Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Estruturas de Ductilidade Melhorada PDF
Estruturas de Ductilidade Melhorada PDF
ESTRUTURAS
DE
DUCTILIDADE MELHORADA
s é r i e E S TRUT U R A S
Este texto resulta do trabalho de aplicação realizado pelos alunos de sucessivos cursos de
Engenharia Civil da Universidade Fernando Pessoa, vindo a ser gradualmente melhorado e
actualizado.
A sua fonte assenta em sebentas das cadeiras congéneres de diversas Escolas e Faculdade de
Engenharia (Universidade do Porto, Instituto Superior Técnico de Lisboa, Universidade de Coimbra
e outras), bem como outros documentos de entidades de reconhecida idoneidade (caso do
L.N.E.C.), além dos tratados clássicos desta área e outra bibliografia mais recente, cuja referência se
encontra no final deste trabalho.
Contributo decisivo teve, igualmente, o Eng.º Idílio Ferreira, sendo parte importante do texto
apresentado conteúdo revisto da monografia de licenciatura por si elaborada.
Apresenta-se, deste modo, aquilo que se poderá designar de um texto bastante compacto, completo
e claro, entendido não só como suficiente para a aprendizagem elementar do aluno de engenharia
civil, quer para a prática do projecto de estruturas correntes.
Certo é ainda que pretende o seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer à
especificidade dos cursos da UFP, como contrair-se ao que se julga pertinente e alargar-se ao que se
pensa omitido.
Para tanto conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os contributos técnicos que
possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.
SUMÁRIO
Dado que o nosso País se situa numa zona do globo, onde a probabilidade de ocorrência de
sismos de grande magnitude não pode ser escamoteada, é da maior importância que os
edifícios que se situam nas zonas mais críticas sejam concebidos, projectados e construídos de
forma a que possam responder tão eficazmente quanto possível, de modo a evitar a perda de
vidas humanas e a menor quantidade de danos estruturais e não estruturais , decorrentes da
actuação de acções sísmicas nos mesmos.
O Capítulo III inicia-se com uma abordagem aos métodos de cálculo utilizados e âmbito da
sua aplicação. Os métodos lineares com redistribuição são analisados, impondo-se
relativamente aos mesmos, os limites e limitações da sua validade, de acordo com as normas e
regulamentos técnicos de vários países. Finalmente, faz-se uma abordagem dos requisitos de
ductilidade das armaduras previstas no cálculo em diversos regulamentos, as suas
características físicas e mecânicas, função do tipo de estruturas em que vão ser aplicadas.
Inclui-se um sub-capítulo relativo a “nós de pórticos” que são de âmbito de aplicação geral,
isto é, tanto se aplicam em estruturas de ductilidade normal como em estruturas de ductilidade
melhorada, o que reforça a importância duma correcta pormenorização dos nós na validação
dos esquemas estruturais definidos em projecto e no eficaz desempenho da estrutura.
ÍNDICE
ÍNDICE 3
L I S TA D E F I G U R A S 7
L I S TA D E Q U A D R O S 9
INTRODUÇÃO 10
Capítulo I
EVOLUÇÃO HISTÓRICA E NORMALIZA ÇÃO TÉCNICA
1.1 Introdução 15
1.2 O passado 15
1.4 O presente 17
1.5 O futuro 19
Capítulo II
C O M P O R TA M E N T O D A S E S T R U T U R A S FA C E À A C Ç Ã O D O S S I S M O S
2.1 Introdução 21
Capítulo III
MÉTODOS E METODOLOGIAS DE CÁLCULO
3.1 Introdução 50
Capítulo IV
D U C T I L I D A D E , D I S P O S I Ç Õ E S C O N S T R U T I VA S E D E C O N C E P Ç Ã O
4.1 Introdução 63
4 . 4 . 1 Vi g a s d e p ó r t i c o s 75
4.4.1.1 Condicionantes geométricas 75
4.4.1.2 Dimensionamento e distribuição de armaduras longitudinais 77
4.4.1.3 Dimensionamento, pormenorização das armaduras transversais 80
4.4.1.3.1 Introdução 80
4.4.1.3.2 Preceitos regulamentares e pormenorização 81
4.4.1.3.3 Dimensionamento das armaduras transversais 83
4 . 4 . 1 . 3 . 4 Vi g a s s u j e i t a s a e l e v a d o v a l o r d e t e n s ã o t a n g e n c i a l 85
CONCLUSÃO 11 5
BIBLIOGRAFIA 11 6
L I S TA D E F I G U R A S
Figura 0.1 Mapa de Localização das zonas sismicas 11
Figura 0.2 Localização de todos os elementos que possam provocar movimentos sísmicos 12
Figura 3.1 Diagramas momento-curvatura obtidos mediante uma análise linear e não-
linear 52
Figura 3.2 Leis de momento elático e redistribuído 54
Figura 3.3 Método do American Concret Institute 56
Figura 3.4 Método do Código Modelo 57
Figura 3.5 Método do Eurocódigo EC-2 58
Figura 3.6 Readaptação Plástica segundo o Código Modelo e EHE 59
L I S TA D E Q U A D R O S
INTRODUÇÃO
Ao longo das eras geológicas, a Terra tem estado sujeita a tensões que estão na origem das
cadeias montanhosas, das profundezas das fossas abissais e da deriva dos Continentes.
Sob a acção destas tensões, as rochas deformam-se gradualmente até que, ultrapassados os
seus limites de resistência, sofrem roturas mais ou menos violentas e libertam quantidades
colossais de energia, provocando vibrações que se transmitem a uma vasta área circundante.
Estas roturas no interior da Terra e a correspondente libertação de energia que se propaga até
à superfície terrestre, dão origem a fenómenos naturais que se designam por sismos.
Na maior parte dos casos, os sismos acontecem devido a ajustamentos e movimentos relativos
ao longo de falhas geológicas existentes entre as diversas placas tectónicas que constituem a
superfície terrestre, mediante o que se designa por “sismicidade interplaca”. Contudo, mas
menos frequente, também podem ocorrer fenómenos localizados em falhas no interior das
próprias placas, dando origem à “sismicidade intraplaca”.
O movimento destas placas, caracteriza-se pelo deslocamento para norte da placa Africana e
pelo movimento este-oeste da dorsal atlântica.
naturais, alguns deles bem recentes, que ceifaram vidas humanas e tantos prejuízos para o
País.
3- O facto também de até ao momento, este tema não ter sido objecto de nenhuma
Monografia na Faculdade de Ciência e Tecnologia da U F P, o que constitui uma
excelente motivação e um desafio, dado o interesse e a pertinência com que o mesmo
merece ser tratado e analisado pela comunidade técnica ligada à engenharia civil no
nosso País.
• Condicionantes geométricas.
• Condicionantes relativas a armaduras longitudinais.
• Condicionantes relativas a armaduras transversais.
• Pormenorizações dos elementos estruturais, de modo a tornar mais
perceptíveis as disposições contidas nos documentos normativos.
Uma vez que o presente trabalho visa uma análise à legislação, o estudo do comportamento
dos edifícios face à acção dos sismos e implementação de soluções técnicas conducentes ao
melhor desempenho técnico-funcional dos mesmos, considera-se que face ao trabalho
desenvolvido, às limitações das pesquisas e também à escassez de bibliografia sobre o
assunto, que o resultado é satisfatório e que os objectivos do mesmo foram alcançados.
Ca pítulo I
E VO L U Ç Ã O H I S T Ó R I C A E N O R M A L I Z A Ç Ã O T É C N I C A
1.1 Introdução
Desde tempos imemoriais que as etapas do desenvolvimento do Homem, têm a ver com a
procura de condições para a sua própria sobrevivência como espécie animal. Um dos aspectos
dessa sobrevivência, porventura o mais importante, foi e continuará sendo o relacionado com
a construção de locais onde possa viver cada vez com mais segurança.
Das cavernas naturais, nos primórdios da sua existência, até aos modernos edifícios
inteligentes, a construção tem sido não só um desígnio da Humanidade, mas também o
principal factor do seu crescimento e desenvolvimento social.
A construção dos “habitats” não pode ser dissociada da sua concepção estrutural. Assim, a
cada etapa de desenvolvimento humano, correspondeu por norma um tipo de solução
estrutural, utilizado em consonância com o conhecimento de soluções, métodos e materiais
empregados.
1.2 O passado
Em Maio de 1967, foi aprovado o Regulamento de Estruturas de Betão Armado, (REBA) que
revogou a legislação em vigor desde 1935 e algumas disposições relativas a projecto contidas
no RSCCS. A publicação do regulamento português de 1967, seguiu-se à elaboração da
primeira versão das “ Recomendações” do CEB publicada em 1964 e remodelada em 1970
com a introdução de disposições relativas a betão pré-esforçado.
Contudo, regulamentação técnica aprovada não só não era capaz de dar resposta às novas
exigências de projecto, como também estava em completo desajustamento com os
Regulamentos já em curso noutros países.
1.4. O presente
Seguindo a orientação das “Recomendações” do CEB de 1978, constituída por dois volumes
“Règles Unifiées Communes aux Différents Types d Ouvrages et de Matériaux” e “Code
Modèle CEB-FIP pour les Structures en Béton “, é promulgada em Portugal no ano de 1983,
a legislação actualmente em vigor:
• REBAP – Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré -Esforçado – Dec. Lei
nº 349-C/83 de 30 de Julho.
• RSA – Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes –
Dec. Lei nº 235/83 de 31 de Maio.
Esta regulamentação introduziu no meio técnico nacional algumas alterações significativas,
no que se refere à forma de conceber e dimensionar as estruturas de engenharia civil, em
particular, as estruturas de betão armado.
Pode definir-se como a capacidade que as estruturas têm de poder dissipar por um processo
histerético, a energia que as acções dinâmicas dos sismos lhes transmitem.
O processo histerético (relativo a histerése), pode definir-se como um fenómeno físico que
consiste em os pares de valores correspondentes de duas grandezas função uma da outra (no
nosso caso os esforços e as deformações), não se repetirem do mesmo modo, quando variam
num sentido ou no seu contrário.
Assim, é admissível para as estruturas correntes, que a sua resposta a um sismo de forte
intensidade se processe em regime não linear, desde que o seu colapso global seja evitado.
Este facto, é reconhecido em regulamentação anti-sísmica internacional [2, 6 e 7] e também
no RSA. A sua implementação prática no projecto estrutural implica, no entanto, na resolução
de um problema de comportamento dinâmico não linear tornando necessário o emprego de
meios de análise complexos.
Assim, com vista à simplificação do problema, o Regulamento admite que, para efeitos de
análise, se considere para as estruturas uma hipótese de comportamento linear, sendo
posteriormente os resultados assim obtidos corrigidos por coeficientes de comportamento
apropriados.
Estes coeficientes, que têm em conta de uma maneira simples o comportamento não linear
real das estruturas, terão valores diferenciados consoante o tipo de parâmetro a cuja correcção
se destinam e dependerão do tipo estrutural, dos materiais constituintes e ainda do grau de
exploração admissível da ductilidade dos elementos estruturais.
Para além da simplificação atrás referida, uma outra simplificação relevante para a análise dos
efeitos da acção dos sismos é contemplada no RSA, trata-se da possibilidade de determinar os
efeitos dos mesmos, através da aplicação à estrutura de forças estáticas.
No caso de se adoptarem idealizações planas, os resultados devem ser corrigidos para ter em
conta a tridimensionalidade do comportamento, traduzido em efeitos de torção global das
estruturas, quer quando se utilize uma acção dinâmica, quer quando se recorra à análise
estática [5].
1.5, O futuro
À medida que se conhece melhor o comportamento das estruturas de betão armado, irão surgir
métodos de cálculo cada vez mais rigorosos, que reproduzirão com maior fidelidade, os
fenómenos observados na experimentação laboratorial e na prática.
Ao mesmo tempo, os materiais constituintes da estrutura, irão variar as suas propriedades para
se adaptar às exigências requeridas pelo cálculo. No caso particular das armaduras, a evolução
das suas características irá ser mais significativa, pela influência que exercem tanto na secção,
como na estrutura completa.
É sabido que uma estrutura dúctil permite redistribuir melhor os efeitos das acções; assim
quando determinada secção de uma peça alcança a sua máxima resposta resistente a uma
solicitação, as secções contíguas menos solicitadas poderão absorver o incremento da mesma,
o que permitirá suportar cargas mais altas e um melhor aproveitamento dos materiais que
formam a estrutura.
Em resumo, poderá dizer-se que o desenvolvimento futuro das estruturas de betão armado
estará indissociavelmente ligado à evolução das suas características de ductilidade,
incrementando a qualidade dos materiais, refinando a pormenorização construtiva e definindo
modelos mais fiáveis e rigorosos.
Capítulo II
2.1 Introdução
A acção sísmica caracteriza-se por uma excitação na base dos edifícios, protagonizada por
ondas sísmicas relacionadas com libertação de energia num ponto ou zona da crusta terrestre,
que lhes podem induzir uma aceleração estrutural significativa, em muitos casos.
Dada a grande massa que as construções tem, nomeadamente ao nível dos seus pisos, geram-
se forças de inércia cuja resposta não é simultânea com essa aceleração, nem tão pouco
idêntica ao nível dos diversos pavimentos. Daqui resulta um desfasamento, mais ou menos
acentuado, entre as massas em causa, gerando-se deslocamentos diferenciais entre pisos.
Esses deslocamentos produzem forças importantes que terão que ser suportadas pelos
elementos estruturais, sobretudo e designadamente os verticais. Por sua vez estes últimos
estão monoliticamente ligados às restantes peças horizontais, transmitindo-lhes esforços,
obrigando-os também a contribuir na absorção e dissipação destes efeitos.
Devido ao carácter aleatório da intensidade da acção sísmica, que pode variar de valores
muito baixos até níveis bastante elevados, há muito que se reconheceu não ser
economicamente justificável o seu dimensionamento com base numa metodologia elástica e
linear, pois este dá lugar a estruturas desnecessariamente robustas e, em muitos casos,
inviáveis do ponto de vista prático.
Linear
Tensão
Tensão elástica
limite
Deformação
E
Deformação elástica
limite
Figura 2.1 – Gráfico de material linear.
FH
Material não linear: Admite-se que o material pode sofrer deformações permanentes
sendo ultrapassada o limite elástico do mesmo, ou seja, início do domínio élastico-
plástico ou, inclusive, atinge-se o totalmente plástico.
Tensões
E elás
Deformações
Assim, após uma parcela de carga ser aplicada determina-se a nova posição da estrutura,
actualizando-se a sua geometria, só após o que se pode passar para novo carregamento.
qv qv/100
FH FH/100
=
1º Carregamento
d1,...,d99
d1 qv/100 qv/100
FH/100 FH/100
;...;
Por outro lado assiste-se a uma perda de rigidez da estrutura, por aumento sucessivo do
valor dos esforços nesta instalados, sobretudo os de compressão.
Como exemplo, suponhamos o caso de uma haste vertical rectilínea e sujeita a uma
força crescente de compressão segundo o seu eixo. Sabemos que
mesmo que o material não ultrapasse o limite elástico, ou seja,
P
não entre em rotura por perda de resistência física, esta peça vai
instabilizar a partir de certo valor dessa carga, carga crítica,
perdendo o equilíbrio lateralmente. O fenómeno não pode ser
explicado por falha material, mas sim por perda de rigidez desta
coluna, face ao crescente valor das suas tensões de compressão. d
Se o pêndulo não for suficientemente forte de modo a poder resistir à força de inércia gerada
pela excitação na base, vai responder de forma elásto-plástica, mediante a formação de uma
rótula plástica na base do mesmo, onde a energia é dissipada conforme representado
esquematicamente na figura 2.6 (b). A deformação inelástica da estrutura resultante da
formação da rótula na base da mesma, é representada pelo segmento de. O ponto d representa
o ponto de cedência.
1
Ciclos de carga de descarga, com dissipação de energia e eventual endurecimento ou perda de rigidez e/ou
resistência.
Força de
Força de inércia
inércia
Movimento
horizontal do solo Energia Energia Energia
recuperável dissipada recuperável
Figura 2.6 Resposta de uma estrutura de um grau de liberdade sujeita a acção de base:
(a) comportamento elástico; (b) comportamento elasto-plástico. [15] [17]
Na resposta inelástica da estrutura, a área adef representa a energia total que lhe é transmitida.
Quando a acção é reversa, apenas uma parte da energia, área efg é recuperada através da
cinemática sob a forma de energia cinética. A restante energia, área adeg é a parte dissipada
pela formação da rótula e convertida em calor ou em qualquer outra irrecuperável forma de
energia [17].
Por outro lado, também a existência de elementos não estruturais, geralmente desprezados ou
não previstos na idealização da estrutura em fase de projecto, podem dar origem aos
sobredimensionamentos referidos em determinados locais e prejudicar, eventualmente, o seu
comportamento global.
Porque a resposta estrutural dos edifícios tem a ver com a sua anatomia, forma e concepção
estrutural, analisa-se de seguida cada um daqueles aspectos na perspectiva do encontro de
soluções, conducentes ao melhor desempenho técnico e funcional dos mesmos.
De acordo com o RSA, [21] as condições a que devem satisfazer os edifícios definidas no
artº30.4, são as seguintes:
No entanto, nem sempre estas desejáveis condições se encontram reunidas tornando-se muitas
vezes completamente impossível evitar irregularidades em massa e rigidez, tanto em planta
como em altura, daí a fundamental necessidade do envolvimento e da interdisciplinaridade de
todos os técnicos envolvidos.
Constata-se que más decisões tomadas aquando da concepção estrutural de um edifício, são
difíceis de modificar “à posteriori”. É, portanto, nesta fase que todas as discussões devem ter
lugar de forma clara e aberta, de modo a gerir “conflitos” entre os argumentos técnicos dos
diversos projectistas, para que com o esforço e contribuição de todos se chegue a um
compromisso satisfatório e se obtenha a melhor solução possível.
Assim uma das prioridades a ter a montante, é a definição dos serviços nucleares e da grelha
estrutural (em planta e em altura), que terá de ser preferencialmente ortogonal, formando
pórticos contínuos até à fundação.
Para isso, o projectista de estruturas, deverá conceber uma solução que tire partido da
possibilidade da inserção da malha de pórticos na envolvente exterior do edifício e estabelecer
de forma criteriosa uma grelha estrutural que se insira de forma coerente e harmoniosa, dentro
do ordenamento espacial decorrente do tipo de utilização a que o mesmo se destina.
Rés-do-Chão Pode ser usado de modo muito diferente do resto do edifício, normalmente
tem um pé direito mais alto e necessidade de não obstrução do espaço ao
nível do pavimento. Por exemplo em Hotéis o rés-do-chão pode ser usado
como recepção, salas de conferências e espaços para restaurantes;
contrastando com a regular modulação para quartos nos pavimentos
elevados; em Escritórios o r/chão pode incluir lojas, bancos, restaurantes,
etc;
EM PLANTA
2.3.1 A altura
A resposta de um edifício à acção que lhe é imposta por um sismo, depende bastante da sua
frequência própria fundamental que, de acordo com [21], varia em função dos seguintes
parâmetros:
• Altura total;
• Relação entre altura e dimensão em planta;
• Altura dos andares;
• Tipo de sistema estrutural;
• Tipo de material e distribuição de massas.
Quanto maior for a altura, a massa e a flexibilidade de um edifício, menor é a sua frequência
própria fundamental. Um dos aspectos a ter em especial atenção no dimensionamento dos
edifícios de grande altura é a limitação dos deslocamentos horizontais nos andares superiores,
de modo a evitar o pânico dos seus moradores aquando da ocorrência de um sismo.
Outro aspecto extremamente importante, tem a ver com o dimensionamento das fundações,
uma vez que o momento de derrube pode conduzir ao seu levantamento e colapso estrutural.
Figura 2.7 Pânico devido a deslocamentos horizontais excessivos nos andares superiores [10]
Nem sempre os edifícios com grandes áreas em planta apresentam um bom comportamento
sísmico, mesmo que sejam regulares e simétricos.
A análise estrutural normalmente assume que o solo se move como uma massa rígida sob a
base dos edifícios, mas isso é uma assunção só com alguma razoabilidade para uma pequena
área. Na realidade o solo é elástico e a propagação das ondas sísmicas não é instantânea nem
se processa à mesma velocidade. Assim, durante a ocorrência de um sismo se as dimensões
em planta do edifício são grandes, as ondas sísmicas não actuam com as mesmas
características uniformemente sobre toda a base de construção e, por conseguinte, o edifício
Como pode ser visto na Figura 2.8 esta deformação é tanto maior para a mesma área, quanto
menor for a densidade dos pilares e das paredes. Nestes casos, quando existir grande rigidez
das empenas face aos elementos verticais interiores, caso vulgar de edifícios com caves com
paredes em betão armado, a deformação convexa da laje do piso térreo (face ao travamento
lateral da construção) pode levar à sua fendilhação longitudinal.
Se, por força das ondas sísmicas, as diferentes partes de um edifício são sacudidas de modo
diferente, isto potencia o efeito fora de controlo e esforços adicionais de valor incalculável são
impostos à estrutura.
Este efeito fora de controlo também pode acontecer em edifícios fundados em subsolos com
descontinuidade das suas características geomecânicas, por exemplo rocha e areia, pois ambos
os solos vibram de modo muito diferente. Uma das soluções técnicas para estes problemas,
quer de grande dimensão em planta quer de descontinuidade das características do solo de
fundação, consiste em dividi-los em módulos regulares, aravés da criação de juntas de
dilatação que tem que ser suficientemente largas para evitar danos por impacto durante a
acção dos sismos.
O comportamento sísmico de uma estrutura pode ser bastante melhorado se no projecto forem
respeitados determinados rácios entre as suas dimensões em planta e a sua altura. Como se
pode depreender pela análise das Figuras 2.9 e 2.10, as suas dimensões relativas são mais
importantes do que as próprias dimensões absolutas. [10]
h
b
h 4
b
Figura 2.9 - Máxima relação aconselhável entre a base e a altura de um edifício [10]
b
h 4
h
l
b 4
l b
Figura 2.10 Dimensões relativas a respeitar no caso da resistência à acção dos sismos numa
direcção, ser predominantemente assegurada por paredes colocadas nas empenas [10]
2.3.3 A simetria
A assimetria estrutural de um edifício, tanto maior quanto mais distantes se situam os seus
centros de rigidez e de massa, pode condicionar o modo como este resiste às acções impostas
pelo movimento do terreno. Tais forças agem no centro de gravidade de cada andar criando
um momento torsor no seu centro de resistência estrutural, incrementando assim a
componente de torção, a qual pode gerar esforços elevados especialmente nos elementos de
contorno. O Quadro 2.2 da página seguinte, ilustra o modo como a conjugação destes
parâmetros influenciam o desempenho estrutural.
Da análise do Quadro 2.2, facilmente se deduz que a simetria geométrica por si só, pode não
ser suficiente para um bom comportamento.
A Figura 2.11 indica uma configuração que apesar de simétrica, desejável em muitos
aspectos, não é aconselhável segundo o ponto de vista sísmico devido à existência de cantos
reentrantes. Nessas zonas ocorrem grandes concentrações de tensões durante a actuação de
um sismo, sendo muito difícil prever o comportamento estrutural das mesmas.
Pode-se evitar este tipo de estrutura optando-se pela eliminação dos cantos reetrantes como
foi o caso do edifício “citycorp” (figura 2.12).
A Figura 2.13 mostra um edifício em L e perspectiva a deformação nas suas alas, no caso de
as mesmas se encontrarem juntas ou separadas. Se as alas são monolíticas, a estrutura fica
condicionada em termos de deformação, o que produz na sua vizinhança elevada
concentração de tensões e pode gerar danos estruturais muito graves.
FORMA
A FAVOR CONTRA
DA PLANTA
• Forma totalmente
M simétrica
R • Módulo torção adequado
• Sem excentricidade
• Forma totalmente
M simétrica
R • Alto módulo de torção
• Sem excentricidade
• Forma totalmente
M R simétrica
• Sem excentricidade
• Alto módulo de torção
M
R • Módulo de Torção muito
• Sem excentricidade baixo
• Forma totalmente
assimétrica
M - centro de massa; R - centro de rigidez
Uma solução técnica para muitos dos problemas decorrentes da forma irregular dos edifícios,
pode passar pela sua divisão em módulos regulares, através da adopção de juntas entre os
vários blocos, ou pelo dimensionamento de ligações resistentes entre as paredes que formam
os cantos.
Estas juntas devem ser suficientemente largas, de modo a evitar danos por impacto durante a
ocorrência dos sismos. Do ponto de vista de execução, a adopção de juntas pode apresentar
alguns problemas, visto estas poderem facilmente chegar aos 10 cm de largura e terem que ser
devidamente pormenorizadas. No entanto, em termos práticos a sua adopção dá-nos garantia
Por outro lado, dado no momento da actuação da acção sísmica ter lugar a fissuração da zona
de união entre as paredes dispostas assimetricamente, a inércia global das mesmas decai
significativamente. Dai ser avisado prevenir esta situação aquando da modelação estrutural,
corrigindo a inércia do conjunto desta diminuição do seu valor. Assim, não deverá ser
atribuída uma valorização superior a 40 a 60% da inércia obtida pela geometria inicial não
fendilhada.
N
Forças
Aceleração Sismica
Sempre que existam edifícios adjacentes com diferentes alturas, durante a ocorrência de um
sismo manifestam-se concentrações de esforços, pelo facto das respectivas estruturas não
estarem ligadas entre si. Estas concentrações de esforços resultam de choques entre eles, pelo
facto dos mesmos vibrarem de modo diferente quando solicitados. Estes choques podem ter
consequências extremamente gravosas para as respectivas estruturas. A Figura 2.16 e 2.17
mostra as zonas de maior risco.
Figura 2.17. Choque entre edifícios adjacentes com pavimentos a diferente nível [10]
Figura 2.18. Choque entre edifícios adjacentes com pavimentos a diferente nível [10]
A Figura 2.19 mostra a planta de um edifício com duas hipóteses de distribuição dos pilares.
Como se referiu, a solução b) é a melhor solução técnica uma vez que as forças horizontais
são aplicadas à laje de um modo mais distribuído. Aliás, a densidade dos elementos
estruturais é um parâmetro caracterizador do comportamento das estruturas na resistência às
acções horizontais e que é dado por:
(Área dos pilares + Área das paredes resistentes) / (Área da planta do edifício)
a) b)
Figura 2.19. Influência da distribuição de pilares [10]
Sempre que possível, a colocação de paredes resistentes junto ao contorno é favorável e mais
eficaz para redução da torção.
A Figura 2.20 mostra uma solução com a mesma quantidade de elementos verticais e uma
rigidez de torção muito diferente, com significativa melhoria no esquema estrutural da direita.
2.4.2 Os Núcleos
A estrutura resistente é formada por pórticos ortogonais e por um ou mais núcleos. Como a
rigidez do núcleo é muito superior à dos pilares, este elemento estrutural absorve uma parte
significativa das forças horizontais, daí a razão porque os mesmos devem ser colocados
simetricamente, de modo a que o centro de massa e o centro de rigidez coincidam tanto
quanto possível, pois a sua colocação assimétrica, como se vê na figura 2.21 e se depreende
pela análise do Quadro 2.2, produz torção na estrutura.
Figura 2.21. A colocação assimétrica dos núcleos, é uma má solução técnica [10]
Nos casos em que for impossível colocar os núcleos simetricamente, deve-se compensar este
efeito negativo com a inserção de paredes resistentes no contorno, de modo a fazer coincidir
tanto quanto possível, o centro de rigidez com o centro de massa.
Figura 2.22 – Exemplo real de um edifício em Valongo junto à Saída da A4, Amarante-Porto.
Com se pode observar na fotografia fa figura 2.22 existe uma distribuição pouca harmoniosa
da massa. O piso 3 como se pode ver não contém qualquer parede ou revestimento impondo
assim uma rigidez menor. De referir, contudo, que em termos da distribuição em planta da
rigidez a solução parece conseguida, tanto em termos de ausência de excentricidades
significativas do centro de massa em relação ao de rigidez, como em módulo de torção.
Edifícios em locais inclinados criam problemas de torção, devido à variação da rigidez dos
pilares motivada pela diferente altura dos mesmos. Os pilares de menor altura têm maior
rigidez e se a sua distribuição não é simétrica agrava-se a componente de torção da estrutura
devido ao afastamento entre o centro de resistência e de massa. Esta situação está visualizada
na Figura 2.23.
Esta situação é de evitar, devendo-se sempre que possível efectuar as sapatas todas ao mesmo
nível e introduzir vigas de travamento em todo o perímetro e no interior ao nível dos pilares
mais pequenos, de modo a uniformizar a rigidez dos pórticos.
Estudos elaborados acerca deste problema, por Fintel & Khan, 1969, conduziram a propostas
a favor da redução da rigidez do andar inferior, a chamada aproximação “soft storey” , uma
vez que através deste procedimento se transmite à superestrutura uma acção dinâmica mais
reduzida.
Estes argumentos são baseados na análise elástica simples, contudo quando os realísticos
efeitos inelásticos, geométricos e não lineares são tidos em conta esta solução mostrou ser
potencialmente desastrosa, conforme o demonstraram ( Chopra, Clough & Clough, 1973).
[11]
Para vãos pequenos e para situações em que uma das dimensões das lajes supere bastante a
outra, normalmente as lajes são dimensionadas só na direcção do menor vão, podendo,
inclusivé, optar-se pelo recurso a lajes aligeiradas pré-fabricadas ou pré-esforçadas.
Caso os vãos sejam maiores e a relação entre as dimensões seja pequena, é normal que a
solução passe por lajes armadas nas duas direcções, em continuidade sobre as vigas de
pórticos ortogonais. No caso de não haver vigas, a solução consiste no recurso a lajes
fungiformes maciças ou aligeiradas, apoiando directamente em capiteis maciços na
envolvente dos pilares, conforme representado na Figura 2.25.
Figura 2.25 Solução com lajes armadas nas duas direcções e lajes fungiformes [4]
Uma estrutura tem menos possibilidades de sofrer danos, se reunir as seguintes condições:
- Distribuição uniforme dos elementos resistentes;
- Pilares e paredes contínuos, sem sofrerem variações bruscas de secção;
- Eixos das vigas e pilares coincidentes;
- A formarem-se rótulas que seja nas vigas;
- Vigas e pilares com larguras semelhantes (quando possível);
- Estrutura hiperstática e monolítica.
Assim, se as acções horizontais não são muito importantes, o sistema estrutural previsto para
acções verticais pode continuar a ser uma opção válida. Contudo, se estas acções são
importantes é necessário associar paredes resistentes e pórticos, solidarizados por lajes que
funcionam como grandes vigas horizontais e permitem repartir as acções sísmicas por toda a
estrutura através do que se designa por “ acção diafragma “. O tipo de estrutura a adoptar
pode ser o indicado na Figura 2.26, composto por pórticos bi-direccionais, paredes resistentes
e lajes ou só por paredes resistentes e lajes de acordo com a Figura 2.27 b).
Figura 2.26 Possíveis soluções estruturais para resistir a acções horizontais [4]
a) b)
Figura 2.27 Possíveis soluções estruturais para resistir a acções horizontais [4]
(a ) Pórticos e paredes resistentes; (b) Sistema em tubo; (c) Elevação da estrutura em tubo;
(d) Sistema tubo em tubo; (e) Sistema “egg crate”. [11]
- O sistema (a) composto por pórticos e paredes resistentes pode ser usado para
edifícios até cerca de 40 andares, mas acima desta altura deve ser usado o sistema em
tubo (b);
- Uma solução ainda mais potente quanto a recursos, é a indicada em (d), composta pela
solução em tubo na fachada e por um núcleo interior, sendo por isso conhecida por
sistema tubo em tubo, indicada e com recursos para edifícios com mais de 40 andares.
Capítulo III
3.1 Introdução
Estes objectivos gerais, previstos também em [6] e no código SEAOC (Structural Engineers
Association of California), visam o projecto e construção de estruturas que se comportem de
modo suficientemente dúctil quando sujeitas à acção dos sismos e que, nas situações mais
severas, as mesmas se comportem de modo a poderem absorver e dissipar enormes
quantidades de energia através de um comportamento elasto-plástico na perspectiva, em
primeira prioridade, da vida e segurança das pessoas.
Faz-se de seguida uma breve análise aos métodos de cálculo utilizados, respectivos âmbitos
de aplicação, limites e limitações da sua validade.
É o mais utilizado para análise de estruturas de betão armado, devido à simplicidade da sua
aplicação e ao excesso de segurança que proporciona, uma vez que não esgota toda a
capacidade resistente dos materiais. No entanto, a adopção deste método de cálculo para
dimensionamento sísmico torna-se anti-económica, já que não esgotando toda a capacidade
dos materiais, da sua aplicação resultam estruturas desnecessáriamente robustas e pouco
dúcteis. Além do mais, a sua resposta elástica a fortes acções sísmicas, traduzir-se-ia em
correspondentes acelerações que poriam em risco a vida dos ocupantes dos edifícios e
originariam importantes danos não estruturais.
Como veremos mais adiante neste Capítulo, uma solução prática para resolver este problema,
consiste na utilização de Métodos Lineares com Redistribuição, que partindo da realização
prévia deste Método, permitem a correcção dos respectivos resultados por coeficientes de
comportamento apropriados, de modo a simular o real comportamento não-linear das
estruturas.
Este método é uma idealização simplificada da forma de trabalho da peça de betão armado,
estando muito do lado da segurança, (Figura 3.1-curva 1).
Este método tenta simular o real comportamento não-linear das estruturas, modelizando a
forma de trabalho dos materiais, de modo a reproduzir os fenómenos observados na
experimentação laboratorial (Figura 3.1-curvas 2 e 3).
M m áx D
Mv A C
Momento, M
1 2 E
3
M fis
B
ϕA ϕC ϕD ϕE
Curvatura, ϕ
Figura 3.1 Diagramas momento-curvatura obtidos mediante uma análise linear e não-
linear.[12]
Uma vez superado o ponto C as características do aço manifestam-se, de tal forma que se o
mesmo é dúctil, a curva continua até ao ponto E (curva 2), mas se é frágil ao superar-se o
limite elástico da armadura, produz-se o colapso da secção mais solicitada (curva 3).
O ponto D representa o máximo momento que se alcança na secção da peça, se esta é
suficientemente dúctil. A partir dele aumenta a curvatura de forma importante podendo,
inclusivamente, diminuir ligeiramente o valor do momento até chegar ao ponto E, onde se
produz o esgotamento da secção.
• Para que serve? Economia em termos de armadura devido a uma mais vantajosa
distribuição da armadura inferior (As) e superior (As´).
Estes métodos são intermédios entre a análise linear e a análise não linear, já que tratam de
aproveitar as vantagens de cada um deles, (Figura 3.2).
Partem da realização prévia do cálculo linear, permitindo variar as leis de momentos assim
obtidos numa determinada grandeza δ, sempre que se cumpram as condições de equilíbrio e
de compatibilidade das deformações. Como consequência, os outros esforços (transversos,
Para poder aplicar estes métodos é necessário garantir a capacidade de rotação plástica das
secções críticas, que permitam a redistribuição de esforços desejada. Requerem o emprego de
aços dúcteis e a adopção de outras medidas que proporcionem uma ductilidade suficiente na
secção.
Estes métodos de cálculo incluem-se nos códigos ou normas técnicas de muitos países.
Apresentam a vantagem de dispor de sistemas de aplicação geral para o cálculo e são fáceis
de aplicar. Além do mais, asseguram tensões não excessivas no betão e no aço nos estados
limites de serviço e uma moderada fissuração nestas condições.
M1 M1
δM1
M2 M2
δM 2
δM 2
δM 1 Lei linear
Lei redistribuída
Lei linear
δM
seguintes situações.
- Condicionantes a respeitar -
As vigas deverão apresentar relações entre o vão equivalente (definido nos termos do artigo
89) e a altura total não superiores a 20. Os pilares deverão ainda satisfazer as condições de
dispensa de verificação da segurança em relação à encurvadura, expressas no artº 61.4.
Em que:
x- Profundidade da linha neutra na secção em que se reduziu o momento
d- Altura útil da secção
Este método não permite a redistribuição de momentos, quando para a sua obtenção se
tenham utilizado métodos de cálculo aproximados. Entendem-se por métodos aproximados
aqueles em que os esforços não provenham do resultado de um calculo estrutural baseado nas
equações de equilíbrio, compatibilidade e comportamento tenso-deformacional dos materiais.
1,00
l/d = 23
fy b/d = 1/5
280 N/mm2
420 N/mm2
0,75 Curvas obtidas
560 N/mm 2 em investigação
ρ - ρ´
ρb 0,50
ACI 318-63
0,25
A PARTIR DE
ACI 318-71
0
0 5 10 15 20
Redistribuição em % do momento
0 ,0 3 0
0 ,0 2 5
T ip o S
Rotação plástica, θpl
0 ,0 2 0
T ip o A
0 ,0 1 5
0 ,0 1 0
T ip o B
0 ,0 0 5
0
0 0 ,1 0 ,2 0 ,3 0 ,4 0 ,5 0 ,6
P r o fu n d id a d e d a f ib r a n e u tr a x /d
Esta instrução, para efeitos de cálculo e dimensionamento das armaduras de vigas, admite
uma redistribuição de momentos (δ) até 15% do máximo momento flector negativo, sem
estabelecer diferença alguma entre tipos de aço. Além do mais, para poder efectuar esta
redistribuição , a profundidade da linha neutra da secção da viga sobre o apoio (x) há-de ser
inferior a 0,45d, uma vez efectuada a redistribuição, sendo d a altura útil da secção. [ 1 2 ]
0,02
admissivel, θpl,adm. (radianos)
Rotação plástica
0,015 Armadura
de alta ductilidade
0,01
Armadura
de ductilidade normal
0,005
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Profundidade reduzida da fibra neutra, x/d
Nesta instrução, para o projecto e execução de lajes unidireccionais de betão armado e pré-
esforçado, pode considerar-se uma redistribuição plástica de momentos (δ) de 15% como
máximo, a que resulta de igualar os momentos no apoio e no vão. Este último, leva a
redistribuições máximas de 31%. Nesta instrução, também não se estabelece distinções entre
aços [ 1 2 ] .
Aços A e S (Intranslacional)
25
0,152 0,248
20
Readaptação ( %)
15 EHE
Aços B
C
10
40
12
0,12
-C
-C
35
60
5
0
0 0,10 0,20 0,3 0,40 0,45
Profundidade da fibra neutra, x/d
15 EHE
Readaptação ( %)
12
5
-C
- C
60
35
0
0 0,10 0,20 0,3 0,40 0,45
3.3.1 REBAP
O Regulamento Nacional não classifica explicitamente os aços pela sua ductilidade, apenas o
faz relativamente às estruturas, as quais classifica de “ductilidade normal” e “ductilidade
melhorada”, estas últimas objecto do presente trabalho.
Especifica dois tipos de ductilidade, alta ou normal, que coincidem com as classes A e B do
Código Modelo CEB-FIP 1990, permitindo uma redistribuição superior se o aço é de alta
ductilidade.
Ductilidade normal:
(fmáx/fy)k>1,05
εmáx,k>2,5% Em que:
Define três classes de aços segundo o ponto de vista de ductilidade, para efeitos de projecto,
que ordenadas da menor para a maior, são:
Classe B:
(fmáx/fy)k ≥ 1,05
εmáx ≥ 2,5%
Classe A:
(fmáx/fy)k ≥ 1,08
εmáx ≥ 5%
Classe S:
(fmáx/fy)k ≥ 1,15
εmáx ≥ 6%
Prescrevem-se os aços da Classe S se a estrutura precisa de grande ductilidade, como sucede
por exemplo nas zonas de alto risco sísmico, acrescentando em tais casos a especificação
(fy,real / fyk,nom ≤ 1,03)
Este código é específico para estruturas submetidas a forças de inércia provocadas pelos
sísmos. Distingue três tipos diferentes de comportamento das estruturas, segundo o ponto de
vista da ductilidade, indicando para cada uma delas o tipo de aço.
εmáx,k > 5%
εmáx ≥ 6%
εmáx ≥ 9%
Não classifica explicitamente os aços pela sua ductilidade e, ainda que considere distintas
exigências quanto ao tipo de aço, não o faz relativamente ao seu emprego.
A5 ≥ 8%
• Aços soldáveis obtidos por laminação a quente Em que:
B 400 S fs Carga Unitária de rotura (N/mm2)
(fs/fy) ≥ 1,05 fy Limite Elástico a 0,2% (N/mm2)
A5 ≥ 14% A5 Alargamento de rotura
(fs/fy) ≥ 1,05
A5 ≥ 12%
εmáx ≥ 9%
B 500 SD
1,35 ≥ (fs/fy) ≥ 1,15
A5 ≥ 16%
εmáx ≥ 8%
Capítulo IV
4.1 Introdução
M M
1_ _1
R R
Uma secção de betão armado é constituída por dois materiais de natureza muito diferente: o
betão e o aço. O betão é um material relativamente heterogénio e frágil, por sua vez o aço
sendo bastante mais homogéneo e constante nas suas características, vai contribuir para
proporcionar a ductilidade precisa, na perspectiva de que cada elemento estrutural alcance a
capacidade de deformação requerida.
• Aumento das deformações admissíveis na estrutura, sem que causem uma diminuição
significativa da capacidade resistente;
• Aumento da capacidade de redistribuição de esforços;
• Aumento da capacidade de dissipar energia e melhor resistir a ciclos alternados de
carga.
f
RegimeLinear
Regime/ComportamentoNãoLinear
f1
f0
Linear
f
L
d
dL
0
NL
d
0
NL
d
1
0 1
d NL d NL
η ( f 0 ) = 0 ; η ( f1 ) = 1
dL dL
14444 42444443
Normalização
Padroninou − se uma resposta tipo
em função do material de fabrico e
da tipo log ia da estrutura .
L
M
L
M NL
NL
q (Carga)
q
ML E
η= ⇒ L
M NL E NL
M (esforços) q (carga)
ME
MNL
dE d NL
q (carga) d (deslocamento)
a) b)
Figura 4.2 Coeficiente de comportamento para esforços e para deslocamentos
−1
d
η = E
d NL
No artº 33.1 do REBAP, são quantificados do seguinte modo, para edifícios correntes, os
coeficientes de comportamento, relativos a esforços gerados pelas vibrações horizontais:
- Estruturas em Pórtico:
Ductilidade normal 2,5
Ductilidade melhorada 3,5
- Estruturas-parede:
Ductilidade normal 1,5
Ductilidade melhorada 2,0
Como já se referiu, a ductilidade de uma secção de betão armado é tanto maior quanto mais
elevada for a sua capacidade de deformação ao longo do seu comportamento plástico. Embora
a ductilidade possa ser representada através de rácios de extensão ou de curvatura, nas
aplicações correntes são este último o normalmente utilizado.
A ductilidade de uma secção, pode definir-se pela relação entre a curvatura última, produzida
ao esgotar-se a capacidade de um dos materiais, (normalmente a capacidade de tracção no
aço) e a curvatura correspondente ao início da fase plástica. Se considerarmos Øy, o valor da
curvatura no patamar de cedência da armadura e Øu, a curvatura correspondente ao momento
de rotura do betão, a ductilidade da secção pode ser representada pelo rácio entre aquelas duas
grandezas, ( µØ = Øu / Øy ) isto é, a sua capacidade de deformação inelástica.
Esmagamento do Recobrimento
Momento Cedência
Ruptura
Fendilhação
Rigidez Inicial
q (Carga)
Øy Øu
Curvatura
Figura 4.3 Diagrama momento-curvatura de uma secção de betão armado [15]
É necessário também conhecer os diversos factores que afectam a ductilidade da secção, entre
os quais se destacam a resistência e capacidade de deformação do betão e do aço, as
percentagens mecânicas das armaduras de compressão e tracção, a geometria da secção e a
presença de esforço axial. De seguida, assinalam-se as diversas formas de aumentar ou
diminuir a ductilidade de uma secção. Em todo o caso, deve verificar-se a compatibilidade das
deformações e condições de equilíbrio dos elementos.
Os parâmetros de resposta seccional, por si sós, não são suficientes para ajuizar das
características de ductilidade de determinado elemento estrutural. Por exemplo, um elemento
estrutural que disponha de elevada ductilidade de curvatura na sua secção crítica, pode não
garantir uma resposta adequada se não for pormenorizado em termos de armadura, de modo a
facilitar a formação da “rótula plástica” ao longo do seu comprimento.
Considere-se a Figura 4.4 que representa uma consola vertical e os correspondentes diagramas
de distribuição de momentos, curvaturas e deslocamentos, decorrentes da aplicação de uma
força estática horizontal de valor V, no seu coroamento.
Também as variações das dimensões das secções são redutoras da ductilidade do elemento,
dado que, especificamente, no que concerne a acções horizontais a distribuição de esforços é
bastante insensível à variação de inércia ao longo deste.
b) Pois que numa tentativa de verificar a resistência da secção, com base na força de
tracção que esta armadura pode mobilizar, está sujeita em não encontrar equilíbrio
na resultante de compressão no betão, por falta de área, podendo advir uma rotura
frágil no betão.
c) Esta armadura, além de absorver directamente uma parte das forças de compressão,
faz subir a linha neutra (em flexão), aliviando a tensão no betão.
d) Quanto mais esbeltas as peças, mais sujeitas a fenómenos de 2ª ordem, logo maiores
probabilidades de roturas elásticas, devidas à encurvadura, sobretudo por efeito dos
significativos deslocamentos laterais provocados pela acção sísmica.
e) As tensões axiais puras, só por si são desfavoráveis, obrigando a limitar as extensões
admissíveis no betão, propiciando roturas frágeis assintomáticas, pelo que se deverá
reduzir as tensões resistentes do betão (forma indirecta de baixar as tensões efectivas
nas secções).
f) Esta rotura é perigosa porque além de eminentemente frágil, dá-se muitas vezes de
forma repentina e com grande concentração de energia de fractura.
As zonas dissipadoras são motivo de análise mais cuidada, pois são as responsáveis pela
mobilização do mecanismo de rotura desejado eleito em face cada caso, de molde a permitir
importantes deformações plásticas e a dissipação de grandes quantidade de energia pela
estrutura, sem uma significativa redução da sua capacidade resistente. Todas as outras partes
da estrutura, são consideradas zonas não-dissipadoras.
Figura 4.7. Distribuição de rótula plástica num edifício de 8 pisos calculado segundo o EC8
[Coelho e Carvalho, 1991]
Uma das características deste regulamento, é a distinção que faz entre estruturas para as quais
se prevê alta e muito alta ductilidade. Far-se-á também, casualmente, referência ao previsto
nos Eurocódigos 2 e 8, respectivamente referentes a Projecto de Estruturas de Betão e
Projecto de Estruturas para Resistência aos Sismos.
h
> >= Ø12
b 4 h d
≥ 20cm
Verifica-se que a imposição de uma largura mínima à geometria das vigas, não existe para
estruturas de ductilidade normal.
l
≥4
h
A relação entre o vão e a altura das vigas não deve ser inferior a 4, para que o esforço
transverso não condicione o comportamento do elemento em regime não linear (sob carga
cíclica).
De facto, um viga cujos limites laterais excedam em demasia as dimensões do pilar, vê apenas
a sua zona central sofrer a flexão conjunta com o pilar, ou seja, as partes laterais deste
elemento horizontal não contribuem de igual modo para o funcionamento global da secção.
Assim, ficam estas aliviadas e a central sobre-esforçada, o que pode conduzir a roturas nesta
região.
A presença de armaduras torna a secção mais dúctil da forma directa e ainda contribui para o
confinamento transversal e aderência longitudinal do betão.
Contudo, se a percentagem de armadura existente for elevada poderá ser para equilibrar forças
igualmente elevadas de compressão de betão, o que torna a secção frágil, no caso de baixas
percentagens de armadura de tracção, isso implica que na eventualidade de uma solicitação
acidental as tensões desenvolvidas tenham de ser absorvidas pelo betão.
A sa
A sa
A sb
A sb
1) A percentagem de armadura longitudinal (ρ), não deve ser inferior aos limites
indicados para as seguintes classes de armadura:
As
ρ= × 100 ≥ 0.25 (A 235) ; Em que:
bd
0.15 (A 400) As - área da secção da armadura
2) Ao longo de todo o comprimento das vigas, quer na face superior quer na face inferior,
deve existir uma armadura longitudinal que, no mínimo seja ¼ da maior das
armaduras necessárias nos apoios (na respectiva face) para resistir aos momentos da
combinação que tenha o sismo como acção variável de base. A armadura em cada face
deve ainda em qualquer secção satisfazer à percentagem mínima, (Artº 90) com um
mínimo de 2Ø12.
A regulamentação espanhola EHE vai mais além, impondo que esta armadura seja de
2Ø14 em cada face, nas vigas em que se pretende um nível de ductilidade alto e
respectivamente 2Ø16, nas vigas de muito alta ductilidade.
3) Junto aos nós e numa extensão pelo menos igual a 2d, da face interior do pilar deve
verificar-se:
2d
5) Nesta zona, a armadura duma face não deve ser inferior a 50% da armadura na face
oposta.
A1
≥ 0.5 , com: A2>A1
A2
A1 = min{Asa, Asb}
Asb
A 1 ou A 2
A500
A400
˜ 10‰
e
A235 Patamar de Cedência
A235 ∆rot
el >>>>>> ∆p ∆rot
el
↑ ↑
↑ ↑
Re serva Re sistência
Segurança =
Re serva Deformabilidade
4.4.1.3.1 Introdução
a) Junto aos nós e numa extensão de pelo menos igual a 2d, contada a partir da face
interna do pilar, a contribuição do betão para a resistência ao esforço transverso,
traduzida pelo termo corrector da teoria do Mörsch, Vcd, deverá ser desprezada. Isto
significa que a resistência ao corte deve ser assegurada na sua totalidade pela
armadura, isto é, deve-se tomar Vrd = Vwd.
Asω
b) Naquela zona, a percentagem mínima de estribos, ρ ω = × 100 , não deverá
bω s sin α
ser inferior aos valores a seguir indicados, independentemente do valor de Vsd.
15cm
O seu espaçamento terá que cumprir o seguinte: s ≤
0.25d
O primeiro estribo deve situar-se a uma distância da face interior do pilar, a ≤5cm.
Nas zonas extremas das vigas, num comprimento de pelo menos duas vezes sua
altura, desde a face do apoio até ao interior do vão, dispor-se-ão estribos fechados
de diâmetro igual ou superior a 6 mm, separados por distancias não maiores do
que a menor das seguintes:
• ¼ da altura da viga;
• 6 vezes o diâmetro da barra longitudinal comprimida de menor diâmetro;
• 24 vezes o diâmetro da armadura transversal utilizada;
• 150 mm.
Nas zonas extremas das vigas, num comprimento de pelo menos duas vezes sua
altura, desde a face do apoio até ao interior do vão, dispor-se-ão estribos fechados
de diâmetro igual ou superior a 6 mm, separados por distancias não maiores do
que a menor das seguintes:
• ¼ da altura da viga;
• 8 vezes o diâmetro da barra longitudinal comprimida de menor diâmetro;
• 24 vezes o diâmetro da armadura transversal utilizada;
• 200 mm.
Pela análise, verifica-se que as disposições do REBAP assumem uma posição que poderemos
referir como intermédia relativamente às previstas na regulamentação espanhola.
Em que L é o vão livre da viga, Msdvl e Msdv2 os momentos resistentes das extremidades 1 e 2
da viga (respectivamente), mobilizáveis por deslocamento lateral da estrutura.
Ilustração:
Figura 4.16 Inversão de sinal de Momentos Flectores (que conduzem à inversão do Esforço
Transverso no apoio)
Parece retirar-se deste artigo do REBAP que uma parte, para além da parcela mínima
regulamentar sempre a respeitar, da armadura transversal deverá ser efectuada por varões
inclinados. Contudo, à semelhança do que acontece noutros artigos deste regulamento, não
especifica a sua quantidade relativa, deixando esse ónus para o projectista. Na ausência dessa
indicação, e dado parecer a própria existência deste tipo de armação algo discutível, parece
razoável limitar essa armadura a dois varões longitudinais.
Ensaios efectuados por Vertero e Popov [1979] demonstraram que as zonas de vigas sujeitas a
flexão e simultaneamente a elevados valores de tensão tangencial provenientes de esforço
transverso apresentam, quando sujeitos a ciclos alternados de cargas, menor capacidade de
dissipação de energia do que quando tais tensões apresentam valores moderados [13].
As pormenorizações que acima se reproduzem, são as resultantes das conclusões retiradas dos
estudos efectuados e promovem uma significativa melhoria da ductilidade das vigas naquelas
circunstâncias, visto serem facilitadoras da formação da “rótula plástica” por um lado e por
outro serem “inibidoras” do colapso das mesmas, em ciclos alternados de cargas.
CARGAS GRAVITICAS
Me Md
~
Ie Id
Me Md
Me Md
~
Ie Id
Me
Nsd Nsd
υ= ≤ 0 .6 Ac ≥ (0.85 fcd em estruturas correntes),
Ac fcd 0.6 fcd
em que:
Nsd - valor do cálculo do esforço normal correspondente à combinação de acções em
que intervém a acção sísmica.
fcd- valor do cálculo da tensão de rotura do betão à compressão - artigo 19.º REBAP.
A menor dimensão do pilar deverá ser, pelo menos, igual a 30cm (20 em estruturas
correntes).
a) A235 A400/A500
As ≥0.8% >0.6%
Ac ≤ 6%(*)
Ø mm 12 10
40 cm
S1 30 cm
40 cm
S1 30 cm
Figura 4.20 – Área da secção do pilar e correspondente armadura.
c) O seu espaçamento, S1, não deverá exceder 30 cm, excepto em faces cuja largura seja
menor ou igual a 40cm, caso em que se permite dispor de varões apenas junto aos
cantos.
do pilar
h
a
Figura 4.21. Pilares - Localização de emendas e interrupção de varões longitudinais
a
s,Ø
a>=b
h
a>=h/6
s<=10cm
Ø>=8mm
b
b - maior dimensão da secção
transversal do pilar
e) No que respeita à distribuição dos varões na secção, as limitações são as mesmas que
para estruturas de ductilidade normal.
c) Fora dessa zona, o seu espaçamento deverá obedecer ao disposto no artigo 122.1, ou
seja:
d) A forma das armaduras transversais, tal como disposto no art. 122.3, “deve ser tal que
cada varão longitudinal seja abraçado por ramos dessas armaduras formando ângulo,
em torno do varão, não superior a 135º. Dispensa-se essa condição em varões que não
sejam de canto e que se encontrem a menos do 15 cm de varões em que se cumpra tal
condição”. Tal procedimento é ilustrado na Figura 4.23.
a1 a2
< 135º
a1 , a2 <= 15 cm
s
M Rd
V Rd
s i
V Rd = M Rd + M Rd
h
V Rd
i
M Rd
Figura 4.24. Definição do esforço transverso actuante
De acordo com [8], qualquer mudança de direcção do eixo de uma estrutura provoca uma
mudança na direcção dos esforços internos e, em consequência, esforços transversais ao eixo,
que modificam inteiramente a distribuição das tensões em relação à das vigas rectas.
Pela razão exposta, a pormenorização de nós de pórticos tem que ser devidamente analisada,
uma vez que a mesma depende não só, do tipo e estado de tensões que se desenvolvem nestes
elementos da estrutura, mas também da sua localização no contexto da mesma. As indicações
referidas no presente sub-capítulo são perfeitamente gerais, aplicando-se tanto para estruturas
de ductilidade normal como de ductilidade melhorada, o que reforça a importância que uma
correcta pormenorização dos nós têm no contexto e desempenho global da estrutura.
A armadura de tracção deverá ser dobrada com um ângulo não muito pequeno (Figura 4.25),
para evitar que a pressão devida à mudança de direcção dos varões cause fendilhação no
betão. Nesta figura ø é o diâmetro dos varões, e o espaçamento entre os eixos das barras e eR a
distância do eixo da barra mais externa ao bordo, sendo que eR deve ser ≥ 3 ø e ≥ 3 cm.
r
z M
r ≤ Z ≈ 0 .8 h
z
fsyd φ
r ≥ 0.92 φ
fcd b
e > 2 eR e < 2 eR
eR eR
e e e
≥ 3 ∅ ≥ 3 cm ≥ 3 ∅ ≥ 3 cm
Figura
possível
O valor do referido raio poderá ser diminuído, desde que se disponham as armaduras
necessárias [8].
As
Recomenda-se ainda que para percentagens de armadura: ρ = × 100 (Artº 90 do
b1 d
REBAP), estes valores sejam:
Superiores a 0.7 %;
O canto interno seja arredondado ou tenha uma mísula, de acordo com o indicado na
Figura 4.27, para impedir que a rótula plástica se forme no nó.
Como foi referido em 4.4.1.2.3 c) e 4.4.2.2d), as armaduras não deverão ser emendadas perto
dos nós dos pórticos. No entanto, no caso presente, permite-se uma adopção das disposições
indicadas na Figura 4.28 - DIN 1045, desde que:
lb,0
dB ∅1
4Ø h M
M
dB2
dB1
Malha
∅2
M
M
Esta armadura deve ser do mesmo tipo de aço que o da armadura longitudinal e a área total da
sua secção, em cada face, não deve ser inferior a 4% da área da armadura longitudinal.
Neste caso, e tal como indicado na Figura 4.29, surge uma força diagonal de tracção, que
haverá ter em conta na pormenorização do nó. Essa força tem a intensidade Z D = 2 × Z e ,
sendo Ze a força de tracção nas armaduras que concorrem no nó.
ZD = 2 Ze
a
Db
a Fissura
Ze
ZD = 2 Ze
Db M Ze
A fissura indicada surge, de acordo com [8], para uma carga da ordem de 30 a 50 % de carga
limite da barra recta, comprometendo a capacidade resistente do nó. Para resolver esse
problema há que pormenorizar o nó de forma adequada.
Pela análise da figura, verifica-se que o arranjo A2 é o único que garante resistência no nó,
superior à resistência dos elementos estruturais nele concorrentes, com um rendimento que se
situa entre os 100 e os 120%.
% M RU M U
A1 A2
140
120
A3 A4
100
80
A5 A6
60
40
A7
M
20
0 %
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
Figura 4.30 Relação entre a capacidade resistente MRU e o momento de rotura teórico MU sob
a acção de um momento positivo. [1]
Por outro lado, nota-se que a pormenorização menos indicada é a do tipo A7, conseguindo-se
uma resistência última do nó entre 20 e 40% da prevista em projecto.
Laços em forma de gancho voltado para fora soluções A1 e A3, ou grampos envolvendo
duplamente a zona comprimida, solução A4, apresentaram dos melhores resultados com
momentos de rotura da ordem dos 85 a 92%, mas a capacidade resistente só é atingida com a
disposição de barras inclinadas adicionais ao canto interno.
Recomenda-se portanto, [8] e [17], que a pormenorização deste tipo do nós se faça de acordo
com a Figura 4.31 a) ou Figura 4.31 b), consoante os casos. No caso de se pretender evitar o
canto em chanfre, deverá o varão oblíquo ser colocado interiormente, o que, embora menos
eficaz, é mais fácil em termos de fabrico.
M asj
h1 50 cm
As
As1
fy As1
As As2
As2
h2 50 cm
h 50 cm
As As
• Se 0.4% ≤ ρ ≤ 1% toma-se As = máx. 1 , 2
2 2
A disposição da Figura. 4.31 b) só será adoptada em peças com dimensões maiores que 50
cm, onde os estribos possuem comprimento de amarração suficiente para serem eficientes, e a
2
1 h
asj = . α . 1 + 1 . max{As1 , As 2 }
n h2
onde:
asj – área de cada estribo
n – número de estribos
h1 , h2 , As1 , As2 - ver Figura 4.31b)
α - coeficiente que toma o valor:
ρ − 0.005
- se as armaduras de tracção da viga e pilar estão dispostas formando 1aço
ρ
1 - caso contrário
Há que fazer notar que o REBAP (artigo. 145.1) indica a utilização, nos nós dos pórticos, de
cintas transversais ao eixo do pilar, cujo espaçamento não seja superior a 10 cm e
dimensionadas para os valores de cálculo aí indicados.
As ligações viga/pilar são sede de concentração dos valores de pico das peças que ai
concorrem quando da actuação de um sismo.
lb,net
b) Momento elevado no topo do pilar. A armadura de tracção do pilar deve ser levada para
dentro do banzo superior de viga e aí amarrada
dB
dB de acordo
com IV.1
a)
b)
St St M viga
0 0
Viga
St
u
MSt MSt
u 0
St
u
c)
1
Tracção Tensões de aderência
na barra 1
Compressão Tracção
O procedimento geral será de, após determinado o diagrama de momentos flectores, idealizar
um esquema de transmissão de esforços constituído por bielas de betão comprimidas a ser
equilibradas por forças de tracção no aço das armaduras que com elas se intersectam. Note-se
que este é o esquema de cálculo regularmente utilizado em certos tipos de fundações e em
consolas curtas.
O uso de barras inclinadas suplementares é aconselhável, Figura 4.35 Poderemos contar com
a absorção de totalidade do momento flector no nó, desde que a percentagem de armadura da
viga, não exceda (ρ ≤ 0.6 %). Caso contrário, Mru / Mu será da ordem de 0.8.
10 cm, em um comprimento 2 hp + hv
F e S = 0 .5 F e ; 0 .7 Ø
F e Ø
d B h v
Estribos pouco espaçados , e
d B 10 Ø
h p
4.4.4 Paredes
As paredes são elementos estruturais muito úteis para a resistência dos edifícios às acções
sísmicas, sobretudo atendendo a que a sua rigidez elevada pode controlar os seus
deslocamentos e assim diminuir os danos estruturais e não estruturais, em particular nos
sismos de intensidade moderada.
Relativamente aos sismos mais intensos, quando a resistência seja atribuída
fundamentalmente às paredes, há que lhes conferir ductilidade aceitável o que é possível
adoptando-se medidas especiais que tem a ver com a subordinação da resistência ao esforço
transverso, relativamente à sua resistência à flexão. [13].
λ ≤ 60
t Ac
b
t 1 5 cm
h
h /b 2
b .t = A c N sd
0 .6 fc d
b
S e N sd A c 0 .2 fcd :
b
10
2t
No entanto, quando o valor de cálculo do esforço axial actuante para a combinação de acção
de base sismo registar:
N sd ≥ 0.2 f cd A c
deve aumentar-se a espessura da parede junto aos bordos, de acordo com as indicações da
Figura 4.36. Este espessamento não é necessário se a parede tiver continuação
transversalmente nas extremidades, caso frequente em caixas de escadas e elevadores.
A armadura vertical para resistir a flexão segundo o plano da parede, deve ser concentrada
junto a cada um dos bordos numa extensão α, conforme Figura 4.38, tal que:
α = b/10 e α ≥ 2.t
Estas zonas devem ser consideradas como 2 pilares fictícios, aos quais são aplicados as regras
relativas as distribuições de armaduras longitudinais e transversais, a menos da armadura
mínima que deve ser calculada como indicado na mesma figura.
A armadura longitudinal de flexão, deve ir sendo dispensada ao longo da parede, de acordo
com o diagrama de momentos envolvente, Figura 4.37 e considerando a translação do
diagrama, para atender às forças de tracção na armadura.
O dimensionamento à flexão deve ser efectuado para o diagrama linear a tracejado, mais
consentâneo com a resposta dinâmica, deslocado de um valor, b, igual à largura da parede.
N
M
0.25 % Ac A235
ρmin=
0.15 % Ac A400 e A500
t A'c
b/10
2t 0.4 % A'c A235
ρmin=
0.3 % A'c A400 e A500
M Rd
VsdDim. = 1.1 Vsd
M Sd
M sd e Vsd − esforços de cálculo
M Rd - momentos resistentes de acordo com as armaduras efectivamente existentes
No caso de paredes compostas, formadas por paredes simples complanares interligadas por
lintéis ao nível dos diversos pisos, deverá haver o maior cuidado na pormenorização das suas
armaduras:
• A armadura longitudinal deverá ser igual nas suas faces superior e inferior.
• A armadura transversal será calculada de acordo com o diagrama de esforços
transversos e devidamente amarrada nas paredes, com comprimento de
amarração 50% superior ao normal.
• Tanto o lintel de ligação entre paredes, como a armadura complementar
inclinada referida no ponto anterior, devem ser cintadas com afastamento não
superior a 10 cm entre estribos.
a) b)
Figura 4.39 Disposição de armaduras numa viga entre duas paredes [9]
4.4.5.1. Exemplo 1
Pormenorizar o nó representado na figura e dimensionar as armaduras capazes de resistir aos
esforços indicados.
Nsd = 1200 KN
Msd = 100 KN
Vsd = 300 KN
Resolução:
i) Viga
Msd = 400KN.m
Vsd = 100 KN
* Armadura longitudinal:
ρ w min = 0.10
AS 2
≥ 0.053 cm / m ρ w = 0.13 > ρ w min
S
1 Ø 25
2 Ø 20
Estribos Ø 8 // 0.15
4 Ø 25
1 Ø 20
ii) Pilar
* Armadura longitudinal:
µ = 0.226
υ = 0.489 < 0.6 (Verifica 4.4.2.1b)
Tem-se w ≅ 0.350
Armando simetricamente a secção, tem-se AS = 26.75 cm2
AS
A = A´ = = 13.38 cm2
2
AS
= 1.34% > 0.6% ( Verifica 4.4.2.2a)
AC
Opta-se por colocar 3 ∅ 25 em cada face. Nas faces não esforçadas em termos da componente
flexão, teremos que colocar pelo menos um varão com 12 mm de diâmetro para que S≤30 cm.
Como este varão se encontra a mais de 15 cm de outro abraçado por uma cinta com ângulo ≤
135º, terá que ele próprio ser devidamente envolvido.
3 Ø 25
2 Ø 12
Cintas Ø 8 //0.15
3 Ø 25
*
Armadura transversal:
Mo
Vcd = τ1 b w d1 + = 1.36τ1 b w d = 176.8KN
Msd
Asw 2
Vwd= 123.2 KN ⇒ ≥ 0.087cm / m
S
C o m p re s sã o
T ra c ç ã o
Há que prever uma armadura diagonal, dimensionada para 0,5 As da viga, com ∅ > 0.7 ∅ viga.
Adopte-se 2 ∅ 20 + 1 ∅ 25.
0,65 m Ø 8 // 0,15 m
4 Ø 25 +1 Ø 20
4 Ø 25 +1 Ø 20
0,40 m
2 Ø 20 +1 Ø 25
cintas Ø 8 // 0,10m
2 Ø 25 +1 Ø 12
2 Ø 25
0,40 m
Ø 8 // 0,10 m
2 Ø 25 +1 Ø 12
0,50 m
4.4.5.2 Exemplo 2
C20-25 ; A 400 NR
i) Viga
Msd = 100 KN
Vsd = 80 KN
* Armadura longitudinal
µ = 0.205 ω = 0.225 α = 0.211 < 0.3 (Verifica 4.4.1.2.3a)
A´
= 0 .5 ( Conforme 4.4.1.2.3b)
A
* Armadura Transversal:
AS
≥ 0 . 071 cm 2
/m ρ w ≥ 0.237 > ρ w min (Verifica 4.4.1.3b)
S
Na zona dos nós, S ≤ 10 cm (Conforme 4.4.1.3.2c), pelo que adoptaremos dois ramos de
estribos ∅ 8 af. 10 cm
i v ) Pilar
* Armadura Longitudinal
AS
ν = 0.04 ω = 0.21 A=A´= = 6.03 cm 2
2
µ = 0.1
As 12.06
= = 0 .8 % (Verifica 4.4.2.2a)
Ac 1500
Nas faces maiores do pilar, dever-se-á por imposição de 4.4.2.2 c), colocar um varão a meio
das mesmas, visto a sua dimensão transversal ter mais de 40 cm. Estes varões serão cintados
conforme indicado na página seguinte.
* Armadura transversal
Pormenorização do nó
2 Ø 20 3 Ø 16
3 Ø 20
≤ 5 cm
2 Ø 20 2 Ø 20
2 Ø 12
2 ramos Ø 6 // 0,10 m
CONCLUSÕES
Entende-se que o tema é da maior importância, quer seja por condições desfavoráveis que o
enquadramento geotectónico da região do globo em estudo suscite, como muito das
disposições aqui apresentadas podem ser facilmente adoptadas para estruturas correntes, sem
aumento palpável do seu custo, e com um incremento muito significativo no seu desempenho.
Um trabalho desta natureza tem que ser analisado numa perspectiva generalista, isto é, no
conjunto global das características a que tem que obedecer as estruturas para que tenham bom
comportamento quando sujeitas à acção dos sismos. Abordagens mais especialistas e
sofisticadas, tais como dimensionamentos de fundações, consolas curtas ou lajes fungiformes
não têm cabimento no âmbito de um estudo como este, dado os condicionalismos a que o
mesmo está sujeito.
Assim, analisaram-se aspectos relacionados com a anatomia, com a forma, com as dimensões
em planta e altura, com a disposição dos elementos estruturais, bem como as situações em que
os mesmos influenciam positiva ou negativamente o desempenho estrutural dos edifícios.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
.
[1] Appleton, J. Almeida, J. e Câmara, J. (1984). Dimensionamento e Pormenorização de
Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado. IST/CMEST.
[2] ATC - Applied Techonogy Council. Tentative Provisions for the Development of Seismic
Regulations for Buildings . ATC 3-06, Nat.Bureau of Standards, USA.
[3] Boletim de informação n.º 160 CEB.[1983]. Projecto de Estruturas de Betão às Acções
Sísmicas.
[5] CANSADO, E.C e COELHO, EMA. (1984). Análise Sísmica de Estruturas de Edifícios,
segundo a Nova Regulamentação. Seminário 322. Lisboa, LNEC.
[6] CEB – Comité Euro-International du Béton (1983). Model Code for Seismic Design of
Concret Structures, Appendix to the CEB-FIP Model Code, Bull.inf. nº 160
[11] Key, David (1988). Earthquake design practice for buildings. Londres, Thomas Telford
Limited.
[12] MEJÍAS, ANDRÉS e outros. Aceros con características especiales de ductilidad para
hormigón armado.Espanha , Monografias ARCER.
[14] Montoya, Meseguer, Morán .(1991). Hormigon Armado, 13.ª edicion. Barcelona.
ed.Gustavo Gili
[18] Key,David (1988). Earthquake design practice for buildings. Londres, Thomas Telford
Limited.