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U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

GESTÃO E ELABORAÇÃO DE
PROJETOS SOCIAIS
PRINCÍPIOS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE
ORGANIZAÇÃO DE INSTITUIÇÕES E ESPAÇOS
SÓCIOEDUCATIVOS

Impressão
e
Editoração

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 3
UNIDADE 1 - EIXOS DA EDUCAÇÃO SOCIAL ............................................................................................. 4
UNIDADE 2 - PEDAGOGIA SOCIAL: IMPASSES, DESAFIOS E PERSPECTIVAS EM
CONSTRUÇÃO................................................................................................................................................... 10
UNIDADE 3 - DISTINÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL, FORMAL E INFORMAL ............ 17
UNIDADE 4 - A EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL: CAMPOS E PROBLEMAS ............................................. 25
UNIDADE 5 - PROJETOS SOCIAIS ................................................................................................................ 37
UNIDADE 6 - A EMPRESA E SEU PAPEL SOCIAL .................................................................................... 47
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 52

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INTRODUÇÃO

A educação de uma pessoa começa nos seus primeiros instantes de vida.


Desde o momento em que nasce, o ser humano começa a receber orientação e
treinamento, aprende a reagir perante situações criadas pela natureza, pela
sociedade e vai adquirindo hábitos que farão parte de seu modo de ser. E quando
começa a observar o meio em que está inserido e a ter a possibilidade de tomar
decisões, inicia seu processo de integração na vida social. E daí por diante cada fato
e cada situação exercerão influência sobre a definição de sua personalidade. A
pessoa adulta será o resultado da educação recebida desde os primeiros instantes
de vida.

Como se verifica, a educação de uma pessoa começa na família ou no meio


social em que a criança nasceu e passa a viver. Essa é chamada educação informal
ou não-formal, que é dada fora do ambiente escolar, tanto à criança quanto ao
adolescente e ao adulto. Ao lado dessa, existe, ou pelo menos deve existir, a
educação formal, que é dada na escola. Não pode dizer que seja mais importante do
que a outra, pois na realidade ambas podem ter influência decisiva na vida de
qualquer pessoa.

Educação, hoje, é tarefa de todos e condição para o desenvolvimento pessoal


e do país. Assegurar às crianças e jovens o sucesso na escola e na vida requer a
participação dos que acreditam nisso e se dispõem a enfrentar essa batalha. Cabe
ao voluntário, empresário – unido à família e à comunidade escolar e local – dar a
sua contribuição para que, através de ações complementares à escola.

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UNIDADE 1 - EIXOS DA EDUCAÇÃO SOCIAL

RODRÍGUEZ FERNÁNDEZ (1999) analisa uma série de elementos que


considera os eixos da educação social:

a) o âmbito socioeducativo é o espaço disciplinar onde se realiza a práxis da


educação social. Na perspectiva desta ação prima a dimensão social do sujeito, já
que este não o é senão no contexto da sua presença na comunidade. Por seu lado,
a ação socioeducativa é entendida como ajuda social, e esta se formula desde o
apoio e a mediação social. Aqui é onde entra a educação social que, do mesmo
modo que outras disciplinas sociais, exerce a mediação para prevenir as situações
de escassez e garantir a promoção dos indivíduos.

b) a educação social pretende corrigir a concepção clássica de


institucionalização. Esta afirmação não significa que a educação social se encontre à
margem de estruturas, já que o indivíduo o é e se mostra em todos os espaços.
Nesta concepção, o que se faz é afirmar a ideia de que a educação social não se
esgota no não-formal, muito pelo contrário, deve abarcar todos os espaços e todos
os momentos, já que o homem se aperfeiçoa em qualquer âmbito – formal ou não
formal – e ao longo de toda a sua vida.

Por outro lado, desenvolver a autonomia dos sujeitos quando se encontram


em contextos institucionalizados de internamento (centros penitenciários, centros de
menores) implica um indubitável “handicap” para a sua consecução, da mesma
maneira que se limitam as possibilidades de interação. Na realidade, a educação
social promove estratégias didáticas de caráter instrumentalista cujo meio é a
autonomia pessoal, independentemente do contexto no qual se encontra o indivíduo.

c) a educação social é uma prática social que medeia a socialização dos


indivíduos. Para articular a sua prática educativa, a educação social obtém
fundamentos científicos na pedagogia social. Esta, portanto, articula a intervenção
sobre o seu objeto através da educação social, o que lhe confere uma natureza
epistemológica de tecnologia socioeducativa e, por seu lado, encontra as balizas
científicas na pedagogia social. Assim, a função socializadora é, em si mesma, o

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objeto de intervenção da educação social. QUINTANA (1998) atribui à educação


social o desenvolvimento da ação educativa que atua sobre a sociedade. A forma de
materializar um dos objeto que são específicos da pedagogia social é cuidar da
correta socialização do indivíduo.

d) a educação social propõe ações alheias ao subsidiário e ao assistencial. A


dimensão educativa da educação social é a que traz qualidade de vida e bem-estar
social ao indivíduo (PARCERISA, 1999). A sua didática deve promover no indivíduo
a sensibilização e tomada de consciência das suas necessidades não sentidas para
que estas possam ser percebidas e procuradas (necessidades exprimidas). A
educação social deve intervir naquelas circunstâncias que geram situações de
necessidade nas pessoas, sendo esta precisamente a função preventiva, a qual,
logicamente, deve antepor-se à cronificação dos problemas.

Para finalizar, queremos fazer nossas as palavras de PETRUS (1994): Para


muitos autores a educação social é hoje sinônimo de socialização correta, seja ela
socialização primária, secundária ou terciária, ou seja, a educação seria o processo
de transformação do indivíduo biológico em indivíduo social, seria a aquisição das
capacidades para participar e integrar-se no grupo no qual lhe corresponde viver.

Contudo, a educação social, para além de solucionar determinados


problemas de convivência, tem uma função não menos importante, que é a de ser
um instrumento igualitário e de melhoria da vida social e pessoal. Estamos
convencidos de que só uma estratégia criativa e inovadora de proteção e educação
social poderá evitar o risco de conviver com situações injustas e conducentes a
atitudes violentas, já que a violência social, em múltiplas ocasiões, é a expressão da
insatisfação sentida por um setor da população que se vê privado da possibilidade
de fazer parte dessa sociedade do bem-estar a que tem direito.

1.1 Diferentes perspectivas da educação social

PETRUS (1998) percorre as diferentes perspectivas sobre a educação social


que foram elaboradas a partir da cultura do bem-estar, sendo esta entendida dos
seguintes modos:

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– Como adaptação: entendida assim, a educação social consistiria na


aquisição, por parte do indivíduo, das características intelectuais, sociais e culturais
necessárias à sua adaptação e que lhe permitem viver num ambiente social
concreto. Deve considerar-se que esta adaptação social se dá ao longo de toda a
vida e não apenas em determinados momentos ou fases. A educação social
adaptativa é um processo de contínuas adaptações do homem ao meio ambiente. A
educação social seria, pois, a expressão do desenvolvimento adaptativo do
educando, como ser vivo, às necessidades sociais em permanente mutação.

– Como socialização: a educação social é entendida, por alguns, como o


processo que torna possível a integração social dos indivíduos, assimilando as
normas, valores e atitudes que lhes permitem uma convivência normalizada. Nesta
perspectiva, este tipo de educação consistiria numa aprendizagem social que
permitiria ao homem e à mulher a entrada no grupo social.

Cabe aqui falar de três tipos de socialização: a socialização primária é a que


se produz, fundamentalmente, no núcleo familiar e refere-se à aprendizagem afetiva
dos comportamentos do grupo; a socialização secundária é o resultado das
interações que se produzem em nível do ecossistema, com grupos mais gerais e
menos afetivos (escola).

Com este tipo de socialização consegue-se interiorizar o sistema de valores


que as instituições se encarregam de transmitir; por último, falamos de socialização
terciária para nos referirmos a ressocialização, reeducação social, etc., ou seja, o
processo mediante o qual se pretende que um indivíduo se reintegre na sociedade
depois de ter revelado condutas anti-sociais, associais ou dissociais.

– Como aquisição de competências sociais: a educação social entendida


deste modo é uma ação educativa que procura que os indivíduos pertencentes a
uma determinada sociedade se formem e adquiram as habilidades e competências
sociais, consideradas necessárias para alcançar a integração social. Educar para a
participação social implica, fundamentalmente, melhorar as relações em todos os
âmbitos relacionais da pessoa, é preparar o homem para atuar com habilidade social
no campo das relações laborais, é gerar mudanças de atitude, face à cultura e às

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outras culturas, é, finalmente, assumir os princípios básicos de uma justa


convivência social.

– Como didática do social: nesta perspectiva a educação social é uma


intervenção sócio-comunitária em função de problemas e de determinadas
orientações institucionais. Vista desta maneira, é algo parecido a uma ciência da
intervenção face aos problemas sociais. É uma didática do social.

No entanto, é necessário esclarecer que este nos parece um posicionamento


num paradigma radicalmente tecnológico, que é contrário aos princípios da
educação social, e isto porque, nesta perspectiva, só se procura a solução dos
problemas sem que se coloquem os princípios éticos em que se baseiam umas
soluções ou outras, bem como os possíveis problemas delas derivados.

– Como ação profissional qualificada: a educação social é concebida também


como a ação qualificada dos profissionais, os quais, mediante a utilização dos
recursos necessários e oportunos, procuram dar solução a determinados problemas
e necessidades de pessoas ou grupos que se encontram em situação de risco ou
necessidade social.

– Como ação próxima da inadaptação social: há quem utilize a expressão


educação social para referir, de forma exclusiva, a intervenção educativa que se
realiza diante de problemas de inadaptação e marginalização social. A educação
social, não só deve dar resposta aos problemas da inadaptação, mas também, entre
outras coisas, deve desenvolver e promover a qualidade de vida dos cidadãos,
aplicar estratégias para prevenir os desequilíbrios sociais, etc. Torna-se assim claro
que a função da educação social não se esgota no âmbito da inadaptação social.

– Como formação política do cidadão: desde o início que a educação social


foi influenciada pelos poderes públicos com fins políticos, quer dizer, entendida como
formação social e política do cidadão. No entanto, na atualidade, esta perspectiva
não goza de muitos adeptos. A influência das políticas sociais dos Estados
providência são as que dão forma e identidade às parcelas mais importantes da
educação social.

– Como prevenção e controlo social: a educação social, entendida como


prevenção e controlo social, supõe um conjunto de procedimentos por meio dos
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quais se procura que os membros de uma sociedade cumpram as normas


consideradas necessárias para conseguir a ordem social. No Estado-providência
todo o processo educativo transporta consigo controlo social, moral e cultural. O
controlo é também uma prevenção dos desvios e, por isso, a educação social
implica uma função preventiva do desvio social.

A relação entre política social e educação social é clara, porém, a primeira


não deve exercer um controlo severo, determinismo ou intrusismo nos princípios
pedagógicos desta. A educação social alcançará o seu verdadeiro espaço quando
conseguir melhorar a convivência entre os cidadãos. Se o trabalho sócio-educativo é
uma atividade que surge da própria necessidade da vida em convivência, a relação
entre educação, prevenção e controlo parece evidente.

– Como trabalho social educativo: muitos profissionais da educação social


entendem que o seu trabalho tem todas as características de um trabalho social,
mas há que deixar claro que o trabalho destes profissionais deve ser sempre
realizado a partir de uma perspectiva educativa, não se centrando exclusivamente,
como até a não demasiados anos, nas atividades de caráter assistencial. Esse
compromisso educativo é precisamente o que dará uma nova dimensão às suas
intervenções, de tal modo que se gerará um compromisso para a mudança no
sentido de uma sociedade mais justa.

A educação social é uma atividade pedagógica inserida no âmbito do trabalho


social; por seu turno, este e os serviços sociais podem encontrar nas teorias,
modelos e métodos pedagógicos uma fundamentação e consistência que seria
injustificável recusar por problemas principalmente corporativos. A intervenção social
configura-se a partir de uma perspectiva interdisciplinar e, em consequência, a
educação social pode ser concebida a partir de duas perspectivas complementares:
em primeiro lugar, será função da educação social a correta socialização do
indivíduo e, em segundo lugar, a intervenção para aliviar as necessidades geradas
pela convivência, tarefa esta que, pelo seu caráter global, deve ser partilhada com
outros profissionais como os trabalhadores sociais, psicólogos, sociólogos, etc.

– Como paidocenosis: poucos autores duvidam hoje que a educação é o


resultado de um conjunto variado de estímulos e circunstâncias. Atualmente, é

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comumente aceito a ideia de que a educação não se limita de forma exclusiva ao


âmbito escolar.

O educador faz parte de um sistema mais amplo – espaço escolar e extra-


escolar, no qual se informa o indivíduo. Nesta perspectiva, pode justificar-se a ideia
de entender a educação social como paidocenosis, ou seja, como uma ação
educadora da sociedade.

Este tipo de educação converteu-se num instrumento da inclusão social, mas


não deve limitar-se a isso, deve ser um recurso para melhorar a própria sociedade
numa constante revisão dos princípios nos quais esta se apóia e a própria educação
social, propugnando que uma e outra se fundamentem em princípios éticos e de
eficácia.

– Como educação extra-escolar: alguns autores defendem uma posição


excludente relativamente à educação social e utilizam os termos de educação não
formal para a situar, isto é, recorrem ao conceito de extra-escolaridade.

Portanto, nesta perspectiva, a educação social abarcaria toda a intervenção


educativa estruturada que se encontra à margem do sistema educativo
regulamentado. Também é frequente a afirmação de que não deve ter a
responsabilidade da atividade escolar.

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UNIDADE 2 - PEDAGOGIA SOCIAL: IMPASSES, DESAFIOS


E PERSPECTIVAS EM CONSTRUÇÃO

Há 30 anos atrás, as questões proeminentes que preocupavam os cientistas


sociais, educadores, eram temas ligados ao desenvolvimento econômico, a
modernização, a participação política, a democracia ou a mobilidade social ligadas
direta ou indiretamente à educação. Hoje a pobreza e a exclusão social, são temas
dominantes, que requerem imediatamente atenção e definição de foco, no âmago da
totalidade socioeconômica das que geram pobreza, desigualdade social e injustiças
para a maioria da população excluída da sociedade.

Sem dúvida, nunca estes temários estiveram ausentes da discussão e do


debate social, no entanto, hoje se colocam em primeiro plano, no que se referem às
perspectivas paradigmáticas e conceituais, ligadas diretamente a políticas públicas
concretas e emergentes, além de necessárias e urgentes.

O quadro ou o cenário da realidade é profundamente complexo, em relação


aos acontecimentos históricos, aos valores, interesses econômicos contraditórios, as
causas e efeitos geradores da exclusão social que requerem e exigem uma
reconstrução histórica profunda com identificação refeita e redimensionada de
concepções reconstruídas e reconceitualizadas do ponto de vista holístico, heurístico
e interdisciplinar.

Neste amplo cenário sócio-econômico-cultural, reaparece a educação, cuja


má qualidade, a falta de formação de seus agentes, a pouca infra-estrutura onde
ocorre, dentre outros inúmeros fatores, também é responsável pela pobreza, pela
desigualdade e exclusão social, não só no Brasil, mas em todas as regiões latino-
americanas.

Reafirmadas em estudos e pesquisas que comprovam esta relação, seja por


falta de recursos, instrumentos e ou mecanismos para a melhora de qualidade da
educação e o pleno êxito do aprendiz no que se refere ao seu espírito crítico, criativo
e participativo, a partir de uma aprendizagem competente e consequente, ampla e
inquietante, questionadora e discernida.

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Há um movimento em marcha, na sociedade global, onde as manifestações


da sociedade civil se propõem, a novas crenças e capacidades de organizar-se,
mobilizar-se e conquistar, por si própria, aquilo que os setores públicos não
conseguem proporcionar, frente à pobreza e a exclusão.

No artigo 7° da Constituição Brasileira de 1988, há uma listagem de 34 itens


que consagram a noção de que, além dos direitos políticos, os cidadãos brasileiros
também tem obrigatoriamente direitos sociais, que vão desde o direito ao emprego e
a educação até o direito ao atendimento, pelo setor público, de suas necessidades
de saúde, lazer, seguro social, dentre outros.

Parece óbvio, a execução destes direitos, mas ainda estamos muito longe de
começar a concretizar esta jornada.Na sociedade brasileira, portanto os processos
de exclusão passam por acesso a emprego, renda e benefícios dos
desenvolvimentos econômicos, restritos a determinados segmentes da sociedade.

A economia brasileira se situa entre as mais desenvolvidas da região, mas


socialmente geram níveis de exclusão e desigualdade entre os países piores do
mundo, muitas pesquisas apontam, de os pobres vivem com até US$ 1 por dia por
mês. A pobreza é urbana localizada nas periferias das grandes cidades e constituída
por pessoas em grande parte oriundas do campo, ou de regiões pauperizadas do
Brasil, como é o nordeste.

Há uma análise geral feita por especialistas de que não só a desigualdade da


renda no país, são determinantes, mas incluem a diferença de educação. Com a
escassez da educação, relacionada à pobreza, há necessidade de reverter e alterar
substantivamente esta situação: com aumentos significativos de custos, programas
focalizados nas necessidades, com políticas redistributivas.

O conceito de exclusão, portanto se liga aos diagnósticos da pobreza e da


desigualdade, por não propiciarem efetivação da cidadania, apesar da legislação
social e do esforço das políticas públicas, assim não pertencem à comunidade
política e social, uma vez que não tem acesso ao consumo dos bens e serviços de
cidadania.

Portanto a concepção de exclusão social é inseparável do conceito de


cidadania e se refere aos direitos que as pessoas têm de participar da sociedade e
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usufruir dos benefícios e bens produzidos por ela. Sejam os direitos civis, políticos e
sociais definidos como:

Civis: aqueles que protegem o cidadão contra o arbítrio do Estado, facultando


direito de ir e vir, se expressar com liberdade;

Políticos: são aqueles direitos que facultam o papel do cidadão na


organização política de sua comunidade, votar, ser votado, etc.;

Sociais: são os direitos que se vinculam à vida digna e a convivência social,


educação, saúde, trabalho dentre outros.

Reafirmam-se outras formas de inclusão social cidadã, quando se concebem


e se preenchem ausências de mecanismos de participação e controle como
conselhos paritários – Estado e Sociedade Civil – orçamentos participativos e a
implementação de organizações não governamentais e movimentos sociais que
promovem as políticas públicas.

As contribuições positivas da educação para a sociedade destacam-se duas:


a reorganização da cidadania, pela criação de uma ordem mais justa, fraterna e o
desenvolvimento das habilidades, competências para a vida, que permitam menos
exclusão e as desigualdades sociais e econômicas, levando-se em conta a
diversidade e o multiculturalismo.

Ainda ressalta-se, a priorização de valores cívicos, culturais, sociais e morais,


com ênfase no meio ambiente e na ética, além da pluralidade cultural balizadas pelo
conhecimento científico, técnico e humanista na formação dos aprendizes. A
educação é uma atividade para vida, que ocorre na família, na rua, na igreja, no
trabalho, na escola e em todos os espaços sociais.

2.1. Pedagogia Social: uma obra em construção

"A mão estendida é o início do abraço, esta é a nossa intenção, o ponto de


partida, o marco inaugural do longo processo de busca da justiça, da
liberdade, da igualdade... nossa utopia. Vamos ampliar os limites de nossas
fronteiras na composição do novo. Vamos ousar... invadir o interior das
pessoas... causar uma reviravolta... revelando e revisando desejos,
prazeres, paixões. Junte-se a nós”.(Pe. Antonio Vieira -1994 )

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Nesse sentido é que nascem as palavras e as ações diante da comunidade


de educadores que nos cercam, em todos os lugares onde ocupamos qualquer
território: escola, família, rua, igreja, comunidade. São momentos perenes onde o
diálogo rompe o silêncio dando espaço para a conversa, circulando o ato de
aprender e de ensinar simultaneamente.Foi a pedagogia freireana, que possibilitou
esta reflexão e ação junto aos mais pobres e excluídos da sociedade.

Foi esta relação social educativa que permitiu aos pobres tornarem-se
sujeitos políticos, pois para Paulo Freire, toda educação é um ato político. Os
excluídos contribuíram com sua pedagogia própria, suas crenças, valores e
principalmente histórias de migração, de subsistência e sobrevivência em territórios
áridos, propiciou que produzissem, não discursos abstratos e sem consistência
empírica concreta, mas um discurso vivo, plástico, estético e poético baseado na
vida.

Discursos plenos e transbordantes de metáforas, onde não escrevem ou


moldam conceitos, mas denunciam fatos acontecimentos existenciais, carregados de
emoção, profundidade e dignidade ética. Lêem o mundo, através dos sentidos,
quando apreciam um quadro, quando vêem uma multidão se manifestando, quando
dizem poesias de cordel, criadas no íntimo do coração dilacerado ou retratam um
folguedo infantil; ou ouvem o anúncio de um ensino que badala ou os acordes da
viola; tudo isto se refere à cultura popular. Frei Beto, na contra capa da Pedagogia
da Autonomia afirma:

"O que existem são culturas paralelas, distintas e socialmente


complementares. (...) o pobre sabe, mas nem sempre sabe que sabe. E
quando aprende é capaz de expressões como esta que ouvi da boca de um
senhor alfabetizado aos 60 anos:” agora sei quanta coisa não sei““.

A pedagogia freireana há quatro décadas propiciou transformações incríveis,


não só em educadores, mas também em educandos, que saíram de sua
ingenuidade para esfera crítica, da passividade para a militância em movimentos
sociais, sindicais e populares, da descrença para a esperança de que as coisas
possam mudar e da resignação para a utopia, convencidos de que são sujeitos
históricos capazes de ocupar a vida política do brasileiro, indignados com a pobreza,
com a exclusão e a desigualdade social.

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Estas representações sociais são tomadas como denúncias das condições de


pobreza que ocorre na sociedade, marcada por desigualdades de oportunidades nos
diversos segmentos sociais excluídos. Entendemos por representação social, como
a forma intercalada e assimilada de todas as coisas que entramos em contato, seja
com o corpo – relações concretas vividas – seja com o pensamento – relações
imaginárias – as quais aprendemos a significar ou valorizar.

A pedagogia social caracteriza-se, pois, como um projeto radical de


transformação política e social, uma vez que:

A. propõe inicialmente criar uma teoria renovada de relação homem,


sociedade e cultura, com uma ação pedagógica que pretende fundar, a partir do
exercício em todos os níveis e modalidades da pratica social, uma educação
libertadora;

B. realiza-se no domínio específico da prática social com classes sociais


populares, a partir de um trabalho político educacional de libertação popular, com o
intuito de ser conscientizador com sujeitos, grupos e movimentos das camadas
excluídas;

C. concretiza-se como ação educativa com agentes e sujeitos


comprometidos, onde se estabelece através da relação dialógica, um sistemático
processo de intercâmbio de conhecimento e saberes, onde a troca de experiências é
primordial;

D. Orienta-se pela pedagogia libertadora protagônica baseada


fundamentalmente na memória histórica na identidade coletiva, na dinâmica cultural,
na possibilidade entre a capacidade lógica de compreender os liames capitalistas e
a valorização da participação comunitária e, auto-estima, autovalorização,
autoconfiança e autodeterminação de sujeitos que tentam construir uma nova ordem
social, econômica e cultural.

Para efetivar uma pedagogia social competente e consequente


historicamente, é imprescindível: de um lado, buscar conhecer a sabedoria popular
expressa em seus códigos, dramaturgia, religiosidade, produtos culturais e senso
comum, base fundamental que deve servir de plataforma para ele (indivíduo, grupo,
classe popular) e os intelectuais orgânicos possam chegar à hegemonia da
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sociedade civil no processo concomitante de sua libertação social, econômica e


política; de outro, entender que o povo não se apresenta como uma entidade única,
como conceitua Gramsci (1984):

"O próprio povo não é uma coletividade homogênea, mas apresenta


numerosas estratificações culturais, variadamente combinadas;
estratificações que em sua pureza, nem sempre podem ser identificadas em
determinadas coletividades populares históricas, sendo certo, porém, que o
grau maior ou menor de isolamento histórico de tais coletividades fornece a
possibilidade de uma certa identificação”.

Além disso, os agentes da pedagogia social, que efetuaram a animação


popular, precisam buscar e caracterizar os componentes ideológicos das classes
populares, expressar organizar, com estímulos diferenciados, as ideologias
dominadas em suas múltiplas formas de manifestação, empregando estratégias
(técnicas e métodos) criativas de comunicação com o povo e utilizando meios e
instrumentos ajustados à melhor divulgação dessas ideologias para o conjunto da
sociedade civil, ganhando amplitude paulatinamente e conquistando aliados.

É nesse sentido que os intelectuais ligados a essa área produzem


conhecimentos reconstituindo o real, buscando explicação e previsão, aplicando
conceitos e categorias de interpretação de dados por suas teorias e modelos,
trabalhando para estruturá-los e hierarquizá-los em conformidade com as variações
históricas, ou redefinindo os já existentes, ou criando novos, sempre como
consequência da interação teórico-prática.

Como Luiz Wanderley ( 2003) coloca:

"Uma condição relativa ao trabalho dos intelectuais com o povo reporta-se a


determinadas qualidades pessoais e coletivas que esses intelectuais devem
ter nas atitudes e comportamentos da sua prática efetiva junto ao trabalho
de libertação das classes populares. Ou seja, é necessária sua identificação
pela consciência e pela prática com as classes populares, o que implica a
obtenção de novas adesões para a hegemonia das classes a que se quer
vincular organicamente. Para ganhar a confiança e o respeito mútuo do
povo, principalmente para vencer a desconfiança das palavras inúteis e das
falsas promessas a que os trabalhadores em geral se acostumaram, exige-
se dos intelectuais um esforço permanente de sobrepujar modos de agir e
de pensar adquiridos historicamente em nosso país, configurados no que se
tem cognominado de uma ‘filosofia tutelar’ – exemplificada, entre outras,
pelas características de autoritarismo, de paternalismo, de clientelismo, de
individualismo e de elitismo -, que impede a solidariedade fundamental para
a comunhão de interesses e tem servido para atrasar a história
irreparavelmente”.

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Há que se preocupar também com outro aspecto profundamente importante


na prática de pedagogia social, que diz respeito ao uso de manipulação e
massificação ante os grupos trabalhados e às alianças e compromissos típicos do
jogo político, que dessa experiência emanam, ligados à luta e à disputa pelo poder.

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UNIDADE 3 - DISTINÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO NÃO


FORMAL, FORMAL E INFORMAL

A educação não-formal designa um processo com várias dimensões tais


como: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a
capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de
habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício
de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos
comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a
aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura do
mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor; a
educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica etc.

Em suma, consideramos a educação não-formal como um dos núcleos


básicos de uma Pedagogia Social. Quando tratamos da educação não-formal, a
comparação com a educação formal é quase que automática. O termo não-formal
também é usado por alguns investigadores como sinônimo de informal.
Consideramos que é necessário distinguir e demarcar as diferenças entre estes
conceitos.

A princípio podemos demarcar seus campos de desenvolvimento: a educação


formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados;
a informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de
socialização - na família, bairro, clube, amigos etc., carregada de valores e culturas
próprias, de pertencimento e sentimentos herdados: e a educação não-formal é
aquela que se aprende "no mundo da vida", via os processos de compartilhamento
de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas.

Vamos tentar demarcar melhor essas diferenças por meio uma série de
questões, que são aparentemente extremamente simples, mas nem por isso
simplificadoras da realidade, a saber:

 Quem é o educador em cada campo de educação que estamos tratando?

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 Em cada campo, quem educa ou é o agente do processo de construção do


saber? Na educação formal sabemos que são os professores. Na não- formal,
o grande educador é o outro, aquele com quem interagimos ou nos
integramos. Na educação informal, os agentes educadores são os pais, a
família em geral, os amigos, os vizinhos, colegas de escola, a igreja paroquial,
os meios de comunicação de massa etc.

 Onde se educa? Qual é o espaço físico territorial onde transcorrem os atos e


os processos educativos? Na educação formal estes espaços são os do
território das escolas, são instituições regulamentadas por lei, certificadoras,
organizadas segundo diretrizes nacionais. Na educação não -formal, os
espaços educativos localizam-se em territórios que acompanham as
trajetórias de vida dos grupos e indivíduos, fora das escolas, em locais
informais, locais onde há processos interativos intencionais (a questão da
intencionalidade é um elemento importante de diferenciação). Já a educação
informal tem seus espaços educativos demarcados por referências de
nacionalidade, localidade, idade, sexo, religião, etnia etc. A casa onde se
mora, a rua, o bairro, o condomínio, o clube que se frequenta, a igreja ou o
local de culto a que se vincula sua crença religiosa, o local onde se nasceu
etc.

 Como se educa? Em que situação, em qual contexto? A educação formal


pressupõe ambientes normatizados, com regras e padrões comportamentais
definidos previamente. A não-formal ocorre em ambientes e situações
interativos construídos coletivamente, segundo diretrizes de dados grupos,
usualmente a participação dos indivíduos é optativa, mas ela também poderá
ocorrer por forças de certas circunstancias da vivência histórica de cada um.
Há na educação não-formal uma intencionalidade na ação, no ato de
participar, de aprender e de transmitir ou trocar saberes. Por isso, a educação
não-formal situa-se no campo da Pedagogia Social- aquela que trabalha com
coletivos e se preocupa com os processos de construção de aprendizagens e
saberes coletivos. A informal opera em ambientes espontâneos, onde as
relações sociais se desenvolvem segundo gostos, preferências, ou
pertencimentos herdados.

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 Qual a finalidade ou objetivos de cada um dos campos de educação


assinaladas?

Na educação formal, entre outros objetivos destacam-se os relativos ao


ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados, normalizados
por leis, dentre os quais destacam-se o de formar o indivíduo como um cidadão
ativo, desenvolver habilidades e competências várias, desenvolver a criatividade,
percepção, motricidade etc.

A educação informal socializa os indivíduos, desenvolve hábitos, atitudes,


comportamentos, modos de pensar e de se expressar no uso da linguagem,
segundo valores e crenças de grupos que se frequenta ou que pertence por
herança, desde o nascimento Trata-se do processo de socialização dos indivíduos.

A educação não- formal capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do


mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo
que circunda os indivíduos e suas relações sociais. Seus objetivos não são dados a
priori, eles se constroem no processo interativo, gerando um processo educativo.

Um modo de educar surge como resultado do processo voltado para os


interesses e as necessidades que dele participa. A construção de relações sociais
baseadas em princípios de igualdade e justiça social, quando presentes num dado
grupo social, fortalece o exercício da cidadania.

A transmissão de informação e formação política e sócio- cultural é uma meta


na educação não formal. Ela preparar os cidadãos, educa o ser humano para a
civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo etc. Quais são os
principais atributos de cada uma das modalidades educativas que estamos
diferenciando?

A educação formal requer tempo, local específico, pessoal especializado.


Organização de vários tipos (inclusive a curricular), sistematização sequencial das
atividades, disciplinamento, regulamentos e leis, órgãos superiores etc. Ela tem
caráter metódico e, usualmente, divide-se por idade/ classe de conhecimento.

A educação informal não é organizada, os conhecimentos não são


sistematizados e são repassados a partir das práticas e experiência anteriores,

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usualmente é o passado orientando o presente. Ela atua no campo das emoções e


sentimentos. É um processo permanente e não organizado.

A educação não -formal tem outros atributos: ela não é, organizada por
séries/ idade/conteúdos; atua sobre aspectos subjetivos do grupo; trabalha e forma a
cultura política de um grupo.Desenvolve laços de pertencimento. Ajuda na
construção da identidade coletiva do grupo (este é um dos grandes destaques da
educação não-formal na atualidade).

Ela pode colaborar para o desenvolvimento da auto-estima e do


empowerment do grupo, criando o que alguns analistas denominam, o capital social
de um grupo. Fundamenta-se no critério da solidariedade e identificação de
interesses comuns e é parte do processo de construção da cidadania coletiva e
pública do grupo.

Quais são os resultados esperados em cada campo assinalado?

Na educação formal espera-se, além da aprendizagem efetiva (que,


infelizmente nem sempre ocorre), há a certificação e titulação que capacitam os
indivíduos a seguir para graus mais avançados. Na educação informal os resultados
não são esperados, eles simplesmente acontecem a partir do desenvolvimento do
senso comum nos indivíduos, senso este que orienta suas formas de pensar e agir
espontaneamente.

A educação não- formal poderá desenvolver, como resultados, uma série de


processos tais como:

 consciência e organização de como agir em grupos coletivos;

 a construção e reconstrução de concepção (s) de mundo e sobre o mundo,;

 a contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade;

 forma o indivíduo para a vida e suas adversidades (e não apenas capacita-o


para entrar no mercado de trabalho);

 quando presente em programas com crianças ou jovens adolescentes a


educação não-formal resgata o sentimento de valorização de si próprio (o que
a mídia e os manuais de auto-ajuda denominam, simplificadamente, como a

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auto-estima); ou seja dá condições aos indivíduos para desenvolverem


sentimentos de auto-valorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são
dirigidos, o desejo de lutarem para de ser reconhecidos como iguais
(enquanto seres humanos), dentro de suas diferenças (raciais, étnicas,
religiosas, culturais etc.);

 os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática, os indivíduos


aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca.

3.1 Educação informal ou Educação Não-formal?

Você sabe qual é a diferença entre educação não-formal e educação


informal?

Segundo PARK e FERNANDES, 2005, (...) entende-se que educação informal


é toda gama de aprendizagens que realizamos (tanto no papel de ensinantes como
de aprendizes), e que acontece sem que haja um planejamento específico e, muitas
vezes, sem que nos demos conta (Trilla, 2003).

Acontece ao longo da vida, constitui um processo permanente e contínuo e


não previamente organizado (Afonso, 2002).

Keis, Lang, Mietus e Tiapula (apud Brembeck, 1974) ainda fazem uma sutil
diferenciação entre educação informal e incidental. Para eles, este termo diz respeito
“a algumas experiências educacionalmente não-intencionais, mas não menos
poderosas”.

Os resultados são tão comuns e são produzidos tão completamente sem


consciência ou intenção que são comumente pensados como sendo ‘naturais’ ou
‘inerentes’. O fato é que são aprendidos”, “as mesmas experiências ou similares
podem ser conscientemente examinadas e deliberadamente incrementadas através
de conversa, explanação, interpretação, instrução, disciplina e exemplo de pessoas
mais velhas, de pares e de outros, tudo dentro do contexto de vivência individual e
social do dia-a-dia.

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Alguns incrementos podem pretender ser educativo, mas as próprias


experiências não são planejadas conscientemente para isso. Alguns incrementos de
experiências da vida real constituem a educação informal”. Fazem parte deste rol de
aprendizagens e conhecimentos a percepção gestual, moral, comportamentos,
provenientes de meios familiares, de amizade, de trabalho, de socialização,
midiática, nos espaços públicos em que repertórios são expressos e captados de
formas assistemáticas. Tais experiências e vivências acontecem, inclusive, nos
espaços institucionalizados, e a apreensão se dá de forma individualizada, podendo,
posteriormente, ser socializada.

3.2 Educação formal e educação não-formal

Define-se educação não-formal como “toda atividade educacional organizada,


sistemática, executada fora do quadro do sistema formal para oferecer tipos
selecionados de ensino a determinados subgrupos da população” (La Belle, 1982:2).
Uma definição que mostra a ambiguidade dessa modalidade de educação, já que
ela se define em oposição (negação) a um outro tipo de educação: a educação
formal. Usualmente define-se a educação não-formal por uma ausência, em
comparação com a escola, tomando a educação formal como único paradigma,
como se a educação formal escolar também não pudesse aceitar a informalidade, o
“extra-escolar”.

Gostaria de definir a educação não-formal por aquilo que ela é, pela sua
especificidade e não por sua oposição à educação formal. Gostaria também de
demonstrar que o conceito de educação sustentado pela Convenção dos Direitos
da Infância ultrapassa os limites do ensino escolar formal e engloba as experiências
de vida, e os processos de aprendizagem não-formais, que desenvolvem a
autonomia da criança.

Como diz Paulo Freire “Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que
aprendemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância
das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das
escolas, nos pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal

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administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação” (Freire,


1997:50).

A educação formal tem objetivos claros e específicos e é representada


principalmente pelas escolas e universidades. Ela depende de uma diretriz
educacional centralizada como o currículo, com estruturas hierárquicas e
burocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos
ministérios da educação.

A educação não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos


burocrática.Os programas de educação não-formal não precisam necessariamente
seguir um sistema sequencial e hierárquico de “progressão”. Podem ter duração
variável, e podem, ou não, conceder certificados de aprendizagem.

Toda educação é, de certa forma, educação formal, no sentido de ser


intencional, mas o cenário pode ser diferente: o espaço da escola é marcado pela
formalidade, pela regularidade, pela sequencialidade. O espaço da cidade (apenas
para definir um cenário da educação não formal) é marcado pela descontinuidade,
pela eventualidade, pela informalidade. A educação não-formal é também uma
atividade educacional organizada e sistemática, mas levada a efeito fora do sistema
formal. Daí também alguns a chamarem impropriamente de “educação informal”.
São múltiplos os espaços da educação não-formal.

Além das próprias escolas (onde pode ser oferecida educação não -formal)
temos as Organizações Não-Governamentais (também definidas em oposição ao
governamental), as igrejas, os sindicatos, os partidos, a mídia, as associações de
bairros, etc. Na educação não-formal, a categoria espaço é tão importante como a
categoria tempo.

O tempo da aprendizagem na educação não-formal é flexível, respeitando as


diferenças e as capacidades de cada um, de cada uma. Uma das características da
educação não-formal é sua flexibilidade tanto em relação ao tempo quanto em
relação à criação e recriação dos seus múltiplos espaços.

Trata-se de um conceito amplo, muito associado ao conceito de cultura. Daí


ela estar ligada fortemente a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos

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enquanto cidadãos e à participação em atividades grupais, sejam esses adultos ou


crianças.

Segundo GOHN (1999:98-99), a educação não-formal designa um processo


de formação para a cidadania, de capacitação para o trabalho, de organização
comunitária e de aprendizagem dos conteúdos escolares em ambientes
diferenciados. Por isso ela também é muitas vezes associada à educação popular
e à educação comunitária.

A educação não-formal estendeu-se de forma impressionante nas últimas


décadas em todo o mundo como “educação ao longo de toda a vida” (conceito
difundido pela UNESCO), englobando toda sorte de aprendizagens para a vida, para
a arte de bem viver e conviver.

“A difusão dos cursos de auto-conhecimento, das filosofias e técnicas


orientais de relaxamento, meditação, alongamentos etc. deixaram de ser vistas
como esotéricas ou fugas da realidade. Tornaram-se estratégias de resistência,
caminhos de sabedoria. É também um grande campo de educação não-formal”
(GOHN, 1999:99).

Não se trata, portanto, aqui, de opor a educação formal à educação não-


formal. Trata-se de conhecer melhor suas potencialidades e harmonizá-las em
benefício de todos e, particularmente, das crianças.

Gostaria, a seguir, de me referir a um exemplo concreto de um espaço cada


vez mais utilizado para na educação tanto formal quanto não-formal. Trata-se do
ciberespaço da formação propiciado pelo avanço das novas tecnologias.

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UNIDADE 4 - A EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL: CAMPOS E


PROBLEMAS

A educação não-formal designa um processo com quatro campos ou


dimensões, que correspondem a suas áreas de abrangência.

-O primeiro envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos


enquanto cidadãos isto é, o processo que gera a conscientização dos indivíduos
para a compreensão de seus interesses e do meio social e da natureza que o cerca,
por meio da participação em atividades grupais.

-O segundo se refere à capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio,


seja, da aprendizagem de habilidades ou desenvolvimento de potencialidades.

-O terceiro, a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os


indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltados para a solução de
problemas coletivos cotidianos.

-O quarto, mas não menos importante, é a aprendizagem dos conteúdos da


escolarização formal, escolar, em formas e espaços diferenciados. Aqui o ato de
ensinar se realiza de forma mais espontânea, e as forças sociais organizadas de
uma comunidade têm o poder de interferir na delimitação do conteúdo didático
ministrado bem como estabelecer as finalidades a que se destinam àquelas práticas.

-O quinto é a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a


eletrônica, que alguns educadores ainda não têm dado muita atenção a esta
modalidade.

Finalmente, deve-se registrar ainda o campo da educação para a vida ou para


a arte de bem viver. Em tempos de globalização, devemos traduzir isto em: como
viver ou conviver com o stress.

A educação não-formal também tem conseguido um grande campo na difusão


dos cursos de auto-conhecimento, das filosofias e técnicas orientais de relaxamento,
meditação, alongamentos etc. deixaram de ser vistas como esotéricas ou fugas da
realidade. Tornaram-se estratégias de resistência, caminhos de sabedoria.

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A Educação transmitida pelos pais na família, no convívio com amigos,


clubes, teatros, leitura de jornais, livros, revistas etc. são considerados como temas
da educação informal. O que diferencia a educação não-formal da informal é que na
primeira existe intencionalidade de dados sujeitos, em criar ou buscar determinadas
qualidades e/ou objetivos.

A educação informal decorre de processos espontâneos ou naturais, ainda


que seja carregada de valores e representações, como é o caso da educação
familiar que ocorre nos espaços de possibilidades educativas no decurso da vida
dos indivíduos, como a família, tendo, portanto caráter permanente. Mas o termo
informal não abrange as possibilidades da educação não-formal que se destaca
neste texto, ou seja, as ações e práticas coletivas organizadas em movimentos,
organizações e associações sociais.

Usualmente se define a educação não-formal por uma ausência, em


comparação ao que há na escola (algo que seria não-intencional, não planejado,
não estruturado), tomando como único paradigma à educação formal.Conclui-se que
os dois únicos elementos diferenciadores que têm sido assinalados pelos
pesquisadores são relativos à organização e à estrutura do processo de
aprendizado.

Os espaços onde se desenvolvem ou se exercitam as atividades da educação


não-formal são múltiplos, a saber: no bairro-associação, nas organizações que
estruturam e coordenam os movimentos sociais, nas igrejas, nos sindicatos e nos
partidos políticos, nas Organizações Não-Governamentais, nos espaços culturais, e
nas próprias escolas, nos espaços interativos dessas com a comunidade educativa
etc. Entretanto, as categorias de espaço e tempo também têm novos elementos na
educação não-formal porque usualmente o tempo da aprendizagem não é fixado a
priori, e sim são respeitadas as diferenças existentes para a absorção e
reelaboração dos conteúdos, implícitos ou explícitos, no processo ensino-
aprendizagem.

Na educação não-formal a cidadania é o objetivo principal, e ela é pensada


em termos de coletivo. Organizam-se processos de acesso à escrita e à leitura - por
meio de métodos de alfabetização - para coletivos específicos, a saber: grupos de

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trabalhadores, grupos de jovens, adultos etc. Ou organizam-se processos de


reciclagem ou formação, segundo determinadas demandas sociais.

4.1 Algumas Características da Educação Não-Formal: Metas, e Metodologias

A seguir listamos algumas características que a educação não formal pode


atingir em termos de metas. Consideramos estas metas como um campo a ser
desenvolvido pela Pedagogia Social:

 Aprendizado quanto a diferenças - aprende-se a conviver com demais.


Socializa-se o respeito mútuo;

 Adaptação do grupo a diferentes culturas, e o indivíduo ao outro, trabalha o


"estranhamento";

 Construção da identidade coletiva de um grupo;

 Balizamento de regras éticas relativas às condutas aceitáveis socialmente.

 O que falta na educação não-formal:

 Formação específica a educadores a partir da definição de s eu papel e


atividades a realizar;

 Definição de funções e objetivos de educação não formal;

 Sistematização das metodologias utilizadas no trabalho cotidiano;

 Construção de instrumentos metodológicos de avaliação e análise do trabalho


realizado;

 Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do trabalho


realizado;

 Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do trabalho


de egressos que participaram de programas de educação não formal;

 Criação de metodologias e indicadores para estudo e análise de trabalhos da


educação não formal em campos não sistematizados. Aprendizado gerados
pela vontade do receptor;

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 Mapeamento das formas de educação não formal na auto- aprendizagem dos


cidadãos (principalmente jovens no campo da auto-aprendizagem musical).

Metodologias

A questão da metodologia merece um destaque porque é um dos pontos mais


fracos na educação não-formal e a comparação com as outras modalidades
educativas que utilizamos no item anterior não nos ajuda muito. De toda forma, na
educação formal as metodologias são, usualmente, planificada previamente
segundo conteúdos prescritos nas leis.

As metodologias de desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem são


compostas por um leque grande de modalidades, temas e problemas e não vamos
adentrar neste debate porque não é nossa área de conhecimento. A educação
informal tem como método básico à vivência e a reprodução do conhecido, a
reprodução da experiência segundo os modos e as formas como foram apreendidas
e codificadas.

Na educação não-formal, as metodologias operadas no processo de


aprendizagem parte da cultura dos indivíduos e dos grupos. O método nasce a partir
de problematização da vida cotidiana; os conteúdos emergem a partir dos temas que
se colocam como necessidades, carências, desafios, obstáculos ou ações
empreendedoras a serem realizadas; os conteúdos não são dados a priori. São
construídos no processo. O método passa pela sistematização dos modos de agir e
de pensar o mundo que circunda as pessoas. Penetra-se portanto no campo do
simbólico, das orientações e representações que conferem sentido e significado às
ações humanas. Supõe a existência da motivação das pessoas que participam. Ela
não se subordina às estruturas burocráticas. É dinâmica. Visa à formação integral
dos indivíduos.

Neste sentido tem um caráter humanista. Ambiente não formal e mensagens


veiculadas "falam ou fazem chamamentos" às pessoas e coletivos, e as motivam.
Mas como há intencionalidades nos processos e espaços da educação não-formal,
há caminhos, percursos, metas, objetivos estratégicos que podem se alterar
constantemente.
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Há metodologias, em suma, que precisam ser desenvolvidas, codificadas,


ainda que com alto grau de provisoriedade pois o dinamismo, a mudança, o
movimento da realidade segundo o desenrolar dos acontecimentos, são as marcas
que singularizam a educação não-formal.

Qualquer que seja o caminho metodológico construído ou reconstruído, é de


suma importância atentar para o papel dos agentes mediadores no processo: os
educadores, os mediadores, assessores, facilitadores, monitores, referências, apoios
ou qualquer outra denominação que se dê para os indivíduos que trabalham com
grupos organizados ou não.

Eles são fundamentais na marcação de referenciais no ato de aprendizagem,


eles carregam visões de mundo, projetos societários, ideologias, propostas,
conhecimentos acumulados etc. Eles se confrontarão com os outros participantes do
processo educativo, estabelecerão diálogos, conflitos, ações solidárias etc.

Eles se destacam no conjunto e por meio deles podemos conhecer o projeto


sócio-educativo do grupo, a visão de mundo que estão construindo, os valores
defendidos e os que são rejeitados. Qual o projeto político-cultural do grupo em
suma.

Para finalizar a primeira parte deste texto destacamos que diferenciamos a


educação não- formal de outras propostas educativas, que também se apresentam
como educação social, mas que tem um caráter conservador. A maioria dessas
propostas se voltam para os grupos sociais dos excluídos objetivando, na maior
parte das vezes apenas inseri-los no mercado de trabalho, com práticas
assistencialistas apoiadas por políticas sociais compensatórias.

Entendemos a educação não - formal como aquela voltada para o ser


humano como um todo, cidadão do mundo, homens e mulheres, numa perspectiva
da emancipação, numa pedagogia libertadora e não integradora a uma dada ordem
social desigual.

Em hipótese NENHUMA a educação não-formal substitui ou compete com a


Educação Formal, com a educação escolar. Poderá ajudar na complementação
dessa última, via programações específicas, articulando a escola e a comunidade
educativa localizada no território de entorno da escola.
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A educação não- formal tem alguns de seus objetivos próximos da educação


formal, como a formação de um cidadão pleno, mas ela tem também a possibilidade
de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, via a forma e os espaços
onde se desenvolvem suas práticas, a exemplo de um conselho ou a participação
em uma luta social, contra as discriminações, por exemplo, a favor das diferenças
culturais etc.

Resumidamente podemos enumerar os objetivos da educação não-formal


como sendo: uma educação para cidadania. Esta educação abrange os seguintes
eixos:

a) Educação para justiça social;

b) Educação para direitos (humanos, sociais, políticos, culturais etc.);

c) Educação para liberdade;

d) Educação para igualdade;

e) Educação para democracia;

f) Educação contra discriminação;

g) Educação pelo exercício da cultura, e para a manifestação das diferenças


culturais.

4.2 A Educação Não-Formal em Ação

Observa-se que inúmeras inovações no campo democrático advêm das


práticas geradas pela sociedade civil que alteram a relação estado-sociedade ao
longo do tempo e constroem novas formas políticas de agir, especialmente na esfera
pública não estatal. De fato, são inúmeras as novas práticas sociais expressas em
novos formatos institucionais da participação, tais como os conselhos, os fóruns, as
assembléias populares e as parcerias. Em todas elas a educação não-formal está
presente, como processo de aprendizagem de saberes aos e entre seus
participantes.

Ao analisarmos as possibilidades de participação da comunidade educativa


em uma escola, articulando-a aos processos de aprendizagem não-formal que os

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métodos de gestão participativa desenvolvem, não podemos deixar de tecer


algumas considerações sobre as estruturas de participação que já existem no
interior das escolas, a exemplo dos distintos e diferenciados colegiados e conselhos.
Nos conselhos se entrecruzam necessidades advindas da prática da educação
formal/escolar, com a educação não-formal, principalmente no que se refere à
participação dos pais e outros membros da comunidade educativa nas suas
reuniões.

Observa-se que o processo brasileiro de descentralização da educação não


descentralizou, de fato, o poder no interior das escolas. Usualmente, esse poder
continua nas mãos da diretora ou gestora, que o monopoliza, faz a pauta das
reuniões dos conselhos e colegiados escolares, não a divulga com antecedência etc.
A comunidade externa e os pais não dispõem de tempo e, muitas vezes, nem
avaliam a relevância de participar ou de estarem presentes nas reuniões. Além
disso, usualmente, esses pais não estão preparados para entender as questões do
cotidiano das reuniões, como as orçamentárias.

Só exercem uma participação ativa nos colegiados aqueles pais com


experiência participativa anterior, extra-escolar, revelando a importância da
participação dos cidadãos (ãs) em ações coletivas na sociedade civil. O caráter
educativo que essa participação adquire, quando ela ocorre em movimentos sociais
comunitários, organizados em função de causas públicas, prepara os indivíduos para
atuarem como representantes da sociedade civil organizada. E os colegiados
escolares são uma dessas instâncias.

Muitos funcionários das escolas são membros dos conselhos e dos


colegiados escolares mas, usualmente, exercitam um pacto do silêncio, não
participando de fato e servindo de "modelo passivo" para outros setores da
comunidade educativa que compõem um colegiado. Por que eles se comportam
assim? Porque, na maioria dos casos, estão presentes para referendar demandas
corporativas, ou para fortalecer diretorias centralizadoras.

Como elo mais fraco do poder, eles participam para "compor", para dar
número e quorum necessários aos colegiados, contribuindo com esse
comportamento para não construir nada e nada mudar. Por que isso ocorre? Porque,

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embora os colegiados sejam um espaço legítimo e de direito, e uma conquista para


o exercício da cidadania, até por serem previstos em lei, essa cidadania tem que ser
qualificada e construída na prática.

Os projetos políticos dos representantes dos diferentes segmentos e grupos,


seus valores, visões de mundo etc. interferem na dinâmica desses processos
participativos. Para terem como meta projetos emancipatórios, eles devem ter como
lastro de suas ações os princípios da igualdade e da universalidade. Os colegiados
devem construir ou desenvolver essa sensibilidade por meio de um conjunto de
valores que venham a ser refletidos em suas práticas.

. Sem isso, temos uma inclusão excludente: aumento do número de alunos


nas escolas e estruturas descentralizadas que não ampliam de fato a intervenção da
comunidade na escola. Temos setores que pretensamente estão representando o
interesse público, mas que na realidade defendem o interesse de grupos e
corporações, ou a manutenção do poder tradicional, cujo papel é exercer o controle,
a vigilância em razão de uma falsa participação ordeira e voltada para a
responsabilização da comunidade (pais, mães e outros mais) nas ações em que o
Estado se omite (vide SILVA, 2003).

Não se deve perder de vista que, por intermédio dos Conselhos, a sociedade
civil exercita o direito de participar da gestão de diferentes políticas públicas, tendo a
possibilidade de exercer maior fiscalização e controle sobre o Estado, em suas
políticas públicas. Os fóruns são frutos das redes tecidas nos anos 70/80 que
possibilitaram aos grupos organizados olhar para além da dimensão do local; têm
abrangência nacional e são fontes de referência e comparação para os próprios
participantes.

As assembléias e plenárias têm ganhado formatos variados que vão de


encontros regulares e periódicos entre especialistas, interessados e gestores
públicos, como no caso da saúde, a observatórios e grupos semi-institucionalizados
do orçamento participativo. As novas práticas constituem, assim, um novo tecido
social denso e diversificado, tencionam as velhas formas de fazer política e criam
novas possibilidades concretas para o futuro, em termos de opções democráticas.

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As novas práticas de interação escola/representantes da sociedade civil


organizada devem ser examinadas à luz dos processos da educação não-formal
caracterizados na primeira parte deste texto. São aprendizagens que estão gerando
saberes. Processos difíceis, tensionados mas educativos para todos, pelo que
trazem de novo, pela resistência ou pela reiteração obstinada do velho, que não
quer ceder à pressão das novas forças.

4.3 Novos espaços de formação e informalidade da educação

As novas tecnologias da informação criaram novos espaços do


conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o
espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa,
podendo, de lá, acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem à
distância, buscar fora das escolas a informação disponível nas redes de
computadores interligados, serviços que respondem às suas demandas pessoais de
conhecimento.

Por outro lado, a sociedade civil (ONGs, associações, sindicatos, igrejas...)


está se fortalecendo, não apenas como espaço de trabalho, mas também como
espaço de difusão e de reconstrução de conhecimentos. Como previa Herbert
Marshall McLuhan (1969), na década de 60, o planeta tornou-se a nossa sala de
aula e o nosso endereço.

O ciberespaço rompeu com a ideia de tempo próprio para a aprendizagem. O


espaço da aprendizagem é aqui, em qualquer lugar; o tempo de aprender é hoje e
sempre.Hoje vale tudo para aprender. Isso vai além da “reciclagem” e da atualização
de conhecimentos e muito mais além da “assimilação” de conhecimentos. A
sociedade do conhecimento é uma sociedade de múltiplas oportunidades de
aprendizagem.

As consequências para a escola, para o professor e para a educação em


geral são enormes. É essencial saber comunicar-se, saber pesquisar, ter raciocínio
lógico, saber organizar o seu próprio trabalho, ter disciplina para o trabalho, ser
independente e autônomo, saber articular o conhecimento com a prática, ser
aprendiz autônomo e a distância.
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Nesse contexto, o professor é muito mais um mediador do conhecimento,


diante do aluno que é o sujeito do sua própria formação. O aluno precisa construir e
reconstruir conhecimento a partir do que faz. Para isso o professor também precisa
ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer
dos seus alunos. Ele deixará de ser um lecionador para ser um organizador do
conhecimento e da aprendizagem. O professor se tornou um aprendiz permanente,
um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da
aprendizagem. É aquele que “cuida” da aprendizagem.

O “cuidado” (Boff, 1999) é uma categoria essencial na tarefa de educador.


Não se trata do cuidado no sentido assistencial, mas do cuidado no sentido da
atenção e da responsabilidade ético-política do educador. De nada adiantará
ensinar, se os alunos não conseguirem organizar o seu trabalho, serem sujeitos
ativos da aprendizagem, auto disciplinados, motivados. E não é suficiente
oportunizar o acesso e a permanência na escola para todos: o direito à educação
implica o direito de aprender.

Hoje as teorias do conhecimento estão centradas na aprendizagem. Mas só


aprendemos quando nos envolvemos profundamente naquilo que aprendemos,
quando o que estamos aprendendo tem sentido para as nossas vidas. Conhecer e
aprender são processos “autopoiéticos” (Maturana & Varela, 1995), auto-
organizativos. Só conhecemos realmente o que construímos autonomamente.

Frente à disseminação e à generalização da informação, é necessário que a


escola e o professor, a professora, façam uma seleção crítica da informação, pois
há muito lixo e propaganda enganosa sendo veiculados. Não faltam, também na era
da informação, encantadores da palavra que desejam tirar algum proveito, seja
econômico, seja religioso, seja ideológico. Isso é válido tanto para a educação
formal quanto para a educação não-formal.

Para que serve o conhecimento?

O conhecimento serve primeiramente para nos conhecer melhor, a nós


mesmos e todas as nossas circunstâncias. Serve para conhecer o mundo. Serve
para adquirirmos as habilidades e as competências do mundo do trabalho; serve
para tomar parte nas decisões da vida em geral, social, política, econômica. Serve

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para compreender o passado e projetar o futuro. Finalmente, serve para nos


comunicar, para comunicar o que conhecemos, para conhecer melhor o que já
conhecemos e para continuar aprendendo.

Conhecer é importante porque a educação se funda no conhecimento e este


na atividade humana.Para inovar é preciso conhecer. A atividade humana é
intencional, não está separada de um projeto.Conhecer não é só adaptar-se ao
mundo. É condição de sobrevivência do ser humano e da espécie. Antes de
conhecer o sujeito se “interessa” (Habermas). É “curioso”, é “esperançoso” (Freire).
Daí a importância do trabalho de “sedução” (Nietzsche -2005) do professor, da
professora, frente ao aluno, à aluna.

Seduzir no sentido de encantar pela beleza e não como técnica de


manipulação. Daí a necessidade da motivação, do encantamento. Motivação que
deve vir de dentro do próprio aluno e não da propaganda. É preciso mostrar que
“aprender é gostoso, mas exige esforço”, como dizia Paulo Freire no primeiro
documento que encaminhou aos professores, na forma de carta, quando assumiu a
Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, em janeiro de 1989.

Não podemos estabelecer fronteiras muitas rígidas hoje entre o formal e o


não-formal. Na escola e na sociedade, interagem diversos modelos culturais. O
currículo consagra a intencionalidade necessária na relação intercultural
preexistente nas práticas sociais e interpessoais. Uma escola é um conjunto de
relações interpessoais, sociais e humanas onde se interage com a natureza e o meio
ambiente.

Os currículos monoculturais do passado, voltados para si mesmos,


etnocêntricos, desprezavam o “não-formal” como “extra-escolar”, ao passo que os
currículos interculturais de hoje reconhecem a informalidade como uma
característica fundamental da educação do futuro.

O currículo intercultural engloba todas as ações e relações da escola; engloba


o conhecimento científico, os saberes da humanidade, os saberes das comunidades,
a experiência imediata das pessoas, instituintes da escola; inclui a formação
permanente de todos os segmentos que compõem a escola, a conscientização, o

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conhecimento humano e a sensibilidade humana, considera a educação como um


processo sempre dinâmico, interativo, complexo e criativo.

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UNIDADE 5 - PROJETOS SOCIAIS

Primeiramente vamos definir o que são projetos.

De acordo com o Dicionário Aurélio, um projeto é “uma ideia de executar ou


realizar algo no futuro. Um plano. Um empreendimento a ser realizado dentro de
determinado esquema.” Já a palavra “social” é definida como “da sociedade ou
relativo à sociedade, comunidade ou agremiação.” Logo, um projeto social é uma
ideia, um plano a ser executado para o benefício da sociedade, comunidade,
agremiação etc.

Apesar do termo projeto implicar necessariamente ideias propostas para uma


ação futura, convencionou-se, entre os especialistas da área, chamar de projeto
tanto o esquema de planejamento como a própria execução das ações planejadas.

Assim, se você consultar mais de uma publicação sobre o assunto,


encontrará diversas definições, na verdade semelhantes e de certa forma
complementares, nas quais os projetos sociais são tratados como “meios”,
“empreendimentos”, “atividades”.

Ficam, portanto, bem claros alguns pontos relativos a projetos:

 têm a intenção de provocar mudanças; têm limites de tempo e recursos;

 visam a melhorar as condições de vida dos beneficiários;são ações


planejadas e coerentes entre si.

A escola continua tendo o papel central no processo educativo, mas pode


partilhar responsabilidade criando um espaço de co-responsabilidade em ações que
visem a aprofundar o que já está sendo ensinado. Mas por que trabalhar com
projetos?

Quando um grupo de voluntários decide aliar-se à escola para estabelecer


uma parceria, nada mais justo e conveniente do que partir dos desafios existentes e,

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numa atuação solidária e cooperativa, colocar mãos à obra. Aí entra o projeto que é
o planejamento das ações a serem desenvolvidas para fazer frente às necessidades
detectadas – num levantamento prévio – pela comunidade escolar e pelos próprios
voluntários.

O projeto tem, então, o propósito de costurar ações e participações,


direcionando-as para um objetivo comum que se pretende alcançar. Somam-se
forças e maximizam-se resultados sempre que se tem um horizonte único, tarefas
integradas e definição clara do papel a ser desempenhado por cada uma das partes
envolvidas. E, até que se estabeleça uma relação de confiança e de cooperação
entre escola e voluntários é prudente ir se aproximando aos poucos.

Transparência e compromisso dos voluntários com a proposta são fatores que


reforçam a credibilidade e abrem portas. Por outro lado, uma reunião, uma oficina,
atividades recreativas, entre tantas outras possibilidades, são ações pontuais que
abrem espaço para se pensar e realizar um projeto coletivo.

Por esse caminho é possível saber mais a respeito da realidade e das


necessidades das crianças e jovens brasileiros e definir metas e passos do projeto.
É por aí, também, que se consegue maior envolvimento e, com isso, maior
probabilidade de sucesso.

5.1 Por que projetos sociais?

Os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma realidade. Os projetos


são pontes entre o desejo e a realidade. São ações estruturadas e intencionais, de
um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma
determinada problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para “um outro
mundo possível”. Uma boa definição é formulada por Domingos Armani: “Um projeto
é uma ação social planejada, estruturada em objetivos, resultados e atividades,
baseados em uma quantidade limitada de recursos (...) e de tempo” (Armani,
2000:18).

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Os projetos sociais tornam-se, assim, espaços permanentes de negociação


entre nossas utopias pessoais e coletivas – o desejo de mudar as coisas –, e as
possibilidades concretas que temos para realizar estas mudanças – a realidade.

A elaboração de um projeto implica em diagnosticar uma realidade social,


identificar contextos sócio-históricos, compreender relações institucionais, grupais e
comunitárias e, finalmente, planejar uma intervenção, considerando os limites e as
oportunidades para a transformação social.

Os projetos sociais não são realizações isoladas, ou seja, não mudam o


mundo sozinhos. Estão sempre interagindo, através de diferentes modalidades de
relação, com políticas e programas voltados para o desenvolvimento social. Um
projeto não é uma ilha.

Neste sentido, os projetos sociais podem tanto ser indutores de novas


políticas públicas, pelo seu caráter demonstrativo de boas práticas sociais, quanto
atuarem na gestão e execução de políticas já existentes.

Políticas públicas são aquelas ações continuadas no tempo, financiadas


principalmente com recursos públicos, voltadas para o atendimento das
necessidades coletivas. Resultam de diferentes formas de articulação entre Estado e
sociedade. A tomada de decisão quanto à direção das ações de desenvolvimento,
sua estruturação em programas e procedimentos específicos, bem como a dotação
de recursos, é sancionada por intermédio de atores governamentais.

Num modelo de gestão participativa, é desejável que estas políticas resultem


de uma boa articulação da sociedade civil com o Estado, permitindo que a
sociedade civil compartilhe não apenas a execução, mas, sobretudo, os espaços de
tomada de decisão, atuando no planejamento, monitoramento e avaliação destas
políticas.

O desafio das políticas públicas é assegurar uma relação de participação e


boa articulação entre os setores sociais envolvidos nas instâncias de gestão
compartilhada. Este é o caso dos conselhos gestores que vêm se estabelecendo em
várias áreas das políticas sociais tendo como finalidade um modelo de gestão
participativa. Um projeto social é uma unidade menor do que uma política e a
estratégia de desenvolvimento social que esta implementa.
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Os projetos contribuem para transformação de uma problemática social, a


partir de uma ação geralmente mais localizada no tempo e focalizada em seus
resultados. A política pública envolve um conjunto de ações diversificadas e
continuadas no tempo, voltadas para manter e regular a oferta de um determinado
bem ou serviço, envolvendo entre estas ações projetos sociais específicos.

Finalmente, vale lembrar que há também muitos projetos sociais que não
estão diretamente ligados a uma política pública governamental. Operam com
recursos públicos e privados provenientes de agências de cooperação internacional.
Mas, ainda assim, nestes casos, os projetos estarão ocupando um espaço de
mediação e interlocução com as políticas públicas nacionais no campo do
desenvolvimento social. Ou seja, também são públicos.

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Por que, atualmente, se fala tanto em projetos sociais?

Por que, cada vez mais, as formas de intervenção ou iniciativas de ação social
acontecem em forma de projetos?

Por que, de forma crescente, o mais variado tipo de instituições vêm exigindo
a apresentação de projetos?

Os projetos sociais são uma importante ferramenta de ação , amplamente


utilizada pelo Estado e pela Sociedade Civil. Para entender porque os projetos
sociais tornaram-se esta ferramenta tão difundida, é necessário perceber as
mudanças ocorridas nas últimas décadas, tanto nas esferas estatais como na
Sociedade Civil brasileira. Tais mudanças apontam para formas alternativas de
implementação das políticas sociais.

Em outras palavras, houve uma democratização em aspectos fundamentais


da intervenção do Estado na sociedade, tais como eleições livres e diretas,
descentralização, formação de mecanismos mais amplos de comunicação e de
controle social, implementação de instrumentos de governança com maior
visibilidade, além de novas formas de participação na elaboração dos orçamentos e
das políticas públicas.

Estamos falando de orçamentos participativos, conselhos de direitos,


elaboração de estatutos de cidadania, fóruns, entre outras formas de
democratização das atividades do Estado.Ao mesmo tempo em que a Sociedade
Civil, com sua heterogeneidade, vem se fortalecendo e desenvolvendo novas formas
de organizações (não-governamentais, redes,entre outras), ela se converte em
protagonista da ação social.

Isto quer dizer que vem atuando de forma direta nas questões sociais e
também participando ativamente na elaboração de políticas públicas. Atualmente,
um amplo conjunto de organizações sociais consegue uma melhor articulação entre
si e com o Estado no desenvolvimento de agendas de ação conjunta.

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5.2 Elaboração de Projetos Sociais

“Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de


atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos
específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados”. (
PROCHONW, Schaffer, 1999 apud ONU, 1984)

Um projeto surge em resposta a um problema concreto. Elaborar um projeto


é, antes de mais nada, contribuir para a solução de problemas, transformando
IDEIAS em AÇÕES. O documento chamado projeto é o resultado obtido ao se
“projetar” no papel tudo o que é necessário para o desenvolvimento de um conjunto
de atividades a serem executadas: quais são os objetivos, que meios serão
utilizados para atingi-los, quais recursos serão necessários, onde serão obtidos e
como serão avaliados os resultados.

A organização do projeto em um documento nos auxilia sistematizar o


trabalho em etapas a serem cumpridas, compartilhar a imagem do que se quer
alcançar, identificar as principais deficiências, a superar e apontar possíveis falhas
durante a execução das atividades previstas.

Alguns itens devem ser observados na formulação de projetos:

- Estabelecimento correto do problema - deve ser significante em relação aos


fatores de sucesso no negócio; deve ter dimensão administrável; deve ser
mensurável.

- Identificação das pessoas e instituições a quem afeta resolver o problema,


buscando criar vínculos com os mesmos desde o início do projeto;

- Busca adequada de fontes de financiamento.

1. Roteiro básico para apresentação de projetos:

Os principais itens que compõem a apresentação de um projeto relacionam-


se de forma bastante orgânica, de modo que o desenvolvimento de uma etapa
necessariamente leva à outra.

Apresentação de um projeto deve conter os seguintes itens:

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a) Título do projeto

Deve dar uma ideia clara e concisa do(s) objetivo(s) do projeto.

b) Caracterização do problema e justificativa

A elaboração de um projeto se dá introduzindo o que pretendemos resolver,


ou transformar. De suma importância, geralmente é um dos elementos que contribui
mais diretamente na aprovação do projeto pela(s) entidade(s) financiadora(s).

Aqui deve ficar claro que o projeto é uma resposta a um determinado


problema percebido e identificado pela comunidade ou pela entidade proponente.

Deve descrever com detalhes a região onde vai ser implantado o projeto, o
diagnóstico do problema que o projeto se propõe a solucionar, a descrição dos
antecedentes do problema, relatando os esforços já realizados ou em curso para
resolvê-lo.

A justificativa deve apresentar respostas a questão POR QUE?

Por que executar o projeto? Por que ele deve ser aprovado e implementado?

Algumas perguntas que podem ajudar a responder esta questão:

- Qual a importância desse problema/questão para a comunidade?

- Existem outros projetos semelhantes sendo desenvolvidos nessa região ou nessa


temática?

- Qual a possível relação e atividades semelhantes ou complementares entre eles


e o projeto proposto?

- Quais os benefícios econômicos, sociais e ambientais a serem alcançados pela


comunidade e os resultados para a região?

c) Objetivos

A especificação do objetivo responde as questões: PARA QUE? e PARA


QUEM?

A formulação do objetivo de um projeto pode considerar de alguma maneira a


reformulação futura, positiva das atuais condições negativas do problema.

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Os objetivos devem ser formulados sempre como a solução de um problema


e o aproveitamento de uma oportunidade. Estes objetivos são mais genéricos e não
podem ser assegurados somente pelo sucesso do projeto, dependem de outras
condicionantes.

É importante distinguir dois tipos de objetivos:

- Objetivo Geral: Corresponde ao produto final que o projeto quer atingir. Deve
expressar o que se quer alcançar na região a longo prazo, ultrapassando
inclusive o tempo de duração do projeto. O projeto não pode ser visto como
fim em si mesmo, mas como um meio para alcançar um fim maior.

- Objetivos específicos: Corresponde às ações que se propõe a executar


dentro de um determinado período de tempo. Também podem ser chamados
de resultados esperados e devem se realizar até o final do projeto.

d) Metas

A metas, que muitas vezes são confundidas com os objetivos específicos, são
os resultados parciais a serem atingidos e neste caso podem e devem ser bastante
concretos expressando quantidades e qualidades dos objetivos, ou QUANTO será
feito. A definição de metas com elementos quantitativos e qualitativos é conveniente
para avaliar os avanços.

Ao escrevermos uma meta, devemos nos perguntar: o que queremos? Para


que o queremos? Quando o queremos?

Quando a meta se refere a um determinado setor da população ou a um


determinado tipo de organização, devemos descrevê-los adequadamente. Por
exemplo, devemos informar a quantidade de pessoas que queremos atingir, o sexo,
a idade e outras informações que esclareçam a quem estamos nos referindo.

Cada objetivo específico deve ter uma ou mais metas. Quanto melhor
dimensionada estiver uma meta, mais fácil será definir os indicadores que permitirão
evidenciar seu alcance.

Nem todas as instituições financiadoras exigem a descrição de objetivos


específicos e metas separadamente. Algumas exigem uma forma ou outra.

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e) Metodologia

A metodologia deve descrever as formas e técnicas que serão utilizadas para


executar o projeto.

A especificação da metodologia do projeto é a que abrange número de itens,


pois responde, a um só tempo, as questões COMO? COM QUE? ONDE? QUANTO?

A Metodologia deve corresponder às seguintes questões:

a) Como o projeto vai atingir seus objetivos?

b) Como começarão as atividades?

c) Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?

d) Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento direto do


grupo social?

Deve se descrever o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa,


diagnóstico, intervenção ou outras; que procedimentos (métodos, técnicas e
instrumentos, etc.) serão adotados e como será sua avaliação e divulgação.

É importante pesquisar metodologias que foram empregadas em projetos


semelhantes, verificando sua aplicabilidade e deficiências, e é sempre oportuno
mencionar as referências bibliográficas.

Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando tem metodologia


bem definida e clara. É a metodologia que vai dar aos avaliadores/pareceristas, a
certeza de que os objetivos do projeto realmente tem condições de serem
alcançados. Portanto este item deve merecer atenção especial por parte das
instituições que elaborarem projetos.

Uma boa metodologia prevê três pontos fundamentais: a gestão participativa,


o acompanhamento técnico sistemático e continuado e o desenvolvimento de ações
de disseminação de informações e de conhecimentos entre a população envolvida.

f) Cronograma

O cronograma responde a pergunta QUANDO?

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Os projetos, como já foi comentado, são temporalmente bem definidos


quando possuem datas de início e término preestabelecidas. As atividades que
serão desenvolvidas devem se inserir neste lapso de tempo.

O cronograma é a disposição gráfica das épocas em que as atividades vão se


dar e permite uma rápida visualização da sequência em que devem acontecer.

g) Orçamento

Respondendo à questão COM QUANTO? O orçamento é um resumo ou


cronograma financeiro do projeto, no qual se indica como o que e quando serão
gastos os recursos e de que fontes virão os recursos. Facilmente pode-se observar
que existem diferentes tipos de despesas que podem ser agrupadas de forma
homogênea como por exemplo: material de consumo; custos administrativos, equipe
permanente; serviços de terceiros; diárias e hospedagem; veículos, máquinas e
equipamentos; obras e instalações.

No orçamento as despesas devem ser descritas de forma agrupada, no


entanto, as organizações financiadoras exigem que se faça uma descrição
detalhada de todos os custos, que é chamada memória de cálculo.

h) Revisão Bibliográfica

Referências bibliográficas que possam conceituar o problema, ou servir de


base para a ação, podem e devem ser apresentadas. Certamente darão ao
financiador uma noção de quanto o autor está inteirado ao assunto, pelo menos ao
nível conceitual/teórico.

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UNIDADE 6 - A EMPRESA E SEU PAPEL SOCIAL

Segundo Antoninho Marmo Trevisan, apesar de todas as dificuldades que


enfrenta no seu dia-a-dia, o empresariado nacional percebeu a sua função de
protagonista no contexto das mudanças sociais.

O Estado não tem condições de oferecer respostas tão ágeis e rápidas aos
problemas da população como as empresas, que em tempos de alta
competitividade, estão acostumadas a atuarem com mais eficiência no seu dia-a-dia.

Assim, o setor privado tomou consciência de que precisa ter uma participação
maciça no ambiente social e comunitário porque é parte integrante dele, e, portanto
depende de seu correto funcionamento.

Os resultados obtidos por diversas empresas no âmbito social indicam que o


empresariado é também parte modificadora desse ambiente.
As empresas estão assumindo a sua responsabilidade social e promovendo uma
verdadeira revolução cívica. Segundo pesquisa do Instituto ADVB de
Responsabilidade Social, com 2.830 empresas que já se preocupam com sua
atuação social, são investidos cerca de R$ 98 mil por empresa em média por ano em
projetos que beneficiam aproximadamente 37 milhões de pessoas.

Além disso, 67% dos funcionários dessas empresas atuam de forma


voluntária em projetos sociais. Pode-se dizer também, que quem investe em
empresas que respeitam o meio ambiente e a comunidade, recebe um maior
retorno. Recente estudo feito pelo Finance Institute for Global Sustentability (Figs),
uma entidade que mapeia o desempenho de meia centena de fundos de
investimento éticos, indica que três quartos desse tipo de investimento teve um
retorno superior à média, em 2.000.

Esses fundos são chamados éticos porque favorecem empresas social e


ambientalmente corretas. Há dois anos o Figs encontrou apenas dois fundos desse
tipo. No final do ano passado já eram 60 fundos que movimentavam US$ 15 bilhões
de dólares.

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Um fato que me chamou a atenção definitivamente para o avanço da


responsabilidade social entre os segmentos profissionais foi o último congresso
anual dos contabilistas. Pelo menos três mil profissionais da área examinaram pela
primeira vez o papel social do contador. Certamente, há alguns anos, um tema
desse tipo não atrairia mais que uma dezena de contadores.

A sociedade civil vem assumindo uma clara posição ao enfrentar os


problemas sociais ao invés de deixá-los para o Estado. Assim, impõe-se às
empresas uma mudança no processo de condução desses assuntos, que assumem
uma posição mais estratégica na medida em que afetam a imagem corporativa. Vale
lembrar que os brasileiros estão cada vez mais predispostos a punirem empresas
que não sejam socialmente responsáveis.

A responsabilidade social das empresas aproxima as pessoas dos problemas


sociais e os tornam mais reais do que pareciam quando só o Estado participava.
Nesse novo contexto, as questões sociais ganham um caráter prático porque
colocam as pessoas, e não a instituição estatal, em contato direto com a
problemática social dos nossos tempos.

6.1 Responsabilidade Social

As transformações sócio-econômicas dos últimos 20 anos têm afetado


profundamente o comportamento de empresas até então acostumadas à pura e
exclusiva maximização do lucro. Se por um lado o setor privado tem cada vez mais
lugar de destaque na criação de riqueza; por outro lado, é bem sabido que com
grande poder, vem grande responsabilidade.

Em função da capacidade criativa já existente, e dos recursos financeiros e


humanos já disponíveis, empresas têm uma intrínseca responsabilidade social. A
ideia de responsabilidade social incorporada aos negócios é, portanto, relativamente
recente.

Com o surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência


nos negócios, empresas se vêem forçadas a adotar uma postura mais responsável
em suas ações.

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Infelizmente, muitos ainda confundem o conceito com filantropia, mas as


razões por trás desse paradigma não interessam somente ao bem estar social, mas
também envolvem melhor performance nos negócios e, consequentemente, maior
lucratividade.

A busca da responsabilidade social corporativa tem, grosso modo, as


seguintes características:

 É plural. Empresas não devem satisfações apenas aos seus acionistas. Muito
pelo contrário. O mercado deve agora prestar contas aos funcionários, à
mídia, ao governo, ao setor não-governamental e ambiental e, por fim, às
comunidades com que opera. Empresas só têm a ganhar na inclusão de
novos parceiros sociais em seus processos decisórios. Um diálogo mais
participativo não apenas representa uma mudança de comportamento da
empresa, mas também significa maior legitimidade social.

 É distributiva. A responsabilidade social nos negócios é um conceito que se


aplica a toda a cadeia produtiva. Não somente o produto final deve ser
avaliado por fatores ambientais ou sociais, mas o conceito é de interesse
comum e, portanto, deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo
produtivo. Assim como consumidores, empresas também são responsáveis
por seus fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos
produtos e serviços usados ao longo de seus processos produtivos.

 É sustentável. Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito


de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao
ambiente e à sociedade, não só garante a não escassez de recursos, mas
também amplia o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento
sustentável não só se refere ao ambiente, mas por via do fortalecimento de
parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo e por fim
leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é por natureza
preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos
ambientais ou processos judiciais.

 É transparente. A globalização traz consigo demandas por transparência. Não


mais nos bastam mais os livros contábeis. Empresas são gradualmente

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obrigadas a divulgar sua performance social e ambiental, os impactos de suas


atividades e as medidas tomadas para prevenção ou compensação de
acidentes.

 Nesse sentido, empresas serão obrigadas a publicar relatórios anuais, onde


sua performance é aferida nas mais diferentes modalidades possíveis. Muitas
empresas já o fazem em caráter voluntário, mas muitos prevêem que
relatórios sócio-ambientais serão compulsórios num futuro próximo. Muito do
debate sobre a responsabilidade social empresarial já foi desenvolvido mundo
afora, mas o Brasil tem dado passos largos no sentido da profissionalização
do setor e da busca por estratégias de inclusão social através do setor
privado.

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CONCLUSÃO

A educação de uma pessoa se dá desde o seu nascimento, até o final de sua


vida. Ela se processa tanto dentro da educação formal, nas instituições escolares,
assim como nos demais espaços não escolares, onde se objetiva o desenvolvimento
social, através da promoção de uma melhor qualidade de vida, saúde, socialização
dos indivíduos, assistência a todas as classes excluídas, em situação de risco e
outros.

Todos os segmentos da sociedade civil, devem estar envolvidos, para que


através de projetos sociais, se alcancem as metas propostas.

As Empresas, são um dos segmentos dessa sociedade civil, que vêm se


envolvendo e assumindo sua responsabilidade social, na educação não formal e
nos projetos sociais, onde o empresariado nacional, está promovendo uma
verdadeira revolução de cidadania e comprometimento com o próximo, além de seus
funcionários, atuarem ativamente como voluntários nos Projetos Sociais.

Gradativamente, as questões sociais, ganham um novo contexto, um novo


paradigma, mais prático e mais próximo da resolução dos problemas que envolvem
nossa sociedade.

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