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A grande mãe ancestral

O poder feminino na criação do universo.


Para o povo nagô a existência do mundo se dá em dois níveis ao mesmo tempo, o Aiyé e o Orum. Para entendermos nossa
ancestralidade iremos associar a origem da criação e a formação pelo qual o ASÉ (vida) fora diretamente emanado por
Olorum (Deus). A partir desta criação, verificamos a participação direta de nossa mãe ancestral, chamada de IYA-MI, IYA-
AGBA ou IYA-MI OSORONGÁ participante direta desta criação com Obatalá e Ogum.Todavia, sendo a única mulher no
mundo, o que então confirma a nossa ancestralidade e identificação com a nossa mãe genitora pertencente ao ORUM e
fundadora do AYÉ.

A constituição da sociedade feminina.


Diante de um mundo metafísico, que para o negro possui toda uma representação figurativa, nossa mãe ancestral possui a
forma física de mulher e pássaro. Através dos ITAN (lendas) conhecidas pelos babalawos, (o pai do segredo), podemos
identificar a sociedade que pela grande YALODE fora criada.Numa organização de culto somente feminino, onde cada
mulher participante receberá um pássaro chamado de ARAGAMAGO, elas dominariam por completo o mundo, levando o
seu ódio e destruição a todos aqueles que simplesmente fossem apanhados por elas.

A mulher em seu aspecto perigoso e destrutivo.


Mãe idosa e respeitável, simplesmente mulheres. O aspecto mais perigoso e destrutivo a que me refiro é ressaltado pelos
versos de Ifá e por estudiosos do culto afro, que deixam claro o poder e a malevolência de nossa mãe ancestral. Tida como
feiticeira, ligada a noite, ao sangue menstrual e com a forma de um pássaro que sempre quando enviado realiza seus serviços
maléficos. Neste caso o pássaro é a representação de seu poder, leva sempre dores ou doenças ao VENTRE daqueles
marcados por sua vingança e ódio. Cuidado e respeito sempre são requeridos quando falamos sobre nossa mãe. De forma
impiedosa ela destrói tudo o que quiser se somente se sentir afrontada. Ao pronunciar seu nome devemos reverência,
levantamos ou simplesmente tocamos o solo em sua homenagem.

Símbolos religiosos. (O mito explica o rito)


Neste universo simbólico para entendermos a representação religiosa de nossa mãe, podemos classificar alguns objetos
ligados a ancestralidade, ao homem juntamente com o ASÈ (força de realização).

Exemplos:

ELEYE/Pássaro: Conhecido como Aragamago sendo representado pela coruja, detém o poder de realização dos feitiços de
Yamim.

IGBÀ- ODÙ/Cabaça: Representa o útero de forma a lembrar a barriga, sendo ligada com poder de gerar vida e a realeza
diante do sexo masculino.

ATISÀS/Árvores sagradas: Morada de Yamim em forma de pássaro ao chegar a terra descanso e lugar para seus rituais e
oferendas. Entre muitas, algumas: Irokó, Figueira, Cajazeira.

EJÈ/Sangue: Representação de vida e morte, um dos alimentos prediletos das bruxas sendo representada hoje pelo epo pupa
o DENDÊ.

GÈLÈDÈ. Máscaras usadas em rituais por homens na sociedade dirigida por mulheres que possuíam o segredo das AJÈS.

Seu culto nos dias de Hoje. (Considerações finais)


O culto de nossa mãe ancestral pertence hoje ao conhecido candomblé, religião escolhida como nova forma de representação
para as religiões trazidas da África. Propriamente ligada aos babalawos, suas histórias e recomendações são representadas
pelos Odú Ifá , o que então não permitiu um conhecimento acessível a todos. Diante da importância e da responsabilidade do
tema, muitos acabam deixando de lado uma parte da história de todos aqueles que são OMÓ ORIXÁ. A decadência do culto
á Yan Osorongá não se deu somente ao passado, hoje podemos verificar que muitos olorixás não conhecem ou simplesmente
ignoram aquela que permitiu a procriação da vida.

Portanto, a defesa religiosa, tema hoje muito focada, não deveria ser somente passeatas ou manifestações culturais. A luta
contra o esquecimento deveria ser exatamente obtida pelo povo de santo em relação aos cultos que se desfazem ou são
interpretados de forma errada por aqueles que nos dias de hoje fecham os olhos para o conhecimento.

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