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Bekhukotai (Em minhas leis)

Escrito por Mário Moreno Dom, 08 de Maio de 2011 11:25

O primeiro versículo nos diz o seguinte: “Não fareis para vós ídolos,
nem vos levantareis imagem de escultura, nem estátua, nem poreis
pedra figurada na vossa terra, para inclinar-vos a ela; porque eu sou
o IHVH vosso Elohim” (Lv 26:1). Aqui as determinações do Eterno são
muito claras quanto a não ter outros deuses diante dele, pois o
mandamento é para não fazer ídolos de maneira alguma! A palavra
“ídolos” em hebraico é ‘ellim e significa “coisas de nada”; deuses de
barro ou de terra-cota. Já o termo “imagem de escultura” em hebraico
é pesel e significa “ídolo esculpido na pedra”. O termo “coluna” em
hebraico é maççebhah e significa “alguma coisa em pé”; no caso de
uma pedra memorial ou uma coluna, usada com propósitos
idolátricos. O último termo refere-se a “pedra com figuras”, que em
hebraico é maskith, significando uma pedra esculpida ou pintada
com uma figura ou imagem. Percebemos aqui que este verso nos fala
sobre qualquer tipo de idolatria que possa ser praticada pelo homem!
Tudo aquilo que por ventura possa ter o propósito de transformar-se
num Elohim para alguém deve ser evitado! A proibição não para no
“fazer”, mas estende-se também ao inclinar-se à elas! A palavra
“inclinar-se” em hebraico é tsavva'r e significa “inclinar-se ou prestar
qualquer tipo de culto, louvor ou adoração”. Isto é devido somente ao
Senhor! E o fim do versículo é enfático: o Eterno identifica-se como
IHVH Elohim! E isso significa que Ele irá tornar-se aquilo que
precisamos que se torne pois Ele é o Criador de todas as coisas!

O Eterno também ordena que mantenhamos uma postura de


reverência para com as coisas que lhe dizem respeito. “Guardareis os
meus sábados, e reverenciareis o meu santuário. Eu sou o IHVH” (Lv
26:2). Novamente percebemos que a Palavra nos remete à guarda
dos mandamentos já anteriormente ensinados pelo Senhor. Ele
ordena que “guardemos” o shabat. A palavra “guardar” em hebraico
é shamar e significa “cuidar, guardar, prestar atenção, observar”. A
idéia básica da raiz é a de “exercer grande poder sobre”. Isso nos
mostra pelo menos duas coisas: a primeira é que o shabat não é um
mandamento opcional ou transitório; ele deve ser obedecido de forma
correta em todo o tempo; segundo que a obediência à Palavra faz
com que recebamos duas coisas – o poder que a palavra exerce sobre
nossas vidas e também o poder advindo da obediência à palavra do
Senhor! É interessante notarmos que a obediência faz com que
nossas vidas sejam transformadas, pois quando estamos vivenciando
o padrão correto do Eterno as promessas que estão contidas em Sua
Palavra cumprem-se automaticamente! E uma delas diz respeito a
recebermos poder – força motriz, dinamite – para que nosso
desempenho espiritual seja otimizado e nossos conflitos com as
trevas sejam sempre vencedores! O Eterno também nos ordena que
reverenciemos o seu santuário. A palavra “reverenciar” em hebraico é
yare e significa “reverenciar”. São cinco os sentidos gerais:

A emoção do medo;

A previsão intelectual do mal, sem que haja ênfase na reação


emocional;

Reverência ou respeito;

Comportamento íntegro ou piedade;

Adoração religiosa formal.

Imaginemos que a idéia central aqui é que devemos ter reverência e


respeito pelo santuário do Eterno e também devemos adotar um
comportamento íntegro, baseado nos ensinamentos da Torah!
Novamente somos remetidos a duas situações diferentes: a do
santuário feito por mãos humanas e o santuário feito pelo próprio D-
us! Quanto à questão do santuário feito pelo homem temos aqui uma
clara alusão ao modo como devemos nos portar quando ali
estivermos! Fica claro aqui que nosso comportamento deve ser de
respeito e temor quando estivermos no “santuário” feito por mãos
humanas que convencionamos chamar “Igreja”. Agora falando sobre
o santuário feito pelo próprio D-us – o homem – aprendemos que
reverenciar aqui é cuidar daquilo que o Eterno e conservá-lo íntegro
enquanto pudermos e depender de nós! Isso nos fala sobre cuidados
com o corpo, a alma e o espírito que devem ter lugar em nossa vida
cumprindo-se então esta ordem do Eterno. Nós, através da
obediência à Torah, devemos preservar nossos corpos de qualquer
coisa que lhe cause dano – quer seja imediato quer seja futuro – para
assim estarmos prestando reverência ao local preferido da habitação
do Eterno: nossos corpos!

Agora o Eterno nos apresenta os benefícios de estarmos vivenciando


a Torah em nosso viver diário. “Se andardes nos meus estatutos, e
guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes” (Lv 26:3).
Novamente aqui temos palavras que demonstram claramente a
intenção do Eterno para conosco. A palavra “andar” em hebraico é
halak e significa “movimento em geral”. A pessoa verdadeiramente
piedosa segue a direção de D-us em tudo o que faz, i.é, obedece-o.
Prestemos atenção que ao dizer isso o Eterno demonstra-nos que a
nossa relação com Ele é algo que deve ser vivenciado passo a passo e
diariamente! Temos um D-us que se apresenta para um
relacionamento conosco dia após dia e não somente nos finais de
semana! O eterno se importa com as coisas que nos acontecem a
cada dia e também trabalha a nosso favor a cada instante a fim de
que possamos conhece-lo em nossa história como homens que
somos! Novamente percebemos que tal conhecimento vem através
da obediência e da guarda dos mandamentos! Novamente temos a
palavra “guardar” que em hebraico é shamar e significa “cuidar,
guardar, prestar atenção, observar”. A idéia básica da raiz é a de
“exercer grande poder sobre”. Não devemos agir cm a Palavra do
Eterno deforma displicente ou desatenta, mas sim deforma a
estarmos atentos às determinações que estão nela contidas!

A Torah é um conjunto de ensinamentos – por isso se chama Torah


(Ensino) – que visam nos dar uma melhor qualidade de vida prática e
também uma vida espiritual mais definida e completa! Esta qualidade
de vida que nos é dada através da nossa obediência também traz
influências sobre o mundo que nos rodeia. “Então eu vos darei as
chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua colheita, e a árvore do
campo dará o seu fruto; e a debulha se vos chegará à vindima, e a
vindima se chegará à sementeira; e comereis o vosso pão a fartar, e
habitareis seguros na vossa terra” (Lv 26:4-5). Por estes versos fica
claro que a obediência traz consigo grandes bênçãos que refletem-se
em nossa vida material e econômica. As chuvas no tempo certo
faziam com que houvessem colheitas abundantes e essa é uma das
coisas mais importantes para o homem, pois trata de seu sustento
material. A colheita trazia não somente o sustento familiar mas
também a possibilidade de venda do que sobrasse para angariar bens
e trazer maior conforto para a família! Esta colheita – fruto da
obediência – seria tão farta que as fases do plantio à colheita se
encontrariam e a colheita em si seria abundante! Um outro detalhe é
que a obediência aos preceitos da Torah traz segurança à terra!
Novamente somos informados que quando obedecemos ao Eterno Ele
mesmo se encarrega de dissipar os perigos e frustrar os planos de
nossos inimigos! A violência vem sobre uma localidade justamente
pela falta de obediência à Torah! O verso seguinte comprova de forma
muito clara o que dizemos: “Também darei paz na terra, e dormireis
seguros, e não haverá quem vos espante; e farei cessar os animais
nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada” (Lv 26:6).
Não há como ser mais claro: o Eterno nos diz que, pela obediência Ele
mesmo dará paz naquela terra! Quem obedece dorme tranqüilo, sem
qualquer sentimento de que será subitamente abordado por ladrões
ou malfeitores. O eterno ainda faria cessar os animais nocivos
naquela localidade. Estes animais nos falam sobre a própria natureza
que às vezes se volta contra o homem atacando-o e causando-lhe
ferimentos e até mesmo a morte! Isso não acontecerá para os servos
de D-us que obedecem à Torah! Uma última coisa: não haveria
violência – lutas, guerras, disputas violentas – pois o Eterno suprimiria
a “espada” naquele lugar!

Certamente queremos que nosso país – e também nossa cidade ou


bairro - seja pacífico e esteja gozando de plenitude de segurança!
Para isso precisamos estar conscientes de que a Torah precisa ser
obedecida integralmente para que gozemos destas bênçãos ainda
aqui na terra! Então veremos cumprida a promessa do Salmo 4:8 que
diz: “Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor,
me fazes habitar em segurança”.

Outros aspectos da obediência são relatados aqui: “E perseguireis os


vossos inimigos, e cairão à espada diante de vós. Cinco de vós
perseguirão a um cento deles, e cem de vós perseguirão a dez mil; e
os vossos inimigos cairão à espada diante de vós. E para vós olharei,
e vos farei frutificar, e vos multiplicarei, e confirmarei a minha aliança
convosco” (Lv 26:7-9). A obediência faz com que os inimigos, ao invés
de nos perseguirem, sejam por nós perseguidos! E isso não é só:
poucos de nós (que obedecem) perseguirão verdadeiros exércitos e
os vencerão, porque isso não será feito através de nossa própria
capacidade, mas sim através da força e do poder de D-us que será
canalizado através de nossas vidas para julgar nossos inimigos.

Outro aspecto interessante é que somente ao olhar para nós o Eterno


nos fará frutificar e multiplicar! A palavra “frutificar” em hebraico é
parâ e significa “frutificar, ser frutífero, ser fecundo, ramificar”. Esta
raiz está no nome de uma das tribos de Israel – Efraim (Gn 41.52)!
Quando falamos sobre o fruto, existem três significados básicos no
hebraico para a palavra:

fruto da árvore

o fruto do ventre – os filhos

o fruto como conseqüência de uma ação; ou seja, a recompensa! (isto


está ligado à lei do plantio e da colheita: aquilo que se planta é
colhido).

Quem é frutífero se multiplica e se ramifica – expande-se – para que


seus frutos possam atingir e alcançar muitos que deles precisam!

Já a palavra “multiplicar” vem do termo hebraico kabar e significa


“multiplicar, haver em abundância”. Imaginemos que estas bênçãos
sobrevêm à nossa vida deforma automática, sem esforço humano!
Está dito na Torah que o Senhor nos faria isso e não que nós, com
nossas habilidades e forças humanas conseguiríamos nos tornar
frutíferos e nos multiplicar!

O resultado disso está expresso na colheita: “E comereis da colheita


velha, há muito tempo guardada, e tirareis fora a velha por causa da
nova. E porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma de
vós não se enfadará.

E andarei no meio de vós, e eu vos serei por Elohim, e vós me sereis


por povo” (Lv 26:10-12). A abundância é tanta que existe uma
necessidade de tirar fora a colheita anterior (o velho) para que a nova
colheita (o novo) seja consumida pelo lavrador! É interessante que o
Eterno nos fala sobre “por o tabernáculo no meio de vós”. A palavra
“tabernáculo” em hebraico é mishkan com o mesmo significado. O
tabernáculo é o lugar onde D-us e o homem se encontram para a
adoração! Tudo é construído de acordo com as ordens explícitas de D-
us; nada se faz com base nas idéias particulares de arquitetos
humanos e nem em concepções já conhecidas, mas tudo é
literalmente “dado” pelo Eterno para seu povo a fim de que Ele possa
vir para ali se manifestar!

Novamente a obediência produz uma profunda alegria no coração do


Eterno de tal forma que a alma D´Ele não se enfadaria do povo! A
alegria pela obediência seria tão grande que não haveria lugar para
outros sentimentos que não o gozo pela unidade do povo com Seu
Criador! Quando isso acontece há uma promessa do Eterno para com
seu povo: Ele andaria no meio deles! A palavra “andar” em hebraico
é halak e esta palavra denota movimento em geral. Isso demonstra
que quando o povo de D-us o obedece há uma movimentação entre
eles do Eterno e daqueles que o servem – anjos, arcanjos e querubins
– que tem o objetivo de atuarem como “guarda de honra” do Eterno
por onde quer que Ele vá!

Novamente temos aqui uma afirmação surpreendente: quando há


obediência o Senhor se manifesta de forma inusitada aos seus. “Eu
sou o IHVH vosso Elohim, que vos tirei da terra dos egípcios, para que
não fôsseis seus escravos; e quebrei os timões do vosso jugo, e vos
fiz andar eretos” (Lv 26:13). O Eterno se apresenta assim: Eu sou o
Senhor, afirmação esta que somente declara qual é a identidade do
Senhor para com seu povo. No hebraico acontecem duas palavras:
IHVH Elohim. Estas palavras demonstram que o Eterno se torna aquilo
que seu povo precisa que Ele se torne, e neste caso, está envolvido o
poder da criação! Ou seja, o Eterno lhes diz que Aquele que criou o
povo de Israel tornou-se para eles a sua libertação!

Já a desobediência traz também outros tipos de conseqüências: “Mas,


se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos, e
se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma se enfadar dos meus
juízos, não cumprindo todos os meus mandamentos, para invalidar a
minha aliança, então eu também vos farei isto: porei sobre vós terror,
a tísica e a febre ardente, que consumam os olhos e atormentem a
alma; e semeareis em vão a vossa semente, pois os vossos inimigos
a comerão” (Lv 26:14-16). Aqui temos uma forte palavra sobre os que
se recusam a ouvir o que o Eterno diz! Vários aspectos estão aqui
envolvidos: o primeiro é a palavra “mandamentos”, que em hebraico
vem do termo mitswâ e significa “mandamento”; a palavra porém
refere-se aos termos de um contrato. Já a palavra “estatutos” em
hebraico é huqqâ e significa “estabelecimento (de uma lei), costume,
lei, decreto”. Quando o povo de D-us recusa-se a obedece-lo de
acordo com as normas do contrato firmado entre as partes (Tanach e
Brit Hadasha), não cumprindo os mandamentos e também rejeita o
que foi estabelecido como costume, decreto, lei pelo Eterno, então há
uma reação de enfado da alma das coisas do Senhor. A palavra
“alma” em hebraico é nepesh e significa “vida, alma, criatura,
pessoa, mente”. Isso nos mostra que há uma reação de “enfado”
trazida pela mente e pelos pensamentos! É o fato de que a parte
reacional luta com o lado espiritual do homem, e neste caso, o
racional supera o espiritual causando assim uma situação de
“incomodo” ao crente! Inclusive a palavra “enfado” em hebraico é ga
´al e significa “detestar, repugnar, ser vergonhosamente expulso,
cair”. Isso nos mostra que aquilo que o Eterno plantou no coração do
homem agora traz a ele uma repugnância tal que ele detesta tudo
aquilo que está ligado ao Senhor!

O não cumprimento dos mandamentos do Eterno demonstra uma


atitude que leva a invalidar os termos do contrato assinado entre D-
us e Abrão como algo transitório e sem importância! A palavra
“mandamentos” em hebraico é mishpat e significa “justiça,
ordenança, costume, maneira”. Representa aquilo que é a idéia mais
importante para uma correta compreensão do governo – seja do
homem, seja de D-us. A palavra vem da raiz shapat que significa
“julgar, governar”. Significa “exercer funções judiciais no governo”.
Ora, o não cumprimento dos mandamentos atrai sobre o transgressor
uma série de eventos que desencadearão um processo de juízos que
somente cessarão quando houver o arrependimento, o conserto e o
retorno à obediência. Neste ponto o Eterno age como um juiz que,
tendo estabelecido os parâmetros legais e modos de conduzirmos
nossas vidas, olha em busca daqueles que certamente estarão
vivendo de acordo com o padrão por Ele estabelecido! Quando isso
não acontece, vem então o juízo em forma de punições tais como:
“porei sobre vós terror, a tísica e a febre ardente, que consumam os
olhos e atormentem a alma; e semeareis em vão a vossa semente,
pois os vossos inimigos a comerão”. A palavra “terror” em hebraico é
bellahâ e significa "terror, destruição”. Devemos entender que este
“terror" não é somente um sentimento ou uma situação de opressão
da alma dos sentidos, mas é também um estado de iminente
destruição através de fatores externos que sobrevirão à estas
pessoas. Um deles é a tísica (tuberculose pulmonar) e a febre
ardente. Estas enfermidades atacam tanto o corpo quanto a alma!
Aqui a palavra “alma” em hebraico é nepesh e significa “vida, alma,
criatura, pessoa, mente”. Devemos então notar que, mais uma vez,
os inimigos espirituais do homem, através da desobediência, tem
acesso ao mesmo podendo infringir-lhe enfermidades e males físicos,
mentais e espirituais que trarão sobre ele tormenta e a destruição! Há
inclusive uma alusão também à uma questão ligada à vida financeira,
pois o desobediente atrai sobe si uma situação de desconforto tal que
não pode “comer” daquilo que ele planta! Ou seja, o seu trabalho não
lhe trará retorno para dar-lhe uma vida confortável e estável diante
do Eterno!

Quando obedecemos, as bênçãos descritas acima nos alcançarão. Já


quando desobedecemos, o que acontece é um pouco diferente: “E
porei a minha face contra vós, e sereis feridos diante de vossos
inimigos; e os que vos odeiam, de vós se assenhorearão, e fugireis,
sem ninguém vos perseguir. E, se ainda com estas coisas não me
ouvirdes, então eu prosseguirei a castigar-vos sete vezes mais, por
causa dos vossos pecados. Porque quebrarei a soberba da vossa
força; e farei que os vossos céus sejam como ferro e a vossa terra
como cobre” (Lv 26:17-19). A primeira coisa que percebemos aqui é
que o Eterno colocaria a sua face contra seu povo! A palavra “face”
em hebraico é panîm e significa “rosto, semblante”. Como já vimos
anteriormente esta palavra está no plural porque o rosto é comporto
de várias partes que o compõem. E o rosto demonstra o estado de
ânimo de uma pessoa. Quando o povo desobedece ao Eterno o seu
rosto para com eles não será de alegria, mas certamente será de
desagrado e até mesmo de ira! O Eterno nos informa que a
desobediência fará com que seu povo seja ferido por seus inimigos e
serão ainda perseguidos por eles!

Novamente percebemos que a desobediência atrai sobre os homens


graves conseqüências, tanto na esfera física quanto na espiritual. Um
outro detalhe é que, se isso não fosse suficiente para fazer o povo
retornar à obediência, eles seriam castigados sete vezes mais por
causa de seus pecados! Duas coisas são importantes aqui: a primeira
é que está envolvida aqui a questão de plenitude, algo completo, que
é representado pelo número sete. Outra coisa é que a palavra
“pecados” em hebraico é hatâ e significa “errar, sair do caminho,
pecar, tornar-se culpado”. Fica aqui bem claro que o castigo viria
sobre eles em plenitude por causa de um “desvio” de rota adotado
pelos israelitas. Este desvio chama-se pecado! Quando nós
resolvemos tomar nossos próprios caminhos como “corretos” então
estamos dizendo com esta atitude que o Eterno não sabe o que é
melhor para nós; assim nos colocamos no lugar D´Ele e o
“rebaixamos” à condição de um ser falível e desprezível!

Então o Eterno nos diz que “quebraria a soberba da nossa força”. A


melhor tradução para “shabar ga´on oz” seria “despedaçarei a
exaltação de sua força”. Agora temos a dimensão de que muitas
vezes o homem exalta-se por causa de sua própria “força” não
somente física mas também intelectual. Alguns acreditam ser os
melhores em tudo! Aqui o Eterno adverte que Ele mesmo haveria de
despedaçar a exaltação de nossa força! Está escrito assim:
“Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e
aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lc 14:11). O
caminho para a exaltação passa pela humilhação! E o caminho da
humilhação passa pela auto-exaltação! Quantas pessoas tem
experimentado esta verdade em suas vidas! Quando permanecemos
num parâmetro de obediência ao Eterno experimentamos então
grandes bênçãos sobre nossas vidas; já quando desobedecemos...

As instruções do Eterno são muito claras e não deixam nenhuma


margem para qualquer tipo de questionamento: “E se andardes
contrariamente para comigo, e não me quiserdes ouvir, trar-vos-ei
pragas sete vezes mais, conforme os vossos pecados. Porque enviarei
entre vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e desfarão o
vosso gado, e vos diminuirão; e os vossos caminhos serão desertos.
Se ainda com estas coisas não vos corrigirdes voltando para mim,
mas ainda andardes contrariamente para comigo, eu também
andarei contrariamente para convosco, e eu, eu mesmo, vos ferirei
sete vezes mais por causa dos vossos pecados” (Lv 26:21-24).
Novamente percebemos que todas estas coisas acontecerão conosco
se permanecermos no pecado! A palavra “pecado” aqui é novamente
o termo hatâ que significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se
culpado”. As conseqüências serão tão devastadoras que o Eterno
promete trazer sobre os pecadores as pragas sete vezes mais!
Novamente isso nos fala de um estado de plenitude de pragas sobre
os pecadores! E ainda nos informa que a própria natureza se voltaria
contra nós, pois as feras causariam danos em nossas famílias levando
nossos filhos e filhas à morte, além de também consumirem nossos
rebanhos (que são uma das fontes de renda do agricultor)! O Eterno
ainda nos informa que “nossos caminhos serão desertos”. A palavra
“desertos” aqui é shamem e significa estar “devastado, estar
estarrecido”. Ela vem de uma raiz que é shammâ e significa
“desolação, assombro, deserto”. Quando a Bíblia nos fala sobre
“caminho(s)” ela está fazendo uma alusão ao nosso viver diário e aos
nossos atos de relacionamentos com nossos semelhantes. Aqui os
desobedientes recebem a “promessa” de que seu viver diário e seus
relacionamentos com seus semelhantes serão devastadores, haverá
medo, assombro, como num deserto cheio de perigos! Se pararmos
para olharmos ao nosso redor perceberemos que essa descrição se
encaixa perfeitamente na vida de muitas pessoas que conhecemos,
inclusive de crentes! Então, creio que demos aqui a resposta à várias
perguntas que nos ocorrem no que diz respeito à vida e situação de
pessoas que estão ao nosso redor! Quando há desobediência então
vem as conseqüências!

Uma outra conseqüência é a guerra! Vejamos o que Moshe nos


descreve aqui: “Porque trarei sobre vós a espada, que executará a
vingança da aliança; e ajuntados sereis nas vossas cidades; então
enviarei a peste entre vós, e sereis entregues na mão do inimigo.
Quando eu vos quebrar o sustento do pão, então dez mulheres
cozerão o vosso pão num só forno, e devolver-vos-ão o vosso pão por
peso; e comereis, mas não vos fartareis” (Lv 26:25-26). A
desobediência ainda traz sobre o homem a “vingança da aliança”. Em
hebraico é “naqam berith”. A palavra naqam significa “vingar, ser
castigado”. Já o termo berith significa aliança acompanhada de
sinais, sacrifícios e juramento solene. Entendemos que a berith
abrange toda a Torah, pois ali estão contidas todas as promessas que
fazem parte da aliança como também todas as punições (ou castigos)
que fazem parte desta mesma aliança! Aqui temos algumas
modalidades de castigo: o Eterno enviaria peste entre o povo, eles
seriam entregues nas mãos do inimigo, haveria “quebra” no sustento
de pão (fome). Tudo isso como o resultado final da desobediência! Por
isso está também escrito: “Porém Samuel disse: Tem porventura o
IHVH tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se
obedeça à palavra do IHVH? Eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (I Sm
15:22). A obediência dispensa a necessidade de qualquer sacrifício!
Através da obediência são quebrados jugos e maldições!

O restante das maldições ainda abrange outros aspectos da vida


humana: “E reduzirei as vossas cidades a deserto, e assolarei os
vossos santuários, e não cheirarei o vosso cheiro suave. E assolarei a
terra e se espantarão disso os vossos inimigos que nela morarem. E
espalhar-vos-ei entre as nações, e desembainharei a espada atrás de
vós; e a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão
desertas. Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da
sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; então a
terra descansará, e folgará nos seus sábados” (Lv 26:31-34). Agora o
Eterno nos fala sobre “reduzir as cidades à desertos e assolar os
santuários”. Quem conhece a história de Israel sabe que esta profecia
cumpriu-se literalmente! No ano 70 de nossa era, quando o general
Tito (de Roma) atacou Israel e assolou Jerusalém essa profecia tornou-
se história! Então aconteceu aquilo que está dito no fim do verso: “e
não cheirarei o vosso cheiro suave”. Aqui a palavra “cheirar” em
hebraico é rîah e significa “sentir (exalar) cheiro, perfumar, aceitar”.
Quando Israel foi disperso pelas nações o Eterno não mais sentiu o
perfume da adoração de seu povo em Jerusalém! Agora, o os seus
adoradores estavam dispersos, vencidos, e tudo por causa de sua
desobediência!

Aqui cumpriu-se o restante da profecia, no verso seguinte: “E


espalhar-vos-ei entre as nações”. A palavra “espalhar” em hebraico é
zarah e significa “soprar, espalhar, lançar fora, dispersar”. Da forma
como o Eterno prometeu isso aconteceu! E o mais incrível é que a
palavra “nações” em hebraico é goy e significa povos e nações
gentílicas! Ou seja, Israel seria espalhado pelo mundo e o povo judeu
se tornaria um povo entre os povos! Isso tudo aconteceu porque o
povo não mais respeitou a Torah e então foi necessário que o Eterno
assim agisse para com seu povo! Esta profecia “Então a terra folgará
nos seus sábados” tem dois significados: o primeiro é que a terra (o
solo) em Israel descansaria nos sábados (há um mandamento para
que a terra de sete em sete anos tenha um descanso, não se
plantando ali), e isso poderia estar sendo negligenciado. Outro
significado é que o shabat seria levado pelos judeus para o mundo e
isso serviria como um sinal para eles (os gentios) a fim de que
retornassem para a plenitude da Palavra do Eterno! A palavra terra
em hebraico é erets e significa terra, país estado. Já a palavra
“folgará” em hebraico é ratsâ e significa “agradar-se de, ser propício
com”. Já a palavra “sábado” em hebraico é shabat e significa
“descanso, cessação”. Ora, fica claro aqui que há uma intenção do
Eterno por trás destes acontecimentos em não somente fazer com
que a terra – solo – tenha descanso, mas também que o mundo
receba a restauração da Palavra através dos judeus que foram
espalhados para mais tarde serem novamente reunidos como um
povo!

Ainda há outras maldições sobre o desobediente: “E, quanto aos que


de vós ficarem, eu porei tal pavor nos seus corações, nas terras dos
seus inimigos, que o ruído de uma folha movida os perseguirá; e
fugirão como quem foge da espada; e cairão sem ninguém os
perseguir. E cairão uns sobre os outros como diante da espada, sem
ninguém os perseguir; e não podereis resistir diante dos vossos
inimigos. E perecereis entre as nações, e a terra dos vossos inimigos
vos consumirá. E aqueles que entre vós ficarem se consumirão pela
sua iniqüidade nas terras dos vossos inimigos, e pela iniqüidade de
seus pais com eles se consumirão” (Lv 26:36-39). Agora temos aqui
as conseqüências da desobediência refletidas na alma do povo. O
coração sentindo pavor é uma delas. A palavra “pavor” em hebraico é
morek e significa “fraqueza”. Em sua raiz está a palavra rakak que
significa “ser macio, ser suave, ser fraco”. O que aconteceria aos que
abandonassem os ensinamentos da Torah? Eles teriam seus corações
enfraquecidos por causa da ausência do padrão divino e também por
que o homem cujo coração não está firmado no Eterno e em sua
Palavra não resiste à nada e tem um sentimento de temor quanto aos
vários aspectos da vida se quem, muitas vezes, exista qualquer
problema!

Um outro aspecto é que o terno diz que os israelitas “pereceriam


entre as nações”. Esta frase em hebraico é abad goy. A palavra
abad em hebraico significa “perecer, ser destruído”. Já o termo goy
significa “povos e nações gentílicas”. Ou seja, o Eterno declara que
aos desobedientes – mesmo entre as nações – estaria reservado a
destruição no meio dos povos para onde eles foram dispersos. Quanto
aos que ficassem, eles “se consumirão pela sua iniqüidade nas terras
dos vossos inimigos”. A palavra “consumirão” em hebraico é maq e
significa “apodrecimento, deterioração”. Qual seria o motivo para
isso? O pecado! A palavra “pecado” em hebraico é avon e significa
“iniquidade, culpa, castigo, castigo pela culpa”. O pecado – ou a
prática e permanência no pecado – faria com que estas pessoas
fossem se deteriorando, apodrecendo, consumindo, até acabarem!
Esta é uma das conseqüências do pecado sobre a vida do homem!
Paulo, em Romanos nos diz que a conseqüência do pecado é a morte!
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Elohim
é a vida eterna, por Ieshua o Ungido nosso Senhor” (Rm 6:23).

Um aspecto positivo desta modalidade de “cativeiro” é que ele


poderia produzir nos israelitas arrependimento! “Então confessarão a
sua iniqüidade, e a iniqüidade de seus pais, com as suas
transgressões, com que transgrediram contra mim; como também
eles andaram contrariamente para comigo. Eu também andei para
com eles contrariamente, e os fiz entrar na terra dos seus inimigos;
se então o seu coração incircunciso se humilhar, e então tomarem por
bem o castigo da sua iniqüidade, também eu me lembrarei da minha
aliança com Jacó, e também da minha aliança com Isaque, e também
da minha aliança com Abraão me lembrarei, e da terra me lembrarei”
(Lv 26:40-42). Ali, distantes de seu país e de seu povo eles se
lembrariam de seus pecados. A palavra “iniquidades” em hebraico é
avon e significa “iniquidade, culpa, castigo, castigo pela culpa”. O
interessante é que quando o homem abandona ao Senhor o Senhor
também lhe dá na medida daquilo que ele faz! Isso já está explícito
desde a Torah e também há um princípio que foi estabelecido –
relembrado – por Paulo, que diz: “Não erreis: Elohim não se deixa
escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também
ceifará” (Gl 6:7).

O cativeiro – as provações e privações – fazem com que o homem


possa novamente lembrar-se de seus atos (e conseqüentemente de
seus pecados) e ali ele tem a oportunidade de refletir em seu coração
e finalmente assumir seu pecado e pedir perdão para o Eterno. É dito
que o coração incircunciso deve se humilhar. A palavra “incircunciso”
em hebraico é arel e significa “incircunciso, pessoa com prepúcio”.
Isso significa que o Eterno pretendia com o “cativeiro” que o homem
voltasse seu coração para Ele a fim de fazerem um pacto, uma
aliança tal que ficasse uma “marca” no coração do homem para
relembra-lo deste pacto!

Este ato de “voltar para o Senhor” faria com que o Eterno se


lembrasse da aliança que um dia fora feita com os patriarcas. A
palavra “lembrar-se” em hebraico é zakar e significa “pensar,
meditar, dar atenção”. Já o termo berith em hebraico significa
“aliança acompanhada de sinais, sacrifícios e juramento solene”. O
Eterno espera que o homem pense, medite, preste atenção (volte-se)
para aquilo que foi dito por Ele para o próprio bem do homem na
Torah. A Torah deve ser obedecida de forma incondicional, pois foi
feita com os patriarcas uma aliança com sangue, sinais, sacrifícios e
juramento da parte de D-us e do homem que não haveria quebra
neste acordo e que isso traria para o homem grande benefícios.

Finalizando temos o restante da Escritura que nos diz: “E, demais


disto também, estando eles na terra dos seus inimigos, não os
rejeitarei nem me enfadarei deles, para consumi-los e invalidar a
minha aliança com eles, porque eu sou o IHVH seu Elohim. Antes por
amor deles me lembrarei da aliança com os seus antepassados, que
tirei da terra do Egito perante os olhos dos gentios, para lhes ser por
Elohim. Eu sou o IHVH” (Lv 26:44-45). Existem aqui os elementos
vitais para a conclusão daquilo que estamos dizendo: o Eterno diz que
“não os rejeitarei nem me enfadarei deles, para consumi-los e
invalidar a minha aliança com eles, porque eu sou o IHVH seu
Elohim”. O Eterno não desejava consumir seu povo em terras
estranhas. A palavra “consumir” em hebraico é kalâ e significa
“concluir, cessar, consumir, terminar, fracassar, acabar”. Já o termo
“invalidar” em hebraico é parar e significa “quebrar, destruir,
frustrar, invalidar”. Novamente, o termo “aliança” em hebraico é
berith em hebraico significa “aliança acompanhada de sinais,
sacrifícios e juramento solene”. Isso significa que o Eterno não
pretendia que seu povo terminasse seus dias no exílio! Porém, isso
dependeria de sua obediência (ou não) à Torah. Quando eles
obedecessem Ele não quebraria, frustraria o pacto feito entre Ele
(Senhor) e os patriarcas com sangue, juramento e sinais! Sendo
assim, o Eterno se apresenta à eles como IHVH Elohim! Quando
somos obedientes ao Eterno ele se apresenta para nós como “Aquele
que se torna nosso Criador”, disponibilizando-nos assim inclusive o
poder da criação a fim de que dominemos as criaturas e a natureza
como foi dito por Ele!

Por isso, o Eterno finaliza dizendo: “Antes por amor deles me


lembrarei da aliança com os seus antepassados”. O Eterno se voltaria
para seus filhos e se lembraria de sua aliança. A palavra “lembrar-se”
em hebraico é zakar e significa “pensar, meditar, dar atenção”.
Quando há obediência, automaticamente os olhos do Eterno voltam-
se para o obediente e Ele atenta, dá atenção aquela pessoa, pois em
seu coração está o desejo de agradar ao seu Criador!

Que o Eterno D-us de nossos pais nos ajude a lhe obedecermos em


todos os momentos de nossas vidas!

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