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O filme Charles Chaplin “Tempos Modernos” faz um comparativo entre a Gestão de uma
Fábrica e o processo ideal de Gestão de Pessoas. Para ilustrar o processo tradicional de um RH
e de uma gestão “moderna”. O filme se passa após a crise de 1929, sendo uma sátira ao
processo de gestão organizacional de uma fábrica do século XX (e de muitas empresas no
século XXI).
Focando a vida da sociedade industrial daquela época, o filme reproduz, de forma cômica, a
filosofia taylorista, baseada na produção, no estudo dos tempos e movimentos, no quadro de
tarefas e no desenho de ferramentas. A administração científica de Taylor, que destruía a
iniciativa pessoal do empregado, reduzindo-o a condição de engrenagem, foi inusitadamente
desnudada por Chaplin.
Retratava também a produção em série (Fordismo) que até hoje é usada por qualquer
indústria, movimentos repetitivos que causa DOR (Distúrbios Osteomusculares Relacionados
ao Trabalho) ou LER (Lesões por Esforços Repetitivos), Chaplin retratou isso que é tão atual nas
fabricas e indústrias até pra almoçar tinha que ser rápido para não para o trabalho. No
momento no almoço ele aparece um relógio, representando assim a famosa frase “Tempo é
dinheiro” e transmitindo aí o espírito do capitalismo.
O filme retrata também à questão do consumo e a expectativa que a sociedade industrial traz
para as pessoas quanto à posse do maior número possível de bens. Carlitos e sua namorada,
quando entram em uma Loja de Departamentos pela primeira vez em suas vidas,
primeiramente vão até a confeitaria saciar a fome e a sede, para logo em seguida se dirigirem
ao quarto andar, onde estão os brinquedos. Da infância feliz que não tiveram, passam para as
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roupas e móveis, que como adultos também jamais terão condições de possuir. Ao casal pobre
resta o consolo de sonhar. Para um sistema que se diz de Pleno Consumo, eis aí uma crítica
forte e consistente. Reforça ainda a frustração do não consumo em uma sociedade onde se
baseia o consumo, quando Carlitos propõe à namorada pensar como eles seriam felizes
morando em uma casa de classe média. Idealiza um casal feliz, com fartura à mesa. Tudo
ilusão, é claro! Pois, para a classe a que pertencem, sobra no máximo um barraco velho e
abandonado na periferia da cidade.
Ponto importante para reflexão, são as respostas diferentes que os vários personagens deram
diante das dificuldades que enfrentaram durante o período de recessão que os EUA
vivenciaram na década de vinte, a GRANDE DEPRESSÃO. Enquanto a menina realizava
pequenos furtos, seu pai procurava emprego honestamente, ao mesmo tempo que participava
dos movimentos operários que tinham como objetivo pressionar o Estado a resolver a crise
econômica. Já Carlitos, por ser mão-de-obra não especializada, diante da realidade crua do
desemprego, optou por se esforçar ao máximo para ficar na cadeia, onde pelos menos tinha
garantida moradia e alimentação. Seu amigo Big Bill, que trabalhou com ele na linha de
montagem apertando parafusos, ao ser despedido, acabou optando pela marginalidade mais
radical, se juntando a outros desempregados armados para assaltar a Loja de Departamentos.
Quer dizer, o caminho trilhado pelos excluídos vai do pequeno furto ao assalto a mão-armada,
e Chaplin mostra desta forma como esta marginalidade é construída socialmente. Isto é, a
sociedade é que cria o marginal. A marginalidade é fruto da sociedade excludente, que deixa a
maioria sem qualquer possibilidade de sobrevivência e de dignidade, e não uma opção
individual de pessoas mal formadas social e psicologicamente.
Além do que, para aumentar a dificuldade do trabalhador, com novas tecnologias sendo
incorporadas cada vez mais rapidamente ao processo produtivo, ou ele especializa sua mão-
de-obra ou se torna um verdadeiro Pária. Chaplin mostra bem essa dificuldade quando Carlitos
fica no emprego que conseguiu no estaleiro apenas dois minutos.