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Análise Comparada Da Grade Curricular Do Curso de Formação Da GCMSP PDF
Análise Comparada Da Grade Curricular Do Curso de Formação Da GCMSP PDF
SÃO PAULO
2013
PAULO JÁBALI JUNIOR
SÃO PAULO
2013
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo estudar a grade curricular do curso de formação da
Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, comparativamente aos cursos realizados pelas
Polícias Militares dos estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro e Paraná. A comparação
destas quatro grades curriculares frente à proposta elaborada pela Secretaria Nacional de
Segurança Pública busca identificar se as matérias apresentadas nos cursos estão voltadas à
formação de agentes segundo os princípios de policiamento comunitário e preventivo. Este
modelo de atuação tem sido estudado e implementado por diferentes forças policiais em todo
mundo como resposta ao crescimento da criminalidade, verificado especialmente a partir da
década de 70.
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1. REFERENCIAL TEÓRICO
A polícia é investida de uma autoridade para prender, investigar, deter e usar a força
que é apavorante. Sua atuação pode gerar forte e imediato impacto na vida dos cidadãos, ao
privá-los de liberdade, invadir sua privacidade e mesmo causar danos físicos. Esta poderosa
autoridade é delegada a servidores públicos de baixo nível da burocracia, que a exercem, com
pouca ou nenhuma supervisão (GOLDSTEIN, 2003).
“Ainda assim, apesar de sua posição anômala, para manter o grau de ordem que
torna possível uma sociedade livre, a democracia depende de maneira decisiva da
força policial. Cabe à polícia prevenir contra a pilhagem de coisas alheias, dar uma
sensação de segurança, facilitar o ir e vir, resolver conflitos e proteger os mais
importantes processos e direitos – como eleições livres, liberdade de expressão e
liberdade de associação – em cuja continuidade está a base da sociedade livre. O
vigo da democracia e a qualidade de vida desejada por seus cidadãos estão
determinados em larga escala pela habilidade da polícia em cumprir suas
obrigações.” (GOLDSTEIN, 2003, p. 13)
Com o passar dos anos, novas teorias e experiências de policiamento surgiram para
fazer frente a esta nova realidade e buscar a redução dos índices de violência, como
policiamento comunitário, policiamento orientado ao problema e tolerância zero. A teoria das
janelas quebradas pressupõe que a degradação dos espaços públicos, como pichações, entulho
e prédios abandonados, causa um sentimento de repulsa na população, que passa a evitar estes
locais degradados, o que favorece a incidência de crimes. O poder público deve pautar sua
atuação na área da segurança pública também como zelador da paisagem urbana, garantindo a
conservação dos espaços e sua utilização pela população (CARNEIRO, TORRIGO, 2006).
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O policiamento comunitário busca aproximar a atuação policial da sociedade. O
modelo pressupõe que a aproximação faça com que a população transmita informações que
colaborem com a atuação policial e, sobretudo, aumente o sentimento de segurança entre as
pessoas, pela proximidade da presença do Estado. “O policiamento comunitário expressa uma
filosofia operacional orientada à divisão de responsabilidades entre polícia e cidadãos no
planejamento e na implementação das políticas públicas de segurança” (DIAS NETO, 2003,
p. 30).
A postura policial deixa de ser atender a incidentes e passa a se orientar para a solução
de problemas. Para tanto, o agente deve estudar os crimes recorrentes, identificar soluções de
longo prazo e mobilizar recursos públicos e privados para sua implantação. Em outras
palavras,
“as polícias devem desenvolver uma habilidade para analisar os problemas sociais,
trabalhar com outras pessoas para encontrar as soluções, escolher os enfoques mais
viáveis e de menor custo, advogar vigorosamente a adoção dos programas
desejados, e monitorar os resultados dos esforços de cooperação” (SKOLNICK,
BAYLEY, 2002, p. 37).
Ainda segundo SKOLNICK, BAYLEY (2002), esta estratégia tem sido implementada
com sucesso em diversas localidades norte-americanas. Em Madison, no estado de Wisconsin,
um centro comercial estava em franca decadência, sendo evitado pela população, devido a
4
pessoas que se comportavam de modo desordeiro. Reportagens da imprensa local chegaram a
noticiar que os envolvidos seriam em torno de mil pessoas. Após estudar o local, os policiais
identificaram que a origem do problema eram 13 (treze) indivíduos que já haviam recebido
tratamento psicológico e se comportavam inadequadamente quando não seguiam o
tratamento. Com a ajuda de pessoal ligado à saúde mental, os policiais passaram a
supervisionar este grupo e o local deixou de ser considerando perigoso pela população.
A atuação das forças policiais difere ao redor do mundo no que diz respeito à
centralização e ao número de comandos. “Um país tem uma estrutura policial centralizada
quando a direção operacional é dada rotineiramente às subunidades a partir de um único
centro de controle” (BAYLEY, 2006, p. 68). Países como França, Itália, Finlândia e Israel
possuem forças policias centralizadas: na França, por exemplo, a “Police Nationale”, que atua
nas cidades com mais de 10 mil habitantes, e a “Gendarmerie”, que policia áreas rurais e
cidades menores, estão vinculadas ao Ministério do Interior. Já o Japão, a Austrália, o Canadá
e os Estados Unidos são países onde há descentralização da cadeia de comando.
Quanto ao número de comandos, apenas países com pouca extensão territorial, como
Sri Lanka, Irlanda e Singapura, possuem uma única força policial, enquanto a maioria dos
países apresenta múltiplos órgãos responsáveis pelo policiamento, como Holanda, Estados
Unidos e Espanha.
O Canadá tem um sistema interessante em que, a cada localidade, há apenas uma única
força policial majoritária. Quando uma área, por exemplo, um município, opta pelo
autopoliciamento, as demais autoridades de segurança são excluídas daquela região. Assim,
450 municípios possuem polícias próprias, enquanto nos demais, atuam as forças provinciais
e, em determinadas províncias, a cobertura é realizada pela “Royal Canadian Mounted
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Police”, federal. “O sistema canadense é extremamente descentralizado mas, de modo geral, é
cuidadosamente coordenado” (BAYLEY, 2006, p. 71) – não há sobreposição de competências
entre as polícias.
I - polícia federal;
IV – polícias civis;
(...)
(...)
(...)
(...).”
6
Sobre este aspecto, segundo PONCIONI (2013), foi com a criação da Secretaria Nacional de
Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça, em 1998, e a posterior edição dos
Planos Nacional de Segurança Pública (2000), de Segurança Pública para o Brasil (2003) e
Nacional de Segurança Pública com Cidadania – Pronasci (2007), que se inicia a organização
sistemática sobre o tema, buscando a coordenação de esforços entre as diferentes unidades
policiais. Foi a SENASP que editou, em articulação com organizações atuantes no setor de
segurança, a Matriz Curricular para o ensino policial em 2003, posteriormente reeditada, que,
embora não tenha força vinculativa junto às polícias estaduais e às guardas municiais, busca
estimular a adoção de princípios humanitários, comunitários e preventivos na formação dos
agentes e introduzir uma uniformidade de conceitos e técnicas.
2. METODOLOGIA
1
Não foi possível realizar o comparativo com a grade curricular do curso de “Técnico de Polícia
Ostensiva e Preservação da Ordem Pública”, realizado pela “Escola Superior de Soldados ‘Coronel
PM Eduardo Assumpção’”, que é o curso inicial de formação dos soldados da Polícia Militar do
Estado de São Paulo porque esta grade não consta da Lei Complementar nº 1.036/2008, que instituiu o
sistema de ensino da Polícia Militar (SÃO PAULO, 2008) nem do Decreto nº 54.911/2009, que
regulamenta esta Lei (SÃO PAULO, 2009). A informação também não está disponível no sítio do
Governo do Estado de São Paulo na Internet.
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Foi realizada pesquisa bibliográfica sobre o tema de segurança pública, especialmente
com enfoque nos novos modelos de policiamento comunitário e orientado ao problema, em
livros, artigos, bases de dadoss online (como Scielo e Google Acadêmico) e periódicos.
3. CONTEXTO
Estudo recente realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que o
tempo de formação dos policiais é insuficiente e focado em disciplinas pouco úteis às suas
atividades cotidianas.
Gráfico 1
Duração dos cursos de formação de policiais
2% 16% 6 meses
46% 1 ano a 1,5 ano
9%
2 anos
27% 4 anos
5 anos
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Sobre o tempo de formação, o estudo revela que em 20 (vinte) das 44 (quarenta e
quatro) escolas de formação que responderam à pesquisa, a duração dos cursos é de seis
meses, enquanto em países europeus os cursos têm duração de dez meses. Como mostra o
Gráfico 1, em 46% das escolas, a duração do curso é de seis meses – é o caso da formação dos
guardas civis metropolitanos, tempo inferior ao recomendável, segundo os pesquisadores que
realizaram o estudo. É importante ressaltar que o levantamento abarcou também a formação
de oficiais da Polícia, cursos que têm titulação de graduação em ensino superior e duração
prolongada (BENITES, 2013).
Outros dois aspectos levantados dão conta do conteúdo dos cursos e do corpo docente.
O coordenador da pesquisa José Vicente Tavares dos Santos afirma que “a formação é muito
bacharelesca e militarista. (...) A escola, muitas vezes, não leva em conta que o policial vai se
envolver em situações em que tanta teoria não basta” (BENITES, 2013, p. 1). A esse respeito
GOLDSTEN (2003) afirma que, após a conclusão do curso e se defrontar com situações
críticas, o policial descobre que pouco do que lhe foi ensinado se aplica às suas atividades,
especialmente o que diz respeito ao treinamento para tomada de decisões. Assim, o agente vai
atuar pautado pela postura e modus operandi de seus pares com mais tempo de serviço – o
que pode ser prejudicial, especialmente quando se pretende alterar a forma de atuação de uma
corporação, partindo do princípio de que a formação seria o ponto de inflexão de um
paradigma.
Com relação ao corpo docente, em 34 (trinta e quatro) das 39 (trinta e nove) escolas
que responderam ao questionamento, ou seja, em 87% dos cursos, o corpo docente é formado
majoritariamente por policiais (BENITES, 2013). No Rio de Janeiro, por exemplo,
“tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Civil não possuem um corpo de docentes
inteiramente dedicado ao ensino. Os professores dos cursos de formação profissional
básica, oferecidos por ambas organizações policiais são, majoritariamente, policiais
advindos da própria Corporação, os quais, além de acumularem a atividade docente
com outras atividades próprias ao cargo prioritariamente exercido na corporação,
não possuem necessariamente uma formação pedagógica adaptada à função. Além
disso, para os professores advindos da Corporação não há remuneração pelo
desenvolvimento da atividade de ensino. Para esses policiais há, de fato, um
acréscimo na sua carga horária de trabalho” (PONCIONI, 2005, p. 596).
O fato de o corpo docente ser formado em larga escala por profissionais das próprias
polícias não representa necessariamente um ponto negativo: muitos policiais possuem a
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formação em academias das corporações com cursos de duração equivalente à graduação e até
mesmo mestrados e doutorados na área de segurança. Portanto, seriam capazes de aliar a
experiência profissional com o conhecimento acadêmico. O ponto crítico é que a escolha dos
instrutores deve ser realizada a partir de concurso público, que avalie a formação e a didática
dos profissionais.
A pesquisa realizada entre os Guardas Civis Metropolitanos revelou que, para 29,6%
dos respondentes, os treinamentos realizados pela CFSU estão sempre ou frequentemente
adaptados à realidade da comunidade; para 11,1% nunca ou raramente estão adequados às
características da região; e para a maioria, 59,3%, eles às vezes são e às vezes não são
adaptados à realidade da comunidade.
Gráfico 2
Os treinamentos do CFSU estão adaptados à realidade da comunidade/região?
70%
59,3%
60%
50%
40%
30%
22,2%
20%
10%
7,4% 7,4%
3,7%
0,0%
0%
Gráfico 3
Os treinamentos do CFSU o ajudam a atuar preventivamente?
50,0%
45,5%
45,0%
40,0%
35,0%
30,0%
25,0% 22,7%
20,0%
13,6%
15,0%
9,1%
10,0% 6,8%
5,0% 2,3%
0,0%
Com base nestes dados, identifica-se que os treinamentos estão focados na atuação
preventiva, ao menos para a maioria do contingente de entrevistados, mas estão pouco
focados na atuação comunitária – o aprendizado não está adaptado à realidade das
comunidades em que os Guardas Civis Metropolitanos atuam. Assim, buscou-se comparar a
grade curricular do curso de formação da GCM com a “matriz” curricular proposta pela
Secretaria Nacional de Segurança Pública e com as grades curriculares de outros cursos de
formação de policias no Brasil.
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4. RESULTADOS
Todavia, não basta que haja investimentos apenas na construção e aquisição de bases
fixas e móveis, próximas aos bairros, para que se possa caracterizar a atuação da polícia como
comunitária. Para tanto, investir na formação e na qualificação dos agentes policiais para este
novo modelo de policiamento é essencial e um dos aspectos a ser considerado é o currículo
dos cursos. Segundo SACRISTÁN (2000):
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para as forças policias regionais construírem os próprios conteúdos de seus cursos de
formação2.
Quadro 1
Malha Curricular SENASP
Percentual
Áreas Temáticas da
Disciplina Dimensão da Carga
Matriz
horária
2
A malha curricular traz uma somatória de 101% da carga horária sugerida. Ademais, a disciplina “Abordagem
sociopsicológica da violência e do crime” está apresentada em duplicidade nas Áreas Temáticas I e II. Contudo,
esta falha pôde ser corrigida no Quadro 1, verificando-se a as ementas das disciplinas, no Anexo II do
documento, onde consta, na Área I, a disciplina “Mobilização Comunitária”.
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Funções, Preservação e Valorização da Prova Procedimental 4%
Técnicas e
VIII Procedimentos Primeiros Socorros Procedimental 4%
em Segurança
Uso da Força Procedimental 5%
Pública
Fonte: Elaboração própria com dados de BRASIL (2008, p. 35-37)
Quadro 2
Grade Curricular do Curso de Formação da Guarda Civil Metropolitana
Carga Percentual
Matéria
Horária da Carga
Conhecimento Institucional I 52 9%
Conhecimento Institucional II 26 4%
Noções de Direito 50 8%
Noções de Legislação Especial 18 3%
Direitos Humanos 30 5%
Programas de Proteção Cidadã I 32 5%
Programas de Proteção Cidadã II 46 8%
Trânsito e Condução de Veículos Oficiais 28 5%
Instrução Operacional I 76 13%
Instrução Operacional II 24 4%
Atendimentos Emergenciais 26 4%
Conhecimento Específico 32 5%
Tiro Defensivo de Preservação à Vida 70 12%
Condicionamento Físico 79 13%
Atividades Complementares 11 2%
Total 600
Fonte: Elaboração própria com dados de SÃO PAULO (2013, p. 1-3)
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Analisando as disciplinas do curso de formação, comparativamente à “Malha
Curricular” proposta pela SENASP, alguns pontos merecem destaque. Primeiramente, o
estudo de “Noções de Ética e Normas de Conduta” está inserido na disciplina de
“Conhecimento Institucional I” com carga de 6 (seis) horas, o que representa apenas 1% do
total do curso, enquanto que a SENASP indica que esta matéria deveria representar 6% - a
respeitar este índice, o curso de formação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) deveria
dedicar 36 (trinta e seis) horas ao estudo de ética.
15
situação de risco, por exemplo, são o objeto de estudo dessas matérias. Além disso, há a
disciplina de Proteção Comunitária, com 6 (seis) horas, dentro da matéria de “Instrução
Operacional I”. Este conjunto de matérias representam 14% do total da carga horária do curso
de formação e estão em sintonia com uma força policial próxima da população e atuando de
modo preventivo.
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comunitária dos agentes, em contraposição à indicação da SENASP de utilizar 5% da carga
horária total dos cursos com Fundamentos dos Conhecimentos Jurídicos.
Quadro 3
Grade Curricular do Curso de Formação da Polícia Militar de Santa Catarina
A área temática de Técnicas e Procedimentos em Segurança Pública, por sua vez, tem
um enfoque fortemente voltado à atuação armada dos policiais: as disciplinas que compõem
este eixo são: Criminalística e Investigação Criminal, Teoria do Tiro, Tiro Policial (3
matérias), Técnicas de Polícia Ostensiva (2 matérias), Operações de Trânsito, Combate a
Incêndios e Atendimento Pré-hospitalar. São, sem dúvida, matérias relevantes para o
aprendizado de uma corporação que atuará em situações de risco e, por vezes, de
enfrentamento do crime.
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representam 6% da carga horária total da formação, que possuem caráter humanista e
comunitário.
Em 2012, após estudos realizados, foi implementada uma nova grade curricular, cuja
elaboração buscou acompanhar as diretrizes da Matriz Curricular SENASP, inclusive
dividindo as matérias nas dimensões conceitual, procedimental e atitudinal e buscando
equilíbrio entre cada uma destas. O curso tem carga total de 1.182 (um mil, cento e oitenta e
duas) horas e está dividido em quatro módulos: (1) Comum; (2) Profissional (3) Jurídico e;
(4) Complementar. Dentro do módulo complementar, que totaliza 440 (quatrocentas e
quarenta) horas, estão presentes 380 (trezentas e oitenta) horas distribuídas para avaliação,
estágio técnico operacional, coordenação pedagógica e atividades extracurriculares, como
palestras. Existe, ainda neste módulo, o Curso de Aprimoramento da Prática Policial Cidadã,
realizado pela Fundação Viva Rio, que demanda 60 (sessenta) horas (RIO DE JANEIRO,
2012).
Uma vez que o módulo complementar representa 37% da carga horária total do curso,
contra 2% da grade curricular da Guarda Civil Metropolitana e 4% da grade da Polícia Militar
de Santa Catarina utilizada para estas atividades, o Quadro 4 apresenta o percentual da carga
que cada disciplina representa em duas análises: sobre a carga total, incluindo o módulo
complementar, e sobre a carga do curso excluindo-se este módulo complementar, à exceção
da disciplina de Prática Policial Cidadã.
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Quadro 4
Grade Curricular do Curso de Formação da Polícia Militar do Rio de Janeiro
Percentual da
Carga Percentual Carga (excluindo
Matéria
Horária da Carga Módulo
Complementar)
Direitos Humanos 16 1% 2%
Educação Física 120 10% 15%
Ética 8 1% 1%
História e Organização Policial 8 1% 1%
Imagem Institucional 8 1% 1%
Língua e Comunicação 24 2% 3%
Armamento 50 4% 6%
Biossegurança 20 2% 2%
Criminalística 12 1% 1%
Instruções Práticas de Ações Táticas 80 7% 10%
Legislação Aplicada à PMERJ 38 3% 5%
Método de Defesa Policial Militar 30 3% 4%
Noções de Telecomunicações 12 1% 1%
Ordem Unida 16 1% 2%
Polícia Comunitária 20 2% 2%
Psicologia e Estresse Policial 12 1% 1%
Policiamento Ostensivo 50 4% 6%
Sociologia Criminal 20 2% 2%
Tiro Policial 70 6% 9%
Legislação de Trânsito 20 2% 2%
Legislação Penal e Processual Penal 80 7% 10%
Noções de Direito Administrativo 12 1% 1%
Noções de Direito Constitucional 16 1% 2%
Prática Policial Cidadã 60 5% 7%
Módulo Complementar 380 32%
Total 1182
Fonte: Elaboração própria com dados de RIO DE JANEIRO (2012, p. 38-39)
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A grade curricular atualizada da PM do Rio de Janeiro ainda dedica percentual
significativo da carga horária para disciplinas de cunho prático, como Tiro (9% da carga total,
excluindo o módulo complementar) e Educação Física (com 15% pelo mesmo critério). Há
também uma forte presença de disciplinas jurídicas: Legislação Aplicada à PMERJ,
Legislação de Trânsito, Legislação Penal, Legislação Processual Penal, Leis Penais Especiais
e Noções de Direito Administrativo e de Direito Constitucional somam 21% da carga total do
curso, sem considerar o módulo complementar.
Das disciplinas que preparam o policial para uma atuação humanista e comunitária,
Ética (1%), Direitos Humanos (2%) e Polícia Comunitária (2%) somam 5% da carga horária
prevista na grade. Há, contudo, o curso de Prática Policial Cidadã, com 60 horas, que
representa 7% da carga horária, que busca preparar a atitude do profissional para o
policiamento comunitário e em respeito aos direitos humanos, necessidade premente dada a
implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), que buscam pacificar áreas
anteriormente dominadas pelo tráfico de drogas, aproximando a polícia das comunidades.
No Estado do Paraná, a Polícia Militar conta com uma Diretoria de Ensino e Pesquisa
para planejar, coordenar, fiscalizar e controlar as atividades de ensino e de pesquisa.
Subordinada a esta Diretoria está a Academia Policial Militar do Guatupê, responsável pela
formação dos soldados da PM (PARANÁ, 2010). O curso tem duração de 2 (dois) anos e
carga horária total de 1.985 (um mil, novecentas e oitenta e cinco), incluindo 800 (oitocentas)
horas de Estágio Operacional. Para a análise das disciplinas em relação à carga horária,
exclui-se o Estágio Operacional, que representa 40% do total do curso (Quadro 5).
Quadro 5
Grade Curricular do Curso de Formação da Polícia Militar do Paraná
Percentual da
Carga
Carga Percentual
Área Matéria (excluindo
Horária da Carga
Estágio
Operacional)
Abordagem Sócio-psicológica da Violência 15 1% 1%
Deontologia Policial Militar 30 2% 3%
Fundamental
20
Doutrina de Emprego 20 1% 2%
Educação Física 90 5% 8%
História da Polícia Militar 15 1% 1%
Instrução Militar Básica 20 1% 2%
Legislação Especial 20 1% 2%
Legislação Institucional 30 2% 3%
Metodologia da Pesquisa 20 1% 2%
Noções de Direito Constitucional e Civil 30 2% 3%
Polícia Comunitária 30 2% 3%
Língua e Comunicação 15 1% 1%
Defesa Civil 10 1% 1%
Defesa Pessoal 40 2% 3%
Direção Defensiva e Evasiva 15 1% 1%
Estágio Operacional 800 40%
Estudo do Armamento e da Munição 50 3% 4%
Inteligência Policial 20 1% 2%
Operações Policiais Especiais 20 1% 2%
Ordem Unida 40 2% 3%
Profissional/Operacional
21
Da grade curricular aplicada à formação da Polícia Militar do Paraná, observa-se a
ausência da disciplina de Ética. Há, ainda, como nas outras grades observadas do Rio de
Janeiro e de Santa Catarina, uma parcela significativa da carga horária dedicada ao estudo de
disciplinas jurídicas: no Paraná estas matérias compõem 24% do total – são elas: Direito
Penal e Penal Militar, Direito Processual Penal e Processual Penal Militar, Legislação
Especial, Legislação Institucional, Noções de Direito Constitucional e Civil, e Legislação e
Policiamento, que abrange aspectos para atuação ambiental, em eventos especiais, guardas e
escoltas, policiamento ostensivo e de trânsito.
Existem três disciplinas na grade paranaense que visam à formação dos guardas
segundo diretrizes humanistas e de aproximação com a sociedade: Direitos Humanos e
Cidadania (que representa 2% da carga horária total), Polícia Comunitária (com 3% do total
de horas do curso) e Policiamento Comunitário (com carga igual a 2% do curso, excluindo-se
em todos os casos o Estágio Operacional de 800 horas). Faz parte, ainda, do currículo a
disciplina de Trabalho Social Comunitário (equivalente a 1% da carga horária total). Esta
matéria está inserida no módulo “Complementar”, que traz ainda estudos sobre Comunicação
e Marketing, Qualidade de Vida e Atividades Acadêmicas, Científicas e Culturais, que
totalizam 6% das horas do curso.
5. CONCLUSÃO
22
Conforme pesquisa realizada, o contingente da Guarda aponta que os treinamentos
possuem um caráter preventivo com frequência, mas estão pouco adaptados à realidade das
comunidades e regiões em que atuam. Da análise do curso de formação inicial dos guardas,
observa-se que a grade curricular apresenta muitas disciplinas de conhecimentos jurídicos e
história e hierarquia da instituição, dedica outra parcela significativa da carga horária a
atividades de cunho prático, como Tiro e Educação Física, e reserva uma parcela menor para
o aprendizado de policiamento comunitário.
Esta mesma divisão é observada nas grades curriculares que formam os policiais
militares dos estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro e Paraná: os curso focam
conhecimentos jurídicos e institucionais e treinamentos físico e armado, mas ainda são
incipientes na formação de agentes para uma atuação pautada pelo respeito aos direitos
humanos, próxima à comunidade e com vistas à solução das fontes geradoras de insegurança.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BAYLEY, David H. Padrões de policiamento: uma análise internacional comparativa.
Tradução Renê Alexandre Belmonte. São Paulo : Universidade de São Paulo. 2006. 269 p.
BENITES, Afonso. Metade das escolas forma policial em até seis meses. Folha de S. Paulo,
19 ago. 2013. Cotidiano, Caderno C3, p. 1.
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ao papel do município na segurança urbana. 114 f. Dissertação (Mestrado em Gestão e
Políticas Públicas) – Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2013.
PARANÁ. Lei nº 16.675, de 28 de setembro de 2010. Dispõe que a Polícia Militar do Estado
do Paraná (PMPR) destina-se à preservação da ordem pública, à polícia ostensiva, à execução
de atividades de defesa civil, além de outras atribuições previstas na legislação federal e
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SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre :
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24
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<http://download.rj.gov.br/documentos/10112/1045734/DLFE-52905.pdf/curriculocfap.pdf>.
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25