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FÍSICA DO SOLO
TEÓRICA
2000
1
CAPÍTULO 1 - PLANILHAS ELETRÔNICAS PARA O CÁLCULO DAS
ANÁLISES FÍSICAS DO SOLO
O uso de planilhas eletrônicas tem se tornado uma rotina nas diversas áreas do
conhecimento onde se exige que cálculos sejam realizados rotineiramente. Na Física do
Solo estas planilhas têm facilitado os cálculos de análises de laboratório bem como a
solução de exercícios teóricos. Um exemplo disso foi a informatização das análises
físicas do laboratório de Física do Solo do Departamento de Ciência do Solo da
Universidade Federal de Lavras (Dias Junior, 1995). A informatização destas análises
representou uma economia de tempo gasto nos cálculos em média de dois dias de
serviço. Além disso, ainda pode-se citar algumas outras vantagens da utilização destas
planilhas:
1) Redução significativa do tempo gasto para a realização dos cálculos quando
comparado com o tempo gasto pelo método manual;
2) Redução significativa da probabilidade de erros durante os cálculos,;
3) Ser um método rápido, confiável e repetitivo;
4) Possibilidade de ser usado por outros laboratórios que realizam determinações
semelhantes.
A seguir será apresentada uma breve explicação sobre as planilhas eletrônicas
de fluxo livre desenvolvidas por Dias Junior (1995) para o cálculo das análises físicas
do solo.
Estas planilhas foram programadas no aplicativo QUATTRO PRO 4.0,
podendo, entretanto, serem usadas em qualquer versão mais recente. Além destas
planilhas poderem ser usadas no aplicativo QUATTRO PRO, elas também podem ser
usadas no aplicativo EXCEL.
Para se usar as planilhas deve-se proceder como segue:
2
1) Carregar o aplicativo QPRO 4.0 ou uma versão mais recente na tela do
computador;
2) Para carregar as planilhas eletrônicas proceder como segue:
2.1) Com o uso do mouse ir em ARQUIVO (FILE) e click uma vez;
2.2) Quando o menu ARQUIVO (FILE) abrir, click com o mouse uma vez em
DIRETÓRIO (DIRECTORY) e digite A:;
2.3) Após isso o aplicativo voltará à tela inicial de abertura;
2.4) Click com o mouse novamente uma vez no menu ARQUIVO (FILE) e ir a
seguir no comando ABRIR (OPEN);
2.5) A seguir aparecerá os nomes das planilhas onde o usuário escolherá o nome
da planilha que deseja usar.
3) Para carregar as planilhas eletrônicas usando o aplicativo EXCEL proceder como
segue:
3.1) Carregar o programa na tela do computador;
3.2) Com o uso do mouse ir no menu ARQUIVO (FILE) e click uma vez, e a
seguir uma vez no comando ABRIR (OPEN);
3.3) Click com o mouse uma vez no driver A:;
3.4) Na lista dos tipos de arquivos, escolher QUATTRO PRO/DOS ARQUIVOS
(FILES) (*.WQ.*);
3.5) Em NOME DO ARQUIVO (FILE NAME), escolher o arquivo que você
deseja usar e click OK;
3.6) Para as operações seguintes, proceder como as indicadas para o aplicativo
QUATTRO PRO.
4) O usuário tem à sua disposição para o cálculo das análises físicas do solo as
seguintes planilhas eletrônicas:
- AGREGADO.WQ1
- DENSANEL.WQ1
3
- DENSPARA.WQ1
- DPPICNOM.WQ1
- SUPERFIC.WQ1
- TEXTURAB.WQ1
- TEXTURAP.WQ1
- UMIDADE.WQ1
- VTP.WQ1
4.1) A planilha AGREGADO.WQ1 calcula a estabilidade de agregados em água
exprimindo os resultados em porcentagem da amostra inicial;
4.2) A planilha DENSANEL.WQ1 calcula a densidade do solo pelo método do
anel volumétrico exprimindo os resultados em g cm-3;
4.3) A planilha DENSPARA.WQ1 calcula a densidade do solo pelo método do
torrão parafinado exprimindo os resultados em g cm-3;
4.4) A planilha DPPICNOM.WQ1 calcula a densidade de partículas do solo pelo
método do picnômetro exprimindo os resultados em g cm-3. Para facilidade
de cálculo os valores da densidade da água são determinados
automaticamente através de uma regressão a qual é função da temperatura
da água. Esta regressão elimina o uso de tabela pelo laboratorista;
4.5) A planilha SUPERFIC.WQ1 calcula a superfície específica das partículas do
solo exprimindo os resultados em m-2/g;
4.6) A planilha TEXTURAB.WQ1 calcula as percentagens de areias, silte e
argila pelo método de Bouyoucos (Método do Hidrômetro) exprimindo os
resultados em % da amostra inicial;
4.7) A planilha TEXTURAP.WQ1 calcula as percentagens de areias, silte e
argila pelo método da pipeta exprimindo os resultados em % da amostra
inicial;
4
4.8) A planilha VTP.WQ1 calcula a densidade do solo e a densidade de
partículas exprimindo os resultados em (g cm-3), a porosidade total, a macro
e microporosidade do solo exprimindo os resultados em %;
4.9) A planilha UMIDADE.WQ1 calcula a umidade do solo bem como as
umidades usadas na confecção da curva característica de umidade do solo
exprimindo os resultados em %.
5) Para CARREGAR uma determinada planilha na tela do computador, click com o
mouse uma vez no nome da planilha desejada ou desloque o cursor até o nome da
planilha e pressione a tecla ENTER.
6) Após carregada a planilha na tela do computador, digite nas células em branco os
valores das leituras feitas no laboratório. As colunas verticais, em que aparece
qualquer número ou as letras ERR, não deverão ser modificadas (não digitar
nada). Estas linhas constituem as fórmulas programadas na planilha e que serão
atualizadas assim que o usuário digitar nas células vazias as suas leituras.
7) Para IMPRIMIR os resultados usando a aplicação QUATTRO PRO, proceder
como segue:
7.1) Click com o mouse uma vez no menu IMPRIMIR (PRINT);
7.2) Click com o mouse uma vez no comando DESTINO (DESTINATION) ou
desloque o cursor até este comando e pressione a tecla ENTER. A seguir click
com o mouse uma vez no comando IMPRIMIR GRÁFICO (GRAPHICS
PRINTER) ou desloque o cursor até este comando e pressione a tecla
ENTER;
7.3) Click com o mouse uma vez no comando IMPRIMIR (PRINT TO FIT) ou
desloque o cursor até este comando e pressione a tecla ENTER. Com a
execução destes comandos os resultados serão impressos;
7.4) Para alterar o bloco a ser impresso, click com o mouse uma vez no comando
BLOCO (BLOCK) ou desloque o cursor até este comando e pressione a tecla
5
ENTER. A seguir aparecerá uma área iluminada a qual corresponde a área a
ser impressa. Alterando esta área, será alterado o que será impresso.
8) Para IMPRIMIR os resultados usando a aplicação EXCEL, proceder como segue:
8.1) Click com o mouse uma vez no menu ARQUIVO (FILE);
8.2) Click com o mouse uma vez no comando IMPRIMIR (PRINT);
8.3) Na janela IMPRIMIR (PRINT) escolha o item página selecionada (selected
sheet). Neste caso será impresso toda a página da planilha. Caso o usuário
queira imprimir apenas parte da planilha, bloquear o que se deseja imprimir
antes de executar o item 8.1 e a seguir executar os itens 8.1, 8.2 e 8.3 e
escolher, neste caso, na janela IMPRIMIR (PRINT), o item seleção
(selection). A seguir click com o mouse uma vez em OK.
9) Para GRAVAR os resultados click com o mouse uma vez no menu ARQUIVO
(FILE) e click uma vez em SALVAR COMO (SAVE AS) ou desloque o cursor
até este comando e pressione a tecla ENTER. Aparecerá, então, na tela a
mensagem A:\ NOME DA PLANILHA. A seguir o usuário digitará o NOVO
nome do arquivo, no qual as novas informações serão gravadas. O usuário NÃO
deverá usar a opção GRAVAR (SAVE), porque os resultados atuais serão
rescritos sobre os valores iniciais. Portanto, aconselha-se que, além da cópia do
disquete, o usuário também possua a cópia no winchester de seu computador.
10) Para FECHAR a planilha click com o mouse uma vez no menu ARQUIVO (FILE)
e, então, uma vez no comando FECHAR (CLOSE) ou desloque o cursor até este
comando e pressione a tecla ENTER.
11) Se o usuário desejar usar outra planilha, repetir o procedimento acima.
12) Se o usuário desejar SAIR do aplicativo QUATTRO PRO ou EXCEL, click com
o mouse uma vez no menu ARQUIVO (FILE) e a seguir click uma vez no
comando SAIR (EXIT) ou desloque o cursor até este comando e pressione
ENTER.
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13) Em anexo segue um exemplo de cada output de cada planilha.
14) Estas planilhas entituladas "Planilhas eletrônicas para cálculo de análise física do
solo" deverão ser adquiridas na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal
de Lavras, Caixa Postal 37, CEP: 37200 Lavras - MG.
EXEMPLOS DE OUTPUT
4.1) AGREGADO.WQ1
1 7–2 20
2 2–1 10
3 1 - 0,5 17
4 0,5 - 0,25 21
5 0,25 - 0,105 16
6 < 0,105 16
7
4.2) DENSANEL.WQ1
1 1,32
2 1,50
3 1,33
4 1,45
4.3) DENSPARA.WQ1
1 1,62
2 1,41
3 1,34
4 1,35
4.4) DPPICNOM.WQ1
1 2,70
2 2,75
3 2,74
4 2,65
8
4.5) SUPERFIC.WQ1
N.º PROTOCOLO St
(m2/g)
1 204,03
2 183,27
3 192,06
4 198,05
4.6) TEXTURAB.WQ1
1 20 31 49
2 60 20 20
3 20 20 60
4 22 18 60
4.7) TEXTURAP.WQ1
1 60 15 25
2 50 20 30
3 40 40 20
4 22 18 60
9
4.8) UMIDADE .WQ1
1 23,6 15
2 29,7 5
3 33,19 1
4 36,23 0,1
4.9) VTP.WQ1
PROTOCOLO DS DP VTP MICRO MACRO
(g/cm3) (g/cm3) (%) (%) (%)
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CAPÍTULO 2 - RELAÇÕES DE MASSA E VOLUME DOS
CONSTITUINTES DO SOLO
Calhaus 20 - 200
Cascalho 2 - 20
TFSA <2
11
Var Ar Mar = 0
Vv
V Va Água Ma M
Vs Sólidos Ms
É a relação entre a massa do solo seco (105-110 oC) e o volume do solo seco.
Assim:
Dp = Ms/Vs
Onde:
Dp = densidade de partículas (g/cm3 ou Mg/m3)
Ms = massa do solo seco (g ou Mg)
Vs = volume do solo seco (cm3 ou m3)
A densidade de partículas depende da composição da fração sólida do solo e
geralmente varia de 2,60 a 2,70 g/cm3 ou Mg/m3.
2.1.1. DETERMINAÇÃO
2.1.1.1. Método do Balão volumétrico
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repouso durante 15 minutos, completar o volume do balão volumétrico e fazer a leitura
L na bureta (figura abaixo).
0 mL
L
50 mL
50 mL
13
Ms +
Água
Água
Sólidos
a b
Calcular a densidade de partículas usando a expressão:
Dp = 3/(a-b)
2.1.2. APLICAÇÕES
a) Utilizada no cálculo da porosidade total;
b) Utilizada no cálculo do tempo de sedimentação;
c) Utilizada como critério auxiliar na classificação de minerais.
É a relação entre a massa do solo seco (105-110 ºC) e o volume total do solo.
Assim:
Ds = Ms/V
Onde:
Ds = densidade do solo (g/cm3 ou Mg/m3)
Ms = massa do solo seco (g ou Mg)
V = volume total do solo (cm3 ou m3)
A densidade do solo depende da estrutura do solo, da umidade do solo, da
compactação do solo, do manejo do solo, etc.
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2.2.1. DETERMINAÇÃO
A densidade do solo pode ser obtida através da utilização de métodos não
destrutivos tais como sonda de neutrons, radiação gama e tomografia
computadorizada, ou através de métodos destrutivos tais como método do anel
volumétrico (cilindro de Uhland) e método do torrão parafinado. A seguir será
apresentado resumidamente o procedimento utilizado nos métodos destrutivos.
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f) Densidade da água = 1,0 g cm-3
Antes de iniciarmos a solução do ensaio será interessante fazer a seguinte
consideração.
Quando se pesa uma amostra de solo úmido estamos pesando o seguinte:
M = Ms + Ma
Onde:
M = massa do solo úmido (TFSA) (g)
Ms = massa do solo seco (TFSE) (g)
Ma= massa da água (g)
Dividindo e multiplicando a massa de água pela massa do solo seco, vem:
M = Ms + Ma(Ms/Ms)
Sabendo-se que, por definição, a relação Ma/Ms é igual à umidade
gravimétrica do solo (U), vem:
M = Ms + U Ms
Fatorando a expressão acima vem:
M = Ms (1 + U) ou TFSA = TFSE (1 + U)
Solução do exercício:
Por definição a Ds = Ms/V, assim para resolver este exercício deve-se
determinar Ms e V como a seguir:
M = Ms (1 + U) logo Ms = M/(1 + U). Substituindo-se os valores vem;
Ms = 300/(1 + 0,05) = 285,71 g
Vtorrão + parafina = (320 - 100)/1,0 = 220 cm3
Vparafina = (320 - 300)/0,8 = 25 cm3
Vtorrão = 220 - 25 = 195 cm3
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Ds = 285,71/195 = 1,47 g cm-3
2.2.2. APLICAÇÕES
a) Utilizada no cálculo de uma maneira em geral;
b) Permite inferir sobre as condições de compactação do solo e, consequentemente,
inferir sobre o impedimento mecânico ao sistema radicular das plantas.
2.3.1. APLICAÇÕES
A caracterização do sistema de poros são importantes no estudo de:
a) Armazenamento e movimento da água no solo;
b) Desenvolvimento do sistema radicular;
c) Resistência mecânica dos solos;
d) Fluxo e retenção de calor.
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2.3.2. CÁLCULO DA IRRIGAÇÃO DE VASOS
a) Usando a porosidade total
Calcular a irrigação de vasos para as seguintes condições:
- Produção máxima obtida com 70% do VTP ocupado por água
- Vaso com 3 kg de solo com 5% de umidade gravimétrica
- Ds = 0,95 g cm-3
- Dp = 2,30 g cm-3
Solução
VTP = [1 - (0,95/2,30)] x 100 = 58,69%
70% do VPT ocupado com água = 0,70 x 58,69 = 41,08%
Ms = M/(1 + U) = 3000/(1 + 0,05) = 2857,14 g
Sabe-se que Ds = Ms/V logo,
V = Ms/Ds = 2857,14/0,95 = 3007,52 cm3
Logo :
100 cm3 de solo úmido ----------------- 41,08 cm3 ocupado com água
3007,52 cm3 de solo úmido ----------------- X
X = 1235,49 cm3 ocupado com água
Correção da umidade
Peso de água = 3000 - 2857,14 = 142,86 g de água (Dágua = 1 g cm-3)
Logo o Volume de água = 142,86 cm3 de água
18
- Peso do solo = 3000,00 g
- Peso da água = 1092,64 g
- Peso final = 4292,64 g
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b.4) O que acontece se aplicarmos 18 mm de chuva
h = 18 mm
18 = (AI x 1,4 x 400)/100 AI = 3,2%
Portanto, a umidade do solo será = 18 + 3,2 = 21,2%
Ap 0 - 25 8 18 10 1,4
A2 25 - 65 15 28 18 1,4
B1 65 - 125 16 32 20 1,5
AI = CC - U
Horizonte Ap: h = (8 x 1,4 x 250)/100 = 28 mm
Horizonte A2: h = (10 x 1,4 x 400)/100 = 56 mm
Horizonte B1: h = (12 x 1,5 x 600)/100 = 108 mm
Portanto 28 + 56 + 108 = 192 mm de água (esta é a quantidade de água
necessária para molhar os três horizontes e atingir a capacidade de campo de todos
eles).
Como 174 mm < 192 mm, conclui-se que 174 mm de água não é suficiente
para molhar os três horizontes até atingir a capacidade de campo.
20
Baseado nos cálculos acima pode-se então calcular até que profundidade foi
molhada por 174 mm.
Água que irá molhar o horizonte B1 = 174 - (28 + 56) = 90 mm
90 = (12 x 1,5 x H)/100 H = 500 mm = 50 cm
21
d = diâmetro do poro (cm)
2.3.4. DETERMINAÇÃO
Os aparelhos usados para a determinação da porosidade do solo são a mesa de
tensão e a unidade de sucção. A unidade de sucção é constituída por um conjunto de
funis de Buckner. Na determinação da microporosidade a altura de sucção a ser
aplicada é igual a 60 cm.
22
Ma= massa de água (g)
Ms = massa do solo seco (g)
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2.6. ÍNDICE DE VAZIOS
O índice de vazios é expresso pela relação entre o volume de vazios e volume
de sólidos. Assim pode-se escrever:
e = (Vv/Vs) x 100
Onde:
e = índice de vazios (%)
Vv = volume de vazios (cm3)
Vs = volume de sólidos (cm3)
2.8. EXERCÍCIOS
1) Provar as seguintes equações:
a) e = n/(1 - n) b) n = e/(1 + e)
c) = S n d) n = 1 - (Ds/Dp)
e) Ds = (1 - n).Dp f) = (U Ds)/Da
g) U = ( Da)/Ds
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3) Calcular a quantidade de água que deve-se adicionar a 100 g de solo a 5% de
umidade gravimétrica para elevar a umidade para 20% em peso. Considere a
densidade da água igual a 1 g cm-3.
25
CAPÍTULO 3 - TEXTURA DO SOLO
26
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA AREIA, SILTE e ARGILA
27
Concentração iônica
íons +
no
íons -
Distância da superfície da partícula
28
3.2. DETERMINAÇÃO DA TEXTURA DO SOLO
A textura do solo pode ser determinada de dois modos (Ferreira, 1993)
3.2.2.1. Pré-Tratamento
O pré-tratamento tem por finalidade eliminar os agentes cimentantes, os íons
floculantes e os sais solúveis, que podem afetar a dispersão e a estabilidade da
suspensão. São exemplos de pré-tratamento:
a) Remoção da matéria orgânica (para teores maiores do que 5%): através da
oxidação com água oxigenada (H2O2);
b) Remoção de carbonatos: através da utilização de ácido clorídrico diluído;
c) Remoção de óxido de ferro e alumínio: através da utilização do ditionito-citrato-
bicarbonato de sódio. Sua utilização é questionável em solos tropicais;
d) Remoção de sais solúveis: realizada através da diálise da amostra de solo.
3.2.2.2. Dispersão
A dispersão tem por finalidade conseguir a individualização das partículas do
solo. Para se obter a dispersão máxima das amostras de solo há necessidade de se
combinar o uso de métodos mecânicos e químicos. Os métodos mecânicos mais
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usados são: agitação suave e demorada, e agitação violenta e rápida. Já os métodos
químicos empregados utilizam o hidróxido de sódio e o hexametafosfato de sódio mais
carbonato de sódio (calgon) por serem mais facilmente encontrados no comércio e por
serem mais baratos.
mas d = v . t
logo a equação acima pode ser escrita como segue:
t = (9 . h . )/[2 . (Dp - Df) . g . r2]
Onde:
t = tempo de sedimentação (seg)
h = profundidade de coleta na proveta (cm)
= viscosidade da água (poise)
Dp = densidade de partículas (g cm-3)
Df = densidade da água (g cm-3)
g = aceleração da gravidade (cm seg-2)
r = raio da partícula (cm)
30
Para se usar a Lei de Stokes é necessário “aceitar” algumas condições
assumidas pela mesma:
a) As partículas são suficientemente grandes para não serem afetadas pelos
movimentos térmicos (movimentos Brownianos) das moléculas do fluido;
b) As partículas são rígidas, esféricas e lisas;
c) Todas as partículas possuem a mesma densidade;
d) A suspensão é suficientemente diluída, de tal modo, que não ocorre interferência
de uma com a outra e cada partícula sedimenta independentemente;
e) O fluxo ao redor das partículas é laminar.
31
passa. No eixo X usa-se uma escala logarítmica enquanto nos eixos Y usa-se a escala
natural (figura abaixo).
100 0
80 uniforme 20
% que passa
% retida
60 40
40 60
bem graduado
20 80
0 100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos grãos (mm)
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3.5.2. Superfície Específica ( am, av, ab)
A superfície específica é definida como sendo a razão entre a área superficial
total das partículas do solo por unidade de massa das partículas (am), ou por unidade
de volume das partículas (av), ou por unidade do volume total do solo (ab). Assim
podemos escrever:
am = As/Ms
Unidades : cm2/g ou m2/g ou m2/kg
av = As/Vs
Unidades: cm2/cm3 = 1/cm
ab = As/V
2 3
Unidades: cm /cm = 1/cm
Onde:
As = área superficial total das partículas do solo (cm2)
Ms = massa das partículas do solo (g ou kg)
V = volume total do solo (cm3)
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3.5.2.1. Outras Relações que podem ser usadas para calcular a Superfície
Específica
3.5.2.1.1. Para uma esfera de diâmetro d:
av = 6/d
am = 6/Dp . d
34
3.6. EXERCÍCIOS
1) Calcule a superfície específica de:
a) Uma bola de futebol profissional
b) Uma bola de ping-pong
c) Uma partícula esférica de diâmetro 50 m
d) Uma partícula de caulinita com espessura aproximada de 400 Å
e) Uma partícula de montmorilonita com espessura aproximada de 10 Å
f) Uma partícula de ilita com espessura aproximada de 50 Å
2) Estimar aproximadamente a superfície específica de um solo composto por 20%
de areia grossa, 20% de areia fina, 20% de silte, 10% de caulinita, 15% de ilita e
15% de montmorilonita.
3) Usando a Lei de Stokes, calcule o tempo necessário para:
a) Todas as partículas com diâmetro > 50 m sedimentar a uma
profundidade de 20 cm em um meio aquoso a 30 ºC.
b) Todas as partículas de silte sedimentarem nas mesmas condições acima.
c) Todas as partículas com diâmetro > 1 m nas mesmas condições acima.
35
CAPÍTULO 4 - ESTRUTURA DO SOLO
36
Onde se observa os tipos de ligações:
A = quartzo - matéria orgânica - quartzo
B = quartzo - matéria orgânica - cristais de argila
C = argila - matéria orgânica - argila
C1 = face - face
C2 = canto (lado) - face
C3 = canto - canto
D = argila = canto - face
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Onde:
A = Gibbsita
B = Óxido de Fe
□ Goethita
Hematita
Onde:
A = caulinita
B = Óxido de Fe
□ Goethita
Hematita
C = matéria orgânica
38
4.2. FATORES QUE AFETAM A FORMAÇÃO DE AGREGADOS
4.2.1. Cátions
Os cátions alteram a espessura da dupla camada iônica causando floculação ou
dispersão. Exemplo: Ca, Mg, óxido de ferro e alumínio
39
4.2.4. Microorganismos
Os microorganismos (bactérias e fungos) do solo cimentam os agregados
através de produtos excretados. Dentre os produtos excretados pode-se citar:
polissacarídeos, hemiceluloses ou uronides, levans, etc.
40
d) Condutividade hidráulica do solo saturado;
e) Estabilidade de agregados;
f) Pressão de preconsolidação.
Baseado nestas propriedades, Ferreira (1988) fez as seguintes observações
constantes na tabela abaixo.
Latossolo Ds % Ks DMG
Macroporos
% Caulinita
% Gibbisita
41
4.6.2. Métodos Indiretos
A utilização dos métodos indiretos para caracterizar a estrutura dependem do
objetivo da análise e envolvem:
42
Onde:
n = % dos agregados retidos em uma determinada peneira
d = diâmetro médio de uma determinada faixa de tamanho do agregado (mm)
Onde:
ni = % dos agregados retidos em uma determinada peneira (forma decimal)
di = diâmetro médio de uma determinada faixa de tamanho do agregado (mm)
(Peso total seco dos agregados + areias) - (Peso total seco da areia)
PAE =
(Peso total seco da amostra) - (Peso total seco da areia)
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4.8. EXERCÍCIOS
1) Explicar detalhadamente como os fatores físicos, químicos e biológicos afetam a
formação e/ou degradação dos agregados.
Classe de
tamanho de Peneiramento Seco Peneiramento Úmido
agregado (mm)
Solo Solo Solo Solo
Virgem Cultivado Virgem Cultivado
0 - 0,5 10% 25% 30% 50%
0,5 - 1 10% 25% 15% 25%
1-2 15% 15% 15% 15%
2-5 15% 15% 15% 5%
5 - 10 20% 10% 15% 4%
10 - 20 20% 7% 5% 1%
20 - 50 10% 3% 5% 0%
Discutir os resultados.
44
CAPÍTULO 5 - CONSISTÊNCIA DO SOLO
45
água, o mesmo solo vai se tornando cada vez mais mole até que, ao atingir a umidade
U3, passará a atuar como um líquido viscoso (Figura abaixo).
Est. Semi-
Est. sólido U1 sólido
U2 Est. plástico U3 Est. líquido
LC LP LL
Friabilidade Plasticidade Viscosidade
46
5.1. AVALIAÇÃO DA CONSISTÊNCIA
O limite de liquidez é determinado usando-se o aparelho de Casagrande. Este
limite é igual a umidade correspondente a 25 golpes do aparelho de Casagrande.
O limite de plasticidade é determinado pela confecção de um cilindro de 3 mm
de diâmetro e 10 cm de comprimento. Quando o cilindro, assim formado, começa a
apresentar fissuras, interrompe-se o ensaio e determina-se a umidade do solo do
cilindro. Repete-se a operação algumas vezes (mínimo de 3) e obtém-se o valor médio
da umidade, o qual será o limite de plasticidade do solo.
O limite de contração é obtido mediante a determinação da massa e do volume
de uma amostra seca em estufa (105 - 100 C). Este limite representa a umidade
abaixo da qual a maior parte dos solos não apresentam redução de volume.
47
CAPÍTULO 6 - O PROCESSO DE COMPACTAÇÃO DO SOLO
48
aumento da densidade do solo em conseqüência de uma redução no seu volume pode
ou não causar compactação adicional. Portanto, para se ter uma agricultura sustentável
é importante conhecer os níveis de pressões que o solo suportou no passado e/ou a
umidade do solo no momento das operações agrícolas, para que a compactação
adicional seja evitada. Através destes conceitos espera-se explicar os efeitos benéficos
(Smucker e Erickson, 1989; Raghavan e Mckyes, 1983) e adversos (Parish, 1971;
Gupta e Allmaras, 1987; Raghavan et al., 1990) da compactação do solo.
Pesquisadores têm demonstrado claramente o efeito da compactação nas
propriedades físicas do solo (Barnes et al., 1971; Gupta et al., 1985; Larson et al.,
1989; Soane e van Ouwerkerk, 1994). A compactação aumenta a densidade do solo e a
sua resistência mecânica (Grohmann e Queiroz Neto, 1966; Trouse, 1971; Taylor,
1971; Hillel, 1982; Moraes, 1984; Rosa Junior, 1984; Schultz, 1978; Lebert, et al.,
1989; Wagger e Denton, 1989; Hill e Meza-Montalvo; 1990; Lebert e Horn, 1991) e
diminui a porosidade total, tamanho e continuidade dos poros (Warkentin, 1971;
Hillel, 1982; Moraes, 1984; Smucker e Erickson, 1989). Reduções significativas
ocorrem, principalmente, no volume dos macroporos, enquanto os microporos
permanecem inalterados (Hillel, 1982). A compactação do solo pode ter efeitos
benéficos ou adversos (Parish, 1971; Gupta e Allmaras, 1987; Smucker e Erickson,
1989; Raghavan et al., 1990). Efeitos benéficos têm sido atribuídos à melhoria do
contato solo-semente (Smucker e Erickson, 1989) e aumento da disponibilidade de
água em anos secos (Camargo, 1983; Raghavan e Mckyes, 1983). Entretanto, a
compactação excessiva pode limitar a adsorsão de nutrientes, infiltração e
redistribuição de água, trocas gasosas, e o desenvolvimento do sistema radicular
(Grohmann e Queiroz Neto, 1966; Moura Filho e Buol, 1972; Alvarenga et al., 1983;
Oliveira et al., 1983; Smucker e Erickson, 1989; Bicki e Siemens, 1991), causando
uma diminuição no tamanho e uniformidade das plantas o que pode resultar em
49
decréscimo da produção, aumento da erosão e aumento da potência necessária para o
preparo do solo (Soane, 1990).
A facilidade com que o solo não saturado decresce de volume quando sujeito a
pressões é chamada compressibilidade (Gupta e Allmaras, 1987). A compressibilidade
do solo é função de fatores externos e internos (Lebert e Horn, 1991). Os fatores
externos são caracterizados pelo tipo, intensidade e freqüência da carga aplicada
(Koolen e Kuispers, 1983; Horn, 1988; Horn, 1989; Raghavan et al., 1990; Lebert e
Horn, 1991), enquanto os fatores internos são influenciados pela história de tensão
(Harris, 1971; Horn, 1988; Gupta et al., 1989; Reinert, 1990, Dias Junior, 1994),
umidade do solo (Gupta et al., 1985; Bailey et al., 1986, Dias Junior, 1994), textura do
solo (Silva, 1984; Gupta et al., 1985; Horn, 1988; McBride, 1989, Dias Junior,1994),
estrutura do solo (Dexter e Tanner, 1974; Horn, 1988), e densidade inicial do solo
(Gupta et al., 1985; Culley e Larson, 1987; Reinert, 1990, Dias Junior, 1994).
Para uma mesma condição, o fator que governa a quantidade de deformação
que poderá ocorrer no solo é a umidade (Dias Junior, 1994). Assim, quando os solos
estão mais secos, a sua capacidade de suporte de carga pode ser suficiente para
suportar as pressões aplicadas e a compactação do solo pode não ser significativa
(Trouse, 1971; Taylor, 1971; Larson e Allmaras, 1971, Dias Junior, 1994).
Entretanto, qualquer compactação é detrimental para as plantas sob condições de alta
umidade (Swan et al., 1987), o que pode causar redução na produção (Negi et al.,
1980; Carter, 1985; Gameda et al., 1985; Negi et al., 1990; Bicki e Siemens, 1991).
Em áreas que possuem uma pequena estação de crescimento de plantas, as operações
de preparo do solo são realizadas assim que os solos são considerados trafegáveis,
entretanto, sob estas condições os solos provavelmente ainda estão muito úmidos para
serem trafegados (Håkansson et al., 1988) e este tráfego freqüentemente resultará em
deformações não recuperáveis (compactação do solo). Para tentar uma solução
alternativa para este problema, Dias Junior (1994) sugeriu um modelo de
50
compressibilidade que prediz a máxima pressão que o solo pode suportar para
diferentes umidades sem causar compactação adicional do solo, com base na pressão
de preconsolidação do solo.
A persistência da compactação do solo além da cultura atual causada pelo
trafego anterior à esta cultura tem sido relatada por vários pesquisadores (Smith et al.,
1969; Black et al., 1976, Voorhees, 1977; Voorhees et al., 1978; Pollard e Elliot,
1978; Logsdon et al., 1992). Alguns destes estudos mostraram que os efeitos da
compactação do solo são apenas temporariamente prejudiciais, entretanto, na maioria
dos casos, pequena ou nenhuma modificação da compactação do solo foi observada.
Assim sendo, em uma agricultura sustentável, a estimativa dos níveis de pressões a
serem aplicados ao solo, através do uso da modelagem matemática, possivelmente,
seja uma alternativa viável para minimizar os problemas da compactação dos solos.
51
e Erbach, 1988); e b) modelos analíticos (Söhne, 1953; Larson e Gupta, 1982; Gupta
et al., 1985; Vanden Akker e Van Wijk, 1987). E finalmente, Gupta e Raper (1994)
agruparam os modelos de compactação do solo em quatro categorias: a) modelagem
das forças mecânicas provenientes de veículos agrícolas aplicadas à superfície do solo
(Söhne, 1958; Trabbic et al., 1959; Gill e VandenBerg, 1968; Koolen e Kuipers,
1983; Burt et al., 1989); b) modelagem das relações entre tensão e deformação do solo
(Söhne, 1953; Dexter e Tanner, 1973; Amir et al., 1976; Larson et al., 1980; Gupta e
Larson, 1982; Koolen e Kuipers, 1983; Grisso et al., 1987; Bailey e Johnson; 1989); e
c) modelagem da propagação das forças no solo: c.1) modelos baseados na técnica do
elemento finito (Duncan e Chang, 1970; Perumpral et al., 1971; Pollock et al., 1986;
Chi e Kushwaha, 1989; Raper e Erbach, 1990a; Raper e Erbach, 1990b) e c.2)
modelos analíticos (Boussinesq, 1885; Fröhlich, 1934; Söhne, 1953; Gupta e Larson,
1982; Van den Akker e Van Wijk, 1987). Verifica-se que a história de tensão tem sido
negligenciada na modelagem da compactação do solo, talvez porque no
desenvolvimento de alguns destes modelos foram usadas amostras deformadas e/ou
com alta umidade, o que tende a mascarar o efeito do manejo do solo ou porque na
maioria dos modelos enfoque especial tem sido dado à reta de compressão virgem, a
qual define deformações plásticas e não recuperáveis.
Para se avaliar a susceptibilidade do solo à compactação, relações entre
propriedades físicas e mecânicas dos solos têm que serem determinadas. Um resumo
destas relações é apresentado na Tabela 1. Estas relações foram obtidas usando-se
amostras deformadas (Bailey e VandenBerg, 1968; Larson et al., 1980; Larson e
Gupta, 1980; Bailey et al., 1984; Bailey et al., 1985; Bailey et al., 1986; Grisso et al.,
1987; Bailey e Johnson, 1989; O'Sullivan, 1992), e amostras indeformadas (Smith,
1985; Lebert e Horn, 1991; MacNabb e Boersma, 1993). Também diferentes tipos de
ensaios, tais como: 1) ensaio de compressão uniaxial (Larson et al., 1980; Larson e
Gupta, 1980; O'Sullivan, 1992); 2) ensaio de compressão triaxial (Bailey e
52
VandenBerg, 1968; Bailey et al., 1984; Bailey et al., 1985; Bailey et al., 1986; Grisso
et al., 1987; Bailey e Johnson, 1989); e 3) ensaio de cisalhamento direto (MacNabb e
Boersma, 1993) têm sido utilizados empregando amostras saturadas (MacNabb e
Boersma, 1993) e amostras não saturadas (Bailey e VandenBerg, 1968; Dexter e
Tanner, 1973; Larson et al., 1980; Larson e Gupta, 1980; Bailey et al., 1984; Bailey et
al., 1985; Bailey et al., 1986; Lebert e Horn, 1991; O'Sullivan, 1992). Desta forma,
verifica-se que não existe uma padronização da metodologia que deve ser utilizada na
modelagem da compactação dos solos. A curva de compressão do solo, entretanto,
tem sido usada como base comum para estimar a susceptibilidade do solo à
compactação (Larson et al., 1980; Larson e Gupta, 1980; Bailey et al., 1984; Bailey et
al., 1985; Bailey et al., 1986; Bailey e Johnson, 1989; Bingner e Wells, 1992;
O'Sullivan, 1992; MacNabb e Boersma, 1993). Quando o solo não sofreu nenhuma
pressão prévia, a curva de compressão do solo é linear (Larson e Gupta, 1980; Larson
et al., 1980; Culley e Larson, 1987; Gupta e Allmaras, 1987; Lebert e Horn, 1991),
entretanto, quando o solo já experimentou pressões prévias ou ressecamento, a
variação das pressões atuando sobre o solo determinará a formação de duas regiões
distintas na curva de compressão do solo: a curva de compressão secundária e a reta de
compressão virgem (Stone e Larson, 1980; Gupta et al., 1989; Lebert e Horn, 1991).
A curva de compressão secundária representa os níveis de pressões experimentadas
pelo solo no passado, enquanto que a reta de compressão virgem representa os níveis
de pressões nunca experimentadas pelo solo. Entretanto, é na região da curva de
compressão secundária que o solo deve ser cultivado ou trafegado sem que
deformações não recuperáveis ocorram. É este componente da curva de compressão do
solo que reflete a história de tensão do solo e que está sendo negligenciado na
agricultura (Dias Junior, 1994).
A pressão de preconsolidação tem sido usada para indicar o ponto de
separação entre estes dois casos. Assim, a pressão de preconsolidação divide a curva
53
de compressão do solo em duas regiões: (a) uma região de deformações pequenas,
elásticas e recuperáveis (curva de compressão secundária); e (b) uma região de
deformações plásticas e não recuperáveis (reta de compressão virgem). Portanto, na
agricultura, a aplicação de pressões maiores do que a maior pressão previamente
aplicada no solo deve ser evitada (Gupta et al., 1989; Lebert e Horn, 1991), para que
deformações não recuperáveis não ocorram. Assim, a pressão de preconsolidação deve
ser a pressão máxima que deve ser aplicada ao solo para que compactação adicional
seja prevenida. Apesar de Lebert et al. (1989) e Lebert e Horn (1991) terem estimado,
através de regressão linear múltipla, a pressão de preconsolidação usando
propriedades físicas e mecânicas dos solos e de Bailey et al. (1984); Bailey et al.
(1985); Bailey et al. (1986); Bailey e Johnson (1989) e Bingner e Wells (1992) terem
modelado a curva de compressão do solo, existem poucos modelos que estimam a
pressão máxima que o solo pode suportar sem que compactação adicional ocorra, para
diferentes umidades, com base na pressão de preconsolidação (Dias Junior, 1994).
Assim, a maioria dos modelos (Bailey e VandenBerg, 1968; Amir et al., 1976; Larson
et al., 1980; Gupta et al., 1985; Lebert e Horn, 1991; Bingner e Wells, 1992) usados
para avaliar a compactação do solo têm dado ênfase à reta de compressão virgem, a
qual define deformações plásticas e não recuperáveis e é geralmente bem descrita para
altas umidades (Larson e Gupta, 1980; Gupta et al., 1985; Gupta e Allmaras, 1987;
Horn, 1989).
Kassa (1992) mostrou que a pressão crítica na qual os agregados do solo
sofrem cisalhamento é maior do que a pressão de preconsolidação. Isso implica que a
pressão crítica na qual os agregados do solo sofrem cisalhamento está localizada na
reta de compressão virgem, onde deformações não recuperáveis (compactação
adicional) ocorrem. Portanto, é de se esperar que os modelos baseados na pressão
crítica na qual os agregados do solo sofrem cisalhamento (Larson e Gupta, 1980)
superestimam a capacidade de suporte do solo, causando, consequentemente,
54
compactação adicional, visto que a pressão crítica na qual os agregados do solo sofrem
cisalhamento é maior do que a pressão de preconsolidação.
Considerando estes aspectos, Dias Junior (1994) desenvolveu um modelo de
compressibilidade que prediz a pressão máxima que o solo pode suportar para
diferentes umidades, sem causar compactação adicional, tomando como base a pressão
de preconsolidação. Este modelo fornece informações acerca de quando um solo pode
ser cultivado ou trafegado sem sofrer compactação adicional. Entretanto, se faz
necessário a geração deste modelo para as condições brasileiras e ainda a sua
validação a nível de campo.
Finalmente, acredita-se que o uso dos modelos de previsão da compactação do
solo promoverá um aumento do entendimento do processo de compactação com
conseqüente minimização deste problema. Entretanto, para se obter um modelo dentro
da realidade se fazem necessárias a correta observação, coleta, organização,
interpretação dos dados e finalmente a construção do modelo (Yaalon, 1994) e
posteriormente a sua validação a nível de campo. Contudo, um modelo, seja ele
numérico ou gráfico, é uma simplificação da realidade, o que requer um entendimento
dos processos da natureza bem como de suas interações para evitar que o modelo
gerado seja inadequado (Yaalon, 1994).
55
Referências Relações
Söhne, 195 n = m ln + no
56
= 2.25 - 0.008
- para solos francos
= 2.28 - 0.011
Bailey et al., 1984 v = (A + B)(1 - e-C)
v = V/Vo V = Vo - V
1/b = 1/bi - 1/bi (A + B) (1 - e-C)
Johnson et al., 1984 v = (A + B)(1 - exp(-C))
ln b = ln bi - (A + B) (1-exp(-C))
Saini et al., 1984 b = 1.2926 - 0.2504 + 0.8353 2
+ 0.9932 3 + 0.1203 F - 0.0330F2 +
0.0026 F3 + 1.0635 F +7.4289 2F +
12.96353F + 0.0984 F2 - 0.3842 2F2
- 0.1272 2F3 + 0.0288F3 - 0.2231
2F3 +0.45883F3
Gupta et al., 1985 b = f(S, )
Bailey et al., 1985 v = (A + Bh)(1 - e-Ch)
e v = ln (V/V0)
Bailey et al., 1986 ln(b) = ln(bi) - (A + Bh) (1 - e-Ch)
Bolling, 1985 n = no - (/o)3 [CI/CIo)]1/2
n = no - (no - 0.225)/(35Cp + 1)(/12)3/2 1
Smith, 1985 1 = i-(b-bi)[(i-f)/(bf-bi)]
Angers et al., 1987 Y = - 112.2 + 88.9 b
Pollock, Jr. et al., 1986 v = z + r +
Grisso et al., 1987 noct = (octR/octH)(AH +BHoct)(1 - e-CHoct)/3
Brandon et al., 1987 YF = a + [(x + y)/2] -
{[(x - y)/2]2 + xy2}1/2
Håkansson, 1988 - para 0 < Cl < 60% ; 1 < H < 11%
Dopt = 90.5 - 0.29 Cl + 0.0059 Cl2 - 0.139 H
- para 0 < Cl < 60%
Dopt = 86.5 + 0.041 Cl
Bailey e Johnson, 1989 v = (A + Boct)(1 - e-Coct) + E(oct/oct)
ln b = ln bi - (A + Boct) (1 - e-Coct) +
E(oct/oct)
Tabela 1 (cont.)
Lebert et al., 1989 p = 2.1592 b + 0.234 LK + 0.0360 AWC +
57
0.0770 NAWC - 3.426
p = (3.0975 b - 0.0475 Cl - 0.0280U
- 0.9659 log s +0.3369 LK - 0.0268
+ 2.1330 log c + 0.0839)2
Raper e Erbach, 1990 a v = exp[(A + Bh)(1 - e-Ch)]-1
Raper e Erbach, 1990 b {} = [c] {}
Reinert, 1990 p = - 263 - 2.66 S + 322 bi
Canarache, 1991 log RP = - 4.14 + 0.0858 b - 0.000347b2
Lebert e Horn, 1991 e = B + m log
p = f(, c ,b, LK, AWC, NAWC, Kf, OC)
Wlodek, 1991 b = bi [z/(z + z)]
Binger e Wells, 1992 Curva de compressão secundária
b = bi* + ms log (/k)
Reta de compressão virgem
b = bk + ST(S1 - Sk) + m log (/k)
O'Sullivan, 1992 = r - m ln(/r)- b( - r)
b = bk + ST(S1 - Sk) + m log (/k)
McNabb e Boersma, 1993 ln b = ln(bi*i) - (A + B +Jc) (1 - e-C)
i = bi/biavg
c = (i - 1) bi
Dias Junior, 1994 Modelo baseado na História de Tensão
p = 10 (a + b )
Modelo baseado na Reta de Compressão
Virgem
bfinal = b + m log (final/p)
Onde:
58
CI .................................... Índice de Cone
CIo ................................... Índice de Cone inicial
Cl .................................... Teor de argila
Cp .................................... Razão entre 3 e 1
D ..................................... Densidade de Partícula
Do .................................... Densidade do solo máxima
Dopt .................................. Grau de compactação ótimo
e ...................................... Índice de vazios
E ...................................... Coeficiente da componente da deformação natural devido à
tensão cisalhante
F ...................................... Tensão de compactação
Fe .................................... Ferro ditionito
J....................................... Parâmetros de ajuste da curva de compressão
H ..................................... Teor de húmus
k, L .................................. Medida da rapidez na qual a máxima densidade é obtida
com o aumento da pressão,
kf ..................................... Condutividade hidráulica saturada
Lk .................................... Aeração
LL ................................... Limite de liquidez
n ...................................... Porosidade
NAWC ............................ Água não disponível
no ..................................... Porosidade inicial
m ..................................... Índice de compressão íon index
ms .................................... Declividade da curva de compressão secundaria
OC .................................. Teor de C orgânico
R ..................................... Razão da máxima tensão cisalhante e a tensão normal média
s....................................... Teor de areia
59
S ...................................... Grau de saturação
Su .................................... Resistência ao cisalhamento não drenada
RP ................................... Resistência a penetração na capacidade de campo
S1..................................... Grau de saturação desejado
ST .................................... Declividade da curva densidade do solo vs grau de saturação
Sk..................................... Grau de saturação correspondente a k e k
um .................................... Pressão neutra mínima
u ...................................... Pressão neutra
U ..................................... Teor de silte
V ..................................... Volume
Vo .................................... Volume inicial
Y ..................................... Resistência à tração do agregado
YF ................................... Função de rendimento para o comportamento plástico
z ...................................... Profundidade de uma camada específica
z .................................... Mudanças na profundidade de uma camada específica
...................................... Declividade da superfície de ruptura
i = i/iavg....................... Densidade do solo inicial normalizada
c = (i - 1) i .................. Ajustamento da curva de compressão para diferenças na
densidade inicial de cada amostra
1 ..................................... Deformação principal maior
3 ..................................... Deformação principal menor
{} .................................. Iqual { xx yy xy zz}T
oct ................................... Deformação natural octaedral normal
octH ................................. Iqual a oct, quando os coeficientes foram determinados de
ensaios triaxiais onde 1/3 = 1
octR.................................. Iqual a oct, quando os coeficientes foram determinados de
ensaios triaxiais onde 1/3> 1
60
v = V/Vo ...................... Deformação volumétrica
v = ln (V/Vo) .................. Deformação natural volumétrica
vT ................................... Deformação volumétrica total
z ..................................... Deformação volumétrica na direção vertical
r...................................... Deformação volumétrica na direção radial
..................................... Deformação volumétrica na direção tangencial
...................................... Ângulo de fricção interno
...................................... Umidade volumétrica
...................................... Umidade gravimétrica
o .................................... Umidade gravimétrica inicial
op ................................... Umidade gravimétrica ótima
...................................... Densidade do solo
bf .................................... Densidade do solo final
bi .................................... Densidade do solo inicial
bk ................................... Densidade do solo na tensão k
boavg ................................ Densidade do solo inicial média
bo* .................................. Densidade do solo resultante do tráfego anterior
...................................... Tensão aplicada
{} .................................. Iqual a { xx yy xy zz}T
1..................................... Tensão principal maior
3..................................... Tensão principal menor
c..................................... Tensão crítica
f ..................................... Tensão final
h..................................... Tensão confinante
i ..................................... Tensão inicial
k..................................... Tensão aplicada = 98 kPa
61
m .................................... Tensão normal média
n..................................... Tensão normalizada para um = 1
oct = (x + y + z)/3 ..... Tensão normal média ou tensão normal octaedral ou pressão
esferoidal
p..................................... Pressão de preconsolidação
r ..................................... Tensão residual (solo sem pressão de preconsolidação, r=0)
s ..................................... Pressão aplicada para u = 0
x..................................... Pressão relativa ao eixo dos x
z..................................... Pressão relativa ao eixo dos z
' ..................................... Pressão vertical efetiva
max .................................. Pressão de cisalhamento máxima
oct ................................... Tensão de cisalhamento octaedral
...................................... Volume específico = volume total/volume dos sólidos
r ..................................... Volume específico para r = 100 kPa e r = 0.20 kg kg-1
..................................... Ângulo de fricção interno em graus
6.2.1. No solo
- Presença de crostas
- Aparecimento de trincas nos sulcos de rodagem do trator
- Zonas endurecidas abaixo da superfície do solo
- Empoçamento de água
62
- Erosão pluvial excessiva
- Presença de resíduos vegetais parcialmente decompostos muitos meses após sua
incorporação
- Necessidade de maior potência das máquinas de cultivo.
6.2.2. Na planta
- Baixa emergência das plantas
- Variação no tamanho das plantas
- Folhas amarelecidas
- Sistema radicular pouco profundo
- Raízes mal formadas
63
A susceptibilidade dos solos à compactação é função da umidade do solo.
Portanto, o manejo da água é muito importante no manejo da compactação do solo. O
manejo da água do solo pode ser feito por drenagem ou irrigação sendo seu objetivo
final a modificação da consistência do solo como pode ser visto no seguinte diagrama.
Limites LC LP LL
Estado sólido Semi-sólido plástico líquido
Consistência Duro Friável Plástico Líquido
Resistência Alta Baixa Média Muito baixa
ao preparo
Capacidade Alta Alta a Baixa Muito baixa
suporte de moderada
carga
Resistência à Muito alta Alta a Baixa Alta
compressão moderada
Apesar do diagrama acima proposto por Larson et al. (1994) apresentar uma
classificação qualitativa da capacidade suporte de carga dos solos, esta classificação
não nos permite quantificar os níveis de pressões que podem ser aplicados aos solos
em função da sua umidade. Assim, uma outra alternativa para auxiliar no manejo da
água é a utilização de modelos matemáticos que quantifiquem a capacidade suporte de
carga do solo em função da umidade como os desenvolvidos por Dias Junior (1994).
Estes modelos apresentam uma relação entre a pressão de preconsolidação e a umidade
do solo, sendo a pressão de preconsolidação a máxima pressão que deve ser aplicada
ao solo sem que adicional compactação ocorra.
64
umidade do solo. Até hoje não existe um método comprovadamente seguro que possa
auxiliar o produtor na tomada de decisão de realizar ou não uma determinada operação
agrícola. A decisão errônea de se aplicar uma determinada pressão ao solo, sem o
prévio conhecimento de sua capacidade suporte para uma determinada condição de
umidade, pode levar a aplicação de uma pressão que excede a sua capacidade suporte
resultando em compactação adicional do solo. Portanto, em uma agricultura
sustentável é de extrema importância o manejo do maquinário agrícola em função da
umidade do solo. A seguir são apresentadas algumas medidas sugeridas por Larson et
al. (1994), no que se refere ao manejo do maquinário agrícola que poderão levar à
prevenção da compactação do solo.
- Nível de pressão por eixo das máquinas agrícolas o que causará diferentes níveis
de pressão de contato das rodas (pneus ou esteira). Rodas largas, duas rodas
juntas ou redução da pressão de inflação dos pneus são algumas medidas a serem
consideradas para redução da pressão de contato das rodas.
- Operações das máquinas agrícolas. Alguns dos fatores a serem levados em
consideração neste item são: velocidade de operação, condições de umidade do
solo, trafego controlado, número de passadas e tipo de implemento agrícola.
65
6.3.4. Medidas curativas
Quando a compactação começa limitar o desenvolvimento das plantas com
conseqüente redução na produtividade, é necessário que medidas curativas sejam
adotadas com o objetivo de quebrar a camada compactada o que melhorará a curto
prazo as condições nas quais as plantas estão se desenvolvendo. A seguir são
apresentadas algumas medidas sugeridas por Larson et al. (1994), no que se refere a
medidas curativas que podem aliviar o efeito da compactação do solo.
- Preparo do solo: aração, aração profunda e gradagem
- Subsolagem: em uma direção e cruzada
- Rotação de cultura, incluindo, se possível for, uma planta que funcione como
subsolador natural.
66
6.4. ENSAIOS DE LABORATÓRIO USADOS NA INVESTIGAÇÃO DA
COMPACTAÇÃO DO SOLO
67
vantagens deste método podemos citar: redução significativa do tempo gasto para se
determinar a pressão de preconsolidação; redução significativa da probabilidade de
erros durante a determinação; ser um método rápido, confiável e repetitivo e
possibilidade de ser usado por outros laboratórios que realizam determinações
semelhantes.
68
solo máxima e a umidade correspondente, a qual é chamada de umidade ótima de
compactação para uma determinada energia de compactação.
Apesar do ensaio de proctor ser um ensaio relativamente simples de ser feito
em laboratório acredita-se ser um ensaio limitado para o estudo da compactação de
solos agrícolas devido ao fato da estrutura do solo ser destruída para a sua realização,
o que apagará a história de tensão do solo, a qual é função do tipo de manejo usado na
condução da cultura. Todavia, Raghavan et al. (1990) observou que para umidades
acima da umidade ótima de compactação obtida pelo ensaio de proctor as rodas do
trator patinam causando cisalhamento do solo, o que contribui significativamente para
agravar a compactação do solo. Deste modo, Raghavan e McKyes (1977) mostraram
que no mínimo 50% da compactação da camada superficial do solo pode ser atribuída
ao deslizamento das rodas dos veículos agrícolas. Assim, estudos adicionais
procurando correlacionar a umidade ótima de compactação obtida pelo ensaio de
proctor com a pressão de preconsolidação determinada para teores críticos de umidade
como o limite de plasticidade (Dias Junior, 1994), são necessários para que se possa
validar o uso do ensaio de proctor para a previsão da compactação dos solos agrícolas.
6.5. EXERCÍCIOS
1) Para o dados abaixo:
69
a) Plotar a curva de compactação.
b) Determinar a densidade do solo máxima, bem como sua umidade ótima de
compactação.
c) Calcule o grau de saturação para cada umidade ótima.
d) Plote as curvas de 100, 90, 80 e 70% de saturação.
e) Interprete os resultados
Sabe-se que:
Ds = (água S)/[U + (água S/Dp)]
água = 1,0 Mg m-3
Dp = 2,64 Mg m-3
70
Você coletou uma amostra na camada compactada de 936,48 cm3 de volume,
peso úmido igual a 1816 g e peso seco de 1543 g.
a) Qual a densidade do solo da camada compactada?
b) Qual a umidade da camada compactada?
c) Qual o grau de compactação da camada? (GC = Ds/Ds máx)
d) A camada compactada satisfaz às especificações do projeto?
e) Se a Dp = 2,70 Mg m-3, qual é o grau de saturação da camada compactada?
f) Se a amostra for saturada mantendo a mesma densidade do solo, qual será a
umidade de saturação?
4) Uma carga concentrada de 109 dyn (1000 kg) é aplicada à superfície do solo.
a) Estimar a pressão vertical a 0,01; 0,10 e 0,30 metros de profundidade diretamente
debaixo do ponto de aplicação da carga e a 0,30; 1; 2 e 4 metros de distância
horizontal do ponto de aplicação da carga.
Sabe-se que:
P = (F . A )/z2 Onde;
P = pressão vertical (bar)
F = carga concentrada aplicada (dyn)
A = 3/{2 [1 + (r/z)2]5/2}
r = distância horizontal do ponto de aplicação da carga (m)
z = profundidade (m)
b) Exprimir os valores das pressões verticais no sistema internacional de unidades.
c) Represente os resultados graficamente.
71
CAPÍTULO 7 - A ÁGUA DO SOLO
A água é uma das mais importantes substância da crosta terrestre. Nas formas
líquida e sólida cobre mais de 2/3 da crosta terrestre, e na forma gasosa é constituinte
da atmosfera estando presente em toda parte. A água é uma substância essencial à
agricultura, pois é de vital importância para as plantas. A água utilizada pelas plantas
fica armazenada no solo, sendo fornecida às plantas de acordo com suas necessidades.
Entretanto, a recarga natural deste reservatório é variável, devido à variabilidade na
distribuição das chuvas. Todavia, o uso de irrigação tem contribuído para minimizar a
variabilidade da recarga de água do solo pelas chuvas. Assim, o conhecimento de seu
comportamento em relação ao sistema solo-planta-atmosfera é essencial para estudos
visando a produção vegetal.
72
7.1.1.1. Textura e tipo de argila
Solos argilosos retém mais água do que solos arenosos e solos com argila 2:1
retém mais água do que solos com argila 1:1. A retenção de água a alta sucção (maior
que 1 atm) é influenciada pela textura e superfície específica, sendo que o fenômeno
de adsorsão domina a retenção de água.
73
- Permanência efêmera no solo
- Removida facilmente pela drenagem
- Provoca lixiviação no solo
- Água retida no solo sob sucção abaixo de 0,1 atm
74
7.3. CONSTANTES DE UMIDADE
7.3.1. Umidade higroscópica
Umidade higroscópica é a máxima quantidade de água que o solo é capaz de
absorver da atmosfera, em forma de vapor, e manter o equilíbrio com o ambiente. É a
umidade da TFSA.
75
7.4. POTENCIAL TOTAL DE ÁGUA NO SOLO
A água pode ser caracterizada na natureza por um estado de energia. A física
clássica reconhece duas formas principais de energia, a cinética e a potencial. Uma vez
que o movimento da água no solo é muito lento, sua energia cinética é em geral
considerada como sendo desprezível. Entretanto, a energia potencial, função da
posição, é muito importante na caracterização de seu estado de energia (Reichardt,
1985). Assim, o potencial total de água é uma medida de sua energia potencial.
A energia da água em um dado ponto no solo é dada pela diferença entre este
estado e o estado padrão. Como estado padrão, tem-se a água pura e livre, submetida a
condições normais de temperatura e pressão e livre de sais minerais e outros solutos.
Para este estado atribui-se arbitrariamente o valor de sua energia como nulo. Assim:
0 (padrão) = 0
Assim, o potencial total de água do solo (T), é dado por:
T
= d = T - 0) = T
0
Portanto, a diferença de energia entre dois estados é medida através do
trabalho que é realizado quando se passa de um estado para outro. Assim, o potencial
total da água do solo (T), também é definido como sendo o trabalho necessário para
levar a água do estado padrão ao estado considerado no solo.
A diferença de potencial da água entre diferentes pontos dão origem ao
movimento. Este movimento ocorre do lugar de maior potencial para o de menor.
O potencial total de água no solo é composto de uma série de componentes.
Como os processos que ocorrem no solo são aproximadamente isotérmicos, a
componente térmica é considerada desprezível (Reichardt, 1985). Portanto, o potencial
total de água no solo pode ser expresso pela expressão:
Tgpmos ...
76
Onde:
T = potencial total de água no solo
g = potencial gravitacional
p = potencial de pressão
m = potencial matricial
os = potencial osmótico
15 cm gA= 15 cm
+
Referencial
-
10 cm gB= -10 cm
77
7.4.2. Potencial de pressão (p)
O potencial de pressão aplica-se somente para solos saturados. Portanto, sua
determinação é feita medindo-se a distância do ponto à superfície da água. No campo,
sua determinação é feita usando o piezómetro.
15 cm pA= 0
NA
+
10 cm pB= +10 cm
78
h
h1
ho
h2
79
O potencial osmótico é determinado usando a seguinte expressão:
os = -RTC
Onde:
R = 0,082 (atm L/mol ok)
T = temperatura absoluta (ok), sabe-se que Tk = 273 + Tc
C = concentração (mol/L)
Umidade (%)
80
7.5.1. Características da curva de retenção de água do solo
- São específicas para cada solo, podendo ocorrer variações entre horizontes de um
mesmo perfil do solo
- Para altos teores de umidade há predominância de fenômenos capilares, função da
densidade e da estrutura do solo
- Para baixos teores de umidade há predominância de fenômenos de adsorção,
função da textura e superfície específica do solo
- Desde que a distribuição dos poros quanto ao tamanho não varie com o tempo, a
curva característica de água do solo é única e não precisa ser determinada
anualmente
- Sua representação é feita em papel monolog, pois expande a faixa de baixa sucção
de interesse para a irrigação. Se usar a escala natural, expressar a sucção em pF.
- Permite estimar o potencial matricial conhecendo a umidade ou vice-versa.
81
Cada método fornece uma curva, mas as duas em geral, são diferentes. Este
fenômeno é denominado histerese (Figura abaixo).
Curva de secagem
(ramo principal)
B
Sucção (atm)
Scanning curve
A
Curva de umedecimento Saturação
(ramo principal)
Umidade (%)
7.6. EXERCÍCIOS
1) Calcular o valor do potencial total e determine o sentido do fluxo de água
sabendo-se que dois tensiômetros possuem as seguintes características:
82
Tensiômetro A: profundidade de instalação 50 cm, ascensão da coluna de mercúrio
dentro da cuba que se encontra a 20 cm da superfície do solo igual a 20 cm.
Tensiômetro B: profundidade de instalação 100 cm, ascensão da coluna de mercúrio
dentro da cuba que se encontra a 20 cm da superfície do solo igual a 10cm.
Potencial, (cm)
-120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40
-10
-30 m
Profundidade (cm)
t
-50
NA
-70
-90
p
-110
83
21 cm
D E
15 cm 18 cm
C F
15 cm
B
9 cm
A
6 cm Referência
Referência
G
6 cm
H Coluna d’água
12 cm
I
L
24 cm
18 cm
J K
27 cm
84
CAPÍTULO 8 – DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO
Como vantagem deste método pode-se citar a facilidade na sua execução, pois
é um método rápido, barato e simples o que permitiria ao produtor rural ter pelo
menos uma idéia da umidade do solo.
85
8.2. MÉTODOS INDIRETOS
Os métodos indiretos envolvem a medição de alguma propriedade do solo que
é afetada pela umidade ou instalando algum objeto dentro do solo, o qual entrará em
equilíbrio com a umidade do solo. Dentre os métodos indiretos pode-se citar:
86
- Blocos feitos de fibra de vidro são altamente sensíveis a pequenas variações de
concentração salina da solução do solo. Já nos blocos de gesso isso não acontece,
pois a solução dentro do bloco tem concentração constante e praticamente igual a
de uma solução saturada de sulfato de cálcio.
- Os blocos de gesso deterioram com o tempo devido a sua solubilidade.
87
proporcional à umidade do solo. Se o solo estiver seco a nuvem de neutrons lentos ao
redor da sonda será menos densa do que para solos úmidos e estenderá a uma distância
maior da fonte de neutrons. Em geral, o raio de influência da sonda é menor do que 10
cm para solos úmidos e maior do que 25 cm para solos secos. Por questão de
segurança, a sonda de neutrons deve ser transportada dentro de um recipiente
cilíndrico preenchido com chumbo e algum material com hidrogênio (parafina ou
polietileno), designado a prevenir o escape de neutrons rápidos. O uso impróprio ou
excessivo do equipamento pode ter efeitos desastrosos. O perigo de ser exposto a
radiação depende da potência da fonte, da qualidade do cilindro protetor, da distância
do operador à fonte e da duração do contato. Com a observância das normas de
segurança o equipamento pode ser usado sem riscos à saúde.
Onde:
Im/I0 = razão do fluxo transmitido e o incidido
c, s, w = coeficientes de atenuação do recipiente, solo e água, respectivamente
= umidade do solo em g cm-3
c = densidade do recipiente
S' = espessura da parede do recipiente
b = densidade do solo
S = espessura da coluna de solo
88
8.2.5. Método TDR (Time Domain Reflectometry)
O TDR é um método indireto de determinação da umidade do solo, o qual
baseia-se na determinação das características de propagação das ondas
eletromagnéticas no solo. O sistema consiste de um transmissor/receptor de ondas,
cabos e hastes metálicas de comprimento conhecido que servem para conduzir as
ondas. No final da linha de transmissão o sinal é refletido. O tempo de viagem da onda
depende das propriedades dielétricas do meio. Portanto, o TDR permite medir o tempo
de viagem do sinal com o qual pode-se calcular a constante dielétrica do solo. De
posse da constante dielétrica do solo calcula-se a umidade do solo usando as seguintes
equações (Topp et al., 1980).
Ka = (c . t/2 . L)2
Onde:
Ka = constante dielétrica do solo
c = velocidade de propagação da onda eletromagnética no espaço livre (3 x 1010 m/s)
t = tempo de viagem da onda
L = comprimento da haste metálica
e
= -0,053 + 0,029 Ka - 5,5 x 10-4 Ka2 + 4,3 x 10-6 Ka3
Onde:
= umidade volumétrica (m3 m-3)
Com algumas vantagens deste método podemos citar (Pierce, 1991):
- Operação segura
- É possível fazer medições na superfície do solo
- Possibilita medições em qualquer condição de umidade, apresentando algum
problema quando o solo está muito seco ou próximo à saturação
- Permite medições no campo e no laboratório
89
- Fácil transporte (portátil), instalação e calibração
- Permite medições contínua
- Permite medições no sentido horizontal, vertical e inclinado
8.3. EXERCÍCIOS
1) Uma amostra de solo possui umidade gravimétrica de 5%. Quantos gramas de
água e quantos centímetros cúbicos (Dágua = 1 g cm-3) serão necessários para
passar a umidade de 3 kg deste solo a 20% gravimétrica.
2) O peso úmido de uma amostra de solo coletado no campo foi de 350 g e o peso
seco em estufa a 105 - 110 oC de 300 g. O volume do cilindro amostrador é de
250 cm3. Calcular a umidade gravimétrica e volumétrica.
90
CAPÍTULO 9 – MOVIMENTO DA ÁGUA EM UM SOLO SATURADO
H
Hpi L
Hpo
Coluna
de solo
Hi
Ho
Hgo
Hgi
Nível de Referência
91
Hi = altura da entrada de água na coluna de solo em relação a um referencial
Ho = altura da saída de água na coluna de solo em relação a um referencial
Se H = 0, não haverá movimento de água.
A redução da altura por unidade de distância, na direção do fluxo (H/L), é
denominado gradiente hidráulico, que é a força que conduz o líquido da coluna.
A vazão específica Q/A, é chamada de fluxo e é representada pela letra q.
Assim temos:
q = Q/A = V/(A . t) H/L
92
O movimento de água em uma coluna horizontal ocorre em resposta ao
gradiente da altura de pressão. O movimento em uma coluna vertical pode ser
produzido tanto pela gravidade quanto pela altura de pressão. A altura gravitacional
(Hg) em qualquer ponto é determinada pela altura do ponto em relação a qualquer
plano de referência, ao passo que a altura de pressão é determinada pelo comprimento
da coluna d'água que se apoia sobre tal ponto.
A altura total (H) é constituída pela soma dessas duas alturas. Assim,
H = Hp + Hg
93
Água
H1
Z=L
Profundidade=0
H S L
O
L
O
Profundidade=-L
Z=0 Ref. g+
dx: distância
L: profundidade. Não confundir com potencial gravitacional “L”
O sinal negativo indica que o fluxo (q) é para baixo. Se a H1 for desprezível o
fluxo é igual à condutividade hidráulica saturada.
94
9.3.2. Movimento da água em uma coluna vertical de baixo para cima
A figura abaixo é uma coluna vertical de solo uniforme e saturado, cuja face
superior está sob a ação de uma coluna de água de altura constante H1 e cuja face
inferior está em contato com a água de um reservatório de nível constante. A água se
movimenta através da coluna de comprimento L do reservatório superior para o
inferior.
H
Profundidade 0
Z=L
H1 S
O
L L H0
O
Z=0 Ref.
Profundidade -L
95
9.4. VELOCIDADE DO ESCOAMENTO E TORTUOSIDADE
A velocidade real do escoamento no solo não é uniforme pois existem poros de
diferentes diâmetros. Além disso, o líquido no centro do poro pode mover-se mais
rápido do que o próximo das paredes, devido à viscosidade. Por estes motivo a
velocidade de escoamento é considerada como sendo uma velocidade média. Esta
velocidade média pode ser totalmente diferente do fluxo devido ao escoamento não ter
ocorrido em toda a área da seção transversal A, devido, parte desta, estar obstruída
pelas partículas sólidas do solo. Assim, a área de escoamento é menor do que a área
total A, o que implica que a velocidade média é maior do que o fluxo.
Um outro aspecto a considerar é que o percurso percorrido pelo líquido
durante o escoamento é maior do que a distância L, em virtude da tortuosidade dos
poros, resultando, portanto, em diferentes valores da velocidade média e do fluxo.
Entende-se por tortuosidade a relação entre o percurso aparente e a distância
realmente percorrida pela água.
Solo Arenoso
Fluxo q
Solo Argiloso
Gradiente Hidráulico H
x
96
As dimensões da condutividade hidráulica é a mesma do fluxo uma vez que o
gradiente hidráulico é adimensional. Seu valor para um solo arenoso varia de 10-2 a 10-
3
cm/seg enquanto para um solo argiloso seu valor varia de 10-5 a 10-7 cm/seg.
A condutividade hidráulica depende da porosidade total do solo, da
distribuição dos poros e da tortuosidade, além da viscosidade e da densidade do fluido
que escoa.
97
NA
Onde:
K = condutividade hidráulica ou coeficiente de permeabilidade (cm/seg)
V = volume de água percolante no tempo t (cm3)
L = altura do corpo de prova (cm)
A = área transversal do corpo de prova (cm2)
98
h = h = altura da carga constante durante o ensaio (cm)
t = tempo decorrido para percolar o volume V (seg)
NA
(dh,t)
NA
ho
NA
SOLO L
99
Onde:
a = área interna do tubo de carga (cm2)
h0, hf = altura da carga nos instantes inicial e final (cm)
Calculando a condutividade hidráulica a uma temperatura T oC, o mesmo deve
ser calculado a uma temperatura de 20 oC, através da relação:
K20 = KT (T/20)
Onde:
K20 = condutividade hidráulica a 20 oC
KT = condutividade hidráulica a T oC
T = viscosidade da água a T oC
20 = viscosidade da água a 20 oC
100
CAPÍTULO 10 - MOVIMENTO DA ÁGUA EM UM SOLO
NÃO SATURADO
101
A Lei de Darcy para os solos não saturados inclui o potencial mátrico do solo
em vez do potencial de pressão para a condição saturada, assim a condutividade
hidráulica depende da umidade do solo. Assim tem-se:
q = - Kw (dH/d x)
A altura total (H) é constituída pela soma dessas duas alturas. Assim,
H = Hm + Hg
H=0
H=-10 cm
K=Ks
H=-50 cm
H=-300 cm
Fluxo q
À medida que a sucção aumenta, cada vez um número maior de poros são
esvaziados, diminuindo, consequentemente, a condutibilidade hidráulica (figura
abaixo).
102
Solo Arenoso
Condutividade Hidráulica
Solo Argiloso
Sucção
103
K = Ks/[1 + (/c)m]
K=am
K = Ks Sm = Ks ( /f)m
Onde:
K = condutividade hidráulica não saturada
Ks = condutividade hidráulica saturada
a, b, m = constantes
= umidade volumétrica
= altura de sucção mátrica
c= altura de sucção quando K = Ks/2
S = grau de saturação
f = porosidade
10.3. DIFUSIVIDADE
A difusividade pode ser calculada como segue:
D() = K()/C()
Onde:
D() = difusividade
K() = condutividade hidráulica não saturada em função da umidade
C() = conteúdo específico de água, que é definido como sendo o inverso da
declividade da curva característica de água do solo em um determinado ponto. Assim:
C() = d /d.
104
10.4. EXERCÍCIOS
1) Considere o experimento original de Darcy como mostrado na figura abaixo. A área
da seção transversal é igual a 100 cm2 e o volume de água coletada em 10 horas foi
igual a 500 cm3. Calcular a condutividade hidráulica saturada e o fluxo.
12 cm
água
A
solo 15 cm
solo
B Ref.
B
150 cm
SOLO
50 cm 50 cm
A Ref.
105
b)
100 cm
50 cm
A Solo B
20 cm 50 cm
Nível de Referência
A
Prof. Solo (cm)
-5
-10 10 cm
-15 B
106
5) Se a condutividade hidráulica de um solo é igual a 1,5 x 10-4 cm/s para uma
umidade volumétrica de 30% e a inclinação da curva característica de água do solo
igual a 10 cm/0,01, calcule a difusividade para esta umidade.
107
CAPÍTULO 11 - INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO
108
A infiltrabilidade do solo também chamada capacidade de infiltração é
definida como sendo o fluxo máximo que o solo pode absorver através de sua
superfície, quando a água é aplicada sob a pressão atmosférica.
109
a) A intensidade da chuva exceder a infiltrabilidade do solo - neste caso o processo de
infiltração ocorre na sua capacidade máxima, ou seja, o fluxo de água é igual à
condutividade hidráulica saturada do solo, considerando-se a altura de água
acumulada na superfície do solo desprezível.
b) A intensidade da chuva é menor do que a infiltrabilidade inicial do solo e maior que
a infiltrabilidade final - neste caso o solo absorverá água em um regime menor do
que seria capaz e o fluxo de água no solo ocorrerá em condições de não saturação.
À medida que a infiltrabilidade diminui, a superfície do solo se satura e dai em
diante o fluxo de água passa a ser igual à condutividade hidráulica saturada do
solo.
c) A intensidade da chuva permanece sempre menor do que a infiltrabilidade - neste
caso o solo continuará a absorver a água tão rapidamente quanto for aplicada, sem
nunca atingir a saturação. Após um longo período de aplicação de água, os
gradientes de sucção se tornarão insignificantes e o perfil molhado atingirá uma
umidade para a qual a condutibilidade será igual ao regime de aplicação de água.
Zona de saturação
Profundidade
Zona de
transmissão
Zona de
umedecimento
Frente de umedecimento
110
Como pode-se observar nesta figura existem quatro zonas: a zona saturada
próxima à superfície, a zona de transmissão de fluxo não saturado e de umidade
constante, a zona de umedecimento na qual a umidade decresce com a profundidade e a
frente de umedecimento onde a variação da umidade com a profundidade é tão abrupta
que aparenta uma descontinuidade entre o solo úmido acima e o solo seco abaixo.
f0
F
fc f
Tempo
Portanto, tem-se:
t
F(t) = f(t) dt ou f(t) = dF(t)/dt
0
111
11.4.1. Equação de Horton
Uma das primeiras equações foi desenvolvida por Horton (1933, 1939), o qual
verificou que a infiltração inicia a uma certa velocidade (fo) e exponencialmente
decresce quando o tempo aumenta, até atingir uma velocidade constante (fc), figura
acima. Assim tem-se:
f(t) = fc + (fo - fc) e-at
Onde:
f(t) = velocidade de infiltração em um determinado tempo
fc = velocidade de infiltração constante
fo = velocidade de infiltração inicial
a = constante
t = tempo
112
K = condutividade hidráulica (cm/min)
Umidade Volumétrica
i s
113
= variação na umidade volumétrica
F(t) = infiltração acumulada
t = tempo
Sucção na
Condutividade
Porosidade frente de
Porosidade hidráulica
114
Classe de Solo n efetiva molhamento K (cm/h)
e (cm)
Areia 0,437 0,417 4,95 11,78
11.5. EXERCÍCIOS
1) Determinar a sortividade de um solo para as seguintes condições: i = 0,10 ; s =
0,50 e a frente de molhamento avançou 10 cm da fonte em 16 minutos. A
condutividade hidráulica saturada do solo é igual a 10-2 cm/min.
115
3) Supondo que os parâmetros da equação de Horton são fo = 3,0 cm/h, fc = 0,53
cm/h e a = 4,182 h-1, determine a velocidade de infiltração e a infiltração
acumulada após 0; 0,5; 0,75; 1,0; 1,5; e 2,0 h. Plote ambos em função do tempo.
Plote a velocidade de infiltração em função da infiltração acumulada.
Veloc. Infiltração 0,26 0,21 0,17 0,13 0,09 0,05 0,03 0,03
(cm/h)
6) Para um solo franco arenoso, calcule a velocidade de infiltração (cm/h) após uma
hora se a saturação efetiva inicial é 40% usando a equação de Green - Ampt.
116
CAPÍTULO 12 - REDISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAMENTO DE
ÁGUA NO SOLO
117
Onde os lençóis (plano freático) são rasos, a água do solo abaixo dele se
encontra sob uma pressão maior do que a atmosférica, e acima dele a água do solo se
encontra sob sucção. O processo de redistribuição na presença de um lençol freático
tende ao estado de equilíbrio no qual a sucção em cada ponto corresponde à sua altura
acima do nível livre de água.
Na ausência de lençol freático e desde que o solo seja suficientemente
profundo, o perfil ao final do processo de infiltração consiste de uma zona úmida na
parte superior do perfil e de uma zona seca na parte inferior (Figura abaixo). Nesta
condição, as camadas mais profundas retiram água das camadas superiores. Assim em
um solo seco os gradiente de sucção são grandes e a redistribuição é rápida. Já num
solo úmido os gradiente de sucção são pequenos e a redistribuição se processa sob a
ação da gravidade.
wi Teor de água w
4
14 1 0
Profundidade do solo
0
1
4
14
118
Saturação
Teor de água
Solo argiloso
Capacidade
de campo
Solo arenoso
1 2 3 4 5 6 7
Tempo pós-infiltração (dias)
Onde:
A = armazenamento (cm)
= umidade volumétrica (cm3 cm-3)
dz = espessura (cm)
Esta integral pode ser resolvida de duas maneiras apresentadas a seguir:
n
A = i z
i=1
119
(cm3 cm-3)
i
z
z
Profundidade (cm) z
z
ou
n
A = (Área do retângulo + área do triângulo)
i=1
120
sobre a determinação da capacidade de campo, deve-se levar em consideração que este
valor é específico para um determinado tipo de solo, a uma profundidade específica e
com as condições de evapotranspiração controlada.
Os solos a que este conceito mais se adaptam são os solos de textura grossa,
nos quais a condutividade hidráulica decresce rapidamente com a diminuição da
umidade do solo e o fluxo torna-se pequeno rapidamente. Em solos de textura média e
fina, o processo de redistribuição pode persistir de maneira apreciável por vários dias
ou até mesmo meses. Assim, a velocidade de saída da água de uma camada de solo
depende de sua textura, condutividade hidráulica e da composição e estrutura do perfil
do solo, pois a presença de uma camada limitante ao fluxo em qualquer posição dentro
do perfil retarda a saída de água de todas as camadas acima. Portanto, torna-se claro
que a capacidade de armazenamento de água de um solo não está apenas relacionada
ao tempo, mas também à composição textural, seqüência das camadas de propriedades
físicas distintas, etc.
Apesar de tudo, o conceito de capacidade de campo é considerado como um
critério prático e útil para se determinar o limite superior de retenção de água pelo
solo. Portanto, a capacidade de campo deve ser determinada no campo e o usuário deve
estar ciente de suas limitações. Assim, não existe um método de laboratório capaz de
reproduzir as condições de campo. Entretanto, têm-se usado os valores das umidades
retidas a 1/10 ou 1/3 atm, para representar a capacidade de campo determinada no
laboratório.
12.4. EXERCÍCIOS
1) Usando o aplicativo QPRO ou EXCEL determine o armazenamento d'água para as
condições da figura abaixo utilizando o método de Euler e a regra do trapézio.
121
(cm3 cm-3)
0 20 40 60 80 100%
argila areia
20
Profundidade (cm)
40
60
80
(cm3 cm-3)
20
Profundidade (cm)
40
t1
60 t2
t3
80
122
CAPÍTULO 13 - AERAÇÃO DO SOLO
123
correto da irrigação, entretanto, devido ao uso inadequado do maquinário agrícola, o
problema da compactação tem aumentado recentemente, contribuindo para que a
aeração passe a ser um dos fatores limitantes para se obter máxima produtividade.
124
provoca o movimento da massa de ar da zona de alta pressão para a zona de baixa
pressão.
No caso da difusão, a força responsável pelo movimento é devido a um
gradiente de concentração de qualquer constituinte da mistura gasosa que provoca a
migração das moléculas da zona de alta para a de baixa concentração, mesmo quando
o gás como um todo possa permanecer isobárico e estacionário.
Diversos fenômenos podem causar diferença de pressão entre o solo e a
atmosfera induzindo, portanto, fluxo por convecção para dentro ou para fora do solo.
Dentre estes fenômenos pode-se citar: variação na pressão atmosférica, variação na
temperatura, ventos sobre a superfície do solo, penetração de água no solo durante a
infiltração, flutuação do lençol freático, extração de água pelas raízes das plantas,
compactação e preparo do solo.
A maioria dos estudos tem mostrado que o fluxo de ar por difusão é mais
importante do que por convecção para a aeração do solo. Entretanto, recentes
evidências têm mostrado que o fluxo de gás por convecção, em certas circunstâncias,
contribui significativamente para a aeração do solo, particularmente em profundidades
rasas e em solos com poros grandes.
Em solos agregados, a difusão de gases ocorre rapidamente nos poros entre os
agregados, os quais rapidamente drenam após a chuva ou irrigação e formam uma rede
de poros contínuos cheios de ar. Por outro lado, os poros intra-agregados podem
permanecer quase saturados por longos períodos e, assim, restringirem a aeração
interna dos agregados. É comum observar que as raízes das plantas geralmente estão
confinadas nos poros grandes entre os agregados e raramente penetram os agregados,
talvez por causa dos poros serem pequenos e por causa de sua resistência não
permitindo a penetração das raízes ou por causa da aeração restrita. Entretanto, os
microorganismos penetram os agregados e pela sua demanda de oxigênio afetam a
125
aeração do solo como um todo. Assim, o centro dos agregados pode estar na condição
anaeróbica, enquanto os poros ao redor dele indica boa aeração.
Currie (1961) concluiu que o raio máximo do agregado (r) para o centro o qual
o oxigênio pode alcançar é dado por:
r2 = 6 (D . C)/M
Onde:
D = coeficiente de difusão do oxigênio no agregado o qual depende do tamanho e
tortuosidade do poro cheio de água
C = concentração de oxigênio na água do lado de fora do agregado
M = velocidade de utilização do oxigênio
Já Greenwood (1975) estimou o raio máximo (R) sem estar anaeróbico o
centro do agregado pela expressão:
R = (6 . D. S . P)/M
Onde:
D = coeficiente de difusão do oxigênio na água de saturação do solo
S = solubilidade do oxigênio na água do solo
P = pressão parcial do lado de fora do agregado
M = velocidade de utilização do oxigênio
126
Onde:
qd = fluxo devido a difusão
D = coeficiente de difusão
C = concentração
X = distância
dC/dX = gradiente de concentração
a) Buckingham (1904)
Ds/Do = k . fa2
b) Penmam (1940)
Ds/Do = 0,66 . fa
127
e) Marshall (1959)
Ds/Do = fa3/2
f) Millington (1959)
Ds/Do = (fa/f)2 . fa4/3
onde: f = porosidade total
g) Wesseling (1962)
Ds/Do = 0,90 . fa - 0,10
C6H12O6
Anaeróbica 2C2H5OH+2CO2+16000cal
128
substâncias pode-se citar: ácidos orgânicos (ácido acético, fórmico, propiônico,
butírico), gases como metano, etileno, gás carbônico e ácido sulfídrico.
129
13.6. TOLERÂNCIA ÀS CONDIÇÕES ANAERÓBICAS
130
13.7.3. Método de Lemon e Erickson (1952)
Este método consiste, basicamente, em medir a redução do oxigênio por um
micro eletrodo de platina mantido a um potencial constante. Esta medição é
comumente chamada ODR (oxygen diffusion rate).
131
CAPÍTULO 14 - TEMPERATURA DO SOLO
14.1.1. Radiação
A radiação refere-se à emissão de energia na forma de ondas eletromagnéticas
provenientes de corpos com temperatura acima de 0 ºK. De acordo com a lei de
Stephan - Bolzmann a energia total emitida por um corpo (J) pode ser expressa pela
seguinte expressão:
J = . . T4
Onde:
= emissividade
= constante de Stephan - Bolzmann
T = temperatura absoluta
132
14.1.2. Convecção
A transferência de calor por convecção envolve o transporte de calor através
do movimento de massa, como é o caso das correntes oceânicas e dos ventos.
14.1.3. Condução
A transferência de calor por condução é devido à propagação de calor dentro
do corpo através do movimento interno de moléculas. Assim, a temperatura é uma
forma de energia cinética das moléculas dos corpos e a existência de diferentes
temperaturas no corpo provocará a transferência de energia cinética pelas numerosas
colisões que ocorrerá entre as moléculas que estão movendo da região mais quente
para a mais fria.
133
Kz = condutividade térmica
dT/dz = gradiente de temperatura na direção vertical
O subscrito h, do fluxo de calor, indica a possibilidade deste parâmetro poder
variar com a direção considerada. O sinal negativo nesta equação é devido ao fato do
fluxo de calor ocorrer da alta para a baixa temperatura. Esta equação é usada para a
condição de temperatura e fluxo permanecerem constantes com o tempo.
134
O quadro abaixo apresenta alguns valores da densidade (), da capacidade
térmica (C) e da condutividade hidráulica (K) de alguns componentes do solo.
135
A mais simples representação matemática da variação do regime térmico é
assumir que a temperatura em todas as profundidades do solo oscila como uma função
senoidal do tempo em torno da temperatura média. Estas variações da temperatura é
devido à sucessão de: dias e noites, verão e inverno, frente fria e frente quente, chuvas
e veranicos, variações nas características térmicas do solo (capacidade térmica e
condutividade térmica), o solo seca e umedece, variação na localização e vegetação,
etc.. Portanto, o modelo descrito acima é uma aproximação grosseira da realidade.
Assim, a temperatura em uma profundidade qualquer pode ser expressa pela
expressão:
T(z,t) = T ' + Ao {sen [w . t - (z/d)]}/ez/d
Onde:
136
30
0 cm
10 cm
25
Temperatura (oC)
20 cm
30 cm
40 cm
20
15
10
12 () 24 (2) 36
Tempo (h)
137
d = (2 . K/c . w) ou d = (2 . Dh/w )1/2
Onde:
K = condutividade térmica
c = calor específico
w = freqüência radial
Dh = difusividade térmica
Dh = K/cs . s ou Dh = K/Cv
Onde:
Cv = capacidade térmica volumétrica
138
14.5. MEDIÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO
14.7. EXERCÍCIOS
1) Determinar o fluxo térmico e a quantidade total de calor transferida através de uma
camada de 20 cm de espessura, sendo sua condutividade térmica igual a
3,6 x 10-3 cal/cm . seg . oC e a diferença de temperatura de 10 oC é mantida na
amostra durante 1 hora.
139
2) Calcular a capacidade térmica volumétrica para as condições seco e saturado, sendo
a densidade do solo igual a 1,60 g/cm3. Assumir que a densidade de partículas é
igual a 2,65 g/cm3 e que a matéria orgânica ocupa 1,5% do volume dos sólidos.
140
15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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