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MÉTODOS DA ANTROPOLOGIA
Antropologia Geral 

Narciso Cau
Pesquisador Anónimo
 

Índice  pg
1. Introdução .............................................
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1.1 Objectivos.........................................
Objectivos...............................................................
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1.1.1 Objectivo Geral ............................................


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1.1.2 Objectivos Específicos ............................................


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1.2 Metodologia .............................................


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2 Métodos da antropologia ............................................


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2.1 Método Histórico.............................................


Histórico...................................................................
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2.2 Método Estatística ...........................................


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2.3 Monográfico/ estudo de caso.................................................


caso........................................................................
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2.4 Método Etnográfico.........................................


Etnográfico...............................................................
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3 Antropologia Médica/ da Saúde ............................................


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4 Conclusão .............................................
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5 Bibliografias ............................................
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1.  Introdução
A Antropologia se inscreve na classificação das ciências humanas, mas não se limitará a esta,
 pois Antropologia é comumente definida como o estudo do homem e de seus trabalhos, assim
definida, deverá incluir algumas ciências naturais e todas as ciências sociais. Os campos
estudados por esta disciplina é o da origem do Homem, classificações de suas variedades e a
investigação dos chamados povos. Neste âmbito, o presente trabalho irá descrever os principais
métodos de investigação científica da antropologia.

Os trabalhos antropológicos na área de saúde tem aumentado progressivamente, existindo


existi ndo hoje
vasta literatura sobre o assunto. Nesta vertente iremos igualmente abordar neste trabalho alguns
aspectos importantes e marcantes sobre a antropologia médica. Não pretendemos analisar neste
artigo as contribuições específicas dos diferentes autores ou examinar as várias abordagens que
delimitam o campo da Antropologia Médica. O trabalho tem objetivos mais limitados. Ele visa
descrever os métodos da antropologia assim como demonstrar a pertinência do discurso
antropológico na abordagem médica.

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1.1 Objectivos
1.1.1  Objectivo Geral
  Analisar os métodos da antropologia

1.1.2  Objectivos Específicos

  Descrever os métodos de antropologia


  Apresentar os principais argumentos da antropologia Médica

1.2 Metodologia
Para a materialização dos objectivos previamente traçados neste trabalho, privilegiou-se a
 pesquisa exploratória. Uma pesquisa exploratória é exatamente o que a situação anterior
sugere, neste caso, a exposição dos conteúdos teóricos sobre os métodos de antropologia e
sobre a antropologia médica. Portanto, a pesquisa exploratória permitirá maior familiaridade
com o tema tendo como objectivo extrair maior subsídio possível de conhecimentos sobre o
assunto em causa Lakatos & Marconi (2003).

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2  Métodos da antropologia
Enquanto ciência social que estuda o ser humano, a Antropologia faz uso de diversos métodos,
de acordo com os seus campos e com as situações (MARCONI; PRESOTTO 1992:11). Por
método entende-se um conjunto de regras bem definidas que são utilizadas na investigação ou
seja, é um conjunto de regras úteis para a investigação, é um procedimento cuidadosamente
elaborado, visando provocar respostas na natureza e na sociedade e, paulatinamente, descobrir
sua lógica e leis
le is (MARCONI; PRESOTTO 1992:14).

 Normalmente o método segue um procedimento anteriormente elaborado e que deve ser


cuidadosa e escrupulosamente observado já que o método tem como finalidade descobrir quais
são as lógicas e as leis da natureza e da sociedade, visando respostas satisfatórias.

2.1 Método Histórico
Partindo do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm
origem no passado, é importante pesquisar suas raízes, para compreender sua natureza e
função. Assim, o método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e
instituições do passado para verificar a sua influência
influênci a na sociedade de hoje, pois as instituições
alcançaram sua forma atual através de alterações de suas partes componentes, ao longo do
tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de cada época. Seu estudo, para uma
melhor compreensão do papel que atualmente desempenham na sociedade, deve remontar aos
 períodos de sua formação e de suas modificações (Lakatos e Marconi 2003:85).

Portanto, colocando-se os fenômenos, como, por exemplo, as instituições, no ambiente social


em que nasceram, entre as suas condições concomitantes, toma-se mais fácil a sua análise e

compreensão, no que diz respeito à gênese e ao desenvolvimento, assim como às sucessivas


alterações, permitindo a comparação de sociedades diferentes: o método histórico preenche os
vazios dos fatos e acontecimentos, apoiando-se em um tempo, mesmo que artificialmente
reconstruído, que assegura a percepção da continuidade e do entrelaçamento dos fenómenos.
fen ómenos.

 Na antropologia o método histórico é utilizando para investigar as culturas passadas. Consiste
em investigar eventos do passado, a fim de compreender os modos de vida do presente, que só
 podem ser explicados a partir da reconstrução da cultura e da observação das mudanças
ocorridas ao longo do tempo. Nessa análise histórica, a cultura do homem é desvendada
(Helman 2018:6).

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Por meio do método histórico, o antropólogo, com a ajuda do historiador, tenta reconstruir as
culturas, explicar fatos e observar fenômenos, como, por exemplo, as mudanças ocorridas e as
adaptações.

2.2 Método Estatística

Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos, representações simples e


constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre si. Assim, o método estatístico
significa redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos quantitativos
e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter
generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado
s ignificado (Lakatos e Marconi 2003:85).

Ainda de acordo os autores supracitados, o papel do método estatístico é, antes de tudo,


fornecer uma descrição quantitativa da sociedade,
s ociedade, considerada como um todo organizado. Por
exemplo, definem-se e delimitam-se as classes sociais, especificando as características dos
membros dessas classes, e após, mede-se a sua importância ou a variação, ou qualquer outro
atributo quantificável que contribua para o seu melhor entendimento. Mas a estatística pode ser
considerada mais do que apenas um meio de descrição racional; é, também, um método de
experimentação e prova, pois é método de análise.

Método estatístico é muito empregado tanto no campo biológico, verificando as variabilidades


das populações, quanto no campo cultural, levantando diversificações dos aspectos culturais.
 Neste método, os dados depois de coletados, são reduzidos a termos quantitativos,
demonstrando em tabelas, gráficos, quadros, etc. Dessa maneira, pode-se verificar a natureza,
a ocorrência e o significado dos fenómenos e das relações entre eles, tanto de natureza biológica
quanto cultural (Helman 2018:5).

O método estatístico é empregado sobretudo para analisar as variações culturais das populações
ou sociedades. Os dados são obtidos por meio de tabelas, gráficos, quadros comparativos etc.
Ex: Dimensões do corpo humano, grupos sanguíneos, variedade de religiões, diversificação de
habitações

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2.3 Monográfico/ estudo de caso


Partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser
considerado representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes, o método
monográfico consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições,
instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações.

A investigação deve examinar o tema escolhido, observando todos os fatores que o


influenciaram e analisando-o em todos os seus aspectos.

Em seu início, o método consistia no exame de aspectos particulares, como, por exemplo, o
orçamento familiar, as características de profissões, os gostos e preferências, o custo de vida
etc. Entretanto, o estudo monográfico pode, também, em vez de se concentrar em um aspecto,
abranger o conjunto das atividades de um grupo social particular, como no exemplo das
cooperativas e do grupo indígena. A vantagem do método consiste em respeitar a totalidade
solidária dos grupos, ao estudar, em primeiro lugar, a vida do grupo na sua unidade concreta,
evitando, portanto, a prematura dissociação de seus elementos (Lakatos e Marconi 2003:85).

São exemplos desse tipo de estudo as monografias regionais, as rurais, as de aldeia e, até, as
urbanas.

O método monográfico em antropologia consiste no estudo de determinados indivíduos,


 profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter
generalizações.

O estudo de caso é uma caracterização abrangente


ab rangente para designar uma diversidade de pesquisas
que coletam e registram dados de um caso particular ou de vários casos a fim de organizar um
relatório ordenado e crítico de uma experiência. Alguma das características do método
monográfico:

   Trata-se de uma investigação radical de um caso, seja com especificidades particulares


ou coletivas. A investigação deve observar todos os fatores que o influenciaram e
analisa-lo em todos os seus aspectos.
   Caracteriza-se por descrever um evento ou caso de uma forma longitudinal.
   Pressupõe um estudo aprofundado de uma unidade individual, tal como: uma pessoa,
um grupo de pessoas, uma instituição, um evento cultural, etc.

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2.4 Método Etnográfico
O método etnográfico consiste no levantamento de todos os dados possíveis sobre uma
determinada comunidade com a finalidade de melhor conhecer o estilo de vida ou a cultura
específica da mesma.

A abordagem etnográfica  –   também conhecida como observação participante  –   envolve o

estudo de sociedades em pequena escala ou grupos relativamente pequenos de pessoas, de


modo a compreender como eles veem o mundo e organizam suas vidas diárias. O objetivo é
descobrir, dentro do possível, a perspectiva do actor; isto é, ver como o mundo se parece a
 partir da perspectiva de um membro daquela sociedade. Para descobrir isso, os antropólogos
frequentemente realizam trabalho de campo usando a técnica de observação participante (Da
Matta, 1987:156).

 Nesse caso, eles


ele s vivem com e observam um grupo de pessoas durante um período de tempo
(geralmente um ou mais anos, no mínimo) e aprendem a ver o mundo do ponto de vista dessas
dessa s
 pessoas, enquanto ao mesmo tempo eles mantêm a perspectiva objetiva do cientista social.

Embora o trabalho dos antropólogos esteja relacionado com significados em vez de medidas,
ele frequentemente envolve também estudos quantitativos, como contar a população, medir sua
dieta ou renda, ou listar os moradores dos vários domicílios. A etnografia, então, conduz a um
segundo estágio, a abordagem comparativa, que visa destilar as características-chave de cada
sociedade e cultura e compará-las com outras sociedades e culturas, de modo a tirar conclusões
sobre a natureza universal dos seres humanos e seus grupos sociais (Da Matta, 1987:156).

Para Marconi & Pressotto (1992:32), o método etnográfico: Refere-se à análise descritiva das
sociedades humanas, principalmente das primitivas ou ágrafas e de pequena escala. Mesmo o
estudo descritivo requer alguma generalização e comparação, implícita ou explícita. Refere-se
a aspectos culturais. Consiste no levantamento de todos os dados possíveis sobre sociedades
ágrafas ou rurais, e na sua descrição, com a finalidade de conhecer melhor o estilo de vida ou
a cultura específica de determinados grupos.

Esta definição apresenta dois pontos que merecem ser comentados. O primeiro diz respeito ao
objeto da pesquisa, qual seja, as sociedades primitivas ou ágrafas. Na medida em que as tribos
 primitivas foram sendo dizimadas, o antropólogo voltou-se para o estudo de sua própria
sociedade, a sociedade complexa. O segundo aspecto passível de uma alusão é aquele referente
ref erente
à generalização e comparação implícita ou explícita. Os aspectos que fogem a descrição,

correspondem a análise etnológica. Há que se distinguir uma etnografia de uma etnologia. A

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 primeira refere-se à descrição de uma dada cultura, conquanto a segunda consiste na análise
dessa descrição.

A etnografia é a forma pela qual os antropólogos procuram compreender as mais diferentes


culturas. Seu pressuposto fundamental é a busca de descrever o ponto de vista nativo sobre seu
sistema de valores, sua experiência de vida - pensamentos, emoções, sentimentos e práticas
que constituem sua própria realidade existencial, sua cultura. Portanto, o método etnográfico
implica conhecer o outro, sendo que quando o outro faz parte da própria sociedade do
 pesquisador é preciso estranhar o familiar e assim descobrir o exótico no que está petrificado
p etrificado
dentro de nós (Da Matta, 1987:157).

Em verdade a etnografia não é o trabalho de campo, mas sim o que se escreve sobre o trabalho
de campo. De acordo com Mauss, (1993) o etnógrafo inscreve o discurso social: ele o anota.
Ao fazê-lo, ele o transforma de acontecimento passado, que existe apenas em seu próprio
momento de ocorrência, em um relato, que existe em sua inscrição e que pode ser consultado
novamente. Contudo, até se chegar a construção do texto, há um longo caminho a ser

 percorrido. Todo o process


processoo começa a partir da inserção do pesquisador em e m campo, de sorte
que ao final da sua coleta de dados, ele possa dizer que esteve lá e, portanto, tem condições de
falar sobre o outro, isto é sobre a comunidade estudada. Uma das técnicas entendidas como
legítima para a obtenção de dados com a profundidade necessária para a elaboração do texto
etnográfico consiste na observação participante.

Um trabalho etnográfico só terá valor científico irrefutável se nos permitir distinguir


claramente de um lado, os resultados da observação direta e das declarações e interpretações
nativas e, de outro, as inferências do autor, baseadas em seu próprio bom senso e intuição
 psicológica.

 Na etnografia, o autor é, ao mesmo tempo, o seu


s eu próprio cronista e historiador; suas fontes de
informação são, indubitavelmente, bastante acessíveis, mas também extremamente enganosas
e complexas; não estão incorporadas a documentos materiais
materiai s fixos, mas sim ao comportamento
e memória de seres humanos. Esse jogo intrigante que a etnografia possibilita faz com que o
 pesquisador, ora se impregne totalmente do ponto de vista dos seus pesquisados, se
desconstruindo, ora se afaste, de modo a tornar possível a análise daquilo que foi levantado no
campo.

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3  Antropologia Médica/ da Saúde


A antropologia médica estuda a forma como as pessoas,
pess oas, em diferentes culturas e grupos sociais,
explicam as causas dos problemas de saúde, os tipos de tratamento nos quais elas acreditam e
a quem recorrem quando adoecem.

Ela também é o estudo de como essas crenças e práticas relacionam-se com as alterações

 biológicas, psicológicas e sociais no organismo humano, tanto na saúde quanto na doença. A


antropologia médica, por fim, é o estudo do sofrimento humano e das etapas pelas quais as
 pessoas passam para explicá-lo e aliviá-lo.

Embora a antropologia médica seja um ramo da antropologia social e cultural, suas raízes
também se situam profundamente dentro da medicina e de outras ciências naturais, pois está
relacionada com uma ampla variedade de fenômenos biológicos, sobretudo em relação à saúde
e à doença.

Como uma área, ela portanto situa-se  –   algumas vezes de forma desconfortável  –   na
sobreposição entre as ciências sociais e naturais e retira seus insights dos dois conjuntos de
disciplinas.

 Na definição de Matta (1987) Antropologia médica é uma disciplina biocultural voltada tanto
 para os aspectos biológicos como para os aspectos socioculturais do comportamento humano
e, particularmente, para a maneira como os dois interagiram ao longo da história humana para
influenciar a saúde e a doença.

Os antropólogos que estudam a faixa sociocultural deste espectro têm indicado que, em todas
as sociedades humanas, as crenças e práticas relativas aos problemas de saúde são uma
característica central da cultura. Frequentemente, elas estão ligadas às crenças sobre a origem

de uma variedade muito maior de infortúnios (incluindo acidentes, conflitos interpessoais,


desastres naturais, quebras de safra, roubos e perdas), dos quais a má saúde é apenas uma forma.
Em algumas sociedades, todo o espectro desses infortúnios é atribuído às forças sobrenaturais,
à retribuição divina ou à malevolência de um bruxo ou feiticeiro (Matta, 1987:45).

Os valores e costumes associados à má saúde são parte da cultura mais ampla e com certeza
não podem ser estudados isoladamente. Não se pode de fato compreender como as pessoas
reagem à doença, à morte ou a outros infortúnios sem uma compreensão do tipo de cultura em
que elas cresceram ou que adquiriram  –  isto
  isto é, das lentes através das quais elas percebem e
interpretam seu mundo.

Além do estudo da cultura, também é necessário examinar a organização social da saúde e da


doença na sociedade (o sistema de cuidados de saúde), que inclui a forma como as pessoas são
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reconhecidas como doentes, o modo como elas apresentam essa doença a outras pessoas, os
atributos daqueles a quem elas apresentam sua doença e as maneiras pelas quais a doença é
abordada. Este grupo de curadores ou agentes de cura é encontrado em diferentes formas em
todas as sociedades humanas (Helman, 2018).

Os antropólogos estão particularmente interessados nas características desse grupo social


especial: seleção, treinamento, conceitos, valores e organização interna. Eles também estudam
o modo como essas pessoas se ajustam no sistema social como um todo: sua posição na
hierarquia social, seu poder econômico ou político e a divisão do trabalho entre eles e outros
membros da sociedade.

Em alguns grupos humanos, os agentes de cura desempenham outros papéis além de suas
funções de cura  –   eles
eles podem agir como integradores da sociedade, verificando regularmente
os valores dela, ou como agentes de controlo social, ajudando a marcar e a punir
comportamentos socialmente desviantes. Seu foco pode não ser apenas o indivíduo doente, e
sim sua família, comunidade, vila ou tribo doentes. Assim, ao estudar como esses indivíduos

em uma dada sociedade percebem e reagem à má saúde e os tipos de cuidados de saúde que
eles fornecem, é importante saber algo sobre os atributos culturais e sociais da sociedade em
que eles vivem. Esta é uma das principais tarefas
t arefas da antropologia médica (Helman, 2018).

 Na faixa biológica do espectro,


es pectro, a antropologia médica al
alimenta-se
imenta-se das técnicas e dos achados
da ciência médica e de seus vários campos subordinados, incluindo a microbiologia,
 bioquímica, genética, parasitologia, patologia, nutrição e epidemiologia.
epidemiologia.

Em muitos casos, é possível ligar as alterações biológicas encontradas com o uso dessas
técnicas a fatores sociais e culturais em uma sociedade particular. Por exemplo, uma doença
hereditária transmitida por um gene recessivo pode ocorrer com uma frequência maior em uma
dada população devido à sua preferência cultural pela endogamia (casamento somente dentro
da própria família ou do grupo local de parentesco). Para desvendar este problema, Helman
(2018) diz que são necessárias várias perspectivas:

  medicina clínica, para identificar a manifestação clínica da doença;


   patologia, para confirmar a doença em nível celular ou bioquímico;
bioquímico;
  genética, para identificar e prever a base hereditária da doença e sua ligação com um
gene recessivo;
  epidemiologia, para mostrar sua alta incidência em uma dada população em relação ao

acúmulo de genes recessivos e certos costumes de casamento;

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  antropologia social ou cultural, para explicar os padrões de casamento daquela


sociedade e para identificar quem pode casar-se dentro dela.

A antropologia médica tenta resolver esse tipo de problema clínico utilizando não somente os
achados antropológicos, mas também aqueles das ciências biológicas  –   sendo, em outras
 palavras, uma disciplina biocultural.

Um aspecto importante da antropologia médica é o estudo do ciclo vital humano e de todos os


seus estágios, do nascimento à morte. A expressão classe etária (age-grade) é usada em
antropologia para a categoria de pessoas que se enquadram dentro de uma faixa etária em
 particular, culturalmente definida (como crianças, adultos ou idosos). Cada classe etária não é
somente um estágio de vida biológico e universal; seu início e fim também são definidos pela
cultura, bem como os eventos esperados dentro dela Helman (2018:7).

E mais, cada classe etária também tem dimensões sociais e psicológicas profundas para aqueles
que a atravessam. Em geral, estas definem de modo bastante preciso como as pessoas dentro
de uma classe etária devem se comportar e como as outras pessoas devem se comportar em

relação a elas. Assim como cada sociedade tem uma divisão profunda entre os tipos de
comportamento esperados de homens e mulheres, também há diferenças importantes entre o
que é esperado de cada uma das classes etárias.

De acordo com Helman (2018), nos últimos anos, a antropologia médica tem dedicado
considerável atenção às características culturais de dois estágios particulares do crescimento e
desenvolvimento humanos: a infância e a velhice. Até certo ponto, tanto as crianças quanto os
idosos podem ser descritos como tendo suas próprias culturas, ou melhor, subculturas, pois eles
 possuem sua própria visão exclusiva de mundo e modos de se comportar dentro dele.

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4  Conclusão
Ao estudar as sociedades e os grupos culturais em todo o mundo  –  incluindo
  incluindo suas crenças e
 práticas em saúde  –  os
  os antropólogos têm utilizado abordagens e métodos de pesquisa, ambas
exclusivas da antropologia.

 Neste trabalho foram descritos 4 métodos de antropologia. O primeiro destacado foi o método

histórico utilizado para a investigação de culturas passadas. Por meio dele o antropólogo, com
a ajuda do historiador, tenta reconstruir as culturas, explicar fatos e observar fenômenos, como,
 por exemplo, as mudanças ocorridas e as adaptações.

O segundo foi o método estatístico empregado, sobretudo para analisar as variações culturais
das populações ou sociedades. Os dados são obtidos por meio de tabelas, gráficos, quadros
comparativos etc.

O terceiro foi o método etnográfico utilizado para descrever as sociedades humanas, de modo
 particular as consideradas primitivas ou ágrafas (sem escrita). O método consiste
essencialmente em levantar todos os dados possíveis sobre uma determinada cultura ou etnia
e, a partir desses levantamentos,
levanta mentos, tentar descrever o estil
estiloo de vida ou cultura desses grupos.

Já o quarto método foi monográfico, também chamado de estudo de caso. Este consiste em
estudar com profundidade determinados grupos humanos, considerando todos os seus aspectos
como, por exemplo, as instituições, os processos culturais e a religião. O estudo monográfico
é muito importante para os casos de culturas que estão ameaçadas de extinção, uma vez que
 permite analisá-las e descrevê-las de forma bem pormenorizada.

Ainda o trabalho se debruçou da antropologia medica. No entanto a antropologia médica estuda


a forma como as pessoas, em diferentes culturas e grupos sociais, explicam as causas dos

 problemas de saúde, os tipos de tratamento nos quais elas acreditam e a quem recorrem quando
adoecem. Ela também é o estudo de como essas crenças e práticas relacionam-se com as
alterações biológicas, psicológicas e sociais no organismo humano, tanto na saúde quanto na
doença.

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5  Bibliografias
MARCONI, Marina de Andrade & PRESSOTTO, Zelia Maria Neves (1992).  Antropologia;
uma introdução.
introdução. São Paulo, Atlas.

MAUSS, Marcel (1993). Manual


(1993). Manual de Etnografia.
Etnografia. Lisboa, Dom Quixote.

DA MATTA, Roberto (1987). Relativizando;


(1987).  Relativizando; uma introdução à Antropologia Social . Rio de

Janeiro: Rocco.

LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade (2003).


( 2003). Fundamentos
 Fundamentos de metodologia
científica 5.
científica  5. ed. - São Paulo : Atlas.

HELMAN, Cecil G. (2018).  Introdução: a abrangência da antropologia médica 


médica 
https://www.larpsi.com.br/media/mconnect_uploadfiles/c/a/cap_01_68_.pdf. 28-04-2019.
https://www.larpsi.com.br/media/mconnect_uploadfiles/c/a/cap_01_68_.pdf. 28-04-2019.

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