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Um perfil antropológico dos principais grupos humanos que

procuram as emergências dos hospitais:


O PIMBA (Pobre/Imundo/Mulambento/Bêbado/Atropelado):

Grupo formado por adultos jovens que chegam à emergência em estado


lastimável, com um cheiro insuportável, enchendo o saco do médico
assistente, arrancando todas as punções venosas, isso quando não estão
cheio de escoriações e cortes que obrigam o plantonista a gastar horas com
suturas chatas. Normalmente chegam em horários inconvenientes, como
troca de plantão, no meio da madrugada, hora do almoço e na hora do seu
horário noturno.Possuem em comum uma citoquina, a mulambina, que os
protege das mais temíveis feridas. Normalmente quando tomam banho ou
ficam sóbrios a mulambina fica indetectável e o paciente evolui para coma e
choque. Em PIMBA foi detectado uma citoquina variante, a banditina, muito
mais potente, que o fazem sobreviver a, por exemplo, 14 tiros de AR-15 na
barriga.

A CRACA = Pior pesadelo dos médicos plantonistas.

Grupo formado por idosos, principalmente mulheres, sempre com mais de


70 anos. Chegam sempre faltando 20 minutos para a hora da troca de plantão
ou quando vc está ocupado com vários casos.

Trazidas pelos familiares em cadeira de rodas, todos com cara de muito


assustados. Não conseguem andar, falar, colaborar, ver, ouvir ou sentir. Em
muitos casos são pessoas que já passaram do quarto AVC e possuem, além
de DM e HAS, várias doenças por sistema/aparelho.O médico é obrigado a
medir pressão e fazer exame físico nas posições mais variadas e inusitadas,
ao mesmo tempo que tem que ficar escutando os familiares, loucos para se
livrarem do abacaxi, dizendo que ela "não pode ter alta" e "precisa ficar
internada". Após gastar várias horas ouvindo queixas dos familiares e
gemidos, descobre-se que era apenas uma desidratação.

Quando o médico tem azar, descobre que foi broncoaspiração e precisa


intubar uma velhinha não colaborativa com uma cifose tão intensa que se
ficar em decúbito dorsal, ela tomba para o lado, e o pior, o pescoço é curto e
torto obrigando a você enfiar o laringo enviesado. O problema é que sempre
quando vc acaba de intubar, a velhinha pára e morre. A merda é explicar aos
familiares...
O GRIPADO = Grupo mais numeroso das emergências:

São pessoas que não toleram uma leve tosse, faringite ou cefaléia, acham
que 37 graus é febre mortal e vão te aporrinhar, sempre chegando em grupos
de 4 ou 5 de uma vez só. O principal horário de chegada é quando a sua
refeição chega e nos 30 minutos antes do fim do plantão diurno. Todos tem
plano de saúde e "já que tem plano, tem mais é que gastar".Quando dá-se o
diagnóstico, eles normalmente falam que "já sabiam" e "não precisa
prescrever porque eu tenho o remédio em casa". Uma parcela "que está no
médico" e começa a fazer um histórico de queixas e sintomas que tiveram ao
longo de suas infelizes vidas e querem que o médico ("aquele fdp que não
trabalha") resolva tudo naquele momento.

O PITI = Figura histórica das emergências.

A definição envolve toda a sorte de mulheres que chegam à emergência


dando ataques histéricos e/ou alegando sintomas incompatíveis com a clínica
e exame normal. Por trás, sempre uma história de brigas com namorados,
maridos, filhos, etc.

No PITI CLÁSSICO, a pessoa chega com contratura de todos os membros,


boca e olhos, parece estar possuída Possui o sinal do elástico (Quando o
médico estica o braço, a paciente puxa de volta) e o patognomônico sinal do
flutter ocular (Ao pousar os dedos sobre as pálpebras forçadamente
fechadas, o médico sente no dedo uma nítida fibrilação, resultante do esforço
gerado pela contratura).

Ao contrário da pessoa desmaiada, ao tentar-se abrir as pálpebras, a


paciente as fecha de volta (sinal do pseudo-rebote palpebral). O PITI
CLÁSSICO é tratado com uma breve psicoterapia. Basta prometer, em alto
som, um tratamento que seja humilhante e muito doloroso e que não se
importa com isso porque a paciente está mesmo desmaiada e "não irá sentir".
Em poucos segundos a pessoa volta ao normal e deseja ir embora. Existe as
variantes PITI FLÁCIDA, quando a paciente chega "desfalecida", carregada no
colo pelo companheiro, e esta sempre tem uns quilinhos a mais (gorda feia).

A variante PITIZINHA é nada menos a filha da PITIZEIRA que ao chegar na


emergência e ver a mãe no leito dá também um ataque histérico. Apesar da
vontade de bater na cara da mulher, o médico é obrigado a ocupar mais um
leito e fazer a "psicoterapia".

Apesar de não ser comum, o PITI masculino, quando ocorre, costuma ser
mais grave e indica investigação de etiologia própria, como história familiar
(criado pela avó) possível vítima de abuso sexual na infância, exame físico
com pesquisa de prega furicular, sinal do pseudo-flapping, pseudo-anquilose
cervical, lordose acentuada, sinal da maçã e teste de HIV.
O ESPERTALHÃO:

Normalmente homens, adultos jovens que chegam sempre em horários que


não os do almoço, café da manhã ou noite. Começam com uma história
comprida, com vários sinais e sintomas incompatíveis, associações entre
exposição e sintomas exdrúxulos, clínica incompatível. Até que, quando você
está para pedir uma Kaiser, eles revelam a que vieram: "me dá o dia doutor",
pois não podem ou não foram trabalhar hoje.

Existe a variante CARA DE PAU, que pede atestados para o resto da semana e
só aparece nas quartas ou quintas e a variante CRETINO, que pede atestados
para dias anteriores já devidamente enforcados.

O DOUTOR:

Normalmente pessoas de meia idade. Já chegam dizendo a doença que


têm, o remédio que devem tomar e os exames que devem ser solicitados.

Ao chamar esse paciente de "colega" e perguntar "aonde o sr./sra. se


formou" eles reagem espantados, sem graça e dizem que não são médicos
mas que "mais de uma dezena de médicos já falaram o que ele tem" e que
"somente o que foi pedido faz efeito nele". Existe a variante "CHECK-UP",
pessoas que procuram emergências para fazer "check-up" e/ou solicitar
exames por conta própria.

Em comum são o total desconhecimento do que estão fazendo e a


solicitação de exames que não terão NENHUM prognóstico em sua
expectativa de vida.

A FILHA DA PUTA:

Grupo feminino heterogêneo que sempre aparece na emergência às 2:00am


pelos motivos mais idiotas possíveis como gripe, faringite, dor no dedão e
outras emergências urgentíssimas. A frase padrão é "em primeiro lugar bom
dia, doutor. Me desculpa por estar aqui a essa hora, mas..."

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