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6 • Público • Segunda-feira 12 Abril 2010

Portugal
Inquérito Universidade Católica faz primeiro recenseamento da acção social católica

Estado financia maior parte das receitas de


instituições sociais ligadas à Igreja Católica
Apoio a crianças e idosos é o maior sector, e a paróquia a principal área de intervenção. Acção
centrada em respostas sociais complementares ao Estado debatida esta semana pelos bispos
ção social na área do apoio à família: Também no que se refere ao apoio uma correlação negativa entre a en- No outro extremo desta lógica estão
António Marujo
dos 2538 equipamentos, há 964 cre- do Estado e ao que alguns consideram trada de apoio estatal e o esforço das exemplos como o das Conferências
a Um total de 59 por cento das recei- ches, pré-escolar e centros de tempos a “falta de autonomia” das instituições comunidades cristãs. À medida que há de São Vicente de Paulo: “São grupos
tas das instituições sociais católicas, livres, enquanto 1070 são centros de católicas em relação à administração um maior compromisso com o Estado com um largo património espiritual
em 2007, teve origem no Estado. Me- dia, apoios domiciliários a idosos ou central ou local, os números devem social, parece haver um menor empe- que não têm a mesma capacidade téc-
tade das instituições ou organismos lares de terceira idade. ser lidos em duplo sentido: “Por um nhamento da comunidade.” Ou seja, nica nem o mesmo enquadramento
recenseados não recebe um cêntimo “As prestações de apoio à família lado, os dados mostram que estamos regra geral, instituições com maior [institucional], mas estão muito en-
de financiamento público, mas as que são os domínios de maior solicitação perante uma Igreja, e não um grupo dependência do Estado são também raizados nas comunidades cristãs”,
têm dinheiro do Estado dependem de- social e maior dispêndio de energia”, sectário, capaz de se inscrever no âm- as que menos se relacionam com a nota Alfredo Teixeira.
le, em grande parte, para sobreviver. observa Alfredo Teixeira, sociólogo e bito social com regras de acção de ou- comunidade dos crentes. Do estudo extraem-se ainda vá-
Estas são duas das conclusões de coordenador da última fase do estudo. tros actores”, nota Alfredo Teixeira. Essa pode ser uma das razões que rias tendências: o âmbito da acção é
um estudo da Universidade Católica Serviços como a redistribuição de ali- Esta forma de estar da Igreja Católi- explica o menor número de respostas preponderantemente paroquial (ao
Portuguesa (UCP) a que o PÚBLICO mentos através de instituições como o ca e das suas instituições sociais deve ao inquérito provenientes dos centros contrário do que acontece em países
teve acesso e que hoje mesmo começa Banco Alimentar “seriam totalmente ser valorizada, observa o responsável sociais paroquiais (CSP), instituições como Espanha, França ou Itália, são
a ser debatido pelos bispos em Fátima. diferentes se não existissem” as insti- do inquérito (produzido por Mário La- com maior pendor técnico e onde a pouquíssimas as IOG com trabalho de
Até quinta-feira, a Conferência Epis- tuições católicas de base paroquial. jes, Henrique Joaquim, José Adelino colaboração com o Estado, através de âmbito nacional ou internacional);
copal Portuguesa (CEP) debate, entre Sendo o primeiro levantamento Afonso e pelo próprio Alfredo Teixei- protocolos, é mais notória. Apesar de está sub-representada no inquérito
outras questões, a acção social. deste universo jamais feito e um im- ra). “É normal que a Igreja esteja desta formalmente dirigidos pelos párocos, a acção das IOG nas zonas de maior
O tema está também no centro de portante indicador do que é a acção forma na vida social, mas também tem os CSP têm uma auto-representação vulnerabilidade e exclusão social; e
um dos principais momentos da vi- social católica no país, todos estes nú- de ser criativa para encontrar respos- mais distante em relação à Igreja. “Co- muitos dos que responderam tiveram
sita de Bento XVI a Portugal, daqui a meros devem, no entanto, ser lidos tas a problemas novos.” mo respondem a critérios específicos, dificuldade em identificar-se como vo-
um mês. Para a tarde de 13 de Maio, com cautelas: das respostas obtidas, Alfredo Teixeira nota ainda: “Há recorrem a pessoas qualificadas para luntários, apesar de não auferirem
em Fátima, está previsto um encon- apenas 23 por cento são centros so- determinado serviço ou competência qualquer rendimento ou benefício
tro do Papa com os responsáveis das ciais paroquiais — a realidade de ins- e têm um menor comprometimento pelo seu trabalho nas instituições ou
instituições sociais, para o qual estão tituições católicas de solidariedade com a instituição eclesial”, diz. grupos.
a ser convidados também organismos mais disseminada pelo país.
não católicos.
No estudo da UCP, encomendado
pela CEP, verifica-se que a esmagadora 2538 A maior fatia beneficia
maioria das instituições, organismos dos refeitórios sociais. Outros
ou grupos (IOG) que responderam ao equipamentos equipamentos incluem centros
inquérito (quase 1700 de um total que sociais para deficientes, vítimas de
ultrapassa os 4000) se dedicam à ac- violência doméstica, doentes
beneficiam Centro de dia com sida e toxicodepententes
O apoio prestado
176.866 vocaciona-se para a 12.929
organização da vida
Outras situações
pessoas
familiar nas suas
necessidades mais
33.600
universais - Apoio
Pré-escolar sobretudo para domiciliário Serviços sociais
28.788 Centro de crianças
e idosos
25.757 beneficiam 513.225 pessoas
Creche/ama convívio
17.635 15.261 Apoio em géneros 153.726

Atendimento social 71.900

Visitas a pobres/doentes/reclusos 69.308

ATL Apoio em roupas 64.350

26.503 Cuidados de saúde 25.019

Apoio em dinheiro 21.217


Outros Outros
Lares
4858 Há uma tendência para 407 11.148
Medicamentos e ajudas técnicas 18.201

a prestação de serviços de Rendimento social de inserção 16.943


resposta a necessidades mais
Crianças básicas, em detrimento da
Idosos
Apoio psicossocial 16.812
área de formação e educação
77.784 de adultos 65.502 Outros 55.749

FONTE: Centro de Estudos de Opinião/Universidade Católica


Público • Segunda-feira 12 Abril 2010 • 7
Situação social do país debatida pelos bispos
A situação socioeconómica que se intervenção social da Igreja e
vive no país é um dos temas que os das suas instituições e grupos na
bispos irão debater na assembleia resposta à crise e aos problemas
desta semana. Esse tema permitirá que os sectores mais desprotegidos
discutir também o papel da enfrentam.

O que dão as instituições sociais católicas


Bens de primeira necessidade entre os apoios principais
a Os apoios de bens alimentares e de católica dependente ou autónoma do possa distinguir estas instituições da
primeira necessidade (medicamen- Estado coloca-se no âmbito da maior Igreja de outras que não tenham essa Pedofilia na agenda
tos, roupas, pagamento de presta- parte das IPSS ligadas à Igreja. Das referência católica”.
ções...) são uma das principais áreas 1700 instituições e grupos que res- O responsável espera que seja Os bispos portugueses reúnem
de intervenção das instituições, orga- ponderam, mais de 43 por cento têm possível realizar um segundo levan- hoje e até quinta-feira em
nismos e grupos (IOG) que respon- o estatuto de IPSS (Instituições Parti- tamento mais exaustivo, até para Fátima e deverão discutir um
deram ao inquérito da Universidade culares de Solidariedade Social). identificar realidades que ficaram documento pastoral sobre
Católica. De acordo com os números Alfredo Teixeira nota que esta re- de fora no primeiro. Uma delas é a pedofilia. O tema não consta
do estudo, mais de 260 mil pessoas lação entre IOG católicos e o Estado da acção social ligada a institutos da agenda, apenas por uma
beneficiam de apoio em géneros (pro- tem tido oscilações, consoante as missionários. razão formal, já que esta tem
venientes do Banco Alimentar Contra políticas governamentais. E apon- Um outro problema de futuro tem que ser aprovada pelo conselho
a Fome ou de outras origens), roupas, ta o dilema: “Há um duplo impulso a ver com a recomposição social da permanente da Conferência
dinheiro ou medicamentos (ver info- para estas instituições: por um lado, prática católica: a maior parte dos Episcopal. No final de Março,
grafia na página ao lado). manter parcerias com o Estado so- grupos de acção social tem uma ba- foi decidido discutir o assunto,
Uma pessoa pode receber vários cial, que não é capaz de dispensar a se paroquial, o que dá garantias de após notícias que indicavam
apoios da mesma entidade (por acção dessas instituições; por outro, uma relação de proximidade com as que poderia haver casos de
exemplo, um idoso apoiado com me- as instituições serem capazes de ir pa- pessoas que são apoiadas. Mas, so- pedofilia de membros do clero
dicamentos e géneros alimentares). ra além disso, mobilizando recursos bretudo no espaço urbano, os cató- em Portugal. Mas a reunião
Mas os dados recolhidos permitem da própria comunidade cristã”, ao Bens básicos chegam a 260 mil licos mexem-se cada vez mais numa do conselho permanente para
entender as principais necessidades acudir aos mais necessitados. lógica de ligação a outras comunida- eventuais ajustes de agenda só
dos mais desfavorecidos e, por outro Mesmo no que se refere aos centros a administração pública, diz o soció- des que não as da sua residência. “O hoje ocorre em Fátima. Quinta-
lado, os mais importantes apoios con- sociais paroquiais, que têm contratos logo da Universidade Católica. Caso desafio é como fazer subsistir esta feira, poderá ser divulgada uma
cedidos pelas instituições católicas. com o Estado, a sua acção “não tem contrário, corre-se o risco de ser “di- lógica de proximidade”, diz Alfredo nota sobre o tema.
O problema de uma acção social que ficar restrita” a essa relação com fícil identificar a cultura própria que Teixeira. A.M.
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