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AROMATERAPIA

CHRISTINE WILDWOOD

AROMATERAPIA

EDITORIALEsTAmPA

1994
íNDICE

AGRADECIMENTOS ..............................................
..................... 11

INTRODUÇÃO .......................................................
..................... 13

1. QUE É A
AROMATERAPIA? ..........................................
......... 17

Os óleos
essenciais ..........................................................
......... 19 Como são
obtidos ...........................................................
......... 20 Acerca dos óleos de origem
natural ......................................... 22 Como
adquirir óleos
essenciais ................................................
23 Uma palavra sobre os óleos extraídos de madeiras
................. 24 As propriedades dos óleos essenciais
....................................... 24 * aromaterapia na prática
....................................................... 27 * natural e o
sintético ..........................................................
... 27

2. HISTóRIA RESUMIDA DA
AROMATERAPIA ....................... 31

Os pioneiros do século
XX ....................................................... 38

3. EM QUE PODE A AROMATERAPIA SER-NOS úTIL?


............ 41

O tratamento aromaterápico
profissional ................................ 42
Estudo de alguns casos
concretos ............................................ 43

Sarna ....................................................................
............... 43 Pé-de-
atleta ..................................................................
........ 44 Tensão pré-
menstrual ..........................................................
.. 46
Desgostos ...............................................................
.............. 48
Hiperactividade .......................................................
.............. 50
SIDA ....................................................................
............... 54 E muito
mais ... ...............................................................
........ 56
4. COMO ACTUA A
AROMATERAPIA? ...........................
.. Absorção
cutânea ........................... . ..........................
..... Absorção pelos
pulmões ............. ....................................
O sentido do olfacto e a
mente ....................................... Preferências
olfactivas ................................. ...................
. Aromas e
vibrações ....... ..............................................
.... A
aura ............. .. ................... ...............................
........... A
empatia ..............................................................
.........

5. FóRMULAS PARA USO TERAPÊUTICO E PARA

USO
ESTÉTICO. ......................................................
........ Os principais óleos essenciais (Tabela
1) ......................... A escolha dos ó leos
essenciais ........................................
Cuidados a ter com os óleos
essenciais ........................... Sobre os
óleos de base, ou
veiculares ............................. Como
misturar os óleos para
massagens ............ . ........... Sobre as
combinações de óleos
essenciais ....................... Efeitos dos
óleos essenciais (Tabela
11) ........................... Efeitos dos óleos
essenciais (Tabela 111) .......................... As
tabelas
terapêuticas ....................................................

Preparação de remédios de
ervas .................................

Tabela terapêutica (Tabela


IV) ....................................... Tabela de
cuidados cutâneos (Tabela
V) ........................ Preparados aromáticos
....................................................

Oleo para massagem


anticelulite .................................. Çontra os
piolhos da cabeca ........................................
qleo de pré-1avagem para cabelos secos ou estragados. Oleo contra a caspa
..................................................... Tónicos capilares
............................................................

Tónico
anticaspa ..........................................................
Tónico contra a queda do
cabelo .................................. Tónicos para a
pele ........................................................

Base para tónico


cutâneo .............................................
Bochechos ............................................................
........... Máscaras
faciais ...........................................................
...

Para pele
seca .............................................................

Para pele oleosa ou com


ame ......................................

Como preparar cremes e


unguentos ................................

Creme cutâneo de
base ....................... .........................
Unguento de base
(pomada) .............. ..........................
guas de cheiro e
perfumes ..................................................... 100
Como preparar uma água de
cheiro ...................................... 100 Perfumes
para a
pele ............................................................101
Três perfumes para uso terapêutico mas muito agradáveis
..... 101 Como perfumar
salas ................................................. ..........
.... 102

6. AS TÉCNICAS DA
AROMATERAPIA ...................................
.. 103

Cuidados a ter com a


pele ....................................................... 103
Escovamento da pele a
seco .................................................... 104
Como
proceder ...........................................................
............. 105
O
rosto ...................................................................
................. 107

Esfolia,pão ................................................................
............. 108 Tratamentos cutâneos
ocasionais ........................................... 109 A
sauna
facial ................................................................
...... 109 Máscaras
faciais ..............................................................
..... 110 Óleos
faciais .................................................................
........ 111 Massagem
aromaterápica .................................................
........ 112

Onde não
massajar ...........................................................
.... 113 Os efeitos da
massagem ........................................................
114 Prepararão do
cenário ..........................................................
116 A superfície a usar para a
massagem .................................... 116
O óleo de
massagem .........................................................
.... 117 Como aplicar a
massagem ....................................................
117 As
costas ...................................................................
........... 118
* rosto e a
cabeca ..............................................................
.. 125
*
rosto .....................................................................
............ 126
*
pescofo ..................................................................
........... 133
* couro
cabeludo ............................................................
...... 135 Uma técnica de alívio das
dores .............................................. 136 A
automassagem ......................................................
................ 137 Aromaterapia e
celulite ..........................................................
.. 138

O regime
alimentar ...........................................................
.... 140 Escovamento da
pele ...................... .......................................
140 óleos
essenciais ............................................................
........ 141 Massagem para a drenagem
linfática .................................... 141
Automassagem contra a
celulite ............................................ 141
Outros usos dos óleos
essenciais .............................................. 144

Banhos ...................................................................
.............. 145 Banhos de mãos e de
pés ...................................................... 145
Inala,cões ................................................................
.............. 146
4. COMO ACTUA A
AROMATERAPIA? ....................... . ..
.. Absorção
cutânea ......................................................
.... Absorção pelos
pulmões ................................................
O sentido do olfacto e a
mente ...................................... Preferências
olfactivas ....................................................
Aromas e
vibrações ............. ........................................
.... A
aura .................. ...............................................
......... .. A
empatia ..............................................................
.........

5. FóRMULAS PARA USO TERAPÊUTICO E PARA

USO
ESTÉTICO ........................................................
....... Os principais óleos essenciais (Tabela
1) ................. . ....... A escolha dos óleos
essenciais ........................................
Cuidados a ter com os óleos
essenciais ........................... Sobre os
óleos de base, ou
veiculares ............................. Como misturar
os óleos para massagens ........................
Sobre as combinações de óleos
essenciais ....................... Efeitos dos
óleos essenciais (Tabela
11) ........................... Efeitos dos óleos
essenciais (Tabela 111) .......................... As
tabelas
terapêuticas ....................................................

Preparafão de remédios de
ervas ................................. Tabela
terapêutica (Tabela
IV) ....................................... Tabela de
cuidados cutâneos (Tabela
V) ........................ Preparados aromáticos
....................................................

Oleo para massagem


anticelulite .................................. Contra os
piolhos da cabeca ........................................
óleo de pré-1avagem para cabelos secos ou estragados. óleo contra a caspa
..................................................... Tónicos capilares
............................................................

Tónico
anticaspa ........................................................
.. Tónico contra a queda do
cabelo .................................. Tónicos para a
pele ........................................................

Base para tónico


cutâneo .............................................
Bochechos ............................................................
........... Máscaras
faciais ........... . ...............................................
...

Para pele
seca .............................................................
Para pele oleosa ou com
acne ...................................... Como preparar
cremes e unguentos ................................

Creme cutâneo de
base ................................................ Unguento
de base
(pomada) .......................... . . ............
Águas de cheiro e
perfumes .....................................................
100 Como preparar uma água de
cheiro ...................................... 100 Perfumes
para a
pele ............................................................
101 Três perfumes para uso terapêutico mas muito agradáveis
..... 101 Como perfumar
salas ...........................................................
.... 102

6. AS TÉCNICAS DA
AROMATERAPIA ...................................
.. 103

Cuidados a ter com a


pele ....................................................... 103
Escovamento da pele a
seco .................................................... 104
Como
proceder ...........................................................
............. 105
O
rosto ...................................................................
................. 107

Esfoliaf
ão ........................................................................
..... 108 Tratamentos cutâneos
ocasionais ........................................... 109 A
sauna
facial ................................................................
...... 109 Máscaras
faciais ..............................................................
..... 110 óleos
faciais .................................................................
........ 111 Massagem
aromaterápica .................................................
........ 112

Onde não
massajar ..........................................................
..... 113 Os efeitos da
massagem ........................................................
114 Preparafão do
cenário ..........................................................
116 A superfície a usar para a
massagem .................................... 116
O óleo de
massagem ..........................................................
... 117 Como aplicar a
massagem ....................................................
117 As
costas ...................................................................
........... 118
O rosto e a
cabefa ...............................................................
. 125
O
rosto .....................................................................
............ 126
O
pescopo .................................................................
............ 133
O couro
cabeludo ............................................................
...... 135 Uma técnica de alívio das
dores .............................................. 136 A
automassagem ......................................................
................ 137 Aromaterapia e
celulite ..........................................................
.. 138

O regime
alimentar ...........................................................
.... 140 Escovamento da
pele .............................................................
140 óleos
essenciais ............................................................
........ 141 Massagem para a drenagem
linfática .................................... 141
Automassagem contra a
celulite ............................................ 141
Outros usos dos óleos
essenciais .............................................. 144

Banhos ...................................................................
.............. 145 Banhos de mãos e de
pés ...................................................... 145
Inalaf
ões .......................................................................
....... 146
Compressas ............................................................
.............. 146 Aromatizapão de
salas ..........................................................
147 Perfumes para a
pele ............................................................ 148

7. COMO SER UM
TODO ......................................................
...... 149

A
mente ..................................................................
................. 150
O
corpo ..................................................................
................. 152
O
movimento ............................................................
............... 154 A
luz .......................................................................
................. 155
O ar
livre .....................................................................
............ 156
O
espírito ..................................................................
............... 157 Mente-corpo-
espírito ..........................................................
...... 157 Para a
integração ..........................................................
........... 159

A respirafão da
vida .............................................................
159 A respiracão
completa ..........................................................
160
Voar ......................................................................
............... 161 Descontracfão
profunda ........................................................
163 A regulação da aura, ou «protecção
psíquica» ........................ 165 Os remédios
florais de
Bach .................................................... 168
Sintonizar com a
natureza .......................................................
168 Primeiros passos na
meditação ................................................ 169
A
pomba ...................................................................
............ 170 Em
conclusão .............................................................
.............. 171

TOXICIDADE DOS óLEOS


ESSENCIAIS .....................................
173

Uma palavra sobre as


alergias ................................................. 174

GLOSSÁRIO ............................................................
..................... 175

OUTRAS
LEITURAS .....................................................
............... 177

10
AGRADECIMENTOS

Estou muito reconhecida a várias pessoas pela forma tão expedita e tão generosa
como responderam aos meus pedidos de esclarecimentos complementares sobre os
óleos essenciais. Em primeiro lugar, a Nick Webley, da «Kittywake Oils» (amigo
e associado), a Bernie Hephrun, da «Butterbur and Sage», e ao Dr. Steve Van
Toller, da Universidade de Warwick.

Muito agradeço também a Robert Tisserand o ter-me autorizado a utilizar uma


versão abreviada da história de John, extraída do International Journal of
Aromatherapy, e a Ellen AsJes pela sua amável carta de apoio. Devo igualmente
agradecer à minha família o auxílio doméstico que me prestou e graças ao qual
arranjei tempo para escrever este livro. E agradeço também, por fim, a Karin
Cutter e a John, portador do facho que alumia o futuro da aromaterapia
holística.

11
INTRODUÇÃO

Se bem que a palavra «aromaterapia» seja moderna, as raizes desta magnífica


terapêutica mergulham nas profundezas da antiguidade. Este livrinho vem tentar
provar que os antigos princípios em que a aromaterapia se baseia não são, hoje
em dia, menos válidos. Destina-se também a servir de guia a todas as pessoas
que desejem usar plantas aromáticas quer para seu
prazer quer para melhorar a sua saúde e vitalidade e as daqueles a quem mais
estimam.

A fim de retirar do capítulo sobre massagens o máximo proveito, o ideal será


que o leitor tenha uma pessoa amiga ou conhecida com a qual possa permutar
massagens aromaterápicas. No entanto, conforme veremos, as essências aromáticas
podem ser utilizadas de muitos outros modos para criar uma
sensação de bem estar e para dar à vida uma nova componente estética.

Embora a arte da massagem aromaterápica não possa, com certeza, ser


completamente descrita num livrinho tão resumido como este, a sequência básica
de massagem delineada no capítulo
6 poderá dar ao leitor os fundamentos suficientes para que depois comece a
criar intuitivamente o seu próprio estilo. Apresento, no fim, uma lista de
livros sobre aromaterapia e outros assuntos com ela relacionados e cuja leitura
recomendo.

Tal como todas as demais terapêuticas holísticas, a aromaterapia tem como


objectivo reforçar as capacidades autocurativas
13
inatas do nosso organismo. Muito embora certas pessoas sejam de nascença mais
saudáveis que outras, a maioria pode tornar-se mais saudável e pode prevenir o
aparecimento de males graves como a diabetes e as doenças do coração. O segredo
da boa saúde e da sensação de bem estar reside em compreender que não devemos
tornar-nos vítimas irremediáveis da tensão nervosa nem da angústia - que tem a
responsabilidade por grande parte dos nossos males. é bem claro que a nossa
saúde depende, em grande medida, da qualidade dos alimentos que comemos, da
água que bebemos e do ar que respiramos. Mas talvez seja mais importante ainda
a necessidade de se dar alimento ao lado espiritual da pessoa, pois nós somos
algo mais que um corpo dotado de cérebro. E dificil definir este aspecto
espiritual, mas podemos considerá-lo intimamente ligado às relações que
mantemos connosco próprios e com as outras pessoas e à noção que temos dos
propósitos e dos sentidos da nossa vida - e também, como é evidente, à saúde do
nosso planeta. O terapeuta holístico procura, portanto, dirigir-se em globo aos
aspectos mutuamente relacionados da nossa existência, ou seja: ao conjunto
constituído pelo corpo, pela mente e pelo espírito. Qualquer factor que atinja
um desses aspectos - o corpo, a mente ou o espírito - atinge também o TODO.

Pode-se dizer que a minha atitude pessoal perante a arte da aromaterapia é


holística/intuitiva. Não será este, talvez, o estilo de todos os
aromaterapeutas; mas esta orientação é aquela que eu descobri que se adaptava
ao meu temperamento. Na sua maioria, os aromaterapeutas intuitivos têm
consciência desse tenuíssimo campo energético, ou aura, que rodeia e penetra o
nosso corpo fisico. A aura, quando saudável, é como um filtro protector que só
deixa que nos atinja aquilo que nos é benéfico. Mas esse campo energético pode
ser enfraquecido pelas fadigas da vida e pode então deixar passar influxos
desarmónicos que provocam doenças. É por este motivo que, no capítulo 7 (em que
explico melhor a concepção holística), incluo algumas técnicas de cura
espiritual que o leitor poderá aceitar ou desprezar conforme a sua perspectiva
pessoal. O leitor de pés mais assentes na terra
14
encontrará também nestas páginas uma grande dose de senso comum.

IMPORTANTE. Os informes e sugestões contidos neste livro devem ser entendidos


como simples orientação genérica. Se o
leitor estiver em tratamento, ou se tiver problemas de saúde a
longo prazo, aconselho-o vivamente a procurar o auxílio de um
terapeuta ou médico devidamente habilitado.

Christine Wildwood
3 de Novembro de 1990

15
1

QUE É A AROMATERAPIA?

A aromaterapia não é apenas uma nova terapêutica alternativa a juntar às


outras. Ao contrário do que certas pessoas pretendem fazer crer, ela é, de
facto, muito mais que um dispendioso tratamento de beleza: é na realidade uma
arte, uma arte de cura estética que utiliza óleos essenciais extraídos de
diversas partes de plantas e árvores aromáticas a fim de estimular a saúde do
corpo e a serenidade do espírito.

A aromaterapia é a única arte curativa que se pode chamar criadora em sentido


artístico, pois a perícia do aromaterapeuta reside, em grande parte, na
habilidade com que cria maravilhosas fragrâncias combinando e misturando óleos
vegetais com essências olorosas.

Contrariamente ao que se passa com terapêuticas de carácter mais clínico, como


a homeopatia e a acupuntura, o potencial curativo da aromaterapia resulta da
sua capacidade de estimular a descontracção e de, ao mesmo tempo, criar uma
sensação de prazer ou de tranquilidade em quem a ela se submete. Na verdade,
quanto mais maravilhosa for a sensação experimentada maior será o seu efeito
curativo. Talvez seja por este motivo -
mais que por qualquer outro - que a aromaterapia tem sido, por vezes, olhada
com desprezo por alguns tradicionalistas empedernidos, em cujo entender só nos
pode fazer bem aquilo que nos causa uma certa dose de desconforto!
17
Apesar do comentário de um médico - «não conheço nenhuma prova específica de a
aromaterapia possuir qualquer verdadeiro valor clínico»’ -, a aromaterapia pode
de facto ser praticada no nível clínico, científico. O artigo do Dr. Kurt
Sclinaubelt Ods for Viral Diseases 2, por exemplo, apresenta provas da
existência de bases científicas para a aromaterapia clínica - já vai
aumentando, na Alemanha, o uso dos óleos essenciais no tratamento de infecções
por vírus, designadamente do óleo de melissa (erva cidreira) no caso dos
resfriamentos. Mas
- o que é ainda mais digno de nota - certos óleos essenciais, como os de
Melaleuca, de alho e de tomilho, já ajudaram um
homem a vencer a SIDA! (v. cap. 3).

Antes de passar adiante, é importante notar desde já que seria demasiado


ambicioso (e potencialmente arriscado) uma pessoa leiga - e mesmo um
aromaterapeuta vulgar - tentar tratar doenças graves com óleos essenciais. Tal
como é mais frequentemente praticada, a aromaterapia destina-se à prevenção das
grandes doenças e ao tratamento sintomático das enfermidades de menor
importância. O acento tónico é posto na massagem aromaterápica, uma das
técnicas mais apuradas de que se dispõe para o alívio das depressivas
consequências da fadiga fisica e nervosa. Sob os seus inúmeros disfarces, a
fadiga é responsável pela esmagadora maioria das doenças de que sofremos neste
mundo de velocidade, «alta tecnologia» e inquietude emocional.

Se bem que a massagem aromaterápíca seja o esteio principal desta arte, os


óleos essenciais são utilizados de muitos outros modos, tanto para fins
curativos como para fins estéticos - em banhos, em inalações de vapores e em
perfumes para criar boa disposição, por exemplo. Mas, para poder dar uma
resposta completa a quem pretenda saber o que é a aromaterapia, necessitamos de
examinar mais de perto os tais admiráveis óleos aromáticos.

1 Coleman, Dr. V., A Guide to Alternative Medicine.


2 Schnaubelt, Dr. K, Ods for Viral Diseases («International Journal of
Aromatherapy»).
18
Os óleos essenciais

Os óleos essenciais - ou essências, como muitas vezes se lhes chama - são os


elementos líquidos, odoríferos e voláteis (evaporam-se facilmente) que existem
nas plantas aromáticas. Acumulam-se em células especializadas ou em órgãos
específicos da planta: podemos encontrá-los nas pétalas (rosa), nas folhas
(eucalipto), no tecido lenhoso (sândalo), no fruto (limão), nas
sementes (alcaravia), na raiz (sassafrás), no rizoma (gengibre), na resina
(pinheiro), na goma (incenso) e, por vezes, em mais de uma parte da planta. O
óleo essencial da alfazema, por exemplo, é retirado das flores e das folhas. A
laranjeira tem um interesse muito especial, visto que nos fornece três
essências diferentes -- cada uma delas com o seu aroma e as suas propriedades
terapêuticas: o neroli (no botão da flor), o petit-grain (nas folhas) e a
essência de laranja (na casca do fruto).

A planta produz os óleos essenciais para sobreviver: para agir no seu próprio
processo de crescimento e reprodução, para atrair os insectos polinizantes,
para repelir os predadores e para se defender das moléstias.

A qualidade de um óleo essencial depende de um certo número de factores que


interagem uns com os outros: as condições do solo, o clima, a altitude e a
época da colheita, que é de uma importância capital. A concentração de óleo
essencial nos tecidos da planta é máxima durante a época quente do ano - e esta
é, assim, a melhor ocasião para a colheita. O jasmim, cujo aroma se faz sentir
durante a noite, deve ser colhido ao anoitecer. De uma maneira geral, a
colheita das plantas produtoras de óleos essenciais deve realizar-se em poucos
dias; se houver algum atraso, os
óleos essenciais perder-se-ão. E além disso, tal como acontece com os vinhos, a
qualidade e o bouquet de um óleo essencial variam de um ano para o seguinte.

Quanto mais glândulas ou ductos de óleo houver na planta, mais barato será o
óleo - e vice-versa. Por exemplo, 100 quilos de alfazema dão cerca de 3 litros
de óleo essencial - ao passo que
100 quilos de pétalas de rosa dão apenas meio litro de óleo.
19
Embora possam ser caros, os óleos essenciais são substâncias muitíssimo
concentradas e, na prática, uma pequena quantidade dá para muito tempo.

Estas essências, se bem que tecnicamente sejam classificadas como óleos, são na
realidade muito diferentes dos «óleos fixos» vulgares como o de milho ou o de
girassol. Como são muito voláteis, não deixam nódoa permanente no papel de
filtro e, ao contrário dos óleos gordos vegetais, têm a consistência da água ou
do álcool e não são gordurosos. São solúveis no álcool, na cera (por exemplo,
em cera derretida de abelha ou de jojoba) e
nos óleos vegetais e, como são parcialmente solúveis na água, podem ser
utilizados no banho (seis gotas costumam bastar) sem deixar resíduos gordurosos.

Como são obtidos

Para muitas pessoas, estes conhecimentos serão de interesse passageiro. Mas,


para quem se preocupa com o meio ambiente, a origem e o método de extracção de
uma essência podem ser de importância vital. Estão infelizmente à venda no
mercado da aromaterapia muitos óleos essenciais que não são tão puros ou tão
naturais como em geral se julga. Uns contêm substâncias adulterantes para lhes
realçar o aroma ou para o diluir de tal forma que se espalhe mais; outros podem
conter resíduos de pesticidas ou vestígios de solventes químicos usados no
processo de extracção. É possível obter óleos de qualidade própria para o uso
aromaterápico; mas, antes de discutir este ponto, vejamos quais são os
principais métodos de extracção actualmente praticados.

O método clássico é o da destilação directa - que é, por sua vez, uma versão
aperfeiçoada do antíquíssimo método egípcio do pote de barro. O material
colhido na planta é colocado no alambique em contacto directo com a água, esta
é aquecida e o vapor arrasta consigo os óleos essenciais para o condensador, do
qual passam ao separador. Um método muito mais eficiente, que
20
evita que o destilado se queime, é o da destilação a vapor. Neste método,
bastante semelhante ao primeiro, o material vegetal não fica em contacto com a
água: só o vapor é que passa por ele.

Uma inovação mais recente é a destilação pelo vácuo: reduzindo a pressão no


interior de um aparelho estanque, cria-se um vácuo tal que a destilação se
realiza a uma temperatura muito inferior - conservando, assim, muito melhor as
delicadas fragrâncias das flores.

O método menos complicado é o da expressão. O óleo essencial dos frutos


citrinos está na casca, de modo que se recorre a uma simples espremedura para
se lho extrair. Antigamente, as cascas dos frutos eram espremidas à mão; hoje
em dia, são espremidas em máquinas centrífugas.

Um método praticamente obsoleto é o de enfleurage, no qual


se usa uma gordura animal (e, por vezes, o azeite) para absorver os óleos
essenciais; estes são seguidamente separados por meio do álcool - o qual, ao
contrário da gordura, os dissolve com facilidade. O álcool é depois evaporado
deixando ficar a essência. Este método é utilizado para captar aromas de flores
como o jasmim, a tuberosa e o neroli (flor de laranjeira), cujas delicadas
fragrâncias se poderiam alterar com o intenso calor da destilação. O líquido
resultante deste processo é conhecido pelo nome
de «extracto absoluto» e não de «óleo essencial». Infelizmente, o elevado custo
deste método, que ocupa muita mão-de-obra e demora bastante tempo, tem levado
ao amplo uso de solventes voláteis como o éter de petróleo, o hexano e o
benzeno a fim de captar as essências de certas flores - embora o método de
enfleurage dê melhor rendimento. Diga-se, a propósito, que é ainda possível
obter extractos absolutos - por enfleurage - de tuberosa e de jasmim,
produzidos por vários destiladores franceses. No entanto, o emprego de banha de
porco no método de enfleurage poderá afastar o vegetariano - que ou se verá
forçado a privar-se dos prazeres do jasmim e da tuberosa ou terá de procurar um
fornecedor de extractos absolutos a óleo vegetal, muitíssimo mais raros.
21
A extracção com solventes voláteis é muito empregada na
indústria de perfumaria, pois produz aromas soberbos, mais próximos dos que se
evolam da planta viva. Mas as substâncias potencialmente cancerígenas, como o
benzeno, deverão desempenhar algum papel na arte curativa da aromaterapia? Não
será melhor recorrer a um produto ligeiramente menos requintado a fim de poupar
o nosso planeta e a nossa saúde?

Completamente à parte destas preocupações com os vestígios de solventes, tão


frequentes nos extractos absolutos, não podemos ignorar os efeitos ambientais
das fugas de solventes para a atmosfera nem os dos vapores que os trabalhadores
das destilarias estão sujeitos a respirar.

Um processo relativamente novo, mas actualmente muito caro, é o da extracção


pelo dióxido de carbono, que apresenta um grande interesse para a aromaterapia
pois não apresenta o risco de deixar resíduos no produto final. Mas ainda falta
saber se este processo é inteiramente inofensivo para o ambiente.

Acerca dos óleos de origem natural

Até há muito pouco tempo, o comércio de óleos essenciais estava praticamente


circunscrito às indústrias de perfumaria e aromatizantes alimentares - que
utilizavam substâncias sintéticas ou idênticas às naturais sem grandes
preocupações. Mas, com o despertar do interesse pela aromaterapia, que
coincidiu com a emergência dos movimentos «verdes», criou-se uma forte procura
de óleos essenciais puros, não adulterados - e, se possível, de origem
inteiramente natural.

É realmente possível obter óleos de produção natural, ainda hoje vendidos por
um punhado de fornecedores, mas esses óleos são bastante mais caros que os
provenientes de plantas criadas com fertilizantes químicos e pulverizadas com
pesticidas industriais. Além disso, o leque dos óleos essenciais naturais
actualmente disponíveis está limitado, principalmente, a essências provenientes
de plantas herbáceas como a alfazema, a camomi-
22
la, o tomilho e a manjerona. Mas estão a operar-se modificações nesta situação:
organizações como a EOTA («Essential Oil Trade Association», do Reino Unido)
actuam no sentido de criar fontes fidedignas de abastecimento de óleos
essenciais, puros e sem adulteração, para uso aromaterápico. Esses óleos
deverão ser sujeitos a verificações de pureza por instituições como, no Reino
Unido, a «Soil Association» e, noutras paragens, a IFOAM («International
Federation of Organic Agricultural Movements»), que já existe na Europa e nos
Estados Unidos. Espera-se que a
aromaterapia ganhe bastante com isso de duas maneiras: a pureza dos óleos
poderá ser assegurada e haverá um maior leque de óleos de origem natural mais
amplamente acessíveis.

Como adquirir óleos essenciais

É de importância decisiva que só sejam usados para efeitos terapêuticos óleos


essenciais puros, não adulterados. A maioria dos aromaterapeutas obtem os óleos
que utiliza encomendando-os pelo correio a certos conceituados fornecedores
especializados no ramo e não em estabelecimentos de produtos de beleza e de
perfumaria. As vantagens dos fornecedores por via postal em relação aos
estabelecimentos retalhistas são várias: esses fornecedores apresentam um leque
de essências mais amplo e praticam preços mais favoráveis em caso de encomendas
mais volumosas. No entanto, o principiante poderá ter vantagem em comprar os
óleos essenciais numa boa casa de produtos naturistas ou numa ervanária digna
de confiança. Assim, poderá cheirá-los primeiro a fim de comprar apenas aqueles
que mais lhe agradarem.

A armazenagem dos óleos é de grande importância (v. cap. 5). Os óleos


essenciais devem ser fornecidos em frascos de vidro escuro bem rolhados e devem
ser conservados ao abrigo da luz, do calor e da humidade. São de evitar os
óleos vendidos em frascos com tampa conta-gotas de borracha. A minha
experiência indica que certos óleos essenciais, em particular o de cedro,
atacam a borracha transformando-a numa massa pegajo-
23
sa. Apesar deste facto assustador, os óleos essenciais são inofensivos para a
pele desde que usados correctamente conforme neste livro indico.

Uma palavra sobre os óleos extraídos de madeiras

A excitação provocada em todo o mundo pelas maravilhosas propriedades


medicinais da essência de Melaleuca alternifolia (Tea-tree) levou o governo
brasileiro a considerar muito a sério a hipótese de pôr em prática um programa
de plantação em massa desta espécie, originária da Austrália, em vastas zonas
de terras incultas que noutros tempos estiveram ocupadas por florestas
tropicais.

Já quanto à produção da essência de pau-rosa (por vezes


designada por Bois de Rose) há motivos de preocupação. Presentemente, os
principais fornecimentos provêm de árvores do Brasil. A essência é obtida por
destilação do material lenhoso que sobra das serrações brasileiras (a maior
parte das pranchas segue para os fabricantes de mobiliário dos Estados Unidos).
É trágico que essas árvores estejam a ser abatidas em grande quantidade, pois
este facto provoca uma rápida diminuição das florestas. Enquanto o governo
brasileiro não der início a um programa de replantação desta espécie (e,
realmente, de todas elas) eu, por minha parte, sinto-me obrigada a dispensar
este óleo - incluindo os fornecimentos de outras regiões da América do Sul e
também de África.

Mas nem tudo são notícias tristes a respeito das árvores: a


situação é muito melhor no tocante à essência de sândalo (oriunda de Karnataka,
ex-Mysore). O governo indiano decretou que, por cada árvore abatida, sejam
plantadas duas - e é isso que está de facto a acontecer.

As propriedades dos óleos essenciais

Todas as essências são anti-sépticas; e algumas delaspossuem também


propriedades antivirais ou anti-inflamatórias. E convic-
24
ção generalizada que as essências de alho e de Melaleuca são os óleos
essenciais antivirais mais poderosos. Por motivos óbvios, a essência de alho
não é correntemente utilizada em massagens aromaterápicas (embora já se tenha
sabido de alguns casos!). Por outro lado, é tomada em cápsulas, como
medicamento. Ao contrário dos anti-sépticos químicos, os óleos essenciais são
inofensivos para os tecidos do nosso organismo mas atacam fortemente os germes
nocivos. O Dr. Jean Valnet (um dos pioneiros franceses da aromaterapia) usou
óleos essenciais para tratar os horríveis ferimentos dos militares da Segunda
Guerra Mundial. As essências não só encobriram com os seus odores os pútridos
cheiros das feridas gangrenadas como, retardando o
processo de putrefacção, as fizeram desaparecer. Estimulando e reforçando os
processos próprios do organismo, os óleos essenciais favorecem a cura natural.
As essências de camomila e de tomilho, por exemplo, possuem a propriedade de
estimular a produção de glóbulos brancos do sangue, que são importantes meios
da nossa luta contra a doença. A alfazema, especialmente, tem uma notável
capacidade de estimular a regeneração das células da pele - uma maravilha na
cura de queimaduras, escoriações, ferimentos, úlceras, etc.

Os óleos essenciais actuam também no sistema nervoso central: uns são calmantes
(camomila, alfazema) e outros estimulantes (alecrim, manjerico). Alguns deles
têm a propriedade de normalizar situações anómalas. O alho, por exemplo, pode
fazer baixar uma pressão arterial alta e subir uma pressão arterial baixa. Do
mesmo modo, as essências de bergamota e de gerânio podem ter efeitos sedativos
ou estimulantes em conformidade com as necessidades da pessoa - fenómeno este
totalmente ausente nas essências sintéticas, obtidas por via químico-industrial.

A química dos óleos essenciais é bastante complicada: podem ser constituídos


por centenas de componentes - terpenos, álcoois e aldeídos diversos, ésteres e,
sem dúvida, muitas outras substâncias que ainda se não pôde identificar. Isto
explica por que é que um único óleo essencial pode ser útil numa tão ampla
variedade
25
de situações. Como os óleos essenciais são produtos da natureza, e não do
laboratório, os seus efeitos colaterais são virtualmente inexistentes.

Uma substância sintética é constituída por um único princípio activo, muito


poderoso mas não equilibrado por outros. Tais produtos não possuem a acção
sinérgica (isto é, harmoniosa) de um óleo essencial, de um remédio homeopático
ou de um medicamento herbáceo. Por conseguinte, a sua acção é como aquela de
que fala o provérbio: partir nozes com um malho de ferreiro. E é claro que
semelhante brutalidade tem os seus inevitáveis efeitos secundários.

Evidentemente, nem todas as substâncias existentes na natureza são benéficas.


Pensemos apenas nas folhas do loureiro (das quais se pode extrair cianeto) e na
dedaleira, que pode matar se não for administrada com as necessárias cautelas.
E, contudo, nenhuma destas plantas - quando tomada em doses homeopáticas -
apresenta o mínimo problema de toxicidade.

Facto interessante: o Dr. Jean Valnet e outros médicos da área da aromaterapia


clínica descobriram que as misturas de certos óleos essenciais não só são mais
poderosas que esses mesmos óleos tomados isoladamente como põem em acção um
misterioso factor, a sinergia: o todo é maior que a soma das suas partes. Isto
é especialmente notado no tocante à acção antibacteriana das essências. Por
exemplo: uma mistura de óleos de cravo da índia, tomilho, alfazema e hortelã-
pimenta é de longe muito mais potente que aquilo que o químico poderia esperar
(atendendo à acção conjugada dos respectivos constituintes químicos). E,
curiosamente, tal como acontece com uma nota musical discordante, a mistura de
mais de cinco essências tem um efeito contraproducente: a acção antibacteriana
diminui.

A aromaterapia tem por objectivo, tal como outras terapêuticas naturistas, o


reforço do nosso sistema imunitário. A medicina alopática (ortodoxa) provoca a
diminuição das defesas orgânicas, pois suprime estados sem lhes eliminar as
causas. Ao mesmo tempo, os produtos químicos originam efeitos colaterais e o
nosso organismo terá de lidar depois não só com a
26
doença como também com eles. Isso dará possivelmente lugar a uma doença
iatrogénica - isto é, provocada pelos remédios -, problema que deve estar muito
mais espalhado que o que em geral se pensa.

A nossa tendência é, porém, para uma posição equilibrada, aceitando a


impossibilidade de se poder dispensar por completo o uso das substâncias
sintéticas: tudo tem o seu lugar numa concepção holística das coisas. Se, por
exemplo, uma pessoa estiver bastante mal por não reagir ao tratamento naturista
ou se se encontrar em situação de vida ou de morte (acidentes de viação,
deficiências funcionais orgânicas congénitas, etc.), a intervenção dos remédios
químicos pode ser decisiva.

A aromaterapia na prática

O aspecto mais fascinante da aromaterapia é a influência dos aromas na mente e


nas emoções - e nisso reside o misterioso poder desta arte. Na verdade, esta
influência dos aromas na psiché humana já levou alguns aromaterapeutas a pôr em
prática aquilo a que actualmente se dá o nome de «psico-aromaterapia», em que o
uso dos óleos se destina unicamente a modificar a disposição das pessoas.
Outros aromaterapeutas adoptam uma posição intuitiva preferindo não escolher os
óleos mais adequados a cada pessoa e deixar que cada um opte por aqueles que as
suas preferências olfactivas lhe indicam. O mais frequente é verificar-se
depois que os óleos assim escolhidos se mostram os mais adequados à situação
concreta do paciente; e, à medida que o seu estado fisico e emocional se vai
modificando, assim também as suas preferências olfactivas se vão, por vezes,
alterando.
O corpo e o espírito estão intimamente ligados: o que fere ou
favorece um, fere ou favorece também o outro.

O natural e o sintético

Se bem que os químicos tenham já tentado reproduzir em


laboratório os óleos essenciais, o resultado obtido nunca é o
27
mesmo. Um produto químico sintético é, em teoria, idêntico àquele que se
encontra na natureza; na prática, contudo, como todos os químicos sabem, é
impossível produzir uma substância cem por cento pura. Qualquer produto obtido
por via sintética traz consigo uma pequena percentagem de substâncias
indesejáveis que se não encontram no óleo essencial da natureza. Além disso,
faltam-lhe os enzimas vitais e, provavelmente, uma multidão de outras
substâncias existentes nas plantas e ainda não descobertas. Acima de tudo,
porém, o produto químico sintético carece da força vital da natureza. Nenhum
composto sintético pode reproduzir as vibrações, o princípio estrutural da
«matéria da vida».

Afastando-nos por momentos da aromaterapia, vejamos o caso da insulina, um


excelente exemplo de como o natural ganha nitidamente ao sintético. Na ocasião
em que escrevo, a insulina sintética - que, para o químico, é idêntica àquela
que é segregada pelo pâncreas - não pode ser administrada aos diabéticos
porque, pura e simplesmente, não actua; e, no entanto, a insulina do porco,
injectada numa pessoa, actua!

-No mundo ocidental, o sistema educativo está centrado no sobredesenvolvimento


da actividade do hemisfério cerebral esquerdo (lógica) em detrimento do
hemisfério direito, mais místico. Isto significa que tendemos a descrer da
intuição, da filosofia e dos conceitos abstractos (daquilo a que os Chineses
chamam yin, ou princípio feminino) e a favorecer a tecnologia, a matemática e
tudo quanto for mensurável (ou, como dizem os Chineses, o yang, ou princípio
masculino). E o resultado é uma sociedade materialista que venera as
mercadorias de consumo e em que os académicos mandam mais que os artistas e que
os filósofos. A situação ideal seria um casamento destes dois princípios
aparentemente opostos, no qual os praticantes alternativos e os praticantes
ortodoxos reinassem lado a lado em boa harmonia. Assim como o dia não pode
existir sem a noite nem o Sol sem a Lua, também a lógica fica desumanizada
quando não é equilibrada pela intuição e pelo sentimento.
28
A nossa intuição diz-nos que o uso de óleos sintéticos -
mesmo que alguns deles contenham «princípios activos» derivados das plantas - é
antitético em relação à filosofia da aromaterapia. Nas palavras do grande
filósofo Rudolph Steiner (1861-
- 1925), «a matéria é o mais espiritual do perfume da planta». E é este
flozinho espiritual que percorre e une, num único nível, todas as filosofias de
cura natural. Na acupuntura chama-se chi, na
medicina ayurvédica (indiana) chama-se prana e na psicoterapia reichiana tem o
nome de orgone. Em muitas outras escolas de pensamento, chama-se simplesmente
«energia» ou «espírito».

Ao materialista, toda esta conversa de «força vital», «espírito» e «energia»


poderá parecer mistificatória, obscurantista, completamente desligada da
realidade; mas a realidade é mais que tridimensional. Tal como uma fragrância
inebriante, a realidade espiritual tem de ser experimentada para poder ser
apreciada: é impossível traduzir isto em palavras. A realidade espiritual é um
saber intuitivo e não um saber intelectual. Não pode ser medida com
instrumentos científicos - e aqui a temos de deixar!

29
2

HISTóRIA RESUMIDA DA AROMATERAPIA

As verdadeiras origens da aromaterapia evolaram-se nas brumas do tempo. Desde o


dealbar da história humana que as pessoas se sentem fascinadas, intoxicadas ou
mistificadas pelos poderes das plantas aromáticas. Embora a palavra
«aromaterapia» tenha sido forjada na década de 1920 pelo químico francês Renê
Gattefôssé , precisamos de apontar o nosso telescópio histórico para muito mais
longe: para os princípios da humanidade.

Os nossos primeiros antepassados viveram num mundo carregado de perigos mas


estavam muito mais avançados na arte da sobrevivência que aquilo que muitos de
nós, neste mundo moderno, poderemos imaginar. Ao contrário da crença vulgar,
não era por mero acaso - ou, em termos mais rudes, por uma espécie de «roleta
russa» - que os nossos antepassados distinguiam as plantas comestíveis e as
plantas medicinais daquelas que são venenosas. É quase certo que possuíam
capacidades sensoriais e intuitivas muitíssimo desenvolvidas que hoje só se
encontram nas poucas tribos «primitivas» ainda existentes.

O leitor deve ter conhecimento, por exemplo, de certas histórias sobre


caçadores índios norte-americanos capazes de seguir as suas presas ao longo de
extensas pistas servindo-se apenas dos seus sentidos e, em especial, do olfacto
- capazes mesmo de
31
reconhecer o cheiro de outros seres humanos farejando o solo que eles pisaram.
Do mesmo modo, os nossos antepassados devem ter identificado as plantas úteis
servindo-se do olfacto, da vista e da intuição. Por outras palavras: por
instinto.

E, para afastar de nós outro mito, digamos também que ainda não perdemos por
completo essa capacidade animal de utilizar os
dados dos sentidos para sobreviver. A questão é simplesmente de
condicionamentos e de adaptabilidade. Actualmente, já não é de uma importância
vital para a existência o ter-se um sentido do olfacto supereficiente. Contudo,
quando as circunstâncias a isso nos forçam, as coisas tomam um aspecto
diferente. No seu livro Body Power, o Dr. Vernon Coleman menciona o caso de um
preso norte-americano que criou consideráveis aptidões de caçador. Era capaz de
identificar os guardas da prisão pelo cheiro, pelo ritmo respiratório e pelos
sons das suas articulações quando caminhavam. Podia mesmo adivinhar a presença
de um maço de cigarros dentro de um bolso de casaco a vários metros de
distância!

Tal como descobriram as plantas comestíveis e medicinais, os


nossos antepassados descobriram algo ainda mais interessante: certas plantas
aromáticas, quando queimadas numa fogueira, provocavam alterações nos seus
estados de consciência. Assim se descobriu que certos aromas faziam com que as
pessoas se sentissem sonolentas e outros as faziam sentir-se despertas e
mesmo eufóricas. Os mais preciosos de todos eles originavam experiências
místicas ou psíquicas. Eram extremamente apreciados e só eram queimados pelos
sacerdotes e sacerdotisas durante a prática dos ritos mágicos ou da adoração
dos deuses ou então com fins curativos. Como a religião e as actividades
curativas estavam intimamente relacionadas, a defumação das pessoas doentes
(destinada a exorcizar os espíritos malignos) foi uma das primeiras formas da
medicina. O zimbro, por exemplo, era uma planta especial, relacionada com a
purificação - em especial no solstício de Inverno, por ocasião da morte e
renascimento simbólicos do Sol. Mesmo depois do desaparecimento dos sacerdotes
druídicos, os povos ceitas continuaram a usar o zimbro em fumigações rituais a
fim de afastar as doenças.
32
Diga-se de passagem que a fumigação com substâncias aromáticas no intuito de
evitar a propagação das doenç as infecciosas ainda hoje é usada em certas
partes do mundo; e, até uma
data relativamente recente, os hospitais franceses queimavam nas
suas enfermarias zimbro, tomilho e alecrim como desinfectantes.

Noutro plano, o incenso, que é a substância mais frequentemente queimada nas


igrejas, tem a propriedade de nos fazer respirar mais profundamente. Ora, a
respiração profunda acalma a mente e descontrai o corpo, criando assim nos
fiéis um estado que induz à oração e à meditação.

Os antigos Egípcios são geralmente considerados os verdadeiros fundadores da


aromaterapia. As substâncias aromáticas eram
por eles usadas nas práticas de magia e de cura (que incluíam diversas formas
de massagem), na preparação de cosméticos e no
embalsamamento. Na verdade, as múmias tão excelentemente conservadas de
animais, de faraós e de rainhas que hoje se encontram expostas em muitos museus
dão testemunho da habilidade dos antigos embalsamadores egípcios e das notáveis
propriedades conservantes das essências vegetais.

Como apontamento de certo interesse, direi que encontrei uma vez um cientista
forense que teve a sorte de estar presente numa experiência em que se
desembrulhou uma múmia. Tanto ele como os seus colegas se admiraram com os
aromas de cedro e mirra ainda perceptíveis, ao cabo de cerca de três mil anos,
nas ligaduras mais profundas!

Os jardins botânicos do antigo Egipto eram dignos de ver-se.

Neles se reuniam muitas plantas raras e belas, oriundas de terras tão distantes
como a índia e até a China. Essas plantas eram
transformadas em medicamentos, perfumes e unguentos pelos sacerdotes e
sacerdotisas egípcios, que se tornaram tão famosos pelas suas aptidões que de
todo o mundo antigo se deslocavam ao Egipto sábios e médicos para com eles
aprender a medicina e os Mistérios.

Os arqueólogos crêem, na sua maioria, que os Egípcios não utilizavam os óleos


essenciais em si (isto é, extraídos por destilação) mas sim que as plantas e as
gomas davam origem a óleos e
33
unguentos Por infusão. Ou seja: o material vegetal era colocado numa base de
óleo ou gordura e deixado ao sol durante alguns dias. Passado esse tempo, a
base ficava impregnada com o seu aroma.

No entanto, segundo o Dr. Jean Valnet, os Egípcios usavam uma forma primitiva
de destilação a fim de extrair das plantas os óleos essenciais. Despejavam água
por cima do material vegetal (normalmente, madeira de cedro), colocado no
interior de grandes potes de barro, e em seguida tapavam a abertura dos potes
com fibras de lã. Os potes eram aquecidos e os óleos essenciais, transportados
pelo vapor, ficavam embebidos na lã , que depois era espremida para largar a
essência. O óleo de cedro era altamente apreciado pela sua utilidade no
embalsamamento, na medicina e na perfumaria. Era também o perfume mais caro e
mais procurado em todo o mundo antigo.

A propósito: foram já encontrados potes como esses em Tepe Gawra, perto da


antiga Nínive. Pensa-se que datam de há 5500 anos, e isso sugere que as
realizações tecnológicas dos Mesopotâmios têm sido grosseiramente subavaliadas,
já que a invenção da destilação tem sido atribuída aos Árabes do século XI.

Outro método egípcio de extracção dos óleos essenciais das flores era o da
expressão. Um baixo relevo que hoje se encontra no Museu do Louvre, em Paris,
representa mulheres que reúnem lírios num grande saco de pano e dois homens a
segurar paus presos aos lados do saco. Esses paus seriam depois torcidos para
apertar o saco a fim de, espremendo as pétalas, fazer com que o óleo essencial
se libertasse delas.

Durante as festividades mais importantes eram queimadas nas praças das cidades
pilhas de substâncias aromáticas como incenso, mirra, zimbro e cipreste a fim
de purificar a atmosfera e de dar ao povo a oportunidade de apreciar o odor dos
fumos aromatizados. Uma substância muito apreciada, queimada apenas nos templos
e nas cerimónias do Estado, era o Kyphi: uma mistura de luxo, fortíssima, de
uns dezasseis ingredientes entre os quais se contavam o açafrão, a cássia, o
nardo indiano, o cinamorno e o zimbro. O molho de ramadas era atado e completado
34
com mel e passas de uva. Dioscórides diz que era um perfume agradável aos
deuses. O Kyphi era sempre queimado depois do sol-posto, pois possuía efeitos
soporíficos e embriagantes.

Na China antiga, a medicina de ervas era utilizada em conjunção com a


acupuntura e as massagens no tratamento de uma miríade de enfermidades. Mas os
Chineses estavam também interessados na busca da imortalidade mediante a
prática da alquimia.

Antes de dar início às suas experiências, o alquimista queimava incenso e


banhava-se com perfumes especialmente preparados. Acreditava que os perfumes
das plantas continham forças mágicas e espíritos vegetais que o auxiliariam a
compor o elixir da vida.

As casas ricas da antiga China tinham uma sala especial para o nascimento das
crianças, chamada quarto da artemísia, onde esta planta era queimada a fim de
atrair espíritos concordes e criar um clima de tranquilidade à mãe e ao filho.

Uma das plantas mais apreciadas na antiga China era a mo-lu-hwa, uma espécie de
jasmim: um só botão tem perfume bastante para aromatizar uma sala.

Os Gregos deviam grande parte da sua sabedoria médica e anatómica aos Egípcios.
Tal como no Egipto, as substâncias aromáticas estavam na base de todo um modo
de vida. Queimava-se incenso adocicado nos templos, nas praças das cidades e
nas cerimónias oficiais. Muitas casas tinham um altar denominado thyterion, no
qual se queimava incenso para apaziguar os deuses.

Parece que os Gregos não se satisfaziam perfumando apenas as vestes e o corpo:


a comida e o vinho tinham também de ser perfumados. Os vinhos aromatizados com
rosas, violetas e mesmo mirra eram tidos em tanto apreço como o néctar das
celebrações religiosas. Mas havia ainda outro motivo para esses hábitos:
acreditava-se que o perfume - em especial o da rosa -
tinha o poder de cortar os efeitos inebriantes do álcool, de modo que se podia
assim beber mais vinho! E sabe-se, na verdade, que o óleo de rosa tem um efeito
benéfico específico sobre o fígado.
35
Hipócrates enalteceu as virtudes de um banho aromático e de uma massagem com
perfumes, ambos diários, para o prolongamento da vida. Na verdade, a massagem
com óleos aromáticos era considerada de tal eficácia que Platão repreendeu (ao
que se diz) Herodicus, um dos mestres de Hipócrates, por com ela prolongar a
mísera existência dos idosos!

Os Romanos gastavam enormes quantias na compra de substâncias aromáticas e nos


seus requintados balneários públicos -
ideia que recolheram dos Egípcios. As famílias ricas passavam os dias no
balneário a receber massagens com óleos aromáticos, ministradas por uns
infelizes escravos eumicos cuja única função na vida consistia em amassar e
zurzir o corpo dos seus senhores.

Os Árabes foram exploradores famosos. Viajavam por mar e


por terra a fim de em paragens distantes obter substâncias aromáticas e
artefactos. Têm sido achadas moedas á rabes em regiões tão longínquas como a
Rússia, a Alemanha e a Suécia. das viagens que faziam ao Extremo Oriente,
trouxeram os Árabes muitos aromas fortes: sândalo, cássia, cânfora, noz
moscada, mirra, cravinho... Estas substâncias eram por eles usadas tanto em
perfumaria como em medicina.

Os médicos árabes punham em acção as poderosas propriedades germicidas dos


óleos essenciais desinfectando os seus corpos e roupas com uma agradável
mistura de sândalo, cânfora e água de rosas. Não só se protegiam das infecções
como criavam uma figura bem cheirosa que desse ânimo aos doentes. Esta prática
fora também preconizada, vários séculos antes, por Hipócrates, o «pai da
medicina».

No século xi, o famoso médico, filósofo, matemático e astrónomo árabe Abu Ibn-
Sina (conhecido no Ocidente por Avicena) tinha já aperfeiçoado a arte da
destilação para captar as essências voláteis das plantas. O seu método era tão
avançado que, passados novecentos anos, o alambique moderno não apresenta
grandes inovações em relação ao seu. Avicena usava também as massagens, a
tracção (no caso de membros fracturados) e uma
dieta desintoxicante, só de frutos, como parte do seu regime curativo.
36
No século xii, os perfumes da Arábia eram já famosos em toda a Europa. Os
cavaleiros das cruzadas trouxeram consigo para a Europa não só os exóticos e
caros perfumes arábicos como também a ciência da sua destilação.

Os herbários medievais contêm referências à água de alfazema e a muitas


maneiras de usar os óleos essenciais, isto embora alguns moralistas e chefes
religiosos tivessem tais práticas na conta de frivolidades e as considerassem,
mesmo, imorais. Nos lares britânicos, as mulheres eram exímias na preparação de
remédios herbáceos e bolas de cheiro para dar aroma aos linhos e manter
afastadas as moscas e as traças. Em certas casas mais ricas havia mesmo
alambiques para extracção das essências mais utilizadas na medicina e na
confecção de perfumes. Refira-se de passagem um facto que está hoje bem
documentado: os perfumistas, cujos corpos andavam, evidentemente, bem
impregnados de líquidos aromáticos, mostravam-se frequentemente imunes à peste.

A conquista normanda da Grã-Bretanha trouxe consigo, entre muitas outras


coisas, o hábito de espalhar no chão plantas aromáticas cujos odores se
evolavam quando eram pisadas. As propriedades insecticidas e bactericidas
dessas plantas ajudavam a afastar as doenças matando as bactérias arrastadas no
ar e afugentando pulgas e piolhos. As pessoas não tomavam banho mas encharcavam
o corpo e as roupas com perfumes e traziam consigo raminhos de ervas aromáticas
(tussie mussies) para evitar doenças infecciosas e ocultar o fedor das ruas
emporcalhadas.

No século xvii, o uso medicinal de ervas e óleos essenciais entrou numa fase de
declínio por causa do favor concedido às primeiras substâncias fornecidas pela
química, algumas das quais, e em particular o mercúrio, se mostraram depois
horrívelmente perigosas. Barbara Griggs descreve no seu livro Green Pharmacy
alguns dos horríveis efeitos colaterais do mercúrio administrado aos
sifilíticos. Vendo as coisas em retrospectiva, morrer da doença poderia parecer
muitíssimo preferível às agonias do envenenamento mercurial.
37
No século xix, como hoje, os químicos quiseram joeirar as chamadas «impurezas»
das plantas para isolar os seus «princípios activos». Mas essas «impurezas»
fazem necessariamente parte do todo, pois actuam de harmonia com o princípio
activo e evitam, assim, os efeitos colaterais.

Os pioneiros do século xx

O fundador da aromaterapia tal como hoje a conhecemos foi Renê Gattefôssé,


químico francês que na década de 1920 trabalhava nos negócios de perfumaria de
sua família. A princípio, limitou as suas pesquisas aos usos cosméticos dos
óleos essenciais; mas depressa descobriu que muitos desses óleos possuíam
também fortes propriedades anti-sépticas. Depois de uma violenta explosão no
seu laboratório, Gattefossé ficou com graves queimaduras numa das mãos mas,
tendo-a mergulhado num tanque de essência de alfazema, notou a rapidez com que
a queimadura sarou. Não se notavam sinais de infecção e nem sequer uma cicatriz
ficou a recordar o acidente.

Este facto levou Gattefôssé a investigar o uso dos óleos essenciais nos
problemas de pele e a proceder a muitos estudos sobre as suas aplicações em
medicina. Publicou em 1928 um livro intitulado Aromathérapie cunhando deste
modo a palavra que desde então tem sido utilizada neste âmbito.

Como consequência do livro de Gattefôssé, gerou-se em França e em Itália um


grande interesse pela aromaterapia. O Professor Paolo Rovesti, director do
«Istituto dei Derivati Vegetali» de Milão, mostrou que cheirar os óleos de
certas plantas pode dar alívio a estados de ansiedade e depressão. Utilizou
para isso óleos produzidos a partir dos frutos criados na região milanesa -
bergamota, laranja e limão. Molhava pedacinhos de algodão em rama nos óleos
essenciais e passava-os sob os narizes dos pacientes. Isso ajudava, segundo
dizia, a evocar e libertar recordações e emoções reprimidas que pudessem estar
a exercer efeitos nocivos na saú de dessas pessoas.
38
O maior contributo para que a classe médica se dispusesse a apreciar e aceitar
o tratamento aromaterápico foi o do Dr. Jean Valnet, médico e antigo cirurgião
militar francês. Valnet usou óleos essenciais para tratar ferimentos e
queimaduras de soldados da Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, descreveu no seu
livro Aromathérapie a forma como tratara doentes psiquiátricos crónicos com
óleos essenciais. Esses doentes apresentavam sintomas físicos atribuíveis aos
efeitos colaterais dos remédios químicos que lhes eram dados contra depressões
e alucinações. Depois de suprimido por fases o uso desses medicamentos, Valnet
administrou-lhes óleos essenciais por via oral e os sintomas, quer físicos quer
mentais, diminuíram de intensidade - em certos casos, poucos dias depois da
supressão do anterior tratamento. A versão inglesa deste livro, The Practice of
Aromatherapy, tornou-se uma obra clássica para os aromaterapeutas. Valnet é
também presidente da «Société Française de Phytothérapie et d'Aromathérapie».

A bioquímica de origem austríaca Marguerite Maury poderia ser venerada como mãe
da aromaterapia holística. Embora inspirada em Gattefôssé, não aceitava bem a
ideia de administrar as essências por via oral e criou uma técnica especial de
massagem para aplicação de óleos essenciais no rosto e ao longo da linha de
centros nervosos da coluna vertebral do paciente. Introduziu também o conceito
de prescrição individual, em que os óleos são escolhidos em função das
necessidades pessoais de cada paciente. Os seus clientes (na sua maioria,
mulheres saudáveis em busca de rejuvenescimento) revelaram melhorias
espectaculares no estado da pele. Para seu espanto, mostravam também alguns
efeitos colaterais: muitos deles sentiram alívio de dores reumáticas, passaram
a dormir melhor e o seu estado psíquico geral melhorou bastante. Estes efeitos
duravam semanas - ou, em certos casos, meses - depois de terminado o tratamento.

Marguerite Maury, que se dedicou inteiramente a este trabalho, recebeu dois


prêmios internacionais (em 1962 e 1967) pelas suas investigações sobre os óleos
essenciais e a cosmetologia.
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Daniè1e Ryman - ex-discípula de Marguerite Maury que durante mais de vinte anos
deu continuidade ao seu trabalho - escreve no seu livro (The Secret of Life and
Youth, na versão inglesa): «Marguen»te Maury tinha algumas das excentricidades
dos gênios... era um verdadeiro furacão de energia e entusiasmo e trabalhou
incessantemente até morrer, literalmente de excesso de trabalho, com um ataque
cardíaco que lhe sobreveio na noite de
25 de Setembro de 1968.»

Marguerite Maury tinha 73 anos de idade quando faleceu. Seu marido e colega, o
Dr. E.A. Maury, escreve: «Continua a mostrar o caminho aos que têm tido vontade
de reconhecer o seu valor e durante muito tempo continuará a mostrá-lo aos que
desejarem uma nova orientação para o seu bem estar moral e fisico.»

Robert Tisserand, aromaterapeuta clínico, autor de livros e investigador


britânico, publicou um dos primeiros livros escritos em inglês sobre esta
terapêutica até hoje tão mal conhecida (excepto em França). Na sua primeira
obra, intitulada The Art of Aromatherapy, discute a história e as propriedades
e aplicações terapêuticas de muitas essências. É justo dizer-se que este livro
despertou em todo o mundo, talvez mais que qualquer outro, um enorme interesse
pela arte curativa da aromaterapia.
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EM QUE PODE A AROMATERAPIA SER-NOS úTIL?

A aromaterapia pode fazer por nós muito ou muito pouco, conforme a medida do
esforço que nos dispusermos a aplicar para salvaguarda da nossa saúde e aumento
da nossa vitalidade. Por exemplo: estará o leitor preparado para deixar de
fumar ou para reduzir a quantidade de cafeína, álcool, açúcar e comidas sem
valor nutritivo que costuma consumir? Quantas vezes vai dar um passeio ao campo
ou mesmo ao parque da sua cidade? Poderá reservar um bocadinho do seu dia, não
mais de meia hora, para se descontrair ou para entrar em comunhão com a
natureza?

A aromaterapia pode ajudar a tratar de inúmeros males; mas, para obter os


melhores resultados, é preciso que ela faça parte de um regime holístico de
saúde. Quero dizer com isto que devemos olhar para além dos sintomas e procurar
ver as causas, devendo esforçar-nos por prevenir as doenças. É importante ter-
se presente que a doença não cai do céu aos trambolhões - embora, por vezes,
assim pareça. Há muitas causas possíveis para uma má saúde: é verdade que a
hereditariedade desempenha em tudo isto
o seu papel (o que é muito injusto), mas a causa dos nossos males reside,
sobretudo, no nosso estado mental, no nosso estilo de vida e nos nossos hábitos
alimentares.
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A aromaterapia holística exige, tal como outras terapêuticas holísticas, uma
grande dose de empenhamento pessoal por parte do paciente. Talvez não seja tão
fácil como entregar o corpo ao médico e limitar-se a tomar os remédios que ele
receita; e tão-pouco se pode esperar ficar curado da noite para o dia. Mas os
resultados obtidos a longo prazo valem bem o esforço aplicado.

As sugestões de auto-ajuda delineadas neste livro serão úteis para reforçar o


nível de energia do leitor e para lhe restabelecer uma sensação de harmonia na
vida - por muito frenética que esta seja. Em todas as formas de terapêutica
natural, que se orientam para a estimulação e não para a supressão das defesas
naturais do organismo, o axioma fundamental é este: criando-se condições
favoráveis no todo da pessoa - corpo, mente e espírito -, o corpo curar-se-á a
si próprio. Esta formulação é também conhecida pelo nome de «princípio
holístico». Se este conceito for novo para o leitor, veja então o capítulo 7,
no qual poderá encontrar muitas sugestões para criar harmonia em todos os
níveis interiores do seu ser.

O tratamento aromaterápico profissional

Se o leitor decidir consultar um aromaterapeuta profissional, não espere que


cada um deles lhe aplique exactamente o mesmo tratamento. Cada aromaterapeuta
entende a arte à sua maneira. Grande parte das suas opções dependerá de onde
recebeu formação e das suas habilitações noutros ramos terapêuticos e técnicos
como a reflexologia (massagem nos pontos de pressão dos pés), os Toques de
Saúde (ensaios musculares, uma técnica de diagnóstico), a ervanária médica, a
cura espiritual e mesmo as ciências da nutrição.

Um bom aromaterapeuta, quer basicamente intuitivo (afim do curandeiro


espiritual) quer clínico (partidário da administração oral de óleos essenciais)
quer polivalente, segue sempre a via holística. Prepara um programa individual
de cura adequado ao
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temperamento do paciente e às suas necessidades específicas. E o mais
importante é a existência de empatia entre o paciente e o
aromaterapeuta. Porque, sem empatia, pouco se pode conseguir avançar no caminho
da verdadeira cura (a cura de corpo, mente e espírito). Sobre a empatia, veja o
final do capítulo 4.

Nos estudos de casos concretos que em seguida vou apresentar, poderá o leitor
dar um relance à aromaterapia em acção em níveis diversos: o da atitude mais
simples, como que sintomática (que uma vez por outra tem também um papel a
desempenhar); o holístico-intuitivo (valioso para quem sofre de problemas
relacionados com a fadiga e a tensão nervosa); e, por fim, o clínico-holístico
- o máximo que se pode alcançar na cura holística.

Estudo de alguns casos concretos

Sarna

A sarna é uma doença de pele provocada pela infecção de um parasita, o «ácaro


da sarna» (Sarcoptes scabei), que pode ser-nos
transmitido por animais do campo (em especial pelos ovinos).

Elizabeth: Elizabeth, uma mulher nova que vive com a irmã numa remota e
primitiva casa de campo das montanhas galesas, veio ter comigo por causa de uma
infecção de sarna. O ácaro tinha-se-lhe instalado na parte inferior das costas
e no abdómen. Como se coçava furiosamente, tinha a pele muito inflamada e
coberta de pequeninas bolhas cheias de líquido - provocadas pela actividade de
perfuração do parasita.

Elizabeth vinha preparada para depositar confiança nos óleos essenciais e não
se dispunha a recorrer a algum preparado mais forte que o médico lhe
receitasse. Na verdade, ele já lhe tinha receitado um unguento que não dera
resultado.

Comecei por aconselhá-la a tomar seis cápsulas de alho por dia durante todo o
tratamento, que esperávamos não ser muito demorado. Apesar de todos os anúncios
que dizem o contrário, o
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alho é sempre notado no hálito das pessoas - mesmo quando tomado em cápsulas.
Como grande parte do odor sulfuroso do alho é eliminado também pela pele,
pensei que ele poderia ser bom para expulsar os assaltantes! Além disso, os
tratamentos ortodoxos da sarna utilizam unguentos preparados com base de
enxofre. Em seguida, dei-lhe um Pouco de essência de alfazema para pôr no banho
(ela tomava banho numa tina em frente do fogão da cozinha). Depois, compus um
unguento de cera de abelha com essências de alfazema e de hortelã-pimenta e
recomendei-lhe que o aplicasse muito generosamente duas ou três vezes por dia.
O médico já a tinha aconselhado a ferver as roupas da cama e a não partilhar
roupas com a irmã (a sarna é muito infecciosa).

Passada uma semana, Elizabeth comunicou-me, muito contente, que o prurido


cessara. A inflamação abrandou pouco a pouco e, três semanas depois, a pele
estava sã embora ainda muito escamosa. Dei-lhe um boião de creme feito em casa
com óleo de amêndoas, manteiga de coco e água de rosas para lhe amaciar a pele.

Pé-de-atleta

O pé-de-atleta (Tinea pedis) é uma infecção por fungos que ataca a pele dos
espaços interdigitais dos pés. É também capaz de surgir noutras partes do corpo
sob a forma de inflamação pruriginosa. O excesso de transpiração causado pelo
uso de calçado insuficientemente ventilado favorece esta infecção, que pode
também ser contraída nos vestiários das piscinas e ginásios. Os casos mais
graves, em que são também atacadas as unhas e outras zonas dos pés (são
sintomáticas as fissuras nos calcanhares), são usualmente sinal de um mau
estado geral de saúde e necessitam de tratamento holístico. Pode ser necessário
adoptar um regime alimentar especial e tomar uma dose diária de complexo
vitamínico B.
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Howard. Howard é um grande caminhante que gasta a maior parte do seu tempo
livre a trepar encostas, a percorrer terrenos lodosos e a atravessar ribeiros.
Anda habitualmente com os pés embrulhados em dois pares de grossas meias e
enfiados numas pesadas sapatorras - isto mesmo em tempo quente! Não admira que
transpire profusamente dos pés e seja atreito ao pé-de-atleta.

Quando Howard me mostrou os pés pela primeira vez, trazia-os num estado
lastimoso. Além de fendas dolorosas em praticamente todos os intervalos dos
dedos e de espessas calosidades, tinha os calcanhares cobertos de bolhas
(acabara de chegar de uma caminhada especialmente dura). Howard experimentara
já todos os remédios anunciados para os pés e verificara que todos eles eram
ineficazes: a infecção voltava sempre, como que a vingar-se, poucos dias depois
de ele deixar de aplicar o unguento ou os pós.

A minha primeira recomendação foi que apanhasse sol e ar fresco nos pés e
mantivesse uma higiene escrupulosa, conservando sempre os pés o mais secos
possível. Howard compreendeu a importância de não andar descalço em locais como
piscinas ou tapetes de casas alheias e decidiu, assim, caminhar descalço na
relva ou na praia para expor os pés aos elementos.

Dei-lhe essência de alfazema para que a aplicasse três vezes ao dia, sem
diluição (uma ou duas gotas), nas fendas dos dedos. Para sua grande surpresa, o
óleo não ardia. O óleo de alfazema tem em comum com muitos outros óleos
essenciais a particularidade de agir com suavidade nos locais dolorosos,
esfolados ou infectados da pele. Dias depois, Howard tinha a pele curada.
Passou a lavar cuidadosamente as meias em água muito quente com sabão (não pode
lavá-las em água a escaldar porque prefere meias de lã, embora o algodão fosse
melhor) e a arejar bem o calçado. Como medida preventiva, passou também a por
nas pontas das meias uma ou duas gotas de essência de alfazema.

Um ano depois disto, no Verão de 1990, que foi invulgarmente quente, Howard
teve uma leve recaída, mas a alfazema curou-lha em um ou dois dias. O único
efeito secundário de que me falou foi o facto de ter o calçado mais bem
cheiroso que se pode imaginar!
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Tensão pré-menstrual

Esta situação deve chamar-se mais propriamente «Síndroma Pré-Menstrual» (SPM),


visto que a tensão é apenas uma das diversas perturbações emocionais e fisicas
que as mulheres sentem alguns dias (ou duas semanas) antes do aparecimento da
menstruação. Antes de apresentar o caso de Anna, vou expor as minhas ideias
acerca do SPM.

Os antropólogos têm comentado um facto conhecido: as mulheres das comunidades


primitivas só raramente têm problemas com a menstruação. Não porque reajam de
uma forma mais positiva à menstruação e à sua vida sexual (como certos
psicólogos adiantaram já) mas provavelmente, acho eu, porque no caso delas a
menstruação é um acontecimento mais raro. Nos seus anos de fertilidade, ou
estão grávidas ou a amamentar filhos. A amamentação pode retardar por três anos
o reaparecimento da menstruação. Será que um certo grau de SPM (não falo de
tendências suicidas ou assassinas) é a resposta perfeitamente lógica de um
sistema reprodutor saudável à situação nada natural de não estar grávida? Não
estou, evidentemente, a dizer que as mulheres devam reduzir-se às funções
biológicas (longe de mim tal ideia) mas sim que o SPM não é bem o estado
patológico que alguns especialistas de saúde parecem querer sugerir.

É indubitável que o SPM é exacerbado pela fadiga e pelos maus regimes


alimentares (e é por isso que em grande parte pode ser remediado), mas a causa
principal está na retenção de líquidos - provocada pelas modificações químicas
naturais do organismo da mulher.

Anna: Anna telefonou-me um dia, de manhã cedo, num estado de grande desespero,
pedindo-me encarecidamente que fosse vê-la nesse mesmo dia. Apareci-lhe algumas
horas depois e, nessa altura, já ela estava um pouco mais calma; mas ainda ia
fumando cigarros atrás de cigarros.

Anna tinha nessa época 38 anos e vivia sozinha com uma filha de onze anos.
Aguentava-se mais ou menos no seu emprego de
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jornalista num jornal regional mas era-lhe cada vez mais dificil trabalhar com
um mínimo de qualidade nos períodos em que padecia do SPM, que por vezes a
debilitava muito. Os sintomas de que Anna se queixava variavam de mês para mês,
mais ou menos graves em conformidade com as circunstâncias de momento da sua
vida.

Naquela ocasião, Anna queixava-se de ansiedade, insônias, manchas na pele,


inchaço (tinha uma barriga enorme) e um forte desejo de doces - principalmente
de chocolates. Estivemos sentadas a conversar durante perto de uma hora e ela
contou-me, lavada em lágrimas, que o amante, um rapaz de 23 anos, a trocara por
uma rapariga de 18. Dessa vez, tinha um bom motivo para estar deprimida.

Do leque de possibilidades que lhe apresentei, Anna escolheu essências de


ylang-flang (a sua essência favorita), bergamota e gerânio. Embora o ylang-
ylang seja geralmente considerado em aromaterapia um óleo afrodisíaco, pouco
recomendável para aquelas circunstâncias, Anna não se mostrava interessada por
outras essências. Desagradava-lhe muito especialmente a manjerona, usada para
situações de amargura e tida por anti-afrodisíaca. Mas eu deixo sempre que as
pessoas se guiem, nestes assuntos, pelo seu instinto. De resto, o gerânio era
uma boa escolha, dadas as suas propriedades diuréticas, e a bergamota
igualmente, pelo seu aroma estimulante e indutor de alegria. Ambas estas
essências se misturam bem com o ylang-ylang e têm um efeito equilibrador do
sistema nervoso central.

O tratamento foi constituído por uma massagem geral, prestando especial atenção
às costas (as zonas que ladeiam a coluna vertebral são a porta de entrada para
todo o sistema nervoso da pessoa). E procurei também equilibrar as energias
interiores da aura (v. cap. 4).

No fim do tratamento, Anna estava quase a dormir e eu deixei-a só para que


gozasse tranquilamente a paz reencontrada. Telefonou-me depois a dizer que se
sentia muito mais leve, como se lhe tivessem tirado um peso de cima dos ombros.
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Durante cerca de um ano a partir de então, Anna submeteu-se a uma massagem
aromaterápica sempre que sentiu necessidade: uma ou duas vezes por mês.
Trabalhámos juntas no melhoramento do seu regime alimentar. Sempre que se
lembrava, pedia-me também um suplemento de óleo de enotera especialmente
composto para o SPM. Ganhara o hábito de tomar cinco ou seis púcaros de café
por dia (grande brutalidade para o sistema nervoso). Acabou por ser capaz de
pôr o café de lado alguns dias antes do período, mas continuou a beber uma ou
duas chicaras pequenas durante o resto do tempo. Quanto ao tabaco, procurámos
uma solução de compromisso. Ela sentia que não era capaz de dispensá-lo por
completo, mas estabilizou o consumo em três ou quatro cigarritos por dia em vez
de dez ou quinze.

Anna usa no banho óleos essenciais - quer para cuidar da pele e para se
perfumar quer para ganhar ânimo. Tem uma verdadeira paixão pela mistura de
ylang-ylang com patchulli.

Embora ainda tenha ligeiros inchaços e se sinta um pouco chorosa antes do


período, os seus níveis de energia geral são agora muito melhores. Dorme muito
melhor e consegue pensar mais facilmente.

Há vários meses atrás, Anna mudou-se com a filha para o sueste de Inglaterra.
Da última vez que me deu notícias, estava a preparar-se para casar com o seu
novo companheiro e sócio, com quem abriu um pequeno café onde vendem também
alimentos naturais!

Desgostos

O caso que apresento a seguir é invulgar, pois Charlotte (este nome não é o
verdadeiro) não me havia revelado o autêntico motivo da sua tão grande
necessidade de aromaterapia. Pelo contrário: foi por via intuitiva que descobri
grande parte da verdade - que mais tarde vim a confirmar, por um puro acaso,
graças a uma amiga de Charlotte.
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Este caso serve também para exemplificar a muito real necessidade daquilo a que
nos círculos de curadores naturistas se dá o nome de «protecção psíquica». Os
sentimentos desconfortáveis que nós absorvemos das pessoas que procuram a nossa
ajuda (e nisto se inclui o simples facto de ouvir com simpatia o que vêm dizer-
nos) podem perdurar em nós durante horas e até dias, a menos que saibamos
dissipá-los. Isso pode ser conseguido por meio de técnicas como a «regulação da
aura» e a «sintonização com a natureza» ou, pura e simplesmente, tomando um
banho de chuveiro e uma dose do Remédio de Socorro do Dr. Bach (v. cap. 7).

Charlotte: Charlotte é uma mulher de boa saúde, com pouco mais de quarenta
anos, que encara a aromaterapia como um mero tratamento de beleza de luxo.
Inscreveu-se para o «serviço», como disse - uma massagem ao rosto e a todo o
corpo pois precisava de «regalar-se» um pouco.

Isto é tudo quanto contarei acerca de Charlotte, a fim de proteger-lhe o


anonimato. Bastará dizer que resolvi brincar com a ideia dela sobre a
aromaterapia - uma pura e simples maneira de uma pessoa se descontrair. Bem, na
realidade não é preciso estar-se doente para gozar os bons efeitos da massagem
aromaterápica.

A primeira impressão que Charlotte me causou foi a de ser uma pessoa simpática,
mas também senti que a fachada era pura representação e que por detrás dela se
ocultava uma personalidade muito fechada consigo pró pria. Escolheu para a
massagem uma combinação de incenso, rosa e cedro e começou a descontrair-se
logo de imediato. A atmosfera da sala era realçada com
uma música de flautas muito suave, e essa música, conjugada com
os aromas dos óleos, começou também a criar em mim (quanto a
Charlotte, não estou segura!) um estado meditativo. Embora eu não tencionasse
trabalhar-lhe a aura, as minhas mãos começaram a percorrer o campo de energia
que lhe rodeava o corpo. Quando me aproximei do « centro do coração», senti um
peso no peito. Charlotte tossiu e eu senti que estava a retrair-se, a recusar
libertar uma dor qualquer que lhe pesava fortemente no coração.
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No final do tratamento, Charlotte não dava sinais de angústia. Na realidade,
disse mesmo que se sentia maravilhosamente e inscreveu-se para nova massagem na
semana seguinte.

Não consegui dormir nessa noite e, na outra, o meu sono foi invadido por uma
série de sonhos perturbantes. Eu tinha cometido a loucura de não aplicar
nenhuma das técnicas de protecção psíquica que no curso de estudos esotéricos,
como aprendiza de curadora, me haviam ensinado. Estava convencida de que a
massagem fora apenas superficial.

Enfim, para encurtar razões, ao longo de várias outras sessões de aromaterapia


com Charlotte fui sentindo algo que acabei por identificar com o desgosto.
Claro, porém, que depois daquele primeiro choque tinha já tomado precauções
para afastar de mim com a maior facilidade quaisquer reminiscências de mal
estar.

Charlotte continuou a submeter-se aos tratamentos de aromaterapia durante


vários meses (uma vez de três em três ou de quatro em quatro semanas). Usava
óleos essenciais no banho e para perfumar a casa. As essências que escolhia
eram quase todas de madeiras ou resinas - sândalo, cedro, incenso e mirra -,
alegradas com rosa ou ylang-ylang e, de vez em quando, com salva mansa.

Depois do quarto ou quinto mês de tratamentos, comecei a


sentir que a dor ia diminuindo; mas nem uma única vez ela entrou em
confidências. Foi também mais ou menos por essa altura que encontrei numa festa
uma amiga de Charlotte que comentou o facto de ela andar agora muito melhor
«apesar das circunstâncias...».

E acrescentou: «Evidentemente que ela vai ter de carregar com a tragédia do


suicídio da filha durante o resto da vida.»

Hiperactividade

Uma criança caprichosa, sempre pronta para as suas travessuras e correrias, não
é necessariamente uma criança hiperactiva.
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A verdadeira criança hiperactiva dorme muito pouco (talvez mesmo só quatro ou
cinco horas por noite), mostra um grau de atenção muito mais restrito que o das
demais crianças e comporta-se de uma maneira que é mais caótica que
simplesmente enérgica. Os seus professores e os seus pais ficam, evidentemente,
muito aflitos.

Muitas dessas crianças são medicadas com produtos químicos a fim de se lhes
poder domar os ímpetos. É, em muitos casos, uma opção excessivamente rude
porque se pode reduzir a hiperactividade por meios mais seguros e, em minha
opinião, mais humanos.

O primeiro passo a dar consiste em modificar o regime alimentar da criança. Um


dos pioneiros neste campo foi o Dr. Ben Feingold, que nos anos 60 chefiava o
Departamento de Doenças Alérgicas do «Kaiser-Permanent Medical Center» de San
Francisco, na Califórnia. O Dr. Feingold descobriu que as crianças hiperactivas
melhoravam sensivelmente quando passavam a um
regime alimentar em que fossem completamente postos de lado todos os alimentos
que contivessem aditivos aromatizantes ou
corantes artificiais. Observou-se que as crianças hiperactivas (como também
certos adultos) apresentavam problemas de comportamento simultâneos com as
alergias cutâneas.

O estudo do caso de Owen, que a seguir apresento, pode ser


exemplificativo de um êxito apenas parcial. Como frequentemente acontece na
medicina holística, só muito poucas pessoas se
encontram preparadas para respeitar de uma forma duradoura a necessária
disciplina alimentar. Este facto deve-se, em grande parte, às pressões sociais.
É extremamente dificil conseguir que uma criança se abstenha de absorver
alimentos inúteis quando as
demais crianças do seu meio comem tudo e mais alguma coisa sem que nada pareça
fazer-lhes mal. A tensão nervosa causada pelo sentimento de se ser um
«proscrito da sociedade» pode anular algumas das vantagens de um regime
alimentar totalmente puro, baseado apenas em alimentos naturais; e assim, como
no caso dos pais de Owen, é por vezes necessário adoptar uma
solução de compromisso.
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Owen: Quando conheci Owen, ele tinha sete anos de idade e
era um rapaz-furacão que punha a casa em alvoroço e berrava como um possesso.
Muitas crianças dessa idade são também turbulentas, mas Owen era um pequeno
desordeiro. Seus pais, Bronwen e David, estavam desesperados. Haviam recebido
mais uma carta da escola a fazer-lhes queixa da falta de atenção de Owen nas
aulas e da violência que ele exercia sobre as outras crianças.

Embora inteligente (por vezes, causava a admiração dos professores), Owen era
considerado uma «criança problemática», necessitada de cuidados especiais.
Tinha o sono muito leve (acordava ao mínimo ruído) e nunca dormia mais de seis
horas (nas noites menos más). Ora, a maior parte das crianças de sete anos
dorme cerca de dez horas a fio.

Bronwen contou-me que o filho fora uma criança dificil logo a partir do
nascimento: passava os dias e as noites a chorar e exigia atenções permanentes.
Escusado será dizer que Bronwen e David estavam extenuados. Na realidade, eu
soube do caso de Owen porque tratava a «fadiga» dos pais. Se bem que as
massagens aromaterápicas lhes estivessem a abafar parte da tensão, tornou-se-
nos evidente a todos que Owen necessitava também de tratamento.

Combinámos que eu iria conhecer o pequeno no seu próprio meio doméstico para
bem avaliar o seu comportamento. Owen mostrou grande empenho em mostrar-me o
seu novo jogo de carros de corrida eléctricos e levou-me ao seu quarto pela
mão. O cenário fez-me vacilar: em todas as paredes se viam gritantes formas
geométricas vermelhas, amarelas e verdes. Era, obviamente, um péssimo conjunto
de cores para o quarto de cama de uma criança hiperactiva! Não tive coragem
para falar nisto aos pais de Owen - foi uma falha da minha parte.

O regime alimentar de Owen era uma coisa assustadora. Embora capaz de comer
saladas, frutos frescos e pão integral (coisa que nem sempre acontece no caso
das crianças hiperactivas), davam-lhe liberdade para encher-se de doces e
barras de chocolate que regava com bebidas de cola, laranjadas e chá.
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Bronwen tinha mesmo descoberto que o filho ficava «numa fúria» sempre que comia
uma lata de certa sopa fabricada com glutamato de sódio ou uns filetes de peixe
corados com tartrazina (agente corante que actualmente está a ser posto de
lado).

Dei aos pais de Owen o endereço do «Hiperactive Children's Support Group»


(HACSG) e recomendei-lhes que escrevessem para lá a pedir o folheto sobre
regimes alimentares (baseado na dieta de Feingold).

Preparei um óleo de massagem com alfazema e salva mansa e pedi a Owen que me
dissesse se gostava do cheiro. O pequeno respondeu imediatamente que sim. Nós
não estávamos certos de Owen ser capaz de se deixar estar deitado durante o
tempo suficiente para eu lhe massajar as costas; mas ele causou a nossa
admiração aguentando cerca de dez minutos. Na realidade, depois de esbracejar e
soltar risadinhas durante os primeiros momentos, começou a dar mostras de
agrado. Ele sabia que os pais andavam a receber massagens aromaterápicas e
creio que o facto de também as receber lhe dava a sensação de ser uma pessoa
crescida e importante.

Bronwen contou-me, no dia seguinte, que Owen dormira profundamente durante


perto de seis horas e que pela primeira vez na vida não acordara diversas vezes
para ir à casa de banho.

Owen recebeu massagens aromaterápicas semanais durante uns três meses. À noite,
tomava também um banho com alfazema, salva mansa ou camomila - e, por vezes,
uma mistura destas três essências. Recomendei-lhe os Remédios Florais de Bach
(remédios «vibratórios» completamente inócuos) a fim de ajudá-lo a transformar
o seu comportamento, frequentemente iracundo e violento, numa actividade
enérgica mas de sinal positivo.

Os pais tentaram, meio desanimados, pôr em prática o regime alimentar do HACSG


e, tal como esta associação recomendava, fizeram-lhe aplicações cutâneas de
óleo de enotera.

O certo é que as massagens e a técnica de equilíbrio de energias (da aura)


operaram maravilhas - o pequeno passou a dormir muito melhor. Mas o efeito
durava apenas uns dois dias de cada vez, pois o regime alimentar de Owen
continuava a
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conter muito açúcar refinado e muitos aditivos químicos. Ensinei Bronwen e
David a praticar a sequência de movimentos da massagem das costas a fim de que
a pudessem utilizar como forma de «primeiros socorros». O ritual do banho
aromatizado e da massagem passou a ser praticado todas as noites antes de Owen
se deitar.

Na realidade, o comportamento de Owen melhorou o bastante para que na escola se


desse por isso. Eu, porém, não fiquei inteiramente feliz com esta nova situação
porque a aromaterapia estava a ser utilizada como mero paliativo. Assim, sugeri
a Bronwen e David que recorressem à homeopatia pois pensava que esta iria
atingir um nível mais profundo. O homeopata aceitou com muito gosto a
continuação dos banhos e massagens aromaterápicos mas não deu igual importância
ao regime alimentar de Owen - há homeopatas que não concordam com a reforma
dietética.

Claro que esta solução agradou tanto a Owen como a seus pais. Só o tempo poderá
dizer-nos se o tratamento homeopático foi bem sucedido.

SIDA

Karin Cutter é uma médica naturopata que exerce a sua


profissão na Nova Gales do Sul, na Austrália. Estou-lhe muito grata por ter-me
deixado utilizar este notável caso de John4. Eis um trecho da sua carta:

«John sempre fez tudo quanto pôde para tentar convencer


outros doentes como ele de que talvez as terapêuticas alternativas lhes possam
dar alívio mas, infelizmente, poucos se mostram interessados ou se dispõem a
respeitar a disciplina alimentar durante algum tempo. Nem John nem eu vemos
qualquer incon-

4 A história de John é um resumo do relato que foi publicado no «International


Journal of Aromatherapy».
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veniente em que sejafeito uso da sua história, especialmente se a sua
divulgação for benéfica para outras pessoas.»

John: John teve de abandonar em 1985 a sua carreira de engenheiro consultor por
estar gravemente doente. Foi transferido para um hospital de Sidney e aí lhe
disseram que tinha SIDA. Os médicos davam-lhe dois anos de vida.

John, porém, não estava disposto a morrer. Descobriu um terapeuta holístico que
lhe ensinou algumas coisas sobre reforma dietética, meditação e visualização.
Apesar do cepticismo dos especialistas do hospital, John começou a dar sinais
de melhoria. O seu nível de energia subiu e as tumefacções que apresentava no
pescoço e nas virilhas, do tamanho de uma noz, começaram a diminuir. Em
Dezembro de 1985, todavia, John teve uma recaída e criou uma alergia ao
poderoso antibiótico de amplo espectro que haviam estado a ministrar-lhe contra
a bronquite que o atacara. Perdeu muito peso e começaram a espalhar-se-lhe por
toda a pele as lesões purpúreas escuras características da SIDA. Passava também
por fases de depressão e
confusão mental. Os médicos eram de parecer que não tinha hipóteses de salvação.

Embora mal podendo aguentar-se de pé, John aventurou-se a uma última e


desesperada tentativa de sobrevivência e entrou em contacto com a clínica
naturopática onde Karin Cutter trabalhava (o seu primeiro naturopata tinha-se
mudado para Melbourne). John foi o primeiro doente de SIDA a ser tratado por
essa clínica.

O tratamento centrou-se na estimulação do sistema imunitário de John - que


estava a ser flagelado por diversos fungos e
parasitas intestinais -, começando-se por um regime alimentar sem fermentos nem
açúcar e um tratamento aromaterápico baseado nos óleos de alho, Melaleuca e
tomilho. Na prática, o óleo de Melaleuca, de múltiplas aplicações, mostrou ser
o elemento mais útil, tendo sido empregado de diversos modos -
banhos, inalações de vapor e supositórios. Quando o uso externo da Melaleuca
deixou de dar resultado (ao cabo de muitos
55
meses), o óleo passou a ser administrado por via oral - provocando a eliminação
de mais toxinas.

A recuperação de John foi objecto das atenções dos meios de comunicação


australianos. Já passaram cinco anos sobre a data da sua sentença oficial de
morte, mas continua vivo e de boa saúde e dedica grande parte do seu tempo a
dar estímulo e coragem a outros padecentes de SIDA que lutam pela sobrevivência.

Importante: Karin Cutter deseja salientar que quem sofrer de SIDA ou de


qualquer outra doença grave não deve meter-se em
aventuras por sua conta e risco mas sim procurar a orientação de um clínico,
holístico ou ortodoxo, devidamente habilitado e autorizado. Sem uma verdadeira
compreensão da natureza profunda da doença, as consequências podem ser
devastadoras.

E muito mais...

Os seis casos concretos que apresento neste livro são os que o espaço
disponível permitiu. Poderíamos escrever livros inteiros sobre os homens,
mulheres e crianças (e animais, também ... ) que de um modo ou de outro foram
já auxiliados pelos óleos essenciais.

Os aromaterapeutas clínicos estão a empregar cada vez mais os óleos essenciais


no tratamento de doenças graves. Por exemplo: Ellen Asjes, da Holanda, é uma
conceituada fisioterapeuta e
hielpraktiker (o mesmo que, nos Estados Unidos, um médico naturopata) que já
tratou com êxito o seu próprio marido, Ray Smith, de um cancro do figado. Foi
importante o papel dos óleos essenciais na recuperação. E tratou também um
homem a quem fora diagnosticada a presença de anticorpos da SIDA (prova de HIV
positiva). Depois de um tratamento que incluía óleos essenciais, as análises da
urina e do sangue revelaram a ausência do HIV.
56
A aromaterapia intuitiva é objecto da irrisão dos clínicos ortodoxos (e até de
alguns aromaterapeutas de mentalidade científica), mas tem também um lugar no
esquema holístico das coisas. O aconselhamento, parte importante da
aromaterapia intuitiva, e a massagem curativa podem ser muito úteis para
liquidar à nascença um processo mórbido incipiente. Cada vez mais se concorda
(mesmo nos meios da medicina ortodoxa) em que o sentimento de infelicidade e a
fadiga geral são factores que contribuem para a instalação das doenças crónicas.
57
4

COMO ACTUA A AROMATERAPIA?

Em termos simplistas, a aromaterapia actua pela influência que exerce, ao mesmo


tempo, em dois níveis: o fisico e o emocional. Podíamos ainda mencionar outro
nível, o espiritual. Se bem que possamos perceber estes níveis em separado,
eles estão, de facto, interligados e não nos é lícito separar partes que
constituem um todo.

Embora os efeitos das essências naturais na mente e no corpo possam ser


verificados pela ciência, a dimensão espiritual é, evidentemente, mais
inefável, tão etérea como a fragrância de uma bela flor. Seja como for,
procurarei expor esse aspecto espiritual em termos que me são próprios.
Exploremos primeiro, porém, as vias - mais tangíveis - que o óleo essencial
pode percorrer na sua travessia pelo corpo e pela mente de uma pessoa.

Absorção cutânea

Muitas pessoas pensam que a pele é uma cobertura impermeável cuja única função
consiste em manter o sangue e os vários órgãos no interior do corpo e a água
fora. Dizer-lhes que a pele pode absorver os óleos essenciais, permitindo que
se infiltrem nos
59
finos capilares sanguíneos (sob a superficie da pele) e que daí passem para a
circulação geral do sangue, leva-nos a correr o risco de enfrentar uma certa
dose de cepticismo ou até de ridículo.

É verdade que nem a água nem as substâncias aquosas podem ser absorvidas pela
pele e entrar por essa via na circulação -
embora as camadas externas fiquem sempre com um pouco de humidade. Nota-se este
facto depois de uma demorada permanência no banho: as polpas dos dedos ganham
um aspecto enrugado. Mas Renê Gattefossé - o pai da aromaterapia -
deixou estabelecido, e fora de dúvida, que a pele pode absorver substâncias
oleosas desde que estas tenham uma estrutura molecular suficientemente fina.

Facto interessante: para eliminar os inimigos, a antiga magia negra usava


unguentos venenosos impregnados de extractos de cicuta, beladona e outras
plantas mortíferas. Até princípios do século xx, a sífilis era tratada com
fricções de mercúrio. Era muito dificil avaliar a quantidade absorvida: por
isso, podia ser que se curasse a doença mas os efeitos colaterais eram, por
vezes, horrorosos. A administração de medicamentos por inunção (isto é, através
da pele) foi recentemente melhorada em termos de segurança graças à introdução
das doses reguladas. Por exemplo: os estrogénios e os trinitratos são
actualmente administrados em pensos aplicados na pele.

Pensa-se que, na absorção cutânea, os óleos essenciais, cujas moléculas


aromáticas são pequenas, passam para os folículos capilares, nos quais existe
um líquido sebáceo, oleoso, que tem com eles certas afinidades. Daí, os óleos
difundem-se na circulação sanguínea ou passam à linfa e ao líquido intersticial
(o líquido que rodeia todas as células do nosso corpo) e desse modo chegam a
todas as partes do organismo.

Se a pele for saudável, bastam poucos minutos para que as moléculas do óleo
essencial sejam absorvidas; mas é preciso mais tempo se a pele estiver
congestionada ou se houver muita gordura subcutânea. No entanto, a pele não
pode absorver o óleo essencial se estiver transpirada - por exemplo, depois de
um
60
banho de sauna. Serão necessárias várias horas para que se possa proceder à
aplicação. Mas uma sauna facial de alguns minutos é excelente, pois aquece a
pele o bastante para facilitar a absorção. As pessoas cuja pele está
congestionada ganham, muitas vezes, em tomar banhos aromáticos (desde que não
sejam excessivamente quentes) e massagens gerais, visto que a pele da região
abdominal, do interior das coxas e da parte superior dos braços é muito macia e
capaz, portanto, de maior grau de absorção.

Uma vez na corrente sanguínea, as moléculas aromáticas actuam no nosso corpo do


mesmo modo que os medicamentos herbáceos. Algumas delas, por exemplo, mostram
afinidade com os rins (o zimbro, o cipreste); outras são capazes de exercer
influência no sistema hormonal via córtex supra-renal (o gerânio, o manjeríco)
ou, conforme disse no capítulo 1, poderão ter um efeito «normalizador» tanto na
mente como no corpo (a bergamota, o gerânío).

Embora os óleos essenciais sejam, por vezes, administrados por via oral
(especialmente o alho), o seu efeito pode ser muito melhor por aplicação
cutânea. É o que se vê muito bem no caso do óleo de enotera, que, se bem que
não seja um óleo essencial, parece actuar melhor no uso externo para o
tratamento da híperactividade infantil. A administração por via oral nem sempre
é bem sucedida porque, nestas crianças, a absorção intestinal está, por vezes,
debilitada. Recorde-se, de passagem, que no final da Segunda Guerra Mundial se
utilizou a aplicação percutânea de vitaminas no tratamento de ex-prisioneiros
que se encontravam demasiado mal para poder tomá-las por via oral.

Absorção pelos pulmões

Quando inaladas, as moléculas aromáticas dos óleos essenciais entram nos


pulmões e aí se infiltram nos finíssimos capilares que envolvem as vesículas
pulmonares, passando assim para os vasos sanguíneos, que os conduzem a todos os
tecidos do organismo onde depois exercem os seus efeitos terapêuticos.
61
Os efeitos nocivos de certos cheiros - como, por exemplo, os dos detritos
tóxicos das modernas instalações industriais - e os resultados da inalação de
cocaína ou de determinados solventes químicos constituem prova bastante de que
os odores, benéficos ou não, entram de facto no nosso corpo sob forma gasosa e
provocam alterações nas nossas condições de saúde física e mental.

O sentido do olfacto e a mente

O processo pelo qual nós nos apercebemos dos cheiros é complicado e não está
ainda totalmente explicado. A teoria geralmente aceite até hoje é a seguinte:
as substâncias odoríferas
- entre as quais se contam os óleos essenciais - libertam moléculas que são
detectadas pelas células olfactivas da parte superior das fossas nasais. Essas
células são neurónios sensoriais especializados que se encontram imbricados
numa membrana mucosa estando, cada um deles, directamente ligado ao cérebro por
uma única fibra nervosa longa. Cada um desses corpos celulares se estende em
forma de bastonete até à superficie da membrana mucosa, terminando num pincel
de cílios extremamente sensíveis. As moléculas aromáticas têm de estar
dissolvidas no muco para que possam ser detectadas. A reacção químico-
fisiológica das terminações nervosas a essas moléculas é então conduzida pelas
fibras nervosas, sob forma de impulsos electroquímicos, para a zona olfactiva
do cérebro. Como os órgãos sensoriais (os cílios) estão em contacto directo com
o cérebro, o sentido do olfacto tem um efeito muito forte e imediato.

Isto é assim porque a zona do cérebro relacionada com o olfacto está


intimamente ligada à zona límbica, relacionada com as nossas mais subtis
reacções emocionais, mnésicas, sexuais e intuitivas. A zona olfactiva do
cérebro está também ligada ao hipotálamo, estrutura encefálica muito importante
que regula todo o sistema hormonal por intermédio da sua influência sobre a
glândula «mestra»: a pituitária.
62
Podemos concluir de tudo isto que qualquer processo capaz de enviar
directamente impulsos ao cérebro pode ser utilizado para influenciar o corpo e
as emoções. Por exemplo: o aroma dos alimentos aquecidos, especialmente se
condimentados com ervas aromáticas ou especiarias, estimula o apetite por
provocar a salivação e a secreção dos sucos gástricos.

Tal como a música, os aromas podem fazer-nos recordar coisas. Há pessoas a quem
basta o cheiro de um átrio de hospital para que se sintam transportadas ao
passado e recordem antigas situações traumáticas em ambiente hospitalar,
experimentadas talvez na infância. Essas pessoas poderão, em semelhantes
circunstâncias, sentir tremores ou mesmo náuseas. Outros aromas podem evocar,
talvez, as agradáveis recordações de um primeiro amor ou de uma visita a uma
querida avó que cheirava sempre a água de alfazema. É interessante observar que
os cientistas dizem actualmente que as recordações olfactivas diferem das
outras 5 apenas em grau e não em qualidade .

Os que criticam a aromaterapia têm observado que o sentido do olfacto se esgota


rapidamente - logo que as células sensoriais do nariz ficam saturadas e deixam
de detectar os aromas - e que, portanto, os efeitos da aromaterapía são de
curta duração. Mas, como Marguerite Maury e outras eminentes figuras da área da
aromaterapia descobriram, os efeitos emocionais (bem como os efeitos fisicos)
podem perdurar bastante mais, quer o aroma seja perceptível quer não.

Para os leitores que prefiram provas científicas dos efeitos que as essências
exercem na nossa mente, recordo em seguida algumas experiências efectuadas nos
últimos dez anos por John Steele, investigador norte-americano, e Maxwell Cade,
biofisico britânico. Os voluntários que se submeteram a essas experiencias
foram ligados a um aparelho electroencefalográfico, chamado «espelho da mente»,
que regista as ondas eléctricas do cérebro.

5Dodd, G., e Van Toller, S., Perfwnery.

63
Foram estudados deste modo os efeitos exercidos na mente dos pacientes pela
inalação de vários óleos essenciais que lhes eram dados a cheirar por meio de
pedacinhos de algodão em rama impregnados deles. As essências que já eram
conhecidas como estimulantes da clareza de ideias (alecrim, manjerico, hortelã-
pimenta) produziam mais ondas P, indicativo de um
estado de alerta da mente. Alguns dos antidepressivos florais, como a rosa e o
neroli, produziam mais ondas o@, 13 e 8, indicativo de acalmia da «chilreada»
interior e de passagem da mente a um
estado próximo da meditação.

Na Universidade de Warwick (Inglaterra), os Drs. Steve Van Toller e George Dodd


têm vindo a realizar nos últimos anos um intenso trabalho de investigação
acerca das relações existentes entre o olfacto e as emoções. Se bem que tenham
trabalhado mais com perfumes sintéticos e outras substâncias odoríferas
diferentes dos óleos essenciais, os resultados a que têm chegado são muito
interessantes do ponto de vista aromaterapêutico. Conseguiram provar, por
exemplo, sem possibilidades de dúvida, que os aromas têm uma profunda
influência tanto no corpo como na mente das pessoas. Os aromaterapeutas ficaram
a dispor de provas científicas de peso com que possam responder aos cépticos
empedernidos que se divertem metendo a ridículo a «fantasiosa» prática da
aromaterapia.

De entre as muitas experiências realizadas na Universidade de Warwick, há uma


que é especialmente digna de nota: descobriu-se que a pele tem a capacidade de
reagir aos cheiros, mesmo àqueles que nós não conseguimos detectar pelo
olfacto. Uma das substâncias utilizadas foi a feromona sexual excretada na
urina do porco. Facto surpreendente, muitas pessoas apresentam uma
anosmia específica para esta feromona (isto é, não lhe captam o
cheiro) embora o seu olfacto seja, em tudo o mais, completamente normal.

Os voluntários foram ligados a um aparelho electroencefalográfico capaz de


registar não só as ondas cerebrais como também as reacções cutâneas. O aparelho
acusou nítidas reacções da pele à feromona, mesmo nos indivíduos que diziam não
sentir o seu
64
cheiro. Os que o sentiam, ou gostavam muito dele ou o detestavam.

Descobriu-se igualmente em Warwick que, quando não gostamos de um cheiro, somos


capazes de «trancar» o seu efeito no sistema nervoso central. Isto vem dar
apoio à teoria de se dever deixar que as pessoas usem os óleos essenciais de
que mais gostam - especialmente no caso dos problemas de fadiga e
tensão geral.

A experiência da feromona do porco trouxe-me à ideia os


efeitos da essência de sândalo: há pessoas que apresentam anosmia para este
aroma, mas a maioria sente-o e reconhece-lhe uma extrema tenacidade. Há quem o
ache repugnante e lhe encontre uma tonalidade «suada», mas outras pessoas
acham-no muito agradável e atribuem-lhe fortes efeitos afrodisíacos. Além
disso, tal como na experiência com a feromona, são de ambos os sexos as pessoas
que reagem favoravelmente ao sedutor aroma do sândalo ou que, pelo contrário, o
repelem com asco. Este óleo de sândalo deve ter algo de hermafrodita!

Outro complicado fenômeno psicossomático é o da auto-sugestão. Há uns anos,


quando estava ainda no princípio dos meus estudos de aromaterapia, descobri o
cativante aroma do sândalo. Já depois de ter posto o frasquinho no seu lugar,
mas ainda extasiada com os suaves e adocicados tons da essência (isto para o
meu nariz, pelo menos), decidi aspirar nova pitada para me convencer de que não
estava sonhando. Ah, sim, era divino! Mas quando lhe pus a rolha reparei no
rótulo, que dizia «Gerânio». Tinha-me enganado no frasco. Qualquer pessoa que
esteja familiarizada com o aroma claro, nitidamente distinto, do gerânio poderá
compreender que é preciso ser-se totalmente anosmático para o confundir com as
tonalidades suaves e profundas do sândalo. Escusado é dizer que, uma vez
consciente do engano, senti que o encanto se desfizera: o aroma penetrante do
gerânio era já nítido e inconfundível. Ora, que faria um aparelho de
electroencefalografia em tais circunstâncias? Diga-se de passagem que nunca
mais consegui repetir semelhante magia.
65
Preferências olfactivas

Tal como os animais, as pessoas também segregam substâncias chamadas feromonas,


que são responsáveis pelo seu odor corporal. Não há duas pessoas que tenham o
mesmo cheiro, se bem que em cada «raça» haja semelhanças. Este facto pode, em
parte, ser consequência do tipo de alimentos ingeridos. Por exemplo: as pessoas
que apreciam comida temperada com especiarías gostam também de essências fortes
e penetrantes como o patchulli e o gengibre. Os grandes consumidores de
lacticínios preferem essências florais, mais leves.

As preferências olfactivas são também fortemente influenciadas pelo odor


corporal. As emoções, as doenças, a pílula anticoncepcional (bem como outros
remédios químicos) e as modificações hormonais da puberdade, da gravidez e da
menopausa provocam alterações no odor corporal e nas preferências olfactívas.
Isto explica que um mesmo perfume tenha cheiro diferente de pessoa para pessoa
e que uma pessoa deixe de apreciar uns óleos essenciais e passe a gostar de
outros que anteriormente detestava. À medida que vamos envelhecendo, o nosso
corpo segrega feromonas diferentes e, por conseguinte, o perfume que
preferíamos quando jovens pode parecer-nos totalmente odioso na idade madura.

Ainda no tocante ao odor corporal: no século xvii, a valeriana era um perfume


muito em voga e, no entanto, os narizes modernos acham-na fedorenta. Decerto se
harmonizava muito bem com as secreções (ou excreções) dos corpos, raramente
lavados, das pessoas daquela época.

O condicionamento olfactivo (a «moda») pode igualmente desempenhar o seu papel


no campo das preferências aromáticas. E é uma pena, porque este gênero de
«lavagem ao cérebro» impede a expressão da personalidade de cada um e, ao mesmo
tempo, estorva os benéficos efeitos psicossomáticos dos óleos essenciais (já
que, como anteriormente disse, nós podemos «trancar» esses efeitos). É verdade
que os óleos essenciais não têm o mesmo cheiro que as fórmulas sintéticas do
comércio; mas,
66
uma vez acostumada aos odores da natureza e iniciada nos mistérios curativos
dos óleos essenciais, uma pessoa nunca mais se deixará iludir com os falsos
encantos do mais recente «Henry», não ganhará o vício de algum «Veneno» nem
sequer será tentada por qualquer «Noite no Paraíso»!

O axioma da aromaterapêutica é este: guiemo-nos sempre pelas nossas


preferências aromáticas. É o instinto que nos conduz a preferir a essência que
melhor se coaduna com as nossas necessidades fisicas e emocionais do momento.

Aromas e vibrações

O ouvido humano é surdo para as altas frequências, como


todos os cientistas sabem, mas nem por isso elas têm menos
realidade nem nós deixamos de receber os seus efeitos. Do mesmo modo, nós
podemos reagir a aromas muitíssimo diluídos mesmo quando não damos por eles
(conclusões de outras experiências efectuadas na Universidade de Warwick). É
este princípio que serve de fundamento aos remédios homeopáticos e aos remédios
florais de Bach. Só a vibração, o modelo energético, da substância medicinal
original está presente no comprimido de lactose (homeopatia) ou no líquido
(Flores de Bach). No entanto, se tivermos optado pelo remédio adequado
(normalmente, a escolha é feita por um terapeuta habilitado e sensível), o
efeito curativo será notável - e eu posso testemunhá-lo. Nesse nível, estamos
já a lidar com vibrações, com a energia... chamem-lhe o
que quiserem. Quando tomamos um medicamento homeopático ou um remédio floral de
Bach, e até mesmo quando aspiramos o aroma de uma linda flor, desencadeia-se em
determinado nível (o da aura, que adiante explico) um efeito curativo que desse
nível se infiltra «para o interior», por assim dizer, e penetra no nosso corpo
físico. Os remédios materiais, como as ervas e os compostos químicos, caminham
para «fora» do nível físico e só depois é que exercem o seu efeito na aura.
67
Isto é uma simplificação excessiva, pois na verdade não há nenhuma verdadeira
separação de corpo, mente e espírito. Poderíamos dizer que os percebemos em
separado porque vibram com frequências diferentes. Toda a matéria e toda a
energia são manifestações de uma mesma coisa. Será, talvez, mais fácil
compreender esta ideia se considerarmos que a matéria (do cristal ao ser
humano) se compõe de átomos e de partículas subatómicas. Neste nível, portanto,
segundo a fisica, a matéria é vibração. A palavra «vibração» é geralmente
considerada como outro nome da energia. A vida é, essencialmente, energia - e
assim voltamos à ideia de que o TUDO é uno.

Que lugar têm neste quadro os óleos essenciais? É possível considerar que eles
constituem a ponte que realiza uma ligação quase tangível entre dois mundos: o
do espírito e o da matéria. Nos óleos essenciais nós temos não só a substância
material do óleo, com as suas propriedades terapêuticas, como ainda o aroma
etéreo - que, segundo os curadores psíquicos, exerce influência tanto nas
nossas emoções como no aspecto espiritual da nossa existência. Poderá uma
fragrância vibrar à mesma frequência que o espírito? Se assim for, isso
explicará a capacidade que os óleos essenciais têm de influenciar directamente
o nosso espírito. Há uma lei da fisica que diz que os iguais se
atraem mutuamente - um princípio conhecido também na ciência com o nome de
ressonância.

A aura

A aura é a força vital irradiante que rodeia todas as substâncias vivas e, por
assim dizer, «não vivas» da Terra, como a água e as rochas. Antes de avançar
neste ponto, diga-se que a noção de unidade de todas as coisas, vivas ou não
vivas, é bem recebida num ramo relativamente novo da ciência, a física
quântica. O Dr. Fritjof Capra explica em profundidade este conceito no seu
livro "O Tao da Física" e chega à conclusão de que o misticismo oriental
68
quadra muito bem com as recentes modalidades da física subatómica.

A palavra aura vem do grego e significa brisa, pois se diz que está
continuamente em movimento. Os psíquicos dizem que é uma emanação como o arco-
íris, que irradia do nosso corpo e o envolve numa camada de forma
aproximadamente ovóide com meio metro ou mais de espessura. Bruxuleia e muda de
cor consoante os nossos pensamentos, as nossas emoções e o nosso
estado físico. Uma aura com cores pastosas denota emoções de sinal negativo ou
uma saúde precária; as cores claras são, em geral, sinal positivo. Alguns
curadores (especialmente acupunctores) são até capazes de perceber o cheiro da
aura - que é uma coisa muito diferente do odor corporal.

Embora os psíquicos definam a aura de modos diferentes (consoante os


respectivos níveis de percepção psíquica), todos concordam em que a aura se
compõe de pelo menos três níveis, ou camadas. Esses níveis vibram com
frequências diferentes. O corpo físico, a matéria, vibra com a mais baixa de
todas essas frequências; o corpo subtil, como a electricidade, vibra muito mais
rapidamente e, por este motivo, nós não costumamos dar pela sua existência. A
primeira parte do corpo subtil, ou aura, chama-se corpo etérico, ou vital, e
emana até cerca de dois centímetros e meio fora do corpo fisico; o corpo astral
estende-se até 30 centímetros ou mais em redor do corpo; e o corpo mental, ou
espiritual, que pode expandir-se e contrair-se, estende-se por vezes a alguns
metros - quando estamos rejubilantes ou
apaixonados, por exemplo.

A função do corpo etérico consiste em receber e transmitir a energia ou força


vital (prana) do ar que respiramos. Essa parte do nosso corpo subtil pode ser
fotografada mediante uma técnica de altas voltagens chamada fotografia
kirliana. Os dados assim captados revelam uma espécie de luminescência com
fluxos de energia a emanar das pontas dos dedos das mãos e dos pés das pessoas.
Para os que têm uma vista bem treinada na sua observação, essas imagens são um
reflexo do estado emocional e físico da pessoa e podem ser utilizadas como
meios de diagnóstico.
69
O corpo astral, conhecido também pelo nome de corpo emocional, reflecte a maior
parte das cores da aura. Os psíquicos vêem melhor, em muitos casos, a aura das
mulheres que a dos homens - provavelmente porque as mulheres mostram maior
tendência para exprimir as suas emoções que os homens.

O corpo mental, ou espiritual, retém em si todo o potencial de futuro


desenvolvimento da pessoa. É, no entanto, importante que se compreenda que
todos os quatro corpos (incluindo o corpo físico) se interpenetram mutuamente e
que tudo aquilo que exerce influência num deles a exerce também nos demais.

Muitos leitores preferirão pôr estas noções completamente de lado; outros


poderão ter vistas mais largas. Aos primeiros, sugiro que leiam The Raiúment of
Light, de David Tansley; aos outros, que façam a seguinte experiência.

Ver a aura exige uma certa dose de preparação esotérica (a menos que a pessoa
seja naturalmente sensível), mas a maioria das pessoas é capaz de senti-la em
maior ou menor grau.

Arranje o leitor um parceiro disposto a participar na experiência e sentem-se


ambos de frente um para o outro. Ambos deverão estender os braços em frente com
a palma da mão direita virada para baixo e a da mão esquerda para cima.
Mantendo-as nessa posição, ponham-nas em contacto físico como se vê na fig.
1. Fechem os olhos, descontraiam-se e tomem consciência das mãos do parceiro,
sintam o calor que emana do seu corpo. Logo que se sentirem prontos, ambos
deverão erguer a mão direita sobre a mão esquerda do parceiro, virada para
cima, mas conservando-a solta e descontraída e não retesada, senão perderão a
sensibilidade. Deixando-se estar nessa posição durante uns minutos, poderão
começar a sentir uma ou mais de diversas coisas: talvez uma ligeira brisa, um
latejar, calor (especialmente nas palmas das mãos), electricidade estática ou
até uma pressão magnética. Procurem então ver até que distância são capazes de
afastar as mãos um do outro sem deixar de ter essa sensação. Mexam as mãos para
trás e para diante, ou em círculos (como se estivessem a polir uma mesa), mas
conservando-as
70
sempre soltas e descontraídas. Poderão sentir uma estranha sensação de atracção
ou fricção.

Para romper o contacto, voltem a colocar as mãos em contacto, separem-nas em


movimento tangencial e dêem-lhes um bom abanão a fim de largar algum latejar
(ou mesmo alguma tensão) que hajam permutado.

O objectivo deste exercício é demonstrar que a energia irradia do corpo e que


há no corpo humano mais alguma coisa que vísceras, sangue e ossos. As nossas
mãos são sempre mais receptivas à aura de outra pessoa se tivermos acabado de
dar-lhe uma massagem. Ao mesmo tempo, essa pessoa estará também mais receptiva
à s energias que de nós emanam. Isto conduz-nos ao último aspecto, talvez o
mais importante, da cura: a empatia entre o curador e o paciente.

A empatia

Quando se está a receber tratamento aromaterápico profissional - especialmente


na forma de massagens -, é importante, para que o tratamento dê resultado, que
se esteja à vontade com o
aromaterapeuta. O mesmo se pode dizer acerca da massagem aromaterápica
intuitiva dada por uma pessoa amiga. Se executada com sensibilidade e não de
uma forma seca e mecânica, a massagem aromaterápica é uma poderosa modalidade
de cura manual. Claro está que também é importante que o aromaterapeuta esteja
à vontade com o paciente a fim de facilitar alguma troca de energias.

Embora os óleos essenciais possam ser de utilidade para a


melhoria da pele e das emoções - por exemplo - sem o auxílio do terapeuta, no
caso de problemas emocionais ou físicos profundos a verdadeira cura só poderá
dar-se com a cura manual. Mas, como já vimos no capítulo 3, a aromaterapia
clínica (sem massagens) pode operar maravilhas se for aplicada de um modo
holistico e não sintomático.
71
Fig, 1 - Detecção da energia da aura.

72
Enfim, o aromaterapeuta não pode ficar com os louros todos do seu êxito: o
curador é um mero catalisador em todo o processo. Ninguém pode ser curado se
num certo nível (um nível que, por vezes, é inconsciente) não quiser sê-lo ou
se não for capaz de confiar, se não se libertar de receios que possam
constituir um obstáculo ao fluir das energias curativas. Todos os
terapeutas/curadores, ortodoxos ou não, encontraram já pelo menos uma pessoa
que não consegue melhorar embora eles façam tudo «bem».

No entanto, em muitos casos, o conjunto formado pelo corpo, a mente e o


espírito cura-se a si próprio desde que tenha oportunidade para isso. Criando-
se condições favoráveis em todos os níveis, a cura surgirá com muita
naturalidade.
73
5

FóRMULAS PARA USO TERAPÊUTICO


E PARA USO ESTÉTICO

Preparar óleos para massagens, cremes olorosos e perfumes de efeito benéfico


para o espírito é uma verdadeira alquimia: a modesta cozinha de quem a isso se
dedique nunca mais será a mesma!

Os grandes fornecedores de óleos essenciais têm nos seus


armazéns espantosas colecções de essências. A maior parte desses óleos tem
aplicação na massagem aromaterápica, mas há alguns que, infelizmente, não
servem para tal efeito (v. pp. 173-174).

Os óleos essenciais nem sempre são de preço acessível, especialmente o de rosas


e o neroli, mas, como são muito concentrados, na prática um bocadinho dura
muito tempo. O aroma concentrado de uma essência pura, quando aspirado
directamente do frasco, pode ser estonteante (é o caso, especialmente, do
ylang-flang); mas, uma vez diluída a essência, o seu aroma
aproxima-se muito mais do odor característico da planta -
embora nunca lhe seja idêntico, pois o processo de destilação tende sempre a
alterá-lo um pouco.

Os óleos essenciais que em seguida enumero são os que eu uso na minha prática.
Incluo na lista alguns informes sobre o método de extracção habitual de cada um
desses óleos e algumas sugestões que poderão ser úteis ao leitor que venha a
preparar misturas de essências para uso terapêutico ou estético. Preferi não
75
insistir nas substâncias aromáticas chamadas extractos absolutos e resinóides
porque são normalmente obtidas por meio de solventes nocivos ao ambiente como o
benzeno, por exemplo.

As essências assinaladas com um asterisco são aquelas que utilizo mais


frequentemente. Se, para começar, o leitor não tiver possibilidades de adquirir
senão uma, recomendo-lhe que escolha uma essência de planta herbácea como a
alfazema ou o alecrim (de preferência, naturais). Estas duas essências são
muito versáteis, têm uma miríade de propriedades terapêuticas.

OS PRINCIPAIS óLEOS ESSENCIAIS (Tabela 1)


*/* (para arranjar a tabela)
óleo essencial Método de extracção Combina bem com

Agulhas de pinheiro. *Alecrim (Francês, natural).

*Alfazema (brava, francesa, natural).

*Bergamota.

*Camomila (Romana).

*Cedro (Virgínia).

*Cipreste.

Coentro.

Eucalipto.

Funcho.

Destilação de agulhas e pinhas Cedro, alecrim, patchulli. Destilação de


sumidades óleos de plantas floridas e folhas.
herbáceas,cedro,incenso.

Destilação a vapor de toda a planta.

Expressão do óleo da casca

do fruto (cidra bergamota).

Destilação a vapor das flores.

Destilação da madeira.

Destilação de folhas e pinhas.

A maior parte das essências - em especial camomila, funcho, ylang-ylang, zimbro


e manjerona.

A maior parte das essências


- em especial alfazema, camomila, zimbro, incenso e ylang-ylang. Bergamota,
rosa, alfazema, limão, patchulli, neroli, petit-grain e tageto.

Cipreste, zimbro, neroli, petit-grain.

Zimbro, bergamota, sândalo, agulhas de pinheiro, salva


Destilação do fruto (sementes). óleos de citrinos, neroli,

cipreste, gengibre. Destilação a vapor das folhas. Limão, alfazema, pinho,

cipreste. Destilação do fruto (sementes). Limão, alfazema, gerânio,

sândalo.

76
óleo essencial

Método de extracfão

Combina bem com

Gengibre.

Destilação a vapor das raizes.

óleos de citrinos, coentro, patchulli.

*Gerânio (Egípcio).

Destilação de toda a planta.

A maior parte das essências


- em especial citrinos, neroli, zimbro, petit-grain e alfazema.

Hortelã-pimenta.

Destilação a vapor de sumidades floridas e folhas.

Alfazema, alecrim.

*Incenso.

Destilação das «lágrimas» (exsudados endurecidos da árvore).

Alfazema, mirra, neroli, rosa, sândalo, citrinos.

Laranja.

Expressão do óleo da casca

do fruto.

Incenso, coentro, gengibre.

Limão.

Expressão do óleo da casca

do fruto.

Incenso, bergamota, camomila, ylang-ylang, petitgrain, neroli, gengibre.

Melaleuca alternifolia (Tea-tree).


Destilação das folhas.

Limão, alfazema, pinho.

Manjerico.

Destilação a vapor das sumidades floridas.

Bergamota, coentro, gerânio, petit-grain.


Manjerona.

Destilação a vapor das sumidades floridas.

Alfazema, bergamota, alecrim.

Mirra.

Destilação dos exsudados endurecidos do arbusto.

Incenso, sândalo, cedro, patchulli, coentro, gengibre.

Neroli.

Destilação a vapor ou pelo vácuo da flor de laranjeira.

óleos de citrinos, camomila, pau-rosa, alfazema, incenso, sândalo, cedro, rosa.

*Patchulli.

Petit-grain.

Rosa Otto (Búlgara).

Salva mansa (Francesa, natural).

Destilação a vapor das folhas secas.

Destilação de folhas de laranjeira.

Destilação a vapor ou pelo vácuo das pétalas das rosas.

Destilação a vapor de toda a planta

Bergamota, gerânio, alfazema, mirra, neroli, agulhas de pinheiro, rosa,


gengibre.

Alternativa económica do neroli quando se procura um aroma semelhante.

Muitas essências - em especial sândalo, incenso, patchulli, salva mansa.


Cipreste, petit-grain, zimbro, óleos de citrinos, neroli.

77
óleo essencial

Método de extracfão

Combina bem com

*Sândalo (Kamakata).

Tageto.

* Ylang-ylang.

*Zimbro (Francês, natural).

Destilação a vapor do cerne (sem casca).

Destilação a vapor das flores.

Destilação das flores.

Destilação a vapor das bagas.

A maior parte das essências


- em especial rosa, neroli, ylang-ylang.

Petit-grain, salva mansa, camomila, óleos de citrinos.

A maior parte das essências


- em especial patchulli, sândalo, bergamota, limão. óleos de citrinos,
alfazema, cipreste, alecrim, gerânio.

A escolha dos óleos essenciais

Os métodos básicos do uso de óleos essenciais nos cuidados da pele e da saúde


são expostos no capítulo 6. Antes, porém, de se

escolher um óleo essencial para uso terapêutico ou estético, é importante


prestar atenção às seguintes directrizes:

1. Se o leitor pretender uma essência (ou uma mistura de essências) para tratar
de algum problema de saúde ou para cuidar da pele, consulte neste mesmo
capítulo a tabela terapêutica ou a tabela de cuidados cutâneos.

2. Se procurar uma essência para tratar de um estado emocional, é importante


que se deixe guiar pelas suas preferências olfactivas. Embora seja voz corrente
que determinadas essências são «estimulantes», «sedativas» ou
«antidepressivas», as coisas nem sempre são assim tão simples. A nossa mente é
muito mais forte que o aroma de um óleo essencial. Se uma pessoa não gostar de
um certo aroma, ele pode ter as propriedades «benéficas» que se quiser mas não
provocará a reacção desejada! A preferência olfactiva tem menor importância no
tratamento sintomático de problemas fisicos de base como o pé-de-atleta ou as
entorses (se bem que certos aromaterapeutas não sejam desta opinião).

3. O MAIS IMPORTANTE DE TUDO: quer pretenda um óleo essencial para tratar um


problema de saúde quer o deseje apenas
78
para seu prazer pessoal, certifique-se primeiro de que ele é inofensivo: por
exemplo, uma grávida deve evitar o manjerico e a mirra (v. p. 173).

Cuidados a ter com os óleos essenciais

Os óleos essenciais evaporam-se com facilidade e deterioram-se quando expostos


à luz, a temperaturas extremas e ao oxigénio do ar. Compre apenas essências
fornecidas em frascos de vidro escuro e bem rolhados.

Em teoria, a maioria dos óleos essenciais (com excepção dos de laranja, limão,
toronja e lima) conserva-se bem durante vários anos. O patchulli é um caso
invulgar, pois melhora com a idade: um óleo de vinte anos, bem maduro, é muito
mais suave e tem um aroma excelente. Mas quanto mais vezes uma pessoa abrir um
frasco de óleo essencial maior será a probabilidade de ele se
oxidar e, portanto, da diminuição das suas propriedades terapêuticas. Se um
óleo for bem conservado - em lugar frio e escuro, de preferência num
frigorífico -, durará pelo menos um ano
(entre duas colheitas) sem que surja qualquer problema.

Porém, uma vez a essência diluída num óleo vegetal, ela só se conserva durante
dois meses, ou talvez três se ao óleo vegetal de base se juntar 5% de óleo de
germe de trigo. O óleo de germe de trigo tem propriedades anti-oxidantes (visto
que é elevado o seu teor de vitamina E) e ajuda a tratar as rugas e o
envelhecimento da pele. Em vez do óleo de germe de trigo, pode-se também juntar
ao óleo de base o conteúdo de duas cápsulas de vitamina E. Finalmente, deve-se
verificar se o óleo essencial rotulado a «l00%» o é de facto e não foi diluído
em óleo de amêndoas doces (que é o que muitas vezes acontece com óleos muito
caros, como o de rosas ou o neroli).

Sobre os óleos de base, ou veiculares

Os óleos essenciais destinados à massagem aromaterápica necessitam de ser


diluídos num óleo-base natural, como por
79
exemplo o óleo de amêndoa doce, de grainha de uva, de caroço de pêssego ou de
alperce - de preferência extraído a frio. Os óleos extraídos a frio têm uma
considerável proporção de nutrientes solúveis em substâncias gordas (vitaminas
A, D e E), que são facilmente absorvidos pela pele e depois utilizadas pelo
organismo. Os óleos minerais devem ser evitados, pois não só não possuem as
propriedades biológicas dos óleos vegetais como podem, mesmo, subtrair ao
organismo os seus nutrientes solúveis em gorduras.

Embora os aromaterapeutas mostrem tendência para preferir óleos-base inodoros,


como os que acima mencionei, não há motivo nenhum para que se não utilize um
óleo dotado de aroma natural próprio - por exemplo, o óleo de coco, que é
extremamente agradável com a essência de rosas ou com o ylang-ylang. O boião de
ó leo de coco tem, contudo, de ser aquecido em banho-maria antes de se lhe
juntar a essência porque o óleo de coco é sólido à temperatura ambiente (apesar
de fundir quando em contacto com a pele). A essência de limão ou de bergamota
liga muito bem com o óleo de sésamo e a alfazema e o alecrim, sós ou
combinados, ficam bem com o azeite.

Como misturar os óleos para massagens

A quantidade de óleo vegetal necessária para uma única massagem pode ser medida
com uma colherzinha de plástico de 5 ml para uso médico (que se vende nas
farmácias). Na sua falta, pode-se usar uma vulgar colher de chá, que em geral
leva um pouco menos que os 5 ml. Os óleos essenciais precisam de ser diluídos à
razão de 0,5 a 3 %, conforme a pele do paciente, a concentração inicial do óleo
e as finalidades da massagem. As concentrações menores (de 0,5 a 2%) são usadas
para aplicações faciais, para crianças e para pessoas de pele muito sensível.
Neste último caso, será melhor começar por uma concentração de 0,5% e só depois
aumentá-la para 1% se não tiver havido irritação e, por fim, para 2% se assim
se desejar. Mas há alguns
80
óleos essenciais que são muito fortes e que nunca devem ser usados por ninguém
a mais de 1 ou 1,5% (v. p. 174).

óleos para o rosto: Para obter uma concentração de 0,5%, junta-se uma gota de
óleo essencial por cada duas colherzinhas de 5 ml de óleo-base. Para obter uma
concentração de 1 ou 2%, junta-se uma ou duas gotas de óleo essencial a cada
colherzinha de óleo-base.

óleos para o corpo: Para obter uma concentração de 2 ou 3 %, junta-se duas ou


três gotas de óleo essencial a cada colherzinha de óleo-base.

Para preparar maiores quantidades de óleo para o rosto ou para massagem geral,
enche-se de óleo-base um boião de 50 ml e junta-se-lhe depois a quantidade
adequada de óleo essencial. Para
50 ml a 0,5%, junta-se 10 gotas de óleo essencial; para 50 ml a
2%, junta-se 20 gotas; para 50 ml a 3%, junta-se 30 gotas.

Note-se que há nas farmácias e drogarias frascos de vidro escuro de tamanhos


diversos. Também se pode usar um frasco recuperado de outros usos desde que
tenha tampa de roscar. A capacidade do frasco em mililitros costuma vir gravada
no fundo do frasco.

Sobre as combinações de óleos essenciais

Não há regras rígidas para as combinações de essências - pelo menos no que diz
respeito à aromaterapia, pois os perfumistas poderão não estar de acordo. É
tudo uma questão de gosto e, o que mais importa, de como uma pessoa se sente
com os vários aromas. Que lhe faz lembrar este cheiro? Sente com ele alguma
coisa que deseje sentir mais vezes?

Claro que não há motivo nenhum para que se não use apenas um óleo essencial de
aroma especialmente sugestivo (rosa, sândalo e ylang-ylang são muito apreciados
sem mais misturas). Mas os aromaterapeutas sempre acharam que as essencias
actuam
81
melhor quando combinadas entre si. É interessante observar que esta reacção
intuitiva já teve confirmação científica (v. cap. 1).

Um perfume «bem. equílibrado» compõe-se, em termos muito simples, de notas


agudas, notas médias e notas graves - tal e qual como a música. As notas agudas
são as mais voláteis, não duram muito (o coentro ou os óleos de cítrinos). As
notas médias duram um pouco mais (a rosa, o neroli) e as notas graves têm uma
profunda influência na mistura. São muito persistentes e, ao mesmo tempo,
«fixam» as outras essências. Ou seja: retardam a evaporação das notas agudas e
médias, melhorando, portanto, a «capacidade de permanência» do perfume. O óleo
de sândalo é considerado por muitos perfumistas um excelente fixador, pois o
seu aroma dá um fundo que harmoniza muito bem uma ampla variedade de misturas.

Quem quiser pode, contudo, pôr inteiramente de lado toda esta teoria das notas
aromáticas - há muitos aromaterapeutas que lhe não dão importância nenhuma.
Embora ela ajude a preparar perfumes magníficos, qualquer pessoa que tenha um
mínimo de sentido estético poderá compor misturas muito agradáveis logo que
adquira a autoconfiança suficiente para se aventurar. Quem sentir perplexidade
em relação a este aspecto deve lembrar-se de que, em geral, as «famílias» de
essências dão misturas bastante boas: a família das essências de plantas
herbáceas (manjerico, salva mansa, alfazema, manjerona, alecrim), a família das
essências de citrinos (bergamota, limão, laranja), a família das essências de
flores (rosa, ylang-ylang, camomila, tageto), etc. Outras misturas compatíveis
são: especiarias com cítrinos (coentro e gengibre com bergamota) ou madeiras
com madeiras (sândalo com cipreste). As madeiras ligam muito bem com as
resinas: a mistura de incenso e cedro é clássica. Bom, mas por que não ser mais
aventureiro experimentando combinações de essências totalmente diferentes? Por
exemplo: incenso com rosa ou com alfazema, neroli com salva mansa, sândalo com
ylang-ylang e limão... Note-se que é preciso cuidado ao empregar essencias
muito penetrantes como o ylang-ylang, o tageto e, especialmente, o gengibre,
pois facilmente ocultam o aroma das demais.
82
Antes de iniciar a composição de um perfume segundo as
regras indicadas mais adiante, deve-se recorrer a uma experiencia muito fácil
e, certamente, a mais económica de todas: deitar umas gotinhas das essências
num palito revestido de algodão em
rama humedecido. Se o aroma não agradar, gastou-se apenas um mínimo de óleo
essencial. Assim, por exemplo, pode-se experimentar duas gotas de bergamota,
uma gota de alfazema e uma
gota de sândalo. Se o aroma agradar, pode-se então preparar uma mistura de 10
gotas de bergamota, cinco de alfazema e cinco de sândalo.

Ao misturar vários óleos essenciais, estamos não só a melhorar o aroma de cada


uma das essências como - e isto é de grande interesse - podemos regular e
afinar o efeito psicossomático da mistura. Quem estiver, por exemplo, deprimido
e letárgico poderá apreciar o aroma suave e repousante do sândalo. Mas um aroma
mais estimulante, mais vivo, poderá ser-lhe ainda mais benéfico. Esse aroma
pode ser composto misturando com o
sândalo um pouco de funcho, de gerânio ou de agulha de pinheiro - conforme as
preferências olfactivas (v. tabela adiante).

Outro exemplo: uma pessoa que se queixe desse tipo de depressão que provoca
ansiedade, insônias e cansaço muscular (actualmente tão vulgar) necessitará de
alguma coisa que lhe faça descontrair os músculos (v. tabela terapêutica) e que
seja sedativa e antidepressiva - ou seja, uma mistura de camomila e alfazema.
Para avivar esta mistura ou para lhe dar uma nota de interesse pode-se-lhe
juntar um leve toque de ylang-ylang, de tageto, de bergamota ou talvez de
incenso. Na realidade, as possibilidades são inúmeras: há sempre uma mistura
capaz de adaptar-se à configuração psicossomática, sempre em mutação.

A tabela que apresento a seguir classifica os óleos essenciais enumerados no


princípio deste capítulo segundo as suas «notas» aromáticas. Inclui também
menção à influência geralmente reconhecida de cada óleo no conjunto mente-corpo
(a influência psicossomática). Mas é preciso manter uma atitude muito aberta em
relação a tudo isto, pois as pessoas reagem de modos diferentes às diversas
essências.
83
EFEITOS DOS óLEOS ESSENCIAIS (Tabela II)
*/* (arranjar a tabela)
Convenções: A = nota aguda ; M = nota média ; G = nota grave

Descontracção

Equílíbrio (estimula ou descontrai, conforme necessário)

Estímulo

Camomila: M

Bergamota: A

Agulha de pinheiro : M

Cedro: G

Gerânio: M

Alecrim: M

Cipreste: A

Coentro: A

Manjerona: M

Incenso: G

Eucalipto: A

Mirra: M

Funcho: M

Neroli: M

Gengibre: M

Patchulli: G

Hortelã-pimenta: A

Rosa Otto: M

Limão: A

Salva mansa: M
Manjerico: A

Sândalo: G

Melaleuca: A

Tageto: M

Ylang-ylang: M

Zimbro: M

EFEITOS DOS óLEOS ESSENCIAIS (Tabela III)

Convenções: A = nota aguda ; M = nota média ; G = nota grave

Antidepressivo

Afrodisíaco

Anafrodisíaco (para desligar mesmo

Alfazema: M

Coentro: A

Manjerona: M

Bergamota: A
Deve-se ter sempre presente que o excesso de qualquer essência pode ser
bastante estimulante ou, no extremo oposto, entorpecente e que, portanto, os
óleos devem ser sempre usados nas concentrações correctas (v. atrás).

As tabelas terapêuticas

O leitor encontrará nas páginas que seguem indicações terapêuticas sobre os


tratamentos e os óleos a usar nos mais variados incómodos. Encontrará depois
uma tabela de cuidados cutâneos com indicação de remédios para os problemas de
pele. Embora possa ser útil em muitas situações, a aromaterapia funciona muito
melhor no contexto de um regime de tratamento holístico. Quero com isto dizer
que precisamos de olhar às causas dos problemas e não apenas para os seus
sintomas, que por vezes são indicativos de problemas de saúde mais fundos e
mais graves (v. cap. 7). Mas a aromaterapia destina-se, acima de tudo, à
prevenção das doenças.

Outras formas de terapêutica suave, como o yoga e a medicina herbácea, têm sido
também aconselhadas (quando adequadas), e
qualquer delas se pode combinar com a aromaterapia, A homeopatia é uma
excepção: só se recomenda como terapêutica alternativa se o tratamento com
óleos essenciais e remédios vegetais for apenas parcialmente satisfatório.
Muitos homeopatas acham que a maior parte dos óleos essenciais actua em sentido
contrário aos efeitos curativos dos remédios homeopáticos - mas isto ainda é,
todavia, tema para muita discussão. Marguerite Maury, pioneira da aromaterapia
holística, e o seu marido, o Dr. E.A. Maury, combinavam frequentemente ambas as
terapêuticas com muito bom resultado .

Em vez de recomendar a ingestão de essências para tratar certos problemas de


saúde (conforme fazem alguns aromatera-

6 Maury, M., The Secret of Life and Youth.

85
peutas), eu tenho recomendado chás de ervas sempre que apropriados. As pessoas
leigas nestes assuntos ganham muito mais evitando as doses orais de óleos
essenciais (a menos que sob a orientação de um aromaterapeuta ou ervanário
devidamente habilitado), pois estes são demasiado fortes.

PreparaÇão de remédios de ervas

Infusões (chás): deitar 15 g de ervas secas numa vasilha de porcelana ou de


pyrex aquecida. Lançar sobre as ervas 600 ml de água a ferver e deixar a
demolhar durante 10 a 15 minutos. Quando as ervas são frescas, é necessário, em
geral, usar uma porção três vezes maior. As sementes, como as do funcho, devem
ser moídas antes de se fazer a infusão para que os óleos essenciais saiam bem
das células.

Doses: para situações de carácter geral, tomar um copo dos de vinho cheio de
chá três vezes ao dia (de quatro em quatro horas).

Decoccões: é o método utilizado com materiais rijos e lenhosos como raizes,


rizomas ou cascas. Deitar 15 g de material vegetal seco ou 45 g de material
fresco, partido em pequenos pedaços, numa panela de esmalte ou outra vasilha
capaz de apanhar calor. Nunca se deve usar uma vasilha de alumínio, pois este
metal, em contacto com a água, pode dar origem à formação de substâncias
tóxicas que, reagindo com os alcalóides das plantas e com as vitaminas nelas
contidas, lhes destroem as propriedades terapêuticas. Lançar sobre o material
vegetal 300 ml de água, colocar a tampa e deixar ferver suavemente durante 10 a
15 minutos.

Doses: as mesmas que no caso das infusões. Embora estas tabelas não sejam, de
modo nenhum, exaustivas (os óleos essenciais podem ser úteis em muitíssimas
outras situações), o seu conteúdo serve de exemplo e de guia para quem desejar
tratar em casa uma grande variedade de incómodos correntes.
86
*/* (arranjar as tabelas)

87
88
90
91
TABELA DE CUIDADOS CUTÂNEOS (Tabela V)
*/* (arranjr a tabela)
Pele seca

Pele oleosalacne

Pele envelhecida

Alfazema Camomila Neroli Rosa Sândalo

Alecrim Alfazema Cipreste Gerânio Incenso Limão Melaleuca Zimbro

Incenso Mirra Neroli Rosa Sândalo

Veias salientes

Pele mista

Pele normal

Camomila

Alfazema

Alfazema

Cipreste Limão

Camomila Gerânio

Camomila Gerânio

Rosa

Rosa

Incenso

Neroli

Rosa

Pele entumecida (carregada de água)

Pele sensível

Pele desidratada (especialmente depois de bronzeada)

Alfazema Cipreste Gerânio Limão Zimbro


Experimentar concentrações a 2% de Alfazema
Camomila Camomila Gerânio Rosa
Rosa v. também «alergias», na p. 174.

93
Preparados aromáticos

As receitas que seguem são uma selecção das minhas composições aromáticas; mas
os leitores inventarão, sem dúvida, muitas mais!

óleo para massagem anticelulite

50 ml de óleo de grainha de uva (ou outro óleo vegetal), 10 gotas de zimbro, 10


gotas de alfazema e 5 a 10 gotas de limão.

Método: Passar por um funil o óleo de grainha de uva para o interior de um


frasco de vidro escuro, juntar os óleos essenciais e agitar bem. Este óleo é
também muito bom para músculos e articulações doridos.

Contra os piolhos da cabeça

75 ml de óleo vegetal, 25 gotas de Melaleuca ou de eucalipto,


25 gotas de alfazema e 25 gotas de alecrim. Misturar como indicado na receita
anterior.

Como usar: Aplicar no cabelo molhado (para que depois não seja dificil retirar
o óleo) massajando bem o couro cabeludo para chegar às raizes dos cabelos.
Prestar uma atenção especial à parte de trás das orelhas e à nuca, que é onde
os piolhos fazem criação. Deixar actuar durante uma hora e lavar depois
abundantemente. Retirar as lêndeas com um pente fino. Repetir o tratamento a
intervalos de três dias.

Óleo de pré-lavagem para cabelos secos ou estragados

Misturar 50 ml de azeite, 10 gotas de sândalo, 10 gotas de alfazema e 5 gotas


de gerânio pelo processo anteriormente descrito.
94
Como usar: aplicar ao cabelo húmido; deixar actuar durante
15 a 30 minutos e lavar depois abundantemente. Usar semanalmente como
tratamento reparador.

óleo contra a caspa

Misturar 50 ml de azeite, 10 gotas de alecrim, 10 gotas de alfazema e 5 gotas


de Melaleuca ou zimbro pelo processo anteriormente descrito.

Como usar: Aplicar ao cabelo húmido; massajar bem, para que penetre no couro
cabeludo, e deixar actuar durante 15 a 30 minutos. Lavar abundantemente. Usar
semanalmente. Para cabelos oleosos, usar de preferência um tónico capilar
contra a caspa (v. adiante).

Tónicos capilares

Estes tónicos são usados em massagens ao couro cabeludo várias vezes por
semana. Não é necessário humedecer previamente o cabelo. Quando usados de uma
forma regular, são muito eficazes para manter o cabelo e o couro cabeludo em
boas condições. Todas estas receitas incluem vinagre de sidra a fim de
restabelecer o equilíbrio ácido/alcalino do couro cabeludo. Os tónicos
capilares têm de ser bem agitados antes do seu uso para que as essências - só
parcialmente solúveis na água - se dispersem bem.

Tónico anticaspa

Misturar 300 ml de água destilada, água de flor de laranjeira ou água de rosas


- ou então meio por meio de água destilada e de tintura de hamamélida -, 3
colheres (das de chá) de vinagre de
95
sidra, 6 gotas de alfazema, 6 gotas de alecrim e 3 gotas de zimbro ou de
Melaleuca.

Método: Passar por um funil a água destilada e o vinagre de sidra para um


frasco de vidro escuro e juntar depois as essências agitando bem.

Tónico contra a queda do cabelo

Este tónico poderá não curar a calvície; mas, se for usado regularmente
conforme as instruções que dou no capítulo 6 para massagens ao couro cabeludo,
poderá travá-la de um modo sensível. São precisos 300 ml de água de rosas, 3
colheres (das de chá) de vinagre de sidra, 7 gotas de alecrim e 5 gotas de
sândalo. Misturar como na receita anterior.

Tónicos para a pele

Tal como os tónicos capilares, também estes devem ser bem agitados antes do uso
a fim de dispersar bem os ó leos essenciais.

Base para tónico cutâneo

Veículo: 300 ml de água de rosas, água de flor de laranjeira ou água destilada.


Para peles muito oleosas ou com acne, pode-se usar uma base mais adstringente -
por exemplo, hamamélida, que pode ser mitigada misturando-a a meio por meio com
água destilada ou água de flor de laranjeira ou de rosas. Juntar ao veículo
utilizado 2 colheres (das de chá) de vinagre de sidra e 2 gotas do óleo
essencial mais adequado ao tipo de pele (v. Tabela de cuidados cutâneos). Usar
como indicado na respectiva secção do capítulo 6.
96
Bochechos

Eis uma fórmula curativa e anti-séptica para fortalecer as gengivas e que


também ajuda a tratar aftas e a evitar a gengivite: 30 ml de tintura de mirra
(vende-se nas ervanárias), 10 gotas de hortelã-pimenta ou funcho e 15 gotas de
Melaleuca.

Como usar: 6 a 8 gotas numa chávena (das de chá) de água morna, duas ou três
vezes ao dia.

Máscaras faciais

Todas as peles (exceptuando apenas as que são hipersensíveis) beneficiam com a


aplicação de iogurte natural, gordo, mesmo sem adição de óleos essenciais (v.
capítulo 6). A receita que aqui apresento limpa, aclara e fortalece a pele e é
adequada a peles «normais», mistas ou envelhecidas.

Ingredientes: 3 colheres (das de chá) de iogurte natural, gordo,


1 colher (também das de chá) de azeite, óleo de amêndoas doces ou óleo de avelã
(obtidos a frio) e 1 gota de ó leo essencial adequado ao tipo de pele (v.
Tabela de cuidados cutâneos). Para ligar, meia a uma colher (das de chá) de
farinha de aveia da mais fina.

Método: Misturar o óleo essencial com o óleo de base e juntar depois os outros
ingredientes mexendo bem para formar uma
pasta homogénea.

Como usar: Aplicar no rosto e no pescoço uma fina camada desta pasta e deixá-la
actuar durante 10 a 15 minutos. Lavar depois com água fria.

Para pele seca

Ingredientes: Um quarto de abacate maduro, meia colher (das de chá) de óleo de


abacate ou de germe de trigo, 1 gota de camomila ou rosa e mais ou menos meia
colher (das de chá) de farinha de aveia da mais fina.
97
Método: Misturar o óleo essencial com o óleo de base. Esmagar o quarto de
abacate para formar pasta e juntar-lhe os óleos. Juntar a farinha de aveia para
ligar.

Como usar: Como indicado na receita anterior, mas lavando com água tépida.

Para pele oleosa ou com ame

Ingredientes: 1 colher (das de chá) de iogurte natural, 1 colher (das de chá)


de levedura de cerveja em pó, meia de água quente (ou mais, se necessário),
meia de óleo de amêndoas doces (obtido a frio) e 1 gota de alfazema, zimbro ou
limão.

Método: Misturar o óleo essencial no óleo de amêndoas doces e juntar os outros


ingredientes mexendo bem para formar uma
pasta homogénea.

Como usar: De preferência, depois do banho ou da sauna facial (uma pele


congestionada não absorve substâncias com facilidade a não ser que esteja
quente e húmida). Aplicar no rosto e no pescoço, deixar actuar durante 10 a 15
minutos e lavar com água fria.

Como preparar cremes e unguentos

Os cremes de fabrico caseiro são mais fortes e mais espessos que as


superligeiras e «espumosas» criações industriais vendidas no comércio; mas são
extremamente eficazes e muito económicos. A receita que a seguir apresento dá
um creme bastante suave que endurecerá um pouco se for colocado no frigorífico
(para impedir a formação de bolores) mas que nunca funde em contacto com a
pele. Uma pequena quantidade dá para muito tempo. Este creme deve ser usado
para as mãos e para o rosto a fim de secar um pouco mais uma pele oleosa.

Pode-se experimentar incluir outros óleos vegetais nesta mistura (por exemplo,
óleo de avelã ou de caroço de alperce) desde
98
que se completem os 120 ral. Uma pequena porção de óleo de germe de trigo (20
ml) aumenta a duração do preparado e reforça-lhe as propriedades curativas.
Todos os cremes e unguentos feitos em casa duram vários meses desde que sejam
conservados em local frio e escuro. A cera de abelha amarela (usada quer na
receita do creme quer na do unguento) é melhor que a branca. Pode ser obtida
nas casas de produtos vegetais.

Creme cutâneo de base

15 g de cera de abelha (amarela)


120 ml de óleo de amêndoas doces
30 ml de água destilada, água de flor de laranjeira ou água de rosas
4 a 6 gotas de óleo essencial (v. Tabela de cuidados cutâneos)

1. Derreter a cera com o óleo em banho-maria.


2. Ir entretanto aquecendo a água destilada em vasilha à parte, também em
banho-maria, até a mão suportar a temperatura.
3. Começar ajuntar a água à mistura da cera com o óleo, gota a gota, mexendo
com uma varinha mágica ou utensílio semelhante à velocidade mínima.
4. Depois de ter misturado cerca de duas colheradas de água na base cera-óleo,
retirar esta do calor e continuar a juntar água aos poucos até tê-la misturado
toda.
5. Quando a mistura der sinais de começar a endurecer, misturar os óleos
essenciais mexendo bem.
6. Repartir a mistura por pequenos boiões de vidro esterilizado e tapá-los o
mais hermeticamente possível.

Unguento de base (pomada)

15 g de cera de abelha (amarela)


60 ml de óleo de amêndoas doces
10 a 15 gotas de óleo essencial (v. Tabela terapêutica).
99
Aquecer a cera com o óleo de base em banho-maria como na receita anterior.
Mexer bem, tirar do calor e, assim que esfriar, misturar-lhe os óleos
essenciais. Vazar para um boião de vidro esterilizado e tapar hermeticamente.

Importante: Para problemas de pele mais sérios, como por exemplo o pé-de-
atleta, a sarna ou a tinha, será preciso duplicar a quantidade de óleos
essenciais ou aplicar directamente na região atacada óleo de alfazema ou de
Melaleuca puro.

Águas de cheiro e perfumes

Neste aspecto, pode-se entrar em loucuras e criar misturas exóticas,


repousantes ou simplesmente bem cheirosas conforme a disposição de momento.

As águas de cheiro podem ser usadas do mesmo modo que as


preparações vendidas no comércio - em borrifos no corpo depois do banho. Os
perfumes naturais têm de ser diluídos num óleo vegetal suave - de soja, de
trigo ou de grainha de uva - ou em cera de jojoba. Esta última é melhor, se bem
que mais cara, pois não rança como os óleos vegetais. Os perfumes e águas de
cheiro do comércio são diluídos em álcool etílico, que (pelo menos na
Grã-Bretanha) não pode ser comprado sem se ter licença de perfumista.

Como preparar uma água de cheiro

Juntar até 100 gotas de óleo essencial a 100 ml de água de flor de laranjeira,
água de rosas ou água destilada. Agitar sempre bem antes de usar. Eis algumas
das minhas fórmulas (para sugerir ideias ao leitor):

Mandalay (um aroma de tipo oriental, muito estimulante e


sedutor): Juntar à base de água de flores ou destilada 16 gotas de ylang-ylang,
40 gotas de bergamota, 30 gotas de patchulli e 10
gotas de coentro ou de gengibre.
100
Moments (um aroma de flores e madeiras suavemente sensual): Juntar à base
líquida 55 gotas de sândalo, 15 gotas de cedro, 25 gotas de rosa, 4 gotas de
tageto e 15 gotas de ylang-ylang.

Perfumes para a pele

Usar até 25 gotas de óleo essencial numa base de 10 ml de cera de jojoba ou de


óleo vegetal.

Mock Jasmine (uma imitação que se assemelha bastante ao dispendioso extracto


absoluto de jasmim): 15 gotas de patchulli e
6 gotas de ylang-ylang.

Pharaoh (bastante pesado e sedativo): 10 gotas de incenso, 4 gotas de mirra, 6


gotas de cedro e 5 gotas de rosa.

Cottage garden: 10 gotas de alfazema, 6 gotas de rosa, 4 gotas de salva mansa e


1 ou 2 gotas de tageto.

Três perfumes para uso terapêutico mas muito agradáveis

1. Para quem estiver tenso, com ideias tristes a interromper-lhe constantemente


o sono: 10 gotas de bergamota, 5 gotas de salva mansa e 3 gotas de ylang-ylang.
Devo dizer que costumo juntar 3 gotas de cedro para aligeirar um pouco o
resultado.

2. Para quem necessitar de conforto e estímulo: 10 gotas de sândalo, 6 gotas de


bergamota e 4 gotas de neroli.

3. Para quem se sentir «com os pés mal assentes no chão», especialmente depois
de uma constipação, quando a cabeça está como que vazia e distante : 15 gotas
de patchulli e 5 gotas de gengibre. Para aclarar o aroma, prefiro juntar a esta
mistura umas 5 gotas de bergamota ou de limão.
101
Como perfumar salas

Eis aqui as sugestões fundamentais para a aromatização de salas e quartos


segundo o que digo no final do capítulo seguinte. Qualquer dos perfumes
anteriormente mencionados pode ser também utilizado para exercer uma subtil
influência nos ocupantes de uma sala ou quarto. Eis, porém, mais algumas
ideias: a fim de alegrar uma reunião de Inverno, pode-se experimentar uma
mistura de casca de canela, cravinho e laranja. A alfazema, a salva mansa e a
camomila facilitam um sono repousante. Para a
meditação, para o yoga ou para uma discussão filosófica, pode-se usar uma
mistura de incenso, mirra e cedro. Uma reunião de crianças correrá bem num
fundo de bergamota, laranja ou limão e um toque de gerânio.

Por fim: se estiver para vender a sua casa mas não conseguir encontrar quem lha
compre, talvez a solução esteja na aromaterapia. Quando um novo possível
comprador vier ver a casa, trate de fazer com que a cozinha tenha um suave
aroma de baunilha (da espécie usada em doçaria). Ponha umas gotas de essência
de baunilha natural numa panela de água dentro do forno brandamente aquecido.
Não há nada mais sedutor que a baunilha - que à maior parte das pessoas faz
lembrar confortáveis sensações de bolos caseiros, calor familiar e segurança.
Verá que vende a casa em pouco tempo!
102
6

AS TÉCNICAS DA AROMATERAPIA

Os óleos essenciais podem ser usados de muitos modos para melhorar a saúde e a
vitalidade. Podem ser usados nos cuidados da pele, em massagens aromaterápicas,
no banho, em inalações para tratar constipações e gripes, em perfumes capazes
de influenciar a nossa disposição e em várias outras maneiras de melhorar a
vida de todos os dias. Comecemos pelos cuidados da pele.

Cuidados a ter com a pele

Tratar da pele exige uma acção mais profunda que a dos vulgares «cuidados de
beleza», superficiais e limitados ao rosto. E não estamos perante um assunto
exclusivamente de mulheres, como tantas pessoas pretendem. Na verdade, uma pele
saudável é o reflexo de uma boa saúde geral: a pele é um barómetro muito
sensível da harmonia - e, também, da desarmonia - emocional e física da pessoa.
Assim, não haverá tratamento externo, por intenso que seja e por muito bons que
sejam os óleos vegetais nele utilizados, que dê grande resultado se o regime
alimentar, o estilo de vida e as emoções do paciente não estiverem devidamente
equilibrados. Se o tratamento da pele for efectuado nesta
103
perspectiva (v. capítulo 7), os óleos darão muito melhor resultado e não agirão
apenas como paliativo!

Quem, porém, se queixar de eczema, de psoríase ou de acne, por exemplo, terá de


procurar aconselhar-se com um especialista (aromaterapeuta, herborista ou
nutricionista) que lhe estabeleça um programa de cura mais personalizado. Nós
somos todos diferentes e aquilo que dá resultado com uma pessoa pode não ser
tão eficaz com outra.

Em termos muito simples, a pele é muito mais que uma mera cobertura superficial
do nosso corpo: ela é, na verdade, um
organismo que vive e respira por si. Tem uma função dupla -
proteger o resto do corpo de infecções e sujidades e eliminar as toxinas. De
facto, a pele é o maior órgão eliminatório do nosso corpo (pesa cerca de três
quilos) e trabalha duramente. Num corpo saudável, o crescimento e a reprodução
das células da pele prosseguem incessantemente.

A pele é influenciada por muitos factores, entre os quais se contam os factores


genéticos, a idade, o ambiente e os cuidados que lhe são prestados - ou a falta
deles. Mesmo no feliz mas raro caso das pessoas cuja pele não apresenta
problemas, o uso dos óleos essenciais, de acordo com as técnicas que neste
capítulo vou delinear, não só ajuda a conservá-la flexível durante mais tempo
como contribui para a melhoria do estado geral.

Escovamento da pele a seco

São verdadeiramente supreendentes os benéficos efeitos desta técnica europeia


de cura natural. Não só melhora o estado geral da pele, retirando a camada
superficial de células mortas, como estimula a circulação linfá tica e a
eliminação de um terço dos resíduos do funcionamento dos diversos sistemas
orgânicos. Segundo os princípios da cura natural, essas toxinas podem provocar
doenças se se não impedir a sua acumulação no organismo. Certas situações, como
a artrite, a celulite, a hipertensão e até os estados depressivos, têm sido
relacionados com a má drenagem linfática.
104
O sistema linfático tem a seu cargo as nossas defesas imunitárias (a produção
de anticorpos contra as infecções) e a eliminação de resíduos tóxicos pela
pele, pelos pulmões, pelos rins e
pelo cólon. Ao contrário do sistema sanguíneo, no qual o sangue circula pelo
efeito de bomba do coração, a linfa move-se no nosso organismo por efeito da
actividade física normal de contracção e descontracção dos músculos. Para quem
levar uma vida sedentária (e, em especial, para quem tem de viver numa cadeira
de rodas) ou for já idoso - ou simplesmente preguiçoso! -, o escovamento da
pele é uma bênção. Não pode substituir totalmente o exercício físico mas, em
termos de estímulo para o
organismo, é equivalente a uma boa massagem ou a trinta minutos de corrida
pedestre!

Na aromaterapia, o uso mais vulgar do escovamento da pele é o combate à


celulite; e, combinado com as massagens de drenagem linfática, os óleos
essenciais e um regime alimentar desintoxicante, é de grande eficácia (v.
adiante, neste mesmo capítulo). Além disso, como muitos outros terapeutas
naturistas já verificaram, pode ser usado para melhorar o estado geral. Os
herboristas britânicos Kitty Campion e JilI Davies, bem como Leslie Kenton,
escritor e perito de saúde norte-americano, vêm há anos elogiando as virtudes
do escovamento da pele.

Como proceder

É preciso ter uma escova de pêlos vegetais, especialmente concebida para este
efeito (as escovas de nylon ou de pêlo animal são demasiado macias ou demasiado
rijas), com um cabo comprido, desmontável, que permita chegar a todo o dorso.
Há escovas destas em muitas casas de artigos de saúde e em certas farmácias. A
escova deve ser conservada sempre seca, mas tem de ser lavada de quinze em
quinze dias com água tépida e sabão. O corpo precisa de ser escovado uma vez ao
dia durante uns minutos (antes do banho matinal) e duas vezes ao dia no caso de
se ter celulite. É boa ideia suspender o escovamento durante
105
Fig- 2 - escovamento da pele a seco (evitar a face, os mamilos e os órgãos

106
uma semana de mês a mês, porque, como muitas outras técnicas de desintoxicação
natural, o escovamento da pele tem maior eficácia quando o organismo se lhe não
acostuma por completo.

A técnica do escovamento resume-se, no essencial, a executar amplos movimentos


de varrimento de cada uma das partes do corpo (Fig. 2) evitando a face,
demasiado sensível para um
tratamento deste gênero. Há que ter cuidado, pois um escovamento excessivamente
vigoroso - especialmente no caso de uma pessoa pouco experiente nesta técnica -
pode provocar esfoladelas. Começa-se pelos pés (incluindo as solas), passa-se
depois às pernas (pela frente e por trás), às nádegas e ao dorso. Ou seja: o
movimento geral é na direcção do coração e procura conduzir as toxinas para o
cólon. Em seguida procede-se ao escovamento das mãos, dos braços (pela frente e
por trás) e dos ombros, desce-se para o peito (evitando os mamilos) e passa-se
depois para a nuca
e para a parte superior das costas e, finalmente, para o abdómen (evitando os
órgãos genitais) com movimentos circulares no sentido da rotação dos ponteiros
do relógio a fim de acompanhar a forma do cólon.

O escovamento da pele não precisa de durar mais de cinco minutos - pode ser
feito enquanto a banheira enche. Depois do banho - de imersão ou de chuveiro -,
aplica-se o óleo de massagem aromaterápica a fim de dar alimento à pele ou, se
for esse o caso, um óleo anticelulite.

Importante: O escovamento da pele é inócuo em todas as pessoas, excepto


naquelas que sofram de males de pele como o eczema e a psoríase ou cuja pele
esteja infectada ou ferida.
O escovamento pode ser efectuado nos pontos em que a pele estiver sã, mas devem
ser evitadas as zonas varicosas.

O rosto

Lave o rosto duas vezes ao dia com um sabão suave, de pH equilibrado, que ajuda
a manter a acidez do manto cutâneo. Este
107
manto é uma mistura de sebo (substância oleosa) e de líquidos que serve de
barreira à microflora bacteriana (a defesa do organismo contra as infecções). O
seu pH é de 5,5 - e isto significa uma ligeira acidez. Os sabões e outros
preparados vulgares são alcalinos e fazem com que a pele de certas pessoas se
torne seca e escamosa.

Depois de lavar, e especialmente no caso de pele oleosa, aplica-se um


adstringente suave como, por exemplo, a água de rosas (ou um dos tónicos
cutâneos que mencionei no capítulo 5). Para os homens de pele sensí vel, a água
de rosas é também uma boa loção para depois de barbear. Os tónicos cutâneos
refrescam a pele e ajudam a remover os resíduos de sabão e de outros produtos.

Com a pele ainda húmida, aplica-se um humedecedor preparado com cera de abelhas
e óleos vegetais (v. capítulo 5) ou um bom produto comercial equivalente. No
entanto, são de evitar os
produtos de beleza que contenham humedecedores como glicerina, glicol,
pirrolidona sódica, propileno ou ácido carboxílico. Se bem que provoquem uma
sensação agradável e pareçam bons para a pele, pois atraem a humidade
atmosférica, o facto é que atraem também a humidade das camadas externas da
pele. Esta humidade pode, assim, evaporar-se mais facilmente deixando a pele
retesada e pergaminhada. Estes humedecedores podem provocar a «viciação» da
pele, que passa a reclamar doses periódicas a fim de restabelecer a sensação de
conforto. Como a maioria dos produtos comerciais é feita com essas substâncias,
pelo menos metade da população feminina da sociedade ocidental (e também alguns
dos seus homens mais evoluídos) é constituída por «viciadas» em humedecedores!

Esfoliação

A esfoliação contribui para melhorar a textura da pele, especialmente nas


pessoas de mais de trinta anos. Remove as células cutâneas mortas da superficie
da pele, que obturam os poros
108
provocando pigmentação e dando à pele um aspecto baço. As peles jovens expulsam
as células mortas sem grande custo; mas, à medida que a pessoa vai
envelhecendo, os processos de reprodução celular da pele vão perdendo
velocidade. As células novas formam-se mais lentamente e as células mortas,
empurradas para a superfície, vão-se acumulando e formando manchas.

Como proceder à esfoliação: Humedece-se uma mão-cheia de farinha de aveia


medianamente moída (em caso de pele seca, é melhor a farinha de trigo) que
depois se esfrega suavemente na pele de todo o rosto e do pescoço. Deve dar-se
uma atenção especial à zona que rodeia as narinas. Lava-se, por fim, com água
morna ou mesmo fria. Os homens de cara rapada não têm de preocupar-se com esta
operação, pois o barbear dá o mesmo resultado.

Tratamentos cutâneos ocasionais

As máscaras faciais e as saunas faciais são boas para a pele de quem vive numa
cidade ou para aquelas ocasiõ es em que se sente a necessidade de «espevitar» a
pele ou de combater um acesso de borbulhas. As erupçõ es de pele são muito
vulgares na maior parte das pessoas deprimidas e nas mulheres em fase pré-
menstrual.

A sauna facial

A sauna facial é um tratamento de limpeza profunda, bom para todos os tipos de


pele mas em especial para as peles manchadas e congestionadas. No entanto, a
sauna deve ser evitada por completo pelas pessoas cujas veias mostrem tendência
para aparecer à flor da pele. O intenso calor a que a pele é exposta faz
dilatar os vasos sanguíneos subcutâneos e agrava o problema.
109
Também deve evitar a sauna quem sofrer de asma: o calor concentrado pode
provocar um acesso.

Numa tigela grande com meio litro de água a ferver deita-se uma ou duas gotas
de uma essência adequada ao tipo de pele a tratar (v. cap. 5). Coloca-se a
cabeça, inteiramente coberta com uma toalha, por cima da tigela fumegante de
modo a formar com a toalha uma espécie de «tenda» que retenha o vapor. Fica-se
assim durante uns cinco minutos, não mais, e termina-se o tratamento
chapinhando água fria no rosto para remover os resíduos acumulados à superficie
da pele. Este tratamento pode ser seguido da aplicação de uma máscara facial.
Não sendo esse o caso, espera-se meia hora, para que a pele retome o seu estado
de equilíbrio normal, e aplica-se o humedecedor do costume. Uma palavra acerca
das saunas faciais: certos estudos de origem norte-americana sobre a saúde da
pele indicaram que o uso excessivo de tratamentos com vapor (mais de duas vezes
por semana durante muitos meses) pode provocar «acne selvagem» - uma situação
mórbida causada pelo excesso de humidade na pele. Mas, se usada judiciosamente
(aí uma vez por semana), a sauna facial só pode ser benéfica para a pele, que
começará a mostrar-se (e a sentir-se) revitalizada e fresca.

Máscaras faciais

Pode-se aplicar no rosto e no pescoço, uma vez por semana, uma máscara facial -
depois da limpeza habitual ou, melhor ainda, depois de um banho aromático ou de
uma sauna facial, quando a pele está ainda húmida e quente e, portanto,
extremamente receptiva ao que quer que se lhe aplique.

As máscaras faciais destinam-se a equilibrar as secreções cutâneas, a estimular


a circulação e a humedecer e enrijecer a pele. Uma das substâncias mais
benéficas usadas na máscara facial é o iogurte (natural e, se possível, gordo);
o iogurte é sempre benéfico, a não ser que se seja alérgico aos produtos
lácteos. O iogurte fresco, sem aditivos, é bom para todos os
110
tipos de pele e, em especial, para as peles muito secas ou muito oleosas. O
ácido láctico do iogurte (produzido pela fermentação) é semelhante ao do manto
ácido da pele e parece exercer uma acção equilibradora na secreção dos fluidos
cutâneos.

É precisa cerca de uma colher (das de chá) de iogurte, que se aplica ao rosto e
ao pescoço e se deixa actuar durante dez a
quinze minutos. Lava-se depois o rosto e o pescoço com água morna ou mesmo fria
e nota-se imediatamente a diferença (v. também as receitas no capítulo
anterior).

óleos faciais

A maneira mais eficaz de usar os óleos essenciais para cuidar da pele tem em
França o nome de «cura». As essências são usadas como tratamento periódico: ou
uma vez por semana, continuadamente, ou diariamente durante duas semanas
fazendo um intervalo de três a quatro semanas antes de repetir o
esquema. Isso impede que a pele se acostume às essências e deixe de reagir-lhes
positivamente. Não há, certamente, quem não tenha já notado este fenômeno com o
champô: usando sempre o mesmo durante muito tempo, os resultados obtidos ao
princípio começam a diniinuir.

Voltando aos óleos para uso facial: já apresentei no capítulo 5 uma tabela de
cuidados cutâneos e instruções de preparação dos óleos. Mas atenção: não se
deve exceder a diluição recomendada, de 0,5 a 1% (pelo menos de princípio),
pois uma concentração excessiva (especialmente de um óleo forte, como o de
camomila ou o de gerânio) poderá irritar a pele da face, mais sensível (v.
também as últimas páginas, sobre alergias). Os óleos para o
corpo podem, em geral, ser usados em concentrações maiores, de cerca de 3%.

Há quatro modos de aplicação dos óleos para tratamento da pele:

1. Aplicar uma fina camada de óleo imediatamente a seguir ao


banho de imersão ou de chuveiro, quando a pele está ainda
húmida e quente. Não limpar o excesso enquanto não tiverem passado vinte
minutos - que é de quanto os óleos podem necessitar para penetrar na pele.

2. Aplicar o óleo meia hora depois da máscara. Depois deste tratamento, a pele
precisa de restabelecer o seu equilíbrio normal e só então pode absorver mais
eficazmente os óleos essenciais.

3. Idem, no caso da sauna facial.


4. Aplicar pouco tempo antes de sair para um passeio ao ar livre (de
preferência num parque ou numa região do campo, pouco poluída). A combinação do
oxigénio com os óleos essenciais é um excelente rejuvenescedor da pele.

Quem preferir o regime da aplicação única semanal deve aplicar os óleos, se


possível, três vezes ao dia. Na outra modalidade, basta uma vez ao dia.

Em vez de usar um óleo para o rosto, pode haver quem opte por «preparar» com o
óleo adequado ao seu tipo de pele um creme ou loção sem perfume (de preferência
um produto de tipo «natural»). Misturar, mexendo bem, duas ou três gotas de
óleo essencial a cada 50 gramas de creme ou uma a duas gotas a cada 25 ml de
loção - agitando bem.

Pela minha experiência pessoal, as essências usadas no banho e a massagem geral


são boas para o rosto quer lhe sejam aplicadas directamente quer não. Isto
porque chegam à corrente sanguínea por via pulmonar e cutânea e actuam assim em
todo o sistema, exercendo uma influência global no organismo. Uma pele muito
congestionada não pode absorver os óleos essenciais de uma maneira eficaz; mas
estes, usados no banho e na massagem geral, são absorvidos com muito maior
facilidade pela pele do abdómen, do interior das coxas e da parte superior dos
braços, que é mais fina.

Massagem aromaterápica

Uma boa massagem aromaterápica - ninguém o pode negar -


é uma experiência verdadeiramente divina; e dar a massagem
112
pode também ser agradável. Claro que uma pessoa pode aplicar os óleos à sua
própria pele para beneficiar do seu efeito, mas o modo mais agradável e,
decerto, o mais repousante consiste em receber a massagem dada por outra pessoa
- de preferência por um aromaterapeuta devidamente habilitado, embora uma
pessoa amiga que tenha «boas mãos» seja igualmente muito útil.

Vou em seguida apresentar, nas suas linhas gerais, alguns dos movimentos
básicos da massagem; mas eles são apenas um guia para que o leitor possa
começar a criar intuitivamente o seu próprio estilo. Não é fácil aprender a dar
massagens por meio de um livro (mesmo que seja por um livro muito mais
minucioso que este). Se o leitor deseja levar estes assuntos a sério,
certamente acabará por sentir necessidade de inscrever-se num curso de fim de
semana ou mesmo num curso mais desenvolvido. Dito isto, muitas pessoas são
excelentes aromaterapeutas intuitivos cujo «toque» especial nenhuma preparação
formal poderá aperfeiçoar.

Um bom motivo para estudar massagem aromaterápica numa


escola especializada é o seguinte: nesse gênero de escolas as
pessoas aprendem, além de anatomia e fisiologia, técnicas para aliviar dores,
para cuidar de ferimentos e contusões e para descobrir por que motivo aparecem
dores em determinada zona do corpo de uma pessoa - e, o que ainda é mais
importante que isso, para saber quando é que tais zonas devem ser deixadas em
paz.

Onde não massajar

A massagem está contra-indicada nas seguintes situações: febre, inflamação (da


pele ou de articulações), borbulhagens ou
erupções da pele, inchaços, contusões de vários tipos, entorses ou
rasgamentos de músculos ou ligamentos, fracturas ósseas, queimaduras e varizes
- em resumo, se a massagem causar dores nalgum ponto do corpo do paciente,
deve-se desistir do movimento em curso e passar a outra zona. Crê-se, de um
modo geral,
113
que as pessoas que têm cancros não devem receber massagens porque estas
provocam a passagem de células cancerosas do seu foco inicial para o sistema
linfático e, portanto, a sua transmissão ao resto do organismo. De acordo com
investigações recentes, porém, parece que as coisas se não passam assim. Vários
hospitais britânicos estão actualmente a usar massagens aromaterápicas
aplicadas muito ligeiramente a fim de levantar o â nimo dos doentes cancerosos.

Os efeitos da massagem

A partir do momento em que pomos as nossas mãos em contacto com o corpo de


outra pessoa, começamos a tratar-lhe simultaneamente o corpo e o espírito. Os
nervos despertam imediatamente e enviam mensagens ao cérebro - que em seguida
emite instruções de «reacção» a todo o corpo.

No nível fisico, a massagem ajuda a eliminar resíduos tóxicos (que são


frequentemente causa de moinhas e dores musculares) por meio da estimulação da
circulação sanguínea e da drenagem linfática. O oxigénio é fornecido em maior
quantidade às zonas doridas e remove delas os resíduos tóxicos estagnados, como
os ácidos láctico e carbóníco, que se formam nas fibras musculares.

Como o corpo e a mente estão interligados, os efeitos emocionais de uma


massagem aromaterápica hábil mas sensível podem ser profundos. Pode, por vezes,
criar-se um estado semelhante àquele por que passam os meditantes.

Assim que a arte da massagem se tiver tornado uma segunda natureza, poder-se-á
começar a descobrir «obstruções de energia», que usualmente se manifestam como
zonas frias do corpo - por exemplo, nos quadris ou no abdómen. Essas zonas
frias são, muitas vezes, sede de emoções profundas. Logo que os músculos tensos
começam a descontrair-se, as emoções ocultas são, em
muitos casos, libertadas. Certas pessoas não conseguem conter as lágrimas;
outras sentem-se maravilhosamente descontraídas e
calmas depois da massagem. Há ainda quem sinta uma sensação
114
de leveza, como se tivesse bebido uns copos; e há também quem caia num sono
profundo!

Reacções deste gênero - mesmo a das lágrimas - são positivas e, a longo prazo,
benéficas para a saúde. É um facto já bem documentado que o cancro, por
exemplo, aparece mais nas pessoas predispostas à depressão e a disfarçar as
suas emoções para agradar aos outros.

Nada de realmente benéfico poderá, contudo, ser obtido se não houver empatia
entre quem dá a massagem e quem a recebe. Quem dá a massagem precisa de ganhar
a capacidade de afinar-se, por assim dizer, pelas necessidades de quem a recebe
deixando que as suas mãos cheguem de uma maneira intuitiva aos locais delicados
do seu corpo para lhe aliviar e afugentar a dor. Embora isto seja, em grande
parte, um dom inato e especialmente desenvolvido em certas pessoas, todos nós
podemos desenvolver a nossa sensibilidade global (coisa que só servirá para
melhorar as aptidões de massagem) por meios como a meditação, a descontracção
profunda e a harmonização com a natureza (v. cap. 7).

Quem recebe a massagem precisa de aprender a aceitá-la de bom grado, como um


bem, isto é: confiando em quem lha dá e «abrindo-se» à nova experiência por que
passa. Mas isso só se consegue se não se estiver a tagarelar e mexer-se
constantemente. Em vez disso, deve-se fechar os olhos, respirar fundo diversas
vezes e por fim expirar profundamente e entregar-se descontraidamente a essa
nova experiência. Deve-se concentrar a atenção nos toques recebidos e procurar
apreciar a sensação que eles causam deixando que o corpo «pese» e amoleça.
Nunca se
deve, por exemplo, erguer a cabeça para tentar dar uma ajuda; quando a cabeça
tiver de ser virada para o lado a fim de aplicar a massagem ao pescoço, lá está
quem o faça da maneira mais adequada. Claro que há uma ou duas excepções à
regra de não falar nem se mexer: se, por exemplo, algum movimento da massagem
provocar uma dor ou se se sentir frio ou qualquer outra forma de desconforto.
E, quando se está deitado de bruços, deve-se virar a cabeça de um lado para o
outro quando se sentir o pescoço demasiado rígido.
115
Preparação do cenário

Um cenário calmo e confortável reforça de um modo favorável as sensações da


massagem aromaterápica. Sempre que possível, deve-se trabalhar à luz do dia ou
de uma lâmpada de luz suave. Uma iluminação de cima, demasiado dura, serve
apenas para fazer lembrar salas de operações e consultórios de dentistas! A
massagem aromaterápica é uma arte curativa delicada e não um trabalho frio e
insensível.

A sala deve estar bem aquecida e livre de correntes de ar. Os músculos, quando
frios, contraem-se e provocam a secreção de adrenalina - que é exactamente
aquilo que principalmente se pretende fazer abrandar.

Se se achar necessário fazer ouvir música, o som deve ser mantido em volume
muito baixo - os sentidos de quem recebe a massagem vão estar especialmente
aguçados - e convirá não sair do âmbito da música do estilo «Nova, Era», que
foi composta para a meditação e para a descontracção profunda. Sugestão final:
talvez ache bom pôr na sala uma jarra com flores frescas; é algo que melhora
muitíssimo a atmosfera.

A superfície a usar para a massagem

A superficie mais confortável para a aplicação da massagem aromaterápica é um


sofá fabricado propositadamente para massagens. Mas pode ser preciso trabalhar
no chão. O que nunca se deve fazer é dar massagens numa cama. Não só é preciso
inclinar-se demasiado (esforçando muitíssimo as costas) como o colchão
absorverá toda a pressão necessária ao tratamento do corpo do paciente. Um saco
de dormir, uma peça de espuma de borracha, uma pilha de cobertores espessos, um
tapete macio ou
uma manta acolchoada servem bastante bem de suporte ao corpo do paciente. Devem
ser cobertos com um lençol ou uma grande toalha de banho, Outro lençol ou
toalha será útil para tapar as
116
partes do corpo em que se não vai trabalhar e evitar assim que o paciente sinta
frio. Quando a massagem é aplicada com o paciente deitado no chão, deve-se
ajoelhar a seu lado (de preferência em cima de um tapete grosso, para não
magoar os joelhos). Nunca se deve tentar aplicar a massagem a um paciente
deitado no chão conservando-se de pé ou dobrando-se pela cintura: isso seria
ainda pior para as costas que trabalhar numa cama.

O óleo de massagem

Ao escolher um óleo de massagem, pode-se, querendo, tentar ir ao encontro das


necessidades do paciente mediante a consulta das tabelas terapêuticas e de
outros elementos que forneci no capítulo 5. Talvez o paciente necessite de um
óleo como o de alecrim, por exemplo, para descontrair uns músculos muito
tensos; ou talvez necessite de um óleo repousante, como o ylang-ylang. Mas
também se pode ter uma inclinação mais forte para a aromaterapia intuitiva, em
que o paciente tem a oportunidade de escolher um óleo ou mistura de ó leos
segundo as suas preferências. Recordemos que as pessoas são, muitas vezes,
naturalmente levadas a escolher o óleo essencial de que realmente na altura
precisam. De qualquer modo, quanto mais o aroma agradar ao paciente mais
provável será que ele se descontraia bem e adira por completo à experiência da
massagem aromaterápica - e é nesta habilidade de deixar correr as coisas que
reside a chave da arte da verdadeira cura.

Como aplicar a massagem

É impossível descrever neste livrinho toda a técnica da massagem geral. Irei,


assim, concentrar a atenção nas zonas do corpo mais importantes para a
aromaterapia: as costas, a cabeça, o rosto e o pescoço. E tratarei também de
mostrar resumidamente
117
uma forma simples de massagem destinada a contribuir para a eliiiiinação da
celulite.

As costas

As costas podem ser consideradas a porta de entrada para toda a pessoa - corpo,
mente e espírito. Os principais nervos do corpo humano são ramificações que
saem de ambos os lados da coluna vertebral para todos os orgãos internos.
Fazendo diminuir a tensão dos músculos das costas reduz-se também o nível de
fadiga do corpo e da mente, o que contribui para melhorar o
estado geral de saúde e para criar uma sensação de bem estar.

Faz-se deitar o paciente de bruços, com a cabeça virada para um dos lados e os
braços descontraídos ao longo do corpo ou dobrados para cima com as mãos no
nível dos ombros. Certas pessoas sentem-se melhor com uma toalha enrolada ou
uma almofada debaixo do peito ou dos tornozelos. Ajoelhe ao lado do paciente
(ou, no caso de usar um sofá de massagem, coloque-se de pé igualmente a seu
lado). Antes de olear as mãos, ponha-lhe com suavidade uma das mãos no alto da
cabeça e a outra no fundo da espinha. Deixe-as estar assim durante cerca de um
minuto e passe depois para os pés. Segure cada pé com uma das mãos, comfirmeza
(há quem tenha cócegas nos pés!) e com as
palmas em contacto com as solas. Chama-se a isto entrar em contacto. Dá muita
confiança ao paciente e, ao mesmo tempo, permite-lhe acostumar-se ao toque
pessoal de quem lhe dá a massagem e tem um efeito calmante.

1. Deite um pouco de óleo num pires (não o ponha no corpo do paciente, pois
isso provocar-lhe-ia uma sensação demasiado rude), unte as mãos e esfregue-as
uma na outra a fim de aquecer o óleo. Coloque as mãos no fundo das costas do
paciente, de ambos os lados da coluna vertebral, com os dedos descontraídos e
virados na direcção da cabeça. Nunca se deve aplicar nenhuma
118
pressão na coluna vertebral propriamente dita; mas os fortes músculos que a
ladeiam suportam pressões firmes. Faça agora deslizar ambas as mãos ao longo
das costas do paciente, deslocando-se de maneira a alcançar o pescoço, abra-as
com firmeza por sobre os ombros e faça-as deslizar novamente para baixo. Ao
chegar à cintura, puxe-a com delicadeza para cima e regresse com um movimento
suave ao ponto de partida (v. Fig. 3).

É importante usar as mãos por inteiro: deixe-as amoldar-se aos contornos do


corpo do paciente como se estivesse a fazer uma escultura de barro. Repita
várias vezes estes movimentos firmes e longos até que todo o dorso esteja bem
untado mas não demasiado escorregadio. Verificará que bastam duas a quatro
colheres (das de chá) de óleo para umas costas normais. Uma pessoa de pele
muito seca necessitará, talvez, de um pouco mais.

Fig. 3 - Longos movimentos suaves

119
2. Passe agora as mãos para um dos flancos do corpo do paciente e, começando
pelas ancas (ou pelas nádegas), inicie a amassadura. Usando alternadamente uma
e outra mão, apanhe as carnes com toda a palma e os dedos da mão, puxe-as como
se fosse separá-las dos ossos e aperte-as como se estivesse a amassar farinha.
Mantenha a mão toda em contacto com o corpo do paciente. Trabalhe o flanco em
movimento ascendente até chegar à parte superior do braço e ao ombro. Ao chegar
a uma zona de dimensões mais reduzidas (por exemplo, em redor da omoplata),
passe a executar os movimentos apenas com o polegar e os dois dedos do meio -
mas sem beliscar. Passe para o outro lado do corpo do paciente e repita todos
estes movimentos (v. Fig. 4).

Fig. 4 - Amassadura

120
3. Começando pelo fundo da espinha, faça de ambos os lados dela uns pequenos
movimentos circulares com os polegares sobre os músculos que a ladeiam subindo
gradualmente até ao pescoço. Continue com esses movimentos dos polegares em
toda a zona superior das costas. Não exerça pressão na espinha nem nas
omoplatas. Trabalhe os músculos que se encontram logo acima das omoplatas e os
que as separam da espinha (v. Fig. 5).

4. Voltando aos movimentos longos com que começou (ponto


1), repita-os três vezes de cada lado.

5. O movimento seguinte chama-se puxar e é efectuado ao longo dos flancos.


Coloque-se a um dos lados do paciente e, com os dedos virados a apontar para
baixo, puxe suavemente as carnes com cada uma das mãos, alternadamente, de
baixo para cima. Comece pela anca e suba lentamente até à axila, descendo

Fig. 5 - Movimentos circulares dos polegares

121
Fig. 6 - Puxar

Fig. 7 - Movimentos circulares com as mãos sobrepostas

122
depois até ao ponto de partida. Repita estes movimentos no outro flanco (v.
Fig. 6).

6. Aplique uma boa pressão no fundo das costas do paciente com as eminências
tenares de ambas as mãos. Ponha uma mão por cima da outra e, usando a mão toda,
trabalhe em círculos desde o fundo da espinha até às ancas. Depois, com os
polegares, trabalhe intuitivamente qualquer ponto rígido que aí encontre (v.
Fig. 7).

7. Repita os movimentos longos do ponto 1 (duas ou três vezes de cada lado).

8. Amasse agora suavemente os ombros do paciente.


9. Dê à sua mão a forma de um pé de ave, com os dedos separados. Poise apenas
as pontas dos dedos na omoplata e faça com que a pele da omoplata se mova em
círculos. Descreva vários círculos para a direita e depois outros tantos para a
esquerda. Repita estes movimentos na outra omoplata (v. Fig. 8).

10. Coloque as mãos no meio das costas do paciente, uma ao lado da outra,
atravessadas sobre a coluna vertebral. Afaste uma delas suavemente na direcção
do ombro esquerdo e a outra, ao mesmo tempo, na da anca direita como se
pretendesse esticar as costas do paciente. Repita o movimento para o outro
ombro e a outra anca. (v. Fig. 9).

11. Coloque agora ambos os antebraços atravessados sobre as


costas do paciente e faça-os deslizar lentamente, mas com firmeza, um para o
alto das costas e o outro para o alto das nádegas; exerça bastante pressão (v.
Fig. 10).

12. Termine a massagem tal como começou: colocando uma das mãos no alto da
cabeça do paciente e a outra no fundo das suas costas e, em seguida, nos pés.
Assim que julgar adequado, retire as mãos e cubra o paciente com uma toalha.
Deixe-o repousar um pouco para que «volte a si» no ritmo que lhe for próprio.

Disto se compõe a sequência básica de movimentos; mas


acrescente aquilo que entender necessário. Trabalhe com o corpo todo e não
apenas com as mãos e os braços. Ao executar a
amassadura, vá-se movendo suavemente de um para outro lado
123
Fig. 8 - Fazer rodar a pele da, omoplata

Fig. 9 - Esticar as costas (1)

124
Fig. 10 - Esticar as costas (2)

acompanhando as mãos. Execute sempre todos os movimentos com lentidão e fluindo


com suavidade. Deixe que venha ao de cima o seu ritmo natural. A sensibilidade
no início é muitíssimo superior a uma complicada combinação de movimentos
executados de um modo mecânico e impessoal. O mais importante de tudo é criar
um estilo único, pessoal.

O rosto e a cabeça

Eis uma parte do corpo que frequentemente fica esquecida na


terapêutica da massagem curativa; no entanto, uma boa massagem ao rosto e ao
couro cabeludo pode ser uma das mais
125
estimulantes experiências de sempre. Uma forte dor de cabeça pode ser liquidada
com segurança em poucos minutos sem necessidade de aspirinas ou de outros
remédios, como o paracetamol, nem dos seus efeitos colaterais. Os produtos
químicos nada fazem para eliminar as causas da dor de cabeça - que, as mais das
vezes, é proveniente da tensão muscular e nervosa, sensações que a massagem
aromaterápica reduz e afasta de um modo suave.

A sequência de movimentos que apresento em seguida, se for executada com


sensibilidade, não só aliviará a tensão como será muito eficaz para estimular a
clareza de ideias. Havendo tensão no pescoço e na coluna vertebral - em
especial no ponto em que ela se liga ao cérebro, na base do crânio -, a
corrente sanguínea fica dificultada; e uma boa afluência de sangue à cabeça é
de importância decisiva para o funcionamento do cérebro.

Componha um óleo facial adequado ao tipo de pele do paciente, levando em linha


de conta as suas preferências olfactivas. A pele deve estar limpa e sem
pinturas. Deite duas colheres (das de chá) num pires: só uma pele extremamente
seca necessitará de mais. Peça ao paciente que tire os óculos, se os usar, e
também os brincos, o colar e qualquer outro adereço que possa impedir a
massagem.

O paciente deve estar deitado de costas com uma almofada ou


uma toalha enrolada debaixo dosjoelhos a fim de evitar esforços na região
lombar. Os ombros devem estar libertos de qualquer peça de vestuário. Cubra o
paciente com uma toalha espessa para evitar que sinta frio. Se estiver a
trabalhar no chão, sente-se de pernas cruzadas, se possível, ou ajoelhe num
tapete espesso. É importante que se sinta confortável; de outro modo, o
paciente aperceber-se-á da sua tensão.

O rosto

1. Antes de olear as mãos, coloque-as aos lados da cabeça do paciente. As


eminências tenares deverão cobrir a testa e os dedos,
126
estendidos para baixo, apoiar-se-ão nos lados da cabeça. Mantenha as mãos nesta
posição durante uns momentos (v. Fig. 11).

2. Desloque as mãos para a testa do paciente e pressione suavemente, com elas


sobrepostas, percorrendo o couro cabeludo até atingir o alto da cabeça. Repita
este movimento várias vezes.

3. Retire as mãos com suavidade e mergulhe as pontas dos dedos no óleo.


Esfregue-o nas mãos. Basta uma pequena porção de óleo para a massagem facial; o
óleo em excesso poderá entrar nos olhos do paciente.

4. Faça deslizar suavemente as mãos pelo rosto do paciente, começando pelo


queixo, descrevendo círculos em redor dos olhos e na testa. Isto é apenas para
untar o rosto do paciente antes de dar início à massagem (v. Fig. 12).

5. Unte as mãos de novo, desta vez mais generosamente, e


faça-as deslizar sobre os ombros do paciente até à nuca. Ao passar pela
garganta, exerça apenas uma pressão muito suave.

Os seus movimentos devem ser sempre lentos e fluentes, sem brusquidão nem
vacilações. Use uma pressão muito leve ou
simplesmente mediana, a fim de não arrastar a pele, e tenha cuidados muito
especiais com a zona dos olhos.

6. Coloque as polpas dos polegares no meio da testa, entre as sobrancelhas do


paciente. Separe os polegares num movimento deslizante e, ao chegar às
têmporas, termine o movimento com uma pequena rotação antes de atingir a raiz
dos cabelos, onde os polegares deverão perder o contacto com a pele do paciente
(v. Fig. 13).

7. Regresse à posição inicial, mas agora um pouco mais acima. Repita o ponto 6
e continue assim, numa faixa de cada vez, até atingir a raiz dos cabelos no
alto da testa (v. Fig. 13).

8. Coloque os polegares no meio da testa do paciente, entre as


sobrancelhas (no «terceiro olho»), e faça-os deslizar sobre as
arcadas supraciliares, desta vez com um pouco mais de firmeza, até perder o
contacto. Repita uma ou duas vezes.

9. Volte à posição do «terceiro olho» e faça agora mais força


com os polegares (se for muita, o paciente dirá), mantendo-os
127
Fig. 11 - Posição a tomar para a massagem ao rosto, ao pescoço e ao couro
cabeludo

Fig. 12 - Como untar o rosto e o pescoço

128
assim durante cerca de três segundos. Levante os polegares e
coloque-os um pouco mais para fora, sobre as arcadas supraciliares, repetindo a
pressão. Repita estes movimentos espaçados até alcançar os cantos exteriores
dos olhos (v. Fig. 13).

10. Coloque o dedo indicador nas arestas ósseas das órbitas, por baixo dos
olhos do paciente, e repita os movimentos de pressão - desta vez mais levemente
- até chegar aos cantos dos olhos. Estes movimentos são muito bons para quem
sofrer de catarro ou de sinusite.

Cuidado: Se os seios nasais estiverem inchados e doridos, não exerça pressão


nenhuma!

Fig. 13 - Massagem da testa. Pontos de pressão em redor dos olhos

129
11. Dê agora ao paciente um «banho de escuridão» durante uns instantes.
Coloque-lhe as mãos ao de leve sobre os olhos, de modo a criar a escuridão com,
as eminências tenares, com os
dedos a envolver as têmporas. Deixe-se estar assim durante, pelo menos, dez
segundos (v. Fig. 14).

12. Faça deslizar as mãos para os lados da cabeça do paciente e aplique uma
ligeira pressão às têmporas durante cerca de dez segundos.

13. Aplique a massagem a todo o rosto, com suavidade, em movimentos ascendentes


como os do ponto 4.

14. Coloque as polpas dos polegares nos cantos internos dos olhos do paciente,
logo abaixo das órbitas. Execute movimentos de alisamento, para fora e para
cima, na direcção das têmporas. Faça movimentos circulares nas têmporas, como
indiquei no ponto 6. Repita um pouco mais abaixo, percorrendo uma faixa de cada
vez, até chegar à extremidade do osso malar. Repita este movimento até um pouco
abaixo do osso, pressionando levemente para cima (v. Fig. 15).

15. Coloque um indicador de cada lado do nariz, perto dos olhos, e pressione
ambos os lados com pequenos movimentos circulares até atingir o nível da
comissura dos lábios (v. Fig. 15).

16. Usando alternadamente cada um dos polegares, dê pequenos toques na cana do


nariz de cima a baixo. Com a palma da mão, pressione a ponta do nariz com um
movimento de rotação.

17. Pressione as faces, de ambos os lados das narinas, usando os dedos médios
em pequenos movimentos circulares que deverão chegar à região do lábio superior
por baixo do nariz (v. Fig.
15).

18. Coloque os polegares no queixo do paciente e mova-os lentamente e com


firmeza ao longo da mandíbula, desde o meio do queixo até junto da orelha.
Repita estes movimentos um
pouco mais dentro, uma ou duas vezes, até passar perto do bordo inferior do
osso malar (v. Fig. 16).

19. Volte ao queixo e descreva pequenos círculos com os polegares partindo do


meio do queixo e percorrendo a mandíbula até alcançar a orelha (v. Fig. 16).
130
Fig. 14 - Banho de escuridão

Fig. 15 - Pressões a executar nas faces e no nariz


Fig. 16 - Pressões a executar no queixo e na mandíbula

Fig. 17 - Pressões a executar nas orelhas

132
20. Pressione atrás das orelhas do paciente com pequenos movimentos circulares.
Em seguida dê ligeiros apertões nas orelhas, começando por cima e terminando
nos lóbulos. Repita uma ou duas vezes e termine puxando levemente o lóbulo para
baixo duas ou três vezes. Depois, com as pontas dos indicadores, descreva as
espirais interiores das orelhas (v. Fig. 17).

21. Repita o «banho de escuridão» do ponto 11.

O pescoço

1. Vire agora, com suavidade, a cabeça do paciente para o


lado esquerdo. Coloque a mão esquerda na sua testa ou, se preferir, sob a nuca
- a fim de amparar-lhe a cabeça com ela.

Ponha a mão direita no ombro direito do paciente e faça-a deslizar com firmeza
pelo pescoço acima. Ao tocar a base do occipital, envolva-a num movimento de
rotação geral da mão, com todos os dedos em contacto suave, para desfazer
alguma possível tensão muscular. Repita isto diversas vezes (v. Fig. 18).

2. Continuando a usar todos os dedos, aplique o mesmo movimento envolvente a


todo o lado direito do pescoço do paciente, subindo da base do pescoço para a
região posterior à orelha.

Fig. 18 - Movimentos longitudinais e envolventes a executar no pescoço

133
3. Repita estes movimentos, com suavidade, duas ou três vezes.

4. Vire suavemente a cabeça do paciente para o outro lado e repita agora deste
lado os movimentos anteriormente descritos.

5. Ponha a cabeça do paciente a direito, sempre com suavidade, de modo a deixá-


lo novamente na posição inicial. Coloque as mãos na parte superior do peito,
logo abaixo das clavículas, com as pontas dos dedos viradas para dentro e os
dedos médios a tocar-se. Afaste as mãos uma da outra num movimento de
deslizamento para cima na direcção da nuca. Faça isto de modo a que as suas
mãos terminem formando uma concha em que fique apoiada a cabeça do paciente (v.
Fig. 19).

Fig. 19 - Movimentos para extensão do pescoço

134
6. Sem interromper o movimento iniciado no ponto anterior, erga agora a cabeça
do paciente alguns centímetros acima do plano-base e puxe-a bem para si,
deixando que os seus dedos deslizem ligeiramente desde a base do pescoço até
perto do alto da nuca. Estes movimentos devem ser executados sem interrupção,
terminando pelo regresso da cabeça do paciente ao contacto com o plano-base.
Repita duas ou três vezes (v. Fig. 19).

O couro cabeludo

Não aplique óleo ao couro cabeludo do paciente a não ser que ele seja
completamente calvo.

1. Levante a cabeça do paciente e vire-a para o lado esquerdo (v. Fig. 20).
Aplique-lhe uma boa pressão com as pontas dos

Fig. 20 - Massagem do couro cabeludo

135
dedos, agarrando bem a pele para mobilizar o couro cabeludo sobre os ossos do
crânio. Não se limite a enfiar-lhe os dedos por entre os cabelos, tente
«agarrar-lhe» o couro cabeludo. Realize estes movimentos em todo o lado
esquerdo da cabeça do paciente e em seguida vire-lha para o outro lado e repita
a sequência. Ao terminar, coloque-lhe a cabeça a direito, na posição inicial.

2. Passe os dedos várias vezes por entre os cabelos do paciente, de modo a


«escovar-lhe» toda a cabeça com as pontas dos dedos.

3. Conclua toda esta sequência de rosto, pescoço e cabeça colocando as mãos


como no início (v. Fig. 11). Deixe-as estar assim durante uns momentos e
retire-as, por fim, suavemente, para terminar a massagem.

Uma técnica de alívio das dores

Se depois da massagem o paciente ainda se queixar de dores nos músculos e nas


articulações, experimente uma técnica que poderá aliviar-lhas de um modo
surpreendente e que terá também muito bom efeito no plano das emoções. Passe-
lhe delicadamente um «espanador» pelas zonas doridas, isto é: afague-lhas muito
ao de leve, de cima para baixo, por diversas vezes, com as pontas dos dedos bem
abertos e as mãos bem descontraídas. Em seguida, realize os mesmos movimentos
em todo o corpo do paciente, também de cima para baixo. Ao chegar às pontas dos
dedos dos pés, volte à cabeça e repita umas doze vezes com movimentos ritmados
e ligados. Por fim, levante as mãos alguns centímetros acima do corpo do
paciente e execute os mesmos movimentos no ar. Estará assim a trabalhar no
«corpo etérico» do paciente. A sequência deve concluir-se com o que se chama
«segurar»: segure-lhe os pés durante uns 30 segundos e depois os joelhos, as
mãos e, finalmente, a cabeça e o abdómen - ponha-lhe a mão esquerda na testa e
a direita, ao de leve, no ventre. Isto fará com que o paciente «volte à terra»
e recupere o contacto com o corpo fisico. Se quiser e lhe parecer adequado,
poderá usar esta técnica no princípio e no fim de todas as massagens.
136
Mas se quiser trabalhar sempre nesse nível «subtil», poderá ser-lhe útil
aprender uma ou duas técnicas de « protecção psíquica» (v. capítulo 7). É
espantosamente fácil ficar-se contagiado pela tensão física e pelas emoçõ es
negativas do paciente quando se tem um mínimo de sensibilidade. Necessitará,
portanto, de aprender a desembaraçar-se rapidamente de quaisquer sensações
desagradáveis que possa captar; de outro modo, as suas energias esgotar-se-ão.

A automassagem

O ideal é poder receber uma massagem aromaterápica profissional uma vez por mês
- ou ter uma pessoa amiga que se disponha a intercambiar massagens consigo. Na
realidade, poucas pessoas têm essa possibilidade. Mas é possível tirar bastante
proveito da automassagem com óleos essenciais - se bem que deste modo se perca
a oportunidade de alcançar uma profunda descontracção.

O melhor é usar os óleos a seguir a um banho quente, de imersão ou de chuveiro,


visto que eles penetram muito melhor numa pele ligeiramente aquecida e húmida.
Os movimentos devem ser sempre executados na direcção do coração a fim de
estimular um bom fluxo sanguíneo - e, portanto, de substâncias nutrientes -
para a parte do corpo a tratar. Pressione a pele, com as mãos sobrepostas, em
movimentos ascendentes. Comece com pressões muito ligeiras e aumente-as
gradualmente. Logo que tiver conseguido uma melhoria da circulação, poderá
começar a amassar as zonas carnudas do corpo - coxas e barrigas das pernas. Ao
chegar ao abdómen, execute movimentos circulares suaves na direcção da rotação
dos ponteiros do relógio a fim de auxiliar os movimentos peristálticos (as
ondas de contracções musculares que fazem movimentar a massa de alimentos ao
longo do aparelho digestivo). Isso ajuda a evitar a prisão de ventre. Conclua a
massagem do mesmo modo por que começou: exercendo pressões com as mãos
sobrepostas.
137
A automassagem com óleos essenciais, combinada com o
escovamento da pele (que já descrevi no princípio deste capítulo) e com os
banhos aromatizados, contribuirá para aumentar os
seus níveis energéticos e para lhe induzir uma sensação de bem estar - pouco
difere de uma massagem aromaterápica profissional!

Aromaterapia e celulite

Não se admire por ver tanto espaço dedicado neste capítulo à celulite. Decerto
desejará saber se ela poderá alguma vez ser vencida com óleos essenciais e
massagens enérgicas. Infelizmente, como muitas mulheres já verificaram, as
coisas não são assim tão simples. Só por si, os óleos essenciais, as
dispendiosas «curas» patenteadas, os cremes contra a celulite e as massagens
enérgicas não chegam para afugentar a celulite, especialmente aquela que já há
muitos anos se instalou nas ancas e nas coxas. Como é normal no tratamento
holístico - o tratamento de toda a pessoa -, temos de enfrentar o problema,
primeiramente, pelo interior e é desse modo que começamos a tratar das suas
causas. Vejamos, pois, em primeiro lugar: que vem a ser a celulite? Quais são
as suas causas? Poderemos a seguir procurar o remédio.

A fazer fé nas instituições médicas britânicas e norte-americanas, a celulite


não existe; «celulite» é, muito simplesmente, um
nome de fantasia que os Franceses arranjaram para a gordura. Mas os médicos
franceses levam muito a sério o problema da celulite. Para eles, como para
todas as mulheres que dela se queixam, a celulite é uma realidade.

A celulite é um problema tipicamente feminino, no qual certas hormonas, os


estrogénios, desempenham um importante papel. Caracteriza-se pela formação de
grumos e bossas, de aspecto pouco agradável, nas coxas, nas nádegas, nas ancas
e na parte superior dos braços. Quando uma dessas zonas é beliscada, a pele, em
vez de retomar elasticamente a forma anterior, forma pregas e rugas. As regiões
do corpo atingidas têm um aspecto
138
parecido com o da casca de laranja e são frias ao tacto. Tudo isso porque os
tecidos subjacentes, ao contrário da gordura normal, estão saturados de água e
de resíduos estagnados.

A celulite é sempre mais acentuada nas mulheres que levam uma vida pouco
saudável, isto é: que fumam, fazem pouco exercício e sobrecarregam o aparelho
digestivo com alimentos artificiais e quantidades excessivas de chá e café. A
pílula anti-concepcional é outro factor que contribui para a celulite. Em
consequência de todas estas agressões, o sistema linfático deixa de poder
desempenhar eficazmente as suas funções de condução dos resíduos orgânicos para
os orgãos que devem eliminá-los - a pele, os pulmões, os rins e o cólon. Uma
parte dos resíduos fica por eliminar e é então que entram em cena os
estrogénios - os quais, a fim de proteger os orgãos vitais dos resíduos que
circulam no sangue, os desviam para zonas do corpo onde não possam causar
grande dano a uma eventual gravidez. Se alguma das minhas leitoras tiver
dúvidas, considere que os homens também sofrem destas sobrecargas de resíduos -
mas, em vez de ter celulite, ficam com as artérias forradas de resíduos e
contraem doenças cardíacas. As mulheres, ao que parece, estão protegidas pela
sua constituição biológica; mas isso é só até à menopausa, pois nessa ocasião
começam a ser também vulneráveis à s doenças cardíacas por não haver já no seu
organismo estrogénios que as protejam.

Poderá ser realista adiantar que se deve sempre contar com


uma certa proporção de celulite nas mulheres; mas os casos graves têm de ser
encarados com seriedade. Na verdade, os médicos franceses afirmam que a
celulite, quando não é tratada (e já há quarenta anos que eles tratam mulheres
com celulite), pode ser origem de doenças muito graves, como por exemplo a
artrite.

O programa anticelulite (tal como é preconizado por muitos aromaterapeutas e


outros especialistas de cura natural) compõe-se de quatro elementos principais:
o regime alimentar, o escovamento da pele, os óleos essenciais e a massagem de
drenagem linfática. Vamos examinar cada um de per si.
139
O regime alimentar

Infelizmente, não há neste livro espaço suficiente para entrar em pormenores a


respeito do regime alimentar. Mas, se a leitora não tem possibilidades de
procurar ajuda de um profissional, leia um dos seguintes livros, ambos muito
bons, que lhe dirão tudo quanto necessita de saber acerca das curas
alimentares: Biogenic Diet, de Leslie Kenton, e The Wright Diet, de Celia
Wright.

Muito em resumo, o regime alimentar aconselhado consiste num «jejum» inicial de


um ou dois dias só a fruta seguido de duas semanas a frutos e vegetais frescos,
nozes, sementes, água mineral, sumos e chás de ervas. Passa-se em seguida para
um regime integral com poucos ou nenhuns lacticínios e apenas uma chávena de
café ou duas de chá por dia. Lamento que seja muito duro (pelo menos ao
princípio), mas todas as dietas o são; e garanto que dá resultado! A propósito:
as leitoras gostarão, certamente, de saber que (segundo a nutricionista
britânica Celia Wright) se pode e deve comer à farta uma vez por semana. Comam
nesse dia tudo quanto lhes apeteça - tudo, sim: chocolates, cremes, bebidas
gasosas, café... Isso funciona como uma surpresa para o fígado - uma surpresa
que o põe em actividade, pois quando a pessoa segue uma boa dieta o trabalho do
figado é muito pouco.

Escovamento da pele

Execute o escovamento conforme as instruções que dei no início deste capítulo.

Importante: A melhor hora para os tratamentos anticelulite é logo de manhã (a


primeira coisa a fazer ao levantar) ou então, se mais convier, imediatamente
antes da refeição da noite. Se forem feitos imediatamente antes de ir para a
cama, poderá sentir-se alguma dificuldade em adormecer. A combinação de
escovamento da pele, banho e massagem é muito estimulante.
140
óleos essenciais

Os óleos a utilizar no tratamento da celulite são os óleos desintoxicantes


(zimbro, limão) ou os estimulantes da circulação (cipreste, alecrim). Devem ser
usados puros no banho (v. adiante, banhos) e diluídos em óleo vegetal para a
massagem (v. receita no capítulo 5). Dentro do banho, deve-se amassar e bater
as zonas atacadas pela celulite.

Importante: É conveniente não usar sempre a mesma essência ao longo de todo o


tratamento. Tal como acontece com o escovamento, o corpo pode deixar de reagir
ao mesmo óleo se este for usado para além de duas ou três semanas consecutivas.

Programa-exemplo: Zimbro nas Ia, 24 e 34 semanas, repouso na 4a semana, limão


nas 5L, 64 e 7,3 semanas, repouso na 8a semana, zimbro nas 911, 10,3 e 1111
semanas, etc.

Massagem para a drenagem linfática

Não cabe no âmbito deste livro a descrição da autêntica massagem de drenagem


linfática tal como a praticam os profissionais. Mas quem pratica o escovamento
da pele (que, no fim de contas, desempenha as mesmas funções) tirará grande
proveito da seguinte sequência de automassagem, muito simples e na qual
encontramos um importante aliado no combate à celulite.

Automassagem contra a celulite

Esta massagem deve ser efectuada depois do escovamento da pele e do banho


aromático. Ao contrário da técnica suave que anteriormente descrevi, a massagem
contra a celulite tem de ser vigorosa, a fim de estimular a drenagem dos
resíduos tóxicos para fora dos tecidos. Basta um bocadinho de óleo anticelulite,
141
cerca de uma colher (das de chá) para cada perna. Se a pele for excessivamente
oleada, ficará demasiado escorregadia e não permitirá a necessária fricção.

1. Começa-se pelo tornozelo, com ambas as mãos, subindo até ao joelho e à coxa
(pela frente e por trás) e dando palmadinhas a
princípio ligeiras mas gradualmente mais fortes e mais bruscas até se acabar
por actuar muito vigorosamente (v. Fig. 21).

Pode-se, querendo, aplicar óleo nas nádegas; mas a massagem pode ser de dificil
aplicação nessa zona. Isso não é grave, pois o
trabalho efectuado nas pernas e nas coxas, estimulando a drenagem linfática
geral, ajuda a eliminar a celulite das regiões adjacentes.

Fig. 21 - Automassagem contra a celulite. Palmadas.

142
2. Depois de assim ter estimulado suficientemente a circulação, pode-se passar
à fase seguinte, a amassadura. É preciso actuar como se se estivesse a amassar
pão. Apanha-se um bocado de pele e aperta-se com tanta força quanta se puder
suportar - mas não tanta que venha a produzir nódoas negras. Enquanto se vai
prosseguindo na amassadura, faz-se uso das polpas dos polegares para carregar
com força na coxa e na anca, descrevendo pequenos círculos em toda a zona (v.
Fig. 22).

3. Em seguida, pratica-se o enrolamento. Pega-se nuns dois a três centímetros


de pele da coxa e tenta-se fazer com ela um rolo entre o polegar e os outros
dedos (v. Fig. 23). Esta técnica contribui para abrir as bolsas de celulite e
fazer passar as toxinas para a circulação geral.

4. Termina-se a sessão com nova fase de palmadas como no ponto 1.

Fíg. 22 - Automassagem contra a celulite. Amassadura.

143
Fig. 23 - Automassagem contra a celulite. Enrolamento.

Ao cabo de quatro ou cinco meses de tratamento anticelulite, os resultados


serão espectaculares. Nessa altura, o escovamento poderá ser diminuido para
duas ou três sessões por semana e a massagem para uma ou duas. Deve-se
continuar a usar os óleos essenciais no banho sem deixar de alterná-los como
anteriormente ficou explicado. Mas quem pretender eliminar a celulite de uma
vez para sempre terá de adoptar como novo modo de vida um regime alimentar
saudável!

Outros usos dos óleos essenciais

Continuemos agora com mais algumas maneiras de usar os óleos essenciais para
cuidar da saúde e para gozo pessoal. Con-
144
vem recordar as tabelas terapêuticas e as indicações para combinação de óleos
que forneci no capítulo 5.

Banhos

As essências podem ser misturadas no banho quer por puro prazer quer para
facilitar um sono repousante, tratar males de pele, aliviar dores musculares e
outras ou simplesmente para ganhar ânimo. Podem ser usadas isoladamente ou
misturadas em combinações diversas.

Depois de encher a banheira de água, borrifa-se esta com 5 a


10 gotas de óleo essencial puro e agita-se bem a fim de dispersar o
óleo. Se os óleos fossem adicionados à água enquanto a banheira enchesse,
grande parte dos vapores aromáticos perder-se-ia na
atmosfera. Quem tiver pele seca, poderá optar por misturar as
essências num pouco de óleo vegetal de base; mas a banheira terá depois de ser
limpa da gordura! Para obter um preparado mais solúvel, deve-se misturar a
quantidade habitual de óleo numa colher (das de sopa) de sabão líquido não
perfumado.

Banhos de mãos e de pés

Estes banhos podem ser usados para prevenir resfriamentos, para combater dores
reumáticas ou artríticas, para evitar o
excesso de transpiração ou para tratar o pé-de-atleta e outras doenças de pele
que atacam os pés e as mãos, como as dermatites
e os eczemas.

Borrifa-se com 5 a 6 gotas de óleo essencial (diluído ou não em óleo vegetal,


conforme se desejar) a água quente (a uma
temperatura que as mãos ou os pés suportem) contida numa bacia e mergulha-se
nela os pés ou as mãos durante cerca de
10 minutos. Os pés ou as mãos são depois muito bem secos e massajados com um
pouco de óleo vegetal (ou creme) a que se juntou algumas gotas do mesmo óleo
essencial.

145
Inalações

As inalações são usadas para tratar resfriamentos, sinusite e tosses e também


como tratamento do rosto. o método mais simples consiste em borrifar um lenço
com 5 ou 6 gotas de óleo essencial e inalar os vapores que dele se evolam.
Pode-se também borrifar umas gotas de óleo essencial na almofada da cama a fim
de aliviar a congestão nasal e ter um sono tranquilo.

Quem sofrer de asma deve abster-se de inalafões de vapor, visto que o vapor
concentrado pode provocar um acesso. Mas as inalações podem ser usadas para
combater outros problemas respiratórios, como aqueles que atrás mencionei.

Deita-se cerca de meio litro de água quase a ferver numa bacia e junta-se-lhe
duas a quatro gotas de óleo essencial. A quantidade depende da essência: a
hortelã-pimenta, por exemplo, é muito forte, ao passo que o sâ ndalo é muito
suave. Inala-se os vapores durante uns cinco minutos, nunca mais de dez. A fim
de «prender» os vapores aromáticos, forma-se uma tenda estendendo uma toalha
sobre a cabeça e a bacia.

Compressas

Uma compressa é um excelente meio de tratar dores musculares, entorses e


contusões e contribui também para aliviar dores nos orgãos internos. As
compressas podem ser usadas quentes ou frias - consoante o problema a tratar.

Para males recentes, como entorses, esfoladelas, inchaços, inflamações e dores


de cabeça, são recomendadas as compressas frias. As compressas quentes estão
indicadas para as seguintes situações: contusões ou entorses antigas, dores
musculares, dores de dentes, cãibra menstrual, cistite, escaldões, abcessos,
etc.

Para preparar uma compressa quente, borrifa-se cerca de meio litro de água tão
quente quanto se possa suportar com
146
umas seis gotas de óleo essencial. Coloca-se um toalhete ou uma peça de linho
ou de outro tecido macio na superficie da água. Espreme-se o excesso de líquido
e põe-se o tecido em cima da zona a tratar. Este tecido é depois coberto com um
pedaço de adesivo e, se necessário, com uma ligadura - por exemplo, num
tornozelo ou num joelho. A compressa deve ser deixada no sítio até chegar à
temperatura do corpo; se necessário, será substituída por outra.

Para as compressas frias, o método é exactamente o mesmo,


mas com água muito fria. Deixa-se ficar no sítio até atingir a
temperatura do corpo e é substituída por outra se necessário.

Aromatização de salas

A melhor maneira de perfumar uma sala ou um quarto é usar um queimador de óleos


essenciais especialmente concebido para o efeito. Há queimadores desses à venda
nos estabelecimentos de óleos essenciais. Mas um pedaço de algodão em rama
húmido ou um lenço em que se deite uma ou duas gotas de óleo essencial, posto
em cima de um radiador de calor, pode também dar muito bons resultados. Um
método alternativo consiste em pôr uma ou
duas gotas de óleo essencial numa lâmpada eléctrica: o óleo evapora-se
lentamente com o calor da lâmpada. É claro que o
óleo deve ser posto na lâmpadafria, antes de ser acesa.

Também se pode espalhar umas tantas gotas de óleo essencial em toda a casa por
meio de um atomizador ou de um simples pulverizador para plantas. Junta-se
cinco gotas de óleo essencial a 145 ml de água e agita-se bem antes de usar.
Mas o efeito, comparado com o dos outros métodos, é de curta duração.

Os óleos essenciais podem ser espalhados no quarto de uma


pessoa doente a fim de evitar o alastrar de infecções epidémicas. As essências
mais poderosas contra as bactérias transportadas pelo ar são as de pinheiro, de
tomilho, de hortelã-pimenta, de alfazema, de limão, de alecrim, de cravo da
índia, de canela, de eucalipto e de Melaleuca. Os óleos de eucalipto e de
Melaleuca
147
têm fama de possuir propriedades antivirais e servem também para a fumigação do
quarto de uma pessoa atacada pela gripe.

Perfumes para a pele

Os óleos essenciais podem ser usados, sós ou misturados com outras essências,
para compor perfumes deliciosos. Podem ser usados para puro prazer pessoal ou
para dar apoio ao potencial curativo de outros tratamentos aromaterápicos (são
especialmente úteis no caso dos problemas causados pela tensão nervosa e pela
fadiga). No caso mais corrente - ansiedade ou depressão -, são de efeito seguro
para levantar o ânimo. Mas, quando a ansiedade e a depressão se tornaram já um
modo de vida, o melhor será procurar auxílio junto de um aromaterapeuta
profissional ou de outro terapeuta holístico.
148
7

COMO SER UM TODO

As sábias palavras de Platão ecoam pelos séculos fora:

«Não se deve tentar a cura da parte sem o tratamento do todo; e também se não
deve tentar de nenhum modo curar o corpo sem a alma. Por isso, para que a
cabeça e o corpo estejam bem, terás de começar por curar a mente: é essa a
primeira coisa. Pois é este o erro dos nossos dias no tratamento do corpo
humano: os médicos separam a alma do corpo.»

Platão, Crónicas

Embora Platão tenha escrito estas palavras há mais de dois mil anos, nós, neste
moderno mundo ocidental, estamos apenas começando a entrar em ressonância com a
sua toada de verdade. Os nossos olhos estiveram fechados durante muitos
séculos; os sábios e médicos do Oriente, porém, nunca perderam de vista a
realidade do TODO. A nossa recente compreensão dessa realidade levou-nos a
cunhar a palavra holística para com ela resumir o conceito.

Esta palavra, holística, vem da raiz grega que significa «o todo». Na cura
holística, toda a pessoa - mente, corpo e espírito
- é levada em linha de conta. O mais importante princípio subjacente a todas as
escolas de cura natural, entre as quais se conta a aromaterapia, diz-nos que o
corpo se cura a si próprio
149
desde que para isso se lhe dê oportunidade. Consegue-se isso por meio de uma
alimentação inteligente, de exercícios adequados, de ar livre, sol e, acima de
tudo, pela procura de vias que conduzam à satisfação íntima. O corpo, a mente e
o espírito estão interligados e tudo quanto tocar num destes aspectos tocará
também na totalidade.

Tentarei neste capítulo analisar em separado as partes que compõem o todo para
em seguida explorar algumas das vias pelas quais nos é possível alcançar a
harmonia da mente, do corpo e do espírito.

A mente

Até nos círculos de pensamento mais ortodoxos está de novo a ganhar crédito a
ideia de que os nossos estados de espírito e a nossa personalidade têm
influência na nossa saude fisica. Assim, por exemplo, existe uma - por assim
dizer - «personalidade do cancro»: pessoas que dão mais que aquilo que recebem,
que tendem a ocultar as suas emoções e a reprimir os seus desejos a fim de
agradar aos outros. Por sua vez, a «personalidade da enxaqueca» é governada
pelo sentimento de culpa: pessoas que amam a perfeição, que são ambiciosas,
muito trabalhadoras e extremamente asseadas e arrumadas. A «personalidade do
eczema» é hipersensível e, tal como a personalidade do cancro, tende a reprimir
as suas emoções. A «personalidade do ataque cardíaco», por seu lado, é
agressiva, impaciente, competitiva e ambiciosa.

O grande psicólogo Carl Jung escreveu acerca do «simbolismo da doença», dizendo


que aforma que uma doença assume pode ser um reflexo do estado mental. E cita o
exemplo de uns enjoos sem causa visível em que, inconscientemente, o doente
declara «esta situação provoca-me náuseas» e outro, de umas inexplicáveis dores
nas pernas, em que o doente diz «não aguento mais».

Num sentido mais amplo, necessitamos de considerar os efeitos de problemas


mundiais como a degradação do ambiente pela poluição da atmosfera, dos solos e
das águas e pela rápida
150
diminuição das florestas tropicais, as guerras, as fomes, a ameaça nuclear...
Tudo isso pode ser origem de grandes perturbações emocionais em muita gente.

As pressões a que se pode estar sujeito por se ser pobre, inválido ou negro,
por se estar desempregado, por tantas outras coisas, podem causar sentimentos
de frustração, raivas, ódios e depressão. E sentimentos destes conduzem
inevitavelmente à doença fisica.

Praticamente todos nós podemos lembrar-nos de uma época da nossa vida em que
tenhamos estado sob uma forte tensão emocional e, em consequência dela,
tenhamos ficado doentes. Talvez tenha sido um simples resfriamento, talvez
tenha sido algo de mais grave... Em ocasiões dessas, muitas pessoas são também
vítimas mais fáceis de acidentes diversos.

Antes de avançar, precisamos de definir aquilo a que chamamos «tensão». A


maioria das pessoas pensa que a tensão é constituída pelas pressões externas,
pelos problemas que as afligem - problemas como a falta de tempo, os ruídos, as
desavenças conjugais, as excessivas exigências a que hoje em dia os outros nos
submetem, etc. Na realidade, a tensão é a nossa reacção pessoal a essas coisas
(ou pessoas) exteriores a
nós. Há, por exemplo, pessoas que não conseguem dormir por causa do ruído do
trânsito nocturno; outras mal dão por ele e até lhe chamam um «sinal de vida»
(já ouvi isto por mais de uma vez!). Ao passo que uma pessoa é capaz de ter um
colapso nervoso por causa de uma dificuldade de dinheiro ou de um divórcio,
outra pessoa pode reagir a isso de um modo muito diferente. Talvez se
entristeça ou se preocupe durante um primeiro tempo, mas depois tenta melhorar
a situação - começando por aceitá-la e acabando por ver nela um desafio para
mudar e para começar de novo.

Uma certa dose de tensão pode ter o seu aspecto positivo -


por nos dar energias para fazer aquilo que pretendemos - e só passa a ser um
problema quando se transforma em angústia, ou seja: quando começamos a mostrar
sintomas de estar a caminho da doença.
151
Inversamente, o nosso estado físico pode exercer influência na nossa
disposição, no nosso comportamento e, em casos extremos, no nosso equilíbrio
mental. Certas formas de esquizofrenia, por exemplo, podem ser despoletadas por
alergias alimentares ao glúten, à cafeína, ao álcool, aos aditivos químicos...
E isto conduz-nos agora ao patamar seguinte da cura integral: o regime
alimentar.

O corpo

«Que o alimento seja a tua medicina e a medicina o teu alimento.»

Hipócrates

A alimentação é um assunto emocional: há tanta discussão sobre o que é um


«regime ideal»... A carne será boa para nós? Deveremos ser vegetarianos
parciais ou mesmo totais? Ou não será o princípio macrobiótico o ideal? A minha
resposta a tais interrogações é esta: não existe um regime alimentar ideal,
adaptado a toda a gente. Nós somos todos diferentes uns dos outros e
temos necessidades diferentes. Pense-se o que se pensar acerca do regime
alimentar, a única «regra» bem definida é, em minha opinião, a seguinte: a
nossa alimentação deve ser isenta, na medida do possível, de aditivos nocivos e
dos resíduos tóxicos dos modernos processos agrícolas e pecuários - coisa nada
fácil de conseguir nos tempos que correm.

Será relativamente fácil comprar farinha de cereais cultivados por métodos


naturais; mas já os frutos e outros vegetais cultivados naturalmente, sem
utilização de produtos químicos sintéticos, são uma autêntica raridade a menos
que os criemos nós próprios. E, mesmo quando os há, são caros: tão caros que
muitas pessoas lhes não podem chegar. O melhor que de momento se pode fazer -
enquanto não sai à rua a «revolução orgânica» - é comer alimentos que estejam
tão pró ximos quanto
152
possível do seu estado natural, que não venham metidos em latas nem em pacotes.

Não está no âmbito deste livro entrar em pormenores sobre a reforma alimentar;
mas os pontos que em seguida vou alinhar são o esboço de um regime de
alimentação integral semelhante ao que os nutricionistas esclarecidos
recomendam. Não leva em linha de conta as alergias a certos alimentos - há
pessoas que são alérgicas ao trigo, por exemplo - nem considera o caso de se
pretender evitar por completo os alimentos de origem animal (o vegetarianismo
total) ou o caso, como o meu, de apenas não querer comer carne nem peixe (o
vegetarianismo parcial). Serve, todavia, de guia muito útil e capaz de adaptar-
se a cada caso individual. Convirá que se procure modificar o regime de uma
forma gradual, ao longo de um período de seis meses. As mudanças drásticas, da
noite para o dia, só servem para provocar perturbações do aparelho digestivo. E
recordo, a quem desejar entrar em maiores minúcias, os dois excelentes livros
sobre cura alimentar que já recomendei no capítulo anterior ao falar da
celulite.

1. Compre só alimentos criados por métodos naturais, se


possível; mas não entre em pânico se o não conseguir (seria mais uma causa de
tensão nervosa).

2. Coma mais pão integral e outros alimentos com bastantes fibras vegetais -
feijão seco, lentilhas, nozes, aveia, arroz não branqueado e outros cereais
integrais.

3. Coma muitos frutos e vegetais frescos - de preferência com a pele, bem


lavados e esfregados - quer crus, em saladas, quer levemente cozidos.

4. Corte com todas as gorduras, especialmente as de origem animal - toucinho,


sebo, natas e queijos gordos. Use em pequenas quantidades os óleos vegetais
produzidos a frio - azeite virgem, óleo de sésamo e óleo de girassol.

5. Adoce moderadamente a sua comida com mel ou então, mais à larga, com frutos
secos: tâmaras, figos, sultanas ou passas de uva.
153
6. Corte no sal e sirva-se mais de ervas para condimentar os alimentos.

7. Compre apenas, se possível, ovos caseiros.


8. Não coma carnes vermelhas mais de uma vez por semana (se comer). Em vez
disso, coma mais peixe - especialmente peixe que tenha óleo, como a cavala.

9. Beba menos leite. Experimente beber leite meio-gordo, ou


mesmo magro, ou substitua o leite de vaca por leite de soja.

10. Evite na medida do possível os alimentos industriais enlatados ou


empacotados - em especial os que contenham aditivos químicos. Só uma vez por
outra podem ser comidos, não servem para base de um bom regime alimentar.

11. Beba bastante água (engarrafada ou filtrada), chás de ervas, sumos de


frutos diluídos e apenas uma ou duas chávenas de chá vulgar ou de café ao dia -
se não for capaz de acabar de vez com eles.

12. Coma devagar, em ambientes de agradável convívio e, sobretudo, aprecie


aquilo que come.

O MOVIMENTO

O corpo humano é feito para se mexer. As máquinas, com o


uso, avariam-se; mas o nosso corpo fortalece-se, ganha flexibilidade e
envelhece mais lentamente quando nós damos trabalho frequente a cada músculo e
a cada articulação.

Quando a vida era mais simples, todos os dias as pessoas caminhavam, nadavam,
faziam esforços e subiam encostas. Não se «exercitavam» de propósito nem
precisavam de mais exercícios para manter o corpo em boa forma.

No que diz respeito à tensão nervosa, o exercício regularmente praticado


estimula a circulação e esta, por sua vez, faz aumentar a taxa de oxigénio no
sangue e activa o sistema hormonal (as glândulas endócrinas). Tudo isso tem um
efeito nitidamente positivo no estado de espírito da pessoa. Quem quer que
tenha feito há pouco tempo uma ou outra forma de exercício dirá que
154
ele lhe favoreceu um aumento de energia e de concentração mental, um sono mais
profundo e uma sensação de bem estar.

Uma movimentação natural, que seja mais uma forma de prazer que uma obrigação,
será imensamente superior a quaisquer exercícios de interior - por exemplo, com
pesos, ou tão penosos que deixem uma pessoa toda dorida dos pés à cabeça. A
corrida não é uma forma de exercício tão boa como parece (especialmente em
pavimentos urbanos), pois as muitas pancadas
com os pés no chão acabam por provocar um grande esforço na região lombar e
podem ser muito prejudiciais para os joelhos. Por que não ir nadar, dançar,
andar pelo campo, remarem botes ou canoas ou praticar montanhismo - qualquer
coisa que seja do seu agrado desde que use o corpo de uma forma eficaz?

Se já tem demasiada idade ou alguma dificuldade fisica, ou se


está tão doente que não pode fazer exercício, não desespere: as
massagens aromaterápicas regulares e/ou o escovamento da pele (v. capítulo 6)
ser-lhe-ão também muito benéficos em praticamente igual medida.

A luz

A luz natural é um nutriente tão importante como os alimentos e a água. É


absorvida pelo nosso corpo e por ele utilizada numa ampla gama de processos
metabólicos. A luz exerce influência no nosso organismo de duas maneiras:
directamente (o bronzeamento da pele e a formação de vitamina D a partir do
ergosterol) e indirectamente (por intermédio dos foto-receptores que temos nos
olhos). Os foto-receptores fazem parte de uma
rede nervosa que vai directamente ao cérebro. O tipo e a qualidade da luz podem
interferir no equilíbrio hormonal e em toda a química do organismo, exercendo
influência nos nossos níveis de energia e na nossa disposição geral. Os mais
vulgares problemas relacionados com a privação de luz (sentidos por quem
trabalha em interiores) são a letargia, as dores de cabeça, a irritabilidade,
155
a falta de concentração e um estado de espírito sazonal chamado «depressão de
lnverno».

Dizem os yogis que os raios de sol matinais vêm carregados de prana (força
vital) e são os mais benéficos para a saúde. Seja como for, os raios de luz do
sol de antes do meio-dia, bem como os de depois das quatro da tarde, de maior
comprimento de onda, são os que menos queimam. Assim, se o leitor gostar de
banhos de sol, considere que o melhor para a sua pele será tomá-los logo de
manhã ou então ao fim da tarde. Mas lembre-se de que um pouco da poderosa
energia do sol faz bem - mas muita pode provocar um envelhecimento prematuro ou
até o cancro da pele.

O ar livre

O ar é para nós de tão grande importância que, sem ele, apenas conseguimos
viver durante poucos minutos. Todos nós sabemos que o oxigénio é essencial para
os pulmões e para todo o organismo; mas poucas pessoas se lembram de que também
a pele necessita, para o seu normal funcionamento, do estímulo do ar. Por este
motivo se lhe tem chamado «terceiro pulmão». Os leitores devem recordar-se da
terrível história daquele rapazinho que pintaram dos pés à cabeça com uma tinta
metálica para figurar num cortejo carnavalesco e que, por esse facto, morreu
asfixiado.

A maioria das pessoas cobre hoje em dia o corpo com várias camadas de fibras
sintéticas que impedem a circulação do ar e prejudicam o metabolismo natural da
pele. O ideal seria que a nossa roupa fosse feita de algodão e de outras fibras
naturais como o linho e a lã, que permitem a livre circulação do ar e deixam
que o suor se evapore.

As pessoas (e em especial as que vivem nas grandes cidades) deviam deslocar-se


até à beira-mar, sempre que possível, para respirar o revigorante ar marítimo,
carregado de iões negativos que geram uma sensação de bem estar. Mas o ar puro
e fresco das
156
regiões montanhosas é provavelmente o mais benéfico de todos. Quem viver longe
do mar e dos montes não deve subestimar o valor do parque da sua terra: dê
todos os dias um passeio no parque e inspire profundamente, pois esses
preciosos momentos passados num ambiente perfumado com os odores da relva, das
árvores e das flores são excelentes para restituir a harmonia a um espírito
pressionado por questões urgentes e a um sistema nervoso sobreexcitado.

O espírito

Uma das formas de definir o aspecto espiritual da personalidade consiste em


dizer que ele é a nossa razão de existir. Se não tivermos uma razão de existir,
entraremos em depressão e em apatia: a vida parecer-nos-á sem interesse e sem
sentido. Mesmo que não sigamos conscientemente uma via espiritual em termos de
fé religiosa, temos sempre, de um ou de outro modo, maneira de compreender uma
razão para a nossa existência. Essa razão de existir pode ser encontrada, por
exemplo, na criação artística ou, muito mais simplesmente, no amor à natureza -
ou ainda, de uma forma talvez mais activa, trabalhando por uma causa
humanitária.

Mente-corpo-espírito

Uma pessoa que esteja passando por dificuldades em alguma das áreas
fundamentais da vida que adiante enumero tem grande probabilidade de não se
sentir completamente bem de saúde. Todos esses aspectos estão interligados e
esta enumeração não reflecte, portanto, nenhuma ordem de importância relativa -
a lista, de resto, não é de modo nenhum exaustiva.

1. Comer e beber: subalimentação, sobrealimentação, regime alimentar defeituoso


por motivos diversos - capricho, ignorância, pobreza...
157
2. Respirar: ar poluído, más posições do corpo, tabaco...
3. Eliminação dos resíduos orgânicos: problemas que podem manifestar-se sob a
forma de prisão de ventre, de retenção de urinas, de congestão da pele, de
catarros...

4. Higiene pessoal.
5. Aspectos ecológicos e políticos: frustração, raiva, desespero...
6. Mobilidade: problemas sentidos por pessoas idosas ou inválidas.

7. Regulação da temperatura do corpo: problemas dos idosos e das crianças muito


pequenas.

8. Comunicação: problemas sentidos por pessoas diminuídas, que sintam falta de


confiança em si próprias ou que tenham dificuldades na fala.

9. Trabalho: desemprego, excesso de trabalho, trabalho muito penoso, trabalho


enfadonho...

10. Relacionamento: no casal, na família, na roda de amigos, no emprego,


solidão...

11. Sexualidade: problemas de aceitação dos homossexuais, problemas


psicológicos resultantes de incesto ou de violação...

12. Dinheiro: pobreza, dívidas, avidez...


13. Sentimentos de desigualdade: ser mulher, ser negro, ser divorciado, ser mãe
ou pai sozinho, insatisfação com o seu aspecto pessoal, deficiências fisicas ou
mentais...

14. Divertimentos: falta de gosto pelas diversões e prazeres da vida.

15. Liberdade individual: estar preso, viver sob um regime opressor...

16. Criatividade/espiritualidade: não encontrar vias para a expressão


artística, para as crenças religiosas, para os ideais humanitários...

17. Estar divorciado da natureza: incapacidade ou falta de desejo de


ver/tocar/cheirar/experimentar os elementos, as flores e as árvores ou de
caminhar na terra, nas pedras, na relva, na areia...

18. Dormir: sono entrecortado, insônia, necessidade de dormir mais de 10 horas


todas as noites, problemas relacionados com o trabalho por turnos...
158
19. Ambiente: não apenas a poluição mas a repulsa pelo ambiente caseiro,
profissional, etc.

20. Morte: medo de morrer, incapacidade de enfrentar a ideia da morte, de ficar


sem alguém chegado...

Para a íntegração

Os seguintes exercícios, simultaneamente para a mente e para o corpo, facilitam


o contacto da pessoa com as suas forças interiores. Criando um espaço de paz na
vida, a pessoa liberta uma fonte de autocura, uma energia que lhe permite
passar a dominar muito melhor a sua existência. Começa a reagir de um modo
menos autodestrutivo às pressões externas, a ser mais forte e mais rica de
recursos perante as adversidades. Nunca se deve subestimar o poder da unidade
mente-corpo, que tanto pode entravar como libertar o aspecto espiritual da
personalidade. A situação de prisão ou liberdade do espírito depende de muitas
coisas, mas especialmente da maneira como se respira e se pensa. Nós não
poderemos modificar a situação exterior, mas podemos sempre modificar a nossa
atitude perante ela - e nisso reside toda a diferença.

A respiração da vida

Contenha a respiração por momentos. Deixe depois que o fluxo de ar entre e saia
livremente dos seus pulmões e interrogue-se: «Que é a vida?» Será um sopro?

O ar que respiramos é compartilhado por tudo quanto neste planeta vive.


Respirando conscientemente, isto é, ganhando consciência da respiração à medida
que ela vai fazendo fluir o ar para dentro e para fora dos nossos pulmões,
começamos a reconhecer o próprio ritmo da vida: o ir e vir das marés, o crescer
e o minguar da Lua... A nossa semelhança com as árvores (a que tantas vezes se
chama «pulmões do planeta») começa a ser para
159
nós um facto evidente. Até a forma de uma árvore - com tantos ramos, grandes e
pequenos - faz lembrar a estrutura geral dos nossos pulmões.

A respiração é a única função do nosso corpo que pode ser


submetida à nossa vontade - que pode ser voluntária ou involuntária - e, por
isso, pode servir de ponte entre o consciente e o inconsciente. Por outras
palavras: podemos modificar os nossos níveis de energia e a nossa disposição
exercendo a nossa vontade no modo como respiramos.

Muitas pessoas respiram apenas ao de leve: usam apenas a


parte superior dos pulmões, e isso significa que os resíduos tóxicos não são
completamente expelidos. Em consequência disso, o sangue fica privado de grande
parte do oxigénio de que necessita para alimentar os tecidos do organismo e a
pessoa acaba por sentir-se sem forças e sem nitidez de ideias. Ao mesmo tempo,
a falta de oxigénio prejudica também a assimilação dos elementos nutrientes dos
alimentos.

A respiração completa

A «respiração completa» do yoga é uma das mais fáceis maneiras de se começar a


aprender a usar os pulmões com eficácia e tem grande utilidade para quem sofra
de males respiratórios como a asma, a bronquite, etc. Além disso, quem aprende
a respirar completamente começa também a fortalecer a sua aura (v. adiante) -
ou o seu sistema imunitário, se preferir um entendimento mais material das
coisas. O exercício de «respiração completa» (bem como aquele que se lhe segue)
deve ser executado ao ar livre, se possível, e pelo menos três vezes por
semana. Não sendo possível executá-lo ao ar livre, o lugar mais adequado é um
quarto ou sala bem arejada. A experiência pode ser melhorada (e fará com que a
respiração seja ainda mais profunda) se se vaporizar nessa sala alguma das
seguintes essências: mirra, incenso, agulha de pinheiro, cedro, zimbro ou
cipreste. Note-se que são todas elas extraídas de árvores! Pode-se usar
160
um queimador de óleos essenciais especialmente concebido para este efeito ou
recorrer a algum dos outros meios que mencionei no capítulo 6.

1. Deite-se no chão, sobre uma manta, ou numa cama rija, e


estenda os braços ao lado do corpo, afastados dele alguns centímetros e com as
palmas das mãos viradas para baixo.

2. Feche os olhos e comece a inalar o ar, pelo nariz, muito lentamente. Expanda
ligeiramente o abdómen e faça entrar o ar na caixa torácica. À medida que as
costelas se expandem para aumentar o volume dos pulmões, o seu abdómen
recolher-se-á automaticamente. Suspenda a respiração por uns segundos.

3. Comece agora a expelir o ar lentamente, pelo nariz, num fluxo contínuo, até
que o seu abdómen fique completamente encolhido e a caixa torácica
descontraída. Suspenda a respiração por momentos antes de repetir estes
movimentos duas ou três vezes.

4. Respire agora lentamente, como no ponto 1, mas erguendo aos poucos os braços
para trás da cabeça durante a inalação até tocar com as costas das mãos no chão.

5. Suspenda a respiração durante uns dez segundos, esticando-se bem.

6. Expire lentamente e mova os braços, ao mesmo tempo, até voltar à posição


inicial. Repita estes movimentos duas ou três vezes (v. Fig. 24).

Voar

Se quiser experimentar uma divertida sensação de voar, imagine que está subindo
por entre nuvens enquanto estende os braços para a frente e para trás em
movimento ritmado. Se for correctamente executado (v. Fig. 25), em sincronismo
com os movimentos respiratórios, este exercício poderá soltar-lhe umas costas e
uns ombros demasiado rígidos e, ao mesmo tempo,
161
Fig. 24 - A «respiração completa». Respire fundo sem esforço (pontos 1-3).
Inspire e erga os braços sobre a cabeça. Volte a trazer os braços ao lado do
corpo ao expirar (pontos 4-6).

dar-lhe-á estímulo para que respire de uma forma mais completa.

1. Coloque-se de pé, com os pés afastados e os braços estendidos para os lados.


Feche os olhos, inale o ar e incline o corpo para trás tanto quanto puder (sem
sentir desconforto) estendendo, ao mesmo tempo, os braços para trás das costas.
Suspenda a respiração e mantenha-se assim durante cinco segundos.

2. Exale o ar dobrando-se para a frente e para baixo com os braços estendidos


para cima e para trás mas conservando o pescoço descontraído. Mantenha a
posição durante cinco segundos, inale o ar e incline-se novamente para trás.
Repita estes movimentos três vezes aumentando as extensões para trás e para
diante à medida que vai aquecendo e tem, por isso, maior flexibilidade.

162
Fig. 25 - Voar Fase 1
Descontracção profunda
Fase 2

A descontracção e a meditação, praticadas de uma forma regular, devem fazer


parte da nossa vida - e muito especialmente se vivermos longe da natureza, num
torvelinho de constante actividade e sempre a fazer esforços para não
ultrapassar prazos.

Antes de entrar nos exercícios de meditação e visualização que adiante vou


apresentar, é importante que se aprenda a arte da descontracção, que muito
contribui para melhorar a capacidade de concentração, de meditação e de
visualização - importante meio complementar da autocura e da aplicação de
massagens curativas.

Existem numerosas técnicas de descontracção, ensinadas pelos peritos do


tratamento da fadiga e da tensão nervosa. A técnica que vou descrever
resumidamente é conhecida pelo nome de descontracção muscular progressiva e é
uma das mais fáceis de dominar. A ideia fundamental é ter consciência dos dois
extre-
163
mos - a tensão e a distensão -, visto que, até se fazer conscientemente
qualquer coisa, não se tem uma consciência completa dela. Ter consciêncía é a
chave da descontracção. A acção de executar a sequencia tensão-extensão-
distensão é causa, além disso, de uma grande satisfação em quem a pratica.

Vá para um quarto ou sala sossegada, bem arejada, com boa vista, se possível, e
onde ninguém possa causar-lhe incómodo durante, pelo menos, um quarto de hora.
As suas roupas devem ser soltas e confortáveis. Descalce os sapatos. A fim de
melhorar a atmosfera, vaporize o seu óleo essencial favorito (ou uma
mistura deles). Se vive numa zona ruidosa, talvez seja bom pôr a tocar uma
música muito suave.

1. Estenda-se no chão ou numa cama rija, apoiando-se em almofadas se assim


desejar - uma sob a cabeça e outra sob os joelhos, para amparar os quadris.

2. Feche os olhos, inspire fundo uma ou duas vezes e expulse o


ar dos pulmões num suspiro profundo.

3. Tome agora consciência dos seus pés, Inale o ar e estique-os, curvando os


dedos para baixo e flectindo-os depois na direcção do corpo. Mantenha esta
tensão enquanto conta lentamente até cinco e depois descontraia os pés e deixe-
se amolecer por completo enquanto expira num suspiro profundo.

4. Inspire de novo, pensando agora nas pernas, que irá contraindo enquanto
conta lentamente até cinco. Depois, enquanto expira com um suspiro de alívio,
desfaça toda a tensão.

5. Passe para os joelhos, depois para as coxas, para as nádegas, para o


abdómen, para o peito, para os ombros, para as mãos, para os braços, para o
pescoço, para a cabeça e para o rosto. Contraia cada uma dessas partes do corpo
e descontraia-a depois com uma maravilhosa sensação de liberdade.

6. Respire fundo três vezes, inspirando todo o ar que puder


mas sem esforço. Retenha o ar nos pulmões por instantes e expire lentamente.

7. Tome agora consciência de todo o corpo procurando qualquer zona que ainda
sinta tensa e repetindo a tensão e
164
distensão dos respectivos músculos até sentir uma profunda descontracção e uma
grande paz.

8. Assim que achar oportuno (depois de, pelo menos, cinco minutos de
imobilidade com respiração normal), espreguice-se bem da cabeça até aos dedos
dos pés e levante-se muito devagar.

importante: O exercício de descontracção dá o máximo de beneficio se for


praticado uma ou duas vezes por dia com o estômago vazio ou, pelo menos, uma
hora depois da refeição.

Assim que se tiver habituado à ideia da descontracção consciente (como neste


exercício), poderá passar à fase em que a resposta de descontracção é activada
por um simples sinal silencioso. Quando se sentir em tensão, gaste uns
instantes para libertá-la e verá a diferença. Se estiver em sua casa, no
emprego, no comboio ou no autocarro, bastar-lhe-á contrair os músculos das
pernas e dos braços e descontraí-los em seguida dizendo de si para consigo «já
me descontraí». Faça isto quando, por exemplo, estiver à espera de ser recebido
para uma entrevista ou quando tiver de enfrentar uma situação difícil no
trabalho ou na sua vida particular. Fazendo diminuir a sua tensão, ajudará os
outros a descontrair-se também: a tensão e a distensão são contagiosas.

A regulação da aura, ou «protecção psíquica»

Antes de iniciar qualquer forma de desenvolvimento mental/ /espiritual


(incluindo a meditação), é essencial que se compreenda bem a função da aura (v.
capítulo 4) e que se seja capaz de dominá-la e reforçá-la. Eis uma excelente
disciplina: uma aura forte protege-nos de «influências» de todos os tipos - dos
germes nocivos à fadiga geral.

Uma aura saudável é como um filtro que deixa passar apenas aquilo que é
benéfico: é isso que ela deve fazer numa pessoa equilibrada. No entanto, neste
mundo de tanta tensão e de tanto esforço em que vivemos a nossa aura pode
perder vigor e deixar
165
que passem as influências desarmónicas. Assim surgem as tensões fisicas e
mentais que podem depois redundar em doenças.

Para compreender como se pode comandar a aura, é preciso compreender primeiro


que ela é, em grande parte, uma emanação do pensamento e que, como tal, pode
ser facilmente dominada por ele. Feche os olhos e imagine que está no centro de
uma esfera de luz branca que ocupa também o espaço do seu corpo. Sinta que essa
esfera de luz lhe dá protecção (como se fosse a gema dentro do ovo) e que a
energia que existe em seu redor está intacta, especialmente sobre a sua cabeça.
Há pessoas que gostam mais de imaginar uma luz azul, ou dourada; outras não
pensam em cor nenhuma e apenas se sentem no centro de uma esfera.

Com a prática, esta visualização (ou percepção) do seu espaço aural passará a
ser, para si, um processo automá tico que poderá realizar-se a todo o tempo,
sempre que dele sinta necessidade - quando, por exemplo, estiver perto de uma
pessoa constipada ou com gripe, quando sentir uma espécie qualquer de receio,
quando as outras pessoas se entregarem em demasia a emoções negativas, quando
se encontrar num ambiente muito ruidoso. Será a sua primeira ocupação ao
levantar e a última antes de dormir e ser-lhe-á igualmente indispensável depois
da meditação ou depois de aplicar uma massagem aromaterápica intuitiva.

Embora seja, evidentemente, necessário mostrar-se compreensivo perante as


necessidades alheias - mesmo que isso signifique compartilhar um pouco das suas
dores na ocasião -, não é bom deixar que essa negatividade perdure (recordemos
o que se passou comigo no caso de Charlotte, que relatei no capítulo 3). Se nos
agarrarmos demasiado aos sofrimentos dos que nos estão próximos, poderemos não
ter depois as forças necessárias para lhes prestar auxílio e libertá-los do que
os aflige. A capacidade de empatia, de estabelecer uma ligação entre a nossa
força interior e a força interior de cada um dos outros, é uma componente
indispensável da actividade de quem administra massagens aromaterápicas ou
mesmo de quem simplesmente oferece o ombro a alguém que nele precisa de chorar.
O sentimento de empatia está
166
intimamente ligado aos nossos sentimentos intuitivos mais elevados - ao passo
que a simpatia traz na sua esteira a nossa própria incomodidade.

Além de pensar na aura, há uma outra forma de autoprotecção muito boa para quem
aplica massagens aromaterápicas, pois não entrava a sensibilidade, que tanta
importância tem no processo: é ser mais um canal que umafonte de energias
curativas. Ao dar início à massagem, feche os olhos e visualize (ou sinta) uma
fonte de energia que se encontra sobre a sua cabeça: uma bola de luz branca,
talvez o Sol. Inspire o ar e imagine-se a sorver energia dessa fonte de luz -
uma energia que penetra em si pelo alto da cabeça e que, ao expirar, lhe sai
pelas mãos e pelos pés. Veja-se como um cálice aberto, como um canal de
energias cósmicas; assim reduzirá o risco de esgotar-se por ter gasto as suas
próprias reservas de energia.

O poder do pensamento é tudo. Na realidade, quem for capaz de fazer isto com
êxito e souber criar empatía com o paciente conseguirá que a experiência seja
enriquecedora para ambos.

Ao concluir a massagem, «ligue-se à terra» novamente, isto ésinta bem os pés em


contacto com o solo (se estiver descalço, melhor ainda). Se for preciso, dê
umas patadas no chão. É vulgar sentir-se a cabeça um pouco leve ou distante
depois de se aplicar a massagem intuitiva se se não tiver o cuidado de voltar à
terra firme. E, uma vez em contacto com a terra, feche-se na segurança da sua
aura.

O ideal seria que o paciente pudesse também «fechar-se», pensando na sua


própria aura. Como isso é raro, transmita-lhe um «pensamento de fecho», mas
antes de «ligar à terra» e de fechar-se a si próprio. Imagine, simplesmente,
que a pessoa está já encerrada em segurança no seu próprio espaço espiritual.

Pode-se também usar a água como elemento protector. Depois de aplicar a


massagem, ponha as mãos debaixo de uma torneira de água fria. Se ainda assim
sentir alguma forma de cansaço, de falta de energia (apesar de todas as
anteriores visualizações), tome, se possível, um banho de chuveiro ou um banho
de imersão com essência de zimbro. Também pode esfregar uma
167
gota de zimbro nos antebraços e no plexo solar. Muitos aromaterapeutas
intuitivos atribuem ao zimbro uma certa capacidade de «limpeza» - quer no plano
fisico quer no plano psíquico.

Os remédios florais de Bach

Os remédios florais de Bach são preparados com flores silvestres não venenosas
- são de acção benigna, não provocam habituação e podem ser tomados por pessoas
de todas as idades. Além de ajudar-nos a transformar emoções negativas como a
ira, o medo e o ódio em sentimentos de optimismo e de alegria, podem também ser
usados para protecção psíquica - e, por vezes, com resultados imediatos. Neste
aspecto, é indispensável o «remédio de socorro» - composto com cinco flores
diferentes.

Este sistema de cura foi descoberto por Edward Bach, clínico geral,
bacteriologista e homeopata já falecido que trabalhou em
Londres durante vinte anos e que abandonou em 1930 essas actividades para
dedicar as suas energias ao mundo vegetal, capaz de restituir vitalidade aos
doentes e angustiados.

O Dr. Bach mostrava uma grande sensibilidade. Bastava-lhe estender a mão sobre
uma planta em flor para sentir em si próprio as suas propriedades curativas.
Assim, descobriu 38 flores capazes de cobrir toda a gama de estados de espírito
negativos.

O método mais vulgar de tomar os remédios de Bach consiste em deitar umas gotas
de remédio num copo de á gua mineral e bebê-la depois aos poucos, a intervalos
regulares. Os remédios florais de Bach podem ser adquiridos em muitas casas de
alimentos naturais.

Sintonizar com a natureza

A natureza é a mais poderosa fonte de cura para o todo mente-corpo-espírito. Um


passeio de uma hora no campo é o
168
bastante para fazer desaparecer quaisquer sentimentos desconfortáveis que
tenhamos absorvido dos outros. Muitas pessoas dão-se bem contemplando em
silêncio o movimento das águas e os seus ruídos. Feche os olhos e escute a
música das águas: um ribeiro, uma cascata, as ondas do mar... Se vive longe de
tudo isso, pode servir-lhe igualmente uma fonte ornamental num
parque ou jardim. Ou então sente-se por momentos com as costas apoiadas no
tronco de uma árvore (de preferência um carvalho), respire bem fundo e deixe-se
afundar, por assim dizer, nas energias da árvore. Nunca subestime a
simplicidade desta atitude. Muitas pessoas, e especialmente as que vivem nas
grandes cidades, estão hoje em dia isoladas das correntes naturais da Terra.
Quando nos divorciamos do potencial criador da Terra viva, ficamos, sem o
saber, terrivelmente desequilibrados.

Primeiros passos na meditação

O tipo de meditação que aqui esboçarei é conhecido pelo nome de «meditação


reflexiva». Muitos especialistas desta área
- incluindo os da «Pegasus Foundation» (os meus mestres), com base em Malvern,
acham que esta forma activa de meditação é a
que melhor se adapta à mente ocidental. Muitas das atitudes orientais a este
respeito são passivas, visto que têm por finalidade esvaziar a mente ou ajudar-
nos a alcançar um estádio em que passamos a ser simples observadores dos nossos
pensamentos, como se eles estivessem separados de nós. Por seu lado, a
meditação reflexiva implica pensar num assunto, tema, ideia ou palavra bem
definida. E essa, de facto, a mais simples forma de meditação: aquela que mais
convém ao principiante. Idealmente, a meditação deve ser praticada durante 15 a
20 minutos por dia, preferentemente logo ao princípio da manhã. Mas mesmo duas
ou três sessões por semana podem chegar para reduzir a sobrecarga nervosa,
melhorar a concentração e estimular a capacidade criadora e a inspiração.
169
A pomba

1. Sente-se confortavelmente num quarto sossegado ou, se preferir, num jardim.


Se tiver o hábito de cruzar as pernas, pode fazê-lo; se não, sirva-se de uma
cadeira de costas direitas e mantenha os pés bem assentes no chão e as mãos
descontraidamente poisadas no colo.

2. Feche os olhos. Esvazie os pulmões e respire fundo pelo nariz. Não faça
força, limite-se a ter consciência do fluir da respiração.

3. Concentre a atenção nos pés: descontraia-os, pense que eles estão a


descontrair-se, Em seguida, faça o mesmo em relação a todas as demais partes do
corpo, uma de cada vez - as pernas, os joelhos, as coxas, as ancas, o abdómen,
o peito, as mãos, os braços, os ombros, o pescoço, o rosto, os olhos, a testa e
até a língua e o couro cabeludo.

4. Imagine-se no centro de uma esfera de luz: a sua aura.


5. Ponha agora o seu pensamento numa bela pomba branca. Pense que a ave é do
elemento «ar», tem a possibilidade de voar para onde a si lhe é impossível
chegar.

6. Ouça o arrulhar da pomba e o bater das suas asas. Estenda a mão para tocar
nas sedosas e rijas penas do seu dorso, na fina penugem do seu peito. A
presença desta ave não lhe faz sentir a sua beleza?

7. Procure unificar-se com a pomba... tente ser a pomba. Abra as asas e levante
voo, suba acima do seu sítio, sinta a alegria de mover-se nos ares... as asas
da ave simbolizam a capacidade de o espírito se elevar acima do que é mundano.
Desça, suba, deslize no céu azul e deixe-se depois transportar pelas correntes
do ar. Experimente a paz, a liberdade do voo...

8. Quando se sentir capaz, desça para a Terra, poise nas verdejantes margens de
um ribeiro e beba da água cristalina que vai correndo.

9. Chegou o momento em que deve sacudir de si a gentil forma da pomba. Separe


dela a sua consciência... veja como ela vai novamente a subir... sozinha. Está
de novo na sua própria pele.
170
10. Tome de novo consciência do seu corpo. Imagine-se colocado numa linha recta
que vai do alto da cabeça até aos pés. Sinta-se encerrado em segurança na sua
esfera de luz.

11. Abra os olhos. Sacuda as pernas e os braços, bata com os pés no chão (a fim
de voltar à terra firme) e espreguice-se bem. Sentir-se-á calmo e em paz com o
mundo.

Talvez lhe agrade meditar sobre algum dos seguintes assuntos: um leão, o arco-
íris, o Sol, a Lua, a Terra, uma árvore, um peixe, uma flor (à sua escolha).
Siga o mesmo esquema que sugeri para o caso da pomba. Execute os exercícios de
respiração e de consciência e descontracção do corpo (pontos 1 a 4) e concentre
depois a sua atenção no assunto escolhido. Em primeiro lugar, a consideração
intelectual: veja o assunto com clareza de espírito. Note as diferenças entre
si e o assunto. Em seguida, a consideração emocional: escute o arrulhar da
pomba, por exemplo, ou sinta o perfume da rosa, ou mergulhe no calor do Sol.
Por fim, a consideração espiritual: realiza-se nesta fase a sua identificação
com o assunto escolhido. Já não pensa nele porque agora é ele. A concluir, a
separação e a descontracção: sacuda de si a forma do assunto. Veja-o novamente
como separado de si e volte depois a consciência para o seu corpo (pontos 9 a
11).

Em conclusão

Seria irrealista dizer que um bom regime alimentar naturista, a


meditação diária e a massagem aromaterápica constituem uma
resposta completa para os problemas da vida e que poderíamos, com isso,
encapsular-nos numa espécie de etérea bruma de tons rosados para o resto dos
nossos dias! A aromaterapia, e tudo o mais, não podem resolver problemas
causados por deformidades congénitas como as válvulas cardíacas defeituosas, as
perturbações funcionais hepáticas ou renais ou o atraso mental - como tão-pouco
podem evitar um facto real: certas pessoas nascem
171
mais saudáveis que outras. Aquilo que esses recursos podem fazer é melhorar -a
qualidade de vida auxiliando-nos a transformar as sobrecargas em desafios
positivos e evitando desse modo a instalação da apatia ou da depressão. Assim,
tornar-nos-emos capazes de afastar de nós os males de menor importância e,
possivelmente, de evitar que apareçam doenças crónicas como as enfermidades
cardíacas, a hipertensão arterial, a diabetes e as muitas outras doenças da
civilização.

Num sentido mais amplo, as pessoas que mostram uma atitude calma, positiva e
compassiva perante a vida estão muito mais bem preparadas para resolver os
inúmeros problemas ecológicos, sociais e políticos que afligem o mundo moderno.

Que a arte da aromaterapia prospere, floresça e restaure a nossa fé no poder


curativo das plantas aromáticas - esse dom que nos deu Gaia, a deusa da Terra
viva.
172
TOXICIDADE DOS óLEOS ESSENCIAIS

Os óleos essenciais são inócuos e extremamente benéficos quando correctamente


utilizados, conforme explico neste livro. Mas podem tornar-se tóxicos se, por
exemplo, forem tomados por via oral em quantidades significativas. Se bem que
alguns livros mais antigos recomendem a utilização de óleos essenciais por via
oral, a maioria dos aromaterapeutas da actualidade não aconselha essa
modalidade de tratamento. Só se deve tomar óleos essenciais por via oral sob a
orientação de um médico herborista ou de um aromaterapeuta clínico.

Há uma ou duas essências que nunca devem ser usadas na terapia. Por exemplo: o
sassafrás (se for possível encontrá-lo), que pode provocar o cancro. Antes de
usar um óleo essencial, deve consultar-se a lista que segue.

A evitar pelo leigo: poejo, tuia, salva (a salva brava, a não confundir com a
salva mansa, totalmente inócua), gaultéria (ou pirola), tomilho.

A não aplicar na pele (estes óleos são apenas bons para perfumar salas): casca
de canela, folhas de caneleira, cravo da India.

A não usar antes do banho de sol (estes óleos, em especial o de bergamota,


podem provocar pigmentação temporária): bergamota, limão, laranja, tangerina,
toronja, lima e verbena.

A não usar durante a gravidez: manjerico, mirra, tomilho, manjerona.


173
Uma palavra sobre as alergias

Pode-se ser alérgico a quase tudo - até ao óleo de amêndoa doce, que tão
inofensivo parece. Algumas pessoas são sensíveis aos óleos de hortelã-pimenta,
de manjerico, de bergamota, de ylang-flang, de grama-de-cheiro, de verbena ou
de gengibre quando em concentrações superiores a 1,5 a 2% e mais especialmente
quando aplicados à sensível pele do rosto.

Se o leitor for, infelizmente, uma das raras pessoas que se


mostram alérgicas a todas as essências, terá de tentar outros tipos de
tratamento - os chás de ervas ou a homeopatia, por exemplo.
174
GLOSSÁRIO

Eis um guia que explica alguns termos especializados que o leitor poderá
encontrar na literatura sobre aromaterapia ou nas listas dos fornecedores de
óleos essenciais:

Absoluto: óleo extraído do material vegetal - usualmente, de flores -


por meio de solventes como o benzeno, o hexano e o éter de petróleo.

Aromark Grade Oil: óleo de pureza verificada e autenticada pela «Essential Oil
Trade Association» (EOTA). É um óleo essencial puro, obtido de uma espécie
botânica de nome bem definido e de uma determinada região, usualmente produzido
a partir de plantas cultivadas sem utilização de fertilizantes químicos nem
pulverização de substâncias venenosas. O rótulo deve indicar estas
características.

Bergamota F.C.F.: Bergamota sem bergapteno. O bergapteno pode provocar


modificações de pigmentação da pele quando esta é exposta à luz do sol.

Composto perfumadolóleo perfumadolpot pourri revíver oil: São produtos


sintéticos.
175
o

óleo aromático: Se bem que tenha usado esta expressão ao descrever a natureza
dos óleos essenciais, recomendo muito cuidado com os frascos assim rotulados: o
seu conteúdo pode ser sintético, pode ser uma mistura de óleos essenciais com
óleos veiculares ou pode, ainda, ter sido obtido por infusão (v. adiante).

Óleo de base/óleo veicular: Um óleo vegetal (de soja, de milho ou de semente de


girassol) em que os óleos essenciais são diluídos para a massagem.

óleo de infusão: É usualmente um óleo de ervas (por exemplo, de consolda, de


milfurada ou de malmequer). O material vegetal é mergulhado num óleo fixo e
aquecido até que as substâncias aromáticas se dissolvam nele. Este é depois
coado e utilizado nas massagens.

Óleo essencial/essêncialóleo etérico/óleo volátil: É a componente odorífera e


volátil (evapora-se em contacto com o ar) de uma planta aromática, normalmente
recolhida por destilação.

óleo fixo: Um óleo vegetal vulgar, como o de soja ou de milho, que se


não evapora em contacto com o ar.

Perfume: É normalmente uma mistura de substâncias sintéticas; mas pode conter


uma pequena percentagem de óleo essencial. Se vier rotulado como «perfume
natural» deverá ser constituído por óleo essencial a 100% diluído em álcool
etílico, num óleo veicular ou numa cera (por exemplo, de jojoba).

Resinóide: Extraído de gomas ou resinas por solventes, do mesmo modo que os


extractos absolutos.

Rosa Otto: Obtido por destilação. Outros óleos de rosa, como o


extracto absoluto de rosa Maroc, são extraídos com solventes.

Ylang-ylang extra: Esta expressão refere-se à qualidade do óleo. Também há os


ylang-ylang 1,2,3 e o cananga, mas o extra é o melhor (tem um aroma superior).
Por ordem decrescente de qualidade, temos os óleos 1, 2,
3 e cananga. O ylang-ylang extra é obtido da primeira fracção da destilação;
esta continua depois para obtençã o dos outros tipos.
176
OUTRAS LEITURAS

Bek, L. e Pullar, P., The Seven LeveIs of Healing, ed. Rider, 1986.

Capra, F., The Tao of Physics, ed. Flamingo, 1985. [Ed. port., O Tao da
Física, Presença, 1989.1

Chancellor, P.M., Handbook of the Bach Flower Remedies, ed. CM. Daniel, 1971.
Coleman, Dr. V., Body Power, ed. Thames and Hudson, 1983.

Coleman, Dr. V., A Guide to Alternative Medicine, ed. Corgi, 1988.

Davis, P., Aromatherapy, an A-Z, ed. CM. Daniel, 1989.

Dodd, G. e Van Toller, S., Perfumery, ed. Chaprnan and Hall, 1988.
Downing, G., The Massage Book, ed. Penguin Books, 1972.

Griggs, B., Green Pharmacy, ed. JilI Norman and Hobhouse, 1982.

Hodgkinson, L., How to Banish Cellulite Forever, ed. Grafton, 1989.

Hoffmann, D., The New Holistic Herbal, ed. Element Books, 1989.

Kenton, L., The Biogenic Diet, ed. Century Arrow, 1986.


Maury, M., The Secret of Life and Youth, ed. CM. Daniel, 1989.

Maxwell-Hudson, C. (preâmbulo), The Book of Massage, ed. Ebury, 1984.

Ryman, D., The Aromatherapy Handbook, ed. Century, 1984.

Schnaubeit, Dr. K., Ods for Viral Diseases, «International Journal of


Aromatherapy», Inverno de 1988/Primavera de 1989.

Tansley, D., The Rainment of Light, ed. Routledge and Keegan Paul, 1985.

Tisserand, R., The Art of Aromatherapy, ed. CM. Daniel, 1983.

Valnet, Dr. L, Aromathérapie, ed. Librairie Maloine, Paris, 1975.

Valnet, Dr. L, The Practice of Aromatherapy, ed. CM. Daniel, 1980.

Wright, C., The Wright Diet, ed. Piatkus, 1986.


177
VOLUMES PUBLICADOS

1 - A CURA PELA COR / Ted Andrews

2 - ACUPUNCTURA 1 Peter Mole

3 - MANUAL COMPLETO DE MEDICINA NATURAL 1 Marcia Starck

4 - IRIDOLOGIA 1 James e Sheelagin Colton

5 - HOMEOPATIA / Anne Clover

6 - REFLEXOLOGIA 1 Inge Dougans e Suzanne Ellis

7 - O DIAGNóSTICO PELA RADIESTESIA 1 Arthur Bailey

8 - AROMATERAPIA 1 Christine Wildwood

A publicar:

9 - A CURA ESPIRITUAL 1 Jack Angelo

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