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CHARTIER, Roger. Do livro à leitura. In: CHARTIER, Roger (Org.

) Práticas de
leitura. Trad. Cristiane Nascimento. São Paulo: Estação Lierdade, 1996. p. 77-105.

Alguns tópicos relevantes1

 História de uma prática cultural –tradições que pesam: (1) a leitura dos textos
ignorando os suportes; (2) As significações dos textos construídos pelas leituras
que se apoderam deles;

 Textos são significações plurais e móveis: pensar a forma como se faz a leitura
coletiva ou individual;

 História da leitura deve ir contra a sociologia histórica da cultura –pertença


social e produções culturais (textos impressos); identificação dos objetos (textos
impressos) próprios aos diferentes meios sociais;

 A circulação dos objetos impressos não estava de maneira rígida uma divisão
sociocultural (literatura para elite) ;

 Contexto da Inglaterra do século XVII –aquisição do domínio da leitura (criança


pobre e criança rica). A leitura antes dos sete anos para os segundos, pois os
primeiros começam a trabalhar aos sete e oito anos em função de morte do pai,
etc.

 Não é possível restringir a capacidade à leitura das sociedade tradicionais apenas


às porcentagens de alfabetização, classicamente calculadas (p.80);

 Á maior potencial de leitores que de assinantes no meio popular;

 No Antigo Regime e até o século XIX, a alfabetização feminina se reduzia


apenas à leitura, ou seja, à representação comum da educação das moças –seria
uma “pedagogia da boa esposa” ? (p.81);

 Problematizar os espaços públicos e privados de homens e mulheres. Estas


deveriam saber ler, costurar e fiar em suas práticas educativas, já aqueles iam
para a grammar schools aprender a ler;

 Conjunto de leitores alfabetizados e os analfabetos iletrados; leitura silenciosa


(percurso dos olhos) e a oralização (voz alta ou baixa) –ambas demonstram um
índice das distâncias socioculturais;

1
Proposta por Clodoaldo Fernandes
 Aprendizado da leitura e a escrita cursiva, ambas não são análogas, uma vez que
muitos leitores conseguem ler o impresso e outros são aptos a decifrar os escritos
(p.85);

 Leitura laicizada, silenciosa e individual (celebrações religiosas, familiares e


eclesiásticas ) –portanto, uma leitura superficial que traduz menos investimento
no livro, já que há leitura de poucos textos;

 Leitura intensiva; o livro e a biblioteca como objeto de decoração e significados


sociais –um saber e poder instituídos;

 A leitura (solitária) e o mobiliário também serão instituídos dentro de sentidos


múltiplos –leitura da intimidade, móveis que denotam um prazer para o livro
(p.91);

 A leitura e as vestimentas –uma prática social e cultural dentro daquela


sociedade. Vestimentas femininas que sugerem intimidade para o prazer da
leitura no quarto ou no salao;

 Os homens do século XVIII –leitura da individualidade, leitura feita em voz alta,


cuja proposta é a de reunir a família e os moradores em uma audição
compartilhada;

 A leitura em voz alta de certa maneira promove uma “pedagogia da moral”, já


que se ensina os preceitos da religião a partir de uma sociedade rural e
patriarcal, ou seja, o chefe da casa ou a criança são incumbidas dessa tarefa.

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