Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“Os números não foram jogados às cegas no mundo; eles foram reunidos para constituir sistemas
harmoniosos, como as formações cristalinas e as notas da escala musical, em virtude das leis gerais que
regem o universo”
(Koestler).
Unidade e Trindade
A trindade, desse ponto de vista, é dinâmica e se baseia na idéia-força de um
poder de relação que une e que movimenta as formas da dualidade.
No cristianismo o Espírito Santo, como declara São Bernardo, é o “beijo do Pai
e do Filho”, sua “respiração comum”.
Do mesmo modo, no final da Renascença Kepler utiliza a imagem da esfera, que
lhe é cara, para dizer que se o Pai é o centro e o Filho a superfície, o Espírito é o raio que
os une e que, ao descrever o espaço ao redor do centro, gera a esfera enquanto tal.
Entre os árabes, que não tratam da Encarnação e para os quais Deus só pode ser
pensado sob a referência do Único, o Um é Allah, enquanto que o Dois simboliza a
Inteligênciaatuante que cria o início do múltiplo (do qual o dois é a expressão mínima)
e o Três representa a alma, poder de mediação entre a Terra e o Céu.
Essas três instâncias podem ser colocadas em correspondência aos três
protagonistas do Conhecimento (o Conhecedor, o Conhecido e o Conhecimento do
Conhecido pelo Conhecedor) que constituem o espelho da Divindade criadora, visto que
em Deus, bem como na visão mística que o apreende, Conhecedor, Conhecido e
Conhecimento são uma única e mesma coisa.
Apesar das aparências diferentes, essa formulação árabe está muito perto da
trindade cristã: basta substituir o Conhecedor pelo Pai, o Conhecido pelo Filho e o
Conhecimento pelo Espírito Santo para que as duas expressões se tornem homólogas.
Por Armando