Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Trabalho apresentado no
XVII Congresso Nacional de Criminalística
pelo Perito Celito Cordioli.
RESUMO
INTRODUÇÃO
O tema desta palestra foi apresentado pela primeira vez durante o IX Congresso
Nacional de Criminalística, na cidade de São Paulo, em 1987, quando foi lançado o
livro “Doutrina da Criminalística Brasileira” de autoria do Perito Criminal de São
Paulo, Benedito Paulo da Cunha. A apresentação deste tema, naquela
oportunidade, tinha como objetivo abrir à discussão dos operadores da
Criminalística, da Polícia Judiciária, do Ministério Público, da Justiça e demais
carreiras jurídicas os princípios que norteiam a Criminalística Brasileira e que a
diferenciam da praticada nos demais paises. Com essa palestra queremos retomar
a discussão deste tema que gostaríamos de ver desenvolvido para o entendimento
da Criminalística Brasileira.
O tema é bastante extenso, certamente uma palestra não é suficiente para discuti-
lo com mais profundidade. De forma sintetizada serão apresentados os seguintes
tópicos:
Pela definição dada por Hans Gross e demais mestres que o seguiram,
fica evidente que o termo Criminalística passou a expressar todas as atividades,
métodos e técnicas científicas aplicadas com a finalidade de encontrar, recolher e
analisar os vestígios sensíveis deixados pela ação delituosa, na busca da prova da
prática do delito e de sua autoria, estando aí incluída a Medicina Legal, no que
tange a parte criminal, sendo esta responsável pelos exames dos vestígios da ação
delituosa deixados na pessoa, no corpo humano, quer ele esteja vivo ou morto e,
neste caso, não importando há quanto tempo.
Esta discussão não é importante para o que nos propomos a apresentar para os
senhores, pois foge do objetivo do nosso tema, mas é importante que fique claro o que
entendemos ser a Instituição da Criminalística Brasileira e o que é abrangido por ela.
Hoje, no Brasil, constatamos que existe uma grande diferença entre o modelo
clássico de fazer perícia e aquele preconizado pela Instituição da Criminalística
Brasileira. Pelo modelo da Instituição da Criminalística Brasileira, o perito oficial
goza igualmente de todas as prerrogativas dadas pelo Direito, contudo, ele não
goza de livre-arbítrio, o qual é substituído pelos ditames da Doutrina da
Criminalística Brasileira. Essa Doutrina, que nem sempre encontramos escrita, mas
que é transmitida de perito para perito, reúne uma série de normas e princípios,
que condicionam o Perito Oficial a agir segundo a visão da Doutrina da
Criminalística e, não segundo a visão de sua consciência individual.
A cúpula da Instituição Polícia Judiciária buscou com a reforma implantar esta nova
metodologia onde a perícia tinha compromisso coma Instituição Polícia, isto é, onde
o laudo pericial buscava servir de prova indiciaria, jamais de defesa. Esta reforma
buscou retomar, principalmente, o controle da perícia criminal, que em vários
estados tinha autonomia. Foram então criados os Departamentos ou Diretorias de
Polícia Cientifica, dirigidos por Delegados de Policia, reunindo sob o mesmo
comando o Instituto de Criminalística, de Medicina Legal e os Laboratórios
subordinando-os ao comando da Polícia Judiciária. Buscaram criar laboratórios nas
várias especialidades de Química, Física, Toxicologia, Biologia, Engenharia, etc., aos
moldes norte-americanos. Da mesma forma começaram a ser criadas varias
categorias de peritos, nas varias especialidades como: Perito Engenheiro Legista,
Perito Odonto Legista, Perito Químico Legista, alem dos já tradicionais Peritos
Medico Legista e Perito Criminal.
Tentaram colocar peritos nos equipes policiais de investigação, mas não obtiveram
sucesso. No resultado final, do trabalho pericial, nada foi mudado. Os peritos
continuaram a atuar da mesma forma; isolaram-se do restante da Polícia Judiciária,
não havia meios legais para subordiná-los a uma hierarquia e a filosofia da
Instituição Polícia. A reforma fracassou e a Instituição da Criminalística Brasileira
continuou a mesma dos anos 50, lutando para se modernizar e acompanhar os
avanços tecnológicos.
“Art. 275 – O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina
judiciária.
Art. 280 – É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre
suspeição dos juízes.”
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;”...
“Art. 169 - Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada
a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Para completar cabe lembrar o Art. 181, com sua redação dada pela Lei nº 8.862,
de 28 de março de l994:
Já foi dito que a ação judicial é como uma guerra privada, a qual não se
acaba em uma só batalha. Os contendores avançam, pouco a pouco, empregando
iniciativas rigorosamente previstas, num determinado contexto, cabendo ao Juízo
garantir ao vencedor o produto da vitória. Assim, um processo judicial não deixa de
ser um combate entre os chamados litigantes. Cada litigante nomeia para si um
“contendor”, formando o chamado triângulo CAUSA–JUÌZO-LITIGANTES:
“causa”, como o motivo da ação; “juízo”, como a autoridade de decisão; e
“litigantes”, como as partes em litígio ou em luta, que disputam entre si algo que
acreditam lhes pertencer por Direito. No Processo Penal os litigantes se dividem em
“acusaçao” e “defesa”.
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
estabelecidos.
Ainda hoje consta da legislação processual penal tal penalização visando
obrigar o profissional nomeado para proceder ao Exame de Corpo de Delito a
aceitar o encargo. O perito nomeado está sujeito a penalização por multa,
quando infringir, injustificadamente, as disposições do artigo 277 e do seu
parágrafo único, do Código de Processo Penal. É prevista, igualmente, a permissão
para as autoridades policiais ou judiciárias conduzirem coercitivamente aos
indicados ou os chamados para esse mister.
Foi assim que nossa Criminalística tomou esse rumo que a diferenciou da praticada
pelos demais povos civilizados.
SISTEMÁTICO; isto é, não pode ser aleatório; dever ter um começo um meio e
um fim; os seus tópicos e enunciados devem interagir para formar o todo.
- PREÂMBULO
- QUESITOS
- HISTÓRICO
- DISCUSSÃO
- CONCLUSÃO
- FECHO
- ANEXOS
Esta é a estrutura básica utilizada nos Laudos Periciais Criminalísticos. Cada área
abrangida pela Doutrina da Criminalística Brasileira exige tópicos diferentes uns dos
outros, os quais não reproduzem exatamente a estrutura acima; contudo, sempre
dentro de uma visão de conjunto, as partes são subsistemas constantes ou
variáveis. As partes citadas, tais como Discussão, Conclusão podem ser traduzidas
por outros tópicos, tais como “considerações”, “outras informações”, “aparelhos
utilizados”, da peça de confronto, Etc., que necessariamente estão incluídos como
parte integrantes dos subsistemas “discussão, conclusão”.
A Criminalística atingiu esta metodologia diferente dos demais povos por vários
fatores, dente os quais pedem ser citados como principais: ser o trabalho realizado
pelos Peritos Oficiais uma função de Estado; a interdisciplinaridade da
Criminalística e a inexistência de um curso especializado de formação de Peritos
Oficiais; uma mesma perícia pode exigir a concorrência de diversos especialistas
para se chegar a um resultado; ser impossível para o Estado ter um especialista
para cada tipo de perícia a ser realizada; a existência de uma grande variedade de
especialistas acabaria esbarrando num grande conflito de competência entre eles;
por último, qualquer Conselho Regional ou entidade de classe que se propusesse a
fiscalizar o trabalho dos Peritos Oficiais iria se deparar sempre conflito de qual era a
competência de fiscalizar uma determinada perícia.
Assim uma metodologia nova e diferenciada dos demais povos civilizados foi sendo
montada. Uma metodologia não escrita ou teórica que foi sendo passada de perito
para perito e de boca em boca pelos peritos.
Pode ocorrer que não se disponha de meios para analisar a fundo um fenômeno
criminalístico. Neste caso, qualquer conclusão é suspeita. Mas se a conclusão for
alcançada, ela não pode depender dos meios utilizados, isto é, se todas as
circunstâncias que envolvem o fenômeno forem reproduzidas, as conclusões
periciais serão constantes, independentemente de se haver utilizado meios mais
rápidos, mais precisos, mais modernos ou não. O que é fundamental é que se
utilize os meios adequados para se concluir a respeito do fenômeno criminalístico
examinado.
Dos três postulados acima, pode-se chegar à formulação das quatro leis
(princípios) da Criminalística Brasileira:
Prova: Estaria sendo violado o 1º postulado se isso acontecesse; se forem examinados com
critérios criminalísticos puros, ver-se-á incursões do perito ou para o mundo da consciência ou
para o mundo jurídico ou para o mundo científico onde predominam as escolas de
pensamentos discordantes; a Criminalística Brasileira somente utiliza conhecimentos
científicos experimentados por ela mesma, com resultados consagrados, daí, a sua limitação
em relação às perícias clássicas.
Nota: Vê-se que é proibido ao Perito Criminal afirmar que tal fenômeno ocorreu por infração de
tal artigo de tal lei, etc. E se amanhã tal lei for revogada? Fica ferido o 3º postulado. Por outro
lado, ele estaria invadindo o mundo jurídico. Relativo às legislações técnico-científicas, tais
como aquelas oriundas do IPEM, ABNT, INMETRO e outras, a doutrina da Criminalística
brasileira determina que não sejam citadas, uma vez que o seu aspecto jurídico é o mesmo
daquelas contidas nos códigos de leis. Veja que tais instituições estão voltadas para
estabelecer as normas técnicas vigentes no país, em atenção ao desenvolvimento político-
tecnológico. Uma mudança política pode seguramente acarretar alteração das normas legais
ali contidas. Outrossim, o ato de citar uma lei, portaria ou regulamento e, em ato contínuo, tirar
conclusões, é um ato de julgamento, e isso é de pura competência do judiciário. Cabe à
Criminalística apenas demonstrar os fenômenos, deixando a critério da classe jurídica o ato de
julgamento (ou tipificação). Não é conveniente nem mesmo citar tais leis e os seus números de
códigos nos laudos periciais criminalísticos.
Voltar
CONCLUSÃO PERICIAL
I - INTRODUÇÃO
A criminalística por ser ainda uma técnica relativamente nova, carece de algumas
definições e metodologias mais solidificadas para aplicação no dia-a-dia da perícia.
Isso não quer dizer que faltam essas técnicas. Elas existem, algumas completas,
outras não aceitas ou não adotadas por toda a comunidade de peritos oficiais. Isso
tem gerado aplicações muito diversificadas e incompletas, incorrendo em riscos na
qualidade final do trabalho apresentado pelos peritos.
Neste trabalho vamos nos restringir somente aos enfoques relativos ao laudo
pericial emitido pelos peritos oficiais, pois as diferenças técnicas e de formatos são
muito diferenciadas daquelas que tratam de perícias realizadas para a justiça cível
e mesmo na esfera criminal, quando elaborado por peritos “ad hoc”.
I - EXAME PERICIAL
a) Considerações gerais
A perícia em local de crime conta a pessoa, conhecido também como local de morte
violenta, é uma das áreas da criminalística que mais oferece riqueza de vestígios,
capaz de propiciar ao perito criminal um trabalho de desafio ao raciocínio lógico e à
metodologia científica que devem ser aplicados em cada caso.
Uma coisa importante que devemos ressaltar desde o inicio deste trabalho, a fim
de que os peritos que vierem a atuar nesta área da criminalística não sejam pegos
de surpresa em algum exame futuro, é o fato de que não existem dois exames de
local de morte violenta iguais.
Assim, é importante que o perito de local tenha consciência de que está liderando
um trabalho de equipe e terá, dessa forma, a responsabilidade de reunir todas
essas informações para a sua análise final do caso.
b) Atitude de responsabilidade
Paciência: Para se ter um exame bem feito, os peritos devem procurar estar
devidamente condicionados e conscientes de que é preciso muita paciência; ou
seja, muita calma na busca dos vestígios. Se fizermos um exame com rapidez ou
eliminando etapas, certamente perderemos diversas informações.
A boa técnica pericial determina que o perito deve considerar como vestígio
material somente o que ele próprio constatar como tal, jamais aceitando que
terceiros lhe apresentem possíveis “corpos de delito” que estariam fazendo parte
de um local de crime por ele examinado e não constatado no ato.
Jamais deveremos registrar dessa forma, pois o perito somente deve consignar os
vestígios por ele constatados. Nesses casos, os peritos não devem receber tais
“corpos de delito”, orientando para que sejam encaminhados pela Delegacia da
área, via ofício, ao Instituto de Criminalística, requisitando o tipo de exame que a
autoridade policial julgar necessário.
Os peritos podem e devem somente registar no seu croqui os objetos que lhe
forem apresentados, identificando-os e depois fazendo-os constar no laudo pericial
respectivo, no item “de outros elementos”, relatando ali as circunstâncias que tais
objetos lhes foram apresentados, porém, sem considerá-los no conjunto da sua
análise.
d) Rotina do exame
Para tanto, devemos ter em mente que o exame em um local de crime tem
aspectos irreversíveis e quando examinamos determinado vestígio poderemos estar
- ao mesmo tempo - destruindo-o. É o que chamamos de “ponte” que ao
atravessarmos, poderá ser destruída. Exemplo disso é o de um fragmento de
impressão digital, uma marca de calçado no solo, o formato de uma mancha de
sangue, etc.
Não se trata ainda do exame dos vestígios, mas sim o de observar o local quando a
sua disposição e topografia. Se é área pública ou privada; área com ou sem
edificações ou o local envolve situação mista; as vias de acesso existentes (e de
possíveis rotas de fuga do agressor); se é área urbana, rural, industrial, comércio,
residência e tudo sobre essas destinações de prédios e áreas existentes naquele
local dos exames. Se o crime ocorreu à noite, deverá constar se o local possui
iluminação artificial. Se foi em via pública, em pistas de trânsito asfaltada, terra,
etc. Enfim, tudo o que puder ser observado naquele local, deverá ser objeto de
anotações dos peritos, pois muitas dessas informações poderão ser valiosas para
confrontar ou complementar análises de alguns vestígios.
O próprio Código de Processo Penal em seu artigo 164 assim determina: “os
cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem
como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios encontrados no
local de crime ”.
No início dos exames, em local que tenha cadáver e os peritos julgarem necessário
fazer uma entrada no local até a vítima, devem tomar o cuidado de fotografar
possíveis vestígios que se encontrem nesse trajeto.
Esta é uma das fases mais importantes do exame pericial em um local de morte
violenta, tendo em vista que os vestígios encontrados vão ser fundamentais para o
conjunto de informações que contribuirão para a formação da convicção dos
peritos.
O enxergar para o perito deve ser muito bem exercitado, porque a sua abrangência
significa – inclusive – deduzir e inferir. O perito ao constatar um vestígio no local do
crime, deverá, a partir da sua análise, deduzir pela existência de outros vestígios
ou a probabilidade das suas existências e, portanto, buscá-los incansavelmente.
- Fios de roupas, fibras, pêlos e outros materiais dessa natureza devem ser
procurados em locais de crime, porque são elementos importantes na inter-relação
com outros vestígios encontrados, ou para futuras comparações com suspeitos de
autoria do delito;
- Outras manchas, tais como tintas, solventes, ácidos, esperma, fezes e outros
materiais biológicos, são fundamentais e devemos ter como rotina a sua busca em
locais de crime. Mesmo que - aparentemente - no local possa não haver esse tipo
de substância. Devemos lembrar que num local de morte violenta, por mais
insignificante que possa parecer alguma coisa, jamais os peritos poderão descartá-
la a priori, deixando isso, somente, quando do momento da análise individual e
conjunta dos vestígios nos trabalhos finais para elaborar o respectivo laudo;
- Material oculto poderá haver e ser encontrado pelos peritos, o que para tanto
deve-se estar atento na busca de materiais, armas, roupas ou qualquer coisa que
possa ter sido oculta no local ou nas suas proximidades. Este será um
procedimento que deve ter a sua busca intensificada, especialmente no local
mediato, caso os vestígios do local, ou no próprio cadáver, assim nos indiquem
como provável;
Por fim, é sempre bom relembrar que num local de crime, além dos vestígios
característicos do crime ali perpetrado, poderemos encontrar outros, os mais
inusitados possíveis, que poderão estar relacionados aquele crime ou revelar a
ocorrência de outros. Por isso a importância do perito tomar todos os cuidados na
busca dos vestígios.
E assim vale para o exame de qualquer vestígio. Os peritos devem ficar sempre
atentos em proceder dessa forma, visando extrair daquele vestígio todas as
informações que possa fornecer. Dentro dessa preocupação, também vamos
encontrar situações em que é preciso – além de examinar no próprio local –
preservá-lo para outros exames.
É importante este exame para, numa primeira análise, sabermos se aquele local foi
onde - de fato - a vítima foi agredida e/ou abatida. Somente por intermédio dos
vestígios encontrados no cadáver e na área próxima é que teremos condições de
dizer se a vítima foi morta naquele local ou se somente fora ali depositada
(desova);
- Devemos seguir uma orientação geral para procedermos o exame, com o objetivo
de não corrermos o risco de perder qualquer vestígio ou informação existente no
cadáver;
- Sinais de violência são informações primárias que deve-se checar quanto a sua
existência ou não no cadáver, pois essas possíveis constatações poderão auxiliar
em muito na dinâmica do local. Entende-se como sendo sinal de violência, a ação
sofrida pela vítima em conseqüência da intensidade dos ferimentos desferidos pelo
agressor;
- Vestígios intrínsecos, tais como sêmen, vísceras, vômitos, salivas, fezes fazem
parte da rotina de busca que os peritos devem empreender durante a perícia no
cadáver;
- Observar se anéis, alianças, brincos, relógios, etc. foram retirados da vítima, fato
que pode ser averiguado pela marca que esses objetos deixam no local do corpo
onde eram usados;
- Preservar e proteger cada vestígio que possa ser necessário para o exame que os
legistas realizarão no IML.
O exame das vestes deve ser bastante cuidadoso - como o são os demais - tendo
em vista a quantidade de informações que poderemos dela extrair.
Desse modo, o exame das vestes, de uma maneira geral, deve merecer a atenção
dos peritos antes mesmo de examinarem o cadáver, no intuito de constatarem
qualquer vestígio passível de ser destruído ou adulterado quando começarem a
examinar o corpo da vítima.
Assim, concluída a necrópsia, tanto o perito criminal quanto o médico legista, terão
todas as informações para a elaboração de seus respectivos laudos periciais. É esta
a grande importância do trabalho conjunto, a fim de termos dois laudos coerentes
entre si, contribuindo, dessa forma, para a busca da verdade por intermédio da
discussão científica entre profissionais de áreas afins.
Para cada uma das amostras que forem encaminhadas ao laboratório, os peritos
devem obedecer alguns procedimentos básicos, no sentido de orientar o perito no
laboratório sobre o tipo de exame que deseja ver realizado.
Os peritos devem identificar com precisão cada tipo de amostra a ser encaminhado
ao laboratório, a fim de não correr o risco de misturar os vários resultados
posteriormente, levando a erros de interpretação.
Observamos, então, que dentro desse contexto geral dos exames, eles foram
subdivididos em três fases distintas:
A primeira, e talvez a mais importante, é a do exame do próprio local, onde os
peritos examinaram o local imediato, o cadáver e o local mediato, retirando todas
as informações que julgaram necessárias.
A segunda, é a do acompanhamento da necrópsia pelos peritos que realizaram o
exame de local, onde vimos o quanto é importante a interação profissional entre os
médicos legistas e os peritos criminais, pois todos buscam um mesmo objetivo, que
é o de melhor realizar a perícia em questão.
A terceira, é a dos diversos exames de laboratório que se fizerem necessários e
que foram realizados por outros colegas peritos, especialistas nas respectivas áreas
de atuação.
II - LAUDO PERICIAL
a) Croqui:
Antes de começarmos a nos referir sobre o laudo pericial, vamos fazer algumas
considerações sobre as anotações e registros que os peritos devem fazer, para
guardar as informações que serão necessárias à confecção do laudo pericial.
Para se desenvolver todo o trabalho de exames e análise a que nos referimos neste
trabalho, os peritos utilizam como ferramenta inicial as suas anotações manuscritas
em um formulário denominado genericamente de croqui.
b) Laudo pericial:
Essa questão é um dos grandes problemas que observamos nas redações dos
laudos, pois os peritos devem ter presente em suas avaliações o que será
necessário colocar no laudo. Para cada vestígio constatado e analisado, deve seguir
uma avaliação sobre a sua relevância no contexto do conjunto dos demais
elementos e descrevê-lo nessa medida. P. ex., num local de suicídio, ocorrido
dentro de uma casa, onde a vítima utilizou uma corda para enforcar-se,
encontrarmos num outro cômodo uma escada doméstica, enquanto que a vítima –
que estava ainda suspensa pela corda quando da chegada dos peritos – utilizou
uma cadeira como auxílio para chegar até o ponto superior de fixação da corda,
nos dedicarmos a uma extensa e detalhada descrição dessa escada, informando de
que material é composta, quantos degraus possui e que altura há entre um e
outro, a altura total, o tipo do degrau – roliço, quadrado, retangular, a cor da
escada e outros detalhes porventura existente, e que pelas análises verificarmos
que ela em nada fora utilizada no evento, certamente para quem estiver lendo este
laudo posteriormente, ao se deparar com um aprofundamento da descrição desse
objeto, interpretará que ela tem muita importância naquela cena de crime. Só que
ao final os peritos em nada mencionam essa escada nas suas conclusões.
Fatalmente um desses usuários do laudo levantará essa questão, perguntando qual
a participação daquela escada na ocorrência do delito.
Outro procedimento importante a ser seguido pelos peritos, refere-se aos exames
complementares, ou seja, aqueles que foram encaminhados para outros peritos
realizarem. Ao se referir no laudo sobre esses exames, haverá a necessidade de
informar desde as condições e local da sua coleta no local do crime, a qual setor
laboratorial foi encaminhado e, ao se referir ao resultado, informar também o nome
do perito que realizou tal exame. Dependendo da complexidade do exame, é
aconselhável que o relatório interno do perito do laboratório seja anexado ao laudo.
Isso não exime o perito do local de seguir os procedimentos acima referidos. Essa
anexação servirá apenas para fundamentar com mais propriedade as circunstâncias
do exame, já que o resultado deverá fazer parte da interpretação geral sobre os
fatos ocorridos no local periciado.
Não podemos partir do pressuposto que o perito tem fé pública e, por isso, não
precisa dar maiores explicações sobre os fatos periciados. Na realidade não se trata
de explicações mas de fundamentação técnico-científica. Ao chegarmos no item do
laudo destinado a conclusão, o leitor/usuário já deverá ter quase a certeza do que
irá encontrar sobre a conclusão daquela perícia, em razão da correta descrição de
todos os exames realizados e respectivas análises e interpretações que tenha
encontrado no corpo do laudo.
Além desse cuidado que o perito deve ter ao redigir o laudo, tão importante quanto
isso, será obedecer os corretos procedimentos para se estabelecer uma conclusão
pericial. Muitos laudos terão sua conclusão categórica e afirmativa do que ocorreu
no evento periciado, outros tantos não haverá conclusão. O perito não está
obrigado a concluir um laudo só porque os usuários assim esperam dele,
independente de ter reunido os elementos necessários para tal.
Queremos destacar novamente e enfatizar a prudência que o perito deve ter nessa
análise geral dos vestígios, onde deve partir sempre do pressuposto (até por
absurdo) que, no local examinado ocorrera um homicídio. A partir dessa prudência
chegará ao diagnóstico correto, mesmo por exclusão do homicídio.
Portanto, para se estabelecer uma conclusão pericial, devemos partir do campo das
possibilidades. E observem que esse universo de possibilidades é muito amplo,
todavia, para se estabelecer uma conclusão pericial, somente poderá restar uma
possibilidade para aquele evento.
Para chegarmos a essa única possibilidade, teremos apenas duas situações capazes
para tal.
Dois exemplos para entendermos melhor esses conceitos: Uma impressão digital
individualmente é um vestígio determinante, mas se encontrarmos um desses
vestígios no local do crime, não quer dizer que teremos identificado o autor do
crime e por conseqüência tratar-se-á de um homicídio. Por outro lado, o vestígio
lesão pérfuro-incisa não é um vestígio determinante por si só, mas se tivermos
esse vestígio repetido várias vezes em diversas partes do corpo de um cadáver,
certamente esse vestígio (lesão pérfuro-incisa) será determinante para
fundamentar o diagnóstico por homicídio.
A segunda situação em que os peritos poderão ter apenas uma possibilidade, será
quando vários vestígios, em que nenhum deles por si só seja determinante, mas
apenas probabilísticos e que, no seu conjunto de informações técnico-científica
levem a uma única possibilidade. Neste caso, terão informações suficientes para
respaldar as suas afirmações quanto ao diagnóstico diferencial daquela morte.
Estamos nesta parte nos referindo mais sobre conclusão pericial no laudo, relativo
ao diagnóstico diferencial da morte, todavia, as regras se aplicam também para
outras conclusões que se façam necessários mesmo nos locais de crimes com
cadáver.
Em não sendo possível concluir um laudo pericial, restam duas alternativas para
auxiliar no contexto geral das investigações e, posteriormente, à justiça.
Poderíamos dizer que haveria ainda uma terceira situação, onde a pouca
quantidade de vestígios é tamanha, que os peritos se limitarão a informar no laudo
a impossibilidade de concluírem o evento periciado, face a exiguidade de vestígios.
Apesar de não haver nenhuma conclusão nesse caso, muitos laudos são expedidos
dessa forma. Somente alertamos os peritos que essa situação pura e direta
somente deverá ser utilizada quando – de fato – os vestígios forem insuficientes.
Se se tratar de locais adulterados por falta de isolamento e preservação,
obrigatoriamente os peritos deverão acrescentar tópico independente no laudo,
discutindo esses fatos e a eles se referirem na conclusão.
Como vimos até aqui, para que os peritos criminais realizem um exame
satisfatoriamente, do ponto de vista técnico-pericial, deverão observar uma série
de requisitos e procedimentos técnicos, a fim de que possam - ao final - chegar à
plenitude de um resultado possível.
O exercício da função pericial deve ser perseguido pelos peritos com todo o
profissionalismo e dedicação, pois ao exercê-la nos moldes previstos no Código de
Processo Penal, estamos – a cada laudo emitido – mostrando a nossa capacidade
de trabalho e a nossa qualificação profissional, uma vez que, apesar de sermos
funcionários concursados do Estado, o exercício da função pericial é feita de forma
extremamente autônoma pelo perito.
Os dois peritos que assinam um laudo são os únicos responsáveis pelo mesmo. O
que temos em alguns Institutos é uma preocupação da direção em designar peritos
mais experientes para verificarem o padrão de qualidade dos laudos, todavia, esses
“revisores de laudos” podem apenas levantar as possíveis falhas e omissões,
cabendo aos dois peritos que realizaram o exame, a responsabilidade de reanalisar
todos os dados e, se for o caso, incorporarem as modificações propostas.
De um lado temos a completa autonomia do perito pelo laudo que emite, mas por
outro cabe aos diretores dos Institutos zelarem pela qualidade dos laudos da
instituição que administram. Dessa forma, é sempre recomendável que os
Institutos mantenham um controle de qualidade, mediante a leitura de todos os
laudos, antes da sua emissão final, a fim de solicitar aos peritos o melhoramento
de alguns trabalhos porventura mal apresentados. Isso não é ingerência no laudo,
desde que fique no campo estrito da melhoria de qualidade. A qualidade de um
laudo é relativamente fácil ser detectada por um outro perito, pois ao ler tal
conteúdo, como conhecedor experiente do mister, terá condições de levantar essas
lacunas.
Voltar
a) Considerações iniciais
Um dos grandes e graves problemas das perícias em locais onde ocorrem crimes, é
a quase inexistente preocupação das autoridades em isolar e preservar
adequadamente um local de infração penal, de maneira a garantir as condições de
se realizar um exame pericial da melhor forma possível.
No Brasil, não possuímos uma cultura e nem mesmo preocupação sistemática com
esse importante fator, que é um correto isolamento do local do crime e respectiva
preservação dos vestígios naquele ambiente.
Os exames periciais realizados nos locais onde ocorreram as infrações penais, são
tão variados e complexos que exigem dos peritos criminais uma série de cuidados e
precauções, no sentido de bem desempenharem essa importante função.
Conceito
O local de crime pode ser definido, genericamente, como sendo uma área física
onde ocorreu um fato - não esclarecido até então - que apresente características
e/ou configurações de um delito.
Mais especificamente, local de crime é todo espaço físico onde ocorreu a prática de
infração penal. Portanto, entende-se como local de crime qualquer área física, que
pode ser externa, interna ou mista.
Os tipos de delitos que podem ocorrer nos locais de crime são inúmeros. No
entanto, para fins de facilidade no fluxo de realização dos exames periciais,
procura-se fazer três divisões básicas: crimes contra a pessoa; acidente de tráfego;
e, crimes contra o patrimônio.
O estudo e metodologia dos exames periciais nos locais onde ocorreram esses tipos
de crimes, fazem parte de estudo autônomo em face da sua complexidade e
cuidados que devem ser observados pelos peritos criminais. Como aqui nos
interessa, nesta fase, somente apresentar os aspectos gerais sem aprofundarmos
esse assunto, uma vez que voltaremos ao tema mais adiante.
Acidente de tráfego
Gostaríamos de chamar a atenção de todos para um cuidado que devemos ter nas
ocorrências de trânsito. Tradicionalmente dentro da Polícia e da própria Perícia,
costuma-se generalizar essas ocorrências, nominando-as com a expressão
"acidente de trânsito".
Além dos crimes tradicionais e mais comuns ocorridos contra o patrimônio, nesta
classificação estarão todos os demais exames periciais externos, excetuando-se os
de acidente de tráfego e os de crimes contra a pessoa.
b) O isolamento e a preservação
Este é um problema que os peritos encontram quase sempre nos locais de crime,
pois não há no Brasil uma tradição de isolarmos e preservarmos o local de infração
penal. Esta falta de tradição é da própria população que, ao passar por um local,
acaba se aproximando de tal maneira que se desloca por entre os vestígios. Da
população, em princípio, é até compreensível a curiosidade natural em olhar tais
fatos, no entanto, as dificuldades são maiores quando a própria polícia, que é a
responsável por esse mister, na grande maioria das situações não cumpre a sua
obrigação prevista em lei.
Tais determinações legais que garantem esse novo status para o local de crime,
estão previstos nos dispositivos a seguir transcritos, do Código de Processo Penal.
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias,
desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo Único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica
dos fatos.
É preciso ficar muito claro para todos nós o quanto é importante se preservar
adequadamente os vestígios produzidos pelos atores (vítima e agressor) da cena
do crime, como única forma de reunirmos condições para chegar ao esclarecimento
total dos delitos.
A área a ser isolada nos casos de crimes contra a pessoa compreenderá, a partir do
ponto onde esteja o cadáver ou de maior concentração dos vestígios até além do
limite onde se encontre o último vestígio que seja visualizado numa primeira
observação. Essa área terá formato irregular, pois dependerá da disposição dos
vestígios e também não se poderá estabelecer tamanhos ou espaços prévios.
Porém, isso não é regra sempre, pois qualquer policial que for comunicado de um
possível fato delituoso, deverá de imediato tomar as providências para averiguar a
ocorrência.
Quando o primeiro policial chega num local de infração penal, ele terá que observar
uma rotina de procedimentos, a fim de não prejudicar as investigações futuras.
Num local onde existam vítimas vivas no local, a primeira preocupação do policial
deverá ser em providenciar o respectivo socorro, a fim de encaminhar para o
hospital de atendimento de emergência. Tomadas as providências de socorro, o
policial deve isolar o local e garantir a sua preservação, não permitindo nenhum
acesso ao interior daquela área. Deve ainda, sempre que possível, rememorar a
sua movimentação na área do delito, a fim de informar aos peritos quando do
exame pericial, no sentido de colaborar com eles para que não percam tempo
analisando possíveis vestígios (ilusórios) deixados pelo policial e que nada terá a
ver com os vestígios do crime, mas que demandará tempo de análise por parte dos
peritos até chegarem a essa conclusão.
Falamos isso porque existem casos reais em que os policiais não fizeram tal
averiguação e, somente quando os peritos chegaram ao local é que, ao checarem,
verificaram que a vítima ainda estava viva.
Porém, para adentrar no local onde está a vítima deve fazê-lo mediante
deslocamento em linha reta. Chegando junto à vítima, fará as verificações para
constatar o óbito. Caso esteja viva, deverá providenciar o socorro o mais urgente
possível, deixando de se preocupar – naquele momento - com possíveis
preservações dos vestígios, pois o mais importante é aquela vida que deve ser
salva. No entanto, constatado que a vítima está morta, deve então se preocupar
exclusivamente com a preservação dos vestígios.
Neste caso, não deverá movimentar o cadáver e nem tocá-lo por qualquer motivo,
pois, a partir daquele momento, somente os peritos é que devem trabalhar naquele
local, até a sua liberação à autoridade policial. Assim, deve voltar de maneira mais
lenta pelo mesmo trajeto feito quando da entrada e, ao mesmo tempo, observar o
seu percurso para verificar o acréscimo ou adulteração de qualquer vestígio que ele
tenha produzido naquela sua movimentação. Guardará essas informações para
repassar aos peritos quando chegarem ao local.
Se esse policial tiver que sair do local por motivos quaisquer, deve passar para a
autoridade policial as informações relativas ao seu deslocamento no interior da
cena do crime, a fim de que esta repasse aos peritos. Caso ele permaneça no local,
ele mesmo dará as informações aos peritos.
A seguir vamos dar um exemplo, em gráfico, de uma área delimitada pelo primeiro
policial que chega ao local do crime, com a sua respectiva entrada até a vítima
para verificação e confirmação do óbito.
Assim, em muitos casos a autoridade policial não poderá se deslocar até a área
onde ocorreu o delito, porém, nessas situações, deve tomar providências e
determinar que um agente seu compareça e realize aquelas tarefas em seu nome.
Portanto, o fato de - mesmo justificadamente - não puder comparecer ao local do
crime, não o exime da responsabilidade legal.
Porém, a partir dessa obrigação decorre uma outra, qual seja, a de que é ele o
responsável por todo esse processo operacional. E, em sendo, deverá ter o controle
dos fatos ocorridos antes da sua (ou de seu agente) chegada ao local do crime.
Essa falta de preocupação por parte de populares nós ainda vamos conviver por
muito tempo, uma vez que não temos no Brasil nenhum trabalho de campanha
educativa nesse sentido. Este fator é também agravado porque a grande maioria
dos policiais (civis ou militares) não tiveram uma formação adequada nas
Academias, ressaltando a importância do isolamento e preservação de local,
acarretando erros primários provocados por aqueles que deveriam ser o exemplo
para a população.
A criminalística, por intermédio de seus peritos, para que possa realizar as suas
tarefas diariamente, necessita utilizar-se de inúmeras metodologias de trabalho e
seguir determinados critérios e técnicas que já são consagradas no âmbito da
perícia criminal.
Como não é objetivo falarmos neste trabalho sobre as deficiências, vamos nos ater
aos ricos elementos que a criminalística oferece para o seu próprio fortalecimento
como instrumento auxiliar da justiça.
Assim, em cada perícia que venha a ser realizada, poderemos estar empregando
determinados tipos de conhecimentos e técnicas, muitas vezes, várias delas,
dentro de um conjunto de análise que tenha de ser realizada para cada vestígio.
Normalmente, para qualquer perícia, empregamos mais de uma técnica ou
conhecimento científico, pois seu exame compõe-se de muitos vestígios que, por
sua vez, exigem essa variedade de metodologias e técnicas.
Todos sabemos que é preciso a formação acadêmica para que o profissional faça
um concurso público à função de perito oficial (criminal ou legista), no entanto,
queremos discutir alguns aspectos relacionados com as áreas do conhecimento que
poderão estar incluídas nesse rol de profissionais.
Por outro lado, outra corrente – na qual nos incluímos, entende que deve se
restringir as áreas de formação para aquelas mais relacionadas aos exames
periciais diários, pois assim procedendo, estaremos adequando com maior
eficiência os recursos humanos na distribuição de tarefas da criminalística.
No que diz respeito às tarefas da medicina legal, estas devem ficar restritas aos
exames nas pessoas (vivas ou mortas), evitando-se a criação de laboratórios no
âmbito daquelas instituições, pois os exames laboratoriais e complementares de
que necessitam, podem – perfeitamente – também ser realizados nos laboratórios
da criminalística, onde estão concentrados os profissionais (peritos criminais) com
maior qualificação específica à execução daqueles exames. Mesmo porque, a
medicina legal é apenas mais uma das perícias criminais realizadas cotidianamente
que – é claro – exigem o concurso de profissionais com formação acadêmica em
medicina, as quais, por sua vez, estariam incluídas no rol dos exames
criminalísticos. Apenas temos separado em duas instituições (IMLs e ICs) por
razões históricas, por ter iniciado a perícia criminal através do exame nas pessoas,
como primeiro campo de especialização e subdivisão a partir da ciência filosófica.
Essa variedade de tipos de perícias criminais, que estão sob a responsabilidade dos
Institutos de Criminalística, podem ser divididos em dois grandes grupos. As
perícias específicas e as de natureza genérica.
Neste universo das perícias genéricas podemos citar alguns exemplos, como:
documentoscopia; exame em local de crimes contra a pessoa; balística forense;
exame em local de ocorrências de trânsito; exame em local de furtos e roubos; e
tantos outros.
A demanda atual
Esse tipo de atividade, como dissemos, ainda é muito pouco utilizada (a Polícia
Federal já utiliza em alguns casos), mas que tende a crescer a partir do momento
em que for dada certa prioridade aos serviços periciais com o respectivo aumento
de efetivo dos peritos, pois tal atividade demanda tempo que estará sendo
desviado da confecção dos exames e laudos periciais.
Essas duas vertentes de utilização da perícia também podem ser utilizadas pelo
Ministério Público, tendo em vista o seu amplo espectro de atuação. No entanto, o
Ministério Público utiliza, basicamente a Criminalística Estática.
Podemos, então, observar que são inúmeros os tipos de crimes que estão
acontecendo atualmente, cujas ferramentas utilizadas pelo infrator, são esses
conhecimentos que a ciência dispõe. Está surgindo, dessa forma, a necessidade –
cada vez mais – de uma multidisciplinariedade de conhecimentos para aplicação no
desenvolvimento dos exames periciais. E, portanto, será necessário contar com um
grupo de peritos em que tenhamos profissionais com pós-especializações em cada
um desses ramos da criminalística, já que é impossível termos em todos os peritos
essas multi-especializações.
Aqui é onde queremos chamar a atenção de que o perito somente será capaz de
realizar esses exames sofisticados se contar com os três requisitos que discutimos
no parágrafo anterior. Trata-se de um conjunto de conhecimentos que o profissional
só adquire se tiver aqueles três níveis de aprendizado de maneira adequada.
Voltar
Histórico
O exame de DNA
· Investigação de paternidade
Voltar
Voltar
7. Um artifício utilizado é o uso do papel carbono invertido, que irá produzir uma
cópia no verso do próprio cheque
Vale salientar, que o que acaba de ser mencionado, não irá impedir a
falsificação ou adulteração de um cheque, mas seguramente, irá dificultar
sobremaneira a ação dos falsificadores.