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governo do estado de são paulo

secretaria da educação

MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR

LÍNGUA PORTUGUESA E
LITERATURA
ENSINO MÉDIO – 1a SÉRIE
VOLUME 1

Nova edição

2014 - 2017

São Paulo

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Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Márcio Luiz França Gomes
Secretário da Educação
Herman Voorwald
Secretária-Adjunta
Cleide Bauab Eid Bochixio
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Raquel Volpato Serbino
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Irene Kazumi Miura
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Ghisleine Trigo Silveira
Coordenadora de Gestão de
Recursos Humanos
Cleide Bauab Eid Bochixio
Coordenador de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Olavo Nogueira Filho
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares

Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Senhoras e senhores docentes,

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo-
radores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que
permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula
de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com
os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.

Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.

Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu


trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar
e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história.

Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.

Bom trabalho!

Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo

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Sumário
Orientação sobre os conteúdos do volume 5
Situações de Aprendizagem 8
Situação de Aprendizagem 1 – Comunicação: palavras no mural 8
Situação de Aprendizagem 2 – Lusofonia – sim, nós falamos português! 18
Situação de Aprendizagem 3 – Você está na mídia? 25
Situação de Aprendizagem 4 – A história da língua portuguesa 32
Situação de Aprendizagem 5 – A palavra me faz eu... 40
Situação de Aprendizagem 6 – Quem souber que conte outra! 47
Proposta de questões para aplicação em avaliação 57
Proposta de situações de recuperação 58
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão
do tema 60
Situação de Aprendizagem 7 – Exposição de fotojornalismo “O sabor da língua
portuguesa” 61
Situação de Aprendizagem 8 – Divulgando a exposição! 76
Situação de Aprendizagem 9 – Quando as palavras resolvem fazer arte! 86
Situação de Aprendizagem 10 – Um, dois, três... ação! 103
Proposta de questões para aplicação em avaliação 121
Proposta de situações de recuperação 124
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão
do tema 125
Quadro de conteúdos do Ensino Médio 127

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Orientação sobre os conteúdos do VOLUME


A palavra constitui o ser humano e, ao mes- as habilidades que devem ser desenvolvidas. A
mo tempo, remete-o ao universo da cultura e seguir, delimite o que efetivamente deseja que
do outro: a exterioridade. A organização dos seus alunos aprendam após as atividades pro-
fenômenos a que chamamos de “mundo” é, na postas. Essa questão não pode ser respondida
verdade, obra de muitas gerações humanas. em termos vagos como “que escrevam me-
lhor” ou “que conheçam melhor a língua por-
Gerações que vieram ao nosso encontro tuguesa”. Para isso, recorra ao quadro que
por meio da palavra. Multiplicidade de “ou- inicia cada Situação de Aprendizagem. Pro-
tros” que nos interpelam em uma delicada e cure compreender como os conteúdos sele-
complexa rede que nos instiga a desenvolver cionados podem contribuir para desenvolver,
a habilidade de compreender, analisar e in- de fato, as habilidades propostas.
terpretar os textos produzidos em sociedade.
Somente assim podemos, de forma autônoma Agora, estabeleça os papéis do educador
e criativa, continuar tecendo essa rede viva de e dos alunos. Pergunte-se: O que cabe a cada
linguagem através da existência humana. um de nós? De modo geral, ao professor cabe
planejar, preparar, orientar, supervisionar,
O objetivo deste volume é familiarizar o avaliar, em perspectiva formativa, e colaborar
aluno com o universo de estudo da linguagem na interpretação dos textos e de outros co-
nesta nova etapa de seu aprendizado. Con- nhecimentos desenvolvidos em aula. No en-
sideramos que a língua materna é elemento tanto, o aluno é que deve construir o próprio
fundamental na formação psicossocial do in- conhecimento. Ele deve sentir-se também res-
divíduo como um ser que se comunica e, desse ponsável pelo seu aprendizado. E ele só fará
modo, se desenvolve como indivíduo e como isso se houver um plano de aula que possibilite
cidadão. prever as atividades que ocorrerão em sala de
aula e as suas responsabilidades específicas em
Ler e escrever não são tarefas simples, mas cada uma delas.
tampouco dependem de um talento especial.
O trabalho do professor visará a desenvolver Nesse processo, desejamos continuar de-
no aluno um olhar sobre a realidade e o co- senvolvendo as competências básicas que ali-
tidiano social a partir da perspectiva da lin- cerçam o Currículo da disciplina de Língua
guagem, nas suas diferentes manifestações Portuguesa.
geográficas e históricas, na compreensão da
alteridade linguística e literária. Mas como Competências
trabalhar com este Caderno de modo que se
desenvolvam as competências e habilidades ff Dominar a norma-padrão da língua portu-
que pretendemos? guesa e fazer uso adequado da linguagem
verbal de acordo com os diferentes campos
Sua aula começa muito antes de entrar na de atividade;
classe. É importante ter lido e compreendido a ff construir e aplicar conceitos das várias áreas
Situação de Aprendizagem que se desenvolve- do conhecimento para a compreensão de fe-
rá. Inicialmente, delimite o que será conside- nômenos linguísticos, da produção da tecno-
rado em cada uma. Depois, identifique quais logia e das manifestações artísticas e literárias;

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ff selecionar, organizar, relacionar, interpre- ff valorizar a identidade histórico-social pos-
tar dados e informações representados de sibilitada pela língua portuguesa;
diferentes formas, para tomar decisões e ff relacionar o uso da norma-padrão às dife-
enfrentar situações-problema; rentes esferas de atividade social;
ff relacionar informações, representadas em ff reconhecer características básicas dos tex-
diferentes formas, e conhecimentos dispo- tos literários;
níveis em situações concretas para cons- ff elaborar discursos que expressam valores
truir argumentação consistente; pessoais e sociais;
ff recorrer aos conhecimentos desenvolvidos ff usar expressivamente o verbo;
na escola para a elaboração de propostas ff desenvolver projetos em que a linguagem é
de intervenção solidária na realidade, res- o tema central;
peitando os valores humanos e consideran- ff compreender a literatura como instituição
do a diversidade sociocultural; social;
ff relacionar textos para encontrar entre eles ff compreender o conceito de intertextualida-
a intertextualidade temática; de temática;
ff construir e valorizar expectativas produ- ff organizar informações em um texto.
centes de leitura;
ff adaptar textos em diferentes linguagens, le- Tais competências e habilidades contem-
vando em conta aspectos linguísticos, his- plam tanto os conteúdos gerais a serem tra-
tóricos e sociais; balhados a longo prazo, como os tratados
ff inferir tese, tema ou assunto principal em um especificamente neste volume. Além disso,
texto a partir da síntese das ideias centrais; alguns conteúdos próprios das Situações de
ff relacionar informações sobre concepções Aprendizagem ampliam e aprofundam os
artísticas e procedimentos de construção conteúdos trabalhados no Ensino Funda-
do texto literário com os contextos de mental.
produção e circulação social da arte, para
atribuir significados de leituras críticas em Conteúdos gerais
diferentes situações;
ff identificar o valor estilístico do verbo (Pre- ff Estratégias de pré-leitura;
térito e Presente do Indicativo) em textos ff estruturação da atividade escrita;
literários, bem como o conceito de adequa- ff estratégias de pós-leitura;
ção social e seu valor operativo no proces- ff elaboração de projeto de texto;
so de leitura e escrita. ff construção linguística da superfície textual;
ff análise estilística;
Para esse fim, particularmente, neste vo- ff construção da textualidade;
lume, privilegiamos algumas habilidades que ff identificação das palavras e ideias-chave
devem ganhar relevo em todas as Situações de em um texto;
Aprendizagem propostas. ff intencionalidade comunicativa;
ff comunicação – linguagem e interação;
Habilidades gerais ff texto expositivo;
ff texto informativo;
ff Concatenar ideias-chave na elaboração de ff a língua e a constituição psicossocial do
uma síntese; indivíduo;
ff interpretar textos expositivos e informati- ff lusofonia;
vos, respeitando as características próprias ff a literatura na sociedade atual;
do gênero; ff mídia.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Metodologia e estratégias 3. pontual: olhamos atentamente a prova in-


dividual;
É importante ressaltar que os conteúdos não
devem ser desenvolvidos sob uma perspectiva li- 4. autoavaliação: surge da elaboração de pro-
near, mas articulados em rede. Nessa metodolo- postas que procuram desenvolver a habili-
gia, partimos sempre do que está mais próximo dade do aluno de compreender seu processo
do educando. Por esse motivo, desejamos apro- de aprendizagem.
veitar o conhecimento intuitivo de nossos alunos
para iniciar as atividades. Traga esse conheci- Essas diferentes avaliações permitem que
mento para a sala de aula por meio de conversas retomemos nossas reflexões iniciais, aquelas
e discussões. Deixe o seu aluno falar. Ouça-o. que tomamos antes de iniciar nossa entrada
em sala de aula. Podemos analisar os pon-
Esforce-se para que o centro da aula seja o tos que não foram satisfatoriamente atin-
aprender, não o ensinar. Quando a aula valo- gidos e que devem ser considerados para o
riza o “ensinar”, o importante é “dar uma boa próximo planejamento de aulas.
aula” ou “passar bem o conteúdo”. O profes-
sor é o dono do conhecimento e ele o “passa” Desse modo, completamos um ciclo ini-
de um modo agradável a seus alunos. ciado no planejamento de nossas aulas quan-
do compreendemos as habilidades que nos
Quando o centro do processo é “aprender”, propusemos a desenvolver, determinamos
aproximamo-nos de nossos estudantes com os conhecimentos que deveriam ficar claros
estratégias de aula que efetivamente alcancem e desenvolvemos estratégias que permitiram
esse propósito. Nossa aula não visa mais a dividir a responsabilidade pelo processo de
“passar” conteúdos de modo agradável, mas à ensino-aprendizagem entre professor e alu-
construção de conceitos e ao desenvolvimento nos. Promovemos atividades dinâmicas – o
de habilidades. Isso não garante que todos vão que não significa que sejam sempre “engra-
aprender o que desejamos ou que eles vão gos- çadas” ou “que os alunos gostem” – que de-
tar sempre de nossas aulas, mas torna o espaço senvolvam habilidades e enredem os alunos
educativo partilhado, permitindo que o aluno na construção dos conhecimentos.
assuma o seu papel como alguém que também
é responsável pelo processo de aprendizado.

Avaliação Aprofundando conhecimentos


As habilidades e competências desenvolvi- Todos esses seres são constituídos, nós
das ao longo do ano devem ser pautadas em somos constituídos, nosso encontro com
quatro olhares: eles é constituído, e assim o vir-a-ser do
mundo, que se dá por meio de nós, é consti-
1. processo: olhamos de modo comprometido tuído. Esse ser-constituído do universo, in-
e profissional o desenvolvimento das ati- clusive nós mesmos e nossas obras, é o fato
vidades de nossos alunos em sala de aula, básico do ser que nos é acessível como seres
atentos às suas dificuldades e melhoras; existentes.
BUBER, Martin. Eclipse de Deus: considerações
2. produção continuada: olhamos a produção sobre a relação entre religião e filosofia. Tradução
escrita e outras atividades de produção de Carlos Almeida Pereira. Campinas: Verus, 2007. p. 65.
textos e exercícios solicitados;

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SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
Situação de Aprendizagem 1
Comunicação: palavras no mural

Esta Situação de Aprendizagem tem por na escola e construindo sua identidade. Esse
objetivo fazer que o aluno reconheça a língua conhecimento é fundamental para desenvolver
portuguesa como um espaço onde o indivíduo as habilidades de compreender, analisar e inter-
se constitui pela comunicação, integrando-se pretar o sistema simbólico da linguagem verbal.

Conteúdos e temas: o mural escolar; verbetes de dicionário ou de enciclopédia; notícia informativa; to-
mada de notas.

Competências e habilidades: relacionar linguagem verbal literária com linguagem não verbal; reconhecer
diferentes elementos internos e externos que estruturam os textos expositivos, apropriando-se deles no
processo de construção do sentido; reconhecer diferentes elementos internos e externos que estruturam
a notícia informativa (texto informativo), apropriando-se deles no processo de construção do sentido;
identificar, pela comparação, as principais diferenças e semelhanças entre os textos informativos e os
expositivos.

Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com a preparação e co-
nhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; uso de recursos audiovisuais; valorização
do cotidiano escolar e de um aprendizado ativo centrado na reflexão e no fazer.

Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos diversos; mural da
escola; comunicados escolares; música.

Sugestão de avaliação: discussão em classe; análise do caderno; texto poético; notícia informativa e texto
expositivo produzido pelos alunos.

Sondagem tros. É também um momento de diagnóstico


das habilidades que se pretendem desenvolver:
Professor, o objetivo deste exercício é co- O que eles já desenvolveram em anos anterio-
nhecer o que seus alunos já sabem sobre o res? Que necessidades são mais urgentes?
tema “comunicação”. Este é um momento de
escuta: o instante em que o professor escuta Essas premissas devem orientá-lo na con-
seus educandos e estes escutam uns aos ou- dução das atividades a seguir.

Discussão oral
1. 
Discuta em classe com seu professor e seus colegas:

ff Qual a importância das palavras em sua vida?

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

ff Como nos comunicamos? Apenas por palavras?


ff Que perigos e que benefícios as palavras trazem no dia a dia das pessoas?

2. Depois da discussão, responda em seu caderno:

ff Qual a importância da palavra na comunicação humana?


Observe as respostas com base nas premissas dadas, propondo novas questões ou aprofundando a reflexão dos estudantes,
sempre orientando a discussão para o tema central, que é a comunicação verbal.

Na sequência, propomos que parta de caminhe para as informações que deseja


um texto que tenha na “palavra” o seu foco obter.
central. Consideramos aqui a palavra como
a base da comunicação. Pensamos em um 1. Sugerimos a leitura de Assim como, de Al-
poema que permite uma discussão que en- berto Caeiro.

Assim como
Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade,
Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada.
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença.
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.

CAEIRO, Alberto. Poemas inconjuntos. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.br/~magno/inconjuntos.htm>. Acesso em: 18 set. 2013.

Roteiro para aplicação da situação tuem o gênero e aprender a usar esses textos no
de aprendizagem 1 seu cotidiano escolar.

Os conteúdos a seguir desenvolvem-se, sem­ ff Notícia informativa


pre, em rede e progressivamente durante as aulas. Examinar a notícia informativa: aspectos e
Leia todo este roteiro antes de iniciá-las: formas das relações dialógicas do gênero.

ff O mural escolar ff Tomada de notas


Analisar o mural escolar como mídia e como Tomar notas e usá-las na exposição oral de
macroestrutura genológica, ou seja, estrutura conhecimentos.
que aproxima os textos entre si em função dos
objetivos culturais a eles associados. Reconhe- Após a primeira discussão sobre o signifi-
cer seu valor e sua função social na escola. cado de “comunicação”, mergulhe no poema
a seguir, de Carlos Drummond de Andrade
ff Verbetes de dicionário ou de enciclopédia (1902-1987); antes faça uma atividade de pré-
Compreender as características que consti- -leitura.

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ff “Certa palavra dorme na sombra de um
Discussão oral livro raro.”

ff O que sugere o título A palavra mágica?  ual a importância do adjetivo raro para a
Q
ff Quando uma palavra é mágica? interpretação do poema?
Incentive os alunos a refletir sobre as possíveis asso- Reforça a ideia de que se trata de uma palavra que não é fácil
ciações entre a expressão “palavra mágica” e os gê- encontrar.
neros poéticos, reforçando o caráter sugestivo das
palavras nesses gêneros. 2. Identifique outro verso do poema que re-
force o sentido do adjetivo raro no primei-
ro verso.
Há mais de uma possibilidade de resposta. Sugestões: “Vou
procurá-la a vida inteira” ou “procuro sempre”. Observe a
A palavra mágica pertinência de outras escolhas.

Certa palavra dorme na sombra de um livro


[raro. No dia a dia usamos muitas pala-
Como desencantá-la? vras para expressar sentimentos e
É a senha da vida emoções. Será que existem pala-
a senha do mundo. vras para comunicar tudo o que sentimos e
Vou procurá-la. pensamos?
Observe que o poeta deseja encontrar
Vou procurá-la a vida inteira uma palavra que ele não conhece, mas está
no mundo todo. em um livro raro. O livro e a palavra, ambos,
Se tarda o encontro, se não a encontro, são extraordinários e pouco comuns. Ele sabe
não desanimo, que essa busca pode ser interminável.
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura


ficará sendo Discussão oral
minha palavra.
ff Discuta com os colegas: Quais as seme-
ANDRADE, Carlos Drummond de. A palavra mágica.
lhanças e diferenças encontradas entre os
In: _____. Discurso de primavera. São Paulo: Companhia
poemas de Drummond e Caeiro?
das Letras (com futuro lançamento). Carlos Drummond
Há vasta possibilidade de explorar semelhanças e di-
de Andrade © Graña Drummond. <http://www.carlos
ferenças entre os textos. Observe a pertinência das
drummond.com.br>.
relações estabelecidas.
Como síntese do poema de Alberto Caeiro, suge-
Assuma, neste primeiro momento, o maior rimos: as palavras não conseguem ser a tradução
grau possível de responsabilidade pela inter- dos pensamentos, uma vez que, na visão do poeta,
pretação do poema, uma vez que é um gênero elas limitam, cercam, restringindo uma experiência
textual que costuma trazer dificuldades para a que poderia ser muito mais complexa. Por con-
maioria dos alunos. sequência, os pensamentos também são uma re-
presentação pálida da vida, muito menor do que a
1. Observe o primeiro verso do poema: experiência efetiva.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Ideia semelhante está expressa no poema de Drum- serve de suporte físico à transmissão” (Dicio-
mond: a experiência humana não é traduzível pela nário Houaiss da língua portuguesa (edição
linguagem verbal. A metalinguagem, no entanto, é eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009).
mais explícita no segundo poema. No de Caeiro, fica
mais implícita, mas existe: afinal, o poeta usa das pa- (  a  ) “conjunto das ações e relações entre
lavras para expressar que elas não dão conta da vida. os membros de um grupo ou entre grupos
Não deixa de ter em sua base uma reflexão sobre a de uma comunidade” (Dicionário Houaiss da
linguagem. língua portuguesa (edição eletrônica). Rio de
Janeiro: Objetiva, 2009).

1. Adapte o poema de Drummond (  d  ) faz de um texto mais do que um monte


em uma imagem, em papel A4, que de frases soltas, ou seja, um todo com signifi-
pode ser construída com lápis, tin- cado para o leitor.
tas ou recortes. Lembre-se de que o profes-
sor escolherá alguns trabalhos para expor (  b  ) “sistema de signos convencionais que
no mural da classe. pretende representar a realidade e que é usado
na comunicação humana” (JAPIASSÚ, H.;
Os critérios utilizados para a escolha se- MARCONDES, D. Dicionário básico de Filo-
rão: sofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006).

ff criatividade; (  e  ) “qualquer objeto, forma ou fenômeno


ff distribuição da figura na folha de papel; que representa algo diferente de si mesmo e
ff fidelidade ao poema; que é usado no lugar deste numa série de si-
ff organização e limpeza na elaboração do tuações (a balança em lugar de ‘justiça’; a su-
trabalho. ástica, de ‘nazismo’ etc.)” (Dicionário Houaiss
Esta atividade construirá uma intertextualidade temática da língua portuguesa (edição eletrônica). Rio
entre o poema e a imagem elaborada. Essa relação deve ser de Janeiro: Objetiva, 2009).
o foco no processo de desenvolvimento da atividade. Professor, uma forma de conduzir essa atividade pode ser
discutir os termos com os alunos, antes que tenham aces-
2. Relacione as palavras com as definições so às definições. Após essa discussão prévia, você pode
correspondentes: auxiliá-los no processo de relacionar as palavras com as
definições.
a) interação.
Atividade em grupo
b) linguagem.
Façam cartazes, em papel A4, das defini-
c) mensagem. ções da Atividade 2. O professor selecionará
alguns para afixá-los no mural da classe.
d) textualidade. A ideia dessa atividade é construir objetos de consulta per-
manente a conceitos importantes que serão materializados
e) signo. em atividades no decorrer deste volume.

(  c  ) “sequência de signos organizados de Este é um bom momento para debater,


acordo com um código e veiculados de um oralmente, com seus alunos, a função dos
emissor para um receptor, por um canal que murais dentro da escola:

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de textos iguais, com os mesmos formatos.
Discussão oral Nele encontramos comunicados, notícias in-
formativas, propagandas, entre outros gêne-
Discuta as questões a seguir. Durante a ros textuais diferentes.
discussão, anote no caderno as principais
ideias que surgirem. Faça isso em forma de Na sequência, os alunos deverão produzir
tópicos. uma notícia informativa a respeito da eleição
do grêmio estudantil. Peça na diretoria as da-
ff Para que servem os murais na escola? tas de inscrição, propaganda eleitoral e elei-
ff Onde ficam os murais direcionados aos ção.
alunos?
ff E aqueles direcionados aos professores e A notícia informativa circula por aí afora...
aos funcionários da escola?
ff O mural possibilita uma interação entre
No intervalo, Lia diz a Ana Luísa: “Me-
a escola e a comunidade, mas ela de fato
nina, preciso te dar uma notícia”. Ana Luísa
ocorre?
mostra-se bem interessada: “Ah, é? O quê?
ff Que problemas dificultam a efetiva in- Me conta tudo!”. Lia senta ao lado de Ana
teração entre escola e comunidade pos- Luísa e diz: “Pois é, sábado vai ter uma festi-
sibilitada pelo mural? nha de aniversário na casa da Paula e ela vai
Espera-se que os alunos cheguem a conclusões sobre convidar o Edeílson”. Ana Luísa fica atôni-
organização e finalidades dos murais escolares: que ta: “Puxa! Eu não sabia nada da festinha! Ai,
gêneros o mural costuma apresentar e quais suas fun- e ainda mais com o Edeílson lá... Eu preciso
ções; discussão sobre a eficácia do mural na comu- arrumar um jeito de ser convidada!”.
nicação entre os membros da comunidade escolar;
é possível, ainda, construir ações propositivas a partir
das discussões feitas. 1. Em sua opinião, qual o significado do ter-
mo notícia na conversa informal entre Lia
e Ana Luísa?
Espera-se que os alunos respondam algo como: “Notícia
Quando seu professor pedir a você significa transmitir informações sobre algo novo.” Verifique
que escreva em tópicos, isso signi- aspectos da resposta que antecipam o próximo exercício.
fica que você deve se concentrar
© Roy Botterell/Corbis/Latinstock

apenas no ponto essencial, naquilo que é funda-


mental para compreender o assunto. Trata-se,
portanto, de selecionar as questões principais do
tema ou do discurso desenvolvido.

Verifique, depois, os cadernos dos alunos,


observando se refletiram a respeito das ques-
tões propostas na atividade de discussão sobre
o mural. Observe ainda se foram capazes de
sintetizar suas posições por escrito.

ff Alguns elementos podem auxiliá-lo na


discussão sobre o mural: não é composto Lia e Ana Luísa conversam animadamente.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

2. De acordo com sua resposta à questão


ff O que é uma notícia informativa? anterior, o texto a seguir é uma notícia?
Trata-se de um texto que tem o objetivo Por quê?
de informar sobre temas gerais, fatos etc. Professor, verifique as orientações anteriores, presentes neste
Caderno, para direcionar o seu olhar na correção desta questão.

CET recomenda que motorista evite a avenida Paulista hoje

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) recomenda que motoristas evitem parte da avenida
Paulista a partir de hoje, primeiro dia útil após a ampliação da interdição da via. A interdição cobre
a faixa da direita nos dois sentidos da praça Oswaldo Cruz até a Brigadeiro Luís Antônio. No senti-
do Consolação, o desvio deve ser pelas ruas Treze de Maio, Cincinato Braga, São Carlos do Pinhal e
Antônio Carlos. No sentido Vila Mariana-centro, a opção é seguir pela rua Vergueiro e desviar para
a av. Liberdade.

Folha de S.Paulo, do “Agora”. Caderno Cotidiano, 22 out. 2007.

3. Identifique, com um X, entre as caracterís- (  X  ) a objetividade e clareza das informa-


ticas a seguir, aquelas que são encontradas ções.
na notícia informativa CET recomenda que
motorista evite a avenida Paulista hoje: (  X  ) o uso da norma-padrão da língua por-
tuguesa.
(  X  ) a presença de um título no texto.
(  x  ) predominância dos verbos no Pretéri-
(  x  ) a opinião pessoal de quem escreveu o to do Indicativo.
texto.

Discussão oral
ff Qual a ideia principal da notícia?
ff Em que circunstâncias alguém desejaria ler esse texto?
Após a leitura da notícia informativa usada para exemplificar o conceito do gênero, pergunte aos alunos a respeito do conteúdo
nela veiculado. Peça-lhes que digam a ideia principal contida no texto, ainda de maneira informal, imaginando que um amigo lhes
pergunte: “O que é que está escrito aí?”. Peça-lhes que expliquem também em que circunstâncias alguém desejaria ler esse
texto. É importante desenvolver um gradativo ajuste entre leitura e seus objetivos, que incluem a habilidade de estabelecer uma
finalidade de leitura do texto (ler para informar-se, para estudar, para se distrair etc.).
A ideia principal é informar sobre o trânsito de uma grande cidade. Desejaria ler esse texto alguém que tenha a avenida Paulista
como parte de seu itinerário.

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A linguagem do mural A linguagem não verbal: é a que se utiliza
de outros signos, como a imagem ou a cor. O
Além das notícias informativas, há outros código usado não é a palavra escrita. Veja o
textos que circulam no mural escolar. Como exemplo a seguir, em que alguém pede silêncio
devem ser esses textos? apenas com um gesto.

© ACE STOCK LIMITED/Alamy/Glow Images


(  X ) claros e objetivos.

(  x  ) longos e bem detalhados.

(  x  ) divertidos e engraçados.

(  X ) precisam respeitar a norma-padrão da


língua portuguesa.

(  X ) precisam transmitir uma imagem apro-


priada da escola.

Neste momento, sugerimos que o pro-


fessor peça emprestados à direção da escola
alguns comunicados e mostre-os aos alunos
para análise.

Tendo-os por base, discuta com os alunos


os aspectos a seguir.
Gesto de silêncio.
Os textos escritos que são afixados nos
murais representam a escola e são direcio- Pode-se agora falar aos alunos dos diver-
nados ao público em geral, por isso devem sos tipos de linguagem usados pelas pessoas: a
ter a preocupação de serem claros, objetivos música, a escultura, a mímica, a fotografia etc.
e respeitarem a norma-padrão da língua No caso das histórias em quadrinhos, do cine-
materna. Caso contrário, o leitor criará uma ma e da televisão, usamos a linguagem mista.
imagem ruim da escola. É chegada a hora
de analisar suas especificidades, a quem eles 1. Inácio faltou à última aula de Lín-
são dirigidos, em que mural estavam afixa- gua Portuguesa e perdeu as explica-
dos (no mural do corredor, das classes, do ções dadas pelo professor. Escreva
pátio, da sala dos professores, da secretaria um pequeno texto (um e-mail ou bilhete),
etc.). explicando-lhe esses conteúdos.
Professor, essa resposta depende da sequência efetiva de seu
Os textos no mural fazem uso tanto da lin- planejamento. Em princípio, o que se espera é uma sínte-
guagem verbal como da não verbal. se das linguagens verbal, não verbal e mista, associadas ao
mural.
A linguagem verbal: a palavra falada e escri-
ta. Está presente em todos os tipos de textos 2. Traga para a próxima aula textos que
escritos, reportagens, propagandas, discursos, exemplifiquem cada uma das linguagens:
textos literários, científicos etc. verbal, não verbal e mista.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Tendo por base os aspectos apontados sobre as três lingua- colar (texto expositivo). Nesse texto, os alunos
gens e outros que considerar relevantes, observe e comente devem fazer uso dos conceitos estudados em
a pertinência das escolhas dos estudantes. É importante que sala de aula. Diga a eles que poderão, poste-
os alunos não apenas conheçam as características de cada riormente, consultar o texto para atividades de
uma das linguagens, mas que se familiarizem com seu uso avaliação futuras, tais como uma prova. Isso
social e as esferas de atividades onde elas circulam. Por isso, garantirá que eles se esforcem em fazer uso dos
é importante o convívio com as linguagens em suas diversas conceitos aprendidos. Estipule também um nú-
manifestações reais. mero máximo de linhas, que pode ser 30 (trinta).

3. Consulte o livro didático adotado e procu-


re os conteúdos estudados até o momento: ff O que é um texto expositivo?
linguagem (verbal, não verbal e mista), sig- Expor significa, basicamente, explicar
no, mensagem, comunicação, textualidade algo para o conhecimento dos demais. Assim,
e texto informativo (notícia). Resolva os podemos definir texto expositivo como o que
exercícios indicados pelo professor. tem por objetivo aprofundar informações
A seleção desses conteúdos é uma forma de avaliar se os para o leitor, transmitir conhecimentos.
alunos compreenderam os grandes temas propostos para
estudo até aqui. Se achar mais produtivo, selecione alguns
desses temas para explorar com mais profundidade.
Para você, professor!
Destaque para seus alunos as diferen-
Discussão oral ças entre os textos informativo e expositi-
vo, no que diz respeito ao aprofundamento
Utilize os textos que trouxe e discuta com do tema: o texto informativo é sempre mais
seu professor e colegas. sucinto e superficial que o texto expositivo.
Em que lugares, momentos e veículos de
comunicação encontramos predominante-
mente: Expondo conhecimentos ao mundo

ff Textos verbais? Os livros didáticos são excelentes exemplos


ff Textos não verbais? de coletânea de textos expositivos. Assim mes-
ff Textos mistos? mo, fornecemos a seguir um exemplo para sua
Em alguns gêneros, como romances ou poemas, a análise.
linguagem verbal é predominante. O mesmo acon-
tece com alguns gêneros jornalísticos como o edi-
torial e o artigo de opinião. Notícias, reportagens, Discussão oral
gêneros publicitários frequentemente associam
texto e imagem. Se os alunos trouxerem textos que ff O que sugere o título do texto?
são apenas imagens, lembre-os de que na maior ff Pensando no título do texto, que assun-
parte dos casos elas estão associadas a textos escri- tos você acredita que serão desenvolvi-
tos, ainda que complementares. dos? Por quê?
Conduza a discussão procurando retomar conheci-
mentos prévios dos alunos sobre o gênero “conto de
Agora peça que seus alunos elaborem, em fadas”. Observe que trata-se de uma atividade focada
duplas, um texto no qual exponham o que nos conhecimentos prévios, portanto, esse não é o
aprenderam sobre a função social do mural es- momento para definições formais do gênero.

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© Jessica Graham/Imagezoo/Getty Images
1. Observe a imagem e faça a leitu-
ra silenciosa do texto a seguir.

Era uma vez... Sabia que ler contos de fadas es-


timula a imaginação e ainda pode nos afastar da
violência?

Bela Adormecida, Branca de Neve, A Bela e a


Fera... Esses e outros contos de fadas são nossos
velhos conhecidos. Mas você sabia que ler histórias
como essas, além de fazer a gente sonhar, pode nos
afastar da violência? Pois é. Uma pesquisa divulga-
da recentemente sugere que quem costuma ler con-
tos infantis dá menos atenção aos jogos eletrônicos
– alguns muito violentos –, solta a imaginação com
mais facilidade e, como ouve e lê mais histórias, tem
respostas na ponta língua sobre vários assuntos.
O estudo foi feito pelo psicólogo Carlos Brito, da Universidade Católica de Pernambuco, em parceria
com suas alunas Karlise Maranhão Lucena e Bruna Roberta Pires Meira. Juntos, eles analisaram a im-
portância da fantasia, presente nos contos de fadas, na vida de crianças como você. Para isso, fizeram uma
verdadeira maratona: percorreram lan houses – casas de jogos eletrônicos – e diversas escolas particulares
de Pernambuco, que usam formas diferentes de ensinar.
O trio entrevistou 80 meninos e meninas de oito a nove anos, sendo que metade era de colégios
que educam de maneira tradicional, onde a criança não tem que dar opiniões e os livros infantis estão
sempre ligados às provas. A outra metade entrevistada foram alunos de escolas que optam pela edu-
cação construtivista, em que a criança é encorajada a construir seu próprio saber, a desenvolver sua
imaginação e a aprender por meio de experiências que vive no dia a dia, como ouvir histórias infantis.
Com as entrevistas, Carlos e suas alunas concluíram que as histórias infantis, principalmente no
caso das crianças das escolas construtivistas, estimulam a imaginação, a fantasia e ajudam a lidar me-
lhor com a agressividade. Além disso, as crianças que gostam de contos infantis se ligam menos nos
jogos eletrônicos e até criticam os games que têm muita violência. Já as matriculadas em escolas tra-
dicionais preferem os videogames – em especial, aqueles que têm luta –, não se interessam muito pelos
contos de fadas e até dizem que os livros como esses são feitos para crianças pequenas.
Na conversa com os estudantes, os pesquisadores ainda perceberam que os que gostam de contos de
fadas se expressam com mais facilidade em relação aos que não têm muito interesse por essas histórias.
“O contato com os livros de literatura infantil, especialmente de contos de fadas, permite às crianças
falar, ler e se expressar de maneira harmoniosa, além disso, ela é capaz de analisar e desenvolver certos
assuntos com mais facilidade”, diz Carlos Brito.
Depois dessa pesquisa, quem gosta de um bom conto de fadas vai, com certeza, querer ler muito
mais. Já os que dizem que não gostam podem se animar e abrir um bom livro. Afinal, quem não gosta
de viajar de graça em tapetes mágicos, carruagens ou até num bom cavalo alazão? Tudo isso é permiti-
do se você soltar a imaginação e experimentar a magia dos contos de fadas.
ABREU, Cathia. In: Ciência hoje das crianças, 26 set. 2005.
Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/era-uma-vez/>. Acesso em: 28 maio 2013.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

2. Responda no caderno: III.  Após a realização da pesquisa, aqueles


que gosta de um bom conto de fadas
ff Enquanto realizou a sua leitura, que pala- vão, certamente, desejarem lerem muito
vras do texto dificultaram a compreensão? mais.
A primeira pergunta propõe ao aluno localizar termos que pos-
sam ter dificultado a compreensão do texto. Observe o tipo de IV. Após a realização da pesquisa, os que
dúvida e a melhor forma de saná-la: contexto, dicionário etc. gostam de um bom conto de fadas vai,
certamente, desejar lerem muito mais.
ff Que vantagens o texto associa à leitura
de contos de fadas?  xplique os motivos de sua escolha. Por
E
A leitura de contos de fadas faz sonhar, afasta da violência, que considerou que as outras opções esta-
ajuda a lidar melhor com a agressividade, solta a imaginação vam erradas?
e facilita a conversa sobre vários assuntos. I. Após a realização da pesquisa, aqueles que gostam de um
bom conto de fadas vão, certamente, desejar ler muito mais.
ff O texto apresenta uma série de informa- O uso de “os” ou “aqueles” é indiferente. Ambos, no plural,
ções que não surgiram por acaso. Qual obrigam os verbos “gostar” e “ir” a concordar em número, ou
o motivo apresentado para que o leitor seja, “ir para o plural”.
confie nesses fatos?
Um estudo foi realizado na Universidade Católica de Per- 1. Em duplas, elaborem, no cader-
nambuco e envolveu três pesquisadores, além de 80 meni- no, um texto no qual exponham o
nos e meninas entrevistados em diferentes escolas. que aprenderam sobre a função
social do mural escolar (texto expositivo).
ff Qual a relação da expressão “Era uma
vez”, que aparece no título, com os con-  essa exposição, vocês devem fazer uso
N
tos de fadas? dos conceitos estudados em sala de aula
A maioria dos contos de fadas começa com a expressão “Era até agora. Para isso, façam as consultas
uma vez...”, o que se torna uma característica do gênero. que julgarem convenientes.

Observe a frase a seguir, extraída do  onstruam o texto seguindo estas reco-


C
texto que examinamos: mendações:

“ Depois dessa pesquisa, quem gosta de um ff deem um título que se relacione de modo
bom conto de fadas vai, com certeza, que- apropriado com o assunto do texto;
rer ler muito mais.” ff sejam claros ao escrever;
ff definam um objetivo e um tema específi-
I dentifique a alternativa que contém a mes- cos para o texto que possam, depois, ser
ma ideia da frase, conforme o sentido dela compreendidos pelo leitor;
no texto e o uso da norma-padrão: ff organizem os parágrafos de acordo com
a ordem tradicional nesse tipo de texto:
I. Após a realização da pesquisa, aqueles introdução, desenvolvimento e conclusão;
que gostam de um bom conto de fadas ff usem a norma-padrão da língua portu-
vão, certamente, desejar ler muito mais. guesa.

II. Após a realização da pesquisa, os que Professor, as “recomendações” são itens


gosta de um bom conto de fadas vai, cer- que podem orientar suas intervenções no tex-
tamente, desejarem ler muito mais. to final.

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2. Após a escrita do texto, troquem-no com 3. Depois que o professor o corrigir, o texto
outra dupla e anotem, a lápis, no texto de será devolvido a vocês. Reescrevam-no se-
seus colegas, sugestões para melhorar a guindo as orientações dadas e devolvam-
escrita. Quando o texto de vocês lhes for -no para a correção final.
devolvido, vejam as opiniões de seus cole- 1 a 3. Professor, em suas intervenções no texto, leve em conta
gas. Vocês não são obrigados a segui-las, as cinco recomendações dadas aos estudantes. Observe, ain-
mas verifiquem se, de fato, elas deixariam o da, que conceitos foram indicados e se as explicações dadas
texto mais bem redigido. Finalmente, após foram pertinentes.
as mudanças que considerarem oportunas,
entreguem-no ao professor.

Na escola, você entra em contato com inúmeros textos expositivos, ou seja, textos que têm
por objetivo aprofundar informações para o leitor, transmitir conhecimentos. O texto infor-
mativo também visa a transmitir informações. Qual a diferença entre os dois?

O texto informativo é sempre mais sucinto e superficial que o texto expositivo.

São características do texto expositivo:

ff a presença de um tema específico, claramente identificado e delimitado;


ff uma estrutura, ou seja, uma forma própria de organizar a informação;
ff um objetivo estabelecido previamente pelo enunciador, que será depois interpretado pelo leitor;
ff a presença de um título no texto;
ff objetividade e clareza nas informações;
ff o uso da norma-padrão da língua portuguesa.

Professor, se achar oportuno, selecione um indicados na seção “Aprendendo a aprender”,


texto de cada tipo e, com base nos elementos analise com os estudantes cada um deles.

Situação de Aprendizagem 2
Lusofonia – Sim, nós falamos português!

Esta Situação de Aprendizagem tem por der a dimensão da língua portuguesa no


objetivo fazer que o aluno reconheça a lín- tempo e no espaço. Outro objetivo desta Si-
gua portuguesa como realidade social que tuação de Aprendizagem é construir no alu-
identifica e aproxima povos e culturas varia- no o senso de propriedade de sua língua
dos, tanto dentro do Brasil como fora dele. materna, seja ao usá-la no cotidiano, seja ao
Embora não seja um conteúdo muito comum ler Luís de Camões, Machado de Assis ou
na escola, é fundamental para compreen- Mia Couto.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Conteúdos e temas: conceito de Lusofonia; notícia jornalística informativa; título de notícia jornalística.
Competências e habilidades: analisar e produzir textos informativos; elaborar e produzir textos expositi-
vos; identificar ideias-chave; expressar-se oralmente, respeitando a tomada de turno; valorizar a riqueza
expressiva e o patrimônio social da língua portuguesa.
Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com a preparação e co-
nhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; uso de recursos audiovisuais; valorização
da realidade local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua.
Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse;
mapas.
Sugestão de avaliação: adaptação de texto na variante lusitana para a brasileira; elaboração de títulos de
notícia e de resumo de novela ou filme.

Sondagem
A língua portuguesa no mundo

© Portal de Mapas
PORTUGAL
Açores

Madeira
PORTUGAL

CABO
VERDE Macau

GUINÉ-
-BISSAU
SÃO TOMÉ
E PRÍNCIPE
BRASIL MOÇAMBIQUE
ANGOLA TIMOR LESTE

N Língua Portuguesa
Língua materna

2000 km Língua oficial e administrativa

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 14. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004, [em 2010, a Guiné
Equatorial passou a ter a língua portuguesa como um de seus idiomas oficiais e administrativos (nota do editor)].

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Professor, propomos a seguinte discussão:

Discussão oral
Observando o mapa da lusofonia, comente com seu professor e seus colegas:

ff Qual a importância da língua portuguesa no Brasil e no mundo?


ff Em sua opinião, o que é falar a língua portuguesa adequadamente?
Conduza a discussão de forma que os alunos compreendam que a língua portuguesa é falada em diferentes países, nos diferen-
tes continentes, e que concluam que não há um único modo adequado de usá-la: isso depende da situação.

Observando o mapa-múndi, mostre os dife-  labore perguntas para as respostas a se-


E
rentes países falantes de língua portuguesa, guir:
conforme forem surgindo na conversa. Encami-
nhe a discussão de modo que também se fale 1.
das diferentes variedades do português, bem  esposta: aproximadamente 250 milhões
R
como dos conceitos de certo e errado relativos de pessoas ao redor do mundo.
ao uso da língua. É importante que se dê opor- Pergunta esperada: Quantos falam português no mundo?
tunidade ao maior número possível de alunos e
que se incentive uma atitude de escuta do outro. 2.
Resposta: são os países da lusofonia.
Novamente é importante que se consi- Pergunta esperada: O que há de comum entre Angola, Brasil,
dere esta atividade como um momento de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé
diagnóstico das habilidades que se pretende e Príncipe e Timor Leste?
desenvolver: O que eles já sabem? Que habi-
lidades já apresentam? Que necessidades são 3.
mais urgentes?  esposta: a expansão do império portu-
R
guês por razões econômicas e políticas.
Pergunta esperada: Que acontecimento espalhou a língua
Chamamos de lusofonia ao con- portuguesa pelo mundo?
junto de identidades culturais e
linguísticas existentes em países 4.
falantes de português: Angola, Brasil,  esposta: variedades geográficas ou diató-
R
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, picas.
Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Les- Pergunta esperada: Que nome damos às mudanças que
te e por diversas pessoas e comunidades em ocorrem no português falado no mundo?
todo o mundo, como Macau na China. Al-
guns afirmam que a Galiza, território que A língua portuguesa sai de Portugal e ganha
pertence à Espanha e onde se localiza a fa- raízes em outros locais, sofrendo, naturalmen-
mosa cidade de Santiago de Compostela, te, mudanças. Essas mudanças que ocorrem no
também faz parte da lusofonia. português falado no mundo chamam-se varia-
ções geográficas ou diatópicas.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Roteiro para aplicação da Situação A seguir, explique-lhes que se trata de uma


de Aprendizagem 2 notícia de um jornal moçambicano. Desse
modo, estará fornecendo a seus alunos infor-
É importante que você leia todo este rotei- mação sobre a estrutura do texto.
ro antes de iniciar suas aulas:
Finalmente, recapitule, por meio de uma
ff Lusofonia – conceito. ou duas perguntas, qual a finalidade da no-
Conceituar e definir lusofonia a partir da tícia de jornal. Ao fazer isso, retome o con-
própria experiência e identidade como falante ceito de que todo texto tem um objetivo de
da língua portuguesa. leitura.

ff Notícia jornalística informativa. 1. Leremos, a seguir, a notícia de um jornal de


Examinar a notícia jornalística informativa: as- Moçambique (verifique, no mapa anterior,
pectos e formas das relações dialógicas do gênero. a localização desse país). Antes de ler, res-
ponda:
ff Título de notícia jornalística.
Analisar as características constitutivas do ff O que é uma notícia de jornal?
título de notícia jornalística. Texto presente em um jornal que registra fatos ocorridos sem
emitir a opinião do autor.
Notícias de jornal em Moçambique
ff Pensando no título do texto Aumento
Inicialmente, apresente a seus alunos a se- “tranquilo” de preços dos “chapas” em
guinte notícia de um jornal de Moçambique, Maputo mas menos veículos e mais polí-
na África; certifique-se de que eles tenham cia, que assunto você acredita que será
bem claro onde se localiza o país (faça uso do tratado? Por quê?
mapa-múndi). Professor, nessa atividade, estimule os estudantes a relacionar
três elementos para responder à questão:
Esclareça seus alunos a respeito do texto. • trata-se de um título de notícia;
Diga-lhes que é sobre o aumento de preços • a notícia é de outro país;
dos veículos de transporte coletivo, o que sig- • sentido possível de palavras que causem estranhamento no
nifica que, com esse simples comentário, você texto (tranquilo e chapas) podem ter, no contexto em que
os auxilia a identificar o tema do texto. aparecem.

Aumento “tranquilo” de preços dos “chapas” em Maputo mas menos veículos e mais polícia

Maputo, 15 nov (Lusa) - Os utentes dos transportes públicos de Maputo começaram hoje a pagar os
novos preços, num clima de normalidade mas com os acessos à capital moçambicana fortemente vigiados
pela polícia e menor números de “chapas” em circulação.
Os aumentos, os primeiros desde 2004, e que afetam igualmente a cidade satélite da Matola, causaram
receios de repetição de grandes manifestações populares, em 2008, que se saldaram em vários mortos e
na suspensão do agravamento de preços.
Mas, hoje, às 06:00 (04:00 em Lisboa), Maputo vivia um clima de tranquilidade, apenas destoado pelo
menor circulação de “chapas” - as carrinhas de transporte informal - e pela presença de equipas poli-

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ciais, armadas e com capacetes, nos principais pontos de acesso à capital moçambicana.
Em resultado da redução do número de veículos, havia mais gente do que habitualmente nas paragens
de bairros periféricos, como Benfica e Jardim, e grandes grupos de pessoas caminhavam a pé.
Em Marracuene, a 30 quilómetros da capital, não eram muitos os “chapas” em circulação, disse à
Lusa um popular, falando por telefone, que, no entanto, referiu não haver sinais de perturbação.
“Os donos dos ‘chapas’ tiraram-nos das ruas por estarem com medo de manifestações mas não se passa
nada”, disse aquela fonte.
Um repórter da estação pública Rádio Moçambique descreveu igualmente como “tranquilo” o am-
biente em Magoanine, nos arredores da capital.
Com os novos preços, registou-se uma subida de cinco meticais (0,13 cêntimos de euro) para sete meti-
cais (0,18 cêntimos de euro) o preço de viagem nos autocarros do Estado e de 7,5 (0,21 cêntimos de euro)
para nove meticais (0,24 cêntimos de euro) no transporte público dos operadores privados.

Fonte: LUSA – Agência de Notícias de Portugal S/A. Publicado em 15 nov. 2012. Disponível em: <http://www.lusa.pt/default.
aspx?page=home>. Acesso em: 15 nov. 2012.

2. Enquanto realizou sua leitura, que pala- três alternativas que identificam as carac-
vras do texto dificultaram a compreen- terísticas que devem estar presentes em um
são? título de notícia de jornal:
Resposta pessoal. Reforce que busquem o sentido das pala-
vras pela situação em que se encontram no texto antes de (  X ) 
presença de verbos, de preferência
recorrerem ao dicionário ou a outras fontes. na voz ativa.

Na sequência, forneça a seus alunos uma (  x  ) presença de muitos adjetivos.


notícia de jornal, com um tema atual, sem o
título e peça-lhes para o criarem. Reúna-os em (  x  ) verbos no Futuro do Indicativo.
duplas e forneça outras, que poderão circular
entre os alunos. Isso permitirá que a atividade (  x  ) uso de palavras consideradas difíceis
se repita diversas vezes, favorecendo a reten- pelo leitor.
ção dos conteúdos.
(  X ) uso do Presente, a não ser que se re-
fira a fatos distantes no Passado ou
Para você, professor! no Futuro.
Esta atividade desenvolve também a coe-
rência textual e a capacidade do aluno de (  X ) presença de uma ideia-chave que sin-
localizar a ideia-chave da notícia, que deve tetize a notícia.
aparecer no título. É importante focar esses
aspectos no processo de desenvolvimento Use seu livro didático para recapitular os
da atividade. conhecimentos gramaticais pressupostos nes-
te exercício.

3. Observe o título da notícia de jornal que Professor, se achar oportuno, examine com
examinamos anteriormente e outras que o seus alunos o verbo, especialmente no que se
professor tenha apresentado e escolha as refere à voz ativa e aos tempos verbais, muito

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

relevantes no contexto jornalístico. Use uma em todo o mundo. A formação do império co-
boa gramática ou seu livro didático. lonial português levou, por motivos econômicos
e políticos, a espalhar a língua portuguesa pelo
4. No caderno, em duplas ou trios, adaptem a mundo. Do contato com os povos encontrados
notícia moçambicana para o português do resultou forte intercâmbio de produtos, costu-
Brasil. mes, técnicas, conhecimentos culturais, religiosos
Sugestão de resposta: e linguísticos. Embora tenha prevalecido a língua
Aumento na tarifa do transporte coletivo em Maputo é peque- dominante, muitas palavras dos outros povos en-
no, mas circulação diminui e há mais policiais nas ruas. traram no sistema linguístico do português, tais
Maputo, 15 nov (Lusa) - Os usuários dos transportes públicos de como manga, moleque, capivara, chá etc.
Maputo começaram hoje a pagar os novos preços, num clima
de normalidade, mas com os acessos à capital moçambicana
fortemente vigiados pela polícia e menor número de veículos Discussão oral
em circulação.
Os aumentos, os primeiros desde 2004, e que afetam igualmen- Discuta, oralmente, com seus alunos as
te a cidade satélite da Matola, causaram receios de repetição de principais diferenças entre o uso da língua por-
grandes manifestações populares, em 2008, que causaram várias tuguesa escrita em Moçambique e no Brasil.
mortes e levaram à suspensão do aumento de preços. Recorram ao dicionário para esclarecer dúvidas.
Mas, hoje, às 06:00 (04:00 em Lisboa), Maputo vivia um clima Retome com os alunos as palavras da notícia moçambi-
de tranquilidade, apenas destoado pela menor circulação de cana que assumem sentidos diferentes do comumente
“chapas” - os veículos de transporte informal - e pela presença atribuído a elas no Brasil. Promova uma discussão sobre
de policiais, armados e com capacetes, nos principais pontos de as palavras que poderiam causar estranhamento a um
acesso à capital moçambicana. viajante brasileiro em Moçambique.
Como resultado da redução do número de veículos, havia mais
gente do que habitualmente nos pontos de bairros periféricos,
como Benfica e Jardim, e grandes grupos de pessoas caminha-
Para você, professor!
vam a pé.
Em Marracuene, a 30 quilômetros da capital, não eram muitos Na “Discussão oral”, leve em conta a to-
os veículos de transporte público em circulação, disse à Lusa um mada de turno. Peça e valorize que os alunos
usuário do serviço, por telefone, que, no entanto, informou não levantem a mão, esperando a sua vez de falar.
haver sinais de perturbação. Ao mesmo tempo, incentive que o maior nú-
“Os donos dos veículos tiraram os carros das ruas por estarem mero possível de alunos participe.
com medo de manifestações, mas não é nada grave”, disse o
entrevistado.
Um repórter da estação pública Rádio Moçambique descreveu Para aprofundar, discuta com seus alunos
igualmente como “tranquilo” o ambiente em Magoanine, nos como o português é visto na cultura brasilei-
arredores da capital. ra: Existe preconceito? Por quê?
Com os novos preços, registrou-se uma subida de cinco meti-
cais (0,13 cêntimos de euro) para sete meticais (0,18 cêntimos Comente também as reações locais aos di-
de euro) o preço do transporte coletivo no Estado e de 7,5 (0,21 ferentes dialetos e falares do Brasil: Por que
cêntimos de euro) para nove meticais (0,24 cêntimos de euro) alguns são considerados superiores a outros? É
no transporte coletivo dos operadores privados. isso apropriado? O que pode ser feito?
Professor, essas questões têm por objetivo discutir o tema do
Como vimos, a língua portuguesa é falada preconceito linguístico, estimulando-os a compreender e
por aproximadamente 250 milhões de pessoas respeitar as variedades linguísticas.

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As muitas maneiras de falar presente já quando começamos a examinar
português o que resumiremos. Durante esse exame,
identifique as ideias-chave (aquelas que se
1. No Brasil, encontramos diversas varieda- repetem e sem as quais se compromete a
des na expressão da língua portuguesa. compreensão do que se lê).
Muitas delas são regionais, como o caipira,
o nordestino, o gaúcho, o carioca. Algumas
pessoas consideram que certas variedades Na continuação, assista com seus alunos
são superiores a outras. Isso é apropriado? ao filme A marvada carne (direção de André
O que você pensa sobre o assunto? Klotzel, 1985).
Resposta pessoal. No entanto, espera-se que o aluno identifi-
que a postura das pessoas mencionadas com o preconceito. Não há necessidade de assistir ao filme
Com relação à posição do aluno, reforce o caráter normati- todo; você poderá selecionar um trecho que
vo das variedades, para que compreenda as diferenças como considere mais interessante. Peça aos alunos
conjunto diferente de regras de uso. que identifiquem diferenças linguísticas pró-
prias do falar caipira. Peça-lhes também que
2. Encontre, em seu livro didático, um texto elaborem um resumo do filme ou do trecho.
que faça uso de uma variedade regional
brasileira. 1. De acordo com as orientações de
Professor, se achar oportuno, faça uma pré-seleção, para que seu professor, elabore o resumo de um
os alunos tenham mais “faro” nessa busca. É possível também filme ou de um capítulo de telenovela.
selecionar textos em que a variedade geográfica aparece
misturada a outras, em que não está presente e pedir aos alu- Siga este roteiro:
nos que comparem e identifiquem cada uma.
ff defina o objetivo do seu texto;
3. Complete os espaços com os termos ade- ff durante o programa identifique as
quados ao sentido do texto, escolhendo en- ideias-chave: são tanto aquelas que se
tre as palavras do quadro a seguir. repetem no correr da apresentação,
sendo rememoradas pelas personagens,
como as fundamentais para compreen-
jornal – opiniões pessoais – sintetiza – der o enredo;
explica – repetem – identifique – desconsidere – ff finalmente, escreva o texto.
misturam – compreensão – resumo – objetivo – Professor, seguem algumas informações sobre resumos de
notícia informativa – poema novelas ou filmes, para auxiliá-lo nas intervenções nos tex-
tos dos alunos. É um gênero de texto no qual se sintetiza
o conteúdo narrativo de uma novela ou filme (na verda-
de, de qualquer outro programa espetacular). O primeiro
passo é ter, bem claro, um objetivo em mente: Para que
O resumo é um gênero textual que estou fazendo isso? Essa é a pergunta essencial que deve
sintetiza o conteúdo de outro texto (vi- dar início ao texto. Naturalmente, essa pergunta deve ser
sual ou verbal), sem, contudo, manifestar respondida muito antes de começar a escrever o texto. Ela
opiniões pessoais . O primeiro passo é ter um deve estar claramente respondida na mente do enunciador
objetivo em mente. Em outras palavras, ao começar a assistir ao filme ou à novela. No nosso caso,
a resposta para as perguntas “Para que es- o objetivo do trabalho é identificar as variações espaciais
tou fazendo isso?” e “Quem lerá meu tex- presentes nessas narrativas da mídia. Durante o programa,
to?”. A resposta a essas perguntas deve estar identifique as ideias-chave, ou seja, aquelas que se repetem

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

no desenvolvimento da apresentação e sem as quais não se 3. Valor do texto para um leitor brasileiro.
poderia compreender o enredo. Para isso, é essencial tomar A ideia é que os alunos não se limitem a copiar infor-
nota das diferentes informações veiculadas. Finalmente, re- mações. Observe, portanto, até que ponto a textualidade
dige-se o texto. Nesta atividade, verifica-se a necessidade ficou garantida.
de identificar ideias-chave, um conhecimento que, de certa
forma, também já se fez necessário na elaboração de títulos Considere tudo o que você estudou
de notícias jornalísticas. nesta disciplina até este momento,
reflita e responda no caderno quais
2. Pesquise na biblioteca, na internet ou no conteúdos:
livro didático um poema de um autor por-
tuguês. a) Foram agradáveis de estudar? Por quê?
Oriente a pesquisa indicando fontes confiáveis. Relembre
as características essenciais do gênero “biografia”. Reforce o b) Foram pouco interessantes? Por quê?
sentido dos critérios adotados para a correção.
c) Você compreendeu tão bem que poderia
3. Elabore um pequeno texto expositivo, no explicá-los a um colega?
caderno, explicando quem é esse autor
(biografia), sobre o que trata o poema e d) Você gostaria que fossem explicados de
qual o valor desse texto para um leitor bra- novo porque não conseguiu entendê-los
sileiro (mínimo de três parágrafos). bem?
Professor, o objetivo destas questões é estimular o aluno a re-
 professor corrigirá seu texto de acordo
O fletir sobre sua aprendizagem e seu papel ativo nesse processo.
com os seguintes critérios:

ff uso da norma-padrão da língua portu- Para você, professor!


guesa;
ff presença de um tema específico; “A palavra não é puro espírito, pura virtua-
ff uso da estrutura própria do texto expo- lidade. Ela não tem um funcionamento autôno-
sitivo; mo longe do indivíduo que a pronuncia. Ela não
ff presença de um título no texto. pode ser separada tão facilmente daquele que a
Professor, em suas intervenções nos textos, considere se os alu- pronuncia. A palavra está soldada ao homem.”
nos organizaram os três parágrafos com os seguintes critérios:
BRETON, Phillipe. Elogio da palavra. Tradução
1. Biografia do autor;
Nicolas N. Campanario. São Paulo: Loyola, 2006. p. 64.
2. Exposição do tema do poema;

Situação de aprendizagem 3
Você está na Mídia?
Esta Situação de Aprendizagem tem por palavras-chave de um texto e como estas con-
objetivo fazer que o aluno relacione o estudo duzem à ideia-chave. Abordamos também
da língua portuguesa ao seu uso no cotidia- como elaborar um projeto de trabalho. Es-
no social, em particular no que diz respeito sas são dimensões fundamentais do uso da
a fenômenos da mídia. Além disso, estuda- linguagem para a futura vida profissional e
-se o processo que nos leva a encontrar as pessoal do seu aluno.

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Conteúdos e temas: identificação das palavras-chave em um texto; legendas; sinônimos e antônimos.
Competências e habilidades: localizar ideias-chave; concatenar ideias-chave na elaboração de uma
síntese.
Sugestão de estratégias: valorização da realidade local e social do aluno, como ponto de partida e che-
gada para todo o questionamento didático; aula interativa, com a participação dialógica do aluno,
com a preparação e conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; uso de recursos
audiovisuais.
Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse;
música.
Sugestão de avaliação: elaboração de legendas; encontro de palavras-chave em processo de leitura.

Sondagem
Professor, selecione uma letra de música te, diga-lhes que acompanharão uma letra de
que trate do tema televisão ou da mídia televi- música que faz uma crítica à televisão. Desse
siva de modo geral para apresentar e discutir modo, você identifica o tema do texto.
com seus alunos. A ideia é proporcionar aos
alunos reflexões sobre o que é mídia e quais Pergunte, a seguir, qual é a estrutura co-
seus efeitos em nossa sociedade atual. mum às letras de música e qual seu objetivo
na sociedade. Desse modo, você estabelece a
Assuma um controle médio no processo de estrutura e o objetivo do texto, transferindo
interpretação da letra de música. Inicialmen- essa responsabilidade para os alunos.

Discussão oral
ff Quais as características de uma letra de música?
ff Por que as pessoas ouvem música?
ff Qual a importância da televisão em sua família? E em sua vida pessoal?
ff Em sua opinião, televisão “emburrece”?
Como essa é uma atividade de sondagem contextualizada por suas intervenções interpretativas, essas questões têm por objetivo
auxiliá-lo na introdução do aluno na Situação de Aprendizagem.

1. Acompanhe a música selecionada pelo pro-


Mídia: S. f. 1 todo suporte de difusão da
fessor. Anote a letra no caderno.
informação que constitui um meio intermediá-
Professor, como dissemos, tendo em vista que a discussão
rio de expressão capaz de transmitir mensa-
será direcionada para mídia e televisão, escolha uma letra de
gens; o conjunto dos meios de comunicação
música propícia a esse encaminhamento. social de massas [Abrangem esses meios o
rádio, o cinema, a televisão, a imprensa, os
2. Veja o que um dicionário explica sobre o satélites de comunicações, os meios eletrôni-
termo mídia: cos e telemáticos de comunicação etc.].
Dicionário Houaiss da língua portuguesa (edição
eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

a) Que relação existe entre mídia e televi- pessoas disseram. Será preciso selecionar informações e or-
são? ganizá-las em texto próprio.
Tendo em vista a definição, é possível dizer que a televisão é
uma parte da mídia. Roteiro para aplicação da Situação
de Aprendizagem 3
b) Observe: A televisão está me deixando
muito burro. Os conteúdos a seguir desenvolvem-se,
O dicionário nos informa que um dos si- sempre, em rede e progressivamente durante as
nônimos de burro é obtuso. Que diferença aulas. Leia todo este roteiro antes de iniciar
de sentido faria para a frase se, em vez suas aulas:
do adjetivo burro, o autor tivesse usado
obtuso? ff Identificação das palavras-chave em um texto
Há diversas possibilidades de resposta que giram em torno do Encontrar as palavras-chave visando identi-
fato de que a frase teria ficado menos informal. ficar a ideia central de um texto.

1. Faça uma pequena entrevista em ff Legendas


casa com seus pais, irmãos ou com Conceituar e definir legendas e analisar seu
algum vizinho. Procure identificar uso social.
o que pensam sobre a importância da tele-
visão na vida deles. Você pode usar algu- ff Sinônimos e antônimos e a identificação de
mas das perguntas discutidas em classe na palavras-chave
atividade da seção “Discussão oral”, por Conceituar sinônimos e antônimos e analisar seu
exemplo: valor no processo de identificar as palavras-chave.

ff Qual a importância da televisão em sua ff Elaboração de projeto


vida pessoal? Conceituar projeto a partir de uma estrutura
ff Quais são seus programas preferidos? que possibilite a aplicação em diferentes Situa-
ff Em sua opinião, televisão “emburrece”? ções de Aprendizagem e pesquisa.

2. Com base nessas respostas, escreva um pe- Na sequência, apresente a seus alunos o
queno texto sobre a influência da televisão texto expositivo a seguir. Antes, discuta com a
na vida das pessoas. classe as expectativas que o texto gera em seus
Professor, a entrevista proposta tem por objetivo dar subsí- leitores a partir do título.
dios à escrita do texto do aluno. Ressalte, entre outros as-
pectos: Isso reforçará o fato de que o título deve
• as questões servem para estimular o entrevistado a tratar levantar horizontes de expectativas no leitor
do tema; e que as diferentes partes do texto devem fun-
• a produção do texto não se limita a transcrever o que as cionar como um todo.

Mídia e comunicação de massa

A palavra mídia vem do latim media. Nessa antiga língua que deu origem ao português,
media é o plural de medium, que significa meio. Ou seja, mídia é o mesmo que meios. Meio é aquilo que
utilizamos para chegar a algum lugar. Como um ônibus ou um carro que nos leva aonde desejamos ir.
Mas a palavra mídia é reservada não para o transporte, e sim para a comunicação humana.

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Mídia é o conjunto de tecnologias específicas usadas por uma instituição, como uma emissora de
televisão, por exemplo, para proporcionar comunicação humana. É importante notar também que a
mídia faz uso da tecnologia. Em outras palavras, isso significa que, para haver mídia, é necessário que
exista um intermediário tecnológico, o qual permite que a comunicação se realize. Quando a comuni-
cação se faz por meio de um intermediário tecnológico, dizemos, então, que se trata de comunicação
midiatizada.
Claro, no início da humanidade a comunicação não era midiatizada, isso porque não havia a tec-
nologia da comunicação. Hoje, no entanto, o que não faltam são instrumentos para nos facilitar a
comunicação, ou seja, para funcionarem como meios de comunicação ou, se preferir, mídia: telefones,
televisão, cinema, fotografia, jornal, rádio etc.
Também, quando falamos em mídia, duas características se destacam: primeiro, a unidirecionali-
dade, ou seja, a mídia é, normalmente, o caminho para uma voz falar com um outro, mas não dá a
oportunidade de resposta. É o caso da televisão, do rádio e do jornal. Usando esses meios de comuni-
cação, é fácil uma pessoa falar com você, mas responder-lhe já é muito mais difícil. Depois, a produção
é centralizada e os conteúdos, padronizados.
Isso quer dizer que os programas de televisão, rádio e os artigos de jornal não estão falando com
você, especificamente, mas com pessoas como você. O risco disso é reduzir o receptor da comunicação
da mídia a uma massa em que se perdem as características individuais e os seres humanos passam a ser
vistos apenas como coletivos: os adolescentes, as mulheres, os homossexuais, os idosos etc.
Assim, hoje, quando se fala em mídia, normalmente nos referimos ao conjunto formado pelas
emissoras de rádio, televisão; editoras de revistas e jornais, produtoras de cinema e quaisquer outras
instituições que fazem uso de tecnologias como meio de comunicar-se com as massas.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Todos os dias entramos em con-


Para você, professor!
tato com diversos textos. É muito O início do processo de construção de
importante identificar as ideias- sentido em um texto – ou seja, a leitura –,
-chave daquilo que lemos. Essas ideias especialmente ao falarmos de textos que se
aparecem repetidas no texto por meio de destinam ao estudo, é encontrar as palavras-
palavras-chave. -chave e relacioná-las entre si. Elas são o
núcleo central a partir do qual se expande o
próprio texto.
Para desenvolver as competências de lei-
tura de textos expositivos, essenciais para o
futuro de seus alunos como indivíduos letra- Como se encontram as palavras-chave?
dos, é importante que eles identifiquem as
palavras-chave no texto. A repetição é o que nos ajuda a encontrar
as palavras-chave em um texto. Mas o que se
ff O que são as palavras-chave? repete? Não apenas a mesma palavra, mas seu
sentido em uma rede de sinônimos e antôni-
As palavras que estabelecem entre si rela- mos ou de paráfrases. Essa rede nos permite
ções de sentido no texto são palavras-chave. recuperar o conteúdo nuclear do texto.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Assim, as palavras-chave aparecem no texto 2. Assinale V ou F conforme considerar Ver-


repetidas, modificadas ou por meio de sinôni- dadeiras ou Falsas as afirmações a seguir
mos ou antônimos. Elas orientam nossa leitura, que tomam como base o texto Mídia e co-
mantendo nosso olhar naquilo que é importan- municação de massa.
te dentro do texto. Assim, por exemplo, no tex-
to Mídia e comunicação de massa, “tecnologia” (  V  ) Mídia significa meio e faz referência
(substantivo) e “tecnológico” (adjetivo) não são aos instrumentos tecnológicos que usamos
duas palavras-chave diferentes, mas uma só, que como meio para nos comunicarmos.
podemos designar apenas por “tecnologia”. O
mesmo ocorre com “comunicação”, “comu- (  F  ) A mídia procura ser seletiva no seu
nicamos”, “comunicar” e “incomunicável”. A uso, buscando atingir antes qualidade do que
palavra-chave é a mesma, “comunicação”. quantidade.

(  V  ) Comunicação midiatizada utiliza um


ff O que são sinônimos? E antônimos? intermediário tecnológico.

Recorra ao livro didático ou a uma (  V  ) A mídia é, muitas vezes, unidirecional,


boa gramática para explicar esse conteú- não permitindo a resposta do interlocutor.
do a seus alunos. Não há necessidade de
prolongar-se sobre o tema que, na maioria (  F  ) Televisão, jornal e telefone são exem-
dos casos, já será conhecido pela classe. plos de comunicação unidirecional.

(  V  ) A maioria dos textos produzidos pela


1. No texto Mídia e comunicação de massa, mídia tem seus conteúdos padronizados e cen-
quais são as palavras-chave? tralizados, dirigindo-se não a uma pessoa es-
As palavras-chave serão mídia e comunicação de massa. pecífica, mas a um modelo de público.
Neste momento, contudo, o leitor apenas pode “adivinhar”
essa informação, com base no título. 3. Considerando que no texto Mídia e comu-
nicação de massa as palavras-chave são mí-
O título, sem dúvida, serve de ajuda: mídia dia, comunicação e tecnologia, elabore uma
e comunicação são as palavras que mais apa- frase que traduza a ideia central do texto.
recem no texto. Mídia aparece retomada tam- “A mídia usa tecnologia para promover a comunicação” é
bém como “meios”. uma possibilidade de resposta. Observe a pertinência de ou-
tras escolhas.
Além disso, a palavra tecnologia aparece
retomada seis vezes. É também uma pala- 4. Utilize a frase produzida para completar o
vra-chave. esquema a seguir:

mídia TECNOLOGIA comunicação

Essa é a ideia central do texto.

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1. O professor irá solicitar que você b) A maioria dos alunos estudou
destaque as palavras-chave de um para a prova. (estudar)
texto que ele apresentará para a
turma. c) Pedro e suas filhas foram ao cir-
Professor, selecione um texto de seu agrado que trate de co. (ir)
questões relacionadas ao fotojornalismo e proponha a seus
alunos que localizem as palavras-chave. d) Ainda não chegaram o diretor e
a professora de Artes. (chegar)
Com as palavras-chave, solicite aos seus alu-
nos a elaboração de um esquema e, logo a se- e) Votaram não só Paulo, como tam-
guir, uma ou duas frases que sintetizem o texto. bém sua esposa. (votar)

2. Utilize as palavras destacadas para produ- Seção Projeto


zir, no caderno, uma síntese do texto apre-
sentado pelo professor. Propomos agora a elaboração de um proje-
Professor, na escolha do texto, leve em consideração o es- to de língua portuguesa. Seu objetivo é a ela-
tágio de aprendizagem dos estudantes e o objetivo da ativi- boração de uma reportagem fotográfica.
dade, que é a seleção de palavras-chave para produção de
síntese do texto. Divida sua classe em grupos de quatro
ou cinco alunos. Cada um deles representará
Recapitulação gramatical: sujeito uma pequena empresa de fotojornalismo. Eles
e concordância terão de tirar de uma a três fotografias relacio-
nadas ao título:
1. Sublinhe o sujeito das frases a seguir:
ff “O sabor da língua portuguesa”
a) Um grupo de alunos fez o trabalho.
Fase 1
b) Os maiores responsáveis somos nós.
Seguindo suas orientações, os alunos se
c) O professor e os alunos visitaram o mu- reunirão em grupos. Cada grupo será uma pe-
seu. quena empresa de fotojornalismo.

d) Daqui a pouco, aparecerão, no horizon- A primeira encomenda dessa empresa é


te, o sol e os barquinhos. uma coleção de até três fotografias com o títu-
lo “O sabor da língua portuguesa”.
e) Um ou outro fazia a lição de casa.
Antes de saírem fotografando por aí, no
f ) Cada folha, cada livro e cada prova vi- entanto, apresentem, em folha à parte, um
rou pó. projeto do que pretendem fazer.

2. Escreva o verbo no Pretérito Perfeito do Para isso, sigam este roteiro:


Indicativo, concordando com o sujeito:
I. Objetivo: Qual a contribuição que o traba-
a) Uma quantidade de moedas caiu lho de vocês vai dar ao tema? Ou seja, o que
no chão. (cair) vocês querem atingir com o trabalho foto-
gráfico?

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

II. Justificativa: Por que o trabalho de vocês é O projeto fotojornalístico será retomado
importante para a defesa do tema proposto? na Situação de Aprendizagem 7, quando os
alunos farão a exposição das fotografias. É im-
III. Metodologia: Como vocês vão obter as fo- portante, neste momento, fomentar um olhar
tos? Quem vai fazer o quê no exercício? crítico, que não aceite as injustiças sociais, es-
pecialmente aquelas que desvalorizam a rique-
 lém disso, as fotografias devem vir acom-
A za plural de nossa língua!
panhadas de legendas.
Professor, os Itens I, II e III são fundamentais para orientar os
estudantes na produção das três imagens fotojornalísticas. Para você, professor!
Observe que essa atividade, mais uma
vez, destaca a capacidade de síntese do
Para você, professor! aluno, quando este torna-se capaz de loca-
“O sabor da língua portuguesa” é o tí- lizar as ideias-chave em um texto visual (a
tulo proposto para desenvolver o tema da fotografia), transformando-as em um texto
língua portuguesa no cotidiano da comuni- verbal. Tenha isso em foco no processo de
dade onde vivemos. O objetivo do projeto é
elaboração da atividade.
mostrar as diferenças na linguagem falada e
escrita em sua comunidade: Que gosto tem
falar português onde seus alunos vivem? Que
registros escritos e falados existem das dife-
rentes variantes da língua materna? Forneça a seus alunos fotos de jornal
Mas como fotografar o português falado? com um tema atual e sem legendas. Peça-
Esse é um dos desafios para o qual o professor -lhes que as criem. O professor pode reunir
deverá instigar a imaginação dos alunos. Há os alunos em trios e fornecer diferentes fo-
várias possibilidades: tos que poderão circular entre os grupos.
Uma delas é surpreender traços de orali- Isso permitirá que a atividade se repita di-
dade nos registros escritos: cartazes, banners, versas vezes, favorecendo a retenção dos
faixas etc. Outra é fotografar pessoas con-
conteúdos.
versando: como a linguagem oral se funde
a gestos e a atitudes. Além disso, deverá ser
explicado com clareza o que são legendas. Considere tudo o que você estudou
Lembre a seus alunos que é necessário nesta Situação de Aprendizagem,
ter a autorização da pessoa fotografada para reflita e responda no caderno:
que a foto possa aparecer na mídia.
As fotos poderão ser exibidas, depois, em 1. Que conteúdos você considera mais impor-
um blog da classe. tantes para sua educação? Por quê?

2. Em que conteúdos sente confiança e quais


A legenda é um pequeno texto escrito conseguiria explicar a um colega sem fazer
que explica e amplia a compreensão da foto. consultas?
Ela deve ajudar o leitor a tirar pleno pro-
veito da foto, não apenas repetindo o que 3. Que conteúdos sente necessidade de voltar
vê, mas chamando a atenção para detalhes a estudar?
importantes. É aconselhável que ela siga um 1 a 3. Professor, o objetivo dessas questões é estimular o alu-
padrão. Sugerimos: nome dos fotógrafos no a refletir sobre sua aprendizagem e seu papel ativo nesse
(alunos). Título da fotografia. Local onde processo. São também um excelente material para planejar
foi tirada. Breve comentário. novas intervenções que considera necessárias.

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Situação de aprendizagem 4
a História da Língua Portuguesa
A língua portuguesa e suas diferentes ma- cultural da comunidade lusófona. Além disso,
nifestações históricas legitimam as identida- abordaremos o importante tema das discus-
des sociais e possibilitam a recuperação do sões orais em classe, para que elas de fato re-
imaginário coletivo. A língua é tratada, nesta flitam o espírito democrático que desejamos
situação de aprendizagem, como patrimônio desenvolver em nossos alunos.

Conteúdos e temas: breve histórico da língua portuguesa; conceito de ideias-chave em textos; pesquisa
biográfica; diálogo intersemiótico com poesia.
Competências e habilidades: localizar ideias-chave em textos em verso e prosa; relacionar textos de gê-
neros diferentes, aproximados pelo mesmo tema; valorizar o turno no processo dialógico de expressão
oral.
Sugestão de estratégias: atitude dialógica voltada para o desenvolvimento criativo de competências e
habilidades na língua materna, que permitam transformar a aula de Língua Portuguesa em um centro
gerador de cultura e não apenas de transmissão de conteúdos.
Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse;
texto coletivo; internet.
Sugestão de avaliação: processo de leitura – relacionar textos poético e expositivo, localizando ideias-
-chave; pesquisa; elaboração de texto expositivo coletivo; trabalho de leitura intersemiótica de poema.

Sondagem
Para você, professor!
Os muitos modos de falar latim Chamamos de neolatinas as línguas que
se originam do latim. As principais são: es-
panhol, francês, galego, italiano, português
A seguir, temos alguns títulos de notícias e romeno. Os títulos de notícia acima dizem:
jornalísticas em diversos idiomas neolatinos. 1. Jornada de Cinema Galego: viajantes
Os alunos devem tentar traduzi-los: de novas paisagens (está, naturalmente, no
idioma galego, o mais próximo do portu-
a) II Xornada de Cinema Galego: Viaxeiros guês. Alguns o consideram uma variante da
língua portuguesa, parte da lusofonia).
de novas paisaxes. 2. O prefeito de A Coruña pede a proibi-
ção da venda de álcool a partir das 22 horas
b) El Alcalde de A Coruña pide prohibir (trata-se de uma notícia espanhola).
vender alcohol a partir de las 22 horas. 3. A escola tem na mão o futuro de uma
comunidade (este título de notícia está em
c) La scuola ha in mano il futuro di una co- italiano).
4. Diz o mesmo que a notícia 3, desta vez
munità.
em francês.
d) L’école prend à la main le future d’une
communauté.
Professor, como atividade de pré-leitura, o mais importante aqui Discussão oral
não é a tradução em si, o que qualquer tradutor digital pode fa-
zer, mas, sim, colocar em funcionamento estratégias para com- ff Por que esses títulos de notícia se parecem
preender do que se trata, construindo hipóteses verossímeis. tanto com o português?

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

ff O que você sabe sobre o latim? 2. Dê um título ao texto. Justifique sua resposta.
ff O que você sabe sobre a antiga Roma? Professor, como se trata de parágrafo de um texto maior,
ff Por que manifestam diferenças? acreditamos que a ideia central está no tópico: “O homem é
Professor, os mesmos comentários anteriores apli- o resultado do meio cultural em que foi socializado.” Obser-
cam-se à essa discussão oral. No entanto, após essa ve, no entanto, a pertinência de outras escolhas, na medida
etapa, você pode solicitar uma pesquisa na internet em que dialogarem com essa ideia.
para responder às questões.
A partir das informações do texto
lido, peça aos alunos que comple-
Roteiro para aplicação da Situação tem o seguinte diálogo pela internet
de Aprendizagem 4 entre Ana Luísa e Pedro.

É sempre bom lembrar: leia todo este rotei-


Ana Luísa diz: Naum tendi nada da
ro antes de iniciar suas aulas!
aula de hj de ptg. Esse lance de meio social de
que foi socializado... Mó confuso!
ff Breve histórico da língua portuguesa Pedro diz: Nada, Ana! Eh simples! Primei-
Breve história da língua portuguesa, do la- ro que não é meio social que o texto dizia. Ali
tim aos nossos dias. se falava que o homem se torna um ser social
a partir do meio cultural em que ele se
ff Localizar ideias-chave em textos em verso e encontra.
em prosa Ana Luísa diz: Tah! E dae?
Encontrar a ideia-chave em textos de gêne- Pedro diz: Isso significa que sozinho nin-
ros variados. guém é gênio.
Ana Luísa diz: Como assim?
ff Pesquisa de biografia Pedro diz: Tudo depende de como
Desenvolvimento de estratégias de pesquisa uma determinada comunidade trata do
biográfica. patrimônio cultural que recebeu de seus ante-
passados. Se ela usa sabiamente tais conheci-
ff Diálogo intersemiótico com poesia mentos, essa comunidade prospera.
Desenvolvimento de estratégias de leitura de Ana Luísa diz: E o que isso tem a ver
poesia, tomada como espaço próprio para o diá- com aula de português?
logo intersemiótico. Pedro diz: Resposta pessoal
Ana Luísa diz: Legaw, Pedro. Brigadão.
Agora fiko bem + claro.
1. Leia o texto a seguir:
O homem é o resultado do meio Professor, nessa atividade os alunos estão, por meio do diálogo
cultural em que foi socializado. Ele é um her- entre Pedro e Ana Luísa, fazendo uma atividade de retoma-
deiro de um longo processo acumulativo, que
da da ideia central. Nesse contexto, portanto, espera-se que
reflete o conhecimento e a experiência adqui-
rida pelas numerosas gerações que o antecede- o aluno estabeleça, em sua resposta, alguma relação com o
ram. A manipulação adequada e criativa desse que foi introduzido pelo texto e as aulas que tem vivenciado.
patrimônio cultural permite as inovações e as
invenções. Estas não são, pois, o produto da A origem da língua portuguesa
ação isolada de um gênio, mas o resultado do
esforço de toda uma comunidade.
Discussão oral
LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. ff Que dificuldades você costuma sentir
quando lê um texto expositivo escolar,

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como o livro didático, por exemplo? Para você, professor!
ff O que você já sabe, mesmo antes de ler Talvez considere proveitoso apresentar
o texto, sobre a origem da língua portu- primeiro aos alunos o quadro da Atividade 1,
guesa? antes de realizar a leitura do texto expositivo.
O aluno costuma sentir dificuldades com os vá-
Isso orientará o olhar do leitor.
rios sentidos que as palavras assumem nas diversas
disciplinas. A palavra “peça”, por exemplo, assume
diferentes sentidos em uma aula de laboratório, Orientação para pré-leitura
uma aula de Anatomia, em um texto dramático. Há
ainda conceitos específicos para cada área do co- Apresente a seus alunos o texto expositivo
nhecimento. a seguir. Talvez eles encontrem certa dificulda-
de na compreensão do texto. Por isso, antes de
qualquer leitura, poderá dizer-lhes algo como:

Professor diz Ações realizadas

Quando lemos um texto, qualquer um de nós


pode encontrar dificuldades para interpretá-lo.
Justifica as estratégias de leitura que serão
Por isso, é importante que nas aulas de Língua
desenvolvidas ao longo do ano.
Portuguesa consideremos quais as dificuldades
mais comuns e como resolvê-las.

Muitos alunos dizem que não entenderam o


Apresenta o problema das dificuldades de
texto, mas torna-se um desafio saber qual é,
interpretação do ponto de vista docente.
realmente, a dificuldade.

Claro que o mesmo pode acontecer com vocês.


Um professor pede para vocês fazerem algo e, às Aproxima a dificuldade docente do universo
vezes, vocês nem compreenderam, exatamente, o dos alunos.
que foi solicitado.

É muito difícil falar dos exatos motivos pelos


quais não compreendemos um texto porque
tudo é muito automático. Nós só sabemos que
Conceitua a interpretação como processo.
não entendemos e pronto! Temos de refletir
com atenção para compreendermos as nossas
dificuldades de interpretação.

Então, o nosso primeiro objetivo é saber, ao


certo, o que significa “compreender um texto”.
Durante a leitura tente não apenas compreender Apresenta uma expectativa de leitura.
o texto, mas saber por que tem certeza de que o
compreendeu, ou não.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

1. Depois das orientações, peça que façam a leitura silenciosa do texto.


A origem da língua portuguesa
Os romanos desembarcam na Península Ibérica em 218 a.C. Aos poucos eles promovem a coloni-
zação de todo aquele imenso espaço. Impõem sua cultura e sua língua, o latim.
A língua portuguesa origina-se do latim fa-
lado por pessoas simples que deixavam Roma
/XFXV
para ir morar na nova província romana da $XJXVWXV
Lusitânia. E também, é claro, dos antigos mo-
radores, que, não sendo romanos, não falavam %UDFDUD 7$55$&21(16,6

latim, mas achavam vantajoso aprender essa lín-


gua visando a um futuro mais próspero. Mais /86,7Æ1,$
tarde, a parte norte da província da Lusitânia, 6FDODELV

a Gallaecia, junta-se à província Tarraconensis.


Veja o mapa ao lado. 3D[
$XJXVWD
A partir de 218 a.C. até o século XI, a língua %e7,&$
1
falada em toda a Península Ibérica é o romance 2 /
ou romanço, palavras que vêm de Roma. O ro- 6

manço é uma língua intermediária entre o latim NP


 3URYtQFLD
falado pelo povo e as línguas neolatinas atuais.
Entre 409 e 711, povos de origem germânica Mapa baseado em TEYSSIER, Paul. História da língua
portuguesa. Trad. Celso Cunha. São Paulo: Martins Fontes,
dominam a Península Ibérica. Em 711, ocorre 2001. p. 4.
a invasão árabe da Península Ibérica. A língua
árabe torna-se o idioma oficial das regiões conquistadas, mas grande parte da população continua a
falar o romance.
Aos poucos ocorre a retomada dos territórios ocupados. Surgem reinos que dividem entre si o
território peninsular. Entre eles, Portugal, onde se falava o galego-português, que dá origem ao nos-
so português. Com a Reconquista, as populações do Norte (que falavam galego-português) ocupam
também o Sul, dando assim origem ao território português. Puxa! Quantas reviravoltas! Mas não
para aí!
Os séculos XV e XVI assistem à expansão marítima portuguesa. Com a construção do império por-
tuguês de ultramar, a língua portuguesa faz-se presente em vários lugares da Ásia, África e América,
sofrendo influências locais. É assim que o português chega ao Brasil. Aqui ele interagirá com os povos
indígenas, mas também com os escravos vindos da África e, mais tarde, com os muitos imigrantes que
aqui chegaram, como italianos, espanhóis, árabes e até, vejam só, mais portugueses.

Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Pergunte a seus alunos o que compreen- 2. Agora que leu o texto, confirmou suas hi-
deram do texto. Pergunte também como póteses de leitura ou não? Explique sua
sabem que o compreenderam. Àqueles que resposta.
disserem que não entenderam nada, pergun- Durante a conversa com os alunos, procure fazer que
te-lhes como sabem que não compreende- eles contem o que compreenderam do texto, com suas
ram o texto. palavras.

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A seguir, explique a seus alunos que com- Compreendemos um texto quando podemos
preendemos um texto quando podemos explicar explicar com nossas próprias palavras aquilo
com nossas próprias palavras aquilo que enten- que entendemos, especialmente sua ideia-chave.
demos, especialmente sua ideia-chave.
3. Complete o quadro esquemático a seguir
Para reforçar essa ideia, você pode anotar com as informações do texto expositivo
na lousa: que acabou de ler.

Observação
O quê? Quando? Onde?
importante

Impõem sua cultura e


Os romanos desembarcam. 218 a.C. Península Ibérica.
sua língua, o latim.

O romance é uma
língua intermediária
A língua falada é o romance ou Entre o 218 a.C. e o
romanço.
Em toda a Península Ibérica. entre o latim falado
século XI.
pelo povo e as
línguas neolatinas.

A língua árabe torna-se a lín-


Invasão árabe. 711 d.C. Península Ibérica. gua oficial, mas a maioria con-
tinua a falar romance.

Reconquista do A partir do século Surgem novos reinos, inclusive


Península Ibérica.
território ocupado. XI. Portugal.

Expansão
Vários lugares da Ásia, África e A língua portuguesa se espalha
ultramarítima Séculos XV e XVI.
América. pelo mundo.
portuguesa.

Chegada dos
Surgem as variedades
portugueses ao 1500. América.
brasileiras do português.
território brasileiro.

Professor, a coluna “Observação importante” é constituída de organizando as informações ali apresentadas em parágrafos
informações para que você complemente a análise do texto. articulados.

Elabore, no caderno, um pequeno O mar: salgado ou português?


resumo do texto expositivo A ori-
gem da língua portuguesa. 1. Leia o poema a seguir, do escritor portu-
Professor, o quadro esquemático da atividade anterior guês Fernando Pessoa (1888-1935), sobre a
pode ser a base do resumo. Assim, seguindo a cronologia expansão marítima portuguesa. Antes, po-
do texto, o aluno pode fazer um exercício de textualidade, rém, discuta com seu professor e colegas:

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

2. Com a orientação do professor, faça a lei-


Discussão oral tura oral do poema.
Professor, foram dadas algumas referências ao contexto trata-
ff Quais as características de um poema? do no poema. Acrescente outras que julgar necessárias. Faça,
ff O que sabe a respeito da expansão marí- ainda, uma leitura em voz alta do texto, ressaltando seu traba-
tima portuguesa? lho sonoro. Você pode, também, propor interpretações para
Atente para a necessidade de associar conhecimentos os usos metafísicos e metonímicos do texto.
sobre o gênero “poema” e sobre o poeta com conhe-
cimentos históricos a respeito da expansão marítima 3. Relacione o poema com o texto expositivo:
portuguesa. Nesse sentido, essa conversa prévia pode A que acontecimento histórico se refere o
orientá-lo a trazer aos alunos novas informações de texto poético?
atividade sobre o gênero e o contexto histórico dado. Às viagens portuguesas pelo mar, nos séculos XV e XVI.

Para você, professor!


Mar português É muito importante destacar para os alu-
nos a intertextualidade temática existente entre
Ó mar salgado, quanto do teu sal os textos “A origem da língua portuguesa” e
São lágrimas de Portugal! “Mar português”: a expansão ultramarina
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, é, no entanto, apresentada de duas maneiras
Quantos filhos em vão rezaram! muito diferentes, tanto devido ao gênero tex-
Quantas noivas ficaram por casar tual utilizado, quanto às finalidades dos textos
Para que fosses nosso, ó mar! e aos pontos de vista dos autores.

Valeu a pena? Tudo vale a pena


Se a alma não é pequena. 4. Observe:
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor. ff Ó mar salgado, quanto do teu sal
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, ff Ó mar, quanto do teu sal
Mas nele é que espelhou o céu.
 omo o adjetivo salgado participa na cons-
C
PESSOA, Fernando. Mensagem. Disponível em: <http://
trução de sentido do texto?
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObra
Form.do?select_action=&co_obra=15726>. Acesso em:
28 maio 2013. I. Reforça a ideia do sal que aproxima lágri-
ma e mar.

II. Sugere que o sal do mar vem das lágrimas


Para você, professor! das pessoas que ficaram em Portugal.
O Cabo Bojador situa-se na costa do Sa-
ara Ocidental, na África. A primeira passa- III. Inferioriza o valor heroico do mar.
gem pelo Bojador deve-se ao português Gil
Eanes, em 1434. O desaparecimento de em- Estão corretas:
barcações que anteriormente tinham tenta-
do contorná-lo levou a que se desenvolvesse
o mito de que para além do Bojador havia a) apenas I e II.
monstros marinhos e o fim do mundo.
b) apenas II e III.

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c) apenas I e III.
Discussão oral
d) todas.
ff Tudo vale a pena se a alma não é pequena?
5. Leia o comentário a seguir e responda no ff O que é uma alma pequena?
caderno. ff Quando uma alma grande pode se tornar
pequena?
Reflita com os alunos sobre o sentido que a palavra
A História de um povo parece ser o pro- alma pode assumir nos campos filosófico e poético.
duto de um desenrolar racional de aconte- Concentre-se na expressão “alma pequena” como
cimentos, cheio de explicações racionais. indicadora de pouca generosidade e pequena com-
Fernando Pessoa nos diz que a História é preensão de mundo.
fruto do acaso ou de uma vontade miste-
riosa, divina e acima da compreensão hu-
mana.

Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.


Como pode ser conduzida uma
discussão em sala de aula?
É importante destacar algumas
a) Você concorda com esse comentário? características da discussão em sala de aula:
Por quê?
O comentário é verdadeiro, pois o poeta registra a vontade ff falar um por vez! Não é possível todos se
divina de que somente os que enfrentaram o abismo e o pe- expressarem ao mesmo tempo: um espera
rigo possam ir para o céu. o outro concluir para poder falar;
ff não é apropriado que apenas um fale o
b) Observe: “Quem quer passar além do tempo todo;
Bojador/Tem que passar além da dor.” ff é importante que se tome o turno da pa-
A que dores se refere o poema? lavra. A forma mais comum de fazer isso
Às dores de mães que choraram, de filhos que rezaram em na escola é levantando a mão para pedir
vão, de moças que ficaram sem casar com aqueles que par- a vez.
tiram para alto-mar.

c) A que se refere a pergunta “Valeu a Ampliando o estudo sobre o poeta, leve


pena?” no poema? seus alunos à biblioteca ou à sala de informá-
Às navegações portuguesas de expansão do Império. tica e oriente-os em uma pesquisa sobre quem
foi Fernando Pessoa. Tragam as informações
d) O que representa o mar no poema Mar colhidas para a sala de aula. Comente com
português? seus alunos as diferenças e semelhanças en-
O mar representa o desafio, a morte e a dor, mas represen- contradas, compare-as com as informações
ta também a verdadeira herança de Portugal: um espelho presentes no livro didático e elaborem um tex-
do céu. Segundo o poema, ninguém chega mais perto de to expositivo, coletivo, explicando quem é essa
Deus do que aqueles que vencem as grandes dificuldades personalidade literária e qual sua importância
da vida. para a literatura portuguesa.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

1. Pesquise na sala de leitura ou na biblioteca de sua escola, bem como na inter-


net, quem foi Fernando Pessoa. Leve essas informações para a sala de aula.

2. Com a orientação do professor, elabore um texto coletivo sobre a vida desse grande escri-
tor português.

3. Procure, no livro didático, outros poemas de Fernando Pessoa.


1 a 3. Oriente seus alunos para que façam a pesquisa em fontes confiáveis. Para a produção do texto, você pode dividir a sala em
grupos, solicitando que cada grupo produza um único texto. Na sequência, os grupos apresentam os textos criados e você faz
uma síntese com os dados deles, produzindo um texto mais elaborado.

Pense no significado do mar no poema a seguir, do poeta mineiro Alphonsus de Guimaraens


(1870-1921).

Ismália
Quando Ismália enlouqueceu, E como um anjo pendeu
Pôs-se na torre a sonhar... As asas para voar...
Viu uma lua no céu, Queria a lua do céu,
Viu outra lua no mar. Queria a lua do mar...

No sonho em que se perdeu, As asas que Deus lhe deu


Banhou-se toda em luar... Ruflaram de par em par...
Queria subir ao céu, Sua alma subiu ao céu,
Queria descer ao mar... Seu corpo desceu ao mar...

E, no desvario seu, GUIMARAENS, Alphonsus de. Ismália. In: MORICONI,


Na torre pôs-se a cantar... Ítalo (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século.
Estava perto do céu, Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 45.
Estava longe do mar...

1. Complete os espaços com os ter-


mos adequados ao sentido do texto, Comparando o sentido do mar entre
Mar português e Ismália, notamos que, nos
escolhendo entre as palavras do qua- dois poemas, o mar é ao mesmo tempo
dro a seguir (uma vai sobrar): libertação e dor . Mas, en-
quanto no poema de Pessoa a dor
que o mar provoca para que os portugueses
Guimaraens – Pessoa – libertação – dor – tomem posse dele faz que ele mesmo se tor-
prêmio – lua – portugueses – bondade ne o grande prêmio , uma herança,
em Guimaraens , o mar é apenas um lugar
onde está algo maior: a lua .

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2. Observe: tação a esse trabalho, portanto, discuta com os alunos quais
aspectos do poema pretendem desenvolver na imagem e
Quando Ismália enlouqueceu, como elas se traduziriam ali: cenas, imagens, leituras etc.
Quando Ismália ficou louca.
Imagine que Ana Luísa tem de escre-
Enlouqueceu e ficou louca aparentemente sig- ver um e-mail para sua amiga Rebe-
nificam a mesma coisa. Mas, no poema, faria ca, que esteve doente e perdeu toda a
diferença usar uma forma ou outra? Explique. matéria desta Situação de Aprendizagem.
Perde-se a estrutura poética, no que diz respeito à rima com
os primeiros versos das demais estrofes. Além disso, o texto Depois de escrevê-lo, troque a mensagem
fica menos formal, perdendo parte de sua dramaticidade. escrita com outros colegas; o professor so-
licitará que anotem, a lápis, sugestões para
3. Adapte o poema Mar português, de Fer- melhorar o texto. Considere com atenção as
nando Pessoa, em uma imagem, que opiniões de seus colegas. Você não é obriga-
pode ser construída com lápis, tintas ou do a segui-las, mas verifique se, de fato, elas
recortes em papel A4. Os critérios utili- deixariam o texto melhor. Finalmente, após
zados para a avaliação permanecem os as mudanças que julgar oportunas, entregue
mesmos: o texto ao professor. Se seu professor prefe-
rir, vocês podem fazer esta atividade em du-
ff criatividade; plas ou trios.
ff distribuição da figura na folha de papel; Professor, na intervenção nesta atividade, considere que:
ff fidelidade ao poema; • o texto a ser produzido é um e-mail entre colegas de sala.
ff organização e limpeza na elaboração do Isso trará impactos no modo de organizar a linguagem;
trabalho. • o que será dito no e-mail é um excelente recurso para ob-
Professor, a adaptação de textos em diferentes linguagens servar o que os alunos aprenderam e o que ainda necessita
deve ser vista como um exercício interpretativo. Na orien- de novas intervenções de sua parte.

Situação de aprendizagem 5
A palavra me faz eu...

A palavra permite a construção de pontes perspectiva para sondar as diferenças entre poe-
que nos aproximam do outro, mas também pos- sia e prosa, bem como o valor expressivo do ad-
sibilita que nos aproximemos de nós mesmos, jetivo, do substantivo e do verbo na construção
daqueles lugares profundos em nosso íntimo da urdidura poemática. Trata-se de conteúdos
que nem sequer nós próprios conhecemos bem. essenciais para a formação de um leitor de lite-
Esta Situação de Aprendizagem parte dessa ratura autônomo e criativo.

Conteúdos e temas: diferença entre poema e poesia; versão crítica do estudo da gramática; uso estilístico,
semântico e literário dos verbos, adjetivos e substantivos.

Competências e habilidades: distinguir poema de poesia; relacionar textos visuais com textos literá-
rios; analisar textos literários; relacionar o uso da norma-padrão às diferentes esferas de atividade
social.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Sugestão de estratégias: atitude didática voltada para o desenvolvimento dialógico do aluno visando à
construção cultural no processo de ensino-aprendizagem e ao desenvolvimento criativo de competências
e habilidades na língua materna; valorização das atitudes de fala e escuta.
Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse;
mural da escola.
Sugestão de avaliação: elaboração de poema; elaboração de texto expositivo (argumentativo); questio-
nário; jogo teatral.

Sondagem ff Visão crítica do estudo da gramática


A importância do conhecimento gramatical
na sociedade contemporânea e o jogo de valores
Discussão oral associado a esse conhecimento.

O que você pensa das palavras a seguir, ff Uso estilístico, semântico e literário dos
do educador brasileiro Paulo Freire? verbos, adjetivos e substantivos
Análise expressiva de elementos morfoló-
“Como presença consciente no mundo, gicos (verbo, adjetivo, substantivo) na análise
não posso escapar à responsabilidade ética poemática.
no meu mover-me no mundo.”
1. Desenhe o contorno de um ser humano
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, no caderno. Dentro desse contorno escre-
1996. <http://www.pazeterra.com.br>. va uma palavra que traduza melhor quem
é você.
Professor, essa é uma atividade de pré-leitura para o poema
Oriente a discussão para o fato de que cada de Fernando Pessoa, que abordará o tema da contemplação
movimento na direção do outro provoca uma na perspectiva de um “eu lírico”. A ideia de pedir o desenho
resposta, exigindo responsabilidade de quem é estimular a relação entre o “eu” do aluno e sua relação com
faz o movimento. o mundo para depois conectar com o texto.

ff O que essas palavras significam? Fernando Pessoa, que viveu no século XX,
ff Há poesia nas palavras de Paulo Freire? vai ajudar-nos a entender ainda melhor o que
Por quê? é a poesia e a diferença entre linguagem poé-
tica e prosaica, como a do jornalismo. Você
lerá, com seus alunos, um poema chamado
Roteiro para aplicação da Situação Contemplo o lago mudo, chamando atenção
de Aprendizagem 5 para a esquisitice do nome. Explique-lhes que
o poeta não deu título ao poema, então, quan-
Convém lembrar que os conteúdos desen- do isso acontece, nós nos referimos ao poema
volvem-se sempre em rede e progressivamente pelo primeiro verso.
durante as aulas, com o objetivo de desenvol-
ver competências e habilidades. 2. Antes da leitura, converse com seu colega:

ff Diferença entre poema e poesia ff Estar sozinho é sempre ruim?


Conceituar e diferenciar poema e poesia. ff O que é contemplar?

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ff É importante parar de vez em quando O que importa para o poe­ta não é o que
para pensar em quem somos? Por quê? acontece no lago, mas aquilo que o eu poéti-
Professor, essas questões são atividades de pré-leitura para a co sentiu quando viu o lago. A poe­sia lírica
leitura do poema que virá na sequência. se preocupa principalmente com o mundo in-
terior do eu que escreve o poema: o poeta. O
mundo que está em volta do poeta: as coisas,
1. Leia o poema a seguir. as pessoas, a sociedade e os acontecimentos
históricos, nada disso representa o elemento
Contempla o lago mudo principal do poema, posto que o mais impor-
Contemplo o lago mudo
tante em um poema lírico é aquilo que está
Que uma brisa estremece. disposto no mundo interior do poeta e que
Não sei se penso em tudo mexe com o mundo exterior. As coisas que
Ou se tudo me esquece. acontecem no mundo exterior funcionam
como um empurrão para que o poeta escreva.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo No poema, as palavras carregam-se de sig-
Não sei se sou feliz nificações. Cada verso é feito de pura poesia.
Nem se desejo sê-lo. Muitos confundem poesia e poema. Poema é
Trêmulos vincos risonhos um gênero específico de texto, cuja definição
Na água adormecida. não é fácil. Poema é um texto repleto de poe-
Por que fiz eu dos sonhos sia. Poesia é a beleza feita realidade e presente
A minha única vida? na obra de arte: seja em um poema ou em um
quadro ou, até, em um belo pôr do sol.
PESSOA, Fernando. Cancioneiro. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Deta
lheObraForm.do?select_action=&co_obra=15728>.
Os poemas são feitos de versos. O que é
Acesso em: 28 maio 2013. verso? Simples: é cada linha do poema. As li-
nhas são escritas seguindo a contagem de síla-
bas poéticas – assunto de que nos ocuparemos
2. O que você compreendeu do poema? no próximo volume, e não o espaço da esquer-
Estimule os estudantes a relacionar a discussão anterior com da para a direita do papel.
o poema. Você pode solicitar que indiquem versos do poe-
ma que falam sobre a contemplação. Muitas vezes, o leitor encontra em uma
palavra do poema uma pluralidade de senti-
3. Compare o trabalho feito na Atividade 1 dos que valorizam o plano artístico do texto.
(desenho da figura humana com palavra Os sentidos plurais das palavras no poema se
escrita no seu interior) com o poema que complementam e enriquecem as diferentes lei-
leu, Contemplo o lago mudo: Há semelhan- turas realizadas.
ças? Quais?
Mais uma vez estamos procurando o diálogo entre a produ- Responda no caderno:
ção textual do aluno e o texto do outro. Neste caso, um dos
maiores nomes da literatura portuguesa. Essa aproximação 1. O que é um verso?
afetiva visa a, saudavelmente, dessacralizar o texto literário, É cada linha do poema.
aproximando-o do aluno-leitor. Considere, no entanto, os
comentários que virão na sequência para fazer as conexões 2. Quantos versos tem o poema Contemplo o
entre os desenhos dos alunos e os poemas de Fernando Pes- lago mudo?
soa que considerar mais pertinentes. Doze.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

3. Quantas estrofes tem esse mesmo poema? c) não sei se sou feliz.
Três.
d) trêmulos vincos risonhos.
4. Identifique o adjetivo na 1a estrofe.
Mudo. e) por que fiz eu dos sonhos.

5. Identifique os substantivos na 1a estrofe.


Lago e brisa. Lembre-se: os adjetivos carac-
terizam os seres e dão expressi-
A seguir, sugerimos uma atividade para vidade ao texto.
realizar com seus alunos que desenvolve as
relações existentes entre conhecimentos morfo-
lógicos e construção do sentido poético.
Discussão oral
Observe:
Que diferença faria para todo o poema
“Contemplo o lago mudo” se, em vez de mudo, o eu lírico tivesse escolhi-
do outro adjetivo?
ff A que classe gramatical pertencem as
palavras “lago” e “mudo”? Por exemplo:

São, respectivamente, substantivo e ad- ff contemplo o lago agitado;


jetivo. Agora começam as atividades com o ff contemplo o lago calmo;
conhecimento gramatical. Os adjetivos carac- ff contemplo o lago estranho.
terizam os seres e participam do ato de confe- Considere as alterações na construção da rima, da
rir expressividade ao texto. métrica e da sonoridade do poema, consequências
respectivas de cada uma das alterações sugeridas.
Contemplando a gramática para A ideia é mostrar que nos textos, especialmente os
compreender o poema poéticos, uma escolha de palavra é o reflexo de uma
construção linguística muito pensada para se atingir
1. Releia o poema Contemplo o lago mudo. alguns efeitos, seja sonoros, semânticos etc.
Observe o primeiro verso. Por que pode-
mos dizer que ele é ambíguo?
No verso “Contemplo o lago mudo”, o adjetivo “mudo” pode Comente essas diferenças. Elas desenvol-
referir-se tanto ao lago como ao eu poético. A essa peque- vem no aluno o valor expressivo do adjetivo.
na confusão de sentidos chamamos de ambiguidade. Tan- Ou seja, que as palavras têm peso, corpo, ex-
to pode ser o “eu” que está mudo enquanto contempla o pressão. Não é a mesma coisa dizer algo de
lago, como pode ser o lago que emudece enquanto o “eu” uma forma ou de outra.
poético o contempla.

2. Identifique outro verso em que o poeta Para você, professor!


usou do mesmo recurso expressivo: Estamos, dessa forma, trabalhando no
domínio da Estilística, que exige não apenas
a) o lago nada me diz. o conhecimento morfossintático, mas con-
textualizar esse conhecimento na dimensão
b) não sei se penso em tudo. expressiva do texto. Em outras palavras: por

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que se usou essa palavra ou construção sin- Certifique-se, inicialmente, de que seus alunos comentam
tática e não outra? e compreendem as diferenças estilísticas das classes grama-
ticais: adjetivo, substantivo e verbo. Nas propostas a, b e c,
estimula-se que o estudante reflita sobre as mudanças sono-
A personificação do lago transforma-o em ras, de sentido e adequação à sequência que cada troca de
confidente do poeta. Como se fosse um com- palavras acarretaria ao poema.
panheiro compartilhando de um momento
difícil que o poeta está passando. A ambigui- 4. A afirmação a seguir é verdadeira ou falsa?
dade permite, no poema, uma riqueza de in- Por quê? Justifique sua resposta recorren-
terpretações. Em que sentido poderia o lago do ao poema Contemplo o lago mudo.
estar mudo? E o “eu” poético, por que esta-
ria mudo? Esses dois sentidos se opõem ou se Professor, reforçando a ideia de que muitas
complementam? O poeta questiona sua iden- vezes, o leitor encontra em uma palavra do poe-
tidade e o fato de haver construído sua vida ma uma pluralidade de sentidos que valoriza o
de sonhos. O lago também está imóvel. De plano artístico do texto. Os sentidos plurais das
certa forma, o lago mudo se identificaria com palavras no poema se complementam e enrique-
a vida parada do “eu” poético. Há momentos cem as diferentes leituras realizadas.
em que pode ser doloroso dar-se conta de que Verdadeira. Na poesia, cada palavra permite a construção de
a vida não foi ação, mas ficou parada, perdida sentidos novos e diferentes; mesmo trocando-a por um sinô-
nos sonhos, como se fosse um lago de águas nimo, o sentido do poema não será o mesmo.
paradas. O jogo entre “eu” mudo e lago mudo,
presente no primeiro verso, reforça esse senti- 5. Trocando o substantivo, temos de trocar
do de leitura que construímos. todo o texto...

3. Pense agora no verso Na água adormecida. a) O rato roeu a roupa do rei de Roma.
O gato...
a) Comente oralmente as diferenças ao
mudar de adjetivo. b) Mais vale um pássaro na mão do que
dois voando.
ff na água suja; Mais vale um cachorro...
ff na água cristalina;
ff na água agitada. c) Água mole em pedra dura, tanto bate
até que fura.
b) E se, em vez do adjetivo, trocássemos o Ouro...
substantivo? Se o eu lírico dissesse: O objetivo dessa atividade é relacionar morfologia e semân-
tica no processo de construção de sentido. Ao trocar rato por
ff contemplo o mar mudo; gato não posso mais imaginar que a roupa do rei de Roma
ff contemplo o infinito mudo; tenha sido “roída”. Então, o que aconteceu com ela? A ima-
ff contemplo o acidente mudo. ginação da classe será motivada a procurar soluções criativas
e verossímeis. Certamente há material extra sobre o uso ex-
c) E se trocássemos o verbo? pressivo dos verbos, adjetivos, substantivos na biblioteca de
sua escola e no livro didático.
ff nado no lago mudo;
ff banho-me no lago mudo; É claro que nem todo poema é tão reflexivo
ff bebo o lago mudo; como esse que acabamos de ler. No texto lírico
ff olho o lago mudo. existem certas palavras que nos fazem pensar

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

em um antes e um depois, como na narrativa. Rostos animados


Porém, no poema lírico, a história para contar Neve, o mudar das estações
não é o mais importante, e sim o sentimento do O jornal
poeta trabalhado por meio da palavra. Muitas O cão
vezes o poeta se isola dos acontecimentos do A dialética
mundo. Ele se tranca em um universo que é Tomar ducha, nadar
só seu. Em outras ocasiões são justamente as Velha música
mudanças que ocorrem à sua volta, no mundo Sapatos cômodos
exterior, que o empurram a escrever. Compreender
Música nova
O próximo exercício é uma excelente opor-
Escrever, plantar
tunidade para que seus alunos possam não só
Viajar, cantar
construir conhecimentos, como investigar a si
Ser amável.
mesmos por meio da linguagem. É também
uma ocasião para você, professor, pensar em BRECHT, B. Poemas e canções. Coimbra: Livraria
como anda o programa desenvolvido com sua Almedina, 1975.

turma.

Você quer ser poeta? 2. Sinta-se um poeta. Entre na personagem


e escreva um poema. Em seu texto deve
haver pelo menos quatro verbos, três subs-
Discussão oral tantivos e dois adjetivos. Identifique-os
claramente. Você tem toda a liberdade
ff Você gostaria de ser poeta? para escrever o que quiser, mas deve levar
ff O que é necessário para escrever um poe- em conta o efeito que suas escolhas vão
ma? causar nos leitores.
Explique aos alunos que nenhum poema é fruto ape- Ao fazer um poema, o poeta-aluno tem toda a liberda-
nas de inspiração. Se achar oportuno, traga algum de para escrever, mas deve levar em conta o efeito que as
texto que fale sobre o assunto. Pode ser, por exemplo, suas escolhas vão causar nos leitores. Você, professor, deve
uma entrevista de um ator, ou mesmo de um cantor questioná-lo sobre esse efeito pretendido e que palavras
do interesse da sala, que trate do tema da composição. poderiam expressá-lo, bem como imagens que poderia
associar ao que deseja transmitir e como traduzir essa in-
tenção verbalmente.
1. Bertolt Brecht (1898-1956), o es-
critor que produziu o poema a se-
guir, apresenta uma lista de coisas Discussão oral
que o deixam feliz. Pela enumeração de
acontecimentos, objetos, pessoas, sensações, ff Em sua opinião, para que serve a aula de
sentimentos, atividades, o poeta diz o que é Língua Portuguesa na escola?
felicidade. Reflita enquanto faz a leitura. ff O que é falar bem o português?
Oriente a discussão para que os alunos compreendam
que, embora os diferentes modos de usar a língua se-
Prazeres jam legítimos, todos precisam ter acesso à norma-pa-
drão e à literatura em situações formais ou que exijam
O primeiro olhar da janela de manhã
ampliação do horizonte de conhecimentos.
O velho livro de novo encontrado

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b) Elaborem uma frase que transmita a
1. Leia silenciosamente o texto ideia-chave do texto e que faça uso das
expositivo a seguir, que explica palavras-chave encontradas.
por que estudar gramática. Há muitas variedades de português, mas a sociedade valoriza
a norma-padrão para situações consideradas importantes.
Chamamos de norma-padrão aquela
considerada pela sociedade como a que deve Compare a visão da gramática que circula na
ser utilizada para transmitir informações sua comunidade com aquela aqui apresentada.
importantes. Assim, um livro de Biologia Permita que os alunos se expressem livremente.
ou uma prova de Geografia não deveriam
vir escritas com textos como: “A gente vai 2. Em duplas ou trios, escrevam um peque-
punhendo as coisa no tubo di ensaiu e fica no texto de três parágrafos para expor as
zoianu pra vê nu que qui dá”. principais dificuldades que os alunos têm
A norma-padrão, como nossa experiên- e que estão relacionadas à norma-padrão,
cia sabe, não é a única existente. A língua enfrentadas na comunidade em que vivem.
portuguesa é rica em variedades, como dife- O texto deve seguir a seguinte estrutura:
rentes plantas de uma mesma espécie. Todas
as variedades do português são apropriadas 1o  parágrafo: breve exposição do que é a
para a comunicação e interação dos seres hu- norma-padrão;
manos. A questão é que nem todas as varie-
dades têm o mesmo prestígio e aceitação na 2o parágrafo: análise das principais dificul-
sociedade. dades com a norma-padrão que vocês enfren-
Se, por um lado, é bom que haja uma tam na comunidade onde vivem;
norma-padrão que nos permita desenvolver
uma cultura brasileira na mídia, por outro, 3o parágrafo: sugestão de intervenção soli-
podem surgir preconceitos e dificuldades dária com o objetivo de resolver a questão: “A
para aqueles que não dominam essa mesma norma-padrão e a comunidade onde vivo: um
norma. Isso ocorre porque muitos conside- problema ou uma solução?”.
ram as variedades do português diferentes
das que estão acostumados como “erradas” As sugestões dadas devem respeitar os va-
e “engraçadas”. Além disso, dominar a nor- lores humanos e considerar a diversidade so-
ma-padrão é essencial, em certos círculos ciocultural.
sociais, especialmente o ligado ao mundo Professor, veja essa produção como uma excelente atividade
do trabalho, para obter um bom emprego e de avaliação formativa. Oriente os alunos a seguirem a orga-
relacionar-se com as pessoas. nização de parágrafos apresentada.

Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.


Jogo teatral: três que sabem, mas não falama

Escolha seis alunos e divida-os em dois gru-


Peça para seus alunos que: pos. Um grupo espera do lado de fora enquanto
o professor fornece para a classe uma palavra
a) Identifiquem as palavras-chave do texto. que será interpretada por mímica pelo grupo
Norma-padrão – variedades do português – sociedade. que ficou na sala. O grupo que estava lá fora en-

a
Parte desta atividade é adaptada de: LANDEIRA, J. L. Quando as palavras resolvem fazer arte. In: MURRIE, Z. F. (Coord.).
Linguagens, códigos e suas tecnologias: livro do estudante. Ensino Médio. Brasília: MEC/Inep, 2002. p. 95-97.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

tra e é dado um minuto (ou o tempo que for jul- Considere tudo o que você estudou
gado conveniente) para que seja apresentada a nesta Situação de Aprendizagem e
palavra sugerida. Antes, no entanto, o professor responda às questões a seguir no
avisa se é um substantivo, um adjetivo ou um caderno:
verbo. Não vale fornecer uma palavra da mesma
família, ela deve pertencer, de fato, à classe gra- 1. Que conteúdos gostou de estudar? Por
matical solicitada. Depois trocam-se as posições. quê?

Lista de palavras sugeridas: 2. Que conteúdos não despertaram seu inte-


resse?
ff confortável (adjetivo);
ff responder (verbo); 3. Se você fosse o professor, o que teria feito
ff carta (substantivo); para que esses conteúdos menos interes-
ff lago (substantivo); santes se tornassem mais agradáveis de
ff poço (substantivo); estudar?
ff contemplar (verbo);
ff espelhar (verbo); 4. Que conteúdos você precisa voltar a estu-
ff incompreensível (adjetivo); dar, porque não os compreendeu ainda de
ff carinhoso (adjetivo). modo suficiente?
Essa é uma atividade de interpretação do verbal para o cor- 1 a 4. Professor, o objetivo dessas questões é estimular o estu-
poral. É, novamente, uma atividade de adaptação e diálogo dante a refletir sobre que aprendizagem ele pode, ainda, ter,
entre linguagens. auxiliando-o em mais intervenções.

Situação de aprendizagem 6
Quem souber que conte outra!

Nesta Situação de Aprendizagem, va- pleno proveito das leituras que faz do texto
mos iniciar um processo de aproximação literário. Toda esta Situação de Aprendiza-
literária do grande mestre da narrativa Ma- gem foi uma adaptação feita do capítulo V
chado de Assis. Ao mesmo tempo, vamos da obra Linguagens, códigos e suas tecno-
mergulhar nas estruturas narrativas tradi- logias: livro do estudante: ensino médio
cionais, especialmente, no que diz respeito (material para o Encceja). Verifique se sua
ao conto. Isso é essencial para a construção escola dispõe desse material na biblioteca e
de um leitor de literatura que, de fato, tira consulte-o antes.

Conteúdos e temas: conto tradicional; teoria da narrativa.


Competências e habilidades: analisar textos literários; dominar estratégias da narrativa literária; expres-
sar opiniões pessoais.
Sugestão de estratégias: atitude de escuta e de processo; valorização do aprendizado processual do aluno
relativo às questões que associam gosto a conhecimentos específicos; valorização do patrimônio literá-
rio, em diálogo com a realidade vivida pelo aluno.
Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse.
Sugestão de avaliação: questionário; elaboração de conto.

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Sondagem b) (  X  ) as personagens, que são responsáveis
pela ação da trama dentro da história.
Contando um conto
c) (  X  ) comentários impessoais a respeito
Leia a seguir um conto do escritor moçam- do espaço e do tempo do enredo.
bicano Mia Couto, chamado A confissão da
leoa. Antes de ler responda: d) (  X  ) espaço e tempo. Em que lugar, ou
cenário, e quando acontece a ação das
personagens.
Discussão oral
e) (  X  ) um ponto de vista, ou seja, o enre-
ff Você gosta de ler histórias? do determina uma argumentação para
ff De que tipo de histórias você mais gosta? convencer o leitor a gostar da história.
Por quê?
ff O que o título A confissão da leoa lhe su- 2. O texto A confissão da leoa é uma narrati-
gere? va? Por quê?
ff O que você espera do texto que lerá? A classificação do texto como narrativa é discutível. No li-
As perguntas apresentadas têm por objetivo estimu- mite, pode se pensar que há um enredo, mas é uma ideia
lar as expectativas de leitura dos alunos. É importante dedutível. É possível afirmar que há um pensamento, uma
destacar que o título do texto deve ser interpretado, análise breve de um fenômeno associado aos animais, que
tendo em vista que “leoas” não confessam, esse é um serve de contexto para um conselho. Lendo-o como texto
atributo humano. Como não há uma leoa no texto, literário, fazemos a relação com a fábula, mas o gênero está
além da do título, uma interpretação possível é asso- bastante transformado. O título reforça essa hipótese, pois
ciar o que é dito a ela como narradora. a leoa pode ser a narradora que aconselha outros animais;
no entanto, o texto pode ser visto como uma reflexão, em
detrimento da história.

A confissão da leoa Professor, lembre que o importante neste


momento é resgatar as ideias da turma a res-
Todas as manhãs a gazela acorda saben- peito do conceito de “narrar” e discutir com
do que tem que correr mais veloz que o leão os alunos até que ponto elas se encaixam nesse
ou será morta. Todas as manhãs o leão acor- texto.
da sabendo que deve correr mais rápido que
a gazela ou morrerá de fome. Não importa Roteiro para aplicação da Situação
se és um leão ou uma gazela: quando o Sol de Aprendizagem 6
desponta o melhor é começares a correr.
Leia atentamente este roteiro antes de co-
COUTO, Mia. Provérbio africano. In: A confissão da
meçar suas aulas.
leoa. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 79.

ff Conto tradicional
Características e estrutura do conto tradicional.
1. O que contém um texto narrativo? Indique
as alternativas corretas: ff Teoria da narrativa
Elementos e categorias da narrativa que
a) (  X  ) um narrador, ou seja, alguém que con- facilitam o processo de leitura literária. Narrar é
ta a história, que nos apresenta seu enredo. a mesma coisa que contar, ou seja, apresentar

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

uma série de ações em episódios que se suce- tras vezes, o narrador considera mais impor-
dem uns aos outros. Os episódios da narrativa tante a sensação de tempo que as personagens
se organizam de determinado modo, que é a sentem e estrutura sua narrativa em torno des-
maneira pela qual a história é contada. A isso se tempo psicológico. Com certeza, você já sen-
damos o nome de enredo. No caso de A confis- tiu, em certas ocasiões, que um minuto (tempo
são da leoa, a sucessão de episódios pode ser cronológico) parece durar horas (a sensação
interpretada pela repetição das ações da gazela do tempo psicológico).
e do leão. No entanto, dada a brevidade do tex-
to, a ideia de episódios em sequência é discutí-
vel. O narrador, nesse texto, parece ser uma Recapitulação gramatical
terceira pessoa, talvez um narrador intruso,
que comenta o que vê. A seguir você lerá um texto expositivo es-
crito por Juka:
Há duas formas de narrar: ou o narrador
introduz-se no enredo, em primeira pessoa,
sendo também uma personagem, ou afasta-se, Ao ezercutar-mos qualquer atividade, se
criando um discurso em terceira pessoa. O de fato quizermos obiter bons resultado de-
narrador em primeira pessoa pode ser mais vemos conciderar que nada é tão urjente que
pessoal, envolvendo-se afetivamente com os não poça ser pranejado. Improvisa faiz com
acontecimentos. Já o narrador em terceira pes- que nossas ações depende da sorte e não de
soa consegue ser mais objetivo, pois não está nossa copetência.
tão envolvido com as ações das personagens.
A narrativa que você leu foi feita em terceira
pessoa, como se pode ver logo no começo: Ajude-o a ter uma boa nota. Reescreva o
“Todas as manhãs a gazela...”. texto, no caderno, corrigindo os desvios da
norma-padrão.
O espaço é muito importante na narrati- “Ao executarmos qualquer atividade, se de fato quisermos
va literária. Ele pode ser um simples “pano obter bons resultados, devemos considerar que nada é
de fundo”, onde as personagens realizam as tão urgente que não possa ser planejado. Improvisar faz
suas ações, mas pode também ser um espelho que nossas ações dependam da sorte e não de nossa com-
da personalidade das personagens ou até das petência.”
ações que elas vão praticar.
Lendo um conto
As ações levam certo tempo para aconte-
cer. De acordo com suas intenções, o narrador A seguir, será proposta a leitura de um
pode, desde fazer-nos acompanhar demora- conto de Machado de Assis, dividido em par-
damente a vida de uma personagem, até dizer, tes. O conto é um tipo específico de narrativa
em poucas palavras, longos anos de aconteci- e Machado é principalmente conhecido pelo
mentos. Na narrativa que lemos, o tempo é o seu estilo de escrevê-las.
presente, mas com uma duração que lhe faz
similar ao imperfeito. É assim que, todos os O conto que vamos ler chama-se Cantiga
dias, as ações se repetem. de esponsais. Esponsais são as cerimônias de
casamento, ou seja, o noivado e a festa de ca-
Às vezes, o narrador valoriza mais as ações samento em que os noivos se tornam esposos.
e o tempo que elas levam para acontecer, a A palavra “esponsais” tem a mesma origem
isso damos o nome de tempo cronológico; ou- que “esposo”.

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Certamente você encontrará facilmente o
conto Cantiga de esponsais. Localize-o na bi- Cantiga de esponsais
blioteca da escola ou na internet (veja, na se-
ção “Recursos para ampliar a perspectiva do Imagine a leitora que está em 1813, na
professor e do aluno para a compreensão do igreja do Carmo, ouvindo uma daquelas
tema”, o endereço do site). boas festas antigas, que eram todo o recreio
público e toda a arte musical. Sabem o que
é uma missa cantada; podem imaginar o
Discussão oral que seria uma missa cantada daqueles anos
remotos. Não lhe chamo a atenção para os
ff O que a palavra esponsais sugere a você? padres e os sacristães, nem para o sermão,
ff O que você espera do enredo de um conto nem para os olhos das moças cariocas, que
com esse título? já eram bonitos nesse tempo, nem para as
Promova a aproximação da palavra “esponsais” de ou- mantilhas das senhoras graves, os calções, as
tras que possam ser conhecidas pelos alunos, tendo cabeleiras, as sanefas, as luzes, os incensos,
em vista que essa atividade é uma estratégia de pré- nada. Não falo sequer da orquestra, que é
-leitura baseada nos conhecimentos prévios. excelente; limito-me a mostrar-lhes uma ca-
beça branca, a cabeça desse velho que rege a
orquestra, com alma e devoção.
Leia o conto em voz alta e proponha a seus
alunos que pensem no que acabamos de anali-
sar sobre narrador, espaço e tempo na narrativa. 1. Vamos fazer uma pequena pausa para que
você responda às seguintes questões no ca-
Faça pausas na leitura, para que a classe derno:
sinta o ritmo próprio da língua portuguesa,
escrita em uma época que não é a sua. a) O narrador se dirige a que tipo de leitor?
À leitora brasileira (carioca) que vive algum tempo depois de 1813.
Sugerimos a seguinte reflexão com seus
alunos: b) O conto será lido apenas por esse tipo de
leitor a que o narrador se dirige? Por quê?
Obviamente não. Provavelmente, alguns alunos da sala são do se-
Para você, professor! xo masculino e todos os leitores vivem no século XXI, não no XIX.

Inicie o texto valorizando o título do con- c) Você, com certeza, já viu muitas pessoas
to. Antes mesmo de explicar a palavra “es- de cabeça branca. O que lhe vem à men-
ponsais”, pergunte aos alunos o que ela lhes te quando pensa em “uma cabeça bran-
sugere e o que esperam de um conto que tem ca”, expressão que aparece no texto?
esse título. É importante lembrar que todo Resposta pessoal. Nesse momento da leitura, podem-se
título de um texto gera horizontes de expec- vislumbrar a velhice, a experiência e a sabedoria. Faz-se
tativas de leitura que realizar-se-ão, ou não, necessário trabalhar a antecipação, o levantamento de hi-
durante a leitura. póteses que serão verificadas ou não no desenvolvimento
da leitura.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Depois dessa reflexão, podemos voltar ao conto...

Chama-se Romão Pires; terá sessenta anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados. É
bom músico e bom homem; todos os músicos gostam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer
familiar e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tempo. “Quem rege a missa é mestre
Romão” – equivalia a esta outra forma de anúncio, anos depois: “Entra em cena o ator João Caetano”;
– ou então: “O ator Martinho cantará uma de suas melhores árias”. Era o tempero certo, o chamariz
delicado e popular. Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Romão, com o seu ar cir-
cunspecto, olhos no chão, riso triste, e passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orquestra;
então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso
iluminava-se: era outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele rege agora no Carmo é
de José Maurício; mas ele rege-a com o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua.
Acabou a festa; é como se acabasse um clarão intenso, e deixasse o rosto apenas alumiado da luz
ordinária. Ei-lo que desce do coro, apoiado na bengala; vai à sacristia beijar a mão aos padres e aceita
um lugar à mesa do jantar. Tudo isso indiferente e calado. Jantou, saiu, caminhou para a rua da Mãe
dos Homens, onde reside, com um preto velho, pai José, que é a sua verdadeira mãe, e que neste mo-
mento conversa com uma vizinha.
– Mestre Romão lá vem, pai José, disse a vizinha.
– Eh! eh! adeus, sinhá, até logo.
Pai José deu um salto, entrou em casa, e esperou o senhor, que daí a pouco entrava com o mesmo
ar do costume. A casa não era rica naturalmente; nem alegre. Não tinha o menor vestígio de mulher,
velha ou moça, nem passarinhos que cantassem, nem flores, nem cores vivas ou jocundas. Casa
sombria e nua. O mais alegre era um cravo, onde o mestre Romão tocava algumas vezes, estudando.
Sobre uma cadeira, ao pé, alguns papéis de música; nenhuma dele...

Para contar uma história precisamos saber a) a dificuldade de expressão de Machado


unir com muito cuidado as palavras. Isso sig- de Assis.
nifica escolher com atenção os substantivos
que serão utilizados e pensar em como os ver- b) a sensação de ausência presente na casa
bos devem ser conjugados. Significa também “sombria e nua”.
construir frases que permitam ao leitor elabo-
rar um sentido para a narrativa. c) a falta de vocabulário do narrador.

2. Vamos parar novamente para mais uma d) a ilusão de fartura com que vive o mes-
pequena reflexão. Repare que Machado, tre Romão.
ao descrever a casa de mestre Romão, opta
pelo uso de frases negativas. Ao fazer as- e) o culto à pobreza que alimenta a fé do
sim, podemos afirmar que se reforça... (as- mestre Romão.
sinale a alternativa correta):
Voltemos a mais um trecho do texto.

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Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande compositor. Parece que há duas sortes de vocação,
as que têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as últimas representam uma luta
constante e estéril entre o impulso interior e a ausência de um modo de comunicação com os homens.
Romão era destas. Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si muitas óperas e missas, um
mundo de harmonias novas e originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta era a causa
única da tristeza de mestre Romão.
Naturalmente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros aquilo: doença, falta de dinhei-
ro, algum desgosto antigo; mas a verdade é esta: – a causa da melancolia de mestre Romão era não
poder compor, não possuir o meio de traduzir o que sentia. Não é que não rabiscasse muito papel e não
interrogasse o cravo, durante horas; mas tudo lhe saía informe, sem ideia nem harmonia. Nos últimos
tempos tinha até vergonha da vizinhança, e não tentava mais nada.
E, entretanto, se pudesse, acabaria ao menos uma certa peça, um canto esponsalício, começado três
dias depois de casado, em 1779. A mulher, que tinha então vinte e um anos, e morreu com vinte e três,
não era muito bonita, nem pouco, mas extremamente simpática, e amava-o tanto como ele a ela. Três
dias depois de casado, mestre Romão sentiu em si alguma coisa parecida com inspiração. Ideou então
o canto esponsalício, e quis compô-lo; mas a inspiração não pôde sair. Como um pássaro que acaba
de ser preso, e forceja por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impaciente, aterrado, assim
batia a inspiração do nosso músico, encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada. Algu-
mas notas chegaram a ligar-se; ele escreveu-as; obra de uma folha de papel, não mais. Teimou no dia
seguinte, dez dias depois, vinte vezes durante o tempo de casado. Quando a mulher morreu, ele releu
essas primeiras notas conjugais, e ficou ainda mais triste, por não ter podido fixar no papel a sensação
de felicidade extinta.
– Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje adoentado.
– Sinhô comeu alguma coisa que fez mal...
– Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica...
O boticário mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia seguinte mestre Romão não se sen-
tia melhor. É preciso dizer que ele padecia do coração: – moléstia grave e crônica. Pai José ficou ater-
rado, quando viu que o incômodo não cedera ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico.
– Para quê? disse o mestre. Isto passa.
O dia não acabou pior; e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal pôde dormir duas
horas. A vizinhança, apenas soube do incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que entreti-
nham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziam-lhe que não era nada, que eram macacoas do
tempo; um acrescentava graciosamente que era manha, para fugir aos capotes que o boticário lhe dava
no gamão, – outro que eram amores. Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo dizia que era o final.
“Está acabado”, pensava ele.

3. Agora responda a mais estas questões: Destacar o uso do pronome de tratamento “sinhô” e o uso do
Imperativo em “vai”, indicando uma relação desigual entre os
a) Na época em que se passa a narrativa, interlocutores.
ainda existia escravidão no Brasil. Prove
isso com uma passagem do texto. b) O que você acha que vai acontecer a se-
“– Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje adoentado. guir no conto?
-Sinhô comeu alguma coisa que fez mal... Essa é uma atividade de estratégia textual durante a leitura, que
-Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica...” solicita a construção de hipóteses a partir do já dito no texto.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Um dia de manhã, cinco depois da festa, o médico achou-o realmente mal; e foi isso o que ele lhe
viu na fisionomia por trás das palavras enganadoras: – Isto não é nada; é preciso não pensar em mú-
sicas...
Em músicas! justamente esta palavra do médico deu ao mestre um pensamento. Logo que ficou só,
com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde 1779 o canto esponsalício começado. Releu essas
notas arrancadas a custo e não concluídas. E então teve uma ideia singular: – rematar a obra agora,
fosse como fosse; qualquer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma na terra.
– Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e se conte que um mestre Romão...
O princípio do canto rematava em um certo lá; este lá, que lhe caía bem no lugar, era a nota der-
radeiramente escrita. Mestre Romão ordenou que lhe levassem o cravo para a sala do fundo, que dava
para o quintal: era-lhe preciso ar. Pela janela viu na janela dos fundos de outra casa dois casadinhos de
oito dias, debruçados, com os braços por cima dos ombros, e duas mãos presas. Mestre Romão sorriu
com tristeza.
– Aqueles chegam, disse ele, eu saio. Comporei ao menos este canto que eles poderão tocar...
Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e chegou ao lá...
– Lá, lá, lá...
Nada, não passava adiante. E contudo, ele sabia música como gente.
– Lá, dó... lá, mi... lá, si, dó, ré... ré... ré...
Impossível! nenhuma inspiração. Não exigia uma peça profundamente original, mas enfim alguma
coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento começado. Voltava ao princípio, repetia as
notas, buscava reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mulher, dos primeiros tempos.
Para completar a ilusão, deitava os olhos pela janela para o lado dos casadinhos. Estes continuavam
ali, com as mãos presas e os braços passados nos ombros um do outro; a diferença é que se miravam
agora, em vez de olhar para baixo. Mestre Romão, ofegante da moléstia e de impaciência, tornava ao
cravo; mas a vista do casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não soavam.
– Lá... lá... lá...

4. Vamos parar mais uma vez nossa leitura. moça embebida no olhar do marido, come-
Responda oralmente: çou a cantarolar à toa, inconscientemente,
uma coisa nunca antes cantada nem sabida,
a) Por que mestre Romão queria tanto aca- na qual coisa um certo lá trazia após si uma
bar a sua música, mesmo de qualquer linda frase musical, justamente a que mestre
jeito? Romão procurara durante anos sem achar
Seria uma forma de se despedir da vida e vir a ser lembrado nunca. O mestre ouviu-a com tristeza, aba-
na posteridade. nou a cabeça, e à noite expirou.

ASSIS, Machado de. Cantiga de esponsais. Fonte:


b) O que você acha que acontecerá a seguir
ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro:
no conto? Garnier, 1884. Disponível em: <http://www.dominio
Essa é uma atividade de estratégia textual durante a leitura, que publico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
solicita construção de hipóteses a partir do já dito no texto. action=&co_obra=1906>. Acesso em: 29 maio 2013.

Desesperado, deixou o cravo, pegou do Agora, desenvolva com seus alunos a ques-
papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a tão a seguir:

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ff O conto acabou. Gostou ou se sentiu de- Um espaço simples, sombrio e nu, descrito mais pelo que ele
cepcionado? Peça que seus alunos escre- não tem do que pelo que tem.
vam uma opinião a respeito do final. Para
ajudá-los na reflexão, pensem, em classe, 2. Como é o temperamento de mestre Ro-
de que forma o mundo é visto no conto. mão? Descreva-o.
Professor, nessa produção, dois pontos se destacam: Um bom homem de riso triste, silencioso, simples, sóbrio.
• a organização, por parte do aluno, de um texto de opinião;
• a produção de uma crônica fundamentada na leitura do 3. Relacione o temperamento de mestre Ro-
conto. mão quando não está regendo missa com
o espaço em que vive. O que há em comum
5. Transcreva no caderno trechos do conto entre os dois?
que comprovem as afirmativas a seguir: De certa forma, o espaço onde vive mestre Romão espelha
uma personalidade sem grandes emoções, em que se revela
a) O narrador pode projetar uma imagem a ausência da alegria de viver.
do leitor dentro da narrativa e conver-
sar com esse leitor. 4. Pense agora em você: Há alguma relação
“Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Carmo...” entre o espaço em que vive e a sua persona-
lidade?
b) O conto Cantiga de esponsais é narrado Resposta pessoal, mas espera-se que o estudante apresente
em terceira pessoa. O narrador conhece elementos de sua relação com o espaço em que vive em diá-
todos os pensamentos do mestre Ro- logo com o que leu no texto, seja para apontar semelhanças
mão e os apresenta ao leitor. ou diferenças.
“Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si muitas
óperas e missas, um mundo de harmonias novas e originais, Muitas narrativas iniciam-se localizan-
que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta era a causa do os acontecimentos no tempo, apontando
única da tristeza de mestre Romão.” a data em que os fatos supostamente acon-
(Há outras passagens no texto) teceram. Era uma estratégia muito usada,
principalmente no século XIX, para dar uma
6. Escreva uma opinião a respeito do final. sensação de veracidade ao texto, como se o
Para ajudá-lo na reflexão, discuta com seus narrador quisesse nos convencer a acreditar
colegas, em classe, de que forma o mundo é que a narrativa tinha de fato acontecido com
visto no conto. alguém.
Professor, oriente os alunos a repararem que o mundo possí-
vel construído pelo narrador do conto está fora dele mesmo 5. Com seus colegas, reflita e responda oral-
e, em Cantiga de esponsais, é um retrato do mundo real. mente às seguintes questões sobre Cantiga
de esponsais:
No conto que lemos, o espaço tem grande
importância para entendermos melhor a per- a) Em que ano ocorre a narrativa? Se os
sonagem principal, o mestre Romão. acontecimentos são uma invenção de
um mundo possível, imaginado pelo
A cantiga de mestre Romão narrador, por que se pôs a data no
texto?
Responda às questões a seguir no caderno. 1813. A data reforça a sensação de veracidade que o autor
quer conferir ao conto. Note que está sendo trabalhado, com
1. Como é o espaço em que vive mestre Ro- o aluno, o conceito de verossimilhança, embora não se te-
mão? Descreva-o. nha definido o termo.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

b) Qual a duração do tempo cronológico mas vazia, como a sua casa, impedia-o de ser
dos acontecimentos desde a missa can- um artista completo. É comum encontrarmos,
tada até a morte de mestre Romão? nos textos de Machado, essa recusa do ídolo,
Seis dias. do homem perfeito. Para Machado, todos te-
mos algo de bom e algo de mau.
c) Na parte final do conto, mestre Romão
está muito aflito. Ele tenta compor a A partir dos conhecimentos adqui-
cantiga, mas a inspiração não vem. ridos nesta Situação de Aprendiza-
Nesse momento, o narrador se demora, gem, escreva um conto tradicional.
contando com detalhes tudo o que está Para isso, siga estes critérios para auxiliá-lo na
acontecendo. O ritmo é lento, como a elaboração do trabalho:
sensação de angústia de mestre Romão.
Ao assim fazer, o narrador está valori- ff valorização do tempo e do espaço na
zando o tempo cronológico ou o psico- narrativa;
lógico? Por quê? ff presença de um narrador, em primeira
O tempo psicológico: o narrador utiliza-se de um ritmo ou terceira pessoa;
lento, bem de acordo com a sensação de desespero sen- ff uso da norma-padrão da língua portu-
tida pelo mestre Romão, pois o passar do tempo apenas guesa;
denuncia a incapacidade criativa do personagem. ff organização e limpeza na apresentação
do trabalhoa.
Machado de Assis se dirige às leitoras. Po- Professor, essa produção de texto é bastante complexa, por
deríamos pensar nas moças e senhoras do Rio tratar-se de gênero literário. Nesse sentido, tendo em vista as
de Janeiro do final do século XIX que liam pe- orientações dadas, estimule os alunos a tentar materializá-las,
quenas narrativas nas revistas que circulavam já pressupondo ser uma proposta de produção escrita espe-
à época. A maior parte dessas mulheres lia ape- cialmente desafiadora.
nas para se distrair, sem desejar aprofundar-
-se muito em filosofia ou psicologia humana. Depois que o professor corrigir o conto
Machado cria uma narrativa aparentemente tradicional escrito, o texto será devolvido a
romântica: um homem paralisado em sua ca- você. Reescreva-o seguindo as orientações da-
pacidade criativa por haver perdido a mulher das e devolva-o ao professor para a correção
amada. Muitas leitoras ficariam satisfeitas só final.
com essa leitura. Outras, porém, enxergariam
que, por trás das ações das personagens, se Escreva, no caderno, um e-mail
esconde um olhar irônico sobre a existência para seu professor. Nele você iden-
humana. Muitos estudiosos de Literatura têm tificará os conteúdos vistos neste
apreciado essa característica de Machado de volume, os que você entendeu bem e aqueles
Assis. Observe que em Cantiga de esponsais, a que deverá estudar de novo para compreendê-
felicidade está onde a vida acontece, não onde -los melhor. Explique também o que pretende
queremos que ela aconteça. A realização pes- fazer em seus estudos futuros para conseguir
soal está muito além da opinião da sociedade. melhores resultados.
Mestre Romão era socialmente muito valori- Professor, essa é mais uma atividade de avaliação formativa,
zado, como se fosse um mito, mas não se sen- para engajamento dos estudantes e material de pesquisa para
tia realizado como pessoa. Sua vida correta, suas futuras intervenções.

a
Situação de aprendizagem adaptada de: LANDEIRA, J. L. Quando as palavras resolvem fazer arte. In: MURRIE, Z. F.
(Coord.). Linguagens, códigos e suas tecnologias: livro do estudante. Ensino Médio. Brasília: MEC/Inep, 2002. p. 89-95.

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Expectativas de aprendizagem e grade de mais do que isso, construir cultura e conheci-
avaliação mento, o que, muitas vezes, está para além de
conteúdos.
Ao final deste tema, os alunos devem mos-
trar que conseguiram desenvolver as compe- Excetuando as habilidades específicas da
tências e habilidades descritas no quadro das escrita que desejamos ter desenvolvido nas
Situações de Aprendizagem. diversas atividades de produção textual fei-
tas até aqui neste Caderno (tanto em grupo
Ao final deste Caderno, há uma pergunta como individualmente), desejamos que o
a ser respondida pelo professor: meu aluno aluno tenha desenvolvido as seguintes habi-
compreende como a linguagem o constitui lidades básicas:
como indivíduo, tanto subjetiva como social-
mente? ff concatenar ideias-chave na elaboração de
uma síntese;
Essa é a grande questão centralizadora da ff interpretar textos expositivos e informati-
atividade de avaliação que findará o Caderno. vos respeitando as características próprias
do gênero;
Observe que o ato de escrita é processual, ff valorizar a identidade histórico-social pos-
assim como o aprendizado. Por isso, duas es- sibilitada pela língua portuguesa;
tratégias devem ser levadas em conta no proces- ff relacionar o uso da norma-padrão às dife-
so avaliativo: 1) a repetição de conteúdos com rentes esferas de atividade social;
grau de dificuldade crescente, o que permite ff reconhecer características básicas dos tex-
retomar e aprofundar conhecimentos, compe- tos literários, narrativa e poema.
tências e habilidades; e 2) critérios claros e co-
nhecidos pelo aluno no processo de avaliação. Considere os diferentes conteúdos traba-
lhados neste Caderno e recorra às anotações
O que será avaliado no texto do aluno? feitas no correr das atividades para responder
às seguintes perguntas:
É importante que se priorizem a adequação
ao gênero solicitado, a partir das característi- ff O aluno encontra as palavras-chave em um
cas ensinadas em sala de aula, a adequação ao texto? Relaciona essas palavras à ideia-cha-
tema proposto e a coerência na transmissão ve do texto? Sintetiza um texto expositivo
dos conhecimentos. seguindo as estratégias desenvolvidas?
ff O aluno reconhece as especificidades
Desperte seu olhar no sentido de coletar, próprias do texto expositivo? Procura
em todo o processo de ensino-aprendizagem, construir estratégias de interpretação, de
indícios de tensões, avanços e conquistas; in- acordo com a aprendizagem desenvolvi-
terprete esses indícios para compreender as da? Ou limita-se a reproduzir o que leu
dificuldades apresentadas pelos alunos, bem sem reflexão? Procura identificar suas
como para orientar suas metas, estabelecer no- dificuldades?
vas diretrizes, propor atividades alternativas. ff Como o aluno reconhece a língua portu-
Situe o aluno no processo de ensino-aprendi- guesa como parte fundamental da comu-
zagem, promova a atitude de responsabilidade nidade transnacional lusófona? Reconhece
pelo aprendizado no indivíduo. Aprender não a variação como um elemento constitutivo
é colher informações transmitidas pelo profes- da língua portuguesa? Mostra uma atitude
sor, mas processá-las, transformá-las em algo, de respeito e disponibilidade para a com-

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

preensão ao lidar com outras variantes da ff Aproxima-se do texto literário narrativo


língua portuguesa? pro­curando construir sentido? Faz uso, para
ff Reconhece que as classes gramaticais parti- esse fim, dos diferentes elementos constitu-
cipam na construção do sentido expressivo tivos da narrativa literária? Supera o senso
do texto, particularmente, em textos poéti- comum no que respeita à leitura literária,
cos? Apresenta uma atitude de adequação não procurando apenas a solução mais cô-
de sua variedade linguística às diferentes moda de interpretação, mas questionando o
realidades sociais? texto e buscando a pluralidade de sentidos?

Proposta de questões para aplicação em avaliação


Sugerimos a seguinte avaliação final: de partida para responder às questões pro-
Use o texto a seguir apenas como ponto postas.

Os jovens brasileiros têm fé em seu potencial de mudar o mundo. Nada menos que 58% deles acre-
ditam, e muito, nesse ideal – é o que mostra uma pesquisa recém-concluída com 3.500 pessoas de 15
a 24 anos de 198 cidades. Patrocinado por várias instituições, tendo à frente o Instituto Cidadania, o
estudo Perfil da Juventude Brasileira radiografa o modo de vida e as expectativas dos 34 milhões de
cidadãos do país nessa faixa etária [...]. Os dados, contudo, revelam que as mudanças almejadas pelo
jovem de hoje são diferentes daquelas pelas quais as gerações passadas lutaram. Enquanto seus pais
queriam revolucionar a política e os costumes, a juventude de agora já não precisa combater a dita-
dura nem se sente sufocada pela família. Ela está mais à vontade com os códigos sociais e as tradições
à sua volta: 99% acreditam em Deus e 60% nem pensam em sair da casa paterna. Seriam esses sinais
de que se trata de uma geração conservadora? Os pesquisadores discordam. “Os rebeldes de todas as
épocas são uma minoria. Se fosse feita uma comparação com a média dos jovens de épocas passadas,
descobriríamos provavelmente que os de hoje têm a cabeça mais aberta”, diz o cientista político Gus-
tavo Venturi, coordenador da pesquisa. O que se pode afirmar com certeza é que se está diante de uma
geração que trocou a utopia pelo pragmatismo. Os jovens não são mais arrebatados por grandes ques-
tões de ordem, na linha capitalismo versus comunismo ou rebeldia versus caretice. De olho no futuro,
estão mais interessados naquilo que pode afetar sua felicidade de forma concreta. Não à toa, acham
que a educação é muito importante. E preocupam-se com os fatores que podem ameaçar seus sonhos:
a violência, da qual são as maiores vítimas, e o desemprego, capaz de minar a conquista da autonomia.

(...)
Veja jovens, São Paulo, jun. 2004. Edição especial.

1. Identifique a alternativa que contém ape- d) jovens – violência – cidades – pesquisa.


nas as palavras-chave do texto.
e) pais – cientista – Brasil – capitalismo.
a) desemprego – mudanças – futuro – inte- Habilidade principal de leitura/escrita a ser desen-
resses. volvida: concatenar ideias-chave na elaboração de uma
síntese.
b) futuro – Brasil – comunismo – rebeldia.
2. Qual das alternativas a seguir serviria para
c) jovens – Brasil – futuro – interesses. ser título da notícia?

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a) a juventude de agora já não precisa Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvol-
combater a ditadura. vida: valorizar a identidade histórico-social possibilitada pela
língua portuguesa.
b) os jovens se preocupam com a violência
e têm interesses. 4. Observe:

c) o futuro é pensado pelos jovens de todo Lúcia está namorando Paulo. Ela o acha
o mundo. “um gato”. Hoje, eles estão fazendo dois me-
ses de namoro firme. Assim que acabam as
d) o cientista político Gustavo Venturini é aulas, Lúcia o encontra e, ao vê-lo, exclama:
coordenador de pesquisas.
a) “Paulo, como você é lindo!”
e) uma geração sonhadora, mas também
realista, pensa no seu futuro. b) “Paulo, como você é formoso!”
Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvi-
da: interpretar textos informativos, respeitando as caracterís-  ual das duas possibilidades seria mais
Q
ticas próprias do gênero. apro­priada? Por quê?
Resposta esperada: o importante desta questão é a justifi-
3. O que é lusofonia? cativa do aluno, que deve relacionar a escolha linguística do
adjetivo (“lindo” ou “formoso”) à situação de uso. Acredita-
a) a capacidade de narrar contos em pri- mos, no entanto, que a expressão “Paulo, como você é lindo!”
meira pessoa em português. seja mais apropriada ao contexto dado.
Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvol-
b) a variedade de língua portuguesa consi- vida: relacionar o uso da norma-padrão às diferentes esfe-
derada pela sociedade como a que deve ras de atividade social.
transmitir informações importantes.
5. Que relação há entre comunicação e mí-
c) o conjunto de atividades centradas na dia? Que diferenças existem entre a comu-
crítica aos costumes colonialistas por- nicação na mídia e a comunicação poética?
tugueses que produziram a escravidão Resposta esperada: o objetivo desta questão é permitir que
no Brasil. o professor compreenda o quanto o aluno vê a mídia como
um conjunto de tecnologias específicas usadas por uma insti-
d) o conjunto de identidades culturais e tuição para proporcionar comunicação humana. É importan-
linguísticas existentes em países falantes te que o aluno perceba a oposição que se levanta entre uma
de português. comunicação voltada para as massas e a comunicação voltada
para o aprofundamento íntimo promovida pelo poema.
e) o estilo de escrever, próprio de autores Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvol-
importantes como Fernando Pessoa e vida: reconhecer características básicas dos textos literários,
Machado de Assis. narrativa e poema.

Proposta de situações de recuperação

Professor, identifique, de acordo com as cias que orientam todo o trabalho desta obra,
cinco habilidades básicas trabalhadas neste quais as reais necessidades de recuperação de
volume até o momento e as cinco competên- seu aluno.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Ao final destes trabalhos, espera-se que o monstra esse reconhecimento por meio dos
aluno consiga reconhecer a linguagem verbal comentários que faz? Ou é preconceituoso
como instrumento de interação e expressão do para com “sotaques” e “dialetos” da língua
pensamento em textos informativos e exposi- portuguesa?
tivos. Deseja-se também que o aluno possa
aproximar a linguagem verbal das não verbais Relacionar o uso da norma-padrão às dife-
e valorizar a adequação verbal de acordo com rentes esferas de atividade social.
as situações de uso.
ff Procura adequar o texto produzido às di-
Assim, para cada habilidade principal, per- ferentes situações sociais propostas, tais
gunte-se: como “mural” e “exposição de fotojorna-
lismo”? Associa classificação gramatical a
Concatenar ideias-chave na elaboração de seu uso expressivo nos textos?
uma síntese.
Reconhecer características básicas dos tex-
ff O aluno sabe distinguir palavras de ideias- tos literários, narrativa e poema.
-chave? Reconhece o processo de iden-
tificação das palavras-chave? Recupera ff Distingue poema de poesia? Distingue tex-
a ideia-chave de um texto? Elabora uma to em prosa de texto em verso? Identifica,
síntese com suas palavras, demonstrando em uma narrativa, os principais elementos
compreensão do que leu? que a constituem? Demonstra uma atitude
de leitor diante desses textos ou transfere
Interpretar textos expositivos e informati- toda a responsabilidade de interpretação
vos respeitando as características próprias do para o professor?
gênero.
Elabore, também, um pequeno questioná-
ff Distingue um texto expositivo de um texto rio para a classe que facilitará suas estratégias
informativo? Identifica e reconhece contex- de recuperação.
tos de circulação social desses dois tipos
textuais? Demonstra atitudes diferencia- Em relação ao que foi estudado até agora,
das de leitura diante dos diferentes gêneros que conteúdos:
textuais? Demonstra, na produção textual,
o conhecimento das características dos gê- 1. Foram agradáveis de estudar? Por quê?
neros textuais expositivos e informativos
estudados? 2. Foram pouco interessantes? Por quê?

Valorizar a identidade histórico-social pos- 3. Eu compreendi tão bem que poderia


sibilitada pela língua portuguesa. explicá-los para um colega sem proble-
mas?
ff Mostra atitude de aceitação e diálogo
diante de textos portugueses e africanos 4. Eu gostaria que fossem explicados de
escritos em português ou rejeita-os e de- novo porque eu não os consegui enten-
sanima diante da perspectiva de ter de der bem?
interpretá-los? Reconhece nas diferentes
variantes da língua portuguesa parte de Utilize-se das respostas a essas perguntas
uma mesma realidade de linguagem? De- para elaborar estratégias de recuperação ime-

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diata, de acordo com as necessidades específi- a) palavras-chave;
cas de sua turma. Seguem algumas sugestões:
b) variação linguística;
Caso você verifique que o aluno ainda não
conseguiu incorporar os conceitos e conteúdos c) a importância de se ter ou não um título;
especificados, propomos solicitar a esse aluno
que traga outros exemplos de comunicados, d) opinião sobre o formato geral do texto.
como panfletos de supermercado, de ONGs
etc. Peça-lhe que identifique, nos seus aponta- Se as dificuldades girarem em torno da lin-
mentos, quais as reais dificuldades que encon- guagem literária, peça a esse aluno que traga
trou e que as estude. Talvez seja interessante um poema de um dos seguintes poetas da lín-
verificar se os alunos dispõem em seus cadernos, gua portuguesa: Cecília Meireles, Fernando
de todos os conteúdos construídos até aqui. Se Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Ma-
esse não for o caso, eles terão de completar tais noel de Barros, Lêdo Ivo ou Manuel Bandei-
conteúdos, provavelmente, com a ajuda de um ra, que tenha como tema a construção da
colega que esteja com as anotações em dia. Fi- identidade do indivíduo por meio da lingua-
nalmente, peça-lhes que escrevam um parágra- gem. Peça-lhe que escreva um texto expositivo
fo de até dez linhas, explicitando: explicando o poema.

Recursos para ampliar a perspectiva do professor


e do aluno para a compreensão do tema

Se for conveniente, você pode usar os seguin- Nunca te vi, sempre te amei (84 Charing Cross
tes recursos para aprofundar o assunto da aula: Road)
Com Anne Bancroft e Anthony Hopkins. Di-
Filmes reção: Geoffrey Helman. Grã-Bretanha, 1986.
100 min.
A casa do lago (The Lake House) O filme aborda um delicado amor a distância en-
Com Sandra Bullock e Keanu Reaves. Dire- tre a norte-americana Helene, que compra livros
ção: Alejandro Agresti. EUA, 2006. 99 min. por correspondência em uma livraria de Lon-
Kate e Alex trocam correspondência, pois dres, e Frank, o dono da loja. Por meio de cor-
moram na mesma casa, mas ele em 2004 e ela respondência, eles iniciam uma longa amizade.
em 2006. Sem a preocupação de resolver o
problema do tempo, as personagens se apai- Terra estrangeira
xonam apenas pelo contato através de cartas. Com Fernanda Torres, Alexandre Borges e
Laura Cardoso. Direção: Walter Salles. Brasil,
A marvada carne Portugal, 1995. 100 min.
Com Fernanda Torres. Direção: André Klotzel. Paco, após a morte de sua mãe, decide deixar
Brasil, 1985. 80 min. o Brasil. Para isso, aceita levar um objeto con-
Agradável comédia que mostra as aventu- trabandeado para Lisboa. Lá, se envolve em
ras de Carula, autêntica caipira, que tem um mais confusões e peripécias.
grande sonho na vida: se casar. E para isso ela
está disposta a tudo para conquistar o cora- Livro didático
ção de Quim, que só quer saber de comer um
bom churrasco. É importante também valorizar o livro di-

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

dático, portanto, ao iniciar a discussão do tema Importante compêndio de estudo das princi-
proposto, peça aos alunos para usarem seus pais dificuldades de leitura dos alunos, com
livros no intuito de fazê-los pesquisar sobre o muitas sugestões práticas de como podem ser
tema, voltando seus olhares para textos que te- superadas.
nham especial foco na interação, por exemplo,
textos com diálogos. VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas
para o ensino de literatura. São Paulo: EPU,
Livros 1989. Estudo e análise da situação do ensino
de literatura na escola brasileira, com impor-
FIORIN, José Luís. Introdução ao pensamento tantes reflexões sobre o que é, efetivamente,
de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006. ensinar literatura.
A obra introduz o leitor no universo bakhti-
niano, clareando muitos conceitos importan- Sites
tes na obra desse autor que tem influenciado
tanto as mudanças de ensino de língua portu- Museu da língua portuguesa
guesa na escola. Um achado no que se refere a curiosidades
sobre a nossa língua, mas também no que
LANDEIRA, José Luís; BARONTO, Luiz diz respeito a textos acadêmicos que poderão
Eduardo. O tempo em gêneros. São Paulo: Sa- aprofundar a sua formação. Disponível em:
lesiana, 2008. <http://www.museudalinguaportuguesa.org.
O tempo é tomado como tema para ser de- br>. Acesso em: 29 maio 2013.
senvolvido em 20 gêneros textuais, literários e
não literários. Releituras
Site com grande variedade de textos literários
SANCHEZ MIGUEL, Emilio. Compreensão e biografias de autores da literatura em língua
de textos: dificuldades e ajudas. Tradução Er- portuguesa. Disponível em: <http://www.relei
nani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2002. turas.com>. Acesso em: 29 maio 2013.

Situação de Aprendizagem 7
Exposição de Fotojornalismo “O Sabor
da Língua Portuguesa”
Esta Situação de Aprendizagem tem por interação social formal. Nesse fundo, emerge a
objetivo desenvolver habilidades que possibili- proposta desta Situação de Aprendizagem, que
tem aos alunos relacionar a linguagem verbal tem como situação-problema a preparação de
e não verbal em espaços de comunicação e uma exposição de fotojornalismo na escola.

Conteúdos e temas: a exposição artística e o uso da palavra; texto expositivo: valor estilístico do verbo.

Competências e habilidades: projetar atividades futuras envolvendo a linguagem; relacionar linguagens


verbais e não verbais, possibilitando transmitir conteúdos que revelem posicionamento crítico e social;
relacionar textos visando a encontrar entre eles a intertextualidade temática; construir expectativas de
progressão textual; elaborar estratégias de leitura e produção de textos expositivos; desenvolver e valorizar
expectativas de leitura.

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Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno e com a preparação e o
conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; preparação de exposição de fotojorna-
lismo a partir da construção gradual do conceito, por meio de discussão e sistematização dos temas
discutidos.

Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; fotografias e textos de livros extra-
classe.

Sugestão de avaliação: produção de texto expositivo; produção de texto coletivo; revisão de atividades
feitas; projeto de exposição fotojornalística.

Sondagem Além disso, dá-se início, dessa maneira, a uma


breve e significativa discussão sobre o Barro-
A escolha adotada no Caderno do Aluno co, que poderá ser ampliada pela utilização
permite que se aprofunde, paralelamente, o te- adequada do livro didático. Observe que os
ma do Barroco. As reproduções artísticas com mesmos objetivos permeiam a inclusão do so-
que abrimos esta Situação de Aprendizagem neto Buscando a Cristo, de Gregório de Matos.
no Caderno do Aluno apresentam-nos o tema Finalmente, a análise é polemizada pela com-
Cristo carregando a cruz, conforme interpreta- paração com as imagens fotográficas atuais,
do por três grandes mestres da arte: o holan- sugeridas ou apresentadas mais adiante. Para
dês Jan Sanders van Hemessen (1500-1566); o este caso, escolhemos a de Carol Quintanilha,
grego Domenikos Theotokopoulos, o El Gre- embora outras imagens também possam ser
co (1541-1614); e o brasileiro Antônio Fran- utilizadas.
cisco Lisboa, o Aleijadinho (1730/38?-1814);
O objetivo da atividade, ao observá-las, não é A partir da observação das imagens e de
discutir aspectos religiosos, mas investigar re- breve contextualização de cada uma, discuta
lações de semelhança e diferença entre elas. com seus alunos:

ff Em qual delas a cruz parece ser mais difícil de ser carregada?


ff Qual a relação entre o retrato do Cristo e o observador da obra?
ff Em quais delas o cenário é parte importante da obra?

Depois, avance sua investigação, tendo por base estas questões:

ff O que a obra me diz sobre o tema abordado? Qual delas me impressiona mais?
ff De que modo as expressões de Cristo revelam sentimentos como dor, confiança em Deus, desejo de
dialogar com a humanidade, dignidade etc.?

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

© Superstock Fineart/Glow Images

© Superstock Fineart/Glow Images (detalhe)


Jan Sanders van Hemessen. Cristo carregando a cruz Detalhe da imagem ao lado.
(1553). Museu Cristão, Esztergom, Hungria.
© Prado, Madrid, Spain/The Bridgeman Art Library/Keystone

© Alex Salim

El Greco. Cristo carregando a cruz (1590-1595). Aleijadinho. Cristo carregando a cruz (1796-1799).
Museu do Prado, Madri, Espanha. Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas
(MG).

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Professor, como atividade de pré-leitura, oriente os alunos a
compreendê-la como exercício de análise de texto não ver- A vós correndo vou, braços sagrados,
bal, que será traduzida com palavras. Ressalte, ainda, a impor- Nessa cruz sacrossanta descobertos;
tância de prestar atenção nos detalhes das imagens. Que para receber-me estais abertos,
E por não castigar-me estais cravados.
1. Identifique e escreva, em seu caderno, a que
obras se aplicam os seguintes comentários: A vós, divinos olhos, eclipsados,
De tanto sangue e lágrimas cobertos,
I. O rosto demonstra dignidade e fé. A Pois para perdoar-me estais despertos
cruz parece não pesar: ela é mais aca- E por não condenar-me estais fechados.
riciada pelas mãos do que carregada.
A face iluminada, com o olhar volta- A vós, pregados pés, por não deixar-me,
do para o alto, parece estar em oração, A vós, sangue vertido, para ungir-me,
falando com Deus. O cenário reduz-se A vós, cabeça baixa, por chamar-me.
a um fundo de cor escura, como se
Jesus, nessa hora, não pertencesse ao A vós, lado patente, quero unir-me,
nosso mundo, tudo sendo envolto em A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
uma dimensão de mistério divino e in- Para ficar unido, atado e firme.
sensatez humana.
MATOS, Gregório de. Buscando a Cristo. In: ______.
Gregório de Matos: poesia lírica e satírica. 3. ed. São
II. Os detalhes dão uma forte impressão Paulo: Núcleo, 1996.
de movimento. A obra capta um mo-
mento, como um flash breve da exis-
tência de Cristo, que aparece cansado e O poema de Gregório de Mattos apresenta Cristo já crucifi-
sofrido; afinal, ele carrega em si todo o cado, enquanto as reproduções tratam de Cristo a caminho
sofrimento humano. Seu olhar preocu- do Calvário. O fundo de dor e de mistério divino, no entanto,
pado parece atravessar-nos – o público permanece e torna-se uma chave importante para a leitura.
–, perdendo-se em algum ponto do es-
paço para além de nós.
Conheça melhor o autor da obra:
III. O Cristo sereno e cansado olha para Gregório de Matos e Guerra nas-
aquele que vê a cena quase conversan- ceu em Salvador, em data incerta
do com ele. Ao redor, o cenário deixa (muitos acreditam 1636), vindo a falecer em
claro o contraste entre a superioridade 1696. De família de posses, foi advogado e
do gesto divino e a insensatez humana: poeta. Além da poesia satírica, que o tornou
a multidão se comprime no espaço fí- conhecido como o Boca do Inferno, pois não
sico. Os rostos lembram caricaturas poupava ninguém, escreveu belos poemas re-
grotescas, reforçando o contraste com ligiosos. É considerado o maior poeta barro-
a face idealizada do Cristo. co do Brasil.
I. Reprodução 2 (El Greco);
II. Reprodução 3 (Aleijadinho);
III. Reprodução 1 (Hemessen). 2. As obras de arte que consideramos, inclu-
sive o poema, apresentam traços do mo-
1. Que diferenças e semelhanças você mento histórico-artístico chamado Barro-
encontra entre as reproduções artís- co. Identifique as características comuns a
ticas analisadas e o poema a seguir? essas obras:

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

a) preferência pelos contrastes, como, por Exiba a fotografia. Observe que a foto
exemplo, claro/escuro, digno/grotesco, divide o espaço em dois planos: no inferior,
espírito/matéria etc. sobram sacas de café, que, sabemos, serão
carregadas manualmente para os cami-
b) gosto por cenas e situações que expres- nhões. No plano superior, trabalhadores
sem calma e tranquilidade. braçais realizam o seu trabalho. O ambiente
é interno e raios de sol filtrados incidem so-
c) predomínio do emocional sobre o ra- bre eles, conferindo à imagem um ar trans-
cional. cendente, quase religioso, em que as figuras
humanas ganham aspectos de divindade
d) composição dinâmica e tensa, mesmo por meio do trabalho. Nesse caso, Sebas-
ao procurar a calma. tião Salgado diz-nos por imagens que o tra-
balho dignifica o homem. O público que
e) valorização da natureza e de temas rela- assiste a tudo não participa dessa esfera di-
cionados ao campo. vina, a não ser por contemplação. Entre o
plano quase sagrado do duro trabalho bra-
Anteriormente, na Situação de Aprendiza- çal e o público, sacas de café os separam,
gem 3, trabalhamos em torno do projeto jor- trabalho a ser feito não pelos que o veem,
nalístico “O sabor da língua portuguesa”, ela- mas pelos que estão lá, do outro lado, longe
borando as fotos e as legendas que serão ex- de nós. Assim, você pode orientar seu diálo-
postas no decorrer das próximas atividades. go com os alunos partindo das seguintes
questões:
Lembramos que o objetivo é “fotografar” um
espaço que possibilite um olhar crítico, que não ff O que as pessoas na foto estão fazendo?
aceite as injustiças sociais, especialmente aquelas ff Quais os dois planos em que se divide a fo-
que desvalorizam a riqueza plural da nossa lín- tografia?
gua. Para isso, propomos que se parta de uma ff O que sugerem os raios de sol incidindo so-
fotografia jornalística que tenha na “denúncia bre o grupo?
social” o seu foco central. Sugerimos Allana ff Qual é a importância das sacas de café nessa
coffee curing worksa, de Sebastião Salgado. fotografia?

Peça aos alunos sugestões de como com-


Para você, professor! pletar a legenda da foto.

Consulte o site antes de realizar a ativida- Outras fotos podem ser usadas. Muitas são
de. Há outras opções de fotografias que po- encontradas na internet, por exemplo, no site
derão ser usadas, embora elas, provavelmen- <http://www.flickr.com> (acesso em: 29 maio
te, exijam adaptações para a atividade aqui 2013). Sugerimos a Colheita de sisal b, de Ca-
proposta. rol Quintanilha, presente também no Cader-
no do Aluno.

a
Disponível em: <http://www.fao.org/spanish/newsroom/field/042005_salgado_photo_gallery/salgado3.htm>. Acesso em: 29 maio 2013.
b
Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/quintacarol/1714027304/>. Acesso em: 29 maio 2013.

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1. Observe agora a foto a seguir.

Ao analisá-la, reflita: O que o garoto da foto está fazendo? Que lugar ele ocupa no cenário? Que re-
lação há entre o espaço e a personagem? Que relações há entre as reproduções artísticas anteriormente
examinadas e esta foto? O que esta fotografia comunica a você?
© Carol Quintanilha

Colheita de sisal.

O importante é analisar detalhadamente as características da foto e procurar construir sentido a partir de seus diferentes ele-
mentos. Em Colheita de sisal, não deixe de notar as semelhanças entre o menino (trabalho infantil) carregando o sisal e a ima-
gem clássica da tradição cristã de Jesus carregando a cruz. Temas associados ao barroco podem ser desenvolvidos, em especial
aqueles que abordam o jogo entre contrastes.

2. Responda no caderno:

a) Embora não se trate de um tema do discurso religioso, a foto de Carol Quintanilha nos
faz pensar nas reproduções que examinamos com o tema Cristo carregando a cruz. Que
semelhanças e diferenças você encontra entre esses trabalhos?
Nos dois temas, apresenta-se uma flagrante injustiça, reforçada pela relação entre o grotesco da cena e a dor expressa no olhar.
Nas pinturas e na escultura, Cristo carrega uma cruz; na fotografia, um menino carrega um feixe de sisal.

b) Ao aproximar o discurso do trabalho do discurso religioso, que efeitos de sentido fo-


ram obtidos pela obra de Carol Quintanilha?
Denuncia-se a injustiça do trabalho infantil, comparando-a à trajetória de Cristo, desde a infância até o sacrifício que fez pela
humanidade.

Roteiro para aplicação da Conceito da exposição de fotojornalismo:


Situação de Aprendizagem 7 foto, legenda e projeto.

ff A exposição de fotojornalismo e o uso da ff Texto expositivo: valor estilístico do verbo


palavra Análise do valor expressivo do verbo, em

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

especial o Presente do Indicativo no texto ex- permite valorizar as expectativas que ele gera.
positivo. O Caderno do Aluno desenvolve essas Isso reforça a importância do título no texto e
aproximações. a necessidade de que suas diferentes partes se
articulem adequadamente entre si.
Nosso primeiro objetivo é desenvolver o
conceito de “exposição”, ao mesmo tempo Noticiando a exposição!
que aprofundaremos esse gênero textual.
A seguir, vamos analisar uma notícia inti-
Leia o texto a seguir com os alunos. Ele tulada Flashes da história. Trata-se de um tex-
aparece propositadamente “fatiado”, com o to publicado no Guia da Secretária Municipal
objetivo de desenvolver estratégias de leitura de Cultura, o qual divulga algumas das prin-
do texto expositivo. Ao mesmo tempo possibi- cipais atividades culturais da cidade.
lita organizar, relacionar e interpretar informa-
ções para tomar decisões que permitam a cons- 1. O que o título Flashes da história sugere
trução de expectativas de progressão do texto. a você? Que expectativas de leitura se for-
mam em sua mente?
Intercale partes do texto com as reflexões, Como explicado, uma discussão inicial sobre o título com
mas, ao final, peça a alguns alunos que leiam seus alunos, antes da leitura do texto, permite valorizar as ex-
o texto todo em voz alta. Durante a leitura, pectativas que ele gera. Sugerimos que faça isso a partir do
ajude-os a melhorar o tom de voz, o ritmo título do texto. Desse modo, reforça a importância do título
dialogante de leitura e a postura do corpo. no texto e a necessidade de que as diferentes partes do texto
se articulem adequadamente.
Observe que, antes da leitura do texto, uma
discussão inicial com eles a respeito do título 2. Leia, agora, o texto:

Flashes da história
Exposição de fotojornalismo Diálogos EUA-Brasil: Um olhar fotográfico sobre 50 anos de história,
em cartaz na Galeria Olido, relembra fatos e personalidades marcantes dos dois países.

O que o jogador brasileiro Pelé e o americano Michael Jordan teriam em comum? Por terem sido
considerados, por muitos especialistas, os melhores atletas de todos os tempos em suas modalidades,
tiveram suas imagens frequentemente estampadas nos principais jornais de todo o mundo. Por essa
razão, foram escolhidos para compor a exposição Diálogos EUA-Brasil: Um olhar fotográfico sobre 50
Anos de história.
Em cartaz na Galeria Olido a partir do dia 10, a mostra, patrocinada pelo Programa Fullbright, faz
um paralelo entre a produção brasileira e norte-americana de fotojornalismo das últimas décadas. Os
trabalhos selecionados ocupam as páginas de publicações como O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo,
O Globo, The New York Times e The Washington Post. Muitos deles integram também os acervos da
Agência de Fotojornalismo Magnum, Arquivo Nacional americano e The Associated Press.
Com 120 imagens coloridas e em preto e branco, de autoria de fotógrafos renomados como Jorge
Araújo, Victor Jorgensen, Matt Zimmerman e Justin Newman, serão relembrados momentos e perso-
nalidades dos dois países. Segundo João Kulcsár, curador da mostra, “nos últimos anos, vários fatos
vividos em conjunto, ou separadamente, reforçam a proximidade entre o Brasil e os Estados Unidos”.
Para facilitar a compreensão, os trabalhos serão agrupados em seis temas: Herança comum; Política;

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Emoção, força e paixão; Cidadania; Cultura; e Meio ambiente. Por meio deles, o público poderá, por
exemplo, comparar registros das heranças europeias, africanas e indígenas; momentos de conquista dos
cidadãos, como os Movimentos das Diretas Já, no Brasil, e dos Direitos Civis, nos Estados Unidos; os
presidentes depostos Nixon e Collor; flagrantes de artistas e esportistas, como Frank Sinatra, Chico
Buarque e Ayrton Senna; a preocupação comum com a preservação da natureza.

Galeria Olido – 1o pavimento. Centro. Dia 10/11, 15h (abertura).


De 11/11 a 30/12. 3a a sáb., das 12h às 21h30.
Dom., das 12h às 19h30. Grátis.
Em cartaz – Guia da Secretaria Municipal de Cultura. São Paulo. Prefeitura da Cidade de São Paulo – Secretaria da Cultura,
n. 7, p. 54-55, nov. 2007.

Analise, a seguir, o lide do texto: Professor, foram sugeridas três leituras: o texto, seu lide (re-
leitura) e uma definição de lide. Tendo em vista que o aluno
responderá às questões sobre o texto principal, planeje sua
Exposição de fotojornalismo Diálogos forma de ler com eles: Partirá do lide, perguntando do que
EUA-Brasil: um olhar fotográfico sobre 50 se trata? Lerá o texto e depois falará do lide? Lerá o conceito
anos de história, em cartaz na Galeria Olido, para eles? Veja o caminho que lhe pareça melhor.
relembra fatos e personalidades marcantes
dos dois países. 3. Responda no caderno:

a) Que relações se estabelecem entre esse


primeiro parágrafo (também chamado
de lide) e o título do texto?
Aprofundando conhecimentos Observe que o termo flashes tanto faz referência a fotogra-
fias – muitas vezes feitas com o recurso do flash – como, em
O lide tem por objetivo introduzir o leitor sentido figurado, a episódios da história.
na reportagem e despertar seu interesse pe-
lo texto já nas linhas iniciais. Pressupõe b) Qual o exemplo apresentado no primei-
que qualquer texto publicado no jornal ro parágrafo?
disponha de um núcleo de interesse, seja Há referências a Pelé e Michael Jordan, considerados os me-
este o próprio fato, uma revelação, a ideia lhores atletas de todos os tempos em suas modalidades: um,
mais significativa de um debate, o aspecto brasileiro; o outro, estadunidense.
mais curioso ou polêmico de um evento ou
a declaração de maior impacto ou origina-
c) Qual o objetivo de se apresentar esse
lidade de um personagem. [...]
exemplo?
Por ser uma síntese da notícia e da repor-
Introduzir a proposta da exposição anunciada.
tagem, não existe, no entanto, um modelo
para a redação do texto do lide. Não pode
ele ser realizado de maneira automática, d) O terceiro parágrafo responde a pergun-
com escrita burocrática. tas básicas sobre o acontecimento:

Folha de S.Paulo. Manual da redação. ff Qual a proposta do acontecimento?


São Paulo: Publifolha, 2001.
ff Onde ocorre?

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

ff Quando ocorre? I. Segundo o texto, o que aproxima os


Uma mostra fotográfica ocorre na Galeria Olido a partir diferentes trabalhos expostos?
do dia 10. Não se menciona o mês, o que nos faz pensar O tema da exposição que perpassa todos os trabalhos
que deve ser no momento em que o texto circula na so- expostos, aproximando-os.
ciedade.
II. Como planejar uma exposição de fo-
e) Qual a finalidade do terceiro e do quar- tojornalismo?
to parágrafos dentro do texto? Aproveite para adequar essa pergunta à realidade
Eles fornecem uma descrição do evento. local vivida pela comunidade onde está inserida a
escola.

Compare: III. 
Qual a importância do local onde
ocorrerá a exposição? Deve ser pla-
(1) “vários fatos vividos [...] reforçam a nejado?
proximidade entre o Brasil e os Estados Sim, é muito importante porque ele deve permitir
Unidos” que todos os trabalhos sejam vistos pelo maior nú-
mero de pessoas. Além disso, deve ser adequado ao
com tema proposto e ao público esperado.

(2) “vários fatos vividos [...] reforçaram a 2. Baseada na discussão feita, a classe vai
proximidade entre o Brasil e os Estados elaborar um texto coletivo. Certifique-se
Unidos”. de copiá-lo no caderno.

No texto, isso faria diferença? Por quê?


Sim, pois o verbo no Presente, “reforçam”, aproxima a ação
do interlocutor ao acontecimento. No segundo exemplo, o Para você, professor!
verbo no Pretérito, “reforçaram”, apresenta distanciamento e
término da ação. O que é um texto coletivo?

Os alunos vão dando diversas respostas


à pergunta feita. O professor anota na lousa
Discussão oral as respostas.
Depois, a partir dessas anotações e utili-
1. Tomando como base o artigo Flashes da zando-se das sugestões dos alunos, escreve-
história, procurem definir o que é uma -se uma resposta única. Os alunos, a seguir,
exposição de fotojornalismo. Lembrem- anotam no caderno esse texto produzido
-se das regras que devem orientar uma em conjunto.
discussão em grupo.
Pode ser definida como um conjunto de fotografias,
organizadas a partir de um tema e traços comuns nas Na construção do texto coletivo, aprofun-
técnicas de produção das imagens, expostas à visita- de o uso dos conectivos que permitem a coe-
ção pública. são entre os diferentes pensamentos apresen-
tados pela turma. Utilize também o dicioná-
Durante a discussão, não deixem de res- rio, a fim de diluir quaisquer dúvidas de grafia
ponder às seguintes questões: ou significado dos vocábulos.

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3. Metodologia: Como vocês vão expor as fo-
Para você, professor! tos? Quem vai fazer o que nessa exposição?
Haverá partes orais ou somente escritas?
Cabe decidir a quem será aberta a ex- Esse projeto retoma outro já aplicado: o projeto de reporta-
posição! Talvez seja importante apresentar gem fotográfica. Discuta bastante com os alunos os itens 1, 2
este projeto ao coordenador da escola, na e 3 para que o projeto elaborado seja o mais claro e coerente
ATPC, se possível, em parceria com outro possível.
professor da mesma série.
Outra questão a pensar: onde serão No final, as diferentes respostas serão so-
expostas as fotografias? Novamente, reco- cializadas, servindo de base para a construção
mendamos que converse com o coordena- de um texto único, coletivo, que será a pauta
dor da escola, na ATPC. Sugerimos que da classe para a organização da exposição.
pense na exposição em dois momentos.
Inicialmente, as diversas séries deverão
expor os trabalhos em sala de aula – esta Toda exposição fotojornalísti-
parte é o mínimo obrigatório! As melhores ca é uma apresentação organi-
fotos de cada classe, segundo uma comis- zada a partir de um assunto, a
são instituída pela coordenação – pode- que o público tem acesso por meio de
mos pensar, por exemplo, no Grêmio da explicações orais ou escritas. Lembra-
Escola –, serão exibidas, em conjunto, em mos que a legenda é um pequeno texto
uma exposição aberta a toda a comunida- escrito que explica e amplia a compreen-
de estudantil, ou até local. são da foto, chamando a atenção do lei-
tor para detalhes importantes. A legen-
da não pode resumir-se a repetir aquilo
Depois das respostas para as questões an- que qualquer um vê na fotografia.
teriores, sugerimos que elabore, com sua tur-
ma, uma proposta para expor os fatos. A ati-
vidade indicada é, novamente, a do texto cole- Decida, em conjunto com os alunos, se a
tivo, mas seguiremos, agora, uma outra participação oral complementará as explica-
estratégia. ções escritas. Essas informações escritas apa-
recem, como já vimos na Situação de Apren-
Projeto da exposição dizagem 3, nas legendas das fotos.

Vamos organizar um projeto da exposição.


Segundo a orientação do professor, a classe Para você, professor!
será dividida em grupos, que responderão ao
seguinte questionário: A atividade aqui proposta tem como
objetivo criar condições para que o alu-
1. Objetivo: Que benefícios a exposição trará no desenvolva a habilidade de retornar
para o espectador? Ou seja, o que vocês que- ao texto feito, a fim de melhorá-lo. A ten-
rem atingir com a exposição? dência natural de alguns alunos será dizer
que não há nada a melhorar na legenda que
2. Justificativa: Por que alguém deveria apro- fizeram. Por isso, apresentamos um texto
fundar o tema proposto (O sabor da língua que permite valorizar o papel social da le-
portuguesa)? genda na interação com a fotografia.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Além disso, destaque que desde que as A seguir, retorne à fotografia Colheita de si-
legendas foram feitas até agora, certamen- sal, de Carol Quintanilha. Crie, no caderno, uma
te, houve acontecimentos na vida do alu- legenda para a foto que exemplifique o conteú-
no. Esses acontecimentos mudam a nossa do presente no texto A importância da legenda.
maneira de ser e de pensar. Então, dizer O texto pretende valorizar o papel social da legenda, criando
que não há nada a mudar pode ser deixar uma interação com a fotografia. Neste momento também,
de lado uma oportunidade de refletir e você pode analisar com os alunos o Presente do Indicativo.
verificar as mudanças que ocorreram em Não se trata, naturalmente, de esgotar o assunto, que será
nossa maneira de pensar desde a última retomado nas próximas Situações de Aprendizagem, mas de
vez em que mexemos no texto. Isso poderá apresentar uma recapitulação do tema que permita a reflexão
levar alguns alunos a dizer também que, do uso desse tempo e modo em títulos de notícias e legendas.
desse jeito, estaremos sempre mexendo em
um texto, que ele nunca ficará pronto. E isso 2. O texto a seguir explica o tema de uma ex-
é verdade, embora não signifique que pos- posição ocorrida em São Paulo, mas alguns
samos ficar com o texto o resto da vida em verbos foram retirados. Para cada espaço
nossas mãos, uma vez que o objetivo final vazio, temos três possibilidades. Cabe a
de qualquer texto é o destinatário, mas o você escolher a mais apropriada:
processo de aprender a escrever, esse sim,
é contínuo.
Instalações..................
brincam (1) com conceito
de gravidade
1. Leia o texto a seguir, procurando Produzidas a partir de material tra-
compreender a relação entre o título dicional – a porcelana chinesa –, instala-
A importância da legenda e o texto. ções da artista plástica Heloísa Galvão
ganham
..................... (2) leitura contemporânea
na exposição Terra apresentada a partir do
A importância da legenda dia 24, às 14h, na Capela do Morumbi. A
mostra .........................
reúne (3) peças suspen-
A legenda de uma foto normalmente sas que .....................
sugerem (4) a reflexão sobre a

procura ser neutra e informativa: uma data, aparente fragilidade de suas formas em de-
trimento da densidade do material que as
um lugar, nomes. Uma foto sobre um aten-
compõe
........................ (5).
tado terrorista, por exemplo, não teria a
De acordo com a artista, enquanto a ce-
seguinte legenda: “Não vejo a hora de aca- pontua (6) o conceito de
râmica branca .................
bar com tudo isto!”, e da mesma forma não peso, as imagens construídas...................
evocam
seria apropriado para uma fotografia de (7) leveza. Na nave principal, sete peças –
um homem com a perna engessada: “Este imponentes asas com cerca de três metros –
na certa vai ficar manco!”. espelham (8) a transposição do solo para
..................
Também não há necessidade de a legen- o ar. “Desloco a terra de seu espaço origi-
da mencionar algo como “Eu vi isto acon- nal, o chão, para manipulá-la, ..................
criando
tecer”. Claro que o fotógrafo viu a cena. A brincam
(9) formas que ..................... (10) com a
menos que seja uma mentira. explica
ideia de gravidade”, .................... (11).

Elaborado por José Luis Landeira especialmente para Em cartaz – Guia da Secretaria Municipal de
o São Paulo faz escola. Cultura. São Paulo: Prefeitura da Cidade de São
Paulo – Secretaria da Cultura, n. 7, p. 56, nov. 2007.

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(1) brincão – brincam – brinca legendas? Ou há algo que gostariam de
mudar?
(2) ganhão – ganham – ganha
É bom lembrar que, quanto mais clara esti-
(3) reúne – reúnem – reunirão ver a legenda, mais fácil se tornará qualquer
explicação oral. Além disso, explicar bem não
(4) sujerem – sugerem – sujeriram significa necessariamente explicar muito, e
sim escolher o vocabulário adequado, expres-
(5) compõe – compõem – compuseram sar-se bem, com clareza e concisão.
Professor, oriente os alunos a revisar as legendas, tendo em
(6) pontuaram – pontua – pontuam vista a função do gênero e as análises feitas até aqui.

(7) evoca – evocão – evocam Dando continuidade aos estudos verbais,


recordemos que muitos ensinam ser o Presen-
(8) espelharam – espelharão – espelham te o tempo verbal que indica a ação praticada
ao mesmo tempo em que se fala. Essa não é,
(9) criou – criando – cria contudo, uma definição que abranja toda a re-
alidade do uso do Presente do Indicativo.
(10) brinque – brincam – brinquem
O ponto de partida é que, mais do que in-
(11) esplica – explica – ezplica dicar uma ação no presente, esse tempo verbal
aproxima a ação do interlocutor.
Observe, ao término da atividade, a impor-
tância do uso do tempo Presente neste gênero O uso do Presente do Indicativo
textual, para fortalecer a expressão de verdade
e proximidade entre texto e leitor. 1. Observe o período: Assim que o marido
morreu, a viúva viaja para Londres e arru-
Esta atividade permite que sejam trabalha- ma um namorado.
dos, além de questões ligadas à concordância
e à ortografia, outros aspectos morfossintáti- Sobre esse período, afirmamos:
cos associados ao uso normativo do verbo.
Além disso, na correção, você pode discutir I. Os verbos viaja e arruma estão no Pre-
com os alunos, de acordo com as necessidades sente do Indicativo, já o verbo morreu
locais, alguns aspectos importantes semânti- está no Pretérito Perfeito.
co-pragmáticos do verbo.
II. A ideia de Pretérito transmitida pelo
Revisando a escrita verbo morreu permite que os outros
verbos (viaja e arruma), mesmo no Pre-
Este é o momento de trabalhar a revisão sente, mantenham a ideia de Passado.
da escrita. Algum tempo já se passou desde
que os grupos desenvolveram essa atividade. III. 
Os verbos no Presente nos aproxi-
mam, por assim dizer, do aconteci-
ff Como aplicar as sugestões dadas antes às mento. A viagem da viúva e o novo
legendas feitas? namorado que ela arrumou são ações
ff Depois de tudo o que aprenderam des- muito próximas da morte do marido.
de então, os alunos manterão as mesmas O Presente reforça o nosso espanto,

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

pois mal o marido tinha morrido e ela (  b  ) uma verdade científica é apresentada
já estava viajando e arrumando novos usando o Presente do Indicativo, mos-
amores. trando assim sua atemporalidade, ou
Estão corretas: seja, que ela não fica velha com o tempo.

a) apenas I e II. (  a  ) mudando o advérbio, mudamos o sen-


tido do verbo. Apesar de o verbo estar
b) apenas II e III. no Presente, ele apresenta sentido de
Futuro, e isso é dado pela presença do
c) apenas I e III. advérbio.

d) todas. (  c  ) o verbo tem sentido de Imperativo, su-


avizando a ideia de ordem. Apelando
2. Observe a frase a seguir: para a emoção do consumidor, a frase
publicitária se apresenta como um
Pedro come naquele boteco todos os dias. conselho, induzindo o interlocutor à
ação. Desperta o interesse a fim de es-
 obre ela podemos apropriadamente afir-
S timular o desejo.
mar que o verbo:
Em dia com o vestibular
a) define um hábito: Pedro come todos os
dias naquele boteco. Esse hábito é indica- 4. (Fuvest – 2009)
do pela locução adverbial todos os dias.

b) indica uma ação que ocorre esporadi- Assim se explicam a minha estada de-
camente e não mantém relação com a baixo da janela de Capitu e a passagem de
um cavaleiro, um dandy, como então dizía-
locução adverbial todos os dias.
mos. Montava um belo cavalo alazão, firme
na sela, rédea na mão esquerda, a direita
c) estabelece um sentido de passado, de à cinta, botas de verniz, figura e postura
algo que ocorreu e que talvez não vol- esbeltas: a cara não me era desconhecida.
te a acontecer. Esse sentido é reforçado Tinham passado outros, e ainda outros vi-
pela locução adverbial todos os dias. riam atrás; todos iam às suas namoradas.
Era uso do tempo namorar a cavalo. Relê
d) apresenta uma ação presente, sem rela- Alencar: “Porque um estudante (dizia um
ções com o passado ou com o futuro. A dos seus personagens de teatro de 1858)
locução adverbial todos os dias entra em não pode estar sem estas duas coisas, um
conflito com a ideia presente no verbo. cavalo e uma namorada”. Relê Álvares de
Azevedo. Uma das suas poesias é destinada
3. Estabeleça a relação adequada: a contar (1851) que residia em Catumbi, e,
para ver a namorada no Catete, alugara um
a) João vai para Manaus amanhã. cavalo por três mil réis...

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível


b) A água ferve a cem graus. em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
DetalheObraForm.do?select_action=&co_
c) Aqui você compra mais barato! obra=2081>. Acesso em: 29 maio 2013.

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As formas verbais tinham passado e viriam
traduzem a ideia, respectivamente, de anterio- Para você, professor!
ridade e de posterioridade em relação ao fato Observe que os verbos no Presente do
expresso pela palavra: Indicativo aproximam o evento do leitor.
De uma forma muito sutil, desperta-se, por
a) “explicam”. meio do uso do Presente, o interesse do lei-
tor e estimula-se o desejo.
b) “estada”.

c) “passagem”. 1. Os mesmos grupos que realizaram


as fotos anteriormente devem, ago-
d) “dizíamos”. ra, produzir um texto expositivo se-
guindo o modelo de Flashes da história (o texto
e) “montava”. trabalhado no início desta Situação de Aprendi-
zagem). O texto será usado para fazer a publici-
Se achar oportuno, analise com seus alu- dade do evento junto à comunidade. O quadro a
nos o texto Instalações brincam com conceito seguir apresenta os critérios que orientarão o
de gravidade ou outros textos que apresentem seu olhar e de seus alunos, professor, para os
título de caráter informativo. Questione qual textos. Peça-lhes para assinalarem os itens assim
o sentido no uso do Presente do Indicativo no que terminarem a redação do texto. É impor-
título e no texto. tante que você complete, também, a sua parte:

Opinião do
Minha opinião
professor
Critérios
Está Precisa Está Precisa
o.k. melhorar o.k. melhorar
Presença de informações precisas sobre o que é a
exposição e quando e onde ela ocorrerá.
Correção nas informações apresentadas.
Clareza e coerência das explicações dadas.
Limpeza e boa organização no trabalho.
Preocupação com a intencionalidade comunicativa.
Uso do verbo adequado ao texto proposto.

Professor, explique o que é intencionalidade comunicativa:


trata-se do conjunto de intenções, explícitas ou não, existen-
Para você, professor!
tes na linguagem dos interlocutores que participam de uma É sempre recomendável que o aluno co-
situação comunicativa, por exemplo, a produção de um texto nheça os critérios pelos quais o seu trabalho
escrito. A intencionalidade comunicativa obriga-nos a pen- será avaliado antes mesmo de começá-lo. Pa-
sar em quem fala ou escreve, para quem se fala ou se escreve ra isso, escreva na lousa, de forma bem visí-
e para onde se fala ou se escreve, ou seja, em que lugar o vel, esses critérios..
texto será ouvido ou lido.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

2. Depois de corrigir o texto, devolva-o aos -me, não quero, não quero, mas o vício vem
alunos. Discuta em classe aspectos da escri- vindo a rir, toma-me a mão, faz-me incons-
ta em que todos os alunos devem melhorar. ciente, apodera-se de mim. Estou com a crise.
Peça aos alunos que reescrevam o texto se-
guindo as orientações dadas e devolvam-no A partir desses trechos, o que você espera
para a correção final, com a primeira versão. da leitura do conto? Responda em seu caderno.
É importante que e o aluno conheça os critérios de avaliação Há vários elementos que podem estimular essa pré-leitu-
para que possa revisar seu texto. ra: um amor; uma mudança nesse sentimento; loucura; os
nomes Rodolfo e Clotilde; um “eu” narrador, entre outras
Encontro com a narrativa literária possibilidades. O importante é que o aluno fundamente sua
pré-leitura em elementos presentes nos trechos.
Professor, incentive seus alunos a ler um
conto ou um outro texto literário. Neste mo- O conto é parte do livro Dentro da noite,
mento, de modo diferente de outros momen- do mesmo autor. Você poderá encontrá-lo,
tos educativos, evite controlar o processo de para leitura completa, no site <http://www.
leitura. Siga no entanto algumas estratégias de dominiopublico.gov.br/pesquisa/Detalhe
pré-leitura – levantando expectativas – e de ObraForm.do?select_action=&co_obra=
pós-leitura. 2076>. Acesso em: 19 jul. 2013.

Ao terminar de ler uma narrativa de que Responda às questões a seguir no caderno:


gostamos, como um conto ou um romance, é
importante dividi-la com os amigos. Recomen- 1. Ao acabar a leitura, compare as expecta-
dar a leitura, discutir, conversar animadamente tivas iniciais com o que o texto apresenta:
sobre livros, autores, narrativas, de um modo Há muitas diferenças? Por quê? Considera
gostoso, como, por exemplo, na hora do inter- o conto bom ou ruim? Justifique.
valo. A discussão enriquece qualquer leitor se, É importante que os alunos façam a leitura do conto ou
ao mesmo tempo que ele expressa suas ideias e que você o leia para eles. Lembre-se: neste momento, de
impressões, ouve, atentamente, as dos outros. modo diferente de outros momentos educativos, evite
controlar o processo de leitura. Siga, no entanto, algumas
Antes disso, leia os trechos a seguir do estratégias de pré-leitura – levantando expectativas – e
conto Dentro da noite, de João do Rio. Esses de pós-leitura.
trechos nos apresentam a personagem prota-
gonista, Rodolfo Queiroz: 2. É comum, nas narrativas literárias, a opo-
sição entre um indivíduo problemático e a
ff Tu amavas a Clotilde, não? Ela, coitadita! sociedade, que o impede de viver ou difi-
Parecia louca por ti, e os pais estavam ra- culta que ele viva, no mundo de valores que
diantes de alegria. De repente, súbita trans- deseja. Em sua opinião, isso ocorre no con-
formação. Tu desapareces. to Dentro da noite? Como? Qual sua opi-
ff Nunca pensei encontrar o Rodolfo Queiroz, o nião sobre esse contraste entre indivíduo e
mais elegante artista desta terra, num trem de sociedade nesse conto?
subúrbio, às onze de uma noite de temporal. Depois da primeira leitura, ao longo da discussão, espera-se
ff Eu quero resistir e não posso. Estás a con- que os alunos respondam à questão afirmativamente, opi-
versar com um homem que se sente doido. nando sobre o contraste entre as regras e os julgamentos
ff Não há quem não tenha o seu vício, a sua tara, da sociedade e o comportamento do protagonista, Rodolfo
a sua brecha. Eu tenho um vício que é positiva- Queiroz. Incentive a troca de percepções entre os alunos,
mente a loucura. Luto, resisto, grito, debato- promovendo a extensão do tema a novos exemplos que pos-

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sam surgir de outras narrativas literárias. Lembre-se do que
diz o Caderno do Professor: “Ao terminar de ler uma narrativa Conheça melhor o autor da obra:
de que gostamos, como um conto ou um romance, é impor- João do Rio é o pseudônimo
tante dividi-la com os amigos. Recomendar a leitura, discutir, mais usado por João Paulo Emí-
conversar animadamente sobre livros, autores, narrativas, de lio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto,
um modo gostoso, como, por exemplo, na hora do intervalo: nascido no Rio de Janeiro, no dia 5 de agos-
um pensa uma coisa; o outro pensa algo diferente e um cole- to de 1881, e ali falecido, em 23 de junho de
ga discorda dos dois... A discussão enriquece qualquer leitor, 1921. Foi jornalista, cronista, tradutor e
ao passo que este expressa suas ideias e impressões e ouve, teatrólogo de grande valor.
atentamente, as dos outros”.

Situação de Aprendizagem 8
Divulgando a exposição!

A partir do projeto da exposição de objetiva tanto informar a comunidade de um


fotojornalismo, avançaremos no desenvolvi- conteúdo específico como convencê-la a ir ao
mento da compreensão dos fenômenos evento. É uma excelente oportunidade para
linguísticos na circulação social dos textos. iniciarmos o nosso trabalho com a argumen-
Para isso, expandiremos o projeto para mais tação, uma vez que esse gênero textual é co-
uma situação-problema – a elaboração de nhecido de grande parte dos alunos e faz
um folheto de divulgação. Com isso, refletire- referência direta ao universo em que eles
mos sobre um gênero textual que transita en- se encontram nesse momento de sua aprendi-
tre o informativo e o persuasivo, uma vez que zagem.

Conteúdos e temas: gênero textual – folheto de divulgação; projeto de folheto informativo de divulgação;
foco do texto.

Competências e habilidades: relacionar linguagens verbais e não verbais, possibilitando a transmissão de


conteúdos que revelem intenções comunicativas; preocupar-se com a coesão e coerência em um texto;
desenvolver estratégias de argumentação; desenvolver e valorizar expectativas de leitura; projetar textos
e atividades.

Sugestão de estratégias: aula interativa com a participação dialógica do aluno, com o desenvolvimen-
to de conteúdos a partir de estratégias específicas do professor; preparação da divulgação da exposi-
ção de fotojornalismo.

Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; fotografias e textos de livros ex-
traclasse.

Sugestão de avaliação: produção de folheto informativo de divulgação em situação de avaliação na qual


os alunos, de posse de orientações sobre características do gênero de texto trabalhado, revisam textos
dos colegas.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Sondagem 2. Depois da discussão, responda no caderno:


Qual a importância da palavra na comuni-
Apresente aos alunos diversos folhetos cação humana?
de divulgação de um evento. São textos fa-
cilmente encontráveis em cinemas, lancho- 3. Converse com seus colegas: Sua família já re-
netes, supermercados, instituições culturais cebeu um convite formal de casamento? Con-
etc. Até em semáforos somos abordados te para a classe como foi a reação. Lembre-se
com esses textos. Uma sugestão é pedir aos dos preparativos para o dia, a preocupação
alunos que tragam tais textos para a sala de em mandar presente etc. Caso nunca tenha
aula. recebido um convite assim, não faz mal, você
poderá participar da conversa falando o que
pensa sobre esse ritual tão antigo, mas ainda
Para que serve um folheto? muito comum em nossa sociedade.
1 a 3. Professor, essa é uma atividade de leitura preparatória
1. Discuta oralmente: para o enfrentamento da situação problema da Situação de
Aprendizagem: elaborar folheto de divulgação. Para tanto,
ff Qual a importância das palavras em sua como essas questões propõem, é preciso relacionar o que
vida? fazemos, na fala ou escrita, com os contextos de argumenta-
ff Como nos comunicamos? Apenas por ção em que os textos se inserem.
palavras?
ff Quais perigos e benefícios as palavras Apresente-lhes também um convite de ca-
podem trazer ao dia a dia das pessoas? samento tradicional. A seguir, uma sugestão:

José da Silva Ignácio Pereira Santos


Maria da Silva Aparecida Santos
Convidam para a cerimônia religiosa
do casamento de seus filhos
Olaveilton Silva e Ignacida Pereira Santos
A realizar-se no dia vinte e três de maio de dois mil e oito, às dezenove horas,
na Igreja da Santidade, na Avenida da Igualdade, 125, Centro, São Paulo-SP.
Após a cerimônia, os noivos receberão os convidados no
Salão de Festas do Buffet Cotia, na Avenida da Igualdade, 138, Centro, São Paulo.
Rua Conde de Além-Mar, 12, fundos. Av. Estudantes, 190
Jardim Esperança – Cubatão, SP Boa Viagem – São Paulo, SP

R.S.V.P. – Tel.: (11) 299-9900 até o dia 12/05 com sra. Ateíldes

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1. Você leu um convite de casamento. Agora, O homem trabalhador merece um teto para
responda no caderno: morar.

ff Qual é a finalidade desse texto? Para a) O estudo que realizei ontem foi produti-
que ele serve? Discutam em classe. vo.
Sugestão: convidar alguém para um evento, informando-o O estudo realizado ontem foi produtivo.
dos dados necessários para seu comparecimento. Os fo-
lhetos visam a persuadir o leitor; o convite de casamento b) Admiramos os alunos que estudam.
procura ser mais neutro e centra-se em transmitir as infor- Admiramos os alunos estudiosos.
mações necessárias. Entretanto, os dois gêneros têm como
alvo o leitor. 2. Transforme os seguintes períodos com-
postos em períodos simples, substituindo
a oração subordinada substantiva por um
Para você, professor! adjetivo ou substantivo. Alguns ajustes
precisarão ser feitos. Veja o modelo:
Embora esta seção não vise à transmissão
de conteúdos, ela pode tornar-se, neste mo- É possível que eu fracasse na prova.
mento, uma excelente oportunidade para reca-
pitular conceitos desenvolvidos até agora nes- É possível o meu fracasso na prova.
te volume. Vale a pena repassar, antes de mi-
nistrar a aula, o conceito de texto informativo.
a) Meu objetivo é que o meu trabalho ter-
mine antes do fim do dia.
Meu objetivo é o término do trabalho antes do fim do dia.

2. Indique as alternativas corretas com rela- b) Os brasileiros acreditam que a crise fi-
ção ao convite de casamento: nanceira vai continuar.
Os brasileiros acreditam na continuidade da crise financeira.
a) transmite clara e ordenadamente a men-
sagem. 3. Imagine que você tinha um compromisso
para um passeio com seu primo no mesmo
b) é objetivo nas informações. dia do casamento de Olaveilton e Ignacida.
Como quer ir a esse casamento com seus
c) apresenta diálogo. pais, você terá de cancelar o passeio. Escre-
va um e-mail para seu primo, informando-o
d) destaca as informações importantes. da sua ida ao evento. Dê detalhes, como
Como explicado, esta atividade diagnóstica permite sondar data, lugar etc. Use seu caderno para reali-
o que os alunos já conhecem sobre o tema que será desen- zar o exercício.
volvido. Resposta pessoal. No entanto, espera-se que o aluno utilize as
informações discutidas nesta Situação de Aprendizagem até
1. Transforme os seguintes períodos o presente momento.
compostos em períodos simples,
substituindo a oração subordinada Roteiro para aplicação da
adjetiva. Veja o modelo: Situação de Aprendizagem 8
O homem que trabalha merece um teto ff Gênero textual: folheto de divulgação
para morar. Estudo das características do gênero a par-

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

tir de seu uso na comunidade linguística a que computador, de preferência, na sala de in-
pertence o aluno. formática, o que permite brincar com fontes
diferentes e, dessa forma, mais facilmente
ff Projeto de folheto informativo de divulgação chamar a atenção dos leitores. Mas como
Planejamento do texto, levando em conta fa- produzir um eficiente folheto informativo de
tores linguísticos e sociais. divulgação de uma atividade como essa? As
recomendações a seguir devem ser, oportu-
ff Foco namente, transmitidas em sala de aula.
Estudo da seleção feita entre o que se vai desta-
car em um texto, de acordo com o leitor visado.
Aprofundando conhecimentos
Neste momento, as fotografias que integra-
rão a mais nova exposição do colégio já estão Ao dominarmos certo gênero textual,
prontas e legendadas. O tema centrado na não dominamos uma forma linguística,
expressividade da língua portuguesa apresenta mas um modo de realizar linguisticamente
o conflito constante entre vanguarda e tradição objetivos determinados em contextos so-
que está presente na linguagem. ciais específicos.

Chegou a hora de anunciar esse trabalho.


Para isso, vamos produzir folhetos que di- Vejamos primeiro aquilo que você deve
vulguem no colégio, e até mesmo fora dele, a lembrar aos alunos para NÃO fazer. Ou seja,
exposição. Sugerimos fazer os folhetos no os contraexemplos.

Os folhetos a seguir apresentam problemas na elaboração. Tente identificar quais são esses
problemas enquanto os examina.

Folheto I

Os primeiros anos do Ensino


Exposição de Médio têm muito prazer em
E. E. João Amos Comenius. apresentar à comunidade esta
Fotojornalismo
Av. Estevão Mendonça, 439
O sabor da língua interessante exposição de fo-
Vila Santa Catarina,
portuguesa São Paulo – SP tojornalismo, com uma impor-
tante reflexão sobre o delicioso
sabor da língua portuguesa

Folheto II

MUITA ATENÇÃO, GALERA!


Exposição de Fotojornalismo O sabor da língua portuguesa no Alberto Torres!

- Inaugurando mais uma atividade cultural do nosso Colégio, teremos, no próximo sábado, uma
Exposição de Fotojornalismo intitulada O sabor da língua portuguesa.

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- Todos sabemos da importância
- de valorizarmos a língua portuguesa, por isso,
- Não falte!
- A exposição fotografou momentos em que a língua portuguesa ganha sabor especial na vida
dos brasileiros...
- Não falte! A galera vai amar...!
Local: E. E. Alberto Torres
Av. Vital Brasil, 1260
Butantã
São Paulo – SP

1. Depois de detida análise, identifique, en- (   II  ) Não use hifens em lugar de sinais de
tre os diferentes conselhos que aparecem tópicos.
a seguir, aqueles que são mais adequados
para o Folheto I (use I) e os que forem (   II  ) Não oscile o registro de linguagem en-
mais apropriados para o Folheto II (use tre o formal e o informal.
II). Veja o modelo. O objetivo de apresentar contraexemplos é fazer que o aluno
perceba, pela negativa, como construir e aplicar conceitos das
( 
II ) Preste atenção nas quebras de linha: diferentes áreas do conhecimento para a compreensão de fe-
não interrompa a linha em pontos que nômenos linguísticos na materialização do texto informativo de
quebram a coesão do texto, como, por divulgação, anunciando uma manifestação artística específica.
exemplo, entre “sabemos a importân- Contraste esses contraexemplos com a intenção comunicativa
cia” e “de valorizarmos a língua portu- do texto e com o diálogo social que esse texto forçosamente
guesa, por isso”, ou entre esse trecho e fará com as fotografias. Questione: “De que forma a qualidade
o que vem na sequência, “Não falte!”. de um lança expectativas sobre a qualidade do outro?”

(   I   ) Não coloque tudo em quadros! Forme


quadros com linhas invisíveis para in- Aprofundando conhecimentos
serir os textos.
[...] Muitos textos são produzidos. E o
(   I   ) Não use tipos de letra muito comuns, que é mais significante, diversos fatos so-
como Times New Roman ou Arial. ciais são produzidos. Esses fatos não pode-
riam existir se as pessoas não os realizas-
(  II  ) Evite uma página cansativa, com re- sem por meio da criação de textos.
petições desnecessárias de conteúdos
BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificação e
e de formas. Note que se repete desne- interação. São Paulo: Cortez, 2005. p. 21.
cessariamente a informação do evento
e o tipo de letra permanece sempre o
mesmo. Ouse e use contrastes!
2. Complete os espaços com os termos ade-
(   I   ) 
Não utilize espaços iguais entre os quados ao sentido do texto, escolhendo en-
quadros. tre as palavras do quadro a seguir.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

foco forte. Se o foco atrair o leitor, ele se sen-


jornal – informativo – destina – explica – lei-
tor – objetivo – seleção – compreensão – im-
tirá mais inclinado a ler o restante do texto;
portante – resumo – poema – destacar – foco ff use subtítulos fortes, ou seja, na forma (as-
pecto visual) e no conteúdo (significado). O
objetivo é que os leitores possam passar os
olhos rapidamente pelo folheto e captar a
ideia essencial. Se os subtítulos não desper-
Um folheto informativo de divulga-
ção deve despertar a atenção do leitor . tarem o interesse, o leitor interromperá a
Para isso, é preciso, antes de prepará-lo, de- leitura; mas sem subtítulos, o leitor achará
cidir qual será o foco de atenção. muito cansativo ler todas as palavrinhas do
O foco é uma seleção feita entre o que texto a fim de compreender a mensagem;
se vai destacar no texto de acordo com o lei- ff a repetição em um folheto deve ser pensada
tor visado. Ou seja, a quem se destina com cuidado. O objetivo do texto informa-
o texto é que vai priorizar aquilo que será tivo não é aprofundar o conhecimento (es-
focado como mais importante no texto. se é o objetivo do texto expositivo). Contu-
do, repetir um ou outro detalhe assegura a
coesão textual;
Orientações para elaboração dos folhetos ff o texto deve apresentar um alinhamento de-
vidamente pensado. É apropriado não cen-
Antes de tudo, temos de selecionar as in- tralizar o título e alinhar o texto à esquer-
formações: da, na forma de tópicos. Ousadia com pro-
pósitos específicos garantirá a criatividade
ff O que é mais importante no texto? do trabalho.
ff O que deve vir em letras grandes?
ff O que é menos importante e pode vir em
letras menores? Para você, professor!

Usar o contraste possibilitará criar um foco A fim de não minar a criatividade dos
forte para organizar apropriadamente as infor- grupos e fortalecer a compreensão verbal
mações e orientar o olhar do leitor pela página. do trabalho, optamos por não apresentar
nenhum exemplo positivo de folheto infor-
mativo.
Para você, professor!

O foco é uma seleção feita entre o que se 3. Reveja os folhetos usados para a discussão
vai destacar no texto de acordo com o lei- do Exercício 1 desta Situação de Apren-
tor visado. Ou seja, o que será focado como dizagem. Com base nos estudos feitos até
mais importante no texto deve priorizar a agora, assinale V ou F conforme conside-
quem se destina o texto. rar Verdadeiras ou Falsas as afirmações a
seguir que melhor definem as característi-
cas de um folheto informativo.
ff coloque um título, figura ou clip-art grande,
como uma das fotos da exposição. Prefira a) (  V  ) Foco forte. Se o foco atrair o leitor, este
uma imagem visual que não confunda o lei- estará mais inclinado a ler o restante do
tor com muitas informações. Esse será o seu texto.

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b) (  F  ) Linguagem. Deve-se oscilar o registro qual você encontre alguma relação com as
de linguagem entre o formal e o informal. fotografias que farão parte da exposição de
fotojornalismo. No caderno, identifique o
c) (  V  )   Repetição. Repetir apenas um ou outro poema, o poeta e a época em que foi redigi-
detalhe assegura a fixação da informação. do. Explique qual a relação existente entre
esse poema e as fotografias, citando trechos
d) (   F  ) Quebras de linha. Interromper a linha do texto poético para confirmar as suas
em pontos que quebram a coesão do texto opiniões.
é bom. Professor, essa atividade é um exercício intertextual entre foto
e poema. É importante ressaltar que a escolha do poema
e) (  V  )   Subtítulos fortes. O objetivo é que os deve ser, de alguma maneira, coerente com algum aspecto
leitores possam passar os olhos rapida- em destaque na imagem.
mente pelo folheto e captar a ideia essen-
cial. 2. Procure no dicionário a definição de folheto
que melhor se relaciona com o tema que es-
f) (   F  ) Hifens. Usar hifens em lugar de sinais tamos estudando. Transcreva-a no caderno.
de tópicos. Com essa atividade, é possível perceber se o aluno está com-
preendendo a proposta com o folheto e, se necessário, fa-
g) (  V  )   Alinhamento. É apropriado não cen- zer intervenções para corrigir concepções equivocadas ou
tralizar o título e alinhar o texto à esquer- resolver dúvidas.
da, na for­ma de tópicos.
Mas como desenvolver esses conteúdos em
h) (  F  )  Letra. Usar tipos de letra muito co- sala de aula?
muns, como Times New Roman ou Arial.
Projetando um folheto
4. Explique, no caderno, o porquê de cada
alternativa assinalada. Proponha que os alunos se reúnam em
Resposta pessoal. Entretanto, os alunos devem justificar as grupos, segundo a divisão feita para a realiza-
respostas com bons argumentos. Você pode ajudá-los, desta- ção das fotografias. Explique que cada grupo
cando aspectos das orientações para elaboração de folhetos produzirá um folheto informativo de divulga-
que foram apresentadas há pouco. ção. Antes de tudo, explique o que não deve
ser feito. Assegure-se de exemplificar essas
explicações. Contraste-as com os folhetos da
Muitos erram ao fazer seus folhe- sondagem. Pergunte: Quantos “sobrevivem” à
tos por não organizar apropria- análise de qualidade a partir dos critérios esta-
damente as informações mais belecidos? Por quê?
importantes do texto. A tendência é deixar
tudo grande, para “chamar a atenção”! No
entanto, se tudo estiver grande, nada pode- Para você, professor!
rá despertar a atenção do leitor e perde-se a
intencionalidade comunicativa do texto. A explicação pode vir com a atividade
de sondagem dos folhetos que os alunos
têm em mãos. Pode ser apresentada grada-
1. Pesquise no livro didático, na bi- tivamente. Seria interessante apresentar os
blioteca ou sala de leitura, ou em contraexemplos visualmente. Eles podem
um site confiável, um poema no até ser escritos na lousa. Sutilmente, explo-

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

re as potencialidades da pergunta “por de fixação que você pode encontrar no livro


quê?”. Procure compreender o ponto de didático.
vista dos alunos e, se necessário, pergunte o
motivo da justificativa apresentada, tentan-
do encontrar “o porquê do por quê”. Tra- É importante que, além do título,
ta-se de uma forma simples de ensinar a o folheto apresente subtítulos que
argumentar e defender pontos de vista. chamem a atenção do leitor, no
aspecto visual e nos significados. Os subtítu-
los devem despertar o interesse do leitor e ser
Explique as características próprias de um muito pensados antes de aparecer. Sem eles
folheto informativo eficiente. Destaque a im- o texto poderá tornar-se muito cansativo.
portância de, a fim de obter os resultados
desejados, elaborar um projeto de texto dos
folhetos informativos. Preencha as frases a seguir empre-
gando o verbo no tempo e no mo-
Reúna-se com seu grupo constituído na Si- do indicado:
tuação de Aprendizagem 7. Chegou a hora de
vocês fazerem o projeto de texto de um folhe- a) Todos querem que ele ______________
chegue
to informativo de divulgação da exposição de na hora certa. (chegar – Presente do
fotografia. Antes da elaboração, porém, res- Subjuntivo).
ponda às seguintes perguntas, em seu cader-
no, sobre o seu projeto: b) Nós _____________
vimos entregar-lhe pes-
soalmente seus documentos. (vir – Pre-
a) Qual a informação mais importante do sente do Indicativo).
texto?
c) Por favor, não _______
agrida seus amigos dessa
b) Quais as informações essenciais no forma. (agredir – Imperativo negativo).
texto, embora não constituam o foco
central? d) Eu ________
águo as plantas do jardim todos
os dias. (aguar – Presente do Indicativo).
c) A que público específico se destina o fo-
lheto? e) Esperamos que ela _______
parta bem cedo
amanhã. (partir – Presente do Subjun-
De acordo com essas informações, os gru- tivo).
pos já terão selecionado, sem talvez se darem
conta disso, o que deve vir em tipos grandes e Falar de fotografia ou preparar uma expo-
o que deve aparecer em tipos menores. Além sição fotográfica pode nos trazer recordações.
disso, já terão escolhido o registro de lingua- Mas não são somente fotografias que nos tra-
gem mais apropriado. zem certas lembranças, como aconteceu com
o escritor Lima Barreto. Você lerá um texto
Peça a eles que levem em conta a função em que esse autor fala de uma recordação um
do tempo verbal no texto, em especial do pouco irônica que ele teve certo dia. Durante
Presente do Indicativo. Outros tempos ver- sua leitura, preste atenção na relação tempo-
bais serão estudados oportunamente. Mes- ral que os verbos mantêm entre si, quando,
mo assim, é uma boa oportunidade para por meio de um fato presente, o narrador se
uma recapitulação extra ou para exercícios lembra do passado.

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A carroça dos cachorros

Quando, de manhã cedo, saio da minha casa, triste e saudoso da minha mocidade que se foi fe-
cunda, na rua eu vejo o espetáculo mais engraçado desta vida.
Amo os animais e todos eles me enchem do prazer da natureza.
Sozinho, mais ou menos esbodegado, eu, pela manhã desço a rua e vejo.
O espetáculo mais curioso é o da carroça dos cachorros. Ela me lembra as antigas caleças dos mi-
nistros de Estado, tempo do império, quando eram seguidas por duas praças de cavalaria de polícia.
Era no tempo da minha meninice e eu me lembro disso com as maiores saudades.
– Lá vem a carrocinha! – dizem.
E todos os homens, mulheres e crianças se agitam e tratam de avisar os outros.
Diz Dona Marocas a Dona Eugênia:
– Vizinha! Lá vem a carrocinha! Prenda o Jupi!
E toda a “avenida” se agita e os cachorrinhos vão presos e escondidos.
Esse espetáculo tão curioso e especial mostra bem de que forma profunda nós homens nos liga-
mos aos animais.
[...]
BARRETO, Lima. Crônicas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=7555>. Acesso em: 29 maio 2013.

1. Entre diferentes funções, o Presente do In- alteração verbal permitiria que considerás-
dicativo expressa uma ação que acontece semos a juventude como algo:
no momento da fala. No trecho: “Quando
de manhã cedo, saio da minha casa, triste a) ainda presente.
e saudoso da minha mocidade que se foi
b) já ausente.
fecunda, na rua eu vejo o espetáculo mais
engraçado desta vida”, a relação entre os c) infeliz.
verbos no Presente saio e vejo indica:
d) projetado para o futuro.
a) anterioridade e posterioridade das ações
narradas. 3. A crítica social nesse texto centra-se na
comparação que o autor faz entre os mi-
b) concomitância entre as ações. nistros de Estado e os cachorros. Em seu
caderno, transcreva o trecho que deixa cla-
c) presente e passado do ocorrido. ra essa comparação.
“O espetáculo mais curioso é o da carroça dos cachorros. Ela
d) posterioridade em relação ao advérbio me lembra as antigas caleças dos ministros de Estado, tempo
quando. do império, quando eram seguidas por duas praças de cava-
laria de polícia.”
2. Usando a mesma frase do texto transcrita
no exercício anterior, se trocarmos foi, ver-
bo ser no Pretérito Perfeito, pelo mesmo Conheça melhor o autor da obra:
verbo no Presente do Indicativo, teríamos: Afonso Henriques de Lima Barre-
“[...] minha mocidade que é fecunda”. Essa

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

to nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio rios já discutidos nesta Situação de Apren-


de 1881, e faleceu em 1o de novembro de dizagem.
1922. É considerado um dos mais importan- Professor, se achar mais produtivo, efetue um recorte nessa
tes escritores brasileiros. Sua obra, de temá- abordagem: devem pensar apenas em aspectos linguísticos?
tica social, critica as famílias aristocráticas e No público-alvo? Em aspectos gráficos? Essas e outras per-
defende os pobres, boêmios e arruinados. guntas podem auxiliá-lo no encaminhamento dessa ação.
Sua linguagem coloquial influenciou o mo-
vimento modernista no Brasil.
Para você, professor!
Retome as explicações sobre o uso ex-
Fazendo o folheto pressivo do Presente do Indicativo desenvol-
vidas na Situação de Aprendizagem anterior.
1. Em grupo, elaborem um “boneco” do fo- Isso assegurará o desenvolvimento gradativo
lheto em papel A4. Ele deve reproduzir o dos conhecimentos teóricos dos alunos, mas,
mais fielmente possível o resultado final. ao mesmo tempo, permitirá que eles consi-
Troquem sua produção com os outros gru- gam relacionar teoria e prática linguísticas.
pos. Cada grupo fará uma observação so-
bre pontos positivos ou pontos a melhorar
no trabalho dos colegas. 2. Depois de ler as sugestões dos colegas e
decidir se vão segui-las, avaliem o trabalho
 notem as sugestões no próprio boneco, a
A preenchendo o quadro. Mostre-o ao pro-
lápis e de forma sutil, mas seguindo os crité- fessor, que vai completá-lo também.

Opinião do
Minha opinião
professor
Critérios
Está Precisa Está Precisa
o.k. melhorar o.k. melhorar
Transmite clara e ordenadamente a mensagem.
Destaca as informações importantes.
Usa o verbo adequado ao texto proposto.
Está limpo e bem organizado.
É criativo e original.

Professor, esse quadro sistematiza alguns aspectos que de- trabalho, faça-o na classe mesmo, em uma
vem nortear os comentários dos grupos. Assim, na Atividade folha de papel A4. Mantenha a mesma cla-
1, você pode fazer o trabalho oralmente, deixando a escrita reza e limpeza que teria com o trabalho se
para agora. fosse feito no computador. É importante
que haja a divulgação do folheto, portanto,
3. Feito e revisado o “boneco” do folheto, reú- afixe-o no mural da classe ou da escola.
na-se com seu grupo na sala de informática. Professor, nesse momento é importante rever os trabalhos,
Eleja um representante que digitará a ver- para que cheguem a seus destinatários. Além disso, pode ser
são final do folheto. Caso não haja possibi- o momento para reforçar ou estabelecer critérios de como
lidade de usar um computador e imprimir o os folhetos serão avaliados.

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d) A exigência interdisciplinar impõe a cada
Para você, professor! especialista que transcenda sua própria
Certifique-se previamente de saber especialidade e que tome consciência de
como esses trabalhos serão impressos! seus próprios limites.
Quais as suas opções? Verifique se é pos-
sível imprimir na sala de informática de e) O que hoje talvez possa vir a tornar-se
sua escola, na sala dos professores ou na uma técnica para prorrogar a vida, sem
secretaria. Fale com o seu coordenador dúvida amanhã possa vir a tornar-se
para resolver as dúvidas. uma ameaça.

2. Para a próxima aula, traga um texto


que gostou de ler e considerou bonito
Em dia com o vestibular ou belo. Em seu caderno, explique os
motivos que o levaram a considerá-lo
1. (Fuvest – 2006) assim.
Os verbos estão corretamente empregados Professor, discuta com a classe os conceitos de bonito e belo,
apenas na frase: estimulando a reflexão dos alunos. Como dissemos, essa clas-
sificação é muito discutível.
a) No cerne de nossas heranças culturais
se encontram os idiomas que as trans-  om base no que você estudou nes-
C
mitem de geração em geração e que as- ta Situação de Aprendizagem, refli-
segurem a pluralidade das civilizações. ta e responda no caderno quais os
conteúdos que:
b) Se há episódios traumáticos em nosso
passado, não poderemos avançar a não a) Gostou de estudar? Por quê?
ser que os encaramos.
b) Foram pouco interessantes? Por quê?
c) Estresse e ambiente hostil são apenas Não se esqueça de retomar essas questões na aula seguinte
alguns dos fatores que possam desenca- para que a reflexão do aluno seja vista por ele como elemento
dear uma explosão de fúria. importante para a sua aprendizagem.

Situação de Aprendizagem 9
Quando as palavras resolvem fazer arte!
Abordar literatura na escola é abordar o do aluno, o que seria o primeiro passo para a
gosto pela leitura. Lamentavelmente, de forma construção do gosto pela leitura. Claro, por-
geral, há poucas estratégias desenvolvidas no que acreditamos que é muito mais fácil gostar
Ensino Médio visando à construção do gosto daquilo que se conhece, entende, compreende
literário dos alunos. Embora muitos concor- (como quando ouvimos: “Depois que eu a co-
dem que o ser humano pode aprender a gostar nheci melhor, passei a gostar mais dela!”). Mas
de algo (ouvimos até pessoas falando: “Puxa, a literatura é também uma instituição. Ou seja,
eu aprendi a gostar de Sicrana!”), a verdade é não é apenas compreensão de texto ou um jogo
que, por não ser uma tarefa fácil, a escola acaba emocional de gosta-não-gosta. A literatura
preferindo trabalhar a história da literatura em participa na consolidação da teia humana que
vez de desenvolver a autonomia leitora literária chamamos “sociedade”. Então, o prazer do

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

texto constitui-se como jogo entre a compreen- cial que é a instituição literária. Compreender
são do próprio texto como fenômeno de leitura esse jogo é o objetivo central das nossas ativi-
literária e a interação com a delicada trama so- dades nesta Situação de Aprendizagem.

Conteúdos e temas: Literatura e Arte; crônica.


Competências e habilidades: distinguir as marcas próprias do texto literário e estabelecer relações entre o
texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político;
desenvolver estratégias de leitura de texto literário; inferir tese, tema ou assunto principal em um texto;
relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário
com os contextos de produção, para atribuir significados de leituras críticas em diferentes situações;
compreender a literatura como sistema social em que se concretizam valores sociais e humanos atuali-
záveis e permanentes no patrimônio literário nacional; projetar texto narrativo.
Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com o desenvolvimento de
conteúdos a partir de estratégias específicas do professor; atividades individuais e em grupo; discussões orais.
Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; fotografias e textos de livros ex-
traclasse.
Sugestão de avaliação: produção de folheto informativo de divulgação.

Sondagem
Peça previamente aos alunos que tragam dade: o eu lírico é incompreendido pelas
para a sala de aula um texto que eles gostem de pessoas ao agir de modo diferente por cau-
ler, que considerem “bonito” ou “belo”. Permi- sa do amor que sente por uma dama. Esse
ta que os alunos apresentem os motivos que os soneto, escrito por Luís Vaz de Camões, é
levam a considerar cada texto como “belo”. considerado uma obra de arte. Você conse-
gue imaginar por quê?
Pergunte:
Responda no caderno:
ff Por que considera esse texto bonito?
ff Acha que se trata de uma obra de arte? Para 1. Em sua opinião, que características um
você, o que é Arte? texto precisa apresentar para ser conside-
ff Você sente necessidade de Arte? rado uma obra de arte?
As respostas são pessoais. Espera-se que os alunos utilizem
Escolha, no livro didático que adotou, um seu repertório pessoal, refletindo sobre o conceito de belo,
poema que considera bonito, mas que, ao para responder e argumentar sobre seu ponto de vista de
mesmo tempo, seja também considerado uma forma coerente.
obra literária importante.
2. Quem decide que textos devem ou não ser
Fornecemos um texto literário como su- considerados obras de arte?
gestão. Espera-se que os alunos relacionem os conceitos de gosto e
belo às mudanças que ocorrem nas formas de fazer aprecia-
A beleza do soneto de Camões ções estéticas, ligando-as a variações de repertório, época,
lugar, cultura e grupo social, bem como às suas respectivas
 soneto que vamos ler a seguir aborda a
O manifestações.
relação difícil entre o indivíduo e a socie-

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Vá revolvendo a terra, o mar e o vento,
busquem riquezas, honras a outra gente,
vencendo ferro, fogo, frio e calma;
Julga-me a gente toda por perdido,
vendo-me tão entregue a meu cuidado,
andar sempre dos homens apartado, Que eu só em humilde estado me contento,
e dos tratos humanos esquecido. de trazer esculpido eternamente
vosso fermoso gesto dentro n’alma.
Mas eu, que tenho o mundo conhecido, CAMÕES, Luís de. Sonetos. Disponível em:
e quase que sobre ele ando dobrado, <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
tenho por baixo, rústico, enganado DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1872>.
quem não é com meu mal engrandecido. Acesso em: 29 maio 2013.

c) (  F  ) deseja riquezas e honras consegui-


Conheça melhor o autor da obra: das por meio de sua obra.
Luís Vaz de Camões nasceu em
Portugal, provavelmente no ano d) (  V  ) afastou-se das relações humanas.
de 1525. É autor de Os Lusíadas, considera-
da uma das obras mais importantes da lite- e) (  V  ) apenas deseja trazer a lembrança
ratura portuguesa. De família da pequena da amada em sua alma.
nobreza, ingressa no Exército da Coroa de
Portugal e participa da guerra contra Ceu- 2. Compare esse texto com aquele que você
ta, no Marrocos, durante a qual perde o trouxe de casa. A seguir, discuta oral-
olho direito. Boêmio, de volta a Lisboa, fre- mente:
quenta tanto os serões da nobreza como as
noitadas populares. Embarca para a Índia ff Qual deles você considera mais artísti-
em 1553 e para a China em 1556. Em 1560, co? Por quê?
o navio em que viaja naufraga na foz do rio ff Qual deles permite melhor que pense-
Mekong. Morre em Portugal, em 1580, na mos em nossa identidade e existência?
mais absoluta pobreza. Por quê?
Como explicado anteriormente: “Observe que estamos con-
siderando a literatura como um conceito aberto. Ou seja, não
1. O tema do desajuste do poeta em relação à devemos ser dogmáticos, apresentando um ponto de vista
sociedade em que vive é comum na poesia único, mas abrirmo-nos para a argumentação e para o diálo-
de todos os tempos. Assinale V ou F, con- go. Desejamos mostrar a literatura como um sistema aberto
forme forem, respectivamente, Verdadeiras presente na sociedade em que influenciam fatores sociais e
ou Falsas as afirmativas do poema sobre o psíquicos, além, é claro, do tecido textual. O desenvolvimen-
poeta: to de um conceito de literatura é uma atividade gradativa,
para os três anos do Ensino Médio, mas um processo que tem
a) (  V  ) é julgado como “perdido” pelas seu início fundante nesta Situação de Aprendizagem”.
pessoas.
3. Observe o sentido do termo cuidado na pri-
b) (  V  ) conhece bem o mundo. meira estrofe:

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Julga-me a gente toda por perdido, do. Isso, ao mesmo tempo, engrande-
Vendo-me tão entregue a meu cuidado, ceu-me e me fez muito mal.
Andar sempre dos homens apartado
E dos tratos humanos esquecido. e) Eu tenho um baixo rústico e enganado
que anda dobrado pelo mundo conhe-
Qual das acepções a seguir, retiradas do cido, mesmo que ele faça grande mal às
dicionário, apresenta melhor o sentido do pessoas.
termo cuidado nessa estrofe?
5. Observe a última estrofe do poema:
a) bem-feito.
Que eu só em humilde estado me contento
b) previsto. De trazer esculpido eternamente
Vosso fermoso gesto dentro n´alma.
c) dedicação.
I. O termo só tem o sentido de:
d) trabalho.
a) sozinho.
e) calculado.
b) solitário.
4. Observe a segunda estrofe:
c) único.
Mas eu, que tenho o mundo conhecido,
E quase que sobre ele ando dobrado, d) apenas.
Tenho por baixo, rústico, enganado
Quem não é com meu mal engrandecido. e) isso.

A ideia central da segunda estrofe é: II. O termo fermoso não é de uso comum
nos dias de hoje. Como sabemos, a lín-
a) Eu, que conheço muito bem o mundo, gua portuguesa se transforma e evolui.
acho que os que não se comovem com Qual dos termos a seguir poderia ser
minhas penas são pessoas baixas, rústi- usado hoje em dia para traduzir o sen-
cas e enganadas. tido de fermoso?

b) Eu, que sou obrigado a andar dobra- a) fermento.


do, sou rebaixado e enganado pelas
pessoas que desejam se engrandecer à b) famoso.
minha custa.
c) mentiroso.
c) Embora eu seja baixinho, rústico e en-
ganado, assim mesmo desejo conhecer d) bonito.
o mundo e andar sobre ele, mesmo que
isso me cause mal. e) feio.

d) Eu conheci o mundo andando sobre ele, Pedro gosta muito de escrever le-
mesmo sendo baixo, rústico e engana- tras de música e ele as faz de todos

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os tipos: sambas, raps, baladas... Com ele ria a forma de arte que utiliza as palavras como
não tem problema, apenas precisa de uma matéria-prima, assim como a pintura é a forma
inspiração. Sua namorada, Beloniza, pediu- de arte que se utiliza das imagens pintadas.
-lhe para “transformar” o soneto de Camões
Julga-me a gente toda por perdido em uma le- E o que é Arte?
tra de música moderna, mantendo as mes-
mas ideias, mas mudando as palavras, a Para muitos, Arte é aquilo que é belo. Mas
divisão das estrofes, o que ele quisesse. No isso apenas nos leva de um problema para ou-
caderno, assuma o lugar de Pedro e faça essa tro: o que é a beleza? Como a beleza influen-
adaptação. cia a ponto de fazer que uma obra seja consi-
Professor, aqui há uma mudança no gênero (“poema para letra derada artística? E o ditado que diz que “Gos-
de música”) e no contexto de recepção (renascimento e jo- to e cor não se discutem”, o que significa?
vens estudantes do século XXI). A transformação, no entanto, Falar de gostos é um assunto difícil. Nem to-
deve manter a parte escrita do original camoniano. Para tanto, dos gostam das mesmas coisas.
também será preciso levar em conta a questão do ritmo.
Com tantas variáveis, desdobramentos e
Roteiro para aplicação da pontos de vista, não é de estranhar que, no de-
Situação de Aprendizagem 9 correr da história, vários conceitos de literatu-
ra tenham se desenvolvido, tentando explicar
ff Literatura e Arte o que faz um texto ser considerado literário.
Conceito de Literatura como expressão ar-
tística e instituição social. Construindo uma definição de Literatura

ff Crônica 1. Leia os excertos a seguir:


Características da crônica literária e estra- Professor, essa leitura terá como objetivo chegar à próxima
tégias de leitura e escrita. atividade, que pergunta sobre ideias-chave de cada texto.
Nessa pré-leitura, portanto, ainda não dê as ideias, mas esti-
Esta Situação de Aprendizagem dedica-se mule os estudantes a, oralmente, verbalizá-las.
ao estudo da Literatura.
Reúna os alunos em grupos. Anote, em
Mas o que é literatura? papéis separados, as ideias-chave abaixo. Em
seguida, faça um sorteio. Conforme elas forem
De um modo simplificado, consideramos li- saindo, peça aos grupos que procurem o tre-
terário o texto que se apresenta ao interlocutor cho que melhor combine com a frase sorteada.
como uma obra de arte. Ou seja, a Literatura se- Faça essa relação a cada ideia-chave sor­teada.

Na leitura e na escritura do texto literário, encontramos o senso de nós mesmos e da comunidade a que
pertencemos. A literatura nos diz o que somos e nos incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós
mesmos. E isso se dá porque a Literatura é uma experiência a ser realizada. É mais que um conhecimento
a ser reelaborado, ela é a incorporação do outro em mim sem renúncia de minha própria identidade.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. 2. ed. 2. reimp. São Paulo: Contexto, 2012. p. 17.
<http://www.editoracontexto.com.br>.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

A literatura, no sentido de uma coleção de obras de valor real e inalterável, distinguida por certas
propriedades comuns, não existe. Os juízos de valor que a constituem [isto é, a literatura] são histori-
camente variáveis, mas [...] esses juízos têm, eles próprios, uma estreita relação com as ideologias so-
ciais. Eles se referem, em última análise, não apenas ao gosto particular, mas aos pressupostos pelos
quais certos grupos sociais exercem e mantêm o poder sobre os outros.

EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: uma introdução. Tradução Waltensir Dutra.


São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 15, 22.

[A literatura], considerada aqui um sistema de obras ligadas por denominadores comuns, que
permitem reconhecer as notas dominantes duma fase. Estes denominadores são, além das caracterís-
ticas internas (língua, tema, imagens), certos elementos de natureza social e psíquica, embora litera-
riamente organizados, que se manifestam historicamente.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.

A literatura, assim como outras formas de manifestação artística, preenche a necessidade de


ficção do homem, possibilitando-lhe por meio da palavra a recriação e reinvenção do universo. [...]
Observando e analisando a condição humana, através dos sentimentos e conflitos existenciais das
personagens de ficção, [...] [uma pessoa é levada] a refletir sobre a sua própria existência, chegando
a uma compreensão mais profunda de si mesmo e do homem.

VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura. São Paulo: EPU, 1989. p. 13, 26.

2. Faça a relação entre os excertos e as frases c) (  C  ) A literatura é o conjunto de tex-


a seguir, completando adequadamente: tos construídos a partir de diferentes
aspectos linguísticos, sociais e psico-
a) (  A  ) A literatura é uma experiência que per- lógicos.
mite a construção da minha identidade.
d) (  B  ) A literatura é o conjunto de tex-
b) (  D  ) A literatura é um modo de satisfazer tos que os poderosos decidem que seja
às nossas necessidades de fantasia e ficção. Arte.

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Para você, professor!

É muito importante não deixar de fazer o sorteio para que os alunos possam, efetivamente,
procurar a ideia-chave nos trechos dados, e não simplesmente fazer uma relação direta. Observe
que, nesse momento, eles estão tanto relacionando informações sobre diferentes conceitos de Lite-
ratura como sintetizando ideias-chave.
Observe o desenvolvimento das habilidades de localizar e relacionar itens concorrentes ou contrá-
rios de uma informação explícita. Observe que esse é também um primeiro passo para desenvolver a
habilidade de relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção
do texto literário com os contextos de produção, para atribuir significados de leituras críticas em dife-
rentes situações. Para esse fim, promova, durante a correção, um espírito de questionamento constante,
em que os alunos exponham suas opiniões pessoais.
É possível que o repertório literário da maioria dos alunos não seja muito amplo, mas utilize-se
das letras de música, campo em que, acreditamos, a maioria apresenta um melhor repertório e que
permite igual questionamento do que é considerado “bom” ou “ruim”. Ou seja: Por que as letras de
música de Chico Buarque são consideradas clássicos de bom gosto e muitos viram a cara ao rap ou
ao axé? Relacione os comentários com os diferentes pontos de vista sobre o texto literário.
Durante a atividade, circule pela classe incentivando os alunos a encontrar as relações, esclarecen-
do dúvidas pontuais e estimulando o uso do dicionário.
Com base nessas diferentes definições, destaque que o conceito de literatura é aberto, ou seja, que
não há apenas uma definição válida. Cada um de nós deve construir a sua e saber defendê-la diante
dos outros. No entanto, as opiniões dos estudiosos no assunto podem ajudar-nos a construir a nossa
e a evitar que caiamos em erros e deturpações.

Discussão oral
ff Podemos aprender a gostar de algo de que não gostávamos?
ff Os gostos de música de antigamente não são os mesmos de hoje. Por que mudaram?
Discuta com os alunos sobre a mudança de valores de acordo com a passagem do tempo. Explique a eles que grande parte
daquilo que gostamos é resultado de termos aprendido a gostar. Uma pessoa consegue aprender a gostar, inclusive aprender a
desenvolver os gostos que vão atender à sua necessidade pessoal de Arte.

Aprofundando conhecimentos

Muitos concordariam ser verdade que o homem consegue aprender a gostar das coisas. Consegue até
aprender a gostar do que não gostava. Aprendemos a gostar de coisas novas e a valorizar coisas antigas.
Aprendemos a viver e a valorizar a necessidade que todos nós temos de gostar, de sonhar, de aprender.
Aprendemos a satisfazer as nossas necessidades de arte e beleza. Por isso, as pessoas cantam e ouvem
músicas, copiam versos para a pessoa amada, assistem a uma novela na televisão ou leem um livro.
LANDEIRA, J. L. Quando as palavras resolvem fazer arte. In: MURRIE, Z. F. (Coord.). Linguagens, códigos e suas
tecnologias: livro do estudante: Ensino Médio. Brasília: MEC/Inep, 2002. p. 84.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Os textos literários, orais e escritos, que adianta ele dizer que não vai ler porque, pes-
procuram atender a essa necessidade humana soalmente, não considera aqueles livros
de arte são chamados de Literatura. Ocorre, literários?
no entanto, que nem todos consideram Lite-
ratura como o mesmo conjunto de textos. Os
gostos mudam de acordo com a época, o lu- Para você, professor!
gar e o grupo social. Além disso, grupos so-
ciais tentam impor o seu conceito de Literatu- É importante destacar aqui o papel social
ra para outros. Muitas vezes, fazem isso por da Literatura. Outros exemplos poderão ser
instituições como a escola, que, por meio das considerados: a adaptação de um texto literá-
bibliotecas e dos textos adotados pelos pro- rio para o cinema ou para a televisão; a lista
fessores, em especial de Língua Portuguesa, de livros da biblioteca; a seleção de livros das
acaba por selecionar o que é texto literário e livrarias; a lista de livros mais vendidos que
o que não é. encontramos em revistas e jornais etc.

Nesse contexto, se achar oportuno, propo-


nha a seguinte questão: Se um aluno vai pres- Seguindo as estratégias estudadas,
tar vestibular e encontra, ao se preparar para elabore, no caderno, um resumo do
o exame, uma lista de livros de Literatura, texto a seguir:

A Literatura e a sociedade

Os textos, orais e escritos, que procuram atender à necessidade humana de arte são chamados de
Literatura. Ocorre que nem todos consideram Literatura como o mesmo conjunto de textos. Natu-
ralmente, não podemos reduzir o que é artístico apenas ao que é bonito.
Embora seja verdade que o conceito de Arte se relaciona aos conceitos de gosto e de belo, os
gostos mudam de acordo com a época, o lugar, a cultura e o grupo social. Por exemplo, alemães e
brasileiros, a princípio, não terão sempre os mesmos gostos. Na verdade, dificilmente duas pessoas
terão sempre os mesmos gostos ou classificarão as mesmas coisas como belas.
Além disso, grupos sociais tentam impor o seu conceito de literatura para outros. Muitas vezes
fazem isso por meio de instituições como a escola, que, conforme o acervo de suas bibliotecas e os
textos adotados pelos professores, em especial de Língua Portuguesa, acaba por selecionar o que é
texto literário e o que não é. O mesmo poderíamos falar das universidades: quem iria cogitar se um
determinado livro solicitado por uma universidade em um vestibular não é bonito o suficiente para
ser classificado como Literatura?
A Literatura, contudo, não é a única nessa situação: ela não é independente, mas está relacio-
nada aos demais fenômenos sociais e econômicos que configuram uma determinada sociedade. Os
fundamentos do que é Arte não são de origem individual, mas a obra de arte, sim: é a criação de um
indivíduo, o artista. Esse artista produz a obra de arte, um trabalho de imaginação.
A imaginação, por um lado, não pode fugir das referências da realidade. Por mais imaginativo que
seja o artista, sempre há algo de realidade em suas obras. Por outro, a imaginação do artista deve per-
mitir que a obra de arte vá além da realidade, não necessariamente contra essa realidade, mas desvelan-
do, possibilitando que o leitor do texto literário encontre, numa situação local, algo que seja universal.
O texto literário também não se deve confundir com o texto histórico. “Ah, esse livro é legal por-
que é baseado em fatos reais!” – isso não é um critério literário, mas histórico. A história descreve fa-

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tos que ocorreram realmente, preocupando-se com os detalhes particulares desses fatos. A Literatura
descreve fatos que, verdadeiros ou não, pouco importa, revelam aspectos universais – ou seja, sempre
presentes – do ser humano.
Elaborado por José Luís Landeira e João Henrique Mateos especialmente para o São Paulo faz escola.

Professor, na versão do texto que está neste Caderno, grifa- A crônica é um gênero textual que sur-
mos as ideias-chave para organização do resumo. Elas deve- giu nos jornais. Pela sensibilidade do texto
rão, evidentemente, passar por um processo de textualização e do olhar atualizado que ela exige, mistu-
por parte dos estudantes. rando o cotidiano do autor com o cotidia-
no do mundo, ganhou um espaço na litera-
Com esse enfoque, vamos considerar mais tura de tal maneira que hoje podemos con-
de perto um gênero literário específico, a crô- siderá-la um texto que tanto pertence à
nica. Trata-se de um gênero importante, por lista de textos jornalísticos como à de tex-
ter grande aceitação e circulação social. tos literários.

Para você, professor!

Faça a leitura do texto em voz alta. Depois peça aos alunos que leiam. Dois alunos podem encar-
regar-se de ler o texto todo: um lê do título até “Assim ficara sabendo que não era ninguém...”; e o
outro continua daí. Avalie o ritmo de leitura, a articulação das palavras e as pausas. Faça comentá-
rios e incentive-os conforme notar que seja necessário.

O padeiro
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do
apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma
coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um
lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a to-
mar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café
vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à
porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gri-
tando:
– Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?
“Então você não é ninguém?”
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater
a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz
que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é
ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém...

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para
explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu tam-
bém, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jor-
nal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na mão um
dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal
que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou
artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu
coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é
ninguém, é o padeiro”.
E assobiava pelas escadas.
Braga, Rubem. O padeiro. In: ANDRADE, Carlos Drummond de; SABINO, Fernando; CAMPOS, Paulo Mendes;
BRAGA, Rubem. Para gostar de ler, v. I - Crônicas. 12. ed. São Paulo: Ática, 1989. p. 63-64. Disponível em: <http://www.
tvcultura.com.br/aloescola/literatura/cronicas/rubembraga.htm>. Acesso em: 29 maio 2013.

Se achar pertinente, peça aos alunos que comportamento humano. As mais diversas realidades, subje-
narrem, oralmente, o resumo da crônica. tivas e sociais, são apresentadas ao leitor pelo filtro da sensi-
bilidade e da arte.
Quanto à segunda questão, espera-se, no entanto, que os
Para você, professor! estudantes respondam, de forma geral, que se trata de um
narrador um pouco mais velho (“Ah, eu era rapaz naquele
Essa atividade, além de possibilitar que tempo!”), apreciador dos simples acontecimentos rotineiros
se desenvolva a habilidade de elaborar sín- e sensível à existência humana (“O jornal e o pão estariam
teses de textos lidos, permite que você ava- bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração
lie a habilidade dos alunos de inferir o tema eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos
e o assunto principal em um texto e desen- útil e entre todos alegre”).
volva estratégias de recuperação de conteú-
dos que ainda não tenham sido devidamen- 2. Com base na crônica lida, respondam, in-
te assimilados. dividualmente, mas trocando ideias entre
vocês, às questões a seguir: Quais as per-
sonagens envolvidas? Qual o acontecimen-
1. Respondam às questões: to narrado? Em que lugar ocorre? Quanto
tempo se passa? Que reflexão sobre o com-
ff Trata-se de uma obra literária? Por quê? portamento humano nos apresenta o nar-
ff Que imagem de narrador se forma na rador?
mente do leitor? Por quê?
Sim, trata-se de uma obra literária porque ela se caracteriza Professor, nessa resposta, você pode suge-
por representar um olhar diferenciado do autor, em que se rir que seus alunos organizem o quadro a se-
revelam reflexões críticas, e até poéticas, sobre aspectos do guir.

Quais as personagens envolvidas? O narrador e o padeiro.

A lembrança do diálogo entre as personagens motivado pelo anúncio do


Qual o acontecimento narrado? padeiro: “Não é ninguém, é o padeiro!”.

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Em que lugar ocorre? Na casa do narrador.

O tempo atual, em que o narrador lembra, enquanto toma o café, e o


Quanto tempo se passa? tempo passado, em que o narrador dialoga com o padeiro.

Que reflexão sobre o comportamento


O valor da humildade no exercício profissional.
humano nos apresenta o narrador?

pado em ser sensível aos acontecimentos, com


Mas será que existiu mesmo um um olhar entre a comédia e a seriedade, mas
padeiro do modo como o descreve sempre com bom gosto e delicadeza.
Rubem Braga?
Em matéria de ficção, não adianta ficar Para Machado de Assis, por volta de 1859,
preocupado com tais dúvidas. Faz parte do o folhetim se origina da mistura entre o “útil e
trabalho dos escritores de ficção confundir o fútil”. Dessa forma, o folhetim foi misturan-
os leitores ao escrever. Ser confundido faz do cada vez mais características próprias do
parte do nosso papel de leitor. texto jornalístico – como o conteúdo crítico e
Desse modo, caiam no jogo proposto informativo – com a linguagem elaborada e
pelo narrador e sintam o cheiro de pão fres- crítica, mais própria da Literatura. De Ma-
quinho que vem do passado. chado de Assis, herdamos o modelo de crôni-
ca para a atualidade.

Explique os elementos da narrativa: perso- O folhetim evolui para crônica e esta para
nagens, ação, lugar, tempo. Tire dúvidas sobre a crônica literária, conservando, no entanto,
essas questões. É possível que o livro didático essa mistura entre a linguagem do cotidiano e
adotado tenha informações complementares a reflexão crítica e poética. A crônica é o texto
sobre esse tema. Aprofunde esse conhecimento. que procura surpreender os momentos da vi-
da que merecem ficar na memória.
Entre os textos narrativos literários de
maior circulação na sociedade desponta a crô- Observe que a vida do narrador é apre-
nica. A origem da palavra “crônica” é grega, sentada ao leitor a partir da rotina: nada de
de chronos, que significa “tempo”. Isso por- especialmente excitante ou diferente ocorre.
que uma das características definidoras da A memória, no entanto, a partir de uma
crônica é o seu caráter atual: fatos atuais são lembrança da véspera (“greve do pão dor-
apresentados ao leitor, acompanhados da re- mido”) viaja ainda mais para o passado e
flexão mais abrangente do escritor sobre o traz um detalhe da vida cotidiana: o encon-
comportamento humano. tro do narrador e do seu padeiro. Nesse en-
contro, no entanto, há espaço para toda
A crônica é um gênero literário de origem uma reflexão sobre a existência humana e a
brasileira. Surgiu no século XIX, derivada de necessidade de sermos humildes em tudo o
um gênero anterior chamado folhetim. A pro- que fazemos.
posta do folhetim era juntar, em um único tex-
to, a criação literária e a atividade jornalística. Discuta as experiências pessoais dos alu-
nos que eles, seguindo aquela narrada por
Em 1854, José de Alencar surge como o Rubem Braga, acreditam que dariam boas
principal nome do gênero “folhetim”, preocu- crônicas.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

3. Agora, cada grupo vai elaborara sua pró- 7. Observe o primeiro parágrafo da crônica:
pria definição de Literatura. Cada defini-
ção deve ser copiada em uma folha A4 e Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho
afixada no mural da classe. Ela será reexa- a chaleira no fogo para fazer café e abro a
minada em outros momentos. porta do apartamento – mas não encontro o
Professor, com essa ação, espera-se construir uma etapa do pão costumeiro. No mesmo instante me lem-
processo de aprendizagem do conceito de Literatura, que bro de ter lido alguma coisa nos jornais da
deverá ser retomado e alterado no decorrer do desenvolvi- véspera sobre a “greve do pão dormido”. De
mento das atividades. resto não é bem uma greve, é um lock-out,
greve dos patrões, que suspenderam o traba-
4. Que imagem você formou do narrador da lho noturno; acham que obrigando o povo a
crônica O padeiro, quanto à idade que ele tomar seu café da manhã com pão dormido
tem e à forma como vê a vida? conseguirão não sei bem o que do governo.
A resposta é pessoal, mas espera-se que os alunos res-
pondam que se trata de um homem mais experiente que, I. As expressões abluções, suspenderam e
com base em sua vivência e nostalgia, é mais sensível aos dormido poderiam ser substituídas, sem
acontecimentos rotineiros, que podem ser grandes lições significativa perda de sentido, respecti-
de vida. vamente por:

5. Que elementos do texto contribuíram para a) rituais – elevaram – com sono.


formar essa imagem?
Nas respostas de seus alunos, destaque os elementos que fa- b) lavagens – proibiram – descansado.
zem interagir a atualidade e a sensibilidade lírica, por exem-
plo: “E enquanto tomo café vou me lembrando de um ho- c) lavagens – levantaram – adormecido.
mem modesto que conheci antigamente”; “Ah, eu era rapaz,
eu era rapaz naquele tempo!”, “O jornal e o pão estariam d) rituais – ergueram – sossegado.
bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração
eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos e) lavagens – interromperam – de véspera.
útil e entre todos alegre”.
II. O uso do Presente do Indicativo, no iní-
6. Com maior ou menor intensidade, todo cio do parágrafo, poderia sugerir uma
narrador é um intérprete da sociedade em rotina. No entanto, ocorre um fato que
que vive e na qual produz a sua obra. Em nos mostra que o narrador não nos fa-
sua opinião, que interpretação (visão) da lará de uma rotina, mas de um acon-
sociedade aparece na crônica de Rubem tecimento importante no passado que
Braga? ainda está muito presente em sua me-
“Observe que a vida do narrador é apresentada ao leitor a mória. Identifique esse fato.
partir da rotina: nada de especialmente excitante ou diferen- “Abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão
te ocorre. A memória, no entanto, a partir de uma lembrança costumeiro.”
da véspera (greve do pão dormido), viaja ainda mais para o
passado e traz um detalhe da vida cotidiana: o encontro do 8. Utilizando exemplos da crônica de Rubem
narrador com seu padeiro. Nesse encontro, no entanto, há Braga, explique a definição de literatura a se-
espaço para toda uma reflexão sobre a existência humana e guir, adaptada do pensamento do estudioso
a necessidade de sermos humildes em tudo o que fazemos”, francês Roland Barthes: A Literatura é o pró-
encarando a atuação da sociedade como, muitas vezes, in- prio clarão do real. Toda a realidade e todo o
sensível e excludente. conhecimento estão presentes no texto literário.

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Levando em conta que a crônica é um texto literário, co- A seguir, socialize as respostas, procuran-
mente com seus alunos que ela é caracterizada por repre- do encontrar nos comentários a compreen-
sentar um olhar diferenciado do autor, em que se revelam são das características do gênero “crônica”.
reflexões críticas e até poéticas, sobre aspectos do compor- Em seus comentários, reforce tudo aquilo
tamento humano. que o aluno disser que revele alguma com-
As mais diversas realidades, subjetivas e sociais, são apresenta- preensão dessas relações de atualidade e sen-
das ao leitor, pelo filtro da sensibilidade e da arte. sibilidade lírica.

No caderno, responda às questões a Ainda a crônica e a Literatura


seguir:
Agora, ofereça outra oportunidade de lei-
1. A origem da palavra crônica é grega, de tura de uma crônica. Crônicas podem, facil-
chronos, que significa tempo. Que relação mente, ser encontradas nos livros da bibliote-
há entre tempo e o gênero textual crônica? ca ou sala de leitura da escola ou no livro di-
Uma das características definidoras da crônica é o seu cará- dático. Esta atividade, no entanto, centra-se
ter de contemporaneidade em relação ao autor, daí a rela- em construir uma expectativa de leitura a
ção com a ideia de tempo, também etimológica. partir do gênero e do título. Ou seja, como o
gênero e o título influenciam o leitor antes
2. Defina crônica. que ele inicie a leitura? Em outras palavras, o
Crônica é um gênero textual caracterizado por representar que o leitor pode esperar de um texto com tal
um olhar diferenciado do autor, em que se revelam reflexões título e com as características de crônica?
críticas e até poéticas, sobre aspectos da vida cotidiana.
A seguir, sugerimos a leitura de uma crô-
3. Ao falarmos da leitura de textos literários, nica da escritora catarinense Urda Alice
é importante saber se os fatos narrados são Klueger. Antes de começá-la, apresente o tí-
reais ou não? Por quê? tulo e pergunte: O que podemos esperar de
Não, não é importante. A Literatura descreve acontecimentos uma crônica chamada Futebol, quantas ale-
que, ocorrendo de fato ou não, pouco importa, pois revelam as- grias já me trouxe? Que alegrias podem tor-
pectos universais – ou seja, sempre presentes – do ser humano. nar-se crônica?

Futebol, quantas alegrias já me trouxe


Costumo dizer que as mais puras e intensas alegrias da minha vida vieram do futebol. Tive inú-
meras outras alegrias, é claro, mas nenhuma tão gratuita e intensa como as que o futebol me propor-
ciona desde 1958, quando tinha seis anos de idade.
Em 1958 fomos campeões do mundo pela primeira vez, e podem me perguntar que sei ainda todi-
nho o Hino da Seleção daquele ano. A Copa de 58 foi o momento de revelação do futebol, para mim,
e as imagens mais fortes daqueles dias de Copa são do meu pai, de ouvido encostado no rádio, e
explodindo em gritos de gol quando chegávamos a ele. Eu só tinha seis anos e ainda nada sabia de
futebol, mas gritava junto com meu pai, e sentia nascer em mim a primeira emoção violenta da vida.
Naquela época, ouvia-se o jogo pelo rádio, viam-se as fotos dos gols uma semana depois, na revista
O Cruzeiro, e, se tivesse sorte, uns dois meses depois podia-se ver os gols no cinema, no jornal que era
apresentado antes dos filmes.
Outra das imagens que ficou da Copa de 58 foi uma foto na revista, onde Pelé, menino de 16 anos,
aparecia abraçado com duas suecas loiríssimas. Para a tacanha mentalidade que predominava em
Santa Catarina, na época (e que continua por aí, por baixo dos panos), aquilo era quase um atentado

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

ao pudor. Duas loiras terem a coragem de abraçar um negro? O comentário mais sóbrio dizia que
elas não tinham vergonha na cara. Estava fora de cogitação os adultos da época pensarem na proba-
bilidade de, algum dia, seus filhos e netos se miscigenarem com a gloriosa e alegre etnia negra, que
tanto adoçou o Brasil. O fato é que, hoje, as miscigenações estão acontecendo vigorosamente, e deve-
rão aumentar de intensidade no futuro, neste país mestiço. E o menino Pelé, na época mais ou menos
perdoado por seus gols pela indecência de abraçar duas loiras, hoje é rei e tem incontestável majesta-
de e um dos orgulhos da minha família, por exemplo, é ter as fotos da minha irmã Mariana, que é
jornalista na África do Sul, entrevistando Pelé em Johannesburgo.
Mas falávamos em futebol, e atravessamos, ébrios de patriotismo, aqueles anos de 58 a 62. Em 1962
eu já tinha dez anos e o futebol tinha me fisgado de vez. De novo ouvi os jogos pelo rádio – a televisão
não tinha chegado ainda. Naquela Copa, porém, minha alegria ficou um pouco acobertada pela surra
que levei quando, num dos gols do Brasil, pulei tanto sobre o sofá novo pé de palito que a minha mãe
acabara de ganhar, que quebrei o pé de palito do mesmo. Mas foi lindo ganhar; ah! como foi!
E aí chegamos em 1970, em plena época da televisão, e nunca mais vamos ter uma Seleção como
aquela! Por mais que curta História, a minha grande admiração pelo México não advém dos Maias
e Astecas, mas do maravilhoso calor humano daquele povo que se colocou, decididamente, a torcer
pelo Brasil, depois que o seu país foi eliminado da disputa. Maravilhosos mexicanos, vocês ficaram
no meu coração! Na ocasião, eu tinha 18 anos, mas formei um firme propósito: não morrer antes de
ver o Brasil campeão de novo, tamanha foi a emoção que vivi. Tive que esperar 24 anos para que tal
acontecesse, tive que amargar todas as derrotas do intervalo, mas tinha a certeza de que não iria
morrer antes de reviver a intensidade da alegria. Esperei 94 do mesmo jeito que esperara todas as
outras copas: de camisa da Seleção, bandeiras na varanda, um monte de simpatias para dar sorte, e
coração pulsando na mão. Pode rir quem quiser, mas sou daquelas torcedoras que ouve o Hino Na-
cional de pé e em silêncio, na frente da televisão, e quase tem um enfarto a cada jogada. Em 94, gravei
todos os jogos da nossa Seleção, e aquelas fitas são, hoje, a minha certeza de alegria e de bom humor.
Quando alguma coisa não vai bem, quando surgem os problemas e fica difícil sair do baixo-astral, eu
revejo um dos jogos da World Cup. Não demora muitos minutos para que eu esteja rindo sozinha
igual a uma boba, na frente da televisão, o coração aquecido pela mais pura e intensa alegria.
Minha meta foi atingida: vi o Brasil campeão mais uma vez. Só que agora não quero morrer sem
ver o Brasil campeão de novo.
Ah! Futebol, quantas alegrias já me trouxe!
KLUEGER, Urda Alice. Escritora e historiadora.

Responda às questões no caderno:


Para você, professor!
1. Verônica gostou muito da crônica da escri-
Independentemente da crônica que ado- tora Urda Klueger. Ela tem uma amiga que
tar, varie as estratégias de leitura desenvol- mora em Santa Catarina, a Rebeca. Assim
vidas: leia primeiro todo o texto em voz al- que voltou da escola, foi a uma lan house e
ta. Mantenha um tom de voz cordial e uma enviou um e-mail para Rebeca contando a
boa articulação. respeito da crônica que leu. No e-mail, Verô-
Depois, divida a leitura do texto entre di- nica fez um resumo da crônica. Coloque-se
versos alunos. A cada aluno, pergunte: Qual no lugar dela e escreva o e-mail para Rebeca.
a ideia-chave do que foi lido? O que podemos Verifique se as principais ideias da crônica estão presentes no
esperar em seguida? texto. Além disso, é conveniente lembrar que a estrutura do
Verifique sempre o ritmo de leitura e a e-mail divide-se da seguinte forma: o cabeçalho, o corpo e o
clareza na pronúncia daquilo que se lê. anexo. No cabeçalho encontramos os itens essenciais para o
envio da mensagem, ou seja, o endereço digital do remeten-

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te, o endereço digital do(s) destinatário(s), logo a seguir en- ca de Rubem Braga ou a outra que encon-
contramos um campo que é opcional, destinado ao envio de trar em seu livro didático e analise o uso
cópias, ocultas ou não, e ainda o campo do assunto, que, na que o autor faz da linguagem, seguindo o
maioria das vezes, desperta o interesse ou não pela leitura da modelo de texto que acabamos de ler de
mensagem. No corpo do e-mail está o espaço destinado à Urda Klueger.
escrita da mensagem, que pode ser tão informal quanto de- Sugira que as informações dadas pelo enunciado da ques-
sejar o emissor (Verônica), desde que leve em conta o desti- tão sejam o modelo a ser seguido pelos alunos. “Ao produzir
natário, que, neste exercício, é Rebeca, a amiga de Verônica. a obra literária, o escritor abandona os registros habituais e
adota outro sistema linguístico, o da língua literária. Nele, as
2. Como já vimos, todo narrador interpreta palavras e expressões mais comuns, ao não mais pertence-
a sociedade em que vive e na qual produz rem ao sistema cotidiano de fala, mas ao sistema literário,
a sua obra. Em sua opinião, qual imagem mudam de valor. Urda constrói com a linguagem do dia a
da sociedade aparece na crônica de Urda dia um texto de memórias e poesia. Desse modo, por meio
Klueger? da simplicidade, aproxima-se do maior número possível de
Professor, destaque a diferença de tempos entre a realida- leitores”.
de vivida pela cronista e aquela que os alunos vivenciam no
tempo presente deles, com base em trechos do texto que A seguir, propomos, no Caderno do Alu-
apontem questões como preconceito, o ritmo mais lento da no, o famoso Poema em linha reta de Álvaro
comunicação (e as expectativas que isso imprimia) e a ne- de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa
cessidade de imaginação quando o veículo de comunicação (1888-1935). Os exercícios propostos permi-
mais popular era o rádio. tem aprofundar o conceito de Literatura, que
é vista aqui como uma construção contínua
3. Ao produzir a obra literária, o escritor e dinâmica feita pelo aluno-leitor, individua­
abandona os registros habituais e adota lidade ao mesmo tempo subjetiva e social. Por
outro sistema linguístico, o da linguagem isso, permita que os alunos expressem livre-
literária. Nele, as palavras e expressões mente suas opiniões pessoais a respeito do
mais comuns, ao não mais pertencerem ao poema. Neste momento, não há necessidade
sistema cotidiano de fala, mas ao sistema de aprofundar historicamente a identidade de
literário, mudam de valor. Urda constrói Fernando Pessoa.
com a linguagem do dia a dia um texto
de memórias e poesia. Desse modo, e com 4. Ao ler o poema a seguir, do português Fer-
simplicidade, aproxima-se do maior nú- nando Pessoa (1888-1935), pense em como
mero possível de leitores. Retorne à crôni- o texto procura se aproximar do leitor:

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.


Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,


Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo


Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana


Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!


Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

PESSOA, Fernando. Poemas de Álvaro de Campos. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/


DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16598>. Acesso em: 29 maio 2013.

Revise a função social do poema e a importância do leitor 6. Retorne ao poema de Camões com que
para atribuir sentido a este gênero textual. abrimos esta Situação de Aprendizagem:
Que diferenças e semelhanças você encon-
5. Como o eu lírico vê o mundo? Que distin- tra entre os dois poemas?
ção existe no poema entre eu e os outros? Ambos falam de um ser que não é como os demais. O mo-
O eu lírico é diferente dos outros por assumir suas fraquezas, tivo disso, em Camões, é o amor; já em Fernando Pessoa,
por se apresentar como alguém que sente dificuldades de é a própria identidade humana, que se revela complexa
viver entre os outros. demais.

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1. Utilizando exemplos do poema ff uso producente dos elementos da narra-
de Fernando Pessoa, explique no tiva: personagem, ação, espaço, tempo;
caderno esta definição de Literatu- ff presença de atualidade e sensibilidade
ra, adaptada do pensamento de Madame na escolha do tema;
de Stäel: A Literatura deve explicar-nos, por ff criatividade, bom gosto e expressão
meio de nossas virtudes e sentimentos, os poética da linguagem;
mistérios de nosso destino. ff preocupação com a intencionalidade
Continuamos interessados em construir gradualmente um comunicativa;
conceito dinâmico de Literatura. Destaque aspectos do poe- ff utilização de projeto de texto.
ma pessoano que se relacionam aos “mistérios do nosso des- Discuta as características da crônica. A importância de dar
tino”, como “Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas significação a algum acontecimento atual, daqueles que
coisas ridículas. Eu verifico que não tenho par nisto tudo nes- acontecem conosco no nosso íntimo ou na relação com os
te mundo”. outros. Esclareça dúvidas sobre o assunto. Lembre aos alu-
nos que a crônica pode versar sobre qualquer assunto atual:
2. Transcreva os versos do poema que consi- de uma ida à padaria ao jogo da final da Copa do Mundo.
derou mais significativos. Explique os mo- Explique os itens, detalhando aqueles em que sentir maior
tivos de sua escolha. dificuldade por parte da classe (observe que o item “Utiliza-
Não deixe, durante a correção, de perguntar a seus alu- ção de projeto de texto” será explicado a seguir).
nos por que os consideram mais significativos. Definir um
critério de escolha é uma habilidade fundamental para a
comunicação. Para você, professor!

1. Para finalizarmos esta Situação Durante este ano, vamos nos esforçar
de Aprendizagem, formem duplas para que o projeto de texto substitua o ras-
ou trios e, orientados pelo profes- cunho borrão, que raramente produz efei-
sor, escrevam uma crônica literária, seguin- tos didáticos de melhoria da escrita.
do os critérios:

ff uso apropriado da norma-padrão da 2. Elaborem, antes, um projeto de texto, com-


língua portuguesa; pletando o quadro a seguir.

Elementos da narrativa
Tema a ser abordado na crônica:

Personagens:

Ação principal:

Espaço:

Tempo:
Estrutura do texto
Introdução:
(Questão básica: Como despertar a atenção do leitor para que ele leia o texto?)

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Desenvolvimento da narrativa:

Conclusão/desfecho:
(Que reflexão eu gostaria de oferecer ao meu leitor? – deve harmonizar-se com a introdução.)

3. Após a escrita do texto, troquem-no com Os alunos corrigem os problemas encon-


outra dupla ou trio e anotem, a lápis, su- trados e reescrevem a crônica. Não se tra-
gestões para melhorar a escrita. Na devo- ta de fazer outro texto, mas de resolver os
lução do texto, levem em conta as opiniões problemas encontrados.
de seus colegas que considerarem contri-
buir para uma melhora do texto. Entre- 5. Retorne à definição de Literatura que es-
guem essa nova versão ao professor. creveu em grupo na Questão 3. A partir
dos conhecimentos que desenvolveu de lá
4. Depois que o professor corrigir o texto, ele para cá, refaça-a. Procure aprofundar seu
será devolvido. Ele vai discutir em classe ponto de vista sobre o que é o texto literá-
aspectos da escrita em que todos os alunos rio. Para isso, consulte o material de apoio
devem melhorar. Usem essas explicações que considerar conveniente ou peça orien-
para reescrever o texto. Devolvam-no para tação a seu professor.
a correção final, com a primeira versão, 2, 3, 4 e 5. Professor, para a condução destas atividades,
para que o professor possa observar as mu- tenha em mente que, da mesma forma que o conto, a
danças feitas. crônica é um gênero literário. Nesse sentido, sua produ-
ção deve ser encarada como um diálogo possível entre o
Discuta e exemplifique as principais di- que o aluno produz e a tradição literária. Todas as ações
ficuldades encontradas. Para isso, utilize aqui previstas procuram estimular essa intersecção e é
pequenos trechos dos textos produzidos nesse contexto que deve ser retomado o conceito de Li-
pelos alunos. teratura.

Situação de Aprendizagem 10
Um, dois, três... ação!

Nesta Situação de Aprendizagem, reto- mático. Além disso, propomo-nos a investi-


maremos algumas habilidades que começa- gar, com os alunos, o valor estilístico do
mos a desenvolver em Situações de Aprendi- pretérito verbal, especialmente no Modo
zagem anteriores e avançaremos com novos Indicativo, e os reflexos na produção do tex-
conhecimentos, trabalhando dois gêneros to narrativo e poé­tico. No entanto, como
textuais bem diversos: a fábula e o texto tea- veremos, o termo “fábula” é também usado
tral. O primeiro é narrativo; o segundo, dra- em contexto teatral.

Conteúdos e temas: conceito de gênero; a fábula; texto teatral: diferenças entre texto teatral e texto espe-
tacular; verbo: aspectos estilísticos; polissemia.

Competências e habilidades: reconhecer características básicas do texto dramático teatral; desenvolver


estratégias de leitura e produção do texto literário; desenvolver habilidades de argumentação; identifi-
car o valor estilístico do verbo (Pretérito do Indicativo) em textos literários; compreender a linguagem

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verbal como realização cotidiana em circulação social por meio de gêneros textuais; compreender a
literatura como sistema social em que concretizam-se valores sociais e humanos.

Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com o desenvolvimento
de conteúdos a partir de estratégias específicas do professor; contrastar o mesmo tema em diferentes tex-
tos e discuti-lo, por meio de perguntas e respostas orais; analisar textos teóricos que tratam do assunto
abordado, permitindo familiarizar o aluno com a linguagem própria do texto acadêmico.

Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; fotografias e textos de livros ex-
traclasse.

Sugestão de avaliação: produção de folheto informativo de divulgação.

Sondagem decorre, é a principal influência para for-


matar como algo é expressado.
Jogo teatral: até logo!
III. Para essa preparação são necessários ape-
Um grupo de três ou quatro alunos desen- nas de cinco a dez minutos.
volve e representa uma cena curta, de aproxi-
madamente três minutos, em que um deles, IV. Sorteie três grupos, de acordo com as di-
em dado momento, usa a expressão “Até lo- ferentes possibilidades, para que apresen-
go!”. A expressão deve ser dita em um ponto tem o que prepararam.
culminante da representação, não pode ser jo-
gada logo no começo. V. 
Em seguida, a cada apresentação, peça
aos alunos que “resumam” as ações que
I. Divida a classe em grupos. Para cada um, presenciaram. Escreva na lousa essa nar-
determine uma das possibilidades de con- rativa, por meio de frases breves.
textualizar a expressão:
Exemplos:
ff dizer “até logo!” a um amigo que nos
ajuda em uma grande necessidade; ff Lucas cumprimentou Sara.
ff dizer “até logo!” a um parente de ff Sara fez uma expressão de desagrado.
quem não se gosta muito, mas com ff Lucas parecia cansado.
quem se deve ser gentil para causar
boa impressão; VI. Peça sempre aos alunos que identifi-
ff dizer “até logo!” a um cliente que acaba quem o verbo de cada frase.
de fechar uma compra.
VII. Solicite que anotem as frases no ca-
II. Lembre os alunos de que muitas pala- derno.
vras são repetidas todos os dias, mas em
contextos completamente diferentes. Se VIII. Para finalizar, solicite aos demais alunos
necessário, recapitule o conceito de con- que se apresentem, dentro das possibili-
texto. De acordo com o contexto, o modo dades de tempo.
como tais palavras são ditas muda. Re- Professor, essa é uma atividade preparatória para a leitura de
force o fato de que a situação, que resulta texto teatral, foco dessa Situação de Aprendizagem.
do momento e do lugar em que a ação

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Roteiro para aplicação da O texto teatral


Situação de Aprendizagem 10
Depois de realizar o jogo teatral proposto,
ff Conceito de gênero leia o texto a seguir. Trata-se de um trecho
Definição de gênero a partir das reflexões de uma peça de teatro, escrita por Machado
feitas até o presente momento. de Assis. O texto mostra uma conversa entre
duas personagens, em que uma supõe o que a
ff A fábula outra sente.
Conceito e definição de fábula na tipologia
textual e na esfera teatral. Análise e compa- 1. Discuta oralmente em classe: Você já foi ao
rações. teatro? A quais peças já assistiu? De que ar-
tistas de teatro ou de televisão gosta mais?
ff Texto teatral: diferenças entre texto teatral Discuta a importância social do teatro como um espaço de
e texto espetacular cultura e formação pessoal.
Conceito e relações entre o texto teatral e o
espetacular. 2. Responda no caderno: um espetáculo é
tudo que se oferece ao olhar. Uma apre-
ff Verbo: aspectos estilísticos sentação de teatro é, portanto, um espetá-
Estudo de elementos expressivos presentes culo. Que outros tipos de espetáculo você
no verbo. conhece?
Sugestões: show de rock, jogo de futebol, balé ou música
ff Polissemia clássica. Professor, alguns consideram os cultos religiosos
Análise prática do conceito de polissemia a como textos espetaculares; se achar conveniente, conside-
partir da definição de fábula. re esse tema.

O protocolo

Comédia em um ato
Em casa de Pinheiro
(Sala de visitas)

Cena I
ELISA, VENÂNCIO ALVES
ELISA: Está meditando?
VENÂNCIO (como que acordando): Ah! perdão!
ELISA: Estou afeita à alegria constante de Lulu, e não posso ver ninguém triste.
VENÂNCIO: Exceto a senhora mesma.
ELISA: Eu!
VENÂNCIO: A senhora!
ELISA: Triste, por quê, meu Deus?
VENÂNCIO: Eu sei! Se a rosa dos campos me fizesse a mesma pergunta, eu responderia que era falta
de orvalho e de sol. Quer que lhe diga que é falta de... de amor?
ELISA (rindo-se): Não diga isso!
VENÂNCIO: Com certeza, é.
ELISA: Donde conclui?

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VENÂNCIO: A senhora tem um sol oficial e um orvalho legal que não sabem animá-la. Há nuvens...
ELISA: É suspeita sem fundamento.
VENÂNCIO: É realidade.
ELISA: Que franqueza a sua!
VENÂNCIO: Ah! é que o meu coração é virginal, e portanto sincero.
ELISA: Virginal a todos os respeitos?
VENÂNCIO: Menos a um.
ELISA: Não serei indiscreta: é feliz.
VENÂNCIO: Esse é o engano. Basta essa exceção para trazer-me em um temporal. Tive até certo tempo o
sossego e a paz do homem que está fechado no gabinete sem se lhe ciar da chuva que açoita as vidraças.
[...]

ASSIS, Machado de. O protocolo. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_


action=&co_obra=17479>. Acesso em: 29 maio 2013.

Conheça melhor o autor da obra: Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na cidade do Rio
de Janeiro, em 21 de junho de 1839 e faleceu em 29 de setembro de 1908. Fundador da Aca-
demia Brasileira de Letras, foi cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista,
romancista, crítico e ensaísta. É considerado o maior escritor brasileiro e um dos maiores do mundo.

Responda no caderno: Apesar de o autor não ter descrito no texto o


estado da personagem no momento em que
1. O jogo teatral realizado pela classe não é a disse “Eu!”, podemos perfeitamente, com
mesma coisa que teatro. Quais são as prin- base no contexto, supor que Elisa estava:
cipais diferenças?
O jogo teatral não segue um texto teatral predefinido. Ape- a) feliz.
nas algumas indicações.
b) zangada.
2. O texto teatral O protocolo é dividido entre as
personagens (locutoras) da peça, que suprem c) surpresa.
a função do narrador. Essas personagens são
introduzidas pela citação de seu nome. Quais d) horrorizada.
são as personagens do texto lido?
Elisa e Venâncio. 4. Venâncio compara a falta de amor na vida
de Elisa com a falta de orvalho e de sol
3. Observe o diálogo: para a rosa. Explique essa comparação.
A rosa necessita de orvalho e de sol para viver, assim como o ser
humano, representado pela personagem Elisa, precisa de amor.
 LISA: Estou afeita à alegria constante
E
de Lulu, e não posso ver ninguém triste. Reescreva a cena de Elisa e Venâncio
VENÂNCIO: Exceto a senhora mesma. como se fosse o trecho de um conto.
Não se esqueça de que os nomes das
ELISA: Eu! personagens nos diálogos devem ser substituí-
dos por travessão ou aspas. Já as marcas cênicas

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

e ações devem dar lugar a descrições, para que o


leitor possa imaginar a cena, como se a estivesse Para você, professor!
vendo representada no palco do teatro. Esta é uma excelente ocasião para levar os
Oriente os alunos para a importância das descrições na cons- alunos ao teatro ou fazer o teatro vir à escola.
tituição do espaço da narrativa.

Encontre no livro didático um exemplo de


O que quer dizer a palavra teatro? texto teatral. Mostre aos alunos a diferença
A palavra grega théatron era o lu- entre o texto principal e as indicações cênicas
gar onde se apresentava uma peça (ou texto secundário).
(texto teatral). O teatro surgiu na Grécia An-
tiga, no século IV a.C. Observe, no texto a seguir, que se trata do
trecho de uma peça teatral e que ele traz diá-
logos explícitos, além das indicações cênicas.
O que é um texto teatral?
O teatro
É um texto escrito composto com a inten-
ção de ser representado como peça de teatro. Resolva as questões a seguir no caderno.

(Jocasta aparece na entrada do palácio e se interpõe entre Édipo e Creonte.)


JOCASTA – Insensatos! Por que suscitar aqui uma absurda guerra de palavras? Não vos
envergonhais, quando vosso país sofre o que sofre, de expor aqui vossos rancores privados? (A Édipo)
Vamos, retorna ao palácio. E tu para tua casa, Creonte. Não façais de um nada uma imensa dor.

CREONTE – É teu esposo, minha irmã, é Édipo quem pretende tratar-me de um modo estranho e
decidir ele próprio se me expulsará de Tebas ou se me condenará à morte.

ÉDIPO – Exatamente! Não o surpreendi armando criminosamente contra a minha pessoa uma
intriga criminosa?
SÓFOCLES. Édipo Rei. Porto Alegre: L&PM, 2013. p. 41

1. Identifique as indicações cênicas. privados? (A Édipo) Vamos, retorna ao palá-


Jocasta aparece na entrada do palácio e se interpõe entre cio. E tu para tua casa, Creonte.
Édipo e Creonte; dirige-se a Édipo. Não se envergonha, quando seu país sofre o que sofre, de
expor aqui seus rancores privados? (A Édipo) Vamos, retorna
2. Reescreva o trecho a seguir, substituindo os ao palácio. E você para sua casa, Creonte.
pronomes vos e vosso(s) por se e seu(s) e o
pronome pessoal tu por você. Alguns ajustes 3. Explique a diferença de sentido que houve
serão necessários ao compor a nova frase. no trecho com a mudança que fez.
Destacar que o texto ganha em familiaridade, embora per-
Não vos envergonhais, quando vosso país so- maneça na norma-padrão. Ouça outras ideias que surgirem
fre o que sofre, de expor aqui vossos rancores e avalie a sua legitimidade.

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4. Faça agora, sob orientação do seu profes-
sor, a leitura dramática do texto. A toupeira
É necessário destacar que para realizar essa tarefa o aluno sai-
ba a importância da impostação de voz e da dicção, e que ela
seja realizada em pé.
Certa vez uma toupeira, que é um ani-
mal cego, disse à sua mãe que estava enxer-
gando. A mãe resolveu fazer um teste: pôs
diante dela um grão de incenso e pergun-
Para você, professor! tou-lhe o que era.

Na leitura dramática do texto, faça os “Um pedregulho”, respondeu a jovem


alunos observarem que, na interpretação, toupeira.
as indicações cênicas desaparecem.
A mãe lamentou-se: “Minha filha, cega
eu já sabia que você era, mas agora sei tam-
bém que você perdeu o olfato!”
Pergunte aos alunos de que textos espeta-
O impostor promete o impossível: mas
culares eles preferem participar.
pouca coisa o desbarata.
Diante das diferentes respostas, pergunte- ESOPO. Fábulas. Tradução João Henrique Mateos e
-lhes: Por que consideram esse texto espetacu- José Luís Landeira. Disponível em:
lar? Ouça seriamente as respostas de seus alu- <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
DetalheObraForm.do?select_action=&co_
nos e comente quando julgar conveniente. obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013.
Trata-se de uma forma simples de desenvolver
a habilidade de argumentação.

A fábula Responda no caderno:

Depois de estudar a crônica na Situação de 1. De que conhecimentos sobre os assuntos


Aprendizagem anterior, vamos ver outro gê- tratados o leitor necessita para compreen-
nero de texto, a fábula, cuja característica nar- der adequadamente o texto?
rativa é predominante, mas com alguns ele- É importante o leitor ter conhecimento de que as toupeiras
mentos diferentes da crônica. são conhecidas por enxergarem mal. São animais que vivem
normalmente em tocas subterrâneas. Também é importante
Converse com seus colegas: Você já leu saber que o incenso exala um aroma forte.
uma fábula? Que características desse gênero
você conhece? 2. Qual foi o erro da jovem toupeira?
Essa é uma atividade de pré-leitura, para introdução do gê- Seu erro consiste em não ter sentido o aroma do incenso.
nero “fábula”.
3. Que relação há entre a moral da fábula e a
Peça que leiam a fábula em voz alta. Verifi- narrativa?
que o ritmo de leitura, o tom de voz e a articu- A moral relaciona a jovem toupeira ao impostor, desmascara-
lação das palavras. da por sua mãe, com o teste do “incenso”.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

4. Indique com F (fábula) ou C (crônica) as é utilizada. Quando ocorre, chamamos


características desses dois gêneros de texto isso de polissemia . Considerando o
do tipo narrativo: sentido polissêmico das palavras, também
podemos chamar de fábula o relato ou a
a) ( F ) A moral da história pode ser explíci- história da peça de teatro: o rela-
ta ou implícita no texto. to de aconteci­mentos organizado em uma
sequência temporal e causal de ações,
b) (C) Apresenta complexidade na narrati- mesmo que não haja qualquer proposta
va e na descrição das personagens. moral . A fábula, vista dentro do
contexto teatral , pode ser contí-
c) (C) Tem caráter pessoal, direcionando o nua e unificada (a grande maioria) ou for-
olhar para um modo mais intimista de mada por episódios autônomos e deixa o
ver o mundo. trabalho de confronto com a realidade para
o espectador (como no caso de algu-
d) ( F ) As personagens são, na maioria das mas produções do teatro atual).
vezes, animais.

Escreva um pequeno texto que expo-


nha as semelhanças e diferenças entre 2. Assinale a alternativa em que a palavra ce-
a fábula e a crônica. Use os conheci- go(a) tem o mesmo sentido que aparece na
mentos adquiridos para compor seu texto. frase: “Certa vez uma toupeira, que é um
Como elemento de proximidade, sugerimos o caráter nar- animal cego, disse à sua mãe que estava en-
rativo; no mais, são muito distintos: animais com comporta- xergando.”
mentos humanos e frequente presença de moral (fábula);
narrativa como instantâneo do cotidiano, leve, mas com tra- a) Mariana, após a operação nos olhos,
balho de linguagem que torna o flagrante do momento algo mesmo cega, conseguiu encontrar a saída
diferenciado (crônica). de emergência.

1. Preencha os espaços do texto a b) Pedro estava cego de ódio quando chegou


seguir usando palavras seleciona- ao hospital, tarde da noite, para brigar
das do quadro: com Mariana.

c) Pedro amarrou os sapatos com um nó


conceito – história – narrativa – teatral cego e saiu apressado para a rua.
– palavra – leitor – espectador – polissemia
– fábula – sequência – organização – moral d) Por quais caminhos cegos Mariana
– costume – contexto terá trilhado até se decidir a fazer a
operação?

Se achar pertinente, peça aos alunos que


Uma mesma palavra pode comparem essa fábula com as crônicas que le-
ter diferentes significados de acordo com ram. Que semelhanças e diferenças encontram
o contexto e as intenções com que entre elas?

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Não sabemos quais serão as conexões ff uma fofoca;
propostas pelos alunos, mas sugerimos algu- ff um comunicado da diretoria da escola.
mas. A fábula, como a crônica, é um gênero
textual narrativo. A fábula, no entanto, se di- Este exercício tem como objetivo que o
vide em duas partes: a narração propriamen- aluno perceba as diferenças de uso social dos
te dita e a moral, que pode estar explícita ou gêneros textuais. É também uma ótima oca-
implícita no texto. Nem sempre a moral de sião para discutir o papel social da literatura,
uma fábula, no entanto, é muito ética. A co- reforçando o conhecimento construído na Si-
nhecida fábula do lobo e do cordeiro, de La tuação de Aprendizagem anterior.
Fontaine, afirma que “a razão do mais forte
é sempre a que vence”. As fábulas fazem uso Curiosamente, também se chama de fábula
de personagens humanos ou não – destaque o relato ou a história da peça de teatro: o rela-
que há muitas fábulas em que são os animas to de acontecimentos organizados em uma se-
que falam. É possível que alguns alunos di- quência temporal e causal de ações, mesmo que
gam que as fábulas são mais curtas. Embora não haja qualquer proposta moral. Neste mo-
sejam mais curtas que o romance, por exem- mento, é importante desenvolver o conceito
plo, nem sempre são mais curtas que as crô- de polissemia, ou seja, que uma mesma pala-
nicas. As crônicas têm uma proposta menos vra pode ter diferentes significados de acordo
moralizadora que as fábulas. Elas objetivam com o contexto e as intenções em que é utili-
mais a reflexão e costumam ser mais intimis- zada. A fábula, dentro do contexto teatral,
tas, mais pessoais, sem tantas pretensões mo- pode ser contínua e unificada (a grande maio-
ralizadoras, sem alicerçar-se em uma moral ria), ou formada por episódios autônomos
simplista no modo de ver o mundo. Por isso que deixam o trabalho de confronto com a
mesmo, as personagens e a narrativa apresen- realidade para o espectador (como no caso de
tam maior complexidade. É o caso da crôni- algumas produções do teatro atual).
ca que examinamos, O padeiro.

Você pode, ainda, discutir oralmente pa- Para você, professor!


ra que serve a leitura de: Apenas a devida compreensão polissê-
mica do termo “fábula” garante o bom re-
ff uma fábula; sultado desta Situação de Aprendizagem!
ff uma crônica;
ff um poema;
ff uma notícia de jornal; Para trabalharmos o conceito de fábula no
ff uma receita culinária; teatro, propomos que apresente o seguinte tre-
ff um resumo de novela; cho de uma peça de teatro de Martins Pena:

Leia a seguir um trecho da peça teatral O noviço, de Martins Pena e responda: O que o
trecho sugere que vai acontecer na peça?
O noviço
Ato primeiro
Sala ricamente adornada: mesa, consolos, mangas de vidro, jarras com flores, cortinas, etc., etc. No
fundo, porta de saída, uma janela, etc,. etc.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

[...]
AMBRÓSIO – Escuta-me, Florência, e dá-me atenção. Crê que ponho todo o meu pensamento
em fazer-te feliz...
FLORÊNCIA – Toda eu sou atenção.
AMBRÓSIO – Dois filhos te ficaram do teu primeiro matrimônio. Teu marido foi um digno
homem e de muito juízo; deixou-te herdeira de avultado cabedal. Grande mérito é esse...
FLORÊNCIA – Pobre homem!
AMBRÓSIO – Quando eu te vi pela primeira vez, não sabia que eras viúva rica. (À parte:) Se o
sabia! (Alto:) Amei-te por simpatia.
FLORÊNCIA – Sei disso, vidinha.
AMBRÓSIO – E não foi o interesse que me obrigou a casar contigo.
FLORÊNCIA – Foi o amor que nos uniu.
AMBRÓSIO – Foi, foi, mas, agora que me acho casado contigo, é de meu dever zelar essa fortuna
que sempre desprezei.

PENA, Martins. O noviço. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Detalhe


ObraForm.do?select_action=&co_obra=2044>. Acesso em: 29 maio 2013.

Esse trecho dá fortes indícios da fábula a so. Carlos fica livre do convento e pode se
ser apresentada na peça de teatro. Permita casar com Emília.
que, oralmente, os alunos expressem o que
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
conseguem adiantar a esse respeito.

1. Leia a seguir o resumo da fábula de O novi-


ço. Comente, em seu caderno, se ele confir- Professor, essas são atividades de pré e pós-leitura. Nesse sen-
ma suas hipóteses sobre o texto. tido, observe os elementos que apontamos no texto da peça
e a relação que estabelecem desse elemento com o resumo.

Ambrósio, apenas por interesse, casou- 2. Qual a importância da indicação cênica “À


-se com Florência, que tem dois filhos – parte” no trecho:
Emília e Juca. Contudo, Ambrósio já era
casado com Rosa (na época não havia di- “AMBRÓSIO – Quando eu te vi pela primei-
vórcio), a quem abandonara depois de ra vez, não sabia que eras viúva rica. (À parte:)
roubar os seus bens. Ele se vê, no entanto, Se o sabia! (Alto:) Amei-te por simpatia”?
em maus lençóis quando Carlos, jovem A indicação cênica “à parte” (para que Florência não ouça)
que fugira do convento para casar-se com deixa claro o jogo irônico entre as falas e as intenções de
Emília, encontra com Rosa. Carlos passa Ambrósio.
a fazer chantagem com Ambrósio, mas a
verdade termina vindo à tona: Florência 3. Leia mais um trecho da peça. Preste aten-
fica sabendo do calhorda bígamo com ção nos indícios de uma fábula que o texto
quem se casara. Ambrósio foge, mas é pre- apresenta:

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[...]
AMBRÓSIO — Tua filha está moça e em estado de casar-se. Casar-se-á, e terás um genro que exigirá
a legítima de sua mulher, e desse dia principiarão as amofinações para ti, e intermináveis demandas.
Bem sabes que ainda não fizestes inventário.
FLORÊNCIA — Não tenho tido tempo, e custa-me tanto aturar procuradores!
AMBRÓSIO — Teu filho também vai a crescer todos os dias e será preciso por fim dar-lhe a sua
legítima... Novas demandas.
FLORÊNCIA — Não, não quero demandas.
AMBRÓSIO — É o que eu também digo; mas como preveni-las?
[...]
AMBRÓSIO — Que dúvida! E eu julgo que podes conciliar esses dois pontos, fazendo Emília pro-
fessar em um convento. Sim, que seja freira. Não terás nesse caso de dar legítima alguma, apenas um
insignificante dote — e farás ação meritória.
FLORÊNCIA — Coitadinha! Sempre tenho pena dela; o convento é tão triste!
[...]
AMBRÓSIO — A respeito de teu filho direi o mesmo. Tem ele nove anos e será prudente criarmo-lo
desde já para frade.
[...]
PENA, Martins. O noviço. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=2044>. Acesso em: 29 maio 2013.

4. Como o texto de Martins Pena foi escrito b) herança, ensinamentos, exigências, tor-
no século XIX, algumas palavras só podem nar-se profissional.
ser compreendidas em nossa época se pro-
curarmos seus significados em um dicioná- c) herança, chateações, exigências, fazer
rio. Faça uso de um para resolver a questão votos.
proposta.
d) herança, exigências, votos, ensinar.
As palavras destacadas nos trechos a se- Solicite aos alunos que usem o dicionário para verificar o
guir podem ser substituídas, respectiva- sentido, no texto, das palavras “legítima” (porção da he-
mente, por: rança reservada por lei aos herdeiros), “demandas” (exi-
gências) e “professar” (fazer votos, ao entrar para uma
I. “Casar-se-á, e terás um genro que exi- ordem religiosa). Explique-lhes que O noviço, de Martins
girá a legítima de sua mulher...”. Pena, é uma peça de teatro do século XIX, o que traz con-
sigo algumas dificuldades para o leitor do século XXI, mas
II. “[...] e desse dia principiarão as amofi- nada que o sentido geral do texto ou ir de vez em quando
nações para ti, e intermináveis deman- ao dicionário não resolva. Incentive os alunos a ler essa
das.” peça de teatro.

III. “E eu julgo que podes conciliar esses Pergunte, oralmente, as diferenças entre
dois pontos, fazendo Emília professar fábula, como gênero narrativo e fábula no
em um convento.” texto teatral. Trata-se de uma questão de re-
capitulação que visa a possibilitar que os
a) divisão, exigências, penas, ensinar.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

alunos tomem consciência dos conteúdos escrito –, que não nasce do nada. Para comu-
apreendidos. nicar, ela precisa obedecer a certas regras. To-
da manifestação da linguagem ocorre por
1. Encontre alguns poemas no livro meio de textos. Os textos surgem de acordo
didático. Compare-os com a fábula com as diferentes atividades do ser humano, o
da toupeira. Que diferenças há? Es- que possibilita serem agrupados em gêneros
creva suas impressões no caderno. textuais.
Professor, são gêneros muito distintos. Observe, em que me-
dida, ressaltam as características de cada um. Os gêneros textuais surgem de acordo com
a sua função na sociedade, seus conteúdos,
2. Na próxima aula, seu professor vai recapi- seu estilo ou a forma como são construídos.
tular os conceitos básicos que distinguem
o texto em verso do texto em prosa. Com- Gênero – como a “fábula”, a “crônica”, a
pare suas anotações com a explicação do “notícia de jornal” – é o nome dado às dife-
professor para esclarecer suas dúvidas. rentes formas de linguagem que circulam no
Esta é a oportunidade de explicar, brevemente, os conceitos nosso dia a dia. Estamos inundados de gê-
básicos que distinguem o texto poético do texto em prosa. neros textuais. Eles são a forma como a lín-
O texto poético, normalmente, é escrito em versos. já o texto gua organiza-se nas inúmeras situações de
em prosa, não. Cada linha de um texto poético é denomina- comunicação que vivemos na sociedade.
da “verso”, o conjunto de versos em um poema é denomi- Dominar o maior número possível de gêne-
nado “estrofe”. Explique também o que é rima e ritmo: você ros – interagindo com eles na recepção, na
encontrará no livro didático adotado, na biblioteca ou sala produção ou em ambas as situações – per-
de leitura de sua escola, oportuno material de apoio para a mite-nos melhorar o nosso relacionamento
preparação de sua aula. Este não é, entretanto, o momento com os outros.
de aprofundar as diferenças entre linguagem poética e lin-
guagem em prosa. Apenas desejamos que os alunos perce- Nesse momento, sugerimos que divida a
bam as diferenças de forma e uso social que constituem os classe em grupos de quatro a cinco alunos e
diferentes gêneros. É com esse olhar que desejamos promo- peça que façam uma relação dos diferentes
ver esse questionamento. Se julgar conveniente, pergunte gêneros de textos utilizados por eles no dia a
também: Quando alguém lê um poema? Por quê? dia. Entre os gêneros selecionados, quantos
estão diretamente relacionados a atividades
Todos somos seres de comunicação. Ao de oralidade? E à linguagem escrita (leitura e
nos dirigirmos a alguém – não importando produção escrita)? Circule pela sala durante
quem seja, mesmo que esse alguém seja nós as discussões, certificando-se do aprendizado
mesmos –, elaboramos a nossa identidade, ou dos alunos.
seja, tornamo-nos, por exemplo, cronistas,
contadores de fábulas, poetas, repórteres, co- Essa atividade é de avaliação formativa.
mentadores de programas de televisão ou Encare-a como um modo de observar o que
cientistas etc. os alunos não entenderam (fazendo as inter-
venções necessárias) e o que sabem.
Para nos comunicarmos, fazemos uso das
mais variadas linguagens. Qualquer atividade Os gêneros textuais e o verbo
humana está relacionada com a linguagem,
muito especialmente com a linguagem verbal 1. Destaque as frases e palavras-chave do tex-
– aquela que produzimos oralmente ou por to a seguir e, no caderno, faça um resumo.

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O gênero textual e o dia a dia
Todos nós somos seres de comunicação e para nos comunicar fazemos uso das mais variadas lin-
guagens. Qualquer atividade humana está relacionada com a linguagem, muito especialmente a lin-
guagem verbal – aquela que produzimos oralmente ou por escrito –, não nasce do nada. Para comu-
nicar, ela precisa obedecer a certas regras. Toda manifestação da linguagem se dá por meio de textos.
Quando produzimos um texto, construímos também uma identidade. Por exemplo, nos tornamos
cronistas, ou contadores de fábulas, ou poetas, ou repórteres, ou comentadores de programas de te-
levisão, ou cientistas etc.
Os textos surgem de acordo com as diferentes atividades do ser humano, o que possibilita serem
agrupados em gêneros textuais. Estes surgem de acordo com sua função na sociedade, seus conteú-
dos, seu estilo ou a forma como são construídos.
Chamamos de gênero as diferentes formas de linguagem que circulam no nosso dia a dia. Al-
guns exemplos são a fábula, a crônica, a notícia de jornal. Você consegue lembrar outros gêneros
textuais com os quais tem contato no seu dia a dia?
De fato, nossa sociedade está repleta de gêneros textuais. Eles são a forma como a língua se organi-
za nas inúmeras situações de comunicação que vivemos. Dominar o uso do maior número possível de
gêneros permite-nos melhorar o nosso relacionamento com os outros.

Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Professor, foram grifadas as palavras-chave do texto. Discuta- que eles mantêm na construção da nar-
-as com os alunos, que deverão usá-las como eixo norteador rativa. Sublinhe todos os verbos que apa-
do resumo. recem no texto para resolver o exercício
seguinte.
Considere o jogo teatral feito no momento Certa vez uma toupeira, que é um animal cego, disse à
de “Sondagem”. Recorrendo às frases feitas, sua mãe que estava enxergando. A mãe resolveu fazer um
recapitule o que foi desenvolvido na aula ante- teste: pôs diante dela um grão de incenso e perguntou-lhe
rior: a importância do contexto na produção o que era. “Um pedregulho”, respondeu a jovem toupei-
do texto oral e o valor do verbo na construção ra. A mãe lamentou-se: “Minha filha, cega eu já sabia que
da narrativa. Peça agora que encontrem os você era, mas agora sei também que você perdeu o ol-
verbos na fábula da toupeira. fato!” O impostor promete o impossível: mas pouca coisa
o desbarata.
Provavelmente, será necessário recapitular
os conteúdos específicos sobre o que é verbo Número: os verbos da língua portuguesa
e quais as suas principais dimensões morfos- admitem dois números: o singular e o plural.
sintáticas de estudo (número, tempo, modo, É o sujeito (singular ou plural) que determina
pessoa). Você encontrará reflexões no livro o número do verbo.
didático adotado, além daquelas que aborda-
remos aqui. Pessoa: o verbo possui três pessoas:

2. Voltemos à fábula da toupeira. Releia Primeira pessoa: aquele que fala; corres-
o texto, prestando especial atenção aos ponde aos pronomes pessoais eu (singular) e
verbos e à importante relação temporal nós (plural).

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Segunda pessoa: aquele com quem se fala; 3. Que modo verbal predomina na fábula? O
corresponde aos pronomes pessoais tu (singu- que isso nos revela?
lar) e vós (plural). Predomina o Modo Indicativo. Isso é bem apropriado para o
tom de certeza moralizadora. Ou seja, sempre que alguém
Terceira pessoa: aquele de quem se fala; se porta como a toupeira, ocorre a mesma coisa. Destaque
corresponde aos pronomes pessoais ele, ela que a ordem “Não faça como a toupeira” aparece de forma
(singular) e eles, elas (plural). implícita, não sendo verbalizada em nenhum momento.

Para você, professor!


Observação
Observe que estamos trabalhando no do-
Na língua portuguesa falada no Brasil, mínio da estilística do verbo. Trata-se de um
em algumas regiões do país, é comum que nos território novo para os alunos. Tudo o que é
dirijamos àquele(s) com quem falamos por novo assusta em um primeiro momento.
meio dos pronomes de tratamento “você” É possível que os alunos não forneçam
(singular) e “vocês” (plural). Nesse caso, utili- a resposta esperada. O primeiro impulso do
zamos o verbo flexionado na terceira pessoa,
professor é completar o raciocínio. Entre-
embora não se trate daquele de quem se fala.
tanto, é recomendável que o professor, em
vez de simplesmente entregar a resposta
aos alunos, conduza uma reflexão que faça
que eles encontrem as conclusões espera-
Para você, professor!
das. Use das observações feitas anterior-
Aproveite a oportunidade para recapitu- mente para orientar-se nessa reflexão.
lar a concordância verbal e a sua importân-
cia na produção de textos de caráter formal.
Tempo: o tempo indica o momento em
que ocorre o fato expressado pelo verbo. Os
Modo: a língua portuguesa apresenta três verbos apresentam flexões de tempo tanto
modos verbais. O modo exprime, no verbo, a no Modo Indicativo como no Subjuntivo. Os
atitude daquele que fala ou escreve em relação gramáticos nos ensinam que há três tempos
ao fato que enuncia: naturais: Presente, Pretérito e Futuro, que
se subdividem nos Modos Indicativo e Sub-
ff Indicativo: o modo da certeza e da realida- juntivo.
de. Expressa um fato que o enunciador
acredita realmente acontecer em referência 4. Ainda relacionando a importância dos ver-
ao Presente, ao Passado ou ao Futuro. bos para a construção da narrativa, leia es-
Exemplo: “Sei que ele dança axé”. tas duas frases:
ff Subjuntivo: o modo da dúvida. O verbo ex-
pressa uma atitude de incerteza, de intenção, a) – Minha filha – disse a mãe –, além de
de objetivo a ser alcançado ou mesmo de cega, você perdeu o olfato.
completa irrealidade.
Exemplo: “Duvido que ela dance axé”. b) – Minha filha – disse a mãe –, além de
ff Imperativo: o modo do pedido ou da or- cega, você perde o olfato.
dem. O verbo expressa uma atitude de con-
vite a uma ação. Pergunte a eles por que a segunda frase pa-
Exemplo: “Dance axé, por favor!” rece estranha ao ouvido. Explique então que,
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quando o acontecimento de uma narrativa é O período entre os séculos 6 a.C. e 5 a.C. é
anterior ao acontecimento, usamos o Pretéri- conhecido como o “Século de Ouro”. Foi du-
to do Indicativo. rante esse intervalo de tempo que a cultura gre-
ga atingiu seu auge. Atenas tornou-se o centro
5. Considerando o tempo verbal empregado no dessas manifestações culturais e reuniu autores
exercício anterior, podemos concluir que: de toda a Grécia, cujos textos eram apresenta-
dos em festas de veneração a Dioniso.
a) a filha perdeu o olfato no mesmo ins-
ALENCAR, Valéria Peixoto de. “Teatro grego:
tante em que a mãe fala. diferenças entre comédia e tragédia”. Disponível em
<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/teatro-
b) a filha perdeu o olfato antes de a mãe grego-diferencas-entre-comedia-e-tragedia.htm>.
Acesso em: 29 maio 2013.
começar a falar.
A escolha pelo uso do Pretérito transmite a ideia de que a
filha perdeu o olfato antes de a mãe começar a falar.
Peça aos alunos que identifiquem os ver-
6. No caderno, assinale, nas frases a seguir, se bos do texto que estão no Modo Indicativo.
o verbo em destaque faz referência a um surgiu; foram se modificando/transformando; se tornou; é
fato narrado antes ou ao mesmo tempo considerada; significava; é conhecido; foi; atingiu; tornou-se;
do momento da fala: (a) Disse-me Paulo; reuniu; eram apresentados.
“Como fica claro, agora, eu jogo pingue-
-pongue”; (b) Luana pensou: “Ontem me Solicite que respondam às seguintes questões:
diverti muito”; (c) Dona Rute respondeu:
“Estou muito ocupada!”. ff Qual é o modo verbal dominante no texto?
a) A ação de jogar ocorre ao mesmo tempo que Paulo me diz Por que esse modo é apropriado para o
algo. texto expositivo?
b) A ação de divertir-se ocorreu antes do pensamento de Luana. Domina o Modo Indicativo, que é apropriado para um texto
c) Estar ocupado ocorre ao mesmo tempo que dona Rute res- expositivo porque esse é um texto feito para um determinado
ponde. conhecimento, para ser estudado, aprofundado. Não pode
deixar margem a dúvidas ou incertezas.
Sugerimos outras atividades para comple-
mentação que não estão no Caderno do Aluno. ff Qual é o tempo verbal dominante? Qual o
seu sentido dentro do texto?
Leia em classe o texto expositivo a seguir: Dominam os Pretéritos do Indicativo, associados ao Presente,
pois estão sendo expostas informações sobre o Passado.

O teatro na Grécia Antiga surgiu a partir Nas sentenças a seguir, reflita com os alu-
de manifestações a Dioniso, deus do vinho, nos se o verbo sublinhado faz referência a um
da vegetação, do êxtase e das metamorfoses. fato narrado antes ou ao mesmo tempo que o
Pouco a pouco, os rituais dionisíacos foram momento da fala.
se modificando e se transformando em tragé-
dias e comédias. Dioniso se tornou, assim, o a) Disse-me Paulo: “Como fica claro, ago-
deus do teatro. ra eu jogo pingue-pongue”.
Atenas é considerada a terra natal do A ação de jogar ocorre ao mesmo tempo que Paulo me diz algo.
teatro antigo, e, sendo assim, também do
teatro ocidental. “Fazer teatro” significava b) Luana pensou: “Ontem me diverti muito”.
respeitar e seguir o culto a Dioniso. A ação de divertir-se ocorreu antes do pensamento de Luana.

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c) Dona Rute respondeu: “Estou muito Relembre aos alunos que chamamos de fá-
ocupada!” bula o relato ou a história da peça de teatro: o
Dona Rute está ocupada ao mesmo tempo em que res- relato de acontecimentos organizados em uma
ponde. sequência temporal e causal de ações, mesmo
que não haja qualquer proposta moral.
d) Dona Rute respondeu: “Estive muito
ocupada!”
Dona Rute estava ocupada antes de responder. Voltando ao sentido do verbo

Transformando a fábula em texto teatral Oriente os alunos a relerem o trecho da


peça de teatro O noviço e responderem, no ca-
1. Em duplas ou trios, transformem a fábu- derno, às questões a seguir:
la A toupeira em um texto teatral. Levem
em conta as características desse gênero 1. Em dado momento da peça de Martins
textual aqui estudadas. Redijam o texto no Pena, lemos: “Foi o amor que nos uniu.”
caderno. Que diferença faz para a compreensão do
Professor, os critérios utilizados para a avaliação podem ser: texto o uso do Perfeito ou do Imperfeito
• criatividade; no verbo unir?
• compreensão do gênero “peça teatral”;
• fidelidade ao texto-base; ff “Foi o amor que nos uniu.”
• uso apropriado dos tempos verbais. ff “Foi o amor que nos unia.”
Ao utilizar “unia”, e não “uniu”, Florência sugeriria que o
2. Depois que o professor corrigir o texto, ele amor não os une mais, o contrário do que a ingênua perso-
será devolvido. Comparem o ponto de vis- nagem deseja dizer.
ta de seu professor com o seu. Discutam
em classe aspectos da escrita em que todos 2. Veja:
os alunos devem melhorar.
ff João almoçava no clube.
3. As mesmas duplas ou trios devem reescre- ff João almoçou no clube.
ver o seu texto seguindo as orientações da-
das e devolvê-lo para a correção final, com Qual das duas frases indica uma ação que
a primeira versão. Observe que não se trata se repete no passado?
de escrever outro texto, mas de aprimorar João almoçava no clube.
o que já fizeram.
2 e 3. Novamente a proposta é de transformação de lin-
guagens. Parte-se de uma narrativa e se chega a uma Como podemos perceber, o Im-
peça de teatro. Tendo em vista a complexidade da res- perfeito sugere ações passadas
posta, use os critérios de avaliação dados para correção que se repetem, enquanto o Per-
das produções. feito sugere ações que ocorreram no passa-
do, sem repetição.

Para você, professor!


Nossa abordagem do Pretérito
Se possível, incentive a encenação dessa verbal continua no texto expo-
peça de teatro. sitivo a seguir. Oriente a leitu-
ra de modo que os alunos identifiquem,

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no pensamento de Lapa, o que se refere A primeira oração ainda representa fria-
ao Pretérito Perfeito e o que se refere ao mente o passado; as duas outras recebe-
Pretérito Imperfeito. Incentive o uso do ram agora um tom diferente: como que
dicionário para tirar as dúvidas de voca- nos transportamos ao passado, pela fanta-
bulário. sia e pelo sentimento, e vivemos duradou-
ramente os sucessos. Enfim, temos um pé
O perfeito marca de modo absoluto o no presente, outro no passado.
fenômeno passado, sem relação com o
presente nem com a pessoa que fala. É um LAPA, Manuel Rodrigues. Estilística da língua
portuguesa. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p. 150.
tempo objetivo, sereno, próprio do histo-
riador que narra as coisas sucedidas.
Exemplo: “O príncipe morreu na guerra;
deixou três filhos ainda meninos, que fo- Depois, leia em voz alta e com atenção o
ram criados desveladamente pela prince- texto, fornecendo clareza e segurança na voz.
sa”. Modifiquemos agora o período neste
sentido: “O príncipe morreu na guerra; 1. Com base no texto, faça e preencha no ca-
deixava três filhos ainda meninos, que derno o seguinte quadro com as informa-
eram agora todo o cuidado da princesa”. ções já obtidas sobre os tempos verbais.

Conclusões sobre o
Características Exemplo de uso Características Exemplo de uso
uso de um ou outro
do Perfeito do Perfeito do Imperfeito do Imperfeito
tempo no texto

“marca de modo abso-


“como que nos trans-
luto o fenômeno pas-
“O príncipe morreu portamos ao passado, Resposta pessoal. Verifique de
sado, sem relação com “O príncipe morreu na
na guerra; deixou três pela fantasia e pelo que forma as conclusões dos
o Presente nem com guerra; deixava três fi-
filhos ainda meninos, sentimento, e vivemos alunos sobre o uso de um ou
a pessoa que fala [...] lhos ainda meninos, que
que foram criados duradouramente os su- outro tempo no texto traduzem
tempo objetivo, sere- eram agora todo o cui-
desveladamente pela cessos. Enfim, temos um a sua adequada compreensão
no, próprio do historia- dado da princesa.”
princesa.” pé no Presente, outro no do fenômeno linguístico.
dor que narra as coisas
Passado.”
sucedidas.”

2. Elabore uma pequena síntese do texto de O Pretérito Perfeito é um tempo objetivo,


Rodrigues Lapa. Leve em consideração que não envolve tanto o leitor como o Preté-
que sínteses ou resumos não devem incluir rito Imperfeito.
exemplos.
Professor, esclareça aos alunos a definição de síntese como
um texto breve que visa resumir o conteúdo e o posiciona-
Para você, professor!
mento do autor de determinado texto. Se desejar, aprovei- O texto do estilólogo Rodrigues Lapa
te para encaminhar uma reflexão sobre a diferença de uso não permite que cheguemos à sua síntese
e sentido do Pretérito Perfeito e do Pretérito Imperfeito do por meio de palavras-chave que se repetem.
Indicativo. Por exemplo, o termo “Pretérito Imperfei-

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

to” sequer aparece no texto. É necessário Utilize diferentes textos do livro didático
que o aluno compreenda claramente a opo- para mais exercícios de análise do uso expres-
sição “Perfeito e Imperfeito” e depois sivo do Pretérito Perfeito e Imperfeito.
aponte o que pertence a cada um desses
tempos na fala do autor. O conhecimento
3. Reúnam-se em duplas ou em trios. Alte-
estilístico constrói uma ponte entre a di-
rem o texto poé­tico a seguir, de Álvaro de
mensão literária e a linguística.
Campos, heterônimo de Fernando Pessoa,
passando os verbos que estão no Presente
do Indicativo (destacados) para o Passado.
Use o caderno para reescrever o poema.
Por causa da dimensão afetiva,
o Pretérito Imperfeito é tam-
bém mais indicado quando nos Não
referimos a tempos indeterminados, em
Não: devagar.
que é mais importante a dimensão emo- Devagar, porque não sei
cional do Passado do que a sua dimen- Onde quero ir.
são cronológica. Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Quando dizemos Era uma vez..., em Há entre quem sou e estou
vez de Foi uma vez..., a nossa preocu- Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
pação é destacar a ação que ocorreu
nesse passado afetivo, um passado má- Devagar...
Sim, devagar...
gico, no qual havia fadas e outros seres Quero pensar no que quer dizer
fantásticos. Um leitor esclarecido, a Este devagar...
menos que tenha determinada razão Talvez o mundo exterior tenha pressa
[demais.
para isso, não se aproxima dos contos Talvez a alma vulgar queira chegar mais
de fadas para saber quando efetiva- [cedo.
mente ocorreram as ações, mas para Talvez a impressão dos momentos seja
aproximar o acontecido de sua ima- [muito próxima...
ginação e memória afetiva. Além dis- Talvez isso tudo...
so, o Pretérito Imperfeito desenha um Mas o que me preocupa é esta palavra
[devagar...
cenário dentro do qual ocorre determi- O que é que tem que ser devagar?
nada ação pontual. Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Exemplo: Eu caminhava apressada Mas ouviu alguém isso a Deus?
quando vi meu namorado com outra. PESSOA, Fernando. Poemas de Álvaro de Campos.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_
Caminhava: Pretérito Imperfeito obra=16598>. Acesso em: 29 maio 2013.

Vi: Pretérito Perfeito

O ato de caminhar é parte de um ce-


nário dentro do qual ocorre uma ação “Não: devagar.
pontual: ver o namorado com outra Devagar, porque não soube/sabia
mulher. Onde quis/queria ir.
Houve/Havia entre mim e os meus passos

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Uma divergência instintiva. escolher um tempo verbal adequado ao que
Houve/Havia entre quem fui/era e estive/estava se pretende dizer em um texto narrativo.
Uma diferença de verbo Professor, essa é uma atividade para verificação da aprendiza-
Que correspondeu/correspondia à realidade. gem dos estudantes do que foi ensinado até aqui na Situação
Devagar... de Aprendizagem. A partir das respostas, faça as intervenções
Sim, devagar... necessárias.
Quis/queria pensar no que quis/queria dizer
Este devagar... Expectativas de aprendizagem e
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais. grade de avaliação
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima... As últimas Situações de Aprendizagem da
Talvez isso tudo... 1a série do Ensino Médio são ainda um mo-
Mas o que me preocupou/preocupava foi/era esta mento de inícios. Iniciar não significa descon-
[palavra devagar... siderar ou fazer de qualquer jeito porque de-
O que é que teve/tinha que ser devagar? pois “eles” aprendem melhor. Ao contrário,
Se calhar foi/era o universo... significa orientar, visando mais à frente àquilo
A verdade mandou/mandava Deus que se diga. que desejamos que venha no devido tempo. E
Mas ouviu alguém isso a Deus?” o que desejamos que venha? Desejamos que
nossos alunos desenvolvam-se como cidadãos
4. Agora, comparem o novo poema que es- autônomos no que diz respeito à leitura e à
creveram com a versão original de Fernan- escrita. Isso inclui considerar a palavra na so-
do Pessoa. Respondam no caderno: Que ciedade. Para nós, neste volume, algumas
diferenças de sentido encontram? Como competências e habilidades se destacaram:
elas mudam a compreensão do poema?
No poema de Álvaro de Campos, o predomínio do Imper- 1. Relacionar textos para encontrar entre eles
feito do Indicativo delinearia um cenário de vida dentro do a intertextualidade temática.
qual se realizou uma existência de dúvidas e insatisfação que
mantém importantes ecos no momento presente. Por isso, 2. Adaptar textos em diferentes linguagens,
apresentaria uma carga mais expressiva do que o uso do Pre- levando em conta aspectos linguísticos,
térito Perfeito do Indicativo. Nesse caso, a etapa da vida seria históricos e sociais.
apresentada como algo terminado objetivamente, tanto por
ter ocorrido em um passado que não influiria tão fortemente 3. Construir e valorizar expectativas produ-
no presente como por acrescentar-lhe a dimensão pontual centes de leitura.
de certeza e racionalidade. Seria interessante visitar as carac-
terísticas literárias de Fernando Pessoa para averiguar qual 4. Inferir tese, tema ou assunto principal em um
dos dois tempos seria preferido pelo poeta e por quê. Levan- texto a partir da síntese das ideias principais.
do em conta, no entanto, a própria forma do Presente, que
torna as dúvidas atemporais, avançando em todas as direções 5. Relacionar informações sobre concepções
cronológicas, somos inclinados a afirmar que o texto ganha artísticas e procedimentos de construção
com o uso do Pretérito Imperfeito. do texto literário com os contextos de pro-
dução e circulação social da Arte, para
Escolha dois dos temas a seguir e atribuir significados de leituras críticas em
faça para cada um deles uma sín- diferentes situações.
tese: (1) gênero textual; (2) fábula;
(3) a relação de sentido que existe entre a fá- 6. Identificar o valor estilístico do verbo
bula e o texto teatral; (4) a importância de (Pretérito e Presente do Indicativo) em

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

textos literários, bem como o conceito de e aprofundar conhecimentos, competências e


adequação social, tornando o verbo um habilidades, e que se estipulem critérios claros e
valor operativo no processo de leitura e conhecidos pelos alunos no processo de avalia-
escrita. ção. O que será avaliado no texto do aluno?

Excetuando as duas habilidades iniciais No que diz respeito a conhecimentos e ha-


propostas que, acreditamos, se desenvolvam bilidades que retomam diretamente as Situa-
melhor no cotidiano da sala de aula, as demais ções de Aprendizagem iniciais, busca-se o
são contempladas na avaliação final proposta. avanço da apropriação de tais conhecimentos
e habilidades, na construção de competências
As quatro primeiras pertencem mais dire- de ação linguística: ler e escrever. Neste caso,
tamente à esfera da atividade linguística e as a pergunta a fazer é: Houve avanços em rela-
duas últimas, à esfera da compreensão literá- ção às Situações de Aprendizagem de 1 a 6?
ria, embora, em nenhum momento, deixemos Um avanço importante é a relação do leitor
de perceber que a Literatura é uma manifesta- com o título da obra. Para muitos, um título é
ção social da linguagem. Naturalmente, essas apenas uma perda de tempo. Tanto o texto ex-
habilidades não se desenvolvem de uma hora positivo como o literário fazem bom proveito
para outra de forma completa. Elas represen- dos títulos. É importante perguntar: Como os
tam parte de uma caminhada que se deseja alunos reagem diante dessa parte do texto?
ver amadurecer. Os gêneros textuais privile-
giados, por exemplo, o informativo, o exposi- Os conhecimentos e as habilidades que sur-
tivo e o literário, são os mesmos das Situações gem agora pela primeira vez, aqueles relacio-
de Aprendizagem iniciais em uma nova abor- nados ao uso expressivo do verbo e da cons-
dagem, visando a amadurecer o processo de trução social da instituição literária, devem
interação dos alunos com tais textos. revelar que os alunos entraram no assunto
bem, com segurança e autonomia.
Esse é o foco da atividade de avaliação.
Nela, procuraremos compreender o desenvol- O que é autonomia? Neste contexto, é a
vimento dos alunos nas seis habilidades iden- capacidade que os alunos têm de utilizar o
tificadas como centrais neste volume. conhecimento construído para aplicá-lo com
êxito em outras situações de aprendizado.
Observe que o ato de escrita é processual,
assim como o aprendizado. Por isso, duas estra- Parece-nos apropriado utilizar uma fábula
tégias devem ser levadas em conta no processo como ponto de partida, uma vez que ela foi
avaliativo: a repetição de conteúdos com grau um dos últimos gêneros literários trabalhados
de dificuldade crescente, o que permite retomar em sala de aula.

Proposta de questões para aplicação em avaliação

1. Qual das cinco fábulas a seguir é a mais apropriada para o título O homem que desejava comprar
um asno?

I
Um asno pusera por cima do corpo uma pele de leão e todos passaram a crer que realmente se tra-

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tava de um leão: homens e animais fugiam dele. Mas bateu um vento forte e a pele voou para longe.
O asno ficou nu. Todos, então, correram para cima dele e lhe deram a maior surra.
ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_
obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra.

II
Um asno que usava a pele de um leão começou a causar terror entre os outros animais. Quando viu
uma raposa, quis dar-lhe também um susto. Mas a raposa esperta, que o tinha visto zurrar, disse-lhe:
“Eu teria levado um susto se não tivesse te ouvido zurrar”.
ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_
obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra.

III
Um homem estava desejoso de comprar determinado asno, mas resolveu, antes, levá-lo para testar. Pôs-
-lhe um cabresto e colocou-o no meio dos outros asnos que possuía. Mas o animal em pouco tempo se
aproxima do mais preguiçoso e guloso deles, afastan­do-se dos demais companheiros. E ali ficou,
escapando de toda e qualquer labuta. O homem, então, amarrou-lhe uma corda ao pescoço e devolveu-
-o ao dono. Este então perguntou se a experiência valera a pena, ao que o homem respondeu: “Nem
precisei testá-lo, pois rapidamente vi que ele se parece com o companheiro que escolheu”.

ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_


obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra.

IV
Lá vai um homem para a feira com um cavalo e um asno. Enquanto caminhavam juntos, o asno pede
ao cavalo: “Se minha vida é importante para você, ajude-me a carregar este meu pesado fardo”. O
cavalo, orgulhoso, ignorou-o, e o asno, poucos passos depois, caiu morto. O dono então resolve acres-
centar às costas do cavalo não só a carga do asno, como também o animal morto. O cavalo, dando-se
conta de seu triste destino, lamenta: “Como sou infeliz! Que destino triste eu tive! Não quis ajudar ao
asno e, agora, carrego tudo em dobro e até mesmo o morto!”

ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_


obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra.

V
Uma vez, numa linda manhã de sol, um asno selvagem viu um asno domesticado. Imediatamente,
felicitou-o por sua pança redonda:
“Você é feliz, meu amigo! Bela e regalada vida você tem! Tudo com fartura!”
Mas, algum tempo depois, quando o mesmo asno selvagem vê o seu amigo domesticado carregando

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

pesada carga no lombo, ainda por cima, apanhando do dono, exclamou: “Puxa! Não tenho inveja da
vida que você tem, agora que estou vendo como você paga a sua fartura!”.

ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_


obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra.

Habilidades principais de leitura/escrita a serem desenvolvi- b) Desenha um fundo no qual ocorre de-
das: construir e valorizar expectativas producentes de leitura. terminada ação: a morte do asno e o
aumento da carga do cavalo.
2. Releia a fábula correspondente ao item V
da questão anterior. Qual a moral mais c) Reforça a ideia de que o homem gostava
adequada à narrativa? muito de seus animais.

a) Não devemos invejar as vantagens que d) Dá maior frieza à narrativa, tornando-a


nos expõem ao sofrimento. mais literária.

b) Para nos destruir mais, o inimigo se faz e) é mais interessante porque valoriza
pequeno diante de nós. mais a língua portuguesa no uso correto
das normas gramaticais.
c) Somos julgados por nossas companhias. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida:
identificar o valor estilístico do verbo (Pretérito e Presente do
d) As astúcias dos maus não atingem o Indicativo) em textos literários, tornando-o um valor operati-
sensato. vo no processo de leitura e escrita.

e) A cada um sua própria condição. 4. Observe as informações do quadro a seguir:


Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: in-
ferir tese, tema ou assunto principal em um texto a partir da
síntese das ideias principais. Os mais vendidos do mês de JUNHO
1 – Fábulas – ESOPO. L&PM.
3. Observe o trecho a seguir da fábula IV da 2 – O caçador de pipas – KHALED
questão 1:
HOSSEINI. Nova Fronteira.
3 – Obra poética em um volume – CECÍLIA
“Lá vai um homem para a feira com um MEIRELES. Nova Aguilar.
cavalo e um asno. Enquanto caminhavam
juntos [...].”
Com base nessas informações, explique o
que é Literatura e qual a sua importância na
sociedade.
O uso do Pretérito Imperfeito tem que fun- Resposta esperada: observe a argumentação construída pelos
ção expressiva no texto? alunos para defender a sua ideia. Certifique-se de observar o
quanto os alunos amadureceram a habilidade de compreen-
a) Determina de modo objetivo o mo- der a Literatura como sistema social em que se concretizam
mento cronológico em que as ações valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no pa-
ocorreram. trimônio literário nacional e internacional.

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Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: re- 5. Leia, com atenção, este trecho da crônica
lacionar informações sobre concepções artísticas e procedi- Mãe, de Rubem Braga, e complete-o com
mentos de construção do texto literário com os contextos de os tempos verbais apropriados dos verbos
produção e circulação social da Arte, para atribuir significa- entre parênteses.
dos de leituras críticas em diferentes situações.

O menino e seu amiguinho ___________ (brincar) nas primeiras espumas; o pai _______________
(fumar) um cigarro na praia, batendo papo com um amigo. E o mundo _______________ (ser) ino-
cente, na manhã de sol.
Foi então que ______________ (chegar) a Mãe (esta crônica é modesta contribuição ao Dia das
Mães), muito elegante em seu short, e mais ainda em seu maiô. Trouxe óculos escuros, uma esteirinha
para se esticar, óleo para a pele, revista para ler, pente para se pentear – e __________________ (trazer)
seu coração de Mãe que imediatamente se pôs aflito achando que o menino estava muito longe e o mar
estava muito forte.
BRAGA, Rubem. A cidade e a roça.
Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964. p. 57.

Resposta esperada: brincavam; fumava; era; chegou; trouxe. identificar o conceito de adequação social, tornando o verbo
Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: um valor operativo no processo de leitura e escrita.

Proposta de situações de recuperação


As propostas de Situações de Recuperação 3. Compreendeu tão bem que poderia ex-
podem ser elaboradas com base na verificação plicá-los para um colega sem problemas?
da aprendizagem. Além dos instrumentos de
avaliação desenvolvidos por você, neste mo- 4. Considera que deveriam ser explicados de
mento é importante que cada aluno faça uma novo porque não conseguiu entendê-los
autoavaliação da própria aprendizagem. bem?

Como isso nem sempre é um procedimen- Organize um quadro para tabular as res-
to já apropriado pelos alunos, auxilie-os a postas. Essa tabulação revelará quais os con-
realizá-la oferecendo um quadro com conte- teúdos, as competências e as habilidades que
údos, competências e habilidades trabalha- não foram apreendidos pela maioria da turma
dos no volume (você pode compô-lo a partir e quais os alunos que não se apropriaram de
dos elaborados para este Caderno) e um pe- grande parte do que foi trabalhado.
queno questionário que deverá ser respondi-
do com base nesse quadro. Ao longo deste Utilize esse quadro e os resultados das ava-
volume, que conteúdos você: liações aplicadas por você para elaborar estra-
tégias de recuperação imediata, de acordo
1. Gostou de estudar? Por quê? com as necessidades específicas de sua turma.

2. Achou que foram pouco interessantes? Por Em relação aos conteúdos não dominados
quê? pela maioria da turma, elabore novas estraté-

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

gias de leitura e escrita em textos expositivos, to) encontrados no texto. Peça também que
informativos e literários, incluindo a valoriza- comentem o valor literário dessa crônica, defi-
ção de expectativas de leitura e a intertextuali- nindo o que é Literatura a partir desse texto.
dade temática, entre outras questões. Lembre-
-se de que a apropriação dessas habilidades Também é necessário identificar os alunos
não é um processo que ocorre rapidamente. que não dominam a maior parte do que foi
Ele leva tempo e exige que os alunos avancem trabalhado e organizar um roteiro de estudos
em sua maturidade. A mesma coisa ocorre pessoais para eles. Não hesite em formar gru-
com a inferência de tese, tema ou assunto prin- pos de estudos com esses alunos e aqueles que
cipal em um texto, que neste volume aproxi- declararam, ao responder ao questionário, que
mou-se da habilidade de sintetizar textos. sabem tão bem o assunto que poderiam expli-
cá-lo aos colegas. Nessa interação, ganham os
Por outro lado, identificar o valor estilístico que aprendem e os que ensinam. Os que apren-
do verbo (Pretérito e Presente do Indicativo) dem terão o conteúdo visto pelos olhos de al-
em textos literários, tornando seu valor opera- guém mais próximo deles que o professor, com
tivo no processo de leitura e escrita, construiu a uma linguagem que compreenderão mais fa-
principal ponte entre a dimensão literária e lin- cilmente; os que ensinam reorganizarão seus
guística no volume em que começamos a ope- conhecimentos de tal maneira que estes fica-
racionalizar nossos conhecimentos de Literatu- rão mais firmemente incorporados.
ra, vendo-a como sistema social complexo.
Antes de propor novos estudos, porém, ve-
Caso você verifique (depois de retomar es- rifique se os alunos dispõem, no caderno, das
ses conteúdos de maneira diferente das que anotações necessárias para fazer os trabalhos
usou ao longo deste volume) que alguns alu- indicados. Peça que identifiquem, nos aponta-
nos ainda não conseguiram incorporar os mentos, quais as reais dificuldades encontra-
conceitos e conteúdos especificados, propo- das e peça que as revejam para verificar se as
mos que solicite a eles que tragam um texto dúvidas foram solucionadas após as ativida-
literário, de preferência uma crônica, acompa- des de recuperação.
nhado de uma breve análise escrita por eles,
em um parágrafo de até dez linhas, no qual É importante, no entanto, que se dê aten-
devem identificar o gênero do texto e analisar ção às dificuldades gerais da classe para traba-
o uso expressivo de cinco verbos (no Pretéri- lhar com elas ao longo do próximo volume.

Recursos para ampliar a perspectiva do professor


e do aluno para a compreensão do tema

Se for conveniente, o professor pode usar Allen. EUA, 1995. 95 min. 14 anos.
os seguintes recursos para aprofundar o as- Oito anos depois de adotar um bebê, o pai
sunto da aula: adotivo procura a mãe biológica da criança e
descobre que ela é uma prostituta decadente e
Filmes burra. Inconformado com a realidade da mãe
de seu filho, o homem decide ajudá-la a aban-
Poderosa Afrodite donar o submundo. O filme mostra caracterís-
Comédia com Woody Allen, Mira Sorvino e ticas do teatro grego, interessante para ilustrar
Helena Bonham Carter. Direção: Woody a Situação de Aprendizagem 10.

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Shakespeare Apaixonado WILLIAMS, Robin. Design para quem não é
Com Joseph Fiennes e Gwyneth Paltrow. Di- designer: noções básicas de planejamento vi-
reção: John Madden. EUA/Inglaterra, 1998. sual. São Paulo: Callis, 2005.
122 min. 14 anos. Aprofunda-se na aparência das páginas im-
Comédia romântica que se passa em 1593. O pressas e eletrônicas, no que diz respeito à
jovem Will Shakespeare depara-se com um funcionalidade e estética. Concentra-se nas
bloqueio da criatividade, não conseguindo relações entre aspectos formais do suporte
buscar entusiasmo para escrever uma nova pe- textual, como tipo da letra e do papel e a im-
ça teatral. Mas, quando ele se apaixona por pressão produzida nos leitores.
Lady Viola, começa a viver sua própria aventu-
ra de amor. Sites
Livro didático Releituras
Este site tem grande variedade de textos literá-
É importante também valorizar o livro di- rios e biografias de autores da literatura em lín-
dático, portanto, ao iniciar a discussão do te- gua portuguesa. Disponível em: <http://www.
ma proposto, peça aos alunos para usarem releituras.com>. Acesso em: 29 maio 2013.
seus livros para pesquisa sobre o tema, vol-
tando o olhar para textos que tenham especial TV Cultura
foco na interação, como, por exemplo, textos ff Informações sobre a história e a estrutura de
com diálogos. uma crônica. Disponível em: <http://www.
tvcultura.com.br/aloescola/literatura/croni
Livros cas/origem.htm>. Acesso em: 29 maio 2013.
ff Traz informações que ajudam a analisar
BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipi- uma crônica. Disponível em: <http://www.
ficação e interação. São Paulo: Cortez, 2005. tvcultura.com.br/aloescola/literatura/
Estudo atualizado sobre o gênero e o tipo cronicas/desvendando.htm>. Acesso em:
textual e a sua dimensão pedagógica, em espe- 29 maio 2013.
cial em séries/anos mais adiantados. ff Indica os passos para escrever uma crônica.
Disponível em: <http://www.tvcultura.com.
DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; br/aloescola/literatura/cronicas/facasua
BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais & cronica.htm>. Acesso em: 29 maio 2013.
ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. ff Apresenta crônicas dos principais autores
Artigos diferentes, com qualidade variada, nacionais do gênero. Disponível em: <http://
procuram trazer o tema do gênero para o es- www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/
paço escolar. cronicas/galeria.htm>. Acesso em: 29 maio
2013.

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

Quadro DE conteúdos DO Ensino médio


1a série 2a série 3a série
Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem

As diferentes mídias A linguagem e a crítica de valores sociais A Literatura e a construção da


A língua e a constituição psicossocial do A palavra e o tempo: texto e contexto social modernidade e do Modernismo
indivíduo Como fazer para gostar de ler Literatura? Linguagem e o desenvolvimento do olhar
A língua portuguesa na escola: o gênero O estatuto do escritor na sociedade crítico
textual no cotidiano escolar Os sistemas de arte e de entretenimento A crítica de valores sociais no texto literário
A literatura na sociedade atual O século XIX e a poesia Adequação linguística e ambiente de
Lusofonia e história da língua portuguesa Literatura e seu estatuto trabalho
A exposição artística e o uso da palavra O escritor no contexto social-político- A língua portuguesa e o mundo do trabalho
Comunicação e relações sociais -econômico do século XIX
Discurso e valores pessoais e sociais O indivíduo e os pontos de vista e valores Leitura e expressão escrita
Literatura e Arte como instituições sociais sociais
Variedade linguística: preconceito Romantismo e Ultrarromantismo Estratégias de pré-leitura
linguístico Valores e atitudes culturais no texto • Relações de conhecimento sobre o gênero
literário do texto e antecipação de sentidos a partir
Leitura e expressão escrita de diferentes indícios
Leitura e expressão escrita Estruturação da atividade escrita
Estratégias de pré-leitura • Planejamento
• Relações de conhecimento sobre o gênero Estratégias de pré-leitura • Construção do texto
do texto e antecipação de sentidos a partir • Relações de conhecimento sobre o gênero • Revisão
de diferentes indícios do texto e antecipação de sentidos a partir Textos prescritivos (foco: escrita)
Estruturação da atividade escrita de diferentes indícios • Projeto de texto
• Projeto de texto Estruturação da atividade escrita Texto narrativo (foco: leitura e escrita)
• Construção do texto • Projeto de texto • A narrativa moderna
• Revisão • Construção do texto • Cartum ou HQ
Textos prescritivos (foco: escrita) • Revisão Texto lírico (foco: leitura)
Projeto de atividade midiática (reportagem Texto narrativo (foco: leitura) • A lírica moderna
fotográfica, propaganda, documentário em • Textos em prosa: romance Texto argumentativo (foco: leitura e escrita)
vídeo, entre outros) • Comédia • Resenha crítica
Texto lírico (foco: leitura) Textos prescritivos (foco: escrita) Argumentação, crítica e mídia impressa
Poema: diferenças entre verso e prosa • Projeto de texto Intencionalidade comunicativa
Texto narrativo (foco: leitura) Texto lírico (foco: leitura) Texto narrativo (foco: leitura)
Conto tradicional Poema: visão temática • Romance de tese
Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) Texto lírico (foco: leitura)
Volume 1

Texto argumentativo (foco: escrita)


• Opiniões pessoais • Artigo de opinião • Poesia e crítica social
Texto expositivo (foco: leitura e escrita) • Anúncio publicitário Texto argumentativo (foco: escrita)
• Tomada de notas Argumentação, expressão de opiniões e • Dissertação escolar
• Resumo de texto audiovisual (novela mídia impressa Mundo do trabalho e mídia impressa
televisiva, filme, documentário, entre Intencionalidade comunicativa Intencionalidade comunicativa
outros) Estratégias de pós-leitura Estratégias de pós-leitura
• Legenda • Organização da informação e utilização • Organização da informação e utilização
Relato (foco: leitura e escrita) das habilidades desenvolvidas em novos das habilidades desenvolvidas em novos
• Notícia contextos de leitura contextos de leitura
Informação, exposição de ideias e mídia Texto prescritivo (foco: escrita)
impressa • Projeto de texto Funcionamento da língua
Intencionalidade comunicativa Texto narrativo (foco: leitura e escrita)
• Projeto de atividade extracurricular • Romance A língua portuguesa e os exames de acesso
Texto narrativo (foco: leitura) • Conto fantástico ao Ensino Superior
• Crônica Texto lírico (foco: leitura) Aspectos formais do uso da língua:
Texto teatral (foco: leitura) • Poema: a denúncia social ortografia e concordância
Diferenças entre texto teatral e texto Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) Aspectos linguísticos específicos da
espetacular • Artigo de opinião construção do gênero: uso do numeral
• Fábula Argumentação, expressão de opiniões e Categorias da narrativa: personagem,
Texto lírico (foco: leitura) mídia impressa espaço e enredo
• Poema Intencionalidade comunicativa Construção da textualidade
Texto expositivo (foco: leitura e escrita) Estratégias de pós-leitura Identificação das palavras e ideias-chave
• Folheto • Organização da informação e utilização em um texto
• Resumo das habilidades desenvolvidas em novos Intertextualidade: interdiscursiva,
O texto literário e a mídia impressa contextos de leitura intergenérica, referencial e temática
Intencionalidade comunicativa Linguagem e adequação vocabular
Estratégias de pós-leitura Valor expressivo do vocativo
• Organização da informação e utilização O problema do eco em textos escritos
das habilidades desenvolvidas em novos Resolução de problemas de oralidade na
contextos de leitura produção do texto escrito
Adequação linguística e trabalho
Análise estilística: nível sintático
Conhecimentos linguísticos e de gênero textual
Construção da textualidade
Construção linguística da superfície textual:
paralelismos, coordenação e subordinação
Estrutura sintática e construção da tese
Intertextualidade: interdiscursiva,
intergenérica, referencial e temática

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1a série 2a série 3a série
Funcionamento da língua Funcionamento da língua Lexicografia: dicionário, glossário,
enciclopédia
Análise estilística: verbo, adjetivo e Análise estilística: conectivos
substantivo Aspectos linguísticos específicos da Compreensão e discussão oral
Aspectos linguísticos específicos da construção da textualidade
construção do gênero Construção linguística da superfície textual: A oralidade nos textos escritos
Construção da textualidade uso de conectores Discussão de pontos de vista em textos
Identificação das palavras, sinonímia e Coordenação e subordinação literários
ideias-chave em um texto Formação do gênero A importância da tomada de turno
Intertextualidade: interdiscursiva, Intertextualidade: interdiscursiva, Expressão de opiniões pessoais
intergenética, referencial e temática intergenérica, referencial e temática Identificação de estruturas e funções
Lexicografia: dicionário, glossário, Lexicografia: dicionário, glossário,
enciclopédia enciclopédia
Visão crítica do estudo da gramática Períodos simples e composto
O conceito de gênero textual Valor expressivo do período simples
Polissemia • Análise estilística: advérbio e metonímia
Volume 1

• Aspectos linguísticos específicos da


Compreensão e discussão oral construção do gênero
• Coesão e coerência com vistas à
A oralidade nos textos escritos construção da textualidade
Discussão de pontos de vista: Literatura Identificação das palavras e ideias-chave
e Arte em um texto
Expressão oral e tomada de turno Interação entre elementos literários e
Expressão de opiniões pessoais linguísticos
Situação comunicativa: contexto e Processos interpretativos inferenciais:
interlocutores metáfora

Compreensão e discussão oral

Discussão de pontos de vista em textos


criativos (publicitários)
Concatenação de ideias
Discussão de pontos de vista em textos
opinativos
Expressão de opiniões pessoais

Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem

A literatura como sistema intersemiótico Ética, sexualidade e linguagem África e Brasil: relações hipersistêmicas
O eu e o outro: a construção do diálogo e Literatura e seu estatuto (cultura, língua e sociedade)
do conhecimento O escritor no contexto social-político- Diversidade e linguagem
A construção do caráter dos enunciadores -econômico do século XIX Trabalho, linguagem e realidade brasileira
A palavra: profissões e campo de trabalho As propostas pós-românticas Literatura modernista e tendências do Pós-
O texto literário e o tempo Literatura e realidade social -modernismo
Comunicação, sociedade e poder Linguagem e projeto de vida
Leitura e expressão escrita Ruptura e diálogo entre linguagem e
tradição
Estratégias de pré-leitura Leitura e expressão escrita
• Conhecimento sobre o gênero do texto Leitura e expressão escrita
e a antecipação de sentidos a partir de Estratégias de pré-leitura
diferentes indícios Estratégias de pré-leitura • Relações de conhecimento sobre o gênero
Estruturação da atividade escrita • Relações de conhecimento sobre o gênero do texto e antecipação de sentidos a partir
Volume 2

• Projeto de texto do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios


• Construção do texto de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita
• Revisão Estruturação da atividade escrita • Planejamento
Texto prescritivo (foco: escrita) • Planejamento • Construção do texto
• Projeto de texto • Construção do texto • Revisão
Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) • Revisão • Texto prescritivo (foco: escrita)
• Estrutura tipológica Texto prescritivo (foco: escrita) • Projeto de texto
Texto expositivo (foco: leitura e escrita) • Projeto de texto Texto argumentativo (foco: escrita)
• Fôlder Texto expositivo (foco: leitura e escrita) • Dissertação escolar
• Entrevista • Reportagem Texto literário narrativo e lírico (foco:
Texto lírico (foco: leitura) • Correspondência leitura e escrita)
• O poema e o contexto histórico Texto narrativo (foco: leitura) • Análise crítica de texto literário
Texto narrativo (foco: leitura) • O símbolo e a moral • A prosa, a poesia, a paródia, a
• O conto Texto lírico (foco: leitura) modernidade e o mundo atual
• Comédia e tragédia (semelhanças e • O símbolo e a moral Texto prescritivo (foco: leitura e escrita)
diferenças) • Poema: a ruptura e o diálogo com a • Exames de acesso ao Ensino Superior ou
As entrevistas e a mídia impressa tradição de seleção profissional
Relações entre literatura e outras expressões Relato (foco: escrita) Mundo do trabalho e mídia impressa
da Arte • Ensaio ou perfil biográfico
Intencionalidade comunicativa
Estratégias de pós-leitura

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Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1

1a série 2a série 3a série


• Organização da informação e utilização A expressão de ideias e conhecimentos e a Compreensão e discussão oral
das habilidades desenvolvidas em novos mídia impressa
contextos de leitura. Intencionalidade comunicativa A oralidade nos textos escritos
• Prosa literária: comparação entre Estratégias de pós-leitura Discussão de pontos de vista em textos
diferentes gêneros de ficção • Texto literário (foco: leitura) literários
• Cordel • Conto: a ruptura com a tradição A importância da tomada de turno
• Epopeia • Poema: subjetividade e objetividade Expressão de opiniões pessoais
Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) Texto expositivo (foco: leitura e escrita) Identificação de estruturas e funções
Ethos e produção escrita • Entrevista Intencionalidade comunicativa
A opinião crítica e a mídia impressa Relato (foco: leitura e escrita) Texto literário (foco: leitura e escrita)
Estratégias de pós-leitura • Reportagem • Análise crítica
• Organização da informação e utilização Texto informativo (foco: leitura e escrita) Texto argumentativo (foco: escrita)
das habilidades desenvolvidas em novos • Fôlder ou prospecto • Dissertação escolar
contextos de leitura A expressão de opiniões pela instituição Texto prescritivo (foco: leitura e escrita)
Intencionalidade comunicativa jornalística • Exames de acesso ao Ensino Superior ou
Intencionalidade comunicativa de seleção profissional
Funcionamento da língua Estratégias de pós-leitura Texto expositivo (foco: oral e escrita)
• Organização da informação e utilização • Discurso
Análise estilística: verbo, adjetivo, das habilidades desenvolvidas em novos Intencionalidade comunicativa
substantivo contextos de leitura Estratégias de pós-leitura
Aspectos linguísticos específicos da • Organização da informação e utilização
construção do gênero Funcionamento da língua das habilidades desenvolvidas em novos
Volume 2

Construção da textualidade contextos de leitura


Construção linguística da superfície textual: A sequencialização dos parágrafos
coesão Análise estilística: preposição Funcionamento da língua
Identificação das palavras, sinonímia e Aspectos linguísticos específicos da
ideias-chave em um texto construção do gênero Conhecimentos linguísticos e de gênero
Intertextualidade: interdiscursiva, Coesão e coerência com vistas à construção textual
intergenérica, referencial e temática da textualidade Construção da textualidade
Intersemioticidade Intertextualidade: interdiscursiva, Construção linguística da superfície
Análise estilística: pronomes, artigos e intergenérica, referencial e temática textual: reformulação, paráfrase e
numerais Lexicografia: dicionário, glossário, estilização
Conhecimentos linguísticos e de gênero enciclopédia Intertextualidade: interdiscursiva,
textual Análise estilística: orações coordenadas e intergenérica, referencial e temática
Lexicografia: dicionário, glossário, subordinadas Lexicografia: dicionário, glossário,
enciclopédia A sequencialização dos parágrafos enciclopédia
Relações entre os estudos de literatura e Conhecimentos linguísticos e de gênero O clichê e o chavão
linguagem textual
Compreensão e discussão oral
Compreensão e discussão oral Compreensão e discussão oral
Expressão de opiniões pessoais
Discussão de pontos de vista em textos Concatenação de ideias Estratégias de fala e escuta
literários Intencionalidade comunicativa Hetero e autoavaliação
Expressão de opiniões pessoais Discussão de pontos de vista em textos Conhecimentos da linguagem
Estratégias de escuta opinativos Revisão dos principais conteúdos
Hetero e autoavaliação Hetero e autoavaliação
Estratégias de escuta

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CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL Química: Ana Joaquina Simões S. de Mattos Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares
NOVA EDIÇÃO 2014-2017 Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda
Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus. Meira de Aguiar Gomes.
COORDENADORIA DE GESTÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Área de Ciências Humanas Área de Ciências da Natureza
Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro
Coordenadora
Teônia de Abreu Ferreira.
Maria Elizabete da Costa Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende
Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara
Diretor do Departamento de Desenvolvimento Santana da Silva Alves.
Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati.
Curricular de Gestão da Educação Básica
João Freitas da Silva História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio
Margarete dos Santos Benedicto e Walter Nicolas de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline
Diretora do Centro de Ensino Fundamental Otheguy Fernandez. de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto
dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação
Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson
Profissional – CEFAF Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de
Luís Prati.
Valéria Tarantello de Georgel Almeida e Tony Shigueki Nakatani.

Coordenadora Geral do Programa São Paulo PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
faz escola PEDAGÓGICO Vieira Costa, André Henrique Ghelfi Rufino,
Valéria Tarantello de Georgel Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
Área de Linguagens
M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio
Coordenação Técnica Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine
Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael
Roberto Canossa Budiski de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel
Plana Simões e Rui Buosi.
Roberto Liberato Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes
Suely Cristina de Albuquerque Bomfim e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali
Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila
Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da
EQUIPES CURRICULARES Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S.
Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes,
Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura
Área de Linguagens Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves
C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko
Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz.
S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M.
Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus.
Ventrella. Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana Área de Ciências Humanas
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria
Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt,
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Silveira.
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire Bomfim, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
de Souza Bispo, Marina Tsunokawa Shimabukuro, Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
Neide Ferreira Gaspar e Sílvia Cristina Gomes Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
Nogueira. Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria
Campos e Silmara Santade Masiero. Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos
e Sonia Maria M. Romano.
Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene
Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves
Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M. História: Aparecida de Fátima dos Santos
Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves.
de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz, Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete
Área de Matemática Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina
Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso
Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso, Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana
Yamanaka, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de
Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley Alexandre Formici, Selma Rodrigues e Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo,
Aparecido Cornatione. Sílvia Regina Peres. Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria
Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Área de Ciências da Natureza Área de Matemática
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves,
Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e
Rodrigo Ponce. Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Tânia Fetchir.
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima,
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Apoio:
Maria da Graça de Jesus Mendes. Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, - FDE
Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, Impressão e acabamento sob a responsabilidade
Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte. Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

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GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís
EDITORIAL 2014-2017 CONTEÚDOS ORIGINAIS Martins e Renê José Trentin Silveira.

COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu


FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e
CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS Sérgio Adas.
Presidente da Diretoria Executiva CADERNOS DOS ALUNOS
Antonio Rafael Namur Muscat Ghisleine Trigo Silveira História: Paulo Miceli, Diego López Silva,
Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e
CONCEPÇÃO
Vice-presidente da Diretoria Executiva Raquel dos Santos Funari.
Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo,
Alberto Wunderler Ramos Luis Carlos de Menezes, Maria Inês Fini Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza
(coordenadora) e Ruy Berger (em memória).
Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe,
GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS
Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina
À EDUCAÇÃO AUTORES
Schrijnemaekers.

Direção da Área Linguagens


Coordenador de área: Alice Vieira. Ciências da Natureza
Guilherme Ary Plonski
Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes.
Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo
Coordenação Executiva do Projeto
Makino e Sayonara Pereira. Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta
Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana,
Gestão Editorial
Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso
Denise Blanes
Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo.
Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira.
Equipe de Produção
Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite,
LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto,
Editorial: Amarilis L. Maciel, Angélica dos Santos
Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida
Angelo, Bóris Fatigati da Silva, Bruno Reis, Carina
Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria
Carvalho, Carla Fernanda Nascimento, Carolina Fidalgo. Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo
H. Mestriner, Carolina Pedro Soares, Cíntia Leitão,
Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro,
Eloiza Lopes, Érika Domingues do Nascimento, LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel
Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão,
Flávia Medeiros, Gisele Manoel, Jean Xavier, Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues
Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume.
Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Leandro Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia
Calbente Câmara, Leslie Sandes, Mainã Greeb González.
Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol,
Vicente, Marina Murphy, Michelangelo Russo, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo
Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet
Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Paula de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti,
Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar,
Felix Palma, Priscila Risso, Regiane Monteiro Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell
José Luís Marques López Landeira e João
Pimentel Barboza, Rodolfo Marinho, Stella Roger da Purificação Siqueira, Sonia Salem e
Henrique Nogueira Mateos.
Assumpção Mendes Mesquita, Tatiana F. Souza e Yassuko Hosoume.
Tiago Jonas de Almeida. Matemática
Coordenador de área: Nílson José Machado. Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse
Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca Matemática: Nílson José Machado, Carlos Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe
Micsik, Érica Marques, José Carlos Augusto, Juliana Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa
Prado da Silva, Marcus Ecclissi, Maria Aparecida Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda
Acunzo Forli, Maria Magalhães de Alencastro e Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião.
Vanessa Leite Rios. Walter Spinelli.
Caderno do Gestor
Edição e Produção editorial: Jairo Souza Design Ciências Humanas Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de
Gráfico e Occy Design (projeto gráfico). Coordenador de área: Paulo Miceli. Felice Murrie.

Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas

* Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são S239m São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
indicados sites para o aprofundamento de conhecimen-
tos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; língua portuguesa,
e como referências bibliográficas. Todos esses endereços ensino médio, 1a série / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Débora Mallet
eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, João Henrique Nogueira Mateos, José Luís Marques López
um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da Landeira. - São Paulo : SE, 2014.
Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados. v. 1, 136 p.

Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino
* Os mapas reproduzidos no material são de autoria de
Médio e Educação Profissional – CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica - CGEB.
terceiros e mantêm as características dos originais, no que
diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos ISBN 978-85-7849-548-0
elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos).
1. Ensino médio 2. Língua portuguesa 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Angelo, Débora
* Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no Mallet Pezarim de. III. Aguiar, Eliane Aparecida de. IV. Mateos, João Henrique Nogueira. V. Landeira, José
Caderno do Professor para apoiar na identificação das Luís Marques López. VI. Título.
atividades. CDU: 371.3:806.90

LPORT_CP_1s_Vol1_2014.indd 136 17/07/14 14:23

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