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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DO SOLO


SETOR DE FÍSICA DO SOLO
Caixa Postal 37 - TELEFAX (035) 829-1251 CEP 37.200-000 - LAVRAS-MG

FÍSICA DO SOLO
TEÓRICA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOLOS E


NUTRIÇÃO DE PLANTAS

Prof. Moacir de Souza Dias Junior, Ph.D.


Júlio César Bertoni, M.Sc.
Ana Rosa Ribeiro Bastos, M.Sc.

2000

1
CAPÍTULO 1 - PLANILHAS ELETRÔNICAS PARA O CÁLCULO DAS
ANÁLISES FÍSICAS DO SOLO

O uso de planilhas eletrônicas tem se tornado uma rotina nas diversas áreas do
conhecimento onde se exige que cálculos sejam realizados rotineiramente. Na Física do
Solo estas planilhas têm facilitado os cálculos de análises de laboratório bem como a
solução de exercícios teóricos. Um exemplo disso foi a informatização das análises
físicas do laboratório de Física do Solo do Departamento de Ciência do Solo da
Universidade Federal de Lavras (Dias Junior, 1995). A informatização destas análises
representou uma economia de tempo gasto nos cálculos em média de dois dias de
serviço. Além disso, ainda pode-se citar algumas outras vantagens da utilização destas
planilhas:
1) Redução significativa do tempo gasto para a realização dos cálculos quando
comparado com o tempo gasto pelo método manual;
2) Redução significativa da probabilidade de erros durante os cálculos,;
3) Ser um método rápido, confiável e repetitivo;
4) Possibilidade de ser usado por outros laboratórios que realizam determinações
semelhantes.
A seguir será apresentada uma breve explicação sobre as planilhas eletrônicas
de fluxo livre desenvolvidas por Dias Junior (1995) para o cálculo das análises físicas
do solo.
Estas planilhas foram programadas no aplicativo QUATTRO PRO 4.0,
podendo, entretanto, serem usadas em qualquer versão mais recente. Além destas
planilhas poderem ser usadas no aplicativo QUATTRO PRO, elas também podem ser
usadas no aplicativo EXCEL.
Para se usar as planilhas deve-se proceder como segue:

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1) Carregar o aplicativo QPRO 4.0 ou uma versão mais recente na tela do
computador;
2) Para carregar as planilhas eletrônicas proceder como segue:
2.1) Com o uso do mouse ir em ARQUIVO (FILE) e click uma vez;
2.2) Quando o menu ARQUIVO (FILE) abrir, click com o mouse uma vez em
DIRETÓRIO (DIRECTORY) e digite A:;
2.3) Após isso o aplicativo voltará à tela inicial de abertura;
2.4) Click com o mouse novamente uma vez no menu ARQUIVO (FILE) e ir a
seguir no comando ABRIR (OPEN);
2.5) A seguir aparecerá os nomes das planilhas onde o usuário escolherá o nome
da planilha que deseja usar.
3) Para carregar as planilhas eletrônicas usando o aplicativo EXCEL proceder como
segue:
3.1) Carregar o programa na tela do computador;
3.2) Com o uso do mouse ir no menu ARQUIVO (FILE) e click uma vez, e a
seguir uma vez no comando ABRIR (OPEN);
3.3) Click com o mouse uma vez no driver A:;
3.4) Na lista dos tipos de arquivos, escolher QUATTRO PRO/DOS ARQUIVOS
(FILES) (*.WQ.*);
3.5) Em NOME DO ARQUIVO (FILE NAME), escolher o arquivo que você
deseja usar e click OK;
3.6) Para as operações seguintes, proceder como as indicadas para o aplicativo
QUATTRO PRO.
4) O usuário tem à sua disposição para o cálculo das análises físicas do solo as
seguintes planilhas eletrônicas:
- AGREGADO.WQ1
- DENSANEL.WQ1

3
- DENSPARA.WQ1
- DPPICNOM.WQ1
- SUPERFIC.WQ1
- TEXTURAB.WQ1
- TEXTURAP.WQ1
- UMIDADE.WQ1
- VTP.WQ1
4.1) A planilha AGREGADO.WQ1 calcula a estabilidade de agregados em água
exprimindo os resultados em porcentagem da amostra inicial;
4.2) A planilha DENSANEL.WQ1 calcula a densidade do solo pelo método do
anel volumétrico exprimindo os resultados em g cm-3;
4.3) A planilha DENSPARA.WQ1 calcula a densidade do solo pelo método do
torrão parafinado exprimindo os resultados em g cm-3;
4.4) A planilha DPPICNOM.WQ1 calcula a densidade de partículas do solo pelo
método do picnômetro exprimindo os resultados em g cm-3. Para facilidade
de cálculo os valores da densidade da água são determinados
automaticamente através de uma regressão a qual é função da temperatura
da água. Esta regressão elimina o uso de tabela pelo laboratorista;
4.5) A planilha SUPERFIC.WQ1 calcula a superfície específica das partículas do
solo exprimindo os resultados em m-2/g;
4.6) A planilha TEXTURAB.WQ1 calcula as percentagens de areias, silte e
argila pelo método de Bouyoucos (Método do Hidrômetro) exprimindo os
resultados em % da amostra inicial;
4.7) A planilha TEXTURAP.WQ1 calcula as percentagens de areias, silte e
argila pelo método da pipeta exprimindo os resultados em % da amostra
inicial;

4
4.8) A planilha VTP.WQ1 calcula a densidade do solo e a densidade de
partículas exprimindo os resultados em (g cm-3), a porosidade total, a macro
e microporosidade do solo exprimindo os resultados em %;
4.9) A planilha UMIDADE.WQ1 calcula a umidade do solo bem como as
umidades usadas na confecção da curva característica de umidade do solo
exprimindo os resultados em %.
5) Para CARREGAR uma determinada planilha na tela do computador, click com o
mouse uma vez no nome da planilha desejada ou desloque o cursor até o nome da
planilha e pressione a tecla ENTER.
6) Após carregada a planilha na tela do computador, digite nas células em branco os
valores das leituras feitas no laboratório. As colunas verticais, em que aparece
qualquer número ou as letras ERR, não deverão ser modificadas (não digitar
nada). Estas linhas constituem as fórmulas programadas na planilha e que serão
atualizadas assim que o usuário digitar nas células vazias as suas leituras.
7) Para IMPRIMIR os resultados usando a aplicação QUATTRO PRO, proceder
como segue:
7.1) Click com o mouse uma vez no menu IMPRIMIR (PRINT);
7.2) Click com o mouse uma vez no comando DESTINO (DESTINATION) ou
desloque o cursor até este comando e pressione a tecla ENTER. A seguir click
com o mouse uma vez no comando IMPRIMIR GRÁFICO (GRAPHICS
PRINTER) ou desloque o cursor até este comando e pressione a tecla
ENTER;
7.3) Click com o mouse uma vez no comando IMPRIMIR (PRINT TO FIT) ou
desloque o cursor até este comando e pressione a tecla ENTER. Com a
execução destes comandos os resultados serão impressos;
7.4) Para alterar o bloco a ser impresso, click com o mouse uma vez no comando
BLOCO (BLOCK) ou desloque o cursor até este comando e pressione a tecla

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ENTER. A seguir aparecerá uma área iluminada a qual corresponde a área a
ser impressa. Alterando esta área, será alterado o que será impresso.
8) Para IMPRIMIR os resultados usando a aplicação EXCEL, proceder como segue:
8.1) Click com o mouse uma vez no menu ARQUIVO (FILE);
8.2) Click com o mouse uma vez no comando IMPRIMIR (PRINT);
8.3) Na janela IMPRIMIR (PRINT) escolha o item página selecionada (selected
sheet). Neste caso será impresso toda a página da planilha. Caso o usuário
queira imprimir apenas parte da planilha, bloquear o que se deseja imprimir
antes de executar o item 8.1 e a seguir executar os itens 8.1, 8.2 e 8.3 e
escolher, neste caso, na janela IMPRIMIR (PRINT), o item seleção
(selection). A seguir click com o mouse uma vez em OK.
9) Para GRAVAR os resultados click com o mouse uma vez no menu ARQUIVO
(FILE) e click uma vez em SALVAR COMO (SAVE AS) ou desloque o cursor
até este comando e pressione a tecla ENTER. Aparecerá, então, na tela a
mensagem A:\ NOME DA PLANILHA. A seguir o usuário digitará o NOVO
nome do arquivo, no qual as novas informações serão gravadas. O usuário NÃO
deverá usar a opção GRAVAR (SAVE), porque os resultados atuais serão
rescritos sobre os valores iniciais. Portanto, aconselha-se que, além da cópia do
disquete, o usuário também possua a cópia no winchester de seu computador.
10) Para FECHAR a planilha click com o mouse uma vez no menu ARQUIVO (FILE)
e, então, uma vez no comando FECHAR (CLOSE) ou desloque o cursor até este
comando e pressione a tecla ENTER.
11) Se o usuário desejar usar outra planilha, repetir o procedimento acima.
12) Se o usuário desejar SAIR do aplicativo QUATTRO PRO ou EXCEL, click com
o mouse uma vez no menu ARQUIVO (FILE) e a seguir click uma vez no
comando SAIR (EXIT) ou desloque o cursor até este comando e pressione
ENTER.

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13) Em anexo segue um exemplo de cada output de cada planilha.
14) Estas planilhas entituladas "Planilhas eletrônicas para cálculo de análise física do
solo" deverão ser adquiridas na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal
de Lavras, Caixa Postal 37, CEP: 37200 Lavras - MG.

EXEMPLOS DE OUTPUT

4.1) AGREGADO.WQ1

N.º PROTOCOLO CLASSE DE PORCENTAGEM


TAMANHO (%)
(mm)

1 7–2 20

2 2–1 10

3 1 - 0,5 17

4 0,5 - 0,25 21

5 0,25 - 0,105 16

6 < 0,105 16

7
4.2) DENSANEL.WQ1

N.º PROTOCOLO DENSIDADE DO SOLO


(g cm-3)

1 1,32

2 1,50

3 1,33

4 1,45

4.3) DENSPARA.WQ1

N.º PROTOCOLO DENSIDADE DO SOLO


(g cm-3)

1 1,62

2 1,41

3 1,34

4 1,35

4.4) DPPICNOM.WQ1

N.º PROTOCOLO DENSIDADE DE PARTÍCULA


(g cm-3)

1 2,70

2 2,75

3 2,74

4 2,65

8
4.5) SUPERFIC.WQ1

N.º PROTOCOLO St
(m2/g)

1 204,03

2 183,27

3 192,06

4 198,05

4.6) TEXTURAB.WQ1

N.º ARGILA AREIAS SILTE


PROTOCOLO (%) (%) (%)

1 20 31 49

2 60 20 20

3 20 20 60

4 22 18 60

4.7) TEXTURAP.WQ1

N.º ARGILA AREIAS SILTE


PROTOCOLO (%) (%) (%)

1 60 15 25

2 50 20 30

3 40 40 20

4 22 18 60

9
4.8) UMIDADE .WQ1

N.º PROTOCOLO UMIDADE PRESSÃO


(%) (atm.)

1 23,6 15

2 29,7 5

3 33,19 1

4 36,23 0,1

4.9) VTP.WQ1
PROTOCOLO DS DP VTP MICRO MACRO
(g/cm3) (g/cm3) (%) (%) (%)

1 1,13 2,99 62,28 39,17 23,11

2 1,23 2,78 55,58 38,27 17,31

3 1,34 2,74 50,96 44,21 6,75

4 1,33 2,50 46,95 28,00 18,95

5 1,39 2,86 51,39 29,36 22,03

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CAPÍTULO 2 - RELAÇÕES DE MASSA E VOLUME DOS
CONSTITUINTES DO SOLO

O solo é um sistema heterogêneo, polifásico, disperso e poroso. As três fases


do solo são representadas pela parte sólida do solo, pela água (solução do solo) e pelo
ar (fase gasosa).
A parte sólida do solo é composta por uma parte mineral e uma parte orgânica
(resíduos vegetais e animais, total ou parcialmente decompostos). A parte mineral é
constituída por partículas provenientes do intemperismo da rocha, variando quanto ao
tamanho, forma e composição. A composição química depende da rocha mãe e a
forma pode ser cúbica, esférica, laminar, etc. Já quanto ao tamanho da parte sólida do
solo pode ser classificada:

Parte sólida do solo Diâmetro (mm)

Matacões > 200

Calhaus 20 - 200

Cascalho 2 - 20

TFSA <2

A parte gasosa é semelhante ao ar atmosférico, porém, apresenta maior


concentração de CO2 e menor de O2.
A parte líquida constitui a solução do solo. É constituída pela água do solo
retida sob diferentes tensões.
Baseado no diagrama abaixo será definido algumas das relações matemática
entre os constituintes do solo.

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Var Ar Mar = 0
Vv
V Va Água Ma M

Vs Sólidos Ms

2.1. DENSIDADE DE PARTÍCULAS ou DENSIDADE REAL ou DENSIDADE


ESPECÍFICA REAL (Dp)

É a relação entre a massa do solo seco (105-110 oC) e o volume do solo seco.
Assim:
Dp = Ms/Vs
Onde:
Dp = densidade de partículas (g/cm3 ou Mg/m3)
Ms = massa do solo seco (g ou Mg)
Vs = volume do solo seco (cm3 ou m3)
A densidade de partículas depende da composição da fração sólida do solo e
geralmente varia de 2,60 a 2,70 g/cm3 ou Mg/m3.

2.1.1. DETERMINAÇÃO
2.1.1.1. Método do Balão volumétrico

Pesar 20 g de terra fina seca em estufa (TFSE) e transferir para um balão


volumétrico de 50 ml de volume, transferir 20 ml de álcool etílico para o balão
volumétrico usando uma bureta inicialmente com 50 ml de álcool, agitar e deixar em

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repouso durante 15 minutos, completar o volume do balão volumétrico e fazer a leitura
L na bureta (figura abaixo).

0 mL

L
50 mL

50 mL

Determinar o volume dos sólidos usando a expressão 50 - L. Calcular a


densidade de partículas usando a expressão:
Dp = 20/(50 - L)

2.1.1.2. Método do Picnômetro


Pesar 3 g de terra fina seca em estufa (TFSE) e transferir para um picnômetro
de 50 ml de volume adicionando-se 20 ml de água destilada ao picnômetro, agitando
de tal maneira a conseguir uma suspensão homogênea. Colocar os picnômetros dentro
de um dessecador acoplando-os a uma bomba de vácuo. Após retirar todo o ar dos
picnômetros, completar o volume de cada um e pesar o conjunto picnômetro cheio de
água mais o solo dentro (b). A seguir pesar o mesmo picnômetro somente com água
dentro. A soma deste peso com o peso do solo seco será igual a (a) figura abaixo.

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Ms +
Água
Água
Sólidos

a b
Calcular a densidade de partículas usando a expressão:
Dp = 3/(a-b)

2.1.2. APLICAÇÕES
a) Utilizada no cálculo da porosidade total;
b) Utilizada no cálculo do tempo de sedimentação;
c) Utilizada como critério auxiliar na classificação de minerais.

2.2. DENSIDADE DO SOLO ou DENSIDADE APARENTE ou DENSIDADE


GLOBAL ou MASSA ESPECÍFICA APARENTE (Ds)

É a relação entre a massa do solo seco (105-110 ºC) e o volume total do solo.
Assim:
Ds = Ms/V
Onde:
Ds = densidade do solo (g/cm3 ou Mg/m3)
Ms = massa do solo seco (g ou Mg)
V = volume total do solo (cm3 ou m3)
A densidade do solo depende da estrutura do solo, da umidade do solo, da
compactação do solo, do manejo do solo, etc.

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2.2.1. DETERMINAÇÃO
A densidade do solo pode ser obtida através da utilização de métodos não
destrutivos tais como sonda de neutrons, radiação gama e tomografia
computadorizada, ou através de métodos destrutivos tais como método do anel
volumétrico (cilindro de Uhland) e método do torrão parafinado. A seguir será
apresentado resumidamente o procedimento utilizado nos métodos destrutivos.

2.2.1.1. Método do Anel Volumétrico


Coletar uma amostra de solo com estrutura indeformada em um anel
volumétrico de volume conhecido (V). Secar a amostra de solo em estufa a
105-110 ºC e determinar a sua massa seca (Ms). Determinar a densidade do solo
usando a expressão Ds = Ms/V.

2.2.1.1. Método do Torrão Parafinado


Este método consiste em impermeabilizar um torrão mergulhando-o em
parafina fundida. O volume do torrão é determinado imergindo-o em água e
determinando o peso do mesmo dentro e fora d'água. Pelo princípio de Arquimedes,
calcula-se o volume do torrão + parafina, que é igual ao peso da água deslocada.
Deduzindo-se o volume da parafina obtém-se o volume do torrão. A seguir será
apresentado um exemplo para ilustrar este método.
Considere que durante a realização deste ensaio foram obtidos os seguintes
pesos:
a) Peso do torrão ao ar sem parafina = 300 g
b) Peso do torrão ao ar com parafina = 320 g
c) Peso do torrão com parafina imerso em água destilada = 100 g
d) Umidade do torrão = 5 % em peso
e) Densidade da parafina = 0,8 g cm-3

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f) Densidade da água = 1,0 g cm-3
Antes de iniciarmos a solução do ensaio será interessante fazer a seguinte
consideração.
Quando se pesa uma amostra de solo úmido estamos pesando o seguinte:
M = Ms + Ma
Onde:
M = massa do solo úmido (TFSA) (g)
Ms = massa do solo seco (TFSE) (g)
Ma= massa da água (g)
Dividindo e multiplicando a massa de água pela massa do solo seco, vem:
M = Ms + Ma(Ms/Ms)
Sabendo-se que, por definição, a relação Ma/Ms é igual à umidade
gravimétrica do solo (U), vem:
M = Ms + U Ms
Fatorando a expressão acima vem:
M = Ms (1 + U) ou TFSA = TFSE (1 + U)

Esta expressão é de grande aplicabilidade na física e mecânica do solo.

Solução do exercício:
Por definição a Ds = Ms/V, assim para resolver este exercício deve-se
determinar Ms e V como a seguir:
M = Ms (1 + U) logo Ms = M/(1 + U). Substituindo-se os valores vem;
Ms = 300/(1 + 0,05) = 285,71 g
Vtorrão + parafina = (320 - 100)/1,0 = 220 cm3
Vparafina = (320 - 300)/0,8 = 25 cm3
Vtorrão = 220 - 25 = 195 cm3

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Ds = 285,71/195 = 1,47 g cm-3

2.2.2. APLICAÇÕES
a) Utilizada no cálculo de uma maneira em geral;
b) Permite inferir sobre as condições de compactação do solo e, consequentemente,
inferir sobre o impedimento mecânico ao sistema radicular das plantas.

2.3. POROSIDADE TOTAL DO SOLO (VTP ou n ou f)


Porosidade total do solo é a porção do volume do solo não ocupada por
sólidos. Matematicamente pode ser expressa por:
VTP = Vv/V = (V - Vs)/V = 1 - Vs/V
Dividindo a expressão acima por Ms vem:
VTP = 1 - (Vs/Ms)/(V/Ms) = 1 - (Vs/Ms)(Ms/V)
Sabendo-se que Vs/Ms = 1/Dp e Ms/V = Ds vem:
VTP = [1 - (Ds/Dp)] x 100

2.3.1. APLICAÇÕES
A caracterização do sistema de poros são importantes no estudo de:
a) Armazenamento e movimento da água no solo;
b) Desenvolvimento do sistema radicular;
c) Resistência mecânica dos solos;
d) Fluxo e retenção de calor.

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2.3.2. CÁLCULO DA IRRIGAÇÃO DE VASOS
a) Usando a porosidade total
Calcular a irrigação de vasos para as seguintes condições:
- Produção máxima obtida com 70% do VTP ocupado por água
- Vaso com 3 kg de solo com 5% de umidade gravimétrica
- Ds = 0,95 g cm-3
- Dp = 2,30 g cm-3
Solução
VTP = [1 - (0,95/2,30)] x 100 = 58,69%
70% do VPT ocupado com água = 0,70 x 58,69 = 41,08%
Ms = M/(1 + U) = 3000/(1 + 0,05) = 2857,14 g
Sabe-se que Ds = Ms/V logo,
V = Ms/Ds = 2857,14/0,95 = 3007,52 cm3

Logo :
100 cm3 de solo úmido ----------------- 41,08 cm3 ocupado com água
3007,52 cm3 de solo úmido ----------------- X
X = 1235,49 cm3 ocupado com água

Correção da umidade
Peso de água = 3000 - 2857,14 = 142,86 g de água (Dágua = 1 g cm-3)
Logo o Volume de água = 142,86 cm3 de água

Quantidade de água a irrigar = 1235,49 - 142,86 = 1092,63 cm3 de água

Controle da irrigação por pesagem


- Peso do vaso = 200,00 g

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- Peso do solo = 3000,00 g
- Peso da água = 1092,64 g
- Peso final = 4292,64 g

b) Usando a expressão h = (AI x Ds x H)/100 1mm = 1 L/m2


Onde:
h = Quantidade de água a ser aplicada (mm)
AI = Água de irrigação (%)
H = Altura do solo a ser irrigado (mm)
Calcular o que se pede para as seguintes condições:
- Ponto de murcha permanente (PMP) = 15%
- Capacidade de campo (CC) = 28%
- Umidade atual (U) = 18%
- Ds = 1,40 g cm-3

b.1) Que altura de água (h) há na faixa de irrigação numa camada de 40 cm de


espessura.
AI = U - PMP = 18 - 15 = 3%
h = (3 x 1,4 x 400)/100 = 16,8 mm de água

b.2) Qual a faixa de irrigação máxima deste solo.


AI = CC - PMP = 28 - 15 = 13%
h = (13 x 1,4 x 400)/100 = 72,8 mm de água

b.3) Qual a quantidade de água necessária para atingir a capacidade de campo


AI = CC - U = 28 - 18 = 10%
h = (10 x 1,4 x 400)/100 = 56,0 mm de água

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b.4) O que acontece se aplicarmos 18 mm de chuva
h = 18 mm
18 = (AI x 1,4 x 400)/100  AI = 3,2%
Portanto, a umidade do solo será = 18 + 3,2 = 21,2%

b.5) Qual a quantidade máxima de água que o solo retém


AI = CC = 28%
h = (28 x 1,4 x 400)/100 = 156,8 mm de água

b.6) O que acontece quando aplicarmos 174 mm de água na seguinte situação


Horizonte Prof. (cm) PMP (%) CC (%) U (%) Ds (g cm-3)

Ap 0 - 25 8 18 10 1,4

A2 25 - 65 15 28 18 1,4

B1 65 - 125 16 32 20 1,5

AI = CC - U
Horizonte Ap: h = (8 x 1,4 x 250)/100 = 28 mm
Horizonte A2: h = (10 x 1,4 x 400)/100 = 56 mm
Horizonte B1: h = (12 x 1,5 x 600)/100 = 108 mm
Portanto 28 + 56 + 108 = 192 mm de água (esta é a quantidade de água
necessária para molhar os três horizontes e atingir a capacidade de campo de todos
eles).
Como 174 mm < 192 mm, conclui-se que 174 mm de água não é suficiente
para molhar os três horizontes até atingir a capacidade de campo.

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Baseado nos cálculos acima pode-se então calcular até que profundidade foi
molhada por 174 mm.
Água que irá molhar o horizonte B1 = 174 - (28 + 56) = 90 mm
90 = (12 x 1,5 x H)/100  H = 500 mm = 50 cm

2.3.3. DISTRIBUIÇÃO DE POROS POR TAMANHO

Num determinado solo a distribuição de poros por tamanho é função da


textura e da estrutura.
A porosidade total pode ser dividida em: porosidade não capilar ou
macroporosidade (poros com diâmetro maior ou igual a 0,05 mm) e porosidade capilar
ou microporosidade (poros com diâmetro menor que 0,05 mm).

2.3.3.1. Cálculo do Diâmetro do Poro:


h = 2  cos /r  g
Onde:
h = altura de ascensão da água
 = tensão superficial da água
 = ângulo de contato da água e as paredes do capilar
r = raio do tubo capilar
 = densidade da água
g = aceleração da gravidade
Assumindo constantes alguns parâmetros da equação acima a mesma pode ser
rescrita da seguinte maneira:
h = 0,3/d
Onde:
h = altura de ascensão da água (cm)

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d = diâmetro do poro (cm)

2.3.4. DETERMINAÇÃO
Os aparelhos usados para a determinação da porosidade do solo são a mesa de
tensão e a unidade de sucção. A unidade de sucção é constituída por um conjunto de
funis de Buckner. Na determinação da microporosidade a altura de sucção a ser
aplicada é igual a 60 cm.

2.3.4.1. Porosidade Livre de Água (Poros Bloqueados)


Os poros bloqueados são macroporos que não receberam água durante a
saturação, devido a obstrução por microporos, que não deixaram a água passar.
Assim, os poros bloqueados podem ser determinados matematicamente através da
seguinte expressão:
Poros Bloqueados = VTP calculado - VTP determinado
Onde:
VTP calculado = [1 - (Ds/Dp)] x 100
VTP determinado = Umidade de saturação x Ds

2.4. UMIDADE DO SOLO


A umidade do solo pode ser expressa na base de peso ou na base de volume.

2.4.1. Umidade na Base de Peso ou Umidade Gravimétrica


A umidade na base de peso ou umidade gravimétrica é expressa pela relação
entre a massa de água e a massa do solo seco. Assim pode-se escrever:
U = (Ma/Ms) x 100
Onde:
U = umidade na base de peso ou umidade gravimétrica (% ou g/g)

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Ma= massa de água (g)
Ms = massa do solo seco (g)

2.4.2. Umidade na Base de Volume


A umidade na base de volume é expressa pela relação entre a massa de água e
o volume total da amostra. Assim pode-se escrever:
 = (Ma/V) x 100
Onde:
 = umidade na base de volume (% ou cm3/cm3)
Ma= massa de água (g)
V = volume total da amostra (cm3)
Uma outra maneira de se expressar a umidade na base volume é apresentada a
seguir:
 = U x Ds
Onde:
 = umidade na base de volume (% ou cm3/cm3)
U = umidade na base de peso ou umidade gravimétrica (%)
Ds = Densidade do solo (g cm-3)

2.5. GRAU DE SATURAÇÃO


O grau de saturação é expresso pela relação entre o volume de água e o
volume vazios. Assim pode-se escrever:
S = (Va/Vv) x 100
Onde:
S = grau de saturação (%)
Va= volume de água (cm3)
Vv = volume de vazios (cm3)

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2.6. ÍNDICE DE VAZIOS
O índice de vazios é expresso pela relação entre o volume de vazios e volume
de sólidos. Assim pode-se escrever:
e = (Vv/Vs) x 100
Onde:
e = índice de vazios (%)
Vv = volume de vazios (cm3)
Vs = volume de sólidos (cm3)

2.7. DENSIDADE TOTAL


A densidade total é expressa pela relação entre a massa total e o volume total.
Assim pode-se escrever:
D = (M/V) x 100
Onde:
D = densidade total (g cm-3)
M = massa total (g)
V = volume total (cm3)

2.8. EXERCÍCIOS
1) Provar as seguintes equações:
a) e = n/(1 - n) b) n = e/(1 + e)
c)  = S n d) n = 1 - (Ds/Dp)
e) Ds = (1 - n).Dp f)  = (U Ds)/Da
g) U = ( Da)/Ds

2) Interprete os seguintes resultados: umidade gravimétrica igual a 5% e umidade


volumétrica igual a 5%.

24
3) Calcular a quantidade de água que deve-se adicionar a 100 g de solo a 5% de
umidade gravimétrica para elevar a umidade para 20% em peso. Considere a
densidade da água igual a 1 g cm-3.

4) Coletou-se 3 cm3 de solo no campo, cujas características são: Vs = 1,5 cm3,


Ms = 3,9 g, Ma= 0,78 g, Mar = 0. Calcular: n, Ds, Dp, U,  e S.

5) Dado: D = 1,76 Mg m-3, U = 10%, V = 1 m3, Dp = 2,70 Mg m-3


Calcular: Ds, e, n, S, Dsaturada

25
CAPÍTULO 3 - TEXTURA DO SOLO

A textura do solo representa a distribuição quantitativa das partículas


individuais do solo quanto ao tamanho. Portanto, para estudar a textura do solo há
necessidade de se adotar um determinado sistema de classificação granulométrica.
Infelizmente não existe um sistema de classificação granulométrica universalmente
aceito para classificar as partículas do solo quanto ao tamanho. Os principais sistemas
de classificação são:
- USDA (U. S. Department of Agriculture)
- ISSS (Int. Soil Science Society)
- USPRA (U. S. Public Roads Administration)
- BSI (British Standards Institute)
- MIT (Massachusetts Institute of Technology)
- DIN (German Standards)

No Brasil os sistemas de classificação granulométrica mais utilizados são o


USDA (classificação americana) e o ISSS (classificação internacional também
conhecida como classificação de Atterberg). Estes sistemas estão apresentados no
quadro abaixo:

Frações USDA (Americana) ISSS (Atterberg)


---------------------Diâmetro (mm)---------------------
Areia Muito Grossa 2-1 --------
Areia Grossa 1 - 0,5 2 - 0,2
Areia Média 0,5 - 0,25 --------
Areia Fina 0,25 - 0,10 0,2 - 0,02
Areia Muito Fina 0,10 - 0,05 ---------
Silte 0,05 - 0,002 0,02 - 0,002
Argila < 0,002 < 0,002

26
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA AREIA, SILTE e ARGILA

A caracterização das frações areia, silte e argila de acordo com Ferreira


(1993), é a seguinte:

3.1.1. FRAÇÃO AREIA


A fração areia é solta, com grãos simples (não forma agregados), não plástica,
não pode ser deformada, não pegajosa, não higroscópica, predominam poros grandes
na massa, não coesa, pequena superfície específica, capacidade de troca de cátions
praticamente ausente.

3.1.2. FRAÇÃO SILTE


A fração silte é sedosa ao tato, apresenta ligeira coesão quando seco, poros de
tamanho intermediário, ligeira ou baixa higroscopicidade, superfície específica com
valor intermediário, capacidade de troca iônica baixa.

3.1.3. FRAÇÃO ARGILA


A fração argila é plástica e pegajosa quando úmida, dura e muito coesa quando
seca, alta higroscopicidade, elevada superfície específica, alta CTC, poros muito
pequenos, contração e expansão, forma agregados com outras partículas.
A fração que mais influencia o comportamento físico do solo é a argila. A
superfície da argila é carregada negativamente. Estas cargas negativas são
neutralizadas por uma nuvem de cátions. As cargas da superfície da partícula mais os
cátions neutralizantes formam a dupla camada elétrica. A nuvem de cátions consiste
de uma camada mais ou menos fixa na proximidade da superfície da partícula
chamada camada de Stern, e uma parte difusa estendendo-se até uma certa distância da
superfície da partícula, como ilustrado na figura abaixo.

27
Concentração iônica
íons +

no
íons -
Distância da superfície da partícula

Onde no é a concentração da solução fora da dupla camada


A atração de um cátion a uma micela da argila carregada negativamente
geralmente aumenta com o aumento da valência do cátion. Assim, cátions
monovalentes são mais facilmente repelidos do que os cátions di ou trivalentes. Os
cátions altamente hidratados tendem a ficar mais longe da superfície da partícula e,
portanto, mais facilmente trocados do que os cátions menos hidratados. Portanto, os
cátions di ou trivalentes formam uma dupla camada fina causando floculação,
enquanto que os cátions monovalentes formam uma dupla camada espessa
causando dispersão. Assim, dependendo do estado de hidratação e do cátion trocável
as partículas de argila podem flocular ou ficar na forma dispersa. A dispersão
geralmente ocorre com os cátions monovalentes e altamente hidratados (ex. sódio),
enquanto que a floculação ocorre com os cátions di ou trivalentes (ex. Al3+, Ca2+).
A ordem de preferência da troca de cátion nas reações geralmente é a seguinte
(Jenny, 1932; 1938):
Al3+ > Ca2+ > Mg2+ > K+ > Na+ > Li+

28
3.2. DETERMINAÇÃO DA TEXTURA DO SOLO
A textura do solo pode ser determinada de dois modos (Ferreira, 1993)

3.2.1. Teste de Campo


O teste de campo utiliza-se da sensibilidade ao tato para identificar as frações
do solo. Assim, a areia apresenta aspereza, o silte é sedoso e a argila apresenta
plasticidade e pegajosidade.

3.2.2. Análise Textural ou Mecânica ou Granulométrica


A análise Textural é realizada no laboratório e, de um modo geral, consiste de
3 fases: o pré-tratamento, a dispersão e a separação das frações do solo.

3.2.2.1. Pré-Tratamento
O pré-tratamento tem por finalidade eliminar os agentes cimentantes, os íons
floculantes e os sais solúveis, que podem afetar a dispersão e a estabilidade da
suspensão. São exemplos de pré-tratamento:
a) Remoção da matéria orgânica (para teores maiores do que 5%): através da
oxidação com água oxigenada (H2O2);
b) Remoção de carbonatos: através da utilização de ácido clorídrico diluído;
c) Remoção de óxido de ferro e alumínio: através da utilização do ditionito-citrato-
bicarbonato de sódio. Sua utilização é questionável em solos tropicais;
d) Remoção de sais solúveis: realizada através da diálise da amostra de solo.

3.2.2.2. Dispersão
A dispersão tem por finalidade conseguir a individualização das partículas do
solo. Para se obter a dispersão máxima das amostras de solo há necessidade de se
combinar o uso de métodos mecânicos e químicos. Os métodos mecânicos mais

29
usados são: agitação suave e demorada, e agitação violenta e rápida. Já os métodos
químicos empregados utilizam o hidróxido de sódio e o hexametafosfato de sódio mais
carbonato de sódio (calgon) por serem mais facilmente encontrados no comércio e por
serem mais baratos.

3.2.2.3. Separação das Frações


Esta fase consiste em separar as frações constituintes da parte sólida do solo.
As frações grosseiras (Areias) são separadas através do peneiramento, enquanto as
frações mais finas (silte e a argila) são separadas através da sedimentação.

3.3. CÁLCULO DO TEMPO DE SEDIMENTAÇÃO


O cálculo do tempo de sedimentação é feito utilizando-se a Lei de Stokes
(1951). Esta lei é apresentada a seguir:
v = 2/9 . [(Dp - Df) . g . r2]/

mas d = v . t
logo a equação acima pode ser escrita como segue:
t = (9 . h . )/[2 . (Dp - Df) . g . r2]

Onde:
t = tempo de sedimentação (seg)
h = profundidade de coleta na proveta (cm)
 = viscosidade da água (poise)
Dp = densidade de partículas (g cm-3)
Df = densidade da água (g cm-3)
g = aceleração da gravidade (cm seg-2)
r = raio da partícula (cm)

30
Para se usar a Lei de Stokes é necessário “aceitar” algumas condições
assumidas pela mesma:
a) As partículas são suficientemente grandes para não serem afetadas pelos
movimentos térmicos (movimentos Brownianos) das moléculas do fluido;
b) As partículas são rígidas, esféricas e lisas;
c) Todas as partículas possuem a mesma densidade;
d) A suspensão é suficientemente diluída, de tal modo, que não ocorre interferência
de uma com a outra e cada partícula sedimenta independentemente;
e) O fluxo ao redor das partículas é laminar.

3.4. MÉTODOS DE ANÁLISE TEXTURAL


A análise textural pode ser feita utilizando-se dois métodos: o método da
pipeta e o método Bouyoucos (hidrômetro).
O método da pipeta baseia-se em coletar uma alíquota da suspensão da qual
foi previamente separado as areias e determina-se, então, através de pesagem do
material seco, a porcentagem de argila contida na amostra de solo. O silte, por sua vez,
será determinado por diferença.
Já o método do hidrômetro baseia-se em se determinar a concentração da
argila de uma suspensão da qual foi previamente separado as areias. O silte, por sua
vez, será determinado por diferença. Maiores detalhes destas duas análises serão dados
em aula prática.

3.5. CURVA GRANULOMÉTRICA


É a representação gráfica da distribuição das partículas do solo por tamanho.
No eixo X plota-se o diâmetro das partículas em milímetro, no eixo Y plota-se a
porcentagem acumulada retida e no eixo Y secundário plota-se a porcentagem que

31
passa. No eixo X usa-se uma escala logarítmica enquanto nos eixos Y usa-se a escala
natural (figura abaixo).

100 0

80 uniforme 20
% que passa

% retida
60 40

40 60
bem graduado
20 80

0 100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos grãos (mm)

A forma de apresentação da curva granulométrica em escala semi-logarítmica


é conveniente do ponto que solos com mesmo grau de uniformidade, terão curvas
aproximadamente paralelas

3.5.1. Coeficiente de Uniformidade (Cu)


O coeficiente de uniformidade é definido pela expressão:
Cu = D60/D10
Onde:
D60 = diâmetro das partículas correspondente a 60% passando
D10 = diâmetro das partículas correspondente a 10% passando

O coeficiente de uniformidade do solo informa o tipo de curva granulométrica


do mesmo. Assim, solos com Cu < 5 possuem granulometria muito uniforme,
enquanto solos com 5 < Cu < 15 possuem granulometria com uniformidade média e
solos com Cu > 15 possuem granulometria desuniforme.

32
3.5.2. Superfície Específica ( am, av, ab)
A superfície específica é definida como sendo a razão entre a área superficial
total das partículas do solo por unidade de massa das partículas (am), ou por unidade
de volume das partículas (av), ou por unidade do volume total do solo (ab). Assim
podemos escrever:
am = As/Ms
Unidades : cm2/g ou m2/g ou m2/kg
av = As/Vs
Unidades: cm2/cm3 = 1/cm
ab = As/V
2 3
Unidades: cm /cm = 1/cm

Onde:
As = área superficial total das partículas do solo (cm2)
Ms = massa das partículas do solo (g ou kg)
V = volume total do solo (cm3)

A superfície específica do solo depende do tamanho e forma das partículas.


Portanto, partículas em forma de lâmina expõem maior área por volume ou por massa
do que partículas equidimensionais (ex. cúbico ou esférico). Assim, as argilas têm
grande influência no valor da superfície específica dos solos.
A superfície específica do solo correlaciona-se com a CTC, retenção e
liberação de elementos químicos (nutrientes e poluentes), expansão, retenção de água,
plasticidade, coesão, resistência, etc.

33
3.5.2.1. Outras Relações que podem ser usadas para calcular a Superfície
Específica
3.5.2.1.1. Para uma esfera de diâmetro d:
av = 6/d
am = 6/Dp . d

3.5.2.1.2. Para um cubo de aresta L:


av = 6/L
am = 6/Dp . L

3.5.2.1.3. Conhecendo-se a distribuição das partículas do solo que possuem


dimensões iguais, como os grãos de Areia e Silte
am = (6/Dp)  (ci/di)
Onde:
ci = massa da partícula (forma decimal)
di = diâmetro médio da partícula (cm)

3.5.2.1.4. Para uma partícula na forma de placas onde a espessura (l) é


desprezível quando comparada com a dimensão principal (L), como
no caso da argila
am = 2/Dp . l
considerando Dp = 2,65 g cm-3, vem:
am = 0,75/l
Unidades: cm2/g
Observação:
1 Å = 10-8 cm
50 m = 0,050 mm

34
3.6. EXERCÍCIOS
1) Calcule a superfície específica de:
a) Uma bola de futebol profissional
b) Uma bola de ping-pong
c) Uma partícula esférica de diâmetro 50 m
d) Uma partícula de caulinita com espessura aproximada de 400 Å
e) Uma partícula de montmorilonita com espessura aproximada de 10 Å
f) Uma partícula de ilita com espessura aproximada de 50 Å
2) Estimar aproximadamente a superfície específica de um solo composto por 20%
de areia grossa, 20% de areia fina, 20% de silte, 10% de caulinita, 15% de ilita e
15% de montmorilonita.
3) Usando a Lei de Stokes, calcule o tempo necessário para:
a) Todas as partículas com diâmetro > 50 m sedimentar a uma
profundidade de 20 cm em um meio aquoso a 30 ºC.
b) Todas as partículas de silte sedimentarem nas mesmas condições acima.
c) Todas as partículas com diâmetro > 1 m nas mesmas condições acima.

35
CAPÍTULO 4 - ESTRUTURA DO SOLO

A estrutura do solo pode ser definida como sendo o arranjamento das


partículas solo. Em geral, a estrutura dos solos pode ser categorizada em 3 tipos: grãos
simples, maciça e agregada.
A estrutura do solo do tipo agregada é classificada levando em consideração o
tipo (blocos, prismática, esferoidal e laminar), a classe (pequena, média e grande) e o
grau, o qual é variável com a umidade do solo. O grau de estrutura é a força de união
entre as unidades estruturais e é muito importante do ponto de vista de manejo,
podendo ser alterado por este.

4.1. DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURA DO SOLO


O pré-requisito para a agregação é que a argila esteja floculada. De acordo
com Bradfield (1936), agregação é igual a floculação mais algo mais. Este algo mais é
igual à cimentação.
Os agregados quanto ao tamanho podem ser classificados em macroagregado
(diâmetro > 1 mm) e em microagregado (diâmetro < 1 mm). A forma e/ou degradação
dos agregados do solo depende das inter-relações dos fatores físicos, químicos e
biológicos.

4.1.1. Modelos de Estruturação

 Emerson (1959) propôs o seguinte modelo:

36
Onde se observa os tipos de ligações:
A = quartzo - matéria orgânica - quartzo
B = quartzo - matéria orgânica - cristais de argila
C = argila - matéria orgânica - argila
C1 = face - face
C2 = canto (lado) - face
C3 = canto - canto
D = argila = canto - face

 Ferreira (1988) propôs os seguintes modelos:

- Para um Latossolo com predomínio de gibbsita na fração argila

37
Onde:
A = Gibbsita
B = Óxido de Fe
□ Goethita
 Hematita

Para um Latossolo com predomínio de caulinita na fração argila

Onde:
A = caulinita
B = Óxido de Fe
□ Goethita
 Hematita
C = matéria orgânica

38
4.2. FATORES QUE AFETAM A FORMAÇÃO DE AGREGADOS

4.2.1. Cátions
Os cátions alteram a espessura da dupla camada iônica causando floculação ou
dispersão. Exemplo: Ca, Mg, óxido de ferro e alumínio

4.2.2. Matéria orgânica


A matéria orgânica atua na agregação do solo como um agente cimentante.
Devido a matéria orgânica ser susceptível à decomposição pelos microorganismos, a
mesma deve ser reposta continuamente para que se mantenha a estabilidade dos
agregados ao longo do tempo (Hillel, 1982).

4.2.3. Sistema de cultura e sistema radicular


A influência do sistema de cultivo na agregação é função do sistema radicular,
densidade e continuidade da cobertura, modo e freqüência do cultivo e tráfego.
As raízes exercem pressões que comprimem os agregados separando dos
agregados adjacentes. A absorção de água pelas raízes causa desidratação diferencial,
contração e abertura de numerosas trincas pequenas. Os produtos de exudação das
raízes aliados à morte contínua das raízes, particularmente do pêlos radiculares,
promovem a atividade biológica, a qual resulta na produção de cimentos húmicos.
As condições de umidade na hora do cultivo têm grande influência na
estabilidade dos agregados. O preparo do solo com alta umidade pode causar
compactação, enquanto que o preparo do solo quando seco pode causar pulverização.
Portanto, para se preservar os agregados, aconselha-se que o preparo do solo seja feito
na zona de friabilidade do solo.

39
4.2.4. Microorganismos
Os microorganismos (bactérias e fungos) do solo cimentam os agregados
através de produtos excretados. Dentre os produtos excretados pode-se citar:
polissacarídeos, hemiceluloses ou uronides, levans, etc.

4.3. FATORES DESTRUTIVOS DOS AGREGADOS


Dentre os fatores destrutivos dos agregados pose-se citar:
a) Impacto das gotas de chuva que pode causar desagregação e erosão;
b) Preparo excessivo do solo que pode causar compactação e pulverização do solo;
c) Aumento da concentração de Na+ relativo a Ca++ e Mg++ causando dispersão;
d) Temperatura que pose causar oxidação da matéria orgânica.

4.4. IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA


A estrutura do solo é de fundamental importância pois regula processos como:
a) Aeração;
b) Armazenamento e circulação de água;
c) Penetração de raízes;
d) Disponibilidade de nutrientes;
e) Atividades macro e micro biológicas;
f) Temperatura do solo.

4.5. AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA


A estrutura do solo pode ser avaliada indiretamente através da determinação
de algumas propriedades físicas do solo tais como:
a) Densidade do solo;
b) Porosidade total;
c) Distribuição de poros por tamanho;

40
d) Condutividade hidráulica do solo saturado;
e) Estabilidade de agregados;
f) Pressão de preconsolidação.
Baseado nestas propriedades, Ferreira (1988) fez as seguintes observações
constantes na tabela abaixo.

Latossolo Ds % Ks DMG
Macroporos
% Caulinita     

% Gibbisita     

Tais resultados foram justificados pelo pesquisador baseado em:


a) A avaliação micromorfológica da estrutura dos Latossolos cauliníticos revelou
que a distribuição dos grãos de quartzo em relação ao plasma é eminentemente
porfirogrânica, isto é, os grãos estão envoltos num plasma denso, contínuo, com
pouca tendência ao desenvolvimento de microestrutura, implicando no surgimento
de estrutura em blocos;
b) A avaliação micromorfológica da estrutura dos Latossolos gibbisíticos revelou
que a distribuição dos grãos de quartzo em relação ao plasma segue o padrão
"agglutinic", isto é, apresenta desenvolvimento de microestrutura com predomínio
de poros de empacotamento composto, implicando no surgimento de estrutura do
tipo granular.

4.6. CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA DO SOLO


A estrutura do solo pode ser estudada usando os seguintes métodos:

4.6.1. Métodos Diretos


Nos métodos diretos a caracterização da estrutura do solo pode ser feita no
campo (morfologia) ou em laboratório através da microscopia.

41
4.6.2. Métodos Indiretos
A utilização dos métodos indiretos para caracterizar a estrutura dependem do
objetivo da análise e envolvem:

4.6.2.1. Peneiramento dos agregados secos


Esta análise permite inferir sobre os efeitos da erosão eólica na estrutura do
solo.

4.6.2.2. Peneiramento dos agregados imersos em água


Esta análise permite inferir sobre os efeitos da erosão hídrica na estrutura do
solo.
O procedimento para realização destas duas análises consiste basicamente em
passar os agregados previamente homogeneizados, quanto ao tamanho, em um
conjunto de peneiras de diâmetros 2; 1; 0,5; 0,25; e 0,10 mm, imersas ou não em água.

4.7. ÍNDICES ALTERNATIVOS PARA EXPRESSAR A DISTRIBUIÇÃO DOS


AGREGADOS POR TAMANHO

4.7.1. Diâmetro Médio Geométrico (DMG)


O diâmetro médio geométrico pode ser calculado pelas seguintes expressões:
DMG = 10X
X = [ (n log d)/n]
ou
DMG = eY
Y = [ (n ln d)/n]

42
Onde:
n = % dos agregados retidos em uma determinada peneira
d = diâmetro médio de uma determinada faixa de tamanho do agregado (mm)

4.7.2. Diâmetro Médio em Peso (DMP)


O diâmetro médio em Peso pode ser calculado pela seguinte expressão:
n
DMP =  ni di
i=1

Onde:
ni = % dos agregados retidos em uma determinada peneira (forma decimal)
di = diâmetro médio de uma determinada faixa de tamanho do agregado (mm)

4.7.3. Porcentagem de Agregados Estáveis (PAE)


A porcentagem de agregados estáveis pode ser calculada pela seguinte
expressão:

(Peso total seco dos agregados + areias) - (Peso total seco da areia)
PAE =
(Peso total seco da amostra) - (Peso total seco da areia)

O peso da areia retido é obtido através da agitação mecânica do material retido


em cada peneira com um dispersante químico. A seguir lava-se o material disperso na
peneira na qual o material ficou retido.

43
4.8. EXERCÍCIOS
1) Explicar detalhadamente como os fatores físicos, químicos e biológicos afetam a
formação e/ou degradação dos agregados.

2) Calcular o diâmetro médio em peso e o diâmetro médio geométrico para a


seguinte condição:

Classe de
tamanho de Peneiramento Seco Peneiramento Úmido
agregado (mm)
Solo Solo Solo Solo
Virgem Cultivado Virgem Cultivado
0 - 0,5 10% 25% 30% 50%
0,5 - 1 10% 25% 15% 25%
1-2 15% 15% 15% 15%
2-5 15% 15% 15% 5%
5 - 10 20% 10% 15% 4%
10 - 20 20% 7% 5% 1%
20 - 50 10% 3% 5% 0%

Discutir os resultados.

44
CAPÍTULO 5 - CONSISTÊNCIA DO SOLO

A consistência do solo pode ser definida como sendo a manifestação das


forças de coesão e adesão que se verificam no solo em função da variação da umidade
do solo. A força de coesão ocorre entre os corpos de mesma natureza, como por
exemplo, a força que ocorre entre as partículas do solo, enquanto que a adesão ocorre
entre corpos de diferentes naturezas, como por exemplo, a força que ocorre entre as
partículas do solo e as moléculas da água.
Com a crescente utilização de máquinas agrícolas, quer no preparo do solo ou
na realização de tratos culturais ou até mesmo na realização da colheita, foi induzido,
consequentemente, uma maior incidência de tráfego nas áreas cultivadas. Além disso,
este tráfego é feito muitas das vezes sem o menor controle da umidade do solo, a qual,
entre outros parâmetros, é um dos principais condicionadores da capacidade suporte de
carga dos solos. Portanto, modificações na consistência do solo devido à variação na
umidade afetará diretamente a resistência do solo ao preparo, bem como sua
capacidade suporte de carga e sua resistência à compressão. Assim, o manejo
adequado da umidade é de fundamental importância para se evitar a compactação dos
solos agrícolas. Finalmente, espera-se que o conhecimento dos limites de consistência
do solo poderá ser de grande valia na tomada de decisões de quando determinadas
operações agrícolas devam ou não serem realizadas.
A mudança na consistência do solo pode ser exemplificada como segue: se em
um solo extremamente seco, portanto não moldável plasticamente, adicionarmos
progressivamente pequenas quantidades de água, o solo tornará cada vez mais dócil à
deformação. A partir de uma determinada umidade U1 o solo se tornará friável.
Continuando a adicionar água, o mesmo solo atingirá uma umidade U2, a partir da
qual o mesmo será plástico, permitindo ser moldado. Continuando a adicionar mais

45
água, o mesmo solo vai se tornando cada vez mais mole até que, ao atingir a umidade
U3, passará a atuar como um líquido viscoso (Figura abaixo).

Est. Semi-
Est. sólido U1 sólido
U2 Est. plástico U3 Est. líquido

LC LP LL
Friabilidade Plasticidade Viscosidade

A região de friabilidade é a região adequada para o preparo do solo, entretanto


a susceptibilidade do solo à compactação é grande na região de plasticidade devido a
sua baixa resistência à compressão e, consequentemente, baixa capacidade suporte de
carga.
A passagem de um estado de consistência para outro é gradual. A umidade que
separa o estado líquido do plástico denomina-se limite de liquidez (LL), sendo os
limites de plasticidade (LP) e de contração (LC) as umidades separadoras dos estados
plástico do semi-sólido e do semi-sólido do sólido, respectivamente. Assim, os limites
de Atterberg representam as mínimas umidades necessárias para que o solo se
encontre em um dos seus estados.
O intervalo de umidade no qual o solo se encontra no estado plástico é
denominado de índice de plasticidade (IP). Assim.
IP = LL - LP
A consistência de um solo no seu estado natural, com a umidade U, pode ser
expressa pelo seu índice de consistência (IC), dado pela seguinte expressão:
IC = (LL - U)/IP
Os fatores que afetam a consistência do solo são: umidade, textura do solo,
tipo de argila, matéria orgânica, estrutura e tipo de cátion.

46
5.1. AVALIAÇÃO DA CONSISTÊNCIA
O limite de liquidez é determinado usando-se o aparelho de Casagrande. Este
limite é igual a umidade correspondente a 25 golpes do aparelho de Casagrande.
O limite de plasticidade é determinado pela confecção de um cilindro de 3 mm
de diâmetro e 10 cm de comprimento. Quando o cilindro, assim formado, começa a
apresentar fissuras, interrompe-se o ensaio e determina-se a umidade do solo do
cilindro. Repete-se a operação algumas vezes (mínimo de 3) e obtém-se o valor médio
da umidade, o qual será o limite de plasticidade do solo.
O limite de contração é obtido mediante a determinação da massa e do volume
de uma amostra seca em estufa (105 - 100 C). Este limite representa a umidade
abaixo da qual a maior parte dos solos não apresentam redução de volume.

47
CAPÍTULO 6 - O PROCESSO DE COMPACTAÇÃO DO SOLO

O termo compactação do solo refere-se à compressão do solo não saturado


durante a qual existe um aumento da densidade do solo em conseqüência da redução
do seu volume (Gupta e Allmaras, 1987; Gupta et al., 1989), devido à expulsão de ar
dos poros do solo. Quando o fenômeno de redução de volume ocorre com a expulsão
de água dos poros do solo este fenômeno passa a se chamar adensamento. Em ambos
os casos esta redução de volume ocorre devido ao manejo inadequado do solo.
Entretanto, quando a redução de volume ocorre devido a processos pedogenéticos este
fenômeno denomina-se adensamento. Como exemplo de camada adensada pode-se
citar: Bt, fragipans, duripans, crosta laterítica, etc.
A curva de compressão do solo tem sido utilizada para simular estas reduções
de volume do solo (Larson et al., 1980; Larson e Gupta, 1980; Bailey et al., 1984;
Bailey et al., 1985; Bailey et al., 1986; Bailey e Johnson, 1989; Bingner e Wells,
1992; O'Sullivan, 1992; MacNabb e Boersma, 1993; Dias Junior, 1994). Esta curva
representa graficamente a relação entre o logaritmo da pressão aplicada e algum
parâmetro relacionado com o estado de empacotamento do solo, mais freqüentemente,
o índice de vazios ou a densidade do solo (Casagrande, 1936; Leonards, 1962; Holtz e
Kovacs, 1981). Quando o solo não sofreu nenhuma pressão prévia, esta relação é
linear e a aplicação de qualquer pressão resultará em deformações não recuperáveis
(Larson et al., 1980; Larson e Gupta, 1980; Culley e Larson, 1987; Gupta e Allmaras,
1987; Lebert e Horn, 1991), causando, portanto, compactação adicional do solo (Dias
Junior, 1994). Entretanto, quando o solo já experimentou pressões prévias e/ou
ressecamento, a variação das pressões atuando sobre o solo resultará em alguma
deformação, a qual poderá ser relativamente pequena e recuperável (não causando
compactação adicional) ou não recuperável, causando compactação adicional (Stone e
Larson, 1980; Gupta et al., 1989; Lebert e Horn, 1991; Dias Junior, 1994). Assim, um

48
aumento da densidade do solo em conseqüência de uma redução no seu volume pode
ou não causar compactação adicional. Portanto, para se ter uma agricultura sustentável
é importante conhecer os níveis de pressões que o solo suportou no passado e/ou a
umidade do solo no momento das operações agrícolas, para que a compactação
adicional seja evitada. Através destes conceitos espera-se explicar os efeitos benéficos
(Smucker e Erickson, 1989; Raghavan e Mckyes, 1983) e adversos (Parish, 1971;
Gupta e Allmaras, 1987; Raghavan et al., 1990) da compactação do solo.
Pesquisadores têm demonstrado claramente o efeito da compactação nas
propriedades físicas do solo (Barnes et al., 1971; Gupta et al., 1985; Larson et al.,
1989; Soane e van Ouwerkerk, 1994). A compactação aumenta a densidade do solo e a
sua resistência mecânica (Grohmann e Queiroz Neto, 1966; Trouse, 1971; Taylor,
1971; Hillel, 1982; Moraes, 1984; Rosa Junior, 1984; Schultz, 1978; Lebert, et al.,
1989; Wagger e Denton, 1989; Hill e Meza-Montalvo; 1990; Lebert e Horn, 1991) e
diminui a porosidade total, tamanho e continuidade dos poros (Warkentin, 1971;
Hillel, 1982; Moraes, 1984; Smucker e Erickson, 1989). Reduções significativas
ocorrem, principalmente, no volume dos macroporos, enquanto os microporos
permanecem inalterados (Hillel, 1982). A compactação do solo pode ter efeitos
benéficos ou adversos (Parish, 1971; Gupta e Allmaras, 1987; Smucker e Erickson,
1989; Raghavan et al., 1990). Efeitos benéficos têm sido atribuídos à melhoria do
contato solo-semente (Smucker e Erickson, 1989) e aumento da disponibilidade de
água em anos secos (Camargo, 1983; Raghavan e Mckyes, 1983). Entretanto, a
compactação excessiva pode limitar a adsorsão de nutrientes, infiltração e
redistribuição de água, trocas gasosas, e o desenvolvimento do sistema radicular
(Grohmann e Queiroz Neto, 1966; Moura Filho e Buol, 1972; Alvarenga et al., 1983;
Oliveira et al., 1983; Smucker e Erickson, 1989; Bicki e Siemens, 1991), causando
uma diminuição no tamanho e uniformidade das plantas o que pode resultar em

49
decréscimo da produção, aumento da erosão e aumento da potência necessária para o
preparo do solo (Soane, 1990).
A facilidade com que o solo não saturado decresce de volume quando sujeito a
pressões é chamada compressibilidade (Gupta e Allmaras, 1987). A compressibilidade
do solo é função de fatores externos e internos (Lebert e Horn, 1991). Os fatores
externos são caracterizados pelo tipo, intensidade e freqüência da carga aplicada
(Koolen e Kuispers, 1983; Horn, 1988; Horn, 1989; Raghavan et al., 1990; Lebert e
Horn, 1991), enquanto os fatores internos são influenciados pela história de tensão
(Harris, 1971; Horn, 1988; Gupta et al., 1989; Reinert, 1990, Dias Junior, 1994),
umidade do solo (Gupta et al., 1985; Bailey et al., 1986, Dias Junior, 1994), textura do
solo (Silva, 1984; Gupta et al., 1985; Horn, 1988; McBride, 1989, Dias Junior,1994),
estrutura do solo (Dexter e Tanner, 1974; Horn, 1988), e densidade inicial do solo
(Gupta et al., 1985; Culley e Larson, 1987; Reinert, 1990, Dias Junior, 1994).
Para uma mesma condição, o fator que governa a quantidade de deformação
que poderá ocorrer no solo é a umidade (Dias Junior, 1994). Assim, quando os solos
estão mais secos, a sua capacidade de suporte de carga pode ser suficiente para
suportar as pressões aplicadas e a compactação do solo pode não ser significativa
(Trouse, 1971; Taylor, 1971; Larson e Allmaras, 1971, Dias Junior, 1994).
Entretanto, qualquer compactação é detrimental para as plantas sob condições de alta
umidade (Swan et al., 1987), o que pode causar redução na produção (Negi et al.,
1980; Carter, 1985; Gameda et al., 1985; Negi et al., 1990; Bicki e Siemens, 1991).
Em áreas que possuem uma pequena estação de crescimento de plantas, as operações
de preparo do solo são realizadas assim que os solos são considerados trafegáveis,
entretanto, sob estas condições os solos provavelmente ainda estão muito úmidos para
serem trafegados (Håkansson et al., 1988) e este tráfego freqüentemente resultará em
deformações não recuperáveis (compactação do solo). Para tentar uma solução
alternativa para este problema, Dias Junior (1994) sugeriu um modelo de

50
compressibilidade que prediz a máxima pressão que o solo pode suportar para
diferentes umidades sem causar compactação adicional do solo, com base na pressão
de preconsolidação do solo.
A persistência da compactação do solo além da cultura atual causada pelo
trafego anterior à esta cultura tem sido relatada por vários pesquisadores (Smith et al.,
1969; Black et al., 1976, Voorhees, 1977; Voorhees et al., 1978; Pollard e Elliot,
1978; Logsdon et al., 1992). Alguns destes estudos mostraram que os efeitos da
compactação do solo são apenas temporariamente prejudiciais, entretanto, na maioria
dos casos, pequena ou nenhuma modificação da compactação do solo foi observada.
Assim sendo, em uma agricultura sustentável, a estimativa dos níveis de pressões a
serem aplicados ao solo, através do uso da modelagem matemática, possivelmente,
seja uma alternativa viável para minimizar os problemas da compactação dos solos.

6.1. MODELAGEM DA COMPACTAÇÃO DO SOLO


A preocupação crítica com a susceptibilidade do solo à compactação reside na
definição de quando o solo está muito úmido para ser cultivado ou trafegado e estimar
quanto de deformação ocorrerá no solo quando as pressões aplicadas excederem a sua
capacidade de suporte. Assim, um solo é considerado úmido, em qualquer umidade, se
deformações não recuperáveis ocorrerem.
Os atuais modelos de compactação do solo têm sido agrupados de diferentes
maneiras. Shafer et al. (1991) agrupou estes modelos da seguinte maneira: a) modelos
hidrostáticos (Bailey et al., 1984; Bailey et al., 1986); b) modelos baseados na tensão
desviadora (fase I) (Grisso et al., 1987); c) modelos baseados na tensão desviadora
(fase II) (Bailey e Johnson, 1989); d) modelos baseados na tensão desviadora (fase
III). Gupta et al. (1989), por sua vez, agruparam os modelos de compactação do solo
em dois grupos: a) modelos baseados na técnica do elemento finito (Perumpral et al.,
1969; Perumpral et al., 1971; Coleman e Perumpral, 1974; Pollock et al., 1984; Raper

51
e Erbach, 1988); e b) modelos analíticos (Söhne, 1953; Larson e Gupta, 1982; Gupta
et al., 1985; Vanden Akker e Van Wijk, 1987). E finalmente, Gupta e Raper (1994)
agruparam os modelos de compactação do solo em quatro categorias: a) modelagem
das forças mecânicas provenientes de veículos agrícolas aplicadas à superfície do solo
(Söhne, 1958; Trabbic et al., 1959; Gill e VandenBerg, 1968; Koolen e Kuipers,
1983; Burt et al., 1989); b) modelagem das relações entre tensão e deformação do solo
(Söhne, 1953; Dexter e Tanner, 1973; Amir et al., 1976; Larson et al., 1980; Gupta e
Larson, 1982; Koolen e Kuipers, 1983; Grisso et al., 1987; Bailey e Johnson; 1989); e
c) modelagem da propagação das forças no solo: c.1) modelos baseados na técnica do
elemento finito (Duncan e Chang, 1970; Perumpral et al., 1971; Pollock et al., 1986;
Chi e Kushwaha, 1989; Raper e Erbach, 1990a; Raper e Erbach, 1990b) e c.2)
modelos analíticos (Boussinesq, 1885; Fröhlich, 1934; Söhne, 1953; Gupta e Larson,
1982; Van den Akker e Van Wijk, 1987). Verifica-se que a história de tensão tem sido
negligenciada na modelagem da compactação do solo, talvez porque no
desenvolvimento de alguns destes modelos foram usadas amostras deformadas e/ou
com alta umidade, o que tende a mascarar o efeito do manejo do solo ou porque na
maioria dos modelos enfoque especial tem sido dado à reta de compressão virgem, a
qual define deformações plásticas e não recuperáveis.
Para se avaliar a susceptibilidade do solo à compactação, relações entre
propriedades físicas e mecânicas dos solos têm que serem determinadas. Um resumo
destas relações é apresentado na Tabela 1. Estas relações foram obtidas usando-se
amostras deformadas (Bailey e VandenBerg, 1968; Larson et al., 1980; Larson e
Gupta, 1980; Bailey et al., 1984; Bailey et al., 1985; Bailey et al., 1986; Grisso et al.,
1987; Bailey e Johnson, 1989; O'Sullivan, 1992), e amostras indeformadas (Smith,
1985; Lebert e Horn, 1991; MacNabb e Boersma, 1993). Também diferentes tipos de
ensaios, tais como: 1) ensaio de compressão uniaxial (Larson et al., 1980; Larson e
Gupta, 1980; O'Sullivan, 1992); 2) ensaio de compressão triaxial (Bailey e

52
VandenBerg, 1968; Bailey et al., 1984; Bailey et al., 1985; Bailey et al., 1986; Grisso
et al., 1987; Bailey e Johnson, 1989); e 3) ensaio de cisalhamento direto (MacNabb e
Boersma, 1993) têm sido utilizados empregando amostras saturadas (MacNabb e
Boersma, 1993) e amostras não saturadas (Bailey e VandenBerg, 1968; Dexter e
Tanner, 1973; Larson et al., 1980; Larson e Gupta, 1980; Bailey et al., 1984; Bailey et
al., 1985; Bailey et al., 1986; Lebert e Horn, 1991; O'Sullivan, 1992). Desta forma,
verifica-se que não existe uma padronização da metodologia que deve ser utilizada na
modelagem da compactação dos solos. A curva de compressão do solo, entretanto,
tem sido usada como base comum para estimar a susceptibilidade do solo à
compactação (Larson et al., 1980; Larson e Gupta, 1980; Bailey et al., 1984; Bailey et
al., 1985; Bailey et al., 1986; Bailey e Johnson, 1989; Bingner e Wells, 1992;
O'Sullivan, 1992; MacNabb e Boersma, 1993). Quando o solo não sofreu nenhuma
pressão prévia, a curva de compressão do solo é linear (Larson e Gupta, 1980; Larson
et al., 1980; Culley e Larson, 1987; Gupta e Allmaras, 1987; Lebert e Horn, 1991),
entretanto, quando o solo já experimentou pressões prévias ou ressecamento, a
variação das pressões atuando sobre o solo determinará a formação de duas regiões
distintas na curva de compressão do solo: a curva de compressão secundária e a reta de
compressão virgem (Stone e Larson, 1980; Gupta et al., 1989; Lebert e Horn, 1991).
A curva de compressão secundária representa os níveis de pressões experimentadas
pelo solo no passado, enquanto que a reta de compressão virgem representa os níveis
de pressões nunca experimentadas pelo solo. Entretanto, é na região da curva de
compressão secundária que o solo deve ser cultivado ou trafegado sem que
deformações não recuperáveis ocorram. É este componente da curva de compressão do
solo que reflete a história de tensão do solo e que está sendo negligenciado na
agricultura (Dias Junior, 1994).
A pressão de preconsolidação tem sido usada para indicar o ponto de
separação entre estes dois casos. Assim, a pressão de preconsolidação divide a curva

53
de compressão do solo em duas regiões: (a) uma região de deformações pequenas,
elásticas e recuperáveis (curva de compressão secundária); e (b) uma região de
deformações plásticas e não recuperáveis (reta de compressão virgem). Portanto, na
agricultura, a aplicação de pressões maiores do que a maior pressão previamente
aplicada no solo deve ser evitada (Gupta et al., 1989; Lebert e Horn, 1991), para que
deformações não recuperáveis não ocorram. Assim, a pressão de preconsolidação deve
ser a pressão máxima que deve ser aplicada ao solo para que compactação adicional
seja prevenida. Apesar de Lebert et al. (1989) e Lebert e Horn (1991) terem estimado,
através de regressão linear múltipla, a pressão de preconsolidação usando
propriedades físicas e mecânicas dos solos e de Bailey et al. (1984); Bailey et al.
(1985); Bailey et al. (1986); Bailey e Johnson (1989) e Bingner e Wells (1992) terem
modelado a curva de compressão do solo, existem poucos modelos que estimam a
pressão máxima que o solo pode suportar sem que compactação adicional ocorra, para
diferentes umidades, com base na pressão de preconsolidação (Dias Junior, 1994).
Assim, a maioria dos modelos (Bailey e VandenBerg, 1968; Amir et al., 1976; Larson
et al., 1980; Gupta et al., 1985; Lebert e Horn, 1991; Bingner e Wells, 1992) usados
para avaliar a compactação do solo têm dado ênfase à reta de compressão virgem, a
qual define deformações plásticas e não recuperáveis e é geralmente bem descrita para
altas umidades (Larson e Gupta, 1980; Gupta et al., 1985; Gupta e Allmaras, 1987;
Horn, 1989).
Kassa (1992) mostrou que a pressão crítica na qual os agregados do solo
sofrem cisalhamento é maior do que a pressão de preconsolidação. Isso implica que a
pressão crítica na qual os agregados do solo sofrem cisalhamento está localizada na
reta de compressão virgem, onde deformações não recuperáveis (compactação
adicional) ocorrem. Portanto, é de se esperar que os modelos baseados na pressão
crítica na qual os agregados do solo sofrem cisalhamento (Larson e Gupta, 1980)
superestimam a capacidade de suporte do solo, causando, consequentemente,

54
compactação adicional, visto que a pressão crítica na qual os agregados do solo sofrem
cisalhamento é maior do que a pressão de preconsolidação.
Considerando estes aspectos, Dias Junior (1994) desenvolveu um modelo de
compressibilidade que prediz a pressão máxima que o solo pode suportar para
diferentes umidades, sem causar compactação adicional, tomando como base a pressão
de preconsolidação. Este modelo fornece informações acerca de quando um solo pode
ser cultivado ou trafegado sem sofrer compactação adicional. Entretanto, se faz
necessário a geração deste modelo para as condições brasileiras e ainda a sua
validação a nível de campo.
Finalmente, acredita-se que o uso dos modelos de previsão da compactação do
solo promoverá um aumento do entendimento do processo de compactação com
conseqüente minimização deste problema. Entretanto, para se obter um modelo dentro
da realidade se fazem necessárias a correta observação, coleta, organização,
interpretação dos dados e finalmente a construção do modelo (Yaalon, 1994) e
posteriormente a sua validação a nível de campo. Contudo, um modelo, seja ele
numérico ou gráfico, é uma simplificação da realidade, o que requer um entendimento
dos processos da natureza bem como de suas interações para evitar que o modelo
gerado seja inadequado (Yaalon, 1994).

Tabela 1. Relações entre propriedades físicas do solo usadas para avaliar a


compactação do solo.

55
Referências Relações
Söhne, 195 n = m ln  + no

VandenBerg, 1966  = A + B log [oct (1 + max)]

Bailey e VandenBerg, 1968 1/b = m log  + B


1/b = A log  + B (max/m) + C
 = (m2 + max2)1/2
m = (1 + 23)/3
max = (1 - 3)/3
Dexter e Tanner, 1973 D = Do + B exp(-k) + C exp(-L)
D = (/2660)[(100-OC)/(100+)]
Colleman e Perumpral, 1974 vT = (-0.007 + 1.72 R - 15.854R2 +
96.107 R3 – 237.304 R4 + 213.301 R5)* 10-3
Bowen, 1975 n = - m log  + C
b = 2.65 (1 - n/100)
Amir et al., 1976 n = A – B ln (r + ) - C ln 
b = A + B ln (r + ) - C ln 
Larson et al., 1980 b = bk + ST(S1 - Sk) + m log (/k)
Larson e Gupta, 1980 log c = n log s
Blackwell e Soane, 1981 (b) = f()
bf = 1.166 + 0.252 ln octma
Howard et al., 1981 b = 1.19 - 0.596 OC - 0.076 LL + 0.0019 s
+ 0.0058 Fe
b = 1.93 - 0.0628 OC - 0.0063 LL
+ 0.0012 s
b = 3.27 - 0.0231 OC - 0.528 ln op
- 0.0008 s + 0.0039 Fe
Gupta e Larson, 1982 n = f(, )
leva em consideração os critérios de:
- aeração crítica;
- pressão crítica na qual os agregados sofrem
cisalhamento;
- resistência crítica à penetração de raízes.
Jones, 1983 b = 1.52 - 0.00646 Cl
Tabela 1 (cont.)

Leeson e Campbell, 1983 - para solos franco arenosos

56
 = 2.25 - 0.008 
- para solos francos
 = 2.28 - 0.011 
Bailey et al., 1984 v = (A + B)(1 - e-C)
v = V/Vo V = Vo - V
1/b = 1/bi - 1/bi (A + B) (1 - e-C)
Johnson et al., 1984 v = (A + B)(1 - exp(-C))
ln b = ln bi - (A + B) (1-exp(-C))
Saini et al., 1984 b = 1.2926 - 0.2504  + 0.8353 2
+ 0.9932 3 + 0.1203 F - 0.0330F2 +
0.0026 F3 + 1.0635 F +7.4289 2F +
12.96353F + 0.0984 F2 - 0.3842 2F2
- 0.1272 2F3 + 0.0288F3 - 0.2231
2F3 +0.45883F3
Gupta et al., 1985 b = f(S, )
Bailey et al., 1985 v = (A + Bh)(1 - e-Ch)
e v = ln (V/V0)
Bailey et al., 1986 ln(b) = ln(bi) - (A + Bh) (1 - e-Ch)
Bolling, 1985 n = no - (/o)3 [CI/CIo)]1/2
n = no - (no - 0.225)/(35Cp + 1)(/12)3/2 1
Smith, 1985 1 = i-(b-bi)[(i-f)/(bf-bi)]
Angers et al., 1987 Y = - 112.2 + 88.9 b
Pollock, Jr. et al., 1986 v = z + r + 
Grisso et al., 1987 noct = (octR/octH)(AH +BHoct)(1 - e-CHoct)/3
Brandon et al., 1987 YF = a + [(x + y)/2] -
{[(x - y)/2]2 + xy2}1/2
Håkansson, 1988 - para 0 < Cl < 60% ; 1 < H < 11%
Dopt = 90.5 - 0.29 Cl + 0.0059 Cl2 - 0.139 H
- para 0 < Cl < 60%
Dopt = 86.5 + 0.041 Cl
Bailey e Johnson, 1989 v = (A + Boct)(1 - e-Coct) + E(oct/oct)
ln b = ln bi - (A + Boct) (1 - e-Coct) +
E(oct/oct)



Tabela 1 (cont.) 

Lebert et al., 1989 p = 2.1592 b + 0.234 LK + 0.0360 AWC +

57
0.0770 NAWC - 3.426
p = (3.0975 b - 0.0475 Cl - 0.0280U
- 0.9659 log s +0.3369 LK - 0.0268 
+ 2.1330 log c + 0.0839)2
Raper e Erbach, 1990 a v = exp[(A + Bh)(1 - e-Ch)]-1
Raper e Erbach, 1990 b {} = [c] {}
Reinert, 1990 p = - 263 - 2.66 S + 322 bi
Canarache, 1991 log RP = - 4.14 + 0.0858 b - 0.000347b2
Lebert e Horn, 1991 e = B + m log 
p = f(, c ,b, LK, AWC, NAWC, Kf, OC)
Wlodek, 1991 b = bi [z/(z + z)]
Binger e Wells, 1992 Curva de compressão secundária
b = bi* + ms log (/k)
Reta de compressão virgem
b = bk + ST(S1 - Sk) + m log (/k)
O'Sullivan, 1992  = r - m ln(/r)- b( - r)
b = bk + ST(S1 - Sk) + m log (/k)
McNabb e Boersma, 1993 ln b = ln(bi*i) - (A + B +Jc) (1 - e-C)
i = bi/biavg
c = (i - 1) bi
Dias Junior, 1994 Modelo baseado na História de Tensão
p = 10 (a + b )
Modelo baseado na Reta de Compressão
Virgem
 bfinal = b + m log (final/p)

Onde:

a ...................................... Intercepto vertical no eixo q


A, B, C, E ....................... Parâmetros do solo
AH, BH, CH ...................... Parâmetros do solo determinados em ensaios de compressão
triaxiais durante carregamento hidrostático, (oct = 0)
AWC ............................... Água disponível
b ...................................... Constante
c ...................................... Coesão
[C] ................................... Matriz tensão deformação

58
CI .................................... Índice de Cone
CIo ................................... Índice de Cone inicial
Cl .................................... Teor de argila
Cp .................................... Razão entre 3 e 1
D ..................................... Densidade de Partícula
Do .................................... Densidade do solo máxima
Dopt .................................. Grau de compactação ótimo
e ...................................... Índice de vazios
E ...................................... Coeficiente da componente da deformação natural devido à
tensão cisalhante
F ...................................... Tensão de compactação
Fe .................................... Ferro ditionito
J....................................... Parâmetros de ajuste da curva de compressão
H ..................................... Teor de húmus
k, L .................................. Medida da rapidez na qual a máxima densidade é obtida
com o aumento da pressão, 
kf ..................................... Condutividade hidráulica saturada
Lk .................................... Aeração
LL ................................... Limite de liquidez
n ...................................... Porosidade
NAWC ............................ Água não disponível
no ..................................... Porosidade inicial
m ..................................... Índice de compressão íon index
ms .................................... Declividade da curva de compressão secundaria
OC .................................. Teor de C orgânico
R ..................................... Razão da máxima tensão cisalhante e a tensão normal média
s....................................... Teor de areia

59
S ...................................... Grau de saturação
Su .................................... Resistência ao cisalhamento não drenada
RP ................................... Resistência a penetração na capacidade de campo
S1..................................... Grau de saturação desejado
ST .................................... Declividade da curva densidade do solo vs grau de saturação
Sk..................................... Grau de saturação correspondente a k e k
um .................................... Pressão neutra mínima
u ...................................... Pressão neutra
U ..................................... Teor de silte
V ..................................... Volume
Vo .................................... Volume inicial
Y ..................................... Resistência à tração do agregado
YF ................................... Função de rendimento para o comportamento plástico
z ...................................... Profundidade de uma camada específica
z .................................... Mudanças na profundidade de uma camada específica
...................................... Declividade da superfície de ruptura
i = i/iavg....................... Densidade do solo inicial normalizada
c = (i - 1) i .................. Ajustamento da curva de compressão para diferenças na
densidade inicial de cada amostra
1 ..................................... Deformação principal maior
3 ..................................... Deformação principal menor
{} .................................. Iqual { xx yy xy zz}T
oct ................................... Deformação natural octaedral normal
octH ................................. Iqual a oct, quando os coeficientes foram determinados de
ensaios triaxiais onde 1/3 = 1
octR.................................. Iqual a oct, quando os coeficientes foram determinados de
ensaios triaxiais onde 1/3> 1

60
v = V/Vo ...................... Deformação volumétrica
v = ln (V/Vo) .................. Deformação natural volumétrica
vT ................................... Deformação volumétrica total
z ..................................... Deformação volumétrica na direção vertical
r...................................... Deformação volumétrica na direção radial
 ..................................... Deformação volumétrica na direção tangencial
 ...................................... Ângulo de fricção interno
 ...................................... Umidade volumétrica
...................................... Umidade gravimétrica
o .................................... Umidade gravimétrica inicial
op ................................... Umidade gravimétrica ótima
 ...................................... Densidade do solo
bf .................................... Densidade do solo final
bi .................................... Densidade do solo inicial
bk ................................... Densidade do solo na tensão k
boavg ................................ Densidade do solo inicial média
bo* .................................. Densidade do solo resultante do tráfego anterior
 ...................................... Tensão aplicada
{} .................................. Iqual a { xx yy xy zz}T
1..................................... Tensão principal maior
3..................................... Tensão principal menor
c..................................... Tensão crítica
f ..................................... Tensão final
h..................................... Tensão confinante
i ..................................... Tensão inicial
k..................................... Tensão aplicada = 98 kPa

61
m .................................... Tensão normal média
n..................................... Tensão normalizada para um = 1
oct = (x + y + z)/3 ..... Tensão normal média ou tensão normal octaedral ou pressão
esferoidal
p..................................... Pressão de preconsolidação
r ..................................... Tensão residual (solo sem pressão de preconsolidação, r=0)
s ..................................... Pressão aplicada para u = 0
x..................................... Pressão relativa ao eixo dos x
z..................................... Pressão relativa ao eixo dos z
' ..................................... Pressão vertical efetiva
max .................................. Pressão de cisalhamento máxima
oct ................................... Tensão de cisalhamento octaedral
 ...................................... Volume específico = volume total/volume dos sólidos
r ..................................... Volume específico para r = 100 kPa e r = 0.20 kg kg-1
 ..................................... Ângulo de fricção interno em graus

6.2. DIAGNÓSTICO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO

Os sintomas de compactação do solo podem ser observados tanto no solo


quanto na planta. De acordo com Ferreira (1993), dentre os sintomas observados nos
solos compactados pode-se destacar:

6.2.1. No solo
- Presença de crostas
- Aparecimento de trincas nos sulcos de rodagem do trator
- Zonas endurecidas abaixo da superfície do solo
- Empoçamento de água

62
- Erosão pluvial excessiva
- Presença de resíduos vegetais parcialmente decompostos muitos meses após sua
incorporação
- Necessidade de maior potência das máquinas de cultivo.

6.2.2. Na planta
- Baixa emergência das plantas
- Variação no tamanho das plantas
- Folhas amarelecidas
- Sistema radicular pouco profundo
- Raízes mal formadas

6.3. MEDIDAS PREVENTIVAS PARA EVITAR A COMPACTAÇÃO


DO SOLO

Os solos variam grandemente na sua susceptibilidade à compactação. A


persistência das camadas compactadas além da cultura atual causada pelo prévio
tráfego já foi relatado por diversos pesquisadores. Alguns estudos mostraram que os
efeitos da compactação são temporariamente prejudiciais. Entretanto, na maioria dos
casos, pequenas ou nenhuma modificação foi observada. Portanto, a restauração da
compactação do solo, se possível, é de alto custo e consome muito tempo. Assim, a
melhor estratégia para evitar a compactação é a sua prevenção.
A seguir serão apresentadas algumas medidas sugeridas por Larson et al.
(1994), que puderam levar à prevenção da compactação do solo.

6.3.1. Manejo da água do solo

63
A susceptibilidade dos solos à compactação é função da umidade do solo.
Portanto, o manejo da água é muito importante no manejo da compactação do solo. O
manejo da água do solo pode ser feito por drenagem ou irrigação sendo seu objetivo
final a modificação da consistência do solo como pode ser visto no seguinte diagrama.

Limites LC LP LL
Estado sólido Semi-sólido plástico líquido
Consistência Duro Friável Plástico Líquido
Resistência Alta Baixa Média Muito baixa
ao preparo
Capacidade Alta Alta a Baixa Muito baixa
suporte de moderada
carga
Resistência à Muito alta Alta a Baixa Alta
compressão moderada

Apesar do diagrama acima proposto por Larson et al. (1994) apresentar uma
classificação qualitativa da capacidade suporte de carga dos solos, esta classificação
não nos permite quantificar os níveis de pressões que podem ser aplicados aos solos
em função da sua umidade. Assim, uma outra alternativa para auxiliar no manejo da
água é a utilização de modelos matemáticos que quantifiquem a capacidade suporte de
carga do solo em função da umidade como os desenvolvidos por Dias Junior (1994).
Estes modelos apresentam uma relação entre a pressão de preconsolidação e a umidade
do solo, sendo a pressão de preconsolidação a máxima pressão que deve ser aplicada
ao solo sem que adicional compactação ocorra.

6.3.2. Manejo do maquinário agrícola


Um dos grandes dilemas do manejo do maquinário agrícola é o de decidir
quando as operações agrícolas devem ou não serem realizadas devido às condições de

64
umidade do solo. Até hoje não existe um método comprovadamente seguro que possa
auxiliar o produtor na tomada de decisão de realizar ou não uma determinada operação
agrícola. A decisão errônea de se aplicar uma determinada pressão ao solo, sem o
prévio conhecimento de sua capacidade suporte para uma determinada condição de
umidade, pode levar a aplicação de uma pressão que excede a sua capacidade suporte
resultando em compactação adicional do solo. Portanto, em uma agricultura
sustentável é de extrema importância o manejo do maquinário agrícola em função da
umidade do solo. A seguir são apresentadas algumas medidas sugeridas por Larson et
al. (1994), no que se refere ao manejo do maquinário agrícola que poderão levar à
prevenção da compactação do solo.
- Nível de pressão por eixo das máquinas agrícolas o que causará diferentes níveis
de pressão de contato das rodas (pneus ou esteira). Rodas largas, duas rodas
juntas ou redução da pressão de inflação dos pneus são algumas medidas a serem
consideradas para redução da pressão de contato das rodas.
- Operações das máquinas agrícolas. Alguns dos fatores a serem levados em
consideração neste item são: velocidade de operação, condições de umidade do
solo, trafego controlado, número de passadas e tipo de implemento agrícola.

6.3.3. Práticas Agronômicas


A compactação dos solos pode ser prevenida ou minimizada pela escolha
correta das práticas agronômicas. A seguir são apresentadas algumas medidas
sugeridas por Larson et al. (1994), no que se refere a práticas agronômicas que
poderão levar à prevenção da compactação do solo.
- Incorporação e manutenção da matéria orgânica
- Calagem
- Sistema de plantio

65
6.3.4. Medidas curativas
Quando a compactação começa limitar o desenvolvimento das plantas com
conseqüente redução na produtividade, é necessário que medidas curativas sejam
adotadas com o objetivo de quebrar a camada compactada o que melhorará a curto
prazo as condições nas quais as plantas estão se desenvolvendo. A seguir são
apresentadas algumas medidas sugeridas por Larson et al. (1994), no que se refere a
medidas curativas que podem aliviar o efeito da compactação do solo.
- Preparo do solo: aração, aração profunda e gradagem
- Subsolagem: em uma direção e cruzada
- Rotação de cultura, incluindo, se possível for, uma planta que funcione como
subsolador natural.

6.3.5. Medidas aliviatórias


Uma alternativa para tornar os efeitos da compactação menos severos a curto e
médio prazo é usar a estratégia do manejo adequado da umidade do solo, dos níveis de
fertilidade, bem como optar pela escolha de espécies mais resistentes aos efeitos da
compactação. Características como maior resistência ao estresse de água, bem como
plantas com sistema radicular com maior poder de penetração, são características
desejáveis nas plantas para tornar os efeitos da compactação menos severos.

66
6.4. ENSAIOS DE LABORATÓRIO USADOS NA INVESTIGAÇÃO DA
COMPACTAÇÃO DO SOLO

Os ensaios de laboratório mais utilizados na investigação da compactação dos


solos são:

6.4.1. Ensaio de Compressibilidade


Este ensaio consiste, basicamente, em aplicar sucessiva e continuamente
pressões crescentes e pré-estabelecidas a uma amostra de material de solo na condição
parcialmente saturada. Este ensaio permite obter a curva de compressão do solo a qual
é representada por um gráfico no qual plota-se no eixo X os valores das pressões
aplicadas em escala logarítmica e no eixo Y plota-se os valores da densidade do solo
ou do índice de vazios em escala natural. No estudo da compressibilidade dos solos
agrícolas tem-se usado mais freqüentemente a densidade do solo do que o índice de
vazios. Da curva de compressibilidade do solo obtém-se a pressão de preconsolidação
usando o método clássico de Casagrande (1936) ou o método proposto por Dias Junior
e Pierce (1995).
O método gráfico, proposto por Casagrande (1936), é baseado na escolha do
ponto de raio mínimo ou de máxima curvatura da curva de compressibilidade do solo.
Entretanto, tem sido mostrado na literatura que a medida que aumenta as perturbações
na amostra indeformada (Schmertmann, 1955; Brumund et al., 1976; Holtz e Kovacs,
1981) ou a medida que são usadas, no ensaio de compressibilidade, amostras com alta
umidade (Dias Junior e Pierce, 1995), fica difícil a escolha do ponto de máxima
curvatura pois as curvas de compressão do solo ficam praticamente quase lineares.
Assim, este método é gráfico, manual e subjetivo.
O método proposto por Dias Junior e Pierce (1995), usa-se uma planilha
eletrônica de fluxo livre para estimar a pressão de preconsolidação. Como algumas

67
vantagens deste método podemos citar: redução significativa do tempo gasto para se
determinar a pressão de preconsolidação; redução significativa da probabilidade de
erros durante a determinação; ser um método rápido, confiável e repetitivo e
possibilidade de ser usado por outros laboratórios que realizam determinações
semelhantes.

6.4.2. Ensaio Proctor


Este ensaio consiste basicamente em compactar o solo (3 ou 5 camadas), em
um cilindro de volume conhecido (1000 ou 2300 cm3), usando, para isso, um soquete
de peso conhecido (2,5 ou 4,5 kgf), variando o número de golpes (sendo os mais
usados 12, 13, 25, 28, 36 e 60), obtendo, assim, diferentes níveis de energia de
compactação.
A energia de compactação pode ser calculada de acordo com a seguinte
expressão:
Ec = (P . L . N . n)/V
onde:
Ec = energia de compactação (kgf . cm/cm3)
P = peso do soquete (kgf)
L = altura de queda do soquete (cm)
N = número de golpes por camada
n = número de camadas
V = volume do cilindro (cm3)
Este ensaio permite obter a curva de compactação do solo, a qual é
representada por um gráfico no qual plota-se no eixo X os valores de umidade em
escala natural e no eixo Y plota-se os valores da densidade do solo também em escala
natural. No ponto de pico da curva de compactação do solo, obtém-se a densidade do

68
solo máxima e a umidade correspondente, a qual é chamada de umidade ótima de
compactação para uma determinada energia de compactação.
Apesar do ensaio de proctor ser um ensaio relativamente simples de ser feito
em laboratório acredita-se ser um ensaio limitado para o estudo da compactação de
solos agrícolas devido ao fato da estrutura do solo ser destruída para a sua realização,
o que apagará a história de tensão do solo, a qual é função do tipo de manejo usado na
condução da cultura. Todavia, Raghavan et al. (1990) observou que para umidades
acima da umidade ótima de compactação obtida pelo ensaio de proctor as rodas do
trator patinam causando cisalhamento do solo, o que contribui significativamente para
agravar a compactação do solo. Deste modo, Raghavan e McKyes (1977) mostraram
que no mínimo 50% da compactação da camada superficial do solo pode ser atribuída
ao deslizamento das rodas dos veículos agrícolas. Assim, estudos adicionais
procurando correlacionar a umidade ótima de compactação obtida pelo ensaio de
proctor com a pressão de preconsolidação determinada para teores críticos de umidade
como o limite de plasticidade (Dias Junior, 1994), são necessários para que se possa
validar o uso do ensaio de proctor para a previsão da compactação dos solos agrícolas.

6.5. EXERCÍCIOS
1) Para o dados abaixo:

Proctor modificado Proctor standard Proctor baixa energia


Ds Umidade Ds Umidade Ds Umidade
(Mg/m3) (%) (Mg/m3) (%) (Mg/m3) (%)
1,873 9,3 1,691 9,3 1,627 10,9
1,910 12,8 1,715 11,8 1,639 12,3
1,803 15,5 1,755 14,3 1,740 16,3
1,699 18,7 1,747 17,6 1,707 20,1
1,641 21,1 1,685 20,8 1,647 22,4

69
a) Plotar a curva de compactação.
b) Determinar a densidade do solo máxima, bem como sua umidade ótima de
compactação.
c) Calcule o grau de saturação para cada umidade ótima.
d) Plote as curvas de 100, 90, 80 e 70% de saturação.
e) Interprete os resultados

Sabe-se que:
Ds = (água S)/[U + (água S/Dp)]
água = 1,0 Mg m-3
Dp = 2,64 Mg m-3

2) Você está verificando a compactação de uma camada de solo compactado no


campo. A curva de compactação de laboratório foi obtida dos seguintes valores:

Ds (g cm-3) Umidade (%)


1,68 14
1,70 16
1,71 18
1,70 20
1,67 22
1,63 24

As especificações do projeto são:


- grau de compactação de 95%
- umidade = umidade ótima ± 2%

70
Você coletou uma amostra na camada compactada de 936,48 cm3 de volume,
peso úmido igual a 1816 g e peso seco de 1543 g.
a) Qual a densidade do solo da camada compactada?
b) Qual a umidade da camada compactada?
c) Qual o grau de compactação da camada? (GC = Ds/Ds máx)
d) A camada compactada satisfaz às especificações do projeto?
e) Se a Dp = 2,70 Mg m-3, qual é o grau de saturação da camada compactada?
f) Se a amostra for saturada mantendo a mesma densidade do solo, qual será a
umidade de saturação?

3) Usando as expressões matemáticas estudadas anteriormente deduza a seguinte


expressão:
Ds = (água S)/[U + (água S/Dp)]

4) Uma carga concentrada de 109 dyn (1000 kg) é aplicada à superfície do solo.
a) Estimar a pressão vertical a 0,01; 0,10 e 0,30 metros de profundidade diretamente
debaixo do ponto de aplicação da carga e a 0,30; 1; 2 e 4 metros de distância
horizontal do ponto de aplicação da carga.
Sabe-se que:
P = (F . A )/z2 Onde;
P = pressão vertical (bar)
F = carga concentrada aplicada (dyn)
A = 3/{2 [1 + (r/z)2]5/2}
r = distância horizontal do ponto de aplicação da carga (m)
z = profundidade (m)
b) Exprimir os valores das pressões verticais no sistema internacional de unidades.
c) Represente os resultados graficamente.

71
CAPÍTULO 7 - A ÁGUA DO SOLO

A água é uma das mais importantes substância da crosta terrestre. Nas formas
líquida e sólida cobre mais de 2/3 da crosta terrestre, e na forma gasosa é constituinte
da atmosfera estando presente em toda parte. A água é uma substância essencial à
agricultura, pois é de vital importância para as plantas. A água utilizada pelas plantas
fica armazenada no solo, sendo fornecida às plantas de acordo com suas necessidades.
Entretanto, a recarga natural deste reservatório é variável, devido à variabilidade na
distribuição das chuvas. Todavia, o uso de irrigação tem contribuído para minimizar a
variabilidade da recarga de água do solo pelas chuvas. Assim, o conhecimento de seu
comportamento em relação ao sistema solo-planta-atmosfera é essencial para estudos
visando a produção vegetal.

7.1. RETENÇÃO DE ÁGUA PELO SOLO


O solo tem a propriedade de atrair e reter a água no estado líquido e em forma
de vapor. A molécula de água apresenta uma distribuição assimétrica de carga, a qual
gera um dipolo elétrico que é responsável por uma série de propriedades físico-
químicas como por exemplo: bom solvente, adsorsão sobre superfície sólida e
hidratação de íons e colóides. Como o solo apresenta cargas elétricas, as moléculas de
água se orientam para serem retidas. Nesta interação solo-água, verifica-se a influência
de forças de adsorsão (forças de coesão e de adesão). Além destas forças, a água do
solo pode ser retida por capilaridade. A capilaridade atua na retenção de água na
região de baixa sucção (solo úmido). Na região de alta sucção (solo seco), as forças de
adsorsão passam a dominar o fenômeno de retenção de água do solo.

7.1.1. Fatores que afetam a retenção de água pelo solo


Os principais fatores que afetam a retenção de água pelo solo são:

72
7.1.1.1. Textura e tipo de argila
Solos argilosos retém mais água do que solos arenosos e solos com argila 2:1
retém mais água do que solos com argila 1:1. A retenção de água a alta sucção (maior
que 1 atm) é influenciada pela textura e superfície específica, sendo que o fenômeno
de adsorsão domina a retenção de água.

7.1.1.2. Matéria orgânica


A matéria orgânica aumenta a capacidade de retenção de água do solo
diretamente e indiretamente através da melhoria das condições físicas do solo, devido
a sua influência na estrutura do solo. Freire e Scardua (1978) observaram que a
retenção de água do horizonte A1 de um Latossolo Roxo distrófico diminuiu quando a
matéria orgânica foi oxidada. Observou-se também que a capacidade de reter água da
matéria orgânica do solo influencia mais os resultados na faixa de baixa sucção.

7.1.1.3. Estrutura do solo


A retenção de água a baixa sucção depende do fenômeno de capilaridade e
distribuição do tamanho de poros, sendo grandemente afetada pela estrutura do solo. O
manejo inadequado do solo pode causar compactação do solo com conseqüente
destruição da estrutura do solo, o que diminuirá a retenção de água a baixa sucção.

7.2. CLASSIFICAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO


A água do solo pode ser classificada segundo Briggs em:

7.2.1. Água gravitacional


Caracterizada por:
- Teor acima da capacidade de campo
- Localizada nos macroporos

73
- Permanência efêmera no solo
- Removida facilmente pela drenagem
- Provoca lixiviação no solo
- Água retida no solo sob sucção abaixo de 0,1 atm

7.2.2. Água capilar


Caracterizada por:
- Teor compreendido entre a umidade higroscópica e a capacidade de campo
- Localizada nos microporos
- Parcialmente permanente no solo
- Não removida pela drenagem
- Água retida no solo sob sucção entre 0,1 e 31 atm
- Atua como solução do solo

7.2.3. Água higroscópica


Caracterizada por:
- Localizada próxima da superfície das partículas do solo
- Permanente no solo
- Removida apenas no estado de vapor
- Água retida no solo sob sucção entre 31 e 10.000 atm
Esta classificação não é mais válida atualmente devido ao fato de que toda
água do solo é afetada pela gravidade da terra e não somente parte da água como
sugerido pela classificação acima. Entretanto, muitos ainda a adota simplesmente por
efeito didático.

74
7.3. CONSTANTES DE UMIDADE
7.3.1. Umidade higroscópica
Umidade higroscópica é a máxima quantidade de água que o solo é capaz de
absorver da atmosfera, em forma de vapor, e manter o equilíbrio com o ambiente. É a
umidade da TFSA.

7.3.2. Umidade de murchamento


É a umidade que o solo mantém quando ocorre o murchamento permanente da
planta. É considerada como sendo a umidade retida a 15 atm. É considerada, ainda,
como sendo o limite inferior da faixa de água disponível para as plantas.

7.3.3. Umidade de equivalente (Ueq)


É a umidade que uma amostra de solo retém quando, depois de saturada, é
submetida durante 30 minutos à centrifugação com velocidade correspondente a 1.000
vezes a gravidade.
Através de sua determinação pode-se estimar o ponto de murcha permanente
(PMP) e capacidade de campo (CC) pelas seguintes expressões:
PMP = 0,68 Ueq e CC = 1,3 Ueq

7.3.4. Capacidade de Campo


É a umidade retida no solo depois que o excesso de água percolante tenha sido
drenado. É considerado como sendo o limite superior da faixa de água disponível para
as plantas. A literatura apresenta diferentes valores para este parâmetro, entretanto,
tem-se usado com mais freqüência 0,33 atm para os solos argilosos e 0,10 atm para os
solos arenosos.

75
7.4. POTENCIAL TOTAL DE ÁGUA NO SOLO
A água pode ser caracterizada na natureza por um estado de energia. A física
clássica reconhece duas formas principais de energia, a cinética e a potencial. Uma vez
que o movimento da água no solo é muito lento, sua energia cinética é em geral
considerada como sendo desprezível. Entretanto, a energia potencial, função da
posição, é muito importante na caracterização de seu estado de energia (Reichardt,
1985). Assim, o potencial total de água é uma medida de sua energia potencial.
A energia da água em um dado ponto no solo é dada pela diferença entre este
estado e o estado padrão. Como estado padrão, tem-se a água pura e livre, submetida a
condições normais de temperatura e pressão e livre de sais minerais e outros solutos.
Para este estado atribui-se arbitrariamente o valor de sua energia como nulo. Assim:
0 (padrão) = 0
Assim, o potencial total de água do solo (T), é dado por:

 T
 =  d = T - 0) = T
 0
Portanto, a diferença de energia entre dois estados é medida através do
trabalho que é realizado quando se passa de um estado para outro. Assim, o potencial
total da água do solo (T), também é definido como sendo o trabalho necessário para
levar a água do estado padrão ao estado considerado no solo.
A diferença de potencial da água entre diferentes pontos dão origem ao
movimento. Este movimento ocorre do lugar de maior potencial para o de menor.
O potencial total de água no solo é composto de uma série de componentes.
Como os processos que ocorrem no solo são aproximadamente isotérmicos, a
componente térmica é considerada desprezível (Reichardt, 1985). Portanto, o potencial
total de água no solo pode ser expresso pela expressão:
Tgpmos ...

76
Onde:
T = potencial total de água no solo
g = potencial gravitacional
p = potencial de pressão
m = potencial matricial
os = potencial osmótico

7.4.1. Potencial gravitacional (g)


A determinação do potencial gravitacional é feita medindo-se a distância
vertical a partir de um referencial arbitrário escolhido antecipadamente ao ponto em
questão. Seu sinal será positivo (+) se o ponto estiver acima do referencial e negativo
(-) se o ponto estiver abaixo do referencial.
O potencial gravitacional está sempre presente e independe das propriedades
do solo. Ele depende somente da distância vertical entre o referencial e o ponto em
questão.
A

15 cm gA= 15 cm

+
Referencial
-

10 cm gB= -10 cm

77
7.4.2. Potencial de pressão (p)
O potencial de pressão aplica-se somente para solos saturados. Portanto, sua
determinação é feita medindo-se a distância do ponto à superfície da água. No campo,
sua determinação é feita usando o piezómetro.

15 cm pA= 0

NA
+

10 cm pB= +10 cm

7.4.3. Potencial de matricial (m)


O potencial matricial é o resultado de forças capilares e de adsorção que
surgem devido à interação entre a água e as partículas sólidas. O potencial matricial
somente existe para a condição de solos parcialmente saturados. Sua determinação é
feita usando-se tensiômetros, unidade de sucção e extrator de placa porosa.
Matematicamente pode ser calculado pelas expressões:
m = - 12,6 h + h1 + h2
ou
m = - 12,6 h + h0
A representação gráfica de h, h0, h1 e h2 pode ser vista na figura abaixo.

78
h

h1

ho
h2

7.4.3.1. Unidades da componente matricial


As unidades usadas na medida da componente matricial são: atmosfera, cm de
coluna d'água, e pF. A unidade pF é definida como sendo o logaritmo decimal da altura
de coluna d'água em cm. Assim, o pF de uma coluna d'água de 1000 cm é igual a 3.

7.4.4. Potencial osmótico (os)


A água do solo é uma solução de sais minerais o que causa o aparecimento do
potencial osmótico. O potencial osmótico torna-se importante no potencial total de
água quando a concentração salina é significante, o que acontece quando a umidade é
baixa e quando existe acumulo de sais em certas regiões, como é o caso das
proximidades de fertilizantes aplicados ao solo e superfície de um solo salino, sujeito a
evaporação intensa.
Na maioria dos solos, porém, a componente osmótica é desprezível,
principalmente quando a umidade do solo não é muito baixa. Concentrações típicas
são 10-3 ou 10-4 mol/L, o que implica em valores desprezíveis da componente
osmótica.

79
O potencial osmótico é determinado usando a seguinte expressão:
os = -RTC
Onde:
R = 0,082 (atm L/mol ok)
T = temperatura absoluta (ok), sabe-se que Tk = 273 + Tc
C = concentração (mol/L)

7.5. CURVA CARACTERÍSTICA DE ÁGUA DO SOLO OU CURVA DE


RETENÇÃO
A curva característica de água do solo é a representação gráfica das relações
umidade-potencial matricial (Figura abaixo).
Sucção (atm)

Umidade (%)

Os aparelhos utilizados para a determinação da curva característica de água do


solo são a unidade de sucção (0 - 0,1 atm), extrator de placa porosa para sucção média
(0,1 - 1,0 atm) e o extrator de placa porosa para sucção alta (1 - 20,0 atm).

80
7.5.1. Características da curva de retenção de água do solo
- São específicas para cada solo, podendo ocorrer variações entre horizontes de um
mesmo perfil do solo
- Para altos teores de umidade há predominância de fenômenos capilares, função da
densidade e da estrutura do solo
- Para baixos teores de umidade há predominância de fenômenos de adsorção,
função da textura e superfície específica do solo
- Desde que a distribuição dos poros quanto ao tamanho não varie com o tempo, a
curva característica de água do solo é única e não precisa ser determinada
anualmente
- Sua representação é feita em papel monolog, pois expande a faixa de baixa sucção
de interesse para a irrigação. Se usar a escala natural, expressar a sucção em pF.
- Permite estimar o potencial matricial conhecendo a umidade ou vice-versa.

7.5.2. Efeito da histerese


A relação entre o potencial matricial e a umidade do solo não é unívoca. Esta
relação pode ser obtida de duas maneiras distintas:

7.5.2.1. Por secamento (curva de secagem ou desorção)


Nesta maneira toma-se uma amostra de solo inicialmente saturada de água e
aplica-se gradualmente e sucessivamente sucções maiores. Faz-se então medidas da
sucção e da umidade.

7.5.2.2. Por molhamento (curva de umedecimento ou sorção)


Nesta maneira toma-se uma amostra de solo inicialmente seca ao ar (TFSA) e
permite-se seu molhamento gradual por redução da sucção. Para cada sucção aplicada
determina-se a umidade da amostra correspondente.

81
Cada método fornece uma curva, mas as duas em geral, são diferentes. Este
fenômeno é denominado histerese (Figura abaixo).

Curva de secagem
(ramo principal)
B
Sucção (atm)

Scanning curve

A
Curva de umedecimento Saturação
(ramo principal)

Umidade (%)

Como se pode verificar a umidade de saturação é a mesma independentemente


do método utilizado. Se uma curva de retenção é obtida por molhamento a partir de um
solo seco, e por exemplo para o ponto A (figura acima) a sucção é aumentada, obtém-
se outra curva representada por AB. Esta curvas intermediárias são denominadas
scanning curves e as duas curvas completas são denominadas ramos principais de
histerese (Reichardt, 1985).
A histerese é atribuída a não uniformidade dos poros, bolhas de ar, contração e
expansão durante os processos de molhamento e secagem do solo (Hillel, 1992).

7.6. EXERCÍCIOS
1) Calcular o valor do potencial total e determine o sentido do fluxo de água
sabendo-se que dois tensiômetros possuem as seguintes características:

82
Tensiômetro A: profundidade de instalação 50 cm, ascensão da coluna de mercúrio
dentro da cuba que se encontra a 20 cm da superfície do solo igual a 20 cm.
Tensiômetro B: profundidade de instalação 100 cm, ascensão da coluna de mercúrio
dentro da cuba que se encontra a 20 cm da superfície do solo igual a 10cm.

2) A concentração da solução de um solo é de 1,5 x 10-3 M. Qual o seu potencial


osmótico a 27 oC.

3) Para a condição abaixo calcular: T, g, m e o p. Considere: referencial de


posição a superfície do solo e o lençol freático a 70 cm de profundidade.

Potencial,  (cm)
-120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40

-10

-30 m
Profundidade (cm)

t
-50
NA
-70

-90
p
-110

4) A coluna de solo abaixo possui uma de suas extremidades mergulhada em água,


conforme figura abaixo. O nível de água é mantido constante e a evaporação foi
evitada por um período suficiente no qual a coluna de solo alcançou o equilíbrio.
Assim, não existe fluxo de água na coluna. Calcule o T, g, m e o p para os
pontos A, B, C, D, E e F da figura.

83
21 cm

D E
15 cm 18 cm
C F
15 cm
B
9 cm
A
6 cm Referência

5) Na coluna de solo abaixo o nível de água é mantido no ponto G e atingiu um


estado de equilíbrio com a água pingando no ponto L, portanto, existe fluxo de
água. Calcule o T, g, m e o p para os pontos G, H, I, J, K, e L da figura.

Referência
G
6 cm
H Coluna d’água
12 cm
I
L
24 cm
18 cm
J K

27 cm

84
CAPÍTULO 8 – DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO

Os métodos de determinação da umidade do solo podem ser classificados em


diretos e indiretos.

8.1. MÉTODO DIRETO


8.1.1. Método da estufa
Este método consiste em se determinar a massa de uma amostra de solo antes e
depois da secagem em estufa a 105 - 110 C durante 24 horas ou até massa constante,
e calcular a umidade pela expressão:
massa de água
U= x 100
massa do solo seco

Um inconveniente deste método é que consome muito tempo sendo inviável a


obtenção dos resultados instantaneamente.

8.1.2. Método do fogareiro calibrado com o método da estufa


Este método consiste em aquecer uma amostra de solo em uma frigideira
durante 15 minutos usando um fogareiro a gaz. Determina-se, então, a umidade
utilizando a expressão do método da estufa. Para corrigir a umidade para o método da
estufa basta usar a expressão obtida por Pacheco e Dias Junior (1990). Esta expressão
é apresentada a seguir:
Uestufa = 0,9778 Ufogareiro - 2,6095 .................. R2 = 0,99093

Como vantagem deste método pode-se citar a facilidade na sua execução, pois
é um método rápido, barato e simples o que permitiria ao produtor rural ter pelo
menos uma idéia da umidade do solo.

85
8.2. MÉTODOS INDIRETOS
Os métodos indiretos envolvem a medição de alguma propriedade do solo que
é afetada pela umidade ou instalando algum objeto dentro do solo, o qual entrará em
equilíbrio com a umidade do solo. Dentre os métodos indiretos pode-se citar:

8.2.1. Método baseado nas propriedades elétricas do solo


Este método baseia-se na correlação da passagem da corrente elétrica e a
umidade do solo. Para a obtenção desta correlação, instala-se no solo corpos porosos
constituídos de um par de eletrodos envoltos por gesso, nylon ou fibra de vidro. As
leituras só devem ser feitas quando estes corpos entrarem em equilíbrio com a
umidade do solo.
Existem dois métodos para a determinação da umidade baseado na medida das
propriedades elétricas do solo, quais sejam:

8.2.1.1. Método de Bouyoucos


Este método usa como corpo poroso um bloco de gesso e mede a resistência à
passagem da corrente elétrica de um solo em função de sua umidade.

8.2.1.2. Método de Colman


Este método usa como corpo poroso um bloco de fibra de vidro revestido por
uma chapa de aço inox e mede a quantidade de corrente elétrica que passa em um solo
em função de sua umidade.
Tanto na instalação quanto no uso destes blocos alguns problemas podem
ocorrer. De acordo com Freire (sem data), os problemas que podem ocorrer são:
- São afetados pela histerese
- Contato entre bloco e solo
- Variação das propriedades hidráulicas do bloco com o tempo

86
- Blocos feitos de fibra de vidro são altamente sensíveis a pequenas variações de
concentração salina da solução do solo. Já nos blocos de gesso isso não acontece,
pois a solução dentro do bloco tem concentração constante e praticamente igual a
de uma solução saturada de sulfato de cálcio.
- Os blocos de gesso deterioram com o tempo devido a sua solubilidade.

8.2.2. Método de Speedy


Este método consiste em medir a pressão exercida pelo gás etino gerado pela
reação do carbureto de cálcio com a água do solo de uma certa quantidade de material
de solo colocado juntamente com o carbureto dentro de uma garrafa metálica, na qual
existe um manômetro acoplado. Com a leitura da pressão e com a quantidade de
material de solo usada, determina-se em uma tabela a umidade do solo. Este método
tem sido muito usado na construção civil.

8.2.3. Método da dispersão de neutrons


De acordo com Hillel (1970), o aparelho utilizado neste método consiste de
duas partes: uma sonda, que é introduzida em um tubo de acesso perfurado no solo e
que contém uma fonte de neutrons rápidos e um detector de neutrons lentos e um
aparelho para medir o fluxo de neutrons lentos.
Resumidamente este método funciona do seguinte modo (Hillel, 1970). Os
neutrons rápidos se dispersam no solo em todas as direções. Em sua trajetória, os
neutros rápidos encontram vários corpos no solo e com eles colidem, perdendo
gradualmente a sua energia cinética. A perda de energia é máxima sempre que o
neutron colide com os núcleos de hidrogênio da água. Alguns dos neutrons que foram
desacelerados retornam à sonda onde são contados por um medidor de neutrons lentos.
Observou-se, então, que a densidade de neutrons lentos formada perto da sonda é
proporcional à concentração de hidrogênio no solo e, portanto, mais ou menos

87
proporcional à umidade do solo. Se o solo estiver seco a nuvem de neutrons lentos ao
redor da sonda será menos densa do que para solos úmidos e estenderá a uma distância
maior da fonte de neutrons. Em geral, o raio de influência da sonda é menor do que 10
cm para solos úmidos e maior do que 25 cm para solos secos. Por questão de
segurança, a sonda de neutrons deve ser transportada dentro de um recipiente
cilíndrico preenchido com chumbo e algum material com hidrogênio (parafina ou
polietileno), designado a prevenir o escape de neutrons rápidos. O uso impróprio ou
excessivo do equipamento pode ter efeitos desastrosos. O perigo de ser exposto a
radiação depende da potência da fonte, da qualidade do cilindro protetor, da distância
do operador à fonte e da duração do contato. Com a observância das normas de
segurança o equipamento pode ser usado sem riscos à saúde.

8.2.4. Método da radiação gama


Este método baseia-se na absorção de raios gama pelo solo. O grau de
atenuação dos raios gama correlaciona-se com as mudanças na umidade do solo.
Assim, utilizando a equação de atenuação e desprezando o efeito do ar, pode-se
calcular a umidade do solo pela seguinte expressão:
Im/I0 = exp [-S (s b + w ) - 2 S' c c]

Onde:
Im/I0 = razão do fluxo transmitido e o incidido
c, s, w = coeficientes de atenuação do recipiente, solo e água, respectivamente
 = umidade do solo em g cm-3
c = densidade do recipiente
S' = espessura da parede do recipiente
b = densidade do solo
S = espessura da coluna de solo

88
8.2.5. Método TDR (Time Domain Reflectometry)
O TDR é um método indireto de determinação da umidade do solo, o qual
baseia-se na determinação das características de propagação das ondas
eletromagnéticas no solo. O sistema consiste de um transmissor/receptor de ondas,
cabos e hastes metálicas de comprimento conhecido que servem para conduzir as
ondas. No final da linha de transmissão o sinal é refletido. O tempo de viagem da onda
depende das propriedades dielétricas do meio. Portanto, o TDR permite medir o tempo
de viagem do sinal com o qual pode-se calcular a constante dielétrica do solo. De
posse da constante dielétrica do solo calcula-se a umidade do solo usando as seguintes
equações (Topp et al., 1980).
Ka = (c . t/2 . L)2

Onde:
Ka = constante dielétrica do solo
c = velocidade de propagação da onda eletromagnética no espaço livre (3 x 1010 m/s)
t = tempo de viagem da onda
L = comprimento da haste metálica
e
 = -0,053 + 0,029 Ka - 5,5 x 10-4 Ka2 + 4,3 x 10-6 Ka3
Onde:
 = umidade volumétrica (m3 m-3)
Com algumas vantagens deste método podemos citar (Pierce, 1991):
- Operação segura
- É possível fazer medições na superfície do solo
- Possibilita medições em qualquer condição de umidade, apresentando algum
problema quando o solo está muito seco ou próximo à saturação
- Permite medições no campo e no laboratório

89
- Fácil transporte (portátil), instalação e calibração
- Permite medições contínua
- Permite medições no sentido horizontal, vertical e inclinado

8.3. EXERCÍCIOS
1) Uma amostra de solo possui umidade gravimétrica de 5%. Quantos gramas de
água e quantos centímetros cúbicos (Dágua = 1 g cm-3) serão necessários para
passar a umidade de 3 kg deste solo a 20% gravimétrica.

2) O peso úmido de uma amostra de solo coletado no campo foi de 350 g e o peso
seco em estufa a 105 - 110 oC de 300 g. O volume do cilindro amostrador é de
250 cm3. Calcular a umidade gravimétrica e volumétrica.

3) Determinar a porosidade livre de água do solo do exercício anterior. Considerar


Dp = 2,65 g cm-3

4) A umidade gravimétrica de saturação de um solo é 35%. O peso de 600 cm3 do


solo saturado é de 1053 g e quando seco em estufa a 105 - 110 oC 780 g.
Determinar a porosidade total do solo.

5) Se o solo do exercício anterior for parcialmente drenado a 150 g de água, qual o


seu grau de saturação após a drenagem? Qual a sua umidade volumétrica? Qual a
porosidade livre de água quando sua umidade gravimétrica for igual a 19,2%?

90
CAPÍTULO 9 – MOVIMENTO DA ÁGUA EM UM SOLO SATURADO

9.1. Movimento da água em uma coluna horizontal


A Figura abaixo representa uma coluna de solo horizontal e alongada, através
da qual ocorre um fluxo contínuo de água, da esquerda para a direita, vindo de um
reservatório mais elevado e passando para outro situado em nível mais baixo. Em
ambos os reservatórios o nível da água é conservado constante.

H

Hpi L
Hpo
Coluna
de solo
Hi
Ho

Hgo
Hgi

Nível de Referência

O regime de descarga Q (volume V que flui através da coluna na unidade de


tempo) é proporcional à diferença entre as alturas de carga H e a área da seção
transversal e inversamente proporcional ao comprimento L da coluna. Assim temos:
Q = V/t  A (H/L)
Q  A (H/L) (H/L)=i

no lugar do sinal de proporcionalidade, introduz uma


constante K, assim:
Q=KiA
Onde:
H = Hi - Ho

91
Hi = altura da entrada de água na coluna de solo em relação a um referencial
Ho = altura da saída de água na coluna de solo em relação a um referencial
Se H = 0, não haverá movimento de água.
A redução da altura por unidade de distância, na direção do fluxo (H/L), é
denominado gradiente hidráulico, que é a força que conduz o líquido da coluna.
A vazão específica Q/A, é chamada de fluxo e é representada pela letra q.
Assim temos:
q = Q/A = V/(A . t)  H/L

A constante de proporcionalidade K é chamada de condutividade hidráulica.


Assim a Lei de Darcy pode ser expressa por:
q = - K (dH/dx)

A lei de Darcy é válida para escoamento laminar, isto é, o deslizamento de


lâminas paralelas do fluido umas sobre as outras ocorre sem turbulência.
Se a superfície do solo ou amostra for tomada como zero os valores da
profundidade são números negativos. O fluxo para cima será considerado positivo e
para baixo será negativo.

9.2. Altura gravitacional, altura de pressão e altura total


Na Figura 1, a água que entra na coluna está sob a pressão Pi, que é soma da
pressão hidrostática (Dw . g . Hpi) com a pressão atmosférica que atua sobre a
superfície da água. Como a pressão atmosférica é praticamente constante, pode-se
desconsiderá-la. Dessa maneira, a pressão da água na entrada é a pressão hidrostática.
Uma vez que Dw e g são praticamente constantes a pressão hidrostática pode ser
expressa em termos da altura de pressão Hpi.

92
O movimento de água em uma coluna horizontal ocorre em resposta ao
gradiente da altura de pressão. O movimento em uma coluna vertical pode ser
produzido tanto pela gravidade quanto pela altura de pressão. A altura gravitacional
(Hg) em qualquer ponto é determinada pela altura do ponto em relação a qualquer
plano de referência, ao passo que a altura de pressão é determinada pelo comprimento
da coluna d'água que se apoia sobre tal ponto.
A altura total (H) é constituída pela soma dessas duas alturas. Assim,
H = Hp + Hg

Portanto, para aplicar a Lei de Darcy ao movimento vertical devemos


considerar a altura total na entrada (Hi) e na saída (Ho). Assim podemos escrever:
Hi = Hpi + Hgi
Ho = Hpo + Hgo
sendo portanto H = Hi - Ho
É conveniente situar o plano de referência na base da coluna vertical, de modo
que o potencial gravitacional seja sempre positivo. Já o potencial de pressão
corresponderá à altura da coluna d'água sobre o ponto e será também positivo.

9.3. Movimento da água em uma coluna vertical


9.3.1. Movimento da água em uma coluna vertical de cima para baixo
A figura abaixo é uma coluna vertical de solo uniforme e saturado, cuja face
superior está sob a ação de uma coluna de água de altura constante H1 e cuja face
inferior está em contato com a água de um reservatório de nível constante. A água se
movimenta através da coluna de comprimento L do reservatório superior para o
inferior.

93
Água

H1
Z=L
Profundidade=0
H S L
O
L
O

Profundidade=-L
Z=0 Ref.  g+

Para calcularmos o fluxo através da Lei de Darcy, devemos proceder como a


seguir:
Hi = Hpi + Hgi = H1 + L
Ho = Hpo + Hgo = 0 + 0 = 0
Assim H = Hi - Ho = H1 + L - 0 = H1 + L

Aplicando a Lei de Darcy vem:


q = - K (dH/dx) = - K {(H1 + L)/[0 -(-L)]} = - K (H1 + L)/L
Onde:
dH Hi-Ho H1+L H1+L
dx xi-xo 0-(-L) L

dx: distância
L: profundidade. Não confundir com potencial gravitacional “L”
O sinal negativo indica que o fluxo (q) é para baixo. Se a H1 for desprezível o
fluxo é igual à condutividade hidráulica saturada.

94
9.3.2. Movimento da água em uma coluna vertical de baixo para cima
A figura abaixo é uma coluna vertical de solo uniforme e saturado, cuja face
superior está sob a ação de uma coluna de água de altura constante H1 e cuja face
inferior está em contato com a água de um reservatório de nível constante. A água se
movimenta através da coluna de comprimento L do reservatório superior para o
inferior.

H
Profundidade 0
Z=L

H1 S
O
L L H0
O

Z=0 Ref.
Profundidade -L

Para calcularmos o fluxo através da Lei de Darcy, devemos proceder como a


seguir:
Hi = Hpi + Hgi = H1 + 0
Ho = Hpo + Hgo = 0 + L = L
Assim H = Hi - Ho = H1 - L

Aplicando a Lei de Darcy vem:


q = - K (dH/dx) = - K {(H1 - L)/[-L -(0)]} = + K (H1 - L)/L

O sinal positivo indica que o fluxo (q) é para cima.

95
9.4. VELOCIDADE DO ESCOAMENTO E TORTUOSIDADE
A velocidade real do escoamento no solo não é uniforme pois existem poros de
diferentes diâmetros. Além disso, o líquido no centro do poro pode mover-se mais
rápido do que o próximo das paredes, devido à viscosidade. Por estes motivo a
velocidade de escoamento é considerada como sendo uma velocidade média. Esta
velocidade média pode ser totalmente diferente do fluxo devido ao escoamento não ter
ocorrido em toda a área da seção transversal A, devido, parte desta, estar obstruída
pelas partículas sólidas do solo. Assim, a área de escoamento é menor do que a área
total A, o que implica que a velocidade média é maior do que o fluxo.
Um outro aspecto a considerar é que o percurso percorrido pelo líquido
durante o escoamento é maior do que a distância L, em virtude da tortuosidade dos
poros, resultando, portanto, em diferentes valores da velocidade média e do fluxo.
Entende-se por tortuosidade a relação entre o percurso aparente e a distância
realmente percorrida pela água.

9.5. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA


A condutividade hidráulica é a razão entre o fluxo e o gradiente hidráulico
(figura abaixo).

Solo Arenoso
Fluxo q

Solo Argiloso

Gradiente Hidráulico H
x

96
As dimensões da condutividade hidráulica é a mesma do fluxo uma vez que o
gradiente hidráulico é adimensional. Seu valor para um solo arenoso varia de 10-2 a 10-
3
cm/seg enquanto para um solo argiloso seu valor varia de 10-5 a 10-7 cm/seg.
A condutividade hidráulica depende da porosidade total do solo, da
distribuição dos poros e da tortuosidade, além da viscosidade e da densidade do fluido
que escoa.

9.6. DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA


A condutividade hidráulica de um solo pode ser obtida através de métodos
diretos e indiretos. A seguir serão apresentados somente os métodos diretos.
Informações sobre os métodos indiretos poderão ser obtidas em Holtz e Kovacs
(1981).

9.6.1. Métodos diretos


Os métodos diretos são aqueles que fornecem o valor da condutividade
hidráulica através de ensaios de laboratório ou in situ.
Os ensaios realizados em laboratório são: permeâmetro de carga constante e
permeâmetro de carga variável.

9.6.1.1. Ensaio de carga constante


O equipamento utilizado neste ensaio está esquematizado na figura abaixo:

97
NA

A amostra de solo é acondicionada no permeâmetro, tendo-se o cuidado de


procurar não criar caminhos preferenciais de percolação. Os níveis de água de
montante e de jusante são mantidos constantes durante a realização do ensaio, de
forma a se ter sempre uma diferença de carga total h. A água é deixada percolar
através do corpo de prova, até que haja a saturação do corpo de prova. Pode-se
considerar que o corpo de prova está saturado quando os tempos de percolação de um
certo volume de água forem iguais. Nesta condição, a condutividade hidráulica ou
coeficiente de permeabilidade pode ser determinado aplicando-se a Lei de Darcy.
Assim tem-se:
K = (V . L)/(A . h .t)

Onde:
K = condutividade hidráulica ou coeficiente de permeabilidade (cm/seg)
V = volume de água percolante no tempo t (cm3)
L = altura do corpo de prova (cm)
A = área transversal do corpo de prova (cm2)

98
h = h = altura da carga constante durante o ensaio (cm)
t = tempo decorrido para percolar o volume V (seg)

9.6.1.2. Ensaio de carga variável


O equipamento utilizado neste ensaio está esquematizado na figura abaixo:

NA

(dh,t)

NA
ho

NA
SOLO L

Neste ensaio a amostra também é saturada sendo, entretanto, aconselhável


para solos menos permeáveis (K < 10-7 cm/seg).
O ensaio é realizado deixando a água contida no tubo de carga percolar da
posição inicial h0 até a posição final hf, determinando-se o tempo necessário para que
isso ocorra. Para o cálculo da condutividade hidráulica saturada aplica-se então a
seguinte expressão:
K = [(a . L)/(A . t)] ln (h0/hf)
ou em termos de log10
K = [2,3 (a . L)/(A . t)] log (h0/hf)

99
Onde:
a = área interna do tubo de carga (cm2)
h0, hf = altura da carga nos instantes inicial e final (cm)
Calculando a condutividade hidráulica a uma temperatura T oC, o mesmo deve
ser calculado a uma temperatura de 20 oC, através da relação:
K20 = KT (T/20)
Onde:
K20 = condutividade hidráulica a 20 oC
KT = condutividade hidráulica a T oC
T = viscosidade da água a T oC
20 = viscosidade da água a 20 oC

100
CAPÍTULO 10 - MOVIMENTO DA ÁGUA EM UM SOLO
NÃO SATURADO

O fluxo de água denomina-se não saturado quando ele ocorre no solo em


qualquer condição de umidade abaixo do valor da umidade de saturação. A maioria
dos processos que ocorrerem em solos agrícolas ocorrem em condições não saturada.
Nestas condições, processos de escoamento são mais complicados uma vez que
durante o escoamento pode ocorrer variações nas relações umidade do solo e sucção,
que podem afetar a condutibilidade dos solos. A formulação e solução de problemas
relativos ao escoamento não saturado exige, muitas vezes, o uso de métodos
complexos de análise matemática e, muitas vezes, requer técnicas aproximadas de
computação.
Basicamente, a força causadora do movimento da água no solo saturado é o
gradiente de um potencial de pressão, enquanto na condição não saturada é o gradiente
de um potencial de sucção, o que é equivalente a um potencial de pressão negativo. A
diferença mais importante entre o escoamento em um solo saturado e o de um solo não
saturado é a condutibilidade hidráulica. Quando o solo está saturado, todos os poros
estão cheios e conduzindo água de maneira que a condutibilidade é máxima. Quando o
solo é não saturado, alguns poros tem a água substituída por ar, diminuindo a área dos
poros do solo utilizada para o escoamento. Além disso, à medida que a sucção se
desenvolve, os poros maiores e de maior condutibilidade são os primeiros que se
esvaziam, deixando a água apenas nos poros menores que apresentam maior
resistência ao escoamento. Assim, o escoamento persiste por mais tempo em solos
argilosos do que em solos arenosos. Desta forma, a existência de uma camada de areia
em um perfil de textura fina, em vez de intensificar a drenagem, pode na realidade
impedir o movimento da água até que esta se acumule e determine a redução da sucção
o suficiente para saturar os grandes poros da areia.

101
A Lei de Darcy para os solos não saturados inclui o potencial mátrico do solo
em vez do potencial de pressão para a condição saturada, assim a condutividade
hidráulica depende da umidade do solo. Assim tem-se:
q = - Kw (dH/d x)

A altura total (H) é constituída pela soma dessas duas alturas. Assim,
H = Hm + Hg

10.1. CONDUTIBILIDADE HIDRÁULICA EM SOLO NÃO SATURADO


A condutividade hidráulica não saturada é a razão entre o fluxo e o gradiente
hidráulico. Entretanto, a inclinação da linha gradiente versus fluxo varia com a sucção
(figura abaixo).

H=0
H=-10 cm
K=Ks
H=-50 cm

H=-300 cm
Fluxo q

Gradiente de sucção H/x

À medida que a sucção aumenta, cada vez um número maior de poros são
esvaziados, diminuindo, consequentemente, a condutibilidade hidráulica (figura
abaixo).

102
Solo Arenoso

Condutividade Hidráulica
Solo Argiloso

Sucção

Nesta figura pode-se observar que, embora a condutibilidade de um solo


arenoso seja maior do a de um solo argiloso, quando saturado, a condutibilidade decai
abruptamente assim que o solo deixa de ser saturado, adquirindo, portanto, uma
condutibilidade menor do que a do solo argiloso. Isso pose ser explicado pelo fato de
que os solos arenosos possuem a maioria de seus poros grandes que uma vez drenados,
deixam o solo praticamente sem condição de transportar água devido ao aumento da
sucção, com conseqüente redução na umidade do solo. Já os solos argilosos possuem
poros pequenos e contínuos capazes de conduzir água ao longo do tempo causando,
portanto, uma condutibilidade maior do que os solos arenosos. Assim, os solos
argilosos são caracterizados por apresentarem uma diminuição muito mais lenta da
condutibilidade quando a umidade se reduz ou quando a sucção aumenta.

10.2. OUTRAS EQUAÇÕES UTILIZADAS PARA O CÁLCULO DA


CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA NÃO SATURADA
Diversos pesquisadores propuseram diversas equações para estimar a
condutividade hidráulica não saturada do solo. Entre elas destacam-se:
K = a/m
K = a/(b + m)

103
K = Ks/[1 + (/c)m]
K=am
K = Ks Sm = Ks ( /f)m
Onde:
K = condutividade hidráulica não saturada
Ks = condutividade hidráulica saturada
a, b, m = constantes
 = umidade volumétrica
 = altura de sucção mátrica
c= altura de sucção quando K = Ks/2
S = grau de saturação
f = porosidade

10.3. DIFUSIVIDADE
A difusividade pode ser calculada como segue:
D() = K()/C()
Onde:
D() = difusividade
K() = condutividade hidráulica não saturada em função da umidade
C() = conteúdo específico de água, que é definido como sendo o inverso da
declividade da curva característica de água do solo em um determinado ponto. Assim:
C() = d /d.

104
10.4. EXERCÍCIOS
1) Considere o experimento original de Darcy como mostrado na figura abaixo. A área
da seção transversal é igual a 100 cm2 e o volume de água coletada em 10 horas foi
igual a 500 cm3. Calcular a condutividade hidráulica saturada e o fluxo.

12 cm
água
A

solo 15 cm
solo
B Ref.

2) Calcular a condutividade hidráulica saturada e o fluxo para as seguintes condições,


sabendo-se que a área da seção transversal é igual a 10 cm2 e o volume de água
coletada em 1 hora foi igual a 30 cm3.
a)


B
150 cm
SOLO
50 cm 50 cm

A Ref.

105
b)

100 cm 

50 cm

A Solo B

20 cm 50 cm
Nível de Referência

Para a condição acima calcular o potencial total em um ponto C situado a 10


cm à direita de A.

3) Calcule a condutividade hidráulica não saturada para a condição abaixo sabendo


que:
- potencial matricial no ponto A igual a -10 cm e no ponto B igual a -100 cm.
A área da seção transversal é igual a 10 cm2 e o volume de água coletada em
104 segundos foi igual a 104 cm3.

A
Prof. Solo (cm)

-5

-10 10 cm

-15  B

4) Considere a mesma situação do exercício 3, exceto  mB = -50 cm,  mA = -10 cm e


condutividade hidráulica igual a 1,5 x 10-2 cm/s, calcule o valor do fluxo.
Determine também a direção do fluxo.

106
5) Se a condutividade hidráulica de um solo é igual a 1,5 x 10-4 cm/s para uma
umidade volumétrica de 30% e a inclinação da curva característica de água do solo
igual a 10 cm/0,01, calcule a difusividade para esta umidade.

107
CAPÍTULO 11 - INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO

Denomina-se infiltração o processo pelo qual a água entra no solo. Este


processo é de grande importância prática, pois a velocidade de infiltração influencia o
volume do escorrimento superficial e, consequentemente, o processo de erosão do solo.
Além disso, no planejamento de sistemas de irrigação é necessário que se tenha
conhecimento do processo de infiltração.
Muitos fatores influenciam a velocidade de infiltração, incluindo as condições
da superfície do solo, sua cobertura vegetal, as propriedades do solo, como a
porosidade, a condutividade hidráulica e a umidade atual.

11.1. FATORES QUE AFETAM A INFILTRAÇÃO


11.1.1. Umidade atual
Quanto mais úmido estiver o solo no início da infiltração, menor será a
infiltrabilidade inicial, devido aos gradientes de sucção serem mais fracos, e mais
rapidamente será atingido o regime final no qual a infiltrabilidade é constante. Já nos
solos secos, a infiltração é geralmente alta no início do processo e diminui
gradativamente até atingir o regime constante (figura abaixo).

Solo inicialmente seco


Infiltração

Solo inicialmente úmido


Tempo

108
A infiltrabilidade do solo também chamada capacidade de infiltração é
definida como sendo o fluxo máximo que o solo pode absorver através de sua
superfície, quando a água é aplicada sob a pressão atmosférica.

11.1.2. Condutividade hidráulica


Quanto mais elevada a condutividade hidráulica saturada de um solo, mais
elevado tenderá ser seu regime final de infiltração, ou seja, maior será a quantidade de
água a ser infiltrada quando o regime final for atingido.

11.1.3. Condições da superfície do solo


Quando a superfície de um solo é muito porosa, a infiltrabilidade inicial é alta,
entretanto, a infiltrabilidade final permanece inalterada, pois ela é função da
condutividade hidráulica do solo. Entretanto, em solos compactados ou com
encrostamento superficial, a infiltrabilidade inicial é baixa, pois a camada compactada
ou crosta funciona como uma barreira hidráulica.

11.1.4. Presença de diferentes camadas no perfil do solo


As camadas de textura ou estrutura diferentes da do solo que esta acima delas,
pode retardar o movimento da água durante a infiltração. A camada de argila impede o
movimento da água devido a sua menor condutividade no estado de saturação,
enquanto que a camada de areia retarda o movimento da água em condição de não
saturação devido a sua menor condutividade não saturada. O movimento da água em
uma camada de areia seca ocorre apenas depois que a altura de pressão elevar-se o
suficiente para que a água penetre e encha os poros grandes da areia.

11.2. INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO


Dependendo da intensidade da chuva, três situações podem ocorrer:

109
a) A intensidade da chuva exceder a infiltrabilidade do solo - neste caso o processo de
infiltração ocorre na sua capacidade máxima, ou seja, o fluxo de água é igual à
condutividade hidráulica saturada do solo, considerando-se a altura de água
acumulada na superfície do solo desprezível.
b) A intensidade da chuva é menor do que a infiltrabilidade inicial do solo e maior que
a infiltrabilidade final - neste caso o solo absorverá água em um regime menor do
que seria capaz e o fluxo de água no solo ocorrerá em condições de não saturação.
À medida que a infiltrabilidade diminui, a superfície do solo se satura e dai em
diante o fluxo de água passa a ser igual à condutividade hidráulica saturada do
solo.
c) A intensidade da chuva permanece sempre menor do que a infiltrabilidade - neste
caso o solo continuará a absorver a água tão rapidamente quanto for aplicada, sem
nunca atingir a saturação. Após um longo período de aplicação de água, os
gradientes de sucção se tornarão insignificantes e o perfil molhado atingirá uma
umidade para a qual a condutibilidade será igual ao regime de aplicação de água.

11.3. PERFIL DA DISTRIBUIÇÃO DA UMIDADE DO SOLO DURANTE A


INFITRAÇÃO
A distribuição da umidade dentro do perfil do solo é ilustrada na figura
abaixo:
Umidade

Zona de saturação
Profundidade

Zona de
transmissão

Zona de
umedecimento
Frente de umedecimento

110
Como pode-se observar nesta figura existem quatro zonas: a zona saturada
próxima à superfície, a zona de transmissão de fluxo não saturado e de umidade
constante, a zona de umedecimento na qual a umidade decresce com a profundidade e a
frente de umedecimento onde a variação da umidade com a profundidade é tão abrupta
que aparenta uma descontinuidade entre o solo úmido acima e o solo seco abaixo.

11.4. EQUAÇÕES DE INFILTRABILIDADE


Antes de introduzirmos as equações de infiltrabilidade é necessário
entendermos o conceito da velocidade de infiltração (f), expressa em cm/h, a qual
expressa a velocidade na qual a água entra no solo através de sua superfície. Se a água
empoça na superfície do solo a infiltração é máxima e a velocidade de infiltração é
denominada velocidade de infiltração potencial. A infiltração acumulada (F) é a
quantidade de água infiltrada acumulada durante um dado período de tempo (figura
abaixo).
Infiltração Acumulada (F)
Veloc. de Infiltração (f) e

f0
F

fc f

Tempo

Portanto, tem-se:
t
F(t) =  f(t) dt ou f(t) = dF(t)/dt
0

A seguir serão apresentadas as equações mais usadas no cálculo da


infiltrabilidade:

111
11.4.1. Equação de Horton
Uma das primeiras equações foi desenvolvida por Horton (1933, 1939), o qual
verificou que a infiltração inicia a uma certa velocidade (fo) e exponencialmente
decresce quando o tempo aumenta, até atingir uma velocidade constante (fc), figura
acima. Assim tem-se:
f(t) = fc + (fo - fc) e-at
Onde:
f(t) = velocidade de infiltração em um determinado tempo
fc = velocidade de infiltração constante
fo = velocidade de infiltração inicial
a = constante
t = tempo

A infiltração acumulada pode ser determinada pela expressão:


F(t) = fc . t + [(fo - fc)/a] (1 - e-at)

11.4.2. Equação de Phillip


Phillip (1957, 1969) propôs a seguinte equação para a condição de infiltração
vertical:
F(t) = S . t1/2 + K . t
Onde:
1/2
S = sortividade (cm/min1/2) e S = [ s - i) . x]/t

s = umidade volumétrica de saturação (cm3 cm-3)


i = umidade volumétrica inicial (cm3 cm-3)
x = distância de avanço da frente de umedecimento à fonte (figura abaixo) (cm)
t = tempo (minuto)

112
K = condutividade hidráulica (cm/min)

Umidade Volumétrica
i s

Distância da fonte de Água x

Por diferenciação vem:


f(t) = (1/2) S . t-1/2 + K
Quando t  , f(t) tende para K
Na infiltração horizontal a sucção é a única pressão atuando sobre a água e a
equação de Phillip reduz-se a:
F(t) = S . t1/2

11.4.3. Equação de Green - Ampt


Green - Ampt (1911) propôs as seguintes equações para a infiltração f(t), e
para a infiltração acumulada:
f(t) = K {[( . )/F(t)] + 1}
e
F(t) = K . t +  .  . ln {1 + [F(t)/( . )]}
Onde:
f(t) = velocidade de infiltração em um determinado tempo
K = condutividade hidráulica
 = sucção na frente de molhamento

113
 = variação na umidade volumétrica
F(t) = infiltração acumulada
t = tempo

Sabendo-se K, t, , e , uma boa estimativa do valor de F(t) é substituir o


F(t) do lado direito da equação acima por F(t) = K . t, e um novo valor de F(t) é
calculado para o lado esquerdo da equação, o qual é substituído no lugar do F(t) do
lado direito, e assim por diante até que o F(t) calculado convirja para um valor
constante. O valor final de F(t) é, então, substituído na equação de f(t). Este
procedimento de solução é conhecido por método da substituição sucessiva.
O parâmetro  pode ser calculado pela equação:
  = (1 - Se) e
Onde:
Se = saturação efetiva, e Se = ( - r)/(n - r)
 = umidade volumétrica
r = umidade volumétrica residual (é a umidade do solo após ele ter sido totalmente
drenado)
n = porosidade total
e = porosidade efetiva e e = n - r
Os valores de n, e,  e K podem ser obtidos na seguinte tabela proposta por
Green - Ampt.

Sucção na
Condutividade
Porosidade frente de
Porosidade hidráulica

114
Classe de Solo n efetiva molhamento K (cm/h)
e  (cm)
Areia 0,437 0,417 4,95 11,78

Areia franca 0,437 0,401 6,13 2,99

Franco arenoso 0,453 0,412 11,01 1,09

Franco 0,463 0,434 8,89 0,34

Franco siltoso 0,501 0,486 16,68 0,65

Franco argilo 0,398 0,330 21,85 0,15


arenoso
Franco argiloso 0,464 0,309 20,88 0,10

Franco argilo 0,471 0,432 27,30 0,10


siltoso
Argila arenosa 0,430 0,321 23,90 0,06

Argila siltosa 0,479 0,423 29,22 0,05

Argila 0,475 0,385 31,63 0,03

11.5. EXERCÍCIOS
1) Determinar a sortividade de um solo para as seguintes condições: i = 0,10 ; s =
0,50 e a frente de molhamento avançou 10 cm da fonte em 16 minutos. A
condutividade hidráulica saturada do solo é igual a 10-2 cm/min.

2) Em uma coluna se solo saturado e colocado na posição horizontal obtém-se F(t) =


2,5 cm em 0,25 horas. Se a condutividade hidráulica saturada do solo é igual a 0,4
cm/h, determine a infiltração acumulada em 30 minutos se a coluna for colocada na
posição vertical.

115
3) Supondo que os parâmetros da equação de Horton são fo = 3,0 cm/h, fc = 0,53
cm/h e a = 4,182 h-1, determine a velocidade de infiltração e a infiltração
acumulada após 0; 0,5; 0,75; 1,0; 1,5; e 2,0 h. Plote ambos em função do tempo.
Plote a velocidade de infiltração em função da infiltração acumulada.

4) A velocidade de infiltração no inicio de uma chuva foi fo = 4,0 cm/h e decresceu


para 0,5 cm/h após 2 horas. A infiltração acumulada neste período foi de 1,7 cm.
Determine o valor de a da equação de Horton.

5) A velocidade de infiltração em função do tempo é apresentada abaixo:

Tempo (h) 0 0,07 0,16 0,27 0,43 0,67 1,0 1,10

Veloc. Infiltração 0,26 0,21 0,17 0,13 0,09 0,05 0,03 0,03
(cm/h)

Determine os valores de fo, fc e a da equação de Horton para esta condição.

6) Para um solo franco arenoso, calcule a velocidade de infiltração (cm/h) após uma
hora se a saturação efetiva inicial é 40% usando a equação de Green - Ampt.

116
CAPÍTULO 12 - REDISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAMENTO DE
ÁGUA NO SOLO

Quando a chuva ou irrigação cessa, o processo de infiltração termina, pois a


reserva de água da superfície do solo se esgota. O movimento de água dentro do perfil
não termina imediatamente e pode, muitas vezes, persistir por muito tempo. As
camadas de solo que foram molhadas durante o processo de infiltração, quase ou
totalmente saturadas, não retém todo o seu teor de água e parte dessa água se move
para as camadas mais profundas sob a influência da gravidade e dos gradientes de
sucção. Este movimento pós-infiltração é denominado de drenagem interna ou
redistribuição. Este processo se caracteriza por aumentar a umidade das camadas
mais profundas através da percolação de parte da água contida nas camadas
superficiais.
Em alguns casos, a velocidade de redistribuição diminui rapidamente
tornando-se desprezível após um ou dois dias, dando a impressão que daí em diante o
solo parece reter sua umidade, a não ser que haja evaporação ou retirada do perfil
pelas raízes das plantas. Todavia, em outras situações, a redistribuição pode continuar
com uma intensidade apreciável por muitos dias ou mesmo semanas.
A velocidade e a duração da redistribuição determinam a capacidade efetiva de
armazenamento do solo, propriedade esta de vital importância para as plantas, por ser
um fenômeno temporário, devido à natureza dinâmica do movimento de água no solo.

12.1. DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE REDISTRIBUIÇÃO


O processo de redistribuição pode ocorrer na presença de um lençol freático
próximo à superfície do solo ou pode ocorrer onde o lençol não existe ou está muito
profundo não afetando o estado e o movimento da água na zona radicular.

117
Onde os lençóis (plano freático) são rasos, a água do solo abaixo dele se
encontra sob uma pressão maior do que a atmosférica, e acima dele a água do solo se
encontra sob sucção. O processo de redistribuição na presença de um lençol freático
tende ao estado de equilíbrio no qual a sucção em cada ponto corresponde à sua altura
acima do nível livre de água.
Na ausência de lençol freático e desde que o solo seja suficientemente
profundo, o perfil ao final do processo de infiltração consiste de uma zona úmida na
parte superior do perfil e de uma zona seca na parte inferior (Figura abaixo). Nesta
condição, as camadas mais profundas retiram água das camadas superiores. Assim em
um solo seco os gradiente de sucção são grandes e a redistribuição é rápida. Já num
solo úmido os gradiente de sucção são pequenos e a redistribuição se processa sob a
ação da gravidade.

wi Teor de água w
4
14 1 0
Profundidade do solo

0
1
4

14

A umidade da zona superior é dependente do tempo (figura abaixo). Para um


solo arenoso, o valor da condutividade hidráulica cai rapidamente para um valor
insignificante com o decorrer do tempo, enquanto num solo argiloso a redução da
condutividade hidráulica é mais lenta e o processo de redistribuição persiste por mais
tempo.

118
Saturação

Teor de água
Solo argiloso

Capacidade
de campo
Solo arenoso

1 2 3 4 5 6 7
Tempo pós-infiltração (dias)

12.2. ANÁLISE DO PROCESSO DE REDISTRIBUIÇÃO

Após a cessação da infiltração e na ausência de evaporação o armazenamento


de água no solo pode ser determinado pela seguinte expressão:
zf
A =   dz
zi

Onde:
A = armazenamento (cm)
 = umidade volumétrica (cm3 cm-3)
dz = espessura (cm)
Esta integral pode ser resolvida de duas maneiras apresentadas a seguir:

12.2.1. Método de Euler


Considerando a figura abaixo tem-se:

n
A =  i z
i=1

119
 (cm3 cm-3)
i
z

z

Profundidade (cm) z

z

12.2.2. Método do trapézio


Considerando a figura acima tem-se:
n
A =  Área do trapézio
i=1

ou
n
A =  (Área do retângulo + área do triângulo)
i=1

12.3. CAPACIDADE DE CAMPO


Como já foi mencionado, o fluxo e as variações de umidade do solo decrescem
com o tempo de tal forma que o fluxo torna-se desprezível ou mesmo cessa depois de
alguns dias. A umidade do solo na qual a drenagem interna praticamente cessa é
denominada capacidade de campo. Entretanto, questionamentos como quando e
como se pode determinar que o fluxo tornou-se desprezível ou mesmo cessou coloca
em dúvida a precisão desta determinação. Para tentar minimizar estes questionamentos

120
sobre a determinação da capacidade de campo, deve-se levar em consideração que este
valor é específico para um determinado tipo de solo, a uma profundidade específica e
com as condições de evapotranspiração controlada.
Os solos a que este conceito mais se adaptam são os solos de textura grossa,
nos quais a condutividade hidráulica decresce rapidamente com a diminuição da
umidade do solo e o fluxo torna-se pequeno rapidamente. Em solos de textura média e
fina, o processo de redistribuição pode persistir de maneira apreciável por vários dias
ou até mesmo meses. Assim, a velocidade de saída da água de uma camada de solo
depende de sua textura, condutividade hidráulica e da composição e estrutura do perfil
do solo, pois a presença de uma camada limitante ao fluxo em qualquer posição dentro
do perfil retarda a saída de água de todas as camadas acima. Portanto, torna-se claro
que a capacidade de armazenamento de água de um solo não está apenas relacionada
ao tempo, mas também à composição textural, seqüência das camadas de propriedades
físicas distintas, etc.
Apesar de tudo, o conceito de capacidade de campo é considerado como um
critério prático e útil para se determinar o limite superior de retenção de água pelo
solo. Portanto, a capacidade de campo deve ser determinada no campo e o usuário deve
estar ciente de suas limitações. Assim, não existe um método de laboratório capaz de
reproduzir as condições de campo. Entretanto, têm-se usado os valores das umidades
retidas a 1/10 ou 1/3 atm, para representar a capacidade de campo determinada no
laboratório.

12.4. EXERCÍCIOS
1) Usando o aplicativo QPRO ou EXCEL determine o armazenamento d'água para as
condições da figura abaixo utilizando o método de Euler e a regra do trapézio.

121
 (cm3 cm-3)
0 20 40 60 80 100%

argila areia
20

Profundidade (cm)
40

60

80

2) Usando o aplicativo QPRO ou EXCEL determinar a variação do armazenamento


d'água com o tempo para as condições da figura abaixo utilizando o método de
Euler e a regra do trapézio. Determine também o erro entre os dois métodos.

 (cm3 cm-3)

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

20
Profundidade (cm)

40
t1
60 t2
t3
80

122
CAPÍTULO 13 - AERAÇÃO DO SOLO

A aeração do solo refere-se ao transporte de gases através do espaço poroso


ocupado pelo ar e à troca de gases entre o solo e a atmosfera. Os dois gases mais
importantes do ar do solo são o gás carbônico, o qual é produzido como um
subproduto da respiração das raízes das plantas e da atividade biológica do solo, e o
oxigênio, o qual é consumido no solo pelo mesmo processo.
Para a maioria das espécies vegetais a translocação de oxigênio das folhas
para as raízes é inadequada, para suprir o oxigênio na mesma taxa que é requerida
pela planta e, portanto, as raízes têm que retirar o restante do ar do solo. À medida que
o oxigênio é exaurido, ele tem que ser reposto pelo oxigênio proveniente da atmosfera
acima da superfície, o qual moverá para dentro do solo. Portanto, condições
anaeróbicas se desenvolverão no solo quando as raízes e os organismos usarem o
oxigênio do solo mais rápido do que este possa ser reposto através dos poros
conectados e abertos para a atmosfera.
Os gases podem mover-se através da fase ar, isto é, o movimento ocorre nos
poros sem água desde que estes estejam interconectados e abertos para a atmosfera, ou
dissolvidos na água. A velocidade de difusão dos gases no ar é geralmente maior do
que na água. Assim, a difusão do oxigênio na água é em torno de 104 vezes mais lenta
do que no ar. Portanto, a presença de água nos poros do solo é a principal restrição
para a aeração do solo. Além disso, a difusão de gases como o gás carbônico para fora
do solo poderá ser impedida pelo excesso de água ou pela compactação, podendo,
portanto, acumular no solo. Assim, as condições anaeróbicas induzem a uma série de
reações químicas e biológicas como a desnitrificação, reações de redução do
manganês, ferro e sulfato. Muitas destas reações são tóxicas para as plantas.
De uma maneira em geral, os problemas de fertilidade do solo e deficiência de
água têm sido contornados através do manejo adequado das adubações e do uso

123
correto da irrigação, entretanto, devido ao uso inadequado do maquinário agrícola, o
problema da compactação tem aumentado recentemente, contribuindo para que a
aeração passe a ser um dos fatores limitantes para se obter máxima produtividade.

13.1. COMPOSIÇÃO DO AR DO SOLO


A composição dos gases contidos no ar do solo depende da taxa de respiração
dos microorganismos e das plantas, da solubilidade do CO2 e do O2 na água e da
velocidade da troca gasosa com a atmosfera.
Os processos de produção de CO2 no solo também diminuem a concentração
de O2, portanto, enquanto a concentração de CO2 aumenta a de O2 diminui. Assim, a
concentração destes gases varia em um determinado lugar para diferentes épocas do
ano. Estas variações sazonais refletem não somente na atividade respiratória dos
microorganismos, mas varia também com a resistência do solo causada por diferenças
na umidade.
Em geral a composição dos principais gases da atmosfera e do solo é a
seguinte:

Gases Atmosfera Solo


N2 (%) 80 < 80
O2 (%) 21 0 - 21
CO2 (%) 0,03 0,3 - 15

13.2. FLUXO DE AR DO SOLO


A troca gasosa entre o solo e a atmosfera pode ocorrer através de dois
mecanismos: a convecção e a difusão.
No caso da convecção, também conhecida por fluxo de massa, a força
responsável pelo movimento é devido a um gradiente de pressão total do gás e isso

124
provoca o movimento da massa de ar da zona de alta pressão para a zona de baixa
pressão.
No caso da difusão, a força responsável pelo movimento é devido a um
gradiente de concentração de qualquer constituinte da mistura gasosa que provoca a
migração das moléculas da zona de alta para a de baixa concentração, mesmo quando
o gás como um todo possa permanecer isobárico e estacionário.
Diversos fenômenos podem causar diferença de pressão entre o solo e a
atmosfera induzindo, portanto, fluxo por convecção para dentro ou para fora do solo.
Dentre estes fenômenos pode-se citar: variação na pressão atmosférica, variação na
temperatura, ventos sobre a superfície do solo, penetração de água no solo durante a
infiltração, flutuação do lençol freático, extração de água pelas raízes das plantas,
compactação e preparo do solo.
A maioria dos estudos tem mostrado que o fluxo de ar por difusão é mais
importante do que por convecção para a aeração do solo. Entretanto, recentes
evidências têm mostrado que o fluxo de gás por convecção, em certas circunstâncias,
contribui significativamente para a aeração do solo, particularmente em profundidades
rasas e em solos com poros grandes.
Em solos agregados, a difusão de gases ocorre rapidamente nos poros entre os
agregados, os quais rapidamente drenam após a chuva ou irrigação e formam uma rede
de poros contínuos cheios de ar. Por outro lado, os poros intra-agregados podem
permanecer quase saturados por longos períodos e, assim, restringirem a aeração
interna dos agregados. É comum observar que as raízes das plantas geralmente estão
confinadas nos poros grandes entre os agregados e raramente penetram os agregados,
talvez por causa dos poros serem pequenos e por causa de sua resistência não
permitindo a penetração das raízes ou por causa da aeração restrita. Entretanto, os
microorganismos penetram os agregados e pela sua demanda de oxigênio afetam a

125
aeração do solo como um todo. Assim, o centro dos agregados pode estar na condição
anaeróbica, enquanto os poros ao redor dele indica boa aeração.
Currie (1961) concluiu que o raio máximo do agregado (r) para o centro o qual
o oxigênio pode alcançar é dado por:
r2 = 6 (D . C)/M
Onde:
D = coeficiente de difusão do oxigênio no agregado o qual depende do tamanho e
tortuosidade do poro cheio de água
C = concentração de oxigênio na água do lado de fora do agregado
M = velocidade de utilização do oxigênio
Já Greenwood (1975) estimou o raio máximo (R) sem estar anaeróbico o
centro do agregado pela expressão:
R = (6 . D. S . P)/M
Onde:
D = coeficiente de difusão do oxigênio na água de saturação do solo
S = solubilidade do oxigênio na água do solo
P = pressão parcial do lado de fora do agregado
M = velocidade de utilização do oxigênio

13.3. DIFUSÃO DE AR NO SOLO


O transporte dos gases O2 e CO2 por difusão ocorre parcialmente na fase
gasosa e parcialmente na fase líquida. A difusão através do ar contidos nos poros
mantém a troca gasosa entre a atmosfera e o solo, enquanto que a difusão através dos
filmes de água mantém o suprimento de oxigênio para os tecidos e transporta o CO2
destes tecidos. Em qualquer destas condições, o processo de difusão pode ser descrito
pela lei de Fick, a qual é apresentada a seguir:
qd = - D (dC/dX)

126
Onde:
qd = fluxo devido a difusão
D = coeficiente de difusão
C = concentração
X = distância
dC/dX = gradiente de concentração

Considerando a trajetória da difusão, observa-se que o coeficiente de difusão


do ar no solo (Ds) é menor do que o do ar (Do), devido a apenas parte do volume
ocupado por ar estar contido em poros contínuos e também devido à tortuosidade dos
poros. Assim, espera-se que Ds seja uma função dos poros preenchidos com ar (fa).
Diferentes relações têm sido obtidas correlacionando estes parâmetros, tais como:

a) Buckingham (1904)
Ds/Do = k . fa2

b) Penmam (1940)
Ds/Do = 0,66 . fa

c) Blake e Page (1948)


Ds/Do = (0,66 a 0,80) . fa
onde: Ds tende para zero quando a % de ar é em torno de 10% da
porosidade.

d) Van Bavel (1952)


Ds/Do = 0,61 . fa

127
e) Marshall (1959)
Ds/Do = fa3/2

f) Millington (1959)
Ds/Do = (fa/f)2 . fa4/3
onde: f = porosidade total

g) Wesseling (1962)
Ds/Do = 0,90 . fa - 0,10

13.4. ALGUNS EFEITOS DA CONDIÇÃO ANAERÓBICA NO SOLO


13.4.1. Rota Metabólica
Quando o oxigênio livre está ausente, muitas das mudanças no solo, as quais
podem afetar o desenvolvimento das plantas, são devido aos produtos do metabolismo
anaeróbico dos microorganismos. Assim, a comparação entre a respiração aeróbica e
anaeróbica mostra uma grande mudança nas condições do solo quando o anaerobismo
ocorre. Assim, como exemplo, pode-se citar o que acontece com o açúcar no processo
de respiração.
6H2O+6CO2+300000cal
Aeróbica
+ 6 02

C6H12O6

Anaeróbica 2C2H5OH+2CO2+16000cal

13.4.2. Substâncias Tóxicas


Muitas das substâncias que são produzidas no metabolismo anaeróbico podem
ser prejudiciais para as plantas, pois podem atingir níveis tóxicos. Dentre estas

128
substâncias pode-se citar: ácidos orgânicos (ácido acético, fórmico, propiônico,
butírico), gases como metano, etileno, gás carbônico e ácido sulfídrico.

13.4.3. Perda de compostos solúveis


Sob condições anaeróbicas uma quantidade considerável de nitrato pode ser
perdido por desnitrificação ( NO-3  NO-2  N2O N2) e por lixiviação. A lixiviação
é independente da concentração de oxigênio no solo, entretanto, desde que solos
anaeróbicos são freqüentemente, na prática, armazenadores de água é interessante
considerar este processo.

13.5. RESPOSTA DAS PLANTAS À ANAEROBIOSE DOS SOLOS


13.5.1. Efeitos Morfológicos
Nas plantas, os efeitos do anaerobismo podem ser: murchamento das folhas,
epinastia (enrugamento das folhas), clorose e envelhecimento precoce das folhas. A
exposição da planta a condições anaeróbicas por um curto período de tempo (exemplo
24 h), pode causar, muitas vezes, redução permanente no crescimento da planta e
longa exposição pode levar a morte.

13.5.2. Efeitos Fisiológicos


Alguns dos mais comuns efeitos fisiológicos devido ao anaerobismo do solo
são: redução da permeabilidade das raízes, alteração do metabolismo respiratório e da
produção hormonal. A alteração hormonal pode provocar inibição do crescimento do
caule, envelhecimento precoce das folhas, desenvolvimento de raízes adventícias, etc.

129
13.6. TOLERÂNCIA ÀS CONDIÇÕES ANAERÓBICAS

As características morfológicas e fisiológicas das plantas podem conferir


tolerância às condições anaeróbicas. Uma dessas adaptações é o aumento do espaço
aéreo intercelular no córtex, formando, assim, canais paralelos ao eixo das raízes,
através dos quais os gases podem mover-se longitudinalmente. Este aerênquima é,
particularmente, bem desenvolvido no arroz e em numerosas plantas aquáticas. Nestas
plantas é capaz de ser suprido quase todo, se não todo, o oxigênio necessário para as
raízes e, certamente, fornece oxigênio para a rizosfera vizinha. Outra modificação
morfológica desenvolvida pelas plantas é o desenvolvimento de raízes próximas à
superfície do solo, onde a pressão de oxigênio é alta o que permite a sobrevivência das
plantas em condições anaeróbicas.

13.7. MEDIÇÃO DA AERAÇÃO DO SOLO


As técnicas mais usadas para medir a aeração do solo são:
13.7.1. fa = n -
Onde:
fa = volume de poros cheio de ar
n = porosidade
= umidade volumétrica

13.7.2. Método de Raney (1950)


Este método consiste basicamente em encher uma cavidade no solo com
nitrogênio e, então, amostrar o ar da cavidade periodicamente para determinar a
velocidade de difusão dos gases, particularmente o nitrogênio, no solo vizinho.

130
13.7.3. Método de Lemon e Erickson (1952)
Este método consiste, basicamente, em medir a redução do oxigênio por um
micro eletrodo de platina mantido a um potencial constante. Esta medição é
comumente chamada ODR (oxygen diffusion rate).

131
CAPÍTULO 14 - TEMPERATURA DO SOLO

A temperatura do solo pode ser definida como sendo uma manifestação da


intensidade de calor no solo. A temperatura do solo influencia os processos físicos,
químicos e biológicos. Assim, a temperatura do solo influencia a formação de
agregados, nitrificação, germinação, emergência e desenvolvimento das plântulas,
desenvolvimento radicular, decomposição da matéria orgânica, atividades biológicas,
etc.

14.1. TRANSFERÊNCIA DE CALOR


O calor pode ser transportado através do solo por meio de diferentes
mecanismos, tais como radiação, convecção e condução.

14.1.1. Radiação
A radiação refere-se à emissão de energia na forma de ondas eletromagnéticas
provenientes de corpos com temperatura acima de 0 ºK. De acordo com a lei de
Stephan - Bolzmann a energia total emitida por um corpo (J) pode ser expressa pela
seguinte expressão:

J =  .  . T4

Onde:

= emissividade
 = constante de Stephan - Bolzmann
T = temperatura absoluta

132
14.1.2. Convecção
A transferência de calor por convecção envolve o transporte de calor através
do movimento de massa, como é o caso das correntes oceânicas e dos ventos.

14.1.3. Condução
A transferência de calor por condução é devido à propagação de calor dentro
do corpo através do movimento interno de moléculas. Assim, a temperatura é uma
forma de energia cinética das moléculas dos corpos e a existência de diferentes
temperaturas no corpo provocará a transferência de energia cinética pelas numerosas
colisões que ocorrerá entre as moléculas que estão movendo da região mais quente
para a mais fria.

14.1.4. Calor Latente


Além dos modos de transferência de calor descritos acima, um outro modo é o
calor latente. Como exemplo deste processo pode-se citar o processo de destilação o
qual inclui os estágios de evaporação e condução.
A transferência de calor através da superfície do solo pode ocorrer por
qualquer um dos mecanismos acima descritos. Entretanto, dentro do solo, os processos
de radiação, convecção e calor latente são de importância secundária e o principal
processo de transferência calor ocorre por condução.

14.2. CONDUÇÃO DE CALOR NO SOLO


A equação utilizada para estimar o fluxo de calor é a equação de Fourier. Esta
equação é apresentada a seguir:
qh = - Kz (dT/dz)
Onde:
qh = fluxo de calor

133
Kz = condutividade térmica
dT/dz = gradiente de temperatura na direção vertical
O subscrito h, do fluxo de calor, indica a possibilidade deste parâmetro poder
variar com a direção considerada. O sinal negativo nesta equação é devido ao fato do
fluxo de calor ocorrer da alta para a baixa temperatura. Esta equação é usada para a
condição de temperatura e fluxo permanecerem constantes com o tempo.

14.3. CAPACIDADE TÉRMICA VOLUMÉTRICA DOS SOLOS


A capacidade térmica volumétrica dos solos é definida como sendo a variação
na quantidade de calor por unidade de volume de solo por unidade de temperatura. As
unidades da capacidade térmica volumétrica dos solos são cal/cm3.ºK ou Joule/m3.ºK.
A capacidade térmica depende da composição da parte sólida do solo (parte mineral e
parte orgânica), densidade do solo e umidade.
O valor da capacidade térmica do solo (C), pode ser calculado adicionando as
capacidades térmicas dos vários constituintes do solo. Assim, Vries (1975) propôs a
seguinte equação para o cálculo da capacidade térmica:
C =  fsi . Csi + fw . Cw + fa . Ca
Onde:
f = fração do volume do solo ocupado por sólidos (s), água (w) e ar (a). A fase sólida
inclui vários componentes (i) como, por exemplo, a parte mineral e a parte orgânica.

O valor da capacidade térmica (C) da água, ar e de cada componente da fase


sólida pode ser calculado pelo produto da densidade (de partículas, água e ar) pelo
calor específico por unidade de massa (cm). Assim. tem-se:
Csi = si . cmi
Cw = w . cmw
Ca = a . cma

134
O quadro abaixo apresenta alguns valores da densidade (), da capacidade
térmica (C) e da condutividade hidráulica (K) de alguns componentes do solo.

Densidade () Condutividade Capacidade


COMPONENTES (g cm-3) Térmica (K) Térmica (C)
(m cal/cm sec K) (cal/cm3 K)
Minerais 2,65 7,00 0,48

Matéria orgânica 1,30 0,60 0,60

Água 1,00 1,37 1,00

Como a densidade do ar é 1/1000 da densidade da água este valor pode ser


considerado desprezível e a equação da capacidade térmica pode ser rescrita como
segue:
C = fm . Cm + fo . Co + fw . Cw

Onde os subscritos significam:


m = mineral
o = matéria orgânica
w = água
Observe que:
fm + fo + fw = 1 - fa
Onde o subscrito a significa ar e
f = fa + fw
Onde: f = porosidade total

Usando os valores de C da tabela acima, a equação da capacidade térmica fica:


C = 0,48 . fm + 0,60 . fo + fw
14.4. REGIME TÉRMICO DO SOLO

135
A mais simples representação matemática da variação do regime térmico é
assumir que a temperatura em todas as profundidades do solo oscila como uma função
senoidal do tempo em torno da temperatura média. Estas variações da temperatura é
devido à sucessão de: dias e noites, verão e inverno, frente fria e frente quente, chuvas
e veranicos, variações nas características térmicas do solo (capacidade térmica e
condutividade térmica), o solo seca e umedece, variação na localização e vegetação,
etc.. Portanto, o modelo descrito acima é uma aproximação grosseira da realidade.
Assim, a temperatura em uma profundidade qualquer pode ser expressa pela
expressão:
T(z,t) = T ' + Ao {sen [w . t - (z/d)]}/ez/d
Onde:

T(z,t) = é a temperatura em uma profundidade z como uma função do tempo t


T ' = temperatura média
Ao = amplitude da curva
w = freqüência radial . No caso da variação diária tem-se que o período é
igual a 86400 seg (24 h) e portanto w = 2/86400 = 7,27 x 10 -5/seg
t = tempo
z = profundidade
d = damping depth, a qual é definida como sendo a profundidade na qual a amplitude
da temperatura decresce de 1/e = 0,37 da amplitude da superfície do solo Ao.

A figura abaixo apresenta um exemplo da variação da temperatura do solo


para diferentes profundidades. Observe as mudanças na amplitude, período e
deslocamentos das curvas em relação ao eixo da temperatura.

136
30

0 cm

10 cm
25
Temperatura (oC)

20 cm

30 cm
40 cm
20

15

10
12 () 24 (2) 36
Tempo (h)

A damping depth (d) pode ser calculada pelas expressões:

137
d = (2 . K/c . w) ou d = (2 . Dh/w )1/2
Onde:
K = condutividade térmica
c = calor específico
w = freqüência radial
Dh = difusividade térmica
Dh = K/cs . s ou Dh = K/Cv

Onde:
Cv = capacidade térmica volumétrica

138
14.5. MEDIÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO

As técnicas mais modernas para o monitoramento do regime térmico do solo


são os termômetros de radiação e as placas de fluxo de calor.

14.6. CONTROLE DA TEMPERATURA DO SOLO

A temperatura do solo pode ser modificada através da utilização de algumas


práticas tais como:
a) Proteger a superfície do solo com resíduos das culturas.
b) Preparo do solo - os sistemas de preparo do solo que deixam mais resíduos na
superfície do solo resulta em mais baixas temperaturas.
c) Irrigação e drenagem - devido a água possuir maior capacidade e condutividade
térmica do que o ar os solos úmidos serão mais frios do que quando secos. Já a
drenagem dos solos úmidos, geralmente, resultará num aumento da temperatura do
solo.
d) efeito da copa das culturas – este efeito é diferente de cultura para cultura e para
uma mesma cultura depende do estágio vegetativo. Entretanto, em qualquer
situação à medida que a copa fica mais densa, aumenta o sombreamento do solo, o
que causa uma redução da temperatura do solo.

14.7. EXERCÍCIOS
1) Determinar o fluxo térmico e a quantidade total de calor transferida através de uma
camada de 20 cm de espessura, sendo sua condutividade térmica igual a
3,6 x 10-3 cal/cm . seg . oC e a diferença de temperatura de 10 oC é mantida na
amostra durante 1 hora.

139
2) Calcular a capacidade térmica volumétrica para as condições seco e saturado, sendo
a densidade do solo igual a 1,60 g/cm3. Assumir que a densidade de partículas é
igual a 2,65 g/cm3 e que a matéria orgânica ocupa 1,5% do volume dos sólidos.

3) Considerando que o modelo que descreve a variação da temperatura no solo pode


ser definido em uma forma bem simplificada como T = a + b sen (c .t + d), discutir
detalhadamente o efeito dos parâmetros a, b, c, e d na curva gerada pela função.
Mostre graficamente o efeito da variação de tais parâmetros.

4) A temperatura máxima diária na superfície do solo é igual a 40oC e a mínima 10oC.


Assumindo que a variação da temperatura é representada por uma senóide, que a
temperatura média é igual em todo perfil, que a temperatura média do perfil é igual
às 6 e às 18 horas, que a damping deph é igual a 10 cm, calcule a temperatura às 12
e 24 horas para as profundidades 0, 5, 10 e 20 cm. Interprete os resultados.

140
15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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