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São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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OPINIÃO OUTRO LADO

Soldados corriam perigo de vida;


reação foi de autodefesa
Ataque a tropas israelenses foi premeditado; militantes
incitaram a multidão embarcada gritando "intifada"

OS ORGANIZADORES ESTAVAM
CIENTES DE QUE SUAS AÇÕES
ERAM ILEGAIS. A AÇÃO DE
ISRAEL ESTÁ FUNDADA NA LEI
INTERNACIONAL

GIORA BECHER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Durante a madrugada de 31 de maio, soldados da marinha
israelense embarcaram em uma frota de seis navios que
tentavam violar o bloqueio marítimo em Gaza. Militantes a
bordo do Marmara Mavi atacaram os soldados com
armamentos como pistolas, facas e paus, ferindo-os e
deixando dois soldados em estado grave e três em estado
moderado.
Os navios que reagiram de forma pacífica à operação foram
escoltados ilesos, como acontecera anteriormente com navios
que tentaram violar o bloqueio marítimo.
O ataque contra os soldados israelenses foi premeditado. As
armas utilizadas foram preparadas com antecedência.
Huwaida Arraf, um dos organizadores da flotilha, afirmou
com antecedência ao evento: "Os israelenses vão ter que usar
a força para nos parar".
Bulent Yildirim, o líder do IHH (Fundo de Ajuda
Humanitária) e um dos principais organizadores da frota,
disse pouco antes do embarque: "Vamos resistir, e a
resistência irá vencer".
Os militantes incitaram a multidão embarcada gritando
"intifada!", relembrando a revolta dos palestinos na
Cisjordânia e na faixa de Gaza em protesto à ocupação
israelense entre 1987-1993 e novamente no ano 2000.
É preciso ressaltar que o grupo organizador das embarcações
tem orientação antiocidental e radical. Juntamente com as
suas legítimas atividades humanitárias, apoia redes islâmicas
radicais como o Hamas e elementos da jihad global, como a
Al Qaeda.
A ação de Israel contra a frota está fundada na lei marítima
internacional. O Hamas, que controla Gaza, já lançou mais de
10 mil foguetes contra civis israelenses e atualmente está
envolvido no contrabando de armas e suprimentos militares
na região, por terra e mar, a fim de fortalecer suas posições e
continuar seus ataques contra Israel.
Sob a lei, Israel tem o direito de proteger a vida dos seus civis
de ataques do Hamas e tem tomado medidas para se defender,
incluindo o bloqueio marítimo para travar o rearmamento do
Hamas.

ALVO
Os organizadores da frota deixaram claro que seu alvo
principal era o bloqueio marítimo. Greta Berlin, porta-voz da
frota, disse à agência de notícias AFT, em 27 de maio, que
"esta missão não é sobre a entrega de suprimentos
humanitários, mas [sobre] quebrar o cerco de Israel".
A frota recusou repetidas ofertas de Israel para que os
suprimentos fossem entregues no porto de Ashdod e
transferidos por passagens terrestres existentes, em
conformidade com os procedimentos estabelecidos.
Se, por um lado, os organizadores afirmam ter preocupação
humanitária com os moradores de Gaza, por outro eles não
têm preocupações semelhantes com o destino do soldado
israelense sequestrado Gilad Shalit e se recusaram a fazer
uma chamada pública para permitir que ele fosse visitado
pela Cruz Vermelha em Gaza.
Os organizadores estavam cientes de que suas ações eram
ilegais. Sob o direito internacional, quando um bloqueio
marítimo está em vigor, nenhuma embarcação pode ingressar
na área bloqueada. Em conformidade com as obrigações de
Israel sob esta lei, os navios foram avisados várias vezes
sobre o bloqueio marítimo ao longo da costa de Gaza.
Ao ficar claro que a frota tinha a intenção de violar o
bloqueio, os soldados israelenses, que não empunhavam
armas, embarcaram nos navios e os redirecionaram para
Ashdod.
Foram recebidos de forma violenta nas embarcações onde
dois israelenses foram baleados, um esfaqueado e outros
atacados com tacos, facas, machados e objetos pesados. Os
soldados israelenses corriam perigo de vida e agiram em
autodefesa.
Em Ashdod, a carga da frota e os itens de ajuda humanitária
serão transferidos por terra para a faixa de Gaza. Os membros
da frota que necessitam de assistência estão em instalações
médicas israelenses.
O restante do grupo será submetido a procedimentos de
imigração aplicáveis em casos de tentativas de entrada ilegal.
GIORA BECHER, 60, é embaixador de Israel no Brasil

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