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DIREITO E ODONTOLOGIA

APOSENTADORIA ESPECIAL DO CIRURGIÃO DENTISTA

Dr. Edwin Despinoy


Advogado e Cirurgião Dentista
Diretor Jurídico do SOMGE
despinoy@gmail.com

O Cirurgião Dentista, cujas atividades são exercidas sob condições


especiais que prejudicam a saúde e a integridade física, tem direito à chamada
Aposentadoria Especial. Sendo o Cirurgião-Dentista vinculado ao Regime
Geral da Previdência Social, não servidor público, ao completar 25 anos de
serviço em atividade insalubre conquista o direito à aposentadoria integral por
tempo de serviço. Deverá requerê-la ao INSS, demonstrando o efetivo
exercício da atividade em condições prejudiciais à saúde, por meio do
documento denominado PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário, fornecido
pelo empregador.

Sendo profissional liberal, em seu consultório particular e sem


vínculo empregatício, pode requerer a aposentadoria especial após 25 anos de
trabalho. Contudo, não estando ligado a um empregador não terá como obter o
PPP devendo providenciar a comprovação por outros meios, tais como laudo
pericial por médico do trabalho (LTCAT), ou engenheiro de segurança do
trabalho, em que conste a descrição do local de trabalho, os serviços
realizados, as condições ambientais, o registro dos agentes nocivos, o tempo
de exposição, etc. Poderá ainda precisar recorrer ao Poder Judiciário para
fazer valer o seu direito perante o INSS, que o vem negando.

O Cirurgião-Dentista Servidor Público também tem direito à


aposentadoria especial. Porém, de acordo com o art. 40, § 4º, o exercício
desse direito está dependente de Lei Complementar, até hoje não editada, por
omissão do poder legislativo. Tal fato vem impedindo o gozo desse direito
constitucional.

Estando muitos Cirurgiões Dentistas SÓCIOS do SOMGE


impedidos de exercer o direito à Aposentadoria Especial, devido à omissão do
Poder Legislativo em regulamentar tal direito, o Departamento Jurídico do
Sindicato resolveu impetrar um MANDADO DE INJUNÇÃO, junto ao
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF (Brasília-DF), ação judicial específica
para o caso, prevista na Constituição Federal.

A matéria vem sendo tratada pelo STF em diversos Mandados de


Injunção, e vários precedentes tem garantido o referido direito constitucional.

Conforme noticiado pelo STF, em julho último o Plenário do


Supremo Tribunal Federal garantiu o direito à aposentadoria especial a Carlos
Humberto Marques por exercer trabalho em ambiente insalubre, enquanto
servidor da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. O caso foi debatido no
Mandado de Injunção (MI) 758.

O relator, ministro Marco Aurélio, lembrou que o STF já tem


precedentes em que determina a aplicação da Lei 8.213 “ante a inércia do
Congresso Nacional” em legislar sobre o tema. A lei trata dos planos de
benefícios da Previdência Social.

Ao votar pela concessão da aposentadoria, o ministro reconheceu


o direito de Carlos Humberto ter a contagem de tempo de serviço diferenciada.
“Julgo procedente o pedido formulado para, de forma mandamental, assentar o
direito do impetrante à contagem diferenciada do tempo de serviço em
decorrência de atividade em trabalho insalubre”, afirmou o ministro.

A decisão foi unânime e o ministro Carlos Ayres Britto reforçou


dizendo que “esse é um caso típico de preenchimento de uma lacuna
legislativa pelo Poder Judiciário em se tratando de direito constitucionalmente
assegurado”. Ou seja, é um direito garantido pela Constituição Federal, mas
que ainda depende de regulamentação por parte do Congresso Nacional.

Não é demais lembrar que a Constituição Federal prevê em seu artigo 8º, III,
que “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou
individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas”

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