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Eduardo Guimares
Unicamp
como que incidindo sobre o sintagma nominal (at o menino); o at, ento, no
parte do sintagma nominal. O interesse desse at no que ele pouco especifica ou
caracteriza menino. O que ele faz projetar um espao de concluso que se pode,
inclusive, colocar num enunciado posterior do texto. Pode-se dizer assim: at o menino
sabia disso, voc mesmo desatento. Tira-se uma concluso. O que que o at est
fazendo? Ele produz uma relao de articulao que no se resolve dentro do enunciado,
ele projeta para outros enunciados, por sobre o limite do enunciado.
A partir de uma anlise semntica tal como a esboada acima, a questo que nos
ocupar especificamente neste trabalho, considerando a semntica do acontecimento, o
de saber em que medida podemos, se tomamos o ponto de vista da anlise de texto,
incorporar as anlises semnticas tarefa da compreenso de um texto. Para isto
preciso apresentar um procedimento de anlise de texto capaz de incorporar
adequadamente as descries dos sentidos das expresses e dos enunciados. Deste modo
procuraremos apresentar um dispositivo de anlise de texto que seja capaz que
considerar os aspectos enunciativos como produtores de sentido e assim ligar isto a um
procedimento que consideramos adequado para a interpretao de textos, a partir de
descries bem fundamentadas do funcionamento lingstico.
Esse tipo de trabalho nos coloca uma exigncia. Ele precisa ser capaz de dizer
algo sobre o texto que o ilumine para alm da nossa capacidade trivial de falantes. Em
que medida essa instrumentao da anlise semntica capaz de levar a compreender no
texto aquilo que no se compreenderia pura e simplesmente? Mas, ao mesmo tempo,
este tipo de trabalho no pode fazer ver no texto algo que nada tenha a ver com o modo
de os falantes de uma lngua (no sentido poltico que dou a este termo) compreenderem
os textos.