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“Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.”
O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatística “como um bêbado
utiliza um poste de iluminação – para servir de apoio e não para iluminar”.
Estas são algumas das perguntas que servirão de busca para que você possa estudar
sobre o tema.
Na perspectiva de contribuir para mudanças nesse cenário é que este curso tem como
propósito a construção de um alicerce que viabilize a ampliação da formação de
analistas criminais no Brasil, onde novos conteúdos relacionados às modernas técnicas
de análise venham a ser agregados em futuro próximo.
Bom curso!
Neste módulo, você estudará a importância da análise criminal frente à nova perspectiva de
policiamento e a sua contribuição para a gestão das ações de segurança pública.
O campo de aplicação da análise criminal pode ser descrito a partir de duas dimensões
principais:
Definição
A definição de análise criminal abrange muito mais que um simples traçado de gráficos, tabelas
e mapas. Constitui-se no uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas
de segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles tirar
conclusões.
O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos força a repensar a forma de
como se faz segurança pública. É uma obrigação dos profissionais dessa área questionar
sobre os resultados esperados da sua atividade profissional e como podem agir para cumprir
com essa expectativa, ou seja, fazer mais com menos recurso.
É preciso deixar de reagir diante de uma cadeia sem fim dos incidentes e passar a assumir
como resultado desejado a criação de um ambiente seguro, onde a execução de ações
preventivas surge como a principal estratégia para quebrar com essa seqüência de
incidentes.
Esta é a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de policiamento, em que o
principal resultado era o pronto atendimento à vítima fazendo com que o alcance de resultados
dependesse somente do aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas.
Nova perspectiva
Observa-se uma mudança na lógica de gestão, pois o objetivo prioritário deixa de ser apenas a
solução dos crimes que já ocorreram e passa a ser a manutenção de um ambiente social onde
não ocorra nenhum crime, as pessoas possam andar nas ruas tranqüilamente e a sensação de
segurança seja compartilhada por todos, independentemente de suas características culturais,
econômicas e naturais.
Atualmente, o trabalho do analista criminal está limitado à tabulação dos registros sobre
os crimes. Em poucas situações, observa-se a análise dos padrões de vitimização, tendo
como foco principal a identificação do perfil de quem deve ser preso e, em situações escassas,
essa análise busca identificar fatores urbanos e populacionais associados aos padrões de
incidência criminal.
Essa situação fica ainda mais precária quando se questiona o uso das conclusões dessas
análises na gestão das ações e políticas de segurança pública. Os processos de tomada de
decisão baseados na rotina e na autoridade, marcados pela indiferença quanto aos resultados
a serem alcançados em perspectiva sistêmica, ainda prevalecem.
Uma das explicações para essa situação é a inexistência de analistas criminais bem treinados
e compromissados com sua atividade.
O bom analista criminal não espera uma demanda de informação para iniciar seu
trabalho. Espontaneamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identificar
problemas que devem ser resolvidos, avalia as principais causas do problema para
identificar as respostas com o maior potencial de efetividade e traça um projeto de
execução que sempre parte da diretriz que é preciso aprender com os resultados
alcançados, sejam positivos ou negativos.
Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal é a existência, entre
esses profissionais, de uma concepção modesta sobre a importância do seu trabalho, visto
sempre como um trabalho de bastidor. É preciso repensar essa concepção.
O analista criminal tem uma importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos
órgãos de segurança pública, pois têm influência direta sobre o processo de tomada de
decisão, quanto à forma de resolver o problema.
Mais que uma fonte de informações, o analista criminal deve assumir o papel de
conselheiro. Mais que um técnico especialista em análise de dados, o analista criminal deve
agir como um pesquisador que visa trazer as melhores contribuições possíveis da
ciência para o aperfeiçoamento do trabalho policial.
A partir da figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforço da lei, foi trocada
por uma perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximação da polícia com a
comunidade e a realização de ações sociais.
No âmbito nacional, uma constatação científica de que a efetiva solução dos problemas de
segurança pública nunca resultará apenas do aumento dos recursos gastos pelos órgãos de
segurança pública foi exposta por Cerqueira e Lobão (2003). Baseados em informações sobre
os fatores associados à incidência de homicídios em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais,
entre 1980 e 2003, eles concluíram que o aumento das despesas com segurança pública não
está relacionado estatisticamente à redução da incidência de homicídios.
Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: “A análise criminal contribuindo para
mudanças na política nacional.”
Em relação à dinâmica de trabalho do analista criminal, pode-se, de uma forma didática, dividi-
la em quatro etapas:
2 - Submeter esses padrões a uma profunda análise buscando identificar suas causas;
3 - Identificar formas de intervir nas relações causais encontradas para cessar a ocorrência dos
incidentes; e
4 - Avaliar o impacto das intervenções e caso identifique uma ausência de impacto, começar
todo o processo novamente.
Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas expostas anteriormente precisam
ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a
questão da focalização das ações:
Cada tipo criminal específico tem causas particulares e recomenda-se que as intervenções
sejam focalizadas em cada um deles separadamente.
Análise criminal tática (ACT) – Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para
o estudo dos fenômenos e suas influências no médio prazo. Essa vertente estuda o fenômeno
criminal visando fornecer subsídios para os operadores de segurança pública que atuam
( ) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de
segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair
conclusões.
( ) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para traçar gráficos, tabelas e mapas.
( ) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para executar ações e políticas de
segurança pública.
Resposta correta:
É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de
segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair
conclusões.
1. É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de
segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair
conclusões.
2. Preventiva
Anexo
30,5 30,2
30,0 29,6
29,0 28,8 29,1
27,4
27,0
25,7
25,0 24,6
24,2 24,0
23,7
23,2
Taxas por 100 mil hab.
22,4
20,9
20,0 20,2
19,4
18,7 18,6
10,0
Estratégia 1 – mesma renda per capita, desigualdade e gasto em segurança pública
Estratégia 2 – diminuição da desigualdade social
Estratégia 3 – aumento da renda per capita
5,0
Estratégia 4 – aumento das despesas com segurança pública
Estratégia 5 – estratégias 2,3 e 4 conjuntas
0,0
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Fonte: IPEA
Pautado por essas constatações empíricas, nos contextos nacional e internacional, que
expressam a necessidade de repensar a segurança pública, deixando de lado abordagens centradas
apenas na ação tradicional de polícia e passando a adotar amplas ações de policiamento com ações
sociais, o Governo Federal está empreendendo esforços para promover essa mudança. Exemplos
pioneiros dessa mudança foram as ações realizadas, em 2006 e 2007, para garantir a segurança
durante os Jogos Pan-Americanos. Além da execução de ações típicas de polícia, foram executadas
ações de formação dos guias cívicos e brigadas socorristas, realizadas as Olimpíadas Cariocas e a
execução de ações envolvendo a promoção de espaços urbanos seguros, formação de policiais em
Policiamento Comunitário, criação dos Centros Integrados de Cidadania e a promoção de ações visando
à atenção e proteção de crianças e famílias em situação social precária.
Dando continuidade a esse processo, o Governo Federal lançou, em 2007, o Programa Nacional
de Segurança com Cidadania – PRONASCI. Fundamentado em uma perspectiva de policiamento
orientado para problemas, o programa envolve a execução de 94 ações que podem ser unidas a ações
típicas de polícia e a ações sociais. Um dos fundamentos do sucesso da ação do PRONASCI é a
valorização da gestão local e, conseqüentemente, a existência de equipes de gestão bem formadas nas
áreas de atuação do programa.
1
Explicação do gráfico: Na parte amarela do gráfico estão os dados reais da taxa de homicídios por cem mil
habitantes de 1980 a 2003. A parte relativa a 2004, 2005 e 2006 são projeções da taxa de homicídios por cem mil
habitantes, dado algumas possíveis estratégias de política públicas, ou seja, o que aconteceria com a taxa de
homicídio. Na estratégia 1, o gestor não faz nada, ele deixa a renda per capita, a desigualdade social e o gasto em
segurança pública nos níveis de 2003, a taxa de homicídio continuou crescendo, como se pode ver na linha cinza. Na
estratégia 2, a desigualdade social é diminuída e a taxa de homicídio cai. Na estratégia 3, o gestor aumenta a renda
per capita e deixa a desigualdade social e o gasto em segurança pública constantes, mas o homicídio continua
crescendo. Na estratégia 4, o gestor aumenta apenas o gasto em segurança pública e a taxa de homicídio continua
aumentando, porém, a uma taxa menor que as estratégias 1 e 3. Na estratégia 5, a renda per capita e os gastos em
segurança pública aumentam e a desigualdade de renda diminui, o resultado é a maior queda na taxa de homicídio.
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Para cada área é preciso identificar os problemas a serem abordados, suas causas e possíveis
soluções. Cada contexto trará respostas diferentes às intervenções empreendidas e, por essa razão, que
gerarão distintas modificações e aperfeiçoamentos das ações executadas. O sucesso do PRONASCI, no
que diz respeito ao alcance de reais impactos sobre a situação da segurança, tem como um de seus
pontos fundamentais a valorização dos analistas criminais como principais conselheiros no planejamento
e na gestão das ações.
Neste módulo, você estudará alguns dos métodos de abordagem dos fenômenos sociais que
podem ser utilizados para a elaboração de diagnósticos da situação da segurança pública e
monitoramento de resultados das ações e políticas. Cabe destacar que um método não
exclui o outro. Muitas vezes é preciso combiná-los, pois cada um possui vantagens e
limitações; a combinação possibilita que se complementem.
A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens. Para cada
uma das abordagens há algumas técnicas de análise específicas, veja:
Análise de conteúdo
- O tipo de documento selecionado para o exame pode não ser a medida mais apropriada da
questão ou fenômeno a ser estudado; e
- A análise dos documentos sempre envolve um espaço de arbitrariedade.
Estudo de caso
Na prática, como observador participante, o pesquisador pode ou não se revelar como tal.
Essa decisão tem importantes implicações metodológicas e éticas. O pesquisador admitir
que está realizando um estudo, pode afetar diretamente o fenômeno que pretende estudar.
Curso Análise Criminal – Módulo 2
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Por outro lado, a não identificação do pesquisador pode ter implicações éticas relativas ao
engano. Como estudo de caso, a observação participante busca colher informações
muito detalhadas.
A análise dos dados secundários tem a grande vantagem da economia. O pesquisador não
precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas, codificações, recrutamento de
sujeitos experimentais, etc. A principal desvantagem do método é que o pesquisador fica
limitado a dados já coletados e compilados por outros, que podem não representar
adequadamente a questão que lhe interessa.
Estes vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto
ao tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a ser coletada. Eles
também podem ser utilizados de forma complementar quando necessário. Veja alguns
exemplos:
Avaliação de impacto
Das pessoas escritas para o teste, são selecionados dois grupos de forma aleatória, por
sorteio. Para um grupo é distribuído o placebo (grupo controle) e para o outro grupo é dado o
remédio (grupo tratado). Depois do tratamento, compara-se a condição de saúde dos dois
grupos.
Se o grupo tratado apresenta melhor condição de saúde de que o grupo controle, o remédio
tem resultado positivo. Caso contrário, o remédio não tem resultado.
Avaliação de impacto
Existem várias técnicas, as mais usadas são pareamento com escore de propensão e
diferenças em diferenças. Neste curso não serão tratadas essas técnicas, pois exigem um
Survey
Elaboração de um questionário
A interação pode ocorrer no âmbito de uma entrevista presencial, onde os dois atores são
colocados frente a frente numa relação de entrevistador e entrevistado, ou no âmbito da
resposta a um questionário encaminhado, por exemplo, via e-mail ou correio, onde ocorre
uma interação entre os dois atores, pela apresentação do questionário, a maneira como as
questões foram escritas, o agradecimento pela disponibilidade de responder ao questionário,
dentre outros fatores. Ou seja, mesmo no preenchimento de um questionário está ocorrendo
uma entrevista, mas a relação entre entrevistado e entrevistador está sendo mediada pelo
questionário.
Segundo Dillman (1978), três coisas devem ser feitas para maximizar as respostas a um
questionário: minimizar o custo para o respondente, maximizar as recompensas para o
respondente e estabelecer uma confiança de que a recompensa será concedida. Lembre
das seguintes recomendações para o estabelecimento da estrutura lógica do questionário:
A estrutura do questionário
Uma estrutura bem pensada contribui para reduzir o esforço físico e mental do
respondente. Além disso, assegura que todos os temas de interesse do pesquisador sejam
tratados numa ordem objetiva, mantendo o interesse do respondente em continuar. É
preciso saber com precisão por que se está incluindo cada pergunta no questionário.
As perguntas
As perguntas
Uma boa pergunta é aquela que gera respostas fidedignas e válidas e, por essa razão,
devem apresentar algumas características básicas:
Linguagem
Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas é preciso atentar para a sua
compreensão pela população alvo da pesquisa. Abreviações, gírias ou termos
regionais, termos especiais ou sofisticados que estejam acima da compreensão da
população alvo devem ser evitados.
- As perguntas podem direcionar as respostas, então é preciso atentar para a escolha das
palavras.
A forma com que as perguntas são formuladas e ordenadas no questionário podem gerar
alguns problemas. Ao formular as perguntas é preciso verificar se elas não constituem
ameaça ao respondente.
Caso existam razões para supor que o respondente é “sensível” ao tema, é preciso
verificar maneiras de encontrar a informação sem provocar constrangimento.
Escalas de respostas
Para tornar mais fácil a classificação das respostas às perguntas é necessário que se pense
nas escalas de respostas. As escalas podem ser classificadas em escala nominal, ordinal
ou intervalar.
Ex.: A frase “Qual o estado civil de V. S.a ?” soa melhor do que solicitar simplesmente
“Estado civil”.
Exemplo: A raça pode ter como categoria apenas a)brancos e b) não brancos ou a)
brancos, b) negros, c) pardos, d) indígenas, e) asiáticos e f) outros.
Uma técnica de mensuração muito utilizada nas ciências sociais para levantar atitudes,
opiniões e avaliações é a construção de escalas likert. Nela, o respondente avalia um
fenômeno numa escala de geralmente cinco alternativas. :
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Likert
Exemplo:
Em termos gerais, o quão satisfeito você O quão seguro, você se sente ao andar
está com as suas condições de trabalho? sozinho pelas ruas na região onde reside ao
1. Bastante satisfeito anoitecer?
2. Muito satisfeito 1. Muito seguro
3. Pouco satisfeito 2. Razoavelmente seguro
4. Nada satisfeito 3. Nada seguro
Escala Interval
Exemplo:
O uso científico das informações de segurança pública e justiça criminal para a gestão de
políticas, envolve, não apenas informações específicas dessa área, mas também
informações socioeconômicas e urbanas necessárias para se contextualizar a sua situação.
Essa contextualização permite, por exemplo, identificar as causas sociais dos fenômenos de
segurança pública e também aperfeiçoar a visão sobre o resultado alcançado. Possibilita
também verificar se as mudanças que ocorrem na segurança pública têm também outras
condições além da atuação dos órgãos dessa área.
Para uma visão efetivamente compreensiva dos fenômenos relacionados a tal problemática,
como enfatiza Kahn (2002), é necessário atentar para as condições gerais de vida da
população.
Fontes de dados
Em seu artigo sobre a importância dos indicadores como instrumento auxiliar a prevenção
municipal da criminalidade, Kahn (2002) observa que o nível socioeconômico é um fator
explicativo para o predomínio de eventos criminais específicos em determinadas localidades,
muito embora a explicação da sua distribuição seja bastante complexa.
Citando uma pesquisa realizada em diversos bairros da cidade de São Paulo, Kahn (2002)
percebe que a distribuição espacial dos homicídios encontra uma forte associação com o
reduzido nível socioeconômico local. Observou, também, que acontecem mais crimes contra
o patrimônio em bairros cujos moradores apresentam uma renda média bastante elevada.
Dessa forma, é desejável, tanto quanto possível, que aos bancos de dados sobre
criminalidade – geralmente compostos por dados administrativos policiais, como
registros de ocorrências –, estejam agregados com as informações socioeconômicas
das populações locais e da infra-estrutura urbana.
Características e limitações dos registros das polícias militares e das polícias civis
- A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla
gama de incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir
crime. Um dos grandes problemas dessa base de dados também é a subnotificação dos
crimes.
Por causa das características dos dados gerados pelas polícias e suas limitações, muitas
vezes são necessárias fontes alternativas de informações. Veja nas próximas páginas
quais são estas fontes.
Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de
vitimização, que permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também
o tamanho e o perfil da subnotificação. Infelizmente, no Brasil, só foi realizada uma pesquisa
de vitimização, de âmbito nacional, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Curso Análise Criminal – Módulo 2
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no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 1988 e, desde
aquele momento, só existem algumas pesquisas eventuais por instituições privadas em
alguns estados, insuficientes para estabelecer qualquer série temporal.
No caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras são importantes para
comprovar tendências. Entretanto, como nem todos os carros estão segurados, as
informações das seguradoras devem conter menos registros que as das polícias.
Existem inúmeras instituições públicas e privadas que compilam informações que podem ser
relevantes para a análise de crimes, criminosos ou vítimas específicas. Dentre outras, estão
as agências de regulação dos produtos controlados, como armas, álcool ou drogas,
agências reguladoras que fiscalizam instituições bancárias ou de segurança, autoridades
fiscais e alfandegárias, departamentos de segurança de instituições privadas, etc.
Uma das fontes de informações sobre segurança pública são os portais das Secretarias
Estaduais de Segurança Pública, da Polícia Civil e da Polícia Militar. Quando as
informações estatísticas não estão disponibilizadas no portal é preciso fazer um contato
telefônico ou por e-mail com os gestores dessas instituições solicitando-as.
Uma das fontes de dados mais importantes para complementar as bases de segurança
pública e justiça criminal é o censo demográfico realizado pelo IBGE a cada dez de anos.
Dentre outras informações, o censo fornece o dado populacional, sem o qual seria
impossível calcular as taxas de crimes por 100 mil habitantes, fazer comparações entre
diferentes unidades administrativas e acompanhar tendências temporais. Do mesmo modo,
informações como a composição etária e racial da população, as taxas de urbanização, de
desemprego, de migração, os indicadores de desigualdade na distribuição de renda, as
taxas de evasão escolar ou a composição das famílias, e outros fatores, são cruciais para a
interpretação precisa do significado das estatísticas criminais.
3. Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso atentar para a sua
compreensão pela população alvo da pesquisa. Abreviações, gírias ou termos regionais,
termos especiais ou sofisticados devem ser utilizados para facilitar a compreensão do
entrevistado.
Coleta de informações
Anexos
ACRE
SSP: www.ac.gov.br/sejusp
Polícia Militar: www.pm.ac.gov.br
Polícia Civil: www.ac.gov.br/policiacivil
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.ac.gov.br
ALAGOAS
SSP: www.ssp.al.gov.br
Polícia Militar: www.pm.al.gov.br
Polícia Civil: www.pc.al.gov.br/
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.al.gov.br
AMAZONAS
SSP: www.ssp.am.gov.br
Polícia Militar: www.pm.am.gov.br
Polícia Civil: www.policiacivil.am.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.am.gov.br
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AMAPÁ
SSP: www.sejusp.ac.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbmap.hpg.ig.br
BAHIA
SSP: www.ssp.ba.gov.br
Polícia Militar: www.pm.ba.gov.br
Polícia Civil: www.ssp.ba.gov.br/policiacivil.asp
CEARÁ
SSP: www.seguranca.ce.gov.br
Polícia Militar: www.pm.ce.gov.br
Polícia Civil: www.policiacivil.ce.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.cb.ce.gov.br/index.asp
DISTRITO FEDERAL
SSP: www.ssp.df.gov.br
Polícia Militar: www.pmdf.df.gov.br
Polícia Civil: www.pcdf.df.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.df.gov.br
ESPÍRITO SANTO
SSP: www.sesp.es.gov.br
Polícia Militar: www.pm.es.gov.br
Polícia Civil: www.pc.es.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.cb.es.gov.br
GOIÁS
SSP: www.sspj.go.gov.br
Polícia Militar: www.pm.go.gov.br
Polícia Civil: www.policiacivil.goias.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.go.gov.br
MARANHÃO
SSP: www.sesec.ma.gov.br
Polícia Militar: www.pm.ma.gov.br
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Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.ma.gov.br
MINAS GERAIS
SSP: www.sesp.mg.gov.br/
Polícia Militar: www.pmmg.mg.gov.br
Polícia Civil: www.sesp.mg.gov.br/
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.mg.gov.br
PARÁ
SSP: www.segup.pa.gov.br/
Polícia Militar: www.pm.pa.gov.br
Polícia Civil: www.policiacivil.pa.gov.br/
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.pa.gov.br
PARANÁ
SSP: www.pr.gov.br/sesp/
Polícia Militar: www.pmpr.pr.gov.br
Polícia Civil: www.policiacivil.pr.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.pr.gov.br
PARAÍBA
SSP: www.ssp.pb.gov.br
Polícia Militar: www.pm.pb.gov.br
Polícia Civil: www.ssp.pb.gov.br
PERNAMBUCO
SSP: www.sds.pe.gov.br/
Polícia Militar: www.pm.pe.gov.br
Polícia Civil: www.policiacivil.pe.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: ww2.sds.pe.gov.br/cbmpe/
RIO DE JANEIRO
SSP: www.seguranca.rj.gov.br/
Polícia Militar: www.policiamilitar.rj.gov.br
Polícia Civil: www.policiacivil.rj.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbmerj.rj.gov.br/
RONDÔNIA
SSP: www.rondonia.ro.gov.br/orgaos.asp?id=23
Polícia Militar: www.pm.ro.gov.br
Polícia Civil: www.policiacivil.ro.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.ro.gov.br
SANTA CATARINA
SSP: www.ssp.sc.gov.br/
Polícia Militar: www.pm.sc.gov.br
Polícia Civil: www.policiacivil.sc.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.cb.sc.gov.br
SÃO PAULO
SSP: www.ssp.sp.gov.br
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Polícia Militar: www.polmil.sp.gov.br
Polícia Civil: www.policia-civ.sp.gov.br/
Corpo de Bombeiros Militar: www.polmil.sp.gov.br/ccb
SERGIPE
SSP: www.ssp.se.gov.br
Polícia Militar: www.pm.se.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.cbm.se.gov.br
TOCATINS
SSP: www.to.gov.br/ssp/
Polícia Militar: www.pm.to.gov.br
Polícia Civil: www.to.gov.br/ssp/conteudo.php?id=40
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.to.gov.br
RORAIMA
SSP: www.rr.gov.br/governo.php?area=secretarias
Polícia Militar: www.pm.rr.gov.br
Corpo de Bombeiros Militar: www.bombeiros.rr.gov.br
INSTITUIÇÃO ENDEREÇO
Pesquisas de vitimização
Marcelo Durante1
1
Coordenador geral de análise da informação do Ministério da Justiça. Tem experiência na área de
Sociologia, com ênfase em Segurança Pública.
Curso Análise Criminal – Módulo 2
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tipos de crime, características do incidente e, até mesmo, a percepção da vítima sobre a
eficiência do sistema policial.
A primeira pesquisa de vitimização norte-americana, de 1966, descobriu que o volume
de vitimizações era quase o triplo da quantidade de eventos criminais relatados à polícia
(Paixão, p. 47). O British Crime Survey calculou no começo dos anos 90 que ocorrem na
Inglaterra quatro vezes mais crimes do que são registrados pela polícia. Ainda que o volume do
subregistro varie de crime para crime e de país para país, esse é um fenômeno generalizado.
Entre os 20 países pesquisados pelo UNICRI (Instituto Europeu de Criminologia da ONU), no
período de 1988 e 1992, foi identificada uma taxa de subnotificação da ordem de 51% para um
conjunto de 10 crimes diferentes. No caso brasileiro, recente pesquisa desenvolvida pelo
PIAPS (Plano de Integração e Acompanhamento de Programas Sociais/MJ), em 2001, mostrou
que apenas 10% das vítimas de furto ou agressão sexual e 25% das vítimas de agressão física
ou roubo registraram os delitos na polícia.
É preciso deixar claro que as pesquisas de vitimização não substituem os
levantamentos oficiais. Elas constituem um instrumento complementar de coleta de dados que
tem como objetivo dar conta de uma realidade que não está presente nas estatísticas oficiais.
Seu objetivo principal é mensurar os crimes não registrados à polícia e as motivações que
produzem o subregistro. Essas pesquisas podem, ainda, fornecer um conjunto detalhado de
informações essenciais para a criação de políticas de segurança pública:
a) O perfil das vítimas dos delitos;
b) O perfil dos agressores;
c) O relacionamento entre vítimas e agressores;
d) As circunstâncias nas quais os incidentes ocorreram;
e) A experiência das vítimas com os agentes do sistema de segurança pública e justiça
criminal;
f) As medidas tomadas pelos indivíduos objetivando a prevenção de delitos;
g) Os custos diretos e indiretos do crime para suas vítimas, em particular, e para a sociedade
de um modo geral;
h) Os níveis de eficácia das organizações policiais no controle da criminalidade;
i) O grau de exposição de diferentes grupos sociais à criminalidade;
j) As percepções coletivas sobre o crime; e
k) A percepção do público a respeito da atuação do Estado na área de segurança pública.
Agressão sexual
Furto
Agressão física
Roubo
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Percentual de notificação
Fonte: PIAPS/MJ
.
No Brasil, a primeira pesquisa de vitimização de que se tem notícia foi o suplemento
incluído na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, de 1988. A maior
parte das pesquisas de vitimização que foi realizada no Brasil ocorreu na década de noventa e,
em razão do seu custo, limitaram-se a algumas capitais, em particular na região sudeste do
país. Como exemplos de pesquisas de vitimização realizadas nos anos 90, existem os estudos
do Banco Mundial realizados entre os anos de 1988 e 1999, nas cidades do Rio de Janeiro e
São Paulo; a pesquisa de vitimização de Belo Horizonte 2002 realizada pelo Crisp/UFMG
(Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública); a pesquisa de vitimização
realizada na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1996, pelo ISER – Instituto de Estudos da
Religião – em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e, mais recentemente, a pesquisa de
vitimização 2002 e avaliação do PIAPS, realizada simultaneamente em quatro grandes cidades
brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitória – pelo Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República, em parceria com o Ilanud e a FIA-USP.
Esse portal reúne dados macroeconômicos e regionais provenientes de várias fontes. Para a
maioria deles está disponível a série histórica, ou seja, o dado para vários períodos de
tempo. Além disso, o IPEA disponibiliza vários indicadores, que são estatísticas com
metodologia de cálculo desenvolvida pelo instituto em seus estudos e pesquisas.
Os dados são divididos por temas: agropecuária, balanço de pagamentos, câmbio, comércio
exterior, consumo e vendas, contas nacionais, demografia, economia internacional,
educação, eleição, emprego, estoque de capital, finanças públicas, financeiras, geográfico,
habitação, IDH, indicadores sociais, mercado de trabalho, moeda e crédito, população,
preços, produção, projeções, salário e renda, saúde, segurança pública, sinopse
macroeconômica e transporte.
Fonte: www.ipeadata.gov.br
Fonte: www.datasus.gov.br
Fonte: www.ibge.gov.br
Página 1
Módulo 3 – Análise estatística criminal
Neste módulo, você estudará os conceitos básicos relacionados ao estudo da estatística para
compreender melhor as técnicas utilizadas na análise estatística criminal.
Clique nos termos abaixo para compreender melhor alguns conceitos básicos utilizados em
estatística.
característica em comum.
Página 2
- Amostra: É uma coleção de dados relativos a uma parte da população que a representa. É
usada, na maioria das vezes, por causa da impossibilidade e dos custos de coletar informações
de todos os elementos da população.
- Variáveis: São objetos que servem para guardar informações e permitem dar nomes a cada
uma das partes da informação que se quer guardar. Por exemplo, tratando-se de vitimização
dos indivíduos, há como variáveis distintas: quantos crimes o indivíduo sofreu, sua
escolaridade, seu gênero, sua idade, etc.
Apresentação
de dados
Elaboração
de gráficos
Elaboração
de mapas
Página 3
atividades, custos envolvidos, exame das informações disponíveis e delineamento da amostra),
o passo seguinte é a coleta de dados, que consiste na busca ou compilação das informações
em variáveis, componentes do fenômeno a ser estudado.
Crítica dos dados – A revisão crítica dos dados procede com a finalidade de identificar e
suprimir os valores estranhos ao levantamento, os quais são capazes de provocar futuros
enganos. Esses valores podem ocorrer, principalmente, por problemas de preenchimento ou
digitação dos questionários.
Apresentação dos dados – Convém que sejam organizados em conjunto de dados de forma
prática e racional, para facilitar sua apresentação no formato de tabelas, gráficos ou mapas. A
execução dessa etapa ocorre de forma interligada à próxima etapa referente à análise dos
dados, pois com o desenvolvimento da análise é possível descobrir outras tabelas, gráficos ou
mapas que sejam necessários para uma melhor compreensão do fenômeno estudado.
Análise – Análise das informações produzidas a partir da leitura das tabelas, gráficos e mapas,
sistematizando as conclusões em um relatório.
Estatística Descritiva: são técnicas analíticas utilizadas para resumir e apresentar os dados
de uma pesquisa, visando descrevê-la.
A execução desse fluxo da análise estatística envolve sempre a possibilidade de se ter que
retornar à primeira etapa da pesquisa referente à coleta de dados. Tanto uma crítica dos dados
pode mostrar que a etapa de coleta não foi bem planejada ou executada, quanto às etapas de
apresentação e análise dos dados podem evidenciar que os dados coletados são insuficientes
para garantir uma boa compreensão do fenômeno estudado.
Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma
ordem de classificação, ou seja, uma seqüência de números que se refere a uma certa
variável. Três fatores básicos estruturam a construção de séries estatísticas:
Página 4
- Época – Fator temporal ou cronológico a que se refere o fenômeno analisado;
- Local – Fator espacial ou geográfico onde o fenômeno acontece; e
- Fenômeno – Espécie do fator que é descrito.
Esses fatores levam a existência de quatro tipos distintos de séries estatísticas: série
temporal, série geográfica e série específica.
Série temporal
Fonte: MJ/SENASP
Página 5
Série geográfica
Homicídios Dolosos
Unidades da Tabela 3 – Distribuição das vítimas de homicídio doloso e
Taxas Vítimas /
Federação Vítimas
100mil hab. taxa de vítimas por 100 mil habitantes entre as unidades
Acre 152 22,1
Alagoas 1.592 52,2 da federação (Brasil – 2006) - Fonte: MS/SVS.
Amapá 191 31,0
Amazonas 689 20,8
Bahia 3.138 22,5
Ceara 1.677 20,4
Distrito Federal 646 27,1
Espírito Santo 1.699 49,0
Goiás 1.298 22,6
Maranhão 771 12,5
Mato Grosso 739 25,9
Mato Grosso do Sul 658 28,6
Minas Gerais 3.594 18,5
Para 1.945 27,4
Paraíba 807 22,3
Paraná 2.897 27,9
Pernambuco 4.215 49,6
Piauí 402 13,2
Rio de Janeiro 5.992 38,5
Rio Grande do Norte 405 13,3
Rio Grande do Sul 1.972 18,0
Rondônia 445 28,5
Roraima 64 15,9
Santa Catarina 649 10,9
São Paulo 7.274 17,7
Sergipe 560 28,0
Tocantins 192 14,4
Tabela 3 – Distribuição das vítimas de homicídio doloso e taxa de vítimas por 100 mil
habitantes entre as unidades da federação (Brasil – 2006) - Fonte: MS/SVS.
Página 6
Série específica
A série específica (categórica ou por categoria) é identificada pelo caráter variável do fator
fenômeno.
Tabela 4 – Ocorrências registradas pelas polícias civis por número e taxas por
100 mil habitantes (Brasil – 2005) - Fonte: MJ/SENASP.
Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter atenção ao examiná-los, pois, muitas
vezes, o conjunto de valores é extenso e desorganizado e há risco de se perder a visão global
do fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em tabelas,
gráficos ou mapas, facilitando sua compreensão.
Página 7
Um dos objetivos da construção de tabelas é sistematizar os valores que uma ou mais
variáveis podem assumir, para que tenhamos uma visão global da sua variação.
Construção de tabelas
Corpo da tabela - É o conjunto de linhas e colunas que contêm informações sobre a variável
em estudo. A substituição de uma informação da tabela pode ser feita pelos seguintes sinais:
(...) informação é coletada, mas não está disponível; (–) informação não coletada e (?) quando
há dúvida da validade da informação.
Fonte: MJ/SENASP.
Rodapé
Elementos complementares da tabela:
Página 8
a) Fonte: Identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados
numéricos;
b) Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo da tabela; e
c) Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento de uma tabela que necessita de
uma nota específica.
Construção de gráficos
- Título do gráfico
Conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo às perguntas: O quê?
Quando? e Onde? – localizado no topo do gráfico, além de contar a palavra “GRÁFICO” e sua
respectiva numeração.
- Corpo do gráfico
É a representação gráfica da análise efetuada.
- Rodapé
Elementos complementares do gráfico:
a) Fonte: Identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados
numéricos;
b) Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo do gráfico;
e
c) Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento do gráfico que necessita de uma
nota específica.
Tipos de gráficos
Página 9
Gráficos em colunas
5
Percentual do PIB Municipal
0
São Paulo Rio de Janeiro Belo Horizonte
Municípios
Página 10
Gráficos de Barras
Gráficos em setores
Página 11
Representação através de um círculo, por meio de setores, sendo muito utilizado quando se
quer comparar cada valor de uma série com o seu total (proporção).
Gráfico 4 – Percentual dos IMLs que possuem verba própria e percentual dos IMLs conforme
cobertura das despesas de manutenção pelas verbas próprias (Brasil - 2003)
Não Não
( 84%) ( 82%)
Fonte: MJ/SENASP.
1980
1983
1986
1989
1991
1995
1998
2000
2003
2005
ano
Fonte: MS/SVS.
Página 12
Como você estudou na aula 1, a análise descritiva envolve técnicas para organizar, resumir e
descrever os dados de uma pesquisa.
Para facilitar a descrição dos dados são utilizados alguns parâmetros, apresentados a seguir,
de forma didática, divididos em cinco grupos:
Proporção
É obtida a partir do cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total. Considere 10
pessoas retidas em uma delegacia, das quais 4 são homens. A proporção de homens é de
4/10 = 0,4, ou seja, temos 0,4 homens por pessoa retida na delegacia. Considere que 20
ocorrências são registradas em um município, das quais 10 são homicídios dolosos. A
proporção de homicídios é de 10/20 = 0,5, ou seja, 0,5 homicídios por ocorrência registrada no
município.
Porcentagem
As porcentagens são obtidas a partir do cálculo das proporções, simplesmente
multiplicando-se o quociente obtido por 100. A palavra porcentagem significa “por cem”. Uma
vez que a soma das proporções é a igual a 1, a soma das porcentagens é igual a 100, a menos
que as partes não sejam mutuamente exclusivas e exaustivas. Assim, nos exemplos de
proporção, há 40% de homens entre as pessoas retidas e 50% de homicídios entre as
ocorrências registradas no município.
Razão
Definida a razão de um número A em relação a um número B como “A dividido por B”, como
por exemplo, a razão de policiais por viatura no Brasil é de (policiais)/(viaturas) = 618.613 /
76.074 = 8,13, ou seja, há 8,13 policiais por viatura. Resta esclarecer que a razão busca
relacionar quantidades de itens diferentes, como: policiais por viatura, PIB por habitantes,
recursos financeiros gastos pela polícia militar pelo total do efetivo da polícia militar, etc.
Página 13
Tabela 6 – Gastos das polícias militares segundo tipo de gasto (Brasil – 2005)
Fonte: MJ/SENASP .
Cálculos da proporção, porcentagem e razão – Tabela 6
5.516.952.440,11
Gasto com a folha de pagamento = 0,91
Gasto total 6.005.508.679,78
Para cada real gasto pelas polícias militares, 91 centavos são referentes à folha de pagamento
Cerca dos 91% dos gastos das polícias militares são referentes à folha de pagamento.
Razão de gastos com folha de pagamento por gastos com aquisição de viatura.
Para cada um real gasto com aquisição de viatura são gastos R$ 69,63 com a folha de
pagamento.
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Tipo de gasto das polícias Valor gasto (R$)
militares
Tabela 7 – Efetivo das polícias civis, segundo a categoria profissional (Brasil – 2005)
Fonte: MJ/SENASP.
Inspetor 9.655
Agente 16.517
Papiloscopista 2.170
Escrivão 10.764
Carcereiro 2.145
Outros 8.988
Total 70.880
Fonte: MJ/SENASP.
15.162
- Proporção de investigadores e detetives: = 0,23
70.880
Para cada profissional do efetivo da polícia civil, existem 0,23 investigadores e detetives.
Página 15
- Porcentagem de investigadores e detetives: 0,23 x 100 = 23%
Distribuição de freqüências
- Freqüência absoluta acumulada: É a soma das freqüências absolutas dos valores inferiores
ou iguais ao valor dado.
- Freqüência relativa acumulada: É a soma das freqüências relativas dos valores inferiores ou
iguais ao valor dado.
Página 16
Cidade 1 3 Cidade 9 5
Cidade 2 9 Cidade 6
10
Cidade 3 0 Cidade 8
11
Cidade 4 3 Cidade 10
12
Cidade 5 4 Cidade 12
13
Cidade 6 5 Cidade 12
14
Cidade 7 5 Cidade 14
15
Cidade 8 5 Cidade 18
16
Freqüência Freqüência
Número de Freqüência Freqüência
absoluta relativa
homicídios absoluta relativa
acumulada acumulada
0 1 1 0,0625 0,0625
3 2 3 0,1250 0,1875
4 1 4 0,0625 0,2500
5 4 8 0,2500 0,5000
6 1 9 0,0625 0,5625
8 1 10 0,0625 0,6250
9 1 11 0,0625 0,6875
10 1 12 0,0625 0,7500
12 2 14 0,1250 0,8750
14 1 15 0,0625 0,9375
18 1 16 0,0625 1,00
Total 16 1,00
Página 17
Distribuição de freqüências
Página 18
Gráficos utilizados na distribuição de freqüênciaHistograma é um gráfico de barras
justapostas, com a área das barras proporcional à freqüência absoluta.
5
q u e n c y Absoluta
4
3
F r eFrequência
0
0 ,0 5 ,0 1 0 ,0 1 5 ,0
2 ,5 7 ,5 1 2 ,5 1 7 ,5
V A R 0 0 Número
001 de Homicídios
Página 19
18
Polígono de freqüência
Polígono de freqüência acumulada
16
14
12
10
Freqüência
0
0 3 4 5 6 8 9 10 12 14 18
Número de homicídio
- Mediana: É o valor da variável que ocupa a posição central nos dados, ou seja, que divide a
amostra ao meio.
Página 20
Como calcular a média, a moda e a mediana
Média
Somam-se todos os homicídios ocorridos e divide-se por 16, que é o número de cidades.
Para o cálculo da mediana, o primeiro passo é a ordenação crescente das observações, como
mostrado no exemplo anterior (cálculo da média). Após a ordenação das observações,
identifica-se cada uma delas por um índice numérico. No exemplo citado X2 é igual a 3, ou seja,
a cidade 2, nesta seqüência de cidades em ordem crescente de número de homicídios, possui
3 homicídios. No mesmo exemplo, a mediana é calculada da seguinte forma:
Mediana = (X(n/2)+ X[(n/2)+1])/2 = (X(16/2)+ X[(16/2)+1])/2 = (X8+ X9)/2 = (5 + 6)/2 = 11/2 = 5,5
Moda: O valor que ocorreu com maior freqüência absoluta. No exemplo citado, o valor 5
ocorreu mais vezes, 4 vezes.
Outros conceitos
Para compreender melhor os cálculos das medidas apresentadas, conheça mais três
Página 21
risco, ou seja, pelo tamanho da população que poderia sofrer esse crime, e o valor obtido é
multiplicado por 100 mil.
Quartis
São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em quatro partes iguais.
Decis
São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em dez partes iguais.
Exemplo
Diferente da maior parte das ocorrências criminais, os estupros vitimam apenas mulheres e,
por essa razão, o cálculo de sua taxa tem como denominador a população feminina.
A importância do cálculo da taxa é verificada, por exemplo, quando observam que apesar da
Polícia Civil de São Paulo ter registrado 3.903 vítimas de estupro, em 2005, a unidade da
federação com maior incidência de estupros foi Roraima, com apenas 81 ocorrências
registradas. Dado a diferença do tamanho da população dessas UFs, em São Paulo foram 18,9
vítimas para cada grupo de 100.000 mulheres e, em Roraima, 42,4 vítimas para cada grupo de
100.000 mulheres.
Cálculos
Para se determinar a taxa de uma região geográfica (que reúne várias UFs) não deve-se
calcular a média das taxas das UFs, pois esse cálculo não leva em consideração o tamanho da
população de cada UF dentro da região geográfica. O correto é somar as vítimas de todas
as UFs, a população de todas as UFs e realizar o cálculo da taxa média da região
geográfica.
Página 22
Veja a seguir a diferença gerada a partir desses dois tipos de cálculo.
Média das taxas das UFs da Região Sudeste: 10,77 + 8,14 + 16,61 + 18,93 = 54,45 = 13,61
4 4
Cálculos
Moda: A amostra de taxa de estupro não apresenta moda, dado que as taxas de estupro entre
as 27 unidades da federação não têm valores repetidos.
Mediana: Como a informação de 1 das UFs não está disponível, para o cálculo da mediana
devem ser consideradas apenas 26 UFs (número par de observações). Assim, a mediana será
calculada através da fórmula:
(X(n/2)+ X[(n/2)+1])
2
Página 23
4,94
6,27
7,32
8,14
8,89
10,52
10,77
11,27
Q1
11,44
11,74
16,61
16,91
18,8 Q2
18, 93
19,12
20,27
20,77
22,89
25,38
27,08
27,53 Q3
30,03
32,2
32,96
36,81
42,4
Medidas de dispersão
Para que você entenda melhor os cálculos das medidas de dispersão, volte aos dados
hipotéticos da tabela 8.
Página 24
Como calcular a Amplitude
Para calcular a amplitude subtrai-se o número de homicídios da cidade 16 (18), que é o maior,
do número de homicídios da cidade 3 (0), que é o menor.
Amplitude = 18 – 0 = 18
Medidas de dispersão
119/16 = 7,4375
s²=39,3828+2,4414+5,3164+11,8164+23,7656+2,0664+0,3164+6,5664+41,6328+43,0664+111
,5664=
( X 1 − X ) 2 + ( X 2 − X ) 2 + ... + ( X n − X ) 2
Logo: Variância = s 2 =
( n − 1)
Medidas de dispersão
Página 25
Como calcular o desvio padrão
Após descobrir o valor da variância, calcula-se a sua raiz quadrada, esse resultado, é o valor
do desvio padrão.
s = s 2 = 22,52971 = 4,74649
Todos os pacotes estatísticos, incluindo o Excel, fazem o cálculo da variância como do desvio
padrão desse valor automaticamente.
Após o diagnóstico da situação de um estado, identifica-se que duas (2) regiões se destacam
pelas altas taxas de incidência de homicídios.
Comparando as medidas de dispersão das taxas municipais de homicídios para essas duas
regiões, descobre-se que em uma delas os valores estão mais dispersos do que na outra
região. Isto significa que na região onde os valores estão menos dispersos o problema da
alta incidência de homicídios está distribuído de forma ampla, atingindo grande parte
dos municípios da região.
Nesse caso, identificar o grau de dispersão dos dados informará se é preciso planejar a
ação tendo como foco todos os municípios da região ou apenas alguns que têm a
situação mais precária.
Curso Análise Criminal – Módulo 3
SENASP/MJ - Última atualização em 22/06/2009
Página 26
Coeficiente de correlação
Coeficiente de correlação
Mede a intensidade de associação linear entre duas variáveis. Por exemplo, a associação
entre número de homicídio e número de armas de fogo. Seu cálculo é realizado com base
na variância da amostra, através da seguinte fórmula:
r = sxy / (sxsy)
s xy =
∑( X i − X )(Yi − Y )
n −1
Página 27
A interpretação desse coeficiente é simples. Considerando que r é sempre um valor entre -1 e
+1, temos:
Para isso, estima-se uma regressão linear considerando como variável dependente o número
de homicídio e, como variável explicativa, o número de arma de fogo. Essa estimativa fornece
uma equação, através da qual, é possível inferir o número médio de homicídio de acordo com o
número de arma de fogo. Entretanto, como a regressão estima uma relação estatística, ela está
Página 28
sempre sujeita a um erro. Toda a análise de regressão se baseia na correção desse erro
estatístico através de diversos métodos que variam de acordo com o tipo e distribuição
dos dados.
1. Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma
mesma ordem de classificação. Quando o fator básico que estrutura a construção de
séries estatísticas é o fator descrito, podemos dizer que esta série é:
Página 29
2. Uma vez que os dados foram coletados, muitas vezes o conjunto de valores é extenso
e desorganizado e seu exame requer atenção, pois há risco de perder a visão global do
fenômeno analisado. Para que isso não ocorra é interessante reunir os valores em:
( ) Porcentagem
( ) Razão
( ) Proporção
Página 30
Gabarito
1. Uma série específica.
Página 31
Anexo - Tabela 10
Página 32
Análise Criminal
Neste módulo, você estudará a representação dos dados e informações a partir de mapas.
Geoprocessamento
Para que haja análise espacial, é necessário, antes de tudo, uma base cartográfica ou um
mapa digital da região foco do estudo.
Coordenadas geográficas
Constituem um sistema de linhas imaginárias que dividem a Terra. Elas foram criadas com
o objetivo de padronizar, universalmente, a localização espacial em qualquer ponto do globo
terrestre. Para entender o sistema de coordenadas é necessário se familiarizar com as noções
de latitude, longitude e com os pontos cardeais (Norte, sul, leste e oeste).
Latitude
É determinada pelos paralelos. Os paralelos são linhas imaginárias que cortam a Terra
no sentido leste-oeste, paralelas a linha do Equador. A linha do Equador é o paralelo mais
conhecido e corta o globo terrestre exatamente ao meio, dividindo a Terra em duas partes
iguais. É por esse motivo que seu nome deriva do radical grego equi que significa igual. Por
convenção, a linha do Equador é a latitude “zero”.
Conforme nos movemos para o norte ou para o sul, a latitude aumenta em proporções
iguais. Ao norte do equador, a latitude é positiva, ao sul é negativa. Dois outros paralelos
também famosos são os Trópicos de Câncer (23º26’00’’) e de Capricórnio (-23º27’09). As
zonas tropicais recebem esse nome porque estão situadas entre esses trópicos, na zona
próxima ao Equador.
É determinada por linhas imaginárias que cortam o globo terrestre no sentido norte-sul,
passando pelos dois pólos. Essas linhas imaginárias são chamadas de meridianos. Ao
contrário dos paralelos, todos os meridianos dividem a Terra ao meio, porque todos passam
nos pólos. Em 1884, a International Meridian Conference adotou o meridiano de Greenwich
como marco “zero”, que é usado, universalmente, para a localização de pontos na Terra. Os
outros meridianos foram calculados em 180º para leste e oeste do meridiano de Greenwich,
totalizando os 360º do globo terrestre.
Fonte: http://www.esteio.com.br/servicos/se_cartografia.htm .
Compreendendo a questão
Imagine a abertura da esfera terrestre até o ponto em que ela fica plana. Se existem os pontos
A, B e C na Terra e eles apresentam a mesma distância entre si, quando essa representação
for feita em uma superfície plana, provavelmente, ocorrerão distorções da distância real entre
os pontos.
Curso Análise Criminal – Módulo 4
SENASP/MJ - Última atualização em 10/11/2008
Página 4
Para facilitar o entendimento, imagine um desenho na superfície de uma bola de futebol. Ao
cortá-la na metade do diâmetro, e abri-la reta em cima de uma mesa como se quisesse criar
uma “folha”, com a intenção de manter o desenho, seria preciso rasgar a bola em pedaços ou
distorcê-lo, aumentando o tamanho de alguns pedaços e diminuindo outros. A mesma coisa
acontece, quando se quer representar a Terra em uma superfície plana.
Tipos de projeções
As projeções são divididas em três tipos básicos: plana, cônica e cilíndrica. Além disso, elas
podem ser secantes ou tangentes. A tangente coincide com o limite do globo e a secante
corta o globo na sua extremidade.
Fonte: http://www.esteio.com.br/servicos/se_cartografia.htm .
Projeções cônicas
As projeções cônicas representam a esfera terrestre sobre um cone imaginário que entra em
contato com ela em um dado paralelo. Suas distorções são pequenas perto desse paralelo e
aumentam à medida que se distanciam dele. Esse tipo de projeção é muito utilizado para
representar áreas de latitude entre 30º e 60º graus ou áreas de grande extensão latitudinal.
Figura 11: Projeções cônicas.
Fonte: http://www.esteio.com.br/servicos/se_cartografia.htm .
Fonte: http://www.esteio.com.br/servicos/se_cartografia.htm .
Fonte: http://www.esteio.com.br/servicos/se_cartografia.htm .
Fonte: http://www.esteio.com.br/servicos/se_cartografia.htm .
Curso Análise Criminal – Módulo 4
SENASP/MJ - Última atualização em 10/11/2008
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Aula 3 – Escala cartográfica
Forma numérica
A escala é apresentada por uma fração ou proporção, que indica a relação entre a
distância no mapa e a distância na área. Por exemplo, uma escala de 1:1.000.000 (um por
um milhão) significa que cada 1 centímetro no mapa equivale a 1.000.000 centímetros na área,
ou seja, cada 1cm no mapa equivale a 10 quilômetros na área real.
Forma gráfica
A escala é apresentada como um segmento de reta em que uma unidade de medida na
reta equivale a uma determinada medida real, conforme relação determinada. Cada
seqüência de reta tem um centímetro, que equivale a dez quilômetros na área real, ou seja,
cada 1cm no mapa é proporcional a 10km na área representada. Por exemplo:
0 10 20 30 40 50
|____|____|____|____|____|____| (km - quilômetros)
Escala cartográfica
Para elaborar mapas de pequenas áreas não é preciso usar escalas que reduzam muito o seu
tamanho. Quanto menor for o denominador da escala, menor é a redução aplicada para a sua
elaboração e maior será a escala.
Acontece o contrário quando se representa áreas muito grandes, por ser preciso reduzir muito
seu tamanho, o denominador da escala é grande e, portanto, a escala é menor.
Quando se quer representar elementos básicos de uma área sem seus detalhes, escolha
escalas pequenas, como nos mapas geopolíticos. Por outro lado, se estiver interessado
nos detalhes da área, escolha escalas grandes, como na plantas da construção civil.
Um objeto geográfico pode ser representado em um mapa por ponto, linha ou polígono. Esses
elementos podem estar ligados a vários atributos. Os atributos são as propriedades do objeto
espacial, ou seja, é a base de dados que define esse objeto.
Linhas: As linhas são formadas por um conjunto de pontos conectados. Os rios, as ruas, o
trajeto das viaturas policiais, de um criminoso serial, dentre diversas outras representações
podem ser representadas com linhas.
Polígono: É um conjunto de linhas fechadas sobre uma área. É possível representar a fronteira
de países, de municípios, a área de atuação de um comando da Polícia Militar, área de
atuação de um grupamento especial, área de favelas, com polígonos.
Sobreposição de temas
Tipos de mapas
Vale destacar que não há um tipo de mapa mais recomendado que o outro. A escolha depende
do tipo de dado e do atributo a ser representado. Além disso, para um mesmo atributo podem
ser gerados mapas diferentes. Recomenda-se sempre a construção de mais de um mapa
sobre o mesmo fenômeno analisado para que se possa observar as variações e buscar o
motivo delas.
Nos mapas de pontos, sobre uma camada de mapa de polígono, aparecem os eventos
ocorridos em formato de pontos. Esses pontos também podem ser apresentados por alguma
figura, como uma cruz ou um boneco para representar eventos de homicídio.
Nos últimos anos, um padrão pontual que ganhou muito reconhecimento na análise criminal,
por sua utilidade, é o mapa de Hot Spots, que significa “áreas quentes”. Esse mapa mostra
qual a densidade de concentração dos pontos, utilizando gradações de cores. O mapa
apresenta cores mais “fortes” nas áreas onde a densidade de eventos criminais é maior, ou
seja, as áreas quentes. À medida que a densidade diminui, as cores ganham tonalidades mais
claras. Assim, surgem manchas no mapa que indicam as regiões onde a criminalidade está
mais concentrada.
As vantagens do mapa de Hot Spots são que possui uma visualização agradável, revela os
locais, os tamanhos e as formas das manchas criminais. As desvantagens são que não
apresenta o número de eventos e é capaz de causar distorções. As distorções acontecem
porque a função de Kernel trabalha com a densidade relativa entre os locais, sendo possível
formar mapas iguais trabalhando com 10 crimes ou com 1000 crimes.
Veja o mapa de Hot Spots (Kernel) dos homicídios ocorridos em Belo Horizonte (2002). As
distâncias acima do mapa mostram o tamanho do raio usado na análise. Observe como os
mapas diferem de acordo com o raio que é determinado pelo usuário para a análise. O raio
determina o espaço no qual será realizada a contagem de eventos. Assim, quanto maior o
raio, menor é o detalhamento em relação à distribuição dos crimes. Quando se busca
identificar um quarteirão ou esquina mais problemática, é preciso utilizar raios menores.
Quando se busca identificar os bairros ou regiões mais problemáticas, é preciso utilizar raios
maiores.
Mapa 3 – Mapa de Kernel dos homicídios em Belo Horizonte (2002): variação no raio de
análise
Fonte: http://www.crisp.ufmg.br/metodo_kernel.pdf .
Para determinar a divisão dos grupos de polígonos de acordo com o atributo de interesse,
existem algumas técnicas. Essas técnicas determinam quais os valores do atributo que
abrangem cada um dos grupos, ou seja, quais intervalos de valores do atributo devem ser
considerados em cada grupo. Além disso, determinam a quantidade de polígonos que cada
grupo deve conter. Existem várias técnicas para a divisão dos polígonos e o próprio analista
criminal pode construir os intervalos, de acordo com o objetivo do estudo.
Taxas por 100 mil habitantes de crimes violentos letais intencionais registradas pelas
polícias civis no Brasil em 2005.
Taxas por 100 mil habitantes de crimes violentos letais intencionais registradas pelas
polícias civis no Brasil em 2005.
Taxas por 100 mil habitantes de crimes violentos letais intencionais registradas pelas
polícias civis no Brasil em 2005.
Software I3GEO
Dentre alguns softwares desenvolvidos pela AGGT, destaca-se o I3GEO (Interface integrada
para internet de ferramentas de geoprocessamento) que é um software livre e de padrões
abertos, facilitando o repasse às instituições que desejarem, possibilitando que qualquer
pessoa tenha acesso aos códigos de programação.
( ) Para que haja análise espacial, é necessário, antes de tudo, uma base cartográfica ou um
mapa digital da região foco do estudo. A coleta da base cartográfica ou construção do mapa
digital pode ser realizada por levantamentos terrestres ou sensoriamento remoto.
( ) A latitude é determinada pelos paralelos. Os paralelos são linhas imaginárias que cortam a
Terra no sentido norte-sul, paralelas a linha do Equador.
( ) As coordenadas geográficas constituem um sistema de linhas imaginárias que dividem a
Terra. Elas foram criadas com o objetivo de padronizar, universalmente, a localização espacial
em qualquer ponto do globo terrestre.
( ) O geoprocessamento é a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas,
computacionais e geográficas destinadas à coleta e ao tratamento de informações espaciais.
Envolve também o desenvolvimento de sistemas (softwares) que utilizam esses dados.
( ) A longitude é determinada por linhas imaginárias que cortam o globo terrestre no sentido
leste-oeste, passando pelos dois pólos. Essas linhas imaginárias são chamadas de meridianos.
( ) 1: 120.000
( ) 1: 12.000
( ) 1: 1.200.000
( ) 1: 1.200
( ) 1: 12
( ) O mapa de Hot Spots, que significa “áreas quentes”, mostra qual a densidade de
concentração dos pontos, utilizando gradações de cores. O mapa apresenta cores mais claras
nas áreas onde a densidade de eventos criminais é maior. À medida que a densidade diminui,
as cores ganham tonalidades mais escuras.
( ) Nos mapas de pontos, sobre uma camada de mapa de polígono, aparecem os eventos
ocorridos em formato de pontos. Esses pontos também podem ser apresentados por alguma
figura.
( ) Através dos mapas temáticos, a distribuição espacial do atributo de interesse é
apresentada. Sua construção é realizada sobre uma camada de mapa de pontos, em geral,
uma divisão da área estudada.
( ) No mapa temático em que a técnica aplicada para a estratificação dos atributos é o desvio
padrão (Standard Deviation), os intervalos são calculados com base na média e no desvio
padrão dos valores nos cálculos de 1, 0.5 e 0.25 desvios padrões da média. Nesse caso, o
número de classes é definido pelo usuário.
( ) No mapa temático em que a técnica aplicada para a estratificação dos atributos é o passos
iguais (Equal Ranges), os intervalos do atributo possuem mais ou menos o mesmo número de
polígonos.
1. A latitude é determinada pelos paralelos. Os paralelos são linhas imaginárias que cortam a
Terra no sentido norte-sul, paralelas a linha do Equador; e
A longitude é determinada por linhas imaginárias que cortam o globo terrestre no sentido leste-
oeste, passando pelos dois pólos. Essas linhas imaginárias são chamadas de meridianos.
2. 1: 1.200.000
3. Os pontos abrangem as entidades geográficas que são representadas por um par de
coordenadas de latitude e longitude, que não permite sua localização espacial.
4. Nos mapas de pontos, sobre uma camada de mapa de polígono, aparecem os eventos
ocorridos em formato de pontos. Esses pontos também podem ser apresentados por alguma
figura.
Ao final do módulo, será apresentada uma série de exemplos de gestão de políticas e ações de
segurança pública fundamentados na análise criminal de modo a trazer alguns subsídios que
ajudem na difusão dessa prática entre os órgãos de segurança pública brasileiros.
O objetivo da abordagem
A revisão da abordagem ecológica do crime apresentada neste curso, tem como objetivo
principal destacar que o trabalho de análise criminal nunca pode se restringir apenas à
lógica ingênua de verificar se o recurso empregado pelos órgãos de segurança pública
afeta a incidência criminal. Vários são os fatores associados ao incremento ou diminuição da
incidência.
Correntes teóricas
As três correntes teóricas trabalhadas são baseadas na ordem social. Cada uma dessas
teorias privilegia um aspecto específico da circunstância ligada à ocorrência do crime:
- A teoria das atividades rotineiras (anexo 1) abre espaço para a inserção dos conceitos da
escolha racional;
- A teoria dos locais desviantes (anexo 2) abre espaço para a inserção das características do
ambiente físico como um elemento importante na explicação do crime; e
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- A teoria da desorganização social (anexo 3) abre espaço para a importância da identidade
social como fundamento do controle social sobre a criminalidade.
Para saber mais sobre cada uma das correntes teóricas,leia os anexos referentes a cada
uma delas.
Você estudará sobre alguns exemplos práticos de gestão de políticas e ações de segurança
pública fundamentados na análise criminal, de modo a trazer subsídios que ajudarão na
difusão dessa prática entre os órgãos de segurança pública.
O último exemplo traz a descrição do programa Fica Vivo, que baseado na análise criminal
integra vários atores, como universidades, polícias, Ministério Público, dentre outros, em prol
da solução dos homicídios em um aglomerado urbano da cidade de Belo Horizonte, desde
2002.
Veja na próxima aula uma síntese sobre os problemas mais comuns de análise de dados
destacados por Túlio Kahn e denominados por ele como fatos que levam a interpretações
imprecisas das estatísticas de segurança pública.
1) Sazonalidade
A passagem do tempo não é linear, pois implica em mudanças climáticas, alteração das
atividades sociais e econômicas, favorecendo ou inibindo a ocorrência de determinados crimes.
Em outras palavras, existem diversas situações e fatores ligados ao calendário anual que
explicam porque a criminalidade sobe ou desce, sistematicamente, em certos momentos.
No verão, os dias são mais longos e as pessoas vão mais às ruas, aumentando as
oportunidades para o cometimento de crimes; nas férias, as pessoas viajam e deixam as casas
desprotegidas, facilitando os arrombamentos; também aumentam nas férias os mortos nos
acidentes em estradas. Na volta às aulas, crescem os furtos e roubos de automóveis em torno
das universidades; nos finais de semana e feriados, as pessoas estão mais em casa,
aumentando a ocorrência de violência doméstica. O término da colheita das safras agrícolas
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desemprega grande quantidade de mão-de-obra migrante e pouco qualificada, aumentando o
desemprego e diminuindo a renda do trabalhador em certos períodos do ano, com efeitos
sobre os roubos e furtos. A recomendação é, sempre que possível, comparar períodos de
tempo equivalentes: comparação entre anos inteiros ou entre mesmos períodos de meses de
dois ou mais anos.
É um fato conhecido na criminologia que um grupo pequeno de locais é responsável por uma
proporção grande dos crimes que ocorrem na sociedade. Trata-se do fenômeno da
concentração espacial do crime, determinada por características sociodemográficas,
geográficas, econômicas e históricas dos locais – bairros, cidades ou estados.
- Deve-se tomar como base um período “normal”, onde os valores não sejam nem muito altos
nem muito baixos. Se o período base for atípico, o crime poderá estar superestimado ou
subestimado nos meses de comparação;
- Deve-se tomar um período base não muito distante do período de comparação. É difícil
estipular a priori quanto próximo ou distante deva ser esse período, porque essa escolha
depende, dentre outros fatores, da escala e do tamanho da série temporal. O melhor guia aqui
é o bom senso ou, então, a utilização de algum marco simbólico, como mudanças de
administração ou alguma outra data que represente um evento marcante.
Embora não seja obrigatória, uma regra de etiqueta estatística recomenda cautela no cálculo
percentual, se a base for inferior a 100 casos, precaução redobrada com números absolutos
inferiores a 30. Quanto maior a base, menores as oscilações percentuais.
6) Atividade policial
Cada instituição usa uma fonte e tem uma metodologia própria de coleta e análise dos dados,
por isso, os dados sempre conterão diferenças. Algumas instituições utilizam como fonte
primária de seus dados de homicídio a declaração de óbito, enquanto outras têm como fonte o
boletim de ocorrência;
Por fim, resta esclarecer que a declaração de óbito utiliza o endereço de residência da vítima,
enquanto o BO o endereço da ocorrência. Se a vítima mora em um lugar, mas morre em outro,
num local se contabilizará um homicídio a menos e em outro um a mais, dependendo da fonte.
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9) Identificação de tendências
Para que possamos falar com algum grau de confiabilidade sobre uma tendência de aumento
ou queda de um indicador, é aconselhável verificar se existem, pelo menos, três observações
consecutivas na mesma direção, de preferência usando séries “estacionárias”, isto é,
descontados os efeitos sazonais e outros, quanto maior o número de observações
consecutivas na mesma direção, maior a certeza de que se está diante de uma
tendência.
No momento de calcular a taxa por 100 mil habitantes para esses locais específicos,
freqüentemente se esquece que o denominador de base é de fato muito maior, visto que se
deve incluir a população flutuante. Não apenas a população, mas também a frota de veículos
pode ser flutuante ou pendular, de modo que é preciso levar em conta o tamanho da frota ao
analisar a incidência de roubo e furto de veículos.
É preciso atentar para o fato de que alguns crimes: maus tratos, tortura, lesão corporal e
homicídios, crescem em determinadas localidades devido à concentração de presídios
ou unidades da Febem, locais com grande número de pessoas e onde é comum o
cometimento de crimes.
Quando estatísticas são divulgadas, muitas entidades – jornais, agências de turismo e outros
grupos com interesse em crimes – utilizam-nas para compilar rankings de cidades e estados.
Esses rankings não possuem nenhuma percepção sobre muitas variáveis que moldam o crime
numa cidade ou região em particular. Essas hierarquizações levam a interpretações simplistas
ou incompletas da realidade, que criam percepções enganosas e afetam negativamente
algumas cidades e seus residentes.
O relatório consiste numa apresentação lógica, simples e sistemática das idéias e traz
conclusões referentes ao objetivo da avaliação; todo o resto pode ser dispensável. Ele
deve fornecer não só uma descrição geral do trabalho efetuado, como também os
resultados e a importância deles.
O relatório deve ser escrito de modo a garantir sua compreensão pelo pessoal técnico e que
seja usado por ele como instrumento de trabalho. Enquanto um relatório informal normalmente
se dirige ao supervisor e responde a questões de caráter imediato, um relatório formal tem uma
ação mais institucional e uma maior importância. É geralmente lido por pessoas não
familiarizadas com o assunto abordado, tal como pessoal administrativo, por isso, não se deve
referir a um assunto, sem dar uma explicação prévia do mesmo.
Outro ponto importante é a diferença de leitura dos vários utilizadores. Quando um relatório
passa pelas mãos do supervisor, esse dedicará um tempo ao seu estudo e revisão,
confirmando os cálculos, assegurando-se dos resultados e corrigirá a discussão com detalhe.
Estrutura de relatórios
O leitor não deve precisar folhear 20 páginas de cálculos tediosos até encontrar os
resultados. O relatório deve ser dividido em seções. Cada uma delas deve começar numa
nova página, convenientemente anunciada, e todas as páginas devem ser numeradas.
Seções do relatório
Deve ser colocado um número e um título em todas as figuras e tabelas, não devendo aparecer
como elementos dispersos no relatório. Sempre deverá haver um texto, mesmo que curto,
agregando todo o material informativo. Mesmo não sendo o fator mais importante na
apreciação global de um relatório, a boa apresentação não deve ser nunca dispensada.
Um relatório deve ser estruturado nas seguintes seções:
Seções do relatório
1 - Página de Título
2 - Sumário
3 - Índice
4 - Introdução resultados obtidos
5 - Metodologia de análise
6 - Observações experimentais e resultados
7 - Discussão dos resultados e conclusões
8 - Bibliografia
9 - Apêndices
BURSIK, R. e GRASMICK, H. Neighborhoods and crime. Lexington Books. San Francisco CA,
1993.
CERQUEIRA, D. e LOBÃO W. Criminalidade: social versus polícia. Texto para discussão IPEA,
Rio de Janeiro: n. 958, junho. 2003.
CLARKE, R. e ECK, J. Crime analysis for problem solvers in 60 small steps. Center for problem
oriented policing – U.S. Department of Justice, 2003.
DILLMAN, D.A. Mail and telephone surveys: the total design method. New York: Wiley, 1978.
FELSON, M. (1997). Technology, business, and crime. In Felson, M. e Clarke, R.V. Business
and crime prevention. Monsey, NY: Criminal Justice Press.
FELSON, M. (1998). Crime and everyday life. Second edition. Thousand oaks, CA: Pine Forge
Press.
HARRIES, K. Mapping crime: principle and practice. Rockville – MD, National Institute of
Justice, 1999.
HECKMAN, J., ICHIMURA, H., SMITH, J. e TODD, P. Characterizing selection bias using
experimental data. Econometrica, 66(5), 1017-1098, 1998.
NUTTALL, C., EVERSLEY, D. e RUDDER, I. The barbados crime survey 2002: international
comparisons Anttorney General Barbados Statistical Department. St. Michael, Barbados, West
Indies, 2002
SHAW, C. e MCKAY, H. Juvenile delinquency and urban areas. Chicago: Univ. Press., 1942.
STARK, R. Deviant place: a theory of the ecology of crime. Criminology. Vol. 25, n. 4, p. 893-
909, 1987.
U.S. Department of Justice. Federal Bureau of Investigation. Crime in the United States. 2001.
October, 2002.
U.S. Department of Justice. Federal Bureau of Investigation. Crime in the United States. 2001.
October, 2002.
( ) Segundo Stark (1987), existem cinco aspectos que caracterizam as áreas urbanas como
lugares desviantes: densidade demográfica, pobreza, mistura do tipo de utilização da área
urbana, variação na composição da vizinhança e a degradação da área urbana.
( ) A conjugação desses cinco fatores levaria a três processos sociais diferentes: (1) aumento
nas oportunidades de crime, (2) aumento na motivação para a ação desviante e (3) diminuição
no controle social.
( ) A teoria analisa a forma pela qual a conjugação desses três processos irá resultar num
aumento da atração de pessoas e atividades desviantes para uma região e num aumento da
intensidade do grau de desvio dessas atividades.
( )Quanto maior a densidade populacional de uma região, maior seriam as possibilidades de
associação das pessoas predispostas para a ação desviante e maior o cinismo moral dentro da
comunidade.
( ) A degradação funcionaria como um estigma (marca) sobre os membros da comunidade,
não apenas refletindo o status de seus membros, mas conferindo status a eles. A presença do
estigma resultaria numa redução da conformação das pessoas às regras sociais. As pessoas
mais convencionais tenderiam a se mudar dessas áreas, gerando um processo de
concentração de pessoas tendenciosas ao desvio com baixa moral, podendo tanto ocupar o
papel de vítima quanto de agressores.
Gabarito
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e
impressão.
Anexos
Com base nos pressupostos da escolha racional, Felson (1997) argumenta que a vítima
tem um papel importante na determinação da circunstância do crime e que a
identificação dos fatores ambientais que facilitam a ação criminosa constitui um dos
pontos fundamentais da pesquisa sociológica nessa área.
A criminologia pode ser compreendida como uma ciência do mundo físico, baseada na
explicação do movimento das pessoas, suas interações e reações resultantes delas. O avanço
do sistema de transporte nas últimas décadas levou à dispersão das áreas urbanas dedicadas
ao trabalho, residência, escola, lazer e compras. A visão tradicional da cidade como um
conjunto de comunidades perdeu espaço, assim como a própria vida em comunidade existente
dentro da cidade.
As ruas passaram a pertencer a todo mundo sem serem vigiadas por ninguém, exceto por um
oficial de polícia ocasional que não sabe a quem pertence aquele espaço. As ruas passaram a
ser local de exposição das vítimas ao risco, pois existe, cada vez menos, espaço para o
processo de vigilância informal característico da vida em comunidade.
Felson (1997) finaliza seu argumento propondo que vivemos um processo de mudança onde
as cidades estão deixando de ser uma coleção de comunidades para se tornarem uma coleção
de centros comerciais e residenciais fechados.
O fato de existir um controle maior sobre a atividade criminosa dentro desses centros leva a
uma mudança profunda no papel da polícia e nas bases ecológicas para a ação criminosa.
Essa teoria lida com as causas da situação imediata para a ocorrência dos crimes e
estipula que um crime resulta da conjugação de três elementos: uma vítima disponível,
um agressor em potencial e a ausência de guardiões. Para cada um desses elementos
do triângulo interno, existe um controlador responsável por executar ações que podem
diminuir a possibilidade de ocorrer o crime.
Entender como os problemas são criados, a partir de oportunidades, ajuda a pensar em como
orientar os controladores para evitar que os agressores ajam novamente, ajudar as vítimas a
reduzir as possibilidades de se tornarem alvos e mudar ambientes para reduzir fatores que
facilitam a ocorrência de problemas nas escolas, bares ou estacionamentos.
Ge
ula
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Ma
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CRIME
Alvo / Vítima
Guardião
Segundo Stark (1987), existem cinco aspectos que caracterizam as áreas urbanas como
lugares desviantes: densidade demográfica, pobreza, mistura do tipo de utilização da
área urbana, variação na composição da vizinhança e a degradação da área urbana. A
conjugação desses cinco fatores chega a quatro processos sociais diferentes:
A teoria dos lugares desviantes propõe uma forma de analisar como a reunião desses quatro
processos irá resultar num aumento de pessoas e atividades desviantes para uma região e
num aumento da intensidade do grau de desvio dessas atividades.
Primeiro, as crianças tenderiam a passar mais tempo fora da supervisão dos pais e das
escolas, estando mais freqüentemente em situações de tentação e oportunidade para o
cometimento de ações desviantes. A redução no grau de supervisão das crianças seria
uma diminuição nos resultados alcançados no processo de sua socialização, o que reduz o
nível de conformidade a que elas se submeteriam. O nível de conformidade é reduzido
tanto por razões materiais, devido ao fato das crianças terem pouco a perder, quanto por
razões morais, devido a não terem internalizado os valores sociais.
A redução nos laços comunitários derivada da conjugação desses dois fatores levaria a uma
redução nas formas de controle social. As comunidades estão desorganizadas e fracas para
lutarem por seus interesses num nível político mais elevado e, ao mesmo tempo, teriam menos
capacidade de exercer um controle social informal, porque não existe um reconhecimento
mútuo entre os membros da comunidade.
A polícia também seria levada a agir diferentemente devido à presença do estigma. Teria uma
ação mais lenta nessas áreas, agindo apenas quando chamada, deixando de procurar
violações ou agir preventivamente. Essa ação da polícia levaria, por outro lado, a um aumento
do cinismo moral, já que as pessoas verificariam que as atividades desviantes nem sempre
seriam punidas, perdendo o respeito pelos padrões morais. Essa ação da polícia resultaria num
aumento da atração de pessoas tendenciosas para o desvio para essas regiões. Quanto
maior a visibilidade do crime e do desvio, mais parece aos membros da comunidade que
este tipo de atividade é segura e recompensadora.
Shaw et al. (1929) e Shaw e McKay (1942) propõem que existem três principais fatores
estruturais relacionados com a criminalidade: baixo status sócio-econômico,
heterogeneidade étnica e mobilidade residencial. A combinação desses padrões macro-
sociais de desigualdade de residência leva à concentração ecológica de características
de desvantagem em certas comunidades. Esse fato foi identificado como efeito de
concentração, resultante do conjunto de oportunidades e limitações usufruídas pelos residentes
de uma região em termos de acesso a empregos, escolas de qualidade, famílias estruturadas e
exposição a modelos de papéis sociais convencionais.
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O efeito de concentração cria barreiras estruturais e culturais que enfraquecem a ordem social
e o controle sobre a atividade criminosa na sociedade. A combinação da pobreza urbana com a
quebra da estrutura familiar está muito mais presente, por exemplo, entre os negros norte-
americanos do que entre os brancos, mas seu efeito independe da raça.
A quebra da estrutura familiar, o desemprego dos homens e a maior presença das mulheres
como chefe de família, estão ligadas à presença da criminalidade independente da renda,
raças, região, densidade populacional, desemprego, privação econômica, etc.
Segundo Bursik e Grasmick (1993), assistimos a uma transformação social das cidades nos
anos 80 que resultou num aumento da concentração espacial dos segmentos marginalizados
da população urbana: famílias grandes, pobres e chefiadas por mulheres. Esses setores
marginalizados são altamente vulneráveis a influências de mudanças estruturais na economia
das cidades – mudança na produção de bens de consumo para a produção de bens de serviço,
aumento da polarização na distribuição de renda e diminuição proporcional do setor industrial
nas cidades.
A teoria da desorganização social está baseada num modelo sistêmico onde a base das
redes sociais é a vida familiar e o processo de socialização. A organização e a
desorganização social são fins opostos de um mesmo continuum formado pelas redes
de controle social.
Um exemplo básico do impacto do trabalho de análise criminal pode ser obtido a partir de
ações empreendidas por algumas polícias militares no Brasil, na prevenção de roubos em
transporte coletivo.
O trabalho de análise criminal deve atuar como a execução de uma seqüência contínua
de filtros: Identificar quais as linhas com maior número de vitimização; nessas linhas mais
vitimadas, as regiões da cidade onde se concentram o maior número de roubos e, por último,
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identificar para essas regiões os horários que concentram essa vitimização. Veja passo a
passo:
Passo 1
Identificação da linha com maior vitimização. Elaboração de uma distribuição de freqüência
dos roubos em transporte coletivo de acordo com o número das linhas de ônibus.
Passo 2
Final da análise
Ao final da execução da análise, verifica-se que, do total de 306 roubos em transporte coletivo,
86 ocorrências têm sua incidência na linha 1234, bairro Descoberto, entre as 16 e 20 horas.
Esse diagnóstico elaborado pelo analista criminal constituiria num importante subsídio
para a tomada de decisão sobre como atuar para reduzir a incidência dos roubos em
transporte coletivo com eficácia e eficiência. Um exemplo prático de estratégia para a
solução desse problema seria colocar policiais como passageiros dessa linha, nesse local e
horário.
A crítica sobre esse tipo de análise é que ela não evoluiu para descobrir todas as causas do
problema e, assim, a intervenção policial empreendida pode ter como resposta do agressor
uma mudança do local, linha ou horário do cometimento do roubo. Restam, então, duas
alternativas: manter um monitoramento contínuo da distribuição espacial e temporal da
incidência de roubos, fazendo com que o agressor tenha que mudar continuamente o
procedimento padrão de execução do crime ou avançar para identificar as causas e ampliar as
estratégias de ação a serem tomadas. Na lógica do triângulo da teoria das atividades
rotineiras, a análise criminal executada se restringiu a identificação das causas apenas na
ausência dos guardiões, em especial dos órgãos de segurança pública.
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CRIME
Alvo / Vítima
Guardião
A polícia militar convocou os síndicos dos condomínios identificados como potenciais vítimas
desse tipo de roubo e, em parceria com eles, formulou a seguinte estratégia para solucionar o
problema: cada prédio criou uma vaga de garagem ociosa para ser ocupada quando os
moradores entrassem nas garagens acompanhados com um assaltante dentro do veículo e os
porteiros eram treinados para chamar a polícia imediatamente quando vissem essas vagas
ocupadas. Assim, a polícia chegava no prédio e podia tomar as providencias necessárias para
reduzir o impacto da vitimização.
Resta, no entanto, salientar o progresso trazido por essa estratégia ao chamar a comunidade
para trabalhar junto na formulação e na execução da prática de prevenção. Como relatado
anteriormente, a teoria das atividades rotineiras propõe que para ocorrer um crime é preciso ter
uma vítima disponível, um agressor em potencial e a ausência de guardiões. Os guardiões não
podem ser pensados apenas em termos dos profissionais dos órgãos de segurança pública. A
segurança pública tem como um de seus pressupostos fundamentais o reconhecimento por
parte de cada membro da comunidade do seu papel como agente responsável pela segurança.
A parceria entre polícia e comunidade é um dos pilares fundamentais para garantir o efetivo
controle da violência e criminalidade.
Com base nas tabelas e no mapa abaixo foi identificado que o roubo a postos se concentrava
no bairro Anil-zo, entre 21 e 22 horas, nos finais de semana. Também foi constatado que
geralmente os roubos ocorriam nos postos localizados nas avenidas Edison Brandão, Casimiro
Junior e na Estrada de Ribamar (ANIL). A Polícia Militar do Estado do Maranhão passou a
abordar motoqueiros nos horários e locais considerados críticos. Essas ações propiciaram a
diminuição das ocorrências.
O tráfico de drogas e a pobreza são dois fatores responsabilizados pelo grande número de
homicídios nas cidades brasileiras. Vários estudos testaram a correlação entre homicídios e
pobreza, obtendo resultados variados, mas poucos se dedicaram à análise da relação entre
tráfico de drogas e homicídio, em função de algumas dificuldades de operacionalização de uma
pesquisa desse gênero. Uma primeira dificuldade é como mensurar o tráfico, uma vez que as
estatísticas oficiais refletem em grande parte a atividade policial de combate ao delito e não
necessariamente a distribuição do delito em si.
Uma segunda dificuldade tem a ver com a “unidade de análise”: bairros e distritos policiais
são unidades geográficas agregadas, criando uma grande quantidade de áreas sem
casos de tráfico ou homicídio, provocando perturbações nas análises estatísticas. Por
exemplo, no município de São Paulo existe uma centena de distritos policiais e 13 mil setores
censitários.
Nesse exemplo de prática de análise criminal será exposta uma análise da relação entre tráfico
de drogas e homicídio na cidade de São Paulo. Os dados analisados foram as denúncias
confirmadas de tráfico feitas ao Disque-Denúncia como indicador de tráfico e os 1332
A favela não é apenas um indicador de pobreza, uma vez que existem outras características
urbanísticas, ecológicas e sociais específicas a esse tipo de habitat, que tornam os subsetores
com favelas mais propensos ao envolvimento com o crime, seja na qualidade de autores ou de
vítimas. Sabe-se já que boa parte dos homicídios ocorre no interior das favelas ou nas suas
imediações, como mostra o mapa na próxima página, com buffers de 50m ao redor das favelas
da capital. Dos 5521 casos de homicídios analisados, 33,5% ocorreram no interior ou numa
faixa de 50m de distância das favelas.
Figura 16: Distribuição dos homicídios segundo a distância entre o local de ocorrência e
as favelas
A primeira faixa agrega 341 subsetores com dois ou menos homicídios no período e a última
251 subsetores com mais de 29 homicídios. Os subsetores foram reagrupados também
segundo a quantidade de favelas: 61% dos subsetores da capital não têm favelas, enquanto o
restante tem uma ou mais favelas. Finalmente, os subsetores foram reclassificados, segundo a
existência ou não de denúncias de tráfico, independente da quantidade de denúncias: 32%
deles tinham pelo menos uma denúncia de tráfico de drogas entre janeiro de 2003 e outubro de
2004.
Figura 17: Média de homicídios por setor estratificados segundo a presença de tráfico e
presença de favelas
Case Summaries
Mean
Faixa de Existência de tráfico no Número de
favelas por subsetor homicídios
subsetor no subsetor
Nenhuma Subsetor sem denúncia de 5,53
favela tráfico 10,40
Subsetor com denúncia de 6,66
tráfico
Total
Uma favela Subsetor sem denúncia de 15,38
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tráfico 21,21
Subsetor com denúncia de 17,78
tráfico
Total
Várias favelas Subsetor sem denúncia de 41,65
tráfico 43,09
Subsetor com denúncia de 42,34
tráfico
Total
Total Subsetor sem denúncia de 14,18
tráfico 25,55
Subsetor com denúncia de 17,82
tráfico
Total
Em termos práticos, a estratégia policial para a redução dos homicídios, através do combate ao
tráfico de entorpecentes será, provavelmente, mais eficaz nos 187 subsetores com denúncias
de tráfico, mas sem favelas. Do ponto de vista teórico, a análise sugere que as condições
socioeconômicas explicam mais do que o tráfico de drogas o elevado número de homicídios
em São Paulo, sugerindo que a solução para o problema deve passar também por políticas
sociais e urbanísticas, além das ações policiais.
Agora você conhecerá uma experiência prática de gestão que ocorreu em São Paulo, na área
de Santo Amaro, onde foi identificada uma grande concentração (hot spot) de roubos. Os
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responsáveis pela área nas polícias militar e civil foram chamados ao gabinete da SSP para
tomar conhecimento do problema, elaborar um plano de ação e dar início a uma série de
operações policiais para reduzir os índices de criminalidade na região, utilizando a metodologia
IARA – identificar, analisar, responder e avaliar.
Em razão da grande quantidade de camelôs, existiam também na área diversos depósitos que
armazenavam produtos piratas, que deveriam ser alvo de fiscalização e alertou-se também
para o fato de que a existência de um Poupa Tempo na área poderia implicar num registro
superestimado de roubo de documentos, mesmo que o crime tivesse ocorrido em outro local.
Foi relatado que, recentemente, teria ocorrido migração de crimes para o local, em razão de
operações de outros batalhões de choque nas áreas vizinhas, embora o entrosamento entre as
duas polícias na área foi qualificado como “muito bom” e a comunidade caracterizada como
bastante participativa, com um Conseg ativo: a Associação Comercial Americana, por exemplo,
fazia campanhas preventivas contra a criminalidade na região. Há também um contato com a
CET para o monitoramento das vias principais por câmeras (Adolfo Pinheiro, Ver. José Dinis,
etc.)
Como resultado das ações empreendidas, houve uma redução de 13% nos “roubos outros” no
11º DP, entre abril de 2006 e abril de 2007, bem como uma redução de 45,6% nessa
modalidade, no polígono traçado com o Infocrim em torno do Largo 13 de Maio. Ao contrário do
que ocorreu em 2006, verificou-se também uma redução nos roubos no período fevereiro a
abril de 2007, tanto no DP (-12,9%) quanto no polígono (-44,4%). Aparentemente, não houve
migração para outras áreas dentro do distrito, uma vez que houve queda da modalidade em
todo o DP, ainda que menor do que a observada no polígono.
A avaliação científica de uma intervenção policial é uma tarefa complexa que exige, dentre
outras cautelas, uma comparação com as tendências criminais preexistentes e a seleção
aleatória de uma área controle, com perfil semelhante à área onde se realiza e intervenção. Um
desenho de avaliação bastante utilizado em pesquisas científicas é conhecido como “antes-
depois com grupo de controle” e tem por finalidade evitar que as conclusões da avaliação
sejam equivocadas, tanto de rejeitar como inoperante uma ação eficaz, quanto de abalizar uma
intervenção ineficaz.
Num projeto experimental, duas ou mais áreas semelhantes são escolhidas, e um sorteio
aleatório é feito para saber quais serão as áreas de intervenção e quais as de “controle”; os
indicadores criminais de ambas as áreas são monitorados antes e depois da intervenção. O
problema com a avaliação de projetos policiais é que quase sempre são avaliados a posteriori,
sem que tenha havido o cuidado de selecionar aleatoriamente áreas similares para os grupos
controle e intervenção. Além disso, as áreas selecionadas para a intervenção são
costumeiramente diferentes das demais, porque concentram mais crimes, sendo esse o motivo
pelo qual foram escolhidas para a intervenção. É preciso ter isso em mente ao se avaliar os
resultados encontrados nos experimentos que e que envolvem a avaliação antes-depois de
certos indicadores criminais, contabilizados no interior de um buffer.
Um “buffer” é uma zona ao redor de um objeto, como uma favela ou avenida, que tenha um
significado investigativo. Ele não precisa ser necessariamente um “anel”, mas pode ter
qualquer formato. Com ele é possível analisar que tipo de objeto atrai ou afasta certo tipo de
crime (ou se não há efeito algum), qual o raio de ações de postes de luz, câmeras de vídeo,
onde distribuí-los, quais as características dos chamados ao 190, no raio de 1km ao redor das
escolas, etc. No mapa abaixo foi criado um buffer de 100m ao redor das vias principais de São
Paulo e foi contabilizada a proporção de latrocínios que ocorrem no interior dessa faixa.
p ; )
Para simular esse efeito, foram construídos cinco círculos em torno desses equipamentos de
segurança, num raio de até 500m, e contabilizado o total de ocorrências de furto em cada
círculo. De um modo geral, quanto mais próximo do equipamento de segurança, menor a
quantidade de furtos, sugerindo o efeito inibidor. Supõe-se que o mesmo efeito pode ser
conseguido com as bases comunitárias móveis e com os supedâneos, equipamentos públicos
de segurança mais baratos e em alguma medida deslocáveis. O raio de ação desses
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equipamentos de menor escala deve, teoricamente, ser menor do que o observado
anteriormente.
O local dos equipamentos fixos nem sempre pode ser escolhido livremente pelas polícias, uma
vez que a instalação de uma unidade policial depende da disponibilidade de imóveis, acesso,
dentre outros fatores. Com efeito, a análise dos mapas revela que nem sempre o equipamento
de segurança fixo está localizado nos pontos criminais mais críticos. A localização das bases
comunitárias móveis, supedâneos e outros equipamentos preventivos, por outro lado, deve
levar em conta os “hot spots” sugeridos pelos sistemas de informações georeferenciadas.
Como os crimes são altamente concentrados no espaço, a colocação desses equipamentos
nos locais corretos pode contribuir para inibir uma quantidade maior de crimes.
Nesse tópico será feita apenas a análise das 32 câmeras iniciais. Ela iniciou com a construção
de nove anéis (buffers) de 15m, em torno de cada câmera, abrangendo uma área total de
145m, ao redor de cada uma. Depois, foram comparados os furtos ocorridos em volta das
câmeras nos seis primeiros meses de 2006, antes da instalação, com os furtos ocorridos nos
seis primeiros meses de 2007, depois da instalação. A análise inicial sugere uma diminuição da
ordem de 5% nos furtos, após a instalação das câmeras de monitoramento, embora estimativas
da prefeitura falem em 15% de redução.
Uma análise mais precisa fica prejudicada, uma vez que as câmeras não foram instaladas nos
locais de maior concentração criminal, onde seriam maiores seus efeitos. As câmeras não
tinham como função apenas reduzir a criminalidade, mas também a de zelar por equipamentos
públicos nas proximidades. Não se sabe ao certo que treinamento os monitores receberam,
nem em que medida há “pronta resposta” no caso de identificação de crimes. Mas, mesmo
(3) com treinamento adequado para os monitores que acompanham as imagens e pronta
resposta no caso da identificação de delitos.
É importante ressaltar que apenas os furtos foram analisados, mas que as câmeras podem
também ter surtido efeito sobre outros crimes e contravenções não analisados nesse trabalho.
Mapa 10 – Distribuição das câmeras e incidência de furtos ao redor das câmeras: amarelo
(2006) e vermelho (2007)
700
631
600
525
500
435
421 413
400 394
385
341 332
318
300 304
294 290
281
265 260
245
200 193
100
0
m etros m etros m etros m etros m etros m etros m etros m etros m etros
15 30 45 60 75 100 115 130 145
R AD IU D IS T_U N
S_ ITS AR E A_ fu rto s 2006 fu rto s 2007 v ar
15 m etros 24106,96 318 265 -16,67
30 m etros 68301,86 421 385 -8,55
45 m etros 105186,94 245 193 -21,22
60 m etros 135634,65 304 413 35,86
75 m etros 151785,88 631 525 -16,80
100 m etros 279509,53 435 394 -9,43
115 m etros 170039,95 294 341 15,99
130 m etros 169440,19 260 281 8,08
145 m etros 162710,14 332 290 -12,65
3240 3087 -4,72
Metodologia similar a essa foi utilizada para testar os efeitos do novo policiamento de trânsito
adotado na cidade. Após três meses de experiência, a SSP lançou, em 25 de setembro de
2007, o Programa de Policiamento de Trânsito na Capital, em parceria com a Prefeitura de São
Paulo, voltado para a prevenção a crimes e infrações praticadas no trânsito. Além de aplicar
multas, os policiais também vistoriam o veículo ou prendem o motorista que cometer crimes
nas ruas. Foram disponibilizadas 365 viaturas (entre elas 140 motos) e 1375 homens, treinados
especialmente para o programa, que atuam em 1011 cruzamentos considerados estratégicos
da cidade.
A novidade do programa dificulta uma avaliação mais detalhada dos seus efeitos no
policiamento. Foi comparado o número de crimes em 2006 e 2007, tomando por base o mês de
outubro, em 156 cruzamentos. Em torno de cada cruzamento, foi construído um “buffer”
(círculo) com 200m de raio e, posteriormente, foram contados os crimes no interior desses
círculos, tanto em 2006 quanto em 2007. A constatação é que, comparando outubro de 2006
com outubro de 2007, o total de crimes cai 20%, os furtos 36% e os roubos 52% nas áreas ao
redor dos pontos de estacionamento. Foram criados também 10 círculos concêntricos de 50m,
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ao redor do ponto de estacionamento das viaturas (total 500m), e os resultados mostram que a
queda ocorre mesmo a 500m de distância, embora os efeitos sejam decrescentes conforme
aumenta a distância, como esperado. Pelo menos, até 500m de distância, não existe efeito
deslocamento detectável nos furtos e apenas um ligeiro deslocamento nos roubos, a partir dos
200m.
RING_ RADIUS_ DIST_UNITSAREA_ AREA_UNITS roubos 06 roubos 07 var furtos 06 furtos 07 var
1 50 metros 1172812,99 metros quadrados 453 203 -55 612 348 -43
2 100 metros 3404342,74 metros quadrados 218 107 -51 290 227 -22
3 150 metros 5495226,91 metros quadrados 250 114 -54 405 288 -29
4 200 metros 7473921,53 metros quadrados 261 141 -46 405 330 -19
5 250 metros 9276975,60 metros quadrados 269 181 -33 456 301 -34
6 300 metros 10813504,21 metros quadrados 282 146 -48 393 300 -24
7 350 metros 12121058,01 metros quadrados 294 190 -35 439 329 -25
8 400 metros 13321792,63 metros quadrados 276 196 -29 437 305 -30
9 450 metros 14390447,93 metros quadrados 284 168 -41 410 325 -21
10 500 metros 15379486,85 metros quadrados 271 185 -32 402 289 -28
Esse exemplo de prática de análise criminal foi desenvolvido pela Coordenadoria de Análise e
Planejamento da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Nesse caso, serão avaliados
os fatores determinantes da letalidade da ação policial. Para essa análise, foram selecionados
523 casos de incidentes letais ocorridos entre 2001 e 2003, envolvendo policiais civis e
policiais militares em serviço. Além de informações do banco de dados de letalidade da CAP,
serão utilizados dados adicionais do Infocrim para “plotar” incidentes no mapa. Foi identificado
o seguinte cenário típico: durante patrulhamento noturno, em bairros violentos da periferia,
policiais identificam veículo suspeito com pessoas em atitudes suspeitas e durante a
abordagem ou acompanhamento, há troca de tiros e o incidente termina com a morte de uma
das pessoas em atitudes suspeitas.
Quase metade dos casos de confrontos letais registrados ocorre apenas no município de São
Paulo. Por sua natureza e finalidade, o Choque é a unidade policial mais envolvida em
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confrontos letais, como seria natural esperar. A distribuição dos confrontos é eqüitativa por dia
da semana, com ligeira queda nos finais de semana. A maior parte dos confrontos letais ocorre
entre 19h e 1h da madrugada. Os policiais militares estão envolvidos em cerca de 90% dos
casos de confronto letal, proporção esperada, dada a tarefa constitucional da PM.
Com relação ao contexto do início da ocorrência que terminou em confronto, 60% iniciaram-se
durante rotinas de patrulhamento e 37% por chamados ao 190. A situação mais freqüente é
aquela em que a patrulha se depara com um furto ou roubo em andamento, onde ocorre troca
de tiros com os criminosos. Cerca de 67% dos confrontos ocorrem nas vias públicas,
implicando numa situação potencialmente perigosa também para as pessoas que estão
circulando pelo local dos fatos.
A idade média das vítimas civis de confrontos é 24,6 anos, enquanto a média de idade dos
policiais envolvidos em confrontos é de 32 anos. Das vítimas, 98,4% são homens. Em 83,4%
dos confrontos apenas uma pessoa foi morta e em 13,2% duas pessoas.
Em 95% dos casos de confronto, a ocorrência é registrada como resistência seguida de morte.
Os casos de resistência seguida de morte em 2002 (círculos pretos) tenderam a ocorrer em hot
spots de homicídios dolosos (manchas vermelhas). Foram identificados, pelo menos, três
possíveis explicações para essa superposição. O policial que atende ocorrências nas áreas
violentas se sente inseguro e tende a não seguir os procedimentos de abordagem padrão?
Tratamento desigual efetivado pelos policiais devido ao baixo status socioeconômico e pouca
visibilidade das vítimas? Ou simplesmente concentração da violência criminal nessas áreas?
40,0000
categoria de população
ate 5000 hab
30,0000
de 5001 a 25000 hab
Values
10,0000
Mean
É muito comum o envolvimento dos mesmos policiais em mais de uma ocorrência com
resultado letal. A reciclagem e o acompanhamento psicológico devem focar os policiais e
unidades que concentram o maior número de envolvimento em ocorrências letais. Sem
pretensão de fazer qualquer julgamento moral, sabe-se que cada comandante geral tem seu
estilo e preocupações próprias, o que tende a afetar o comportamento da corporação. A
questão dos “excessos” policiais é uma das mais afetadas pela postura e discursos adotados
pelo alto comando, que dão ênfase maior ou menor ao problema. Através de uma série de
“sinais” explícitos e implícitos, a tropa de algum modo “capta” esta linha e se comporta em
função da orientação superior.
Resistência
seguida de
morte, em
serviço:
mudança
de nível
para cima
em julho de
2002 e
para baixo
em
dezembro
de 2004
Caso dentista
Nessa análise, constata-se como a letalidade aumentou em julho de 2002, durante a gestão do
último comandante geral, que assumiu em abril de 2002; caiu em dezembro de 2004, após a
posse do atual comandante geral e ao episódio da morte do dentista negro, em fevereiro de
2004. A análise sugere que a postura do comando e casos emblemáticos (Carandirú, Favela
Naval, etc.) afetam mais os níveis de letalidade do que os procedimentos burocráticos internos.
Os dados da pesquisa de vitimização IFB, de 2003, sugerem que ainda pode haver um padrão
desigual de tratamento da população conforme o bairro, especialmente, no tocante às revistas
e averiguações de documentos. A população que mora nos bairros periféricos é mais abordada
pelas polícias para verificação de documentos e revistas. Incidência criminal e o perfil
epidemiológico dos criminosos podem justificar essa maior incidência.
Nos Estados Unidos morrem, em média, por ano, cerca de 400 pessoas em confrontos com a
polícia. Esse número equivale a cerca de 1/3 das mortes ocorridas anualmente no Brasil,
embora a população brasileira seja bem menor. Segundo dados remetidos pelas Secretarias
de Segurança à Senasp, metade dos casos de vitimização fatal por agentes policiais no Brasil
ocorre em São Paulo. Em termos de taxa por 1000 policiais, São Paulo só fica atrás do Rio de
Janeiro. Como os homicídios têm diminuído em São Paulo, desde 2001, a proporção de mortos
em confrontos sobre o total de homicídios tem aumentado. Atualmente, os confrontos são
responsáveis por cerca de 9% dos homicídios do estado e essa proporção equivale,
aproximadamente, a encontrada nas cidades norte-americanas com mais de 1 milhão de
habitantes.
Em função do melhor treinamento e equipamento, é natural esperar que os civis sejam mais
vitimados nos confrontos com a polícia. Em 85,2% dos casos analisados, o policial respondeu
que utilizava colete no momento do confronto. Contudo, a relação mortos policiais X mortos
civis no estado está desequilibrada, sugerindo excesso policial nas ações. Na cidade de
Buenos Aires, a relação entre civis e policiais mortos em confrontos varia de 6 a 15,7 (dados de
1998). Nos Estados Unidos, a relação varia entre 5 e 7 vezes mais civis mortos nos confrontos
– proporção similar a do Rio de Janeiro entre 1997 e 1998. Nos confrontos entre policiais e
criminosos, o padrão é que o número de criminosos feridos seja superior ao número de
criminosos mortos (relação feridos X mortos menor que 1). O padrão atual de São Paulo é
ligeiramente invertido, com o número de mortos superando o de feridos.
Um exemplo importante de análise criminal que avançou de forma significativa para conceber
ações não restritas, apenas ao âmbito dos órgãos de segurança pública, ocorreu, novamente,
em Belo Horizonte. A prefeitura do município possuía um problema sério relacionado à alta
rotatividade de funcionários nos postos de saúde, causada pela própria solicitação de
transferência dos funcionários de local de trabalho justificada pela grave situação de segurança
nas regiões. Que estratégia utilizar para fazer com que os funcionários dos postos de saúde
parassem de solicitar tantas transferências?
A verificação dessas possibilidades exigiu que se fizesse uma pesquisa tipo survey envolvendo
a aplicação de questionários nos funcionários dos postos de saúde. A construção do
questionário teve como objetivo identificar os fatores que explicam a sensação de insegurança.
Questionou-se sobre a vitimização dos funcionários e o acompanhamento pelos funcionários
de casos de vitimização na região dos postos de saúde. Também foi levantada uma série de
características do ambiente do posto de saúde, a dinâmica interna de trabalho, a relação com a
comunidade atendida, as condições de infra-estrutura do posto, a infra-estrutura urbana da
região que circunda o posto e o comportamento da vizinhança.
A análise dos dados coletados por esses questionários explicitou um dado importantíssimo
para a formulação da estratégia de redução dos pedidos de transferência. O principal fator
relacionado com a sensação de insegurança não era a vitimização do funcionário ou de outras
pessoas no ambiente do posto de saúde. A sensação de insegurança mostrou-se fortemente
relacionada ao ambiente de infra-estrutura urbana da região que circunda o posto. A presença
de lotes vagos, calçadas quebradas, ruas com problema de pavimentação e postes com luz
queimada foram fatores destacados como fundamentais para a sensação de insegurança por
parte dos funcionários.
Mapa 8 – Mapa de Kernel dos eventos criminais nas proximidades dos postos de saúde
Postos de Saúde
Ruas e Avenidas
Parques e Praças
Concentração de
Ocorrências Criminais
Maior Concentração
Menor Concentração
Nesse contexto, a estratégia de ação sugerida pelo analista criminal envolveu muito mais a
atuação da prefeitura para promover uma melhora na situação da infra-estrutura urbana no
local dos postos de saúde do que a simples distribuição de policiais. Esse é um exemplo típico
de uma situação onde verdadeiramente se buscou a causa do problema e se desenvolveu
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ações para resolvê-lo. Fica claro dessa forma, como o uso da estratégia tradicional de
policiamento não resolveria o problema e levaria ao esperdício de grande quantidade de
recursos financeiros, humanos e técnicos.
Outro exemplo interessante de trabalho de análise criminal que avançou para além das ações
específicas dos órgãos de segurança pública aconteceu em São Leopoldo/RS, em relação à
revitalização de uma praça. Tanto as análises de concentração espacial de crimes no
município de São Leopoldo apontavam a praça como um lugar com alta incidência criminal,
quanto a própria população reclamava para a polícia dessa situação.
O trabalho de análise criminal iniciou pela identificação do perfil de vitimização na praça, dos
dias e horas que concentravam maior volume de ocorrências. Dado o mínimo efetivo disponível
para atuar na segurança do município, destacar policial para permanecer grande parte do
tempo cuidando da praça foi um problema. A adoção dessa estratégia implicava, também, na
construção de uma situação de equilíbrio instável, pois permaneceu o temor da população de
que com a saída dos policiais a situação pioraria novamente. Sem atuar nas reais causas do
problema, a situação continuaria sendo a mesma.
O trabalho de análise criminal passou a avaliar quais seriam as possíveis explicações para a
degradação da região da praça. Após a realização de visitas técnicas na praça e conversas
com a população residente nas suas proximidades, o analista criminal identificou que as
condições da praça em termos de jardins, calçadas, iluminação e bancos estavam precárias e,
por conta dessa precariedade, a população ressaltava que permanecer na praça era inseguro.
A ação que se seguiu foi revitalizar a área da praça, com conserto das calçadas e dos bancos,
poda das plantas, aperfeiçoamento do processo de iluminação, dentre outras atividades. O
monitoramento dos resultados dessa ação nos meses seguintes evidenciou o sucesso da
iniciativa, porém, mesmo com a praça revitalizada, com o passar do tempo a situação da
insegurança voltou a piorar. Novamente, a partir de visitas técnicas na praça e conversas com
a população, o analista criminal identificou que a comunidade continuava não utilizando a praça
e os adolescentes e jovens da região continuavam degradando a praça, pois não concebiam o
espaço como uma área de propriedade deles.
APAC R$ 21.109,75
Patrulha de prevenção ativa R$ 6.916,42
Liberdade assistida R$ 1.459,94
UERÊ R$ 18.290,73
Paz nas escolas R$ 1.174,45
Fica Vivo R$ 645,69
Bolsa Família R$ 11.256,15
PROERD R$ 1.682,33
1 - Página de Título
A página de título deve ser mais do que a capa do relatório. Nela devem conter a informação
necessária para identificar o trabalho e os seus autores, as datas de início e fim do trabalho e
de entrega do relatório.
2 - Sumário
É de vital importância para o leitor que não tem tempo a perder e quer se inteirar rapidamente
do trabalho. Deve ser conciso e abranger o que se pretende: objetivo do trabalho, resultados
e conclusões... Em poucas linhas.
3 - Índice
Contém títulos de seções e subseções, discriminadamente, permitindo o fácil acesso a elas.
4 – Introdução
A primeira coisa que o leitor de um relatório quer saber é o objetivo do trabalho
efetuado. Em seguida, as questões pertinentes e o trabalho prévio que se relacionam com o
trabalho atual. A introdução deve ainda fornecer um breve "background" histórico relacionado
com o trabalho de análise. Caso tenha ocorrido o uso de alguma bibliografia, deve conter um
resumo das bases teóricas que suportam o problema proposto, sendo obrigatória a referência
no texto, das fontes de informação utilizadas. No entanto, é importante destacar que não deve
expressar opiniões, conclusões e recomendações do autor, nem adiantar os resultados
obtidos.
Em resumo, a introdução servirá para fornecer ao leitor não familiarizado com o assunto,
um conhecimento mais completo do trabalho efetuado, assim como a teoria em que está
baseado.
5 - Metodologia de análise
Essa seção tem importância fundamental num relatório. Se o leitor duvidar dos resultados
obtidos deve poder repetir o trabalho, com rigor, baseado unicamente no procedimento
metodológico descrito. Quando o trabalho é efetuado a partir de publicações ou procedimentos
Essa seção não deve ser uma desordem de tabelas e gráficos. Deve ser um texto descritivo
dos dados que se registraram e dos resultados que se obtiveram. Nesse texto devem
entrar as tabelas e os gráficos que embasaram a análise.
Também devem ser anotados todos os dados, como as informações sobre a localização da
análise no tempo e no espaço. Todos os gráficos devem ser legendados, com os eixos bem
referenciados e as unidades devidamente assinaladas.
A discussão deve ser crítica, detalhada e baseada nas seções precedentes. Ela deve
indicar o significado e a precisão dos resultados. Todas as hipóteses, limitações,
possibilidades de erro, possibilidades de falsas interpretações, etc., devem ser
destacadas. Serão apresentadas as bases para as conclusões do trabalho. Na discussão dos
resultados deve figurar uma análise cuidadosa de possíveis fontes de erro, que permita avaliar
a precisão dos métodos utilizados para obter os resultados.
8 – Bibliografia
Caso tenha ocorrido o uso de alguma bibliografia, é necessário fazer as devidas
referências. A maior parte da informação utilizada é obtida de várias fontes bibliográficas, tais
como: livros, artigos ou comunicações particulares. Para dar crédito a essas fontes e registrá-
las para posterior referência é necessário uma lista conveniente (bibliografia) que possibilite um
acesso fácil.
É preciso ter especial cuidado em distinguir entre clareza e excessivo detalhe, o balanço
entre um cálculo claro e o pormenor desnecessário é atingido, normalmente, após alguma
prática.