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Microbiologia Médica e
Doenças Infecciosas
Professora: Juliana
04º PERÍODO
Marcella Ricardo
Sumário
Microbiologia Médica e Doenças Infecciosas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
NOTA
Oi Gente,
Esse semestre resolvi fazer meu “caderno” no computador mesmo, por motivos de: Queria fazer o registro
de todas as disciplinas e seria impossível conseguir fazer a mão.. Hahahaha.
Bom.. espero que vocês gostem e que ajude vocês em Microbiologia (acreditem, vocês vão precisar de
ajuda.).
Não custa lembrar que o resumo NÃO SUBSITUI, em hipótese alguma, as bibliografias básicas do curso. Além
disso, pode conter erros, então não dispensem o Murray.
Marcella Ricardo
Bom.. vocês provavelmente já ouviram a fama de micro por aí, não tirem isso do coração de vocês, a fama
é real! A Juliana é um amor de pessoa e eu gostei muito das aulas dela (assistam as aulas gente, sério.. é um
assunto muito importante.), mas a grande questão é que as provas não são muito condizentes, 70% das
questões são muito aleatórias e aí, por mais que a gente domine o conteúdo ministrado, todo mundo sai da
prova com cara de desespero, sem saber o que aconteceu, nem o que está fazendo da vida.
Os trabalhos salvaram as pessoas que precisam de pontos no final do semestre. Todo mundo vai tirar total
nesses trabalhos, mas façam direitinho e me deixem ainda mais orgulhosa de vocês.
A prova prática é MUITO tranquila, deixei no drive foto de tudo e a aula 10 desse caderno é destinada ao
que cai na prova prática e é mais do que o suficiente. Além disso, para essa prova assistam à aula de revisão.
Para a prova teórica fé, uma dose de questões antigas e leiam o caderno focando nos exemplos que ela dá
(eu anotei absolutamente todos e deu uma salvada). É isso. Vai ter uma hora que vai parecer que tudo vai
dar errado, mas eu prometo que passa e que vai dar certo.
Um semestre maravilhoso para todos vocês.
Infecciosas
Introdução
Aula 01
Quando Henle falou da teoria germe doença em 1840 1Antraz é uma doença de pele causado por Bacillus anthracis, que
ele estava se referindo a tuberculose, uma doença são organismos anaeróbicos facultativos, encapsulados e
produtores de toxinas. O antraz, uma doença quase sempre fatal
especificamente associada a um microrganismo único. nos animais, é transmitido aos seres humanos pelo contato com
Se eu tenho um paciente com suspeita de tuberculose animais infectados ou seus produtos
Marcella Ricardo
Importa salientar que essas doenças ainda se natural de confecção. Vários agentes que vivem na
apresentam em parte da população e muitas vezes são natureza são capazes de fazer essa produção em uma
subnotificadas, por serem mais presentes em uma tentativa de sobrevivência e essas descobertas vieram
parte mais vulnerável da população. após a descoberta da penicilina em uma velocidade
imensa.
☻1910: PAUL ERLICH - primeiro agente antimicrobiano
contra a sífilis
Consequentemente, tivemos mais produção, mais
utilização e mais resistência. Isso é evolução pura, ser
Erlich, em 1910, liderou o primeiro uso de medicamentos resistente para uma bactéria é uma questão de
químicos para o tratamento de sífilis, que não eram sobrevivência e aí são criados uma série de
ainda antibacterianos específicos, eram principalmente compartilhamento de informações genéticas que vão
Mercúrio e outras drogas químicas. facilitando essa dispersão (através de processos de
Naquela época a sífilis era uma epidemia preocupante e conjugação2) gerando bactérias que apresentam
hoje, temos novamente, um surto de sífilis na resistência múltipla.
população, principalmente em moradores de ruas,
☻1946: cultivo de vírus em cultura de células –
usuários de drogas, indivíduos infectados com o vírus
produção em larga escala das vacinas
HIV (dobradinha das ISTs) e a população em geral que,
sabendo que certa doença tem tratamento, deixa de se
cuidar.
O cultivo de vírus veio na década de cinquenta, o que é
☻1928: FLEMING – penicilina relativamente novo. Os vírus sempre foram uma
incógnita e a dificuldade inicial era justamente cultiva-los
e esse crescimento inicial nem sempre é algo fácil.
A penicilina é colocada como um grande marco no
desenvolvimento da microbiologia, que foi, teoricamente,
um achado ao acaso. A descoberta do DNA, bem como as técnicas de
biologia molecular foram capazes de ajudar nesse
processo de identificação.
A penicilina foi descoberta em 1928 por Hoje não é mais necessário cultivar o vírus em
Alexander Fleming quando saiu de férias e laboratório para verificar se um indivíduo tem ou não
esqueceu algumas placas com culturas de micro- aquele agente circulante, para isso bastaria fazer
organismos em seu laboratório no Hospital St. exames sorológicos, pesquisas de genes específicos,
Mary em Londres. Quando voltou, reparou que portanto, sem dúvida nenhuma esses avanços foram
uma das suas culturas de Staphylococcus tinha fundamentais.
sido contaminada por um bolor, e em volta das
colônias deste não havia mais bactérias. Então, Benefícios dos microrganismos
Fleming e seu colega, Dr. Pryce, descobriram um Como já citamos em linhas anteriores, os benefícios dos
fungo do gênero Penicillium, e demonstraram que microrganismos são muito maiores que os malefícios.
o fungo produzia uma substância responsável
pelo efeito bactericida: a penicilina. A produção de alimentos, de vacinas, de proteínas
humanas, como a insulina e GH, que pode ser produzida
por bactérias, a biotecnologia que utiliza microrganismos
como ferramentas da biotecnologia.
Vários Fungos são capazes de liberar substancias
antibacterianas, assim como várias bactérias são
capazes de liberar substâncias antifúngicas, porque esse 2 A conjugação bacteriana, descoberta por Ledeberg e Tatum
processo que chamamos de antibiose é um processo (1946), é o processo sexual de transferência de genes de uma
bactéria doadora para uma receptora.
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Temos a microbiota intestinal3, que é fundamental. Uma série de medidas importantes devem ser avaliadas
Nenhum ser vivo consegue viver sem a microbiota por e se temos formas de controlar essa reação em cadeia
vários motivos. da disseminação temos uma forte arma para a saúde
coletiva.
Desafios Se tivermos equipamentos de uso pessoal obrigatório
Vários desafios estão ligados a questão principal da para o atendimento de um paciente, por exemplo, ele
microbiologia, principalmente a parte da microbiologia deve ser utilizado de forma adequado para que eu não
química, como entender a maneira que certas doenças me coloque susceptível àquele microrganismo. Eu não
ocorrem e de que forma podemos controla-las. posso atender um paciente com suspeita de
tuberculose sem a máscara, por exemplo, porque isso
me colocaria em risco.
PORQUE?
Por isso, conhecer os mecanismos de transmissão dos
microrganismos, em três ângulos principais: Conhecer o
Sempre estão surgindo novas doenças, novos agentes microrganismo, o hospedeiro e os ângulos de acesso. É
e novos desafios, por isso, precisamos aprender como muito mais fácil se pensarmos em termos gerais se
lidar com esses novos desafios e isso é alvo de combatermos uma infecção de via fecal-oral
pesquisas intermináveis. (Ex: A ação antimicrobiana de (gastroenterite viral – relacionada ao consumo de água
óleos essenciais – que são produzidos naturalmente por e alimento contaminado, por exemplo), do que intervir
plantas e que tem um potencial antimicrobiano na transmissão de uma IST,
gigantesco, inclusive em bactérias multirresistentes, que
respondem ao óleo de orégano, óleo de manjericão,
por exemplo) PORQUE?
Esse campo é muito vasto e importante, temos Para intervir na transmissão de uma IST são
retornado a questões antigas como aquele chá da vovó, necessários muitos parâmetros seguidos. Hoje vemos
a própria fitoterapia que vem nos apresentando aumento de infecções por HIV em indivíduos idosos e
artifícios naturais de grande valia científica, já que a não é fácil recomendar a um indivíduo idoso, casado há
indústria farmacêutica não tem capacidade de muitos anos, que utilize camisinha durante a relação
disponibilizar elementos químicos que combatam os sexual, porque envolve um processo de confiança com
microrganismos na mesma velocidade em que criamos o parceiro, questões que são muito intimas e próprias
resistência a eles. do indivíduo.
Outro desafio é entender como o microrganismo A dengue mesmo, se pensarmos apenas na sua forma
“acontece”, como ele se organiza e se distribui para de transmissão é algo muito fácil de combater, no
intervir diretamente no foco da disseminação. Algumas entanto, acabar com o vetor envolve uma série de
doenças são muito mais fáceis de serem disseminadas princípios importantes, como a conscientização coletiva.
do que outras (doenças de vias respiratórias são de alta Ademais disso, vivemos em uma cultura muito mais
disseminação, colocando em risco vários indivíduos). curativa do que preventiva, não é fácil, por exemplo,
instituir um óleo essencial no mercado, dentre outros
inúmeros desafios (inclusive fake News) e para
MESMO COM ESSA FACILIDADE PEGAR A DOENÇA combater esses desafios é muito importante uma ação
É NÃO OBRIGATÓRIO PARA QUEM TEVE CONTATO em conjunto da equipe de saúde multidisciplinar que
aborde todos os ângulos desse processo.
Doenças Específicas e Inespecíficas No hospital isso não pode acontecer não podemos
trabalhar nesse escuro, um indivíduo que está usando
Já comentamos sobre as doenças específicas e sonda e teve infecção urinária, o material coletado
inespecíficas, quando uma doença é causada apenas naquele indivíduo vai para laboratório para que o
por um agente etiológico que causa uma doença antibiograma possa ser feito.
específica é mais fácil fazer o diagnóstico.
DA TEMPO? 80% das vezes sim, nem que o
tratamento tenha que ser iniciado e depois substituído.
EX: Paciente com suspeita de sífilis, com sintomas Isso minimiza o uso errôneo e indiscriminado dos
clínicos evidentes, é fácil fazer isolar o agente e verificar antibióticos.
se realmente estamos falando do Treponema pallidum.
A mesma coisa acontece se o paciente tiver Uma pneumonia fungica dificilmente começa a ser
poliomielite (Poliovírus – poliomelite). tratada como uma pneumonia fungica, inicialmente ela
começa a ser tratada como uma pneumonia bacteriana
Agora, se eu tenho um quadro clínico de uma doença e isso pode causar uma seleção não benéfica ao
sem agente etiológico específico, temos um desafio paciente, por isso, a clínica e o laboratório tem sempre
inclusive no tratamento. Uma pneumonia, por exemplo, que conversar. Mais que isso é preciso conscientizar a
pode ser bacteriana ou fungica, se eu trato uma população, porque nem sempre o melhor caminho é a
pneumonia fungica como bacteriana eu não vou ter prescrição medicamentosa imediata.
sucesso no tratamento.
Antigamente, lá na época do MARSA, isso era até
Por isso, é importantíssimo um elo entre clinica e factível, mas hoje, na era das superbactérias identificar e
laboratório, dificilmente eu vou ter em uma primeira tratar correntemente o agente é de suma importância.
manifestação clínica de uma dor de garganta a
indicação de um exame laboratorial. Se continuarmos com o uso indiscriminado dos
medicamentos antimicrobianos em algum momento não
“Se eu for ao pronto atendimento, com uma amigdalite vamos mais conseguir tratar as doenças que acometem
e sair de lá com pedidos de exames laboratoriais ao a população
invés da receita de um antibiótico, nunca mais eu volto”
(sic)
ATENÇÃO
Em que pese afirmações como essas a espera na
clínica é importante em alguns casos, não adianta o Em 20% dos casos o tratamento realmente tem
médico ser precipitado e tratar uma infecção viral com que ser imediato, mas em 80% da para esperar a
antibiótico. evolução do quadro para melhor diagnóstico e
prognóstico da doença.
Como as infecções virais são, via de regra, autolimitadas
(tem princípio meio e fim) essa espera é importante,
mas não temos o hábito de esperar.
Em casa de meningite meningocócica, por exemplo, o
Se formos ao médico e esperar um antibiograma, para tratamento tem que ser imediato e mesmo assim,
saber qual a droga específica para o agente demora, e coletado o liquor, é possível fazer o teste para saber se
não é isso que a população espera do médico, que temos uma “bactéria gram” (o teste dura cinco minutos)
acaba passando a receita de um antibiótico que pode e entrar com o tratamento mais adequado naquele
ou não funcionar, porque o médico não sabe qual o momento, ainda que posteriormente esse teste tenha
agente etiológico e muito menos qual é o perfil de que ser refeito e o tratamento deva ser readequado.
sensibilidade e resistência daquele agente.
Alguns microrganismos são capazes de causar uma
série de implicações clínicas, o staphylococcus aureus é
um exemplo, um representante desse grupo. É o tipo
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de microrganismo que vive na pele e na microbiota
intestinal e assim que tem um espacinho para se ATENÇÃO
desenvolver ele aproveita.
SÃO PATÓGENOS VERDADEIROS
Geralmente é um pelinho encravado que gera uma
pequena infecção autolimitada sem nenhum problema
para o paciente, mas existem casos de cirurgias em
indivíduos de idade e imunologicamente depremidos, vírus da raiva
com contaminação por staphylococcus aureus, essa
infecção pode crescer, formar um abcesso, que ganha Ebola
a corrente sanguínea, se desenvolvendo e se Bacillus antrhacis
disseminando, fazendo com que o paciente tenha uma
sepsemia.
Tríade –
Todos concordamos que uma doença de via
Dentro da microbiologia encontramos três grupos respiratória é mais fácil de se disseminar e de se tornar
básicos, bactérias, fungos e vírus. contagiosa.
Quando falamos em doença microbiana, ou seja, O indivíduo que espalha, através da tosse e/ou do
doença causada por microrganismo, dificilmente espirro os microrganismos coloca em risco uma série
pensamos nessa doença só falando do microrganismo, de pessoas ao seu redor.
porque temos um número muito pequeno de
microrganismos que realmente são capazes de causar Então, doenças de vias respiratórias são muito mais
doenças. A grande maioria desses agentes, depende fáceis de se disseminar do que doenças esporádicas,
diretamente de dois outros atores nesse processo de como o Tétano. Para que o tétano se manifeste o
adoecimento, que são o Hospedeiro e as vias de indivíduo tem que ter tido contato com objetos perfuro
acesso (como esse microrganismo acessa o hospedeiro. cortantes (qualquer que seja) e, uma vez que a
São as formas de transmissão) Clostridium tetani é uma bactéria anaeróbia obrigatória,
o ambiente em que ela vive tem que ser pobre ou
ausente em oxigênio, ou seja, são inúmeros fatores que
devem ser preenchidos para que a doença se
estabeleça, tornando o seu processo de transmissão
mais difícil.
Portanto, temos que levar em conta os três pilares:
Microrganismo, Hospedeiro e Vias de Acesso. Dessa
forma conseguiremos trabalhar os riscos para entender
os processos de transmissão.
Entendendo isso conseguimos estratificar os grupos de
risco e trabalhar a promoção da saúde através da
imunização, por exemplo.
Temos que um indivíduo debilitado está mais Portanto temos que desmistificar a ideia de que o
susceptível a doenças infecciosas. O indivíduo idoso é microrganismo sozinho causa a doença, podemos ter o
um dos mais susceptíveis, porque tem um contato com o microrganismo sem prejuízo nenhum
comprometimento imunológico maior, ou um indivíduo para nossa saúde.
hospitalizado pelo mesmo motivo.
Portanto, a doença microbiana, além da capacidade
Vírus
desse microrganismo de causar doença, está –
diretamente ligada ao hospedeiro e aos fatores do
hospedeiro.
Marcella Ricardo
Começaremos falando sobre os vírus que são a grande maioria dos vírus ainda é composto apenas de
microrganismo extremamente pequenos, DNA ou de RNA.
completamente invisíveis a microscopia optica (a
microscopia optica permite o aumento de até 1000x, o
que para um vírus é muito pouco). Ainda não se sabe qual é o papel desse RNA dentro
dos mimivírus
Por muito tempo os vírus não foram estudados pela
dificuldade de visualização, apenas com o surgimento do
microscópio eletrônico (o microscópio de transmissão )
tem o aumento de 200.000 vezes) foi possível estudar Na verdade, o vírus nada mais é do que uma capa de
mais sobre eles. proteína que protege o material genético, que é o que
o vírus tem de mais importante, pois guarda toda as
Visualizar os vírus é muito importante, porque as
informações genéticas que vão ajudar no processo de
estruturas celulares são muito indicativas, principalmente
proliferação.
para a classificação desses microrganismos quanto a
morfologia.
ATENÇÃO
clivam as ligações glicosídicas de ácido neuramínico. Enzimas O vírus HIV tem uma chance muita pequena de ser
neuraminidase são uma grande família, encontrados em uma transmitido por via perfuro cortante, se eu comparar o
variedade de organismos.
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índice de transmitibilidade do vírus HIV em relação ao Relação Crônica: É uma relação duradoura, onde
vírus HBV (vírus da hepatite B) temos 40% de chance temos uma integração de informação genética viral no
de transmitir o vírus HBV e 0,01% de transmitir o vírus genoma do hospedeiro (HIV – AIDS).
do HIV, até pelo fato dele ser sensível ao ambiente, não
O HIV é vírus de RNA, quando ele integra no
tendo uma resistência interessante para o ambiente, o
hospedeiro a Transcriptase11 reverte e transforma o
que dificulta, muitas vezes, a transmissão por perfuro
RNA em DNA e esse DNA se incorpora nos linfócitos
cortantes, mesmo assim temos que tomar cuidado.
TCD4, cada vez que o sistema imune é ativado e vai
se proliferar o vírus aproveita e se reproduz.
Hoje já conhecemos bastante sobre o vírus HIV, quanto Nós teremos uma parte específica de patogenese
mais infeccioso for o vírus mais conhecemos sobre ele, bacteriana, viral e fungica, onde estudaremos, mais
porque a verba de pesquisa vai ser para esses vírus diretamente fatores responsáveis por doenças
que causam danos irreversíveis, ou alterações no transmitidas por esses microrganismos. Tem vírus, por
hospedeiro. exemplo, que não causa um dano celular muito
relevante, mas toda vez que o sistema imune tenta
Existem cerca de 2000 espécies de vírus, já
combater aquele vírus o indivíduo se torna debilitado,
conhecidos e catalogados, isso aconteceu
falamos, nesse caso que não é a relação do vírus com
recentemente (a partir da década de 50 com a
o hospedeiro, mas sim o que o vírus induz no sistema
descoberta e estudo do DNA), muito por conta das
imune.
ferramentas de biologia molécula, porque não é mais
preciso cultivar e observar um vírus por um longo Em 80% das infeções virais, por exemplo, com
tempo para determinar se é um vírus novo, fazemos sintomas inespecíficos, se vamos ao médico saímos
isso com sequenciamento genético, que é levado à com o diagnóstico de virose, sendo necessário esperar,
uma biblioteca genômica e comparado com outros fazendo hidratação e medicando apenas o paliativo, essa
vírus. infecção, na maioria das vezes será combatida pelo
próprio organismo, mas, algumas vezes será necessário
Caminhos da Infecção Viral buscar outros recursos.
Basicamente, as infecções virais seguem dois caminhos:
Bactérias
Rápida Destruição: Existe uma rápida destruição da
Temos uma quantidade grande de doenças infecciosas
célula hospedeira. O vírus usa aquela célula apenas para
causadas por bactérias, quando pensamos na nossa
se reproduzir, ou seja, o vírus usa aquela célula apenas
microbiota normal, que é o nosso próximo conteúdo,
para aumentar em número, isso geralmente ocasiona
observamos que 90% dos microrganismos que compõe
infecções com efeitos típicos de resfriado.
a microbiota normal/natural humana, são bactérias.
Lembrando que resfriado é diferente de gripe. O
Consequentemente, muitas delas, em locais errados em
resfriado é muita mais agudo do que a gripe. Até o tipo
momentos errados causam danos/doenças.
de vírus é diferente, temos o rinovírus nos refreados e
o influenza nas gripes. O rinovírus se desenvolve
Procariotas
principalmente no trato respiratório superior, cavidade
nasal, começa a se proliferar, quando começa os A característica inicial e muito importante é o fato das
sintomas de coriza e dor e logo depois some, porque o bactérias serem procariotas12, um organismo procariota
vírus se prolifera e pronto. (Resfriado: infecção aguda)
11Transcriptase reversa, é uma enzima que, como o seu nome
indica, realiza um processo de transcrição ao contrário em relação
ao padrão celular. Essa enzima polimeriza moléculas de DNA a
Isso é típico de infecções virais agudas, muitas vezes partir de moléculas de RNA, exatamente o oposto do que
nem é necessário tomarmos remédio, por tratar-se de geralmente ocorre nas células, nas quais é produzido RNA a partir
uma infecção autolimitada (tem início, meio e fim) de DNA
12 As células procariontes se distinguem dos eucariontes por sua
Morfologia
Encontramos nas bactérias uma parede celular externa,
importante no processo de proteção, divisão, difusão
(entrada e saída de nutrientes e componentes Então, temos que a célula procariota é uma célula muito
importantes que chamamos de permeabilidade seletiva); simples, quase 90% das bactérias, têm apenas:
da célula. Parede Celular
Temos também a membrana citoplasmática, abaixo da Membrana citoplasmática
parede celular, o DNA, que é único, ou seja, só tem
Nucleóide
uma molécula de DNA disperso no citoplasma, esse
DNA é chamado de nucleóide, que é um núcleo falso. Citoplasma
Ribossomos
O nucleóide, na verdade, tem uma estrutura de DNA Tudo que enxergamos externamente a isso, como
normal, mas temos apenas um DNA e não dois, flagelos, pilin, fímbrias, capsula, etc.. são apêndices que
homólogos, como vemos nas células eucariotas. chamamos de não obrigatórios, muito importantes em
determinados contextos.
Além disso o citoplasma, onde ficam mergulhados tanto
o nucleoide como os ribossomos que são importantes Nem toda bactéria possui flagelo, mas quando o flagelo
para a síntese de proteínas. O citoplasma é basicamente está presente tem a função de locomoção, que em
constituído por água, que é muito importante no alguns patógenos são importantes. O agente da sífilis é
processo de reprodução e sobrevivência (difusão, uma bactéria em forma helicoidal, espiroqueta, ela se
osmose) bacteriana. A maioria das bactérias não tem movimenta a partir do flagelo e vai fazer movimentos
nem reserva nutricional, elas precisam diretamente do circulares que facilita o processo de penetração nas
ambiente, por isso conseguimos fazer um meio de mucosas e nos tecidos, isso colabora com a capacidade
cultura para bactérias, que são feitos com água e dela de causar dano, por isso, a sífilis é uma IST onde o
nutrientes específicos para que o microrganismo possa contato sexual do indivíduo contaminado e não
crescer e se reproduzir, isso não pode ser feito com contaminado pode favorecer o contágio. Parte da
um vírus, por exemplo. virulência do Treponema pallidum, que é o agente da
sífilis está ligado à função do flagelo e a facilidade de
penetração gerada pelo movimento do flagelo.
Outra coisa que pode aparecer em algumas células,
núcleo, as células procariontes não contém núcleo e outras considerado um apêndice muito importante é a
organelas ligadas à membrana.
Marcella Ricardo
presença dos pelos conhecidos como pilin ou fímbrias, EX: Quando eu tenho um coco em dupla chamamos de
algumas bactérias, contém ao redor de suas estruturas diplococcus, em cachos chamamos de Staphilococcus,
essas fímbrias, que colabora bastante com o processo em cadeias Streptoccocus
de adesão/aderência, o que é importante para causar
danos, ou seja, para a virulência daquela bactéria.
Se temos uma bactéria que se adere à mucosa/tecido,
fica mais fácil para que ela consiga se multiplicar e se
reproduzir. Vários microrganismos que conseguem se
alojar no trato respiratório, um exemplo clássico é Cilíndrica – BACILOS OU BASTONETES: São
Meningococo13, que consegue penetrar através do trato bactéria com formas mais arredondadas.
respiratório e se aderir ali através do pilin. Bactérias que São exemplos de bacilos as pseudômonas, o bacilo da
vivem no intestino e fazem parte da microbiota normal, tuberculose que é Mycobacterium tuberculosis (ele é
como é coso da e.coli14, salmonella15 e outras tem pili ao grande e facilmente identificado em uma amostra de
redor da estrutura, porque não é fácil viver no trato escrro), Clostridium, que é um bacilo e tem forma de
intestinal, cheio de movimento peristáltico, enzimas, etc esporo (forma arredondada igual à do desenho.), a
e quanto mais aderidas ali elas estiverem maior será a salmonella . .
facilidade de manter, ainda que elas não causem danos.
ç
As formas que temos de classificar as bactérias variam
dentro de três grupos principais, a morfologia é
importante porque parte do diagnóstico pode ser feito
pela microscopia. Helicoidais – ESPIRAIS: São formas típicas de espécies
Os primeiros relatos de visualização microbianas foram como Treponema, Vibrio, Sparillum, que possuem essa
feitos em relação a bactérias. Começaram a isolar, em forma helicoidal e geralmente possuem o flagelo como
amostras diversas, usando coloração, principalmente forma de locomoção.
coloração de Gram e, começaram a observar que as
bactérias podem ser classificadas em três grupos
principais relacionados a forma.
Classificação quanto à Forma
Essa classificação é importante. Vamos supor que
Ovais ou Helicoidais – COCCUS: São formas
recebemos na UBS um indivíduo com infecção urinária
arredondadas que podem se distribuir em arranjos
apresentando alguns sintomas típicos (urgência
diferenciados.
miccional, dor ao urinar.. ), pelo exame físico temos uma
noção de que é infecção urinária, mas não dá para
“bater o martelo”, só conseguimos confirmar com 100%
13 A Neisseria meningitidis ou meningococo são bactérias coccus de certeza se pedirmos a urocultura, que é o exame
Gram-negativo, imóveis e aeróbias que se agrupam aos pares, microbiológico da urina. Quando essa urina for coletada
formando diplococos. São de grande importância clínica pois
causam meningite meningocócica, uma grave inflamação das ela será levada ao laboratório (a urina é originalmente
membranas que envolvem o cérebro estéril dentro da bexiga, mas a mucosa do trato
14 Escherichia coli é o nome de uma bactéria que habita o intestino
geniturinário é uma mucosa colonizada que pode
de animais endotérmicos, cuja presença pode indicar aspectos
relativos à qualidade da água e de alimentos. A E. coli também contaminar a coleta que não foi feita da maneira
pode provocar doenças, como infecções urinárias, diarreia e a correta.), a primeira coisa que será feita é uma lâmina
colite hemorrágica e síndrome hemolítico-urêmica com o esfregaço da urina, vamos fixar essa lâmina e
15 Salmonella é um gênero de bactérias, vulgarmente chamadas
corá-la, no final desse processo (que é rápido – dura
salmonelas , pertencente à família Enterobacteriaceae, sendo
conhecida há mais de um século. Tem, em seu nome, uma cerca de 5 minutos), temos uma quantidade grande de
referência ao cientista estadunidense chamado Daniel Elmer células cilíndricas coradas de vermelho, ou bastonetes
Salmon, que associou a doença à bactéria pela primeira vez.
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gram negativos, a resposta, em primeiro momento, já principalmente nos casos em que o microrganismo não
está pronta. se cora com o gram, ou não possuem morfologia
clássica (que é dominante em 90% das vezes)
O Treponema pallidum, agente da sífilis não é possível
Esse paciente tem uma infecção, possivelmente
de se ver em microscopia tradicional, é necessário se
ocasionada por um bastonete gram negativo que eu
fazer uma coloração especial para ele, por exemplo.
consegui identificar. Não conseguimos identificar que
bastonete é esse, são necessários testes As exceções são um problema, existem quadros
complementares, mas já conseguimos tratar esse importantes de indivíduos imunocomprometidos (e
indivíduo se for um caso de urgência. quando falamos de imunossupressão não estamos nos
referindo apenas ao HIV), principalmente quadros de
Recomenda-se esperar o antibiograma, que vem junto
infecção respiratória por Mycoplasma16, uma bactéria
com a urocultura.
que pode viver ocasionalmente no trato respiratório
Se não fosse dessa forma, seria necessário pegar a que não tem parede celular típica. Uma infecção por
urina, cultivá-la em muitos meios de cultura diferente Mycoplasma, no trato respiratório, tratada como uma
até achar qual é agente etiológico. infecção por staphylococcus, que são bactérias que tem
parede, usando um inibidor de parede celular, como
Já sabemos que 90% das vezes a infecção urinária é
droga antimicrobiana, pode não funcionar. E o que tem
causada por e.coli, que fica próxima ao trato
acontecido é exatamente isso, infecções refratárias
gastrointestinal, a e.coli tem um aspecto bastone gram
após diversos tratamentos que quando analisada de
negativo, com o resultado da análise da lâmina da urina
forma correta não está sendo curada por conta do
não é possível inferir que é uma infecção por e.coli ,
agente microbiano.
mas podemos inferir que é uma infecção por uma
bactéria gram negativa. Então o exame é muito importante para confirmar
aquilo que foi constatado na clínica, mas é necessário
Se isso fosse um liquor, por exemplo e tivéssemos um
que o médico saiba aquilo que está sendo procurado, e
resultado rápido, teríamos facilidade de salvar a vida de
especifique na amostra.
muitos indivíduos. Obviamente, em uma suspeita de
meningite eu não consigo esperar uma análise A amostra e sua identificação tem que ser feita de
microscópica e bioquímica, mas sabendo qual é o maneira correta para diminuir erros de análises no
agente conseguimos fazer um tratamento mais preciso. laboratório, de forma que o paciente não tenha que
fazer a coleta, principalmente se for invasiva, várias
vezes.
O liquor é estéril, qualquer ocorrência de microrganismo
no liquor é algo que precisa ser rapidamente tratado. Na Reprodução assexuada
suspeita de meningite temos vários agentes possíveis Outro ponto importante, que comentamos na última
causadores, o principal é o meningococo, se eu faço a aula é que alguns pelos são chamados de pelo sexuais,
análise do liquor e encontro diplococcus gram negativos algumas bactérias são capazes de emitir um pelo
corados de vermelho, com capsula, já tenho um sexual, que vai formar uma ponte de ligação para
diagnóstico praticamente fechado. Não conseguiremos outras bactérias dentro de um processo que
ver se for meningite viral, mas via de regra conhecemos como conjugação.17
conseguimos um tratamento rápido e certeiro com
essa análise inicial.
16 A diferença principal entre as bactérias e os micoplasmas é que
Imagine que fizemos uma coleta de escarro para as bactérias possuem uma parede celular sólida, e por esse motivo
uma forma definida (o que facilita a sua identificação ao
analisarmos uma suspeita de tuberculose, temos que
microscópio), ao passo que os micoplasmas possuem apenas uma
pedir aquilo que estamos procurando, para ser analisado membrana flexível, o que se junta ao tamanho para dificultar a sua
correntemente pelo laboratório, se não pedirmos a identificação, mesmo quando observados ao mais potente dos
tendência é uma coloração de gram e isolamento microscópios eletrônicos.
17 Do ponto de vista da biologia, conjugação significa troca ou
básico, para que técnica específica seja realizada, transferência de material genético entre duas células, organismos
Marcella Ricardo
A conjugação serve para troca de material genético e plasmídio com a resistência não vai perder, ele vai ser
é muito importante dentro do processo de variabilidade compartilhado e aí surge uma nova bactéria, parecida
genética, até porque, se pensarmos em uma forma com o que era antes, mas agora carregando uma nova
única de reprodução assexuada, principalmente por informação.
divisão binária, teríamos sempre uma população idêntica
Hoje, dentro do processo de recombinação e
e sem variabilidade genética, se fosse assim, as bactérias
resistência, um dos fatores mais importantes que
já teriam sido exterminadas do meio há muito tempo.
colabora para a resistência múltipla é a conjugação. Uma
Para o processo de evolução a variabilidade genética é bactéria consegue conjugar com várias outras, porque
muito importante e existem formas diferentes de não tem apenas um tipo de pelo, tem vários, e aí
reprodução assexuada que proporcionam essa temos uma mudança genética importante, adquirir
variabilidade, uma delas é a conjugação. genes de resistência, por exemplo, através da
conjugação é uma garantia de sobrevivência daquela
bactéria e esse processo de conjugação é um
processo muito rápido, e nós colaboramos para esse
processo, não usando EPI, não lavando as mãos etc.
A presença da capsula também é muito importante, a
capsula é uma estrutura que colabora para a proteção
e para aderência, esses dois fatores são importantes
para a virulência.
Patogenicidade xVirulência
Virulência é um termo bastante interessante, quando
falamos de uma bactéria em geral, nem todas elas são
Então, essa bactéria que tem pelo pode ter um patógenas. Patogenicidade19 é um termo mais amplo, se
plasmídio18, que são DNA extracromossomico e podem refere à capacidade de causar doença, portanto,
estar presentes em números e tipos diferenciados, um classificamos um microrganismo como patógeno ou
plasmídio específico é chamado de plasmídio F, essa F não, isso é fixo, o que varia é a virulência, que mede o
significa fertilidade, uma bactéria com plasmídio F é grau da capacidade de patogenicidade, fala do quanto
capaz de liberar um pelo sexual, de se aderir em uma esse microrganismo tem capacidade de causar doença.
outra célula que não tem o pelo (a sinalização para a A virulência pode ser medida, inclusive, falaremos de
conjugação acontecer é a presença do pelo em uma todos eles quando falarmos de patogênese bacteriana,
bactéria e ausência em outra), quando isso acontece por enquanto, temos que ter em mente que capsula,
esse pilin sexual serve de ponte e parte do plasmídio flagelos e pilin são fatores que conferem a bactéria uma
será transferido para que a bactéria possa adquirir virulência maior.
também essa característica.
Isso não significa que ela vai causar danos porque para
Durante a conjugação várias informações podem ser causar danos temos que analisar o hospedeiro, a via de
transferidas, se uma bactéria tem um plasmídio ligado à acesso, dentre outros fatores importantes, mas, sem
resistência a penicilina e ocorre a conjugação, essa dúvida, essa bactéria será mais adaptada que outras
resistência pode ser passada, claro que quem tem o bactérias que não possuem esses fatores de virulência.
Além desses fatores externos, existem outros fatores
ou bactérias normalmente com o objetivo da reprodução,
continuando os dois organismos a existir separadamente, como
que contribuem para a virulência, a Clostridium
acontece nas bactérias e nos fungos
18 Plasmídeos ou plasmídios são moléculas circulares duplas de DNA
Fungos
Os fungos são microrganismos bastante interessantes
em relação à suas características. Primeiro temos
aqueles que são extremamente macroscópicos, Dimorfismo25
colocados no grupo vulnerável (antigamente achavam
Alguns fungos possuem a capacidade de dimorfismo,
que alguns fungos eram plantas, pelo tamanho e
considerado como um fator de virulência importante.
morfologia que esses grandes fungos apresentam, hoje
eles são classificados como fungos e pertencem ao
reino fungi).
23 As hifas são os filamentos de células que formam o micélio dos
Classificação fungos e o micobionte dos líquenes. São longas células cilíndricas
com vários núcleos (cenocíticas, nos Zygomycota) ou septadas,
Normalmente os fungos são unicelulares, também mas onde cada célula pode ter vários núcleos; podem ser simples
ou ramificadas.
chamados de leveduras, vários fazem parte da nossa 24 O Penicillium é um gênero de fungos, o comum bolor do pão,
microbiota normal e causam doenças infecciosas. que cresce em matéria orgânica especialmente no solo e outros
ambientes úmidos e escuros. Por contágio, contaminam frutas e
No desenho abaixo temos uma levedura, nesse tipo de sementes e chegam a invadir habitações, sendo responsáveis pelos
fungo é comum a reprodução por brotamento. bolores que se instalam em alimentos para consumo humano.
25 Em biologia, o dimorfismo sexual é considerado quando há
Cada bolinhas que está na levedura seria um brotinho ocorrência de indivíduos do sexo masculino e feminino de uma
espécie com características físicas não sexuais marcadamente
da levedura, cada vez que ela brota forma uma cicatriz. diferentes.
Marcella Ricardo
Existem quatro fungos conhecidos com essa esporulação29 (quando uma laranja mofa as outras
característica. Um exemplo é o Histoplasma estamos vendo um típico processo de reprodução
capsulatum26, esse fungo é naturalmente encontrado assexuada por esporulação).
em ambientes com fezes de morcegos, essas fezes
normalmente são muito complexas em relação à
nutrientes (rica em aminoácidos, vitaminas e,
principalmente nitrogênio – que é uma substância
“desejada” por muitos fungos.).
Imaginemos que um biólogo, que fica muito tempo
dentro de uma gruta pesquisando sobre as espécies
que ali residem não utiliza máscara para a realização de
O interessante é que o dimorfismo desses fungos não
seu trabalho, em um determinado momento ele vai
é só na temperatura ambiente, se colocarmos em
inalar o fungo, quando o fungo chega ao pulmão ele
ambientes diferentes ele vai se desenvolver de forma
sofre uma variação de temperatura.
diferente.
Oportunismo
Aí temos um problema, o dimorfismo nos fungos está
ligado à variação de temperatura. Na temperatura Geralmente a maioria dos fungos não causam doenças,
ambiente o fungo dimórfico é filamentoso e, na eles são importantes na cadeia alimentar, como
temperatura corporal (cerca de 37ºC) ele se decompositores e, em sua grande maioria, são
transforma em uma levedura, porque a levedura é classificados como oportunistas.
muito pequenina e, por isso, consegue se difundir mais Em relação ao oportunismo, temos quadros de
rápido Esse é o mecanismo do dimorfismo. infecção por cândida, por exemplo, que são
extremamente ligados à fatores de oportunismo,
Reprodução dificilmente os fungos começam processos infecciosas
Todo fungo é eucariota, ou seja, possui núcleo do nada.
verdadeiro e ter cromossomos homólogos (enquanto as
Mas algumas vezes existem fatores externos, como
bactérias apresentam apenas um cromossomo, os
lesões, que podem facilitar o processo de infecção por
fungos apresentam, pelo menos, um par de
fungos (como em salões onde a manicure não usa
cromossomos, a depender da espécie.). Ter
palitinhos de unha descartáveis/esterilizados, podendo
cromossomos homólogos significa ter a chance de
facilitar que os esporos do fungo de uma pessoa passe
fazer uma reprodução sexuada, com troca, pareamento
para outras. Temos que tomar cuidado porque o
de cromossomos homólogos, crossing over.. .
tratamento de infecções fungícas é sempre muito
Muitos dos fungos fazem reprodução assexuada, por demorado e trabalhoso.).
gastar menos energia, essa reprodução geralmente
acontece por reprodução binária27, brotamento28 ou
tempo se desprende, passando a ter uma vida independente. liberada, e um novo indivíduo se desenvolve quando as condições
Podemos citar como exemplos de organismos que se reproduzem ambientais são favoráveis. Exemplos: briófitas e fungos.
Marcella Ricardo
Microbiota humana normal – temos que ter em mente que cada região do nosso
corpo tem a presença de receptores específicos, que
fundamental vão ser ao longo do tempo (início: após o nascimento)
preenchido por membros naturais da microbiota.
Vamos falar, inicialmente, sobre o papel da microbiota
humana normal. Não é segredo para ninguém, que Isso explica o fato de termos uma certa estabilidade
carregamos uma quantidade de microrganismos no dessa microbiota. A pele. Como um todo tem
nosso corpo e essa presença é fundamental para que receptores específicos que vão atrair esses
tenhamos equilíbrio. microrganismos de forma definitiva e duradoura
formando o que chamamos de , ou
Equilíbrio é a palavra chave para essa relação que
natural.
estabelecemos durante a vida com esses
microrganismos. Vários são os estudos que mostram o Essa ligação é uma fundamental porque se a pele
papel e a função dessa microbiota e a cada dia que estiver em equilíbrio com os membros da microbiota
passa, vemos novos conhecimentos sendo adicionados normal aderidos aos receptores vai ficar difícil que um
e percebemos que o papel dela é muito maior do que patógeno se estabeleça, porque os receptores já estão
a princípio imaginávamos, inclusive como fonte de ocupados, gerando uma disputa.
estimulação antigênica, como fonte de uma resposta
Mas, se houver desequilíbrio, a coisa muda de figura. Se
imune mais ativa, etc.
usarmos um agente antibacteriano que tenha eliminado
São vários os papéis e funções que vem sendo parcialmente a microbiota normal, aqueles receptores
acrescidas ao longo do tempo. que antes estavam ocupados por microrganismos
residentes passam a ficar livre, facilitando que um
Basicamente temos essas principais formas de ação e
patógeno se estabeleça naquele local.
funções da microbiota:
O patógeno pode se estabelecer de forma temporária,
Metabolismo de produtos alimentares porque o receptor é específico para aquele membro
O metabolismo de produtos alimentares foi uma das natural, mas isso pode gerar um dano.
primeiras funções “descobertas”. Verificou-se a
importância dos microrganismos, principalmente
daqueles contidos no trato gastrointestinal, ajudando na É o que acontece quando ficamos doentes e tratamos
quebra de moléculas mais complexas e disponibilizando com um antimicrobiano que não é seletivo, atuando em
para o hospedeiro nutrientes, como vitaminas que não uma grande quantidade de agentes e causando um
são produzidas, degradação de celulose nos humanos. desequilíbrio, favorecendo que um patógeno se
estabeleça.
Essa função já é bastante reconhecida, vários animais,
inclusive, têm essa função bastante estudada. Chamamos a microbiota natural de microbiota residente,
são “as donas da casa”, cada local do nosso corpo tem
Proteção contra a invasão de patógenos uma composição específica, determinada pelos:
Comprometimento do Equilíbrio
Como falamos a colonização acontece após o
nascimento, o feto é estéril e vai sendo colonizado a
medida que vai vivendo.
32 Streptococcus pneumoniae ou informalmente Pneumococo é
uma espécie de bactérias Gram-positivas, pertencentes ao género
Streptococcus, com forma de cocos que são uma das principais 33Helicobacter pylori — também conhecida apenas como H. pylori
causas de pneumonia e meningite em adultos, e causam outras — é uma espécie de bactéria que coloniza naturalmente a mucosa
doenças no ser humano. do estômago do ser humano.
Marcella Ricardo
Temos as áreas que são colonizadas, quais sejam: Pele, microbiota normal, e isso acontece muitas das vezes
orofaringe, TGI e outras superfícies mucosas que pelo uso de antibacterianos, observamos uma redução
devem estar em equilíbrio para a saúde do indivíduo. da microbiota natural do TGI e o Clostridium, que pode
estar inclusive em forma de esporo35, consegue ter
Existem alterações que podem corromper o equilíbrio.
mais espaço e ambiente para proliferação. Quando ele
Um indivíduo hospitalizado, está em um ambiente
se prolifera, geralmente libera uma série de ácidos
amplamente colonizado, temos ali diversos pacientes,
levando a uma alteração de mucoso do TGI, levando a
cada um com sua microbiota, podendo existir várias
pessoa a um quadro de colite pseudomembranosa36.
alterações importantes.
No trato respiratório temos o predomínio de bactérias
Staphylococcus e Streptococcus, em ambiente
hospitalar, principalmente quando relacionado em
processos invasivos, como traqueostomia, ventilação
mecânica, enfim medidas invasivas de suporte
respiratório, o advento de mudanças da microbiota do
trato respiratório. Portanto, é comum a ocorrência de
infecções respiratórias por Klebsiella e Pseudomonas
que, normalmente não acometem o trato respiratório.
Em ambiente de hospitalização, os mecanismos de
sobrevida podem gerar portas de entrada que
favorecem que esses microrganismos se estabeleçam.
A Klebsiella e Pseudomonas são bactérias que gostam A colite pseudomembranosa é uma destruição do trato
de ambientes úmidos, o aumento de muco nos gastrointestinal ocasionada pela proliferação da bactéria
pulmões, ou uma fisiologia alterada propicia o Clostridium difficile, que é membro da microbiota
estabelecimento desses microrganismos. Em função normal, mas, por conta do desequilíbrio proliferou-se
disso, existe uma série de sintomas e síndromes mais que o normal.
respiratórias comuns, por isso, o auxílio da fisioterapia Para reduzir esse quadro de desequilíbrio é necessário
com exercícios respiratórios, mudança de decúbito, etc reduzir o uso de antibacterianos, porque só é possível
é importante para evitar essas infecções secundárias. retomar a equilíbrio se a bactéria voltar a seu normal.
Vivemos um momento importante de multirresistência,
várias espécies de Klebsiella e Pseudomonas
35 Os esporos bacterianos ou endósporos atuam como estruturas
apresentam essa resistência, portanto, o caminho é de sobrevivência quando a bactéria se encontra em condições
impedir que essas infecções secundárias aconteçam ambientais desfavoráveis. Eles são produzidos pela própria bactéria
para evitar grandes prejuízos ao paciente. e encontram-se livremente em seu interior. Inclusive, a posição do
endósporo é usada como forma de identificação das espécies.
Existe uma série de bactérias endógenas no trato A esporulação é o processo pelo qual as bactérias produzem
gastrointestinal que impedem a colonização de outros esporos quando estão em um ambiente desfavorável à sua
sobrevivência.
agentes que também vivem no trato gastrointestinal. A Na fase de esporo, a bactéria pode permanecer dormente por um
gente bactéria anaeróbia Clostridium difficile34, que vive longo tempo, até que as condições voltem a ser favoráveis. Nesse
no trato gastrointestinal junto a milhares de outros período, há redução do metabolismo e não ocorre multiplicação e
crescimento.
presentes na microbiota natural, em equilíbrio essa Os esporos podem permanecer viáveis por séculos. Eles são
microbiota intestinal dificulta a proliferação desenfreada resistentes ao calor, desidratação, radiação e mudanças de pH.
do Clostridium, porque apesar de presente ele não é Quando as condições ambientais são favoráveis, o esporo absorve
água até inchar e romper-se. Assim, ocorre a germinação,
dominante naquele local. Se há um desequilíbrio daquela
produzindo uma célula idêntica a célula parental.
36 A colite pseudomembranosa é uma inflamação do cólon que se
34 Clostridium difficile é um bacilo Gram-positivo comensal do trato produz quando, em determinadas circunstâncias, a bactéria
gastrointestinal responsável por doenças gastrointestinais associadas chamada Clostridium difficile lesiona o órgão mediante a sua toxina
a antibióticos, que variam desde uma diarreia até uma Colite e produz diarreia e aparição no interior do cólon de placas
pseudomembranosa. esbranquiçadas chamadas pseudomembranas.
Marcella Ricardo
Nesse ambiente de bactérias multirresistentes, para se que são os componentes mais comuns da microbiota
retomar o equilíbrio da microbiota, existe uma nova do TGI, algumas mudanças de estrutura e alguns
opção, o transplante fecal. desequilíbrios podem causar alterações nessa
população, gerando a colonização por Enterococcus38,
O TGI tem uma microbiota complexa, a morte
aumento da incidência de Clostridium, o que aumenta o
indiscriminada desses microrganismos gera morte de
potencial de danos, porque saímos de um grupo de
bactérias capazes de manter esse equilíbrio, os esporos
bactérias benéficas e equilibrantes para um grupo
do Clostridium podem resistir ao uso dos antibióticos,
permanente de bactérias nocivas.
porque a forma de esporo é uma forma de resistência
e, se mantendo ileso ele se desenvolve causando danos. Essa mudança de microbiota é conhecida como disbiose
e é ocasionado por uma série de fatores.
Em um indivíduo debilitado, esse quadro é muito grave.
O transplante fecal, em que pese ser contraditório
ainda, por ser uma tecnologia nova e não ter achados
extremamente relevantes, pode ser uma alternativa
benéfica em vários quadros.
reservatório de micro-organismos que vive no trato digestivo e prazo entre dois organismos de espécies diferentes seja essa
auxilia em variados processos do organismo, desde a digestão até relação benéfica para ambos os indivíduos envolvidos ou não. No
o controle de agentes causadores de doenças e a absorção de meio científico ainda não há um consenso sobre a definição
nutrientes. correta do termo simbiose.
Marcella Ricardo
O que conseguimos ver é que a microbiota interfere uma fase inicial de colonização. A colonização é mais
em todos os patamares da vida do indivíduo. sutil, já a infecção é a invasão de tecidos corporais de
um organismo hospedeiro por parte de organismos
capazes de provocar doenças; a multiplicação destes
A não reposição da microbiota natural do organismos; e a reação dos tecidos do hospedeiro a
indivíduo pode causar recidivas de infecções, estes organismos e às toxinas por eles produzidas
por isso, os probióticos são tão benéficos.
Durante o tratamento de infecções urinárias, por Acima temos o processo de ativação da cascata do
exemplo, as vezes a pessoa está assintomática e ao complemento. Se formos pensar, existem várias frentes
tratar começa a ter picos febris, isso acontece porque até chegar na ativação de anticorpos específicos que
ao matar a bactéria o LPS dela vai sendo exposto e podem passar despercebido, mas todo esse sistema é
circula, induzindo uma resposta, inclusive a resposta de muito importante para nossa sobrevivência e proteção.
febre.
Marcella Ricardo
O sistema complemento é ativado diretamente pelas A proteína ligadora de manose (MBL- Mannose binding
bactérias e pelos produtos bacterianos, portanto, tanto lectin) inicia a ativação do complemento por meio da
o microrganismo pode induzir uma resposta de cascata ligação à manose presente na parede de algumas
de complemento, porque ele tem uma proteína de bactérias (ex. Escherichia coli, Candida albicans). Essa
parede que induz essa resposta, como também, proteína é estruturalmente semelhante ao C1q da via
podemos ter a ligação da lectina a açucares na clássica e tem as proteases MASP1 e MASP2 acopladas
superfície celular bacteriana ou por complexos de à MBL, análogas ao C1r e C1s, respectivamente. Assim, a
anticorpo e antígeno MASP2 cliva C4 (C4a e C4b) e C2 (C2a e C2b) e o
restante da cascata é semelhante ao da via clássica.
3. Via alternativa
NO LIVRO
Fisiologicamente, ocorre clivagem espontânea em
O sistema do complemento consiste em proteínas baixas taxas de C3 em C3a e C3b. O C3b é instável
séricas (inativas na circulação) e de superfície celular. em fase fluida e pode ser hidrolisado se permanecer
Quando ativadas, interagem entre si, formando solúvel. Por outro lado, o C3b pode ligar-se à parede de
complexos com atividade proteolítica que amplificam a patógenos e iniciar a ativação da via, com subsequente
fagocitose e a resposta inflamatória, visando à incorporação e clivagem do fator B (Ba e Bb) pelo fator
eliminação de agentes infecciosos. As proteínas do D. O complexo formado é a C3 convertase (C3bBb) da
sistema do complemento correspondem a via alternativa, o qual é estabilizado pela properdina. Esse
aproximadamente 5% das globulinas do soro, sendo complexo cliva C3 (C3a e C3b) promovendo elevada
sintetizadas prioritariamente por células do fígado e produção de C3b, que pode ligar-se à parede de
macrófagos teciduais. patógenos ou ainda formar a C5 convertase
(C3bBbC3b) da via alternativa, que cliva C5 (C5a e
Existem 3 vias de ativação: (1) Clássica, dependente de
C5b).
anticorpo; (2) Lectinas e (3) Alternativa, ambas
independentes de anticorpo. De modo geral, os Mesmo sendo ativadas por diferentes maneiras, as 3
componentes clivados originam dois fragmentos, um vias levam a ativação do C3 e geração da C5
maior (b) que permanece no local de ativação e um convertase, moléculas indispensáveis para a formação
menor (a) que segue para a fase fluida. do complexo de ataque à membrana (MAC –
“Membrane Attack Complex”).
1. Via clássica
Os domínios CH2 (IgG1, 2 e 3) ou CH3 (IgM) dessas
imunoglobulinas interagem com C1q, um hexâmero no
qual estão ligadas as proteases C1r e C1s. Após a ligação
do anticorpo a um antígeno multivalente, o complexo
antígeno-anticorpo-C1q promove a ativação enzimática
dos dímeros C1r e C1s. A protease C1s cliva as moléculas
subsequentes da cascata, C4 e C2, em C4a e C4b e
C2a e C2b respectivamente. O fragmento C4b liga-se
à parede de patógenos ou à membrana celular e, em
seguida, o C2b, formando uma nova enzima, a C3
convertase (C4b2b). Esse complexo proteolítico cliva a
molécula C3 (C3a e C3b). O C3b formado pode ligar-se
ao complexo C4bC2b, formando a C5 convertase
(C4bC2bC3b), clivando C5 (C5a e C5b) que atua na As NK, normalmente também estão ligadas ao sistema
fase tardia do sistema (C5b-C9). inato e estão muito mais ativas frente a infecções virais.
2. Via das Lectinas Temos que lembrar que 80% ou mais das infecções
virais são autolimitadas, ou seja, possuem início, meio e
Marcella Ricardo
fim, sem que haja necessidade de intervenção por NO LIVRO
medicamento, as células NK são importantes nesse
processo. O Interferon é uma proteína produzida pelas leucócitos
e fibroblastos para interferir na replicação de fungos,
As células NK constituem uma parte importante do
vírus, bactérias e células de tumores e estimular a
sistema imune natural (inato). As células NK
atividade de defesa de outras células. Existem três tipos
proporcionam uma resposta celular precoce a uma
de interferon, classificados de acordo com o receptor
infecção viral, possuem atividade antitumoral e
celular e resposta que ativam.
amplificam as reações inflamatórias após uma infecção
bacteriana.
Um tumor, nada mais é do que uma célula que entra
em reprodução acelerada, as células NK também
possuem essa função de controle tumoral. Elas não
identificam se a reprodução acelerada é ligada a algum
vírus ou à tumores, de toda forma ela ataca essas
células.
Introdução vez que essa substância, por ser uma secreção celular
natural, tem efeitos colaterais muito pequenos.
Na última aula falamos sobre as células NK, bem como
sobre a importância do sistema do complemento51 no Cada dia que passa temos mais necessidade da indução
controle microbiano, tanto na via alternativa, quanto na de uma resposta imune efetiva, para vencer uma série
via clássica. de barreiras e desafios, já que os medicamentos nem
sempre conseguem fazer àquilo que se propõe,
Na verdade, no sistema do complemento, temos a principalmente por conta da resistência a eles e das
deposição das células, principalmente da C3 sobre o taxas de mutações dos microrganismos que é cada vez
microrganismo proporcionando a fagócitos e a lise maior e aumenta a sua capacidade de sobrevivência.
microbiana, o que ajuda no combate a infecções
fungícas e bacterianas. Hoje, encontramos a questão da resistência microbiana
bem esclarecida nos três grupos (bactérias, fungos e
Falamos também sobre o interferon, que é uma vírus.), de forma que essa questão é tratada como
substância celular importante. Normalmente, nas células muito grave e levanta a necessidade de se trabalhar
infectadas por vírus temos a liberação do interferon com a promoção de saúde, evitando que a doença se
(principalmente o interferon alfa) e isso gera um estado estabeleça (isso é feito proporcionando condições de
antiviral, já que o interferon tem a capacidade de saúde para eliminar o patógeno – principalmente
estimular a ação de outras células de defesa, fazendo através de imunomodelardores52).
com que a infecção seja combatida (através da
eliminação da célula infectada ou da limitação do Resumidamente, temos na figura abaixo, um gráfico
crescimento dos vírus). mostrando o desenvolvimento das infecções:
Quanto maior a capacidade do hospedeiro em vencer Além disso, os anticorpos têm um papel importante na
os desafios, menor será a gravidade da infecção. Isso aglutinação de bactérias e na imobilização de bactérias
fica claro quando comparamos o que chamamos de móveis (aquelas que possuem flagelo)
extremos de idade: Um Rescém-nascido que não tem a Os anticporpos também são capazes de combinar-se
imunidade totalmente completa e um idoso, em que com os antígenos na superfície microbiana e ativam a
essa imunidade está deteriorada, as infecções tendem a cascata do complemento, induzindo dessa forma uma
ser pioradas e por isso mesmo essas faixas etárias são resposta inflamatória, trazendo fagócitos novos e
priorizadas nas campanhas de vacinação e programas anticorpos séricos para o local, fazendo a sua
de promoção de saúde. estimulação de forma que que o local inflamado seja
Teremos alteração de imunidade, principalmente de limpo (remoção das partículas estranhas) e recuperado,
linfócitos, como acontece no vírus HIV, que acaba até para prevenir a entrada de novo agentes. A
gerando um grau de imunossupressão importante, casquinha do machucado tem exatamente essa função.
fazendo com que todo esse processo de ativação de Normalmente as proteínas e carboidratos estão
resposta que é relativamente simples acabe não associados a estrutura do microrganismo são agentes
acontecendo. indutores de resposta. As bactérias gram positivas, por
Portanto, temos quadros de infecções em indivíduos exemplo, que tem toda a parte de parede (que é a
imunodebilitdos (por questões de idade, ou por fazer porção que entra em contato com um indivíduo em
uso de drogas imunossupressoras) mais exuberante, um primeiro momento), ativam respostas construídas
por conta do próprio hospedeiro. pelo nosso organismo.
55
Conceitos epidemiológicos
Citomegalovírus são Herpes-vírus com alta especificidade com
relação ao hospedeiro e que pode causar infecção no homem, no Vamos falar sobre alguns conceitos epidemiológicos que
macaco e em roedores, levando à aparição de células grandes, precisamos saber acerca do controle de
que apresentam inclusões intranucleares. No caso específico do
homem, produz a doença de inclusão citomegálica.
transmitibilidade:
Marcella Ricardo
Endemia: Em epidemiologia, uma infeção diz-se
endêmica quando atinge uma população de uma região
geográfica específica. Por exemplo: a febre amarela
ATENÇÃO
sempre foi uma doença endêmica do norte do país,
pelo próprio contexto da região (úmida, com mata SURTO X EPIDEMIA
fechada – ambiente propício para o vetor).
Quando falamos que há o aumento de casos
Uma doença endêmica, normalmente permanece de infecção por uma bactéria multirresistente
estável ao longo do tempo. dentro de um hospital é um SURTO.
UMA DOEÇA ENDÊMICA PODE SE TORNAR Pandemia: Uma pandemia é uma epidemia de doença
EPIDÊMICA? infecciosa que se espalha entre a população localizada
em uma grande região geográfica como, por exemplo,
Pode, quando há um aumento do número de casos.
um continente, ou mesmo o Planeta Terra.
Epidemia: Uma epidemia é a concentração de
A Aids começou na década de 80, como uma doença
determinados casos de uma doença em um mesmo
localizada, primeiramente nos EUA, com um número
local e época, claramente em excesso em relação ao
menor de pessoas, logo depois virou uma epidemia e
que seria teoricamente esperado.
um pouco mais tarde se tornou uma pandemia.
Para sabermos qual é o número esperado precisamos
A gripe também pode ser considerada uma doença
da notificação e, por isso, ela é tão importante.
pandêmica, pois temos o vírus influenza (de vários tipos,
A primeira vez que foi registrada uma epidemia de HIN1 é só um exemplo) causando infecções em pessoas
febre amarela em Minas Gerais foram relatados quatro do mundo inteiro (é mais restrita à época do ano,
casos. É estranho pensarmos em epidemia com um dificilmente temos casos de gripe durante o verão, por
número tão pequeno de casos, mas epidemia não exemplo, porque as condições climáticas desfavorecem
depende diretamente do número, sendo assim, se o crescimento do vírus – que gostam de temperaturas
durante 20 anos não houve nenhum caso de febre mais baixas. Além disso, no frio ficamos mais próximos
amarela e em um ano temos 4 casos, isso já é dado uns dos outros o que facilita o contágio.)
como epidemia.
Obviamente algumas pandemias/epidemias são mais
Portanto, epidemia é um termo que temos que ter drásticas, de acordo com o público onde se estabelece.
atenção, porque algumas doenças se tornam epidemia
Doença Emergente: Doenças emergentes são
mesmo com um número pequeno de casos.
doenças cuja incidência em humanos aumentou durante
as últimas décadas. . . No Brasil, as doenças emergentes
ATENÇÃO mais evidentes são: febre amarela, cólera, tuberculose,
dengue, hantavirose, leishmaniose, filariose, a AIDS
Uma doença não endêmica é aquela que era (quando surgiu) e malária.
“comum”, mas foi controlada. O sarampo estava
nesse grupo, mas hoje já surge com uma cara de São doenças novas, que ganharam uma relevância com
epidemia, porque já tivemos em Belo Horizonte sua alta disseminação.
20 anos sem nenhuma notificação e hoje temos Doença Reemergentes: São doenças que foram
relatos aumentados. controladas e depois voltou. Se pensarmos na história
do Sarampo no Brasil, podemos considera-lo uma
doença reemergente.
Surto: Surto é um termo usado na epidemiologia
para identificar quantidades acima do normal de doenças Durante um longo período o Sarampo esteve como
contagiosas ou de ordem sanitária. meta de erradicação no Brasil, porque não eram
relatados casos. A meta de erradicação é estabelecida
Marcella Ricardo
pelo governo quando se consegue fazer o controle, Conceituar a poliomielite como doença erradicada é
principalmente o controle vacinal. Hoje, devido ao perigoso porque erradicação significa não ter mais o
aparecimento de casos novos o sarampo é uma vírus circulando na natureza, e, em relação a
doença reemergente. poliomielite isso não é verdade.
Quando a doença pode ser controlada por vacinação é Se falamos que a poliomielite está erradicada não
mais fácil o seu controle, desde que seja feita uma conseguimos sequer justificar a necessidade da vacina.
campanha adequada de imunização para que ela não Por isso a poliomielite tem o status de “controlada”, não
volte a ser epidêmica. de erradicada.
Erradicação: erradicar uma doença é aniquilar Doenças Esporádicas: São doenças mais pontuais,
completamente o micróbio ou vírus, e que aparecem muito pouco. O tétano é considerado
consequentemente parar a propagação da doença em uma doença esporádica, porque raramente acontece, a
um país ou continente e, evitar que as pessoas raiva também é considerada uma doença esporádica.
contraiam a doença, enquanto o transmissor continuar (porque como há vacinação dos animais domésticos há
vivo na natureza. uma dificuldade de transmissão do vírus.).
Para que a doença seja considerada erradica é No caso da raiva a imunização só é indicada para
necessário que não tenham casos da doença durante indivíduos com maior risco de contato com o vírus, por
um período de 25 a 30 anos. conta dos efeitos colaterais.
Diz-se que uma doença foi erradicada, quando depois Outra doença esporádica, que está em meta de
de várias vacinações coletivas, não for mais verificada a erradicação é o tétano neonatal56, no passado essa
ocorrência da doença na população de uma doença era chamada de mal dos sete dias e era muito
determinada região. A varíola foi uma doença viral que comum. Durante muitos anos as pessoas tratavam o
mais causou mortes no mundo todo mas, desde o ano coto umbilical de muitas formas, colocando moedas,
de 1977, foi considerada erradicada. fumo, etc. O coto é um ambiente propício para
Clostridium tetani, que é uma bactéria anaeróbia e
ATENÇÃO muitas crianças acabavam contraindo a doença por
meio dos objetos que eram colocados no coto.
A paralisia e a poliomielite não podem ser Como temos no pré-natal a vacinação contra o tétano
consideradas doenças erradicadas. para a mãe (vacinação em três doses ao longo da
O Ministério da saúde, há muitos anos fala gravidez), essa doença tornou-se esporádica, porque o
sobre o termo erradicação para a poliomielite, bebe se torna protegido pelos anticorpos passados pela
todavia, esse é um termo muito definitivo mãe.
porque é necessário pensar no território
mundial
ATENÇÃO
CONTROLE é diferente de erradicação! A
única doença erradicada no mundo é a varíola.
As doenças esporádicas não são doenças contagiosas,
ou seja, não é uma doença fácil de ser transmitida (isso
Quando não há casos de indivíduos susceptíveis para está altamente relacionado às formas de transmissão).
um vírus, por exemplo, durante um período muito
grande, esse vírus “some”, ele pode voltar? Sim, a
maioria das crianças hoje em dia não tiveram contato 56 O tétano neonatal não é transmitido de pessoa a pessoa e sim
com o vírus da varíola e nem foram imunizadas, pela contaminação do coto umbilical com os esporos da bactéria,
que podem estar presentes em instrumentos não esterilizados e
portanto existem muitos hospedeiros susceptíveis hoje
utilizados para secção do cordão umbilical, como tesoura e fios
em dia. para laqueadura do cordão.
Os esporos da bactéria também podem estar presentes em
produtos do hábito cultural das populações, utilizados no curativo
umbilical, como ervas, chás, pós e pomadas, entre outros.
Marcella Ricardo
Doenças não endêmicas: São aquelas que foram
controladas. Mesmo aquelas que não tenham vacinação
disponível, por exemplo, a hanseníase, que é uma
doença classificada pelo Ministério da Saúde como não
endêmica.
Apesar de ainda existirem casos ela deixou de ser uma
endemia para o status de controlada, pelo tratamento
que hoje é mais viável, pelo preconceito acerca da
doença que diminui ao longo dos anos e uma série de
outros fatores.
A mesma coisa aconteceu com o Sarampo. Durante
muitos anos o sarampo foi considerado como uma
doença não endêmica, esteve em meta de erradicação
em 2005, e, por descuido, hoje está em pauta
novamente.
Biossegurança
Existem os equipamentos de proteção individual (EPI),
esses equipamentos devem ser adequadamente usados
para não expor o profissional de saúde a risco
desnecessários.
Não adianta o profissional usar apenas luvas se estamos
diante de uma transmissão por via aérea, porque a luva
protege contra infecções por contato.
Por isso, conhecer as vias de transmissão é essencial
até para que saibamos qual o EPI deve ser utilizado.
Marcella Ricardo
Patogênese microbiana
Aula 06
Capsula
Resistencia aos antibacterianos: Que é um dos
Peptidioglicano
fatores mais importantes de virulência bacteriano, Fímbrias
as vezes a bactérias tem pouquíssimos fatores
de virulência, mas, em contrapartida carrega
genes de resistência. Assim, ela se estabelece e Enzimas e
produtos
continua o processo patológico simplesmente Citotoxinas tóxicos
Patogênese microbiana
Aula 07
62 Staphylococcus epidermidis é uma espécie de bactéria firmicute, Se o alimento está contaminado por uma grande
caracterizada por ser coagulase negativa. Pertence ao gênero quantidade de microrganismos, a via de ingestão acaba
Staphylococcus. É uma bactéria gram-positiva arranjada em cachos sendo uma via fácil.
e tétrades.
Marcella Ricardo
Não quer dizer que os microrganismos consigam se acidentes e procedimentos invasivos também são
estabelecer, eles precisam romper nossas barreiras veículos de entrada para o microrganismo.
naturais, se não fosse assim, estaríamos diante de um
grande perigo pois estamos expostos a microrganismos
ç
o tempo inteiro. Os perfurocortantes são vias fáceis de transmissão de
vários microrganismos, temos vários exemplos de vírus
Os nossos mecanismos básicos de defesa auxiliam na transmitidos dessa forma (HIV, Hepatites virais, etc), mas
nossa proteção. O microrganismo pode conseguir as bactérias também podem ser transmitidas por essa
chegar até o estômago, por exemplo, e por conta da via.
acidez daquele local ele conseguir ser destruído.
Agora, se temos um alimento com muitas bactérias, Várias são os microrganismos transmitidos por essa via.
algumas são eliminadas pela acidez, mas outras várias Pulgas e carrapatos podem estar colonizadas e serem
vão conseguir chegar ao intestino, onde vão competir transmitidas por essa via.
com outros microrganismos presentes.
Alguns agentes são mais graves do que outros, essa
Também é uma via muito frequente. O contato
gravidade da doença está intimamente ligada aos mucoso acaba favorecendo a transmissão de vários
fatores de virulência. microrganismos, como exemplificado no quadro acima.
A toxina botulínica, por exemplo, é extremamente
potente, porque o alvo da ação dela é impedir a ligação Colonização, Adesão e Invasão
de neurotransmissores paralisando a musculatura, no A colonização é uma etapa importante para o processo
tecido em que ela se estabelecer. de patogênese porque existem vários tipos de recursos
ç na bactéria que facilitam a aderência desses agentes à
determinados tecidos.
Outra via comum é a de inalação é uma das formas
mais comuns também. Vários microrganismos, como A e.coli, por exemplo, tem uma série de adesinas na
streptococcus, Mycobacterium tuberculosis e sua parede, que colaboram para que essa bactéria se
Mycoplasma, são capazes de disseminar pela via ligue a mucosa.
respiratória.
Quando falamos de infecção urinária, por exemplo, em
Observaremos que os vírus são mais facilmente 90% dos casos, essa infecção é causada pela e.coli.,
transmitidos pela via de inalação. As bactérias são mais justamente por ser uma bactéria presente no TGI63 e
restritas nessa via de transmissão, porque precisam ser ter uma alta capacidade de adesão na mucosa..
mais leves para serem transmitidas dessa forma.
Se pensarmos, o Enterobacter e a salmonela também
vivem no intestino, mas não são agentes comuns de
Por trauma, como acontece com o Clostridium tetani. infecção urinária, porque falta neles adesina e o fluxo
urinário consegue eliminá-los.
ATENÇÃO
Quando falamos de prevenção de infecção urinária, o
Temos que diferenciar a entrada da possibilidade de fluxo urinário é muito importante. Indivíduos que tenham
desenvolvimento do microrganismo. O Clostridium tetani uma maior predisposição a infecções urinárias,
pode entrar no organismo humano, mas para crescer e geralmente tem uma ingesta menor de água e um
se estabelecer ele precisa chegar em um tecido fluxo urinário menor.
favorável, sem oxigênio, que propicie o seu O fluxo urinário tem a capacidade de ajudar na
crescimento. eliminação do excesso de microrganismos presentes
Quando falamos de trauma não estamos nos referindo naquele local, que já tem, por natureza, uma capacidade
apenas a acidentes com perfurocortantes, mas maior de aderência.
63 trato gastrointestinal
Marcella Ricardo
Abaixo, temos a figura com o processo de produção
Outro ponto relevante na questão da aderência são os da placa dentária, que formam através dos substratos
biofilmes, que são matrizes de polissacarídeos, liberados encontrados na superfície dentária.
por algumas células bacterianas formando uma teia de
ligação.
Dentro do biofilme existe uma série de bactérias
alojadas, é a formação de uma comunidade, tendo um
papel importante para a evolução microbiana.
Os biofilmes não são estruturas produzidas apenas na
pele ou em objetos hospitalares, são mecanismos de
proteção encontrados na natureza. Várias bactérias, na
natureza, produzem o biofilme para proteger-se contra
os raios solares (prevenindo a desidratação.) Portanto, o tártaro/placa dentária é uma base, com
formação de biofilme que ajuda na colonização de
Do ponto de vista químico, temos as bactérias da pele
outros agentes. (parte da questão ligada à cárie está
produzindo biofilme como alternativa de adesão àquela
relacionada a formação do biofilme.)
região. O staphylococcus epidermidis, tem uma
população dominante na pele justamente por conta da Existe uma colonização primária, onde são formadas
sua produção de biofilme. microcolonias, que vão se proliferando e vamos
observando o processo de coadesão e coagregação
Esse microrganismo é capaz de produzir o biofilme
com outros agentes. No final, termos um biofilme
tanto na pele quanto no cateter, esse biofilme pode
maduro formado por uma grande diversidade de
“atrair” outras bactérias que podem se aderir e se
microrganismos, tal como representado abaixo:
desenvolver naquele local. Por isso, é necessário tomar
muito cuidado com a assepsia e o tempo de uso do
cateter, que pode ser o foco infeccioso.
ATENÇÃO
Alfa Hemólise Hemólise Parcial A transmissão dessa bactéria está ligada à mordida
humana. Alguns indivíduos são portadores dessa
O Streptococcus agalactiae está relacionado à uma bactéria na microbiota normal, em quadros de surtos
síndrome importante chamada de Febre puerperal70. psicóticos ele pode morder uma pessoa e, nessa
Essa manifestação foi responsável, inclusive, pelo início mordida (dependendo da força), inocula no tecido a
de parte do controle microbiano. bactéria, causando manifestações destrutivas, como a da
foto.
Um médico da época percebeu que várias mulheres Obviamente, dependendo das condições do hospedeiro
morriam após dar à luz, sem causas aparentes. Foi essa manifestação pode ser mais destrutiva.
observado uma relação com microrganismos quando O quadro de celulite, ou Erisipela, também é causado
um dos médicos foi ferido com uma agulha pelo Streptococcus, só que não há ferida, toda lesão é
contaminada e morreu. interna, tal como na foto abaixo:
Exotoxinas
Existem dois tipos principais de subunidades de toxinas:
Lembrando que a composição das exotoxinas e das
endotoxinas são diferentes: Toxina Diftérica
ENDOTOXINAS – COMPONETES LIPÍDICOS Toxina Colérica
EXOTOXINAS – COMPONETES PROTEICOS Na figura abaixo temos a demonstração da ação dessas
subunidades. Geralmente a toxina B se liga ao receptor
As toxinas podem atuar de duas formas diferentes, ou
da superfície celular para que a toxina A possa ser
danificando diretamente o tecido ou promovendo
transferida para dentro da célula fazendo o efeito tóxico
atividades biológicas destrutivas.
esperado. Uma abre o caminho para que a outra
Geralmente ou a bactéria cresce e libera a toxina, é o funcione.
caso da toxina botulínica, que é produzida pelo
Depois que ela entra na célula as ações são muito
clostridium botulinum, que em condições adequadas, ao
variadas, pode existir ações em alvos lisossomais,
se proliferar produz essa toxina. Se alguém consome
mecanismo de transporte, dentre outros efeitos.
esse alimento, pode consumir a bactéria viva ou apena
a toxina.
Algumas vezes a doença está ligada somente à ação
da toxina pré-formada, como é o caso do tétano e do
botulismo. Nem o Clostridium tetani nem o Clostridium
botulinum são microrganismos com tendências de ação
diferentes da liberação da toxina.
Essas toxinas podem se disseminar pela corrente
sanguínea causando sintomas em sítios distantes como
no tétano (Clostridium tetani – A Tetanospasmina, que
é a toxina, bloqueia a ação do neurotransmissor
inibitório, por isso causa uma hiperestimulação contínua.
Os efeitos da doença são todos relacionados a essa
ação da toxina) ou no botulismo (Clostridium botulinum-
A toxina bloqueia a ação da acetilcolina e a estimulação
é bloqueada causando a paralisação)
É importante sabermos que, diferente das
endotoxinas (com ações sistêmicas), toda exotoxina tem
Marcella Ricardo
uma função mais direcionada. A toxina Tetânica e toxinas A-B se liga a um receptor específico na
Botulínica são neurotoxinas, elas atuam em superfície da célula e então a subunidade A é
neurotransmissores, não atuam no TGI. transferida para o interior da célula, onde induz dano à
mesma. Os tecidos-alvo destas toxinas são bem
Basicamente termos efeitos:
definidos e limitados (Fig. 18-2 e Tab. 18-3).
Citotóxicos
Os alvos bioquímicos das toxinas A-B incluem os
Enterotóxicos ribossomas, os mecanismos de transporte e sinalização
intracelular (produção de monofosfato cíclico de
Neurotoxicos
adenosina [cAMP], função da proteína G), com efeitos
que variam desde diarreia até a perda da função
neuronal e morte. As propriedades funcionais das
NO SLIDE toxinas citolíticas e outras exotoxinas são discutidas com
mais detalhes nos capítulos que tratam da doença
Muitas toxinas são diméricas com sub unidades A e B específica envolvida.
(toxinas A-B)
A porção B das toxinas se liga a receptores específicos Superantígenos
da superfície das células e a subunidade A é transferida Algumas toxinas funcionam como superantígenos, ou
para o interior da célula onde induzindo danos seja, são toxinas específicas, que se ligam em
receptores das células T, fazendo com que haja uma
Os alvos bioquímicos das toxinas A-B incluem os
superexpressão da resposta imune.
ribossomos e os mecanismos de transporte e
sinalização intracelular, com efeitos que variam desde Os superantígenos não são toxinas muito potentes,
diarreia até perda da função neuronal e morte. mas são capazes de induzir uma resposta imunológica
exacerbada. Os efeitos tóxicos são todos relacionados a
esse excesso.
NO LIVRO
Endotoxinas
Nas endotoxinas temos a ação de membrana externa,
principalmente, vários componentes dessa parede
celular são ativadores de resposta quando rompidos
(liberação de citosinas) e o excesso dessa resposta
pode ser bastante nocivo para o organismo. É o que
acontece, normalmente, na meningite.
Se compararmos componentes celulares como agentes
reguladores de resposta, vamos ver porção do LPS
composta pelo lipídio A, responsável pela atividade da
endotoxina (exclusiva de gram negativas), causando
estímulos de resposta pirogênicos (febre) dentre outros
estímulos.
As endotoxinas ligam-se a receptores específicos nos
macrófagos, nas células B e em outras células e
estimulam a liberação de citocinas na fase aguda.
Esse tipo de manifestação é muito comum na
Meningite meningocócica, geralmente causada por uma
bactéria gram negativa (neisseria meningitidis), capaz de Em baixas concentrações as endotoxinas estimulam as
induzir uma resposta muito alta no sistema imune (por respostas protetoras como febre, vasodilatação e
isso é necessário seu rápido tratamento.) ativação de respostas inflamatórias e imunes
Marcella Ricardo
Patogênese microbiana
Aula 08
ATENÇÃO
Sobre a questão de evitar a resposta do hospedeiro, As gram positivas podem sofrer os efeitos desse
existem ações além da capsula, como as infra- sistema.
mencionadas, vejamos: O desenvolvimento de granuloma por M. tuberculosis,
Crescimento intracelular: Uma bactéria que cresce onde a bactéria pode residir por toda a vida do
dentro da célula se protege com a célula. É muito difícil indivíduo infectado, as vezes o indivíduo não tem
termos o sistema imune ativo contra aquela bactéria manifestações dos sintomas mas tem o granuloma
presente na bactéria.
Marcella Ricardo
A BCG não previne a entrada da Mycobacterium produção de estafilocnase (a enzima que faz essa
tuberculosis., mas impede, muita das vezes, a ruptura.)
transformação da tuberculose clássica em tuberculose
extrapulmonar.
Produção de coagulase por S. aureus (converte o ATENÇÃO
fibrinogênio em fibrina, com formação de coágulo –
O S. aureus é a única espécie do gênero que produz
proteção contra fagocitose); O S. aureus é tão esperto
coagulase, por isso, esse mecanismo é uma
que, quando ele está mantido em um ambiente com
característica de diferenciação desse microrganismo. Se
fibrinogênio e plasma, principalmente, ele usa uma
eu quiser confirmar se uma bactéria X é mesmo um S.
enzima que ele produz, chamada coagulase, ele coagula
aureus eu posso fazer o teste da coagulase.
esse plasma, transforma o fibrinogênio em fibrina e fica
quietinho naquele coagulo. Esse é um dos mecanismos Abaixo temos a figura de formação do coagulo. A
mais interessantes presentes no mundo microbiano, o bactéria vai liberando as enzimas que vão ser usadas
próprio microrganismo produz o coagulo e quando o para coagular o plasma ao redor dela. O coagula vai
ambiente está mais propício ele sai de dentro do mantê-lo protegido. O coagulo será quebrado, quando o
coagulo. microrganismo achar necessário, para romper esse
coagulo.
Os furúnculos profundos, com respostas inflamatórias
muito ativas, geralmente são S. aureus, que conseguiu
migrar pelos poros, as vezes por um folículo piloso, se
desenvolveu, liberou coagulase, coagulou e ficou ali.
Tanto que, quando a pessoa não tira aquele furúnculo
de forma correta há risco de lesões em outros locais
pois a bactéria se dissemina. Por isso, é necessário o
uso de extração e medicação adequada para que a
bactéria morra e não consiga ficar formando processos
inflamatórios constantes.
Patogênese Viral
Patogênese viral é um assunto bastante novo, porque
tem muito pouco tempo que os vírus são estudados de
Acima temos fotos do teste da coagulase, onde é forma mais profunda e esse assunto começou a ser
colocado plasma (de coelho, normalmente), inocula a estudado a partir de vírus que promovem uma
bactéria dentro do plasma e coloca à temperatura de alteração mais consistente no hospedeiro, como o vírus
37ºC, geralmente por 3 horas, em banho maria, HIV.
formando o coagulo. O que ajudou muito a esclarecer os mecanismos desse
Além de conseguir formar o coagulo o S. aureus microrganismo foi a biologia molecular e os recursos
também consegue romper o coagula a partir da genéticos e moleculares, que ajudam a entender como
essa patogênese pode acontecer.
Marcella Ricardo
Além disso, a possibilidade que temos de fazer o cultivo ç
dos vírus em células e tecidos nos ajuda a entender
melhor a forma de ação desses microrganismos.
ATENÇÃO
Em função disso, nos últimos 30 anos houve um
grande avanço no estudo de patogênese viral A natureza da doença, ou seja, o tecido alvo daquele
Todo vírus é um patógeno/parasito, se ele destrói a vírus, o que é muito importante, já que a maioria dos
célula e insere seu conteúdo genético dentro dela, ele vírus age em células específicas, diferentemente do
passa a dominar aquela célula. que falamos nas bactérias (que teoricamente consegue
se estabelecer em qualquer ambiente, desde que tenha
condições para isso – S. aureus que pode causar de
O QUE PODE GERAR? foliculite a meningite.)
Podemos ter uma situação provisória ou podemos ter o Os vírus podem se disseminar na corrente sanguínea,
prolongamento de todo esse processo, incluindo podem chegar a uma série de ambientes mas só
mecanismos imunes que são importantes. sobrevivem se tiverem a sua célula alvo. Cada vírus tem
filia, uma atração, por sua célula tecidual. Ele só
Mas o que temos que lembrar é que, a maioria das consegue se estabelecer se tiver aquela célula que
infecções virais (viroses) induzem uma resposta ofereça aquilo que ele precisa, por isso, os vírus são
imunológica. Parte dos sintomas, que muitas vezes são muito mais específicos e teoricamente, muito mais difícil
inespecíficos estão mais ligados a fatores do sistema de se estabelecer.
imune do que a própria ação do vírus, por isso é tão
difícil estabelecer um diagnóstico. As portas de entrada dos vírus podem ser várias,
muitos deles entram por via respiratória, mas se
Mecanismos de patogênese viral estabelecem em outros lugares (um vírus que atua no
intestino pode entrar por via respiratória), a via fecal-oral
Os vírus causam doença quando atravessam barreiras
também é uma possibilidade, da mesma forma, vírus
de proteção, escapam do controle imune e matam as
que atuam em sítios distantes podem ser adquiridos
células de um tecido ou desencadeiam resposta imune
dessa forma, um exemplo é o vírus da poliomielite, por
inflamatória destruidora. Vários vírus são capazes de
exemplo, atua no sistema nervoso, mas é adquirido pela
induzir uma resposta tão forte, que acabam destruindo
via fecal-oral.
o tecido.
Parte do sucesso da imunização da poliomielite se deve
Vários vírus induzem mutações inclusive, portanto,
ao fato da transmissão ser fecal-oral, porque quando a
temos uma grande variedade de ações virais, desde
pessoa toma a vacina ela pode libera os vírus nas fezes,
aqueles casos pontuais, como o caso do rinovírus que
como em países subdesenvolvidos a chance de
causa infecções brandas nas vias aéreas, causando
contaminação da água é grande, acredita-se que houve
sintomas como cefaleia, coriza, mas que, em pouco
uma imunização cruzada.
tempo o já cura, até aqueles que causam doenças
crônicas causando danos muito mais severos. Permissividade celular é um ponto relevante porque,
nem todas as células são permissivas, as vezes a célula
As consequências da infecção são determinadas pela
não tem nenhum receptor específico para aquele vírus
interação vírus-hospedeiro e pela resposta do
e, as vezes existem indivíduos com células permissivas
hospedeiro a infecção. Elas são muito mais importantes
e outros que não tem, é o caso das populações
quando o alvo são células de tecidos vitais, mais
resistentes a certos vírus, tudo isso tem um cunho
importantes, consequentemente, esses vírus são mais
genético e hereditário importante, mostrando uma
estudados.
adaptação (maior ou menor) aos microrganismos
Determinantes da doença viral
presentes no organismo.
Os determinantes da doença viral estão ligados: O tipo de cepa viral também e importante. Com vírus
não trabalhamos com espécies e sim com tipos/grupos
Marcella Ricardo
e, dentro de um mesmo grupo existem tipos e cepas O tratamento para virose é algo novo, há 20/30 anos
diferentes. nem se cogitava um tratamento, até porque não se
justificava, já que elas são autolimitadas, em sua maioria.
Na dengue, por exemplo, temos pelo menos quatro
tipos de dengue, cada um desses tipos possui A partir do momento que começaram a surgir viroses
determinantes virais/genéticas parecidas, porém com mais crônicas que geram alterações significativas surgiu
uma série de características próprias. a necessidade de um controle mais efetivo.
O próprio H1N1, quando começou a aparecer, não se Sem dúvida nenhuma, um grande marco no controle
sabia exatamente qual o grupo pertencente desse vírus das viroses foi o vírus HIV, não só ante a necessidade
e aí, com o isolamento genético, descobriu-se que ele é de tratamento, pois é necessária a redução da carga
da família da influenza, mas que tem características viral, caso contrário o indivíduo evolui de forma negativa
diferentes que foram adquiridos através da clinicamente e do ponto de vista social, pois um
adaptação/mutações sofridas. indivíduo com alta carga viral espalha o vírus mais
facilmente.
ç
A intensidade da doença viral depende da habilidade Questões ligadas a biossegurança vieram a tônica com
citopática, que é o efeito da destruição celular. Existem muito mais força depois do HIV, até meados dos anos
vários vírus que causam efeitos citopáticos importantes, 80 não se tinha todos os cuidados que se tem hoje.
inclusive com a destruição de alguns tecidos. A resposta imune, geralmente é o mais importante
O estado imune do indivíduo e a condição geral do para a cura das infecções virais, mas não podemos
hospedeiro que é muito importante, pois depende do esquecer que o excesso dessa resposta também é o
hospedeiro. Uma infecção viral em uma criança, em um responsável uma série de danos.
idoso, em um recém-nascido e em indivíduos A patogênese do vírus está, inclusive, mais ligada ao
imunossuprimidos é muito mais grave do que em um que ela induz de reposta do que a sua própria ação
indivíduo asudável sobre o indivíduo.
A imunidade anterior ao vírus, porque se o indivíduo já Temos ainda, a possibilidade de um vírus causar várias
teve contato com o vírus, por vacina ou por já ter tido doenças diferentes, ou ser um vírus assintomático. O
a doença, ou a pessoa não apresentará mais a doença HSV I – herpes simples labial, do tipo I é o mais comum
ou apresentará em lesões muito brandas. e muitas vezes ele fica “dormente” nas raízes sensoriais
Recentemente foi observado recidivas de catapora em e o indivíduo portador pode ter diversas manifestações
pacientes imunizados, mas de forma branda. A vacina da ao longo da vida (inclusive encefalite) ou nuca ter nada.
catapora foi muito pouco efetiva durante um tempo, O que determina se o vírus vai se estabelecer ou não
pela pouca adesão e por ser uma vacina nova, hoje é muito intrínseco do indivíduo e depende muito do
vemos esses quadros de minimização da doenças., mas hospedeiro. Existem hospedeiros que apresentam
via de regra as doenças com controle vacinal são manifestações quando tem episódios de estresse, ou
doenças mais equilibradas. quando tem alguma outra infecção e isso vai depender
O tamanho do inoculo viral é relevante porque uma de inúmeros fatores.
coisa é ter contato com uma quantidade grande do
vírus, outra coisa é ter contato com uma quantidade Fatores de virulência viral:
pequena. Os fatores de virulência virais são muito diferentes,
porque vírus não tem toxina, não tem enzima
Antes de falarmos sobre as fases, temos que ter em
disseminativa, etc.. Geralmente eles promovem a
mente que 80% das viroses são autolimitadas, ou seja,
eficiência da replicação viral, transmissão, o acesso e
em 80% dos casos a infecção tem início, meio e fim.
adesão do vírus ou a fuga das defesas do hospedeiro.
Dificilmente existem outros fatores específicos que
fazem com que ele se torne um bom ou mau
Marcella Ricardo
patógeno, tudo vai depender de um contexto e do
tanto que ele estimula a resposta. O ideal é que a
resposta seja estimulada dentro de um limite,
ultrapassado esse limite ela será prejudicial.
O mais difícil de dosar nas infecções virais é
exatamente isso, porque o limite do que é benéfico e
do que não é benéfico na resposta imune é muito
tênue e é muito individual.
Marcella Ricardo
Patogênese microbiana
Aula 09
ATENÇÃO
Marcella Ricardo
Os sintomas clássicos do sarampo e da caxumba 1. Mecanismo de exposição Alguns vírus são
resultam de respostas inflamatórias e de transmitidos de forma muito específicas,
hipersensibilidade induzidas por células T e não dos exemplo, a dengue, que precisa de um inseto
efeitos citopatológicos dos vírus, mas esses sintomas para ser transmitido, sem ele, não há
mais específicos demoram um pouco mais a aparecer, transmissão do vírus. Vírus que se transmite
inicialmente teremos, no período prodrômico por vias respiratórias são muito mais fáceis de
justamente essa inespecificidade sintomática. Isso é acometer mais pessoa.
inclusive um problema para identificação inicial da
2. Sítio de infecção Quanto maior o sítio de
doença..
infecção maior a gravidade da doença.
Sarampo e caxumba, geralmente, são duas doenças
3. Estado do sistema imune, idade e saúde geral
que os efeitos de hipersensibilidade são grandes, u seja,
os efeitos dessas doenças estão muito mais 4. Dose viral A quantidade de vírus que
relacionados a ação da resposta imune do que a ação entramos em contato é importante, porque
do vírus propriamente dito uma coisa é entramos em contato com
indivíduo com alta carga parasitária, outra coisa
é entramos em contato com um indivíduo de
As crianças apresentam reposta imune celular menos carga parasitária reduzida.
ativa que a dos adultos e geralmente apresentam
5. Genética do vírus e do hospedeiro
sintomas mais leves durante infecções por alguns vírus
Pequenas alterações em células permissivas
(sarampo, rubéola, caxumba, varicela-zóster), essas
que podem tornar o indivíduo “imune” àquela
doenças são muito menos graves nas crianças do que
doença e alterações e mutações no próprio
no adulto.
vírus que podem influenciar.
No vírus da dengue e do sarampo a imunidade parcial a
um vírus relacionado pode resultar em resposta mais Período de Incubação
intensa do hospedeiro no desafio subsequente com um No período de incubação o vírus está se replicando,
vírus relacionado. As vezes a pessoa teve dengue do mas ainda não atingiu o tecido alvo nem induziu dano
tipo I, com resposta específica e anticorpos formados, suficiente para causar a doença.. Normalmente, quando
depois ela teve a dengue do tipo II, a resposta imune a o período de incubação é curto o sítio primário é o
essa segunda infecção é mais alta, porque existem tecido alvo, o vírus entra e já logo alcança o seu tecido
compatibilidades gênicas entre esses vírus. Quanto alvo. Já no período longo ele precisa ter a partir do sítio
maior o número de vezes que o indivíduo tiver contato primário uma disseminação até chegar ao tecido alvo e,
com o vírus maior será a chance dessa resposta ser geralmente, os danos estão relacionados a chega do
mais exacerbada. vírus ao tecido alvo junto com a resposta
As respostas das células T especificas e dos anticorpos imunopatológica., não só pela ação do vírus mas
são intensificadas e induzem danos inflamatórios e de também porque o sistema imune está mais ativado para
hipersensibilidade as células endoteliais infectadas fazer o controle desse desafio.
(dengue hemorrágica- causada pelo excesso de
resposta imune) ou a pele e ao pulmão (sarampo
atípico) Período de Incubação curto – o sitio primário de
infecção é o tecido-alvo e produzirá os sintomas
Depósitos de imunocomplexos, como é o caso da clássicos da doença
Hepatite B, que podem causar danos.
Período de Incubação longo – o vírus precisa se
Doença viral disseminar para outros sítios antes de atingir o tecido-
alvo ou quando os sintomas são causados por respostas
A susceptibilidade de um indivíduo e a intensidade da
imunopatológicas
doença dependem dos seguintes fatores:
Marcella Ricardo
O quadro acima é muito importante para entendermos graves, porque geralmente induzem uma resposta
isso. patológica mais ativa.
Infecções Latentes
Epidemiologia viral
Exposição – a exposição ocorre durante toda a vida
A exposição a vírus entéricos e respiratórios pode ser
detectada na maioria das crianças pela presença de
anticorpos
Hábitos de higiene, condições de superpopulação,
escola e trabalho promovem a exposição aos vírus
Viagens e atividades profissionais que mantém as
pessoas com contatos com vetores, promiscuidade
sexual, profissionais da saúde que tem contato com
sangue contaminado
Transmissão viral
Contato direto, injeções com fluidos ou sangue
contaminado, transplante de órgãos, vias respiratória e
fecal-oral
Presença ou ausência de envelope pode determinar a
resistência do vírus – os vírus envelopados são mais
frágeis (seu envelope deve estar intacto para que
sejam infecciosos) – Influenza H1N1
Marcella Ricardo
Práticas de Microbiologia
Aula 10
ATENÇÃO
:- --Martin Chocolate
É, geralmente o meio mais útil para o crescimento de Isolamento de Neisseria gonorrhoeae e N. meningitidis.
bactérias.
É importante observar a mudança do meio a Placa O ágar sangue é um meio diferencial, mas não é um
amarela - indica portador de S. aureus a placa vermelho meio seletivo. Ele não seleciona, várias bactérias e
ou laranja – portador de S. epidermidis ou outras fungos crescem bem nesse meio, mas ele diferencia
espécies do gênero Staphylococcus . bactérias hemolíticas de bactérias não hemolíticas.
Na prática de isolamento de Staphylococcus da cavidade
nasal usamos esse meio de cultivo, que inicialmente tem
coloração avermelhada, mas quando temos
Staphylococcus aureus o meio fica amarelo.
Marcella Ricardo
bactérias gram positivas) - Deixar atuar por 1 minuto e
lavar com água corrente.
Cobrir o esfregaço com Lugol (tem o objetivo
apenas de fixar o corante dentro das células.
Lembrando que as células estão mortas, porque são
fixadas pelo calor e o Lugol ajuda a formar os
complexos de Cristal Violeta na célula) - Deixar atuar
por 1minuto e lavar com água corrente.
Descorar o esfregaço rapidamente com solução de
éter-acetona (que tem a função de descorar as
Isolamento primário das micobactérias. bactérias gram negativas que tem a membrana lipídica.
O álcool-cetona dissolve a membrana externa das gram
negativas que perdem o corante inicial) , por 5 a 10
O ágar Sabouraud é um tipo de ágar que contém
segundos – Lavar o esfregaço com água corrente.
peptonas. Ele é utilizado para cultivo de dermatophytes
e outros tipos de fungo. Cobrir o esfregaço com solução de safranina (cora
as bactérias gram negativas que perderam a capsula e
Esse tipo de meio é propício para fungos porque tem
a cor. Por isso que enxergamos as bactérias gram
PH ácido, tem alta concentração de açúcar e é
negativas, como a e.coli de vermelho) e deixar atuar por
enriquecido com uma droga chamada nosplaxacina que
20 a 30 segundos.
é um antibacteriano
O objetivo do ágar Sabouraud é selecionar (é um meio
seletivo) os fungos e ele faz isso através das
propriedades do meio.
Coloração de Gram
Fazer o esfregaço em lâmina secá-lo próximo ao
Bico de Bunsen e fixá-lo passando a lâmina sobre a
chama
Colocar a lâmina sobre o suporte e cobrir o
esfregaço com solução de Cristal Violeta (que é o
corante principal da coloração de Gram, ele que cora
de roxo tanto as bactérias gram negativas quanto as
Marcella Ricardo
Staphylococcus: (Bactéria)
Meio de cultura: - BHI (Brain Heart Infuson);Ágar
simples; etc.
Temperatura e tempo para incubação: - 37º Graus.-
Por 24 a 48 horas.
Bacillus: (Bactéria) Características da Colônia: - Cremosa
Meio de cultura: - BHI (Brain Heart Infuson);Ágar Bactérias são Procariotas
simples; etc.
Morfologia: -Cocos em cachos.
Temperatura e tempo para incubação: - 37º Graus.-
Por 24 a 48 horas. Coloração pelo método de Gram: Gram + (positivo).
Clostridium: (Bactéria)
Meio de cultura: Tarozzi: constiruído de carne, caldo
de carne e parafina ( função de impedir a entrada de
oxigênio, pois o Clostridium é uma bactéria anaeróbica).
Temperatura e tempo para incubação: - 37º Graus.
Por 24 a 48 horas.
Bactérias são Procariotas Aspergillus: ( Fungo )
Fungos
Rhizopus: ( Fungo )
Meio de cultura: - Ágar Sobouroud com Cloranfenicol
( tem função deinibir o crescimento de bactérias).
Aspergillus niger: ( Fungo )
Temperatura e tempo para incubação: - 28º Graus. -
De 3 a 5 dias. Meio de cultura: - Ágar Sobouroud com Cloranfenicol
( tem função deinibir o crescimento de bactérias).
Características da colônia: - Cotonosa.
Marcella Ricardo
Temperatura e tempo para incubação: - 28º Graus. - Temperatura e tempo para incubação: - 28º Graus. -
De 3 a 5 dias. De 3 a 5 dias.
Características da colônia: - Pulverulenta e Características da colônia: - Acamurçada.
pigmentação escura.
Estrutura: - Hifa septada. Cg = Célula conidiogênica.
Estrutura: - Hifa septada. 1 = Conidióforo. Cf = Conidióforo., Rc = Ramoconídio, C = Conídio.
2 = Vesícula., 3 = Esterigma., 4 = Microconídia
(exógena).
Antibiograma
O antibiograma é um teste laboratorial realizado para
detectar com mais precisão a bactéria a ser eliminada,
dizendo em melhores palavras e mais simples, é um
exame que irá verificar por meios de técnicas
especificas a bactéria que esta hospedada no paciente e
causando sintomas específicos.