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A RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
Atos 17.16-31

Brasil é um lugar fértil para o surgimento e a implantação de inúmeras religiões.


Percebe-se que toda religião "pega", aqui no Brasil. O povo brasileiro é
acentuadamente religioso.

O crescimento das religiões no Brasil é vertiginoso. Mas, é preciso ver como tudo isso
começou cerca de 500 anos atrás. Foi à sombra da cruz que descobriram o Brasil e,
em 26 de abril de 1500, realizou- se a primeira missa em território brasileiro.

Era um domingo, na Ilha da Coroa Vermelha, atual município de Santa Cruz Cabrália,
no sul da Bahia. O celebrante foi o Frei Dom Henrique Soares de Coimbra, ajudado
por outros 16 religiosos. Nessa celebração, Cabral estava presente e carregou consigo
a bandeira de Cristo.

O Rev. Élben César, escrevendo na revista Ultimato (jul/ago-99), declara que o


primeiro desafio missionário a favor da evangelização do Brasil está contido na carta
de Pero Vaz de Caminha, dirigida ao rei D. Manuel I, escrita no dia 15 de maio de
1500, fazendo um pedido ao rei de Portugal, que enviasse, sem demora, um clérigo
para batizar os nativos.

Para a exploração da terra, os portugueses se valeram dos negros africanos, para a


mão-de-obra. Com os africanos vieram os vários costumes, cultura e uma forte
religiosidade. Por isso, a influência afro na religiosidade brasileira é acentuada. Nesse
contexto, aparece o sincretismo religioso.

Houve uma mistura de elementos de religiões diferentes. Portanto, a religiosidade


brasileira foi basicamente formada pelas influências do catolicismo popular português,
por religiões africanas e pela religião dos indígenas que aqui viviam.

Diante desses informes sobre a religiosidade brasileira, é possível focalizar os


seguintes aspectos práticos:

1 - RELIGIOSIDADE BRASILEIRA: ASPECTOS NEGATIVOS


No estudo da religiosidade brasileira, constatam-se alguns aspectos negativos, a
saber:

Sincretismo - No livro Discernindo os Espíritos, de Ingo Wulfhorst, existe a seguinte


definição de sincretismo: "Um processo de influência recíproca e de integração no
relacionamento de culturas, mitos, divindades individuais e de religiões inteiras".

Afirma o Pr. Ricardo Gondim: "a igreja evangélica mudou muito. Estarrecido, deparo-
me com uma igreja carente de intermináveis correntes para alcançar o favor de Deus.

Medrosa de maldições, essa igreja precisa constantemente de quebrar encantos.


Incerta quanto ao soberano controle de Deus, nomeia paranoicamente a atuação de
demônios que precisariam ser amarrados para não manipularem a história.

Aturdido, vejo essa igreja relembrando a água benta da minha infância, com o nome
de água fluidificada. Isso para não falar do sal grosso, dos ramos de arruda e de uma
longa lista de superstições praticadas em nome da fé evangélica".

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Crendices - São as crenças absurdas e sem qualquer respaldo bíblico. Cada religião
tem a sua doutrina, os seus ensinamentos, os seus deuses e pressupostos. Essas
crenças heréticas levam ao uso de objetos e fórmulas para dar proteção, sorte e, até
mesmo, para adoração.

Distanciamento da Palavra - A religiosidade brasileira está muito ligada a grupos e


doutrinas que não aceitam a Bíblia como sendo a Palavra de Deus. Suas práticas
religiosas estão distantes dos ensinos escriturísticos, revelando, assim, uma profunda
ignorância bíblica.

Exploração e manipulação - Infelizmente, hoje, a religiosidade brasileira se confunde


com a exploração do ser humano. Essa associação da religiosidade com a questão
econômica vem de 500 anos atrás, quando Cristóvão Colombo, em nota
autobiográfica, de 1492, o ano do descobrimento da América, coloca, entre os alvos
da viagem," o modo pelo qual poderia converter esse povo à nossa fé".

Não podendo esconder a motivação econômica aliada à espiritual, afirma: "a melhor
coisa do mundo é o ouro; é capaz de enviar almas ao céu" (Religião no Brasil, Júlio A.
Ferreira).

2 - RELIGIOSIDADE BRASILEIRA: ASPECTOS POSITIVOS


Existem aspectos positivos nesse fenômeno da religiosidade brasileira. O apóstolo
Paulo, em Atenas, viu um povo religioso, e se mostrou sensível aos elementos
legítimos de busca espiritual daquelas pessoas, extraindo proveito desse fato (At
17.22).

Mas, quais são alguns desses aspectos positivos?

Busca de Deus - Praticamente todas as pessoas procuram respostas espirituais para


a sua vida. Apelam para qualquer divindade em busca de ajuda, revelando
sensibilidade religiosa e uma predisposição para o sagrado.

Cícero, o filósofo, afirmou: "Não há povo tão primitivo, tão bárbaro, que não admita a
existência de deuses, ainda que se engane sobre a sua natureza".

Muitos religiosos afirmam que todo caminho leva a Deus, como os vários caminhos
que levam ao topo de uma montanha. O líder religioso Mahatma Ghandi expressou: "a
alma das religiões é uma só, mas está encerrada em um grande número de formas".

Diante dessa falsa realidade e da busca sincera, cabe ao cristão apontar o único e
verdadeiro Senhor, Jesus Cristo (Jo 4.22; 14.6; I Tm 2.5).

Liberdade religiosa - É interessante observar que essa variedade de religiões é sinal


de liberdade. Muitos, usando dessa liberdade, acabam se decepcionando com os seus
"deuses ou divindades" e se voltam para o único Deus e Senhor.

É bom que se diga que a liberdade religiosa encontra-se assegurada na Constituição


Brasileira, conforme preceitua o art. 05, cap. 01, VI: "é inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e às suas liturgias".

Diversidade litúrgica - Os rituais litúrgicos são os mais variados e interessantes. A


igreja brasileira recebeu essa influência das religiões africanas.

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É por isso que as celebrações aqui no Brasil são cheias de músicas, instrumentos,
muita alegria e manifestações emotivas. A igreja brasileira deve ser mais aberta para
aproveitar os elementos positivos que existem nessa riqueza litúrgica.

Busca da experiência comunitária - A religião proporciona a rica oportunidade de se


viver em comunidade. Essa vivência em uma comunidade ou grupo, transforma-se
numa ajuda terapêutica. Viver em comunidade é algo que faz bem ao ser humano.

3 - RELIGIOSIDADE BRASILEIRA: DESAFIO A IGREJA


A igreja deve agir de modo sábio, equilibrado e espiritual, como fez o apóstolo Paulo,
em Atenas, diante de tanta religiosidade.

Isso, porque os cristãos são chamados de "sal da terra" e " luz do mundo" e, também,
porque o apóstolo Paulo disse para não se tornarem cúmplices das obras das trevas
(Mt 5.13,14; Ef 5.11, 6.12). Esse desafio é para ser encarado com amor (Rm 12.21).

No livro Todas as religiões são iguais? (ABU Editora), Brian Maiden declara: "A maior
demonstração de amor para com uma pessoa que se sabe que está no ônibus errado,
não é admirar a sinceridade dela, mas informá-la de seu erro e mostrar-lhe onde
apanhar o ônibus certo".

Esse desafio pode ser encarado das seguintes formas:

Produção de literatura - Há pouca literatura séria e equilibrada para orientar o povo


sobre as várias seitas e religiões.

É importante que seja produzida literatura relevante e bons artigos em jornais,


revistas, bem como a utilização dos vários recursos que hoje estão à disposição,
especialmente através da mídia.

Cursos de treinamento - É de suma importância que a igreja esteja sempre


estudando esse fenômeno da religiosidade brasileira, através de cursos, seminários,
simpósios, conferências etc.

Existem preletores bem qualificados nesta área, para instruir o povo de Deus e
capacitá-lo para enfrentar, especialmente, os aspectos negativos dessa religiosidade.

Intercessão fervorosa - É fundamental que a igreja esteja em fervente oração em


favor daqueles que estão envolvidos com as falsas religiões, pois sabe-se que a
oração é a atitude básica e central para qualquer forma de atividade cristã.

Evangelização corajosa - Esse trabalho de se alcançar aqueles que se envolvem


com as heresias precisa ser corajoso. Quem se dispuser a esse ministério, terá
necessidade de muita coragem, pois irá enfrentar situações difíceis e de muitos
desafios na área espiritual (Ef 6.10-20).

Grupos de apoio - A igreja pode criar grupos de apoio para acolher, fraternalmente,
os adeptos das falsas religiões. Sabe-se que muitas pessoas acham extremamente
difícil abandonar suas crenças e grupo.

Isso é real, pois há um forte poder emocional que o grupo exerce sobre os membros.
Daí a necessidade de um grupo de apoio bastante acolhedor, que atue de tal forma a
oferecer segurança e compreensão às pessoas.

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Finalmente, vale a pena citar, aqui, as cinco necessidades básicas para um cristão
enfrentar esses desafios, apresentadas no livro O Desafio das Novas Religiões (Série
Lausanne, vol. 08):

• Ser capaz de comunicar um sólido argumento bíblico, confrontando falsas


crenças, como a reencarnação e outras. Isso requer uma compreensão básica
das Escrituras e dos falsos ensinamentos;

• Ser cheio do Espírito Santo e revestido com a armadura de Deus;

• Ter discernimento espiritual;

• Ter certeza de que você está sendo apoiado por um grupo de cristãos em
oração;

• Organizar comunidades assistenciais que ofereçam apoio pastoral.

Que aspectos da religiosidade brasileira poderiam ser absorvidos pela igreja


evangélica?

AUTOR: REV. ANDERSON SATHLER

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