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DIÁRIOS DE OBSERVAÇÃO
RESUMO: Neste trabalho, pretende-se pensar o ensino da lingüística, no curso de Letras - português, a
partir dos registros do ensino de conhecimentos sobre a linguagem, na forma de diários de observação. As
disciplinas observadas são obrigatórias para os graduandos do curso de Letras – habilitação (licenciatura
ou bacharelado) em língua portuguesa e literaturas de língua portuguesa. As disciplinas observadas foram:
LLV5601-Fonética e fonologia do português, LLV5602-Semântica e LLV5955-Metodologia do trabalho
acadêmico. O ato de pensar o ensino da lingüística baseou-se numa análise discursiva. Foi possível
perceber a presença dos discursos pedagógico e científico e a centralização do ensino na voz do professor.
ABSTRACT: In this work, it intends to think the teaching of the linguistics, in the course of the
Portuguese language and literatures of Portuguese language, starting from the registrations of the teaching
of the knowledge on the language, in the form of observation diaries. The observed disciplines are
obligatory for the students of the course of the Portuguese language and literatures of Portuguese
language. The observed disciplines were: Phonetics and phonology of the Portuguese, Semantics and
Methodology of the academic work. The act of to think the teaching of the linguistics was based in a
discursive analysis. It was possible to notice the presence of the pedagogic and scientific discourses and
the centralization of the teaching in the teacher's voice.
1. Considerações Iniciais
2. Diário de Observação
∗
Doutoranda em lingüística e bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
E-mail: belborges1@hotmail.com.
1 A nomenclatura do curso Letras: habilitação em língua portuguesa e literaturas de língua portuguesa foi abreviada para Letras-
português.
2 Em meio às turmas do curso de Letras, há graduandos de diferentes habilitações: línguas portuguesa, alemã,
3. O Ensino da Lingüística
Registro 1
A professora explicitou o objetivo da aula: definir fonema. Ela iniciou a aula, dizendo
que a instituição da fonologia como ciência ocorreu em Praga (1930), a partir dos trabalhos
desenvolvidos por Roman Jakobson.
Registro 2
A professora, em princípio, revisou pontos importantes da aula anterior. O primeiro
ponto se refere ao conceito de sintagma nominal (SN), sob o ponto de vista sintático. SN é um
sintagma cujo núcleo é um nome. A ilustração feita pela professora foi:
SD
Det SN
O =b
Nc Sprep
menino prep Nc
de azul
Registro 3
A professora efetua um planejamento da disciplina e procura segui-lo. Além disso, ela
utiliza, em seu discurso, a palavra planejamento para se referir ao que foi planejado ou pensado para
aquele dia. Procura informar o assunto da aula e em que etapa do planejamento da disciplina a turma
se encontra. Para isso, foi reproduzida a organização lógica de um trabalho acadêmico, como frisou
(várias vezes durante a aula) a professora. Ela salientou que não se trata de um esquema a ser seguido
para se elaborar um projeto de pesquisa, e sim, de uma lógica de pensamento. (Diário de observação
da disciplina de LLV5955-Metodologia do trabalho acadêmico (7ª. fase), 2007, p. 1-2)
Posso dizer que há três regularidades entre as aulas observadas das disciplinas acima.
A primeira é a explicitação do tema da aula: o objeto temático a ser (re)construído num encontro
entre turma e professora. A segunda refere-se a um ato de planejar a aula, o que é e “como” é
dito. A terceira diz respeito às retomadas de questões relevantes da aula precedente para serem
prosseguidas na aula em processo de (re)construção. Trata-se de uma anterioridade constitutiva
do presente em estado de (re)elaboração. Ao lado dessas três regularidades, houve momentos em
que a professora mostrou em qual ponto do planejamento do curso da disciplina a turma e a
mesma se encontram, como relatei no terceiro registro. Assim, a aula se constitui no entremeio
de uma circunscrição temporal e processual (o desenvolvimento da disciplina em um semestre
letivo ou fase do curso de Letras-português) e de uma vinculação temática.
Apontar o tema da aula, planejá-la, circunscrevê-la no processo disciplinar e efetuar
revisões são elementos constitutivos da aula, que indicam algo em processo de tecitura:
conhecimentos “característicos” da disciplina. São os conhecimentos escolhidos pela professora
para serem “ensinados” à turma, naquele dia. Eles, além de constituírem efeitos de uma seleção,
são construtos de um ponto de vista da professora em relação à disciplina. Apesar de ela ser,
institucionalmente, obrigada a se orientar pela ementa da disciplina, a maneira como será
desenvolvida lhe cabe, conforme os objetivos e sua postura didático-pedagógica. Com base numa
obrigatoriedade, desenvolve-se o processo da disciplina, porém as propagações (re)criativas que
se referem ao planejamento e à elaboração didática são múltiplas 5 .
Na função de professora, a maneira de comunicar ou de dizer um conhecimento, no
âmbito da disciplina ministrada, é uma (re)construção específica.
Registro 4
Primeiramente, a professora fez uma revisão dos conceitos de signo lingüístico e da
relação de diferenças entre fonemas, a partir da técnica de comutação: eixo paradigmático e eixo
sintagmático.
c +a+l+o
eixo paradigmático r +a+l+o
Registro 5
Para encerrar a aula, a professora apontou algumas possibilidades de relações que os
quantificadores podem estabelecer entre os conjuntos de indivíduos de uma dada sentença. De um
modo geral, eles podem estabelecer ou uma relação de contido (⊂) ou uma relação de contém (⊃):
A⊂B↔B⊃A
B⊂A↔A⊃B
(Diário de observação da disciplina de LLV5102-Semântica (4ª. fase), 2007, p. 37-38)
Registro 6
Para encerrar a aula, a professora recorreu ao destaque do trecho, localizado na página
220, do capítulo intitulado Projeto e relatório de pesquisa, de Marconi e Lakatos (2007): “O processo de
delimitação do tema só é dado por concluído quando se faz a sua limitação geográfica e espacial, com
vistas na realização da pesquisa”. Por meio deste, ela diferenciou a abordagem metodológica
5 Rojo (2001), levando em conta o trabalho Récit d’élaboration d’une séquence: le débat publique, de Dolz, Schneuwly e de
Pietro (1998), argumenta que as ações didáticas do professor requer um planejamento e necessita de uma
modelização didática, que tem como ponto de partida um modelo didático (uma construção que relaciona atuações
de professores e alunos com as vivências de ensino). A modelização didática “constitui-se no mecanismo que
transforma uma descrição de gênero (ou de outro objeto de ensino) num programa de ensino de gênero (no dizer dos
autores, numa seqüência didática)” (ROJO, 2001, p. 319). Ao referir-me aos argumentos de Rojo (2001), pretendo,
leitor, dizer que a elaboração didática de que falo se refere a um processo de objetivação de determinados
conhecimentos, para que estratégias e ações sejam pensadas e o ensino se desenrole. A atuação do professor
pressupõe não só um planejamento do que ensinar, de que maneira e para quê, mas também o desencadeamento de
ações (efeitos do que foi planejamento). Trata-se de um processo que inclui objetivação e tematização de
conhecimentos e (re)construção deles em meio à interação social, que pode ser no interior de uma sala de aula ou
não.
longitudinal (acompanhamento por um tempo significativo dos sujeitos de pesquisa) e a transversal
(recorte determinado no tempo e no espaço).
Ficou encaminhado um exercício sobre o projeto de pesquisa:
1 Tema
2 Focalização
3 Problema
4 Hipótese(s)
5 Objetivo(s)
6 Justificativa
7 Referencial teórico
8 Metodologia
9 Recursos
10 Cronograma
11 Referências”
(Diário de observação da disciplina de LLV5955-Metodologia do trabalho acadêmico (7ª. fase), 2007, p. 29-30)
Registro 7
A professora iniciou a aula a partir da seguinte ilustração:
O menino tá triste
o menino tá triste
o menino
nino tá triste
Conforme o modelo semântico formal e a partir da ilustração acima, a professora
apontou a classificação dos componentes da sentença: operador (o), argumento (menino, triste) e
predicado (tá). Ela definiu que argumento se refere ao indivíduo no mundo. Na teoria dos conjuntos é:
{x:x é menino} {x:x é triste}
{x, x, x, x, x}
sentido
linguagem referência
Registro 8
A professora fez algumas considerações acerca do olhar da semântica formal sobre a
língua(gem), dentre elas:
1. o/a semanticista constrói o modelo para saber como o/a falante intuitivamente compõe e
decompõe a sentença;
2. a noção de acarretamento é uma relação lógica;
3. a relação de acarretamento é uma das questões centrais da semântica, juntamente com a relação de
sinonímia; e
4. uma das possibilidades de trabalhar-se matemática e português é explorar as relações semânticas de
acarretamento e de sinonímia por meio da teoria dos conjuntos.
Na relação de acarretamento, a sentença A é subconjunto da sentença B:
•B
•A
Registro 9
A professora destacou alguns pontos da trajetória sócio-histórica da fonética (Grécia,
Roma, Inglaterra e os inventos telecomunicativos, como: o telefone e o telégrafo) até surgir a
fonologia no século XX. Com a emersão do estruturalismo, fez-se a diferença entre fonética e
fonologia; esta emergiu, em Praga (1926-1938), apoiada nos princípios de Saussure. As Atividades de
aplicação, localizadas entre as páginas 26 e 29, no livro em questão, foram propostas para serem feitas
pela turma e corrigidas na aula seguinte.
6Noção nietzschiniana de linguagem: caminho para a (re)construção das verdades e das representações de mundo
(NIETZSCHE, 1873/1996).
A professora destacou a importância da fonética acústica quando foram inventados o
telefone e o telégrafo. Ela falou da área aplicada da fonética, por exemplo, a transcrição da fala na área
de investigação criminal. A medicina faz uso da fonética na área da fonoaudiologia.
Além disso, a professora disse que há uma certa rivalidade entre fonética e fonologia.
Na engenharia, privilegia-se a fonética em vez da fonologia. (Diário de observação da disciplina de
LLV5601-Fonética e fonologia do português (1ª fase), 2007, p. 5).
Registro 10
langue parole (ato de fala)
Æ Æ
fonologia fonética
Æ Æ
gramática dos sons articulações acústicas
Æ Æ
(sistema) abstrato concreto
A partir dessa ilustração, a professora ressaltou que a turma, ao ir a campo para coletar
as falas dos pescadores, focalizou a parte concreta da língua, como esta se manifestou: suas
realizações. Após a coleta e a transcrição dos dados, a turma, por meio da análise deles, será feita a
elaboração da gramática dos pescadores: o sistema, a parte abstrata do que foi recolhido (concreto).
(Diário de observação da disciplina de LLV5601-Fonética e fonologia do português (1ª fase), 2007, p. 13).
Registro 11
... a professora apresentou os modos de articulação. No quadro-branco, foi apresentada a classificação
dos modos de articulação, segundo Câmara Jr.:
vibrantes
4. líquidas batida (tap) 3
lateral
5. semivogais 4
6. vogais 5
vibrantes
4. líquidas batida (tap)
Sonoras
lateral
5. semivogais Sonoras
6. vogais Sonoras
Registro 12
Há dois tempos efetivamente, em português, disse a professora: passado e futuro. O
presente, por exemplo, é um aspecto.
MF 7
aspecto
Eu prometo parar de falar.
7 MF = momento de fala
presente simples = presente semântico
MF ME
Há dois tipos de aspecto: o perfectivo e o imperfectivo.
E (evento)
perfectivo: MR 8 ⊃ ME 9
imperfectivo: MR ⊂ ME
Registro 13
A professora passou a explicar o eixo de coerência de um trabalho acadêmico:
1. no resumo, pode haver ou não a organização dos capítulos;
2. na introdução, deve haver a organização dos capítulos;
3. itens obrigatórios e facultativos abaixo, em se tratando de TCC ou de outro trabalho de menor
complexidade:
8 MR = momento de referência
9 ME = momento do evento
Além disso, o processo designativo também é um ato classificatório e hierárquico.
Na disciplina de LLV5601-Fonética e fonologia do português (Registro 10), posso citar a
nomeação da disciplina lingüística que se volta às “articulações acústicas”, a fonética, e a
designação da disciplina lingüística a qual se concentra na “gramática dos sons”. O ato de nomear
traz consigo um predicar, de maneira que toda vez que um sujeito que conhece a noção e a
funcionalidade dessas ferramentas, será capaz de reconhecê-los. Uma das funções do professor
de uma disciplina atrelada à lingüística é ensinar o processo designativo das ferramentas e
estratégias da disciplina em discussão. Durante as aulas, as nomeações, já predicadas são objeto
de ensino do professor de lingüística, de acordo com a disciplina em processo de (re)construção.
Dentro de uma sala de aula, institui-se entre turma e professor o ensino de uma disciplina
lingüística. A partir dessa instituição, os conhecimentos científicos lingüísticos serão
(re)construídos, em função de uma política disciplinar de representação sobre a língua(gem): a
perspectiva norteadora de como ver a língua(gem).
O dizer da professora, que destaquei no registro acima: “— A teoria que vou
apresentar a vocês hoje é a teoria dos quantificadores generalizados”, permite-me interpretar que
o sujeito professor está a serviço da linguagem, porque constitui um ponto na linguagem que
agencia os conhecimentos científicos acerca da língua(gem), nos moldes de uma visão de
pensamento. O professor fala em nome de uma visão, que se materializa, nas aulas, de diversas
maneiras: por meio de apontamento das ferramentas e estratégias de trabalho (fonema,
comutação, eixo paradigmático e sintagmático... na disciplina de LLV5601-Fonética e fonologia
do português; pressuposição, acarretamento, sinonímia, sintagma nominal e verbal, sentença,
referência, valor de verdade... na disciplina de LLV5102-Semântica; tema, objeto, método,
problema, objetivos... na disciplina de LLV5955-Metodologia do trabalho acadêmico), por
intermédio de demonstrações de teorias e análises. Sempre tratadas de modo separadas:
primeiramente, demonstra-se e explica-se a teoria, secundariamente, análise-se a língua(gem), à
luz da teoria antecedente.
A disciplina é um princípio de controle do discurso. Ela lhe fixa os limites pelo jogo de uma
identidade que tem a forma de uma reatualização permanente de regras.
Tem-se o hábito de ver na fecundidade de um autor, na multiplicidade dos comentários, no
desenvolvimento de uma disciplina, como que recurso infinitos para a criação dos discursos. Pode ser,
mas não deixam de ser princípios de coerção; e é provável que não se possa explicar seu papel positivo
e multiplicador, se não se levar em consideração sua função restritiva e coercitiva.
Eis a hipótese que gostaria de apresentar...: suponho que em toda sociedade a produção do discurso é
ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de
procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento
aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade.
Em uma sociedade como a nossa, conhecemos, é certo, procedimentos de exclusão. O mais evidente, o
mais familiar também, é a interdição. Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se
pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar de qual quer
coisa. (FOUCAULT, 2002, p. 8-9).
Referências
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Danilo Marcondes de Souza Filho do título em inglês How to do things with words. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1962/1990.
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Uma introdução à teoria e aos
métodos. Tradução de Maria João Alvarez, Sara Bahia dos Santos e Telmo Mourinho Baptista do
título em inglês Qualitative researching for education. Porto, Portugal: Porto Editora, 1994.
BORGES, M. I. O jogo ético-político nos quadrinhos editados em “O Pasquim”. 2004. 179 p. Dissertação
(Mestrado em Lingüística) - Programa de Pós-graduação em Lingüística – Curso de Mestrado em
Lingüística, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia, 2004.
10 O ato de nomear traz consigo uma predicação, não sendo possível distinguir fato e valor. Essa idéia foi
desenvolvida em minha dissertação de mestrado intitulada O jogo ético-político nos quadrinhos editados em “O Pasquim”
(2004) e teve como base as idéias de Austin (1962/1990) e de Rajagopalan (2003).
DERRIDA, J. A farmácia de Platão. Tradução de Rogério Costa. 2. ed. São Paulo: Iluminuras,
1997.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. 8. ed. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São
Paulo: Loyola, 2002.
LOPES DA SILVA, F. L.; RAJAGOPALAN, K. (Orgs.). A lingüística que nos faz falhar:
investigação crítica. São Paulo: Parábola, 2004.
NIETZSCHE, F. W. Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral. In: ______. Obras
incompletas. Seleção de textos de Gérard Lebrun. Tradução e notas de Rubens Rodrigues Torres
Filho. Posfácio de Antônio Cândido. São Paulo: Nova Cultural, 1873/1996. p.51-60. (Os
pensadores).
RAJAGOPALAN, K. Por uma lingüística crítica: linguagem, identidade e questão ética. São Paulo:
Parábola, 2003.
ROJO, R. H. R. Modelização didática e planejamento: duas práticas esquecidas do professor. In:
KLEIMAN, A. B. A formação do professor: perspectivas da lingüística aplicada. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2001. p. 313-335.
ZABALZA, M. A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional.
Tradução de Ernani Rosa do título em espnhol Los diarios de clase: um instrumento de
investigación y desarollo profesional. Porto Alegre: Artmed, 2004.
Neste dia, foi feita a correção dos exercícios do Módulo I. Tais exercícios estavam
disponíveis no endereço eletrônico: http://www.cce.ufsc.br/~pires.
A professora disse que os exercícios dez, onze e doze constituem modelos de
questões da prova a ser realizada no dia 24 de abril.
A resolução do terceiro exercício foi:
x ama y
Ama x, y
A p, j
Todas as possibilidades acima, que se referem à sentença “Paulo ama José”, são
formas de representar o predicado bi-argumental.
A professora destacou que o predicado sempre é representado por meio de uma letra
maiúscula e o argumento, por meio de uma letra minúscula 11 .
Em seguida, ela professora diferenciou representações mais e menos abstratas. Esta é
uma representação mais abstrata:
_ama_
Amar x, y
_ensinar_
Ensinar x, y
11 A meu ver, as diversas representações provam a predileção pela linguagem matemática; e, além disso, é uma
Foi feita esta distinção para afirmar que quando o verbo ser indicar propriedade,
como em (2), o predicado é mono-argumental. O mesmo ocorre em (3) 12 , que é também um
predicado mono-argumental.
A aula de hoje se pautou na correção de exercícios. Na próxima, será dada a
continuidade da correção.
12 Notei que o objetivo do exercício em questão era verificar se o/a graduando/a abstrai a estrutura sintática das
sentenças.
As respostas dos exercícios são resoluções de relações semânticas ou de relações lógicas. A noção de representação é
diferente: a linguagem é a mais sintética ou objetiva possível. É diferente das respostas de atividades mais discursivas,
como na disciplina de Metodologia do trabalho acadêmico, cuja base é a linguagem verbal-discursiva.
Eu acho difícil perceber o mundo sob o viés da semântica formal, porque minha formação é de outra ordem. Nesta
disciplina, consideram-se princípios teórico-metodológicos diferentes. É difícil deslocar, ou melhor, abandonar essa
posição para assumir outra, sem ser influenciada por aquela que negou, como solicita a professora, durante as aulas: o
abandono da intuição de falante. A meu ver, trata-se do abandono da identidade lingüística como falante da língua
portuguesa. Pode-se ter a ilusão de apagamento, no entanto, não é possível a morte, o aniquilamento. Sempre há uma
falha, uma brecha, uma fresta em que aquilo que foi apagado, emerge (Deleuze), retorna (Foucault). Em se tratando
de subjetividade, uma identidade se configura (estudos culturais da pós-modernidade).
Chamou-me a atenção o fato da professora usar a terminologia línguas naturais. Pergunto-me: que política de
nomeação/predicação está por trás dessa designação?