UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE DIREITO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I Professora Dra. Claudia Rosane Roesler
Efinéias Stroppa dos Santos
Mat. 10/0099327
O Caso dos Exploradores de Cavernas
FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de cavernas. Porto Alegre: Fabris,
1976.
O fordismo neste capítulo é visto como mais do que um modo de
produção. Para Harvey as inovações tecnológicas e organizacionais do fordismo são mera extensão de tendências anteriores como o Taylorismo. O que o torna especial é o reconhecimento de que produção de massa significava consumo de massa, um novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle e gerenciamento do trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia, em suma, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada, modernista e populista. Para o fordismo mais que aumentar a produtividade era necessário dar ao trabalhador tempo e dinheiro para que eles pudessem consumir a quantidade cada vez maior de produtos que eram produzidos pelas corporações. Ford acreditava ser possível regulamentar a economia, tanto que no começo da Grande Depressão ele aumentou os salários visando aumentar a demanda e recuperar o mercado. Sozinho Ford não conseguiu isso, mas quando o Estado aderiu a essa ideia e fez intervenções na economia visando aumentar o consumo e reaquecer o mercado os resultados apareceram o que colaborou para a expansão dessas ideias. As tendências de crises do capitalismo como a Grande Depressão colaboraram para o estabelecimento do fordismo. A época de guerra também ajudou neste processo, pois foi um período que exigiu maior eficiência e planejamento de longo prazo. O planejamento estatal racionalizado foi visto como solução para os males a que o capitalismo estava exposto, apesar de esquerda e direita terem cada uma desenvolvido seu modelo. No período entre guerras houve dois principais impedimentos à disseminação do fordismo. O primeiro foi o estado das relações de classes. A organização do trabalho e as tradições artesanais eram muito fortes e se opunham ao modelo fordista que exigia poucas atividades manuais e não dava ao trabalhador o controle sobre o projeto. Assim o fordismo dependeu num primeiro momento da mão de obra imigrante e de trabalhadores oriundos das atividades rurais. O segundo estava nos modos e mecanismos de intervenção estatal. Com a grande depressão e o esforço de guerra foi-se buscando soluções em que os trabalhadores fossem disciplinados em sistemas de produção novos e mais eficientes. Foi onde o fordismo foi se consolidando. 2
O fordismo alcançou a maturidade como regime plenamente acabado e
definitivo após 1945. Nesse período o fordismo se aliou ao keynesianismo, e o capitalismo alcançou taxas fortes de crescimento econômico, houve elevação dos padrões de vida, as tendências de crise foram contidas, a democracia de massa preservada e a ameaça de guerras intercapitalistas, tornada remota. As relações de classe se alteraram nesse período, variando de país a país. Nos Estados Unidos por exemplo, os sindicatos conquistaram vários benefícios sociais em troca de cooperação na aplicação das técnicas fordistas de produção e outras estratégias para aumentar a produtividade. Apesar disso nunca deixou de haver descontentamento. O trabalhador nunca se adaptou ao sistema de trabalho rotinizado do fordismo. Mas, os sindicatos foram sendo acuados a trocar ganhos salariais pela cooperação na disciplinação dos trabalhadores. Assim, as corporações passaram a aceitar os sindicatos apesar dos riscos de aumento do poder da classe trabalhadora. O Estado assumiu obrigações como controlar os ciclos econômicos através de políticas fiscais e monetárias. Também fazia investimento público em setores vitais para aumentar a produção e o consumo e garantir mais empregos. Atuava também complementando benefícios sociais e influenciando acordos salariais e direitos dos trabalhadores. Apesar das formas de intervencionismo estatal variarem muito de país para país, o fordismo sempre dependeu disso e ela aconteceu em todos os países que o adotaram. Mas, nem todos eram atingidos pelos benefícios do fordismo. O fordismo criou uma classe de trabalhadores privilegiados que eram alcançados pelos benefícios salariais e sociais, mas esta estava confinada a certos setores da economia e a nações onde o crescimento da demanda era acompanhado por investimentos tecnológicos. As desigualdades levaram a uma série de tensões sociais. Assim, o Estado teve que assumir o papel de tentar levar os benefícios do fordismo a todos, através de políticas ou ações legais que reduzissem a desigualdade. Para isso o estado dependia de uma continua aceleração da produtividade do trabalho no setor corporativo. No terceiro mundo houve muita insatisfação, pois a modernização que chegava pregando os benefícios do fordismo na prática destruía as culturas locais, trazia opressão e poucos benefícios a não ser para uma pequena elite. Assim surgiram muitos movimentos de libertação, alguns socialistas, que pareciam bem ameaçadores ao fordismo global. Apesar desses descontentamentos o fordismo manteve-se forte e sustentou a expansão pós-guerra com avanços nos padrões de vidas dos países desenvolvidos e clima estável para os lucros corporativos. Mas a recessão econômica de 1973 abalou esse quadro, assunto este que Harvey deixa para tratar no próximo capítulo de sua obra. O texto apresenta uma análise bastante acurada e traz uma compreensão bastante abrangente do que foi e representou o fordismo, movimento esse comumente visto apenas como apenas um modo de produção e organização fabril.