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Divulgação/Nautilus Minerals
Máquina de perfuração que será usada pela empresa Nautilus Minerals para
exploração de minérios no fundo do mar da Papua Nova Guiné
No verão de 1974, um navio enorme, diferente dos que circulavam pela região, saiu
de Long Beach, na Califórnia, para navegar até o meio do oceano Pacífico - local
em que, diziam os encarregados da expedição, nasceria uma nova e revolucionária
indústria.
Ele topou participar da trama e, em seu nome, um navio foi construído para a
missão. Chamada de Hughes Glomar Explore, a embarcação foi feita com
elementos dignos de um filme de James Bond, com um compartimento secreto para
abrigar o submarino.
Foram seis anos para que a embarcação, orçada em US$ 500 milhões, ficasse
pronta, com equipamentos para aguentar o peso do submarino.
Segundo Sharp, eles chegaram inclusive a coletar alguns "nódulos", como são
chamadas as pequenas rochas ricas em minerais, já que navios-espiões soviéticos
monitoravam a região.
Hora do resgate
Para colocar o navio em ação era necessário que as águas estivessem calmas - o
que só aconteceria no verão.
Dave Sharp
O ex-agente da CIA Dave Sharp a bordo do falso navio de mineração Hughes Glomar
Explorer
Como o risco de ser pego tentando roubar um submarino soviético não ajudaria em
nada no processo, Nixon pediu para segurar a ação até que ele deixasse a Rússia.
No dia 4 de julho as sondas de perfuração entraram em ação.
As coisas não correram como planejado durante as buscas e o navio teve vários
problemas técnicos.
A versão oficial da CIA afirma que a operação foi um dos golpes de inteligência
mais bem dados da Guerra Fria - mas as enormes quantias envolvidas na
expedição levantaram questões sobre sua necessidade. Um ano depois, os
detalhes cinematográficos da missão se tornaram públicos e a ideia de recuperar a
metade do submarino que tinha voltado ao oceano foi abandonada.
Segundo Sharp, a revelação de que o projeto de mineração oceânica era falso foi
um choque para as outras companhias da área e também para diplomatas da ONU
que estavam em meio a negociações de direitos de minérios. Os preços das ações
caíram em meio a uma onda de recriminações.
Em busca de minério
Em Papua Nova Guiné, sentado em uma sala com ar condicionado, Leslie Kewa
segura um controle que irá comandar uma máquina do tamanho de uma casa.
Quase meio século após agentes da CIA fingirem que estavam explorando o
assoalho oceânico, Kewa, um especialista em operar máquinas gigantescas, está
para fazer isso de verdade.
A que ele vai operar é única, não apenas por causa do poder de destruição de seus
dentes giratórios de aço e sua aparência assustadora, com um quê de Mad Max,
mas também porque ela é feita para ser usada além do alcance humano.
Peixes em perigo
A Nautilus Minerals diz que fará a exploração em uma pequena área e que esta
respeitará as espécies ali. A empresa estima que apenas a exploração do cobre
faria uma eventual indústria da mineração submarina valer US$ 30 bilhões por ano
em 2030.
Jonathan Mesulam, um dos moradores da ilha Nova Irlanda, em Papua Nova Guiné,
conta que descobriu o projeto de mineração oceânica lendo o jornal e que ficou
chocado com a notícia. "Temos uma conexão com o mar. Ele tem sido parte da
nossa cultura por gerações e o conhecimento tradicional do mar vem dos nossos
ancestrais", fala.
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O projeto de mineração no fundo do mar inspirad... https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2018/02...
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