento do Fogo do Fígado. Agitação
do Vento do Fígado pode produzir tremores no globo ocular.
A função do Fígado de Armazenar e Regular o Sangue reflete nas unhas. Se essa função está
normal, as unhas terão boa formação, resistência, brilho e cor rosa. Em casos de Deficiência do
Sangue do Fígado, reflexos nas unhas poderão surgir como, unhas pálidas, finas, fracas e secas
ou freqüentemente deformadas ou lascadas.

 Principais Padrões de Desarmonia:

1. Depressão do Qi do Fígado;
2. Deficiência do Sangue do Fígado;
3. Hiperatividade do Yang do Fígado;
4. Flamejamento do Fogo do Fígado;
5. Agitação do Vento do Fígado;
6. Calor-Umidade no Fígado e Vesícula Biliar;
7. Estagnação de Frio no Canal do Fígado.

c) Pi - Baço:

 Generalidades:

O Baço-Pâncreas está situado no Jiao médio. Corresponde à fase Terra e seu canal faz conexão
com o canal do Estômago, com o qual faz relação interior-exterior. Enquanto os Rins são
fundamentos das Energias Congênitas (Herdada dos Pais), o Baço é considerado o "Alicerce do
Céu Posterior" ou seja, das Energias Adquiridas (através da alimentação).

 Funções:

1. Comanda a Transformação e Transporte;


2. Comanda os Músculos e os Membros;
3. Governa e Produz o Sangue;
4. Sustenta os Órgãos;
5. Abre-se na Boca e Manifesta-se nos Lábios.

1. Baço Comanda a Transformação e Transporte:

Transformação corresponde à digestão e a separação (absorção) dos alimentos sólidos e líquidos


em funções relativamente puras e impuras, enquanto que o Transporte implica em transmissão,
condução, levar adiante os nutrientes.
A fração impura dos alimentos passa do Estômago para o Intestino Delgado, Intestino Grosso e
Bexiga para absorção e excreção. A fração pura absorvida pelas vísceras são por elas e pelo
Baço, principalmente Baço e Estômago, transformadas em substância nutriente, isto é, Gu Qi.
Esta é ascendida pelo Baço ao peito, onde sob ação do Pulmão combina-se com a energia pura
proveniente do ar (Qing Qi) para formar as substâncias puras Qi, Xue e Jin Ye.
A função de Transformação e Transporte do Baço também realiza o processamento dos
alimentos líquidos (Jin Ye) nas frações pura e impura. A fração pura é separada pela San Jiao em
Jin, parte mais leve, dinâmica, Yang e Ye, parte mais densa substancial Yin. O Baço ascende o
Jin ao Pulmão, de onde vai aquecer, umedecer e nutrir os músculos, pele e pêlos (juntamente
com Wei Qi).

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Ye, a parte mais densa, substancial, Yin é distribuída de forma semelhante, para umedecer e
nutrir os Zang-Fu, meridianos, articulações, ossos e orifícios somáticos. Além de participar do
metabolismo (transformação) dos líquidos, o Baço tem a responsabilidade de transportá-los a
todos os tecidos do corpo. Esse transporte na ida umedece os tecidos, os quais são ainda
liberados do excesso de Umidade, a qual é transportada de volta.
Se o Baço fracassar em sua função de Transporte e Transformação dos alimentos, haverá
distúrbios na digestão e nutrição com manifestação como anorexia, distensão abdominal, diarréia
pastosa, emagrecimento e desnutrição. Se fracassar na Transformação e Transporte dos líquidos
poderá gerar retenção de líquidos com manifestação de edema, diarréia e Fleugma. O
processamento dos alimentos se interrelaciona com os líquidos, por isso muitas vezes os dois
grupos acima de manifestações ocorrem concomitantemente.

2. Baço Comanda os Músculos e os Membros:

Questões Simples (Su Wen) cap. 44 - diz: "o Baço está envolvido nas alterações dos músculos".
Se a função do Baço de Transformação e Transporte apresenta bom desempenho, aos músculos
(carnes), e aos quatro membros serão adequadamente transmitidos a nutrição e umedecimento.
Desta forma estes se apresentarão com apropriado volume, força, resistência e aquecimento.
Quando a deficiência do Baço afeta sua função de Transporte, os músculos não são
suficientemente supridos de nutrição e tornam-se fracos em seu tônus, isto é frouxos, magros,
podendo definhar e até mesmo atrofiarem, e os membros tornam-se fracos e frios e o corpo
letárgico.

3. O Baço Governa o Sangue:

Além de contribuir na Produção do Sangue, o baço também o Influencia. O Baço Governa o


Sangue, ou seja, o Baço tem a função de manter dentro de seu próprio caminho (os vasos)
evitando sua extravasão. Quando o Qi do Baço está Deficiente, particularmente o Yang do Baço,
suas funções de manter e limitar o sangue dentro dos vasos poderão não ser bem sucedidas, e
neste caso o sangue vazará com diferentes tipos de hemorragias podendo ocorrer.

4. Baço Sustenta os Órgãos:

Enquanto o Qi do Estômago descende, o Qi do Baço caracteriza-se pela Ascensão. A função de


Transformação e Transporte depende da fisiologia e Ascensão do Qi do Baço. O Qi do Baço,
particularmente do Yang do Baço, contribui na sustentação dos órgãos internos, marcadamente o
Estômago e aqueles situados no Jiao Inferior, como intestinos, reto, útero, Bexiga e Rins.
Quando o Yang do Baço está deficiente, o Qi não ascende ou então toma o sentido inverso, isto
é, afunda. Manifestação como vertigem, visão confusa, diarréia crônica seguida de prolapso do
reto ou ptose de vários órgãos, poderão ocorrer.

5. Baço abre-se na Boca e Manifesta-se nos Lábios:

A entrada de alimentos e o sentido da gustação estão aproximadamente relacionados com a


função do Baço de Transporte e Transformação. Se o Qi do Baço é abundante, haverá bom
apetite, a boca distingue bem os cinco sabores e os lábios são bem supridos de Qi, Xue e Jin Ye,
ou seja, serão vermelhos e úmidos.

CURSO DE FORMAÇÃO EM FITOTERAPIA 69


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Quando ocorre deficiência do Qi do Baço, a percepção dos sabores fica prejudicada, a boca fica
pegajosa ou com sensação de sabor adocicado devido ao acúmulo de Umidade no Baço ou então
ao fracasso na função de Transporte e Transformação. Caso haja Calor no Baço e Estômago,
poderá ocorrer secura, rachaduras ou feridas nos lábios.

 Principais Padrões de Desarmonia:

1. Deficiência de Qi do Baço-Pâncreas;
2. Deficiência de Yang do Baço-Pâncreas;
3. Qi do Baço-Pâncreas não Governa o Sangue;
4. Afundamento do Qi do Baço-Pâncreas;
5. Invasão de Umidade-Frio no Baço-Pâncreas;
6. Mucosidade Turva Estorvando a Cabeça.

d) Fei - Pulmão:

 Generalidades:

O Pulmão situa-se no tórax, comunica-se com a garganta e abre-se nas cavidades nasais.
Pertence à fase Metal e seu canal conecta-se com o meridiano do Intestino Grosso, com o qual
faz relação interior-exterior. Em termos anatômicos, ocupa a mais alta posição de todos os Zang-
Fu, por isso o Questões Simples (Su Wen) diz: "O Pulmão é a abóbada dos órgãos".

 Funções:

1. Comanda o Qi e Governa a Respiração;


2. Controla a Difusão e a Descensão;
3. Movimenta e Ajusta os Canais de Água;
4. Comanda o Exterior do Corpo (pele);
5. Abre-se no Nariz e Manifesta-se nos Pelos.

1. Pulmão Comanda o Qi e Governa a Respiração:

O Qing Qi (Qi do Céu) absorvido pelo Pulmão associa-se no peito com Gu Qi absorvido dos
alimentos pelo Baço-Pâncreas e Estômago e formam o Zhong Qi (Qi do Peito) que concentra-se
no peito formando o "Mar do Qi". Por isso o Questões Simples (Su Wen), cap. 5, diz: "O Qi do
Céu está em Comunicação com o Pulmão". O Zhong Qi serve como força dinâmica da
respiração e voz; juntamente com o Qi do Coração produz os batimentos cardíacos e auxilia a
Circulação do Sangue e ainda está relacionado com o metabolismo no corpo.
A função de Dominar o Qi abrange dois aspectos: o Domínio do Qi da Respiração e o Domínio
do Qi de Todo o Corpo.

a) O Pulmão Comanda o Qi:

O Zhong Qi se acumula no peito, ascende à garganta e juntamente com o Pulmão promove a


respiração e a descensão e a dispersão do Qi por todo o corpo para manter as funções fisiológicas
dos órgãos e tecidos. Os movimentos de inspiração e expiração estão relacionados com os
movimentos de Dispersão e Descensão do Qi.

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O Questões Simples (Su Wen) cap. l0, diz: "Toda espécie de Qi pertence ao Pulmão". Quando o
Pulmão está vigoroso e harmonioso sua função de comandar o Qi é normal, a formação do Qi
será próspera e haverá força para fazer o Qi circular pelo corpo. Se o Qi do Pulmão estiver débil,
a formação e o movimento do Qi poderão ficar prejudicados, provocando deficiência do Qi ou
estagnação do Qi, começando com sinais como: fraqueza geral, voz baixa, respiração fraca ou
falta de ar, etc.

b) O Pulmão Governa a Respiração:

Dos 5 Zang, o Pulmão é o único que estabelece contato direto com o exterior. Constitui-se no
órgão da respiração, dentro do qual realiza-se a troca entre o Qi Puro proveniente do exterior
Qing Qi (Energia do Céu), isto é, da atmosfera e o Qi Turvo exalado do interior do corpo. Daí a
sentença tradicional: "Livrando-se do Viciado e Tomando o Fresco".
O Zhong Qi ajuda o Pulmão na respiração, onde serve como força dinâmica da respiração e
expiração do ar. Enquanto as funções do Zhong Qi e do Qi do Pulmão de governar a respiração
estiver harmoniosa a respiração será suave e regular.
Se o Qi do Pulmão estiver fraco, poderá afetar o surgimento e a acumulação do Zhong Qi,
podendo acarretar deficiência ou obstrução do Qi e distúrbios respiratórios.

2. Pulmão Controla a Difusão e a Descensão:

Sob o comando do Pulmão, fisiologicamente o Qi e o Jin Ye são dispersados suavemente e são


descendidos precipitadamente.

a) O Pulmão Controla a Difusão:

O termo Dispersão, quando empregado como função do Pulmão, refere-se à Difusão, Irradiação,
Distribuição por todo o corpo do Qi Defensivo (Wei Qi) e dos Líquidos Orgânicos (Jin Ye). Essa
tarefa é realizada pelo Qi do Pulmão (Fei Qi) e pelo Qi Verdadeiro (Zheng Qi).
Formado no Pulmão, pela associação do Gu Qi, o Zheng Qi se manifesta de duas formas: como
Energia Defensiva (Wei Qi) mais sutil, e Energia Nutridora (Yong Qi) mais densa. A separação
do Jin Ye é completada pelo Pulmão, Jin a parte mais leve, é separada do Ye, a parte mais densa.
O Pulmão, através de sua ação fisiológica da Dispersão difunde as frações leves e as frações
densas do Zheng Qi e do Jin Ye pelo corpo. A fração mais leve, constituída de Wei Qi e Jin é
dispersada para os músculos, pele e pêlos (inclusive glândulas sudoríparas) onde circulam juntos
porém fora dos Meridianos (Jing Luo), com a finalidade de nutrir, umedecer, aquecer e
principalmente proteger a superfície do corpo. O Eixo Milagroso (Ling Shu), cap. 30 diz: "O Qi
refere-se à substância que tem origem no Jiao Superior, difunde a parte essencial da água e
alimentos, aquece a pele, enche o alto do corpo e umedece os pelos, gosta de irrigar pelo
nevoeiro e pelo orvalho". A última oração dessa frase refere-se ao modo sutil com o qual o Wei
Qi e o Jin dispersados suprem o corpo.
A fração relativamente mais densa, composta de Yong Qi e Ye é distribuída aos órgãos e
circulam juntas pelo corpo através principalmente dos Jing Luo e também pelo vasos (Xue Mai)
para nutrir, aquecer e umedecer.
Quando o Pulmão fracassa na sua função de Dispersão, tensão no peito, obstrução nasal, tosse,
expectoração e outras perturbações relacionadas com Deficiência e Estagnação do Qi e Jin Ye
poderão ocorrer.

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b) Pulmão Controla a Descensão:

Como regra geral dos órgãos superiores, a direção natural do movimento de suas energias é para
baixo. Ocupando o Pulmão a posição mais alta dos Zang-Fu, dentro do corpo tem
responsabilidade de Descensão do Qi e Jin Ye. Entretanto a função do Pulmão de Descensão do
Qi está relacionada com a função dos Rins que tem a função de Recepcionar o Qi. O Qi inalado
é descendido pelo Pulmão aos Rins que tem a função de ajudar o Descenso, Receber e Submeter
o Qi. Se, por incapacidade do Pulmão ou dos Rins, ou de ambos, o processo de descensão do Qi
não for concluído, o ritmo respiratório será alterado e a função de Dispersão também será
prejudicada. No segmento do processamento e circulação do Jin Ye, o Pulmão recebe o Jin Ye
impuro em forma de vapor e o liqüefaz, em seguida descende esse resultado para os Rins, o qual
excreta uma parte e outra é vaporizada e enviada de volta ao Pulmão. Além de prejudicar a
função de Dispersão, o fracasso do Pulmão em descender o Jin Ye poderá acarretar disúria,
oligúria e edema.

3. Pulmão Movimenta e Ajusta os Canais da Água:

A função pura do Jin Ye proveniente do Baço, é recebida, separada, enviada pelo corpo e sua
circulação é ainda regulada pelo Pulmão. Por isso é atribuído ao Pulmão, o papel de "Abrir e
Regular as Vias da Água". Ele é também chamado de "A Fonte Superior da Água".
Dispersão, Descensão e Regulação do Jin Ye são funções proximamente relacionadas. O Jin Ye
é distribuído de três formas: Dispersado para a superfície do corpo (Jin), distribuído e descendido
pelo interior do corpo (Ye) e descendido para os Rins (Ye). Se o Pulmão estiver fraco, sua
função de Dispersar, Descender e Regular o Fluxo de Jin Ye poderá apresentar desequilíbrios.
Quando não promove apropriadamente a Dispersão do Jin e do Wei Qi, transpiração deficiente,
excessiva ou espontânea ocorrerá. Se a Descensão e a Dispersão são afetadas ao mesmo tempo,
poderá haver edema local, particularmente na região superior do corpo ou edema geral.

4. Pulmão Comanda o Exterior do Corpo (Pele):

O Pulmão e o exterior do corpo possuem relações mútuas. A respiração promove o Qi, que
promove a Dispersão e a Descensão. O Pulmão se comunica com o exterior do corpo através da
Dispersão (Wei Qi e Jin). A superfície do corpo, constituída de tecido celular subcutâneo, pele,
glândulas sudoríparas, poros e pêlos, quando devidamente nutridos, aquecidos e umedecidos
pelo Wei Qi, e Jin, desempenha a função de anteparo de defesa do corpo contra os fatores
patogênicos externos (Vento, Frio, Secura, Umidade, Calor, Tóxicos).
Por outro lado, as glândulas sudoríparas e os poros têm função de dispersar o Jin Ye, o Qi e
contribuem na função da respiração, por isso é dito: "os poros são as portas do Qi". Portanto, se
o Pulmão executa suas funções adequadamente, a camada superficial exterior do corpo
apresentará bom estado. A pele terá boa cor, brilho e umidade, os pêlos serão abundantes e
saudáveis, a abertura e fechamento dos poros serão normais, gerando transpiração harmoniosa e
todos eles protegerão o interior proporcionando boa resistência do corpo contra a invasão dos
fatores patogênicos externos.
O Pulmão, além de ser o mais alto dos órgãos, é o único Zang que possui comunicação direta
com o ambiente externo, isso ocorre pelo contato direto com o ar respirado. Também se
comunica indiretamente com o meio ambiente através da pele.
Ele esta amplamente sujeito às variações das energias climáticas, as quais podem facilmente
afetá-lo, por isso foi chamado pelos antigos de "órgão frágil".

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Quando o Pulmão está fraco, isso poderá provocar deficiência em sua função de Dispersão, o que
irá prejudicar a atividade protetora do Wei Qi, o que facilitará a penetração do Xie Qi (agente
patogênico) e alguns sinais são: propensão a contrair resfriados ou constipação, ou então aversão
ao frio, obstrução nasal, calafrio, tosse.

5. Pulmão Abre-se no Nariz e Manifesta-se nos Pêlos:

O nariz é a "porta da respiração" e a abertura somática do Pulmão. A garganta é a "porta do


Pulmão" e a "residência das cordas vocais". Ambos formam a "via da respiração". O Pulmão
comanda as funções respiratórias e olfatória do nariz e as funções respiratória e vocal da
garganta.
Se há Deficiência de Qi do Pulmão, sua função de Dispersão poderá ser prejudicada. Se ocorrer
invasão do Vento-Frio externo, seja pela penetração nasal, oral ou através da pele, aparecerão
sinais como obstrução nasal, rinite, alteração do som da voz, garganta dolorida e etc.
Se houver Calor Patogênico no Pulmão, poderá surgir falta de ar, vibração da narina, fossa nasal
ressecada, rouquidão ou afonia, inflamação do nariz e da garganta e etc.
"O brilho do Pulmão se manifesta nos pêlos". Estando o Pulmão em condições normais, os pelos
serão lustrosos, saudáveis e em boa quantidade. Entretanto essa manifestação está englobada na
função do Pulmão de comandar o exterior.

 Principais Padrões de Desarmonia:

1. Deficiência do Qi do Pulmão;
2. Deficiência do Yin do Pulmão;
3. Invasão do Pulmão pelo Vento;
4. Retenção de Fleugma no Pulmão.

e) Shen - Rins:

 Generalidades:

No Compêndio Zhen Jiu Da Cheng (escrito por Yang Ji Zhou em l60l) está: "Há dois Rins. Os
Rins têm a forma de feijões. Pesam l Jing, l Liang cada um; estão colocados à l4ª vértebra e se
acham l de cada lado na mesma altura que o umbigo". Pelo fato de conterem os Rins a região
lombar foi descrita como "o lar dos Rins".
Corresponde à fase Água e seu meridiano faz relação interior-exterior com o meridiano da
Bexiga.
O Rim é a Raiz da Vida, a Raiz do Qi, o Alicerce do Yin e Yang, o Alicerce da Água e do Fogo
Interno.

 Funções:

1. Armazena o Jing (Essência);


2. Comanda o Nascimento, Crescimento, Desenvolvimentos e Reprodução;
3. Comanda os Ossos e Produz a Medula;
4. Alicerça o Yin e Yang;
5. Comanda o Metabolismo da Água;
6. Comanda a Recepção do Qi;
7. Abre-se nos Ouvidos, Controla os Orifícios Inferiores e se Manifesta nos Cabelos.

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1. O Rim Armazena o Jing (Essência):

Jing é o Princípio Essencial, a Essência da Vida. Constitui-se na Substância Pura Fundamental,


a base material com a qual é construída a estrutura física do corpo e se monta suas diversas
atividades funcionais. O Su Wen cap. 4 diz: "O Jing é a Base do Organismo".
O Jing é formado por duas partes: Essência Congênita (Pré-Natal) e a Essência Adquirida (Pós-
Natal).
A Essência Congênita é também chamada de Essência Inata, Essência Pré-Natal, Essência
Reprodutora. Constitui-se na Substância Pura Original a qual é "essencial" na formação do
corpo. Ela é herdada dos pais. Está contida no Rim, que por isso é chamado de "Raiz da Vida".
É o "Céu Anterior", isto é, aparece antes de tudo, precede até mesmo a polarização Yin-Yang,
por isso é chamado de "Alicerce do Yin-Yang". Considera-se que o Jing Congênito como Fonte
de Energia Não Substituível, Não Renovável, pode ser conservada mas não pode ser reposta.
A Essência Adquirida ou Essência Pós-Natal ou ainda Essência de Nutrição é a Substância Pura
Fundamental derivada das energias dos alimentos líquidos e sólidos e mantém as funções do
corpo e supre a construção física. Se comparada com o Jing Congênito, possui curta duração, por
isso necessita reposição.
As duas essências são interdependentes e se promovem mutuamente. O Jing Qi Congênito,
antes do nascimento prepara a base material para receber o Jing Qi Adquirido. A partir do
nascimento o Jing Qi Adquirido Ajuda, Assiste e Sustenta o Jing Qi Congênito. Essas duas
energias se encontram armazenadas no Rim, que por isso também foi chamado de "Raiz do Qi".
Embora ambas sejam indispensáveis à vida, dos dois, o Jing Qi Adquirido é o mais importante.
O Jing Qi circula no sistema Jing Luo, particularmente na malha dos 8 Canais Extra. Daí irriga
os Órgãos e Vísceras e o Corpo, principalmente as vísceras curiosas, com as quais tem próxima
relação. Além disso, sua circulação nos Meridianos consolida a harmonia das substâncias no
corpo.

2. Comanda, Nascimento, Crescimento, Desenvolvimento, Reprodução e Envelhecimento:

O Jing Congênito tem a incumbência de transmitir a herança (Gens). Ele se reúne com o Jing
Adquirido e juntos formam o Jing. O Jing, armazenados nos Rins dão origem ao Jing dos Rins
ou Qi Essencial dos Rins.
Através do Dai Mai, Ren Mai e Chong Mai os Rins estão proximamente ligado ao útero, sob o
qual exerce grande importância e influência. É através do Jing que o os Rins desempenham seu
papel de importância em todo o processo do nascimento, isto é concepção, gravidez e parto.
Após o nascimento o Jing (Essência) dos Rins continua atuando dentro do corpo com
responsabilidade de promover o crescimento, desenvolvimento e envelhecimento.
Portanto a presença de prosperidade ou declínio de Jing dos Rins exerce a influência direta nos
processos do nascimento (integridade física e metal, boa ou má constituição orgânica), do
crescimento, desenvolvimento, reprodução e envelhecimento.
O capítulo l, do Su Wen (Questões Simples), mostra claramente a importância do Rim
(Emanação renal) no crescimento, desenvolvimento, reprodução e envelhecimento e demarca
cada período do ciclo vital em 7 anos para mulher e 8 anos para o homem. Essa descrição pode
ser resumida da seguinte forma:

1. Infância (7 e 8 anos):

 A emanação renal é abundante;


 A dentição muda e os cabelos se alongam;
 A mudança na pele e no pêlo.

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2. Adolescência ( l4 e l6 anos):

 A emanação renal flui (Ren Mai) e floresce (Chong Mai);


 Início da menstruação;
 Início da emissão seminal;
 Amadurecimento da função sexual e reprodutora.

3. Adulto (21 e 24 anos):

 A emanação renal está parada;


 Desenvolvimento dos últimos dentes;
 No homem os músculos são potentes e os ossos vigorosos;

4. Adulto (28 e 32 anos):

 Na mulher os músculos e os ossos estão consolidados, os cabelos atingem seus maior


tamanho e o corpo em pleno vigor;
 No homem os músculos estão salientes, as carnes viçosas e vigorosas.

5. Adulto (35 e 40 anos):

 Na mulher o canal Yang Ming declina, o rosto começa a murchar e os cabelos a cair;
 No homem a respiração do Rim enfraquece, os cabelos os dentes começam a cair.

6. Adulto (42 e 48 anos):

 Na mulher os canais Yang declinam, todo o rosto resseca-se e os cabelos começam a


esbranquiçar;
 No homem o Yang na região superior está esgotado. O rosto se resseca e as têmporas
ficam grisalhas.

7. Adulto (49 e 56 anos):

 Na mulher o Qi do Vaso Concepção declina, o Qi do Chong Mai começa a enfraquecer e


escassear, a energia sexual inicia a exaustão e a menstruação pára; então seus corpo
começa a envelhecer e ela não pode mais engravidar;
 No homem a energia sexual começa a declinar, o sêmen começa a escassear e os Rins
ficam fracos e todas as partes do corpo começam a envelhecer.

8. Velhice (Aos 64 anos):

 No homem os dentes e os cabelos caem.

3. Os Rins Comandam os Ossos e Produz Medula:

No Questões Simples (Su Wen) está descrito: "os Rins Controlam os Ossos" (cap. 23). "os Rins
produzem Medula" (cap. 5), e o Eixo Milagroso (Ling Shu) cap. 33 declara: "o cérebro é o mar
da medula". Os Rins armazenam o Jing, cujo aspecto Yin gera a medula (óssea). A medula óssea
se desenvolve na cavidade óssea, transforma e produz parte do sangue e promove a nutrição, o

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crescimento e a consistência dos ossos. Daí a responsabilidade dos Rins na fluidez do


movimento do corpo e na produção de sangue.
Considerando como prolongamento, ou excedente dos ossos, os dentes, consequentemente
pertencem ao domínio dos Rins.
A medula espinhal ascende à cabeça para formar e encher o mar da medula, isto é, o qual é
controlado parcialmente pelos Rins em pelo menos dois aspectos: no tocante à sua nutrição de
Jing pela medula espinhal e de sangue gerado pela medula óssea por um lado, e por outro lado
pela próxima ligação entre os Rins e os órgãos dos sentidos, particularmente ouvidos e olhos.
Enquanto a essência dos Rins for suficiente haverá rica fonte de produção da medula, assim os
ossos serão nutridos de Jing (através da medula espinhal e sangue) e os ouvidos e olhos ouvindo
e enxergando adequadamente. Na presença de Deficiência de Jing dos Rins poderá ocorrer:
Fracasso na promoção dos ossos com manifestações de fraquezas e dores na região lombar e nos
joelhos, fraqueza das pernas e no andar, atrofia das pernas (paralisia), bambeza ou queda dos
dentes, nas crianças poderá haver atraso no fechamento da fontanela, distúrbios do crescimento e
deformações ósseas; Fracasso na função de produção de sangue e nutrição do cérebro com
manifestações de vertigem, perda de consciência, dificuldade de ouvir ou enxergar.

4. Os Rins são os Alicerces do Yin Yang:

Os Rins são os alicerces do Yin Yang, da Água e Fogo, dentro de todo o corpo, inclusive dentro
dos Zang-Fu. Os Rins abrangem seus aspectos Yin e Yang. O aspecto Yang envolve Yang do
Rim, Fogo do Rim, Essência dos Rins (aspecto Yang), Ming Men e Yuan Qi. O aspecto Yin,
envolve o Yin dos Rins, Água do Rim, e Essência dos Rins (aspecto Yin). O Rim Yang é a
fonte de Yang Qi de todo o corpo, o qual Aquece e Promove as funções dos órgãos internos e
tecidos. Os Rins Yin é a fonte dos líquidos (Yin) de todo o corpo, os quais umedecem e nutrem os
órgãos internos e tecidos. Por isso os antigos chamaram os Rins de "casa da Água e do Fogo".
Se comparados entre si, o Jing é de natureza Yin e o Qi de natureza Yang. Assim muitas vezes a
Essência dos Rins é chamada de Yin dos Rins (Shen Yin) e o Qi dos Rins chamado de Yang dos
Rins.
O Ming Men (Portão da Vida) é classificado como Yang e abrange o campo de atividades dos
Rins Yang, que inclui as funções das glândulas supra-renais.
O Yin dos Rins e o Yang dos Rins se Promovem e se Restringem mutuamente para manter o
equilíbrio dinâmico funcional de todo o corpo.

Observação:

Se o Yang dos Rins está deficiente, fracassará na sua função de promover o aquecimento e
controlar o Yin. As desarmonias típicas são: astenia mental, friagem e dores na região lombar e
nos joelhos; corpo e membros frios, frigidez e infertilidade (útero frio) nas mulheres e
impotência nos homens.

Havendo deficiência do Yin dos Rins, ele fracassará na sua função de controlar o Yang, o qual se
tornará libertado. Desarmonias típicas poderão ocorrer, como calor nas palmas, solas e região
precordial (Coração), febre à tarde, transpiração noturna e sonhos eróticos nas mulheres.

5. Os Rins Dominam o Metabolismo da Água:

Os Rins são o Alicerce do Fogo (Yang) e da Água (Yin) no corpo e governa o equilíbrio entre
eles. O processo de regulação e distribuição dos Líquidos Orgânicos constitui uma importante
responsabilidade dos Rins.

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Os alimentos líquidos e sólidos são primeiramente recebidos pelo Estômago, o qual juntamente
com o Baço-Pâncreas os transforma e separa. Parte desse material forma a fração pura e fração
impura de Jin Ye, sendo que esta última é encaminhada ao Intestino Delgado e parte é
encaminhada à Bexiga e oura enviada ao Intestino Grosso. A fração pura é levada ao Pulmão,
onde recebe o Qi do Ar, realizada completa separação. A fração pura mais leve (Jin-Vapor) é
dispersada aos músculos e pele e desempenha um papel semelhante ao Wei Qi. Já a fração pura
mais densa (Ye-Fluídos) é distribuída pelo Pulmão através do corpo (Zang-Fu, tecidos e
orifícios) e quando essa circulação de fluídos se torna impura, esses fluídos são liqüefeitos pelo
Pulmão e descendida aos Rins. Os Rins separam esses líquidos em fração impura que é enviada à
Bexiga onde poderá haver reabsorção de parte desse produto e a outra parte (urina) é excretada.
A fração pura dos líquidos é transformada em vapor pelos Rins e ascendido ao Pulmão para
retornar ao ciclo de circulação dos fluídos.
O Yang dos Rins desempenha as funções de aquecer, ativar e mobilizar o transporte.
Transformação dos alimentos do Baço e Estômago, a vaporização dos líquidos pelos Rins e sua
ascensão ao Pulmão e o processamento dos líquidos pela Bexiga.
Se a atividade do Qi dos Rins é deficiente, suas responsabilidades de excretar o excesso de
líquido ("abrir") e de armazenar o volume de líquido necessário ao organismo ("fechar") poderão
ser afetados.
A deficiência do Yang dos Rins pode gerar deficiência do Yang do Pulmão, o qual não produz
"secura" suficiente, ou melhor, não produzem a mobilização do Jin Ye, o qual se acumula,
porque a "abertura" não funciona adequadamente ocasionando micção difícil e edema.
Por outro lado se o Yin dos Rins apresenta deficiência, poderá ocorrer deficiência do Yin do
Pulmão desencadeado um processo de excesso de secura e calor, ocasionando diminuição de Jin
Ye, resultando em inflamação.

6. Os Rins Controlam a Recepção do Qi:

O Pulmão realiza a captação (inspiração) do Qi puro do ar, e envia abaixo aos Rins através de
sua função de descensão do Qi. Esse processo é auxiliado pelos Rins, que têm a responsabilidade
de Receber e Subjugar o Qi descendido pelo Pulmão. Quando o Qi dos Rins e o Qi do Pulmão
estão saudáveis, a respiração mostra-se suave e regular. Havendo deficiência nos Rins, eles não
têm força para submeter apropriadamente o Qi recebido, tanto num caso ou noutro ou ainda em
ambos os casos de deficiência, resultará em insubmissão do Qi no Pulmão, com sinais de
desordem em sua função de Dispersão e Descensão e do processo de inalação, tais como:
dispnéia com dificuldade de inalar que se agrava com o movimento, asma, etc.

7. Os Rins Abrem-se nos Ouvidos, Manifestam-se nos Cabelos e Controlam os Orifícios


Inferiores:

Os ouvidos são considerados as aberturas superiores dos Rins; a uretra e o ânus, suas aberturas
inferiores. No cap. 17 do Eixo Milagroso (Ling Shu) está escrito: "o Qi dos Rins vai as orelhas,
se os Rins estão em harmonia; os ouvidos podem ouvir os 5 sons." Embora esse relacionamento
seja clássico, outras Zang-Fu influenciam esses tecidos. Se por um lado os cabelos são
considerados excedentes do sangue, por outro lado é a manifestação exterior do Qi do Rim. O
Jing (Essência) e o Sangue (Xue) promovem-se mutuamente. Os cabelos são nutridos pelo
sangue, mas sua vitalidade é suprida pelo Qi dos Rins.
Se há deficiência da Essência (Jing) dos Rins, poderá causar redução da audição, zumbido ou nos
idosos surdez; embranquecimento prematuro, perda de brilho, ressecamento ou queda dos
cabelos; fezes duras, escassas e secas.

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Quando há presença de Deficiência do Qi dos Rins, poderão surgir sintomas como poliúria,
enurese, oligúria, ou retenção de urina.

 Principais Padrões de Desarmonia:

1. Deficiência da Essência (Jing) dos Rins;


2. Deficiência do Yang dos Rins;
3. Deficiência do Yin dos Rins;
4. Qi dos Rins sem Firmeza (Deficiência de Yang);
5. Os Rins Falham na Recepção do Qi (Deficiência de Yang).

f) Xiao Chang - Intestino Delgado:

 Generalidades:

O Intestino Delgado está situado no abdome. Pertence à fase Fogo e seu meridiano se conecta ao
canal do Coração com o qual está exterior-interiormente relacionado.

 Funções:

O Intestino Delgado tem a função de receber, separar, absorver e encaminhar os alimentos. O


resultado da transformação dos alimentos realizada pelo Estômago é enviado abaixo para o
Intestino Delgado. Este recebe os alimentos decompostos e os separa em fração pura e fração
turva. A primeira fração (Pura) é assimilada pelo Intestino Delgado que envia ao Baço, que
transforma e envia a todo o corpo. Da fração turva, a maior parte é enviada ao Intestino Grosso e
outra parte, constituída de líquidos é transmitida aos Rins e à Bexiga para outra separação e
ainda excreção.
Conforme o acima descrito, o Intestino Delgado por um lado está proximamente ligado ao
processo digestivo, isto é, com o Baço, o Estômago e Intestino Grosso. Por outro lado, também
está relacionado com o metabolismo da água, ou seja, com o Rim e a Bexiga.
Disfunções do Intestino Delgado poderão produzir alterações do movimento intestinal e outras
perturbações digestivas e urinárias. Pela tradicional ligação exterior-interior, o Calor proveniente
do Fogo no Coração poderá descer e prejudicar o Jiao Inferior, afetando também o Intestino
Delgado.

 Principais Padrões de Desarmonia:

1. Obstrução do Qi do Intestino Delgado;


2. Excesso de Calor no Intestino Delgado.

g) Dan - Vesícula Biliar:

 Generalidades:

A Vesícula Biliar está localizada no lado direito do hipocôndrio. Pertence à fase Madeira e seu
canal está conectado ao canal do Fígado com o qual está exteriormente relacionado.

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 Funções:

Sua função principal é receber e armazenar a bile produzida pelo Fígado, liberando-a
periodicamente ao Intestino Delgado para auxiliar a digestão dos alimentos. A bile é uma
substância pura que possui estado líquido, cor amarelada e sabor amargo. Em condições normais
a Vesícula Biliar promove, a descensão do seu Qi e da bile e colabora com a função de
transformação (digestão) do Baço e Estômago.
Além de estarem anatomicamente muito próximos, as funções da Vesícula Biliar possuem
estreitas relações com as funções do Fígado, de manter o Livre Fluxo do Qi.
Em condições normais a Vesícula Biliar promove a Descensão de seu próprio Qi e da bile. Se ela
não é bem sucedida na execução de suas funções, o Qi poderá tomar sentido contrário, isto é,
subir provocando sabor amargo na boca, vômito de gosto amargo e de cor amarelada e ainda
prejudicar a função de Transformação e Transporte do Estômago e do Baço, o que neste caso
produzirá distensão abdominal e fezes pastosas.
No plano intelectual o Fígado é associado com o Planejamento e a Vesícula Biliar com a
Tomada de Decisões.
Na clínica, as desarmonias do Fígado e da Vesícula Biliar aparecem amiúde, simultaneamente,
devido à próxima relação entre eles. Nas afecções como icterícia, hepatite, colecistite e
desordens digestivas relacionadas com a bile, transtornos emocionais como angústia,
irritabilidade, irracibilidade, distúrbios do sono como pesadelos, insônia e desordens intelectuais
como dificuldade de planejar, falta de discernimento, falta de coragem e firmeza de decisões,
indecisão, timidez, o tratamento é direcionado a ambos os órgãos, Fígado e Vesícula Biliar.
O medo quando se manifesta em ternos de indecisão e timidez, está associado à desarmonias da
Vesícula Biliar e se for em termos de pânico e ansiedade está associado ao Coração.
Desarmonias da relação entre o Coração e a Vesícula Biliar poderão gerar sinais como medo,
inquietação e irritabilidade, inclusive palpitações.
Pelo fato de não produzir substância pura e por apresentar configuração oca e ajudar na digestão,
a Vesícula Biliar é considerada uma das seis vísceras (Fu). Entretanto, ela possui uma
particularidade que a diferencia das demais vísceras: não recebe nem transmite alimentos, apenas
armazena e libera um líquido puro, isto é, a bile. Por isso é também classificada como Víscera
Curiosa.

 Principais Padrões de Desarmonia:

1. Calor-Umidade no Fígado e Vesícula Biliar;


2. Deficiência do Qi da Vesícula Biliar.

h) Wei - Estômago:

 Generalidades:

O Estômago está localizado no Jiao Médio (Epigástrio). Acima se conecta com o esôfago e
embaixo com o Intestino Delgado. Sua entrada é a cárdia e sua saída é o piloro. O Estômago
pertence à fase Terra e seu canal conecta-se com o canal do Baço-Pâncreas.
As atividades de Transformação e Transporte são realizadas em conjunto pelo Estômago e Baço,
por isso foram chamados de "Alicerces do Adquirido". Além de formar par, possuem amplas
atividades fisiopatológicas. Suas diferenças básicas estão comparadas abaixo:

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ESTÔMAGO BAÇO-PÂNCREAS
Yang; Yin;
Fu (Víscera) = Oca; Zang (Órgão) = Sólido;
Recebe a Comida e a Bebida; Transforma a Comida e a Bebida;
Seu Qi Normalmente Descende; Seu Qi Normalmente Ascende;
Ascensão da energia do estômago = vômito; Descensão do Qi do Baço = diarréia;
Gosta de umidade, não gosta de secura; Gosta de secura, não pode com a umidade;
Tende à deficiência de Yin e sinais de calor. Tende à deficiência de Yang e sinais de frio.

 Funções:

Receber, decompor e assimilar os alimentos são as funções do Estômago. A comida e bebida


entram pela boca, descem pelo esôfago e são recebidas pelo Estômago. Em seguida inicia-se a
Transformação, isto é, a decomposição, de cujo resultado é separado em função relativamente
mais pura, a qual é assimilada e enviada ao Baço, sob qual influência e é formado o Qi, Xue e Jin
Ye, substâncias puras que vão suprir todo o corpo. A fração impura é enviada às vísceras I.
Delgado, I. Grosso e Bexiga para outra digestão e para excreção.
O Baço e Estômago atuam em conjunto, possuem grande atividade e constituem os principais
órgãos realizadores da função de digestão e absorção. O Baço governa o movimento de
Ascensão da fração pura dos alimentos enquanto o Estômago tem a incumbência de Descender a
fração menos pura. Ambas funções são fonte de sustentação da vida.
Quando há perturbação na função de Descensão do Estômago o Qi se torna insubmisso e toma o
sentido contrário (sobe), e ocorrem manifestações como inapetência, eructos, náuseas e ainda
incômodo, dor e distensão no epigástrio.

 Principais Padrões de Desarmonia:

1. Retenção de Fluídos no Estômago devido ao Frio;


2. Retenção de Alimentos no Estômago;
3. Deficiência do Yin do Estômago;
4. Flamejamento do Fogo do Estômago.

9. Pang Guang - Bexiga:

 Generalidades:

A Bexiga está situada na região inferior do abdome. Corresponde à fase Água e seu meridiano
por relação interior-exterior é o canal dos Rins. As funções da Bexiga estão proximamente
relacionadas às dos Rins.

 Funções:

Conforme declara o Questões Simples (Su Wen), Cap. 8: "A Bexiga tem a função subalterna e
local de retenção dos líquidos". Sua principal responsabilidade é receber, estocar
temporariamente e transformar a fração impura dos líquidos antes de excretá-la do corpo sob a
forma de urina.
Os fluídos impuros provenientes do Pulmão são recebidos pelos Rins. Mais aqueles oriundos dos
Intestinos Delgado e Grosso são também recebidos pela Bexiga, a última víscera por onde
passam.

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O Qi dos Rins, ou melhor, o Yang dos Rins assiste a Bexiga na sua função de reter e transformar
os líquidos. Essa atividade apresenta alterações como micção freqüente, enurese e incontinência
urinária ou então distúrbios como disúria ou anúria, quando houver deficiência do Yang.
O San Jiao tem a responsabilidade de mobilizar e metabolizar o Jin Ye. Portanto há uma relação
fisiológica entre a Bexiga e o Jiao Inferior. A incapacidade do San Jiao na função de promover o
livre movimento dos líquidos poderá gerar obstrução da "Passagem das Águas" com acúmulo de
Umidade, a qual se estagnar, ocorrerá Calor-Umidade na Bexiga. Este estado pode ser também
desencadeado ou agravado pela invasão da energia nociva externa ou por distúrbio de outros
Zang-Fu.

 Principais Padrões de Desarmonia:

1. Umidade-Calor na Bexiga.

10. Da Chang - Intestino Grosso:

 Generalidades:

O Intestino Grosso está localizado no abdome. Pertence à fase Metal e seu meridiano faz
conexão exterior com o canal do Pulmão.

 Funções:

A função do Intestino Grosso é receber o resultado das transformações dos alimentos sólidos e
líquidos provenientes do Intestino Delgado, absorver parte dos líquidos existentes, conduzir os
produtos restantes e transformá-los em fezes, as quais são por eles excretadas.

 Padrões de Desarmonia:

1. Abcesso Intestinal (semelhante à apendicite aguda da Medicina Ocidental);


2. Invasão do Intestino Grosso pelo Calor-Umidade;
3. Exaustão dos Líquidos do Intestino Grosso.

VII. ETIOLOGIA:

A Medicina Tradicional Chinesa enxerga uma relação única entre os sistemas Zang-Fu e os
tecidos do organismo (ou seja, cada órgão regendo ou regulando uma região ou tecido do corpo),
e também entre o organismo e o meio ambiente. Tudo está relativamente equilibrado a fim de
manter a função fisiológica normal do corpo. Quando este equilíbrio é afetado, ocorrem as
patologias.
Através de longa experiência na prática clínica, os antigos chineses perceberam que havia muitos
fatores que provocavam desequilíbrios no organismo, provocando as patologias, tais como
condições climáticas anormais, epidemias, emoções exacerbadas, danos causados por dieta
inadequada ou tensão emocional, trauma, picadas de insetos, etc., além dos produtos patológicos
resultantes das patologias, como estagnação do Xue (Sangue), Fleugma (Mucosidades), etc.
Todos estes fatores contribuem para os desequilíbrios do organismo.
A Etiologia da Medicina Tradicional Chinesa utiliza as manifestações clínicas como evidências,
isto é, através da análise dos sintomas e sinais de tais patologias, pode-se localizar os fatores
causais. Esta técnica é chamada "Checagem das Síndromes (sinais) para Localizar os Fatores
Causais das Patologias".

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Para o nosso estudo da Etiologia, precisamos preocupar com as propriedades (ou características)
dos fatores patogênicos e como e por qual razão provocam as patologias.
A Medicina Tradicional Chinesa sustenta que a ocorrência das patologias não depende apenas
dos fatores exógenos, mas também da resistência corpórea. A Medicina Tradicional Chinesa dá
a todos estes Fatores Patogênicos Exógenos o nome de Xie Qi, enquanto a resistência do
organismo contra as patologias é chamada de Zheng Qi. Quando o Zheng Qi está relativamente
debilitado, o Xie Qi terá a oportunidade de atacar e molestar o equilíbrio Yin e Yang do
organismo, provocando as patologias. Como diz o Su Wen: "Se um fator patogênico atacar o
organismo, o Zheng Qi deve estar debilitado". Além disso, "Quando Zhen Qi há no interior, o
fator patogênico será incapaz de interferir". Portanto, a invasão do Xie Qi deve-se à
insuficiência do Zheng Qi, que é a causa principal. O Xie Qi é uma condição necessária para a
ocorrência das patologias. O desenvolvimento, transformação e prognóstico da patologia
depende do equilíbrio realizado entre o Zheng Qi (Energia Verdadeira), o Xue (Sangue) e o Qi
(Energia).

 OS SEIS FATORES EXÓGENOS:

O Vento da Primavera (Fígado), o Calor de Verão ou Canícula (Baço-Pâncreas), a Umidade


de Verão (Baço-Pâncreas), o Fogo de Verão (Coração), a Secura de Outono (Pulmão) e Frio
de Inverno (Rins) são as seis variações do clima nas quatro estações. São também conhecidos
como os Seis Fatores Climáticos ou os Seis Qi (Energia) Exógenos.
O organismo humano tem a capacidade de adaptar-se às variações climáticas. Todavia, quando a
resistência corpórea está muito baixa (fraqueza no Zheng Qi e Wei Qi) para se adaptar a estas
mudanças climáticas, ou se houver alteração anormal do clima que suplante a adaptabilidade do
organismo, então os Seis Fatores Climáticos poderão tornar-se fatores patogênicos causadores
das patologias. Portanto, o Qi climático é considerado como um fator patogênico exógeno.
As patologias que não são causadas pelos fatores patogênicos exógenos, mas apresentam
sintomas similares às síndromes do Vento, Frio, Calor de Verão, Umidade e Secura, são
determinados Vento Interno, Calor Interno, Umidade Interna, Secura Interna e Fogo Interno.
Estes fatores endógenos patogênicos são o resultado das disfunções entre os sistemas Zang e
Fu.

1. VENTO:

O Vento Patogênico prevalece na Primavera, sendo um fator patológico comum da gripe. É um


agente patogênico de característica carreador, ou seja, encaminha outros fatores patogênicos para
dentro do corpo. Causa patologias em conjunto com outros fatores patogênicos como Vento-
Frio, Vento-Calor, Vento-Umidade, etc.

a) O Vento é um fator patogênico Yang, caracterizado pelo Fluxo Ascendente. Quando ataca
o organismo freqüentemente afeta primeiro a região superior. Por exemplo, se o Vento
Patogênico exógeno causar uma gripe, os sintomas serão cefaléia, obstrução nasal, prurido
ou dor de garganta, etc., que se limitam à parte superior do corpo. Se o Vento Patogênico
induzir a uma patologia em conjunto com a Umidade, os sintomas serão edema ocular e
facial;
b) O Vento é caracterizado pela dispersão exterior. Se o Vento Patogênico atacar o
organismo, poderá afetar o Qi Defensivo (Wei Qi) causando desarranjo na abertura e
fechamento dos poros. Os sintomas clínicos são febre, sudorese, aversão ao Vento, etc.

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c) O Vento sopra em rajadas e é caracterizado pelas mudanças bruscas. Nos dizeres do Su


Wen: "O Vento é bom para viajar e sofre mudanças freqüentes". As patologias causadas
pelo Vento são caracterizadas pela migração geográfica e por sintomas que aparecem e
desaparecem. O início é abrupto e desaparece rapidamente, por exemplo, a dor migratória
das articulações nas Síndromes Bi, que geralmente envolvem dor nas articulações e
prurido intolerável de urticária.
d) O Vento é caracterizado pelo movimento constante. O Vento Patogênico causa a
dificuldade motora ou mobilidade anormal do tronco e nos membros manifestadas pela
convulsão, opistótono, espasmos e tremor dos quatros membro, ou ainda rigidez no
pescoço. Como diz o Su Wen: "O Vento predominante causa sintomas caracterizados
pelos movimentos".
e) O Vento pode associar-se a outros fatores patogênicos. O Vento Patogênico pode vir
seguido do Frio, da Umidade, ou Calor tornando-se Vento-Frio, Vento-Umidade ou Vento-
Calor. O Vento também pode estar associado a alguns produtos patológicos como Fleugma
(Mucosidade), formando o Vento-Mucosidade. Os sintomas frequentemente observados
causados por Vento Patológico exógeno são conhecidos como Shangfeng (Vento
Danificador).

Principais Manifestações Clínicas: Febre, aversão ao Vento, sudorese, pulso superficial, secura
e prurido na garganta, tosse, obstrução e secreção nasal.
Estes sintomas são decorrentes do dano causado pelo Vento Patogênico Exógeno à superfície
corpórea e ao Pulmão (Fei). Se o Vento Patogênico Exógeno atacar a pele e os músculos, o Wei
Qi (Qi Defensivo) é danificado e fracassa na defesa da superfície corpórea. Assim, a sudorese
e a aversão ao Vento ocorrem.
Quando o Wei Qi (Energia Defensiva) combate o Vento Patogênico Externo (Xie Qi), a febre
surge. Quando a patologia está localizada no exterior do organismo, ocorre a sudorese com pulso
superficial. Quando o Vento Patogênico Exógeno ataca o Pulmão (Fei), torna-se anormal sua
função de dispersão e descendência do Qi bem como provoca a disfunção da distribuição do Jin
Ye (Líquidos Orgânicos). As manifestações clínicas são, secura e prurido na garganta, tosse,
obstrução e secreção nasais.

2. FRIO:

O Frio Patogênico é prevalecente no Inverno e como se trata de um fator patogênico Yin pode
consumir o Yang. Também apresenta características de contratura e estagnação, sendo descritos
como:
a) Frio Patogênico, por tratar-se de um fator patogênico Yin, pode consumir o Yang Qi do
organismo, produzindo as síndromes do Frio. Se o Frio Patogênico atacar a superfície
corpórea levando ao fechamento dos poros e obstrução do Qi Defensivo (Wei Qi),
manifestar-se-á o sintoma de aversão ao Frio. Se o Frio Patogênico atacar diretamente o
Baço-Pâncreas (Pi) e o Estômago (Wei), provocará a danificação do Yang Qi e
disfunções de todo o processo digestivo. As manifestações clínicas são o vômito aquoso de
cor clara, diarréia, frio e dor nas regiões do epigástrio e abdome, dor aliviada pelo Calor e
agravada pelo Frio, extremidades frias, etc.
b) O Frio Patogênico é caracterizado pela contratura e estagnação. A invasão do Frio
patogênico pode causar contratura dos Vasos Sangüíneos (Xue Mai) e Tendões, bem
como a obstrução da circulação do Qi e do Xue, manifestando-se como dor de natureza
Fria. O Frio Patogênico pode também causar o resfriado comum com sintomas de dor nas
articulações e cefaléia.

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A estagnação do Frio no Meridiano do Fígado (Gan) provoca a hérnia de natureza fria, dor
e edema do testículo. O Frio Patogênico pode causar dor no Estômago e no abdome, etc.

As síndromes mais comuns causadas pelo Frio Patogênico Exógeno são classificadas como: Frio
Danificando a Pele e os Músculos, e Frio Danificando o Baço-Pâncreas (Pi) e o Estômago
(Wei).

a) Frio Danificando a Pele e os Músculos: Febre, aversão ao frio, ausência de sudorese,


obstrução e secreção nasal, cefaléia, asma, pulso tenso e superficial e prurido no corpo.
Febre, aversão ao frio, ausência de sudorese, pulso tenso e superficial são causados pelo
Frio Patogênico Exógeno que impede a disseminação do Wei Qi (Qi Defensivo). O Pulmão
(Fei) está estreitamente relacionado à pele e quando Wei Qi não pode ser distribuído, o Qi
do Pulmão (Fei) fracassa em dispersar e descender, causando obstrução e secreção nasal,
tosse e asma. O Frio Patogênico Exógeno também obstruirá os Meridianos, resultando na
estagnação do Qi e do Xue, o que se manifesta como cefaléia e dor no corpo.
b) Frio Patogênico Exógeno Afetando o Baço-Pâncreas (Pi) e o Estômago (Wei): Vômito,
diarréia, borborigmos e dor abdominal. Este grupo de sintomas é causado pela ingestão
excessiva de alimentos frios e crus ou exposição do abdome ao Frio.

Como o Vento-Frio Patogênico Exógeno danifica o Yang Qi do Baço-Pâncreas (Pi) e do


Estômago (Wei), as funções de ascendência e descendência do Qi através do Baço-
Pâncreas (Pi) e do Estômago (Wei) tornam-se desordenadas, provocando disfunção
digestiva e má absorção cujos sintomas são vômito, diarréia, dor abdominal, borborigmos,
etc.

3. CALOR DE VERÃO:

O Calor de Verão é um fator patogênico que ocorre apenas no Verão. É um fator patogênico
Yang com características descritas adiante:

a) O Calor de Verão é um fator patogênico Yang caracterizado pelo Calor Sufocante. Se o


Calor de verão Patogênico atacar o organismo, as manifestações clínicas são as síndromes
Yang do Calor, tais como febre alta, sensação de queimação na pele, irritabilidade, pulso
rápido e forte, etc.
b) O Calor de Verão consome o Qi (Energia) e o Yin (sendo consumido primeiro o Jin Ye),
caracterizando-se pela direção ascendente e pela dispersão. A invasão do Calor de Verão
Patogênico para a região da cabeça causa tontura, vertigem, dor de cabeça e sudorese
excessiva decorrente da abertura anormal dos poros. A sudorese excessiva exaure o Qi
(Energia) e o Jin Ye (Líquidos Orgânicos), e manifesta a sede, lábios e línguas secos,
constipação, urina concentrada e de cor amarela, etc.
c) O Calor de Verão Patogênico freqüentemente combina-se com a Umidade para provocar
patologias quando a temperatura e o ar úmido são muito elevados. Se o Calor-Umidade
de Verão atacar o organismo, as manifestações serão febre, sensação de peso na cabeça ou
mesmo no corpo todo, tez visivelmente mais brilhante (oleosa), plenitude nas regiões do
tórax e epigástrio, náusea, vômito, distensão abdominal, diarréia, etc. Os fatores
patogênicos no Verão são Calor de Verão, Insolação e Calor-Umidade de Verão.

Principais Manifestações Clínicas do Calor de Verão: Febre, sudorese excessiva,


irritabilidade, sede com preferência pela ingestão de líquidos frios, dispnéia, lassitude, debilidade
generalizada, urina escassa e de cor amarelada, pulso rápido.

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Principais Manifestações Clínicas da Insolação: Cefaléia leve, tontura e vômito para casos não
graves; cefaléia ou enxaqueca, colapso repentino, inconsciência, sudorese profusa e fria,
extremidades frias, pulso cheio e vigoroso para casos severos.
Este grupo de sintomas é provocado pelo calor forte do sol que afeta internamente a atividade do
Qi no organismo provocando prostração repentina do Qi (Estagnação) e diminuição rápida do Jin
Ye (desidratação).

Principais Manifestações Clínicas do Calor-Umidade de Verão: Febre, irritabilidade,


plenitude torácica, náusea, vômito, anorexia, lassitude, diarréia, urina de cor amarelada, pulso
suave, língua com saburra espessa e amarelada, etc.
Os sintomas resultantes da invasão do Calor-Úmido de Verão incluem os sintomas comuns de
Calor de Verão, tais como febre, irritabilidade, urina amarelada, etc., e os sintomas causados pela
obstrução da circulação do Qi-Úmido, tais como plenitude torácica, náusea, lassitude, corpo
pesado, tez brilhante, vômito e anorexia. Além disso, existem também os sintomas da Umidade
interna, tais como diarréia, pulso suave, língua com saburra espessa, etc.

4. UMIDADE:

A Umidade é outro fator patogênico causador de doenças no Verão uma vez que é a estação mais
chuvosa e úmida. É um fator patogênico Yin com as seguintes características:

a) A Umidade patogênica interrompe a atividade funcional do Qi (Energia) e provoca a


danificação do Yang do Baço-Pâncreas (Pi). As funções do Baço-Pâncreas (Pi) são
melhores no ambiente seco, sendo suscetível à Umidade, uma vez que a Umidade
Patogênica pode atacar o Yang do Baço-Pâncreas (Pi).
Se o Yang do Baço-Pâncreas (Pi) for afetado pela Umidade Patogênica, ocorrerá disfunção
no Transporte e Transformação, assim como obstrução da atividade funcional do Qi
(Energia). Os seguintes sintomas ocorrerão: distensão e plenitude nas regiões do epigástrio
e abdome, anorexia, sudorese, tez muito brilhante (oleosa), gosto adocicado na boca,
diarréia, extremidades frias, etc.
b) A Umidade Patogênica é um fator patogênico substancial caracterizado pelo peso,
turbidez, viscosidade, estagnação e lentidão. A invasão pela Umidade Patogênica também
causa os sintomas de peso no corpo, distensão e dor no tronco e nas extremidades. As
secreções e as excreções do paciente têm características túrbidas e sujas. A duração das
patologias é longa.
c) A Umidade Patogênica é caracterizada pela direção descendente, sendo um fator
patogênico Yin que ataca freqüentemente a parte inferior do corpo. Como diz o Su Wen:
"Quando a Umidade ataca o organismo, afetará primeiro a parte inferior". As
manifestações clínicas são a úlcera e o edema das extremidades inferiores, pernas pesadas,
dolorimento muscular, dor nas articulações dos membros inferiores, etc.

As síndromes mais freqüentes causadas pela Umidade Patogênica são Umidade Exterior e a
Síndrome Bi-Umidade.

Principais Manifestações Clínicas da Umidade Exterior: Febre, aversão a Frio, febre


persistente após a sudorese, sensação de peso no corpo e na cabeça, tez brilhante, dor nos quatro
membros, língua com saburra fina, úmida, lisa, de cor branca e pulso fraco e lento.
Estes sintomas são decorrentes da danificação da superfície corpórea através da Umidade
Patogênica. Quando há obstrução causada pela Umidade, será danificado o Yang Qi do
organismo e bloqueado o Qi Defensivo (Wei Qi). Assim, a febre e a aversão ao Frio ocorrerão.

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A Umidade é caracterizada pela sensação de peso, turbidez e viscosidade. Desta forma, a febre
não abaixa após a sudorese. Além disso, outras manifestações, tais como sensação de peso na
cabeça e no corpo, aspecto brilhante do rosto, e/ ou do corpo, dolorimento dos quatro membros,
língua com saburra úmida e lisa e pulso fraco poderão ocorrer.
Manifestações Clínicas da Umidade Bi: A Umidade-Bi é uma das Síndromes Bi decorrente da
Umidade patológica excessiva, também conhecida como síndrome Bi-Fixa (Umidade).
Sinais: Dolorimento e inchaço persistente em determinado local, dor e sensação de peso nas
articulações, dificuldade motora e parestesias da pele.
As síndromes Bi indicam a obstrução através do Vento, ou Umidade nos Meridianos que causa
danos nas articulações, pele e músculos. A Umidade é caracterizada pela sensação de peso e
turbidez, assim, as sensações de peso e edema permanecem fixas nas articulações.

5. SECURA:

A Secura é o Fator Patogênico principal no Outono, e suas características são as seguintes:

a) A Secura Patogênica pode consumir o Yin, especialmente o Jin Ye (Líquidos


Orgânicos). As manifestações clínicas são a secura na boca, lábios e nariz, secura na
língua, pele seca e rachada, fezes secas, etc.
b) A Secura Patogênica pode danificar o Pulmão (Fei). Este é considerado o sistema
sensível que prefere Umidade equilibrada, limpeza e descendência. Se a Secura Patogênica
atacar o corpo a partir da boca e do nariz, provavelmente o fluído Yin do Pulmão (Fei) será
consumido, o que pode acarretar disfunção da Dispersão e Descendência, manifestando-se
tosse seca, expectoração escassa, pegajosa, difícil e/ou hemorrágica, etc.

As síndromes mais comuns causadas pela Secura Patogênica são a Secura-Fria e a Secura-
Morna.
Principais Manifestações Clínicas da Secura-Fria: Febre, aversão ao Frio, cefaléia, ausência
de sudorese, secura na boca e nariz, pele seca, tosse com escassa ou nenhuma expectoração e
língua com saburra branca e fina.
Os sintomas de Secura Fria são similares aos sintomas causados pelo Frio Patogênico Exógeno,
mas acompanhados dos sintomas de insuficiência do Jin Ye (Líquidos Orgânicos).

Principais Manifestações Clínicas da Secura-Morna: Febre, aversão suave ao Frio e ao


Vento, cefaléia, sudorese escassa, tosse seca, ou tosse com pequena quantidade de expectoração
pegajosa, pele seca, sede, irritabilidade, língua com a ponta e laterais vermelhas e língua com
saburra escassa e seca. A síndrome da Secura-Morna é similar à síndrome do Calor-Suave,
indicando que o Jin Ye (Líquidos Orgânicos) está exaurido.

6. FOGO, CALOR E CALOR SUAVE:

Fogo, Calor, e Calor Suave são fatores patogênicos Yang. São da mesma natureza, mas
diferentes quanto à intensidade. O Fogo é o resultado do Calor Extremo. O Calor Suave é menos
Severo. Estes tipos de Calor são algumas vezes denominados Fogo-Calor-Patogênicos ou Calor-
Suave-Patogênico e são caracterizados pela chama ascendente e danificadora do Yin, com
tendência a perturbar o sistema Sangue (Xue). Algumas características especiais são:

a) O Fogo é caracterizado pela chama ascendente. As manifestações clínicas são febre,


sede, sudorese profusa, etc.

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Se o Fogo Patogênico percorrer o interior atacando a mente, poderá causar irritabilidade,


ansiedade, insônia, ou mesmo mania, inconsciência, e delírio em casos mais graves. Uma
vez que o Fogo Patogênico é capaz de chamejar em ascendência, as manifestações clínicas
podem ocorrer na maior parte, nas regiões da cabeça e face, tais como edema e dor nas
gengivas decorrente do Fogo no Estômago (Wei), úlceras na língua e boca, cefaléia,
hiperemia da conjuntiva, dor e edema oculares.

b) O Fogo Patogênico é capaz de consumir o fluído Yin. As manifestações são febre,


aversão ao Calor, muita sensação de calor, acompanhados de sede com preferência pela
ingestão de líquidos frios, secura na garganta e na boca, constipação, urina de cor
amarelada, etc.

c) O Fogo Patogênico pode causar distúrbios do Sangue (Xue) e Derrame. Em casos menos
graves ocorrerá somente uma pulsação rápida decorrente da aceleração da circulação
sanguínea.

Em casos mais graves, os Vasos Sangüíneos (Xue Mai) e os Meridianos e Ramificações


(Jing Luo) podem ser danificados, manifestando vários sintomas hemorrágicos, tais como
hematêmese, epistaxe, urina ou fezes com sangue, fluxo menstrual excessivo, erupções na
pele, furúnculos e úlceras externas, etc. A síndrome comum causada pelo Fogo (Calor) em
seu estágio inicial é a síndrome Calor-Exterior.

Principais Manifestações Clínicas: Febre, aversão leve ao Frio, cefaléia, dor de garganta, sede,
urina amarelada, fezes secas, língua com pontas e laterais vermelhas, pulso rápido e superficial,
etc. Estes sintomas são decorrentes da invasão do Fogo (Calor) na superfície corpórea a qual
consome o Jin Ye (Líquidos Orgânicos).
Isto conclui a discussão dos efeitos dos 6 Fatores Patológicos Exógenos (Externos) no
organismo humano. Em geral, estes fatores danificam primeiro a superfície corpórea (Wei Qi)
e, a seguir, manifestam-se como Síndrome Exterior (Acometimento Externo) com sintomas de
Febre e aversão ao Frio.

 FATORES EPIDÊMICOS:

Além dos 6 Fatores Patogênicos Exógenos, há uma outra categoria conhecida como Fatores
Epidêmicos que consiste na fonte das doenças epidêmicas. Sua natureza é similar ao Calor
Patogênico e ao Calor de Verão, porém mais perniciosa e intensa quanto à sua
patogenicidade; é geralmente acompanhada pela Umidade Patogênica. As patologias
epidêmicas são perigosas, com mudanças rápidas e drásticas como se observa na cólera,
sarampo, varíola e em outras doenças contagiosas agudas.

 SETE FATORES EMOCIONAIS:

A Medicina Tradicional Chinesa (M.T.C) enfatiza a relação entre as patologias e as atividades


mentais. As atividades mentais emocionais são categorizadas como os Sete Fatores
Emocionais: Alegria, Ira, Melancolia, Mágoa, Preocupação, Medo e Pavor. Estes são os
principais fatores patogênicos das patologias endógenas.
As Sete Emoções patogênicas são reflexos psicológicos do estado mental humano ou são
induzidas por vários estímulos ambientais. Sob condições normais, este fenômeno psicológico
não causará patologias.

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Todavia, se as emoções forem muito estressantes e constantes, ou se o paciente for ou estiver


muito sensível ao estímulo, estes podem então induzir a mudanças agudas e prolongadas que
podem resultar em patologias. Considera-se que os fatores emocionais patogênicos são capazes
de perturbar as atividades funcionais do Qi (Energia), por exemplo, segundo um ditado antigo:
"A Ira faz o Qi (Energia) precipitar-se em sentido Ascendente, a Dor consome o Qi (Energia),
o Medo causa a descendência do Qi (Energia), o Pavor faz o Qi (Energia) fluir
desordenadamente e a Preocupação excessiva provoca a estagnação do Qi (Energia)".
Os fatores emocionais patogênicos diferentes também danificam seletivamente determinados
sistemas Zang-Fu. Por exemplo, a Ira prejudica o Fígado (Gan), a Alegria em demasia
danifica o Coração (Xin), a Dor, a Melancolia e a Mágoa lesam o Pulmão (Fei), a
Preocupação afeta o Baço-Pâncreas (Pi), o Medo e o Pavor prejudicam o Rim (Shen). Embora
os fatores emocionais patogênicos respectivamente sejam prejudiciais aos cindo sistemas Zang,
eles estão relacionados principalmente ao Coração (Xin). Nos dizeres do Ling Shu: "O Coração
(Xin) é o Monarca dos cinco sistemas Zang-Fu. Por essa razão, a Mágoa e a Melancolia
também perturbam o Coração (Xin), e um distúrbio do Coração (Xin) afeta os 5 sistemas
Zang-Fu".

 OUTROS FATORES PATOGÊNICOS:

Além dos fatores patogênicos anteriormente mencionados, existem também fatores patogênicos
relacionados à Ingestão Inadequada de Alimentos, Tensão Emocional e Estresse ou Exercícios
Físico Deficiente ou Excessivo, Lesões Traumáticas, Parasitas e Produtos Patológicos tais
como a Mucosidade (Tanyin) e a Estagnação do Sangue (Xue).

1. DIETA INADEQUADA:

a) Alimentar-se em Demasia: Ter apetite ou comer vorazmente pode provocar patologias


causadas pela nutrição deficiente, e conduzir a um abastecimento insuficiente do Qi e do
Xue, que causam debilidades generalizadas no organismo. Alimentar-se em excesso
prejudica as funções digestivas e a absorção, manifestando os sintomas de dor e distensão
nas regiões do epigástrio e do abdome, eructação, regurgitação ácida, anorexia, vômito,
diarréia, etc.
b) Tendência a Favorecer Determinado Tipo de Alimento: A ingestão do alimento deve
ser variada. Desta forma, garantem-se as substâncias nutrientes necessárias. A tendência a
favorecer determinado tipo de alimento pode provocar patologias decorrentes da
insuficiência das substâncias nutritiva. Por exemplo, ingerir arroz branco por período
prolongado pode causar beribéri (carência de vitamina B, causando polineurite
generalizada com distúrbios neuromusculares profundos e paralisias musculares); ingerir
durante muito tempo água com deficiência de iodo pode causar o bócio; a tolerância a
alimentos com temperos picantes ou muito quentes pode provocar secura na boca, halitose,
diabetes, etc.; indulgência quanto ao fumo, álcool ou alimento gorduroso ou muito
temperado pode produzir indigestão devido a Mucosidade (Tanyin ou Fleugma), plenitude
torácica, expectoração excessiva ou furúnculos e úlceras.
c) Ingestão de Alimentos Contaminados: Alimentar-se de produtos contaminados, tóxicos
ou estragados (envenenamento alimentar) pode dificultar as funções dos intestinos e
estômago causando manifestações clínicas como distensão e dor nas regiões do epigástrio e
abdome, náusea, vômito, borborigmo, diarréia, etc.

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2. TENSÃO EMOCIONAL E ESTRESSE E EXERCÍCIOS FÍSICOS DEFICIENTES


E/OU EXCESSIVOS:

A tensão emocional prolongada pode ocasionar lassitude, debilidade, cansaço das quatro
extremidades, asma ou dispnéia; pode ainda lesar lentamente o Sangue, causando tremores leves
contínuos, etc.
A falta de atividades físicas pode provocar o retardamento da circulação do Qi e do Xue, e
sistemas Zang-Fu doentios, debilidade generalizada, lassitude, anorexia, tontura, palpitação,
insônia, etc., além da possibilidade de contrair patologias causadas por fatores Patogênicos
Exógenos (Xie Qi). Do contrário, o excesso de atividade física pode lesar a Energia (Qi) e o
Sangue (Xue), produzindo debilidade em um ou mais Zang e/ou Fu. Além disso, a Medicina
Tradicional Chinesa considera prejudicial a atividade sexual excessiva, uma vez que consome a
Essência (Jing) do Rim (Shen) manifestada pelo dolorimento e debilidade dos joelhos, lumbago,
tontura e vertigem, zumbido no ouvido, lassitude e apatia, embranquecimento e queda precoce
dos cabelos ou mesmo espermatorréia, impotência e leucorréia.

3. LESÕES TRAUMÁTICAS, DOENÇAS EPIDÊMICAS E PARASITÁRIAS:

Lesões traumáticas incluem incisões, traumas provocados por armas de fogo e lesões por objeto
cortante, queimaduras, escaldaduras, contusões, torções ou picadas e mordidas provocadas por
animais. Em casos menos severos, as lesões que somente danificam a pele incluem dor,
hemorragia, hematomas decorrentes da obstrução dos Vasos Sangüíneos (Xue Mai). Enquanto
em casos graves podem incluir-se lesões dos tendões, ossos e órgãos internos manifestados como
deslocamento das articulações, fraturas, hemorragias decorrentes da ruptura de órgãos internos,
prostração, etc.
Diversas doenças epidêmicas e parasitárias caracterizadas por um início brutal ou sorrateiro, de
caráter contagioso, que minam lentamente a saúde ou de forma fulminante, foram descritos nos
textos médicos antigos, e em suas diferentes descrições receberam nomes de Xie Qi, Qi Impuro,
Espírito Mau, Qi Inabitual e Qi Envenenado. Entre essas doenças epidêmicas e parasitárias
foram estudadas: a cólera, a peste, a difteria, a varíola, a difteria, a escarlatina, o sarampo, a
disenteria bacteriana, a ascaridíase, teníase, enterobíase, entre outras.

4. MUCOSIDADES (TANYIN-FLEUGMA):

Mucosidade (Tanyin-Fleugma) pode formar-se pelo acúmulo e condensação de Jin Ye (Líquidos


Orgânicos), portanto apresenta estreita relação com as alterações funcionais do Pulmão (Fei),
Baço (Pi) e Rins (Shen) que controlam o metabolismo da água. Pode também ser produzido pela
ingestão excessiva de bebidas alcoólicas ou alimentos gordurosos ou muito temperados,
provocando a Estagnação do Qi do Fígado (Gan) e a alteração das atividades funcionais do
Qi.

5. ESTAGNAÇÃO DO SANGUE (XUE):

Sob condições normais, o Sangue (Xue) circula continuamente dentro dos Vasos Sanguíneos
(Xue Mai) a determinada velocidade. Qualquer circulação retardada do Sangue (Xue) ou o
Sangue (Xue) derramado nos espaços entre os tecidos pode provocar a Estagnação. Suas
síndromes são caracterizadas como segue:

a) Dor: A localização da dor é fixa com sensibilidade local e apresenta sensações em


pontadas ou perfurantes;

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b) Hemorragia: A Estagnação do Sangue (Xue) previne o fluxo normal dentro dos Vasos
Sanguíneos (Xue Mai) causando derramamento e hemorragia. O Sangue (Xue) é quase
sempre de cor vermelha escura ou púrpura;
c) Equimose ou Petéquias: A estagnação do Sangue (Xue) forma equimoses ou petéquias
subcutâneas acompanhadas de dor local. Inicialmente, apresentam uma cor vermelha que
se modifica para púrpura ou amarela, finalmente desaparecendo. Se a língua apresentar
uma cor púrpura peculiar, pode estar presente a equimose ou as petéquias, o que é
significativo para o diagnóstico das patologias causadas pela Estagnação do Sangue (Xue);
d) Tumor: A maioria dos tumores especialmente as grandes protuberâncias na cavidade
abdominal são relacionados à Estagnação do Sangue (Xue). A localização dos tumores
deve ser fixa e imóvel, acompanhados de dor.

VIII. MERIDIANOS:

Os Meridianos ou Canais de Energia (ou Bioenergia) derivam da visão chinesa de que o homem
consiste num micro universo dentro de um macro universo. Desta forma, o homem estaria sujeito
diretamente às leis da natureza.
Dentro destas leis (todas embasadas no sistema bipolar energético chamado de Yin e Yang) o
corpo humano não fugiria às regras. Este corpo é formado por células, estas por moléculas. As
moléculas são resultantes de uma aglutinação de átomos, os quais, ao final da cadeia, são
partículas formadas pela concentração de energia e constituídas por um núcleo energético, ao
redor do qual gravitam partículas de constituição físico-energética de polaridades diferentes, mas
que se atraem.
Essa composição do organismo humano, evidentemente, não era formulada assim pelos sábios
chineses. Estes apenas afirmavam que o organismo humano é formado por ENERGIA, sendo
divisível em partículas cada vez menores, até atingirem o tamanho do infinitamente pequeno.
As leis da energia que regem o Macrocosmo são as mesmas que regem o Microcosmo. A
ENERGIA manifesta-se de uma forma bipolar com duas fases distintas e opostas, que se
alternam na formação básica de todos os seres. Da mesma forma, ela está presente na formação
atômica das moléculas que constituem as nossas células vivas. É a energia física em sua
essência, decorrente do fato de que, no universo, tudo é ritmo e alternância, manifestando-se de
duas formas opostas, mas complementares: o YIN e o YANG, o NEGATIVO e o POSITIVO.
São duas fases da Energia (Qi) alternando-se à velocidade da Luz.
São dois processos essencialmente físicos, submetidos às mesmas leis que regem, no universo, a
existência da energia ELÉTRICA e MAGNÉTICA. A energia ELETROMAGNÉTICA é
emanada da Terra, do sol, dos astros e das estrelas, sendo a base da formação do universo.
O nosso organismo físico, como o de todos os seres existentes, é bombardeado permanentemente
pela energia eletromagnética gerada pelo universo. Essa energia é absorvida pelo corpo através
de pontos especiais ou pontos captores existentes em todo o organismo, pontos em que a
resistência à passagem de corrente elétrica é menor.
Assim como os poros absorvem produtos do ambiente externo, os pontos captores absorvem
energia, agindo como verdadeiros poros energéticos. São pontos que tanto podem receber como
emitir correntes de energia ELETROMAGNÉTICA.
Ao penetrar no ponto, essa energia é condensada e, ao atingir determinada profundidade, passa
por uma modificação em suas características, transformando-se em BIOENERGIA.
A BIOENERGIA passa a circular por canais internos (MERIDIANOS), alguns superficiais,
outros profundos, formando uma rede muito mais complexa que os demais canais biológicos
(vasos sanguíneos, vasos linfáticos, sistema nervoso). Essa energia chega até o núcleo das
células, das moléculas, dos átomos e de suas partículas subatômicas.

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Desta forma está o ser humano definido como uno ao universo, formados ambos em sua essência
(homem e universo), do mesmo atributo: ENERGIA.
O livro HUANG QI NEI JING, no volume LING SHU, relata que “a Energia começa no
meridiano do Pulmão e termina no meridiano do Fígado, recomeçando sem cessar, o mesmo
trajeto”.
A seguir, veremos mapas dos meridianos principais a fim de que esse mapeamento contribua no
entendimento da fisiologia energética e também da patologia dentro da visão chinesa.

1. MERIDIANO DO PULMÃO:

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2. MERIDIANO DO INTESTINO GROSSO:

3. MERIDIANO
DO ESTÔMAGO:

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4. MERIDIANO DO BAÇO-PÂNCREAS:

5. MERIDIANO DO CORAÇÃO:

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6. MERIDIANO DO INTESTINO DELGADO:

7. MERIDIANO
DA BEXIGA:

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8. MERIDIANO DOS RINS:

9. MERIDIANO
DO PERICÁRDIO:

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10. MERIDIANO DO TRIPLO AQUECEDOR:

11. MERIDIANO
DA VESÍCULA BILIAR:

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12. MERIDIANO DO FÍGADO:

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13. MERIDIANO DO VASO CONCEPÇÃO:

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14. MERIDIANO DO VASO GOVERNADOR:

OBS.: Este capítulo sobre MERIDIANOS dentro do curso de FITOTERAPIA não tem como
objetivo um estudo aprofundado sobre trajetos e pontos ao longo dos mesmos, mas sim iniciar o
aluno no entendimento do fluxo energético, no possível trajeto dos produtos patológicos (Muco,
Sangue, Calor, Umidade, Frio,etc.) dentro do corpo, para que o mesmo, com um pequeno e
inicial entendimento sobre esta rede energética, possa usá-la para complementar seu diagnóstico.

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Aqueles interessados em ampliar seus conhecimentos sobre este tópico, devem procurá-lo em
literaturas específicas e complexas citadas na Bibliografia do curso.

IX. AS ERVAS PELO MUNDO:

A maior parte das informações sobre o passado da medicina chinesa datam de 227 a.C em diante.
Antes disso diversos materiais existentes foram destruídos devidos às guerras feudais.
Acredita-se que no período anterior a 227 a.C, a medicina na China possuía uma estrutura
familiar, sendo ensinada de pai para filho, de geração em geração. Este período é chamado de
período Xamanístico, pois os praticantes da arte de curar deste tempo, utilizavam seus recursos
de tratamentos associados à rituais e magias. Há ainda relatos arqueológicos de uso apropriado
de vestimentas durante as práticas de tratamento que se assemelhavam a um pássaro com uma
cauda longa, sendo esta roupa adornada com peles e penas de animais, pedras e amuletos, que
supostamente evocavam as forças ou poderes da natureza. Alguns textos deste período
Xamanístico, faziam menção ao uso de fórmulas de ervas associadas a encantamentos e magias.
Diversas ervas são citadas como purificadoras de ambientes e da "alma", e eliminadoras de
demônios. Esse período Xamanístico, não existiu somente dentro da história chinesa, uma vez
que se percebe ao redor do planeta achados arqueológicos que comprovam que durante este
período e ainda bem antes dele, diversas culturas valiam-se de ervas e magias para tratar doenças
e afugentar os demônios.

A estrutura médica e herbal chinesa em termos de Ciência Natural organizada, começou a se


solidificar por volta do ano 100 antes da era cristã, com a compilação da Matéria Médica do
Marido Divino (Shen Nong Ben Cao Jing). Este nome refere-se à Shen Nong, imperador
lendário que segundo a história possuía o ventre transparente (que lhe permitia observar os
resultados e manifestações das formulações que ingeria) e que teria vivido por volta de 3400
a.C, considerado o introdutor da agricultura ordenada e do cultivo de ervas medicinais na China.
Este livro descrevia 364 substâncias medicinais, sendo 252 do reino vegetal, 67 do reino animal,
e 45 do reino mineral; todos os medicamentos eram avaliados em termos de sabor, temperatura,
local de ação, etc. Não apresentava nenhuma referência sobrenatural, típica do período
Xamanístico anterior.
À partir deste período diversos livros de grande importância vieram sendo escritos, cabendo
salientar o livro escrito por Zhang Zhong Jing no início do 3º século da era cristã (Tratado das
Doenças Febris e Outras Doenças - Shan Han Za Bing Lun, considerado até hoje um livro de
referência para entendimento, tratamento e confecção de prescrições, devido à sua organização.
Outro de livro de grande importância e que extrapolou as fronteiras da China é a Grande
Matéria Médica de Li Shi Zhen (Ben Cao Gang Mu). Este livro descreve 1892 substâncias
sendo 1173 plantas, 444 animais e 275 minerais, sendo uma obra traduzida em diversos idiomas.

No ocidente, a descoberta do Papiro de Ebers (documento médico Egípcio) escrito por volta de
1590 a.C contendo aproximadamente 870 prescrições e utilizando mais de 500 substâncias
medicinais diferentes, revelou mais uma vez ao mundo a ancestralidade do relacionamento do
homem com as ervas. Neste documento médico ainda era marcante a presença das manifestações
Xamanísticas, uma vez que diversas prescrições eram acompanhadas de rituais e magias. Livros
mesopotânicos, babilônicos, gregos, registraram também o uso de substâncias naturais antes da
era cristã.
Ainda no ocidente, Hipócrates (nascido por volta de 460 a.C), rejeitou o que ele denominava
como "doutores feiticeiros, manipuladores da fé, curandeiros e charlatões". Para ele toda
doença possuía uma causa natural, geralmente originada dos fatores climáticos e dos
desequilíbrios dos humores internos como sangue e líquidos.

CURSO DE FORMAÇÃO EM FITOTERAPIA 100


“Com Ênfase no Uso de Ervas Chinesas e Brasileiras”
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Deixou escritos que se referiam à teorias, ética, diagnóstico e prognóstico, onde se relacionavam
ainda aproximadamente 250 plantas medicinais e 400 substâncias alimentares. Mas a mais
importante compilação greco-romana se refere à Matéria Médica de Dioscórides, compilada no
século I da era cristã, contendo 950 substâncias, sendo 600 de fonte vegetal e o restante de fonte
animal e mineral. Esta Matéria Médica do médico e botânico Dioscórides (pai da Fitoterapia
Ocidental) continha a descrição da substância medicinal, as qualidades desta substância, forma
de preparo e alerta aos possíveis efeitos indesejáveis. Incluía ainda algumas receitas mágicas, o
que representava a dificuldade de dissociação do homem das forças invisíveis. A influência desta
Matéria Médica no ocidente se compara a influência da Matéria Médica do Marido Divino -
Shen Nong (Shen Nong Bem Cão Jing), na China.

Galeno (130-210 d.C) é considerado o pai da terapêutica sistematizada (ou organizada) no


ocidente. Ele tem sido comparado a Zhang Zhong Jing na China (um grande sistematizador de
prescrições). Familiarizado com o trabalho de Dioscórides, deu continuidade as classificações
herbais e acrescentou as qualidade humorais (Morno, Frio, Úmido, Seco, etc.).

Dentre as diversas Matérias Médicas surgidas, contribuições partiram das mais diversas culturas,
ampliando cada vez mais o conhecimento disponível acerca das substâncias medicinais, cabendo
ressaltar a contribuição árabe, indiana, japonesa, européia, africana, e o conjunto das américas,
que até hoje muito contribui para aumentar a disponibilidade de remédios naturais à humanidade.

Diversas foram as formas de aprendizado sobre estas substâncias medicinais, sendo que quase na
sua totalidade o conhecimento se desenvolveu à partir da experimentação e observação. A
Teoria dos Sinais, que defendia que toda substância apresentava um sinal que permitia definir o
seu uso, colaborou muito para que se descobrissem as reais virtudes das substâncias naturais.
Muitos foram os experimentos, a observação, a reflexão . . .

Agora se existe um homem que pôde representar simbolicamente o declínio da exploração herbal
no ocidente, como esta vinha sendo feita desde o período Xamanístico, no Oriente e Ocidente,
este foi Paracelso (1493-1541). Mágico Alquímico da Renascença, Paracelso procurou a essência
das coisas, através de sua aparência comum. Usou a Alquimia para buscar e entender as forças
invisíveis presentes no mundo, mas distanciou-se gradualmente da natureza, buscando explorar
novos horizontes. Através de preparados químicos à base de minerais como arsênio, sulfa,
chumbo, cobre, ferro, prata, ouro, mercúrio e antimônio, ele iniciou uma nova Matéria Médica.
Paracelso sentiu que a ação de um remédio não poderia depender de suas qualidade hipotéticas
(como Quente, Frio, etc.), mas sim de sua virtude real e específica. As ervas apresentavam
muitas imperfeições e grosserias. Portanto ele ajudou a introduzir a idéia de que doenças
específicas deveriam ser tratadas com remédios bem específicos, e que deveria haver uma droga
poderosa para cada doença, só esperando para ser descoberta na natureza. Essa visão, muito
estreita em relação aos padrões mais dinâmicos, abrangentes e até mesmo espiritualistas da
época e do passado, iria se perpetuar mais adiante na ciência acadêmica ocidental, amparada
pelas descobertas anatômicas e também das vias de circulação do sangue, por Andreas Vesalius
em 1453 e William Harvey em 1616, respectivamente. Essa visão, associada a tais descobertas,
causariam um grande alvoroço e uma grande revolução na medicina, gerando um grande
aumento da Fé Científica, soterrando o velho conceito qualitativo e vibracional herbal, de Quente
e Frio, Subir e Descer, etc., substituindo esses parâmetros, pelo simplório parâmetro da
qualidade e quantidade química. Para a nova elite científica, as ervas (imperfeitas e imprecisas),
eram difíceis de serem padronizadas e o método antigo de se combinar ervas, era contrário ao
rigor científico que se instalava. Assim as ervas foram caindo em desuso dando lugar às
produções farmacêuticas puras, que hoje atendem a uma grande parcela da humanidade.

CURSO DE FORMAÇÃO EM FITOTERAPIA 101


“Com Ênfase no Uso de Ervas Chinesas e Brasileiras”
Apostila elaborada pelo Prof. Fernando Braga

Mas ao mesmo tempo que a medicina caminhou ampliando seu arsenal terapêutico direcionado a
tratar a doença, paralelamente se evidenciou o aumento da insatisfação pública pela mesma, e
por seu sistema utilizado, culminando no dias de hoje, num imenso murmúrio de frustrações.
Essa frustração coletiva se centra na sensação de que os medicamentos alopáticos são super
orientados à doença, e não abrangem a harmonia orgânica, tendendo a aumentar os efeitos
colaterais, além de perpetuar a doença. Além disso, com a vitória sobre diversas infecções
comuns, mais pessoas se preocupam com as doenças degenerativas crônicas, e com o trabalho
preventivo; modalidades essas que não representam um ponto forte da medicina ocidental. Por
isso, a Naturoterapia renasce com força total, ganhando seu espaço por direito. É a
NATUREZA PEDINDO PASSAGEM. . .

A Teoria dos Sinais. . .


As folhas da Laranjeira apresentam um
coraçãozinho na base; por isso se deduziu que
elas fossem boas para o Coração; essa
dedução dos sábios botânicos da antigüidade
foi mais tarde comprovada pela pesquisa
moderna que provou sua ação sedativa, sendo
efetiva em algumas afecções cardíacas e
emocionais.

O interior do fruto da Nogueira mostra uma


grande semelhança com a superfície do
cérebro. As Nozes contém abundante Fósforo
e Ácidos Graxos Insaturados importantes na
bioquímica do cérebro e dos sistema nervoso.

As flores do Cipó-Mil Homens lembram


os órgãos genitais femininos (externos e
internos); por esta razão era usada na
antigüidade para facilitar o parto. Hoje a
ciência moderna descobriu que estas
flores contém substâncias ocitócitas, ou
seja, que estimulam as contrações
uterinas.

CURSO DE FORMAÇÃO EM FITOTERAPIA 102


“Com Ênfase no Uso de Ervas Chinesas e Brasileiras”
Apostila elaborada pelo Prof. Fernando Braga

Principais Médicos Herboristas Chineses:

1. HUA TO (110-207 d.C):

Grande médico da antigüidade chinesa, estudou e dominou muitos clássicos relacionados à


medicina, saúde, astronomia, geografia, literatura, história e agricultura. Tornou-se especialista
em Acupuntura, Fitoterapia, Ginecologia, Pediatria e Cirurgia. Considerado o primeiro e maior
cirurgião da China.
A ele se atribuiu o desenvolvimento do uso da anestesia através
de plantas, e a expansão do estudo de anatomia. Em sua
Biografia oficial se registra pelo menos 3 casos de intervenções
cirúrgicas abdominais, dentre elas um caso específico de
Apendicite Aguda. Para tais cirurgias Hua To desenvolveu uma
bebida à base de ervas anestésicas chamada de "Pó
Entorpecente (ou Mafai San)" que era tomada com álcool de
cereais antes das cirurgias. Trilhou sua vida baseando-se nos
conceitos Taoístas, imprimindo no seu trabalho a simplicidade
com a qual vivia, não buscando fama nem fortuna.
Ao cuidar dos doentes, utilizando Acupuntura e Ervas, ele
preferia métodos simples. Usava um pequeno número de pontos
de Acupuntura e fórmulas que continham somente algumas
ervas.

Desenvolveu os pontos para dor, situados ao longo da coluna que receberam seu nome (Hua To
Jiaji - Jia = revestimento, Ji = espinha). Considerado um dos criadores do Qi Gong (Chi Kung),
chamado por ele de "A Alegria dos Cinco Animais" que imita os movimentos de tigres, veados,
ursos, macacos e pássaros. Esses movimentos mais tarde, foram incorporadas a várias práticas de
artes marciais que promovem a saúde como o Tai Chi Chuan. Hua To defendia que as pessoas
"deveriam se exercitar para permanecerem saudáveis, pois o corpo precisava de exercícios,
desde que estes não fossem excessivos. Movimento consome a Energia produzida pela comida e
promove a circulação de sangue, para que o corpo fique livre de doenças; assim como uma
dobradiça de porta nunca é comida por vermes".
Os registros sobre Hua To afirmam que o mesmo aparecia no auge da vitalidade aos cem anos,
sendo portanto, considerado um homem imortal.

2. ZHANG ZHONG JING ( 150-219 d.C):

É o mais famoso dos médicos herbalistas antigos da China.


Muito conhecido pelo seu livro Shang Han Za Bing Lun
(Tratado das Doenças Febris e das Doenças Diversas), que foi
mais tarde dividido em 2 livros: O Shang Han Lun (Tratado das
Doenças Febris) e o Jin Kui Yao Fang Lun (Resumo das
Prescrições do Cofre de Ouro).
O Shang Han Lun (Tratado das Doenças Febris) se tornou o
texto fundamental na China para toda prescrição de ervas, pois
continha mais de 100 fórmulas efetivas (muitas usadas até hoje)
além de uma estrutura teórica que contribuiu para a criação de
outros diversos livros.

CURSO DE FORMAÇÃO EM FITOTERAPIA 103


“Com Ênfase no Uso de Ervas Chinesas e Brasileiras”
Apostila elaborada pelo Prof. Fernando Braga

Seu texto explica como o fator externo Frio ataca o envoltório do corpo, gerando as Doenças
Febris de Origem Externa, explicando ainda seus estágios de penetração no corpo, a
sintomatologia e como deveria ser conduzido o tratamento com ervas.
Zhang Zhong Jing relatou certa vez que as Epidemias - que dizimavam milhares de pessoas ao
seu redor - influíram fortemente na sua decisão de se tornar um médico.
Já o livro Jin Kui Yao Fang Lun (Resumo das Prescrições do Cofre de Ouro) é mais conhecido
por algumas fórmulas de grande importância na M.T.C como o remédio ginecológico Dang Gui
Shao Yao Wan utilizado para infertilidade, desordens durante a gravidez, prevenção de aborto e
fraqueza pós-parto.

3. GE HONG (283-343 d.C):

Foi o mais famoso Alquimista da China. Acreditava fortemente


na possibilidade de transformar qualquer coisa (desde que
utilizado o procedimento correto), e principalmente na
transformação do homem, de um simples mortal - inconsciente e
ignorante de sua condição de micro-universo dentro de um
macro-universo, para um ser imortal. Como cuidadoso
observador da natureza, forneceu descrições detalhadas de certas
doenças como varíola e tuberculose e deixou fórmulas para
tratamento de sérias doenças no seu "Manual de Receitas Para
Emergências".

4. SUN SI MIAO (581-622 d.C):

Considerado uma criança prodígio, havia dominado os livros


clássicos de medicina chinesa por volta dos 20 anos de idade,
tornando-se um grande médico praticante. Suas idéias e
prescrições foram documentadas nos livros "Prescrições Que
Valem Ouro" e "Fórmulas Preciosas Para Emergências".
Colaborou no desenvolvimento da medicina nutricional,
recomendando aos doentes sob seu cuidado, diversos alimentos
que deveriam ser incorporados na alimentação, como por
exemplo, algas marinhas para pessoas que viviam em regiões
montanhosas e que sofriam de bócio, fígado de carneiro e de boi
para pessoas que sofriam de emeralopia (cegueira noturna), etc.
Foi também um Alquimista Taoísta, que procurava nas ervas remédios para expelir demônios
(pois acreditava que diversas moléstias orgânicas possuíam uma origem espiritual), incluindo
feitiços e fórmulas de ervas com preparados alquímicos tóxicos (pois para ele o veneno de
determinadas substâncias poderiam curar definitivamente determinadas desarmonias).

5. LIU WAN SU (1120-1200):

Este médico observou a alta freqüência de febre e inflamação em doenças sérias e difundiu a
idéia de se usar ervas de natureza refrescante para tratar essas condições.
Esse foi um passo na direção oposta de muitos de seus predecessores, que defendiam e focavam
o uso de ervas aquecedoras para tal fim.

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Esse trabalho teve muita influência no conceito posterior de Doenças Epidêmicas Febris, o que
correspondia (e precedeu) a concepção ocidental de doenças contagiosas. Descreveu a etiologia
de diversas doenças baseando-se em outros livros clássicos do passado.

6. ZHANG ZI HE (1156-1228):

É conhecido como o fomentador da "Escola Atacante" da


medicina chinesa, dando ênfase ao uso de diaforéticos
(sudoríficos), eméticos (vomitivos) e purgantes (laxantes) para
atacar a desarmonia (doença) e tirá-la do corpo. Isso foi na
verdade, um renascimento de técnicas antigas, que se baseavam
e acreditavam na expulsão de demônios através destes tipos de
substâncias.
Ele é também considerado o introdutor do conceito de "Fleuma
(Mucosidade) Estorvando o Coração" e o iniciador do uso da
Teoria da Fleuma para explicar e tratar desordens emocionais e
mentais. Este médico ajudou a tornar sólido na terapêutica
chinesa a idéia de que aquilo que os ocidentais chamam de
"desordens mentais" são freqüentemente precipitadas por um
desequilíbrio orgânico.

7. LI DONG YUAN (1180-1252):

Ficou conhecido por defender a idéia de que a maioria das


doenças eram devidas à danos no sistema Baço-Pâncreas e
Estômago, que ocorriam como resultado do excesso no comer e
beber, trabalho excessivo e as sete emoções. Seu renomado livro
Pi Wei Lun (Tratado Sobre o Baço-Pâncreas e o Estômago),
apresentou uma das fórmulas tradicionais mais largamente
utilizadas até hoje: a combinação de Ginseng e Astragálo (Bu
Zhong Yi Qi Wan). A ele se atribui também a idéia direcional
das substâncias de Subir, Descer, Afundar ou Flutuar.

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8. ZHU ZHEN HENG (1282-1358):

Acreditava que as pessoas sofriam de doenças crônicas


principalmente devido ao abuso das coisas prazerosas (como
excessos na alimentação, nas atividades físicas, no sexo...)
resultando na debilidade da Essência (Jing) Yin. Ele portanto,
era grande defensor da moderação, e defendia também o uso
constante de fórmulas tônicas, especialmente aquelas que
nutrem o Rim e o Fígado. Foi por isso considerado o criador da
Escola "Nutrir o Yin", pois afirmava que "nas pessoas
freqüentemente havia algum Excesso de Yang, mas o Yin era
constantemente deficiente".

9. LI SHI ZHEN (1518-1593):

É considerado o maior naturalista da China. Profundamente


interessado na classificação exata dos componentes medicinais,
dedicou 40 anos da sua vida para analisar minuciosamente o
extenso conhecimento herbal até então acumulado, estruturando
e reordenando vários livros clássicos. Resgatou diversos
medicamentos populares, reuniu medicamentos estrangeiros, e
escreveu uma obra médica grandiosa. O livro denominado Ben
Cao Gang Mu (editado em 1590), apresentava 1.892 substâncias
medicinais em mais de 11.000 formulações, sendo considerado
uma obra brilhante na história da ciência chinesa. Este livro
rompeu as fronteiras da China se tornando mundialmente
conhecido, influenciando o desenvolvimento da farmacologia,
da botânica, da zoologia e das ciências naturais mundiais.

X. CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS DE ACORDO COM SUA AÇÃO


TERAPÊUTICA:

a) Ervas Sudoríficas Que Eliminam Condições Externas:

São ervas usadas em agressões do exterior, provocadas por Frio, Calor e Umidade. A energia
perversa fica, portanto, localizada na camada superficial do corpo. Os sintomas gerais são: febre,
cefaléia, dores musculares. As ervas usadas são, em geral, de sabor Picante, têm propriedades
dispersante, expansivas, diaforéticas (sudoríficas), permitindo a eliminação da energia perversa
pela transpiração, liberando, assim, a camada superficial do corpo e impedindo a penetração do
agente patogênico no interior do organismo.
Existem 2 grandes grupos destas ervas que chamaremos de "Sudoríficas", "Dispersantes", ou
"Ervas Que Eliminam as Condições do Exterior".

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1. Ervas Sudoríficas Amornantes:

Estas ervas são usadas em Padrões do Exterior induzido pelo Frio. Os sintomas são: febre baixa,
sensação de Frio, temor ao Frio e ao Vento, cefaléia, secreções claras e fluídas, dores
generalizadas, ausência de sede. O pulso é superficial, tenso, a língua recoberta de saburra
branca, fina.

2. Ervas Sudoríficas Refrescantes:

São os medicamentos fitoterápicos usados para os Padrões do Exterior Induzidas pelo Vento-
Calor, cujos sintomas são: febre alta, discreta sensação de frio, cefaléia, olhos vermelhos, sede,
hálito quente, garganta inflamada, secreções amareladas, pulso superficial, rápido, língua
com saburra fina, amarelada.

b) Ervas Que Transformam a Mucosidade (Fleuma) e Aliviam a Tosse e a Dispnéia:

Mucosidade (Fleuma), na medicina chinesa, corresponde ao espessamento do fluido corporal,


que fica viscoso e atrapalha os processos corporais. A Mucosidade (Fleuma) causa distúrbios
principalmente a nível do Baço-Pâncreas e do Pulmão, sendo que através do último (Pulmão) é
que ela se exterioriza, sob a forma de muco. Os sintomas são: plenitude torácica e abdominal,
náuseas, vômitos, tosse com secreção abundante, pulso deslizante e língua com saburra pegajosa.
As ervas que transformam a Mucosidade (Fleuma) são subdivididas em 3 grupos, conforme sua
ação específica sobre quadros de Frio, Calor ou quando sua atividade é mais para Alívio.

3. Ervas Que Transformam a Mucosidade (Fleuma) - Frio:

São empregadas em situações clínicas onde a Mucosidade (Fleuma) se forma num contexto de
Frio, caracterizando "Mucosidade (Fleuma) - Frio". Os sintomas são tosse com muco branco,
pulso lento, sensação de frio no corpo ou melhora com calor, anorexia, fezes pastosas, pulso
lento, saburra pegajosa e branca na língua, além dos sintomas supracitados.

4. Ervas Que Transformam a Mucosidade (Fleuma) - Calor:

São utilizadas quando a Mucosidade (Fleuma) se associa a um quadro de Calor. Os sintomas são
tosse com expectoração amarelada, sede mais não consegue beber água, calor no corpo, gânglios
fistulizados, bócio, saburra pegajosa amarelada na língua, pulso rápido, além dos outros sintomas
já descritos para Mucosidade (Fleuma) em geral.

5. Ervas Que Aliviam a Tosse e a Dispnéia:

Estas ervas, apesar de apresentarem alguma ação sobre a Mucosidade (Fleuma), são
consideradas paliativas, para alívio, sendo receitadas junto com as ervas que transformam a
Mucosidade (Fleuma) para obter-se um resultado mais efetivo sobre os sintomas, como tosse,
sibilos e falta de ar (dispnéia).

c) Ervas Que Eliminam o Calor:

O Calor tem um papel fundamental na manutenção da vida. Mas pode se tornar prejudicial
quando desregrado e transforma-se em "Calor Nocivo", gerador de febre e outros sintomas.

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Os medicamentos usados no tratamento das doenças induzidas pelo Calor são também chamados
"Purificadores do Calor", pois considera-se na M.T.C que o Calor Patogênico lesa os
constituintes corporais (Sangue, Yin, Líquidos Orgânicos), causando o surgimento de
substâncias estranhas ao corpo que são chamadas de "Impurezas" e precisam ser eliminadas.
Estas substâncias são de natureza "Quente", portanto tendem a perpetuar o quadro de Calor.
Calor, na Medicina Tradicional Chinesa, não se refere unicamente a condições febris, mas
também a quaisquer condições que apresentem sinais de Calor, como garganta seca ou
inflamada, face avermelhada, olhos vermelhos, fezes secas, urina escassa e concentrada, saburra
amarelada na língua e pulso rápido.
Este grupo de ervas subdivide-se em 5 Subgrupos diferentes, dependendo de que tipo de
processo fisiopatológico ligado ao Calor elas atuam. Os subgrupos são os seguintes:

6. Ervas Que Eliminam o Calor Intenso:

São as ervas mais refrescantes, usadas para os sintomas de Calor como: febre alta, sudorese,
agitação, sede intensa, delírio, dores abdominais. O pulso é amplo, a língua vermelha seca,
recoberta de saburra amarelada. São utilizadas em Padrões de Calor, Excesso no Interior, como
no Padrão do Nível Yang Ming (correspondente aos meridianos do Intestino Grosso e
Estômago), Calor no Fígado ou no Pulmão.

7. Ervas Que Refrescam o Calor no Sangue:

São naturoterápicos com atividade refrescantes que também estabilizam o sangue, suavizando a
sua circulação e estacando hemorragias por Calor no Sangue. Este quadro caracteriza-se por
febre, delírios, hemorragia por um ou vários sítios, de sangue vermelho vivo e abundante, rash
cutâneo intenso, petéquias e púrpuras cutâneas.
Eventualmente, estes naturoterápicos também são usados em padrões de "Sangue Agitado
Assaltando" que corresponde ao Calor no Sangue localizado; nestes casos, há um sítio único de
sangramento, por um processo de Calor localizado que atingiu o Sangue.

8. Ervas Que Drenam Calor e Umidade:

São ervas que além de refrescarem condições de Calor, possuem ação drenante da Umidade, o
que corresponde na medicina ocidental à ação diurética. Os sintomas são febre, peso no corpo,
edemas, vermelhidão, sudorese contínua, icterícia, urina turva, diarréia, pulso deslizante e
rápido, língua com saburra úmida e amarela.

9. Ervas Que Clareiam o Calor e Eliminam Toxinas:

São ervas que combinam ação refrescante e antitóxica, para bloquear as "Toxinas do Calor".
Estas toxinas, na visão do M.T.C., são substâncias estranhas ao corpo, produzidas pela ação do
Calor e que envenenam o organismo, causando piora dos sintomas. O quadro clínico é de febre
com muita astenia, lesões pustulosas no corpo, faringite intensa, face vermelha e edemaciada e
pulso muito rápido.

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10. Ervas Que Drenam Calor do Verão:

São medicamentos fitoterápicos utilizados em casos de doença por exposição ao Calor e


Umidade que acontecem durante o Verão e corresponde a quadros de insolação e desidratação da
medicina ocidental. Os sintomas são febre ou calor no corpo, sede intensa, prostração, diarréia,
pulso muito fraco, língua vermelha e ressecada.

11. Ervas Anti-Reumáticas Que Eliminam o Vento e a Umidade:

Estas ervas eliminam o Vento-Umidade dos músculos, tendões, articulações e ossos, liberam os
bloqueios (obstruções, estagnações) dolorosos, e ativam os vasos Luo. São usadas especialmente
em casos de bloqueios dolorosos por Vento, Frio e Umidade: dor fixa com inchaço das
extremidades; Calor: febre, sinais flogísticos localizados, língua com saburra amarela, pulso
rápido.

12. Ervas Que Aquecem o Interior e Expulsam o Frio (Tonificam o Yang do Baço):

São ervas usadas nos Padrões de Frio Interno, quer seja por Frio gerado no interior do organismo
ou por invasão de Frio patogênico nos órgãos.
Em Padrões leves de Frio Interno, por deficiência, os sintomas são: extremidades frias, temor ao
Frio, pele pálida, ausência de sede, preferência por bebidas e alimentos quentes, fezes moles,
saburra da língua fina e branca, pulso lento.
A invasão do Frio Patogênico (Xie Qi Frio) nos órgãos é essencialmente associada ao Frio no
Baço-Pâncreas e/ou Estômago. Os sintomas desta disfunção digestiva são: náuseas, vômitos,
diarréia e sensação de Frio no abdome.

13. Ervas Que Drenam a Umidade:

São ervas utilizadas quando a Umidade se acumula no corpo. Segundo a M.T.C. , a Umidade se
condensa sob forma de água, que forma edemas no corpo, por isto estas ervas em geral são
diuréticas. Os sintomas de Umidade são edemas, peno no corpo, digestão lenta, fezes moles,
urina turva, aumento do volume do abdome, pulso deslizante, língua com saburra úmida.

14. Ervas Aromáticas Que Transformam a Umidade:

São ervas que também atuam em Umidade, ou acúmulo de líquidos, mas o seus mecanismo de
ação é por "Transformação", ou seja fazendo com que o líquido acumulado seja reincorporado
fisiologicamente pelo corpo. São indicadas em quadros de acúmulo de Umidade afetando os
órgãos ZANG-FU, particularmente o Baço-Pâncreas. O quadro clínico é de digestão lenta,
anorexia, peso no abdome e diarréia pastosa.

15. Ervas Que Aliviam a Estagnação Alimentar:

Estas ervas atuam em nível do Baço-Pâncreas e do Estômago auxiliando os processos de


Transporte e Transformação, quando existem alimentos acumulados nas vísceras. Os sintomas
são halitose, eructações, regurgitação alimentar, plenitude e distensão epigástrica, anorexia
alternando com bulimia e saburra espessa na língua.

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d) Ervas Que Drenam Por Via Baixa:

São ervas empregadas para eliminas o QI Túrbido, que é uma forma de QI que se acumula no
organismo, mas é "Turvo" ou Impuro", precisando ser eliminada. O QI Túrbido corresponde a
fezes e urina, sendo que a última (urina) pode ser denominada especificamente "Fluido Túrbido".
Existem 3 grupos de ervas que drenam o QI Túrbido, a saber:

16. Laxativos Suaves ou Ervas que Umedecem os Intestinos:

São fitoterápicos empregados em constipação intestinal por Deficiência, onde o QI Túrbido fica
retido nos intestinos. Os sintomas são constipação intestinal, desconforto abdominal que alivia
com a pressão, fezes pouco ou moderadamente ressecadas.

17. Laxativos ou Ervas Que Purgam o Calor:

São fitoterápicos empregados em constipação por Excesso, onde há acúmulo de Calor e QI


Túrbido nas vísceras. O quadro clínico é de constipação com dor ou desconforto abdominal que
piora com a pressão, fezes muito endurecidas, e/ou ressecadas, dor à evacuação, tenesmo e
sangue vivo nas fezes.

18. Purgativos ou Ervas Drásticas:

São medicamentos fitoterápicos empregados em Condições Graves de Excesso, quando o Fluido


Túrbido se acumula no corpo, sob forma de água patogênica, ou seja acúmulos de água.
Corresponde a quadros de Ascite e Derrame Pleural da medicina ocidental. Os sintomas são
aumento de volume abdominal, sensação de líquido no abdome e no tórax, dispnéia, tosse com
muco espumoso, edema de membros inferiores, edema da face, constipação intestinal, pouca ou
nenhuma urina.

19. Ervas Que Promovem a Circulação de QI:

São os medicamentos naturais empregados para facilitar a Circulação de Energia (Qi) no


organismo e aliviar quadros de Estagnação. Os sintomas de Estagnação de Qi são irritabilidade,
dor e plenitude nos hipocôndrios, digestão prolongada, gosto amargo na boca, constipação
intestinal, regras irregulares em mulheres, pulso em corda, língua com pontos purpúricos nas
bordas.

e) Ervas Que Regulam o Sangue:

São aquelas plantas medicinais que atuam regulando os principais distúrbios do Sangue na visão
da M.T.C que são a Estagnação do Sangue e o Extravasamento do Sangue (Sangramentos ou
Hemorragias). Por isso, este Grupo é subdividido em 2 Subgrupos :

20. Ervas Que Promovem a Circulação de Sangue:

São aquelas que atuam Ativando o Sangue e prevenindo sua Estagnação. Os sintomas de
Estagnação do Sangue na medicina ocidental, incluem nódulos e massas duras e aderentes a
planos profundos, dor intensa em pontada ou transfixante, visceromegalias, esquimoses,
hematomas, língua púrpura e pulso irregular.

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21. Ervas Hemostáticas:

Segundo a M.T.C., as hemorragias ocorrem por 4 causas: Trauma, Estagnação de Sangue,


Calor no Sangue e Deficiência do Baço-Pâncreas. As ervas Hemostáticas atuam parando as
hemorragias, além de muitas vezes, também corrigirem as causas. Contudo, são consideradas
ervas paliativas que devem ser usadas em associação a ervas que tratem a condição básica que
gerou o sangramento.

22. Ervas Aromáticas Que Abrem os Orifícios:

São substâncias aromáticas que atuam transformando a Mucosidade (Fleuma) que está
"Obstruindo os Orifícios da Cabeça" e prevenindo o Shen (Espírito, Consciência, Mente) de
contatar-se com o exterior. Os sintomas são coma, confusão mental, delírio, desorientação, etc.

f) Substâncias Tranqüilizantes:

Existem 2 Subgrupos de medicamentos neste grupo: o primeiro, com Ações Sedativas Mais
Intensas, mais usado em padrões de Excesso e, o segundo, com Ações Nutridoras sobre o
Coração, mais indicado para Padrões de Deficiência. Na prática, medicamentos dos dois grupos
são associados na maior parte dos pacientes.

23. Substâncias Que Acalmam (Assentam) o Espírito (Shen):

Em geral, são substâncias do reino animal ou mineral cuja principal semelhança é serem ricas em
Sais Minerais. Elas são consideradas Frias e Pesadas, exercendo um efeito Calmante sobre a
Mente (Shen) e direcionando o Qi para Baixo. São usadas em quadros de Excesso-Calor
Perturbando a Mente ou Espírito (Shen), com agitação, insônia, ansiedade, verborragia, face
vermelha e úlceras ou ardência na língua.

24. Ervas Que Nutrem o Coração e Acalmam a Mente:

São plantas medicinais com propriedades Tônicas do Sangue no Coração e que também são
Sedativas, indicadas em condições de Deficiência perturbando a Mente, Espírito. Os sintomas
são: nervosismo, insônia, palpitações, palidez, cansaço, língua pálida com a ponta vermelha.

25. Substâncias Anticonvulsivas Que Controlam o Vento do Fígado:

São medicamentos naturais empregados para Vento Interno, que são condições da M.T.C., onde
o Fígado perde o controle harmonioso do Qi (Livre e Suave Fluxo do Qi) e dos movimentos. Os
sintomas são convulsões, tremores, tiques nervosos, etc.

26. Ervas Tônicas do Qi:

São plantas que aumentam a Energia (Qi) geral do corpo, atuando principalmente no Pulmão e
no Baço-Pâncreas, para pacientes com Padrões de Deficiência de Qi. Os sintomas são cansaço,
fadiga, palidez, frio nas extremidades, anorexia, dispnéia subjetiva, língua pálida e pulso
deficiente.

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27. Ervas Tônicas do Sangue:

São plantas com qualidades nutridoras que reforçam o Sangue no organismo e são empregadas
no tratamento da Deficiência de Sangue. Os sintomas são fadiga, palidez, palpitações, redução
das regras, amenorréia, memória fraca, unhas e cabelos fracos, pulso áspero, língua com ponta
vermelha.

28. Ervas tônicas do Yin:

São medicamentos fitoterápicos de natureza refrescante e nutritiva empregados em Padrões de


Deficiência do Yin. Os sintomas são febrícula ou Calor no corpo, insônia, sudorese noturna,
emagrecimento, flush facial, garganta ressecada, calor nas mãos e nos pés, pulso flutuante e
língua vermelha.

29. Ervas Tônicas do Yang:

São medicamentos naturais, com propriedades amornantes e tônicas, empregados para tonificar o
Yang dos Rins, para deficiência de Yang. Os sintomas são lombalgia, frio na região lombar e nas
extremidades, poliúria clara, tristeza, impotência, diminuição ou perda da libido, membros frios,
extremidades frias, pulso lento e profundo, língua pálida.

30. Substâncias Adstringentes Que Previnem as Perdas:

As perdas, na Medicina Tradicional Chinesa, são causadas pela saída das substâncias vitais do
corpo. As substâncias vitais podem sair por sudorese excessiva, diarréia crônica, perdas
seminais em homens ou corrimento vaginal crônico em mulheres. As substâncias adstringentes
agem em um ou mais de um desses processos.

31. Ervas Que Expelem Parasitas:

São ervas que têm propriedades anti-helmínticas, usadas em verminoses.

32. Substâncias Para Uso externo:

São substâncias com ação anti-séptica, antiinflamatória e cicatrizante para uso externo.

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8. BIBLIOGRAFIA BÁSICA RECOMENDADA:

1. Teske, M. & Margaly M. Trentini, A. - Compêndio de Fitoterapia da Herbarium, ED.


Herbarium - Laboratório Botânico.
2. Spyrus Botsaris, A. - As Fórmulas Mágicas das Plantas, Ed. Nova Era.
3. Maria Campos, J. - O Eterno Plantio, Ed. Cultrix / Pensamento.
4. Spyrus Botsaris, A. - Fitoterapia Chinesa e Plantas Brasileiras, Ícone Editora.
5. Macioccia, G. - A Pratica da Medicina Chinesa, Editora Roca.
6. Macioccia, G. – Ginecologia e Obstetrícia em Medicina Tradicional Chinesa, Editora
Roca.
7. Ross, J. - Zang Fu - Sistema de Órgãos e Vísceras da Medicina Tradicional Chinesa, Ed.
Roca.
8. Song Yu, C. & Fei, L. - Guia Clínico de Ervas e Fórmulas na Medicina Chinesa, Ed.
Roca.
9. Balbach, A. - A Flora Nacional na Medicina Doméstica, Ed. EDEL (Edificação do Lar).
10. Balbach, A. - As Hortaliças na Medicina Doméstica, Ed. EDEL (Edificação do Lar).
11. Balbach, A. - As Frutas na Medicina Doméstica, Ed. EDEL (Edificação do Lar).
12. Hirsch, S. - Manual do Herói - Ou a Filosofia Chinesa na Cozinha.
13. Macioccia, G. - Fundamentos da Medicina Chinesa, Ed. Roca.
14. Yamamura, Y. - Alimentos – Aspectos Energéticos, Ed. Triom.
15. Hong Yen, H. & Cols. - Matéria Médica Oriental – Um Guia Conciso, Ed. Roca.
16. Lin, A. & Flaws, B. - Manual de Geriatria Chinesa Tradicional e Remédios Chineses à
Base de Ervas – O Tao da Longevidade e da Preservação da Vida, Ed. Andrei.
17. Zhongan, Shi, K. H. Aung, Steven & Deadman, Peter – Tratamento da Dor por meio de
Fitoterapia Chinesa e Acupuntura, Ed. Roca.

Apostila II:

1. Padrões de Desarmonia;
2. Fórmulas Patenteadas.

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