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SUMÁRIO
Plenário
Homologação de acordo de colaboração premiada e limites de atuação do relator
Colaboração premiada: prevenção e conexão
Interpretação do art. 62, § 6º, da CF e limitação do sobrestamento – 3
Meio ambiente e poluição: competência municipal - 5
1ª Turma
Prisão preventiva e destruição de provas
Crime de estupro e ―beijo lascivo‖
2ª Turma
Base de cálculo de taxa de fiscalização e funcionamento e número de empregados
Decisão do CNJ e abono de férias de juízes
Clipping da Repercussão Geral
Transcrições
‗Habeas Corpus‘ - Liberdade de locomoção física - Ausência - Impossibilidade de convolação do HC
em Mandado de Segurança (HC 145.445-MC/DF)
Inovações Legislativas
Outras Informações
PLENÁRIO
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12.850/2013. Diante disso, a questão de ordem foi submetida à deliberação do Plenário do STF, com base
no princípio da segurança jurídica, insculpido no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal (CF).
O Plenário, por maioria, resolveu a questão de ordem no sentido de reafirmar — nos limites dos §§
7º e 11 do art. 4º (1) da Lei 12.850/2013 e incisos I e II do art. 21 (2) do Regimento Interno do STF
(RISTF) — a atribuição do relator para, monocraticamente, homologar acordos de colaboração premiada,
oportunidade na qual se limita ao juízo de regularidade, legalidade e voluntariedade da avença.
Reafirmou, também, a competência colegiada do STF para avaliar, em decisão final de mérito, o
cumprimento dos termos bem como a eficácia do acordo.
Além disso, consignou que acordo homologado como regular, voluntário e legal gera vinculação
condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos pela colaboração. Salientou, ainda, que ao órgão
colegiado é facultada a possibilidade de analisar fatos supervenientes ou de conhecimento posterior que
firam a legalidade, nos termos do § 4º do art. 966 (3) do Código de Processo Civil/2015 (CPC/2015).
Inicialmente, a Corte asseverou haver dois pontos em discussão: o poder do relator à luz do
RISTF para a homologação do acordo de colaboração premiada, tanto no que concerne ao alcance quanto
no que se refere aos limites dos atos; e o momento de aferição do cumprimento dos termos do acordo e
sua eficácia.
Diante disso, fixou dois nortes: a) os moldes do que foi decidido no HC 127.483/PR (DJE de
4.2.2016), a fim de reafirmar a atribuição do relator como corolário dos poderes instrutórios para
ordenar a realização de meios de obtenção de provas, nos termos que lhe são conferidos pelos incisos
I e II do art. 21 do RISTF, e, por conseguinte, homologar monocraticamente acordos de colaboração
premiada — oportunidade em que se limita ao juízo de regularidade, legalidade e voluntariedade da
avença, nos limites do art. 4º, § 7º, da Lei 12.850/2013; e b) o juízo sobre o cumprimento dos termos do
acordo de colaboração e sua eficácia, conforme preceitua o art. 4º, § 11, da Lei 12.850/2013.
Nesse sentido, frisou que o que se põe ao exame do Colegiado é o momento dessa apreciação, ou
seja, o instante da análise de mérito. Essa é a ocasião da prolação da sentença no STF em decisão
colegiada, em Turma ou Pleno, etapa em que se confere concretude ao princípio acusatório que rege o
processo penal no Estado Democrático de Direito.
Destacou, ainda, que atualmente não há mais controvérsia acerca da natureza jurídica do instituto,
considerado, em termos gerais, um negócio jurídico processual firmado entre o Ministério Público e o
colaborador. Essa característica é representada pelas normas extraídas dos §§ 6º e 7º do art. 4º da Lei
12.850/2013, as quais vedam a participação do magistrado na celebração do ajuste entre as partes e
estabelecem os limites de cognoscibilidade dos termos pactuados. Trata-se, portanto, de meio de obtenção
de prova cuja iniciativa não se submete à reserva de jurisdição, diferentemente do que ocorre, por
exemplo, com a quebra do sigilo bancário ou fiscal e com a interceptação de comunicações telefônicas.
Nesse panorama jurídico, as tratativas e a celebração da avença são mantidas exclusivamente entre
o Ministério Público e o pretenso colaborador, o que ocorreu no caso concreto. O Poder Judiciário é
convocado ao final dos atos negociais apenas para aferir os requisitos legais de existência e validade, com
a indispensável homologação. Nesse sentido foram as conclusões sobre a homologação no julgamento do
HC 127.483/PR.
A Corte destacou, no ponto, que esse provimento interlocutório — o qual não julga o mérito da
pretensão acusatória, mas resolve uma questão incidente — tem natureza meramente homologatória,
limitando-se ao pronunciamento sobre a regularidade, legalidade e voluntariedade do acordo (art. 4º, § 7º,
da Lei 12.850/2013). O juiz, ao homologar o acordo de colaboração, não emite juízo de valor a respeito
das declarações eventualmente prestadas pelo colaborador à autoridade policial ou ao Ministério Público,
nem confere o signo da idoneidade a seus depoimentos posteriores.
Entendimento contrário colocaria em risco a própria viabilidade do instituto, diante da iminente
ameaça de interferência externa nas condições acordadas pelas partes, reduzindo de forma significativa o
interesse no ajuste. Essa ―postura equidistante‖ do juiz em relação às partes no processo penal informa o
citado comando legal que prestigia o sistema acusatório. Se as declarações do colaborador são verdadeiras
ou respaldadas por provas de corroboração, esse juízo será feito apenas ―no momento do julgamento do
processo‖, no momento diferido, qual seja, na sentença, conforme previsto no § 11 do art. 4º da Lei
12.850/2013. Nessa etapa, serão analisados os elementos trazidos pela colaboração e sua efetividade.
Dessa forma, o Colegiado considerou ser imprescindível chancelar a importância da preservação
da segurança jurídica e da própria figura da colaboração premiada como instrumento relevante para coibir
delitos, sobretudo contra o erário.
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Em conclusão quanto ao primeiro ponto discutido, afirmou que, no ato de homologação da
colaboração premiada, não cabe ao magistrado, de forma antecipada e extemporânea, tecer juízo de valor
sobre o conteúdo das cláusulas avençadas, exceto nos casos de flagrante ofensa ao ordenamento jurídico
vigente. Se assim agir, estará interferindo indevidamente na atuação dos órgãos de investigação, porque a
celebração do acordo de colaboração premiada não trata de medida submetida à reserva de jurisdição.
Repisou que, conforme decidido no julgamento do HC 127.483/PR (DJE de 4.2.2016), o art. 21, I
e II, do RISTF confere ao relator poderes instrutórios para ordenar, de forma singular, a realização de
quaisquer meios de obtenção de provas. Ressaltou que a natureza jurídica do acordo de colaboração
premiada como meio de obtenção de prova é ato inserido nas atribuições regimentais do relator, ainda que
os fatos apresentados pelos colaboradores envolvam supostas ações e omissões de ocupante de cargo da
Presidência da República, a serem provadas e, se comprovadas, tornadas objeto de processamento de ação
penal que compete ao Plenário do STF.
Portanto, não há qualquer óbice à homologação do respectivo acordo mediante decisão
monocrática.
Quanto ao segundo ponto, o Colegiado esclareceu que o ensejo dessa oportunidade se relaciona ao
momento para o exercício da aferição do cumprimento dos termos do acordo e da sua eficácia ao que está
previsto no § 11 do art. 4º da Lei 12.850/2013.
Havendo foro por prerrogativa de função no STF, somente o juízo colegiado — Turma ou Pleno
— poderá examinar o recebimento da denúncia e, em caso afirmativo, julgar a respectiva ação penal
(RISTF, art. 5º, I). Esse juízo não é do relator, mas do Colegiado, sem embargo, para efeitos ordinatórios
e instrutórios, da previsão do art. 21, XV (4), do RISTF.
A instauração de inquérito é fase preliminar investigatória, na qual estão as colaborações, que,
como meios de obtenção de prova, não são idôneas para se condenar, mas apenas para se ensejar a
investigação onde há dúvida a ser dirimida ou indício a ser provado. Por isso, no momento de
homologação, o juízo é preliminar e preambular. Somente no julgamento de mérito o Poder Judiciário,
autorizado pela lei, poderá definir a extensão da colaboração e analisar o benefício respectivo.
A Corte observou, também, que a lei permite ao Judiciário, em fase diferida, após a conclusão da
instrução probatória, avaliar se os termos da colaboração premiada foram cumpridos e se os resultados
concretos foram atingidos, o que definirá sua eficácia. [Lei 12.850/2013, art. 4º, §§ 9º e 12 (5)]
Consignou que a última palavra será sempre do Colegiado, inexistindo quaisquer óbices jurídicos
de índole subjetiva ou objetiva aptos a impedir a atuação do relator. O julgamento de mérito será levado a
efeito pelo colegiado de juízes do STF ao apreciar os termos e a eficácia do acordo de colaboração.
Reside na ambiência inafastável do Pleno a atribuição de juiz natural nos termos da competência deferida
pela ordem jurídica, o que não contrasta com os regimentais poderes instrutórios e mesmo cautelares do
relator.
Salientou, por fim, que o direito subjetivo do colaborador nasce e se perfectibiliza na exata medida
em que ele cumpre seus deveres. Estes são ―condictio sine qua non‖ para que o colaborador possa fruir
desses direitos. Nesse contexto, o acordo homologado como regular, voluntário e legal gera vinculação,
condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos pela colaboração, salvo ilegalidade superveniente
apta a justificar nulidade ou anulação do negócio jurídico.
Vencidos os ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio.
O ministro Ricardo Lewandowski divergiu pontualmente. Para ele, na delação premiada, apesar do
relevante papel do MPF, a última palavra — não quanto à conveniência e oportunidade da celebração do
acordo, mas quanto à legalidade ―lato sensu‖ da avença — é do Poder Judiciário; neste caso, do juiz
relator e também do Plenário, em última análise.
Asseverou existirem dois momentos para analisar as cláusulas e condições das delações premiadas.
O primeiro, precário e efêmero, é realizado pelo relator, com base no art. 21 do RISTF. Nele se verifica a
presença dos requisitos de regularidade, voluntariedade e legalidade. Esta última, no entanto, é empregada
em seu sentido amplo. O relator tem o dever de vetar cláusulas que excluam da apreciação do Judiciário
lesão ou ameaça de lesão a direitos; estabeleçam o cumprimento imediato da pena ainda não fixada;
fixem regime de cumprimento de pena não autorizado pela legislação em vigor; avancem sobre cláusulas
de reserva de jurisdição; determinem o compartilhamento de provas e informações sigilosas sem
intervenção da justiça; ou autorizem a divulgação de informações que atinjam a imagem ou a esfera
jurídica de terceiros.
Em um segundo momento, havendo falha ou dados porventura não examinados na análise
perfunctória da legalidade pelo relator, caberá ao Plenário apreciar esses aspectos. A decisão do relator
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permite que a delação premiada possa efetivar-se no plano da realidade fática, mas, embora importante, não
vincula o Plenário no que diz respeito aos aspectos da legalidade ―lato sensu‖. Em suma, a última palavra
quanto à legalidade e à constitucionalidade das cláusulas e condições ajustadas no acordo de colaboração
premiada é do juiz natural, que, nesse caso, é o Colegiado.
Para o ministro Gilmar Mendes, a homologação dos acordos de colaboração premiada é de competência
do Colegiado, especialmente em casos que envolvam dispensa da denúncia. O acordo de colaboração premiada
deve ser admitido, desde que esteja nos limites da Lei 12.850/2013. Compete à Corte realizar o controle efetivo
e eficaz dessa legalidade, que tem como limite apenas o espaço conferido pela lei para o juízo de conveniência
e oportunidade da acusação e da defesa, mas é poder-dever do juiz aprofundar a avaliação da legalidade do
acordo, inclusive quanto à extensão dos benefícios prometidos.
Segundo ressaltou, o acordo de colaboração não é simples meio de obtenção de prova, mas um negócio
jurídico com efeitos benéficos ao colaborador. Nessa mesma linha, os acordos, que podem envolver redução de
penas, não podem vincular o Colegiado, o qual, na fase de julgamento, avaliará apenas sua eficácia. Em alguns
casos, é oferecido perdão ao delator, com dispensa de denúncia, o que torna a decisão monocrática ainda mais
incompatível com o sistema jurídico caso o processo não seja submetido ao Colegiado. Por fim, o ministro
asseverou que a homologação do acordo não tem eficácia preclusiva completa, a afastar totalmente sua revisão,
por ocasião do julgamento.
Para o ministro Marco Aurélio, os poderes do relator no momento da homologação do acordo de
colaboração premiada não deveriam ser tão amplos. Para ele, não compete ao relator avançar e endossar os
parâmetros do acordo. Tal faculdade cabe apenas ao órgão que cumprirá o julgamento de eventual ação penal
que venha a ser proposta.
(1) Lei 12.850/2013: ―Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: (...) § 7º Realizado o
acordo na forma do § 6º, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz
para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o
colaborador, na presença de seu defensor. (...) § 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia.‖
(2) Regimento Interno do STF: ―Art. 21. São atribuições do Relator: I – ordenar e dirigir o processo; II – executar e fazer cumprir
os seus despachos, suas decisões monocráticas, suas ordens e seus acórdãos transitados em julgado, bem como determinar às autoridades
judiciárias e administrativas providências relativas ao andamento e à instrução dos processos de sua competência, facultada a delegação de
atribuições para a prática de atos processuais não decisórios a outros Tribunais e a juízos de primeiro grau de jurisdição;‖
(3) Código de Processo Civil de 2015: ―Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: (...) § 4º
Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os
atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.‖
(4) Regimento Interno do STF: ―Art. 21. São atribuições do Relator: (...) XV – determinar a instauração de inquérito a pedido do
Procurador-Geral da República, da autoridade policial ou do ofendido, bem como o seu arquivamento, quando o requerer o Procurador-Geral
da República, ou quando verificar: a) a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; b) a existência manifesta de causa
excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; c) que o fato narrado evidentemente não constitui crime; d) extinta a
punibilidade do agente; ou e) ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade.‖
(5) Lei 12.850/2013: ―Art. 4º (...) § 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu
defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações. (...) § 12. Ainda que
beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da
autoridade judicial.‖
Pet 7074 QO/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 21, 22, 28 e 29.6.2017. (Pet-7074)
Pet 7074/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 21, 22, 28 e 29.6.2017. (Pet-7074)
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tais inquéritos, desde então, vêm sendo utilizados como referência à distribuição por prevenção ao relator
dos feitos relacionados à operação Lava Jato, importando afirmar que a correta delimitação do parâmetro
de aferição das causas de modificação da competência (conexão e continência) deve ter por referência
seus predecessores.
Em seguida, o Colegiado teceu considerações acerca do instituto da colaboração premiada,
necessárias ao correto desate da controvérsia quanto à prevenção. Nesse sentido, ressaltou que, no seio da
avença, o colaborador presta declarações perante a autoridade policial e/ou o Ministério Público com
vistas a um ou mais resultados elencados nos incisos do art. 4º da Lei 12.850/2013. Não raro, como ocorre
na hipótese em análise, relata-se mais de um fato delituoso em contextos não necessariamente imbricados.
Ponderou que, apesar de a Corte ter decidido, no Inq 4.130 QO/PR (DJE de 3.2.2016), que o juízo
homologador do acordo não é, necessariamente, competente para o processamento de todos os fatos
relatados, existindo, entretanto, entre esses episódios, ao menos um em que se verifique a presença de
conexão com objeto de feito previamente distribuído, faz-se imperiosa a observância da regra prevista no
art. 79, ―caput‖ (1), do Código de Processo Penal (CPP), a demandar a distribuição por prevenção, nos
exatos termos do art. 69, ―caput‖, do RISTF.
Com efeito, verificada a existência de liame de natureza objetiva, subjetiva ou probatória entre o
conteúdo de termos de depoimento prestados pelo colaborador e o objeto de investigação em curso,
incumbe à autoridade judicial responsável pela supervisão do procedimento investigatório, por força da
prevenção, homologar o acordo de colaboração celebrado e adotar, subsequentemente, as providências
acerca de cada fato relatado. Tal conclusão resguarda o jurisdicionado dos efeitos da litispendência e da
coisa julgada.
O Colegiado frisou ser o juízo prevento o detentor de condições mais adequadas para analisar os
pontos de contato entre as declarações dos colaboradores e as outras investigações em curso, impondo, se
for o caso, a tramitação conjunta.
Ressaltou que o pano de fundo da controvérsia está na homologação dos acordos de colaboração
premiada celebrados entre integrantes de grupo empresarial e o Ministério Público Federal (MPF).
Conforme requerimento ministerial na Pet 7.003/DF, no momento em que submetidos à homologação
judicial, noticiou-se a existência, entre os termos de depoimento prestados, de fatos envolvendo
autoridades com foro por prerrogativa de função no STF, entre os quais se identificaram procedimentos já
distribuídos ao relator com objetos conexos. Salientou que, embora da narrativa exposta pelo MPF não
seja possível constatar a prática de atos em detrimento da Petrobras S.A. — parâmetro inicialmente
utilizado pela Corte para definir os limites da operação de repercussão nacional (Inq 4.130/PR) e, por
conseguinte, a prevenção —, não se verifica qualquer mácula na distribuição do pedido de homologação
dos acordos de colaboração.
Lembrou, ademais, que a jurisprudência da Corte orienta-se no sentido de ser a fixação da
competência de um ministro para relatar causas e recursos um assunto atinente à organização interna do
Tribunal e, portanto, indisponível ao interesse das partes. Cuida-se de ato privativo da Presidência do
STF, na qualidade de órgão supervisor da distribuição, e, como tal, de mero expediente, a atrair a
incidência do art. 504 do Código de Processo Civil (CPC).
Quanto ao caso em tela, afirmou que, conforme relatório da decisão proferida na Pet 7.003/DF em
18.5.2017, o colaborador, em seus termos de depoimento, relata, entre outros fatos, o sistema de conta-corrente
que teria como beneficiário ex-parlamentar. Este, por sua vez, atuaria em favor de grupo empresarial em
questões relativas a financiamentos da Caixa Econômica Federal (CEF), especialmente no âmbito do
Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS). O acordo de colaboração
premiada submetido à homologação do STF, por conter menção a autoridades detentoras de foro por
prerrogativa, demonstra evidente relação de conexidade com o objeto do Inq 4.266, deflagrado para
apurar as condutas supostamente delituosas praticadas pelo então deputado federal em detrimento do FI-FGTS,
administrado pela CEF.
Considerou, ainda, que, embora o aludido inquérito tenha sido baixado ao primeiro grau de
jurisdição, pois o investigado não mais ocupa o cargo que lhe garantia a prerrogativa de foro no STF, o
art. 74, § 1º, do RISTF estabelece que ―o inquérito ou a ação penal, que retornar ao Tribunal por
restabelecimento da competência por prerrogativa de foro, será distribuído ao Relator original‖. Em
outras palavras, caso o investigado incorra em qualquer das situações jurídicas previstas no art. 102, I, ―b‖
e ―c‖, da Constituição Federal (CF), os autos devem retornar ao ministro Edson Fachin, na qualidade de
sucessor do ministro Teori Zavascki no que toca à cadeia de prevenção estabelecida com a distribuição da
Rcl 17.623/DF.
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Por todas essas razões, o Plenário julgou não se verificar qualquer ilegalidade na distribuição por
prevenção do pedido de homologação do acordo de colaboração premiada em análise, diante da evidente
existência de fatos relatados conexos com investigações em curso sob a relatoria do ministro Edson
Fachin.
Entendeu não se poder falar, ainda, em violação ao princípio do juiz natural no tocante às providências
adotadas na decisão proferida em 18.5.2017, relativamente às pessoas mencionadas nos depoimentos dos
colaboradores e desprovidas de foro por prerrogativa na Suprema Corte. Constatado o envolvimento de alguma
das autoridades elencadas no art. 102, I, ―b‖ e ―c‖, da CF, cabe ao STF decidir, com exclusividade, sobre a
permanência da investigação ou da ação penal deflagrada em desfavor das demais pessoas não submetidas à
jurisdição criminal originária prevista no citado dispositivo constitucional, adotando-se, como regra, o
desmembramento, salvo nas hipóteses em que a cisão possa causar prejuízo relevante.
Desse modo, tendo em vista que os termos de depoimento prestados pelo colaborador fazem parte de
um mesmo acordo de colaboração premiada, os fatos dos quais não há notícia de participação de autoridade
detentora de foro por prerrogativa no STF, além daqueles em que não se observa qualquer relação de
conexidade com investigações ou ações penais em curso, devem ser encaminhados para tratamento adequado
perante a autoridade jurisdicional competente.
Na hipótese em concreto, tendo em conta que o agravante atualmente ocupa o cargo de governador do
Estado do Mato Grosso do Sul e que os fatos a ele relacionados não se afiguram conexos com quaisquer
investigações ou ações penais em curso no STF, o relator autorizou o procurador-geral da República a utilizar
os respectivos termos de depoimento perante o Superior Tribunal de Justiça, órgão do Poder Judiciário
competente, nos termos do art. 105, I, ―a‖, da CF, para o adequado tratamento dos fatos em observância às
garantias constitucionais aplicáveis.
Por fim, concluiu não haver qualquer mácula no procedimento adotado na Pet 7.003/DF, seja na sua
distribuição por prevenção, seja nas providências deferidas na decisão de 18.5.2017.
(1) CPP: ―Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:‖
Pet 7074 QO/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 21, 22, 28 e 29.6.2017. (Pet-7074)
Pet 7074/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 21, 22, 28 e 29.6.2017. (Pet-7074)
1ª Parte:
2ª Parte:
3ª Parte:
4ª Parte:
5ª Parte:
6ª Parte:
7ª Parte:
1ª Parte:
2ª Parte:
3ª Parte:
4ª Parte:
5ª Parte:
6ª Parte:
7ª Parte:
8ª Parte:
9ª Parte:
10ª Parte:
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O Colegiado entendeu que a interpretação emanada do presidente da Câmara dos Deputados
reflete, com fidelidade, solução jurídica plenamente compatível com o modelo teórico da separação de
poderes. Tal interpretação revela fórmula hermenêutica capaz de assegurar, por meio da preservação de
adequada relação de equilíbrio entre instâncias governamentais (o Poder Executivo e o Poder
Legislativo), a própria integridade da cláusula pertinente à divisão do poder.
Nesse contexto, deu interpretação conforme ao § 6º do art. 62 da CF, na redação resultante da
Emenda Constitucional 32/2001, para, sem redução de texto, restringir-lhe a exegese. Assim, afastada
qualquer outra possibilidade interpretativa, fixou-se entendimento de que o regime de urgência previsto
no referido dispositivo constitucional — que impõe o sobrestamento das deliberações legislativas das
Casas do Congresso Nacional — refere-se apenas às matérias passíveis de regramento por medida
provisória. Excluem-se do bloqueio, em consequência, as propostas de emenda à Constituição e os
projetos de lei complementar, de decreto legislativo, de resolução e, até mesmo, de lei ordinária, desde
que veiculem temas pré-excluídos do âmbito de incidência das medidas provisórias [CF, art. 62, § 1º, I, II
e IV (2)].
Vencido o ministro Marco Aurélio, que concedeu a ordem. Para ele, o dispositivo constitucional
em debate é claro no sentido de que a não aprovação de medida provisória após 45 dias deve paralisar
toda a pauta, de modo a compelir a Casa Legislativa a se pronunciar de forma positiva quanto à
aprovação, ou de forma negativa, considerado o teor da medida provisória.
(1) Constituição Federal/1988: ―Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (...) § 6º Se a medida provisória
não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em
cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações
legislativas da Casa em que estiver tramitando.‖
(2) Constituição Federal/1988: ―Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas
provisórias sobre matéria: I – relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; b) direito
penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
membros; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no
art. 167, § 3º; II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (...) IV – já
disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.‖
MS 27931/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 29.6.2017. (MS-27931)
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Vencidos os ministros Cezar Peluso, Eros Grau e Gilmar Mendes, que proveram o recurso.
Asseveraram que a matéria de fundo diz respeito ao art. 22, XI, da CF (4).
(1) Enunciado 266 da Súmula do STF: ―Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.‖
(2) Constituição Federal/1988: ―Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre: (...) VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
ambiente e controle da poluição. § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. §
3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades.‖
(3) Constituição Federal/1988: ―Art. 30. Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local; II –
suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.‖
(4) Constituição Federal/1988: ―Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XI – trânsito e transporte.‖
RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em
29.6.2017. (RE-194704)
PRIMEIRA TURMA
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AC 4327 AgR/DF-segundo, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em
20.6.2017. (AC-4327)
AC 4327 AgR/DF-quarto, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em
20.6.2017. (AC-4327)
AC 4327 AgR/DF-sexto, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em
20.6.2017. (AC-4327)
(1) Código Penal: ―Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena
– reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.‖
(2) Lei de Contravenções Penais: ―Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo
reprovável: Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.‖
(3) Código Penal: ―Art. 213. Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça: Pena – reclusão,
de três a oito anos; (...) Art. 214. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se
pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: Pena – reclusão de dois a sete anos.‖ (Redação anterior à vigência da Lei
12.015/2009.)
HC 134591/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 27.6.2017. (HC-134591)
SEGUNDA TURMA
DIREITO TRIBUTÁRIO - TAXAS
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Base de cálculo de taxa de fiscalização e funcionamento e número de empregados
As taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem ter como base de cálculo o
número de empregados ou ramo de atividade exercida pelo contribuinte.
Com base nesse entendimento, a Segunda Turma, por maioria, negou provimento a agravo em que
se discutiu a legitimidade da Taxa de Fiscalização de Estabelecimentos (TFE), instituída pela Lei
13.477/2002 do Município de São Paulo.
No caso, o recorrente alegou que a base de cálculo da TFE é o custo do exercício do poder de
polícia e que a lei paulistana utilizou como critério para aferição justa desse custo o tipo de atividade
desenvolvida no estabelecimento. Aduziu, ainda, que o custo da fiscalização municipal é diretamente
proporcional à atividade desenvolvida pelo contribuinte.
A Turma afirmou não ser possível o conhecimento da matéria relativa à Lei 13.647/2003, que teria
introduzido critérios secundários para diferenciar o tamanho de estabelecimentos dedicados a uma mesma
atividade. O tema não foi debatido pelo tribunal de origem e o recorrente levantou a questão apenas em
sede de agravo regimental manejado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Vencido o ministro Edson Fachin, que proveu parcialmente o agravo, para determinar a
exigibilidade da referida taxa nos exercícios de 2003, 2004 e 2005. Pontuou que o critério adotado pela lei
municipal é objetivo e permite presunção razoável do custo de fiscalização do estabelecimento por parte
do Município. Dessa forma, é constitucional a adoção de valores fixos retirados da atividade econômica
do contribuinte para a mensuração do ―quantum debeatur‖ de taxa.
ARE 990914/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 20.6.2017. (ARE-990914)
(1) Constituição Federal/1988: ―Art. 7º (...) XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal.‖
(2) Lei Complementar 35/1979: ―Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional.‖
MS 31667/DF-AgR, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 27.6.2017. (MS-31667)
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Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Julgamentos por meio eletrônico*
Pleno 21.6.2017 22.6.2017 4 17
1ª Turma 20.6.2017 — 75 106
2ª Turma 20.6.2017 — 10 56
CLIPPING DA R E P E R C U S S Ã O G E R A L
DJe de 19 a 30 de junho de 2017
Decisões Publicadas: 3
11
TRANSCRIÇÕES
HC 145.445-MC/DF*
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restringiu-se à denegação ―de pedido de afastamento remunerado‖, matéria que, por evidente, não envolve qualquer cerceamento
ao direito de ir, de vir ou de permanecer do magistrado interessado.
Na realidade, eventual lesão ao pretendido afastamento remunerado, caso este pudesse ser considerado como direito
líquido e certo de qualquer magistrado (LC nº 35/79, art. 73, III), seria reparável, ao menos em tese, mediante utilização de
mandado de segurança, constitucionalmente vocacionado ―a proteger direito líquido e certo, não amparado por „habeas corpus‟
ou „habeas data‟‖ (CF, art. 5º, inciso LXIX).
Como enfatizado, a recusa, por instâncias administrativas do Poder Judiciário, do direito vindicado pelo paciente motivou
a impetração da presente ordem de ―habeas corpus‖, deduzida com o objetivo de viabilizar a obtenção, por referido magistrado, do
afastamento remunerado de suas atividades jurisdicionais no Brasil, cuja autorização – segundo ora sustentado – fundamentar-se-ia no
art. 73, inciso III, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional.
Esse, portanto, é o direito-fim (afastamento funcional remunerado) visado pelo ora paciente, cuja liberdade de locomoção
física – insista-se – não se acha coarctada, nem mesmo remotamente, pelo simples fato de o magistrado em questão poder
locomover-se, com absoluta liberdade, no País ou fora dele!
A única concessão que tem sido feita pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que considera idôneo, para tanto,
o remédio constitucional do ―habeas corpus‖, reside nas hipóteses em que o paciente esteja a sofrer injusto constrangimento de
ordem processual no curso de persecução criminal (HC 94.016/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), caso em que esse ―writ‖
constitucional terá inteira pertinência para preservar os direitos do investigado, do indiciado, do réu e/ou do sentenciado no
contexto de procedimentos penais-persecutórios contra ele instaurados, situação, por óbvio, de todo inocorrente, na espécie, em
relação ao ora paciente.
Cabe acentuar, por relevante, tal como advertiu o eminente Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE, que, na situação que
venho de referir, “Não se trata (…) de fazer reviver a „doutrina brasileira do ‗habeas corpus‘‘, mas, sim, de dar efetividade
máxima ao remédio constitucional contra a ameaça ou a coação da liberdade de ir e vir, que não se alcançaria, se limitada a sua
admissibilidade às hipóteses da prisão consumada ou iminente” (HC 82.354/PR, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – grifei),
eis que a admissibilidade desse “writ” constitucional mostrar-se-á viável, sempre, não obstante meramente potencial a ofensa ao
direito de ir, vir ou permanecer do paciente, naqueles casos em que contra ele for instaurada a pertinente “persecutio criminis”:
“I. „Habeas corpus‟: admissibilidade: decisão judicial que, no curso do inquérito policial, autoriza quebra de sigilo
bancário.
Se se trata de processo penal ou mesmo de inquérito policial, a jurisprudência do STF admite o ‘habeas corpus’,
dado que de um ou outro possa advir condenação a pena privativa de liberdade, ainda que não iminente, cuja aplicação
poderia vir a ser viciada pela ilegalidade contra o qual se volta a impetração da ordem.
Nessa linha, não é de recusar a idoneidade do „habeas corpus’, seja contra o indeferimento de prova de interesse do
réu ou indiciado, seja, o deferimento de prova ilícita ou o deferimento inválido de prova lícita: nessa última hipótese,
enquadra-se o pedido de „habeas corpus‟ contra a decisão – alegadamente não fundamentada ou carente de justa causa – que
autoriza a quebra do sigilo bancário do paciente (…).”
(HC 79.191/SP, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – grifei)
A ação de ―habeas corpus‖, portanto, enquanto remédio jurídico-constitucional revestido de finalidade específica, não
pode ser utilizada como sucedâneo de outras ações judiciais, notadamente naquelas hipóteses em que o direito-fim (ou direito-escopo, na
expressão feliz de PEDRO LESSA) não se identifica – tal como neste caso ocorre (em que se impugna a denegação de afastamento
funcional remunerado) – com a própria liberdade de locomoção física.
É que entendimento diverso conduziria, necessariamente, à descaracterização desse instrumento tutelar da liberdade de
locomoção. Não se pode desconhecer que, com a cessação da doutrina brasileira do ―habeas corpus‖, motivada pela Reforma
Constitucional de 1926, restaurou-se, em nosso sistema jurídico, a função clássica desse remédio heroico. Por tal razão, não se
revela suscetível de conhecimento a ação de ―habeas corpus‖, quando promovida contra ato (ou omissão) estatal de que não
resulte, de modo imediato, ofensa, atual ou iminente, à liberdade de locomoção física (RTJ 135/593 – RTJ 136/1226 – RTJ
142/896 – RTJ 152/140 – RTJ 178/1231 – RTJ 180/962 – RTJ 197/587-588, v.g.):
“A função clássica do „habeas corpus‟ restringe-se à estreita tutela da imediata liberdade de locomoção física das
pessoas.
– A ação de „habeas corpus‟ – desde que inexistente qualquer situação de dano efetivo ou de risco potencial
ao „jus manendi, ambulandi, eundi ultro citroque‘ – não se revela cabível, mesmo quando ajuizada para discutir
eventual nulidade do processo penal em que proferida decisão condenatória definitivamente executada.
Esse entendimento decorre da circunstância histórica de a Reforma Constitucional de 1926 – que importou
na cessação da doutrina brasileira do ‘habeas corpus’ – haver restaurado a função clássica desse extraordinário
remédio processual, destinando-o, quanto à sua finalidade, à específica tutela jurisdicional da imediata liberdade de
locomoção física das pessoas. Precedentes.”
(RTJ 186/261-262, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
Cabe fazer aqui um pequeno registro histórico concernente ao tratamento jurisprudencial que esta Suprema Corte conferiu
ao remédio do ―habeas corpus‖ ao longo de nossa primeira Constituição republicana.
Foi no Supremo Tribunal Federal que se iniciou, sob a égide da Constituição republicana de 1891, o processo de
construção jurisprudencial da doutrina brasileira do ―habeas corpus‖, que teve, nesta Corte, como seus principais formuladores,
os eminentes Ministros PEDRO LESSA e ENÉAS GALVÃO.
A origem dessa formulação doutrinária reside, como sabemos, nos julgamentos que, proferidos no célebre ―Caso do
Conselho Municipal do Distrito Federal‖, ampliaram, de modo significativo, o âmbito de incidência protetiva do remédio
constitucional do ―habeas corpus‖.
Refiro-me aos julgamentos plenários que esta Suprema Corte proferiu em 08/12/1909 (RHC 2.793/DF, Rel. Min.
CANUTO SARAIVA), em 11/12/1909 (HC 2.794/DF, Rel. Min. GODOFREDO CUNHA) e em 15/12/1909 (HC 2.797/DF, Rel.
Min. OLIVEIRA RIBEIRO, e RHC 2.799/DF, Rel. Min. AMARO CAVALCANTI), além daquele que resultou na concessão, em
25/01/1911, do HC 2.990/DF, Rel. Min. PEDRO LESSA.
As decisões proferidas em mencionados julgamentos revestem-se de aspecto seminal no que concerne ao próprio ―corpus‖
doutrinário que se elaborou, naquele particular momento histórico, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, no contexto da
teoria brasileira do “habeas corpus‖, cuja incidência permitia, como já assinalado, o amparo jurisdicional de outros direitos,
que não apenas o direito de ir, vir e permanecer, desde que aqueles outros direitos guardassem relação de dependência com a
liberdade de locomoção física do indivíduo ou tivessem por fundamento ou pressuposto a prática dessa mesma liberdade, tal como
claramente expôs, em clássica monografia (―Do Poder Judiciário‖, p. 285/287, § 61, 1915, Francisco Alves), o eminente
Ministro PEDRO LESSA:
13
“Algumas vezes, entretanto, a ilegalidade de que se queixa o paciente não importa a completa privação da liberdade
individual. Limita-se, a coação ilegal a ser vedada, unicamente à liberdade individual, „quando esta tem por fim próximo o
exercício de um determinado direito‟. Não está o paciente preso, nem detido, nem exilado, nem ameaçado de imediatamente
o ser. Apenas o impedem de ir, por exemplo, a uma praça pública, onde se deve realizar uma reunião com intuitos políticos;
a uma casa comercial, ou a uma fábrica, na qual é empregado; a uma repartição pública, onde tem de desempenhar uma
função, ou promover um interesse; à casa em que reside, ao seu domicílio.
.......................................................................................................
Pouco importa a espécie de direitos que o paciente precisa ou deseja exercer. Seja-lhe necessária a liberdade de
locomoção para pôr em prática um direito de ordem civil, ou de ordem comercial, ou de ordem constitucional, ou de ordem
administrativa, deve ser-lhe concedido o ‗habeas-corpus‘, sob a cláusula exclusiva de ser juridicamente indiscutível este
último direito, o direito escopo. Para recolher à casa paterna o impúbere transviado, para fazer um contrato ou um
testamento, para receber um laudêmio, ou para constituir uma hipoteca; para exercitar a indústria de transporte, ou para
protestar uma letra; para ir votar, ou para desempenhar uma função política eletiva; para avaliar um prédio e coletá-lo, ou
para proceder ao expurgo higiênico de qualquer habitação; se é necessário garantir a um indivíduo a liberdade de
locomoção, porque uma ofensa, ou uma ameaça, a essa liberdade foi embaraço a que exercesse qualquer desses direitos,
não lhe pode ser negado „habeas-corpus‟. (...).” (grifei)
Como salientado, a jurisprudência que se consolidou no Supremo Tribunal Federal ao longo da Constituição de 1891 até a
Reforma de 1926 contemplava a possibilidade de utilização do remédio constitucional do ―habeas corpus‖ mesmo naqueles casos
em que a liberdade de ir, vir e permanecer pudesse ser afetada de modo reflexo por atos estatais supostamente abusivos ou ilegais
(Revista Forense 34/505 – RF 36/192 – RF 38/213 – RF 45/183, v.g.):
“O ‗habeas-corpus‘ é remédio legal para garantir a cidadão membro do poder legislativo municipal o livre exercício
dos seus cargos políticos.”
(RF 22/306, Rel. Min. MANOEL MURTINHO – grifei)
Vale mencionar, neste ponto, como registro histórico, que o Ministro ENÉAS GALVÃO, tal como relembrado por LÊDA
BOECHAT RODRIGUES (―História do Supremo Tribunal Federal‖, vol. III/33-35, 1991, Civilização Brasileira), aprofundou,
ainda mais, a discussão em torno do alcance do ―habeas corpus‖, sustentando – para além do que preconizava PEDRO LESSA – que
esse remédio constitucional deveria ter campo de incidência muito mais abrangente, em ordem a proteger outros direitos, mesmo que estes
não tivessem por fundamento o exercício da liberdade de locomoção física, tal como o evidencia decisão emanada desta Corte
Suprema consubstanciada em acórdão assim ementado:
“O ‘habeas-corpus’, conforme o preceito constitucional, não se restringe a garantir a liberdade individual, contra a
prisão ou ameaça de prisão ilegais, ampara, também, outros direitos individuais contra o abuso ou violência da
autoridade.
Em casos semelhantes ao atual, o Tribunal tem concedido o ‗habeas-corpus‘ para garantir a posse e exercício de
Vereador eleito, impedido pela autoridade de exercitar o cargo (...).”
(HC 3.983/MG, Rel. Min. CANUTO SARAIVA – grifei)
É importante relembrar, ainda, a decisiva participação de RUI BARBOSA nesse processo de construção hermenêutica
que resultou na elaboração da doutrina brasileira do ―habeas corpus‖.
O grande Advogado e jurisconsulto baiano, em discurso parlamentar proferido no Senado da República, na sessão de
22/01/1915 (―Obras Completas de Rui Barbosa‖, vol. XLII (1915), tomo II/89-161, 1981, MEC/Fundação Casa de Rui Barbosa),
procedeu, de maneira bastante eloquente, em seu último pronunciamento a propósito da intervenção federal no Estado do Rio de
Janeiro, a uma ampla análise do que significou, para o País e para o regime das liberdades constitucionais, a formulação, pelo
Supremo Tribunal Federal, da doutrina brasileira do ―habeas corpus‖.
Vale insistir, no entanto, considerada a cessação da doutrina brasileira do ―habeas corpus‖, cuja formulação
jurisprudencial resultou de uma brilhante construção realizada pelo Supremo Tribunal Federal, que o ―habeas corpus‖, em sua
condição de instrumento de ativação da jurisdição constitucional das liberdades, configura um poderoso meio de cessação do
injusto constrangimento ao estado de liberdade de locomoção física das pessoas. Se essa liberdade não se expõe a qualquer tipo de
cerceamento, e se o direito de ir, vir ou permanecer sequer se revela ameaçado, nada justifica o emprego do remédio heroico do
―habeas corpus‖, por não estar em causa a liberdade de locomoção física:
“CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. ‘HABEAS CORPUS’: CABIMENTO. C.F., art. 5º, LXVIII.
I. – O ‗habeas corpus‘ visa a proteger a liberdade de locomoção – liberdade de ir, vir e ficar – por
ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser utilizado para proteção de direitos outros. C.F., art. 5º, LXVIII.
II. – „H.C.‟ indeferido, liminarmente. Agravo não provido.”
(HC 82.880-AgR/SP, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, Pleno – grifei)
Impende reafirmar, desse modo, que esse remédio constitucional, considerada a sua específica destinação tutelar, tem
por finalidade amparar, em sede jurisdicional, ―única e diretamente, a liberdade de locomoção. Ele se destina à estreita tutela da
imediata liberdade física de ir e vir dos indivíduos (...)‖ (RTJ 66/396 – RTJ 177/1206-1207 – RTJ 197/587-588 – RT 338/99 – RT
423/327 – RF 213/390 – RF 222/336 – RF 230/280, v.g.).
Não foi por outro motivo que o Supremo Tribunal Federal, em situações nas quais se controvertia em torno do
afastamento de cargo público, reputou inadmissível a utilização do remédio constitucional do ―habeas corpus‖, considerando,
para tanto, a distinção, a que anteriormente me referi, entre direito-meio e direito-fim (HC 76.605/SP, Rel. Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE – HC 99.829/RJ, Rel. Min. GILMAR MENDES – HC 107.423-AgR/TO, Rel. Min. ROBERTO BARROSO – HC
110.537- -AgR/DF, Rel. Min. ROBERTO BARROSO – HC 125.958-AgR/SC, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 138.540-MC/AP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.):
“I. – O afastamento do paciente do cargo de Prefeito Municipal não autoriza a impetração de ‗habeas corpus‘,
porquanto não põe em risco a sua liberdade de locomoção. É que o „habeas corpus‟ visa a proteger a liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser utilizado para proteção de direitos outros.
II. – „H.C.‟ não conhecido.”
(HC 84.816/PI, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – grifei)
“1. O „habeas corpus‟ deve ser utilizado „sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder‟ (art. 5º, LXVIII, da CF/88). 2. Não cabe
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„habeas corpus‟ para questionar decisão de Tribunal de Justiça que determina o afastamento cautelar do paciente do
exercício de função pública. Precedentes. (…).”
(HC 119.214/RJ, Red. p/ o acórdão Min. ROBERTO BARROSO – grifei)
Finalmente, torna-se insuscetível de invocação o princípio da fungibilidade das formas processuais, com a finalidade de
obter-se a convolação da presente ação de ―habeas corpus‖ em ação de mandado de segurança.
É que este ―habeas corpus‖, embora inadequado quanto à sua utilização, foi impetrado, em nome próprio, como o
permite o ordenamento positivo, pelos ilustres Advogados do magistrado em questão, que nele figura como paciente, em razão de
o remédio constitucional do ―habeas corpus‖ – por qualificar-se como típica ação penal popular (RT 718/518 – RTJ 164/193,
Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.) – ser ajuizável ―por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem (…)‖ (CPP, art. 654, ―caput‖
– grifei).
O mandado de segurança, por sua vez, ao contrário do que sucede com a ação de ―habeas corpus‖, não admite, em regra,
a substituição processual, ressalvada a hipótese – inocorrente na espécie – prevista no art. 3º da Lei nº 12.016/2009, de todo
inaplicável ao caso ora em exame.
Cumpre assinalar que o entendimento que venho de expor encontra apoio em autorizado magistério doutrinário (HELY
LOPES MEIRELLES, ARNOLDO WALD e GILMAR FERREIRA MENDES, ―Mandado de Segurança e Ações
Constitucionais‖, p. 36, item n. 4, 35ª ed., 2013, Malheiros; HUMBERTO THEODORO JUNIOR, ―Curso de Direito Processual
Civil‖, vol. I/267-269, item n. 185, 56ª ed., 2015, Forense; CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO, ―Instituições de Direito
Processual Civil‖, volume II/120-121, item n. 440, 6ª ed., 2009, Malheiros; VICENTE GRECO FILHO, ―Direito Processual Civil
Brasileiro‖, vol. I/78, item n. 14, 17ª ed., 2003, Saraiva, v.g.), cujas lições fazem incidir, em situações como a dos autos, a norma
restritiva fundada no art. 18, ―caput‖, do novo CPC, de conteúdo essencialmente idêntico ao do art. 6º do ora revogado CPC/73.
Impende registrar, ainda, que essa orientação – impossibilidade da legitimação anômala ou extraordinária, por
substituição processual, fora das hipóteses previstas em lei – tem o beneplácito da jurisprudência que o Supremo Tribunal Federal
firmou na matéria ora em análise (RTJ 130/108, Rel. Min. CÉLIO BORJA – MS 22.444/SP, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA – MS
34.102-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.):
“Mandado de segurança. Legitimidade ativa.
O mandado de segurança pressupõe a existência de direito próprio do impetrante. Somente pode socorrer-se dessa
especialíssima ação o titular do direito, lesado ou ameaçado de lesão, por ato ou omissão de autoridade. A ninguém é dado
pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei (art. 6º do CPC).
Não obstante a gravidade das alegações, evidente é a ilegitimidade do postulante e a falta de interesse processual.
Pedido não conhecido.”
(RTJ 110/1026, Rel. Min. DJACI FALCÃO – grifei)
“Mandado de Segurança. Direito subjetivo. Interesse.
Descabe o mandado de segurança quando o impetrante não tem em vista a defesa de direito subjetivo, mas a de
mero interesse reflexo de normas objetivas. Precedentes e doutrina. (…).”
(RTJ 120/328, Rel. Min. FRANCISCO REZEK – grifei)
“Mandado de segurança. Legitimidade ativa: inexistência.
O mandado de segurança é medida judicial que só pode ser utilizada para defesa de direito próprio e direito do
impetrante, e não para defender direito potencial, e que apenas poderia eventualmente surgir se afastado aquele a quem o
ato apontado como ilegal iria atingir. (…).”
(RTJ 120/816, Rel. Min. ALDIR PASSARINHO – grifei)
“Mandado de Segurança. Não cabe se o ato contra o qual é impetrado não fere direito líquido e certo do
impetrante. A ninguém é dado pleitear em nome próprio direito alheio, salvo quando autorizado por Lei (CPC, art. 6º).
Impetração não conhecida.”
(RTJ 128/1138, Rel. Min. CARLOS MADEIRA – grifei)
“Mandado de segurança requerido pelo Impetrante, na qualidade de cidadão brasileiro, contra ato de Comissão da
Câmara dos Deputados, tendente a possibilitar a adoção da pena de morte, mediante consulta plebiscitária.
Falta de legitimidade ativa do Requerente, por falta de ameaça concreta a direito individual, particularizado em sua
pessoa.”
(RTJ 139/783, Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI – grifei)
“– O autor da ação de mandado de segurança individual não pode pleitear, em nome próprio, a tutela jurisdicional
de direito público subjetivo alheio, salvo quando autorizado por lei (CPC, art. 6º). O impetrante do mandado de segurança
individual, por não dispor de legitimação extraordinária para agir, não pode invocar a proteção jurisdicional do Estado em
favor da generalidade dos participantes de um determinado concurso público.”
(RTJ 179/210-211, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
“MANDADO DE SEGURANÇA (…) – AJUIZAMENTO, EM NOME PRÓPRIO, DE AÇÃO MANDAMENTAL
OBJETIVANDO A PROTEÇÃO DE DIREITO ALHEIO (…) – INADMISSIBILIDADE – CARÁTER EXCEPCIONAL DA
LEGITIMAÇÃO ATIVA EXTRAORDINÁRIA OU ANÔMALA (CPC, ART. 6º) – INOCORRÊNCIA, NO CASO, DA
HIPÓTESE EXCEPCIONAL A QUE SE REFERE O ART. 3º DA LEI Nº 12.016/2009 – PRECEDENTES – DOUTRINA
(…) – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.”
(MS 33.844-MC-AgR/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)
Essa, pois, a razão da impossibilidade de conversão, na espécie, do ―habeas corpus‖ em mandado de segurança.
Sendo assim, e pelas razões expostas, não conheço da presente ação de ―habeas corpus‖, restando prejudicado, em
consequência, o exame do pedido de medida liminar.
Arquivem-se estes autos.
Publique-se.
Brasília, 30 de junho de 2017.
Ministro CELSO DE MELLO
Relator
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INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
19 A 30 DE JUNHO DE 2017
OUTRAS INFORMAÇÕES
19 A 30 DE JUNHO DE 2017
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