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8.dor Pélvica
8.dor Pélvica
Introdução:
É um dos sintomas mais comuns na prática, porém poucas pessoas sabem tratar, por causa
disso, nós quisemos trazer esse sintoma da ginecologia como uma aula inteira. E agora nós
vamos discutir alguns aspectos como, por exemplo, diferenciar uma Dor Pélvica Aguda de
uma Crônica. Na verdade, saber que a paciente está sentindo uma dor é fácil, o difícil é
saber diagnosticar a causa dessa dor.
Importância:
Desencadeia Falta ao trabalho, e isso causa um enorme gasto, já que tem mulheres
que não conseguem ir ao trabalho com dismenorreia, por exemplo.
Muitas vezes a dor pélvica pode se manifestar em outros locais devido à inervação, que
saem de baixo para se implantarem na torácica 9, 10, 11, podendo até passar por sob o
pâncreas. E por causa disso pode ocorrer a dor referida em epigástrio. Alguns exemplos
são a dor da apendicite que pode se manifestar em alto ventre, e também uma dor
escapular que pode ser devido a um
sangramento pélvico.
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Definição:
O que seria a definição de dor pela International Association for the Study of Pain?
Portanto,
A dor aguda reflete dano tecidual recente e desaparece com a cura tecidual. A dor
crônica, fatores adicionais estão presentes, a dor pode persistir por muito tempo após o
dano tecidual inicial ou pode existir na ausência completa desse dano.
Epidemiologia:
A grande maioria das pacientes que dizem estar com dor no “pé da barriga”, atribui a dor a
algum problema ginecológico. Porém, as causas ginecológicas para dor pélvica estão
apenas em 20% dos casos. As causas urológicas estão em 31%. Esses dados estão em
termos mundiais. Já as causas Gastrointestinais somam 38%. Além dessas causas a dor
também pode ser Osteomuscular.
Estima-se que 10% dos atendimentos da ginecologia são devido à dor pélvica e é causa de
12% das Histerectomias, ou seja, retira-se o útero para melhorar a dor e mesmo assim
38% não melhoram. 40% das laparoscopias diagnósticas são solicitadas devido a dor
pélvica.
A dor é intensa, de início súbito, aumento abrupto, de curta duração. Para exemplificar nós
temos a dismenorreia. E geralmente está associado a respostas reflexas como náuseas,
vômito, diaforese (palidez com sudorese), apreensão.
Dor com mais de seis meses, tem que ter pelo menos SEIS MESES, é o ponto. Mas ela pode
ser CONTÍNUA, CÍCLICA (dismenorreia da endometriose), ou ESPORÁDICA, contanto que
tenha os seis meses. Possui também alívio incompleto com os tratamentos anteriores, ou
seja, ocorre uma melhora momentânea após o tratamento e depois retorna. E é também
desproporcional ao dano tecidual. Pode apresentar perda da função física, sinais
vegetativos de depressão e alteração da dinâmica familiar. Geralmente são pessoas
depressivas, amarguradas, irritadiças.
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Muitas vezes a dor tem grande relação PSICOLÓGICA, em que a paciente mimetiza uma dor
que não tem uma causa orgânica específica. Exemplo: Dor após histerectomia que ocorria
sempre que o marido estava em casa, quando ocorreu o divórcio a dor sumiu.
Avaliação:
1º ANAMNESE :
#Início: Essa é uma informação muito negligenciada e que pode dar o diagnóstico
imediatamente. O início da dor coincidiu com algum trauma físico ou psicológico?
#Duração: Foi momentânea? Continuou? Faz muito tempo que deixou de vir? Está vindo
com frequência?
#Fatores que aliviem ou piorem: A dor coincide com alguma atividade específica? Como,
por exemplo, sempre que dá aula a paciente sente a dor.
#Localização: A paciente pode ter uma dor disseminada ou uma dor mais localizada, e
isso vai ter conotação com o diagnóstico.
#Distribuição: A dor vai para cima, desce para perna, fica só localizada;
#Ciclicidade: Possui Ciclicidade? A paciente relata que aparece todo mês quando a
menstruação vem, por exemplo. E se for cíclica, vai direcionar seu pensamento para a
Ciclicidade da mulher, como, por exemplo, a dor que algumas mulheres sentem ao ovular,
que é a Síndrome de Mittelschmerz.
#Cirurgias prévias: A paciente pode ter sido submetida a algum procedimento cirúrgico
que seja a causa da dor.
# Laudos patológicos;
#Aventar a possibilidade de abuso físico ou sexual: Tem que haver um diálogo com a
paciente, de preferência só, para que ela tenha confiança no profissional. Para que ela sinta
que o médico está com vontade de descobrir qual é o seu problema, e ela consiga se abrir.
Perguntar como é a vida sexual, quando iniciou, se há dor durante a relação, se sente
prazer.
#Fatores de estresse psicossocial: Diminuiu salário, perdeu emprego, são fatores que
podem levar a início de dores.
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#Revisão do sistema GI, urológico e musculoesquelético e sua possível relação com a
dor: Na dúvida, sempre pedir a opinião de outro colega sobre relação da dor com outras
causas que não são ginecológicas.
2º Exame Físico:
Examinar o abdome: Observar se tem cicatrizes cirúrgicas, já que a dor pode ser
decorrente de aderências, que é muito comum. Ou identificar hérnias. A palpação pode
descobrir pontos que desencadeiam a dor;
Exame neurológico: sensibilidade, força muscular e dos reflexos. Muitas vezes a paciente
possui uma Hérnia de disco, ou um osteófito, que está comprimindo um nervo e naquela
região inervada está com parestesia.
Exame ginecológico completo: Analisar vulva, vagina, fazer o exame especular para
observar colo, realizar toque bimanual, que consiste em fazer o toque e palpar o fundo
uterino e aperta, a partir disso consegue-se dar vários diagnósticos, como gravidez,
mioma, tumores.
3º Exames Diagnósticos:
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Portanto, muitas vezes quando não se sabe a causa, a mulher passa toda a vida tomando
analgésico e dor não melhora, já que é somente um
sintomático, não está tratando a causa base da dor.
E isso é o que dá a diferença de médico para médico,
já que você deve tratar a DOENÇA e não um
SINTOMA.
#OBSERVAÇÃO:
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CAUSAS DE DOR PÉLVICA CRÔNICA:
1) Ginecológicas:
a) Extrauterinas:
- Infecção pélvica crônica: A única que é considerada é a Tuberculose genital,
que pode acometer o útero, as trompas. Quando ocorre nas trompas, elas ficam
com formato de “Cachimbo”, viradas para cima, com as Fímbrias também para
cima, é quase patognomônico. As outras dores pélvicas infecciosas geralmente
são agudas.
- Aderências pélvicas
- Endometriose
- Síndrome do ovário remanescente
- Vestibulite aguda: É muito difícil de encontrar casos de vestibulite, mas ainda
bem, porque sexualmente essas mulheres geralmente se acabam.
b) Uterinas:
- Adenomiose
- Endometrite ou cervicite crônica
- Leiomiomas
- Incompetência venosa pélvica: A paciente geralmente vem com a queixa de
um peso no pé da barriga. Na USG pode denotar que a paciente tem Varizes
Pélvicas. Essas pacientes no aspecto sexual não conseguem chegar ao orgasmo.
E esse peso dura de um a dois dias, até que o fluxo de sangue que está
ingurgitado saia dali. É muito comum operar pacientes e estar cheio de varizes
pélvicas.
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Às vezes uma infecção por uma dessas bactérias dá um abcesso. A paciente toma um
remédio, mas a infecção pode deixar um processo cicatricial, que pode levar a dor no
futuro.
#Hidrossalpinge: Condição muito comum no dia –a – dia do consultório. Na
Histosalpingografia, as trompas aparecem cheias de água. Provavelmente ocorre porque a
paciente teve uma infecção que provocou uma obstrução na trompa. E o objetivo das
trompas é fazer um trajeto para carregar o óvulo, e dentro delas existem cílios que jogam o
óvulo para dentro e para lubrificar tem o líquido que ela produz, e quando ocorre a
obstrução ela continua produzindo o líquido, mas este não tem por onde sair, ocasionando
a hidrossalpinge. E a principal consequência disso, é que a mulher não consegue
engravidar, pois o espermatozóide não entra em contato com o óvulo. E mesmo quando
vai fazer fertilização in vitro tem que retirar as trompas antes, pois a hidrossalpinge
diminui em 7 vezes a chance de a fertilização dar certo.
#Aderências: Pode ocorrer devido a cirurgias, ou devido a infecções, endometriose. E
devido a essa condição, através de um simples toque no útero a mulher retrata a dor,
durante a relação também sente dor.
#Endometriose:
A causa mais frequente de dor pélvica crônica na mulher é ENDOMETRIOSE.
Essa condição muito dificilmente vai regredir sozinha. A endometriose são focos de
endométrio fora do útero (“poço de petróleo”), portanto, a cada menstruação esses focos
também vão menstruar. Porém, como isso ocorre na cavidade abdominal, as células
inflamatórias, como os macrófagos, vão tentar debelar esse processo causando processos
inflamatórios de repetição. É uma doença difícil de ser tratada e só vai se curar
definitivamente quando entrar na menopausa. E geralmente as mulheres sentem muita
dor nas endometrioses que ocorrem na região do ligamento Útero-sacro. E a dor ocorre
predominantemente durante a menstruação e após esta, já que o sangue está na cavidade,
causando o processo inflamatório, durando alguns dias, até que se estabilize e melhore por
volta do meio do ciclo, piorando novamente quando vier a menstruação. Dessa forma, fica
essa Ciclicidade de crises álgicas. A dor que ocorre antes da menstruação e acaba no
primeiro dia, provavelmente não é endometriose.
#Síndrome de Ovário Remanescente: Ocorre geralmente quando é feito uma cirurgia para
retirada do útero e ovários, mas como a estrutura para ser retirada está muito grande,
algum conteúdo de ovário pode não ser retirado, e esse remanescente cresce causando
sintomatologia de dor. É como se fosse a dor fantasma de um braço amputado.
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Nessa região, chamada de fossa navicular ficam essas duas glândulas, que são as Glândulas
de Bartholin. E as duas Glândulas Peri-uretrais são as Glândulas de Skene. E nessa região
às vezes pode encontra pontinhos brancos, e é feita a pesquisa para HPV e outras
patologias, mas não se detecta nada. Nesses casos, deve suspeitar de Vestibulite e o
tratamento é com antidepressivos, amitriptilina (25mg, 1 ou 2x/dia). Além disso,
recomenda também o uso de um lubrificante.
Sempre deve fazer o diagnóstico diferencial nesses casos com o vaginismo, que são
aquelas mulheres que sempre tiveram a criação de que na primeira relação iriam sentir
muita dor, aí quando vão ter a primeira relação não deixam que ocorra normalmente.
Geralmente nos casos de vaginismo, é preciso que haja um diálogo médico, paciente e
parceiro, e também muitas vezes uma mini-cirurgia para que ela não sinta dor, retirando,
por exemplo, uma pequena porção do hímen posterior.
#Adenomiose:
São aquelas dores que a mulher sente, principalmente após os trinta anos e que o volume
Endometriose X Adenomiose
#Leiomioma:
Todo tipo de mioma, seja ele parido, ou subseroso, intramural, submucoso, vão causar dor
pélvica.
2) Urológicas:
#Infecção crônica do trato urinário:
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Geralmente são pacientes com queixa de peso, que não tem saciedade ao urinar, muitas
vezes com polaciúria. Com esse quadro clínico pode suspeitar de uma cistite. E para
aqueles casos de cistite de repetição é interessante pedir uma cistoscopia, já que pode ser
tanto uma fraqueza na musculatura, causando inflamação como também pode ser um
câncer de bexiga, comum em pessoas que fumam ou bebem.
#Cistite Intertiscial;
#Diverticulite suburetral;
#Síndrome Uretral;
3) Gastrointestinais:
#Apendicite Crônica;
#Doença diverticular;
#Doença inflamatória intestinal: Doença de Crohn, Retocolite ulcerativa.
#Síndrome do colo irritável: Um dos lugares de maior implosão de dor devido ao
estresse é o intestino grosso.
4) Musculoesquelética:
#Coccidínea: É muito comum nas mulheres, e é a dor no cóccix (“osso do mucumbu”).
Pode ser decorrente de uma queda de cavaleiro, ou então, porque tem o cóccix um pouco
mais proeminente e ao sentar sente dor.
Após um parto essa dor pode aparecer
também.
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essas mulheres relatam dor ao defecar. Sentem também muita dor na relação, ou ao pegar
peso. É um processo inflamatório localizado de várias etiologias.
Tratamento:
Fim!
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