Disciplina: Tópicos especiais em Processos Grupais e Institucionais
Aluna: Anallú Guimarães Firme Lorenzon
Algumas considerações sobre o Teatro do Oprimido de Augusto Boal
O Teatro do Oprimido (TO) surgiu na década de 70, com Augusto Boal.
Trata-se de um método de intervenção que usa o teatro como instrumento de trabalho político, social, ético e estético, contribuindo para a transformação social. Uma das principais preocupações de Boal era fazer um teatro para o povo e pelo povo, ou seja, ele pretendia colocar os meios de produção teatral na mão de todos. Neste sentido, é famosa a sua conclusão: Todo mundo pode fazer teatro, até mesmo os atores! A fim de promover esta isenção do povo na construção teatral, subverteu o convencionalismo do teatro e conduziu a platéia para o palco, acreditando que a idéia do teatro como propriedade privada de poucos poderia dar lugar a uma compreensão de teatro como linguagem imanente a todos os seres humanos.
Segundo OLIVEIRA e ARAÚJO (2012), Boal introduziu duas mudanças
conceituais em seu teatro: passou o espectador de depositário passivo da ação teatral para protagonista, conduzindo-o a ocupar uma posição mais ativa no espetáculo teatral; e construiu um modelo de ação futura que reflete não apenas o passado, mas que também prepara o sujeito para o futuro.
Partindo do pressuposto que o teatro é a linguagem usada pelos homens
em seu cotidiano, todos podem desenvolvê-la e fazer teatro, aumentando as suas formas de expressão. Ao recuperar os meios de encenar para qualquer pessoa, de qualquer classe social, abre-se a possibilidade de pensar sobre de situações de opressão, concedendo valor à capacidade criadora e criativa dos sujeitos, em particular da classe oprimida. O seu intuito é a conscientização social e a transformação da realidade. A encenação teatral opera como veículo para a organização e para o debate dos problemas, impulsionando os sujeitos na defesa dos seus direitos e incentivando a participação ativa em seu contexto social. Trata-se de um teatro que possa dar conta de uma situação precisa, no universo das relações sociais, de certa camada da população subjugada pela dependência, seja ela psicológica ou física. Há uma relação de poder e necessidade entre aquele que assume o papel do opressor e o de quem assume o papel do oprimido. (Dall’Orto, 2008)
No Teatro do Oprimido, os grupos podem em conjunto construir uma
realidade desejada. Ela não se refere a uma fantasia, mas a reflexão crítica sobre as condições sociais de opressão. Compreender essa situação faz com que não a encaremos de forma determinista, mas como passível de mudança através da participação dos que a compõem. O TO propõe, deste modo, tanto uma denúncia da condição social excludente, como a enunciação de meios para concretizar as possibilidades libertadoras encontradas.
Segundo Augusto Boal, o TO é o “ensaio geral da Revolução”, necessitando
findar sempre com a edificação de um modelo de ação futura. As realizações do Teatro do Oprimido servem para tornar as relações de poder do mundo claras, e conceder aos sujeitos a possibilidade de promover transformações em sua vida. O conjunto de papéis que uma pessoa desempenha na realidade impõe sobre ela uma máscara social de comportamento e os exercícios desenvolvidos pelo Augusto Boal visam quebrar esse invólucro, levando a pessoa a buscar a sua verdade e indicando qual o caminho para encontrá-la. (Dall’Orto, 2008) BIBLIOGRAFIA:
DALL’ORTO, Felipe Campo. O teatro do Oprimido na formação da cidadania, Fênix –
Revista de História e Estudos Culturais Abril/ Maio/ Junho de 2008, Vol. 5, Ano V nº 2 Disponível em: http://www.revistafenix.pro.br/PDF15/Artigo_03_ABRIL-MAIO- JUNHO_2008_Felipe_Campo_Dall_Orto.pdf
OLIVEIRA, Érika Cecília Soares & ARAÚJO, Maria de Fátima. Aproximações do
Teatro do Oprimido com a Psicologia e o Psicodrma, Psicologia: Ciência e Profissão, 32(2),340-355. Paiva, 2012.