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Edson Volpato Dutra

TÉCNICAS OPERACIONAIS POLICIAIS


O Treinamento do Policial na Área Operacional

Universidade do Sul de Santa Catarina


Florianópolis, setembro de 2002.
II

Edson Volpato Dutra

TÉCNICAS OPERACIONAIS POLICIAIS


O Treinamento do Policial na Área Operacional

Monografia apresentada como requisito


parcial à obtenção do grau de
Especialista, pelo Curso de Pós
Graduação em Segurança do Cidadão da
Unisul, em Convênio com a Secretaria de
Estado da Segurança Pública.

Universidade do Sul de Santa Catarina


Florianópolis, setembro de 2002.
III

Esta monografia foi aprovada para a obtenção do título de

ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DO CIDADÃO

Professor
Orientador

Banca Examinadora:

Prof.Msc

Profa.Esp.
IV

DEDICATÓRIA

Em especial a todos os colegas Policiais que


pela falta de um treinamento adequado e
constante, perderam suas vidas no
cumprimento do dever e também àqueles
colegas que comungam do mesmo desejo de
uma policia mais preparada tecnicamente.
V

“É necessário encarar o treinamento como


parte da vida normal com seu espírito
imutável”.
Myamoto Musashi
VI

RESUMO

Este trabalho consiste em demonstrar a importância do Treinamento das Técnicas


Operacionais. Salientar que utilização correta das Técnicas Operacionais Policiais,
apenas diminui o grau de risco do infrator, mas não o torna totalmente nulo, que o
conhecimento das técnicas Operacionais e o treinamento constate torna-se de
suma importância para o êxito da missão do Campo Operacional. Hoje existem
inúmeros tipos de Técnicas Operacionais Policiais, sendo que não há uma melhor
que a outra e sim diferente meios de atuação, nível de treinamento, seriedade dos
policiais e equipamento adequado. Assim, aprimorar o treinamento das Técnicas
Operacionais representa proporcionar melhores condições de segurança, não só ao
agente como ao grupo e a sociedade em geral.
VII

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 01

1 ASPECTOS GERAIS DAS TÉCNICAS OPERACIONAIS.................................. 03

1.1 Conceito de Técnicas Operacionais Policiais................................................ 08

1.2 Evolução Histórica das Técnicas Operacionais ............................................11

2 ESTUDO DAS TÉCNICAS OPERACIONAIS POLICIAIS.................................. 13

2.1Abordagem, busca pessoal, algemação e condução do Preso..................... 18


2.1.1Abordagem........................................................................................................ 18
2.1.2 Busca ............................................................................................................... 22
2.1.3 Algemação........................................................................................................ 24
2.1.4 Condução de Preso...........................................................................................26

2.2 Técnicas de Entrada SWAT e SAS................................................................... 27

2.3 Interceptação de Veículo com Suspeito.......................................................... 28

3 OCORRENCIA DE ALTO RISCO........................................................................29

3.1 Gerenciamento de crise....................................................................................29


1.13.1 P Formatados: Marcadores e numeração
rocedimento Policial.......................... .............................................................29
3.2 Causadores do Evento Critico..........................................................................30

4 AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS OPERACIONAIS POLICIAIS ........................... 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................33

BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 36
1

INTRODUÇÃO

A Policia Civil de Santa Catarina implantou a partir de 1996, uma série de


cursos denominados de sensibilização para a qualidade, inicialmente ministrados
para a alta administração e cargos comissionados, no mês de agosto do mesmo
ano estendeu os aludidos cursos às carreiras de Delegado de Policia, comissário de
policia e investigador policial. Estes que passaram a ser chamados de atualização e
aperfeiçoamento, vez que foram introduzidas outras disciplinas, além da qualidade
no serviço Policial tal como o TOP (Técnicas Operacionais Policiais).
A intensificação do treinamento foi influenciada por vários fatores entre
eles as grandes transformações econômicas e sociais que vem acontecendo em
nossa sociedade. A luz dessas mudanças torna-se fundamental a atualização e o
treinamento, ou seja, investir nos policiais através da qualificação.
Assim, como viabilização de ações coerentes com o cenário atual, o
Projeto «Treinamento para profissionais da área de segurança do cidadão» integra o
«Subprograma de Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos» no
«Programa de Modernização do Poder Executivo Federal», negociado entre o
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MP e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento - BID. O projeto, que será implementado pelo Ministério da Justiça
- MJ, apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de
Drogas - UNDCP, prevê em suas especificações:
- Identificação das necessidades de formação, aperfeiçoamento e
especialização de pessoal das polícias federais e estaduais;
- proposta de compatibilização dos currículos, visando garantir o
princípio de eqüidade dos conhecimentos e a modernização do ensino policial.
Considerando a importância da qualificação para uma ação Policial eficaz,
o presente estudo procurará responder a seguinte questão: policial civil do Estado
2

de Santa Catarina está preparado para desenvolver o trabalho operacional com


segurança?

Este estudo tem como objetivo os seguintes pontos:


- analisar a importância da abordagem busca, algemação e condução do
suspeito para o efeito do trabalho policial.
- elencar as vantagens dentro da técnica de entrada da SWAT e SAS
para a segurança do agente e conclusão dos trabalhos
- alertar sobre as vantagens e desvantagens no que se refere à
interceptação de veículos com suspeitos
- adequar o policial civil à nova realidade social, onde o ser humano e o
bem comum são os parâmetros básicos do cumprimento do dever.
Salientamos que jamais poderemos dizer que nossa técnica é absoluta e
melhor, e sim que devido a vários e constantes treinamentos de diferentes técnicas,
chegaremos a uma definição das necessidades para nossa realidade. Deixamos
bem claro que, em alguns casos, o policial, conhecedor das diversas técnicas,
poderá tanto utilizar uma ou outra, ou até sintetizá-las em uma só no transcorrer da
ocorrência.
O maior risco para um governo é iludir-se que possui um grupo de
homens em condições de atuar, quando na realidade os emprega em atividades
diversas daquelas para as quais foram concebidos, ou os mantém com armamento,
treinamento e equipamento inadequados, por esta razão, presenciamos tragédias
como a do seqüestro do ônibus urbano no Rio de Janeiro, no dia 12 de junho de
2000, que resultou na morte do refém e posterior execução do seqüestrador pela
polícia, ou o acontecimento conhecido como o “Massacre de Ramallo” , em 18 de
setembro de 1999, na Argentina, onde após um frustrado assalto a banco,
criminosos e reféns foram metralhados pelo grupo de intervenção, tudo transmitido
ao vivo pela imprensa argentina. Fatos como estes comprometem a imagem da
polícia e do governo, resultando, via de regra, alterações na chefia dos primeiros e
na queda do segundo. Daí a importância a ser dada à formação e manutenção
destes grupos.
Com as respostas obtidas para essa questão espero poder propor
algumas ações corretivas, se este for o caso, para que os futuros programas de
treinamento realizados na instituição aumentem sua eficácia.
3

1. ASPECTOS GERAIS DAS TÉCNICAS OPERACIONAIS

Desde há muito que a eficiência tem sido cortejada. Dentro dessa


perspectiva Garcia (1994) diz que a eficiência é o meio: baseia-se no método, na
rotina e no caminho para se chegar a alguma coisa. Quando se tem um bom
método, uma boa rotina, teremos a premissa de um aumento de eficiência.
Poderemos, entretanto, encontrar uma equipe altamente eficiente, porém pouco
eficaz.
Como se sabe, a eficácia é o resultado: está baseada no alcance dos
objetivos propostos e na conseqüência final do trabalho. Podem existir ainda, de
acordo com Garcia (1994), situações em que a eficiência da equipe não seja das
melhores, porém seu resultado, sua eficácia esteja além das expectativas. O ideal é
otimizar o desempenho eficiente e eficaz. Alcançar objetivos através de resultados
excelentes fazendo as coisas com arte e elegância. A excelência nos meios e nos
fins.
Como sabemos, o treinamento tem por objetivo fornecer às pessoas, de
forma intencional, meios para possibilitar a aprendizagem sobre determinado
assunto. A aprendizagem pode ser definida como o processo pelo qual se adquire
experiências, capazes de aumentar e melhorar a capacidade produtiva de
determinada pessoa. No entender de Bordanave apud Bastos (1994, p.42),
“aprendizagem é uma modificação relativamente permanente na disposição ou na
capacidade do homem, ocorrida como resultado de sua atividade e que não pode
ser simplesmente atribuída ao processo de crescimento e maturação ou a outras
causas como doenças, mutilações genéticas, etc.”.
Seguindo ainda o mesmo raciocínio, Bastos (1994) diz não poder ser o
treinamento entendido como um simples ato, mas como um processo educacional
aplicado de maneira geralmente sistemática e organizado. Neste processo, as
pessoas apreendem conhecimentos específicos, adquirem habilidades em função de
4

objetivos definidos ou modificam atitudes diante das relações entre pessoas ou de


aspectos de tarefa, organização ou ambiente.
Citando Hinrichs, Chiovenato (1988) mostra o processo de treinamento
assemelhando-se a um modelo de sistema aberto, como uma série de
procedimentos e formas para conseguir a aprendizagem de habilidades,
conceitos e atitudes:
- Entradas (inputs), como treinandos, recursos, organizacionais,
objetivos, etc.
- Processamento ou operação, como processos de ensino-
aprendizagem, programas de treinamento, etc.
- Saída (output), como conhecimento, habilidades, atitudes, eficácia
organizacional, etc.
- Retroação (feedback), como avaliação dos procedimentos e
1
resultados do treinamento.
Nota-se uma grande confusão a respeito das denominações que devem
ser atribuídas às diversas práticas de treinamento. Fala-se em “estratégias”, em
“táticas”, em “programas”, em “métodos” e em “técnicas”, quase como se fossem
sinônimos. Os autores em geral, simplesmente listam-nas sem a preocupação de
agrupá-las por família ou qualquer outro critério. Alguns, no entanto, como Abreu e
Masseto apud Bíscaro (1994,p 42) agrupam as estratégias de acordo com os
objetivos da aprendizagem.
E seguindo a classificação de Uris apud Bíscaro (1994,p 36), temos os
seguintes “caminhos”:
Aprender pela experiência.
Aprender pela simulação.
Aprender pela teoria.
Aprender pelo “desenvolvimento do espírito”.
Estes caminhos assinalados por Uris e listados por Bíscaro (1994,p36),
quase sempre se cruzam ou se superpõe e um não exclui os outros, são
quase sempre paralelos. Desta feita depreende-se quatro grandes
orientações pedagógicas:
-Método conceitual ou aprender pela teoria pode ser exemplificado através
de: explanação oral, simples ou com apoio audiovisual, debate, estudo
dirigido, instrução programada, painel, simpósio e universidade aberta.
-Método simulado ou aprender imitando a realidade pode ser exemplificado
através de: dramatizações, Role-playing, jogos de empresa, estudo de
casos, projetos.
-Método comportamental ou aprender pelo desenvolvimento psicológico
pode ser exemplificado através de: aconselhamento psicológico
(counseling), psicodrama, T-grupo (Training-group), socioanálise, dinâmica
2
de grupo.
As mudanças surgem, não somente porque as necessidades que surgem
exigem soluções inovadoras, mas também em função dos novos conhecimentos
que, a cada dia, delineiam modernas perspectivas. De modo geral Bastos
(1994,p103) diz que ignorar a evolução e o progresso, assim como persistir nos

1
CHIAVENATO, Idalberto.Recursos Humanos. 2ed.São Paulo: Atlas 1988.
2
BISCARO, Antonio Waldir.Métodos e Técnicas em T&D. In: BOOG, Gustavo G. Manual de
Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo.Makron Books, 1994
5

velhos hábitos, nos padrões anteriores e nas idéias que “sempre deram certo até
aqui” é mais que estagnar é retroceder. Outra alternativa não resta, a qualquer
atividade que queira se manter de pé, no competitivo e globalizante mercado, senão
manter atentos e perfeitamente instruídos seus colaboradores, mediante constantes
e rotineiros treinamentos.
A maioria dos autores é unânime em reconhecer que o treinamento é a
educação que visa adaptar o homem a determinada atuação sistemática. Por seu
turno, o desenvolvimento seria a educação que visa ampliar e aperfeiçoar o homem
para seu crescimento. O treinamento, muito embora tenha como objetivo principal à
melhora da performance da empresa deve visar, primordialmente, o crescimento das
pessoas que a servem, assertiva esta corroborada pelas palavras de Garcia (1994,p
82), fortalecida a auto-estima dos funcionários, cria-se à ferramenta mais poderosa
de todas: “Um rico e recompensador ambiente de trabalho, em que a palavra de
ordem é SER FELIZ!”.
3
Os ensinamentos de Garcia (1994,p 90) orientam que o treinamento segue
uma rotina que propicia a toda a organização, melhoria na qualidade dos
produtos/serviços prestados. Apesar das dificuldades para o
estabelecimento de definições padrões do que venha a ser qualidade,
alguns conceitos têm sido aceitos e consagrados:
“Qualidade é a adequação ao uso”. (Joseph Juran)
“Qualidade = zero defeito”. (Philip Crosby)
“Já não basta satisfazer o cliente, é preciso encantá-lo”. (Philip Kotler)
Não obstante a dificuldade em se determinar uma definição padrão sobre
o que venha a ser qualidade, existe uma quase unanimidade no sentido de que, o
processo de busca da excelência dos produtos/serviços, estão diretamente
relacionados às exigências do público consumidor. Por seu turno, o despertar para
as exigências e a busca pela excelência dos produtos ofertados, varia de acordo
com a cultura e o grau de desenvolvimento e consciência de cada país e de cada
organização.
Para enfrentar essas mudanças e garantir o seu espaço, as organizações
estão buscando os programas de qualidade. Campos (1992, p.2) colabora, neste
sentido, afirmando que: “Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende

3
GARCIA, J.F. Pereira.T&D Mobilizando a Organização para a Qualidade.In: BOOG, Gustavo G.
Manual de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo.Makron Books, 1994.
6

perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo


certo às necessidades do cliente”.
E para que a efetiva implantação de um programa de qualidade ocorra,
torna-se fundamental a presença dos processos de educação e treinamento, ou
seja, investir nas pessoas que compõem a organização através da qualificação.
Em geral as organizações tem tentado satisfazer as necessidades básicas
de seus colaboradores, através de: salários, assistência médica, social e
previdenciária. Porém muitas vezes esquecem de necessidades não menos
importantes, pessoais e profissionais, notadamente autonomia e auto-realização,
requisitos essenciais à satisfação e evolução de qualquer ser humano produtivo.
Este desafio é singular, especialmente para aqueles que trabalham na
área de treinamento, que envidam esforços para desenvolver a potencialidade de
seus recursos humanos. Acontece que determinados padrões já arraigados nos
modelos institucionais faço menção ao exagero principalmente burocrático nas
instituições e medo da perda de poder, atrapalham de forma muito direta o alcance
desses objetivos.
Desta feita se às instituições cabe facultar os meios, aos dirigentes
compete fixar as metas necessárias para o aperfeiçoamento de seus subordinados.
Uma vez que pessoas e organizações não podem ser separadas, pois juntas
formam um todo.
Como mostra Bastos (1994, p. 140) “Já se tornou um chavão a afirmação
de que produzir hoje, sem levar em consideração as características e os interesses
do consumidor é um verdadeiro suicídio empresarial”.
A participação individual, através de treinamentos de capacitação, do
comprometimento com a instituição e a criatividade individual, prestigia a
competência, ao mesmo tempo em que incentiva o desempenho, valorizando a
participação. É um ciclo benéfico e altamente salutar para toda a organização. “O
indivíduo será competente quando estiver devidamente capacitado para o trabalho,
comprometido com o resultado e conseguir desenvolvê-lo com criatividade”.
Em Santa Catarina, Estado pioneiro na Implantação de um programa de
qualidade abrangente no serviço público, o planejamento estratégico, realizado de
forma participativa na Secretaria de Segurança Pública, culminou com o
estabelecimento de sua missão e visão, quer seja, como missão a razão de ser da
7

instituição, como visão aquilo que se deseja para o futuro (objetivos e metas), sendo
considerada uma das mais completas e que serve de referencial na área pública.
A missão da SSP (Polícia Civil) é “promover a segurança pública e o
estabelecimento de suas políticas, dentro do território catarinense, de
acordo com a legislação vigente, através de ações educativas, preventivas e
repressivas, voltadas ao combate à criminalidade, diretamente ou através
de parcerias, viabilizando condições capazes de garantir os direitos do
cidadão”. E definiu a seguinte visão: “Atingir o reconhecimento da sociedade
catarinense como órgão de excelência em segurança pública e referência
no contexto nacional e internacional de sucesso na prestação de serviços,
atendimento às necessidades do cidadão, rapidez na resolução de
problemas, através de uma equipe de profissionais competente, qualificada
e atualizada, altamente comprometida com a busca incessante da qualidade
4
de vida da população”.
A partir da implantação dos cursos de treinamento e aperfeiçoamento
sentiu-se grande modificação dentro e fora da academia, notou-se uma grande
melhora tanto no atendimento ao público, quanto na parte operacional, os treinados
começaram a executar trabalhos de campo observando com rigor critérios de ordem
técnica. Os cursos despertaram no seio da corporação a discussão de temas há
muito abandonados pela falta de incentivo dos dirigentes maiores da instituição
policial. Sentiu-se que a maioria dos policiais participantes voltou ao trabalho
orgulhosos e motivados, os serviços começaram a fluir de forma mais eficiente e
educada. De modo geral elevou-se a auto estima.
Fato que merece registro é o de que no início dos cursos de “Atualização
e Aperfeiçoamento” os policiais indicados para participarem apresentavam-se na
Acadepol revoltados, pois entendiam que suas indicações representavam uma certa
forma de castigo.
Os primeiros dias de curso eram extremamente difíceis, notava-se grande
revolta no meio dos treinados, a maioria questionava as dificuldades da Instituição, a
qualidade e descaso dos dirigentes, os salários, a alimentação servida, etc.
Como os cursos foram idealizados dentro de aspectos absolutamente
democráticos, onde se dava ampla oportunidade para que todos colocassem suas
idéias, já partir do terceiro dia os policiais integravam-se ao espírito da equipe
ministrante e começavam a participar positivamente. Quando do encerramento dos

4
ACADEMIA da Polícia Civil. Disponível em <www.acadepol.sc.gov.br>
8

cursos, que duravam duas semanas, lágrimas e declarações calorosas eram


evidenciadas, havia um clima de grande satisfação e a maioria absoluta abonava a
iniciativa e o pragmatismo do curso, a ponto de pedir que novos cursos fossem
realizados em curto prazo, para que eles pudessem novamente regressar à
academia de polícia.

1.1. Conceito de técnicas operacionais policiais


Todo procedimento policial, em dupla ou grupo, executados com clareza,
precisão, segurança e eficiência visando à eficácia do procedimento.Com estes
objetivos fundamentais, a abordagem é a parte principal da missão, precedida de
reconhecimento do terreno, observação cuidadosa, planejamento e técnica.

O Plano Operacional é a descrição das normas e procedimentos que a


equipe desempenhará. Para que estas normas sejam coerentes com o ambiente de
trabalho é necessário realizar um treinamento específico para que o policial esteja
completamente integrado em seu ambiente.

É por esta razão que o treinamento e a formação da equipe são de suma


importância para a eficácia da ação policial.

É comum sempre que algo sai errado, a culpa recair no recurso humano.
A corda sempre arrebenta no lado mais fraco! Relembremos casos típicos, como o
ocorrido no Rio de Janeiro com o resgate mal sucedido no ônibus, quando fomos
surpreendidos pela ação do policial que saiu atirando contra o marginal e acabou
fulminando a refém, ferindo-a mortalmente.

A mídia enquadrou como culpado o policial. Foram elaboradas variadas


simulações, enfocando erros estratégicos e táticos referente à atuação da equipe.

Todas estas indagações vêm de encontro a um só ponto: o treinamento


foi adequado? O homem foi formado técnica e taticamente para o emprego do
armamento? A falha foi do homem, do seu treinamento ou da metodologia aplicada?

Estas nossas perguntas obrigam-nos, justamente, a refletir se os nossos


homens de segurança estão realmente aptos, para enfrentar as situações para que
foram formados.
9

Qual seria, então, a melhor metodologia para o treinamento do homem de


segurança?

A resposta a esta pergunta esta fundamentalmente alicerçada na filosofia


da instrução ministrada a esse homem.

O policial deve possuir um alto grau de operacionalidade, o que sugere


uma forte impressão profissional e uma conotação que relacione a atividade de
segurança com o ambiente em que está inserido.

Este grau de operacionalidade esta ligado diretamente com a eficácia da


ação. O policial deve obter resultados positivos na função que desempenha.

Essa eficácia é obtida por meio de instrução individual. O princípio


metodológico básico que a norteia é o desempenho. O policial é, então, treinado sob
um caráter eminentemente prático e objetivo, voltado exclusivamente para a função
específica que irá realizar.

O policial operacional deve ser um executante de tarefas, em termos


pessoais e coletivos. Assim, os objetivos da instrução individual devem definir as
habilidades e as destrezas necessárias para a execução destas tarefas.

No treinamento os aspectos afetivo e cognitivo devem oferecer suportes


para a obtenção de resultados predominantemente psicomotores.

A resposta do policial a este processo deve ser o seu desempenho


individual, ou seja, a sua "performance" na execução de tarefas ligadas à sua
missão. O bom desempenho deverá ser conduzido por objetivos claramente
definidos.

Dessa forma a instrução individual, voltada para o desempenho, deve


treinar o policial, a partir da execução das tarefas relacionadas com as funções
relativas ao cargo que irá ocupar, sob suas condições específicas, até que o mesmo
demonstre o nível de habilidade estabelecido pelos Padrões Mínimos exigidos. O
caráter prático da aula é a forma de orientar a obtenção do desempenho individual
desejado.
10

Este tipo de treinamento permite ao policial aprender realizando sua


tarefa. Condenamos a famosa "genérica", onde o homem, teoricamente, torna-se um
doutor em generalidades, não conseguindo obter um padrão de conduta satisfatório
perante a sociedade.

Sob nosso ponto de vista, esta questão é de suma importância, podendo


até ser considerada a pedra filosofal do treinamento.

A metodologia proposta, moderna e atual, direciona, de maneira incisiva,

o treinamento para o seu real objetivo: a descrição concreta de cada cargo.

Concepção dos Objetivos

Os objetivos da instrução voltada para o desempenho devem estar


direcionados na descrição real de cada cargo, expressando desta forma todas as
atividades e responsabilidades do policial, em quaisquer situações, para
desempenhar as suas funções.

Com esta finalidade é indispensável o conhecimento detalhado de cada


cargo, o que não só assegura objetividade, como também elimina informações
desnecessárias ao treinamento.

O núcleo de conhecimento, policial, deve ser desdobrado em assuntos


que, por sua vez, serão ordenados em matérias.

Baseado nestas concepções pode-se partir para definir os objetivos


individuais da instrução. Estes objetivos constituem os critérios de acionamento da
atividade ensino-aprendizagem e resumem a própria essência metodológica da
instrução voltada para o desempenho.

A filosofia deste treinamento é a especialização, que visa à máxima


eficácia no desempenho das funções, em um curto espaço de tempo.

Dentro deste enfoque, é necessário definir, primeiramente, para cada tipo


de matéria e assunto, quais serão os objetivos individuais que desejamos atingir
durante a formação do homem de segurança.
11

Os objetivos individuais relacionam-se com as áreas cognitiva (intelecto -


conhecimento) e psicomotora (destreza e habilidade), resultando, como produto
final, no comportamento do aluno.

Para cada assunto deve-se definir este comportamento configurado como


fator terminal e identificado por três elementos:

l) Tarefa a ser executada:

A tarefa deve expressar, claramente, quais conhecimentos o aluno deve


adquirir durante seu treinamento. A pergunta que se deve realizar é: o que o policial
precisa saber?

As aulas voltadas para o desempenho são orientadas para a execução


dessas tarefas, de forma que o aluno, realmente, possa aprender, realizando-as.

2) Condições de execução:

As condições de execução delimitarão quais as circunstâncias em que a


tarefa deve ser executada. As circunstâncias devem aproximar-se, o mais possível,
da realidade, ou seja, as situações do cargo e função. As condições de execução
são os parâmetros para a objetividade e realismo da metodologia do treinamento.

3) Padrão Mínimo:

O padrão mínimo é o fator que discrimina, ao aluno, o que lhe é exigido


para caracterizar ou demonstrar a aquisição do conhecimento, habilidade e ou
destreza.

Este padrão é o elemento de verificação, mas o critério de avaliação é o


desempenho individual. Este é, na realidade, o verdadeiro parâmetro para que se
saiba se o aluno realiza, ou não, sua tarefa a contento.
Na verdade, para cada assunto, deve-se ter um objetivo individual a ser
atingido.

1.2 Evolução histórica das técnicas operacionais policiais


A raiz da criação da maior parte das Unidades de Operações Especiais,
no mundo, (GEO, GOE, GIGN, GSG9...), vem de um acontecimento dos Jogos
12

Olímpicos de Munique em 05 de setembro de 1972, onde um Comando terrorista


palestino da organização Setembro Negro seqüestrou diversos membros da
delegação esportiva de Israel, a intervenção para libertá-los ficou por conta da
polícia alemã, em uma operação que resultou em um massacre, tendo como
resultado a morte tanto dos terroristas como de nove dos reféns. Após este fato,
diversos países decidiram começar a adestrar elementos policiais para atuar em
situações semelhantes.

Passados alguns anos, ações terroristas como estas foram verificadas


novamente, mas com intervenções bem sucedidas, como na fulminante ação dos
Comandos de Israel contra a FPLP em Entebe, no ano de 1976, durante o seqüestro
de um avião da Air France, ou o seqüestro do avião da Lufthansa, em 1977, com
intervenção do GSG9 Alemão e na tomada da embaixada do Irã em Londres, 1980,
com intervenção do SAS Britânico, comprovando a necessidade das forças de
segurança em manter homens permanentemente treinados e equipados para serem
utilizados como o que se definiu chamar de “A OPÇÃO FINAL”.
13

2. ESTUDO DAS TÉCNICAS OPERACIONAIS POLICIAIS.

O policial recém saído dos bancos acadêmicos encontra, com certeza,


sérias dificuldades em seu dia a dia. O auxílio de policiais mais experientes é, sem
dúvida, o remédio mais eficiente no combate a essas situações críticas. Porém, a
principal atividade que poderá salvar sua vida nas ruas é o treinamento constante;
treinamentos físicos, técnicos e psicológicos.
A rotina é a maior inimiga do policial e deve ser combatida diuturnamente.
Um único momento de distração pode trazer conseqüências fatais e, para evitar isso,
o policial deve encarar todas as ocorrências com a mesma atenção e
profissionalismo.
A vibração com a carreira e a vontade de mostrar serviço são comuns a
todos os recém formados e até mesmo aos policiais mais antigos, porém, durante
sua atuação profissional, estes devem balancear o desejo pelo sucesso com muito
bom senso. As ações burocráticas, de extrema importância para toda e qualquer
força policial mundial, podem ser estudadas demoradamente e reavaliadas por
diversas vezes. Já nas ações de rua, uma decisão muitas vezes deve ser tomada
em questão de segundos, produzindo efeitos imediatos e envolvendo o risco direto
de muitas vidas.
O exercício da profissão policial não pode ser levado como um mero
emprego, mas sim como um sacerdócio, pois não são poucas às vezes em que o
policial precisa abrir mão do convívio familiar, de horários e de fins-de-semana, para
exercer com plenitude suas atribuições de defensor da sociedade, mesmo sabendo
que nem sempre será reconhecido por seu trabalho.Algumas preocupações e
observações devem estar sempre presentes na mente de um bom policial, para que
este logre êxito em sua profissão:
1) O policial não é um super-homem;
14

2) Jamais deve sair para as ruas sem antes checar sua arma, seu
instrumento de trabalho;
3) Se, ao avaliar uma situação, um ato lhe parecer estúpido, mas este ato
funciona, então não é um ato estúpido;
4) Durante uma troca de tiros, deve sempre se manter abrigado, não se
tornando um alvo;
5) Nunca deve atirar desnecessariamente, pois isto poderá colocar a vida
de terceiros e a missão em risco;
6) Deve sempre empregar seus conhecimentos e seu potencial em
missões e durante todo o aprendizado, mas sendo sempre humilde para receber
informações que podem lhe salvar a vida;
8) O bom policial precisa acreditar em todas as missões que lhe são
confiadas, por mais simples que possa lhe parecer, ela pode tirar-lhe a vida;
9) O trabalho em equipe é sempre o melhor trabalho;
10) Se o inimigo está em seu campo de alcance, você também estará no
dele;
11) Deve ser profissional, sempre respeitando a capacidade de ação do
inimigo;
12) Não deve fazer ou tomar atitudes para as quais não foi preparado.
O treinamento de Operações Especiais é complicado, exige homens
capacitados, e uma estrutura adequada para a prática do que é ensinado em sala de
aula, deve obrigatoriamente abranger temas como, adestramento físico, inteligência,
tiro de combate, balística, utilização de explosivos, técnicas básicas de rapel,
combate urbano e rural, defesa pessoal e técnicas de entrada em grupo com resgate
de reféns.

O homem de operações especiais, que não deve ser confundido com um


Comandos, deve ter condições de pensar e decidir sob condições severas, pois irá
operar quando todos os tipos de negociações já houverem falhado, por isto, depois
de formado, deve apresentar as seguintes características:

- Esmerada formação tático-técnica para satisfazer missões especiais;


- Clara compreensão e sentido da responsabilidade no cumprimento da
missão atribuída;
15

- Formação espiritual caracterizada por uma genuína e inabalável


vontade de vencer;
- Moral inabalável;
- Resistência física compatível com o esforço a superar.
Por sua vez, a UOE (Unidade de Operações Especiais) que irá receber
este homem deve também apresentar características especiais, como:
- Penetração: poder chegar com a potência adequada a lugares
decisivos e no momento oportuno;
- Poder de Ação: Possuir a maior capacidade operacional da polícia,
pela qualidade dos homens, técnicas, armamentos e equipamentos;
- Velocidade: Capacidade de cobrir grandes distâncias em tempo
reduzido;
- Versatilidade: Possuir qualidades variadas, capaz de ser empregada
em diferentes missões atribuída a unidade, como inteligência, penetração, etc...;
- Flexibilidade: poder atuar de maneira satisfatória nas diferentes
missões atribuídas à unidade, adequando-se a situação e as necessidades;
- Ação Imediata: Atuar ofensivamente no terreno operacional, se
manifestando pela ação instantânea segura e confiável;
- Mobilidade: Possuir capacidade de progredir em um breve espaço de
tempo a diferentes objetivos;
- Alcance: Levar sua ação ofensiva a grandes distâncias, sem importar o
tipo de terreno.
O Capitão-de-Fragata Willian H. McRaven, comandante do SEAL Team-3,
em seu estudo intitulado “A Teoria das Operações Especiais”, uma das únicas obras
existentes sobre o assunto, classifica os princípios das operações especiais em seis,
sendo eles: Simplicidade, Segurança, Surpresa, Rapidez, Repetição e Propósito.

Entre os Grupos SWAT americanos, é comum encontrarmos a descrição


SAMSCATT, que designa os princípios aplicáveis em Grupos de Operações
Especiais, quais sejam: Surpresa, Agressão, Mobilidade, Velocidade,
Comunicações, Precisão, Treinamento e Time.

Quaisquer que sejam os princípios elencados como prioritários para um


determinado Grupo, devem ser de amplo conhecimento de seus integrantes e
exaustivamente trabalhados durante o curso de formação, de tal forma que qualquer
16

ação a ser realizada por um integrante deste Grupo, leve sempre em consideração o
que lhe foi ensinado na busca do melhor resultado possível.

Não se conhece ainda, padrão de tempo, para a formação de um Força


Especial, porém, o primeiro estágio de Comandos (militares), realizado na Escola de
Fuzileiros Navais de Lorient (França), teve a duração de oito semanas e serviu como
base para os demais cursos e estágios que passaram a ser ditados pelo mundo,
vejamos alguns exemplos ilustrativos entre forças policiais e militares:

- GEO- Espanha (6 meses/900 horas/aulas);


- GIS - Itália (11 meses);
- Comandos Exército Brasileiro (3 meses)
- Operações Especiais - PM/RS-Brasil (03 meses)
- Operações Especiais-Polícia de Santa Fé/Argentina (02 meses)
- Formação de Fuerzas Especiales- Gendarmeria Nacional Argentina-(04
meses);
Os cursos realizados para formar operadores que irão atuar em todo um
país, como no caso dos países Europeus, tendem a ter uma duração maior, já que
incluem em seus currículos o treinamento contra-terrorismo e básico pára-quedista,
o que exige toda uma dedicação especial, além de Unidades que irão desempenhar
ainda missões fora de seus países, como o caso do SAS Britânico que já atuou na
Malásia, Irlanda e Argentina.

Outros Grupos, como o caso das Forças Policiais, demandam um período


mais curto de formação, pois terá seu emprego restrito a área de atuação de sua
polícia e farão predominantemente atividades como resgate de reféns e
intervenções urbanas.

Qual o período ideal para formação das FAEPs?

Entendemos, com base em estudos e experiências, que o período de oito


semanas seja ideal para se preparar um homem que irá desenvolver as atividades
em uma Unidade de Operações Especiais Policiais, pois está comprovado que após
este período, os exercícios tendem a tornar-se mais perigosos, pelo cansaço físico e
estafa dos homens, acabando por perder-se excelentes policiais por lesões físicas
ocasionadas por erros nos treinamentos.
17

Quais as condições para seleção dos homens que irão freqüentar o treinamento?
Como se pode prever, esta atividade não está ao alcance de qualquer
policial, sendo necessário certa robustez e preparo técnico para integrar uma
unidade de elite. Sugerimos, como base para uma pré-seleção, que se considere:
Indivíduos voluntários, com um mínimo de dois anos de atuação em unidades
operacionais da polícia, comportamento bom, sem restrições para atividades físicas,
conhecimentos já adquiridos e que possam ser úteis ao grupo, tais como: pára-
quedismo, montanhismo, mergulho, tiro de precisão, conhecimentos de recarga de
munição e manutenção de armas de fogo, etc..., além de uma nota sigilosa,
manuscrita e assinada pelo seu comandante de unidade, abonando sua conduta
pessoal e profissional.
Os instrutores que irão trabalhar na formação destes homens, também
devem ser preparados, pois não estarão formando policiais para o serviço de rua,
mas sim homens que estarão constantemente oferecendo suas vidas para salvar a
de reféns, sendo-lhes exigido o máximo de acerto em toda e qualquer ação, serão
cobrados não em um único dia de trabalho, mas carregarão consigo para o resto de
sua vida profissional o peso da responsabilidade de estar entre as Forças Especiais
da Polícia, devendo assim pensar e proceder. Daí a necessidade de se selecionar
instrutores pelo grau de conhecimento que possuem para trabalhar os temas do
curso, afastando dos alunos pessoal sem formação tático-técnica.
Após estudar alguns grupos SWAT e similares no Brasil e no exterior, ou
seja, que o essencial para o sucesso de um Grupo Especial é a qualidade daqueles
que o compõe, independente de sexo ou idade, e que para atingir o nível de
aperfeiçoamento desejado, não é necessário submeter-se a desgastes físicos
excessivos, traumas, ou mesmo torturas físicas e psicológicas, mas sim ser detentor
de um enorme conhecimento das técnicas a serem empregadas, muito treinamento
individual e coletivo e amplo conhecimento do armamento e equipamento que será
utilizado, aí sim, teremos homens seguros e confiantes, capazes de utilizar seus
cérebros da maneira adequada quando necessário, ou seja, sabendo decidir certo
na hora certa.
18

2.1 Abordagem, busca pessoal, algemação e condução do suspeito para


feito do trabalho policial.
A matéria relativa ás abordagens está prevista no Código de Processo
Penal arts. 240 a 250 e através da ação discricionária do poder de polícia conforme
capítulo I da Constituição Federal no seu Artigo 144 que trata da Segurança Pública.

Constitui uma das principais atividades realizadas pelo policial em seu


trabalho diário. Em qualquer abordagem fatalmente, o policial terá que se aproximar
suspeito o que nos leva a deduzir que este deverá, obrigatoriamente, dominar as
técnicas inerentes à busca pessoal.

No processo de abordagem e busca pessoal devemos priorizar os


princípios básicos da abordagem, são eles:

- Observar: Nesta Fase o Policial tem que olhar, observar, e interpretar a


ação para que não ocorram erros, sempre levando em conta que, ”jamais abordar
alguém para investigar e sim investigar para abordar”.
- Planejar: Escolhido o objetivo e tendo-o observado cuidadosamente,
deve-se planejar de que maneira será feita a abordagem.Todo o planejamento feito
pelo policial deve objetivar principalmente a segurança de terceiros, dos policiais
envolvidos na ação e do suspeito a ser abordado respectivamente.
- O número de Policiais, para se executar a abordagem deve sempre ser
igual ou superior em relação aos suspeitos a serem abordados, devendo o policial
levar em conta o conhecimento que se tem sobre o suspeito, se o mesmo possui
mandado de prisão, se costuma andar armado, se possui pessoas que o protejam.
- Os meios que se tem disponíveis para a abordagem: armas, algemas,
viatura apropriada para o transporte do mesmo se necessário.
- O conhecimento do local bem como o dia, a hora e a natureza do delito
que o suspeito tenha praticado.

2.1.1 Abordagem.
Abordar é o ato de aproximar-se de uma pessoa, a pé ou motorizada e
que emana indícios de suspeição, que tenha praticado ou que esteja na iminência
de praticar ilícitos penais.
19

Muitas mortes de policiais estão ligadas diretamente a abordagens


executadas ou planejadas de maneira equivocada. A doutrina policial nos ensina
que uma abordagem segura, no aspecto efetivo, deve contar com três policiais para
cada abordado. Porém, na prática, isso raramente acontece, fazendo com que as
atenções devam ser redobradas. O policial, ao efetuar uma abordagem, deve
observar alguns aspectos basilares para que possa salvaguardar sua vida:
1)Segurança - É a certeza, a confiança, a garantia, a condição de estar
seguro. Basicamente é estar cercado de todas as cautelas necessárias para a
eliminação dos riscos de perigo.
2) Surpresa - Ato ou efeito de surpreender, aparecer inopinadamente. O
fator surpresa, além de contribuir decisivamente para a segurança da equipe, é
dissuador psicológico da resistência do abordado.
3) Rapidez - Qualidade de ser rápido, instantâneo, ligeiro, veloz. O
princípio da rapidez, dentro da progressão policial, visa impossibilitar uma reação por
parte do abordado.
4) Ação vigorosa - Maneira como se exerce uma força física. Não se pode
confundir vigor com arbítrio. O policial deve fazer com que o infrator da lei sinta que
há decisão de sua parte, neutralizando o menor esboço de reação. O importante é o
impacto psicológico, a postura e a conduta, fatores inibidores de uma possível
reação.
5)Unidade de comando - Ao se realizar uma abordagem, certos
comandos verbais devem ser emitidos visando o entendimento por parte do
abordado das ações que deva realizar. Somente um dos policiais da equipe deve ser
incumbido de comandar a abordagem e de dar as ordens, pois se vários policiais
emitirem ordens ao mesmo tempo à confusão dominará a ação policial, prejudicando
seriamente seu êxito.
Nem sempre nas abordagens do dia a dia todos estes aspectos estarão
presentes. Portanto, cabe ao policial avaliar os riscos da ação e a oportunidade da
sua realização, pois uma prisão pode ser efetuada hoje, amanhã ou até mesmo no
ano que vem, porém sua vida é uma só.

Procedimentos na Abordagem
A Abordagem, propriamente dita divide-se em três fases:
20

- Planejamento mental: forma individual em que cada policial programa a


ação, mentalmente, analisando a melhor maneira para a execução da técnica.
- Plano de Ação: é o planejamento de como será a ação, dividindo as
tarefas e atribuindo as responsabilidades de cada integrante do grupo.
- Execução: é a ação resultante das fases anteriores, com as técnicas
adquiridas através do treinamento.
Tipos de abordagem
a)Abordagem de pessoa (s) a pé
Na Abordagem de pessoas a pé, o policial dará os seguintes comandos:
(1°) POLÍCIA, PARADO, NÃO SE MEXA. Este primeiro co mando é
importantíssimo por dois motivos: primeiro, é a identificação do policial para que a
pessoa abordada não pense que está sendo vítima de crime e o segundo, no caso
do abordado estar com as mãos nos bolsos da calça, jaqueta ou nas costas, como
habitualmente ocorre, levantar imediatamente os braços e colocar as mãos atrás da
cabeça, o que faz com que o policial venha a ter dois riscos: um momento que tira as
mãos do bolso e outro com as mãos atrás da cabeça, pois o mesmo poderá ter uma
arma de fogo ou faca nas costas, logo abaixo do pescoço encoberta pela camisa.
(2°) Levantar as mãos acima da cabeça com as palmas voltadas para
mim.
(3°) Coloque as mãos na parede, abra as pernas, afa ste as pernas da
parede (o policial comandará até que o abordado fique em posição de desequilíbrio).
Ao avistarem o abordado, um dos policiais, dará a voz de comando inicial,
conforme previamente planejado, e os policiais, se posicionarão na forma de
triangulo, sendo os policiais na base e o suspeito deve ficar no vértice contrário,
caso tenham que se movimentar, devem fazer de forma ordenada, de maneira que
não fique na linha de visão ou de tiro de outro policial.
O policial se sozinho, deverá sempre solicitar apoio. No caso de não
haver tempo, deverá então, primeiramente manter o abordado sob controle e após
solicitar apoio.
b) Abordagem a Veículo
Também devem ser observados alguns princípios básicos de segurança:
o policial deve procurar fazer a abordagem em local onde não ponha em risco a
vida de terceiros, caso haja confronto com os suspeitos. A abordagem deve ser
planejada de forma que o condutor do veículo a ser abordado não possa tentar
21

empreender fuga. Neste caso é imprescindível o emprego do fator surpresa. Se


possível, deve ser sempre em uma sinaleira, pois ali será possível bloquear o
veículo pela frente e por trás. Caso o policial aviste o veículo suspeito e este não
perceba que está sendo seguido, deve solicitar apoio e seguí-lo até o momento
exato, onde será feita a abordagem.
Depois do posicionamento correto dos veículos, os policiais descerão de
sua viatura e permanecerão de portas abertas, onde buscarão proteção entre a
coluna da porta dianteira e a porta da viatura, bem como aproveitarão as colunas de
trás e da porta do motorista do veículo abordado. Deste ponto, é que darão a voz de
comando para o suspeito. A voz de comando deve ser pronunciada com energia e
de maneira clara para que o receptor entenda, ou seja:
(1°) Polícia
(2°) Desligue o motor;
(3°) Mãos espalmadas contra o pára-brisa dianteiro. Esta atitude é
indispensável por dois motivos, sendo a primeira relacionada a segurança do
policial, e, a segunda para que o possível infrator deixe ali as impressões digitais,
assim não poderá negar que ali esteve.
(4°) a partir deste momento o policial que não está dando a voz de
comando, se aproximará do veículo pela parte de trás oposta ao motorista, de forma
cautelosa e utilizando as colunas do veículo abordado como proteção, faz uma
varredura no banco de trás do mesmo, para verificar se há alguém escondido. Após
utilizando a coluna da porta do carona do veículo, verifica a existência de alguma
arma com o motorista ou em sua proximidade. Se a pessoa abordada estiver com
sinto de segurança, avisa seu colega que ordena para que solte o sinto com a mão
esquerda, bem devagar.
(5°) Em seguida, o policial que está dando a voz de comando ordenará ao
abordado que ponhas as duas mãos para o lado de fora, abra a porta utilizando o
trinco do lado de fora, com a mão direita, saia do veículo lentamente de costas,
colocando as mãos espalmadas sobre o capo, com o corpo colado no veículo.
Neste momento os policiais se aproximam do suspeito sempre
observando as normas de segurança.
22

2.1.2 Busca
Neste aspecto, cabe salientar que as buscas poderão ser pessoais ou
domiciliares, com o objetivo de se procurar descobrir ou investigar alguém ou
determinado objeto.
A Primeira refere-se à pessoa, suas vestimentas e objeto, e se realizará
sempre que existir fundadas suspeitas de que o abordado oculte coisa proveniente
de crime ou instrumentos utilizados na pratica de crime ou determinados a fim
delituoso. A segunda relaciona-se com a casa do indivíduo, “asilo inviolável”, salvo
nos casos permitidos por lei (art. 5° XI da Consti tuição Federal), quais sejam:

- Flagrante delito
- desastre
- para prestar socorro
- Por determinação Policial (durante o dia)
Tanto a abordagem quanto à busca, justifica-se somente com a
existência de fundadas suspeitas sobre o indivíduo.

Quanto ao termo, fundadas suspeitas, esclarecemos que se trata de


poder discriminatório do agente, ou seja, sujeito à interpretação realizada pelo
policial com base nos elementos que determinaram a sua convicção no momento da
abordagem.

Alertando que a busca manifestadamente infundada é tipificada como


abuso de autoridade.

Busca pessoal
Consiste no ato Policial com o objetivo de encontrar objetos ou
instrumentos de delito em pessoa ou para evitar que o suspeito a ser abordado
alcance alguma arma escondida que possa vir a ser usada contra o policial ou
pessoa(s), devendo observar algumas ações.
Proceder a Busca logo após a abordagem, observar atentamente a
movimentação do suspeito, dominando a situação com ordens claras e curtas e
nunca proceder à busca de frente para o suspeito, sempre colocando–o de costas.
Nesta fase o policial deverá ser educado e cortês, justificando sempre
que possível o motivo da abordagem e busca, questionar o suspeito os assuntos de
seu interesse, geralmente voltados ao motivo da abordagem, requisitando desse os
23

documentos de identificação do mesmo, procurando sempre uma atitude


profissional a evitar discussões desnecessárias.
Com relação a busca pessoal em mulher, dispõe o art. 249 do Código de
Processo Penal que esta deverá ser realizada por outra mulher exceto quando impor
retardamento ou prejuízo da diligência.
Existem basicamente quatro tipos de posições para que se proceda à
busca pessoal:
a)De pé com apoio: é a revista feita na parede, citada anteriormente.
b)De pé sem apoio: após a abordagem, determina-se que o suspeito vire-
se de costas, coloque as mãos entrelaçadas na cabeça, o policial aproxima-se,
segura firme nas mãos do suspeito e com seu cotovelo encostado nasa costas do
suspeito faz uma alavanca forçado os braços do suspeito para trás fazendo com que
o suspeito fique em posição de desequilíbrio, procure ainda calçar o calcanhar do
suspeito com o seu pé forte, para que, se necessário, desequilibrá-lo e proceda a
revista.
c)De joelhos: depois que o abordado estiver com as mãos entrelaçadas
atrás da cabeça, determine que o suspeito se ajoelhe e cruze os pés, o policial
aproxima-se segura firme as mãos do suspeito e com o joelho desequilibra o
suspeito, e efetua a revista.
d)Deitado: consiste em ordenar que o suspeito, em primeiro ligar ajoelhe-
se, a seguir deite-se com os braços abertos e com as palmas das mãos viradas
para cima. A Seguir realiza-se a revista de forma segura, que poderá ser realizada
com o suspeito imobilizado.
Lembrando sempre que, tanto a posição de joelhos ou deitado somente
será utilizada se o revistado for delinqüente em fuga, foragido, criminoso conhecido
da polícia, em flagrante delito, prisão preventiva ou temporária.
A revista deverá ser de forma que as mãos deslizem no revistado, sendo
que alguns pontos do corpo, tais como bolsos da calça e jaqueta, deve-se utilizar a
técnica de apalpar, devido ao risco de se encontrar agulhas, navalhas ou lâminas.
Lembre-se que a busca deve ser minuciosa, devendo o policial estar
atento a muletas, carrinhos de crianças, entre as costuras das roupas, bonés,
chapéu s, entre os cabelos, nas roupas íntimas, tênis ou por baixo da língua,
poderão estar escondidos objetos ilícitos.
24

2.1.3 Algemação
A evolução do Processo Penal restringiu o uso de ferros (algemas),
impondo às autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e
presos provisórios (art. 5°, XLIX da Constituição F ederal).
No mesmo sentido, complementa a Lei de execuções penais (art. 40) que
“impões-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos
condenados ou presos provisórios”.
Em outra passagem, a referida Lei, dispôs, com relação ao uso de
algemas que o seu emprego será disciplinado por decreto federal.
Entretanto, passados 17 anos a regulamentação, no âmbito da
Administração Federal, ainda não foi editada.
A despeito disto, poderíamos citar, em caráter suplementar, a existência
de um Decreto datado do período do Império Brasileiro que preocupo-se com o
tema. Em seu art.28, o Decreto n° 4.824 de 22.11.18 71 recomenda: “O preso não
será conduzido com ferros, algemas ou cordas, salvo caso extremo de segurança, o
que deverá ser justificado pelo condutor”.
Igualmente no Estado de São Paulo, vige o Decreto n° 19.903/50, o qual
orienta os policiais a usarem as algemas nas tentativas de fuga ou resistência à
prisão com violência, exigindo que as ocorrências dessa espécie sejam registradas
em livro próprio nas repartições policiais.
Logo, por ser instrumento de trabalho indispensável para os policiais, de
que forma poderíamos contribuir para deslinde da questão?
Mediante a interpretação e a análise dos princípios e garantias
individuais vigentes, poderíamos dizer que o uso das algemas ou outra espécie de
constrição física se faz necessário, como garantia de segurança pública, nas
hipóteses de resistência à prisão, tentativa de fuga, de condução de pessoa presa,
condenada ou custodiada `a presença de autoridade ou no transporte para
estabelecimento penal quando houver ameaça a segurança coletiva ou individual do
próprio preso, do policial ou de terceiros.
É claro que as circunstâncias deverão ser avaliadas pelo policial,
utilizando, como critérios, a periculosidade do preso, o seu estado emocional, sinais
de desequilíbrio mental causado por doença ou substância entorpecente, a sua
compleição física, a existência de numero insuficiente de policiais e até o local onde
se realiza a diligência (possibilidade de fuga ou resgate).
25

Por fim salientamos que, em caso de audiência pública, a manutenção


das algemas ficará a critério da autoridade judicial ou administrativa.
O Policial deve sempre ter algemas como parte indispensável de seu
equipamento. Lembre-se uma pessoa algemada não está totalmente indefesa, por
isso fique atento e use técnicas seguras de algemação.
Técnicas de algemação:
a)Um preso: se estiver com o suspeito em posição de revista contra a
parede para algemá-lo proceda assim.
- algeme primeiramente a mão direita do suspeito, com um movimento
de rotação traga esta mão para trás do corpo do suspeito e firme esta mão junto ao
corpo do suspeito.
- com a sua mão esquerda segure os dedos da mão esquerda do
suspeita e traga até a algema, finalizando.
b) dois presos com dois pares de algemas: algeme-os com os braços nas
costas, sendo que o braço direito de um ficará cruzado com o do outro, as palmas
das mãos são sempre para fora ficando dorso com dorso.
c) três presos com dois pares de algemas:
- algeme a mão esquerda do que está no meio com a mão direita do
que está à direita dele.
- algeme a mão direita do que está no meio com a mão esquerda do que
está à esquerda dele.
Policiais já experientes não têm duvidas a respeito que o uso correta das
algemas poderá facilitar o seu serviço, sabem que o seu uso é mais um fator de
segurança que se pode contar e consideram as algemas um outro companheiro.
Hoje é comum conduzir algemados, presos de alta periculosidade ou
outros colocados à disposição da justiça, quando de sua remoção de uma para outra
dependência. Evita-se assim, qualquer tentativa de fuga, com segurança máxima
para todos.
Se decidir usar algemas, faça-o de modo correto, procurando obter todas
as vantagens desta técnica, mas cuidado para não ferir alguém desnecessariamente
e lembre-se só o treinamento poderá conduzi-lo à perfeição.
26

2.1.4 Condução de preso


A condução do preso é a parte final da operação e mesmo estando o
indivíduo algemado deve-se ainda priorizar a segurança do policial, muitas fugas são
empreendidas com o indivíduo algemado para tanto seguem algumas técnicas a
serem utilizadas:
a)Condução a pé:
- o policial deverá passar o braço contrário do qual usa sua arma
pegando o pulso ou a corrente da algema e colocando o seu cotovelo de
encontro ao cotovelo do detido, puxando para o seu lado e empurrando para
frente, fazendo desta forma uma alavanca.
- o policial passa o braço contrário do qual ele usa a sua arma,
encaixando o seu ombro sob a axila do detido e pressionando para baixo.
b)Condução em viatura sem caixa ou descaracterizada:
- o detido jamais deverá ir sentado atrás do banco do motorista e
deverá sempre ser acompanhado com outro policial
- no caso de conduzir dos presos algemados, deve o policial sentar-
se atrás do motorista e os detidos do seu lado direito algemados com os braços
para trás e cruzados, certificando-se de que as portas encontram-se
devidamente travadas.
c)Condução de preso em viatura com caixa / compartimento apropriado:
- sempre que for conduzir preso em viatura com ou sem caixa a
algemação deve ser feita com as mãos do preso para trás
- antes de colocar o preso na caixa verificar se a mesma encontra-se
em perfeitas condições de segurança , se não foi deixado anteriormente por outro
preso qualquer objeto que possa ser usado para empreender fuga ou ataque ao
policial que o está conduzindo.
- quando chegar ao local de destino do preso , após retira-lo da
caixa ,novamente examinar a mesma para averiguar se o preso não dispensou
qualquer objeto pessoal ou que possa ser usado como prova de crime , tais como
: giletes , canivetes, facas, drogas , munição etc...
c) Condução dentro da delegacia:
Quando da movimentação de preso no interior da Delegacia, para que
seja ouvido em cartório, deve ser sempre feito com toda a segurança, usando no
mínimo dois policiais. Se o infrator estiver na cela, nunca deve ser retirado dela sem
27

antes ser algemado com as mãos para trás. Antes de abrir as grades peça para que
o preso aproxime-se e vire com as mãos nas costas, proceda a algemação e só
então abra as grades.
Antes ainda de abrir as agrades o policial deve ordenar que os demais
presos posicionem-se no fundo da cela.
O Policial que for algemar o preso não deve estar portando a chave da
cela, e sim o policial que estiver lhe dando apoio.

2.2 Técnicas de entrada SWAT e SAS


A progressão do policial em locais críticos vem se tornando alvo
permanente de estudos técnicos, devido aos altos índices de mortes ou de
ferimentos de policiais, de reféns e de terceiros, quando da transposição de tais
locais.
As escadas são locais considerados como críticos para a progressão do
policial, pois nos deparamos constantemente com curvas e ângulos mortos onde,
geralmente, o domínio é do oponente, que estará acima de nós.
As janelas, segundo estatísticas, são locais onde muito policiais morreram
ou foram feridos por não saberem como progredir.É imprescindível que se evite
exposições do corpo frente a uma janela, mesmo que esta esteja coberta por
cortinas, onde a silhueta ficará marcada pela luz.
Conhecidas como “funil fatal”, as portas devem ser transpostas com o
máximo de cuidado, utilizando-se sempre que possível, espelhos ou técnicas de
tomada de ângulo (“Quick Peek”). O policial deve lembrar-se sempre de empurrar a
porta até seu limite, evitando desagradáveis surpresas que possam estar por trás.
A transposição de quaisquer obstáculos, como muros e paredes, deve ser
rápida e nunca na posição totalmente em pé, pois é importantíssima a presença de
cobertura no momento.
O policial não deve passar por armários, cortinas, camas, biombos ou
outros móveis que possam abrigar uma pessoa, sem antes revistá-los como
possíveis esconderijos, o que possibilitaria um oponente às suas costas.
28

2.3 Interceptação de veículos com suspeitos


Ao aproximar-se de um veículo em uma barreira, o policial deve procurar
fazê-lo pela retaguarda, aproveitando o ângulo morto proporcionado pela coluna
lateral do veículo, nunca se colocando totalmente em frente à janela. Deve observar
atentamente o interior do veículo, fazendo com que o motorista tenha que girar a
cabeça para trás para apresentar seus documentos. O policial nunca deve entrar na
linha de tiro do seu apoio (segurança), se acaso houver algum.
29

3. OCORRENCIA DE ALTO RISCO

É toda aquela ocorrência que exige do policial um treinamento


especializado e da instituição um suporte de meios maior e mais qualificado.
Hoje, a sociedade não admite mais uma policia despreparada e sem
qualidades técnicas, fazendo, assim, com que o policial passe a buscar um
aprimoramento, através de cursos e fontes literárias e com que as instituições
policiais, por sua vez, revejam conceitos e criem “grupos táticos” especializados para
agirem em ocorrências de alto risco.

3.1 Gerenciamento de Crise


Começamos então definindo o conceito de crise, conforme a Academia
Nacional do FBI:
“É um evento ou situação crucial, que exige uma resposta especial da
policia, a fim de assegurar uma solução aceitável”. Definido o que é crise nos resta,
então, verificar o que significa gerenciamento de Crise: “É o processo de identificar,
obter e aplicar os recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução de
uma crise”.O gerenciamento de Crise tem por objetivo salvar vidas e aplicar a Lei.

3.2 Procedimento Policial


O policial, ao chegar no local e constatar a existência da crise devera
tomar as seguintes providencias.
1) Evitar que a ocorrência mude de lugar e coloque outras pessoas
inocentes em risco.
2) Isolar o local, a fim de evitar a presença de pessoas que possam
atrapalhar o trabalho policial, evitar que os causadores do evento e os
reféns (se houver) tenham contato com o exterior, fazendo assim, que a
policia assuma o total controle da situação.
30

3)Tentar convencer o individuo em Crise de que existe uma solução


segura para o problema, tentando retomar o equilíbrio, o policial que
iniciar a negociação deve saber que precisa ganhar tempo ate a chegada
de equipe especializada.

3.3 Causadores do Evento Critico


1) Criminosos em fuga
2) Prisioneiros em Revolta
3) Individuo emocionalmente Perturbado
4) Paranóicos esquizofrênicos
5) Maníacos Depressivos
6) Fanáticos Políticos e Religiosos
7) Terroristas
31

4. AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS OPERACIONAIS POLICIAIS

O policial deve ter sempre em mente, ao deparar-se com uma situação de


risco, que para cada grau de risco ou ameaça corresponde um nível de resposta da
organização policial. Esse nível sobe gradativamente na hierarquia da entidade, na
medida em que cresce o vulto da crise a ser enfrentada. Dessa forma, deve-se
utilizar novamente o bom senso, pois existem situações que podem ser debeladas
com recursos locais e outras que necessitam do emprego de forças especializadas.
O policial, como profissional de segurança pública, deve ter a
responsabilidade de evitar decisões “bairristas” e acionar, nos casos necessários, os
recursos especializados de que disponha para a solução de eventos com alto grau
de risco, não expondo a sua vida e muito menos a de terceiros, dos quais tem a
responsabilidade funcional e moral de preservar.
Podemos observar diariamente, através da imprensa escrita e televisiva,
ocorrências com morte de policiais, envolvidos em reações a infrações como o roubo
à mão armada e até mesmo sendo mantidos em cárcere privado, durante invasões a
delegacias que visam à libertação de presos.
Existem alguns procedimentos que podem minimizar os efeitos
desastrosos que uma reação inoportuna pode causar nesses tipos de situações:
1) Manter-se calmo;
2) Cumprir as ordens dos criminosos;
3) Não discutir atitudes ou providências da Polícia;
4) Fazer anotações mentais de todos os movimentos, deslocamentos,
sinais, placas, avisos, cheiros, ruídos etc.
5) Guardar as características dos criminosos, como sotaques, hábitos etc.
6) Somente tentar uma fuga após a reavaliação das possibilidades de
êxito
7) Evitar comentários provocadores
32

8) Procurar ganhar tempo


9) Evitar a empatia
10) Tentar controlar e contornar as humilhações com o poder mental;
11) Não dar as costas a um criminoso armado;
12) Não tratar diferentemente as mulheres que participam do crime;
13) Só reagir, quando em inferioridade, em último caso e para preservar a
própria vida ou a de terceiros.
E lembre-se sempre:
1) O policial deve ser e não parecer;
2) O suor expirado em treinamentos poupa o sangue que seria derramado
nas ruas;
3) Ouvir muito, ver muito e falar pouco;
4) Ninguém é melhor que ninguém;
5) Não basta querer, é preciso agir;
6) O sucesso tem muitos pais, o fracasso é órfão.
33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como primeiro passo, o diagnóstico realizado, que consistiu na análise


externa e interna das organizações policiais, aponta para a necessidade de
mudança na formação desses profissionais, mediante os seguintes norteadores para
ação:
- Redefinição de um perfil desejado para orientar a formação do
profissional da área de segurança do cidadão.
- implantação de uma estrutura de ensino que valorize o aprendiz e os
processos de aprendizagem, dando ênfase à dimensão atitudinal, por meio de
atividades coletivas e técnicas de ensino que dinamizem o ato de aprender;
- utilização de novas tecnologias como ferramentas para treinamento.
Assim, diante dos pontos norteadores enumerados no diagnóstico, o
objetivo desta proposta é ser uma ferramenta de trabalho que auxilie a
homogeneização dos treinamentos e o planejamento curricular, com o propósito de
assegurar o princípio de eqüidade no processo aprendizagem, garantindo unidade
de pensamento e ações adequadas às necessidades sociais vigentes.
A fim de atender a esta previsão, considerando a natureza autônoma do
ensino policial e pautada na necessidade de colocar a garantia dos direitos do
cidadão como foco dos serviços a serem prestados, a proposta contida neste
documento procura descrever um modelo de perfil desejado, abrangendo as
competências básicas a todas as categorias de profissionais da área de segurança
do cidadão, que deverão ser acrescidas das competências específicas à atividade
de cada ramo profissional, neste caso especificamente do policial operacional,
mediante o perfil profissiográfico a ser estabelecido por cada organização. Define,
em seguida, os princípios pedagógicos e as dimensões do conhecimento que
serviram de pressupostos teóricos para a formação do currículo de TOP (Técnicas
34

Operacionais Policiais) e as temáticas centrais que perpassam os conteúdos a


serem trabalhados.
Para que os policiais possam lograr êxito em suas missões, são
necessários alguns fatores indispensáveis, como por exemplo: equipamentos,
informações, organização da equipe, planejamento e treinamentos constantes.
O Policial não pode ser um "bibelô", apenas marcando presença para
inibir ou intimidar, deve estar pronto para tomar atitudes e principalmente efetuar
respostas táticas rápidas, seguras e eficientes em situações de crise.
O Policial deve estar exaustivamente treinado, tanto em habilidades
táticas especiais como nas simulações de eventos que possam ocorrer em qualquer
lugar ou terreno. Alguns acham que não há necessidade de se investir nos
treinamentos ou equipamentos para esses policiais, pois em seu errôneo modo de
pensar, é um grupo que não atua todos os dias são fatos que acontecem
esporadicamente. Mas, é justamente isso que demonstra que a estrutura está
funcionando, pois o fato de não acontecer é devido à prevenção. Deve-se pensar
que, quando estes homens entrarem em confronto real, serão segundos, minutos
talvez que decidirão a situação, dando um desfecho favorável ou não, por vezes
serão fatais para um lado ou para o outro.
É necessário que os profissionais de segurança, ou seja, os policiais,
estejam prontos, treinando e simulando situações, pois os fatos acontecem quando
menos esperado e sempre em locais e terrenos diferentes, cidades, bairros, casas,
praias, etc.
Uma boa base de gerenciamento e administração de um grupo de
policiais, pode ter uma satisfatória organização e distribuição abrangente, trazendo
assim um feed back mais positivo e eficiente.
Quanto mais preparados e atentos estivermos, menos oportunidades
criaremos para sermos surpreendidos, neutralizando possibilidades de ocorrências
indesejáveis ou minimizando seus efeitos.

A nós, homens de segurança, cabe repensar se os nossos Policiais estão

aptos a executar as tarefas para as quais foram designados. A falha na execução

dessas missões é culpa do policial ou do seu treinamento?

O treinamento deve ser encarado como um investimento no capital


35

humano, um instrumento de lucro, crescimento e vitalidade da instituição Segurança


Pública. .
Uma última frase do mestre Sun Tzu:
"O RESGUARDAR-NOS DA DERROTA ESTÁ EM NOSSAS MÃOS,
MAS A OPORTUNIDADE PARA DERROTAR O INIMIGO É FORNECIDA POR ELE
PRÓPRIO”.
36

BIBLIOGRAFIA

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