Você está na página 1de 17

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


COMISSÃO DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL
Av. Marechal Campos, 1468 – Bonfim/Maruípe - Vitória – ES
CEP: 29.040 -090 – Tel / Fax: (27)3335 – 7219
Nome:

Documento: Data de nascimento

( ) Residência multiprofissional Área:____________________________________


( ) Residência uniprofissional: clínica médica
( ) Residência uniprofissional: clínica cirúrgica
( ) Residência uniprofissional: patologia clínica

Assinatura do candidato

RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL 2017


CONCURSO DE SELEÇÃO DE RESIDENTE MULTIPROFISSIONAL
PROVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA
COREMU CCS/HUCAM
INSTRUÇÕES AOS CANDIDATOS
 Verifique se este caderno contém um total de 50 questões, numeradas de 1 a 50.
 Caso contrário, solicite ao fiscal da sala outro caderno completo.
 A prova terá duração de 4 horas, incluindo o tempo para preenchimento da folha de
respostas.
 Cada candidato receberá uma folha de respostas, que deverá ser devidamente assinada e
preenchida com caneta esferográfica azul ou preta.
 As folhas de respostas deverão permanecer sem qualquer sinal de dobra ou amassado.
 Não deixe questões sem resposta.
 Não será permitido o uso de celulares, calculadoras e outros equipamentos eletrônicos.
 Preencha apenas uma letra (alternativa) para cada questão. Mais de uma resposta anulará a
questão.
 O candidato só poderá sair após 1 hora do início da prova.
 Somente será permitida a saída de um candidato da sala de exames quando acompanhado por
um fiscal.
 As folhas de respostas que não forem entregues até 4 horas do início da prova serão
recolhidas.
 O candidato somente poderá levar o caderno de provas, depois de decorridas 03 (três) horas
do início da prova.
 Sugerimos que reserve alguns minutos da prova para copiar o gabarito para posterior
conferência com o gabarito oficial.

BOA PROVA!
Processo seletivo –Residência Multiprofissional – PSICOLOGIA
QUESTÃO 1
As causas de mortalidade variam com as faixas de idade, assim como variam os quantitativos de óbitos
nos diferentes ciclos da vida (crianças e adolescentes, adultos e idosos), passando por mudanças ao
longo das décadas. Sobre esse tema, assinale a alternativa CORRETA.
a) No Brasil, em 1980, a proporção de óbitos na faixa correspondente às crianças e adolescentes era de
aproximadamente 50%; em 2000 essa proporção declinou drasticamente, para próximo a 10%.
b) A proporção de óbitos em idosos brasileiros em 1980 estava próxima a 33%; em 2003 o percentual de
óbitos de idosos ampliou-se para aproximadamente 58%.
c) Na faixa correspondente aos adultos, a proporção de óbitos em 1980 era praticamente igual à de
2000, cerca de 40% de todos os óbitos ocorridos no Brasil.
d) No início do século XXI, a proporção de óbitos entre idosos brasileiros era três vezes maior que a
encontrada na faixa correspondente a crianças e adolescentes.
e) Em 20 anos, isto é, de 1980 a 2000, a proporção de óbitos em crianças foi reduzida à metade, saindo
de 40% de todos os óbitos ocorridos no Brasil para 20%, aproximadamente.

QUESTÃO 2
Os dados obtidos na realização de estudos transversais ou de prevalência são úteis para
a) avaliar as necessidades em saúde da população.
b) identificar casos novos de doenças raras e de longa duração.
c) gerar hipóteses após a testagem de potenciais fatores de confusão.
d) relacionar fatores de risco e proteção para doenças de curta duração.
e) identificar as causas de problemas de saúde em uma população específica.

QUESTÃO 3
“[...] Em um estudo de coorte foi avaliada a associação entre estresse materno e asma em crianças. Os
autores estavam interessados em determinar o efeito que os níveis crescentes de estresse materno têm
sobre a prevalência de asma nos filhos de até 6 anos de idade. O estresse materno foi medido por meio
de um questionário e categorizado como 0, 1-2, 3-4, ou >5 eventos de vida negativos pré e pós-natal; a
asma foi diagnosticada por médicos. [...]
(Patino CM, Ferreira JC. J BrasPneumol. 2016; 42(4):240)

Figura 1. Associação entre o número de eventos de stress materno pré- e pós-natal e as chances de
asma na infância nos filhos. Os quadrados pretos representam as Razões de Chance, e barras de erro são
os IC95%.
O gráfico apresenta o principal resultado do estudo. Com base no gráfico, assinale a alternativa
INCORRETA.
a) Foi identificado o efeito dose-resposta.
b) Estresse materno é potencialmente uma causa de asma até os seis anos de vida.
c) Apenas quando o número de eventos negativos foi igual ou superior a cinco que aumentou a chance
do filho apresentar asma até os seis anos de vida.
d) À medida que aumentou o número de eventos negativos nos períodos pré e pós natal, aumentou a
chance dos filhos apresentarem asma até os seis anos de vida.
e) Níveis aumentados de estresse materno, em comparação com zero eventos negativos, foram
associados com o aumento da chance de os filhos apresentarem asma durante a infância.
QUESTÃO 4
São características dos perfis demográfico e epidemiológico brasileiros:
I. Elevadas taxas de morbimortalidade por doenças crônicas não transmissíveis e de doenças
transmissíveis, cuja mortalidade ainda é alta em comparação com a maioria dos países da América
Latina.
II. Existência simultânea de regiões com padrões de saúde comparáveis aos dos países desenvolvidos e
regiões com índices de mortalidade comparáveis aos países de renda baixa.
III. Envelhecimento populacional devido à queda da mortalidade na infância e aumento da expectativa
de vida.
IV. Erradicação de algumas doenças infecto contagiosas e presença de “novas” (emergentes) e “velhas”
(reemergentes) doenças.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Somente estão corretas as alternativas I e II
b) Somente estão corretas as alternativas I e III
c) Somente estão corretas as alternativas II e IV
d) Somente estão corretas as alternativas III e IV
e) Todas as alternativas estão corretas.

QUESTÃO 5
A notificação dos casos suspeitos do vírus ZIKA passou a ser obrigatória para todos os serviços de saúde,
públicos e privados, do Brasil, a partir de 17 de fevereiro de 2016. Assim sendo, os casos suspeitos de
ZIKA devem ser notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), utilizando a
ficha de notificação individual e o código definido pela CID 10.
Sobre a Vigilância em Saúde, assinale V para verdadeiro e F para falso.
( ) A atualização da Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
pública foi realizada de modo a fortalecer a vigilância epidemiológica dos agravos relacionados à
epidemia do vírus Zika no Brasil.
( ) Servidores municipais são responsáveis por manter o ambiente doméstico livre de criadouros do
mosquito Aedes aegypti, porém toda a população deve contribuir para a vigilância em saúde.
( ) Garantir a organização dos serviços de saúde para atendimento aos casos suspeitos é de
responsabilidade do governo federal.
( ) Compete à gestão estadual garantir a execução das ações de vigilância e medidas de controle
vetorial.
( ) Todos devem procurar uma unidade de saúde ao apresentar sinais e sintomas compatíveis com a
Zica.
a. F, F, V, V, V.
b. F, V, F, V, F.
c. V, V, F, F, V.
d. V, F, V, F, F.
e. V, F, F, F, V.

QUESTÃO 6
A escolha entre a medida da Incidência ou da Prevalência depende da doença em estudo e de questões
operacionais. Parauso no serviço ou em um estudo populacional é necessário estabelecer o objetivo que
se quer alcançar. Sobre as medidas de morbidade, assinale a alternativa CORRETA.
a) Prevalência descreve a magnitude com que as doenças subsistem na população.
b) Incidência descreve a amplitude com que a morbidade ocorre em uma população.
c) Taxa de Prevalência instantânea é dada pela quantidade de doentes em um ponto definido no tempo.
d) Incidência instantânea é dada pelo número de pessoas acometidas por uma doença específica e que
vão à óbito pela mesma causa.
e) Taxa de Incidência reflete a quantidade de pessoas que ficam doentes e permanecem nessa condição
no ano específico da contagem.

QUESTÃO 7
Um dos índices utilizados para estudar as condições de saúde de uma população é o Índice de Swaroop
& Uemura. Sobre esse assunto, assinale V para verdadeiro e F para falso.
( ) Quanto mais elevado o Índice de Swaroop & Uemura tanto melhores serão as condições de saúde e
outras condições sociais e econômicas da região.
( ) O Índice de Swaroop & Uemura tem baixo poder discriminatório.
( ) O Índice de Swaroop & Uemura não é afetado por problema de estrutura populacional.
( ) Em regiões menos desenvolvidas socialmente o Índice Swaroop& Uemura não pode ser utilizado.
( ) O Índice de Swaroop & Uemura significa a percentagem de pessoas que morreram com 50 anos ou
mais em relação ao total de óbitos ocorridos em uma determinada população.
a. F, F, V, V, F.
b. F, V, F, V, F.
c. V, V, F, F, F.
d. V, F, V, F, V.
e. V, V, F, F, V.

QUESTÃO 8
Quando um novo medicamento que evita a morte, mas que não leva à cura, é incorporado à rotina de
um serviço de saúde para tratamento de uma doença crônica, a prevalência dessa doença
a) aumenta, mas a incidência da doença diminui.
b) aumenta, sem afetar a incidência da doença.
c) diminui, mas a incidência da doença aumenta.
d) diminui, enquanto a incidência da doença aumenta.
e) permanece constante, porém a incidência da doença diminui.

Questão 9
Assinale a alternativa que apresenta uma característica de um estudo do tipo caso-controle.
a) Tem por objetivo estudar os efeitos de uma intervenção em particular, comparando diferentes
procedimentos em pacientes hospitalizados.
b) Os sujeitos são avaliados em um único momento do tempo para verificação simultânea da
exposição e da doença.
c) Inicia-se com a identificação de um grupo de casos (indivíduos expostos) e um grupo de controles
(indivíduos não expostos).
d) É realizado em um conjunto de indivíduos sem a doença. Após um determinado período de tempo,
são comparados dois grupos: indivíduos que ficaram doentes (casos) e os que não ficaram doentes
(controles).
e) É utilizado para estudar etiologia de doenças crônicas infecciosas e não infecciosas, bem como no
estudo de fatores associados à ocorrência de diferentes doenças e desfechos.

Questão 10
Sobre a saúde das crianças brasileiras, é CORRETO afirmar:
I. As crianças brasileiras não apresentam mais problemas relacionados à deficiência de ferro, zinco e
vitamina A.
II. Situação nutricional materna pregressa, mas não durante a gestação, pode influir no peso ao nascer
da criança.
III. Os principais determinantes da mortalidade perinatal são a prematuridade, o baixo peso ao nascer e
as infecções.
IV. A Taxa de Mortalidade Infantil sofreu marcante redução, entre 1990 a 2000, saindo de 47 por mil
nascidos vivos para 30 por mil.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Somente estão corretas as alternativas I e II
b) Somente estão corretas as alternativas I e III
c) Somente estão corretas as alternativas II e IV
d) Somente estão corretas as alternativas III e IV
e) Todas as alternativas estão corretas.

Questão 11
Maria, 25 anos, chegou na Unidade de Saúde da Família (USF), entrou no consultório com firmeza e,
sem mais delongas, falou que ali estava para “pegar um pedido de eletrocardiograma”, porque estava
sentindo seu “coração bater no pescoço”. No entanto, após uma escuta e exame físico, foi visto que
Maria não possuía qualquer problema cardíaco. O profissional começou a fazer algumas perguntas
sobre sua vida, na tentativa de compreender o que poderia estar associado à sua queixa inicial. Maria,
então, motivada pelo interesse demonstrado, começou a relatar que estava sendo agredida verbal e
fisicamente pelo marido e, por isso, pensava em se separar. Relatou que esse comportamento dele era
recorrente, e, há um mês, começara a sentir os sintomas que motivaram a busca pela consulta. Maria se
sentia culpada de apanhar do marido e dizia que tudo “estava assim porque tinha traído ele em um
momento de desespero e raiva”.
Considerando tratar-se de um caso atendido em uma Unidade de Saúde da Família, o cuidado a Maria
deve ser norteado pelos princípios descritos na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), são eles:
a) Universalidade, vínculo, continuidade do cuidado, responsabilização, humanização,
intersetorialidade, promoção, prevenção e reabilitação da saúde.
b) Acessibilidade, coordenação do cuidado, integralidade da atenção, interdisciplinariedade,
responsabilização, equidade, intersetorialidade, monitoramento e avaliação do processo de
trabalho.
c) Universalidade, integralidade da atenção, intersetorialidade, equidade, territorialização,
promoção e reabilitação da saúde, prevenção de doenças e participação social.
d) Acessibilidade, coordenação do cuidado, territorialização, interdisciplinariedade, vínculo,
continuidade do cuidado, matriciamento, equidade e participação social.
e) Acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, integralidade da atenção, responsabilização,
universalidade, humanização, equidade e participação social.

Questão 12
De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), assinale a opção INCORRETA sobre as
atribuições comuns a todos os profissionais desse nível de atenção:
a) Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe,
identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades.
b) Promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando efetivar o controle social.
c) Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória e de outros
agravos e situações de importância local.
d) Manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos no sistema de informação
indicado pelo gestor municipal.
e) Trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida a microárea.

Questão 13
O documento das Diretrizes do Pacto pela Saúde – Consolidação do Sistema Único de Saúde contempla
o Pacto firmado entre os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), em suas três dimensões: pela Vida,
em Defesa do SUS e de Gestão. Assinale a alternativa CORRETA dentre as prioridades pactuadas no
Pacto pela Vida:
I. Em relação à prioridade “Redução da mortalidade infantil e materna” tem-se como
objetivo qualificar os pontos de distribuição de sangue para que atendam às necessidades
das maternidades e outros locais de parto.
II. Dentre as prioridades pactuadas, a “Saúde do idoso” tem como uma de suas ações
estratégicas a reorganização do processo de acolhimento à pessoa idosa nas unidades de
saúde para o enfrentamento das dificuldades atuais de acesso.
III. No que diz respeito à prioridade trazida por esse pacto de “Fortalecimento da Atenção
Básica”, os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) comparecem como importantes
atores na qualificação da Estratégia de Saúde da Família.
IV. Outra prioridade descrita no Pacto pela Vida, a “Promoção da Saúde” enfatiza a mudança
de comportamento da população brasileira de forma a internalizar a responsabilidade
individual da prática de atividade física regular, alimentação adequada e saudável e
combate ao tabagismo.
V. Em relação à prioridade “Controle do câncer do colo do útero, da mama e de próstata”
objetiva-se incentivar a cobertura de exames preventivos para esses cânceres.
a) I, II e V
b) I, II e IV
c) I, III e V
d) II, III e IV
e) Todas estão corretas

Questão 14
O Pacto de gestão estabelece diretrizes para a gestão do sistema nos aspectos da Descentralização;
Regionalização; Financiamento; Planejamento; Programação Pactuada e Integrada – PPI; Regulação;
Participação e Controle Social; Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Em relação ao financiamento,
assinale a opção que contempla os cinco blocos de financiamento para o custeio:
a) Atenção Básica, Atenção Especializada, Educação Continuada e Educação Permanente, Vigilância
Sanitária e Epidemiológica.
b) Saúde da Família, Assistência Farmacêutica, Avaliação e Auditoria, Gestão do SUS e Atenção
Especializada.
c) Assistência Farmacêutica, Atenção Básica, Atenção da Media e Alta Complexidade, Gestão do
SUS e Vigilância em Saúde.
d) Atenção da Media e Alta Complexidade, Gestão do SUS, Conselhos de Saúde, Atenção Básica e
Vigilância em Saúde.
e) Atenção Básica, Atenção da Media e Alta Complexidade, Gestão do SUS, Educação Permanente e
Conselhos de Saúde.

Questão 15
Assinale a opção CORRETA em relação ao campo de atuação do Sistema Único de Saúde:
I. A ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde e o incremento do
desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde.
II. A fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano, além da
vigilância nutricional e orientação alimentar.
III. A participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico e a
colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
IV. A formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros
insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção, incluindo a
formulação e execução da política de sangue e seus derivados.
V. A participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos.
a) I, II, III, IV
b) I, II, III, V
c) I, II, IV. V
d) II, III, IV, V
e) Todas estão corretas

Questão 16
Segundo a Lei nº 8.080 de setembro de 1990, não é atribuição comum a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios:
a) organização e coordenação do sistema de informação de saúde.
b) elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade e parâmetros de
custos que caracterizam a assistência à saúde.
c) elaboração e atualização periódica do plano de saúde.
d) acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de Saúde (SUS).
e) acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e das condições
ambientais.

Questão 17
Sobre a Lei n° 8.142, de 28 de dezembro de 1990, assinale a opção incorreta:
a) Essa lei dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e
sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
b) Tal lei dispõe que o Sistema Único de Saúde (SUS) contará, em cada esfera de governo, com
Conferência de Saúde e Conselho de Saúde, como instâncias colegiadas.
c) Em relação a Conferência de Saúde, essa lei defini que tal instância colegiada se reunirá a cada
quatro anos com representação dos vários segmentos sociais, a fim de avaliar a situação de saúde e
propor as diretrizes para a formulação da política de saúde.
d) A lei em questão define o Conselho de Saúde como órgão colegiado composto por representantes
do governo, prestadores de serviço e usuários, que em caráter deliberativo é sazonal, atua na
formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde.
e) Essa lei de ne que a representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferencias, será
paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos.

Questão 18
Em relação aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF é incorreto afirmar:
a) Esses núcleos constituem-se como retaguarda especializada para as equipes de Atenção Básica,
desenvolvendo trabalho compartilhado e colaborativo em pelo menos duas dimensões clínico-
assistencial e t cnico-pedagógica.
b) São serviços especializados, que devem atuar na Atenção Básica como referência para certa
população, ofertando atendimento naquilo que cada profissão pode oferecer.
c) É possível afirmar que o trabalho do NASF orientado pelo referencial teórico-metodológico do
apoio matricial.
d) São exemplos de ferramentas de trabalho do NASF: trabalho em grupo, atendimento domiciliar
compartilhado, projeto terapêutico singular, ecomapa e genograma.
e) As ações desenvolvidas pelos NASF têm como principais públicos-alvo: as equipes de referência
e diretamente os usuários do Sistema Único de Saúde.

Questão 19
Atribua verdadeiro (V) ou falso (F) para cada uma das assertivas abaixo sobre Apoio Matricial:
I. Refere-se a um arranjo organizacional em que uma equipe de referência para o usuário,
encaminha diretamente a outra equipe especializada o caso para ser cuidado, garantindo
assim uma atenção de qualidade.
II. Nessa lógica de trabalho as duas equipes envolvidas – equipe de referência e equipe
especializada – constroem conjuntamente a proposta de intervenção para um
determinado caso e definem os responsáveis pelo cuidado, ficando a equipe especializada
com o caso, o usuário deixa de ser da equipe de referência.
III. Tem como função exclusiva capacitar as equipes para atuarem de modo mais condizente
com os princípios da atenção especializada, desse modo, trabalha-se com educação
continuada e discussão de caso.
IV. Trata-se de uma prerrogativa exclusiva dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF.
a) F, F, F, F
b) F, F, V, F
c) F, V, F, F
d) V, F, F, F
e) V, V, F, F

Questão 20
O Projeto Terapêutico Singular (PTS) consiste em um instrumento de organização do cuidado em saúde,
que considera as singularidades do sujeito e a complexidade de cada caso. Pode-se dizer que o PTS
representa:
a) conjunto de propostas de condutas terapêuticas construído entre equipe e usuário, que pode
ser sistematizado nos seguintes momentos: Diagnóstico e análise, Definição de ações e
metas, Divisão de responsabilidades e Reavaliação.
b) conjunto de propostas de condutas terapêuticas prescritas por vários profissionais de saúde
individualmente a um determinado usuário.
c) conjunto de propostas de condutas terapêuticas elaboravas pelo médico junto ao profissional
que atendeu pela primeira vez o usuário.
d) con unto de propostas de condutas terap u cas que desa a a organização tradicional do
processo de trabalho em saúde, á que mant m certa ver calização dos poderes e
conhecimentos quando determina ao médico a responsabilidade de encaminhamento aos
especialistas.
e) con unto de propostas de condutas terap u cas voltado a avaliar se há negação da doença para
seguimento na elaboração de encaminhamentos para a rede.

QUESTÕES ESPECÍFICAS PSICOLOGIA

Questão 21
Atribua verdadeiro (V) ou falso (F) para cada uma das assertivas abaixo sobre a inserção da criança e
adolescente na agenda das políticas públicas brasileira:
I. Nos primeiros anos da República, os problemas da criança eram pensados a partir de quatro
elementos: uma representação social da criança como “menor”; um marco jurídico voltado à doutrina
da situação irregular; uma concepção de Estado como ente com função tutelar e de controle; e uma
proposta de intervenção de institucionalização em “reformatórios” ou “educandários”.
II. Com o início da Reforma Sanitária e Psiquiátrica, ainda na década de 1970, houve uma
mudança no modo de se pensar os problemas da criança e do adolescente, alterando radicalmente a
posição do Estado frente a esse público. Neste contexto tem-se: uma perspectiva da criança e
adolescente como sujeitos de direito; uma doutrina jurídica voltada à proteção integral; uma concepção
do Estado como ente com função de proteção e bem-estar social; uma proposta de intervenção voltada
à separação da criança e adolescente em risco do seu meio familiar para ofertar-lhes melhores
condições para a formação moral, intelectual e física e garantia de integração futura à sociedade como
cidadãos bem formados.
III. No contexto da saúde pública brasileira, por aproximadamente oito décadas, o cuidado à
criança e adolescente esteve voltado a uma intervenção curativista e biologicista, principalmente nos
espaços dos hospitais. Por outro lado, no que diz respeito aos problemas de saúde mental em crianças e
adolescentes, entendidos como efeitos extremos da pobreza e do abandono, o tratamento foi
direcionado ao psiquiatra, mas também ao assistente social, que, juntos, conseguiram propor soluções
baseadas na natureza coletiva do problema.
IV. Pode-se dizer que a Reforma Psiquiátrica brasileira para criança e adolescente não significou a
superação do modelo hospitalar psiquiátrico que, a rigor, não foi aplicado a eles. A Reforma para esse
público se equivale ao percurso do adulto, no que diz respeito à necessária inscrição de princípios e
diretrizes potentes para orientar a montagem de redes de atenção baseadas no cuidado em liberdade.
V. Atualmente a rede de atenção psicossocial enfrenta o desafio de inserir essa discussão da
saúde mental infanto-juvenil na agenda também dos serviços da atenção básica, para a construção de
novas linhas na história brasileira de cuidado à infância e adolescência, isso se deve, em parte, ao fato
de que, por décadas, esse público se manteve invisível até mesmo ao vigoroso movimento da Reforma
Psiquiátrica brasileira.
a) V, F, F, V, V
b) F, F, F, F, V
c) V, F, F, F, V
d) F, V, V, V, F
e) F, F, F, V, F

Questão 22
Em relação à saúde mental infanto-juvenil, pode-se dizer que a Convenção da ONU e o ECA, no início
dos anos 1990, associados à emergência da Lei da saúde mental e à realização da III Conferencia
Nacional de Saúde Mental - CNSM, em 2001, foram responsáveis pela emergência de condições
simbólicas e reais importantes para a proposição da política de saúde mental para crianças e
adolescentes. Das deliberações dessa III CNSM, elencou-se um conjunto de ações prioritárias a serem
desenvolvidas pelo SUS a esse público. Analise as assertivas abaixo e marque a alternativa que
corresponde a tais ações:
I. Criação de dispositivos de atenção psicossocial para crianças e adolescentes, seguindo a lógica
dos Centros de Atenção Psicossocial - CAPS e investimentos para a superação definitiva da
institucionalização de crianças em abrigos filantrópicos e da assistência social;
II. Priorização do cuidado aos casos de maior gravidade e complexidade na rede de atenção
psicossocial e realização de mapeamento nacional e internacional sobre os serviços existentes nos
diferentes setores ligados à assistência de crianças e adolescentes;
III. Fomento à intersetorialidade no cuidado a crianças e adolescentes e criação de mecanismos
efetivos de participação, incluindo familiares e usuários para a formulação, acompanhamento e
monitoramento da política de Saúde Mental da Criança e Adolescente;
IV. Priorização do matriciamento pelos CAPSi à Atenção Básica e inclusão da Saúde da criança e do
adolescente como área estratégica de atuação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF.
a) Somente a I está correta
b) Todas as respostas estão corretas
c) Somente a I e IV estão corretas
d) Somente a II e III estão corretas
e) Somente a I e III estão corretas

Questão 23
Os cuidados com a saúde infantil estão entre as ações essenciais do Ministério da Saúde. Nesse sentido
estabeleceram-se alguns princípios norteadores do cuidado à saúde da criança, a serem utilizados desde
a atenção básica até a atenção especializada, são eles:
a) Acesso universal; Acolhimento; Responsabilização; Desenvolvimento de ações coletivas com
ênfase nas ações de prevenção de doenças; Assistência integral e resolutiva.
b) Equidade; Atuação em equipe; Planejamento e desenvolvimento de ações setoriais;
Participação da família/controle social; Avaliação permanente e sistematizada da assistência prestada.
c) Acesso universal; Equidade; Acolhimento; Desenvolvimento de ações coletivas com ênfase nas
ações de promoção da saúde; Participação da família/controle social.
d) Acolhimento; Atuação em equipe; Desenvolvimento de ações coletivas com ênfase nas ações
de prevenção de saúde; Matriciamento; Humanização; Participação da família/controle social.
e) Equidade; Atuação em equipe; Vínculo; Humanização; Coordenação do cuidado longitudinal;
Desenvolvimento de ações coletivas com ênfase nas ações de promoção e prevenção de saúde.

Questão 24
Duas adolescentes, com 15 e 16 anos, foram referenciadas à Unidade de Saúde após atendimento na
urgência do hospital, por tentativa de suicídio conjunta. Usaram para o efeito vários fármacos, que
pegaram na farmácia do pai de uma delas, fazendo ingestão voluntária dos mesmos em uma sala vazia
da escola. As duas foram encontradas desmaiadas na sala pelo zelador. As adolescentes frequentavam o
1º ano do ensino médio, com queda recente de rendimento escolar. Nenhuma das jovens tinha
antecedentes de acompanhamento por psicologia ou psiquiatria ou antecedentes de consumo de
substâncias ilícitas, álcool ou tabaco, nem história de tentativa de suicídio na família. As duas
adolescentes se conheceram na escola, há cerca de 5 anos e desde então se tornaram "melhores
amigas". As duas relataram não ter atenção dos pais, serem vítimas de bullying escolar por estarem
“acima do peso” e terem sofrido decepções amorosas. Há cerca de dois meses iniciaram
comportamentos auto-mutilatórios após terem visto num site que "aliviava a tristeza", além de certas
restrições alimentares. Apesar de tudo, as adolescentes encontravam-se bem integradas no grupo de
pares, tendo na altura do sucedido vários amigos da turma preocupados com o que lhes teria
acontecido. Em atendimento afirmaram que queriam que as pessoas vissem o quanto faziam elas
sofrerem.
Em relação às ações preventivas ao suicídio e aos serviços envolvidos nesse cuidado ao adolescente em
ideação, está CORRETO afirmar:
I. Os profissionais devem ser capacitados para se atentarem e reconhecerem se a ideação suicida
e mesmo as tentativas de suicídio de um adolescente são para chamar atenção ou se correspondem
mesmo a um sinal de sofrimento. No primeiro caso, os profissionais devem corrigir a conduta do
adolescente, já no segundo caso, devem acolher e encaminhar a serviços que garantam seu tratamento.
II. No que diz respeito ao cuidado ao adolescente, a atenção básica, por e emplo, deve trabalhar
ar culadamente ao NASF, à Promoção da Saúde, à Poli ca de Saúde ental, à Rede Nacional de
Prevenção da iol ncia e à Poli ca de Educação Permanente, para construção de ações preventivas ao
suicídio.
III. Os profissionais devem instruir os familiares ou pessoas mais próximas ao adolescente sobre a
restrição de acesso aos métodos de suicídio mais letais al m de propiciar suporte às famílias e à
comunidade para que se tornem parte do apoio para as pessoas jovens que mantenham ideações ou
tentam suicídio.
IV. Em relação à organização da rede de saúde para o cuidado ao adolescente em ideação suicida,
deve-se incluir os CAPS e os outros níveis de complexidade da atenção necessários para o diagnóstico
médico e psicossocial e para a continuidade do atendimento da pessoa que tenta o suicídio e para sua
família incluindo no atendimento aquelas famílias que tiveram uma perda por suicídio.
a) I e II
b) I, II e III
c) III e IV
d) II, III e IV
e) I, III e IV

Questão 25
As Diretrizes Nacionais para Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção
e Recuperação da Saúde descrevem três eixos como fundamentais para viabilizar a atenção integral à
saúde de adolescentes e jovens:
a) Cuidado à saúde mental de adolescentes e ovens Fomento a par cipação uvenil e Atenção
integral à saúde se ual e reprodu va.
b) Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento Atenção integral à saúde se ual e
reprodutiva e; Atenção integral no uso abusivo de álcool e outras drogas por pessoas jovens.
c) Cuidado à saúde mental de adolescentes e ovens aran a de equidade de g neros e Atenção
integral à saúde se ual e reprodu va.
d) Cuidado à saúde física e emocional de adolescentes e jovens; Garantia de Direitos Sexuais e
Reprodutivos e; Promoção à cultura da paz.
e) Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento; Garantia de equidade de gêneros e;
Atenção integral no uso abusivo de álcool e outras drogas por pessoas jovens.

Questão 26
“A psicanálise a e peri ncia do sujeito – e o sujeito não é o indivíduo (...) a psicanálise tem, na
estrutura do sujeito do inconsciente, com sua tessitura mesma, a lógica do coletivo. Quanto mais nos
aproximamos do sujeito em sua radicalidade, e, nesse sentido, quanto mais nos afastamos do eu (...)
mais adentramos na ordem do coletivo que vige no inconsciente”. Qual das alternativas abai o está de
acordo com essa assertiva do psicanalista Luciano Elia?
a) Nas atuações em saúde pública, não é possível considerar o sujeito, pois tal perspectiva se
contrapõe às propostas das ações destinadas ao coletivo.
b) Ao se escutar o sujeito, a lógica do coletivo está presente, ou seja, a separação entre
subjetividade e coletividade não é estanque.
c) “Su eito” o termo que a psicanálise usa para se referir ao indivíduo, não havendo qualquer
diferença.
d) O coletivo a soma de vários “eus”, devendo-se, portanto, trabalhar sempre em grupos nos
dispositivos de saúde coletiva.
e) Para de fato considerar a dimensão do sujeito, as políticas de saúde deveriam criar cada vez
mais dispositivos que permitam os atendimentos individuais em psicologia.

Questão 27
As diretrizes das políticas de saúde mental infanto-juvenil têm por princípio que o adolescente ou a
criança a cuidar são sujeitos. Essa concepção norteadora implica em:
a) Não inserir crianças e jovens em atividades grupais, pois as mesmas têm como foco os
processos coletivos e não os individuais.
b) Apoiar a proposta da redução da maioridade penal, pois, para serem considerados sujeitos, os
jovens e crianças precisam responder por seus atos.
c) Não permitir a interferência dos pais ou responsáveis nas práticas de cuidado dirigidas aos
jovens e crianças, já que tal interferência reduz seu protagonismo.
d) Admitir que o sofrimento e a demanda de acolhimento devam ser enunciados pelo próprio
jovem ou criança, ainda que inicialmente partam de outros, pois crianças e jovens são capazes de se
tornar responsáveis pelo que enunciam.
e) Os jovens e crianças devem ser estimulados a participar de atividades próprias para sua idade
em seus territórios, pois isso contribui para sua formação de sujeitos.

Questão 28
Considerar a criança e o adolescente como sujeitos resulta em redefinir as ações de cuidado. A noção de
“encaminhamento implicado” significa
a) Apenas deve-se encaminhar a criança ou o adolescente de um serviço para o outro com a
anuência dos responsáveis e havendo uma equipe multiprofissional envolvida no encaminhamento.
b) Seguir os critérios de encaminhamento e perfis de usuários estabelecidos pela instituição na
qual o profissional se insere, pois a não observância dos mesmos gera consequências para o profissional.
c) Implicar os profissionais da instituição de destino de modo a obter deles a aceitação da criança
ou do adolescente.
d) Implicar toda a rede de cuidados em torno da criança no processo de encaminhamento, de
modo a garantir o sucesso do mesmo.
e) Aquele que encaminha deve se responsabilizar por endereçar a demanda ao outro serviço e
acompanhar o caso até o seu destino.

Questão 29
Para a psicanálise freudo-lacaniana a constituição do sujeito ocorre por intermédio da linguagem.
Quanto aos efeitos de tal fato sobre o corpo, assinale a alternativa INCORRETA.
a) O corpo marcado pela linguagem muitas vezes não coincide em seu funcionamento com o
corpo-organismo, por exemplo, quando surgem nele sintomas sem conexão com causas orgânicas.
b) O corpo marcado pela linguagem pode alterar o funcionamento do corpo-organismo.
c) O corpo não é mera máquina orgânica e biológica, pois a linguagem inscreve nele a
singularidade do sujeito.
d) A humanização do corpo depende das marcas da linguagem.
e) O corpo biológico é a realidade concreta com a qual têm de lidar os profissionais de saúde; ele
apenas sofre influências da subjetividade nos casos de transtorno mental.

Questão 30
A “passagem” adolescente pode ser compreendida como um momento em que o su eito se reposiciona
em relação às representações que sustentam sua posição no mundo. De acordo com essa visão, pode-se
afirmar que:
a) A adolescência é uma fase do desenvolvimento biopsicossocial do sujeito que, por estar inscrita
na natureza humana, transcorre sem grandes entraves, caso não haja conflitos no entorno do jovem.
b) A adolescência é o trabalho psíquico decorrente da ruptura com os laços que sustentam o
sujeito na infância e que lhe possibilita ativar uma vida adulta em nome de seu próprio desejo.
c) A adolescência é um período de profundas transformações no qual o sujeito sempre se revolta
contra as exigências do mundo e da família.
d) É necessário, através da educação e de outros dispositivos como a religião, por exemplo,
reconduzir o adolescente à trilha traçada por seus responsáveis.
e) Os profissionais de saúde que se dedicam a tal público devem, portanto, compreender que o
discurso do adolescente é por natureza incoerente e não se deve tomá-lo como relevante, pois, findado
esse período conturbado, o sujeito mudará totalmente sua posição diante da vida.

Questão 31
A adolescência é, muitas vezes, compreendida como um momento de crise. Essa crise pode ser
entendida como:
a) Resultante do declínio da autoridade paterna no mundo contemporâneo.
b) O efeito das relações grupais muitas vezes estabelecidas na adolescência, as quais encorajam o
jovem a desrespeitar regras.
c) Resultante da desmontagem das fantasias construídas na infância, o que leva o sujeito à perda
das significações e das referências que até então sustentavam sua subjetividade.
d) Um efeito da ativação da sexualidade que, exacerbada, coloca o adolescente em conflitos
psíquicos.
e) Decorrência do excessivo cuidado e proteção que algumas mães dispensam a seus filhos
adolescentes, dificultando sua entrada na vida adulta.

Questão 32
As mudanças corporais que ocorrem na puberdade produzem impacto sobre o psiquismo. Com relação
a este processo, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A imagem corporal construída na infância permanece inalterada, o sujeito não se dá conta das
mudanças da puberdade. Surge então um conflito que, em casos graves, pode causar uma dissociação
esquizofrênica.
b) O jovem, antes ansioso pela chegada da puberdade, experimenta uma condição de passividade
e impotência diante das alterações corporais que não podem ser escolhidas nem controladas.
c) Por mais que o ego lance mão das representações sexuais já construídas na infância, esse
trabalho é difícil, pois se trata de uma exigência de construir representações novas.
d) O aparelho psíquico encontra-se diante da tarefa de significar o novo que emerge e de lidar
com o luto da perda das representações do corpo infantil.
e) Ocorre uma ruptura da imagem de si construída especularmente ao que sucede um árduo
processo de reestruturação narcísica. Um estado de fragilidade e atordoamento se instaura no
psiquismo.

Questão 33
O trabalho psíquico realizado na adolescência inclui a reconstrução da própria história, que é viabilizada
pelo questionamento da história transmitida pelos pais ou por outros adultos. Na infância, são esses
outros que enunciam as “verdades” sobre o su eito, o como e o porqu dos eventos que lhe sucederam.
Sobre esse processo, atribua verdadeiro ou falso às assertivas abaixo:
I – A partir da puberdade, o sujeito passa a notar a diferença entre o seu grupo familiar e os demais o
que torna possível o questionamento de sua própria vida e de sua família.
II – Por melhor que tenha sido a constituição de seus laços, esse movimento suscita crise, pois as bases
identificatórias são estremecidas.
III – A criatividade típica da infância fica embotada na adolescência em função da exacerbação da
sexualidade, o que dificulta a reconstrução da própria história.
IV – É esse trabalho que insere o adolescente em uma cadeia geracional, permitindo-lhe desenvolver as
noções de temporalidade, finitude e morte.
V – O processo é ativo, não se limitando a relembrar fatos ocorridos. Trata-se de um trabalho de
construção através da interpretação, da imaginação e da suposição próprias.
a) Todas as alternativas são verdadeiras.
b) Todas as alternativas são falsas.
c) Apenas III é falsa.
d) I e II são verdadeiras.
e) Apenas V é verdadeira.

Questão 34
Dada a complexidade dos processos presentes na adolescência, as abordagens clínicas se fazem
também complexas. Qual das assertivas abaixo NÃO deve ser considerada uma proposta clínica
pertinente e ética?
a) Devido à complexidade advinda da própria adolescência, deve-se evitar escutar o próprio
adolescente, baseando as intervenções, sempre educativas, nas afirmações dos familiares, escola, etc.
b) Evitar considerar a priori qualquer manifestação como própria e necessária da adolescência,
menosprezando assim a intensidade do sofrimento psíquico que pode estar presente.
c) Compreender que há processos pelos quais o adolescente passa inevitavelmente, mas que a
regularidade deles não elimina a singularidade de cada sujeito.
d) Privilegiar a escuta do próprio sujeito.
e) Possibilitar a construção de um espaço no qual o sujeito possa elaborar subjetivamente suas
questões.
Questão 35
Alguns autores consideram que certos atos adolescentes, que podem ir desde um bater de porta até
uma tentativa de suicídio passando pelo vandalismo indicam um fracasso no processo de elaboração, a
falência do psiquismo diante do excesso do ataque pulsional. Frente àquilo para o que não encontra vias
de processamento, o adolescente recorre à força do ato. Diante dessa assertiva, seria INCORRETO
afirmar que:
a) Podem ter existido áreas de conflito potencial que, durante a infância, puderam manter-se em
equilíbrio precário, o qual fracassa diante das demandas da adolescência.
b) O turbilhão emocional da adolescência pode estar a serviço da tradução de um sentimento de
vazio, de desorientação e de temor.
c) É necessário, portanto, abordar a complexidade dessas situações extremas de dor psíquica.
d) Faz-se necessário, portanto, coibir por medidas educativas os atos excessivos dos adolescentes
como forma de protegê-los contra o risco a que expõe a si mesmos.
e) A escuta clínica do sujeito pode ser de grande efetividade no processo de elaboração de seu
sofrimento psíquico.

Questão 36
Quanto à prática da escuta psicanalítica na instituição hospitalar, Maria Lívia Moretto afirma que:
a) As pessoas que buscam o hospital estão à procura do saber médico para aliviar seu sofrimento
físico e nenhum outro discurso terá lugar nessa situação.
b) As rotinas hospitalares impedem os atendimentos que visam escutar o sujeito, pois os mesmos
poderiam atrapalhar ações necessárias para a sobrevivência dos pacientes.
c) As condições de possibilidade e a garantia de uma escuta analítica não se situam num setting
ideal, mas no fato de que o inconsciente está onde o sujeito fala.
d) O tempo de permanência de um paciente em um hospital não se coaduna com o tempo
necessário para uma análise.
e) Não há, no ambiente hospitalar, a privacidade necessária para se proceder a uma escuta de
assuntos íntimos de um sujeito.

Questão 37
Quanto ao lugar do analista em uma equipe multiprofissional, é correto afirmar que:
a) Sua função é impedir que a angústia do paciente afete o bom andamento do trabalho do
médico.
b) Sua função é analisar os problemas relacionais que comumente surgem na equipe.
c) Sua função na equipe é a de oferecer escuta ao paciente.
d) Ele não deve trabalhar em conjunto com a equipe. Deve manter-se à distância para que suas
intervenções sejam eficazes.
e) Deve chefiar a equipe por ser o único profissional que tem a capacidade de compreender a
mente humana.

Questão 38
Considerando que as pessoas se dirigem aos hospitais gerais em busca de cuidados médicos, alguns
autores creem que uma oferta de escuta subjetiva nesses espaços não teria lugar, pois a demanda não
partiria do próprio sujeito. Seria incorreto e mesmo antiético o profissional oferecer sua escuta a quem
não demandou por ela. Diante dessa concepção, podemos afirmar que:
a) A oferta de escuta não é uma imposição para que o sujeito fale, mas pode despertar a demanda
que, de outro modo, poderia permanecer muda no espaço hospitalar.
b) O enunciado da questão traz uma assertiva correta que deve ser observada por questões éticas.
c) Caso ofereça sua escuta, o profissional deverá se preocupar com uma possível recusa do
sujeito, o que o colocará em posição frágil perante a equipe.
d) O profissional psicólogo deve aguardar os encaminhamentos médicos para qualquer ação,
antes se dirigir aos pacientes.
e) O trabalho de escuta à beira do leito é uma atividade do assistente social e não do psicólogo.
Questão 39
Considerando as noções de sujeito e singularidade, deve-se esperar que o trabalho do psicólogo no
campo da saúde promova intervenções que permitam:
a) Indicar aos pacientes e usuários quais seriam as atitudes promotoras de seu bem-estar, pois o
psicólogo é um profissional que possui o saber acerca do que é melhor para a vida dos sujeitos.
b) Avaliar as singularidades de acordo com referências de normalidade e patologia, visando à
adaptação dos comportamentos considerados patológicos e discordantes.
c) Fortalecer a parte sadia que ainda possa estar presente no sujeito doente, através da promoção
da identificação do paciente com o psicólogo, que se oferece como padrão de normalidade.
d) Oferecer uma escuta que permita ao sujeito entrar em contato com sua singularidade e
construir meios de lidar com ela.
e) No campo da saúde, não há oportunidade para trabalhar com tais conceitos. Deve-se aguardar
a melhora do sujeito para iniciar esse tipo de intervenção posteriormente.

Questão 40
Freud atribui à maioria das pessoas a ocorr ncia de uma “amn sia infantil”, que encobriria os primeiros
anos da infância até os seis ou oito anos de idade. Em relação a esse fenômeno, é INORRETO afirmar
que:
a) A amnésia não se deve a uma deficiência na percepção infantil; nessa fase, as crianças reagem
com vivacidade às impressões.
b) Freud afirma ser a amnésia infantil decorrente do processo de recalcamento, como acontece
em adultos neuróticos.
c) A amnésia infantil é responsável pelo fato de os adultos não darem crédito à existência da
sexualidade infantil, uma vez que a sua própria foi apagada da memória.
d) A amnésia infantil está relacionada com os aspectos da sexualidade infantil.
e) A amnésia infantil se deve ao acontecimento traumático de um adulto surpreender e
repreender alguma manifestação da sexualidade da criança.

Questão 41
Freud considera que algumas funções fisiológicas, como alimentação e evacuação, por exemplo, podem
sofrer alterações decorrentes do campo psíquico. Sobre esse tema NÃO se pode afirmar que:
a) Tais funções são afetadas pela sexualidade infantil envolvendo prazer e, por conseguinte, a
criança quer ter autonomia sobre elas.
b) Freud acredita que apenas a educação será capaz de regular essas atividades e que se deve
inclusive lançar mão de punições caso a criança não se submeta ao aprendizado.
c) As funções corporais estão, para Freud, atravessadas pela relação da criança com as demandas
feitas por quem cuida dela. Portanto, seu funcionamento não é meramente fisiológico.
d) Com os desdobramentos trazidos pela teoria lacaniana a essa questão, pode-se afirmar que,
por serem atravessados pelos significantes, o corpo e suas funções são testemunhos da singularidade do
sujeito.
e) Mesmo no adulto a fisiologia corporal está atrelada ao psiquismo.

Questão 42
No Brasil colonial, a criança era representada socialmente como “filho incapaz”, e religiosamente como
“an inho” (a morte frequente das crianças era comemorada como uma graça divina). Antes da
puberdade, não lhe era endereçado nenhum cuidado especial. Apenas quando a criança passa a ser
representada como matriz físico-emocional do adulto, os elos entre pais e filhos passam a ser criados. A
que se deve a alteração nos modos de representação da criança?
a) À reação higienista frente aos altos índices de mortalidade infantil.
b) À criação e promulgação do estatuto da criança e do adolescente.
c) À mudança das crenças religiosas patrocinada pelos jesuítas.
d) À reação das mães contra o poder tirânico do pais.
e) Ao surgimento das escolas regulares, que atribuíram um novo lugar social à criança.
Questão 43
A partir do século XIX, instaura-se uma significativa mudança no lugar ocupado pela criança na
sociedade em relação à situação encontrada no período Colonial. Quanto a essa mudança, assinale falso
ou verdadeiro para cada uma das assertivas abaixo:
I - A criança, antes objeto da religião e da propriedade família, passa a ser utilizada como instrumento
de poder do Estado através do discurso da medicina higienista.
II – Por trás da disciplina higiênica dos corpos, a medicina social difundia a ideia de perigo trazido pela
mentalidade pré-científica.
III – As prescrições médicas, inclusive alimentares, traziam em seu bojo a infiltração dos costumes
europeus, considerados superiores aos brasileiros.
IV – As novas propostas de educação física, moral e intelectual das crianças denunciam a incompetência
familiar e idealizam uma sociedade de homens capazes de servir ao Estado.
V – A criança e sua família adquirem total autonomia na condução de seu cotidiano, cabendo aos pais
propor as medidas educativas, sempre levando em conta as particularidades da criança.
a) As alternativas IV e V são falsas.
b) Apenas a última alternativa é falsa.
c) Todas as alternativas são verdadeiras.
d) Apenas I é verdadeira.
e) Nenhuma alternativa é verdadeira.

Questão 44
Jurandir Freire Costa afirma que, no período higienista, o conjunto de interesses médico-estatais
interpôs-se entre a família e a criança e que as gerações que se seguiram a essa pedagogia higienizada
produziram o indivíduo urbano típico de nosso tempo. Como o autor caracteriza esse indivíduo?
a) Obcecado pelo próprio corpo; moral e sentimentalmente centrado em sua dor e em seu prazer;
socialmente racista e burguês;
b) Libertado de toda influência higienista; seguidor dos preceitos da pós-modernidade.
c) Crianças sem referências parentais, tanto em função do afastamento produzido pelo período
higienista quanto pelo declínio da função paterna na contemporaneidade.
d) Jovens e adultos sem qualquer senso de responsabilidade e infantilizados.
e) Indivíduos com grande propensão a transtornos mentais em função da desestruturação das famílias.

Questão 45
Afirmar como faz a psicanálise freudo-lacaniana que o sujeito é dividido implica dizer que:
a) As relações fluidas da contemporaneidade atingem o sujeito de modo a impedi-lo de se
posicionar de maneira consistente. O sujeito fica permanentemente dividido entre duas decisões a
tomar.
b) Em função do conflito edípico, fundador do sujeito, ele se constitui em torno de uma divisão
entre as figuras materna e paterna, não podendo decidir-se por um dos objetos amorosos.
c) A divisão do sujeito se refere à bissexualidade constitucional detectada por Freud em todos os
seres humanos.
d) O sujeito do qual trata a psicanálise é o sujeito do inconsciente, que não coincide com o Eu; o
inconsciente não é uma dimensão profunda do indivíduo e sim outra instância psíquica que obedece a
uma lógica própria, e que exerce influência definitiva sobre os atos conscientes.
e) A divisão do sujeito ocorre em um quadro específico de transtorno mental denominado
esquizofrenia.

Questão 46
A respeito da concepção de infância inaugurada por Freud, NÃO podemos afirmar que:
a) Tal concepção abala a ideia que associa a criança à pureza e à inocência, pois afirma a
sexualidade presente nela.
b) Desmistifica a ideia de que a infância seja um período harmônico e de tranquilidade, pois a
criança freudiana têm de lidar com os enigmas da vida, situação potencialmente geradora de angústia.
c) A relação entre o adulto e a criança não está resguardada de choques contradições e conflitos,
pois o adulto está distanciado da própria infância em função da amnésia infantil e a criança sempre
interpela a infância esquecida do adulto.
d) A criança é sempre idealizada pelo adulto e, como atingir o ideal é tarefa impossível, o fracasso
da criança pode muitas vezes ser entendido como o único caminho encontrado para que sua
singularidade prevaleça.
e) Em função da proximidade de Freud com os ideais da medicina higienista, a criança traçada por
ele é um ser perverso polimorfo que deve, portanto, ser tratado com o objetivo de atingir uma vida
psíquica normal.

Questão 47
Um dos conceitos centrais nas políticas de saúde mental é o conceito de território, e entre os princípios
que devem reger as diretrizes que se referem à infância e juventude não é diferente. O conceito de
território se define como:
a) Território se refere à dimensão psíquica do sujeito. As fantasias inconscientes construídas na
infância produzem efeitos determinantes para toda a vida, criando inibições e complexos que delimitam
o campo perceptivo do sujeito e, portanto, seu território de ação no mundo.
b) O território nacional. Todo brasileiro tem direito à saúde e, através do SUS, poderá ser acolhido
em qualquer dispositivo compreendido dentro das fronteiras do país.
c) É o campo que ultrapassa em todos os sentidos o recorte meramente geográfico ou regional,
embora esse também seja relevante. O território se constitui da rede formada por todas as instâncias
pessoais e institucionais que atravessam a experiência do sujeito. É o lugar psicossocial do sujeito.
d) É o endereço postal do sujeito. É de extrema importância nas ações de saúde, pois, através
dele, os agentes de saúde identificarão e delimitarão aqueles dispositivos que poderão ser utilizados
pela família. A identificação é realizada através do CEP da residência.
e) A noção de território se define por uma questão de segurança pública. É fato corriqueiro nos
dispositivos que acolhem jovens usuários de drogas ilícitas que há enormes riscos de se fazer o
encaminhamento desses jovens para territórios onde possam encontrar grupos rivais. Todos os
profissionais de saúde têm o dever de atentar para esse fato.

Questão 48
“O fato de o discurso m dico não se sustentar senão por sua ob etividade e cientificidade, que seu
imperativo metodológico, nos interessa porque tem uma consequência na prática, na clínica médica,
essa que às vezes participamos enquanto pacientes. Devemos obedecer ao médico porque ele sabe o
que é melhor para nossas vidas. Essa consequência é que o discurso médico não só exclui a
subjetividade do médico, que é chamado a calar os seus sentimentos, pois é isso que a ordem médica
exige dele, mas também despossui o doente de sua doença, de seu sofrimento, de sua posição
subjetiva. Ao mesmo tempo que o doente, como indivíduo, se apaga diante da doença, o médico
enquanto pessoa tamb m se apaga diante das e ig ncias do seu saber”.
Essa importante assertiva de Lívia Moretto produz uma série de consequências que impõem sua
consideração aos psicólogos que atuam em hospitais. Qual das alternativas abaixo NÃO deve ser
considerada uma dessas consequências?
a) Na verdade, as posições subjetivas tanto do médico quanto do paciente comparecerão na
clínica médica, independente das intenções de ambos e dos ditames do discurso médico. Assim, a
proposta de excluir as subjetividades para que se exerça a boa medicina impede que se lide
clinicamente com esse fato, que tem, entretanto, repercussões nos tratamentos.
b) Quando o discurso médico opera no sentido de destituir o paciente de sua subjetividade isso
gera consequências importantes em seu psiquismo, pois ao se submeter à posição de objeto da
investigação médica, o sujeito perde seus referenciais e se identifica com a própria doença. Isso impede
que ele recorra a mecanismos subjetivos próprios, que poderiam contribuir para sua cura.
c) A exclusão da subjetividade é uma exigência das ciências em geral, não apenas da medicina.
Não há meios de considerar as particularidades de cada sujeito nem no estabelecimento do diagnóstico
nem no estabelecimento da terapêutica. Ciente disso, o paciente consegue suspender sua subjetividade
até que a saúde seja restabelecida, pois a subjetividade não tem interferência alguma nas doenças
orgânicas.
d) Para o discurso médico é ponto pacífico ser ele o único discurso válido sobre a doença e, por
consequência, fica o discurso do paciente muitas vezes desacreditado, já que poderia ser contaminado
pela angústia e sofrimento.
e) Na medida em que o discurso médico produz fenômenos que não consegue tratar, abre-se o
espaço para outros discursos sem os quais o hospital se tornaria excessivamente desumano.
Questão 49
“Costuma-se pensar na instituição como o maior obstáculo para a atuação analítica, posto que se diz
que a transferência do paciente ou é com a instituição ou é com aquele a quem ele vai buscar nela, o
médico. Se entendemos a transferência como transferência de saber, o que fica claro é que o paciente
vai ao hospital porque supõe encontrar lá o saber médico, ou seja, a transferência é com o médico, já
que o saber é dirigido a ele. (...). Portanto, é de se esperar que alguns fiquem um tanto quanto
desapontados quando se deparam com um analista que lhes pede que falem sobre si mesmos. Mas o
surpreendente é que eles falam , e falam como se ali, na figura do analista, tivessem encontrado o que
não sabiam exatamente que procuravam: a si mesmos. Um analista não deixa de ser isso, o lugar onde
as pessoas encontram um saber sobre si mesmas, mas supõem, por transferência, que este saber está
no outro-analista”.
Nesse trecho do livro O que pode um analista no hospital?, a autora indica a possibilidade de tal
atuação. Assinale qual das alternativas abaixo NÃO acompanha a lógica da reflexão de Lívia Moretto.
a) Freud cria a psicanálise no âmbito do discurso médico e no espaço hospitalar. O pai da
psicanálise propõe um discurso suplementar, como o objetivo de abarcar aquilo que escapa às ações
médica. A psicanálise não é um discurso que se opõe à medicina.
b) O fenômeno da transferência é indicado por Freud como a condição sine qua non para a
intervenção analítica. De fato, em hospitais e outras instituições ocorrem as dificuldades apontadas no
trecho acima pela autora para o manejo transferencial. Ainda que um paciente hospitalizado possa se
dirigir a um analista, a transferência não vai ocorrer e não será produzido nenhum efeito clínico.
c) Em qualquer espaço em que a escuta analítica se faça presente é a própria escuta que cria a
demanda de fala. Mesmo em situações nas quais é o paciente quem procura o analista, esse ato em si
não garantiria, sem a escuta, um trabalho que possa ser intitulado analítico.
d) A suposição de saber no outro ocorre em diversas relações e não apenas na analítica. A
especificidade da psicanálise é operar com a transferência de modo a fazer o sujeito produzir seu
próprio saber.
e) A disposição para a fala muitas vezes encontrada nos pacientes hospitalizados indica que a
subjetividade não se subtrai em situações de adoecimento orgânico.

Questão 50
“Diz-se que uma análise leva tempo para chegar ao seu final. É verdade, e, na maioria das vezes, mais
tempo do que se costuma imaginar. O que pretendo discutir nesse ponto é que o fator tempo pode ser
um obstáculo real para que se dê uma Psicanálise, sem dúvida. Mas não seria o tempo breve uma
impossibilidade para que se dê início a uma Psicanálise, mesmo quando ela é iniciada no hospital. Não
se pode recusar uma demanda de análise por causa do pouco tempo, por exemplo, que um paciente
tem de internação ou de vida.”
A assertiva acima está fundamentada não apenas na experiência, mas também teoricamente. Qual das
alternativas abaixo expõe o argumento teórico correto?
a) Freud inclui o tempo preliminar da análise nos preceitos da análise. Não se trata de um tempo
que siga uma lógica não pertencente à lógica da psicanálise. Quer dizer que houve uma análise iniciada
que, num curto espaço de tempo, se interrompeu, o que não deixa de ter um efeito analítico no sujeito.
Nesse tempo inicial se promove uma modificação da relação do sujeito com o real, a implicação dele nas
desordens das quais se queixa.
b) Freud aponta a atemporalidade dos processos inconscientes e Lacan o segue com a perspectiva
do tempo lógico. Ambos os psicanalistas, entretanto, reconhecem que o tempo cronológico é o que
comanda a vida psíquica de fato.
c) Eticamente seria condenável iniciar um trabalho no qual o paciente hospitalizado se envolva,
sabendo o psicanalista que o tempo real do trabalho será curto e que exigiria uma continuidade em
outro espaço.
d) Em casos de pacientes terminais, o início de um trabalho analítico retiraria do sujeito uma parte
preciosa do tempo que teria para estar com familiares, não sendo recomendável, portanto, mesmo que
o sujeito demande ser escutado.
e) A psicanálise freudo-lacaniana contemporânea reviu a questão do tempo de duração das
análises, incabível no mundo atual. Renovou-se a técnica para uma abordagem mais direta do
inconsciente, essa sim, adequada ao trabalho hospitalar.

Você também pode gostar