Você está na página 1de 63

black&whiteincolorfor

photographers
wherever you are

edição #01

1
2
vamos falar sobre
fotografia como arte!

3
www.bwincolor.com.br

4
#01

black&whiteincolorfor
photographers
wherever you are
carta ao leitor
Aqui está uma nova revista, não só por estar estreando no A fotografia é uma arte com diferentes visões e definições e
mercado mas por sua forma de apresentação. aqui iremos falar sobre história, mercados, fine art, design,
A BLACK & WHITE IN COLOR é a primeira revista multipla- tecnologia, lançamentos, dicas e muito mais para mostrar as
taforma no segmento de fotografia e arte. diversidades da fotografia.

Em um mundo digital, onde a referência deixou de ser um Como foi dito na primeira linha, estamos estreando e por con-
ponto fixo e passou a ser uma nuvem, nada melhor do que ta disso pedimos desculpas por algum ato falho que tenha-
você ter em suas mãos as informações que interessam onde mos cometido nesta edição. Mas também pedimos que você
quer que você esteja. leitor, colabore para as melhorias nas próximas edições.

Seja em seu tablet, em seu smartphone, seu laptop ou desktop, Somos a união de fotógrafos profissionais e amadores produ-
a revista BLACK & WHITE IN COLOR mantém sua forma e zindo um novo canal mas além de tudo, somos apaixonados,
conteúdos intactos proporcionando a melhor leitura indepen- como você, pela arte de fotografar.
dente do device.
Boa leitura
Não estamos chegando com a pretensão de ser a melhor
revista do mercado mas sim uma revista diferenciada onde Marcello Barbusci
profissionais, amadores ou simplesmente apaixonados pela
8º arte possam discutir os conteúdos publicados mostrando
que a fotografia vai muito além do clique.

5
os
colaboradores

Beto Andrade Cacalo Erico Mabellini


Designer proprietário da Origi- No mercado há 30 anos, um dos Aficcionado pela arte da foto-
nal Design. Vencedor do Lon- mais respeitados fotógrafos do gráfica, desde a infância. Hoje,
don International Advertising mercado publicitário. Formado tem a satisfação de ver suas
Awards. em comunicação visual – artes obras bem aceitas e ao mes-
plásticas pela FAAP. mo tempo segue em busca de
aprender sempre mais nesse
seu ofício e paixão.

6
#01

black&whiteincolorfor
photographers
wherever you are

Otavio Costa Rui Costa Zeca Salgueiro


Empresário nas áreas de pro- Profissional de TI desde 1999, Luthier, músico e admirador da
dução de vídeo e interati- apaixonado pela fotografia boa arte porém a arte que se
vidade. Há mais de 20 anos desde que se lembra. Em bre- entende não a que cria dúvida
utilizando as mais recentes ve trocará definitivamente os sobre ser ou não ser arte.
e inovadoras tecnologias na teclados pelas lentes porque a
comunicação digital, produ- vida deve ser vivida apaixona-
ção de vídeo e multimedia damente.
interativa. (correspondente na Europa)

7
A FOTOGRAFIA,
com filme ou marcos instagram ou
sem filme? sêmola estragam? Amor & ódio
Um assunto recorrente ain- Conheça um pouco da tra- Alfabetização fotográfica Redes Sociais, ame e/ou
da nos dias de hoje, onde o jetória de um brasileiro re- Afinal nem toda pessoa al- odeie mas nunca faça de
mundo trafega no digital. conhecido mundialmente fabetizada na escrita é um conta que não existem.
como um dos mais novos poeta ou escritor.
nomes da STREETPHOTO.

test drive fujifilm X100S bwincolor shopping

Dicas interessantes
para quem quer
comprar bons
produtos.

STREETPHOTO, do brasil para o mundo

8
ascensão e fotografia
queda. inovação no design fineart
Um pouco da história de Passado, presente e futuro Porque nem sempre a bela Uma velha e recorrente dis-
um dos ícones da fotografia. do que conhecemos e do foto mantém o seu destaque cussão, Fotografia e Arte.
que ainda está por vir. em algumas produções?

bwincolor classificados A galeria do leitor

Equipamentos e
serviços a sua dis-
posição atendendo
o mercado nacional
e internacional.

ascensão e queda

bwincolor agenda

9
Galeria do
leitor Nome | @endereço_do_facebook

Julia Li | @AliciaJuliaLee Ricardo Jacoby | @ricardo.jacoby.9

Lu VGomes | @lu.vgomes

10
#01
Michael Johnsey | @michael.w.johnsey

Ricardo Carvalho |
@ricardo.carvalho.583671

Groucho Marx | @gr0uch0marx


11
Galeria do
leitor Nome | @endereço_do_facebook

Jose Pedroso | @joolpe Tiago Henrique | @tiago.henrique.d

Gustavo Dragunskis | @dragunskis

12
Jon Fernandez-Castañeda | @Jontxufc

Alexey Voltolino | @alexey.voltolino

Helo Von Gal | @helo.vongal


13
14
#01

P
ara não dizerem que sou um pessimis- Bem, voltando à interrogação que intitula o
ta, (“O otimista é um tolo. O pessimista, texto é um singelo jogo de letras com o qual
um chato. Bom mesmo é ser um realista costumo contemplar meus alunos, pois perce-
esperançoso”.- Ariano Suassuna) eu admito e bo um excesso de utilização desse aplicativo e
louvo o fato de que as facilidades trazidas pe- outros tantos semelhantes. O hábito se tornou
instagram ou
los iPhones e afins fizeram com que a alfabeti- tão frequente que até mesmo em publicações
estragam? zação fotográfica, que já ocorreu faz algumas de grande circulação observa-se a utilização
décadas além mar, tivesse início no Brasil. de tais aparatos para ilustrar uma reportagem
ou algum trabalho de publicidade.
Vejo hoje que as pessoas fotografam de
tudo um pouco de seus cotidianos e vejo Modismos à parte eu admito que toda ino-
também que muitas vezes surgem boas vação é bem vinda, inclusive para gerar um
imagens, a única dificuldade é manter a maior interesse pela observação e produção
qualidade. Mas já é um grande passo, afinal de imagens, mas chega um ponto de satu-
nem toda pessoa alfabetizada na escrita é ração em que a criatividade inicia a parábo-
um poeta ou escritor. la de queda e aquilo que era novo começa a
Erico Mabellini cansar o olhar.
erico@mabellini.fot.br
fotos: Marcello Barbusci

15
Concordo que uma foto realizada com um
“equipamento” (reparem nas aspas) que não
possua qualidade ótica ou tampouco recursos
outros como um bom diafragma e velocidade
possa se beneficiar de aplicativos que alterem
cores e texturas, trazendo um certo ar de cria-
tividade e/ou novidade. O que me incomoda
é quando vejo fotógrafos amadores ou pro-
fissionais que estejam trabalhando com bons
equipamentos fazerem uso de tais aplicativos,
aí é que essa utilização constante começa a
esbarrar na falta de competência técnica para
a realização de uma boa imagem. Percebam
que os recursos físicos básicos de uma boa câ-
mera fotográfica não modificaram tanto desde
as boas analógicas até as atuais DSLR.

Por isso é que sem querer ser “out of date” eu


me preocupo com o uso descuidado e desme-
dido de tais aplicativos, que muitas vezes con-
seguem estragar por completo uma imagem ra-
zoável ou boa e que indubitavelmente não irão
melhorar uma foto ruim.

16
www.originaldesign.com.br - 11 3368.2394

17
#01

P
arece estranho nos dias de hoje, falar em Consequência, abrir mão de nossa interferên-
fotografar usando filme. cia pessoal, daquele tempero...
A expectativa de contar com as “features” má-
A FOTOGRAFIA, Causa estranheza fazer referência ao filme fo- gicas para correções em pós-produção, a ra-
com filme ou tográfico numa época em que CCDs e CMO- pidez em ver um resultado pode influir signi-
Ses puxaram o tapete da película fotográfica. ficativamente em todo o nosso projeto. Hoje
sem filme? Mas tudo isso não é, senão, parte de um pro- em dia podemos experimentar muito mais,
cesso maior, e é nesse escopo que deve se então porque será que devemos ficar reféns
concentrar o nosso entendimento. do foco automático da 5D MKII, ou amarrados
ao sistema de fotometria da D800, ou ao foco
Ao aceitarmos esses aspectos vamos compre- experto de uma Hasselblad HD5, enfim tudo
ender que, se hoje captamos imagens com isso nos ajuda, mas não nos melhora, e pior,
foto sensores de altíssima tecnologia, ontem nos convida a preguiça.
também aplicávamos uma grande dose de
conhecimento para podermos fotografar em Na era do filme não tínhamos essas prerroga-
películas de acetato e num passado mais re- tivas, portanto, todo o processo criativo pres-
Cacalo moto a tecnologia possível só permitia usar supunha estudo, conhecimento e aí sim vinha
cacalo@cacalo.com placas de estanho ou mesmo de vidro cober- a experimentação, estritamente nesta ordem.
tos com emulsão fotossensível.
Hoje, em teoria, nada disso mudou, mas será
Como vemos, os fotógrafos sempre estiveram que é verdade?
envolvidos por uma onda de revolução tec-
nológica, sempre foram protagonistas dessa Pois é, aí está a diferença! Quem fotografou
transformação, quando não, criadores tam- ou ainda o faz com filme enxerga a expressão
bém, pois muito deles desenvolveram ou até fotográfica de um modo, e alguém que des-
mesmo inventaram novos princípios. Todos de sempre usou uma câmera digital toda au-
nós temos parte nisso, inclusive os fotógrafos tomática e deixou-se envolver, ser possuído
novos e completamente digitais, que usam, pelos plug-ins e automatismos vê as mesmas
aplicam princípios lá do início da escola foto- questões de maneira completamente diferen-
gráfica, e acho que essa é a essência. te, afetando até a estética .

Realmente não faz diferença nenhuma foto- Que fique bem claro, NÃO SOU CONTRA O
grafar com filme, com papel fotográfico den- AVANÇO TECNOLÓGICO NA FOTOGRAFIA,
tro de uma latinha ou com um super CCD de mas acredito que ela não é simplesmen-
80 milhões de pixels. te hardware e software, ela é cérebro, ela é
alma, e é preciso mergulhar profundamente,
A diferença está, e sempre estará na aplicação sem medo e sem preguiça. Procurar sempre
do conhecimento, por mais que as novas tec- o novo a cada trabalho, confrontar o novo a
nologias nos tragam grandeza e facilidades cada dia. Nem tudo será bom só por ser novo
na captura e processamento de imagens, é e nem tudo será condenado por não ser novo!
fundamental aplicarmos nosso conhecimen-
to para criarmos um diferencial, para darmos Acredito que ai nasce um elo de ligação bas-
à foto uma paternidade, um DNA nosso. tante consistente entre o conhecimento histó-
É sempre bom lembrar que os avanços nas rico, as técnicas básicas, as formas de expres-
câmeras de hoje podem criar para nós facili- são clássicas e as ferramentas de produção
dades aliciantes, um ambiente de indolência contemporâneas formando um verdadeiro
e podemos sim, em virtude de tantos automa- fotografo por traz das lentes.
tismos, sucumbir para a preguiça e deixar de
criar e desenvolver.

18
#01
Surge então, devido a aplicação de A primeira fotografia reco- Paralelamente, outro fran-
todo esse “know-how”, uma foto- nhecida é uma imagem pro- cês, Daguerre, produzia com
grafia diferenciada, com alma, pro-
duto da criação e trabalho extensi- duzida em 1826 pelo francês uma câmera escura efeitos
vo de alguém. Joseph Nicéphore Niépce, visuais em um espetáculo
numa placa de estanho co- denominado “Diorama”.
“As questões não são, berta com um derivado de
em essência retóricas! petróleo fotossensível cha- Daguerre e Niépce trocaram
Suas respostas são sim- mado Betume da Judeia. correspondência durante al-
plesmente complexas: guns anos, vindo finalmente
Conhecimento, educa- A imagem foi produzida com a firmarem sociedade.
ção, seriedade, esforço e uma câmera, sendo exigidas
sofrimento!” cerca de oito horas de ex-
Marcio Teriya Rebelo. posição à luz solar. Nièpce
chamou o processo de “he-
Quando Nièpce conseguiu fazer o pri-
meiro registro fotográfico da história,
liografia”, gravura com a
levou oito horas de exposição, e só ele luz do Sol.
conseguia fazer aquilo, isso é criação,
isso é esforço, conhecimento...
Daguerreótipo

View from the Window at Le Gras, Joseph Nicéphore Niépce.

19
#01
Esse registro fotográfico traz , man-
tendo as relações com a tecnolo-
gia daquela época, uma bagagem
de conhecimento e técnica muito
grande, em um mundo sem ener-
gia. Quem tinha uma vela era rei.
Conseguia tudo.

Fica claro então que nada mudou, a


fotografia como expressão é rigoro-
samente igual, é exatamente como
sempre foi!

Por fim, eu recomendo a todos que


não avaliem una obra fotográfica
pela forma como ela foi captada, mas
sim pela forma como se apresenta.

Pensando nisso, convidei três fotó-


grafos contemporâneos com gran-
de vivencia no analógico e no digi-
tal, pedi a eles que escrevessem um
pouco sobre a fotografia como ex-
pressão artística sujeita a mudan-
ças tecnológicas e modificações
do comportamento social. Qual a
diferença substancial de fotografar
com ou sem filme.

As opiniões encerram para mim


esse artigo com chave do ouro.
Não deixem de ler os textos dos três
fotógrafos na íntegra.
Hasselblad 500 CM

“A prática e o estudo da técnica “Então não há solução?


da fotografia é que podem nos Outra questão não retórica! Há: Não nos deixemos cair em tenta-
fazer bons fotógrafos e não só ção... A facilidade e o acesso fácil às ferramentas tecnológicas ne-
as facilidades oferecidas pelas cessariamente não evitam o trabalho, o estudo e a pesquisa!
câmeras digitais”. Então simplesmente se esforce! Seremos todos artistas? Estaremos
Hilton Ribeiro ao lado de Cartier Bresson, Man Ray, Robert Doisneau, Alexandr
Rodchenko, Weegee, Miguel Rio Branco, Mario Cravo Neto, Arthur
Omar, Sebastião Salgado, Claudia Andujar e muitos outros a quem
“Por outro, os fotógrafos que peço desculpas pela não citação literal, é claro que não! Mas po-
realmente detém o conhecimen- demos contribuir grandemente para que o Brasil se torne um pouco
to da técnica fotográfica pos- menos medíocre. Podemos começar pelo começo:
suem a possibilidade de renovar Basta dobrar um pouco os joelhos para que as coisas sejam vistas
o seu formato de trabalho, seja de maneira diferente!”
ficando mais produtivos e ágeis Marcio Teriya Rebelo
ou correndo mais riscos e reno-
vando o seu processo de criação
visual”
Cristiano Burmester

20
1. Em 1969 comecei fotografar, fiz um curso na Enfoco 2. Ao longo da transição da fotografia analógica para a
escola de fotografia. Câmeras totalmente manuais, nada digital pude perceber que as pessoas passaram a ter mais
automático. contato com o processo de criação e produção da foto-
grafia.
Foco, diafragma, velocidade, escolhidos pelo fotógra- Enquanto em base de filme, o fotógrafo carregava uma
fo. Frequentemente usava filme pb, basicamente TriX, aí certa “magia” no seu trabalho, pois após o “click” o cliente
poderia escolher a exposição do filme de acordo com a ou leitor só iria ver a imagem final sem ter acesso as eta-
qualidade da luz: mais difusa expunha menos e revelava pas de revelação e edição.
mais; luz contrastada era o inverso revelava menos e
expunha mais. Quando o filme era colorido e reversível Agora com o digital, um número grande de pessoas tem
( slide) tínhamos outras preocupações além do foco, ex- uma breve noção de que existem técnicas de pós-produ-
posição, etc. , a cor da luz era fundamental ; colorímetros, ção que podem alterar drasticamente as fotos.
filtros de correção de cor também eram necessários.
Este entendimento faz as pessoas duvidarem mais daqui-
Hoje temos as câmeras digitais de alta definição que são lo que vêem e isto diminui o valor que atribuem ao traba-
extraordinárias. O foco, que pode ser automático e a ex- lho do fotógrafo.
posição que também pode, precisam ser corretos, o resto
faz-se depois normalmente no Photoshop. Este procedi- Por outro, os fotógrafos que realmente detém o conhe-
mento facilitou muito a vida do fotógrafo mas não ensi- cimento da técnica fotográfica possuem a possibilidade
nou-o a fazer fotografias. A prática e o estudo da técnica de renovar o seu formato de trabalho, seja ficando mais
da fotografia é que podem nos fazer bons fotógrafos e produtivos e ágeis ou correndo mais riscos e renovando o
não só as facilidades oferecidas pelas câmeras digitais. seu processo de criação visual.

Hilton Ribeiro Cristiano Burmester

3. O óbvio ululante... O processo de criação de uma imagem, passa, infeliz-


Qualquer um pode criar e realizar um projeto fotográfico, ou mente para alguns, por caminhos tortuosos, complexos e
no frustrantes... Como enxergar algo novo e diferente no que
popular: Tirar uma foto? Claro que sim... Todas estas fotos se- todos vêem do mesmo jeito? Como traduzir suas sen-
rão bem realizadas, ou novamente no popular: Serão boas? sações, frustrações, angustias e medos em um simples
Claro que não! instante de frações de segundos? As questões não são,
em essência retóricas! Suas respostas são simplesmente
O acesso às ferramentas de produção, às informações, às re- complexas: Conhecimento, educação, seriedade, esforço
ferências, e sofrimento!
ao contrário do que gurus preconizavam, em absoluto pro-
porcionaram um enriquecimento da base cultural na maioria Então não há solução? Outra questão não retórica! Há:
dos casos e um aprimoramento cultural nos casos importan- Não nos deixemos cair em tentação... A facilidade e o
tes (me refiro, aqui, aos famigerados formadores acesso fácil às ferramentas tecnológicas necessariamente
de opinião!) não evitam o trabalho, o estudo e a pesquisa!

É com tristeza que devo concordar com o Jornalista Augusto Então simplesmente se esforce! Seremos todos artistas?
Nunes, quando entrevistado à alguns dias, disse que o Brasil Estaremos ao lado de Cartier Bresson, Man Ray, Robert
( assim como o mundo - adendo meu! ) ficou mais medíocre. Doisneau, Alexandr Rodchenko, Weegee, Miguel Rio
A reflexão, então, deve voltar-se ao processo de criação e Branco, Mario Cravo Neto, Arthur Omar, Sebastião Salga-
produção fotográfico: Quais destes novos produtores foram do, Claudia Andujar e muitos outros a quem peço des-
formados na essência das linguagens técnica e abstrata da culpas pela não citação literal, é claro que não! Mas po-
fotografia? Não necessariamente uma formação acadêmica, demos contribuir grandemente para que o Brasil se torne
também esta, falha ( este é um assunto para mais e outras de- um pouco menos medíocre.
longas...) mas principalmente uma formação instigada pela Podemos começar pelo começo: Basta dobrar um pouco
curiosidade e desejo pelo conhecimento!! os joelhos para que as coisas sejam vistas de maneira di-
ferente!
A resposta pode estar na perigosa sensação de simplicidade ao
se criar do nada em poucos segundos uma imagem bidimen- Marcio Teriya Rebelo
sional, que há algum tempo era um grande mistério... como a
imagem se construia dentro da câmera?? Como, depois, em
outro enigma, ela simplesmente aparecia em um papel??

21
22
biagency.com.br
#01

TEST
DRIVE

Marcello Barbusci
marcello@barbusci.com.br

A
FUJIFILM tem se mantido fiel ao estilo Todos nós sabemos que os sistemas digitais
retrô das suas câmeras. E os novos mo- estão em evidência neste momento mas há
delos da série X não são somente boni- alguns anos quando as analógicas reinavam, a
tos mas também são rápidos. marca detinha quase 50% do mercado brasilei-
ro de filmes fotográficos.
Antes de falar sobre alguns detalhes técnicos
e minha opinião sobre a X100S, vou colocar Com a revolução digital e o surgimento das câ-
alguns detalhes sobre a FUJIFILM e a série X, meras digitais, a FUJIFILM se adaptou e come-
um segmento de grande aposta da empresa. çou a desenvolver novos produtos neste seg-
mento. Diante de novos players e o crescimento
Com um faturamento de 3,9 bilhões de dóla- dos smartphones, a empresa decidiu definir um
res (divisões de impressão e eletrônicos) e pre- nicho de mercado, que é considerado o mais
sença em mais de 100 países, a FUJIFILM é promissor do mundo, o de câmeras semiprofis-
considerada a maior empresa de tecnologia sionais, que nos últimos três anos teve cresci-
de captação de imagem no mundo. mento médio de 10%.

Para a FUJIFILM Global e a divisão nacional Os produtos são destinados ao consumidor


o Brasil é colocado como mercado estratégico definido como um entusiasta pela fotografia,
pois acreditam no crescimento e vislumbram que gosta de clicar, que exige bons equipa-
um cenário econômico promissor. mentos, mas que não tem a necessidade de
sistemas tão complexos e invasivos. A meta
Hoje, a empresa alimenta no País uma cadeia da empresa no Brasil é figurar entre os três
produtiva com milhares de funcionários e maiores neste segmento.
opera com duas fábricas e um amplo portfo-
lio de produtos que vão desde a produção de Com esse cenário nas mãos e para atingir essa
papéis consumíveis, que abastecem o Brasil meta, a empresa investe cada vez mais num
e a América Latina, a divisão médica, o setor segmento chamado de mirrorless (do inglês,
de impressão e o que mais nos interessa, o sem espelho), os equipamentos compactos com
de câmeras digitais. a versatilidade das lentes intercambiáveis, que
podem ser trocadas a qualquer momento.

23
#01
Um dos diferenciais que a FUJIFILM enfatiza
é a sinergia com as demais divisões da em-
presa e o know how reconhecido neste setor.
A FUJINON, por exemplo, é uma das maiores
fabricantes de lentes do mundo e criou len-
tes especiais para as câmeras da FUJIFILM.
Além disso, o seu histórico em fotografia re-
sultou em sistemas mais leves e compactos.

A menina dos olhos deste momento é a sé-


rie X, com um novo sensor APS-C X-Trans
CMOS II desenvolvido pela própria empre-
sa, que captura luz com mais eficiência e
produz fotos mais nítidas, uma exigência
do próprio consumidor.

A série X, cujo o primeiro produto - a X100 - foi


lançado em 2010, hoje já conta com mais de
10 itens entre lentes e câmeras. Entre os desta-
ques a X-Pro1 com 16 megapixel e processa-
dor EXR Pro e ISO 200 a 6400, uma das câmeras
mais premiadas do mundo inclusive, foi eleita a
melhor em feiras internacionais como na EISA
Awards e na TIPA, as principais do setor.

Com tantos prêmios e qualidade reconhe-


cida, o mercado tupiniquim está recebendo
quatro novos produtos desta série: a XF1,
X-E1, X100S e a X20. Novos produtos para
um mercado cada vez mais exigente, princi-
palmente os amantes da arte de fotografar.

Uma das vantagens para os entusiastas pela


fotografia é um portfólio premium com qua-
lidade de imagem profissional, mas com um
custo acessível, que pode ser até 50% menor
do que os demais equipamentos.
Outra vantagem, é a de serem leves, portáteis,
menos invasivas e de fácil manuseio.

24
#01
Um pouco do branding da série X

Para promover a série X a FUJIFILM lançou


em 2010 um projeto internacional chamado
X-Photographer. Filiais do mundo todo estão
convocando renomados fotógrafos para tes-
tar as câmeras da série X.

Esse projeto chega ao Brasil em 2013 com


um upgrade. Além de mostrar seu trabalho
em um portal criado para o projeto (fujifilm-
-x.com/photographers), a FUJIFILM no Brasil
vai fazer uma exposição com os melhores cli-
ques feitos ao longo ano.

A curadoria ficou a cargo de Rosely Nakaga-


wa e conta com um time de peso com currí- David Cleland | UK
culo internacional: a paulista Ella Durst, que
é reconhecida nas áreas da moda e publici-
dade. O paraense Luiz Braga, que já teve seu
trabalho exposto na Photographer’s Gallery,
em Londres, e participou da Bienal de Vene-
za. O mato grossense Marcelo Buainain que,
que trabalhou para grandes revistas como
Manchete, Veja, Isto É, El Paseante e do jornal
Folha de S. Paulo. Além do japonês radicado
no Brasil Hirosuke Kitamura que tem mos-
tras em todo mundo e já participou com suas
obras do calendário Pirelli.
Para finalizar, Gilvan Barreto, que foi editor
da revista Caminhos da Terra, editor de ima-
gens do UOL e fotografou para veículos es-
trangeiros como National Geographic (Brasil,
Alemanha e Holanda), El País (Espanha), GQ
(Portugal), além de colaborar com diversas
publicações nacionais.

A série X também é foco de outras ações de


branding com o apoio à escala ao cume do
Everest da médica e multi atleta Karina Oliani.
Além de uma parceria com a DUO.FotoClube
Escola de Fotografia, comandada pelos fotó-
grafos e professores Ana Oliveira e Fernando
Siqueira. Os profissionais tiveram seu talento
reconhecido internacionalmente com obras
expostas na IX Bienal Internacional de Artes
de Roma em 2012, onde a foto de Fenando
Siqueira “Girando entre fantasias”, também
conhecida como “As Baianas”, ficou no TOP
10 entre as melhores do mundo.

Fernando Siqueira | DUO.FotoClube

25
#01
Detalhes

Design
Herdando o design da X100, a FUJIFILM
apresenta a nova X100S. Com visor híbrido
de maior definição, além dos novos Proces-
sador EXR II e sensor APS-C X-Trans CMOS II,
de 16,3 megapixels, a FUJIFILM X100S tem a
capacidade de obter imagens de alta resolu-
ção, comparáveis às capturadas pelas câme-
ras de formato 35mm.

Corpo
As extremidades superior e inferior da FUJIFILM
X100S são desenvolvidas com uma liga de mag-
nésio forte, porém leve e fundido em moldes.

Sensor
O recém-desenvolvido sensor APS-C X-Trans
CMOS II possui a tecnologia de detecção de
fase, proporcionando o Auto Foco muito rá-
pido, em menos de 0,08 segundos. Além dis-
so, o Processador EXR II oferece tempos de
resposta surpreendentes, com um tempo de
inicialização e intervalo de disparos de ape-
nas 0,5 segundo. O atraso do obturador é de
apenas 0,01 segundo, de modo que é possí-
vel capturar o instante exato que se deseja e 1 2
desfrutar de uma experiência de fotografar
muito interessante.

Sensor Ocular
Ao aproximar a câmera do seu olho, o sensor
detecta a aproximação e muda automatica-
mente para o modo visor. Quando você afas-
ta a câmera, o painel é transferido para a tela
de LCD na parte de trás da câmera. Você pode
optar por sempre exibir imagens na tela LCD 1: Controle de ajuste de dioptria
ou por sempre usar o visor dependendo da 2: Sensor Ocular
sua preferência.

Controle de ajuste de dioptria


Você pode alterar o foco do visor através do
seletor localizado no lado esquerdo do visor
ajustando de -3,0 a +1,0m-1 (dpt), tudo isso
de forma confortável, mesmo para aqueles
que usam óculos.

26
#01
Simulação de Filme
O modo Simulação de Filme nos faz voltar
ao passado artístico da fotografia e repetir os
consagrados filmes negativos.

Exatamente da mesma maneira que esco-


lhiamos o filme ideal para direcionar sua cria-
tividade, este modo permitea simulação das
cores do filme e as qualidades de tonalidade
dos filmes coloridos.

A aparência natural do PROVIA*, a tonalida-


de expressiva e cores vivas do Velvia** e as
tonalidade suaves e a beleza da cor de pele
da reprodução do ASTIA*** reproduzem de
forma fiel a qualidade de cor Fujichrome que
tantos fotógrafos profissionais adoravam. Wojtek Wojtczak | Polonia | opção PROVIA

Além disso, temos também a possibilida-


de de trabalhar com a fotografia em preto e
branco com a seleção dos filtros monocro-
máticos. Ainda nos filtros monocromáticos,
temos o Filtro Ye e Filtro R. E para deixar os
verdes mais claros e os vermelhos mais inten-
sos temos o Filtro G. Sem contar é claro, com
o filtro Sépia, uma ótima escolha ao captar
uma foto especialmente memorável, como
um casamento, aniversário ou outra ocasião
comemorativa.

E o melhor de tudo é que você já visualiza


no momento da foto e não após ter clicado.
Desta forma você já conhece o resultado da
escolha feita.
Antonio Homem Cardoso | Portugal | opção Velvia

* PROVIA
Consagrado por sua qualidade de reprodução de cores
naturais (true-to-scene). A versatilidade desse modo de
simulação de filme faz que ele seja a escolha ideal em
todas as situações.

** Velvia
Ideal para fotografar paisagens e flores. As cores viva-
mente saturadas e registro de cor de tonalidades ex-
pressivas que são tão reais quanto as suas memórias.

*** ASTIA
Capta tanto as gradações naturais dos tons da pele
quanto tonalidades brilhantes de cor. Esse modo de
simulação de filme é o preferido para fotografias em
ambientes externos.
Ed Godden | UK | opção ASTIA

27
#01
Exposição Múltipla
Antes considerada um erro, hoje almejada
por muitos fotógrafos. Vista como uma for-
ma artística de fotografia, a exposição múlti-
pla caiu no gosto popular e o seu uso criativo
resulta em imagens fantásticas. E aqui vem a
criatividade da equipe técnica da FUJIFILM.

Selecionando o modo de Exposição Múltipla


pode-se tirar a primeira foto usando o OVF
ou EVF. Enquanto visualiza a primeira ima-
gem no LCD, você pode enquadrar e captu-
rar a segunda exposição.

Esta habilidade de posicionar e focar preci-


samente a segunda foto permite que você
não só “veja” como a imagem de Exposição
Múltipla irá ficar, mas também que aproveite
outras possibilidades fotográficas criativas. Marcello Barbusci | Brasil | Exposição Múltipla

Comandos
A FUJIFILM X100S é uma câmera com acabamento de primeira e linhas sóbrias. Conseguiu manter o estilo retrô den-
tro de uma alta tecnologia, o que a coloca ao lado das grandes marcas dentro do segmento das produções fine arts
trabalhadas pelos profissionais da arte de fotografar.

1
7
2 8
3
4 9

5
10

6 11
1: Flash 07: Microfone esquerdo
2: Microfone direito 08 : Janela do viewfinder
3: Seletor do viewfinder 09: Suporte para alça
4: AF luz de assistência/lâmpada do timer 10: Seletor de foco
5: Lente 11: Autofalante
6: Rosca para parafuso do tripé

28
#01

1
2 8

9
3 10

4 11, 12, 13
14
5 15
16
6
17
7 18

1: Janela do viewfinder 10: AEL/AFL (visualização do foco selecionado)


2: Controle de ajuste de dioptria 11 : Compartimento de conexões
3: Visualização de imagens e filmes arquivados 12: Conexão USB
4: AE (auto exposição) / Zoom + 13: Conector HDMI
5: Seletor drive de disparo / Zoom - 14: MENU completo
6: Tipo de visualização 15 : Seletor de funções - 4 posições
(somente viewfinder ou híbrido) 16: Dial de funções (rotacionando)
7: Monitor de LCD 17: Seletor de opções do LCD / Botão de retorno
8: Seletor de aberturas intermediárias do diafrágma 18: Q - menu rápido de funções
9: Lâmpada indicadora de foco

1
2
3
5
6
7

8
4
9

1: Anel frontal 6: Botão disparo


2: Anel de regulagem de foco 7 : Botão FN (função programável)
3: Anel de abertura de diafrágma 8: Velocidade de disparo
4: Sapata para FLASH | compatível TTL 9: Seletor de exposição
5: ON/OFF

29
O passado e o presente de uma cidade, uni-
dos por um único frame.

No momento em que recebi a câmera


comecei a criar um cenário ao abrir a emba-
lagem. No segurar a X100S o meu mundo se
transformou em uma mistura entre o clássico
retrô e o presente tecnológico.

As fotos que produzi para essa matéria foram


como poesia que tocam o coração e tiram a
razão no ato da composição.
Ao trazer a câmera na altura dos meus olhos,
em uma manhã do centro antigo de São Pau-
lo algo me mostrou que eu estava com o ce-
nário preparado e com uma extensão da arte
em minhas mãos.

Era somente eu, meu coração e uma câmera.


Um instante que me remeteu ao passado da
fotografia onde o ato de fotografar era con-
templado como uma obra de arte, que colo-
cava o fotógrafo, naquele momento, como
um maestro, o regente de uma orquestra
com um único instrumento; sua câmera.

Afirmar que este novo instante é o mesmo


que fotografar com os velhos filmes 35mm
seria uma heresia mas isso também não afir-
ma ser algo pior, e sim um outro prazer. Pra-
zer esse que consegue construir um novo
momento onde se torna possível acreditar
que neste mundo digital podemos criar a
verdadeira arte. A arte da paixão e da realiza-
ção pessoal sem a intervenção do pós pintura.

Clássico não faz referência ao passado. Clás-


sico é sinônimo de obra prima.

Possuir uma X100S é ter a extensão da arte


em suas mãos.

Marcello Barbusci

30
31
#01

C
onheci Marcos Sêmola incialmente Como começou na fotografia?
admirando seus trabalhos publicados Tudo começou em 2007, dois anos depois de
na web. Posteriormente o adicionei ter me mudado para a Europa, mais especifica-
no facebook para trocar algumas idéias pois mente Londres, para dirigir uma multinacional
sua vocação para o Street é algo sensacional e de tecnologia e fui mordido pelas belas paisa-
marcos
como sou apaixonado pelo este segmento na gens e cenas cotidianas que a cidade londrina
sêmola fotografia, me interesei em conversar e saber oferece e que se mostraram tão diferentes do
um pouco mais deste brasileiro reconhecido que estava acostumado a ver no Rio de Janeiro.
mundialmente por seu trabalho.
Uma pessoa super acessível e com uma gran- O começo foi despretensioso e com a câmera
de alegria de viver. Percebe-se isso claramen- que já me acompanhava há tempos, mas sem-
te em sua forma de falar e em seu semblante, pre restrita aos registros de viagem e da famí-
sempre sorridente. lia. Até que uma visão diferente sobre o que
acontecia ao meu redor passou a me interessar
É por essas e outras que estamos com Marcos e assim iniciei um processo de estudos e expe-
Sêmola em nosso primeiro número para falar rimentos que envolveram leituras especializa-
Marcello Barbusci um pouco de sua trajetória, suas realizações e das - a começar pela trilogia de Ansel Adams
marcello@barbusci.com.br seus objetivos. - passando por antigos livros de fotografia ana-
Nas próximas linhas temos Marcos Sêmola lógica que encontrava nas convidativas livra-
por Marcos Sêmola. rias londrinas ao retornar do trabalho.

Naturalmente achei que precisava de um equi-


pamento novo e assim passei – felizmente
bem mais rápido que a maioria dos fotógrafos
– pela fase da admiração e da inquietude téc-
nica, quando acreditava ser a câmera a princi-
pal responsável pela boa fotografia. Passado
por este turbilhão e já inclinado a fotografar
em preto e branco por razão até então desco-
nhecida, me interessei em estudar a ótica e a
lógica por trás da produção da imagem, o que
me levou a desejar o processo analógico do
filme 35mm e assim a procurar equipamentos
Quem é você? antigos que me permitissem uma instigante
Marcos Sêmola, Brasileiro nascido em 1972 na experiência prática.
cidade do Rio de Janeiro, mas também cida-
dão Italiano pela dupla cidadania. Profissio- Esta fase parece ter sido a fronteira que me an-
nal de tecnologia da informação, engenheiro corou de vez na fotografia em preto e branco,
de computação, professor de MBA, autor de apesar de, vez por outra, realizar experimentos
livros sobre gestão de riscos da informação, em cores sempre dessaturadas. Porém, ainda
síndico do edifício onde mora, pai de duas nesta época sentia a necessidade de fotogra-
crianças lindas, adepto da vida saudável pela far praticamente tudo em formato vertical,
prática esportiva, autodidata e fotógrafo, este, portrait, e sem qualquer elemento humano no
amador pela simples concepção do termo. É frame. Ainda sem uma explicação - talvez pela
ainda membro da ABAF – Associação Brasilei- simples prática e observação - esta preferência
ra de Arte Fotográfica e da London Indepen- mudou completamente e em pouco tempo
dent Photography. já estava precisando de gente nas imagens e,
desta vez, fotografando cada vez mais no for-
mato horizontal, landscape.

32
#01
Saudosista que sou, passei a gos-
tar da característica atemporal que
normalmente a fotografia preto e
branco sugere. Maximizada pelo
ambiente bucólico Londrino fui
mais fundo procurando filmes que
me oferecessem uma plástica mais
dramática, com ruído, grande ran-
ge de tons de cinza e uma atmos-
fera de fotografia de cinema. Foi
quando descobri que o que, de fato
fazia, era fotografia de rua.

Gostava de caminhar sem destino


atento aos personagens da cida-
de, nas variações de sombra e luz,
na dramaticidade do céu, no “plano
de fundo” em que pudesse inserir
um personagem que estivesse ca-
minhando na rua sem sequer pedir
que o fizesse, mas simplesmente
movendo-me ao redor dele e de-
pois em direção a ele.

Conheci Henri Cartier-Bresson pe-


los livros e sem querer, de fato, en-
contrar preliminarmente referên-
cias para me espelhar, senti que já
estava próximo de seu estilo – não
de seu talento – e o que faço agora
é continuar andando à sua sombra.

Henri Cartier-Bresson

Qual é seu objetivo com a fotografia?


Atualmente a fotografia representa meu hobby, uma atividade prazerosa e que me mantém longe – por algum tempo -
do ambiente binário da tecnologia e dos ambientes corporativos, permitindo-me ousar mais, onde não há, de fato, certo
ou errado e, principalmente, onde tenho liberdade total para fazer o que quero, do jeito que quero e quando quero.

É fotografia autoral pura e onde encontrei espaço para interagir com outros artistas, para conhecer outras técnicas, pro-
mover iniciativas coletivas, modelar e produzir novos projetos e ainda vencer limites geográficos e barreiras linguísticas,
tornando-me um indivíduo mais acessível e globalizado. De qualquer forma, minha veia competitiva e visão de negócio
que, por mais de duas décadas como gestor e profissional de tecnologia me acompanham, me fizeram também pensar
em tornar o hobby sustentável capaz não só de subsidiar meus projetos e o próprio desenvolvimento da minha fotogra-
fia, mas também de mostrar minha produção, afinal, fotografia, ao meu ver, tem que ser vista.

33
#01
Assim sendo, meu objetivo atual Como é a sua prática de fotogra- A prática dessa técnica e o conheci-
é a busca do prazer e da diversão fia de rua? mento do ângulo de captura da obje-
que o hobby oferece, produzindo Como possuo equipamentos diferen- tiva já me permitem enxergar o frame
imagens autorais que possam di- tes incluindo polaroids, lomos, filme e capturado sem nem mesmo olhar o
vulgar a arte fotográfica e que en- digital, sempre sou influenciado pela visor, mesmo que por vezes tenha
contrem seus próprios canais para estética da minha fotografia, descrita que fazer um pequeno corte na fase
serem vistas, admiradas e, por que acima, e pelas condições do local onde de pós-produção. Quando o equipa-
não, consumidas através de gale- vou fotografar, por exemplo, se são ruas mento em uso é uma objetiva 50mm
rias de arte, iniciativas publicitárias apertadas, com muita ou pouca gente, ou mais longa, o uso do visor passa a
e projetos multidisciplinares. sob que condições de luz etc, antes de ser parte do processo. Ah! Gosto de
escolher a melhor ferramenta. De qual- amigos mas sempre fotografo só.
Como descreve seu estilo fotográfico? quer forma, em linhas gerais, saio com
Depois de mudanças de percur- uma lente grande angular por gostar Já sobre o comportamento que
so nos primeiros anos de prática de estar bem próximo ao assunto, ou adoto na rua, mesmo respeitando
fotográfica, posso dizer que bus- seja, dentro da cena. os fotógrafos que fazem diferen-
co realizar fotografias de rua que te, não interajo com o fotografado.
sejam dramáticas, por vezes com As condições de luz e principalmente o Não peço permissão. Não anuncio,
apelo publicitário onde há supos- propósito estático que defini para o dia mesmo que por linguagem corpo-
tamente espaço para textos, em me ajudam a determinar se adotarei ral, que irei fotografá-lo ou mesmo
preto e branco, filme ou digital, prioridade de abertura ou prioridade deixo-o explicitamente saber que já
que obrigatoriamente tenham o de velocidade, se uso a distância hiper- o fotografei. Procuro não interferir
elemento humano e possam su- focal ou se subo ou puxo a sensibilida- na cena que imaginei, enxerguei e
gerir uma atmosfera noir, ou seja, de do filme ou sensor. vou capturar.
que capture um ambiente de sus- O que habitualmente faço é dar
pense inspirado nas raízes na ci- De posse da grande angular, comu- um largo sorriso depois do clique e
nematografia do expressionismo mente posiciono a câmera na altura do logo me distancio ou desvio o olhar
alemão. peito e caminho à procura de um per- para reduzir as chances de reação,
sonagem ou cena, e assim me desloco questionamento ou algo parecido.
Significa dizer que normalmen- ao redor do alvo para encontrar uma
te procuro fotografar em dias de condição de fundo ideal, sem compro-
Mais uma vez a prática de fotografar
meter ou para favorecer a composição
chuva, com nevoeiro ou mesmo estranhos na rua vai nos ensinando
quando então me aproximo muito,
dias de sol forte em busca do alto cerca de 1 a 2 metros e disparo sem o truques e entre eles posso citar o de
contraste. uso do viewfinder. imaginar um enquadramento, enxer-
gar seu personagem se aproximan-
do, se posicionar enquadrado e espe-
rar que ele entre no frame clicando
em seguida e mantendo a câmera à
postos, fazendo até outras fotos, até
que o personagem saia do frame, o
que dá ao fotografado a sensação de
não ter sido o alvo da captura.
Mesmo assim, a coisa pode não cor-
rer como planejada e para situações
e que se percebe a reação negativa
ou mesmo agressiva do fotografa-
do, me preparo realizando outra
imagem qualquer enquanto a pes-
soa se aproxima para, se questio-
nado, mostrar-lhe uma imagem (se
estiver com equipamento digital,
claro) em que não apareça ou en-
tão contar-lhe uma bela história e
lhe dar meu cartão de visitas com a
promessa de lhe fazer chegar uma
cópia da imagem.
Por hora, tudo isso vem funcionan-
do bem, sem um único caso frustra-
do para contar.

34
#01
Alguma palavra sobre ferramen- Gosto de pensar em preto e branco, Dito e feito.
tas de trabalho? exercitar a visão também em tons de Acreditando, inocentemente, já
Poucas, visto que não acredito na cinza e fotografar sempre em mono- possuir experiência e competên-
boa fotografia dependente exclu- cromático, seja filme ou digital, pois cia para tal, assumi o fato como
sivamente do equipamento. Em para mim o mindset já deve estar pron- uma missão e tratei de selecionar
linhas gerais, cada equipamento to antes de idealizar a imagem e clicar, o que acreditava ser o melhor da
tem uma característica, tem limita- por achar que não existe espaço para minha produção para então sub-
ções e cabe ao fotógrafo conhecê- se mudar de ideia durante ou depois meter à empresa.
-las para avaliar se conseguirá o re- da captura feita e mesmo assim conse-
sultado e a estática fotográfica que guir um resultado tão forte. Para minha surpresa, depois de pas-
idealizou e, assim, dominá-lo para sar pelo crivo técnico que impõe
que execute a tarefa sem pensar Gosto de planejar e pensar em proje- arquivos em altíssima resolução e
na operação, mas sim, dedicar-se tos, estéticas, assuntos com antece- de apenas um pequeno grupo de
ao assunto, à luz e à composição. dência, mas também de abortá-los ins- equipamentos homologados, e
tantaneamente só por ter encontrado ainda ter seis das dez imagens que
Gosto de lentes claras, grande an- tudo diferente quando estou de fato submeti recusadas por motivos di-
gulares que podem variar de 12mm nas ruas com a câmera nas mãos. versos, fui convidado a substituí-las
a 35mm, gosto também de lentes e assim assinar meu primeiro con-
fixas principalmente das fantásti- Como voce se posiciona comercial- trato comercial.
cas objetivas 50mm que nos ensi- mente, se é que o faz?
nam à cada exercício prático. Minha relação comercial com a foto- Desde então venho comercializan-
Gosto de filmes com alto contras- grafia começou relativamente cedo do imagens da minha produção
te e grãos proeminentes. Gosto de por puro ímpeto de superar o que pa- autoral através do portal global
equipamentos leves e silenciosos. recia ser mais um desafio semelhante da Getty, o que rende receita re-
Gosto de straps práticos que ofe- aos muitos que encontrara no traba- corrente mensal e já fez minhas
reçam bom equilíbrio do equipa- lho de tecnologia há décadas. Poucos fotografias chegarem a mais de 15
mento e que nos deem mobilidade meses depois de iniciar o hobby, ainda países para os mais diversos fins
e ação rápida. no ano de 2007, ouvi da minha espo- publicitários, culminando com a
sa que um fotógrafo profissional de capa de livros publicados por edi-
Gosto da fotografia analógica Londres que conhecera em uma festa, tora norte americana e o The Wall
quando tenho tempo e o local pro- tinha como sonho ser aceito e convi- Street Journal.
porciona cenas mais previsíveis dado a assinar um contrato comercial
(por conta da luz, do movimento, com o maior banco de imagens co-
dos espaços) e, do digital, quando merciais do mundo, a Getty Imagens.
o cenário muda e posso precisar
de maior velocidade de focagem e
múltiplos frames em um curto es-
paço de tempo.

Quando em modo filme, não gosto


de medidores de luz e adoro prati-
car a regra de medição Sunny- f/16
onde cada erro é um acerto e um
aprendizado. Assim, procuro ob-
servar e ler a luz do momento e
usando referências com as quais
vamos nos familiarizando com o
tempo e a prática, e o processo se
torna prazeroso e eficaz.

Gosto do processo de revelação


mesmo que este acabe sobre um
scanner de negativo para então
ser digitalizado e passar pelos pe-
quenos ajustes de contraste, bri-
lho e crop que comumente aplico
através do Adobe Lightroom.

35
#01
Adicionalmente me interesso pela Quais foram suas principais realizações? participei de inúmeros coletivos
fotografia como expressão de arte Particularmente já foram muitas, consi- como o FotoRio2007, a Semana
e por isso, acredito merecer espa- derando que tudo começou sem gran- Fluminense de Fotografia, o Ar-
ço ao lado de pinturas e esculturas des aspirações e planos. Ainda enquan- tRio2011, varal do fotoclube RioFo-
nas galerias de arte. to morava na Europa, agora em Haia na tográfico, o projeto Foto Escambo
Assim, iniciei um movimento de ex- Holanda depois de passados três anos do amigo Hans George e o projeto
pansão em que identifico galerias em Londres, participei de uma exposi- multimídia Canela Lente e Pincel. Li-
com perfil compatível com o meu ção coletiva na principal casa de cultu- derei o projeto mundial Worldwide
momento fotográfico, meu estilo ra da cidade. PhotoWalk em 2011 no Rio, realizei
e meus planos. Como resultado, Em seguida fui convidado a expor minha principal exposição indivi-
opero com a marchand Susi Can- no FotoArte2007 e assim enviei dual com o projeto Transitivo Dire-
tarino da galeria Metara em Ipane- todo o material para o Brasil onde to no CCJF – Centro Cultural Justiça
ma, Rio de Janeiro, que representa fiquei exposto na Biblioteca Nacio- Federal e, mais recentemente, co-
no Brasil parte da minha produção nal em Brasília. ordeno o projeto que idealizei para
em grande formato, sobre suporte celebrar o Dia Mundial da Fotogra-
alemão de algodão museológico, Quando retornei de vez ao Brasil, já fia chamado Mosaico Minuto, e que
pigmento mineral, assinada, com em 2009, fui presenteado pelo inte- tem a ambiciosa meta de reunir mil
tiragem controlada e certificado resse da Oi Futuro através do, agora fotógrafos pelo mundo clicando no
de autenticidade. Enquanto isso, amigo, Pedro Agilson, em realizar mesmo instante (www.facebook.
outras negociações estão em an- uma exposição individual intitu- com/mosaicominuto).
damento em Nova York, Londres e lada Transitivo Direto que foi tam-
Paris em modalidade similar. bém coroada por uma bela entrevis- A produção, de fato, não para, mes-
ta de sete páginas concedida à revista mo que o tempo livre seja cada vez
Mesmo com uma visão realista, ape- Photo Magazine, atualmente a melhor mais escasso. Participei de uma
sar de influenciada pelo excesso de revista de fotografia-arte do país. exposição junto com outros fotó-
autoconfiança, acredito que minha grafos internacionais em Bagdá,
produção fotográfica mereça algum Depois disso, as coisas passaram a no Iraque pelo convite do amigo e
espaço e visibilidade aos que procu- acontecer quase que naturalmen- curador Rui Palha de Portugal, em
ram o que agora convencionei cha- te. Montei um portfolio online em apoio à ONG Larsa Human Rights
mar de fotografia B&W classic-noir. www.s4photo.co.uk, publiquei di- NGO, uma organização que se dedi-
Enfim, só o tempo irá dizer se estou versos livros de fotografia on de- ca a apoiar crianças desprotegidas
certo ou não, mas qualquer que seja mand, experimentei a fotografia e órfãos de guerra no Iraque, um
o resultado dessa história, acredito publicitária com a produção de organismo acreditado e apoiado
que o puro ato de pensar a fotogra- capas de revistas, livros e jornais pela própria ONU.
fia já terá valido a pena. como o The Wall Street,
Além disso, participei também das
exposições coletivas do projeto
Mosaico Minuto de 2011 e 2012 no
CCJF e a exposição do projeto Ca-
neta, Lente e Pincel também neste
mesmo centro cultural.

Participei ainda da maior exposição


coletiva na Praça Paris em março de
2012, no Rio de Janeiro.

Não posso esquecer que também


obtive a aprovação dos projetos au-
torais Vulto (www.s4photo.co.uk/
vulto) e Favela Rio (www.s4photo.
co.uk/favelario) pela Lei Rouanet
de Incentivo Cultural e que agora
estão em fase de captação para ex-
posição e produção de livro neste
ano de 2013.

36
#01
Quanto às galerias de arte, orgulho- Da mesma forma que surgiram, desa- Autorais:
-me de ter a produção fotográfica pareceram e sequer notaram a minha • Transitivo Direto
muito bem aceita por colecionado- presença, mas foi assim que consegui www.s4photo.co.uk/transitiviodireto
res, decoradores e admiradores da esta imagem forte que é, ao mesmo
• CCJF
arte fotográfica, nacionais e inter- tempo sombria e iluminada pelos pon-
www.s4photo.co.uk/ccjfpress
nacionais. Enquanto escrevo essas tos de luz adicionados pelos uniformes
linhas, outras ideias estão amadu- brancos e a sensação de movimento • Mind the Step
recendo e algumas mais estão to- trazido pelas crianças. www.s4photo.co.uk/mindthestep
mando forma em um ciclo natural • Vulto
de fomento à arte fotográfica. Tudo Como é de se esperar, selecio- www.s4photo.co.uk/vulto
isso e muito mais pode ser visto em nar seu melhor trabalho é um dos • Favela Rio
www.s4photo.co.uk. maiores desafios de um fotógrafo. www.s4photo.co.uk/favelario
Cada fotografia carrega uma carga
• Bonde
Alguma fotografia favorita? de emoção e história que cercaram
www.s4photo.co.uk/bonde
Sim, mas esta classificação parece a cena e não estão, necessariamen-
ser dinâmica, o que convém cha- te, capturadas no frame, mas o fo- • Quatro Cantos
mar de “fotografia favorita do mo- tógrafo continua enxergando. www.s4photo.co.uk/quatrocantos
mento”. Atualmente duas fotogra-
fias me orgulham muito. A primeira Assim, procurei primeiro 24 e agora 48
feita em filme Kodak Professional fotografias que pudessem expressar Experimentais:
Tmax 400 B&W 35mm com a mi- minha visão da fotografia de rua, meu • Street Ballet
nha antiga Leica IIIc fabricada em gosto pessoal e o modelo estético que
www.s4photo.co.uk/streetballetserie
1938 durante uma viagem de trem procuro descobrir e capturar nas mi-
na Holanda. Ela reúne os principais nhas saídas. Estão aqui as imagens que • Beach Sand
elementos que representam meu hoje compõem meu porftolio online www.s4photo.co.uk/beachsand
estilo fotográfico: uma bela jovem em www.s4photo.co.uk. • Bhering Factory
em expressão espontânea de rela- www.s4photo.co.uk/bheringfactory
xamento em suposto trajeto de re- Conte-nos sobre seus projetos. • Triathlon
torno do trabalho diante da janela Posso dividir meus projetos entre www.s4photo.co.uk/triathlon
do trem, o que acabou por favo- autorais, experimentais, coletivos • Ipanema
recer a formação de alto contraste de caráter social e sem fins lucrati-
www.s4photo.co.uk/ipanema
e sombras ricas em tons de cinza, vos que procuram fomentar a arte
cercada por detalhes da cabine que fotográfica e ainda os comerciais.
foram se perdendo na escuridão
do restante da cabine. Noir puro! A
segunda fotografia, feita em digital
com a Nikon D200 e lente 50mm
em um parque londrino, reúne
não apenas elementos marcantes
do meu estilo como a perspectiva,
mas também carrega uma carga de
oportunidade. Imaginei a composi-
ção que incluía uma velha casa na
curva arborizada do parque, mas
faltavam elementos humanos. En-
quadrei e por alí esperei por duas
dezenas de minutos aguardando
surgir algum personagem interes-
sante para compor a cena.

Foi quando entraram no frame


cinco crianças lindas, de idades
diferentes, vestidas tradicional-
mente em trajeto de retorno da
escola saltando pedras que esta-
vam no caminho.

37
#01
Coletivos e sociais sem São eles: Markus Hartel
fins lucrativos: Fernando Rabelo www.markushartel.com
• Caneta Lente e Pincel www.imagesvisions.blogspot.com Fotógrafo que vem disseminando a
Editor do blog ‘Images&Visions’, um arte da fotografia de rua com sucesso
www.s4photo.co.uk/clppress
dos mais ricos e úteis repositórios so- através de uma abordagem consisten-
• Worldwide Photo Walk 2011 bre a história da fotografia. te na Internet.
www.s4photo.co.uk/wwpw2011
• Mosaico Minuto fanpage Ivan de Almeida Ansel Adams
www.facebook.com/mosaicominuto http://fotografiaempalavras.wordpress.com www.anseladams.com
• Mosaico Minuto 2012 Editor do blog ‘Fotografia em Palavras’ Fotógrafo e autor da trilogia: ‘A Câ-
www.s4photo.co.uk/mosaicominuto2012 que com extrema competência con- mera’, ‘O Negativo’ e ‘A Cópia’, que
• Mosaico Minuto 2011 segue me fazer pensar na fotografia me desper tou o interesse pelo
sob outra ótica e com quem dialogo e mundo da fotografia.
www.s4photo.co.uk/mosaicominuto2011
compactuo em grande sinergia.
• Mosaico Minuto 2010
Henri Cartier-Bresson
www.s4photo.co.uk/mosaicominuto André Correa www.henricartierbresson.org
www.queimandofilme.com.br Fotógrafo de rua que pela similaridade
Comerciais: Editor do blog ‘Queimando o Filme’ de estética de sua produção fotográfica
• Getty Images incentivo à fotografia analógica. com meus interesses pessoais, se man-
www.s4photo.co.uk/gettyimages tém no topo da minha lista das referên-
• Metara Gallery Rui Palha cias inspiradoras.
www.ruipalha.com
www.semola.com.br/s4p_wip.html
Fotógrafo lisboeta autor de imagens Vivian Maier
fantásticas que muito se assemelham www.vivianmaier.com
Onde podemos acompanhar sua ao meu gosto estético e prático de fo- Sua história de vida rica em experiên-
produção fotográfica? tografar. cias fotográficas a tornou uma fonte de
Apesar de manter canais online
inspiração constante.
que se complementam e se inter- Rui Pires
conectam, além da Galeria Meta- http://ruipires.1x.com
ra que me representa em Ipanema, Curador e experiente fotógrafo de mé-
à Rua Teixeira de Melo 25, Rio de dio formato responsável por imagens
Janeiro, o ponto de partida deve fascinantes em preto e branco que me
ser através dos sequinte link, de inspiram.
onde todo o restante se deriva:
http://about.me/marcossemola

Referências?
Resisto quase que instintivamente a
me agarrar a referências para explicar
a minha fotografia, portanto, limito-
-me a dizer que observo muitas ex-
pressões de arte, mesmo fora do
meu universo estético, revisito obras
dos grandes mestres da fotografia
clássica, especialmente em peque-
no formato, preto e branco, street,
mas sinto-me bem à vontade para
referenciar fotógrafos e amantes da
arte que, de uma forma ou de outra,
têm uma rica produção fotográfica,
conduzem projetos e iniciatives que
merecem ser acompanhadas por te-
rem também o legítimo interesse em
fomentar a arte da fotografia.

38
Alguma mensagem para os ini- 1. Experimente sem limites até encontrar o formato, a prática e o resultado que pri-
ciantes ou mesmo fotógrafos ex- meiro agrade a você.
perientes interessados em iniciar
2. Aprecie expressões artísticas das mais variadas. Isso vai ampliar sua percepção da
na fotografia de rua?
realidade à sua volta.
Seria pura prepotência achar que
seria capaz de orientar outros fotó- 3. Domine os conceitos básicos da fotografia e aprenda e manusear seu equipamen-
grafos. Primeiro por não ter tanta to instintivamente.
experiência assim, e ainda por acre-
ditar que cada um tem que encon- 4. Antecipe-se reconhecendo o terreno, imagine a composição que pretende obter
trar seu próprio caminho, sua forma e vá atrás do seu assunto.
individual de fotografar e se sentir
5. Caminhe atento, procure antever um gesto, uma trajetória, uma atitude e se posi-
pleno com a sua produção. Para
cione rápido para o clique.
mim, o maior valor da prática da
arte fotográfica é justamente não 6. Aprenda como sua objetiva enxerga ao redor com a distância focal e se aproxime
ter que seguir padrões, é se sentir para alcançar o objetivo.
livre para criar e ousar. É ter a certe-
za de que não existe, de fato, certo 7. Esteja pronto para mais de um clique a fim de perseguir o momento chave. Tudo
ou errado, mas sim uma coleção de é muito dinâmico na rua.
experiências que você pode ir acu-
8. Procure utilizar equipamentos leves, silenciosos e com suportes que ofereçam
mulando com o passar do tempo e
mobilidade.
assim se tornando mais maduro e
completo. 9. Pós-processamento não é pecado, mas procure aprimorar o resultado sem distor-
cer a originalidade.
Agora, posso sim arriscar dez palpites
ligados ao meu estilo e estética foto- 10. Em princípio deixe tudo que é regra, padrão e opinião coletiva de fora da sua
gráfica pessoal que podem ajudar: intimidade fotográfica.

39
40
#01

U
ma velha e recorrente discussão, Foto- Também houve uma certa discussão sobre
grafia e Arte. A fotografia de arte con- fotografias vintage que possuem boa aceita-
temporânea para galerias e museus. ção entre galerias, museus e colecionadores.
Mas a grande discussão que seria “qual a
Dias atrás estive participando do Fórum “Fine fotografia que pode ser considerada artís-
Arts Inside” realizado pela revista “FHOX” du- tica?” continuou sem resposta em razão de
fineart rante a Feira “Fotografar 2013”. Muitos assun- sua eterna subjetividade.
tos foram discutidos durante os três dias do
fórum, mas o tema principal foi a impressão O que podemos entender sobre a fotogra-
e a apresentação da fotografia dita “fine art” fia que é bem aceita em museus e galerias
em galerias, haja visto que os patrocinado- é que ela tenha em primeiro lugar um apelo
res do evento foram os conceituados papéis de criatividade que subverta um status quo
Hahnemühle e o comerciante de molduras e ou gere uma inquietação para aqueles que
acessórios Molducenter. a observam. A simples beleza de uma foto
bem realizada tecnicamente, raramente irá
Como dito, o fórum girou em torno da fo- fazer com que a mesma venha a fazer parte
Erico Mabellini tografia que será exposta em galerias, com dos acervos de uma galeria ou museu. Este
erico@mabellini.fot.br acabamento em papel fine art e de tiragem é o ponto crucial e que depende exclusiva-
única ou limitada. mente de seu autor.

foto: Erico Mabellini

41
O segundo ponto que irá fazer com PMMA, ou Polimetacrilato de Metila, A preocupação com a qualidade dos
que a obra seja aceita como arte para um termoplástico transparente, usado artistas, das obras e do acabamento
galerias e museus é a sua impressão frequentemente como uma alternati- permanecem, porém as tiragens são
que terá de ser preferencialmente re- va leve e resistente à quebras quando realizadas em maior numero e existe a
alizada e papel Fine Art impresso por comparado ao vidro; conhecido po- possibilidade de o comprador escolher
um printer técnicamente certificado pularmente como acrílico, às vezes é a dimensão da obra que estará adqui-
pelas respectivas fábricas de papeis chamado de vidro acrílico. No merca- rindo. Fazendo com que esse mercado
e que a obra contenha (quando im- do de arte brasileiro, “montagem em inicie com valores de R$ 500,00, e ultra-
pressa em papel fine art) um certifi- metacrilato” passou a ser sinônimo da passe os R$ 10.000,00
cado de durabilidade que varia de 80 técnica de siliconar fotografias embuti-
a 200 anos, quando acondicionada das entre duas placas de acrílicos cast O termo Fine Art
ou exibida em locais que obedeçam (face-mounting), prontas para serem Muito se discutiu também o termo
as regras de conservação. penduradas nas paredes, dispensando Fine Art. Será que o nome se aplica
qualquer outro tipo de moldura. à fotografia artística ou é apenas um
Um bom relacionamento entre o fo- Processos de ampliação de filmes em recurso de midia? Não seria mais cor-
tógrafo e o seu printer é essencial papéis fotográficos como ampliações reto chamar de Fotografia Autoral, Fo-
para que a impressão fique de acor- em Cybacrome, D76 e C41, também tografia Conceitual ou simplesmente
do com o desejado pelo artista, a boa são bem aceitos por galerias, museus e Fotografia? Existem termos diversos
harmonia entre artista e profissional colecionadores. Mesmo que sua dura- para a Pintura, a Escultura, Desenho
para a escolha das provas de cores e bilidade não seja tão grande quanto a ou Xilografia?
contrastes da impressão, assim como dos papéis Fine Art.
as diversas gramaturas e texturas dos Conheça algumas galerias brasileiras
papéis fine art será a finalização do Esse mercado fotográfico de galerias
trabalho do fotógrafo. tradicionais inicia com valores de apro- Instituto Moreira Sales
ximadamente U$ 2,000.00 a obra e http://ims.uol.com.br/
O terceiro ponto para adentrar uma pode chegar a alguns milhares de dó-
galeria ou museu é que a obra esteja lares. Sendo que as obras únicas e tira- Fauna Galeria
bem emoldurada. De pouco adianta gens pequenas aumentam o seu valor. http://faunagaleria.com.br/site/artistas/
uma impressão certificada para per-
manência de 200 anos se no processo Uma característica desse mercado ar- Galeria da Gávea
de montagem forem utilizados ma- tístico, no caso o da fotografia, é sua http://www.galeriadagavea.com.br/
teriais e técnicas que não garantam capacidade intrínseca de reprodução,
a integridade da obra. Muitas vezes a portanto muitas obras são comercia- Doc Galeria
obra é comprometida pela utilização lizadas levando como documentação http://docgaleria.com.br/
de materiais ácidos (que danificam as um certificado do artista onde estará
imagens com o passar do tempo) e de acordado que a obra será substituída Fotospot
processos irreversíveis (como a cola- por outra caso venha a se deteriorar. http://www.fotospot.com.br
gem da imagem no suporte).
Galerias com um conceito de maior LumePhotos
Outras impressões acessibilidade comercial http://lumephotos.com
Segundo os palestrantes presen- Dentro deste universo de fotografia
tes, uma apresentação bem aceita autoral ou “Fine Art”, surgiram outras
em galerias, mas que no entanto galerias com um conceito mais tangí-
possui uma menor durabilidade, vel ao publico médio, em razão dos va-
em média 08 anos, é o Metacrilato lores mais acessíveis praticados.
– Poly (methyl methacrylate) –

42
www.mube.art.br

43
#01

E
u faço o texto e você “monta”. Mas o que isso tem a ver com fotografia?
Tudo. Certa vez tive uma experiência dolorosa
Antes de qualquer coisa, quero agrade- com um fotógrafo, que possuia uma boa estru-
cer ao Marcello Barbusci pelo convite para tura, um ótimo estúdio, equipamento de pon-
escrever este artigo. Mesmo com pouca ex- ta, super simpatia etc. e tal, mas literalmente
fotografia
periência em escrever para a mídia (tenho sé- virou as costas para a essência do projeto de
no design ria dificuldade em redigir), resolvi aceitar pela identidade visual que desenvolvi a um cliente,
confiança que tenho no Marcello em anos de em determinada fase do trabalho.
amizade, pela sua perseverança em criar um
canal de informação de qualidade e pelo teor
do tema proposto que envolve minha profis-
são e um hobby que é também uma paixão há
25 anos, a fotografia.

O título deste artigo é muitas vezes um erro


clássico no desenvolvimento de sites, fol-
Beto Andrade ders, apresentações corporativas entre outras
beto@originaldesign.com.br ações, principalmente quando o cliente pos-
sui uma empresa de assessoria de imprensa e
outra de design gráfico como fornecedores, e
que ainda não se conhecem.

Muitas destas assessorias que produzem con-


teúdo e escritórios de design desprestigiam
a sintonia das diversas disciplinas que envol-
vem comunicação, resultando em descone-
xão nas mensagens e um projeto sem força,
com a personalidade fragilizada, deixando o
expectador sem motivação ou sem compre-
ender qual é, na verdade a essência corporati-
va da empresa ou de seus serviços. Tratava-se de produtos domésticos com de-
sign avançado, com matéria-prima de alta qua-
É quase como uma banda em que o guitarrista lidade e direcionados para um público exigen-
cria um tema e “cada um faz o seu”, e todos se te. Basicamente, o padrão gráfico adotado se
encontram lá no palco no horário combinado. caracterizava pela leveza, certa vibração e mo-
Assim, o baixista perde uma grande oportuni- dernidade, transmitindo vida e positividade,
dade, também, de se inspirar no desenvolvi- um trabalho realizado com extremo cuidado e
mento do trabalho do baterista, do tecladista, que foi lapidado por muitas pessoas, incluindo
do trompetista, perdendo muito em conjun- uma agência, o marketing do cliente e direto-
to, em unidade, em confiabilidade. ria, e que foi posteriormente exposto na bienal
de design gráfico em 2000.
Ok, seria uma jam session. Mas não se pode
fazer jam session com o relacionamento de Vários layouts já estavam aprovados e tomei o
uma empresa com o mercado, muitas vezes cuidado de mostrá-los ao fotógrafo, comentar
envolvendo milhões de reais que, no conjun- o briefing de criação e expor detalhes para que
to desse tipo de falta de cuidado, podem ser ele se envolvesse com o projeto e para, inclusi-
afetados no médio e longo prazos, para não ve, facilitar o seu trabalho.
dizer no curto.

44
Quando cheguei no estúdio, ele Eu já fiz foto para o fotógrafo (com a trato. Não importa o conteúdo, a fo-
já havia preparado todo o cenário câmera dele), e redator já fez design tografia precisa estar ajustada com o
com um agoniante fundo preto sob para mim, sempre respeitando limites projeto gráfico, para não “sobrar”. O fo-
aquelas valiosas e delicadas peças e todos saindo ganhando com isso. tógrafo precisa conversar muito com
com suas curvas minuciosas que, Estas são situações extremas mas que o designer ou diretor de arte ao me-
por se tratar de lançamento, eram ilustram como o envolvimento com o nos, nem que seja num boteco. Essa
vistas por todos como jóias raras. projeto pode trazer benefícios. interação é extremamente necessária.

Como não havia tempo para refa- Mas pode ser pior, neste caso foi um Entendo, dessa forma, que o mesmo
zer a preparação dos clicks, foi as- mero fundo negro. A relação fotografia cuidado que precisamos ter para falar,
sim mesmo. E esse “vai assim mes- x design vai muito além, e ganha mais devemos ter para publicar qualquer
mo” é particularmente horroroso importância quando a mensagem coisa que contenha informação.
para um designer gráfico que co- contida na fotografia é conceitual e se
loca o detalhe no pedestal. confunde com o espírito da institui- O objetivo é trazer ao público caris-
ção no projeto, como protagonista, in- ma, coerência, benefício e conforto
O outro ponto é que havia uma di- fluenciando diretamente na reação do na leitura, e assim aproximar pessoas
ficuldade em opinar, pois o ego se consumidor e em sua persuasão para a de empresas, otimizar o dinheiro do
solidificava como uma barreira na sempre almejada aceitação da marca. cliente e colaborar para se obter resul-
tentativa de diálogos para ajustar tados dentro de nossa competencia.
detalhes. Um entrave relativamen- Em semiótica, a ciência que estuda sim- Afinal, é para isso que somos pagos, e
te comum na relação entre profis- bologias e todas as relações que envol- isso só é possível com a sinergia de to-
sionais de criação. vem comunicação, a fotografia pouco das as disciplinas envolvidas nos pro-
difere de um logotipo por exemplo, cessos de comunicação.
Até hoje esse fundo negro me “as- pois se tratam de mensagens visuais
sombra” quando o lembro no mes- contendo seus respectivos significa-
mo universo de produtos verdes dos. E tudo que queremos, fotógrafos,
água, azuis pasteizinhos, amareli- designers, cineastas, é levar a mensa-
nhos, branquinhos e transparen- gem correta ao nosso expectador e em
tes inseridos em um padrão gráfi- sinergia com as diversas disciplinas,
co que acompanhava o conceito quando isso for necessário, para que
industrial do produto. não hajam justamente significados
diferentes – ou indesejados – de uma
Tudo bem, o tal dark background mesma coisa.
não tirou milhões da conta do
cliente, mas por que perder pon- Desse modo, a fotografia tem uma
tos na identidade corporativa se missão de absoluta relevância no de-
podemos ganhar? Por que não se sign gráfico, desde sua qualidade téc-
integrar ao ambiente de um traba- nica até sua sintonia com o ambiente
lho e cuidar de tudo que influencia onde está inserida, seja de uma peça
em resultados? industrial, uma paisagem ou um re-

45
#01

BWINCOLOR
shopping
nossas sugestões

Camera Nikon Coolpix AW100 Waterproof - Orange


16 megapixels - 10 metros de profundidade
R$ 1.690,00
Onde: Angel Foto | www.angelfoto.com.br
Câmera digital compacta leica x2 silver
16,1 Megapixels - LenteLeica Elmarit 24mm f/2.8 ASPH
R$7.950,00
Onde: Marinho | www.marinho.com.br

Telefone Classic Watson 32387 Livro Arte da Composição - Vol.2


Design Estilo Inglês e Dispositivo para Moedas R$ 79,00 (preço promocional)
R$399,08 Onde: iPhoto Editora | www.iphotoeditora.com.br
Onde: Detona Shop | www.detonashop.com.br

46
Lente Fisheye para Celular
R$79,90
Onde: Bananafoto | www.bananafoto.com.br

Camera de Ação Aee Xtrax SD20 Full HD


Fotos: 8.0 Megapixel (Máxima resolução: 2592x1944)
R$ 980,00
Onde: DHM | www.fotodhm.com.br

Controle Remoto original Canon


Sem fio, modelo RC-6
R$ 120,00
Onde: Bella Photo | www.bellaphoto.com.br
Bolsa Tatuzão
Diversos recursos para inúmeras possibilidades de uso.
R$ 76,87
Onde: ALHVA | www.alhva.com.br

47
21, 22 E 23 DE JUNHO - MAIS INFORMAÇÕES A PARTIR DE 18 DE MAIO

atrações confirmadas
boris kossoy, eduardo queiroga, jonne roriz e sharon eve smith

atividades
palestras,exposições, workshops, leitura de portfólio e mais

saiba mais
omicronfotografia.com.br

48
#01

O
tempo não para... mas também não A verdade é que nem sempre é fácil entender
passa... não chega nunca... e quando quando um problema é realmente um proble-
vem, já ficou pra traz. ma. E, sempre que nos apaixonamos demais
por tecnologias fantásticas e futuristas, esta-
O mal do curioso, como eu, daquele que está
mos correndo um grande risco de ter uma so-
sempre querendo entender as coisas e desco-
lução para uma necessidade que não existe,
inovação brir algo mais sobre elas, é que, sempre que
ou que não é identificada pelo público.
encontra uma resposta, formula uma nova per-
gunta, ou várias. E, nem bem chegou aonde
queria, já está atrasado para o novo destino, E isso é sempre um risco quando se investe
que acabou de descobrir que é o novo lugar em algo muito diferente do que já existe. Não
onde realmente quer chegar. é porque algo é tecnicamente viável e supos-
tamente superior ao que existe, que isso será
Ou seja, a velha história do futuro que não reconhecido como tal e se tornará um suces-
chega nunca, pois, quando se realiza, já ficou so. Muitos produtos são lançados no merca-
velho e não interessa mais. Na tecnologia ge- do com especificações objetivas superiores às
ralmente é assim. Não costumamos ter muito dos seus concorrentes ou antecessores (mais
tempo para apreciar os recursos de uma fer- memória, mais velocidade, mais definição,
Otavio Costa ramenta mais nova, ou melhor que a anterior,
otavio@flyview.com.br menos peso... etc, etc, etc.) e fracassam mes-
pois logo já percebemos o que ainda falta, ou
mo assim. Enfim, existe sempre muito de in-
o que poderá vir a ser melhor ainda.
tangível e subjetivo em qualquer produto.
No mundo da imagem e da comunicação não é
diferente. Com os recursos digitais, desde a cria- Mas às vezes surge um produto que se torna
ção/captação das imagens, até a edição e pro- unanimidade, como a famosa calculadora fi-
cessamento das mesmas, não temos mais limi- nanceira HP-12c. Lançada há mais de 30 anos,
tes e sempre encontramos novidades. Não faz ainda hoje não foi superada no mercado, ape-
tanto tempo assim, só se falava em MegaPixels, sar de ser vendida a um preço relativamente
ou em vídeo Full HD, depois o 3D, o 2K e o 4K...
salgado e com tecnologia supostamente ul-
trapassada. Porém, a história mostra que ela
Embora tudo isso tenha uma razão de ser, no
cumpre, com louvor e, sobretudo, com simpli-
fundo, estamos sempre falando de comuni-
cidade, todas as necessidades de um grande
cação (ou arte... para quem pode). Ou seja,
número de pessoas, por um preço considera-
muito mais importante do que os recursos é a
do justo por elas.
aplicação dos mesmos para fins objetivos.

O Wikipedia diz que tecnologia “envolve o


conhecimento técnico e científico e as ferra-
mentas, processos e materiais criados e/ou
utilizados a partir de tal conhecimento”. Ou
ainda, como prefiro: “Tecnologia é a aplicação
de recursos para a resolução de problemas”.

49
Isso não é tarefa fácil, mas, bem Foi usada no salto recorde de 40 Bom, mas isso é assunto para ou-
mais recentemente, aconteceu, ou mil metros de altura, do Felix Bau- tro dia, assim como outros fenô-
está acontecendo, algo parecido gartner e debaixo d´água em tu- menos que já estão começando a
no mercado de vídeo e foto. Não, bos de mega ondas dos surfistas fazer parte do nosso dia a dia, tais
não estou falando da revolução da no Havaí. como a segunda tela, máquinas
produção de vídeo com as lentes realmente inteligentes e outros.
fotográficas das câmeras de custo Reconheço que não tenho o ta-
relativamente baixo (Canon 5D ou lento especial do seu criador, que Mas falando de passado, presente
menos). Estou falando da GoPro. praticamente definiu, consciente- e futuro da tecnologia, me lembro
Hoje na terceira geração, a Hero3 mente, esse mercado, mas torço da minha bisavó, nascida no sécu-
oferece tantos recursos, com tama- pelo sucesso de iniciativas como lo XIX, que andou de diligência, em
nha simplicidade, confiabilidade e a do Google Glass. Os protótipos um mundo sem luz elétrica e viu o
baixo custo que tornou-se a câmera já estão nas mãos de alguns pou- homem ir a Lua. Morreu com 104
de vídeo mais vendida do planeta. cos milhares de privilegiados de- anos, mas imagino que nós, mes-
senvolvedores que pagaram US$ mo se vivermos muito menos do
Não é pra menos. Ela é super leve, 1500,00 por um brinquedo desses que ela, poderemos ver “progres-
de operação muito simples, capaz e espero que, em breve, a gente sos” bem mais impressionantes.
de gravar imagens em 4k, fazer comece a experimentar situações
super slow, time lapse e, tudo isso que por mais absurdas que pare-
nas condições mais adversas de çam hoje, podem ajudar a redefi-
frio e calor. nir nosso futuro.

50
51
#01

BWINcolor
agenda exposições, eventos, worshops, cursos...

SÃO PAULO | SP
Fotos de usuários do Instagram postadas em dezembro de 2012
e janeiro de 2013 são expóstas na Pinacoteca de São Paulo.

Data: até 30 de junho de 2013


Local: Pinacoteca do Estado de São Paulo
Informações: 11 3324-1000
www.pinacoteca.org.br

SÃO PAULO | SP
O fotógrafo frânces Laurent Chehere registrou a arquitetura
dos bairros Belleville e Ménilmontant, em Paris, para mais
tarde fazer montagens que resultaram na esposição de 11
imagens manipuladas.

Data: até 21 de junho de 2013


Local: Galeria Lume
Informações: 11 3704-6268
www.galerialume.com.br

Londres | UK
Sebastião Salgado: Genesis
O projeto Genesis revela extraordinárias imagens de paisagens,
fauna e comunidades remotas deste renomado fotógrafo.

Data: até 8 de setembro de 2013


Local: Natural History Museum of London
Informações: +44 (0)20 7942 5000
www.nhm.ac.uk

52
photo image brasil ESCOLA DE FOTOGRAFIA FULLFRAME
Este espaço foi Data: 28 a 30 de agostode 2013 Curso: Preto e Branco digital
Carga horária: 12 h
preparado para EXPO CENTER NORTE- São Paulo Data: a consultar
Tel.: (11) 3060-4891 Valor: 4 parcelas de R$ 169,00
os organizadores www.photoimagebrasil.br.br www.fullframe.com.br
de exposições,
workshops, cursos OMICron escola de fotografia
Curso: Descondicionamento do olhar
techimage
Curso: Fotógrafo Profissional
e eventos. Carga horária: 16 h Carga horária: 73 h
Data: a consultar Data: a consultar
Valor: Matrícula R$50,00 + R$700,00 Valor: R$ 3.990,00
envie a sua agenda para www.omicronestudio.com.br em até 6 vezes sem acréscimo
www.techimage.com.br
bwincolor@barbusciinteractive.com.br
WORKSHOP DE FOTOGRAFIA com
Adriano Gambarini ateliê da imagem
Raphael e Emygdio: dois mo- Curso: São Luiz do Paraitinga Curso: Construção de Portifólios
dernos no Engenho de Dentro Data: de 19 a 23 de junho de 2013 Carga horária: 24 h
Exposição Valor: a consultar Data: início 04 de junho de 2013
de 10 de abril a 7 de julho de 2013 R. Clodomiro Amazonas, 1158 - cj 62/63 Valor: R$650,00
Vila Olímpia - São Paulo - SP em até 3 vezes de R$ 240,00
Instituto Moreira Salles – São Paulo www.latitudes.com.br www.ateliedaimagem.com.br
Rua Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis
Tel.: (11) 3825-2560
ims.uol.com.br coralis centro europeu
Curso: Calibração Fotográfica de A a Z Curso: Básico de fotografia
Carga horária: 8 h Carga horária: 320 h
Encontros MuBE | Luis Cas- Data: 18 de junho de 2013 Data: a consultar
tañón ACÚMULO INURBANO Valor: R$538,00 Valor: a consultar
Data: 25/05/2013 | 10:00 - 12:00 www.coralis.com.br www.centroeuropeu.com.br

MuBE– São Paulo


Avenida Europa, 218 - São Paulo SENAC SP Instituto internacional
Tel.: (11) 2594-2601 Curso: Fotojornalismo Digital de fotografia
www.mube.art.br Carga horária: 60 h Curso: Moda e Book em Externa
Data: 06/08/2013 até 24/09/2013 Carga horária: 18 h e 30
Valor: R$ 1.151,00 em até 5x Data: a consultar
www.sp.senac.br Valor: R$ 890,00
www.iif.com.br

www.biagency.com.br
53
#01

A
história da Yashica Uma nova linha de câmeras é lançada, agora
Fundada em 1949 com apenas $ 566,00, com o nome Yashica/Contax, projetadas com
em Nagano – Japão com o nome deYashima. lentes Carl Zeiss.

ascensão e Em 1957 criou uma subsidiária em Nova York Em 1977 a Yashica começa a fazer frente as
chamada Yashima Yashica Inc juntamente marcas Nikon, Canon e Minolta com seus mo-
queda.
com a Tomioka Ópticos, para gerenciar os es- delos FR para um mercado de câmeras semi-
forços de marketing nos EUA. No mesmo ano -profissionais SLR.
lançou uma série de câmeras populares, TLR,
de nome Matic Yashica. Uma câmera que usa- Agora chegamos em 1979, quando a Yashi-
va filme 8mm. ca lança seu modelo FX3-Super. Uma câmera
35mm SLR mais barata para atingir ao públi-
Em 1958 mudou seu nome para Yashica Com- co iniciante. Um modelo com foco manual,
pany Ltd quando comprou a empresa Câmera corpo Yashica que também aceitava as lentes
Nicca Ltd. Carl Zeiss. Um modelo que seguiu até 2002.

Marcello Barbusci 1959 foi o ano onde a Yashica lançou sua Em 1983 a Yashica foi comprada pela Kyocera,
marcello@barbusci.com.br 35mm Silgle Lens Reflex (SLR), uma câmera uma empresa gigante no segmento de cerâ-
com a diafragma automático. mica. Depois da venda, todas as câmeras fo-
ram comercializadas pela Kyocera.
Vamos pular para 1973 pois os anos que an-
tecederam esse período só tiveram sucessos. Em 1985, a empresa estava enfrentando intensa
concorrência no mercado de outros fabricantes,
Bom, neste ano, a Yashica inicia uma parceria especialmente Minolta, que havia introduzido um
preço competitivo com um modelo avançado de
com a Carl Zeiss em um projeto chamado de
câmera de 35mm SLR autofoco. A Yashica final-
Top Secret 130 para produzir uma nova 35mm mente lançou sua própria linha de autofocu 35
SLR com obturador eletrônico que teve seu milímetros que foi superfaturada e mal comercia-
nome batizado de Contax. lizada em comparação com a concorrência.

54
Em 2005 a Kyocera suspendeu a
produção das Contax e Yashica e
em 2008 vendeu os direitos para o
grupo MF Jebsen Group, sediado
em Hong Kong.

Este passou os direitos de uso para


sua subsidiária JNC Datum Tech e
desde então não ouvimos mais fa-
lar da Yashica por aqui a não ser dos
apaixonados pela marca e querem
reviver os velhos tempos. O que é o
meu caso.

Ao lado estou colocando algumas


fotos produzidas com filme PB Ko-
dak Professional BW 400 CN e com
filme Kodacolor ASA 400

Em quase 2 anos na fotografia, fo-


ram meus primeiros cliques com
uma câmera analógica trabalhando
com foco manual em STREET.

Minha analógica?
Uma Yahica FX3 Super – 2000 com
lente 50mm 1.9.

O que posso dizer sobre a sensação?


Um prazer que só quem clica com
filme pode explicar.

Espero que gostem.

55
#01

C
omecemos pelo início: as redes so- Se é fácil abrir caminho à comunicação com
ciais não são a salvação para o mun- um tema que interessa ao ouvinte - seguindo
do, não são a fonte de todos os seus as passadas do marketing atual - mais difícil
problemas e a melhor forma de lidar com elas é abrir caminho a essa relação tocando ape-
não é uma dose de sorte misturada com ma- nas em um tema. Num assunto que interes-
gia negra. Está longe de ser um meio absolu- sa, principal e especialmente a si próprio. Há
Amor & ódio tamente controlável mas também não é um temas que «toda» a gente «domina»; política,
animal selvagem que sempre estará longe de religião e futebol são apenas os três maiores,
uma razoável domesticação. mas «especialização no generalizado» é coisa
que não falta no mundo da rede.
As redes sociais existem desde que o homem Há que encontrar o meio termo. Há que saber
comunica em grupo e a verdade é que se não como tocar no que lhe interessa sem esque-
souber como interagir com a pessoa que está cer que os seus clientes não são - a esmagado-
sentada ao seu lado durante aquele workshop ra maioria das vezes - os seus colegas fotógra-
fantástico que está participando, dificilmente fos que tão bem entendem as suas valências e
será capaz de compreender como lidar com as as suas lacunas, mas sim, um destinatário que
Rui Costa «modernas» redes sociais, aquelas que popu- aprecia a beleza e a qualidade numa matriz
ruijscosta@gmail.com larizaram o termo e que incluem referências mais emocional, mais imediata. Não tem nada
como Facebook, Twitter, Google+, 500px, Fli- de errado com isso! É só uma forma diferen-
Colunista Internacional ckr, Pinterest ou mesmo Instagram, isto, ape- te de avaliar um trabalho; provavelmente até
Diretamente de Portugal nas para tocar nas redes que nós - ocidentais - mais sincera. Mas a este assunto voltaremos
sabemos explorar. Redes sociais são diálogos. mais tarde, neste texto ou mesmo num núme-
São comunicação e interação dinâmica. Nun- ro posterior da revista.
ca se esqueça da palavra mágica: «diálogo».
Há tanto para explorar neste campo das redes
Tudo o anteriormente colocado se aplica sem sociais para fotógrafos que seria necessário
problema ao utilizador indiferenciado. Pas- um livro e não apenas uma coluna para explo-
sando ao específico, ao segmento particular rar este assunto. Na verdade até há... muitos!
ou ao utilizador exclusivamente interessado Alguns bastante bons como «The Linked Pho-
na exploração de um determinado tema, as tographers’ Guide to Online Marketing and
coisas complicam-se um pouco. Social Media» de Rosh Sillars, o «The Linked
Photographers’ Guide to Online Marketing
and Social Media» da Wiley Desktop Editions,
o «Google+ for Photographers» de Colby
Brown ou mesmo «From Snapshots to Social
Media - The Changing Picture of Domestic
Photography» editado pela Springer. Se tiver
oportunidade dê uma boa olhada a cada um
deles antes de se aventurar na rede. Há mui-
ta coisa boa para explorar mas há também
muitos aspectos relacionados com direitos de
autor ou mesmo com a incorreta avaliação do
seu desempenho que podem ser altamente
contra-producentes e mesmo direcionar os
seus esforços pelo caminho errado.

56
Porque são as redes sociais algo Porque são as redes sociais algo a Por agora, para terceiro e último
que nunca deve desconsiderar? que deve medir bem o pulso antes ponto (que o texto vai longo e o
de saltar? editor não perdoa), há que avaliar
O melhor argumento assenta es- as suas hipóteses de fazer dinhei-
sencialmente na força dos núme- A primeira coisa que deve perceber ro através destes sites. Vender em
ros. Não apenas o número absoluto é que apesar de poder controlar al- redes sociais pode ser complicado,
de utilizadores que só numa rede gumas das variáveis da comunica- especialmente se o seu produto for
como o Facebook excede o bilião ção nas redes sociais, você jamais de uma vertente não tão chegada
(mil milhões para os leitores de Por- poderá aspirar a ter o controle so- aos assuntos que o utilizador co-
tugal) como principalmente os nú- bre tudo o que colocar nessas mes- mum procura em plataformas como
meros que definem a tendência. O mas redes. Aliás, não é esse o pro- o Facebook. Redes sociais genera-
número de utilizadores cresce num pósito da comunicação nesse meio. listas como o Facebook ou Google+
ritmo que nem a despesa pública se Perceba isso antes de ter algum dis- apresentam boas hipóteses para
lhe consegue comparar e a verdade sabor mais profundo. O conteúdo, fotografia de casamentos, retrato
é que o utilizador começa a valer depois de publicado, tem um vida ou eventos. Paisagem, natureza ou
por dois ou por três. Comunicações própria que muito dificilmente es- aventura, nem tanto. Existem pro-
móveis sólidas e o aumento brutal tará debaixo da sua capacidade de vavelmente locais melhores para a
do tempo gasto em rede, transfor- domínio e controle. Quero com isto venda dos seus trabalhos. Por outro
maram o utilizador naquilo que as dizer que, apesar de poder aplicar lado, as redes exclusivamente dedi-
marcas (e você, enquanto fotógra- diversos tipos de ação e estratégias cadas à fotografia têm na sua maio-
fo, é uma marca) sempre deseja- para a disseminação dos seus con- ria... adivinhou... fotógrafos. Dificil-
ram: um utilizador sempre ligado, teúdos, a verdade é que nunca se mente fará muito negócio.
seja onde for, pronto a receber os trata de uma disseminação verda-
seus conteúdos. deiramente moderada pelo criador Entenda as redes sociais como um
do conteúdo. Caiu na rede, o conte- excelente veículo promocional do
Depois há a questão do «está fora, údo «é de todos». seu trabalho e uma ótima ferra-
está esquecido». Bem sei que é pre- menta para iniciar um diálogo com
ciso diferenciar para vencer, mas di- Isto leva-nos ao segundo ponto: os seus potenciais clientes mas nem
ferenciar não é estar fora das redes os direitos de autor. tanto como um balcão avançado
sociais, diferenciar é estar lá - por- de vendas. Para isso exploraremos
que é lá que também estão alguns O «é de todos», felizmente na maioria outras oportunidades, em outros
dos seus clientes - e ter uma ofer- dos casos, é mais uma força de expres- artigos.
ta que se distinga dos demais. Seja são do que uma afirmação provida de
uma distinção clássica de qualida- sustento. Antes de avançar com a pu- Enfim... redes sociais são o bom e
de ou variantes que incluem uma blicação dos seus trabalhos em redes o mau, o quente e o frio. É natural
melhor relação de custo/benefício sociais perca algum tempo para ler e que ao longo do seu percurso sinta
para o seu cliente. Estar lá é absolu- comparar os pontos que você aceita fazer parte de uma relação basea-
tamente obrigatório a não ser que ao se registar em cada um destes si- da em amor e ódio, num dilema
você já seja um profissional de tal tes. Há diferenças - digo eu, cruciais que fará que por vezes se sinta feliz
forma famoso que o mundo faça o - entre sites como o Facebook ou o por ter iniciado a sua viagem nes-
seu trabalho por si, partilhando e Google+, isto apenas para referir dois tas plataformas e que por outras se
impulsionando o seu trabalho atra- sites de maior uso para a comunidade sinta capaz de apagar todas as suas
vés da rede. fotográfica. Por vezes nem se trata da contas, fechar até a conta do Gmail
questão dos direitos autorais na sua e ir completamente old school.
Há muito mais em favor das redes vertente mais direta mas sim a impos-
sociais, claro. Lá voltaremos sibilidade de eliminar definitivamente Redes Sociais, ame e/ou odeie mas
conteúdos, impedir sub-licenciamen- nunca faça de conta que não existem.
tos, perpetuidade do acordo e irrevo-
gabilidade do mesmo. Este assunto
merecerá igualmente um novo artigo
no futuro, exclusivamente dedicado
ao tema.

57
O
k, todos querem o sucesso; e alguns Você aceita se casar com ela. Ótimo. Você
até alcançam. Outros obtém o suces- aposta que terá sua liberdade mesmo dentro
so e a fama... mas qual o segredo? Es- da instituição do casamento. Lindo. Você acha
collhas certas? que vai jogar futebol aos sábados de manhã.
crônica Boa! Você acha que ela vai continuar gostosa
Quando alguém vê uma pessoa que “deu cer- pro resto da vida; melhor, de bom humor... Ah,
enganos to”, logo pensa: “esse acertou!”. Ledo engano, irmão, quantos enganos.
pois a vida não é feita de acertos, mas sim de
enganos. É. A vida é feita de erros crassos e Seu emprego então, nem se fala. Você pensa
uma sequência inevitável de enganos e acasos. que gosta disso e acha que é bom no que faz,
mas na última reunião seu chefe te elogiou
Quer ver? por um erro. É lógico que ele não sabia que
Imagine se Isaac newton tivesse tirado uma você tinha errado, você simplesmente esque-
soneca debaixo de uma árvore que não desse ceu de mandar um boleto de cobrança pro
frutos. A maçã não cairia em sua cabeça e não maior cliente da firma e seu chefe gostou do
teríamos a Lei da Gravidade. Pior, se ele esti- “voto de confiança” dado ao cliente.
Zeca Salgueiro vesse debaixo de um pé de jaca, não teríamos
zecasalgueiro@gmail.com nem o próprio Newton! Por mais que você se esforce pra tomar as de-
cisões corretas, elas são uma cadeia de lutas e
Outra: se ao invés de Alexander Fleming a em- vitórias da emoção sobre a razão.
pregada dele tivesse achado os restos de uma
experiência com bolor, ela teria jogado tudo Duvida?
fora, com nojo, claro, e não teríamos a penicilina. Veja o seu time de futebol, por exemplo. Ele
Mais uma: Charles Goodyear deixou cair en- ganha todos os títulos que disputa? Não. Você
xofre no cozimento da borracha e descobriu fica tranquilo nas finais? Não. Você acha nor-
que ela vulcanizava (nada a ver com Spok, de mal uma pessoa subir a escadaria da Penha
Star Trek). Se ele simplesmente acertasse na de joelhos com a bandeira do Olaria envolta
receita, o pneu não seria viável. nos ombros, pedindo por uma vitória contra
o Barcelona? Óbvio que não. Mas o cara de jo-
É meu amigo, até com você os enganos fun- elhos na escadaria é você. E não adianta seus
cionam. Por exemplo, você acha que escolheu filhos te puxarem pelos pés escada abaixo, di-
a sua namorada, esposa etc., certo? Péééé! Er- zendo que isso é loucura, que o Barça é mais
rou. Ela escolheu você. Assim como você acha forte e que você tem setenta anos, pelo amor
que escolheu sua casa, sua mobília, onde pôr de Deus! Você acredita.
a TV e até o que vestir... tadinho de você. Ou-
tro engano clássico. Elas escolhem tudo isso e Então, pela lógica, eu acho que a vida não é
manipulam tudo e a todos para nos darem a feita de acertos e sim, de enganos. Mas eu
impressão de que somos importantes. posso estar enganado!

58
serviços produtos
peças compra venda
troca classificados

59
60
www.7deventos.com.br
61
black&whiteincolorfor
bwincolor
photographers
wherever you are
edição #2
Julho | 2013

black&whiteincolor é uma publicação da

bi.agency asmallagencywithgreatideas
www.biagency.com.br

www.bwincolor.com.br

contato:
| phone: 11 2532.0549
| mobile: 11 98208.3698
| email: bwincolor@barbusciinteractive.com.br

A black&whiteincolor é uma publicação


bimestral para multiplataforma desenvolvida para
web, tablets, smartphones, desktops e laptops.

Distribuição da revista oficial em:


www.issuu.com/bwincolor
Canal de distribuição de revistas digitais interativas

FOTO CAPA
Marcello Barbusci

Entrevista com
RENATO PAES | Especialista em fotos com celular
Dezoito anos de experiência como cinegrafista e editor de filme e vídeo, há cinco
anos também como diretor de fotografia, há 11 anos como freelancer.
Experência anterior em sonoplastia, fotografia still, produção de filmes institucio-
nais, comerciais, produção musical e iluminação.
Alguns clientes: Rede Globo, Canvas 24p Filmes, Moviola Produções, Comtacti Co-
municação, Módulos, FremantleMedia Brasil, Digerati, NegritaTV, entre outros.

Não perca na próxima edição da black&whiteincolor

62
já estamos trabalhando
na próxima edição

bi.agency 63

Você também pode gostar