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Modelos de Trabalhos - Metodologia Científica

CD-ROM de Teologia Sistemática - Wayne Grudem - Edições Vida Nova

Introdução
Caro colega:
Este material foi elaborado como parte integrante do CD-ROM de Teologia Sistemática de
Wayne Grudem para professores, alunos, pastores, educadores e líderes. Nele estão contidos
os seguintes pontos: 26 dicas para escrever melhor. São orientações para melhorar a
elaboração de trabalhos acadêmicos ou a elaboração de apostilas ou resumos. Como elaborar
resumos, fichamentos e resenhas. Importantes modelos passo a passo para os estudantes e
pesquisadores. Esperamos que estes modelos possam complementar suas pesquisas e facilitar
suas apresentações.

26 Dicas para Escrever Bem


a) Vc. deve evitar abrev., etc.
b) Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado, segundo deve
ser do conhecimento inexorável dos copidesques. Tal prática advém de esmero
excessivo que beira o exibicionismo narcisístico.
c) Anule aliterações altamente abusivas.
d) "não esqueça das maiúsculas", como já dizia dona loreta, minha professora lá no colégio
alexandre de gusmão, no ipiranga.
e) Evite lugares-comuns assim como o diabo foge da cruz.
f) O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
g) Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
h) Chute o balde no emprego de gíria, mesmo que sejam maneiras, tá ligado?
i) Nunca generalize: generalizar, em todas as situações, sempre é um erro.
j) Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A
repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a
palavra se encontra repetida.
k) Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: "Quem cita os outros não tem
idéias próprias".
l) Frases incompletas podem causar...

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m) Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta
mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a
mesma idéia.
n) Seja mais ou menos específico.
o) Frases com apenas uma palavra? Jamais!
p) A voz passiva deve ser evitada.
q) Use a pontuação corretamente o ponto e a virgula especialmente será que ninguém sabe
mais usar o sinal de interrogação.
r) Quem precisa de perguntas retóricas?
s) Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
t) Exagerar é cem bilhões de vezes pior do que a moderação.
u) Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"
v) Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
w) Não abuse das exclamações! Nunca! Seu texto fica horrível!
x) Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da idéia contida
nelas, e, concomitantemente, por conterem mais de uma idéia central, o que nem
sempre torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta forma, o pobre leitor a separá-
la em seus componentes diversos, de forma a torná-las compreensíveis, o que não
deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos
estimular através do uso de frases mais curtas.
y) Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língüa portuguêza.
z) Seja incisivo e coerente, ou não.

Como fazer um resumo?


Deve conter, em forma concisa e clara, a essência da leitura e indicar a natureza da idéia
central estudada, os resultados mais importantes alcançados e as principais conclusões a que
se chegou. Deve ser escrito na terceira pessoa do singular e com o verbo na voz ativa.
Consulte o resumo desta obra (ver índice do CD).

O que é um fichamento?
O fichamento auxilia na organização para o trabalho acadêmico. Ele permite um fácil acesso
aos dados fundamentais para a conclusão do trabalho.

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Os registros e a organização das fichas dependerá da capacidade de organização de cada um.
Os registros não são feitos necessariamente nas tradicionais folhas pequenas de cartolina
pautada. Pode ser feita em folhas de papel comum ou, mais modernamente, em qualquer
programa de banco de dados de um computador. O importante é que elas estejam bem
organizadas e de acesso fácil para que os dados não se percam.
Ficha Bibliográfica: é a descrição, com comentários, dos tópicos abordados em uma obra
inteira ou parte dela.
Título do trabalho
Seção primária do trabalho Seção secundária e terciária do trabalho
SOBRENOME, Nome do Autor. Título da Obra. Cidade: Editora, Ano de Publicação.
Quantidade de páginas. (nome do capítulo, página citada)

Comentários ou anotações do pesquisador sobre a obra registrada.

Ficha de Resumo ou Conteúdo: é uma síntese das principais idéias contidas na


obra. O pesquisador elabora esta síntese com suas próprias palavras, não
sendo necessário seguir a estrutura da obra.

Título do trabalho
Seção primária do trabalho Seção secundária e terciária do trabalho
SOBRENOME, Nome do Autor. Título da Obra. Cidade: Editora, Ano de Publicação.
Quantidade de páginas. (nome do capítulo, página citada)

Resumo Informativo: são as informações específicas contidas no documento. Nesta ficha


pode-se relatar sobre objetivos, métodos, resultados e conclusões. Sua precisão pode
substituir a leitura do documento original.

Ou Resumo Indicativo: são descrições gerais do documento.

Ficha de Citações: é a reprodução fiel das frases que se pretende usar como
citação na redação do trabalho.

Título do trabalho
Seção primária do trabalho Seção secundária e terciária do trabalho

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SOBRENOME, Nome do Autor. Título da Obra. Cidade: Editora, Ano de Publicação.
Quantidade de páginas.

Citação direta ou indireta com indicação das páginas citadas

As fichas são importantes porque permitem ao estudante manusear um material que passa a
ser seu.

Como elaborar uma resenha?


“Resenha é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos. Resenha
crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na
crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista. Essas
resenhas normalmente são publicadas em periódicos, cujo objetivo é difundir as idéias
básicas contidas na obra. É uma forma de promover junto ao público em geral
determinadas obras que poderiam permanecer despercebidas nas livrarias e bibliotecas
de modo geral."1.

A resenha é um resumo comentado e criticado pelo resenhista. Mesmo não fazendo parte dos
trabalhos científicos de primeiro nível, a resenha deve apresentar a estrutura descrita abaixo:

1. Referência Bibliográfica
 Autor(es)
 Título (subtítulo)
 Imprensa (local da edição, editora data)
 Número de páginas de ilustração (tabelas, gráficos, fotos etc.)

2. Credenciais do Autor
 Informações gerais sobre o autor
 Autoridade no campo científico
 Quem fez o estudo?
 Quando? Por quê? Onde?

1
LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 2 ed. São Paulo: Atlas,
1991. p. 137.

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3. Conhecimento Resumo detalhado das idéias principais
 De que trata a obra? O que diz?
 Possui alguma característica especial?
 Como foi abordado o assunto?
 Exige conhecimentos prévios para entendê-lo?

4. Conclusão do Autor
 O autor faz conclusões? (ou não?)
 Onde foram colocadas? (final do livro ou dos capítulos?)
 Quais foram?

5. Quadro de Referências do Autor


 Modelo teórico
 Que teoria serviu de embasamento?
 Qual o método utilizado?

6. Apreciação

a) Julgamento da obra:

Como se situa o autor em relação:


- às escolas ou correntes científicas, filosóficas, culturais?
- às circunstâncias culturais, sociais, econômicas, históricas, etc.?

b) Mérito da obra:
Qual a contribuição dada?
Idéias verdadeiras, originais, criativas?
Conhecimentos novos, amplos, abordagem diferente?

c) Estilo:
Conciso, objetivo, simples?
Claro, preciso, coerente?
Linguagem correta?

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Ou o contrário?

d) Forma:
Lógica, sistematizada?
Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes?

e) Indicação da Obra:
A quem é dirigida: grande público, especialistas, estudantes?

Modelo de Resenha

“O século XX, na visão do filósofo Bobbio”


Resenha do livro "Diário de Um Século", de autobiografia do filósofo Norberto Bobbio

O filósofo italiano Norberto Bobbio nunca gostou de falar de si próprio, mas o cerco feito
pelo jornalista Alberto Papuzzi, do La Stampa - quotidiano de Turim em que sempre
colaborou -, acabou por demovê-lo. A ele abriu seus arquivos, escritos e cartas pessoais,
alinhavados numa série de entrevistas que durou um ano. O resultado está no Diário de um
século (Autobiografia), com prefácio de Raimundo Faoro à edição brasileira e incluindo um
caderno de fotos do autor (Rio de Janeiro, Campus, 1998).

De Bobbio, quase todas as obras foram traduzidas no Brasil. A abrangência é vasta: da


filosofia do direito à ética, da filosofia política à história das idéias, sem esquecer os grandes
debates contemporâneos, invariavelmente analisados com lucidez, elegância e coerência
filosófica. Permeadas, nesta sincera autobiografia, com as emoções de um pensador que viveu
as contradições e angústias do nosso século, que, conforme diz, "talvez venha a ser lembrado
como o mais cruel da História", com suas guerras mundiais (contra os impérios centrais,
contra o nazifascismo e a guerra fria contra os Estados comunistas).

Bobbio admite que a democracia resistiu a todas elas, mas a vitória não é definitiva. Aliás,
"numa visão laica (não mítico-religiosa), liberal e realista (não totalizadora e utópica) da
história, nada é definitivo". A dúvida de Bobbio - a quem alguns consideram ser pessimista
em relação à forma de governo democrática - é sobre se a democracia se expandirá ou, ao
contrário, caminhará para uma gradual extinção.

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Na Ásia, por exemplo, ganham força regimes que "nos fazem pensar no despotismo
esclarecido das monarquias absolutistas do século XVIII", lamenta o filósofo. E acrescenta:
"No despotismo iluminado de ontem e de hoje, a figura do homem servo, mas feliz, substitui
aquela que nos é mais familiar através da tradição do pensamento grego e cristão do homem
inquieto, mas livre. Qual das duas formas de convivência está destinada a prevalecer no futuro
próximo, ninguém está em condições de prever". Podemos dizer que, se conhecesse de perto a
realidade latino-americana, Bobbio afundaria de vez no pessimismo...

Em 1989, ano do desmoronamento do comunismo, ele já alertava para os desafios que


permaneciam para a democracia. Nada de "fim da História", como supôs o historiador nipo-
americano Fukuyama. Num mundo de "espantosas injustiças", diz Bobbio, não se pode pensar
que a "esperança de revolução" tenha morrido "só porque a utopia comunista faliu". E a
questão que ele então formulava continua aberta: "estarão as democracias que governam os
países mais ricos do mundo em condições de resolver os problemas que o comunismo não
conseguiu resolver? A democracia venceu o desafio do comunismo histórico, admitamo-lo.
Mas, com que meios e com que ideais dispõe-se a enfrentar os mesmos problemas que deram
origem ao desafio comunista?" (L´utopia capovolta, Turim, La Stampa, 1990).

A mesma preocupação, de resto, conduziria o filósofo a mais uma de suas muitas polêmicas,
em 1994, no calor do debate eleitoral italiano: a dicotomia Esquerda/Direita sobrevivia,
apesar de muitos a declararem morta. E sobrevivia numa distinção fundamental: "a diversa
postura que os homens organizados em sociedade assumem diante do ideal de igualdade" -
tendo a esquerda vocação igualitária e a direita, inigualitária (Direita e Esquerda. Razões e
significados de uma distinção política, SP, Edit. da Unesp, 1995).

Nascido em 1909, Norberto Bobbio é, de fato, uma testemunha do século (do qual traçou uma
história concisa em Profilo ideologico del Novecento, Milão, Garzanti, 3a. ed., 1992).
Participou ativamente das grandes transformações de seu país, equilibrando-se entre o
liberalismo e o socialismo (posição nascida do liberal-socialismo de Guido Calogero) e, neste
escrito autobiográfico, não esconde sequer uma constrangedora carta enviada ao ditador
Mussolini, na juventude, em uma época em que "o fascismo, na verdade, já fazia parte do
cotidiano dos italianos".

Bobbio recorda, também, os anos da Resistência antifascista ("aqui estão as raízes da nossa
democracia"), a passagem pelo Partido da Ação (que recolhia a herança de Piero Gobetti e
Carlo Rosselli), a "descoberta da democracia" e o permanente diálogo com os comunistas do

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PCI (hoje Partido Democrático da Esquerda), em que via "não adversários, mas
interlocutores". Há ainda um capítulo sobre "paz e guerra", que resume as idéias de Bobbio
sobre política internacional (o problema da guerra, os caminhos da paz e do pacifismo como
uma atividade política).

Com esse espírito de diálogo, tentando sempre reconhecer "as razões que podem ter as
pessoas com idéias diferentes" das suas, é que Bobbio empenhou-se em diversas "batalhas
políticas". Polemizaria com Togliatti - o líder político que difundiu o pensamento de Gramsci
- e com Galvano Della Volpe, estudioso que identificou em Marx uma profunda ligação com o
idealismo hegeliano (nas célebres discussões sobre a dialética, uma originalidade do
marxismo italiano) e crítico severo, já nos anos 50, dos ataques românticos da Escola de
Frankfurt contra a ciência e a técnica. O livro Politica e cultura (Turim, Einaudi, 1a. ed., 1955,
relançado em 1977), que recolhe as intervenções de Bobbio, é prova dessa sua disposição ao
"diálogo civilizado com todos".

Mas é de sua vida como professor que o filósofo lembra com mais carinho. Foi esta, segundo
ele, a sua principal atividade ("durante a maior parte da minha vida desempenhei, portanto,
duas tarefas dificílimas: ensinar e escrever"), e foi nesse período que aprofundou seus estudos
sobre o jurista Hans Kelsen (inspirador de sua concepção da democracia como sistema de
regras que permitem a convivência livre e pacífica) e sobre o filósofo Thomas Hobbes (idéias
hobbesianas como o individualismo, o contratualismo e a idéia de paz através da constituição
de um poder comum contribuíram - como ele próprio reconhece - para a formação de seu
pensamento político). Deste último, herdou também um "certo pessimismo quanto à natureza
humana e quanto à História".

Convicto há longo tempo de que não há soluções definitivas, Bobbio vale-se de metáforas
para caracterizar a História. Ora representa-a como "uma imensa floresta na qual não há uma
única estrada previamente traçada, e na qual não sabemos nem mesmo se há uma saída", ora
compara-a a um labirinto, sua imagem preferida. "Acreditamos saber", diz o filósofo, "que
existe uma saída, mas não sabemos onde está. Não havendo ninguém do lado de fora que nos
possa indicá-la, devemos procurá-la por nós mesmos. O que o labirinto ensina não é onde está
a saída, mas quais são os caminhos que não levam a lugar algum".

Bobbio encerrou suas atividades docentes (a que dedicou 40 anos) em 1979, aos 70. Na
anotação de um jornalista que assistiu a aula de despedida, o testemunho da serenidade do
velho mestre: "A última aula, em 16 de maio, uma terça-feira. Sobre a mesa, um grande buquê

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de flores, com o cartão: ´De seus alunos do último curso´. Bobbio cita Max Weber: ´A cátedra
universitária não é nem para os demagogos, nem para os profetas´. Entrevistado por La
Stampa, o professor declara: ´A última aula é um fato natural, previsível. Na vida somos
pegos de surpresa apenas por acontecimentos extraordinários´".

"Despedida" é, também, o último capítulo desta autobiogafia, "diário" de


um pensador que se arrepende de jamais ter escrito um diário.
Seguramente, entre as visões do século que se encerra, "o lugar de honra
está reservado", nas palavras de Faoro, "ao depoimento pessoal de
Bobbio, com a apaixonada procura de si mesmo, consumada na velhice,
não porque tivesse alcançado a inatingível verdade, mas porque esta é a
última verdade que o sentimento da morte iminente lhe permite". Pois,
como sublinha o próprio autor, "a velhice é indissolúvel do seu sentido de
fim". (Texto disponível em http://www.jornalismo.ufsc.br/bancodedados/tambosi-
bobbio.html)

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