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Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de
História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP,
2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)
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Mestranda em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Sob orientação da professora
Drª Beatriz Helena Domingues. Contato: daianapneto@hotmail.com
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Camila Aparecida Braga Oliveira; Helena Miranda Mollo; Virgínia Albuquerque de
Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de
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fato de estarem em época eleitoral o que levaria os votos para a oposição, neste caso
para os democratas, já que o presidente neste momento é McKinley.
Para os Estados Unidos para se evitar a guerra somente seria aceita a declaração
da independência cubana e o fim dos conflitos com os revoltosos, porém, para a
Espanha estava fora de cogitação declarar a independência da Ilha: foi oferecido
autonomia, não independência. Para tentar evitar um conflito com os norte-americanos a
Espanha procurou o apoio das potências européias. A reunião dos embaixadores com o
presidente americano foi considerada como uma posição de não interferência no
conflito (FARIAS, 2008).
Em 19 de abril de 1898 o Congresso Americano reconheceu a independência de
Cuba, exigindo a retirada da Espanha da Ilha e dando autorização a presidência, se
necessário, a utilizar o exército americano, para que essa sansão fosse garantida.
Através da Emenda Teller o Congresso ainda garantia a não interferência jurídica na
ilha, a não ser para sua pacificação, deixando ao povo o governo da mesma. Sabendo
dessas resoluções a Espanha declarou guerra em 23 de abril.
Se no início das hostilidades as intenções norte-americanas eram apenas libertar
a ilha de Cuba do governo espanhol, ao fim do conflito suas exigências para o acordo de
paz incluíam a retirada da Espanha de Porto Rico e das Filipinas no mar do Pacífico. A
Espanha, encurralada, aceitou as condições do acordo em Paris no dia 10 de dezembro
de 1898.
A guerra trouxe mudanças significativas para a política externa dos Estados
Unidos: expulsaram a Espanha do continente, fazendo valer a Doutrina Monroe, e ainda
fincaram uma bandeira na Ásia. Assim, o país saiu de seu papel de não interferir nos
assuntos europeus e se afirmou como uma das novas potências mundiais.
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Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de
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uma mancha na história militar do país. A derrota na guerra de Cuba foi responsável por
uma crise de identidade, que se integrou também a um âmbito mais geral dentro do
mundo europeu, que sofreu uma revisão de valores produzida por importantes
mudanças econômicas e sociais relacionadas aos processos de industrialização,
urbanização acelerada e a emergência de conflitos entre a burguesia e o operariado
(CAPELATO, 2003).
1898 não significou, por completo, a independência dos colonizados da
metrópole. Este momento abriu uma ponte de diálogo entre os intelectuais de ambos os
lados do Atlântico destacando-se na América Rubén Darío e José Enrique Rodó, que em
finais do século XIX questionavam a expansão do modelo utilitarista dos Estados
Unidos em detrimento da cultura rica e espiritualizada da herança latina, base da cultura
ibérica.
Essa valorização da cultura latina veio somada a negatividade dada a cultura
anglo-americana, traduzida pela metáfora de Caliban. Esse personagem neste primeiro
momento encarna a figura dos Estados Unidos da América: a criatura bestial e ignorante
que marcha sobre o continente.
Rubén Darío foi um dos primeiros a erguer a voz e conclamar a união dos latinos
contra o inimigo comum, que atacava a latinidade. Segundo Adja Durão, os contos de
Rubén Darío são pródigos na crítica da sociedade, por que questiona em pontos
essenciais, os valores da civilização capitalista em fins do século XIX e início do XX.
Sua crítica a massificação é comparável a de Nietzsche, e esta pode ser percebida em El
pájaro Azul ( 1886), Arte y Hielo (1888) e El Rey Burgués (1887). Contos que precedem
1898, mas que já vislumbram a crítica a uma sociedade massificada e marcada pelo
avanço do capitalismo (DURÃO, 1996).
O artigo de Darío intitulado “El Triunfo de Calibán” é uma explosão de idéias
provenientes dos acontecimentos de 1898. Nele vemos a expressão da idealidade da
herança latina, da defesa da antiga metrópole colonizadora e da necessidade de união
dos latino-americanos contra o inimigo comum: o utilitarismo dos calibans do Norte.
Para melhor visualização destes pontos, analisemos o texto. Já nas primeiras
linhas vemos a valorização da herança latina quando Darío afirma:
No, no puedo, no quiero estar de parte de esos búfalos de dientes de plata. Son
enemíos mios, son los aborrecedores de la sangre latina, son los Bárbaros. Así
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se estremece hoy todo noble corazón. Así protesta todo digno hombre que algo
conserve de la leche de la loba. (DARÍO, 1898)
Em uma manhã fria e úmida cheguei pela primeira vez ao imenso país dos
Estados Unidos (...) espremido entre a imensidão de Long Sland e a silhueta de
Staten Island, a beleza tentava, segundo o poeta, ao lápis, já que não, por falta
de sol, à máquina fotográfica. (MONTEIRO, 2010: 171)
De modo menos encantado do que neste texto de 1894, citado por Pedro Meira
Monteiro, Darío mostra-se menos deslumbrado com a “selva de pedra” norte-americana.
A terra de Caliban tornou-se aqui algo mais amedrontador ao ideário espiritualista
latino-americano.
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Quando mais jovem Sérgio Buarque de Holando publicou muitos artigos em periódicos diversos entre
eles um intitulado Ariel. Para mais detalhes ver: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Ariel. In:__BARBOSA,
Francisco de Assis (org). Raízes de Sérgio Buarque de Holanda. Rio de Janeiro: Rocco, 1988. p. 43.
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“Temos nossa nortemania” mas é preciso impor limites. Para Rodó, assim como
o Caliban de Shakespeare, os Estados Unidos representam o carnal, o material da vida
humana. Mas em última instância também Caliban serviria a causa de Ariel, porque,
para o intelectual, também é necessário o bem estar material. Espera que em algum dia a
“vontade americana que se serviu apenas a utilidade e a vontade também seja
inteligência, sentimento e idealidade” (RODÓ, 1991: 81).
Em suma a obra de Rodó é um discurso humanista em favor da educação e do
ideal de uma América Latina mais espiritualista. No entanto, seu símbolo Ariel, não se
prende somente a América Latina, mas também se estende a Europa. O texto tem como
forte referência autores europeus, principalmente Renan.
As aspirações de Rodó entraram em declínio no pós -Segunda Guerra Mundial
quando a crença em uma América Latina rica e espiritualizada entrou em declínio.
Considerações finais
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Referências Bibliográficas
ALTAMIRANO, Carlos. Idéias para um programa de história intelectual. Trad.
Norberto Guarinello. Tempo Social - revista de sociologia da USP, v.19, n.1,
2007.
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Para mais informações ver: RODRÍGUES, Pedro Pablo. Martí e as duas Américas. São Paulo:
Expressão Popular, 2006.
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<http://4s.io/document/wFigR7J6/Quentin_Skinner_-_Significado_.htm>
Acesso em 15 de junho de 2011.
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