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RESUMO
As trilhas em ambientes preservados servem hoje a uma demanda variada em
qualidade e número de visitas, exigindo solução para os impactos que considerem as
peculiaridades de vários aspectos, exigindo uma pesquisa multidisciplinar demorada e
custosa. Nas decisões de ações mitigadoras e de intervenções alternativas aos usos
das trilhas, uma ferramenta importante é o uso de indicadores de grau de impacto. Em
pesquisa realizada em duas trilhas no PETAR-SP, com usos e demandas distintos,
foram analisadas as frações químicas e granulométricas de amostras do solos obtidas
no leito de pisoteio e em testemunho sob a floresta. Das concentrações químicas
apenas a Matéria Orgânica e o Fósforo puderam demonstrar certa tendência positiva
relacionada ao grau de degradação encontrada no ambiente da trilha. As
percentagens granulométricas quando lançadas em triângulo de frações texturais
demonstraram deslocamento gradual com os impactos. Esse procedimento é de fácil
coleta e obtenção o que garante seu uso no campo como indicador de grau de
impacto, graças a sua facilidade e baixo custo.
ABSTRACT
The trail in wilderness todays to be useful a lawsuit what have diversite quatity
and use. This request a solution to impacts about the peculiaritys what result at
the multidisplinary research, dear and slow. The use indicative of the impacts is
important tool to action and decision in trail planejement.The research
happened in two trails of the Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira –
PETAR, with different uses and lawsuit, analised a chemical fraction and texture
of soil samples retreat in trampling bed and relative point in the rain florest.
Only Organic Mater and Phosphorus referented to tend towards with reference
to level of the trail impact. The percentage of soil granulometric when to enter in
texture fraction triangle, show a agreementment dislocation to impact. This
conduct is a fulfillment easy, and your establishment secure one indicative in
trail camp of low investment to fulfillment.
1
Devido à carência de documentos existentes na prefeitura os dados foram obtidos através de entrevista concedida
em 11 de fevereiro de 2003 pelo ex-prefeito em sua casa às margens do rio Ribeira
Os solos têm predominância argilo-siltosa originárias da decomposição do
calcário subjacente e as inclinações são altas, as profundidades são variáveis, com
pouca ou nenhuma diferenciação entre seus horizontes, e profundidades pouco
espessas coincidindo com o que foi relatado por Guerra (1996, p.79) para solos
encontrados na serra de Paranapiacaba.. A largura da trilha é grande, chegando em
alguns trechos a mais de quatro metros. O último fragmento de 310 metros foi aberto
ha poucos anos visando acessar o rio Maximiano diretamente, aqui a inclinação varia
de 20º a 28º e a remoção do solo foi muito grande.
A trilha do rio Betari, acompanha o traçado deste, da afluência do córrego
Roncador que sai da caverna de Santana, até as cachoeira das Andorinhas e a do
Betarizinho, transitando por solos alúvio-coluvionais de espessura maior que dois
metros e vem sendo utilizada para turismo desde a década de 1970. As inclinações
são baixas e a largura total da trilha é da ordem de mais de três metros, pois os
funcionários do parque a mantêm roçada além do canal usado para pisoteio.
O solo é função de cinco variáveis independentes, que são responsáveis por sua
formação, quais sejam: clima, organismos (vegetais e animais), material originário
(saprolito que pode ser autóctone ou não), relevo e tempo (GUERRA, 1996, p.70-2).
Ele é considerado como uma entidade natural e parte integrante do ambiente,
expressando as condições do ambiente pretérito ou presente, e
3. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS
As análises buscaram indicadores que pudessem fornecer uma leitura fácil e
objetiva do impacto causado pelo uso dos caminhos em trilha sob a floresta. Desta
forma realizaram-se determinações completas, excluindo-se macro e
microporosidades, já que são indicativos de fácil obtenção que demonstraram sua
validade em outros trabalhos, onde apresentaram valores menores quando
submetidos ao pisoteio ou sobre área de camping (TAKAHASHI 1998, p.16-7;
HAMMITT,1998, p.28-9).
Após topografia e confecção de mapas das trilhas com características distintas,
selecionou-se os pontos de amostragem. As amostras de solo foram coletadas entre
janeiro e julho de 2003, em pontos com variabilidade de textura, profundidade,
presença de serapilheira, largura do canal de pisoteio, inclinação, presença de raízes
e largura total da trilha. Foram usados os primeiros 15 centímetros do solo. Coletou-se
uma amostra no meio do leito de pisoteio e outra em ponto lateral, sob floresta em
área não impactada diretamente pelo pisoteio. O solo foi analisado para a Fração
Textural (porcentagens de argila, silte e areia), Matéria Orgânica (M.O.), Fósforo (P),
Cálcio (Ca), Alumínio, Potásio (K), Hidrogênio (H), Saturação por Bases (S.B.), C.T.C.
e V%, depois de remover-se a serrapilheira. As análises seguiram as recomendações
da Embrapa (1997)
Os totais foram lançados em planilha para comparação e averiguação dos
possíveis indicadores que variassem positiva ou negativamente com a degradação
encontrada no campo. Os valores percentuais das texturas foram lançados em
diagrama triangular textural (VIEIRA, 1983, p.67-9) para se averiguar se havia um
comportamento correlato que pudesse indicar se a variação dos elementos era um
indicador de impactos. O uso dessa ferramenta é simples e basta pontuar o local onde
as frações percentuais se encontram. Cada lado da figura é uma das frações,
bastando assinalar a percentagem.
Determinação 1 1’ 2- 2’ 3 3’ 4 4’ 5 5’
para a trilha Subida Teste- Subida Teste- Trilha Teste- Plano/ Teste- Desc. Teste-
da Casa de sem munho munho Típica munho serapi- munho Maxi- munho
Pedra “A/B” lhera miano
3
M.O. g/dm 26 43 17 53 40 41 21 21 60 60
P – mg/dm3 6 7 3 12 7 10 3 6 7 5
Quadro 1 : Análises Químicas das amostras de solos da trilha da Casa de Pedra
6. CONCLUSÃO
Conclui-se das análises que o triângulo mostrou para solos argilo-siltosos
resultantes de calcários uma relação positiva no deslocamento das amostras e o grau
de degradação da trilha. A amostra com maior deslocamento é a que apresenta maior
alteração de sua característica, ao passo que as amostras de locais onde há baixa
inclinação e presença de serapilheira e raízes, o deslocamento foi pequeno.
Nos solos alúvio-coluvionais o deslocamento dentro do triângulo, igualmente,
acompanhou a degradação constatada na paisagem, onde os pontos com inexistência
de raízes, largura excessiva apresentaram diferença substancial entre os índices da
trilha e do testemunho. Não se pode observar uma maior manifestação na grandeza
das mudanças, por tratar-se de solos com alta concentração de areias. O
deslocamento foi maior nas amostragens da caverna Água Suja e Torre de Pedra, e
pequeno na trilha ao lado do rio e na Cachoeira, ambos com presença de raízes e
serapilheira, mostrando uma tendência de positividade com os impactos.
As análises químicas não demonstraram uma tendência clara de mudanças de
suas concentrações que pudessem aferir-lhes uma categoria de indicadores de
impactos para a gestão de trilhas, senão uma tendência das concentrações de M.O. e
Fósforo, mas que em ambientes altamente degradados e recentemente utilizados
como trilha, comportaram-se aleatoriamente, como pode-se observar nas análises do
último trecho da trilha da Casa de Pedra..
O triângulo textural pode ser um indicativo de campo para impacto, já que a
obtenção das percentagens de areia, silte e argila são facilmente obtidas em
laboratório e de baixo custo, o que o elege como indicativo seguro de grau de impacto
apto a ser obtido no campo, facilitando o manejo e gestão de trilhas nos parques
nacionais. Convém ressaltar que novos trabalhos devem ser realizados para que a
abrangência e limitações do triângulo possam ser aferidas em outros ambientes e
usos.
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