Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
e Cognvção
& x p o n c fo a u a r ja 6 if /c /a c f e
J ^ a tric ia rP ia iz o n (2 u e ii'o i
J lta r ia í la in li n a S c o i
ESETec
Editores Associados
Sobre
Comportamento e
Cognição
A
Associação Brasileira de Psicoteçapía e
Medicina Comportamental
Volume 7
Hélio J. Guilhardi • Adélia M. S. Teixeira • Albina R. Torres • Ana M. L. Sénéchal-Machado • Carolina Bori
• Claudia L. Menegatti • Edwiges F. de M. Silvares • Elisa T. Sanabio • Emmanuel Z. Tourinho • Fábio L.
Gonçalves • Fani E. K. Malorbi • Fátima C. de S. Conte • Gerson Y. Tomanari • Giovana D. S. Avi • Giovana
G. Costa • Gisele G. Brandão • Giuliana J. Cesar • Helene Shinohara • Isaias Pessotti • Jair Lopes Jr.
• John J. Healey • José A. D. Adib • José A. Zago • Josele A. Rodrigues • Josiane M. Maciel • Laórcla A.
Vasconcelos • Lia F. S.Gonsales • Luc Vandenberghe • Lúcia C. A. Williams • Luiz Carlos de Albuquerque
• Luiz G. G. C. Guerra • Marcelo E. Beckert • Maria Amalia P. A. Andery • Maria Cristina T. V. Teixeira • Maria
Helena L. Hunzikor • Maria Martha C. Hübner • Maria T. A. Silva • Miriam Marinotti • Miriam Garcia-Mijares
• Montezuma P. Ferreira • Murray Sidman • Patrícia S. Martins • Patrícia Piazzon Queiroz • Paula Dobert
• Rachel R. Kerbauy • Raquel M. Golfeto • Regina C. Wielenska • Ricardo C. Martone • Roberto A.
Banaco • Rodolpho C. Sant'Anna • Sérgio Cirino • Shawn E. Kenyon • Sônia dos S. Castanheira •
Simone N. Cavalcante • Teng C. Tung • Tereza M. de A. P. Sério • Vera R, M. G. da Silva • Yara C. Nico
ESETec
Editor*» Associados
( opyright © desta edição:
KSKTec Kditores Associados, Santo André, 2(K)I.
Todos os direitos reservados
474p. 24cm
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
ISBN 85-8X303-09-4
Apresentação ........................................................................................................... xi
Capítulo 42 •> Notas para uma revisão sobre com portamento verbal
Mana Amalia Pie Abib Andery (PUC-SP)........................................... 372
Fazer acontecer... Esse tem sido sempre meu tema favorito. Fazer o
máximo a partir do que você tem.
B. F. Skinner
xi
de pesquisar, analisar e intervir nos problemas de pacientes psiquiátricos que
deram ensejo a importantíssimos avanços no seu campo específico de ação. Os
procedimentos dos psiquiatras incorporaram as técnicas cognitivo-comportamentais, dando
a estas, não se pode negar, um status revelador e originando uma integração entre
Psicologia e Psiquiatria jamais observada na história dessas duas disciplinas.
Ambos os volumes trazem uma abrangente amostra da atuação profissional em
diversos campos de ação do psicólogo comportamental. Pode-se notar que o enfoque
sobre o comportamento, a fim de analisar e influenciar as ações e sentimentos humanos,
se ampliam para áreas nas quais antes não se ousava fazê-lo. A perspectiva
comportamental está presente, de maneira assertiva, em novas áreas (saúde, esporte,
trânsito, organizações, comunidade etc.) e de formas criativas e inovadoras em áreas
tradicionais (clinica e educação). A ação profissional (alternativa às ações de pesquisa e
de ensino) envolve um maior número de pessoas, com treinamento muito diferenciado,
assim não ó de se estranhar que aqui surja uma amostra muito diversificada de atuação.
Um leitor perspicaz poderá, legitimamente, perguntar: estão os profissionais, de fato,
lidando com o mesmo objeto de estudo? Os procedimentos de ação profissional compõem
um arcabouço coerente e integrado, segundo uma matriz unificadora? Há preocupação
explicita com o método científico? De quantos behaviorismos estamos na essência falando?
etc. Os volumes, ao publicarem todos os trabalhos, não inventaram a diversidade: a
testemunharam. Este é o momento da comunidade comportamental. Fiquemos atentos,
pois o terceiro nível de seleção cumprirá sua funçào. Em anos futuros teremos respostas
mais claras às questões acima formuladas e a muitas outras. Estes dois volumes serão
uma boa linha de base para uma adequada avaliação dos comportamentos da presente
comunidade comportamental.
A violência contra a mulher é um dos delitos mais freqüentes do mundo, sendo responsável por seqüelas nocivas ao
desenvolvimento dela e de seus filhos Desde 1998 o LAPREV (Laboratório de Análise e Prevenção da Violência) da UFSCar
vem desenvolvendo atividades de intervenção e pesquisa na Delegacia da Mulher de SAo Carlos e no Conselho Tutelar do
Município, ê oferocldo atendimento clinico a vitimas e agressores em uma sala especial da delegacia ou do conselho tanto
para casos de crise quanto de psicoterapla Argumenta-se que a terapia com a mulher vitima de violência doméstica deve
centrar-se no desenvolvimento de técnicas de autoconheclmento e contra-controle de forma a eliminar ou minimizar a
posição de vitima passiva de acontecimentos averslvos. Técnicas utilizadas com o agressor para conter ou eliminar seu
comportamento agressivo sAo brevemente discutidas e s io dados exemplos ilustrativos de consultoria a policiais e A
comunidade em geral. Finalmente, sâo exemplificados esforços de conduzir projetos de pesquisa na área de violência
intrafamllisr. O trabalho se encerra argumentando que há muito a fazer na área de intervenção e prevençflo da violência
doméstica sendo que a Análise do Comportamento nos dá um referencial útil para o desenvolvimento de projetos relevantes.
Palavras-chave: violência doméstica, violência intrafamiliar, violência de gênero, agressêo.
Violence against women Is one of the most frequent crimes In the world, bemg rosponsible for harmful side effects In the
development of women and children. Universidade Federal de S io Carlos’ Laprev (Laboratory for Analysis and Violence
Prevontlon) has been developmg intervuntlon and research activltles in the local Women's Police Station and Children
Support Agency since 1998. Clinicai intervention to victims and aggressors Is offered at a special room in a womerVs police
station (or children agency) In terms of crlsis intervention and psychotherapy. It is argued that therapy wlth women who are
victims of domestic violence should center in the development of technlques of self-knowledge and counter-control so bb to
elimlnate or minimize the positlon of being a passive vlctlm of aversive acts Techniques utllized with aggressors to contaln
or eliminate thelr vlolent behaviors are briefly discussed as well as examples that illustrate consultation to the police and to
the general community. Flnally, attempts to exemplify efforts of conducting research projects In the area of familiar violence
are given The paper ends with the statement that there is much to be done In the area of domestic violence intervention and
prevontlon and Behavlour Analysis offers a useful framework for the development of relevant projects.
K#y words: domestic violence, family violence, gender violence, aggression
Machado de Assis refere-se neste trecho ao cão de Quincas Borba que tinha o
mesmo nome do que o dono. Infelizmente, sabemos o quanto a violência física é nociva ao
ser humano. A "memória das pancadas", em nosso caso, não ó nada "curta" sendo
responsável por efeitos, em nosso desenvolvimento, que são nocivos a curto, médio e
longo prazo. (Possivelmente esta afirmação também e válida para cachorros, mas a
comparação foge ao escopo do presente trabalho, que vai se ater à violência entre humanos
e, mais especificamente, à violência intrafamiliar.)
SobreComportamento eCoflniç«1o 5
profissionais da área. No inicio de 1999, oferecemos uma oficina intitulada "Aspectos
Psicológicos da Violência" às policiais da DDM de São Carlos. (Williams, Gallo, Basso,
Maldonado e Brino, no prelo).
As razões para o oferecimento da oficina foram derivadas de nossa interação com
as policiais, quando constatamos a queixa freqüente de que a Academia da Policia não as
havia preparado para um adequado atendimento às vítimas de violência, impedindo-as de
realizar um atendimento ideal. Assim, planejamos uma oficina, inicialmente obtendo uma
entrevista individual com cada policial. Com base nas entrevistas, foi elaborado um
questionário sobre crenças a respeito da violência doméstica, com 30 questões de afirmação
seguidas por verdadeiro ou falso. Os objetivos da oficina foram: a) reconhecer o direito do
ser humano e, especificamente da mulher, de não sofrer agressão; b) rever crenças que
perpetuam a violência contra a mulher, redefinindo-as e c) analisar as crenças subjacentes
à sua atuação na DDM. A oficina foi conduzida na Universidade em duas noites consecutivas,
com um total de 8 horas de duração. Os resultados demonstraram que quatro das cinco
policiais apresentaram um aumento na porcentagem de respostas corretas ao questionário.
No final do ano passado, oferecemos uma segunda oficina na Universidade sobre
"Abuso Sexual Infantil", desta vez aberta a um público mais amplo. Neste ano, oferecemos
um curso de extensão com 60 horas de duração intitulado “Direitos Humanos: a questão
sobre a violência contra a mulher", que recebeu apoio financeiro da Secretaria de Estado
de Direitos Humanos. Uma das vantagens de oferecer tal tipo de curso foi a oportunidade
de ter, como alunos da disciplina, profissionais da área de Direito do município que têm
como clientes a mulher vitima de violência doméstica, sendo que, após o curso, alguns
destes profissionais têm atendido voluntariamente algumas de nossas clientes. O curso
teve desdobramentos adicionais, dentre eles algumas reuniões na Câmara Municipal e na
Prefeitura do Município que foram estratégicas para a concretização da Casa Abrigo de
São Carlos.
Fomos recentemente convidados a contribuir para o treinamento de novos
Conselheiros Tutelares, fornecendo palestra sobre violência conjugal fatal. Quanto a isto,
fomos solicitados, no ano passado, a expandir nosso projeto de intervenção e estágio
para as dependências do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente de São Carlos.
Desde março, temos oferecido atendimento em tal local, projeto que por se encontrar no
inicio não será analisado no momento.
Comentários finais
Referências
Azevedo, M.A. (1985). Mulheres espancadas: a violência denunciada. Sâo Paulo: Cortez.
Os problemas sociais comumente referem-se às relações entra as pessoas, envolvendo dificuldades de comunicação,
Integração e cooperação. A maior parle dos seres humanos des«|a ser escolhida e aceita pelos outros, fazer parle de grupos
sociais e sabe-se que indivíduos que sAo aceitos e que se aceitam têm maior probabilidade de virem a aceitar e respeitar os
outros (segundo Argyle, 1676 e Briggs, 1995). Toda criança anseia profundamente ser Incluída. NAo ser aceito pelos grupos
ó um fenômeno que a comunidade tende a denominar de “rejeiçAo", e que gera muitas dificuldades aos indivíduos alvo da
mesma, sendo Inúmeros os estudos que. direta ou indiretamente, abordam a rejeição entre os pares. A seriedade deste
conjunto de problemas é evidenciada através do número crescente de pesquisas que demonstram ser a rejeição na escola
um dos poucos aspectos do funcionamento infantil que prediz consistentementa problemas de comportamento no futuro
(Bee, 1996). Pretende-se: dlfaranciar os conceitos de criança popular, neglicenciada, rejeitada, isolada; apresentar algumas
pesquisas voltadas para tais temas e propor algumas estratégias de açAo grupai visando minimizar a rejelçAo. Acredita-se
que buscando as habilidades prô-soclals requisitadas a um bom relacionamento, certamente contribuir-se-A para gerar n
aproximação nas relações interpessoais e, conseqüentemente, para a pravençAo em saúde mental.
Palavras-chave: rejeiçAo, enanças rejeitadas, pesquisas sobra rejelçAo, prevençAo.
Social problema commonly refer to the relationship between people, involving difflcultles In communication, Integration and
cooperation Most themselves are more llkely to accept others (accordlng to Argyle, 1970 and Briggs. 1995). Every chlld
deeply yearns to be Included. Not being accepted by the group is a phenomenon that the commumty tends to call “rejection"
and which generates many difflculties to the targat Individuais. There are numerous studies that, directly or Indlrectly,
approach rejection between paars. The seriousness of this set of problems Is avidenced by the growing number of research
showlng that rejection at school Is one of the few aspects of the chlld functlon which conslstently predicts future behavlor
problems (Bee. 1996). What is intended here is to differentiate the concepts of popular, neglected, rejected and isolated chíld
as well as to Introduce some research focusing on the matter and to present some strategies of group action aiming at
minimlzing rejection. It Is bolleved that searching the pro-social skllls necessary to a good relationship wlll certalnly cooperate
with generating approxlmation to interpersonal relationships and consequently, mental health prevention.
Kay words: rejection, rejected children, research about rejection, prevention.
Referências
F a /s e , neste ensaio, uma leitura arqueológica do behaviorismo radical com o objetivo de deslindar o conceito de mente
defendido por Skinner Desconstrói-se o problema mente-corpo e reconstrôi-se a relação mente-corpo longe do mentalismo
e do materiallsmo. Mas o behaviorismo radical oscila do flslcalismo eplstemolôgico ao fisicallsmo ontológlco. É imperativo
abandonar o flslcalismo ontológico e desconstrulr o real, para livrar-se da definição fisicalista ontológlca de estimulo e dos
conceitos de 'mundos externo e interno', pressupostos que inviabilizam o estudo do comportamento como assunto da
psicologia. A essa primeira radicaluaçAo segue-se esta: abandona-se a distmçAo entre oventos públicos e privados.
Conseqüência do fisicallsmo ontológico, ela é solidária com a diferença entre eventos externos e Internos e contribui para
fortalecer nAo só os conceitos de "mundo externo e interno" mas também interpretações externalistas do behaviorismo
radical - que sêo Incompatíveis com o projeto constitutivo da filosofia do behaviorismo radical e, conseqüentemente, com
uma ciência psicológica do comportamento. Conclul-se que o behaviorismo radical é uma filosofia da mente. Para o
behaviorismo radical, a mente é Imnnente ao comportamento e pode ser por isso, radicalmente Investigada, no nlvel público,
como comportamento
Palavras-chave: arqueologia, fisicallsmo, behaviorismo radical, comportamento, mente
In this esaay, an archeologlcal reading of radical behaviorism is offered with the objective of clarlfying the concept of mind
defended by Skinner. The mlnd-body problom is deconstructed and the mlnd-body relation is reconstructed independently of
mentallsm and materlalism But radical behaviorism oscilates from epistemological physicalism to ontologlcal physicalism.
It Is Imperative to abandon ontologlcal physicalism and to deconstruct the real, to get rid of tho ontologlcal physlcalist
deflmtion of stimulus and the concepts of "internai and externai worlds" < assumptions which ronder impossible to study the
behavior as a subject matter of psychology Tho following radicaliration follows upon the first: the distinctlon botween public
and privato events is abandoned. As a consequence of ontologlcal physicalism. it Is allied to the distinctlon between externai
and Internai events and contributes to the strengthening not only of the concepts of "internai and externai worlds" but also
of externalist interpretatíons of radical behavionsm • wfiich are incompatfbfe with the constituílve profect of the phílosophy of
radical behaviorism and. consequently. with a psychological Science of behavior. It is concluded that radical behaviorism is
a philosophy of mind For radical behaviorism, mind is Immanenl In behavior, and can be, accordingling, Investigated, at a
public levei, as behavior.
Key words archeology, physicalism, radical behaviorism, behavior, mind
Desconstrução do real
Conclusão
Referências
Abib, J. A. D. (1982). Skinner, Materialista Metafísico? “Never Mind, No Matter". Em B. Prado Jr.
(Org.). Filosofia e Comportamento (pp. 92-109). São Paulo: Brasiliense.
Abib, J. A. D. (1985). Skinner, Naturalismo e Positivismo. Tese de Doutorado. Universidade do
São Paulo. São Paulo.
Abib, J. A. D. (1993). "A psicologia ó ciência?" O que ó ciência ? Psicologia: Teoria e Pesquisa, 9,
451-464.
Abib, J. A. D (1997). Teorias do Comportamento e Subjetividade na Psicologia. São Carlos:
Editora da Universidade Federal de SÔo Carlos.
Abib, J. A. D. (1999). Behaviorismo radical e discurso pós-moderno. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
15, 237-247.
Abib, J. A. D. (no prelo). Teoria moral de Skinner e desenvolvimento humano. Psicologia: Reflexão
& Critica, 14 0 ).
Bunge, M. (1979). La bancarrota dei dualismo psiconeural. Em A. Femández-Guardiola (Org.),
La Conciencia: Et Problema Mente-Cerebro (pp. 71-84). México: Editorial Trillas.
Skinner (1960) afirma que aprendemos através de descrições verbais de contingências (regras) e/ou através do contato
direto com as mesmas, isto é, sofrendo as conseqüências, positivas ou nêo, na própria pele Ambos os tipos do comportamentos
sflo plausíveis, naturais e eficazes. Ambos demonstram conhecimento das contingências e podem ter topografias similares
Mas, como sâo adquiridos por métodos de aprendizagem diferontes, estAo sob tipos distintos de controle de estímulos e sflo,
portanto, operantes distintos E, por isto, os indivíduos passam a responder ao ambiente de forma diferente. Este trabalho
pretende: 1- aprosentar e definir os comportamentos que constituem as aprendizagens por regras e por contingências; 2-
salientar as diferenças mais significativas entre estas duas formas de aprendizagem; 3- mostrar porque o uso das regras
vem, com mais freqüência, substituindo o aprender fazendo e apontar as vantagens de se combinar estas duas formas
complementares de aprender. Formular e seguir regras sâo duas das atividades mais Importantes na vida e cultura humanas
mas nAo substituem, nunca, as sutilezas de um contato direto com as contingências.
Palavras-chave • comportamento governado por regras, comportamento modelado por contingências, aprendizagom
Skinner (1966) says that we learn through verbal descriptlons of contingencies (rules) and/or through direct contact with lhem,
that is, takmg the consequences, positive or not, ‘ on one s own skln" Both types of behavior are reasonable, natural and
effective Both of them show the contingencies knowledge and they may have similar topographies. But, as they are
acqulred through different methods of learnlng, they are under different types of stlmuli control and, thorefore, they are
considered distlnct oparants And for that, people respond differently to the environment The purpose of thls study is: 1- to
show and define these behaviors that constttute the learning through rules or by contingencies; 2- to emphas/ze tho friosI
slgnlficant dlfferencos between this two forms of learnlng; 3- to polnt out why the use of rules has more frequently replaced
learnlng by doing and 4- point out the gains in combinlng these two complementary forms of learnlng. Formulating and
followmg rules are two of the most important activities in human life and culture but this does not substltute, ever, the
subtleness of a direct contact with the contingencies.
Kay worda: rule-governed behavior, contingency-modeling behavior, learning
Contingência e regra
Ordens e conselhos
Instruções e auto-regras
Algumas considerações
Apesar de todas estas proposições, não reconhecemos nenhum dilema para ser
solucionado, já que todas as duas formas de ensinar, ensinam. Aprender com regras
parece ser a mais escolhida, por ser mais fácil do que ousar experimentar as contingências.
Se tentamos ensinar aos outros sempre por meio de regras, podemos reduzir a
probabilidade de que venham a aprender fazendo. Muitas regras impedem o indivíduo de
entrar em contato com a experiência direta e as instruções não podem substituir, nunca,
as sutilezas de um contato direto com as contingências. São formas complementares de
aprendizagem que propomos devam ser experenciadas juntas, sem o privilégio de uma
sobre a outra.
Se iniciamos experimentando as conseqüências, isto é, nos expondo
às contingências do ambiente, o passo seguinte é completar a aprendizagem com as
regras.
Referências
Baldwin, J.D. & Baldwin, J.l. (1986). Behavior Principies in Everyday Life. N.Jersey. Englowood
Cliffs. Prentice Hall, Inc.
Banaco, R.A. (1997). Auto-regras e Patologia Comportamental. Em Zamignani, D.R. (org.) Sobre
Comportamento e Cogniçâo: a aplicação da análise do comportamento e da terapia
cognitivo-comportamental no hospital geral e nos transtornos psiquiátricos (pp 80-88)
S.P. Santo Andró: ARBytes Ed.
Baum, W.M. (1999). Compreender o Behaviorismo: Ciência, Comportamento e Cultura (M.Tereza
Araújo e cols. Trad.). Porto Alegre. Artmed Ed. (Trabalho original publicado em 1994).
Biblia sagrada (1988). 62a. edição. S.P. Ed. Ave Maria (Trad. dos originais (Bélgica) pelo Centro
Bíblico Católico em 1957).
Catania, A.C.(1999). Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cogniçâo. (D.G. de Souza
e coIs.Trad.). Porto Alegre. Artmed Ed. (Trabalho original publicado em 1998).
Cerutti, D.T. (1989). Discrimination Theory of Rule-Govemed Behavior. Journal ofthe Experimental
Analysis of Behavior, 51, 259-276
Costa, N. (2000). Comportamento Encoberto e Comportamento Governado por Regras: os
cognitivistas tinham razão? Em Kerbauy, R. R. (org.) Sobre Comportamento e Cogniçâo:
conceitos, pesquisa e aplicação, a ênfase no ensinar, na emoção e no questionamento
clinico (pp. 16-23) S.P. Santo Andró: ESETec.
Delitti, M. (1997). Mudanças do Controle por Regras Falsas para o Controle por Contingências
ou: Dê uma Chance para as Contingências. Em Delitti, M. (org.) Sobre Comportamento
e Cogniçâo: a prática da análise do comportamento e da terapia cognitivo-
comportamental. (pp. 182-187). S.P. Santo Andró: ARBytes Ed.
Guedes, M.L. (1997). O Comportamento Governado por Regras na Prática Clinica: um inicio de
reflexão. Em Banaco, R.A.(org.) Sobre Comportamento e Cogniçâo: aspectos teóricos,
metodológicos e de formação em Análise do Comportamento e Terapia Cognitivista.
(pp. 138-143). S.P. Santo Andró: ARBytes Ed.
Hayes, S. C.; Kolenberg, B. S. e Melancon, S. M. (1989). Avoidlng and Altering Rule-Control as
a Strategy of Clinicai Intervention. Em Hayes,S.C.(org.) Rule-governed Behavior: cognition,
contingencies, and instructional control. London: Plenun Press.
Hübner, M. M. (1997). Comportamento Verbal e Prática Clinica. Em Banaco, R.A. (org.) Sobre
Comportamento e Cogniçâo: aspectos teóricos, metodológicos e de formação em Análise
do Comportamento e Terapia Cognitivista. (pp. 385-394) S.P. Santo André: ARBytes Ed.
haitis Pcssotti
48 IfdldS IVssotti
atividade. O sentido original de depressus è abatido ou retraído, aspectos que, comumente,
compõem o padrão de tristeza.
Curiosamente, o organicismo antigo não recusa o emprego de recursos
"psicoterápicos", vista a possibilidade de influenciarem a economia humoral e, assim,
alterar a etiologia da melancolia. (Aliás a etiologia parece cada vez menos importante na
prática psiquiátrica mais recente).
É assim que Celsus (42 a.C.-37 d.C.), mesmo considerando a melancolia como
"uma loucura que consiste numa tristeza que parece depender da atrabílis”, propõe como
terapia os procedimentos adotados por Ascleplades de Bithynia, seu inspirador:
"Ê preciso afastar do doente todas as causas de susto. Deve-se procurar distrai-
Io com contos e jogos que mais lhe agradavam no estado de saúde. As suas obras, se as
realizar, devem ser elogiadas com afabilidade e deixadas perto dele. Suas tristes fantasias
serâo combatidas com suaves admoestações, fazendo-lhe perceber que nas coisas que
atormentam ele deveria encontrar um motivo de encorajamento, mais que de inquletaçBo“
(De arte Medica, III, 18).
Mais uma vez, na tradição antiga, depressão (retratada como tristeza) é mero
sintoma, falso nesse caso, em que a doença não existe, segundo Areteu.
Sorano de Éfeso entende que a melancolia ó um estado de intensa constrição
das fibras nervosas e outras e que se manifesta por sintomas como prostração (depressão
da atividade física), tristeza e má disposição diante dos parentes, além de idéias
persecutórias, choros sem motivos, etc. Isto ó, a depressão ó apenas um, entre diversos
sintomas.
Como terapia, Sorano receita cataplasmos sobre a região do epigastro, para relaxar
as fibras contraídas, assistir a comédias, escrever discursos (que devem ser elogiados
com entusiasmo). Mesmo os iletrados devem ser incentivados a exercer seu oficio, com
efusiva aprovação dos familiares. Os músicos melancólicos devem ser encorajados a
tocar seus instrumentos preferidos.
Essa série de recursos visam, obviamente, ao reengajamento do paciente nas
atividades cuja freqüência foi deprimida. De novo, corretamente, depressão é apenas uma
medida, e é entendida como apenas um sintoma da doença. (Aqui se retrata um enfoque
"modemo’’, na medida em que a depressão é entendida como desengajamento ou recusa
de engajar-se em comportamentos positivos, tal como sugerirá o texto de Ferster, de
1973, A functional analysis ofdepression).
50 k iiiis Pcssotti
Tambóm Foville, em 1829, designará a loucura depressiva (delírio com tristeza ou
abatimento) com um velho termo grego, Lypemania (em grego, literalmente, loucura triste),
acentuando o componente afetivo do quadro melancólico. E Guislain, amante de termos
novos, em 1833 a chamará Luperophrenia (doença cerebral que causa tristeza).
Assim, os abatimentos ou depressões englobados sob o nome de tristeza, que
eram sintomas de uma doença orgânica desde a antigüidade, a partir do século XVII
continuam apenas sintomas, mas agora também de desarranjos mentais, principalmente
depois de Pinei e Esquirol. Pois a melancolia, a partir de Pinei, pode tambóm resultar
exclusivamente de eventos passionais.
Mas esses sintomas depressivos só indicam a presença de melancolia quando
acompanhados de um certo tipo de delírio. Esta ó uma condição admitida mas nào requerida
na acepção mais antiga da melancolia.
Somente na segunda metade do século XIX, o conceito clássico de Pinel-Esquirol
será contestado, principalmente por Falret (1860) e Morei, também em 1860. E, com
diversos argumentos, por Maudsley (1867), Krafft-Ebing (1879) e Cotard, nesse mesmo
ano, e, ainda, por Kraepelin, em obras das últimas décadas do século passado e primeiras
deste (1883/1915).
Essa contestação com variados argumentos deriva de uma atenção maior aos
aspectos etiológicos que aos sintomas típicos de cada doença. Nessa linha, foi decisiva
uma tese de Morei, segundo a qual a doença mental, sempre disfunção orgânica, é
freqüentemente hereditária, e implica quase sempre alguma degeneração de funções.
Essa tese, de uma autoridade indiscutida, determinou revisões doutrinárias e polêmicas
que acabaram por desautorizar os conceitos ‘‘clássicos" de mania e de melancolia,
formulados por Pinei e Esquirol. Os quadros inteiros da mania e melancolia ou, ainda, da
monomania de Esquirol, seriam apenas manifestações de processos doentios, de fundo,
mais genéricos, provavelmente hereditários; ou, poderiam ser puras transformações de
doenças nervosas, estas devidas à constituição orgânica. A idéia aparece em diferentes
obras do período, com os nomes de fundo doentio, predisposição, processo degenerativo,
degenerescència, processo doentio de base, etc.
Para o nosso assunto interessa um aspecto desse organicismo inatista: há
pessoas cuja constituição orgânica as predispõe seletivamente às manifestações clínicas
de exaltação, ou maniacais, ou aos quadros depressivos.
Noutros termos, a nova doutrina entende que a melancolia ou delírio triste é apenas,
ela inteira, um sintoma de algum fundo “m aladif, constitucional. De um lado, essa tese
absolve a ignorância da etiologia específica de cada quadro; de outro, autoriza a exclusão
dos eventos pessoais ou sociais do rol das causas. Aponta, pois, para uma biologia
doente, a determinar inexoravelmente os distúrbios mentais, entre eles a melancolia.
Melancolia ou mania são, então, doenças artificiais, aparentes, construídas: a
doença real, "natural" é subjacente aos quadros sintomáticos. Mais ainda, os fatores
passionais e mesmo os orgânicos específicos são apenas coadjuvantes, acessórios, na
produção da doença. A causa última e decisiva é o fundo doentio. Cotard, em 1879, após
enumerar causas orgânicas (!) da loucura, normalmente admitidas, escreverá que "a maioria
dessas causas não são mais que determinantes e náo agem senão em indivíduos já
predispostos: a predisposição continua sendo a causa principal da doença mental e da
forma (sic) que ela apresenta."
52 Isaias IV*sotti
substancialmente, uma alteração da sensibilidade moral, que ele define como "a parte
afetiva do nosso ser [...] os nossos sentimentos e pendores” (275-276). São os estados
cenestésicos de dor (sofrimento) ou de prazer. Talvez esteja al um esboço do principio do
prazer, pedra de toque de qualquer psicodinâmica.
Como se vô, não há diferenças substanciais entre o conceito organicista de
Cotard e o psicodinâmico, de Bleuler.
Em resumo, portanto, o significado do termo depressão mudou várias vezes, ao
longo da tradição psicopatológica: de sintoma característico de uma doença orgânica, a
melâina kolô, desarranjo humoral, passou a critério de definição da melancolia, desde que
associada ao delírio, à desrazão. Posteriormente, passou a denotar uma evidência acessória
de um sintoma ou síndrome mais complexa, quando a melancolia passa a ser entendida
como sintoma, ela toda, de condições constitucionais genéricas subjacentes á variedade
sintomática e mesmo etimológica dos quadros clínicos. Jamais a depressão, per se,
significou doença. Na tradição psicopatológica ela é apenas uma variação quantitativa
eventualmente sintomática. Não basta, pois, que uma pessoa apresente depressão,
uma ou muitas, para que se presuma uma doença, ainda que se possam presumir, só
depois de adequada indagação etiológica, condições psicodinâmicas eventualmente causais
de alguma patologia do comportamento ou “doença mental”.
D epressão c o m o m oda
54 l ij id t Peuotlt
São caminhos, até eficazes, para um retorno à beatitude primitiva, á paz intra-
uterina ou ao paraíso terrestre, antes do pecado original, antes da afirmação da própria
individualidade e da própria subjetividade. Quando podíamos ser apenas objetos de
determinações externas.
A presente análise teve como objetivo a identificação do relações funcionai* entra as resposta» de auto mutilação e
variáveis ambientais. Uma menina de 10 anos (KA), diagnosticada com desvio de aprendi/agem e características autistas,
participou dessa análise A análise funcional foi reali/ada com o objetivo de determinar se as respostas de auto mutilaçAo
apresentadas por KA eram mantidas por reforçamento social positivo, rnforçamento social negativo, ou reforçamonto
automático. A topografia d» auto mutilação registrada e analisada durante o presente estudo foi a d» reapoataa direcionada»
às regiões da cabeça A frequência de emlssAo das respostas de auto mutilaçAo foi analisada durante quatro condições
experimentais: (a) sozinho, (b) atençAo social, (c) brinquedos; e (d) ordem. Os resultados mostraram que a frequência das
respostas de auto mutilação foi maior durante a condição de ordem, sugerindo que tais respostas estavam sendo mantidas
por reforçamento negativo em forma de fuga Os resultados aqui adquiridos serviram de base para a prescrição do
tratamento terapêutico que seguiu a análise funcional aqui descrita: o reforçador mais potente (equipamento de auto
contençáo) passou a ser deliberado contingente a x minutos de trabalho (o tempo de trabalho foi aumentado de modo
gradativo).
Palavras-chave: análise funcional, respostas de auto-lesAo e autismo.
The present analy8is's objective was to identlfy functional relations betwoen self-injurious behavior and envlronmental
variable» The participant was a 10-year-old girt (KA) diugnosed wlth pervasive developmental disorder (PDD) and autistlc
features The goal of the analysls was to determine whether self-injurious responses emltted by KA were maintained by social
positive reinforcement, social negative reinforcement or automatic reinforcement. The self-injurious topography that was
recorded throughout the present study was emltted toward the face and head area. The frequency of the solf-mjurlous
responses was analyzed during four condltions: (a) alone; (b) social attentlon; (c) play; and (d) demand. The resulta showed
that the frequency of the self-injurious response was higher during tlie demand condition, suggesting that such responses
were maintained by negative reinforcement such as escape of demands. The results here presented wero usod as the basia
for the prescrlption of a therapeutic treatment that followed the functional analysls here described: the most potent reinforcer
(access to aelf-restraint equipment) was contlngent to x minutes of work (the work time period was Increased In a gradual
manner)
Key words: functional anaíysis, seíf-injurious behavior and autism.
O sujeito da presente análise funcional foi uma menina de 10 anos de idade, KA,
aluna residente da Escola New England Center for Children (NECC), Southborough, MA,
USA. KA veio para a NECC em 1998. Antes disso, KA estava internada em uma Instituição
também localizada em MA. Quando KA chegou na escola NECC ela carregava consigo
um diagnóstico de autismo e PDD (pervasive developmental disorder). A razão de sua
transferência para a NECC baseava-se no fato de KA emitir frequências de respostas de
R e su lta d o s
Os resultados obtido durante a Análise Funcional aqui apresentada (Figura 1)
demonstram que KA emitiu respostas de auto-lesão em todas as Condições Experimentais,
□ Sozinho
40 a Atenção
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57
Número da Sessão
D iscussão
Essa análise fez parte de uma análise funcional extensiva que ainda está sendo
realizada. O caso de KA ó muito complicado, e no decorrer da análise funcional pudemos
verificar progresso na área social. Um tratamento individualizado foi prescrito para KA com
base nos dados adquiridos nessa análise funcional. Como a freqüência de respostas de
auto lesão registrada foi maior durante as condições de ordem, assumimos que KA usava
respostas de auto lesão para fugir de ordens. Uma outra variável que surgiu durante a
análise funcional foi que, ao tirarmos os equipamentos de auto contenção (placa para o
R e fe rê n c ia s
Iwata, B. A., Dorsey, M. F., Slifer, K. J., Bauman, K. E., and Richman, G. S. (1994). Toward a
functional analysis of self-injury. Journal of Applied Behavior Analysls, 27, 197-209.
Yara d a m Nico
n/c-sn
A deflnlçAo skmnerlana de autocontrole, tomada de decisAo e solução de problemas é discutida a partir do compromisso
educacional com a formação para o futuro Por mero destes três comportamentos, o indivíduo rnanipula variáveis ambientais
das quais outro comportamento seu é funçAo De acordo com Skinner (1953), estes comportamento» constituem o repertório
especial que prepara os estudantes para o futuro As definições de autocontrole, tomada de decisão e soluçAo de problemas
sAo apresentada» ressaltando as características que permitem agrupar e diferenciar estes comportamentos No autocontrole,
o indivíduo A capa/ de identificar as respostas e conseqüências antes de manipular as variáveis que alteram a probabilidade
de um comportamento especifico Na tomada de decisáo, o indivíduo identifica as respostas possíveis, mas nAo suas
conseqüências. Neste caso, a manipulação de variáveis aumenta o conhecimento acerca das conseqüências envolvidas
nos cursos de açAo alternativos. Jé na soluçAo de problemas, o Indivíduo nêo é capa/ de identificar qual a resposta que
produz um determinado reforçador. Portanto, identifica o reforço, mas nAo a resposta.
Palavras-chave: autocontrole, tomada de decisAo, soluçAo de problemas, B.F. Skinner, oducaçAo
With consldoration to the educational compromise of preparlng individuais to future contingências, the current pnper
dlscusses Skinner'8 defimtions of self-control, decision-maklng and problem solving. Individuais manipulato envlronmental
variables of other behaviors through these three behaviors. According to Skinner (1953), these aro behaviors that constítute
a spocial repertoire that wlll prepare students for the future. The definitions of self-control, decislon-making and problem
solving are presented in such a way that characteristics allowmg them to be grouped and differentiated are highlightod.
Regarding self-control, the individual is able to identify the responses and consequences before he manlpulates the variables
that will change the probability of a specific behavior. Regarding decision-making, the individual identifies the possible
responses but doesn't Identlfy its consequences In this case, the manipulatlon of variables Increases the knowledge of
consequences Involved in the process of taking alternatlve actions. Regarding problem solving, the individual is not ablo to
identify whlch response produces a specific remforcer, yet, that individual Is able to identlfy the relnforcer
Key w o rd t: self-control, decision-making, problem solution, B.F. Skinner, education.
Sr
Autocontrole
O conceito de autocontrole, segundo Skinner (1953), considera "a possibilidade
de que o indivíduo possa controlar seu próprio comportamento" (p.228). Por controlar seu
próprio comportamento, entenda-se emitir resposta de manipular as variáveis ambientais
(resposta controladora) das quais uma outra resposta (resposta controlada) é função.
Portanto, a resposta controladora (R1) provê estímulos que alteram a probabilidade da
resposta controlada (R2) e esta, por sua vez, reforça e mantém a resposta controladora.
Vale destacar que um indivíduo pode manipular variáveis ambientais tanto para aumentar
quanto para diminuir a probabilidade da resposta controlada.
'Para uma discussfio pormenorizada das formulações skinneriarms sobra autocontrole e resolução de problemas recomenda-
se, respectivamente, Nico (2001) e Moro? (1991).
Sr
Assim, se alguém estava indeciso até o último instante e fez “minha mãe mandou
escolher este daqui, mas como eu sou teimoso escolho este daqui!", pode ter emitido
uma resposta "de decidir" mas, com certeza, não de "tomar uma decisão".
Como qualquer outro comportamento, também o de tomar uma decisão deve ser
explicado em função das conseqüências por ele produzidas. A manipulação de variáveis,
neste caso, pode ter como conseqüência reforçadora a remoção de uma estimulação
aversiva, no caso a remoção do conflito envolvido na indecisão (vou ver este ou aquele
"primeiros passos"), ou a produção de conseqüências reforçadoras (decidi ver A ou B e,
desta forma, produzir reforços). Este dois tipos de reforçamentos, negativo e positivo,
aumentariam a probabilidade não apenas da resposta final (no próximo congresso voltar a
ver A ou B), como também do comportamento de "tomar decisões” (quando passar por
uma indecisão semelhante, emitir estas respostas de manipulação de variáveis).
Segundo Skinner (1953): "Há situações nas quais manipulamos variáveis para
alterar a probabilidade de uma resposta que não pode ser identificada até que seja emitida"
(p. 245). Este ó, justamente, o caso da solução de problemas.
Assim, no autocontrole o indivíduo conhece, antecipadamente, as respostas e as
conseqüências de uma e outra ação e na tomada de decisão, o indivíduo conhece as
respostas alternativas mas não suas conseqüências. Já na solução de problemas, o
indivíduo não é capaz de identificar qual a resposta que produz um determinado reforçador;
portanto, identifica o reforço mas não a resposta.
Para entender de que modo um indivíduo manipula variáveis na solução de
problemas, é preciso definir, em primeiro lugar, o que é uma situação-problema: aquela
diante da qual um indivíduo não dispõe da resposta que produz reforço. O importante é que
esta resposta faz parte do repertório comportamental do indivíduo e ele apenas não a
emite porque é incapaz de identificá-la.
Suponha que alguém saia daqui e encontre uma pessoa que conhece mas, ao
apresentá-la para um colega, esqueça seu nome. Aqui está uma situação-problema! O
indivíduo: 1) identifica o reforço (apresentar corretamente o conhecido para o amigo); 2) a
resposta que produz o reforço faz parte de seu repertório comportamental (já disse alguma
vez aquele nome, "sabe" dizê-lo) mas, por qualquer razão, 3) não dispõe prontamente da
resposta que produz o reforço (não é capaz de identificar o nome prontamente; não "lembra"
do nome).
Imagine que, diante de tal situação, o indivíduo comece a manipular variáveis de
modo a aumentar a probabilidade da resposta de dizer o nome correto, ou seja, aumentar
a probabilidade da resposta-solução. Para aumentar a probabilidade desta resposta começa,
por exemplo, a perguntar: "qual foi a última vez que nos vimos?"; "quem nos apresentou
mesmo?". As alterações ambientais produzidas por estas perguntas, ou seja, as respostas
da outra pessoa, podem funcionar como estimulações que levam á resposta solução:
lembrar o nome. Se mesmo assim, o nome não for lembrado, o indivíduo pode começar a
emitir uma série de outras manipulações, por exemplo, encobertas: percorrer repetidamente
o alfabeto para ver se lembra com que letra começa o nome, pensar em vários acentos
tônicos, percorrer as nacionalidades "o nome é alemão, italiano, francês, brasileiro...?".
Se o conjunto de todas estas manipulação de variáveis, neste caso, abertas e
encobertas, alterassem a situação-problema, levando ao aparecimento da resposta-solução
(lembrar o nome), diríamos que o problema foi resolvido.
Deste modo, na solução de problemas, a resposta-solução (R2) deve ser sempre
analisada em conjunto com as interações predecessoras que tornaram mais provável sua
emissão. Estas interações envolvem, necessariamente, comportamentos de manipular
variáveis. Na solução de problemas, os comportamentos de manipular variáveis são
denominados comportamentos precorrentes ou preliminares (R1). Vale ressaltar que a
relação entre precorrentes e o aparecimento da solução é, simplesmente, a relação entre
a manipulação de variáveis e a emissão de uma resposta solução.
Sr
Vale destacar que, assim como decidir não é emitir o ato decidido, mas sim um
conjunto de comportamentos que levam à emissão deste ato, solucionar um problema
não é emitira resposta ftnaf (dizer o nome), mas sim emitir um conjunto de comportamentos
precorrentes que aumentem a probabilidade da resposta-solução. Este trabalho teve como
objetivo descrever os comportamentos que compõem o repertório especial por meio do
qual os indivíduos podem estar preparados para o futuro. Tais comportamentos estão
envolvidos num tipo de repertório que ó, usualmente, tido como evidência de autonomia.
Em nossa cultura, os comportamentos de autocontrole, tomada de decisão e solução de
problemas são tidos como exemplos máximos da autonomia e independência do sujeito.
Espera-se ter esclarecido que, para Skinner, o sujeito pode ser independente quando
emite um destes três comportamentos na medida em que ele próprio, e não outra pessoa,
arranja as condições necessárias para a emissão de outra resposta sua. Além disso,
espera-se ter esclarecido que esta independência irá envolver, sempre, uma constante
interação com o ambiente.
R e fe rê n c ia s
Skinner, B.F. (1953). Science and Human Behavior. New York: Macmillan.
M i riam Marinotti
Cllimj f’ürficuldt
0 preaente artigo procura analisar processos envolvidos na aquisição da escrita ortograficaniente correta, dentro do
referencial teórico da Análise do Comportamento. Para que se possa proceder a tal discussão, o texto Inicia abordando
aspectos mais genéricos, tais como: relações entre oa repertórios relativos â leitura e A escrita; proceaaoa envolvidos na
alfabetização, concebida como aquisição de um repertório minimo de reapoataa e daa operações que regem aua (re)comblnaçâo
para a formação de novas palavras; processos envolvidos na aquisiçAo da escrita ortograflcamente correta, o que demanda,
multas vezes, uma resposta de escolha frente a várias grafias possíveis (s/ss/c/ç/sc; x/ch; j/g/ l/u etc); (in)dependência
funcional de operantes verbais; unidadea verbais mlnlmas necessárias à alfabetização em Língua Portuguesa. A aquisição
da eacrita conforme as convenções ortográficas de nossa língua é, entAo, abordada do ponto de vista do controle de
estímulos necessário. Nesta seçAo, busca-se ressaltar algumas caractertstlcas da língua escrita que, embora de pouca
relevância para o processo de alfabetização, adquirem extrema importância nn aquisiçAo das convenções ortográficas
propriamente ditas e que, portanto, deverAo passar a exercer controle sobre as respostas envolvidas na escrita.
Palavras-chave, leitura, escrita, ortografia, controle de estímulos, unidades verbais mlnlmas
The following artlcle alms to analyze the processes involved in the learnlng of correct spelling based on the frame of the
Behavior Analysls So as to proceed with this argument, the toxt starts by dealing with general aspecta, auch aa: relationships
between the repertoires related to reading and writing; processes in literacy, which is conceived here as the learnlng of a the
mlnimal response repertoire and of the combining operatlons that generate new words; processes Included In the learning of
correct spelling which demands many times a selection-based response among a varlety of possible spellings (e.y. s/ sb/ c/
ç/sc; x/ch; j/g, l/u etc); functlonal (in)dependence of verbal operants, mmlmal verbal unita required by the learnlng of written
Portuguese. The learnlng of whting in this language, according to the standard spelling, is consldered grounded on the
stlmulus control required. This topic emphasizes aome featurea of the written language which are more relevant for the
standard spelling than for tho beglnning of the process of literacy. Such features must control the responses in writing.
K ty words: reading, writing, spelling, stlmulus control, minimal verbal unita.
72 Mirium M.irinolli
Entretanto, evidências originadas em situações aplicadas (por exemplo, na clínica)
ou em contextos experimentais fornecem suporte para o que normalmente ó analisado, na
literatura, sob o rótulo de “independência funcional dos operantes verbais".
Qualquer profissional que tenha razoável experiência com crianças que apresentam
dificuldades para ler e escrever, será capaz de observar que: a) avanços num destes
repertórios não se traduzem, necessária e espontaneamente, em progressos no outro; b)
nem mesmo as atividades de ler ou escrever guardam entre si tais relações (por exemplo:
uma criança pode sair-se muito bem - do ponto de vista ortográfico - num ditado, e
cometer erros incríveis numa redação ou quando redige uma resposta dissertativa, inclusive
naqueles vocábulos que acertou no ditado ). Dizer, simplesmente, que trata-se de
um"problema de atenção" é pouco para entender a situação.
Skinner (1957) nos aponta uma direção que parece muito mais profícua para
abordar o assunto, ao indicar que diferentes atividades que envolvem a leitura e a escrita
diferem, quer pela resposta propriamente dita, quer pelas relações de controle envolvidas.
Trabalhos mais recentes sobre comportamento verbal (Lee e Pegler, 1982; Lamarre
eHolIand, 1985; Polson, Grabavac e Parsons, 1997) vêm tentando avançar nesta análise
e, com freqüência, concluem que a interdependência de repertórios verbais longe de ser
um fato naturalmente esperado, muitas vezes requer cuidadoso planejamento de
contingências para que possa ocorrer.
No que tange, especificamente, à leitura e á escrita, os dados provindos da atividade
clínica e educacional sugerem algumas hipóteses, que certamente demandam estudos
sistemáticos para que tenham sua plausibilidade aquilatada. Dentre elas:
- leitura e escrita constituem repertórios distintos e, em grande medida, independentes,
no início de sua instalação;
- há uma tendência de se tornarem progressivamente interligados à medida que o indivíduo
progride na aquisição dos diferentes comportamentos envolvidos no ler/escrever;
- entretanto, alguns fatores podem impedir / dificultar esta integração. Dentre eles:
integridade neurofisiológica do indivíduo; método de ensino; repertório (suficiente ou
defasado) da criança em relação às dificuldades específicas de uma ou outra situação
(leitura ou escrita).
O Quadro I sintetiza algumas diferenças importantes para o desenvolvimento dos
repertórios de leitura e escrita. Segue-se, então, um detalhamento daqueles aspectos que
nos parecem insuficientemente elucidados pelo Quadro11.
3 Até aqui lem oi nos utilizado dos termos "leitura" e 'escrita' e evitado, deliberadamente, os operantes verbais descritos por
Skinner (comportamento textual, copiar e le ), por entender que os primeiros (leitura e escrita) sAo termos mais genéricos e
que permitem tratar rio que há de comum entre estes operantes, considerando-se os assuntos atA então abordados.No
Quadro I aparece, pela primeira vez, a necessidade de procedermos á distinção entre leitura (concebida como decodlficaçAo,
compreensão o entonaçAo, no caso da leitura oral) e comportamento textual, o qual se refere mais especificamente à
decodificaçAo dos símbolos gráficos. Analogamente, as diferentes condições de produçAo da escrita começam a ser
separadas. Doravante, procuraremos manter coerência com esta torminologia utill/ando os conceitos skinnerianos para
discorrer sobre operantes específicos e, os termos leitura e escrita, sempre que o argumento se aplicar às diferentes
situações .
Tipo de estimulação
A estimulação antecedente aos comportamentos de ler e escrever varia não apenas
quanto à modalidade (visual ou auditiva), mas também quanto à diversidade muito maior
de situações que servem de S° para a escrita do que para a leitura. Enquanto que a
leitura, para ocorrer, não pode dispensar estímulos visuais gráficos, a escrita pode ser
evocada a partir de diferentes estímulos visuais (letras, fotos, desenhos etc) ou auditivos
(ditado, auto-ditado), ou combinação destas duas modalidades (por exemplo, cenas
observadas ou imaginadas).
74 Miri«tm Murmolli
C o n se q ü e n cia çã o de re sp o sta s
Neste processo, a cópia tem papel importante sobre o treino motor, já que permite
o auto-reforçamento imediato das respostas adequadas, isto é, quando se observa
correspondência ponto a ponto entre unidades do estimulo e unidades da resposta gráfica.
Porém, assim como "ler" envolve mais do que a mera decodificação de sinais
gráficos, “escrever" também vai muito além de copiar. Tornar um aluno um escritor hábil
significa torná-lo capaz de: escrever corretamente do ponto de vista ortográfico e gramatical;
seqüenciar e estruturar o conteúdo de forma lógica e com clareza etc.
Isto envolve contingências diversificadas e complexas, dentre as quais, tornar o
aluno um leitor de sua própria escrita.
Deste ponto de vista, a aquisição da leitura é facilitada pelo fato de que o aluno,
tendo um repertório como ouvinte já instalado, pode se beneficiar do mesmo como fonte
de auto-correção.
U nidades v e rb a is m in ím a s
76 Mlrium Murmolli
Entretanto, frente a uma frase impressa do tipo: O módico solicitou vários exames.
a resposta vocal correta (xcom som de IzJ) apresenta maior probabilidade de ocorrência
que as alternativas (outros possiveis sons do x), dado que:
a) as outras alternativas não constituem palavras da Língua Portuguesa e, portanto, a
probabilidade de que emissões anteriores destas respostas , pela criança, tenham
sido reforçadas é muito baixa;
b) o contexto delimitado pela frase acima assemelha-se a ou identifica-se com situações
anteriores em que a emissão da resposta verbal (oral ou escrita) correta provavelmente
foi seguida de reforçamento.
Portanto, embora a leitura também envolva uma resposta de escolha, as alternativas
possíveis apresentam probabilidade de emissão muito diferentes, facilitando a emissão da
resposta correta.
Conforme afirmado anteriormente, se o controle por unidades verbais menores é
adequado à fase de alfabetização, ele é insuficiente para o desenvolvimento da escrita
ortograficamente correta.
A próxima seção procura sugerir o estabelecimento de outras fontes de controle
do comportamento visando facilitar esta tarefa.
Deve-se considerar também que se, por um lado, é verdade que a mera exposição
às palavras (enquanto estímulos, na leitura) não garante o acerto das respostas (na escrita),
por outro, isto não eqüivale a negar a importância do treino na aquisição das convenções
ortográficas.
Lee e Pegler (1982) identificam algum progresso na ortografia de vocábulos quando
os sujeitos são submetidos a um treino intensivo ("overtraining”) na leitura dos mesmos.
Entretanto, isto foi observado num contexto experimental que envolvia um conjunto muito
reduzido de vocábulos, apresentados isoladamente (portanto, de forma descontextualizada)
e em pós-testes imediatos (não havendo dados de follow-up que permitissem avaliar a
manutenção dos ganhos observados).
Portanto, em contextos aplicados, onde o repertório a ser adquirido ó muito mais
extenso e as condições para emissão das respostas muito mais diversificadas, o treino
deverá ir além da mera exposição das crianças às palavras e envolver estratégias que
coloquem suas respostas sob controle de estímulos adequado.
Para ilustrar, imaginemos a seqüência de exercícios abaixo (em itálico):
1. As palavras abaixo formam um texto. Monte o texto seguindo as dicas fornecida
Os quadrinhos preenchidos com sinais de pontuação não contêm palavras.
J0 termo "atividade” , tal qual é aqui empregado, pretende incluir nAo «penai tarefa* que possibilitem a emlssAo da resposta
desejada, mas que o façam sob controle de estímulos adequado e conseqüenciaçAo consistente com o objetivo instrucionnl
subjacente
78 Mirkim Mdrinotli
1 2 3 4 5
6 7 8. 9 10
11 12 13. 14 15
16, 17 18 19 20,
21 22 23 24.
80 Miriam Marinolli
Alóm disso, os “dois esses" são fundamentais para o modo subjuntivo e atividades
que evidenciem este fato facilitarão a transferência de aprendizagem não apenas em relação
ao verbo em estudo, mas para muitos outros que apresentam os "dois esses" no subjuntivo.
Analogamente, o trabalho com palavras primitivas e derivadas pode ser planejado
de forma a pôr em evidência características comuns entre elas, de forma a aumentar a
probabilidade de emissão de novas resposta corretas. Por exemplo: crescer, crescimento,
decrescente, crescente
Enfim, diferentes dificuldades ortográficas requerem o fortalecimento do controle
exercido por diferentes aspectos dos estímulos. Um levantamento e análise de vocábulos
que envolvem tais dificuldades fornece pistas úteis para a programação de estratégias de
ensino.
Este levantamento permitirá, também, a seleção das palavras que integrarão o
vocabulário mínimo com o qual pretendemos trabalhar. Esta seleção deverá levar em conta
vários critérios, visando facilitar a aprendizagem e generalização. Assim, é importante
incluir em nosso vocabulário básico palavras:
1. de uso freqüente no idioma, o que propiciará mais oportunidades de emissão e
reforçamento da resposta;
2. ou grupos de palavras que facilitem a transferência da aprendizagem para outros
vocábulos não treinados diretamente (conforme discutido acima);
3. utilizadas nas diferentes disciplinas escolares, seja para aumentar a probabilidade de
ocorrência e reforçamento da resposta, seja para minimizar conseqüências aversivas
(acadêmicas ou emocionais) advindas de uma escrita muito comprometida do ponto
de vista ortográfico. Assim, o trabalho com ortografia não só pode, como deve ocorrer
de forma integrada com o das outras disciplinas componentes do currículo.
Por exemplo, ao trabalhar com o h inicial, poderíamos incluir, em nosso voc
REFERÊNCIAS
Alessi, G. (1987) Generative Strategies and Teaching for Generalization . The Analysls of Verbal
Behavior, 5, 15-27.
Hübner-D'Oliveira, M.M. e Matos, M. A .(1991) Investigação de variáveis na obtenção do controle
por unidados verbais mínimas. Em Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto (org.)
Comunicações Cientificas em Psicologia. XXI Reunião Anual (p.68). Ribeirão Preto:
SBP.
Hübner-D'Oliveira, M.M. e Matos, M. A .(1993) Controle Discriminativo na Aquisição da Leitura:
efeito da repetição e variação na posição das sílabas e letras. Temas em Psicologia, 2,
99-108
Lamarre, J. E Holland, J. G. (1985) The Functional Independence of Mands and Tacts. Journal of
the Experimental Analysls of Behavior, 43, 5-19.
Lee, V.L. e Pegler, A . M. (1982) Effects on Spelling of Training Children to Read. Journal ofthe
Experimental Analysis of Behavior, 37,_311-322.
Lee, V.L. e Sanderson, G. (1987) Some Contingencies of Spelling . The Analysis of Verbal
Behavior, 5, 1-13.
Polson, D.A.; Grabavac, D.M. e Parsons, J.A. (1997) Intraverbal stimulus-response reversibility;
fluency, familiarity effects and implications for stimulus equivalence. The Analysis of
Verbal Behavior, 14, 19-40.
Skinner, B. F. (1957) Verbal Behavior. New Jersey: Prentice-Hall Inc.
f Iclcnc Shinohara
PI >í*- Rio (/«■/metro
A Terapia Cognitivo-Comportamental tem se destacado no* último» 30 anos por sua ftnfase na compreensAo da Influência do
funcionamento cognitivo nos transtorno* mentais, e por ter desenvolvido um conjunto de técnicas terapêuticas eficazes.
Especificamente quanto aoB transtornos ansiosos (fobia especifica, fobia social, ansiedade generalizada, ob*essivo-compul*lvo,
stress pôs-traumátlco, pânico e agorafobia), os modelos cognitivo-comportamentals atuais sAo capazes de explicar o quadro
apresentado pelo cliente, e oferecem diretrizes para a soluçAo do* problemas.
O modelo cognitivo da ansiedade ò baseado numa perspectiva de processamento de InformaçAo que procura explicar o viés
de interpretaçAo dos estímulos como perigosos ou ameaçadores, aspecto este fundamental nos transtornos de ansiedade.
Esta propenaAo a processar inaproprwdamente estímulos neutros ou ambiguos deve ser objetivo de IntervençAo terapêutica.
O cliente, om geral, superestima a probabilidade de dano pessoal e subestima sua capacidade para lidar com a altuaçAo. Este
modelo reconhece que a ansiedade consiste em um padrAo complicado de mudanças cognitivas, afetivas, fisiológicas e
comportamentais que ocorrem numa seqüência de níveis de processamento de InformaçAo. Desde o reconhecimento inicial
do estimulo, a ativaçAo de padrões automáticos preparados, até o processo de avaliaçAo dos próprios recurso* para lidar com
o perigo percebido, obaerva-se uma mistura de aspectos mais primário*, automáticos e outros mais estratégico*, elaboratlvo*.
Baseados nesto modelo, o tratamento da ansiedade deve envolver desatlvaçAo dos modos automáticos, primários, e
fortalecimento dos processos reflexivos, construtivos. Em termos gerais, é necessário que se Intervenha nas respostas
condicionadas de medo, na avaliaçAo de ameaça, no equilíbrio da balança perigo/segurança, e na disponibilidade e eficiência
das habilidades pesBoais
Palavra*-chave: modelo cognitivo, ansiedade, terapia cognitiva
The present artlcle presents the Beck and Clark'* cognitive model of pathological anxiety, and providos information about
diagnoses of anxiety disorders, their characterlstlcs and symptoms.
The cognitiva model of anxiety is based on an Information processing perspective that intends to explaln the bias of stimuli
interpretation as dangerous or threatening, that is central to anxiety disorders. This tendency to inappropriately labei Innocuous
stimuli must be taryeted in a therapeutlc Intervention. These patients gsnerally overestlmate tto probability o( pereonal Injury
and underestimate their abillty to deal with the situation This model recogntzes that anxiety consists of a complicated pattern
of cognitive, affective, physiological and behavioral changes that occur in a particular three-stage Information processing
sequence. From the inltial recognization of a stimulus. the activatlon of prepared automatic responses, until the process of
conaideration of one's ahilltles to cope with the perceived danger, a mlxture of prlmary, automatic, and elaborative, strateglc
aspecls are observed. Thus the treatment of anxiety must deactlvate the phmary and automatic rrtode, and strervgthen the
constructlve, reflexlve processes of thinklng. In general, It is necessary an intervention in the conditioned responses of fear,
In the appraísal of threat, In the balance danger/safety, and In the avallabillty and effectiveness of personal coplng resources.
The cognitive model of anxiety disorders offer an accurate conceptualization of the patlent'8 problems as well as dlrections for
treatment
Key words: cognitive model, cognitive-behavior therapy, anxiety disorders.
Os transtornos da ansiedade
A definição dos transtornos ansiosos prevê quadros de ansiedade constante e
persistente que impedem uma vida normal. O que é um mecanismo adaptativo frente a
perigos verdadeiros torna-se inadequado se disparado freqüentemente por alarmes falsos.
Parece que a substituição dos perigos que enfrentavam nossos ancestrais por outros da
atualidade indica simplesmente uma diferença, sendo que estes últimos podem ser
igualmente muito prejudiciais para a nossa espécie.
Os transtornos da ansiedade refletem o funcionamento do sistema do medo no
cérebro, numa tentativa de lidar com as situações difíceis. O problema central é a geração
excessiva e inapropriada de ameaças em resposta a situações, em geral, inócuas.
O desenvolvimento destes transtornos depende de vulnerabilidades especificas
que se baseiam em experiências neurobiológicas gerais e aprendizagens precoces. 0
desenvolvimento de muito comportamento fóbico é devido à interferência inadvertida nas
86 I Iclcnc Shmohürd
poderosas tendências de fuga associadas com nossa reação de alarme (Barlow e Cerny,
1999).
Dado o caráter involuntário e inconsciente dos estágios iniciais do processamento
de informações da ansiedade, McNally (1995, citado por Beck e Clark, 1997) afirma que
as terapias verbais são ineficazes para o tratamento dela. No entanto, o modelo cognitivo
atual reconhece que as estratégias terapêuticas devem não somente desativar o modo
primário do medo como também fortalecer os processos estratégicos, elaborativos. Mesmo
que o significado da ameaça ocorra automaticamente, o ciclo repetitivo de pensamentos
ansiosos acaba por dominar o aparato de processamento das informações (Beck e Clark,
1997). Portanto, os processos de intervenção verbal podem não ser suficientes, mas são
certamente necessários.
As técnicas de exposição e os experimentos comportamentais, por exemplo, são
importantes para ativar completamente o modo primário da ansiedade, possibilitando assim
trabalhar ao vivo com o desenvolvimento do modo mais construtivo e estratégico de lidar
com ela. O terapeuta cognitivo lança mão de técnicas comportamentais, experienciais e
cognitivas com o objetivo de propiciar informações corretivas (Beck, J., 1997). Ensina
também estratégias que enfatizam a elaboração e reflexão sobre as cognições relacionadas
com a ansiedade, e possibilita teste de hipótese para fortalecer os modos construtivos de
pensamento.
É claro que cada tipo de transtorno da ansiedade possui características e crenças
específicas, mas, em termos gerais, é necessário que se intervenha nas respostas
condicionadas do medo, no processo de avaliação da ameaça, no equilíbrio da balança
perigo-segurança, e na disponibilidade e eficiência das habilidades pessoais. Não se
pretende eliminar todos os viéses cognitivos e conseguir uma representação racional e
perfeita da realidade, mas maximizar a adaptação funcional e qualidade de vida do indivíduo
(Beck e Clark, 1997), auxiliando-o na desativação dos modos automáticos, primários, e
no fortalecimento dos processos construtivos.
Conclusão
A revisão da literatura mostra que existe evidência clínica dos benefícios da correção
verbal sobre os processos automáticos relacionados com a ansiedade. Estudos
experimentais citados por Blackburn e Twaddle (1996) vêm dando suporte ao modelo de
processamento de informação da teoria cognitiva dos transtornos emocionais no que
concerne aos viéses de atenção, percepção, interpretação e memória.
Outros estudos sobre resultados terapêuticos indicam eficácia da Terapia Cognitiva
no tratamento dos transtornos da ansiedade como fobias específica e social, ansiedade
generalizada, obsessão-compulsão, stress pós-traumático, pânico e agorafobia. O modelo
cognitivo é capaz de explicar o quadro apresentado pelo cliente e oferecer diretrizes para
a solução dos problemas.
Num momento em que é crescente a tendência de se prestar menos atenção às
diferenças teóricas e mais ênfase à descoberta dos procedimentos realmente efetivos
(Barlow, 1999 em Bregman, 1999), é importante que a Terapia Cognitiva divulgue seus
dados e compartilhe com os esforços de outras terapias para a solução dos problemas
humanos.
Referências
Barlow, D. H. e Cerny, J. A. (1999). Tratamento Psicológico do Pânico. Porto Alegre: Artes Médicas.
Beck, A. T. e Clark, D. A. (1997). An Information Processing Model of Anxiety: automatic and
strategic processes. Behavior Research and Therapy, 35, 49-58.
Beck, A. T. e Emery, G. (1979). Cognitive Therapy of Anxiety and Phobic Disorder. Philadelphia
Center for Cognitive Therapy.
Beck, A. T., Emery, G. e Greenberg, R. (1985). Anxiety Disorders and Phobias: a Cognitive
Perspective. New York: Basic Books.
Beck, J. S. (1997). Terapia Cognitiva - Teoria e Técnica. Porto Alegre: Artes Médicas.
Blackburn, I. e Twaddle, V. (1996). Cognitive Therapy in Action. London: Souvenir Press.
Bregman, C. (1999). Entrevista a David Barlow. Revista Argentina de Clinica Psicológica, Vol. III,
3, 260-264.
Ellis, A. (1980). Rational-Emotive Therapy and Cognitive-Behavior Therapy: similarities and
differences. Cognitive Therapy and Research, 4, 325-340.
Foa, E. B. e Steketee, G. (1987). Behavior Treatment of Phobics and Obsessive-Compulsives. In
Jacobson, N. S. Psychotherapists in Clinicai Practice. New York: Guilford Press.
LeDoux, J. (1998). O Cérebro Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva.
Robins, R. W., Gosling, S. D. e Craik, K. H. (1999). An Empirical Analysisof Trends in Psychology.
American Psycholog/st, Vol. 54, 2, 117-128.
Capítulo 10
Análise comportamental das definições de
distúrbios de leitura do CID 10 e DSM IV
Em amplo uso na cifntca médea a pscoíôgica, os manuais de dasaificaçAo médica C O -10 a DSM IV concebam oa “dtstúrbkw da
leitura" como pertmtcentes aoa "transtornos especWcos de habilidades escotere*', que sâo definidos como “anormalidades no
processo cognitivo”, de origem btolôgtca, nâo podendo ser explicado* por privações sôdo-culturals (hi escolaridade Inadequada
Apontam, ainda, como aspecto necessário da definição, a anormalidade ( ou distúrbio/ transtorno) estar premente desde o inicio do
desenvolvimento O otijetivo do presente texto ó realizar uma análise critica de tais definições, apontando seus limites de generalidade
o fidodlgnidado Uma das Implicações das definições do CID 10 e DSM IV é, por exemplo, o fato de aó ser possível a identificaçAo
Inequívoca de tais distúrbios após estudos longitudinais, e com sujeitos )á com história de escolaridade. Como conseqüência, surge
a dificuldade em separar a “eacoiandade inadequada1'como fator determinante. Um outro parâmetro na definição dos "distúrbios de
leitura"do CID 10 e do DSM IV 6 a discrepância do desempenho em leitura em comparação aos índices da inteligência. Nesto sentido,
a maioria dos diagnósticos derivada deste tipo de definição deve se basear fortemente na aplicaçAo de testes Verifica-se, ainda, que
as descrições de habilidades presentes ou ausentes em tais distúrbios sâo genéricas, oferecendo dificuldades para o estatioloclmento
de critérios de avaliação. As correlações observadas nas pesquisas clássicas da área entre os indivíduo» "disléxlcos” e as alterações
mr> cromossomo* e má» fonrmçõet neuronais *ão derivadas dos critérios gtmárteo» no tocante A habilidade.! de leitura e, por isso,
englobam em uma mesma categoria, variados tipos de dificuldades Propõe-se, como alternativa, o mapeamento de habilidades
presentes e ausonte* no desempenho de um indivíduo com dificuldades no processo de aquisição de leitura, através de uma anôllso
detalhada das contingências, da natureza dos estímulos, das respostas e das conseqüências. ImpMcações especificas de ambos os
enfoques de avaliação ( CID 10, DSM IV e avaliação comportamental) sflo discutidos
Palavras-cltava: distúrbios de leitura, manuais de classificação módica, análise comportamental.
Widely applied in medicai and psychological cllnéc, the elassifleations of “reading desabilitles" from CID 10 and DSM IV concieve them
as belonglng to “specific disorder» of leamlng abiliües", which are deflnied as “abnormaHties In the cognitiva
process", from biologtcal origm, which can not be explamed by 9ocial-cultural deprtvation or by Inadoquate schooi age. Thoy also point,
as a necessary aspect for the definition, that the anormality must be present from the beglnning of the deveiopmont.
The objective of the present text is to present a criticai analysls of such definitions, pointing out thotr limite of gonerality and fidedignlty
One of tho impiications of CID 10 and DSM IV definitions is, for example, the fact that only aftor longitudinal studles it is possible to
identlflcote such definitiorm correctty, and wlth subjects qtth a tiistory of school age. As a consequence, the dlfficulty In s«*)arate lhe
inadoquate school age"as a determinam factor araisesAnother parameter In the definition of “readmg ciisabilttles"of CID 10 and DSM
IV is tho discrepancy of reading performance In comparison wtth IntalNgence scores In this sense, the majorlty of the dlagnosis
derlved from this kind of definition must be strongiy basad In lest application. It is also vertfied that the descriptlons of the present and
absent ablllties in such disabihties aro generic, offering difficulties to stablish lhe crlteria for evaluatlo*) The observed correiation In
classical researches of the area between ttie “dyslexlc“people and the chromossome’s modificattons and neuronal bad formations are
derived from generical classification crlteria of reading «bilitles and, because of that. they pul together, in a same category, dlfferent
kinds of difficulties. It Is proposed, as an alternativa, to “map" the present aixj absent abllities In ttve performance of a peruou wttti
difficulties In the process of reading acquisitkxi, through a detailed analysls of tt» contlngencies involved: tt*o nature of ttie stimulus,
thu response and the consequences Speciflc Implicatlons of both approachos of evaluabons are discussed
K*y worda: learning dlsturbanca, medicai classification books, behavioral analysis.
O trabalho interdisciplinar tem sido uma prática freqüente entre aqueles psicólogos
que atendem crianças e jovens com dificuldades no processo escolar. E nós, psicólogos
Referências
Associação Americana de Psiquiatria ( 1995 ). DSM IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais. Porto Alegre: ArtesMédicas.
Organização Mundial de Saúde de Genebra ( 1993 ). Classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento da CID-10. Porto Alegre: ArtesMédicas.
Pennington, B. F. ( 1997). Diagnóstico de Distúrbios de Aprendizagem. Sâo Paulo: Pioneira.
K iH Ío lp h o Carbonari SantAtina
i /nivcrsidüdc bsUiduo! dc Londritw
A história do Behaviorismo Radical tem tido nào »ó a história da cormtrvçào de uma ciência do comportamento, mas
também, a história da defesa do comportamento como objeto próprio de estudo. Desde Watson até nossos dias, o
comportamento tem sido alvo constante das mais esdrúxulas criticas, de tal forma que se tem a impressão de que o estudo
do comportamento nflo contribui para o seu conhecimento. Para o Behaviorismo Radical o comportamento é o produto
selecionado pelo processo de ovoluçáo através do qual o organismo interage com o seu ambiente. O fato de ter sido
selecionado confere ao comportamento uma espécie de certificado de excelência, é o melhor, ou seja, o comportamento só
pode ser analisado sob uma perspectiva otimista. Sob esta perspectiva, do melhor, são analisadas proposições feitas pelo
Behaviorismo Radical em relaçio ao comportamento. Proposições sobre sua natureza: o que é o comportamento? Proposições
sobre o seu funcionamento: como, através do comportamento, o organismo Interage com seu ambiente.Proposições sobre
o modelo de causalidade: o porquê do comportamento.
Palavras-chave: Behaviorismo Radical,Analise do Comportamento,Ciência do Comportamento.
The Radical Behaviorism history has been not only the history of the construction of a Science of the behavior, but also, tho
hlstory of the dofense of lhe behavior as own object of study. Slnce Watson to ours days, the behavior has been target of
constants crltics, In such way, that is had to the improsslon that the study of the behavior doesn't contrlbute to its knowledge.
For Radical Behaviorism, the Behavior Is the product selected by the evolution process, through whlch the organlsm interacts
with its environment. The fact of It being selected checks to the behavior a type of excellence certlflcate, It is the best, in
other words, the behavior can only he analy/ed under an optlmistic perspective. Under this perspective of the best, Radical
Behaviorist proposltions are analyze. Propositions about Its nature: What Is the behavior? Propositions about Its operatlon:
How the organism interacts with the environment through the behavior? Propositions on the causality model: What Is the
reason of the behavior?
Key words: Radical Behaviorism, Behavior Analysis, Science of Behavior.
Desde que o comportamento foi tomado como objeto próprio de estudo pelo
behaviorismo, tem sido alvo das mais freqüentes e repetidas críticas, de tal forma que a
história do behaviorismo tem sido, não só a história da construção de uma ciôncia do
comportamento, mas a história de uma constante batalha em defesa do estudo do
comportamento.
Essas críticas, eminentemente pejorativas, têm sido dirigidas ao conceito de
comportamento, ao behaviorismo como ciência do comportamento, ao behaviorismo como
uma suposta filosofia dessa ciência e até às pessoas classificadas como behavioristas.
Talvez tenha sido McDougafl(1908), em seu livro: "Introduction to Social
Psychology" que tenha, pela primeira vez, proposto que se definisse a psicologia como
ciência do comportamento (Schultz, 1969).
Referências
Androsen, J.(1991) Skinner and Chomsky 30 year later or; The Return of the repressed. The
Behavior Analyst, 14,49-60.
O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) consiste na preocupação com um defeito Imaginário na aparência. Se uma discreta
anomalia estiver presente, a preocupação do paciente ó acentuadamente excessiva. Essa crença dificilmente pode ser
modificada com reasseguramento O paciente atribui todos os seus outros problemas ao defeito físico, e é comum a crença
irreal de que uma correção cirúrgica poderia resolver todas as deficiências da vida do paciente, resultado em freqüente
procura por especialidades associadas á estética (dermatologia, cirurgia plástica). Comorbidades psiquiátricas sâo freqüentes,
especialmente depressão, transtorno obsessivo compulsivo, fobia social e transtornos de personalidade, sendo comuns
história familiar de abuso de substâncias e transtornos do humor A patofisiologla possivelmente está relacionada com o
sistema serotonérgico. Podem existir efeitos significativos culturais e sociais, por conceitos estereotipados de beleza
enfatizados por determinadas famílias, grupos sociais e tendências culturais. O TDC é um transtorno secreto, gerador de
vergonha, com rituais de checagem do defeito em espelhos, maquiagem, escovaçáo de cabelos, perguntas reasseguradoras.
É comum idéias supervalorizadas ou delirantes sobre o defeito É um transtorno crônico, algumas vezes com o inicio
precoce. O tratamento psicofarmacológlco baseia-se em evidências favoráveis aos Inibidores de recaptura de serotonlna.
Palavras-chave: Transtorno Dismórfico Corporal, dismorfofobia, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno somatoforme,
hlpocondrla.
Body Dysmorphic Dlsorder (BDD) is a preoccupation witli nn imugined defect In appearance. If h discrete anomaly Is
present, the patlent s preoccupation Is grossly excesslve This belief hardly can be modifled by reassurance. The patlent
attrihutes ali the problems to the physical defect, and It Is common the belief that a surgical correctlon could snlve ali
deflciencies of the patienfs life, resulting in frequent search of medicai Bpecialties associated with esthetics (dermatology,
cosmetic surgery). Psychlatrlc comorbiditles are frequent, specialiy depression, obsesslve-compulsive disorder, social
anxiety and personallty disorders. Mood disorders and famlly hlstory of drug abuse are common. The pathophysiology could
posslbly bti rttlated with the serotonergic system. Thare could be wgmficent social and cultural effecls, du« to etereotyped
concepts of beauty emphasized by some famllles, social groupn and cultural tendencies. BDD Is a secret dlsorder, shame
gonerating, with checklng ntuals of the defect in mirrors, make-up, hair brushmg, reassurance questions. It is common
overvalued or delusional ideation about the defect. It Is a chronlc dlsorder, sometlmes with early onsot. The
psychopharmacologicai treatment is based on favorable evidences for serotonin reuptake inhibltors.
Key w o rds: Body Dysmorphic Dlsorder, dysmorphophobia, obsesslve compulslve dlsorder, somatoform dlsorder,
hypochondrla
Quadro clínico
O transtorno dismórfico corporal (TDC) geralmente se apresenta na forma de
pensamentos obsessivos sobre a inadequação da própria aparência, que geram uma grande
e persistente angústia, além dos comportamentos rituallsticos que causam lentificação.
Os pensamentos são em geral difíceis de resistir.
As áreas do corpo mais freqüentemente associados ao TDC estão associados à
região da cabeça (nariz, boca, olhos, cabelo, pele, queixo), ao tamanho do corpo ou
simetria, aos órgãos sexuais (pênis, testículos, mamas, genitália feminina) ou à identidade
sexual. Nas mulheres, ocorre com mais freqüência a preocupação com as mamas, pernas,
quadris, peso, pele, checagem em espelhos e camuflagem, e comorbidade com transtorno
de pânico, ansiedade generalizada e bulimia. Nos homens, ocorre maior preocupação
com genitais, altura, excesso de pelos no corpo, e maior comorbidade com transtorno
bipolar (Phillips e Diaz, 1997; Perugi e cols., 1997). É um transtorno secreto e gerador de
vergonha. Os pacientes acometidos são tímidos, introspectivos, em decorrência do grande
prejuízo da auto-estima, que favorece uma forte tendência ao isolamento social. Sentem-
se tão humilhados ou envergonhados que os sintomas de TDC podem permencer secretos
por anos até para os médicos que os tratam (Phillips, 1991). Além disso, são observados
prejuízos decorrentes da lentificação causada por rituais de checagem do defeito em
espelhos, maquiagem, escovação de cabelos e formulação de perguntas reasseguradoras
recorrentes (Hollander, 1998). Os pensamentos recorrentes e persistentes sobre a aparência
geram grande ansiedade e sofrimento, muitas vezes apresentando-se com características
obsessivas. A descrição dos sintomas pelo paciente é muitas vezes vaga e inconsistente.
É muito comum a falta de crítica do estado mórbido, uma vez que até 48,7% acham que
o defeito é real, a despeito de reasseguramentos e negativas por parte de familiares e
profissionais de saúde (Hollander e Aronowitz, 1999). Habitualmente, são pacientes tímidos,
Dismorfia muscular
Etiologia
A causa ó desconhecida (Guggenheim, 2000). A patofisiologia pode estar
relacionada com sistema serotonórgico, e comorbidades com transtornos depressivos e
obsessivo compulsivo (Zimmerman e Mattia, 1998). Casos descritos de comorbidade TDC
e Síndrome de Tourette sugerem que eles podem pertencer a um grande grupo de doenças
afetivas, talvez com alguns aspectos patofisiológicos similares (Sverd, Kerbeshian, Montero,
Ferrante e Donner, 1997). Efeitos significativos culturais e sociais, por conceitos
estereotipados de beleza enfatizados por determinadas famílias, grupos sociais e cultura
geral, podem influenciar na evolução e prognóstico do TDC (Guggenheim, 2000).
Diagnóstico diferencial
Curso e prognóstico:
O curso ó crônico e gradual, com o início durante a infância e adolescência,
sendo que 70% dos casos iniciam-se antes dos 18 anos (Albertini e Phillips, 1999), ou no
início da idade adulta. Pode levar anos para um paciente decidir-se por correção cirúrgica,
mas esta não produz alívio dos sintomas e, muitas vezes, leva ao recrudescimento dos
sintomas (Guggenheim, 2000). A qualidade de vida associada a aspectos psicológicos e
psiquiátricos são piores nos pacientes com TDC do que pacientes com depressão, diabetes
ou infarto do miocárdio recente.
Tratamento psicofarmacológico
As principais evidências são favoráveis aos inibidores de recaptura de serotonina
(Hollander e cols., 1999). Os tratamentos com estas medicações são eficazes mesmo
em casos com pouca crítica da doença, ou de características deliróides. São eficazes
independente da presença de comorbidade com depressão, TOC ou fobia social. Existem
evidências de má resposta ao uso de drogas noradrenérgicas (Hollander e cols., 1999).
Outras drogas com alguma eficácia descrita são os antidepressivos tricíclicos, inibidores
da monoamino-oxidase, potencialização com buspirona, e o uso de antipsicóticos. Há a
descrição do uso de pimozide como antipsicótico com eficácia atribuída ao seu antagonismo
a receptores opiáceos (Arnold, 2000).
Referências
A prevenção do suicídio é um dos objelivos das intervenções em saúde mental, já que o ntco de pacientes psiquiátricos
tentarem suicídio ó superior ao encontrado na população em geral. Segue-se uma discussflo dos, assim denominados,
aspectos biológicos e ambientais determinantes de tentativas, concretizadas ou nâo, de suicídio Entre eles, destacam-se
a herança familiar, os mecanismos de aprendizagem para enfrentamento da adversidade, eventos vitais aversivos,
doenças nAo-psIquiátricas, sazonalidade, etc Sâo identificados distintos arranjos de fatores determinantes do suicídio e
seus correlatos, que conduzem o terapeuta a diferentes análises comportamentais e suas correspondentes intervenções
clinicas A partir da daacriçâo de um caso clinico, nôo fornecidas diretrizes gerai» para o terapeuta reorganizar seu modo de
trabalhar apôs a morte de um paciente por suicídio.
Palavras-chave, suicídio, fatores do risco, prevenção, análise funcional do comportamento suicida.
Suicide preventlon is one of the objectlves of mental healyh interventlons. slnce suicide rates in psychiatric patlents Is highor
than those found among the general population. The so-callod biologlcal and environamental determlnants of suicidai
attempts are discussed. Genetlc inheritance, learned coplng mechamsms. exposure to avurslvo llfe events, seasonal
affective disorder are some of the factors considered relevant. Dlfferent clusters of predlsponent factors of suicidai
behavior and its correlates are presented, leading to distinct functional analyses and to correspondent therapeutic intorventions.
Departing from a case study, some guidellnes are presented, to therapists who have to face the death of a suicidai patlent
who was under his/her professional care
Key worda suicide, nsk factors, functional analysis of suicidai behavior.
Referências
Goodwin, F. K., Jamison, K. R. (1990). Manic-depressive ilness. New York: Oxford University
Press
Jamison, K. R. (1993). Touched with firo: manic depressiva ilness and the artistic temperament.
New York: Free Press.
Jamison, K. R. (1999). Night falls fast: understanding suicide. New York: Alfred Knopf
O presente trabalho tem como objetivo apresentar alguns questionamentos teóricos sobre o stress dentro da Psicoterapia
Comportamental. De maneira geral é conhecido que, na prática psicoterapèutica, o tratamento do stress apresenta uma
demanda considerável e, dentro da psicoterapia, um dos procedimentos terapêuticos que tem garantido um sucesso relevante
é o comportamental Os terapeutas comportamentais aplicam inúmeras técnicas para o tratamento do stress nos seus
pacientes, algumas das quais consistam na modificação de comportamentos, ensaios de habilidades especificas, técnicas
de relaxamento, treinamentos para a solução de problemas, técnicas de autocontrolo e de controle de estímulos, entre outras.
Entretanto, o termo stress, manipulado tanto de forma leiga quanto de forma cientifica, ainda continua sendo um problema
para os próprios terapeutas e pesquisadores Para os terapeutas, o problema consiste em eliminar as chamadas reaçóes de
stress de seus pacientes JA para os pesquisadores, o problema vai além da fronteira prática para tornar-se algo mais
complexo Esta complexidade está determinada por uma série de dificuldades metodológicas por elos discutidas. Se essas
dificuldades nâo forom adequadamente resolvidas, os terapeutas nâo conseguirão garantir totalmente seu sucesso no
tratamento psicoterapâuticu. Este trabalho terá como finalidade problematizar sobre alguns desses elementos metodológicos.
Por exemplo; o profundo conhecimento que pesquisadores e terapeutas devem ter sobre a pslconouroendocrinologia; as
diferenças que existem entre os conflitos e as reaçóes de stress da vida real e os que sâo provocados nos laboratórios de
pesquisa; a velha, e Infelizmente falsa, procura d * um indicador de stresr, e o desejado esclarecimento da relação que existe
entro os moduladores psicológicos da resposta de stress e os mecanismos neuroendócrinos.
Palavras-chave: stress, psicoterapia comportamental. pslconeuroendocrlnologla.
The present study presents some theoretical questiona about the stress in the Behavioral Therapy. It is generally known that,
in psychotherapeutics practice, the treatment of stress has a great demand and. in the psychotherapy, one of the therapeutic
procedures that guaranteed relevant success Is the Behavioral Therapy. The Behavtoral Therapy applles countless techniques
on the treatment of stress in its patients, some of which consists in the modlflcation of behavior, specific abilities practices,
relaxatlon techniques, problem solving tralning, self-control techniques, stlmull control, among others. However, the term
stress, handled even In the lay form as in the scientlflc form, still continues being a problem to lhe psychologlsts and
researchers, To the psychologists the problem consists In ellminating the so-called stress reactions from their patients. Now,
to the researchers. the problem goes beyond the frontier of the practice to become somethlng more complex. This complexlty
is determined by a series of methodological difficulties that are dlscussed by them Whether these difficulties are not
adequately solvod, the psychologists will not be able to warrant total success in the psychotherapeutics. This study has on
Its objoctives to deal wlth the problematic of some of these methodological aspects. For instance: the profound knowledgo that
researchers and psychotogists must ftavo about ptychorwuroendocrtnology; the ditterences that exlst twtween the confllcta
and the stress reactions of real life and the one« that are arísen on the research laboratories, the old, and unhapplly false,
search for an stress indicator; and desired elucidation of the relatlon that exlsts between the psychological modulators of the
stress response and the neuroendocrinous mechanlsms,
Ksy words: stress, behavioral psychotherapy, psychoneuroendocrlnology.
A Terapia Comportamental;
No Brasil, existem múltiplas contribuições teóricas à análise funcional do
comportamento e à analise clínica do comportamento (Banaco, 1999; Caballo, 1996; Conte
e Brandão, 1999; Range, 1995; Rangé, 1998). De um lado, para o aluno de Psicologia, um
dos problemas consiste em interrelacionar esses conceitos provenientes do Behaviorismo
Considerações finais:
Para finalizar este trabalho, acreditamos que, embora seja muito modesta a
contribuição deste estudo, o mesmo possa ajudar a refletir sobre o estado atual do
tratamento do stress dentro da Terapia Comportamental e, especificamente, dentro dos
cursos de Psicologia. Resta-nos chamar a atenção sobre dois aspectos básicos tratados
no trabalho. Um deles dizia respeito a que, no estudo do stress, um dos elementos
essenciais é o da adaptação. O outro refere-se a que, no Behaviorismo radical, um dos
conceitos mais trabalhados é o de comportamento socialmente adaptativo. Entre cada
um desses aspectos, existe uma interrelação básica que, logicamente, pode ser aplicada
ao trabalho clínico de modificação de comportamentos em clientes que procuram
atendimentos por apresentarem queixas de stress.
Somente quando o terapeuta entender todas essas nuances da abordagem do
stress e das exigências de uma análise clínica comportamental, ele poderá atingir sucesso
terapêutico.
Referências
Álvarez, G.M.A (2001). Stress. Temas de Psiconeuroendocrinotogia. São Paulo: Robe.
Banaco, R.A (1999). Técnicas Cognitivo-Comportamentais Análise Funcional. Em Kerbany, R.R
o Wielenska, C.R Cogniçâo da Reflexão Teórica à (orgs), Sobre Comportamento e
Cogniçâo: Psicologia Comportamental e Diversidade na aplicação (pp.75-82). Santo
Andro: ARBytes.
Caballo, V.E (1996). Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do Comportamento. Sâo
Paulo: Santos.
Conte, F.C.S e Brandão, M.Z.S. (1999). Técnicas Cognitivo-Comportamentais e Análise Funcional.
Em Kerbauy, R.R e Wielenska, C.R (orgs), Sobre Comportamento e Cogniçâo: Psicologia
Comportamental e Cogniçâo da Reflexão Teórica à Diversidade na aplicaçõo (pp.134*
148). Santo Andre: ARBytes.
Estar contaminado pelo vlrus HIV significa, na maioria das vezes, passar a viver uma situação aversivH onde so obsorvam
alterações comportamentais. cognitivas e afetivas. O tratamento com pessoas 9oroposi1ivas tem como ob|etlvos; auxiliar
na aquisiçAo de estratégias de enfrentamento, amenizar as conseqüências aversivas da Aids, diminuir as Internações
hospitalares e aumentar a adesão ao tratamento Utilizando como espaço a sala de espera de um Hospital Dia, desenvolve-
se um trabalho em parceria com a equipe de saúde dessa instituição, onde cada paciente ó convidado a participar do Gn<po
de Sala de Espera, procurando, assim, um espaço que viabilize a aprendizagem de comportamontos adaptativos à condlçAo
atual, utilizando-se de contingências de reforçamento social para apoio e auto estima
Palavras-chave: Aids, tratamento, grupo de sala de espera.
To bo contaminated by an HIV vlrus ineans, In most cases, to bogm to llve an adverse situatlon In which one observes
behavioral, cognitive, and affectionate changes The treatment for HIV positive patients alms at: asslstlng in the
appropnation of coping strategles, reduemg AIDS adverse consequences, decreasing hospital admlssion, and increasing the
preforence for the caro Uslng the waltlng room in a Day Hospital as a settlng, a work Is developed In parlnershlp with the
health department toam at this institution, where every patlent Is invlted to partlclpato In the Wnlling Room Group, thus
seeklng a setting that provides the learnlng of adaptive behavior* to the present condition, by using social relnforcement
contingencies for support and self esteem.
Key words: AIDS. treatment, waltlng room group
Há mais de quinze anos convivemos com a Aids. Segundo a OMS, 1999, essa
slndrome transformou-se em uma epidemia mundial, contabilizando atualmente mais de
40 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo. O Brasil ocupa o indesejável terceiro
lugar entre os países com maior número de casos notificados de Aids no mundo.
Observa-se, então, que a Aids não é uma presença discreta, pelo contrário, ela
nos coloca limites insuportáveis, na medida em que desafia a onipotência muitas vezes
desejada pelas tecnologias científicas e deixa claro para o ser humano uma finitude que
incomoda, que desagrada. Se inicialmente o que predominava era o medo, a falta de
informação acerca da doença, o preconceito em relação às pessoas contaminadas, hoje
o que temos ó um número cada vez maior de informações sobre a doença, passando a ser
considerada uma doença comum que atravessa limites anteriormente atrelados ao início
da epidemia: a sexualidade, a promiscuidade. Muitas pesquisas, muitas lutas vêm sendo
travadas em torno da AIDS, porém, infelizmente esta doença ainda é vista como uma
doença devastadora, principalmente em nível psicologico. As pessoas que convivem com
quebra-cabeça (onde o resultado ó uma frase que aborda o tema Aids, tratamento,
mudanças na vida, solidariedade, aceitação da doença, etc);
• desenhos (todos os pacientes são convidados a fazerem juntos um desenho);
• figuras (cada paciente escolhe uma figura retirada de revistas);
perguntas e respostas sobre Aids (cada paciente retira uma pergunta e tenta
responder);
projeção de filmes educativos; ató o relato espontâneo dos pacientes.
Referências
O presente texto traz a concepção n as estratégias que têm sido empregadas nas aulas de laboratório em Análise
Experimental do Comportamento no curso de graduação do IPUSP (Instituto de Psicologia, USP) Nestas aulas, temos
procurado dentunalrar principio» básicos de comportamento, |ais como reforçamento, oxtinçÃo, reforçamento condicionado,
esquemas de reforçamento, discriminação de estímulos, entre outros, dentro de um contexto Invostlgatlvo e experimental
com vistas à introdução do aluno às atitudes e ao pensamento científicos. Para isso, vimos utilizando as seguintes
estratégias, dentre outras descritas no texto: apresentamos as práticas de laboratório na forma de uma pergunta ("problema
de pesquisa") que deve Ber respondida experimentalmente; inserimos, entre as práticas de laboratório, problemas atuais de
pesquisa em Análise Experimental do Comportamento; discutimos e justificamos os parâmetros de escolha dos sujeitos, do
delineamento, e do procedimento experimental utilizado, ensinamos e exigimos o uso de representações quantitativas dos
dados (tabelas e gráficos simples de linha e coluna) como melo de analisar comportamento, modelamos o comportamento
dos alunos de tratar e analisar os dados, discutir e descrever os resultados em relatórios Em nossa prática, temoi
verificado que a introdução ao pensamento cientifico através de exercícios de laboratório podo ensinar o aluno a dinAmlca
do processo de construçAo do conhecimento e, principalmente, mostrar que ele, aluno, pode vir a fazer parto desse
processo
Palavras-chave: ensino de análise do comportamento, práticas de laboratório, atitudes cientificas
This paper describes the current conceptlons and strategies thot have been carnod out to teach the laboratory classes on
Experimental Analysis of Behavior at the undergraduate levei at IPUSP (Instituto de Psicologia - USP). Wa havo taught the
baslc principies of behavior such as relnforcoment, extlnctlon, conditioned reinforcement. stimulus dlscrlmlnalion and others
under an investigative and experimental context In order to introduce sclentific attitudes to tho students' repertoire. Among
the teachlng strategies we polnt out are For each laboratory exercise, we present a "research problem" to bo experimentally
solved by the students, among the exercises are current research questions in Behavior Analysis; we dlscuss and justify the
process of determining lhe expenmental subjects. the experimental designs, the procedures: we require the students to
manage basic quantltatlve data analysis and representations (table and simple bar and line graphs); we model the students
abillty to analyze, discuss, and describe their data on reports. As we have learned from our experience, by Introducing the
scientific thinking on the laboratory classes we get the students to understand how the sclentific knowledge develops and,
obove ail, we show the students they may be part of this process.
Key words: teaching behavior analysls, laboratory exercises, sclentific attitudos.
Após esta fase introdutória do curso, tem início, então, a prática experimental
com sujeitos humanos denominada “Controle do comportamento verbal pelas suas
conseqüências". Esta consiste em um experimento em que os alunos submetem-se como
sujeitos ou como experimentadores. Trata-se de um experimento que demonstra os efeitos
da aplicação de diferentes conseqüências sobre uma instância do comportamento verbal,
por exemplo, a escolha de um pronome na construção de frases. Este exercício pode ser
realizado manualmente por meio de cartões previamente confeccionados. Atualmente, o
laboratório utiliza a versão informatizada deste experimento, o programa de computador
Verbal 1.51 (Tomanari, Matos, Pavão e Benassi, 1999), que permite a aplicação de
conseqüências diferenciais ao uso de pronome ou de um tempo verbal específico, a
manipulação de variáveis independentes, tais como o tipo de conseqüência empregada
(pontos, figuras, som) e a sua magnitude (diferentes valores de pontos), além do uso de
contingências de reforçamento negativo e punição, adicionalmente ao reforçamento positivo.
Nesta atividade de laboratório, os sujeitos humanos são agrupados em condições
experimentais que se diferem, por exemplo, quanto ao pronome cujo uso encontra-se sob
reforçamento positivo. Os alunos coletam os dados ou são sujeitos experimentais, analisam
e discutem em aula os seus próprios resultados, e analisam e discutem os seus dados
comparativamente aos dados de colegas que passaram pela mesma condição experimental
e por condições experimentais distintas. Ao final da atividade, os alunos elaboram um
relatório.
A seguir, iniciam-se as práticas experimentais com ratos, em caixas de
condicionamento operante, contemplando os seguintes conteúdos:
* Mensuração de Nível Operante
' Treino ao Bebedouro
* Modelagem da Resposta de Pressão à Barra
* Reforçamento Contínuo
■ Extinção
* Reforçamento Condicionado
* Recondicionamento
* Esquema de Reforçamento Intermitente
* Controle de Estímulos e Esquema Múltiplo
* Respostas de Observação
Conclusões
Referências
Descrevemos, nesto artigo, as estratégias educacionais que temos desenvolvido com possoas portadores de diabetes e
seus familiares na associação de diabetes Juvenil de Sâo Paulo. Conduzimos grupos de crianças, adolescentes e pais (6 -
tí membros), visando promover a aceitação dos limites Impostos pelo diabetes, estimular a busca de informações, discutir
as dificuldades relacionadas à doença, incentivar a adesAo ao tratamento e estimular urna vida normal. Em aproximadamente
oito encontros (uma horn e meia de duraçAo), fornecemos informações a respeito do diabetes o do seu tratamento,
discutimos as dificuldades de IntegraçAo do paciente na familla e no grupo de amigos e incentivamos as pessoas a
compartilhar experiências dos problemas cotidianos relacionados ao diabetes com ênfase nas possíveis soluções. Com as
crianças, sAo desenvolvidas atividades lúdicas sempre relacionadas ao diabetes Com os adolescentes, as atividades
conslMtom de dmcuaaáo em grupo, relato de vivònciaa e uso de dramaU/açõea de altuaçõea aoclaia que poaalbllitam a
omlssAo de novos comportamentos de ajustamento Com os pais, os temas discutidos relacionam-se ao diabetes dos seus
filhos, A importAncla do apoio familiar e aos efeitos do emprego preferencial de reforços positivos Esses encontros tém sido
avaliados positivamente pelos participantos que descrevem uma melhora na adaptação ao diabetes em vários Itons
Palavras-chava. odesAo, diabetes, educaçAo, intervençAo
Wh descnbe some educationa) straluyies employed at lhe Juvenile Diabetes Association of Sao Paulo with diabetic children
and adolescents and their families. Our purpose was to lead the subjects to a healthier procoss of adjustment to living with
lhe dlsease Each group of participants (6-8 members) underwent 8 to 9 weekly 1'/7-hour sessions with two psychology
students supervised by the author. During these meetlngs, information was glven on diabetes and Its treatment, and the
several events that interfere with patients' behavior towards it. as well as the different components of the medicai approach,
were identifled The subjects were stlmulated to share their dally problems related to diabetes, emphasizlng their posslble
solutlons Children were offered playing actlvities related to diabetes. Adolescents went through group discusslons, verbal
reports of llfe events and role-playing sessions of social situations, so that appropriate coping behavior could be modeled.
During sessions with the parents, in addition to information on diabetes and its treatment, emphasis was given on their
fundamental role in reinforcing their childrerVs adlierence behavior inslead of punishiny their noncompliance. Thuse meeting»
have been positively evaluated by the participants, who attributed their better adjustment to diabetes to the educational
strategies Implemented
Key-words adherence, diabetes, educatlon, Intervention
Referências
Assai, J.P.; Mühlhausor, I.; Pornet, A.; Gfeller, R.; Jõrgens, V. e Berger, M, (1985) Patient oducation
as the basis for diabetes care in clinicai practice and research. Diabetologia, 28, 602-
613.
Bennett, P. e Murphy, S. (1994) Psychology and health promotion. The Psychologist, March, 123-
128.
Day, W. (1992). Contemporary Behaviorism and the Concept of intention. Em Sam Leigland.
Radical Behaviorism: Willard Day on Psychology and Philosophy (pp. 155-156). Reno:
Context Press.
Delamater, A.M. (1993) Compliance interventions for children with diabetes and other chronin
diseases. Em N.A. Krasnogor (Ed.) Development Aspects of Health Compliance Behavior
(pp. 335-354). New Jersey; Lawrence Erlbaum.
Epstein, L. H. e Cluss, P.A. (1982). A behavioral perspective on adherence to long-term medicai
regimens. Journal of Consulting and Clinicai Psychology, 50, 960-971.
Glasgow, R.E.; Wilson, W. e McCaul, K.D. (1985). Regimen Adherence: A Problematic Construct
in Diabetes Research. Diabetes Care, 8, (3), 300-301.
Gonder-Frederick, L.A.; Julian, D.M.; Cox, D.J.; ClarkeW.L. e Carter, W.R. (1988) Self-measurement
of blood glucose: accuracy of self-reported data and adherence to recommended regimen.
Diabetes Care, 11, 579-585.
Na literatura sobre comportamento governado por regras, a maior parte dos autores concorda que regras sAo estímulos
antecedentes verbais No entanto, há algumas controvérsias sobre como regras funcionam. Alguns autores tftm proposto
que regras funcionam como estímulos dlscrimmativos e outros argumontam que regras funcionam como estímulos alteradores
de funçflo. Os que defendem que regras funcionam como estímulos discriminativos sugerem que regras ocasionam com
portamento e que o comportamento de seguir regras seria determinado por uma história de reforçamento social para o res
ponder de acordo com regras. Já os quo defendem que regras funcionam como estímulos alteradores de funçflo, sugerem
que os efeitos de regras s to diferentes daqueles de ostlmulos discriminativos Regras alteram a função do ostlmulo, ao
passo que estímulos discriminativos evocam comportamento Por esta proposição, regras alteram as funções dos estímulos
quo, por sua vez, são os que evocam o comportamento Uma proposição alternativa sugere quo regras podem tanto alterar
as funções dos estímulos por elas descritos quanto evocar comportamento. Por esla proposição, rogras podorlam exercer
múltiplos efeitos e, portanto, não deveriam ser classificadas por um ou outro do seus efeitos Considerando Isto, este artigo
faz uma análise de algumas proposições existentes na literatura acerca das funções de regras
Palavras-chave comportamento governado por regras, funções de regras, estímulos discriminativos, estímulos alteradores
de função, operações estabelecedoras
In Ihfí liloraltire on rule-governed behaviors, moat aulhora »gre» that lhe ruloa ariae trom anlecedent verba) atimull. There Ia,
however, controversy as to how these rules functlon. Some authors maintam that rules function as discrlmmatlve stlmuli,
whnreas others argue that they function as function-altering slimull Those who favor the discriminative antocadent positlon,
suggest that mio occaslon the behavior, and that rule-following will be determined by a previous history of social reinforcement
for havmg performed in accordance with the rules. In contrast, those that favor lhe stlmulus altering position suggest that
the effects of rules differ from those Involving dlscrimination learning Rules alter stimulus functions, wheroas stlmulus
discrimination evoke the behavior. According to this vlew point, rules alter stimulus functions, whlch in turn evoke the
behavior An alternate position suggests that rules may also alter stimulus functions, and at the same time evoke the
behavior. According to this proposal, rules may exert múltiplo effects and hence should not be classified on the basis of
“either-or" effects. This article analy?es some of the proposals set forth In the literature that seek to oxplaln tho functíonal
nature of rule-following.
Kuy words. Rule-governed behavior; rule functions, stlmulus discrimination, function-altering stimuli; establishing operations.
Conclusão
Em síntese, esta análise sugere que regras podem exercer múltiplas funções.
Isto é, podem evocar o comportamento por elas especificado, alterar as funções dos
estímulos por elas descritos, exercer estes dois efeitos simultaneamente, e estabelecer
comportamentos novos, antes destes comportamentos manterem contato com as suas
conseqüências. Portanto, regras deveriam ser classificadas como estímulos antecedentes
que podem descrever contingências e exercer múltiplas funções regras.
Referências
0 presente trabalho trata da prática d« psicologia em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) analisando aB contingência»
complexas que se estabelecem neste contexto para os pacientes Internados, suas famílias e a equipe de saúde. Os
comportamentos emitidos pelos pacientes nessa condição podem variar desde a emissão de respostas adequadas até o
aparecimento de comportamentos psicóticos As famílias respondem diferentemente a essas contingências o a ansiedade
ó uma das respostas mais freqüentes A literatura pesquisada e a experiência clinica Indicam quo fornecer informações
coerentes com a realidade e a capacidade de compreensAo de cada família, bem como o envolvimento da família no cuidado
do paciente, geralmente tem efeitos positivos na aceitação do tratamento, inclusive dos prognósticos ruins A equipe dn
saúde deve emitir respostas rápidas e eficientes, em relaçio às quais esquivar-se do trabalho e expressar emoções podem
ser comportamentos incompatíveis. O papel do psicólogo volta-se para o manejo de contingêix;ias junto aos pacientes, às
famílias e á equipe, como promotor da discriminação desses controles ambientais sobre o comportamento dos diferentes
indivíduos pare o estabelecimento de estratégias de enfrentamento. Os resultados dependem de uma avaliação continua
das relações paciente-famllia-equipe
Palavras-chave: psicologia hospitalar, humanizaçAo de Unidade de Terapia Intensiva, contingências complexas.
The present work aims to deal with the practlce of Psychology m Intensive Care Units (ICU), taking into aecount the
complexity of the contingencies. which apply here to In-patients, their families and tho hospital staff. The In-palients'
behaviour may range from adequate response to psychotic behaviour Families usually tend to respond to these contingencies
with anxiety. According to researches in books and clinicai experiences, giving real and correct Information added to the
family comprehenslon and Involvement In the patienfs care, generally has a positive effect on the treatment and Its
acceptance, even when the chances are not good The hospital taam should supply with qulck and efflclent responses and
avoid expressing emotions or turn their backs to the job, which would be considered an incompatlble behaviour. The
psychologlst'8 role foccuses on dealing with these contingencies together with patient», their families and the hospital staff,
as a facllltator, enabllng the dlstlnctlon of the controlled envlronment on different and individual behaviour so as to set the
estrategies as how to face problems The results wlll depend on contlnous evaluatlons of the patient-family-hospital staff
relationships.
K ty words: hospital psychology, humanizlng ICU, complex contingencies.
Desde a década de 60, com o surgimento das Unidades de Terapia Intensiva nos
hospitais, surge também a preocupação com a desumanizaçáo deste ambiente altamente
tecnológico. Esta preocupação passa a ser enfatizada e mais amplamente discutida em
meados dos anos 80. Sampaio (1988, p. 120) apresenta uma crítica à forma de entender
o ser humano nas UTI's. Segundo ele, "a ônfase nos cuidados somáticos, essenciais á
sobrevida do paciente, tende a confirmar a máxima organicista, segundo a qual não há
nada a procurar e a cuidar a não ser do corpo."
Heconh«c.im«ntor Agradeço « colubomçAo • npoio dn» ProfeuorM Dra Ynm K lngb#rm«n, Oo» 8u/«n« S Lohr ■ do Proh»»or Clôv» Amorlm
1 - 0 paciente
Ao ingressar em uma UTI, o indivíduo é totalmente deslocado de sua rotina, de
seus hábitos diários e de sua privacidade. Sua autonomia torna-se bastante restrita: passa
a maior parte do tempo no leito e suas solicitações passam pelo crivo da equipe quanto à
conveniência para sua saúde. Quanto mais baixo o estado de consciência em que se
encontra o paciente, tanto menor será sua condição de ser compreendido, uma vez que a
capacidade de se comunicar pode estar total ou parcialmente impedida.
Este quadro somado ao impacto biopsicológico da doença sobre o sujeito forma
um conjunto de contingências que podem ser experimentadas de forma muito aversiva
para o paciente. Várias pesquisas têm sido conduzidas no sentido de verificar os eventos
mais estressantes sobre o paciente, sejam eles estressores físicos, biopsicológicos ou
das relações humanas da UTI. Um instrumento bastante aceito na comunidade científica
é o Intensive Care Unit Environmental Stressor Scale-ICUESS (Novaes, Arronovich, Ferraz
& Knobel, 1997). Inclusive, estes autores utilizaram-no junto a 50 pacientes internados em
2 - A família
Os familiares ao mesmo tempo relatam a esperança no cuidado prestado e o
medo de uma perda iminente que a UTI representa. Novamente utilizando o ICUESS,
Novaes e cols. (2000) evidenciaram os estressores de UTI que, do ponto de vista das
famílias, mais afetam os pacientes: (1) ter dor; (2) ter tubos no nariz e na boca; (3) estar
amarrado por tubos; (4) não conseguir dormir; (5) não conseguir mexer as mãos e os
braços devido á medicação por via intra-venosa; (6) não ter controle de si mesmo.
A percepção das famílias sobre o paciente ó em grande parte formulada a partir
dos horários de visita. As visitas representam um momento que pode se configurar como
positivo para o paciente e a família, positivos para um e aversivo para outro, ou aversivo
para ambos, dependendo dos estímulos contingentes, como por exemplo as condições
atuais do paciente, as relações familiares prévias ao internamento, os estímulos
estabelecidos por condições do ambiente hospitalar, a forma de comunicação da equipe,
ocorrência de emergência durante o horário de visita, entre outros.
No sentido de minimizar essas experiências para as famílias, pesquisas têm
relatado a inclusão da família nos cuidados e ampliação do espaço de comunicação entre
familiares e equipe, inclusive para a tomada de decisões durante o tratamento, apesar da
resistência inicial das equipes e saúde para essas iniciativas (Plowright, 1996). Informações
coerentes com a realidade e com a capacidade de compreensão de cada grupo familiar,
3 - A equipe
A equipe ó composta de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de
enfermagem, fisioterapeutas, auxiliares de manutenção de equipamentos, pessoal técnico-
administrativo, auxiliares de higienização e limpeza. Todos têm contato direto ou indireto
com os pacientes e suas famílias, dentro de uma rotina que não permite esquivas do
trabalho. O envolvimento ou expressividade emocional geralmente ó percebido como aversivo
e o autocontrole é extremamente valorizado. Como resultado, a equipe pode sofrer de
stress intenso (com conseqüências emocionais e físicas), dependendo das diferenças
individuais (Padilha, 1987).
A prática da psicologia em UTI é recente e decorre do movimento de humanização
de UTI's nas últimas duas décadas e do crescimento da psicologia da saúde como uma
especialidade da psicologia. Para o trabalho em UTI, no entanto, o psicólogo deve propor
um enfoque diferenciado dos modelos clínicos tradicionais, pois é necessário trabalhar
em conjunto com a equipe, os pacientes e as famílias, na maioria das vezes, dentro do
ambiente da UTI, que não oferece a possibilidade do trabalho privativo. De acordo com
Amaral (1997), há necessidade de um novo modelo tecnológico para o trabalho nos
hospitais, que possa atender condições decorrentes da própria doença e também das
contingências estabelecidas pelo tratamento, além da possibilidade de intervenções e
pesquisas que venham a responder questões que interessam à equipe interdisciplinar.
O papel do psicólogo, enquanto membro desta equipe, dirige-se à promoção de
estratégias de fortalecimento da equipe para que seus membros atuem como agentes
humanizadores. Também, enquanto agente de humanização, o psicólogo volta-se para o
manejo de contingências junto aos pacientes, às famílias e à equipe, como promotor da
discriminação desses controles ambientais sobre o comportamento dos diferentes
indivíduos, já que o controle de estímulos pode ser modificado através da história das
contingências de reforço.
Muito mais que a sofisticação técnica, o requinte de equipamentos e outros
insumos dos hospitais, é o trabalho dos profissionais de saúde que determina a qualidade
e eficácia da atenção e do tratamento.
Referências
psicoterapia breve 1
A psicoterapla breve pode ser vista como um modo peculiar d» intervenção em situações de crise Compreendendo o
processo psicoterápico breve como tal. tem sido observado que a invalidação o a contextualização da queixa inicial ocorrem
durante o ostabelecimento do vinculo terapêutico. Ao fazer sua queixa Inicial, o cliente permite ao terapeuta a identificação
da crise e do conflito genérico que caracterizam a problemática que vem lhe causando sofrimento. Assim, a queixa Inicial vai
sendo redefinida e reavaliada, de acordo com os comportamentos do cliente que ocorrem no contexto da situação de
interação pslcoterrtpica que se configura com o terapeuta, a cada sessão Invalidação, neste trabalho, ostá sendo entendida
como um processo de ressignificação e de remanejamento dos componentes comportamentais da queixa inicial, em direção
ao ensinamento de descrições mais realisticas e acuradas das dificuldades e limitações do cliente E contextualização, como
b produção do interações clinicas relevanlos A construção de contextos mais adaplativos A Invalidação e a contextualização
da queixa inicial parecem permitir ao cliente, com eficácia, a reformulação de regras e um contato mais roal o gratiflcanto
com outras contingências de uma história de vida atual nova
Palavras-chave: Invalidação, contextualização, terapia breve, queixa inicial, remanejamento de contingências.
InvaWdating and contextuallzallng the first complaint: a way of Intervention in brief psychotherapy The brief psychotherapy
can be m « ii as tt peculiar way of intervention in criais mtualions Undorslandioy that brief psychotherapy procoss as il is,
has been observed that invalidation and contextualization of the first complaint occur during establishmonl of the therapeutical
bond By making the first complaint, the client glves the theraplst, access to identify tho crlsls and the generical confllct
which characterizes the problematic that is causing sufferlng From that first complaint lhe cllents behavior will be redeflned
and reevaluated according to the psychotherapy interaction situation that is configured with lhe therapist In oach segsion In
this work, invalidation is being understood as new meaning process and, managing the behavior components of the first
complaint towards the learnlng of more realistic and accurate descriptions of lhe clienfs difflculties and limitations. And
contextuallzalion as production of relevant cllnlc Interacllons for the construcling more adaptive contexts. Invalidation and
contextualization of the first complaint seem to allow the client, with efllcíency, a reformu/atíon of ru/os, more real and
rewarding contact with othor contlngencles of a new and actual history of llfe.
Key w o rd s : Invalidation, contextualization, brief psychotherapy, first complaint. contlngencles management
Referências
Aguiar, R. W. (1998) Intervenções em crise. Em A V. Cordioli (org.), Psicoterapias:
abordagens atuais. Artes Médicas: Porto Alegre, cap.‘\2, pp. 153-158.
Alberti, R. E. , Emmons, M. L. (1983) Comportamento assertivo: um guia de auto-
expressão. Belo Horizonte: Interlivros.
Caballo, V. E. (1996) O treinamento em habilidades sociais. Em V. E. Caballo (org.),
Manual do técnicas de terapia e modificação do comportamento. Sâo Paulo: Santos, cap.18,
pp.361-398.
Conte, F. C. S. , Brandão, M. Z. S. (1999) Psicoterapia analítico-funcional: a relação
terapêutica e a análise comportamental clinica. Em R. R. Kerbauy e R. C. Wielenska (org.),
Sérgio Cirino
U nnvntto N cw to n Pj iv j *• f X /C /M l,)
As definições do termo história encontradas nos dicionários refletem uma mesma idéia básica, a da história como a narração
melódica dos fatos |á ocorrido» De certa forma, a maioria das definições de história nos dicionários enfati/a o caráter
passado da história. Assim, a história parece ser uma construção atual sobre algo já ocorrido, algo passado Em termos
comportamentais, cada ve/ que nos comportamentos é como se estivéssemos "narrando” fatos já ocorridos, e tal narração
seria nada mais nada menos que o próprio comportamento. Na literatura comportamental os autores Freeman e Lattal
apresentaram, em1992, umaposição Interessante sobre a história e seus efeitos sobre o comportamento. Para esses
autores, os efeitos de história são identificados como Instâncias comportamentais, nas quais o controle exercido
pelas contingências correntes é nitidamente influenciado por contingências prévias.
Palavras-chave: história de reforçamento, história passada, contingência, esquemas de reforçamento
The definition» of the term history lound in the dictionnne» raflect one *ame ktoa. tho tdea of th» tvstory as a nwthodical
narratlon of the facts that has already happened. In certain way, most of the definitions emphasi/e the past as an important
dlmenslon of history. Thus, the hlstory seems to be an actual constructlon about something that already happened;
somethlng that now Is past Every time we behave It Is llke we were “narratlng” facts that occurred. Such "narratlon" would be
nothing else than the behavior itself In behavioral literatura the authors Freeman and Lattal presented, in 1992, an mtoresting
posltlon about history and its effects on the behavior For those authors, the hlstory effects are identlfied as behavioral
instances, In which the control performed by the current contingencies is clearly influenced by prevlous contingencies.
Kay words: reinforcement hlstory, past history, contingency, schedules of reinforcement.
Por que nos comportamos da forma como nos comportamos? A Psicologia ainda
não tem uma resposta exata para esta pergunta e, na verdade, é bem possível que nem
exista uma resposta exata, completa e cabal. Contudo, não faltam tentativas interessantes
de respostas, dentre elas, a da Análise do Comportamento.
A proposta dos analistas do comportamento ó a de que nos comportamos da
forma como nos comporíamos em função de dois grandes conjuntos de variáveis. Um dos
ómdmojmOm
0 taxto foi Mcnto a paru ocomdaa no labonMúnoda AnâlMe do Comportamento do proteMor Andy Lattal. em 1090. quando o autor ara Vliifíng
Schoturna Wast V)ngtnm Unrvtmty O autor agradece a lodo o grupo de colega* da Waaf Vtrgmi* Uniwnlty.
' É Importante qu* se anfati/a mmbém um* carta hwtória Alogenética, ou M|*. a hwiôna da» mtaraçôa» quaa Mpécia humnna Mtab#»l«»u com o» divorsot
ambienta» ao longo da aua avoluç»o Contudo, nAo é otoptlvo do praMnta laxto abordar a quaaUo Moganédcn O M or Intareeaado poda M banafiriar da laitura
do livro Cam{x«ead»c o fíthsviorMmo de WtíJfam Baum • *dit»da *m portogué* (mUm «dítora Art#* MédicM
*f-Réa abmvwçâo áa foad rato, palavras mglaeae para taiào fixa fcmF-Né reforçada • amisaAo da um num«no •specllteo de raapoatas, indepondentamente
do tampo gasto para a arnissAo daa maamaa
1M ulatii mulandlt, o matmo raciocínio é válido para a maioria dos outros «squamas de reforçamento
* Um outro problema aqui seria a queelâo ética de se monitorar um sujeito humano ininterruptamente
Conclusão
É interessante observar que o termo história ó um termo que já existia muito
antes do nascimento da Análise do Comportamento. Talvez seja prudente partirmos das
definições já existentes para o termo e discutirmos apenas o caráter comportamental que
o termo ganha quando incorporado pelo behaviorismo. Podemos nos beneficiar das
definições de história sugeridas nos dicionários. A maioria dos dicionários traz um número
bem grande de definições mas, a maioria delas reflete uma mesma idéia básica, a da
história com a narração metódica dos fatos já ocorridos. A ênfase que quero dar aqui é no
caráter passado da história.
Assim, a história parece ser uma construção atual sobre algo já ocorrido, algo
passado. Em termos comportamentais, cada vez que nos comportamentos ó como se
estivéssemos "narrando" fatos já ocorridos, ou contingências anteriormente vividas. Se for
assim, o importante quando discutimos história não é definir exatamente o que é história
mas, antes, qual é o comportamento atual e em que medida tal comportamento é afetado
por contingências ocorridas no passado. De certa forma, é como se a história estivesse
diluída no comportamento atual. A proposta de Freeman e Lattal ó absolutamente coerente
com esta postura. Ao destacar a influência de contingências passadas sobre os controles
atuais do comportamento, Freeman e Lattal estão, justamente, enfatizando o
comportamento atual. A partir de tal ênfase, talvez seja possível entender melhor porque
fazemos o que fazemos atualmente à luz não apenas das contingências atuais, mas
também das contingências já ocorridas no passado, ou seja, da história.
Referências
Ê objetivo do artigo unalisar as noções de causa ou determinantes do comportamento Argumenta-se que o termo causa, na
análise do comportamento, dl2 respeito aos processos de variação e seleção que constróem as histórias filogenétlca,
ontogenética e cultural que originam o comportamento. Argumenta-so ainda quo aspectos que mais nomumente sAo
apresentados como causas do comportamento sáo melhor descritos como fatores ou condiçOes quo constituem o próprio
comportamento n nâo como suas causas
Palavras-chave: determinantes do comportamento, causas do comportamento, behaviorismo radical, seleção por
consoquôncias.
This paper alms at dlscimsing tho notions of causes of bohavior, or of determlnants of behavior. It is nrgued that, In the
analysis of behavior, the word 'cause' should be rolatod to the processes of variation and selection that are involved in the
construction of tho phylogenlc, ontogonic and cultural histories by which behavior Is originated. It Is also arguod that aspects
more ofton are presented as the causes of behavior are better descrlbed as condltions or factors that constltute behavior
itself.
Key words deterinmants of behavior, causes of behavior, radical behaviorism, selection by consequences
1Vala eeclareoef (|ua. poaalvalmenla. noeaa preferência pelo (armo delerminaniee - no lugar de cmums - *e|a produto da critica f»ta porSkmrw («egundo
«il*. o lar mo estaria jA oomprometido com muita» laona* a preaaupoeiçAM tobro a eatrutura a opatnçAo do universo) (1B&3)
Nesta frase, Moore afirma simplesmente que fazer ciência é buscar as causas do
fenômeno. Ou seja, tomado como objeto de estudo da ciência do comportamento o evento
comportamental, as condições ou fatores que afetam este objeto são, no dizer de Moore,
as causas que a ciência busca identificar. Ao fazer tal afirmação, Moore assume a
perspectiva (como ele mesmo reconhece) que já anteriormente havia sido proposta por
Skinner em mais de uma ocasião (1957,1974) e por Kantor (1950). Para Skinner:
“Uma pessoa ... é um locus, um ponto no qual muitas condições genéticas e ambientais
se juntam em um efeito conjunto" (1974, p. 168).
São esses produtos, ou parte deles, que estamos descrevendo quando identificamos
e descrevemos as condições ou fatores constituintes do evento comportamental.
Os chamados fatores intrínsecos ao organismo (Moore, 1990) estão relacionados
com o produto que Skinner chama de organismo e que, como ele mesmo destaca, u6
mais que um corpo; ô um corpo que faz coisas. ... O organismo é o executor" (Skinner,
1989, p.28). Desta forma, a história filogenética teria selecionado, gradual e sucessivamente,,
diferentes formas de interação com o ambiente, tais como: o movimento, a sensação, os
tropismos, os reflexos, a imitação e modelação filogenéticas, o condicionamento
respondente e, finalmente, o condicionamento operante (Skinner, 1984/1987).
Os chamados fatores ambientais (Moore, 1990) estão relacionados com os produtos
que Skinner chamou de pessoa e de se/f. A história ontogenótica selecionou: as partes
do ambiente às quais cada um dos indivíduos reage e a função que tais partes assumem'
(estímulos eliciadores condicionados, os estímulos reforçadores relacionados a
determinadas respostas, e os estímulos discriminativos), a forma como ele reage (as,
respostas) e as interações que o indivíduo mantém com o ambiente (as contingências de
reforçamento). A história da cuítura na qual o indivíduo vive selecionou as práticas culturais j
responsáveis tanto por um determinado repertório (por exemplo, auto-conhecimento e I
conhecimento do mundo no quai o indivíduo vive), como por um tipo especial de controle
de estímulo (regras) (Skinner, 1981/1987).
Na busca de compreender o evento comportamental restaria mais uma pergunta:
como essas três histórias são construídas? A resposta a esta questão é também encontrada
em Skinner (1981/1987): dois processos básicos são responsáveis pela produção dessas
histórias: são eles os processos de variação e seleção. Para Skinner (1981/1987), os
processos de variação e seleção ocorrem concomitantemente em três níveis -filogênese,
ontogênese e cultura - e seu resultado conjunto é o comportamento em qualquer momento
dado.
162 Mana Amalia l’ir Abib Amiory í Tcre/a Maria tlc A/cvcdo Pires Sério
Podemos concluir, então, que a compreensão do evento comportamental implica
o conhecimento do processo de produção e interação das histórias que o produziram. Se
esta compreensão se inicia com a descrição das condições ou fatores que constituem o
evento comportamental, ela só se completa com o conhecimento do processo de produção
desse evento. E se quisermos reintroduzir o termo causa no estudo do comportamento,
ele deverá se referir exatamente aos processos de variação e seleção responsáveis pela
produção das histórias que originam o evento comportamental.
É assim que interpretamos a recente afirmação de Moore (2000) de que "a análise
do comportamento é uma ciência histórica" (p.51).
R efe rências
Kantor, J. R. (1950). Psychology and Logic. (Volume II). Bloomington: The Principia Press.
Moore, J. (1990). On the 'causes' of behavior The Psychological Record, 40, 469-480.
Moore, J. (2000). Thinking about thinking and feeling about feeling. The Behavior Analyst, 23,
45-56.
Skinner, B. F. (1931/1999). The concept of reflex in the description of behavior. Em B. F. Skinner.
The Cumulative Record. Acton, Mass.: Copley Publishing Group.
Skinner, B. F. (1953/1965). Science and Human Behavior. New York: The Free Press.
Skinner, B. F. (1957/1992). Verbal Behavior. Acton, Mass.: Copley Publishing Group.
Skinner, B. F. (1974). About Behaviorism. New York: Alfred A. Knopf.
Skinner, B. F. (1981/1987) Selection by Consequences. Em B.F. Skinner, Upon Further Refletion.
Englewood Cliffs: Prentice-Hall.
Skinner, B. F. (1984/1987) The Evolution of Behavior. Em B.F. Skinner, Upon Further Refletion.
Englowood Cliffs: Prentice-Hall.
Skinner, B. F. (1989). The Initiating Self. Em B.F. Skinner, Recent Issues in theAnalysis of Behavior.
Columbus: Merrill Publishing Co.
O objetivo deste artigo è indicar alguma» mudança» conceituai* e práticas exigidas pela filosofia da ciência do comportamento
denominada behaviorismo radical. As mudanças identificadas sAo divididas em très grupos mudanças nos fundamentos
básicos, mudanças no trnbalho prático e mudanças no cotidiano. SAo destacadas quatro mudanças nos fundamentos
básicos para o estudo do comportamento, como considerar o que ocorre dentro do organismo, como considerar os eventos
privados, diferença e semelhanças entre eventos internos e externos e, finalmente, o modelo de causalidade de seleçAo por
conseqüAriclas S io destacadas quatro mudanças no trabalho prático do analista do comportamento: o caso das idéias, o
caso do psiquiatra, o caso do sonho e o caso do auto-conheclmento. Uma mudança no cotidiano do behaviorista radical é
destacada- nua concepção da açAo de conhecer
Palavras-Chave: behavlonsmo radical, B.F.Sklnner, clència do comportamento.
This paper'8 aim Is to point some of the conceptual and practlcal changes made necessary by the philosophy of Science of
behavior, namely radical behaviorism. The identlfied changes are divlded In three groupn: changes In the basic aasumptlons,
changes in the practlcal work, and changes in the daily life. Four changes in basic assumptions are highllghted: how to take
into account what goes on Inside the organlsm, how to take Int account private events, differences and slmllnrltles between
internai and externai events, and, flnally, the causai mode of «election by consequences. Four changes In the praetlce of
the behavior analyst: the case of ideas, the case of the psychlatrist, the case of dreams, and the case of self-knowledge.
One change in the dally life of the behavior analyst Is considered: hls/ h<jr conceptlon of the act of knowlng
Kay Words: radical behaviorism, B F. Skinner, Science of behavior.
A expressão behaviorismo radical tem, aqui, o sentido que lhe ó dado por Skinner
(1969b, 1974, por exemplo): behaviorismo radical refere-se a uma determinada posição
filosófica, mais precisamente uma corrente da filosofia da ciência que estuda a psicologia
enquanto área do saber científico. Em seu artigo Behaviorism at fífty (1969b), é assim que
Skinner apresenta esta especificação:
Behaviorismo, com uma ênfase na última sílaba, nâo é o estudo cientifico do
comportamento, mas uma filosofia da ciência preocupada com o objeto e os métodos da
psicologia.(...) A questão básica nâo è a natureza do material do qual o mundo é feito ou se ela ô
feito de um ou dois materiais, mas antes as dimensões das coisas estudadas pela psicologia e os
métodos pertinentes a elas. (p. 221)
Com esta delimitação devemos ter bem claro o que esperar quando nos dispomos
a estudar o behaviorismo radical; devemos encontrar respostas para duas questões básicas:
a) qual o objeto de estudo da psicologia e quais as dimensões deste objeto e b) que
1 6 4 lcrc/»i M t i n .1 de A /c v c d o l’irr* S in o
métodos são apropriados a um objeto com tais dimensões. A palavra chave, aqui, parece
ser 'dimensões'. Do que estamos falando, quando falamos em 'dimensões' do objeto de
estudo da psicologia ?
No mesmo Behaviorism at Fifty (1969b), temos um bom esclarecimento sobre o que está
envolvido quando discutimos as 'dimensões' de nosso objeto de estudo. Após traçar
brevemente a história da objeção behaviorista às explicações chamadas de mentalistas,
Skinner sintetiza assim esta oposição:
Psicólogos mentalistas insistem que há (...) tipos de eventos que são unicamente
acessíveis ao possuidor da pele dentro da qual eles ocorrem mas aos quais faltam as dimensões
físicas dos estímulos proprloceptlvos e Interoceptlvos. (...) A Importância atribuída a este mundo
varia. Para alguns, ele ô o único mundo que há. Para outros, ele è a única parte do que pode ser
diretamente conhecido. Para outros ainda, ó uma parte especial do que pode ser conhecido. Em
qualquer caso, deve ser enfrentado o problema de como alguém conhece o mundo subjetivo de
outro. (p.226)
A partir do que foi até aqui apresentado, podemos resumir os traços básicos da
proposta behaviorista radical para a psicologia, destacando quatro aspectos: a) os eventos
com os quais trabalha são da mesma natureza - têm as mesmas dimensões - que os
demais fenômenos do mundo físico ao nosso redor; b) isto vale também para os fenômenos
psicológicos chamados de privados, os eventos que não se apresentam para estudo como
a maioria dos fenômenos do mundo ao nosso redor; c) ao tratar com tais fenômenos, a
psicologia não precisa supor um tipo de conhecimento diferente do conhecimento científico
produzido em outras áreas do saber, afinal, as ciências que estudam o mundo ao nosso
redor também lidam com coisas que não podem ver ou medir diretamente, e, finalmente,
d) estes fenômenos não exigem métodos especiais para que possam ser estudados.
Considerando os últimos artigos publicados de Skinner (por exemplo, Can
Psychology Be a Science ofMind? ', 1990/1999), talvez se possa (ou se deva) acrescentar
à caracterização do behaviorismo radical um quinto aspecto: modelo causai de seleção
por conseqüências. É quase impossível, hoje, falarmos de behaviorismo radical sem
1 Etle rnllgo fa* porta, agora, do livro Cumulallve Ftecord; o artigo (o* acreecentado A republlcaçâo do livro feita pela B F Skinner Foundation (1099)
Im p acto co m o m u dança
Com o objetivo de organizar a exposição das mudanças acarretadas pelo behaviorismo
radical, elas serão dividas em três tipos.
a) quatro mudanças fundam entais (nos fundam entos básicos para estudar o
comportamento)
Uma primeira mudança está afirmada no último trecho citado de Skinner: o que
ocorre dentro da pele de um organismo é considerado pelo behaviorista radical não como
mediadores fisiológicos do comportamento, mas como parte do próprio comportamento.
Esta afirmação nos remete à velha proposta do comportamento como objeto de
estudo e a um dos primeiros textos de Skinner (1931/1999), no qual ele defende
vigorosamente a peculiaridade do objeto de estudo da ciência do comportamento em
relação á fisiologia. Esta afirmação serve também para nos relembrar que o behaviorismo
radical não tem nada a ver com as concepções do tipo input/output ou do tipo caixa preta.
O behaviorismo radical é anti-reducionista: não ganhamos nada ao reduzir nosso objeto
de estudo - o comportamento - a um outro - alterações fisiológicas, e podemos perder
muito, podemos perder nosso objeto de estudo; já que é um organismo que se comporta,
todo comportamento poderia ser reduzido a alterações fisiológicas.
Esta afirmação exige que lidemos com o comportamento como relação. Assim,
as alterações dentro da pele do organismo são parte do comportamento porque são parte
de uma tríplice contingência; tais alterações podem ser: estímulos discriminativos, respostas
ou estímulos reforçadores.
Uma segunda mudança não está tão clara como a primeira. Ela se refere à própria
concepção de evento privado. Como Skinner se refere aos eventos privados quase sempre
como eventos que ocorrem dentro da pele do organismo, ele mesmo precisa alertar para
a inadequação ou limitação desta caracterização e faz isso mais de uma vez (1953/1965,
1969b, por exemplo). Nesta ocasiões, fica claro que a localização do evento - estar do
lado de dentro ou do lado de fora da pele do organismo - não é a fronteira adequada para
estabelecermos a classe de eventos que são considerados eventos privados, mas sim
que tais "fronteiras são os limites além dos quais a comunidade não pode manter
O que está sendo ressaltado, nos dois casos, é que a posição behaviorista radical
diante dos eventos privados é uma resposta às concepções mentalistas e não uma brecha
para que tais concepções ressurjam disfarçadas e fortalecidas. A critica ao mentalismo para
ser conseqüente depende de considerarmos o organismo como um todo em sua interação
com o ambiente.
Desta forma, quando colocamos nas respostas encobertas um papel especial
pelo único fato delas serem encobertas, estamos caindo no fascínio do não visto e, mesmo
sem querer, estamos a um passo do mentalismo, já que transformamos uma questão de
acesso em uma questão de primazia e de qualidade; qualidades diferentes já significam
um organismo dividido. Além disso, afastamo-nos das condições realmente responsáveis
por tais respostas. Quando consideramos sentimentos como o objetivo de nossa atuação,
deixamos de lidar com o que ó sentido, isto ó, com as condições corporais que são
alteradas quando o organismo interage com o ambiente. Novamente, fragmentamos o
organismo, agora ao desconsiderar parte dele que está mudando. No melhor dos casos,
confundimos o que ó sentido com o sentimento - observação e relato do que é sentido;
isto ó, confundimos contigências diferentes. Mais uma vez, afastamo-nos das condições
realmente responsáveis, neste caso, pelo que é sentido.
Um outro aspecto também comumente enfatizado por Skinner (1953/1965,1969b,
por exemplo), quando ele aborda os eventos privados, refere-se aos comportamentos
encobertos ditos sensoriais (ver, ouvir, tatear etc). Skinner enfatiza que tais comportamentos
são comportamentos discriminativos, comportamentos que envolvem, portanto, controle
de estímulos sobre determinadas respostas e não a reprodução desses estímulos; formas
de ação em relação ao mundo a nosso redor e nâo formas de reprodução desse mundo.
Talvez nunca seja demais repetir: ao sonhar, o homem está simplesmente emitindo
o comportamento de ver sem que aquilo que ele está vendo esteja presente; ele não está
contando algo que já viveu, não está contando algo que gostaria de viver ou que gostaria de
dizer ou mesmo que gostaria de esconder: ele está simplesmente vendo na ausência da
coisa vista, ou seja, na ausência dos estímulos discriminativos que, em geral, evocam
aquele comportamento de ver. Portanto, o que cabe perguntar sobre este comportamento
ó: que variáveis são responsáveis pela emissão do comportamento? Com esta concepção,
o sonhar, para ser descrito, compreendido e explicado, deve ser tratado como qualquer
outro comportamento operante; como o andar, por exemplo. Como para qualquer outro
comportamento precisamos perguntar pelas variáveis que o constituem, responsáveis por
sua ocorrência. Sonhar exige ou merece interpretação como qualquer outro comportamento,
e, se interpretar é buscar o significado, devemos lembrar, mais uma vez que, como para
qualquer comportamento, o significado não é propriedade da resposta - neste caso, do
sonho - , ele deve ser encontrado nas contingências relacionadas com a emissão da
resposta (Skinner, 1953/1965,1974, por exemplo).
o caso do auto-conhecimento
As relações entre organismo e ambiente envolvidas no conhecimento sâo de um tipo tal
que a privacidade do mundo dentro da pele impõe limitações mais sérias ao conhecimento pessoal
do que à acessibilidade daquele mundo para o cientista. (...) A comunidade geralmente está
interessada no que um homem está fazendo, no que ele fez ou no que está planejando fazer e no
porquê, e ela arranja contingências que geram respostas verbais que nomeiam e descrevem
estímulos externos e internos associados com aqueles eventos. (...) A *consciência" resultante a
partir de tudo isso é um produto social. (Skinner, 1969b, pp.228,229)
Talvez seja difícil encontrar um trecho mais claro do que este. Com ele aprendemos
que o behaviorismo radical difere de parte significativa das orientações presentes na
psicologia por não aceitar as proposições básicas dessas outras orientações. E aprendemos,
também, que há uma diferença mais importante, o behaviorismo radical difere dessas
outras propostas por tratar a sua proposta filosófica como instrumento de transformação
social. Aqui talvez esteja sua maior diferença e, portanto, a mudança mais radical que ele
acarreta.
Além de saber o que procurava, alguns dos textos escritos por Skinner mostram
a incursão, a exploração, o estudo dos mais diversos assuntos, como por exemplo, pintura,
literatura, história, história da filosofia, história da ciência, história da tecnologia, etimologia.
Um bom exemplo desta versatilidade pode ser encontrado no artigo The machine that is
man (1969a). Neste artigo, Skinner discute alguns aspectos relacionados ao behaviorismo
radical. Para fazer isto parte de um trecho de texto literário, analisa uma pintura de
Michelangelo, passa pela história da filosofia e pela história do desenvolvimento tecnológico.
Podemos dizer que, a partir de todos estes 'elementos’, Skinner anafisa as variáveis que
têm controlado o comportamento humano de explicar o comportamento humano.
Além de muito estudo, os textos produzidos por Skinner quase sempre revelam
uma extrema sensibilidade para os problemas e ações humanas. A impressão que se tem
é que ele refletia sobre todos os aspectos envolvidos na vida do homem. Parece que não
havia aspectos proibidos ou menos interessantes. Não raro somos surpreendidos, ao ler
seus textos, com os comentários que faz sobre tais aspectos. Quem espera encontrar,
em uma nota sobre o comportamento de ver, a seguinte afirmação:
O verdadeiro amante se distingue pelo fato de que ele nâo precisa de estímulos para ver
seu amado. Ê possível quo as religiões tenham proscrito a Idolatria por esta razâo. O uso de um
ídolo para ver um deus é um sinal de fraqueza. (Skinner, 1969b, p.253)
Estes exemplos podem nos dar pistas sobre as contingências em vigor; pelo
menos, eles indicam alguns comportamentos que, de alguma forma, acompanharam o
filosofar de Skinner. O que de mais claro eles nos indicam ó que a primeira condição que
precisamos criar, se quisermos produzir em nós as mudanças exigidas pelo behaviorismo
Referências
ülman, J. (1991) Tòward a Syntbesis of Marx and Skinner. Behavior and Social Issues, 1, 57-70.
Skinner, B. F. (1931/1999) The Concept of the Reflex in the Description of Behavior. Em B.F.
Skinner (1999) Cumulativo Record. Acton, Mass.: Copley Publishing Group,
Skinner, B. F. (1953/1965) Science and Human Behavior. New York: The Free Press.
Skinner, B. F. (1969a) The Machine that is Man. Psychology Today, 2, 20-25, 60-63.
Skinner, B. F. (1969b) Contingencies of Reinforcement. New York: Appleton-Century-Crofts.
Skinner, B. F. (1972/1978) Humanism and Behaviorism. Em B. F. Skinner (1978) Refloctions on
Behaviorism and Society, Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall .
Skinner, B. F. (1974) About Behaviorism. New York: Alfred A . Knopf.
Skinner, B. F. (1979) Interview with B.F. Skinner. Behaviorists for Social Action Journal, 2, 47-52.
Skinner, B. F. (1990/1999) Can Psychology Be a Science of Mind?. Em B.F. Skinner (1999)
Cumulative Record. Acton, Mass.: Copley Publishing Group.
Cerca do 500 mllhôes do tabagistas atualmente vivo» irflo morrer por causa de doenças causadas pelo tabaco se nâo
pararem de fumar A maioria dos fumantes dos países ocidentais sabe que o cigarro faz mal. No entanto, aponas 1-3%
conseguem parar após uma tentativa nâo assistida. Esta dificuldade evidencia o fato de que o tabagismo é uma dependência
grave. A droga Implicada nesta dependência é a nicotina. Os mecanismos envolvidos sAo similares aos das dependências
de heroina e de cocaína. Todo tabaglsta atendido por um profissional de saúde deveria ser Identificado e Indagado sobre sua
disposição para largar o cigarro. Os tratamentos eficientes baseiam-s« nos seguintes princípios: a) aconselhamento prático,
envolvendo resolução geral de problemas e treinamento de habilidades especificas; b) provisão do suporto social Intrínseco
ao tratamento; c) auxilio na obtençflo de suporte social extrlnseco ao tratamento; d) farmacoterapia. Ao contrário do que so
costuma pensar, o tratamento farmacolôglco deve ser recomendado como parle do tratamento da grande maioria dos
fumantes Uma forma de tratanwnto farmacolôgtco, a reposição de nicotina através de goma de mascar, pode ser prescrita
por profissionais de saúde nâo médicos e A abordada mais detalhadamente neste texto
Palavras-chave: tratamento da dependência de nicotina.
Aproximately 500 mllllon smokers will dlo because of tobacco-related diseases if they do not quit. Most smokers In ttm
western world already know that tobacco Is harmful to health and would llke to stop However, only 1-3% achieve success
after a single unassissted atempt This dlfficulty points to the fact that the regular usa o tobacco is a serious drug
dopendonce. The drug that causes (hls dependence is nicotlne. The pharmacological and behavioural mechanlsms involved
In It are similar to those implicated In the dependence of such drugs as heroin and cocaine. Every smoker seen by a health
professional should be lòentifled and aakad ti he wouW like to stop. The «ftoctive treatment* avatlable are based on the
following principies: a) practlcal counseling, includlng problem solving and skills tralnlng; b) provision of Intrateatment social
support; c) help in obtainlng social support outside treatment; and d) pharmacotherapy Contrary to what most poople
probably think. pharmacological treatment should be recommended to almost every smoker. Ono specific form of such
treatment, nlcotine replament uslng nlcotine gum, can be prescribed by non-medlcal health professionals. For this reaaon, its
use is glven speclal emphasis In this article.
Kay words: nicotlne dopendonce treatment
Tratamento farmacológico
Fiore M.C., Bailey W. C., Cohen S. J., et al. (2000) Treating Tobacco Use and Dependence.
Clinicai Practice Guidellne, US Doaprtment of Heatb and Human Services. Rockville,
MD.
Hunt, W.A., Barnett, L.W., Branch, L.G. (1971) Relapse rates in addicition programs. Journal of
Clinicai Psychology 27(4):455-456, October.
Shifman, S., Read, L., Maltese, J., Rapkin, D., Jarvik, M. (1993) Prevenção de recaída em ex-
fumantes: uma abordagem de automanejo in Marlatt, G. A., Gordon, J. R. Prevenção de
Recaída - Estratégias de manutenção no tratamento de comportamentos adictivos. Porto
Alegre, Artes Médicas.
USDHHS. United States Department of Health and Human Services, Public Health Services.
The health consequences of smoking: nicotine addicition -a report of the Surgeon General.
Washington, DC, US Government Priting Office, 1988.
OMS (1999)- World Health Organization. Combating the tobacco epidemic. Pp 65-79
A distinção tradicional entre terapia comportamental. cognitiva e construtivista é uma classificação superficial que não só
engana porque desconsidera as semelhanças importantes entre as três famílias, mas também porque ó Irrelevante na
identlficaçáo de diferencias essenciais que existem na atuaçAo clinica. Todas as trés linhas trabalham com os padrões de
açAo do clienle, com a influência do pensamento sobre a açAo e com a maneira com que a pessoa constrói os seus valores
e o sentido da aua vida Por outro lado, percebemos que certas abordagens focalizam processos Internos e outras, Internos
fl que certas trabalham com eventos programadas em funçAo da terapia, enquanto outros privilegiam eventos naturaiu Uma
taxonomia das técnicas terapêuticas, centrada nestas distinções ó mais útil para Indicação do tratamento e para pesquisa
sobre eficácia, do que a dlstlnçAo baseada nas origens históricas das abordagens
Palavras-chave: taxonomia do tratamentos, comportamental, cognitivo, construclonista.
The traditional distinction between behavioural, cognitivo and constructivist Iherupieu is superficial and misleadmg because
It not only fnlls to consider important similaritios between the threo famllles, bul also because it is Irrelevant for idnntifying
essential differences In clinicai practice. Each of the three currents works with the cllent'8 pattems of actlon, lhe Influence
of thinking over actlon and the way a person constructs hls or hor values and meaning of llfe. On the other hand, wo see that
certaln approaches focalise internai processes whlle other ones focallse internai ones and that certain work with contrlved
evenls whlle other ones prefer natural ovents. A taxonomy of therapeutic techniques, centred In these dlstincNons is more
useful for treatment-selectlon and for research on treatment-efficlency, than a classiflcfltlon based on the historical orlglns
of approaches
K«y words: treatmonts taxonomy, behavioural, cogmtive, constructlonlst
O que unifica as linhas iniciadas por Wolpe e por Eysenck, é a idéia Watsoniana de
que emoções são sujeitas a condicionamento clássico e que distúrbios emocionais podem
ser eliminados de acordo com os princípios deste modelo. Ambos visam mudar processos
internos definidos, como respostas condicionadas encobertas. Apesar desta base conceituai
comum, uma diferença particular pode ser apontada. Wolpe desenvolveu tratamentos verbais,
onde se falava sobre e imaginavam-se os estímulos ameaçadores. Tratava-se então de eventos
substitutos, criados durante a terapia. O grupo de Eysenck defendeu a exposição direta aos
estímulos. Eles trabalhavam preferencialmente com eventos naturais. Décadas de pesquisa
sobre eficácia de tratamento acabaram dando mais razão para Eysenck do que para Wolpe
(Rachman, 1998; Õst, 1997).
A divulgação da terapia comportamental clássica renascida era uma história de
imigrações. Franks, do grupo de Maudsley, ao transferir-se para os Estados Unidos, tornou-
se uma influência política importante e teve um papel decisivo na determinação do rumo
teórico que a Associação pelo Avanço da Terapia Comportamental tomou durante os seus
primeiros anos. Rachman saiu da África do Sul com a sua formação em terapia Wolpiana
para integrar o grupo de Maudsley. Durante décadas, ele desenvolveu pesquisas inovadoras,
concernindo o papel dos processos básicos nos tratamentos, que aumentaram
substancialmente a respeitabilidade científica da abordagem. Por sua vez, Wolpe e Lazarus
5. A Terapia Cognitiva-Comportamental
182 I uc VjndcnbcrHlu’
com a abordagem Wolpiana, ao preferir falar 6obre as situações, evocando processos
cognitivos na ausência das condições em que os comportamentos do cliente normalmente
levam a problemas.
De novo temos que admitir que a distinção que encontramos na literatura entre
terapia comportamental e cognitivo-comportamental tem pouco valor informativo. Apesar
da naturalidade com que a terapia comportamental clássica se apropriou das técnicas
cognitivas, Eysenck (1987) e outros expoentes da escola de Maudsley, como Meyer (1991),
continuaram entre os oponentes mais ardentes do termo "cognitivo comportamental" que
consideraram supérfluo, já que a terapia comportamental sempre trabalha com os
pensamentos do cliente.
Do outro lado, percebemos que muitos dos herdeiros indiretos desta mesma
tradição britânica usam o termo composto (p. ex. Ito, 1998), e que mesmo Õst (1997), que
desenvolveu a exposição acelerada, que consiste em extinguir respostas condicionadas,
colocando o cliente em contato direto com estímulos ameaçadores, chama o trabalho
dele de cognitivo-comportamental.
A distinção entre terapia comportamental e cognitiva-comportamental se torna
ainda mais ilusória quando vemos behavioristas radicais como Linehan (1993) chamar o
seu trabalho de cognitivo-comportamental e lançar mão de técnicas que pertencem à
tradição cognitivista (Bolling, Kohlenberg e Parker, 2000), apesar do raciocínio clínico
deles focalizar contingências interpessoais ao invés de estruturas cognitivas.
7. O Construtivismo
8. O modelo
Reestruturação cognitiva**
Referências
Banaco, R. (1997). Auto-regras e patologia comportamental. In: D. Zamigniani (Org.). Sobre
Comportamento e Cogniçào - A aplicação da análise do comportamento e da terapia cognitivo
comportamental no hospital geral e nos transtornos psiquiátricos. Santo André: Arbytes.
Barnes-Holmos, D. (2000). Behavioral pragmaticism: No place for reality or truth. The Behavior
Analyst, 23, 191-202.
Três pontos principais aflo abordados no presente trabalho: 1) o empréstimo do tormo ludoterapia da abordagem pslcanalltlca
á comportamental no trabalho de intervenção clinica com crianças agressivas em grupo; empréstimo este fruto da evoluçAo
da terapia comportamental infantil; 2) os "porquês" desse tipo de intervenção ser desenvolvido no Laboratório de Terapia
Comportamental do IPUSP e 3) "o modus operandls' desse tipo de trabalho, tanto em termos da forma por ele suposta
quanto em tormos da avaliação da eficácia dessa forma. Para abordar o primeiro ponto, a autora mostra a época em que
o termo surgiu no cenário da intervenção clinica comportamental ( década de noventa) e as razóes históricas para que o
empréstimo do termo da psicanálise tivesse ocorrido. Na discussão do segundo ponto, uma sucinta revisão bibliográfica
sobre o trabalho comportamental com crianças agressivas é realizado. Já. na do terceiro, a autora , dopols de descrever a
ludoterapia comportamental Infantil, chama a atenção para o fato dessa forma de trabalho associada ao de orlentaçflo de
pais estar em consonância com o que tem sido encontrado ria literatura Internacional sobre o assunto como mais produtivo
em termos de roduçâo do comportamento agressivo.
Palavras chave : terapia comportamental infantil, ludoterapia, evolução histórica.
Thrne mam pointB are approached in the present work: 1) the evolution of lhe child behavloral therapy that allowod the loan
of the term play therapy from psychoanalysis to one behavloral clinicai intervention in group with aggressive children; 2)
(he“reasons ', (o develop this type of intervention at Laboratory of Behavloral Therapy at IPUSP (Psychology Instltuts at
USP) and 3) the ‘ modus operandls’ of this work In terms of what is done as well as In terms of Its effectiveness evaluation.
Approaching the first polnt the author shows the period this term appeared In the scenery of the behavioral clinicai intervention
(on nineties) and the hlstorícal reasons for that. In the discusslon of the second point, a brief literature review with aggressive
children is accompllshed and finally the author describes the intervention and gets the attention for lhe fact In the prosented
way of worklng is In consonance with what It ha9 been found, in the International literature as more productlve In terms of
reduction of the aggressive behavior
Ksy words : chlld behavior therapy, play therapy, hlstorícal evolution .
’ O» «Incaro* agradecimento» è FAPESP paio» racursoa flnanoairoa à» paaquisa» que daram «ubaldioa ao pcesanta trabalho a ao CNPq pela boltfl
da produtivldada am paaquWa * autora aem oa quaia oa conhadmantoa na área nâo «ariam poaalvala
e mais adiante:
“Existe uma distinção entre brincar e jogar que vaie a pena ser preservada. Os jogos sâo
competitivos. O lance do jogador de estratégia ou de xadrez que num dado momento está falando
é reforçado por qualquer sinal de que o lance serviu para fortalecer sua posição... Diz-se que
pequenos animais estão brincando quando se comportam de maneiras que nâo acarretam quaisquer
conseqüências sérias." (Skinner 1991, p. 63)
1O * • *ncontra *nlr« p«r*ntMto trata*» ó* »cfé*cimo d* autora para m«lhor oont*xluaN/ar o cH»tío
3
Sobre Comportamento c Co#mv o 195
competência social envolve a aprendizagem de várias habilidades sociais e é favorecido
pelos encontros das crianças em ludoterapia comportamental, pois o jogo em grupo ó
tambóm um excelente veículo para a aprendizagem de diversas habilidades sociais, entre
elas:
1) Conhecer estratégias comportamentais específicas aos contextos nos quais
estas estratégias devem ser usadas;
2)lnterpretar acuradamente os comportamentos envolvidos em situações sociais
e intenções dos pares nessas situações;
3)Selecionar e orientar apropriadamente os objetivos a ser alcançados nas
atividades;
4)Antecipar os resultados de um dado comportamento seu ou do colega;
5)Monitorar e ajustar o próprio comportamento de acordo com as demandas;
6)Converter o conhecimento de estratégias sociais em comportamentos adequado
de interação com os pares.
Estudos empíricos têm demonstrado que as crianças agressivas, em geral,
demonstram déficits exatamente nessas habilidades que os jogos da ludoterapia lhes
permite desenvolver.
Referências
Achenbach, T. M. (1991). Integrative guide for the 1991 CBCL/4-18, YSR, and TRprofiles.
Burlington: University of Vermont.
Baraldl, D. (2000). Orientação remediativa de pais de crianças agressivas numa clínica-escola.
Relatório de pesquisa enviado ao CNPq como parte do processo de obtenção do titulo
de mestre pela autora do relatório - mestranda no Programa de Pós-Graduação em
Psicologia Clinica da USP, sob orientação da Profa. Dra. Edwiges Ferreira de Mattos
Silvares.
Barbosa, J.I.C. e Silvares, E.F.M.(1994). Caracterização preliminar das cllnicas-escola de
Psicologia de Fortaleza. Estudos de PsicologiaJi&, n.1, pp.10-14.
Bomtempo, E. (1986). Psicologia do brinquedo. São Paulo: Edusp.
Bomtempo, E. (1987). Aprendizagem e brinquedo. São Paulo: Epu.
Conte, F. (1982). Procedimentos e metas em Terapia Comportamental: implicações éticas. Em
A.L Neri (Org), Modificação do comportamento infantil. Campinas: Papirus.
Conte, F.& Regra, J. (2000). Psicoterapla comportamental infantil: novos aspectos. Em E.F.M
Silvares (Org.) Estudos de caso em Psicologia clínica comportamental infantil:
fundamentos teóricos, estudos grupais e relativos a saúde (pp 29-40) - Vol.1 Papirus
Editora, Campinas.
Guerrelhas, F.F. (2000). Lista de Espera X Grupo de Espera Recreativo: uma Nova Experiência
numa Clfnica-Escola de Psicologia. Sâo Paulo, 122p. Dissertação de Mestrado
desenvolvida sob orientação da Dr.a Edwiges Ferreira de Mattos Silvares e defendida no
Programa de Pós-graduação em Psicologia Clinica do Instituto de Psicologia,
Universidade de São Paulo.
Guerrelhas, F.F. Bueno, M. e Silvares, E.F.M (2000). Grupos de ludoterapia comportamental x
grupos de espera recreativos Texto produzido no Programa de Pós-Graduação em
Psicologia Clinica da USP, baseado na dissertação de mestrado da primeira autora
Guerrelhas(2000), orientada pela Profa. Dra. Edwiges Ferreira de Mattos Silvares. Enviado
para publicação na Revista da Associação Brasileira de Medicina e Psicoterapia
Comportamental.
Gomes, L.S. (1998). Um estudo de caso de encoprese em ludoterapia comportamental.
Psicologia : ciência e profissão, 18,n.3,54-61.
Hops, H. & Greenwood, C.R.(1988) Social skills déficits. In E. J. Mash &L.G. Terdal (Eds.)
Behavioral assessment of childhhod disorders, 2nd ed.(pp 263-316).New York: Guilford
Press.
Hops H. (1983). Children’s Social Competence and Skill : Current Research Practices and
Future directions. Behavior Therapy, 14, 3-18.
Knell, S.M. (1995).Cognitive-Behavioral Play Therapy. Ohio, Cleveland: Hardcover.
Landreth, G.L.(1991).P/ay therapy: the art of relationship. Texas-USA: Accelerates Development
Inc.
O presente artigo visa apresentar um modelo de trabalho terapêutico com famílias partindo de propostas que analisam ossa
instituição como uma agência controladora Visa também apresentar um modelo do ensino de habilidades a psicólogos Iniciantes
para proceder a esse trabalho. Assume se, neste modelo, que os problemas trazidos para a terapia sejam resultado de relaçfte»
sociais punitivas que devem ser substituídas por outras relações que envolvam, o mais possível, controles positivos do*
comportamentos Para Isso, a família será analisada como um grupo social mantenedor e produtor de evolução da cultura Em
muitos casos, os familiares sâo os responsáveis por aplicar, sobre o comportamento de outros membros da família,
conseqüências reforçadores e punitivas, a partir de sistemas de valores originados de contingências sociais arranjadas pelas
agências controladoras A psicoterapia tem sido apontada como uma agêrrcia que se propõe a lidar com os produtoB originado»
pela punição, o que demandaria, do terapeuta, certas habilidades Dentre elas, destacam-se: reconhecer os comportamentos-
problema ocorridos na sessão; avaliar se vale a pena apontá-los quando ocorrem; ao apontá-los. ser firme e acolhedor com os
envolvidos; e finalmente dirigir a sessAo para a emissáo de respostas alternativas que condu/am á solução do problema.
Palavrat-chava: família, terapia comportamental, agência controladora, formação de terapeutas, behaviorismo radical.
This paper atms Io present a modof of therapeutic work with families beginning wi(h a proposai that onaly/o that institutiori as a
control agency It alto seeks to present a model of teachmg skills to beginner psychologists to proceed that work II is assumed,
In this model, that the problems brought for the therapy are resulted of punltlve social relationships that should be substltuted
by other relationships Involving. lhe most posslble, positive Controls of the behavlors. For that, the " famlly " will be analyzed
as a maintalnlng social group and producing of culture's evolution. In many cases, the relativos are the responBiblo for applying,
over lhe behavior of another mombers of the famlly, reinforcing consequences and pumtive, startlng from systems of
orlginated values of social contingencies obtalned by the control agencies. The psychotherapy has been almod as an agency
that intends to work with the produets originated by the punlshment, what would demand, of the therapist, certa In abilities.
Among thoy, stand out: to recogni/e the behavior-problem that occur In the session; to evaluate If is worthwhile to aim them
when they happen, when aim them, to be strong and homelike with the involvod people, and fmally to drive the session for the
emlssion of alternative responses that drive to the solution of the problem
Key word» family, behavior therapy, control agency, theraplsts' formation. radical behaviorism.
Indivíduo A: S1 R., S3 R4 SB RH
Indivíduo B:
Para lidar com os efeitos nocivos que a punição exerce sobre os indivíduos, a
cultura ocidental desenvolveu uma outra agência controladora: a psicoterapia. Seu objetivo
é desfazer as relações que provocam os efeitos indesejáveis citados acima, ajudando
“pais a lidar com seus filhos ou cônjuges a lidar com o parceiro; aconselham professores;
recomendam novas práticas em hospitais e prisões".(Skinner, 1989/1995, pág. 109).
No entanto, ao analisar os efeitos dessa agência controladora sobre os indivíduos,
depara-se com as mesmas características apontadas até aqui para o relacionamento
entre os grupos sociais. O próprio terapeuta ó um dos indivíduos em relação com os
outros indivíduos da família, precisando, por essa razão, conhecer e reconhecer suas
próprias respostas que poderiam influenciar as relações.
Da mesma forma apontada acima, o terapeuta deveria ter, como habilidade, o
conhecimento dos reforçadores que detém para cada membro da família; o quanto o uso
desses reforçadores influencia a relação terapêutica com os outros membros da família;
e, além disso, evitar que o reforço liberado pelo terapeuta para as respostas de um indivíduo
seja punitivo para as respostas de outro.
Para conduzir o processo terapêutico, o analista deveria desenvolver algumas
habilidades aqui chamadas de "terapêuticas". Entre elas, estão: o reconhecimento dos
episódios que ocorrem na sessão, ou seja, quais respostas emitidas pelos indivíduos são
reconhecidas como problemas por eles e pelo analista; avaliar se vale a pena apontá-las
no momento em que ocorrem ou são relatadas na sessão; se resolver apontá-las, ser
claro na descrição da resposta em análise e em suas conseqüências (ser firme) e ao
mesmo tempo ser acolhedor (procurar uma forma de proceder à analise que seja mais
educativa do que corretiva) com todos os envolvidos; dirigir a sessão para a emissão de
respostas alternativas que conduzam á solução dos problemas levantados.
Um outro conjunto de habilidades seria estabelecer vínculo com cada membro da
família, mas promover a integração entre eles; retirar-se da relação gradativãmente a ponto
de não ser mais necessário; fazer com que os membros da família relacionem-se através
de reforçamento positivo (o mais possível)
Conclusão
A análise apresentada neste artigo sobre problemas trazidos para a terapia tem
como decorrência a recomendação de alguns procedimentos terapêuticos. A terapia
comportamental de famílias tem se mostrado um procedimento eficaz para o enfrentamento
desses problemas (Sanders e Dadds, 1993), mas exigem do terapeuta certas habilidades
que devem ser desenvolvidas. Tais habilidades não são, no entanto, diferentes das que
devem ser ensinadas aos membros da família para que o controle dos comportamentos
ocorra o mais possível sem a utilização de punição. Se o terapeuta for capaz de propiciar
aos membros da família a oportunidade de aprenderem a estabelecer relações mala
reforçadoras entre si, seu trabalho terá êxito. Constituir-se em uma audiência não punitiva
pode ser considerado o início desse processo; o conhecimento, a discriminação e a
utilização adequada dos procedimentos de reforço, extinção e punição são a continuidade
dele.
O terapeuta deve, portanto, acolher as queixas, sem deixar de se preocupar em
promover relações mais reforçadoras para o grupo e, em conseqüência, para a própria
cultura.
D« acordo com a abordagam analltlco-comportamental, eventos privados psicológico* (pensamentos e emoções) sflo
comportamentos o, da mesma forma como ocorre com os comportamentos públicos, resultam da história genética e
ambiental dos Indivíduos Comportamentos privados, embora nflo sejam causas primárias de outros comportamentos,
podem assumir diversas funções do estimulo e, assim, exercer influância sobre a emissão de comportamentos subsequentes
Muitos comportamentos públicos ocorrem sem a participação funcional de eventos privados; outros sâo influenciados por
oventos privados enquanto estímulos antecedentes (eliciadores. motlvacionai», discriminativos e alteradores da função de
outros estímulos) o conseqüentes (reforçadores e punitivos) Os terapeutas analltico-comportamentais devem considerar
que: (a) embora a ocorrência do evento privado nâo seja condição necessária, e nem suficiente, para a emlssflo de um
determinado comportamento público, a possibilidade de relações funcionais entre ambos comportamentos existe, (b) o papel
funcional dos eventos privados deve ser identificado uma vez que funções controladoras diversas podem requerer
intervenções clinicas especificas, e (c) mesmo quando relações funcionais entre os comportamentos privado e público sâo
observadas, è necessária a identificação adicional das contingências de reforço responsáveis pela origem e manutenção de
tais relações, de modo que o foco da análise o da Intervenção é o ambiente externo
Palavras-chave: eventos privados, causalidade, relação comportamento-comportamento, terapia analitico-comportamontal,
Frorn u behavloral-analytic approach, psychological prlvate events (thoughts and emotions) are behavior and, similarly to
what happens with public behavior, result from the environmental and genetic hlstory of the individuais. Private bohavlors,
although may not be consldered prlmary causes of other behavlors, may assume diverse stimulus functlons and, consequently,
influence the omlssion of subsequent behaviors. Several public behavior* occur without the functlonal particlpation of private
events, others are influenced by private events functioning as antecedent (elicitor, motivational, discriminative and function-
altering) and conaaquant (rainforcing and punitiva) atimuli Behavinral-analyllc theraplsts must consider Ihal: (a) although lhe
occurrence of private behaviors Is not necessary, or even sufficient, to the emisaion of a particular public behavior, the
posslblllty of functlonal relatlons between both types of behavior» exists; (b) the functlonal role of prlvate events must be
identlfied since each controlling functlon may requlre a specific clinicai intervention, and (c) even when functional relatlons
between public and prlvate behaviors are obterved, it Is necessary the addltlonal Identification of tho contingencies of
relnforcement rosponslble for the ongin and maintenance of those relatlons, *uch that the focus of analysls and intervention
is the extornal envlronment.
K#y words: private events, causality, behavlor-behavior relations, behavloral-analytic thorapy
1. A - ► PB
Nesse tipo de relação, o evento ambiental observável produz diretamente o
comportamento público. Um exemplo seria ir jantar em um restaurante após ter ouvido
comentários favoráveis sobre o mesmo.
2. A - ► PR - ► PB
Aqui, o evento ambiental produz o comportamento privado e este, por meio de
suas funções de estímulo, influencia o comportamento público. Essa relação refere-
se à situação em que uma pessoa ouve comentários favoráveis sobre um restaurante"
pensa “Ando mesmo merecendo um descanso" e sai para jantar.
3. A ”► PR - ► PR PB
Nessa relação, o evento ambiental gera o primeiro comportamento privado, o
qual produz o segundo comportamento privado e este, por sua vez, afeta o
comportamento público. Um exemplo seria a pessoa ouvir comentários favoráveii.
PR
PB
Nesse tipo de relação, o comportamento público é afetado diretamente pelo
evento ambiental, mas também é influenciado pelo comportamento privado produzido
pelo mesmo evento ambiental. Aqui, a pessoa ouve comentários favoráveis sobre um
restaurante e, embora esteja inclinada a sair para jantar, isso só ocorre após ter
pensado "Ando mesmo merecendo um descanso
6. A PR
Nessa relação, o evento ambiental afeta o comportamento privado, mas não
há um comportamento público relevante. Aqui, a pessoa ouve comentários favoráveis
sobre um restaurante, pensa "Ando mesmo merecendo um descanso", mas não há
alteração em seu comportamento observável.
7. A - ► PB - ► PR
Nessa última relação, o evento ambiental produz o comportamento público e
este, por sua vez, gera o comportamento privado. Um exemplo seria a pessoa ouvir
comentários favoráveis sobre um restaurante, sair para jantar e esse comportamento
ocasionar o pensar "Ando mesmo merecendo um descanso".
Conclusão
Referências
Anderson, C.M., Hawkins, R.P., Freeman, K.A., & Scotti, J.R. (2000). Private events: Do they
belong in a science of human behavior? The Behavior Analyst, 23, 1-10.
Anderson, C.M., Hawkins, R.P., & Scotti, J.R. (1997). Private events in behavior analysis: Conceptual
basis and clinicai relevance. Behavior Therapy, 28, 157-179.
Baldwin, J.D., & Baldwin, J.l. (1986). Behavior principies in everyday life. Englewood Cliffs, N.J:
Prentice-Hall.
Catania, A.C. (1998). Learning. Upper Saddle River, NJ: Prentice-Hall.
De Grandpre, R.J., Bickel, W.K., & Higgins, S.T. (1992). Emergent equivalence relations between
interoceptivo (drug) and exteroceptive (visual) stimuli. Journal of the Experimental Analysis
of Behavior, 58, 9-18.
Dougher, M.J. (1993). On the advantages and implications of a radical behavioral treatment of
private events. Tho Behavior Therapist, 16, 204-206.
Dougher, M.J. (1995). A bigger picture: Cause and cognition in relation to differing scientific
frameworks. Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry, 26, 215-219.
Dougher, M.J., & Hackbert, L. (2000). Establishing operations, cognition, and emotion. The
Behavior Analyst, 23, 11-24.
Forsyth, J.P., Lejuez, C.W., Hawkins, R.P., & Eifert, G.H. (1996). Cognitive vs. contextual causation:
Different world but perhaps not irreconcilable. Journal of Behavior Therapy and
Experimental Psychiatry, 27, 369-376.
Hayes, S.C., & Browstein, A.J. (1986). Mentalism, behavior-behavior relations, and a behavior
analytic view of the purpose of science. The Behavior Analyst, 9, 175-190.
Hayes, S.C., StrosahJ, K., & Wilson, K.G. (1999/ Acceptance and commitment therapy: An
experiential approach to behavior change. New York: Gullford.
Hayes, S.C., & Wilson, K.G. (1993). Some applied implications of a contemporary behavior-
analytic account of verbal events. The Behàvior Analyst, 16, 283-301.
Hayes, S.C., & Wilson, K.G. (1994). Acceptance and commitment therapy: Undermining the
verbal support for experiential avoidance. The Behavior Analyst, 17, 289-303.
Homer, R.H., Day, H.M., & Day, J.R. (1997). Using neutralizing routines to reduce problem behaviors.
Journal of Applied Behavior Analysis, 30, 601-614.
0 comportamento verbal (dizer) do Client» é o recurso mam importante no contato com a rotina desta pessoa lora do ambiente
do consultório, sendo m principal ferramenta para análise e intervenção terapêutica. A função da terapia, entretanto, nAo è
apenas a de aumentar a freqüência do dizer, que pode estar sob controle de variáveis estranhas à correspondência com o
comportamento nAo-verbal (fazer) O cliente pode dizer que fará algo,* nAo fazer e ainda relatar que fez. Assim, o dizer e o
fazer devem ser tratados como classes de respostas distintas, e a correspondência entre os dois, como requisito ao sucesso
da terapia O papel do terapeuta, entáo, è criar con tin g ê n c ia » de reforçamento que estabeleçam e mantenham as
correspondências fazor-dlzer e di/er-fazer Embora seja esta uma divisão apenas didática, pode servir como norte para o
torapeuta orientar sua atuaçAo. Uma dificuldade na implementaçAo è garantir que a correspondência este|a de fato ocorrendo,
sem o contato com o mundo externo do cliente. O uso concomitante de outras técnicas, como registro de emissão do fazer
(pelo próprio cliente ou por terceiros), ou uso de co-terapeutas sAo boas alternativas. Um caso clinico à apresentado como
ilustração do treino de correspondência como prática clinica.
Palavras-chave: correspondência, controle verbal e psicoterapia.
The cliont'* verbal behavior, the main instrument for analysis and therapeutic Intervention, is the theraplst s primary resource
for underatandlng the persorVs routlne outside the office envlronment. Unfortunately, succeasful Ueutment cannot rely
solely on verbal commltments. The Client may say he will do something, not follow through, and report that ho did indeed
perform the speclfíed action Hence, a spoken commitment and the following action should be treated as different response
classes, with the correspondente between them necessary for therapeutic success. The therapisfs role Is therefore to create
patterns of reinforcement which establish and malntain the correlation between verbal commitment and resultant action.
Regardless o( the fact that this is only a dldactlc dlvtslon, such an approach may serve as a foundation for therapy. One
potential compllcatlon therapists face with such an approach is the inability to assure that the client has actually performed
the modified behavior or action, very difficult in the absence of contact with the clienfs externai world. Tlte simultaneous use
of other techniques, such as reglstration of nonverbal behavior emlsslon or the use of cotherapists, may provide good
alternatives. A clinicai case Is presented as an illustration of correspondence training as clinicai practice.
K«y w o rd t: correspondence, verbal control and psychotherapy.
Muitas respostas podem ser dadas para a pergunta do titulo deste trabalho. Afinal,
a complexidade do processo terapêutico não pode ser reduzida a apenas uma
recomendação. O objetivo deste texto é discorrer sobre uma das orientações que norteiam
o terapeuta na sua prática clinica. Assim, ao questionar-se como deverá o terapeuta agir,
após a queixa inicial, uma boa resposta poderia ser 'atuar sobre o comportamento verbal
do cliente’. De fato, trabalhar o que o cliente diz parece ser uma unanimidade entre os
terapeutas e coerente com a maioria das abordagens, inclusive com o Behaviorismo Radical
(Catania, 1999; de Rose, 1997; Kohlenberg e Tsai, 1991; Skinner 1978,1994).
' O autor agradaoa n profMtora JomI* Abrau RodnguM p«lm sugmtOM na elaboração deal* trabalho
Correspondência e Terapia
Catania (1999) define a palavra como "um meio de levar as pessoas a fazerem
coisas" (p. 272). Segundo Catania e colaboradores, a mudança no comportamento verbal
de um indivíduo pode facilitar a mudança no comportamento não-verbal correspondente.
Com apoio empírico, esses autores indicam também ser mais fácil mudar o comportamento
humano modelando aquilo que alguém diz do que modelando diretamente aquilo que alguém
faz (Catania, Matthews, e Shimoff, 1982; Catania, Matthews, e Shimoff, 1990).
Entretanto, ditos populares presentes na linguagem cotidiana, refletem que essa
correspondência entre o dizer e o fazer nem sempre ocorre (e.g., "faça o que eu digo, mas
não o que eu faço”, ou "falar é uma coisa, fazer é outra"). Na clínica, a falta de
correspondência pode ser observada na forma de tatos inadequados - mentira, observação
pobre ou negação - e talvez seja uma das classes de resposta mais comuns no início da
terapia (Glenn, 1983).
Dessa forma, o papel do terapeuta - e talvez seu maior desafio - é criar contingências
de reforçamento que estabeleçam e mantenham a correspondência. Ferster (1979) ressaltou
esse papel do terapeuta, afirmando que a correspondência entre comportamento verbal e
eventos externos pode ser "alvo de uma análise comportamental, sendo esta uma das
incumbências mais importantes da terapia" (p. 30).
Ao buscar desenvolver a correspondência, o terapeuta deverá focalizar dois
repertórios importantes de seu cliente: autoconhecimento e autocontrole.
Freqüentemente, em um primeiro momento, o cliente verbaliza sobre seu mundo,
sua história e seus problemas, fazendo com que o terapeuta identifique as variáveis que
controlam seus comportamentos, principalmente os mal-adaptados. Assim, é possível
planejar estratégias para a aprendizagem de novos comportamentos (Ferster, 1979; Guedes,
1997). Neste momento, um objetivo importante para o terapeuta é modelar tatos fidedignos
acerca do 'mundo' interno e externo do cliente, ampliando seu comportamento de auto-
observação (Ferster, 1972; Glenn, 1983) e promovendo a correspondência fazer-dizer.
Fazendo uso da sua interpretação, o terapeuta funciona como um observador que verifica
possíveis discrepâncias entre comportamento verbal e não-verbal do cliente. Com a ajuda
do terapeuta, o comportamento do cliente de descrever as contingências das quais seu
comportamento é função passa a ficar mais preciso, apresentando melhor autoconhecimento
(Tourinho, 1995). de Rose (1997) vê na psicoterapia uma metodologia para refinar o
autoconhecimento, especialmente no que diz respeito ao controle discriminativo exercido
pelo mundo privado do indivíduo. Segundo este autor, o argumento que ampara a importância
do investimento no autoconhecimento está na verificação de que o conhecimento que a
pessoa tem de si mesma tende a ser menos preciso do que o conhecimento do mundo
externo, já que a comunidade não tem acesso ao estado de coisas privado que deveria
> CONHECER CO NT R OE A R
W.W., 20 anos, sexo masculino, solteiro, morava com a mãe. Cursava supletivoJ
do ensino médio. Era usuário de maconha e merla há um ano. Problema com policial
D IA S
Beck, A.T. (1967). Depression: Causes and Treatment. Philadelphia: University of Peensylvania
Press.
Beckert, M.E. (2000). Reforço de verbalização e treino de correspondência: efeitos sobre o
comportamento de autocontrole. Dissertação de mestrado. Universidade de Brasília.
BrasIlia/DF.
Catanla, A.C. (1999/ Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cogniçâo. (D.G. Souza,
Trad.). Porto Alegre: Artes Módicas (4* Edição).
Catania, A.C., Matthews, B.A., & Shimoff, E. (1982). Instructed versus shaped human verbal
behavior: Interactions with nonverbal respondig. Journal of the Experimental Analysis of
Behavior, 38, 233-248.
Catania, A.C., Matthews, B.A., & Shimoff, E. (1990). Properties of rule-governed behavior and
their implications. Em D.E. Blackman, e H. Lejeune, Behaviour analysis in theory and
practice: Contributions and controversies (p. 215 a 230). London: LEA Publishers.
Deacon, J.R., & Konarski, E.A. (1987) Correspondence training: An example of rule-governed
behavior? Journal of Applied Behavior Analysis, 20, 391-400.
de Rose, J.C.C. (1997). O relato verbal segundoa perspectiva da análise do comportamento:
contribuições conceituais e experimentais. Em R. Banaco (Org.), Sobre comportamento
e Cogniçâo. Aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise comportamental
e terapia cognitivista (p. 148-163). Sâo Paulo: Arbytes.
Ferster, C.B. (1967). Arbitrary and natural reinforcement. The Psychological Record, 17, 341-
347.
Ferster, C.B. (1972). An experimental analysis of clinicai phenomena. The Psychological Record,
22, 1-16.
Ferster, C.B. (1979). A laboratory model of psychotherapy: The boundary between clinicai practice
and experimental psychology. Em P. Sjõden, S. Bates, e W.S. Dockens (Orgs.), Trends in
Behavior Therapy (p. 23 a 38). New York: Academic Press.
Glenn, S. (1983). Maladaptive functional relations in client verbal behavior. The Behavior Analyst,
6, 47-56.
Guedes, M.L. (1997). O comportamento governado por regras na prática clinica: um inicio de
reflexão. Em R. Banaco (Org.), Sobre comportamento e Cogniçâo. Aspectos teóricos,
metodológicos e de formação em análise comportamental e terapia cognitivista (p. 138
a 143). São Paulo: Arbytes.
Guilhardi, H.J. (1995). Um modelo comportamental de análise de sonhos. Em B. Rangé (Org.)
Psicoterapia Comportamental e Cognitiva de transtornos psiquiátricos (p. 257-267).
Campinas: Editorial Psy.
Hamilton, S.A. (1988). Behavioral formulations of verbal behavior in psychotherapy. Clinicai
Psychology Review, 8, 181-193.
Hübner, M.M.C. (1999). Conceltuaçâo do comportamento verbal e seu papel na terapia. Em R.A.
Banaco (Org.) Sobre comportamento e Cogniçâo. Aspectos teóricos, metodológicos e
de formação em análise do Comportamento e Terapia Cognitivista (2" edição, p. 277-
281). São Paulo: Arbytes.
A complexidade do comportamento humano ao produz na história do sujeito. O fato dos processos comportamentais
passados nâo poderem ser diretamonte observados traz dificuldades para o estudo do comportamento, da mesma maneira
que o faz pura outras clônclas históricas. Porém, assim como a biologia evolucionárla se desonvolvo a despeito de nâo ter
«cesso direto aos eventos passados que geraram a complexidade atual dos seres vivos, também o estudo do comportamento
pode ser desenvolvido apesar do dlflcil acesso A história do indivíduo que o apresenta. Essa limitação é reduzida no
laboratório animal, onde é possível criar experimentalmente diferentes histórias individuais, podendo-se analisar o comportamonto
em funçflo da interação entre as contingências atuais e as que ocorreram anteriormente. 0 estudo do "desamparo aprendido’
é citado como um exemplo dessa estratégia de investigação: tem sido observado que, frente a uma mesma contingência de
reforçamento, sujeitos apresentam comportamentos diferenciados dependendo do tipo de experiêivjíi* prévia quo tiveram
com eventos aversivos controláveis ou incontroláveis Sflo apresentados alguns dados experimentais que Ilustram a
interferência de contingências passadas no comportamento e na fisiologla atuais do organismo.
Palavras-chave: análise do comportamento, ciência histórica, desamparo aprendido, controle aversivo, comportamento
animal
The complexlty of human behavior n produced along the history of the subject Tho imposslbillty of direct access of past
behavioral processes brings dlfflculties for the ítudy of behavior. Howover, the same problem has been faced by other
historical Bciences without preventing tltelr development. Llke evolutionary Biology - that has been developed In splte of the
partial knowladge of the past origina of the present complexlty of the organisms • the behavior study has been developed In
■pite of the partial knowledge of the individual behavior history (past contingencies). In laboratory studles, uslng non-human
animais, this problem is reduced because it is possible to manipulate many different histories of relnforcement, gettlng direct
data for analysis of the tnteractions h«tween present and past contingencies. The "learned helplessness" studles are one
example of this strategy of Investigation: it has been observed that under the game relnforcement contingency, different
subjects show different behaviors as a function of their previous experlence with controllable or uncontrollable aversive
ttimult. Some learned helplessness experimental data are presentad, lllustrating the interfereoce produced by past contingencies
on the present behavior and the physiology of organisms.
Kay words: behavior analysls, historical sciences, learned helplessness. aversive control, animal behavior.
Donahoe, J.W. & Palmer, D.C. (1994). Learning and Complex Behavior. Boston: Allyn and Bacon.
Hunziker, M.H.L. (1992). Opiold nature of learned helplessness and stress-lnduced analgesia
observed without re-exposure to shock. Behavioural Pharmacology, 3, 117-121.
Hunziker, M.H.L. (1993). Desamparo aprendido: um modelo animal de depressão? Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 9.(3), 487-498.
Hunziker, M.H.L. (1997). Um olhar critico sobre os estudos do desamparo aprendido. Estudos
de Psicologia, 14(3), 17-26.
Hunziker, M.H.L. & Pérez-Acosta, A.M. (no prelo). Modelos animales en psicopatologla: ^Una
contribución o una ilusión?. Avances en Psicologia Clínica Latinoamericana.
Laudenslager, M.L., Ryan, S.M., Drugan, R.C., Hyson, R.L. & Maier, S.F. (1983) Coping and
immunosupression: Inescapable but not escapable shock supresses lynphocyte
proliferation. Science, 221, 568-570.
Maier, S.F. & Seligman, M.E.P. (1976). Leamed helplessness: Theory and evidence. Journal of
Experimental Psychology: General, 105, 3-46.
Mormede, P., Dantzer, R, Michaud, B., Kelley, K.W. & Moal, M.L. (1988). Influence of stressor
predictability and behavioral control on lymphocyte reactivity, antibody responses and
neuroendocrine activation in rats. Psysiology and Behavior, 43, 577-583.
Peterson, C., Maier, S.F. & Seligman, M.E.P. (1993). Learned Helplessness: A Theory for the Age
of Personal Control. New York: Oxford University Press.
Seligman, M.E.P. (1975). Helplessness: On Depression, Development and Death. Freeman:
San Francisco.
Skinner, B.F. (1984). The phylogeny and ontogeny of behavior. Behavioral and Brain Sciences, 7,
669-711.
Skinner, B.F. (1981). Selection by consequences. Science, 213 (3), 501-504.
Stein, L. & Belluzzi, J.D. (1989). Cellular investigations of behavioral reinforcement. Neuroscience
and Behavior Reviews, 13, 69-80.
Stein, L., Xue, B.G. & Belluzzi, J.D. (1993). A cellular analogue of operant conditioning. Journal of
the Experimental Analysis of Behavior, 60, 41-53.
Stein, L., Xue, B.G. & Belluzzi, J.D. (1994). In vitro reinforcement of hippocampal bursting: a
search for Skinner's atoms of behavior. Journal ofthe Experimental Analysis of Behavior,
61, 155-168.
Weiss, J.M., Glazer, H.I., Pohorecky, L.A., Brick, J. & Miller, N.E. (1975). Efects of chronic exposure
to stressors on avoidance escape behavior and brain norepinephrine. Psychosomatic
Medicine, 37, 523-534.
Estudos recentes sobre eficácia e/ou efetividade de psicoterapia e farmacoterapia têm enfatizado resultados positivos da
intervenções baseadas na interlocuçflo e no manejo de condições do vida dos sujeitos, o que de certo modo corrobora visOe*
relacionais dos fenômenos psicológicos. Posqulsas nessa área, porém, nâo se ocupam da arliculaçAo entre resultados desse
tipo e a validação de modelos Interpretativos dos probelmas tratados O presente trabalho discute possíveis contribuições
que podem ser derivadas daquela literatura para a elaboração ou corroboraçâo de modelos Interpretatlvos dos fenõmenoi
psicológicos, tendo como referência as noções de internalismo e oxtemallsmo. Dostacam-se alguns aspectos do modo como
problemas psicológicos sâo abordados' a) discussão dos efeitos dn diferentes Intervenções dissociada da referência i
otlologla dos problemas tratados, b) referências a variáveis demográficas correlacionadas com o problema estudado; c)
referências genéricas a fatores externos relacionados com o problema estudado; d) referências a aspectos do aparato
anátomo-flsiológico possivelmente explicativos dos problemas; e e) caracterização dos problemas psicológicos com base na
nosologla psiquiátrica Variáveis Institucionais sâo apontadas como possivelmente determinantes dos modelos de investigação
e da abordagem provida para os problemas psicológicos
Palavras-chave: eficácia da psicotorapla, efetividade da psicoterapia, Internalismo/externalismo, flsiologia e comportamento,
Recent research on efflcacy and/or effectlveness of psychotherapy has shown positive results of verbal interventlons, as
well as treatment hased on the management of Subjects' life condltlons. Such results glve support to relational approaches
to psychological problems. However, literature in the fleld does not link those results to the validation of interpretative model»
to problems treated The present papor discusses contrlbutions that mlght be derlved from the literature on efflcacy and
effectlveness of psychotherapy, in promoting or supporting interpretative models to psychological phenomena, using as a
referonce the concepts of internalism and externalism. Some aspects of the way psychological problems are approached are
emphaslzed: a) effects of different interventions are discussed without reference to the etlology of the problems troated; b)
reference to demographir. variables correlated to problems investigated; c) generic reference to externai events related to
problems investigated; d) reference to aspects of the anatomy and/or physiology of the organism which might explain hls
problems; o) reference to psychological problems based on psychiatric nosology Instltutional vaiiables are mentloned ai
possibly determinam of investigations designs and provlded approaches to psychological problems.
K ty worda: efflcacy of psychotherapy, effectlveness of psychotherapy, internalism/externalism, physiology and behavior.
* Trabalho parcialmente financiado pelo CNPq (Proceeao 520002/98 1). Varsôee preitmmaree (oram apresentadas no IX Encontro òa A moc IbçAo
Brasileira da Ptlcolerapia a Medicina Comportamental (Campinas, 7000) e no II Congresao Norte-Nordeete da Psicologia (Salvador, 2001)
1Embora o usual seja (azar referência ès relaçAes do organismo com o ambwnle. prelenu-se utilizar Indivíduo, para enfatizar o Interesse do estudo no
oomportamenlo humano
’ Apnaftr rie nxternnlisla. a perspectiva analítico comportamentol nâo iqikxb nem se«ximed«> mmltwtr eventoe relativo» no prôpno indivíduo, que sAo releventes
(Wfl« oom(KnennAadeteucomportatmnlo Aamm m k / n io è «rjueMqu»»xdi/i* conê<famç4od»«vimto»onnnàermkm"pnvadot" frtáfora
do alcance deste artigo, porém d«correr sobra its especificidade» do externalismo Analítico comportamental na anAUse da privacidade.
' Isso nAo significa que apenas sistemas explicativos intematatiM concorrem com o modelo itxfrinatlvo analítico-comportamental FxpNcaçOes transcendentais
ou metafísicas conflitam Igualmente com uma perpectiva externallsta e relacionai Os sistemas mternalistas constituem um concorrente diferenciado,
porém na medida em que se edincam (pelo menos algumas de suas versflee) no interior de uma tradição de InvestigaçAo cientifica
4Uttal (2000), por exemplo, assinala que 'o sucesso da abordagem cognitiva como o protótipo da psicologia moderna nas últimas décadas tem sido
extraordinário" (p XIII).
‘ O termo ■patcotempta'' serAempregado aqui pera designar InlervençOes clinicas realizadas por psicólogos de diferentes onentaçOes teóricas, como ocorre
na literatura a ser examinada em seguida
• Sattgnwi (1005) aponta m seguintes características da psicoterapia que é praticada pato prutaMonal. equenêo M llo presentes na mlarvençAo típica do*
estudos da eficácia n) *ela nêo tem duração flx f , b) "* autocorrativa', c) "os pacientes chegam a ala através de uma busca ativa. Iniciando um tipo d*
tratamento que procuraram ativamente com um terapeuta que selecionaram e escolheram", d) ‘os paciente* geralmente lêm problemas multlplotf' a a)
"a (wicoterapla no campo ostA quase sempre voltada para a melhora no funcionamento geral do* paciente*" (p 907) Em outra dreçAo. Chambleaa e Hollon
(1OOfl) salientam que eatudos conduzKJo* em ambientes clínicos aplicados podem Incorporar aspedoa de delmeamenloa experimentais tlplooa da pesquisa
de eflcAcla e concluem que *oa deimeamento* mais informativos para os noaaoa propósitos atuais s*o aatudos nos quala aspedoa de eftcAcia e de efelividad*
convergem" (p 14) i
' Ue acordo com Cavalcante (2000), loi o artigo de Seligman que também impuMonou a repercusséo do trabalho publicado pela Consumar Waports (1996, (
November)
• Sobre a validade de eatudos baseados em meta anélwes. ver também Lipsy e Wilson (1003) Neste anigo, também os autores concluem pela existência 1
de lorte evidência dos efeitos positivos da psicoterapia ,
• Martin E P Seligman aluou como consultor na reali*açêo da pesquisa relatada pela Consumar Ra/xxti (cf Consumar Reports, 1006, November). ;
,uUe acordo oom Kotkin, Daviet & Gurin (1006), oa problemas experimentados com maior freqüência pelos informantes foram, pela ordem depresato, j
problemas conjugais ou sexuais, ansiedade geral, mau humor freqüente, problemas com crianças ou outros membros da família e problemas no trabalho. ]
” Segundo Antonuccio n ool» (1W6), "nâo hé ainda dados sultaent«e «cumulado» para saber como (at onenü»çO««| m apltcam noa novo# ISRSs |lnibtdor«s
Salelivos da RecaptatAo da Serotonma] Na vardada, nAo «atamos a par da nenhum astudo que compare diretamente a eflcAcia de SSRIs e psicoterapia"
(p 982) Portanto as conclusões de Antonuccio e cola nAo se «atendem para tratamento» baseados na administração de ISRSs, como é o caso da íhioxetlna
(tubetAncia bnae do Prozac) No entanto, Oreenberg ecols (1004) relatam um estudo que alenu reauNadoa de tralamento com fluoxelina contrastando-os
com mala anáiwes d« eetudoe que avaliaram oa reaultadoa de antidepreasivoe tridcllcos e afirmam, "nossas descobertas atuais moslram oa resultados
da fluoxelma oomo. no míximo. nlo melhores do qu« aquelee obtidoe com outros tipos de anUdepressivos" (p.549).
" Netla condição o pacwnta racabia a Indkaçto da um psiquiatra para o qual poónrui t*t*fon«r m M n t*M rwoMMidada da alandlmanto, que acontecia no
máximo na fraqüêncla d« uma ( M io por mta.
Note-se que Dobson (1989) reconhece que a medida de excluir da análise sujeitos
que não concluíram o tratamento resulta em limitações na validade das conlusões; no
entanto, salienta que essa ó uma medida usual nos estudos.
As observações de Dobson (1989) e Robinson e cols. (1990) evidenciam que
decisões não relatadas explicitamente (ou não enfatizadas) nos estudos podem regular
seu delineamento e, conseqüentemente, repercutir nos resultados. Restrições dessa ordem
(isto é, decisões metodológicas discutíveis) talvez expliquem, então, a ausência de
abordagens mais sistemáticas da etiologia dos problemas estudados. Adiante, essa
hipótese voltará a ser considerada.
"Os pacientes deprimidos induziram afeto negativo naqueles com quem interagiram e
foram rejeitados" (Coyne, 1976, p. 191).
Note-se que esta é a instituição cujas orientações para a intervenção com pacientes
depressivos, segundo Antonuccio e cols. (1995), sobrevalorizam o tratamento farmacoterápico
e subvalorizam a psicoterapia.
" No Mtam* norla amarlcano ôa atançAo è Múdfl (pradomlnantamanla pnvado), oa médico» da prímafcoa «ocorro* fprtmary cura phyaidana') »*o aguataa
qua aluam como cllnlcoa garaia. realizando uma primatra avaliação doa paoantM qua chagam * rada da alandlmanto a *n caminhando-o» a aapadalwta»
quando nacaaaéno
A droga pode também ser considerada, ela mesma, a origem do problema a ser
tratado: "num mundo altamente medicado, os efeitos das drogas devem constituir uma
outra área de preocupação. Muitas drogas médicas causam complicações psiquiátricas..."
(Koranyi, 1979, p. 418).
246 Kmmanucl Z. Tourinho, Slmonc N . Cdvdkdnlc, Cyiíclf C/. Hranililo l lotianc M . Maciel
Condições orgânicas (especificas ou não) são apontadas em alguns trabalhos
como determinantes de problemas psicológicos. Hall, Popkin, Devaul, Faillace e Stickney
(1978) apresentam extensas listas de "condições médicas" consideradas (a) "definitivamente
causais de sintomas psiquiátricos", ou (b) "provavelmente causais de sintomas psiquiátricos"
(p.1316), em um estudo que pretendeu “definir a significância de doença física em pacientes
psiquiátricos externos" (p. 1318). Em uma de suas conclusões, afirmam que “transtornos
cardiovasculares, endócrinos, infecciosos e pulmonares sâo as causas médicas mais
freqüentes para sintomas psiquiátricos" (p.1320). Acrescentam que "alucinações visuais,
distorções e ilusões são os sintomas psiquiátricos mais discriminativos de transtorno
módico subjacente. Sua ocorrência necessita de avaliação médica" (p. 1320).
Koranyi (1979) salienta que doenças físicas podem ser determinantes de
transtornos emocionais e muitas vezes não são diagnósticadas. A diabetes é oferecida
como exemplo:
"Estágios Iniciais da diabetes m ellitus podem facilm ente tornar-se uma causa de
problemas psiquiátricos e conjugais, uma vez que essa doença leva à Impotência erótil em 25%
de todos os homens diabéticos nas idades de 30-39 anos e em 55% daqueles que estão com 50-
59 anos de idade" (Koranyi, 1979, p.418).
Concordamos com Chambless e Hoffon (1998) de que o uso dos diagnósticos do DSM
nos nossos estudos sobre resultados [da psicoterapiaj tem a vantagem de prover ao campo uma
consistência de um estudo a outro e uma ligação com a literatura da psicopatologla. No entanto,
numa análise final, acreditamos que pode muito bem ter sido um movimento na direção errada. O
foco nos transtornos dos diagnósticos do DSM ... limita como pensamos e os tipos de perguntas
que fazemos sobre problemas clínicos (p. 145).
Assim, o que pode parecer uma característica periférica dos estudos examinados,
o uso das categorias diagnósticas do DSM-IV, na verdade é reflexo de uma interferência
significativa no delineamento das pesquisas, responsável pela reprodução de certos modos
de interpretar os problemas psicológicos e explicativa da ausência de incursões
sistemáticas no campo da etiologia. Compreender com mais clareza os compromissos al
contidos é requisito para discutir possíveis repercussões dos resultados veiculados na
elaboração e/ou corroboração de modelos intemalistas versus extemalistas de interpretação,
uma discussão que parece fazer mais sentido para as psicologias do que para a psiquiatria
e para os financiadores da pesquisa sobre eficácia da psicoterapia e farmacoterapia.
Considerações Finais
250 r mnianucl Z. Tourlnho, Simone N. Cavalcante, C/isclc C/. RrandAo 1 losiane M . Maciel
considere esses novos constrangimentos orgânicos, diferenciados daqueles usuais e
comuns aos humanos, pode ter alcance mais limitado. De outro lado, o sucesso das
intervenções clínicas baseadas na interlocução pode ser considerado indicativo da
importância de fatores relacionais na definição do surgimento e curso de um problema
psicológico, e menor freqüência de ocorrência de restrições orgânicas que demandem em
princípio intervenções farmacoterápicas.
Se de um ponto de vista analltico-comportamental, reconhece-se, ainda que
timidamente, a importância do conhecimento (neuro)fisiológico e buscam-se modelos
interpretativos dos fenômenos comportamentais que dêem conta da demarcação das fronteiras
com outras ciências do organismo, não está claro que um esforço de integração também
esteja de algum modo presente nas abordagens farmacoterápicas. Estas tendem a assumir
antecipadamente posturas internalistas de caráter organicista, que passam a justificar uma
atenção periférica à história ambiental dos indivíduos e ao conhecimento que a enfatiza. No
caso dos trabalhos examinados, a literatura que direciona a atenção para eventuais
componentes orgânicos de alguns problemas “psicológicos" não promove o delineamento
de modelos interpretativos das interrelações entre história ambiental e eventos anátomo-
fisiológicos; ao contrário, tende a drenar o esforço reflexivo e investigativo para modelos
organicistas de interpretação e intervenção. A ausência, naquela literatura, de uma referência
mais sistemática à produção e manutenção dos problemas fica dificultada pela orientação
topográfica na caracterização dos "transtornos", que possibilita tratar como “iguais" problemas
que de um ponto de vista funcional são diversos. Mas essa limitação é conseqüência indireta
de outras decisões. Variáveis sociais e institucionais, por seu turno, parecem conferir maior
clareza aos compromissos acumulados naqueles estudos.
Em uma análise da produção norte-americana sobre os resultados da psicoterapia,
da qual faz parte boa parcela das pesquisas aqui citadas, Goldfried e Wolfe (1998) apontam
que nos anos 70 tornou-se necessário prover dados de eficácia da psicoterapia, seja para
basear o pagamento de tratamento por empresas provedoras de serviços de saúde, seja
porque o Congresso americano preocupava-se com os gastos crescentes na área de
saúde mental. Naquele contexto, tinha papel destacado o Instituto Nacional de Saúde
Mental (NIMH), crescentemente influenciado pela psiquiatria. Essa influência, associada
aos resultados da pesquisa sobre tratamentos farmacoterápicos, determinou os critérios
clínicos de avaliação da eficácia dos tratamentos.
“Uma decisão foi tomada pelo NIMH, a principal fonte de recursos para a pesquisa da
psicoterapia, de que os mesmos padrões usados na pesquisa da farmacoterapia seriam aplicados
na avaliação das psicoterapias. Isso significava que tratamentos psicossociais padronizados
precisavam ser avaliados em termos de sua eficácia em reduzir sintomas de um transtorno
específico definido pelo DSM" (Goldfried & Wolfe, 1998, p. 145, itálico acrescentado).
Referências
Amenson, S. C. & Lewinsohn, P. M. (1981). An Investigation into the observed sex difference in
prevalence of unipolar depression. Journal of Abnormal Psychology, 90, 1-13.
Loftus, E. F. (1993). The roality of repressed memories. American Psychologist, 48, 518-537,
Luborsky, L., Singer, B., Luborsky, L. (1975). Comparativo studies of psychoterapies. Archives of
General Psychiatry, 32, 995-1006.
Mintz, J., Drake, R. E., & Crits-Christoph, P. (1996). Efficacy and effectlveness of psychotherapy:
Two paradigms, one Science. American Psychologist, 51, 1084-1085.
Morris, J. B., & Beck, A. T. (1974). The Efficacy of Antidepressant drugs: A review of research
(1958 to 1972). Archives of General Psychiatry, 30, 667-674.
Munõz, R. F., Hollon, S. D., Mcgrath, E., Rehm, L. P., & Vandenbos, G. R. (1994). On the AHCPR
depression in primary catre guidelines: Further considerations for practilioners. American
Psychologist, 49, 42-61.
Richelle, M. N. (1990) Behaviour, past and future. Em D. E. Blackman & H. Lejeune (Eds.).
Behaviour analysis in theory and practice (pp.291 -299). Hove/London/Hillsdale: Lawrence
Erlbaum Associates.
254 hnm anueí Z. Tourinho, Sfmone N . Cavalcante, t}iselc t / . Urand.io í Josfanc M . Maciel
Robínson, L. A., Berman, J. S., & Neímeyer, R. A. (1990). Psychotherapy for the treatment of
depression: A comprehensive review of controlled outcome research. Psychological
Bulletin, 108, 39-49.
Rush, A. J., Bech, A. T., Kovacs, M., Weissenburger, J., & Hollon, S. D. (1982). Compariaon of the
effects of cognitive therapy and pharmacotherapy on hopelessness and self-concept.
American Journal of Psychiatry, 139, 862-866.
Scoz, M. C. P. (2001). Conhecer o outro: Uma análise critica do conceito de diagnóstico psicológico
a partir do behaviorismo radicaI de B. F. Skinner. Dissertação de Mestrado. Sào Paulo:
Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental - Análise do
Comportamento, Pontifícia Universidade Católica de Sôo Paulo.
Seligman, M. E. P. (1995). The effectiveness of psychoterapy: The Consumer Reports study.
American Psychologist, 50, 965-974.
Seligman, M. E. P. (1996). A creditable beginning. American Psychologist, 57,1086-1088.
Shea, M. T., Elkin, I., Imber.S. D., Sotsky, S. M., Watkins, J. T., Collins, J. F., Pilkonis, P. A., Beckham,
E., GJass, D. R., Dolan, R. T. & Parloff, M. B. (1992). Course of depressive symptoms over
follow-up. Archives of General Psychiatry, 49, 782-787.
Simpson, G. M., White, K. L., Boyd, J. L., Cooper, T. B., Hallaris, A., Wilson, I. C., Raman, E. J., &
Ruther, E. (1982). Relationship between plasma antidepressant leveis and clinicai
outcome for inpatients receiving imipramine. American Journal of Psychiatry, 139, 358-
360.
Uttal, W. R. (2000). The war between mentalism and behaviorism: On the accessibility of mental
processes. Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates.
Venter, J. C., Adams, M. D., Myers, E. W., Li, P. W., Mural, R. J., Sutton, G. G., Smith, H. O., Yandell,
M., Evans, C. A., Holt, R. A., Gocayne, J. D., Amanatides, P., Ballew, R. M., Huson, D. H.,
Wortman, J. R., Zhang, Q., Kodira, C. D., Zheng, X. H., Chon, L., Skupski, M., Subramanian,
G., Thomas, P. D., Zhang, J., Kiklos, G. L. G., Nelson, C., Broder, S., Clark, A. G., Nadeau,
J., McKusick, V. A., Zinder, N., Levine, A. J., Roberts, R. J., Simon, M. Slayman, C.,
Hunkapiller, M., Bolanos, R., Dolcher, A., Dew, I., Fasulo, D., Flanigan, M., Florea, L.,
Halpern, A., Hannonhalli, S., Kravltz, S., Levy, S., Mobarry, C., Reinert, K., Remington, K.,
Abu-Threideh, J., Beasley, E. Biddick, K., Bonazzi, V., Brandon, R., Cargill, M.,
Chandramouliswaran, I., Charfab, R., Chaturvedi, K., Deng, Z., Di Francesco, V., Dunn, P.,
Eilbeck, K., Evangelista, C., Gabrielian, A. E., Gan, W., Ge, W., Gong, F., Gu, Z., Guan, P.,
Heiman, T. J., Higgins, M. E., Ji, R-R., Ke, Z., Ketchum, K. A., Lai, Z., Lei, Y., Li, Z., Li, J.,
Liang, Y., Lín, X., Lu, F., Merkulov, G. V., Milshina, N., Moore, H. M., Naik, A. K., Narayan, V.
A., Neelam, B., Nusskem, D., Rusch, D. B., Salzberg, S., Shao, W., Shue, B„ Sun, J.,
Wang, Z. Y., Wang, A., Wang, X., Wang, J., Wei, M-H., Wides, R., Xiao, C., Yan, C., Yao, A.,
Ye, J., Zhan, M., Zhang, W., Zhang, H., Zhao, Q., Zheng, L., Zhong, F., Zhong, W., Zhu, S. C.,
Zhao, S., Gilbert, D., Baumhueter, S., Spior, G., Carter, C., Cravchik, A., Woodage, T., Ali, F.,
An, H., Awe, A., Baldwin, D., Baden, H., Barnstead, M., Barrow, I., Beeson, K., Busam, D.,
Carver, A., Center, A., Cheng, M. L., Curry, L., Danaher, S., Davenport, L., Desilets, R., Dletz,
S., DodsonK., Doup, L., Ferriera, S., Garg, N., Gluecksmann, A., Hart, B., Haynes, J.,
Haynes, C., Heiner, C., Hladun, S., Hostin, D., Houck, J., Howland, T,, Ibegwam, C.,
Johnson, J., Kalush, F., Kline, L. Koduru, S., Love, A., Mann, F., May, D., McCawley, S.,
Mclntosh, T.( McMullen, I., Moy, M., Moy, L., Murphy, B., Nelson, K., Pfannkoch, C., Pratts, E.,
Puri, V., Qureshi, H„ Reardon, M.f Rodriguez, R., Rogers, Y-H., Romblad, D., Ruhfel, B.,
Scott, R., Sitter, C., Smallwood, M., Stewart, E., Strong, R., Suh, E., Thomas, R., Tint, N. N.,
Tse, S., Vech, C., Wang, G., Wetter, J., Williams, S., Williams, M., Windsor, S., Wlnn-Deen,
E., Wolfo, K., Zaveri, J., Zaverl, K., Abril, J. F., Guigô, R., Campbell, M. J., Sjolander, K, V.,
256 hnm anuel Z. lourinho, Simonc N . Cavalcante, Q ltelc C/. Hrandüo & losianc M . Maciel
Capítulo 32
Identificação e análise de contingências
geradoras de ansiedade: caso clínico
Patrícia Piazzon Üueiroz
Hélio José Çuilhardi
Instituto de AfhUisc de Comportamento - Campinas
0 cliente tem 23 anos, faz curto de graduação e dá aulaa para alunos do en»ino fundamental Verbalizou na primeira sessão:
"Ontem eu passei multo mal! Ando multo ansioso, mas ontem foi o ptor. Nâo conseguia fazer nada, parecia que ia ter um troço.''
A ansiedade é um estado corporal produzido por contingências de reforçamento especificas: um estimulo sinaliza a apresentação
de um estimulo averslvo e nâo há comportamento de fuga-esquiva possível. O sentimento de ansiedade apareceu u partir do
momento em que o cliente foi contratado para dar aula em uma nova escola. Os seguintes elementos aversivos para o cliente
foram Identificados: até entâo dava aulas como voluntário, agora seriam remuneradas (o que significou para ele ter que dar aulas
mala elaboradas); a escola é tradicional (nâo ter sucesso lá eqüivale a ser "medíocre" e ser reconhecido como tal); a escola é a
mesma onde o pai estudou (o pai ainda conhece algumas pessoas que trabalham lá e fracassar poderia decepcioná -lo); a escola
poBBui um sistema de avaliação do professor feita pelos alunos (uma má avaliação seria insuportável e prejudicial, pois
impossibilitaria vir a aumentar o número òe aulas). A história comportamental do cliente foi caracterizada por exigência de
desempentos elaborados e perfeitos, a fim de nâo ser criticado polo pai Assim, desenvolveu um sofisticado e eficaz repertório
do fuga-esquiva mantido por reforçamento negativo O cliente generalizou esse padrão para a situação profissional atual e passou
a preparar aulas exageradamente complexas para o nlvel doe alunos e objetivoa do curso. Como tal, sua relação com a classe
ficou aversiva para ambos os lados Diante da exposição prolongada a essa situação, o cliente começou a relatar sentimentos de
desânimo e cansaço. O procedimento terapêutico envolveu nove etapas - desde levar o cliente a compreender conceitualmente
que sentimentos e comportamentos sâo determinados por contingências (sentimentos nâo sâo causas) até identificar empiricamente
as contingências que vinham operando em sua vida e modificá-las, a ponto de alterar os sentimentos e comportamentos da
queixa O cliente ficou sob controle dos procedimentos da terapeuta e o ambiente natural conseqüenciou de forma reforçadora
positiva os novos padrões comportamentais: os alunos passaram a participar mais das aulas e a Interagir mais com ele antes e
depois da aula. Sua ansiedade ao dar aulas desapareceu, tem apresentado maior variabilidade comportamental, tem ficado mais
atento aos comportamentos dos alunos e menos ás suas auto-rogras rígida*. O processo terapêutico no momento está voltado
para programar a generalização da nova maneira do cliente se relacionar com seu ambiente em outros contextos
Palavras-chave: ansiedade, supressão de comportamento, regraa, auto-regras.
The cllent is a twenty-three-year-okJ undergraduate student who teaches elementary school In the first session, he verballzed,
“Yesterday I felt terrlbk»! I've been very anxious, but yesterday was the worst I couldn't do anything; It seemed llko I was golng
to have a fit." Anxiety is a bodity state produced by speciflc relnforcement contingencies a stimuius signals the appearance of
an aversive stlmulus and there is no escape-avoidance behavior possible. The feeling of anxiety arose when the cllent was hlred
to teach at a new school The following aversive stimuius for the cllent were Identlfled: untll then, he taught as a volunteer, and now
his work would be paid (meaning that he would have to prepare more elaborate classes); the school Is traditlonal (not belng
successlui there is the equivaient of being “mediocre" and being recognized as such); h» father studied at the sam* school (the
father still knows somo people who work there and failure could disappoint him); the school has a system of teacher evaluation by
the students (a poor evaluation would be unbearable and detnmental since it would prohibit extending the number of classes taught)
The cllent s behavioral history was characterized by the demand for elaborate and perfect performances in order to avoid critldsm
by the father He therefore developed a sophisticated and efficient repertoire of escape-avoidance strategies maintalned by
negativo relnforcement. The Client then extended this pattem to his professional situation and began to prepare overly complex
classes for ti») levol of the students and the goals of the coune. The relationship between the class and the teacher became
mutually hostile With extended exposure to this situation, the cllent began to report feeling dlscouraged and tlred. The therapeutlc
procedure involved nine phases - from leadlng the Client to understanding conceptually that feellngs and behavior are determlned
by contingencies (feelings are not causes) to identifying empincally those contlngeociés which had been operatlng in his life and
modlfylng them, to the extent that both feelings and behavior were altered. The cllent was under the control of the theraplBt's
procedures and the natural envimnment, through positive reinlotcement, aflected the new behavioral pattems: students began to
partlclpato more in class and interact more with the chent before and after class. Mis anxiety while teachlng disappeared, he lias
demonstrated greater behavioral variety, and he has been more aware of the students* behavior and less of his strlct self-imposed
rules. The therapeutic process at the moment alms at programmmg an extension of the cllenfs new way of relatlng to his
environment to other contexts
Key words: anxiety. behavior suppression, njles. setf-rules
E continuou:
"Eu lembro também que tínhamos brinquedos com os quais podíamos brincar. Estes
ficavam ao nosso alcance. E que tinham os “especiais“ que ficavam no alto. O trenzinho era um
deles, mas tinha mais. Esses, sô de vez em quando.‘
“Sabe o que eu fazia quando queria brincar com o trem? Eu falava para o meu Irmâo
pedir. E ele ia numa boa. Eu morria de medo de pedir pro meu pai."
"Meu pai não se conforma de eu querer ser professor. Lembro quando eu era pequeno,
ele falava que eu seria diplomata."
“Ele falou que não sabe como eu vou fazer para dar o leite das crianças com salário de
professor. Ninguém valoriza professor e eu não serei valorizado. Ele não se conforma com isso".
"O meu irmão, ele elogia. Não fez faculdade nenhuma. Não estudou. Mas, ele trabalha
numa boa empresa. Isso ele vive elogiando."
O cliente pouco relatou sobre a mãe, descreveu a relação como “boa" e ‘‘tranqüila",
sem se estender mais. Isto pode ter um significado bastante relevante. A mãe poderia ser
uma fonte de contingências alternativas àquelas apresentadas pelo pai. Somente diante
de pelo menos dois controles de estímulos distintos ó possível ocorrer discriminação. Se
a mãe se omite, se cala etc, ela pode ser descrita como “boazinha", no sentido de que não
ó fonte de controle coercitivo e não, necessariamente, por ser fonte de controle reforçador
positivo. Desta maneira, as contingências oriundas do pai podem ter sido as únicas com
função efetiva por controlar os comportamentos do filho, que, privado de contingências que
"Eu acho que a aula tem que ser expositiva, nâo pode perder o ritmo Ela tem que manter
um ritmo do começo ao fim. Eu nâo me conformo porque os alunos nâo sabem a hora de perguntar,
eles interrompem a seqüência, atrapalham o ritmo.’’
"Para uma aula ser boa eu preciso ler vários livros, ver várias opiniões e pontos de vista.
Nâo posso ter só a posição de um autor. Porém, vou ficando ansioso quando vejo que nâo sei tudo
Eu deveria saber, afinal sou o professor."
"Os alunos nâo sabem pensar, querem tudo mastigado, decorado. Nâo aprendem a ter
uma posição critica. Eu nâo vou ser professor que ensina decorar. Eles precisam pensar e refletir.
Nâo existe uma posição fechada, há vários pontos de vista. Eu quero que eles aprendam a pensar.
Nâo vou dar uma aula medíocre para eles".
"Eu nâo sei o que acontece, mas eles estâo começando a bagunçar, conversar. Eu não
quero perder o controle sobre eles. Eu já dei umas duras hoje. Eu nâo estou lá para ensinar
disciplina. Isso enche porque atrapalha a minha aula."
e. Esclarecer que ele funciona mais sob controle de auto-regras do que sob controle das
conseqüências da realidade: "Você acredita que uma boa aula tem que ser difícil, com
várias citações e relações. Você não è sensível a outras alternativas. Só o que você
classifica como certo é que vale.n; uVocê acha que a aula expositiva precisa ser continua
e se incomoda com as perguntas dos alunos. Você nâo observa as necessidades deles,
só seus valores. ”; "Você já observou como os alunos ficam durante as aulas?"; “Já tentou
pensar em outras possibilidades para a aula?”
A escola tem como norma uma avaliação semestral dos professores feita pelos
alunos. No primeiro semestre, quando os procedimentos acima estavam sendo gradualmente
introduzidos, ocorreu a primeira avaliação do cliente. Ele teve uma das avaliações mais
baixas dentre os professores da série. O item 'interação com os alunos’ recebeu uma média
satisfatória, porém a sua clareza na exposição e dinâmica de aula foram bastante criticadas.
O cliente ficou frustrado com a avaliação, apesar de dizer que já esperava esses resultados.
Mas, de qualquer forma, ela foi bastante útil para as discussões em terapia e funcionou
como uma conseqüência aversiva poderosa para mudar seus padrões comportamentais. É
interessante salientar que o cliente aprendeu a responder mais prontamente ao controle
aversivo, isto é, a contingências de reforçamento negativo. A terapeuta usou a condição
aversiva (avaliação) para instalar comportamentos de fuga-esquiva adequados para a situação:
variar técnicas de dar aula, relacionar-se mais informalmente com os alunos durante as
aulas expositivas, usar linguagem mais adequada ao seu público etc. Espera-se que,
posteriormente, tais classes comportamentais evocadas sob controle aversivo passem a
ser mantidas e modeladas pelas conseqüências reforçadoras positivas naturais fornecidas
pelos alunos. Mais uma vez, foi discutido o quanto as aulas não atingiam as necessidades
dos alunos, que ele precisaria ensinar o que ele considerava importante, porém numa linguagem
mais acessível aos alunos, que a dinâmica das aulas precisaria ser alterada e para isso foi
sugerido que ele observasse os professores com maiores pontuações nesse item. De fato,
ele conversou com alguns colegas mais experientes, que lhe descreveram comportamentos
que emitiam em sala de aula. O cliente trouxe as informações dos professores para a
terapeuta e, juntos, discutiram quais comportamentos seriam adequados e que variações
deveriam ser introduzidas na sua atividade didática.
Inicialmente, o cliente ficou sob controle dos procedimentos da terapeuta: introduziu
nas aulas técnicas didáticas descritas por outros professores, adaptadas em conjunto
com a terapeuta; passou a ouvir, sem crítica, as questões dos alunos e a respondê-las;
reduziu o "nível" das aulas, mais compatível com os objetivos da disciplina e com os pró*
R e fe rê n c ia s
Baer, D. M.; Wolf, M. M. e Risley, T. R. (1968). Some current dimensions of applied behavior
analysis. Journal of Applied Behavior Analysis, 1, 91-97.
Skinner, B. F. (1945). The operational analysis of psychological terms. Em B. F. Skinner (1959).
Cumulative Record. New York: Appleton Century Crofts, Inc.
Skinner, P. F. (1980). Epiphenomenon. En R. Epstein (Ed.) Notebooks B. F. Skinner. Englewood
Cnffs, N. J.: Prentice-Hall.
Skinner, B. F. (1991a). O eu iniciador. Em B. F. Skinner, Questões Recentes na Análise
Comportamental. Campinas: Ed. Papirus. Publicação original de 1989.
Skinner, B. F. (1991b). O lado operante da terapia comportamental. Em B. F. Skinner, Questões
Recentes na Análise Comportamental. Campinas: Ed. Papirus. Publicação original de
1988.
Skinner, B. F. (1991c). O lugar do sentimento na análise do comportamento. Em B. F. Skinner.
Questões Recentes na Análise Comportamental. Campinas: Ed. Papirus. Publicação
original de 1987.
Skinner, B. F. (1993). Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Ed. Cultrix. Publicação original de 1974.
Sidman, M. (1995). Coerçào e suas Implicações. Campinas: Editorial Psy. Publicação original
de 1989.
A Terapia por Contingência* è uma proposta terapêutica fundamentada na Ciência do Comportamento o no Behaviorismo
Radical e se caracteriza por ser aplicada, comportamental, tecnológica, conceitualmente sistemática, socialmente eficaz,
habilitada para prover generalização e, eventualmente, analítica. Suas características sAo ilustradas a partir da discussAo
dos comportamentos-problema de uma cliente de 12 anos, realizada num processo de supervisAo clinica, em que, a partir de
dados verbais e de observaçAo direta dos comportamentos da cliente, a terapeuta e o supervisor descreveram as
contingências que produziram os comportamentos da queixa e os sentimentos associados, bem como criaram contingências
que levaram a cliente a ter consciência das contingências às quais respondia e a adquirir repertório para alteré-las,
substituindo as mais adversas por outras, aptas para produzir mais reforçadores positivos e reduzir reforçadores negativos.
Os comportamentos da cliente foram tendo alterados a partir de regras para açAo, Inicialmente mantidas pela terapeuta até
o controle ser transferido para o ambiente social natural, bem como pelo manejo direto das conseqüências na interaçAo
terapeuta-cliente.
Palavras-chave- Terapia por Contingências, contra-controle, autoconheclmento.
Therapy by Contingencies Is a therapeutic proposition based on the Science of Behavior and on Radical Behaviorism, with
the characterlstics of being applled, behavloral, technologic, conceptually systematlc, socially effective, capable of
provldmg generalization, and eventually analytic These characteristics are illustrated by the dlscussion of the problem
behavior» of • 12-year-old cllent, during a supervition procets tn which the theraplst and the supervisor, beglnnlng with verbal
data and direct observation of the cllenfs behavior, described the contingencies that produced the complalnt behaviors and
the related feelings. Theraplst and supervisor also created contingencies that made the cllent aware of the contingencies to
which she responded, and made her capable of acqulrlng the repertoire to alter them, substltutlng the most adverse
contingencies for ones that would produce more positive relnforcers and reduce negativo reinforcers. The cllent'8 behaviors
were altered with rules for action, maintained Initially by the therapist, until control was transferred to the natural social
envlronment, and with direct management of the consequences in the thoraplst-cllent Interaction.
Key words: therapy by contingencies, countercontrol, self-knowledge.
TERAPEUTA
IDENTIFICAÇÃO DA CLIENTE
Cacá1 tem 12 anos, mora com a mâe (TRitaJ e uma irmã (TitaJ de 15 anos e cursa
a 7asérie de uma escola particular. Seus pais são separados desde que a cliente tinha
três anos de idade e seus contatos com o pai são nos finais de semana a cada quinze
dias.
A história contada por Cacá na escola era que ela (Cacá) tinha uma irmã gêmea
idêntica e que a única coisa que as diferenciava era uma marca de nascença. E, que os
pais verdadeiros haviam morrido em um acidente quando elas ainda eram bebês, sendo
que depois foram adotadas.
A mãe relatou também que a única diferença que vinha notando nos últimos meses
era que Cacá estava um pouco triste, pois o pai havia lhe prometido uma viagem de férias
que acabou por não dar certo. A mãe achava que este poderia ser um provável motivo para
Cacá estar inventando essas histórias para as amigas.
SUPERVISO R
O que mais chama a atenção nesse caso é que Cacá não elaborou essa história
para pessoas estranhas, está falando tudo isso para amigas Intimas dela. Além disso, ela
TERAPEUTA
SUPERVISOR
TERAPEUTA
SUPERVISO R
Uma frase que merece comentário é Cacá dizer que não gosta de sair de casa e
que prefere ficar em casa. Cabe uma análise sobre as contingências em funcionamento.
Quando uma pessoa descreve um sentimento, no caso “gosto de alguma coisa", ela pode
estar descrevendo a obtenção de reforçadores: "eu me comporto e obtenho reforço positivo"
e essa contingência produz sentimentos, que podem ser chamados de "bem-estar". Nesse
caso, o paradigma seria de reforçamento positivo, ou seja, "eu fico em casa e faço coisas
que produzem reforços para mim". Mas, há uma outra possibilidade: quando Cacá diz que
"gosta", ela pode estar se referindo a um "bem-estar" que é produzido por alívio e não por
prazer. Neste sentido, é aversivo sair de casa e envolver-se em interações sociais, já que
é possível que ela tenha um repertório social limitado. Então, ficar em casa é estar livre
dessa situação aversiva, logo o “preferir ficar em casa" pode se referir a uma sensação de
alívio. Finalmente, as duas contingências podem estar operando conjuntamente: "eu me
sinto aliviada não saindo de casa" (evito situações aversivas) e “me sinto bem ficando em
casa" (obtenho reforçadores positivos). As questões aqui propostas não são triviais. Têm
a função de colocar o comportamento da terapeuta sob controle de estímulos, de tal forma
que controla seu comportamento de investigar a cliente, a fim de detectar-lhe os déficits
comportamentais, repertórios de fuga-esquiva, as contingências às quais está respondendo
etc. O objetivo terapêutico é levá-la a sentir-se bem consigo mesma. Segundo Skinner
TERAPEUTA
Após esse primeiro encontro com a cliente, a mãe de Cacá solicitou uma sessão
a sós com a terapeuta: *Eu estou muito nervosa. A Cacá escreveu uma carta muito
estranha para as mesmas colegas de escola, falando umas coisas estranhas, sem nexo.
A mãe de uma das meninas me ligou e me entregou a carta”.
Carta de Cacá para as colegas (transcrita literalmente):
Tânia leia esta carta para a Fátima e tentem chegar a alguma conclusão.
Se quizerem falar comigo ligue na casa da môe dela mesmo e falem que vocês
querem falar com a Cacá que eu atendo.
Obrigada
Juliana
A mãe, após ler esta carta, ficou muito preocupada e resolveu olhar a agenda e o
armário da filha. Encontrou outras cartas, e em uma delas, Cacá “conta a história da vida
dela", onde ela tem mais de vinte irmãos, gêmeos e trigêmeos. O Marcelo, citado na carta
é um desses “irmãos", sendo que todos os supostos "irmãos" tinham data de aniversário
anotados na agenda de Cacá.
SUPERVISO R
Observem que esta carta é uma nova elaboraiào, mais um componente da mesma
classe de comportamentos, que começou com a “invenção" da história da irmã gêmea.
Nela, a cliente, às vezes, se coloca como sujeito e, às vezes, se coloca como um terceiro
elemento (a última frase da carta é exemplar). Basicamente, é um pedido de socorro,
alguma coisa ela está buscando, que não é capaz de pedir diretamente ("queria que vocês
pensassem como está sendo a atitude de vocês com ela, eu espero que consigam chegar
a atitude exata"). Ela revela também uma discriminação de que seu comportamento (Qual
exatamente? Escrever a carta, mentir, criar toda essa fantasia?) pode vir a ser punido e
emite um comportamento de fuga-esquiva na forma de um pedido: "não quero que vocôs
fiquem bravas comigo nem com ela nem com ninguórri' e repete o mesmo pedido, linhas
abaixo. Não ó claro o que desencadeou a redação da carta, deve ter havido algum elemento
catalisador. E, ó uma carta pedindo a iniciativa das amigas para reparar alguma coisa que
elas estão fazendo e que fere ("á você e a Fátima sâo o problema"). Ela está discriminando
algum padrão comportamental da amigas de rejeição? Ou ela está sob influência de
operações estabelecedoras potentes (por exemplo, privação afetiva intensa), que a fazem
distorcer a realidade e a levam a interpretar alguns gestos das amigas como abandono,
rejeição etc? O que parece certo ó que Cacá está emitindo comportamentos sem atentar
para as conseqüências negativas (criticas, preocupações com sua sanidade etc) que
TERAPEUTA
A mãe conversou com a filha sobre interesses em fazer alguma atividade, Cacá
pediu para ter aulas de equitação e de desenho. As aulas de desenho começaram na
mesma semana.
A terapeuta disse, então, que queria ver os desenhos feitos pela cliente e pediu
que ela trouxesse alguns de seus trabalhos.
Na sessão seguinte, Cacá trouxe uma pasta com vários desenhos feitos por ela e
a terapeuta iniciou a sessão vendo os desenhos, verbalizando que eram muito bonitos,
com traços bem definidos etc. A terapeuta tambóm passou a perguntar à cliente como ela
fazia aqueles desenhos, que material usava, qual era a técnica e Cacá passou a relatar,
com bastante entusiasmo, como ela desenhava. Ao final da sessão, a terapeuta disse
que havia sido muito bom ela ter trazido os desenhos e que de certa forma ela tinha sido
muito corajosa. A cliente questionou porque a achava corajosa, a que a terapeuta respondeu:
“Quando mostramos o que fazemos, a gente mostra um pouco de
quem a gente é, de como a gente pensa, sente e assim por diante. E, desta
forma, corre-se o risco de não ser elogiada, de não ser bem sucedida por
estar se mostrando. Como tambóm, corremos o risco de sermos elogiadas,
de agradar, de nos sairmos muito bem. E hoje, Cacá, você se permitiu
arriscar".
A cliente concordou com a terapeuta e acabou relatando que ela sempre evitava
se mostrar, pois tinha muito medo e desta forma ficava quieta e não falava nada.
SUPERVISO R
A terapeuta usou uma estratégia própria para evocar mais comportamento verbal,
recorrendo a um forte controle de estímulos, que no caso ó o desenho produzido pela
TERAPEUTA
3 / Sessão com a cliente
A terapeuta selecionou alguns materiais lúdicos (papel, jogos, lápis, canetas etc)
para serem usados durante a sessão.
T: O que vamos fazer hoje? O que você gostaria de fazer?
C: Eu não sei.
T: Escolha alguma atividade, que eu também participo.
C: Ah, não sei muito bem. Escolha você.
A própria cliente tomou a iniciativa de pegar papel e canetas para começar o jogo.
T: Vamos começar. Fale, vocô, algum nome de tópico.
C: Eu não. Eu não sei fazer isso.
T: Com não sabe, vocô me disse que já jogou "Stop". Fale algum tópico, por
exemplo: nome, cidade, cep, marca de carro... escolha algum destes ou outro que vocô
ache bom.
C: Eu já joguei este jogo. Mas, eu não sei colocar estes tópicos que vocô quer. A
minha irmã disse que eu só coloco besteira, que eu não sei nada.
T: Ela não aceita as suas idéias?
C: Não. Tem sempre que ser as idéias dela, só ela sabe jogar.
T: Só jogam vocô e ela?
C: Não. Joga eu, ela, meu pai, a namorada dele e a minha avó.
T: O que seu pai, a namorada e sua avó, que estão jogando, acham disso? De sua
irmã ter sempre razão, ser sempre do jeito dela.
C: Eles deixam a minha irmã decidir porque se não, ela emburra e não deixa
ninguém jogar e acaba o jogo.
T: Nossa, mas são quatro contra um e só ela manda?
C: É, ela sempre quer que seja do jeito dela e eu nunca posso dar a minha
opinião, porque ela não aceita.
SU PERVISO R
A situação formal é lúdica, mas a partir dela pôde-se extrair importante material
clínico. Em primeiro lugar, nota-se a dificuldade de Cacá para tomar iniciativa ("Ah, não sei
muito bem. Escolha você"\ “Eu não. Eu não sei fazer isso".) Em seguida, Cacá descreve
o emaranhado de contingências em operação: 1. ela é punida pela irmã (punição positiva:
“A minha irmã disse que eu só coloco besteira, que eu não sei nada" e, como resultado
dessa consequenciação, Cacá deixa de fazer sugestões): 2. pai, namorada e avó são
punidos pela irmã (punição negativa: “ela emburra e não deixa ninguém jogar e acaba o
jogo" e, como decorrência disso, eles emitem comportamentos de fuga-esquiva, deixando-
a conduzir o jogo); 3. extinção por parte dos adultos: as propostas de Cacá sôo ignoradas
por eles. As conclusões que se pode tirar ó que a situação lúdica funciona mais como um
poderoso SD para evocar comportamentos verbais, classe funcional de tacto, a partir do
qual a cliente descreveu a interação familiar em situação análoga.
Continuação da 3a sessão
SUPERVISOR
A terapeuta diz que a irmã da cliente é mimada. Com isto, a terapeuta está
mostrando para Cacá que o comportamento da irmã é inadequado. Chamar a irmã de
mimada ó diminuir o valor reforçador, o status da irmã, para produzir na cliente uma
discriminação. É a terapeuta atuando para aprimorar a discriminação que a cliente têm
das contingências em operação.
Quando a terapeuta passa a questioná-la sobre o que fazer com essa situação,
está passando para um outro nível, não basta só descrever o que ocorre, é necessário tentar
aprender algum repertório para influenciar as contingências. Nesse sentido, a terapeuta
começa com uma instrução verbal e tenta colocar a cliente sob controle de regra: "vá e faça",
um mando. A probabilidade de a cliente atender ao mando é relativamente baixa pela história
da cliente, pois ela teria que enfrentar uma comunidade já estruturada e controlada pela
irmã. Então, a terapeuta cria condições para a ocorrência de comportamento clinicamente
relevante (Kohlenberg e Tsai, 2001) na sua presença: dá-lhe um SD verbal forte (“Escolha
um tópico...", um mando, em suma) que evocará um comportamento inicial na cliente, que
será conseqüenciado com elogio (conseqüência arbitrária) e com o prosseguimento natural
do jogo (conseqüência natural). Em oportunidades sucessivas, espera-se que o controle da
TERAPEUTA
Continuação da 3a sessão
SUPERVISOR
TERAPEUTA
"A Cacá está muito feliz ultimamente. Esses dias ela me disse: Que
bom mãe que agora eu tenho várias coisas para fazer. Eu adoro quando vai
chegando o fim da semana, pois na quinta feira eu tenho aula de desenho,
na Sexta, a Giuliana (terapeuta,) e no sábado equitação”.
"No final de semana, eu não sei o que aconteceu com a Cacá. Estava
tudo bem, mas ela estava um pouco emburrada. Eu perguntei várias vezes
o que ela tinha e ela dizia que não era nada. Depois eu tive que levara minha
outra filha no shopping e a Cacá não queria ir. Só que eu não podia deixá-la
sozinha em casa, fiz a Cacá ir comigo, mesmo ela dizendo que nâo queria.
Na volta para casa, ela continuava com aquela cara, quieta. Ai eu nâo agüentei
e insisti para que ela falasse. Só sei que, de repente, ela começou a chorar
e disse que tudo o que eu fazia era para a irmã, que ninguém pensava nela”.
"Eu disse para a Cacá que nâo era bem assim, que eu tinha que
levar a irmã deia ao shopping, que eu nâo podia deixá-la em casa sozinha,
pois era perigoso. Eu disse para ela que eu não era duas, nâo dá para fazer
"Eu acho que depois dessa conversa, ela entendeu, pois não falou
mais nada e foi para o quarto".
SUPERVISO R
TERAPEUTA
Em uma sessáo, a terapeuta leu, juntamente com Cacá, um livro que relatava três
histórias envolvendo adolescentes e onde se discutia o sentimento ciúmes. Uma dessas
histórias, falava sobre o sentimento de ciúmes da irmã mais velha em relação à mais nova,
já que esta havia ficado doente e, por isso, recebido muitas atenções.
S UPERVISO R
TERAPEUTA
Continuação da sessão
A cliente relatou então para a terapeuta que havia pedido para a mãe para ir a um
show de música. A mãe aceitou e ficou combinado que a irmã, o namorado e mãe também
iriam. Porém, na última hora, o namorado disse que não poderia mais ir, pois a mãe dele
não poderia levá-lo. Desta forma, a irmã também não queria mais ir e a mãe decidiu então,
que ninguém mais iria ao show.
T: E o que aconteceu?
C: Eu disse para a minha mãe que não estava certo, que eu queria ir, que ela tinha
que dar um jeito.
T: Vocô falou tudo isso para a sua mãe? Você que nunca fala nada, é sempre
quietinha, que guarda tudo dentro de vocô? Eu não estou acreditando. Isso é muito bom,
muito importante.
C: Eu falei, porque eu não achava justo. De novo a minha mãe faz tudo o que a
minha irmã quer.
T: Tudo isso, Cacá, é muito importante, porque você está começando a falar o que
pensa, o que sente falta e está até defendendo os seus direitos. É assim que se faz.
C: É, mas eu chorei pra falar isso.
T: Não tem problema, é que ainda é difícil para você falar sobre essas coisas. O
importante é que você falou e, quem sabe, vai conseguir ir ao show. Pelo menos você fez
a sua parte.
SUPERVISOR
Falas da cliente para a mãe, que evidenciam contra- controles mais adequados:
Referências
Baer, D. M.; Wolf, M. M.; & Risley, T. R. (1968). Some current dimensions of appliod behavior
analysis. Journal of Applied Behavior Analysis, 1, pp. 91-97.
Guilhardi, H. J. (1997). Com que contingências o terapeuta trabalha em sua atuação clinica. Em
R. A. Banaco (org.) Sobre Comportamento e Cogniçâo, vol. 1, cap. 33, pp. 322-337,
Santo André: ARBytes.
Guilhardi, H. J. (2000). Sentimentos e utopia. Texto apresentado no I Encontro clínico-conceitual
behaviorista radical do lAC-Camp. Texto não publicado.
Guilhardi, H. J.; Betini, M. E. S.; e Camargo, M. C. dos S. (1977). Aumento de freqüência de
respostas acadêmicas para alterar a lentidão e eliminar comportamentos inadequados
em um aluno de primeiro grau. Modificação de Comportamento, Pesquisa e Aplicação,
2, pp. 1-30.
Guilhardi, H. J. e Oliveira, W. (1997). Linha de base múltipla: possibilidades e limites deste
modelo de controle de variáveis em situação clinica. Em R. A. Banaco (org.) Sobre
Comportamento e Cogniçâo, vol. 1, cap. 35, pp. 348-384, Santo André: ARBytes.
Guilhardi, H. J. e Queiroz, R B. R de S. (1997). A análise funcional no contexto terapêutico: o
comportamento do terapeuta como foco da análise. Em M. Delitti (org.) Sobre
Comportamento e Cogniçâo, vol. 2, cap.7, pp. 45-97, Santo Andró: ARBytes.
Keller, F. S. e Schoenfeld, W. N. (1966). Princípios de Psicologia. São Paulo: EPU. Publicação
original de 1950.
Kohlenberg, R. J. e Tsai, M. (2001). Psicoterapia Analítica Funcional. Santo André: ESETec.
Publicação original de 1991.
Mais do que ler servtdo a Análise do Comportamento, a Análise do Comportamento me serviu. A AnáliBe do Comportamento
me deu referências para meu trabalho e minha vida pessoal, referências que me permitiram interagir construtivamente com
os outros, trabalhar produtivamente e viver com alegria Ao aceitar este prêmio, uu gostaria de descrever algumas das
características da Análise do Comportamento que me serviram
More than my being of sorvice to Behavior Analysis, Behavior Analysis has been of service to me Behavior Analysis has
provided a framework for both my work and my personal llfe, a framework within which I havo boon able to Inleract
constructlvely with others, to work productively, and to llve happily. In accepting this award. I would like to describe some
of the features of Behavior Analysis that have been of service to me
O presente trabalho aborda a temática da prevenção do câncer, discutindo sobre a representação sôclo-cultural (mitos e
estigmas) do cAncer na sociedade ocidental e os fatores psicológicos: comportamentais e emocionais, que funcionam como
barreiras h prevençAo e a detecção precoce. A partir de uma perspectiva da abordagem analítico comportamental, discute-
se o papel da Psicologia da Saúde, que adotando um modelo blo-psico-social do processo saúde-doença, visa a promoção
de açOes preventivas mais eficazes, um atendimento humanizado, holistico e integral e a qualidade de vida dos pacientes
com cAncer. A relevância da prevençAo do cAncer pode ser justificada e realizada em trás nlvels: 1) primário - promoção da
saúde — por se tratar de uma patologia cu|a etiologia é multlfatorial e a cura ainda nAo foi cientificamente encontrada e
definida; 2) secundário - diagnóstico e detecçAo precoce - pelo fato de que, segundo dados do Instituto Nacional de CAncer
- INCA e do Ministério da Saúde, 90% dos tumores podem ser curados quando diagnosticados precocemente e tratados
corretamente, 3) terciário - tratamento e reabilitação - por se tratar de uma patologia com tratamento agressivo e longo, que
causa impacto e muitas seqüelas negativas na vida do paciente e de seus familiares
Palavras-chave: cAncer, prevençAo, psicologia da saúde, abordagem analítico comportamental.
1 fmcòlon* Uo Hoipilul Ofir I oynla llciòitvPA, obtriMlo deua inMiluivto o apoio financeiro para a participação no IX Incontro liiatilem> de Piivoteripia
e Medicina Comportamental, no qual uma ver»4o anterior deite trabalho foi «prc*cnmda
Pnlcòloya Clinica e Mculrc em Piicolojin leona e PrMjuiia do Comportamento<t)| PA),
e-matl, pmvunMKJlerra.coui br
1 Piicák>|ta <lo lloivpllal onr l-nvolo Helím/PA, obtendo de«a InMlIuiçào o apoio financeiro paro a parluipavâo no IX N inntni llraillelro dc Psicoterapia
e Medtcinn ( oinpoiiainenlal. no qual uma vcinAo anterior de»*e trabalho loi aprenentada Paicrtloya Clinica e Me*tre on Piicoloyla Iroria e Pcm| uím do
Comportamento (HI PAI fi-imnl paty»m*«i)terra cotn br
RKSPOSTASNÂO (O N S K /lÊ N C IA S
SI)
PRKVKNTIVAS
AUTOREGRAS INADEQUADAS
"0 tratamento acelera a morto"
"pensamento mágico de que comigo nAo vai
acontecer"
"fazar exames atrai ou provoca a doença"
"nAo precisa fa/er exames na ausência de
sintomas, porque nâo sente nada"
Referências
Berlinguer, G. (1994) Bioótica da prevenção. Revista Bioótica, vol. 2, No. 2, pp. 117-122.
Chiattone, H. B. (1992) Uma vida para o câncer. In: Angeraml-Camon, V. (Org.), O doente, a
psicologia e o hospital, capitulo 4, (pp. 71-108). São Paulo: Pioneira.
Coelho, F. R. G. (1996) A prevenção do câncer. In: Coelho, F. R. G. (Org.), Curso Básico de
Oncologia do Hospital A. C. Camargo, capitulo 1, (pp. 1-20). Rio de Janeiro, MEDSI -
Editora Módica e Cientifica Ltda.
De Carvalho, V. A. (1996) Aspectos psicológicos ligados ao paciente com câncer e a relação módico-
paciente. In: Coelho, F. R. G. (Org.), Curso Básico de Oncologia do Hospital A. C. Camargo,,
capítulo 18, (pp. 165-176). Rio de Janeiro, MEDSI - Editora Médica e Científica Ltda.
Este trabalho pretende apontar a Análise Experimental do Comportamento como uma abordagem promissora no campo da
educação. Inicialmente, a evolução das propostas de «usino programado è recuperada. A seguir, algumas modalidades
rocentes da utilização de tecnologia Informática na educação são apresentadas. Finalmente, o material contido nas duas
primeiras parles é discutido com o objetivo de estabelecer uma conexão entre ensino programado e qualidade de educação
A análise circunscreve-s* no nivel de contingências tríplice*. A aprendizagem constitui o processo psicológico básico
focalizado Os termos ensino e educação são intercambiáveis. A efetividade constitui a noção norteadorn da análise na
discussão e na avaliaçAo das relaçóes ensino/aprendizagem
Palavras-chave: ensino programado, qualidade de ensino, tecnologia de ensino.
This study Intends to point out the Experimental Behavior Analysis as a promising approach In the fleld of tuachmg At flrst.
the evolution of the programmed learning proposals is recovered Next, some recont forms of Information Technology
applied in education are presented FinaKy, (he material in (he firs< two sections of (he article is discussed This Intond to se(
up a connectlon between programmed learning and education quality. Tfie analysis Is contalned wlthin the triple contingencies'
levei Learning is the psychological basic process emphasized. The terms teachmg and education ate Interchangeable. The
effectlveness is the guidmg notlon of the analysis during the dlscussion process and evaluation of tuaching/lernlng
relationships
Key words: programmed-teaching, teachlng quality, teachmg technology
Bori, C.M. (1974) Developments in Brazil. Em: F.S. Keller e J.G. Sherman. The Keller plan
handbook (pp. 65-72) Menlo Park: CA. W.A. Bonjamin.
Dertouzos, M.L. (1998) O que será - como o novo mundo da informação transformará nossas
vidas. (C. Nogueira, Trad.) Sâo Paulo: Ed. Shwarcz. (Original: 1997)
Keller, F.S. (1968) Good-bye teacher. Journal of Applied Behavior Analysis, 1, 79-89.
Pressey, S.L. (1960) A simple apparatus which gives tests and scores - and teaches. Em: A.A.
Lumsdaine e R. Glaser (Orgs.) Teaching machines and programmed learning - a source
book. (pp. 35-41) Washington, DC: National Education Association. (Original: 1926)
Pressey, S.L. (1960) A machine for automatic teaching of drill material. Em: A.A. Lumsdaine e R.
Glaser (Orgs.) Teaching machines and programmed learning - a source book. (pp. 42-
46) Washington, DC: National Education Association. (Original: 1927)
Pressey, S.L. (1960) A third and fourth contribution toward the coming “Industrial Revolution" in
education. Em: A.A. Lumsdaine e R. Glaser (Orgs.) Teaching machines and programmed
learning - a source book. (pp. 47-51) Washington, DC: National Education Association.
(Original: 1932)
Sherman, J.G. (1974). PSI today. Em: F.S. Keller e J.G. Sherman. The Keller plan handbook. (pp.
59-64) Menlo Park, CA: W.A. Benjamin.
Sherman, J.G. (1992) Reflections on PSI: good news and bad. Journal of Aplied Bhavior Analysis,
25(1), 59-64.
Silverman, E.R. (1978) Programmod Instruction. Em: C. Catania e T.A. Brigham (Eds.) Handbook
ofapplied behavior analysis-social and instructional processes, (pp. 454-481) New York:
John Willey & Sons, Inc.
Skinner, B.F. (1971 > Beyond freedom & Dignity. New York: Alfred A. Knoff.
Skinner, B.F. (1972) Tecnologia de Ensino. (R. Azzi, Trad.) São Paulo: Herder. (Original: 1968)
Skinner, B.F. (1975) The steep and thorny way to a Science of behavior. American Psycholohist,
30(1), 42-49.
Skinner, B.F. (1990) Can Psychology be a Science of mind? American Psychologist, 45 (11),
1206-1210.
Skinner, B.F. (1991) O que terá acontecido com a psicologia como ciência do comportamento?
In: SKINNER, B.F. Questões recentes na Análise Comportamental. (A.L. Neri, Trad.). Sâo
Paulo: Papirus. (Original: 1989) [American Psychologist, 1987, 42 (8), 780-786]
Teixeira, A.M.S. (1983) A individualizaçâo do ensino em uma pré-escola. Psicologia, 9(3), 53-75.
O C o n c e ito d e c o n s c ie n tiz a ç ã o
Num estudo de seis casos de alcoolismo crônico com atrofia cortical ou sub-
cortical decorrente, após quatro semanas de tratamento em ambiente protegido, apesar
da boa evolução aparente de cinco casos, quatro casos obtiveram escores abaixo da
média em um teste de inteligência não-verbal e num teste de memória retentiva, em
comparação com a população normativa de cada teste. Um achado foi a relação entre o
tempo de uso de álcool e o desempenho nos testes, ou seja, os sujeitos de mais idade e
com mais tempo de história de alcoolismo apresentaram resultados mais baixos do que
aqueles mais jovens e com menor tempo de alcoolismo, os quais obtiveram resultados
acima da média. Entretanto, com exceção de um caso, não se observou uma relação
direta entre o grau ou extensão da atrofia com os desempenhos nos referidos testes
(Zago, Salzani e Santos, 1999).
Pacientes que estavam em acompanhamento psicoterápico ou psiquiátrico
ambulatorial antes da admissão em ambiente protegido relataram a dificuldade de
elaboração dos temas tratados nas sessões de terapia. Alguns desses pacientes revelaram
32 8 losí A n tôn io Z j^ o
que consumiam a droga antes das sessóes ou depois delas. Outros, ainda, consumiam
a substância psicoativa com a medicação prescrita.Uma queixa muito comum de
dependentes de álcool e de cocaína-crack é a dificuldade de reter novas informações, isto
ô, um prejuízo da memória de fixação.
Aliado a isso, há de se considerar que tanto o alcoolismo quanto a dependência
de cocaína ou crack provocam inapetência e, conseqüentemente, na maioria dos casos,
perda de peso e desnutrição. Becker, Grinspoon e Herzog (1999) argumentaram que a
terapia individual ficaria prejudicada na anorexia por causa dos déficits cognitivos decorrentes
da perda de peso, sendo portanto contra-indicada até a recuperação significativa do peso.
Embora na dependência dessas substâncias a perda de peso e a desnutrição não atinjam
níveis iguais a um quadro de anorexia, contudo, agregadas ao uso da substância psicoativa,
devem ser consideradas como variáveis importantes quanto ao prejuízo da capacidade
cognitiva do paciente para receber, reter e elaborar as informações e orientações. Em
relação ao álcool, Francês e Franklin (1992) destacaram que as pesquisas não são
conclusivas se esses déficits se devem á ação direta da substância ou se resultantes da
desnutrição por ela provocada.
No entanto, esse prejuízo da cogniçâo, de modo geral, ó temporário. Carlen,
Wortzman, Holgate, Wilkinson e Rankin (1978) identificaram que a atrofia cortical é reversível
em alcoolistas crônicos que interromperam o uso do álcool e Volkow e cols.(1988)
constataram por tomografia computadorizada uma relativa melhora do fluxo sangüíneo
cerebral no córtex pré-frontal em usuários de cocaína após dez dias de interrupção do uso
da substância. Portanto, resultados baixos em testagens psicológicas nesse período de
recuperação não devem ser conclusivos.
Isso significa que o trabalho de conscientização deve respeitar as condições
cognitivas de cada paciente. Além do trabalho grupai na comunidade terapêutica, o contato
individual e diário com cada paciente possibilita um monitoramento de sua evolução e uma
abordagem gradativa conforme suas condições psicológicas, psiquiátricas e biológicas.
Para Miller e Sanchez-Craig (1996), essa diferenciação ou pareamento pode contribuir
com resultados mais satisfatórios da intervenção.
Outros fatores importantes de conscientização no processo de tratamento na
comunidade terapêutica são os contatos periódicos do paciente com familiares por meio
de visitas, saídas terapêuticas e reuniões conjuntas com a equipe multidisciplinar e os
contatos do serviço social com setores de recursos humanos do empregador.
Essas reuniões da equipe com os familiares e pacientes permitem trabalhar
aspectos relacionados à reintegração familiar e social, orientando sobre formas mais
saudáveis de relacionamento, de expectativas e de cooperação entre eles, enfatizando
que a responsabilidade maior de manter-se abstêmio é do paciente.
Temos também constatado que muitas empresas mantêm convênios de saúde e
adotaram a política de recuperação de seu empregado, quando da dependência de
substância psicoativa, ao invés da sumária demissão. Várias delas se mantêm informadas
da evolução do tratamento do paciente e também dispõem de serviços especializados
para o acompanhamento após a saída do ambiente protegido, propiciando que o retorno
ao trabalho ocorra sem maiores problemas de reintegração.
A conscientização é o primeiro passo para aceitar a existência de um problema
cuja solução depende da decisão do indivíduo manter-se abstêmio para rever aspectos de
sua vida, planejar mudanças no estilo de vida no sentido de provocar mudanças
Internações Total
1*. > de 1 (n * 76)
Variável Categorias n % n % n %
Droga de uso
Álcool 14 (18.42) 26 (34,21) 40 (52,63)
Drogas ilicitas 21 (27.63) 15 (19.73) 36 (47,36)
Sexo
Masculino 26 (34.21) 35 (46,05) 61 (80,26)
Feminino 9 (11.84) 6 (7.89) 15 (19,73)
Faixa etária
< de 20 anos 1 (1.31) 0 (0,0) 1 (1.31)
de 21 a 30 anos 11 (14.47) 7 (9,21) 18 (23,68)
de 31 a 40 anos 6 (7.89) 14 (18,42) 20 (26.31)
do 41 a 50 anos 13 (17.10) 17 (22,36) 30 (39.47)
> de 50 anos 4 (5.26) 3 (3,44) 7 (9.21)
Estado civil
Solteiro 19 (25.0) 20 (26,31) 39 (51,31)
Casado 11 (14,47) 14 (18,42) 25 (32,89)
Separado 5 (6.57) 7 (9.21) 12 (15.78)
Ensino
Fundamental 4 (5.26) 7 (9.21) 11 (14,47)
Médio 19 (25,0) 26 (34,21) 45 (59.21)
Superior 12 (15.78) 8 (10,52) 20 (26,31)
Situação profissional
Empregado 22 (28.94) 25 (32,89) 47 (61,84)
Desempregado 3 (3.94) 11 (14,47) 14 (18.42)
Do lar 2 (2.63) 0 (0.0) 2 (2.63)
Estudante 5 (6.57) 3 (3.94) 8 (10.52)
Aposentado 3 (3.94) 2 (2,63) 5 (6,57)
ReligiAo
Católica 31 (40,78) 31 (40,78) 62 (81,57)
Evangélica 1 (1.31) 5 (6.57) 6 (7,89)
Espirita 2 (2,63) 3 (3.94) 5 (6.57)
Outras 0 (.0.0) 1 (1.31) 1 (1.31)
Sem religiAo 1 (1.31) 1 (1.31) 2 (2.63)
Usar a substância
Peso
Sím Nôo
100 100
Recompensas? Sim 0,50
O.fiOxIOO'*) o.aoxioíHso
0 30
Não 0,50
O.&OxOO 0.50x20*15
Conclusão
A reintegração social do paciente dependente de drogas após o tratamento no
ambiente protegido não se efetiva somente com a re-inserção na vida familiar, ocupacional
ou escolar, mas sobretudo com a manutenção da abstinência e com o seguimento do
R e fe rê n cia s
American Psychiatrlc Association (1995). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
- DSM-IV (D. Batista, Trad.). Porto Alegre: Artes Módicas (Trabalho original publicado em
1994).
Bandeira, M. (1993). Reinserção de doentes mentais na comunidade: fatores determinantes
das re-hospitalizações. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 42, 491-498.
Becker, A.E., Grinspoon, S.K. e Herzog, D.B. (1999). Eating disorder. New England Journal of
Medicine, 340, 1092-1098.
Bocallandro, E.R. (1966J. G 36: Teste de Inteligência Não-verbal. São Paulo: Vetor.
Carlen, P.L., Wortzman, G., Holgate, R.C., Wilkinson, D.A. e Rankin, J.G.(1978). Reversible
cerebral atrophy in recently abstinent chronic alcoholics measured by computed
tomography scans. Science, 200, 1076-1078.
Dunn, J. e Laranjoira, R. (1996). The epidemic that was allowed to happen. Addiction, 45, 191-199.
Dunn, J., Laranjeira, R., Da Silveira, D.X., Formigoni, M.L.O. e Ferri, C.P. (1996). Crack cocaine:
an increase in use among patients attending clinics in Sâo Paulo: 1990-1993. Substance
Use & Misuse, 31, 519-527.
Francês, R.J. e Franklin Jr., J.E. (1992) Transtornos por uso de álcool e outras substâncias
psicoativas. Em J. Talbott, R. Hales e S. Yudofsky (orgs), Tratado de Psiquiatria (D.
Batista e M.C.M. Goulart, Trads.), (pp. 234-266). Porto Alegre: Artes Médicas (Trabalho
original publicado em 1988).
Heron, W. (1977). A patologia do tédio. Em Psicobiologia: as bases biológicas do comportamento:
textos do Sclentific American (L. Aratangy, Trad.), (pp. 192-197). Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos (Trabalho original publicado em 1957).
Hunt, W.A. (1993). Neuroscience research: how has it contributed to our understanding of alcohol
abuse and alcoholism? A review. Alcoholism: Clinicai and Experimental Research, 17,
1055-1065.
Kaye, R.B. e Fainstad, M. (1987). Cerebral vasculitis associated with cocaine abuse. JAMA,
258, 2104.
Littleton, J.M. (1995). Acamprosate in alcohol dependence: how does it work ? Addiction, 90:
1179-1188.
Mckay, J.R., Cacciola, J.S., Mclellan, A.T., Alterman, A.l. e Wirtz, P.W. (1997). An initial evaluation of
the psychosocial dimensions of the American Society of Addiction Medicine criteria for
inpatient versus intensive outpatient substance abuse rehabilitation. Journal of Studies
on Alcohol, 58, 239-252.
Miller, W.R. e Sanchez-Craig, M. (1996). How to have a high success rate in treatment: advice for
evaluators of alcoholism programs. Addict, 91, 779-785.
0 ’Malley, S.S., Jaffe, A J., Chang, G., Schottenfeld, R.S., Meyer, R.E. e Rounsaville, B. (1992).
Naltrexone and coping skills therapy for alcohol dependence. Archives of General
Psychiatry, 49, 881-887.
Scivoletto, S. e Andrade, A.G. (1997) Complicações psiquiátricas pelo uso do álcool. Em S.P.
Ramos e J.M. Bertolote (orgs), Alcoolismo Hoje{pp. 111-129). Porto Alegre: Artes Módicas.
A literatura nas duas últimas décadas tem indicado uma rotativa escasae/ de trabalhos de terapia infantil que sAo desenvolvidos
a partir dos princípios da análise do comportamento Dois extremos parecem ainda conviver no campo da terapia comportamental
infantil: de um lado tem-se uma abordagem baseada em um conjunto de técnicas para problemas específicos e, de outro
lado, tem-se uma abordagem baseada na incorporaçAo de conceitos e pressupostos de diferentes áreas tais como a
psicopatologia e a psicologia do desenvolvimento Princípios operantes têm sido, em geral, negligenciados na terapia
comportamental infantil voltada para a prevençflo e tratamento nas Areas de habilidades acadêmicas, atençflo, transtornos
alimentarea, transtornos de ansiedade e comportamentos depressivos. A partir desse contexto, nota-se a inconsistência
entre a Area aplicada, especificamente os trabalhos desenvolvidos na área clinica denominados de terapia comportamental
infantil, e os pressupostos teóricos e metodológicos da Análise do Comportamento. Uma inteyraçAo entre a pesquisa e a
aplicaçAo ou, entro trabalhos conceituais, trabalhos empíricos e aplicações da análise do comportamento é essencial para o
desenvolvimento da terapia analítico-comportamental infantil Da mesma forma, a preocupação com a linyuagom utill*ada
nos trabalhos práticos é fundamental para promover ciare/a das investigações e sustentação das conclusões
Palavrat-chava: behaviorismo radical, terapia comportamental infantil, terapia analitico-comportamental Infantil
The literatura in the last two decades has indicated a relativo lack of child behavior therapy works that are based upon
behavior analysis principies Two extremes seem to coexist in the field of child behavior thorapy on one hand thefe is an
approach based on lechmquos lor specifíc problama and, on the olhar hand, then» ia an approach based on itw incorporation
of concepts and assumptlons from different areas such as psychopathology and child development Operant principies have
been, in general, neglected in behavior therapies devoted to the prevention and treatment of academlc abilitles, attentlon
déficits, eatlng problems, anxiety and depression. In this context, there is an Inconslstency between the applied area,
speclflcally the one denominated child behavior therapy, and the theoretical and methodological assumptlons of behavior
analysis. Integration between research and application or, between conceptual, empirical and applied work In bohavloral
analysis is essential for the development of child behavior analytic therapy. Concern with the used terms In practical works
is also fundamental to promote clarity of the investigations and support for their conclusions
Key worda: radical behaviorism, child behavior therapy, child behavior analytic therapy.
340
A terapia analítico-comportamental infantil dedica-se à promoção de construção
de repertório comportamental na criança possibilitando, entre alguns potenciais benefícios,
uma maior adaptação social e rendimento acadêmico. Comportamentos considerados
dosadaptativos, já instalados no repertório da criança, passam a concorrer com outros
comportamentos adaptativos que sâo modelados e fortalecidos no transcorrer de uma
intervenção terapêutica e que passam a fornecer uma fonte significativa de reforçamento
concorrente (C. Skinner, 1998). A prevenção também deveria ser uma ênfase central na
terapia analítico-comportamental infantil. O terapeuta deveria atuar em questões tais como
a entrada na escola ou a transição da escola elementar, em geral, contendo um único
professor para a exposição a muitos professores em sala; mudanças de escola ou de
cidades são algumas questões onde se observa a subutilização de princípios da análise
do comportamento na intervenção clínica com crianças (Peterson, 1997). Terapeuta e os
responsáveis pela criança selecionam procedimentos e arranjos a ser implementados no
ambiente da criança que favorecem a aquisição e manutenção de comportamentos, os
quais possibilitam maior sucesso adaptativo, importante nas interações da criança a curto
e a longo prazo. Esse tipo de interação, por sua vez, em geral, resulta em crianças mais
participativas e assertivas.
Um dos pontos principais para a intervenção terapêutica é a preservação dos
direitos da criança. Ao discutir os direitos da criança formalizados no Estatuto da Criança
e do Adolescente, Mello (1999) enfatiza uma postura contemporânea, ainda não adotada
por todos os profissionais que lidam com a criança, de não se culparem as famílias de
baixa renda pelo trabalho infantil e pela falta de escolaridade da criança. Ao contrário, ao
recuperar a história dessas famílias, observa-se que o trabalho infantil está presente em
várias gerações, especialmente no meio rural e, quanto à falta escolaridade, há, sim, falta
de amparo das escolas públicas às famílias de baixa renda, as quais, em geral, são
desqualificadas por não possuirem elementos próprios da educação formal, não se
observando a inserção dessas famílias na escola (Mello, 1999). Alguns modelos teóricos
normativos e suas concepções da criança desqualificam-ria como um sujeito que tenha
seus próprios direitos independente de seus genitores. O processo de infantilização da
criança a apresenta para a sociedade como alguém que se tornará sujeito, como uma
mera extensão dos pais. Ademais, algumas teorias psicológicas e pedagógicas contribuem
para uma análise unidirecional da influência da família e da escola sobre a criança (Andrade,
1998).
A Terapia Comportamental mostra um distanciamento dos princípios da Análise
do Comportamento (Anderson, Hawkins & Scotti, 1997; Kohlenberg, Tsai & Dougher, 1993).
A ênfase estruturalista, projetos nomotéticos de avaliação e diagnóstico afastam-se do
modelo selecionista skinneriano (Cavalcante, 1999; Gresham, 1998a). Delineamentos
experimentais de caso único são subutilizados na prática clinica. Muitos clínicos ignoram
o paradigma do sujeito como seu próprio controle como uma alternativa de pesquisa, o
que segundo Hayes (1981) pode ser atribuído ao ensino dessa metodologia por estatísticos
ou psicólogos experimentais que não têm familiaridade com problemas clínicos. A pesquisa
tradicional em psicologia utiliza o modelo nomotético, o qual parte de um planejamento de
grupo e utiliza recursos estatísticos para determinar a "verdade" dos resultados obtidos.
Por outro lado, a natureza idiográfica da abordagem analítico-comportamental parte da
metodologia do sujeito como seu próprio controle, o que implica na obtenção de medida
repetida, na análise da variabilidade comportamental, em mudanças experimentais entre
C o n clu sã o
O distanciamento observado da Terapia Comportamental Infantil dos princípios do
behaviorismo radical e da análise do comportamento tem sido apontado por muitos
terapeutas analítico-comportamentais. Investimentos na promoção de maior clareza da
linguagem utilizada, dos conceitos e da metodologia empregada possibilitará o
desenvolvimento dessa área, favorecendo um maior intercâmbio pesquisa-aplicação
(Todorov, 1982). M.M. Silva (2000) discute, por exemplo, o uso do termo desenvolvimento,
o qual denota uma abrangência que leva a confusões conceituais e compromete sua
utilidade. O termo tem sido empregado para referir-se a um processo, um produto, uma
causa e uma conseqüência. Segundo o Ministério da Saúde (1995, citado por M.M. Silva,
2000), crescimento é estabelecido como desenvolvimento físico e desenvolvimento como
desenvolvimento psíquico. O crescimento seria medido a partir de curvas de peso/altura/
idade, estabelecendo um padrão de normalidade, enquanto que o desenvolvimento seria
medido a partir de comportamentos esperados para uma determinada idade da criança. O
termo crescimento, utilizado pelos médicos, é mais delimitado do que o termo
desenvolvimento, quando utilizado por psicólogos (M.M. Silva, 2000).
O argumento a favor de uma abordagem eclética de intervenção que insira projetos
nomotéticos de avaliação e intervenção, a utilização de um sistema de classificação
diagnóstico por síndromes e a inserção de teorias psicológicas do desenvolvimento na
terapia comportamental infantil não representam a abordagem analltico-comportamental.
Embora, como discutido anteriormente, essa abordagem tenha sido subutilizada, existe
um crescente número de publicações que têm mostrado a recuperação dos laços com a
análise do comportamento na terapia comportamental infantil (e.g., Watson & Gresham,
1998; Conte, 1997; Conte & Brandão, 1999; Rocha & Brandão, 1997; Regra, 1997).
A terapia analítico-comportamental infantil evidencia uma marcante diferença da
terapia comportamental infantil, qual seja, a mudança da ênfase tradicional da eficácia do
R e fe rê n cia s
American Psychiatric Associatlon (1994). Diagnostic and statistical manual of mental disorders
- DSM-IV. Washington, DC: APA.
Anderson, C.M., Hawkins, R.P. & Scotti, J.R. (1997). Private events in behavior analysis: conceptual
basis and clinicai relevance. Behavior Therapy, 28, 157-179.
Andrade, A.N. (1998). A criança na sociedade contemporânea: “Do ainda não" ao cidadão em
exercício. Psicologia: Reflexão e Critica, 11, 161-174.
Bellack, A.S. (1986). Schizophrenia: Behavior therapy’s forgotten child. Behavior Therapy, 17,
199-214.
Belfiore, P.J. & Hutchinson, J.M. (1998). Enhanclng academic achievement through related
routines. Uma abordagem funcional. Em T.S. Watson & F.M. Gresham (Orgs.), Handbook
of Child Behavior Therapy (Pp. 83-97). New York: Plenum Press.
Cavalcante, S.N. (1999). Análise funciona/ na terapia comportamental: Uma discussão das
recomendações do behaviorismo contextualista. Dissertação de Mestrado, Universidade
Federal do Pará, Pará.
Cavalcante, S.N. & Tourinho, E.Z. (1998). Classificação e diagnóstico na clínica: possibilidades
de um modelo analítico-comportamental. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 14, 139-147.
Chorpita, B.F. (1997). Children, promises, and behavior therapy. Commentary on “Behavior
therapy's promise for child treatment: Where we've been, where we may be going.
Behavior Therapy, 28, 543-546.
Conte, F.C.S. (1997). A criança em seu processo terapêutico: reflexões a partir de um estudo de
caso. Em M. Delitti, Sobre Comportamento e Cogniçâo. A prática da análise do
comportamento e da terapia cognitivo-comportamental (Pp. 147-154). São Paulo:
ARBytes.
Conte, F.C.S. & Brandão, M.Z.S. (1999). Psicoterapia analítico-funcional: a relação terapêutica e
a análise comportamental clínica. Em R.R. Kerbauy & R.C. Wielenska, Sobre
comportamento e cogniçâo. Psicologia comportamental e cognitiva - da reflexão teórica
à diversidade na aplicação (Pp. 134-148). Santo Andró, SP: ARBytes.
DuPaul, G.J. & Hoff, K.E. (1998). Attention/concentration problems. Em T.S. Watson & F.M. Gresham
(Orgs.), Handbook of Child Behavior Therapy (Pç>. 99-126). New York: Plenum Press.
Gresham, F.M. (1998a). Designsforevaluating behavior change. Em T.S. Watson & F.M. Gresham
(Orgs.), Handbook of Child Behavior Therapy (Pp. 23-40). New York: Plenum Press.
The FAP - (Functional Analytic Psychotherapy), proposed by Kohlenberg and Tsai (1991) for the psychottwapeutic
Intervention In adults, where tho client-therapist relatton analysis together with the client is the main psychotherapy strategy,
has benn used In children and teenagers e has been revealing to be useful and worthy (Conte, F.C. e BrandAo, 1999; Conte,
F.C. e Rogra, J 2000). The present paper is a research In the sarna dlrectlon and assoclates the FAP to the functional
analysis of the dreaming behavior, of the dream's content and of the dream's report to the therapist. The main FAP
characteristics are briofly presented and It is lllustrated, and once again, its adequacy to the children psychotherapeutic
process. It Is presented as well, the radical behavlorlst comprehension of the dreaming behavior and aro detached the galn
that can come from the functional analysis of the dream and of the cllenfs behavior of reportlng their dream to the therapist.
Examples that illustrate the mentioned possibilities and the positive effects of the use of this combination of strategies In the
young population are presented as well.
Key w ords: functional analytic therapy, dream analysis. children psychotherapy, dreaming behavior, analysis of lhe
therapeutic relation.
A FAP considera que os problemas que os clientes têm em sua vida diária ocorrem
ou podem ocorrer na relação terapeuta - cliente, se houver similaridade funcional entre os
dois am bientes (clin ico e do dia a dia do clien te). Assim, o c o n te x to c lin ic o pod eria conter
cla sse s de e stím u lo s d iscrim in a tivo s ou e licia d o re s de im p o rta n te s am ostras
comportamentais dos clientes, mais amplas, relacionadas aos problemas queixados,
muitos deles, comportamentos de esquiva desadaptativos e seus correlatos emocionais,
gerados basicamente por exposição a contingências aversivas e acesso a poucas fontes
de reforçamento positivo.
Uma vez que o ambiente terapêutico pode evocar ou eliciar respostas clinicamente
relevantes do cliente, as reações do terapeuta às mesmas podem afetá-las, favorecendo
tanto a auto-observação das mesmas por parte do cliente, como a promoção das mudanças
terapeuticamente desejáveis, no momento em que tais comportamentos ocorrem. Dada a
similaridade ambiental, os novos comportamentos do cliente que ocorrem no contexto
clinico, modelado pela interação terapeuta cliente podem generalizar-se (enquanto parte
de uma classe funcional) para outros contextos e relações sociais extra clinica (Kohlenberg
eTsai, 1991).
Para que isso ocorra, a relação terapêutica, principal instrumento de mudança,
deve ser verdadeira, genuína, transparente, de cuidado com o cliente e minimamente
aversiva.
Tal contexto, de aceitação do cliente, de empatia, de riqueza emocional, de
esperança de obter o "alivio" ou o prazer desejado, com apoio do conhecimento da pessoa
do terapeuta, funcionaria como estabelecedora para a apresentação, por parte do cliente,
de operantes e respondentes, que fazem parte das classes socialmente punidas ou passíveis
de punição, na sua interação com o terapeuta; ao mesmo tempo em que favoreceria a
aceitação pelo cliente das explicações, instruções e interpretações do terapeuta, para
que se arriscasse a aumentar sua tolerância a emoções aversivas, através de exposição
e enfrentamento.
Em conseqüência, o cliente poderia apresentar novos operantes e respondentes
no ambiente externo ao clínico e colocar-se mais sob o controle de reforçamento positivo.
A criança relatou à terapeuta, posteriormente, como foi o seu diálogo com o pai
através de um teatro de fantoches, o que favoreceu a formulação de uma nova auto-regra:
eu posso sempre tentar expressar o que desejo e sinto; nem sempre dará certo; se eu
nunca fizer, nunca dará certo e nunca saberei o que aconteceria se eu tentasse. Se eu
tentar, estarei fazendo a minha parte (auto tato e auto mando mais realistas).
A criança melhorou sensivelmente, após esta etapa, e ampliou a sua assertividade
com outras pessoas. Sentia-se mais “corajosa” e superou a enurese noturna. A mãe teve
poucas mudanças no decorrer do processo e o pai continuou melhorando em sua interação
com os filhos. Ocorreu a separação dos pais posteriormente, a criança já havia encerrado
o processo e não teve recaídas. Suas relações com os amigos melhoraram e sua segurança
pessoal também.
O processo psicoterápico é um conjunto de intervenções, planejadas ou não,
realizadas conscientemente ou não pelo terapeuta, mais ou menos embasadas em
conhecimentos, estratégias, princípios e técnicas previamente estabelecidos, que se
combinam num contexto e num tempo, em processos únicos. Tudo isso torna difícil saber
o que funciona na psicoterapia, de fato. Porém, os terapeutas observam os resultados de
suas intervenções junto aos clientes e a riqueza de efeitos comportamentais que ocorrem
em um dado momento. Isso os faz analisar e repetir relações entre os eventos. A repetição
do estilo de interação e da seqüência aqui apresentada, em momentos oportunos, tem
mostrado resultados bastante positivos. A exploração da FAP com crianças, da análise
Referências
Callaghan, G. M,(2000) - The Clinicai Utiiity Of Client Dream Reports From A Radical Behavioral
Perspective - The Behavior Therapist -19(4),
Conte, F.C.S & Brandão, M. Z. S. (1999) - Psicoterapia Analítico Funcional: A Relação Terapêutica
E A Análise Comportamental Clínica - em R. Kerbauy, e R. Wielenska (Orgs.), Sobre
Comportamento e Cogniçâo Vol. 4 - S. Andró: Arbytes Editora.
Conte, F.C.S. & Regra, J. A.G. (2000) - Psicoterapia Comportamental Infantil: Novos Aspectos.
Em E.F.M. Silvares (Org.), Estudos de Caso em Psicologia Clínica Comportamental Infantil
- Vol. 1 - Campinas: Papirus Editora.
Kohlenberg, R.J. & Tsai, M (1991) - Functional Analytic Psychotherapy - Creating Intense and
Curative Therapeutic Relationships. Plenum Press: Now York.
Kohlenberg, R.J. & Tsai, M(1987) - Functional Analytic Psychotherapy .In N. S. Jacobson (Ed.)
Psychotherapists in Clinicai Practice: Cognitive and Behavioral Perspectives. New York:
Guilford Press.
Skinner, F.B.(1957) - Verbal Behavior - Now York: Appleton Century Grofts, Inc.
Skinner, B.F. (1993) - Sobre o Behaviorismo.(M. P. Villalobos, Trad.) São Paulo: Editora Cultrix.
(trabalho original publicado em 1974).
Paula Dehert
PUC SP
A relevância do estudo experimental com Infra-humanos para o entendimento do qualquer comportamento humano parece
ser consolidada na análise experimental do comportamento. Entretanto, multoa ainda te moutram cèticoa quanto a importância
de se estudar, com sujeitos infra-humanos, comportamentos complexos, tais como aqueles que envolveriam o quo é
comumente chamado de ‘ aprendizagem complexa* ou ‘ cogniçào*. Tal resistência geralmente tem como base o argumento de
que estes estudos envolveriam tamanha simplificação que justamente eliminaria a complexidade característica de tais
comportamentos, no caso, o próprio objeto de estudo em questflo. A partir da descrição de como alguns autores, que
estudaram comportamento complexo com sujeitos infra-humanos, discutem a relevância destes Irabalhos, o presente texto
teve por objetivo reunir e Ira/er novos dados para responder a seguinte questão: quais seriam os argumentos que
contribuiriam para destacar a relevância do estudo experimental do comportamento complexo com sujeitos infra-humanos?
Para tanto, primeiramente foram apontadas as dificuldades encontradas no estudo direto desses comportamentos com
sujeitos humanos devido a sua complexidade, Inacessibilidade e a considerações éticas. Em um segundo momento, a
relevância do estudo do comportamento complexo com infra-humanos foi apontada tendo em vista os dados disponíveis
com os quais, especificamente, poder-se-la contribuir para avançar em discussões teóricas e metodológicas que dizem
respeito ao comportamento complexo humano. Tais discussões envolvem questões que se referam, principalmente, à
delimitação daquilo que é característico do ser humano como também as interpretação a respeito do tipo de diferença
(qualitativa ou quantitativa) que sa supõe existir entre humanos e Infra-humanos. Uma vez que uma interpretação analítico-
comportamental parte da noção de que tais comportamentos são produtos de uma história de refoçamento passível de ser
descrita e analisada, questões metodológicas a ser respondidas a partir destes estudos, e não dlvagações a respeito da
natureza humana, passam a ser de maior Importância.
Palavras-chave: comportamento complexo, cogniçào, sujeitos infra-humanos.
The relevance of the experimental study with infra-humans for the understandmg of any human behavior seems to be
Consolidated in the Fxperimental Analysis Behavior. However, many authors are stlll skeptics about such relevance where
complex behavior, such as what is usually called "complex learning" or “cognition", Is concerned. Such resistance generally
is based on the argument that experimental studies with infra-humans necessarily involve simpllflcation, which elimlnates the
very definlng characteristlc of complexlty, the feature of behavior that should be at issue. The present artlcle aimed at
gatherlng some data to answer the following question: what would be the arguments that would contnbute to highlight the
rolevance of the experimental study of the complex behavior with infra-humans subjects? This Is done from the perspective
of some authors that studled complex behavior with Infra-humans subjects. First, the dlfficulties found in the direct study of
these so-called cognitive behaviors with human subjects due to complexlty, Inaccessibility, and the ethlcal conslderatlons are
dlscussed. Second, the relevance of the study of the so-called complex behavior with infra-humans Is pointed out by argulng
with some avallable 'animal' data that have contrlbuted to the development of theoretlcal and methodological issues related
to human complex behavior, Such dlscusslons involve matters tlvat refer, mostly. to the delimitation of what is characteristic
of the human being as well as interpretations concemlng the kind of difference (qualitative or quantitativo) which we suppose
to exlst between human» and infra-humans. Conslderlng that from a behavior analytic perspective complex behavior, as any
other behavior, is the product of a history of relnforcement that can be described and analyzed, the methodological issues
that will be pomted out by these studles are much more Important than dlgressions conceming human nature
Key words: complex behavior, cognition, Infra-human subject.
' A autora agradaca i i augcatOM a a culdadoaa raviaSo Anui d* Mana Amalia Pta Abib Andery
A praparaçío Inicial daal* trabalho contou com o auxilio da FAPESP (Prooaaao 04/04121-6).
Taxlo apraaantado oralmanta (palaalra) na IX Rauniâo Anual da AaaodaçAo Braanwra da Httcolerapw a Madona Comportamantal
1. Multideterminação
Segundo Skinner (1953), o fato de todo comportamento ser função de múltiplos
determinantes é justamente o que lhe confere complexidade. No caso do comportamento
1Como Mrá viito a seguir noa «xampto* d* peaqulaa deetacadoe, a literatura tem atribuído, am grande parta da* vttzet, o rótulo de 'comportamento
complexo" a comportamento* que envolvem o que è comumente chamado de ‘ aprendl/agem complexa', 'memória", 'linguagem ', 'cogniçâo'. ‘ toluçAo
tle problema»-, "criatividade", "pentamento produtivo", auto consciência’ , etc
3. Considerações éticas
"Inlaraaaadoam daauobnr o d » da Ma ou ■ manata qua n U m daaanvofcana am uma cnança *am •q j*n *o n prftvw da uonvwwr oom alguém,(■'rndanuo II ordenou
qua mâaa, «mm ato. tomacaaaam lodo* o* cuidado* nacaaaArio* ao* m u i IHhoaa cnançaa, ma* d* torma alguma podariam falar com «In O Imparador daaajava
vartflcar qual danlra aa NnguaaawatanlM Mria apraaantada por aataa crianças. Elaa hlanam habraloo. a Hngua malaantiga anlro Ioda*, grego, Mm, Araba ou a língua
do *aua pa«? Como |Afai dito. Ioda* as criança* n*o «obrevlveram, o qua tol aWbuldo ao lalo d* taram *ldo prtvadaa da* palavra* da aua* mia* doada o naadmanto.
*0 projeto Columban envolveu uma %érmde estudos publicados em diferentns luoares e por diferentes grupo» de mrioret Oa autores citados no longo do
presente texto referem-se eaper.rflcamente Aquele* cujos nome* foram apresentado* nas publicações referida*, dando se preterénda As publicações que
envolveram descrições e anAlises do conjunto de eetudo que compuseram o Projeto Columban
364 IM>erl
(1981) relata um estudo conduzido por Savage-Rumbaugh, Rumbaugh e Boysen (1978),
em que dois chimpanzés parecem ter apresentado "comunicação simbólica". Entretanto,
estes autores não atribuíram tais desempenhos a uma história ambiental e sim a intenções,
a aspectos cognitivos, usualmente atribuídos a humanos.
Segundo Epstein (1981), no estudo com os chimpanzés de Savage-Rumbaugh,
Rumbaugh e Boysen, um dos chimpanzés assistia o experimentador esconder alguma
comida e, na presença de um outro chimpanzé, pressionava botões de um teclado com os
quais iluminava um símbolo correspondente à comida escondida. Se o outro chimpanzé,
então, pedisse a comida utilizando este símbolo, ambos eram reforçados com comida. De
acordo com Epstein (1981), este procedimento apresentou uma série de falhas como, por
exemplo, o fato de talvez os símbolos estarem funcionando como demandas para comida,
mais do que nomes (seriam "mandos", mais do que "tato"). Para eliminar estes problemas,
Epstein, Lanza e Skinner (1980) conduziram algumas alterações no procedimento descrito,
visando replicar os dados de Savage-Rumbaugh, Rumbaugh e Boysen (1978) com pombos.
Mais especificamente, esse experimento, descrito a seguir*, teve por objetivo estabelecer
um repertório similar àquele produzido com macacos, chamado de comunicação
simbólica.
A caixa experimental empregada no estudo conduzido por Epstein, Lanza e Skinner
(1980) era dividida em dois compartimentos por um vidro. Em cada um deles era colocado
um de dois pombos que poderiam se ver através do vidro. Apenas respostas específicas
foram diretamente ensinadas pelo experimentador no treino. Em um primeiro momento,
cada um dos dois pombos foi ensinado separadamente a relacionar cada uma das 3 letras
com suas cores correspondentes (por meio do procedimento matching to sample). Em
um segundo momento, o ouvinte foi apenas ensinado (pelo experimentador) especificamente
a pressionar a chave em que estava escrito “QUE COR?". O informante, por sua vez, foi
ensinado, também diretamente pelo experimentador, a olhar atrás de uma cortina onde se
encontrava uma das três cores visualmente inacessíveis ao ouvinte e a bicar uma das 3
letras que correspondia a essa cor. Em um terceiro momento, os dois pombos foram
colocados, ao mesmo tempo, na caixa experimental, cada um de um lado da caixa,
separados pelo vidro. O ouvinte foi, então, ensinado diretamente a bicar uma chave escrito
"OBRIGADO", depois que visse o informante bicando a letra correspondente à cor que
encontrou acesa atrás da cortina. Além disso, o informante, depois de bicar a chave
“OBRIGADO", foi ensinado, também diretamente e especificamente, a bicar a cor
correspondente a letra que o falante bicou.
Em um primeiro momento, os pombos apresentaram um desempenho um pouco
acima do nível do acaso, mas, no decorrer da sessão, os desempenhos foram melhorando
e, nas últimas sessões, 90% das respostas emitidas foram corretas. Depois que os pombos
apresentaram esta alta porcentagem de acertos, durante algumas sessões, foram
conduzidos testes em que o experimentador não mais controlava manualmente a liberação
de reforço contigente a cada uma das tarefas especificamente ensinadas; a liberação de
reforço passou a ser automatizada.
O desempenho final apresentado foi chamado por Epstein, Lanza e Skinner (1980)
de uma conversação "substancial" e "natural". Um dos pombos, que era o "ouvinte",
" A da*crlçâo do Mtudo da tp*tain, Lanza • Sklnnar (1980) nâo con»t«r* da algumas informaçOa* importam*» a ratpaito do método ampragado a do*
rmultado* obtido*, poato qua M ta* nAo foram dlaponiteHzada* na pubkcAÇAo rafaranta ao aatudo
“Apesar de às vezes dizerem que a pesquisa em animais inferiores torna impossível descobrir
o que ó caracteristicamente humano, é só estudando o comportamento dos animais inferiores que podemos
dizer o que ô caracteristicamente humano. As dimensões daquilo que parece ser humano foram sendo
progressivamente reduzidas quando começamos a entender melhor os organismos inferiores." (Skinner,
1984, p. 259)
Vale a pena apostar nessa paciência diante dos aspectos relevantes dos estudos
sobre comportamento complexo com sujeitos infra-humanos aqui apontados.
Referências
Andronis, P.T., Layng, T.V.J. & Goldiamond, I. (1997). Contingency Adduction of "Symbolic
Agression" by Pigeons. The Analysis of Verbal Behavior, 14, 5-17.
Dube, W. V,, Mcllvane, W.J., Callahan, T. D. & Stoddard, L. T. (1993). The search for stimuius
equivalence in nonverbal organisms. Psychological Record, 43. 761-778.
Epstein, R. (1981) On pigeon and people: a preliminary look at the Columban Simulation Project.
The Behavior Analyst, 4, 43-55
Epstein, R. (1984). Simulation research in the analysis of behavior. Behaviorism, 12 (2), 41-59.
Epstein, R.; Lanza, R. P. & Skinner, B. F. (1980) Symbolic Communication between two pigeons
(Cokimba Livia Domestica). Science, 207. 543 - 545.
Hake, D. F. (1982). The basic-applied continuum and the possible evolution of human operant
social and verbal research. The Behavior Analyst, 5 (1), 21-28.
Hixson, M. D. (1998). Ape language research: a review and behavioral perspective. The Analysis
of Verbal Behavior, 15, 7-39.
Lubinski, D. & Thompson, T. (1987). An animal model of communication of interoceptive (private)
states. Journal of The Experimental Analysis of Behavior, 4fí, 1-15.
M ichael, J. (1998). The current status and future dire ctio n s of the ana lysis of verbal
behaviorxomments on the comments. The Analysis of Verbal Behavior, 15, 157-161.
370 Ptiulii I M h t I
Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York: Macmillan.
Skinner, B. F. (1984). Contingências do reforço: uma análise teórica. São Paulo: Abril cultural,
Coleção Os Pensadores.
' L m Irubelho nnlerior dtoculimo* * prodiivAo de SKIniief *otx» compon»m#nlo verbal »n|*r iom>*nle * 1057 Ver Sério, Andery * Michalatto (199U)
A lguns núm eros sobre a publicação de pesquisas sobre com portam ento verbal
Uma análise meramente quantitativa do número de artigos publicados em cada
uma destas revistas, que poderiam ser classificados como tendo como tema
comportamento verbal, ou linguagem - ou algum sub-tema na área - ó reveladora.
A Figura 1 apresenta uma curva acumulada, por ano, do número de artigos
categorizados com a palavra chave 'comportamento verbal’ (CV) ou ‘linguagem’ (LG), no
JEAB e JABA, desde os seus primeiros anos até 1999. No JABA, 38 artigos foram
classificados apenas com a palavra chave ‘linguagem’, enquanto que no JEAB, 08 foram
assim classificados, o que poderia mostrar que, mesmo nestas revistas, parte dos artigos
empíricos sobre comportamento verbal utilizam, pelo menos enquanto vocabulário, um
vocabulário que foi recusado, por razões conceituais e metodológicas por Skinner. Isto
4 Melo meno* dom outro* periódico* merecem *er av*l«do* em relação a e*le lema 1h» tímtmvtor Anulytt e tHriMionam (que »e tornou Holwvior and
PhkMOfjhti Me*ta primeira tenUMlva de revwio nAo foram *wtema<icnmen(e avaliado* por te caracterizarem como revlela* cu|a ênfase nâo é a publlcaçAo
de relato* de peequlM empírica, que era noeeo wtereeee primeiro
Percebe-se ainda que os artigos com palavra chave ‘linguagem’ não aparecem
nos primeiros anos do JEAB (o primeiro deles é de 1971) e estão bastante espalhados
entre o inicio dos anos 70 e o final dos anos 90; no caso do JABA, esta palavra chave
aparece com alguma regularidade - ainda que não seja muito freqüente - praticamente
durante toda a vida de publicação da revista, sugerindo, sim, diferentes controles no caso
de cada revista, em relação a esta palavra chave: tratar-se-ia, no caso do JEAB, mais de
publicações de autores que por razões muito particulares utilizariam em seus artigos esta
palavra. Já, no caso do JABA, é possível que se trate de marcar como área de investigação
algo que receberia o nome de linguagem em lugar de comportamento verbal.
A Figura 2 mostra, por ano, o número de artigos publicados em cada uma das trôs
revistas, que foram categorizados como de comportamento verbal (incluindo-se os artigos
categorizados como ‘linguagem’):
* Ao final, am anexo, u g ue uma lista da alguma* referências d* artigos de pesquisa que podem sar classificado* oorno fa/emo* nesle tópico
" NtMlH n «rn outras anâllMt pod«r-M-ia Incluir polo rmno* parle do literatura «obre equivalência de eatlmuloe No enlanlo. optou-te por nâo fazê-lo.
C o n c lu in d o
Falando exatamente sobe o tema e a história de pesquisa sobre comportamento
verbal, Knapp (1998) afirma:
"Ver o futuro exige que se estabeleça uma linha de base... Já houve um sentido
no qual saber sobre comportamento verbal era saber Comportamento Verbal7 ... Isto não
foi fácil. A análise funcional que Skinner apresentou era impressionante por seu desafio a
antigas visões epistemológicas do ocidente e a descrições predominantes da aquisição e
uso da linguagem ... mesmo na comunidade operante Comportamento Verbal produziu
opiniões distintas em relação a seu valor ...Por volta do final dos anos 70 a tarefa era
caminhar para além do estudo de Comportamento Verbal para o estudo de comportamento
verbal... Sob certos aspectos, foi isto que ocorreu ...Um conjunto de problemas [de
pesquisa] emergiu‘...Assim, hoje, o estudioso que deseja rever a pesquisa sobre
comportamento verbal não se defronta com uma tarefa simples ... Mas, a despeito do
progresso das últimas duas décadas muitos problemas ainda permanecem. Há, ainda,
desacordos básicos em relação á adequação da proposta de Comportamento Verbal...
Há, aindfc, muitos campos com os quais uma análise operante precisa entrar em contato
... O movimento para além de Comportamento Verbalé o futuro de uma abordagem operante
ao comportamento verbal, mas só poderá ser reconhecido em relação à linha de base que
Skinner de maneira eloqüente e duradoura nos ofereceu". (Knapp, 1998, p. 123)
Uma revisão, ainda que inicial, da área de comportamento verbal revela, por um
lado, que os analistas do comportamento vêm enfrentando o desafio proposto por Skinner
em 1957 e, por outro, algumas das dificuldades de tal desafio; parte delas entrevista
desde 1957, outra parte, produto do próprio trabalho daí originado. A complexidade que a
R e fe rê n c ia s
Anexo
Algumas referâncias sobre:
'Aquisição de linguagem*
Carr, E. G.; Kologinsky, E. (1983). Acquisition of sign language by autistic children II: Spontanelty
and generalization effects. Journal of Applied Behavior Analysis, 16, 297-314
Durand, V. M., & Carr, E. G. (1992). An analysis of maintenance following functional communication
training. JABA, 25, 777-794.
Guess, D.; Sailor, W.; Rutheford, G.; Baer, D. M. (1968). An experimental analysis of linguistic
development: The productive use of plural morphemes. Journal of Applied Behavior
Analysis, 1, 297-306
Matson, J. L.; Sevin, J. A.; Box, M. L.; Francis, K. L.; Sevin, B. M. (1993). An evaluation of two
methods for increasing self-initiated verbalizations in autistic children. Journal of Applied
Behavior Analysis, 26, 389-398
Matson, J. L; Sevin, J. A.; Fridley, D.; Love, S. R. (1990). Increasing spontaneous language in
three autistic children. Journal of Applied Behavior Analysis, 23, 227-233
Moerk, E.L. (1990). Three-term contingency patterns in mother-child verbal interactions during
flrst-language acquisition. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 54, 293-305
Smith, R.; Michael, J.; Sundberg, M. L. (1996) Automatic reinforcement and automatic punishment
in infant vocal behavior. The Analysis of Verbal Behavior, 13, 39-48
Sundberg, M. L.; San Juan, B.; Dawdy, M.; Arguelles, M. (1990). The acquisition of tacts, mands,
and intraverbals by individuais with traumatic brain injury. The Analysis of Verbal Behavior,
8, 83-100
Taylor, B. A.; Lewin, L. (1998). Teaching a student with autism to make verbal initiations: Effects
of a tactile prompt. Journal o f Applied Behavior Analysis, 31, 651-654
Bentall, R. P.; Lowe, C. F.; Beasty, A. (1985). The role of verbal behavior on human learning: II.
Developmental differonces. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 43, 165-
181
Hall, G. A. (1998). Promoting synthesis in the analysis of verbal relations. The Analysis of Verbal
Behavior, 15, 113-116
Hutchison, W. R. (1998). Computer simulations of verbal behavior for research and persuasion.
The Analysis f Verbal Behavior, 15, 117-120
Knapp, T. J. (1998). Current status and future dimensions of operant research on verbal behavior:
baselines. The Analysis of Verbal Behavior, 15, 121-123
Leigland, S. (1998). The methodological challenge of the functional analysis of verbal behavior.
The Analysis of Verbal Behavior, 15, 125-127
Mabry, J. H. (1998). Something for the future. The Analysis of Verbal Behavior, 15, 129-130
MacCorquodale, K. (1969). B.F. Skinner’s Verbal behavior: A retrospective appreciation. JEAB,
12, 831-841.
MacCorquodale, K. (1970). On Chomsky's review of Skinner's Verbal Behavior. JEAB, 13, 83-99.
Michael, J. (1984). Verbal behavior. JEAB, 42, 363-376.
Michael, J. (1998). The current status and future directions of the analysis of verbal behavior:
comments on the comments. The Analysis of Verbal Behavior, 15, 157-161
Place, U. T. (1998). Sentence and sentence strueture in the analysis of verbal behavior. The
Analysis of Verbal Behavior, 15, 131-133
Salzinger, K. (1998). The verbal operant: cause and/or effect. The Analysis f Verbal Behavior, 15,
135-137
Savage-Rumbaugh, E. S. (1984). Verbal behavior at a procedural levei in the chimpanzee. JEAB,
41, 223-250.
O artigo descreve os modelos cognitivos mais importantes para o transtorno obsessivo-compulsivo, ou seja, os processos
do inferência (pensamentos e crenças) subjacentes aos sentimentos e comportamentos dos pacientes. Os principais
modelos desenvolvidos nessa Area destacam os seguintes aspectos: percepção exagerada do perigo (avaliação de riscos),
hipervalorizaçâo dos pensamentos Intrusivos, senso de responsabilidade pessoal excessivo (culpa por possíveis prejuízos
a sl e aos outros), perfeccionismo, fusão psicológica entre pensamento e ação, e processos inferenciais ilógicos onvolvendo
confusão entre Imaginação e realidade O conhecimento de aspectos cognitivos traz novas perspectivas para o tratamento
psicológico deste transtorno.
Palavras-chave: transtorno obsessivo-compulsivo, aspectos cognitivos, terapia cognitiva
This paper descnbes the most Important cognitive models for obsessive-compulsive disorder, I. o., the inference piocesses
(thoughts and believes) underlying the patients' feelings and behaviors The major models formulatod in this area emphaslze
the following aspects. exacerbated perception of danger (risk evaluation), ovenmportance of intrusive thoughts, excesslve
sense of personal responsabllity (blame for harm self and others), perfectionlsm, psychological ftision of thought and actlon,
and illogical inference processei Involving confusion between imaglnation and reality The knowledge of cognitive aspects
brings new perspectives for the psychological treatment of this disorder.
Key words: obsessive-compulsive disorder, cognitive aspects, cognitive thorapy.
1 r«xto. oítgw«!m#íit«, publicado noJom *IB rM t*m d* Pmqumtn» 47 (8) 401 408 1998 A ABPMC agradece ao Editor • p«rmi»iAo |» r* publicaçAo no
presanln volum#
R e fe rê n cia s
American Psychiatrlc Association - APA. (1994) Diagnostlc and Statistical Manual of Montai
Disorders - DSM-IV, 4* edição.
Beck J.S. (1997) Terapia cognitiva: teoria e prática. Ed. Artes Módicas, 341 pp.
Berrios G.E. (1989) Obsessive-compulsive disorder: its conceptual history in France during the
19"’ century. Compr Psychiatry, 30: 283-295.
Carr A.T. (1974) Compulsive neurosis: a review of the literature. Psychol Bul, 81: 311-318.
Constans J.I., Foa E.B., Franklin M.E., Mathews A. (1995) Memory for actual and imagined events
in O-C checkers. Bohav. Res. Ther., 33: 665-671.
England S.L., Dickerson M. (1988) Intrusive thoughts: unpleasantness not the major cause of
uncontrollability. Behav Res Ther, 26: 279-282.
Fear C.F., Healy D. (1997) Probabilistic reasoning in obsessive-compulsive and delusional
disorders. Psychol Med, 27: 199-208.
Foa E.B. (1979) Failure in treating obsessive-compulsives. Behav Res Ther, 17: 169-176.
Foa E.B., Kozac M.J. (1995) DSM-IV field trial: obsessive-compulsive disorder. Am J Psychiatry,
152: 90-96.
Frost R.O., Hartl T.L., Christian R., Williams N. (1995) The value of possessions in compulsive
hoarding: patterns of use and attachment. Behav Res Ther, 33: 897-902.
Insel T.R. (1990) Phenomenology of obsessive-compulsive disorder. J Clin Psychiatry, 51
(supl. 2): 4-8.
James C.A., Blackburn I. (1995) Cognitive therapy with obsessive-compulsive disorder. Brit J
Psychiatry, 166: 444-450.
Jones M.K., Menzles R.G. (1997) The cognitive mediation of obsessive-compulsive handwashing.
Behav Res Ther, 35: 843-850.
Laudoucer R., Rhéaume J., Aublet F. (1997) Excessive responsability in obsessional concerns:
a fino-grained oxperimental analysis. Bohav Res Ther, 35: 423-427.
Laudoucer R., Leger E., Rhéaume J., Dube D. (1996) Correction of inflated responsability in the
treatment of obsessive-compulsive disorder. Behav Res Ther, 34: 767-774.
O presente estudo apresenta uma anAlise experimental do comportamento de atentar Crianças, entre 8 a 12 anoa,
matriculadas na rede pública de ensino especial e de ensino fundamental, participaram nos dois experimentou efntundos.
Nos experlmentOB procurou-se avaliar se relações sustentadas entre os componentes do estimulo modelo complexo
(relações modelo-comparação corrota e modelo-comparação Incorreta, nos Experimentos 1 n 2; relações de identidade física
e de nâo-ldentidade física, no Experimento 2) exerceriam controla condicional sobre a seleção de estímulos de escolha. Trés
dontre nove crianças demonstraram a aquisição e a extensão desta modalidade de controle condicional envolvendo
estímulos modelos complexos. Argumenta-se, para as demais crianças, que os procedimentos de treino parecem ter
estabelecido topografias de controle de estimulo incompatíveis com as previstas Discute-se a relevância dos fenômenos
«Mudados para uma melhor compreensão das habilidades comportamentais exigidas no ensino de conteúdos que envolvam
aprendizagem de relações entre eventos.
Palavras-chave: atenção, rrwtchlng-to-sample, aprendizagem relacionai.
This study shows an experimental analysis of attending behavior. Nine children ranged from 8 to 12 years old, in public
fundamental teaching schools and with handicapped developmental repertorles, were exposed to two oxperlments These
experiments examined if relations between elemonts of complex sample stimuli (relations sample-correct comparlson and
sample-lncorrect comparlson. in Experimenta 1 and 2; relations of physlcal and non-physical identity, in Experiment 2) had
acquired condltional control over selection of comparison stimuli Three children showed acquisition of that cunditional control
by complex sample stimuli For other children the results suggest that training procedure may have establlsh stimulus control
topographies different from those experimentally expected This paper discusses the importance of phenomenon investlgated
to onlargo our undorstanding about discriminative skills requlred In relational loarning tasks.
Key words: attentton, ma tchtng-ta-sample, relational learning.
'Eatt projeto contou oom UnandamarHo pardal, na modalidada d« Auxilio à Paaqulsa, da FAPFSP (Proc 07/114024)
402 Jair Lopes lumor, Cylovdrw Qdlvdmn Cosia, I i.i f-cinamiti Sorrilhd C/onsales l Raquel M elo C/olíelo
tanto quanto das configurações nas quais os estímulos são exibidos, podem estabelecer
relações de controle de estímulo distintas que se manifestam durante as contingências de
teste. Dificuldades notórias na aquisição de relações condicionais diretamente ensinadas,
índices intermediários de acerto em tentativas de teste, ou mesmo a emergência gradual
(delayed emergence) das relações condicionais testadas poderiam estar funcionalmente
relacionados com a insuficiência das contingências de treino para estabelecer as topografias
de controle que são exigidas pelas contingências de teste. Nestes termos, a variabilidade
comportamental registrada principalmente na avaliação da emergência de relações
condicionais, indicaria ausência de coerência entre: 1) as topografias de controle de estímulo
experimentalmente previstas; e 2) as topografias de controle de estímulo efetivamente
geradas por um dado conjunto de contingências. Segundo Mcllvane e cols. (2000), quando
as tarefas experimentais tornam-se mais complexas, como no caso das habilidades
discriminativas e da aprendizagem relacionai envolvidas nos procedimentos de matching-
to-sample, tornam-se também mais evidentes as dificuldades com o estabelecimento de
coerência entre as topografias de controle de estimulo.
Em acréscimo às pesquisas nas quais o procedimento de matching-to-sample de
identidade é utilizado na identificação de propriedades funcionais do controle restrito de
estímulos destacam-se, também, trabalhos nos quais processos de atenção são
investigados a partir da utilização do procedimento de matching-to-sample envolvendo
relações arbitrárias entre estímulos modelos complexos e estímulos de comparação
unitários.
De particular importância para o presente estudo, insere-se o trabalho de Pérez-
González (1994). Em termos genéricos, este autor investigou o estabelecimento e a
extensão do controle condicional definido pelas relações entre os componentes do estímulo
modelo complexo. À título de exemplo, considere, no contexto dos estágios iniciais da
alfabetização matemática, o tópico das transformações aditivas. Supondo, numa tarefa de
matching-to-sample, dois estímulos de escolha (por exemplo, SIM e NÃO; ou duas cores,
como verde e vermelho; ou ainda, dois desenhos arbitrários não representacionais
designados por X1 e X2), um deles (SIM, ou verde, ou X1) será correto diante das seguintes
combinações de verbos ou ações: (comprar-ganhar), (dar-tirar); por outro lado, combinações
como comprar-tirar e dar-ganhar tornam incorreta a seleção deste mesmo estímulo de
comparação. Assim, a função discriminativa dos estímulos de comparação (S+ ou S-) é
definida (no sentido de "está condicionada à") pela natureza das relações entre os
componentes do estímulo condicional complexo.
Pérez-González (1994), numa seqüência de três experimentos efetuados com
sujeitos adultos e um adolescente, todos alfabetizados, forneceu demonstrações sobre a
aprendizagem relacionai a partir da utilização do matching-to-sample arbitrário com
estímulos modelos complexos. No Experimento 01, Pérez-González (1994) delineou um
procedimento de matching-to-sample, com desenhos arbitrários, no qual a seleção do
estímulo de escolha deveria estar sob controle de uma relação estabelecida previamente
entre os dois componentes do estímulo modelo. Numa fase inicial, foram treinadas as
relações AB (A1B1, A2B2, A3B3); em seguida, foram treinadas as relações PQ (P1Q1,
P2Q2 e P3Q3). Na seqüência, no treino das relações ABX, as possíveis combinações dos
404 lalr Lopes Junior, Qiovdini C/alvanin Cosia, l ia fernanda Sorrillia C/ontalcs t Raquel M elo Qolfeto
E xp erim ento 1 - M étodo - P articip a n te s
Tabela 1
Características dos participantes
M a terial
Todas as sessões experimentais foram efetuadas na própria escola das crianças,
numa sala reservada para execução do projeto. A sala (4,0 m x 5,0 m) possuía condições
adequadas de isolamento sonoro, bem como de iluminação. Na sala foi instalado um
computador com monitor LG ®/MicroTouch, 14 polegadas, equipado com tela sensível ao
toque. Um software especialmente desenvolvido para este projeto exibiu os estímulos
(desenhos arbitrários não-representacionais, cf. Figura 1) na tela do monitor, sinais coloridos
de positivo e negativo como telas de feedback nas sessões de treino com reforçamento
diferencial, bem como registrou e gravou as respostas de seleção dos estímulos na tela.
B1
4 0 6 Kilr Lopes lunioi, C/iovana C/alv.imn Cosia, l ia femamla Sorrilh.i Qonsalcs L Raquel M elo C/olfrto
Atendendo à solicitação da escola e, principalmente, em razão da participação
no experimento ficar restrita a algumas crianças de uma mesma classe, os reforços
contingentes à participação nas sessões ficaram restritos ao acesso a jogos e a programas
de desenho, ambos no computador, após cada sessão.
P ro ce d im e n to geral
Foram realizadas trôs sessões por semana, com duração de, no máximo, trinta
minutos cada sessão. Nas sessões permaneciam na sala apenas o participante -
interagindo com as tarefas dispostas no computador- e o experimentador, sentado ao
seu lado.
Nas sessões, aos participantes foi exibida uma sucessão de tentativas definidas
pelas fases do procedimento adotado. Dois tipos de tentativas foram utilizadas (Figura 2).
2b
Figura 2. Tipos de tentativas utilizadas no Experimento 1. As tentativas do Tipo 1 (2a) foram utilizadas nos
treinos e nos testes das relações condicionais (de Identidade e arbitrárias) com estímulos simples, descritas
sob a forma de AB, BA. PQ e QP. As tentativas do Tipo 2 (2b) foram utilizadas nos treinos e nos testes de
relações condicionais com estimulo modelo complexo, descritas sob a forma ABX e PQX.
408 Kiir l.opes lunioi, Qiovdii.t C/iilv.imn Cosia, I.1.1K-rintndi Sorrillni Qonsales 1 Ruqud M elo C/ollelo
Com a obtenção do critério, a criança foi exposta a blocos com 12 tentativas (seis A1B1
e seis A2B2), ordenadas por sorteio dentro do bloco (Etapa 3). A não obtenção do critério
de aprendizagem acarretava em nova exposição a blocos com a mesma composição, até
o limite de três exposições. Diferentemente, com 100% de acerto no bloco, foi finalizado
o treino das relações condicionais AB. Com o propósito de avaliar um aspecto salientado
nos experimentos de Pérez-González (1994) sobre possíveis efeitos facilitadores da
exposição (e eventual emergência) às relações condicionais simétricas antes dos treinos
com estímulos modelos complexos, três crianças (C.1, C.2 e C.3) foram expostas, na
seqüência, aos testes das relações BA. Para as demais crianças (C.4 e C.5), após a
finalização do treino das relações condicionais AB, as mesmas foram expostas à fase
seguinte. Nos testes das relações simétricas, de início, blocos com 12 tentativas, em
CRF, avaliavam a manutenção das relações condicionais A1B1 (seis tentativas) e A2B2
(seis tentativas). O critério de 100% de acerto deveria ser registrado no máximo na exposição
ao terceiro bloco com tal composição. Uma vez registrado o critério, ocorreu a exposição
consecutiva a três blocos com seis tentativas, sendo três B1A1 e três B2A2, intercalada
com exposições a blocos de revisão das relações AB com 12 tentativas. Independente do
número de acertos nos blocos das relações BA, ocorreu a exposição aos blocos de
revisão das relações AB. Diferentemente, o novo acesso aos blocos de teste das relações
BA era contingente à obtenção de 100% de acerto nos blocos de revisão da linha de base.
Fase 2. Treino das relações condicionais com estímulos complexos ABX. Após o teste das
relações simétricas BA, ocorreu o treino das relações condicionais ABX. No treino das
quatro relações condicionais ABX, a exemplo do procedimento adotado por Pérez-González
(1994), a seleção do estímulo de escolha (X1 ou X2) deveria estar sob controle de uma
relação estabelecida previamente (Fase 1) entre os dois componentes do estímulo modelo
(estímulos A e B). As combinações dos estímulos A e B (A1B1, A1B2, A2B1 e A2B2) foram
apresentadas como estímulo modelo. A seleção do estímulo X1 foi reforçada apenas diante
de um estímulo modelo definido pela relação modelo-escolha cometa (ou seja, A1B1 e A2B2),
enquanto que a seleção do estímulo X2 foi reforçada apenas diante do estímulo modelo
definido pela relação modelo-escolha incorreta (ou seja, A1B2 e A2B1).
A Tabela 2 descreve as relações treinadas em cada uma das etapas adotadas, a
quantidade mínima de tentativas por etapa e o critério de aprendizagem exigido, ou seja,
o número de acertos no último bloco de treino de cada etapa. Os valores indicados para as
Etapas 2,4 e 6.2 correspondem, assim como para as demais etapas, com a obtenção de
100% de acerto nos respectivos blocos.
Tabela 2 - Descrição da composição das etapas desenvolvidas para o treino das relações ABX.
1 A1B1.A2B2 10
2 A1B1, A1B1X1, A2B1X2 33 10
3 A1B1X1, A2B1X2 20 12
4 A2B2, A2B2X1, A1B2X2 33 20
5 A2B2X1. A1B2X2 20 12
6.1 A1B1, A2B2 10 20
6.2 A 1 B t, A2B2, A1B1X1. A2B1X2. A2B2X1, A102X2 28 10
Tabola 3 • Descrição da composição das etapas previstas no teste das relaçOes PQX.
410 kiir l.op « lunior, C/iov<ind Q.ilv.inin Costa, l i.i f crn.ind.i S orrilki C/onstilcs & Raquel M elo C/olído
Resultados e Discussão
100
90
o 80
■ C.1
S 70
*6 0
I C.2
□ C.3
j 50
D C .4
| 40
□ C.5
8 30
í 20
10
0
ABX QP
Ralações treinada» • testadas
Fase 2. Nesta fase, o treino das quatro relações condicionais ABX foi subdividido
em etapas. Após a revisão das relações AB (Etapa 1), as relações A1B1X1 e A2B1X2
foram expostas, ora na presença das relações AB (Etapa 2), ora na ausência destas
(Etapa 3). Na seqüência, as relações A2B2X1 e A1B2X2, de modo similar, foram exibidas,
ora em blocos de tentativas juntamente com as relações AB (Etapa 4), ora na ausência
destas relações condicionais (Etapa 5). As quatro relações condicionais ABX foram exibidas
conjuntamente na Etapa 6, ora com as relações condicionais AB (Etapa 6.2), ora na
ausência destas relações (Etapa 6.3). O percentual de acerto registrado pelas cinco crianças
nesta última etapa do treino das quatro relações ABX é indicada na Figura 3. Constata-se
que apenas C.1 registrou o critério de aprendizagem nesta etapa. Para as demais crianças,
o registro de pareamentos distintos dos previstos no treino em conjunto das quatro relações
ABX foi verificado, independente da emergência ou não das reversões funcionais entre os
estímulos A e B - avaliada nos testes de simetria - e mesmo com a obtenção do critério
de aprendizagem no treino em separado, duas a duas, das relações ABX.
412 i.h. Lopei Junioi, C/iovuiid C/dlvtimn Costu, l ia f crnanJci Sorrilh.i t/onw lcs 1 Raquel M elo Qolíclo
estimulo X2 diante do estímulo A2, sendo B1 um estímulo redundante, sem função
discriminativa definida. Nas etapas seguintes (Etapas 4 e 5), no treino das relações A2B2X1
e A1B2X2, desta feita, ocorreria uma reversão: as seleções dos estímulos X1 e X2 seriam
reforçadas diante dos estímulos A2 e A1, respectivamente, com o estímulo B2 sem qualquer
função discriminativa independente. Deste modo, as contingência de treino poderiam
estabelecer o controle seletivo de estímulos: nas etapas 2 e 3 diante dos estímulos A1B1
e A2B1, na realidade, apenas os estímulos A1 e A2 exerceram funções discriminativas
(condicionais): de modo similar, nas etapas 4 e 5. Com isso, pode-se prever que o critério
de aprendizagem na Etapa 6 seria função da eliminação destas topografias de controle de
estímulo incompatíveis com o controle relacionai previsto.
As análises em termos de topografia de controle de estímulo sugerem que as
contingências de treino, na Fase 2, não foram suficientemente instrucionais (ou instrutivas)
quanto à especificação das relações de controle de estímulo previstas. Essas restrições
instrucionais seriam derivadas do arranjo do treino que especificou, inicialmente, o treino
em separado de duas relações ABX e, posteriormente, das duas relações ABX restantes,
sendo que, por fim, ocorreu o agrupamento das quatro relações? Ou, independente desse
arranjo, será que para as crianças participantes, essas restrições instrucionais não teriam
sido produzidas pela utilização, logo de inicio, de relações condicionais arbitrárias
previamente treinadas (AB) para o estabelecimento do controle pelas relações modelo-
escolha correta e modelo-escolha incorreta?
Com o propósito de melhor explorar estas hipóteses, no Experimento 2, para
quatro novas crianças, a exposição às fases do procedimento do Experimento 1 foi
precedida pelo treino e pelo teste nos quais o que definia uma relação modelo-escolha
correta e modelo-escolha incorreta era a existência ou não de relações de identidade
entre os elementos do estímulo modelo complexo. Em síntese, o Experimento 2 procurou
avaliar se o estabelecimento do controle condicional definido pelas relações modelo-escolha
correta e modelo-escolha incorreta a partir da existência ou não de relações de identidade
entre os componentes do estímulo modelo complexo constituir-se-ia em condição
suficientemente instrutiva para o estabelecimento posterior destas relações de controle,
envolvendo, desta feita, relações condicionais arbitrárias.
E xp e rim e n to 2 - P artic ip a n te s
O segundo experimento contou com a participação de quatro crianças, também
matriculadas na mesma escola das crianças do experimento anterior. A faixa etária
comprrendida foi entre nove anos e dez meses e 11 anos. Duas crianças (C.6 e C.8)
estavam regularmente matriculadas em sala de ensino especial, enquanto as demais (C.7
e C.9) eram alunas do ensino fundamental. Os critérios de encaminhamento dessas
crianças, definidos pela direção da escola, foram os mesmos adotados no experimento
anterior.
Antes do início das sessões experimentais, as crianças foram expostas à Escala
Wechsler de Inteligência para crianças, sendo que as informações diagnósticas obtidas
são descritas na Tabela 4.
Material
414 lair Lopes lunior, C/iovana C/alvanin Cosia, l i.i fernamla Sornllia C/onsales 1 Raquel M elo C/olíelo
P ro ce d im e n to geral
Foram realizadas três sessões por semana, na própria escola das crianças
participantes, na mesma sala previamente utilizada no Experimento 1.
Os mesmos tipos de tentativas já descritos no experimento anterior foram também
utilizados no Experimento 2.
Segue abaixo uma descrição do procedimento adotado.
Fase 1. Treino das relações condicionais de identidade FF (F1F1 e F2F2). O procedimento
adotado no treino das relações condicionais de identidade foi o mesmo previamente descrito
nas Fases 1 e 3 do experimento anterior, ou seja, nas fases nas quais ocorreu o treino de
relações condicionais arbitrárias AB (A1B1 e A2B2) e PQ (P1Q1 e P2Q2), respectivamente.
Em síntese, o procedimento foi subdividido em trés etapas: a exposição à etapa final
(Etapa 3), composta por blocos que mesclaram tentativas referentes às duas relações FF,
foi precedida pelo treino, em separado, das relações F1F1 (Etapa 1) e F2F2 (Etapa 2),
obedecendo as mesmas condições (instruções iniciais, número de blocos de tentativas e
critérios de aprendizagem) já descritos no Experimento 1 (Fases 1 e 3).
Fase 2. Treino das relações condicionais com estímulos complexos FFX. Nesta fase,
foram treinadas as relações condicionais de identidade FFX: F1F1X1, F1F2X2' e F2F2X1.
Deste modo, a seleção do estimulo X1 foi reforçada quando os dois elementos do estimulo
modelo (condicional) complexo sustentavam relações de identidade previamente treinadas;
diferentemente, a seleção do estímulo X2 foi reforçada quando os componentes do estímulo
modelo (condicional) complexo eram diferentes (sem relação de identidade física). Com o
propósito de garantir maior uniformidade nas condições de treino e de teste entre os dois
experimentos, o treino das relações FFX seguiu o mesmo procedimento já adotado no
treino das relações ABX, no Experimento 1. O procedimento consistiu, portanto, de seis
etapas, que incluíram a revisão das relações FF (Etapa 1), o treino em separado das
relações F1F1X1 e F2F1X2 (Etapas 2 e 3) e, em seguida, das relações F2F2X1 e F1F2X2
(Etapas 4 e 5), sendo que, por fim, ocorreu o treino em conjunto das quatro relações FFX
(Etapa 6). Foram adotados os mesmos critérios de aprendizagem para finalização das
etapas já descritos na Tabela 2.
Fase 3. Treino das relações condicionais de identidade ZZ (Z1Z1 e Z2Z2). A exemplo do
treino das relações condicionais de identidade FF (Fase 1), adotou-se no treino das duas
relações condicionais de identidade ZZ o mesmo procedimento do treino das relações
condicionais arbitrárias AB e PQ do experimento anterior.
Fase 4. Teste das relações condicionais com estímulos complexos ZZX. O objetivo desta
fase foi avaliar se, em contingências de teste, portanto, sem reforçamento diferencial, as
crianças selecionariam o estímulo X1 diante de estímulos modelos complexos que
sustentassem relação de identidade (Z1Z1 e Z2Z2) e, diferentemente, a seleção do estímulo
X2 ocorreria diante das demais combinações entre os dois estímulos Z. Em acréscimo, os
' No caso da rnlaçAo F1F2X2, a londtlivN (oi iniciada com a exibtçAo do esllmulo F1 numa das posiçAaa cantrals da laia, Mndo que um loque sobre aata
Htillmulo produ/la a exIblçAo do Mllmulo F2 O experimento previu também o treino, com um número mlnlmo Idénlico da apresentações, da tentativas
Iniciadas com o estimulo F2 numa das posiçOee centrais da tela. desta feita, um loque sobre este estimulo produzia a exibição do estimulo F1 Em termos
seqüenciais, teríamos, portanto, a ‘relação" F2F1X2
Resultados e Discussão
416 l.iir l.opcs lunior, t)iovdH«i C/.ilv<imn Cosl«i, h a f i-mamla Sorrilh.i Oonsales & R<iqud M elo C/olíclo
estimulo X2, quando as combinações entre os estímulos Z nào satisfaziam a propriedade
da identidade (Z1Z2 e Z2Z1, ou seja, independente do estímulo exibido inicialmente na
composição da tentativa).
Fase 5. Para as quatro crianças, a aquisição do critério de aprendizagem foi
tambóm verificada nos treinos das relações condicionais arbitrárias AB. No entanto, nos
testes posteriores das respectivas relações simétricas BA, apenas a C.9 exibiu resultados
distintos daqueles experimentalmente previstos. Com o intuito de melhor avaliar se a
emergência destas relações simétricas constituir-se-ia em condição necessária para a
obtenção dos critérios de aprendizagem nas fases posteriores do estudo, C.9 (a exemplo
de C.3, no Experimento 1) tambóm foi exposta à Fase 6.
Fase 6, O critério de aprendizagem foi registrado, por todas as crianças, nas
etapas nas quais ocorreu o treino em separado das relações ABX: nas Etapas 2 e 3
(relações A1B1X1 e A2B1X2) e, na seqüência, nas Etapas 4 e 5 (relações A1B2X2 e
A2B2X1). Na última etapa, contudo, por ocasião da apresentação conjunta das quatro
relações ABX, esta homogeneidade de resultados esteve restrita às Etapas 6.1 (revisão
das relações AB) e 6.2 (uma revisão em separado das quatro relações ABX, juntamente
com as relações AB). Mais precisamente, a Figura 5 indica que C.6 e C.7 registraram a
obtenção do critério de aprendizagem na última etapa (Etapa 6.3) deste treino.
Diferentemente, C.8 e C.9, na exposição ao bloco de tentativas da Etapa 6.3, que exibia
sucessivamente as quatro relações ABX, registraram percentuais de acerto muito abaixo
do critério de aprendizagem, com pareamentos distintos dos previstos. Em função destes
resultados, apenas as crianças C 6 e C.7 foram expostas às fases subseqüentes do
procedimento.
Fase 7. Nos treinos das relações condicionais PQ, ambas registraram o critério
de aprendizagem. Na seqüência, como indicado na Figura 5, verificou-se, tambóm para as
duas crianças, a emergência das relações simétricas QP.
Fase 8. Nos testes da Fase 8 verificou-se que C.6 e C.7 selecionaram, com 100%
de acerto, o estímulo X1 diante dos estímulos modelos complexos cujos elementos
sustentavam a relação modelo-comparação correto (A1B1 e A2B2) e, diferentemente, o
estímulo X2 diante das demais combinações entre os estímulos A e B que descreviam a
relação modelo-comparação incorreto (A1B2 e A2B1).
No Experimento 2, a avaliação da extensão do controle condicional exercido pelas
relações entre os componentes do estímulo modelo complexo foi efetuada em dois
momentos. De início, relações de identidade entre tais componentes definiam um estímulo
de comparação (X1) como escolha correta (S+); em oposição, a ausência de relações de
identidade entre tais componentes estabelecia como S+ o outro estimulo de comparação
(X2). Quatro crianças demonstraram a aprendizagem das relações condicionais assim
definidas (relações FFX), tanto quanto a emergência de novas relações condicionais (ZZX)
testadas imediatamente após o treino de novas relações condicionais de identidade (ZZ).
As fases seguintes do Experimento 2 foram idênticas ao procedimento do
experimento anterior. A questão básica, portanto, consistiu em verificar se a exposição a
essa condição antecedente mostrar-se-ia efetiva no estabelecimento do controle condicional
por duas modalidades de relação: modelo-comparação correta e modelo-comparaçáo
incorreta, envolvendo, desta feita, relações condicionais arbitrárias. Duas (C.6 e C.7),
dentre as quatro crianças, replicaram os dados previamente registrados por C.1, bem
Discussão geral
A aprendizagem relacionai ou o responder sob controle de relações entre eventos
reveste-se, enquanto fenômeno comportamental, em tópico de suma relevância para as
investigações sobre processos de atenção.
No presente estudo, no âmbito da análise experimenta) de processos de atenção,
procurou-se replicar a demonstração do responder condicional definido pela natureza das
relações entre os elementos do estímulo condicional complexo com crianças com
necessidades especiais de ensino, bem como aquelas matriculadas no ensino fundamental.
Anteriormente, Pérez-González (1994) demonstrou a ocorrência deste responder condicional
por adultos e um adolescente com desenvolvimento típico.
A replicação foi demonstrada por três dentre as nove crianças que participaram
deste estudo. Essas três crianças - duas matriculadas em sala de ensino especial (C. 1 e
C.6) e uma cursando a terceira série do ensino público fundamental (C.7) - evidenciaram
que a aquisição do controle condicional definido por relações entre os componentes do
estímulo modelo complexo não esteve restrita às relações diretamente ensinadas através
de reforçamento diferencial. Após o treino desta modalidade de controle condicional (relações
ABX), constatou-se igualmente a emergência do mesmo envolvendo novas relações
condicionais (relações PQX).
Não obstante o desempenho destas três crianças, os dados deste estudo, em
seu conjunto, reiteram a necessidade de investigações adicionais sobre variáveis que
poderiam estar funcionalmente relacionadas com a aquisição e a emergência da
aprendizagem relacionai definida pela modalidade de controle condicional ora considerada.
O estabelecimento do controle condicional definido por relações de identidade e de náo-
418 lolr Lopes lunior, C/iovana C/alvanm Costa, I ia f crnam la Somllia C/onw lcs & Raquel M e lo C/olíelo
identidade entre os componentes do estímulo modelo complexo (Sujeitos C.8 e C.9), bem
como a emergência (C.2 e C.8) ou não (C.3 e C.9) das reversões funcionais das relações
condicionais diretamente treinadas, previamente ao treino das relações ABX, não impediram
o possível desenvolvimento de topografias de controle de estímulo incompatíveis com as
previstas para este treino. Na realidade, os dados das outras seis crianças sinalizam que
topografias de controle de estímulo funcionalmente relacionadas com a aquisição do critério
de aprendizagem no treino em separado das relações ABX não são consistentes com as
topografias de controle definidas ou previstas experimentalmente.
Precedendo a exposição conjunta às quatro relações condicionais ABX, o critério
de aprendizagem poderia ser obtido mediante o estabelecimento de relações condicionais
entre parte do estímulo condicional complexo e os estímulos de escolha, caracterizando,
portanto, um controle restrito de estímulo (seletividade perceptual ou atenção seletiva). As
topografias assim constituídas, no entanto, mostrar-se-iam inoperantes por ocasião da
exibição conjunta das quatro relações ABX, sendo que a própria exposição aos blocos
com tal composição não se mostrou com função instrucional o suficiente para estabelecer
as topografias de controle de estímulo consistentes e eliminar as anteriores.
Em que extensão o estabelecimento destas divergências entre topografias de
controle de estímulo foi função exclusiva dos procedimentos adotados no presente estudo,
em particular, no treino em separado das relações com estímulo modelo complexo,
constitui-se em questão que, em nossa apreciação, justifica a continuidade das
investigações.
Em acréscimo, os resultados anteriormente descritos igualmente apontam para
uma importante convergência metodológica. Procedimentos e técnicas experimentais
desenvolvidas e implementadas com o propósito de minimizar a ocorrência do controle
restrito de estímulo por indivíduos com necessidades especiais de ensino (Dube & Mcllvane,
1999; Geren, Stromer & Mackay, 1997), como por exemplo, a adoção de respostas de
observação não-verbais diferenciais ao modelo, isto é, de contingências que estabeleçam
a necessidade da emissão de respostas diferenciais constituindo-se em medidas
comportamentais da observação (ou do controle) de todos os componentes do estímulo
modelo complexo, deverão fornecer importante contribuição metodológica no delineamento
de procedimentos voltados para a aprendizagem de importantes habilidades perceptuais
comumerite exigidas por contingências do ensino, em particular, o responder sob controle
condicional não da presença ou da ausência de um dado evento, mas antes, de relações
arbitrárias estabelecidas ou não entre tais eventos.
Referências
Baer, D.; Wolf, M.; Risley, T. (1968) Somer current dimensions of applied behavior analysis.
Journal of Applied Behavior Analysis, 1, 91-97.
Burke, J. (1991) Some developmental implications of a disturbance in responding to complex
environmental stimuli. American Journal on Mental Retardation, 96, 37-52.
Dinsmoor, J. (1985) The role of observiny and attention in establishing stimuius control.
Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 43, 365-382.
420 liiir Lopes lunior, C/iovana l/alvan in Costd, Lld fcm amla Sorrillid C/onwle* LRaquel M elo l/o lfrlo
Stromer, R.; Stromer, J. (1990a) The formation of arbitrary stimuius classes in matching to
complex samples. The Psychological Record, 40, 51-66.
Stromer, R.; Stromer, J. (1990b) Matching to complex samples: Further study of arbitrary stimuius
classes. The Psychological Record, 40, 505-516.
Stromer, R.; Stromer, J. (1992) Formation of arbitrary stimuius classes in matching to complex
samples: Supplementary data. Perceptual and Motor Skílls, 75, 505-506.
Terrace, H. (1966) Stlmulus control. Em W. K. Honig (Ed.) Operant behavionAreas of research
and applicatíon (p. 271-355). New York: Applenton-Century-Crofts.
A dependência, como uso compulsivo d« drogas, é analisada sob o prisma da análise funcional do comportamento Na
abordagem comportamental, a adcçâo e a dependência geram um comportamento inadequado ou lesivo, mas que obedece
As mesmas leis que governam outros comportamentos Sâo considerados como fatores críticos na gênese da dependência:
a aprendizagem que emerge da relação entre o indivíduo e seu ambiente, os fatores genéticos e ontogenêticos que
contribuem para a vulnerabilidade, e os fatores neurofarmacolôgicos que determinam a tolerância ou a sensibilização
Palavras-chave: dependência de drogas - valor reforçador - sensibilização - tolerância - vulnerabilidade
Drug addlction Is discussed under a behavioral functional analysis perspective In a behavioral analysis, abuse and Hddiction
may load to Inadequate or nocive behavior However, such behavior follows the same principies that control other klnds of
behavior. Criticai factors in producing dependence come from learning relations that emerbe from the Intoraction between
Individual and environment, from genetic and ontogenetic factors contributlng to vulnerabllity, and from nHiiropharmacological
factors determlnlng toleranoe and sensitization
Kay-words: drug addiction - reinforcmy value - sensibilization - tolerance - vulnerabllity
422 M.iri«i lcrcs«i A . Stlva, l.ui/ C/uilhcrrm* C/. C . C/ucrr<«, KUjio l.eytcr C/onv»ilvos * M ln .im C/dcviii-Mi|.iu*s
compulsivo implicaria uma falta de controle voluntário do drogadicto, e levaria à
autodestruição do organismo. Um indivíduo saudável, por sua vez, mesmo se exposto a
uma droga de potencial adictivo, exibiria atividades voltadas para a busca de seu prazer e
segurança.
Segundo Brown (1985) e Edwards (1996), a compulsão, junto com a autodestruição
e prejuízo de uma ampla gama de relações sociais, levou a que os alcoolistas, na última
metade do século passado, fossem comumente internados por longo período em asilos,
como se fazia com psicóticos. Longe de significar um paralelo entre doença e instituição
asilar, esse fato de interesse histórico apenas mostra que as categorias de doença mental,
segundo a prática módica, já se mostravam bastante inclusivas, abrangentes, para diversos
comportamentos hoje considerados distintos. Essa característica inclusiva também se
faz notar atualmente na consideração do comportamento do dependente como síndrome
com diversas etiologias possíveis, segundo classificação diagnóstica de manuais de
distúrbios mentais. Segundo McKim (2000) e Barrett e Witkin (1986), um dos problemas
do modelo de dependência como doença é que, para drogas de propriedades tão distintas
como opióides e estimulantes, o modelo deveria elucidar um mecanismo comum de adicção,
explicar que tipo de doença é a dependência, e explicar como uma doença é capaz de
fazer com que um indivíduo auto-administre uma droga, ou mais de uma droga, com
propriedades bastante distintas. Se por um lado, o modelo avança a questão ao aproximar
a dependência (uso compulsivo) do âmbito científico (agora uma matéria médica), por
outro, não explica a natureza, o mecanismo que leva à compulsão pela droga (o DSM-IV
e o CID-10, por exemplo, categorizam os diferentes transtornos mentais segundo uma
descrição de sua sintomatologia, ao invés de se basearem na etiologia dos variados
transtornos).
Buscando fornecer uma explicação do mecanismo da drogadicção, o modelo da
dependência física (antes falamos do modelo moral e do modelo como doença) trata a
dependência como função da síndrome de abstinência que comumente acomete aqueles
que abusam do uso de drogas. A síndrome de abstinência se refere a respostas fisiológicas
de grande magnitude, sentidas como desagradáveis, que surgem com a retirada da droga.
Uma doença tornaria a pessoa vulnerável à síndrome de abstinência, e para livrar-se das
sensações desagradáveis da síndrome, a droga seria novamente auto-administrada. Seria
a fuga dos sintomas de abstinência ou do que a sinaliza (como por exemplo, a fuga do
medo da abstinência) que explicaria a adicção, no modelo da dependência física. No
entanto, percebeu-se que algumas drogas, como a cocaína e a maconha, não produziam
sintomas clínicos que pudessem caracterizar uma síndrome de abstinência específica e
no entanto apresentavam padrões de uso abusivo. A fim de aumentar a abrangência desse
modelo, foi desenvolvido o conceito de dependência psicológica; no entanto, segundo
McKim (2000), como explicação da drogadicção, o conceito apresenta um sério problema:
é circular. Dizemos que uma pessoa apresenta dependência psicológica porque observamos
a freqüência em que faz uso de droga e, ao mesmo tempo, não observamos sintomas de
abstinência, portanto não podemos utilizar essa observação do comportamento como
explicação para o próprio comportamento.
Alguns fatores levaram a um enfraquecimento do modelo de dependência física,
indicando que a aversão à abstinência não seria, só ela, um determinante suficiente para
explicar a adicção. Nesse sentido, 1) como vimos anteriormente, há drogas de elevado
poder adictivo que não produzem comumente a síndrome de abstinência, e 2) drogas que
normalmente geram fortes sintomas de abstinência, como a heroína, podem deixar de ser
424 M a n a Ictvsa A . Silva, Luiz C/uilhermc C/. C . C/ucrra, Kábio I eyscr l/im valves l M íriam l/a m a -M ija ic *
de abstinência". Os efeitos induzidos pelas drogas reforçam o comportamento de consumi-
las, e também os elos comportamentais que levam a uma maior probabilidade de consumo.
A função discriminativa pode ser a de, por exemplo, sinalizar que, sob efeito de
cocaína, eu conseguirei varar uma noite e estudar toda a matéria de um prova, e então
conseguirei tirar uma boa nota. A alternativa a essa situação ó não utilizar a cocaína e
dormir durante o estudo, tendo como conseqüência final uma nota ruim na prova. Há
portanto o desenvolvimento de um repertório vinculado ao abuso da substância. Esse
abuso de cocaína poderia, por sua vez, gerar insônia, e assim eu poderia ingerir álcool
para dormir mais facilmente. Assim, a depender da vida que eu leve, posso abusar das
duas drogas, em função das conseqüências que elas sinalizam.
Posso fumar tabaco excessivamente em função do ritmo de trabalho (comportamento
adjunto), além de fumar para baixar a ansiedade provocada pela visão do chefe ou pela voz
de um concorrente no trabalho, ou para aumentar o relaxamento num momento de descanso
ou de alívio. E posso ter sensações fisiológicas eliciadas (comportamento respondente)
cada vez que ouço alguém falar de cigarro (nome pareado com o objeto). A situação vai se
tornando mais complexa, efica difícil sustentar que uma doença (ou várias doenças) possa
explicar todos os comportamentos, incluindo aqueles comportamentos não citados, de busca
pela droga.
Um outro fator que deve ser levado em conta em uma análise funcional é a ocorrência
de outros reforçadores no ambiente do indivíduo. Comumente encontramos indivíduos que
desenvolvem um padrão de uso adictivo por possuírem poucas fontes de reforçadores
alternativas á droga. De fato, o modelo comportamental se mostra incompleto quando não
leva em conta o que se convencionou chamar de escolha, ou seja, a distribuição das
variadas respostas de um indivíduo em função dos estímulos reforçadores presentes em
seu ambiente. De uma maneira simplificada, podemos dizer que, segundo um princípio
conhecido por Lei da Igualação, um organismo emite uma taxa maior de respostas para
um estimulo com maior valor reforçador do que para um de menor valor (para uma revisão,
ver Garcia-Mijares e Silva, 1999). Assim, se existem poucas fontes de reforçadores no
ambiente de um indivíduo, é bastante provável que a presença de um reforçador de valor
alto (como de fato são muitas drogas de abuso) controle a maior parte das respostas
daquele organismo. Assim, a intervenção clínica precisa ir além do estabelecimento de
uma meta (diminuir a freqüência de consumo de uma substância), devendo estabelecer
um ambiente rico em fontes de reforçadores que não estejam relacionados, ou até mesmo
sejam incompatíveis, com o abuso de drogas (Petry, 2000).
Igualmente importante na intervenção clínica é sopesar os fatores que tornam o
indivíduo mais propenso a desenvolver a adicção a drogas. Sobre esses fatores nos detemos
a seguir.
426 Icn*s«i A . Silva, I m C/uill>eimc C/. C . C/ucrra, KU>io l.e ysn C/on\«ilvi's & M í ii a m C / a n ia -M ija rcs
Há fatores ambientais que aumentam o valor reforçador da droga - aqueles que a
tornam mais desejável. Podem aumentar esse valor por amenizar um estado subjetivo
desagradável, como acontece quando a pessoa se automedica. Tomemos por exemplo a
relação entre ansiedade e álcool. Ratos identificados como "ansiosos” no teste do labirinto
elevado mostram maior preferência e consumo de álcool comparados a ratos "não-ansiosos”
(Spanagel, 1995). A mesma relação é observada em um estudo clinico que comparou o
uso voluntário de diazepam por pacientes ansiosos e seus controles (Chutuape, 1995).
Muitos outros estados subjetivos certamente servem de base para que a droga atue como
reforço negativo - um reforço pelo avesso, quando a conseqüência da droga não é o que
ela traz, mas o que ela afasta. Dentre esses, é importante notar o estado que a abstinência
de uma droga pode gerar no dependente: o alívio dos sintomas desagradáveis faz da droga
um reforçador ainda mais poderoso.
Mas há também condições que aumentam o valor reforçador da droga por aumentar
a conseqüência positiva que por si ela já produz. Como já foi dito, talvez a mais importante
dessas condições seja a carência de reforçadores alternativos à droga na vida do indivíduo.
Um dado básico de comportamento é que a escolha de determinada atividade depende
das outras atividades possíveis na situação. Quando um animal tem a opção de escolher
entre duas respostas, coloca mais empenho naquela que oferece o maior reforço. Ou
seja, quanto mais os reforçadores são parcos ou negativos, mais o comportamento se
desloca para outras alternativas. É a já mencionada Lei da Igualação, que explica porque
falta de escola, falta de amor, pobreza, falta de oportunidades de trabalho, e outras carências
são conhecidos fatores de risco na dependência. O laboratório coloca essa variável sob
controle experimental, mostrando por exemplo que a privação de alimento facilita a auto-
administração de cocaína, e que esse efeito perdura por meses após o retorno à alimentação
normal. Inversamente, a adição de sacarina à comida insossa retarda a aquisição da auto-
administração, e a disponibilidade de sacarina no ambiente reduz a auto-administração de
fenciclidina (pó-de-anjo) (Carroll, 1994)..Em dependentes humanos, a disponibilidade
concorrente de reforço monetário reduz a auto-administração de heroina (Comer, Collins,
Wilson, Donovan, Foltin e Fischman, 1998).
É da interação desses fatores ambientais com fatores orgânicos que resulta a
variação na sensibilidade individual a estímulos reforçadores, sejam eles positivos ou
aversivos. Quais seriam os indivíduos mais sensíveis, e por que razões? Supõe-se que a
interação passe pelos mesmos mecanismos dopaminérgicos que acompanham o reforço.
Por exemplo, a reação a estímulos gustativos palatáveis e a sensibilidade ao reforço têm
em comum a capacidade de ativar o sistema dopaminérgico mesolímbico. Ora, ratos que
apreciam o gosto doce da sacarina são também os que têm maior tendência a auto-
administrar morfina (Gosnell, Lane, Bell e Krahn, 1995). Seria um dos indícios de que a
atividade dopaminérgica no sistema mesolímbico pode ser determinante na predisposição
à dependência.
Assim como a sensibilidade a estímulos palatáveis, a sensibilidade a estímulos
novos é importante. Tem relação com o conjunto de comportamentos condensados no
rótulo de sensation-seeking ou busca de sensações em seres humanos, e que é
correlacionado com o gosto pela experiência da droga. Os chamados sensation-seekers
seriam pessoas mais sensíveis ao reforço, ou seja, teriam limiar mais baixo para o valor
reforçador dos estímulos. Em animais, a resposta ao novo foi bastante estudada: a atividade
locomotora de ratos em um ambiente novo é um modelo de interesse pelo ambiente, de
curiosidade pelo novo, seja em função do medo ou da necessidade. Quanto maior for essa
atividade, maior será a susceptibilidade do animal aos efeitos estimulantes da anfetamina,
428 M aiia íeivsa A . SíIvü, Luiz Qullhcrme Q. C. C/uma, fib io l.cyscr Cyonvalvcs l M in am C/ama-Mijarcs
A flexibilidade do valor reforçador da droga nos leva de volta à importância do
contexto de reforçadores que atuam no mundo da pessoa. Do ponto de vista psicológico,
a lei da igualação nos diz que o comportamento ó função do reforço conseqüente a ele,
mas não função absoluta. O equilíbrio na distribuição do comportamento pode ser rompido
pela escassez de outros reforçadores que concorrem com a droga, ou pela amplificação
do valor da droga por fatores como os discutidos acima. Quanto mais a balança pende
para o lado da droga, mais débil se torna o poder dos outros estímulos, e mais difícil fica
restabelecer o equilíbrio (Heyman, 1996).
Chega-se assim á conclusão de que o poder reforçador da droga ó muito maior
quando ela preenche um vazio ou amortece um pesar. A vulnerabilidade a seus efeitos
corrosivos é tanto menor quanto maior for a oportunidade de viver em um ambiente de
muitas contingências positivas e poucas aversivas. Não se trata de uma utopia, mas de
um mundo em que microambientes podem ser pensados com vistas a mudar o equilíbrio
entre tipos de reforçadores, de forma que o excesso de punição e a escassez de alternativas
reforçadoras não se aliem para aumentar o risco de dependência.
Finalmente, ó imprescindível mencionar a importância da experiência passada
com a droga na predisposição a sua administração. A exposição anterior à droga leva à
sensibilização, fenômeno em que seus efeitos se tornam mais acentuados. A sensibilização
é o reverso da tolerância, e ocorre com freqüência com drogas de abuso. Ao magnificar
seu efeitos, a sensibilização aumenta o valor reforçador da droga e predispõe à sua
administração (Piazza e cols., 1989). Para ela nos voltamos agora, analisando seu papel
em um modelo de dependência de drogas.
Figura 1. Tolerância e sensibilização quando uma mesma dose de droga é administrada repetidamente.
No exemplo, as primeiras administrações da droga tôm o efeito de aumentar a resposta; â medida que a
droga continua sendo administrada, o organismo pode desenvolver tolerância (linha cinza) ou
sensibilização (linha preta). A linha pontilhada indica o momento em que a droga começou a ser administrada.
430 M aria Teresa A . Silva, Luiz Q u ilh crm c Q . C. C/uerra, Fábio l.cy*et Q onçalve» l M lri.im C /au ia-M ijarcs
A tolerância e sensibilização são definidas operacionalmente como o deslocamento
da curva dose-resposta resultante do tratamento crônico com uma droga, sendo que a
tolerância seria observada pelo deslocamento à direita da curva e a sensibilização pelo
deslocamento à esquerda da curva (Figura 2) (Goudie e Emmett-Oglesby, 1989). As
definições de tolerância e sensibilização até agora aqui consideradas são as freqüentemente
usadas na literatura. Tais definições supõem que a tolerância ou a sensibilização só podem
ser induzidas por tratamento farmacológico; entretanto, ó comum encontrar na literatura
termos como "tolerância ou sensibilização simulada" ou "pseudo-tolerância/sensibilização",
quando o deslocamento da curva dose-resposta ó o resultado de procedimentos não
farmacológicos tais como manipulação de privação, do ambiente, stress, etc. Como
apontam Blackman (1989) e Goudie (1989), a distinção entre tolerância ou sensibilização
"verdadeira” e "simulada" é difícil de ser sustentada, em parte porque até agora não se
provou que os mecanismos que as induzem sejam diferentes, em parte porque essa
denominação sugere que as causas farmacológicas da tolerância/sensibilização sejam
mais importantes do que as não farmacológicas.
m g/kg
Figura 2. Tolerância e sensibilização quando diferentes doses de droga são administradas repetidamente.
A linha continua preta representa a curva dose-resposta do efeito agudo da droga. A tolerância é
definida oomo o desvio para a dtreita da curva dose-resposta (linha pontilhada). A sensibilização está
representada como o desvio da curva dose-resposta para a esquerda (linha continua cinza).
Nesta discussão será usada a definição de tolerância usada por Goudie (1989):
“...considera-se que se desenvolveu tolerância quando qualquer efeito da droga sobre o
comportamento 6 reduzido em magnitude, independentemente de se a tolerância foi Induzida por
fatores farmacológicos ou nâo farmacológicos" (p.612)
1Unia rsvMo exaustiva da literatura em ralaçAo ao papal do oondtaonamento oparanta no deaenvolvlmonto da lotar*neta pode ser encontrada em Wolgin (1969)
432 M aria Irrviki A . Silvu, l.ui/ Q u iIIh -im ic CJ. C. Kibio l.cyser Qonvalvcs í M íii.im C/arcia-Mijaros
aumentar a quantidade de reforço obtida, o organismo desenvolveria sensibilização para
esse efeito. Infelizmente não existem experimentos que testem essa possibilidade.
^ D R U U UCR
DHUOCH
434 M d fiii Teresa A . Silva, Lui/ C/utllicrrnc Q, C. C/ucrra, fábio Leyscr C/onvalvc» 1 M in am C/arcla Mijares
Posteriormente Siegel mudou a definição da UR dentro do modelo, considerando
como UR as respostas fisiológicas incondicionadas de compensação ao efeito da droga
(Larson e Siegel, 1998). Ou seja, a administração da maioria das drogas teria pelo menos
dois efeitos incondicionados no organismo: um seria o efeito direto e outro a reação de
compensação do organismo a esse efeito. Por exemplo, a administração de estimulantes
como anfetamina ou cocaína têm como efeito o aumento de dopamina na fenda sináptica
que ó seguido tipicamente de mecanismos compensatórios ativados por retroalimentação
negativa que "tentam" diminuir a quantidade de dopamina na fenda. Essa resposta
compensatória do organismo seria a UR que ficaria condicionada após várias
administrações da droga. Dessa forma, a CR não seria oposta, mas similar a UR
compensatória conseqüente do efeito da droga.
A tolerância condicionada tem uma estreita relação com os sintomas de
abstinência conseqüentes à retirada da droga. Como já foi colocado, o uso prolongado de
drogas psicoativas causa mudanças de médio e longo prazo no organismo. Tais mudanças
são respostas compensatórias à presença constante da droga no corpo. No caso de
desenvolvimento de tolerância, essas mudanças encontram-se associadas aos sintomas
de retirada da droga e, de fato, é porque essas mudanças aconteceram que o sujeito
apresenta sintomas de abstinência. Assim, em sujeitos tolerantes, a ausência de droga
no corpo se caracteriza pela manifestação de sintomas de abstinência. Contudo, mesmo
que o sujeito não seja mais biologicamente tolerante à droga, como por exemplo, em
casos de abstinência muito prolongada, os sintomas de abstinência podem aparecer
quando o sujeito é exposto ao mesmo ambiente em que habitualmente se auto-adminístrava
a droga, já que, como foi explicado, as respostas compensatórias à droga são
condicionadas ao ambiente. Na figura 3b e 3c, observa-se que o efeito líquido da droga é
diminuído pela CR compensatória, mas também que a CR é diminuída pelo efeito direto
da droga. Na ausência da droga, a CR se expressaria em toda sua magnitude, o que se
traduziria na aparição de sintomas de abstinência.
A tolerância condicionada foi amplamente demonstrada em animais e humanos
[uma revisão pode ser encontrada em Siegel (1989)]. A sensibilização condicionada, por
outro lado, não tem sido tão amplamente pesquisada, mas existem evidências que indicam
que o grau de sensibilização ó aumentado quando dicas ambientais são associadas à
administração da droga. Por exemplo, em um experimento que envolveu medidas
comportamentais e neurofisiológicas (DA extracelular no estriado), Lienau e Kuschinsky
(1997) observaram que, quando a administração de anfetamina ou cocaína era pareada
com um ambiente novo e um som, a sensibilização obtida era significativamente maior do
que quando não se fazia tal pareamento, e que os níveis de DA extracelular estavam
correlacionados com o grau de sensibilização dos animais tratados com anfetamina. Ou
seja, encontrou-se maior sensibilização na situação de administração pareada que também
estava associada a uma maior quantidade de DA extracelular. Resultados semelhantes
com nicotina foram relatados por Reid, Ho e Berger (1998).
Seguindo o modelo do Siegel para a tolerância, parece que, na sensibilização, é
o efeito primário da droga (UR) que é condicionado após a sua associação com o ambiente.
O porquê das URs compensatórias serem condicionadas, no caso da tolerância, e as
URs do efeito primário da droga, na sensibilização, é uma questão importante a ser resolvida
e seguramente associada às mudanças no SNC que acompanham esses fenômenos.
436 M ana lervsa A , Silva, Lui/ C/uiIlicrmr O/. C. C/urrra, Fábio l.eywr C/onvalvcs t M liia m C/aaia-Mijarcti
tolerância, porém essa diminuição estaria balanceada pelo aumento do seu valor reforçador
negativo. A dificuldade em extinguir o comportamento de auto-administração de drogas e
sua alta freqüência em relação a outros comportamentos, características típicas de sujeitos
dependentes, permite inferir que o valor da droga como reforçador negativo é muito poderoso,
quiçá maior do que como reforçador positivo.
(R')
FiequénckdeAuto-flrtn h istaçâo
(Ihtemi itHitt)
1 Sintomas de Abstinência
Figura 4 Modelo de abuso de drogas. O modelo integra a proposta de Schenk & Davldson (1998)
em relação ao papel da tolerância e sensibilização no abuso de drogas com o modelo da análise do
comportamento. Flechas com "+" representam aumento, flechas com diminuição. A direção das
flochas indica sucossão de eventos. Uma flecha acompanhada de R+ ou R- Indica reforço positivo
ou negativo, respectivamente.
REFERÊNCIAS
Aizenstein, M. L., Segai, D. S., e Kuczenski, R. (1990). Repeated amphotamine and fencamfamine:
sensitization and reciprocai cross-sensitization. Neuropsychopharmacology, 3, 283-290.
Akiyama, K., Kanzaki, A., Tsuchida, K., e Ujike, H. (1994). Methamphetamlne-induced behavioral
sensitization and its implications for relapse of schizophrenia. Schizophrenia Research,
12, 251-257.
Babbini, M., Gaiardi, M., e Bartoletti, M. (1975). Persistence of chronic morphino effect upon
activity in rats 8 months after ceasing the treatment. Neuropharmacology, 14, 611-614.
Badianni, A., Camp, D. M., e Robinson, T. E. (1997). Enduring enhancement of amphetamine
sensitization by drug-associated environmental stimuli. Pharmacology and Experimental
Therapeutics, 282, 787-794.
Balcells-Olivero, M., Richards, J. B., e Seiden, L. S. (1997). Sensitization to amphetamine on the
differential-reinforcement-of-low-rate 72-s schedule. Psychopharmacology, 133, 133-207.
Barrett, J.E. e Witkin, J.M. (1986). The role of behavioral and pharmacological history in determining
the effects of abused drugs. Em S.R. Goldberg e I.P. Stolerman (Eds.), Behavioral analysis
of drug dependence. New York: Academic Press.
Blackman, D. E. (1989). Behavloral tolerance and sensitization: definitlons and explanations.
Em G. A.J. e M. W. Emmett-Oglesby (Eds.), Psychoactive drugs: tolerance and sensitization.
NJ: Humana Press.
438 M iirid Tcrcw A . Silva, l.u i/ Ç uillicrm c Q. C. Qucrr.i, Fúbio l.cyscr l/o n ^ilv c s & M íria m Q«irviii-Mij<ircs
Bozarth, M. A. (1991). The mesdimbic dopamine system as a model reward system. Em P.WilIner
e J.Sheel-Krüger (Eds.), The Mesolimbic Dopamine System: From Motivation to Action
NY: Jhon Wiley and Sons.
Brown, E.M. (1985). ‘What shall we do with the inebriate?' Asylum treatment and the dlsease
concept of alcoholism in tho late nineteenth century. Journal of the Hlstory oftho Behavioral
Sciences, 21, 48-59.
Carroll, M.E. (1994). Acquisition and reacquisition (relapse) of drug abuse: modulation by
alternativo reinforcers. Em C.L. Wetherington e J.L. Falk (eds.), Laboratory behavioral
studies of vulnerabillty to drug abuse. NIDA Research Monographs, 169. Rockville: National
Institute on Drug Abuse - NIDA.
Chen, C. S. (1968). A study ofthe alcohol tolerance effect and an Introduction of a new behavioural
technique. Psychopharmacologia, 12, 433-440.
Chutuape, M.A.D. e de Wit, H. (1995). Preferences for ethanol and diazepam in anxious individuais:
an evaluation of the self-medication hypothesis. Psychopharmacology, 121, 91-103.
Comer, S.D., Collins, E.D., Wilson, S.T., Donovan, M.R., Foltin, R.W. e Fischman, M.W. (1998).
Effects of an alternative reinforcer on intravenous heroin self-administration by humans.
European Journal of Pharmacology, 345, 13-26.
de Wit, H. (1996). Primlng effects with drugs and other reinforces. Experimental and Clinicai
Psychopharmacology, 4, 5-10.
Demellweek, C., e Goudie, A. J. (1983). Behavioral tolerance to amphetamine and other
psychostimulants: the case for consldering behavioral mechanisms.
Psychopharmacology, 73, 165-167.
Deminière, J.M., Piazza, P.V., Guegan, Abrous, N., Maccari, S., Le Moal, M., Simon, H. (1992)
Increased locomotor response to novelty and propensity to intravenous amphetamine
self-administration in adult offspring of stressed mothers. Brain Research, 586, 135-
139.
Edwards, G. (1996). Therapy in the eye of history; three episodes from the nineteenth century
experlence. Em G. Edwards e C. Dare (Eds.), Psychotherapy, psychological treatments
and the addictions. Cambridge: Cambridge University Press.
Eichler, A. J., Antelman, S. M., e Black, C. A. (1980). Amphetamine stereotypy is not a homogeneous
phenomenon: sniffing and licking show distinct profiles of sensitization and tolerance.
Psychopharmacology, 68, 287-290.
Garcia-Míjaros, M. o Silva, M.T.A. (1999). Introdução à teoria da igualação. Em R.R Kerbauy e
R.C. Wielenska (orgs.), Sobre comportamento e cogniçâo 4. Santo André: ARBytes.
George, F.R. (1994). Integrating genetic and behavioral models in the study of substance abuse
mechanisms. Em C.L. Wetherington e J.L. Falk (eds.), Laboratory behavioral studies of
vulnerability to drug abuse. NIDA Research Monographs, 169. Rockville: National Institute
on Drug Abuse - NIDA.
Goeders, N.E. e Guerin, G.F. (1991). Non-contlngent electric footshock stress increases
vulnerability to self-admlnister cocaine In rats. Psychopharmacology, 114, 63-70.
Gonçalves, F.L. e Silva, M.T.A. (1999). Mecanismos fisiológicos do reforço. Em R.R. Kerbauy e
R.C. Wielenska (orgs.), Sobre comportamento e cogniçâo IV. Santo André: ARBytes.
Gosnell, B.A., Lane, K.E., Bell, S.M. e Krahn, D.D. (1995). Intravenous morphine self-administration
by rats with low versus high saccharin preferences. Psychopharmacology, 117, 248-252.
440 M.ifi.i Ti’irs.i A. Silvu, l.ui/ C/uilhrrmr O- C. l/uen.i, hibio I rysn l/onvtilvrs & Mlnum
Meliska, C. J., Landrum, R. E., e Landrum, J. T. (1990). Tolerance and sensitization to chronic and
subchronic oral caffeine: Effects on wheelrunning in rats. Pharmacology Biochemistry
and Behavior, 35, 477-479.
Petry, N.M. (2000). A comprehensive guido to the application of contlngency management
procedures in clinicai settings. Drug and Alcohol Dependence, 58, 9-25.
Piazza, P.V., Deminiére, J.M., Le Moal, M. e Simon H. (1989). Factors that predlct individual
vulnerability to amphetamine self-administration. Science, 245, 1511-1513.
Piazza, P.V., Deminiére, J.M., Le Moal, M. e Simon, H. (1990). Stress- and pharmacologically-
induced behavioral sensitization increases vulnerability to acquisition of amphetamine
self-administration. Brain Research, 514, 22-26.
Piazza, P.V., Le Moal, M. (1998). The role of stress in drug self-administration. Trends In
Pharmacological Sciences, 19, 67-74.
Piazza, P.V., Maccari, S., Deminiére, J.M., Le Moal, M., Mormède, P. e Simon, H. (1991).
Corticosterone leveis determine individual vulnerability to amphetamine self-
administration. Proc. Natl. Acad. Sei. USA, 88, 2088-2092.
Piazza, P.V., Marinelli, M., Jodogne, C., Deroche, V., Rougô-Pont, F., Maccari, S., Le Moal, M. e
Simon, H. (1994). Inhibition of corticosterone synthesis by Metyrapone decreases cocaine-
induced locomotion and relapse of cocaine self-administration. Brain Research, 658,
259-264.
Pierce, R. C., e Kalivas, P. W. (1997). Acircuitry model of the expression of behavioral sensitization
to amphetamine-like psychostimulants. Brain Research Reviews, 25, 192-216.
Ramsey, N.F. e Van Ree, J.M. (1993). Emotional but not physical stress enhances cocaine self-
administration in drug-naive rats. Brain Research, 608, 216-222.
Reid, M. S., Ho, L. B., e Berger, S. P. (1998). Behavioral and neurochemical components of
nlcotine sensitization following 15-day pretreatment: studies on contextual conditioning.
Behavioural Pharmacology, 9, 137-148.
Roberts, D.C.S. e Koob, G.F. (1982). Disruption of cocaine self-administration following 6-
hydroxydopamine lesions of the ventral tegmental area in rats. Pharmacology Biochemistry
and Behavior, 17, 901-904.
Robinson, T. E. (1993). Persistent sensitizing effects of drugs on brain dopamine systems an
behavior: implications for addiction and relapse. Em S. G. Korenman e J. D. Barchas
(Eds.), Biological Basis of Substance Abuse. N.V.: Oxford University Press.
Rougô-Pont, R., Piazza, P.V., Kharouby, M., Le Moal, M. e Simon, H. (1993). Higher and longer
stress-induced increase in dopamine concentrations in the nucleus accumbens of
animais predisposed to amphetamine self-administration. A microdialysis study. Brain
Research, 602, 169-174.
Schechter, M.D. (1992). Rats bred for differences in preference to cocaine: other behavioral
measuremonts. Pharmacology Biochomistry and Bohavior, 43, 1015-1021.
Schenk, S., e Davidson, E. S. (1998). Stimulant preexposure sensltizes rats and humans to the
rewarding effects of cocaine. Em C.L. Wetherington e J.L. Falk (eds.), Laboratory behavioral
studies of vulnerability to drug abuse. NIDA Research Monographs, 169. Rockville: National
Institute on Drug Abuse - NIDA.
Schenk, S., e Partridge, B. (1997). Sensitization and tolerance in psychostimulant self-
administration. Pharmacology Biochemistry and Behavior, 57, 543-550.
442 M .iiu i li-ivw A. Silva, l.ui/ l/uilitnmc C/. C. t/uma, fábio Lcysn C/onvalvc» l Míiiam C/arvia-Mijaies
Capítulo 46
O repertório do terapeuta sob ótica do
supervisor e da prática clínica
Considero que o repertório do terapeuta é formado peto estudo, obsorvaçAo clinica, reftexAo e análise da sua prática clinica,
dlscussAo com colegas e palestras sobre os temas relevantes para seu trabalho No caso do terapeuta comportamental ó
necessário salientar a observação da cultura e as mudanças rápidas das contingências sociais que influenciaram h formaçAo de
regras e a liberação de conseqüências para o cliente. Essa rede Intrincada de eventos ambientais e ações constróem a pessoa que
atua como clinico e faz a diferença encontrada entre os profissionais. Ao supervisor cabe analisar se o terapeuta tèm habilidade
para avaliar os problemas comportamentais do cliente e especialmente se os apresenta de uma maneira empática. O supervisor
fica atento a interação terapeuta-cliente, e manifesta-se claramente diante do comporlarnento adaptatlvos ou mal adaptados.
Olhará especialmente as reações emocionais do terapeuta-supervlsando diante dos comportamentos emitidos pek) cliente na
sessAo e fora dela. Esse ponto é primordial na anAllso, pois esclarece os problomas pessoais do terapeuta que podem ostar
interferindo nas escollias terapêuticas. O repertório terapêutico em formaçAo dá condições para avaliaçAo da clareza dos motivos
do cliente, para estar em terapia. Com essa análise o supervisor avalia e ensina o controle discriminativo existente na IntoraçAo
terapeuta-cllente e investiga a mudança de temas, a seqüência e conteúdo dessa mudança de temas, a seqüência e conteúdo
dessa mudança, se existem padrões de comportamentos semeüiantes em várias situações. A perspicácia e a sensibilidade do
terapeuta fundamentada em conhecimentos de psicologia ê que faz a diferença entre "auxiliar a resolver problemas" e ser
terapeuta que investe na meihora de vida, resoluçAo de problemas a... felicidade. O terapeuta auxilia o cliente A melhorar a
qualidado do repertório, que é observado pelos outros e reconhecer seus sentimentos. O repertório do terapeuta do observar,
escutar as experiências do cliente, verbalizar experiências emocionais, pensamentos e validá-las em funçAo das condições
existentes esclarece a respeito de padrões do cliente. Concomitantemente promove uma anAlise reflexiva e busca de alternativas,
ensaiando comportamentos para lidar com os problemas cotidianos, pela apurada descriçAo das contingências da sltuaçAo. O
terapeuta comportamental é assim um agente de mudança que constrói sua prática clinica, através dos anos, casos atendidos,
refloxAo sobro eles, estudo e pelo desenvolvimento de um repertório pessoal de coragem para desvendar o mundo que vivemos,
e, inspirar o cliente a como fazer para mudar o seu ou aceitá-lo, se imprescindível Provavelmente é esse desempenho que
distingue profissionais na prática clinica: o terapeuta capaz de descrever contingências de reforçamento ou punitivas, de tomar
o cliente capaz de construir suas próprias regras e aprender como e quando alterá-las, conhecendo-so, lembrando-se de cjue só há
a vida da pessoa e nela períodos críticos, determinados biologicamente e pelo ambiente.
Palavras-chave: Terapeuta; Supervisor, Terapeuta-cliente.
A UierapisVs repertotre depends upon yeara o< study, clinicai practice observation, a reflextve attitvide and üw self-arwlysis of
clinicai practice. The behavior therapist is supposed to highlight the cultural aspects and the dynBmic social contingencies that
have Influenced rule forming behaviors and the delivery of consequences to the cllent s behavior. This complex interaction
between envlronamental events and actions are responslble for the diversity found among thorapists. The supervisor should
analyse how skilled the therapist Is to be empathic to the cllnt and to perform an appropriate conceptualization of the case. The
cllent-therapist interaction should be carefully scrutinized, In search for adaptatlve or problem behaviors, as well as the
emotioruil reactions prosented by tho therapist, Inside and outstde sessions, towards tho dtenVsaúdo reports. This spectflc pomt
would reveal the negative interference exerted upon the cllent by any personnal problem of tho theraplst, which would affect
clinicai judgement, A solld therapeutic behavior may allow the understanding of the clienfs motives to look for profossional care.
By tha ineans of such analysis, Mie supervisor will teach the therapist how to identify tho discrimlnative control that operates
in the therapeutic relationship and how to analyso tho whole process based upon the sequential analysis of the themes
dlscussed nlong sessions, behavioral patterns presented in several contexts, etc Being sensltlve to such subtlo events,
supporled by hoIk) knowledge makes tlie difference l>elween a helping professional and another one who does somelhing else,
who stronyly Invests In belter living standards. problem solvirtg strategies and the soarch for happiness A good therapist helps
the cllent to recognlze his/her own emotlons and to obtaln signlficant repertolre changes, also observed by others As the
therapist observes the cllent. Ilsten to his messages, offers better verbal descriptions of emotlonal experlences and of
thouyhts, validatlng them, he/she glves the Client a better understanding of what constitutes the clienfs problems and the
posslble solutlon for them. Behavloral rehearsal produces changes because Is based upon a detailed descrlptlon of the
5- Ter cla ro o que é d ire tivid a d e e co m o em pregá-la. Talvez uma das críticas mais
contundentes que se fez à terapia comportamental é sua diretividade. É bastante próximo
da discussão dos limites em educação. Nos anos 60, a diretividade e a permissividade
compreendidas mais como aceitação incondicional do outro, estavam na moda.Com a
preocupação de se definirem objetivos claramente para poder planejar, estabelecer os
pontos intermediários, e realizar o esperado, a visão que se tinha do terapeuta
comportamental era quase equivalente à do feitor ou mágico, pois parecia ser possível
dizer faça e as cousas se realizariam e rapidamente.
8- Estagiar ou ter supervisão, preferencialm ente com sessões gravadas com recursos
au d io v is u a is. Esse item inclui um trabalho à parte, em detalhes ,sobre supervisão, que
não está incluído neste estudo. Vou me ater mais á análise da sessão e sua gravação em
recursos audiovisuais para torná-la permanente e permitir uma análise minuciosa e o
crescimento do terapeuta pela objetividade ao examinar seu próprio trabalho.
Após a autorização do cliente, que costumo solicitar por escrito, na primeira
sessão de terapia, ao fazer o contrato, o material para registro é acionado em todas as
sessões. Emprego esse procedimento em pesquisa e para treinamento de alunos em
formação. O ideal são as salas já construídas com a fiação que permite fazer o vídeo da
sessão e o encaminhamento, ao mesmo tempo, para uma sala de observação Como
várias linhas teóricas de psicologia utilizam o mesmo espaço nas clínicas escola , nem
sempre ó possível dispor desses recursos em todas as salas de atendimento.
O que a análise da sessão permite averiguar? Especialmente, a seqüência de
interações e como terapeuta e cliente estabelecem a forma de trabalhar e se ela produz
realmente os resultados esperados na terapia, É uma situação de aprendizagem em que
o terapeuta percebe como e a que está respondendo na sessão. Mostra claramente a
mudança de verbalizações do cliente. Para alguns deles é benéfico mostrar como mudaram
durante a terapia, especialmente quando as falas eram rudes ou agressivas ou as
reivindicações manipuladoras ou muito lacrimosas e queixosas e transformaram-se em
maneiras de viver produtivas e agradáveis .Nem todos os clientes gostam de ver e, para
alguns,seria punição em demasia ,e não convém mostrar. O critério é do terapeuta, após
estabelecer claramente a função do cliente ouvir ou ver a fita.
O terapeuta se beneficia ao verificar se escuta os relatos de emoção, especialmente
de emoções negativas, se ouve com serenidade, se não simplifica demais , invalidando
a experiência dolorosa, se compreende ser hora de escutar e não invalidar a experiência
emocional, procurando soluções muitas vezes racionais demais para o momento . É
possível, também, o terapeuta analisar se ele está fornecendo reforçadores positivos para
relatos privados e fornecendo estímulos para relatos que mostrem a história de aprendizagem
de comportamentos bem como de busca de alternativas para mudança de comportamentos
e contexto. Concluindo, assistir ao próprio trabalho, como se fosse de um outro terapeuta,
permite diversas análises, pois estas estão controladas pela pergunta que se faz ao dado.
A supervisão clínica é fundamental no decorrer da vida. Mudarão, mas um outro
ponto de vista em certos casos é...ético e demonstra sabedoria, a meu ver. Wielenska
(2000), em sua dissertação de mestrado ,há anos, analisou sessões de supervisão e
estabeleceu seqüências de interação supervisor-supervisando. Com uma análise
comportamental micro, verificou mudanças de comportamento e demonstrou a importância
10- Além da psicologia: inform ações e conhecim entos. O repertório de viver no mundo
atual ó complexo e as mudanças bruscas das instituições e valores amedrontam. Aqui no
Brasil, a ambigüidade e pouca clareza das relações de amizade e parentesco, em um
país que parece valorizá-las , mas que demonstra transformação com o modelo da
impessoalidade que o mercado exige, merece estudo acurado: de fato, investigações
partilhadas com outras áreas do conhecimento. Um exemplo dessa ambigüidade ó que se
sabe que no Brasil há leis que “pegam" e as que não, que fazer leis para resolver questões
de valores ó um passo arriscado e de resultado comprometido. A ostentação das elites
brasileiras ó cruel e parece demonstrar que a mobilidade social não existe. O livro de
DaMatta (I987) "A Casa e a Rua", lida com a dicotomia entre os sentimentos e práticas,
para uso doméstico e imagem pública, e mostra uma distância que permanece.
Com isso, quero exemplificar a necessidade do psicólogo recorrer a outras
informações, fora de sua área, para que entre em sessão de terapia sem preconceitos, e
compreendendo os problemas e o contexto dos problemas sociais. É possivel observar
R e fe r ê n c ia s
Da Matta.R. (1987) A casa e rua. Rio de Janeiro: Editora Guanabara.
Caballo.V. (1996) Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento. Sâo
Paulo:Santos
Keller,F. e Schoenfeld, N. Princípios do comportamento. ( trads: Rodolpho Azzi e Carolina Bori)Sâo
Paulo: Editora Herder.
Ellis, A.(1995)Mudando nomes: de Terapia Racional Emotiva(RET) para Terapia
Comportamental Racional Emotiva (REBT). The Behavior Therapist.TraduçSo para os
sócios da ABPMC no Boletim Informativo,15,1998.
Ellis, A. (2000)The importance of Cognitive processes in facilitating accepting in psychotherapy.
Cognitivo and Behavioral Practice 7,228-299.
Skinner. B.F.(1971) O mito da liberdade. (Trads. Goulart e M.Lucia Goulart).Sflo Paulo: Editora
Block.
Skinner, B.F.(1989) Questões recentes na análise do comportamento (trad. Anita Liberalesso
Neri) Campinas: Papirus Editora.
Skinner, B.F.(1969)Conf/ngé/7C/as de reforçamento. (trad. Rachel Moreno) Sâo Paulo: Editora
Abril.
Wielenska, R.C.(2000) A investigação de alguns aspectos da relação terapeuta cliente em
sessões de supervisão. Revista brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, (em
Impressão)
Glasser, W.(1999) Choice Theory. New York: Harper Perennial.
Hayes,S.C.,Jacobson,N.S;.Follette,V.M e Dougher,.J.^994) Acceptance andchange.content and
context in psychotherapy. Reno:Context press.
0 presente relato descreve aspectos fundamontals de um estudo de cato tratado pela Terapia por Contingências. Um
menino de 7 anos que vivia com a mâe. sob contingência* aversivas, apresentava dificuldades escolares, fala exagarada
(tatos distorcidos) e dificuldades no relacionamento social A terapeuta usando, basicamente, procedimentos envolvendo
técnicas de mudança gradual e contingência» reforçadora» positivas conseguiu produzir mudança» soclalnwmte significativas
no desempenho acadêmico, colocou as verbalizações do cliente, tatos e tatos distorcidos, sob controle de estímulos
adequados e desenvolveu comportamentos sociais adequados. Assim, o cliente alterou seus comportamentos, de modo a
produzir reforços generalizados 0 reduziu seu repertório de fuga-esquiva. A terapeuta colocou 0 comportamento do cliente
sob controle de regras e de conseqüências diretamente aplicadas aos comportamentos que ocorriam nas sessões,
espontaneamente, ou evocados por procedimentos por e)a programados (encenações com animais de pelúcia e bnncadeiras
com cachorros) para essa finalidade Discute-se a Importância do vinculo terapêutico.
Palavras-chave; tato, tato distorcido, vinculo terapêutico, DRO, autoconhecimento.
This Is a descriptlon of the basic features of a case study conducted In accordance with the Therapy by Contingencies
approach. The cllent was a 7-year-old boy, living with hls mother who used to control hls behavior managing coercitiva
contlngewies He liad shown academic diflicvilUes. unuaual verbal behavior (distorted tacts) and lack of social skitls. The
therapist used procedures involvmg gradual changing techniques, such as shaping and fading; she also strongly avoided any
Kmd of aversive control. The results showed that the Client improved his academic behavior, hls distorted tacts came to be
under appropriate stimulus control, as they were named “fantasies* Also, hls social abilitles improved and hls escape-
fjvoidance behavlors In relation to adults were dramatlcally reduced. The behavior of the Client was governed by rules from
the therapist and shaped in the therapeutic settlng by consequences managed by her. The therapist evoked adequale and
inadequate behavlors to occur in her presence by programming speclal activities to be performed with the Client (games
employlng atuffod toys and playing with real dogs) This study allowed a discussion of the determinants of cllent-therapist
relatiormhlp.
Key words: tacts. distorted tacts. therapist relationship, DRO, self-knowledge.
"Por esta razão, o tato permite ao ouvinte... "inferir algo a respeito das circunstâncias,
independentemente das condições do falante". Poderíamos, portanto, dizer que o tato é
um operante verbal que “beneficia" o ouvinte, e é precisamente por esta razão que a
comunidade verbal estabelece e mantém desempenhos verbais com função de tato. Skinner
observa que o tato tem particular importância para o ouvinte quando o falante está em
contato com um estado de coisas que não é conhecido pelo ouvinte." (de Rose, 1997,
p. 152). Nestas condições, "o comportamento na forma de tato opera em benefício do
ouvinte, estendendo seu contato com o ambiente, e tal comportamento é estabelecido
pela comunidade verbal por esta razão." (Skinner, 1957, p.85)
Skinner (1957, p. 149) aponta para a ocorrência de tatos distorcidos “quantidades
especiais de reforço generalizado são mais claramente eficazes quando levam a uma
distorção real do controle de estímulos. Como um exemplo, o falante simplesmente "exagera
os fatos". Ele superestima o tamanho de um peixe que fisgou ou minimiza o perigo de um
ataque pelo inimigo. Uma quantidade especial de reforço generalizado pode levá-lo a
interpretar erradamente um ponto na escala de mensuração.
O controle de estímulos não é apenas "exagerado", mas "inventado". Uma resposta
Numa outra sessão, o cliente “fingia" que jogava futebol fazendo os movimentos
de chute, embaixada etc. A terapeuta perguntou:
T: O que você está fazendo?
C: Estou fingindo que estou jogando futebol. Na verdade, Pati, só assim eu sou
bom. (deu uma risadinha). A terapeuta o abraçou.
Nessa situação, o cliente descreveu, adequadamente, seus comportamentos:
estando consciente de seu déficit de repertório (enquanto jogador) e generalizou o repertório
de relatar suas dificuldades. Mereceu o abraço.
Durante essa fase da terapia, a mãe do cliente estava morando com uma tia para
se tratar do uma crise depressiva. Não telefonava para o filho, nem se preocupava com ele.
O cliente ficou na sua casa sozinho com a babá, que solicitou a ajuda da terapeuta para
conversar com a irmã da mãe: precisava que esta assumisse os cuidados com o sobrinho
e a casa dele. A relação entre as irmãs era delicada (a mãe não aceitava a interferência da
irmã em sua vida); porém, diante da situação, a tia assumiu alguns cuidados com o
menino: levava-o para a terapia, matriculou-o na natação, fazia supermercado, pagava
algumas contas. Enquanto a mãe esteve ausente de casa, a terapeuta permitiu que Pedro
REFERÊNCIAS
Baer, D. M.; Wolf, M. M.; & Risley, T. R. (1968). Some current dimensions of applied behavior
analysis. Journal of Applied Behavior Analysis, 1, pp. 91-97.
de Roso, J. C. (1997). O relato verbal segundo a perspectiva da análise do comportamento:
contribuições conceituais e experimentais. Em R. A. Banaco (org.) Sobre Comportamento
e Cogniçào, vol. 1, cap. 17, pp. 148-163, Santo André: ARBytes.
Guilhardi, H. J. (1997). Com que contingências o terapeuta trabalha em sua atuação clínica. Em
R. A. Banaco (org.) Sobre Comportamento e Cogniçào, vol. 1, cap. 33, pp. 322-337,
Santo André: ARBytes.
Guilhardi, H. J. e Oliveira, W. (1997). Linha de base múltipla: possibilidades e limites deste
modelo de controle de variáveis em situação clínica. Em R. A. Banaco (org.) Sobre
Comportamonto o Cogniçào, vol. 1, cap. 35, pp. 348-384, Santo André: ARBytes.
Guilhardi, H. J. e Queiroz, R B. R de S. (1997). A análise funcional no contexto terapêutico: o
comportamento do terapeuta como foco da análise. Em M. Delitti (org.) Sobre
Comportamento e Cogniçào, vol. 2, cap. 7, pp. 45-97, Santo André: ARBytes.
Guilhardi, H. J. e César, G. (2001). Discussão de caso clinico: a proposta da Terapia por
Contingências. Em H. J. Guilhardi, M. B. B. R Madi, R R Queiroz e M. C. Scoz (Ed.). Sobre
Comportamento e Cogniçào, vol. 7, Santo André: ESETec.
Kohlenborg, R. J. e Tsai, M. (2001). Psicoterapia Analítica Funcional. Santo André: ESEToc.
Publicação original de 1991.
ESETec
Editores Associados