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CASA DE PROSTITUIÇÃO

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9.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

O art. 229 do Código Penal contém o tipo: “manter, por conta própria ou de
terceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso, haja, ou
não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente”. A pena é reclusão,
de dois a cinco anos, e multa.

O interesse jurídico protegido é o da sociedade, contra as atividades de mantença


de estabelecimentos destinados ao exercício da prostituição. Mesmo não proibindo a
prática individual da prostituição o Direito, contudo, atua no sentido de coibir sua
disseminação.

Sujeito ativo é qualquer pessoa, homem ou mulher, que mantém casa de


prostituição.

Sujeito passivo é a sociedade, o Estado.

9.2 TIPICIDADE

9.2.1 Conduta

O núcleo do tipo é o verbo manter, cujo significado é sustentar, fazer funcionar,


conservar a existência de alguma coisa. Manter casa de prostituição é praticar atos no
sentido de sua existência enquanto tal. É sustentar a sua existência, pagar o aluguel, os
impostos, determinar a sua conservação, mantê-la aberta ao público, enfim, é torná-la
ativa.
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

O agente realizará a conduta típica quando o fizer diretamente ou através de outra


pessoa, seu preposto, que, igualmente, cometerá o mesmo delito.

9.2.2 Elementos objetivos e normativos

Casa de prostituição é a edificação na qual é exercida a atividade das pessoas que


realizam contrato sobre o próprio corpo, prestando serviços de natureza sexual. É o lupanar,
o prostíbulo, a casa de meretrício.

A norma refere-se igualmente a “lugar destinado a encontros para fim libidinoso”,


alcançando não só a casa onde moram e trabalham prostitutas mas a qualquer outro
estabelecido com a finalidade de servir para encontros libidinosos, onde as pessoas vão
para satisfazer seus desejos sexuais. Evidente que, buscando a norma coibir a
disseminação da prostituição, é necessário que o local esteja sendo mantido com a
finalidade precípua e exclusiva de servir para encontros libidinosos com prostitutas. Não
deseja, por isso, a norma, coibir genericamente a prática de atos libidinosos, mas evitar a
facilitação da prostituição.

Desse modo, não se pode considerar típica a manutenção de motéis, hotéis de alta
rotatividade, quartos ou apartamentos em boates ou lanchonetes que se destinam a
encontros libidinosos mas não exclusivamente a encontros com prostitutas.

Locais como esses servem, na prática, a encontros libidinosos de outra natureza,


como os adulterinos e, mesmo, os absolutamente lícitos entre pessoas capazes que acorrem
a esses ambientes para satisfazer seus desejos sexuais. Se ali acorrem prostitutas, como é
certo, nem por isso são lugares destinados exclusivamente a servir à prostituição.

Não é indispensável que o agente esteja movido pelo intuito de lucro, nem
tampouco que participe diretamente da intermediação dos encontros entre clientes e
prostitutas.

A prostituta que exerce o meretrício em sua própria residência não comete o crime,
até porque sua casa não se destina exclusivamente aos encontros sexuais, mas é o lugar
onde vive e, como tal, tem a proteção da norma constitucional.

9.2.3 Elemento subjetivo

O dolo é essencial. Consciência de que seus atos constituem mantença de casa de


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prostituição ou de lugar para encontros libidinosos e vontade livre de fazê-lo, realizando o


tipo. Não é indispensável o fim de lucro.

9.2.4 Consumação e tentativa

Consuma-se no instante em que a casa ou o lugar esteja instalado e aberto para a


prática de prostituição.

Há entendimento doutrinário no sentido de ser exigida, para a consumação, a


prática de pelo menos um encontro libidinoso com prostituta, todavia penso que o tipo
exige apenas que a casa esteja instalada e sendo mantida, conservada, apta a abrigar em
seu interior ações de prostituição. Do momento em que está em condições de realizar sua
finalidade, o crime estará consumado. O crime será, a partir daí, permanente, protraindo
sua consumação no tempo.

A tentativa é, por isso, possível quando o agente, com a inequívoca intenção de


manter casa de prostituição e após tê-la instalado, tendo já contratado mulheres para
exercer, ali, o comércio sexual é, no dia da inauguração da casa, preso em flagrante, sendo
a mesma interditada.

9.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.

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