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Atitudes filosóficas
Todos os homens são filósofos. Mesmo quando não têm consciência de terem problemas
filosóficos, têm, em todo o caso, preconceitos filosóficos. A maior parte destes preconceitos são as
teorias que aceitam como evidentes: receberam-nas do seu meio intelectual ou por via da tradição.
Dado que só tomamos consciência de algumas dessas teorias, elas constituem preconceitos no
sentido de que são defendidas sem qualquer verificação crítica, ainda que sejam de extrema
importância para a ação prática e para a vida do homem.
Uma justificação para a existência da filosofia é a necessidade de analisar e de testar
criticamente estas teorias muito divulgadas e influentes.
Tais teorias constituem o ponto de partida de toda a ciência e de toda a filosofia. São pontos de
partida precários. Toda a filosofia deve partir das opiniões incertas e muitas vezes perniciosas do
senso comum acrítico. O objetivo é um senso comum esclarecido e critico, a prossecução de uma
perspectiva mais próxima da verdade e uma influência menos funesta na vida do homem.
A atitude filosófica não é uma atitude natural. Qualquer indivíduo de forma imediata face à
realidade não começa a examiná-la de forma especulativa. Pelo contrário, o que é natural é que se
centre na resolução problemas práticos, que se guie pelo senso comum tendo em vista resolver
certas necessidades imediatas. Ninguém pode viver sem se adaptar constantemente às condições do
seu mundo. Estas exigências de sobrevivência tendem, naturalmente a sobrepor-se a todas as outras
preocupações.
O homem está permanentemente se confrontado com novos problemas que o colocam perante
novas situações imprevisíveis, e que o obrigam a alargar os seus horizontes de compreensão da
realidade. Cada mudança pode representar, assim, uma nova possibilidade para ampliar o
conhecimento.
Estas mudanças frequentemente inquietam-nos ou maravilham-nos, despertando a nossa
curiosidade sobre o porquê das coisas, levando-nos a questionar o que nos rodeia. Ao fazê-lo,
estamos a distanciarmo-nos da realidade, que de repente se tornou estranha. Esta atitude reflexiva,
pode nos conduzir a uma atitude mais radical, a atitude filosófica.
O espanto. Aristóteles afirmava que a filosofia tinha a sua origem no espanto, na estranheza
e perplexidade que os homens sentem diante dos enigmas do universo e da vida. É o espanto
que os leva a formularem perguntas e os conduz à procura das respectivas soluções.
A dúvida. Ao filósofo exige-se que duvide de tudo aquilo que é assumido como uma
verdade única. Ao duvidar, ele se distancia das coisas, quebrando desta forma a sua relação
de familiaridade com as coisas. O que era natural torna-se problemático. O que então
emerge é uma dimensão inquietante de insatisfação e problematização. A reflexão começa
exatamente a partir do exame daquilo que se pensa ser verdadeiro. Se nunca duvidarmos de
nada, nunca saberemos o fundamento daquilo em que acreditamos.
A insatisfação. A filosofia revela-se uma desilusão para quem quiser encontrar nela
respostas para as suas inquietações. O que o aprendiz de filósofo encontra na filosofia são
perguntas e problemas para que não confie em nenhuma autoridade exterior à sua razão,
para que duvide das aparências e do senso comum. A única "receita" que os filósofos lhe
dão é que faça da procura do saber um modo de vida. Não se satisfaça com nenhuma
conclusão, queira saber sempre mais e mais.
Entendimento do texto
1. Por que, segundo o texto, todos os homens são filósofos?
6. Segundo o texto, o homem está frequentemente se confrontado com novos problemas que o
colocam frente novas situações. Ou seja, o homem está sempre passando por mudanças. A
partir disso, o que estas mudanças podem representar para o homem?
7. A partir da compreensão do texto, cite alguns exemplos de mudanças que estão ocorrendo
na atual sociedade.
a) espanto
b) dúvida
c) insatisfação