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Cope se ~ ANNUARIO DO Ensino 00 Estaoo ot Sto Pauto A +O PUBLICAGAO ORGANISADA PELA J f INSPECTORIA GERAL DO ENSINO POR ORDEM DO et GOVERNO DO ESTADO j { \ aii i ail 1907 — 1908 Tye. Avausto Siaveina & C.—Rua Atvanes Penreavo, 6-0 BAO PAULO or s 2 oo ellibel wat i et a SUMMARIO I parte — Fe historica, — Relatorio do Inspector Geral, Il parr — Estabelecimentos do Estado, IIT partE — Estabelecimentos equiparados e subvenciona- dos, —- Ensino privado. — Livros didacticos, — Relatorio da Commissfio Revisora. — Pu- blicagdes pedagogicas. — Extractos dos re- latorios dos inspectores escolares. —- Mobilia escolar, —- Edificios escolares. —- Despesa com a een publica. — Horarios. — Conclusio. — Indice. EXPLICAGAO PREAMBULAR Iniciamos hoje a publicagiio do Annuario do Ensino do Estado de S, Paulo. Além do motiyo especial que determinou o appare cimento deste trabalho, destinado 4 grande exposigaio na- cional de 1908, ha motivos permanentes a proclamar desde muito a opportunidade desta publicagio, Sao frequentes em S, Paulo as visitas de extran- geiros illustres, Entre as primeiras cousas que se lhes mostram estéo os estabelecimentos de ensino publico, os quaes tém merecido de muitos delles largos encomios. A curiosidade leva-os naturalmente a solicitar infor- magdes sobre o conjuncto do nosso apparelho escolar; ¢ © Governo, nfo possuindo um repositorio completo nesse sentido, apenas pdde offerecer-lhes relatorios, programmas, regulamentos, etc. trabalhos esses muito especialisados para poderem offerecer uma vista de conjuncto. Kiso que o Annuario do Ensino se propoe a dar, antes de tudo, oA este intuito se aggregam outros nao menos rele- vantes: ‘a) O Annuarto abre grande espago 4 estatistica es- colar do Estado, a Dando publicidade 4s listas das escolas vagas e pro- vidas, elle se propde: em +elagio ds primeiras, a elucidar duvidas sobre sua localisagio e determinar a convenien- cia ou nao conveniencia do seu Provimento; em relagio yi as Segundas, a aperfcigoar os assentamentos officiaes, es. | _ Soimando-os de lacunas possiveis e até Provayeis, tratan- de um pessoal que orga por dois mil professores. Neste particular, elle poderd ser de grande auxilio para o Congresso, que sem fontes bem Seguras de informagdes, : tem sido por vezes induzido em erro, votando a conversio de ‘ escolas cuja creacio nao consta dos langamentos da Secretaria Ay _ do Interior, nem da Inspectoria Geral do Ensino, quaes a primeira, /4/ destinada aos professores, trata da me- thodologia e processos didacticos, A ultima (¢) compreltende trabalhos de natureza diversa, e assumptos de collaboragao, de interesse para a educagio popular. Em recente publicacio feita. em Montevidéo pelo Dr. Sebastiio B, Rodriguez e intitulada Contribucion al ‘ desenvoloimiento de la Aygiene escolar, deparou-se-nos_ 0 te trecho que proclama de modo decisivo a neces- de uma obra de divulgasio como esta: -*Lamento no poder disponer en este momento de los dados oficiales que solicité en tiempo oportuno al pais vecino, (Brasil) para agregarlos a esta memoria», i O Estado de S. Paulo que tantos esforgos tem dis- ; ~ pensado 4 obra da instrucgaio popular e que no dizer de : Curvello de-Mendonga stransformou 0 servigo do ensino publico em uma funcefio honesta e séria_ no organismo, _ _administrativo», 0 Estado de S. Paulo, dizemos, nao pode nem deve conservar-se no retrahimento com tanta justiggdl criticado pelo escriptor cisplatino, ensino constitue simultancamente uma questio de inte- fesse ¢ 0 cumprimento de um dever civico, Abrange ainda 0 Annuario duas outras seccdes das fn, “a A divulgagio dos nossos progressos em nasctataateg na America : umero, mesmo em pequeno mm icagoes da natureza Ree que mantém Eerie pois, que 0 do Sul, bie a emprehendemos. Pisin teabaltios’ Gone : ; ef 3 Lpued de 1998; poste €m contre Essas imperfei- se ario. fe i ‘ mio eeoundaios motivo que em pla ir um Me generes, a evidentemente constitul 5 10 goes na i judi nosso credito di to, que sd poderia prejudicar de adiamento, no exterior. A Commisséo de Redaccho: ft Bc, Be Joao Lourengo Rodrigues. ; ‘Ramon Roca Dordal. ; René Barreto. ue José Carneiro da Silva. PRIMEIRA PARTE i Bit Retrospecto historico brary «Toda sociedade vive sob o imperio de uma lei so- branceita 4 vontade dos homens, pautada pelos seus seu- timentos e suas crengas, amoldada 4s necessidades e¢ aos _ seus habitos; lei mais ou menos comprimida pelas con- yvengdes humanas, mas que emana do curso natural das _ cousas, «Nao ha mais quem ignore que o grande legislador © que sabe descortinal-a e redigil-a: 0 homem nao , simplesmente a escreve, er Em gnateria de ensino possuimos quanto mistér— preci bedal de informagdes, experiencia de muitos anos para sua organisagio, no digo no maior grau de perfectibilidade, mas siquer menos afastada do systema _adoptado ds nossas circumstancias», (1) Quando em Margo do anno passado fui nomeado bro da commissaio encarregada de revér nossa com- la legistagao escolar — primeiro passo para o trabalho magugacke, que o Secretario do Interior pretendia a effeito—na distribuigdo da materia de estud e-mMe, como cra natural, a parte relativa 4 inspecea isagao do ensino. "gt he f RS i Paha: va-se de assentar bases para uma reférma, e eu me julguei, por isso, obrigado a uma consulta ao pas- lo, para conhecer as principaes medidas legislativas pees em execugao, bem como os seus resultados pra- ICOs, No anno de 1835 installou-se em §, Paulo a Assem- bléa Provincial creada pelo Acto Addicional «oe Até o anno de 1846, a inspeccio e fiscalisagao das escolas da provincia foi exeteida diner pelo _go- verno, O invehtario das leis decretadas, a apreciagao cui- dadosa dos seus effeitos, das Poe que se deram sob a pressio das necessidades de €poca fornece — -ninguem contesta—o mais seguro criterio para nos apode- _tarmos do significado da legislagao contemporanea, “Um tal inquerito explica-nos sua razio de ser, que a superiicial desconhece e justifica mesmo, talvyez, seus desacertos, que muitos, por pessimismo ou precipita- gio, silo levados a exaggerar. ai Dada a falta de agentes encarregados desse trabalho. nos municipios do interior, viviam as escolas num estad de completa independencia, sem leis, sem regulamentos, sem programmas de ensino, ; Em seu relatorio de 1852, diz 0 Dr, Diogo de Men- donga Pinto, Inspector Geral’ da Instrucgio Publica; Leis e resultados — taes as questdes geraes em torno = a, Crearam-se_muitas cadeiras e fomaram-se algumas das quaes se vae desenvolver esta despretenciosa critica, y Mdencias, sempre, porém, determinadas pelas necessi- Ec : les do dia, nada que se parecesse com Systema, Nao basta, como disse algures o Dr, Diogo de Mi 4 donga, perscrutar 0 que se decretou ¢ as leis promettiam: Bera ic eh, ess 8H ace RRR AE: «Sh a aN © que mais importa é conhecer o que se executou eo si hy que ellas produziram, Em algumas das anteriores reférmas do ensino pu- blico julgou-se, ao que parece, poder prescindir desse in- querito preliminar; dahi_ resulta, quasi sempre, a incon- sistencia, a falta de viabilidade das providencias ado, das, tudo em detrimento dos interesses da propria nistragiio, Legislar implica induzir. Para legislar, portanto, é preciso que se reunam antecipadamente os elementos necessarios 4 inducgfio, e "esses elementos sé a historia péde fornecel-os. i Na organisagio do apanhado que segue, eu me servi dos relatorios de alguns pe rencentes da _ex-provincia e sobretudo dos relatorios de diversos inspectores da instru; ego publica, dos quaes o primeird foi impresso em 1852, Esses documentos officiaes foram por mim encon- trados na Repartigaio de Estatistica e Archivo do Estado, ©O governo fundaya seus estabelecimentos, os par- ticulares tambem fundayam os sels, mas estes gosavam.- de inteira liberdade, vivian em perfeita” Independencia, fan absolutamente estranhos ao governo, Fr «A ausencia de direcgio ¢ inspecgao dos_estudos “a continuou por muito tempo.» if , Pelo que se vé destes apanhados, o facto que cara- ' ja este periodo € a ausencia de um centro adminic | Strativo, occupado da direceao do ensino e tendo represen- _ tantes no interior da provincia. * ane 1S46 — 1851 _ Em 1846, comegaram os espiritos a preoccupar-se \ mais vivamente com a necessidade da organisagio do | : © postos gentilmente 4 minha disposigio por seu operoso ensino publico. } bs director o Illm. Sr. Dr, Adolpho Botelho de A. Sampaio, _ Foi nesse anno, pode-se dizer, que se promulgou na | SRN Explicados os intuitos desta excavagio historica, en- i i tremos em assumpto, ovincia a primeira lei de instrucgao. primaria (Lei if: 1. 34, de 16 de margo),~ ‘ : by ihr Sobre o programma das escolas: “Art. 1.°—As materias que compéem a instrucg’o primaria sao: leitura, escripta, arithmetica até proporgdes, nogdes de geometria pratica, grammatica ¢ religifio. Art. 2.°--Nas escolas para o sexo feminino as mesmas materias, exceptuada a geometria ¢ reduzida a arith- metica 4s 4 operagdes sobre inteiros. Em substitui- g&o da geometria, prendas domesticas, Sobre ensino privado: Art. 5.°—As commissées inspectoras, havendo-as, e, na falta dellas, as camaras municipaes, permittirio a abertura «le escolas primarias onde se ensinem as materias dos artigos antecedentes, ou mais, apre- sentando o impetrante documento legal com que comprove ter bons costumes. Sendo o impetrante estrangeiro, dever4 pronunciar correctamente a lin- gua naci € provar que tem conhecimento da “ gtammiatica da mesma. Sobre provimento das escolas: Art. r1.—O provimento das escolas serd feito por meio de concurso, Sobre snspecpao escolar : Art. 25,-Havera em cada povoagiio, onde houver escola publica ou particular, uma_commissio composta de tres cidadaos residentes no logar, um nomeado “pelo governo e¢ dois pela Camara Municipal, sendo um sacerdote, o qual poder ser o parocho. A esta commissio compete: § 1,°— Inspeccionar as escolas publicas e particulares, fazendo ao menos uma visita mensal; § 3.°—Examinar a salubridade da escola e¢ bem assim a maneira por que é executado o program- mae cumprido o regulamento, 4°— Enviar’ trimensalmente ao governo uma in. formagao circumstanciada das escolas; Art, xou um ente publi Limitou-se a designar as horas de abertura e en- cerramento das aulas, di punil-os com a férula e fixar a época dos exames para antes das férias. primeiras —Exigir esclarecimentos e um mappa annual do movimento escolar; § 8° — Attestar 0 exercicio dos professores, 28.—As commissdes inspectoras poderio deliberar reunidos dois membros, quando 0 3.° esteja impe- dido; e o que for nomeado pelo governo terA a seu cargo todos os papeis relativos 4 incumbencia dellas, € em seu nome dirigirA a correspondencia. - 29.—O governo, mostrando-se as commissdes inspe- ctoras negligentes ou omissas, poderd multal-as e tambem dissolvel-as, organisando novas, excluindo alguns ou todos os membros das que dissolver, Sobre /ormagdo de professores: Art. 31-—O governo estabelecer4 na Capital da Provincia, uma escola normal de instrucgio primaria. E’ esta, diz o Dr. Diogo de Mendonga, a primeira -lei de instrucgao primaria, lei que melhorou’a sorte dos professores e trouxe muitos outros beneficios, mas em que muito transpira a nossa inexperiencia, A 25 de Setembro do mesmo anno, 0 governo bai- euemen a que, parece, se nao deu suffici- lade, ir os alumnos em decurias, E rag est todo o regimento dado ds escolas de letras da provincia de S, Paulo, Segundo o criterio adoptado na elaboragaio deste trabalho, indaguemos agora quaes foram os resultados colhidos, i | No primeiro relatorio do Dr, Diogo de Mendonca Pinto (1852) lé-se o seguinte: «Nido contesto que, ainda na ausencia de leis, com bOa_ inspecgiio, operar-se-ia benefica transformagao nos estabelecimentos publicos; mas houve grave erro em en- tregar-se a inspecgfio a uma commissio de tres membros, «Em certas circumstancias, a responsabilidade repar- tida nao se enfraquece, annulla-se, e¢ uma reuniio de ho- “mens ostenta incurias no servigo publico a que um sé nao se afoita, +O que € féra de contestagio é que quasi por toda a parte as camaras, de facto, se tinham demittido, e que, em alguns municipios, viam-se os fiscaes por ellas con- | Stituidos inspectores de escolas! ‘ «O governo, de sua parte, julgava-se impotente para ghamal-as'ao cumprimento dos’ seus deveres, e mais de “uma vez pediu (ad Assembléa Provincial) nao confiasse mais a inspeccéo a corpos collectivos, Hrattea, a Hollanda ea Russia, que tinham es ou juntas de inspecgio, nem por isso dispen- ‘um inspector de districto, “ie *eOs legisladores de 1846, porém, nao attenderam nem ds exigencias da nossa situagao, nem-aos conselhos da experiencia, nem 4s opinides ‘do governo, nem aos exemplos dessas nagdes». O insuccesso das commissoes tnspectoras levou a Assembléa Provincial a votar a Lei n. 24, de 2 de Junho de 1850, pela qual ficava o governo autorisado a dar re- gitlamento ao ensino primario ¢ secundario da Provincia, com poderes para alterar a legislagao em vigor na parte relativa 4 inspecoao escolar. 1851 — 1868 mi Hs * : ah Em virtude dessa autorisagdo, 0 Dr, Nabuco de y Araujo, Presidente da Provincia, promulgou o Regula- F mento de 8 de Novembro de 1851. a) um inspector geral, com jurisdicgio em toda a \ 4) inspectores de districto ; Eis o que diz aquelle estadista na mensagem que ae depois enviou 4 Assembléa Provincial com relagao 4 re- forma, «A inspecgfio do ensino primario e secundario. com- petia, pela legislagig que entio vigorava, 4s commissdes 4 Inspectoras e camaras municipaes, «A experiencia faz sentir que_as pessoas moraes nao j sio_as mais proprias para administrar: falta-lhes a uniz” dade do pensamento na deliberagao, a actividade e prom- ptiddo na acgio, «Sobreleva que a organisacio dessas commissdes inspectoras era essencialmente viciosa, porque 0 governo nao podia inspirar-lhes o seu pensamento, visto como sé um dos seus membros era de nomeagao delle. De origem diversa, independentes, eram o mais das vezes rivaes: d thi thar a hostilidade ou a inercia que embargavam a fiscalisagto, %y; «Nao era possivel que continuassem essas commissées | ie que, pela maior parte, nao se reuniam e nada fazi ‘ Ss eeeeecente € Ua TAD . .. } «Este ramo administractivo, eras 4 cooperagao in- telligente e solicita dos Inspectores de Districto, entrow em indisputavel phase de movimento progressivo. ua j i indivi onsaveis «Hoje ha autoridades individualmente resp erante a governo, dando isso em resultado o empenho em corresponder 4 confianga que mereceram>. Estas declaragdes vém reproduzidas no relatorio de 1856: ; «Gragas 4 cooperacio que os Inspectores de Di- stricto continuam a prestar ao governo e 4 Inspectoria Geral, notaveis sio os melhoramentos obtidos. provado bem», © apparecem, aqui e que, ou por desidia Da leitura atter deprehende, sem gra: Diversas causas caremos, como mais i «Os neath Enden, que d «Tomemos, pois, homens probos, impa que tanto precisamos, elles existam, pessoal preciso. __ 6A inspecoao, qu nario, os poucos home: estéo muito onerados os districtos», BK Os districtos, em communicagao deficien Bu cesses tithe a , ,. (Nao se péde contestar, que o systema da ingpeceao individual, em substituigao inspecgao, collectiva,’ tem Nos ulteriores relatorios pertencentes \a este periodo, © enthusiasmo optimista do Inspector Geral se attenua ali, queixas contra certos inspectores ou por incapacidade, faltavam ao cumprimento de seus deveres ¢ nao correspondiam aos designios da administragao. nta desses documentos officiaes se nde esforgo, que o systema de in- Spec¢io individual estabelecido pelo Regulamento de 1851, Posto apresentasse vantagens relativamente ao da. in- Specgdo collectiva, nao era tambem escoimado de imper- feigdes, deixando ao contrario muito a desejar, para isso contribuiam; dellas desta- importantes, as tres seguintes: Primeira, — Falta de pessoal habilitado, sio homens, como dizia Van-den- evem ser procurados com lanterna na mio, todas as sendas para descobrir esses rciaes, intelligentes, devotados, de qualquer que seja a posicio onde ¢ cB, quando os acharmos, nao poupemos esforgos e sacrificios rasoaveis para os reter no trabalho, <«Nossas_circumstancias, entretanto, privam-nos do wal existe, é trabalhosa, e, de ordi- ns illustrados das nossas Povoagoes de servigo. ws eek ied ¥ . a ie Bem difficil, pois, tem sido provér convenientemente "Segunda, — Falta de retribuicao, esta uma causa bem decisiva de insuccesso, geral, eram grandes e€ os meios de tes, Estes documento: rr ‘i s falam com eloquenci Ci: para Sea quaesquer observagdes pes a De que meios langou mao : i as deficiencias do sentica? gen ene a efficacia tiveram os ensinamentos da experiencia? ser ou ae berautine em modificar a organisagio em t cr ectori a sub-di i jeaeee sp as de comarca e sub-directorias religion poe era dered cote scientifica, moral e clig regra deveriam recahii 5 a ecahir em ju ae promotores publicos; as segundas, eee ppenadaee took onde houvesse escolas publicas ou iculs lam co} 5 ini ae m funcgdes meramente admini- Estas idéas, : iste porém, nao passaram de si jecto . ficaram sem restltadon praticos, ee eat a Eee Siceaeale de 1851 a 1868, d mega auspicios de un : mre ae adiantado para a época, deixou um Hr ae licante de beneficios, Sallie D ‘ ce ao se ave como trabalho de indiscutivel rele- ve pital pla cee theorico, releva dizer) © codigo a ica de 18) mandado « i governo em virtude de lei rvvinetal PUR Ree an year ete por uma commissio composta dos douto- Rass ope Ribas, Diogo de Mendonca Pinto e ae ie a ar Brotero, 0 Codigo de Ensino nao che- aa neal sos execugio, talvez por exigir a creagio e s ctijo s i ye aay pagamento os recursos do erario Nao foi ° ; ae so today ia, semente perdida o Codigo de Ensino Rs eels a ing] ieee ao que parece, os encarre- ‘agtio do e1 le N Be eee 8 egulamento de 27 de Novembro Os inspectores, para os percorrer assiduamente, eram forgados a fazer viagens longas, fatigantes e dispendiosas, sacrificando, ainda por cima, suas occupagdes ordinarias. Dil-o expressivamente ‘0 relatorio de 1860: «Perduram os mesmos embaragos, por’ nao ser gra- tificado o logar. «Muitos districtos sio grandes €0 exercicio do cargo acarreta despesas de viagem. «Ha, pois, grande repugnancia por toda a parte em exercer um logar que, além de trabalhoso, cheio de re- sponsabilidades e compromissos, no & retribuido, nao da influencia, nao é contado por nada». Terceira. — Falta de zelo. ‘A falta de velo era um corollario natural da falta de retribuigaio e de estimulos. Provam-no os seguintes periodos apanhados em di- yersos relatorios do Inspector Geral: «O systema de inspecgiio local, sem incentivo algum para quem toma sobre seus hombros um encargo oneroso, contintia a provar mal. «Grande parte dos inspectores entendem que o sao. unicamente para passar attestados aos professores. «A julgar pelas informagdes dos inspectores de di- stricto, nio ha professor ou professora que nio desempe- nhe a contento do publico as funcgdes do seu pesado cargo. «Sabe, entretanto, esta Inspectoria que, em casos nao raros, as informagdes de origem official esto em com- pleto desaccordo com a realidades. (1) (1) Relatorio portencente a uma épocs posterior ao vamos reconstituinds, contem a seguinte apreciagho summa systema individual : "<0 systema do inspocedo Individual gratuita tem a experiencia de larger annos quo 0 condemna & proseripelo, i fia, frouxa em muitos casos, em goral descurada, ‘sRaras vezos comprehen tal tom side a Miatoria dossa inspecgao, pela imponsibilidade de tornar-se effebt nlaima parte do responsabilidad, aie Per favOF F & porta do cidadio, nfo om nome dx instrucgho rum favor que. se pedo. & erie HiT ey ndasos Rabltos soclues,. achar-Ihe dodieagées—mas em nome da politica, Entio a instraegho offerece um melo ao servigo da politica, e assim desvia~ 40 fatalmente dos seus intuitos, (Dr. Arthur Guimarkes—Relatorio de 188), riodo onjo historico © decisive sobre 0 * ane 1868 — 1874 Ks i ste periodo comega por uma reférma que, em vez de supprimir ; os Inspe istri laborador, spectores de Districto, deu-lhes um col- XXIL Pela lei n. 54 de 15 de Abril de 1868 ficou estabe- lecido: Art, 1.°— Aos Inspectores de Districto, cumulativa- mente com os Presidentes das Camaras Municipaes, compete a fisealisagaio da instrucgio publica. A respeito desta innovagao, assim se exprime o Dr. Diogo de Mendonga, no relatorio desse mesmo anno: , Isso n&o impediu que os conselhos fossem conser- vados, como vamos vér. Por acto de 2 de Maio de 1885, o Dr, José Luiz de Almeida Couto, Presidente da Provincia, expediu uma Re- férma da Instrucgio Publica, cujos pontos principaes éram os seguintes: . 1.°—Creagio de um Conselho Director da Instrucg’o Publica, com 17 membros. 2°— Divisio da Provincia em 12 districtos litera- tios, que deviam ser providos por concurso, ° — Creagaio de Conselhos Municipaes de 3 membros, sendo dois eleitos pelos paes ou tutores e um pela Camara. A execugiio dessa reférma foi sobrestada por acto de 5 de Setembro do mesmo anno; mas os Conselhos Mu- nicipaes, cuja creagio se achava consignada na legislagio anterior, nio foram, por isso, abolidos. O Dr. Arthur Cesar Guimaraes, que succedeu ao Dr. Francisco Aurelio (1), mostrou-se desde 0 principio des- crente da sua efficacia, Nao acredito, diz elle em seu primeiro relatorio (85), que na collectividade se encontre o melhoramento dese- jado 4 direcgfio do ensino, «Além de subsistirem as mesmas causas que atro- phiam © trabalho da cooperagio individual, tenho por um mal a divisio da responsabilidade em qualquer ramo de servigo, «Demais si, no regimen da individualidade, difficil é encontrar quem sirva —em certas localidades, porque as aptiddes se retraem, em outras porque ellas nao existem— como aspirar ao descobrimento de muitos individuos que formem os elementos da ambicionada collectiyidade» ? (1) Fot nomeado em Agosto de 1835, “ont On Decorreram quasi dois annos e, durante elles, a si- tuagao, nao mudou, ao contrario tornaram-se mais accen- tuados os inconvenientes da inspecgao collectiva, Isso nao impediu que, em 6 de Abril de 1887, a Assembléa Provincial votasse a lei n, 81, desse anno, a qual, conservando o systema de inspecgao collectiva, se limi- tou a dar nérmas ‘ differentes para a constituigio dos Conselhos Municipaes, As idéas capitaes dessa reférma eram as seguintes: 1° — Creagao de um Conselho Superior de Ensino; (1) 2.°— Creagaio de um Conselho de Ensino em cada municipio; (2) 3° —Creagio de um fundo escolar por meio do im- posto de capitagio; 4° — Reforma da Secretaria de Instruegaio Publica, (3) Quaes os resultados? Nao dispondo dos subsidios’ necessarios para uma perfeita reconstituigao historica, limitar-me-ei a algumas transcripgdes, que alids mais que sufficientes para mostrar os resultados da reférma de 1887. Em Agosto desse anno, foi promulgado o respectivo regulamento, ¢, em Janeiro do anno seguinte, j4 0 Conse- lheiro Francisco de Paula Rodrigues Alves, Presidente da Provincia, em mensagem 4 Assembléa Provincial, exprimia nestes termos o seu conceito: so favoraveis ao mecanismo ou ao systema da lei as opinides que tenho ouvido de pess6as compe- tentes, que o reputam complicado e difficil. «Em verdade, os Conselhos Municipaes em que, pa- rece, depositaveis tanta confianga, ou nao se constituem, ou, constituidos, nao se installam, sendo certo que os poucos que conseguem completar sua formagao nao tém estabilidade e cumprem deficientemente suas attribuigdes». (1) © Consotho Superior devia compor-se do 9 membros: o Director Geral da Instrucgio Publica, o Direotor da Esgoln Normal, 4 membros oleitos polas Camaray Municipaes ¢ 3 nomeados pelo Prosidente da Provin @) Os conselhos municipaes tinham 8 mombro mara © Um nomoado pelo Presidente da Provincia. @)_ Por deoroto do 23 de Agosto de 1887, fol nomeado do Director Goral da Instruccho Publica o Dr. Atthur C. Guim penbava o cargo do Inspector Geral, sendo dois cleitos pola Ca- exorcer © logar 5, que dosde 185 XXVI i O Dr, Pedro Vicente de Azevedo, Presidente da Pro- vincia em principios de 89, disse em documento official © seguinte: «Ha pouco mais de um anno que entrou em exe- cugao a lei que reformou o ensino publico primario, «Pelos resultados obtidos vé-se desde jé que ella nao poderd produzir os melhoramentos desejados sinaio com grandes modificagdes, «A acgio do governo ¢ da directoria da Instrucgaio Publica é muitas vezes nullificada pelos Conselhos Mu- nicipaes que a lei collocou entre taes executores e as escolas publicas, «A creagio de Conselhos de Instrucgao, para superin- tenderem em tudo quanto se referir ao ensino nos muni- ciples seria idéa feliz siem todos elles pudessemos contar, nao jd com pessoal sufficientemente habilitado, mas ao menos que, possuindo boa vontade, procurasse por todos os modos corresponder 4 confianga do governo. «Os actuaes conselhos nio estéo 4 altura de sua missao: si excepgdes houyer, serao raras. «Sem responsabilidade, porque a lei, xdo lhes retri- buindo o trabalho, (t) nao pode exigir que sacrifiquem o interesse pessoal ao servico publico, os membros dos Co! selhos Municipaes, ao acceitarem o cargo, o fazem, nao visando prestar 4 Provincia o releyante servigo de velar pelo ensino, mas para poderem, ou satisfazer as exigen- cias politicas, ou embaragar a acgao dos proprios conse- Thos». Esta apreciagao, como se vé, muito se approxima 4 do Dr. Nabuco de Araujo, com relagio 4s antigas Com- missdes Inspectoras, Si a experiencia feita no periodo de 46 a 51 nfo fosse decisiva para a condemnagio do systema de in- specgao collectiva, o insuccesso desta nova tentativa bas- taria para dissipar todas as duvidas, Uma cousa, comtudo, se salvou nesse fracas Conselho Superior, + foi o (1) Salvo 0 grypho, fi a XXVIL No. mesmo relatorio encontra-se, a respeito delle, esta declaragio que, por ser laconica, nao deixa de ser muito expressiva : «O Conselho Superior ainda nao deixou de corre- sponder 4 confianga nelle depositada», (1) * we Proclamada a Republica em 89, continuou ainda em vigor, por mais de 2 annos, 0 regimen estatuido pela lei de'6 de Abril de 1887. ha ntue 0 governo provisorio de S, Paulo soube comprehen- der com rara intuic¢do que uma refdrma da instrucgao, para ser estavel, devia ter como condigaio principal a reférma do ensino normal, Desse conceito, resultou o decreto de 12 de Margo de 1890, que deu nova Sones 4 Escola Normal e converteu em escolas-modelo as antigas escolas annexas, 1892 — 1897 A’ reférma de 1890 serviu de complemento a lei n. 88, de 8 de Setembro de 1892. : _ Por esta lei (Arts, 4o, 41 e 42) a inspeccdo e fiscali- sayio do ensino deviam ser exercidas: @ por um Conselho Superior; 4) por um director geral servindo de interme diario entre o Conselho Superior e o Governo; ¢) por trinta inspectores de districto, Conselho Superior O Conselho Superior era constituido de 8 membros: © Secretario do Interior (presidente), 0 director geral (vice- (3) Ainguam-nox informacées sobre a data da installagho do Cons como dos sous trabalhos, Sabemos apenas quo delle faziom paste: come gates Pale Home aethUE Cesar Guimardos, Dixsotor Geral da tnstmncedo Publicase o Conse hoje Monsenhor Manool Viconto da nomeado director da Kscola Normal om 27 He Agosto do 1887, Ox mambros elcitos polas Camaras cram os Dis, Breciite A ia. ghiito do Oliveira, Jose Vicente do Axovedo, Frederico J, do Atauio “Abragohta’ y Fada, dons Valo de Castro, Ox tres mombrox de omeasto do governo erat os Irs, ongutty Jord Vicira do , Franciseo de Paula Rabelio e Silva © Joaquim de Al: presidente), o director da Escola Normal, o director da Eseola-Modelo annexa, um professor eleito pelos professo- res primarios, dois elegndes das municipalidades e um professor eleito pelo corpo docente do Gymnasio. Os membros eleitos pelas municipalidades e pelos professores primarios eram remunerados pelo Estado (1) durante o exercicio do mandato, Inspectores de Districto Estes funccionarios deviam ser nomeados pelo pre- sidente do Estado, sob proposta do Conselho Superior. A execugio da lei foi regulada pelo decreto de 27 de Novembro de 1893, muito semelhante, como ja tive oceasiio de accentuar, ao Codigo do Ensino de 1857. Esse regulamento dispunha: Art, 36-——As nomeagées de Inspectores de Districto sé pd- dem recahir em professores di, lomados pela Escola Normal, que tenham 3 annos de exercicio no magis- terio, * +e Seguindo o pine até aqui observado, consultemos os documentos officiaes para averiguar quaes foram os resultados dessa reférma, que teve o grande merito de ser uma reférma integral. No relatorio do Dr. Joio B. de Mello Peixoto, Se- cretario do Interior (1898), 1é-se o seguinte: «Cedo ficou demonstrado que os 30 Inspectores de Districto nfo realisavam a fiscalisagio das escolas como tanto se esperava, «A lei de 3 de Setembro de 1895 procurou remediar a insufficiencia da inspecgio clevando a 4o 0 numero dos districtos, (1). Plas municipalidades foram cleitos os Drs, Woncestan de Queirox 6 Tania Vitlegat pelo Greene Or tie Guayanax da Fonscoa €, polo. professo- ado 0 Dr. Euento Gaulatt Pentoudo. 0 Conscli Instaloicao tan 5 ie aio de, 1508 Mais tarde modificon-se a constituigio do Consetho, retirando-se o D1 ins Villaga © entrando como representante do professorado o Professor Angusto Cesar de Arrada Castanho, © Dr. Ernesto Goulart passou a ser dologado das municipalidades, XXIX : «Havia fundada esperanga de que com este augmento de funccionarios technicos melhorasse effectivamente a fiscalisagao das escolas primarias, tornando-se mais prompta € benefica a acgio do inspector sobre o funccionamento do nosso magisterio publico, _ A pratica de algum tempo, porém, demonstrou que continuava ainda a mesma radical insufficiencia obseryada desde 0 inicio do novo mecanismo estatuido. «Em todo o interior do Estado permaneciam quasi abandonadas, em grande parte, as escolas pelos alumnos €, 0 que é mais grave, pelo proprio mestre. ; «Raras eram aquellas em que se praticavam os pro- cessos modernos de ensino desde muito tempo adoptados com tanto proveito nas aulas preliminares da Capital. «Estes factos demonstraram que nao dependia sé- mente do numero de inspectores o mau exito da reférma, mas do proprio systema estabelecido, «Com effeito, isolado o inspector do centro de acgiio administrativa, longe do seu influxo immediato, muito adstricto ao meio local, onde tantos abusos se davam, era natural que o seu zelo arrefecesse, deixando-o deslisar na mesma corrente entorpecedora da toleranci: Outras vezes, tentando reagir, sentia-se fraco e sem apoio diante dos interesses das influencias locaes, _ {Nao admira, pois, que tio poucos fossem os fructos colhidos nessa tentativay, Em que pese 4 muita consideragio que tributamos ds qualidades do Dr. Mello Peixoto, como administrador, cumpre reconhecer que a sua critica resente-se de certa Precipitagdo que o induziu a commetter uma injustiga, i Nao foram maus nem escassos os resultados da reférma de 92 a 95. Para proval-o basta o seguinte trecho do relatorio do Dr, Alfredo Pujol, Secretario do Interior em 1896. 86 tenho louvores para o zelo que revelaram, ney exercicio de suas delicadas funcgdes, os inspectores: lite- | rarios, } «O recenseamento escolar melhorou, os exames e/ festas escolares, geralmente inpulsionados pela iniciativa \ | | dos inspectores, tiveram em muitos pontos do Estado bastante realce, att { xilio das Camaras Municipaes», Mas aqui os factos falam ainda com mais eloquen- cia do que os documentos officiaes, i) Basta dizer que em 1896 j4 existiam 29 grupos escolares installados ¢ 7 em via de iristallagdo. O periodo que decorre de 92 a 97, foi indiscutivel- mente um dos mais fecundos na evolugio do ensino em S. Paulo; nelle se consolidou a legislagaio escolar; nelle se operaram os mais assignalados progressos: foi uma €poca de trabalho, de enthusiasmo e, por isso mesmo, de extraordinario brilho, No que diz respeito 4 inspecgio escolar, elle con- firmou dennis vaitiente a superioridade, a plena efficacia da inspecg&o individual, com funccionarios habilitados pe © magisterio, tendo uma esphera de acgio propria em definida, retribuidos e, por isso mesmo, responsaveis, nao podendo, além de tudo, dispersar sua actividade em misteres estranhos ao cargo. Ha um ponto digno de especial reparo na critica do Dr. Mello Peixoto. Raras eram, diz elle, as escolas (do interior) em que se praticavam os processos de ensino adoptados nas aulas preliminares da Capital, Nao admira que tal se désse, Dadas as condigdes estabelecidas para a nomeagao de Inspector de Districto, os primeiros cidadaos escolhidos para o cargo nao podiam conhecer bem de perto taes processos, A maior parte delles foram tirados dentre os professores diplomados em época anterior 4 fundagiio da escola-modelo, N&o podiam, pois, ter conhecimento directo dos novos Processos, € os naio conhecendo, como poderiam divulgal-os? O defeito provinha, nao do systema de inspecgao, mas do criterio adoptado na escolha dos funccionarios F todavia conhecido que muitos dos antigos inspe- ctores procuraram supprir a falta de iniciagao prévia, vindo repetidas vezes 4 Capital, para acompanhar os tra- balhos. Ga escola-modelo, hindo a atteng&ao do publico e o au- XXXI Cumpre relembrar aqui o Que dissemos em relagio aos inspectores creados pelo Reg. de 1851. Mostramos que as Pamala, causas do insuccesso daquella aaa podiam ser reduzidas a tres: caren- cia de aptidao profissional, falta de retribuigao ¢ ausencia de zelo pela instrucgio do povo, Na organisagio de 92-93, a primeira causa foi consi- deravelmente attenuada e a segunda foi removida. _ Quanto a terceira, é de justiga reconhecer que, entre 96 inspectores, surgiram efficazes incentivos na corrente de emulagto que entre elles se estabeleceu. Esses incentivos se traduziram pelo enthusiasmo geral que se despertou em prol do ensino publico e foi o prin- cipal segredo do successo alcangado. > O Conselho Superior, como disse illustrado professor ilista, tinha um vicio de origem: sua organisagio era Rireadente de um processo eleitoral deficiente, em que os resultados significavam mais a escolha do governo do que © voto dos cleitores. Nao obstante, muitos servicos pre- ‘Stou essa corporagao, dissolvida depois como inutil e anar- chica. (1) Em conclusio, o periodo de 92 a 97 Mereceu o Situlo de Aeriodo aurco da instrucgio paulista. Sua rehabilitagiio se impde pela logica natural dos tos. Promovendo-a, na medida de minhas_ forcas, julgo ebedecer aos dictames da justiga. 1897 — 1906 Tambem aqui temos uma reférma a assignalar o eomeco de nm novo periodo: é a lei de 26 de Agosto de 1897. _ Em linhas geraes, ella supprimiu © Conselho Supe- flor eas Inspectorias de Districto e creou, em substituigao, (1) A ultima sossio do Consotho Superior realisuuso a 17 de. Setembro do ‘WHF, sob & prosidencia do Dr. Dino Buono, Secretario do Interior uma corporagao technica do ensino constituida por um Inspector Geral ¢ dez inspectores auxiliares. (1) _ _A fiscalisagio das colas ficou a cargo das Muni- cipalidades, por intermedio de seus prepostos. _ Esta reférma tinha por principal objectivo a orga- nisagio uniforme do ensino nos grupos escolares ¢ escolas isoladas, sobretudo do interior, Fara a execugio da nova lei foi expedido o Regula- mento de 11 de Janeiro de 1898. Nos primeiros dias do mez seguinte, ficou constituido o pessoal da Inspectoria do Ensino, (2) Indaguemos, agora, quaes foram os resultados da reférma de 1897. Si nao se tratasse de factos contemporaneos e mais que sabidos, os ensinamentos hauridos no inquerito até aqui habilitar-nos-iam para uma conjectura muito appro- ximada nesse sentido. Quanto ao Gonselho Superior: Nao foi uma medida bem inspirada a suppressio desta corporagio technica, Si nao estava 4 altura de sua missio, a causa j4 foi assignalada, e melhor fora remover a causa do que extinguir o Conselho. Ninguem deixard de vér que a orientagdo dada aos ne- ocios do ensino sera inteiramente contingente € variavel si, para evitar e instabilidade proveniente das mudangas de governo, nao houver um centro director permanente es- tabelecendo a continuidade e a harmonia da acgao collectiva. (1). © logar de Director Geral tinba sido. Ee en virtude da Lol do 1° do Agosto do 1806, que dew nova organisagio & Seeretaria do Interior (Regu- Jamento do 1," de Setembro). ‘0 Dr, Arthur Cosar Gaimaries conforme se yé no relatorio do Dr, Dino Bueno, foi wposentado om 19 de Junho de 1896. (2) 0 dr, Mario Buledo foi nomeado Inspector Geral a 8 de Fevereiro ¢ no mesmo dia tomo posse, Para’os logares do {nspectores escolates foram nomenon os professores Tin- dolpho Francisco de Paula, Francisco Pedro do Canto, Virgilio Cesar dos Reis, lie folNierio do arautes, Domingos do Panta 6 Silva, Joio Yon Atzingen, Sullo Cosar do Oliveira, Antonio Rodrignes Alves Pereira, Christiano Wolkart © Cesario Lange Adrion. © Inspector Julio Cosar do Oliveira nile chogou a tomar posse. 0 sr. Cesario Tange tomot posto mas exonerou.se logo depois. por, daente, Fare foram nomendos os professores José M, Bounova ¢ Justiniano Vianna. Ja em 1852, como vimos, o Dr. Di i ‘ sy r. Diogo de, Mend considerava o Conselho Superiorscomo méla-é sper para a béa organisacio da instruccao publi y E nem se diga que a su i 4 di ippressio do Con: i a ae ae Rispestorta do Ensino, & to oc ; ransferidas as f idas ¢ Pe 's funcgdes technicas attrib las. a ; Em theoria assi i iftig — insupe Qheoria assim & mas aqui surge uma dificda ’ as A’ corporagaio dos actuaes inspectores, com dez mem bros apenas, jA ficdra aff penas, jj affecto um servi i Be ue ulticiealtea 40 inspectores Wistert ae F er-lhe-ia i i anegd . a ea accumular ainda funcgdes de Con- Evidentemente, nao, Quanto 4 suppressio dos districtos: A centralisagio dos ins; spectores escolares i trouxe Vantagens e¢ uma dellas foi gubtrabiloos’ & inthe entorpecedora da politica local, Releva notar, comtudo ; i udo que, nao havendo par. i eer uma esphera nitida de acco, a Pessuiabilitade Se annulla pela divisio, como dizia o Dr. Diogo de Men- Sa, a proposito das Commissdes Inspectoras, O actual systema de i peace inspecgiio apresenta um grave ah iv ute: €a falta de continuidade na orientagao do ‘ Essa continuidade fica i ' ‘onti va mais assegurada, no regi- men dos districtos, pela permanencia a inspector fi Pespectiva circumscripgao. No regimen actual, essa inui q ¢ , continuidade sé poderia ser aalleangada mediante um grande esforco de coercion, ‘qe as circumstancias nao permittiram attingir, Quanto 4 fiscalisagdo escolar: Aos Inspectores de Districto estay; am aff dens de funcgdes — inspeceaio e Hiedliokad es XXXIV A lei de 1897 reservou aos inspectores a inspecgio € entregou 4s municipalidades o encargo da_fiscalisagao. Tambem esta especialisagio nao foi acertada, CO inquerito anterior deixou patente a falta de idoneidade das Mchiclpelicades ou de seus prepostos para esta fun- cegaio, que é mais difficil do que parece. ‘ A fiscalisagdo aqui nao é um policiamento, uma méra verificagaio de assiduidade. Uma tal fiscalisagao, 4 forga de ser vexatoria, se torna irritante e inefficaz, A fiscalisagiio e a inspecgfo escolar sao, em fundo, a mesma cousa. Aquella reclama, pois, conhecimentos que os profanos de ensino nfo podem ter, Nao admira, pois, que a acgao das Camaras fosse nulla ou mesmo negativa para a funcgao que lhes fora attribuida, O retrahimento dessas corporagdes acarretou, para os inspectores escolares, um gravame de traballio. Para elles passaram quasi todas as obrigagdes dos Inspectores de Districto, i Ora, é facil de vér que, si com 4o funccionarios a inspecgaio era imperfeita, conforme declarou o Dr. Alfredo Pujol num de seus relatorios, a situagdo se aggravou no novo regimen por duas razdes oppostas: de um lado, a reducgfio dos inspectores 4 quarta parte; do outro, a quasi duplicagiio dos estabelecimentos de ensino. Qual o resultado? As in prerees ficaram reduzidas a uma simples veri- ficagao de dados estatisticos, visitas de méra formalidade, feitas quasi sempre a vol a’otscau, E nem de outra forma poderiam ser feitas, Os inspectores tinham de percorrer 0 Estado inteiro em 10 ow Ir mezes, com a sobrecarga dos inqueritos, syndicancias, exames de predios escolares, pareceres sobre estabelecimentos subvencionados, ete., ete. Que esperar de taes inspecgdes pee a uniformisagao do ensino—objectivo essencial da reforma? XXXV_ Tal uniformisagio—era superfluo dizer—sé_poderia ser obtida i i Roca pete permanencia prolongada do inspector Mesmo assim, esse trabalho | ia fi M trab: § leria_ficar bem Y camel Bela Coo DeraGeS iabelligenae solicita do In- ei. ‘nicipal, a quem competia velar pela sua conti- are este concurso de circumstancias, como ja vimos, eat “a poderia, dar, e disso resultou fracassarem, grande parte, os intuitos da reférma de 1897. Os relatorios do Dr. Mario Bulcao forneceriam dados j ae Sufficientes para ampliar 0 historico deste pe- ._, OS factos, porém, minio publico, tte poles fechar esta resenha historica que 'S mais. ici $ Bice que sufficientes para algumas in- Fal-o-emos si i i i DE ummariando os diversos periodos estu- so recentes e pertencem ao do- 1° periodo — 46 a 51—commissdes inspectoras mu- nicipaes; 2° periodo — 51 a 68—inspeccao individ: i d $—ins ual pela di- visio da provincia em districtos; _ 9° periodo — 68 a 74—inspeccéo cumulativa’ dos Inspectores de districto e presid ee p lentes das Ca- 4° periode — 74 a g2—inspecoao collecti selhos unicinaes i et 5° periodo — 92 a 97—-inspecgaio indivi 92 ispeccao individual por uma nova divisio de districtos, tendo Pnpsiteies technicos remunerados; 62 periodo —~ 97 a 906—continua i odo — = luagaio da inspecgao individual, associada 4 fiscalisagaio municipal sem divisaio de districtos, i 6 tambem a lingua da patria de sens paes ¢ donde elles sahiriam com uma edueagio perfeitamente ame- ricana, sem despesa alguma, Poucos dias de vida tiveram, desde esse momento, as escolay allemis... Desappareceram logo.” Releva notar que, para nds, 0 problema exige outra solugio: precisamos nacionalisar o estrangeiro pela na- cionalisagao de suas escolas, visto nado podermos fornecer a todos escolas publicas, * =e Consolidagto das leis do Ensino Nossas leis ¢ regulamentos sobre a instruccio pu- blica trazem geralmente um vicio fundamental: ou sao o resultado de um estudo superficial, sem consulta aos re- sultados da experiencia, e, nesse caso, nao tém condigdes de viabilidade, ou tém em vista remediar apenas as ne- cessidades de momento, e, entio, falta-Ihes uma feigio in- tegral. Este habito de legislar, por partes, tem produzido ver- dadeiras incongruencias, Citaremos algumas: Pela legislagio em vigor, um professor diplomado fee Escola Normal pédde desde logo ser nomeado para ‘scola Complementar e nao pode ser nomeado para grupo escolar. Péde o mais e nao pédde o menos. Agora o reyerso: os adjunctos de grupos escolares, com dois annos de exercicio, pédem ser nomeados para dirigir taes estabelecimentos, ao passo que professores de escolas complementares, com egual tempo de exercicio, nao pddem ser directores de grupos egcolares. Poderiamos adduzir outros exemplos, mas trata-se de factos muito conhecidos. Mercé deste habito de legislar de accérdo com as necessidades do momento, creou-se, para regular o func- cionamento do mechanismo escolar do Estado, um sys- tema complicadissimo de leis. Cumpre agora fazer um vasto trabalho de systema- tisagio, codificando esse amalgama em uma unica lei geral, sh Lalani 8: baci ai 1. be Essa, codificagio, de evidente utilidade em se tratando de leis, torna-se de uma_necessidade absoluta em relagao aos réegulamentos ¢ regimentos, Como as -disposigdes regulamentares ¢ sobretudo as regimentaes pédem ser alteradas por um simples acto do executive, vemos, a cada passo, modificagdes dessa natureza que vem complicar 0 nosso systema de leis, trans- formando-o, conforme o expressivo dizer popular, numa colcha de yetalhos, ‘Taes alteragdes, 6 obvio, produzem confustio e des- ordem, Um saviso» do Secretariado do Interior, alte- rando ou modificando certa disposigao, nem sempre a annulla por completo, de maneira que os casos especiaes se, podem regular, mais ou menos arbitrariamente, pelo saviso> ou pela disposigao que elle alterou sem definiti- vamente annullar, Creio, pois, que se deve, desde j4, por maos a esse tra- balho de voditicagio, reunindo os diversos elementos dis- persos em regulamentos, decretos e avisos em um. sé corpo homogeneo, em um sd tegulamento claro, termi- nante, simples e. preciso, E nao € de hoje essa necessidade em mais de um relatorio da Inspectoria Geral ella vem. assignalada como um impecilho ao aperfeigoamento de neyso organismo escolar, e _ Sobre o Codigo Disciplinar, por plo, eis o que diz o Dr. M, Buledo em sen relatorio de 190; «Entre as reférmas necessarias, a meu vér, na legis- lagtio escolar, devo destacar a referente a diversas disposi- goes do Codigo Disciplinar, que contém artigos verdadei- ramente antagonicos, n&o sé com o nivel moral que al- cangou 0 professorado publico em nosso Estado, como em relagao a disposigdes vexatorias que restringem direitos, fe- tindo © estatuido em nossas leis fundamentaes, «Refiro-me 4s multas pecuniarias ¢ 4 disposigaio que veda 0 exercicio. do magisterio aos professores demittidos em virtude de processo disciplinar, 0 que constitue uma pena iniqua». Sustentam alguns que 0 Codigo Disciplinar deve ser ampliado, armando o Governo de meios de acgio prom. 'pta para a repressfio dos abusos, aoS processes disciplinares, € verdade, as ee : com a morogidade inherente<)s) SSA ee re sto putyidas 3. Discordo dessa opinia gam tardiamente ¢ as faltas nem sem] com a necessaria opportunidade, Ha _nisso, entretanto, como nos pro uma garantia de justiga, A punigio da feita com isengao e justiga, deve excluir toda demora ec, em se tratando de faltas menores, mell Cra i venir do que reprimir, “vo Para isso, entendo que, ao lado do codigo penal, dev existir um outro codigo, estabelecendo incentivos para os professores de notoria dedicagao, A disciplina exterior de nada vale, quando falta a disciplina interior, a qual melhor se consegue pelos esti- mulos do que pela perspectiva de uma punigao qualquer. As consideragdes que ahi ficam pertencem 4 parte administrativa ¢ nfo 4 technica do ensino. Releva, porém, notar que a Inspectoria do ear nao podera exercer uma acgao proficua sindo quando fo- rem removidas as difficuldades provenientes da confusio existente na ordem administrativa, Exposigdes escolares No intuito de reunir, ordenar e seleccionar os mate- riaes escolares da secgdo pedagogica que deve figurar no pavilhao do Estado de S, Paulo, na exposigaio nacional, a realisar-se em Junho vindouro, no Rio de Janeiro, esta Inspectoria dirigiu aos snrs. directores de grupos escolares a seguinte circular: Inspectoria Geral do €nsino, — 8, Panlo, 20 de Novembro de 1907,—8r, Director do Grapo Escolar, —Remetto-vos o plano geral daexposigio exoolar que se deve realisar nesta Capital em Margo proximo fu- turo, como preparacho para a secgio pedagogica com que o Hstado de 8, Paulo vae figurar na Exposigio Nacional, do Rio. ESCOLA NORMAL (MONOGRAPHIA HISTORICA ) 1.4 phase A _primitiva Escola Normal de S. Paulo foi creada pela lei provincial n° 34 de 16 de Margo de 1846. Como a actual, tinha por fim formar professores pri- marios, mas destinava-se apenas ao sexo masculino. O curso era de dois annos, com o seguinte pro- gramma: Grammatica geral ¢ da lingua nacional (1) + Arithmetica—theoria e pratica até proporgdes, in- clusive; Geometria—nog6es geraes e applicagdes usuaes; Calligraphia; * Logica, Religidao—principios de religiio do Estado; Methodos e processos de ensino, sua applicagio ¢ vantagens comparativas. () Nosta materia estava incluida a leitura, com principios de declamagho, HL Be ila nstallada em Novembro de io -contiguo 4 Sé, e perten- A Escola Normal foi 1846 em uma sala do ed cente ao respective Cabido, Dr. MaNoet José CHAVES O seu primeiro professor, que tambem accumulava as funcgdes de director, foi o Dr. Manoel José Chaves, nomeado por decreto de 24 de Outubro de 1846. Nao possuia a Escola um regimento interno e estava debaixo da superintendencia da Inspectoria Geral da In- strucg’io Publica, 4 qual apresentava relatorio. Funccionou cerca de vinte annos: de Novembro de 1876 2 Julho de 1867, data esta em que loi supprintida, em virtude da lei n.° 16, de 10 do referido mez e anno. Pelos poucos dados existentes e que pudemos colher, pode-se inferir que a Escola Normal, nesta sua primeira phase, teve um s6 professor, o qual, tomando uma turma de alumnos, os levava até o fim do curso, voltando depois a leccionar nova turma no 1.° anno, eimai TE See oe a ye ‘Transerevemos em segitida a relagio nominal dos alumnos que constituiram a primeira turma que frequentou a Escola Normal de 1846: José Floriano de Toledo. José Antonio ira de Brito. Antonio Delphino da Purificagio. Sebastiao Pinto de Carvalho, Joao Ildefonso de Brito. Laurindo Abelardo de Brito. Antonio Augusto de Araujo. rmino Antonio de Campos Penteado, 9. Vicente Antonio da Cunha. 10. Carlos José de Carvalho, 11, Joao Carlos da Fonsecs 12. Antonio Augusto da Fonseca. 13. Joaquim da Silva Cruz. 14. Candido Crispim Borba, 5. Francisco Pinto de Jesus Franco, 16, ‘Thomaz Carlos Molin 17. Francisco de Paula Ribeiro. 18. Joaquim Maria da Veiga Cabral, 19. Manoel José Soares. Nao encontrémos dados estatisticos sobre 0 numero de alumnos diplomados nesta primeira phase da Escola Nos diversos relatorios do Dr, Diogo de Mendonga, apenas se encontram os seguintes dados sobre matricula a partir de 1851: SWOPE SH MASI Wi te iia REE Om EB Sa lier eet! bere » EBS iy vectannn tat che Wot te doo > RM i iets Sit arabian cota RR > ROME aA any Ora ey NAR > Re ns i 13 > EOS E Ne ane Ns eisiacot RG > TBO Me ge te 9 WED TSOS aryl Wilah genie > RGA TS Tsu yt ae oR > ER Liesl n BMA lala » REG ca ye talhn eta te adsl ioe : i, ra i ee Segundo o relatorio de 1855, do Dr. Diogo de Men- donga, desde a abertura da Escola, ha 9 annos, até a re- ferida data, 18 sio os alumnos que hao sido approvados, A média dos diplomados era, pois, de dois por anno. Como esse estabelecimento de ensino funccionou vinte annos, po- de-se conjecturar que nelle se formaram quarenta profes- sores, mais Ou menos, * xe Para 0 sexo feminino foi creada uma Escola Normal no Seminario das Educandas, conhecido entio por Se- minario do Acti (Lei n° 5, de 16 de Fevereiro de 1847). Como na Escola Normal masculina, 0 curso era de dois annos, com o seguinte programma: Grammatica da lingua nacional; Arithmetica—theoria € pratica das quatro operagées; Principios de doutrina christa; Lingua francesa; Musica vocal ¢ instrumental, Esta escola nfo chegou a ser installada. A lei ne 10, de 7 de Maio de 1851, no art, 8, mandou prover nas cadeiras publicas do sexo feminino as educandas maiores de 25 annos, que fossem aptas para o magisterio. Foi esta Escola supprimida pela lei n° 31 de 7 de Maio de 1856. 2." phase A Escola Normal foi novamente creada pela lei pro- vincial n.° 9, de 22 de Margo de 1874, ¢ inangurada a 16 de Fevereiro de 1875, depois de uma interrupgio de oito annos, Era destinada aos candidatos ao magisterio de um € outro sexo, A seeead masculina funccionava 4 tarde nas salas do extincto Curso Annexo da Academia e a seccfio femi- nina no Seminario da Gloria, O curso era de dois annos, com duas cadeiras, com- prehendendo cada uma dellas um grupo de materias, do seguinte modo: 1° anno e 14 cadeira: lingua nacional e lingua fran- ceza; calligraphia; doutrina christa; arithmetica, inclusive systema metrico; methodica e pedagogia, com exercicios praticos nas escolas publicas da Capital. 2° anno e 2° cadcira: elementos de cosmographia e geographia, especialmente do Brasil; nogées de historia sagrada, universal, e especialmente do Brasil. Continuava a Escola subordinada ao Inspector Geral, ae era o seu orgdo de communicagio com o Presidente la Provincia. primitlyo pessoal docente era constituido dos Drs. Paulo Antonio do Valle e Americo Ferreira de Abreu, accumulando este as funcgdes de Director. Com a exoneragaio do primeiro, em 6 de Julho de 1875, foi provido interinamente na regencia da 1." cadeira o Dr. Melchiades da Boa Morte Trigueira, que em Feve- reiro do anno seguinte exonerou-se do cargo, Pela lei n.° 55, de 30 de Marco de 1876, 0 program- ma foi modificado, continuando o curso a ser de dois annos, Por effeito da lei aie distribuiu o ensino por quatro cadeiras, foram nomeados mais dois professores, 0 ba- charel Padre Adelino Jorge Montenegro e Dr. Antonio Augusto de Bulhées Jardim. His a distribuigdo das materias pelas quatro cadeiras do curso (1): 4° cadeira—Lingua nacional e arithmetica—Dr. Mel- chiades da Boa Morte Trigueira, posteriormente o Padre Adelino Jorge Montenegro, 2" cadeira — Francez, methodica e pedagogia—Dr. Joao Bernardes da Silva. 3 cadeira —Cosmographia e geographia, especial- mente do Brasil—Dr. Americo Ferreira de Abreu, poste- riormente 0 Dr, José Rubino de Oliveira, (1) Hol supprimido 0 onsino de ealligraphia, quo passou a ser considerada materia preparatoria, dy oe _ 4 cadeira—Historia sagrada e universal, historia foe € nogdes geraes de logica—Dr, Antonio Augusto le Bulhdes Jardim Segundo o regulamento de 5 de Janeiro de 1877, um dos professores deveria ser o director da Escola e outro o secretario, Substituiu o Dr, Americo Ferreira de Abreu, que deixou o cargo em 1878, 0 Dr. José Rubino de Oliveira. Pela retirada do primeiro, ficou vago o logar de director para o qual foi nomeado o Dr, Joao Bernardo da Silva, professor da cadeira de pedagogia e frances, Em virtude do citado regulamento, foram annexadas 4 Escola Normal uma escola primaria do sexo masculino € outra do sexo feminino, da freguezia da Sé, Os professores dessas escolas annexas faziam parte do corpo docente da Escola Normal, Nao tendo a Assembléa Provincial votado verba pata a Escola Normal no orcamento que devia vigorar no exercicio de 1878—79, foi mandada fechar por acto do Presidente da Provincia, de 9 de Maio de 1878, e effecti- vamente se fechou a 30 de Junho desse mesmo anno. Nao chegou, pois, a concluir 0 curso a 3. turma que devia formar-se em 1878. Em virtude de leis especiaes foram concedidas as regalias de normalistas a alguns dos alumnos que nao chegaram a concluir o curso, Pela lei n° 880, de 6 de Outubro de 1903, foram equi- parados aos normalistas os alumnos da extincta Escola Normal, approvados nas materias do 1. anno, € que se achavam tmatriculados no 2,° quando se fechou a Escola, Esta lei, porém, sé interessava os alumnos que ja tinham exercido 0 magisterio publico primario em qualquer dos grupos escolares ou escolas isoladas do Estado, Damos em seguida a relagio nominal da primeira turma de alumnos da Escola Normal inaugurada a 16 de Fevereiro de 1875: 1. Francisco Pedro do Canto, 2. José Julio Goulart. ee ere renee neem se Rage ae Joo Alves de Siqueira. Francisco Solano Ferreira Gongalves. Lindolpho Francisco de Paula, Olympio Cat&io de Lorena. Luiz Gonzaga de Campos Freitas Fidelis de Oliveira. Antonio de Carvalho Sardemberg. Francisco Manoel dos Passos Junior. 11, José Benedicto Corréa Salgado, 12. José Cypriano Castro Vasconcellos, 13. Octaviano Augusto de Oliveira, 14. José Luiz Flaquer. 15, José Antonio Lopes Ferreira 16, Henrique Luiz Andrade Meira, 17. Cezario Lange Adrien, 18, Felismino Vieira Cordeiro 19. Jo&io Baptista Santos Cruz, 20, Joao Maximiano da Silva. 21. Manoel dos Reis. 3." phase Pel lei n.° 130, de 25 de Abril de 1880, foi o Governo autorizado a reabrir a Escola Normal e dar-lhe novo regulamento. Este foi expedido a 30 de Junho, dando-se a reabertura solenne da Escola no dia 2 de Agosto de 1880. Era ent&o presidente da Provincia 0 Dr, Laurindo Abelardo de Brito. Antigo professor diplomado pela _primitiva Escola Normal de 1546, 0 Dr. Laurindo de Brito, 4 medida que se elevava na administragio publica, affagava com cre- scente desvelo a causa do ensino publico primario, Foi por sua iniciativa que se restabeleceu o funccionamento da Escola Normal em sua 3." phase, como se verifica do seguinte topico do seu relatorio de 5 de Fevereiro de 1880, apresentado 4 Assembléa Provincial: _ i «Decretae a reférma do ensino, preporcionando-o ds necessidades da aldeia, da villa e da cidade, e fazendo So py anee N86 ew intervir o elemento municipal sem prejuizo das regras geraes que lhe imprimam nexo e caracter de unidade. Concedei desde jA a autorisacio para a reabertura da Escola Normal, com as modificagdes que parecerem necessarias no programma do ensino e provimento das cadeiras», OR, LAURINDO ABELARDO bE BRITO As aulas fnnccionavam a principio no pavimento terreo do predio ent&io occupado pelo Thesouro Provincial, onde hoje esté a Camara Municipal, _Mais tarde passou a Escola a funccionar em um predio contratado para esse fim— 4 rua da Boa Morte, até a data de sua’ mudanga para o actual edificio, inau. gurado a 2 de Agosto de 1894. O programma passou a ser de tres annos, Damos em seguida o primitivo programma adoptado, com a distribuigéo dos professores pelas cinco cadeiras do curso; | | | 18 cadeira—Grammatica ¢ lingua nacional—Dr. Vi- cente Mamede de Freitas (accumulava as funcgdes de director), 2° cadeira~-Arithmetica ¢ geometria—Dr. Godofredo José Furtado. 3 cadeira—Historia e geographia.—Dr. José Estacio Corréa de SA ¢ Benevides. 4 cadcira—Pedagogia e methodologia.—Dr, Ignacio Soares de Bulhées Jardim. §." cadeira~-Francez, physica e chimica—Dr, Paulo Bourroul, Annexo 4 Escola Normal, funccionava um curso preparatorio, com uma escola masculina e outra feminina, A regencia da primeira estava a cargo do cidadio An- tonio da Silva Jardim ¢ a da segunda a D. Catharina Amelia do Prado Alvim, Em virtude da disposigio permanente da lei n.° 59, de 25 de Abril de 1884, foi o programma desdobrado em oito cadeiras, com oito professores para leccional-as. Segundo o relatorio de 25 de Outubro de 1884, do br. José E. Corréa de $4 ¢ Benevides, entio director interino da Escola, todas as cadeiras estavam naquella data pro- vidas definitivamente, de conformidade com as disposigdes respectivas lo Reg, de 30 de Junho de 1880, com ex- cepgio da de francez, ‘Transcrevemos do alludido relatorio o programma, com a distribuigao do pessoal docente pelas cadeiras do curso: 1° cadeiya~Grammatica ¢ lingua nacional—Dr, An- tonio da Silva Jardim. 2." cadeira—Arithmetica e geometria.—Dr. Godofredo José Furtado, 3.* cadvira—Flementos de cosmographia, geographia e historia.—Dr. José E. Corréa de Sa e Benevides, 4. cadeira—Pedagogia, methodologia, instruccao re- ligiosa e ci —Dr. Ignacio S. de Bulhdes Jardim, 58 cadeira—Nogdes de physica ¢ chimica—Dr. Cy- priano José de Carvalho, net i Bees 6° cadeira—Grammatica e lingua franceza, - Arthur Gomes. Curso preparatorio annexo Professora: D, Catharina Amelia Prado Alvim. Adjuncta: 1. Amelia de Oliveira Carvalho. Professor: Geraldino da Silva Campista. Adjuncto: (Vago pela exoneragio de Antonio Victor de Macedo), O Regulamento de 3 de Janeiro de 1887 alterou o programma transcripto, Em instrucgdes expedidas a 24 de Agosto de 1887, © Presidente da Provincia determinou que, em addita- mento ao citado regulamento e em observancia 4 dispo- sigio do art. 132 da Lei n° 8x de 6 de Abril do mesmo anno, fossem accrescentadas ao curso duas cadeiras de calligraphia e desenho, uma para cada sexo, Asaulas das escolas annexas obedeciam ao seguinte programma: 1°—Calligraphia e orthographia. 2.°—Ieitura e grammatica nacional elementar. a; —-Arithmetica elementar ¢ systema legal de pesos e medidas. 4°—Elementos de cosmographia e geographia. 5°—Anstrucgzio moral e€ religiosa, 6°—-Rudimentos de francez, 7°—Prendas domesticas (para 0 sexo feminino) O decreto n° 27 de 12 de Margo de 1890, que re- formou a Escola Normal, dividiu 0 curso, que continuou a ser de tres annos, nas dez seguintes Cadeiras Te 2'—1/ e 2." de Portugues, 3" € 44-14 e 2" de Arithmetica, algebra, geometria e escripturaga4o mercantil. 4 ““¢ 64—14 e 2" de geographia, cosmographia e historia do Brasil, 7°—Physica e chimica, 8.2 — Biologia, 9."—Economia politica e rural, e educagio civica. 10.—-Organisagfo e direcoao das escolas. Além das cadeiras mencionadas, 0 ensino era ainda distribuido pelas seguintes aulas, ‘confiadas a professores contratados pelo Governo: —Calligraphia, desenho, economia e prendas domes- ticas, para o sexo feminino; —Calligraphia e desenho para o sexo masculino; —Gymnastica e exercicios escolares, para o sexo feminino; —Gymnastica e exercicios militares, para o sexo masculino; ~-Musica, solfejo e canto coral, para o sexo feminino} -~Musica, solfejo e canto coral, para 0 sexo masculino; ~-Trabalhos manuaes, O decreto citado, no seu art 20, converteu em es-« colas-modelo as escolas annexas 4 Normal, para nellas praticarem na regencia das cadeiras, os alumnos do 3.° anno do curso. Cada uma das escolas-modelo era dividida em_ tres secodes ou graus, com um curso integral adequado 4s multiplas necessidades da vida e ao desenvolvimento gradual das faculdades do alumno. O programma antecedente foi depois ampliado, sendo © ensino distribuido pelas cadeiras seguintes: (lei n° 169 de 7 de Agosto de 1893). 1.4 e 2." de portuguez; 38 de francez; 4." de latim; 5 de inglez; 6.8 de arithmetica e algebra; _ 78 de geometria e trigonometria, com applicag’io 4 agrimensura; 8." de mecanica; 9." de astronomia elementar; 10." de physica e chimica; — 96 — tr" de historia natural; 12.4 de generalidades sobre anatomia, physiologia ¢ hygiene. 134 de geographia; 14." de historia; 15.* de economia politica e educagio civica; 16." de pedagogia e direceao das escolas; 17." de desenho e calligraphia; Além das cadeiras mencionadas havia ainda as se- guintes aulas confiadas a professores contratados: 18 de escripturagao mercantil; 2.4 de economia domestica; 3." de exercicios militares e gymnasticos; 4." de trabalhos manuaes; i 5." de musica. Em referencia a este programma dispoe o art. 266 § 2.2 do Reg. de 27 de Novembro de 1893: «Seraéo mantidas na Escola Normal as cadeiras de allemao, psychologia, moral e educagio civica e pedagogia, € conservadas na regencia dellas os respectivos professores, Desde que se tornem vagas: a de allemao ser4 sub- stituida pela de latim e a de psychologia pela de moral; educagio civica e pedagogia serao fundidas em uma sé cadeira com a denominagao de pedagogia e direcg’io das escolas, passando o estudo de educagao civica para a ca- deira de economia politica. O que ha de particular a notar nesta 3° phase da Escola é a independencia completa que se estabeleceu em relagao 4 Inspectoria Geral de Instrucgao Publica, Essa inde- pendencia, contra a qual se encontram que’ amargas no relatorio do Dr, Arthur Cezar Guimaraes de 1885, nao se justifica em face da legislagdo escolar que entao vi- gorava. A proposito citamos o art. 30 § 10 do Reg, de 27 de Novembro de 1893, que dispde o seguinte: «Compete ao Inspector Geral inspeccionar as escolas normaes, 08 gymmasios (art. 42—9 da lei n° 88) e quaes- quer outras instituigdes de ensino primario e secundario do Estado», oe ieee tit Os intuitos capitaes da lei n.° 27 de 12 de Margo de 1890, que se distingue pela integralisag’o do curso normal e pela feliz reforma das escolas annexas, conver- tidas em escolas-modelo, tiveram sua execugiio inicial sob a orientadora e efficaz influencia do Dr. Caetano de Campos, Dr. ANTONIO CAETANO DE Campos: Os effeitos beneficos dessa lei se fazem sentir, até © presente, em pontos capitaes de nossa organisagao escolar. Implantando na escola primaria modelo a disciplina mental da intuig&io e¢ estabelecendo no curso normal um programma completo, adequado aos diferentes cyclos em que a educagfio se divide,—o saudoso educador pipes o advento da phase hodierna da Escola Normal, de que nos vamos occupar no capitulo seguinte, —92— Directores que serviram no periodo de 1880 a 1893 Dr, Paulo Bourroul. Dr .José Estacio Corréa de Sa e Benevides. Conego Manoel Vicente da Silva, Dr. Antonio Caetano de Campos. Quadro do movimento do matricalas da Hscola Normal em sua 3. phaso—1880 a 1883 Escola Normal actual A lei n, 169, de 7 de Agosto de 1893, dispde no seu art. 15 que «do anno seguinte em diante o curso normal seria de quatro annos», Esta disposicao, porém, nfo se referia aos ,alumnos que, nos termos do regulamento de 30 de Dezentbro, fize- ~ ram a declaragio de preferir o curso preliminar. Estes seriam dispensados do estudo das materias pertencentes ao curso complementar, e obrigados ao de todas as ma- terias do curso preliminar do programma do 3.” anno e€ de outras do 1.°, 2.° e 4.°, nas quaes ainda nao tivessem approvagao, No 4° anno da nova Escola foram admittidos os alumnos que declararam querer completar 0 curso, ficando obrigados ao estudo das materias novas do curso comple- mentar desse anno e tambem ao das antigas, nas quaes nao tivessem approyagio. (1) No dia 2 de Agosto de 1894, foi solennemente inaugu- rado o novo edificio da Escola Normal, cuja construcgio teve principio em 17 de Outubro de 1890, por autorisagio do decreto de 13 do mesmo mez, assignado pelo presi- dente do Estado, Dr. Prudente de Moraes. O sr. Gabriel Prestes, ent&o director da Escola, em seu relatorio do anno de 1894, assim descreve o respe- ctivo edificio: (1). A lon, 851 — de 12 do Dexombro do 1902 equiparon of professores preli- minares, normalistas de tres annos, aos actuaes profossores complementares, EY 5 § 2 5 i \ a aaa «O edificio mede 86 metros de frente por 37 de fundo e € composto de 3 pavimentos, sendo um subterraneo, A escada que da accesso para o pavimento terreo é de alvenaria e as que dao entrada para 0 pavimento su- perior sfio de marmore branco, Sem contar o vestibulo e os corredores, 0 edificio contém mais de 4o salas, umas utilisadas com as aulas do curso Normal, Complementar, Escolas-Modelo annexas, e outras com a administragao, museus e gabinetes, O pavimento subterraneo destina-se 4s officinas de trabalho manual, tendo, além disso, algumas salas para de- posito de objectos escolares e camaras escuras para ex- periencias de optica, Ha no estabelecimento completa separagio entre a secgio feminina e a masculina: 0 sexo feminino occupa a ala direita e o masculino a ala esquerda do edificio. A lotagio das salas de aula é de go alumnos, no maximo, ¢ 35, 10 minimo, sem. contar as salas de scien- cias naturaes e de physica e¢ chimica, cuja lotagio é de 120 alumnos, Na parte posterior do edificio existe ainda um bello e vasto pavilhdo que serve de abrigo aos alumnos no recreio, € cuja parte central é occupadaepor um gymnasio em que se encontram todos os apparelhos necessarios ao ensino de gymmastica. Os pateos para recreio sao bastante vastos e com facil communicagao para 0 gymnasio», A Escola Normal comprehende dois cursos: 0 se- cundario, com a duragao de 4 annos, para os candidatos ao magisterio de ambos os sexos, € o constituido pe escolas-odelo annexas. Estas comprehendem tres partes: a) 0 Jardin da Infancia, destinado a preparar, pela éducagiio dos sentidos, segundo os processos de Freebel, os alumnos de ambos os sexos que se destinarem 4 escola-modelo preliminar; 6) Escola preliminar «Caetano de Campos», destinada a educar, separadamente, em classes, criangas de ambos os sexos, ¢ aos exercicios de ensino dos alumnos do 3.° e 4.° annos dos cursos se- cundario e complementar da Escola Normal; bie digi oe — 96 - ) Escola Complementar, (1) destinada a ampliar e completar o ensino primario de modo a facilitar a formagiio de professores preliminares, me- diante a necessaria pratica didactica na escola- modelo preliminar (arts. 138, 172 e 181 do Reg. de 9 de Outubro de 1896), O programma approvado pela lei n. 169 de 7 de Agosto de 1893 foi successivamente alterado pelos decretos n. 374 de 3 de Setembro de 1893, n. 379 de 9 de Outubro de 1896, n. rorg de 19 de Marco de 1902 € n. 907 de 4 de Julho ‘de 1904. © programma vigente de ensino comprehende as ca- deiras que constam da relagio seguinte:, Pessoal adminisiratino ¢ docente da Escola Normal ¢ Escolas-modelo annexas com designagdo de seus cargos Dr. Oscar Thompson, Director, Dr. José Machado de Oliveira, lente da 1.* cadeira de portugues, latim e historia da lingua, Carlos Lentz, lente da 2, cadeira de portugues, latim historia da lingua, Dr, Ruy de Paula Souza, lente da 3." cadcira de francez, Osear de S& Campello, lente da 4." cadeira de ingles, Joaquim José de Azevedo Soares, lente da 5.* cadeira de arithmetica, algebra e geometria, José Feliciano de Oliveira, lente da 6.4 cadeira de arithmetica, algebra e geometria, José E. de Macedo Soares, lente da 7." cadeira de mechanica, physica e chimica, Dr. Canuto Ribeiro do Val, lente da 8." cadeira de historia natural, anatomia, physiologia e hygiene Dr, Ascendino Angelo dos Reis, lente da g. cadeira de geographia e astronomia. Dr. José E. Corréa de SA e Benevides, lente da 10% cadeira de historia da civilisagio e do Brasil, (1) 0 deo. n. 799, do 16 do Fevereiro de 190, concede diploma de habilitagho Para o mazistorio primario, com as mesmas vantagons de que yrosam of nor Walintas, 08 alainuow habilitados polas escolas complomentares do Estado, quo tiverem feito & pratica do ensing durante um auno (actualmente & mozes) em qualquer grupo ey golar do Estado, X mah oh Manoel Cyridifo Buarque, lente da 11. cadeira de » pedagogia e educagio civica, Maestro Antonio Carlos Junior, professor da 1." aula — Musi sJeronymo de Azevedo, professor da 2° aula— Es- cripturagao mercantil. Dr Thomaz A, Ribeiro de Lima, professor da 3." aula—Calligraphia e desenho. D. Felicidade P. de Macedo, professora da 4." aula — Calligraphia e desenho, Manoel Baragiola, professor da 5. aula— Gymnastica, D. Maria A. Moratti, prof. da 6." aula— Gymnastica, Bruno Zewarg, prof. da 7.4 aula — T'rabalhos manuaes. D. Rosina Nogueira Soares, professora da 8." aula — Trabalhos manuaes, Joao Baptista Queiroz de Assumpgao, preparador de physica e chimica, ‘Tancredo A. Gongalves, auxiliar de esculptura, Gagni Luigi, auxiliar de marcenaria, Carlos A. Gomes Cardim, inspector das escolas aunexas Carlos Lentz, secretario. Dr, Leopoldo de Freitas, bibliothecario. Antonio Franco Lima Buarque, official, Daniel do Amaral, amanuense, Antonio Ribeiro de Mendonga, amanuense. Arthur Wolff, porteiro. Ha ainda 4 continuos, 6 serventes ¢ 2 jardinciros, Para a matricula no 1° anno da Escola Normal é indispensavel a approvagio em exame de sufficiencia, que versard sobre as materias seguintes: portuguez, francez, arithmetica, algebra, geographia, historia do Bravil e de. senho 4 mao livre (art. 10 do decr. n.1015 — de 19 de Margo de 1902). Dinkorores Que TAM SERVIDONA ACTUAL PHASE DA Escona: Gabriel Prestes—nomeado por decreto de 23 de Outubro de 1893; Dr, Alberto Salles—-nomeado por decreto de 28 de Fevereiro de 1899; Dr. Oscar ‘Thompson — (actual director)—nomeado por decreto de 3 de Fevereiro de 1902. Benes — 98 — Nesta ultima phase da Escola Normal, isto é, no pe- riodo que decorre de 1894 a 1908, diplomaram-se 548 alu- munos, sendo 154 do sexo feminino e 394 do masculino. (1) Professores diplomados pela Escola Normal PRELIMINARES ENT AL a TS Fem, ANNOS. ‘OTAL, i ae Professoras preliminares» 5... 271 > Complementares .. 394 665, Professores preliminares 5. 5+ 293 » complementares. . 5 5 4 15h 1.112 {t) No quadroacima oncontra-so a relagho annual dos diplomados do 1881 a 1907, Se Priunro Pentovo (manha) — |\Sravnvo Periono (tarde) Viet eh SR sia LU as “ re Resumo numerico dos alumnos matriculados em 1908 em o curso secundario SEOGAO JAnnos | Alamnas { Alumnos | Alumnas | TorAr, 1 Femininn . . . 4 2° » Bie 4 qi a va | . 387 ne 37 Blate ne a 4 Feminina . 40 Mixta . 38t Feminina 38. Mixta . 42 Peminina 42 Mixta 32 Feminina 33. Total . 461 Sendo 76 alumnos e 385 alumnas, assim distribuidos: no 1," anno — 162, no 2°— 149, no 3° — 84, no 4 + 65. Jardim da Snfancia Comegou a funccionar o Jardim da Infancia, annexo 4 Escola Normal, a 18 de Maio de 1896, no predio sito 4 es- quina da rua do Ypiranga, emquanto nfo estava con- cluido o actual edificio, mandado construir pelo Dr. Ber- nardino de Campos, quando presidente do Estado. A primeira matricula, 4 qual compareceram cerca de tresentas criangas, foi considerada provisoria, sendo no- venta e cinco acceitas como alumnos ¢ sete assistentes, por nao poder comportar o predio um maior numero, fi- cando as outras 4 espera da inauguragao do novo edificio, cuja vista apresentamos. O edificio do Jardim da Infancia fica situado numa espagosa area de terreno aos fundos da Escola Normal. 100 — JARDIM DA INFANCIA (5. Paulo) Mede 940 metros quadrados, comprehendendo quatro salas de aula amplamente illuminadas, e um grande saldo. central, para as solennidades infantis, medindo 15" >< 15". Além destas salas, ha mais duas annexas ao corpo do edificio, destinadas, uma a servir de deposito do material e outra para reunido das professoras. O salio central férma uma elevada rotunda octo- gonal, aos flancos da qual, em pontos diametralmente Gppostos, ficam situados quatro terragos em {rma trian- gular com vista para diferentes pontos da cidade, Correspondendo a esses terragos ha, no payimento inferior, quatro salas triangulares que estabelecem com- municagao entre as salas de aula ¢ o saléo central, onde se acham installados os lavatorios e apparelhos. niece rios para o fornecimento de agua filtrada a cada classe. Ao nivel dos quatro terragos, ¢ interiormente, a ro- tunda é citeumdada por uma galeria destinada aos assis- tentes As solennidades escolares que se realisarem no salaio central, O edificio é todo rodeado de wma yaranda aberta, com facil communicagio com todas as salas e dependen- cias do estabelecimento, Uma parte dessa varanda, correspondente 4s dua: entradas principaes do edificio, esta coberta de elegantes abrigos de vidro fosco, encaxilhado em ferro, Seu pessoal ¢ 0 seguinte: Inspectora —D, Maria E. Varella Auxiliar —D, Anna EF. Andrada Machado. Professoras — DD, Joanna Grassi Fagundes, Mathilde Fretin, Irene Branco da Silva ¢ Luiza Brant de Carvalho, Guardia — Olivia Rosa de Sousa. Serventes — Maria dos Santos e Emilio Caruso, Actualmente o Jardim é frequentado por 180 criangas de ambos os sexos, distribuidas em wma classe de 1." anno, uma de 2.° e duas de 3.°, com 45 alumnos cada uma. Escola preliminar-modelo O decreto n. 27, de 12 de Margo de 1890, conyertou em escola-modelo a escola preliminar annexa 4 Normal, a qual funceionaya primitivamente em compartimentos contiguos 4 Igreja do Carmo, 4 rua do mesmo nome, Sor hoe ie Para se encarregar da organisagiio dessa escola foi convidada, por iniciativa do Dr. Caetano de Campos, a illustre educadora americana Miss Marcia P, Browne, que iniciou o exercicio de suas funcgdes em 7 de Julho de 1890. ._ A principio, esteve encarregada da parte administra- tiva da organisagao a professora D, Maria Guilhermina Loureiro de Andrade, incumbindo-se Miss Browne da parte propriamente technica e pratica, Esta dualidade nos trabalhos de or: anisagio explica- se pela difficuldade que, a principio, oka esta educadora em exprimir-se na lingua do paiz. Os encargos da direcgio geral da escola exercia-os © Dr. Caetano de Campos, Dentr em pouco, porém, Miss Browne faz’ prehender 5 criangas € aos alumnos-mestres em. portuguez, assumindo entio a direceio da escola, em Margo de 1892, exercendo todas as attribuigdes de ordem administrativa e technica, Concluido 0 novo edificio da Escola Normal, abriu- se em Agosto de 1894 matricula para a installagao da escola-modelo annexa, tendo a ella concorrido tambem i alumnos que frequentayam a escola da rua do ‘armo. Foram transferidos desta para aquella Escola, de cujo pessoal docente entraram a fazer Parte, os seguintes pro- tessores : Benedicto Maria ‘Tolosa, Benedicto Machado, An- — tonio Rodrigues Alves Pereira, DD, Garibaldina P. Machado, Amelia Turellini, Maria E, Varella, Maria Mineryina A. Payfio e Ignez M. de Castro, _ A Escola do Carmo continuou, entretanto, a fun- ecionar sob a direcgfio do professor Oscar ‘Thompson com a denominagao de 2. escola-modelo, tendo sido admittidos novos alumnos para preencher as vagas dos que se ma- tricularam na nova escola annexa 4 Normal, na Praga da Republica _ Vése, pelo que fica dito, que a 2." escola-modelo, hoje Grupo Escolar do Carmo, foi, por assim dizer, a in. stituigdo matriz, onde se langaram os fundamentos do mo- derno regimen educatiyo, - 103 — Ainda hoje o ensino na escola-modelo comprehende as materias mencionadas no art. 6.° da lei n. 88, de 8 de Setembro de 1892, com um curso integral distribuido por quatro annos, Deye-se ao Dr, Caetano de Campos a mais elevada € segura comprehensio do apparelho escolar moderno, no que diz respeito ao plano de ensino integral e ao criterio para sua efticaz execugio. Sobre este magno assumpto nao conhecemos traba- lho mais importante do que o relatorio por elle apresen- tado em 1 ee Margo de 1891 ao Governador do Hstado, Dr. Prudente de Moraes, Kis a luminosa exposigao: “SR. GOVERNADOR: — A democratisagio do poder restituio ao povo ‘uma tal somma de autonomia, que em todos os ramos de administragiio 4 hoje indispensavel consultar ¢ satixfazer necessidad Ja que a revolugilo entregou ao povo a direcgtio de si mesmo, nada é mais ur- gente do que cultivar-lke 0 espirito, dar-the « elevagio moral de que elle precisa, formar-Ihe o caracter, para que saiba querer. Diantes pagava a Nagko ox professores dos principes sob 0 pre- texto de que estes careciam de uma instrucgio fora do commum para suber dirigil-a, Hoje o principe & © povo, e urge que elle alcance o self Government — pois x6 pela conviegio scientificn péde ser levado, desde que nao ha que zelar o interesse de uma familia privileginda. A instrucgiio do poyo 6 portanto sua maior necessidade, Para o Governo educar 0 povo é um deyer e um interesse: dever, porque @ ge~ reneia dos dinheiros publicos acarreta a obrigagiio de formar escolas; teresse, porque s6 6 independente quem tem o espirito culto, ¢ a edacagio eréa, avigora e mantéin a posse da liberdade, ‘Temos ouvido dizer até a saciedade que é indispensavel diffandir © ensino elementar. Ninguem o nega, nem pdde negar, Comega-se por saber Iér, excrever e contar, e sem este primeiro passo todo 0 ensino & ivel. Isto é questiio vencida, sobre a qual nao é preciso insistir. A experiencia de 70 annos de monarchia demonstra, porém, que este famoso lemma pode ser reduzido a uma inutilidade. Nao s6 @ pro- porgito das excolas primariay creadas no tempo dox imperadores 6 extre- mamente ridicula, em vista das exigencias da populagio, como sua frequencia 6 inrisoria, H’ inutil buscar a causa deste insuecesso na indole do povo. Com © ignorante é demencia argumentar. © povo nio podia conhecer a van- tagem de aprender, porque via que sens filhos, apezar de andarem na escola, nenham desenvolvimento mental adquiriam. Esse vicio, esse erro, esse non sence provinlia dos methodos empregados no ensino. As criancas decoravam tudo, para em breve tudo esquecer, Fatigavam-se sobre as cartas de leitura, s6 conseguindo entediar-se por no entenderem o que liam, — 104.— Reyoltayam-so finalmente no seu intimo, por ouvirem-so appellidar de estupidos, quando 86 revelava estupidex quem Jhes fornecia um ali- mento que ellas nio podiam digerir, Trabalha hoje a Rscola Normal de 8. Paulo para obyiar a tanta inepeia. Seu triampho é certo, porque ella caminha na senda da razio. Baston a prova ainda imperteita de alguns mezes de tirocinio para evi- dencial-o, © en vejo a promessa do pleno sucesso no enthusiasmo com que todos, mestres ¢ alumnos, procuram a Escola-modelo. Os pacs » citam trex vezes mais admissdex do que me 6 possivel conceder; os alu- iunos-mestres surprehendem-se com os resultados obtidos, © apoderam-se do expirito do trabalho, com louvavel applicagio, pois mesmo em dins santos eatholicos (que era costume guardar) 0 ponto 6 quasi desnecessario; 4s criangas, finalmente, amam por tal modo a escola, que choram e la- mentam-ke em easa por nio irem mais cedo para a classe a que d’antes gazeavam, ‘ Posto hoje dizer que breve chegard o dia em que nem um sé pro- fessor primario sahird da Escola Normal sem possuir cabalmente as van- tagens do novo ensino, J& € lguma cousa reformar o ensino primario! Ox primeiros annos da excola decidem muitas vezes do futuro da erianga. O habito de reflectir antes de enunciar, a sciencia de aproveitar o tempo que a infancia adquire, @, sobretado, 0 amor ao trabalho, so qualidades que « escola primaria implanta muitas vezes de modo indelevel, Mas basta isso para formar cidadaos ? ‘Ter’ 0 Governo cumprido sen dever quando tiver apenas ensinado A crianga? Estard a Patria contente #6 com esse esforgo, @ poderd exi- gir dos filhos, a quem educou, uma sonima de esforcos reteibuidos, mani: festada por applicagdes 4 industria, as artes, iis * Por outra: cultivar a primeira infancia basta para fazer homens uteix? tilo manifesta a negativa, que en me dispensaria de insistir na Tesposta a estas perguntas, se nao devesse de envolta com ella demonstrar que incumbe a0 Governo, no estado actual de nossa sociedade, dar ao Povo mais do que a instruceto primaria. Serei breve, mesmo porque # isto uma condighio de clareza, A historia natural do homem mostra que sua superioridade biolo- gion 6 devida exclusivamente ao uso da palavra, que favoreceu o poder da abstragio © is faculdades superioves de que elle goza, Como, porém, © desenvolvimento vital x6 gradualmente se opera, cada idade tem sua Aptidiio, como cadn orgiio tem funcgdes especiaés, $6 no fim da ado- lescencia comeca o homem a gozar essa grande faculdade de abstrair, que o torna o mais poderoso dos seres creados. Toda a pedagogia que nao se basear na evolucho natural do or- ginismo humano, nio ¢ somente falsa, ¢ tambem prejudicial. Ao con- trario disso, todo 0 esforco educativo bem entendido @ basendo na evolucgho paychologica, apresenta resultados verdadeiramente surprehendentes. Diaqui decorre que cada idade deve aprender determinada ordem de nogies, Assim tambem x6 6 completa a educayiio que abrange os diferentes cyclos em que ella se divide; MANU a eine oe ANE Parece, primeira vista, que deve deixar-se a cada um o completar sua educagio, conforme suas posses ou aptiddes, e que é uma aberragio de philantropismo exaggerado aspirar a que todos os cidadios de um paix aleancem uma educagio compl Nilo ha mal em desojal-o. Muitas Ao, entretanto, as forgas con- trarias que @ isso se oppdem e que tornam esse desejo tuma impossibili- dade. Nio estou de accordo, porém, com os que pensam que, para permittir que cada pae eduque seus filhos como entende, melhor ¢ que 0 Extado niio fornega 0 ensino xectndario, Nese caso, ‘nem 0, primario deve fornecer. O que é verdade para um ensino deve sel-o para o outro, pois tambem deve ser licito, nada aprender. Taes raciocinios $ que sXo aberragies de um philosophismo indi- gesto por mal comprehendido. Niio ha ordem, no ha progresso onde « anarchia mental, direi melhor, onde a selvageria da ignorancia imperar em absoluto, sob o pre- texto de que cada um tem o direito de nio aprender, ou de s6 aprender © que elle, ignorante, julga preciso. E’, em meu fraco entender, indiscutivel que o ensino util, positivo, logico, sem prevensdes de seita ou de classes, aquelle que ¢ julgado bom segundo a sciencia pura e a experiencia dos antepassados, deve existir em qualquer parte, Ainda mais, que para que esse ensino seja proficuo deve, quanto possivel, ser completo, inteiro em todos ox ramos de conhecimentos indispensayeis 4 vida, encyelopedivo por assim dizer, j& que nosso viver social nasactualidade envolye-nos em contigencias oriundas de toda sorte de nogdes scientificas. S6 depois de ter experimentado pessoalmente a snbedoria ¢ a igno- rancia, seria licito a um individuo preferir esta dquella. Tudo que niio for proceder assim nao é de boa logic. Digaih-me, porém, os philoso- phos que sustentam o direito de ignorar se ji viram algum homem instruido ter preferencia pelas trevas do expirito. Digam-me, por exemplo, se aquelle que tiver aprendido que a combinagio de dous corpos det mina —uma conflagracho, quererd alguma vez, por amor « ignorancia, varrer da memoria essa nogho que o péde salvar do perigo, 86 por gracejo poder-se-ia sustentar uma tal discussio, Volto pois a0 que dizia: é indispensavel que os methodos educativos existam em. alguma parte, mesmo porque se honver quem queira exercer o direito de ignorar, muitos mais—-e sao a maior parte, desejam uprender. B’ obvio que ninguem pensard em tolher nos cidadiion o direito de abrir escolay particulares, Estas nfo sero, porém, em numero sufficiente PArn A populacio, © nem aceessiveis para a grande massa do proletariado, Demais, com a exigencia do ensino moderno, taes institaicdes, quande mesmo bem fornidas de um material escolar sufficiente, pesario sobre a bolaa do particular de modo tal que, sem remuneragio, nao poderio ter. alumnos, Os institntos particulares so, pois, insufficientes para supprir a Jacana da educagio, que habitnalmente chamamos secundaria, Perganto agora: quem, sinio 0 Governo, poderd fornecer entio esse ensino? Devera elle existi STOO: Sem davida — Mil vezes sim—Sé a monarchia teve a coragem de dispensal-o, Nés, filhos do povo; nds que no povo devolvemos o sceptro que 46 elle deve empunhar, queremos que elle seja instruido lar- gamonte, proficientemente, como quem precisa governar-se a si, ¢ poder governar outros povor, si a occasiio o exigir, Bastaria apontar a historia do Brasil monarchico para saber quio improgressiva mostrou-se até hoje « familia brasileira, ntre escola primaria—irvisoria © condemnavel como era, ¢ j4 eu disse ao principio — entre a escola régia ea Academia, nenhuma educagiio dava o Governo a0 povo. 86 os cellegios particulates fornsciam, aos que podiam pagar, um preparo littererio que visava a matricula nos cursos superiore Todos nda xabemos o que valiam taes extudos, em qne a Gramma- tica, 0 Latim, @ Philosophia... de Barbe, aRhetoriea, eram magna pars, Momens quo mal sabiam lér ¢ escrever —em pequena porcentagem— e dou- tores: eis a nica consa que se podia ser no Brasil, Nio era por certo com a grammaticn ensinada desde a primeira idade, ¢ 0 Intim decoraido até a Academia, que o brasileiro poderia co nheoer as lein da natureza, nem saber cultivar o solo, nem envolyer-se nas industrias © nas artes. Todo o extrangeiro de mediana instrucgio podia explorar nossa mixeria, que nao era outra cousa maix do que a ignorancia de nossa immensa riquezy. © qne falton sempre @ nos falta ainda, é a instrncgho intermediarin que ¥6 em exoolus secundaria poderd obter-se. Si 0 ensino primario & indispensayel ao homem, elle o é para algum fim Esse nao. péde ser outro sinéo o de adquirir nox livros os conhecimentos que Thes sko. indis: pensaveis. Ora, deixar a crianga, aos 10 annos—limite que nossa lei marea para o ensino primario =~ com ox radimentos de uma fnstruegio que por falta de bons gniag gla nfo poderd mais obter—sinio excepeional- mente, 6 caso muito para lamentar-se. Bi justamente quando os primeiros annos de escola lhe tem dado © habito de pensar, quando ay primeiras nogdes concretas foram apro- prindas com grande facilidade; quando a aprendizagem experimental The foi inoculada como methodo de raciocinios quando finalmente sua. natural curionidade toi despertada pelo primeiro tirocinio, & entiio, digo, que se the koa, o:fuehb gue, dav Sondoste n arlinige pare) grande tetoplo' da vida?! Quem jd vin o olhar da crianga chammejar de enthusixsmo pelo que j4 aprenden; quem estudon-Ihe 0 semblante expandido triumphante pela consciencia do que soube xdivinbar; quem, sobretudo, descobria « Ingrima qne rorejon-the na patpebra no din em que o mestre The annun- ciaqne, por causa de sua idade (os 10 annos}) ella no péde voltar mais 4 escola, esse, se nilo sentir irromper-lhe dos labios a palavra — con= tintia—é de certo um coragio de marmore. E 0 que deve ensinar-se nas escolns de 2° gréo? ‘Tudo — Sim, tndo que pelo conhecimento do conereto pide evar ao do abstracto, ¢ ane importa dizer? tndo qne pide fazer de uma crinncn um homem. A meditagio sobre ax sciencias naturaes, isto 6, 0 conhe mento do mundo physicn que nos cerca constitne hoje melhor diselplina mental, porque esse estudo s6 deve fzer-ne experimentalmente. O menino que se habitéa a experimentar seré um homem apto em todos os sentidos. — 107 — Depois vém a mathematica como elemenuto da clareza no raciocinio. © estudo incessante da lingua materna, lingua em que xe pens; em que 80 organisa'a mentalidade, enviquecendo 0 vocabulario ¢ as formulas de Tingnigem que si 0 transumpto do pensamento, devard ser mantido com uma tonazinsistencias Finalmente, todos os meios graphicos de reproduzir a idéa, quer na escripta, quer no desenho, quer mesmo na musica ¢ 0 trabalho manual, que educa obrigando, fazer, sio tambem meios ine dispensuveis de preparo intellectual, Bi me fosse exigido © nome de um homem oelebre pari autorisar a vpinitio de que os conhecimentos scientificos devem constitnir a base da educagio de todo aquelle que deseja ser util asen paix, en talvez he- sitasse na escolha desse nome, porque s6 se pode om tal materia citar 6 do nagdes inteiras. Um ssbio houve porém que, em tal caso, eu nko poderia esquecer, e que por si sé tem o valor de muitas geragdes. Vida toda dedicada ao labor scientifieo, apparecendo no cén da hamanidade como estrella de primeira grandesa, tendo conquistado todos os louros ‘que a colvbridade vota aos seus predilectos, Agassiz terminon sua vida consagrando-ae a0 esforgo de formar homens na diseiplina scientifica. ‘Vanto como Huxley, ou como Tyndall, ou muitos outros que re- putavam 0 cultivo das aciencias positivas, o melhor meio de educar com fins uitilitarios, Agassiz quiz demonstral-o pratieamente, Ao principio reunin em torno a si professores que desajavam aproveitar ax férias estidundo. Para elle, 0 formalismo estreito dos programmas desapparecen para dar logat 4 escola da ampla investigacio, So este habito de procurar uma lei atraver das vicissitudes da natureza demonstrou aos pedagogos quio verdadeiro era o principio de Pestalozzi :—nao ensineis @ uma crianga o que ella poder achar por si, Aquellg que descobre é momentaneamente um sabio, ¢ 0 grande poder da sabedoria esta em ter dexcoberto muito. 0 compendio era para Agassia uma investidura de autoridade fatal & inde- pendencia do pensamento, Foi em conferencias publicas que elle profligon todos ox erros dox velhos systemas, @ salientow as vantagens de outros methodos instruindo elle mesmo discipulos que 4 reuniam no Museu de Historia Natural, em Cambridge. Poi tio extraordinario o sucesso obtido, que Agassiz abrin uma escola em Penikese, ajndado pelos mais notaveis naturalistas. Exse estabelecimento marcon para os Estados Unidos a éra da regeneragio do ensino, D’ahi partin para todo o paiz o espirito de reforma nox metho- dos, @ a diffusio de taes processos a todas as escolas de ensino publico, qualquer que fosse a esphera de sua actividad. “Bessa influencia, diz Johonnot, ficon demonstrada pelo protundo interasse muanifestado ‘no estado, no novo impulso dado as pesquisas scientificas, ¢ na maior facilidade com que os alumnos attingiram a vida intellectaal””. Tal 4 0 valor dos conhecimentos scientificos introduzidos na edu- eagiio! Na impos idade de desconliecel-o, #6 4 permittido ambicionnl-o. B, como sé em escolasde ensino secundario 6 possivel facultar tio prodigioso reourso % vida intellectual de nossos concidadiios, oso suppli- car wo esclarecido Govern deste prospero Estady que niio demore um 46 dia o beneficio dessa urgentissima medida. © exemplo de Agassiz commove-me @ exalta-me, Nao foi nos livros, dizia-o elle bem claramente, que adquirin aquella somma fabulosa de ine struogio que assombrou o mundo? foi na contemplagio da natureza, na paciente investigagio dos factos, que elle nchou meio de deduzir leis e theorias como a4 que estabelecea para as geleiras © o periods glacial na historia da Terra, ‘ E esse homem extraordinario julgon que niio devia morrer sem vensinar que 6 pela intuigdo fornecida pelas observacdes que melhor se eleva o espirito 4 alta comprehensiio da vida. Para que o estudo soja proficuo nos gritos secundarios 6 indispen- Savel qneo alwnno traga da escola primaria a disciplina mental da intuigho, E, tanto como para o discipulo, 4 imprescindivel que 0 professor aleance uma solida instrucgiio e um methodo que nilo se improvise, Antes de crear as eseulas secundarias ¢ pois curial que os professores se prepa- rem para regel-as, Confiar tio delicada missio a pessoas totalmente inexperientes dos processos, que os naturalistas empregam para a obtengho da verdade scientifica, 6 erro insanavel para nds que comegamos. __ Lembra-go nosso digno Goyerno que os logares de professores pu- blicos so vitalicios, como ¢ de justiga. Preencher taes cadeiras com Pessoas que no tenham o rigoroso preparo scientifico, era como dizia. Agassiz, € com elle os pedagogistas modernos, protelar por mais uma geragio © verdadeiro beneficio do ensino secindario. De gnantos reclamami a integralisagio de ensino publico, quanton esto uptos para preenchel-os em todos os seus ramos? Onde se fizeram Profesores habeis nas experiencian? Em que musen, em que colleccies, com que naturalistas aprenderam a observar a natureza? Pois ¢ 46 re- petir 0 que os ontros dizem, o que desta para ter foros de habilitagio profissional? Pela minha parte, 0 que peco ao Governoé que, antes de reformar a Instrucgiio Publica do Estado, — imperiosa einndiavel necessi- dade, eu 0 reconheco, estabeleca as escolas-modelo de 2° ¢ 3. grios, annexas & Escola Normal. 86 quando o molde estiver praticamente co- nhecido nexsas escolas, ¢ 08 professores ahi formados possuirem a nocio clara do que é possivel fazer de tudo 0 que a Pedagegin reclama, serd exeqnivel uma reforma verdadeira da Instrucglo Publica. Tudo 0 mais é reformar no papel sem possibilidade de executar, Ainda mais: é for: imnlar uma lei que vae servir de embarago ds modilicagies que cada hora do futuro péde exigir. Felizmente, 0 decreto n, 27, de 12de Margo de 1890 que reformon 8 Escola Normal ¢ creou as escolas-modelo foi altamente judicioso em niio accentuar os detalles do ensino que nessas excolax se deve dar, Dei- xando & pratica o sanccionar o que fdr exequivel em nowso paiz, elle evitou os programmas asphixiadores e permittin liberdade de tudo exe perimentar, ‘TRo salutar proposito den na escola-modelo de 1," gréo, que 44 fanecionou, a inapreciavel vantagem de haverem os alamnos-mestres Analysndo varios methodos, © alcancado por si a conviegio de que a6 de certo modo @ nio de outro, é possivel proceder bem no ensino de nossa geragio infantil, A realisagiio das escolasmodelo de 2." ¢ de 3° gréo, ereadas pelo referido decreto, 6 0 hoje reclamo, e com a mesma liberdade de experi mentar, B? dahi que deve resultar 0 vei Yuieiro typo do enving ‘secan- dario, Seri nessa escolas que se deve vbriflcar o que é exequivel nas pda Fo An oe ae — 109 — escolas do interior; 0 que pide ‘ser obtidy em primeiro logar na-condu- cgfio da materia a ensinar; 0 qne é possivel supprimir @ 0 que convem inventar conforme a regitio, 0 material escolar, a aptidao da raga ou do individao; finalmente é-nesse Iaboratorio que 0 professor formar « ha- bilitagio com qne mais tarde adaptard livremente o ensino dx necessi- dades da oceasiio. Toda a discussio prévia do que deve ser a Jei que reforme o ensino, 6 oviosa © anachronica sem a formacko do professor. Entregar um navio A um marinheiro que nunew navegou—é ingensato. Quem creon o navio actual foi a pration da navegaciio, Venha, pois, essa tio desejada reforma da instrnegio publica sati fazer a premente urgencia de ednear o povo. Ninguem a solicita mais ardentemente do que en, Venha, sim, como um bareo bem apparelhado, mas quando houver marinheiros capazes de evitar que elle sossobre. Em um quadro que juntoa esta exposicio, ver& o Exm, Governo a serie de disciplinas que penso serem indispensaveis a0 ensino secundario, embora niio fosse possivel explicar nelle a ordem em que devem su der-se segundo as leis paychologicas, Nao acredito que seja um trabalho isento de censura da critica inflexivel. Naquillo em que me afastei das regras pedagogicas @ a si theoria philosophica, ea o fiz, obrigado pelo nosso meio. Vae nisso mesmo um exemplo de que nem tudo que outros paizes fazem, 6 muitas notabilidades aconselham, seré sempre exequivel para nds. Em outro annexo explicativo darei a base do programma do en- sino. Sé com a gxposigho da maneira por que as. materias devem ser aprendidas graddalmente, de tal modo que a sucvensio das nogies adqui- ridas formem um todo ininterrompido, connexo, integral mesmo nos mi- nimos detalhes, poder-se-4 comprehender como ans conheci complementares de outros © como promovem a intensidade da impressiio. sas materias éstho entre si, deriva que sé praticando #e reconhece, Eis’ porque esses programmas nada deyem ter de absoluto, © porque chamei de base de programma o estudo que apresento. E! na esoola-modelo que a rea lidade das cousas resaltard de sun exequibilidade. Por isso reclamo fer- vorosamente a realisacio dessas escolas, como unico meio de alcangar a realidade desejada, Depois que for obtido esse molde experimental, tudo seri facil, porque tornar-se-4 uma mera questiio de dinheiro, que felizmente nia falta em 8, Panlo— “Honest investigation and a courageous appli- cation of the truth when found”, ‘Tal é a divisa do célebre pedago- gista Francis W, Parker. A investigagio conscienciowa deve ser feita na escola-modelo; a applicagio corajosa seré a docretagio da reforma. Os que reclamam esta ultima em primeiro logar, jé fizeram a pri- meira? Muito melhor andariam. os impacientes ai forsem 4 excola-modelo concorrer com seu contingente de experiencia para a elucidacio honesta, de que fala Parker. Vonvengam-se os homens praticos de que: A intuigio foi o processo que instruin a humanidade inteira em sua vida intellectual, ¢ deve, em razio do sen alto valor historica, presidir a elaboracho de todos os elementos educativos do homem social © moral,{pois, temSpor"si a sancgio da experiencia. — EB’ nas sciencias naturaes (physica, chimica, botanica, zoologia, diologia, ete.) que os melhores pensadores tém colhido os elementos de disciplina mental que evidenciou ox meritos da intuigio como methodo pedagogico. J& n&o ha empirismo: ha sciencia na educagio do homem, =-Sem 0 estado da Natureza ¢ das leis physico-chimicas ¢ biolo- gicas que a regem, nfo ha mestres que estejam na altura de sua missio, —Muitos, que julgam ter estudado no gabinete taes materias, si niio applicarem praticamente seus esforgos 4 educagio da creanen, tanto podem chamar-se mestres, como navegantes ou aeronautas. Sio theoricos. Destas consideragdes deduz-se que o professor deve fazer-se na escola, iio tendo nds tido até hoje uma s6 escola de applicagio digna deste nome, 6 forgoro comecar por formal-as, si quizermos dotaro Estado com professores capazes de crear homens uteis 4 sociedade, © illustrado e mui competente Director Geral da Tnstracgio Pa- Viica deste Estado, Dr. Arthur Cezar Guimaries, em um relatorio que 86 posso qualificar de luminoso, e que foi apresentado ha cerea de um anno ao Exm. Sr, Dr. Prudente de Moraes j4 reconhecen todas as nocessida- des, que agora por meu turno aqui reclamo, ‘Tendo em mira a divisio das escolas publicas em dous grios unicamente, elle ineluiu no sen plano todas as materias ¢ disciplinas que en tambem reputo indispensaveis, e, sobretudo, reclamou eathegoricamente o exercieio pratico dos futuros pro: fessores em escolas de applicagio. BH’, pois, essa uma autoridade que muito me apraz citar em abono do meu modo de ver, Si algum acto de nobre coragem, de incontestavel civismo, de gloria que ninguem ousaré disputar, pide © Governo de 8. Paulo praticar ‘em bem de seus concidadios, julgo que esse acto deve ser o de firmar bases da reforma da instrucgto publica, Ouso lembrar que si ax estradas de ferro, os monumentos archi- teotonicos, as grandes mannfacturas, todas ax industrins, today as arte emfim, existem, sito obra da intelligencia humana. Cultivar n intelligencia 6, pois, « primeira obrigagio dos Governos, Iniroduegao ao Quadro A Brcola de 2° gréo é a que negue-se 4 do ensinoprimario. Abrange a idadal quit’ yas sed 40 ackaoaydO. aunbey Or enlace eatao, pois na melhor idade para aprender, @ 46 ent&o se Ihes péde dar uma verdadeira axe de instracgiio, porque as escolas de 1.° gréo sé tem adquirido algum habito de trabalho intellectual, a vantagem da leitura, escripta © princi- pios de calonlo, junto com algumas nogdes do mundo exterior. A escola de 1." gréo 6, pois, um preparo para a do 2", Nestas ultimas, 0 estudo é mais longo, mais completo, mas deve ser feito de um modo integral, isto 6, 0 mesmo para todos, e em todos seus detalhes, qualquer que seja o destino a que se vote o futuro cidadio, A integralidade deste ensino 6 de firma; e consiste na connexto das materias ensinadas, na sua interdependencia, de modo que no 6 lieito deixar de estudar certos assumptos a capricho dos paes dos alumnos, ‘Tendo a educagio um fim utilitario, w escola fornece os conhecimentos que 6 possivel dar sem fadiga cerebral para o discipulo, mas sem apre- goar a pretengho de ensinar tudo quanto péde exigir 0 philosopho ou © pensador proyecto. © fim da escola é mais modesto. Ensinar a pensar correctamente com energia mental: eis seu melhor beneficio, Ba educagio que Huxley chama artificial, em contraposigio 4 educagio que di a Natureza Seu fim ¢ preparar o menino para recaber as ligdes da Natureza sem inca- pacidade, sem ignorancia, sem teimosa desobediencia, sob pena de soffrer © castigo que suas leis menosprezadas ‘nox impdem. ‘A mais vantajosa disciplina da intelligencia 6 a observagho cor recta. EB” por isso que os modernos pensadores fazem das sciencias ex- perimentaes a base da educagio. Procurar a verdade no mundo conereto que nos rodeia 6, segundo © criterio actual, o maix util processo para aprender, .pois com esse thabito de investigagio chega-se 4 posse das maiores acquisigdes intellectuaes. : Uin curso de sciencias physico-chimieas ¢ biologicas, gradualmente estabelecido, de modo que ax criangas vio lenta, mas incessantemente passando das nogdes que pédem obter por intnigho até ds explicagder que 86 0 professor lhes pode ministrar, 4, pois, a base do ensino escolar de 2° grio, .. Durante todo 0 curso @ lingua materna 6 aprendida de um modo cabal. A necessidade de novos vocabulos, as novas formulas de emit © pensamento, a correecio assidun dos trabalhos escriptos, yao lentamente levando o discipulo 4 altura de poder, no fim deste curso, considerar a line gus om si, nas abstracgdes que a poosia ea litteratura em geral fornecem, A disciplina mathematica tambem gradnalmente systematisada an- gmenta a clareza do raciocinio. D'antex considerava-xe mesmo o calculo como @ melhor férma educativa da intelligencia, Hoje percebe-se, porém, claramente que o numero e a férma sko apenas duas faces dae questdus que o expirito péde ser chamado a aquilatar. Suber enlcular no basta, pois, para saber verificar ax leix da naturezs, Entretanto, 0 valor ine trinseco deste estudo ¢ 0 valor extrinseoo de sens processos educativos ficam ainda considerados como indispensaveis, A. geographia, contemplada tambem com todos on sene pormeno- & parte importante do curso, ‘Tendo comecado na sala da aula, no 1. grido, ella estendeu-se 4 rna, ao districto, cidade, ao municipio, ao Extado, © depois ird caminhando pela superficie de todo o mmdo, mca bando por considerar o planeta em suas relagdes com o systema solar. Para o fim do curso comecam ox alumnos @ adquirir wa humani- dudes proprinmente ditas, representadas por nogdes de educagiio vivien, de economia politica, de historia geral e patria, nocdes de escripturagio merecantil, ete, Niio basta conhecer, ainda que elementarmente, 0 mundo que nos rodeia @ suber dizer o que ne aprenden. $6 conhece bem um assumpto aquelle que 0 puder reproduzir. Por iaso, as artes graphicas silo con- templadas neste curso como indispensnveis. A eartographia, a calligra- phia, o desenho (¢ de um modo essencial) a musica. so. outros tantos processos de reproduccio do pensamento, que justificam a integralidade exigida pelo conjuneto dos conhecimentos ji referidos. Ainda mais. Os modernos pedagogistas tém verificado que é um grande elemento de entrgia intellectual o poder reproduzir materiaimente imagem do objecto que nos occupa, Todos sabemox como se pide fazer uma casa, mas sé 0 architecto que conhece os materiaes que em- prega, ¢ as mathematicas applicadas, 6 capaz de execntar a obra, A se- guranga de raciocinio que resulta da meditagho prévia, garante 0 sucesso do projecto. E? por isso que um curso de trabalhos manunes, transigio suave @ logica para os exercicios corpornes, é hoje parte necexsaria de uma. boa educagin, A crianca qua comecou a fazer trabalhos de papel, logo depois modela e esculpe em barro, em piu e ferro; e corta, serra e con- strue de modo impeccavel. © mogo evolue da crianga com uma segue ranga digna de nota. Si completarmos estes apontamentos com os exercicios calisthenicos © militares e com a gymnastica methodica, igualmente exigidos como a frd ae parte integrante dos trabalhos escolares, com o fim de proporcionar & edueagio physica, teremos esbogado o complexo de disciplinas que 6 pox- sivel dar nas escolas de 2.” gréo. 86 0 programma desses estudos Ihes péde agora determinar amar cha evolutiva, Isto 6 objecto elucidado em outro logar. Uma escola desta ordem deve existir onde baja um nucleo de po- palagio bastante nameroso para necessital-a. Com effeito, 6 de suppor que onde houver 200 ou 300 criangas em idade de aprender, todas niio ambicionem entregar-se a misteres tio mesquinhos, que s6 as fabricas Ihes possam tomar o trabalho manual, Uma escola de 2.° gro poderd entiio fazer de bom numero desses meninos, homens cultos ¢ aptos para a lucta de vida. As mulheres, sobretado, que houverem cursado estas escolas, evi- dentemente serio mies de familia capazes de formar uma raga excepcio- nalmente preparada para um futuro grandioso. Com ohabito de buscar a verdade em todos os objectos do estudo, a moral social torna-se uma evidencia que nada péde contestar, ¢ nenhum estudo metaphysico péde supprir, Devem estas escolas existir nas sédes dos municipios, d’onde o nome de Municipaes (common schools) que em alguns logares se Ihes da, ¢ esto sempre annexas a algumas das de 1° gréo, obvio que em vista da quantidade de materias a ensinar, cada hima dellas deve ter 0 numero de professores sufficiente para o perfeito desempenho de suas elevadas fanegies, © um material apropriado. A escola de 3," grio 6 aquella que se propde a completar a for- magio do homem enlto, qualquer que seja o destino a que elle se pro- ponha, Vae dos 15 aos 18 annos de idade. Seu objecto 6 duplo: ou leva o mogo 4s Academins, ¢ para isso completa sua educacio, ensinando-Ihe as linguas estrangeiras, ou limita- & estados complementares da ordem dos que interessam mais parti- cularmente 0 homem, ¢ estas humanidades sio o portico das locubragies abstractas que no correr da vida 0 podem preoccupa Assim, as sciencias naturaes sio aqui contempladas sob a sua face mais elevada @ ultra-concreta: a biologia.— As mathematicas terminam sua evolugio com a trigonometria ¢ a astronomia, Do mesmo. modo, a mais complexa e difficil das sciencias, a sociologia entra aqui como co- roamento dos estudos de historia, litteratura, economia politica educagio civica, etc, Finalmente, a mechanica synthetisa os conhecimentos até entiio adquiridos nos trabalhos manuaes, no estudo das forgas, eto, ‘Tres annos bastam para o curso de uma escola de 3° grio. No 1, 08 alumnos, que aos 15 anos. tiverem completado os estndos do 2.* grdo, conhecem a biologia, a astronomia, a mechanica, a sooiologia rE Cio 6 lati on uma lingna extrangeira, fleando nisso 0 cutso escolar, si elles se destinam 4 vida pratica nas industrias, manufacturas, commereio, ete. No 2° e 8.” annos, que denomind partiewlarmente curso acade- mico, devem completar o estudo das humanidades indispensaveis 4 ma- tricwla nos cursos superiores do Estado, on em academias livres, © nosso. meio exige que a bifureagho dos estudos preparatorios sb se faca o mais longe que for possivel, Seria mui racional estudar linguas extrangeiras, antes de chegar as locubragdes abstractas, mas isso demoraria extraordinariamente o preparo dos cidadaios que nao se d tinam & conquista dos pergaminhox academicos. A-vantagem que resulta da comparagio das linguas, e acquisigho das litteraturas extrangeiras, no 6 compensada pela demora no preparo de ontras disciplinas mais imme- dintamente utilisaveis. Para compensar esta falta, 0 que devemos fazer 4 verter para nossa lingua o que nos péde ser proveitoso, E nto 6 pe- quena a tarefal Antes de tudo—o preparo do cidadio. A todas as consideragies dove primar a preoccupagio da cultura do intellecto, para dar-lhe forca @ desenvolvimento. Nas cidades bastante populosas, ¢ que sejam centro de um_peri- metro em que se contem seis ou mais escolas de 2." grado, deverd existir uma de 3. qui Ihes addicione. Deste modo, a escola de 3° grdo, terd sempre annexas uma de 2° e uma de 1., compondo mm verda- deiro Lyceu, em cujos diversos gritos poderao matricular-se alumnos que tenham completado ox gréos inferiores, mesmo vindo de outras escolas. © programma de estudos, sendo o mesmo em todo o Estado, de qualquer escola de 1." gréo de outras localidades, péde vir um alumno cursar a de %° gréo onde ella exista, ¢ bem assim os que tiverem o cargo completo de 2." gréo poderdo ir é cidade mais visinha procurar uma escola de 3.°, No fim de todos esses cursos deverd o alumno submetter-se a um prolongado exame pratico de todas as materias estudadas. K” uma re- capitulacio geral que nito pide ser feita talvez em menos de um trimestre @ que bem merece o nome de exames do maturidade. 86 depois dessas provas finaes poderd o alumno obter um que atteste suas habilitagd Ao ler o quadro da. distribuiglio das materias que constituem o objecto de ensino nas escolas dos tres gros, observar-se- que ests con- fignado em xa parte inferior um carro de tres annos pare am Jardim infantil. ‘Tio notaveis sko os progressox day criangas, que antes de entrar ‘na escola tém ja algum cultivo dos sentidos, amor & obediencia, e me- thodo mesmo em seus folguedos, que em alguns paizes o Kindergarten faz parte do ensino publico. — 115 — Si quizermos ter alumnos aproveitados nas escolas 6 necessario tazel-os primeiro frequentar 0 Ji infantil. Porque mio contemplal-o entio como parte integrante de uma bon ‘educagio? © homem que cultiva as flores, os fructos, os animaes que Ihe sho uteis, poderd deixar de por o mesmo cuidado em cultivar seus filhos? Sio Paulo, 1 de Margo de 1891, Antonio Cactano de Campos». Se CURR TR 8 E| Recapitulagdo durante um trimesire de todas as materias em exame de maturidade 3 €) bailm Franeez Inglez Hae ° : 16/5] batim Francea Inglez Alllemao Rhetorica \ 15) Blologia | Archeologia bilteratura hatin Bistoria geral mgonomeiria Sociologia |Mecanica Escolas technicas : Pysiologia Tempon pre- Bstudo das| | Ge pra: Edueagio ei-) Astronomia Curso em escolas regionaes historioos origens view Nogies ge-| ‘Zootechnin—Agricultura, ete, Paycholygiin Labret SUN MON Sled ec Shi | Moral___|_raes eae 14| Botonica Zoologia Grammatica | Synthese | Bistoria das civi-) omeiria no ¢s-|Economia poll-Desenho |Musica Familias Bstudos bra- | geral Comp. so-| lisagdes pao tlea IFigura de arte| Instrumento Garpintaria en i sileiros Linguistien | bre todos) A. raga Bquagdes alge-| Nogdes ge-|Oolorido ria em pio e ferro Micrographin os ramos) 0 meio bricas de 2." race Paleontologia do estudo) grio : Oratoria s o | 13| Botanica Chimica Grammatica | bogica Bistoriado Brasil] ) @igebra Escripluragdo |Desenho Musica = | Crabalhos manuaes 3 Physiologin vege- | Organica (nos clas: | Compos: “Geometria pla-| mercantil | Perspective | Instrumento| % Oarpintaria & tal \ ‘sicos) bes. Clas-| Partidas sim es ee | : sicos les aig oi | 12] Phystea Chimica Grammatica | Composigio | Geographia phy- hmetica caligraphia [Desento | Musica @ | Crabalhos manuaes ‘ Magnetismo Mineralogia | Syntaxe sica Quadrado--cubo| Gothico | Ornato linear} Artinha & 2 | Modetagao em barro — Blectricidade Analyse Cosmographis| |) Logarithmos | Ronde Rxercicios. | 4 § | Torno para barro — Calor Pho — Arame 11] Physica Geologia Gremiaties Composigio | Geographia des- ihmetica Calligraphia Desenho ‘Musica * * | Crabalhos manuaes Barologia Extealo dys ro- criptiog Inteiros ¢ frac-| Letra ingle-| Linear Artinha 5 Pho — Arame — Molda- Acustica has, Cartographin goes ma ai gem Moldagem Bie 10) Seniidos Experlencias Linguagem | Geographia 1 \Galligraphia Desenho Gano coral . . | Grabalhos manuaes 9| Ligdes de cousas | Oalumno de- | Teitura cor-| Ver, cuvir| — Nogdes geraes) Bie» trac) teste ingle:| Hatudo dal Notagies «| Sranpas = Papslio Historia natural | duz rente ‘contar) Moldagem goes zm forma — | Solfejo Vime — Pio ta | Composi-| Systenia metri- a4 cho ee 8) Seniidos Experlencias binguagem | Geographia 105 Galligraphia |Desenho Canto coral .. | Grabalhos manuaes ° Ligdes de cousas | 0 alanmo de~ Referir o| Generalidades Bastardo | Rectasecur-| ‘Tonic-solfa | | | | Fazer em papel-—mosai- B Historia natural duz Ter por ci-| que yél Areia molha-| | vas Wit cos e figuras em re- ma Eserever) da Modelos do-| 2] tevo it © que re-| mesticos 8 e fers ag 7) Sentidos Experlencias beitura binguagem | Geographia ameros: \Calligrophia |Desenho \Canto coral | Ss | Crabalhos manuaes Ligdes de cousas | Oalumno de- | Principios Referir o| Pequenas opera-| Combinagio| Tonie-solfe | & & | Fazer em papel o as- Historia nataral | daz Palavragio | que vé de linhas %E | sumpto dos desenhos Peque-| Mao livre “ a 6| Forma Linguagem Numero Gosto Ouvido Construcgdes 5| Forma Linguagem Numero Pequenas constraegies 4| Forma Linguagem Numero Pequenas construcgbes O programma de ensino da Escola-modelo preliminar, que € o mesmo adoptado nos grupos escolares do Estado, comprehende as seguintes materias: leitura, linguagem oral e escripta, calligraphia, arithmetica, geographia geral e do Brasil, historia do Brasil, sciencias physicas e na- turaes, hygiene, instrucg’io moral e civica, gymnastica e sencicint militares, musica, desenho, geometria e trabalho anual, O pessoal docente actual é o seguinte: Secgao masculina 1° anno—D. Herminda Fonseca, 2.2 » —D. Maria Pinheiro e Prado. » —D. Anna de Barros. ° » supplementar—Raul de Macedo, » —Augusto de Carvalho, Secgado fominina 1° anno—D, Isabel de Castro, 2° » —D, Isabel Ribeiro da Silva. °° » —D, Carmen Cardoso. .° >» supplementar—D, Catharina Tadiello, 4°» —D. Maria Camargo Valle. A matricula das differentes classes do curso neste anno é a seguinte; Secgdo masculina SEAN G GN cok aie . 48 Pe ° Fi Bhd Be) Rhea Onar oe ecsa ety aT Seaton f(a ca ate Nar aha Ae it ea cde on aa Secpdo feminina 1.° anno RS cea ania ee a8 9 ed Sie : 52 3.2 ee a Rey Shr Tan ie a areaet Dota Ty sveali rad ey r Escola Complementar Modelo Esta escola, bem como as suas congeneres do in- terior, destinadas primitivamente ao complemento ou es- tudo de 2.° gradu do curso primario, sio hoje institutos profissionaes, gozando os diplomados por ellas as regalias de professores preliminares. (Art. 1.° § unico da lei n,° 374 de 3 de Setembro de 1895). No curso complementar as materias do programma sao distribuidas por 4 annos, com quatro professores para as leccionar, Kis a organisagaio do curso: 1° anno Portuguez, francez, arithmetica, geographia do Brasil, historia do Brasil, calligraphia, desenho e exercicios de gymnastica. 2° anno Portuguez, francez, algebra, até equagdes de 2.° grau inclusive, escripturagéo mercantil, geometria plana e no espago, educagao civica, desenho e exercicios militares. 3° anno Portuguez, elementos de trigonometria e mechanica, cosmographia, geographia e historia geral, trabalhos manuaes e exercicios gymnasticos. 4° anno Physica, chimica, historia natural, nogdes de hygiene, economia domestica ¢ exercicios gymnasticos. O art. 6° do Regimento interno das escolas com- plementares dispde que terd direito 4 matricula, nesses estabelecimentos, o alumno ou alumna que exhibir ao di- rector o certificado de habilitagio geral nos estudos pre- liminares. A lei nv 861 de 12 de Dezembro de 1902 estatue, cuits 4 matricula, que 80 °/, das vagas a preencher levem caber aos alumnos approvados nos cursos das es- colas publicas preliminares, ¢ 20 °/, aos candidatos nao diplomados por taes escolas, sendo estes classificados me- diante concurso, i : Os alumnos diplomados pelas escolas ‘compl - tares tém direito 4 matricula ao -° anno da MaeslogNar mal, (lei n. ro51 de 28 de Dezembro de 1906). O pessoal docente da Escola Compl dat santa dhatsbuido pelo aeaesa eae ne Secgdo masculina 1° anno—Jofo Carlos da Silva Borges. 2°» —Gabriel Ortiz, » —Gabriel Antunes, 4°» —Alfredo Machado Pedrosa. Secgdo feminina 1° anno—D,. Julia Antunes, 2.° » —D, Maria Antunes. Cite! RupElonetap el: Lucilia R. de Souza. 3° » —D, Isolina Ramos,» 4° » —D, Adelina de Castro, E’ 0 seguinte 0 movimento de matriculas no cor- rente anno: Secpdo masculina 1° anno Bh i Bee hs 20 ae Bae tts Secpao feminina TeV BOBO SH LHI Cr 28 NU RRM EET te EAU a a Hs 2° © supplementar =, 4 SI Di ean Pan 35 an fh oi bs Puede Jobs PORE A ec yan aod Diplomaram-se nesta Escola 42 professorandos no oate P. findo, sendo 17 pela secgio masculina e 25 pela emiina. Escola-modelo isolada Creada por dec. n 1577, de 21 de Janeiro de 1908, installou-se officialmente esta escola no dia 29 de Abrildo corrente anno, ‘Tem ella por fim servir de padrio para a organi- sagaio das escolas isoladas do Estado, e esté subordinada 4 directoria da Escola Normal, que a organisou, Funccionam as duas classes (masculina e feminina), ie de que se compée, em dois predios contiguos situados ao largo do Arouche ns. 58 e€ 60, onde, até ha pouco, i estiveram localisadas as escolas do 8.° districto. Os dois edificios escolares, que pertencem ao Estado por doagao feita pelo fallecido dr, ‘Rego Freitas, offerecem amplas acommodagdes € preenchem a todos os requisitos pedagogicos, es a ee O seu programma, que devera servir de padrio ao das escolas isoladas do Estado, comprehende, segundo nos informam, as seguintes disciplinas: Leitura, Linguagem, Numeros. Calligraphia, Geo- graphia, Historia patria. Animaes. Plantas. Ligdes geraes, Desenho. Musica Trabalho manual. Gymnastica, O limite a que deve attingir cada uma das materias acima discrimina sémente poderd ser demarcado ao* encerrar-se 0 anno lectivo actual, quando jé estiverem co- _ Ihidos ¢ apreciados os ensinamentos de experiencias e da observagio quotidiana. A regencia das duas classes estd confiada aos pro- fessores D, Lavinia Barbosa e Theodoro Rodrigues de Moraes. f Acham-se matriculadas 91 criangas, sendo 46 meninas © 45 meninos.

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