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Imaginariosocial
Imaginariosocial
1. O imaginário
Castoriadis deixa claro no prefácio à Instituição imaginária da
sociedade que a noção de imaginário trabalhada por ele tem um
sentido bastante peculiar. Não se trata do oposto do que é real, não é
reflexo, derivação de algo, mas é criação ex nihilo e o próprio
fundamento daquilo que, por meio do imaginário, chamamos de
realidade.
2. Imaginário e sociedade
O que torna uma sociedade coesa são suas instituições e estas
possuem um tecido que as une como um todo: “o magma das
instituições imaginárias sociais”. Castoriadis define estas instituições
como magma porque elas são realidades fluidas, inconscientes que
não podem ser apreendidas pela lógica conjuntista-identitária. E,
ainda, estas instituições são imaginárias e sociais, porque são criação
e porque são “instituídas e compartilhadas por um coletivo social e
anônimo.” (CASTORIADIS, 1987, p. 239)
3. Sujeito-Objeto
A temática da criação do mundo enseja a referência à nova forma de
Castoriadis compreender a relação sujeito-objeto. A filosofia herdada
reforçou essa distinção entre sujeito e objeto, ora valorizando um, ora
o outro, de modo que Castoriadis a caracteriza como: “distinção
rançosa e banal” (CASTORIADIS, 1990, p.262). Nosso autor defende
que há seres como sujeitos e seres como objetos, mas um não
subsume o outro nessa relação. Não podemos nos entregar a um
“delírio solipsista” (ibid.), afirmando que tudo que há é fruto de nossa
consciência transcendental, nem tampouco que o objeto possua
significados em si mesmo. A relação sujeito-objeto para Castoriadis
necessariamente apresenta um terceiro fator: o mundo enquanto tal
deve ser passível de organização. Ou seja, o mundo se permite
moldar.
4. O social-histórico
O social-histórico foi ignorado pela filosofia como modo de ser.
Ele vai de encontro a todo desenvolvimento da ontologia tradicional.
O ser é, para Castoriadis, o contrário de toda determinidade, pois é
Caos, é sem-fundo (CASTORIADIS, 1987, p.233) e, sobretudo, ser é
tempo. A sociedade cria, faz emergir o novo, institui e é instituída no
tempo, mas também cria o tempo, pois este é mais uma de suas
instituições imaginárias sociais. “A história é gênese ontológica”, pois
o por-vir-a-ser se faz na história segundo as auto-alterações da
sociedade. Esta muda constantemente de aspecto, forma (eidos) e tal
forma é imposta violentamente aos núcleos das psiques individuais.
Os indivíduos são resultados da fabricação do imaginário social.
CONCLUSÃO
O conceito de imaginário é central no pensamento de Castoriadis e se
presta a uma crítica do pensamento herdado. Não se busca
determinações no ser, pelo contrário, o ser se faz, se constrói
constantemente através do imaginário social-histórico. A elucidação
de como a sociedade se institui torna os homens e as sociedades
mais conscientes, capazes de fazer o que pensam e pensar no que
fazem. Tudo é da ordem do imaginário.
BIBLIOGRAFIA
CASTORIADIS, C. A Instituição Imaginária da Sociedade. Trad. Guy
Reynaud. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
_______________. As Encruzilhadas do Labirinto/2. Os Domínios do
Homem. Tradução por José Oscar de Almeida Marques. Rio, Paz e
Terra, [1986].1987.
_______________. O Mundo Fragmentado. As Encruzilhadas do
Labirinto/3. Tradução por Rosa Maria Boaventura. Rio, Paz e Terra,
[1990].1992