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ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO
DISCIPLINA: “TEORIA DO CONHECIMENTO EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO”

ADOLFO JÚLIO PORTO DE FREITAS

RESENHA DO TEXTO 24 - II

ZILLES, Urbano. Fundamentos ontológicos do conhecimento.


In:_______Teoria do conhecimento. 5 ed. Porto Alegre: Ed. UCRS, 2006.
Cap. 2, p. 30 – 41. (Texto 24, Coleção filosofia, 21)

Resenha elaborada pelo acadêmico do Curso de Doutorado


em Ciência da Informação/PPGCI/UFMG, Adolfo Júlio
Porto de Freitas - matrícula n. 2009651663, submetida à
avaliação da Profa. Dra Marta Macedo Kerr Pinheiro
mediante a disciplina “Teoria do Conhecimento em
Ciência da Informação” - Período 2009.1

PROFESSORA: Dra Marta Macedo Kerr Pinheiro - ECI/PRPGCI/UFMG

Belo Horizonte/MG
2009.1
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SUMÁRIO

1 NOTAS EXPLICATIVAS: A ONTOLOGIA DA RESENHA/UM 3


SABER PRÉVIO DO “ENTE”.............................................................

2 QUEM É O AUTOR DO TEXTO: URBANO ZILLES......................... 3

3 ANÁLISE TEMÁTICA E INTERPRETATIVA DOS TEXTOS: A


RESENHA.......................................................................................... 4

REFERÊNCIAS................................................................................. 6
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1 NOTAS EXPLICATIVAS: A ONTOLOGIA DA RESENHA/ UM SABER PRÉVIO


DO “ENTE”

A resenha apresentada foi elaborada tomando-se por base uma análise


“temática” e “interpretativa” do texto referenciado (ZILLES, 2006). No
desenvolvimento da análise interpretativa buscamos, sempre que possível,
relacionar as categorias temáticas abordadas pelo autor resenhado com o
conhecimento “prévio” do resenhista acerca do assunto, objetivando tecer
algumas correlações conceituais. Salientamos, no entanto, que dentre as
referidas categorias, destacamos em particular, os elementos constitutivos do
conteúdo formal da estrutura cognitiva do “ato de perguntar”, quais sejam: os
elementos do saber lateral e tangente, do saber concomitante e o do pré saber
existentes na mente de quem pesquisa, visando apresentar uma compreensão
a respeito dos seus significados para o direcionamento do desenvolvimento de
uma pesquisa.

2 QUEM É O AUTOR DO TEXTO? : URBANO ZILLES (FOLÓSOFO E


TEÓLOGO)

Possui graduação em Filosofia Bacharelada pela Faculdade de Filosofia Nossa


Senhora Imaculada Conceição (1962), graduação em Filosofia Licenciatura
pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(1971), graduação em Teologia Bacharelado pela Theologische Hochschule
Beuron (1966), doutorado em Teologia pela Universitat Munster (Westfalische-
Wilhelms) (1969) e ensino-medio-segundo-grau pelo Colégio Santo Inácio
(1957). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, membro de corpo editorial da Veritas (Porto Alegre), membro de
corpo editorial da Teocomunicação, membro de corpo editorial da Análise &
Síntese, membro de corpo editorial do REALISMO - Revista Ibero-Americana
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de Filosofia Política e Filosofia do Dir. Membro de corpo editorial do Communio


(Rio de Janeiro) e Membro de corpo editorial dos Estudos Filosóficos.
Dentre suas recentes publicações: o ateísmo "científico" de Dawkins. REB.
Revista Eclesiástica Brasileira, v. 68, p. 962-972, 2008; Projeto de uma ética
mundial. Teocomunicação, v. 37, p. 223-229, 2007; Fenomenologia e Teoria do
Conhecimento em Husserl. Revista da Abordagem Gestáltica, v. XIII, p. 216-
221, 2007 e a Situação atual da Filosofia da Religião. Teocomunicação, v. 36,
p. 239-271, 2006.

3 ANÁLISE TEMÁTICA E INTERPRETATIVA DO TEXTO – RESENHA

Eu tropeço no possível, mas não


desisto nunca de tentar descobrir o
que tem dentro da casta do
impossível. (Carlos Drummond de
Andrade)

O texto de Zilles (2006) intitulado “Fundamentos ontológicos do conhecimento”


apresenta a partir de uma linguagem “cifrada”, os elementos constitutivos do
processo de elaboração da “pergunta” mediante uma investigação científica, ou
seja, como a pergunta cognitivamente é concebida na mente de um
pesquisador quando se “encanta” ou se “espanta” diante de uma curiosidade
ou de uma ocorrência de fenômenos da natureza e do mundo, provocando um
desejo de conhecer melhor os motivos que os fizeram existir_ “a minha
pergunta é o meu desejo de saber, a resposta das coisas é o seu mostrar-se
com são” (AGOSTINHO apud ZILLES, 2006), que em outras palavras é o
querer saber a respeito de que, até então, não se sabe. Para apresentar a
estrutura fundamental da pergunta, o autor resenhado se acosta na concepção
filosófica de Heidegger (o Ser e o tempo, 1962) ao considerar o “ato de
perguntar acerca das coisas da metafísica” como algo primeiro, basilar,
fundamental e ponto de partida para a compreensão do processo de
desvendamento da realidade investigada. Ao categorizar a estrutura formal da
pergunta em: a) analise da pergunta; b) quem faz a pergunta; c) qual o
conteúdo do pré saber da pergunta, Zilles (2006) considera que é na
elaboração da pergunta que subjaz o azimute, rumo ou a direção do processo
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de pesquisa, o que significa dizer, que o ato de perguntar contempla tanto um


pré saber como também um saber concomitante, lateral e tangente. Isso
implica em predizer, que toda pergunta pressupõe um saber prévio e um não
saber ciente (ciente que não sabe) que é um saber atemático/não
sistematizado, mas que não são duais, ou seja, um não exclui o outro, mas se
completam quando o processo de investigação consegue sistematizar o que,
até então, “não se sabe”. Desta feita, é exatamente na existência dessas duas
condições cognitivas que uma pergunta passa a ter validade científica
ensejando um “querer saber” a respeito de algo que se pergunta pelo o que
ainda não se sabe, mas que se move em direção do desvendamento do que se
está perguntando – o querer saber ontológico (busca do ser). Para uma melhor
compreensão dos elementos constituintes do conteúdo do pré saber da
pergunta, se faz necessário conceituar a palavra ontologia no sentido macro e
micro. Etimologicamente a palavra ontologia vem do grego "ontos" (ser) e
"logos" (estudo) significando o estudo do ser em sua essência. Ontologia é,
portanto, o ramo da filosofia que estuda o ser enquanto ser (sentido macro), ou
seja, o ser concebido como tendo uma natureza comum a todos e inerente a
cada um dos seres. No sentido restrito (micro), a ontologia preocupa-se com os
problemas ônticos que são os relativos ao “ente”, que segundo Zilles (2006)
está presente em todas as coisas, ou seja, o ente é tudo de que falamos e
entendemos, envolvendo os comportamos e as atitudes, o que implica em
dizer, que o ente é uma espécie de “aparência do ser”, mas não é o ser
propriamente. Agora sim, podemos tecer considerações a respeito do pré
saber, o saber concomitante, o saber lateral e tangente como elementos da
estrutura formal da pergunta. Diante mão é imperativo salientar que todos
esses elementos devem estar presentes na mente de quem quer pesquisar a
respeito de algo, pois uma boa pergunta pressupõe um saber prévio do “ente”,
que seja o mais abrangente possível (saber lateral e tangente - no sentido de
conhecer o máximo das possibilidades de abordagens) sem deixar de
considerar o ponto de partida estabelecido (saber concomitante - escolha da
abordagem) para a análise do objeto alvo da pesquisa, tornando possível a
busca da essência do “ser do ente” que se quer investigar. Em outras palavras,
poderíamos dizer que os elementos constituintes da estrutura formal da
pergunta de um processo de pesquisa, são os que vão permitir ao pesquisador
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ter a nítida clareza do objeto da investigação no tocante a sua compreensão


ontológica (saber prévio), abrangência do recorte teórico/prático (o saber lateral
e tangente), os limites impostos pela escolha da abordagem metodológica (o
saber concomitante) e da própria natureza do objeto em estudo, pois, caso
contrário à pergunta será “falsa” do ponto de vista cientifico ou retórica, não
dando condições para se chegar a uma resposta possível. Por fim, o que
importa também saber no ato da perguntar é “saber” o que se fará com sua
resposta, isso implica em pensar em dar “sentido ao ser do ente”. Concluindo
essa resenha, acreditamos que Zilles (2006) ao ancorar em Heidegger em seus
princípios filosófico-ontológicos da obra (Ser e o tempo, 1962), o fez consciente
para dizer que a busca do “ser” é um mergulho no oceano do tempo, que ora
se inclina para um lado ora declina para o outro no oscilante movimento das
ondas do mar, num eterno inclinar-se e declinar-se sem “nunca” chegar na
areia.

REFERÊNCIAS

1 HEIDEGGER, M. Que é metafísica. São Paulo, 1989.

2 HESSEN, Johannes. A essência do conhecimento. In: Teoria do


conhecimento. 2. ed /tradução de João Carlos Gallerani Cuter. São
Paulo: Ed. Martins Fontes, 2003. Cap. 3., p. 69 – 94.

3 ZILLES, Urbano. Fundamentos ontológicos do conhecimento.


In:_______Teoria do conhecimento. 5 ed. Porto alegre: Ed. UCRS,
2006. Cap. 2, p. 30 – 41. (Texto 24, Coleção filosofia, 21)

Belo Horizonte, 25 de abril de 2009.


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Adolfo Júlio Porto de Freitas


(Acadêmico do Curso de doutorado/ECI/UFMG - Mat. 2009651663)

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