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Fao. Deposit Leal a er Meuse ern then 409 Conese. 2 Moise orgs susie Graton trownems os” Corer lina Milos See ABSeCBaL us Bao evmoaba sn, Cmous de On, ‘elon (795265 16/3285 64 vv adtbnutoatel edufbs@utbabe SUMARIO Apresentacso Nietzsche e 0 problema da inguager: _acrfica enquantocrisc8o ‘Ser uma experiéncia para si proprio: como tomnar-se um esprit ive? Nietzsche acerca da persuasso wagnerana \erdade e socledacl:algumas considerartes sobre Nietzsche e Montaigne Linguagem o moral em Nietzsche [Nistzsche:crtica a metatisica como crtica 8 linguagem ANDRE LUIS HOTA MAPARICA Logica e retrica no jovern Netasche MARIO JOSE SIVEIRA UMA Rofloxio e gramtica floséficas em Nietzsche ANTON MARALES Sobre os autores 15 43 59 75 93 105 121 135. 187 3, desse modo, 20 Instn jm a dimensio pragmética da linguagem, Ao ressal- ‘ar dimensio do uso convencional da linguagem, Nietasche'seafasta de tama concepso realist eessencialista da Tinguagem, o que o aproxima bastante do Wittgenstein das Investigates flosifics. No segundo cent rio, Marques busca eslarecer a relagHo entre reflexo filoséficae forma de vida, Havendo uma relagto intima entre graméticae forma de vida, Nietzsche procura conceber construtivamente uma forma de vida que no corresponda & gramética da metafisica edo ideal asctico, Esse x perimento do pensamento, para Marques, ésinlizado por Nietzsche na Genealopia da marl e em Além do bem e do mal, na proposta de cultivo dle uma forma de vida nobre e superior. GGostariamos de agradecer a todos aqueles que tornaram pos realizagio do X00KII Encontros Nietzsche, que deram origem a este liv. ‘Ao PET Filosofia da UFBA, seu tutor Genildo Ferrera da Siva, ea0 PET. 1is/UFDA). Ao Departamento de Filosofia da UFBA e3 a chef, Sia Faustino de Assis aes, A FFCH/UFBA, na figura de seu retorJofo Carlos Salles Pires daSilva. A Fapesb, peo apoio. Humanidades 0s organizadores. NIETZSCHE E 0 PROBLEMA DA LINGUAGEM: ACRITICA ENQUANTO CRIACAO' 1 AAS considerasdes de Nietzsche sobre alinguagem nfo formam por cer- to um corpus, no se acham tampouco agrupadas em textos especificos, Dispersas em seus escritos, ao também variadas, Por vere, tatam de questoesrelatvas 20 es em geral ou lidam com problemas que dizem lingua alema, Por outs, sublinbiam a imprecsao das formas 8 ou ressaltam as preferéncias literéias do autor. Mas, ainda apresentem a primeira vista como marginas, elas desempenkam no quadto do pensamento niet prime cent indecisa entre comunicar-se e esconder: alma’ ~ e no falar!” (NIETZSCHE, 1978, v2, p. 15) Mas essa nfo é uma aspiragio que ele exprime apenas nesse prefico ou que di respeito to so- ‘mente aessa obra Alguns anos antes, 20 eaborar Asim flava Zaratsta, dar vor. Nio € por acaso que, no 0 protagonista se pe a refletir sabre a linguagem antes de enfientar em toda a sua extensio as consequéncias de seu pens nessa mesma seg30, que tem por ttulo O Convalescent, guia ea serpente, lembratem 9, julgando-o pesado e mal escrito. E conclui que sua alma, "devia cantar, essa ‘nova ‘mento abissal imediatamente depois de seus ani rade que ele € 0 mestre do ara twas novascangbes, & preciso ETZSCHE, 1999, 9338) Em ambas as passagens,¢ em mult outros mis, of exprime sua prefetncia pela de encontrar cuja andlise ultrapassaria 0 quadro € o objetivo deste estudo, 0 10 3 linguagem, Manifestando insatistagao em Tinguager musical, ele evela uma necessidade inelutive {formas de expresso para der o que tem a dizer, para exprimiroquenele permanece mud, Ora, sta exigincia de uma nova linguagem’ «6 eeré de mostrar que, seas consideragbes de Niet \guagem no chegam, em momento algum, @ consitur isso deixam de ser determinantes para do, na vertente critica de sua obra, quan 0 8eu projet filoséfico. Po do setrata de atacara metafisia,ofilésoforetoma duas proposigdes com: signadas em seus escrtos fllégicos:sustentaatese de que a linguagem 6 indispensivel ao processo de elaboragio dos conhecimentosfilosbfieos fe defende a ideia de que o pensamento s6 se toma consciente gragas 8 linguagem. Por outro lado, na vertente constrativa de sua obra, quando ‘se rata de exprimir suas préprias concepyées, ele traz3 luz anecessidade fee caiges ingen Ne * 6 de dispor de meios que no se limiter a representar © mundo, Conto, por fim, sustentar a tese de que, em sua obra d double ole, Nietzsche nto ‘um pensador que se debate aprisionado nas redes da linguagem, mas, 20 contriio, apresenta-se como 0 fildsofa que a leva a voltar-se contra si mesma ¢, 20 azo, cria uma nova lingvager. 2 [Nietzsche prvilegia a inguagem como objeto de refleso antes mesmo de cengajar-e na via da Filosofia, como bem mostram seus escitos flologicas, Alii, sua formagio em Filologiaclissca sernpee se fard sentir como tr re ‘curso metodelégico em seu trabalho, De um certo ponto de vista, rd urna sombra que ele quer afugentar mas da qual nfo pode se Wbertar, Reka rnomeado professor na Universidade da Basileia, sobrea “Retérica antiga” (a "Historia da eloquéncia” que ofildsofo dé auas. Anda itu paralan- «arse em considerasoes originsis, enti se apo grandemente em alguns estudos académicos sobre retria clissca. Mas, no ano letivo de 1869°70, 20 preparar win de seus primeros curses, € para “A origem da linguager" aque se volta, Nesse momento ele jé tem ciéncia do que vita coustitair a base de sua erica & inguagem. Tanto € que afiema que “todo pensamento ‘conscientes6 fi possvel com a ajuda da linguagem” e que “os conheci ‘mentos filoséfios mais profundosjé se achamm preparados na linguager.” (NETZSCHE, 1975, p. 185) De um lado, assegura que o penssmento 86 se tora consciente graas a inguagem, ede outro, assevera que a linguagem 6 indispensével 30 processo de elaboragia do conhecimento, A partir dat, as duas ideas se fardo presentes deforma constante em seus textos. De fato, na obra netzschiana, se as rflexdes sabre o conhecimento e aquelas sobre alinguager sto inseparives, elas tampouco poem ser dssociadas de uma certaconcepgdo do homem e do mundo. [No ensaio Sobre vrdade ¢ mentra a sentido extrameral, Nietzsche passa a pensar linguagem enquanto relagfo. Faz ver que nela se aloja a crenga de que se pode apreender as coisas tal como s4o, Partindo da alma, enquanto pensa, ‘movimentos do universo 208 corpos vizinhos e assim a0 infnito, Port tem percepgdes que correspondem a todos mas, como ela ndo pode pensar em tudo, grande parte de seus pensa ‘mentos permanece confuss.Acroditando que essa descoberta foi uma das _maioresconteibuigdes dos alemtes para a filosafia, Nietzsche afirma que conclua: “O pensamento que se tora conscente parte dele, ¢ nés dizemos: a parte mais superficial, a somente esse pensamento consciente ocorre em palavras, Se no parsgrafo 354 da 4e sniformizagio operado pela parece defender outra posigio. Nessa obra fuando vinculo que afirma existir entre as pala audota no parigrafo 268, 20 retomar ainda uma vex a argumentagio que jf desenvolvera na primeita parte de seu ensaio Sabre vrdade « mentra no sentido extramoral. Entdo,sustenta que € para sobrevivéncia {que os individu se relacionam: ésobretudo para conserva a prépeia vida €08 afetos. Ba via que servasdo e desenvolvida aque se comunicam, Ocasionada pela necessidade de comunicay,«linguagem procede a simplificagbes; ela procura abreviar antes de mais nada 0 que os sam a respeito desi mesmos e do mundo. Afn ria de um pracesso de abreviaclo.” ETZSCHE, 1978, ¥. 5, ‘Mas aqui o l6sofo argumen: tagio. Una vez que os individuos recorrem a signos primir necessidades similares, as experiéncias que partiham sto, por {sso mesmo, as mais bisicas e geras: a6 vivéncias que comungam S40, precisamente, as mais comuns. Seria preciso, pois, levantar a questio aque se segue: “Que sentimentos dentro de uma alma despertam mais rapidamente, tomam 2 pslavr, dio orden: “decide toda a hierarguia de seus val de bens.” (NIETZSCHE, 1978, 5 p. 222, tradugao nossa) & tant através das apreciacBes de valor quanto por melo das palavras que os afetos se fetermina, por fim, a ‘exprimem, Sentindose amearada, 2 maiora busca seguranga e se volta 4 2 auloconservacto; destemida, a excegio nao se furta 8 carrer ris. 3 e aposta na vida. Enquanto os individuos grepiris se apegam a pré- conctitos, cengas e convieges, os mais ates nso hesitam em sucumbir em seu isolamento, ‘para fazer frente a esse natural, demasiado natu progressus in simile, © apereigoamento do homem rma ao semelhant ‘ostumeiro, mediano, gregirio ~ rurno 20 vulgar” (NIETZSCHE, 1978, 15, p. 222, tradugto nossa) (0a, para comunica, é preciso partir de um solo comum. No basta as mesmas elas, abracar as mesmas concepsdes. Tampouco basta irs palavras © mesmo sentido ou recorrer aos mesmos procedi smentosligicos. f preciso bern mais: é preciso partilhar experiéncas, co ‘mungarvivencis, No limite, todo comunicar 6 tornar-comum, Traduzida 1a consciéncia€ na linguagem, 0 pensamento ji se apresenta sob uma cesta perspectiva: a gregiria. As ideas, e até as agbes de um individuo, quando se tornam conscientes e se expressam em palavras, podem vir a perder o que tm de pes regariedade, crrem o risco de sentido que Nietzsche (199 passando pelo filtro da Rejeitando a comunicagio, o fldsofo nao se privaria de dizer o que tem a dizer? Fess atitude no significaria entio a recusa do didlogo? Ora, em vez de simplesmente calarse, Nietzsche (1999) se obstina a buscar os para exprimir 0 que ncle ndo pode permanecer mudo. ulgando ‘que nto € dz ordem do pregirio 0 que tem a dizer, que nfo é para todos {que deve falar, a ele caberé recorter a forgas prodigiosas para entravar o 3 processo de wniformizacio operado pela linguagem ~ a0 menos, & dessa ‘maneira que quer apresentarse 7 {fo Ambito da relagio entre autor eleitor que Nietzsche situa as questdes cesses. Do quer apenas se ompreenid, quando Se eceve mat 6p. trade nos) Em muitos aspectos, essa passagem € reveladora da atitude de Nietsche em relagio a seus leitores. flésofo bem mostra que, a0 ¢s- colter umn estilo, buil-o, aprimorslo, © autor seleciona o seu leitor. Repele quem Ihe & estranho; atrai quem é do seu feito. Tudo se passa como seo estilo fosse um mot de passe, uma mensagem cifrada, uma ‘enba. Apresentando-, o autor langa sua isca,* decfrando-, o leitor delese mostra digno. E dessa mancira que se estabelece a cumplicidade ent ees. Refletindo sobre sua “arte do estilo” no Eece homo, Nietzsche (1978, 46, -304,tradugo nossa) afirma: “Comunicar um estado, uma tensio ma de pathos através de signos, inclnido 0 ritmo desses signos ~ eis zntido de todo estilo." No limite, ele entende estilo como sintoma, Enquanto manifestagto de u de um pathos, © estilo indica os ulsos que dominam o autor num determinado momento, os afetos aque dele se apoderam e, por conseguint, as estimativas de valor que nele 0 expressam, Dai decorre que nlo hé um estilo, qualquer que se, born todos 05 autores e sequer um nic estilo bom para © mesmo autor. Ha tantos estos quanto os estados. Quem acredita existir um estilo “bom, em si" no passa de idealist; quem julga haver um estilo universalmente bom nada mais faz do que revelar os impuilsos que o dominamn. Enquanto sintoma de impulsos, afetos e apreclages de valor, cada estilo revela a condlci fsioldgice de seu autor num dada instante. (Que se tome em consideragzo, para tentar apreender o sentido pre: ssa idea, a décadenceliterdria tal como ofilésofa a concebe. No Caso Wagner, ele procura Ja da seguinte maneita: A palavra torna- a da faze, a frase transborda e obscurece i gana vida em detrimento do todo ~0 todo 8, ¥ 6, p.7, tredugto nossa) $ que eram subordinadas nto se curvam mais 4 hierarquia que rei ‘nava no organismo, Nos dois casos, éflagrante a falta de casio interna, a {alta de vontade organizadora, a falta de forgaorganicamente consttuida “tas esta 6a imagem para todo estilo da décadence a cada vez anarquia dos somos, desagregacdo da vontade.” (NIETZSCHE, 1978, v6, p. 27, tradusio nossa} A décadence antistca e a décadence fisiolbgica sempre caminham juntas Em seus textos, Nietzsche nao hesita em langar mio do estilo dis sertativo edo polémico como em recorrer ao afrismo e a0 poema. Ao fazblo, nZo tem a intensBo de encontrar umn modo de expressfo adequa- do, tampouco quer simplesmente langarse em experimentos estilisticos. Por outro lado, o pluralisio de estlos presentes em sua obra no vem privila deestrutura nem conf {que nela se encontram sfo phurais, € porque traduzem miltiplas pers- pectivas*e, por conseguinte, exprimem milkplas formas de vida, Nao se pode, pois, separar as ideias eos modos diversos de exp conteidos do pensamento eas formas especificas de expresso. E digno de nota que, em sua obra, Nietzsche recora a vrios estilo; mas nio é simmplesmente desse procedimento que se serve para tentar dizer o que tem a dizer. Sem jamais abandonar a exigencia de encontrar rmas de expressio, ele langa mao de mi os.” Intaduzindo o perspectvismo na linguagem, 80 gar os mesmos termos em diferentes acepebes, subveter os sentidos dos ‘octbuilos, desterritrializar as palawras, tampouco hesita em empregar jas, metiforas * Com isso, langase num trabalho perma: ‘ropos, metor nente de ressgnificagio. ‘A partir desses dados, impte-se uma primeira canchisto: 0 f6sof0 so procura liars por completo da antiga linguagem para inventar ou- tra interamente nova, Nto se disp, tal como um deus, a feabla surgi cenihilo. Mas, evando as tltimas consequéncias sua critica &linguagem, procuratransformé-la desde denteo, [Em momento algum, Nietzsche deixa de sublinhar as difculdades para fazerse entender, Se é de vivéncias jamais partlhadas que fala, hé no que tem a dizer. Por engendrarem-se na soli es definitvas, ele sugere que hi is6rio no que diz. Fjulgando que o mundo ndo é um sistema ‘mas uma toalidade permanentemente geradora destruidora de si mes. uma estruturaestivel e sim um process, deixa entever que 6 de algo effmero que fla, Se nfo pretende chegara verdades 4éefinitvas,tampouco acredita que o mundo possa atingie ‘quilbrio durével. Mas, na medida em queas palavra fxam epetrifcamn, no hi como servr-e elas para exprimir o que se transforma sem cessar, para falar deste mundo sempre em processo E preciso render-se&evidén “Os meios de expressio da linguagem so inutilizveis para exprimit ser" (NIETZSCHE, 1978, ¥.33, p. Seja porque julga que suas experiéncias “no so nada tag seja porque entende que a linguagem no oferece meios "para exprimnir Nietzsche ‘Tanto 6 que, num: dequealguém s isico. M 0 cessa de buscar novas formas de expresso ‘times escritos, 0 Caso Wagner, defende a ideia nar tanto mais fildsofo quanto mais se converter em que um pensador que se debate nas redes d linguagern, tasche 6 0 filésofe que a faz voltae se contra si mesma ~ para criar wma nova linguagem. "oid pt em Rn eke macnn me ta: Maton sh) {que se trate da andlise da linguagem, dos atagues 2 metafisca ow do exame da nogio de verdade, Nietzsche (1978, x. 6) sempre ara critica enquanto criasio. Ede forma consequent, lis, los6fico, (MARTON, 2002) REFERENCIAS BLONDE, Frc Neco, le cope I cultures pilotophie comme gindalogie ilosphigue Paris: PUF, 1986, ap. ietsche lave et la métaphore, Ree phioophique dls France de et P5I5 345.197 CCACCIARI, Massimo, Kriss saga sulla. ieaschea Witgenstein, Mil: Fein, pensiero negative da (CLARK, Maudematie: Mitzahe on tra and pilesphy Cambridge: Carbeidge Universiy Pres, 1990, CCLERCKX, Edwin. 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