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Antônio de Pádua
Liturgia Presbiteriana
Somos uma igreja litúrgica, ou seja, prezamos pela ordem de culto.Cremos que a liturgia é um precioso instrumento para levar os cultuantes auma disposição espiritual adequada para a comunhão, adoração e alimentação com aPalavra de nosso Senhor (1Co 14:33).Em cada culto deve haver ordem e decência. Além disso as reuniões devemser compreensíveis e agradáveis para os nossos visitantes (1Co 14:16-17; Rm 12:1;Mc 12:29-30).A liturgia não é rígida ou imutável. Pelo contrário, poderá ser adaptada conforme a direçãosempre viva do Espírito Santo, dentro dos padrões do bom senso e adequação, e quando taismudanças forem alicerçadas numa interpretação equilibrada da Bíblia. A liberdade do EspíritoSanto, o louvor com músicas contemporâneas, o compartilhamento e a alegria são preciososelementos litúrgicos que estimulam-nos à santidade e devem estar presentes em nossas reuniões. Não podemos confundir reverência com ritualismo morto (Sl 149:1-9; Sl 150; 2Co 3:17).
O que é liturgia?
A palavra liturgia (
leitourgía
, no grego), é encontrada seis vezes no Novo Testamento,sempre vinculada à idéia de um serviço prestado ao próximo ou a Deus (Lc 1:23; 2Co 9:12; Fp2:17, 30; Hb 8:6, 9:21). Isso porque no culto servimos a Deus e aos irmãos. A expressão é tambémsinônimo de ordem do culto — o programa que define o fluxo da adoração pública da comunidadecristã.
Bases da Liturgia
A liturgia se baseia nos ensinos bíblicos acerca do culto cristão. Este, tem seus alicercesfirmados no modelo do culto no Tabernáculo — a Tenda de adoração instituída pelo Senhor ao povo de Israel, durante a peregrinação do Egito para a terra de Canaã. Também encontramosimportantes orientações sobre adoração no culto do Templo de Jerusalém, a partir das iniciativas dorei Davi, e nos profetas, que lutaram para que os judeus praticassem uma espiritualidade autêntica.
O Culto no Antigo Testamento
Para conhecer as bases do culto no Antigo Testamento, veja a apostila “Orientações BíblicasSobre Culto Cristão”.
O Culto no Novo Testamento
Os cristãos iniciaram sua prática de adoração sob os costumes judaicos. Os judeus que seconvertiam ao cristianismo continuavam com as práticas de culto das suas antigas sinagogas. Olivro de Atos mostra a Igreja no Templo, participando das orações rituais (At 2:46; 3:1).Os primeiros cristãos não criam que pertencessem a uma nova religião. Eles haviam sido judeus toda sua vida, e continuavam sendo... Sua fé não consistia em uma negação do judaísmo,mas consistia antes em uma convicção em que a idade messiânica, tão esperada pelo povo hebreu,havia chegado... a razão pela qual Paulo e os demais cristãos são perseguidos não é porque seopunham ao judaísmo, mas porque criam e pregavam que em Jesus cumpriram-se as promessasfeitas a Israel.Por esta razão, os cristãos da igreja de Jerusalém continuavam guardando o sábado eassistindo o culto no Templo. Mas, uma vez que o primeiro dia da semana era o dia da ressurreiçãodo Senhor, reuniam-se nesse dia para “partir o pão” em comemoração a essa ressurreição. Aqueles
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Antônio de Pádua
 primeiros serviços de comunhão não se centralizavam sobre a paixão do Senhor, mas sobre suaressurreição e sobre o fato de que ela havia inaugurado uma nova era. Foi só muito mais tarde — séculos mais tarde, como veremos — que o culto começou a centralizar sua atenção sobre acrucificação e não sobre a ressurreição. Gonzalez (1991), p. 34.Ocorreu, no entanto, a ruptura entre cristianismo e judaísmo, conforme lemos em At 7:1-8:3: a liderança do Templo começou a perseguir os adeptos da “seita do nazareno”. A Igreja dirigiu-se aos gentios. O povo de Deus não tinha mais como adorar num Templo. Mesmo nas outrascidades do Império, prevalecia a perseguição pelas autoridades tanto judaicas quanto romanas. Oscultos eram realizados às escondidas, nos lares, nos campos, nos cemitérios, nas cavernas. Não era mais possível, nem necessária, a ostentação cerimonial do Templo judaico.Cumpriu-se a palavra de Jesus, registrada em Jo 4:21. O importante, a partir de então, não seria acerimônia nem o local de culto, mas a atitude dos adoradores (Jo 4:22-24). Sem local fixo deadoração, os cristãos adaptaram o estilo do culto das sinagogas, que eram pequenas congregaçõesde judeus. O culto da sinagoga possuía uma estrutura tríplice: louvor, oração e instrução.Conforme o Talmude, “o homem deve sempre proferir louvores em primeiro lugar, e então,orar”
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. Martin (1982, p. 30) informa-nos que “a adoção desse procedimento talvez subjaza a ordemem 1Co 14:26 que pede que, no começo da lista de adoração coletiva cristã em Corinto, um ‘salmo’de louvor seja cantado. O ‘presidente’ convoca o ‘assistente’ (ver Lucas 4:20) a convidar alguém dacongregação para começar o culto com esta ‘chamada ao louvor’. Começa com a exclamação:‘Bendizei ao Senhor, Aquele que deve ser bendito’, e o povo responde com a bênção: ‘Bendito sejao Senhor... para sempre,’ no espírito de Neemias 9:5. No começo, portanto, os adoradores sãoconvidados a pensar em Deus e a reconhecer Sua grandeza e bênção”.As orações na sinagoga eram de dois tipos, a Ahabah, que significa “Amor” e se ocupa daadoração a Deus por seus atos de benignidade, e o Shema que é uma confissão de fé e uma bênçãoalegre ao mesmo tempo (Dt 6:3ss — Martin, 1982, pp. 30-31).A instrução era a leitura e a exposição da Escritura.A estes elementos a comunidade cristã adicionou a saudação cristã, os sacramentos (Ceia eBatismo) e a bênção apostólica (Mt 26:26-30, 28:19; Lc 24:36, 50).O Novo Testamento não fornece um modelo rígido de liturgia. Enfatiza, entretanto, acomunhão e a ministração de todos, de acordo com seus dons, conforme a direção do Espírito Santo(1Co 14:26).A liturgia, nesse contexto, serve para “ordenar” os elementos do culto, uma vez que estedeve ser prestado com decência e ordem, de modo que todos sejam edificados (vv. 26, 33, 40). Aligação entre passagem bíblica, orações e músicas entoadas (fala-se no Novo Testamento de salmos,hinos, cânticos espirituais, ações de graças e ministração da Palavra de Cristo, numa atitude demútua sujeição — Ef 5:18-21; Cl 3:16), é uma prática que remonta ao culto no Templo e àsreuniões nas sinagogas, o que, como vimos anteriormente, torna possível a sua utilização no cultoda Igreja Primitiva.Há alguns exemplos de cânticos cristãos no Novo Testamento, como, por exemplo, o cânticode Maria (Lc 1:46-55), o cântico de Zacarias (Lc 1:68-79) e o cânticos dos anjos (Lc 2:13-14),todos relacionados ao nascimento de Jesus. Encontramos trechos de hinos também em At 4:24-30(oração baseada no Sl 2:1-2); Ef 5:14 (hino para ser cantado, provavelmente, nas cerimônias de batismo; 2Tm 2:11-13 e alguns cânticos no Apocalipse, que mostram o paradigma de culto: alegria,louvor pela salvação, adoração do Deus Triúno em prostração reverente (Ap 5:8-14; 7:10-12; 14:3).
Liturgia Presbiteriana
A Igreja Presbiteriana do Brasil possui os “Princípios de Liturgia”, nos quais lemos:O Culto Público consta, ordinariamente, de leitura da Palavra de Deus, pregação, cânticossagrados, orações e ofertas. A ministração dos sacramentos, quando realizada no culto público, faz parte dele.Conforme Costa (1987, p. 34), o “culto prestado pelas Igrejas Presbiterianas do Brasil,
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Tratado
‘Abodah Zarah
(Culto Estranho), na
Mishna
. Apud. Martin, 1982, p. 30.
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normalmente engloba tudo o que foi posto acima, em cinco pontos:
Adoração
: (Chamada à Adoração e Adoração propriamente dita).
Contrição
: (Confissão de pecados).
Louvor
: (Ação de graças. Aqui, pode ser colocada a consagração de Dízimos e/ou ofertas).
Edificação
: (Pregação: leitura e exposição da Palavra).
Consagração
: (Dedicação. Manifestão lirgica da Igreja com seu “Am” aosensinamentos bíblicos: celebração da Santa Ceia)”.Ainda com o objetivo de clarificar o perfil de culto reformado, o Presbitério do Planalto publicou a seguinte resolução:
O culto cristão deve ser solene.
Os pastores devem assumir a responsabilidade plena da liturgia das igrejas (conforme Art.31, alínea “d” da CI/IPB), analisando o conteúdo doutrinário e o estilo das músicas a seremcantadas.a)Deve haver em cada culto, equilíbrio numérico quanto à execão de hinos e corinhos. b)Os grupos, minisrios ou equipes de louvor sejam responsabilizados por conduzir todoo cântico congregacional – hinos e corinhos.Os cânticos a serem utilizados nas liturgias respeitem os seguintes critérios:a)o sejam selecionados cânticos de acordo com os desejos pessoais dos dirigentes,mas que atendam à temática dos cultos. b)a música não deve ser superficial e destituída de conteúdo, mas conter sólida doutrina bíblico — reformada e inspirar sentimentos de verdadeira piedade;c)deve haver clara diferea entre a música que é tocada para entretenimento secular eaquela que é cantada nas igrejas, na presença de Deus e seus anjos.Os dirigentes da música nos cultos observem o seguinte:a)Sejam evitadas as chamadas ministrações, mini-sermões, exortações oucompartilhamento de experiências pessoais entre os cânticos. b)sejam evitadas todas as manipulões psicológicas nos momentos dos cânticos do tipo“todos digam amém” ou afirmações afins.c)sejam alternados momentos de cânticos em que a congregação se coloque de pé eassentada, levando em consideração a presença de pessoas idosas, enfermas e mesmo gestantes,que se desgastam desnecessariamente em períodos prolongados de cânticos apenas de pé.d)que o uso das palmas tem fim específico de ritmar os cânticos. As mesmas não devemser usadas como “aplausos”, incluindo as chamadas “palmas para Jesus”, considerando que tal prática provém da cultura do entretenimento e não da orientação bíblica sobre o Culto.e)que a postura dos dirigentes deve ser discreta e humilde, de modo a exaltar a pessoa doSenhor.f)que essa postura implica no uso de roupas adequadas para o culto, dentro dos limitesde decência e moderação cristã.g)Os instrumentos usados para adoração devem ser utilizados de modo discreto, comoelementos de acompanhamento, não devendo ser regulados de modo a obscurecer a letra dasmúsicas.
O centro do culto cristão é a proclamação fiel das Sagradas Escrituras
e toda liturgia deveser trabalhada em torno do tema do sermão dominical.
O culto deve ser bíblico
, observando o princípio regulador puritano, de que nada pode ser a
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