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TRABALHOS DA EXTENSÃO RURAL

COM USO DE GEOPROCESSAMENTO


Organizado por Milton Satoshi Matsushita *

Curitiba - PR

2014

* Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,


Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br

1
GOVERNO DO PARANÁ
Instituto Emater - Vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento
Organização Instituto Emater:
Engenheiro Agrônomo Milton Satoshi Matsushita, Doutor em Economia e
Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil
matsushita@emater.pr.gov.br

Revisão: Licenciado Letras-Português José Renato Rodrigues de Carvalho


Capa: Marlene Suely Ribeiro Chaves
Diagramação: José R. R. de Carvalho
1ª Edição
Tiragem: 2.000 exemplares
Trabalho publicado com recursos do Programa de Gestão do Solo e da
Água em Microbacias
Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER
Serviço de Atendimento ao Cliente SAC
Rua da Bandeira, 500 Cabral - CEP 80035-270 - Caixa Postal 1662
Fone (41) 3250 2166 - Curitiba - Paraná - Brasil
E-mail: sac@emater.pr.gov.br http://www.emater.pr.gov.br

Todos os direitos reservados.


Reprodução autorizada desde que citada a fonte: Instituto Emater.

M662 MATSUSHITA, Milton Satoshi

Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa-


mento / Organizador Milton Satoshi Matsushita. -- Curitiba:
Instituto Emater, 2014.

439 p. : il. color. ISBN 978-85-63667-37-3



1. Geoprocessamento. 2. Sistemas de Informações
Geográficas. 3. Desenvolvimento Municipal. 4. Desenvolvi-
mento Rural. 5. Microbacias Hidrográficas. 6. Assentamen-
tos. 7. Propriedades Rurais. 8. Biodiversidade. 9. Gestão de
Solo e Água I. Matsushita, Milton Satoshi. II. Título.

CDU 528
Maria Sueli da Silva Rodrigues - 9/1464

2
AUTORES

Adalberto Telesca Barbosa (Capítulo XV)


Engenheiro Agrônomo, Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio,
Instituto Emater, Toledo, Paraná, Brasil - telesca@emater.pr.gov.br

Adelson Raimundo Angelo (Capítulo VI)


Geógrafo, Especialista em Gestão de Recursos Hídricos, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - adelsonangelo@emater.pr.gov.br

Astrogildo José Gomes de Mélo (Capítulo XIII)


Engenheiro de Pesca, Especialista em Aquicultura, Instituto Emater, Parana-
guá, Paraná, Brasil - astrogildo@emater.pr.gov.br

Belmiro Ruiz Marques (Capítulo V)


Engenheiro Agrônomo, Especialista em Manejo e Administração de Recursos
Naturais, Instituto Emater, Maringá, Paraná, Brasil - belmiro@emater.pr.gov.br

César Roberto Silva Paz (Capítulo IX)


Engenheiro Agrônomo, Mestre em Geomática - Tecnologia da Geoinformação,
Instituto Emater, Realeza, Paraná, Brasil - cesarpaz@emater.pr.gov.br

Cirino Corrêa Júnior (Capítulo XI)


Engenheiro Agrônomo, Doutor em Horticultura, Instituto Emater, Curitiba, Para-
ná, Brasil - plamed@emater.pr.gov.br

Edilson Moreira (Capítulo XII)


Técnico Agropecuário e Gestor em Agronegócios, Instituto Emater, Guarapua-
va, Paraná, Brasil - edilsonmoreira@emater.pr.gov.br

Edivan José Possamai (Capítulo VIII)


Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia Produção Vegetal, Instituto
Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil - edivanjp@emater.pr.gov.br

Edson Luiz Diogo de Almeida (Capítulo V)


Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia, Instituto Emater, Maringá, Para-
ná, Brasil - edsonalmeida@emater.pr.gov.br

Edson Roberto Vaz Ronque (Capítulo I)


Engenheiro Agrônomo, Mestre em Entomologia, Instituto Emater, Pinhalão,
Paraná, Brasil - edsonronque@emater.pr.gov.br

Emerson Pedro Baduy (Capítulo VI)


Engenheiro Agrônomo, Especialista em Administração Pública, Instituto Ema-
ter, Balsa Nova, Paraná, Brasil - baduy@emater.pr.gov.br

3
Ênio Antônio Bragagnolo (Capítulo XV)
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão Ambiental, Instituto Emater,
Tupãssi, Paraná, Brasil - eniobragagnolo@emater.pr.gov.br

Enio Giotto (Capítulo IX)


Engenheiro Florestal, Doutor em Engenharia Florestal e Professor Titular da
UFSM, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, Santa Maria, Rio Gran-
de do Sul, Brasil - giotto@ccr.ufsm.br

Erni Limberger (Capítulo IV)


Engenheiro Florestal, Mestre em Agronomia, Área de Concentração Produção
Vegetal, Instituto Emater, Paranavaí, Paraná, Brasil
ernilimberger@emater.pr.gov.br

Gracie Abad Maximiano (Capítulo IV)


Geógrafa, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Curitiba, Paraná, Brasil
gracie@sema.pr.gov.br

Herivelto Holowka (Capítulo VIII)


Engenheiro Agrônomo, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil
herivelto@emater.pr.gov.br

Hernani Alves da Silva (Capítulo XII)


Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Produção Vegetal, Instituto
Emater, Paraná, Brasil - hernanialves@emater.pr.gov.br

Itamar Antonio Bognola (Capítulo X)


Engenheiro Agrônomo, Doutor em Engenharia Florestal, Área de Concentra-
ção em Solos Florestais e Silvicultura de Precisão. Embrapa, Curitiba, Paraná,
Brasil - itamar.bognola@embrapa.br

Jonas Daniel Ribas da Cruz (Capítulo VI)


Técnico Agrícola, Instituto Emater, Rio Negro, Paraná, Brasil
jonasdaniel@emater.pr.gov.br

José Américo Righetto (Capítulo VI)


Engenheiro Agrônomo, Especialista em Comercialização de Hortigranjeiros,
Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - righetto@emater.pr.gov.br

José Antonio Nunes Vieira (Capítulo VIII)


Médico Veterinário, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil,
josenunesvieira@emater.pr.gov.br

José Francisco Lopes Júnior (Capítulo II)


Zootecnista, Mestre em Zootecnia, Instituto Emater, Nova Esperança, Paraná,
Brasil - josefrancisco@emater.pr.gov.br

4
José Kalusz (Capítulo VII)
Técnico Agrícola, Instituto Emater, Fernandes Pinheiro, Paraná, Brasil
josekalusz@emater.pr.gov.br

Leila Aubrift Klenk (Capítulo VI)


Engenheira Agrônoma, Mestre em Ciência do Solo, Instituto Emater, Lapa,
Paraná, Brasil - leilaklenk@emater.pr.gov.br

Lúcio Tadeu Araújo (Capítulo VI)


Engenheiro Agrônomo, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil
lucio@emater.pr.gov.br

Luiz Antonio Caldani (Capítulo VI)


Engenheiro Agrônomo, Especialista em Fertilidade e Manejo de Solos, Instituto
Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - caldani@emater.pr.gov.br

Luiz Danilo Müehlmann (Capítulos XIII e XIV)


Médico Veterinário, Mestre em Produção Animal, Instituto Emater, Curitiba,
Paraná, Brasil - danilo@emater.pr.gov.br

Luiz Eduardo Guimarães de Sá Barreto (Capítulo XIV)


Engenheiro de Pesca, Mestre em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continen-
tais, Instituto Emater, Cambé, Paraná, Brasil - luizguim@emater.pr.gov.br

Luiz Marcos Feitosa dos Santos (Capítulos IV, VII e X)


Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola, Área de Concentra-
ção Irrigação e Drenagem, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil
feitosa@emater.pr.gov.br

Marco Antonio Igarashi (Capítulo XIV)


Tecnólogo em Aquicultura, Ph.D. em Engenharia de Pesca, Ministério da Pesca
e Aquicultura, Londrina, Paraná, Brasil - marco.igarashi@mpa.gov.br

Marcos Campos de Oliveira (Capítulo XIII)


Engenheiro Agrônomo, Mestre em Produção Vegetal, Instituto Emater, Parana-
guá, Paraná, Brasil - marcoscampos@emater.pr.gov.br

Marcia de Andrade (Capítulo VI)


Economista Doméstico, Instituto Emater, Chopinzinho, Paraná, Brasil
marciadeandrade@emater.pr.gov.br

Michele Cristina Lang (Capítulo VI)


Engenheira Agrônoma, Especialista em Agronegócio com ênfase em Merca-
dos, Fundação Terra, Lapa, Paraná, Brasil - michelelang@ig.com.br

Milton Satoshi Matsushita (Capítulos I, II, IV, VI, VII, X, XI, XII e XIII)
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto
Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br

5
Nelma Pereira Cunha (Capítulos II e IV)
Administradora, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil
nelma@emater.pr.gov.br
Nelson Harger (Capítulo XV)
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fertilidade do Solo, Instituto Emater, Apuca-
rana, Paraná, Brasil - nelsonharger@emater.pr.gov.br
Oromar João Bertol (Capítulos II, VI e VII)
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Conservação da Natureza, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - oromar@emater.pr.gov.br
Paulo Augusto de Andrade Lima (Capítulo VI)
Engenheiro Florestal, Especialista em Administração Pública, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - pauloaugusto@emater.pr.gov.br
Paulo Roberto Fiorillo (Capítulo VI)
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão de Recursos Naturais, Instituto
Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - paulofiorillo@emater.pr.gov.br
Reinaldo Tadeu Oliveira Rocha (Capítulo VII)
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Geoprocessamento e Solos, Instituto
Emater, Irati, Paraná, Brasil - reinaldorocha@emater.pr.gov.br
Roberto Tuyoshi Hosokawa (Capítulo XI)
Engenheiro Florestal, Ph.D., UFPR, Curitiba, Paraná, Brasil - rth@japan.org.br
Rodolfo Mayer (Capítulo III)
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Geoprocessamento, Instituto Emater,
Maringá, Paraná, Brasil - rodolfomayer@seab.pr.gov.br
Rosane Dalpiva Bragatto (Capítulo VIII)
Engenheira Agrônoma, Mestre em Desenvolvimento Regional, Instituto Ema-
ter, Saudade do Iguaçu, Paraná, Brasil - rosanebragato@emater.pr.gov.br
Sérgio Mudrovitsch de Bittencourt (Capítulo VII)
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão Ambiental, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - sergiomb@emater.pr.gov.br
Udo Bublitz (Capítulo XII)
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Manejo dos Recursos Naturais e
Estradas Rurais, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil
udobublitz@emater.pr.gov.br
Valdir Tambosetti (Capítulo XII)
Zootecnista, Especialização em Pecuária Leiteira, Instituto Emater, Guarapua-
va, Paraná, Brasil - tambozetti@emater.pr.gov.br
Viviana dos Santos (Capítulo VI)
Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia, Fundação Terra, Lapa, Paraná,
Brasil - vivi_anasantos@hotmail.com

6
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................9

PREFÁCIO .....................................................................................................11

CAPÍTULO 1 - MODELO DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL


SUSTENTÁVEL COM APOIO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES
GEOGRÁFICAS: PINHALÃO - PR .................................................................13

CAPÍTULO 2 - USO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES


GEORREFERENCIADAS (SIG) COMO FERRAMENTA DE APOIO
NA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE DESENVOLVIMENTO RURAL
E URBANO - NOVA ESPERANÇA - PR.........................................................45

CAPÍTULO 3 - PROCESSO DE GESTÃO MUNICIPAL COM USO


DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS NO MEIO RURAL:
MARIALVA - PR ..............................................................................................77

CAPÍTULO 4 - PROJETO PARANÁ BIODIVERSIDADE: PROPOSIÇÃO


PARA ADEQUAÇÃO DE USO DO SOLO RURAL .......................................103

CAPÍTULO 5 - GEOPROCESSAMENTO EM APOIO AO ESTUDO DE


SISTEMA DE PRODUÇÃO NO PROJETO REDES DE REFERÊNCIA
PARA A AGRICULTURA FAMILIAR NO NOROESTE DO PARANÁ ............131

CAPÍTULO 6 - PLANO DE RECUPERAÇÃO DO ASSENTAMENTO


CONTESTADO: LAPA - PR ..........................................................................145

CAPÍTULO 7 - METODOLOGIA PARA DAR SUPORTE AO


PLANEJAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS NO PROGRAMA
DE GESTÃO DE SOLO E ÁGUA EM MICROBACIAS.................................173

CAPÍTULO 8 - GESTÃO DE PROPRIEDADES RURAIS NA REGIÃO


DE PATO BRANCO ......................................................................................199

CAPÍTULO 9 - SIG - CONSEQUÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS


DA ADEQUAÇÃO AMBIENTAL EM PROPRIEDADES RURAIS NO
CONTEXTO DE MICROBACIA HIDROGRÁFICA........................................235

CAPÍTULO 10 - APTIDÃO E POTENCIAL DE USO DOS SOLOS DO


ESTADO DO PARANÁ .................................................................................265
7
CAPÍTULO 11 - OCORRÊNCIA E FREQUÊNCIA DE ESPÉCIES
DE PLANTAS MEDICINAIS DE UM FRAGMENTO FLORESTAL DA
MICROBACIA HIDROGRÁFICA RIO VERDE ..............................................365

CAPÍTULO 12 - ESTUDOS DOS CAMINHOS DO LEITE NO MUNICÍPIO


DE CAMPINA DO SIMÃO COM USO DO GEOPROCESSAMENTO ..........393

CAPÍTULO 13 - O USO DE FERRAMENTAS DE GEOPROCESSAMENTO


NO DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES DE AQUICULTURA NO
LITORAL PARANAENSE .............................................................................415

CAPÍTULO 14 - PISCICULTURA EM TANQUES-REDE NA BACIA DO


PARANAPANEMA ........................................................................................433

CAPÍTULO 15 - AGRICULTURA DE PRECISÃO APLICADA À


AGRICULTURA FAMILIAR: A EXPERIÊNCIA DE TUPÃSSI-PR .................443

8
APRESENTAÇÃO

O livro “Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa-


mento” apresenta 15 casos de sucesso de aplicação do geoprocessa-
mento nos trabalhos de extensão rural no estado do Paraná, descritos
por 47 autores que compõem equipes multidisciplinares e interinstitu-
cionais.
Os relatos das atividades práticas dos extensionistas do Instituto
Emater apresentam um conjunto variado de aplicações que contem-
plam trabalhos de diagnóstico, planejamento, gestão e monitoramen-
to em propriedades rurais, microbacias, assentamentos e municípios,
contribuindo na elaboração de planos de ação de microbacias, planos
de recuperação de assentamentos e planos de desenvolvimento mu-
nicipal.
Alguns trabalhos abordam áreas específicas relacionadas à classi-
ficação da aptidão e potencial de uso agrícola dos solos, levantamento
de propriedades rurais produtoras de leite com caracterização dos sis-
temas de produção e infraestrutura para transporte e armazenagem da
produção, ação na área de abastecimento de água, melhoria econô-
mica e social das propriedades familiares através da exploração sele-
tiva e sustentável dos produtos da sociobiodiversidade nos fragmentos
florestais existentes.
O livro descreve o uso das ferramentas do georrefenciamento na
definição de áreas para elaboração de projetos e instalação correta dos
empreendimentos de piscicultura continental, piscicultura em tanques-
rede e na maricultura. A prática da agricultura de precisão demonstra
o conhecimento detalhado da fertilidade dos solos dos produtores as-
sistidos, além de facilitar a inserção de práticas como a rotação de
culturas e o manejo integrado de pragas e doenças, entre outras boas
práticas agrícolas.
A publicação que apresentamos traz importante contribuição da
Extensão Rural Oficial para o desenvolvimento sustentável, com utili-
9
zação de ferramentas de geoprocessamento que permitem quantificar
e qualificar alternativas socioeconômicas e ambientais capazes de aliar
os interesses do setor produtivo rural que busca a sustentabilidade das
propriedades e da sociedade em geral que defende a conservação da
qualidade ambiental e a preservação dos serviços da natureza neces-
sários às gerações atuais e futuras.

Rubens Ernesto Niederheitmann


Engenheiro Agrônomo
Diretor-Presidente do Instituto Emater

10
PREFÁCIO

O termo Geoprocessamento está relacionado à disciplina do conhe-


cimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o
tratamento da informação geográfica, ou seja, conjunto de técnicas
relacionadas ao tratamento da informação espacial, com crescente
utilização nas áreas de cartografia, análise e monitoramento de recursos
naturais e ambientais, fiscalização agrária, previsão meteorológica,
zoneamento ecológico econômico, planejamento rural, urbano e
regional, gestão do uso do solo, agricultura de precisão, trabalhos de
extensão rural, entre outras.
A história do geoprocessamento iniciou-se nos EUA e na Inglaterra
na década de 50 com as primeiras tentativas de automatizar parte do
processamento de dados com características espaciais com o intuito de
otimizar a produção e manutenção de mapas. Os primeiros Sistemas
de Informação Geográfica surgiram na década de 60, no Canadá, como
parte de um programa governamental para criar um inventário de recur-
sos naturais. Entretanto, o conceito de GIS (Geographic Information
System) ou SIG (Sistemas de Informações Geográficas) só foi empre-
gado na década de 70, quando começaram a surgir os primeiros
sistemas comerciais de CAD (Computer Aided Design, ou projeto
assistido por computador) que serviram de base para os primeiros
sistemas de cartografia automatizada.
A década de 80 representa o início de um período de avanços
e massificação da microinformática, acelerando o crescimento na
tecnologia de sistemas de informação geográfica que perdura até o
momento atual.
A introdução do Geoprocessamento no Brasil ocorreu no início dos
anos 80 na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com a criação do
Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Geografia.
Em 1984, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) esta-
beleceu um grupo específico para o desenvolvimento de tecnologia de
geoprocessamento e sensoriamento remoto denominado Divisão de
Processamento de Imagens (DPI). De 1984 a 1990 a DPI desenvolveu
o SITIM (Sistema de Tratamento de Imagens) e o SIG (Sistema de In-
formações Geográficas) e, a partir de 1991, o SPRING (Sistema para
Processamento de Informações Geográficas) com resultados significa-
11
tivos na área agrícola e ambiental, sendo distribuído gratuitamente via
Internet a partir de 1997.
Atualmente o uso do geoprocessamento tem-se multiplicado em
todas as áreas, principalmente com a massificação de ferramentas
como o Google Earth, Google Maps, Google Street, Goolzoom, Bing
Maps, GPS veicular, GPS em celular, dentre outras.
A partir de 1998 o Instituto Emater passou a utilizar o geopro-
cessamento como ferramenta de apoio aos trabalhos de extensão
rural, inicialmente contando com apoio de técnico da coordenação
da região metropolitana de Curitiba (COMEC) para orientar as ações
desenvolvidas e recebendo capacitações técnicas do Instituto Para-
naense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), INPE e
instituições privadas.
Ao longo desses 16 anos de uso de geoprocessamento nas ativi-
dades do Instituto Emater, foram desenvolvidas ações integradas com
as instituições federais, estaduais e municipais, públicas, privadas e
não-governamentais que atuam com geoprocessamento nas atividades
rurais, compartilhando dados, ferramentas e metodologias de trabalho
nas áreas afins, possibilitando o aprimoramento de conhecimentos
e desenvolvimento de trabalhos integrados com uso de softwares
livres e proprietários, agilizando trabalhos e obtendo resultados com
alto padrão de qualidade, reduzindo custos e facilitando a tomada de
decisões.
Este livro apresenta vários casos de sucesso de aplicação do geo-
processamento nos trabalhos de extensão rural, descritos por equi-
pes multidisciplinares através de relatos das atividades práticas dos
extensionistas do Instituto Emater em parceria com diversos profis-
sionais, pesquisadores e professores de instituições parceiras.
Agradecemos a todos os colaboradores e autores deste livro que,
com suas experiências, contribuem democratizando as informações e
permitindo que estas tecnologias possam ser conhecidas, melhoradas,
adequadas à sua realidade e aplicadas por outros profissionais

Organizador:
Milton Satoshi Matsushita
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal
Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil
matsushita@emater.pr.gov.br

12
CAPÍTULO I
MODELO DE DESENVOLVIMENTO
MUNICIPAL SUSTENTÁVEL COM
APOIO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES
GEOGRÁFICAS: PINHALÃO - PR
Milton Satoshi Matsushita 1
Edson Roberto Vaz Ronque 2

1
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Entomologia, Instituto Emater, Pinhalão, Paraná,
Brasil - edsonronque@emater.pr.gov.br

13
14
INTRODUÇÃO

Os anos 90 no Brasil foram marcados por um ambiente de forte


competição gerada pela estabilização da economia nacional e pela
globalização dos mercados. A agricultura, principalmente a produção
familiar, foi atingida por uma concorrência internacional, num contexto
de forte protecionismo por parte dos EUA, da Europa e do Japão. In-
ternamente, foi afetada pela alta taxa dos juros, pouca disponibilidade
de crédito, impossibilidade de produção em escala e dificuldade de
acesso às tecnologias.
Conforme análise realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - EMBRAPA (1998), baseada em dados da FAO (1998),
em relação à agricultura familiar, vários fatores contribuíram para que
este modelo desenvolvimentista e produtivista se mostrasse pouco efi-
caz para o desenvolvimento agropecuário na América Latina e Caribe:
modelo baseado em alta produtividade e com alto consumo energéti-
co, provocando problemas de desequilíbrio ecológico e degradação
dos recursos naturais; ênfase especial à tecnologia por produto, ne-
gligenciando a importância da diversificação para os sistemas produ-
tivos, buscando maximizar seu rendimento pontual/específico, em de-
trimento dos ingressos globais da unidade produtiva, objetivo principal
do agricultor familiar; pouca importância às tecnologias poupadoras
de recursos de capital e de insumos de baixo custo e de fácil adoção;
pouco valor à capacidade agregadora do agricultor e do extensionis-
ta, considerando ambos como simples beneficiários finais do processo
de geração e não como parceiros ativos, com papeis fundamentais a
desempenhar em todo o processo. Esses estudos apontam para as
limitações e os insucessos de modelos de planejamento e desenvol-
vimento rural centrados na produção agrícola, concebidos na forma
apontada.
Este modelo desenvolvimentista e produtivista em um ambiente
globalizado e competitivo resultou em aumento global na produção,
porém, causou aumento de desigualdades, gerando concentração de
terras e renda, acelerando o processo de degradação dos recursos na-
turais, colocando em risco a sustentabilidade, tanto econômica como
social e ambiental, e não resultou no esperado desenvolvimento rural.
O cenário atual caracteriza-se por acentuado ambiente concor-
rencial e acelerada evolução tecnológica. Cada vez mais as decisões
precisam ser tomadas com agilidade, rapidez e precisão (POZZEBON
15
& FREITAS, 1996), com base em informações precisas que proporcio-
nem agilidade no processo.
Os desafios crescentes que a modernidade e a globalização intro-
duziram nas empresas só poderão ser superados através da melhoria
na qualidade e na velocidade das informações a serem utilizadas de
forma profissional.
Conforme dados do levantamento do Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística - IBGE (1996) e do PARANACIDADE (2001), o mu-
nicípio de Pinhalão - PR tem na agropecuária sua principal atividade
econômica e de ocupação da mão-de-obra, com forte integração entre
os setores urbano e rural. A leste, o município de Pinhalão possui divi-
sa seca com o município de Tomazina, o que resulta na subdivisão de
muitas propriedades rurais que pertencem aos dois municípios, porém
estão integrados e são assistidos por Pinhalão. Para que seu setor
agropecuário continue produtivo, com capacidade de gerar riquezas
e ser autossustentável, necessita de instrumentos facilitadores para
administrar com eficiência as informações disponíveis, os recursos fi-
nanceiros, naturais e humanos.
Em 2000, a Prefeitura Municipal, com a participação da comunida-
de, buscou a sustentabilidade econômica, social, político-institucional
e ambiental do município, melhorando o desempenho do setor agrope-
cuário através da elaboração e execução de planos de desenvolvimen-
to, incorporando a tecnologia de informação de precisão às demais
atividades executadas pelos empresários rurais, extensionistas rurais
e gestores municipais.
A tecnologia de informação de precisão, que congrega as áreas de
tecnologia de comunicação, ciência da computação, ciência da infor-
mação e sistemas de informação, gera progressos sociais e econômi-
cos substanciais e tem evoluído muito nos últimos anos, com possibi-
lidades de uso no setor agropecuário. Este setor, geralmente, trabalha
com informações subjetivas e desatualizadas, com baixa confiabilida-
de, as quais são obtidas junto aos produtores, técnicos e comercian-
tes. O setor agropecuário, mesmo com a necessidade de manejar um
grande volume de informações, apresenta grau maior de resistência
a mudanças, não conseguindo acompanhar a evolução dos demais
setores, ficando marginalizado dos avanços da informática aplicada.
O presente trabalho, desenvolvido em 2000, propõe um modelo
para o fornecimento de informações de forma mais rápida, segura e de
fácil interpretação, propiciando ao município estudos mais confiáveis
16
para priorização de áreas para aplicação de recursos e elaboração
de planos de desenvolvimento que permitam o equilíbrio econômico,
social e ambiental, buscando as soluções de forma participativa e in-
tegrada entre o governo municipal e instituições formais e informais.
O poder público e a comunidade têm como objetivo promover a
modernização da agricultura e o desenvolvimento rural.
O ponto de partida para caracterização deste trabalho é a defi-
nição de alguns conceitos ligados ao desenvolvimento, desenvolvi-
mento sustentável, geoprocessamento e desenvolvimento municipal
sustentável com apoio de sistema de informações geográficas. Para
Boisier (1992 e 2000), o conceito de desenvolvimento deve ser en-
tendido como multidimensional e dinâmico, cuja direção e velocidade
das mudanças nos planos econômico, político, social, ambiental, tec-
nológico e territorial estão associadas a processos e questões como o
crescimento da produção, o progresso técnico, a distribuição do poder,
a distribuição da riqueza, a distribuição das oportunidades individuais
e coletivas, a preservação dos recursos e do meio ambiente e a orga-
nização da sociedade.
O desenvolvimento sustentável refere-se aos processos de mu-
dança sociopolítica, socioeconômica e institucional que visam assegu-
rar a satisfação das necessidades básicas da população e a equidade
social, tanto no presente quanto no futuro, promovendo oportunidades
de bem-estar econômico que, além do mais, sejam compatíveis com
as circunstâncias ecológicas de longo prazo (JARA 1998).
Ainda, segundo a Comissão Brundtland (1987), Desenvolvimento
Sustentável é “desenvolvimento que supre as necessidades do pre-
sente sem impedir que gerações futuras supram as suas próprias ne-
cessidades”. É sustentável aquilo que tem uma continuidade infinita.
Por isso, talvez, a adaptabilidade seja uma característica mais impor-
tante para a sustentabilidade do que a imutabilidade.
Para Buarque (1999), os objetivos do desenvolvimento sustentável
envolvem relações bastante complexas entre as diversas dimensões
da realidade – econômica, social, ambiental, tecnológica e institucio-
nal, cujos indicadores globais são equidade, governabilidade, susten-
tabilidade e competitividade – com processos e dinâmicas nem sempre
convergentes e combinados no tempo e no espaço. Na verdade, esta
relação entre as dimensões contém tensões e conflitos, de modo que,
em determinadas condições estruturais do modelo de desenvolvimen-
to, os ganhos de cada dimensão podem levar, ao contrário, a perdas
17
e declínios em outras, especialmente na relação entre a economia e o
meio ambiente, na qual existem fortes restrições estruturais, que levam
à relação de ganhos e perdas.
Ainda Buarque (1999) considera que a compatibilização entre os
objetivos sociais, econômicos e ambientais torna-se uma possibilidade
concreta com os avanços científicos e tecnológicos - mediador funda-
mental das relações da economia e da sociedade com a natureza - e
com a consciência ambiental da humanidade. A combinação destes
dois fatores permite uma redefinição das interações entre a dinâmica
econômica, a estrutura social e os ecossistemas, reestruturando, por-
tanto, o próprio modelo de desenvolvimento. A consciência ambiental
confere sustentação política para as mudanças, e as inovações tecno-
lógicas redefinem e podem moderar as tensões entre a economia e a
natureza.
A integração participativa do cidadão na vida política e social é fator
importante também para a sustentação política, assegurando a efeti-
vidade e a continuidade das decisões. Por outro lado, a qualidade de
vida é melhorada pela participação, representando objetivo adicional a
ser perseguido pelo desenvolvimento sustentável, pelo que representa
em realização humana e social.
Conforme Weber (1995), a manipulação de informação geocodi-
ficada vem sendo também designada como geoprocessamento, fre-
quentemente induzindo ao uso desse termo como sinônimo de Siste-
ma de Informações Geográficas (SIG). Todavia, em muitos países o
geoprocessamento é um conceito mais global, considerando desde a
aquisição da informação até a obtenção do produto gráfico final, sendo
o SIG uma ferramenta para efetuar o geoprocessamento.
Para Câmara & Medeiros (1999), o termo SIG refere-se àqueles
sistemas que efetuam tratamento computacional de dados geográfi-
cos. Um SIG armazena a geometria e os atributos dos dados que estão
georreferenciados, isto é, localizados na superfície terrestre e numa
projeção cartográfica qualquer. Os dados tratados em geoprocessa-
mento têm como principal característica a diversidade de fontes gera-
doras e de formatos apresentados.
Devido à sua ampla gama de aplicações, na qual estão incluídos
temas como agricultura, floresta, cartografia, cadastro urbano e redes
de concessionárias (água, energia e telefonia), há pelo menos três
grandes maneiras de utilizar um SIG: Como ferramenta para produção
de mapas; como suporte para análise espacial de fenômenos; ou como
18
banco de dados geográficos, com funções de armazenamento e recu-
peração da informação espacial.
O SIG possibilita a definição de um planejamento que obtenha a
máxima eficiência, utilizando melhor combinação dos recursos produ-
tivos e estabelecendo equilíbrio entre os fatores sociais, econômicos
e ambientais. Ainda facilita a formação de grupos de produtores para
realização de atividades em conjunto, definindo os melhores roteiros
para distribuição de insumos, uso de equipamentos coletivos, coleta e
comercialização da produção. O controle pode ser realizado com maior
precisão através do uso de SIG, no qual é possível avaliar os resulta-
dos obtidos por atividade, por propriedade, por bacia hidrográfica ou
por município, além de permitir cruzamento com dados físicos, econô-
micos, sociais e ambientais.
O que caracteriza um SIG é a integração de hardware, software
(tecnologia e metodologia) e pessoas a uma base de dados com in-
formações espaciais provenientes de diversas fontes geradoras e for-
matos de apresentação (bases cartográficas, fotografias aéreas, ima-
gens de satélites) com dados de censo e cadastro urbano ou rural. O
SIG oferece mecanismos para combinar essas informações através
de módulos de coleta, armazenamento, manipulação e análise, que
permitem consultas, recuperação, atualização e visualização do conte-
údo da base de dados com precisão, velocidade e qualidade, além da
geração de mapas, relatórios e gráficos, em formato analógico e digital.

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utilizada é um processo de construção conjunta e


participativa, utilizando como referencia os trabalhos específicos de-
senvolvidos pelo INPE e pela EMBRAPA, que orienta os passos a
serem seguidos para compreender e interpretar a realidade e propor
soluções que atendam ao interesse da sociedade.

1 Dados originais

Foram utilizadas diversas fontes de dados originais para caracteri-


zação física e socioeconômica do município de Pinhalão:
- Mapa político em formato digital em coordenadas planas UTM, do
estado do Paraná com as divisas entre municípios, elaborado pela
19
Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), órgão responsável
pelo cadastro fundiário no estado do Paraná.
- Mapa de solos em formato digital em coordenadas planas UTM,
elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Solos), em 1986
e vetorizado pela EMBRAPA Solos em 1999.
- Base cartográfica (cartas topográficas) do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em escala 1:50.000, elaboradas a
partir de fotografias aéreas de julho de 1980, restituídas e dese-
nhadas em 1990, e impressas em 1992. Foram utilizadas as cartas
MI-2786/2 (Conselheiro Mairinck), MI-2786/4 (Ibaiti) e MI-2787/3
(Wenceslau Brás).
- Imagem de satélite LANDSAT 7 TM, órbita ponto WRS 221-76, em
formato digital, gravada em outubro de 1999, com composição co-
lorida 3 (azul), 4 (verde) e 5 (vermelho), e pancromática, distribuída
no Brasil pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

2 Método

O método adotado é o estudo de caso. De acordo com Gil (1996:59-


60),
“a maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias.
Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investigação
sobre temas complexos, para construção de hipóteses ou reformulação do pro-
blema. ... No estudo de caso, o pesquisador volta-se para a multiplicidade de
dimensões de um problema, focalizando-o como um todo. ... Os procedimentos
de coleta e análise de dados adotados no estudo de caso, quando comparados
aos exigidos por outros tipos de delineamento, são bastantes simples.”
O método “estudo de caso” consistiu no uso de Sistema de Informações Ge-
ográficas para se conhecer as potencialidades e limitações dos recursos na-
turais, humanos, sociais e econômicos do município de Pinhalão, a fim de se
propor alternativas ambientais e economicamente sustentáveis.

2.1 Definição da área de abrangência - delimitação da unidade de


estudo
O município de Pinhalão é o limite geográfico do estudo proposto,
tanto nos aspectos naturais, quanto nos econômicos e sociais.
Segundo Silva (1999), o município é um lugar privilegiado onde
os fatos se originam (nascem) e acontecem (se materializam). É uma
20
unidade ecológica heterogênea, capaz de se auto-organizar, ou seja,
de definir e decidir seu próprio destino social, político, econômico, etc.
Relaciona-se com o resto do mundo, não apenas com o mercado, mas
com a sociedade, com os demais níveis de poder e, enfim, com o mun-
do em sua totalidade.
O município tem uma escala territorial adequada à mobilização das
energias sociais e integração de investimentos potencializadores do
desenvolvimento, seja pelas reduzidas dimensões, seja pela aderência
político-administrativa que oferece, através da municipalidade e instân-
cia governamental. BUARQUE (1999)
Com objetivo de detalhar e facilitar as análises, o município foi
subdividido em bacias hidrográficas que, segundo Osaki (1994), são
unidades naturais de planejamento agrícola e ambiental, onde podem
ser implantados novos padrões técnicos de uso e manejo integrado
de solos e recursos hídricos. O fato de se trabalhar em unidades rela-
tivamente homogêneas quanto aos ecossistemas, permite definir uma
metodologia de trabalho vantajosa para a preservação dos recursos
naturais, mas também favorece uma integração com outras questões
de caráter social, econômico, ambiental e político-institucional.

2.2 Procedimentos para caracterização física e socioeconômica


a) Coleta de dados
Este estudo de caso aborda a integração de várias formas de da-
dos (primários e secundários), através da utilização de tecnologia de
precisão como instrumento de apoio.
Segundo Mattar (1996), dados primários: são aqueles que não fo-
ram antes coletados, não estando ainda de posse dos pesquisadores,
e que são coletados com o propósito de atender às necessidades es-
pecíficas da pesquisa em andamento. Dados secundários: são aque-
les que já foram coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, até ana-
lisados e que estão catalogados à disposição dos interessados.
A busca foi realizada a partir da especificação das necessidades de
dados e determinação das suas fontes:

b) Dados secundários
b.1) Documento da EMATER-Paraná e Prefeitura Municipal de Pi-
nhalão, denominado de “Levantamento de Dados Municipais-LDM”,
obtido através de entrevistas com todos os produtores rurais do muni-
cípio, tendo como base o ano agrícola de 1998 (julho de 1997 a junho
de 1998).
21
b.2) “Realidade Municipal” elaborada anualmente pela EMATER-
Paraná, contendo dados do setor agropecuário municipal.
b.3) Documentos existentes na prefeitura e nos diversos órgãos
ligados ao setor agropecuário do município (planos municipais, relató-
rios, dados do IBGE, INCRA).

c) Dados primários
c.1) Seleção das bacias hidrográficas Pedrilha e Santos, observan-
do-se as questões sociais (concentração de pequenos produtores), im-
portância econômica e áreas de riscos e necessidade de preservação
ambiental. Elaboração de questionário para levantamento de dados
complementares, com a participação de diversos setores da socieda-
de local. Realização de levantamentos de dados complementares das
propriedades rurais, através de visitas às propriedades e entrevistas
estruturadas realizadas com seus proprietários.
c.2) Georreferenciamento da área da sede principal das proprie-
dades rurais das bacias hidrográficas Pedrilha e Santos, áreas com
atividades de risco ambiental e estradas rurais do município com uso
de GPS de navegação.

d) Preparação e armazenamento de dados


Os dados coletados foram organizados, digitados, vetorizados e
armazenados, em formato que facilite o processamento, recuperação
e integração com uso de programas específicos. As etapas referentes
ao uso do SIG foram realizadas usando-se como referencial as orien-
tações contidas no manual do SPRING desenvolvido pelo INPE (2000)
e em experiências desenvolvidas por diversas instituições e descritas
no livro Sistema de Informações Geográficas: aplicações na agricultura
da EMBRAPA, coordenado por Assad et al. (1998).
d.1) Geração do mapa municipal
O mapa digital do município em coordenadas UTM foi gerado a
partir do mapa político do estado do Paraná, com uso do software Ar-
cView.
d.2) Escaneamento das cartas topográficas
As cartas topográficas, em meio analógico (papel) foram conver-
tidas em arquivos digitais (eletrônicos), através do escaneamento em
uma resolução de 300 dpi e salvas como imagem com formato tiff.
d.3) Registro das cartas topográficas
Os registros das cartas topográficas digitais foram realizados no
22
software SPRING, utilizando-se os parâmetros cartográficos no siste-
ma de coordenadas planas UTM e modelo da Terra no datum horizon-
tal: SAD-69 e datum vertical: Imbituba-SC.
Para o registro das cartas foram utilizados pontos conhecidos, com
latitude e longitude, coletados diretamente na carta topográfica origi-
nal, sendo estas coordenadas transferidas ao software SPRING e ajus-
tadas aos pontos geográficos escolhidos na imagem.
As cartas topográficas registradas em formato digital foram expor-
tadas pelo SPRING para o formato tiff, para terem compatibilidade com
o software AutoCad.
d.4) Vetorização das cartas topográficas
As cartas topográficas foram vetorizadas com uso do software Au-
toCad, usando como base as cartas topográficas escaneadas e re-
gistradas (imagem raster contínua em formato analógico), no qual os
temas hidrografia, sistema viário, curvas de nível com equidistância
de 20 metros, pontos e textos foram vetorizados em camadas (layers)
distintas.
As camadas foram vetorizadas e ajustadas com as coordenadas
planas UTM (x e y), sendo que na camada curvas de nível e pontos, in-
seriu-se posteriormente as altitudes das curvas e dos pontos (cotas z).
Após a vetorização das três cartas topográficas, as mesmas foram
unidas e recortadas no perímetro do município, e exportadas em for-
mato DXF (Drawing interchange file) para serem abertas no software
SPRING, no qual foram geradas as classes de declividade, classes de
altimetria e classes de exposição ao sol.
d.5) Geração do mapa de bacias hidrográficas
O mapa digital das bacias hidrográficas foi elaborado com base
nos critérios definidos pela SEAB (1992) e Osaki (1994), levando-se
em consideração a hidrografia, as curvas de nível e os pontos cotados,
localizando-se as nascentes, os rios e o sentido para onde convergem
as águas, unindo a outros rios até formarem as cinco bacias hidrográ-
ficas do município. A vetorização foi realizada com uso do software
AutoCad, criando o perímetro de cada bacia, traçando-se uma linha
imaginária nos pontos mais elevados, que são os divisores de água.
As cinco microbacias hidrográficas do município são: Pedrilha com
1.699,82 ha; Santos com 2.734,70 ha; Lavrinha com 4.271,18 ha; Tri-
ângulo com 4.392,95 ha e Decol com 8.895,98 ha, além da área da
sede com 35,34 ha, totalizando a área do município com 22.029,97 ha.

23
e) Processamento das cartas topográficas
O software SPRING possibilitou o uso da base cartográfica vetori-
zada, a partir da qual foi gerado o modelo numérico do terreno, utiliza-
do na elaboração dos mapas de classes de declividade, classes hipso-
métricas (altitude) e carta de exposição ao sol que, em conjunto com
o mapa de solos e mapa de preservação permanente, contribuíram
para definição da aptidão dos solos do município e para subsidiar com
informações científicas as decisões quanto às melhores alternativas
técnicas, econômicas e ambientalmente sustentáveis.
e.1) Geração das classes de declividade
O mapa de declividade do município foi gerado automaticamente
com uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográficas re-
gistradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas
de nível espaçadas de 20 em 20 metros, pontos cotados em topos de
elevações e rios como linhas de quebra, sendo o seu resultado clas-
sificado em porcentagem, segundo as classes de relevo reconhecidas
pela EMBRAPA (1999).
e.2) Geração das classes de altimetria
O mapa de classes de altimetria foi gerado automaticamente com
uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográficas regis-
tradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de
nível espaçadas de 20 em 20 metros. Em função das cotas das curvas
de nível existentes no município, as classes de altimetria foram divi-
didas com intervalos de 100 em 100 metros, conforme faixas abaixo
definidas: 501 a 600, 601 a 700, 701 a 800, 801 a 900 e acima de 900
metros de altitude em relação ao nível do mar.
e.3) Geração das classes de exposição ao sol
O mapa de classes de exposição ao sol foi gerado automaticamen-
te com uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográficas
registradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas
de nível espaçadas de 20 em 20 metros, pontos localizados em áreas
elevadas e rios como linhas de quebra, classificadas conforme exposi-
ção aos pontos cardeais: leste, oeste, norte e sul.
As faces foram classificadas conforme o seu ângulo de exposição
ao sol, sendo face leste de 45º a 135º, face sul de 135º a 225º, face
oeste de 225º a 315º e face norte de 0º a 45º e de 315º a 360º.
Após a criação do mapa digital de classes de exposição ao sol do
município foi realizado o cruzamento deste com o mapa digital das
bacias hidrográficas, gerando automaticamente o mapa digital de clas-
24
ses de exposição ao sol das bacias hidrográficas, através do uso do
software ArcView.
Em função deste trabalho ser realizado em vários ambientes de
SIG, faz-se necessária a integração dos arquivos digitais, exportando-
se os arquivos gerados no SPRING (classes de declividade, classes
de altimetria e classes de exposição ao sol) no formato E00, para que
possa ser convertido pelo software IMPORT71 da ESRI em um formato
aceito pelo ArcView.

f) Geração de mapas temáticos


f.1) Geração das classes de solos
Com base no mapa digital de solos elaborado pela EMBRAPA
Solos em 1999, ajustado através de trabalho a campo e convertido
para o atual Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (1999), fo-
ram identificadas no município de Pinhalão nove unidades de mapea-
mento de solos que, através da utilização de critérios de agrupamento
por classes de solos, foram unidos em quatro classes: associação de
Argissolos Vermelho-Amarelos Alumínicos com Latossolos Vermelhos
Aluminoférricos; Latossolos Vermelhos Aluminoférricos; Argissolos
Vermelho-Amarelos Alumínicos e Neossolos Litólicos Eutróficos, atra-
vés do uso de características do perfil do solo (profundidade efetiva
do solo, textura do perfil do solo e permeabilidade do perfil do solo) e
fatores limitantes específicos (pedregosidade e hidromorfismo).
f.2) Geração das áreas de preservação permanente
O município de Pinhalão possui 425 nascentes, entre as perenes e
as temporárias, distribuídas nas bacias de Pedrilha (20), Santos (30),
Lavrinha (87), Triângulo (119) e Decol (170). Além de rios que se ori-
ginam no município ou que percorrem suas extensões territoriais, cuja
largura máxima é inferior a 10 metros, com exceção do rio das Cinzas
que possui largura entre 10 e 50 metros.
As áreas de preservação permanente foram calculadas em uma
faixa de 50 metros na margem esquerda (município de Pinhalão) do
rio das Cinzas, em 30 metros nas demais margens dos rios e num raio
de 50 metros nas nascentes, além das áreas com declividade superior
a 100% de inclinação (existentes somente nas áreas já consideradas
de preservação permanente). Estas áreas de preservação permanente
foram geradas automaticamente com uso dos rios, nascentes, curvas
de nível e pontos cotados das cartas topográficas registradas e vetori-
zadas com coordenadas.
25
f.3) Geração das classes de aptidão dos solos
Com base nas citações de Lepsch et al. (1983) e Osaki (1994),
elaborou-se um quadro para grupamento de classes de aptidão de so-
los, baseado em classes de solos e classes de declividade.

Quadro 1 - Grupamento de classes de aptidão de solos

Classes de declividade (%)


Classes de Solo
0a3 3,1 a 8 8,1 a 20 20,1 a 45 > 45
Associação Culturas anuais mecanizadas Cultura perene Silvicultura
Latossolos Culturas anuais mecanizadas Cultura perene Pastagem
Culturas anuais Cultura
Argissolos Pastagem Silvicultura
mecanizadas perene
Neossolos Pastagem Silvicultura

Fonte: Lepsch et al. (1983) e Osaki (1984), adaptado pelos autores (2000)

Uma vez definidos os critérios para o grupamento de classes de


aptidão de solos, gerou-se automaticamente o mapa digital através do
cruzamento do mapa digital de classes de solos com o mapa digital
de classes de declividade. Esta intersecção formou diversos polígo-
nos segmentados por classes de solos e classes de declividade, que
foram unidos através de mecanismos de busca baseados em álgebra
booleana.

g) Recuperação de dados, processamento e emissão de relatórios


Os dados levantados, processados e armazenados foram rela-
cionados, integrando-se o banco de dados aos mapas, possibilitando
análise das informações sociais, econômicas e ambientais com apoio
do software ArcView, que gera relatórios, gráficos, análises estatísticas
e mapas temáticos com alto nível de precisão, facilitando e agilizando
a tomada de decisão. Outros softwares também permitem este tipo
de trabalho, porém a opção pelo uso do ArcView foi para viabilizar a
integração dos dados e informações com os demais órgãos ligados ao
governo do estado do Paraná.

26
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A metodologia estruturada possibilita a coleta e o processamento,


de forma automatizada, estabelecendo relações entre informações fí-
sicas, econômicas, sociais e ambientais, com a utilização do SIG para
obter o desenvolvimento municipal sustentável.
Definiu-se um modelo referencial de desenvolvimento municipal
sustentável com apoio de SIG e participação social, quanto ao uso dos
fatores de produção, dos recursos naturais e humanos, em um projeto-
piloto no município de Pinhalão.
Através deste modelo de SIG podem ser analisados os dados es-
pacializados em mapas das propriedades rurais, microbacias hidro-
gráficas e do município. As propriedades rurais são representadas por
pontos levantados por GPS, enquanto as microbacias hidrográficas
possuem mapas com as divisas físicas e o município possui mapa com
divisa política, todos relacionados a banco de dados, que pode ser
facilmente atualizado.
A implementação deste modelo ocorre com a integração dos da-
dos, das instituições e das pessoas, para que as tecnologias disponí-
veis possam ser aplicadas em benefícios da sociedade, facilitando o
acesso às informações e ao conhecimento.

1 Núcleo de informações
Para apoiar o processo de desenvolvimento municipal sustentável,
o município de Pinhalão criou o Núcleo de Informações, que tem por
objetivo ser um agente catalizador entre as forças do governo e da
comunidade local, organizando e facilitando o acesso dos indivíduos,
grupos e instituições formais e informais às informações e tecnologias,
dando-lhes a possibilidade de participar nas decisões de interesse da
coletividade.
A organização dos atores individuais, atores coletivos e atores cor-
porativos no Conselho de Desenvolvimento Municipal fortalece as suas
decisões, tornando as ações executadas pelo Núcleo de Informações
compatíveis com os interesses dos moradores e outros agentes rela-
cionados com as microbacias hidrográficas

2 Modelo de desenvolvimento municipal sustentável


O processo de desenvolvimento municipal sustentável inicia-se a
partir de demandas provenientes da comunidade local (rural e urbana),
na busca de melhores condições de vida.
27
O processo possui três grandes áreas de ação que são desenvol-
vidas simultaneamente:
a) Caracterização dos recursos naturais disponíveis
A caracterização dos recursos naturais inicia-se com a seleção de
materiais, compostos por cartas topográficas (analógico), mapa políti-
co do estado (digital) e mapa de solos (digital).
As cartas topográficas devem ser transformadas de formato ana-
lógico (papel) para o formato digital. Este processo inicia-se pelo es-
caneamento das cartas, seguido de seu registro e vetorização. Após a
conclusão desta etapa, todos os materiais estão em um mesmo forma-
to, possibilitando a geração de outros mapas temáticos através do uso
de softwares específicos.
A partir destes materiais são elaborados: mapa de áreas de preser-
vação permanente, mapa de classes de declividade, mapa de classes
de altimetria, mapa de classes de exposição ao sol e mapa de solos. E
com o uso de GPS são elaborados: mapas de áreas de risco ambien-
tal, estradas rurais e propriedades rurais.
A combinação destes mapas permite a geração do mapa de ap-
tidão de solos, e, posteriormente, o mapa de proposição de uso dos
solos. Estas informações permitem analisar tecnicamente as melhores
alternativas agropecuárias a serem desenvolvidas no município.
b) Organização de uma base de dados
Existe no município uma grande quantidade de dados, distribuídos
em diversos órgãos, armazenados em diferentes formatos, o que difi-
culta a sua utilização. O primeiro passo é a organização destes dados
no núcleo de informações, em um formato padrão para que possa ser
utilizado pelos indivíduos e pelas instituições. Levantamentos de da-
dos primários somente são realizados para complementar as informa-
ções necessárias.
c) Organização dos atores locais
As participações dos atores individuais, coletivos e corporativos
são fundamentais num processo de desenvolvimento, uma vez que as
propostas surgem das bases e geram um comprometimento entre os
diversos setores da comunidade.
E a integração de mapas sobre os recursos naturais, dados socio-
econômicos e a participação da comunidade permite definir um modelo
de desenvolvimento municipal sustentável, conforme demonstrado na
Figura 1.
28
FIGURA 1 - FLUXOGRAMA DOS PROCESSOS DE ELABORAÇÃO DE
MODELO DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL SUSTENTÁVEL
Fonte: Elaborado pelos autores (2000)
29
3 Tabulação e análise de dados secundários
A tabulação e análise dos dados secundários iniciaram-se a partir
de um documento denominado “Levantamento de Dados Municipais-
LDM”, obtido através de entrevistas com todos os produtores rurais
do município, tendo como base o ano agrícola de 1997/1998 (julho de
1997 a junho de 1998).
Este levantamento foi realizado nas cinco microbacias hidrográ-
ficas do município, abrangendo 416 propriedades e um total de 948
produtores (proprietários, arrendatários e parceiros). As informações
gerais referentes à área, população e renda das bacias hidrográficas
do município estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 - Caracterização geral das microbacias hidrográficas

Microbacia Hidrográfica
Itens
Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol
Nº total de produtores 363 159 152 158 116
Nº total de proprietários 183 52 47 56 78
Nº total de arrendatários 219 96 110 101 54
Área total da microbacia (ha) 1.699 2.734 4.271 4.392 8.895
Área média por produtor (ha) 4,68 17,20 28,10 27,80 76,69
População rural total 1.191 470 538 514 387
Densidade demográfica (hab/km2) 70 17 13 12 4
População rural - 18 a 65 anos 689 280 292 303 219
R.B. total da bacia (US$/ano) 2.581.469 2.51.545 1.574.074 961.528 690.440
R.B. total por produtor (US$/ano) 7.526 17.765 10.636 6.724 6.703
Renda bruta (US$/ha/ano) 1.519 897 369 219 78
Renda bruta (US$/adulto/ano) 3.451 8.254 5.127 2.828 2.818
Renda bruta (US$/habitante/ano) 2.167 5.216 2.926 1.871 1.784
Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

O sistema de colonização do município de Pinhalão concentrou as


pequenas propriedades e os produtores nas microbacias hidrográficas
mais próximas à sede do município, apresentando a seguinte distri-
buição: bacia Pedrilha com 363 produtores (38,3% do total do municí-
pio), dos quais 183 são proprietários e 219 são arrendatários; destes
existem 39 que além de serem proprietários também são arrendatá-
rios, ampliando a área de produção e a renda familiar; bacia Santos
com 159 produtores (16,8%), dos quais 52 são proprietários e 96 são
30
arrendatários; bacia Lavrinha com 152 produtores (16,0%), dos quais
47 são proprietários e 110 são arrendatários; bacia Triângulo com 158
produtores (16,7%), dos quais 56 são proprietários e 101 são arrenda-
tários; e bacia Decol com 116 produtores (12,2%), dos quais 78 são
proprietários e 54 são arrendatários, destes existem 16 que além de
serem proprietários também são arrendatários.
A área agrícola total do município é de 21.994,63 ha, distribuídos
nas bacias hidrográficas: Pedrilha com 1.699,82 ha (7,7% da área
total do município), Santos com 2.734,70 ha (12,4%), Lavrinha com
4.271,18 ha (19,4%), Triângulo com 4.392,95 ha (20,0%) e Decol com
8.895,98 ha (40,4%). A área média por produtor nas microbacias é de:
Pedrilha com 4,68 ha por produtor, Santos com 17,20 ha, Lavrinha com
28,10 ha, Triângulo com 27,80 ha e Decol com 76,69 ha.
A distribuição dos produtores nas microbacias Pedrilha e Santos
está demonstrada na Figura 2, na qual pode-se observar produtores/
propriedades pertencentes aos municípios de Pinhalão e Tomazina.
Pode-se observar que existe uma relação inversa entre o número
de produtores e a área da bacia hidrográfica, como se verifica na bacia
Pedrilha que possui a menor área e o maior número de produtores,
consequentemente resultando na menor área média por produtor, en-
quanto a bacia Decol possui a maior área e o menor número de produ-
tores e a maior área média por produtor.
As informações geradas demonstram uma grande variação nas
áreas médias das propriedades, segundo a qual as microbacias de
Pedrilha e Santos apresentam as menores áreas, demonstrando a ne-
cessidade ainda maior de uma assistência técnica mais concentrada,
devido à necessidade de desenvolver atividades com intensa utiliza-
ção de mão de obra e alta renda por área, permitindo a viabilização
destas propriedades.
A densidade demográfica por microbacia apresenta uma maior
concentração populacional em Pedrilha com 70 habitantes por km2,
Santos com 17 habitantes por km2, Lavrinha com 13 habitantes por
km2, Triângulo com 12 habitantes por km2 e Decol com 4 habitantes
por km2.
Existe uma correlação entre o número de produtores e a população
rural total de 3.100 habitantes no município, distribuídos nas bacias hi-
drográficas: Pedrilha com 1.191 habitantes (38,4% da população rural
total do município), Santos com 470 habitantes (15,2%), Lavrinha com
538 habitantes (17,4%), Triângulo com 514 habitantes (16,6%) e Decol
com 387 habitantes (12,5%).
31
FIGURA 2 - MAPA DE NÚMERO DE PRODUTORES POR MICROBACIA
HIDROGRÁFICA
Fonte: Elaborado pelos autores (2000)
32
A população adulta, entre 18 e 65 anos, é a mais representativa no
município com 1.783 habitantes (57,4% da população rural total), dis-
tribuídos nas bacias hidrográficas: Pedrilha com 689 habitantes (57,9%
da população rural total da bacia), Santos com 280 habitantes (59,6%),
Lavrinha com 292 habitantes (54,3%), Triângulo com 303 habitantes
(58,9%) e Decol com 219 habitantes (56,6%). Estas informações con-
firmam a existência de mão de obra em fase produtiva para desenvol-
ver atividades com grande utilização de mão de obra por área.
As atividades que necessitam uso intensivo de mão de obra e com
maior retorno econômico são perfeitamente viáveis no município, visto
que a maior concentração de mão de obra está na faixa de 18 a 65
anos e que, somados aos jovens de 14 a 17 anos que atuam na ativi-
dade agropecuária, mesmo que parcialmente, este percentual repre-
senta 68,5% da população total do município. Como estas atividades
também exigem maior preparo técnico, é necessário levar em consi-
deração o grau de instrução destes produtores, entre os quais 14,1%
são analfabetos e outros 56,8% possuem, no máximo, até o 4º ano do
ensino fundamental, portanto, necessitam de uma capacitação ade-
quada quanto aos métodos e conteúdos, para que possam ter sucesso
em seus empreendimentos.
O município possui renda bruta de 375 dólares por ha ano, enquan-
to as microbacias que possuem as pequenas propriedades rurais ge-
ram maior renda bruta por área: Pedrilha com 1.519 dólares por ha/ano
e Santos com 897 dólares por ha/ano, muito superior à média do mu-
nicípio.
Como resultado deste melhor rendimento por área, as microbacias
que possuem a maior concentração de pequenas propriedades são
as que possuem os maiores volumes globais de renda do município,
ou seja, as bacias Pedrilha e Santos com apenas 20,1% da área são
responsáveis 60,9% da renda bruta agropecuária municipal.
As principais explorações produtivas estão apresentadas na Tabe-
la 2.
As principais explorações produtivas do município são cultivadas
principalmente em pequenas propriedades rurais, nas quais o café se
apresenta como exploração de maior importância no município, levan-
do-se em consideração os aspectos econômicos, uso da mão de obra
e uso do solo, seguido pelo milho, feijão e morango.
As criações são exploradas no município, principalmente com ob-
33
jetivo de subsistência e comercialização do excedente, conforme de-
monstra a Tabela 3.

Tabela 2 - Caracterização das explorações produtivas

Bacia Hidrográfica
Itens
Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol
Café em produção - ha/bacia 439,82 52,32 155,65 187,35 59,04
Café em produção - ha/propriedade 3,05 1,69 2,51 3,07 2,46
Café em produção - produtor/bacia 144 31 62 61 24
Café novo - ha/bacia 56,75 93,63 65,11 34,3 412,81
Café novo - ha/propriedade 1,26 5,85 1,25 1,14 45,87
Café novo - produtores/bacia 45 16 52 30 9
Milho safra normal - ha/bacia 161,17 70,25 95,61 63,07 126,78
Milho safra normal - ha/bacia 161,17 70,25 95,61 63,07 126,78
Milho safra normal - produtor/bacia 81 16 34 38 28
Morango - ha/bacia 16,47 20,99 4,94 0,45 3,94
Morango - ha/propriedade 0,24 0,33 0,62 0,11 0,23
Morango - produtores/bacia 68 64 8 4 17
Feijão das águas - ha/bacia 114,87 25,24 3,41 10,34 103,06
Feijão das águas - ha/propriedade 1,77 2,8 0,85 1,15 2,34
Feijão das águas-produtores/bacia 65 9 4 9 44
Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

Tabela 3 - Criações das bacias hidrográficas do município de Pinhalão

Bacia Hidrográfica
Itens
Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol
Tanque piscicultura - m /bacia
2
47.595 12.713 20.035 3.152 14.734
Tanque piscicultura-m2/propriedade 951 1.589 1.054 350 1.637
Piscicultura - produtores/bacia 50 8 19 9 9
Vacas em lactação - cabeças/bacia 865 148 130 78,2 281
Vacas em lactação - cab./propried. 10,95 4,77 4,48 2,17 11,71
Vacas em lactação - produtor/bacia 79 31 29 36 24
Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

34
As áreas com práticas de conservação de solos são pequenas,
representando apenas 3,1% da área do município. Enquanto 35,52%
realizam cultivo mecanizado com equipamentos próprios ou alugados,
66,75% realizam o cultivo com tração animal e 91,08% realizam o culti-
vo manualmente. As produtividades das principais explorações produ-
tivas do município estão apresentadas na Tabela 4.

Tabela 4 - Produtividade das explorações nas microbacias do municí-


pio de Pinhalão

Bacia Hidrográfica
Itens
Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol
Produtividade milho normal - sc/ha 34,59 48,79 42,49 28,40 40,56
Produtividade feijão águas - sc/ha 14,01 19,75 7,92 10,98 17,61
Produtividade do café - sc/ha 46,79 55,64 31,19 49,90 35,94
Produtividade morango - kg/ha 32.742,08 32.324,54 20.799,6 32.500 51.805,07
Produtividade leite-l/vaca lact./ano 209,15 817,74 1.065,88 333,68 12,17
Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

Analisando-se o conjunto de tabelas já descritas, a bacia Santos


possui os melhores índices do município, apresentando as melhores
produtividades e, consequentemente, o melhor retorno econômico. En-
quanto a bacia Pedrilha, exceto para o morango, possui produtividades
apenas médias, reflexo da concentração de pequenas propriedades
com uso da baixa tecnologia.
Os produtores do município de Pinhalão apresentam baixo nível
de organização. Instituições como cooperativas e associações de pro-
dutores possuem baixa representatividade, sendo a área de comércio
(compra e venda de produtos agropecuários) dominada por empresas
particulares (intermediários legalizados e intermediários não legaliza-
dos).
Pela Tabela 5, percebe-se que uma grande parcela de produto-
res são atendidos pelo Instituto Emater, que concentra os trabalhos
nos pequenos produtores rurais das bacias Pedrilha e Santos. Há ne-
cessidade de ampliar o atendimento porque ainda existe uma grande
parcela de produtores que não recebe qualquer assistência técnica,
enquanto alguns recebem assistência de mais de uma organização.

35
Tabela 5 - Assistência técnica recebida pelos produtores rurais das ba-
cias hidrográficas do município de Pinhalão

Bacia Hidrográfica
Itens
Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol

Instituto Emater 55,65 43,40 35,53 20,89 35,34


Cooperativa 7,71 6,29 9,21 8,86 17,24
Profissional Autônomo local 5,79 8,81 9,87 12,03 6,90
Profissional Autônomo de fora 7,44 8,81 5,92 7,59 7,76
Outros 5,51 3,14 4,61 6,33 15,52
Não recebe assistência técnica 45,13 43,4 74,34 74,68 68,97
Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

4 Tabulação e análise de dados primários das bacias


hidrográficas Pedrilha e Santos
Em complemento aos dados secundários existentes realizou-se,
através do Núcleo de Informações, uma pesquisa com os proprietá-
rios sobre as principais atividades agrícolas das bacias hidrográficas
Pedrilha e Santos, a partir da qual foram geradas informações mais
detalhadas. A escolha das bacias hidrográficas Pedrilha e Santos foi
devido ao fato de terem maiores concentrações de mão de obra e de
pequenos produtores rurais, com as menores rendas e áreas por pro-
priedade, com necessidade, portanto, de informações mais precisas e
atendimento mais intensivo para sua viabilização.
As principais atividades que permitem a viabilização das proprieda-
des rurais do município exigem uma participação constante do proprie-
tário, portanto, realizou-se um estudo sobre a localização da moradia
do proprietário, apresentada na Tabela 6.
O planejamento de novas atividades nas propriedades rurais deve
levar em consideração, além da residência dos proprietários, a situ-
ação legal das propriedades para realização de investimentos, tanto
com recursos próprios como financiados. Constatou-se que 95,3% dos
produtores da bacia Pedrilha e 95,1% de Santos possuem uma situa-
ção legal (com escritura e com documento formal de partilha), sem ne-
nhum fator impeditivo para implantação de novas atividades que per-
mitam realizar o desenvolvimento das propriedades e dos produtores.
Importante para o planejamento das atividades a serem desenvol
36
vidas, a distribuição das áreas das propriedades rurais é apresentada
na Tabela 7.

Tabela 6 - Residência dos proprietários rurais das bacias hidrográficas


Pedrilha e Santos

Bacias Hidrográficas
Residência do
Proprietário Pedrilha Santos
nº % nº %
Propriedade rural 78 41,1 68 41,0
Outra propriedade rural 27 14,2 28 16,9
Sede de Pinhalão 48 25,3 48 28,9
Outros 37 19,5 22 13,3
Total 190 100,0 166 100,0

Tabela 7 - Distribuição das áreas das propriedades rurais das bacias


hidrográficas Pedrilha e Santos

Bacias Hidrográficas
Classes de área
das propriedades Pedrilha Santos
nº % área (ha) nº % área (ha)
< a 5,0 ha 75 39,5 231,84 50 30,1 156,74
5,1 a 10,0 25 13,2 187,74 40 24,1 312,85
10,1 a 15,0 29 15,3 365,06 20 12,0 254,83
15,1 a 20,0 22 11,6 404,67 29 17,5 489,95
20,1 a 25,0 11 5,8 249,02 10 6,0 230,34
> que 25,0 ha 28 14,7 1.639,70 17 10,2 1.127,14
Total 190 100,0 3.078,03 166 100,0 2.571,85

A área total da bacia Pedrilha é de 3.078,03 ha e a área média é de


16,20 ha, enquanto da bacia Santos é de 2.571,85 ha e a área média é
de 15,49 ha. Estas duas bacias possuem uma grande concentração de
pequenas propriedades com áreas inferiores a 10,0 ha, representando
52,7% na bacia Pedrilha e 54,2% na bacia Santos.
A cultura do café, sendo a principal atividade quanto à geração
37
de renda e ocupação de mão de obra do município, mereceu estu-
dos mais detalhados sobre a situação atual nas microbacias Pedrilha
e Santos. As lavouras mais antigas (com mais de 8 anos) são das
cultivares Catuaí Amarelo (39,1%), Mundo Novo (37,0%) e Catuaí
Vermelho (18,7%), enquanto entre as mais novas (menos de 2 anos)
destacam-se a Catuaí Vermelho (66,6%), Catuaí Amarelo (12,8%) e
Mundo Novo (8,3%). Na medida em que as lavouras são renovadas
está ocorrendo um aumento de cultivares de menor porte (Catuaí),
melhor produtividade (Catuaí Vermelho) e aumento de população por
área, resultando maior produção e menor vida útil das plantas. A ap-
tidão agrícola do solo permite o seu cultivo em 79% da área da bacia
Pedrilha e em 73% da área da bacia Santos e, para realizar uma am-
pliação e/ou renovação da exploração, consultou-se o interesse dos
produtores, segundo o qual 124 manifestaram o interesse no plantio
de 707.500 novas covas.
O município de Pinhalão apresenta 22,9% de suas áreas próprias
para exploração de culturas anuais mecanizadas como morango, oleri-
cultura, floricultura, milho e feijão; 27,1% são próprias para exploração
de culturas perenes como café, uva comum de mesa, pêssego, ameixa
e maracujá; 27,2% são próprias para pastagens perenes; 9,4% devem
ser utilizadas para silvicultura e 13,48% devem ser mantidas como áre-
as de preservação permanente.
A compatibilização entre a aptidão dos solos, a proposição de uso
e o interesse dos produtores é uma forma técnica e democrática de
definir e obter sucesso nas atividades agrícolas a serem implantadas
nas bacias. Os trabalhos já desenvolvidos no município demonstram
o nível de conscientização dos produtores, buscando opções que per-
mitam o uso racional dos recursos naturais com uso intensivo de mão
de obra qualificada, obtendo bom retorno econômico e permitindo a
melhoria na qualidade de vida.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

1) Conclusões
O modelo de desenvolvimento municipal sustentável com apoio de
sistemas de informações geográficas, demonstrado na Figura 1, é a
contribuição central deste trabalho. O modelo foi obtido através do uso
adequado dos recursos naturais e ambientais, organização das infor-
mações e pela participação comunitária.
38
FIGURA 3 - MAPA DE CLASSES DE APTIDÃO DOS SOLOS POR
MICROBACIA HIDROGRÁFICA
Fonte: Elaborado pelos autores (2000)
39
As informações analisadas demonstram que no município de Pi-
nhalão as propriedades localizadas nas microbacias com menores áre-
as médias possuem atividades mais intensivas, apresentando maior
utilização dos solos e da mão de obra, gerando maiores receitas glo-
bais ao município.
E a necessidade de manter estas propriedades produtivas, utilizan-
do adequadamente os recursos humanos e naturais disponíveis, gerou
demanda para elaboração de um modelo de desenvolvimento muni-
cipal sustentável, estabelecendo equilíbrio entre os fatores sociais,
econômicos e ambientais, mantendo e viabilizando estas propriedades
através de atividades que valorizem o uso da mão de obra e gerem alta
renda por unidade de área.
Os resultados constituem subsídios para a capacitação de técni-
cos no uso de sistemas de informações geográficas com objetivo de
desenvolvimento municipal sustentável e no processo de interpretação
e democratização das informações.
As informações genéricas serão disponibilizadas na Internet nos
sites da Prefeitura Municipal (nomes da(s) prefeitura(s) e do Instituto
Emater.
As informações gerais de cada setor serão disponibilizadas nos de-
partamentos da prefeitura (nomes da(s) refeitura(s) e nas instituições
públicas e privadas.
As informações mais detalhadas que necessitam de tratamentos
estão disponíveis no Núcleo de Informações do município de Pinhalão.

2) Modelo de desenvolvimento municipal sustentável


O modelo possui três grandes linhas de ação que são desenvolvi-
das simultaneamente com apoio do SIG:
2.1) Caracterização dos recursos naturais e produtivos disponíveis
A elaboração de vários mapas temáticos permite distinguir as áre-
as com necessidade de serem preservadas ou utilizadas com restri-
ções, identificadas através do mapa de aptidão de solos e do mapa de
proposição de uso dos solos.
Estas informações permitem identificar alternativas de melhoria no
uso dos recursos naturais, humanos e financeiros das bacias hidro-
gráficas e das propriedades rurais, adequando e aumentando a lucra-
tividade de seus sistemas de produção, atendendo às necessidades
sociais e preservando o meio ambiente.
40
2.2) Organização de uma base de dados
A existência no município de uma grande quantidade de dados,
distribuídos em diversos órgãos e armazenados em diferentes forma-
tos, dificulta a sua obtenção e utilização. No núcleo de informações
estes dados são organizados em um formato padrão, possibilitando
através do SIG a sua integração com os dados referentes aos recursos
naturais, facilitando o acesso, a interpretação e sua utilização pelos
indivíduos e pelas instituições.
2.3) Organização dos atores locais
A participação dos atores individuais, coletivos e corporativos é
fundamental neste processo de desenvolvimento, uma vez que as pro-
postas são discutidas nas bases e geram comprometimento entre os
diversos setores da comunidade.
A instituição de um núcleo de informações que visa mediar as for-
ças do governo e da comunidade local, produzindo efeitos sinérgicos
na realização de objetivos comuns, facilita o acesso dos indivíduos,
grupos e instituições formais e informais às informações e tecnologias,
que passam a ter a possibilidade de participar nas decisões de interes-
se da coletividade, garantindo o uso correto dos recursos e a transpa-
rência da gestão pública.
O modelo permite estruturar mecanismos de participação social,
tais como:
- Criação do núcleo de informações, que facilita a integração entre o
governo municipal e a comunidade local (individual ou grupal).
- Reestruturação de vários conselhos existentes no município, com a
criação de um único Conselho de Desenvolvimento Municipal com
vários subconselhos, responsáveis por projetos ou ações específi-
cas, o que propicia a concentração de esforços visando o objetivo
comum ao município.
- Apoio às associações de moradores das comunidades rurais, que
facilita o acesso a informações e tecnologias, bem como permite
aos produtores a manifestação de seus desejos através de seus
representantes nos conselhos municipais, eleitos de forma direta e
democrática.
- Fortalecimento das associações de produtores existentes, que
contribui para obtenção de melhores preços, tanto na venda de
seus produtos, como na aquisição de seus insumos.
- Apoio aos grupos de referência técnica de cafeicultores e fruticulto-
res, que constitui um processo planejado e organizado de aprimo-
ramento técnico na agricultura.
41
Este modelo referencial de desenvolvimento municipal sustentável
distingue-se dos modelos clássicos de desenvolvimento e dos traba-
lhos normais de extensão rural pela participação social, integração de
diversas fontes e formatos de dados, além da utilização do SIG como
instrumento de apoio. Contribui para gerar propostas de interesse dos
produtores, da comunidade e da sociedade, observando o melhor
aproveitamento dos recursos humanos, utilização adequada dos solos
e demais recursos naturais da propriedade, obtendo retorno econômi-
co, social e preservando o meio ambiente.
A automação dos processos de análise melhora a qualidade, a
velocidade e a disponibilidade das informações para os produtores,
empresários rurais e instituições do setor, tornando-a cada vez mais
impessoal, agilizando as tomadas de decisão.

3) Limitações do estudo
Os municípios possuem características diferentes quanto aos re-
cursos naturais e humanos, às atividades econômicas e à organização
social. Mas como os objetivos e as atividades produtivas são desen-
volvidos de forma semelhante, os resultados da pesquisa, que são es-
pecíficas para Pinhalão, servem de referência para outros municípios,
cuja agropecuária é a base da economia, repetirem este trabalho com
vistas ao desenvolvimento municipal sustentável.

4) Recomendações
Com relação às divisas intermunicipais definidas por linhas imagi-
nárias (secas), e que historicamente são motivos de discussão com os
municípios vizinhos, foram identificados erros nos mapas das divisas
municipais, portanto, a sugestão é que os municípios (Pinhalão, Ibaiti,
Japira e Tomazina) em conjunto com o órgão competente e responsá-
vel pelas questões fundiárias no estado do Paraná, Secretaria Estadu-
al do Meio Ambiente (SEMA), procurem legalizar esta situação.
Devido ao interesse do município de Pinhalão em ampliar a área
de cultivo de produtos orgânicos, o Conselho de Desenvolvimento
Municipal deve promover discussões participativas de esclarecimen-
to, conscientização e orientação dos produtores, buscando soluções
conjuntas quanto às alternativas técnicas, econômicas e ambientais
corretas para criar um produto com qualidade reconhecida na região,
estado e país.

42
REFERÊNCIAS

ASSAD, E.D. e SANO, E.E. Sistema de informações geográficas:


Aplicações na agricultura. 2. ed. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998,
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actores territoriales del nuevo ordem internacional. Cusco, Peru:
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v.1, n. 2 de março de 2000. Recife: ANPUR, 2000. p. 39-53.
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classificação de solos. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação,
1999.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora
Atlas, 1996.
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cuário 1995-1996 - Paraná. Rio de Janeiro, 1996.
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LEPSCH, I.F. Manual para levantamento utilitário do meio físico e
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43
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acesso em: 26/03/2001.
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MENTO DO PARANÁ-SEAB. Manual operativo de fundo de manejo
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SILVA, J.S. Planejamento agropecuário municipal: os papeis da
pesquisa e da extensão. In: Planejamento municipal. (série Agricultu-
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WEBER, E.J. Uso de sistemas de informação geográfica como
subsídio ao planejamento em áreas agrícolas: um caso no planal-
to do Rio Grande do Sul. Dissertação (mestrado em Sensoriamento
Remoto), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1995.

44
CAPÍTULO II
USO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES
GEORREFERENCIADAS (SIG)
COMO FERRAMENTA DE APOIO
NA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE
DESENVOLVIMENTO RURAL E
URBANO - NOVA ESPERANÇA - PR
José Francisco Lopes Júnior 1
Milton Satoshi Matsushita 2
Nelma Pereira Cunha 3
Oromar João Bertol 4

1
Zootecnista, Mestre em Zootecnia, Instituto Emater, Nova Esperança, Paraná, Brasil
josefrancisco@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br
3
Administradora, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - nelma@emater.pr.gov.br
4
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Conservação da Natureza, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - oromar@emater.pr.gov.br

45
46
INTRODUÇÃO

Ao se pensar em planejamento urbano, o Estatuto das Cidades


(2001) nos remete a pensar tanto o rural quanto o urbano. Não po-
demos mais nos limitar a pensar o urbano e ignorar o rural, já que as
decisões aplicadas em um ambiente influenciam diretamente o outro
(CARVALHO, 2010).
Para Kohlsdorf (1985), o Planejamento Urbano possui dois fatores
cruciais no modo de pensar e agir sobre a cidade. O primeiro é as-
sumir a cidade como um processo contínuo. O planejamento, dentro
dessa concepção, é entendido como um processo-subsídio a tomadas
de decisões que têm a função de transformar o município de acordo
com objetivos preestabelecidos. O segundo é a entrada em cena de
contribuições vindas de outras áreas, tais como a sociologia, a geogra-
fia e a economia. Assim o Planejamento Urbano assumiu característica
multidisciplinar ao longo do tempo.
O meio rural sempre viveu grandes transformações em sua dinâ-
mica produtiva e social. Em maior ou menor escala, essas transforma-
ções têm sido devidas a intervenções mais ou menos planejadas por
agentes que estavam, de alguma forma, vinculados a esse universo
denominado rural (OLIVEIRA, 2011).
Um plano de trabalho é uma ferramenta de planejamento em que
se identificam os pontos positivos, negativos e os problemas a serem
resolvidos, apontando ainda as formas de como resolvê-los. É uma
ferramenta-modelo do processo de gestão. Toda a equipe municipal
participa da gestão e, em parceria com as instituições públicas e enti-
dades privadas locais, prepara o ambiente para que as soluções ocor-
ram dentro do prazo estipulado, de forma democrática, participativa,
economicamente viável e socialmente justa, respeitando a cultura local
e a legislação em vigor (INSTITUTO EMATER, 2012).
O processo de planejamento e gestão requer o uso de instrumen-
tos que resultem na eficiência do serviço público. Para isto, há neces-
sidade de resgatar a essência das políticas públicas e seus objetivos
de desenvolver o Estado, contribuindo para a sustentabilidade. Entre
outras medidas adotadas cita-se o Sistema de Informação Geográfica
- SIG e sua capacidade de contribuir para o processo de planejamento
(DIAS JÚNIOR et al., 2009).
47
Tofler (1985) acredita que a informação é mais importante que os
fatores terra, trabalho, capital e matéria-prima.
O cenário atual caracteriza-se por acentuado ambiente concor-
rencial e acelerada evolução tecnológica. Cada vez mais as decisões
precisam ser tomadas com agilidade, rapidez e precisão (POZZEBON
et al., 1996), com base em informações precisas que proporcionem
agilidade no processo.
Segundo Laudon & Laudon (2001), informação é entendida como
os dados que precisam ser formatados de um modo significativo e uti-
lizável nas atividades humanas e, em contraste, dados são fluxos de
fatos brutos que representam eventos ocorridos em organizações ou
no ambiente físico antes que tenham sido organizados de modo que as
pessoas possam compreendê-los e utilizá-los.
Segundo Freitas et al. (1997), a eficácia no tratamento da informa-
ção depende, em grande parte, da forma com que ela é administrada e
do bom entendimento de certos conceitos e relações. Não é concebí-
vel que um importante e “caro” recurso não seja tratado com um grau
de seriedade e competência que assegure à organização, na figura
dos usuários, um bom suporte informacional.
O surgimento dos SIGs propiciou uma solução natural para resol-
ver grande parte dos problemas das administrações públicas munici-
pais na medida em que permite uma interação com a informação de
maneira intuitiva e real, agregando informações específicas, quando
for conveniente, e mantendo uma visão global da realidade analisada
(OLIVEIRA, 1997).
Os SIGs permitem a realização de análises espaciais complexas
através da rápida formação e alternação de cenários que propiciam
aos planejadores e administradores em geral, subsídios para a tomada
de decisões. A opção por esta tecnologia busca melhorar a eficiência
operacional e permitir uma boa administração das informações estra-
tégicas, tanto para minimizar custos operacionais quanto para agilizar
o processo decisório (SCHOLTEN, 1991).
Os SIGs são sistemas computacionais, usados para o entendimen-
to dos fatos e fenômenos que ocorrem no espaço geográfico. A sua ca-
pacidade de reunir uma grande quantidade de dados convencionais de
expressão espacial, estruturando-os e integrando-os adequadamente,
torna-os ferramentas essenciais para a manipulação das informações
geográficas (PINA, 1994).
48
Um SIG pode ser definido a partir de três propriedades: a capaci-
dade de apresentação cartográfica de informações complexas, uma
sofisticada base integrada de objetos espaciais e de seus atributos ou
dados, e um engenho analítico formado por um conjunto de procedi-
mentos e ferramentas de análise espacial (MAGUIRRE et al., 1991).
De acordo com Carvalho (2000), o geoprocessamento é um ter-
mo amplo que através de programas computacionais engloba diversas
tecnologias de tratamento e manipulação de dados geográficos. Den-
tre essas tecnologias, destacam-se o sensoriamento remoto, a digitali-
zação de dados, a automação de tarefas cartográficas, a utilização de
Sistemas de Posicionamento Global - GPS e os Sistemas de Informa-
ções Geográficas - SIGs.
Maguirre et al. (1991) classificam as aplicações dos SIGs em; a)
socioeconômicas, envolvendo o uso da terra, seres humanos e a in-
fraestrutura existente; b) ambientais, enfocando o meio ambiente e o
uso de recursos naturais, e c) de gerenciamento, envolvendo admi-
nistrações públicas, regionais e nacionais, tanto para a definição de
novas políticas de planejamento quanto para a avaliação de decisões
tomadas.
A implementação de um SIG é um processo caro e de médio e
longo prazo. A decisão de implementá-lo, ou não, deve ser baseada na
análise de custo-benefício (CARVALHO et al., 2000).
Alguns dos benefícios mais comuns de um SIG são:
- melhor armazenamento e atualização dos dados;
- recuperação de informações de forma mais eficiente;
- produção de informações mais precisas;
- rapidez na análise de alternativas; e
- vantagem de decisões mais acertadas.
Compreender a distribuição espacial de dados oriundos de fenô-
menos ocorridos no espaço constitui hoje um grande desafio para a
elucidação de questões centrais em diversas áreas do conhecimento,
seja em saúde, em ambiente, em geologia, em agronomia, entre tantas
outras (DRUCK et al., 2004).
O uso da geoinformação e de geotecnologias, como SIG, auxilia o
planejamento estratégico municipal, aumentando a eficiência da ges-
tão territorial, pois podem apoiar várias ações no município relativas à
educação, transporte, saúde, zoneamentos, planos de desenvolvimen-
to, análise de riscos etc. (PIEROZZI JUNIOR, 2006).
49
Nos estudos ambientais os dados geomorfológicos são essenciais
para análises integradas do meio. A geomorfologia permite conhecer
e compreender os tipos e formas de relevo, a hipsometria, a declivi-
dade, processos atuantes, fragilidades e potencialidades de sistemas
ambientais, entre outros, quando se quer usar e/ou ocupar o solo e a
água, visando ações futuras (BERGAMO et al., 2006).
A declividade relaciona-se com a velocidade de escoamento su-
perficial, afetando, portanto, o tempo que leva a água da chuva para
concentrar-se nos leitos fluviais que constituem a rede de drenagem
das bacias, sendo que os picos de enchente, infiltração e susceptibi-
lidade para erosão dos solos dependem da rapidez com que ocorre o
escoamento sobre os terrenos da bacia (VILLELA e MATTOS, 1975).
A modificação rápida do uso do meio físico, decorrente da inten-
sificação tanto para uso agrícola como para áreas urbanas, requer a
adoção de técnicas de avaliação e diagnóstico que acompanhem a
dinâmica espaço-temporal do uso do solo (ASSAD, 1995 e CANEPA-
RO, 2000).
Atualmente, o forte dinamismo do entorno geopolítico, social, eco-
nômico, tecnológico e administrativo está produzindo implicações de
grande magnitude para o desenvolvimento urbano. Essas implicações,
por sua vez, obrigam a transformação e renovação dos instrumentos
tradicionais de planejamento urbano. As propostas de planejamento
físico-territorial representam uma das últimas mudanças culturais no
conceito de planejamento, em grande parte, devido ao surgimento do
movimento ecológico. Em todo o mundo, o movimento ambientalista
encontra-se, em grande medida, no cerne de uma reversão drástica
das formas pelas quais pensamos a relação entre economia, socie-
dade e natureza, propiciando, assim, o desenvolvimento de uma nova
cultura. O objetivo do planejamento passa a ser, então, alcançar um
maior desenvolvimento econômico e uma melhor qualidade de vida,
considerando a dimensão física do território, mas, igualmente, contem-
plar a questão ambiental e a complexidade socioeconômica e política
da comunidade, minimizando, assim, as contradições e fraturas habitu-
ais nos planos setoriais (GUELL, 1997 e CASTELLS, 1999).
O presente trabalho tem como objetivo gerar instrumentos, através
da integração do geoprocessamento com banco de dados municipais,
para auxiliar no diagnóstico e elaboração de planos de desenvolvimen-
to e revisões no município de Nova Esperança - PR.
50
MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no município de Nova Esperança, localiza-


do na microrregião de Astorga, parte integrante da Região Geográfica
Norte Central Paranaense, estado do Paraná (Figura 1). O relevo onde
está localizado o município faz parte das seguintes bacias hidrográfi-
cas: do rio Pirapó, Ivaí e Paranapanema IV (Figura 2).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE NOVA


ESPERANÇA - PR.

FIGURA 2 - BACIAS HIDROGRÁFICAS DO MUNICÍPIO DE NOVA


ESPERANÇA - PR.
51
A implantação do SIG no município de Nova Esperança iniciou-se
em janeiro de 2002, sendo que o processo de aprimoramento do siste-
ma continua até os dias atuais.

Material
Foram utilizadas diversas fontes de dados originais para caracteri-
zação física e socioeconômica do município de Nova Esperança:
- Mapa político em formato digital em coordenadas planas UTM, do
estado do Paraná com as divisas entre municípios, elaborado pela
Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), órgão responsável
pelo cadastro fundiário no estado do Paraná.
- Mapa de solos em formato digital em coordenadas planas UTM,
elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Solos), em 1986
e vetorizado pela EMBRAPA Solos em 1999.
- Base cartográfica (cartas topográficas) do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em escala 1:50.000.
- Cartas MI-2756/2 (Nova Esperança), MI-2756/3 (Floraí) e MI-
2756/4 (Mandaguaçú), elaboradas a partir de fotografias aéreas de
julho de 1980, restituídas, desenhadas e impressas em 1990.
- Carta MI-2756/1 (Paranavaí), elaborada a partir de fotografias aé-
reas de 1996, restituídas, desenhadas e impressas em 2000.
- Imagem de satélite LANDSAT 7 TM, órbita ponto WRS 223-76, em
formato digital, imageada em março de 2.002, com composição co-
lorida 3 (azul), 4 (verde) e 5 (vermelho), e pancromática, distribuída
no Brasil pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Métodos
A elaboração de um plano de desenvolvimento deverá buscar a in-
tegração de várias formas de dados (primários e secundários), através
da utilização de tecnologia de geoprocessamento como instrumento
de apoio.
a) Preparação e Armazenamento de Dados
Os dados coletados foram organizados, digitados, vetorizados e
armazenados, em formato que facilita o processamento, recuperação
e integração com uso de programas específicos.
52
a.1) Escaneamento das Cartas Topográficas
As cartas topográficas, em meio analógico (papel) foram conver-
tidas em arquivos digitais (eletrônicos), através do escaneamento em
uma resolução de 300 dpi e salvas como imagem com formato tiff.
a.2) Registro das Cartas Topográficas
Os registros das cartas topográficas digitais foram realizados no
software SPRING, utilizando-se os parâmetros cartográficos no siste-
ma de coordenadas planas UTM e modelo da Terra no datum horizon-
tal: SAD-69 e datum vertical: Imbituba-SC.
Para o registro das cartas foram utilizados pontos conhecidos,
com latitude e longitude, coletados a campo e diretamente na carta
topográfica original, sendo estas coordenadas transferidas ao software
SPRING através do teclado do computador e ajustadas aos pontos
geográficos escolhidos na imagem.
As cartas topográficas registradas em formato digital foram expor-
tadas pelo SPRING para o formato tiff, para terem compatibilidade com
o software AutoCad 14.
a.3) Vetorização das cartas topográficas
As cartas topográficas foram vetorizadas na tela do computador
com uso do software AutoCad 14, usando como base as cartas topo-
gráficas escaneadas e registradas (imagem raster contínua em forma-
to analógico), onde os temas hidrografia, sistema viário, curvas de ní-
vel com equidistância de 20 metros, pontos e textos foram vetorizados
em camadas (layers) distintas.
As camadas foram vetorizadas e ajustadas com as coordenadas
planas UTM (x e y), sendo que na camada curvas de nível e pontos, in-
seriu-se posteriormente as altitudes das curvas e dos pontos (cotas z).
Após a vetorização das quatro cartas topográficas, as mesmas fo-
ram unidas e recortadas no perímetro do município, e exportadas em
formato DXF (Drawing interchange file) para serem abertas no softwa-
re SPRING, onde foram geradas as classes de declividade, classes de
altimetria e classes de exposição ao sol.
a.4) Geração do mapa de bacias hidrográficas
O mapa digital das bacias hidrográficas foi elaborado levando-se
em consideração a hidrografia, as curvas de nível e os pontos cotados,
53
localizando-se as nascentes, os rios e o sentido para onde conver-
gem as águas, unindo a outros rios até formarem as cinco microba-
cias hidrográficas do município. A vetorização foi realizada com uso do
software AutoCad 14, criando o perímetro de cada bacia, traçando-se
uma linha imaginária nos pontos mais elevados, que são os divisores
de água, levando-se em consideração a organização social da comu-
nidade.

a.5) Processamento das cartas topográficas

O software SPRING possibilitou o uso da base cartográfica vetori-


zada, a partir da qual foi gerado o modelo numérico do terreno, utiliza-
do na elaboração dos mapas de classes de declividade, classes hipso-
métricas (altitude) e carta de exposição ao sol que, em conjunto com
o mapa de solos e mapa de preservação permanente, contribuíram
para definição da aptidão dos solos do município e para subsidiar com
informações científicas as decisões quanto às melhores alternativas
técnicas, econômicas e ambientalmente sustentáveis.

a.5.1) Geração das classes de declividade

O mapa de declividade do município foi gerado automaticamente


com uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográficas re-
gistradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas
de nível espaçadas de 20 em 20 metros, pontos cotados em topos de
elevações e rios como linhas de quebra, sendo o seu resultado clas-
sificado em porcentagem, segundo as classes de relevo reconhecidas
pela EMBRAPA (0 a 3%, 3 a 8%, 8 a 20%, 20 a 45%, 45 a 100% e
maior que 100%).

a.5.2) Geração das classes de altimetria

O mapa de classes de altimetria foi gerado automaticamente com


uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográficas regis-
tradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de
nível espaçadas de 20 em 20 metros. Em função das cotas das cur-
vas de nível existentes no município, as classes de altimetria foram
divididas com intervalos de 50 em 50 metros, conforme faixas abaixo
definidas: 301 a 350, 351 a 400, 401 a 450, 451 a 500, 501 a 550 e 551
a 600 metros de altitude em relação ao nível do mar.
54
a.5.3) Geração das classes de exposição ao sol
O mapa de classes de exposição ao sol foi gerado automaticamen-
te com uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográficas
registradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas
de nível espaçadas de 20 em 20 metros, pontos localizados em áreas
elevadas e rios como linhas de quebra, classificadas conforme exposi-
ção aos pontos cardeais: leste, oeste, norte e sul.
As faces foram classificadas conforme o seu ângulo de exposição
ao sol, sendo face leste de 45º a 135º, face sul de 135º a 225º, face
oeste de 225º a 315º e face norte de 0º a 45º e de 315º a 360º.

b) Levantamentos com uso de GPS


Georeferenciamento de áreas das principais explorações, ativi-
dades de risco ambiental, estradas federais, estaduais e municipais,
postos de saúde, escolas e pontos turísticos do município, com uso de
GPS de navegação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O SIG municipal permite a visualização, consulta e análise dos te-


mas mapeados, otimizando o acesso à informação no intuito da toma-
da correta de decisão para uma gestão territorial mais eficaz.
Através deste modelo de SIG podem-se analisar os dados espa-
cializados em mapas das propriedades rurais, comunidades e do mu-
nicípio. As propriedades rurais foram representadas através do mapa
fundiário, enquanto as comunidades em mapas com as divisas físicas
e o município em mapa com divisa política, todos relacionados a banco
de dados, que podem ser facilmente atualizados.
A seguir são mostrados alguns exemplos de utilização do sistema
de informações geográficas, para consulta e análise dos dados georre-
ferenciados disponíveis no mesmo.

a) Localização Geográfica
O gerenciamento do território municipal dá-se por meio de conhe-
cimento de seus limites, assim, qualquer ação sobre o município deve
ter como base o mapa municipal, que é um documento sistemático de
55
características político-administrativas e geográficas.
O município de Nova Esperança está entre sete municípios con-
frontantes, apresentados na Figura 3.

FIGURA 3 - MUNICÍPIOS CONFRONTANTES AO MUNICÍPIO DE NOVA


ESPERANÇA - PR

A localização privilegiada faz do município um ponto de convergên-


cia dos municípios vizinhos, permitindo o fácil acesso a importantes
rodovias estaduais que fazem a ligação do município com os principais
mercados consumidores do estado e do país, com facilidade de acesso
à hidrovia Tietê, à ferrovia e ao porto de Paranaguá.

b) Sistema Viário Municipal


O SIG pode ser utilizado para auxiliar o gerenciamento de infra-
estrutura, logística, administração de frotas e diversas outras tarefas
relacionadas a transporte.
Utilizando-se essa tecnologia, pode-se elaborar um mapa atualiza-
do de todas as estradas rurais municipais e acessos (Figura 4), sendo
utilizado como ferramenta de apoio pela prefeitura municipal de Nova
56
Esperança - PR, em parceria com o Instituto Emater, na elaboração de
projetos de readequação de estradas.

FIGURA 4 - SISTEMA VIÁRIO DO MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

O Município é transpassado por quatro rodovias e uma estrada


municipal asfaltadas: a BR 376 (para Paranavaí, a nordeste), a PR
555 (para São Carlos do Ivaí e Floraí, a oeste), a PR 218 (para Ata-
laia, a nordeste), a PR 463 (para Uniflor e Presidente Prudente - SP, a
noroeste) e a estrada Inglesa (ligação do perímetro urbano com a PR
463). Existem ainda muitas estradas não pavimentadas na sua área
geográfica (Tabela 1).

Tabela 1 - Tipos de pavimentos, quantidade e respectiva quilometra-


gem do sistema viário do município de Nova Esperança, Paraná.

Tipo de Pavimento Estradas (Nº) km


Asfalto 5 59.35
Terra 49 174,09
Total 54 233,44
Fonte: Instituto Emater, 2012
57
c) Comunidades Rurais
Segue abaixo (Figura 5) a representação espacial das comunida-
des rurais do município de Nova Esperança.

FIGURA 5 - COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE NOVA


ESPERANÇA - PR

As treze comunidades para a realização do planejamento são: Ba-


rão de Lucena com 3.709,08 ha; Bela Vista com 4.424,60 ha; Bom
Jesus com 1.501,24 ha; Ivaitinga com 4.747,82 ha; Jangada com
1.577,10 ha; Paracatú com 5.254,12 ha; Paulista com 1.688,31 ha;
Pirapitinga com 1.851,58 ha; Placa Zacarias com 4.270,73 ha; Santa
Terezinha com 2.328,57 ha; Sede com 3.793,16 ha; União com 934,63
ha e Vila Dossi com 5.584,48 ha, totalizando a área do município com
40.221,11 ha.

d) Estrutura Fundiária
O município de Nova Esperança, bem como grande parte das cida-
des da região norte e noroeste do estado do Paraná tiveram sua colo-
nização realizada pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP)
de capital inglês.
58
O mapa base é formado pela representação gráfica das fronteiras
entre as propriedades e pela distribuição dos imóveis rurais no território
municipal (Figura 6).
O mapa da estrutura fundiária permite uma visão panorâmica e
simultânea de todos os imóveis rurais e de outros atributos existentes
no banco de dados, tais como a área total de cada imóvel rural, o perí-
metro, o proprietário, bem como a identificação dos imóveis limítrofes.

FIGURA 6 - ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO MUNICÍPIO DE NOVA


ESPERANÇA - PR

O município é composto principalmente por pequenas proprieda-


des rurais com área média de 34,43 ha distribuídas no município de
Nova Esperança - PR.
A Tabela 2 apresenta a distribuição das áreas, de acordo com a
área dos lotes rurais.

59
Tabela 2 - Distribuição das áreas do município de Nova Esperança,
Paraná

Área Total Área Média


Classes Nº de Lotes % Lotes % Área
(ha) (ha)
0 a 15 ha 552 4.595,18 8,33 48,72 11,78
15 a 30 ha 279 6.067,19 21,75 24,62 15,55
30 a 50 ha 118 4.888,03 41,42 10,41 12,53
50 a 100 ha 108 7.812,71 72,34 9,53 20,03
100 a 200 ha 48 6.610,23 137,71 4,24 16,95
200 a 300 ha 18 4.211,20 233,96 1,59 10,80
300 a 400 ha 5 1.699,64 339,93 0,44 4,36
400 a 500 ha 2 932,83 466,42 0,18 2,39
500 a 1000 ha 3 2.190,20 730,07 0,26 5,61
Total 1.133 39.007,22 34,43 100 100
Fonte: Emater, 2003

A concentração de pequenas propriedades pode ser observada


através da ordenação dos lotes em classes (Tabela 2), onde verifica-
se que os lotes até 50,0 ha representam 83,76% com uma área total
de 15.550,41 ha (39,87% da área total), enquanto os lotes com áre-
as superiores a 50,0 ha representam 16,24% com uma área total de
23.456,81 ha (60,13% da área total).
O SIG permitiu a elaboração do mapa do município de Nova Espe-
rança - PR, em meio digital, subsidiando o conhecimento geográfico e
áreas de conflitos de divisas intermunicipais (Figura 7).
Através da confrontação do mapa fundiário (digitalizado), dados
de matrículas do Cartório de Registro de Imóveis de Nova Esperança -
Comarca de Nova Esperança - PR, e do mapa da divisão político-admi-
nistrativa do Paraná (ITCG/SEMA, 2013), pode-se constatar a neces-
sidade de revisão ou atualização da delimitação da divisa municipal.

60
FIGURA 7 - DIVISAS MUNICIPAIS COM NECESSIDADE DE REVISÃO DO
MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

e) Altimetria
A Altimetria se refere à representação das elevações do terreno
através do fatiamento do relevo em cotas altimétricas que visam de-
monstrar através de classes coloridas sua distribuição espacial (Figura
8).
As altitudes de modo geral, variam de 300 a 550 metros nas áreas
próximas aos ribeirões.
Nota-se que a separação das classes de altimetria é pouco acen-
tuada já que as partes mais elevadas representam somente 2,96% da
área total da bacia (550m até 600m), como pode ser observado na
Tabela 3.

61
FIGURA 8 - CLASSES DE ALTIMETRIA DO MUNICÍPIO DE NOVA
ESPERANÇA - PR

Tabela 3 - Distribuição espacial da altimetria do município de Nova Es-


perança, Paraná

Classes de Altimetria Área (ha) Área (%)


300 a 350 116,64 0,29
350 a 400 3.857,11 9,59
400 a 450 9.327,95 23,19
450 a 500 16.657,50 41,42
500 a 550 9.070,05 22,55
550 a 600 1.189,82 2,96
Total 40.219,07 100,00
Fonte: Instituto Emater, 2014

f) Declividade
A declividade foi dividida em 5 classes de acordo com o sistema
brasileiro de classificação de solos da Embrapa (1999), como pode ser
visualizado no mapa abaixo (Figura 9).
62
FIGURA 9 - CLASSES DE DECLIVIDADE DO MUNICÍPIO DE NOVA ESPE-
RANÇA - PR

O município de Nova Esperança possui 66,19% de sua área com


declividade até 8%, sendo plana (19,67%) ou suavemente ondulada
(46,52%). A Tabela 4 apresenta os dados mensurados sobre a distri-
buição espacial desta variável.

Tabela 4 - Distribuição espacial da declividade do município de Nova


Esperança, Paraná

Relevo Classes (%) Área (ha) Área (%)


Plano 000 a 003 7.911,16 19,67
Suave ondulado 003 a 008 18.710,44 46,52
Ondulado 008 a 020 13.011,17 32,35
Forte ondulado 020 a 045 576,72 1,43
Montanhoso > 045 8,43 0,02
TOTAL 40.217,92 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2014


63
As contribuições dos mapas de hipsometria, declividade e outras
representações, que representam a estrutura do relevo, proporcionam
inúmeros subsídios para desenvolvimento de diagnósticos e outros tra-
balhos para o planejamento urbano e rural. Um dos subsídios foi no
diagnóstico de microbacia do Ribeirão Paracatu, manancial de abaste-
cimento de água da cidade de Nova Esperança, que possui uma área
de drenagem de 51,50 km2 e perímetro de 34,28 km (Figura 10).

FIGURA 10 - ÁREA DE DRENAGEM DA MICROBACIA PARACATU,


MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

f) Pedologia
A identificação e mapeamento dos solos subsidiam os planejamen-
tos agrícolas, levantamentos do uso da terra, estudos de terras para
irrigação, monitoramentos ambientais e outros.
Os resultados obtidos foram satisfatórios na identificação dessa
classe temática, a partir da quantificação e da espacialização dos di-
versos tipos de solos encontrados na área do município. Foram iden-
tificadas as seguintes ordens de solos: Latossolos, Argissolos e Nitos-
solos.
64
A Figura 11 apresenta o mapa da área contendo a representação
geográfica das diversas classes de solos no município de Nova Espe-
rança.

FIGURA 11 - DISTRIBUIÇÃO DAS CLASSES DE SOLOS NO MAPEAMENTO


DO MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

Com base neste mapa foram calculadas as áreas e as porcenta-


gens das classes de solos, conforme exibido na Tabela 5.

Tabela 5 - Classes de solos, área em hectares e porcentagem da área


no município de Nova Esperança, Paraná

Classes de Solos Área (ha) Área (%)


ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico 4.851,48 12,06
ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico abrúptico 13.726,36 34,13
ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico típico 1.075,05 2,67
LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico 18.579,89 46,20
LATOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico 605,35 1,51
NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico 1.380,93 3,43
TOTAL 40.219,06 100,00
Fonte: Instituto Emater, 2014
65
g) Hidrogeologia
No município de Nova Esperança, ocorrem duas Unidades Aquífe-
ras, a Unidade Caiuá e a Serra Geral Norte (Figura 12).

FIGURA 12 - MAPA DAS UNIDADES AQUÍFERAS SITUADAS NO MUNICÍPIO


DE NOVA ESPERANÇA - PR

A Formação Caiuá abrange 79,50% toda a área do município (Ta-


bela 6). Essa unidade apresenta características litológicas relativamen-
te homogêneas, sem grandes quantidades de argilas oferecendo con-
dições para que o aquífero Caiuá seja considerado livre, decorrente
da homogeneidade e da permeabilidade, o que é de suma importância
para a disponibilidade hídrica do município.

Tabela 6 - Distribuição espacial das Unidades Aquíferas no município


de Nova Esperança - PR
Unidade Aquífera Área (ha) Área (%)
Arenito Caiuá 31.974,51 79,50
Serra Geral Norte 8.244,55 20,50
TOTAL 40.219,06 100,00
Fonte: Instituto Emater, 2014
66
g) Hidrografia
Os cursos d´água são bem distribuídos e a quase totalidade dos
lotes rurais, está situada às margens de um córrego ou ribeirão (Figura
13).

FIGURA 13 - HIDROGRAFIA DO MUNICÍPIO DE NOVA


ESPERANÇA - PR

O município é drenado por 08 (oito) ribeirões e 212 (duzentos e


doze) córregos (Tabela 7).

Tabela 7 - Quantidade e comprimento dos córregos e ribeirões no mu-


nicípio de Nova Esperança - PR

Cursos d'água Quantidade (nº) Comprimento Total (m)


Córregos 212 250.841,22
Ribeirões 8 123.450,01
TOTAL 220 374.291,23

Fonte: Instituto Emater, 2012


67
A distribuição espacial dos cursos d´água, em função da localização
das bacias hidrográficas do Paraná, estão apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 - Distribuição espacial dos Cursos d´água, em função das


bacias hidrográficas do Paraná
Cursos d'água Cursos d'água Comprimento Comprimento
Bacias Hidrográficas
(nº) (%) (m) (%)
Ivaí 141 64,09 226.339,21 60,47
Paranapanema IV 60 27,27 96.532,95 25,79
Pirapó 19 8,64 51.419,07 13,74
TOTAL 220 100,00 374.291,23 100,00
Fonte: Instituto Emater, 2014

h) Uso do Solo
O uso do solo identifica o propósito econômico ou social para o
qual a terra é utilizada e a ocupação identifica a cobertura física ou bio-
lógica do solo. Com o auxílio do geoprocessamento e levantamento de
campo, foi possível elaborar o mapa de uso e ocupação do solo para o
município de Nova Esperança (Figura 14).

FIGURA 14 - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO, DO MUNICÍPIO DE NOVA


ESPERANÇA - PR, 2003
68
Na Tabela 9, apresentam-se as ocorrências em área (ha) e porcen-
tagem (%) do uso e ocupação do solo no município de Nova Esperan-
ça - PR.

Tabela 9 - Distribuição da área (ha) e porcentagem (%) das ocupações


do solo mapeadas no município de Nova Esperança - PR, 2003

Uso e Ocupação do Solo Área (ha) Área (%)


Amoreira 4.084,19 10,15
Áreas urbanizadas 1.238,48 3,08
Cana-de-açúcar 1.116,56 2,77
Cultivos florestais 475,57 1,18
Culturas anuais (grãos) 5.127,30 12,74
Culturas anuais (outras) 1.466,37 3,64
Culturas permanentes 929,96 2,31
Florestas nativas 4.217,55 10,48
Pastagens cultivadas 21.581,04 53,63
TOTAL 40.237,02 100,00

Fonte: Emater, 2003

i) Planejamento e Gerenciamento Urbano


O planejamento é um instrumento fundamental em todas as áreas
da administração, seja ela pública ou privada. No entanto, sem infor-
mações corretas, atuais e consistentes, não é possível planejar e ge-
renciar adequadamente.
Na Figura 15, temos um exemplo de uma aplicação do SIG, para o
planejamento e gerenciamento urbano.
Através do geoprocessamento, pode-se criar um banco de dados
com informações funcionais do município. Como exemplo, a espaciali-
zação do sistema viário urbano (Tabela 10).

69
FIGURA 15 - SISTEMA VIÁRIO URBANO DO MUNICÍPIO DE NOVA
ESPERANÇA/PR

Tabela 10 - Distribuição espacial do sistema viário urbano, no municí-


pio de Nova Esperança - PR

Descrição nº Área (m2) Área (%)


Alameda 1 1.246,51 0,08
Avenida 17 320.498,51 21,59
Praça 9 23.332,94 1,57
Rua 207 1.139.268,31 76,75
TOTAL 234 1.484.346,27 100,00
Fonte: Instituto Emater, 2014

A análise de indicadores socioeconômicos permite uma leitura da


realidade capaz de gerar subsídios para o planejamento urbano e a
gestão municipal. Este trabalho objetiva mostrar algumas possibilida-
des na espacialização de dados demográficos disponíveis por setor
censitário do Censo 2000.
70
A Figura 16 apresenta os setores censitários do município de Nova
Esperança.

FIGURA 16 - SETORES CENSITÁRIOS DO MUNICÍPIO DE NOVA


ESPERANÇA - PR, 2000
Fonte: IBGE, 2003

Tabela 11 - Taxa de pessoas residentes alfabetizadas, no município de


Nova Esperança - PR, 2000
Pessoas Pessoas Pessoas
Setor Censitário
residentes (nº) alfabetizadas (nº) alfabetizadas (%)
Barão de Lucena 1.336 995 74,48
Bela Vista 659 504 76,48
Bom Jesus 675 521 77,19
Cidade 20.820 16.798 80,68
Ivaitinga 746 557 74,66
Paracatu 433 313 72,29
Pedreira 400 317 79,25
Placa Zacharias 388 289 74,48
Vila Dossi 272 196 72,06
TOTAL 25.729 20.490 79,64
Fonte: IBGE, 2003
71
Como resultado da aplicação dos dados demográficos sobre a ma-
lha digital dos setores censitários (rural e urbano) pode-se citar como
exemplo, a taxa de alfabetização da população do município por setor
censitário (Tabela 11).

CONCLUSÃO

As técnicas de Geoprocessamento, por apresentarem-se multidis-


ciplinares, podem ser aplicadas em diversos estudos, como se pode
observar no presente capítulo, pelo qual os subprodutos gerados a
partir da coleta, espacialização e posteriores análises desses da-
dos, complementados com trabalho de campo, permitem uma melhor
compreensão do espaço geográfico permitindo, assim, a interface do
contexto geral acerca de temas que possibilitem a dinâmica regional,
regionalização de áreas, sejam elas unidades político-administrativas
(municípios) ou áreas de expansão produtiva, entre outros, que po-
dem, perfeitamente, utilizar esse instrumental tecnológico para seus
estudos.
O geoprocessamento, como ferramenta de apoio no planejamento,
contribuiu para o desenvolvimento de novos conhecimentos, habilida-
des e competências para o aprimoramento da atuação profissional do
Instituto Emater no município.
Os resultados propiciaram o estudo teórico dos principais conte-
údos disciplinares do geoprocessamento, relacionado a uma com-
preensão inicial de seu significado social estratégico e das suas mais
diversas aplicações em estudos do espaço rural e urbano, do meio
ambiente e nos correspondentes processos de planejamento.
O Sistema de Informações Geográficas - SIG promoveu um enten-
dimento abrangente da realidade social e da organização do espaço
rural e urbano no município de Nova Esperança, o que inclui as pro-
blemáticas de ordem econômica, política e cultural, bem como aquelas
que retratam a desordenação do espaço construído e os desequilíbrios
ambientais.
O SIG pode ser usado pela prefeitura municipal de Nova Esperan-
ça, mediante os ajustes necessários, para melhorar os serviços ofereci-
dos e as decisões tomadas em benefício público. Os resultados quanto
ao uso dos recursos naturais, dos fatores de produção (capital e mão
72
de obra) e das informações sociais (saúde, educação, etc.), devem
colaborar na elaboração do diagnóstico e planejamento adequado da
administração direta do município (prefeitura e secretarias municipais),
poder legislativo, órgãos da administração indireta, Instituto Emater e
de outras empresas, na revisão, implementação e monitoramento do
plano diretor municipal.

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75
76
CAPÍTULO III
PROCESSO DE GESTÃO MUNICIPAL
COM USO DE SISTEMA DE
INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS NO
MEIO RURAL: MARIALVA - PR
Rodolfo Mayer *

*
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Geoprocessamento, Instituto Emater, Maringá,
Paraná, Brasil - rodolfomayer@seab.pr.gov.br

77
78
INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas os avanços tecnológicos e a disponibilida-


de de hardwares e softwares, imagens de satélite mais acessíveis e
de baixo custo, aliados ao georreferenciamento levaram ao desen-
volvimento de ferramentas denominadas de Sistema de Informação
Geográfica - SIG. Os SIGs permitem processar, manipular, visualizar,
dimensionar e analisar os dados espaciais no meio rural, definido nes-
te trabalho, em questões relativas à agropecuária, ao meio-ambiente,
aos recursos hídricos, estradas e infraestrutura, além de inúmeras ou-
tras possibilidades.
O sistema permite a elaboração e gerenciamento de banco de da-
dos georreferenciados que possibilita:
- Avaliação do valor venal do imóvel: o banco de dados permite vi-
sualizar tanto a área rural indicada, sua localização, proprietário,
área cultivada e demais dados, podendo servir de atualização para
cobrança de impostos;
- Transações imobiliárias: da mesma forma citada acima, as transa-
ções imobiliárias, podem ser facilitadas pelo fácil acesso às infor-
mações disponíveis no sistema;
- Parceria com outros órgãos: podemos citar como usuário a Se-
gurança Pública, na qual os órgãos de repressão (polícias civil,
militar ou federal) podem localizar de onde parte o pedido de aten-
dimento, identificando a propriedade que, em geral, é de difícil lo-
calização em caso de sinistro, reduzindo o tempo de atendimento
e eliminando chamadas improdutivas. O trabalho permite tanto a
localização da propriedade pelas coordenadas geográficas como
também pelo cadastro atualizado dos proprietários e respectivos
endereços;
- Gerenciamento de catástrofes naturais: a defesa civil, em situa-
ções de emergência, precisa de dados atualizados, permitindo iso-
lar regiões ou estabelecer prioridades de atendimento;
- Gerenciamento de projetos governamentais: o banco de dados
do SIG permite melhor planejamento para a expansão de projetos
como estradas, urbanas ou rurais, programas de microbacias, cré-
dito rural, moradia, além de outras;
79
- Gerenciamento de projetos ambientais: o meio-ambiente é priori-
dade social e o banco de dados do SIG permite evitar depredação
ambiental, ampliando a possibilidade de aplicação de projetos am-
bientais específicos;
- Utilização por ONG/OSCIP: essas organizações não governamen-
tais também se servem do banco de dados do SIG para sua atu-
ação através do incentivo ao turismo rural como, por exemplo, a
criação da “estrada da uva”, no município de Marialva no estado do
Paraná;
- Gerenciamento de Cooperativas: planejamento e atendimento aos
associados, ágil e imediato, pelo acesso à área cultivada e a seus
produtos;
- Aplicação em instituições financeiras: na concessão de Crédito Ru-
ral ou aplicações de recursos destinados aos agricultores;
- Planejamento Agrícola: expansão e controle da área de cultivo
de culturas específicas (café, uva, cana de açúcar), identificadas
como próprias do município.
O rol elencado acima não se esgota em si, e o SIG pode ser utili-
zado por municípios, órgãos não-governamentais ou empresas, com a
finalidade de gerar informações atualizadas que servirão de subsídios
para tomada de decisões imediatas e para planejamentos futuros, com
a elaboração e execução de projetos e cartas cartográficas, e mais es-
pecificamente no meio rural, servindo no acompanhamento da evolu-
ção fundiária das pequenas propriedades, geração de emprego, novas
moradias, carreadores de acesso, expansão da viticultura, etc.
Para uma melhor compreensão do trabalho, segue uma fundamen-
tação teórica dos principais conteúdos abordados.

Sistema de Informações Geográficas - SIG


A evolução histórica do Sistema de Informações Geográficas - SIG
começou a destacar-se a partir de 1960.
Segundo Paredes (1994),
“em 1962, surge o Sistema de Informação Geográfica no Canadá. Este sistema
permitiu analisar dados de áreas com recobrimento de diferentes assuntos,
com o propósito do inventário de terras; [...] em 1964, STORET, do Serviço
de Saúde Pública de USA, automatiza a Divisão de fornecimento de água e
controle de poluição. Nesse projeto, uniformizaram-se os dados dos diferen-
tes órgãos e fornecem-se dados como qualidade de água, cursos, processo

80
de tratamento e localização, etc. ligados em rede; [...] em 1964, MIDAS, no
Serviço Florestal de USA, desenvolve-se o primeiro SIG para gerenciamento
dos recursos naturais; [...] em 1968, o Departamento de Censo de USA, desen-
volve o DIME (Dual Independent Map Encoding) para a representação digital
das redes de estradas e zonas de limites censitários; [...] na década de 70,
desenvolveram-se definições de uso da cartografia e de estrutura topológica
dos dados; [...] na década de 80, realizaram-se diferenciações criticas entre
CAD, DBMS, SIG, etc. Em HARVARD, a computação gráfica e a análise es-
pacial implementam o desenvolvimento do SIG. Muitos pioneiros e softwares
de SIG são criados e distribuídos para construir os mais diversos aplicativos;
[...] a década de 90 promete caracterizar-se, não apenas pelo avanço de har-
dware (especialmente quanto à “mips” e os meios de armazenamento a nível
de gigabytes), mas, sobretudo, a nível de modelos e metodologias dos aplica-
tivos, evidenciando o domínio do uso da informação nos diferentes campos da
atividade humana.”
O SIG nos dias de hoje é extremamente necessário para o desen-
volvimento e estudos em diversas áreas.
“O geoprocessamento utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o
tratamento de informações geográficas e tem sido cada vez mais utilizado para
a análise de recursos naturais. Essa ferramenta é especialmente útil para pa-
íses de grande dimensão e com deficiência de informações em escalas ade-
quadas, pois apresenta um grande potencial para a tomada de decisões sobre
planejamentos urbanos e ambientais, principalmente por ser uma tecnologia
que apresenta um custo relativamente baixo” (ASSAD & SANO, 1998; FLO-
RENZANO, 2002).
O SIG é um sistema computacional que permite armazenar e in-
tegrar feições gráficas e atributos dos dados que estão georreferen-
ciados, ou seja, localizados na superfície terrestre e numa projeção
cartográfica qualquer (ASSAD & SANO, 1998; FLORENZANO, 2002).
Tal sistema engloba programas, procedimentos e módulos, ou subsis-
temas, inteirados e projetados para dar suporte ao armazenamento,
processamento, análise, modelagem e exibição de dados e/ou infor-
mações espacialmente referenciadas, constituídas numa única base
de dados.
Dispondo de um conjunto de ferramentas e operações que per-
mitam a integração e análise dos dados, de maneira a transformá-los
em informações úteis para tomada de decisões, o SIG normalmente
integra outros sistemas, como o processamento digital de imagens,
análise estatística, análise geográfica, digitalização (para ser capaz de
realizar estas operações) e ainda dispor de entrada e saída de dados
em diversos formatos, tendo como ponto central um banco de dados
(LAMPARELLI, ROCHA & BORGHI, 2001).
81
Com esses módulos é possível realizar uma série de modelagens,
entre as quais se pode destacar o modelo digital de elevação (MDE),
que é uma representação matemática contínua da distribuição espa-
cial das variações de altitude numa área. Ele é construído a partir das
curvas de nível e pontos altimétricos (GEPLAN, 2007).
“Existem diversas formas de entrada de dados nesse sistema, das quais as
principais são aquelas oriundas dos equipamentos de posicionamento por sa-
télite e sensoriamento remoto, que é a tecnologia que permite obter imagens e
outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da captação e do registro
da energia refletida ou emitida pela superfície. A obtenção dos dados é feito à
distância, isto é, sem que haja o contato físico entre o sensor e a superfície
terrestre” (FLORENZANO, 2002).
As plataformas mais utilizadas de sensoriamento remoto são os
aviões (plataforma aérea) e satélites (plataforma espacial), podendo
também ser utilizadas plataformas terrestres. O termo sensoriamen-
to remoto se refere especificamente aos métodos que se utilizam da
energia eletromagnética na detecção e medida das características de
objetos, incluindo-se as energias relativas a luz, calor e ondas de rá-
dios (LAMPARELLI, ROCHA & BORGHI, 2001; CENTENO, 2003).

Características do SIG
O SIG possibilita a definição, mensuração, classificação, enumera-
ção de elementos geográficos no mundo real e, a partir destas ativida-
des, é possível analisar o mundo real de maneira a viabilizar atuações
sobre ele mesmo, seja por meio de operações, manutenções, geren-
ciamento, construção, entre outros.
São funções do SIG: aquisição, gerenciamento, análise e exibição
de resultados. A aquisição se dá por meio da conversão de informações
analógicas em digitais. Podem ser citadas como fontes de aquisição as
fotografias aéreas, mapas, cartas, imagens de satélite entre outras.
Já a função de gerenciamento está relacionada à inserção, remoção
ou modificação de dados. Por sua vez, a função de análise permite o
exame de dados conexos através das tarefas de seleção e agregação
de informações, controle da geometria e topologia, conjugação de in-
formações temáticas e extração de informações estatísticas. Por fim, a
função de exibição de resultados está ligada à representação de dados
manipulados podendo ser constituída somente de dados não-gráficos.
O SIG, para permitir que as funções supradescritas atinjam suas
82
finalidades, efetua as chamadas operações espaciais, essenciais do
SIG, uma vez que é fundamental que ele permita operações espaciais
sobre os dados. Sobre a união de dados convém relembrar que so-
mente o SIG pode unir dados gráficos e não gráficos (ou conjunto dos
mesmos).
Acerca da manipulação de dados é necessário destacar alguns as-
pectos. Um SIG precisa propiciar a recuperação de informações, seja
em razão de critérios tanto espaciais quanto não-espaciais. A mani-
pulação de dados vetoriais recai sobre dados de características posi-
cionais e topológicas. São operações deste tipo de manipulação: de-
terminação do polígono envolvente, união de áreas (por meio da qual
transforma áreas contíguas numa única área), intersecção (calcula
objetos a partir da intersecção de objetos contidos em um ou mais ma-
pas), cálculo de distância e área entre dois objetos e manipulação de
conexões entre pontos (soluciona problemas de cálculo de custos de
deslocamento e definição de caminhos mínimos numa rede). Destaca-
se ainda a manipulação de dados raster baseada na implementação
de operações mais simples.

Sistema de Posicionamento Global - GPS


Em toda a história da humanidade sempre houve a necessidade de
localizar-se, estabelecer caminhos e orientar-se para seguir a direção
correta e, ao longo dos tempos, foram os avanços tecnológicos que
permitem alta precisão à localização e orientação. Pode-se dizer que o
início do desenvolvimento do sistema deu-se em 1957, ano em que a
União Soviética lançou o primeiro satélite artificial da história, fato que
deu início aos primeiros estudos sobre o uso de satélites na localização
de pontos sobre a superfície terrestre. Contudo, foram os americanos
que, de fato, criaram o sistema. A base dessa criação foi o projeto
NAVSTAR, desenvolvido na década de 1960 pelo Departamento de
Defesa dos Estados Unidos. O sistema oferece diversas informações
sobre qualquer parte e hora do dia no planeta, algo que é de grande
importância para o uso militar. O GPS foi um verdadeiro sucesso, fato
que fez com que os Estados Unidos disponibilizassem as informações,
antes somente de uso militar para o uso civil.

Estrutura fundiária
A distribuição da terra no Brasil é produto histórico, resultado do
83
modo de como ocorreu no passado, tendo início ainda no período co-
lonial com a criação das capitanias hereditárias e sesmarias, caracteri-
zada pela entrega da terra pelo dono da capitania a quem fosse de seu
interesse ou vontade, em suma, como no passado a divisão de terras
foi desigual e os reflexos são percebidos até os dias de hoje, sendo
uma questão extremamente polêmica e que divide opiniões.
Portanto a estrutura fundiária é como as propriedades rurais es-
tão organizadas, sendo que esta organização pode ser pelo tamanho,
exploração, função social, áreas de preservação ambiental e outras
formas de estrutura. Em relação a sua dimensão pode-se classificar
em minifúndios, que são áreas extremamente pequenas e insuficien-
tes para o sustento da família em relação às necessidades básicas de
vida e alimentação e, por outro lado, os latifúndios, que são as grandes
áreas que muitas vezes exploram o extrativismo, tendo a necessidade
de mudança de comportamento, pela perda da capacidade produtiva
e degradação das áreas em relação ao ambiente, comprometendo a
sustentabilidade da atividade.
O sistema de informações geográficas contribui para identificar,
dimensionar e localizar as propriedades rurais, classificando-as pelo
número de módulos rurais, facilitando o planejamento de atividades
que permitam absorver a força de trabalho do agricultor e sua família,
garantindo a sua subsistência e o progresso econômico e social.

MATERIAIS E MÉTODOS

Localização

O Município de Marialva situa-se na região metropolitana de Ma-


ringá ao noroeste do estado do Paraná a uma distância de 410 km
de Curitiba, capital do estado, sendo a viticultura o seu destaque no
sistema agropecuário, conhecido como a capital da uva fina de mesa.
Esta cultura possui relevante importância na constituição histórica do
município uma vez que promoveu mudanças socioeconômicas. Os pri-
meiros pés de uva foram plantados no ano de 1962 por japoneses,
produtores de café, atraídos pelos bons resultados econômicos obti-
dos com a cultura no estado de São Paulo. A partir de 1975, com os ca-
fezais paranaenses dizimados pela grande geada, a uva fina de mesa
tornou-se uma opção viável para os pequenos produtores.
84
Marialva encontra-se sobre o divisor de águas das bacias do Rio
Ivaí ao sul e o Rio Pirapó ao norte, sendo que a sede do município está
localizada nas áreas mais elevadas, situando-se sobre rochas basálti-
cas com relevo suavemente ondulado recobertas com solos bastante
desenvolvidos, provenientes da litologia local, os quais apresentam
forte presença de argila em sua constituição e distribuem-se entre os
LATOSSOLOS VERMELHOS Distroférricos, LATOSSOLOS VERME-
LHOS Eutroférricos, NITOSSOLOS VERMELHOS Eutroférricos, NE-
OSSOLOS LITÓLICOS Eutróficos e os Hidromórficos, sobretudo ao
longo das margens dos córregos, rios e áreas drenadas.

Sistema e método de posicionamento utilizado


O sistema de navegação por satélite utilizado neste trabalho foi o
americano conhecido como GPS - Global Positioning System que a
partir dos dados coletados com receptor GPS de navegação Garmin V
pelo método de posicionamento absoluto que consiste na determina-
ção da posição parado na superfície terrestre com apenas um receptor
em tempo real por meio de coordenadas determinadas em relação a
um referencial (Datum) no sistema de referência Sad69 (South Ame-
rican Datum). Este método de posicionamento é muito utilizado em
levantamentos de baixa precisão usando a pseudodistância derivada
do código C/A (Coarse Acquisition), sendo utilizado para diversos fins,
entre eles o uso para levantamentos cadastrais por meio do georrefe-
renciamento. Os levantamentos cadastrais levaram ao desenvolvimen-
to de ferramentas denominadas de “Sistema de Informação Geográfica
- SIG” evidenciando o domínio do uso da informação em diferentes áre-
as de atuação, que permitem realizar análises complexas na área rural
do município de Marialva nos mais diversos segmentos como agrope-
cuária, cartografia, meio ambiente, topografia, infraestrutura e outras
áreas conforme a aplicação de interesse do usuário.
Num país de dimensões como o Brasil, com a aplicação das diver-
sas tecnologias, entre elas o geoprocessamento, tornou-se possível
armazenar e representar em ambiente computacional informações
adequadas para a tomada de decisão na gestão pública, auxiliando o
planejamento na análise e execução de projetos de desenvolvimento
integrado e sustentável que possam atender aos interesses da maioria
da população.
85
Materiais utilizados

Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados os seguin-


tes equipamentos, softwares e arquivos digitais:
- Computador;
- Impressora;
- Software ArcView GIS® 3.2;
- Software GPS Trackmaker;
- Quatro GPS de navegação Garmin V;
- Quatro motocicletas;
- Pranchetas e cadastros;
- Mapa fundiário impresso (formato analógico) do município de Ma-
rialva;
- Mapa político em formato digital em coordenadas planas UTM, do
estado do Paraná com as divisas entre municípios, elaborado pela
Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), órgão responsável
pelo cadastro fundiário no estado do Paraná;
- Mosaico de imagem de satélite SPOT 5 (Satellite Pour l’Observation
de la Terre) - Satélite francês SPOT com imagens em alta resolu-
ção, adquirida pelo estado do Paraná com resolução espacial de 5
metros referentes ao imageamento em 2005, com capacidade de
identificar diversos usos do solo e outros tipos de objetos;
- Mapa de solos em formato digital em coordenadas planas UTM,
elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Solos), em 1986
e vetorizado pela EMBRAPA Solos em 1999.

Preparo de materiais
a) Escaneamento do mapa fundiário
O mapa fundiário, em meio analógico (papel) foi convertido em ar-
quivos digitais (eletrônicos), através do escaneamento em uma reso-
lução de 300 dpi (dots per inch - pontos por polegada) e salvas como
imagem com formato tiff.

b) Registro do mapa fundiário digital


O registro do mapa fundiário digital foi realizado no software
SPRING, utilizando-se os parâmetros cartográficos no sistema de co-
86
ordenadas planas UTM e modelo da Terra no datum horizontal: SAD-
69 e datum vertical: Imbituba-SC.
O registro do mapa fundiário foi realizado com a utilização de pon-
tos conhecidos e bem distribuídos no campo, com latitude e longitude,
coletados diretamente em locais de fácil localização e identificação no
campo e no mapa fundiário, sendo estas coordenadas transferidas ao
software SPRING através do teclado do computador e ajustadas aos
pontos geográficos identificados no mapa fundiário.
O mapa fundiário registrado em formato digital foi exportado pelo
SPRING para o formato tiff, para ter compatibilidade com o software
AutoCad 14 e ArcView 3.2.

c) Vetorização do mapa fundiário


O mapa fundiário foi vetorizado na tela do computador com uso
do software AutoCad 14 e ArcView 3.2, usando como base o mapa
fundiário escaneado e registrado (imagem raster contínua em formato
analógico), no qual os temas hidrografia, sistema viário e divisa de lo-
tes foram vetorizados em camadas (layers) distintas.

d) Preenchimento da tabela do mapa fundiário


Após a vetorização do mapa fundiário, foi preenchida a tabela com
as informações referentes às glebas e número dos lotes, que são os
campos-chaves para integrar com os dados coletados através de le-
vantamento a campo.

Preparo da equipe de trabalho e levantamento a campo

A equipe de trabalho e execução contou a participação de enge-


nheiros agrônomos do Instituto Emater (unidades municipal, regional e
estadual), estagiários de geografia da Universidade Estadual de Marin-
gá (UEM) e estagiários de agronomia do Centro Universitário CESU-
MAR (CESUMAR).
A equipe de estagiários, para execução dos trabalhos no campo,
foi capacitada com ensinamentos dos princípios básicos de cartografia
e o uso da tecnologia “Global Positioning System - GPS”, agregando
conhecimento técnico e prático, além de carga horária curricular na
formação acadêmica.
87
Para a coleta dos dados em campo, contou-se com uma equipe
formada por 4 estagiários de Geografia da Universidade Estadual de
Maringá e de Agronomia da CESUMAR. Esses estudantes efetuaram
os trabalhos de georreferenciamento e cadastramento dos imóveis ru-
rais, fazendo croqui das áreas levantadas, com a indicação das co-
ordenadas em cada ponto, com as anotações de uso e ocupação do
solo, com os dados pessoais dos proprietários e de suas propriedades.
Em um período de três anos e meio (março de 2006 a outubro de
2010), todos os imóveis rurais dentro do perímetro do município de
Marialva foram georreferenciados, assim como as culturas de explo-
ração agropecuária, áreas de reserva legal e florestas permanentes,
sendo baixados quase 27.000 pontos do GPS em 1954 propriedades.
Neste período ocorreu alta rotatividade de estagiários, contando com
quatro estagiários efetivos e participação total de 16 estagiários con-
tratados pela prefeitura municipal.
O acompanhamento diário dos trabalhos ocorria no final da tarde
ou no início da manhã seguinte, quando os estagiários preenchiam,
com canetas coloridas e com uma cor pré-estabelecida a cada um, o
mapa fixado em uma mesa com a finalidade de preencher os espaços
já levantados no campo das propriedades cadastradas e georreferen-
ciadas, facilitando a identificação do trabalho individual de cada um,
tanto em rendimento, quanto no planejamento diário das ações a se-
rem desenvolvidas no retorno ao campo.
Para a obtenção das coordenadas em campo com uso do GPS,
deu-se preferência a motocicletas, devido à versatilidade, baixo custo
e à facilidade de acesso dentro das propriedades. Primeiro foi feito um
SIG da estrutura fundiária, alimentando o banco de dados do sistema
com dados pessoais dos proprietários e dos imóveis rurais de todo o
município como glebas, número dos lotes, áreas dos imóveis em hec-
tares e outras informações pré-definidas no cadastro.
Após finalizar o SIG da estrutura fundiária, foi feita uma cópia do
arquivo, na qual foi trabalhado o uso e ocupação do solo em todas
as propriedades com a finalidade de gerar informações quantificando
todas as explorações por cultura em hectares, além da visão espacial
digitalizada na tela do computador.
Importante, ainda, ressaltar que os estagiários tiveram a oportu-
nidade de atuar diretamente com os proprietários dos imóveis rurais
pequenos, médios e grandes, o que lhes proporcionou situações que
88
testaram suas habilidades e vocações na prática do dia a dia e estimu-
laram gradativamente a sua mentalidade empreendedora, seu com-
portamento ético-profissional e a formação de sua identidade cidadã.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os softwares de geoprocessamento disponíveis no mercado faci-
litam a elaboração dos mapas digitais e a estruturação de banco de
dados, possibilitando atualizações rápidas conforme os fatores de
anexação, subdivisão ou desapropriação de áreas que podem ocorrer,
permitindo gerar informações atualizadas para o processo de tomada
de decisão, tornando-se uma ferramenta essencial para elaboração
e execução dos mais diversos tipos de projetos como infraestrutura,
meio ambiente, planejamento rural e tantos outros conforme a neces-
sidade dos trabalhos a serem desenvolvidos no município.

Estrutura fundiária
A Estrutura Fundiária representa a distribuição espacial das pro-
priedades dentro de um determinado espaço, possibilitando a visuali-
zação e estudo das atividades econômica, social e ambiental no meio
rural. O mapa da Figura 1 apresenta a visualização espacial da estru-
tura fundiária atualizada por este trabalho com quase 2.000 imóveis
rurais com suas glebas diferenciadas por cores, destacando-se, tam-
bém, suas estradas e as áreas urbanizadas como a sede do município
e seus distritos.
Com uso de ferramenta de SIG correlacionou-se o mapa da distri-
buição espacial das propriedades (Figura 1) com o banco de dados, do
qual selecionou-se todas as propriedades da gleba Keller para visua-
lizar na tela do computador todos os campos que contém as informa-
ções básicas de cada propriedade. A partir do banco de dados é possí-
vel realizar outras consultas (Figura 2), obtendo os dados estatísticos
como a somatória total em hectares, número de propriedades, a maior
e a menor área em hectares e outras informações da gleba Keller.
Possibilita também gerar gráficos, relatórios por ordem alfabética
dos proprietários, por tamanho dos imóveis em hectares, pelo número
do lote, selecionar no banco de dados o imóvel para localizar na tela
do computador tendo a visão espacial da área e tantas outras informa-
ções que sejam de interesse do gestor.
89
FIGURA 1 - MAPA DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO MUNICÍPIO DE
MARIALVA - PARANÁ
Fonte: Instituto Emater (2010)

90
FIGURA 2 - CONSULTA DE TODOS OS IMÓVEIS DA GLEBA KELLER,
MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁ
Fonte: Instituto Emater (2010)

GRÁFICO 1 - ESTRATIFICAÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO


MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁ
Fonte: Instituto Emater (2010)

91
Com o aumento da agricultura familiar, é necessário um planeja-
mento em toda a cadeia produtiva para promover a utilização de tec-
nologias que permitam identificar estas áreas. O SIG, por integrar um
banco de dados junto a uma base digital cartográfica, permite, de for-
ma rápida, a visualização espacial das informações relativas às áreas
de interesse. Assim, por meio do Sistema (correlacionado com a Figura
1 mapa da estrutura fundiária), foi possível obter o gráfico de estrati-
ficação que evidencia a estrutura fundiária do município de Marialva
(Gráfico 1).
Observa-se pelo gráfico que a maior concentração de imóveis (719
propriedades) possui área inferior a 5,00 ha totalizando 1.486,00 ha,
ou seja, um pouco mais de 3% das áreas dos imóveis do município, o
que caracteriza, em sua maioria, a subdivisão de propriedades rurais
em pequenas chácaras, adquiridas por famílias que fazem parceria
com produtores maiores, até conquistaram o seu espaço na atividade
para trabalhar por conta própria, ampliando a agricultura familiar. Em
relação às propriedades entre 5,00 ha e 100,00 ha a diversificação de
explorações é bem ampla, pois os imóveis maiores são explorados por
grandes culturas e pastagem, enquanto que os menores são explora-
dos por flores, horticultura, avicultura, fruticultura e outras espécies,
sendo a principal a uva fina de mesa.
As propriedades acima de 100,00 ha são minoria, 69 imóveis, mas
que acumulam uma área de 13.099,00 ha, exploradas por pastagem,
cana de açúcar e culturas anuais. Buscando visualizar a disposição
espacial dessas áreas, gerou-se o mapa da Figura 3, que apresenta a
distribuição espacial das propriedades.
Observa-se pelo mapa que a maioria das pequenas propriedades
estão distribuídas próximas ao perímetro urbano da cidade de Marialva
e, também, nos distritos de Aquidaban, São Miguel do Cambuí e São
Luis e que as grandes propriedades encontram-se espacialmente loca-
lizadas nas regiões limítrofes do município.
Para compreender a estrutura fundiária, faz-se necessário, além
de analisar a distribuição estratificada das áreas no município, obser-
var outros fatores que influenciam no uso e ocupação do solo.

92
FIGURA 3 - MAPA DE ESTRATIFICAÇÃO DAS PROPRIEDADES,
MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁ
Fonte: Instituto Emater (2010)

Uso e ocupação do solo


A cultura da uva é a de maior importância no município. O SIG con-
tribuí no acompanhamento e orientação da expansão, tanto na visão
espacial de ocupação do solo, como no fornecimento de informações
da infraestrutura e técnica para o desenvolvimento do setor como: ade-
quação de estradas e carreadores, construção de moradias e barra-
cões, poços artesianos de água para consumo humano e irrigação,
localização dos imóveis, mão de obra necessária à expansão da vi-
ticultura, questões ambientais, saúde publica, segurança pública, co-
mercialização, transporte escolar, energia elétrica e tantas outras ne-
cessidades.
O mapa da Figura 4 apresenta a visualização espacial das áreas
exploradas pela cultura da uva, nas quais é possível observar que
se encontram próximas ao perímetro urbano da sede. Correlacionan-
do com o mapa da distribuição espacial dos imóveis, observa-se que
93
grande parte das pequenas propriedades possui como uso do solo o
cultivo da uva. Verifica-se no município a subdivisão das áreas maio-
res em chácaras para a implantação de novas parreiras e moradias
aumentando a população no meio rural.

FIGURA 4 - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA ÁREA DE VITICULTURA NO


MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁ
Fonte: Instituto Emater (2010)

O banco de dados que integra o SIG é de fundamental importância


para o trabalho, permitindo que sejam geradas inúmeras informações
e propiciando que um ou mais banco de dados resultem nas informa-
ções esperadas pelo usuário, a exemplo da análise da logística de uma
empresa ou cooperativa em sua área de atuação, tanto na organização
da entrega de insumos, quanto na recepção da produção das culturas
anuais perenes e demais atividades desenvolvidas nas propriedades
rurais.
As informações proporcionadas pelo SIG possibilitam quantificar
e localizar as propriedades em que estas culturas são desenvolvidas.
94
Os dados coletados e inclusos no banco de dados permitem que todas
essas informações possam ser trabalhadas através do software de ge-
oprocessamento gerando mapas e relatórios precisos.
As culturas anuais estão distribuídas por todo o município e, con-
frontando com a distribuição estratificada das propriedades, observa-
se que coincidem quase em sua totalidade com as propriedades com
área acima de 10,00 ha. As principais culturas anuais cultivadas no
município de Marialva são a soja e o milho, com ciclo médio de cinco
meses. As culturas anuais são exploradas em 24.055 ha, representan-
do mais de 50% da área do município, num total de 1.094 proprieda-
des.
Também a cana-de-açúcar, que é uma cultura bianual com área
expressiva de 4.691 ha, é cultivada em 120 propriedades rurais, in-
fluenciadas pela usina de açúcar e álcool instalada no município de
Marialva, no distrito de São Miguel do Cambuí.
Outra informação significativa é que as maiores concentrações das
áreas de pastagem estão localizadas margeando a bacia hidrográfica
do Rio Pirapó ao norte do município e margeando a bacia hidrográfica
do Rio Ivaí na região Sul. Também é possível, além da localização das
áreas, quantificar que 8.220 ha de área do município são ocupados
por pastagem num total de 560 propriedades. Correlacionando com a
distribuição estratificada, observa-se a correspondência das áreas de
pastagens com as propriedades com áreas superiores a 100,0 ha. Tais
informações possibilitam a elaboração de programas de desenvolvi-
mento e infraestrutura na pecuária do município.
Por meio dos mapas de altimetria e hipsometria elaborados neste
trabalho, pode-se observar que o norte da bacia hidrográfica do Rio Pi-
rapó e o sul da bacia hidrográfica do Rio Ivaí, no município de Marialva,
são as regiões de altitudes mais baixas, nas quais os recursos d’água
são abundantes e essenciais para o desenvolvimento da pecuária,
pois estas áreas, com variações acentuadas em relação à altitude,
apresentam altas declividades do terreno, dificultando a mecanização
e tornando mais viável o manejo de pastagens.
Pode-se observar que nas divisas ao sul está a segunda maior
concentração de pastagens, com as mesmas características físico-
químicas e topográficas da região norte, que permitem desenvolver
projetos pecuários com o manejo correto destas áreas em relação à
95
capacidade de lotação e os efeitos do tempo de utilização que pro-
vocam a compactação do solo, planejamento das reservas legais em
áreas das encostas com alta declividade e reservas permanentes para
proteção de nascentes, beira de córregos e rios.
Como a área de maior concentração de pastagens tem as mesmas
características, a maioria das ações para o desenvolvimento da pecuá-
ria serão similares, o que só é possível com o Sistema de Informações
Geográficas - SIG, que se torna uma ferramenta indispensável para
empresas com atuação no setor agropecuário como cooperativas de
leite, laticínios, sindicatos e o próprio Estado nas suas diversas atua-
ções.
A existência de passivos ambientais pode ser observada no mapa
de uso e ocupação do solo. Portanto as questões ambientais que estão
em evidência no dia a dia dos meios de comunicação, nas empresas,
em organizações não-governamentais, nas instituições de ensino e
pesquisa, enfim, no mundo todo podem ser analisadas com uso do
SIG, com geração de propostas sustentáveis à exploração agropecuá-
ria, buscando tecnologias alternativas menos agressivas ao meio am-
biente, principalmente nas culturas de grandes extensões de terra por
meio do plantio direto, práticas de conservação do solo, preservação
de reservas legais, preservação das matas ciliares, proteção de minas
d’água, abastecedouros comunitários, readequação de estradas e car-
readores, manejo de pragas e controle biológico, através de uma ação
integrada entre os órgãos brasileiros de pesquisa em conjunto com a
assistência técnica e produtores rurais.
A malha hídrica do município, com seus rios e córregos, nascen-
tes, minas e fundos de vale permite aferir que o município é rico em
recursos naturais, em especial, a água, que está se tornando escassa
no mundo. O SIG permite ao gestor, a partir das informações e dados
inseridos neste sistema, obter informações, por exemplo, de que o mu-
nicípio possui 689 km de córregos e rios e que alguns fazem divisa com
municípios vizinhos, auxiliando o gestor na elaboração de projetos de
preservação ambiental de forma a conservar essas riquezas naturais
com a preservação destes mananciais.
O Sistema permite, além da visualização espacial das áreas de re-
serva legal e áreas de preservação permanente, quantificar a área total
que corresponde a 5,41%, valor bem abaixo do ideal que é aproxima-
96
damente 10% da área total dada à extensão dos córregos e rios. Este
déficit denota a necessidade de desenvolver projetos ambientais para
restabelecimento das áreas pois, segundo a legislação brasileira, as
APPs são mais abrangentes, não se limitando somente ao longo dos
cursos d’água e nascentes e sim em áreas de altitude acima de 1800
metros, topo de morros, nas encostas com declividade superior a 45
graus como é na mata atlântica, na serra do mar e em outros biomas
como restingas e o pantanal.
O Sistema de Informação Geográfica permite a elaboração de
mapas-síntese, organizando as informações por propriedades, gle-
bas, comunidades, microbacias e explorações, gerando indicadores
técnicos como produção, produtividade, área total, área média, etc. A
combinação destas representações é de fundamental importância para
compreender a relação entre a estrutura fundiária, o meio físico e bi-
ótico e a dinâmica socioeconômica para conhecer a realidade atual e
planejar as intervenções necessárias para obter um desenvolvimento
rural e municipal sustentável.

GRÁFICO 2 - NÚMERO DE PROPRIEDADES EM RELAÇÃO À ÁREA POR


CULTURA
Fonte: Instituto EMATER (2010)

O Gráfico 2, apresenta o número de propriedades em relação à


área por cultura do município de Marialva e a Figura 5 possibilita a
97
visualização espacial do uso e ocupação do solo, dando oportunidade
de observar o grande número de pequenas propriedades em relação
às áreas das culturas exploradas.

FIGURA 5 - MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE


MARIALVA - PARANÁ
Fonte: Instituto Emater (2010)

98
Alguns produtores vêm diversificando sua agricultura com cultivos
de uvas rústicas para a industrialização e processamento de suco con-
centrado e geléia, através de agroindústrias, agregando valor a sua
produção e aproveitando melhor a mão de obra familiar.
Ademais, foi fundada uma cooperativa para produção de vinho, o
que deverá delinear o perfil futuro da viticultura no município com o
incremento de novas tecnologias em todos os setores produtivos até a
comercialização.
O desenvolvimento altera o meio ambiente e, devido a essas mu-
danças, vão surgindo outras possibilidades de investimentos. Assim, o
SIG torna-se, neste processo, uma ferramenta que possibilita diversas
aplicabilidades em várias áreas de atuação em que cada segmento
pode tirar o proveito conforme a sua visão empreendedora.
Um banco de dados bem estruturado permite o acompanhamen-
to e análise temporal das áreas em estudo, fornecendo informações
importantes, além da estrutura espacial para a tomada de decisão no
planejamento e administração em todos os segmentos da cadeia pro-
dutiva que atuam no município, passando pelo agricultor, assistência
técnica, cooperativas, comércio de insumos, órgãos estadual, órgãos
federal e principalmente a administração municipal.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este trabalho foi desenvolvimento a partir da criação de um banco


de dados georreferenciado pelo Instituto Emater da área rural do muni-
cípio de Marialva, integrando dados de diversas fontes de informação,
que permitem gerar relatórios e mapas temáticos claros e objetivos,
conforme a pesquisa de interesse do usuário como regularização am-
biental, ocupação do solo e outros segmentos, dando agilidade para
obter os documentos necessários em qualquer processo, seja de crédi-
to rural, ambiental ou planejamento das propriedades. O trabalho gera
relatórios claros sobre o diagnóstico dos imóveis rurais dando agilidade
e padronização nos documentos e mapas necessários para o processo
de elaboração do projeto e/ou regularização da propriedade.
Os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) processam os
dados espaciais do meio rural permitindo ao gestor municipal o conhe-
cimento da estrutura fundiária do município, identificando as explora-
ções nos mais variados segmentos agropecuários.
99
O Sistema de Informações Geográficas é uma ferramenta impor-
tante para visualizar, analisar e conhecer a estrutura fundiária do mu-
nicípio de Marialva e contribuir com a gestão pública municipal. Os
resultados mostraram que no município de Marialva as culturas anu-
ais, as pastagens e a cana-de-açúcar são exploradas em 36.966 ha,
o que corresponde a 82,67% da área total ocupada pela agropecuá-
ria, sendo que a viticultura corresponde a 2,57%, destacando-se pela
influência socioeconômica no município. A viticultura está distribuída
espacialmente nas regiões próximas à malha urbana e vem alterando
as características territoriais das explorações, principalmente com as
subdivisões de imóveis rurais adquiridos por pequenos agricultores,
aumentando a população e fixando o homem no campo, em um pro-
cesso inverso ao que ocorre na região de Maringá, principalmente com
a exploração das culturas da cana-de-açúcar, além do milho e soja
que associadas à modernização do agronegócio e avanço tecnológico
no campo, provocam o êxodo rural.
Em Marialva, além de proporcionar a fixação do homem no campo
e empregos, pela grande quantidade de mão de obra necessária em
todo o ciclo da cultura com duas safras anuais, a viticultura, como ati-
vidade econômica, gera maior renda por área ocupada, sem levar em
consideração que a área ocupada atualmente é de menos de 3% (três
por cento) em relação às culturas anuais, dentro do município.
O convênio entre o Instituto Emater e prefeitura municipal foi con-
cluído com a disponibilização e repasse de todo o SIG na secretaria
municipal da agricultura de Marialva para utilização no dia-a-dia de
suas atividades, porém, de nada adianta este trabalho se a adminis-
tração municipal não der continuidade e manter atualizado o sistema,
pois os processos de transações imobiliárias e mudanças no uso e
ocupações do solo são contínuas e é preciso alimentar o banco de
dados.

100
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, C.M.; CÂMARA, G. e MONTEIRO, A.M.V. Geoinformação


em urbanismo: cidade real x cidade virtual. São Paulo: Oficina de
Textos, 2007.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. Comitê Brasileiro de
Construção Civil. Convenções topográficas para cartas e plantas
cadastrais - Escalas 1:10.000, 1:5.000, 1:2.000 e 1:1.000 -
Procedimento.1 ed. Rio de Janeiro, RJ, 2009.
BOECKEL, D.O. e ROSSO, H.Z. Fontes de informação em Geodésia,
Cartografia e sensoriamento remoto. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE
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GEMAEL, C. e ANDRADE, J.B. Geodésia Celeste. Curitiba: Ed. da
UFPR, 2004.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).
Diretoria de Geociências (DGC) - Coordenação de Geodésia (CGED).
Padronização de Marcos Geodésicos. Rio de Janeiro: 2008.
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MARTINELLI, M. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. 4 ed.
São Paulo: Editora Contexto, 2007.
MEIRELLES, M.S.P.; CÂMARA, G. e ALMEIDA, C.M. Geomática:
modelos e aplicações ambientais. 1 ed. Brasília, DF: EMBRAPA,
2007.
PAREDES, E.A. Sistema de Informação Geográfica. São Paulo:
Editora Érica, 1994.

101
102
CAPÍTULO IV
PROJETO PARANÁ BIODIVERSIDADE:
PROPOSIÇÃO PARA ADEQUAÇÃO DE
USO DO SOLO RURAL
Luiz Marcos Feitosa dos Santos1
Milton Satoshi Matsushita2
Nelma Pereira Cunha Hagemaier3
Gracie Abad Maximiano4
Erni Limberger5

1
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola, Área de Concentração Irrigação
e Drenagem, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - feitosa@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br
3
Administradora, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - nelma@emater.pr.gov.br
4
Geógrafa, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Curitiba, Paraná, Brasil
gracie@sema.pr.gov.br
5
Engenheiro Florestal, Mestre em Agronomia, Área de Concentração Produção Vegetal,
Instituto Emater, Paranavaí, Paraná, Brasil - ernilimberger@emater.pr.gov.br

103
104
INTRODUÇÃO

Entender as forças propulsoras das mudanças de uso do solo tem


sido o grande desafio do século XXI (Projeto do Milênio, 2005). Desde
tempos remotos o ser humano interage com a natureza para suprir
suas necessidades básicas. Antes, apenas coletando produtos do am-
biente, posteriormente, estabelecendo sistema de produção e armaze-
namento de forma a depender menos das intempéries. Quase sempre
desprovido de prognóstico e conhecimento que o orientem no sentido
de evitar consequências maiores dos impactos de suas ações sobre
a natureza, hoje está obrigado a ter mais cautela na exploração e uso
dos recursos naturais.
No Paraná os vários ciclos do desenvolvimento econômico, no ini-
cio com extração da madeira, ouro, erva-mate seguido do estabeleci-
mento das atividades agropecuárias colonizadoras e expansionistas,
têm modificado o uso e ocupação do solo ao longo dos séculos dentro
da mesma lógica que hoje busca o melhor desempenho econômico e
social.
O modelo de agricultura adotado no Paraná, tal qual o adotado
na maioria dos países, a partir da segunda metade do último sécu-
lo, na qual a preocupação com o resultado econômico norteava toda
a ação dos agricultores, gerou um grande passivo ambiental para a
sociedade. Hoje, existe o consenso de que é preciso mudar essa rea-
lidade, com a aplicação de uma nova matriz tecnológica que assegure
resultados econômicos satisfatórios com sustentabilidade ambiental da
atividade agrícola. O uso racional do solo, sem dúvida, é indispensável
para que esses dois objetivos sejam alcançados. Entretanto é preciso
que se cuide ainda da restauração das condições mínimas que permi-
tam aos agroecossistemas desempenharem serviços ambientais, mais
próximos possível dos prestados pelos ecossistemas naturais, para
que esses objetivos se perpetuem em benefício das gerações futuras.
Este capítulo traz uma importante contribuição para aqueles que
buscam a promoção de uma agricultura mais correta do ponto de vista
ambiental. Ele reúne estudos de diversas microbacias hidrográficas da
região de Paranavaí, parte do Corredor Caiuá-Ilha Grande no estado
do Paraná. O espaço estudado é uma das áreas prioritárias do Projeto
105
Paraná Biodiversidade financiado pelo Banco Mundial, com recursos
do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) e pelo governo do Pa-
raná (PARANÁ, 2004).
O Projeto Paraná Biodiversidade contempla três áreas que repre-
sentam os corredores de biodiversidade. No noroeste do Paraná o cor-
redor Caiuá-Ilha Grande ao longo dos rios Paranapanema e Paraná.
No extremo oeste o corredor Iguaçu Paraná na junção dos rios Iguaçu
e Paraná. Na porção do sul do Estado o corredor Araucária situado no
médio Rio Iguaçu (Figura 1).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DOS CORREDORES DO PROJETO PARANÁ


BIODIVERSIDADE E SUAS MICROBACIAS DE CONEXÃO E
AMORTECIMENTO.
Fonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

O capítulo traz uma orientação capaz de aliar os interesses do setor


produtivo rural e da sociedade em geral, que defende a conservação
da qualidade ambiental e a preservação dos serviços da natureza,
necessários às gerações atuais e futuras. Certamente deverá, ao
longo do tempo, receber atualizações em função da dinâmica do
agronegócio, da evolução tecnológica e do aparecimento de novas
alternativas econômico-sócio-ambientais mais sustentáveis.
Sua elaboração foi resultado do trabalho incansável de profissionais
do Instituto Emater com o apoio da Unidade de Gerenciamento do Projeto
Paraná Biodiversidade e Serviço Social Autônomo Paranacidade da
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano - SEDU.
106
MATERIAL E MÉTODOS
1. Caracterização do Corredor Caiuá-Ilha Grande - região de
Paranavaí

FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA GRANDE,


REGIÃO DE PARANAVAÍ
Fonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

A região norte do Corredor Caiuá-Ilha Grande, na região de


Paranavaí, situa-se no terceiro planalto paranaense, entre os rios
Paraná, Paranapanema e Ivaí. Localiza-se entre as coordenadas 22º
33’ a 23º 18’ latitude Sul e 52º 30’ a 53º 43’ longitude Oeste (Figura 2), e
possui uma área de 436.848 ha. Cortada pelo Trópico de Capricórnio,
esta região de clima quente enquadra-se na classificação climática
107
de Köppen tipo Cfa, em que predomina o clima subtropical com
temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC (mesotérmico) e
a temperatura média no mês mais quente acima de 22ºC, com verões
quentes, geadas pouco frequentes e tendência de concentração das
chuvas nos meses de verão, contudo, sem estação seca definida
(IAPAR, 2000).
Apresenta solos derivados da formação Arenito Caiuá muito
vulneráveis à erosão e à lixiviação. A cobertura vegetal predominante
desta região é a floresta estacional semidecidual, que tem como
característica forte a dupla estacionalidade climática, ou seja, está
fortemente ligada ao clima que tem estação seca no inverno e chuvas
no verão (IVANAUSKAS, 1999).
As microbacias hidrográficas da região do Corredor Caiuá-Ilha
Grande na região de Paranavaí apresentam uma média de 4.413 ha
e foram delimitadas dentro de cada município, fazendo com que em
alguns casos os limites delas fossem os próprios rios ou estradas,
conforme a divisão municipal. A menor área estudada pelo Projeto
Paraná Biodiversidade na região de Paranavaí foi Itaúna do Sul, com
12.678,99 ha e a maior, a de Querência do Norte, com 83.789,23 ha.
Os sistemas de produção historicamente desenvolvidos na região
foram de característica extrativista com severa degradação do meio
ambiente, principalmente da flora, fauna, solos e água. Os colonizadores
entendiam e utilizavam os recursos florestais como fonte financiadora
do desenvolvimento agrícola incentivado por governos e outros setores
da economia. O valor ambiental e ecológico da floresta não foi levado
em conta de forma que está reduzida a pequenos fragmentos dispersos
na paisagem ou representada em algumas unidades de conservação
(CAMPOS, 1999).
A estratégia de atuação do Projeto definiu a microbacia hidrográfica
como unidade de planejamento, constituída por um rio principal e seus
afluentes, delimitada pelos divisores de água desta rede de drenagem,
fechando a sua área de abrangência na foz do rio principal.
O conjunto das microbacias e corredores selecionados busca
assegurar a conexão de elementos da biodiversidade através de uma
faixa central ao longo dos rios, cercada por áreas destinadas às práticas
sintonizadas com os princípios agroecológicos e uso agropecuário de
menor impacto ao ambiente.
Para consolidar os corredores é necessário identificar a função de
cada microbacia na paisagem. Algumas microbacias fazem a função
de conexões ao longo do corredor e outras, a de amortecimento dos
108
impactos resultantes de atividades agropecuárias intensivas:
a) microbacias de conexão: são aquelas localizadas ao redor
das Unidades de Conservação e às margens dos rios, eixos centrais
dos corredores (rios Iguaçu, Paraná e Paranapanema) e afluentes
formadores de conexões locais com potencial de fluxos biológicos
entre remanescentes da vegetação nativa.
b) microbacias de amortecimento: ao redor das bacias de conexão
estão as microbacias de amortecimento, cuja função é responder como
zona de transição entre uma área com uso ajustado à conservação da
biodiversidade para uma área sem restrição para o uso intensivo das
tecnologias de produção e uso de insumos industrializados.

2 Material
2.1 Imagens de Satélite SPOT
Para identificar classes de uso e cobertura vegetal foram utilizadas
as imagens do satélite SPOT ortorretificadas, composição colorida nas
bandas R(1), G(2), B(3) com resolução espacial de 10 metros e banda
pancromática com resolução espacial de 5 metros, obtidas em 2004
e 2005, projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), Meridiano
Central 51º Oeste (Fuso 22), Datum Horizontal SAD 69 (South American
Datum) em formato tiff.

2.2 Aplicativos de desenvolvimento e análise


a) Software Spring 5.0, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE)
b) Software AutoCAD 2002
c) Software Arc View 3.2
d) Software ArcGis 9.0
e) Software Global Mapper 5.0
f) Software Track Maker Pro 4.0
g) Planilha eletrônica Excel 2002

2.3 Arquivos vetoriais


a) Divisão política dos municípios do estado do Paraná
Mapa com as divisas municipais elaborado pela Secretaria de
Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA).
109
b) Hidrografia
Mapa hidrográfico elaborado pela Secretaria de Estado do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA);
Mapa hidrográfico do Paraná Cidade;
Os rios e nascentes foram definidos a partir da base hidrográfica
existente, verificados e ajustados com as imagens de satélite SPOT,
considerando as curvas e pontos cotados, complementado com
verificação de campo.
c) Cartas topográficas
Cartas topográficas digitais registradas e ortorretificadas com
coordenadas e altitudes, contendo curvas de níveis com espaçamento
vertical de 20 em 20 metros, pontos cotados em topos de elevações e
hidrografias, obtidos do Paraná Cidade.
O trabalho de levantamento de campo, com a identificação de
coordenadas usando GPS de navegação e a plotagem destes pontos
sobre as cartas topográficas e imagens de satélite, permitiu corrigir o
traçado de rios e estradas em algumas cartas topográficas. Mesmo
conscientes destas imperfeições, optou-se por trabalhar com a base
cartográfica disponível com prévio ajuste de seus traçados.

3 Métodos

A metodologia aplicada possibilita elaborar um conjunto de mapas


que permite caracterizar as Microbacias, Classes de Declividade,
Classes de Paisagem, Uso Atual e Ocupação do Solo, Conflito de Uso
e gerar proposições para adequação do uso do solo.
A elaboração do planejamento de uso da terra com apoio do Sistema
de Informações Geográficas (SIG) está baseada no desenvolvimento
das seguintes etapas:

3.1 Preparação de material e da equipe de atuação

a) preparo do material
Identificação de recursos cartográficos disponíveis/existentes
(cartas topográficas em meio digital e analógico)
Aquisição de GPS (Global Position System)
Obtenção de imagens de satélite, para a elaboração de mapas
temáticos.
110
Obtenção de programa de SIG, sensoriamento remoto e Sistema
de Posicionamento Global (GPS).
b) preparo da equipe de atuação
Capacitação da estrutura técnica em SIG
Capacitação da estrutura técnica em sensoriamento remoto
Capacitação da estrutura técnica em uso de GPS
Definição do modelo metodológico a ser adotado para o uso de
SIG
Capacitação da estrutura técnica para aplicação do modelo
metodológico definido.

3.2 Definição e divisão das bacias hidrográficas

O limite das microbacias hidrográficas foi feito a partir da base


hidrográfica existente, curvas de níveis e pontos cotados, levando-
se em consideração os contornos naturais das bacias hidrográficas,
adaptando-as a estrutura viária, limites das propriedades e municípios.
As microbacias hidrográficas delimitadas com áreas em torno
de 3.000 ha foram classificadas em microbacias de conexões e
microbacias de amortecimento, em função da sua importância para
formação e preservação da biodiversidade nos corredores.

3.3 Classes de declividade


As classes de declividade foram agrupadas com intervalos
definidos, gerados a partir das cartas topográficas digitais registradas
e ortorretificadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de
níveis com espaçamento vertical de 20 em 20 metros, pontos cotados
em topos de elevações e hidrografias, obtidos do Paraná Cidade.
As classes de declividade adotadas para este modelo foram
estabelecidas obedecendo aos seguintes intervalos: 0-3, 3-8, 8-12,
12-15,15-20, 20-25, 25-45, 45-100 e mais que 100%. Estes intervalos
foram adotados para obter um número maior de classes e um melhor
detalhamento de informações sobre a paisagem.

3.4 Identificação das Áreas de Preservação Permanente (APP)


As Áreas de Preservação Permanente foram mapeadas tendo
como base a hidrografia e as cartas topográficas digitais. Ao longo
111
dos rios, foram elaborados mapas de distância (buffer) de 30 metros
até o limite estabelecido pela legislação ambiental, e de 50 metros
para as nascentes. Este procedimento, acrescido do mapeamento
de outras áreas de preservação previstas, tais como as áreas com
declividade superior a 100%, as áreas localizadas no terço superior
dos morros e montanhas e com altitudes superiores a 1.800 metros,
permite delimitar as áreas de preservação permanente, de acordo com
legislação ambiental.

3.5 Classes de Paisagem

Lepsch et al. (1983) citam que a capacidade de uso da terra pode


ser conceituada como a sua adaptabilidade para fins diversos, sem que
sofra depauperamento pelos fatores de desgaste e empobrecimento,
através dos cultivos anuais, perenes, pastagens, reflorestamento ou
vida silvestre.
As classes de paisagem foram delimitadas a partir da legislação
ambiental que trata das áreas de preservação permanente, mapa de
classes de declividade, com apoio do mapa de solos existente em
meio digital EMBRAPA (1999) e mapa de aptidão agrícola das terras,
Ministério da Agricultura (1981), ajustado com maior detalhamento para
a área de interesse, levando-se em consideração a geomorfologia,
hidrografia e geologia. O cruzamento digital destes mapas temáticos
permitiu elaborar o mapa próprio de classes de paisagem com
respectiva aptidão, conforme apresentado a seguir:
a) Classe de paisagem 1: Indicada para preservação permanente;
b) Classe de paisagem 2: Indicada para exploração florestal sob
manejo sustentável;
c) Classe de paisagem 3: Inapta para cultivo de ciclo longo e
silvicultura;
d) Classe de paisagem 4: Inapta para mecanização;
e) Classe de paisagem 5: Inapta para cultivo de ciclo curto;
f) Classe de paisagem 6: Disponível para cultivo sob manejo
adequado.

3.6 Uso atual do solo

O levantamento do uso atual do solo foi realizado tendo por base as


imagens de satélite SPOT, de 2004/05, adquiridas pelo Paraná Cidade.
112
E, em algumas situações específicas, foram utilizadas imagens do
Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), fornecidas
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Estas imagens
foram utilizadas nas áreas sem imagem SPOT ou com objetivo de obter
informações mais atualizadas ou de um período que permita visualizar
uma determinada fase vegetativa das culturas.
A precisão da interpretação das imagens aumenta à medida que
se repete esta interpretação com imagens de épocas diferentes da
mesma área. Por exemplo: a classificação da floresta é facilitada por
essa apresentar o mesmo padrão de textura nas diferentes épocas
do ano. Já a lavoura, ao contrário, apresenta padrões diferentes ao
longo do ano. Ou seja, em uma época apresenta solo exposto e na
sequência, cobertura vegetal homogênea.
O mapa de uso do solo foi gerado através da interpretação visual
de imagens de satélite na escala 1:25.000, considerando a área de
1,0 ha como menor elemento identificado. As visitas a campo foram
realizadas para confirmação do uso do solo, especialmente em locais
com classificação duvidosa. O uso e ocupação do solo é representado
nas seguintes classes: agricultura anual, agricultura perene, pastagens
e campos, cultivo florestal, vegetação de várzea, florestas, área urba-
nizada e corpos d’água.

3.7 Conflito

O termo “conflito”, utilizado neste trabalho, refere-se à ocupação


do solo na área rural em discordância com o Código Florestal, bem
como com a aptidão agrícola das terras e que pode comprometer a
conservação e uso sustentável dos recursos naturais, particularmente
nas áreas das microbacias prioritárias para a conservação e formação
de Corredores da Biodiversidade no Estado do Paraná, conforme
Decreto Estadual n° 3.320, de 12/07/2004.
A combinação digital dos mapas de classe de paisagem com
o mapa de uso do solo permitiu elaborar o mapa de conflitos e de
proposições.
O mapa de conflitos do uso do solo possibilita a visualização
espacial do uso e ocupação das áreas e, ao mesmo tempo, facilita a
geração de proposições para solução destes conflitos.
113
O mapa de conflito identifica áreas com ocupação inadequada na
microbacia, como por exemplo, a falta de mata ciliar nas margens dos
rios e nascentes, devido à utilização com agricultura, pastagem ou
cultivo florestal com espécies exóticas. Ainda verificam-se conflitos em
áreas exploradas com culturas anuais, inaptas para este tipo de cultivo.
O mapa de conflito é composto pelas seguintes classes: agricultura
anual em APP, agricultura perene em APP, pastagens e campos em
APP, cultivo florestal em APP, cultura anual em área inapta para ciclo
curto, cultura anual em área inapta para mecanização, cultura inapta
para ciclo longo, pastagens e campos em área de cultivo florestal e
áreas sem conflito de uso.

3.8 Proposição

Por último, com base nos conflitos mapeados, foram definidas


as proposições para adequação do uso da terra gerando o mapa de
proposições.
O mapa de proposição apresenta alternativas para solução dos
conflitos, sendo composto pelas seguintes proposições: converter
agricultura anual em floresta, converter agricultura perene em floresta,
converter pastagens e campos em floresta, converter cultivo florestal em
floresta, converter o uso atual em silvipastoril ou sistema agroflorestal,
evitar preparo do solo com uso de mecanização, converter o uso para
pastagem, converter uso em cultivo florestal e manter uso com manejo
adequado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado do trabalho foi organizado por corredor de biodiver-


sidade, com subdivisão por região administrativa do Instituto Emater,
município e microbacia para toda área de abrangência do Programa
Paraná Biodiversidade. E neste trabalho como frisado anteriormente
são apresentados os resultados e ilustrações do Corredor Caiuá-Ilha
Grande, região de Paranavaí e ilustrações com mapas do município de
Diamante do Norte, Guairaçá, Itaúna do Sul, Loanda, Marilena, Nova
Londrina, Paranavaí, Porto Rico, Querência do Norte, Santa Cruz do
Monte Castelo, Santa Isabel do Ivaí, São Pedro do Paraná e Terra
Rica.
114
2 Classes de Declividade

A drenagem do Corredor Caiuá-Ilha Grande, região de Paranavaí,


faz parte da Bacia do Paraná que por sua vez compõe a bacia hidrográfica
do Rio da Prata. A baixa declividade predominante no relevo apresenta
76,9% da área com variação entre 0 a 8%, e quando se amplia esta
faixa para 0 a 15% contempla-se 95,0% da área. Esta configuração do
relevo permite que as águas corram com facilidade, esculpindo assim
longos rios retilíneos, em algumas áreas sem afluentes.
Os vales apresentam vertentes alongadas, confundindo-se com os
topos achatados com declividade no intervalo de 0 a 3%.
Declividades com mais de 100% quase não são observadas nesta
região. No município de Terra Rica está concentrada a maior área de
altas declividades, ocupando aproximadamente 6 ha. Poucos morros
são vistos nesta região. São os morros testemunhos, elevações que se
destacam em uma região de relevo aplainado devido à maior resistência
das rochas que não sofreram o processo de intemperização. Estes
morros são constituídos por rochas que resistiram na paisagem.
No sul do município de Querência do Norte estão localizadas as
terras mais planas desta região. É uma área de várzea situada nas
margens do Rio Paraná, divisa com Mato Grosso do Sul. A classe
de declividade de 0 a 3% é predominante, e ocupa mais de 60% do
município de Querência do Norte.
Existe um padrão homogêneo quanto à declividade das bacias,
com exceção do município de Querência do Norte, que apresenta maior
área no relevo no intervalo de declividade de 8 a 15%, seguido de uma
área de quase 10 ha na declividade de 25 a 45%. De um modo geral,
todos os municípios apresentam maior área de declividade no intervalo
3 a 8%, como mostra a Figura 3, seguido da declividade 0 a 3%. Além
de Querência do Norte, que sai deste padrão, os municípios de Santa
Cruz do Monte Castelo e Santa Izabel do Ivaí apresentam maiores
áreas na declividade 0 a 3%, distinguindo-se da predominância de 8 a
15% da região de Paranavaí.

115
FIGURA 3 - CLASSES DE DECLIVIDADE DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA
GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍ
Fonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

4.1.3 Classes de Paisagem

A classe de paisagem “indicada para preservação permanente”


identifica áreas nas quais a cobertura vegetal nativa deve ser pre-
servada, e representa 3,7% da área total. Estas áreas apresentam
critérios específicos e foram definidas por lei como áreas de interesse
ecológico com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas (Resolução do CONAMA 303/2002) (BRASIL, 2002). Esta
classe é encontrada nas margens de rios (mata ciliar), entorno de
nascentes, encostas íngremes e topos de morros.
A classe de paisagem “indicada para exploração florestal” repre-
senta 0,1% da área total e está situada em áreas de relevo íngreme
ou solo empobrecido, embora possa ser realizada em locais indicados
para atividades agropecuárias, como cultivos e pastagens. Esta classe
visa proteger e recuperar o solo de processos erosivos.
116
A classe de paisagem “inapta para cultivo de ciclo curto” é composta
por áreas frágeis e representa 6,2% da área total, na qual existe um
processo relativamente acelerado de acomodação da terra caso haja
uma constante mudança da cobertura do solo. Este tipo de paisagem
deve ser protegido se outros tipos de uso da terra, que não de ciclo
curto, for adotado.
A classe de paisagem “inapta para cultivo de ciclo longo e
silvicultura” representa 0,7% da área total e indica as áreas nas quais
o cultivo de ciclo longo e plantio florestal para exploração não devem
ser utilizados. Elas são aptas para cultivo de ciclo curto por estarem
localizadas em relevo plano com solos bem desenvolvidos, de um
modo geral. O rotineiro manejo de solos necessário para cultura de
ciclo curto não afeta estas áreas, permitindo que a produção agrícola
ocorra sem causar danos ao ambiente natural.
A classe de paisagem “área urbanizada/benfeitorias” foi identificada
como áreas nas quais predominam um agrupamento de edificações
com arruamento e representa 0,6% da área total. Com intenso uso e
ocupação do solo, elas modificaram o ambiente natural transformando
a região em uma paisagem antropizada. As edificações avulsas, como
silos, paiol ou casa de agricultor, foram mapeadas nesta classe por
tratar de paisagem antropizada, que é o ambiente natural modificado
pelo homem.
A classe de paisagem “inapta para mecanização” é constituída
pelas áreas de solos rasos. Estas áreas geralmente apresentam um
solo pedregoso muito próximo ao subestrato rochoso e quase não são
observadas nesta região. São áreas típicas de topo de morro, encostas
íngremes ou solos formados sobre uma rocha resistente na qual o
processo de intemperismo da rocha ainda é recente.
A classe de paisagem “disponível para cultivo sob manejo
adequado” é a principal classe com 88,2% da área total, caracterizado
por uma classe em que os cultivos devem ser realizados obedecendo
as indicações de manejo para aquela área a exemplo dos sistemas
integrados lavoura-pecuária e florestas em suas diversas modalidades.
A princípio, esta classe não oferece maiores riscos de uso do solo,
desde que sejam respeitadas as limitações de uso e adotadas as
medidas necessárias para manter o equilíbrio natural da paisagem.

117
FIGURA 4 - CLASSES DE PAISAGEM DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA
GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍ
Fonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

4.1.4 Uso Atual do Solo

Observando o uso e ocupação do solo, em relação à área estudada,


verifica-se que predomina o uso com pastagens em 276.077,30
ha (63,2% da área estudada), seguido de agricultura anual com
104.149,64 ha (23,8%), ocupação com florestas em diversos estágios
em 34.899,38 ha (8%), vegetação de várzea em 14.416,47 ha (3,3%),
área urbanizada/benfetorias em 2.481,67 ha (0,6%), corpos d’água
em 2.138,10 ha (0,5%), uso com agricultura perene em 1.590,99 ha
(0,4%), cultivo florestal em 1.023,54 ha (0,2%) e em percentuais pouco
significativos solo exposto em 58,56 ha e área de mineração em 12,89
ha. O conjunto totaliza 436.848,53 ha, ou 100% da área estudada.
Saliente-se que os dados de uso com pastagens e agricultura
anual são bastante dinâmicos em função, principalmente, da reforma
do pasto no período em que as áreas são usadas, temporariamente,
com lavoura, em especial de milho e mandioca.
118
Excetuando-se casos particulares de modernização em função
do cultivo da cana-de-açúcar e de grãos sob plantio direto, hoje
predominam na região os sistemas com manejo tradicional que
têm na pecuária o principal componente, completado com lavouras
temporárias principalmente desenvolvidas por ocasião da reforma do
pasto. No geral, são de baixo rendimento (produção em torno de 4
arrobas de carne/ha/ano e lotação menor que 1,2 unidades animal/ha).
Contrariamente à trajetória para a sustentabilidade, inúmeras
áreas apresentam produtividade decrescente na medida em que a
fertilidade decai com o esgotamento da matéria orgânica, tudo em
função do manejo inadequado do solo, da erosão e, principalmente,
por degradação de áreas frágeis dos ambientes de cabeceiras e ao
longo de córregos e rios com formação de solos de estrutura fraca
como os latossolos arenosos, os solos quartzarênicos e os argissolos
ocorrentes naquele ambiente.
Mesmo nos casos de sistemas mais produtivos não é prevista
a conservação da biodiversidade como fator de sustentabilidade.
Quando bem planejados apenas contemplam a manutenção das áreas
de preservação permanente como disponíveis para a conservação
ambiental. Entretanto, mesmo que despretensiosamente, a maioria
acaba contribuindo para a desejada formação de conectividades
internas do corredor da Rede da Biodiversidade da região.

4.1.5 Conflito de Uso do Solo

A Mesorregião Noroeste, onde estão situadas as microbacias


estudadas, é a mais antropizada e ambientalmente degradada do
Paraná. Apresenta cobertura florestal nativa praticamente exaurida,
solos fortemente erodidos e cursos d’água assoreados. Esta situação
decorre do desmatamento indiscriminado e posterior uso inadequado
dos solos.
Considerando o exposto, não seria exagero dizer que, no geral,
a forma do uso e manejo das terras da referida Mesorregião estaria
em conflito com os princípios mais moderno para uma agricultura
sustentável. Entretanto, com este trabalho procurou-se localizar e
dimensionar de forma particularizada parte das situações de conflitos
do uso das terras na área estudada, o qual mostra serem necessários
estudos mais detalhados para melhor avaliação deste quadro geral.
119
FIGURA 5 - USO ATUAL DO SOLO DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA GRANDE,
REGIÃO DE PARANAVAÍ
Fonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

Para a verificação da existência de conflito com o Código Florestal


foram utilizados parâmetros desse mesmo código, Brasil (1965),
referentes às áreas de preservação permanente para matas ciliares,
pendentes acentuadas e topo de morro.
Quanto à verificação de conflito com a aptidão agrícola das terras,
usou-se um comparativo do uso atual do solo com a aptidão agrícola
da paisagem, definida por um sistema de classificação interpretativo
com suporte na ecologia da paisagem e na Aptidão Agrícola das Terras
do Paraná (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1981). Para outras
informações que disciplinam o uso do solo sugere-se o Planejamento
Conservacionista previsto no Decreto Estadual n° 6.120.
Em relação à área estudada verifica-se que predomina o conflito
cultura anual em área inapta para ciclo curto em 5.156,53 ha (1,2%
da área total estudada), seguido de pastagens em APP com 4.423,30
ha (1,0%), agricultura anual em APP com 1.546,04 ha (0,4%), e em
percentuais pouco significativos verifica-se: cultivo florestal em APP
120
FIGURA 6 - CONFLITO DE USO DO SOLO DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA
GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍ
Fonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

com 47,85 ha, Agricultura perene em APP com 7,75 ha e Cultura anual
em área inapta para mecanização em apenas 3,10 ha.
Em relação à Reserva Legal - RL e Áreas de Preservação Perma-
nente - APP, o Código Florestal estabelece: a necessidade de se man-
ter, a título de reserva legal, vinte por cento da propriedade rural com
área de floresta ou outra forma de vegetação nativa, Brasil (1965) e
considerando a área total estudada e a cobertura florestal existente
nos estágios de desenvolvimento não mais passíveis de corte raso,
existe um passivo ambiental de aproximadamente 58.568,08 ha de
floresta a ser recuperado para a recomposição da Reserva Legal. É
um cálculo estimado a ser confirmado com o planejamento individual
das propriedades, objetivo não previsto neste trabalho. Providenciado
o planejamento das propriedades, diferença significativa pode ser
encontrada visto que a lei permite ao órgão ambiental autorizar, em
alguns casos, Brasil (1965), a inclusão da APP no cômputo da Reserva
Legal e, ainda, pode vir a ser computado como Reserva Legal parte da
121
área com vegetação de várzea. Referente às classes de uso, as áreas
com vegetação de várzea somam 14.416,47 ha, dos quais 3.614,72 ha
constam como APP. Restando 10.801,75 com potencial de sanar parte
do passivo da RL apurado (Tabela 1). Portanto, o passivo florestal da
Reserva Legal - RL na área estudada fica entre 58,60 mil ha e 47,80
mil ha (54,98% a 67,40% do exigível), enquanto que o passivo da APP
é de 6.503,65 ha (38,40% do exigível), conforme Tabela 2.

Tabela 1 - Dados para estimativa da Reserva Legal

Área de Preservação Permanente - APP e Reserva Legal - RL ÁREA (%)


Reserva Legal exigida em função da legislação (20% da área rural) 86.873,37 100,00
Cobertura florestal existente (fora da APP) 28.305,29 32,60
Reserva Legal faltante (58.568,08) (67,40)
Vegetação de várzea com potencial para Reserva Legal 10.801,75 12,52
Reserva Legal faltante (subtraindo várzea fora de APP) (47.766,33) (54,98)
Fonte: Elaborado pelos autores (2009)

Tabela 2 - Dados da Área de Preservação Permanente - APP

Área de Preservação Permanente - APP e Reserva Legal - RL ÁREA (%)


APP necessária em função da Legislação 16.935,70 100,00
APP existente 10.432,05 61,60
- APP (Existente com Floresta) 6.817,33 40,25
- APP (Esistente com Vegetação de Várzea) 6.503,65 38,40
APP Conflito (Faltante) 6.503,65 38,40
Fonte: Elaborado pelos autores (2009)

A separação dos conflitos por classe de uso da terra se fez pertinente


visto diversas possibilidades de solução, em função da realidade de
cada bacia ou conjunto de bacias. Os conflitos nas áreas com pecuária
têm significado diferente e exigem medidas diferentes das áreas com
agricultura. Da mesma forma, os conflitos em áreas de agricultura
intensivamente mecanizada requerem tratamento diferente daqueles
ocorrentes em áreas de agricultura familiar em sistema de manejo
menos desenvolvido ou menos agressivo ao meio ambiente. De outro
lado, o conjunto de conflitos de uma mesma natureza, constituindo
um passivo para um determinado setor, pode auxiliar no mapeamento
122
de fontes de recursos ou desenvolvimento de oportunidades como as
apontadas no item sobre proposições.
É importante salientar que, em função da escala, este estudo
não é suficiente para o dimensionamento dos passivos ambientais
individualizados por propriedade, nem aponta passivos decorrentes de
empreendimentos que não sejam rurais, a exemplo de hidroelétricas,
processos industriais, loteamentos urbanos, dentre outros. Entretanto,
traz informação do conjunto das microbacias que pode servir de
apoio ao planejamento de ações para a formação dos corredores
da biodiversidade e adequação de uso dos solos para minimizar as
ameaças aos últimos remanescentes do ambientes naturais da região.

4.1.6 Proposição

A solução dos conflitos de uso das terras e dos passivos diag-


nosticados nas microbacias estudadas exige estratégias diversas em
função dos interesses envolvidos e dos modelos de agricultura pelos
quais os mesmos evoluíram.
Até meados da revolução verde, aplicada em países em desen-
volvimento, a agricultura tradicional contemplava a derrubada da mata,
muito incentivada para abertura de fronteiras agrícolas; contemplava
a destoca e uso do fogo para limpeza do terreno, visando melhor
desempenho das operações de preparo do solo, tratos culturais e
colheita. Mais recentemente, o uso da mecanização, principalmente
uso do arado e das grades no preparo do solo, fazia parte dos pacotes
tecnológicos.
Hoje, o uso intensivo de insumos industrializados é tido como
indispensável para a manutenção dos níveis de produtividade já alcan-
çados e necessários ao equilíbrio econômico das atividades agrícolas
e fornecedores.
Indistintamente, todas essas práticas dos tempos passados e as
mais recentes, muito incentivadas por governos, instituições de ensino
e pesquisa e outros setores da economia, contribuíram para a geração
dos conflitos de uso do solo e de passivos ambientais a serem sanados.
Por tudo são conflitos e passivos de solução complexa, visto a
necessidade de se reverter um processo fortemente estabelecido de se
fazer agricultura. Aumentando a complexidade, tem-se uma realidade
123
que se apresenta dinâmica, a começar pela legislação ambiental vi-
gente, teoricamente reconhecida como avançada, porém de pratici-
dade, por muitos, questionável. Por isso mesmo essa legislação tem
sofrido mudanças muito frequentes ao longo do tempo, o que tende a
deixar todos no aguardo e protelando decisões frente a tais passivos.
Como exemplos têm-se as últimas discussões no Estado sobre a
recuperação da Reserva Legal e, no âmbito federal, as propostas de
mudanças do Código Florestal Brasileiro. Tem-se notícia de que há pelo
menos uma dúzia de projetos de lei relacionados à questão ambiental
em tramitação no Congresso Nacional (BOURSCHEIT, 2008).
Cientes da possível necessidade de complementação e revisão em
função da dinâmica do ambiente, listam-se neste trabalho um conjunto
de proposições com potencial de atender aos diversos interesses e,
portanto, capazes de avanço na solução de tais conflitos. As mais
promissoras são as que recomendam a inserção do componente
florestal nos sistemas de produção. Colaboram com esta afirmativa os
trabalhos apresentados por diversos autores no Encontro Nacional de
Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP, 2008) e o Projeto de Implantação
e Manejo de Florestas em Pequena Propriedade no noroeste do
Estado do Paraná, Schaitza (2008), que se mostra positivo para o meio
ambiente inclusive global pela fixação do carbono, por exemplo.
As principais proposições passam pelas seguintes recomendações,
em função da natureza do conflito observado:
i) APP com conflito de uso, porem com potencial de regeneração:
isolar a área, visando regeneração natural da cobertura florestal nativa.
ii) APP com conflito de uso e sem potencial de regeneração: isolar
a área e efetivar o reflorestamento com espécies nativas locais.
iii) Áreas com vegetação nativa excedente da APP: manter o
fragmento florestal para servir de trampolim ecológico em linha de
conectividade com outros fragmentos. Juntamente a estas áreas e
sempre que possível, deve-se projetar a recuperação do passivo
referente às áreas destinadas à formação de reserva legal na região.
Verificar possibilidade de uso econômico com manejo sustentado, e/ou
formação de Reserva Legal em condomínio administrada sob regime
de Servidão Florestal, instituto que permite ao proprietário de um
imóvel rural abrigar reserva legal de imóvel rural de terceiro.
iv) Área com uso em conflitos com o potencial das terras: converter
o uso atual para sistemas mais apropriados. Orientações para terras
124
de baixa aptidão podem ser encontradas na Circular Técnica n° 108 do
Iapar (CASTRO FILHO, 1999).
v) Área sem conflito, porém com potencial de melhorias do sistema
bem como no manejo das terras: informações para suporte técnico
a sistemas sustentáveis são disponibilizadas por diversos autores
tratando de proposição para implementação de sistemas que integram
lavoura, pecuária e floresta em Sistema de Plantio Direto na Palha -
SPDP (FEBRAPDP, 2008).
vi) Decorrente da legislação ambiental, toda conversão do uso das
áreas de APP em floresta deve ser realizada com espécies nativas.

FIGURA 7 - PROPOSIÇÃO DE USO DO SOLO DO CORREDOR CAIUÁ-


ILHA GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍ
Fonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

A área estudada mostra a predominância da proposição para se


manter o uso atual das terras com manejo adequado em 420.885,34
ha (96,3% da área estuda), seguido das proposições: converter o
uso em silvipastoril ou sistema agroflorestal em 5.156,53 ha (1,2%);
converter pastagens e campos em floresta com 4.423,30 ha (1,0%);
125
converter agricultura anual em floresta com 1.546,04 ha (0,4%) e, em
percentuais pouco significativos, converter cultivo florestal em floresta
em 47,85 ha, converter agricultura perene em floresta em 7,75 ha e
evitar preparo do solo com uso de mecanização em 3,10 ha.
Portanto, o grande desafio é a mudança no manejo das terras
que deve passar por melhor combinação de práticas e atividades que
possam conciliar produção e uso mais racional do meio ambiente
incluindo, recuperando e mantendo a Reserva Legal como estratégia
de sustentabilidade em torno de 58,57 a 44,15 mil ha.
As proposições serão mais facilmente adotadas na medida em que
os diversos interessados tomem conhecimento e possam dimensionar
as relações de suas causas e efeitos. Para tanto, o trabalho da Exten-
são Rural deve continuar ajustando, atualizando e difundindo as mais
promissoras junto aos produtores rurais e suas lideranças.
O passo seguinte a este trabalho deve ser a programação das
ações com a participação do público nas microbacias e propriedades,
promovendo-se revisões e detalhamentos necessários. Nesta oportuni-
dade, a alocação da Reserva Legal deve receber prioridade a ser
discutida com o órgão ambiental a quem cabe a responsabilidade de
instruir, acompanhar e registrar sua implantação conforme o conjunto
das normas e procedimentos do SISLEG.
Não é demais lembrar que projetos bem dimensionados facilitam a
captação e alocação de recursos, inclusive com apoio governamental.
A exemplo, cita-se o apoio do Projeto Paraná Biodiversidade para 69
projetos de módulos agroecológicos, com adesão de 1.800 produtores,
entre os quais destacam-se os módulos de caráter ambiental para a
recuperação da Reserva Legal e fixação de carbono, e outros que
associam os interesses ambiental e econômico como os de apoio à
implantação de sistema silvipastoril.

CONCLUSÕES

Este trabalho possibilitou a visualização espacial das microbacias


hidrográficas da área estudada do Corredor Caiuá-Ilha Grande, na
região de Paranavaí, permitindo a análise, interpretação e quantificação
de uso e ocupação das terras, apontando propostas para conservação
da biodiversidade e produtividade através de um uso sustentável dos
recursos naturais.
126
Em relação à Área de Preservação Permanente - APP o passivo
ambiental a ser resolvido representa 38,40% da área exigível pelo
Código Florestal Brasileiro (16.935 ha) no Corredor Caiuá-Ilha Grande
na região de Paranavaí. Esta porcentagem representa 6.503,65 ha,
considerando que 10.432,05 ha já constam como APP, com vegetação
nativa em diversos estágios.
Em relação à Reserva Legal - RL, considerando a vegetação
existente, conforme a consideração feita no item “Conflito de Uso do
Solo do resultado regional”, este passivo fica entre 54,98% a 67,40%
da área exigível que é de 86.873,37 ha.
A metodologia desenvolvida para este trabalho, em função
dos resultados obtidos, mostrou-se eficaz para este propósito. O
planejamento de uso da terra utilizado mostrou-se aplicável, rápido,
replicável e economicamente viável por utilizar o sensoriamento remoto
e sistema de informação geográfica. O uso de imagens de satélite
possibilitou o mapeamento de áreas de difícil acesso, racionalizando
tempo nos levantamentos de campo.
O trabalho atende uma escala para o planejamento regional e
ainda apóia o agricultor no planejamento de sua propriedade.
A instrumentalização dos executores dos Centros de Planejamento
de Uso da Terra, através do apoio financeiro do Fundo Mundial do Meio
Ambiente - GEF e Banco Mundial viabilizou a execução do trabalho,
sem os quais não teria sido possível executar este planejamento.

REFERÊNCIAS

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preservação. Em Gestão de amanhã Guia Sustentabilidade Meio
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Getúlio Vargas, v. 27, nº 2. Rio de Janeiro, 1993.

129
130
CAPÍTULO V
GEOPROCESSAMENTO EM APOIO AO
ESTUDO DE SISTEMA DE PRODUÇÃO
NO PROJETO REDES DE REFERÊNCIA
PARA A AGRICULTURA FAMILIAR NO
NOROESTE DO PARANÁ
Belmiro Ruiz Marques 1
Edson Luiz Diogo de Almeida 2

1
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Manejo e Administração de Recursos Naturais,
Instituto Emater, Maringá, Paraná, Brasil - belmiro@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia, Instituto Emater, Maringá, Paraná, Brasil
edsonalmeida@emater.pr.gov.br

131
132
INTRODUÇÃO

A cerca de dez mil anos, o homem deixou de ser extrativista e pas-


sou a produzir seu próprio alimento com o surgimento da agricultura.
Com o passar do tempo, a ciência pode desenvolver ferramentas que
aumentaram a eficiência das operações e a produtividade das lavou-
ras e criações.
Segundo Motta & Watzlawick (2000), a construção de mapas
para representar o espaço geográfico é uma prática tão antiga como
a própria civilização humana. Estudos realizados principalmente por
historiadores e arqueólogos têm descoberto muitos exemplos de ma-
pas que foram deixados por civilizações antigas, como por exemplo o
mapa de Çatal Höyük, considerado o mapa mais antigo já encontrado.
Outros exemplos de mapas antigos são citados na bibliografia histórica
da Cartografia demonstrando que a produção desse tipo de represen-
tação gráfica fazia parte das atividades dos povos desde os tempos
mais remotos.
Nos dias atuais, estamos vivenciando a era do conhecimento, da
modernidade, da tecnologia, falamos em agricultura de precisão, em
geoprocessamento, em planejamento rural. Mas o que é geoprocessa-
mento e qual sua ligação ao planejamento e a agricultura de precisão?
Geoprocessamento é a tecnologia que abrange o conjunto de proce-
dimentos de entrada, manipulação e análise de dados espacialmente
referenciados (MOTTA & WATZLAWICK, 2000)
O Sistema de posicionamento Global (GPS) surgiu em 1960, cria-
do pela marinha e força aérea americana para uso militar e de nave-
gação. Com o lançamento do satélite Sputinik I pelos russos em 1957,
começou a utilização de satélites para o posicionamento geodésico.
Em 1958 os americanos lançaram o satélite Vanguard marcando as-
sim o início do desenvolvimento do sistema Navstar (Navigation Sa-
tellite with Timing and Ranging). A partir de 1967 foi liberado para uso
civil, o sistema denominado Navy Navigation Satellite System (NNSS)
também chamado de Transit, possibilitando através do uso de satélites
obter a posição instantânea, bem como a velocidade e o horário de um
ponto qualquer sobre a superfície terrestre num referencial tridimensio-
nal (LETHAM, 1996).
Desde o lançamento dos primeiros receptores GPS, tem havido
grande avanço na utilização do sistema por sua precisão, rapidez, ver-
satilidade e economia. Considerando suas aplicações, não demorou
133
muito para que seu uso fosse disseminado na agricultura e utilizado
na obtenção de imagens, medição e identificação de áreas, locação de
pontos, confecção de mapas, levantamento de produtividades, agricul-
tura de precisão e outros usos.
Planejar adequadamente uma propriedade rural é uma tarefa im-
prescindível para quem quer usar a terra. Diversas soluções técnicas
existem para que se possa conhecer a propriedade como um todo, a
fim de não tomar decisões inadequadas. O geoprocessamento asso-
ciado a outras técnicas, torna possível a aquisição de mapas temáticos
e a quantificação de áreas. Pode-se, assim, obter dados de áreas de
agricultura, pastagem, campo nativo, reflorestamentos/florestamentos,
florestas nativas, reserva legal, áreas de preservação, afloramentos
rochosos, áreas inundadas, áreas sujeitas a alagamento, açudes, bar-
ragens, áreas erodidas ou em processos de erosão, estradas, divisas
e áreas degradadas, definindo o uso do solo.
Já no ano de 1998, com a implantação do Projeto Redes de Re-
ferência para a Agricultura Familiar (Redes), a pesquisa e a extensão
sentiram a necessidade de algum instrumento que possibilitasse a vi-
são espacial das propriedades, identificando as áreas utilizadas por
cada exploração, de forma a ser um instrumento de apoio ao diagnós-
tico e planejamento das propriedades dos colaboradores de maneira
instantânea. Até este momento, os esforços eram de se ter croqui, em
sua maioria manuscritos, ou feitos no computador, no intuito de se ter
uma visão espacial das explorações da propriedade (Figura 1).

FIGURA 1 - CROQUI MANUSCRITO E EM MICROSOFT EXCEL DE ÁREAS


ACOMPANHADAS
Fonte: Elaborado pelos autores (2006)
134
O georreferenciamento, apesar de ser ferramenta muito difundida
no meio agrícola, só há pouco mais de 15 anos foi introduzido na prá-
tica extensionista como ferramenta de trabalho. Uma ferramenta de
apoio durante as intervenções tornou-se necessária para acompanhar
o desenvolvimento dos sistemas de produção e os resultados obtidos
com o trabalho.
O Projeto Redes de Referência para a Agricultura Familiar (Redes),
pioneiro nesta introdução, foi implantado no Paraná através de uma
experiência francesa do Institut de L’Élevage, tendo como objetivo es-
tudar os sistemas de produção de agricultura familiar. Baseados numa
tipificação regional de propriedades, considerando os principais siste-
mas agrícolas presentes que tenham viabilidade técnica e econômica,
efetua-se um trabalho de seleção de propriedades e produtores que
sejam representativos destes sistemas. Após a seleção, inicia-se um
trabalho de diagnóstico, planejamento e intervenção, numa atuação
conjunta de extensionistas, pesquisadores e produtores, que fazem
ajustes no sistema de produção buscando a melhoria de seus índices
técnicos e econômicos. Quando estas propriedades começam a ex-
pressar o seu máximo potencial, são utilizadas para a difusão/transfe-
rência e criação de referências, de maneira que os ajustes efetuados
possam ser verificados e postos em prática por outros produtores que
representam o mesmo sistema de produção, melhorando seus resulta-
dos e desenvolvendo os sistemas prioritários da região na busca do de-
senvolvimento rural. Resumindo, estas propriedades são basicamente
conjuntos de propriedades representativas de determinado sistema
de produção familiar que, após processo de otimização visando am-
pliação de sua eficiência e sustentabilidade, servem como referência
técnica e econômica para as outras unidades por elas representadas.

Como principais objetivos tem-se:

- Disponibilizar informações e propor métodos para orientar os agri-


cultores na gestão da propriedade agrícola;
- Levantar demandas de pesquisa a partir de diagnósticos e acom-
panhamento nas propriedades integrantes das redes;
- Ofertar tecnologias e/ou atividades que ampliem a eficiência dos
sistemas de produção;
- Realizar testes, ajustes e validação de tecnologias;
135
- Servir como polo de difusão e capacitação de técnicos e agriculto-
res.
- Propor políticas públicas que beneficiem estes sistemas e suas fa-
mílias.

A estratégia de trabalho do Projeto Redes, pode ser resumida na


Figura 2.

FIGURA 2 - METODOLOGIA DE TRABALHO EM PROPRIEDADES DE


REFERÊNCIA
Fonte: Projeto Redes (2008)

Foi através desta necessidade que houve a introdução do geor-


referenciamento no momento do diagnóstico, possibilitando maior co-
nhecimento destas áreas em tempo real, verificando a sua dimensão,
discutindo com a família através do mapa georreferenciado o planeja-
mento das intervenções dentro da propriedade, e fazendo o controle
e checagem do que foi trabalhado para obter uma melhor leitura da
realidade destas propriedades. Conhecer a propriedade é fundamental
para melhor aproveitamento da terra e bom gerenciamento dos recur-
sos produtivos.
O trabalho foi importante também para apresentar a propriedade
136
do produtor colaborador e os resultados obtidos a outros produtores
nos momentos de difusão e transferência de tecnologia. Sendo assim,
o objetivo deste trabalho é apresentar a utilização e os resultados ob-
tidos com o georreferenciamento no acompanhamento e intervenção
em sistemas de produção de agricultura familiar assistidos pela exten-
são rural do Paraná, em especial na região noroeste do Paraná, que
compreende 5 regiões: Campo Mourão, Cianorte, Maringá, Paranavaí
e Umuarama.

MATERIAL E MÉTODOS

Definida a necessidade de se ter um mapa georreferenciado das


propriedades acompanhadas no Projeto das Redes, passou-se a se-
lecionar ferramentas e métodos necessários para a realização dos le-
vantamentos a campo.
A organização do Projeto Redes no noroeste do Paraná era com-
posta por um coordenador macrorregional, que tinha entre outras fun-
ções o acompanhamento dos trabalhos realizados pelos executores
presentes nas 5 regiões abrangentes no projeto.
Inicialmente diagnosticou-se que a grande maioria dos técnicos do
Instituto Emater envolvidos no projeto, não tinha conhecimento para
uso do GPS de navegação que seria utilizado nos levantamentos ne-
cessários.
Assim, passou-se a realizar treinamentos para utilização dos GPS,
bem como da metodologia de caminhamento na área, visando concluir os
diagnósticos necessários. Os técnicos prioritários para receber o treina-
mento eram aqueles envolvidos diretamente no Projeto das Redes de
Referência, no entanto, outros extensionistas também foram treinados,
pois outras atividades desenvolvidas pela extensão, como levantamen-
tos para quantificação de perdas no seguro agrícola e outros projetos
técnicos, também tinham a mesma necessidade (Figuras 3 e 4).
Os treinamentos abordavam aspectos conceituais do uso do GPS
de navegação, lembrando que o objetivo maior previsto se constituía
na distribuição espacial das explorações das propriedades e cálculos
de áreas para fins de planejamento. Como apoio nos treinamentos foi
utilizada a apostila “Guia de Utilização do GPS Etrex, GPS TrackMaker
pro, aplicado à Emater”. Utilizou-se ainda GPS de navegação de vá-
rios modelos, principalmente GARMIN GPS 86 CX, GARMIN Etrex, e
Garmin GPS 48.
137
No GPS, optou-se pela marcação de pontos, ao invés de trajetos,
pois no trabalho de campo traz maiores possibilidades de controle no
método, acompanhado de croqui manuscrito para identificação de pon-
tos estratégicos.
Os pontos armazenados no GPS foram descarregados nos
computadores pessoais, utilizando-se programas compatíveis, como o
TrackMaker e o MapSource.
Para elaboração dos mapas das propriedades utilizou-se os
softwares TrackMaKer pro e Arcview GIS 3.2 (Figuras 5 e 6).

FIGURAS 3 e 4 - MOMENTO PRÁTICO EM CAPACITAÇÕES DE TÉCNICOS


DA EXTENSÃO
Fonte: Instituto Emater - Belmiro Ruiz Marques (2006)

FIGURAS 5 e 6 - TÉCNICOS EM TREINAMENTO


Fonte: Instituto Emater - Belmiro Ruiz Marques (2006)

138
A impressão dos mapas foi realizada em impressoras jato de tinta
colorida, para uso diário dos extensionistas e também em impressoras
profissionais com figuras em tamanhos maiores, para uso em metodo-
logias extensionistas de difusão grupal (Figuras 7 e 8).

FIGURAS 7 e 8 - MAPAS UTILIZADOS EM MOMENTOS DE DIFUSÃO


Fonte: Instituto Emater - Belmiro Ruiz Marques (2005)

RESULTADO E DISCUSSÃO

O georrefenciamento aos poucos foi ganhando a atenção dos pro-


dutores, extensionistas e pesquisadores como ferramenta importante
na efetivação do trabalho. Assim, o interesse cresceu e a demanda de
capacitação para o trabalho com esta ferramenta também. Há mais de
dez anos temos utilizado e capacitado outros técnicos para o uso desta
ferramenta. Alguns técnicos se especializaram em geoprocessamento
e estes, por sua vez, têm treinado os técnicos de campo no uso destas
ferramentas e seus recursos. Com isto houve também a qualificação
do profissional e do serviço prestado aos produtores colaboradores de
grupos assistidos.
O uso do GPS possibilita uma visão sistêmica e instantânea das
áreas, seus recursos e suas produtividades, permite ainda ao exten-
sionista, quando do caminhamento para o mapeamento, conhecer
melhor as potencialidades e restrições das propriedades, identificando
problemas prioritários a serem atacados no desenvolvimento do traba-
lho que ocorre após o diagnóstico e o planejamento. Após a obtenção
de alguns pontos georreferenciados a propriedade passa a ser facil-
mente identificada por todos através de suas coordenadas. Durante
o diagnóstico o caminhamento para a obtenção dos pontos que serão
139
necessários à elaboração do mapa da propriedade é obrigatório, assim
possibilita ao técnico e mesmo ao produtor que participa do caminha-
mento, identificar pontos críticos e potenciais da propriedade que até
então não tinham sido identificados (Figuras 9 e 10).

FIGURAS 9 e 10 - TRABALHO DE GEORREFERENCIAMENTO


Fontes: Instituto Emater - Foto 9: Edson L. Diogo de Almeida (2007) Foto 10:
Belmiro Ruiz Marques (2006)

Após a obtenção dos pontos, elabora-se o mapa da propriedade,


ou mesmo a identificação desta utilizando as imagens do Google Earth
(Figura 11).

FIGURA 11 - IMAGEM DE PROPRIEDADE RETIRADA DO GOOGLE EARTH


Fonte: Google Earth (2014), trabalhado pelos autores (2014)

Devido à importância dessa ferramenta para o diagnóstico e plane-


jamento das propriedades trabalhadas no Projeto Redes, foi definido
140
que obrigatoriamente todas as propriedades componentes do projeto
deveriam ter suas áreas mapeadas dentro dessa metodologia. Ao todo
foram levantadas mais de 80 propriedades participantes. Como exem-
plo e visando a organização dos trabalhos realizados, os mapas foram
catalogados e apostilados para serem facilmente acessados pelos pro-
fissionais participantes do projeto (Figura 12).

FIGURA 12 - CAPA DA APOSTILA CRIADA PELO PROJETO REDES


Fonte: Projeto Redes - Belmiro Ruiz Marques (2005)

Para aqueles técnicos com menor habilidade, a simples possibili-


dade de levantar os pontos a campo, fazer as medições das áreas in
loco e obter uma imagem aérea da propriedade, já possibilitava um
grande avanço no trabalho, com enorme economia de tempo, ofere-
cendo resultados instantâneos e eficazes aos produtores, qualificando
o trabalho da extensão. Para os extensionistas que apresentavam uma
maior habilidade com a informática, foram efetuadas capacitações que
permitiram através do uso de softwares apropriados a elaboração dos
mapas das propriedades, mostrando a situação atual e servindo de
instrumento para a discussão do planejamento com a família colabo-
radora. Este material elaborado serve até hoje de registro da situação
inicial do trabalho (marco zero), sendo essencial na hora da transfe-
rência/difusão, pois, possibilita mostrar também a evolução ocorrida
141
na propriedade com as intervenções e o desenvolvimento do trabalho
(Figuras 13 e 14).

FIGURAS 13 e 14 - MAPAS UTILIZADOS NOS EVENTOS MOSTRANDO A


MUDANÇA OCORRIDA NO SISTEMA DE PRODUÇÃO
Fonte: Elaboradas pelos autores (2006)

Na região Noroeste o geoprocessamento se desenvolveu princi-


palmente no ambiente de trabalho do Projeto Redes de Referência
para a Agricultura Familiar. Estas ferramentas foram amplamente utili-
zadas nas propriedades-referências acompanhadas por extensionistas
pesquisadores e produtores colaboradores, para os quais a visão do
sistema de produção é essencial para o desenvolvimento do trabalho.
Mas no ambiente da extensão também houve uma grande utiliza-
ção por técnicos em momentos de perícias de Proagro, elaboração de
quadros naturais para fins de assentamentos (Incra), crédito fundiário
(Banco da Terra), crédito rural, Programa de Uso e Manejo de Solos e
Águas em Microbacias Hidrográficas (Figuras 15 e 16).

FIGURAS 15 e 16 - PROJETO DE ASSENTAMENTO E CRÉDITO FUNDIÁRIO


LEVANTAMENTO DE CAMPO
Fonte: Instituto Emater - Belmiro Ruiz Marques (2007 e 2008)
142
Desta forma o georreferenciamento é uma ótima ferramenta para
levantar, registrar, medir, identificar, aprimorar e qualificar o trabalho da
extensão junto a seus produtores assistidos. É também ferramenta es-
sencial para registrar e apresentar o trabalho da extensão à sociedade
e seus mantenedores. Além disso, é um importante instrumento para o
registro da história do trabalho da Extensão Rural do Paraná.

CONCLUSÃO

Atualmente o georreferenciamento está incorporado ao trabalho de


extensão, sendo instrumento primordial de atuação do extensionista
junto a seu público assistido.

AGRADECIMENTOS

Aos técnicos da extensão que ajudaram a construir esta história:


Claudinei Antonio Minchio, Gilmar Antonio Pauly, Eduardo Agostinho
dos Santos, Joaquim Rocha Martins, José Francisco Lopes Junior,
Marcos Henrique da Silva, Rodolfo Mayer, entre outros

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LETHAM, L. GPS Made easy: using global positioning systems in


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MOTTA, J.L.G. e WATZLAWICK, L.F. A Importância do geoproces-
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planejamento-rural/>. Acesso em: 12/05/2014.

143
144
CAPÍTULO VI
PLANO DE RECUPERAÇÃO DO
ASSENTAMENTO
CONTESTADO: LAPA - PR
Paulo Augusto de Andrade Lima1 Emerson Pedro Baduy8
Adelson Raimundo Angelo2 Leila Aubrift Klenk9
3
Milton Satoshi Matsushita Michele Cristina Lang10
Oromar João Bertol4 Jonas Daniel Ribas da Cruz11
Paulo Roberto Fiorillo5 Viviana dos Santos12
6
Lucio Tadeu Araujo Luiz Antonio Caldani13
José Américo Righetto7

1
Engenheiro Florestal, Especialista em Administração Pública, Instituto Emater, Curitiba,
Paraná, Brasil - pauloaugusto@emater.pr.gov.br
2
Geógrafo, Especialista em Gestão de Recursos Hídricos, Instituto Emater, Curitiba,
Paraná, Brasil - adelsonangelo@emater.pr.gov.br
CONTINUA

145
3
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br
4
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Conservação da Natureza, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - oromar@emater.pr.gov.br
5
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão de Recursos Naturais, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - paulofiorillo@emater.pr.gov.br
6
Engenheiro Agrônomo, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil
lucio@emater.pr.gov.br
7
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Comercialização de Hortigranjeiros, Instituto
Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - righetto@emater.pr.gov.br
8
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Administração Pública, Instituto Emater, Balsa
Nova, Paraná, Brasil - baduy@emater.pr.gov.br
9
Engenheira Agrônoma, Mestre em Ciência do Solo, Instituto Emater, Lapa, Paraná,
Brasil - leilaklenk@emater.pr.gov.br
10
Engenheira Agrônoma, Especialista em Agronegócio com ênfase em Mercados,
Fundação Terra, Lapa, Paraná, Brasil - michelelang@ig.com.br
11
Técnico Agrícola, Instituto Emater, Rio Negro, Paraná, Brasil
jonasdaniel@emater.pr.gov.br
12
Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia, Fundação Terra, Lapa, Paraná, Brasil
vivi_anasantos@hotmail.com
13
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Fertilidade e Manejo de Solos, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - caldani@emater.pr.gov.br

146
INTRODUÇÃO

Este Plano de Recuperação de Assentamento - PRA, montado du-


rante o ano de 2011, destinava-se a orientar e especificar as ações que
deviam ser planejadas, projetadas e realizadas no Projeto de Assen-
tamento (PA) Contestado, e que permitiria novos usos de áreas cujas
características originais sofreram alterações.
O assentamento Contestado está situado no município da Lapa na
região metropolitana de Curitiba, distante a 77 km de Curitiba via BR
476 e 61 km via Balsa Nova.
O presente Plano de Recuperação de Assentamento é constituído
de 13 programas que visam proporcionar as ações de desenvolvimen-
to social, econômico e ambiental, avaliar o desenvolvimento das ações
existentes e planejar outras ações visando a recuperação ambiental,
econômica, produtiva e social e a consolidação do assentamento.
O plano será implantado no período de 20 anos, sendo que nos
cinco primeiros anos, após decisão judicial que libere a eliminação dos
Pinus ssp, as ações priorizadas são aquelas que visam a recuperação
da mata ciliar localizada ao longo dos corpos d’água, que constituem
a rede hidrográfica da área do assentamento (APP) e as Áreas de
Reserva Legal (ARL). Também, este período inicial será dedicado à
elaboração e implementação de programas e projetos específicos às
ações produtivas e socioeconômicas.
O Plano de Recuperação do Assentamento foi elaborado obede-
cendo à legislação ambiental, em vigor na época de sua elaboração,
em especial a Resolução CONAMA N.º 387 de 27 de dezembro de
2006 (BRASIL, 2006), que estabelece os procedimentos para o licen-
ciamento ambiental de Projetos de Assentamentos da Reforma Agrária
e para a inclusão deste PA no Sistema de Manutenção, Recuperação
e Proteção da Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente -
SISLEG, e a solicitação da Licença de Instalação e Operação - LIO
do Assentamento e, também, ao “Termo de Referência Técnica” que
entre si celebram a Superintendência Regional do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) no Paraná e o Instituto
Ambiental do Paraná (IAP), com o objetivo de definir os procedimentos
147
e os parâmetros exigidos para o cadastro no Sistema de Manutenção,
Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Pre-
servação Permanente (Sisleg) e para o Licenciamento Ambiental dos
Projetos de Assentamentos da Reforma Agrária no Estado do Para-
ná, estabelecendo diretrizes para a elaboração do Plano de Recupe-
ração do Assentamento - PRA, indicado na Resolução CONAMA Nº
387/2006.
O planejamento do trabalho foi definido para garantir seriedade das
ações e fidelidade na observação dos procedimentos contidos na Le-
gislação Ambiental em vigor na época da elaboração do Plano. Mesmo
com alterações fundamentais na Legislação Ambiental hoje em vigor,
permanece a necessidade de recuperar áreas degradadas às margens
e nascentes dos rios, bem como conter/eliminar a invasão do Pinus ssp
em diversos locais do assentamento. Também, a legislação atual não
elimina a necessidade de outras ações de conservação dos recursos
naturais. Os programas elaborados sob esta perspectiva proporcionam
aos assentados uma visão de sustentabilidade ambiental, social e eco-
nômica.

MATERIAIS E MÉTODOS

Na época da implantação do projeto do Assentamento Contesta-


do não foram consideradas as questões ambientais relacionadas ao
sistema produtivo, o que facilitou a degradação do solo e do meio am-
biente, acumulando um grande passivo social, econômico e ambiental
do local.
Para a identificação dos impactos ambientais do projeto do Assen-
tamento Contestado foram utilizadas técnicas de sensoriamento remo-
to, com o uso de imagens por satélites e das observações de campo,
o que possibilitou o estudo temporal e espacial do uso da terra atual e
dos impactos ambientais, analisando a degradação das áreas de ma-
tas nativas e das áreas de proteção ambiental - APP.
A identificação do passivo ambiental fornecerá os elementos ne-
cessários para a elaboração desse Plano de Recuperação de Assenta-
mento, no qual se procurou erradicar e/ou mitigar os problemas e suas
consequências, buscando harmonizar as atividades dos assentados
com o meio ambiente.
148
Equipamentos e softwares de geoprocessamento utilizados para
o desenvolvimento do trabalho

O desenvolvimento do trabalho de geoprocessamento foi realizado


com utilização das ferramentas e softwares abaixo relacionados:
1) Sistema de Posicionamento Global (GPS) de Navegação
O GPS de navegação foi utilizado para localizar nascentes, corpos
d’água, estradas, áreas de sede e demais usos e ocupação do
solo.
2) Software Track Maker Pro 4.4
O software Track Maker Pro 4.4 foi utilizado para descarregar e
converter dados obtidos com GPS de navegação.
3) Planilha eletrônica
A planilha eletrônica foi utilizada para tabular e totalizar informa-
ções geradas nos mapas temáticos.
4) Software SPRING
O software Spring 5.1.8 disponibilizado pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) foi utilizado para gerar os mapas de
classes de declividade.
5) Software Global Mapper 9
O software Global Mapper 9 foi utilizado para registro, ajustes, for-
mação de mosaicos e recortes de imagens.
6) Software ArcGIS Desktop 9.0 e ArcView 3.2
Os softwares ArcGis 9.0 e ArcView 3.2 foram utilizados para com-
binação das informações, análise dos dados e elaboração dos ma-
pas temáticos.
7) Imagens de satélite SPOT 5 e ALOS
A identificação das características do meio físico foram reali-
zadas com apoio de imagens do satélite SPOT 5 (Satellite Pour
l’Observation de la Terre) ortorretificadas, cena 710/401 (30/04/06);
711/401 (28/08/05), composição colorida nas bandas RGB e banda
pancromática com resolução espacial de 5 m, projeção UTM (Uni-
versal Transversa de Mercator), MC (Meridiano Central) 51 Oeste
(fuso 22), Datum Horizontal SAD 69 (South Americam Datum) em
formato tiff. Os trabalhos foram complementados com imagens do
satélite ALOS de 2008 e 2009, composição colorida nas bandas
rgb com resolução espacial de 10 m e banda pancromática com re-
149
solução espacial de 2,5 m, projeção UTM (Universal Transversa de
Mercator), Meridiano Central 51 Oeste (fuso 22), Datum Horizontal
SAD 69 (South Americam Datum) em formato tiff.

Fases do desenvolvimento do trabalho


Fase 1 - Formação da equipe técnica multiprofissional
Para a formação da equipe técnica foi priorizado, entre vários crité-
rios, a formação profissional e a experiência em trabalhos de extensão
rural e trabalhos com assentamentos, composta de profissionais do
quadro próprio do Instituto Emater e da Fundação Terra e constituída
por: 8 engenheiros agrônomos,1 engenheiro florestal, 1 pedagoga, 1
geógrafo e 1 técnico agrícola.
Fase 2 - Capacitação da equipe técnica multiprofissional
A capacitação da equipe técnica foi realizada em duas etapas prin-
cipais:
Primeira etapa: Curitiba, Unidade Estadual do Instituto Emater, no
período de 9 a 13 de maio de 2011 foi realizado um Curso de Capaci-
tação sobre “Uso de GPS e Georreferenciamento para apoio à elabo-
ração de Plano de Recuperação de Assentamentos - PRA” com uso do
Programa Arcview 3.2.
Segunda etapa: Laranjeiras do Sul, Assentamento Oito de Junho,
no período de 23 a 27 de junho de 2011, foi realizado o treinamento
teórico e prático da equipe técnica no “Uso de GPS 76 CX e uso de
software para GPS”.
Nesta etapa da capacitação também participaram servidores do
INCRA e do IAP como instrutores ou para sanarem as dúvidas surgidas
quanto às questões de interpretação da legislação vigente.
Fase 3 - Trabalhos de escritório 01
Após formação e capacitação da equipe técnica de trabalho pro-
cedeu-se o levantamento de material analógico e digital da área do
Assentamento, e levantamento bibliográfico dos estudos realizados na
região.
Fase 4 - Trabalhos e levantamentos de campo
Aplicação de questionário denominado “Diagnóstico do meio so-
150
cioeconômico e cultural para elaboração do PRA”, e levantamento de
dados dos recursos naturais e informações agronômicas para sub-
sidiar na elaboração dos mapas temáticos. Todos lotes individuais e
coletivos foram visitados pela equipe, obtendo-se informações sobre
os sistemas produtivos, vegetação, hidrografia, estradas, construções,
maquinários e aspectos socioeconômicos das famílias.
Fase 5 - Trabalhos de escritório 02
Tabulação dos dados socioeconômicos; pesquisas bibliográficas;
montagem dos mapas temáticos (localização, relevo, mapa de declivi-
dade, solo, classe de capacidade de uso das terras, recursos hídricos,
cobertura vegetal, do uso atual da terra, aptidão agrícola das terras,
dentre outros); descrição dos impactos sociais, econômicos e ambien-
tais; apresentação de medidas mitigadoras para o Assentamento (cro-
nograma de execução físico/financeiro) e redação do texto final.
A metodologia utilizada está baseada em técnicas de geoproces-
samento para produção de mapas temáticos, utilizando-se cartas to-
pográficas, imagens de satélite, mapas de solos, dados bibliográficos,
Sistema de Posicionamento Global (GPS) e levantamento de campo
para o diagnóstico físico e ambiental dos assentamentos.

Desenvolvimento do trabalho
A estrutura do relatório seguiu o formato recomendado pelo Termo
de Referência Técnica assinado entre o Instituto Nacional de Coloni-
zação e Reforma Agrária (INCRA) no Paraná e o Instituto Ambiental
do Paraná (IAP) em 8 de agosto de 2008 para o cadastro no Sistema
de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal
e Áreas de Preservação Permanente (SISLEG), para o licenciamen-
to Ambiental dos Projetos de Assentamentos da Reforma Agrária no
Estado do Paraná e pela Resolução CONAMA 387, com o objetivo de
favorecer a análise das equipes técnicas do INCRA e IAP.
As informações coletadas no campo com uso de GPS de navega-
ção e uso das imagens de satélite, hidrografia, curvas de nível e pontos
cotados serviram de subsídio para verificação dos rios, corpos d’água,
nascentes, estradas, ajustes no mapa de solos, geração do mapa de
ocupação e uso do solo, conflitos e proposições ambientais.
151
A declividade é a inclinação da superfície do terreno em relação
ao plano horizontal, referenciada através de um gradiente de variação
no valor da elevação, que pode ser medido em graus (0 a 90°) ou em
porcentagem (%). Os mapas de classes de declividade foram gerados
com uso do software Spring 5.1.8 disponibilizado pelo Instituto Nacio-
nal de Pesquisas Espaciais (INPE), utilizando dados da carta número
2856-2, contendo a base hidrográfica do Estado do Paraná na escala
de 1:50.000, pontos cotados e curvas de nível com equidistância (dis-
tância vertical entre as curvas de nível) de 20 metros.

Caracterização do projeto de assentamento - PA


a) Geral
Denominação do assentamento: PA - Contestado
Data e nº da Portaria de criação do PA: Portaria 0064 de 29/11/2000
Área medida (INCRA): 3.189,09 ha
Área medida (Instituto Emater): 3.182,38 ha
Nº de família/lotes: 108 (cento e oito)

Quadro 1 - Coordenadas cartográficas dos pontos extremos do assen-


tamento

GEOGRÁFICAS UTM - SAD69 e MC 51 O


PONTOS
Latitude (S) Longitude (O) Longitude (O) Latitude (S)
NORTE - 25º 35’ 55” - 49º 41’ 24” 631.547m 7.168.106m
SUL - 25º 39’ 21” - 49° 41’ 56” 633.292m 7.163.438m
LESTE - 25° 38’ 26” - 49° 40’ 20” 630.599m 7.161.776m
OESTE - 25° 37’ 57” - 49° 44’ 52” 625.710m 7.164.414m

Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

b) Diagnóstico do meio natural da área do assentamento


b.1) Tipo(s) de clima(s) e dados meteorológicos
O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é Cfb, ou
seja, temperatura moderada com chuva bem distribuída e verão bran-
do. O mês mais frio apresenta temperatura média inferior a 18ºC (me-
152
sotérmico), no mês mais quente a temperatura média é inferior a 22ºC,
sem estação seca definida, e a precipitação média anual é de 1400
mm (IAPAR, 2010).
b.2) Geologia da área do assentamento
O Assentamento Contestado situa-se no 2º planalto paranaense
(Planalto de Ponta Grossa) caracterizado por um relevo relativamente
suave, formado por colinas arredondadas e mesetas estruturais escar-
padas. No 2º planalto também são típicas as várias formações arení-
ticas.
O Segundo Planalto Paranaense é constituído por rochas sedimenta-
res de idade Paleozóica e Mesozóica, depositadas entre o Devoniano
e o Jurássico em diversos tipos de ambientes: marinho raso, continen-
tal, fluvial, lacustre (e palustre), glacial e periglacial (BIGARELLA et al.,
1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1) Levantamento e reconhecimento dos solos

Os solos do Assentamento Contestado são formados a partir de


rochas sedimentares.
Unidades agrupadas de Cambissolos
Cambissolos: Solos constituídos por material mineral com horizon-
te B incipiente imediatamente abaixo do horizonte A ou horizonte hísti-
co com espessura inferior a 40 cm.
Cambissolo húmico: É um horizonte mineral superficial de cor es-
cura com valor e croma 4,0 ou menor, saturação de bases (V%) inferior
a 65% e que apresenta espessura e conteúdo de carbono orgânico
inferior ao limite mínimo para caracterizar o horizonte hístico e teor de
carbono orgânico igual ou maior, e proporcional à espessura do hori-
zonte e profundidade do solo.
Cambissolo hístico: É um tipo de horizonte definido pela constitui-
ção orgânica, resultante de acumulações de resíduos vegetais depo-
sitados superficialmente, ainda que, no presente, possa encontrar-se
recoberto por horizontes ou depósitos minerais e mesmo camadas or-
gânicas mais recentes.

153
FIGURA 1 - LEVANTAMENTO E RECONHECIMENTO DOS SOLOS
Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

Tabela 1 - Levantamento e Reconhecimento dos Solos

Tipos de Solos Área (ha)


Cambissolo Háplico 1.312,54
Cambissolo Húmico 1.403,60
Gleissolo Melânico 466,24
Total 3.182,38

Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

2) Hidrografia e recursos hídricos


Na área do Assentamento do Contestado os rios e córregos formam
divisas, não só de grande parte do perímetro, como também entre os
lotes. As estradas seguem pelos divisores de água e os córregos fa-
zem as divisas no interior dos lotes. O volume de água existente é dis-
ponibilizado para irrigação e dessedentação animal, e o abastecimento
doméstico é por uma rede de água a partir de um poço e armazenada
154
em uma caixa d’água elevada que disponibiliza água às residências
por gravidade. O Assentamento está inserido na bacia hidrográfica do
rio Iguaçu, sendo este rio parte da divisa norte do assentamento. A
oeste e a sudeste as águas são drenadas para o rio Corisco que faz a
divisa do Assentamento. A leste e a sudeste, as águas correm para o
rio Capivari, e ambos são afluentes do rio Iguaçu. No interflúvio destes
rios, há outro rio, sem denominação, também afluente do Rio Iguaçu, e
todos são rios e córregos perenes.

FIGURA 2 - PERÍMETRO, LOTES, ESTRADAS E HIDROGRAFIA


Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

São 7 afluentes do Rio Corisco que nascem em sua margem es-


querda e atravessam as áreas de Reserva Legal. São córregos de 1ª,
2ª e 3ª ordens que despejam suas águas diretamente no Rio Corisco e
abrangem uma área de drenagem de 1.187,00 ha havendo um padrão
dendrítico.
As principais nascentes do Rio Capivari encontram-se na área
urbana do município da Lapa. São 9 nascentes e afluentes que se
encontram dentro dos lotes dos assentados, localizadas na margem
155
direta, formado por rios e córregos de 2ª e 3ª ordens com padrão den-
drítico, que drenam uma área 1.247,00 ha.
No interior do assentamento existe um rio, sem denominação, que
despeja suas águas diretamente no Rio Iguaçu. Forma uma pequena
microbacia com 748,00 ha formada por rios e córregos de 2ª e 3ª or-
dens com padrão dendrítico, e abrange os lotes dos assentados.
Existem outros córregos menores, de 1ª e 2ª ordens, que despejam
suas águas diretamente no Rio Iguaçu.
Todos os rios e córregos da área do Assentamento são classifica-
dos como classe 2, de acordo com a portaria SUREHMA nº 20/92.
De acordo com o Atlas de Recursos Hídricos do Estado do Paraná,
editado pela SUDERHSA em 1998 as vazões médias para pequenas
bacias da região são estimadas em 18 l/s/m2 respectivamente, e, de
qualidade aceitável a boa, apesar das atividades agrícolas e urbanas
desenvolvidas em sua bacia.

3) Relevo local - Classes de declividade


Foram gerados dois mapas de declividade com diferentes inter-
valos de classe com maior ou menor nível de detalhamento das in-
formações, adequando aos objetivos dos trabalhos: para geração das
unidades de paisagens foram utilizados os intervalos de 0 a 8, 8 a 20,
20 a 45, 45 a 100 e superior a 100%; e para atender as necessidades
do INCRA foram utilizados os intervalos de 0 a 5, 5 a 10, 10 a 15, 15 a
25, 25 a 47, 47 a 100 e superior a 100%.

Tabela 2 - Classes de declividade

Classe Área (ha)


Plano (000 a 005 %) 1.065,34
Suave ondulado (005 a 010 %) 821,95
Ondulado (010 a 015 %) 694,48
Muito ondulado (015 a 025 %) 492,95
Forte ondulado (025 a 047 %) 103,33
Montanhoso (047 a 100 %) 4,34
Total 3.182,38

Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)


156
FIGURA 3 - MAPA DE DECLIVIDADE
Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

Predominam as classes de relevo de 0 a 5% (plano), seguidas da


classes de relevo de 5 a 10% (suave ondulado) sendo que apenas um
pequeno percentual da área tem declividade acima de 47%.

FIGURA 4 - ASPECTO DO RELEVO LOCAL


Fonte: Acervo Instituto Emater. Autor: Paulo A. A. Lima (2011)

157
4) Uso, ocupação do solo e cobertura vegetal
A descrição da vegetação na área do Assentamento do Contestado
segue a resolução nº 2, de 18/03/1994 do CONAMA (BRASIL, 1994)
que fornece os parâmetros necessários para o enquadramento dos
diversos estágios sucessionais em que se encontram as formas de ve-
getação nativa da área do assentamento, identificadas a partir das visi-
tas em campo com o apoio de imagens do Google Earth, Spot e Alos.

Tabela 3 - Uso e ocupação do solo

Uso e Ocupação do Solo Área (ha)


Agricultura permanente 8,45
Agricultura Temporária 510,56
Pastagem nativa 310,05
Pastagem cultivada 146,52
Floresta nativa estágio inicial 571,46
Floresta nativa estágio médio e
523,37
avançado
Campo nativo 168,32
Corpos d´agua 2,21
Estrada de ferro 10,88
Estradas não pavimentadas 35,83
Reflorestamento misto 21,01
Reflorestamento com exótica 574,89
Edificações (benfeitorias) 3,80
Edificações (residencias) 3,93
Áreas de uso comunitário 9,48
Áreas inaproveitáveis 20,51
Áreas úmidas 74,12
Outras áreas 187,03

Total 3.182,41
Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

158
FIGURA 5 - MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DA TERRA
Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

5) Conflitos e proposições ambientais legais


Os mapas de conflito e proposição foram gerados a partir da com-
binação digital dos mapas de aptidão das terras com o mapa de uso
e ocupação do solo. Os mapas de conflito e proposição possibilitam
a visualização espacial do uso e ocupação das áreas, permitindo a
identificação de conflitos existentes entre o uso atual e a legislação
ambiental vigente e, ao mesmo tempo, facilitam a geração de proposi-
ções para solução destes conflitos.
O mapa de conflito identifica áreas com ocupação inadequada nos
assentamentos como, por exemplo, a falta de reserva legal e mata
ciliar nas margens dos rios e nascentes, devido à utilização com agri-
cultura, pastagem ou cultivo florestal com espécies exóticas. Ainda ve-
rificam-se conflitos em áreas exploradas com culturas anuais, culturas
perenes, pastagens e cultivos florestais em áreas inaptas para este
tipo de cultivo.

159
FIGURA 6 - MAPA DE CONFLITOS AMBIENTAIS LEGAIS
Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

FIGURA 7 - MAPA DE PROPOSIÇÃO PARA SOLUÇÃO DOS CONFLITOS


LEGAIS
Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)
160
Tabela 4 - Resumo das áreas em conflitos com a legislação ambiental
e das áreas a serem recompostas

Resumo Área (ha)


Área total da matrícula 3.228,0000
Área total da levantado 3.182,3805
RL necessário 645,6000

APP Total 517,3813


APP Existente 343,4017
- Floresta nativa estágio médio e avançado 180,8569
- Campo nativo 24,8934
- Floresta nativa estágio inicial 102,3118
- Edificações (residencias) 0,1949
- Edificações com benfeitorias em APP 0,4293
- Estrada de ferro 2,0414
- Estradas não pavimentadas 1,6084
- Áreas inaproveitáveis 1,4003
- Áreas úmidas 13,0760
- Outra áreas 16,5893
APP a restaurar 173,9796
- Agricultura permanente 0,0080
- Reflorestamento com exóticas 91,5506
- Reflorestamento misto 10,3455
- Pastagem nativa 40,0649
- Pastagem cultivada em APP 11,8730
- Agricultura temporária 20,1376

ARL Total 1240,1087


ARL Existente 939,7857
- Floresta nativa estágio médio e avançado 325,5129
- Campo nativo 133,5086
- Floresta nativa estágio inicial 419,7040
- Edificações (residencias) 0,0183
- Estradas não pavimentadas 0,0000
- Áreas úmidas 61,0419
ARL a restaurar 300,3230
- Reflorestamento com exóticas 258,2262
- Pastagem nativa 2,7936
- Pastagem cultivada 2,5897
- Áreas de uso comunitário 0,0405
- Agricultura temporária 16,8628
- Áreas inaproveitáveis 8,1250
- Outra áreas 11,6804
- Edificações benfeitorias 0,0048

Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)


161
6) Problemas de degradação ambiental e suas causas
A área Assentamento do Contestado vem de utilizações anterio-
res, portanto alguns dos impactos ambientais negativos provêm das
atividades anteriores às famílias assentadas. Mas o uso do solo pelas
famílias atuais também trouxe outros impactos ambientais para a área.
a) Poluição: Os principais agentes poluidores contaminam águas e o
solo. O uso de agroquímicos e a ausência de saneamento contaminam
com o despejo de resíduos sólidos e líquidos.
b) Erosão: O uso intensivo e revolvimento dos solos por longos anos
(anterior ao assentamento), a fragilidade natural dos solos e o uso atual
em algumas áreas, levaram a problemas de erosão hídrica. São obser-
vadas na área três voçorocas, erosão laminar em todas as áreas des-
cobertas e erosão em sulcos, principalmente nos canais de drenagem.
c) Reflorestamentos: Analisando a história de ocupação antrópica na
área coletiva, pode-se afirmar que os reflorestamentos com espécies
exóticas para fins comerciais remontam a década de 1980. Existe uma
área, hoje, de 574,89 ha, composta por Pinus ssp e Eucalyptus ssp.
Estão abandonados e percebe-se nitidamente que não recebem tratos
silviculturais. Existem árvores mortas em pé, rebrotas não conduzidas,
muitas árvores dominadas e farta regeneração do Pinus ssp sem con-
dução em locais onde houve o corte no início do século XXI (após a
ocupação dos assentados) e também nos lotes que são riscos à ocor-
rência de pragas e incêndios. Hoje se encontram “sob judice”, pois há
uma disputa judicial sobre a exploração dos povoamentos.

FIGURA 8 - REFLORESTAMENTO FIGURA 9 - VOÇOROCA


DE PINUS SSP
Fontes: Acervo Instituto Emater. Autor: Paulo A. A. Lima (2011)
162
7) Análise sucinta dos potenciais e limitações dos recursos naturais e
da situação ambiental do assentamento
O Assentamento Contestado apresenta uma área ambientalmente
fragilizada em função de sua caracterização geológica, solo, fertilida-
de, topografia e hidrografia. Soma-se a isto o manejo e uso intensivo
da área antes do assentamento das famílias. Decorrente desta fragili-
dade, muitas áreas são impróprias para o plantio de culturas anuais e
o manejo atual adotado, fruto da falta de capital e de maquinário ade-
quado, que leva à erosão e exposição excessiva do solo.
A topografia aliada ao tipo e à estrutura do solo leva à perda por
erosão, insurgências de água na superfície e subsuperfície, dificultan-
do o manejo em diferentes condições climáticas. Ora o solo fica en-
charcado, ora compactado que dificulta o preparo e/ou plantio. Além
disso, o manejo da matéria orgânica não é adequado ou não existe.
Frente a essas fragilidades, surge um potencial produtivo, que é o
zoneamento do Assentamento de acordo com o relevo e o solo para a
definição da atividade agropecuária econômica a ser desenvolvida ou
ampliada. Outro potencial a ser aproveitado é a estrutura hidrográfica
do Assentamento e sua bela paisagem e flora natural.
Outro grave problema no assentamento é a disseminação/germi-
nação de sementes de Pinus sp. O desenvolvimento dessas sementes
sem manejo florestal tem tornado esta espécie uma invasora muito
agressiva tanto em áreas para conservação como em áreas produti-
vas.
O aspecto sanitário ambiental, especialmente das áreas das resi-
dências, fica a desejar, pois é comum o despejo de resíduos sólidos e
líquidos, sem destino adequado.

8) Plano de ação para o desenvolvimento sustentável do projeto do


Assentamento Contestado
O plano se desdobra na forma de programas temáticos e subpro-
gramas, que se materializam em projetos e ações, formulados com a
participação dos assentados em estreita sintonia com a situação diag-
nosticada para a área, de modo a torná-lo acessível na sua compre-
ensão e exequível em termos operacionais, facilitando, assim, as ne-
gociações em termos de atendimento das exigências de licenciamento
ambiental e das fontes de financiamento. É de se destacar que uma
163
das finalidades do PRA é subsidiar a elaboração de projetos técnico-
específicos.
a) Programa meio ambiente
a.1) Restauração/Recomposição de APP
Situação atual
Existem 517,38 ha de áreas de preservação permanente compos-
tas por margens de rios e uma pequena área com declividade elevada.
Cerca de 1/3 destas áreas necessitam de restauração. Existem o 4300
m² de benfeitorias, 102 ha de reflorestamento com exóticas, 20 ha de
agricultura e 41 ha de pastagens ocupando as APP.

Medidas Mitigadoras e Compensatórias


Nas áreas de matas ciliares e do entorno protetivo das nascentes
a recomposição da vegetação se dará, basicamente, por isolamento
com cerca e/ou marcos que delimitem estas áreas. O desenvolvimento
da vegetação secundária nativa é capaz de, em uma década, formar
uma capoeira, desde que não haja interferência por ações humanas e
de animais.
Especificamente, as benfeitorias existentes serão retiradas e aloja-
das em áreas cujos resíduos líquidos e/ou sólidos não sejam carreadas
para as APP. Não deverão ocorrer mais práticas agropecuárias nestas
áreas.

FIGURA 10 - MATA CILIAR COM PRESENÇA DE ESPÉCIES EXÓTICAS


Fonte: Acervo Instituto Emater. Autor: Paulo A. A. Lima (2011)

164
Quanto às áreas de APP que estão cobertas com espécies exó-
ticas urge uma solução judicial, pois a recomposição com a vegeta-
ção nativa só ocorrerá quando da remoção de tais plantas. As plan-
tas Pinus ssp existentes às margens dos rios e córregos estão ge-
rando sementes que são disseminadas por toda a área, e abafam o
desenvolvimento da vegetação nativa nas áreas de APP. Novamente,
afirma-se a necessidade de encaminhamento de uma decisão judicial,
pois a permanência destas espécies compromete a manutenção do
equilíbrio ambiental na área de assentamento e gera riscos de pragas
e doenças em reflorestamentos da região.
a.2) Restauração de Áreas de Reserva Legal
Situação Atual
Existe averbada na matrícula do Imóvel uma área de 1.240,10 ha
como área de reserva legal, sendo necessário restaurar ¼ da área
ou 300,32 ha. São aproximadamente 258 ha cobertos com refloresta-
mentos de exóticas e 42 ha com atividades antrópicas (agropecuária/
saibreira/benfeitorias).
Medidas Mitigadoras e Compensatórias
Duas situações se apresentam nestas áreas reflorestadas: A pri-
meira refere-se às áreas com reflorestamentos idosos não explorados.
Nestas áreas, após a remoção das espécies exóticas, a recomposição
se dará por regeneração natural com adensamento com espécies na-
tivas. O entrave legal não permite nenhuma ação até a decisão judi-
cial. A segunda situação é a das áreas nas quais já houve a retirada
da madeira e a vegetação espontânea tem-se desenvolvido. Porém,
as sementes de Pinus ssp encontraram nestes ambientes condições
para seu crescimento, de forma desordenada e densa, sufocando a
vegetação nativa. Nestas áreas, a derrubada com o uso de motosserra
é suficiente. Poucos casos necessitarão a remoção dos exemplares
derrubados da área. Com o fechamento do dossel das nativas, o pinus
não encontrará condições para germinação. Quanto à área com plan-
tada com eucaliptos, permanece a dúvida sobre os direitos da madeira
em função da rebrota.
Após a retirada destas espécies exóticas, a recomposição se dará
através da regeneração natural e com adensamentos com espécies
165
que poderão proporcionar alternativas de renda e alimentar (produção
de pinhão, erva mate, frutíferas nativas, mel). As atividades agropecu-
árias cessarão nestas áreas e as benfeitorias serão deslocadas para
fora. Novamente, a regeneração natural recomporá as áreas.
Próxima à área da sede comunitária, à beira da estrada de quem
vem de Balsa Nova, foi aberta uma frente de lavra que foi utilizada
como material de revestimento nas estradas internas. Hoje se encontra
desativada. A saibreira, devidamente recuperada, deverá ser integrada
à Reserva Legal. Não existe mais solo que permita o plantio, porém,
as técnicas de hidro-semeaduras poderão conter o processo de carre-
amento de sedimentos. Também, a construção de drenos desviando
as águas de chuvas evitará que os sedimentos continuem a afetar a
trafegabilidade da estrada adjacente.
a.3) Remoção de espécie invasora
Situação Atual
Os Pinus ssp têm-se disseminado com facilidade e vigor em toda a
área do assentamento.
Exemplares jovens são encontrados em lotes dos assentamentos,
em áreas de preservação permanente e em áreas de reserva legal.
Onde encontra condições propícias a espécie gera uma densa popula-
ção que sufoca qualquer outra forma de vegetação.
Medidas Mitigadoras e Compensatórias
Os exemplares jovens desta espécie devem ser eliminados siste-
maticamente.
A manutenção destas plantas comprometerá a ocupação das áre-
as dos assentamentos.
A remoção destas espécies exóticas em APP deverá seguir a por-
taria Resolução SEMA 028 de 17/08/1998 que estabelece normas para
corte de exóticas em APP, bem como a recomposição da mata ciliar.
a.4) Subprograma degradação e erosão dos solos
Situação atual
A quase inexistência de práticas de controle de erosão na maioria
das áreas, solos descobertos, uso de motomecanização, monocultu-
ras, baixa fertilidade natural do solo e perda da fertilidade pelo manejo
166
inadequado levaram à degradação e empobrecimento dos já frágeis
solos do assentamento.
Medidas mitigadoras e compensatórias
Para controlar os processos erosivos será necessária a adoção de
práticas mecânicas, físicas e culturais, de acordo com o sistema pro-
dutivo de cada unidade produtiva/lote.
a.5) Subprograma poluição e contaminação do meio ambiente com re-
síduos sólidos e líquidos
Situação atual
Ao redor de algumas residências encontram-se diversos materiais
espalhados. Além disso, os destinos das águas usadas não são ade-
quados.
Medidas mitigadoras e compensatórias
As famílias deverão participar de cursos de capacitação em sanea-
mento ambiental, bem como construção de equipamentos para destino
adequado de efluentes.

a.6) Subprograma educação ambiental


Situação atual
O Projeto de Assentamento Contestado bem como toda a comuni-
dade do município da Lapa, vêm exercendo pressão sobre os recursos
naturais e consequentemente prejudicando o meio ambiente.
Devido ao elevado grau de depredação dos recursos naturais e
agressão ao meio ambiente, é bastante visível a poluição e contamina-
ção das águas e solos, por agrotóxicos e dejetos humanos e animais.
Medidas mitigadoras e compensatórias
Percebe-se na maioria da população do assentamento uma cons-
ciência conservacionista. Há, no entanto, necessidade de ampliar a
conscientização de toda a população por meio de ações que desen-
volvam o conhecimento, atitudes, habilidades e a formação da consci-
ência ecológica conservacionista individual e coletiva. Constata-se que
um grande impeditivo para melhorias ambientais nas áreas é a falta de
recursos financeiros.
167
b) Programa infraestrutura
b.1) Subprograma adequação e readequação das estradas internas do
assentamento
Situação atual
Por ser um assentamento com grande extensão territorial, a situ-
ação das estradas é sempre muito precária pela falta de manutenção,
falta de qualificação dos funcionários/profissionais responsáveis por
essa manutenção e readequação das estradas; falta de qualidade de
material empregado, falta de planejamento das atividades e falta de
envolvimento dos moradores nas decisões e planejamento. Além dis-
so, o alto índice de pluviosidade e o tráfego intenso de veículos pe-
sados contribuem para a depauperação e dificulta a manutenção das
estradas rurais.
Medidas mitigadoras, compensatórias e ação das estradas
Depois de um histórico de investimento em melhorias das estradas
internas do assentamento com recursos do governo do Estado (Pro-
grama de Readequação de Estradas), a Prefeitura Municipal da Lapa
tornou-se a mantenedora das mesmas. Como a extensão de estradas
é muito grande, aliado ao tipo de solo, a manutenção é custosa.
Há necessidade de redefinir o modelo de readequação e a parti-
cipação dos assentados na definição de obras de engenharia. Além
disso, os acessos aos lotes são precários e precisam ser readequados.
Para essa situação, há necessidade de recursos externos à Prefeitura
Municipal, como do Estado e do INCRA.
Deve-se destacar a necessidade de manutenção das estradas de
acesso ao assentamento, distante da sede do município e também de
difícil manutenção, principalmente devido ao tráfego intenso de cami-
nhões pesados.
b.2) Subprograma melhoria das habitações
Situação atual
As moradias, construídas há muitos anos e com poucos recursos,
carecem, na sua maioria, de reforma e ampliação. Para isso, o SENGE
- Sindicato dos Engenheiros do Paraná promoveu uma série de reuni-
ões e levantamentos a fim de elaborar plantas visando a reforma das
168
casas, o que foi concluído em meados de 2011. Com essa parceria,
os moradores puderam contar com um projeto de ampliação/reforma
qualificado.
Medidas mitigadoras, compensatórias e ação
Com os recursos do INCRA e também com recursos dos próprios
moradores as obras de reforma passaram a ser realizadas a partir de
dezembro de 2011.
b.3) Subprograma melhoria dos prédios e construções de uso coletivo
Situação atual
O Assentamento está construindo uma Unidade de Beneficiamento
Vegetal, panificação e packing house, com apoio técnico do Instituto
Emater e Prefeitura Municipal. Há necessidade de melhoria, constru-
ção e ampliação dos espaços destinados à educação básica e saúde
pública (Posto de Saúde) e também para a Escola Latino Americana de
Agroecologia - ELAA. Faltam espaços para a realização de esportes e
atividades artísticas e culturais. No aspecto mais específico, buscam-
se recursos para construção, melhoria e ampliação dos espaços reli-
giosos (igrejas e seu entorno).

Medidas mitigadoras e compensatórias


Alocação de recursos para construção de uma Escola de Ensino
Fundamental, recursos para o término da construção da Unidade de
Beneficiamento Vegetal, recursos para construção de centro esportivo,
artístico e cultural, mobilização da comunidade para alocar recursos
para os centros religiosos.
b.4) Outros subprogramas de infraestrutura
O Assentamento Contestado recebeu em dezembro de 2011, em
convênio com o governo federal um Telecentro, que funciona no casa-
rão onde acontecem as aulas da ELAA e reuniões comunitárias. Para
que o Telecentro funcione a contendo, há necessidade de ampliação
do sinal de banda larga da internet, que é muito baixo e limita muito o
acesso.
Foi solicitada à Prefeitura Municipal a construção de um Posto de
Saúde (o atendimento médico funciona precariamente em uma casa
169
na área coletiva do Assentamento) e espaços para educação de crian-
ças, jovens e adultos e também para a ELAA.
c) Programas socioeconômicos
c.1) Subprograma inadimplência dos assentados junto às instituições
financeiras
Situação atual
As famílias assentadas receberam recursos do Programa Nacio-
nal de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF-A no ano de
2003. Desses, muitos agricultores estão inadimplentes junto ao agente
financeiro.
Medidas mitigadoras e compensatórias
O Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma
Agrária (ATES) e Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) ATES/
ATER deverá orientar os inadimplentes assentados que aplicaram cor-
retamente o crédito e permanecem no assentamento, de como proce-
der junto ao agente financeiro - Banco do Brasil, para a renegociação
dos débitos no Programa. Além deste, há dívidas dos Pronaf B, C e V
(investimento e custeio) que precisam ser renegociadas com o banco
com o apoio dos técnicos e da liderança do assentamento.
c.2) Renegociação das dívidas do crédito PRONAF-A
O ATES/ATER deverá fazer um levantamento da situação de cada
assentado junto ao agente financeiro e elaborar laudos de vistoria indi-
viduais de aplicação dos recursos do PRONAF-A.
Encaminhar os laudos de vistoria ao Banco do Brasil S/A informan-
do a situação de cada agricultor sobre a aplicação correta ou incorreta
do Crédito Rural, modalidade PRONAF-A Investimento.
c.3) Programa de agroindustrialização
Além de construir e equipar a unidade de beneficiamento vegetal e
panificação, os assentados necessitam de capacitação de Boas Práti-
cas de Produção, Manipulação e Transformação de Alimentos.
c.4) Programa sistemas produtivos
Os sistemas produtivos do assentamento vêm enfrentando entra-
170
ves técnicos principalmente relacionados ao solo e infraestrutura pro-
dutiva.
Os solos do Assentamento Contestado são na sua maioria areno-
sos, com baixa CTC, ácidos, baixo teor de bases, sendo que o potássio
é o elemento mais limitante devido ao seu baixíssimo nível no solo. A
drenagem deste solo é deficiente e o seu aspecto físico parece ser o
maior problema encontrado. Em função disso serão necessários estu-
dos complementares - porosidade, mineralógicos e estruturais.
Devido às grandes limitações encontradas, será necessário o en-
volvimento da pesquisa para definição efetiva do manejo a ser adotado
em cada sistema produtivo.
De forma geral, definidos como prioritários os sistemas olericultura
orgânica, pastagem/leite e fruticultura, será necessário: fundamental
acréscimo e manejo da matéria orgânica; corrigir o Al³+; elevar o pH
a aproximadamente 4,5, com elevação da saturação de bases (V%)
para 40 a 50%, com incorporação fracionada de calcário dolomítico
(de acordo com análise de solo); correção do fósforo e potássio e au-
mento do nível dos nutrientes; melhoramento das pastagens nativas;
ampliação do sistema orgânico; discutir a possibilidade de implantação
do sistema silvipastoril, com eucalipto e outras espécies; inclusão de
três patrulhas mecanizadas completas e de acordo com a aptidão dos
solos, com gestão da Cooperativa Terra Livre para uso nos sistemas
produtivos.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O uso das ferramentas de geoprocessamento e imagens de saté-


lite agilizaram os trabalhos, reduzindo custos e gerando resultados de
qualidade e precisão. A combinação de informações permitiu a realiza-
ção de um diagnóstico e análise de propostas mais detalhadas, com
informações espaciais dos aspectos físicos, biodiversidade e socioe-
conômicas, como o solo, recursos hídricos, uso e ocupação do solo e
flora.
O uso de imagens de satélite permitiu uma visão ampla e detalhada
de uma extensa área como a do Assentamento Contestado, facilitando
a visualização, identificação, localização e medição de áreas de vege-
tação, benfeitorias, edificações, estradas, nascentes, tanques e rios.
171
A partir deste Plano, o Assentamento do Contestado possui uma
visão socioeconômica e ambiental para o seu planejamento.
A necessidade de recursos financeiros e apoio técnico é evidente
para a elaboração e execução de programas e projetos que proporcio-
nem sustentabilidade às famílias no Assentamento.
Além de contribuir para alavancar o desenvolvimento do Assen-
tamento, cabe destacar o espírito de trabalho em equipe do Instituto
Emater, pois envolveu técnicos municipais, regionais e estaduais, cada
um contribuindo e compartilhando com o seu conhecimento e esforço
físico na elaboração do Plano.

REFERÊNCIAS

BIGARELLA, J.J.; BLASI, O. e BREPOHL, D. Lapinha: a Natureza da


Lapa. Lapa - Paraná: Editora Lar Lapeano de Saúde, 1997.

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente (MMA). Resolução do CONA-


MA 2/1994 de 18/03/1994. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
estruturas/202/_arquivos/conama_res_cons_1994_002_estgios_su-
cessionais_de_florestas_pr_202.pdf>. Acesso em: 12/05/2014

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente (MMA). Resolução do CONA-


MA 387/2006 de 27/12/2006. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
port/conama/res/res06/res38706.pdf>. Acesso em: 12/05/2014.

IAPAR - INSTITUTO DE PESQUISA DO PARANÁ. CARTAS CLIMÁTI-


CAS, versão 2000. Disponível em: <http://www.iapar.br/>. Acesso em:
10/08/2010

172
CAPÍTULO VII
METODOLOGIA PARA DAR
SUPORTE AO PLANEJAMENTO DE
BACIAS HIDROGRÁFICAS NO PROGRAMA
DE GESTÃO DE SOLO
E ÁGUA EM MICROBACIAS

Milton Satoshi Matsushita1 Reinaldo Tadeu Oliveira Rocha4


Luiz Marcos Feitosa dos Santos2 José Kalusz5
Oromar João Bertol3 Sérgio Mudrovitsch de Bittencourt6

1
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola, Área de Concentração Irrigação
e Drenagem, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - feitosa@emater.pr.gov.br
3
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Conservação da Natureza, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - oromar@emater.pr.gov.br
4
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Geoprocessamento e Solos, Instituto Emater,
Irati, Paraná, Brasil - reinaldorocha@emater.pr.gov.br
5
Técnico Agrícola, Instituto Emater, Fernandes Pinheiro, Paraná, Brasil
josekalusz@emater.pr.gov.br
6
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão Ambiental, Instituto Emater, Curitiba,
Paraná, Brasil - sergiomb@emater.pr.gov.br

173
174
INTRODUÇÃO

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,


2000), o estado do Paraná tem aproximadamente 10,44 milhões de ha-
bitantes, dos quais cerca de 14,7% ou 1,53 milhão vivem no meio rural.
A população rural apresenta maior população masculina (804 mil ou
15,7%) em relação à feminina (727 mil ou 13,7%). Porém, quando se
considera os 312 municípios com menos de 20 mil habitantes (conside-
rados “municípios rurais”), sobe para 35,1% o contingente de pessoas
que vivem e dependem do campo no estado e, quando se considera os
203 municípios com menos de 10 mil habitantes, o índice de população
rural sobre para 37,2%. O estado do Paraná ainda possui 77 municí-
pios em que a população rural (61,5%) é maior que a urbana (38,5%).
Com área correspondente a 2,34% do território nacional (IBGE,
2014), o Paraná responde por aproximadamente 25% da produção
nacional de grãos e 8% da produção pecuária. É o principal produtor
nacional de trigo, milho, aves, pinus, erva-mate e pinhão; o segundo
maior produtor de soja e cana-de-açúcar; o terceiro de carne suína,
leite, batata e mandioca e, ainda, ocupa posição de destaque na pro-
dução de tomate e café. Mesmo ostentando essa condição, o estado
se ressente de desequilíbrios sociais e ambientais. O percentual de
famílias abaixo da linha de pobreza é de 20,90%, com maior incidência
nos municípios considerados rurais, nos quais se concentra 47% da
população pobre (PARANÁ, 2104).
O manual operativo do Programa de Gestão de Solo e Água em
Microbacias (Programa Microbacias) alerta que a sustentabilidade da
vida rural e da própria agricultura é ameaçada por problemas de uso
inadequado e/ou excessivo de agrotóxicos, cobertura florestal insufi-
ciente e desuniforme, degradação dos solos, das águas e da conser-
vação da biodiversidade em todas as regiões. O uso inadequado e in-
tensivo do solo tem acarretado problemas de erosão (PARANÁ, 2104).
O manual operativo do Programa de Gestão de Solo e Água em
Microbacias (PARANÁ, 2014) analisa o novo Código Florestal (Lei
12.555/2012) que altera alguns procedimentos de relevância na ade-
quação ambiental e reflete no Programa Microbacias:
175
a) Desobriga o proprietário rural de promover a averbação da Reser-
va Legal;
b) Institui o Cadastro Ambiental Rural (CAR), como ferramenta de in-
formação para a Gestão Territorial Nacional;
c) Possibilita a utilização das APPs (Áreas de Preservação Perma-
nente) ocupadas irregularmente, agora denominadas Áreas Con-
solidadas;
d) Promove a suspensão de multas ao produtor em troca de sua ade-
são ao Programa de Regularização Ambiental (PRA);
e) Altera a largura de recomposição das APPs em função do módulo
rural municipal;
f) Propicia a segurança jurídica, diminuindo o contingente de produ-
tores à margem da legislação ambiental;
g) Prevê o pagamento por serviços ambientais ligados a atividades
produtivas.
Essas situações influenciam na qualidade e quantidade de água
disponível para consumo humano e geração de energia, com proble-
mas de assoreamento e de poluição de corpos hídricos, e contribuem
para tragédias como inundações e deslizamentos de encostas e talu-
des. Seus impactos extrapolam a questão ambiental, causando pre-
juízos para a economia, pela diminuição da produtividade; aumento
de emissões de gases de efeito estufa; aumento em custos na área
da saúde; gastos em recuperação de estradas, pontes e moradias; e
maiores custos para tratamento de água, entre outros.
O Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias relaciona
os principais problemas ambientais da área rural identificados pela es-
trutura técnica do estado:
a) Recrudescimento do processo erosivo e consequente aceleração
do esgotamento da fertilidade natural dos solos;
b) Sistemas de Plantio Direto com baixa qualidade na maioria das
propriedades, devido principalmente à ausência de rotação de cul-
turas;
c) Constante elevação dos níveis de sedimentação e eutrofização
dos rios e lagos, comprometendo a qualidade da água, principal-
mente daquela destinada ao abastecimento público;
d) Ausência ou dimensionamento incorreto de terraços e operações
motomecanizadas a favor da pendente;
176
e) Estradas rurais em situação crítica de trafegabilidade, principal-
mente devido à falta de integração estrada/lavoura sob o enfoque
conservacionista;
f) Redução da infiltração da água no perfil do solo, em decorrência
de sua compactação, acarretando erosão hídrica e redução da dis-
ponibilidade de água para as plantas e para o abastecimento dos
mananciais;
g) Redução das oportunidades de diversificação de atividades na
agricultura, devido à escassez de água em quantidade e qualidade;
h) Explorações agropecuárias em áreas incompatíveis com a capaci-
dade de uso das terras;
i) Diminuição da cobertura vegetal, ameaçando a conservação da
biodiversidade devido à perda de habitats naturais;
j) Redução crescente da biodiversidade e da qualidade ambiental
pelo uso inapropriado de agroquímicos, especialmente agrotóxicos
e fertilizantes e pela diminuição da cobertura florestal;
k) Espaços territoriais em desacordo com a legislação ambiental;
l) Crescente degradação do solo e da água pela disposição inade-
quada dos dejetos de animais, lixo, resíduos industriais, esgoto e
outros poluentes;
m) Abastecimento de comunidades rurais com água contaminada por
agrotóxicos e coliformes fecais;
n) Expansão das áreas urbanas e industriais e concentração de ati-
vidades antrópicas em algumas bacias hidrográficas, acarretando
aumento do impacto sobre os recursos naturais;
o) Indicativo claro de mudanças climáticas, com impactos em regimes
de pluviosidade, gerando paradoxalmente escassez de água e en-
chentes periódicas;
p) Falta de conhecimento das consequências ambientais das práticas
agrícolas e de compreensão da ligação íntima entre economicida-
de e qualidade ambiental;
q) Informações deficientes sobre o uso e a conservação do solo e da
água e sobre a gestão do espaço rural num enfoque sistêmico;
r) Perda de capacidade de interferência do Estado no processo de
planejamento do uso da terra PARANÁ (2014).
177
MATERIAL E MÉTODOS
1 Caracterização da área de trabalho
As lições aprendidas na execução de programas de grande esca-
la desenvolvidos no Paraná, (Programas Paraná Rural, 12 Meses e
Biodiversidade) mostraram que a microbacia hidrográfica é a melhor
unidade geográfica de planejamento e trabalho, porque permite aos
técnicos de campo e aos produtores organizados ter uma visão global
da situação ambiental, especialmente no que tange à gestão e conser-
vação de solos e água e, em consequência, traçar planos de ação para
a solução de problemas ambientais, sociais e econômicos.
Conforme conceitos definidos pela SEAB (1992) e Osaki (1994),
a microbacia é uma pequena bacia compreendida entre um fundo de
vale, que pode ser um rio, riacho, várzea ou sanga (escavação profun-
da feita no terreno pelas chuvas ou por correntes de água subterrâ-
neas), e os espigões que são os divisores de água, que delimitam os
pontos dos quais as águas das chuvas escorrem para o mesmo lugar,
que é esse fundo de vale.
Ainda Osaki (1994) define microbacia como uma bacia hidrográfica
com dimensões de 2.000 a 3.000 ha de área contínua. A microbacia é
a melhor unidade de planejamento por se encontrar fisicamente bem
caracterizada, sendo constituída de propriedades agrícolas existentes
na área, seus respectivos produtores e suas famílias, além dos equipa-
mentos e infraestrutura econômica e social. A estratégia de atuação do
projeto definiu a microbacia hidrográfica com área entre 3.000 e 6.000
ha como unidade de planejamento e trabalho.
A microbacia como unidade de planejamento e trabalho permite às
instituições, aos técnicos de campo e aos produtores organizados ter
uma visão global da situação ambiental, especialmente no que tange à
gestão e conservação de solos e água e traçar planos de ação para a
solução de problemas ambientais, sociais e econômicos.
A abrangência do Programa Microbacias é o estado do Paraná.
Os trabalhos já foram iniciados em 30 microbacias e deverá se esten-
der para um universo de 350 Microbacias, localizadas nas áreas de
agricultura mais intensiva, com problemas de conservação de solos e
água, uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes, mananciais de água
e áreas de fragilidade e alta densidade populacional (PARANÁ, 2014).
178
2 Material
2.1) Aplicativos de desenvolvimento e análise
a) Software Spring 5.0, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE)
b) Software livre gvSIG
c) Software livre Quantum GIS
d) Software AutoCAD 2002
e) Software ArcView 3.2
f) Software ArcGis 9.0
g) Software Global Mapper 5.0
h) Software Track Maker Pro 4.0
i) Planilha eletrônica Excel 2002

2.2) Imagens de Satélite SPOT


As imagens do satélite SPOT ortorretificadas, composição colorida
nas bandas R(1), G(2), B(3) com resolução espacial de 10 metros e
banda pancromática com resolução espacial de 5 metros, obtidas em
2004 e 2005, projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), Me-
ridiano Central 51º Oeste (Fuso 22), Datum Horizontal SAD 69 (South
Americam Datum) em formato tiff foram utilizadas para identificar clas-
ses de uso e cobertura da terra.
O uso das imagens de satélite serve de subsídio para identificar
estradas, perímetros urbanos, uso e cobertura da terra, sistema de ma-
nejo e práticas conservacionistas, verificar os rios e nascentes.
Existem vários termos utilizados para definir o uso e cobertura da
terra em diversas instituições, inclusive no Instituto Emater, tais como:
uso e ocupação do solo, uso e cobertura do solo, uso e ocupação da
terra, uso da terra, dentre outros. A partir deste trabalho será utiliza-
do o termo aplicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), uso e cobertura da terra, que indica a distribuição geográfica
da tipologia de uso, identificada por meio de padrões homogêneos da
cobertura terrestre e retrata as formas e a dinâmica de ocupação da
terra (IBGE, 2013).

2.3) Arquivos vetoriais


a) Divisão política dos municípios do Estado do Paraná (SEMA, 2013)
Mapa com as divisas municipais elaborado pela Secretaria de Es-
179
tado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA).
b) Ottobacias (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011)
Arquivo digital em formato shapefile, escala 1:50.000, projeção
UTM, Datum Horizontal SAD-1969 e Meridiano Central 51º W (COPEL/
AGUASPARANÁ, 2011).
Segundo a ANA (2008) e Copel/Aguasparaná (2011), Ottobacia é
uma bacia relacionada à rede hídrica através de um código hierárquico
sendo que para cada trecho da rede existe uma ottobacia hidrográfica
associada.
c) Rede hídrica (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011)
Arquivo digital em formato shapefile, escala 1:50.000, projeção
UTM, Datum Horizontal SAD-1969 e Meridiano Central 51º W (COPEL/
AGUASPARANÁ, 2011).
Segundo a Copel/Aguasparaná (2011), a rede hídrica é um arquivo
digital composto dos eixos dos rios, segmentados em trechos, conec-
tados por nós e identificados por meio de código único e hierárquico
obtido através da metodologia adotada pela ANA, segundo o método
de Otto Pfafstetter (ANA, 2008). O produto foi oficialmente homologado
pela ANA e pela Câmara Técnica de Cartografia e Geoprocessamento
do Estado do Paraná (CTCG).
d) Base Hidrográfica Unificada (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011)
A base hidrográfica unificada é a representação cartográfica digi-
tal dos elementos hidrográficos apresentados em um produto contínuo
para toda a área do Estado. Arquivo digital em formato shapefile, es-
cala 1:50.000, projeção UTM, Datum Horizontal SAD-1969 e Meridiano
Central 51º W.
e) Curvas de nível e pontos cotados (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011)
As curvas de nível e pontos cotados foram unidos e compatibiliza-
dos para todo o Estado do Paraná com equidistância (distância vertical
entre as curvas de nível) de 20 metros. Arquivo digital em formato sha-
pefile, escala 1:50.000, projeção UTM, Datum Horizontal SAD-1969 e
Meridiano Central 51º W (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011).
Matsushita e Hagemaier (2010) descrevem as curvas de nível
como linhas imaginárias do terreno que ligam pontos de mesma altitu-
de na superfície do terreno, acima ou abaixo de uma determinada su-
perfície da referência, geralmente o nível médio do mar. Os intervalos
180
entre curvas devem ser constantes na mesma representação gráfica.
Os pontos cotados são pontos com cotas que identificam os topos de
morros ou pontos elevados intermediários entre as curvas de nível.
Segundo Rennó (2003), as curvas de nível são representadas por
linhas (abertas ou fechadas) que, por sua vez, são formadas por pon-
tos e, a cota a qual ela representa é armazenada como um atributo
desta linha.
As curvas de nível e pontos cotados servem de indicativo para ve-
torização dos rios, localização de nascentes, delimitação de microba-
cias e para correção do mapa de solos, geração de mapas de altime-
tria e classes de declividade. Quando sobrepostas e analisadas em
conjunto com outros mapas temáticos, as curvas de nível facilitam a
visualização do relevo do terreno e a sua relação com os demais temas
(MATSUSHITA e HAGEMAIER, 2010).

3 Métodos

A metodologia aplicada possibilita elaborar um conjunto de mapas


que permite caracterizar as microbacias com informações da geodiver-
sidade e biodiversidade, tais como: classes de declividade, uso atual e
cobertura do solo, hidrografia, pedologia, estrutura viária, pontos críti-
cos, conflitos de uso e ocupação do solo e gerar proposições para sua
adequação.
O programa Microbacias trabalha com um conjunto de informações
que apresenta volume e características específicas, razão pela qual
definiu-se pelo uso da ferramenta denominada Documentador, elabo-
rada e mantida pela Companhia Paranaense de Informática (Celepar)
para gerenciar com segurança o tráfego e armazenamento dessas in-
formações.
O Documentador é uma ferramenta WEB de suporte à gestão de
documentos, que possibilita a centralização, guarda, gerenciamento e
disponibilização do acervo de documentos de uma instituição em di-
ferentes formatos: texto, imagem, mapa, shape, planilha e banco de
dados.
Outros fatores favorecem o uso da ferramenta como padrão na
transferência de documentos digitais no programa, como as cópias de
segurança (backup), garantia de envio e recebimento da informação
(data, responsável), acesso controlado (não público) em vários níveis
181
(unidade estadual – unidades regionais; unidades regionais – unidade
estadual; unidades regionais – unidades municipais – unidades regio-
nais) com níveis de permissões para acesso e gravação (Figura 1).

FIGURA 1 - FLUXO DE INFORMAÇÕES NO PROGRAMA MICROBACIAS


Fonte: Elaborado pelos autores (2014)

O uso do geoprocessamento como ferramenta de apoio à elabora-


ção do diagnóstico e plano de ação desenvolve-se em diversas etapas,
seguindo os passos constantes no manual operativo do Programa de
Gestão de Solo e Água em Microbacias:
a) Seleção das microbacias a serem trabalhadas
O Grupo Gestor Regional (GGR) prioriza os municípios a serem
trabalhados na região.
A área de geoprocessamento do Instituto Emater encaminha um
mapa ottocodificado (digital e analógico) de todas as microbacias dos
municípios selecionados, originadas do agrupamento de ottobacias
para o manejo de solo e água no Paraná (MATSUSHITA et al., 2013).
O Grupo Gestor Municipal (GGM) seleciona a microbacia a ser tra-
balhada no município (Figura 2), informando o seu código, o nome,
número aproximado de produtores e área da microbacia.

182
FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO DA MICROBACIA
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)

b) Elaboração e disponibilização de informações básicas georreferen-


ciadas
A área de geoprocessamento do Instituto Emater encaminha ao
GGR/GGM, através do Documentador, os mapas temáticos (rios, nas-
centes, corpos d’água, solos, uso e ocupação do solo, estradas, curvas
de nível, pontos cotados, declividade) e imagens de satélite.
c) Capacitação das equipes de trabalho
O processo iniciou-se através do levantamento dos softwares livres
disponíveis, resultando na seleção do software livre gvSIG em conjunto
com demais instituições parceiras no Programa de Gestão de Solo e
Água em Microbacias. Esta escolha considerou os seguintes fatores:
ser software livre, facilidade em obter informações e assessoria técnica
para dirimir dúvidas, uso em instituições importantes como a Universi-
dade Federal do Paraná, Embrapa e Sanepar, além da compatibilidade
com outros softwares livres e comerciais.
O planejamento para realização dos cursos considerou o preparo
183
de material técnico, logística e recursos para deslocamento, hospeda-
gem e infraestrutura necessária para a sua execução. Os participantes
do Instituto Emater foram selecionados levando-se em consideração
os técnicos que tinham perfil para o trabalho de diagnóstico e plane-
jamento, conhecimentos básicos em informática e preferentemente
noções de geoprocessamento, além de uma distribuição geográfica
para que todas as regiões administrativas do Instituto Emater fossem
contempladas. As instituições parceiras foram convidadas, ficando a
seu critério a indicação dos técnicos que atendessem os pré-requisitos
mínimos.
Os cursos com duração de 24 horas cada um, foram realizados em
Curitiba e em sedes de regiões administrativas do Instituto Emater com
a participação dos técnicos do Instituto Emater e instituições parceiras
da região e em algumas situações agrupando duas ou até três regiões
próximas. O conteúdo dos cursos contemplou o uso de GPS e software
de geoprocessamento, voltados para a prática na elaboração de diag-
nóstico e plano de ação de uma microbacia (Figura 3).

FIGURA 3 - FASES PARA ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO E PLANO DE


AÇÃO
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
184
d) Elaboração do pré-diagnóstico
O GGM recebe e analisa os mapas encaminhados pelo setor de
Geoprocessamento e elabora o pré-diagnóstico e define estratégias
e responsabilidades para o levantamento das informações de campo
necessárias para a elaboração do diagnóstico e plano de ação.
O pré-diagnóstico serve para subsidiar a consulta pública que é
realizada em uma reunião que tem por objetivo apresentar o Programa
aos agricultores da microbacia e consultá-los sobre o interesse da im-
plementação do Programa.
e) Elaboração do diagnóstico técnico
O GGM com apoio dos técnicos referenciais regionais deve apri-
morar o pré-diagnóstico através de levantamento de campo com uso
de GPS e integração de dados, contemplando a análise de meio físico,
passivos ambientais, infraestrutura e características socioambientais.
Os mapas temáticos aprimorados com dados de campo apresen-
tam informações do meio físico-biótico, localizando os passivos am-
bientais e as intervenções necessárias.
f) Diagnóstico participativo da microbacia
O GGM deve realizar uma oficina de diagnóstico participativo para
obter a visão dos agricultores sobre os principais problemas socioe-
conômicos e ambientais, compatibilizando com o diagnóstico técnico.
Como produto desta oficina deve resultar o diagnóstico consensado
(participativo), com uma relação dos principais temas para a elabora-
ção do plano de ação.
g) Plano de ação - Nível Técnico
O GGM com apoio do GGR deve promover um evento técnico com
a participação de talentos e especialistas para propor um plano de
ação inovador para a microbacia, considerando as informações obti-
das no diagnóstico participativo.
h) Plano de ação participativo da microbacia
O GGM deve realizar uma oficina para a construção de um plano
de ação participativo para consolidar com os agricultores as principais
ações a serem desenvolvidas para solucionar os problemas diagnos-
ticados.
Esta oficina deve identificar os atores envolvidos e suas responsa-
185
bilidades na solução dos problemas levantados, definindo as ações,
fontes de recursos e o cronograma de execução (época).
i) Plano de trabalho
O GGM elabora o plano de trabalho, detalhando ações que serão
realizadas, beneficiários, recursos financeiros e contrapartidas para os
apoios individuais e coletivos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os trabalhos de diagnóstico e planejamento de microbacias com


uso de geoprocessamento foram aprimorados com a qualificação dos
técnicos com realização de 19 cursos com a participação de 12 Institui-
ções, além dos técnicos do Instituto Emater. Destacando-se a participa-
ção de técnicos das Prefeituras Municipais, Secretaria da Agricultura e
do Abastecimento - SEAB, Secretaria de Estado da Educação - SEED,
Agência de Defesa Agropecuária do Paraná - Adapar, Companhia de
Desenvolvimento Agropecuário do Paraná - Codapar, Coordenação da
Região Metropolitana de Curitiba - Comec, Federação de Agricultura
do Estado do Paraná - FAEP, Organizações Não-Governamentais -
ONGs, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, Sindicato
Patronal, Universidade Estadual do Centro Oeste - Unicentro e Uni-
versidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, totalizando 214
participantes que atuam como “Referenciais Regionais e Municipais
em Geoprocessamento”.
A capacitação básica possibilitou o aprimoramento para alguns téc-
nicos que já atuam nesta área, enquanto representou a aquisição de
novos conhecimentos para outros que tiveram o primeiro contato com
o geoprocessamento. O resultado do aprendizado fica mais evidente
quando ocorre uma rápida aplicação do conteúdo estudado, desenvol-
vendo todas as etapas (diagnóstico, planejamento e plano de ação)
através de um trabalho prático em uma microbacia.
A combinação dos mapas físicos básicos com as informações de
levantamento a campo permite aprimorar os diagnósticos e os planos
de ação, facilitando a localização e a visualização dos fatores dos pro-
blemas e suas soluções.
Esta metodologia está sendo aplicada em 150 microbacias hidro-
gráficas e, para facilitar a compreensão, serão apresentados os re-
186
sultados dos levantamentos realizados na microbacia Manducas no
município de Fernandes Pinheiro na região de Irati.
A microbacia Manducas, cadastrada com código de ottobacia nú-
mero 844289652, possui uma área de 6.656,30 ha e seu ponto cen-
tral está situado nas coordenadas UTM SAD69 Fuso 22 J: Latitude
7.175.572 Sul e longitude 543.759 Oeste.
A microbacia é servida por 53 nascentes e 108 trechos de rios e
córregos que perfazem 105.549 metros (Figura 4), havendo necessida-
de de recuperação das áreas de preservação permanente (APP). Os
córregos encontram-se assoreados em virtude da baixa utilização de
técnicas de conservação de solo, tais como falta de terraços, plantio
em desnível e plantio direto de forma inadequada.

FIGURA 4 - MAPA DO PERÍMETRO, ESTRADAS E HIDROGRAFIA DA


MICROBACIA
Fonte: Elaborado pelos autores (2013)

As principais estradas encontram-se readequadas e bem conser-


vadas, havendo necessidades de melhorias no acesso às proprieda-
des e lavouras, além das manutenções quando houver necessidade.
187
As estradas rurais são muito utilizadas para o escoamento da produ-
ção (leite, frango, soja, feijão, milho, cebola, batata, etc), transporte
escolar e coletivo. A trafegabilidade nas estradas principais é boa em
qualquer ocasião, mesmo em períodos chuvosos.
Os mapas temáticos com informações do meio físico-biótico, tais
como mapa de classes de declividade (Figura 5), mapa de solos (Figu-
ra 6), mapa de uso e cobertura da terra (Figura 7) e mapa de pontos
críticos (Figura 8) contribuem para aprimorar o diagnóstico, contem-
plando as limitações, restrições, aptidões, potencialidades e recomen-
dar opções mais adequadas de uso e manejo dos solos. Os dados
georreferenciados localizam e identificam os passivos ambientais e as
intervenções necessárias (Figura 9).

FIGURA 5 - MAPA DE CLASSES DE DECLIVIDADE


Fonte: Elaborado pelos autores (2013)

O relevo da microbacia apresenta 85,2% da área com classe de


declividade até 15%, dos quais 42,5% é plano (até 3% de declividade)
e apenas 14,8% da área restante com relevo entre 15 a 100% de de-
clividade.
188
FIGURA 6 - Mapa de solos
Fonte: Elaborado pelos autores (2013)

Quanto à ocorrência de solos predominam os Argissolos com au-


sência de caráter abrúptico com 63,53% da área total da microbacia,
seguido de Cambissolo com 34,72 e Neossolo Litólico 1,75%.
No grupo dos Argissolos da região são encontrados solos pro-
fundos, em geral de textura média superficialmente e média ou argilosa
subsuperficialmente, com moderado impedimento à drenagem devido
ao horizonte B textural. São, na grande maioria, de baixa fertilidade
natural. No entanto podem ser encontrados tanto solos com caráter
alítico como solos de melhor fertilidade. A maioria dos solos com o
horizonte B textural é fortemente susceptível à erosão, com moderado
impedimento à drenagem vertical.
São solos, no geral, de alto potencial agropecuário, entretanto exi-
gem intensivo uso de capital e manejo cuidadoso para evitar o proces-
so de erosão acelerada. Proposições/recomendações: Devido ao hori-
zonte B textural (gradiente textural de B/A > 1,5), deve-se ter especial
cuidado no controle à erosão e dar prioridade, sempre que possível,
189
aos cultivos perenes em sistema agroflorestal.
Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento, nos declives
de até 25%, são indicados sistemas altamente tecnificados, tais como:
Sistema Integrado Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Sistema Plantio
Direto (SPD) integrado com intensivas práticas de controle do escorri-
mento superficial das águas pluviais, adubações para elevar sua fer-
tilidade e correção da acidez se necessário. Nas áreas com classe de
declive entre 22º a 45°, tendo em vista as restrições, seria conveniente
que a fauna fosse protegida e a flora melhorada, tanto pelo enriqueci-
mento, quanto pelo adensamento com espécies nativas de valor eco-
nômico, as quais devem ser exploradas mediante técnicas extrativas
não predatórias ou com agrofloresta tecnificada.
O horizonte B textural dos Argissolos e pouca profundidade dos
Cambissolos e Neossolos tornam estes solos susceptíveis à erosão,
necessitando de práticas complementares de conservação de solo
(terraceamento, plantio em nível), além do plantio direto já adotado.
No grupo dos Cambissolos da região podem ser encontrados
solos com ou sem caráter alumínico em relevo abaixo de 45% (forte
ondulado) e em relevo forte ondulado a montanhoso.
São vários os fatores que concorrem para a moderada utilização
agrícola dos solos deste grupo, mas o mais importante refere-se à pro-
fundidade do solo. São muito susceptíveis à erosão e a possibilidade
de mecanização fica bastante limitada, devido à ocorrência de áreas
em relevo forte ondulado.
Os Cambissolos são solos pouco desenvolvidos, evidenciados
pela presença de mais de 4% de minerais primários facilmente intem-
perizáveis. Normalmente são associados a áreas de declives acentu-
ados, no entanto, podem ocorrer também em áreas de relevos suave
ondulados de pendentes curtas.
Os solos desse grupo geralmente são de moderado potencial para
explorações agrícolas. No entanto, os de profundidades efetivas infe-
riores a 50 cm devem ser utilizados com certa reserva quando sob uso
intensivo, sendo imprescindível o uso de práticas conservacionistas
intensivas.
Para o uso sustentável desses solos em classes de declive inferio-
res a 20% são indicados sistemas tecnificados, com integração pecuá-
190
ria e floresta com pastagem perene, o Sistema Plantio Direto integrado
com intensivas práticas de controle à erosão e do escorrimento su-
perficial das águas pluviais, associadas a adubações para elevar sua
fertilidade e correção da acidez do solo.
Para as classes de 20% a 45% recomenda-se o uso sob o siste-
ma integrado pecuária-floresta bem como fruticultura em agrofloresta,
ambos tecnificados e sem revolvimento do solo e com cobertura per-
manente.
Em relevo forte ondulado a montanhoso os solos deste grupo apre-
sentam forte limitação com relação à sua fertilidade natural, destaca-se
a elevada acidez por alumínio trocável (caráter alumínico), responsá-
vel pela inibição do desenvolvimento radicular da maioria das culturas.
Além disso, são muito susceptíveis à erosão e a possibilidade de me-
canização fica bastante limitada. São mais indicados para silvicultu-
ra, sendo imprescindível a aplicação de insumos e o uso de práticas
conservacionistas intensivas. Estes solos não se prestam para uma
agricultura rotineira, visto que os teores de alumínio trocável são bas-
tante elevados tanto no horizonte A como no (B). Mesmo num sistema
de manejo desenvolvido, no qual técnica e capital são empregados em
larga escala, sua aptidão é inapta para lavoura. O uso com fruticultura
em agrofloresta, com cobertura permanente é opção viável.
No grupo dos Neossolos Litólicos da região encontram-se os
solos que se caracterizam por serem rasos e pouco evoluídos, em ge-
ral com menos de 50 cm de espessura com grandes restrições para o
desenvolvimento da agricultura e grande susceptibilidade à erosão. É
comum ocorrer presença de pedras próximas à superfície. Em eleva-
dos declives a mecanização e o controle da erosão tornam a utilização
agrícola difícil e dispendiosa. Não se recomenda a utilização agrícola
intensiva destes solos devendo ser reservados para preservação per-
manente visando recarga dos aquíferos e nascentes. Quando extre-
mamente necessário por interesse social local, com restrições e em
pequenas áreas descontínuas, podem ser usados com culturas pere-
nes em sistema agroflorestal, fruticultura em agrofloresta tecnificada e
sem revolvimento do solo, mantidos permanentemente cobertos.
A metodologia permite realizar análises e obter conclusões, sendo
que para o uso sustentável dos solos da microbacia, indicam-se:
191
a) áreas com os grupos dos argissolos e dos cambissolos, o Sistema
de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimen-
to superficial das águas pluviais, a produção integrada com o cultivo
florestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-
floresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização
com baixo risco de degradação do solo e rendimento aceitável das
máquinas/equipamentos, e pecuária-floresta nos declives de 20% a
45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, inclu-
sive com a fixação biológica de nitrogênio;
b) áreas com Neossolos e Cambissolos com declive entre 45% e 100%,
presentes por associações em diversos grupos de solos, é importante
que a fauna seja protegida e a flora melhorada. Para a cobertura das
florestas degradadas propõe-se o enriquecimento e adensamento com
espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas median-
te técnicas extrativas não predatórias ou com agrofloresta tecnificada;
c) As áreas com NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBISSOLOS com
caráter léptico podem apresentar produções sustentáveis se explora-
das mediante sistema agroflorestal com base agroecológica; e
d) Áreas com Neossolos Litólicos devem ser reservadas para conser-
vação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força
da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e
reserva legal (RL).
O levantamento sobre a cobertura e o uso da terra é de grande
utilidade para o conhecimento atualizado das formas de uso e de ocu-
pação do espaço, sendo instrumento valioso para a construção de in-
dicadores ambientais e para a avaliação da capacidade de suporte
ambiental, frente aos diferentes manejos empregados na produção,
contribuindo assim para identificar alternativas promotoras do desen-
volvimento sustentável.

192
FIGURA 7 - MAPA DE USO E COBERTURA DA TERRA
Fonte: Elaborado pelos autores (2013)

A microbacia apresenta uma boa cobertura com florestas nativas


(39,81%), acima da média do estado, mesmo assim ainda apresenta
rios e nascentes desprotegidos com mata ciliar, havendo necessida-
de de recuperação das áreas de preservação permanente (APP). As
culturas anuais (grãos) são exploradas em 54,42% da microbacia e
apresenta necessidades de melhoria nas técnicas de manejo e con-
servação do solo, tais como adequação no sistema de plantio direto,
correção no sistema de terraços e plantio em nível. O restante da mi-
crobacia apresenta as pastagens cultivadas (5,22%) e área de várzea
(0,55%).
A combinação de informações do relevo, solos, áreas de proteção
ambiental definidas por legislação e uso atual da terra com uso do
geoprocessamento permite identificar e localizar as áreas com restri-
ções, potencialidades e recomendar opções mais adequadas de uso e
manejo dos solos.
Este conjunto de informações georreferenciadas localiza e iden-
tifica os principais pontos críticos (Figura 8), e possibilita apresentar
alternativas de soluções, buscar as melhores relações custo/benefício
193
e definir prioridades que resultem na redução dos passivos ambientais
(Figura 9).

FIGURA 8 - MAPA DE PONTOS CRÍTICOS


Fonte: Elaborado pelos autores (2013)

FIGURA 9 - MAPA DE AÇÕES INDIVIDUAIS E COMUNITÁRIAS


Fonte: Elaborado pelos autores (2013)
194
As ações grupais motivam a participação comunitária, e como
exemplo de resultado prático na microbacia Manducas, com envolvi-
mento de 100% dos agricultores, a comunidade mobilizou-se para a
instalação do Sistema de Abastecimento de Água tipo II, prática pre-
vista no plano de trabalho dessa microbacia.
A organização prevê um acordo entre a Comunidade, Prefeitura
Municipal e Estado, com suas devidas responsabilidades na implan-
tação desse Sistema, sendo deliberadas e consensadas as seguintes
responsabilidades:
- Prefeitura Municipal: fornecimento do material para a distribuição
de água (canos), bem como a abertura de valetas para a instala-
ção da rede principal;
- Produtores: participar com mão de obra para implantação do sis-
tema, instalação das redes adutoras e redes de distribuição até
as residências, com ligações prediais e respectivos ramais. Com-
plementar as quantidades excedentes ao previsto no módulo bá-
sico do programa. Gerir o sistema de abastecimento, através da
quotização das despesas mensais de energia elétrica e demais
encargos de manutenção, administrados através de um regimento
interno para garantir o funcionamento do sistema.
- Estado: fornecer um Sistema de Abastecimento de Água tipo II pre-
visto no programa.

As ações individuais e coletivas priorizadas e consensadas com o


grupo de agricultores da microbacia permitem encontrar soluções con-
juntas para melhoria das condições econômicas, sociais e ambientais
da microbacia.

CONCLUSÕES

A metodologia com apoio dos recursos de geoprocessamento, jun-


tamente com visitas a campo, possibilita a elaboração de diagnóstico
e planejamento de microbacias, caracterizando os solos, permitindo
inferir sobre: limitações, restrições, aptidão, potencial e recomendar
opções mais adequadas de uso e manejo.
A metodologia ainda permite visualizar a implantação de outras
ações relacionadas às atividades agropecuárias, estradas rurais, desti-
nação correta de embalagens e agrotóxicos obsoletos, manejo integra-
195
do de pragas e invasoras, uso apropriado e controlado de agrotóxicos,
destinação adequada de dejetos, emprego correto de adubos orgâni-
cos e minerais, recuperação da cobertura florestal nas áreas de recar-
ga de mananciais d’água, proteção de fontes, implantação de sistemas
de abastecimento de água comunitários e recomposição da cobertura
florestal nas áreas de preservação permanente (APP).
Finalmente, contribui com a gestão integrada dos recursos naturais
solo, água e biodiversidade em microbacias, para uma agricultura sus-
tentável (ambiental, social, econômica) com melhor qualidade de vida
das populações rural e urbana da microbacia e do município.

REFERÊNCIAS

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hidrográfica Ottocodificada: fase 1 - construção da base topológi-
ca de hidrografia e ottobacias conforme a codificação de bacias
hidrográficas de Otto Pfafstetter. Brasília: ANA/SGI, 2008.
COPEL/AGUASPARANÁ. Base Hidrográfica do estado do Paraná -
1:50.000. Curitiba: Copel/Aguasparaná, 2011.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA - IBGE.
Censo Demográfico 2000. Rio de Janeiro, 2003.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA - IBGE.
Manual técnico de uso da terra. 3. ed. Rio de Janeiro, 2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA - IBGE.
Área territorial brasileira. Rio de Janeiro, 2014.
MATSUSHITA, M.S. e HAGEMAIER, N.P.C. Roteiro para elaboração
de projetos socioeconômicos e ambientais com uso de Sistemas
de Informações Geográficas. Curitiba: Instituto Emater, 2010.
MATSUSHITA, M.S.; ÂNGELO, A.R.; ROCHA, R.T.O.; SANTOS, L.M.
F. e BERTOL, O.J. Agrupamento de Ottobacias para o manejo de
solo e água no Paraná: contribuição da extensão rural. Curitiba:
Instituto Emater, 2013 (Série Informação Técnica, 087).
196
OSAKI, F. Microbacias - Práticas de conservação de solos. Curitiba:
Câmara brasileira do livro, 1994.
PARANÁ. Projeto Multissetorial para o Desenvolvimento do Paraná.
Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias - Manual
Operativo do Projeto. Curitiba: SEPL/SEAB, 2014. 178 p.
RENNÓ, C.D. Construção de um sistema de análise e simulação
hidrológica: aplicação a bacias hidrográficas. São José dos Cam-
pos: INPE, 2003. 158p. - (INPE - 10437-TDI/925).
SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECI-
MENTO DO PARANÁ-SEAB. Manual operativo de fundo de manejo
e conservação dos solos e controle da poluição. 4. versão. Curitiba:
SEAB, 1992. 96 p.

197
198
CAPÍTULO VIII
GESTÃO DE PROPRIEDADES RURAIS
NA REGIÃO DE PATO BRANCO
Rosane Dalpiva Bragatto1
Herivelto Holowka2
Marcia de Andrade3
Edivan Jose Possamai4
Jose Antonio Nunes Vieira5

1
Engenheira Agrônoma, Mestre em Desenvolvimento Regional, Instituto Emater, Sauda-
de do Iguaçu, Paraná, Brasil - rosanebragato@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil
herivelto@emater.pr.gov.br
3
Economista Domestico, Instituto Emater, Chopinzinho, Paraná, Brasil
marciadeandrade@emater.pr.gov.br
4
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia Produção Vegetal, Instituto Emater, Pato
Branco, Paraná, Brasil - edivanjp@emater.pr.gov.br
5
Médico Veterinário, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil
josenunesvieira@emater.pr.gov.br
199
200
INTRODUÇÃO

As informações e os indicadores do geoprocessamento foram usa-


dos na Região de Pato Branco na execução do Programa de Gestão
de Solos, Águas em Microbacias Hidrográficas, no processo de Gestão
de Propriedades e na Ação de Abastecimento de Água, fornecendo o
embasamento necessário para realização de diagnóstico preciso e a
elaboração de planejamento adequado.
O uso das ferramentas no processo de Gestão das Propriedades
Rurais na região de Pato Branco dá suporte à tomada de decisão para
a equipe de gestão de propriedades e para os agricultores participan-
tes do processo. O uso do geoprocessamento, com a espacialização
do banco de dados e elaboração de mapas para análises específicas,
fornecerá indicadores e informações precisas, oportunas e acessíveis,
facilitando e proporcionando a realização de uma administração efi-
ciente e eficaz da empresa rural. Permite, ainda, gerir visualmente o
desempenho das propriedades de gestão, proporcionando indicadores
e informações que auxiliem os técnicos no diagnóstico e no assesso-
ramento aos produtores rurais no processo de gestão da propriedade
rural, na busca de melhores resultados:
- Fornecendo informações internas e externas à propriedade rural,
necessárias ao processo de gestão;
- Realizando diagnóstico e planejamento de microbacias, municípios
e região;
- Identificando os municípios pertencentes à região de Pato Branco
e das microbacias hidrográficas a serem trabalhadas no Projeto de
Gestão de Solos, Águas e Biodiversidade em Microbacias Hidro-
gráficas;
- Mapeando as propriedades e as áreas produtivas das proprieda-
des do processo de gestão;
- Elaborando indicadores, que auxiliem no processo de tomada de
decisão;
- Efetuando análise individual e grupal fornecendo indicadores, que
auxiliem na gestão da propriedade rural;
- Localizando e identificando as nascentes protegidas, no processo
de gestão das águas;
- Espacializando as áreas produtivas para o processo de agricultura
de precisão.
201
Geoprocessamento
O Geoprocessamento é a tecnologia que abrange o conjunto de
procedimentos de aquisição, armazenamento, recuperação, manipu-
lação, análises e distribuição de dados espacialmente referenciados.
Enquanto conceito, para Câmara (1995), geoprocessamento constitui-
se em importante ferramenta de suporte à decisão. Sendo um Sistema
de Informações Geográficas (SIG), pode ser definido como um sistema
computacional dotado de ferramentas para manipulação, transforma-
ção, armazenamento, visualização, análise e modelagem de dados ge-
orreferenciados, voltados para a produção de informação.
Considerados como uma das principais ferramentas do geopro-
cessamento, os SIGs permitem a obtenção qualitativa e quantitativa
de dados computacionais geográficos possibilitando a gestão dos re-
cursos e aplicação de técnicas otimizadas baseadas em diagnósticos
georreferenciados (CAVALLARI, 2014).
O geoprocessamento associado às técnicas atuais de mapeamen-
to (topografia convencional, utilização de fotografias aéreas, imagens
de satélite, GPS - Sistema de Posicionamento Global por Satélite - bem
como outras formas de aquisição de dados), torna possível a obtenção
de mapas temáticos e a quantificação de áreas, como por exemplo:
áreas de preservação permanente, agricultura, pastagem, fruticultura,
áreas sujeitas a alagamento, recursos hídricos, áreas erodidas ou em
processos, comprimento de estradas e cercas, áreas degradadas, es-
trutura fundiária, bem como outras formas de utilização.
Assim os SIGs servem para localizar esses dados no espaço, e
para representar a relação espacial entre eles (CAMARA, 1995). A
seguir, alguns exemplos dessas relações: Meio Ambiente: controle de
queimadas; estudos de modificações climáticas; acompanhamento de
emissão e ação de poluentes; gerenciamento florestal de desmatamen-
to e reflorestamento. Atividades Econômicas: planejamento de marke-
ting; pesquisas socioeconômicas; distribuição de produtos e serviços;
transporte de matéria-prima. Câmara e Medeiros (1996) classificam as
aplicações em: Socioeconômicas - envolvendo o uso da terra, seres
humanos e a infraestrutura existente; Ambientais - enfocando o meio
ambiente e o uso dos recursos naturais; Gerenciamento - envolvendo
a realização de estudos e projeções que determinam onde e como
202
alocar recursos para remediar problemas ou garantir a preservação de
determinadas características.
É evidente a diversidade de aplicações de SIGs, contudo, as apli-
cações principais desenvolvidas neste trabalho se encaixam perfeita-
mente na classificação citada por Câmara (1996), tratando das Ativida-
des Econômicas que envolvem os subitens Socioeconômicos, no que
se refere ao uso da terra, levantamentos sobre população e qualidade
de vida e infraestrutura; no contexto ambiental focalizando a utilização
dos recursos naturais do município e por fim no gerenciamento, na re-
alização de projeções de como tratar e buscar soluções de problemas
ou garantir a preservação de determinadas características.

Microbacia hidrográfica
O termo microbacia hidrográfica diz respeito a uma área delimitada
do terreno para onde convergem todos os declives, isto é, para onde
convergem as águas de uma determinada região. É uma área geográ-
fica compreendida entre um fundo de vale, que pode ser o canal de um
rio, sanga ou córrego, e os espigões, que são os divisores de água,
ou seja, linhas que delimitam os pontos a partir dos quais as águas da
chuva escorrem. Na prática as microbacias têm início na nascente dos
pequenos cursos de água e à medida que a água segue seu curso vai
se unindo a outras, formando as bacias hidrográficas (OSAKI, 1994).
As microbacias hidrográficas são consideradas unidades naturais
de planejamento agrícola e ambiental, nas quais podem ser implanta-
dos padrões técnicos de uso e manejo integrado de solos e recursos
hídricos, bem como, em decorrência da riqueza de informações que
podem ser levantadas, constituírem instrumentos de interesse científi-
co. Considerada a “melhor unidade de planejamento por se encontrar
fisicamente bem caracterizada e também porque toda a área de ter-
ra (fração) por menor que seja sempre se integra a uma microbacia”
(OSAKI, 1994, p.555). Portanto, desde a nascente até a foz, um curso
de água está sujeito as alterações antrópicas no que diz respeito às
mudanças qualitativas e quantitativas das águas.
A aplicação do SIG aliada a um conjunto de procedimentos me-
todológicos possibilita localizar e identificar as características físicas
da área de estudo. Ao considerar uma área geográfica de uma micro-
bacia hidrográfica como a área de estudo no universo do mundo real
203
encontra-se nos fenômenos a serem representados (CÂMARA, 2001),
e as informações de interesse como, cadastro urbano e rural, dados
geofísicos, topográficos e tipos de solo, seu uso e ocupação podem
ser agrupados, analisados e sobrepostos para esta unidade dos dados
espaciais, garantindo o acesso eficiente e rápido ao usuário das infor-
mações por ele gerenciadas.

Gestão de propriedades
A propriedade rural deve ser vista e administrada como uma em-
presa. Qualquer propriedade precisa dar retorno para garantir a sobre-
vivência e a prosperidade.
Sendo assim, a gestão de propriedades rurais tem como desafios
a melhoria dos resultados socioeconômicos, financeiros e ambientais.
Estes resultados são consequência da conscientização de uma visão
de longo prazo e de sustentabilidade em detrimento da visão imedia-
tista.
Das várias atividades desenvolvidas pelos gestores das propriedades
agrícolas estão as do processo decisório. São estas que definem o su-
cesso ou não de um estabelecimento. A propriedade física e todas as
atividades nela inseridas apresentarão um desempenho, fruto de deci-
sões de seus gestores. Ter um processo decisório competitivo é uma
segurança para garantir a sustentabilidade de uma propriedade rural.
Dentre as decisões destacam-se: planejamento de tarefas de cam-
po; seleção de máquinas e equipamentos; gestão do processo de com-
pra, manutenção e substituição de máquinas e equipamentos; seleção
da cultura; segurança das pessoas sob a responsabilidade do gestor;
análise de custos; gestão da responsabilidade social da propriedade.
Além disso, em suas decisões, na avaliação de sistemas de produção
deve-se avaliar o risco que determinada tecnologia possa propiciar aos
agricultores (SANTOS et al., 2002).
O melhor uso do solo depende da disponibilidade e habilidade do
proprietário em usá-lo adequadamente e o manejo sustentado dos
agroecosistemas passa pelo planejamento de uso dos mesmos na
abordagem da complexidade ambiental, avaliando os problemas e le-
vando em conta seus diversos aspectos, que são interdependentes.
Dentre os fatores internos, aqueles localizados geograficamente
dentro da unidade de produção e/ou que são de propriedade rural,
usados no geoprocessamento estão os recursos naturais processados
204
no geoprocessamento: fertilidade do solo; tipo de solo; área disponí-
vel; quantidade de chuva; temperatura do ar; disponibilidade de água;
topografia (relevo).
O SIG também pode produzir confronto de cenários por meio de
simulação elaborada, pois tem capacidade de comparar séries de da-
dos temporais, pela sobreposição de imagens ou mapas de diferentes
datas (SANTOS, 2004). Tem poder de previsão e estrutura o problema
e suas consequências, simplifica a realidade e pode adotar conceitos
subjetivos, fornecendo ao planejador instrumentos de análise pela in-
terpretação das mudanças ocorridas no uso do solo, pela possibilidade
de analisar dados georreferenciados e convencionais, tendo como re-
sultados mapas e relatórios que irão apoiar o processo de tomada de
decisão.

Abastecimento d’água
A água destinada ao consumo humano considerada segura é
aquela cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radio-
ativos atendem aos padrões de potabilidade e não oferecem riscos
à saúde. No Brasil esses padrões são regulamentados pela portaria
2914/2011 do Ministério da Saúde (2012). Quanto aos parâmetros mi-
crobiológicos, determina que para a água ser potável, isto é, poder ser
consumida sem causar riscos à saúde de pessoas e animais, ela não
deve apresentar coliformes termotolerantes, também conhecidos como
coliformes fecais.
Na maioria das propriedades rurais dos agricultores familiares na
região de Pato Branco, a água consumida é proveniente de nascentes
ou poços escavados, cuja origem é do lençol freático. Essa água pode
estar contaminada por não haver uma proteção adequada ou em con-
sequência da contaminação do lençol freático, que pode acontecer por
dejetos de animais, esgotos a céu aberto, cemitérios, lixões, fossas
negras (buracos feitos na terra cheios de pedras ou não, nos quais é
jogado, sem tratamento prévio, o esgoto do banheiro).
Com base nos resultados de análise de água de nascentes de sis-
temas alternativos individuais do meio rural obtidos no ano de 2011
pela 7ª Regional de Saúde do Paraná1, em torno de 60% das amostras

1
Dados não publicados

205
analisadas apresentaram contaminação por coliformes termotoleran-
tes, indicando água imprópria para o consumo. Nesse caso é neces-
sário fazer o tratamento da água, sendo que a cloração é o processo
mais utilizado, por ser um método simples, de baixo custo e eficiente.
Por meio de acompanhamento realizado em propriedades rurais
de agricultores familiares assistidos pelo Instituto Emater, estima-se
que grande parte das nascentes usadas não possuem proteção ade-
quada, ficando expostas a enxurradas, partículas de solo, restos vege-
tais e ejeções de animais.
Além dos prejuízos à saúde da população rural, a água contami-
nada também pode causar perdas econômicas, principalmente nas
unidades produtoras de leite, ao ser utilizada na higienização dos te-
tos das vacas e nos equipamentos de ordenha. Segundo Otenio et al.
(2010), da Embrapa Gado de Leite, a qualidade da água na atividade
leiteira tem sido determinante na obtenção de melhores resultados,
pois interfere na qualidade do leite, auxiliando na redução da conta-
gem bacteriana, deixando de ser veículo de contaminação durante a
ordenha e conservação do leite ordenhado. A água contaminada pode
ter bactérias que causam mastite e que contaminam o leite, podendo
provocar acidez.
Em análise dos fatos, a adoção do SIG pode contribuir para identifi-
car espacialmente, através da confecção de mapas temáticos, a forma
de ocupação das terras, observando os aspectos legais, localizando as
nascentes, para o planejamento sustentável, considerando a atividade
antrópica, as áreas e focos de contaminação. Neste contexto a utiliza-
ção do SIG é fundamental para uma rápida e precisa interpretação das
informações físico-espaciais, pois permitem a geração de bancos de
dados temporais, que atuam como base para cruzamentos e ajustes
do grande número de informações.

MATERIAL E MÉTODOS

A estrutura empregada no geoprocessamento seguiu parâmetros


de dimensão territorial espacializada a qual abrangeu os municípios da
Região de Pato Branco, localizada no Sudoeste do Paraná, tendo sido
realizado no período de 2010 a 2013.
Para a realização do trabalho fez-se necessário o levantamento
206
das informações acerca dos elementos existentes nas microbacias e
nas propriedades. Foi feita a aquisição das informações do banco de
dados, imagens de satélite e coordenadas geográficas a campo com
aparelho GPS.
Na primeira etapa foi realizado o planejamento, momento em que
se idealizou o tema, tendo sido necessário então realizar as escolhas
acerca de métodos e objetivos buscados. Sabendo o que realmente in-
teressaria para balizar a qualidade de levantamento em campo e quais
elementos seriam levantados, materiais utilizados entre hardware e
software também foram apontados nesta fase.
O Trabalho de campo na segunda etapa consistiu em realizar o
levantamento dos dados das microbacias e propriedades estudadas.
Dados geográficos e dados visuais levantados com informações quali-
tativas e quantitativas.
Na terceira etapa do geoprocessamento foram criados mapas de-
talhados para realçar apresentações, revelando padrões e tendências
nas informações, que de outro modo seriam difíceis de serem visua-
lizadas em tabelas e gráficos. Realizadas análises das informações,
entendendo melhor os dados levantados e seus potenciais. Gerencia-
mento ativo baseado nas informações geográficas, das microbacias,
propriedades rurais e nascentes.
E por fim foi realizado diagnóstico da situação atual proposta de
adequação para embasamento do planejamento das ações a serem
realizadas.

Métodos
As microbacias hidrográficas (ottobacias) trabalhadas foram defi-
nidas através de arquivos georreferenciados e ortorretificados, forne-
cidas pela equipe de Geoprocessamento do Instituto Emater, Unidade
Estadual.
O uso do solo, as áreas produtivas, bem como a localização das
nascentes foram vetorizados a partir dos mapas analógicos das pro-
priedades, imagens de satélite, imagens do Google Earth e levanta-
mento a campo com GPS de navegação.
Para a caracterização de cada propriedade foi seguida a seguinte
sequência: no ambiente ArcMap e QGis, foram delimitados os polígo-
nos do perímetro da área total de cada propriedade. Em seguida, estes
207
foram divididos nos diferentes tipos de uso do solo, com base no levan-
tamento de campo e nas imagens de satélite.
Estabelecidos os polígonos foi realizada a denominação e quantifi-
cação dos diferentes usos.
As nascentes identificadas a campo com uso de GPS de navega-
ção, e os dados foram processados no ambiente ArcMap e QGis. A
partir dos pontos levantados elaborou-se tabela com dados de cada
nascente: a localização, o nome do proprietário e o resultado da análi-
se biológica da água.

Materiais

- Carta de Solos do Estado do Paraná, Folha SG.22-Y-A - MIR – 516,


E:1:250.000 em formato digital, de autoria de Santos et al (2008).
- Imagem do Satélite SPOT5 do sensor HRG de alta resolução geo-
métrica de 26 de maio de 2005, cedidas pelo Instituto Emater me-
diante termo de compromisso.
- Imagem do satélite GeoEye do programa Google Earth 6.0.3.2197
(2011) de diversas épocas, de acordo com cada quadrante geográ-
fico analisado.
- Mapas analógicos de propriedades rurais.
- Aparelho GPS Garmin 76 csx manual.
- Microsot Office Word 2010 e Microsot Office Excel 2010, produzi-
dos pela MICROSOFT (2010).
- TrackMaker professional versão 4.8, produzido por Odilon Ferreira
Junior.
- ARCMap 9.0, produzido pela ESRI (2006).
- QGis 2.0.1 Dufour, Sistema de Informação Geográfica livre e aber-
to.
- Google Earth 6.0.3.2197 desenvolvido e distribuído pela empresa
americana Google (2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir são apresentados os resultados obtidos nas ações realiza-


das na execução do Programa de Gestão de Solo e Água em Microba-
cias Hidrográficas, no processo de Gestão de Propriedades e na Ação
de Abastecimento de Água.
208
Área de Estudos
A mesorregião Sudoeste Paranaense está localizada no Terceiro
Planalto Paranaense e abrange uma área de 1.163.842,64 hectares,
que corresponde a cerca de 6% do território estadual. Esta região faz
fronteira a oeste com a República da Argentina, ao sul com o Estado
de Santa Catarina e ao norte, pelo rio Iguaçu, limita-se com terra do
Estado do Paraná. É constituída por 42 municípios, dos quais se des-
taca Pato Branco (Figura 1), em função de sua dimensão populacional
e níveis de polarização (IPARDES, 2004).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS LIMITES TERRITORIAIS


DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE PATO BRANCO
Fonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

Microbacias Hidrográficas

O Estado do Paraná, através da Secretaria de Estado da Agricultu-


ra e do Abastecimento (SEAB), do Instituto Paranaense de Assistência
Técnica e Extensão Rural (EMATER) e demais parceiros, está imple-
209
mentando o Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacia Hidro-
gráfica, cujo objetivo é recuperar e manter a capacidade produtiva dos
recursos naturais, com base na gestão de Microbacias Hidrográficas,
com previsão de atuar junto a 400 microbacias até o ano de 2015 em
todos os municípios do Paraná.
Dentro do programa, há a ação de “Harmonização da Produção
Agropecuária e da Conservação de Recursos Naturais”, voltada para
uma ação direta junto ao público das microbacias, promovendo o pla-
nejamento participativo da paisagem e a elaboração de planos de con-
servação e uso do solo, água e biodiversidade, tendo como estratégias
técnicas a produção e proteção de água, bem como aumento da bio-
diversidade.
O trabalho estruturou-se basicamente na realização de consulta
pública junto à população da microbacia visando verificar o interesse
em participar do programa, realização de diagnóstico, uso e ocupação
do solo e informações socioeconômicas, elaboração de plano de ação
acordado com o público das microbacias e implementação das práticas
propostas e consensadas.
A análise em Microbacias Hidrográficas (Figura 2) foi realizada em
8 microbacias localizadas nos municípios de Mariópolis, Pato Branco,
Coronel Vivida, Vitorino, Itapejara d`Oeste, Bom Sucesso do Sul, São
João e Saudade do Iguaçu, na Região de Pato Branco, situada na re-
gião Sudoeste do Estado de Paraná.
Com base no diagnóstico de cada microbacia e nos principais
passivos ambientais identificados e de consenso com os produtores,
e objetivando constituir um processo gradual de mudanças nos agro-
ecossistemas, que leve ao desenvolvimento de sistemas de agricultu-
ras mais sustentáveis, as linhas gerais de trabalho propostas foram: a)
Melhoria do sistema plantio direto, com ações de manejo da fertilidade
do solo, uso racional de fertilizantes, manejo da palhada, rotação de
culturas, plantio em nível, práticas mecânicas em pontos críticos (terra-
ceamento e afins), entre outras, visando evitar perdas de solos e águas
do sistema, bem como manter e/ou aumentar a capacidade produtiva
dos solos; b) Melhoria do sistema de integração lavoura-pecuária, com
ações de manejo das pastagens anuais, manejo de cobertura do solo,
manejo de animais, entre outras, visando reduzir os impactos sobre o
solo; c) Melhoria no manejo de pastagens, com ações de manejo da
210
fertilidade do solo, manejo de resíduo de palhada em áreas de integra-
ção lavoura-pecuária, recuperação de pastagens degradadas, visando
o aumento da capacidade produtiva e de lotação das pastagens;

FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO E PERÍMETRO DAS MICROBACIAS


HIDROGRÁFICAS DA REGIÃO DE PATO BRANCO, COM DESTAQUE PARA
AS MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS TRABALHADAS NO PROGRAMA DE
GESTÃO DE SOLOS E ÁGUAS EM MICROBACIAS
Fonte. Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

d) Melhoria na destinação e uso dos dejetos animais, como forma de


evitar a contaminação ambiental e aproveitamento como fertilizante; e)
Melhoria e/ou ampliação nos sistemas de rede de distribuição de águas
de poços artesianos, visando o fornecimento de água potável para as
famílias nos períodos de escassez devido a estiagens; f) Construção
de proteção de nascente em solo cimento e tubo de concreto, visando
a melhoria da qualidade da água utilizada pelas famílias e na proprie-
dade; g) Realização de análises de água, para certificar-se sobre a
qualidade da água que abastece as propriedades rurais atendidas; h)
Realização de tratamento de água por meio de cloração, observando
211
recomendações do Ministério da Saúde, visando o uso de água de
qualidade pelas famílias e na propriedade; i) Implantação de fossas
sépticas biodigestoras, que garantem um tratamento dos resíduos sa-
nitários, diminuindo a poluição ambiental; j) Orientar quanto à com-
patibilização dos sistemas produtivos existentes com a preservação
ambiental, a fim de promover o saneamento ambiental das proprieda-
des; l) Orientação e estímulo na implantação, recuperação e proteção
das áreas de preservação permanente. O plantio de espécies florestais
nativas e/ou a regeneração natural da floresta permitirão o aumento
da biodiversidade local com a maior disponibilidade de alimentação
e abrigo para a fauna. A regularização da vazão, a estabilização das
margens e a redução dos efeitos das enxurradas também são função
da floresta, mantendo o equilíbrio ambiental na zona ripária e a manu-
tenção da qualidade da água disponível; m) Promoção da conectivi-
dade entre os fragmentos florestais existentes, visando a recuperação
e conservação da biodiversidade. A formação dos corredores de bio-
diversidade é fundamental para unir os fragmentos de floresta ripária,
permitindo assim a migração gênica. Desse modo, animais silvestres e
espécies florestais que antes se encontravam confinadas em determi-
nado fragmento, ali vivendo, reproduzindo e criando uma endogamia
da espécie, poderão migrar para outros locais e formar novas famílias;
n) Readequação de estradas rurais e integração com lavouras.
Os trabalhos foram realizados em 8 microbacias e a seguir são
apresentados os resultados da Microbacia Rio Bonito exemplificando
o processo.
Conforme mostra a Figura 3, as áreas de relevo ondulado (>8% a
<20% de declive) se distribuem em 65,7% da área total. O relevo forte
ondulado representa 7,1% da área, enquanto área com relevo monta-
nhoso não se observa na microbacia.

212
FIGURA 3 - FASES DE RELEVO PRESENTES NA MICROBACIA DO RIO
BONITO, CONFORME CLASSIFICAÇÃO DA EMBRAPA (2006)
Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

O Rio Bonito, com largura do leito menor que 10 metros, tem uma
extensão total dos canais de drenagem de 1ª, 2ª e 3ª ordem de 58,88
km (Figura 4) e com a presença de 75 nascentes de águas.
Na Figura 5 encontra-se o mapa de ocorrência dos solos da mi-
crobacia do Rio Bonito. A quantificação em hectares e percentual é
apresentada na Tabela 5, indicando que em 1,7% da área ocorre a
presença de Neossolo Regolítico Distrófico, em 36,9% da área ocor-
re Nitossolo Vermelho Distroférrico típico e em 46,2% da área ocorre
Latossolo Vermelho Distroférrico. Ainda em áreas de ocorrência de
Neossolos, verificou-se a presença de pequenas áreas de CAMBIS-
SOLOS e NITOSSOLOS em associação, porém com a dominância dos
NEOSSOLOS. Para fins de classificação de unidades de paisagens,
apresentada posteriormente, optou-se pelo uso da classe de solos pre-
dominante em cada área.

213
FIGURA 4 - MAPA HIDROGRÁFICO E ORDEM HIERÁRQUICA DOS CANAIS
DE DRENAGEM DO RIO BONITO
Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

FIGURA 5 - MAPA DE SOLOS E HIDROGRAFIA DA MICROBACIA DO RIO


BONITO
Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo
214
A classificação de segundo, terceiro e quarto nível das classes
de solos foi feita a partir da indicação do mapa de solos da Embrapa
(2006), ou seja, por aproximação com padrões regionais, tendo em
vista que não foram realizadas as análises pormenorizadas das dife-
rentes camadas de solos.
O levantamento do uso das terras baseado nas imagens de saté-
lites evidenciou os seguintes usos: áreas urbanizadas, florestas nati-
vas, capoeiras/pousio, culturas anuais, pastagens cultivadas, cultivos
florestais e corpos d´agua, conforme dados apresentados na Tabela 1
e Figura 6.

Tabela 1 - Distribuição do uso da terra da microbacia Rio Bonito

Uso Atual Área (ha) Área (%)


Culturas anuais 2.634,10 75,3
Florestas nativas 632,71 18,1
Pastagens cultivadas 147,65 4,2
Cultivos florestais 2,35 0,1
Áreas urbanizadas 52,07 1,5
Capoeiras/pousio 18,62 0,5
Corpos d'agua 9,96 0,3

TOTAL 3.497,46 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

A maior parte da área da microbacia é ocupada por lavouras, re-


presentando 75,3% da área total, seguida pelas florestas nativas com
18,1%, e por pastagem cultivada com 4,2%. Há a presença de cultivos
florestais com 0,1%, e as demais áreas ocupam os 2,3% restantes da
área.

215
FIGURA 6 - MAPA DE OCUPAÇÃO DO SOLO DA MICROBACIA RIO BONITO
Fonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

Observa-se na Figura 7 que a UP1, UP2 e UP3 correspondem a


12,9%, 42,5% e 27,7% respectivamente, e somados chegam a 83,1%
da área total. Nestas três classes de UP enquadram-se as áreas em
que é possível o desenvolvimento de lavouras anuais, podendo haver
algumas restrições, porém, com boa aptidão para culturas permanen-
tes e para silvicultura. Já as UP4, UP5 e UP6 somadas correspondem
a 16,9% da área total, nas quais as lavouras anuais possuem restri-
ção para uso ou mesmo enquadram-se como inaptas. Nestas, ainda,
a aptidão é regular para silvicultura e regular ou restrita para culturas
permanentes.
A estrutura viária da microbacia (Figura 8) é composta por 59,32
km de estradas municipais/vicinais. Destas, 2,9 km de revestimento
asfáltico, 13,8 km com revestimento de pedras irregulares, e 42,62 km
com revestimento primário (cascalho).

216
FIGURA 7 - MAPA DE UNIDADES DE PAISAGEM E HIDROGRAFIA DA
MICROBACIA RIO BONITO
Fonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

FIGURA 8 - ESTRUTURA VIÁRIA DA MICROBACIA DO RIO BONITO


Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo
217
Conforme os dados da Tabela 2 existem 349,47 ha de áreas que
deveriam ser preservadas permanentemente, de acordo com Lei Fede-
ral 4771/65. Destas, 60,22% já estão preservadas e 39,78% precisam
ser recuperadas, o que corresponde a 139,05 ha. Destes, conforme
Figura 9, as áreas de APP a recuperar, 66% estão ocupadas atualmen-
te com culturas anuais e 26% com pastagens cultivadas.

Tabela 2 - Distribuição e situação das áreas de preservação permanen-


te (APP) da Microbacia do Rio Bonito

Situação Área (ha) Área (%)


Existente 209,97 60,22
A recuperar 139,05 39,78
Total 349,47 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

FIGURA 9 - MAPA DE COBERTURA FLORESTAL EXISTENTE E DE ÁREAS


A RECOMPOR NA MICROBACIA RIO BONITO
Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo
218
Na Figura 10 são apresentados os principais pontos críticos am-
bientais verificados na Microbacia do Rio Bonito.

FIGURA 10 - PRINCIPAIS PONTOS CRÍTICOS AMBIENTAIS DA MICROBA-


CIA DO RIO BONITO
Fonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

Observa-se com base na Tabela 4 que há áreas de lavouras anuais


em unidades de paisagem sem aptidão ou mesmo restrição para tais
usos, o que demanda cuidados especiais em relação ao manejo dos
solos.

219
Tabela 4 - Tipo do solo, uso atual do solo e capacidade de uso das áre-
as manejadas (cultivos florestais, culturas anuais de grãos e culturas
permanentes) na Microbacia do Rio Bonito

Capacidade de Uso
Classificação Área do Solo
% do total Uso Atual
do Solo (ha) Unidade de
Área Paisagem2
Cultivos florestais 0,51 UP4
Cultivos florestais 1,22 UP5
Cultivos florestais 0,62 UP6
NEOSSOLO Culturas anuais (grãos) 49,79 UP4
REGOLÍTICO 59,71 1,7% Culturas anuais (grãos) 106,90 UP5
Distrófico Culturas anuais (grãos) 107,71 UP6
Pastagens cultivadas 23,23 UP4
Pastagens cultivadas 21,65 UP5
Pastagens cultivadas 16,35 UP6
Cultivos florestais 0 UP2
Cultivos florestais 0 UP3
NITOSSOLO Culturas anuais (grãos) 209,56 UP2
VERMELHO 1290,91 36,9% Culturas anuais (grãos) 751,35 UP3
Distroférrico Pastagens cultivadas 20,65 UP2
Pastagens cultivadas 51,59 UP3
Cultivos florestais 0 UP1
LATOSSOLO Cultivos florestais 0 UP2
Culturas anuais (grãos) 392,28 UP1
VERMELHO 1615,84 46,2%
Culturas anuais (grãos) 1016,41 UP2
Distróférrico Pastagens cultivadas 4,81 UP1
Pastagens cultivadas 9,39 UP2
Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

A partir do cruzamento das informações pelo geoprocessamento, a


análise conjunta dos dados sobre ocupação atual, manejo adotado nos
solos e as aptidões dos solos observam-se as seguintes situações: a) Há
a adoção do plantio direto nas áreas de lavouras, porém, com proble-
mas em relação a sua qualidade em função da não adoção de práticas
complementares e a simples semeadura direta; b) Adoção do plantio
direto em áreas que possuem restrição de aptidão para lavouras, ocor-
rendo problemas relacionados ao manejo da água e erosão do solo.
Além do uso do solo com o cultivo de grãos, a ocupação com áreas
de preservação ambiental e reserva legal perfaz um total de 18% da

2
Para maior informação sobre as Unidades de Paisagem e as aptidões das áreas, ver
Anexo 01.
220
área da microbacia. Outro uso é a destinação para forrageamento dos
animais, com o cultivo de pastagens permanentes ou mesmo como
potreiros, que somados correspondem por 4,22% da área. As lavouras
permanentes, compostas principalmente pelo cultivo de pinus, euca-
liptos e de frutíferas em geral, compõem 0,6% da área da microbacia.
A partir do diagnóstico espacializado em cada microbacia hidro-
gráfica, conforme exemplificado na microbacia Rio Bonito (Figuras 3 a
10) e das ações elencadas anteriormente, foi estabelecido o seguinte
cronograma de trabalho: a) Definição dos produtores beneficiados, le-
vando em consideração o interesse em participar das atividades do
programa e das propostas consensadas. Além disso, há a participa-
ção do Grupo Gestor Municipal (GGM) na definição das famílias a se-
rem beneficiadas; b) Visitas às famílias definidas, para levantamento e
quantificação das ações a serem executadas dentro das linhas gerais
definidas, podendo ocorrer a definição de uma ou mais ações dentro
de cada propriedade, e não coincidente entre outras propriedades; c)
Realização do diagnóstico e plano de ação participativo; d) Aprova-
ção do diagnóstico e plano de ação participativo consensado com os
agricultores da microbacia, posteriormente aprovação no Grupo Gestor
Municipal e Regional; e) Elaboração do plano de aplicação dos recur-
sos individualmente e grupal, com os devidos termos de compromisso
com os produtores; f) Solicitação de recursos financeiros à Unidade
Técnica Estadual (UTE); g) Aplicação dos recursos e acompanhamen-
to aos produtores.
No que diz respeito aos processos produtivos, as ações previstas
com o trabalho do programa de Microbacias previu atuação relacio-
nada principalmente ao sistema produtivo de integração lavoura-pe-
cuária, com a expressão do sistema “grãos+leite”. Na área de grãos,
o programa previu uma ação mais focada para o manejo dos solos,
relacionado principalmente à qualificação do sistema de plantio direto.
Já com relação à bovinocultura de leite, as ações foram voltadas ao
manejo dos animais, pastagens e dos dejetos, com foco tanto ambien-
tal como na área produtiva. Quanto às práticas recomendadas na área
produtiva (grãos+leite), salienta-se que objetivam melhorar a eficiência
produtiva e econômica dos sistemas e estão relacionadas às práticas
propostas pelo Plano de Agricultura de Baixo Carbono do Ministério da
Agricultura do Governo Federal.
Tais atividades foram coordenadas pelo Grupo Gestor Municipal,
com a ação de forma direta dos escritórios municipais do Instituto Ema-
ter, Prefeituras Municipais e demais instituições parceiras do programa.
221
Gestão em Propriedades Rurais

O desenvolvimento atual do agronegócio requer que os agriculto-


res racionalizem os recursos usados na exploração agropecuária e es-
tabeleçam o uso de tecnologia adequada ao contexto, para obtenção
de melhores resultados.
A grande dificuldade consiste em tomar as decisões, baseadas em
informações concretas e confiáveis, que forneçam o embasamento ne-
cessário para realização de diagnóstico preciso e a elaboração de pla-
nejamento adequado, que possibilite ao agricultor governar os fatores
de produção, para ter efeitos crescentes.
Para isso, se estabeleceu na região de Pato Branco, projeto de
Gestão de Propriedades Rurais - GPR, que visa fornecer indicadores
e informações precisas, oportunas, acessíveis e adequadas à situa-
ção existente, no assessoramento aos agricultores familiares, assisti-
dos pelo Instituto Emater, na realização de gestão eficiente e eficaz de
suas propriedades.
Este projeto (Figura 11) é composto por dois processos: Redes de
Gestão (Geração) - responsável pela geração de informações e o de
Difusão de Referências – no qual acontece a socialização das informa-
ções geradas a outros agricultores familiares.

FIGURA 11 - PROJETO DE GESTÃO DE PROPRIEDADES RURAIS


222
Na execução, o processo segue as seguintes etapas, conforme
ilustra a Figura 11: tipificação - caracterização do sistema de cada pro-
priedade; diagnóstico inicial - marco zero da propriedade e da família;
planejamento das ações necessárias - baseado nos problemas detec-
tados no diagnóstico, o qual visa atingir a situação desejada e a execu-
ção das ações previstas.
Sendo dinâmico, sua execução compreende o acompanhamento e
intervenções que permitirão o aprimoramento do diagnóstico e o pla-
nejamento, ocasionando, como consequência, melhores resultados.
Assim, toda ação exitosa se torna referência para outras propriedades
de agricultores familiares.
O processo de Redes de Gestão se iniciou com a seleção dos
agricultores familiares, observando os critérios estabelecidos , e estão
distribuídas em 12 munícipios da região de Pato Branco (Figura 12).

FIGURA 12 - MAPA DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS PROPRIEDA-


DES ESTUDADAS
Fonte. Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

O mapeamento das propriedades foi iniciado em 2010, já no ano


agrícola de 2013/2014, a Rede de Gestão possui 24 propriedades
acompanhadas e georreferenciadas. O geoprocessamento consiste na
223
vetorização do uso atual (Figura 13), a partir deste, é realizado o diag-
nóstico quantitativo e qualitativo das áreas e a seguir o planejamento,
gerando mapa da situação proposta de adequação ambiental e das
áreas produtivas. No exemplo apresentado na Figura 14, verifica-se a
proposta de adequação da propriedade ao Código Florestal.

FIGURA 13 - MAPA DA SITUAÇÃO ATUAL DA PROPRIEDADE DO SR. JOSE


SANTOS DE QUADROS
Fonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo.

224
Outra ação desenvolvida com base nos mapas georreferenciados
é o planejamento para a agricultura de precisão. A espacialização vi-
sual destacada de cada área produtiva possibilita planejar com maior
clareza, acurácia e precisão as ações, permitindo gerenciamento mais
eficaz em cada atividade desenvolvida na propriedade. Dentre as ati-
vidades, verifica-se o exemplo da atividade silvipastoril, com piquete-
amento, destacando-se o dimensionamento das áreas e espécies de
pastagens perenes (Figura 15), importante no planejamento forrageiro.

FIGURA 14 - MAPA DA SITUAÇÃO PROPOSTA PARA ADEQUAÇÃO AO CÓ-


DIGO FLORESTAL DA PROPRIEDADE DO SR. JOSE SANTOS DE QUA-
DROS
Fonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

225
FIGURA 15 - MAPA DA ÁREA SILVIPASTORIL MOSTRANDO O PLANE-
JAMENTO DO PIQUETEAMENTO DE PASTAGENS PERENES NO CONDO-
MÍNIO PIZZOLATTO
Fonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

Abastecimento de Água

As nascentes estudadas estão localizadas nos municípios que re-


ceberam recursos da Ação Emergencial para Mitigação dos Efeitos da
Estiagem no Sudoeste do Estado do Paraná e estão distribuídas ale-
atoriamente (Figura 16) nos limites territoriais dos municípios de Bom
Sucesso do Sul, Chopinzinho, Clevelândia, Coronel Vivida, Itapejara
d`Oeste, Mariópolis, São João, Saudade do Iguaçu e Vitorino.
De acordo com os dados da tabela da Figura 16, o resultado mé-
dio das análises realizadas das fontes consideradas no Programa é
de 68,9% de contaminação, ficando acima dos índices observados
pela 7ª Regional de Saúde do Paraná. Observa-se o menor índice de
contaminação no município de Bom Sucesso do Sul, com 46,81% de
contaminação e o maior índice de contaminação 80% no município de
Saudade do Iguaçu. Conhecendo-se a geologia e conformação dos so-
226
los na região, esse resultado pode ser em decorrência da localização
do lençol freático. Pois em Saudade do Iguaçu observa-se a ocorrência
de solos mais rasos, ao contrário de Bom Sucesso do Sul, onde se
observa a ocorrência de solos mais profundos (Figura 17).

FIGURA 16 - MAPA DA LOCALIZAÇÃO DAS NASCENTES ANALISADAS


Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo não publicados

FIGURA 17 - MAPA DE SOLOS E LIMITES TERRITORIAIS DOS MUNICÍPIOS


DA MICRORREGIÃO DE PATO BRANCO
227
Nesse caso, pelo alto índice de contaminação observado, é neces-
sário fazer o tratamento da água, sendo que a cloração é o processo
mais utilizado, por ser um método simples, de baixo custo e eficiente.
Para tal pode-se usar o Clorador Emater (Figura 18), equipamento sim-
ples, fácil de montar e de baixo custo, composto por materiais encon-
trados em lojas de materiais de construção. Destina-se ao tratamento
da água no meio rural com uso de pastilhas para cloração da água em
reservatório de qualquer capacidade. Desenvolvido pelos técnicos do
Instituto Emater da Região de Pato Branco, com base no modelo cria-
do pela Sanepar de Pato Branco - PR.

FIGURA 18 - FOTO DO CLORADOR


Fonte: Herivelto Holowka, 2012

CONCLUSÕES

Atualmente a profissionalização dos agricultores é fundamental


para sobrevivência do seu empreendimento, devido à complexidade e
competitividade existente no agronegócio.
Desta forma, o processo de gestão oferece vantagens, uma vez
que se compõe de recurso que possibilita gerar informações importan-
tes na realização da análise técnica, econômica e financeira, fornecen-
228
do embasamento necessário para realização de diagnóstico preciso e
elaboração de planejamento adequado que leve a resultados compen-
sadores.
Mais importante que produzir, é fazer com organização, controle
e conhecimento do que está sendo feito. É possível avançar muito na
produção e geração de renda nas propriedades com a aplicação de
medidas simples, técnicas produtivas e gerenciais que existem há mui-
tos anos, mas que não são aplicadas na maior parte das propriedades.
A aplicação de conceitos técnicos e de gestão associads aos mapas
temáticos permitem a expansão da produção para patamares bem
mais elevados sem muito esforço e sem invenção tecnológica.
A associação dos mapas temáticos com as modernas técnicas do
geoprocessamento constitui suporte à sistematização da informação
espacial dos dados. Ficando evidente a importância das operações
com SIGs, que permitem uma interpretação mais apurada com carac-
terísticas de diferentes mapas, facilitando a resolução de problemas
ambientais, sociais e econômicos em propriedades rurais. Assim, tor-
na-se crucial no processo de tomada de decisão, sendo pontual no lan-
çamento das informações, agregando vasta quantidade de elementos.
A espacialização de fenômenos e dados georreferenciados possi-
bilita a gestão do território e é de grande valia na gestão de proprieda-
des, pois permite identificar no campo visual a resposta a perguntas
como: onde e por que ocorrem fenômenos e onde atuar para saná-los,
ou ainda, prioriza os locais que sofrerão interferências.

REFERÊNCIAS

CÂMARA, G. Introdução à Ciência da Geoinformação. São José dos


Campos: INPE, 2001.

CÂMARA, G. Modelos, Linguagens e Arquiteturas para Bancos de


Dados Geográficos. Tese de Doutoramento em Computação Aplica-
da. São José dos Campos, INPE, 1995. Disponível em: <http://www.
dpi.inpe.br/gilberto/tese>. Acesso em: 12/05/2014.

CÂMARA, G. e MEDEIROS, J.S. Geoprocessamento para projetos


ambientais. São José dos Campos, INPE, 1996.
229
CAVALLARI, R.L. A importância de um Sistema de Informações Ge-
ográficas no Estudo de Microbacias Hidrográficas. Revista Cienti-
fica Eletrônica de Agronomia, v. 6, n. 11, 2007. Disponível em <http://
faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/b659XY730u-
80PB9_2013-5-3-11-28-57.pdf >. Acesso em: 12/05/2014.
EMBRAPA Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2ª
Edição. Brasília: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro:
Embrapa Solos. 2006.
IPARDES. Leituras Regionais, Mesorregião Geográfica Sudoeste
Paranaense. Coordenação técnica Rosa Moura. Curitiba - PR. 2004.
134 p.
Ministério da Saúde. Portaria 2914, de 12 de dezembro de 2011. Pro-
cedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para con-
sumo humano e seu padrão de potabilidade. Disponível em: <http://.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>.
Acesso em: 15/10/2012.
OSAKI, F. Microbacia - Práticas de Conservação de Solos. Curitiba-
Paraná. 1994.
OTENIO, M.H.; CARVALHO, G.L.O.; SOUZA, A.M. e NEPOMUCENO,
R.S.C. Cloração de Água para Propriedades Rurais. Juiz de Fora:
Embrapa, 2010. Comunicado Técnico, 60.
SANTOS, H.P.; AMBROSI, I.; LHAMBY; J.C.B. e SCHNEIDER, G.A.
Comparação econômica de sistemas de rotação de culturas para
a região do planalto médio do RS. Revista Brasileira de Agrociência,
v.8; n.1 jan-abril, 2002. Disponível em: <http://www2.ufpel.edu.br/faem/
agrociencia/v8n1/artigo04.pdf>. Acesso em: 12/04/2014.
SANTOS, R.F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. Ed. Oficina
de textos. São Paulo, 2004.

230
ANEXO 1 - UNIDADES DE PAISAGEM (UP), DE APTIDÃO DAS TERRAS, A
PARTIR DO CRUZAMENTO DAS CLASSES DE SOLO COM AS CLASSES
DE DECLIVIDADE

Grupos Solos/ Pastagem e


Lavoura (CA) Silvicultura UP
Declive Lavoura (CP)
A – 0 a 8% Bom Bom Bom UP1
A – 8 a 20% Bom/Regular Bom Bom UP2
B – 0 a 8% Bom/Regular Bom Bom UP2
B – 8 a 20% Regular/Restrito Regular Bom UP3
C – 0 a 8% Bom/Regular Bom Bom UP2
C – 8 a 20% Regular/Restrito Regular Bom UP3
D – 0 a 8% Regular/Restrito Regular Bom UP3
D – 8 a 20% Restrito Regular/Restrito Regular UP4
D – 20 a 45% Inapto Restrito Regular UP5
E – 0 a 8% Restrito Regular/Restrito Regular UP4
E – 8 a 20% Inapto Restrito Regular UP5
E – 20 a 45% Inapto Restrito/Inapto Regular UP6
E – 45 a 100% Inapto Inapto Restrito UP7
F – 0 a 8% Restrito Regular/Restrito Regular UP4
F – 8 a 20% Restrito/Inapto Restrito Regular UP6
F – 20 a 45% Inapto Inapto Restrito UP7
F – 45 a 100% Inapto Inapto Restrito/Inapto UP8
F – >100% Inapto Inapto Inapto UP9
G – 0 a 8% Inapto Inapto Restrito UP7
G – 8 a 20% Inapto Inapto Restrito/Inapto UP8
G – 20 a 45% Inapto Inapto Inapto UP9
G – 45 a 100% Inapto Inapto Inapto UP9
G – >100% Inapto Inapto Inapto UP9
A = LATOSSOLO VERMELHO textura argilosa + LATOSSOLO BRUNO textura argilosa
B = LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO textura argilosa + NITOSSOLO VERMELHO textura
argilosa + NITOSSOLO BRUNO textura argilosa.
C = LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO textura média + ARGISSOLO textura
média/argilosa.
D = CAMBISSOLO HÁPLICO textura argilosa + CAMBISSOLO HÚMICO textura argilosa.
E = ARGISSOLO VERMELHO textura arenosa/média ou média/argilosa, abrúptico +
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO textura arenosa/média ou média/argilosa, abrúptico
+ CAMBISSOLO HÁPLICO textura média + CAMBISSOLO HÚMICO textura média +
NEOSSOLO REGOLÍTICO textura argilosa.
F = GLEISSOLO MELÂNICO + ORGANOSSOLO HÁPLICO + NEOSSOLO LITÓLICO textura
argilosa.
G = NEOSSOLO LITÓLICO textura média + NEOSSOLO QUARTZARÊNICO +
AFLORAMENTO DE ROCHA + ESPODOSSOLO HUMILÚVICO.
CA = Culturas Anuais CP = Culturas Permanentes
Fonte: Elaborado por Oromar João Bertol

231
As classes UEM (2011) foram assim definidas:
Classe boa - terras com aptidão boa são as que têm solos sem limitações significa-
tivas para a produção sustentável para uma determinada utilização, observando as
condições de manejo considerado.
Classe regular - terras com aptidão regular são as que têm solos com limitações mo-
deradas para a produção sustentável para uma determinada utilização, observando as
condições de manejo considerado. As limitações elevam a necessidade de insumos.
Classe restrita - terras com aptidão restrita apresentam solos com limitações fortes
para a produção sustentável para uma determinada utilização, observando as condi-
ções de manejo considerado. Essas limitações aumentam ainda mais a necessidade
de insumos.
Classe inapta - terras com aptidão inapta apresentam solos com condições que pa-
recem excluir a produção sustentável para uma determinada utilização em questão.
As terras consideradas inaptas para lavouras têm suas possibilidades analisadas para
usos menos intensivos (pastagem, silvicultura). No entanto, essas terras são, como
alternativa, indicadas para a preservação da flora e da fauna, recreação ou algum
outro tipo de uso não-agrícola. Trata-se de terras ou paisagens nas quais deve ser
estabelecida ou mantida uma cobertura vegetal, não só por razões ecológicas, mas
também para a proteção de áreas contíguas agricultáveis.

232
ANEXO 2 - CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE AGRICULTORES/PROPRIEDA-
DES RURAIS DE REFERÊNCIAS

Município
Comunidade
Nome do Agricultor
Nome do Técnico

Seleção dos Agricultores


Critérios Restritivos (S/N)
Enquadra-se na categoria social desejada.
Apresenta disposição, motivação e interesse.
Apresenta credibilidade junto aos demais agricultores (liderança, poder de persuasão,
comunicabilidade).
Tem condição de exploração estável da propriedade (é proprietário ou possuidor de contrato
de arrendamento ou parceria e situação econômico-financeira minimamente estável).
Possui relacionamento harmonioso junto à comunidade e seus pares.
É receptivo a orientações e às informações de técnicos.
Dispõe de vontade e capacidade de execução e organização para fazer os registros
necessários.
Critérios Orientadores (S/N)
Apresenta boa capacidade de comunicação oral, o que poderá facilitar a realização de
futuras atividades de difusão de tecnologia.
Apto às mudanças e inovações na busca de melhoria na propriedade.
É participativo ou tem predisposição para interagir em grupo.
Tem residência na propriedade ou na sede do município/comunidade.
É responsável pela administração da propriedade.
Possui sucessão familiar definida com sucessores(as) já participantes direta ou
indiretamente do processo produtivo.

Seleção das Propriedades


Critérios Restritivos (S/N)
Enquadra-se no sistema de produção escolhido, seja pela composição de atividades, seja
quanto à infraestrutura e funcionamento.
As condições de acesso à propriedade são favoráveis para o acompanhamento do trabalho
e para visitas de outros agricultores e técnicos em evento de difusão.
Apresenta-se sem grandes problemas relacionados à preservação ambiental.
Critérios Orientadores (S/N)
Apresenta boa localização no município e na região.

Observações: Realizar análise sob o ponto de vista do agricultor e da propriedade;


Fatores restritivos são aqueles que, se não atendidos, comprometem a escolha do
agricultor/propriedade;
Fatores orientadores são aqueles que são desejáveis, mas não definidores na escolha
do agricultor/propriedade (podem ser usados para o desempate).

233
234
CAPÍTULO IX
SIG - CONSEQUÊNCIAS
SOCIOECONÔMICAS DA
ADEQUAÇÃO AMBIENTAL EM
PROPRIEDADES RURAIS NO
CONTEXTO DE MICROBACIA
HIDROGRÁFICA
César Roberto Silva Paz 1
Enio Giotto 2

1
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Geomática - Tecnologia da Geoinformação, Instituto
Emater, Realeza, Paraná, Brasil - cesarpaz@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Florestal, Doutor em Engenharia Florestal e Professor Titular da UFSM,
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil
giotto@ccr.ufsm.br

235
236
INTRODUÇÃO

O estudo foi aplicado no Território do Sudoeste Paranaense, atu-


almente uma região de predomínio da “Agricultura Familiar”, que teve
sua origem caracterizada por ocupação, cuja legitimação de posse dos
imóveis, sem os critérios de ocupação e planejamento de uso do solo,
assumiram um formato assimétrico, uma “colcha de retalhos”, o meio
ambiente foi pensado apenas como espaço fornecedor de recursos
naturais.
Os impactos ambientais relacionados à supressão do ecossistema
natural, principalmente via substituição da mata nativa pelos sistemas
agrícolas, a interferência sobre a abundante malha hídrica e sistemáti-
ca perda de biodiversidade, acentuados pela introdução de tecnologias
aplicadas de forma generalizada desconsiderando aspectos particula-
res da região, geraram consequências relacionadas à erosão hídrica,
assoreamento e contaminação dos cursos de água, aponta Bragag-
nollo, et al, (1998).
Adversidades climáticas vêm causando redução de disponibilidade
de água no meio rural, ou intensas precipitações acentuaram o pro-
cesso erosão do solo, da infraestrutura viária, entre outros, fatos que
levam a sociedade a intensificar o debate sobre as obrigações impos-
tas pela legislação para a solução do passivo ambiental através da
definitiva implantação de cobertura florestal nas áreas de preservação
permanente e reserva legal, questões que têm gerado preocupações
e incertezas no meio rural, sobretudo nas propriedades familiares, em
função da redução de área e consequente perda de renda.
As microbacias que possuem estações de captação e tratamento
de água para abastecimento das cidades são prioritárias para a inter-
ferência, numa dinâmica adaptativa inerente às sociedades modernas,
com base em proposições de políticas ambientais, aperfeiçoamento
da legislação e o suporte de recursos tecnológicos de Geoprocessa-
mento associados ao posicionamento global, sensoriamento remoto
e sistemas de informações geográficas - SIG. Portanto, o estudo do
geoambiente ocorreu em duas vertentes, uma preocupou-se com a
microbacia hidrográfica como um todo. Outra com o estabelecimento
rural e seu recorte.
Assim, o objetivo deste trabalho, é estudar o espaço territorial da
microbacia hidrográfica do Rio Sarandi, manancial de abastecimento
público, identificar o passivo ambiental de propriedades familiares tí-
237
picas e medir o impacto socioeconômico resultante da adequação à
legislação, com o apoio de ferramentas de geoprocessamento e sen-
soriamento remoto.
Mais especificamente, estudar as propriedades selecionadas me-
todologicamente e identificar o impacto ocorrido após solução do pas-
sivo ambiental relacionado ao decréscimo da renda operacional agrí-
cola (ROA) sobre a superfície de área útil (SAU).
Elaborar uma metodologia, cujo procedimento pode ser adotado
em microbacias hidrográficas de características semelhantes e sugerir
alternativas ao uso do solo/ambiente que permitam amenizar perdas
decorrentes do processo de recuperação ambiental.

MATERIAIS E PROCESSO METODOLÓGICO

A pesquisa se apoia no estudo do âmbito da microbacia hidrográfi-


ca como unidade de planejamento e, simultaneamente, a propriedade
rural média considerando o sistema de produção “familiar” predomi-
nante.
Microbacia de terceira ordem (11.690 ha) previamente seleciona-
da, com nascente no município de Ampére, cortando os municípios de
Santa Izabel do Oeste e Realeza (Figura 1).

FIGURA 1 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA REGIÃO, OBJETO DE ESTUDO


238
Processamento de imagens da microbacia Rio Sarandi com
aplicação de software de geoprocessamento

Neste processo um conjunto de materiais e softwares foi usado,


de acordo com a conveniência, custo e o produto a ser gerado no
SIG. Imagens SPOT 5, identificação 703/401 de 19/03/2005, R1 G2
B3. Também sequências temporais de imagens orbitais dos satélites
CBERS com resolução espacial de 20,0 metros do ano 2007 a 2008,
obtidas em meses intercalados para conferência de uso do solo.
Imagem digital em formato Tif da Carta MI-2849-3 escala 1:50.000
da DSG - 1ª Divisão de Levantamento, georreferenciada e ajustada
sobre a imagem Spot formato digital e mapas cartográficos de glebas
contendo os lotes rurais - Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária - INCRA na Escala 1:10.000, associados às matrículas e docu-
mentos cadastrais dos proprietários rurais selecionados, para identifi-
cações dos lotes e divisas.
Os levantamentos de campo realizados através de aparelhos emis-
sores e receptores de ondas de radiofrequência - RF, código C/A e
portadora de Banda L1 (SPS), e também aparelho somente de código
C/A, utilizando sinal GPS.
A edição dos objetos de interesse sobre a imagem foi através dos
programas ArcMap GIS 9.3; e/ou ArcView GIS 3.3, associados a Ban-
co de Dados adicional. Para definição de determinadas feições a ve-
torização foi realizada com o apoio da Imagem do satélite QuickBird
resolução de 1,00 m, proveniente da Digital Globe. Os suportes para o
Banco de Dados foram os softwares CR Campeiro 7, planilhas Excel
ou Microsoft Acces.

Pesquisa no âmbito da microbacia - avaliações socioambientais,


econômicas e antrópicas através de SIG - Análises do
geoambiente

A Figura 2 desenha o modelo metodológico que inclui estudos so-


cioeconômicos no Sistema de Informações Geográficas de forma a in-
tegrar os dados coletados para um melhor proveito com relação a sua
aplicabilidade considerando as interações que ocorrem abrangendo
aspectos territoriais, do geoambiente e paisagem com ênfase ao uso
do solo.

239
FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO MODELO METODOLÓGICO
ADOTADO

Antes da aplicação de pesquisa individual com residentes, a área do


estudo foi delimitada com o apoio das curvas de nível (A), também pro-
piciando o estudo do relevo associado à hidrografia (Figuras 3 A e B).
Também ocorreu o reconhecimento de toda sua extensão, com ex-
pectativa de pré-diagnosticar a situação do meio geobiofísico e conso-
lidar a escolha de atributos, além de conferir e atualizar a locação de
rios e nascentes (B).

Pesquisa nas propriedades rurais - avaliações por pesquisa de


dados através de cadastro rural multifinalitário

Durante o processo foi realizado o levantamento das 382 proprie-


dades dos produtores residentes da área da microbacia, e delimitado
o campo de estudo pelo fator “Sistema de Produção” predominante e
“área média” das unidades familiares que, ao atender a legislação com
adequação ambiental, terão redução de área, e consequente interfe-
rência sobre os fatores sociais e econômicos (Tabela 1).
240
A
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR - UTM
Datum Horizontal: South American Datum 1969 - Minas Gerais
Datum Vertical:Imbituba - Santa Catarina
Meridiano Central:51° W Gr - Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz

FIGURA 3A - CURVAS DE NÍVEL (A) DA MICROBACIA RIO SARANDI


ATUALIZADAS

241
B
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR - UTM
Datum Horizontal: South American Datum 1969 - Minas Gerais
Datum Vertical:Imbituba - Santa Catarina
Meridiano Central:51° W Gr - Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz

FIGURA 3B - HIDROGRAFIA (B) DA MICROBACIA RIO SARANDI


ATUALIZADA

242
Com base nas necessidades de informações para trabalhar um
Sistema de Informações Geográficas, criou-se um Cadastro Rural Mul-
tifinalitário com a pretensão de tornar-se um Banco de Dados perma-
nente, permitindo o seu uso através de amostragem e/ou senso, atu-
alização temporal, análise estatística e cálculos econômicos básicos.

FIGURA 4 - SISTEMAS DE PRODUÇÃO (C) PREDOMINANTES NA


MICROBACIA RIO SARANDI (VER CORRELAÇÃO NA TABELA 1)

243
Tabela 1 - Atividades Econômicas por Município - Sistemas de Produ-
ção (C) predominantes

Território Microbacia Rio Sarandi Residentes


Sistemas
de Produção Ampére Realeza Santa Izabel Total %

Agroindústria - 2 2 4 1,05
Avicultura 5 2 17 24 6,28
Fruticultura - 1 - 1 0,26
Fumo - - 11 11 2,88
Grãos 24 15 119 158 41,36
Leite 20 24 89 133 34,82
Horticultura 1 1 2 4 1,05
Piscicultura - 2 1 3 0,79
Sericicultura 1 - 9 10 2,62
Serviços 0 3 15 18 4,71
Suinocultura 4 1 3 8 2,09
Reflorestamento 1 - 2 3 0,79
Outros - 4 1 5 1,31

56 55 271 382 100

A escolha das Unidades de Produção e Etapas do procedimento


para estudo socioeconômico:
ETAPA 01 - Escolha do público prioritário: priorizou-se a aplica-
ção da pesquisa para o estudo das unidades de Agricultura Familiar,
residentes na microbacia e enquadradas nos critérios estabelecidos
pela tipificação adotada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e
utilizada para enquadramento de crédito rural do Programa Nacional
da Agricultura Familiar.
ETAPA 02 - Parâmetros de amostragem: para aplicação do Cadas-
tro Rural Multifinalitário, não sendo possível sua generalização através
de um senso, foi convencionada a seguinte proposição:
a) Pesquisa por Sistema de Produção predominante - atividades
244
principais nas propriedades;
b) Sorteio por localidade visando melhor distribuição espacial dos
produtores entrevistados;
c) Iniciar o levantamento por propriedades com áreas médias por
atividade da microbacia em estudo.
d) Erro amostral inferior a 10% sobre população segregada por
sistema de produção.
e) Utilização de Banco de Dados e/ou planilhas;
f) Avaliação de impacto socioeconômico: Renda Operacional Agro-
pecuária (R$) por Superfície de Área Útil (ha) comparando a situação
atual com dados simulados pós-adequação ambiental (Tabela 2):

Tabela 2 - Base de cálculo do estudo econômico

Avaliação composta pela média das propriedades e por Sistema de Produção


Situação Atual - Média Pós-Adequação Ambiental Redução
ROA
com APP % e R$
SAU
ROA R$ ROA
com RL % e R$
SAU HA SAU
ROA com RL +APP % e R$
SAU

Soares (2000), conceituou os parâmetros de avaliação socioeco-


nômica utilizado pelo Projeto “Redes de Referência para a Agricultura
Familiar” que foi adaptado para este trabalho:
A unidade de área denominada Superfície de Área Útil - SAU com-
preende as terras trabalhadas ou exploradas por uma empresa rural
não importando se próprias, arrendadas, ou sob qualquer condição
legal.
SAU = Lavouras + Pastagens

A Renda da Operação Agrícola - ROA, corresponde à diferença


entre a Renda Líquida Global e os juros pagos sobre o capital em-
prestado. É o recurso que a exploração disponibiliza ao produtor para
manutenção da família e investimentos. Não se trata de dinheiro total-
245
mente disponível, uma vez que compreende também o aumento no
estoque de produtos, de animais, além de ter sido apropriada também
na forma de autoconsumo. Resume o autor.

ROA = RLG – Juros pagos ao capital de terceiros

A produção obtida foi informada pelos produtores pesquisados e


consideradas as diferentes produtividades de acordo com a realidade,
portanto no preço de cada produto vendido foram considerados os va-
lores médios de mercado regional obtidos pelo Departamento de Eco-
nomia Rural - DERAL da Unidade Regional da Secretaria de Estado da
Agricultura do Paraná - SEAB.
ETAPA 3 - Planimetria das Propriedades Rurais selecionadas e
seus respectivos usos do solo: a planimetria direta das feições existen-
tes foi obtida através da edição sobre imagens orbitais, identificando
as propriedades rurais selecionadas com a geração de cartogramas
digitais e analíticos, obtendo-se sua extensão territorial e posiciona-
mento geográfico com a finalidade principal de conferir as informações
cadastrais e facilitar o processo de planejamento de adequação am-
biental.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A microbacia como unidade de estudo e planejamento

A sequência de iterações temáticas constitui a base para a identifi-


cação de incongruências e potencialidades. As classes de declividade
(D) associadas às classes de solo (E) descritas pela EMBRAPA (1999),
possibilitam a visualização das classes de aptidão agrícola ou pai-
sagem (F), que intersecionados com o mapa de uso do solo (G) po-
derão endereçar as superfícies conflitantes e/ou de uso adequado,
inclusive identificando as propriedades rurais e respectivas responsa-
bilidades.
A aplicação de um Sistema de Informações Geográfica gera a
possibilidade de incontáveis simulações propositivas de aplicação na
utilização do solo, com a possibilidade de visualização nos mapas te-
máticos construídos neste caso através do software ArcMap GIS 9.3.
(Figuras 5 D, E, F e G).

246
D

FIGURA 5D - MAPAS DE ITERAÇÕES TEMÁTICAS RESULTANTES DO SIG


DA MICROBACIA RIO SARANDI

247
E

FIGURA 5E - MAPAS DE ITERAÇÕES TEMÁTICAS RESULTANTES DO SIG


DA MICROBACIA RIO SARANDI

248
F
FIGURA 5F - MAPAS DE ITERAÇÕES TEMÁTICAS RESULTANTES DO SIG
DA MICROBACIA RIO SARANDI

249
G

FIGURA 5G - MAPAS DE ITERAÇÕES TEMÁTICAS RESULTANTES DO SIG


DA MICROBACIA RIO SARANDI

250
Um Sistema de Planejamento Territorial que, em palavras mais ob-
jetivas, é dedicado ao planejamento, permite inspecionar e analisar,
por varredura de toda a extensão territorial da base de dados utilizada,
localizações e correlações de interesse do usuário, permitindo também
o equacionamento de situações ambientais, tais como o levantamento
de áreas de riscos e de potenciais conflitos de utilização do território,
estimativas de impactos ambientais, criação de cenários prospectivos,
definição de unidades e normas de manejo e zoneamentos territoriais
para diferentes finalidades como proteção ambiental e planejamento
econômico, fornecendo conhecimentos indispensáveis para utilização
racional dos recursos ambientais disponíveis. XAVIER DA SILVA (2007)

Área de Preservação Permanente - APP

O mapa com o buffer de 30m sobre os cursos de água e 50m de


raio nas nascentes de acordo com a legislação vigente (SISLEG, IAP,
2007), foi levantado e corrigido, obtendo-se a área de preservação per-
manente ideal, totalizando 996,51 ha (Figura 6).
A mata de galeria nesta área especifica é de 553,51ha, equivalen-
te a 55,60% conforme verificado no estudo de uso do solo em APP.
O déficit a implantar nesta microbacia hidrográfica é de 451,81 ha ou
44,40% da área de mata ciliar para cumprir a legislação. Neste cálculo
não está descontada a largura média dos rios que é de 6,0m.
A delimitação do espaço de Área de Preservação Permanente da
microbacia demonstrada no mapa da Figura 6 e seus respectivos usos
apresentados na Tabela 3, apontam conflitos de uso distribuídos em
todo o curso dos rios, onde são destacados:
- Importante influência das áreas urbanas que merece estudo espe-
cifico;
- A área inadequada de pastagem atinge a 20,09% da APP.
- Significativo número de sedes de propriedades em área de APP,
totalizando 21,23 ha, muitas com benfeitorias de alto valor.
- As lavouras anuais correspondem a 14,81% da APP, constituindo-
se um conflito impactante sobre a água em razão do uso sistemá-
tico de agrotóxico nesta região.
- A presença de pastagens e animais, fato considerado crítico e tal-
vez o de maior desafio para os gestores ambientais, em razão da
importância da pecuária leiteira para a estabilidade socioeconômi-
ca da região.
251
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR – UTM
Datum Horizontal: South American Datum 1969 – Minas Gerais
Datum Vertical:Imbituba – Santa Catarina
Meridiano Central: 51° W Gr – Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz

FIGURA 6 - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - NASCENTES E


RIOS COM BASE NA HIDROGRAFIA ATUALIZADA

252
A mata de galeria nesta área especifica é de 553,51 ha, equiva-
lente a 55,60% conforme verificado no estudo de uso do solo em APP.
O déficit a implantar nesta microbacia hidrográfica é de 451,81 ha ou
44,40% da área de mata ciliar para cumprir a legislação. Neste cálculo
não está descontada a largura média dos rios que é de 6,0 m.
A delimitação do espaço de Área de Preservação Permanente
da microbacia demonstrada no mapa acima, e seus respectivos usos
apresentados na Tabela 3, apontam conflitos de uso distribuídos em
todo o curso dos rios, onde são destacados:
- Importante influência das áreas urbanas que merece estudo espe-
cifico;
- A área inadequada de pastagem atinge a 20,09% da APP.
- Significativo número de sedes de propriedades em área de APP,
totalizando 21,23 ha, muitas com benfeitorias de alto valor.
- As lavouras anuais correspondem a 14,81% da APP, constituindo-
se um conflito impactante sobre a água em razão do uso sistemá-
tico de agrotóxico nesta região.
- A presença de pastagens e animais, fato considerado crítico e tal-
vez o de maior desafio para os gestores ambientais, em razão da
importância da pecuária leiteira para a estabilidade socioeconômi-
ca da região.

Áreas de Reserva Legal - RL

Descontada a área florestada de galeria existente na malha hídrica


e aquelas destinadas a Cultivos Florestais como atividade econômica,
detectou-se uma área com fragmentos florestais que somam 955,76
ha ou 8,17% da área total da microbacia. Estes em diversos estágios
de regeneração.
No mapa (Figura 7) é possível visualizar a dificuldade de unir os frag-
mentos florestais de forma a constituir corredores de biodiversidade.
Em determinadas regiões da microbacia é possível a ligação com
as matas de galeria, sendo importante massificar este conceito entre
os produtores rurais para que, ao planejarem a localização da Reserva
Legal, considerem a possibilidade de união de fragmentos.
Da área total da Microbacia Rio Sarandi, descontadas a área de
APP e de Zona Urbana dos municípios de Realeza e, principalmente,
253
Santa Isabel do Oeste, área seria de 10.211,06 ha. Desta forma seria
preciso que atribuir 20% de Reserva Legal que totaliza uma necessida-
de de 2.042,21 ha. Assim foi identificado o déficit de cobertura florestal
em relação à Legislação Ambiental que soma 1.086,45 ha.

Tabela 3 - Usos do Solo em Área de Preservação Permanente - APP

Legenda Usos do Solo Área (Ha) %


Açude 10,82 1,09
Capoeiras 4,84 0,49
Comunidade Rural 0,9 0,09
Cultivos florestais 23,23 2,33
Infraestrutura 0,77 0,08
Lavouras Anuais 147,39 14,81
Lavouras Perenes 0,83 0,08
Mata Ciliar 553,51 55,60
Pastagem 199,95 20,09
Sede 21,23 2,13
Várzea 17,03 1,71
Zona Urbana - Realeza 0,19 0,02
Zona Urbana - Santa Isabel do Oeste 1,49 14,8
995,49 100,0

Quando é acrescentada a área de Cultivos Florestais de 333,07 ha


aos 955,76 ha de fragmentos de espécies nativas, totaliza-se uma co-
bertura florestal permanente de 1.288,83 a.
Esta análise está demonstrada com a presença de toda a cobertu-
ra florestal existente, e consiste em ricos elementos de análise sobre a
relação do homem com o ambiente. O estudo detalhado e atualizado
do uso do solo neste momento permite criar uma referência temporal,
ou seja, cria a possibilidade de avaliar a evolução da reposição flores-
tal com aceitável precisão.
254
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR – UTM
Datum Horizontal: South American Datum 1969 – Minas Gerais
Datum Vertical:Imbituba – Santa Catarina
Meridiano Central: 51° W Gr – Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz

FIGURA 7 - VEGETAÇÃO PERMANENTE

255
A propriedade rural como célula de decisão
A Tabela 4 apresenta os valores médios resultantes da aplicação
da sequência metodológica proposta através da compilação de dados
da pesquisa de campo que comparou informações da atual situação
das propriedades em estudo, por agrupamento homogêneo, com simu-
lações da solução do passivo ambiental.
Considerando o tamanho das propriedades, constata-se significati-
va diferença. Cultivos de grãos com 22,24ha têm a maior área média,
leite 14,23ha, seguido de fumo e sericicultura com 9,18ha caracterizan-
do atividade com intenso emprego de mão de obra.
Com relação à Superfície de Área Útil - SAU e sua comparação
com a área total, os porcentuais mostram-se semelhantes entre os sis-
temas de produção estudados.
Observando a situação de proteção de águas, evidenciada pelas
denominadas Áreas de Preservação Permanente, fica evidente que
a atividade leiteira tem a menor cobertura florestal, ou seja, 47%, em
função da necessidade de usar a área para pastagem. Os grãos com
59% e sericicultura e fumo abrangem 56% da APP com floresta.
As áreas para a formação dos 20% de Reserva Legal são seme-
lhantes nos sistemas grãos, sericicultura e fumo, ficando 37%, enquan-
to o leite conta com 30% da cobertura com espécies nativas necessá-
rias.

Mapas de conflitos e proposição de uso do solo das proprieda-


des selecionadas e respectivas perdas econômicas por sistema
de produção
A Figura 8 demonstra a análise realizada numa propriedade típica
de grãos, através de ferramentas de geoprocessamento, que compara
o uso atual e ao mesmo tempo o uso ideal indicado através de simula-
ções para cada classe na unidade produtiva selecionada.
Ao mesmo tempo que quantifica os diferentes usos do solo no es-
tabelecimento, possibilita proposições de mudanças de recortes que
poderão ser adotadas se conveniente ao proprietário de acordo com o
passivo ambiental.
A identificação do uso adequado também permite ao proprietário
otimizar gastos para a readequação do uso da terra e até mesmo pro-
duzir soluções customizadas para aumento de renda e ocupação de
mão de obra.
256
Tabela 4 - Avaliação Econômica por Sistema de Produção - Valores
Médios

GRÃOS % LEITE % SEDA E FUMO %

Área Total 22,24 100 14,23 100 9,18 100

SAU Atual 19,17 86 12,35 87 7,92 86

APP Legislação 1,47 100 1,35 100 1,26 100


Diferenças de
Áreas
APP Existente 0,87 59 0,64 47 0,70 56

RL Legislação 4,45 100 2,84 100 1,84 100

RL Existente 1,64 37 0,86 30 0,67 36

APP Falta 0,60 0,65 0,62


Ha Ha Ha Passivo
RL Falta 2,87 2,08 1,16

Capital Próprio 66.062,93 103.871,75 57.350,00

Renda Bruta 39.280,17 54.141,37 27.956,32


Indicadores
R$ R$ R$
econômicos
Margem Bruta 21.355,68 21.784,94 16.927,76

ROA 19.373,80 29.389,45 15.355,33

SAU - (APP) 18,57 11,70 6,77


Áreas pós
SAU - (RL ) 16,30 10,33 6,22
adequação
SAU - (APP + RL) 15,70 9,68 5,61

No ambiente da microbacia, na medida em que avançam os levan-


tamentos das propriedades, através de um senso que pode ser por
comunidade, os recortes irão se encaixando de forma a completar a
paisagem. Este modelo retrata com precisão as situações como: Áreas
subutilizadas; Atende a Legislação Ambiental; Condição inadequada;
e Condição regular. Também é um instrumento de gestão que, ao ser
concluído, permite a integração de práticas de manejo de solo e água
na microbacia.
257
Legenda Uso atual (ha) % Conflitos (ha) % Proposição (ha) %
APP 1,68 7,09 1,68 7,09
2,31 9,73
APP conflito 0,61 2,57
Asfalto 0,39 1,62 0,39 1,62 0,39 1,62
Lavoura 18,52 77,98 14,94 62,91 14,94 62,91
Pastagem 1,38 5,82 0,78 3,28 0,83 3,49
Pomar 0,20 0,85 0,20 0,85 0,13 0,55
RL 1,08 4,53 1,08 4,55
4,75 20,0
RL sugerida 3,67 15,45
Sede 0,50 2,11 0,40 1,68 0,40 1,68
23,75 100 23,75 100 23,75 100

SAL 20,10 84,63 15,90 66,95

FIGURA 8 - ESTABELECIMENTO DE NABIR BORTOLOMEDI - SISTEMA


GRÃOS
258
Também quantificou as perdas econômicas decorrentes da regula-
rização do passivo ambiental na propriedade, demonstrado na Tabela
5, na qual a Renda Operacional Agrícola por Superfície de Área Útil
(ROA/SAU) sofreria uma redução de 3% ao regularizar somente as
Áreas de Preservação Permanente, chegando a 20,90% se incluir a
reposição florestal nativa para atender os 20% de Reserva Legal.

Tabela 5 - Resultados da avaliação econômica - propriedade típica


produtora de grãos

Simulação Econômica - Valores médios - Sistema de Produção Grãos - Nabir Bortolomedi

Situação Atual – Média Pós-Adequação Ambiental Redução


(R$) (R$) (%)

ROA
com APP 950,64 3,00
SAU

ROA R$ ROA
Grãos 930,35 com RL 801,33 18,26
SAU HA SAU

ROA
com RL + APP 775,45 20,90
SAU

A seguir cabe estabelecer a correlação de caráter econômico en-


tre o caso da propriedade rural e o conjunto das propriedades estuda-
das.
Quando avaliamos as perdas econômicas decorrentes da regula-
rização do passivo ambiental no conjunto das propriedades (Tabela 6)
e por sistemas de produção, verificamos que para regularizar somente
as Áreas de Preservação Permanente a Renda Operacional Agrícola
por Superfície de Área Útil (ROA/SAU), seria reduzida em média, 4%
para os produtores de grãos, 14% na atividade leiteira e chegaria a
importantes 18% nos fumicultores e sericicultores. Quando ocorre a
regularização do passivo ambiental da propriedade, inclusive com a
reposição florestal nativa para atender os 20% de Reserva Legal te-
ríamos redução da ROA/SAL de 13% do sistema grãos, 18% para os
produtores de leite e chegando a 31% nos sistemas de produção de
fumo e sericicultura.
259
Como ressalva, vale salientar que nesta análise pode ser consi-
derada a qualidade do recurso natural que esta sendo explorado, pois
uma área degradada ao ser transformada em reserva florestal pode
não refletir perda econômica importante.

Tabela 6 - Avaliação de redução econômica por simulação pós-solução


do passivo ambiental
Avaliação composta pela média das propriedades e por Sistema de Produção
Situação Atual – Média Pós-Adequação Ambiental Redução
(R$) (R$) (%)
994,31 4,0
ROA
Grãos 1.034,66 com APP 1.555,44 7,0
SAU
2.045,54 13,0
891,57 14,0
ROA R$ ROA
Leite 1.666,24 com RL 1.377,31 17,0
SAU HA SAU
1.921,21 18,0
851,21 18,0
ROA
S e F* 2.341,51 com RL + APP 1.266,51 24,0
SAU
1.625,24 31,0

* Sericicultura e Fumo

O modelo demonstrado através das técnicas de geoprocessamen-


to, com as diversas possibilidades de interações de dados, permite
chegar ao “endereço dos problemas”, como mostra a Figura 9. Não só
na forma de visualização gráfica, mas localiza geograficamente os res-
ponsáveis pela tomada de decisão sobre as interferências necessárias
no meio ambiente, quantifica-os com precisão satisfatória e em deta-
lhes; permite sua hierarquização, o que cria facilidades para gestores,
corpo técnico, órgãos ambientais e de saneamento e, principalmente,
para os próprios agricultores familiares e suas instituições representa-
tivas no sentido de empreender esforços para solução dos problemas
mais críticos, contribuindo para a priorização da aplicação de recursos
públicos.
Independente das discussões que possam flexibilizar o código flo-
restal brasileiro a proposição do uso do solo (Figura 10), contempla
aspectos legais de cobertura florestal nativa para composição das áre-
as de preservação permanente e situações de aptidão de uso do solo.
260
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR – UTM
Datum Horizontal: South American Datum 1969 – Minas Gerais
Datum Vertical:Imbituba – Santa Catarina
Meridiano Central:51° W Gr – Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz


Eng. Agr. Ericson Fagundes Marx

FIGURA 9 - POSICIONAMENTO DAS PROPRIEDADES E INADEQUAÇÃO


DO USO DO SOLO
261
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE
MERCATOR – UTM
Datum Horizontal: South American Datum 1969 – Minas Gerais
Datum Vertical:Imbituba – Santa Catarina
Meridiano Central:51° W Gr – Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz


Eng. Agr. Ericson Fagundes Marx

FIGURA 10 - PROPOSIÇÃO DE ADEQUAÇÃO AMBIENTAL


262
Tais proposições de uso terão que estar relacionados não somen-
te aos aspectos tecnológicos, mas também econômicos, portanto, é
importante na gestão de bacias hidrográficas que a integração de pra-
ticas contemple recursos de diversas fontes sob a orientação de equi-
pes multidisciplinares, e que os residentes tenham participação efetiva
neste processo de mudança de atitude com relação ao meio ambiente.
A orientação de converter lavouras anuais em florestas nativas está
relacionada à localização em áreas de APP, nestes casos a situação
é objetiva e a adoção torna-se inquestionável. Assim como indicações
relativas às várzeas que, no decorrer do processo de ocupação, foram
consideradas como entraves para o uso econômico do solo, mas que
constituem importantes áreas de retenção e reserva de água, contri-
buindo para biodiversidade.
Segundo Assad et al. (1998), para modificar um cenário de degra-
dação ambiental é preciso que seja implantado um programa racional
de utilização e manejo dos recursos naturais, principalmente do solo
e da água, com participação direta das comunidades rurais. O desafio
é a produção de materiais que possam representar o estudo de forma
didática, com facilidade de manipulação e entendimento.

CONCLUSÕES

Foi possível o encaixe de uma avaliação socioeconômica no Siste-


ma de Informações Geográficas. Foi constatado coerência em pontos
percentuais, entre a cobertura florestal existente em Área de Preserva-
ção Permanente levantadas com ferramentas de geoprocessamento
e sensoriamento remoto, quando comparadas à média existente nas
unidades de produção familiar pesquisadas.
A formação de matas de galerias para a definitiva proteção das
Áreas de Preservação Permanente mostrou-se possível para o siste-
ma de produção grãos, pois o impacto econômico seria uma redução
de 4% da Renda Operacional Agrícola em relação à Superfície de Área
Útil, índice que pode ser facilmente suplantado com ajustes na ges-
tão e processos tecnológicos. Para atividade leite seria um decréscimo
médio de 7%, ainda razoável, enquanto sericicultura e fumo de 13%,
requer maiores esforços e estudos.
O pleno atendimento da legislação e solução do passivo ambiental
das propriedades, considerando separadamente a Reserva Legal e a
263
Área de Preservação Permanente, resulta numa redução da Renda
Operacional Agrícola de 18% na atividade grãos, 24% no leite e che-
gando a 31% do fumo e sericicultura. Portanto um desafio a ser assu-
mido.
O estudo, ao endereçar geograficamente incongruências e poten-
cialidades, bem como os produtores rurais residentes, identifica res-
ponsável, personaliza situações e cria facilitadores para elaboração de
projetos individuais e comunitários.

REFERÊNCIAS

ASSAD, E.D. e SANO, E.E. Sistemas de informações geográficas:


aplicações na agricultura. 2. ed. EMBRAPA-SPI/EMBRAPA-CPAC,
1998. 434 p.
BACHA, C.J.C. Eficácia da política de reserva legal no Brasil. In:
Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural,
42., 2004. Anais... Cuiabá, 2004. 1 CD-ROM
BRAGAGNOLO, N.; PAN, V. e THOMAS, J.C. Solo: uma experiência
em manejo e conservação - Curitiba: Ed. do Autor, 1997. 102 p.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasilei-
ro de Classificação de solos. Brasília: Embrapa Produção de Infor-
mação. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412 p.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
SEMA/IAP/DIDEF. Coletânea SERFLOR. Curitiba: SEMA/IAP, 1996.
67 p.
SOARES JÚNIOR, D. e SALDANHA, A.N.K. Indicadores econômi-
cos propostos para a análise dos sistemas de produção e proprie-
dades agropecuárias trabalhadas nas Redes de Referências para
a Agricultura Familiar. In: SEMINÁRIO SULBRASILEIRO DE ADMI-
NISTRAÇÃO RURAL, 2000, Itajaí. Anais... Itajaí: Associação Brasileira
de Administração Rural, 2000.
XAVIER DA SILVA, J. Geoprocessamento em estudos ambientais: uma
perspectiva sistêmica. MEIRELLES, M.S.P.; CAMARA G.; ALMEIDA M.
Geomática: modelos e aplicações ambientais. Brasília, DF: EMBRAPA
Informação tecnológica, 2007. cap. 1, p. 21 -53.
264
CAPÍTULO X
APTIDÃO E POTENCIAL DE USO DOS
SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ
Luiz Marcos Feitosa dos Santos 1
Milton Satoshi Matsushita 2
Itamar Antonio Bognola 3

1
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola, Área de Concentração Irriga-
ção e Drenagem, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - feitosa@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br
3
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Engenharia Florestal, Área de Concentração em
Solos Florestais e Silvicultura de Precisão, Embrapa, Curitiba, Paraná, Brasil
itamar.bognola@embrapa.br

265
266
INTRODUÇÃO

A publicação “Aptidão Agrícola das Terras do Paraná” (BRASIL, Mi-


nistério da Agricultura, 1981), se apresenta como um instrumento para
orientar o planejamento agrícola em escala regional. Para ser utilizada
em escala maior, recomendam-se ajustes visando alcançar detalhes
correspondentes ao nível de planejamento desejado partindo-se de
análises dos atributos do solo e de variáveis socioeconômicas e am-
bientais (RAMALHO FILHO e BEEK, 1995). Para tanto, a equipe técni-
ca deve possuir amplo conhecimento regional e local dispondo, ainda,
de informações de solo, clima, vegetação e sistemas de manejo e uso
do solo a serem adotados.
Na publicação citada a aptidão agrícola das terras recebe a classi-
ficação de boa, regular, restrita e inapta, razão do grau da intensidade
dos seguintes fatores limitantes ao uso do solo: deficiência de fertilida-
de, deficiência de água, excesso de água, causando deficiência de ae-
ração, suscetibilidade à erosão e impedimento à mecanização, fatores
estes classificados por grau de limitação em nulo, ligeiro, moderado,
forte e muito forte.
Dependendo do grau da limitação de um ou mais fator limitante sua
superação poderá requerer intensidade diferente de recursos, conheci-
mento e domínio de práticas agrícolas, seja para sua superação parcial
ou total. Se o grau da limitação é muito forte para um determinado
tipo de uso e manejo sua superação pode ser inviável o que torna o
solo inapto para o tipo de exploração e de manejo pretendido. Significa
dizer que toda gleba de terra apresenta um potencial de uso inerente
aos seus atributos e tipo de uso e manejo a ser submetido. Quando
esse potencial é superado pelo uso mais intensivo que o suportado ou
adverso à sua aptidão, as glebas passam a apresentar sinais caracte-
rísticos de degradação, refletidos por deficiência nutricional das cultu-
ras, erosão acelerada do solo, menor resistência a eventos climáticos
extremos, entre outros.
A despeito do que se tem publicado, em função de novas tecnolo-
gias e sistemas alternativos de produção é possível e necessário ajus-
tes na classificação da aptidão agrícola das terras no Paraná. Entre
os conhecimentos atuais que os justificam podem ser citadas as ino-
267
vações relacionadas ao sistema plantio direto, aos sistemas integra-
dos de produção lavoura-pecuária-floresta e às inovações advindas da
agroecologia.
Ideal seria uma nova classificação. Até que isto venha ser possível,
mantém-se a classificação da aptidão conforme já conceituada como
aptidão boa, regular, restrita ou inapta (RAMALHO FILHO e BEEK,
1995) acrescentando-se, como incremento ao conceito auferido, um
indicativo da potencialidade agrícola do solo em função da resposta
possível de ser obtida com a aplicação de tecnologias e sistemas de
produção inovadores. Sendo a potencialidade indicada por quatro ní-
veis: potencial alto, moderado, baixo e restrito. Exemplificado: um solo
que nas condições naturais venha ser classificado como inapto, com
os avanços tecnológicos poderá ganhar potencial de produção mesmo
que de forma restrita, assim ficando com a classificação de natural-
mente inapto com potencial restrito visto ser submetido à nova con-
dição de uso e manejo. Ficando ainda em aberto novo incremento de
potencial razão do aporte de novos conhecimentos cabíveis em dada
condição local.
O presente trabalho visa apoiar os profissionais na classificação
da aptidão e potencial de uso agrícola dos solos no Paraná, na pers-
pectiva de planejamento de sistemas sustentáveis de produção, ten-
do a bacia hidrográfica como unidade de planejamento. Está pautado
em dois aspectos da ciência do solo: o primeiro, trata da classificação
dos solos com seus atributos utilitários e sua distribuição, enquanto
o segundo, trata da aptidão em condições naturais e do potencial de
resposta quando minimizadas suas limitações por intervenções, uso e
manejo adequadamente apropriados.
Este trabalho expõe uma abordagem simples sobre o tema de ap-
tidão agrícola das terras do estado do Paraná, tanto do ponto de vista
tradicional quanto no que tange a uma potencialidade melhorada, por
assim dizer. Não tem a pretensão de ser definitivo e exaustivo quanto
ao seu conteúdo e nem de ser um “pacote tecnológico fechado”. Pelo
contrário, procura-se trazer para o conhecimento de todos, alguns as-
pectos inovadores do ponto de vista do desenvolvimento agrícola e
conservação ambiental no estado do Paraná.

268
1 Solos no estado do Paraná

No estado do Paraná ocorrem 10 ordens de solos, descritas a se-


guir, dentre as 13 definidas no Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos - SiBCS (BHERING e SANTOS, 2008), mais a unidade de ma-
peamento de Afloramentos de Rocha. No nível de grandes grupos,
37 classes estão representadas por 224 unidades de mapeamento,
descritas no Anexo 1.

1.1 Argissolos
São solos constituídos por material mineral, que têm como carac-
terísticas diferenciais a presença de horizonte B textural (gradiente tex-
tural de B/A > 1,5) de argila de atividade baixa ou alta, conjugada com
saturação por bases baixa ou caráter alítico. O horizonte B textural
(Bt) encontra-se imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizon-
te superficial, exceto o hístico, sem apresentar, contudo, os requisitos
estabelecidos para serem enquadrados nas classes dos Luvissolos,
Planossolos, Plintossolos ou Gleissolos.

1.2 Cambissolos
São solos constituídos por material mineral, com horizonte B inci-
piente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial, desde que
em qualquer dos casos não satisfaçam os requisitos para serem en-
quadrados nas classes dos Vertissolos, Chernossolos, Plintossolos e
Organossolos. Têm sequência de horizontes A ou hístico, Bi, C, com
ou sem R.

1.3 Chernossolos
São solos constituídos por material mineral que tem como caracte-
rísticas diferenciais: alta saturação por bases e horizonte A chernozê-
mico sobrejacente a horizonte B textural ou B incipiente com argila de
atividade alta, ou sobre horizonte C carbonático ou horizonte cálcico,
ou ainda sobre a rocha, quando o horizonte A apresentar concentração
de carbonato de cálcio. O horizonte A chernozêmico pode ser menos
espesso (com 10 cm de espessura ou mais) quando seguido de hori-
zonte B com caráter ebânico.
269
1.4 Espodossolos
São solos constituídos por material mineral com horizonte B es-
pódico subjacente a horizonte eluvial E (álbico ou não), ou subjacente
a horizonte A, que pode ser de qualquer tipo, ou ainda, subjacente a
horizonte hístico com espessura insuficiente para definir a classe dos
Organossolos. Apresentam, usualmente, sequência de horizontes A,
E, B espódico, C, com nítida diferenciação de horizontes.

1.5 Gleissolos
São solos hidromórficos, constituídos por material mineral, que
apresentam horizonte glei dentro de 150 cm da superfície do solo, ime-
diatamente abaixo de horizontes A ou E (com ou sem gleização), ou de
horizonte hístico com espessura insuficiente para definir a classe dos
Organossolos. Não apresentam textura exclusivamente areia ou areia
franca em todos os horizontes dentro dos primeiros 150 cm da superfí-
cie do solo ou até um contato lítico. Também não apresentam horizonte
vértico ou horizonte B textural com mudança textural abrupta acima
ou coincidente com horizonte glei ou qualquer outro tipo de horizonte
B diagnóstico acima do horizonte glei. Horizonte plíntico, se presente,
deve estar a profundidade superior a 200 cm da superfície do solo.

1.6 Latossolos
Os Latossolos são solos constituídos por material mineral, com
horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos ti-
pos de horizonte superficial, exceto o horizonte hístico. São solos em
avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado
de enérgicas transformações do material constitutivo. São virtualmente
desprovidos de minerais primários ou secundários menos resistentes
ao intemperismo, e têm capacidade de troca de cátions da fração argila
inferior a 17 cmolc kg-1 de argila sem correção para carbono.

1.7 Luvissolos
O Luvissolo é encontrado somente como unidade secundária em
uma associação no levantamento de solos de 1981 (LARACH et al.,
1984). O Podzólico Bruno Acinzentado Eutrófico é atualmente denomi-
nado como Luvissolo Háplico Órtico planossólico. Os Luvissolos com-
270
preendem solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B textural,
argila de atividade alta e saturação por bases elevada, imediatamente
abaixo do horizonte A ou horizonte E. Apresentam diversos horizontes
superficiais, exceto A chernozêmico e horizonte hístico.

1.8 Neossolos

São solos constituídos por material mineral, não hidromórficos, ou


por material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações
expressivas em relação ao material originário devido à baixa intensi-
dade de atuação dos processos pedogenéticos. São solos pouco de-
senvolvidos pedogeneticamente, ou seja, não apresentam horizonte B
diagnóstico. Eles podem ser rasos (espessuras ≤ 50 cm): Neossolos
Litólicos; pouco profundos (espessuras entre 50 e 100 cm): Neossolos
Regolíticos; profundos (espessuras entre 100 e 200 cm) a muito pro-
fundos (≥ 200 cm): Neossolos Flúvicos e ou Neossolos Quartzarênicos.

1.9 Nitossolos
São solos constituídos por material mineral, com horizonte B níti-
co, textura argilosa ou muito argilosa (teores de argila maiores que
350 g kg-1 de solo a partir do horizonte A), estrutura em blocos suban-
gulares ou angulares, ou prismática, de grau moderado ou forte, com
cerosidade expressiva (na classe dos Nitossolos Vermelhos) nas su-
perfícies dos agregados e gradiente textural menor que 1,5.

1.10 Organossolos
São solos pouco evoluídos, com preponderância de características
devidas ao material orgânico. Normalmente de cores preta, cinzenta
muito escura ou brunada, resultantes de acumulação de restos vege-
tais, em graus variáveis de decomposição, em condições de drena-
gem restrita (ambientes mal ou muito mal drenados), ou em ambientes
úmidos e frios de altitudes elevadas, saturadas com água por apenas
poucos dias durante o período chuvoso.

1.11 Afloramentos de Rocha


Os Afloramentos de Rocha estão representados pela exposição de
arenitos e/ou por associações com Neossolo Litólico Hístico típico e
271
Cambissolo Húmico Distrófico léptico, ambos de textura argilosa, subs-
trato granitos e quartzitos.

2 Agrupamento das classes de solos por atributos mais


marcantes

Neste trabalho, reconhecendo a pouca praticidade de se apresen-


tar restrições, potencialidades, e sugestões/recomendações para cada
uma das 33 classes de solos e suas unidades mapeadas, os solos
do estado foram agrupados pelos atributos diagnósticos/utilitários mais
marcantes em 12 grupos, sendo desconsideradas nos agrupamentos
as características com relação à presença de cascalho, pedregosidade
e relevo. Entretanto, pela extrema importância para o manejo adequa-
do das unidades foram feitas considerações sobre essas característi-
cas que, reconhecidamente, interferem na classificação da aptidão e/
ou potencial agrícola. Todavia recomenda-se expressamente que es-
tas características sejam avaliadas nas condições locais e, se neces-
sário, apresentadas em escala de maior detalhe.
Decorrente da similaridade de aptidão e potencial agropecuário os
12 grupos estão representados por quatro conjuntos, os quais são des-
critos a seguir com os seus respectivos agrupamentos.

2.1 Conjunto de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial


agropecuário
Refere-se a terras com solos cujos fatores limitantes são possí-
veis de serem superados com práticas simples e predominantemente
de baixa necessidade de inversão de capital. Os solos desse agru-
pamento apresentam alto potencial agropecuário quando adequada-
mente explorados sob os três sistemas descritos nos itens 4.1, 4.2 e
4.3 (Sistema Plantio Direto - SPD; Sistemas Integrados de Produção
Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Integrados de Produção
com Base Agroecológica - SIPBA). Fazem parte desse conjunto os se-
guintes grupos:
Grupo 1 - Latossolos de textura média.
Grupo 2 - Latossolos de textura argilosa e muito argilosa.
Grupo 3 - Nitossolos.
Grupo 4 - Argissolos com ausência de caráter abrúptico.
272
2.2 Conjunto de solos de regular aptidão agrícola e moderado
potencial agropecuário
Refere-se a terras com solos que apresentam limitações que re-
querem intensivas práticas e maiores investimentos de recursos para
superá-las visando produção sustentável, assim representando mode-
rado potencial agropecuário. Fazem parte desse conjunto os seguintes
grupos:
Grupo 5 - Argissolos com caráter abrúptico e Luvissolos
Grupo 6 - Cambissolos com ausência de caráter alumínico e/ou
léptico e Chernossolos.
Grupo 7 - Cambissolos com caráter alumínico.

2.3 Conjunto de solos de restrita aptidão agrícola e baixo


potencial agropecuário
Refere-se a terras com solos que possuem limitações severas,
exigindo, para se tornarem produtivos e sustentáveis, práticas muito
intensivas e investimentos de recursos muitas vezes fora das possibili-
dades da maioria dos agricultores, portanto de baixo potencial agrope-
cuário. Este conjunto constitui-se de apenas um grupo.
Grupo 8 - Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartzarênicos e
Cambissolos com caráter léptico.

2.4 Conjunto de solos Inaptos para agricultura e restrito potencial


agropecuário
Refere-se a terras com solos que não apresentam possibilidades
de superação de suas limitações sem descaracterizá-los de forma ir-
reversível, ainda assim com elevados custos ambientais e financeiros,
portanto de restrito potencial agropecuário. Fazem parte desse conjun-
to os seguintes grupos:
Grupo 9 - Neossolos Litólicos, Cambissolos Flúvicos e Cambisso-
los em relevo montanhoso.
Grupo 10 - Neossolos Flúvicos, Gleissolos Háplicos ou Melânicos
e Organossolos.
Grupo 11 - Gleissolos Sálicos (incluindo os tiomórficos) e todos os
Espodossolos.
Grupo 12 - Afloramentos de Rocha. Este agrupamento, apesar de
273
não ser uma classe de solo, é espacializado e delimitado no mapa
de solos do estado do Paraná, o que justifica fazer considerações
sobre o mesmo.

3 Limitações/restrições, potencialidades e recomendações por


grupo de solos

Apresentam-se a seguir, por grupos de solos, as principais limita-


ções/restrições, potencialidades e recomendações. Ressalta-se que a
escala deste trabalho não permite a aplicação direta e exclusiva des-
sas informações em planejamento agrícola em escala de microbacia
ou propriedade rural.
É importante que o usuário identifique as associações de classes
de solos (descritas no Anexo 1) em uma determinada microbacia hidro-
gráfica, a fim de desmembrá-las em cada um de seus solos constituin-
tes para melhor compreensão dos fenômenos que ali ocorrem e para
indicar melhor uso, manejo e conservação em cada gleba delimitada
na referida microbacia hidrográfica.
Como visto, os solos do estado do Paraná estão agrupados em
quatro conjuntos com similaridade de aptidão e potencial agropecuário,
sendo: os solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário
representando 57,16% do total do estado, conjunto de solos de regular
aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário com 16,76% do
estado, conjunto de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial
agropecuário com 14,68% e conjunto de solos Inaptos para agricultura
e restrito potencial agropecuário com 11,40% do total do estado.

Tabela 1 - Distribuição dos conjuntos de aptidão e potencial agrope-


cuário (área e %)

Conjuntos de Aptidão Área (ha) (%)


Solos de Boa Aptidão 11.089.180 57,16
Solos de Regular Aptidão 3.251.649 16,76
Solos de Restrita Aptidão 2.847.418 14,68
Solos Inaptos 2.212.217 11,40
Total de Solos 19.400.464 100,00

274
3.1 Conjunto de solos com boa aptidão agrícola/alto potencial
agropecuário
Os solos com boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário
estão presentes nas 22 regiões administrativas do Instituto Emater,
com distribuição apresentada na Tabela 2.

Tabela 2 - Distribuição do conjunto de solos com boa aptidão agrícola


e alto potencial agropecuário (área e %)

Região Área (ha) % do estado % da região


Apucarana 218.931 1,97 69,30
Campo Mourão 837.055 7,55 72,47
Cascavel 917.645 8,28 75,11
Cianorte 361.662 3,26 82,64
Cornélio Procópio 483.860 4,36 67,40
Curitiba 580.140 5,23 36,10
Dois Vizinhos 102.683 0,93 54,60
Francisco Beltrão 322.396 2,91 56,61
Guarapuava 655.549 5,91 47,22
Irati 213.303 1,92 35,25
Ivaiporã 547.176 4,93 49,65
Laranjeiras do Sul 291.386 2,63 46,40
Londrina 591.316 5,33 85,82
Maringá 591.914 5,34 90,40
Paranaguá 53.474 0,48 10,15
Paranavaí 863.109 7,78 86,75
Pato Branco 410.603 3,70 45,54
Ponta Grossa 1.089.135 9,82 45,19
Santo Antonio da Platina 326.404 2,94 41,09
Toledo 731.990 6,60 90,92
Umuarama 682.935 6,16 69,56
União da Vitória 216.513 1,95 30,67
Total de Solos Boa Aptidão 11.089.180 100,00

3.1.1 Grupo 1 - Latossolos de textura média


Potencialidades: Caracterizam-se por serem solos profundos bem
drenados sem impedimento ao desenvolvimento da agropecuária visto
que suas limitações são removíveis com as tecnologias disponíveis. Ra-
cionalmente manejados são de alto potencial agropecuário e florestal.
275
Limitações/restrições: Apesar de serem solos muito bons para a
agropecuária em geral, os solos deste grupo apresentam baixa fertili-
dade natural e podem rapidamente se esgotarem nos primeiros anos
de uso caso não ocorra a reposição dos nutrientes via adubações e
correção da acidez quando necessária. Apresentam suscetibilidade à
erosão de moderada a forte que pode se agravar, mesmo no relevo
suave ondulado, se mal manejados (exemplo: plantios morro abaixo,
plantios com preparos de solos convencionais).
Devido à baixa capacidade de retenção de umidade (principalmen-
te nos Latossolos com teores de argila entre 15 e 20%) podem ainda
apresentar deficiência de água nas regiões com ocorrência de estia-
gens ou pequenos veranicos.
Proposições/recomendações: Para os solos desse agrupamento
recomenda-se o uso e manejo sob sistemas tecnificados contemplan-
do: correção da deficiência de fertilidade e da acidez quando necessá-
ria, incorporação de carbono ao solo e fixação biológica de nitrogênio e
adoção da irrigação para os cultivos mais exigentes em água.
Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento são indistin-
tamente indicados o Sistema de Plantio Direto (SPD), integrado com
práticas de controle do escorrimento superficial das águas pluviais, a
produção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades
de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e os Sistemas Integra-
dos de Produção com Base Agroecológica (SIPBA).

3.1.2 Grupo 2 - Latossolos de textura argilosa e muito argilosa


Potencialidades: Os solos deste agrupamento, quando bem e ra-
cionalmente manejados e/ou, com melhoria das limitações naturais,
apresentam alto potencial agropecuário e florestal uma vez que são
profundos bem drenados sem impedimentos à mecanização. Apresen-
tam, ainda, boa capacidade de retenção de água e razoável tolerância
à perda de solo por erosão.
Limitações/restrições: Neste grupo são encontrados desde solos
de alta fertilidade até solos quimicamente deficientes em nutrientes es-
senciais para as plantas, podendo, inclusive, ocorrer alta deficiência
de fósforo. A suscetibilidade à erosão, de ligeira à moderada, pode se
agravar, mesmo em relevo suave ondulado, pela formação de com-
pactação do solo, quando mal manejados, favorecendo o escorrimento
276
superficial das águas pluviais.
Proposições/recomendações: Para os solos desse agrupamento
recomenda-se o uso e manejo com sistemas tecnificados contemplan-
do: correção da deficiência de fertilidade e da acidez quando necessá-
ria; rotação de cultura com espécies indicadas para prevenir ou mitigar
a compactação, incorporação de carbono ao solo e fixação biológica
de nitrogênio e, dependendo dos cultivos exigentes em água, a adoção
da irrigação.
Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento são indica-
dos, o SPD integrado com práticas de controle do escorrimento super-
ficial das águas pluviais, a produção integrada com o cultivo florestal
nas diversas modalidades de ILPF e os SIPBA.

3.1.3 Grupo 3 - Nitossolos


Limitações/restrições: Neste grupo são encontrados desde solos
de alta fertilidade natural, com ligeira deficiência de fósforo até solos
quimicamente pobres e com caráter alítico (teores de alumínio trocá-
vel ≥ 4 cmolc dm-3 solo e saturação de alumínio ≥ 50% associado com
atividade da fração argila ≥ 20 cmolc dm-3 argila). Em função do tipo de
relevo em que ocorrem, possuem suscetibilidade à erosão, de mode-
rada a forte e com leve impedimento à drenagem. Se mal manejado
a suscetibilidade pode se agravar pela formação de compactação do
solo. Nas áreas com classe de declive forte ondulado há limitações
para agricultura motomecanizada, razão da grande dificuldade de con-
trole da erosão e redução significativa no rendimento das máquinas.
Potencialidades: São solos de alto potencial para a agricultura em
geral nas áreas com classe de declive suave ondulado e ondulado. A
principal limitação refere-se à suscetibilidade à erosão, principalmente
quando intensivamente mecanizados, podendo esta ser controlada efi-
cazmente com o emprego de práticas conservacionistas intensivas. Se
bem manejados podem apresentar altas produções de forma susten-
tada. As áreas com relevo forte ondulado podem ser melhor aproveita-
das com pastagens, fruticultura e florestas plantadas.
Proposições/recomendações: Para os solos desse agrupamento
recomenda-se o uso e manejo com sistemas tecnificados contemplan-
do: correção da deficiência de fertilidade e da acidez quando necessá-
ria; rotação de cultura com espécies indicadas para prevenir a forma-
277
ção de camada adensada, fixação biológica de nitrogênio e adoção da
irrigação para os cultivos exigentes em água.
Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento são indica-
dos: o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle
do escorrimento superficial das águas pluviais, a produção integrada
com o cultivo florestal nas diversas modalidades de integração lavoura-
pecuária-floresta.
Nas áreas com classe de declive acima de forte ondulado e até
45°, tendo em vista as restrições, seria conveniente que a fauna fosse
protegida e a flora melhorada, tanto pelo enriquecimento, quanto pelo
adensamento com espécies nativas de valor econômico, as quais de-
vem ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou
com agrofloresta tecnificada.

3.1.4 Grupo 4 - Argissolos com ausência de caráter abrúptico


Limitações/restrições: Neste grupo são encontrados solos profun-
dos, em geral de textura arenosa ou média superficialmente e média
ou argilosa subsuperficialmente, com moderado impedimento à drena-
gem devido ao horizonte B textural. São, na grande maioria, de baixa
fertilidade natural. No entanto podem ser encontrados tanto solos com
caráter alítico como solos de melhor fertilidade. A maioria dos solos
com o horizonte B textural é fortemente susceptível à erosão, com mo-
derado impedimento à drenagem vertical.
Potencialidades: São solos, no geral, de alto potencial agropecu-
ário, entretanto exigem intensivo uso de capital e manejo cuidadoso
para evitar o processo de erosão acelerada. Proposições/recomenda-
ções: Devido ao horizonte B textural (gradiente textural de B/A > 1,5),
deve-se ter especial cuidado no controle à erosão e dar prioridade,
sempre que possível, aos cultivos perenes em sistema agroflorestal.
Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento, nos declives
de até 25%, são indicados sistemas altamente tecnificados, tais como:
ILPF, SPD integrado com intensivas práticas de controle do escorri-
mento superficial das águas pluviais, adubações para elevar sua fer-
tilidade e correção da acidez se necessário. Nas áreas com classe de
declive entre 22º a 45°, tendo em vista as restrições, seria conveniente
que a fauna fosse protegida e a flora melhorada, tanto pelo enriqueci-
mento, quanto pelo adensamento com espécies nativas de valor eco-
278
nômico, as quais devem ser exploradas mediante técnicas extrativas
não predatórias ou com agrofloresta tecnificada.

3.2 Conjunto de solos com regular aptidão agrícola e moderado


potencial agropecuário
Os solos com regular aptidão agrícola e moderado potencial agro-
pecuário estão presentes em 19 regiões administrativas do Instituto
Emater, com distribuição apresentada na Tabela 3.

Tabela 3 - Distribuição do conjunto de solos com regular aptidão agrí-


cola e moderado potencial agropecuário (área e %)

Região Área (ha) % do estado % da região


Campo Mourão 64.239 1,98 5,56
Cascavel 398 0,01 0,03
Cianorte 71.677 2,20 16,38
Cornélio Procópio 18.860 0,58 2,63
Curitiba 605.715 18,63 37,70
Guarapuava 211.528 6,51 15,24
Irati 276.725 8,51 45,73
Ivaiporã 132.136 4,06 11,99
Laranjeiras do Sul 11.909 0,37 1,90
Londrina 3.087 0,09 0,45
Maringá 14.180 0,44 2,17
Paranaguá 215.539 6,63 40,93
Paranavaí 69.405 2,13 6,98
Pato Branco 99.843 3,07 11,07
Ponta Grossa 681.392 20,96 28,27
Santo Antonio da Platina 305.113 9,38 38,41
Toledo 6.796 0,21 0,84
Umuarama 229.363 7,05 23,36
União da Vitória 233.744 7,19 33,11
Total de Solos Regular Aptidão 3.251.649 100,00

3.2.1 Grupo 5 - Argissolos com caráter abrúptico e Luvissolos


Limitações/restrições: Neste grupo são encontrados solos desde
baixa até alta fertilidade. Em geral de textura arenosa ou média super-
ficialmente e média ou argilosa subsuperficialmente, porém, o cará-
279
ter abrúptico do horizonte B textural torna o impedimento à drenagem
mais severo que nos outros Argissolos. O Caráter abrúptico se carac-
teriza quando a textura do horizonte B em relação ao horizonte A varia
mais de 1,5 vez numa distância vertical, na faixa de transição entre o
horizonte A e B, inferior a 7,5 cm. Desta forma, são agravados os pro-
blemas em relação à erosão e ao manejo de água.
Todos os solos deste grupo são fortemente suscetíveis à erosão,
com grande impedimento à drenagem vertical e desenvolvimento radi-
cular devido ao horizonte B textural abrúptico.
A compacidade do horizonte A, em alguns casos também se torna
um empecilho ao seu melhor aproveitamento agrícola.
Potencialidades: São solos de aptidão regular para culturas anuais,
entretanto, com intensivo uso de capital e manejo cuidadoso apresen-
tam moderado potencial para pastagens, culturas permanentes tais
como frutíferas perenes e florestas plantadas.
Proposições/recomendações: recomenda-se que seja priorizado
para exploração com culturas perenes em sistema agroflorestal, devi-
do ao horizonte B textural agravado pelo caráter abrúptico.
Visando superar suas limitações, mesmo que parcialmente, pro-
põe-se que o uso desses solos deva ser com sistemas altamente tecni-
ficados, tais como: ILPF com pastagem perene, adubações para elevar
sua fertilidade. Nas unidades que possam suportar o cultivo de lavou-
ras (áreas com declives inferiores a 20%) estas devem ser sob Sistema
Plantio Direto ou cultivo mínimo sempre com a incorporação de matéria
orgânica para melhorar as condições físicas do horizonte A. Todavia
quando ocorrem em declive acentuado combinado com pendentes cur-
tas, o risco de degradação pela erosão é muito grande, o que torna
obrigatório o uso de práticas intensivas de controle da erosão.

3.2.2 Grupo 6 - Cambissolos com ou sem caráter Alumínico em


relevo inferior a forte ondulado e Chernossolos

Limitações/restrições: São vários os fatores que concorrem para


a moderada utilização agrícola dos solos deste grupo, mas o mais im-
portante refere-se à profundidade do solo. São muito susceptíveis à
erosão e a possibilidade de mecanização fica bastante limitada, devido
à ocorrência de áreas em relevo forte ondulado.
280
Os Cambissolos são solos pouco desenvolvidos, evidenciado pela
presença de mais de 4% de minerais primários facilmente intemperizá-
veis. Normalmente são associados a áreas de declives acentuados, no
entanto, podem ocorrer também em áreas de relevos suave ondulados
de pendentes curtas.
Os Chernossolos são identificados pelo Horizonte A Chernozêmi-
co, que é uma camada superficial escura, de consistência macia, rica
em matéria orgânica e altos teores de nutrientes que lhes conferem
alta fertilidade natural. No entanto, o risco de erosão é grande onde o
relevo é mais movimentado. Embora possam apresentar um horizonte
B textural (característica de Argissolo e Luvissolo) ou incipiente (Cam-
bissolo), normalmente não são profundos.
Potencialidades: Os solos deste grupo geralmente são de mode-
rado potencial para explorações agrícolas. No entanto, os solos com
profundidades efetivas inferiores a 50 cm, devem ser utilizados com
certa reserva quando sob uso intensivo, sendo imprescindível o uso de
práticas conservacionistas intensivas.
Proposições/recomendações: Para o uso sustentável dos solos
desse agrupamento para as classes de declive inferiores a 20% são in-
dicados sistemas tecnificados com integração pecuária e floresta com
pastagem perene, o SPD integrado com intensivas práticas de controle
à erosão e do escorrimento superficial das águas pluviais, associadas
a adubações para elevar sua fertilidade e correção da acidez do solo.
Para as classes de 20 a 45% recomenda-se o uso sob o sistema
integrado pecuária-floresta bem como fruticultura em agrofloresta, am-
bos tecnificados e sem revolvimento do solo e com cobertura perma-
nente.

3.2.3 Grupo 7 - Cambissolos com ou sem caráter Alumínico em


relevo forte ondulado a montanhoso

Limitações/restrições: Os solos deste grupo apresentam forte limi-


tação com relação à sua fertilidade natural, destaca-se a elevada aci-
dez por alumínio trocável (caráter alumínico), responsável pela inibição
do desenvolvimento radicular da maioria das culturas. Além disso, são
muito suscetíveis à erosão e a possibilidade de mecanização fica bas-
tante limitada, devido à ocorrência de áreas em relevo forte ondulado.
Potencialidades: Os solos deste grupo geralmente se prestam para
silvicultura, sendo imprescindível a aplicação de insumos e o uso de
281
práticas conservacionistas intensivas. Estes solos não se prestam para
uma agricultura rotineira, visto que os teores de alumínio trocável são
bastante elevados tanto no horizonte A como no (B). Mesmo num sis-
tema de manejo desenvolvido, onde técnica e capital são empregados
em larga escala, sua aptidão é inapta para lavoura.
Proposições/recomendações: Recomenda-se o uso sob o ILPF,
bem como, o uso de fruticultura em agrofloresta, ambos tecnificados e
sem revolvimento do solo e com o uso de cobertura permanente.

3.3 Conjunto de solos com restrita aptidão agrícola e baixo poten-


cial agropecuário
Os solos com restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecu-
ário estão presentes em 18 regiões administrativas do Instituto Emater,
com distribuição apresentada na Tabela 4.

Tabela 4 - Distribuição do conjunto de solos com restrita aptidão agrí-


cola e baixo potencial agropecuário (área e %)

Região Área (ha) % do estado % da região


Apucarana 96.992 3,41 30,70
Campo Mourão 146.415 5,14 12,68
Cascavel 105.075 3,69 8,60
Cianorte 191 0,01 0,04
Cornélio Procópio 207.012 7,27 28,84
Curitiba 263.771 9,26 16,42
Dois Vizinhos 45.060 1,58 23,96
Francisco Beltrão 160.559 5,64 28,19
Guarapuava 321.649 11,30 23,17
Irati 68.621 2,41 11,34
Ivaiporã 306.485 10,76 27,81
Laranjeiras do Sul 278.465 9,78 44,34
Londrina 67.731 2,38 9,83
Maringá 46.786 1,64 7,15
Pato Branco 115.085 4,04 12,76
Ponta Grossa 427.873 15,03 17,75
Santo Antonio da Platina 159.890 5,62 20,13
União da Vitória 29.760 1,05 4,22
Total de Solos Restrita Aptidão 2.847.418 100,00

282
3.3.1 Grupo 8 - Neossolos Regolíticos, Neossolo Quartzarênico e
Cambissolos com caráter léptico1
Limitações/restrições: Os solos deste grupo em geral são de pouca
profundidade podendo ocorrer presença de pedras próximas à super-
fície. A fertilidade natural varia desde baixa até alta. A mecanização e,
de certa forma, o controle da erosão, tornam-se difíceis e dispendiosos
principalmente nos declives elevados. Em regiões com ocorrência de
veranicos podem apresentar severa deficiência de água.
O Neossolo Quartzarênico, sem representatividade no nível de
escala adotado por ser apenas inclusão nos solos do agrupamento,
ocorre em relevo plano ou suave ondulado, com textura arenosa ao
longo do perfil. Considerando-se o relevo de ocorrência, o processo
erosivo não é alto, porém, deve-se precaver com a erosão devido à
textura ser essencialmente arenosa. Embora não exista limitação física
para o desenvolvimento radicular em profundidade, este é prejudicado
pela reduzida quantidade de água disponível (textura essencialmente
arenosa) e pelos teores de matéria orgânica, fósforo e micronutrientes
muito baixos, redundando em baixíssima capacidade de troca de cá-
tions (CTC). A lixiviação de nitrato e potássio é intensa devido à textura
essencialmente arenosa.
Potencialidades: Pelas limitações e restrições que apresentam são
solos de utilização restrita e até inapta para a agricultura mecanizada.
Entretanto com o uso de tecnologias de base agroecológica, sistemas
integrados de produção com floresta, irrigação para as culturas mais
exigentes podem se tornar aptos e produtivos.
Proposições/recomendações: Para o uso sustentável dos solos
desse agrupamento, para as classes de declive inferiores a 20%, são
indicados sistemas tecnificados com integração lavora-pecuária-flores-
ta, o SPD integrado com intensivas práticas de controle à erosão e do
escorrimento superficial das águas pluviais, associadas a adubações
para elevar sua fertilidade e correção da acidez para neutralização do
alumínio do solo. Caso venha a ser utilizado por questões sociais lo-
cais, em relevos mais acentuados, deve ser sob cultivo mínimo se pos-
sível em sistema agroflorestal com práticas de controle da enxurrada,
inclusive visando recarga dos aquíferos e nascentes.

1
O caráter léptico: contato lítico entre 50 e 100 cm de profundidade.

283
3.4 Conjunto de solos inaptos para agricultura e restrito potencial
agropecuário
Os solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuá-
rio estão presentes em 21 regiões administrativas do Instituto Emater,
com distribuição apresentada na Tabela 5.

Tabela 5 - Distribuição do conjunto de solos inaptos para agricultura e


restrito potencial agropecuário (área e %)

Região Área (ha) % do estado % da região


Campo Mourão 107.361 4,85 9,29
Cascavel 198.549 8,98 16,25
Cianorte 4.094 0,19 0,94
Cornélio Procópio 8.157 0,37 1,14
Curitiba 157.238 7,11 9,79
Dois Vizinhos 40.308 1,82 21,43
Francisco Beltrão 86.525 3,91 15,19
Guarapuava 199.569 9,02 14,38
Irati 46.511 2,10 7,69
Ivaiporã 116.303 5,26 10,55
Laranjeiras do Sul 46.214 2,09 7,36
Londrina 26.846 1,21 3,90
Maringá 1.890 0,09 0,29
Paranaguá 257.616 11,65 48,92
Paranavaí 62.466 2,82 6,28
Pato Branco 276.125 12,48 30,62
Ponta Grossa 211.700 9,57 8,78
Santo Antonio da Platina 3.046 0,14 0,38
Toledo 66.290 3,00 8,23
Umuarama 69.558 3,14 7,08
União da Vitória 225.851 10,21 32,00
Total de Solos Inaptos 2.212.217 100,00

3.4.1 Grupo 9 - Neossolo Litólico, Cambissolos Flúvicos e Cam-


bissolos de relevo montanhoso
Limitações/restrições: Os solos deste grupo se caracterizam por
serem rasos e pouco evoluídos, em geral com menos de 50 cm de
espessura, exceto os Cambissolos Flúvicos que podem ser mais pro-
284
fundos, mas com grandes restrições para o desenvolvimento da agri-
cultura e grande suscetibilidade à erosão. É comum ocorrer presença
de rochas próximas à superfície. Em elevados declives a mecanização
e o controle da erosão tornam a utilização agrícola difícil e dispendiosa.
Geralmente este grupo de solos requer investimentos com corretivos
e fertilizantes, irrigação em regiões com ocorrência de deficiência de
água em função da ocorrência de estiagens ou veranicos, e a baixa
capacidade de retenção de umidade pela pouca espessura do solo.
Potencialidades: São solos de uso restrito dentro de uma agricul-
tura tecnificada, no entanto, se manejados adequadamente, é possível
utilizá-los com olericulturas, pastagens, reflorestamento ou outras cul-
turas perenes que forneçam permanente proteção ao solo.
Proposições/recomendações: Para o uso sustentável dos solos
desse agrupamento é recomendável o uso com sistemas integrados
pecuária-floresta e eventualmente lavoura em cultivo mínimo ou baixo
uso de mecanização e quando necessário com adubação para melho-
rar a fertilidade. Não se recomenda a utilização agrícola intensiva des-
tes solos devendo ser reservados para culturas perenes em sistema
agroflorestal, fruticultura em agrofloresta tecnificada e sem revolvimen-
to do solo e com cobertura permanente com práticas de controle do
escorrimento superficial das águas pluviais, inclusive visando recarga
dos aquíferos e nascentes.

3.4.2 Grupo 10 - Neossolo Flúvico, Gleissolo Háplico ou Melânico


e todos os Organossolos
Limitações/restrições: Os solos deste grupo caracterizam-se por
apresentarem condição de hidromorfismo pronunciado ou não, sujeito
a inundações frequentes. A maior restrição deste grupo para a sua uti-
lização agrícola ou não, é a presença de água. Esta condição favorece
o acúmulo de matéria orgânica nestes solos. Os solos deste grupo
também podem apresentar baixa sustentação de máquinas e edifica-
ções.
Potencialidades: A sua utilização já consolidada em alguns locais
no estado expressa este potencial, principalmente na cultura do arroz
e hortaliças. Os solos deste grupo podem apresentar algum potencial
agrícola quando adequadamente drenados. Entretanto esta forma de
utilização é a mesma que acelera a decomposição da matéria orgâni-
285
ca, que é responsável, em grande parte, pela sua fertilidade natural,
podendo levar o solo a uma degradação irreversível.
Este grupo possui grande importância ecológica pela sua partici-
pação no ciclo hidrológico e biogeoquímico do carbono. Os Organos-
solos, em especial, funcionam como reservatórios e são responsáveis
pela filtragem e armazenamento de água, atuando também no seques-
tro/estoque de carbono.
Proposições/recomendações: As áreas com solos deste grupo na
sua grande maioria devem ser destinados à preservação permanente,
portanto, nas áreas próximas aos cursos d’água naturais a função hi-
drológica deve ser considerada como prioritária. Ressalvado pelo inte-
resse social em função do uso já consolidado, nas áreas de menor ris-
co de inundação recomenda-se obras de drenagem visando o controle
da altura do lençol freático de forma a permitir o uso agrícola dentro de
um contexto de interesse social e com sistemas agroecológicos.
Neste contexto, os Organossolos devem receber recomendações
especiais, pois possuem grande suscetibilidade à degradação pela
subsidência, quando drenados. Portanto, recomenda-se que a utiliza-
ção destas áreas dependa de um estudo detalhado dos efeitos e pre-
ferencialmente através de licenciamento ambiental.

3.4.3 Grupo 11 - Gleissolo Sálico2 e todos os Espodossolos


Limitações/restrições: Os solos deste grupo normalmente apresen-
tam-se em situação de hidromorfismo pronunciado ou não, sujeitos a
inundações constantes ou frequentes. São solos arenosos superficial-
mente (Espodossolos) fracamente estruturados, de baixa fertilidade,
mal e muito mal drenados e solos argilosos e imperfeitamente dre-
nados (Gleissolos). Estas restrições tornam estes solos inaptos para
a agricultura. As áreas de ocorrências de solos Tiomórficos não são
indicadas para exploração agropecuária ou florestal.
Potencialidades: As limitações destes solos restringem sua aptidão
agropecuária.
Proposições/recomendações: As áreas deste grupo de solos na
sua grande maioria devem ser destinadas à preservação permanente
e devem ser mantidas nas condições naturais.

2
Gleissolo Sálico incluindo os Tiomórficos.

286
Ressalvado pelo interesse social em função do uso já consolidado,
recomenda-se para os Espodossolos o ajuste do manejo e uso agríco-
la dos mesmos.

3.4.4 Grupo 12 - Afloramentos de Rocha


Limitações/restrições: Áreas com afloramento de rocha não apre-
sentam possibilidade de uso agropecuário ou florestal.
Potencialidades: Não há potencial para uso agropecuário ou flores-
tal. Dependendo do material de origem, a possibilidade destas áreas
é restrita a extração mineral desde que atendidas as exigências de
licenciamento ambiental.
Proposições/recomendações: Áreas que devem ser mantidas nas
condições naturais.

4 Aptidão agrícola em razão dos sistemas de produção inovadores

Alguns fatores limitantes de uso dos solos podem ter o grau de


limitação minimizado ou até mesmo superado com a aplicação dos
conhecimentos atuais. Como já frisado anteriormente, este fato leva a
necessidade de ajustes na classificação da aptidão agrícola das terras
considerando cada sistema de produção a ser adotado.
Um exemplo: aplica-se a classificação inapta para um solo raso e
declive acentuado quando se pretende realizar o preparo para o plan-
tio de forma convencional, com uma aração e duas gradagens. Nesta
situação, a mecanização se torna difícil, o processo erosivo incontrolá-
vel e a dependência de recursos externos para se manter a produção
é crescente em função das perdas da fertilidade e do próprio solo.
No entanto, se manejado e utilizado sob base ecológica, ou seja, sem
revolvimento e permanentemente protegido, coberto pela palhada ou
vegetação, pode ter sua aptidão reclassificada, visto que, imitando os
processos naturais, este sistema é enriquecedor.
(...) Ao longo desse processo, a vegetação cria fertilidade e biodiversidade,
capazes de se manter sustentavelmente, através de intrincados mecanismos
alimentados pela biomassa produzida. (...) (KHATOUNIAN, 2001, p.99).

Embora reconhecendo a existência de outros sistemas consolida-


dos ou em transição, sucintamente apontam-se três sistemas com con-
287
dição de se obter sustentabilidade. Inclusive indicados para recupera-
ção de áreas degradadas, proteção da biodiversidade, dos recursos
hídricos e de melhoria da economia das comunidades menos desen-
volvidas do Estado.

4.1 Sistema Plantio Direto - SPD

Segundo Bolliger et al. (2006) o SPD é sustentado por três princí-


pios fundamentais, que são: Mínimo revolvimento do solo; Cobertura
permanente do solo com palha ou vegetação; Rotação de culturas.
No entanto, as experiências vividas por técnicos da extensão rural do
Instituto Emater associadas a resultados de pesquisa (BERTOL et al.,
2004; GUADAGNIN et al., 2005 e BERTOL et al., 2007) relatam as
deficiências do SPD em conter o escorrimento superficial das águas
pluviais. Portanto, o SPD prescinde do quarto principio fundamental:
O controle do escorrimento superficial das águas pluviais através de
práticas mecânicas corretamente dimensionadas, conforme descrito
por (CAVIGLIONE et al., 2010), e em conformidade com a resolução
da SEAB 172/2010 (SEAB-PR, 2010).
O SPD acarreta melhorias nos resultados econômicos, pois a au-
sência de operações para preparo do solo gera uma sensível economia
de tempo, combustíveis, trabalho e custos. Quando a área é preparada
para receber o SPD, necessita da eliminação ou mitigação da camada
compactada, correção da fertilidade do solo, implantação de terraços
corretamente dimensionados, integração da lavoura com as estradas
dentro de critério conservacionista. Quando o sistema é adequada-
mente conduzido, além dos benefícios no controle da erosão, há incre-
mentos nos teores de carbono e na biodiversidade do solo, ao mesmo
tempo em que há significativo incremento na reciclagem de nutrientes
e finaliza com aumento na taxa de infiltração de água no solo. São
inegáveis efeitos benéficos do SPD no sistema solo-água-planta no
médio e longo prazos. As fotos mostram detalhes do Sistema Plantio
Direto com os princípios fundamentais (Figura 1) e estrada adequada
e integrada aos terraços e o sistema para o controle do escorrimento
(Figura 2).

288
FIGURA 1 - SISTEMA PLANTIO DIRETO APRESENTANDO OS PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS DO SISTEMA: PLANTIO SOBRE RESÍDUOS DE CULTIVO
ANTERIOR E TERRACEAMENTO DE BASE LARGA.
Foto: Acervo: Instituto Emater. Autor: Oromar João Bertol, 2013.

FIGURA 2 - ESTRADA ADEQUADA, INTEGRADA AOS TERRAÇOS E AO


SISTEMA PLANTIO DIRETO
Foto: Acervo: Instituto Emater. Autor: Oromar João Bertol, 2013
289
4.2 Sistemas Integrados de Produção Lavoura-Pecuária-Floresta
(ILPF)
Observações de campo realizadas para verificar efeitos de eventos
extremos de estiagens e chuvas intensas no Paraná apontam para
dois aspectos importantes relacionados com perdas na agropecuária,
portanto, relacionados com a sustentabilidade dos sistemas de pro-
dução atualmente mais adotados. O primeiro aspecto evidencia a ne-
cessidade de mudanças radicais dos sistemas produtivos altamente
degradantes ao meio ambiente, com perdas de solo, água e nutrien-
tes e consequente assoreamento de reservatórios e eutrofização dos
recursos hídricos. O manejo inadequado resulta em outros impactos
também que são: incidência de pragas e invasoras resistentes que
exigem controle intensivo com maior uso de agrotóxicos. Estes fatos
acabam afetando a qualidade dos alimentos produzidos e os custos de
produção.

FIGURA 3 - SISTEMA INTEGRADO PECUÁRIA-FLORESTA


Foto: Acervo: Instituto Emater. Autor: Luiz Marcos Feitosa dos Santos, 2013

290
O segundo aspecto mostra, de forma concreta, que nos sistemas
ILPF tais problemas são menos evidentes e até mesmo insignificantes.
Os sistemas integrados em suas diversas modalidades, quando ade-
quadamente planejados, trazem vantagens econômicas para os pro-
dutores e oferta de alimentos de melhor qualidade. Conservam melhor
a biodiversidade por interagir positivamente com os ecossistemas local
e regional. Essas interações positivas são essenciais para a adaptação
dos agroecossistemas às mudanças climáticas e melhoria no balanço
das emissões de gases de efeito estufa. Devem ser contempladas nes-
ses sistemas as práticas preconizadas para uma agricultura de baixas
emissões de gases de efeito estufa - recuperação de áreas degrada-
das, fixação biológica de nitrogênio e tratamento de dejetos de ani-
mais, entre outras. As fotos mostram áreas em sistema ILPF (Figura 3)
e o sub-bosque em plantio de eucalipto visando a recuperação de área
degradada (Figura 4), retiradas na região Noroeste do Estado.

FIGURA 4 - SUB-BOSQUE DE EUCALIPTO EM SISTEMA INTEGRADO PE-


CUÁRIA-FLORESTA, RECUPERANDO ÁREA DEGRADADA
Foto: Acervo: Instituto EMATER. Autor: Luiz Marcos Feitosa dos Santos, 2013

291
4.3 Sistemas Integrados de Produção com Base Agroecológica
(SIPBA)

Duas definições são necessárias para ajudar o entendimento desse


sistema. Primeiro a definição da agroecologia é vista através da dimen-
são ecológico-técnica-produtiva como sendo a “(...) ciência baseada
em uma abordagem sistêmica que integra os princípios agronômicos,
ecológicos e socioeconômicos, utilizando o agroecossistema como
unidade de estudo e trabalho (...)” (HAMERSCHMIDT et al., 2005). Ou-
tra definição trata o enfoque agroecológico como sendo destinado “(...)
a apoiar a transição dos atuais modelos de desenvolvimento rural e de
agricultura convencional para estilos sustentáveis (...)” (CAPORAL e
COSTABEBER, 2004).
Os sistemas integrados de produção sob base agroecológica po-
dem ser entendidos a partir do texto “Extensão Rural e Agroecologia”.
“A agricultura sustentável, sob o ponto de vista agroecológico, é aquela que,
tendo como base uma compreensão holística dos agroecossistemas, seja ca-
paz de atender, de maneira integrada, aos seguintes critérios: a) baixa de-
pendência de insumos comerciais; b) uso de recursos renováveis localmente
acessíveis; c) utilização dos impactos benéficos ou benignos do meio ambiente
local; d) aceitação e/ou tolerância das condições locais, antes que a depen-
dência da intensa alteração ou tentativa de controle sobre o meio ambiente;
e) manutenção, a longo prazo, da capacidade produtiva; f) preservação da
diversidade biológica e cultural; g) utilização do conhecimento e da população
local, e h) produção de mercadorias para o consumo interno e para exporta-
ção” (CAPORAL e COSTABEBER, 2004, p.15).

As fotos ilustram o início do estabelecimento de agrofloresta, Vale


do rio Ribeira, em clareiras ou áreas degradadas, levando à recupera-
ção da fertilidade e condições física do solo com o cultivo de espécies
leguminosas de rápido retorno (Figura 5). Em virtude disto a flora é
melhorada pelo enriquecimento e pelo adensamento com espécies de
valor econômico (Figura 6), que são exploradas mediante técnicas ex-
trativas apropriadas e não predatórias.

292
FIGURA 5 - INÍCIO DO ESTABELECIMENTO DE AGROFLORESTA, RECU-
PERANDO A FERTILIDADE QUÍMICA E FÍSICA DO SOLO COM ESPÉCIES
LEGUMINOSAS
Foto: Acervo: Instituto EMATER. Autor: Luiz Marcos Feitosa dos Santos, 2011

FIGURA 6 - AGROFLORESTA LOGO APÓS O INÍCIO, COM ENRIQUECI-


MENTO DA FLORA PELO ADENSAMENTO COM ESPÉCIES DE VALOR
ECONÔMICO
Foto: Acervo: Instituto EMATER. Autor: Luiz Marcos Feitosa dos Santos, 2011
293
MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utiliza os recursos do Sistema de Informações Ge-


ográficas (SIG) para combinar informações e elaborar um conjunto de
mapas que permite localizar e caracterizar as 10 ordens de solos que
ocorrem no estado do Paraná e nas 22 regiões administrativas do Ins-
tituto Emater. Portanto, este trabalho apresenta-se em uma escala re-
gional, e para seu uso em planejamento de microbacia ou propriedade
rural, necessita de ajustes para a escala de trabalho desejado.
As informações foram combinadas e como resultado obteve-se 12
grupos de solos organizados em quatro conjuntos decorrentes da si-
milaridade de aptidão e potencial agropecuário conforme descrito no
item 2.
O desenvolvimento do trabalho de geoprocessamento foi realizado
com utilização dos softwares e arquivos digitais abaixo relacionados:
Aplicativos de desenvolvimento e análise:
a) Software ArcGis 9.0
O software ArcGis 9.0 foi utilizado para combinação das informa-
ções, análise dos dados e elaboração dos mapas temáticos.
b) Planilha eletrônica
A planilha eletrônica foi utilizada para tabular e totalizar informa-
ções geradas nos mapas temáticos.
Arquivos vetoriais:
a) Divisão política dos municípios do estado do Paraná
Mapa político em formato digital em coordenadas planas UTM,
do estado do Paraná com as divisas entre municípios, elaborado pela
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA,
2011).
b) Mapa de solos
Mapa de solos em formato digital em coordenadas planas UTM,
elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).
A elaboração do conjunto de mapas com suas respectivas tabelas
desenvolveu-se com apoio do Sistema de Informações Geográficas
(SIG), contemplando as seguintes etapas:
294
a) Organização da tabela do mapa político do estado do Paraná
Os municípios do mapa político do estado do Paraná foram classi-
ficados nas 22 regiões administrativas do Instituto Emater, para poste-
rior formação dos grupos de solos por unidades regionais.

b) Organização da tabela do mapa de solos


As 33 classes de solos do estado do Paraná e suas respectivas
unidades de mapeamentos foram agrupadas em 4 conjuntos, subdi-
vididos em 12 grupos de solos, baseados em seus atributos utilitários
mais marcantes e que apresentam similaridade de aptidão e potencial
agropecuário, descritos a seguir:
Conjunto 1 - solos de boa aptidão agrícola e alto potencial
agropecuário
Grupo 1 - Latossolos de textura média.
Grupo 2 - Latossolos de textura argilosa e muito argilosa.
Grupo 3 - Nitossolos.
Grupo 4 - Argissolos com ausência de caráter abrúptico.
Conjunto 2 - solos de regular aptidão agrícola e moderado po-
tencial agropecuário
Grupo 5 - Argissolos com caráter abrúptico e Luvissolos.
Grupo 6 - Cambissolos com ausência de caráter alumínico e/ou
léptico e Chernossolos.
Grupo 7 - Cambissolos com caráter alumínico.
Conjunto 3 - solos de restrita aptidão agrícola e baixo poten-
cial agropecuário
Grupo 8 - Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartzarênicos e
Cambissolos com caráter léptico.
Conjunto 4 - solos inaptos para agricultura e restrito potencial
agropecuário
Grupo 9 - Neossolos Litólicos, Cambissolos Flúvicos e Cambisso-
los em relevo montanhoso.
Grupo 10 - Neossolos Flúvicos, Gleissolos Háplicos ou Melânicos
e Organossolos.
Grupo 11 - Gleissolos Sálicos (incluindo os tiomórficos) e todos os
Espodossolos.
Grupo 12 - Afloramentos de Rocha.
295
c) Combinação (união) do mapa de solos com mapa de municípios/
regiões
A combinação do mapa de solos com o mapa político subdividiu o
mapa de solos, gerando um arquivo com os solos do estado, correla-
cionando todas as informações de solos nos respectivos municípios/
regiões.
d) Geração de mapa de solos por região
O mapa de solos do estado subdividido por municípios/regiões foi
exportado por região, gerando 22 mapas com os solos de cada região
administrativa do Instituto Emater.
e) Tabulação dos dados
A partir da tabela do mapa de solos do estado, foram totalizadas
as áreas por conjunto e por grupos de solos das regiões e do estado.
f) Elaboração de mapa de grupos de solos por região e do estado
do Paraná
A partir do mapa de solos do estado e das regiões foram gerados
23 mapas com os grupos de solos.
Com objetivo de permitir uma melhor visualização nos mapas apre-
sentados, as cores dos grupos de solos aqui utilizadas, não seguem os
padrões de cores do sistema brasileiro de classificação de solos e nem
do manual técnico de pedologia do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
g) Apresentação das informações do estado e por região
Os mapas e as tabelas gerados estão apresentados com dados
do estado e das regiões, complementados com informações sobre as
potencialidades e recomendações adequadas à sua aptidão agrícola
em razão dos sistemas de produção inovadores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

5 Solos por Região administrativa do Instituto Emater


Os solos presentes em cada região foram quantificados a partir do
levantamento de reconhecimento de solos do estado (LARACH et al.,
1984). Os 12 grupos de solos especificados anteriormente estão apre-
296
sentados na Figura 7 com distribuição em área e percentual apresenta-
dos na Tabela 6. Na sequência deste item apresentam-se a ocupação
pelos grupos de solos em área e percentual da área de cada região e
no Estado.

Tabela 6 - Distribuição dos Grupos de solos no Estado (área e %)


Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 1.373.734 7,1
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 4.765.589 24,6
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 3.027.904 15,6
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 1.921.953 9,9
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 11.089.180 57,2
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico e Luvissolos 1.177.470 6,1
06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico e
Grupo 06 1.313.887 6,8
CHERNOSSOLOS
Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 760.293 3,9
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 3.262.048 16,8
08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS, NEOSSOLO QUARTZARÊNICO
Grupo 08 2.847.418 14,7
e CAMBISSOLOS com caráter léptico
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 2.837.020 14,7
09-NEOSSOLOS LITÓLICOS, CAMBISSOLOS FLÚVICOS e
Grupo 09 1.560.379 8,0
CAMBISSOLOS de relevo montanhoso
10-NEOSSOLO FLÚVICO, GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO
Grupo 10 366.803 1,9
e ORGANOSSOLOS
Grupo 11 11-GLEISSOLO SÁLICO e ESPODOSSOLOS 120.599 0,6
Grupo 12 12-AFLORAMENTOS DE ROCHA 164.436 0,8
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 2.212.217 11,4
Subtotal Solos 19.400.464 100,0
Ilha Ilha 42
Água Água 399.324
Urbana Urbana 85.684
Total geral 19.885.514

297
FIGURA 7 - MAPA GERAL DOS GRUPOS DE SOLOS DO ESTADO COM DE-
LIMITAÇÃO DAS MACRORREGIÕES E REGIÕES DO INSTITUTO EMATER

5.1 Grupos de solos na Unidade Regional de Paranavaí

Dos 12 grupos de solos do estado do Paraná, seis estão presen-


tes na região de Paranavaí (Figura 8). A Tabela 7 mostra que nesta
região predominam solos com boa aptidão agrícola e alto potencial
agropecuário, visto que os fatores limitantes mais importantes podem
ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as re-
lacionadas no Item 4. São representados pelos grupos 01, 02, 03 e 04
que somam 863.109 ha com 86,75% da área total de solos da Região.
Os solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agrope-
cuário, representados pelo Grupo 05 com 69.405 ha, ocupam 7,0% da
área total de solos da Região enquanto que o Grupo 10, inaptos para
agricultura e restrito potencial agropecuário com 62.466 ha representa
6,3% desse total.
Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de
solos indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas
de controle do escorrimento superficial das águas pluviais. Indica-se
a produção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalida-
298
des de integração lavoura-pecuária-floresta sendo: lavoura-pecuária
nos declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com
mínimo de risco de degradação e pecuária-floresta nos declives mais
acentuados ou de maior risco de degradação. Privilegiando sempre e
em todos os casos tecnologias e práticas de incorporação de matéria
orgânica ao solo, inclusive com a fixação biológica de nitrogênio.
As informações sobre as limitações, potencialidades e recomen-
dações por grupo de solos estão descritas com maiores detalhes no
item 3.
As áreas do Grupo 05 (7,0%) podem apresentar produções susten-
táveis se exploradas mediante sistema agroflorestal com base agroe-
cológica. Enquanto que as do Grupo 10 (6,3%) devem ser reservadas
para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos
que por força da legislação são destinadas para preservação perma-
nente (APP) e reserva legal (RL).

Tabela 7 - Grupos de solos na unidade regional de Paranavaí


(área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 509.708 51,2
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 57.564 5,8
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 10.775 1,1
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 285.063 28,7

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 863.109 86,7
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 69.405 7,0

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 69.405 7,0
10-NEOSSOLO FLÚVICO, GLEISSOLO HÁPLICO e
Grupo 10 62.466 6,3
ORGANOSSOLOS

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 62.466 6,3

Área total de solos da região de Paranavaí 994.980 100,0


Água 30.521
Urbana 2.637

Área total da região de Paranavaí 1.028.137

299
FIGURA 8 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE PARANAVAÍ,
ESTADO DO PARANÁ

5.2 Unidade regional de Maringá


Dos 12 grupos de solos do Estado sete estão presentes na região
de Maringá (Figura 9). A Tabela 8 mostra que 90,40% dos solos dessa
Região são na condição natural de boa aptidão agrícola. Apresentam
alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais impor-
tantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponí-
veis como as relacionadas no Item 4. São representados pelos grupos
01, 02, 03 e 04 que somam 591.914 ha.
A mesma Tabela 8 mostra que 7,15% encontram-se no grupo de
aptidão restrita com baixo potencial agropecuário, 2,17% com aptidão
regular e moderado potencial e finalmente 0,29% de solos inaptos com
restrito potencial agropecuário. As limitações, potencialidades e reco-
mendações por grupo de solos estão apontadas no Item 3.
Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de so-
los indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de
controle do escorrimento superficial das águas pluviais. Indica-se a
produção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades
300
de integração lavoura-pecuária-floresta sendo: lavoura-pecuária nos
declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com mí-
nimo de risco de degradação e pecuária-floresta nos declives de 20% a
45%. Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas
de incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fixação
biológica de nitrogênio.

FIGURA 9 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE MARINGÁ,


ESTADO DO PARANÁ

As áreas do Grupo 05 (2,2%) e do grupo 8 (7,1%) podem apresen-


tar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agroflo-
restal com base agroecológica. Enquanto que as do Grupo 10 (0,3%)
devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com
áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas
para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

301
Tabela 8 - Grupos de solos na unidade regional de Maringá (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 162.987 24,9
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 130.980 20,0
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 204.400 31,2
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 93.547 14,3
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 591.914 90,4
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 14.180 2,2
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 14.180 2,2
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 46.786 7,1
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 46.786 7,1
Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 1.890 0,3
Total solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 1.890 0,3
Subtotal Solos 654.770 100,0
Água 3.591
Urbana 4.047
Total geral 662.408

5.3 Unidade regional de Umuarama


Dos 12 grupos de solos do Estado sete estão presentes na região
de Umuarama (Figura 10). A Tabela 9 mostra que nesta Região predo-
minam solos com boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário
visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimiza-
dos com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas
no Item 4. São representados pelos grupos 01, 02, 03 e 04 que somam
682.935 ha com 69,6% da área total de solos da Região.
A mesma Tabela 9 mostra que 23,4% encontram-se no grupo de
aptidão regular com moderado potencial agropecuário e finalmen-
te 7,1% com solos inaptos e restrito potencial agropecuário. As limi-
tações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão
apontadas no Item 3.
Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de
solos indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas
302
de controle do escorrimento superficial das águas pluviais. Indica-se
a produção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalida-
des de integração lavoura-pecuária-floresta sendo: lavoura-pecuária
nos declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com
mínimo de risco de degradação e pecuária-floresta nos declives mais
acentuados ou de maior risco de degradação. Privilegiando sempre e
em todos os casos tecnologias e práticas de incorporação de matéria
orgânica ao solo, inclusive com a fixação biológica de nitrogênio.

FIGURA 10 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE UMUARA-


MA, ESTADO DO PARANÁ

As áreas do Grupo 05 (23,4%) podem apresentar produções sus-


tentáveis se exploradas mediante sistema agroflorestal com base agro-
ecológica. Enquanto que as do Grupo 10 (7,1%) devem ser reservadas
para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos
que por força da legislação são destinadas para preservação perma-
nente (APP) e reserva legal (RL).

303
Tabela 9 - Grupos de solos na unidade regional de Umuarama (área
e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 341.915 34,8
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 21.862 2,2
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 21.031 2,1
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 298.127 30,4
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 682.935 69,6
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 229.363 23,4

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 229.363 23,4
Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 743 0,1
10-NEOSSOLO FLÚVICO, GLEISSOLO HÁPLICO e
Grupo 10 68.815 7,0
ORGANOSSOLOS
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 69.558 7,1
Subtotal Solos 981.856 100,0
Água 56.759
Urbana 2.039
Total geral 1.040.654

5.4 Unidade regional de Cianorte

Dos 12 grupos de solos do Estado sete estão presentes na região


de Cianorte (Figura 11). A Tabela 10 mostra que nesta Região predo-
minam solos com boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário,
visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimiza-
dos com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas
no Item 4. São representados pelos grupos 01, 02, 03 e 04 que somam
361.662 ha com 82,6% da área total de solos da Região.
A mesma Tabela 10 mostra que 16,4% encontram-se no grupo de
aptidão regular com moderado potencial agropecuário e em torno de
1% com solos inaptos e restrito potencial agropecuário representados
pelos grupos 10 e 8.
As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de so-
los estão apontadas no Item 3.
304
FIGURA 11 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CIANORTE,
ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de


solos indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas
de controle do escorrimento superficial das águas pluviais. Indica-se
a produção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalida-
des de integração lavoura-pecuária-floresta sendo: lavoura-pecuária
nos declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com
mínimo de risco de degradação e pecuária-floresta nos declives mais
acentuados ou de maior risco de degradação. Privilegiando sempre e
em todos os casos tecnologias e práticas que contribuam para incor-
poração de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fixação biológica
de nitrogênio.
As áreas do Grupo 05 (16,4%) podem apresentar produções sus-
tentáveis se exploradas mediante sistema agroflorestal com base agro-
ecológica. Enquanto que as dos Grupos 10 e 08 devem ser reservadas
para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos
que por força da legislação são destinadas para preservação perma-
nente (APP) e reserva legal (RL).
305
Tabela 10 - Grupos de solos na unidade regional de Cianorte (área e
%)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 118.226 27,0
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 67.231 15,4
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 62.129 4,2
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 114.077 26,1
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 361.662 82,6
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 71.677 16,4

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 71.677 16,4
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 191 0,0
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 191 0,0
Grupo 10 10-NEOSSOLO FLÚVICO e GLEISSOLO HÁPLICO 4.094 0,9
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 4.094 0,9
Subtotal Solos 437.624 100,0
Água 883
Urbana 1.272
Total geral 439.779

5.5 Unidade regional de Campo Mourão


Conforme mostra a Figura 12 ocorrem na região nove grupos de
solos dos doze que ocorrem no Estado. A Tabela 11 mostra que 72,5%
dos solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04) apresentam, em estado
natural, boa aptidão agrícola. Apresentam alto potencial agropecuário
visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimiza-
dos com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas
no Item 4. Em segundo lugar com 12,7% de representatividade encon-
tram-se os grupos de aptidão restrita e baixo potencial agropecuário.
Em terceiro lugar com 9,3% vem os solos inaptos representados pelos
grupos 09 e 10. Finalmente com aptidão regular e moderado potencial
tem-se os grupos 05 e 06 representando 5,6% do total de solos da
Região. As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de
solos estão descritas no Item 3.
306
FIGURA 12 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CAMPO
MOURÃO, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de so-


los indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de
controle do escorrimento superficial das águas pluviais, a produção in-
tegrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades de integração
lavoura-pecuária-floresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam
a mecanização e pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%. Privi-
legiando sempre e em todos os casos práticas incorporadoras de ma-
téria orgânica no solo, inclusive com a fixação biológica de nitrogênio.
Tendo em vista as restrições dos grupos 03 e 04 com inclusões de
Neossolos e Cambissolos, com declive entre 45% e 100% é importante
que a fauna seja protegida e a flora melhorada, pelo enriquecimento e
pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo
ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com
agrofloresta tecnificada.
Áreas do Grupo 08 (12,7% de aptidão restrita) podem apresentar
produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agroflorestal
com base agroecológica. Áreas dos grupos 09 e 10 (9,3% de solos
inaptos) devem ser reservadas para conservação ambiental.
307
Tabela 11 - Grupos de solos na unidade regional de Campo Mourão
(área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 43.842 3,8
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 468.483 40,6
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 273.593 23,7
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 51.138 4,4
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 837.055 72,5
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 63.241 5,5
Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 998 0,1
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial 64.239 5,6
agropecuário
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 146.415 12,7
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agro- 146.415 12,7
pecuário
Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 107.352 9,3
Grupo 10 10-GLEISSOLO HÁPLICO 9 0,0
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agrope- 107.361 9,3
cuário
Subtotal Solos 1.155.070 100,0
Água 4.154
Urbana 1.776
Total geral 1.161.001

5.6 Unidade regional de Apucarana


Conforme mostra a Figura 13 ocorrem na região cinco grupos
de solos dos doze que ocorrem no Estado. A Tabela 12 mostra que
218.931 ha ou 69,3% dos solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04)
apresentam, em estado natural, boa aptidão agrícola. Apresentam alto
potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importan-
tes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis
como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com 96.992 ha ou
30,7% de representatividade encontra-se o Grupo 08 de aptidão res-
trita e baixo potencial agropecuário. As limitações, potencialidades e
recomendações por grupo de solos estão descritas no Item 3.
308
Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de so-
los indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de
controle do escorrimento superficial das águas pluviais, a produção in-
tegrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades de integração
lavoura-pecuária-floresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam
a mecanização, e pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%. Privi-
legiando sempre e em todos os casos práticas incorporadoras de ma-
téria orgânica no solo, inclusive com a fixação biológica de nitrogênio.

FIGURA 13 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE APUCARA-


NA, ESTADO DO PARANÁ

Tendo em vista as restrições dos grupos com inclusões de Neos-


solos e Cambissolos com declive entre 45% e 100% é importante que
a fauna seja protegida e a flora melhorada, pelo enriquecimento e pelo
adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo ser
exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agro-
floresta tecnificada.
Áreas do Grupo 08 podem apresentar produções sustentáveis se
exploradas mediante sistema agroflorestal com base agroecológica.
309
Tabela 12 - Grupos de solos na unidade regional de Apucarana (área
e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 3.350 1,1

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 75.788 24,0

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 136.205 43,1

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 3.588 1,1

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 218.931 69,3

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 96.992 30,7

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 96.992 30,7

Subtotal Solos 315.923 100,0

Água 89

Urbana 1.486

Total geral 317.498

5.7 Unidade regional de Londrina

Dos 12 grupos de solos do Estado oito estão presentes na região


de Maringá (Figura 14). A Tabela 13 mostra que 85,8% dos solos dessa
Região são, na condição natural, de boa aptidão agrícola. Apresentam
alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais impor-
tantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponí-
veis como as relacionadas no Item 4. São representados pelos grupos
01, 02, 03 e 04 que somam 591.316 ha.
A mesma Tabela 13 mostra que 9,8% encontram-se no grupo de
aptidão restrita com baixo potencial agropecuário, 3,9% de solos inap-
tos com restrito potencial agropecuário e finalmente 0,4% com aptidão
regular e moderado potencial. As limitações, potencialidades e reco-
mendações por grupo de solos estão apontadas no Item 3.
Para o uso sustentável das áreas com os grupos 01, 02, 03 e 04
indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de con-
310
trole do escorrimento superficial das águas pluviais. Indica-se a produ-
ção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades de inte-
gração lavoura-pecuária-floresta sendo: lavoura-pecuária nos declives
que permitam a mecanização das práticas agrícolas com mínimo de
risco de degradação e pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%.
Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas de
incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fixação bio-
lógica de nitrogênio.
As áreas do Grupo 05, ARGISSOLOS com caráter abrúptico
(0,4%) e do grupo 8, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBISSOLOS
com caráter léptico (9,8%) podem apresentar produções sustentáveis
se exploradas mediante sistema agroflorestal com base agroecológica.
Enquanto que as do Grupo 10 juntamente com as do Grupo 09 (3,9%)
devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com
áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas
para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

FIGURA 14 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE LONDRINA,


ESTADO DO PARANÁ

311
Tabela 13 - Grupos de solos na unidade regional de Londrina (área e
%)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 69.694 10,1

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 186.237 27,0

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 272.104 39,5

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 63.282 9,2

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 591.316 85,8

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 3.087 0,4

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 3.087 0,4

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 67.731 9,8

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 67.731 9,8

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 1.204 0,2

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 25.642 3,7

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 26.846 3,9

Subtotal Solos 688.980 100,0

Água 31.164

Urbana 2.465

Total geral 722.609

5.8 Unidade regional de Cornélio Procópio

Dos 12 grupos de solos do Estado oito estão presentes na região


de Cornélio Procópio (Figura 15). A Tabela 14 mostra que 67,4% dos
solos dessa Região são, na condição natural, de boa aptidão agrícola.
Apresentam alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes
mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnolo-
gias disponíveis como as relacionadas no Item 4. São representados
pelos grupos 01, 02, 03 e 04 que somam 483.860 ha.

312
FIGURA 15 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CORNÉLIO
PROCÓPIO, ESTADO DO PARANÁ

A mesma Tabela 14 mostra que 28,8% encontram-se no grupo de


aptidão restrita com baixo potencial agropecuário. Em terceiro lugar
tem-se 2,6% com aptidão regular e moderado potencial e finalmen-
te 1,1% de solos inaptos com restrito potencial agropecuário. As limi-
tações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão
apontadas no Item 3.
Para o uso sustentável das áreas com os grupos 01, 02, 03 e 04
indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de con-
trole do escorrimento superficial das águas pluviais. Indica-se a produ-
ção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades de inte-
gração lavoura-pecuária-floresta sendo: lavoura-pecuária nos declives
que permitam a mecanização das práticas agrícolas com mínimo de
risco de degradação e pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%.
Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas de
incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fixação bio-
lógica de nitrogênio.
313
Tabela 14 - Grupos de solos na unidade regional de Cornélio Procópio
(área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 1.029 0,1

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 211.652 29,5

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 230.510 32,1

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 40.669 5,7

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 483.860 67,4

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 18.860 2,6

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 18.860 2,6

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 207.012 28,8

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 207.012 28,8

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 1.477 0,2

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 6.680 0,9

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 8.157 1,1

Subtotal Solos 717.890 100,0

Água 25.106

Urbana 1.558

Total geral 744.555

As áreas do Grupo 05, ARGISSOLOS com caráter abrúptico (2,6%)


e do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBISSOLOS com
caráter léptico (28,8%) podem apresentar produções sustentáveis se
exploradas mediante sistema agroflorestal com base agroecológica.
Enquanto que as do Grupo 10 (0,9%) juntamente com as do Grupo 09
(0,2%) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente
com áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas
para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

314
5.9 Unidade regional de Santo Antônio da Platina
Na região de Santa Antônio da Platina (Figura 16) estão presentes
oito grupos de solos dos quais predominam os grupos de boa aptidão
agrícola e alto potencial agropecuário, com 41,1% do total de solos
da Região (Tabela 15). Em seguida ocorrem os grupos com regular
aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário (38,4%). Em ter-
ceiro lugar tem-se o grupo de restrita aptidão agrícola e baixo potencial
agropecuário com 20,1%. Finalmente estão presentes os solos inaptos
para agricultura e restrito potencial agropecuário com representativida-
de de apenas 0,4%.

FIGURA 16 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE SANTO


ANTONIO DA PLATINA, ESTADO DO PARANÁ

Frente às limitações, potencialidades e recomendações por grupo


de solos apontadas no Item 3, para os grupos 01, 02, 03, 04, 05 e 06 da
Região indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas
de controle do escorrimento superficial das águas pluviais, a produção
integrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades de integra-
ção lavoura-pecuária-floresta sendo: lavoura-pecuária nos declives
315
que, com mínimo de risco de degradação, permitam a mecanização
das práticas agrícolas e pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%.
Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas que
contribuam com a incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive
com a fixação biológica de nitrogênio.

Tabela 15 - Grupos de solos na unidade regional de Santo Antônio da


Platina (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 14.353 1,8
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 112.255 14,1
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 61.554 7,7
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 138.241 17,4
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 326.404 41,1
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 298.209 37,5
Grupo 06 06- CHERNOSSOLOS 6.905 0,9
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 305.113 38,4
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 159.890 20,1
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 159.890 20,1
Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 3.046 0,4
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 3.046 0,4

Subtotal Solos 794.453 100,0


Água 30.415
Urbana 1.283
Total geral 826.151

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS (20,1%) po-


dem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante siste-
ma agroflorestal com base agroecológica. Enquanto que as do Grupo
10 (0,4%) devem ser reservadas para conservação ambiental junta-
mente com áreas de outros grupos que por força da legislação são
destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

316
5.10 Unidade regional de Ivaiporã
Conforme mostra a Figura 17 ocorrem na região nove grupos de
solos dos doze que ocorrem no Estado. A Tabela 16 mostra que 49,6%
dos solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04) apresentam, em estado na-
tural, boa aptidão agrícola. Apresentam alto potencial agropecuário vis-
to que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados
com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item
4. Em segundo lugar com 27,8% de representatividade encontram-se
os grupos de aptidão restrita e baixo potencial agropecuário. Em ter-
ceiro lugar com aptidão regular e moderado potencial tem-se os grupos
05 e 06 representando 12,0%. Finalmente com 10,6% vem os solos
inaptos representados pelos grupos 09 e 10. As limitações, potenciali-
dades e recomendações por grupo de solos estão descritas no Item 3.

FIGURA 17 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE IVAIPORÃ,


ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 03,
04, 05, 06, e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com
práticas de controle do escorrimento superficial das águas pluviais, a
produção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades
317
de integração lavoura-pecuária-floresta: lavoura-pecuária nos declives
que permitam o uso racional da mecanização das práticas agrícolas,
e pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando sempre
e em todos os casos práticas incorporadoras de matéria orgânica no
solo, inclusive com a fixação biológica de nitrogênio.

Tabela 16 - Grupos de solos na unidade regional de Ivaiporã (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 413.131 37,5
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 125.005 11,3
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 9.041 0,8
Total solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 547.176 49,6
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 116.587 10,6
Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 5.925 0,5
Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 9.624 0,9
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 132.136 12,0
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 306.485 27,8
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 306.485 27,8
Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 116.291 10,6
Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 12 0,0
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 116.303 10,6
Subtotal Solos 1.102.100 100,0
Água 1.520
Urbana 301
Total geral 1.103.921

Tendo em vista as restrições do grupos 03 e 04 com inclusões de


Neossolos e Cambissolos, com declive entre 45% e 100% é importante
que a fauna seja protegida e a flora melhorada, pelo enriquecimento e
pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo
ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com
agrofloresta tecnificada.
Áreas do Grupo 08 (27,8% de aptidão restrita) podem apresentar
produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agroflorestal
318
com base agroecológica. Áreas dos grupos 09 e 10 (10,6% de solos
inaptos) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamen-
te com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam desti-
nadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.11 Unidade regional de Toledo


Conforme mostra a Figura 18 ocorrem na região oito grupos de solos
dos doze que ocorrem no Estado. A Tabela 17 mostra que 90,9% dos
solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04) apresentam, em estado natural,
boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fa-
tores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego
das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segun-
do lugar com 8,2% vem os solos inaptos representados pelos grupos
09 e 10. Finalmente em terceiro lugar com aptidão regular e modera-
do potencial tem-se os grupos 05 e 06 representando apenas 0,8% do
total de solos da Região. As limitações, potencialidades e recomenda-
ções por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 18 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE TOLEDO,


ESTADO DO PARANÁ
319
Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de
solos, inclusive os grupos 05 e 06, indicam-se o Sistema de Plantio
Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superficial
das águas pluviais. Indicam-se a produção integrada com o cultivo
florestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-
floresta, lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização,
e pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas
incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fixação biológica
de nitrogênio.

Tabela 17 - Grupos de solos na unidade regional de Toledo (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 32.344 4,0
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 374.733 46,5
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 308.234 38,3
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 16.680 2,1
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 731.990 90,9
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 6.340 0,8
Grupo 06 06- CHERNOSSOLOS 456 0,1
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 6.796 0,8
Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 50.296 6,2
10-NEOSSOLO FLÚVICO, GLEISSOLO HÁPLICO e ORGANOS-
Grupo 10 15.994 2,0
SOLOS
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 66.290 8,2
Subtotal Solos 805.077 100,0
Água 38.805
Urbana 3.226
Total geral 847.108

Tendo em vista as restrições dos grupos 03 e 04 com inclusões de


Neossolos e Cambissolos, com declive entre 45% e 100% é importante
que a fauna seja protegida e a flora melhorada, pelo enriquecimento e
pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo
ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com
agrofloresta tecnificada.
320
Áreas dos grupos 09 e 10 (8,2% de solos inaptos) devem ser re-
servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros
grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação
permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.12 Unidade regional de Cascavel


Conforme mostra a Figura 19 ocorrem na região oito grupos de
solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 18 mostra que 75,1%
dos solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04) apresentam, em estado
natural, boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que
os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com
emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item
4. Em segundo lugar com 16,3% vem os solos inaptos representados
pelos grupos 09 e 10. Em terceiro lugar com 8,6% está o grupo 08
de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário. Finalmen-
te com representatividade pouco significante encontra-se o Grupo 06
com apenas 398 ha. As limitações, potencialidades e recomendações
por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 19 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CASCAVEL,


ESTADO DO PARANÁ
321
Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de so-
los indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de
controle do escorrimento superficial das águas pluviais. Indicam-se a
produção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades
de integração lavoura-pecuária-floresta, lavoura-pecuária nos declives
que permitam a mecanização, e pecuária-floresta nos declives de 20%
a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, in-
clusive com a fixação biológica de nitrogênio.

Tabela 18 - Grupos de solos na unidade regional de Cascavel (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 715 0,1
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 508.646 41,6
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 406.582 33,3
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 1.702 0,1
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 917.645 75,1
Grupo 06 06- CHERNOSSOLOS 398 0,0
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 398 0,0
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 105.075 8,6
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 105.075 8,6
Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 194.582 15,9
Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 3.966 0,3
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 198.549 16,3
Subtotal Solos 1.221.667 100,0
Água 54.875
Urbana 6.130
Total geral 1.282.672

Tendo em vista as restrições dos grupos 03 e 04 nas inclusões de


Neossolos e Cambissolos, com declive entre 45% e 100% é importante
que a fauna seja protegida e a flora melhorada, pelo enriquecimento e
pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo
ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com
agrofloresta tecnificada.
As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAM-
BISSOLOS com caráter léptico (8,6%) podem apresentar produções
322
sustentáveis se exploradas mediante sistema agroflorestal com base
agroecológica.
Áreas dos grupos 09 e 10 (8,2% de solos inaptos) devem ser re-
servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros
grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação
permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.13 Unidade regional de Francisco Beltrão


Na Região de Francisco Beltrão (Figura 20) estão presentes cinco
grupos de solos dos quais predominam os grupos 02 e 03, de boa
aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fatores
limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das
tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. O Grupo 08,
com aptidão restrita e os grupos 09 e 10 que em condições naturais
são de solos inaptos. De acordo com a Tabela 19, representam respec-
tivamente 56,6%, 28,2% e 15,2% do total da área de solos da Região.

FIGURA 20 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE FRANCIS-


CO BELTRÃO, ESTADO DO PARANÁ

323
Com os percentuais mostrados na Tabela 19 e considerando as
limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos apon-
tadas no Item 3, na Região configura-se predominância de solos de
alto potencial para produção com o Sistema Plantio Direto em 322.396
ha (grupos 02 e 03). Indicando-se inclusive para o Grupo 08 os sis-
temas integrados de produção lavoura-pecuária-floresta nos declives
que permitem, sem degradação, a motomecanização das práticas
agrícolas. Nos declives de 20% a 45% o sistema integrado pecuária-
floresta ou silvipastoril bem manejado pode apresentar produções sus-
tentáveis. O sistema agroflorestal com base agroecológica melhora as
possibilidades do uso sustentável nos solos do Grupo 8.

Tabela 19 - Grupos de solos na unidade regional de Francisco Beltrão


(área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 93.458 16,4

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 228.937 40,2

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 322.396 56,6

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 160.559 28,2

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 160.559 28,2

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 86.500 15,2

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 24 0,0

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 86.525 15,2

Subtotal Solos 569.479 100,0

Água 2.753

Urbana 1.653

Total geral 573.885

Áreas dos grupos 09 e 10 devem ser reservadas para conserva-


ção ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força
da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e
reserva legal (RL).
324
5.14 Unidade regional de Pato Branco
Na Região de Pato Branco (Figura 21) estão presentes sete gru-
pos de solos dos quais predominam os grupos 02 e 03 com 45,5% da
área total de solos da Região (Tabela 20). São de boa aptidão agrícola
com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais
importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias
disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com
30,6% estão os solos dos grupos 09 e 10 que, em condições naturais,
são inaptos para explorações agrícolas sob sistemas convencionais.
O Grupo 08, com aptidão restrita vem em terceiro lugar com 12,8%.
Finalmente tem-se os grupos 06 e 07 com regular aptidão agrícola e
moderado potencial agropecuário representando 11,1% dos solos da
Região.

FIGURA 21 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE PATO


BRANCO, ESTADO DO PARANÁ

Com os percentuais mostrados na Tabela 20 e considerando as


limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos apon-
tadas no Item 3, na Região configura-se predominância de solos de
325
alto potencial para produção com o Sistema Plantio Direto em 410.603
ha (grupos 02 e 03). Indicando-se inclusive para os grupos 06 e 07 os
sistemas integrados de produção lavoura-pecuária-floresta nos decli-
ves que permitem, sem degradação, a motomecanização das práticas
agrícolas. Nos declives de 20% a 45% o sistema integrado pecuária-
floresta ou silvipastoril bem manejado pode apresentar produções sus-
tentáveis. O sistema agroflorestal com base agroecológica melhora as
possibilidades de uso sustentável nos solos do Grupo 08.

Tabela 20 - Grupos de solos na unidade regional de Pato Branco (área


e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 329.449 36,5

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 81.154 9,0

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 410.603 45,5

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 40.721 4,5

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 59.122 6,6

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 99.843 11,1

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 115.085 12,8

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 115.085 12,8

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 275.996 30,6

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 129 0,0

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 276.125 30,6

Subtotal Solos 901.655 100,0

Água 22.890

Urbana 2.256

Total geral 926.801

Áreas dos grupos 09 e 10 devem ser reservadas para conserva-


ção ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força
da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e
reserva legal (RL).
326
5.15 Unidade regional de Dois Vizinhos
Na Região de Dois Vizinhos (Figura 22) estão presentes cinco gru-
pos de solos dos quais predominam os grupos 02 e 03 com 54,6% da
área total de solos da Região (Tabela 21). São de boa aptidão agrícola
com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais
importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias
disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com
24,0% estão os solos do grupo 08 com restrita aptidão agrícola e baixo
potencial agropecuário. Finalmente tem-se os grupos 09 e 10 que, em
condições naturais, são inaptos para explorações agrícolas sob siste-
mas convencionais.

FIGURA 22 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE DOIS VIZI-


NHOS, ESTADO DO PARANÁ

Com os percentuais mostrados na Tabela 21 e considerando as


limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos apon-
tadas no Item 3, na Região configura-se predominância de solos de
alto potencial para produção com o Sistema Plantio Direto em 102.683
ha (grupos 02 e 03). Indicando-se inclusive para os grupos 06 e 07
327
os sistemas integrados de produção lavoura-pecuária-floresta nos de-
clives que permitem, racionalmente, a motomecanização das práticas
agrícolas. Nos declives de 20% a 45% o sistema integrado pecuária-
floresta ou silvipastoril bem manejado pode apresentar produções sus-
tentáveis. O sistema agroflorestal com base agroecológica melhora as
possibilidades de uso sustentável nos solos do Grupo 08.

Tabela 21 - Grupos de solos na unidade regional de Dois Vizinhos


(área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 32.652 17,4
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 70.031 37,2
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 102.683 54,6
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 45.060 24,0
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 45.060 24,0
Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 40.208 21,4
Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 100 0,1
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 40.308 21,4
Subtotal Solos 188.051 100,0

Água 9.418

Urbana 697
Total geral 198.166

Áreas dos grupos 09 e 10 devem ser reservadas para conserva-


ção ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força
da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e
reserva legal (RL).

5.16 Unidade regional de Laranjeiras do Sul


Conforme mostra a Figura 23 ocorrem na região sete grupos de
solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 22 mostra que 46,4%
dos solos da Região (grupos 02 e 03) apresentam, em estado natural,
boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fa-
tores limitantes mais importantes podem ser minimizados com empre-
328
go das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em
segundo lugar com 44,3% está o grupo 08 de restrita aptidão agrícola
e baixo potencial agropecuário. Em terceiro lugar com 7,4% vem os
solos inaptos representados pelos grupos 09 e 10. Finalmente com
representatividade de 1,9% encontram-se os grupos 06 e 07 com regu-
lar aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário. As limitações,
potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas
anteriormente no Item 3.

FIGURA 23 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE LARANJEI-


RAS DO SUL, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 03,
06 e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas
de controle do escorrimento superficial das águas pluviais. Indicam-se
a produção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades
de integração lavoura-pecuária-floresta: lavoura-pecuária nos declives
que permitam a mecanização com baixo risco de degradação do solo e
rendimento aceitável das máquinas/equipamentos e pecuária-floresta
nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de
matéria orgânica, inclusive com a fixação biológica de nitrogênio.
329
Tabela 22 - Grupos de solos na unidade regional de Laranjeiras do Sul
(área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 138.984 22,1

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 152.402 24,3

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 291.386 46,4

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 8.187 1,3

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 3.722 0,6

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 11.909 1,9

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 278.465 44,3

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 278.465 44,3

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 46.125 7,3

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 89 0,0

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 46.214 7,4

Subtotal Solos 627.974 100,0

Água 13.430

Urbana 847

Total geral 642.251

Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com


declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos
grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fau-
na seja protegida e a flora melhorada. Para tanto indicam-se para as
áreas com a cobertura florestal degradada o enriquecimento e adensa-
mento com espécies nativas de valor econômico, devendo ser explora-
das mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofloresta
tecnificada.
As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS (44,3%) po-
dem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante siste-
ma agroflorestal com base agroecológica.
Áreas dos grupos 09 e 10 (7,4% de solos inaptos) devem ser re-
330
servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros
grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação
permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.17 Unidade regional de Guarapuava


Conforme mostra a Figura 24 ocorrem na região oito grupos de so-
los de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 23 mostra que 47,2% dos
solos da Região (grupos 02 e 03) apresentam, em estado natural, boa
aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fatores
limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das
tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo
lugar com 23,2% está o grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo
potencial agropecuário. Em terceiro lugar com 15,2% encontram-se os
solos dos grupos 06 e 07 com regular aptidão agrícola e moderado
potencial agropecuário. Finalmente com representatividade de 14,4%
encontram-se os grupos inaptos representados pelos grupos 09 e 10.
As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos
estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 24 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE GUARAPU-


AVA, ESTADO DO PARANÁ
331
Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 03,
06 e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas
de controle do escorrimento superficial das águas pluviais. Indicam-se
a produção integrada com o cultivo florestal nas diversas modalidades
de integração lavoura-pecuária-floresta: lavoura-pecuária nos declives
que permitam a mecanização com baixo risco de degradação do solo e
rendimento aceitável das máquinas/equipamentos, e pecuária-floresta
nos declives de 20% a 45%.

Tabela 23 - Grupos de solos na unidade regional de Guarapuava (área


e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 559.064 40,3

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 96.484 6,9

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 655.549 47,2

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 65.593 4,7

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 97.314 7,0

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 48.621 3,5

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 211.528 15,2

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 321.649 23,2

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 321.649 23,2

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 198.183 14,3

Grupo 10 10- GLEISSOLO MELÂNICO 1.385 0,1

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 199.569 14,4

Subtotal Solos 1.388.294 100,0

Água 12.538

Urbana 1.557

Total geral 1.402.390

Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com


declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos
332
grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna
seja protegida e a flora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas
com a cobertura florestal degradada o enriquecimento e adensamen-
to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas
mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofloresta tec-
nificada.
As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS (23,2%) po-
dem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante siste-
ma agroflorestal com base agroecológica.
Áreas dos grupos 09 e 10 (14,4 de solos inaptos) devem ser reser-
vadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros
grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação
permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.18 Unidade regional de Irati

Conforme mostra a Figura 25 ocorrem na região nove grupos de


solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 24 mostra que 45,7%
dos solos da Região (grupos 05, 06 e 07) apresentam regular apti-
dão agrícola e moderado potencial agropecuário. Em segundo lugar
com 35,2% constam os grupos 02, 03 e 04 de boa aptidão agrícola e
com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais
importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias
disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em terceiro lugar com
11,3% está o grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial
agropecuário. Finalmente com representatividade de 7,7% encontram-
se os solos inaptos representados pelos grupos 09 e 10. As limitações,
potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas
anteriormente no Item 3.

333
FIGURA 25 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE IRATI, ES-
TADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 03,
04, 05, 06 e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com
práticas de controle do escorrimento superficial das águas pluviais.
Indicam-se a produção integrada com o cultivo florestal nas diversas
modalidades de integração lavoura-pecuária-floresta: lavoura-pecuária
nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degra-
dação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipamentos, e
pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas
incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fixação biológica
de nitrogênio.
Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com
declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos
grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna
seja protegida e a flora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas
com a cobertura florestal degradada o enriquecimento e adensamen-
to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas
334
mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofloresta tec-
nificada.

Tabela 24 - Grupos de solos na unidade regional de Irati (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 84.500 14,0

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 93.396 15,4

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 35.407 5,9

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 213.303 35,2

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 78.673 13,0

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 45.203 7,5

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 152.849 25,3

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 276.725 45,7

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 68.621 11,3

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 68.621 11,3

09-NEOSSOLOS LITÓLICOS e CAMBISSOLOS FLÚVICOS ou de


Grupo 09 32.036 5,3
relevo montanhoso

Grupo 10 10-NEOSSOLO FLÚVICO 14.475 2,4

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 46.511 7,7

Subtotal Solos 605.160 100,0

Água 699

Urbana 1.379

Total geral 607.238

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBIS-


SOLOS com caráter léptico (23,2%) podem apresentar produções
sustentáveis se exploradas mediante sistema agroflorestal com base
agroecológica.
Áreas dos grupos 09 e 10 (14,4% de solos inaptos) devem ser re-
servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros
grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação
permanente (APP) e reserva legal (RL).
335
5.19 Unidade regional de União da Vitória
Conforme mostra a Figura 26 ocorrem na região dez grupos de
solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 25 mostra que 33,1%
dos solos da Região (grupos 05, 06 e 07) apresentam regular aptidão
agrícola e moderado potencial agropecuário. Em segundo lugar com
32,0% constam os grupos 09 e 10 com solos naturalmente inaptos
para atividades agrícolas. Em terceiro lugar com 30,7% constam os
grupos 01, 02, 03 e 04 de boa aptidão agrícola e com alto potencial
agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem
ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as
relacionadas no Item 4. Finalmente com representatividade de 4,2%
encontram-se os solos do Grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo
potencial agropecuário. As limitações, potencialidades e recomenda-
ções por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 26 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE UNIÃO DA


VITÓRIA, ESTADO DO PARANÁ

336
Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 01, 02,
03, 04, 05, 06 e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado
com práticas de controle do escorrimento superficial das águas plu-
viais. Indica-se a produção integrada com o cultivo florestal nas di-
versas modalidades de integração lavoura-pecuária-floresta: lavoura-
pecuária nos declives que permitam a mecanização com baixo risco
de degradação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipa-
mentos, e pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando
práticas incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fixação
biológica de nitrogênio.

Tabela 25 - Grupos de solos na unidade regional de União da Vitória


(área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 907 0,1


Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 51.997 7,4
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 142.583 20,2
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 21.026 3,0
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 216.513 30,7
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 10.335 1,5
Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 127.639 18,1
Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 95.770 13,6
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 233.744 33,1
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 29.760 4,2
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 29.760 4,2
Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 186.558 26,4
Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO 39.293 5,6
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 225.851 32,0
Subtotal Solos 705.867 100,0
Água 20.943
Urbana 1.414
Total geral 728.224

337
Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com
declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos
grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna
seja protegida e a flora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas
com a cobertura florestal degradada o enriquecimento e adensamen-
to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas
mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofloresta tec-
nificada.
As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAM-
BISSOLOS com caráter léptico (4,2%) podem apresentar produções
sustentáveis se exploradas mediante sistema agroflorestal com base
agroecológica.
Áreas dos grupos 09 e 10 (32,0% de solos inaptos) devem ser re-
servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros
grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação
permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.20 Unidade regional de Ponta Grossa

Conforme mostra a Figura 27 ocorrem na região onze grupos de


solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 26 mostra que em
45,2% constam os grupos 01, 02, 03 e 04 com solos de boa aptidão
agrícola e com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitan-
tes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tec-
nologias disponíveis relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com
28,7% da área de solos da Região estão os grupos 05, 06 e 07 com
solos que apresentam regular aptidão agrícola e moderado potencial
agropecuário. Em terceiro lugar com 17,3% encontram-se os solos do
Grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário.
Finalmente com representatividade de 8,8% constam os grupos 09 e
10 com solos naturalmente inaptos para atividades agrícolas. As limi-
tações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão
descritas anteriormente no Item 3.

338
FIGURA 27 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE PONTA
GROSSA, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 01, 02,
03, 04, 05, 06 e 07 indica-se o Sistema de Plantio Direto integrado com
práticas de controle do escorrimento superficial das águas pluviais.
Indicam-se a produção integrada com o cultivo florestal nas diversas
modalidades de integração lavoura-pecuária-floresta: lavoura-pecuária
nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degra-
dação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipamentos, e
pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas
incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fixação biológica
de nitrogênio.
Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com
declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos
grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna
seja protegida e a flora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas
com a cobertura florestal degradada o enriquecimento e adensamen-
to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas
mediante técnicas extrativas não predatórias ou com sistema agroflo-
restal tecnificado.
339
Tabela 26 - Grupos de solos na unidade regional de Ponta Grossa
(área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 72.875 3,0


Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 618.036 25,6
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 42.224 1,8
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 356.000 14,8
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 1.089.135 45,2
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 98.361 4,1
06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico e
Grupo 06 297.709 12,4
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO
Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 285.322 11,8
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 681.392 28,3
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 427.873 17,8
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 427.873 17,8
Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 150.762 6,3
Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO e ORGANOSSOLOS 43.078 1,8
Grupo 12 12-AFLORAMENTO DE ROCHA 17.859 0,7
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 211.700 8,8
Subtotal Solos 2.410.099 100,0
Água 10.766
Urbana 6.508
Total geral 2.427.372

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBIS-


SOLOS com caráter léptico (17,3%) podem apresentar produções
sustentáveis se exploradas mediante sistema agroflorestal com base
agroecológica.
Áreas dos grupos 09 e 10 (8,8% de solos inaptos) devem ser re-
servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros
grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação
permanente (APP) e reserva legal (RL).
340
5.21 Unidade regional de Curitiba

Conforme mostra a Figura 28 ocorrem na região onze grupos de


solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 27 mostra que, em
primeiro lugar com 37,7% da área de solos da Região estão os grupos
05, 06 e 07 com solos que apresentam regular aptidão agrícola e mo-
derado potencial agropecuário. Em segundo lugar com 36,1% constam
os grupos 01, 02, 03 e 04 com solos de boa aptidão agrícola e com alto
potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importan-
tes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis
relacionadas no Item 4. Em terceiro lugar com 16,4% encontram-se os
solos do Gupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agrope-
cuário. Finalmente com representatividade de 9,8% constam os grupos
09, 10 e 12 com solos naturalmente inaptos para atividades agrícolas.
As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos
estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 28 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CURITIBA,


ESTADO DO PARANÁ

341
Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 01, 02,
03, 04, 05, 06 e 07 indica-se o Sistema de Plantio Direto integrado com
práticas de controle do escorrimento superficial das águas pluviais.
Indica-se a produção integrada com o cultivo florestal nas diversas mo-
dalidades de integração lavoura-pecuária-floresta: lavoura-pecuária
nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degra-
dação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipamentos, e
pecuária-floresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas
incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fixação biológica
de nitrogênio.

Tabela 27 - Grupos de solos na unidade regional de Curitiba (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 1.790 0,1


Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 228.432 14,2
Grupo 03 03-NITOSSOLOS 8.571 0,5
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 341.347 21,2
Total solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 580.140 36,1
Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 33.558 2,1
06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico e CHER-
Grupo 06 469.021 29,2
NOSSOLOS
Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 103.136 6,4
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 605.715 37,7
Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 263.771 16,4
Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 263.771 16,4
Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 18.946 1,2
Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO e ORGANOSSOLOS 71.104 4,4
Grupo 12 12-AFLORAMENTO DE ROCHA 67.189 4,2
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 157.238 9,8
Subtotal Solos 1.606.864 100,0
Água 11.849
Urbana 39.175
Total geral 1.657.889

342
Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com
declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos
grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna
seja protegida e a flora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas
com a cobertura florestal degradada o enriquecimento e adensamen-
to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas
mediante técnicas extrativas não predatórias ou com sistema agroflo-
restal tecnificado.
As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBIS-
SOLOS com caráter léptico (16,4%) podem apresentar produções
sustentáveis se exploradas mediante sistema agroflorestal com base
agroecológica.
Áreas dos grupos 09, 10 e 12 (9,8% de solos inaptos) devem ser
reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de ou-
tros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preser-
vação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.22 - Unidade regional de Paranaguá

Conforme mostra a Figura 29 ocorrem na região oito grupos de


solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 28 mostra que, em
primeiro lugar, com 48,9% da área de solos da Região estão os grupos
09, 10, 11 e 12, solos inaptos para agricultura e restrito potencial agro-
pecuário. Em segundo lugar com 40,9% constam os grupos 06 e 07
com solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecu-
ário. Em terceiro lugar com 16,4% encontram-se os solos do Grupo 08
de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário.
Finalmente com representatividade de 10,2% constam os grupos
02 e 04 com solos de boa aptidão agrícola e com alto potencial agro-
pecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser
minimizados com emprego das tecnologias disponíveis relacionadas
no Item 4. No Item 3 estão descritas as limitações, potencialidades e
recomendações por grupo de solos.

343
FIGURA 29 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE PARANA-
GUÁ, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 04,
06 e 07 com potencial moderado a alto deve-se propiciar o desen-
volvimento de uma agricultura tecnificada, entretanto, suportado pelos
conhecimentos da agroecologia. Em casos, quando o principal fator
limitante é mitigado, por exemplo, drenagem adequada do ambiente
para controle do excesso d´água no perfil, pode-se melhorar o poten-
cial de alguns desses solos para atividades agropecuárias e para a sil-
vicultura. Neste caso excetuam-se as áreas com Gleissolo Tiomórfico
e outros solos com influência marinha.
Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com
declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos
grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna
seja protegida e a flora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas
com a cobertura florestal degradada o enriquecimento e adensamen-
to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas
mediante técnicas extrativas não predatórias e desde que atendidas as
particularidades da legislação ambiental para a região.
344
Áreas dos grupos 09, 10, 11 e 12 (48,9% de solos inaptos) devem
ser reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de
outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para pre-
servação permanente (APP) e reserva legal (RL).

Tabela 28 - Grupos de solos na unidade regional de Paranaguá (área


e %)
Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)
Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 456 0,1
Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 53.018 10,1
Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 53.474 10,2
Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 214.409 40,7
Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 1.130 0,2
Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 215.539 40,9
Grupo 09 09- CAMBISSOLOS FLÚVICOS ou de relevo montanhoso 53.118 10,1
Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO 4.512 0,9
Grupo 11 11-GLEISSOLO SÁLICO e ESPODOSSOLOS 120.599 22,9
Grupo 12 12-AFLORAMENTO DE ROCHA 79.388 15,1
Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 257.616 48,9
Subtotal Solos 526.630 100,0
Ilha 42
Água 16.155
Urbana 1.977
Total geral 544.803

6 Recomendações Finais

As recomendações aqui relatadas não têm a pretensão de ser de-


finitivas quanto ao seu conteúdo e nem de serem um “pacote tecnoló-
gico fechado”. Pelo contrário, procura-se trazer, para o conhecimento
de todos, alguns aspectos inovadores do ponto de vista do desenvolvi-
mento agrícola e conservação ambiental no estado do Paraná.
No entanto, as limitações que ainda possam existir são impos-
tas pelo estado de arte da tecnologia a ser empregada e da organi-
zação social para efetivamente satisfazer as necessidades humanas.
Relaciona-se, pois, intimamente com a progressiva transformação da
345
economia e da sociedade, com destaque para o acesso aos recursos
e para a distribuição de custos e benefícios. Assim, contempla a con-
sideração pela manutenção da diversidade biológica conjugada com o
respeito pela diversidade socioeconômica e cultural de grupos huma-
nos, utilizando os recursos disponíveis e visando o desenvolvimento
agrícola sustentável no Estado do Paraná.
Por fim, necessário se faz um esclarecimento: pode ser que uma
determinada tecnologia aqui recomendada possa, num primeiro mo-
mento, em uma dada região, parecer um pouco complexa do ponto de
vista produtivo-conservacionista, bem como ser bem diferente do que
é praticado tradicionalmente pelos agricultores neste local. No entanto,
ela pode estar sendo utilizada com bastante sucesso em outra região
do estado, podendo ter grande chance de se adaptar bem no referido
local que ainda não a utiliza, apenas pelo fato de minimizar os fatores
limitantes e potencializar os fatores favoráveis. Cabe salientar, no en-
tanto, que a adaptação de uma determinada tecnologia recomendada
(em menor ou maior escala) dependerá muito das condições edafo-
climáticas e socioeconômicas dos agricultores da região aos quais se
pretende dar um melhor gerenciamento de suas propriedades rurais.

REFERÊNCIAS

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A.J. Aspectos financeiros relacionados às perdas de nutrientes
por erosão hídrica em diferentes sistemas de manejo do solo. Re-
vista Brasileira de Ciência do Solo, v. 31, p. 133-142, 2007.
BERTOL, I.; LEITE, D.; GUADAGNIN, J.C. e RITTER, S.R. Erosão
hídrica em um Nitossolo Háplico submetido a diferentes sistemas
de manejo sob chuva simulada. II - Perdas de nutrientes e carbono
orgânico. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 28, n. 6, p. 1045-
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BHERING, S.B.; SANTOS, H.G.D. Mapa de solos do Estado do Pa-
raná - Legenda atualizada. Rio de Janeiro: EMBRAPA Floresta: EM-
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346
BOLLIGER, A.; MAGID, J.; SKORA Neto, F.; CALEGARI, A.; AMADO,
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110, 2006.
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CAPORAL, F.R. e COSTABEBER, J.A. Agroecologia: alguns con-
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347
Anexo 1 - LEGENDA DO MAPA DE SOLOS DO PARANÁ (BHERING e SANTOS, 2008)
A legenda descritiva do Mapa de Solos do Estado do Paraná apresenta 224 unidades de ma-
peamento, representando dez classes em nível de ordem no 1º nível e 36 classes em nível de
grande grupo no 3º nível do SiBCS, conforme pode ser visualizado a seguir.

ARGISSOLOS VERMELHOS Distróficos


PVd1 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura arenosa/média, A moderado, fase
floresta tropical perenifólia, relevo suave ondulado.
PVd2 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura arenosa/média, A moderado, fase
floresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.
PVd3 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófico abrúptico, textura arenosa/média, A moderado, fase
floresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.
PVd4 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófico abrúptico, textura arenosa/média, A moderado, fase
floresta tropical subperenifólia, relevo ondulado.
PVd5 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura arenosa/média, A moderado, álico,
fase floresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.

ARGISSOLOS VERMELHOS Eutróficos


PVe1 - ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico típico, textura arenosa/média, A moderado, fase
floresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.
PVe2 - ARGlSSOLO VERMELHO Eutrófico abrúptico, textura arenosa/média, A moderado, fase
floresta tropical subperenifólia, relevo ondulado.
PVe3 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico típico + GLEISSOLO MELÂNICO
indiscriminado + GLEISSOLO HÁPLICO, todos textura média/argilosa, A moderado, fase floresta
tropical perenifólia, relevo plano.

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos


PVAd1 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, textura média/argilosa, fase
floresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas.
PVAd2 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, textura média/argilosa, fase
floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.
PVAd3 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, textura média/
argilosa + NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, ambos fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado.
PVAd4 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, textura média/
argilosa pouco cascalhenta, fase relevo forte ondulado + LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico,
textura argilosa, fase relevo ondulado, ambos fase floresta subtropical perenifólia.
PVAd5 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, textura média/
argilosa pouco cascalhenta + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, textura média
pouco cascalhenta, substrato siltitos e arenitos finos, ambos álicos, fase floresta subtropical
subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso.
PVAd6 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, fase floresta
348
subtropical perenifólia, relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico,
fase floresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado, substrato arenitos, ambos textura média.
PVAd7 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, textura arenosa/média, álico,
fase campo subtropical, relevo ondulado e suave ondulado.
PVAd8 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, fase relevo
ondulado + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado, ambos
textura média, fase campo subtropical.
PVAd9 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico + CAMBISSOLO
HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, substrato folhelhos síltico-arenosos + LATOSSOLO VERMELHO
Distrófico úmbrico, todos textura média, álicos, fase campo subtropical, relevo suave ondulado.
PVAd10 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média/
argilosa, fase relevo forte ondulado + LATOSSOLO BRUNO Distrófico típico, textura argilosa,
fase relevo ondulado, ambos A moderado, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
PVAd11 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média/argilosa pouco
cascalhenta, A moderado, álico, fase campo subtropical, relevo ondulado.
PVAd12 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média/
argilosa pouco cascalhenta, fase relevo forte ondulado + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico latossólico, textura argilosa pouco cascalhenta, fase relevo ondulado, ambos A mode-
rado, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
PVAd13 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura arenosa/média, A
moderado, álico, fase floresta subtropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.
PVAd14 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, fase relevo
ondulado + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado, ambos
textura argilosa, fase floresta subtropical perenifólia.
PVAd15 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, textura argilosa, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo forte ondulado.
PVAd16 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, textura média/
argilosa, fase floresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado + NEOSSOLO REGOLÍTICO
Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, fase campo subtropical, relevo montanhoso,
substrato filitos, xistos e quartzitos, ambos álicos.
PVAd17 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média/
argilosa, fase floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado + NEOSSOLO REGOLÍTICO
Distrófico típico, textura argilosa, fase floresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado
substrato siltitos, argilitos e folhelhos, ambos A moderado.
PVAd18 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média/argilosa pouco
cascalhenta, A moderado, fase campo subtropical, relevo forte ondulado e montanhoso.
PVAd19 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico abrúptico, textura média/argilosa,
A moderado, álico, fase floresta subtropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.
PVAd20 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico abrúptico, textura média/
argilosa, álico, fase floresta subtropical subperenifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico típico,
substrato siltitos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Alítico típico, ambos textura média,
fase floresta subtropical subcaducifólia, todos A moderado, relevo suave ondulado e ondulado.
PVAd21 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico abrúptico, textura média/
argilosa, relevo ondulado + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura argilosa, relevo
349
suave ondulado, ambos A moderado, álicos, fase floresta subtropical subperenifólia.
PVAd22 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico abrúptico, textura média/argilosa, A
moderado, álico, fase floresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado.
PVAd23 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico abrúptico, textura arenosa/média,
A moderado, álico, fase floresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado e suave ondulado.
PVAd24 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico abrúptico, textura
média/argilosa pouco cascalhenta, A proeminente + NEOSSOLO LITÓLICO Chernossólico típico,
textura média pouco cascalhenta, substrato granitos, ambos fase floresta tropical subperenifólia,
relevo ondulado.
PVAd25 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico abrúptico, textura
média/argilosa, fase relevo ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura
argilosa, fase relevo forte ondulado, substrato filitos e xistos, ambos A moderado, fase floresta
tropical subperenifólia.
PVAd26 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico abrúptico, textura média/argilosa pouco
cascalhenta, A moderado, fase floresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso.
PVAd27 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico latossólico, textura argilosa, A mode-
rado, álico, fase floresta tropical perúmida, relevo ondulado e forte ondulado.
PVAd28 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico latossólico, álico,
fase floresta tropical perúmida relevo ondulado e forte ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico típico, fase floresta tropical perenifólia de várzea, relevo plano, substrato sedimentos
do Quaternário, ambos A moderado, textura argilosa.
PVAd29 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico latossólico, A mo-
derado, álico, fase floresta tropical perúmida, relevo ondulado e forte ondulado + GLEISSOLO
MELÂNICO + GLEISSOLO HÁPLICO, ambos fase floresta tropical perenifólia de várzea, relevo
suave ondulado e plano, todos textura argilosa.
PVAd30 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissólico, textura argilosa, A pro-
eminente, álico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas.
PVAd31 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissólico úmbrico,
textura argilosa, relevo forte ondulado + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico,
textura média/ argilosa, relevo ondulado, ambos álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
PVAd32 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissólico úmbrico, textura argilosa,
álico, fase campo subtropical, relevo suave ondulado de vertentes curtas.
PVAd33 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissólico úmbrico, textura argilosa
pouco cascalhenta, álico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.
PVAd34 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissólico úmbrico, textura média,
álico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos


PVAe1 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico típico, textura média/argilosa, A cherno-
zêmico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso.
PVAe2 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico, textura média/argilosa, A
chernozêmico, fase floresta tropical subperenifólia, relevo ondulado.

350
CAMBISSOLOS HÚMICOS Alumínicos
CHa1 - CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, textura argilosa, fase floresta subtropical pere-
nifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas.
CHa2 - Associação de CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, fase floresta subtropical pere-
nifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, fase floresta subtropical subperenifólia, ambos
textura argilosa, fase relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas.
CHa3 - CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, textura argilosa, fase floresta subtropical
perenifólia, relevo forte ondulado, substrato filitos.
CHa4 - CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, textura argilosa, fase campo subtropical, relevo
suave ondulado, substrato sedimentos pleistocênicos.
CHa5 - Associação de CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, substrato sedimentos pleis-
tocênicos + ARGISSOLO VERMELHOAMARELO Alumínico típico, A moderado, ambos textura
argilosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado.
CHa6 - Associação de CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico + NEOSSOLO LITÓLICO Hú-
mico típico, álico, ambos fase campo subtropical, substrato rochas eruptivas + ORGANOSSOLO
HÁPLICO Sáprico típico, álico, fase campo subtropical de várzea, todos textura argilosa, relevo
suave ondulado de vertentes curtas.
CHa7 - CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, textura argilosa, fase campo subtropical, relevo
forte ondulado e montanhoso, substrato filitos.
CHa8 - Associação de CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico + NEOSSOLO LITÓLICO Hú-
mico típico, ambos textura média, fase campo subtropical, relevo suave ondulado de vertentes
curtas, substrato arenitos + ORGANOSSOLO HÁPLICO indiscriminado, fase campo subtropical
de várzea, relevo plano.
CAMBISSOLOS HÚMICOS Distróficos
CHd - CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico latossólico, textura argilosa, álico, fase floresta subtro-
pical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato sedimentos colúvio-aluviais
areno-argilosos.
CAMBISSOLOS FLÚVICOS Tb Distróficos
CYbd - Associação de CAMBISSOLO FLÚVICO Tb Distrófico típico ou gleissólico + GLEISSOLO
HÁPLICO Tb Distrófico típico, ambos textura argilosa, A moderado, fase floresta tropical perenifólia
de várzea, relevo plano, substrato sedimentos recentes.
CAMBISSOLOS HÁPLICOS Alumínicos
CXa1 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Alumíníco úmbrico, fase floresta subtropical subpe-
renifólia, relevo forte ondulado, substrato folhelhos sílticos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
Alumínico úmbrico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado, ambos textura argilosa.
CXa2 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Alumínico úmbrico, fase relevo ondulado, subs-
trato folhelhos sílticos + ARGISSOLO VERMELHOAMARELO Alumínico típico, A moderado, fase
relevo suave ondulado, ambos textura argilosa, fase floresta subtropical perenifólia.
CAMBISSOLOS HÁPLICOS Tb Distróficos
CXbd1 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo suave ondulado, substrato migmatitos.
CXbd2 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico,

351
fase floresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado, substrato folhelhos e arenitos finos
+ GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico + GLEISSOLO MELÂNICO Tb Distrófico, ambos textura
argilosa, fase floresta subtropical de várzea, relevo plano.
CXbd3 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato siltitos, argilitos e
folhelhos.
CXbd4 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, álico, substrato folhelhos
sílticos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, ambos textura argilosa, fase
floresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas.
CXbd5 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase floresta subtropical
perenifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Distro-úmbrico típico, fase floresta subtropical subperenifólia,
ambos textura argilosa, fase pedregosa relevo ondulado, substrato rochas eruptivas.
CXbd6 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase relevo forte ondu-
lado, substrato rochas eruptivas + LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase relevo
ondulado, ambos textura argilosa, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
CXbd7 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, substrato folhelhos sílticos
+ ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissólico úmbrico, textura argilosa, ambos
fase campo subtropical, relevo suave ondulado de vertentes curtas.
CXbd8 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico + NEOSSOLO REGO-
LÍTICO Distro-úmbrico típico, ambos textura argilosa, álicos, fase campo subtropical, relevo
ondulado, substrato folhelhos sílticos.
CXbd9 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo
subtropical, relevo forte ondulado, substrato migmatitos.
CXbd10 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, textura média, álico, fase campo
subtropical, relevo suave ondulado, substrato arenitos e folhelhos sílticos.
CXbd11 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico + NEOSSOLO LITÓLICO
Distro-úmbrico típico, ambos textura média, álicos, fase campo subtropical relevo suave ondulado
de vertentes curtas, substrato arenitos.
CXbd12 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase relevo ondulado
substrato arenitos + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado,
ambos textura média, fase campo subtropical.
CXbd13 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, álico,
fase floresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato siltitos e
arenitos finos.
CXbd14 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase
floresta subtropical perenifólia altimontana, relevo ondulado e forte ondulado, substrato migmatitos.
CXbd15 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, fase floresta subtropical
subperenifólia, substrato migmatitos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissó-
lico, fase floresta subtropical perenifólia, ambos textura argilosa pouco cascalhenta, A moderado,
álicos, relevo forte ondulado.
CXbd16 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico NEOSSOLO REGOLÍTICO
Distrófico típico, ambos textura argilosa, A moderado, álicos, fase floresta subtropical perenifólia
altimontana, reIevo montanhoso e escarpado, substrato migmatitos.
CXbd17 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, substrato migmatitos +
352
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissólico, ambos textura argilosa, A mode-
rado, álicos, fase floresta tropical altimontana, relevo ondulado e forte ondulado.
CXbd18 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase
floresta tropical altimontana, relevo montanhoso, substrato migmatitos.
CXbd19 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, álico, fase floresta tropical
altimontana, relevo montanhoso, substrato migmatitos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico latossólico fase floresta tropical perúmida, relevo forte ondulado e ondulado, ambos
textura argilosa, A moderado.
CXbd20 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase
campo subtropical, relevo ondulado, substrato migmatitos.
CXbd21 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, álico, fase relevo forte
ondulado + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, fase relevo montanhoso, ambos textura
argilosa, A moderado, fase campo subtropical, substrato filitos.
CXbd22 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, fase campo subtropical,
relevo montanhoso, substrato filitos e xistos + LATOSSOLO BRUNO Distrófico cambissólico, fase
floresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado, ambos textura argilosa, A moderado, álicos.
CXbd23 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, fase relevo ondulado,
substrato rochas cristalinas ácidas + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, fase relevo
suave ondulado, ambos textura argilosa, A moderado, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
CXbd24 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico + GLEISSOLO HÁPLICO
Tb Distrófico típico, ambos textura argilosa, A moderado, fase floresta tropical perenifólia de
várzea, relevo plano, substrato sedimentos recentes.
CXbd25 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico, A proeminente, álico,
fase floresta subtropical perenifólia + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, A moderado,
fase floresta subtropical subperenifólia, ambos textura argilosa, fase relevo suave ondulado,
substrato siltitos.
CXbd26 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico, substrato rochas
cristalinas ácidas + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, ambos textura argilosa,
A moderado, álicos, fase floresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso.
CXbd27 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico argissólico úmbrico, textura argilosa, álico,
fase floresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato siltitos
e folhelhos.
CXbd28 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico argissólico úmbrico, textura
argilosa, substrato folhelhos sílticos + NEOSSOLO LITÓLICO Distro-úmbrico típico, textura média,
substrato arenitos e siltitos, ambos álicos, fase floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.
CXbd29 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico argissólico úmbrico, fase relevo
suave ondulado de vertentes curtas, substrato folhelhos sílticos + LATOSSOLO VERMELHO
Distrófico cambissólico úmbrico, fase relevo suave ondulado, ambos textura argilosa, álicos,
fase floresta subtropical perenifólia.
CXbd30 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, substrato rochas
eruptivas + NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico úmbrico, ambos textura argilosa, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado.
CXbd31 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico argissólico, textura argilosa, A moderado, álico,
fase floresta tropical perúmida, relevo forte ondulado e ondulado.
353
CAMBISSOLOS HÁPLICOS Ta Eutróficos
CXve - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico, fase floresta subtropical
subperenifólia, substrato rochas eruptivas básicas NITOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, fase
floresta subtropical perenifólia, ambos textura argilosa, A moderado, fase relevo forte ondulado.

CHERNOSSOLOS RÊNDZICOS Órticos


MDo - CHERNOSSOLO RÊNDZICO Órtico saprolítico, textura argilosa, fase floresta tropical
subperenifólia, relevo montanhoso, substrato calcário.

ESPODOSSOLOS HUMILÚVICOS Hidromórficos


EKg - Associação de ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfico típico, fase floresta hidrófila
de restinga + ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico típico, A moderado, fase floresta de restinga,
ambos textura arenosa, relevo plano.

GLEISSOLOS SÁLICOS
GZ - Associação de GLEISSOLO SÁLICO + GLEISSOLO HÁPLICO, ambos indiscriminados,
textura argilosa, fase campo subtropical de várzea, relevo plano.

GLEISSOLOS MELÂNICOS
GM1 - GLEISSOLO MELÂNICO indiscriminado, textura argilosa, fase campo e floresta subtropical
de várzea, relevo plano.
GM2 - Associação de GLEISSOLO MELÂNICO indiscriminado, fase floresta subtropical perenifólia
de várzea, relevo plano + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, A moderado, álico, fase
floresta subtropical altimontana, relevo ondulado e forte ondulado, substrato migmatitos, ambos
textura argilosa.
GM3 - Associação de GLEISSOLO MELÂNICO, textura argilosa + ORGANOSSOLO, ambos
indiscriminados, fase campo e floresta subtropical de várzea, relevo plano.

GLEISSOLOS HÁPLICOS
GX1 - GLEISSOLO HÁPLICO indiscriminado, textura argilosa, fase campo e floresta tropical
perenifólia de várzea, relevo plano.
GX2 - GLEISSOLO HÁPLICO indiscriminado, textura argilosa, fase campo tropical de várzea,
relevo plano.

LATOSSOLOS BRUNOS Ácricos


LBw1 - LATOSSOLO BRUNO Ácrico úmbrico, textura argilosa, fase campo subtropical relevo
suave ondulado.
LBw2 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Ácrico úmbrico, fase relevo suave ondulado +
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico, álico, fase relevo ondulado, substrato rochas
cristalinas ácidas, ambos textura argilosa, fase campo subtropical.

LATOSSOLOS BRUNOS Distróficos


LBd1 - LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta subtropical
perenifólia, relevo suave ondulado.
354
LBd2 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado +
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase relevo ondulado, substrato rochas eruptivas,
ambos textura argilosa, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
LBd3 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase relevo ondulado, substrato migmatitos,
ambos textura argilosa, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
LBd4 - LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta subtropical
perenifólia, relevo ondulado.
LBd5 - LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo subtropical,
relevo suave ondulado.
LBd6 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase relevo forte ondulado, substrato filitos,
ambos textura argilosa, álicos, fase campo subtropical.
LBd7 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado +
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado de vertentes curtas,
substrato rochas eruptivas, ambos textura argilosa, fase campo subtropical.
LBd8 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico úmbrico, substrato sedimentos pleistocênicos, ambos textura argilosa, álicos, fase
campo subtropical, relevo suave ondulado.
LBd9 - LATOSSOLO BRUNO Distrófico cambissólico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.
LBd10 - LATOSSOLO BRUNO Distrófico cambissólico úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo
subtropical, relevo suave ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHOS Distroférricos


LVdf1 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.
LVdf2 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado.
LVdf3 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo
subtropical, relevo suave ondulado.
LVdf4 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase
floresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.
LVdf5 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase
floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.
LVdf6 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase
cerrado e cerradão subtropical, relevo suave ondulado e plano.
LVdf7 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, fase floresta subtropical
perenifólia, relevo suave ondulado.
LVdf8 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, fase floresta subtropical
perenifólia, relevo ondulado.
LVdf9 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico + CAMBISSOLO HÁ-
PLICO Tb Distrófico úmbrico, substrato rochas eruptivas, ambos textura argilosa, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado.
355
LVdf10 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
subtropical perenifólia relevo suave ondulado.
LVdf11 - Associação LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, fase relevo suave ondulado
+ NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, fase relevo ondulado, ambos textura argilosa, A
moderado, fase floresta subtropical perenifólia.
LVdf12 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado.
LVdf13 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
tropical perenifólia, relevo suave ondulado.
Vdf14 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHOS Eutroférricos


LVef1 - LATOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
tropical perenifólía relevo suave ondulado.
LVef2 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, fase relevo suave ondulado
+ NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico tipico, fase relevo suave ondulado e ondulado, ambos
textura argilosa, A moderado, fase floresta tropical perenifólia.
LVef3 - LATOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
tropical subperenifólia relevo suave ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHOS Distróficos


LVd1 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta subtro-
pical perenifólia relevo suave ondulado.
LVd2 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico NITOSSOLO HÁPLICO
Distrófico úmbrico, ambos textura argilosa, álicos, fase floresta subtropical perenifólia relevo
suave ondulado.
LVd3 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado
+ ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, fase relevo ondulado, ambos textura
argilosa, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
LVd4 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo subtro-
pical, relevo suave ondulado.
LVd5 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico + ARGISSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico úmbrico, ambos textura argilosa, álicos, fase campo subtropical relevo
suave ondulado.
LVd6 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase relevo ondulado, substrato folhelhos,
ambos textura argilosa, álicos, fase campo subtropical.
LVd7 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado
+ LATOSSOLO VERMELHO Distrófico cambissólico úmbrico, fase relevo ondulado, ambos textura
média, álicos, fase floresta subtropical perenifólía.
356
LVd8 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, textura média, álico, fase campo subtropical,
relevo suave ondulado.
LVd9 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase
floresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.
LVd10 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, fase relevo suave ondulado
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, fase relevo ondulado, substrato siltitos argilitos
e folhelhos, ambos textura argilosa, A moderado, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
LVd11 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura argilosa, fase relevo
suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura média/argilosa, fase relevo
ondulado, ambos A moderado, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
LVd12 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura argilosa, fase relevo
suave ondulado + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico abrúptico, textura média/
argilosa, fase relevo ondulado, ambos A moderado, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
LVd13 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura média, A moderado, álico, fase floresta
subtropical subperenifólia, relevo suave ondulado.
LVd14 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura média, A moderado, álico, fase cerrado
e cerradão subtropical, relevo suave ondulado.
LVd15 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura média, A moderado, álico, fase floresta
tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.
LVd16 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, textura argilosa, fase floresta subtropical
perenifólia relevo suave ondulado.
LVd17 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico úmbrico, fase relevo suave ondulado
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase pedregosa, relevo forte ondulado, substrato
granitos e quartzitos, ambos textura argilosa, fase floresta subtropical perenifólia.
LVd18 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e plano.
LVd19 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico, textura média, A moderado, fase floresta
tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e plano.
LVd20 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico húmico, textura argilosa, álico, fase floresta sub-
tropical perenifólia, relevo suave ondulado.
LVd21 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico cambissólico úmbrico, textura argilosa, álico, fase
floresta subtropical perenifólia, relevo suave e ondulado de vertentes curtas.
LVd22 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófico cambissólico úmbrico + ARGISSOLO
VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, ambos textura argilosa pouco cascalhenta, álicos,
fase floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.
LVd23 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico argissólico, textura argilosa, A moderado, álico,
fase floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHOS Eutróficos


LVe1 - LATOSSOLO VERMELHO Eutrófico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.
357
LVe2 - LATOSSOLO VERMELHO Eutrófico típico, textura média, A moderado, fase floresta tropical
subperenifólia, relevo suave ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos


LVAd1 - LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissólico, textura argilosa, A mo-
derado, álico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado.
LVAd2 - LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico argissólico, textura argilosa, A moderado,
álico, fase floresta tropical perúmida, relevo forte ondulado e ondulado.

NEOSSOLOS LITÓLICOS Húmicos


RLh1 - NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura argilosa, álico, fase floresta subtropical
subperenifólia, relevo ondulado e forte ondulado, substrato siltitos, argilitos e folhelhos.
RLh2 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico + CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico
típico, ambos textura argilosa, álicos, fase floresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado,
substrato rochas cristalinas ácidas.
RLh3 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, fase floresta subtropical subperini-
fólia, substrato rochas eruptivas + NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, A proeminente,
fase floresta subtropical perenifólia, ambos textura argilosa, álicos, fase pedregosa, relevo forte
ondulado e montanhoso.
RLh4 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura argilosa, fase pedregosa
campo subtropical relevo suave ondulado, substrato rochas eruptivas + ORGANOSSOLO indis-
criminado, fase campo subtropical de várzea, relevo plano + NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico
úmbrico, textura argilosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado, todos álicos.
RLh5 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura argilosa, álico, fase pe-
dregosa, fase campo subtropical relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas
eruptivas + AFLORAMENTOS DE ROCHA + CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico típico, textura
argilosa, álico, fase pedregosa, fase campo subtropical relevo suave ondulado de vertentes
curtas, substrato rochas eruptivas.
RLh6 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, fase relevo forte ondulado +
CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico latossólico, fase relevo ondulado, ambos textura média, fase
floresta subtropical subperenifólia, substrato arenitos.
RLh7 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura média, álico, fase floresta
subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato arenitos + AFLORAMENTOS DE
ROCHA (arenitos).
RLh8 - NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura média, álico, fase campo subtropical, relevo
suave ondulado, substrato arenitos.
RLh9 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura média, fase campo sub-
tropical, relevo suave ondulado substrato arenitos + AFLORAMENTOS DE ROCHA (arenitos).
RLh10 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, fase relevo forte ondulado, substrato
quartzitos + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico cambissólico úmbrico, fase relevo
ondulado, ambos textura média, álicos, fase campo subtropical.
358
NEOSSOLOS LITÓLICOS Distro-úmbricos
RLdh - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Distro-úmbrico + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico típico, ambos textura argilosa, A proeminente, álicos, fase pedregosa floresta subtropical
subperenifólia relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas.

NEOSSOLOS FLÚVICOS Psamíticos


RYq - NEOSSOLO FLÚVICO Psamítico típico, A moderado, álico, fase floresta tropical de várzea,
relevo plano.

NEOSSOLOS FLÚVICOS Tb Distróficos


RYbd - NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
tropical de várzea, relevo plano.

NEOSSOLOS REGOLÍTICOS Húmicos


RRh1 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Húmico típico, fase flores-
ta subtropical subperenifólia, substrato rochas eruptivas + NITOSSOLO VER-
MELHO Distroférrico típico, A proeminente, fase floresta subtropical perenifólia, am-
bos textura argilosa, álicos, fase pedregosa relevo forte ondulado e montanhoso.
RRh2 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Húmico típico, textura argilosa,
álico, fase pedregosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado de vertentes
curtas, substrato rochas eruptivas + AFLORAMENTOS DE ROCHA + CAMBISSO-
LO HÚMICO Distrófico típico, textura argilosa, álico, fase pedregosa, fase campo
subtropical, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas.
RRh3 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Húmico típico, fase relevo forte ondulado +
CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico latossólico, fase relevo ondulado, ambos textura média, fase
floresta subtropical subperenifólia.

NEOSSOLOS REGOLÍTICOS Distro-úmbricos


RRdh1 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, fase floresta subtropical
subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato siltitos e tilitos + ARGISSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico cambissólico úmbrico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado,
ambos textura argilosa.
RRdh2 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, textura argilosa, álico,
fase pedregosa, floresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato rochas
eruptivas + AFLORAMENTOS DE ROCHA.
RRdh3 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico + CAMBISSOLO HÁ-
PLICO Tb Distrófico úmbrico, ambos textura argilosa, álicos, fase pedregosa floresta subtropical
subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas.
RRdh4 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, textura média, álico, fase floresta
subtropical subperenifólia, relevo ondulado, substrato siltitos e arenitos finos.
RRdh5 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, fase floresta subtropical
subperenifóiia, substrato arenitos e siltitos finos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico
úmbrico, fase floresta subtropical perenifólia, ambos textura média, álicos, fase relevo ondulado.
359
RRdh6 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, textura argilosa,
fase pedregosa, substrato rochas eruptivas + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico,
textura média, substrato siltitos e arenitos finos, ambos A proeminente, fase floresta subtropical
subperenifólia, relevo montanhoso e escarpado.

NEOSSOLOS REGOLÍTICOS Distróficos


RRd1 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase
floresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato siltitos argilitos
e folhelhos.
RRd2 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, fase relevo montanhoso
e escarpado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, fase relevo montanhoso, ambos
textura argilosa, A moderado, fase pedregosa floresta subtropical subperenifólia, substrato filitos,
xistos e quartzitos.
RRd3 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, fase relevo montanhoso e
escarpado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, fase relevo montanhoso, ambos textura
argilosa, A moderado, fase campo subtropical substrato filitos e xistos.
RRd4 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico + CAMBISSOLO HÁPLICO
Tb Distrófico típico, ambos textura média, A moderado, fase campo cerrado, relevo ondulado,
substrato arenitos e siltitos.
RRd5 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, substrato siltitos + CAMBISSO-
LO HÁPLICO Tb Distrófico argissólico, substrato folhelhos, ambos textura argilosa, A moderado,
fase floresta subtropical subperenifólia relevo forte ondulado.
RRd6 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
subtropical perenifólia relevo montanhoso e escarpado, substrato gnaisses.
RRd7 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, fase relevo montanhoso e
escarpado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, fase relevo montanhoso, ambos textura
argilosa, A moderado, fase floresta subtropical subperenifólia, substrato granitos e migmatitos.
RRd8 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, textura argilosa e média,
fase campo subtropical, relevo montanhoso, substrato filitos, xistos e quartzitos + ARGISSOLO
VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico, textura média/argilosa, fase floresta subtropical
perenifólia, relevo ondulado, ambos A moderado.
RRd9 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, textura siltosa, A moderado, fase floresta
subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato siltitos e arenitos finos.

NEOSSOLOS REGOLÍTICOS Eutróficos


RRe1 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta sub-
tropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato siltitos, arenitos e argilitos.
RRe2 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico típico, fase pedregosa, relevo
forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas + NITOSSOLO VERMELHO
Distroférrico típico, fase relevo ondulado, ambos textura argilosa, A moderado, fase floresta
subtropical subperenifólia.
RRe3 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico típico, A moderado, substrato folhelhos

360
+ NEOSSOLO LITÓLICO Chernossólico típico, substrato diabásios + NITOSSOLO VERMELHO
Distroférrico típico, A moderado, todos textura argilosa, fase pedregosa, floresta subtropical
subperenifólia, relevo montanhoso e forte ondulado.
RRe4 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico típico, textura média, A moderado, fase floresta
subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato arenitos.
RRe5 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico típico, textura média, A moderado, fase floresta
tropical subcaducifólia, relevo suave ondulado e ondulado, substrato siltitos.
RRe6 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico típico, textura média, substrato siltitos
+ LUVISSOLO HÁPLICO Órtico planossólico, textura média/argilosa, ambos A moderado, fase
floresta tropical subcaducifólia, relevo suave ondulado e ondulado.
RRe7 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico típico, textura média, A moderado, fase floresta
tropical subcaducifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato arenitos.
RRe8 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico chernossólico, fase floresta subtro-
pical subperenifólia relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas +
NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo
forte ondulado, ambos textura argilosa, fase pedregosa.
RRe9 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico chernossólico, fase pedregosa, floresta
subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas
+ NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo
forte ondulado + CHERNOSSOLO HÁPLICO Órtico léptico, fase pedregosa, floresta subtropical
subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato rochas eruptivas básicas, todos textura argilosa.
RRe10 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico chernossólico, fase relevo monta-
nhoso, substrato rochas eruptivas básicas + CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico saprolítico,
relevo forte ondulado, ambos fase pedregosa, floresta tropical subcaducifólia + NITOSSOLO
VERMELHO Eutroférrico típico, A moderado, fase floresta tropical subperenifólia, relevo ondulado,
todos textura argilosa.
RRe11 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico Chernossólico, fase pedregosa,
floresta tropical subcaducifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas
básicas + NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, A moderado, fase floresta tropical subpe-
renifólia, relevo ondulado, ambos textura argilosa.
RRe12 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICOEutrófico chernossólico, fase relevo forte
ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas + CHERNOSSOLO ARGILÚVICO
Férrico saprolítico, relevo forte ondulado, ambos fase pedregosa, floresta tropical subperenifólia
+ NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, A moderado, fase floresta tropical perenifólia,
relevo ondulado, todos textura argilosa.

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS Órticos


RQo - NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico húmico, álico, fase campo subtropical, relevo
ondulado e suave ondulado.

NITOSSOLOS BRUNOS Alumínicos


NBa1 - Associação de NITOSSOLO BRUNO Alumínico úmbrico, textura argilosa + ARGISSOLO

361
VERMELHO-AMARELO Distrófico úmbrico, textura média/argilosa, ambos fase floresta subtropical
perenifólia, relevo forte ondulado.
NBa2 - Associação de NITOSSOLO BRUNO Alumínico úmbrico, fase floresta subtropical perenifó-
lia, relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Alumínico úmbrico, fase floresta subtropical
subperenifólia, relevo ondulado, substrato siltitos, argilitos e folhelhos, ambos textura argilosa.

NITOSSOLOS BRUNOS Distróficos


NBd1 - NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta subtropical
perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas.
NBd2 - Associação de NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico úmbrico + CAMBISSOLO HÁPLICO
Tb Distrófico úmbrico, substrato rochas eruptivas, ambos textura argilosa, álicos, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.
NBd3 - NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico úmbrico, textura argilosa, fase floresta subtropical
perenifólia, relevo ondulado e forte ondulado.
NBd4 - Associação de NITOSSOLO HÁPLICO Distrófico úmbrico, fase relevo ondulado e forte
ondulado + LATOSSOLO BRUNO Distrófico úmbrico, fase relevo ondulado, ambos textura argilosa,
fase floresta subtropical perenifólia.

NITOSSOLOS VERMELHOS Distroférricos


NVdf1 - NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado e suave ondulado.
NVdf2 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase relevo ondulado
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico úmbrico, fase relevo forte ondulado, substrato rochas
eruptivas, ambos textura argilosa, álicos, fase floresta subtropical perenifólia.
NVdf3 - NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, fase floresta subtropical
perenifólia, relevo ondulado.
NVdf4 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase relevo ondulado
+ LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase relevo suave ondulado, ambos textura
argilosa, fase floresta subtropical perenifólia.
NVdf5 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase floresta subtropical
perenifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Distro-úmbrico típico, fase floresta subtropical subperenifólia
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Distroférrico úmbrico, fase floresta subtropical subperenifólia, todos
textura argilosa, fase pedregosa, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas.
NVdf6 - NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
subtropical perenifólia relevo suave ondulado e ondulado.
NVdf7 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, fase relevo ondulado +
LATOSSOLO VERMELHO Distroférríco típico, fase relevo suave ondulado e ondulado, ambos
fase floresta subtropical perenifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico típico, fase floresta sub-
tropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato rochas eruptivas básicas, todos textura
argilosa, A moderado.

NITOSSOLOS VERMELHOS Eutroférricos


NVef1 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado.
362
NVef2 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
tropical perenifólia, relevo ondulado.
NVef3 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase floresta
tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.
NVef4 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado,
fase floresta tropical perenifólia, relevo ondulado + GLEISSOLO indiscriminado, fase floresta
tropical perenifólia de várzea, relevo plano.
NVef5 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, fase floresta tropical pere-
nifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico típico, fase pedregosa, floresta tropical subperenifólia,
substrato rochas eruptivas básicas, ambos textura argilosa, A moderado, fase relevo ondulado
e forte ondulado.
NVef6 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, textura argilosa, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado.
NVef7 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, textura argilosa, fase floresta
tropical perenifólia, relevo ondulado.
NVef8 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico latossólico, textura argilosa, A moderado, fase
floresta tropical perenifólia, relevo suave ondulado.
NVef9 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, textura argilosa, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado e forte ondulado.
NVef10 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, fase floresta
subtropical perenifólia, relevo ondulado e forte ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico
típico, A moderado, fase floresta subtropical subperenifólia relevo forte ondulado e montanhoso,
substrato rochas eruptivas básicas, ambos textura argilosa, fase pedregosa.

ORGANOSSOLOS HÁPLICOS
OX1 - ORGANOSSOLO HÁPLICO indiscriminado.
OX2 - ORGANOSSOLO HÁPLICO Sáprico típico, fase campo subtropical de várzea, relevo plano.
OX3 - Associação de ORGANOSSOLO HÁPLICO Sáprico típico + CAMBISSOLO FLÚVICO Tb
Distrófico típico, textura indiscriminada, álico, substrato sedimentos recentes, ambos fase campo
e floresta subtropical de várzea, relevo plano.

AFLORAMENTOS DE ROCHA
AR1 - AFLORAMENTOS DE ROCHA (Arenitos).
AR2 - Associação de AFLORAMENTOS DE ROCHA + NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico +
CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico léptico, ambos textura argilosa, álicos, fase campo e floresta
subtropical perenifólia, relevo escarpado e montanhoso, substrato granitos e quartzitos.

363
364
CAPÍTULO XI
OCORRÊNCIA E FREQUÊNCIA
DE ESPÉCIES DE PLANTAS
MEDICINAIS DE UM FRAGMENTO
FLORESTAL DA MICROBACIA
HIDROGRÁFICA RIO VERDE
Milton Satoshi Matsushita 1
Roberto Tuyoshi Hosokawa 2
Cirino Corrêa Junior 3

1
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Florestal, Ph.D., UFPR, Curitiba, Paraná, Brasil - rth@japan.org.br
3
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Horticultura, Instituto Emater, Curitiba, Paraná,
Brasil - plamed@emater.pr.gov.br

365
366
INTRODUÇÃO

A preocupação crescente da sociedade mundial em relação à


qualidade do ambiente e com o uso sustentável dos recursos naturais
levou o secretário geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em 2000,
solicitar a Avaliação Ecossistêmica do Milênio mediante documento
encaminhado à Assembléia Geral intitulado “Nós, os Povos: O Papel
das Nações Unidas no Século XXI”, com o objetivo de avaliar as
consequências que as mudanças nos ecossistemas trazem para
o bem-estar humano e as bases científicas das ações necessárias
para melhorar a preservação e uso sustentável desses ecossistemas.
As conclusões dos especialistas vieram comprovar as mudanças já
percebidas pela humanidade, ou seja, todos no mundo dependem da
natureza e de um ecossistema em equilíbrio para termos condições de
uma vida decente, saudável e segura.
Motta (1998) e Brown (2003) fazem referência sobre as ações
pelas quais os seres humanos causaram alterações sem precedentes
nos ecossistemas nas últimas décadas para atender as crescentes
demandas por alimentos, água, fibras e energia. As tecnologias e
conhecimentos disponíveis podem reduzir consideravelmente o impacto
humano nos ecossistemas, porém, a participação das comunidades
(locais, regionais ou globais) que compartilham dos benefícios aumenta
as chances de sucesso na preservação e recuperação dos recursos
naturais.
Conforme Andretta (2008), o Paraná com uma superfície de
apenas 2,3% do território nacional é o principal estado agrícola do país
e responde, em média, por 22% da produção de grãos e é o terceiro
maior exportador do agronegócio. Esta condição de grande produtor
agrícola foi obtida através de ampliação de fronteiras agrícolas e uso
de alta tecnologia, resultando na substituição de áreas de florestas
nativas contínuas por outras formas de uso da terra, formando
fragmentos florestais interrompidos por estradas, pontes, represas,
culturas agrícolas, etc.
A floresta com Araucária ou floresta ombrófila mista (FOM), definida
pelas áreas de ocorrência natural do pinheiro representa uma área de
abrangência de 8.295.750 ha na região do bioma e 3.293.389 ha na
região dos campos, totalizando 11.589.485 ha, ou seja, uma área de
367
58% da área total do estado do Paraná, segundo o diagnóstico dos
remanescentes de floresta com Araucária, organizado por Castella
e Britez (2004). Esta área de 8.295.750 ha do bioma floresta ombró-
fila mista, ainda possui 2.506.485 ha de remanescentes florestais
nativos, que representa 30,2% da cobertura florestal original, sendo
a maioria nos estágios médio e inicial (94,3% dos remanescentes) e
apresentam uma riqueza de produtos da sociobiodiversidade ainda
pouco estudada.
Segundo o Brasil (2009), o termo “sociobiodiversidade” expressa a
inter-relação entre a diversidade biológica e a diversidade de sistemas
socioculturais. Enquanto os produtos da sociobiodiversidade são bens
e serviços (produtos finais, matérias primas ou benefícios) gerados a
partir de recursos da biodiversidade, promovendo renda e melhoria
na qualidade de vida e do ambiente em que vivem os agricultores
familiares.
Atualmente nota-se uma crescente preocupação global em relação
às questões ambientais, saúde pública, produção de alimentos e
geração e distribuição de renda no mundo. Portanto, o equilíbrio entre
o crescimento econômico e a preservação ambiental deve ser uma
busca permanente. Os instrumentos econômicos devem contribuir
para valoração ambiental, distribuindo equitativamente os custos
ambientais, através de metodologias e ferramentas que encontrem o
equilíbrio entre a preservação dos recursos naturais e o crescimento
econômico (MATSUSHITA, 2010).
Levando-se em consideração a participação das comunidades
(locais, regionais ou globais) preconizada por Motta (1998) e Brown
(2003), o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA, Ministério
do Meio Ambiente - MMA e Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome - MDS elaboraram em 2009 o Plano Nacional de
promoção das cadeias de produtos da sociobiodiversidade, como parte
da estratégia do governo federal de articular as políticas de governo
voltadas à promoção do desenvolvimento sustentável, geração de
renda e justiça social (BRASIL, 2009).
O Plano Nacional das cadeias de produtos da sociobiodiversidade
contempla a medicina tradicional e o uso de plantas medicinais como
componentes da estratégia para o desenvolvimento sustentável das
comunidades locais.
368
O Ministério da Saúde ressalta a importância mundial da medicina
tradicional, citado em Brasil (2006, p.12):
“Em 1991, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou a importante
contribuição da medicina tradicional na prestação de assistência social,
especialmente às populações que têm pouco acesso aos sistemas de
saúde, e solicitou aos estados-membros que intensificassem a cooperação
entre praticantes da medicina tradicional e da assistência sanitária moderna,
principalmente no tocante ao emprego de remédios tradicionais de eficácia
científica demonstrada, a fim de reduzir os gastos com medicamentos.”

Segundo Alexiades e Shanley (2004), Carvalho (2006) e Alonso


(2008), a Organização Mundial da Saúde estima que 80% das pes-
soas dos países em desenvolvimento, no mundo, dependem da
medicina tradicional para suas necessidades básicas de saúde e que
cerca de 85% da medicina tradicional envolve o uso de extratos de
plantas.
Lorenzi (2008b) relata que o Brasil possui a flora arbórea mais
diversificada do mundo, e que a necessidade de produzirmos
riquezas infinitamente deve estar alicerçada em um desenvolvimento
autossustentado, considerando a relação da vida do homem com o
meio ambiente. O autor ainda cita que não é preciso domar a natureza,
mas sim aprender com ela, que os bosques heterogêneos de essências
nativas formam um ecossistema em equilíbrio.
Vieira et al. (2002) destacam o Brasil entre os países de maior
biodiversidade mundial, abrigando cerca de 50 mil espécies de plantas
superiores, distribuídas nos grandes biomas: Amazônia (25-30 mil
espécies), Mata Atlântica (16 mil espécies), Cerrado (7 mil espécies) e
demais espécies distribuídas na Caatinga e Floresta Subtropical. Além
da diversidade de recursos genéticos, o Brasil possui uma diversidade
de etnias, com forte influência em nosso hábito alimentar e cultural, em
especial, no que diz respeito ao uso de plantas medicinais e aromáticas,
cuja maioria das espécies nativas necessita de estudos básicos, além
de seu cultivo ainda ser incipiente ou inexistente.
Ming (2002), no relato dos resultados na 1ª reunião técnica de
trabalho sobre estratégias para conservação e manejo de recursos
genéticos de plantas medicinais e aromáticas, considerou 24 espécies
com prioridade alta no bioma Mata Atlântica para pesquisa sobre
sistema reprodutivo, biologia floral, diversidade genética, dinâmica de
369
populações e cadeia produtiva.
As espécies de plantas medicinais e aromáticas prioritárias no
bioma Mata Atlântica são:
Espinheira santa (Maytenus aquifolium Mart.; Maytenus ilicifolia Mart, ex.
Reiss. - Celastraceae)
Carqueja [Baccharis trimera (Less.) DC. (=B. genistelloides) - Asteraceae]
Chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus Michell. - Alismataceae)
Ginseng brasileiro [Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen; P. paniculata Kuntze
- Amaranthaceae]
Ipê-roxo [Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo; Tabebuia impetiginosa (Mart.)
Standley (=T. avellanedae) - Bignoniaceae]
Guaco (Mikania glomerata Spreng; Mikania hirsutissima DC.; Mikania laevigata
Sch. Bip. Ex Baker - Asteraceae)
Ipeca [Psychotria ipecacuanha (Brot.) Standl. - Rubiaceae]
Pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link. - Leg. Caesalpinoideae)
Canela [Ocotea odorífera (Vell.) J.G. Rohwer - Lauraceae]
Guaçatonga (Casearia sylvestris Sw. - Flacourtiaceae)
Catuaba (Trichilia catigua A. Juss.; Trichilia elegans A. Juss. - Meliaceae)
Piper (Piper aduncum L.; Piper hispidinervum C.DC. - Piperaceae)
Macela (Achyrocline satureoides DC. - Asteraceae)
Araucária (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze - Araucariaceae)
Cavalinha (Equisetum giganteum L. - Equisetaceae)
Cana-de-macaco (Costus spiralis Rosc. - Zingiberaceae)
Embaúba (Cecropia glaziovi Snethl.; Cecropia peltata Schreb. ex Miq. -
Cecropiaceae)
Maracujá (Passiflora alata Dryaner; Passiflora edulis Sims - Passifloraceae)
Copaíba: - Leg. Caesalpinoideae incluída no grupo da Amazônia
Pau-andrade [Persea major (Meisn.) L.E. Koop. - Lauraceae]
Centella (Centella asiatica (L.) Urban - Apiaceae): incluída no grupo de Ruderais
Caapeba (Pothomorphe peltata Miq.; Pothomorphe umbellata (L.) Miq. -
Piperaceae) (MING, 2002, p. 64 e 65).

Segundo Corrêa Júnior e Scheffer (2004), o estado do Paraná


destaca-se pela maior tradição no cultivo de plantas medicinais, que
iniciou há mais de 100 anos com o cultivo de camomila como cultura
alternativa de inverno na Região Metropolitana de Curitiba - RMC,
que logo se tornou referência para esta espécie no Brasil. Em 1994, o
estado do Paraná já era fornecedor de 90% da demanda nacional de
plantas cultivadas.
O aumento na demanda de plantas medicinais, a busca de cultu-
ras alternativas e rentáveis por parte dos agricultores, o estímulo a
uma agricultura ecologicamente sustentável por parte da então Em-
presa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER-
370
PR, hoje Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão
Rural - EMATER, fomentaram as iniciativas dos agricultores que
logo diversificaram a produção e passaram a cultivar, além da
camomila, outras espécies exóticas e, mais recentemente, também
nativas (CORRÊA JÚNIOR e SCHEFFER, 2004).
Os pequenos fragmentos florestais localizados nos remanescentes
da floresta ombrófila mista apresentam uma riqueza de produtos da
sociobiodiversidade (plantas medicinais, aromáticas, ornamentais,
artesanais, dentre outras) com valores ambientais, sociais e culturais
para a comunidade.
Este trabalho tem por objetivo verificar a ocorrência, a frequência
e identificar as espécies de produtos da sociobiodiversidade vege-
tal (plantas medicinais, aromáticas, ornamentais e artesanais) exis-
tentes nos fragmentos florestais remanescentes da floresta ombró-
fila mista utilizados pelas comunidades locais e com potenciais
econômicos.

MATERIAL E MÉTODOS

A seleção do fragmento florestal foi realizada com apoio de


ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, com
utilização de imagens do satélite francês SPOT 5 (Satellite Pour
I’Observation de la Terre) com resolução espacial de 5 metros
referentes ao imageamento em 2005. A interpretação das imagens
através de técnicas e equipamentos de sensoriamento remoto permitiu
a classificação e localização dos fragmentos florestais, para posterior
confirmação a campo e obtenção de pontos e perímetro com uso de
Sistema de Posicionamento Global (GPS).
A pesquisa foi desenvolvida em um fragmento florestal 39.265 m2
localizado na microbacia hidrográfica Rio Verde, município de Campo
Largo - PR (Figuras 1 e 2), entre a latitude 25°25’20” Sul e longitude
49°27’23” Oeste com uma altitude entre 920 e 960 metros acima do
nível do mar. O fragmento situa-se em uma área de distribuição natural
da floresta ombrófila mista, com significativos remanescentes em
estágio médio de sucessão, característica das áreas que sofreram uma
degradação intensa com a extração de madeiras, mas que apresentam
371
florestas com boa recuperação por estarem preservadas por um
período superior a 40 anos.

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DO FRAGMENTO FLORESTAL, CAMPO


LARGO, PR
Fonte: Matsushita (2010)

FIGURA 2 - FOTO DE FRAGMENTO FLORESTAL, CAMPO LARGO, PR


Fonte: Matsushita (2010)
372
O clima da região é do tipo Cfb, de acordo com a classificação
de Köppen, apresentando estações climáticas bem definidas, com
chuvas distribuídas durante todo o ano, com inverno rigoroso, geadas
severas e com umidade relativa do ar entre 80 a 85%. A precipitação
média anual fica entre 1.400 e 1.600 mm. A temperatura média anual
é de aproximadamente 16,5°C, com mínimas podendo atingir valores
negativos inferiores a -5 °C, e máximas superiores a 33 °C (IAPAR,
2000). O fragmento está localizado em relevo ondulado a forte ondulado,
possuindo solo com textura argilosa denominado Cambissolo Húmico
alumínico (EMBRAPA, 1999).
Considerando o objetivo de verificar a ocorrência, a frequência e
identificar as espécies da sociobiodiversidade dentro de um fragmento
florestal, utilizou-se o método de transecto, locando e demarcando
faixas com 20 m de largura perpendiculares ao rio, seguindo o sentido
de maior declive devido à incidência de uma maior diversidade de
espécies. O fragmento florestal de 39.270 m2 foi georreferenciado
e subdividido em 48 unidades amostrais (Figura 1), com tamanhos
variáveis em função de sua divisão perpendicular ao rio.
Através de sorteio aleatório simples, as unidades amostrais foram
selecionadas completamente ao acaso para que todas as amostras
tivessem a mesma probabilidade de ser selecionada. O sorteio definiu
sequencialmente as unidades amostrais 26, 01, 36, 06, 35, 28, 12 e
39 para realizar o levantamento das espécies da sociobiodiversidade.

FIGURA 3 - UNIDADES AMOSTRAIS DO FRAGMENTO FLORESTAL,


CAMPO LARGO, PR
Fonte: Matsushita (2010)
373
FIGURA 4 - IMAGEM DO FRAGMENTO FLORESTAL, CAMPO LARGO, PR
Fonte: Matsushita (2010)

As unidades amostrais foram localizadas com uso de GPS e


demarcadas com estacas e fitas. A coleta percorreu toda área das
unidades amostrais sorteadas, iniciando pelas bordas localizadas nas
áreas mais elevadas seguindo até o rio. As espécies foram coletadas
com base no conhecimento etnobotânico de profissionais do Instituto
Emater e de membros da comunidade com amplo conhecimento em
coleta de plantas medicinais (“mateiros”) com mais de 50 anos de
experiência na região.
Ao serem localizadas as espécies de plantas medicinais, foram
realizadas contagens para verificar a sua ocorrência (ocorre ou não
ocorre na unidade amostral) e estabelecer a frequência, organizadas
em 3 (três) classes: baixa (B) - até 5 plantas por unidade amostral,
média (M) - de 6 a 15 plantas e alta (A) - acima de 15 plantas.
Os materiais coletados, plantas ou ramos com folhas e inflores-
cências, foram enviados ao Museu Botânico Municipal da Prefeitura
Municipal de Curitiba para secagem, preparo das exsicatas e identi-
ficação botânica.
A área mínima representativa de amostragem foi observada através
da curva espécie-área, que é uma função do número acumulado de
espécies levantadas em relação à área de amostragem. Ela pode
fornecer informações referentes à homogeneidade na distribuição
374
das espécies no povoamento. A curva espécies-área apresenta seu
crescimento máximo nas primeiras subparcelas levantadas, tendendo
a se estabilizar (horizontalizar) à medida que mais parcelas vão sendo
incluídas.
Os trabalhos de Jardim e Hosokawa (1986) e Araújo (2002)
apresentam resultados nos quais observou-se que, em florestas
naturais, a tendência à estabilização é suficiente para representar a
vegetação, considerando-se que com o aumento da área amostrada
ocorrem novas espécies. Vaccaro (1997) apresenta uma sugestão,
onde a área mínima de amostragem é alcançada quando um acréscimo
de 10% na área de amostra determina um acréscimo inferior a 10% no
número de espécies.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram identificadas 55 espécies de plantas nas unidades amostrais


do fragmento florestal, distribuídos em 31 famílias e 49 gêneros (Quadro
1). As espécies identificadas estão divididas nas seguintes famílias:
Asteraceae (19);
Solanaceae (3);
Apiaceae, Myrtaceae, Piperaceae, Rosaceae (2);
Anacardiaceae, Bignoniaceae, Blechnaceae, Dryopteridaceae,
Euphorbiaceae, Fabaceae, Flacourtiaceae, Hypericaceae,
Liliaceae, Lythraceae, Malvaceae, Melastomataceae, Oxalidaceae,
Plantaginaceae, Polygonaceae, Polypodiaceae, Pteridaceae,
Ranunculaceae, Rutaceae, Sapindaceae, Smilaceae, Symplocaceae,
Thiliaceae, Ulmaceae e Vitaceae (1).
As plantas coletadas apresentaram uma grande diversidade,
sendo que 80,1% das famílias foram identificadas por uma espécie,
12,9% das famílias com duas espécies, 3,2% das famílias com três
espécies e apenas a família Asteraceae com 19 espécies. O maior
número de espécie foi encontrado no gênero Baccharis e Mikania com
três representantes, Piper e Solanum com dois, enquanto as demais
apresentaram apenas uma espécie, conforme resultados organizados
na Tabela 1, com a frequência de ocorrência de plantas com potencial
medicinal identificadas nas unidades amostrais do fragmento florestal
de Campo Largo - PR.
375
Quadro 1 - Frequência de ocorrência de plantas com potencial medicinal
identificadas no fragmento florestal de Campo Largo - PR.

Frequência
Família de Ocorrência
Nome Nome
Usos* e (referências)
científico Popular Unidades amostrais

26
01
36
06
35
28
12
39
Anacardiaceae Aroeira, Árvore nativa, com uso ornamental,
Schinus aroeira melífera, aromática, óleo essencial,
terebinthifolius branca, madeira, lenha, carvão e na
Raddii aroeira-do- medicina popular: adstringente,
campo antidiarréico, anti-hemorrágico,
anti-inflamatório, antinevrálgico, M A M A MM A M
antirreumático, antisséptico,
cicatrizante, depurativo, digestivo,
disentérico, diurético, estimulante,
febrífugo, peitoral, resolutivo e uri-
nário (4, 9, 11, 14, 16, 17, 19 e 25).
Apiaceae Mastruço, Planta exótica, daninha, com uso
Apium aipo-bravo, na medicina popular: cicatrizante,
leptophyllum gertrudes depurativo, digestivo, diurético, B B
(Pers.) F. Muell. peitoral e vermicida (9, 13 e 17).
Ex Benth
Apiaceae Centela Planta exótica, daninha, com uso
Hydrocotyle asiática na medicina popular: antibiótico,
asiática L. antiflebológico, anti-inflamatório,
calmante, cicatrizante, cordial, M B
depurativo, diurético, estimulante,
resolutivo, tônico, vulnerário e vaso-
dilatador (1, 6, 8, 9, 11, 17, 21 e 25).
Asteraceae Mentrasto, Planta nativa, daninha, aromática com
Ageratum mentraste, uso na medicina popular: amargo,
conyzoides L. erva-de-são- analgésico, antidiarréico, antigripal,
joão anti-inflamatório, antirreumático, M MMMMMMM
carminativo, cicatrizante, emenagogo,
febrífugo, hemostático e tônico (5, 6,
10, 11, 15, 17 e 25).

Asteraceae Artemísia, Planta exótica, daninha, aromática,


Artemísia artemísia- óleo essencial, com uso na medicina
verlotorum comum, popular: amargo, antiespamódicos, M B
Lamotte losna-brava. digestivo, emenagogo, febrífugo,
hepático, sedativo, tônico, vermífugo
(2, 10, 13, 18 e 25).
CONTINUA

376
CONTINUAÇÃO

Frequência
Família de Ocorrência
Nome Nome
Usos* e (referências)
científico Popular Unidades amostrais

26
01
36
06
35
28
12
39
Asteraceae Assa-peixe Planta com uso na medicina popular:
Austroeupatorium antigripal, anti-hemorrágico,
inulaefolium anti-hemorroidal, antinevrálgico, A A A A A A A A
(Kunth.) R.M. curativo e peitoral (25).
King&H. Rob.

Asteraceae Vassourinha Planta com uso na medicina popular:


Baccharis ou voadeira antigripal e antitérmico A A A A A A A A
calvescens DC. (1, 6 e 9).

Asteraceae Carqueja Planta com uso na medicina popular:


Baccharis amargo, antigripal, anti-hemorrágico, B M
microdonta DC. febrífugo e hepático (1, 5, 6 e 25).

Asteraceae Carqueja Planta com uso na medicina popular:


Baccharis amargo, analgésico, antirreumático,
milleflora (Less.) anti-inflamatório, antisséptico,
DC. urinário, colegogo, cordial, diurética,
depurativa, estomáquico, febrífugo, B B
hepatobiliar, hipoglicemiante,
hemostático, laxante e tônico (1, 5, 6,
21, 24 e 25).

Asteraceae Picão, Planta nativa, daninha, com uso na


Bidens pilosa L. picão-preto, medicina popular: anti-hemorroidal,
pico-pico, antirreumático, antisséptico,
amor seco, antisséptico urinário, blenorrágico,
carrapichinho carminativo, cicatrizante, disentérico,
depurativo, diurético, emoliente, M A M A M A M
estomáquico, febrífugo, hepatobiliar,
hipoglicemiante, resolutivo e
vulnerário (5, 6, 9, 10, 11, 15, 17, 20,
23 e 25).

Asteraceae Língua-de- Planta nativa, daninha, óleo


Chaptalia nutans vaca, arnica essencial, com uso na medicina
(L.) Polak do mato. popular: antigripal, anti-hemorrágico,
antinevrálgico, antisséptico, M
blenorrágico, diurético, vulnerário (9,
13, 15 e 17).
CONTINUA

377
CONTINUAÇÃO

Frequência
Família de Ocorrência
Nome Nome
Usos* e (referências)
científico Popular Unidades amostrais

26
01
36
06
35
28
12
39
Asteraceae Assa-peixe Planta daninha, com uso na medicina
Chrysolaena popular: antigripal, anti-
platensis (Spr.) hemorroidal, antitussígeno, anti- B B B B B B B B
H. Robinson hemorrágico, antinevrálgico, blenor-
rágico, diurético e vulnerário (25).
Asteraceae Goiapa, Planta com uso na medicina popular
Dasyphyllum açucará, (25).
tomentosum guaiapá B B
(Spreng.)
Cabrera

Asteraceae Cambará Planta nativa, com uso ornamental,


Gochnatia madeira e na medicina popular:
B A A A
polymorpha antigripal, balsâmico, digestivo,
(Less.) Cabrera emoliente, febrífugo e tônico (9, 14,
16, 17 e 25).

Asteraceae Eupitério Planta com uso na medicina popular


A
Grazielia serrata (25).
(Spreng.) R.M.
King&H. Rab.

Asteraceae Guaco, Planta nativa, com óleo essencial,


Mikania cipó-catinga, melífera e uso na medicina popular:
glomerata guaco- amargo, antigripal, anti-inflamatório,
Spreng. de-cheiro, antinevrálgico, antirreumático,
guaco- antisséptico, béquico, broncodilata- M
trepador dor, calmante, cicatrizante, depurativa,
diurética, emoliente, expectorante,
febrífugo, fluidificante, peitoral,
sudorífico, tônico e vulnerário (3, 5, 6,
9, 11, 15, 17, 21, 24).

Asteraceae Cipó- Planta nativa, com óleo essencial,


Mikania cabeludo, melífera e uso na medicina popular:
hirsutissima DC. cipó-d’água antidiarréico, antinevrálgico,
antirreumático, antisséptico urinário, B B
blenorrágico, diurético, emenagogo,
estimulante, resolutivo, vulnerário e
moluscicida (9, 11, 15, 17, 21 e 25).
CONTINUA

378
CONTINUAÇÃO

Frequência
Família de Ocorrência
Nome Nome
Usos* e (referências)
científico Popular Unidades amostrais

26
01
36
06
35
28
12
39
Asteraceae Micania Planta nativa, inseticida, com
Mikania óleo essencial e uso na medicina
micrantha H.B.K. popular: antirreumático, antisséptico, M
balsâmico, cicatrizante e febrífugo (3).
Asteraceae Arnica, Planta nativa, daninha, com óleo
Solidago arnica- essencial, melífera e de uso na
chilensis Meyer brasileira, medicina popular: adstringente,
antinevrálgico, cicatrizante, B B A
arnica-do-
campo estomáquico e vulnerário (5, 6, 9, 11,
17, 20 e 25).
Asteraceae Serralha, Planta exótica, daninha, com óleo
Sonchus chicória- essencial, melífera e de uso na
oleraceus L. brava, medicina popular: anti-inflamatório,
serralha-lisa, antirreumático, cicatrizante, B B B B
serralheira depurativo, digestivo, diurético,
estomáquico, hepático, laxante e
tônico (6, 9, 10, 11, 15, 17 e 25).
Asteraceae Dente- Planta exótica, daninha, melífera e
Taraxacum de-leão, de uso na medicina popular: amargo,
officinale Weber almeirão, antiescorbútico, anti-inflamatório,
taraxaco, antirreumático, aperiente, carminativo,
amargosa colagogo, colerético, depurativo,
diurético, estomáquico, febrífugo, B B
hepatobiliar, hipoglicemiante,
hipolipemiante, hipotensor, laxante,
oftálmico, tônico e vulnerário (1, 2,
5, 6, 8, 9, 10, 11, 15, 17, 18, 21, 23
e 25).
Asteraceae Assa-peixe Planta nativa, de uso na medicina
Vernonanthura popular: antigripal, anti-hemorrágico,
tweedieana anti-hemorroidal, antinevrálgico, M A M B B M B B
(Baker) H. Rob. balsâmico, béquico
e vulnerário (25).
Bignoniaceae Caroba, Planta nativa, com uso ornamental,
Jacaranda carobinha, madeira e na medicina popular:
puberula Cham. jacarandá- antirreumático, cicatrizante, A
branco, depurativo, diurético e vermífugo (14
caroba-da- e 25).
mata
CONTINUA

379
CONTINUAÇÃO

Frequência
Família de Ocorrência
Nome Nome
Usos* e (referências)
científico Popular Unidades amostrais

26
01
36
06
35
28
12
39
Blechnaceae Samam- Planta nativa, com uso na medicina
Blechnum baiaçu-do- popular: antitussígeno e diurético (9).
B B B B B B B B
brasiliense Desv. brejo

Dryopteridaceae Samambaia Planta nativa, com uso na medicina


Ctenitis sp popular: antitussígeno, balsâmico, A A A A A A A A
diurético e sudoríparo (9).

Euphorbiaceae Branquilho, Planta nativa, com uso ornamental,


Sebastiania salgueiro- melífera, madeira, lenha, carvão e na
commersoniana brabo, medicina popular (9, 14 e 17). A A A A
(Baillon) L. B. branquinho,
Smith & R.J. branquio
Down

Fabaceae Sapuva, Planta nativa, com uso ornamental,


Machaerium sapuvão, lenha, carvão e na medicina popular:
Stipitatum (DC.) sapuvinha, curativo (4 e 14). M M B B B M B B
Vogel sapuva-do-
campo

Flacourtiaceae Guaçatunga, Planta nativa, com uso ornamental,


Casearia guaçatonga, madeira, lenha, carvão e na medicina
decandra N.J. cabroé, popular: anestésico, antiofídico,
Jacquin guaçatunga- antirreumático, antisséptico,
preta, café- cicatrizante, cordial, diurético, B A A A A A A A
do-mato emoliente, hipolipemiante, hipotensor,
resolutivo e tônico (9, 12, 16, 17, 22
e 25).

Hypericaceae Milfacada, Planta nativa, com uso na medicina


Hypericum orelha-de- popular: estimulante (25).
brasiliense gato, alecrim B
Choisy bravo

Liliaceae Uvarana, Planta nativa, com uso na medicina


Cordyline guaraneira popular: diurético e depurativo A A A A A A A A
spectabilis (5 e 9).
Kunth&Bouché
CONTINUA

380
CONTINUAÇÃO

Frequência
Família de Ocorrência
Nome Nome
Usos* e (referências)
científico Popular Unidades amostrais

26
01
36
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35
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12
39
Lythraceae Sete- Planta nativa, com uso na medicina
Cuphea sangrias popular: antirreumático, diurético,
calophylla depurativo, febrífugo, hipolipemiante, B B
Mesostemon hipotensor, sudoríparo e tônico (25).
(Koehne) Lourt.

Malvaceae Guanxuma, Planta nativa, daninha com uso


Sida guanxuma- na medicina popular: adstringente,
rhombifolia L. branca, afrodisíaco, antigripal, anti-
vassourinha, hemorroidal, anti-inflamatório,
malva, mata- balsâmico, calmante, curativo,
A A A M M
pasto disentérico, digestivo, diurético,
emenagogo, estomáquico, emoliente,
estimulante, febrífugo, supurativo,
tônico e vermífugo (9, 10, 11, 17, 21,
23 e 25).

Melastomataceae Pixirica Planta nativa, com uso na medicina


Leandra popular (9).
B B B
australis (Cham.)
Cogn.

Myrtaceae Guabirobeira, Planta nativa, com óleo essencial,


Campomanesia guabiroba, uso ornamental, lenha, carvão e
xanthocarpa O. gabirobeira- na medicina popular: adstringente,
Berg. do-mato antidiarréico, antigripal, anti-
M A A MM
hemorrágico, anti-hemorroidal,
balsâmico, curativo, depurativo,
disentérico, hipolipemiante e
vermífugo (4, 9, 14, 17, 19 e 25).

Myrtaceae Pitanga, Planta nativa, com uso ornamental,


Eugenia uniflora pitangueira, melífera, aromática, lenha, carvão e
L. pitanga- na medicina popular: adstringente,
vermelha afrodisíaco, ansiolítico, antidiarréico, B B B B A B
antirreumático, balsâmico, béquico,
calmante, diurético, disentérico,
estimulante, estomáquico, febrífugo,
hipocolesteremiante, hipotensor e
vermífugo (4, 9, 14, 17, 19, 20 e 25).
CONTINUA

381
CONTINUAÇÃO

Frequência
Família de Ocorrência
Nome Nome
Usos* e (referências)
científico Popular Unidades amostrais

26
01
36
06
35
28
12
39
Oxalidaceae Azedinha Planta exótica, daninha com uso na
Oxalis latifolia medicina popular: adstringente, anti-
Kunth escorbútico, disentérico, depurativo, A A A A A A A A
emenagogo e hepático (9 e 14).
Piperaceae Pariparoba, Planta nativa, com uso na medicina
Piper pariparoba- popular: anti-hemorroidal, balsâmico,
M MMMM A M A
gaudichaudianum do-mato, estomáquico e hepático (6, 9 e 17).
Kunth jaborandi

Piperaceae Pariparoba, Planta nativa, com uso na


Piper jaborandi, medicina popular: anti-hemorroidal,
mikanianum murta balsâmico, estomáquico, hepático, A A M A M
(Kunth) Steud hipocolesteremiante e hipotensor (6,
9, 17 e 25).

Plantaginaceae Tansagem, Planta exótica, daninha com uso


Plantago tanchagem na medicina popular: adstringente,
tomentosa Lam. anti-hemorroidal, anti-inflamatório,
antisséptico, antidiarréico, M M MM M
cicatrizante, depurativo, diurético,
emoliente, estomáquico, hepático,
expectorante, laxante, peitoral e
resolutivo (1, 5, 9, 11, 15, 18, 24 e 25).
Polygonaceae Língua-de- Planta exótica, daninha com uso
Rumex vaca na medicina popular: antitussígeno, B B A
obtusifolius L. balsâmico, desobstruente, tônico (9,
10, 13 e 17).
Polypodiaceae Rabo-de- Planta com uso na medicina popular:
Campyloneurum arara antirreumático, antitussígeno e
B B
nitidum (Raulf.) emenagogo (25).
C. Presl

Pteridaceae Avenca Planta nativa, com uso na medicina


Adiantum popular: antirreumático, antidiarréico,
raddianum C. antitussígeno, balsâmico e disentérico A A A A A A A A
Presl (25).

Ranunculaceae Cipó barba Planta nativa, com uso na medicina


Clematis dioica branca popular: depurativo e diurético (25). A A A A A A A A
L.
CONTINUA

382
CONTINUAÇÃO

Frequência
Família de Ocorrência
Nome Nome
Usos* e (referências)
científico Popular Unidades amostrais

26
01
36
06
35
28
12
39
Rosaceae Ameixeira, Planta exótica, com uso na medicina
Eriobotrya ameixa- popular: adstringente, antitussígeno,
japonica Lindl. amarela, depurativo, desobstruente, emoliente,
nêspera, hipotensor e laxativo (9 e 17). M
ameixa-do-
japão

Rosaceae Amoreira, Planta nativa, com uso na medicina


Rubus amora popular: adstringente, antidiarréico,
urticaefolius -branca anti-inflamatório, antinevrálgico, B
Poir depurativo, diurético, hepático,
hipoglicemiante e vermífugo (9 e 25).

Rutaceae Mamica- Planta nativa, com uso ornamental,


Zanthoxylum de-cadela, aromática, melífera, lenha, carvão e
rhoifolium Lam. mamica-de- na medicina popular: adstringente,
porca, juvevê, analgésico, antiespasmódico, B B B B
mamiqueira, carminativo, depurativo, estimulante,
juva estomáquico, febrífugo e tônico (4, 9,
14, 17, 20 e 25).

Sapindaceae Camboatá, Planta nativa, com uso ornamental,


Cupania vernalis cuvatã, melífera, mourões, lenha, carvão e
Cambessedes cuvantã, na medicina popular: antirreumático,
pau-d’arco, febrífugo, hepático e tônico (4, 9, 14, A A M MM
miguel 17 e 19).
pintado

Smilaceae Salsaparrila, Planta nativa, com uso na


Smilax cognata japecanga medicina popular: antirreumático,
Kunth depurativo, diurético, febrífugo, B A MM M
hipocolesteremiante e sudorífico (1,
15, 21 e 25).

Solanaceae Joá-de- Planta exótica, daninha, com uso na


Nicandra capote, medicina popular, porém seus tecidos
physaloides (L.) balão, contêm alcalóides tóxicos (10 e 13). M M
Gaertn. quintilho,
bexiga

CONTINUA

383
CONTINUAÇÃO

Frequência
Família de Ocorrência
Nome Nome
Usos* e (referências)
científico Popular Unidades amostrais

26
01
36
06
35
28
12
39
Solanaceae Maria-preta, Planta exótica, daninha, com uso
Solanum maria- na medicina popular: analgésico,
americanum pretinha, cicatrizante, depurativo, diurético, B B B B B
Mill. erva-de emoliente, expectorante, narcótico,
-bicho sedativo e vermífugo (10, 11 e 17).

Solanaceae Fumo bravo Planta nativa, inseticida, com uso


Solanum na medicina popular: antinevrálgico,
B B B B B
mauritianum calmante, cicatrizante e diurético (7).
Scop.

Symplocaceae Maria mole Planta nativa, com uso na medicina


Symplocos popular (9). B
laxiflora Benth.

Thiliaceae Açoita- Planta nativa, com uso ornamental,


Luehea cavalo, madeira, móveis e na medicina popu-
divaricata Mart. açouta- lar: adstringente, anti-hemorrágico,
cavalo, pau- antirreumática, balsâmico, béquico, M MM M
de-canga, depurativo, disentérico e diurético (9,
ibatingui 14, 16, 17, 19 e 25).

Ulmaceae Esporão Planta nativa, com uso na medicina


Celtis iguanaea de galo popular: digestivo (9 e 17). A A A A
(Jacq.) Sargent

Vitaceae Mãe boa Planta nativa, com uso na medicina


Cissus popular: antirreumático (25).
sulcicaulis B
(Baker) Planch.

Fonte**: (1) Alonso (2008); (2) Boni e Patri (1994); (3) Carollo (2008); (4) Carvalho (2006); (5)
Corrêa Júnior et al. (1994); (6) Corrêa Júnior et al. (2006); (7) Coutinho (2009); (8) Franco
(2008); (9) Kolbes (2007); (10) Lorenzi (1986); (11) Lorenzi (2002a); (12) Lorenzi (2002b); (13)
Lorenzi (2008a); (14) Lorenzi (2008b); (15) Martins et al. (2000); (16) Pedroso et al. (2007); (17)
Ramos (2008); (18) Reader’s Digest (1984); (19) Reitz et al. (1983); (20) Simões et al. (1995);
(21) Teske e Trentini (1994); (22) Thadeo (2007); (23) Torres (2005); (24) Velloso e Peglow
(2003) e (25) Zampier*** (2010).
* Os usos estão descritos em ANEXO 1 – Glossário de propriedades medicinais das plantas.
** Referências consultadas
*** Informações verbais com base em sua ampla experiência de mais de 50 anos em coleta e
uso de produtos da sociobiodiversidade na comunidade local.
384
Os resultados apresentados no Quadro 1 possibilitaram analisar a
ocorrência e frequência de espécies medicinais, das quais 15 espécies
(27,3%) foram encontradas em todas as unidades amostrais, entre elas
6 espécies com alta frequência e 9 com frequência variando entre baixa,
média e alta. Outras 16 espécies (29,1%) apresentaram ocorrência em
pelo menos 4 unidades amostrais (50%) com frequência variando entre
baixa, média e alta; 14 espécies (25,5%) apresentaram ocorrência em
pelo menos 2 unidades amostrais (25%) com frequência variando entre
baixa, média e alta; e 10 espécies (18,2%) apresentaram ocorrência
em 1 unidade amostral (12,5%) com frequência variando entre baixa,
média e alta.
O levantamento nas unidades amostrais apresentou os seguintes
resultados (Tabela 1): unidade amostral 26 com 40 espécies de plantas
medicinais identificadas, sendo 3 espécies exclusivas desta unidade;
unidade 01 com 41 espécies identificadas, sendo 2 espécies exclusivas
e 8 espécies diferentes em relação à unidade amostral anterior; unidade
36 com 20 espécies identificadas, sem ocorrência de espécie exclusiva
e 1 espécie diferente em relação às unidades amostrais anteriores;
unidade 06 com 28 espécies identificadas, sem ocorrência de espécies
exclusivas ou diferentes das unidades amostrais anteriores; unidade
35 com 25 espécies identificadas, sendo 2 espécies exclusivas e 3
espécies diferentes em relação às unidades amostrais anteriores;
unidade 28 com 29 espécies identificadas, sendo 2 espécies exclusivas
e 2 espécies diferentes em relação às unidades amostrais anteriores;
unidade 12 com 33 espécies identificadas, sendo 1 espécie exclusiva
e 1 espécie diferente em relação à unidades amostrais anteriores; e
unidade 39 com 22 espécies identificadas, não ocorrendo qualquer
espécie exclusiva ou diferente.
Assim, o número de espécies acumuladas por unidade amostral
iniciou com 40 espécies, conforme apresentado na Tabela 1 e na Figura
2 indicando, como esperado, uma redução do número de espécies e
aproximando-se de uma estabilização da curva à medida que novas
unidades amostrais foram coletadas, perfazendo o total de 55 espécies
de plantas medicinais.

385
Tabela 1 - Número de espécies com potencial medicinal identificadas
nas unidades amostrais - Campo Largo-PR

Nº de espécies
Nº da Área Nº de Nº de diferentes das Nº de
unidade espécies espécies unidades espécies
amostral (m2) identificadas exclusivas amostrais acumuladas
anteriores

26 1.295 40 3 40 40
01 1.109 41 2 8 48
36 199 20 0 1 49
06 754 28 0 0 49
35 532 25 2 3 52
28 1.591 29 2 2 54
12 1.301 33 1 1 55
39 338 22 0 0 55

Fonte: Matsushita (2010)

FIGURA 5 - CURVA ESPÉCIE-ÁREA DE ESPÉCIES COM POTENCIAL


MEDICINAL, CAMPO LARGO, PR.
Fonte: Matsushita (2010)

386
CONCLUSÕES

Com base no conhecimento etnobotânico foram coletadas e


identificadas 55 espécies de plantas com usos medicinais, popularmente
conhecidas, utilizadas e citadas em literaturas por apresentarem-se
úteis para a sociobiodiversidade. Apesar de a cultura popular conhecer
o uso das espécies identificadas, algumas são pouco utilizadas porque
existem espécies similares mais eficientes e de fácil acesso. Muitas
espécies ainda não possuem registro no órgão de vigilância sanitária
competente do Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA), sendo necessário ampliar as pesquisas e registro
dessas espécies para que sejam industrializadas, expostas à venda
e entregues ao consumo, garantindo à população brasileira o acesso
seguro e o uso racional.
A maioria das espécies existentes é nativa da região, porém, foram
identificadas várias plantas que são exóticas e invasoras, tais como
centela asiática (Hydrocotyle asiatica), losna (Artemisia verlotorum),
picão preto (Bidens pilosa), serralha (Sonchus oleraceus), dente-de-leão
(Taraxacum officinale), azedinha (Oxalis latifólia), tanchagem (Plantago
tomentosa) e língua-de-vaca (Rumex obtusifolius); outras invasoras
são nativas como o mentrasto (Ageratum conyzoides), arnica do mato
(Chaptalia nutans), assa-peixe (Chrysolaena platensis), dentre outras.
A maior parte das espécies invasoras foi localizada principalmente nas
bordas dos fragmentos, próximas às áreas exploradas com culturas
anuais.
A maioria das espécies arbóreas é nativa e possuem várias
utilidades, tais como medicinal, ornamental, melífera, madeira, lenha
e carvão. O seu plantio é recomendado em reflorestamentos hetero-
gêneos destinados à recuperação de áreas degradadas de preservação
permanente.
Apesar da ocorrência de um grande número de espécies no
fragmento florestal pesquisado, algumas espécies da região com
potencial econômico não foram localizadas, como a cavalinha
(Equisetum heymale, E. giganteum), chapéu-de-couro (Echinodorus
macrophyllus), pata-de-vaca (Bauhinia forficata), marcela (Achryrocline
satureioides), espinheira santa (Maytenus ilicifolia), dentre outras.
Os fragmentos florestais da região de ocorrência da floresta ombró-
387
fila mista apresentam uma grande diversidade de espécies úteis
para a população, com grande potencial de mercado para a indústria
alimentícia (chás), fitoterápicos (remédios), óleos essenciais, fibras e
fitocosméticos.
O uso sustentável dos produtos da sociobiodiversidade possibilita
a melhoria econômica e social nas propriedades familiares através de
sua exploração seletiva, incentivando a manutenção e ampliação dos
fragmentos florestais, reduzindo o impacto ambiental e garantindo a
sustentabilidade dos sistemas de produção.
Com o georreferenciamento das unidades amostrais, torna-se
possível o mapeamento e a localização das espécies com potencial
medicinal para futuras coletas, pesquisas e estudos de viabilidade
econômica para uma exploração sustentável.

388
REFERÊNCIAS

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392
CAPÍTULO XII
ESTUDOS DOS CAMINHOS DO LEITE
NO MUNICÍPIO DE CAMPINA DO SIMÃO
COM USO DO GEOPROCESSAMENTO
Milton Satoshi Matsushita 1
Hernani Alves da Silva 2
Udo Bublitz 3
Valdir Tambosetti 4
Edilson Moreira 5

1
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Produção Vegetal, Instituto Emater,
Paraná, Brasil - hernanialves@emater.pr.gov.br
3
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Manejo dos Recursos Naturais e Estradas
Rurais, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - udobublitz@emater.pr.gov.br
4
Zootecnista, Especialização em Pecuária Leiteira, Instituto Emater, Guarapuava, Paraná,
Brasil - tambozetti@emater.pr.gov.br
5
Técnico Agropecuário e Gestor em Agronegócios, Instituto Emater, Guarapuava, Paraná,
Brasil - edilsonmoreira@emater.pr.gov.br

393
394
INTRODUÇÃO

O Brasil produz anualmente 32 bilhões de litros de leite e esta


produção vem aumentando cerca de 5% ano após ano. Neste cenário,
destacam-se a Região Sudeste e Sul, responsáveis por aproximadamen-
te 62% da produção nacional (IBGE, 2012). No ano de 2011, o estado
com maior produção de leite foi Minas Gerais, com 27,2% da produção
nacional, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 12% e em terceiro lu-
gar o Paraná, responsável pela produção de 3,8 bilhões de litros, que
representaram 11,8% da produção nacional.
A produção do estado do Paraná encontra-se em ascensão. Se-
gundo Mezadri (2013) entre os anos de 2001 e 2011 houve aumento
da produção de 1,9 para 3,8 bilhões de litros, correspondendo a uma
variação de 100%, enquanto que o rebanho evoluiu de 1,15 para 1,59
milhões de cabeças, variação correspondente a 38%. O crescimento
maior da produção em relação ao efetivo de rebanho reflete melhoria
em índices produtivos do rebanho, que partiu de 6 litros/vaca/dia no ano
de 2001, para 10,9 litros em 2009. Além disso, a estimativa das receitas
mostra que o leite é uma importante fonte geradora de renda para os
produtores paranaenses, pois, para metade deles, representa mais de
50% da renda obtida com a exploração agropecuária (IPARDES, 2009).
O leite tem um papel importante no desenvolvimento econômico
de propriedades com economia de base familiar em todo o estado do
Paraná e o desenvolvimento do setor pode ser a garantia da geração de
renda e trabalho, favorecendo a permanência dos sujeitos do campo, no
campo. Na percepção do pequeno produtor rural, a produção de leite é
a atividade que garante mensalmente a entrada de recursos para a ma-
nutenção da sua família, o que já não acontece com as culturas anuais.
A região do Território Paraná Centro (Figura 1) é composta por 17
municípios localizados na região central do Estado. Segundo IPARDES
(2009), esta região não faz parte das principais bacias leiteiras esta-
duais em termos de produção de leite, apresentando índice médio de
8,5 litros/vaca/dia e 55,3% das propriedades leiteiras produzindo até
50 litros/dia. Mais recentemente, levantamento realizado por agentes
extensionistas nos municípios que compreendem o Território, mostra
que a atividade leiteira na região é caracterizada pela agricultura fami-
liar e pelo baixo nível tecnológico, com cerca de 70% das propriedades
395
leiteiras produzindo menos de 100 litros de leite/dia, com média regional
de aproximadamente 65 litros.

FIGURA 1 - MUNICÍPIOS PERTENCENTES AO TERRITÓRIO PARANÁ


CENTRO
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)

Em função das características da atividade leiteira na região, a Asso-


ciação dos Municípios do Território do Paraná Centro desenvolveu uma
proposta para o “fortalecimento da atividade leiteira no Território Paraná
Centro”, buscando como resultado a melhoria da qualidade de vida dos
produtores e a garantia das condições necessárias para a permanência
do homem no campo e, ao mesmo tempo, garantir a segurança alimentar
dos produtos lácteos oriundos desta localidade.
Os principais desafios para a atividade leiteira nos municípios do
Território Paraná Centro são:
- A assistência técnica especializada no setor em contingente sufi-
ciente para o atendimento da demanda;
- O aumento da produção de leite por unidade produtiva, com me-
lhoria da sanidade, pois a baixa produção por unidade compromete
economicamente a atividade;
396
- A melhoria da qualidade do leite e, como consequência, o produtor
receber remuneração compatível;
- A promoção da sustentabilidade do setor em todas as suas di-
mensões, garantindo a geração de renda e qualidade de vida dos
bovinocultores na região.
Os resultados de pesquisa realizada por Viana e Rinaldi (2010)
em Laranjeiras do Sul, municípios com características semelhantes ao
Território Paraná Centro, demonstraram os principais problemas ou
entraves que podem ser considerados como fatores de restrição ao bom
desenvolvimento da cadeia produtiva do leite no município. Os quatro
principais entraves totalizam 87% dos problemas, sendo: necessidade de
melhorar a qualidade da alimentação, pastagem e genética do rebanho
(23%), falta de assistência técnica (23%), estrada (21%) e preço (20%).
As estradas foram mencionadas como fator de restrição, uma vez que
estradas ruins dificultam e até mesmo impedem, em períodos chuvosos,
o acesso dos caminhões que transportam o leite das propriedades ao
local de armazenamento na cooperativa, ocasionando em alguns casos
perdas de produção, além de dificultar a locomoção do proprietário e a
entrada de insumos nas propriedades.
Ainda o trabalho de Viana e Rinaldi (2010) em relação à conservação
das estradas de acesso às propriedades dos produtores cooperados
da Cooperativa de Produtores de Leite de Laranjeiras do Sul - COLELS
conclui que 60,0% da estrada principal é considerada regular e 40,0%
ruim, enquanto 47,1% da estrada secundária é considerada regular e
52,9% ruim.
Segundo Demarchi (2003), a malha viária rural é um importante com-
ponente da infraestrutura rodoviária, vital para a economia de qualquer
país, permitindo o fluxo regular de mercadorias e o desenvolvimento de
comunidades, contribuindo para na melhoria de sua qualidade de vida.
Em geral, a grande maioria das estradas rurais foram abertas
de forma inadequada pelos colonizadores, orientadas pela estrutura
fundiária e pelas facilidades do terreno, favorecendo em períodos de
chuvas intensas o desenvolvimento de processos erosivos, prejudiciais
à pista de rolamento e às áreas marginais, sendo que a manutenção e
a readequação são atividades complementares à conservação do solo
e contribuem favoravelmente para a preservação do meio ambiente.
DEMARCHI (2003)
397
O planejamento para a implantação ou melhoria nas atividades agro-
pecuárias pelos técnicos e produtores deve considerar e analisar vários
fatores, tais como: tecnologia, produtividade, alimentação, aspectos de
sanidade, aspectos ambientais, rentabilidade, geração de empregos
etc. No entanto, na maioria das vezes, alguns gargalos de logística
são esquecidos e podem vir a comprometer o sucesso da atividade ou
reduzir a sua lucratividade.
No caso específico da cadeia produtiva do leite, a existência de
estradas rurais e acessos (carreadores) em boas condições de trafegabi-
lidade é condição fundamental, em função da necessidade de transporte
(frete) quase que diário, para atender a demanda da indústria, aliado
ao fato da condição limitada de armazenagem e frigorificação do leite
nas propriedades rurais.
As melhorias e adequações realizadas nas estradas rurais pelas
prefeituras municipais e outros órgãos, na maioria das vezes, não
consideram as condições das propriedades rurais localizadas nas suas
margens. As águas provenientes das glebas rurais, por falta de práticas
de manejo e conservação de solos e água, ocasionam sérios problemas
erosivos nas propriedades rurais e também nas estradas rurais. Por
outro lado, as estradas rurais também desaguam e causam erosão e
prejuízos nas áreas agrícolas.
A partir de outros trabalhos desenvolvidos pela extensão rural em
diversos programas de Estado, conforme citados por Parchen e Bra-
gagnolo (1991), Bragagnolo et al. (1997), Doreto (1998), Muzilli (2004)
e Bertol (2008), é possível afirmar que tanto as propriedades rurais
quanto as estradas e carreadores devem estar integrados e harmoni-
zados no controle da erosão e fluxo das águas, para que tenham boas
condições de trafegabilidade e durabilidade. A cadeia produtiva do leite
e qualquer outra atividade agrícola necessita de estradas e acessos
(carreadores) rurais em boas condições de trafegabilidade em qualquer
condição climática, sob pena de causar grandes prejuízos a todos os
atores envolvidos.
Devido ao anteriormente exposto, o Instituto Emater com apoio de
ferramentas de geoprocessamento tem por objetivo levantar informações
das propriedades rurais produtoras de leite, estradas federais, municipais
e rurais, além dos carreadores (tipo de pavimento, extensão, largura e
condições de trafegabilidade) e propor medidas para sua correta adequa-
398
ção, melhoria e manutenção. Além das informações relativas às estradas
rurais, a metodologia objetiva a caracterização dos sistemas de produção
de leite nos aspectos de constituição dos rebanhos leiteiros, produção
de leite, produtividade e infraestrutura de armazenagem da produção.

MATERIAL E MÉTODOS

O município de Campina do Simão foi selecionado por ser represen-


tativo dentre os municípios do Território Paraná Centro e pelo interesse
em fortalecer a atividade leiteira.
Os levantamentos foram planejados e executados com apoio de fer-
ramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto com utilização
de imagens do satélite francês SPOT 5 (Satellite Pour I’Observation de la
Terre) com resolução espacial de 5 metros referentes ao imageamento
em 2005. A interpretação das imagens através de técnicas de geopro-
cessamento e sensoriamento remoto com uso do software livre gvSIG
permitiu localizar as propriedades, estradas e carreadores, para posterior
confirmação a campo com obtenção de linhas e pontos nas estradas
e propriedades com uso de Sistema de Posicionamento Global (GPS).
A localização das propriedades e pontos de referência, estradas e
carreadores foram realizados com uso de um conjunto de equipamentos
e softwares:
- GPS de navegação, configurado para o Sistema de Coordenadas
planas UTM (Universal Transversa de Mercator) e Datum horizontal
South American Datum SAD 69 <Brazil IBGE>;
- Software GPS Trackmaker Pro, configurado para o mesmo sistema
de coordenadas e datum do GPS, Sistema de Coordenadas planas
UTM (Universal Transversa de Mercator) e Datum horizontal South
American Datum SAD 69 <Brazil IBGE>;
- Planilha eletrônica Microsoft Excel;
- Banco de dados Microsoft Access;
- Software livre de geoprocessamento gvSIG;
- Software de geoprocessamento Esri ArcGis;
Os trabalhos foram desenvolvidos de forma participativa, adequando
os dados coletados às necessidades para elaboração de um diagnóstico
e plano de ação para fortalecer a atividade leiteira no Território Paraná
Centro. A implementação dos trabalhos ocorreu em várias etapas, con-
399
templando capacitações e levantamentos a campo, conforme segue:
a) Análise dos dados atuais que apresenta uma situação com informa-
ções divergentes em relação às estradas estaduais e municipais,
motivando a realização de levantamentos para obtenção de infor-
mações mais precisas;
b) Elaboração e adequação de um roteiro e planilha para coleta de
dados que contemple informações relacionadas à infraestrutura
rodoviária: nome da estrada, tipo de estrada (federal, estadual,
municipal, municipal secundária e via urbana), tipo de pavimento
(asfalto, cascalho, pedras irregulares e terra), obras (pontes, trin-
cheiras, viadutos e bueiros), condições de tráfego (qualquer tempo,
difícil com chuva, difícil acesso e sem acesso com chuva) e largura
média da pista de rolamento. E informações relacionadas à produ-
ção de leite: nome do produtor, nome da empresa ou cooperativa,
infraestrutura de apoio (centro comunitário, resfriador comunitário),
preço recebido pelo produtor, produção diária, coleta em número de
dias, tipo de equipamento de armazenamento do leite (resfriador de
expansão, resfriador de imersão, freezer e geladeira), rebanho total
de bovino de leite e vacas em lactação de bovino de leite.
c) Capacitação prática dos técnicos para:
c.1) coletar dados com uso de GPS (pontos e trilhas);
c.2) salvar arquivos de dados do GPS em formato shape (pontos e
trilhas);
c.3) preencher formulário de pesquisa (Ficha de Levantamento de
Propriedades) no campo;
c.4) preencher os formulários de pesquisa (fichas de campo) em
uma planilha Excel para que posteriormente possam ser salvas em
DBF;
c.5) salvar arquivos de dados do Excel (XLS) para banco de dados
(DBF) (formato utilizado pelo gvSIG);
d) Utilização do Excel para tabulação, combinação e análise de dados;
e) Utilização o gvSIG para realizar a tabulação, combinação e análise
de dados;
f) Utilização o ArcGis para elaboração dos layouts para apresentação
de dados.
400
O método utilizou o Sistema de Informações Geográficas para qua-
lificar e quantificar as propriedades e a infraestrutura rodoviária para o
trabalho de fortalecimento da atividade leiteira no município de Campina
do Simão, cujos trabalhos concentraram-se na região central e oeste do
município, devido à localização das propriedades leiteiras nestas regiões.

FIGURA 2 - CAMINHOS DO LEITE DE CAMPINA DO SIMÃO


Fonte: Elaborado pelos autores (2014)

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os caminhos do leite no município de Campina do Simão possuem


262,69 km de estrutura viária, sendo servidos por rodovia estadual
asfaltada (6,0%), estradas municipais cascalhadas (76,1%), carreado-
res cascalhados e em terra (16,8%) e vias urbanas (1,1%), conforme
detalhado nas Tabelas 1 e 2.
O município possui apenas 15,7 km de rodovia estadual asfaltada,
sendo esta o principal acesso à sede do município. E como todas as
estradas municipais (principais e secundárias) são cascalhadas, per-
mite o tráfego entre todas as comunidades rurais do município, apenas
401
apresentando dificuldade em pequenos trechos localizados em diversos
pontos que apresentam relevo com declividade acentuada e pista de
rolamento irregular prejudicando o tráfego em dias de chuva.

Tabela 1 - Tipos de estradas e de pavimentos dos caminhos do leite

Tipo de Largura Largura Largura Compri-


Tipo de Estrada %
Pavimento min. (m) máx. (m) média (m) mento (m)
Cascalho 3 6 3,8 35.626 13,6
Carreador
Terra 3 4 3,6 8.409 3,2
Estadual Asfalto 8 8 8,0 15.718 6,0
Municipal Cascalho 4 8 5,8 164.260 62,5
Municipal secundária Cascalho 3 6 4,7 35.772 13,6
Asfalto 8 8 8,0 2.529 1,0
Via urbana
Pedra irregular 8 8 8,0 377 0,1
Total geral 3 8 4,9 262.691 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

Tabela 2 - Tipos de estradas, pavimentos e trafegabilidade dos caminhos


do leite

Trafegabilidade
Tipo de
Tipo de Estrada Difícil Difícil com Qualquer Sem Total
Pavimento
acesso (m) chuva (m) tempo (m) acesso (m) geral (m)
Cascalho 279 2.622 32.725 35.626
Carreador
Terra 1.637 4.874 1.898 8.409
Estadual Asfalto 15.718 15.718
Municipal Cascalho 343 163.917 164.260
Municipal secundaria Cascalho 53 35.719 35.772
Asfalto 2.529 2.529
Via urbana
Pedra irregular 377 377
Total geral 1.916 7.892 250.985 1.898 262.691
% 0,7 3,0 95,5 0,7 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)


402
Os caminhos do leite de Campina do Simão possuem 95,5% da
estrutura viária em condições de trafegar com qualquer tempo, sendo
que os maiores gargalos estão nos carreadores, que apresentam locais
sem acesso, trechos de difícil acesso com chuva e difícil acesso com
qualquer tempo, dificultando o trânsito de caminhões para a coleta do
leite, o que pode ser visualizado nas Figuras 3 e 4.

FIGURA 3 - TIPO DE PAVIMENTO DAS ESTRADAS


Fonte: Elaborado pelos autores (2014)

Os carreadores apresentam problemas de trafegabilidade em 11,3


km (25,7%) de sua extensão, sendo 25,6% em trechos com cascalho e
74,4% em trechos de terra.

403
FIGURA 4 - CONDIÇÕES DE TRÁFEGO
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)

Tabela 3 - Condições de trafegabilidade dos carreadores por tipo de


pavimentos (comprimento total dos carreadores em metros)

Carreador Tipo de Pavimento


Trafegabilidade Cascalho Terra Total %
Difícil acesso (m) 279 1.637 1.916 4,4
Difícil com chuva (m) 2.622 4.874 7.496 17,0
Qualquer tempo (m) 32.725 32.725 74,3
Sem acesso (m) 1.898 1.898 4,3
Total geral (m) 35.626 8.409 44.035 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

Os trechos com problemas de trafegabilidade são curtos, porém,


afetam um grande número de produtores de leite, sendo que 5,3% das
propriedades não têm acesso, 5,3% têm dificuldade de acesso com
404
qualquer tempo e, para 22,7%, o acesso é difícil com chuva, totalizando
33,3% das propriedades sem condições ou com dificuldade de trânsito
de caminhões para coleta do leite ou transporte de insumos para as
atividades produtivas.

Tabela 4 - Condições de trafegabilidade dos carreadores por tipo de


pavimentos (número de propriedades)

Carreador Tipo de Pavimento


Trafegabilidade
Cascalho Terra Total %
(propriedades)
Difícil acesso 2 6 8 5,3
Difícil com chuva 10 24 34 22,7
Qualquer tempo 100 100 66,7
Sem acesso 8 8 5,3
Total geral 112 38 150 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

A coleta do leite é realizada por caminhões de uma cooperativa e


dois laticínios, e os produtores estão distribuídos em todo município,
não existindo nenhuma concentração por região, onerando o processo
de logística para a coleta do leite.
A Cooperativa Agropecuária Mista de Guarapuava - Coamig possui
a maior abrangência no município em número de produtores e produção
total de leite, enquanto a empresa Picnic atua com poucos produtores
com as melhores produções e produtividades. A empresa Santa Maria
com os produtores menores, obtém os piores índices de produção e
produtividade.
Os produtores da Coamig têm um rebanho com 27,9% de vacas
em lactação em relação ao rebanho total, enquanto a Picnic 28,3% e
a Santa Maria 20,8%, índices considerados baixos para os padrões da
bovinocultura de leite, em sistemas de produção eficientes. A relação
de vacas em lactação pelo total do rebanho é um índice global do sis-
tema de produção, pois, além de ser afetado pelo intervalo de partos e
pelo período de lactação, também sofre influência negativa da idade ao
405
primeiro parto. Maiores valores indicam maiores proporções de animais
gerando receitas em relação ao número total do rebanho (KRUG, 2001).

FIGURA 5 - DISTRIBUIÇÃO DOS PRODUTORES DE LEITE POR EMPRESA


Fonte: Elaborado pelos autores (2014)

De acordo com Campos e Ferreira, 2001, na composição ideal de


rebanho para uma taxa de reposição de 20%, com rebanho estabilizado,
com intervalo de parto de doze meses e período de lactação de dez
meses o número de vacas em lactação seria de 42%.
A produção média por propriedade de 48,6 litros/dia (Tabela 5) é
inferior à produção média verificada no Território Paraná Centro, onde a
produção média é de 67 litros/dia/propriedade. De acordo com IPARDES,
2009, 55,3% dos produtores de leite do estado do Paraná produzem
até 50 litros/dia e são responsáveis por 14,7% da produção paranaense
de leite. Esta baixa escala de produção limita a estruturação técnica
adequada em termos de maquinários, equipamentos e de infraestrutu-
ra na unidade de produção, e se constitui em entrave à modernização
do setor, porque, além de condicionar a modernização, acarreta maior
custo médio de produção, inviabilizando economicamente as pequenas
propriedades de leite (KRUG, 2001).
406
A produtividade média de 8,2 litros/vaca/dia é baixa, porém, apre-
senta-se acima da produtividade média do estado que é de 7,1 litros/
vaca/dia para pequenas propriedades. A média diária do estado atinge
10,9 litros, com importante diferenciação conforme o porte dos produ-
tores, variando de 7,1 litros/vaca/dia, para os pequenos, a 18,5 litros/
vaca/dia, para os maiores produtores, com sistemas de produção mais
tecnificados (IPARDES, 2009). Esta baixa produtividade verificada no
município, provavelmente, não esteja relacionada à qualidade genética
do rebanho, mas às condições de manejo alimentar e reprodutivo, que
podem ser melhorados com programa de assistência técnica adequado
a esta realidade.
As propriedades que comercializam a produção com a empresa
Picnic apresentam produtividade de 12,1 litros/vaca/dia, e produção
média de 108,4 litros/propriedade/dia, acima da média apresentada
pelas propriedades que comercializam com as empresas Coamig e
Santa Maria (Tabela 5). Estes resultados indicam que as propriedades da
empresa Picnic, provavelmente, estejam se apropriando de tecnologias
mais adequadas de produção para esta realidade.

Tabela 5 - Indicadores técnicos das empresas

Empresa Coamig Picnic Santa Maria Total geral


Produtores (nº) 82 16 35 133
Rebanho Total (Cab) 1.927 505 518 2.950
Rebanho Total Médio (Cab/prop) 23,5 31,6 14,8 22,2
Rebanho Lactação Total (Cab) 538 143 108 789
Rebanho Lactação Médio (Cab/prop) 6,6 8,9 3,1 5,9
Produção Total (l) 4.019 1.735 698 6.452
Produção Média (l/prop) 49,0 108,4 19,9 48,6
Produtividade Média (l/vaca/dia) 7,5 12,1 6,5 8,2

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

A maioria dos produtores da Coamig (52,4%) e da Picnic (50%)


concentra-se na faixa de 26 a 150 litros de leite por dia. Porém, a pro-
dução média dos produtores da empresa Picnic é de 108,4 litros por dia,
407
enquanto da Coamig é de 49,0 litros por dia. A empresa Santa Maria
possui 40% dos produtores com produção inferior a 25 litros de leite por
dia e 34,3% sem nenhuma produção.
Conforme apresentado na Tabela 6, 16 propriedades, ou 12,03%
do total de propriedades não apresentaram produção no momento do
levantamento, mostrando alta sazonalidade da produção. A sazonalidade
da produção de leite é um sério problema, tanto para o produtor como
para a indústria. O produtor além de receber preço para leite extracota
nos meses de maior produção, também não tem regularidade nas re-
ceitas durante o ano, dificultando o custeio dos sistemas de produção,
bem como a qualidade de vida das famílias.
Por outro lado, a indústria é obrigada a trabalhar com toda a capa-
cidade em épocas de maior produção, e com ociosidade de até 50%
em períodos de menor produção.
A sazonalidade é consequência da qualidade e quantidade de ali-
mentos oferecidos aos animais e do manejo alimentar e reprodutivo que
as unidades de produção adotam. A produção de forragens de qualidade
e em quantidade para o ano todo é fundamental para uma boa produção
de leite ao longo do ano. Isto se obtém com o uso de pastagens anuais
e perenes e forragens conservadas, como feno e silagem.
Com relação à armazenagem da produção na propriedade é ob-
servado, na Tabela 7, que 78 propriedades (65,54%) armazenam o
leite em tanques por expansão direta, com possibilidade de atender os
requisitos da Instrução Normativa -IN 62 (BRASIL, 2011), permitindo
a refrigeração do leite até temperatura igual ou inferior a 4oC (quatro
graus Celsius) no tempo máximo de 3 horas após o término da ordenha,
independentemente da capacidade do equipamento.
Por outro lado, 15 propriedades (12,60%) armazenam o leite em
tanques de refrigeração por imersão (Tabela 7). Estes equipamentos
devem ser dimensionados de modo que permitam refrigerar o leite
até temperatura igual ou inferior a 7oC (sete graus Celsius) no tempo
máximo de 3 horas após o término da ordenha, independentemente da
capacidade do equipamento, para atender aos requisitos definidos na
IN 62 (BRASIL, 2011).
A Tabela 7 mostra que 26 propriedades (21,84%) armazenam o
leite em freezers ou geladeiras, não atendendo os requisitos da IN 62.
Estas propriedades devem passar por adequação, com orientação da
assistência técnica na aquisição de equipamentos adequados para o
408
armazenamento da produção, ou serem organizadas para o uso coletivo
de tanques de resfriamento a granel (tanques comunitários), admitidos
na IN 62. A localização do equipamento deve ser estratégica, facilitan-
do a entrega do leite de cada ordenha no local onde o mesmo estiver
instalado. No momento da coleta do leite, a empresa deve advertir o
produtor que estiver com a temperatura acima do padrão, que deve ser
de até 7oC para tanques de imersão e de no máximo 4oC para tanques
de expansão. Leite com temperaturas acima destes padrões não deverão
ser carregados (BRASIL, 2011).

Tabela 6 - Caracterização das empresas por classes de produção

Classe de Produtores Produção Produção Vacas Produtividade


produção Nº total (l) média (l/prod) lactação (cab) (l/vaca/dia)
Coamig
Sem produção 3
0 a 25 litros/dia 31 499 16,1 114 4,4
25,1 a 150 litros/dia 43 2.480 57,7 330 7,5
mais 150 litros/dia 5 1.040 208,0 94 11,1
Total Coamig 82 4.019 49,0 538 7,5
Picnic
Sem produção 1
0 a 25 litros/dia 3 60 20,0 12 5,0
25,1 a 150 litros/dia 8 645 80,6 69 9,3
mais 150 litros/dia 4 1.030 257,5 62 16,6
Total Picnic 16 1.735 108,4 143 12,1
Santa Maria
Sem produção 12
0 a 25 litros/dia 14 208 14,9 38 5,4
25,1 a 150 litros/dia 9 490 54,4 70 7,0
mais 150 litros/dia 0
Total Santa Maria 35 698 19,9 108 6,5
Total Geral 133 6.452 48,6 789 8,2

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)


409
Tabela 7 - Equipamentos utilizados no armazenamento do leite
Capacidade Capacidade Produção Total
Empresa Equipamento Nº
Total (l) Média (l) (l)
Expansão 60 32.600 543 3.569
Freezer 2 700 350 59
Coamig Imersão 6 1.400 233 132
Outro 259
Total 68 34.700 423 4.019
Expansão 15 11.220 748 1.705
Picnic Outro 30
Total 15 11.220 701 1.735
Expansão 3 1.110 370 60
Freezer 19 6.790 357 451
Santa Maria Geladeira 5 1.190 238 10
Imersão 8 2.490 311 177
Total 35 11.580 331 698
Outro Freezer 1 380 380 18
Total geral 119 57.880 486 6.470

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

A pequena escala de produção, 48,6 litros/propriedade (Tabela 5),


encarece o custo da logística para coleta do leite, levando as empresas
responsáveis pela coleta a alongar o período entre as coletas. Na Tabela
8 pode-se observar que 88 propriedades (71,55%) estão adequadas aos
requisitos da IN 62, com a coleta do leite realizada no máximo 48 horas
após a ordenha inicial. No entanto, 35 propriedades (28,45%) do total
estão entregando a produção com período superior a 48 horas, chegando
ao extremo de intervalos de coleta de 12 dias (288 horas), contrariando
os requisitos recomendados pela IN 62, que define o tempo transcorrido
entre a ordenha inicial e seu recebimento no estabelecimento que vai
beneficiá-lo (pasteurização, esterilização, etc.) de no máximo 48 horas,
sugerindo como ideal um período de tempo não superior a 24 horas.
Para solucionar este problema e propiciar que as empresas e os
produtores inseridos na cadeia de produção no município se insiram nas
determinações da IN 62, deve ocorrer uma ação forte da assistência
410
técnica especializada no sentido de aumentar a escala de produção e
produtividade, propiciando uma adequação na logística de coleta do
leite, com redução do custo de coleta. A organização dos produtores,
com baixa escala de produção e sem equipamentos adequados de
refrigeração do leite, em grupos para entrega da produção em tanques
comunitários, também poderão contribuir na adequação do período de
coleta de leite pelas empresas.

Tabela 8 - Período de coleta de leite pelas empresas


Coleta (número de dias)
Empresa
2 3 4 5 7 8 10 12 Total geral %
Coamig 82 82 66,7
Picnic 6 3 7 16 13,0
Santa Maria 9 10 3 1 1 1 25 20,3
Total geral 88 3 16 10 3 1 1 1 123 100,0
% 71,5 2,4 13,0 8,1 2,4 0,8 0,8 0,8 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

CONCLUSÕES

A produção de leite, alimento altamente perecível, necessita de


uma boa estrutura viária, que seja transitável por caminhões tanques
com qualquer tempo, para que o produto mantenha a qualidade obtida
durante o processo produtivo.
O município de Campina do Simão possui estradas municipais
cascalhadas, com alguns pontos críticos que prejudicam o tráfego de
caminhões, principalmente em dias de chuva. Por outro lado, um terço
dos carreadores apresentam problemas críticos e localizados, necessi-
tando de melhorias e manutenções preventivas e constantes.
A melhoria e a manutenção da qualidade das estradas municipais
e dos carreadores, poderia ser realizada através de um programa mu-
nicipal, aprovado pelo poder legislativo, compatibilizando os trabalhos
com instituições federais e estaduais.
A metodologia proposta se mostrou eficiente propiciando a caracte-
rização dos sistemas de produção de leite no município de Campina do
411
Simão. O diagnóstico permitiu o conhecimento da realidade, indicando
dificuldades na produção devido à inadequação dos rebanhos leiteiros,
baixa produtividade animal e baixa produção por propriedade. A caracte-
rização desta realidade permite concluir a necessidade de interferência
de uma assistência técnica especializada, buscando o fortalecimento
da cadeia produtiva do leite no município.
Incentivar a produção de forragens de qualidade e em quantidade
para o ano todo, com o uso de pastagens anuais e perenes e forragens
conservadas, como feno e silagem para uma boa produção de leite ao
longo do ano, reduzindo a sazonalidade de produção e melhorando a
escala de produção.
As propriedades que não estão atendendo aos requisitos de IN 62
devem receber orientação da assistência técnica na aquisição de equi-
pamentos adequados para o armazenamento da produção, ou serem
organizadas para o uso coletivo de tanques de resfriamento a granel
(tanques comunitários), localizados em local estratégico, facilitando o
armazenamento e a entrega do leite de cada ordenha.

REFERÊNCIAS

BERTOL, O.J. (Organizador). Programa de Gestão Ambiental inte-


grada em Microbacias - PGAIM. Curitiba: Secretaria de Estado do
Planejamento, 2008.
BRAGAGNOLO, N.; PAN, V. e THOMAS, J.C. Solo: uma experiência
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DEMARCHI, L.C.; RABELLO, L.R; SANTOS, N.B.; FRANCO, O. e COR-
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ciências sociais e econômicas. Agricultura, meio ambiente e condições
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para Executivos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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nizações Rurais & Agroindustriais. Lavras: v. 12, n. 2, p. 263-274, 2010.

413
414
CAPÍTULO XIII
O USO DE FERRAMENTAS DE
GEOPROCESSAMENTO NO
DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES
DE AQUICULTURA NO LITORAL
PARANAENSE
Astrogildo José Gomes de Mélo 1
Marcos Campos de Oliveira 2
Luiz Danilo Muehlmann 3
Milton Satoshi Matsushita 4

1
Engenheiro de Pesca, Especialista em Aquicultura, Instituto Emater, Paranaguá,
Paraná, Brasil - astrogildo@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Produção Vegetal, Instituto Emater, Paranaguá,
Paraná, Brasil - marcoscampos@emater.pr.gov.br
3
Médico Veterinário, Mestre em Produção Animal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná,
Brasil - danilo@emater.pr.gov.br
4
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater,
Curitiba, Paraná, Brasil - matsushita@emater.pr.gov.br

415
416
INTRODUÇÃO

O Litoral do Paraná é formado pelos municípios de Paranaguá,


Morretes, Antonina, Guaraqueçaba, Pontal do Paraná, Matinhos e
Guaratuba com uma área total de 6.337,64 km2. É uma área ambien-
talmente bem conservada e protegida por parques nacionais, unidades
de conservação, reservas do patrimônio natural, reserva indígena e
áreas de preservação permanente. É uma região com boa distribuição
de águas superficiais de bom volume e excelente qualidade devido a
baixa ocorrência de impactos antropogênicos no entorno. Portanto, com
potencial para a exploração da aquicultura.
O litoral possui uma extensão de 105 km de costa, localizado entre
as coordenadas latitude 25o12’44” S e longitude 48o01’15” W, e 25o58’38”
S e 48o35’26” W. O complexo estuarino de Paranaguá formado por cinco
baías, localizado no extremo norte possui uma área total de 612 km2 e a
baía de Guaratuba ao sul, com 48,57 km2 de área (CHRISTO, 2006). As
condições ambientais nessas baías são apropriadas para a realização
de cultivos marinhos, em especial, a ostreicultura.
O clima da região é definido como subtropical úmido mesotérmico
com verões quentes. A pluviosidade anual média é de 2.837 mm com
os maiores valores durante o verão e menores no inverno. A tempe-
ratura média no inverno é de 14,5º C e no verão 29,6o C. Os ventos
predominantes são de leste e sudeste com velocidade média de 4 m/s
(IPARDES, 1995).
Essas condições permitem classificar a região como apropriada
para a exploração da piscicultura em viveiros de terra no continente e
a maricultura nas áreas estuarinas. No entanto, essas atividades estão
sob rigoroso controle legal. Ambas atividades, antes de qualquer ação
necessitam cumprir com várias exigências que devem ser viabilizadas
através de projetos técnicos.
Para a piscicultura continental deve ser atendida a Resolução no
413/2009 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (BRASIL,
2009), que dispõe sobre o licenciamento ambiental da aquicultura e a
Portaria no 125/2009 do Instituto Ambiental do Paraná - IAP (PARANÁ,
2009) que reconhece a Lista Oficial de Espécies Exóticas Invasoras
para o Estado do Paraná, estabelece normas de controle e dá outras
providências.
417
Os projetos de aquicultura marinha são orientados pelos dispositivos
do Decreto no 4.895, de 2003 (BRASIL, 2003) que dispõem sobre os
procedimentos relativos à autorização de uso de espaços físicos de cor-
pos d’água de domínio da União para fins de aquicultura e da Instrução
Normativa Interministerial no 06 de 31 de maio de 2004 (BRASIL, 2004)
que estabelece as normas complementares para a autorização de uso
dos espaços físicos em corpos d’água de domínio da União para fins
de aquicultura.
Nas duas situações é fundamental a localização exata das áreas
pretendidas para as explorações. Na piscicultura continental a precisão
quanto à localização é fundamental para que não ocorra a intervenção
em áreas de preservação ambiental ou protegidas pela legislação. Nas
áreas de aquicultura marinha a localização correta proporciona a se-
gurança quanto à qualidade ambiental necessária para a exploração,
bem como evitar a invasão de áreas prioritárias para a navegação ou as
utilizadas para a pesca, recreação ou outras atividades que poderiam
gerar conflitos e insucesso na atividade.
A localização correta dos cultivos, além da segurança em relação
às exigências legais e as outras atividades são fundamentais para a
obtenção da produtividade pretendida (MÉLO et al., 2011). As áreas
são selecionadas levando-se em conta a proteção contra ventos fortes,
a direção e a força das correntes de marés, da profundidade e tipo de
sedimento no local, a qualidade da água e a estimativa da produtividade
primária, são os principais aspectos que devem ser considerados.
O presente trabalho tem por objetivo relatar as ferramentas utiliza-
das e a importância do georrefenciamento na definição das áreas, na
elaboração dos projetos e na instalação correta dos empreendimentos
de piscicultura continental e da maricultura.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no município de Paranaguá, localizado


no Litoral do Paraná no período de 2005 a 2011. Para a realização do
trabalho no campo foi utilizado o equipamento de Sistema de Posicio-
namento Global (GPS) de Navegação.
Como apoio foram utilizadas imagens de satélite SPOT 5 (Satellite
Pour l’Observation de la Terre) ortorretificadas, composição colorida
418
nas bandas RGB e banda pancromática com resolução espacial de 5
m, projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), MC (Meridiano
Central) 51 Oeste (fuso 22), Datum Horizontal SAD 69 (South Americam
Datum) em formato TIFF e imagens do Google Earth, principalmente
para a localização das propriedades e áreas de cultivo.
As cartas do exército (EXÉRCITO DO BRASIL, 1999) e os mapas
temáticos das unidades de conservação estadual e federal de acervo
do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), do Instituto Chico Mendes
de Biodiversidade (ICMBio) e do Parque Nacional Saint-Hilaire Lang
foram utilizados para destacar os limites destas unidades para que os
produtores tomassem conhecimento de seus entornos, a fim de não
confrontar a legislação vigente.

Projetos da piscicultura continental


Para a elaboração dos projetos da piscicultura continental foi
necessário o deslocamento até a propriedade rural. E com auxilio de
GPS de navegação foram identificados os vértices da área total. Os
vértices foram identificados no equipamento com a determinação das
coordenadas geográficas registradas em UTM SAD 69. Com o uso do
equipamento foram registradas a localização e as distâncias entre os
referidos vértices e calculada a área total. Os vértices e as transectas
foram estabelecidos respeitando-se a legislação ambiental vigente.
Os dados (pontos e trilhas) foram descarregados do GPS com uso
do software TrackMaker Pro 4.4 e MapSource. Com a determinação da
área e realizada a discussão com o proprietário para acordar a área de
captação da água, o dimensionamento dos canais, o número, tamanho
e forma dos viveiros e os canais de drenagem, e posteriormente elabo-
rado as plantas de localização e dos detalhes das estruturas a serem
utilizadas na atividade. As plantas detalhadas (localização e estruturas)
na escala exigida pelas instituições ambientais para licenciamento da
área foram utilizadas para a composição dos projetos técnicos.

Projetos de maricultura
Para elaboração dos projetos de maricultura as áreas foram pré-
definidas em reuniões com as comunidades. Nesta oportunidade tam-
bém foi levantado o número de interessados e a partir desse número,
realizado o cálculo da área total.
419
Após a definição das áreas, o deslocamento até as mesmas foi re-
alizado através de embarcação motorizada. Nas áreas, levando-se em
conta a profundidade média do local foram estabelecidos e registrados
os vértices em coordenadas geográficas UTM, conforme já descrito
acima. Os vértices e as transectas foram estabelecidos após várias
leituras e considerações para dar toda a segurança na localização, em
relação à profundidade média do local, correntes de marés e a não
existência de impedimentos físicos ou possíveis áreas de conflitos com
outras atividades.
Além dos recursos já mencionados acima na descrição das ativi-
dades para a piscicultura continental, neste caso foram utilizadas as
cartas náuticas impressas, produzidas pela Marinha do Brasil em 1975.
Após a aquisição, as cartas náuticas, em meio analógico (papel) foram
convertidas em arquivos digitais (eletrônicos), através do escaneamento
em uma resolução de 300 dpi e salvas como imagem com formato tiff.
Essas cartas foram georreferenciadas na projeção e datum original,
projeção UTM e datum horizontal Córrego Alegre - MG. Na sequê-
ncia foram convertidas para projeção UTM Datum Horizontal SAD 69
(South Americam Datum), formato padrão para todos os mapas temáticos
utilizados. Esse procedimento foi necessário para facilitar a plotagem
dos pontos estabelecidos através do georreferenciamento sobre as
cartas náuticas.
Após a demarcação da área total foram definidas a orientação e a
localização das estruturas de cultivo (long-lines ou mesas). As estruturas
tiveram a localização projetada sobre as cartas náuticas, para facilitar a
identificação dos locais pelos técnicos das Instituições de controle am-
biental e da Marinha do Brasil, a fim de manifestarem o parecer sobre
a viabilidade do projeto quanto à localização. Essas coordenadas foram
utilizadas na localização e montagem das estruturas aquáticas, para a
instalação dos cultivos nas áreas definidas pelo projeto.
A Marinha do Brasil utiliza-se as demarcações das estruturas aquá-
ticas para orientar a navegação, compondo as próximas atualizações
das Cartas Náuticas. Esses procedimentos utilizaram como referencia as
estações do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), formado pelo conjunto de estações,
materializadas no terreno, cuja posição serve como referência precisa
a diversos projetos de engenharia, mapeamento, geofísica, pesquisas
científicas, aquicultura, dentre outros.
420
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Projetos da piscicultura continental


O trabalho na piscicultura continental foi realizado em 60 proprie-
dades, como ilustração para este trabalho utilizou-se a Fazenda São
Miguel, de propriedade de Vandeir Martins Viana, localizada na comu-
nidade Quintilha, município de Paranaguá (Figura 1).

FIGURA 1 - PISCICULTURA CONTINENTAL, FAZENDA SÃO MIGUEL


Fonte: Acervo do Parque Nacional Saint-Hilaire Lange

A combinação do levantamento dos vértices da área total e dos


viveiros individuais, inseridas sobre as imagens de satélite permitiram
a localização e a quantificação das áreas já existentes e das áreas a
421
serem expandidas (Figura 2). Esses procedimentos, além de facilitarem
o trabalho de elaboração do projeto, permitiram a programação dos ca-
nais de abastecimento e drenagem. As coordenadas georreferenciada
do empreendimento, permite obter com segurança a localização em
relação às áreas de preservação ambiental e os limites das proprieda-
des, produzindo mapas com imagens que possibilitam a visualização
precisa do empreendimento. Estes mapas (Figuras 2 e 3) facilitam a
uniformização, interpretação e avaliação pelos envolvidos no processo
de planejamento e execução do projeto.

FIGURA 2 - PISCICULTURA CONTINENTAL, FAZENDA SÃO MIGUEL


Fonte: Imagem de fundo Spot (2004)

A Figura 2 apresenta os viveiros já existentes (números 1 a 7) e os


projetados (números 8 a 11), sendo as áreas com possibilidade de ex-
pansão com a atividade de piscicultura delimitada com as linhas pretas. O
entorno do Parque Saint-Hilaire estão delimitados pelas linhas amarelas
e as áreas com relevo de alta declividade que devem ser preservadas
estão delimitadas pelas linhas roxas.
Devido à dificuldade das instituições fiscalizadoras se localizarem
através imagem de satélite com baixa resolução ou com alta cobertura
de nuvens (Figura 2), elas exigem que os mapas sejam sobrepostas
sobre a Carta do Exército (Figura 3), instrumento mais conhecido pelas
instituições fiscalizadoras.
422
FIGURA 3 - PISCICULTURA CONTINENTAL, FAZENDA SÃO MIGUEL
Fonte: carta do Exército (1999)

As cartas do exército contêm detalhes sobre as estradas, rios,


vegetação e áreas desmatadas, facilitando a localização das áreas do
projeto.
O projeto final tem área total de 24,00 ha sendo composto por 11
viveiros com área 3,20 ha. O abastecimento dos viveiros é feito por
derivação da água captada no rio Brejatuba, comunidade Quintilha a
localizada a 1.200 metros de distância à montante da área de produção
(vide Figura 1 e 2). A drenagem é feita através dos canais que deságua
em uma várzea que vai para o rio Brejatuba, a 30 metros à jusante da
área de produção.
Atualmente o projeto encontra em plena produção, sendo a espé-
cie principal de produção a Tilápia do Nilo (Oreochromis nitoticus). A
exploração semi-intensiva atende o compromisso de sustentabilidade
ambiental do projeto.

Projetos de maricultura
Na maricultura foram elaborados 23 projetos no Litoral (Figura 4 e
Tabela 1), dos quais 12 já estão licenciados e com os Termos de Ces-
são emitidos pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. Como ilustração
para este trabalho utilizou-se a área de cultivo na comunidade de Ponta
423
Oeste - Ilha do Mel, localizada no município de Paranaguá. O projeto
encontra-se em plena produção de ostras (Crassostrea brasiliana) e em
fase de implantação de cultivos de mexilhão (Perna perna).
Com uso do geoprocessamento foram selecionadas diversas áreas
para cultivos de moluscos em vários municípios do litoral do Paraná pela
equipe técnica do Instituto Emater e pelos pescadores participantes do
projeto da maricultura em seus municípios. Nessas localidades foram
verificadas as ações dos ventos, correntes, marés, ondas e rota de
navegação para atender todas as orientações da legislação marítima e
ambiental.
Os levantamentos compatibilizados com as necessidades dos
beneficiários resultaram na delimitação de 34,76 ha em 23 projetos
envolvendo 224 famílias de pescadores beneficiados (Instituto Emater,
2009).

Tabela 1 - Número de projetos por exploração, áreas delimitadas e


número de pescadores envolvidos

Número de Área de cultivo Pescadores


Exploração
projetos ha envolvidos

Ostra – long lines 18 30,56 191

Ostra – mesas 4 2,60 13

Mexilhão 1 1,60 10

Camarão 2 - 2

Totais 23 34,76 216

Fonte: Instituto Emater (2009)

O uso do GPS permitiu a localização das áreas dos projetos através


de uma navegação mais segura e uma rota mais precisa, sem riscos
em relação aos baixios ou pedras rasas submersas (Figura 5).

424
FIGURA 4 - ÁREAS SELECIONADAS PARA CULTIVOS DE MOLUSCOS,
COMUNIDADES DO LITORAL DO PARANÁ
Fonte: Instituto EMATER (2011)

425
FIGURA 5 - ROTA PARA A ÁREA DE CULTIVO DE OSTRAS EM SISTEMA
DE MESAS
Proprietário: Syrio Fernandes Costa Junior, Europinha, Paranaguá
Fonte: Imagem Google Earth (2014), projeto elaborado Instituto Emater (2006).

Da fase de elaboração até a obtenção da Cessão de uso para im-


plantação do projeto passaram 6 anos (2005 a 2011). Neste período
ocorreram mudanças de técnicos e de beneficiários, e o geoprocessa-
mento foi instrumento valioso para localizar as coordenadas do projeto
original com precisão, visto que no ambiente aquático não existem
marcos e divisas identificadas (Figura 6).
Após o recebimento do termo de cessão pela comunidade, foi rea-
lizada a implantação do projeto com a identificação dos pontos para a
colocação de estacas (Figura 7) com objetivo de ancoragem dos long-
lines e sinalização dos vértices das áreas de cultivo.

426
FIGURA 6 - CARTA NÁUTICA COM A PLOTAGEM DA ÁREA DE CULTIVO DE
MEXILHÕES DA COMUNIDADE DE PONTA OESTE - ILHA DO MEL
Fonte: Instituto Emater (2006)

FIGURA 7 - MERGULHADOR REALIZANDO A COLOCAÇÃO DAS ESTACAS


PARA A ANCORAGEM DOS LONG-LINES E SINALIZADORES, PONTA OES-
TE - ILHA DO MEL.
Fonte: Arquivo Instituto Emater. Autor: Astrogildo José Gomes de Melo (2011).
427
Uma grande dificuldade de trabalhar com as cartas náuticas (Figura
6) deve-se ao fato de que elas foram elaboradas para registrar macro
eventos (Figura 8) e acidentes geográficos, destinadas a orientação dos
navios que utilizam nossos portos, baias e enseadas. A escala e as di-
mensões dos acidentes geográficos não possuem a precisão necessária
para locação dos pontos das áreas de cultivos, por isso a combinação
de informações dos pontos coletados com GPS apresenta distorções
quando sobrepostos às cartas náuticas.

FIGURA 8 - PASSAGEM DO NAVIO AO LADO DA ÁREA DE CULTIVO


Fonte: Arquivo Instituto Emater. Autor: Astrogildo José Gomes de Melo (2005)

Pela toposequência da costa, substrato do fundo da baía ou ense-


ada foram mapeados os sistemas de produção mais adequado: locais
emersos as baixas marés de sizígia ideais para os cultivos de ostras
em mesas com travesseiros (Figura 9) e, aqueles que permanecessem
com uma coluna de água entorno de três metros foram orientados o uso
do apetrecho aquícola long-line, com lanternas (Figura 10), no máximo
quatro andares, fixados ao fundo com estacas de aço galvanizado com
tirantes de amarração até a corda principal de cultivo.
428
FIGURA 9 - ÁREA DE CULTIVO EM BAIXIO. CULTIVO DE OSTRAS NATIVAS
EM MESAS COM TRAVESSEIROS
Produtor: Syrio Costa Fernandes Junior. Europinha. Baía de Paranaguá
Fonte: Foto acervo Instituto Emater (2007)

FIGURA 10 - CULTIVO DE OSTRAS NATIVAS. LONG LINE E LANTERNAS.


COLETA DA PRIMEIRA PRODUÇÃO -
Comunidade da Ponta Oeste, Paranaguá
Fonte: Acervo Instituto Emater. Autor: Marcos Campos de Oliveira (2011)

429
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As técnicas e ferramentas de uso de geoprocessamento na indica-


ção, seleção e localização das áreas propícias aos cultivos de moluscos
na região do litoral paranaense apresentaram um importante recurso
para a otimização de custos e melhorias das qualidades das análises
geográficas, socioeconômicas e técnicas.
A ciência do geoprocessamento vem proporcionando avanços na
assistência técnica, tanto em qualidade, velocidade, amplitude e resul-
tados. A qualificação da assistência técnica tornou o Instituto Emater um
referencial nas orientações técnicas, na realização de levantamentos
de dados, no planejamento, na execução e no acompanhamento das
unidades de produções de organismos aquáticos do litoral paranaense.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 4.895 de 25 de novembro de 2003. Dispõe sobre


a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio
da União para fins de aqüicultura, e dá outras providencias. Brasília,
DF: Diário Oficial da União, 2003.

BRASIL. Instrução normativa interministerial nº 06 de 31 de maio


de 2004. Estabelece as normas complementares para autorização de
uso dos espaços físicos em corpos d’água de domínio da União para
fins de aquicultura. Requerimento para a autorização de uso de espa-
ços físicos de corpos d’água de domínio da união. Brasília, DF: Diário
Oficial da União, 2004.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução


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da aquicultura. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2009.

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do tipo Carta Topográfica. Brasilia: Ministério da Defesa - Exército
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07 de agosto de 2009. Reconhece a Lista Oficial de Espécies Exóticas
Invasoras para o Estado do Paraná, estabelece normas de controle e
dá outras providências. Curitiba, PR: IAP, 2009.

431
432
CAPÍTULO XIV
PISCICULTURA EM TANQUES-REDE
NA BACIA DO PARANAPANEMA
Luiz Eduardo Guimarães de Sá Barreto 1
Luiz Danilo Mühelmann 2
Marco Antonio Igarashi 3

1
Engenheiro de Pesca, Mestre em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais,
Instituto Emater, Cambé, Paraná, Brasil - luizguim@emater.pr.gov.br
2
Médico Veterinário, Mestre em Produção Animal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná,
Brasil - danilo@emater.pr.gov.br
3
Tecnólogo em Aquicultura, Ph.D. em Engenharia de Pesca, Ministério da Pesca e
Aquicultura, Londrina, Paraná, Brasil - marco.igarashi@mpa.gov.br
433
434
INTRODUÇÃO

A piscicultura desempenha um papel importantíssimo em muitos


países, visto que contribui, através da produção de organismos aquáti-
cos, com a produção de alimentos e renda. É uma atividade que pode
ser desenvolvida tanto em viveiros de terra (chamados também de
tanques) ou em tanques-rede. Enquanto a produção mundial de pes-
cados através da pesca (captura no mar e em águas continentais) tem
se mantido praticamente estabilizada nos últimos anos, a produção da
aquicultura tem apresentado crescimento constante, superando inclusi-
ve o crescimento verificado em outras fontes de produção de proteína
animal (SIDONIO et al., 2011). Esse crescimento não ocorreu de forma
uniforme no mundo e a produção e distribuição foi desigual, sendo que
a Ásia está contabilizando 88% do volume total produzido no mundo e
enquanto a China produziu 61,7% da produção mundial em 2012 (158
milhões de toneladas), o Brasil alcançou apenas 1,1% (FAO, 2014).
Os dados oficiais de produção da aquicultura brasileira, de 707.461
mil toneladas em 2012, segundo a Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO, 2014) colocaram o Brasil entre os 12
países maiores produtores do mundo e o Paraná é um dos principais
estados na produção de piscicultura em água doce (MPA, 2013). A FAO
estima que o Brasil possa produzir, com base no seu potencial hídrico,
pelo menos, 20 milhões de toneladas por ano. A meta, até o final do
ano que vem, é atingir a marca de 2 milhões de toneladas (Portal Brasil,
2013).
A piscicultura, seja em viveiros de terra ou em tanques-redes é
uma das atividades que para ser explorada precisa ser licenciada. De
forma geral, os viveiros de terra são construídos nas propriedades rurais
observando a legislação ambiental quanto às áreas a serem ocupa-
das e os tanques-redes são instalados em grandes áreas alagadas,
predominantemente, em águas públicas, ou seja, que possuem outras
finalidades como objetivo principal. Os tanques-rede ou gaiolas são
estruturas flutuantes de variados tamanhos e formatos, com o espaço
delimitado por telas ou redes, que permitem a contenção apropriada dos
peixes e a renovação constante da água (Figura 1). Para os produtores
ou empresas realizarem a exploração de peixes em tanques-redes é
435
necessária a obtenção do “Termo de Cessão” da área a ser ocupada
e por este termo o Poder Público autoriza a localização, instalação e
operação do empreendimento.

FIGURA 1 - TANQUE-REDE UTILIZADO PARA A PRODUÇÃO DE PEIXES


Fonte: Arquivo Instituto Emater. Autor: Luiz E. G. de Sá Barreto (2013)

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) criado em 2009, é a


instituição responsável pela emissão dos termos de cessão, após os
pareceres das instituições ambientais, Instituto Brasileiro do Meio Am-
biente (IBAMA), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Agência Nacional
das Águas (ANA), Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e o cum-
primento dos processos administrativos necessários para a cessão de
bens públicos às pessoas ou empresas.
Portanto, é fundamental a localização exata das áreas pretendidas
para as explorações. A localização correta proporciona a segurança
quanto à qualidade ambiental necessária para a exploração, bem como
evita a invasão de áreas prioritárias para a navegação ou as utilizadas
para a pesca, recreação ou outras atividades o que poderia gerar con-
flitos e insucesso na atividade.
A localização correta dos cultivos, além da segurança em relação às
exigências legais e às outras atividades é fundamental para a obtenção
da produtividade pretendida. As áreas são selecionadas levando-se em
436
conta a proteção contra ventos fortes, a direção e a força das correntes
da água, da profundidade e a qualidade da água.
O presente trabalho tem por objetivo relatar as ferramentas utiliza-
das e a importância do georrefenciamento na definição das áreas, na
elaboração dos projetos e na instalação correta dos empreendimentos
de piscicultura em tanques-rede.

MATERIAL E MÉTODOS

Para elaboração dos projetos de piscicultura em tanques-rede


(Figura 2) levou-se em consideração alguns aspectos, como avaliação
da área quanto a sua adequação zootécnica, avaliação de impactos
sobre as comunidades tradicionais e dos impactos sobre os outros
usos do ambiente, como abastecimento, descargas, pesca, turismo e
navegação, bem como a inserção regional do projeto e sua importância
social e econômica.

FIGURA 2 - ÁREA COM OS TANQUES-REDE JÁ INSTALADOS


Fonte: Arquivo Instituto Emater. Autor: Luiz E. G. de Sá Barreto (2013)

Quanto à escolha das áreas, vários fatores foram levados em con-


sideração, tais como: facilidade de acesso; profundidade adequada que
leve em consideração a dinâmica do lago; qualidade de água; espaço
para construção de instalações de apoio fora de áreas de APP; que esteja
distante de centros urbanos e condomínios; que esteja fora de rotas de
437
navegação; afastados de “paliteiros” (troncos de árvores submersas) e,
capacidade de troca de água de, pelo menos, 5 (cinco) renovações do
volume total do tanque-rede por minuto ou uma corrente de água de,
no máximo, 10 metros/minuto.
O georreferenciamento da área foi realizado pela empresa Esteca
Topografia, escritório especializado em levantamentos topográficos, do
município de Rolândia, que utiliza o receptor monofrequencial marca
Sight GPS. Para o pós-processamento de dados é utilizado o programa
TopoEven e a plotagem das plantas (Figura 3) a impressora Hp 800.
A profundidade do local é realizada com ecobatímetro Garmin Eco-
300. Com a planta impressa, é definida a localização, disposição e o
número de tanques-rede a serem instalados, conforme a profundidade
do local, sempre se respeitando a relação de 1:1,75 entre o fundo do
tanque-rede e o sedimento.

FIGURA 3 - PLANTA GEORREFERENCIADA DA ÁREA DE CULTIVO


Fonte: Instituto Emater (2013)
438
São elaboradas duas plantas, sendo uma, Figura 3, com a loca-
lização do empreendimento discriminando os pontos de batimetria,
acesso ao lago, nível da água no dia do levantamento, cota máxima de
inundação, localização das estruturas de apoio, área de preservação e
os limites da área requerida, denominada Área Aquicola. Os pontos que
definem o quadrilátero onde devem ser instalados os tanques rede são
posicionados pelo sistema de coordenadas planas UTM e coordenadas
geodésicas (Figura 4).

FIGURA 4 - FOTO DE SATÉLITE INDICANDO A LOCALIZAÇÃO E POSICIO-


NAMENTO DOS TANQUES-REDE
Fonte: Instituto Emater (2013)

A segunda planta, Anexo II, apresenta os detalhes do projeto com


as medidas lineares das distâncias entre linhas, entre tanques-rede,
bitolas dos cabos, localização das boias cegas, boias luminosas e
poitas (Figura 5).
Após as fases de georreferenciamento da área, plotagem e defi-
nição do número de tanques-rede, chega-se à fase de elaboração do
projeto com as informações exigidas pela legislação e pelos órgãos
licenciadores.
O projeto é encaminhado ao Ministério da Pesca e Aquicultura em
quatro cópias, a fim de ser analisado na questão técnica e ambiental,
considerando a capacidade de suporte do ambiente e da segurança da
navegabilidade pelas seguintes instituições: Marinha, Ibama, Agência
439
Nacional das Águas e Instituto Ambiental do Paraná, finalizando com o
Termo de Uso e Cessão de Águas Públicas da União para Piscicultura
pela Secretaria de Patrimônio da União.

FIGURA 5 - PLANTA COM OS DETALHES DA ÁREA DE CULTIVO


Fonte: Instituto Emater (2013)

São exigidos para instruir o processo os seguintes documentos:


cópias de documentos pessoais; Requerimento de Licenciamento
Ambiental - IAP; Requerimento para Autorização de Uso de Espaços
Físicos de Corpos d’água de Domínio da União - MPA; cópia da escritura
da propriedade; publicação de Súmula em jornal de circulação regional
e Diário Oficial do Estado; anuência prévia do município, declarando
a inexistência de óbices; Certidão de Débito Fiscal - Receita Federal,
Estadual e Municipal; Declaração de Regularidade Social – INSS; Cer-
tidão Negativa de Débito Ambiental - IBAMA do interessado e do técnico
responsável; Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia; análise d’água com a concen-
440
tração do Fósforo total, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Demanda
Química de Oxigênio, Coliformes totais, Amônia, Nitrito e Clorofila A, e
fotos do Local de Instalação do projeto.
Outro ponto importante nos projetos de piscicultura em tanques rede
é a elaboração do Plano de Controle Ambiental - PCA, no qual se faz
uma análise integrada da qual conste prioritariamente a caracterização
do empreendimento, o diagnóstico e o prognóstico ambiental e final-
mente a proposta de controle, compensação e mitigação dos impactos.
Para a realização de todo o processo o georreferenciamento é fun-
damental. Além de contribuir facilitando a elaboração do projeto, permite
a instalação no local exato conforme projetado e licenciado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da criação da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca


- SEAP, no ano de 2000 posteriormente transformada no Ministério da
Pesca e Aquicultura - MPA, e com a legislação pertinente à criação de
peixes em tanques-rede em águas públicas da União, foram definidas
as regras para implantação e funcionamento dos projetos pois até então
não havia leis que regulamentassem a atividade. Dessa forma, existia
um clima de insegurança jurídica que limitava a entrada de investidores
já que alguns produtores pioneiros sofreram pesadas sanções financei-
ras, através do IBAMA.
Em 2003, ficou consolidado o cultivo de peixes em tanques-rede atra-
vés do Decreto Lei 4.895 de 2003 e suas instruções normativas (BRASIL,
2003). Dessa forma, com a legislação já definida, foram instalados, só na
bacia do rio Paranapanema, margem paranaense, cerca de 60 projetos
coletivos e individuais, com mais de 16.000 tanques-rede e produção
estimada de mais de 23.000 toneladas/ano. O reservatório que possui
maior número de projetos é o de Capivara, seguido de Chavantes. O
município com maior número de tanques-rede é o de Alvorada do Sul,
com 4.170 unidades.
Além dos projetos individuais há projetos coletivos na maioria dos
municípios lindeiros, destacando-se Carlópolis, Itambaracá, Santa Ma-
riana, Alvorada do Sul, Sertanópolis, Inajá, Terra Rica e Diamante do
Norte, através de condomínios de produtores e grupos de pescadores
artesanais.
441
CONCLUSÕES

O georreferenciamento é fundamental para a elaboração dos proje-


tos técnicos de cultivo de peixes no sistema de tanques-rede.
Através das coordenadas geográficas é possível a instalação no
local exato conforme programado no projeto e licenciado.

REFERÊNCIAS

AGENCIA NACIONAL DE ÁGUA. Bacia hidrográfica do rio Parana-


panema, ANA, 2014. Disponível em: <http://www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/
ARQS/APRESENTACAO/CRH/GT-PARANAPANEMA/32/Bacia_Rio_
Paranapanema_CBHS.png>. Acesso em: 14/06/2014.

BRASIL. Lei Federal nº4.895, de 25 de novembro de 2003. Dispõe so-


bre a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio
da União para fins de aquicultura, e dá outras providências. Disponível
em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2003/decreto-4895-
25-novembro-2003-497528-norma-pe.html>. Acesso em: 14/06/2014.

FAO. The state of world fisheries and aquaculture 2012. Disponível


em: <http://www.fao.org/fishery/statistics/software/fishstatj/en>. Acesso
em: 23/06/2014.

PORTAL BRASIL, 2013. Produção de pescado no País cresce


incentivada por políticas de fomento. Disponível em: <http://www.
brasil.gov.br/noticias/arquivos/2013/03/28/producao-de-pescado-no-
pais-cresce>. Acesso em: 03/04/2013.

SIDONIO, L., CAVALCANTI, I., CAPANEMA, L., MORCH, R., MAGA-


LHÃES, G., LIMA, J., BURNS, V., ALVES JÚNIOR, A.J., MUNGIOLI,
R. Panorama da aquicultura no Brasil: desafios e oportunidades.
BNDES Setorial 35, p. 421 - 463. Disponível em: <http://www.bndes.
gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/ bndes_pt/Galerias/Arquivos/
conhecimento/bnset/set3512.pdf>. Acesso em: 02/04/2013.

442
CAPÍTULO XV
AGRICULTURA DE PRECISÃO
APLICADA À AGRICULTURA FAMILIAR:
A EXPERIÊNCIA DE TUPÃSSI-PR
Adalberto Telesca Barbosa 1
Ênio Antônio Bragagnolo 2
Nelson Harger 3

71
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio, Instituto
Emater, Toledo, Paraná, Brasil - telesca@emater.pr.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão Ambiental, Instituto Emater, Tupãssi,
Paraná, Brasil - eniobragagnolo@emater.pr.gov.br
3
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fertilidade do Solo, Instituto Emater, Apucarana,
Paraná, Brasil - nelsonharger@emater.pr.gov.br
443
444
INTRODUÇÃO

O município de Tupãssi localizado na região Oeste do estado do


Paraná tem na produção agropecuária sua principal atividade produtiva.
Entre as atividades de destaque na formação do Valor Bruto da Produção
Agropecuária está a produção de grãos, a qual ocupa 98,75 da área
destinada à agricultura. Entre os estabelecimentos rurais que desen-
volvem a produção de grãos 86% possuem área inferior a 50 ha. Estes
pequenos produtores têm um bom conhecimento da sua propriedade,
no entanto, realizam as correções do solo e adubações sem conhecer
a variabilidade apresentada em suas áreas.
Frente à realidade local e com a necessidade de colocar ao alcance
dos produtores da agricultura familiar o acesso a novas ferramentas, foi
criado no município de Tupãssi um programa para o manejo da fertilidade
a partir da agricultura de precisão.
A agricultura de precisão é uma das grandes inovações do campo do
conhecimento nesse início de século (CENTENO, 2014). Na região Oeste
do estado do Paraná, existem iniciativas de prestação de serviços na
área, realizadas por empresas especializadas. Como produto, entregam
aos agricultores o mapeamento completo de suas áreas.
As cooperativas agrícolas, que representam um importante serviço
no atendimento em assistência técnica, estão continuamente adquirindo
equipamentos e softwares objetivando atender uma demanda. Empre-
sas e cooperativas que fazem a revenda de corretivos, especialmente
calcários, possuem equipamentos de distribuição a taxa variável, pelos
quais os produtores podem realizar a correção da fertilidade de acordo
com as variabilidades apresentadas nos mapas a partir de resultados
de análises de solo.
A experiência do trabalho do Programa Municipal “Tupãssi: Fazendo
Agricultura de Precisão”, na parceria entre Instituto Emater, Prefeitura
Municipal de Tupãssi e a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abas-
tecimento do Paraná, tem por objetivo inserir a ferramenta da agricultura
de precisão na agricultura familiar visando promover as boas práticas
agrícolas no manejo da fertilidade de solos.

445
Caracterização da área rural do município
Aspectos econômicos e naturais
O município de Tupãssi está localizado na região Oeste do Estado
do Paraná e pertence à região administrativa do Núcleo Regional da
SEAB de Toledo (Figura 1), situando-se sua sede municipal na Latitude
24º35‘16‘’S e Longitude 53º30‘42‘’W.
A população municipal é de 7.997 habitantes sendo que deste mon-
tante, 6.286 residem na área urbana da sede municipal e duas sedes
distritais, enquanto os 1.711 restantes residem na área rural (Censo
Demográfico, IBGE 2010).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUPÃSSI NO ESTADO DO


PARANÁ
Fonte: Os autores, 2014

O município tem por característica uma economia essencialmente


derivada da agropecuária, sendo que das atividades produtivas, a agri-
cultura representou 82,6% do Valor Adicionado Bruto no ano de 2011,
enquanto a indústria apareceu com 17,4% do montante de R$ 65,7
milhões (IPARDES, 2014). Segundo os dados da Secretaria de Esta-
446
do da Agricultura e Abastecimento (SEAB), o Valor Bruto da Produção
Agropecuária ano de 2012 atingiu o valor de 187,97 milhões de reais
(SEAB, 2014), conforme pode ser observado na Tabela 1.

TABELA 1 - Decomposição do Valor Bruto da Produção Agropecuária


Municipal (VBP) no ano de 2012

Produto Valor Representatividade


Agropecuário (R$) (%)
Grãos 99.827.531,55 53,11
Avicultura 52.150.873,03 27,74
Suinocultura 26.273.037,25 13,98
Bovinocultura 6.022.604,98 3,20
Piscicultura 1.667.064,00 0,89
Madeira 1.254.745,00 0,67
Fruticultura 545.688,59 0,29
Olericultura 99.885,07 0,05
Apicultura 49.228,50 0,03
Caprinocultura 44.906,50 0,02
Cana-de-açucar 34.814,00 0,02
Total 187.970.378,47 100,00

Fonte: SEAB, 2014

Do Valor Bruto da Produção Agropecuária a avicultura de corte e


suinocultura em sistemas intensivos contribuiu com 45,9%, enquanto a
agricultura, com destaque para as culturas da soja e do milho, representa
54,1%, que corresponde a um total de R$ 101,76 milhões.
A topografia do município é em relevo suave ondulado na qual as
declividades das áreas de cultivo oscilam entre 2 e 8%. O solo que
predomina é classificado como Latossolo Vermelhos Distroférico - LVdf
1 a LVdf 14, textura argilosa, álico, fase floresta subtropical perenifólia,
relevo suave ondulado. O clima segundo Koppen é cfa: Clima subtropical
(mesotérmico), temperatura média do mês mais frio inferior a 18ºC, sem
estação seca definida, com verões quentes e com temperaturas média
dos meses mais quentes superiores a 22ºC, sendo pouco frequente
a ocorrência de geadas e tendência de concentração de chuvas nos
meses de verão.
447
O regime pluviométrico caracteriza-se por chuvas bem distribuídas
ao longo do ano, porém, com maior concentração nos meses de verão,
e o valor anual médio das precipitações está entre 1.600 a 1.800 mm.

A estrutura fundiária
O município de Tupãssi, segundo o censo agropecuário do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006) possui 872 estabele-
cimentos rurais dos quais 87,96% possuem área inferior a 50 hectares
(Gráfico 1). O número de Declarações de Aptidão ao Programa Nacional
de Agricultura Familiar (PRONAF - DAP) do Ministério do Desenvolvi-
mento Agrário - MDA atinge um total de 1.004, sendo que destas 765
encontram-se ativas (MDA, 2014).

Gráfico 1 - Distribuição Fundiária do município de Tupãssi

Fonte: Censo Agropecuário, IBGE 2006

Na distribuição fundiária do município de Tupãssi predominam pe-


quenas propriedades. São 618 unidades produtivas, cuja área é inferior
a 20 hectares.
Essas propriedades, mesmo com pequenas áreas disponíveis,
estão dedicadas ao cultivo de grãos especialmente as culturas da soja
e do milho, sendo este em segunda safra, que são culturas com arca-
bouço tecnológico voltado para escala de produção. Para permitir a
448
viabilidade das pequenas propriedades no atual modelo de produção,
várias políticas públicas foram implementadas no município ao longo
dos anos, podendo ser citadas as patrulhas de máquinas agrícolas, os
abastecedouros comunitários, a recuperação de estradas, o apoio na
conservação de solos e na aquisição de calcário e o uso do crédito,
especialmente o PRONAF. Porém, novas iniciativas são necessárias
nas pequenas propriedades para acompanhar os avanços tecnológicos.

A Agricultura de Precisão

Uma das frequentes preocupações e também motivação da pesquisa


agronômica trata do incremento da produtividade por unidade de área
e redução de custos de produção, minimizando os efeitos ambientais
danosos e aumento da rentabilidade do produtor rural, entre outros
fatores (GIOTTO; CARDOSO e SEBEM, 2013).
Segundo Giotto, Cardoso e Sebem (2013), na agricultura tradicional,
se pressupõe que o solo apresenta-se homogêneo para as práticas
agrícolas em relação ao manejo do solo, quando na realidade isto não
é verdade, pois o solo possui características heterogêneas e que ma-
nejos considerando as médias das necessidades para a área podem
não representar a realidade, sendo necessário para a Agricultura de
Precisão considerar a variabilidade espacial e temporal dos atributos
dos solos e das plantas.
Mesmo que o conceito de Agricultura de Precisão esteja ligado a
um processo de gestão do sistema produtivo e que no campo do co-
nhecimento envolva uma quantidade significativa de temas multidiscipli-
nares como agronomia, geomática, mecatrônica e meio ambiente, o
início da Agricultura de Precisão teve foco em máquinas dotadas de re-
ceptores GPS (Global Positioning System) e mapas de produtividade
(INAMASSU et al., 2011). Este conceito inicial é o que está sendo
executado na prática pelas empresas especializadas e cooperativas
adotadoras do sistema. Outro fator importante é o de que as máquinas
atualmente comercializadas para a utilização no processo de correção
do solo, plantio e colheita passaram a contar com equipamentos de SIG
(Sistemas de Informações Geográficas), o que requer que o produtor
esteja com o sistema de mapeamento da fertilidade georreferenciado
para a utilização desta tecnologia disponível.
449
Nesse enfoque, Benites e Oliveira (2011) afirmam que a caracte-
rização da variabilidade espacial do solo é ferramenta de suporte aos
processos decisórios em Agricultura de Precisão, principalmente nas
fases iniciais de adoção.
Os agricultores familiares, da região Oeste do Paraná, mesmo com
os avanços tecnológicos nos sistemas de produção, continuam realizan-
do amostragens de solos únicas para toda a área de lavoura de suas
propriedades, e a partir do resultado da análise de solo realizam corre-
ções e fertilizações padronizadas. Na maioria dos casos as formulações
de adubos também não obedecem às necessidades de acordo com a
fertilidade do solo e necessidades das culturas. Contudo, atendem aos
requisitos para os créditos bancários de custeio disponibilizados pelos
agentes financeiros.
Para Bernardi et al. (2011), o conhecimento da variabilidade espacial
das propriedades do solo é útil para o uso racional dos insumos, como
na aplicação a taxa variável de calcário e fertilizante. A partir dessas
informações torna-se possível interferir ou manejar as diferenças quan-
tificadas, por meio da aplicação localizada dos insumos agrícolas, de
acordo com a necessidade específica local.
Diferentemente da aplicação uniforme de fertilizantes e corretivos,
que pode resultar em áreas com aplicações abaixo ou acima da dose
necessária, a aplicação com taxas variáveis pode aumentar a produ-
tividade e a eficiência do uso de nutrientes, ao mesmo tempo em que
reduz o potencial para poluição ambiental (BERNARDI et al., 2004).

Material e métodos

O Programa Municipal “Tupãssi Fazendo Agricultura de Precisão” foi


concebido a partir da parceria da Unidade Municipal do Instituto Emater
com a Prefeitura do Município de Tupãssi e implantado com o apoio da
Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento - SEAB.
Para a operacionalização do programa foram adquiridos diversos
equipamentos entre eles o quadriciclo para a coleta de análises de solo,
softwares específicos, caminhão com GPS e distribuidor taxa variável
(Tabela 2).

450
Tabela 2 - Máquinas, equipamentos e softwares adquiridos para a ope-
racionalização do Programa Municipal “Tupãssi Fazendo Agricultura
de Precisão”

Equipamento Nº Valor (R$) (*)


Quadriciclo 420 cc para levantamentos de campo 1 21.900,00
Amostrador de solos para Quadriciclo 1 17.760,00
GPS para geração de perímetro e grid amostral 1 5.550,00
Carreta para Transporte de Quadriciclo 1 3.000,00
Software para interpretação de análise de solo 1 5.000,00
Software Gerador de mapas de fertilidade 1 4.990,00
Caminhão com GPS e distribuidor taxa variável 1 397.200,00
Total 455.400,00

(*) Os valores são referenciais e constantes no Plano de Trabalho


Fonte: Instituto Emater, 2013.

Para possibilitar a operação dos softwares aplicados à agricultura de


precisão e ao processamento dos dados a prefeitura municipal forneceu
dois computadores compatíveis com as necessidades requeridas, sendo
os equipamentos de informática destinados ao uso exclusivo das ações
do programa.
Para proporcionar o esclarecimento dos beneficiários da proposta
e, ao mesmo tempo, motivá-los quanto à participação no Programa
Municipal “Tupãssi Fazendo Agricultura de Precisão”, foram elaborados
materiais de divulgação como o banner reproduzido na Figura 2.

AGRITU (Associação dos Agricultores de Tupãssi)

Para a gestão do programa foi formada uma Associação de Agri-


cultores, a Associação dos Agricultores de Tupãssi - AGRITU, entidade
criada com a função de coordenar e viabilizar o trabalho, administrando
e reaplicando os recursos auferidos com a prestação dos serviços junto
aos beneficiários, bem como, proporcionar o respaldo legal para admi-
nistrar os recursos repassados pelo estado e município para a finalidade
exclusiva do programa.
451
FIGURA 2 - BANNER ELABORADO PARA FACILITAR O ENTENDIMENTO DA
OPERACIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA JUNTO ÀS COMUNIDADES RURAIS
POTENCIALMENTE BENEFICIÁRIAS
Fonte: Instituto Emater, U. M. de Tupãssi, 2013

A operacionalização do programa a campo


Na parceria da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abaste-
cimento - SEAB, com o município de Tupãssi foi disponibilizada uma
sala anexa à Unidade Municipal do Instituto Emater, que passou a ser
chamada de Sala da Agricultura de Precisão, onde se processam as
ações administrativas e técnicas, bem como reuniões e atendimento
ao público beneficiário.
Os produtores interessados em aderir ao programa de agricultura
de precisão fazem sua inscrição e passam a fazer parte de uma lista
de espera. A prestação de serviços em agricultura de precisão ocorre
de acordo com a ordem de inscrição, compatibilizada com o período
452
entressafra quando a área estará apta para a realização dos levanta-
mentos de campo.
No momento de inscrição ao programa o produtor é informado dos
custos da execução dos levantamentos de campo e recebimento dos
resultados materializados por um compêndio de mapas de fertilidade
e correção, além da cópia do resultado das análises de solos. O custo
da contrapartida dos beneficiários varia de acordo com o tamanho da
área total de sua propriedade, conforme a Tabela 3.

Tabela 3 - Custo de execução do trabalho de levantamentos georrefe-


renciados de campo, análises de solo e mapas

Valor/ha
Área da Propriedade
Apoio Programa Mercado Regional
(ha)
(%) (R$) (R$)
Até 12,10 80 10,33 50,00
12,20 a 24,20 71 14,46 50,00
24,30 a 48,40 63 18,60 50,00
Acima de 48,40 59 20,67 50,00

(*) Preço médio praticado no mercado regional, fora do programa, para a pres-
tação do serviço
Fonte: Instituto Emater, 2014

O maior apoio financeiro concedido para as pequenas proprie-


dades objetiva tornar atrativo o programa da agricultura de precisão
na agricultura familiar e menos atrativa a adesão a médias e grandes
propriedades, que têm nas empresas e cooperativas a possibilidade
da prestação desses serviços e com a vantagem do menor tempo de
espera para o atendimento.
Para a operacionalização do Programa foram adotadas estratégias
para disciplinar uma rotina de trabalho que facilitasse a universalização
dos procedimentos a serem adotados. Os passos a partir do cadastra-
mento e habilitação do beneficiário obedecem a sequência:
1º) Elaboração do Perímetro da Lavoura:
Trata-se de uma operação na qual se utiliza o equipamento GPS
acoplado ao quadricíclo e percorrimento do perímetro da área em
que será feito o trabalho de levantamento da amostragem de solo;
453
2º) Identificação das curvas de nível:
Feita a identificação do perímetro é repetido o procedimento para a
localização georreferenciada das estruturas mecânicas de proteção
ao escorrimento superficial das águas implantadas na área;
3º) Divisão da área amostral em Grid:
Após feitos os levantamentos iniciais, o equipamento GPS calcula
automaticamente e divide a área em grades cujas células nunca
serão superiores a 2,0 hectares. No caso de áreas muito pequenas
o grid é reduzido a tal ponto que á área passe a conter pelo menos
3 células;
4º ) Amostragem do solo:
Em cada grid é feita a coleta de 12 subamostras de solo dentro de
cada célula do grid, resultando ao final uma amostra composta re-
presentativa da célula. Para este procedimento segue-se uma meto-
dologia de caminhamento em Z, no qual em cada uma das três retas
que formam a letra são realizadas 4 coletas, totalizado as 12 suba-
mostras que compõem a amostra composta que representa a célula.

FIGURA 3 - CAPACITAÇÃO DA EQUIPE RESPONSÁVEL PELA UTILIZAÇÃO


DO QUADRICICLO E GPS NOS LEVANTAMENTOS DE GEOPROCESSAMEN-
TO E COLETA DE ANÁLISES DE SOLO
Fonte: Instituto Emater, 2013
454
5º) Envio das amostras ao Laboratório:
Encerrados os procedimentos de campo as amostras de solo coleta-
das são enviadas ao laboratório de análises de solo. As informações
solicitadas na análise química do solo referem-se à composição
química do solo devendo trazer informações sobre: pH, CaCl2, Ca,
Mg, Al, P, K, H+Al, C, P, MO e S.
6º) Resultado das análises de solo:
Concluído pelo laboratório o processo de análise química, os resul-
tados são repassados aos técnicos do Instituto Emater em forma de
planilha eletrônica com um ordenamento compatível com a exigida
pelo software utilizado para a interpretação e análise dos dados. O
software utilizado para a interpretação da análise química do solo
foi desenvolvido pela empresa Analissolo Ltda., e possui como ca-
racterísticas básicas:
a) Sistema de geração das recomendações da neutralização de
acidez do solo através da utilização da metodologia por saturação
por bases;
b) Geração de tabelas informando o resultado teórico final das
recomendações;
c) Importação dos resultados laboratoriais e exportação dos resul-
tados de correção através de planilhas em CSV;
d) Adequação aos produtos corretivos disponíveis na região;
e) Capacidade de cálculo em grupo de análises ou individualiza-
das;
f) Opção de correção do elemento potássio (K) em relação ao total
da Capacidade de Troca Catiônica (% da CTC);
g) Sugestão de correção pela qual pode ser utilizada associação
de calcários;
h) Opção de impressão dos laudos de correção;
i) Informações da correção através de gráficos que permitem im-
pressão e fornecimento ao produtor.

O software para realizar a interpretação das análises com foco


para grãos dentro das características apresentadas pelo município de
Tupãssi foi ajustado pela equipe técnica do Instituto Emater, que definiu
indicadores de suficiência de nutrientes no solo conforme a Tabela 4.
455
Soma
Amostra Data pH H+Al Al Ca Mg K P-Mellich P-Resina P-Rem M.O. (%) C.T.C Saturação (V) B Cu Zn Mn Fe S
Bases
1 19/03/0014 5.2 4.96 0.0 4.73 2.11 0.37 3.41 0.0 9.54 2.683 7.21 12.17 59.24 4.29
2 19/03/0014 5.1 5.35 0.0 5.08 1.94 0.27 5.64 0.0 13.78 3.242 7.29 12.64 57.67 2.8
3 19/03/0014 4.9 6.69 0.07 5.07 1.84 0.32 6.82 0.0 11.04 2.907 7.23 13.92 51.94 2.52
4 19/03/0014 5.0 5.35 0.0 5.17 2.06 0.23 2.98 0.0 10.71 2.773 7.46 12.81 58.24 3.08
5 19/03/0014 5.1 5.35 0.0 5.56 1.89 0.32 4.46 0.0 11.87 2.706 7.77 13.12 59.22 2.52
6 19/03/0014 5.0 5.76 0.0 5.99 1.77 0.34 22.47 0.0 10.46 2.37 8.10 13.86 58.44 7.28
Ao importar estas análises, serão descontados 6 créditos dos 9445 disponíveis.

FIGURA 4 - REPRODUÇÃO DA PLANILHA ELETRÔNICA COM A INTER-


PRETAÇÃO DO RESULTADO DAS ANÁLISES DE SOLO DO SOFTWARE
DESENVOLVIDO PELA EMPRESA ANALISSOLO LTDA
Fonte: Software Analissolo

Tabela 4 - Parâmetros técnicos adotados para a Interpretação dos ele-


mentos químicos constantes nas análises de solo

Elemento Parâmetro
Fósforo (P) 6– 9 mg.dm-3
Potássio (K) na CTC 3–4%
Cálcio (Ca) na CTC 50 – 60 %
Magnésio (MG) na CTC 10 – 15 %
Enxofre (S) > 10 mg.dm-3
Soma de Bases (V %) 70 %
Relação Cálcio/Magnésio 3a5
Relação Cálcio/Potássio 12 – 17
Relação Magnésio/Potássio 2-5
Relação (Ca + MG)/K 13 - 20
Fonte: Equipe Técnica Instituto Emater, 2013.

Na elaboração do mapeamento e demais informações georrefe-


renciadas está sendo utilizado o software Farm Works Office - 2013,
cujo conjunto de informações é entregue ao produtor em documento
impresso. A assistência técnica local, seja de cooperativa ou empresas
de assistência técnica à agricultura, está preparada para a orientação
aos produtores.
456
FIGURA 5 - CAMINHÃO EQUIPADO COM KIT AGRICULTURA DE PRECISÃO
E DISTRIBUIDOR DE CORRETIVOS TAXA VARIÁVEL EM OPERAÇÃO
Fonte: Instituto Emater, 2014

Exemplos de mapas gerados na aplicação da prática de


agricultura: de precisão

FIGURA 6.1 - MAPEAMENTO DA FIGURA 6.2 - MAPA DE


PROPRIEDADE CONTENDO AS ÁREAS DISPONIBILIDADE DE POTASSIO (K),
E CURVAS DE NÍVEL SEGUNDO O RESULTADO
DAS ANÁLISES DE SOLO
457
FIGURA 6.3 - MAPA DO TEOR MATÉRIA FIGURA 6.4 - MAPA DA
ORGÂNICA SEGUNDO O RESULTADO DISPONIBILIDADE DE POTÁSSIO (K)
DAS ANÁLISES DE SOLO APÓS A CORREÇÃO PROPOSTA
PELO PROGRAMA

FIGURA 6.5 - MAPA DA FIGURA 6.6 - MAPA DE APLICAÇÃO


DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO DE CALCÁRIO CALCÍTICO EM
SEGUNDO O RESULTADO DAS TAXA VARIÁVEL
ANÁLISES DE SOLO
458
Nos primeiros seis meses de operacionalização do programa fo-
ram atendidos 53 produtores, o que totalizou área de 618,28 hectares
(Gráfico 5).
Em junho de 2014, o número de produtores que compunham a lista
de espera era de 173, cujos atendimentos foram realizados nos intervalos
de pousio entre culturas.

Gráfico 2 - Percentual de produtores beneficiados pelo programa neste


primeiro ano de funcionamento de acordo com a área total da proprie-
dade

Fonte: Instituto Emater, 2014

Conforme o Gráfico 2, no primeiro ano de funcionamento do pro-


grama 82,7% dos produtores assistidos possuem áreas com até 20
hectares, o que cumpre um dos principais objetivos do programa que é
o acesso da ferramenta da agricultura de precisão para os agricultores
familiares do município de Tupãssi.

Conclusões

Em seu primeiro ano de funcionamento o Programa Municipal “Tu-


pãssi Fazendo Agricultura de Precisão” demonstrou que o agricultor
familiar do município está interessado na adoção de novas tecnologias
de produção, o que ficou evidente pelo grande número de inscritos.
459
A prática da agricultura de precisão está permitindo o conhecimento
detalhado da fertilidade dos solos dos produtores assistidos e, ainda, a
partir dos mapas, a avaliação do sistema de terraceamento e possíveis
focos de erosão. Há uma expectativa que os outros fatores como da
melhoria da qualidade do plantio direto e, consequentemente, o aumento
da infiltração e armazenamento da água no perfil do solo sejam temas
que passem a ser incorporados como objetivos de resultados no médio
prazo.
A ferramenta de agricultura de precisão, pelo manejo dos itens re-
lativos à fertilidade do solo, poderá ser um importante facilitador para a
inserção de práticas como a rotação de culturas e o manejo integrado
de pragas e doenças, entre outras boas práticas agrícolas.
Observou-se no primeiro ano do programa no município que a Assis-
tência Técnica local passou a debater o tema fertilidade do solo e suas
implicações no processo de uma produção agrícola mais sustentável
do ponto de vista econômico e ambiental.
Os resultados do trabalho estão compondo um banco de dados
no qual será possível identificar deficiências e desequilíbrios na fertili-
dade do solo de acordo com o sistema de manejo utilizado, permitindo
recomendações individualizadas de acordo com a realidade de cada
produtor assistido.
A proposta de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER, propor-
cionada pela técnica da agricultura de precisão no manejo da fertilidade
na pequena propriedade, é passível de ser reproduzida em outros mu-
nicípios a partir das realidades locais.

460
REFERÊNCIAS

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Avaliação da produção e propriedades químicas espacializadas
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<http://www.agricultura.pr.gov.br/>. Acesso em: 27/03/2014.
461
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