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Ciência Política

Unidade II

Estado – Direito e Sociedade

Profa. Jalusa Prestes Abaide


31/08/2015

Bibliografia Utilizada:

BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 5ª Ed. São Paulo. Forense. 1983


Sociedade
Os autores divergem em conceituar Sociedade, dependendo se são vinculados
a teoria mecanicista (essencialmente filosófica) ou a teoria organicista (braço
teórico das ditaduras, é uma teoria mais sociológica, do que filosófica). A
alguns entendem que não existe uma Sociedade, mas SociedadeS, uma
pluralidade de grupos, dentro de um mesmo território.

Os organicistas procedem do tronco milenar da filosofia grega, descendem de


Aristóteles e Platão. Na doutrina aristotélica assinala-se, o caráter social do
homem. A natureza fez do homem o “ser político”, que não pode viver fora
da Sociedade.

Os mecanicistas agregam um novo componente:

Dentre os filósofos do mecanicismo encontramos Hobbes, que agrega o


aspecto político para explicar a legitimação do poder democrático. Surge
então a tese contratualista.

O “contrato Social” sustenta que a base da Sociedade é o consenso, e não o


princípio de autoridade.
Sociedade
O conceito de Sociedade tomou sucessivamente três colorações, no
curso de sua caminhada histórica.

Primeiro foi jurídico (privatista e publicístico) com Rousseau; depois


econômico, com Ferguson, Smith, Saint-Simon e Marx; e enfim,
sociológico, com Comte, Spencer e Toennies.
No socialismo utópico, nomeadamente com Saint-Simon, a Sociedade se
define pelo seu teor econômico, pela existência de classes.
Proudhon, já tendendo para o anarquismo, vê no Estado a opressão
organizada, e na Sociedade a liberdade difusa.
Marx e Engels conservam a distinção conceitual entre Estado e
Sociedade, deixando porém de tomar o Estado como se fora algo
separado da Sociedade, que tivesse existência autônoma. O Estado —
advertem os marxistas — é produto da Sociedade, instrumento das
contradições sociais, e só se explica como fase histórica, à luz do
desenvolvimento da Sociedade e dos antagonismos de classe.
Sociedade
A Sociedade, segundo Bobbio, tanto pode aparecer em
oposição ao Estado como debaixo de sua égide.

Para Bobbio Sociedade é o “Conjunto de relações humanas


intersubjetivas, anteriores, exteriores e contrárias ao Estado
ou sujeitas a este”.

O direito alemão desde sob o influxo de Hegel, enfatizou o


contraste dos dois conceitos, vendo na Sociedade a reunião
de todos os fenômenos de convivência humana que se
desenrolam fora do Estado.
Nação
Com o advento da Revolução Francesa, o termo nação passou a ser utilizado nos
discursos políticos, não mais no sentido de um grupo em um espaço determinado da
Europa, como as cidades-estados, mas no sentido de unidade, como um grupo de
pessoas unidas por “laços naturais”.

Já a idéia de nação como fundamento natural “do poder político”, isto é, como fusão
necessária entre Estado e Nação, surgiu em meados do século XIX.
Os teóricos, dentre eles Ernest Renan, advertem em relação ao erro de tomar alguns
elementos como formadores do conceito de Nação, como: raça, língua e religião.

Cada um dos elementos são refutados em profundidade e coerência (in: BOBBIO. N.


Dicionário de Política. 2ª Edição. Brasília. UnB. 1996) por vários teóricos, e a história
demonstrou que em nome da Nação, se fizeram guerras, revoluções e modificou-se o
mapa político do mundo .

Albertini observou que o comportamento nacional é um comportamento de


fidelidade, é o sentimento de pertencimento ao todo territorial, sem pensar nas castas
que possam constituir o Estado. Neste sentido, o conceito de nação passa a ter uma
conotação ideológica.
Nação (cont.)
Com a Revolução Industrial, desenvolveu-se o sistema de produção, criando mercados
de dimensões nacionais, vinculando o Estado ao conjunto de comportamentos
políticos, econômicos e administrativos, concretizando-se assim, as condições
necessárias para o nascimento da ideologia nacional. Para Albertini, “a nação seria a
ideologia do Estado burocrático centralizado” (BOBBIO. p. 798)
Os novos comerciantes exigiam a intervenção do Estado para garantir a evolução do
mercado de capitais. Nascem as federações, o Estado burocrático centralizado e o
capitalismo se fortalecem, e o Estado liberal se perpetua.
Isto leva a desmitificar a idéia de Nação, uma vez que a evolução do sistema de
produção tomou uma dimensão nacional, tendo que RE interpretar as relações
pessoais (fatores naturais, históricos, psicológicos) surgindo deste embate, também a
necessidade de RE organizar o Poder Político em níveis continentais.
O objetivo da idéia incial de Nação, foi o de criar e manter um comportamento de
fidelidade dos cidadãos em relação ao Estado, este sentimento surgiu com a Revolução
Francesa, pretendendo tornar-se universal, isto é, além território francês, tendo a
resistência na Inglaterra ,pois esta não tinha o mesmo modelo europeu para suas
limitação territorial.
O Nacionalismo como idéia força na formação
do Estado Moderno
Em sentido amplo, nacionalismo significa a ideologia de determinado grupo político, e
“em nome deste nacionalismo os estrangeiros passaram a ser desprezados e
enganados”, conforme Barruel, e a esta prática chamaram “patriotismo”.
O fundamento histórico-social do termo, pode ser compreendido no contexto da
mudança ocorrida na evolução dos mecanismos de produção, determinados pela
Revolução Industrial.
Com a Revolução Industrial ampliou-se o contexto em que as pessoas viviam, e com
isto vinculou-se o indivíduo ao Estado, onde novos comerciantes exigiam a intervenção
do Estado para garantir o seu mercado.
Assim intensificaram as relações internacionais, o capitalismo evoluiu, abrindo
caminho para as multinacionais. O Estado nacional (popular) se afirma, através da
soberania popular.
O movimento nacional inicialmente lutou para que se reconheça o direito de cada
povo , de ser dono do seu próprio destino, portanto com base no princípio da
liberdade, da democracia (surgida com a Revolução Francesa/Estado de Direito). Mas
os estados nacionais não conseguiram manter uma harmonia espontânea. É a
unificação nacional da Alemanha o marco de uma nova fase com tendência a se
unificar em toda a Europa, tornando frágeis o império russo, otomano, etc.
O Nacionalismo como idéia força na formação do
Estado Moderno (cont.)
A luta de classes e a competição democrática passam a ser
substituídos pela “solidariedade nacional”, e em sentido mais
amplo, pode-se observar que aqueles movimentos
nacionalistas embasaram as tendências imperialistas e
autoritárias e totalitárias do Estado nacional, dando início ao
nazi-facismo.

A crise histórica do Estado nacional, se constitui na base da


unificação da Europa, cai o nacionalismo e, conforme
Proudhon, inicia a chamada era das federações.

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