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III semana da

Fı́sica-10/2009

Os Pré-Socráticos:
Início da Filosofia da Natureza

Jürgen F. Stilck

– p. 1
Bibliografia
B. Farrington, A ciência grega, IBRASA (1961)

– p. 2
Bibliografia
B. Farrington, A ciência grega, IBRASA (1961)
B. Farrington, A doutrina de Epicuro, Zahar (1968)

– p. 2
Bibliografia
B. Farrington, A ciência grega, IBRASA (1961)
B. Farrington, A doutrina de Epicuro, Zahar (1968)
B. Russel, A history of western philosophy, Simon &
Schuster(1945)

– p. 2
Bibliografia
B. Farrington, A ciência grega, IBRASA (1961)
B. Farrington, A doutrina de Epicuro, Zahar (1968)
B. Russel, A history of western philosophy, Simon &
Schuster(1945)
E. Schrödinger, Nature and the greeks, Cambridge
University Press (1954)

– p. 2
Bibliografia
B. Farrington, A ciência grega, IBRASA (1961)
B. Farrington, A doutrina de Epicuro, Zahar (1968)
B. Russel, A history of western philosophy, Simon &
Schuster(1945)
E. Schrödinger, Nature and the greeks, Cambridge
University Press (1954)
E. Schrödinger, Science and humanism, Cambridge
University Press (1951)

– p. 2
Bibliografia
B. Farrington, A ciência grega, IBRASA (1961)
B. Farrington, A doutrina de Epicuro, Zahar (1968)
B. Russel, A history of western philosophy, Simon &
Schuster(1945)
E. Schrödinger, Nature and the greeks, Cambridge
University Press (1954)
E. Schrödinger, Science and humanism, Cambridge
University Press (1951)
J. D. Bernal, Science in history, MIT Press (1969)

– p. 2
Bibliografia
B. Farrington, A ciência grega, IBRASA (1961)
B. Farrington, A doutrina de Epicuro, Zahar (1968)
B. Russel, A history of western philosophy, Simon &
Schuster(1945)
E. Schrödinger, Nature and the greeks, Cambridge
University Press (1954)
E. Schrödinger, Science and humanism, Cambridge
University Press (1951)
J. D. Bernal, Science in history, MIT Press (1969)
C. A. Ronan, História ilustrada da ciência, Zahar (1987)

– p. 2
Bibliografia
B. Farrington, A ciência grega, IBRASA (1961)
B. Farrington, A doutrina de Epicuro, Zahar (1968)
B. Russel, A history of western philosophy, Simon &
Schuster(1945)
E. Schrödinger, Nature and the greeks, Cambridge
University Press (1954)
E. Schrödinger, Science and humanism, Cambridge
University Press (1951)
J. D. Bernal, Science in history, MIT Press (1969)
C. A. Ronan, História ilustrada da ciência, Zahar (1987)
A. Maciel Júnior, Pré-socráticos. A invenção da razão,
Odysseus (2003)
– p. 2
E. Schrödinger - 1887-1961

Erwin Schrödinger em 1933

– p. 3
Resumo
O mundo grego.

– p. 4
Resumo
O mundo grego.
Porque voltar às origens remotas do pensamento
científico. Dificuldades.

– p. 4
Resumo
O mundo grego.
Porque voltar às origens remotas do pensamento
científico. Dificuldades.
A aurora jônica.

– p. 4
Resumo
O mundo grego.
Porque voltar às origens remotas do pensamento
científico. Dificuldades.
A aurora jônica.
A escola pitagórica: o universo matemático.

– p. 4
Resumo
O mundo grego.
Porque voltar às origens remotas do pensamento
científico. Dificuldades.
A aurora jônica.
A escola pitagórica: o universo matemático.
O conflito razão × sentidos.

– p. 4
Resumo
O mundo grego.
Porque voltar às origens remotas do pensamento
científico. Dificuldades.
A aurora jônica.
A escola pitagórica: o universo matemático.
O conflito razão × sentidos.
A revolução socrática.

– p. 4
Resumo
O mundo grego.
Porque voltar às origens remotas do pensamento
científico. Dificuldades.
A aurora jônica.
A escola pitagórica: o universo matemático.
O conflito razão × sentidos.
A revolução socrática.
Aristóteles.

– p. 4
O mundo grego

– p. 5
O mundo grego

– p. 6
Porque voltar às origens
Divisão (intransponível?) entre as visões religiosa e
cientı́fica do mundo, inexistente entre os pré-socráticos.
c0

– p. 7
Porque voltar às origens
Divisão (intransponível?) entre as visões religiosa e
cientı́fica do mundo, inexistente entre os pré-socráticos.
c0
Crise da física moderna (determinismo). Qual é a sua
origem? c1

– p. 7
Porque voltar às origens
Divisão (intransponível?) entre as visões religiosa e
cientı́fica do mundo, inexistente entre os pré-socráticos.
c0
Crise da física moderna (determinismo). Qual é a sua
origem? c1
Dificuldades: conhecimento direto fragmentário (Diels,
Die Fragmente der Vorsokratiker (1903)).
Conhecimento indireto tendencioso.

– p. 7
Porque voltar às origens
Divisão (intransponível?) entre as visões religiosa e
cientı́fica do mundo, inexistente entre os pré-socráticos.
c0
Crise da física moderna (determinismo). Qual é a sua
origem? c1
Dificuldades: conhecimento direto fragmentário (Diels,
Die Fragmente der Vorsokratiker (1903)).
Conhecimento indireto tendencioso.
Ponto de vista: não racial. Fatores sociais (alfabeto
fonético, deuses antropomorfos, sociedade pouco
escravocrata) c2.

– p. 7
Porque voltar às origens
Principais períodos da ciência grega:
Primeiro período: 600 a.C. até morte de Aristóteles
(322 a.C.)

– p. 8
Porque voltar às origens
Principais períodos da ciência grega:
Primeiro período: 600 a.C. até morte de Aristóteles
(322 a.C.)
Segundo período: fundação de Alexandria até se
completar a conquista romana do oriente (0 a.C.)

– p. 8
Porque voltar às origens
Principais períodos da ciência grega:
Primeiro período: 600 a.C. até morte de Aristóteles
(322 a.C.)
Segundo período: fundação de Alexandria até se
completar a conquista romana do oriente (0 a.C.)
Terceiro período: três primeiros séculos do Império
Romano.

– p. 8
Porque voltar às origens
Principais períodos da ciência grega:
Primeiro período: 600 a.C. até morte de Aristóteles
(322 a.C.)
Segundo período: fundação de Alexandria até se
completar a conquista romana do oriente (0 a.C.)
Terceiro período: três primeiros séculos do Império
Romano.
Primeira divisão mais importante que a terceira.
Períodos fundamentais: 600-400 a. C.: observação
científica do mundo e da sociedade (Heidel: era
heróica). 320-120 a. C.: Ptolemeus (Alexandria).
constituição de alguns ramos da ciência nas bases
atuais (Farrington: era do livro didático).
– p. 8
Porque voltar às origens
Principais períodos da ciência grega:
Primeiro período: 600 a.C. até morte de Aristóteles
(322 a.C.)
Segundo período: fundação de Alexandria até se
completar a conquista romana do oriente (0 a.C.)
Terceiro período: três primeiros séculos do Império
Romano.
Primeira divisão mais importante que a terceira.
Períodos fundamentais: 600-400 a. C.: observação
científica do mundo e da sociedade (Heidel: era
heróica). 320-120 a. C.: Ptolemeus (Alexandria).
constituição de alguns ramos da ciência nas bases
atuais (Farrington: era do livro didático).
– p. 8
Aurora jônica
Jônia (Anatólia), sec. 6 aC. Aristocracia mercantil, pouco
escravocrata. Mileto: comércio com a área mediterrânea e
a Mesopotâmia. Interesse por problemas práticos. Primeira
interpretação puramente naturalista do Universo.
Alétheia+dóxa. Tudo é um.

– p. 9
Aurora jônica
Jônia (Anatólia), sec. 6 aC. Aristocracia mercantil, pouco
escravocrata. Mileto: comércio com a área mediterrânea e
a Mesopotâmia. Interesse por problemas práticos. Primeira
interpretação puramente naturalista do Universo.
Alétheia+dóxa. Tudo é um. Tales de Mileto (624-508 aC):
demonstração matemática (triângulo inscrito em
semi-círculo, triangulação, previu eclipse solar de 585 aC).
Eliminou o deus Marduk do mito babilônio de criação c3:
terra se forma da água por sedimentação. Causa:
manifestação própria da matéria (hilozoistas). Terra é disco
plano, flutua na água e há água ao redor (chuva). Sol, lua,
estrelas: vapor incandescente.

– p. 9
Aurora jônica
Jônia (Anatólia), sec. 6 aC. Aristocracia mercantil, pouco
escravocrata. Mileto: comércio com a área mediterrânea e
a Mesopotâmia. Interesse por problemas práticos. Primeira
interpretação puramente naturalista do Universo.
Alétheia+dóxa. Tudo é um. Tales de Mileto (624-508 aC):
demonstração matemática (triângulo inscrito em
semi-círculo, triangulação, previu eclipse solar de 585 aC).
Eliminou o deus Marduk do mito babilônio de criação c3:
terra se forma da água por sedimentação. Causa:
manifestação própria da matéria (hilozoistas). Terra é disco
plano, flutua na água e há água ao redor (chuva). Sol, lua,
estrelas: vapor incandescente. água → terra (solidificação).
água → ar (evaporação). terra+ar → fogo e seres vivos.
Nietsche: “Tales viu a unidade do ser, e quando quiz
exprimi-la falou de água”.
– p. 9
Aurora jônica
Anaximandro de Mileto (611-547 aC): quatro elementos em
camadas. Terra, águas, névoa e fogo. O fogo evapora a
água → terra enxuta e aumento de névoa e de pressão.
Corpos celestes são orifícios na névoa, que podem fechar
(eclipses). Peixes precedem os outros animais, inclusive o
homem. Quando aparece a terra seca, eles se adaptaram.
Elementos são formas distintas de uma substância
indeterminada. Terra não se apóia na água. Mundo
suspenso no espaço, “eqüidistante de todas as coisas”.

– p. 10
Aurora jônica
Anaximandro de Mileto (611-547 aC): quatro elementos em
camadas. Terra, águas, névoa e fogo. O fogo evapora a
água → terra enxuta e aumento de névoa e de pressão.
Corpos celestes são orifícios na névoa, que podem fechar
(eclipses). Peixes precedem os outros animais, inclusive o
homem. Quando aparece a terra seca, eles se adaptaram.
Elementos são formas distintas de uma substância
indeterminada. Terra não se apóia na água. Mundo
suspenso no espaço, “eqüidistante de todas as coisas”.
Anaximenes de Mileto (586-530 aC): aluno de
Anaximandro. Influenciou Leucipo e Demócrito. Água de
Tales → névoa. Rarefação (calor) e condensação (frio)
(tecelagem) c4. Névoa (R) → fogo. Névoa (c) → água (c)
→ terra. Porque o Universo não está em repouso?

– p. 10
Aurora jônica
Heráclito de Êfeso (540-480 aC): princípio fundamental:
fogo. “Tudo flui”c5. Agente ativo na maioria dos processos
técnicos e naturais. Tensão: estabilidade a partir da
instabilidade (arco e lira). Forças opostas. Fogo (subir),
terra (descer).

– p. 11
Escola pitagórica
Pitágoras de Samos (582-500 aC). Chega a Crotona em
530 aC. Dupla tradição da ciência grega: naturalista (atéia)
e religiosa ou idealista. Encontrar na matemática a chave
do Universo: “Os números são o princípio, a fonte e a raiz
de todas as coisas” c6. Acústica.

– p. 12
Escola pitagórica
Pitágoras de Samos (582-500 aC). Chega a Crotona em
530 aC. Dupla tradição da ciência grega: naturalista (atéia)
e religiosa ou idealista. Encontrar na matemática a chave
do Universo: “Os números são o princípio, a fonte e a raiz
de todas as coisas” c6. Acústica. Cosmologia numérica: 1
(ponto), 2 (linha), 3 (superfície) 4 (sólido) 10=1+2+3+4.
Números figurados:

– p. 12
Escola pitagórica
Pitágoras de Samos (582-500 aC). Chega a Crotona em
530 aC. Dupla tradição da ciência grega: naturalista (atéia)
e religiosa ou idealista. Encontrar na matemática a chave
do Universo: “Os números são o princípio, a fonte e a raiz
de todas as coisas” c6. Acústica. Cosmologia numérica: 1
(ponto), 2 (linha), 3 (superfície) 4 (sólido) 10=1+2+3+4.
Números figurados:

Triangulares:
3 6 10
1

Quadrados:

1 4 9 16

– p. 12
Escola pitagórica
Universo com terra esférica, girando em torno do fogo
central, assim como a Lua, Sol, os 5 planetas e as estrelas
fixas. Há também o Antichton (contra terra). 10 objetos,
além do fogo central.

– p. 13
Escola pitagórica
Universo com terra esférica, girando em torno do fogo
central, assim como a Lua, Sol, os 5 planetas e as estrelas
fixas. Há também o Antichton (contra terra). 10 objetos,
além do fogo central.

Antichton Antichton Estrelas

F. C. Terra Lua Sol Planetas

– p. 13
Escola pitagórica
Linha composta por um número finito de pontos (de
dimensão não nula): crise dos irracionais. Contínuo é uma
idéia pouco intuitiva.

– p. 14
Escola pitagórica
Linha composta por um número finito de pontos (de
dimensão não nula): crise dos irracionais. Contínuo é uma
idéia pouco intuitiva. Número racional: m/n, com m e n

inteiros. Demonstração pitagógica de que 2 é irracional: 2
não pode ser escrito como (m/n)2 , onde m e n não têm
fator comum. A demonstração é feita por redução ao
absurdo. Vamos negar a tese, admitindo a hipótese de que
a equação m2 = 2n2 tenha uma solução com m e n inteiros
e sem fator comum.

– p. 14
Escola pitagórica
Linha composta por um número finito de pontos (de
dimensão não nula): crise dos irracionais. Contínuo é uma
idéia pouco intuitiva. Número racional: m/n, com m e n

inteiros. Demonstração pitagógica de que 2 é irracional: 2
não pode ser escrito como (m/n)2 , onde m e n não têm
fator comum. A demonstração é feita por redução ao
absurdo. Vamos negar a tese, admitindo a hipótese de que
a equação m2 = 2n2 tenha uma solução com m e n inteiros
e sem fator comum. Da equação, vemos que m2 é par, pois
2n2 é divisível por 2. Logo, m é par (o quadrado de um
número impar é impar). Se m é par, então m = 2ℓ, para
algum inteiro ℓ, então: m2 = (2ℓ)2 = 4ℓ2 .

– p. 14
Escola pitagórica
Linha composta por um número finito de pontos (de
dimensão não nula): crise dos irracionais. Contínuo é uma
idéia pouco intuitiva. Número racional: m/n, com m e n

inteiros. Demonstração pitagógica de que 2 é irracional: 2
não pode ser escrito como (m/n)2 , onde m e n não têm
fator comum. A demonstração é feita por redução ao
absurdo. Vamos negar a tese, admitindo a hipótese de que
a equação m2 = 2n2 tenha uma solução com m e n inteiros
e sem fator comum. Da equação, vemos que m2 é par, pois
2n2 é divisível por 2. Logo, m é par (o quadrado de um
número impar é impar). Se m é par, então m = 2ℓ, para
algum inteiro ℓ, então: m2 = (2ℓ)2 = 4ℓ2 . Podemos, agora,
reescrever a primeira equação como: 4ℓ2 = 2n2 , ou seja,
2ℓ2 = n2 . Então n2 é par e n é par.
– p. 14
Escola pitagórica
Logo, n e m são ambos pares e têm un fator comum (2).
Isso contradiz a hipótese, portanto ela é falsa.

– p. 15
Escola pitagórica
Logo, n e m são ambos pares e têm un fator comum (2).
Isso contradiz a hipótese, portanto ela é falsa. Vamos
mostrar como o conceito de contínuo é intrincado:
Tripartição sucessiva do segmento [0, 1]: Consideramos
esses números na base 3:
0, 1021 . . . = 1 × 1/3 + 0 × 1/32 + 2 × 1/33 + 1 × 1/34 + . . .

– p. 15
Escola pitagórica
Logo, n e m são ambos pares e têm un fator comum (2).
Isso contradiz a hipótese, portanto ela é falsa. Vamos
mostrar como o conceito de contínuo é intrincado:
Tripartição sucessiva do segmento [0, 1]: Consideramos
esses números na base 3:
0, 1021 . . . = 1 × 1/3 + 0 × 1/32 + 2 × 1/33 + 1 × 1/34 + . . .

0 1

0 1/3 2/3 1
0,1 0,2

0 1/9 2/9 1/3 3/2 7/9 8/9 1


0,01 0,02 0,1 0,2 0,21 0,22

– p. 15
Escola pitagórica
Primeira iteração: eliminamos todos os números com 1 na
primeira casa depois da vírgula. Segunda iteração:
eliminamos todos os números com 1 na segunda casa
depois da vírgula. E assim por diante indefinidamente. O
que sobra? Apenas aqueles que não têm o algarismo 1 em
nenhuma casa depois da vírgula (por exemplo
0,2020022002...). Conjunto “extremamente escasso”
quando comparado com o original.

– p. 16
Escola pitagórica
Primeira iteração: eliminamos todos os números com 1 na
primeira casa depois da vírgula. Segunda iteração:
eliminamos todos os números com 1 na segunda casa
depois da vírgula. E assim por diante indefinidamente. O
que sobra? Apenas aqueles que não têm o algarismo 1 em
nenhuma casa depois da vírgula (por exemplo
0,2020022002...). Conjunto “extremamente escasso”
quando comparado com o original. Mas: fazendo a
transposição 0 → 0 e 2 → 1, temos uma correspondência
biunívoca entre os números remanescentes e todos os
números no intervalo [0, 1] (na base 2)!

– p. 16
Escola pitagórica
Conhecimento matemático floresceu e foi compilado por
Euclides (?-300 aC) nos seus Elementos. Influência
pitagórica: “A unidade é aquilo em virtude da qual cada
uma das coisas que existe se chama una” (Definições, livro
VII). Exemplo aritmético: a prova da existência de infinitos
números primos, por redução ao absurdo (livro IX, proposta
20).

– p. 17
Escola pitagórica
Conhecimento matemático floresceu e foi compilado por
Euclides (?-300 aC) nos seus Elementos. Influência
pitagórica: “A unidade é aquilo em virtude da qual cada
uma das coisas que existe se chama una” (Definições, livro
VII). Exemplo aritmético: a prova da existência de infinitos
números primos, por redução ao absurdo (livro IX, proposta
20). Admitimos uma sequência finita de números primos:
1, 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, . . . , P , de maneira que P é o maior
número primo que existe.

– p. 17
Escola pitagórica
Conhecimento matemático floresceu e foi compilado por
Euclides (?-300 aC) nos seus Elementos. Influência
pitagórica: “A unidade é aquilo em virtude da qual cada
uma das coisas que existe se chama una” (Definições, livro
VII). Exemplo aritmético: a prova da existência de infinitos
números primos, por redução ao absurdo (livro IX, proposta
20). Admitimos uma sequência finita de números primos:
1, 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, . . . , P , de maneira que P é o maior
número primo que existe. Considere o número
N = 1 × 2 × 3 × 5 × 7 × . . . × P + 1. Ele não é divisível por
nenhum dos primos e é maior que P , de maneira que
existe um número primo maior que P .

– p. 17
Razão × sentidos
Parmênides de Eléia (535-460 aC): “O caminho da
verdade”, “O caminho da opinião”. Ataque à ciência
observacional c7. “Nada muda”. Heráclito: “A sabedoria é
a compreensão do modo pelo qual age o mundo”.
Parmênides: “O Universo não age, permanece imóvel.
Movimento e variação são ilusões dos sentidos”.
separação entre a filosofia e suas raízes na vida prática.
Ser ↔ Não ser. Realidade verdadeira está no pensamento.
Discipulo: Zenão de Eléia.

– p. 18
Razão × sentidos
Parmênides de Eléia (535-460 aC): “O caminho da
verdade”, “O caminho da opinião”. Ataque à ciência
observacional c7. “Nada muda”. Heráclito: “A sabedoria é
a compreensão do modo pelo qual age o mundo”.
Parmênides: “O Universo não age, permanece imóvel.
Movimento e variação são ilusões dos sentidos”.
separação entre a filosofia e suas raízes na vida prática.
Ser ↔ Não ser. Realidade verdadeira está no pensamento.
Discipulo: Zenão de Eléia. Protágoras de Abdera (492-460
aC): Extremo oposto a Permênides. Sofista. Percepção
dos sentidos são a única coisa existente. “O homem é a
medida de todas as coisas”. c8.

– p. 18
Razão × sentidos
Empédocles de Agrigento (490-435 aC): Recuperação da
credibilidade dos sentidos. Experimentos sobre a
corporalidade do ar invisível. 4 elementos (movimento).
Pluralidade, oposição a Parmênides. “A Natureza age por
corpos invisíveis”. Duas forças: amor (fundir) e ódio
(separar). Sobrevivência dos mais aptos c9.

– p. 19
Razão × sentidos
Empédocles de Agrigento (490-435 aC): Recuperação da
credibilidade dos sentidos. Experimentos sobre a
corporalidade do ar invisível. 4 elementos (movimento).
Pluralidade, oposição a Parmênides. “A Natureza age por
corpos invisíveis”. Duas forças: amor (fundir) e ódio
(separar). Sobrevivência dos mais aptos c9. Demócrito de
Abdera ((460-360 aC) precedido por Leucipo de Mileto
(475-? aC): átomos imutáveis (Parmênides) em
permanente movimento e recombinação (Heráclito). Vácuo
infinito em extensão, átomos infinitos em número. Átomos
espacialmente divisíveis mas físicamente indivisíveis.
Determinismo estrito (livre arbítrio) c10. Epicuro de Atenas
relaxa o determinismo, admitindo que “Os átomos são
capazes de desviar-se ligeiramente em qualquer ponto do
espaço ou do tempo”. (K. Marx)
– p. 19
Revolução socrática
Sócrates de Atenas(469-399 aC): mais preocupações
éticas que científicas. “‘Nada tenho a ver com
especulações físicas”. Substitui o ideal da ciência
experimental pela teoria das idéias, explica teológicamente
a Natureza, a história da humanidade pela providência e a
justiça como idéia eterna, independente do tempo, lugar e
contingências. Abandona a concepção científica c11.

– p. 20
Revolução socrática
Sócrates de Atenas(469-399 aC): mais preocupações
éticas que científicas. “‘Nada tenho a ver com
especulações físicas”. Substitui o ideal da ciência
experimental pela teoria das idéias, explica teológicamente
a Natureza, a história da humanidade pela providência e a
justiça como idéia eterna, independente do tempo, lugar e
contingências. Abandona a concepção científica c11.
Platão de Atenas (428-348 aC): Afastamente entre filosofia
e técnica c12 ataca a astronomia naturalista jônica,
devolvendo o sobrenatural a ela. Teologia astral: estrelas
servem de modelo para regularidade divina. Planetas
(vagabundos) destoam. Proposta: “Quais são os
movimentos uniformes e ordenados que geram o
movimento dos planetas?”. Eudóxio e Calipo: trinta
circunvoluções. Fundou a academia (durou 900 anos)
– p. 20
Aristóteles
Aristóteles de Estagira (384-322 aC): aos 18 anos
ingressou na academia, onde permaneceu por 20 anos, até
a morte de Platão. Foi preceptor de Alexandre o Grande e
fundou o Liceu. Aumenta a importância da observação
c13. Ressalta a importância do método indutivo: “Para
chegar ao universal, partimos do particular”. No entanto,
influência platônica é forte. Grande contribuição na Biologia
(dissecou cerca de 500 animais).

– p. 21
Aristóteles
Sentido de Física para Aristóteles: natureza de todo ser,
qual o seu destino, seu lugar natural. Porque as pedras
caem, porque alguns homens são escravos: procuram seu
lugar natural. Movimento natural é final, outros movimentos
precisam de um agente. Movimento violento de uma flexa:
ar. Ausência do vácuo no mundo sublunar. Escala de
perfeição dos seres vivos com o homem no topo. Não
evolução.

– p. 22

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