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Ìlé Bìbóríxà ti Yémònjá

OSSAIN, REGRA PERDIDA


Enviado por Rosany ti Yémònjá
31-Mar-2007
Atualizado em 03-May-2008

OSSAIN, REGRA PERDIDA: CEM ANOS DE IGNORÂNCIA

Por: Isaac Cordero y Manuel Rivero*

*A Regra de Ossain é um culto africano próprio das etnias bantas, de grande propagação e antiguidade. Sua tradição oral
reporta que em 1418 um estrangeiro de origem chinesa foi consagrado como Olori em território do Congo. Este fato foi
comprovado há pouco, devido a um mapa apresentado pela China, que confirma a tradição oral banta propagada
também Cuba, em relação com a chegada de asiáticos procedentes de uma viagem de circunavegação planetária desde
a China.

A Regra de Ossain está viva em Cuba e só se pratica no tempo Ori Eiyé Keiyé. Seus fieis e sacerdotes se propõem
desenvolvê-la e preservá-la. O culto já consagrou um Ala Wowwo, seis Oloris, cinco Dobbanos, seis Dobbanas, dez
Odanos e numeros fieis do culto. A Regra de Ossain é um culto de preces, cantos e conjuros. O sacrifício de animais é
pouco freqüente, só motivado pela cerimônia de Yezam e outras.

Havana.- A Regra de Ossain é um culto milenar que de fato regeu os destinos religiosos de uma boa parte do
continente africano durante uns três mil anos antes de nossa era, segundo os Sobas (sumos sacerdotes da Regra de
Ossain). Prova disto é o esplendor atingido por algumas nações que tiveram relações mercantis e religiosas com o
Daomê, país do ocidente africano, no que os mandingas estabeleceram seu império. Mais ao norte, Cartago foi uma
das nações que viraram um grande império.

O vínculo estabelecido desde o ponto de vista religioso se manifesta ainda nas ruínas do que foi uma magnífica cidade,
onde dá para observar um dos símbolos mais importantes da Regra de Ossain que, sem dúvida alguma, os
cartagineses levaram para sua terra e usaram em cada uma de suas casas com o fim de afastar ou exorcizar demônios.

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Por outra parte, os velhos Sobas (sumos sacerdotes) da Regra de Ossain, ou seja os Ala Wowwo ou Olori que habitam
no Congo, falam e contam em suas histórias pletóricas de uma rica tradição oral, de um estrangeiro que chegou a sua terra,
desde o outro lado do mundo, que apresentava os olhos rasgados e tinha em seu poder um pergaminho em que vinha
desenhado o continente que tinha descoberto.

Estas terras se encontravam ao sudoeste cruzando o grande oceano que banha as costas do Congo. Seu nome foi
registrado de forma oral de geração em geração pelos anciãos e foi o primeiro estrangeiro em centenas de anos de
existência desta Regra que foi consagrado como Olorí. Seu nome era Seng Hen e era chinês, navegante e
aventureiro.

Os Sobas o fizeram Olori por ter descoberto as terras nas que, cem anos depois, seus descendentes sofreriam,
viveriam, morreriam e renasceriam. Isto foi predito pelos oráculos lá pelo ano 1418. Esta informação, espalhada pela
oralidade africana, chegou a Cuba com os escravos do Congo e se encontra preservada na tradição da Regra de Ossain.

Recentemente, a mídia internacional, Internet inclusive, reportou a apresentação em Beijing e Londres de um antigo mapa
chinês que poderia revolucionar a visão da história universal. Se for confirmado que este mapa data de 1418, seria
possível provar que a dinastia Ming chegou à América pelo menos sete décadas antes de Colombo.

Este é um mapa-múndi que teria sido feito 104 anos antes que Elcano culminasse a primeira circunavegação européia
ao plano, iniciada por Magalhães. Aparece toda a América do Sul não só antes que Pizarro chegasse ao Peru e Equador
(1532) e Almagro à Bolívia e o Chile (1535-37), mas inclusive meio século antes que os incas do Cusco avançassem para
a costa e conquistassem a maioria do que foi seu império (que se estendia desde o presente sul colombiano ao
presente sul argentino).

Certamente, há muitos erros e deformações. Não estão as atuais ilhas britânicas e a península da Califórnia se desenhou
como se fosse uma ilha. Não se destacam os golfos Pérsico e do México. Contudo, este seria o melhor exemplo de
cartografia dessa época, em que se pode ler em caracteres chineses que a Austrália está povoada por gente de pele
escura e as Américas por povos de tez avermelhada que levam plumas. Este mapa indica que foi desenhado por Mo Yi
Tong em 1763, copiado, por sua vez, de um do imperador Yong Le, de 1418.

O colecionador que adquiriu esta antiguidade por 500 dólares em Xangai percatou-se de sua importância ao tomar
conhecimento do livro “1421: O ano em que os chineses descobriram o mundo”, de Gavin Menzies,
publicado em 2003. O culto de Ossain foi uma ‘regra’ muito sui gêneris na África. Seus seguidores, 2000
ane protagonizaram a Grande Guerra Santa, liderada por Hunon Dagboel, Ala Wowwo de origem Hula (etnia banta). Foi
o homem que humanizou este culto, pois proibiu os sacrifícios humanos. Desde então, os ritos se concentram em preços
e cantos, apenas existindo sacrifícios de animais, com exceção do momento de realização da cerimônia suprema (Yezam)
para iniciar algum Olori.

Poderíamos afirmar que é uma Regra ecológica pois só se utilizam plantas medicinais e em ocasiões aves domésticas.
Este culto teve em Cuba um papel fundamental até o ano 1902 em que a nascente Regra de Ifá (sistema oracular de
origem ioruba, cujo sacerdócio está concentrado no culto a Ifá, divindade da sapiência e destino e Orumilá, seu
profeta, N. del T.) cobrou força, pelo que començou a ser vista como tabu.

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Os Oloris já velhos foram retirando-se aos campos com seus segredos e sabedoria. A Regra de Ossain tem presença
em todas e cada um dos cultos africanos. Possui 324 Ozawas (caminhos) não tem limite de proibição de Ozawas, pode
acabar com alguns deles funestos. Possui um oráculo divinatório composto por 15 tabuleiros, além da conhecida Guia e
o Onishe de Ossain (amuleto de proteção), entregues pelos Oloris.

Existem vários poderes (consagrações, N. del T.) que também se entregam (na cerimônia suprema ou Yezam), por
exemplo: Dobbo, Yekun, Odduanoo, Opanije, entre outros, incluindo a Divindade Suprema que é Olófin (aqui podemos
conferir uma clara influência ioruba, que começa pelo próprio nome da Regra, já que Ossain é uma deidade nagô e não
banta, cujos princípios esotéricos e metafísicos, se constroem em diferentes bases – adoração ancestral através
de nkisis, por exemplo, entre ouras – e termina com estes nomes, todos salvo Dobbo, com óbvia fonética
iorubana, N. del T.). Possui também três tipos de escritas criptográficas.

Na regra existem vários graus ou níveis de sacerdócio: o Sumo Sacerdote é o Ala Wowwo Messecam Meyé, que possui
todos os poderes e domina todos os sortilégios mágicos; Olori Messecam é o próximo em hierarquia, tem todos os
poderes, menos Olófin; Olori Merin tem todos os poderes, mas não os pode entregar; Odduanoos, sacerdotes
honorários; Alawo Dobbanos, do principado de Ossain.

Em Cuba, por enquanto só existe um templo que é praticante desta regra: Ori Eiyé Jeiyé, que possui um Ala Wowwo,
seis Oloris, cinco Dobbanos, seis Dobbanas e dez Odanos (pessoas que se consagram a Ossaim, o primeiro passo
para entrar na Regra, entre homens e mulheres) e infinidade de fieis ao culto.

Já foram escritos três livros sobre estes temas, o terceiro já em fase de terminação. Este é um culto que fundamenta
seu trabalho em rezas, cantos e conjuros, como já foi dito. O sacrifício de animais é esporádico e motivado pelos fatos
antes expostos. O objetivo de seus fieis e sacerdotes é de revitalizar este culto ancestral pela importância que tem no
contexto social, pois não necessariamente o praticante ou iniciado deve ter consagrações e outras Regras ou tipos de
Sacerdócio.

Agradecimentos aos Sacerdotes:

• Jesús Ayala, Olorí Merín Aronigunlu Ní Ossain;

• Pedro Pablo Duarte, Olorí Mesecam Forí Leso Ní Ossain;

• Leopoldo Augusto Lay, Olorí Mesecam Gunlu Ocuín Ni Ossain;

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• Lázaro Sahún, Olorí Mesecam Debbua Ocuín Ní Ossain;

• Dagmar Cordero, Olorí Mesecam Arono Akarin Ní Ossain;

• Maikel Trillo, Olorí Mesecam Aarón Leso Ní Ossain.

• Issac Cordero é agressado da Escola Superior de Pesca “Andrés González Lines”, como piloto de
altura em 1970. iniciado como Ala Wowwo Fere Honon Mesecam Meye em Ossain, e N’noki, vila da ribeira sul
do rio Zaire, pelo sacerdoto Ala Wowwo Ni Ossain M’Benya Bakinguela em 1978. Pesquisador das Culturas
Africanas. Colaborador da Casa da África, do Escritório do Historiador da Cidade de Havana desde 1997. Autor de três
livros sobre a Regra de Ossain, de próxima edição. Sumo Sacerdote: Ala Wowwo Mesecam, Meyé do Templo Ori Eiye
Keiyé.

• Manuel Rivero é engenheiro em Biotecnologia e geógrafo. Pesquisador adiado do Instituto Nacional de Recursos
Hidráulicos. Professor Principal da Escola de Altos Estudos de Hotelaria e Turismo, FORMATUR, Professor Titular
Adjunto do Centro de Estudos Turísticos da Universidade de Havana e do Instituto Superior Pedagógico “Enrique
José Varona”. Estudioso da mitologia cubana.

• Em Cuba a palavra regra é usada como sinônimo de sistema de crenças religiosas. Comumente, estas crenças
vinham de fontes diversas de uma matriz étnica ou, inclusive, como demonstra esta Regra de Ossain, de várias e,
portanto, tinham conhecimentos dispersos, bem é possível, com uma forte lógica interna, mas incoerentes entre si. Com o
tempo e a relativa união cultural do país, uma série de indivíduos, buscou juntar essas noções em corpos sistematizados,
que nem sempre respeitaram as tradições autóctones dos povos africanos e mais bem resultam uma amálgama deles. N.
del T.

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