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Em seu livro "Um Projeto de Espiritualidade Integral", o Rev. Caio Fábio recorda que a
espiritualidade humana é um dos fatos mais incontestáveis demonstrados na história.
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Essas três correntes históricas, ainda hoje, fomentam grande parte da compreensão a
respeito da espiritualidade humana; ora exageradamente legalista - sem qualquer
esboço de sensibilidade; ora puramente dicotômica e abstrata - revelando-se
extremamente conceituosa e racional; ora tremendamente intimista - arrebatando
alucinadamente as emoções sem qualquer vínculo com a mente.
O homem em busca de uma espiritualidade sadia precisa fundir numa mesma fé estas
três perspectivas: a razão, a emoção e a sensibilidade.
2 - ESPIRITUALIDADE DA RAZÃO
Deus é um ser inteligente. Fez o homem dotado de capacidade racional, com a
possibilidade de reflexão, análise e memória. Essa faculdade, que é exclusiva do
homem na criação, não pode ser desprezada na manifestação da fé.
Conforme o Salmo 77 uma pessoa pode exercitar sua fé e reavaliar suas crises
espirituais a partir do uso lúcido da razão. Asafe despeja, nesse texto, suas
indagações e incompreensões, fruto de uma mente reflexiva das situações da vida.
Ele diz: "Rejeita o Senhor para sempre? Acaso não tornará a ser propicio? Cessou
perpetuamente a sua graça ? Caducou as suas promessas ? Esqueceu-se Deus de
ser benigno?''(SI 77.7-9).
Já o apóstolo Paulo afirma que o culto vivo, santo e agradável a Deus é racional (Rm
12.1,2). Um outro fator relacionado ao uso das faculdades mentais é a criatividade. A
ausência de criatividade nas celebrações da vida e no ensino da fé evidencia um fato:
uma fé que não exercita a razão.
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O salmista também celebra sua fé e expressa com sinceridade diante de Deus suas
emoções: "Por que estás abatida, ó minha alma? por que te perturbas dentro em
mim?"(SI 42.5). "Alegrei-me quando me disseram: vamos á casa do Senhor"(Sl 122.1).
O Salmo 126 é um verdadeiro turbilhão de alegria, riso e lágrimas.
De igual forma à razão, Deus criou o ser humano com emoções, dotado da
capacidade de sorrir, alegrar-se, chorar, entristecer-se, irar e pacificar. Porém, no
decorrer da história, a igreja esterilizou no seu culto a participação do coração,
aniquilou na sua espiritualidade tudo que se relacionasse à emoção.
Assim sendo, a invasão das seitas e filosofias orientais no mundo ocidental deve-se,
em grande parte, a essa tendência intimista, valorizando a interioridade e resgatando o
sentimento. Porém, com trauma do emocionalismo barato, forçado e apelativo, os
cristãos reformados caíram noutro extremo igualmente perigoso. O grande desafio no
3° milênio é redescobrir a emoção sem cair no emocionalismo.
Quando lemos Gênesis 4, vemos Caim nutrindo em sua alma um instinto assassino e
destruidor para com Abel, seu Irmão. Deus lhe tala ao coração; insensível à voz de
Deus, ele mata seu irmão, com frieza e indiferença. Deus, então, pergunta a Caim:
"Onde está Abel, teu irmão?" Nada poderia expressar mais o ódio e a insensibilidade,
do que a resposta de Caim: "Acaso sou eu tutor de meu irmão?"
A respeito disso, o teólogo Leonardo Boff afirma: "O cinismo de uma sociedade
insensível e a desesperança em face à indiferença, matam a fé, e a resignação torna o
homem mudo diante de Deus".
De acordo com Atos 23.11, Paulo estava encarcerado e só. Abatido pelas situações e
longe de todos, ele começa a esmorecer. Deus, porém, sensível ao seu estado,
aparece-lhe ao lado e diz: "Coragem".
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DISCUSSÃO
1 - Quando é que a emoção na vida da igreja passa a ser prejudicial?
2 - O que a igreja pode fazer para manter o equilíbrio entre razão, emoção e
sensibilidade?
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