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SINOPSE
O que uma caçadora de vampiros deve fazer quando o líder dos
vampiros de San Antonio está desaparecido e os vampiros desvinculados
estão subitamente no auge? Encontrá-lo e trazê-lo de volta — não
importa o custo — antes que o vácuo de poder leve vampiros a ficarem
contra vampiros em um confronto mortal pela supremacia... com a vida
imortal de seu namorado Austin em jogo.
Quando ela descobre que seu ex, Shade, pode ter sido
“acidentalmente” responsável, os problemas de Val Shapiro assumem
uma dimensão totalmente nova e sua lealdade a todos em sua vida será
testada.
CAPÍTULO UM
VAL
E mbora a noite de lua não estivesse negra como tinta, recostei mais
adiante nas profundas sombras de um carvalho vivo fora da minha
casa. Minha boca ficou seca, meu coração acelerou e meu estômago
revirou como se uma dúzia de vampiros estivessem cavando dentro de
mim. Sim, era meu encontro mais assustador de todos — um encontro
com Austin.
Ao meu lado, Fang, meu fiel cão do inferno, bufou. Você derrotou
dúzias de vampiros, demônios mago e demônios de sangue... e você está com medo
de um encontro com o cara que quer ser seu namorado?
Não tenho medo dele, enviei para Fang telepaticamente.
Então você está com medo de quê?
Oh, em talvez parecer uma criança para o vampiro que tinha mais
de cem anos e era sexy pra caramba. O que ele viu em mim, uma garota
de dezoito anos de aparência média com praticamente nenhuma
experiência nesse tipo de coisa? Eu nunca “namorei” antes, embora eu
tenha tido dois relacionamentos de curta duração — um com Dan
Sullivan, um humano completo, e o outro com Shade, o demônio das
sombras perturbado. Nenhum deles me preparou para um encontro com
um vampiro sexy.
Depois do fabuloso flash mob do Dia dos Namorados que ele
arranjou para mim com “zumbis” dançando Thriller de Michael Jackson
há algumas semanas, eu prometi sair com ele em um encontro de
verdade, e essa foi a primeira vez que ambos conseguimos marcar isso.
Infelizmente, Fang podia ler todas as minhas dúvidas e
inseguranças e me questionaria por cada uma delas. Eu me encolhi,
esperando por isso.
Você não é de tão má aparência, disse Fang.
Caramba, valeu.
Não seja uma idiota. O que ele poderia possivelmente ver em você? Bem,
talvez o fato de que você é uma caçadora impressionante, ou talvez porque você
salvou seu traseiro e de outros incontáveis vampiros e demônios em San Antonio
muitas vezes nos últimos meses, para não mencionar dos humanos inocentes. Ou
talvez porque ele seja atraente para a sua súcubo interior, o que faz o traseiro dele
parecer tão boooom.
— Isso é um monte de traseiros — eu murmurei. Mas eu tive que
admitir que minha súcubo interior, que eu chamava de Lola, gostava de
Austin. Bastante.
Você entende que Lola não é uma entidade separada? Você é a súcubo, essa
uma oitava parte demônio sua não é algo ou alguém que você pode separar de sua
parte humana, não importa quanto você queira.
— Como eu posso esquecer quando você continua me lembrando?
— eu murmurei. Além disso, eu só queria me livrar de Lola antes de eu
ter sido expulsa da minha casa. Todos os outros da minha família —
minha mãe, meu padrasto e minha meia-irmã — eram totalmente
humanos, então eu me sentia como uma aberração. Mas agora que eu
descobri o Demônio Clandestino, eu não me sentia tão esquisita quanto
quando eu era... inexperiente.
Bem, Fang falou. Há uma maneira de obter esta experiência, você sabe.
Sim, eu sei. Estou fazendo isso, não estou?
Se você parar de se esconder — de você e dele.
Então Austin chegou em um dos carros de luxo preto que a veia de
vampiros de San Antonio mantinha em sua frota de veículos. Ele saiu do
carro, usando jeans que se agarravam em todos os lugares certos, uma
jaqueta de couro preta, botas de pele de cobra e seu chapéu de vaqueiro
sempre presente. Meu coração bateu mais rápido. Que gato — e tanta
areia para meu caminhão que era ridículo.
Fang me cutucou com o nariz. Não seja ridícula. Você é Val Shapiro, a
Caçadora, a Paladina do Demônio Clandestino. Ele é muita areia para seu
caminhão.
Sim, certo. Como se eu pudesse me esconder da aguda visão de
vampiro de Austin de qualquer maneira. Seu olhar me encontrou no
fundo das sombras e um sorriso lento e sexy alargou sua boca. — Olá,
querida.
Alguma garota não se derreteria em uma poça de água aqui e agora?
Como esperado, Lola surgiu na frente e no centro, seu interesse afiado.
Quanto a mim, eu engoli em seco, tentando colocar um pouco de
umidade na minha boca. — Oi — eu consegui dizer. Ah, sim, sou
espirituosa além da crença.
Ele se inclinou contra o carro, esperando que eu viesse até ele. —
Devemos ir?
Eu respirei profundamente e caminhei até ele, ou tentei fazê-lo. Em
vez disso, tropecei em uma raiz da árvore maciça. Graciosa, eu não.
Senti o meu rosto em chamas e desejei que eu pudesse voltar para
dentro sem parecer uma idiota.
Tarde demais, Fang zombou.
Graaande ajuda.
Eu coloquei um sorriso falso no meu rosto e consegui deixar a
escuridão da árvore sem tropeçar novamente. Eu dirigi-me para o carro
sob a luz da rua e Austin se moveu para o outro lado para abrir a porta
para mim.
Eu hesitei em entrar.
— Qual é o problema? — ele perguntou, seu rosto escondido na
sombra do chapéu.
Olhei para ele de qualquer maneira. — Onde estamos indo? Estou
bem vestida?
Eu realmente não tinha muito no guarda-roupa para escolher.
Jeans, uma camisa e um dos meus muitos coletes era praticamente o meu
uniforme do dia-a-dia e esta noite não era diferente. Eu precisava do
colete para cobrir as estacas na parte de trás da minha cintura. Não para
usar em Austin, é claro — ele era um dos sanguessugas bonzinhos do
Novo Movimento de Sangue — mas depois de ser uma Caçadora por
tantos anos, eu meio que me sentia nua sem elas. O resto do meu kit de
caça-vampiros estava na mochila que eu carregava, como a maioria das
garotas carregava uma bolsa.
— Perfeito — disse Austin, abrindo a porta do carro mais
largamente.
Ótimo, porque eu não tinha nada de adequado para usar em algum
lugar extravagante e não sabia se algo desse tipo estava aberto até tarde
da noite, de qualquer maneira.
Eu escorreguei para deixar o luxuoso assento de couro berçar meu
traseiro, mas parecia estranho ver Fang sentado na calçada em vez de
pular ao meu lado. — Para onde vamos? — eu perguntei novamente.
Austin apoiou os antebraços no teto e na porta para mergulhar a
cabeça onde ele podia me ver. Ele me deu um sorriso lento. — Bem,
querida, há uns vampiros desvinculados atacando turistas no Parque
Brackenridge...
— Perto do zoológico? — Isso não era um bom presságio.
— Sim, e pensei que talvez pudéssemos ter um pouco de diversão
perseguindo-os.
Um alívio me percorreu e eu relaxei. Sorrindo de volta para ele, eu
disse: — Parece ótimo.
Austin olhou para Fang, que parecia uma mola ansiosa e muito
enrolada para se soltar. — Você quer vir?
Pode apostar que sim, Fang disse, embora Austin não conseguisse
ouvi-lo. Ele pulou no carro, saltou sobre o meu colo e depois foi para o
banco de trás. Vamos lá!
— Isso é um sim — eu disse a Austin com uma risada.
Quando Austin se aproximou para entrar no lado do motorista,
Fang exclamou, Uau. Primeiro encontro e ele está levando você para caçar
vampiros malvados com seu cão do inferno. Ele conhece você ou não conhece?
Ele me conhece, eu confirmei, sorrindo.
Enquanto Austin dirigia-se para o parque, busquei algo inteligente
para dizer. — Então, como foi seu dia?
Isso não foi inteligente, Fang disse secamente.
Sim, eu soei muito alegre, até mesmo para meus próprios ouvidos.
Austin deu de ombros. — O mesmo de sempre. Sem novidades.
Treinando novos vampiros sobre como não morrer, verificando os
bancos de sangue, dormindo como os mortos. E você?
Tentei combinar o tom dele. — Ah, você sabe. Lendo feitiços na
Enciclopédia Mágica, brincando com os cãezinhos do inferno, tomando
conta de Shade.
Fang bufou no banco de trás. Cãezinhos do inferno? Eu gostei disso.
Austin me lançou um olhar de soslaio. — Tomando conta de
Shade?
Sua pergunta não parecia por ciúmes de um ex-namorado, era mais
como o-que-diabos-ele-está-fazendo-agora.
— Sim, desde que sua irmã foi sugada para outra dimensão, Shade
está tentando descobrir como recuperar seu corpo, tentando convencer
outros demônios a ajudá-lo. — Por sorte, ele parou de me culpar por sua
morte, mas ele não estava mais conversando com ninguém. — Ou ele
está escondido pesquisando na enciclopédia ou na Internet, ou ele está
andando pela mansão de sangue.
— Mansão de sangue? — Austin repetiu, soando confuso.
— Você sabe, o lugar onde perdemos a irmã dele e derrotamos o
demônio de sangue. Eu não sei do que mais chamar. — Quando ele
assentiu com a cabeça, eu acrescentei: — Micah tem medo de que Shade
faça algo estúpido lá.
— Como o quê?
Eu fiz uma careta. — Nós não sabemos com certeza, mas ele quer
que eu fique por perto para me certificar de que Shade não faça isso. —
Eu lancei um olhar para Austin. — Ouvi dizer que Alejandro comprou
a casa de sangue.
Austin assentiu. — Nós a destruímos quando derrubamos o
demônio de sangue e seus seguidores, então Alejandro se sentiu
responsável por limpá-la. Além disso, o Movimento está crescendo.
Poderíamos usar outro lugar.
— Talvez o seu chefe pudesse alertar Shade para sair de lá, ameaçar
fazê-lo ser preso por invasão ou algo assim?
— Você realmente acha que isso funcionaria?
— Provavelmente não. — Eu suspirei. Shade era outro cara com
quem eu não sabia como lidar. Me dê um vampiro malvado para matar
ou um demônio maligno para lutar, e eu lidava muito bem. Relações
pessoais... não muito.
— Como você saiu do serviço de babá esta noite?
— Tessa tinha a noite de folga do Clube Purgatório e se ofereceu
para ficar de olho nele para eu poder sair com você. Ele provavelmente
está dormindo, de qualquer maneira. — Afinal, já se passava da hora em
que a maioria dos cidadãos respeitadores da lei estava na cama.
Austin me lançou um olhar de soslaio aquecido. — Lembre-me de
agradecer a Tessa mais tarde.
Esse olhar fez Lola estender dedos gananciosos em sua direção, mas
eu a refreei. Agora não era o momento.
Talvez mais tarde.
Por sorte, chegamos ao parque, então não tive que responder. Em
vez disso, saí do carro e perguntei: — Qual é a situação?
— Nós ouvimos rumores de desvinculados caçando aqui,
procurando amantes clandestinos, adolescentes distraídos e sem-tetos
para lanchar.
Eu assenti. — Vamos...
Parei quando um carro de patrulha parou e um oficial se inclinou
pela janela. — Olá pessoal. O que vocês estão fazendo aqui às duas da
manhã? Não é seguro.
— Está tudo bem — eu disse a ele. — Eu sou Val Shapiro... eu
costumava trabalhar para a UCE. — Se ele estava alertando as pessoas
para longe do parque, ele provavelmente sabia que tipo de crimes
“especiais” que a Unidade de Crimes Especiais tratava e quem eu era.
Inclinei-me para ele ver meu rosto. Eu vagamente me lembrei de vê-lo
antes.
Ele recuou. Sim, ele me conhecia bem. Para os “sujos” estava tudo
bem lutar contra vampiros e demônios, mas eles realmente não gostavam
de ter um demônio em seu meio, especialmente um que poderia chutar
sua bunda e fazê-lo apreciar isso ao mesmo tempo.
Seu olhar inclinou-se para Austin.
— Meu parceiro de caça esta noite — eu acrescentei. — Ele pode
cuidar de si próprio. Nós estamos livres para ir, Oficial?
Aparentemente, ele aceitou minha palavra, porque ele assentiu. —
Boa caça — ele disse e afastou-se.
Bem, o respeito é melhor do que a aceitação em qualquer dia, disse Fang.
Sim, eu continuava me dizendo isso.
Eu me virei para Austin. — Alguma ideia de onde começar a
procurar?
Apenas siga meu nariz, disse Fang e colocou o focinho no chão.
— Eu suponho que Fang sabe? — disse Austin.
— Parece que sim.
Eu segui uma trilha atrás de Fang e Austin estendeu sua mão. —
Nós devemos fingir que os amantes estão dando um passeio — disse
Austin. — Para atraí-los.
— Oh, ok — eu disse, abaixando minha cabeça para esconder o
rubor que aqueceu minhas bochechas. Eu não sabia se me sentia
exultante por ele ter encontrado uma desculpa para segurar minha mão
ou desanimada que ele achou necessário explicar. De qualquer forma, eu
aceitaria suas palavras ao pé da letra e representaria sua pequena
atuação.
Ele pegou minha mão, ligando seus dedos com os meus. Oh, meu.
Era como se alguém tivesse jogado um balde de hormônios dentro de
mim, e todos responderam de uma vez, subindo pelos meus chacras com
uma intensidade visceral.
Lola gostou.
Lutando contra as sensações, tentei me concentrar em porque
estávamos aqui. — Você está com o amuleto? — eu perguntei
ocasionalmente. Por algum motivo, todos pareciam pensar que eu estava
viciada na coisa, já que ele constantemente me atraía, implorando-me
para usá-lo. Eu não estava, mas o cristal era uma ferramenta útil agora
que eu tinha perdido um pouco da minha magia de caçadora. Se ele
estivesse próximo, eu poderia usá-lo para coisas pequenas, como ver
através das espirais de um demônio das sombras, mas para grandes
coisas como controlar homens, eu tinha que tocá-lo.
— Sim — Austin disse igualmente casual, — mas você não vai tê-
lo a menos que sejamos superados em número.
Então o cristal me chamou, e eu consegui identificar sua localização
no fundo do bolso da frente de Austin. Bem, porcaria. Eu não poderia ir
atrás dele sem me envergonhar. Ele também sabia disso. Eu encolhi os
ombros, fingindo que não era grande coisa.
Ele viu meu olhar em seu bolso da frente e sorriu.
Meu rosto flamejou e Fang riu.
Nem sequer comece. Eu já estava envergonhada o suficiente.
Caminhamos por cerca de quinhentos metros no caminho, quando
Fang disse: Vampiros sanguessugas em três horas.
Apertei a mão de Austin em advertência.
Ele se inclinou para murmurar no meu ouvido: — Sim, eu os ouço.
E foi aí que três caras saíram de trás das árvores, como se estivessem
tentando parecer relaxados, mas não foram bem-sucedidos. Colegas de
faculdade, provavelmente, e eles vieram em três tamanhos — pequeno,
médio e grande. Mas eles não pareciam os valentões típicos da escola —
parecia mais com aqueles que eram atormentados.
— Ei, garota, quer brincar? — perguntou o mais forte.
Ele teria que me pegar primeiro, e isso não aconteceria. — Oh,
ótimo — eu disse, revirando os olhos. — Um grupo de nerds. — Eu
troquei olhares com Austin. — Esses são os predadores malvados com
que você estava preocupado?
— Não, não pode ser — Austin falou.
— Você acha que pode comigo, vaqueiro? — perguntou o de
tamanho médio beligerantemente.
Caramba, era um protetor de bolso que eu vi debaixo da jaqueta de
couro nova e rangente dele?
Austin assentiu lentamente. — Eu posso.
— Com nós três?
— Facilmente.
Eles correram contra ele, ignorando Fang e eu. Grande erro.
Fang pegou o rapaz menor, pulando para mordê-lo na bunda,
depois deixando-o sem equilíbrio e fazendo ele cair. Fang abriu os dentes
na garganta do baixinho quando murmurei o feitiço da super-força,
depois agarrei o sujeito mediano e o derrubei no chão duro. Austin se
juntou a nós, derrubando facilmente o cara pesado, então todos três
estavam deitados no chão, lado a lado, olhando para nós.
— Muito fácil — disse Austin.
— Ei — protestou o cara mediano. — Vocês sabem quem somos?
— Os Três Patetas? — eu adivinhei.
Raiva ardia nos olhos do homem mediano. — Eu vou mostrar a
você quem é um pateta. — E, claro, ele cometeu o erro de buscar o
controle da minha mente. Tentou, na verdade.
Isso significava que eu agora podia ler a dele.
— Desculpa, Chris. Isso não funciona comigo. — Olhei para os
outros dois. — Vão em frente, Carlos e Charlie, tentem me controlar.
Eles pareciam chocados por eu saber o nome deles, mas estreitaram
os olhos para mim.
— Não me diga — disse Austin com um pequeno sorriso e
balançando sua cabeça. — Eles realmente tentaram.
— Sim — eu confirmei. Agora eu podia ler as três mentes pequenas.
Suspirei. — Não são esses os androides que estamos procurando.
Austin me lançou um olhar intrigado.
Dei de ombros. — Desculpe, a nerdice deles é meio irresistível.
— Quem são vocês? — perguntou o cara menor, Carlos.
— Já ouviu falar na Caçadora? — respondeu Austin com uma
sobrancelha levantada.
— Ela? — ele disse, sua voz terminando em um chiado.
— Eu — eu confirmei. — E Austin aqui é o que você tenta ser, mas
nunca será.
— O que isso significa? — o corpulento Charlie exigiu.
— Ele é um vampiro também, ele tem sido há muito mais tempo do
que vocês. E ele não tenta pegar pessoas inocentes para se alimentar.
Falando sobre isso, o cara mediano — Chris — estava dentro do
meu campo de energia, então era óbvio que ele estava começando a se
interessar por mim. Bem, por Lola, de qualquer forma.
— Nós não machucamos ninguém — disse Chris, com um olhar
lascivo.
Ele estava tentando demais ser sexy e isso me enojou. Às vezes era
uma droga ser parte demônio da luxúria. — Isso é verdade, vocês não
machucaram... ainda, pelo menos. Mas vocês estavam planejando isso,
não estavam?
Aquelas desculpas patéticas dos vampiros que queriam estar no topo
da hierarquia social para variar, em vez de não serem ninguém. Mas para
fazerem isso, eles precisavam de maiores... pênis.
Fang bufou.
Austin suspirou pesadamente. — Eles realmente não machucaram
ninguém?
— Ainda não — eu confirmei. — Esta foi a sua primeira incursão
como vampiros bebês. — Eles estavam bastante famintos, mas não
conseguiram beber sangue... ainda.
— Acha que há esperança para eles?
— Talvez.
Carlos olhou de um lado para o outro entre nós dois, parecendo um
pouco menos assustado agora que Fang tinha recuado e estava apenas
sentado no peito do cara. — Do que vocês estão falando?
— Nós fazemos as perguntas aqui — disse Austin. — Quem
transformou vocês? Quem foi seu criador?
— Nós não sabemos o nome dele — disse Chris com um tom mal-
humorado.
Ele estava falando a verdade, e eu li o resto em suas mentes. — Eles
encontraram um aviso em um quadro de avisos na escola anunciando
um seminário sobre como se tornar rico e poderoso e foram para ele.
— Um quadro de avisos? — Austin repetiu com incredulidade.
Sim, parecia que a oposição estava anunciando agora.
— O que eles lhes disseram? — perguntou Austin.
Os caras queriam ficar calados diante da raiva de Austin, mas não
conseguiram esconder de mim, então contei a Austin o que descobri. —
O criador deles lhes disse que eles poderiam chutar areia nos rostos dos
valentões e tomar o que quisessem, depois transformou os três Cs,
dizendo que poderiam se juntar ao seu exército depois de terem feito sua
primeira matança.
Austin sacudiu a cabeça. — Estúpidos.
Cuidado, avisou Fang.
O corpulento Charlie tentou sair do chão, mas eu lancei Lola em
todos os três, de modo que eles não passavam de escravos amorosos.
Repugnante.
— Sentem-se — eu disse a eles, e eles tiveram que cumprir. Eu me
levantei, e Austin e Fang seguiram vagarosamente. Balançando a cabeça,
acrescentei: — Não tenho certeza se eles são iscas, ajudantes, ou se o
vampiro que os transformou realmente pensa que ele pode transformá-
los em soldados.
Os caras pareciam horrorizados. Eu adicionei com um pouco de
calor: — Isso não é um cosplay estúpido em uma convenção cómica,
onde todos acreditam que você é o que você pretende ser. E tornar-se
vampiro não os tornará super soldados ou super amantes. Só tornarão
vocês mais do que vocês já são. — Super nerds.
Eles olharam um para o outro, um olhar de horror em seus olhos.
Olhei para Austin. — Eles realmente não conseguiram morder
ninguém ainda. Nem mesmo um dos animais do zoológico. Por três
noites. — Austin assentiu com a cabeça, obviamente entendendo a
mensagem — eles estavam muito famintos.
— Então você acha que eles são recuperáveis?
— Provavelmente. — Todos os três eram exilados, de suas casas e
suas famílias. Eles só queriam encontrar um lugar onde pudessem caber
no mundo. Eu poderia me identificar com isso.
Austin suspirou pesadamente. — Ok, aqui está o acordo. Vocês
concordam em se juntar ao Novo Movimento de Sangue, e vamos
esquecer que isso aconteceu.
— Movimento? O que é isso? — perguntou Chris.
Isso era novo. Antes, os desvinculados tinham o cuidado de dizer
aos seus novatos que não entrem em contato com o Movimento. Parecia
que eles mudaram sua estratégia. Para não tentar os novatos a ir direto
para lá? Ou para eliminar os mais fracos?
Austin olhou para ele. — No Novo Movimento de Sangue, não
atacamos pessoas ou animais. Não tomamos sangue sem permissão, e
definitivamente não caçamos e matamos inocentes.
Carlos ficou intrigado. — Mas... não precisamos de sangue para
sobreviver?
— Sim — disse Austin. — Mas obtemos dos bancos de sangue que
operamos.
Os três trocaram olhares e pareciam relutantes. Ir para um banco de
sangue não parecia tão sexy quanto ser um soldado malvado.
Escondendo um sorriso, acrescentei: — Como um bônus adicional,
vocês terão acesso a casas seguras com outros de seu tipo, trabalho
significativo para fazer e Austin aqui irá ensinar vocês a lutar e se
defender.
Esse último os interessou mais do que todos os outros combinados.
Eles se deram um olhar duvidoso.
— Desta forma, vocês podem ser heróis, livrando o mundo dos
vampiros malvados desvinculados — eu lhes contei. Eles pareceram
gostar disso.
— E se vocês não quiserem — eu disse com alegria, — nós os
estaquearemos agora e deixaremos vocês para o sol transformá-los em
cinzas. — Eu tirei uma estaca e girei de brincadeira, levantando minhas
sobrancelhas para eles.
— Eu estou dentro — disse Carlos apressadamente.
— Eu também — Chris falou.
Charlie parecia teimoso, então levantei minha estaca em seu
coração. Ele devia ser o líder deste pequeno bando de inadaptados.
— Tudo bem, tudo bem — ele disse, levantando as mãos na
defensiva.
Austin olhou para eles. — Pertencer ao Novo Movimento de
Sangue é um compromisso vitalício. Nós vamos alimentá-los, hospedá-
los e treiná-los, desde que vocês sigam nossos caminhos. Mas mudem de
ideia e machuquem um inocente e nós tiraremos sua vida. Combinado?
Todos engoliram em seco, mas assentiram com a cabeça. —
Combinado — eles disseram em uníssono.
Lola soltou seus chacras e eles lutaram para ficar de pé.
Austin tirou a carteira e entregou a cada um dos caras um cartão.
— Tomem, isso tem os endereços dos bancos de sangue em torno da
cidade. Peguem algo para se alimentar. Diga-lhes que Austin lhes
enviou.
Os rapazes assentiram com a cabeça e apressaram-se para ir,
aparentemente antes de mudarmos de ideia.
Austin sacudiu a cabeça. — Mais três novatos para se
responsabilizar. E você se pergunta por que precisamos de mais espaço?
— Por que o aumento súbito na população de mortos-vivos?
— Os desvinculados estão ficando fora de controle. Eles continuam
transformando idiotas crédulos, depois deixam eles sozinhos para
sobreviver ou perecer. Nós tentamos pegá-los e convertê-los antes que
eles possam causar muito dano, mas é uma batalha sem fim. — Ele me
deu um sorriso pesaroso. — Desculpe, isso não foi tão divertido quanto
planejei.
— Ei, nós adicionamos alguns novos vampiros no lado bom. É um
ganho mútuo. Eu gosto disso.
Bem, eu não, Fang reclamou. Eu queria morder mais bundas de vampiros.
— Pode haver mais vampiros escondidos no parque — disse Austin.
— Houve uma série de ataques torpes nesta área. Tenho a ideia de que
os novatos sejam orientados nessa direção.
Mas antes de podermos explorar a área, meu telefone vibrou.
Verifiquei a tela. — É Micah. — Meu chefe no Demônio Clandestino
não me ligava com frequência, mas quando ligava, provavelmente era
importante.
— É melhor atender, então — disse Austin.
Assenti com a cabeça e atendi o telefone. — Oi, Micah. O que
houve?
— É Shade — ele disse sem preâmbulo. — Ele escapou de Tessa, e
nós achamos que ele foi para a antiga casa do demônio de sangue. Você
consegue verificar isso?
Olhei para Austin, incerta. Afinal, isso deveria ser um encontro.
Ele obviamente ouviu ambos os lados da conversa, com sua audição
de vampiro e tudo mais, e assentiu. — Pode ser — Austin concedeu.
— O que exatamente você quer que eu faça? — perguntei a Micah.
— Eu posso forçá-lo a sair, mas ele estará de volta amanhã. A menos que
você queira... — eu parei, deixando o resto para ele preencher.
Micah suspirou. — Austin tem o amuleto com ele?
— Sim.
— Então você pode usá-lo se você tiver que fazê-lo parar essa
obsessão doentia e insegura, mas apenas nesse caso. Entendeu?
— Sim senhor.
— Ótimo — ele disse. — Ah, e eu tenho outro pedido para você.
— O quê? — perguntei cautelosamente. Eu não tive que usar o meu
papel como Paladina ainda, exceto para cuidar de Shade, e eu realmente
não tinha certeza de que queria usar.
— Nós temos um demônio visitante, Ivy Weiss, e eu me perguntei
se você poderia colocá-la por um momento no quarto antigo de Gwen.
— Acho que sim — eu disse relutantemente. Afinal, Shade não
estava mais usando. — Que tipo de demônio ela é?
— Um demônio de pedras. O Clandestino de Sedona a chama de
sussurrante de pedras preciosas... ela pode ler pedras e rochas e descobrir
sobre seus donos. Me ligue quando chegar em casa e eu vou levá-la.
Uma cabeça de pedra?
Não seja grosseiro, eu o alertei. — Ok — eu disse a Micah e desliguei.
— Vamos embora? — Austin perguntou, apontando para o carro.
Oh, ótimo, Fang resmungou. Vamos ser babás de Shade. Novamente.
Caramba, ele necessita de mais supervisão do que os cãezinhos do inferno.
CAPÍTULO DOIS
VAL
A ustin fez uma cara feia e tentou não deixar mostrar sua irritação.
Por que Luis sempre tinha que fazer tudo ser uma competição? —
Talvez surgiu algo. — Ele pegou seu celular e ligou para Alejandro.
Nenhuma resposta. — Foi para o correio de voz — ele disse, franzindo
a testa.
— Está vendo — insistiu Luis. — Há algo errado.
— Talvez. — Mas Austin não queria comprar a paranoia de seu
colega tenente. — Ou talvez surgiu uma emergência — ele repetiu.
— Onde exatamente você deveria encontrar com ele? — perguntou
Val.
— Não é da sua conta — disse Luis.
— Bem, como você é uma pessoa alegre — Val disse, sua
sobrancelha levantando-se para Austin, como se quisesse perguntar: —
Que bicho mordeu a bunda dele?
Austin deu de ombros. Era o estado padrão de Luis hoje em dia. E
ele suspeitava que Luis estava um pouco com ciúmes do interesse de
Alejandro em Val. — Seja Teflon, Val — ele disse suavemente, sabendo
que Luis não entenderia a referência. — Deixe para lá. — Ultimamente,
Luis parecia estar procurando por qualquer oportunidade para satisfazer
a raiva que parecia ferver rapidamente abaixo da superfície. Não que
Austin não quisesse ver Val colocá-lo em seu lugar, mas não era a hora
nem o lugar.
Luis estreitou os olhos para ela. — Não é da sua conta. Você pode
ir embora.
— Bem, muito obrigada pela permissão — disse Val, — mas acho
que vou ficar. Apenas no caso de Austin precisar de mim.
Luis resmungou e começou a dizer: — Você... — mas Austin o
interrompeu.
— Obrigado, Val. Tenho certeza de que Alejandro apreciaria a
assistência de uma das nossas aliadas mais firmes. — Ele olhou para
Luis, desafiando o idiota a contradizê-lo. — Onde você deveria
encontrar ele na casa?
Luis franziu o cenho. — Ele disse para nos encontrarmos na
cozinha, mas ele não estava lá.
— Vamos dar mais algum tempo antes de entrar em pânico.
Antes que Luis pudesse interromper com algum outro comentário
grosseiro, Austin perguntou: — Para que vocês iriam se reunir aqui? —
Rosa estava encarregada de limpar o lugar e torná-lo utilizável, não Luis.
Sua arena era a política. Mas, no entanto, Luis estava constantemente
lutando para ser o número um entre os três tenentes, tentando se tornar
indispensável. Mas Alejandro nunca mostrou favoritismo, preferindo
girar a posição de segundo comando entre os três. — Talvez ele tenha
começado sem você — sugeriu Austin. Inferno, ele faria isso sem Luis,
tendo a chance.
Luis lançou um olhar para Val, mas ela estava inclinada para
acariciar Fang, agindo como se não estivesse ouvindo a conversa.
— Estamos procurando o sangue de Emmanuel — disse Luis
sucintamente.
— Você acha que ele armazenou algo dele? — Isso explicava por
que eles planejavam se encontrar na cozinha.
Luis assentiu. — Já que ele podia usá-lo para obrigar qualquer um
a cumprir suas ordens, Vincent de repente percebeu que Emmanuel
poderia ter mantido um pouco no gelo.
Isso fazia sentido — o demônio de sangue queria ter disponível
sempre que ele precisasse, especialmente se ele quisesse controlar um
número maior de pessoas.
— Para que você o quer? — Val perguntou com desconfiança.
— Não seja uma idiota — replicou Luis. — Somente Emmanuel
poderia compelir as pessoas usando seu sangue.
Fang grunhiu, mas Val deixou para lá, inalando profundamente e
murmurando: — Seja o Teflon.
— Lembre-se, ele também usou seu sangue para curar pessoas, seus
seres humanos preciosos — disse Luis. — Vincent sugeriu que o
estudássemos para ver se podemos duplicar seus efeitos.
Austin entendeu por que Vincent, o ex-paramédico e atual gerente
de laboratório/clínica, estaria interessado. Mas Luis não era exatamente
altruísta. Não quando se tratava de humanos, de qualquer forma.
Val fez a pergunta por ele. — Por quê?
— Boas relações públicas — disse Luis.
Isso explicava o envolvimento de Luis — era uma jogada política,
para trazer os humanos para seu lado quando chegasse o momento de
revelarem sua presença ao mundo. Pelo menos era assim que Luis podia
ver isso.
— Parece um pouco egoísta — disse Val. — Mas ei, se isso ajudar
as pessoas, sou a favor disso.
— Não precisamos de sua aprovação — ele murmurou.
Val revirou os olhos. — Sabe de uma coisa, acho que vou encontrar
algo para varrer o cristal. — Ela dirigiu-se para a cozinha.
Luis esperou até que ela tivesse ido, então disse: — Eu não entendo
o que você vê nela. Ela é uma criança.
— Ela viveu muitas coisas intensas em seus dezoito anos. Mais do
que a maioria das pessoas com três vezes mais a sua idade já
experimentou. — Embora ela fosse imatura e impulsiva, isso melhoraria
ao longo do tempo. Mas ele não admitiria isso a Luis. E, sabendo que
Luis se ressentia de Val porque Alejandro respeitava a “criança” tanto
quanto ele fazia com seus tenentes, Austin não conseguia resistir a
alfinetar o cara. — Além disso, ela é uma das melhores pessoas que eu
conheço.
— Melhor? — repetiu Luis com descrença. — Você a equipara com
pessoas como Alejandro?
— Sim. Pense nisso. Como uma súcubo, ela tem o poder de obrigar
qualquer homem a fazer o que ela pedir a qualquer momento. E como
ela usa isso?
Luis zombou. — Hipnotizando você com desejos lascivos,
evidentemente.
Austin ouviu o grunhido de Fang da entrada. Aparentemente, Luis
tinha esquecido que o cachorro do inferno podia entender tudo o que eles
estavam dizendo — e provavelmente reencaminharia para Val. — Não.
Ela deliberadamente mantém sua habilidade suprimida e a usa somente
quando é necessário fazer seu trabalho ou salvar a vida de alguém.
— Ou compelir a verdade — Luis replicou.
Então isso ainda doía? Luis odiava sentir como se tivesse perdido o
controle de qualquer coisa, e quando Alejandro tinha feito Val forçar
todos os vampiros no Movimento a declarar onde suas lealdades
estavam, Luis sentiu-se irritado com isso — e com ela. — Ela não queria
fazer isso — Austin o lembrou. — E ela concordou apenas a pedido de
Alejandro. Você está questionando as decisões de Alejandro agora?
Luis olhou para ele, mas não respondeu.
— Além disso, a vidente disse a Alejandro que ele teria sucesso com
Val ao seu lado. — E Alejandro colocou todo seu tempo e energia para
trabalhar na legislação para proteger os vampiros pertencentes ao
Movimento enquanto criminalizava aqueles que não pertenciam.
— Se você acredita que a vidente estava dizendo a verdade —
grunhiu Luis.
Austin estreitou os olhos. — Por que você não quer fazer nada que
promova a política do Movimento? Você está dizendo que você não está
mais a bordo da visão de Alejandro?
Luis fez um gesto cortante com a mão. — Não seja ridículo. Eu
simplesmente não acho que a parceria com um bando de demônios é a
maneira de fazê-lo. Ou você esqueceu o que o demônio de sangue fez?
— Você esqueceu como esse “bando de demônios” nos ajudou nos
últimos meses, incluindo com o demônio de sangue? — respondeu
Austin. — E Val é o motivo disso.
— Mas se não fosse por seus amigos demônios, o demônio de
sangue não teria...
— Meninos, meninos — uma mulher protestou da porta aberta. —
Por favor, sem brigas.
Austin olhou para a frente com surpresa. Ele não a tinha ouvido
entrar. Era Lisette, a líder do Novo Movimento de Sangue em Austin,
acompanhada de dois de seus guardas — loiros bem parecidos, como
sempre, escolhidos mais por seus aspectos que por seus músculos e
certamente não por seus cérebros. As sobrancelhas de Austin se
elevaram. Ela parecia vestida para a sedução em um vestido verde
esmeralda que se agarrava às suas curvas, os longos cabelos vermelhos
moldando um decote que estava garantido para atrair a atenção de todos
os homens da sala. — O que você está fazendo aqui? — ele perguntou
abruptamente.
Então Val voltou, carregando uma vassoura e uma pá. Ignorando a
tensão na sala, ela começou a varrer a bagunça, ou para Fang poder
entrar ou porque ela não queria estar no meio de uma briga de vampiros.
O cão do inferno tinha se movido sabiamente do caminho de Lisette,
mas não conseguiu avançar mais até que os fragmentos se fossem.
— Ah, mon ami — exclamou Lisette, fazendo bico. — Você está
aborrecido comigo? Mas tenho permissão para estar aqui. Alejandro está
me esperando.
Austin olhou para Luis, que assentiu. — Eu sugeri que essa busca
de sangue fosse um esforço conjunto entre os dois grupos. Alejandro
concordou.
— Então — ela disse, entrando e olhando para Austin como se ele
fosse uma mordida particularmente gostosa. — Eu estou aqui. Onde está
Guillaume?
— Guillaume? — repetiu Luis com uma careta.
— Eu o enviei na frente para verificar o lugar primeiro. Ele está
aqui, não?
Luis olhou para Austin, que balançou a cabeça. — Não o vi.
Lisette franziu a testa. — Onde está seu mestre?
Mestre? Alejandro não gostava de ser chamado disso, e ela sabia
disso. Austin se perguntou se valia a pena corrigi-la, mas Luis falou
primeiro.
— Eu não sei onde ele está — disse Luis, sua expressão suavizando
na presença de Lisette. — Eu estava pensando em procurá-lo quando
Austin me distraiu.
Val colocou a vassoura e a pá de lado, o chão agora livre de detritos.
— Bem, se todos vocês estão tão preocupados, por que todos nós não
procuramos por ele agora? — ela sugeriu.
Era uma sugestão razoável, e apesar de Luis franzir o cenho, ele não
disse nada.
— Ele não está na cozinha — Val se ofereceu. — Eu vim de lá.
— E eu acabei de vir da direita da escada — disse Luis. Ele apontou
para os guardas de Lisette. — Vocês dois, verifiquem o andar de baixo.
Austin, você e a Caçadora ficam com o andar de cima. Lisette e eu
iremos procurar à esquerda. Se vocês o encontrarem, enviem alguém
para nos informar.
Austin não se importou com a suposição de autoridade de Luis, mas
ele deixou que ele tivesse seu pequeno momento de ditadura e fez um
gesto para Val. — Vamos?
— Claro — ela disse, revirando os olhos.
Eles subiram as escadas juntos, Fang seguindo atrás.
Val riu.
— Se importa em compartilhar a piada? — perguntou Austin.
— Oh, nada. Fang apenas fez um comentário sobre Luis,
comparando-o com Hitler.
Austin deu um sorriso irônico. O cão do inferno não estava tão
longe. Luis deplorava a sociedade igualitária moderna e desejava que
eles pudessem retornar aos velhos modos feudais.
Eles viraram à esquerda no topo da escada e começaram a procurar
nos quartos de lá. A equipe de limpeza ainda não havia chegado até ali
ainda — parecia que os seguidores de Emmanuel estavam tão envolvidos
com seu líder carismático que não haviam se incomodado com uma
higiene simples ou qualquer coisa tão sem importância quanto a limpeza
dos quartos.
Por sorte, eles não tiveram de tocar realmente nos colchões
desagradáveis ou nas roupas para saber que Alejandro não estava entre
eles.
Quando chegaram a um banheiro, Val deu-lhe um olhar cauteloso
de soslaio. — Uh, acho que vou passar.
Austin sorriu. Ele poderia imaginar o que...
Um grito de baixo revirou seus pensamentos, e ele e Val nem
hesitaram. Eles desceram as escadas em direção ao som, Fang correndo
logo atrás. Isso tinha que ser Lisette. O que a deixaria tão furiosa?
Seguindo o som do invectivo francês incoerente, Austin e Val
correram para o quarto à esquerda da escada, seguidos de perto pelos
guardas de Lisette. Eles irromperam no quarto do altar e encontraram
Lisette balbuciando em francês para Luis, balançando os braços como
um moinho enlouquecido.
— O que há de errado? — Val e Austin perguntaram em uníssono.
Lisette ficou de repente silenciosa e apontou um dedo trêmulo no
chão atrás do altar. — Guillaume. Là-bas.
Austin correu ao redor do altar para ver o que a tinha deixado tão
chateada. Lá, deitado no chão, estava o Guillaume desaparecido com
uma adaga atravessando seu coração.
CAPÍTULO QUATRO
VAL
M esmo que Austin estivesse grato a Gwen pelo alerta, ele não tinha
certeza de por que ela o chamara. Uma parte dele esperava que
Luis se machucasse permanente, mas Austin sabia que ele não poderia
ser tão sortudo. Além disso, uma ameaça para Luis também era uma
ameaça para a organização que Alejandro tinha construído — a
organização que se tornou a família que Austin nunca conheceu. E você
tinha que cuidar de sua família, mesmo que fossem valentões e idiotas.
Ele não deveria deixar Luis atingi-lo, mas ele odiava a atitude “nós
contra eles” que Luis estava trazendo para a família de Alejandro. Era
desnecessário e não era exatamente saudável também. A última vez que
aconteceu... Ele sorriu ironicamente.
— O que é tão engraçado? — Val perguntou.
— Eu estava me lembrando da última vez que um dos tenentes de
Alejandro tentou assumir o controle.
— Oh. Isso — Val respondeu categoricamente.
— O que aconteceu? — perguntou a curiosa sussurrante de pedras
preciosas.
Quando Val não respondeu, Austin disse: — Val cortou sua cabeça.
Fang olhou para ele de seu lugar no colo de Val e resmungou no que
só podia ser diversão canina, mas um olhar no espelho retrovisor
mostrou a expressão horrorizada de Ivy. Ela obviamente não entendeu
o humor.
— Nossa, obrigada — Val murmurou e bateu seu punho esquerdo
brincalhão em suas costelas. — Eu tive que fazer isso — ela disse a Ivy.
Val parecia realmente aborrecida, então Austin completou: — Bem,
Lily a fez chegar a isso. Ela sequestrou a irmã e o padrasto de Val... e
Fang. — Para não mencionar o ex-namorado policial de Val, que
também fora o ex-noivo de Lily. — E Lily estava prestes a matá-los e
então vir atrás de nós e assumir a organização de Alejandro. Val
realmente não tinha escolha. Matar Lily salvou a todos nós.
— Entendi — Ivy disse fracamente.
Ela pareceu entender, embora Austin tenha se arrependido de ter
trazido isso à tona, já que pareceu incomodar Val.
— Você disse da última vez... alguém está tentando assumir agora?
— Ivy perguntou, parecendo preocupada que a decapitação estivesse na
agenda da noite.
— Eu espero que não... Val não trouxe sua espada — ele falou e
bloqueou o próximo golpe de Val em suas costelas quando Fang bufou
de novo. — Seriamente, o desaparecimento de Alejandro nos deixou em
uma confusão. Não temos nenhuma linha clara de sucessão, há três
tenentes agora, então um dos tenentes está tentando se forçar no papel.
— Luis — Val explicou a Ivy. — Aquele que tirou o seu capuz.
Ivy fez uma careta. — Odeio vê-lo encarregado de qualquer coisa
ou de alguém.
Idem. — Eu não sei o que aconteceu no banco de sangue, no
entanto, ou quem atacou Luis... espero que sejam os desvinculados.
— Quem mais seria? — Val perguntou surpresa enquanto acariciava
Fang. — Você não acha que Rosa iria...
— Não, eu não acho. — Ela não faria nada para admitir que
Alejandro poderia ter ido embora. No entanto, após a incapacidade da
localizadora de localizar o líder dos vampiros, Austin estava começando
a se perguntar se sua própria crença na existência contínua de Alejandro
poderia ser excessivamente otimista.
— Então quem?
— Novatos equivocados que pensam que precisam proteger minha
honra.
Val parou de acariciar as orelhas de Fang. — Quem em sã
consciência seguiria Luis? — ela perguntou incrédula.
— A velha guarda.
Val bufou. — Você não é exatamente um jovenzinho. Quantos anos
você tem? Cem?
Mais uma vez, ele percebeu o quão antigo ele devia parecer para ela.
— Um pouco mais do que isso — ele admitiu. — Mas consideramos a
velha guarda aqueles que estiveram com Alejandro desde que ele veio
com Cortez. Principalmente aqueles que compartilham a atitude
superior de Luis.
— Cortez? — Ivy repetiu com surpresa. — O Cortez que conquistou
o México e destruiu a civilização asteca? Aquele neste busto?
— Sim.
— Uau — Val disse. — Eu não percebi que eles eram tão velhos. —
Ela olhou para ele pensativamente. — Então, a velha guarda aprova os
métodos de Luis? — Ao aceno de sua cabeça, ela acrescentou: — E seus
seguidores e os de Rosa?
— Eu treinei a maioria dos recém-convertidos ao longo dos últimos
cem anos, então eles tendem a ficar do meu lado, embora eu nunca tenha
pedido a eles. — Ele deu de ombros. — Aqueles que não escolhem os
lados ou permanecem neutros estão essencialmente seguindo Rosa.
— E você tem medo de alguns de seus apoiadores terem escolhido
uma briga? De terem tentado derrotar Luis para você?
Confie em Val para chegar ao coração da questão. Austin assentiu
bruscamente. Mas ele não precisava nem queria isso, não importa o que
todos pensassem.
Eles chegaram ao banco de sangue, e embora tudo parecesse
pacífico do lado de fora, Austin sabia que as aparências podiam enganar.
Especialmente porque a placa de FECHADO pendia na porta. Ele se
virou para falar com Ivy. — Você provavelmente vai querer ficar aqui.
Pode ser perigoso lá.
O queixo de Ivy se elevou. — Eu posso lidar comigo mesma. Além
disso, minhas pedras preciosas podem ajudar.
Austin deu de ombros. Ele não sabia como falar com pedras
preciosas iria protegê-la ou ajudar nessa situação, mas ele também não
discutiria com ela. — Fique à vontade. — Para ser sincero, as ruas fora
desse banco de sangue também não eram tão seguras.
Ivy, Val e Fang seguiram Austin para o banco de sangue. Parecia
uma zona de guerra, com cadeiras derrubadas, o balcão de suco
quebrado, sangue espirrado nas paredes e muitas pessoas soluçando
silenciosamente ou eriçados por uma briga.
Os soluços eram humanos do sexo feminino que tinham vindo doar
e obtiveram mais do que eles esperavam, junto com alguns homens.
Elspeth e Gwen, juntamente com outros vampiros, estavam ajudando
eles, enquanto cinco seguidores se aglomeravam protegendo Luis. Ele
estava de pé contra uma parede, desgrenhado e ferido, um buraco
sangrento na camisa.
Um dos seguidores de Luis — o Tobias barbudo — viu o grupo na
porta, franziu o cenho e deu um passo ameaçador em direção a Austin.
— Você — ele disse acusadoramente. — Você fez isso?
Austin levantou uma sobrancelha. Lógica, obviamente, não era um
dos seus fortes. — Eu nem estava aqui — ele falou bruscamente para o
homem baixo e nervoso.
Val e Fang apareceram ao lado dele enquanto Ivy se afastava,
murmurando algo sobre encontrar uma maneira de ajudar.
— Você poderia ter enviado seus seguidores atrás de Luis — acusou
Tobias. — Para derrubá-lo para que você possa assumir o controle.
Fang rosnou e, embora Val tivesse detido ele, Austin estava
ridiculamente satisfeito por o cão do inferno querer defendê-lo. — Não
seja um idiota, Tobias. Eu não sou o único que quer assumir.
Um dos associados de Luis brandia uma flecha sanguenta. — Eles
atiraram nele! Quase acertaram o coração dele.
Luis abriu caminho através de seus seguidores, ignorando o buraco
em seu peito — logo curaria. — Alguém precisa assumir o controle, e
você não quer que esse alguém seja eu.
Austin controlou sua raiva ferventa. — Alguém não precisa.
Precisamos trabalhar juntos, não separados. Teremos problemas
suficientes para lutar contra os desvinculados agora que eles sabem do
desaparecimento de Alejandro... não precisamos estar lutando
internamente. Você esqueceu o que aconteceu durante a guerra hispano-
americana? — Os homens de Alejandro se dividiram em facções
violentamente opostas, um lado apoiando os Estados Unidos e o outro
insistindo que sua Espanha natal era o lado certo. A carnificina
resultante havia dizimado sua população até que Alejandro conseguiu
reunir todos sob sua liderança neutra. Levaram décadas para recuperar
a força e a coesão. — Você quer uma repetição disso? — Austin, com
certeza, não queria.
Luis parou por um momento, depois disse com mais calma: — Isso
não é nada disso. Isso é você, querendo que eu acredite que os
desvinculados foram responsáveis pelo ataque.
— Bem, você reconheceu algum dos seus atacantes? Eles eram
membros do Movimento? A verdade, agora.
Luis franziu o cenho. — Não, mas como eu sei que você não está
transformando pessoas em segredo? Enviando-os para me emboscar?
Você poderia ter dito que eu estava aqui, armado para mim.
Parecia que a razão tinha tomado um feriado. Austin nem tinha
certeza de como se defender contra a insanidade.
Elspeth falou. — Não seja ridículo, Luis. Todos sabem que você
vem aqui todas as noites na mesma hora. Seria fácil para todos descobrir
seus hábitos.
— Claro que você diria isso, não é? — perguntou Luis. — Você é
uma dos dele.
Quando Elspeth se afastou, balançando a cabeça, Val falou com
Luis. — Eu poderia forçar Austin a dizer a verdade. Isso o convenceria?
Luis franziu o cenho para ela. — Você também está do lado dele.
Por que eu acreditaria em qualquer coisa que você tenha a dizer,
qualquer coisa que você faça?
Val abriu a boca para responder, então, com um olhar de Austin,
encolheu os ombros e fechou a boca, murmurando algo sobre Teflon.
Boa escolha.
Austin decidiu tomar uma tática diferente. — Olhe, se eu fosse
responsável por isso, por que eu viria aqui imediatamente após o ataque
para ajudá-lo?
— Há — disse Luis, como se o tivesse apanhado em uma mentira.
— Para ver os resultados da sua perfídia, regozijar-se com meu cadáver
e fingir que você não teve nada a ver com isso... como agora.
Seus seguidores pareciam estar acreditando nesse monte de besteira.
— Eu não fiz nada disso — Austin rosnou, incapaz de lutar contra a
raiva se construindo dentro dele. — Eu não quero uma repetição da
guerra hispano-americana... quero Alejandro de volta.
— Claro que você diria isso, não é? — disse Luis, zombando. —
Tentando ser o herói, o salvador do Movimento. Bem, suas mentiras não
funcionarão comigo. Você quer apenas a posição de Alejandro para si
mesmo.
Não, ele simplesmente não queria que Luis a tivesse. — Eu quero
Alejandro na posição de Alejandro — disse Austin. — O que posso fazer
para convencê-lo disso? — Não que ele quisesse aplacar Luis, mas ele
queria que essa porcaria acabasse.
— Encontre-me sozinho e me diga disso. — Os punhos apertados
de Luis e a rigidez briguenta de sua mandíbula telegrafaram exatamente
o que ele quis dizer com isso.
Austin resistiu ao desejo de revirar os olhos. Foi isso ao que eles
foram reduzidos? A brigas no pátio da escola? — Eu não pretendo lutar
com você, Luis. — O vampiro mais velho era mais experiente, mas
Austin era mais ágil. Em uma luta justa, ele não sabia quem ganharia, e
agora não queria descobrir. — Não precisamos mostrar dissensões nas
nossas posições. Além disso, você está ferido. — Ainda escorria sangue
do buraco no peito de Luis.
— Com medo? — Luis empurrou o rosto para Austin, obviamente
o atraindo.
— Não — Austin estalou, não deixando Luis intimidá-lo ou forçá-
lo a fazer algo estúpido.
Rosa estava de repente entre eles — quando ela chegou? — Parem
com isso — ela ordenou. — Isso não nos ajudará a encontrar Alejandro.
Austin notou que nem Val nem Fang o defenderam contra Rosa.
Provavelmente porque ela estava certa. Austin deu de ombros e recuou.
Luis lançou a Austin um olhar assassino. — Ele provavelmente o
sequestrou ou o matou.
Rosa bateu o pé. — Não, estúpido, eu não acredito nisso e você
também não.
— Não me diga em que eu acredito — grunhiu Luis.
Rosa olhou para trás. — Vocês dois não vão lutar. Alejandro não
gostaria disso. Vamos parar vocês.
Luis olhou ao redor. Gwen e Elspeth haviam puxado os humanos
fora do alcance e os acalmou, mas mais e mais vampiros haviam
começado a admirar e ficar curiosos. Austin estudou seus rostos
enquanto Luis o fazia, e parecia que Rosa tinha alguns do seu lado. Os
seguidores de Luis estavam superados em números.
Seguindo sua vantagem, Rosa disse a Luis: — Você pensará nisso,
tentará lembrar o que aconteceu e dará a Austin detalhes sobre o que
você lembra do ataque.
Luis franziu o cenho. — Eu não confio nele.
— Então você vai me dizer — insistiu Rosa. — Quanto mais
soubermos quem procurar, mais fácil será encontrar o nosso líder.
O queixo de Luis se elevou. — Como você desejar, mas não vou
compartilhar a mansão com um homem em quem não confio.
— Tudo bem — disse Rosa. — Ambos ficarão separados. Luis, você
pode se mudar para os quartos acima e Austin em outro banco de sangue.
Leve seus seguidores com vocês.
Luis pareceu incomodado por um momento — obviamente não era
o que ele pretendia. Mas ele realmente não podia argumentar, já que a
mansão era, obviamente, o território de Rosa. Ele se recuperou
rapidamente. — Muito bem — ele disse, estendendo uma flecha curta
em sua direção. — Vamos embora agora.
Evidentemente, Luis não havia notado que Rosa assumiu o papel
de liderança nessa situação. Mas já que Luis sabia da autoridade de Rosa
sobre a casa, isso serviu para calá-lo, e Austin não reclamaria dos
resultados. Ao sair, Austin levantou uma sobrancelha para Rosa. — Isso
aumentará ainda mais uma separação entre nós — ele murmurou.
— Isso irá mantê-los longe da garganta um do outro — ela
respondeu. — Até que Alejandro volte e tudo volte ao normal.
É verdade, e isso não poderia acontecer cedo o bastante para Austin.
— Se ele retornar — disse Val. — Nossa localizadora não conseguiu
localizá-lo.
Agora, ela era a única que merecia a flecha nas costelas. Ao olhar
exigente de Rosa, Austin teve que acenar com a cabeça e assegurar-lhe
que era verdade.
Rosa pareceu arrasada por um momento, depois sua expressão se
endureceu. — Não, ele está vivo. Eu sei disso. Vocês vão encontrá-lo.
Sabendo o quanto ela se preocupava com a perda de seu amante e
seu líder, Austin disse: — Eu farei o meu melhor.
— Ótimo — ela disse. Olhando para os curiosos, ela disse: —
Limpem isso — e se foi.
Austin olhou para aqueles que ficaram. — Ok, vamos lá.
Ele colocou todos para trabalhar, então viu que Val tinha ido
verificar os humanos. Ele a seguiu. — Como estão? — ele perguntou.
— Bem — ela disse. — Gwen e Elspeth os tiraram da linha de fogo,
Gwen deu-lhes um sedativo, e Ivy usou uma de suas pedras para ajudar
a curar seus ferimentos.
Austin olhou para Ivy com surpresa. Então, falar com pedras tinha
seus benefícios.
— E quanto a suas mentes, suas memórias? Nós ajustamos eles? —
ele perguntou. Havia mais de um tipo de trauma.
Gwen olhou para Elspeth. — Ela está trabalhando nisso. Ela parece
ter uma habilidade para isso.
Austin assentiu. Fazia sentido que a antiga Comedora de Memórias
fosse habilidosa em ajustar as memórias.
— Sim, eu tenho — disse Elspeth. — Mas você verificaria meu
trabalho? Eu quero garantir que eu fiz isso corretamente.
Ele o fez e ficou impressionado com a profundidade que ela tinha
feito isso — ela não apagou suas lembranças, ela apenas diminuiu sua
intensidade, fez com que a altercação assassina parecesse ser uma
pequena desavença e que os danos eram insignificantes... que agora
eram, com a ajuda de Gwen e Ivy. — Excelente trabalho — ele disse. —
Vamos movê-los para os quartos de doação para que eles estejam fora do
caminho.
Depois que eles deixaram os doadores para dormir com sedativo,
Austin conduziu Gwen e Elspeth ao andar de baixo para falar em
particular. Val e Fang os seguiram. — Então, alguma de vocês viu o que
aconteceu? — ele perguntou.
Gwen encolheu os ombros. — Nós viemos verificar os estoques da
clínica e tínhamos acabado de sair quando aconteceu — ela disse,
compartilhando um olhar cauteloso com Elspeth.
Austin entendeu — elas tentavam evitar Luis sempre que possível.
Ele assentiu encorajadoramente.
Ela continuou. — Luis entrou com dois de seus seguidores assim
que estávamos indo para a porta. Um pequeno grupo de caras os seguiu.
— Ela olhou para Elspeth. — Talvez cinco ou seis?
— Sim — confirmou Elspeth. — Foram cinco.
Gwen assentiu. — Ouvimos gritos, então corremos para ver o que
estava acontecendo. Foi quando vimos Luis com uma flecha em seu
peito, vampiros lutando e os humanos lutando para sair do caminho.
Quando mais vampiros saíram dos quartos para ajudar, os atacantes
fugiram.
— Alguns tentaram segui-los — acrescentou Elspeth, — mas eles
tinham um veículo pronto e conseguiram escapar ilesos.
— Você viu que tipo de carro era? — perguntou Val. — Pegaram o
número da placa?
Elspeth balançou a cabeça. — Eu sinto muito. Tudo o que sei é que
o veículo era de cor escura. Eu não conheço os nomes.
Como ela tinha sido louca a maior parte de sua vida de vampira,
começando nos tempos da Inquisição, Austin não estava surpreso que
ela não conseguiu identificar um carro moderno. — Você reconheceu
algum dos atacantes? — perguntou Austin, na esperança de que nenhum
de seus próprios seguidores tivesse sido tolo o suficiente para fazer algo
tão estúpido.
— Não — Gwen e Elspeth disseram juntas.
— Vocês podem descrever algum deles? — ele persistiu.
Gwen franziu a testa, mordendo o lábio. — Desculpe, tudo
aconteceu tão rápido. A única coisa que eu lembro é que dois deles
pareciam muito semelhantes, como se fossem irmãos.
— Magros, loiros, de vinte e poucos anos? — perguntou Val.
— Sim.
Val olhou para Austin. — Parece os doces gêmeos.
Justo o que Austin estava pensando. — Parece que todos os
caminhos levam a Mike e Ike. É melhor acharmos eles.
CAPÍTULO NOVE
VAL
***
Trinta minutos depois, Ivy puxou cautelosamente o athame de seu
banho curativo. O sangue mal havia escorregado da água quando ela
imediatamente o colocou de novo dentro. — Ainda delirando de choque
— ela explicou. — Embora eu tenha a impressão de que está mais
afetado pela forma como o demônio de sangue usava isso do que pela
morte de Guillaume. — Ela me lançou um olhar de desculpas. — Não
tenho certeza de que lhe dará respostas, mesmo quando estiver curado.
— Tudo bem. Foi um tiro no escuro, de qualquer maneira. E os
pedaços de cristal?
Ela os retirou da solução e os pesou pensativamente na palma da
mão. — Embora os fragmentos tenham sido quebrados em um ato de
violência, eles não estavam tão perturbados quanto o sangue,
principalmente porque não absorveram tanta emoção negativa. Eles não
estão mais em estado de choque.
— Então, o que você pode dizer sobre eles?
— Eles parecem... vazios.
— Porque eles são peças quebradas do cristal original?
— Talvez. — Ivy sacudiu a cabeça. — Mas parece mais como se
estivessem imbuídos de algum tipo de consciência que não está mais lá.
Lembrando o que ela havia dito antes, perguntei: — Você quer
dizer... como se um demônio mago houvesse aprisionado outro demônio
dentro do cristal?
— Sim, mas o demônio não está mais lá.
Merda. — Onde ele está? Poderia ter entrado em outra coisa? Ter
alguma coisa a ver com o desaparecimento de Alejandro? — Ou era
algum tipo de entidade que flutuava livremente vagando em San
Antonio?
— Eu não sei.
Jesus, isso não é nada assustador, Fang falou devagar.
Ignorando ele, perguntei: — Você pode falar com eles, perguntar-
lhes o que aconteceu?
Ivy balançou a cabeça enquanto tocava os fragmentos. — Eles não
estão mais conscientes. Nunca vi nada parecido. — Ela me deu outro
olhar de desculpas. — Desculpe, parece que não sou de tanta ajuda.
— Com certeza você é. Você garantiu que Shade dissesse a verdade
ontem, não é? E ajudou aquelas pessoas no banco de sangue.
— Acho que sim. Deixe-me pensar nisso um pouco mais, falar com
meu pai, vê se ele tem alguma ideia.
— Ok. — Eu olhei para fora. O sol tinha se posto, então os vampiros
estariam acordados. — Vou ligar para Austin e contar o que
descobrimos.
Depois que eu falei sobre o folheto e as pedras, Austin disse: —
Amanhã à noite? Não pensei que seria tão breve. Não poderei ir com
você, estamos montando uma armadilha para os desvinculados na
esperança de pegar Ike e Mike.
— Eu pensei que nós concordamos que Ivy e eu poderíamos lidar
com isso sozinhas — eu lembrei-o secamente.
— Sim, eu sei, mas quem não precisa usar apoio? Eu estava
planejando ficar lá fora, no caso de você precisar de mim.
Eu ri. — Eu acho que posso lidar com alguns vampiros masculinos.
Sua voz baixou quando ele disse: — Eu sei que você pode, querida,
mas eu me preocupo com você.
E isso me deu um monte de sensações calorosas. Minha frequência
cardíaca subiu, e já que Austin não estava perto de Lola, eu não podia
culpá-la. Infelizmente, não tinha a menor ideia de como responder a isso.
— Eu, uh... obrigada?
Ele riu suavemente e disse: — Bem, agora, se você realmente quiser
me agradecer...
Seu tom sedutor me fez sentir quente por toda parte. Meu primeiro
instinto foi fugir, negar o que estava sentindo. Mas para o inferno com
isso — a vida era curta. Eu precisava agarrá-la pela cauda e subir para
um passeio. Me sentindo de repente corajosa, eu disse: — Você tem uma
sugestão?
— Venha e eu vou te mostrar — ele disse, sua voz baixa e sexy.
Uau, adrenalina correndo. — Eu... eu... tudo bem. — Resposta
brilhante. Simplesmente brilhante. Eu podia ouvir Fang rindo na minha
cabeça, mas felizmente ele não disse nada, ou eu provavelmente lhe daria
um tapa.
Se você conseguir me pegar.
— Ótimo. Eu... — Austin parou, e eu ouvi um barulho de briga no
fundo. — Espere.
Depois de alguns segundos, ele voltou. — Me desculpe por isso.
— O que está acontecendo? — Seja o que for, é melhor não me
impedir de vê-lo.
— Nós pegamos alguém que espreitava ao redor do banco de
sangue, um desvinculado. Ele diz que não sabe nada sobre o sequestro
de Alejandro ou o ataque a Luis. Eu prometi ao meu pessoal que a
Caçadora questionaria qualquer desvinculado que pegássemos para fazer
com que eles digam a verdade. Você se importaria de testá-lo para nós?
— Sem problemas. Eu estarei logo aí — eu disse e desliguei.
Ivy olhou para mim. — Sobre o que era tudo isso?
Val vai dá uns amassos, disse Fang com alegria.
Ivy sorriu e senti o meu rosto ficar quente. — Eu vou ajudar Austin
a questionar um desvinculado que foi pego — eu disse a ela.
E transar com Austin. Vá em frente, você sabe que você quer.
Ivy ergueu as mãos. — Ei, sem problema. Boa sorte com isso.
Olhei para mim mesma. A mesma Val chata — calca jeans, camisa
de manga comprida e colete. Devo me trocar?
Não, não troque sua roupa. Austin gosta de você da maneira que você é.
— Ele não está errado — Ivy disse com um sorriso. — E você não
quer parecer que está tentando muito.
Ela provavelmente estava certa. — Então tudo bem você ficar
sozinha?
Ela não estará sozinha, Fang disse. Eu vou ficar aqui também. Você não
precisa que eu interrogue um desvinculado ou assista você fazer sexo com Austin.
Caramba, onde ele aprendia essas coisas? Talvez eu tenha que
esconder o controle remoto agora.
Fang ergueu o pescoço para olhar para Ivy. Que tal você e eu ver
Princesa e os meus filhotes? Princesa ficará louca se só puder conservar com os
cãezinhos do inferno.
— Parece ótimo — disse Ivy, seus olhos rindo. — Está vendo? Nós
ficaremos bem. Vá se divertir com Austin.
***
Sentindo como se o meu rosto provavelmente tivesse ficado
definitivamente vermelho, eu me dirigi em direção ao banco de sangue e
peguei o elevador até a cobertura. Não sei por que me sentia tão nervosa.
Não era como se Lola não tivesse se alimentado de Austin antes. Mas,
no entanto, daquela vez foi diferente. Desta vez, algo... mais... podia
acontecer. Para dizer a verdade, o pensamento me assustou tanto quanto
me excitou.
Austin abriu a porta e eu me senti de repente tímida. Por sorte, ele
não me deu uma das suas observações sugestivas patenteadas, apenas
sorriu e abriu a porta. — O desvinculado está na cozinha — ele disse.
Agradecida por sua contenção, eu o segui até a cozinha, onde um
cara de aparência jovem estava sentado sombriamente em uma cadeira,
guardado por dois seguidores de Austin. Todos pareciam um pouco
desgastados.
— Oi — eu disse alegremente. — Qual o seu nome?
Ele não olhou para cima, nem sequer encontrou meus olhos. Ok,
acho que é a vez de Lola. Lentamente, envio fios de luxúria para o cara
na cadeira, com cuidado para não pegar os dois guardas em seu feitiço.
Os olhos do desvinculados se arregalam, e sua boca fica fraca conforme
eu acalmo os seus chacras e assumo o controle. — Qual é o seu nome?
— eu repito.
— Tim.
— Ok, Tim. Austin vai fazer algumas perguntas, e eu quero que
você as responda totalmente e completamente. Ok?
— Claro — ele disse, seus olhos brilhando, uma baba escapando de
seus lábios. Nojento.
Austin agarra uma cadeira, a vira e a empurra com os braços nas
costas, para então ele ficar cara a cara com Tim. — O que você sabe sobre
o desaparecimento de Alejandro?
— Quem?
— Alejandro, o líder do Novo Movimento de Sangue. O que você
sabe sobre seu sequestro?
— Nada. Não o conheço.
Austin franze a testa. — Para quem você está trabalhando?
— Ninguém.
Parecendo frustrado, Austin disse: — Então, o que você estava
fazendo espreitando no banco de sangue?
— Eu estava com fome. Ouvi dizer que você tem sangue aqui.
Reprimi um sorriso. Fazia sentido para mim. Com pena dos dois,
eu digo: — Por acaso você foi assistir recentemente a um seminário de
um vampiro chamado Alexander, o Grande?
— Sim.
Austin olhou para mim. — Ótimo. Outro novato.
Eu continuei: — Ele lhe disse que você tinha que matar alguém para
ser aceito?
— Sim.
— E você fez isso?
— Não.
Austin inclinou-se para frente. — Por que não?
— Eu ... eu não poderia.
Resposta correta. — Parece que ele realmente estava com fome —
eu disse a Austin.
Ele assentiu, depois disse a Tim como o Novo Movimento de
Sangue funcionava. — Essa é uma vida que você pode aderir?
— Sim.
Todos ficaram aliviados, exceto um dos guardas que parecia um
pouco desapontado por não poder chutar mais nenhuma bunda.
— Ótimo — disse Austin, então olhou para o cara que parecia
desapontado. — Mais um para o nosso lado é sempre uma vantagem,
você não acha?
O rapaz encolheu os ombros, mas pareceu entender.
— Tudo bem — disse Austin, ficando de pé. — Vocês dois, levem
Tim para o andar de baixo, mostrem-lhe como funcionam as coisas,
peguem um pouco de sangue para ele. Bom trabalho, pessoal.
Eu liberei o aperto de Lola em Tim, e ele pareceu desabar de alívio.
— Obrigado — ele me disse fervorosamente.
Eu não tinha certeza se ele estava me agradecendo por fazê-los
acreditar que ele estava falando a verdade, ou porque Lola o fez se sentir
tão bem. Credo. Eu não queria saber.
— Claro, chefe — disse um dos guardas, e os três deixaram a
cobertura, deixando-nos sozinhos.
Eu sorri para Austin. — Você é bom nisso, sabia.
— Em quê?
— Liderar os outros.
Ele passou a mão pelo rosto. — Você também não.
— Hã?
— Esses caras continuam me importunando para assumir o lugar
de Alejandro. Não vou fazer isso.
— Claro que não — eu disse suavemente. — Você não seria você se
você fizesse isso. — Ele parecia confuso, então eu acrescentei, —
Alejandro me disse que os vampiros tornam-se mais do que eram quando
estavam vivos. E ele disse que você é o homem mais honrado que ele já
conheceu.
Austin tinha uma expressão tão estranha em seu rosto que eu não
consegui interpretá-la. — Obrigado por acreditar em mim — ele disse e
me puxou em seus braços.
Não havia nada romântico no abraço — apenas Austin expressando
sua apreciação pelo meu apoio... no início. Lola tinha outros planos.
Ela subiu nele em uma onda de pura necessidade. Pela primeira vez,
eu não queria detê-la, mas, sentindo a resposta imediata de Austin, me
senti um pouco culpada. — Desculpe — eu disse, segurando-a.
— Por que você parou? — ele perguntou suavemente, seu abraço se
transformando em algo muito mais íntimo.
— Eu não quero forçá-lo a... — Sentir luxúria por mim é o que eu
queria dizer, mas não consegui falar as palavras. Eu quero que o desejo
dele venha naturalmente. Enterro minha cabeça no ombro dele,
sentindo-me fora da minha zona de conforto.
Ele me afastou dele para que ele pudesse me olhar nos olhos. —
Querida, não fui eu quem convidei você aqui para fazer exatamente isso?
Meu rosto fica quente, mas eu ainda não consigo encontrar seus
olhos. — Eu acho que sim.
— E como não consigo sentir o efeito de Lola pelo telefone, você
acha que talvez você possa acreditar em mim quando eu digo que eu
quero isso?
— Sim — eu disse em uma voz baixa enquanto Lola gritava dentro
de mim.
— E você, Lola, precisa encher seu reservatório?
Eu assenti, me sentindo tímida. Ela tem estado subsistindo com
provisões curtas por um longo tempo, já que eu nunca a deixava
preencher completamente meus chacras. Ela precisava disso. Nós
precisávamos disso.
Ele sorriu. — Então vamos para um lugar mais confortável.
Ele entrelaçou os dedos com os meus e me levou para o quarto. Oh,
meu Deus. Eu estava pronta para isso?
— Não se preocupe, querida. Não faremos nada com o que você
não se sinta confortável. — Ele tira as botas, depois se deita na cama e
acaricia o edredom. — Venha, aconchegue-se comigo.
Era exatamente a coisa certa a dizer. Não pude deixar de sorrir
internamente com o pensamento de um vampiro que queria se
aconchegar.
Retirei meus sapatos e me juntei a ele, o deixando me cobrir em um
abraço, ambos vestidos completamente. Suspirei — eu me sentia tão
maravilhosa nos braços de um homem forte, algo que raramente eu
sentia, pois Lola precisava manter a distância.
E, claro, Lola avançou na isca. Não foi lentamente desta vez. Ela
entrou em seus chacras com a força de uma estaca de madeira no
coração. Eu o ouvi ofegar.
— Desculpe...
— Está tudo bem — ele disse calmamente. — Você só me
surpreendeu, só isso.
Para dizer a verdade, também me surpreendeu. Talvez tenha sido
porque eu não usei muitos feitiços ultimamente, então eu consegui
manter a maior parte do meu poder de súcubo, ou talvez fosse porque
Lola era muito gananciosa, mas ela parecia mais forte do que nunca. Eu
a parei, não querendo ir muito rápido.
Quando Lola sugou a energia sensual de Austin, suas mãos
escorreram lentamente debaixo da minha blusa, sobre minha pele,
contornando os pedaços sensíveis. Eu não tinha certeza se ele estava
provocando ou estava indo devagar por minha causa.
Não importava. Eu soltei todas as minhas inibições e deixei Lola
livre.
CAPÍTULO TREZE
VAL
***
Nós acordamos tarde na tarde seguinte, e eu tive uma ideia, então
liguei para Austin. — Eu marquei um encontro com o tenente Ramirez,
— eu falei. — Para ver se a UCE já ouviu falar sobre onde os
desvinculados podem estar se concentrando.
— Boa ideia. Que horas?
— Eu pedi as sete. Vai dar para você?
— Sim. Nós vamos passar aí e buscá-la, ok?
— Nós?
— Sim, meus homens não me deixam sair sozinhos para nenhum
lugar — ele disse, soando irritado, mas resignado. — Eles insistem que
eu preciso de apoio.
— Ok. Vejo você mais tarde então.
Nós três estávamos prontos e esperando quando Austin apareceu
em um carro luxuoso preto e indescritível — exatamente como o carro
seguindo-o. Ele fez os vampiros que vieram com ele irem para o outro
carro para que pudéssemos caber.
Eles pareciam um pouco paranóicos, mas Austin os tranquilizou,
dizendo: — Eu tenho a Caçadora, a sussurrante de pedras e um cão do
inferno comigo, além de vocês estarem bem atrás de mim. Eu vou ficar
bem.
Eles concordaram relutantemente e nós dirigimos para a estação da
UCE, embora nós os fizemos ficar do lado de fora. Não era como se os
desvinculados fossem nos atacar dentro da delegacia de polícia.
Perguntei ao sargento no balcão pelo Tenente Ramirez, e ele me
disse para ir para a parte de trás. Enquanto caminhávamos pelo longo
corredor, Austin apoiou a mão na parte inferior das minhas costas.
Era uma sensação estranha, quase como se ele me reivindicasse
como dele, ou estivesse demonstrando carinho — eu não tinha certeza
de qual. De qualquer forma, não me importava. Na verdade, eu gostava
disso. Isso me fez sentir quente e apreciada. Eu nunca tinha tido muito
disso na minha vida.
Nós encontramos Dan no caminho para o escritório do tenente. Ele
olhou para a mão de Austin nas minhas costas e franziu a testa. Que
pena. Ele que me deu um fora, então ele não tinha mais nenhuma
opinião sobre quem eu escolhia para namorar.
Além disso, Austin é o melhor homem, declarou Fang.
Eu não iria discutir contra isso.
Nós entramos no escritório do tenente juntos, e eu apresentei Ivy a
todos. Não expliquei que ela era parte demônio — esse era seu segredo
para contar, se ela quisesse. Mas eu poderia dizer que o tenente e Dan se
perguntaram que tipo de demônio ela era — eles tinham que saber que
ela era uma, ou não a teríamos trazido para dentro disso.
O tenente Ramirez sacudiu a mão de Ivy, depois fez um gesto para
que todos nos sentássemos. — Pedi a Sullivan que se juntasse a nós, já
que ele tem experiência. Então, o que podemos fazer por vocês?
Austin explicou sobre o desaparecimento de Alejandro e sobre o que
descobrimos até agora. Ele concluiu dizendo: — Nós estávamos
pensando se vocês já ouviram falar de Mike e Ike, se têm mais
informações sobre eles, ou se vocês estão cientes desse “campo de
treinamento” que eles têm.
Dan balançou a cabeça. — Eu não ouvi falar deles nem de um
acampamento. Vocês sabem onde é?
Se nós soubéssemos, nós teríamos dito para ele, disse Fang, soando
exasperado.
Eu balancei minha cabeça, e Ramirez disse: — Eu também não sei.
— E algum padrão? — eu perguntei. — Os desvinculados estão se
preparando para assumir a cidade... vocês viram um aumento de
assassinatos ou ataques?
— Sim — admitiu Ramirez. — Mas não percebemos que era um
esforço concertado.
— Por que você não nos contou sobre isso antes disso? — perguntou
Dan.
— Porque acabamos de saber ontem à noite — eu falei, tentando ser
paciente com ele. — Você notou os ataques concentrados em alguma
parte da cidade?
— Eu vou ter que verificar minhas anotações — disse Dan.
Ramirez assentiu. — Nós não notamos um padrão, mas não
estávamos procurando um.
— Você poderia nos fornecer os dados? — perguntou Austin. —
Dessa forma, podemos ver se parece haver qualquer padrão que
possamos discernir.
Dan parecia realmente relutante.
Eu acho que ele não quer dizer para os sanguessugas, Fang disse.
Provavelmente. Ele ainda não estava convencido de que existia
vampiros bons, exceto talvez sua irmã Gwen, que tinha sido
transformada em uma contra a vontade dela.
— Talvez você possa fornecer a informação para Micah? — eu
sugeri, não querendo vê-los entrar em um concurso de mijo. — Ele pode
combinar com os dados do Clandestinos e ver se podemos encontrar uma
concentração de ataques em alguma área. — Micah tinha observadores
em toda a cidade, coletando dados e observando os vampiros. Ele
também era especialista em análises.
— Sim — disse Ramirez, olhando severamente para Dan. — Nós
podemos fazer isso.
— E continuaremos interrogando qualquer desvinculados que
capturarmos — disse Austin.
— Eu acabei me lembrando de algo — disse Ivy. Ela olhou para
mim como se tivesse pedindo permissão para falar, e quando acenei com
a cabeça, ela acrescentou: — Alexander, o recrutador de vampiros, disse
algo sobre Mike e Ike estarem em uma unidade diferente. O que vocês
sabem sobre isso?
Isso mesmo — ele tinha falado isso. Eu tinha esquecido disso.
Ramirez franziu o cenho. — É um tipo de organização, usada por
pessoas como terroristas e insurgentes. Geralmente, você só conhece as
pessoas que estão na sua unidade, de modo que se você for capturado,
você só pode revelar a identidade de algumas pessoas. Eles conheceriam
seus superiores, mas não estariam necessariamente conscientes de outras
pessoas no mesmo nível. — Eu não achava que Ivy precisasse da
explicação, mas ela deixou para lá. Ramirez acrescentou, pensativo: —
Eu não percebi que eles estavam organizados.
Merda. Isso acabou de ficar ainda mais difícil.
Austin assentiu. — E para aqueles que sabem mais informações, os
desvinculados agora têm uma estratégia em vigor para garantir que eles
não revelem informações importantes... um dente falso com sangue de
demônio dentro dele.
Dan assentiu. — Sangue de demônio os deixa malditamente loucos.
— Sim — eu disse. — Essencialmente, suicídio pelo sangue de
demônio. Isso também os tornará imprevisíveis e difíceis de matar. —
Olhei para Ramirez. — Você pode querer avisar o resto do time. Não
faça perguntas aos desvinculados a menos que você queria deixá-los
loucos.
— Sim — acrescentou Austin. — Agora que sabemos que o dente
está lá, podemos removê-lo antes que eles possam usá-lo. Se vocês
capturarem algum, liguem para nós.
Ramirez assentiu sombriamente. — Eu irei. — Ele olhou para
Austin. — Quem é o responsável enquanto Alejandro está...
desaparecido?
— Ninguém — disse Austin, seu tom breve.
Ramirez levantou uma sobrancelha. — Eu quis dizer com quem eu
entro em contato se soubermos de alguma coisa?
— Todos os três tenentes, Rosa, Luis e Austin estão fazendo os
trabalhos que eles costumavam fazer — eu expliquei, para evitar
explicações desnecessárias. — Mas, para os propósitos desta
investigação, você pode entrar em contato com Austin.
Austin assentiu, disposto a aceitar essa hierarquia. Ele levantou-se
e ofereceu a mão para Ramirez. — Obrigado. Com a sua ajuda, espero
que possamos não só encontrar Alejandro, como também acabar de vez
com a operação dos desvinculados.
Quando nos dirigimos para a saída, eu disse: — Desculpe. Eu pensei
que eles poderiam ajudar.
— Eles ainda podem — ele admitiu. — Mas eu só queria que
pudéssemos ter uma pausa.
Eu também. Nós teríamos uma — e logo.
CAPÍTULO DEZESSETE
VAL
E u dirigi para casa depois do duelo, feliz por ter assistido e que
Austin ganhou — não que eu tivesse alguma dúvida que ele
ganharia, mas eu não tinha certeza de que Luis iria jogar com
honestidade. Em todo caso, eu estava exausta e queria descansar.
Infelizmente, Ivy deixou Shade em casa, e ambos estavam me
esperando quando cheguei na casa, lendo a enciclopédia.
— Qual é o problema? — Ivy perguntou, vendo meu rosto. —
Austin não perdeu, não é?
— Não, estou cansada. — Eu dei um sorriso cansado. — Aquelas
duas horas que vocês gastaram neste mundo enquanto eu estava presa
no outro foram mais como seis para mim. — Eu não tinha feito nada
fisicamente exigente, mas ainda sentia como se eu estivesse acordada há
dias.
A preocupação vai ter um preço para você, Fang disse com simpatia.
Sim — e eu tinha me preocupado muito na outra dimensão e
enquanto assistia a luta de Austin — não que eu tenha deixado ele ver
nada além da confiança em sua habilidade.
— Onde está Austin? — Shade perguntou. — Não vamos fazer o
resgate agora?
Sua ansiedade de cachorrinho me fez querer machucá-lo. — Austin
e Luis foram machucados durante a luta e precisam de tempo para curar.
— Eu posso...
— Não — eu disse, o parando com uma mão levantada. — Eles
querem curar por conta própria. Além disso, Austin já reuniu todos para
se encontrarem amanhã à noite na mansão de sangue. — Eu caí nas
almofadas macias do sofá, que realmente pareciam boas agora.
— Val precisa descansar também — Ivy o lembrou.
Amém para isso. — Além disso, você ainda precisa de um plano
que Micah concordará.
— Mas...
Eu balanço a minha cabeça. — Basta, Shade, por favor. Eu pensei
sobre isso e eu não irei contra os desejos de Micah. Se ele acha que é
muito perigoso e que ele não quer arriscar muitas pessoas para resgatar
alguns, não vou discutir com ele. — Antes que Shade pudesse apresentar
outro argumento, eu disse: — É ele que você precisa convencer, não a
mim. Farei o que Micah disser.
Uma maneira de jogar a responsabilidade em outra pessoa, Fang estalou.
Sim, bem, é por isso que Micah recebe muito bem.
— Eu já liguei e lhe pedi para nos encontrar aqui — disse Shade,
obstinadamente. — Se você ligar para Austin e fazê-lo vir, podemos
resolver isso agora. Ainda há algumas horas até o amanhecer.
— Ele está se curando e mal se acomodando em seu novo
emprego...
— Isso é besteira, e você sabe disso. Esta é a coisa mais importante
para Austin agora e para mim. Vamos resolver logo.
Ele não vai desistir, Fang me avisou.
— Tudo bem, tudo bem. — Eu mandei uma mensagem para Austin
rapidamente, e ele respondeu. — Ele está vindo — eu disse com cansaço.
— Posso descansar agora?
A campainha tocou, e Ivy atendeu, deixando Micah entrar. Parecia
que não.
— Estamos esperando Austin — disse Shade. — Eu tenho certeza
que ele já tem um plano.
Ele tem? Fang me perguntou.
Até onde eu sei não. Pelo menos, nenhum que Micah vá aceitar.
Ah, eu entendo. Shade está na terra dos sonhos. Todos nós já fomos para lá
algumas vezes.
Verdade.
Micah assentiu e Ivy assumiu os deveres de anfitriã, oferecendo
bebidas aos nossos hóspedes. Quando ela nos trouxe um refrigerante,
Micah olhou para os livros na mesa de café ao lado do laptop da Shade.
— Você está pronto para compilar a lista digital de demônios
conhecidos, Shade?
— Sim, terminei ela, mas uma lista de feitiços seria útil, então eu
tentei digitá-los também.
Seria útil, mas... — Feitiços? — eu disse com descrença. — Isso não
é...
— Apenas uma listagem para um índice — ele me assegurou. —
Nenhum detalhe. E nada disso está conectado à Internet, então você não
precisa se preocupar com isso caindo nas mãos de outra pessoa. — Ele
balança a cabeça. — Mas é cada vez mais difícil lê-los. Às vezes, é como
se o livro não quisesse saber quais são os feitiços.
Eu assenti. — Os livros devem se abrir completamente apenas para
o Guardião. — E Shade era apenas um alternativo.
— Mas Ivy não parece ter problemas para lê-los — disse Shade.
Olhei para a minha colega de quarto. — Uma das suas pedras está
ajudando você?
Ela encolhe os ombros. — Eu não sei. Talvez. Mas o texto não
parece ficar borrado e girar para mim da maneira que Shade disse que
está fazendo com ele.
— Mas eu pensei que você usou alguns feitiços, Shade. — Ele usou
o portal unidirecional, bloqueou Fang, falou com os livros e quem sabia
o que mais.
— Eu usei — disse Shade. — Mas está mais difícil agora. Eu só
pareço ser capaz de ler um feitiço completo por vez, embora eu possa
correr os olhos pelos títulos.
Estranho.
Talvez os livros não gostem mais dele, Fang sugeriu.
Poderia ser. Fang deve ter transmitido isso para Micah e Ivy
também, porque eles olharam para ele.
Micah parecia pensativo. — Você não disse antes que apenas os
potenciais guardiões podem usar feitiços dos livros?
Shade respondeu-lhe. — Sim, e demônios magos, é claro, mas nós
cuidamos deles. Parece que o Guardião pode usar qualquer feitiço, mas
os potenciais guardiões só podem usar alguns deles.
— Quais deles? — perguntou Micah.
— Eu não sei, parece mudar aos caprichos dos livros.
Micah assentiu. — Você acha que Ivy pode ser uma potencial
guardiã e é por isso que ela pode lê-los?
— Por que você não pergunta aos livros? — eu sugeri. — Shade
pode conversar com eles com um feitiço que eles deram a ele.
Micah levantou uma sobrancelha e Shade abriu um dos livros em
um lugar que ele marcara. — Ivy é uma potencial guardiã? — ele
perguntou.
Sim.
— Por que você precisa de tantos? — perguntou Shade.
Nós não precisamos. Nós só precisamos de um guardião. E nós escolhemos
Ivy Weiss.
Todos ficaram surpresos, especialmente Ivy. — O quê? O que isso
significa? — ela perguntou.
— Explique — Shade disse aos livros diretamente.
O guardião tem uma grande responsabilidade: usar nosso poder sabiamente,
nos manter seguros e manter-se seguro. Como os demônios magos não são mais
uma ameaça, nossa necessidade é menor para a proteção do que para a
continuidade e a confiabilidade. Os demônios conhecidos como Val e Shade se
arriscaram demais e planejam fazer isso ainda mais no futuro. Ivy Weiss será
uma Guardiã mais sábia.
Bem, eu não podia negar que eu estava um pouco ofendida de que
não me queriam mais, mas como o demônio do cristal quebrado tinha
restaurado meus poderes, na verdade eu não precisava mais da força que
os livros forneciam. Eu também tinha que admitir algum alívio. Eu não
era uma erudita como Shade — eu odiava fazer pesquisas neles. E odiava
o ato de equilíbrio que eu tinha que executar entre os poderes de Lola e
os feitiços que eu usava. Agora que ao atravessar as dimensões os feitiços
saíram de mim, eu também não precisava mais me preocupar com eles.
— Eu nem sei se eu quero isso — protestou Ivy.
— Por que Ivy? — Shade perguntou aos livros, soando irritado. Ele
tinha mais a perder do que eu.
Porque ela tem as pedras para ajudá-la, juntamente com a sabedoria e a
maturidade para lidar com a responsabilidade sem prejudicar a si mesma ou aos
outros.
Hã. Os livros me chamaram de imatura?
Fang bufou. Pareceu que sim.
Bem. Eu não precisava deles, de qualquer maneira.
Eeeee você acabou de provar que eles têm razão.
Micah parecia pensativo. — Ivy, eu acredito que você estava
planejando ficar aqui em San Antonio?
— Sim — ela disse cautelosamente. — Mas não tenho certeza sobre
isso. O que significa ser uma Guardiã?
Dei de ombros. — Bem, eles não estão mais preocupados com os
demônios magos e não precisam de proteção, então, principalmente, isso
significa procurar feitiços na enciclopédia e usá-los para ajudar o
Clandestino quando necessário. — Eu fiz uma pausa, depois acrescentei,
— Até agora, usei um feitiço localizador, um feitiço de força e um de
exorcismo. Nenhum desses é perigoso por si só, a menos que você se
arrisque. — Era o que os livros provavelmente estavam querendo. — Os
livros são egoístas para conseguirem o que querem para sobreviver — eu
acrescentei. — Eles foram feitos dessa maneira deliberadamente, para se
proteger a todo custo. E parece que eles acham que você é a melhor
pessoa para o trabalho. Mantenha-os seguros, use-os com sabedoria, e
acho que você será uma grande Guardiã.
— Eu concordo — disse Micah. — E você estaria nos fazendo um
grande favor assumindo esse trabalho.
Ivy soltou um suspiro. — Eu... tudo bem. Eu estava pensando como
eu iria entrar na sua organização aqui, de qualquer forma. Parece que os
livros tomaram a decisão por mim.
E ela concordando, pareceu como se um grande peso tivesse sido
tirado dos meus ombros. Interessante — eu nem tinha percebido que
parecia como um fardo antes.
Uma batida veio da porta, e Ivy deixou Austin entrar. Não fazia
tanto tempo desde que terminou a luta, mas ele já parecia melhor — o
hematoma em torno de seus olhos parecia ser de dias e o corte estava
quase curado.
— Venha contar a Micah seu plano — Shade pediu.
Austin tirou o chapéu e sentou-se ao meu lado, seu braço na parte
de trás do sofá atrás de mim. Lola murmurou alegremente, fazendo-me
sentir toda mole e feminina por dentro.
Ele é bom para você, disse Fang. Um namorado vampiro... quem diria?
Certamente, não eu. Seis meses atrás, eu nem tinha percebido que
existia algo como um vampiro “bom”, e eu praticamente matava todos
os sanguessugas que eu encontrava.
— O plano é simples — ele disse a Micah. — Amanhã à noite,
Shade abrirá um portal, pequeno o suficiente para que ninguém passe do
outro lado. Fang pode nos dizer quantos demônios existem, então
estaremos preparados e saberemos quantas pessoas precisamos para
combater os demônios do outro lado, se houver. Depois que a minha
força de ataque passar, Shade pode reduzir o tamanho do portal
novamente para que ninguém possa passar, mas Fang ainda pode
monitorar o que está acontecendo por lá.
— Como Fang pode monitorar qualquer coisa? — perguntou
Micah. — Ele não consegue ler sua mente.
— Não, mas ele pode ler a de Val.
Micah levantou uma sobrancelha. — Você não vai arriscar minha
Paladina sem a minha permissão.
Austin olhou para mim, mas fiquei com a boca fechada e levantei
minhas mãos em sinal de rendição. Eu não iria entrar nesta discussão.
— Não precisa ser eu — eu disse, tentando não soar como se eu estivesse
tomando partido. — Qualquer demônio o fará. Tenho certeza de que
Andrew seria voluntário.
— Eu sei que ele seria — disse Shade ansiosamente.
— Se eu concordar em deixar você abrir o portal — Micah o
lembrou.
— Por que você não deixaria? — perguntou Shade.
— Porque o plano é falho. Você pode saber onde Alejandro passou,
mas não há garantia de que ele ainda estará no mesmo local dias depois.
E você não tem ideia do que está esperando por você do outro lado.
— Eu poderia ser capaz de ajudar com isso — disse Ivy. Quando
nos viramos para olhar para ela, ela acrescentou: — Quando Andrew
passou pelo portal, eu dei uma pedra para melhorar a comunicação.
Enquanto ele estava lá, eu ainda podia ouvir a pedra. Ela foi capaz de
me dar informações sobre a situação do outro lado. Se lançarmos uma
pedra através do portal, podemos conseguir pelo menos alguma
informação desse jeito.
— E eu irei reunir meu pessoal neste lado — disse Austin — Prontos
para matar qualquer demônio que passar. Com a ajuda de algumas
pessoas, devemos manter o perigo contido.
— Viu? — Shade disse, como se a questão estivesse resolvida.
Micah balançou a cabeça. — Continua o problema de que você não
sabe quanto tempo demorará para encontrá-lo ou se o tempo está
passando mais rápido por lá. Quanto tempo você pode manter um portal
aberto, Shade? Você pode fazer isso por horas? Dias? Se você não puder,
o que acontecerá com as pessoas do outro lado quando precisarem
voltar?
Shade ficou em silêncio por um momento, enquanto todos nós
pensávamos em como isso poderia ser complicado. Mas ele não estava
prestes a desistir tão facilmente. — Se eu criar um portal unidirecional
para nos levar com muitas provisões, posso nos trazer de volta com outro
portal unidirecional quando for seguro.
— Se você ainda estiver vivo — Micah respondeu. — Não há
garantia de que você sobreviva, e se você estiver morto ou inconsciente,
o resto da equipe estará presa lá, para sempre.
Droga, Micah tinha razão.
— Sempre há problemas com qualquer plano — Austin falou entre
dentes. — Não saberemos o que precisamos até chegar lá e avaliar a
situação.
— E é por isso que não posso concordar — disse Micah, parecendo
arrependido. — Meu primeiro dever é com o Demônio Clandestino,
depois com o povo de San Antonio. Você sabe o quanto de dano que
Emmanuel fez e ele era apenas um demônio. Imagine o que uma horda
inteira poderia fazer. Não posso arriscar as vidas de todos na cidade para
resgatar um homem.
— Dois homens e uma mulher — Shade o lembrou. — Você ouviu
alguma resposta de Diesel?
— Sim — confirmou Micah. — Diesel me ligou de volta. Seu cão
do inferno, Max, admite que ele pode ter mentido ao dizer que Sharra
estava morta.
— Pode ter? — eu repeti. — Ela estava viva ou não?
— Ele não sabe. Ele disse o que ele tinha que dizer para manter o
portal fechado.
— Eu sabia — exclamou Shade. — Sharra está viva.
Micah balançou a cabeça. — Você não sabe disso com certeza. Nem
sabemos se Alejandro e Vincent ainda estão vivos.
Austin respirou fundo. — Alejandro não hesitou quando se tratava
de ajudar no seu resgate — ele disse suavemente. — Você não fará o
mesmo por ele?
Oh, cara. Ele disse, disse Fang com admiração.
Bem, ele era um homem difícil que tentava bastante ser civilizado,
mas isso não significava que ele recuaria.
Micah olhou para as mãos dele. — Antes de sair do clube, Tessa me
deu uma profecia sobre essa situação. Ela disse “Confie no julgamento
da Paladina”. — Ele olhou para mim, com desculpas em seus olhos. —
Então, Val, você tem todos os dados, prós e contras. O que deveríamos
fazer?
Fang gargalhou. Tanto esforço para abdicar da responsabilidade.
Bem, merda. Eu não queria tomar essa decisão, não queria estragar
tudo nem prejudicar qualquer pessoa que eu gostava.
Todos assumiram que eu ia tomar os seus lados. — Você pode me
deixar dormir? — eu perguntei, procurando por mais tempo.
— Não — disse Micah. — Você tem todas as informações que você
precisa. Decida agora, por favor.
O que devo fazer? perguntei a Fang melancolicamente. Não importa
qual a escolha que eu faça, alguém ficará puto.
Tessa disse para confiar no julgamento da Paladina, não na mente de Fang.
Mas seja o que for que você escolher, eu vou apoiar você. E assim como Micah e
Austin.
Eu suspirei e cedi. — Ok, me dê um minuto para pensar.
Fechei meus olhos e deixei os detalhes fluírem pela minha mente.
Ambos os lados tinham excelentes argumentos. Eu gostaria
definitivamente de ver Alejandro e Vincent de volta nesta dimensão. Não
só porque gostava deles, mas porque Alejandro poderia ajudar a
estabilizar a incerteza que ameaçava separar o Movimento. E trazer
Sharra de volta morta ou viva faria eu me sentir menos culpada por ferrar
a vida de Shade.
Mas Micah tinha uma questão boa. Valia a pena arriscar a vida de
muitas pessoas para salvar apenas de algumas? Especialmente quando o
resultado era tão duvidoso?
Os argumentos rodearam na minha cabeça, e eu não sabia o que
fazer. Ajude-me, implorei a Fang.
Tessa tem confiança que você sabe a coisa correta a se fazer. Qual é?
Eu não fazia ideia. O que era o certo? Seguir os meus sentimentos e
trazê-los de volta apesar das consequências? Ou usar a lógica fria e dura
e os abandonar lá?
Abandonar... essa palavra atingiu um nervo. Quando eu passei
apenas poucas horas na outra dimensão, pensar em não poder voltar para
casa me assustou mais do que qualquer vampiro ou demônio que eu já
enfrentara, e eu não estava em perigo. Não consigo tirar a imagem de
Sharra da minha cabeça, encolhida num canto, perguntando-se quanto
tempo esperaria. Imaginando se alguém viria.
Eu não poderia abandonar ninguém nesse tipo de destino. Não
importa quais as consequências, eu sabia que desejaria que alguém me
resgatasse. Olhei para Austin. Olhei para Shade. Olhei para Fang, e eu
sabia. Tão certo como eles foram atrás de mim apesar das consequências,
nós iríamos atrás de Sharra. De Alejandro. De Vincent.
Eles são da família. E você vai atrás da família. Era a razão pela
qual eu era Paladina — para proteger minha família. Eu tinha que me
lembrar disso. Eu tinha que parar de levantar paredes e me proteger, os
empurrando e assumindo que não poderiam me amar, me perdoar...
confiar em mim para ser mais do que apenas uma Paladina. Eu era
Paladina porque eles confiaram em mim para ir atrás deles. Não importa
o quê.
Respirei fundo e anunciei: — Eu decidi. Nós vamos.
Austin soltou um suspiro aliviado quando Shade gritou: — Isso!
Micah suspirou e assentiu. — Eu confio em você, bem como nas
profecias de Tessa. Nós daremos aos membros do Clandestino a
oportunidade de ajudar se desejarem, mas não exigirei que o façam.
Shade, eu concedo permissão para abrir qualquer tipo de portal que você
precisar amanhã à noite. Val tomará a decisão sobre quando, onde e por
quanto tempo, e você irá cumprir sua decisão.
— Entendido — Shade disse exultantemente.
— E Austin — Micah continuou severamente. — Devo insistir que
se Alejandro retornar ou não, você deve concordar em conversar com os
demônios e humanos sobre se revelar ao mundo.
— De acordo — Austin disse instantaneamente, me dando um
abraço de um braço, que eu não tinha certeza que eu merecia.
Você tomou a decisão certa, Fang me assegurou.
Sim, eu também pensava assim. Eu só esperava que não fosse tarde
demais.
CAPÍTULO VINTE E OITO
VAL
I vy, Fang, e eu dirigimos até a casa de sangue uma hora após o pôr-
do-sol no dia seguinte. Havia muitos vampmóveis pretos
estacionados nas ruas aos redores, junto com outros veículos menos
discretos pertencentes aos demônios. Eu liguei para o tenente Ramirez
ontem à noite, e ele concordou em fornecer alguns membros da UCE
para interferir com os vizinhos e fornecer uma última linha de defesa.
Senhor, eu esperava que não fossem necessários.
Foi quando o medo me atingiu. Não da luta, não dos demônios
delirantes do outro lado, mas de ter tomado a decisão errada. Quem era
eu para escolher um caminho que poderia resultar em ter algumas
pessoas perdendo a vida ou sendo presas para sempre em uma dimensão
demoníaca?
Você a Paladina do Demônio Clandestino, Fang me lembrou. Isso lhe dá
grande poder. E, como dizem, com grandes poderes vem grandes
responsabilidades.
Sim, bem, eu não queria isso.
Nenhum bom líder deseja isso.
Não está ajudando.
O tenente Ramirez estava direcionando o tráfego, e quando ele me
viu dentro do MINI de Ivy, ele nos dirigiu para um lugar na garagem que
eles guardaram para nós. Quando saí com minha mochila e minha
espada, percebi o que Austin queria dizer sobre ter um carro apropriado.
Difícil comandar o respeito quando você chega em um veículo que se
parece com um carrinho de bebê em forma de abelha. Por sorte, apenas
os policiais estavam lá fora. O resto devia estar esperando lá dentro.
Controlei minha apreensão e entrei no saguão, lotado de vampiros
e demônios.
— Lá está ela — Andrew gritou da escada, onde aparentemente ele
estava me esperando.
Todo mundo se virou para me encarar, sem dúvida me avaliando,
pesando a mim e a minha habilidade. Eu lhes dei um rápido aceno de
cabeça, tentando parecer confiante e competente. Todos estavam aqui
por minha causa.
Porque eles querem ajudar, Fang me corrigiu.
Andrew desceu as escadas em minha direção. — Eles estão
esperando na sala do altar por você. Por aqui — ele disse.
Ele estava tão entusiasmado para ser parte disso que não o avisei
que eu já conhecia o caminho.
Como esperado, Austin, Luis, Rosa, Diego, Jeremy e alguns
subordinados de Luis que eu não conhecia representavam os vampiros,
e o Clandestino estava representado pelo enorme demônio de água,
Ludwig, Josh, o demônio de fase, Micah, Shade, Ivy e eu.
Eu deixei o planejamento na verdade para a força de ataque de
Austin, e ele parecia totalmente preparado e responsável.
— Você tem os suprimentos que podemos precisar? — eu perguntei.
Austin assentiu. — Rosa equipou os seis com sustento, caso
precisemos passar muito tempo por lá, e sei que Micah trouxe comida e
água para vocês quatro.
Todos os vampiros carregavam pacotes e espadas, mas o resto dos
demônios precisavam apenas dos pacotes, já que as espadas interferiam
nos seus poderes. — Quatro? — Eu não esperava que Micah passasse, já
que seu poder só funcionava em demônios femininos.
— Sim, você, Ludwig, Josh e Andrew.
— Eu não sabia que você iria passar — eu disse a Andrew.
— Eu posso lutar — ele disse obstinadamente.
— Eu sei que você pode — eu assegurei-lhe. — Mas eu esperava que
você ficasse desse lado para cuidar de Ivy. — Ela tinha que estar aqui
para ler sua pedra, mas eu não queria colocá-la em perigo além disso.
— O demônio de fogo será um bom trunfo do outro lado — disse
Rosa. — Eu vou ficar desse lado para me preparar para qualquer coisa
que eles possam precisar. Eu vou cuidar dela.
Eu também, Fang disse.
Isso mesmo — eu esqueci que Fang teria que ficar para trás para
deixar Ivy e Micah saber o que estava acontecendo na outra dimensão.
Seria uma luta estranha sem o meu fiel cão do inferno ao meu lado, mas
tinha que ser assim. — Tudo bem.
Austin assentiu brevemente. — Então vão ser dez, e eu tenho mais
em reserva caso precisemos deles.
— Qual é o plano? — eu pergunto a ele.
— Eu acho que Shade deveria abrir um portal aqui na sala do altar,
já que foi aqui que Alejandro passou, mas o resto depende do lado
oposto. Só enviaremos todos quando for preciso. Você está pronta para
começar?
Eles não podiam ir a lugar algum até eu ter dado a Shade permissão
para abrir o portal. Olhei para eles. — Todo mundo que está passando
está consciente de que podem não voltar?
Todos concordaram — os mais jovens com uma ânsia de que logo
se arrependerão e os mais velhos com uma certeza sombria. Exceto por
Luis e seus seguidores. Suas expressões eram mais de um sorriso de
escárnio atado com desprezo.
Bem. Eu também não me importava com eles. — Qualquer um que
não for atravessar deve se afastar. — Rosa, Ivy, Micah e Fang se
retiraram para o outro lado da sala. — Nós só usaremos o pessoal que
vamos precisar. Austin nos avisará quem ele quer. — Eu olhei para
Ludwig, Josh e Andrew. — Vocês três escutem Austin, ele está no
comando. Fang nos manterá informados sobre o que os demônios estão
fazendo.
Todos concordaram. Eu confiava em Ludwig para fazer o que
pedimos, mas Josh e Andrew não foram provados. — O principal
objetivo aqui é resgatar nosso povo, isso é de suma importância. Sem
grandeza. Entenderam?
— Sim — disseram os dois em uníssono, e eu tinha que me
contentar com isso.
— Ok, Ivy, você tem uma pedra?
— Sim. — Ela tirou uma grande turquesa do bolso e me entregou.
— Pode trazer de volta se você puder?
Assenti e dei a pedra a Austin. — Aqui, você foi tão bom com a bola
de futebol, vamos ver como você fará com isso. Shade, abra um pequeno
portal, por favor, apenas grande o suficiente para que Austin jogue a
pedra. — Eu não sabia o quão longe o campo do portal se estendia e não
queria que ninguém fosse aspirado prematuramente.
Shade assentiu e, sem evidência de tensão, formou imediatamente
uma pequena nuvem verde do tamanho de uma bola de baseball. Bom,
parecia que o amuleto lhe proporcionou um pouco de energia.
Austin pesou a pedra na mão e depois a arremessou perfeitamente
de primeira.
— O que você conseguiu da pedra? — eu perguntei a Ivy.
— Seco, quente, vento. Nada além da tolerância humana, ou a
pedra estaria gritando.
— Dia ou noite?
— Crepúsculo, eu acho.
Austin assentiu com alívio. Ele tinha medo que fosse dia, quando
teria sido impossível para eles passarem.
— Quantos demônios? — perguntei a Fang.
Eu contei doze dentro do meu alcance.
Era um alívio, nós poderíamos lidar com doze. — Pegou alguma
outra coisa? — eu perguntei a Ivy.
— As pedras não são boas em detalhes materiais, mas elas
reconhecem emoções. Elas estão pegando algum medo e antecipação.
Ah, e uma onda repentina de excitação agora mesmo.
Fang saltou de pé. Eles acabaram de ver o portal. Estão enviando reforços.
Sharra está lá, e está pensando sobre Alejandro e Vincent, então eles estão lá
também.
Temos que ir agora, antes que mais apareçam, e sejamos inundados.
Tomando uma decisão instantânea, gritei para Shade: — Aumente.
— Todo mundo vai — ordenou Austin.
Shade aumentou o portal, e nós dez passamos um por um, parando
apenas um instante do outro lado para se orientar. Uma vez que todos
atravessaram, eu gritei: — Encolha — para Fang.
Ele passou a ordem para Shade via Micah, e a energia azul
contorcida do portal tornou-se do tamanho de uma bola de beisebol mais
uma vez. Era reconfortante saber que ainda estava lá.
Resumidamente, notei que o mundo era exatamente como a pedra
descreveu — quente e seco, com areia vermelha em todos os lugares e
monólitos gigantes até onde eu podia ver. O que não era tão longe. O
vento uivante levava a areia para nossos olhos, e eu os esfreguei com a
parte de trás da minha mão. Eu estreitei os olhos para manter o pó fora
dos meus olhos e tentei descobrir os detalhes dos demônios marchando
em nossa direção.
— Espalhem-se — gritou Austin. — Encontre-os.
Os demônios não os querem, querem o portal, gritou Fang.
— Eles estão atrás do portal — gritei ao vento. — E dois deles estão
fugindo para trazer seus amigos.
Apontei na direção dos dois demônios, e Luis gritou: — Atrás deles!
— Eles tinham que ser parados antes que houvesse muitos para lidar.
Seus dois homens correram atrás dos demônios em retirada com a
velocidade melhorada dos vampiros. Depois disso, os outros demônios
convergiram em nossa direção como gafanhotos famintos em um campo
de trigo.
— Sharra está aqui — gritou Josh, — atrás da...
Um trecho de vento carregou o resto de suas palavras, e eu não tive
tempo para sentir alívio quando um demônio apareceu de uma poeira
vermelha demoníaca, uma bola de fogo em seu punho. Ludwig estava
de repente ao meu lado, apagando a chama com um enorme esguicho de
água. O demônio ensopado parou de surpresa, e consegui cortar sua
cabeça com um único golpe. — Obrigada — eu gritei para Ludwig.
Ele acenou com a cabeça e passou a esguichar água em outro
demônio vindo em nossa direção.
Josh disse que Sharra está atrás das pedras à sua esquerda, Fang disse.
Vendo que os outros tinham a luta sob controle, eu me arrastei em
direção as pedras. Nesse local, três monólitos se inclinavam um contra o
outro, formando uma espécie de abrigo contra o vento. Josh estava de
joelhos ao lado da Srta. Cara Serpeada, segurando uma garrafa de água
em seus lábios. Alívio me inundou, e eu passei as notícias para Fang,
sabendo que isso ajudaria Shade a esperar.
— Ela está viva — disse Josh com prazer.
— E quanto a Alejandro e Vincent?
— Eles estão bem — disse Sharra. — Quando eles ouviram vocês,
eles foram se juntar à luta.
— Ótimo. Você pode levá-la ao portal? — eu perguntei a Josh.
— Mas eu quero lutar — disse Josh. — Com a minha habilidade de
fase, eu posso ir lá e arrancar seus corações.
Isso significava ficar muito perto deles. — Eu não acho...
Mas ele se foi, e fui deixada com Sharra.
— Não se preocupe — disse Sharra, levantando-se. — Posso andar,
sem problemas. — Ela tomou um grande gole de água. — Basta me
apontar na direção certa.
Eu a toquei, para que eu pudesse ver se ela estava falando a verdade.
Ela estava em muito melhor forma do que eu esperava. Coberta de poeira
vermelha, mas capaz de caminhar. — Me siga. O portal está pequeno
agora, mas abrirá de novo quando fizermos sinal para Shade.
Ela assentiu e me seguiu de volta ao vento. Eu vi pessoas lutando
com demônios, além de algumas figuras que estavam imóveis no chão,
mas não consegui perceber quem era quem que estava no meio da poeira
girando. — Eu peguei Sharra — eu gritei.
Austin gritou de volta: — Alejandro e Vincent estão aqui. Reúna
nossos feridos e retire-se!
Feridos? Merda. Eu enviei um aviso de volta a Fang para que Shade
estivesse pronto para abrir o portal. Eu não podia vê-lo com toda essa
poeira girando, então eu falei para Fang fazer Shade abrir do tamanho
de uma bola de basquete.
— Achei — gritou Ludwig. — Perto de mim!
Todos nos dirigimos na direção da forma grande de homem da
montanha, Luis e Austin segurando mais dois demônios, suas espadas
piscando com sua velocidade.
— Todos estão aqui — Ludwig disse quando cheguei a ele.
Ah, lá estava, o portal. — Abra — eu gritei a Fang. A nuvem azul
se alargou e eu disse a Ludwig: — Me avise quando todos passarem —
antes de me voltar para ajudar Luis e Austin. Austin estava lutando
contra um enorme demônio com longas garras, dentes e chifres. Ele
estava segurando o seu, mas essas coisas afiadas poderiam empalá-lo a
qualquer momento.
Soltei um grito de guerra de puro medo e frustração e lancei minha
espada no braço do monstro — a única parte que eu consegui alcançar.
Eu quase rompi completamente o braço do ombro, e ele rugiu, virando
para mim, com sangue escorrendo do braço. Austin saltou, e com um
golpe de duas mãos, cortou a cabeça de seus ombros.
Austin não parou, ele foi ajudar Luis. Antes que eu pudesse se
mover para ajudá-los, eles espetaram o demônio na parte da frente e de
trás. Ele caiu no chão, e eu corri para o portal. — Vamos!
Ao ver que estávamos chegando, Ludwig disse: — Vocês são os
últimos — e saltou pelo portal.
Nós três seguimos de perto. — Feche — eu disse a Shade no relativo
silêncio e paz do outro lado.
Quando reduziu a um ponto crítico e desapareceu, suspirei de
alívio. Acabou. O vento já havia desaparecido, e tudo o que restava da
outra dimensão era a areia vermelha que cobria todas as superfícies de
nossos corpos e até encontrou o caminho para muitas fendas para o meu
conforto.
Eu olhei ao redor. Os gêmeos, Shade e Sharra, estavam presos em
um abraço, e Alejandro estava enrolado nos braços de Rosa. Vincent
estava recebendo tapinhas nas costas de um par de vampiros... mas nem
todos estavam exultantes. Um dos seguidores de Luis estava nos braços
de Diego, o coração atravessado com a própria espada, ao que parecia.
Diego sacudiu a cabeça tristemente enquanto olhava para Luis. — Ele se
foi.
Oh, droga. Eu nem sabia o nome dele. Ele foi a única vítima?
Mais um, Fang disse com tristeza.
Eu virei para ver Andrew colapsar no chão ao lado de Josh, lágrimas
fazendo listras na areia vermelha em seu rosto. A cabeça e os ombros de
Josh estavam cobertos de sangue. — Josh...?
— Ele está morto — Andrew lamentou. — Ele tentou se aproximar
de um demônio para agarrar seu coração, mas ele chegou muito perto, e
esse demônio abriu a sua garganta.
Fechei os olhos com dor. Eu tinha feito isso. Estavam mortos por
minha causa.
Não, querida. Você não os matou. Os demônios os mataram.
Mas foi minha decisão de montar o resgate.
E foi decisão deles participarem. Você não pode ser responsável pela decisão
estúpida de Josh.
Não poderia?
— Quanto tempo você esteve lá? — Shade perguntou a Sharra. —
Foram cerca de três semanas no nosso tempo.
— Apenas cerca de um dia para mim — disse Sharra.
Eu fiz um cálculo rápido. Então cerca de uma hora passou para
todos esses dias aqui. Obrigada Senhor.
Alejandro assentiu. — Foram apenas algumas horas para nós.
— Por que você não abriu um portal para que pudéssemos encontrá-
la? — Shade perguntou a Sharra. — E por que eles deixaram você viva?
— Porque fui nocauteada no início. E eles sabiam que eu era um
demônio das sombras, então eles estavam tentando me forçar a abrir um
portal. — Ela balançou a cabeça. — Eu recusei. Sabendo dos seus planos
para entrar e inundar este mundo, eu não poderia deixar isso acontecer.
E agora eu me sentia mais culpada por não resgatá-la mais cedo.
Pare de levar a culpa de todo o mundo nos seus ombros, Fang disse com
irritação. Você achava que ela estava morta, pelo amor de Deus.
— Os demônios ficaram perto do portal, esperando que você o
abrisse novamente para me salvar. Eu pensei que você não o faria, a
menos que você tivesse poder de fogo suficiente para pegá-los. Eu não
sabia que você achava que eu estava morta até que Alejandro me contou.
— Sharra olhou para Alejandro e Vincent. — Eles ajudaram a impedir
que os demônios me perseguissem e mantiveram minhas esperanças.
Bem, nós fizemos uma coisa certa ao trazer os três de volta. Eu dei
um olhar de arrependimento a Ivy. — Desculpe, estava muito ocupada
para recuperar sua pedra.
— Tudo bem — ela disse com um sorriso. — Eu realmente não
esperava que você pudesse, mas Ludwig a encontrou enquanto esperava
no portal. Ele trouxe para mim.
Ah, ótimo.
Austin deixou o lado de Alejandro para vir me abraçar com força.
— Obrigado — ele sussurrou com ferocidade.
Eu o abracei de volta, feliz por ter sido capaz de resgatar Alejandro
para ele. Eu assisti de longe enquanto Luis estava rígido e falava com
Alejandro e Rosa na sala de jantar.
— Sobre o que é? — eu perguntei a Austin.
— Ele pode estar discutindo nosso duelo.
— O que acontecerá com ele?
— Nada. Ele saiu honrosamente e manteve sua palavra. Ele não
tem nada com o que se envergonhar.
Exceto sua perda humilhante para Austin, Fang gargalhou.
Sim, havia isso.
Quando eles acabaram de conversar, Luis e os seus seguidores
restantes partiram abruptamente, levando o corpo de seu amigo, e
Alejandro e Rosa vieram se juntar a nós. Alejandro apertou a mão de
Austin com uma expressão pesarosa. — Eu soube que você lutou um
duelo pela liderança do Movimento, e você ganhou.
— Apenas como um substituto temporário até que você voltasse —
Austin o assegurou.
Alejandro sorriu. — Sim, eu entendo. — Ele colocou um braço em
volta de Rosa — a primeira vez que eu realmente o via mostrar carinho
por ela em público. E ela o estava comendo como se ele fosse manteiga
de amendoim e ela estivesse decidida a lamber a colher.
Vampiros não comem manteiga de amendoim, Fang me lembrou.
Talvez, mas a imagem correta era grosseira. E isso ainda funcionava
como uma metáfora, ou uma analogia, ou como você quiser chamar. O inglês
não era o meu forte.
— Isso estava para acontecer — continuou Alejandro. — E fico feliz
que vocês dois tenham resolvido sem minha interferência.
Austin assentiu com a cabeça, mas, apesar dele obviamente não
achar necessário fazer mais perguntas, eu fiz. — Então, o que acontecerá
agora? Austin é seu representante ou algo assim?
— Sim. Eu vejo sabedoria em ter um representante permanente,
especialmente à luz da minha ausência recente, e Austin irá preencher
essa posição admiravelmente.
— E quanto aos tenentes? — eu perguntei, já que Alejandro não
parecia se opor a eu fazendo perguntas.
— Eu ainda preciso de três. Rosa continuará em sua posição atual,
Vincent assumirá os deveres anteriormente realizados por Lily... eu
esperei muito tempo para tomar essa decisão, e... quem você
recomendaria para pegar o seu lugar, Austin?
Ele pensou por um momento e depois disse: — Diego, eu acho.
— Boa escolha — aprovou Alejandro.
— Mas e Luis? — eu perguntei. Ele desceu no ranking agora, ou o
quê?
— Eu vou absorver seus deveres políticos. — Alejandro hesitou um
momento, depois acrescentou: — Luis me informou que ele quer deixar
San Antonio e se juntar a Lisette na capital. Imediatamente.
Bom, isso era um alívio.
Para todos, Fang concordou.
Eu dei um abraço de um braço em Austin dando os parabéns, e ele
sorriu para mim.
Mas nossa satisfação foi de curta duração quando uma mulher abriu
caminho entre a multidão, dizendo: — Josh? Onde está o meu filho?
— Aqui — Andrew disse com uma voz sufocada.
A mulher era pequena com cabelos loiros ondulados — e parecia
exatamente com Josh. Obviamente, sua mãe. Oh, droga.
Ela caiu de joelhos ao lado do corpo de Josh e lamentou. — Não,
não. Ele está morto. Meu filho está morto.
Dor encheu meu peito, quase mais do que eu podia suportar.
Ela limpou as lágrimas de seus olhos e olhou violentamente pela
sala. Quando ela me viu, seus olhos se estreitaram e ela se levantou do
lado do corpo de seu filho. — Você — ela cuspiu. — Isto é culpa sua.
Ela parou e pulou sobre mim. Como diabos eu poderia me defender
contra um demônio feminino insubstancial?
Eu não podia fazer mais do que me esquivar, e eu tentei fazer
exatamente isso, quando Austin e Fang saltaram futilmente na minha
frente.
— Pare — gritou Micah, a mão esticada para a mãe de Josh.
Ela parou obedientemente, incapaz de resistir ao comando de seu
íncubo.
— Não é assim que solucionamos as disputas — ele disse
severamente.
Ela recuou para sua forma substancial, os punhos apertados e o
rosto retorcido de raiva. — Então eu exijo um Ritual de Julgamento para
provar sua culpa e dar sua sentença. Alguém precisa pagar pela morte de
Josh.
— Você não está pensando claramente, Cora — disse Micah
calmamente. — Todo o Clandestino nomeou Val como Paladina. Você
não pode pedir um ritual para condená-la por fazer seu trabalho.
Cora forçosamente se acalmou. — Não. Foi sua decisão de abrir um
portal para a dimensão demoníaca. Ela não sabia que a irmã do demônio
das sombras ainda estava viva, então seu único propósito era ajudar seu
namorado, um vampiro, a resgatar outros dois vampiros. Então ela levou
três de nós com ela, colocando em perigo suas vidas e levando meu filho
Joshua até sua morte. Não só isso, ela também abriu o portal sem saber
quais os perigos que tinham além ou quantos demônios viciosos e
violentos poderiam vir a este mundo para causar alvoroço sobre nós e os
humanos que nos rodeiam. — Cora ergueu o queixo e apontou
acusadoramente para mim. — Ela usou seu poder como Paladina para
ganho pessoal, ameaçou imprudentemente os demônios em seu cuidado
e é responsável pelo assassinato de meu filho. — Ela terminou com uma
nota triunfante, procurando por apoio na multidão que havia se reunido.
Ácido agitou-se no meu estômago. Céus, a mulher realmente
acreditava nisso?
Sim, Fang disse calmamente. Ela está sofrendo e precisa culpar alguém.
Isso a deixa pensando como uma idiota.
— Isso não é inteiramente verdade — disse Shade, para minha
surpresa. Andrew manteve a mão no braço de Shade, para que todos
pudessem ver sua expressão. — Eu fui o único que importunou Val para
me deixar resgatar minha irmã. — Ele olhou para Sharra e segurou a
mão dela como se ele não quisesse deixá-la ir. — Embora acreditássemos
inicialmente que ela havia morrido, todos nós, incluindo Val,
descobrimos que era possível que ela ainda estivesse viva. Então, não é
verdade que ela pensou que Sharra estivesse morta quando concordou
em fazer isso. Ela sabia que Sharra poderia ter sobrevivido e, de fato,
sabia que minha irmã estava viva antes de passar. — Ele hesitou, depois
acrescentou: — Val não pediu a Josh para lutar, ele se ofereceu. Pergunte
a Andrew.
Shade deu uma cotovelada em Andrew, encorajando-o a falar.
Andrew olhou para as mãos dele. — Josh e eu queríamos ajudar —
ele disse com uma voz em quase um murmúrio. — Para salvar Sharra e
o resto do Demônio Clandestino.
Eles queriam ser heróis. Eu poderia entender isso, mas isso levou a
um resultado tão trágico. Eu esperava que todos aprendessem algo com
isso.
Andrew lançou a Cora um olhar apologético. — Val nos falou sobre
o perigo e nos advertiu anteriormente, mas não ouvimos. Uma vez que
estávamos lá, eu a ouvi falar a Josh para levar Sharra ao portal e à
segurança. Mas ele a ignorou... e atacou um demônio em vez disso. Foi
isso o que o matou, não Val.
Ele abaixou os olhos novamente e não olhou para ninguém. Eu
respeitava sua vontade de se expor por mim e pela verdade.
— Os meninos falam a verdade — disse Ludwig em sua voz
profunda. — Joshua foi imprudente e não ouviu a Paladina. Ela não é
responsável por sua morte.
Isso fez eu me sentir muito melhor. Perguntei se Austin diria alguma
coisa.
Eu duvido disso, disse Fang. Cora o rotulou como seu namorado, então
qualquer coisa que ele disser será suspeito. Eu não esperaria que ele fale.
Eu estremeci. Nesse caso, eu também não o faria.
Ivy deu a Cora um olhar de pena. — A afirmação de que Val fez
pelo seu “namorado” é falsa. Eu estava presente em pelo menos duas
ocasiões quando ela negou os pedidos de Austin e Shade porque ela se
recusava a ir contra os desejos de Micah. Só quando Micah a forçou a
tomar uma decisão que ela decidiu montar um resgate. E ela usou todos
os recursos à sua disposição para aprender o máximo possível sobre o
que a esperava do outro lado.
Alejandro deu um passo à frente. — Eu, também, perdi um querido
amigo, mas não culpo a Srta. Shapiro. Embora eu não tenha
testemunhado os eventos que levaram a sua decisão de resgatar Vincent,
a demônio das sombras e eu, posso dizer com confiança que ela não
permite que o favoritismo ou inclinação pessoal guiem suas decisões. A
emoção pode influenciá-la, mas sempre está na direção do que é certo
para todos os envolvidos. Ela não concorda com todos os objetivos do
Novo Movimento de Sangue, mas ela trabalhou conosco quando
necessário para proteger os membros do Movimento, o Clandestino e
todas as pessoas de San Antonio. Vocês não poderiam ter melhor
Paladina.
Que bom de ele me defendeu. Senti lágrimas piscando nas minhas
pálpebras.
O tenente Ramirez assentiu. — O que ele diz é verdade. Val Shapiro
tem sido uma força para o bem nesta cidade. Ela não só ajudou os
vampiros e os demônios aqui presentes, mas também os totalmente
humanos. Ela atua como ligação não oficial entre as três facções, embora
eu pensei por muito tempo que deveríamos tornar sua posição oficial.
O quê? Eu não tinha certeza de que queria isso, embora eu também
apreciasse seu apoio. Eu esperava que ninguém mais dissesse algo. Se
mais alguém fosse legal comigo, eu tinha medo de explodir em lágrimas.
— Não, não, não pode ser verdade — disse Cora, sufocando um
soluço. — Você não precisava fazer isso. Você não precisava ir. Por quê?
Com todos os olhos sobre mim, eu limpei a garganta cheia de
emoção e disse: — Ontem, Andrew e eu ficamos presos em outra
dimensão por muitas horas, esperando que alguém viesse em nosso
socorro, mas não sabendo se era possível. Foi uma sensação horrível,
imaginando se fomos abandonados, condenados a passar as nossas
vidas, ou o que sobraria dela, em outra dimensão. — Parei por um
momento, desejando que minha voz parasse de vacilar.
Quando Andrew assentiu com compreensão, eu adicionei
suavemente: — Eu percebi que não podia deixar algo assim acontecer
com mais ninguém se estivesse ao meu alcance evitar isso. — Levantei
meu queixo. — Eu queria que todos soubessem que eu, como sua
Paladina, sempre irei atrás de vocês, não importa quais sejam os riscos
para mim, pessoalmente.
Bom discurso, Fang disse com admiração. Você agora os tem na palma
da sua mão.
Eu estava apenas dizendo a verdade.
E é por isso que funcionou.
Eu me dirigi para Cora. — Eu acho que Josh sentiu o mesmo, e é
por isso que ele insistiu em vir conosco. Você pode se orgulhar de seu
filho, ele é um herói.
Cora explodiu em lágrimas, e eu a puxei para os meus braços. —
Sinto muito — eu sussurrei. Ela me apertou e a tensão diminuiu em nós
duas, embora eu soubesse que nós duas sentiríamos a dor de sua perda
por muito tempo.
Gentilmente, Ludwig puxou a mulher soluçando. Olhei para
Micah, precisando... de alguma coisa. Absolvição, talvez?
— Você fez seu trabalho muito bem, Paladina — ele disse
gentilmente.
Um alívio doce e tonto me encheu. Eles não me culpavam.
Agora, você pode parar de se culpar.
Isso pode demorar um pouco mais.
— Mas eu quero abordar algo que o tenente Ramirez disse —
continuou Micah. — Eu concordo que você é uma excelente escolha
para atuar como ligação entre as três facções para manter a harmonia e
a comunicação. O que você acha? Você aceita o trabalho?
Espera — acabei de sobreviver a um desafio depois de assumir
muita responsabilidade, e eles queriam que eu fizesse isso com mais
frequência? Eu olhei e vi Alejandro, o tenente Ramirez, Austin e Micah
sorrindo para mim como se eles pensassem que a ideia era ótima.
E é, Val, meu fiel cão do inferno disse. Você já está fazendo o trabalho.
Poderá conseguir a autoridade junto com a responsabilidade.
Parecia que eu não tinha escolha. — Eu... eu aceito — eu disse
tremendo.
Micah sorriu para mim e aceitei o abraço de Austin junto com os
parabéns de Alejandro e Ramirez. — Jesus, pessoal — eu falei. —
Obrigada por me colocarem nessa situação.
Todos riram e eu disse: — Posso tirar pelo menos umas férias
primeiro?
— Absolutamente — disse Micah. — Eu diria que você merece
uma.
— Não se preocupe, querida — disse Austin com um sorriso. —
Tudo na sua vida levou a este ponto. Não lute contra isso, é o seu destino.
E você vai ser boa nisso.
Ele está quase certo, disse Fang. Vai ser mais do que boa. Você vai ser
fantástica!
FIM!