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FOLHAS DA DISCIPLINA
ANO LECTIVO 2007/08
Setembro de 2007
Luciano Jacinto
ljacinto@dec.isel.ipl.pt
Índice
Cap. I – Introdução ao betão pré-esforçado
1. Objectivo do pré-esforço
2. Vantagens do betão pré-esforçado face ao betão armado
3. Economia
4. Classificação dos sistemas de pré-esforço
5. Aplicações
6. Breve história do pré-esforço.
7. Sistemas comerciais de pré-esforço. Terminologia.
8. Aprovação técnica europeia de sistemas de pré-esforço
9. Nota final
Cap. II – Materiais
1. Betão
1.1. Resistência
1.2. Parâmetros de deformação
1.3. Efeitos diferidos
2. Aços de alta resistência
2.1. Formas comerciais
2.2. Processo de fabrico
2.3. Classes de resistência. características geométricas
2.4. Relaxação
3. Bainhas
4. Caldas de Injecção
Cap. III – Análise de vigas pré-esforçadas
1. Introdução
2. Análise de vigas isostáticas
2.1. Conceito de esforço isostático
2.2. Calculo de deformações devidas ao pré-esforço
3. Análise de vigas hiperstáticas
4. Conceito de carga equivalente à acção do pré-esforço
Cap. IV – Escolha do traçado e da força a aplicar
1. Ideias gerais
2. Ajustamento do traçado para melhor aproveitamento dos mom. hiperstáticos
3. Acessibilidade das ancoragens
4. Troços rectos junto ás ancoragens. Raios mínimos
5. Recobrimentos e afastamentos mínimos
6. O traçado dos cabo e processo construtivo
7. Escolha da força de pré-esforço a aplicar
8. Cálculo de tensões em secções de betão pré-esforçado
Cap. V – Execução do pré-esforço
1. Introdução
2. Projecto de aplicação de pré-esforço
3. Processo construtivo
4. Monitorização da aplicação do pré-esforço
5. Injecção das bainhas
Cap. VI – Dimensionamento das zonas sob as placas de pré-esforço
1. Introdução
2. Distância de regularização
3. Resistência mínima do betão à data de aplicação de pré-esforço
4. Calculo das armaduras específicas para tracções transversais
4.1. Caso de uma só força concentrada
4.2. Caso de 2 forças
4.3. Caso de 3 forças
4.4. Ancoragem embebida
4.5. Juntas de betonagem com cabos acoplados
4.6. Maciços de amarração de cabos
4.7. Caso de secções formadas por banzos e almas
4.8. Outros casos
Cap. VII – Perdas De Pré-Esforço
1. Introdução
2. Perdas instantâneas
2.1. Perdas por atrito
2.1.1. Lei de coulomb
2.1.2. Formula de Euler
2.1.3. Vigas com traçados parabólicos
2.1.4. Calculo dos alongamentos
2.2. Perdas por reentrada das cunhas
2.3. Perdas por deformação instantânea do betão
3. Perdas diferidas
Cap. VIII – Estados limites últimos
1. E.L. Último de flexão
1.1. Critério de verificação da segurança
1.2. Calculo de Mrd
1.2.1. Bases para o cálculo de Mrd
1.2.2. Método geral para o cálculo de Mrd
1.2.3. Método do diagrama rectangular
1.2.4. Flexão composta
1.2.5. Secção com pré-esforço não aderente
1.3. Armaduras mínimas de flexão
2. E.L. Último de esforço transverso
2.1. Critério geral de verificação da segurança
2.2. Elementos com armadura específica de esforço transverso
2.3. Secção de cálculo de Vsd
2.4.. Cargas suspensas
2.5. Vigas de altura variável
2.6. Corte na ligação entre banzos e almas
2.7. Outros casos tratados no EC2
2.8. Armadura mínima de esforço transverso
Cap. IX – Lajes pré-esforçadas
1. Introdução
2. Pré-dimensionamento
3. Traçado dos cabos
3.1. Traçado em perfil
3.2. Traçado em planta
4. Análise de lajes pré-esforçadas
5. Estados limites últimos
6. Estados limites de serviço
Anexos
Anexo A – Revisões da resistência dos materiais
Anexo B – Critérios de verificação da segurança. Combinações de acções.
Anexo C – Estudo das parábolas
Anexo D – Dedução da expressão para o calculo de λ
Anexo E – Exemplo de desenho contendo os elementos habituais num projecto de
aplicação de pré-esforço.
Referências bibliográficas
DEC – BETÃO ESTRUTURAL III Cap. I - Introdução
1. Objectivo do pré-esforço
O pré-esforço consiste na introdução de um sistema de forças a uma estrutura recorrendo a
cabos previamente esticados com o objectivo de criar um estado de tensão interno de sinal
contrário ao estado de tensão provocado pelas cargas exteriores. Tal é ilustrado na figura
seguinte:
S (-)
S
S (+)
σ
S (+)
P
S
S (-) σ
Fig. 1.1 – O estado de tensão associado ao pré-esforço contraria o estado de tensão associado ás cargas
exteriores
Conforme se observa na figura, o carga exterior gera tracções na fibra inferior da secção S e o
pré-esforço gera compressões, contrariando assim as primeiras. A força de pré-esforço, P,
pode ser calculada de forma a anular as tracções provocadas pela carga exterior.
O pré-esforço não está limitado a estruturas de betão armado, mas, no caso destas, tem o
objectivo adicional de melhorar o seu comportamento em serviço (redução de fissuração e
deformações).
3. Economia
Persiste ainda uma ideia errada de que o pré-esforço encarece as obras. Bem pelo contrário.
Com efeito, mesmo para vãos em que ainda seria viável uma solução em betão armado, é
possível que a solução pré-esforçada seja mais económica.
Para vãos pequenos o custo das ancoragens (dispositivos de amarração dos cabos) tem um
peso apreciável no custo unitário de pré-esforço, o que torna a solução pré-esforçada mais
cara. No entanto, para vãos maiores a situação inverte-se. Como ordem de grandeza, acima
dos 10 a 15 m de vão, a solução pré-esforçada tende a ser mais económica para o dono de
obra do que uma solução em betão armado.
Como é evidente, o custo final depende também de outros factores, tais como, a quantidade a
aplicar e a facilidade de deslocação ao local, pelo que os vãos indicados acima são apenas
indicativos.
• Aço em barra
O pré-esforço com fios é aplicado principalmente na indústria da pré-fabricação que, como se
disse acima, recorre à técnica da pré-tensão.
Os cordões são constituídos por um conjunto de fios enrolados em hélice e são usados quer na
pré-tensão que na pos-tensão. São fabricados cordões com 2, 3 e 7 fios, sendo este último o
que tem maior aplicação.
O pré-esforço em barra aplica-se sobretudo na pos-tensão de elementos de pequeno
comprimento, por duas principais razões:
1 – As ancoragens das barras são mais económicas do que as ancoragens para pré-esforço
em cordão, o que as torna mais vocacionadas para cabos curtos, já que, para estes, o
custo das ancoragens tem maior peso no custo final do pré-esforço.
2 – A reentrada dos fixadores é mais baixa nas barras do que no pré-esforço em cordão, o
que constitui uma grande vantagem para cabos curtos, já que, conforme veremos, estes
são mais sensíveis às perdas por reentrada dos fixadores do que os cabos longos.
contacto com a estrutura são nas zonas de amarração e nas selas de desvio, também
designados por desviadores.
d) Quanto à aderência
• Pré-esforço aderente
• Pré-esforço não aderente
Como o nome indica, no pré-esforço aderente o aço está aderente à secção de betão, tal como
a armadura passiva. As variações de extensão no betão e no aço são iguais.
Como exemplos de pré-esforço do tipo aderente, temos a pré-tensão, que é sempre aderente, e
a pos-tensão com injecção de bainhas. Como exemplos de pré-esforço do tipo não aderente,
temos o pré-esforço exterior e ainda o chamado sistema monocordão autoembainhado,
usualmente empregue no pré-esforço de lajes.
No pré-esforço do tipo aderente, o aço de pré-esforço está geralmente em cedência em estado
limite último, mas o mesmo já não acontece com o tipo não aderente. Assim, do ponto de
vista do estado limite último o pré-esforço aderente é mais eficiente, na medida em que
permite tirar partido da capacidade total dos aços. Mas é também mais eficiente do ponto de
vista da fissuração do betão, graças à activação das forças de aderência no momento da
formação da fissura.
5. Aplicações
O pré-esforço tem inúmeras aplicações. Nas figuras seguintes mostram-se alguns exemplos:
Pré-esforço longitudinal
Pré-esf. no diafragma
Pré-esf. no coroamento
do pilar
É possível ligar um cabo a outro cabo esticado numa fase anterior recorrendo a dispositivos
designados por acoplamentos, ou por vezes também designados por ancoragens de
continuidade. Estes dispositivos estabelecem a continuidade entre dois cabos esticados em
fases consecutivas. Na figura que segue representa-se um acoplamento do sistema CCL:
Como se vê na figura acima, a fixação dos cordões é feita através de “grips” de extrusão.
Outros sistemas realizam a fixação com cunhas, semelhantes às adoptadas na ancoragem
activa.
9. Nota final
Para o prosseguimento desta disciplina assume-se que o estudante domina os conceitos
básicos da Resistência dos Materiais (Mecânica dos sólidos, como agora é chamada com a
revisão curricular de Bolonha), bem como os critérios de verificação de segurança das
estruturas. Visto que estes conceitos são essenciais no Betão Estrutural III faz-se uma pequena
revisão nos anexos A e B.
Temos notado em semestres anteriores que vários alunos têm dificuldade em efectuar
combinações de acções. Assim, com a finalidade de rever os conceitos básicos associados às
combinações de acções propõe-se a resolução do seguinte problema:
Problema proposto
Suponha que após a analise de uma estrutura, uma determinada secção apresenta os seguintes
momentos flectores:
ψ0; ψ1; ψ2 - - 0.6; 0.4; 0.2 0; 0; 0 0.40; 0.20; 0 0.60; 0.50; 0.30
Cap. II – Materiais
1. Betão
1.1. Resistência
A classe de resistência do betão é identificada por um “C” seguido de dois algarismos:
fck
Exemplo: C30/37 (antigo B35)
fck,cube
O primeiro algarismo, 30, refere-se ao valor característico da tensão de rotura aos 28 dias, em
[MPa], referida a provetes cilíndricos (φ×h = 0.15×0.30) e é denotado no EC2 por fck. O
segundo designa também o valor característico da tensão de rotura, mas referida a provetes
cúbicos com 0.15 m de aresta, denotada por fck,cube.
Como regra geral, em betão pré-esforçado não se deve usar classes de resistência inferiores a
C25/30.
Para efeitos de verificação da segurança é sempre o valor referido a cilindros que se utiliza.
Recorda-se que o valor característico de um parâmetro resistente refere-se, em geral, ao
percentil de 0.05. Assim, afirmar que o valor característico resistência do betão é de 30 MPa,
equivale a afirmar que a probabilidade de que o betão tenha uma resistência superior a 30
MPa é de 0.95. Por outras palavras, espera-se que em 95% das situações a resistência do betão
seja superior a 30 MPa.
Conforme dito acima, o valor fck refere-se aos 28 dias de idade. Como regra, quando não se
especifica a idade de um parâmetro, tal parâmetro refere-se aos 28 dias. O EC2 no paragrafo
§3.1.2 contem expressões que permitem estimar a evolução da resistência do betão com o
tempo, fck(t), e que se reproduzem aqui: O valor médio da resistência à compressão do betão à
idade t, fcm(t), pode ser estimada por:
f cm (t ) = β cc (t ) f cm
em que: fcm – valor médio da resistência à compressão aos 28 dias (EC2 tabela 3.1)
⎧⎪ ⎡ ⎛ 28 ⎞
0.5 ⎤ ⎫
⎪
β cc (t ) = exp ⎨ s ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥⎬
⎩⎪ ⎢⎣ ⎝ t ⎠ ⎥⎦ ⎭⎪
σc
E cm = tgα (modulo secante, aos 28 dias)
0.40 fcm Ec = 1.05 E cm (modulo tangente, aos 28 dias)
α f (t ) 0.30
E cm (t) = ⎛ cm ⎞ × E cm
εc ⎝ fcm ⎠
O módulo de elasticidade secante, Ecm, está definido na tabela 3.1 do EC2 para cada classe de
betão. Os valores aí indicados aplicam-se se os inertes do betão forem à base de quartzito.
Para outras constituições dos inertes o módulo de elasticidade deve ser corrigido da seguinte
forma [EC2 §3.1.3 (2)]:
⎧ Ecm , quartzito
⎪0.90 E ,
⎪ calcario
Ecm =⎨ cm
Relativamente ao coeficiente de Poisson, os valores a usar são os seguintes [EC2 §3.1.3 (4)]:
a) Retracção
Definição
A retracção do betão é o fenómeno de encurtamento lento e gradual que uma peça de betão
sofre ao longo do tempo, nas três direcções, mesmo que não esteja sujeito a nenhuma carga
nem a variações de temperatura.
A retracção inicia-se logo que o betão começa a ganhar presa, ou até antes, e só estabiliza ao
fim de uns 20 ou 30 anos. Tem duas parcelas: a chamada retracção autogénea que ocorre
durante o endurecimento do betão e portanto é significativa apenas nas primeiras idades, e a
retracção de secagem que ocorre lentamente ao longo do tempo e é devida à evaporação da
água de amassadura que não foi usada na hidratação do cimento.
Quantificação
A quantificação da retracção é feita a partir de um parâmetro, designado por extensão de
retracção e denotado por εcs (t,t0), que se lê “extensão devida à retracção entre as idades t0 e
t”.
Depende de muitos factores, entre os quais:
– dimensões da secção transversal;
– húmidade relativa;
– temperatura ambiente;
– composição do betão.
As dimensões da secção transversal da peça são traduzidas na chamada espessura
equivalente, h0, definida como:
A
2A
h0 = A – Área da secção transversal
µ
µ - Perímetro em contacto com a atmosfera
µ
∆σ pt ,s = E p ε cs
b) Fluência
Definição
Se sujeitarmos um provete de betão a uma tensão constante, verifica-se que este, para além da
deformação elástica inicial, continua a deformar ao longo do tempo, de forma lenta e gradual.
Esta deformação lenta designa-se por deformação de fluência.
A origem do fenómeno prende-se com movimentos internos da água e ainda com
escorregamentos lentos das partículas internas do betão. Os factores principais que
influenciam a deformação de fluência são a carga actuante a que se juntam os factores que
Quantificação
Suponhamos um provete de betão sujeito a uma tensão σc aplicada na idade t0, e mantida
constante a partir daí. O provete sofre uma extensão elástica inicial (instantânea), εc0, seguida
de uma extensão,εcc, que vai aumentando gradualmente ao longo do tempo, só estabilizando
ao fim de uns 20 ou 30 anos (fig. 2.2).
ε
σc
εc,tot
εcc
εc0
σc
t
t0
Fig. 2. 3 – Evolução com o tempo da extensão num provete de betão sujeito a uma tensão constante
em que:
σc – tensão, por hipótese constante, aplicada na idade t0;
Ec – módulo de elasticidade tangente do betão aos 28 dias de idade, o qual pode ser
obtido aumentando 5% os valores do módulo de elasticidade secante, Ecm, que
constam na tabela 3.1 do EC2. (Ec = 1.05×Ecm).
ϕ(t,t0) – coeficiente de fluência na idade t correspondente a uma tensão aplicada na
idade t0
A expressão (1) pode ser encarada como uma definição do coeficiente de fluência. Verifica-
se, assim, que a extensão de fluência é proporcional á tensão aplicada. Esta proporcionalidade
permite-nos aplicar o princípio da sobreposição dos efeitos a cargas aplicadas em instantes
diferentes. Assim, para calcular a extensão total de fluência devida a duas cargas aplicadas em
instantes diferentes, podemos calcular separadamente a extensão de fluência para cada carga e
somá-las depois.
ϕ(t,t0)
ϕ(t,t0)
ϕ(t,t1)
ϕ(t,t2)
t
t0 t1 t2
Fig. 2. 4 – Dependência do coeficiente de fluência com a idade de carregamento
Cada carga permanente possui a sua própria curva de fluência. Dito de maneira simples: “o
betão têm memória”. Existirão, pois, tantas curvas de fluência quantas as cargas permanentes
aplicadas em instantes diferentes. Conforme ilustrado na figura 2.4, verifica-se que quanto
mais cedo se aplicar a carga, maior é o coeficiente de fluência e, consequentemente, maior é a
deformação por fluência.
Para calcular a extensão total à idade t devida a uma tensão constante aplicada na idade t0,
basta adicionar à extensão elástica inicial a extensão de fluência, obtendo-se:
⎡ 1 ϕ (t , t0 ) ⎤
εc,tot(t,t0) = σ c ⎢ + ⎥ (2)
⎣ Ec (t0 ) Ec ⎦
em que Ec(t0) designa o módulo de elasticidade tangente na idade t0, o qual pode ser estimado
aumentando em 5% o valor do módulo de elasticidade secante à mesma idade. O termo entre
parêntesis rectos é designado habitualmente por função de fluência e representa-se por Φ(t,t0).
Fazendo intervir a função de fluência na equação (2), esta toma a forma:
1
εc,tot(t,t0)= σc Φ(t,t0) ⇔ σc = εc,tot(t,t0)
Φ(t , t 0 )
Temos estado a admitir que a tensão aplicada no betão é constante. E se a tensão no betão não
for constante? Se a variação da tensão no intervalo t-t0 for pequena, pode-se continuar a usar a
formulação anterior, tomando-se para o efeito, o valor médio da tensão que se verifica nesse
intervalo. Se, além disso, a variação do módulo de elasticidade poder ser desprezada no
intervalo em questão, a expressão (2) simplifica-se. Com efeito, admitindo que Ec(t0) = Ec, a
expressão (2) transforma-se em:
1 + ϕ (t , t0 ) Ec
ε c,tot (t , t0 ) = σ c ⇔ σc = ε c,tot (t , t0 )
Ec 1 + ϕ (t , t0 )
Ec
O factor: designa-se habitualmente por módulo de elasticidade fictício ou módulo
1 + ϕ (t , t0 )
de elasticidade equivalente, e possibilita efectuar uma análise simplificada dos efeitos da
fluência.
Exemplo 2.2 – Uma viga de betão armado está sujeita a uma carga constante aplicada na
idade t0 e mantida constante até à idade t. O modulo de elasticidade, cuja variação no
intervalo (t0, t) se admite desprezável, é igual a Ec. Num determinado ponto da estrutura
observou-se, no momento da aplicação da carga, uma flecha elástica instantânea d0.
Determine a flecha na idade t, d(t).
Ora, admitindo comportamento elástico da estrutura, sabemos que o deslocamento elástico é
inversamente proporcional ao modulo de elasticidade, podendo escrever-se: d0 = k/Ec (k é a
constante de proporcionalidade). O deslocamento d(t) pode ser determinado substituindo
nesta expressão Ec por Ec/[1 + ϕ(t,t0)]. Obtém-se:
k
d (t ) = (1 + ϕ (t , t0 ) ) ⇔ d (t ) = (1 + ϕ (t , t0 ) ) × d 0
Ec
Suponhamos por exemplo que ϕ =2.50 (valor típico do coeficiente de fluência a longo prazo).
Vê-se assim que a flecha a longo prazo mais do que triplica. Portanto, para se controlar
eficazmente as deformações em estruturas de betão armado, as deformações elásticas
instantâneas têm de ser muito pequenas. É aqui que reside uma importante vantagem do betão
pré-esforçado – possibilita uma redução significativa das deformações elásticas iniciais e por
conseguinte também uma redução significativa das deformações a longo prazo.
Se as variações da tensão e do módulo de elasticidade não poderem ser desprezadas no
intervalo de tempo em questão, a extensão devida à fluência pode ser calculada usando o
principio da sobreposição dos efeitos. Recordamos que este princípio é aplicável apenas se a
tensão no betão for inferior a cerca de 0.45 de fck, o que se verifica na generalidade das
situações. Este princípio habilita-nos a calcular a extensão de fluência sob tensão variável.
Efectivamente, quando a tensão aplicada varia com o tempo, podemos dividir o intervalo de
tempo em vários subintervalos e aplicar o valor médio do incremento da tensão associado a
cada subintervalo, conforme se mostra na figura seguinte:
σc
∆σc,ti
σc,t0
t
t0 t1 ti-1 ti tn
Aplicando o principio da sobreposição, a extensão de fluência sob tensão variável é dada por:
σ n ∆σ
ε cc (t , t0 ) = ϕ (t , t0 ) c,t 0 + ∑ ϕ (t , ti ) c,ti
Ec i =1 Ec
Para obter a extensão total, há que adicionar à expressão anterior, as parcelas elásticas, dadas
por:
σ n ∆σ
ε c 0 = c,t 0 + ∑ c ,ti
Ec (t0 ) i =1 Ec (ti )
Recordamos que Ec e Ec(t0) designam o modulo de elasticidade tangente, respectivamente aos
28 dias e à idade t0.
Perda de tensão devida à fluência
A extensão de fluência irá provocar uma perda de tensão nos cabos que possam existir na
secção. Admitindo aderência perfeita entre o aço de pré-esforço e o betão, a variação de
extensão sofrida pelo aço é igual à extensão de fluência, pelo que a perda de tensão nas
armaduras de pré-esforço é igual a:
|σ |
∆σ pt ,c = E p | ε cc | = E p × ϕ c = α ϕ | σ c | ⇔ ∆σ pt ,c = α ϕ | σ c | em que:
Ec
α = E p / Ec (coeficiente de homogeneização);
σc – tensão de compressão no betão ao nível do cabo devida às acções permanentes,
incluindo a acção do pré-esforço:
A equação ∆σ pt ,c = α ϕ | σ c | aplica-se a uma determinada secção (e a um determinado
instante). Se o pré-esforço não for do tipo aderente, a equação aplica-se a um troço
compreendido entre dois pontos consecutivos de fixação do cabo à estrutura, em geral as
ancoragens. O coeficiente de fluência a usar será o coeficiente de fluência médio que se
verifica nesse troço.
• Fios (wire)
• Cordões (strand)
• Barras (bar)
A norma europeia que estabelece as características dos aços de pré-esforço é a norma EN
10138, que se compõe de 4 partes. A primeira trata dos requisitos gerais, a segunda trata dos
fios, a terceira dos cordões e a quarta das barras. O LNEC está preparado para homologar os
dois primeiros tipos de aço, para o que elaborou duas especificações, baseadas aliás na EN
10138, a especificação E452-2004 e a E453-2002, respectivamente para aço em fio e aço em
cordão.
A aplicação dos fios está sobretudo virada para a indústria da pré-fabricação, que recorre ao
método da pré-tensão. Já os cordões, aplicam-se sobretudo na pos-tensão, embora também o
sejam na pré-tensão.
Os cordões são formados por 2, 3 ou 7 fios, sendo este último o mais utilizado. Podem ser
fornecidos com uma bainha de polietileno de alta densidade, designando-se neste caso cordão
auto-embainhado. Os cordões auto-embainhados utilizam-se em pré-esforço exterior e
também no pré-esforço de lajes (sistema monocordão). As barras são varões em aço de
elevada resistência e podem ser parcial ou totalmente roscadas.
A figura seguinte mostra dois fios, um liso e outro indentado, dois cordões de 7 fios, um
simples e outro auto-embainhado e ainda uma barra de pré-esforço.
a) Fios e cordões
A classe de resistência mais utilizada para aço em cordão é a classe Y1860S7, sendo esta a
notação da norma europeia atrás referida, onde 1860 designa o valor característico da tensão
de rotura em [MPa], fpk, e o símbolo S7 designa secção com sete fios.
O diagrama σ-ε típico de um cordão de pré-esforço é o indicado na figura seguinte:
σ
fpk
fp01.k
Ep = 195 GPa
ε
0.1%
~50%o
Por influência das normas americanas ASTM, o cordão de 15 mm é por vezes designado
cordão STANDARD e o cordão de 16 mm cordão SUPER.
b) Barras
As classes de resistência mais utilizadas em pré-esforço com barras são a classe Y1030H e
Y1230H, a que correspondem tensões de rotura características de, respectivamente, 1030 e
1230 MPa. As tensões limites convencionais de proporcionalidade são de 835 e 1080 MPa,
respectivamente. O módulo de elasticidade médio das barras é de 170 GPa, inferior, portanto,
ao dos cordões.
Na tabela seguinte apresentam-se as características de algumas das barras mais utilizadas:
Quadro 3.2 – Barras mais utilizadas (EN 10138-4)
Diâmetro nominal Área [cm2] Peso [kg/m]
32 mm 8.04 6.313 / 6.53 (1)
36 mm 10.18 7.99 / 8.27 (1)
40 mm 12.57 9.865 / 10.205 (1)
(1) – barra lisa / barra roscada
2.4. Relaxação
Definição
A relaxação consiste na diminuição lenta e gradual da tensão no aço quando este é submetido
a uma extensão constante.
Quantificação
A relaxação depende do processo de fabrico dos aços, da temperatura e do nível de tensão
aplicada. É medida a partir do ensaio de relaxação que consiste, resumidamente, em sujeitar
um provete a uma tensão inicial σ p 0 = 70% da tensão de rotura (desse provete) e manter a
deformação constante durante 1000 horas. A variação de tensão ocorrida no provete no final
do ensaio designa-se por perda por relaxação às 1000 horas e denota-se por ∆σ p1000, r .
∆σ p1000,r
ρ1000 = × 100 [%]
σ p0
Para efeitos de perdas por relaxação, podemos considerar o longo prazo (tempo infinito) como
sendo 500 000 horas [~ 57 anos, EC2 3.3.2 (8)].
Exemplo 2.3 – Numa determinada secção de uma estrutura a tensão inicial no aço de pré-
esforço é de 1300 MPa. Admitindo que ρ1000 = 2.5% e que o aço é da classe Y1860,
determine a perda de tensão por relaxação a longo prazo usando as expressões do EC2.
1300
1300 0.75(1− )
9.1 ⎛ 500000 ⎞
×10−5 × 1300 = 50.5 MPa. (3.9 %).
1860
Tem-se: ∆σ p∞,r = 0.66 × 2.5 × e 1860
⎜ ⎟
⎝ 1000 ⎠
Pré-esforço útil
O pré-esforço útil, ou pré-esforço a longo prazo, obtém-se subtraindo ao pré-esforço inicial as
perdas diferidas, ou seja:
σ p∞ = σ p 0 − ∆σ p∞,s − ∆σ p∞,c − ∆σ p∞,r ;
P∞ = σ p∞ × Ap
Este procedimento é simplificado, pois não leva em conta a interdependência entre os 3 tipos
de perdas diferidas. No capítulo VII apresentaremos a expressão do EC2 que tem em conta a
interacção entre as perdas por retracção, fluência e relaxação.
3. Baínhas
As bainhas a usar nos sistemas pos-tensionados poderão ser metálicas ou de plástico, sendo as
primeiras as mais utilizadas. A figura seguinte mostra exemplos de bainhas:
Fig. 2. 7 – Bainhas metálicas, em aço corrogado, e de plástico usadas na pos-tensão (catálogo CCL)
O objectivo das bainhas é impedir que, aquando da betonagem, o betão entre em contacto
com o aço o que, se acontecesse, inviabilizaria o esticamento posterior do aço.
São fabricadas geralmente com comprimentos de 6.00 m e emendadas em obra com o auxílio
de pequenos troços de bainha com diâmetro ligeiramente superior.
Após o esticamento do aço, o espaço vazio entre os cordões e a bainha é preenchido com
calda de cimento, a fim de proteger o aço da corrosão e possibilitar a aderência.
O diâmetro das bainhas é estabelecido normalmente de forma a que a sua área seja cerca do
dobro da área dos cabos. Um diâmetro mais pequeno, além de criar dificuldades de injecção,
aumentaria o coeficiente de atrito cabo-baínha.
No quadro seguinte indicam-se os diâmetros interiores das bainhas para os tipos mais usuais
de cabos:
Quadro 3.3 – Diâmetro interior das bainhas
Existem normas europeias, já adoptadas de resto, como normas portuguesas, que estabelecem
os ensaios a realizar a fim de garantir a qualidade das bainhas. São elas a NP EN 523 e NP
EN 524. Os principais ensaios a realizar são:
• ensaio de flexibilidade;
• resistência à carga lateral;
• ensaio de estanquidade.
4. Caldas de Injecção
As caldas de injecção são, basicamente, constituídas por cimento, água e plastificante,
podendo, em alguns casos, adicionar-se um expansivo. O objectivo do plastificante é
assegurar uma boa trabalhabilidade com uma relação A/C baixa.
A injecção das bainhas, a realizar após o esticamento dos cabos, tem um objectivo duplo:
− protecção dos aços contra a corrosão;
− assegurar a aderência entre o cabo e a secção de betão.
Visto que esses objectivos são muito importantes, o estudo da composição, a amassadura e a
injecção propriamente dita deve ser efectuada por pessoal tecnicamente qualificado. As
normas europeias que especificam os ensaios a realizar, os procedimentos de injecção e os
parâmetros de aceitação, são as seguintes: NP EN 445, NP EN 446 e NP EN 447.
No capítulo V faremos uma breve descrição dos procedimentos habituais de injecção bem
como um breve resumo dos ensaios especificados nessas normas.
HR = 70%; T = 20º
Betão C30/37 (Cimento da classe CEM 42.5 N)
1.00
Ep = 195 GPa
Compressão no betão ao nível do cabo, devida às acções permanentes,
incluindo a acção do pré-esforço: 5MPa;
0.30
1. Introdução
Considere-se uma viga simplesmente apoiada, pré-esforçada, e admita-se que o cabo é
esticado pela extremidade direita, conforme representado na figura seguinte:
No momento do esticamento, as forças que o cabo exerce na viga são de três tipos, a saber
(figura 3.2):
− forças transmitidas pelas ancoragens;
− forças de desvio, perpendiculares ao cabo;
− forças de atrito, tangenciais ao cabo.
Segundo a lei da acção-reacção (3ª lei de Newton), as forças que o cabo exerce na viga são
iguais e de sinal contrário às forças que a viga exerce no cabo. Ora, visto que o cabo está em
equilíbrio, as forças a que está sujeito têm de estar em equilíbrio, isto é, têm de ter resultante
nula, o mesmo acontecendo com as forças que o cabo exerce na viga.
Assim, a acção do pré-esforço na viga é uma acção auto-equilibrada. Consequentemente,
numa viga isostática as reacções devidas ao pré-esforço são nulas, e numa viga hiperstática a
sua soma tem de ser nula, embora, individualmente, possam não sê-lo.
c.g.
x S
S S
M(x)
N(x)
e(x)
P(x)
α(x) V(x)
S S
N ( x ) = − P( x ) cos α ( x ) ≈ − P( x ) N ( x ) = − P( x )
M ( x ) = − P( x ) cos α ( x ) e( x ) ≈ − P( x ) e ( x ) M ( x ) = − P( x ) e ( x )
Exemplo 3.1
Traçar os diagramas de esforços devidos ao pré-esforço na seguinte viga:
P=cte
e1
e2
L1 L2 L1
Resolução
Aplicando o conceito de esforço isostático resulta imediatamente:
N (-)
P
P2(e2-e1)
L1
(+)
V (-)
Pe2
M
(-) Pe1
Convém referir que o valor de P depende das acções que actuam depois da aplicação do pré-
esforço, uma vez que o seu valor é afectado pela deformação da viga, sobretudo se o pré-
esforço for do tipo aderente. Assim, por exemplo, suponhamos que após a aplicação do pré-
esforço é aplicada uma determinada carga que provoca numa determinada secção um aumento
∆N de esforço axial e um aumento ∆M de momento flector. Então é fácil verificar recorrendo
à teoria das peças lineares que o aumento de tensão no aço de pré-esforço (admitindo
aderência perfeita) é dada por:
E p ⎛ ∆N ∆M ⎞
∆σ p = ⎜ + e⎟
Ec ⎝ Ac Ic ⎠
de ∆εc = ∆N /(Ac Ec). O momento ∆M provoca na secção, ao nível do cabo, uma variação de
tensão ∆σc = ∆M / Ic × e, e portanto uma variação de extensão de ∆εc = ∆M /(Ic Ec)×e. O
incremento de extensão total será a soma das duas parcelas. Ora, visto que se admite
aderência perfeita entre o betão e a armadura e ∆σp = Ep ∆εc, resulta imediatamente a
expressão acima.
Vê-se assim que o valor do pré-esforço que actua na secção é afectado pelas cargas que
actuam após a aplicação do pré-esforço. Porém, em algumas aplicações, como por exemplo na
verificação da descompressão, é usual desprezar-se a influência que essas acções têm no valor
do pré-esforço.
Refira-se, finalmente, que o conceito de esforço isostático generaliza-se facilmente a um cabo
com traçado espacial.
z
ey P
ez α
β
x
y
Fig. 3.4 – Generalização do conceito de esforço isostático a um cabo espacial
V y = P sin α V y = P tan α
M y = P cos α cos β ez M y = P ez
M z = P cos α cos β e y M z = P ey
P=cte
A, I L L
Questões:
a) Determine a flecha na extremidade da consola por acção do pré-esforço.
b) Que modificações introduziria no traçado do cabo se desejasse aumentar a flecha?
c) Suponha que inverte a viga, mantendo no entanto o traçado original. Nestas
circunstancias, indique se a flecha aumenta, diminui ou se mantém constante.
Resolução
a) Dada a simetria da estrutura e da acção em apreço (pré-esforço), calcularemos a flecha
admitindo encastramento perfeito no pilar central. Há que desenhar os diagramas de
momentos devidos ao pré-esforço e devidos a uma carga unitária aplicada na extremidade da
consola. Tem-se:
1
M0 M1
1
Pe
L L 2
×
∫
M 0 M1 1 ( 5 Pe L
d= dx = (+) (+) ) ⇔ d=
EI EI 12 EI
P×e 1
L L
Deformada real
R R
2R
Mhip
(+)
R× L
V hip R
(+)
(-)
R
Fig. 3.5 – Esforços hiperstáticos devidos ao pré-esforço
Neste exemplo, se o apoio central não existisse, a estrutura seria isostática e a deformada
imposta pelo pré-esforço seria a deformada (1). Acontece, porém, que o apoio existe, o que
equivale a introduzir uma carga vertical de forma a anular o deslocamento nessa secção. Os
esforços hiperstáticos resultam dessa carga, ou reacção, e têm o andamento indicado na figura
anterior.
O cálculo dos esforços hiperstáticos pode ser efectuado recorrendo ao conhecido método das
forças. Vejamos um exemplo:
P = cte P = cte
e
⇔ ⇔
L L
X
"estrutura dada" "sistema base"
P = cte P = cte
+X ×
"0" "1"
Fig. 3.6 – Aplicação do método das forças
Conforme se sabe, na aplicação do método das forças começa-se por escolher um sistema
base, ou seja uma estrutura isostática obtida da estrutura dada por libertação de esforços ou
reacções, tantos quantos os necessários para transformar a estrutura dada numa estrutura
isostática. Os esforços ou reacções libertados constituem as incógnitas hiperstáticas. No
exemplo acima, por se tratar de uma estrutura hiperstática do 1º grau, basta libertar apenas um
esforço ou reacção, tendo-se optado por libertar a reacção no apoio central.
O cálculo das incógnitas hiperstáticas é feito a partir das equações de compatibilidade. No
caso acima, a equação de compatibilidade consiste em igualar a zero o deslocamento no apoio
central, vindo:
δ =0 (1)
Decompondo este deslocamento nas parcelas “0” (acção do pré-esforço) e nas parcelas “1”
(acção da força unitária), tem-se:
δ0
δ = 0 ⇔ δ 0 + X × δ1 = 0 ⇔ X = −
δ1
M M M 12
δ 0 = ∫ 0 1 dx ; δ1 = ∫ dx
EI EI
Há pois que desenhar os diagramas M0 e M1:
M1
2L
M0 L L
P× e
(-) 1
(+)
L
2
M 0M1 1 1 L PeL2
δ0 = ∫ dx = − P×e× × 2×L = − ;
EI EI 2 2 2 EI
M 12 1 1 L2 L3
δ1 = ∫ dx = 2× ×L = ;
EI EI 3 4 6 EI
δ0 3Pe
X =− = ;
δ1 L
O momento hiperstático, conforme vimos, tem variação linear e o seu valor junto ao apoio
central é igual a:
X 3
M hip = × L = Pe
2 2
Verifica-se que o valor dos esforços hiperstáticos são sempre proporcionais ao valor do pré-
esforço P, podendo escrever-se:
M hip = c P
Acção do PE Acção do PE
X1 X1 X2 X2
⇔ ⇔
Acção do PE
1 1 1 1
+ X1× + X2 ×
M0 = P × e
M0 M1 M2
1 1
Fig. 3.7 – Aplicação do método das forças a uma estrutura hiperstática do 2º grau
Setembro de 2007 III-9
DEC – BETÃO ESTRUTURAL III Cap. III – Análise de vigas pré-esforçadas
Por razões de compatibilidade, a rotação relativa na secção 1, representada por δ1, tem de ser
nula, o mesmo acontecendo com a rotação relativa na secção 2, δ2, ou seja:
⎧δ 1 = 0 ⎧δ 10 + X 1δ 11 + X 2δ 12 = 0
⎨ ⇔ ⎨ ; ou, usando notação matricial:
⎩δ 2 = 0 ⎩δ 20 + X 1δ 21 + X 2δ 22 = 0
⎧δ 10 ⎫ ⎡δ 11 δ 12 ⎤ ⎧ X 1 ⎫ ⎧0⎫
⎨ ⎬+⎢ ⎥×⎨ ⎬ = ⎨ ⎬;
⎩δ 20 ⎭ ⎣δ 21 δ 22 ⎦ ⎩ X 2 ⎭ ⎩0⎭
As equações de compatibilidade podem ser escritas na seguinte forma genérica:
{δ i 0 }+ [δ ij ]× {X i } = {0}; ou ainda {δ }+ [F ]× {X } = {0}; onde:
e(x)
peq
2fP
P
peq =
α
L2
HIPOTESES:
f - P = cte
P tg=0
-Traçado parabólico
- α pequeno
L
∑F x =0 ; ∑F y =0; ∑M = 0;
Conforme vimos, admitiu-se a hipótese do pré-esforço ser constante ao longo da viga, o que,
na prática, em geral não se verifica, por causa do atrito. No entanto, em muitos casos, a
variação de pré-esforço num determinado troço de parábola é pequena, sendo perfeitamente
admissível adoptar, nesse troço, o valor médio do pré-esforço.
Como se disse acima, a carga equivalente não depende da posição do centro de gravidade,
mas somente da flecha do cabo. Assim, mesmo em vigas de altura variável o conceito de
carga equivalente é de fácil aplicação. Vejamos um exemplo:
Exemplo 3.4 – Pretende-se definir o sistema de cargas equivalentes na seguinte viga:
d
c
h
Resolução
peq peq
M M
P P
V V
2 f P 2 × (c − d ) × P h 2 × (c − d )
p eq = = ; M = P × e = P × ( − c) ; V = Ptgα = P
L2 L2 2 L
0.10
e
0.3
0.6
P = 2000 KN
0.80
b) f)
0.45
0.10
e
0.90
6.00 6.00 6.00 6.00
L1 L2 L1
p r p
P = cte
e2
g)
e1
e1
c)
e2
e1
L
L1 L2 L1
r p r h)
e2
e1
e1
L
P = 2000 KN
0.50
d) 0.10 0.10
i) (Exame 8/7/2005)
0.50
1.00
0.65
0.65
10.00
e
(1) )
8EI
5PeL2
(2) (R : f = )
e
48EI
b)
e
L L
(1) (2)
PeL2 5PeL2
(R : f = ) (R : f = )
2EI 12EI
P (Cabo exterior)
c)
Pe (4a + b)b
(R : f = )
8EI
e
a b a
P (Cabo exterior)
d)
(R : f =
[
Pe 3b(4a + b)+ 8a 2 ])
e
24EI
a b a
a)
e
L L
(R: Mhip = - P e)
P = 900 KN
0.40
b)
0.10
0.10
12.00 15.00
P = 1500 KN
0.25
c)
0.25
0.80
0.30
d) P = 2500 KN
0.60
0.15
0.60
0.60
0.30
1.50
1.20
0.15
5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00
0.80
15.00 20.00 15.00
B P
a a
A C
e)
e
L L
a a
[R: M = - 3 (1 - ) P e]
L 2L
P P
a a
f) 2ae
e e (R: M = - P)
L
g)
3 a 2
[R: M = Pe( ) ]
e 2 L
a
L
h)
P=1500 KN
0.28 0.38
1.00
0.50
1.00
4.50
0.50
0.50 0.50
20.00
A
a)
0.80 0.45
0.12
1.25
0.95
b) P = 2000 KN
0.10 0.10
0.75
.5 .5
1.00
1.50
P = 1500 KN
c)
0.25
0.25
6.00 3.60 3.60 3.60 3.60 6.00
d) P = 2100 KN
0.10
0.30
0.60
e)
P = cte
e2
e1
e1
L
P (Cabo exterior)
f)
e
a b a
y = ax 3 + bx 2 + cx + d
vi
0.30
0.30
5.00 5.00
10.00 10.00
A B C
14.00 18.00
1. Ideias gerais
A escolha do traçado dos cabos não oferece dificuldade de maior. A ideia básica consiste em
posicionar os cabos nas zonas onde ocorrem tracções, procurando-se que os momentos
isostáticos do pré-esforço (M = P×e) tenham andamento semelhante aos momentos devidos às
cargas permanentes.
Ilustremos este princípio simples com uma viga de dois vãos.
Mg
P.I.
c.g.
Fig. 4.1 – Viga de dois vãos. Ilustração da escolha do traçado dos cabos
Na secção de origem, o cabo foi posicionado com excentricidade nula, pois o momento é aí
nulo. Nas secções de momento máximo positivo e negativo, o cabo foi posicionado com
excentricidade máxima. Entre estas duas secções houve necessidade de criar um ponto de
inflexão, optando-se por localizá-lo a uma distância do apoio de um decimo do vão.
O exemplo acima mostra que na maioria dos casos, o traçado dos cabos fica automaticamente
definido por leitura directa do diagrama de momentos flectores, não se justificando grandes
estudos de optimização.
Os traçados curvos serão preferencialmente parabólicos, por dois motivos principais.
Primeiro, a parábola é a curva mais simples logo a seguir à recta. Segundo, se a
excentricidade do cabo variar parabolicamente, então o momento isostático devido ao pré-
esforço também variará (admitindo P=cte) parabolicamente, o que vem ao encontro dos
momentos devidos às cargas exteriores que, se forem constantes, também variarão
parabolicamente.
As parábolas desempenham assim um importante papel na definição dos traçados dos cabos.
Vale a pena, pois, rever alguns conceitos acerca destas curvas. No anexo C é feita essa
revisão, incluindo algumas regras para o cálculo de pontos de inflexão por simples construção
geométrica. Estas regras são muitas úteis, especialmente quando se trabalha em Autocad.
Pode-se acrescentar que c(x) é uma função linear de x e depende do traçado do cabo de pré-
esforço e da posição do centro de gravidade da secção. Se recorrermos ao calculo automático
para calcularmos os momentos hiperstáticos, recorrendo por exemplo ao conceito de carga
equivalente, pode-se atribuir a P o valor unitário.
Uma vez calculados os momentos hiperstáticos, determina-se seguidamente o valor de P
escolhendo previamente um determinado critério. Conforme veremos no ponto 5 deste
capítulo, o critério mais comum, mas não único, é o que tem por base o anulamento das
tensões de tracção nas fibras extremas que ficariam traccionadas se não existisse pré-esforço
(estado limite de descompressão). Ou seja, P será tal que σ ≤ 0 nas fibras extremas
(superiores e inferiores). Tem-se, pois:
Ms Pe P cP Ms
σ ≤0 ⇔ v− v− ± v ⇔ P≥ (4.2)
I I A I I
e+ ±c
Av
Nesta equação Ms representa o momento de serviço na secção, calculado por uma expressão
do tipo Ms = Mg + ψ Mq. I e A representam, respectivamente, a inércia e a área da secção. e
designa a excentricidade do cabo na secção e v a distância do centro de gravidade à fibra onde
existiriam tracções se não existisse pré-esforço (fibra superior, vs, ou fibra inferior, vi). O
coeficiente c é o indicado na expressão (4.1). Relativamente ao sinal, é fácil verificar que se
deve usar o sinal “+” se o momento hiperstático for favorável e sinal “–“ no caso contrário.
A expressão (4.2) é aplicada nas secções determinantes, escolhendo-se depois o pré-esforço
máximo obtido nas diferentes secções.
Nesta fase poderá justificar-se introduzir modificações pontuais ao traçado anteriormente
definido. Por exemplo, suponhamos que o pré-esforço necessário no apoio é bastante superior
ao do vão, o que de resto até é de esperar no exemplo acima, já que o momento negativo é
superior ao positivo e a excentricidade dos cabos no apoio é inferior à excentricidade no vão.
Num caso assim, poderá valer a pena tentar aumentar os momentos hiperstáticos a fim de
reduzir essa diferença. Tais momentos poderão ser aumentados alterando o traçado de forma a
aumentar a área do cabo abaixo do c.g., como por exemplo:
− baixar a cota inicial do cabo, posicionando a ancoragem abaixo do c.g., mas ainda
dentro do núcleo central;
− criar um troço recto horizontal na zona do vão;
− aproximar o P.I. do apoio.
A criação de troços rectos horizontais é uma medida eficaz se desejarmos alterar o valor dos
momentos hiperstáticos. Um troço recto no vão faz aumentar os momentos hiperstáticos, isto
é, torna-os mais positivos. Um troço recto junto aos apoios faz baixá-los, isto é, torna-os
menos positivos (ou mais negativos).
Se após estas modificações, o pré-esforço necessário à verificação da descompressão no apoio
e vão continuarem a diferir significativamente, poder-se-á estudar um layout dos cabos que
conduza a uma área de pré-esforço no apoio superior à do vão. No exemplo a seguir, a
disposição de cabos conduz a: Ap,apoio = 1.5×Ap,vão.
P.I.
c.g. 1 3
2,3 1,2
1
2
3
Fig. 4.2 – Disposição de cabos que conduz a maior pré-esforço no apoio do que no vão
Um outro aspecto a ter em conta na escolha do traçado dos cabos tem a ver com o facto de
pelo menos uma das ancoragens do cabo ter de ser acessível, de forma a ser possível realizar o
tensionamento. No exemplo da figura 4.2, o esticamento será realizado pelas extremidades
junto aos apoios extremos e as ancoragens junto ao apoio central poderão ser passivas.
Em outros casos haverá necessidade de tornar as ancoragens acessíveis usando um dos
seguintes métodos:
− execução de juntas de betonagem;
− criação nichos (figura 4.3);
− criação de maciços salientes (figura 4.4).
Fig. 4.4 – Criação de uma bossage a fim de tornar a ancoragem acessível para o esticamento
As dimensões dos nichos e das bossages são função das dimensões do macaco a usar e devem
permitir que o macaco seja posicionado sem tocar lateralmente em nenhum elemento. Se tal
acontecesse, a força seria aplicada de forma excêntrica, o que poderia danificar o betão nas
imediações da ancoragem, ou mesmo partir a ancoragem.
Nas figuras seguintes mostram-se fotografias de soluções destinadas a tornar as ancoragens
acessíveis:
Fig. 4.8 – Nicho junto à face superior (se a ancoragem for passiva, as armaduras não precisam ser
cortadas)
c
a ADMISSÍVEL NÃO ACONSELHÁVEL
c) Agrupamento de bainhas.
Pese embora a necessidade de respeitar afastamentos mínimos, é admissível agrupar cabos. O
agrupamento está, contudo, limitado a dois cabos, e na vertical (figura 4.9).
Compreende-se que o agrupamento na horizontal não seja aconselhável. Tal conduz a uma
redução substancial na largura da alma, o que diminui a resistência das bielas de betão e
consequentemente a resistência ao esforço transverso. Por outro lado, o agrupamento na
horizontal prejudica a vibração do betão com a consequente possibilidade de formação de
“chochos” debaixo dos cabos.
Relativamente ao agrupamento na vertical, embora seja admissível, se se poder evitar melhor.
Na verdade, existe a possibilidade de, ao injectar um cabo, passar calda para o cabo adjacente,
o que poderia trazer dificuldades na injecção deste.
No que se refere às ancoragens, é necessário prever espaço suficiente para instalá-las, tendo
em conta que as hélices que normalmente as acompanham, têm de ter, elas próprias,
recobrimentos aceitáveis. Também, sempre que possível, deve-se evitar que fiquem muito
próximas, pois quanto mais próximas estiverem, maior é a resistência exigida ao betão à data
de aplicação de pré-esforço.
Convém referir ainda que as dimensões dos elementos estruturais devem ser estabelecidas de
forma a que seja possível alojar os cabos e ancoragens de maneira folgada. As limitações de
espaço podem conduzir a traçados complicados, mais difíceis de materializar e com maiores
perdas por atrito. Aliás, as dimensões dos elementos estruturais são condicionadas muitas
vezes, não por razões de resistência necessária, mas, justamente, pelo espaço mínimo
necessário à instalação do pré-esforço.
⎧⎪ 0.75 f pk
σ p 0 ( x) ≤ ⎨
⎪⎩0.85 f p 0.1k
4
3 5
0 6
0.08
0.08
0.67
y5
0.42
0.42
y3
1 2
q
g
20.00 5.00
0.12
1.00
1. Introdução
Este capítulo abordará essencialmente aspectos práticos ligados à execução do pré-esforço por
pos-tensão. Recorda-se que as duas técnicas principais de pré-esforço são a pré-tensão e a
pos-tensão. Conforme já referido, na pré-tensão o pré-esforço é aplicado antes da betonagem e
na pos-tensão o pré-esforço é aplicado depois da betonagem.
A técnica da pré-tensão é usada sobretudo nas estruturas pré-fabricadas e consiste
basicamente em esticar os aços de pré-esforço e em seguida betonar a viga. Logo que o betão
ganhe resistência suficiente, os macacos são libertados, transmitindo-se a força de pré-esforço
ao betão. A transmissão da força ao betão dá-se integralmente por aderência, não havendo
qualquer necessidade órgãos de amarração nas extremidades. Os betões usados são
normalmente de elevada resistência e sujeitos a tratamento térmico de vapor, o que conduz a
endurecimentos do betão mais rápidos, possibilitando aplicar o pré-esforço algumas horas
após a betonagem.
Na pré-tensão os aços a utilizar poderão ser tanto fios como cordões. Se se desejar que alguns
dos cordões só transmitam pré-esforço a partir de um certo comprimento da extremidade,
deverão ser embainhados nesse comprimento. Na pos-tensão, técnica que requer órgãos de
amarração nas extremidades (ancoragens), é usado o aço em cordão e o aço em barra.
Concentremos agora a nossa atenção na execução de obras com pré-esforço por pos-tensão.
3. Processo construtivo
A aplicação do pré-esforço por pos-tensão segue normalmente a seguinte sequência de
operações:
1.º – montagem das bainhas e ancoragens em conjunto com as armaduras passivas;
2.º – enfiamento do aço;
3.º – betonagem;
4.º – aplicação do pré-esforço logo que o betão ganhe resistência suficiente;
5.º – desmoldagem;
6.º – injecção das bainhas e selagem dos nichos de ancoragem;
Controlo do alongamento
A garantia de que a força aplicada foi a prevista não é suficiente para se ter a certeza de que se
aplicou o pré-esforço correctamente. A garantia de que a força aplicada foi a prevista apenas
nos assegura que a força junto à ancoragem está correcta, nada nos garantindo que a força ao
longo do cabo é a pretendida. Eventuais anomalias no cabo, tais como obstrução na bainha,
erros de montagem, etc., só são detectadas quando se compara o alongamento medido com o
teórico. Torna-se pois necessário medir o alongamento em obra e compará-lo com o
alongamento teórico.
Desvios entre alongamentos medidos e teóricos são inevitáveis por variadas razões. No
entanto tais desvios devem ser inferiores à tolerância previamente estabelecida. O MC90
(§11.7.2), sugere que se aceite um desvio de 15% para um cabo individual, desde que o
desvio médio para os cabos da mesma secção seja inferior a 5%.
A medição dos alongamentos é feita directamente sobre o êmbolo do macaco, ou, em
alternativa, pela leitura do deslocamento da extremidade dos cordões. Visto que a posição
inicial do êmbolo é registada com o cabo já em tensão (1.ª leitura), dada a necessidade de
vencer todas as folgas que haja no cabo, o alongamento total é calculado por extrapolação do
deslocamento do êmbolo entre a 1.ª leitura e a última, ou seja:
d f − di
∆l medido = pf
p f − pi
Sugere-se que a leitura dos alongamentos nas operações de retensionamento seja feita
preferencialmente sobre os cordões. Estes alongamentos, por serem mais pequenos, são mais
susceptíveis a desvios, exigindo um rigor acrescido na sua medição. A medição do
alongamento directamente sobre os cordões é mais rigorosa na medida em que não é afectada
por eventual escorregamento das cunhas do macaco nem afectada pelo alongamento do troço
do cabo no interior do macaco.
Na figura seguinte mostra-se um exemplo dum caso em que o alongamento foi medido
directamente sobre os cordões, com auxílio de uma pintura.
As bainhas serão limpas recorrendo a jacto de ar, seguido de jacto de água e novamente jacto
de ar. Em tempo quente é especialmente importante a passagem do jacto de água a fim de
humedecer a bainha, o que impedirá que a calda sofra perda prematura de água.
Quanto a diferença entre a cota máxima e mínima do cabo for superior a 1.50 m, a injecção
deverá ser feita a partir do ponto de cota mais baixa.
Os limites de temperatura ambiente fora dos quais não se deve injectar são 5 e 30ºC. O limite
máximo da temperatura de calda é de 35ºC.
A pressão de injecção deverá situar-se entre 5 a 10 bar e a velocidade entre 5 e 15 m por
minuto. À medida que a calda avança dentro da bainha proceder-se-á à obturação sucessiva
das purgas. A obturação será feita quando a calda, à saída da purga, reflua sem vestígios de
água ou bolsas de ar (figura 5.4). Após tamponamento da última purga, a pressão de injecção
será mantida durante cinco minutos. Serão tomadas precauções no sentido de evitar qualquer
saída acidental de calda.
Por cada trabalho de injecção será preenchido um boletim de injecção, onde se regista, para
além da composição da calda, os resultados dos ensaios realizados, a temperatura ambiente, a
temperatura da calda, etc.
Como última nota, refere-se que deverá existir em permanência equipamento de ar
comprimido de reserva, bem como equipamento de jacto de água, ligado a fonte de
alimentação independente. Se no decurso da injecção, ocorrer uma avaria, a calda entretanto
injectada deverá ser rapidamente retirada usando este equipamento de reserva.
100 85
200 161
200 53
300 129
415 216
1. Introdução
Os modos de rotura possíveis junto às ancoragens de pré-esforço são essencialmente dois:
(1) esmagamento do betão por excesso de compressão;
(2) fissuração paralela ao cabo por falta de armadura transversal.
O dimensionamento das zonas de ancoragem envolve, por isso, (1) determinar a carga
máxima a aplicar de forma a não esmagar o betão, ou o inverso, isto é, determinar a
resistência que o betão tem de ter para suportar a força transmitida pela ancoragem e (2)
determinar as tracções transversais que vão existir na zona da ancoragem, com base nas quais
se determinam as armaduras necessárias.
Antes de abordarmos esses dois problemas, veremos o conceito de distância de
regularização.
2. Distância de regularização
Chama-se distância de regularização, representada por lbp, à distância da extremidade do
cabo a partir da qual se pode considerar que as tensões no betão, devidas ao pré-esforço, estão
linearmente distribuídas, isto é, obedecem à conhecida equação da teoria das peças lineares:
M N
σ= y+
I A
A partir dessa distância diz-se que as tensões devidas ao pré-esforço estão regularizadas.
A distância de regularização pode ser estimada aplicando o princípio de S. Venant, segundo o
qual a uma distância da aplicação da carga sensivelmente igual à dimensão da secção
transversal, as tensões encontram-se linearmente distribuídas. Em alternativa pode-se utilizar
as disposições constantes no EC2 §8.10.3, segundo as quais a distância de regularização a
adoptar no caso da pos-tensão pode ser determinada admitindo que as forças de pré-esforço se
difundem, a partir da ancoragem, no interior de um ângulo β, definido conforme figura 6.1.
A zona delimitada pelo comprimento de regularização é vulgarmente classificada como região
D (D de descontinuidade). Existem outros tipos de descontinuidade, como sejam variações
bruscas de secção, nós de pórticos, aberturas, entre outros. Fora da zona D, a região classifica-
se como região B (B de Bernoulli). Recordamos que a hipótese de Bernoulli, na qual assenta a
teoria da flexão das peças lineares, admite que as secções se mantêm planas após deformação,
o que conduz a uma variação linear de extensões na secção.
Portanto, visto que na zona delimitada pelo comprimento de regularização não é valida a
hipótese de Bernoulli, não é possível aplicar a teoria das peças lineares. Voltaremos a este
assunto.
lbp
β
β = arctg ⎛ 2 ⎞
⎝3⎠
β
PLANTA
ALÇADO
Para finalizar, refere-se apenas que no caso da pré-tensão, os elementos necessários ao cálculo
da distância de regularização encontram-se no parágrafo §8.10.2 do EC2.
σy
z
T
F/ 2 F/ 2
x
compressão
tracção MODELO DE TRELIÇA
TENSÕES TRANSVERSAIS NO
INTERPRETATIVO
EIXO DA PEÇA
TRAJECTÓRIAS DAS
TENSÕES PRINCIPAIS
É importante que o modelo de treliça não se afaste muito do percurso elástico das cargas,
dado que isso nos dá a garantia de que o dimensionamento resultante é adequado em relação
aos estados limites de serviço. Do ponto de vista dos estados limites últimos, a liberdade de
escolha do modelo é um pouco maior, tendo em conta o teorema estático (ou teorema do
limite inferior) da teoria da plasticidade.
Como é evidente, se houver dúvidas sobre se o modelo é adequado ou não, sempre poderemos
elaborar um modelo de elementos finitos (MEF) e, se for caso disso, modificar o modelo de
forma a que a resultante das tracções se situe nas posições ditadas pelo MEF.
Nos pontos seguintes apresentam-se modelos de treliça para situações comuns que aparecem
na prática. O valor do braço z indicado, com base no qual se determinou a força no tirante, é
próximo do obtido em modelo elástico linear.
Tsd
Conhecida a força no tirante, a armadura é determinada pela expressão: As =
f syd
Segundo o EC2 (§8.10.3), se limitarmos fsyd a 300 MPa, não é necessário verificar a abertura
de fendas.
O valor de dimensionamento da força transmitida pela ancoragem será calculado pela
expressão: Fsd = γ p Pmax
onde Pmax designa a força a aplicar na ancoragem. Segundo o EC2 §2.4.2.2 (3), o factor de
segurança, γp, deve ser tomado com valor igual a 1.20 (era 1.35 segundo o REBAP 47.2º).
a1 = 2 c
z
z ≅ a1 / 2
T1
a1
⎛ a0 ⎞
T1 = 0.25 × F ⎜1 − a ⎟
⎝ 1⎠
(EC2 §6.5.3)
a1
c e
F
a0
T0
T1
a1
⎛ a0 ⎞
T1 = 0.25 × F ⎜1 − a ⎟
⎝ 1⎠
a1
0.015F
T0 =
2e
1−
b (Leonhardt, 1979)
T0 = F ⎜
⎛ e 1 ⎞
− ⎟
⎝ b 6 ⎠
(REBAP)
T1 T1
a1
⎛ a0 ⎞
T1 = 0.25 × F ⎜1 − a ⎟
⎝ 1⎠
a1
l
c
F a F
0
a1 T1 T1 a1 = l
a2 = 2 c
z ≅ a2 / 2
z
a1
⎛ a0 ⎞
a2
T2
T1 = 0.25 × F ⎜1 − a ⎟
⎝ 1⎠
⎛ 2a ⎞
T2 = 0.5 × F ⎜1 − a 1⎟
⎝ 2⎠
a2
Para facilidade de linguagem, podemos chamar à força T1, a força de primeira regularização e
T2, força de 2ª regularização.
c l
F F
a0
a1 = 2 c
T1
T0 z ≅ 0.6 l
a1
⎛ a0 ⎞
T1 = 0.25 × F ⎜1 − a ⎟
a1
⎝ 1⎠
⎛
T0 = 0.83 × F ⎜1 −
b⎞
⎟
⎝ 2l ⎠
Embora o modelo de treliça não permita tirar esta conclusão, a força no tirante T2 é máxima
na zona central, reduzindo-se sob a placa de ancoragem. Assim, se a armadura para esse
tirante for prolongada até à extremidade da peça e aí convenientemente amarrada, pode-se
tirar partido de parte desta armadura para efeitos do cálculo da armadura do tirante T1.
a1 = l
a1
a2 = 2 c
T1
z ≅ a2 / 2
z
a1
T2 T2
⎛ a0 ⎞
T1 = 0.25 × F ⎜1 − a ⎟
a2
⎝ 1⎠
× F ⎛⎜1 − a ⎞⎟
2 3l
T2 =
3 ⎝ 2⎠
a2
T0 = 1.7× F ⎛⎜1 − b ⎞⎟
⎝ 3l ⎠
Fig. 6. 11 – Trajectórias das tensões principais associadas a uma ancoragem embebida (Leonhardt, 1979)
F/ 2
T ⎨
⎧ F
⎩
F/ 2
T ≅ 0.25 F
T T
T T
Assim, uma vez que as fibras extremas tendem a ficar descomprimidas, é necessário verificar,
para os esforços actuantes na vizinhança da junta de betonagem, se eventuais tracções que
possam existir não excedem a resistência à tracção do betão. Se excederem, pode ser
necessário reforçar a armadura local, a fim de controlar a abertura de fendas.
O reforço, caso seja necessário, deve ser localizado nas fibras extremas da secção, tal como
ilustra a figura seguinte:
2250
2250
Fig. 6.15: Exemplo de uma bossage analisada com modelo de bielas e tirantes
F
L bp
T Fc
σ(y)
V
v
Lbp
V = v × L bp = F
Pe P
σ( y ) = ± y−
V
I A T=
cot gθ
L bp
A força Fsd pode ser calculada multiplicando a tensão no banzo pela área do banzo. As
armaduras serão distribuídas em correspondência com o comprimento de regularização, lbp.
De acordo com o EC2 §6.2.4 (4) o ângulo θ é escolhido entre os limites de 45º e 26.5º. Um
valor usualmente empregue é 30º.
A figura seguinte mostra um exemplo em que houve necessidade de amarrar cabos de pré-
esforço lateralmente à alma de uma viga.
A força de tracção existente entre as duas ancoragens foi determinada através do modelo de
elementos finitos representado na figura seguinte:
4040 KN 4040 KN
A força de tracção foi calculada por integração das tensões transversais obtidas, cujo
diagrama também se representa na figura. A força obtida foi de 555 KN. A inclinação das
bielas no modelo de treliça foi escolhida de forma a obter idêntica força.
0.40
0.40
0.40
0.60
0.30x0.30
0.30x0.30
0.24x0.24
0.80
1.30
0.40 3x19T16
C35/45
2x19T15 Y1860 S7
0.40
12T15
C35/45
C30/37 Y1860 S7
Y1860 S7
0.40 0.40
1. Introdução
As perdas de pré-esforço dividem-se em dois grupos: perdas instantâneas e perdas diferidas.
As perdas instantâneas são as que ocorrem durante a aplicação do pré-esforço e são de 3 tipos:
− perdas por atrito;
− perdas por deformação instantânea do betão;
− perdas por reentrada dos fixadores.
As perdas diferidas, já mencionadas no capítulo II, são também de 3 tipos:
− perdas por retracção do betão;
− perdas por fluência do betão;
− perdas por relaxação dos aços.
Note-se que no caso da pré-tensão não existem perdas por atrito (se os cabos forem
rectilíneos, obviamente) nem perdas por reentrada das cunhas.
Designando o pré-esforço na origem por Pmax, o pré-esforço após perdas instantâneas,
chamado de pré-esforço inicial, P0 (x), é definido da seguinte forma:
P0 (x) = Pmax – perdas instantâneas
O pré-esforço no instante t obtém-se subtraindo ao pré-esforço inicial as perdas diferidas que
ocorrem até esse instante, ou seja:
Pt (x) = P0 (x) – perdas diferidas.
Como caso particular, o pré-esforço após perdas totais, designado por pré-esforço a longo
prazo ou pré-esforço útil, P∞ (x), é definido assim:
P∞ (x) = P0 (x) - perdas diferidas totais
O EC2 denota o pré-esforço inicial por Pm0 em que o índice “m” denota valor médio. Nestes
apontamentos omitiremos o índice m, ficando entendido que P0 e Pt representam valores
médios de pré-esforço, respectivamente após perdas instantâneas e após perdas diferidas no
instante t.
Antes de tratarmos das perdas uma a uma, recordamos que a tensão de esticamento não pode
ser superior aos seguintes valores [EC2 §5.10.2.1]:
⎧⎪ 0.80 × f pk
σ p ,max = min ⎨
⎪⎩0.90 × f p 0.1k
2. Perdas instantâneas
Força de atrito
dβ
dN
dβ P P+dp dβ
2 dFa 2
ds
dβ dβ dβ
∑F y =0 ⇔ P
2
− dN + P
2
+ dp
2
= 0 ⇔ Pdβ − dN = 0 (3)
dβ
A parcela dp , por se tratar de um infinitésimo de 2ª ordem é desprezável face aos
2
infinitésimos de 1ª ordem.
Substituindo (1) e (2) em (3) e desenvolvendo esta ultima, vem:
dp
µ dN + dp = 0 ⇔ µ Pdβ + dp = 0 ⇔ = − µdβ
P
Trata-se de uma equação diferencial linear de primeira ordem, facilmente resolúvel.
Integremos esta equação entre dois pontos genéricos, 0 e 1:
1
dp
1
⎛P ⎞
∫ P = ∫ −µ d β ⇔ ln( P1 ) − ln( P0 ) = − µβ ⇔ ln ⎜⎜ 1 ⎟⎟ = − µβ
0 0 ⎝ P0 ⎠
A formula acima, conhecida como formula de Euler, permite calcular a força de pré-esforço
num ponto de um cabo a partir de outro ponto onde se conheça a força de pré-esforço. A
variação da força de pré-esforço segue, assim, uma lei do tipo exponencial. No entanto, como
o argumento da exponencial, µβ, é, em muitas situações, muito pequeno, a variação é quase
linear.
O ponto 1 é o ponto mais afastado da ancoragem activa, daí que P1 < P0. Como é evidente, se
quiséssemos calcular a força num ponto mais próximo da ancoragem activa a partir de um
ponto mais afastado, a formula de Euler tomaria a forma:
P0 = P1 e + µβ
A formula de Euler pode também ser escrita na forma de tensões. Para tal, basta dividir ambos
os termos da equação acima pela área do cabo, obtendo-se:
σ 1 = σ 0 e − µβ
0m
0 2
7.5
R=
µ = 0.20
k = 0.01 m-1
Resolução
O ângulo de desvio entre 0 e 2 é β = s / R = 9.60 / 7.5 = 1.28 rad. Entre 0 e 1 é metade, ou
seja, 0.64 rad. Aplicando a fórmula de Euler, vem:
σ (1) = 1395 e−0.20( 0.64+0.01×9.6 / 2) = 1215.7 MPa ;
σ (2) = 1395 e−0.20(1.28+0.01×9.6) = 1059.4MPa ; (entre 0 e 2 perdeu 24%!).
Para calcular as forças, basta multiplicar as tensões pela área do cabo:
Assim: P(1) = 121.57×19×1.4 = 3234 KN;
P(2) = 105.94×19×1.4 = 2818 KN;
Observação – Visto que existe apenas um cabo não há lugar a perdas por deformação
instantânea do betão. Conforme veremos, num caso assim, as perdas por deformação
instantânea do betão são automaticamente compensadas pelo macaco durante o esticamento.
α0 y = ax2 + bx + c
α1
x
σ 1 = σ 0 e− µ ( β + ks ) ~ σ 0e− µ (2 ax + kx ) = σ 0e− µ (2 a + k ) x ;
Designando o factor µ(2a+k) por m, a que chamaremos factor de atrito, a fórmula de Euler
toma a forma:
σ 1 = σ 0 e− mx com m = µ(2a+k)
O parâmetro a da parábola deve ser sempre tomado com valor positivo. O factor de atrito, m,
é, assim, uma grandeza sempre positiva e constante ao longo de cada troço de parábola.
No caso do traçado ser constituído por mais do que um troço de parábola, é fácil de
comprovar que, neste caso, a tensão no cabo é dada por:
σ1 = σ 0 e ∑
− |m ∆x | i i
onde:
O integral ∫ σ ( s)ds é igual à área do diagrama das tensões, conforme representado na figura
que segue:
σ( s )
Ω
∆l = Ω
Ep
O integral pode ser calculado numericamente, dividindo o intervalo de integração num certo
número de subintervalos e usando a tensão média em cada subintervalo (regra dos trapézios).
Neste caso o integral transforma-se num somatório e o alongamento é dado por:
1
∆l =
Ep
∑σ mi ∆s i onde:
[ ] (σ ( x2 ) − σ ( x1 ) ) = | ∆σ |
x x
1 2 1 2 1 1
∫ σ ∫ σ 0 e −mx dx = − σ 0 e −mx
x2
∆l = ( x ) dx = x1
=−
E p x1 E p x1 mE p mE p mE p
No caso do traçado do cabo ser constituído por várias parábolas em sucessão, o alongamento
do cabo é dado pela soma do alongamento de cada parábola, vindo:
1 | ∆σ i |
∆l =
Ep
∑i mi
Exemplo 7.3 – Considere o cabo de pré-esforço da figura junta. Admitindo que o cabo é
esticado a uma tensão de 1395 MPa pela extremidade esquerda, determine o alongamento do
cabo, considerando que µ = 0.20 e k = 0.01 m-1.
A B C B' A'
0.846
0.846
0.88
0.31
0.31
8.00 2.00 8.00
Resolução:
Troço AB: a = 0; m = 0.20×(0 + 0.01) = 0.002 m-1.
Troço BB’ a = y / x2 = (0.88 – 0.846) / 1.002 = 0.034 m-1;
m = 0.20×(2×0.034 + 0.01) = 0.0156 m-1.
A B C B' A'
σ ( x)
σA σB
σB'
σA'
Exemplo 7.4 – O cabo exterior indicado na figura seguinte é esticado a uma tensão de 1395
MPa pela extremidade esquerda.
0.20
0.6
σ ( x) β
σ0 σ1 σ 1 = σ0 e −µ β
σ1 = 1395 MPa;
σL
Visto que a tensão é constante em cada troço, o alongamento de cada troço é igual a: ∆l =
Ep
δr
S = E pδr
σ( x)
S
σ 0'
σ ( x) = σ0' e −mx
x
0 λ
Fig. 7. 5 – Perdas por reentrada das cunhas
Na fase de reentrada das cunhas o atrito é favorável, visto se opor a tal movimento. Assim,
conforme se observa na figura acima, as perdas são máximas junto à ancoragem activa,
diminuindo a partir daí até que se anulam a uma certa distância da origem. Esta distância
designa-se por alcance das perdas por reentrada das cunhas e representa-se por λ.
O valor da reentrada, δr, depende do sistema de pré-esforço. Se o macaco permitir o aperto
das cunhas antes do relaxamento, o valor da reentrada é pequeno, entre 4 a 6 mm. Se o aperto
das cunhas se der por arrastamento do cordão, o valor da reentrada pode ser significativo,
podendo atingir valores da ordem dos 10 ou 15 mm, ou mais, dependendo do sistema. No
caso das barras a reentrada a considerar é de cerca de 1 mm.
Recomenda-se que se faça pelo menos uma leitura da reentrada das cunhas e se registe o valor
no boletim de tensionamento, especialmente se o macaco não permitir o aperto das cunhas
antes do relaxamento. Infelizmente, não é prática corrente efectuar este registo. Conforme
veremos, o controlo da reentrada das cunhas assume particular importância no caso dos cabos
curtos, pois as perdas de tensão nestes cabos são relativamente grandes.
O valor da reentrada, δr, tem de ser igual ao integral entre 0 e λ das variações de extensão
sofridas pelo cabo devidas à reentrada, podendo escrever-se:
λ λ λ
∆σ 1 S
δ r = ∫ ∆ε dx = ∫ dx = ∫ ∆σ dx = ⇔ S = E pδ r (1)
E E E
0 0 p p
0
p
S
S é a área indicada na figura 7.5. Nestes apontamentos chamaremos à fórmula (1) fórmula
fundamental das perdas por reentrada das cunhas.
Exemplo 7.5 – Uma viga com secção em caixão possui um cabo exterior com comprimento
igual a L. Admitindo que o cabo é esticado a uma tensão de σ0’, determine a tensão final após
uma reentrada igual a δr.
σ ( x)
S
σ 0'
σ0
x
L 0 L
Resolução:
Denotando a tensão após a reentrada das cunhas por σ 0 e usando a equação (1) vem:
E pδ r
S = E pδ r ⇔ ( σ 0 ' − σ 0 ) × L = E pδ r ⇔ σ 0 = σ 0' −
L
Suponhamos, por exemplo, que L = 8.00 m, σ0’ = 1395 MPa, Ep= 195 GPa e δr = 5 mm.
Obtém-se σ 0 =1273 MPa (perdeu 8.7% de tensão)
Vê-se assim que as perdas por reentrada das cunhas em cabos curtos são significativas e que
quanto menor é o cabo maiores são as perdas.
As conclusões tiradas no exemplo acima constituem as razões por que se aconselha recorrer a
pré-esforço em barra no caso de cabos curtos, visto que a fixação da barra é feita com porca
roscada e a reentrada é muito mais pequena do que no caso dos cordões, fixos com cunhas.
Calculo do alcance λ
Considerando que a tensão no cabo é dada por σ ( x ) = σ 0' e − mx , desenvolvendo a fórmula
fundamental das perdas por reentrada das cunhas, obtém-se a seguinte expressão para o
cálculo de λ:
1 ⎛⎜ m E pδ r ⎞
⎟
λ=− ln 1 − (2)
m ⎜⎝ σ 0' ⎟
⎠
No anexo D apresenta-se uma dedução desta fórmula, feita com base nos antigos
apontamentos desta cadeira, da autoria do eng.º Pedrosa de Abreu.
A tensão inicial na ancoragem activa, após perdas por reentrada das cunhas, pode ser
calculada pela fórmula Euler, vindo: σ 0 ( x ) = σ 0' e − m 2 λ
σ ( x)
S = E pδ r
σ 0'
σ ( x) = σ0' (1 - m x)
a
σ ( x) = σ0' (1 + m x)
a = σ0 ' m 2 λ
x
0 λ
Fig. 7. 6 – Formula aproximada para o cálculo das perdas por reentrada das cunhas
1 1 E pδ r
S = E pδ r ⇔ a λ = E pδ r ⇔ σ 0' m 2 λ × λ = E pδ r ⇔ λ= (3)
2 2 mσ 0 '
Qualquer das expressões (2) ou (3) só podem se aplicadas quando o alcance estiver contido no
primeiro troço de parábola. Quando tal não acontece, o calculo torna-se iterativo e o valor de
λ é determinado de forma a respeitar a equação S=Epδr, deduzida anteriormente.
1
Recordamos que o desenvolvimento em série de Taylor da função exponencial é:
2 3 n
x x x
ex =1+ x + + + ... + + ... ; sabe-se que esta série converge para todos os valores de x, pelo
2! 3! n!
− mx (mx) 2 (mx) 3 (mx) n
que se pode escrever: e = 1 − mx + − + ... + − ... ; para mx pequeno,
2! 3! n!
− mx
efectivamente, e ≅ 1 − mx
As expressões acima também não poderão ser usadas quando o alcance atinge a ancoragem
passiva. Vejamos como calcular as perdas de tensão quando tal sucede. Seja, então, um cabo
de comprimento L e admita-se que o alcance atinge a ancoragem passiva, ou seja, λ= L.
Aplicando a formula fundamental vem (ver figura 7.7):
1 E pδ r
S = E p δ r ⇔ 2 × σ 0' mL × L + y × L = E p δ r ⇔ y = − σ 0' mL
2 L
A tensão inicial na ancoragem activa é dada por:
E pδ r
σ 0 (0) = σ 0' − 2σ 0' mL − y ⇔ σ 0 (0) = σ 0' − σ 0' mL −
L
σ ( x)
S
σ 0' σ ( x) = σ0' (1 - m x)
σ0' m L
y
σ0' m L
σ( x) = σ0' (1 + m x)
x
0 L
Fig. 7. 7 – Quando o alcance das perdas por reentrada atinge a ancoragem passiva
Por fim, refira-se que nas expressões acima admitiu-se, como de resto é usual, que o atrito na
fase de reentrada é igual ao atrito na fase de esticamento. Em boa verdade, tal como dizia o
professor Leonhardt, o coeficiente de atrito na reentrada é superior ao coeficiente de atrito na
fase de esticamento. Tal pode ser confirmado com a seguinte experiência: Se passarmos uma
lixa num superfície várias vezes sempre no mesmo sentido, verifica-se que a superfície fica
polida nesse sentido e áspera no sentido oposto. A figura seguinte mostra as curvas de tensão
após a reentrada das cunhas na hipótese de idêntico atrito e na hipótese de atrito superior na
reentrada:
σ ( x)
σ 0'
µ = µ
reentrada esticamento
µ > µ
reentrada esticamento
x
0
Conforme se observa, dado que as áreas S têm de ser idênticas numa situação e noutra, visto
que ambas são dadas por S = Epδr , a hipótese de atrito superior na reentrada conduz a um
alcance inferior, mas a maiores perdas de tensão na ancoragem activa.
1 n −1 E p
∆σ p 0,e ( x) = | σ c ( x) |
2 n Ecm (t0 )
em que:
Ep – módulo de elasticidade do aço de pré-esforço
Ecm(t0) – módulo de elasticidade do betão à idade de aplicação do pré-esforço
σc(x) – tensão de compressão no betão, calculada ao nível do centro mecânico da
armadura de pré-esforço, resultante do pré-esforço aplicado e de outras acções
permanentes que actuem depois da aplicação do pré-esforço.
Notas:
1) No Capítulo II apresentaram-se as expressões do EC2 para o calculo Ecm(t).
2) Na expressão acima a tensão foi colocada em módulo a fim de obter um valor positivo
para a perda de tensão.
3) Como se disse acima, o calculo de σc(x) inclui o pré-esforço na secção e ainda as
acções permanentes, ∆g, que actuem depois da aplicação de pré-esforço. Estas
poderão provocar uma perda (ou um ganho!) de tensão no cabo. Admitindo que a
secção está em fase não fendilhada, podemos usar as seguintes expressões:
P0 e2 P0 M hip N hip M ∆g N ∆g
σ c = σ c , p 0 + σ c,∆g ; σ c, p 0 = − − ± e+ ; σ c,∆g = ± e+
I A I A I A
A razão de indicarmos ± foi porque não se especificou nenhuma convenção de sinais
para a excentricidade, e. A e I representam a área e a inércia da secção.
4) Se existir no elemento estrutural apenas um cabo de pré-esforço (n = 1) não haverá
lugar a perdas por deformação instantânea do betão (no momento da aplicação de pré-
esforço!). Com efeito, visto que a deformação do elemento é instantânea, a diminuição
de força no cabo é automaticamente compensada pelo operador que continua a
aumentar a pressão na bomba hidráulica até esta estabilizar no valor pretendido.
No caso dos elementos pré-tensionados, todos os fios são igualmente afectados pela
deformação do betão e a perda de tensão devida à deformação instantânea do betão pode ser
calculada pela expressão:
Ep
∆σ p 0,e ( x) = | σ c ( x) |
Ecm (t0 )
3. Perdas diferidas
As perdas diferidas são de três tipos: perdas devidas à retracção do betão, devidas à fluência
do betão e devidas é relaxação dos aços. No capítulo II vimos como calcular cada uma destas
perdas de forma independente e depois calculamos as perdas totais somando as três, sem
qualquer preocupação acerca da interdependência entre elas. Acontece, porém, que estas
perdas são realmente interdependentes. Por exemplo, as perdas por retracção influenciam as
perdas por fluência, uma vez que a diminuição de tensão nos aços devida à retracção provoca
uma diminuição de compressão no betão e consequentemente uma diminuição da deformação
de fluência. Também as perdas por retracção e fluência fazem diminuir as perdas por
relaxação dos aços, uma vez que provocam uma diminuição de tensão nos aços e, conforme
vimos, as perdas por relaxação crescem com a tensão nos aços.
De seguida apresentamos a expressão proposta pelo EC2 §5.10.6 (2) relativa ao calculo
simplificado das perdas diferidas totais numa secção genérica, tendo em conta a interacção
entre os três tipos de perdas:
∆σ pt , s + ∆σ pt ,c + 0.80∆σ pt ,r
∆σ pt , s +c + r =
Ap ⎛ A 2 ⎞
1+ α ⎜ 1 + e ⎟ (1 + 0.80ϕ (t , t0 ) )
A ⎝ I ⎠
Nesta expressão:
− ∆σ pt ,s = E p | ε cs (t ) | ; ε cs (t ) é a extensão de retracção desde o início até ao dia t;
Ep
− ∆σ pt ,c = α ϕ (t , t0 ) | σ c,QP | ; α= ;
Ecm
Notas:
1) A expressão do coeficiente de homogeneização acima, α = E p / Ecm , difere da
apresentada no capítulo 2 onde se usou Ec (modulo tangente) em vez de Ecm (modulo
secante.
2) O coeficiente 0.80 que afecta as perdas por relaxação, pretende naturalmente traduzir a
redução que ocorre nas perdas por relaxação por causa das outras perdas diferidas.
3) Como se indicou acima, o cálculo da tensão de compressão no betão deve ser efectuado
para a combinação quase permanente de acções. Assim, admitindo que a secção está em
fase não fendilhada, podemos usar as seguintes expressões:
M QP NQP
σ c,QP = ± e+ ; em que:
I A
M QP = M g ± P0 e + M hip + ψ 2 M q ; M QP = N g − P0 + N hip +ψ 2 N q
0
.0
10
R=
2.00
2.00
A
Recorrendo à formula de Euler determine a força no cabo na secção B, sabendo que a força na
origem (secção A) é de 1000 KN. Considere apenas as perdas por atrito e admita µ = 0.20 e k
= 0.01.
0.09
0.60
0.60
a) Determine a força ao longo do cabo, antes das perdas por reentrada das cunhas, nas
seguintes situações:
1) O cabo é esticado apenas pela extremidade esquerda;
2) O cabo é apenas esticado pela extremidade direita;
3) O cabo é esticado por ambas as extremidades.
b) Calcule o alongamento do cabo, antes da reentrada das cunhas, para cada uma das
situações anteriores. Adopte Ep = 195 GPa.
7.50 7.50
15.00
2x7T15
CABO
S 1,2
0.10
0.85
0.85
12.50 12.50
25.00
CABO 1
CABO 2
0.20
2.00
Ep = 195 Gpa;
0.30
CABO 1
CABO 2
0.50
MATERIAIS
- BETÃO: C25/30; Ec = 30.5 GPa;
1.00
0.50
2E pδ r
R: λ = ; m = µ (2a + k) a: y = a x2;
(1 + α )σ 0' m
Esboço da resolução:
β
S = Epδr
σ (x) σ 1 = σ0 e −µ β
σ0
σ1 S σ 3 = σ2 e −µ β
σ2 3 equações / 3 incognitas
σ3
x
0.07
1 0
1.00
0.50 3.00 0.50
4.00
∆σ pt , s +c + r < ∆σ pt , s + ∆σ pt ,c + ∆σ pt ,r
A B
Admitindo que o cabo é esticado por apenas uma das extremidades (A ou B), classifique as
seguintes afirmações em verdadeiras ou falsas. Justifique as respostas.
a) Quando o cabo é esticado por A, o alongamento obtido é inferior ao que se obteria se
o cabo fosse esticado por B.
b) Quando o cabo é esticado por A, o alcance das perdas por reentrada das cunhas é
inferior ao alcance que se obteria se o cabo fosse esticado por B. Admita que em
qualquer das situações o alcance não atinge a outra extremidade.
onde Msd designa o momento actuante de calculo e MRd o momento resistente de calculo.
O momento actuante de cálculo deverá ser determinado de acordo com as regras de
combinação de acções para estado limite último. Na parcela relativa ao pré-esforço deverá
figurar apenas o momento hiperstático de pré-esforço, ou seja:
M sd = (...) + { }M
1.00
1.20 hip + (...)
1
M iso = P × e ; N iso = − P
σc
α cc = 1.00
fcd f
= α cc γ
ck
f 1.50 , caso geral
cd
c γc =
1.20 , Situação de acidente
f ( t)
f ( t ) = α cc
ck
εc cd γc
2‰ 3.5‰
Fig. 8. 1 – Diagrama de cálculo do betão
σs
Es = 200 GPa
fsyd
Fig. 8. 2 – Diagrama de cálculo da armadura passiva
σp
fpk
fp0.1k 205 GPa, fios Exemplo: Aço Y1860 S7:
fp0.1k fpyd =
fpyd γp Ep = 195 GPa, cordões
170 GPa, barras fpyd = 1600 ~ 1400 MPa
1.15
1.15 , caso geral f
γs = ε y = pyd = 1390 ~ 7 ‰
1.00 , Situação de acidente Ep 195
Ep
εp
0.1% ε y
Fig. 8. 3 – Diagrama de cálculo das armaduras de pré-esforço
Observações:
1) Relativamente aos aços, o EC2 prevê a possibilidade de se considerar o ramo de cedência
com uma certa inclinação (cedência com endurecimento). No entanto, neste caso, há
limites da extensão última a respeitar. No caso de se adoptar diagramas com patamar de
cedência horizontal, como os diagramas acima (cedência perfeitamente plástica), não há
limites a considerar para a extensão última.
2) O EC2 denota os valores de cálculo das resistências dos aços por fyd e fpd, respectivamente
para aço ordinário e aço de pré-esforço. Parece-nos preferível usar as notações
tradicionais no nosso país, fsyd e fpyd. Assim, nestes apontamentos usaremos
preferencialmente estas notações.
3) Se a avaliação de fck for efectuada pelo rebentamento de provetes e estes tiverem mais do
que 28 dias, então a expressão a usar para fcd é a seguinte: f cd = 0.85 f ck / γ c [EC2 §3.1.2
(4)]
Rotura convencional
Considerando os diagramas de cálculo das armaduras com patamar de cedência horizontal,
não há, como vimos, limite a impor à extensão da armadura (activa ou passiva). Assim,
Considera-se que uma secção esgotou a sua capacidade resistente à flexão quando se atingir
no betão:
|εc| = εcu2 = 3.5‰ .
Para betões da classe C55/67 ou superior o limite da extensão é inferior a 3.5% (ver EC2
tabela 3.1).
Fc
x
linha neutra
zp
d
zs
Ap
∆εp Fp
As
εs Fs
ε σ
Uma vez que a rotura de uma secção à flexão foi convencionada em termos de extensões, o
método geral para o calculo de MRd consiste em “varrer” de forma iterativa os diagramas de
extensões possíveis, ε, até encontrar o diagrama que satisfaz simultaneamente as seguintes
condições:
− |εc| ≤ 3.5‰
− Fc = Fp + Fs (se a flexão for simples)
Uma vez encontrado o diagrama das extensões, é calculado o correspondente diagrama das
tensões por aplicação directa dos diagramas de calculo dos materiais σ-ε. As forças nas
armaduras são dadas por:
Fp = f pyd Ap , caso εp ≥ εy, ou F p = E p ε p Ap , caso contrário
A força resultante no betão, Fc, é determinada por integração das tensões de compressão.
Uma vez determinadas as forças internas (Fp, Fs e Fc) o momento resistente da secção obtém-
se pela soma dos momentos de cada uma dessas forças em relação ao centro de gravidade da
secção. No caso específico da flexão simples, o momento resistente é igual qualquer que seja
o ponto tomado como referência. No caso da figura 8.4, em que não há esforço axial exterior,
o momento resistente é dado simplesmente por:
M Rd = Fp z p + Fs z s
Uma vez que Fp representa a força total no pré-esforço (e não apenas o incremento na
passagem ao estado limite), significa isto que o momento resistente calculado pela expressão
acima inclui o momento isostático de pré-esforço. Assim, com dissemos no princípio, na
determinação do Msd deve figurar apenas a parcela hiperstática.
Como última nota, refere-se que se desejarmos calcular a extensão no aço de pré-esforço na
rotura, haverá que adicionar à extensão que o cabo já tem, o incremento de extensão
verificado na rotura, ou seja ε p = ε p∞ + ∆ε p .
Por aqui se percebe que o aço de pré-esforço deva ser esticado previamente a fim de se tirar
partido da sua total resistência. Efectivamente, se não fosse esticado previamente, tal como
não são esticadas as armaduras passivas, haveria a possibilidade do incremento ∆ε p não ser
suficiente para levar o aço à cedência, não nos permitindo tirar partido da total capacidade
resistente dos aços.
y
x
y = 0.80 x y = 0.80 x
Este método facilita muito a determinação da força Fc. Assim, se por exemplo a área
comprimida for rectangular, a força resultante no betão será dada simplesmente por:
Fc = f cd × b × y (b – largura da zona comprimida)
É interessante que este método tem gozado de uma aceitação praticamente universal.
Exemplo 8.1
Considere a viga em consola representada na figura:
q = 10 KN/m
0.60
0.12 0.12 2x12Ø15
2.00
2.00 20.00
0.24
Total: 5754 KN
Posição da linha neutra:
Betão C30/37 ⇒ fcd = 30/1.5 = 20 MPa;
Por equilíbrio: Fc = Fp + Fs1 + Fs2 ⇔ 20×103×1.00×y = 5754 ⇔ y = 0.289 m
Assim, a compressão atinge as almas, pelo que é necessário corrigir a equação de equil.:
A força que actua no banzo inferior é: Fc1 = 20×103×1.00×0.24 = 4800 KN
Fc1+ Fc2 = Fp + Fs1 + Fs2 ⇔ 4800 + 20×103×2×0.24×a = 5754 ⇔ a = 0.099 m
Assim, x = (0.24 + 0.099)/0.80 = 0.424 m;
Extensões no betão e nas armaduras:
εc = 3.5 ‰; εs1 = (d1 – x)/x ×εc = (2.00 – 0.05 – 0.424)/0.424 ×3.5 = 12.6 ‰;
εs2 = (d2 – x)/x ×εc = (2.00 – 0.19 – 0.424)/0.424×3.5 = 11.4 ‰;
∆εp = (dp – x)/x ×εc = (2.00 – 0.12 – 0.424)/0.424×3.5 = 12.0 ‰;
εp = εp∞ + ∆εp = 5‰ + 12.0‰ = 17.0 ‰ (εp∞ = 5‰ foi estimado)
Fs1 0.05
Fp 0.07
0.07
Fs2
ε s1
∆ε p
εs 2
1.520
2.00
d1
dp
d2
x
εc Fc2
0.170
Fc1
0.12
De acordo com o EC2 §5.10.8, se não forem efectuados cálculos mais precisos, podemos
considerar ∆σ p , ELU = 100MPa .
Por aqui se vê que o pré-esforço não aderente é muito menos eficaz do que o pré-esforço
aderente, dado que não é possível tirar partido da total capacidade resistente dos aços. Por
exemplo, numa situação típica com os cordões de pré-esforço a uma tensão a longo prazo de
1050 MPa, acrescentado 100 MPa, obtém-se 1150 MPa, a que corresponde a cerca de 80% da
tensão de cálculo da armadura (~1400 MPa), pelo que se perde cerca de 20% da capacidade
dos aços de pré-esforço.
⎪ 0.13 b d
⎪⎩ 100 t
onde bt representa a largura média da zona traccionada e d a altura útil. Note-se que as
armaduras mínimas a adoptar são independentes da armadura de pré-esforço. Por outras
palavras, a armadura de pré-esforço não conta para efeitos de armadura mínima.
onde Vsd designa o valor de calculo do esforço transverso actuante e VRd o valor de cálculo do
esforço transverso resistente. O esforço transverso actuante deverá ser calculado de acordo
com as regras de combinação de acções para estado limite último. Na parte relativa ao pré-
esforço, figurarão ambas as parcelas isostática e hiperstática, ou seja:
Vsd = (...) + { }V
1.00
1.20 p + (...)
Nota-se aqui uma diferença entre o modo de tratar o ELU de esforço transverso e o ELU de
flexão. Enquanto que no primeiro o pré-esforço aparece integralmente do lado das acções, no
segundo uma parte do pré-esforço (parcela hiperstática) aparece do lado da resistência e a
outra parte (parcela isostática) aparece do lado da resistência.
No que diz respeito ao cálculo de VRd , há a distinguir elementos com armadura específica de
esforço transverso (em geral as vigas) e elementos sem armadura específica de esforço
transverso (em geral as lajes).
No que segue, trataremos dos elementos com armadura específica de esforço transverso. Os
elementos sem armadura específica de esforço transverso serão tratados no capítulo IX – lajes
pré-esforçadas.
d
VRd
z
Fsw
α θ
1 Fs
bw z (cot gθ + cot gα)
As forças no tirante, Fsw , e na biela, Fb, determinam-se facilmente por equilíbrio. Da figura
anterior resulta imediatamente:
VRd = Fb senθ
Asw
Designando a área dos estribos por (área por unidade de comprimento) e considerando
s
que o comprimento de influência do tirante, calculado por considerações geométricas, é de
z (cot gθ + cot gα ) , o esforço transverso correspondente à cedência dos estribos é dado por:
Asw
VRd = Fsw senα ⇔ VRd = f syd z (cot gθ + cot gα ) senα (2)
s
Vejamos agora como verificar a segurança das bielas de betão. Denotando o esforço
transverso associado ao esmagamento das bielas de betão por VRd,max, tem-se, conforme
vimos:
VRd ,max = Fb senθ
A força na biela, Fb, associada ao esmagamento, é igual à tensão máxima admitida para o
betão vezes área da biela, que é igual a z (cot gθ + cot gα ) senθ bw (ver figura 8.6).
De acordo com o EC2, a tensão máxima admitida para o betão é dada por α cν f cd onde
α c pretende traduzir a influência de eventuais esforços normais de compressão e ν é um factor
de redução da resistência do betão para ter em conta o facto de se tratar de betão com fissuras
de esforço transverso. Tem-se:
VRd ,max = Fb senθ = α cν f cd z (cot gθ + cot gα ) senθ bw senθ ⇔
(cot gθ + cot gα )
V Rd , max = α cν f cd bw z (3)
1 + cot g 2θ
De acordo com o EC2, o factor αc é sempre superior, ou quando muito igual a 1.00, pelo que
se tomarmos αc = 1 estaremos do lado da segurança. Relativamente ao coeficiente ν, é
calculado de acordo com a expressão:
⎛ f ck ⎞
ν = 0.60 ⎜1 − ⎟
⎝ 250 ⎠
Em resumo:
No caso específico de estribos perpendiculares ao eixo da viga, a segurança ao estado limite
de esforço transverso é satisfeita quando se verificam simultaneamente as seguintes
condições:
Asw Vsd
1- ≥ (segurança pelas armaduras)
s z f syd cot gθ
α cν f cd bw z
2 - Vsd ≤ (segurança pelo betão)
cot gθ + tgθ
A inclinação das bielas, θ, deve estar compreendida entre 22 e 45º. Nas aplicações correntes,
particularmente em estruturas de betão pré-esforçado, é usual adoptar-se θ = 30º.
No caso da existência de esforço axial exterior importante (o pré-esforço não conta para efeito
de calculo de Nsd) o braço z pode ser calculado pela expressão:
M Rd − N sd u
z=
Fp + Fs − N sd
onde:
MRd – momento resistente da secção, dado com valor positivo;
Nsd – esforço axial exterior, dado com o verdadeiro sinal;
u – distância do centro de gravidade da secção ao centro mecânico da armadura de
flexão;
No caso de vigas-caixão, comuns em pontes de grande vão, pode-se tomar para z a distância
entre as linhas medias dos banzos superior e inferior.
Largura bw
A largura bw refere-se à largura mínima da viga ao longo da altura z, conforme se exemplifica
na figura seguinte:
bw b1 b2
bw = b1 + b2
bw,nom = bw − 1.2∑φb
O factor 1.2 pretende ter em conta a existência de tracções transversais na vizinhança do cabo
associadas ao espalhamento das tensões de contacto cabo-betão. No entanto, se forem
previstas armaduras transversais suficientes, o factor pode ser reduzido para 1.0. A figura
seguinte mostra um esquema possível para a determinação destas tracções [P. Marti, Detailing
for post-tensioning, VSL):
3P 3P
8R 8R
P
T1 =
P T1 4R
R
P
T2 =
8R
P
T2 T
R 2
Como dissemos acima, ∑φ b deve ser determinado para o nível de cabos mais desfavorável.
Na figura seguinte ilustra-se a determinação de ∑φ b :
Note-se, porém, que é preciso garantir que a armadura longitudinal no apoio seja suficiente
para resistir à força Fs (figura 8.10). Estudemos o equilíbrio de um troço extremo de viga:
1 Fc
z
Fsw
θ
Fs
z cot gθ
R
Fig. 8. 10 – O primeiro tirante surge a zcotgθ do apoio
Psd
psd
F T=F
Fig. 8. 12 – Diferença entre aplicar uma carga na face superior ou suspendê-la na face inferior
θ Fb Msd
Vsd
βs+
Fs
Os esforços externos têm de estar em equilíbrio com os esforços internos, isto é Sext = Sint,
pelo que se tem: Vsd = Fb senθ + Fc senβ c + Fs senβ s .
As componentes verticais das forças nos banzos podem ser colocadas, conforme é usual, do
lado dos esforços actuantes (esforços externos), vindo: Vsd − Fc senβ c − Fs senβ s = Fb senθ
Esta equação mostra que um possível método de verificação da segurança de vigas de altura
variável consiste em corrigir o esforço transverso actuante da seguinte forma:
Assim, a componente vertical das forças nos banzos é favorável se possuir o mesmo sentido
do esforço transverso actuante e desfavorável, caso contrário.
No caso da flexão simples, isto é, flexão sem esforço axial, pode-se demonstrar que (deixa-se
isso como exercício):
Vsd' = Vsd −
M sd
(tan β c + tan β s )
z
Na equação acima deve-se ter cuidado com os sinais. O importante é ter presente que se a
inclinação do banzo for favorável, o esforço transverso diminui (em valor absoluto) e aumenta
caso contrário.
20.00
0.60
2x12Ø15
2.00
Fs + Fp = 5754 KN
S
Fc cos β = Fs + Fp
Msd
2.00 + 0.60
tg β = = 0.13
Vsd 20.00
β Fc
Vsd’ = Vsd – Fc senβ = Vsd – (Fs + Fp) / cosβ × senβ ⇔ Vsd’ = Vsd – (Fs + Fp) tg β
Vsd’ = 956 – 5754×0.13 = 208 KN (O valor 5754 veio do exemplo 8.1).
Uma vez que a secção é constituída por duas almas, temos 208/2 = 104 KN / alma.
(Repare-se que uma boa parte do esforço tranverso é anulado pela componente vertical da
força no banzo!)
⎛ f ck ⎞ ⎛ 30 ⎞
ν = 0.60 ⎜1 − ⎟ = 0.60 ⎜ 1 − ⎟ = 0.528
⎝ 250 ⎠ ⎝ 250 ⎠
Fd ∆x
fc
vsd fs
Fd + ∆ Fd
fc
vsd θ fs
vsd
fs =
cot gθ
Fig. 8. 14 – Secção T com os banzos destacados, pondo em evidência os fluxos de corte nas interfaces
banzo-alma
Estes fluxos são transmitidos aos banzos através de bielas inclinadas (força fc na figura),
originando tracções transversais (força fs na figura), para as quais é necessário prever
armadura (conhecida como armadura de costura).
Designando o fluxo de corte na interface banzo-alma por vsd, a armadura necessária, para
estribos perpendiculares à interface banzo-alma, é dada por:
Asf v sd
=
s f syd cot gθ
O fluxo de corte, vsd, é determinado por equilíbrio de forças na direcção longitudinal de uma
das partes do banzo, obtendo-se
∆Fd
v sd =
∆x
Relativamente ao ângulo que as bielas fazem com o eixo da viga, θ, podemos atribuir-lhe o
valor de 30º no caso dos banzos comprimidos e 40º no caso dos banzos traccionados.
O EC2 refere ainda que o comprimento ∆x a considerar será, no máximo, metade da distância
entre as secções de momento máximo e nulo, o que equivale a afirmar que se pode calcular a
onde bf designa a espessura do banzo. Se exceder, uma medida possível a tomar será aumentar
a espessura do banzo.
Refere-se ainda que no caso de secções “T” ou “I” de banzos simétricos, é suficiente, em
geral, dispormos nos banzos uma armadura igual a metade da armadura na alma. A razão é
que o fluxo de corte na alma é sensivelmente igual (um pouco inferior até) aos fluxos
provenientes dos banzos, pelo que, se as abas forem iguais, o fluxo em cada aba é
sensivelmente metade do fluxo na alma (ver figura seguinte).
Asf Asw
= 0.50
s s
vf1 vf2
Asw
vw vw ≅ v f 1 + v f 2
s
Por último, refere-se que se, para além dos fluxos de corte, os banzos estiverem sujeitos a
flexão transversal, é necessário levar este facto em conta na determinação da armadura de
costura. O EC2 sugere um método simplificado de calculo das armaduras. Na disciplina de
Pontes e Viadutos veremos um método mais rigoroso para ter em conta a interacção entre o
corte e a flexão transversal.
⎛ Asw ⎞ 0.08 f ck
⎜ ⎟ = bw sin α fck e fyk em [MPa]
⎝ s ⎠ min f yk
b) REBAP
0.12
1.00
1.25
0.05
0.12
0.10
0.05
0.40
0.50
SECÇÃO 3
10.00
0.30
2.50
2x25T15
0.30
0.06
4Ø25 MATERIAIS:
0.60
BETÃO: C35/45
AÇO DE PRÉ-ESF.: cordão Y1860 s7
AÇO PASSIVO.: A500
SECÇÃO 4
17.74
0.17
0.39
12x19T15
4x19T15
6.20
5
0.4
0.85
6.00
2x7T15
0.25
0.25
ACÇÕES: MATERIAIS:
Permanentes: g = 30 KN/m BETÃO: C30/37
0.20
0.30
0.70
Verifique a segurança ao E.L. de flexão na secção do apoio central. Comece por adoptar a
armadura mínima de flexão. Se não chegar, aumente-a até que se verifique a segurança.
2X7T15
0.10
0.10
CABO
0.89
1
CABO 2
9.00 9.00
18.00
0.12
1.80 MATERIAIS:
BETÃO: C30/37
AÇO DE PRÉ-ESF.: cordão Y1860 s7
1.10
ACÇÕES:
Permanentes: g = 20 KN/m; σp∞ = 1050 MPa.
0.30
Variáveis: veículo constituído por 3 cargas de 100 KN cada
(4) (5)
g
0.45
0.45
0.90
C
A B
3.00 10.00
0.20 0.20
1.00
2.00
a) Admita que se pretende utilizar barras φ32 da classe Y1030H (fp0.1k = 835 MPa).
Determine o número de barras necessárias utilizando um critério de EL Ultimo.
b) Determine a força mínima que deve existir nas barras (P∞) de forma a manter o apoio
comprimido para a combinação rara de acções.
c) Admitindo 15% de perdas diferidas, determine a força de esticamento nas barras de
forma a garantir o P∞ calculado na alínea anterior. Considere 1 mm de reentrada da
barra e despreze as perdas por atrito e deformação elástica instantânea. Adopte Ep =
170 GPa.
___
Resolução
a) As reacções no apoio A para cada uma das acções são as seguintes:
Rg = 197.2 KN; RG = 133.3 KN; RQ = 200 KN;
Assim, Rsd = 1.35×197.2 + 1.50×133.3 + 1.50×200 = 766.2 KN;
Considerando que a área de uma barra φ32 é de 8.04 cm2, o valor de cálculo da
resistência dessa barra é: FRd = fpyd×Ap = 835/1.15×8.04×10-1 = 583.8 KN.
Número de barras necessárias: n = 766.2/583.8 = 1.3. Adoptam-se 2 barras.
b) Rrar = 197.2 + 133.3 + 200 = 530.5 KN; Portanto P∞ = 530.5/2 = 265 KN/barra.
c) A tensão inicial nas barras é: σ0 = 265/(8.04×10-4) = 330 MPa; Vimos no capítulo
VII (exemplo 7.5) que as perdas por reentrada dos fixadores num cabo sem atrito são
iguais a Epδr/L sendo L o comprimento do cabo.
Assim, a tensão de esticamento deve ser pelo menos: σ0’ = 330 + 170×1.0/2.00 = 415
MPa, pelo que P0’ ≥ 415×8.04×10-1 = 334 KN.
1. Introdução
Muitas das considerações feitas em capítulos anteriores relativas a vigas aplicam-se também a
lajes. O pré-esforço nas lajes apresenta, porém, algumas particularidades de que daremos
conta no presente capítulo.
Tal como nas vigas, o pré-esforço nas lajes apresenta vantagens óbvias. A principal limitação
das lajes decorre do facto de se tratarem de elementos de pequena espessura, o que limita as
excentricidades dos cabos e consequentemente a sua eficiência estrutural.
Por essa razão, os sistemas de pré-esforço vocacionados para aplicação em lajes visam
maximizar a excentricidade dos cabos e são, basicamente, de dois tipos: um é constituído por
cabos monocordão auto-embainhados. O outro é constituído por cabos de 3 ou 4 cordões
inseridos em bainhas achatadas (flat duct), posteriormente injectadas. O primeiro é do tipo
não aderente e o segundo é do tipo aderente. A figura seguinte ilustra estes dois tipos de
sistemas:
− possibilita uma maior rapidez de execução, dado que não requer a colocação
de bainhas nem a injecção;
− as perdas por atrito são muito pequenas;
− os cordões estão melhor protegidos contra a corrosão desde a fábrica até à
betonagem da laje.
b) vantagens do sistema aderente
− para a mesma quantidade de aço, o momento resistente é superior, graças à
aderência;
− permite um melhor comportamento à fissuração, graças também à aderência;
− uma rotura local nunca se transforma em rotura global;
− assegura uma protecção ao fogo um pouco superior em relação ao sistema não
aderente.
As vantagens do sistema aderente parecem ser globalmente superiores às do sistema não
aderente. No entanto, como é evidente, isto não quer dizer que se deva excluir à partida o
sistema não aderente. Suponhamos, por exemplo, que a principal razão que nos levou a optar
por pré-esforçar determinada laje, foi o controlo de deformações. Sob este ponto de vista, a
eficiência dum e doutro sistema são idênticas, pelo que poderíamos optar pelo sistema não
aderente e assim aproveitar a vantagem da maior rapidez de execução e do menor atrito cabo-
baínha.
Refira-se, aliás, que muitas vezes a razão que nos leva a optar por pré-esforçar a laje é
justamente a redução das deformações. Conforme já vimos no capítulo II, as deformações por
fluência podem ser estimadas por d∞ = d0 (1 + ϕ), com ϕ o coeficiente de fluência e d0 a
deformação elástica inicial. Portanto, quanto menor for a deformação elástica inicial, e aqui o
pré-esforço é favorável, menor será a deformação a longo prazo.
2. Pré-dimensionamento
Um critério prático para estabelecer a quantidade de pré-esforço a aplicar, consiste em
determinar a força de pré-esforço que equilibra determinada percentagem da carga quase
permanente, 70% por exemplo, isto é:
p∞ : q eq = 0.70 ( g + ψ 2 q )
No que diz respeito à espessura da laje, sugerem-se seguidamente valores de esbeltez, λ=l/h
que conduzem normalmente a deformações da laje aceitáveis. Tais valores foram calibrados
na hipótese do pré-esforço equilibrar cerca de 70% da carga quase permanente (Fib, 1999).
λ l [m]
(g+q)/g 7.5 10.0 15.0 20.0
1.0 45 42 33 27
2.0 41 34 26 20
3.0 35 29 22 16
>l/4
λ l [m]
(g+q)/g 10.0 15.0 20.0
1.0 37 29 24
2.0 30 22 17
3.0 25 18 14
<l/4
Como espessura mínima a adoptar numa laje pré-esforçada, recomenda-se o valor de 0.25.
Abaixo dessa espessura o pré-esforço perde muita eficiência.
qualquer forma, pelo menos 50% dos cabos devem ser posicionados na bandas definidas pelos
pilares.
Temos, assim, duas disposições possíveis dos cabos em planta:
Cabos apenas nas bandas centrais Cabos nas bandas centrais e laterais
fy
eq
ly
q
q
eq
fx
lx
8 f x px 8 f y p y
qeq = +
l x2 l y2
Ptgα
direcção y: m sd' , y = m sd , y − | m sd , xy |
direcção y: m sd' , y = m sd , y + | m sd , xy |
v sd ≤ v Rd
Para calcular o esforço transverso actuante de calculo, vsd, pode-se utilizar a seguinte
expressão simplificada (Fib, 1999):
v = v x2 + v 2y
(
VRd = VRd ,c = 0.12 k (100 ρ 1 f ck )
1/ 3
)
+ 0.15σ cp bw d
em que:
200
k = 1+ ≤ 2 .0 ;
d
Asl
ρ1 = ≤ 0.02 ;
bw d
Asl – área da armadura longitudinal de tracção, que se estenda pelo menos de (lbd +
d) para além da secção em análise;
Fck – expresso em MPa
N sd
σ cp = < 0.2 fcd - expresso em [MPa]
Ac
Nsd – esforço axial de calculo – tomado com valor positivo se for de compressão. A
parcela isostática de pré-esforço deve ser incluída;
Os valores de bw (largura) e d (altura útil) devem ser expressos em [mm] (bw = 1000 mm em
geral) e o valor de VRd vem dado em [N].
Recordamos a expressão do REBAP:
VRd = 0.60 (
1 −
.6 d )τ 1 bw d
≥ 1.0
em que:
d – altura útil da secção, expressa em m;
τ1 = 0.60 fctd
Exemplo 9.1 – Calculemos o esforço transverso resistente de uma laje com 0.20 de
espessura (d = 0.16), armada com φ16/0.20 (A400; C25/30)
a) EC2
K = 2.00; ρ1= 10.05 / (100×16)×100 = 0.63;
VRd = 0.12×2.0×(0.63×25)1/3×1000×160/1000 = 96 KN/m;
b) REBAP
VRd = 0.60×(1.6 – 0.16)×750×1.00×0.16 = 104 KN/m;
Punçoamento
A verificação da segurança devera ser efectuada de acordo com o exposto no EC2 §6.4.
ANEXOS
∫∫ x dxdy → ∑
x i Ai
i
xcg =
∫∫ dxdy ∑ A i
i
c.g.
∫∫ y dxdy → ∑
ycg y i Ai
i
ycg =
∫∫ dxdy ∑A i
i
x
xcg
• Momentos de inércia
y
I x = ∫∫ y 2 dxdy
I y = ∫∫ x 2 dxdy
I xy = ∫∫ x ⋅ y dxdy
dx
x
dy
r
y
I p = ∫∫ r 2 dxdy = I x + I y (Momento polar de inércia)
x
• Teorema de Steiner
c.g.
g g
d
e e Ie = Ig + A×d2
Este conceito tem interesse na análise de vigas pré-esforçadas. Encarando o pré-esforço como
compressão excêntrica, se o cabo, ou resultante dos cabos, estiver contida no núcleo central,
tem-se a garantia de que não existem tracções em nenhuma fibra da secção.
I
c.g. ks
vs
Limite superior do núcleo central: ks = ;
ki
Avi
vi I
Limite inferior do núcleo central: ki = ; em que:
Av s
σ(+) σ(+)
TENSÕES NORMAIS
M
c.g. N σ(y) M N
x σ ( y) = y+
Ix A
2. Combinações de Acções
(a) ELU
• Combinações fundamentais:
Em geral:
m n
∑γ
i =1
gi S gki + γ q ( S Q1K + ∑ψ 0 j S Qjk )
j =2
∑ S gki + γ q S EK + ∑ψ 2 j SQjk
i =1 j =2
• Combinações acidentais:
m n
∑ S gki + S Fa + ∑ψ 2 j SQjk
i =1 j =1
(a) ELS
• Combinação quase permanente de acções
m n
∑ S gmi + ∑ψ 2 j SQjk
i =1 j =1
∑S
i =1
gmi + ψ 11 S Q1k + ∑ψ 2 j S Qjk
j =2
L2
f
1
y = x2 y’’ = 2a; R≈ ⇔ R≈
y' ' 2f
x
VERTICE DA PARÁBOLA
L 2f f
Tg(α) = ⇔
L L
2
Ou seja, a tangente à parabola
f
Esta regra pode ser utilizada na determinação de tangentes e pontos de inflexão por simples
construção geométrica, conforme se mostra nos exemplos seguintes:
= = Ponto de Inflexão
Rec
ta
= = = =
= =
Rec
ta
= =
cg
f
cg
3/8 L L/4
L L
2 1
A = Lf A = Lf
3 3
Atente-se na figura:
σ( x)
B S
0'
σ ( x) = σ0' e −mx
C S = E pδr
x
0 λ
Pela formula de formula de Euler:
λ
σ 0' σ 0'
(1− e λ )
λ
SOBCλ = ∫ σ 0 'e − mx dx = − × e− mx = −m
0
m 0 m
λ
σλ σλ
(1− e λ )
λ
SOACλ = ∫ σ λ e − mx dx = − × e− mx = −m
0
m 0 m
e portanto:
σ 0' σ 0' σλ σλ σ 0' σ 0' σ 0' σ 0'
SOBCλ − SOACλ = − e − mλ − + e− mλ = − e− mλ − e− mλ + e− mλ e− mλ
m m m m m m m m
σ 0'
=
m
(1 − 2e − mλ
+ e−2 mλ )
Mas como S = E pδ r , tem-se:
σ 0' mE pδ r mE pδ r
(1 − 2e ) (1 − 2e ) (1 − e λ )
2
− mλ
+ e−2mλ = E pδ r ⇔ − mλ
+ e−2 mλ = ⇔ −m
= ⇔
m σ 0' σ 0'
mE pδ r mE pδ r ⎛ mE pδ r ⎞
⇔ 1 − e− mλ = ⇔ e− mλ = 1 − ⇔ − mλ = ln ⎜1 − ⎟ ⇔
σ 0' σ 0' ⎜ σ 0' ⎟
⎝ ⎠
1 ⎛ mE pδ r ⎞
⇔ λ=− ln ⎜1 − ⎟
m ⎜⎝ σ 0' ⎟
⎠
EN 1992-1-1: 2004. Eurocode 2: Design of concrete structures – Part 1-1: General rules and
rules for buildings.
Fib (1999) - Recommendations for the design of post-tensioned slabs and foundation rafts /
Fédération Internationale de la Précontrainte. – London.
Ghali, A.; Favre, R. – Concrete Structures: Stresses and Deformations. Second Edition. E &
FN SPON, 1994.
Muttoni, A. et al. – Design of Concrete Structures with Stress Fields. Birkhäuser, 1997.
Rogowsky, D.M.; Marti, P. – Detailing for post-tensioning / VSL Report series N.º 3, 1991